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ANÁLISE DO CENÁRIO ORGANIZACIONAL E PRODUTIVO DE UMA EMPRESA DE SORVETES E PICOLÉS Alessandro Jackson Teixeira de Lima (IFRN ) [email protected] Geany Patricia Oliveira da Silva Nunes (IFRN ) [email protected] Anderson Rafael Melo da Silva (IFRN ) [email protected] Fernanda Barreto de Almeida Rocha Mariz (IFRN ) [email protected] A presente pesquisa tem o objetivo de avaliar o Planejamento e Controle da Produção (PCP) de uma empresa de pequeno porte, fabricante de picolés e sorvetes, baseando-se em uma análise SWOT e nos principais elementos do gerenciamento da proddução. A avaliação das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças de fatores como gerenciamento da demanda, capacidade produtiva e administração de materiais permitiram a proposição de melhorias para a empresa em estudo. Os resultados da pesquisa envolvem mensuração da capacidade efetiva de produção, análise dos fluxos de produção e sugestões que englobam todo o contexto do ambiente organizacional. Palavras-chave: Planejamento e Controle da Produção, análise SWOT, pequena empresa XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

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ANÁLISE DO CENÁRIO

ORGANIZACIONAL E PRODUTIVO DE

UMA EMPRESA DE SORVETES E

PICOLÉS

Alessandro Jackson Teixeira de Lima (IFRN )

[email protected]

Geany Patricia Oliveira da Silva Nunes (IFRN )

[email protected]

Anderson Rafael Melo da Silva (IFRN )

[email protected]

Fernanda Barreto de Almeida Rocha Mariz (IFRN )

[email protected]

A presente pesquisa tem o objetivo de avaliar o Planejamento e

Controle da Produção (PCP) de uma empresa de pequeno porte,

fabricante de picolés e sorvetes, baseando-se em uma análise SWOT e

nos principais elementos do gerenciamento da proddução. A avaliação

das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças de fatores como

gerenciamento da demanda, capacidade produtiva e administração de

materiais permitiram a proposição de melhorias para a empresa em

estudo. Os resultados da pesquisa envolvem mensuração da

capacidade efetiva de produção, análise dos fluxos de produção e

sugestões que englobam todo o contexto do ambiente organizacional.

Palavras-chave: Planejamento e Controle da Produção, análise

SWOT, pequena empresa

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1. Introdução

Com as variações da demanda, as indústrias necessitam planejar e controlar o seu processo

produtivo para que não haja excessos ou falta de insumos e recursos, que ocasionalmente

restrinjam a produção e ocasionem backorders ao seu nicho de mercado. Para que as

empresas manufatureiras acompanhem as demandas do negócio, faz-se necessário considerar

alguns aspectos quanto a previsão da demanda, capacidade produtiva e a estrutura

organizacional, a fim de essa equacione as restrições operacionais e as necessidades do

mercado para obter resultados satisfatórios com a entrega de produtos em consonância com as

exigências dos clientes.

Inserida nesta realidade, a indústria de alimentos segue também com este desafio. Além disso,

precisa estar atenta ao controle da qualidade dos produtos, devido às normas de higiene e

manuseio, como também a natureza perecível dos insumos e produtos. Dentro do segmento

industrial do ramo alimentício estão as fábricas de sorvetes e picolés, que possuem uma

sistemática produtiva marcada pela sazonalidade dos produtos relacionada com as variações

climáticas.

Tal sazonalidade requer diversas atividades de planejamento e controle com vistas a

desenvolver planos de produção que atendam a demanda mediante a disponibilidade de

recursos, insumos e, ainda, dos fornecedores. Diante do exposto, o presente trabalho tem

como objetivo avaliar o planejamento e controle da produção de uma empresa de pequeno

porte fabricante de picolés e sorvetes com base em uma análise SWOT e nos elementos

principais do gerenciamento da produção (gestão da demanda, capacidade produtiva e

infraestrutura). Por meio de tal análise, são apresentadas algumas sugestões de melhorias para

que a empresa possa ter um melhor desempenho em suas atividades. Espera-se que a

metodologia adotada também sirva de embasamento para futuros estudos nessa área.

2. Planejamento e controle da produção

O PCP tem como objetivo principal fornecer informações necessárias para o dia-a-dia do

sistema de manufatura reduzindo os conflitos existentes entre vendas, finanças e chão-de-

fábrica, que por sua vez planeja e acompanha o processo produtivo através da verificação das

capacidades efetivas da produção, tanto a longo, médio como a curto prazo, em seus

respectivos níveis hierárquicos; estratégico, tático e operacional.

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Para Tubino

(1997, p. 24):

Outra função pertinente do PCP é o integrado fluxo de informações entre os setores que

propicia o planejamento da produção. Através desse planejamento são determinados os

objetivos para atingi-lo eficientemente e por meio do controle, verifica-se o desempenho,

comparando-se o previsto com o realizado (ERDMAN, 2000).

Para compreender as tomadas de decisão do PCP, Fernandes e Godinho (2010) destaca o

processo decisório como uma estrutura de plano de ação. Essa estrutura hierárquica de

decisão é representada na Figura 1.

“No nível estratégico, onde são definidas as políticas estratégicas de

longo prazo da empresa, o PCP participa da formulação do Planejamento

Estratégico da Produção, gerando um Plano de Produção. No nível tático,

onde são estabelecidos os planos de médio prazo para a produção, o PCP

desenvolve o Planejamento-Mestre da Produção, obtendo o Plano-Mestre

de Produção (PMP). No nível operacional, onde são preparados os

programas de curto prazo de produção e realizado o acompanhamento dos

mesmos, o PCP prepara a Programação da Produção administrando

estoques, sequenciado, emitindo e liberando as Ordens de Compras,

Fabricação e Montagem, bem como executa o Acompanhamento e

controle da Produção.”

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Figura 1- Estrutura do planejamento e controle da produção

Fonte: Fernandes e Godinho (2010)

O PCP deve também analisar e verificar as necessidades e os recursos disponíveis bem como

também identificar possíveis gargalos nos processos, os quais possam inviabilizar a execução

dos trabalhos (TUBINO, 1999).

2.1. Gestão da demanda

Tanto a previsão, quanto o gerenciamento da demanda são atividades essenciais para o

sucesso e permanência de uma organização no mercado. Para Martins & Laugeni (1998) diz

que a “Previsão é um processo metodológico para a determinação de dados futuros baseado

em modelos estatísticos, matemáticos ou econométricos ou ainda em modelos subjetivos

apoiados em uma metodologia de trabalho clara e previamente definida”.

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E ainda, Ballou (2006) afirma que a previsão da demanda é uma das atividades mais

importantes para uma empresa, pois identifica fatores que influenciam diretamente nas

vendas, disponibilizando aos gestores uma visão ampla do mercado. Sendo assim, o

planejamento da produção, vendas e finanças, proporciona fortes vantagens competitivas para

organização.

Burbidge (apud. Reis e Cartaxo, 2015) sugere três princípios básicos que a organização deve

definir para formulação do plano de vendas:

Analisar a viabilidade de qual produto utilizar para atender aos clientes. Um exemplo

clássico é a análise por meio da matriz SWOT, ou em português FOFA (Forças,

Oportunidades, Fraquezas e Ameaças);

Quantidade a se produzir;

Quando o produto será entregue.

E ainda, vale ressaltar a importância da gestão do estoque devido as alterações da demanda.

Um dos fatores a corroborar com esta sazonalidade é fator climático, tratado então de um

produto frio.

2.2. Gestão da capacidade

O conceito de capacidade de produção é advindo de uma função de produzir uma quantidade

máxima de determinado produto em condições normais. Como afirma Slack (1999), “a

capacidade produtiva de uma operação é o nível máximo de atividade de valor adicionado que

pode ser conseguida em condições normais de operação durante determinado período de

tempo”. Corroborando, Russomano (2000) afirma que a capacidade produtiva é relação entre

o tempo necessário para realização de certa atividade com o tempo disponível.

Quanto as suas principais funções, Slack (1999) diz que o planejamento da capacidade é a

tarefa que tem o objetivo determinar a capacidade efetiva da operação produtiva, de forma

que a mesma possa responder e atender a demanda.

No tópico seguinte será abordada a metodologia de aplicação da matriz SWOT na análise do

cenário organizacional.

3. Análise SWOT

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A matriz SWOT é uma ferramenta utilizada para realizar análise do cenário ou análise do

ambiente. É um sistema simples para posicionar ou verificar a posição estratégica da empresa

no ambiente em questão.

Com o objetivo de sistematizar as informações da fabricação dos produtos, utilizou-se como

método de análise, a matriz SWOT. Essa é uma ferramenta simples, que avalia a

competitividade de uma empresa na qual recorre a quatro variáveis Strengths (Forças),

Weaknesses (Fraquezas), Oportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças). Por meio destas

variáveis pode-se levantar o cenário da organização no mercado.

A fundamentação do incremento desta análise foi adaptada ao método que concerne aos

elementos principais do planejamento e controle da produção Assim a Figura 2 designa tais

elementos.

Figura 2 - Elementos do gerenciamento da produção

4. Método e Material

A presente pesquisa caracteriza-se por ser exploratória, no sentido em que se propõe conhecer

e analisar como é o processo produtivo da fábrica de sorvetes e picolés, denominada nesse

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trabalho como “Alfa”. O estudo fundamentou-se, inicialmente, em dados secundários como

livros, artigos, revistas, periódicos especializados na área, que conforme Marconi e Lakatos

(2000), estes mecanismos norteiam as ações da pesquisa e identificam em que nível está

atualmente o problema.

Com o intuito de atender aos objetivos do presente trabalho, foi realizada uma visita à fábrica

de sorvetes e picolés Alfa para coletar dados e informações primárias acerca das operações da

indústria, por meio de entrevista com o gerente responsável pelo setor de produção e

observações in loco o processo produtivo. De acordo com Goode e Hatt (1969, p. 237) “a

entrevista consiste no desenvolvimento de precisão, focalização, fidedignidade e validade de

um certo ato social como a conversação”. Quanto à forma de abordagem do problema, o

trabalho tem a realização de levantamentos predominantemente qualitativos (SILVA;

MENEZES, 2000).

A Figura 3 mostra o sequenciamento das etapas do desenvolvimento da pesquisa, desde a

definição do problema e objetivos até os resultados. A análise organizacional e produtiva

permitiu propor melhorias em alguns processos da empresa Alfa, com vistas a otimizar o seu

processo produtivo em confronto com o observado na literatura por meio do embasamento

teórico.

Figura 3- Esquematização da pesquisa

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5. Estudo de caso

5.1. Caracterização da empresa

O objeto do estudo é uma empresa no ramo de fabricação de sorvetes e picolés localizada em

Natal – Rio Grande do Norte, fundada em 1992 em um espaço físico de capacidade restrita.

Inicialmente, o processo produtivo era efetuado artesanalmente. Em 1994, por uma decisão

estratégica e com objetivo de ampliar a produção e atender um maior número de clientes, as

instalações da empresa foram realocadas para um prédio de maior estrutura, que permitiu a

inclusão de um maior mix de produtos, porém o processo continuava artesanal.

Em meados de 2012, a partir da necessidade de acelerar o processo produtivo, vislumbrando

usufruir da capacidade efetiva das instalações, introduziu-se no processo máquinas de

pasteurização, condensação e fomentação dos produtos fins da empresa. Com essa

implementação houve a contratação de mais funcionários, devido à necessidade de mão-de-

obra qualificada e, a necessidade de especialização dos funcionários já contratados.

Atualmente, a empresa possui 30 funcionários, envolvendo o pessoal administrativo, químico

e operários, porém a empresa não apresenta processos organizacionais estruturados

5.2. Caracterização da produção

Como já citado, a empresa possui dois produtos distintos (picolés e sorvetes), que

compartilham alguns insumos comuns, como demostra a seguir na Figura 3 e na Figura 4 a

estrutura destes produtos.

Por meio da visualização da estrutura do produto que detalha os itens pai e itens filho, pode-se

estimar as necessidades dos materiais para fabricação e obtenção do produto acabado (pai) e

os itens que precisa para sua formação (filhos). Percebe-se que todo o insumo para produção

de ambos produtos necessita de ordem de compra (indicado por O.C nas Figuras 3 e 4), na

qual sua administração e gerenciamento é restrita ao proprietário do negócio.

Figura 4 - Estrutura do Produto Picolé

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Figura 5 - Estrutura do Produto Sorvete

O processo de produção do sorvete inicia-se com a operação de transformar o leite em pó em

líquido adicionando água e açúcar e espera-se 30 minutos para desintegrar os micro-

organismos. O leite líquido é transportado para outra máquina de resfriamento e aguarda pra

ser utilizado. Logo após há o transporte do leite através de uma tubulação exposta para uma

máquina onde os aditivos são misturados para transformar-se numa massa e esta é levada

através de um recipiente para ser condensada e por fim é transportada para o estoque.

Já para o processo do picolé ocorre a adição dos insumos num recipiente, logo o líquido é

transportado para uma máquina que fica a movimentar o líquido para não condensar, e o

transporta para uma máquina seguinte para ser adicionado a uma forma que atravessa um

percurso para o produto ser congelado, e por fim o picolé é retirado da forma- processo

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manual- e percorre por uma esteira de embrulho em seguida é organizado numa mantedora

para ser lavado á câmara fria

Para analisar o processo produtivo de cada produto, realizou-se o mapeamento das operações

por meio de fluxogramas apresentados nas Figuras 6 e 7.

Figura 6- Processo de Produção do Sorvete

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Figura 7- Processo de Produção do Picolé

Como se observa, a dinâmica da produção dos dois produtos assemelha-se pela presença da

grande movimentação do produto, gerando perdas operacionais de tempo que não agrega

valor e, ainda muita das vezes sendo feita manualmente através de recipientes inapropriados

acarretando desperdícios dos insumos. Por sua vez, o processo produtivo consiste na

demasiada utilização de procedimentos artesanais.

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Concernindo com sistema de produção da fábrica identificou-se um layout misto na qual

apresenta características de funcional e linear, pois as máquinas semelhantes agrupam-se de

forma que o produto percorra por toda a instalação do processo, conforme a necessidade do

produto. Como forma de ilustrar a disposição do maquinário e o percurso da produção fora

elaborado a planta do ambiente produtivo (Figura 8).

Figura 8- Ambiente produtivo

O sequenciamento da produção do picolé (em vermelho) inicia-se na adição dos aditivos (1),

logo é movimentado para máquina de saturação do líquido para evitar condensação (2), em

seguida para o congelamento (3), é levado para esteira de embrulho (4) e por fim para a

câmara fria (5).

Já para o sorvete, o processo começa na máquina de pasteurização (1), após o líquido é

movido para o resfriamento (2), em seguida, é deslocado para máquina onde há a adição da

essência (3), condensação do líquido (4) e, por fim, câmara fria (5).

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5.3. Plano de produção

Conforme identificado, o planejamento e controle da produção não estão integrados a

estratégia da empresa. A empresa adota a estratégia de produção empurrada. O planejamento

da produção é de acordo com as vendas do dia anterior (método do último período), de modo

que, não há planejamento de longo, médio e curto prazo. Para isso o PCP da empresa compara

a matéria-prima de certo sabor e nível de estoque.

Já o sequenciamento da produção é feito com base nos sabores a serem produzidos. Para isso

os ordenam de acordo com sua densidade de cor, sendo do mais claro ao mais escuro.

Exemplo é a produção de sabores programada para o dia da visita: nata- creme- banana-

bombom- chocolate.

Para tanto o sistema automatizado informa a quantidade de produtos produzidos, o que

colabora para o processo de decisão.

Para os gestores a comunicação entre os setores relacionada a produção se faz por necessária a

partir do momento do nível de vendas, como mostra a Figura 9.

Figura 9 - Processo Envoltório de Comunicação

Como observa-se plano da produção é diário e o que facilita isto é integração entre os setores.

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5.4. Capacidade Produtiva

A empresa possui um maquinário de produção que tem uma capacidade diária teoricamente

de 48.000 picolés por dia sendo 6.000 un./h e a produção de sorvetes de 12L a cada hora. Na

qual, a produção acontece de segunda a sábado, sendo 8 horas trabalhadas em dias úteis e 4

horas no sábado.

Para fins de mensuração de dados de produção do picolé e do sorvete foram utilizados

períodos semanais em minutos, a condição dos dados em minutos se dá a partir da carga

horária ser distinta em dias úteis e em finais de semana:

2.640 minutos de disponibilidade semanal;

Tempo de setup (lavagem das fôrmas), para cada 5 linhas de sabores em dias úteis é

igual a 20 minutos. Totalizando 500 minutos;

Setup (lavagem das fôrmas) para cada 3 linhas de sabores aos sábados em média 20

minutos. Totalizando 60 minutos;

Disponibilidade efetiva semanal em média 2.080 minutos.

Resume-se, então, que o tempo de setup semanal é em média 560 minutos. Para isso foi

desenvolvida a análise de disponibilidade efetiva da empresa, conforme demonstrado na

Figura 10:

Figura 10- Disponibilidade efetiva em horas

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Já a mensuração da capacidade efetiva por produtos está representada na Figura 11. Para esta

mensuração, em específico para o sorvete, usaram-se os seguintes dados:

96 litros de sorvete por dia útil, que é sua capacidade projetada, na qual independe do

sabor;

Tempo de setup (lavagem de máquina) é em média 20 minutos, totalizando em 560

minutos por semana;

Capacidade efetiva por semana 459 litros.

Figura 11- Capacidade efetiva por produto

Conforme verifica-se, a empresa utiliza efetivamente em média 78,4% de sua capacidade

teórica para a produção de picolés e, em média 86,9% para produção de sorvetes. Assim

podendo destacar a efetiva produção em massa na qual atende sua estratégia de mercado em

disponibilizar o produto no momento em que o cliente necessita. Chega-se neste consenso

porque a procura pelo produto se dá por comerciantes locais que tem preferência equilibrada

com relação ao sabor do produto (compra o mesmo volume de cada sabor) contudo a

demanda de clientes direto há uma maior de preferência de sabores por exemplo de

amendoim.

5.5. Gerenciamento da Demanda

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Por se tratar de um produto frio, a demanda é influenciada por um fator natural - o clima. Para

gerenciar tal sazonalidade, não há uma previsão estimada de procura do produto, porém para

evitar ociosidade de funcionários é feito o controle da produção por meio de concessão de

folgas para os funcionários, na qual é dada até 3 folgas por semana nos períodos de baixa

sazonalidade. Já em período de alta demanda o controle da produção é realizado de forma a

equilibrar a escala de trabalhador, ou seja, a carga horária é normalizada.

Para tanto não foi apresentado, por parte da gestão, dados empíricos ou estatísticos para

análise de período de baixa sazonalidade.

5.6. Administração de Materiais

A empresa Alfa administra seus materiais de acordo com as necessidades do seu processo

produtivo, mas existem dois estoques; um para os insumos para a fabricação do sorvete, e

outro para a fabricação dos picolés. Existe ainda os estoques de produtos acabados, que são as

duas câmaras frigoríficas; uma para os sorvetes e outra para os picolés que foram produzidos

durante o dia/semana, para que depois o pessoal do balcão de atendimento informe ao

controlador de estoque da Alfa que há a necessidade de abastecer os freezers com os sorvetes

e/ou picolés.

Nos períodos de sazonalidade a compra dos insumos é diminuída, pois na estação verão os

pedidos ocorrem diariamente de alguns insumos, mas também não se teve acesso porque não

há registros internos. Importante ressaltar que empresa é fidelizada a alguns fornecedores de

insumos, porém não possui contrato de pedido mínimo e gerenciamento de pedidos.

6. Avaliação global

Para efeitos de análise, realizou-se uma matriz SWOT para identificar as forças, fraquezas

internas, oportunidades e ameaças do gerenciamento da produção da empresa como apresenta

a Figura 12.

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Figura 12 - Matriz SWOT

Os aspectos analisados advindos do planejamento e controle da produção observou-se que as

forças se concentram na produção, concernindo com a estratégia de mercado da fábrica e

interligado a isso a mão- de – obra na qual possui experiência nos métodos adotados de

produção, todavia o proprietário adota a cultura de manter os funcionários contratados desde o

desenvolvimento da empresa. No mais, as oportunidades de negócio vislumbram o aumento

do consumo per capita e, certamente, na perspectiva de mudança cultural ao investir em

inovação tanto em marketing quanto no produto, a fim de quebrar paradigmas sociais- esta

seria uma das sugestões propostas ao proprietário.

Atualmente, dentre as fraquezas detectadas é o baixo controle da produção pois não há

registros internos de produção semanal e/ou mensal, o controle é diário a partir da demanda

do último período. Consequentemente sem indicadores de produção e previsão da demanda.

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Por se tratar de um produto de baixo valor agregado e que sua produção relativamente

artesanal, a empresa estudada poderá sentir o impacto de diminuição de vendas com o

surgimento da concorrência, por isso vale ressaltar a importância de inovar.

Como tratado antes, a venda dos produtos apresenta uma grade sazonalidade pelo fator

climático então o declínio das vendas é inevitável.

Observado todos os elementos da empresa aponta-se tais melhorias representadas na Figura

13 a seguir.

Figura 13 - Sugestões de melhorias

7. Conclusões

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A partir da visita à fábrica de sorvetes e picolés Alfa, identificou-se que a empresa tem uma

experiência de 24 anos no mercado de sorvetes e picolés, e vem buscando manter-se até aos

dias atuais com base nos planos do proprietário, o mesmo utiliza das suas próprias técnicas,

em que oferece um bom produto a um preço acessível para os seus clientes. Observou-se que

o setor produtivo da empresa se adequa a uma estratégia de mercado, porém seus controles de

produção e financeiro precisam de incremento podendo ser elaboradas planilhas de controle

de matérias-primas; o que necessita produzir, o quanto se produziu nos últimos dias, meses e

anos; o quanto se já se investiu em máquinas equipamentos e há necessidade de mais

investimentos; o quanto de capital imobilizado a empresa detém, etc.

A realização da visita até a fábrica de sorvetes e picolés Alfa teve como objetivo avaliar o

planejamento e controle da produção de uma empresa de pequeno porte fabricante de picolés

e sorvetes com base em uma análise SWOT e nos elementos principais do gerenciamento da

produção (gestão da demanda, capacidade produtiva, administração dos estoques e

infraestrutura) Na realização da visita foi possível enxergar que a Alfa funcionava de acordo

com as ordens e pensamentos do dono da empresa, que se utiliza de meios mais eficientes

para dar apoio a sua produção, de modo a otimizar mais os seus processos.

Convém destacar que segundo o gerente de produção, há uns quatro anos atrás, o processo de

embalagem dos picolés era realizado manualmente, o que provocava uma jornada de trabalho

semanal de domingo a domingo. Mas que depois de muitas conversas e reuniões periódicas, o

proprietário foi convencido de que estava na hora de adquirir uma máquina para agilizar o

processo de embalagem do picolé, o que ocasionou numa aceleração deste processo e redução

na jornada semanal de trabalho dos operadores e redução nos encargos trabalhistas.

Ressalta-se que a maioria das implementações de melhorias e aquisição de máquinas e

equipamentos mais sofisticados foi realizado a pedido do gerente de produção, pois segundo

ele, estava inviável o gasto com tanta mão-de-obra, e a operação não ficava mais rápida para

suprir a demanda no período de alta estação. O gerente de produção relatou ainda que o

proprietário tem uma grande resistência a novas tecnologias e de adesão a novas técnicas

produtivas, e que o controle financeiro é feito pelo proprietário que faz questão de ficar no

atendimento e no caixa para acompanhar o seu faturamento. Não há segundo o gerente, um

controle e acompanhamento mensal de quantos picolés foram vendidos e produzidos, qual a

receita e despesa de cada mês, quanto se gastou com insumos e matéria-prima, e quanto se

gastou ou reduziu com horas extras dos operadores e atendentes da fábrica, e é impossível

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fazer uma análise comparativa mês a mês, somente o dono da empresa que controla tudo em

sua cabeça.

É possível destacar que, as empresas para se manterem e crescer no mercado e adquirir

competitividade, elas precisam traçar estratégias de mercado para continuarem como seu

lugar diante dessa globalização se faz necessário investir em inovação e estar acompanhando

o surgimento de novas tendências de mercado e tecnologias, que visam a otimização das

organizações como um todo, garantido assim a sua lucratividade, qualidade nos seus produtos

ou serviços e conquistar novos espaços no mercado consumidor de produtos.

Por isso, a empresa de sorvetes e picolés Alfa precisa sim estabelecer estratégias como a sua

missão no mercado e a sua visão, e adquirir ferramentas que melhorem o seu processo

produtivo, novas tecnologias, investir em capacitação dos funcionários, fazer aquisição de

máquinas, equipamentos, aderir a novas técnicas de manipulação dos alimentos, evitar

desperdícios e fazer um planejamento de acordo com o período de sazonalidade ou não do seu

mercado, com alta ou baixa demanda, em busca de maximização do lucro, e de continuar

mantendo-se estável no mercado de sorvetes e picolés.

REFERÊNCIAS

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Florianópolis: Papa livro, 2000.

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João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .

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