Análise do filme “Daens – um grito de justiça” com base no pensamento Marxista..docx

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Anlise do filme Daens um grito de justia com base no pensamento Marxista.

De acordo com Marx a diviso social do trabalho, que dividiu a sociedade entre detentores dos meios de produo e os no detentores, provocou o surgimento de classes scias. Segundo Marx o processo produtivo aliena o trabalhador, j que ele existe somente para produzir. As classes que surgem em razo da diviso social do trabalho so: a classe dominante (Burgueses, capitalistas) e a classe dominada (proletariado, trabalhadores). O Estado surge para representar os interesses da classe dominante e cria para isso inmeros aparatos para manter a estrutura da produo. Esses aparatos so chamados por Marx de infraestrutura e condicionam o desenvolvimento de ideologias e normas reguladoras para assegurar os interesses dos proprietrios dos meios de produo. Segundo Marx cabe ao proletariado, em uma tomada de conscincia de classe atravs de um processo revolucionrio dar inicio a uma sociedade justa e igualitria, acabando com a propriedade privada e instaurando transitoriamente uma ditadura at que se realizem as condies necessrias para a organizao de um sistema de governo comunista.Traando-se um paralelo entre os frteis pensamentos de Karl Marx e a grande obra cinematogrfica Daens Um grito de justia, roteiro por Louis Paul Boon e Franois Chevallier, dirigido por Stijn Coninx, 1992, percebe-se claramente a presena dos postulados descritos por Marx na conflituosa relao entre os Capitalistas e o Proletariado. O filme retrata a revoluo industrial nos anos de 1890, destacando a atuao do padre Adolphe Daens, em defesa dos operrios trabalhadores de uma fbrica txtil na cidade belga de Aalst, cuja trama retrata as pssimas condies de trabalho dentro da indstria e a misria vivida pelos trabalhadores, em uma poca onde a classe operria no dispunha de leis ou benefcios que os auxiliassem. Os salrios eram to reduzidos, que para sobreviver, toda a famlia do operrio, incluindo mulheres e crianas eram obrigadas a trabalhar em condies degradantes. O filme ressalta ainda a relao de tamanha dominao entre burgus e proletrio pautada pela lgica de maximizao dos lucros e competitividade, onde o trabalhador era dono apenas de sua fora de trabalho, vendida em condies desfavorveis e sem garantias de segurana. No filme a economia passava por forte crise, o que fez com que os proprietrios das fbricas se reunissem e elaborassem propostas de reduo do salrio e o aumento da carga horaria de trabalho. Tais medidas visavam aumentar ainda mais os lucros dos Capitalistas. Tamanha discrepncia entre a fora do trabalho realizado e o salrio pago gerava o que Marx denominou de mais valia [...] O valor que ultrapassa o dos fatores consumidos no processo produtivo (meios de produo e fora de trabalho), e que se acrescenta ao capital empregado inicialmente na produo [...]. (QUINTANEIRO; BARBOSA; MONTEIRO DE OLIVEIRA, 2003, p. 45).Na obra cinematogrfica possvel observar o distanciamento entre as classes e a manuteno da ordem pela minoria, bem como a influncia burguesa nas decises polticas. A grande massa trabalhadora (proletariado) ficava margem de todo processo poltico at a conquista do sufrgio universal que por sua vez, exclua a mulher. Os homens que podiam votar eram manipulados a realizar a vontade dos ricos empresrios para manter seus empregos. Este controle sobre a maioria era exercido principalmente pela ignorncia mediante a falta de educao, um privilgio dos ricos, e pela prpria igreja, at mesmo a interpretao bblica ficava a cargo do sacerdote por realizar a missa em latim, sendo mais fcil a distoro da realidade. No transcorrer do filme os operrios foram percebendo o poder da unio e comearam a questionar sobre a forma que eram tratados, culminando em uma greve. O padre Adolphe Daens muito contribuiu para tal conscientizao e tambm os ideais socialistas a que tiveram acesso por meio da imprensa. O desequilbrio entre a luta das classes sociais gera uma dominao do Burgus sobre o trabalhador, pois como se pode inferir do filme apesar das reivindicaes dos trabalhadores pouco se mudou em relao as suas condies de trabalho, a luta continua. Marx acreditava que a concentrao do capital nas mos de poucos, causaria um aumento considervel da classe proletria e que essa classe por ter um numero to grande de participantes inexoravelmente deflagraria uma revoluo que os colocaria no poder, dando fim a explorao de sua fora de trabalho e estabelecendo regras de igualdade e justia na nova sociedade que se formaria. Contudo tal revoluo prevista por Marx no acontece, visto que quando o conflito parece iminente, os Capitalistas utilizam suas mais variadas tcnicas de alienao para induzir na classe trabalhadora uma espcie de conformidade com a discrepncia da fora de trabalho realizado e o salrio pago pela venda dessa fora de trabalho. Tal conformidade dada atravs da ocultao da real condio do trabalhador. (dominao ideolgica).

BIBLIOGRAFIA

QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M. L. de O.; OLIVEIRA, M. G. M. de. Um Toque de Clssicos: Durkheim, Marx e Weber. 2. ed. rev. e amp. Belo Horizonte: UFMG, 2002. p. 25-58.

ARON, Raymond. As Etapas do Pensamento Sociolgico. 4 edio. So Paulo: Martins Fontes, 1993. P. 185-275.