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XXIV ENCONTRO NACIONAL DO CONPEDI - UFS DIREITO, ARTE E LITERATURA DANIELA MESQUITA LEUTCHUK DE CADEMARTORI LUCIANA COSTA POLI REGINA VERA VILLAS BOAS

ANÁLISE DO FILME “DEUS DA CARNIFICINA”

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Text of ANÁLISE DO FILME “DEUS DA CARNIFICINA”

  • XXIV ENCONTRO NACIONAL DO CONPEDI - UFS

    DIREITO, ARTE E LITERATURA

    DANIELA MESQUITA LEUTCHUK DE CADEMARTORI

    LUCIANA COSTA POLI

    REGINA VERA VILLAS BOAS

  • Copyright 2015 Conselho Nacional de Pesquisa e Ps-Graduao em Direito

    Todos os direitos reservados e protegidos. Nenhuma parte deste livro poder ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados sem prvia autorizao dos editores.

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    D598

    Direito arte e literatura [Recurso eletrnico on-line] organizao CONPEDI/UFS;

    Coordenadores: Daniela Mesquita Leutchuk de Cademartori, Luciana Costa Poli, Regina Vera

    Villas Boas Florianpolis: CONPEDI, 2015.

    Inclui bibliografia ISBN: 978-85-5505-047-3

    Modo de acesso: www.conpedi.org.br em publicaes

    Tema: DIREITO, CONSTITUIO E CIDADANIA: contribuies para os objetivos de

    desenvolvimento do Milnio.

    1. Direito Estudo e ensino (Ps-graduao) Brasil Encontros. 2. Arte. 3. Literatura. I.

    Encontro Nacional do CONPEDI/UFS (24. : 2015 : Aracaju, SE).

    CDU: 34

    Florianpolis Santa Catarina SC www.conpedi.org.br

    http://www.conpedi.org.br/http://www.conpedi.org.br/

  • XXIV ENCONTRO NACIONAL DO CONPEDI - UFS

    DIREITO, ARTE E LITERATURA

    Apresentao

    XXIV ENCONTRO NACIONAL DO CONPEDI DIREITO, CONSTITUIO E

    CIDADANIA: CONTRIBUIES PARA OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO

    DO MILNIO

    APRESENTAO DO GRUPO DE TRABALHO DIREITO, ARTE E LITERATURA

    com grande alegria que as Coordenadoras Professoras Doutoras Regina Vera Villas Bas,

    Daniela Mesquita Leutchuk de Cademartori e Luciana Costa Poli apresentam os artigos que

    foram expostos no Grupo de Trabalho (GT- 18)Direito, Arte e Literatura, o qual comps,

    juntamente com quarenta e quatro Grupos de Trabalho, o rico elenco de textos cientficos

    oferecidos no XXIV Encontro Nacional do CONPEDI, que recepcionou a temtica Direito,

    Constituio e Cidadania: contribuies para os objetivos de desenvolvimento do Milnio,

    realizado na cidade de Aracaju (Sergipe), nos dias 03, 04, 05 e 06 de junho de 2015.

    OXXIV Encontro Nacional do CONPEDI propiciou ampla e preciosa integrao

    educacional, ao recepcionar escritos de autores oriundos de distintas localidades do territrio

    nacional e, tambm,de outras naes, aproximando suas culturas e filosofias. Incentivou

    estudos, pesquisas e discusses sobre os Direitos Humanos e Fundamentais, a Constituio

    da Repblica Federativa do Brasil, a Cidadania, buscando contribuir com os objetivos de

    desenvolvimento do milnio. Para tanto, recepcionou artigos que se referiam, notadamente,

    problemtica social contempornea, envolvente de temas jurdicos importantes e atuais,o que

    foi revelado por cada contedo expresso nos artigos cientficos exibidos nos variados Grupos

    de Trabalhos, durante o perodo de realizao do XXIV Encontro Nacional do CONPEDI.

    A presente Coordenao acompanhou a exposio dos artigos junto ao Grupo de Trabalho

    (GT-18), o qual selecionou textos que trouxeram aos debates relevantes discusses sobre o

    Direito, a Arte e a Literatura. Aos temas abordados nas pesquisas foram trazidos ao mundo

    jurdico, a partir de clssicos do cinema, da poesia, do teatro, da msica e de obras literrias,

    notadamente. Os artigos expostos apontaram polmicas de uma sociedade ps-moderna,

    complexa, lquida e insegura, apresentando, em algumas ocasies, caminhos de soluo, ou

    pelo menos de possibilidade de conhecimento transformador das realidades do mundo,

    desafiando a efetividade dos direitos humanos e fundamentais, no contexto da sociedade

    contempornea.

  • Foram abordadas disciplinas e matrias relevantes que trouxeram baila temas scio-

    jurdicos atuais e de interesse social, entre os quais:construo da solidariedade social;

    direitos da mulher; direito liberdade; direito liberdade de expresso; direito humano

    dignidade; instrumentos de controle social; polticas pblicas de desenvolvimento social.

    Pode-se afirmar que os textos selecionados foram construdos a partir de bases filosficas

    seguras, as quais permitiram amplas reflexes a respeito da necessidade de o homem

    contemporneo se preocupar com a busca dos valores de sua essncia, a partir da concepo

    do conceito de dignidade que envolva o respeito ao seu semelhante, e no semelhante,

    valorando o homem, o meio ambiente, a sustentabilidade e a preservao da natureza para a

    presente e as futuras geraes. Valores clssicos e contemporneos como a igualdade, a

    liberdade, e a fraternidade, entre outros, foram recordados no contexto da valorao da vida

    saudvel e da constatao das sociedades dos riscos e das violncias.

    A seguir,relaciona-se os nomes dos Autores e dos ttulos dos Artigos cientficos apresentados

    no evento alguns deles produzidos em coautoria todos tratando da temtica abordada no

    Grupo de Trabalho (GT 18) Direito, Arte e Literatura.Brilhantes autores levaram excelentes

    textos cientficos ao XXIV Encontro Nacional do CONPEDI, merecendo todos eles os

    cumprimentos pelas exibies. Todos os textos aqui assinalados compem Obra Coletiva, a

    ser disponibilizada eletronicamente, com a finalidade de ampliar as reflexes sobre os temas

    apresentados no evento:

    NOMES DOS AUTORES E DOS RESPECTIVOS TTULOS DOS TEXTOS EXIBIDOS

    NO GRUPO DE TRABALHO (GT 18) DIREITO, ARTE E LITERATURA

    1 Na tercia Sampaio Siqueira

    Rafael Marclio Xerez (ausente no evento)

    A concretizao do direito como arte: harmonizando Apolo e Dionsio

    2 - Margareth Vetis Zaganelli

    Miriam Coutinho de Farias Alves

    A dialtica do corpo na narrativa de Clarice Lispector: a feminilidade e os direitos da mulher

    na via crucis do corpo

  • 3 - Virna de Barros Nunes Figueiredo

    A relevncia da literatura na construo da solidariedade social luz do pensamento de

    Richard Rorty

    4 - Ivan Aparecido Ruiz

    Pedro Faraco Neto (ausente no evento)

    Anlise da msica Construo: forte crtica alienao humana e (ideolgica) Teoria do

    Mnimo Existencial

    5 - Arthur Ramos do Nascimento

    Anlise jurdica dos contratos de submisso (e dominao): consideraes sobre os direitos

    de liberdade e dignidade da pessoa humana o direito contratual em Cinquenta Tons de Cinza

    6 - Frederico de Andrade Gabrich

    Arte, storytelling e direito

    7 - Luciana Pereira Queiroz Pimenta Ferreira

    Cndice Lisba Alves (ausente no evento)

    Da Capitu machadiana s Capitus do sculo XXI: o lugar da mulher no intercmbio entre

    direito e literatura, luz do romance Dom Casmurro

    8 - Francielle Lopes Rocha

    Valria Silva Galdino

    Da transfobia e do estupro corretivo no filme Meninos No Choram

    9Caroline Christine Mesquita

    Daniela Menengoti Ribeiro (ausente no evento)

  • Discrmen Razovel frente Relativizao da Justia Humana: anlise do filme Deus da

    Carnificina

    10 - Sergio Nojiri

    Roberto Cestari

    Interdisciplinaridade: o que o direito pode aprender com o cinema

    11 - Queila Rocha Carmona dos Santos

    Alexandre Bucci(ausente no evento)

    Interfaces entre direito, filosofia e cinema: uma anlise jurdico-filosfica da tica em Kant

    sob a perspectiva do filme Concorrncia Desleal de Ettore Scola

    12 - Juliana Ervilha Teixeira Pereira

    Intermitncias da Morte: a dignidade da pessoa humana, a autonomia e o dever de viver

    13 - Marcos Jos Pinto

    Laranja Mecnica (o filme): anlise discursiva do controle social sobre o indivduo luz de

    Michel Foucault, Pierre Bourdieu e Enrique Mar

    14 - Juliana Cristine Diniz Campos

    O Brasil de Peri e o advento da Repblica: a construo da ideia poltica de nao pela

    literatura brasileira do sculo XIX

    15 - Marcelo Dias Ponte

    Zaneir Gonalves Teixeira(ausente no evento)

    O centenrio da seca do Quinze: reflexes sobre a obra de Rachel de Queiroz no contexto das

    polticas pblicas de desenvolvimento regional

    16 - Isabela Maria Marques Thebaldi

  • Iana Soares de Oliveira Pena

    O filme A Pele que Habito e os limites da autonomia privada nos atos de modificao

    corporal: uma anlise luz do princpio da dignidade humana

    17 - Joo Luiz Rocha do Nascimento

    Reflexes sobre a equivocada aposta da dogmtica jurdica na manuteno o dos embargos

    de declarao, o Macunama do direito brasileiro

    18 - Jos Antonio Rego Magalhes

    Lvia de Meira Lima Paiva (ausente no evento)

    Representao e interrupo: uma discusso entre direito e teatro a partir de Walter Benjamin

    e Bertold Brecht

    19 - Anne Greice Soares Ribeiro Macedo

    Seres de Papel figuras e rasuras ou quando o direito bate s portas da arte

    19 - Renato Duro Dias

    Sries de animao: dilogos entre direito, arte e cultura popular

    20 - Douglas Lemos Monteiro dos Santos

    Um olhar jurdico sobre as relaes intersubjetivas em A Hora da Estrela: quando o direito

    vem em socorro de Macaba

    21 - Leyde Aparecida Rodrigues dos Santos

    Daisy Rafaela da Silva(ausente no evento)

    O Leitor e O Juri: anlise jurdica da stima arte

    COORDENADORES DO G.T. DIREITO, ARTE e LITERATURA

  • Regina Vera Villas Bas

    Ps-Doutora em Direitos Humanos e Democracia pela Universidade deCoimbra/Ius Gentium

    Conimbrigae.Graduada em Direito, Mestre em Direito Civil, Doutora em Direito Privado e

    Doutora em Direitos Difusos e Coletivos pela Pontifcia Universidade Catlica deSo Paulo.

    Professora e Pesquisadora nos Programasde Mestrado em Direitos Sociais, Difusos e

    Coletivos do UNISAL- Lorena (SP)e nos Programas de Graduao ede Ps-Graduao- lato

    estricto sensu em Direitos Difusos e Coletivos e em Direito Minerrio, ambos da PUC/SP.

    Contato: [email protected]

    Daniela Mesquita Leutchuk de Cademartori

    Graduada em Histria e Direito pela Universidade Federal de Santa Maria RS (1984; 1986),

    mestrado e doutorado pela Universidade Federal de Santa Catarina (1993;2001) e ps-

    doutorado pela UFSC (2015). Atualmente professora da graduao e ps-graduao em

    Direito da Unilasalle (Canoas RS). Contato: [email protected]

    Luciana Costa Poli

    Professora visitante no programa de mestrado na UNESP. Doutora em Direito Privado pela

    Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais. Mestre em Direito e Instituies Polticas

    pela Universidade FUME/MG. Bacharela em Direito pela PUC/MG

  • DISCRMEN RAZOVEL FRENTE A RELATIVIZAO DA JUSTIA HUMANA: ANLISE DO FILME DEUS DA CARNIFICINA

    DISCERNMENT OF REASONABLE FACE RELATIVIZATION OF HUMAN'S JUSTICE: ANALYZE THE FILM GOD OF CARNAGE

    Daniela Menengoti RibeiroCaroline Christine Mesquita

    Resumo

    Em cada poca vivida, erigiram-se modos de se conviver em sociedade, com base nas

    respectivas condies histricas e influncias culturais pungentes, que resultaram em vrias

    ideias de como se viver bem em uma coletividade. Com efeito, essas experincias do passado

    revelam ao mundo contemporneo a complexidade de se estabelecer uma forma de

    organizao que seja benfazeja a todos, que permita haver plena Justia. Assim, o artigo se

    prope a anlise do filme Deus da carnificina e sua relao com o relativismo humano. Nesse

    entrelaamento entre este e aquele haver de se detectar as influncias sobre o direito na

    trajetria da humanidade, buscando a compreenso do fundamento do direito no curso da

    histria. Neste sentido, o presente trabalho, funda-se no mtodo investigativo da pesquisa

    bibliogrfica que versa acerca da subjetividade da Justia, a qual embora tenha como base o

    direito positivo, centrado no objetivismo, ratificada e efetivada pelo homem, um ser

    intrinsecamente animal e imerso em seu prprio subjetivismo conflitante entre razo e

    emoo. Destarte, destaca-se a aplicao da ponderao racional em detrimento do arbtrio

    egostico.

    Palavras-chave: Justia, Ponderao racional, Arbtrio egostico

    Abstract/Resumen/Rsum

    For each time lived, were erected ways to live together in society, based on their historical

    conditions and poignant cultural influences, which resulted in several ideas of how to live

    well in a community. Indeed, these past experiences reveal the contemporary world the

    complexity of establishing a form of organization that is beneficent to all, enabling be full

    justice. Thus, the article aims to analyze the film God of Carnage and its relation to human

    relativism. In this entanglement between this and that will be to detect the influences on the

    right in the path of humanity, seeking to understand the right of the plea in the course of

    history. In this sense, the present work is based on the investigative method of literature,

    deals about the subjectivity of Justice, which although based on the positive law, centered on

    objectivism is ratified and executed by the man, an intrinsically Animal and immersed in his

    own conflicting subjectivism between reason and emotion. Thus, there is the application of

    rational weighting over the selfish will.

    Keywords/Palabras-claves/Mots-cls: Justice, Rational weighting, Selfish will

    166

  • 167

  • INTRODUO

    Desde a antiguidade, trs grandes golpes esmigalharam a vaidade humana,

    abalando o brio do indivduo e, retirando-o de sua zona de conforto, posto que, modificou a

    ideia do homem sobre si mesmo. A primeira, com Nicolau Coprnico, coloca em xeque a

    teoria geocetrista, desbancando a ufania de que o gnero humano estava no centro do

    universo, com sua teoria heliocentrista.

    Em seguida, vem Charles Darwin e mina a proposio de que os humanos so

    frutos de uma criao divina, denotando que as espcies possuem uma origem comum entre as

    mesmas, isto , o apogeu humano fruto unicamente de uma evoluo comum que teve como

    diferencial a seleo natural da linhagem mais desenvolvidas.

    Finalmente, desponta Sigmund Freud e investe o golpe de misericrdia sobre o

    pundonor deste ente, o qual j se encontrava imerso naquelas angustias e conflitos existncias,

    posto que afligia sua prpria dignificao. E sobre este pomo de ado que Freud solapa, ao

    apontar que o homem no senhor de si mesmo, mas um mero fantoche de seu inconsciente1,

    o qual tem amarras to translcidas e, mecanismos to ilusrios que ser humanos no se sente

    controlado, pelo contrrio, sente que vive no exerccio de seu livre arbtrio.

    1 CONSTRUO JUSTIA NA HISTRIA HUMANA

    A sociedade humana, como assevera Russell Norman Champlin (2004, p.767),

    abrange toda a organizao das relaes humanas, sem possuir limites ou confins

    demarcativos, apresentando condutas justas e injustas identificadas pelos valores ticos e

    morais, correspondentes a suas pocas. Posto que ao longo da histria da humanidade no tem

    sido vislumbrado, de maneira uniforme, um determinado parmetro de conduta, como bem

    apresentado pela histria da filosofia, a qual revela o deslinde dos principais impasses

    vivenciados ao longo da trajetria humana e suas respectivas repercusses. Ou seja, esta a

    principal norteadora da sociedade, em relao a moldar o agir de cada integrante social, posto

    que ela , nos dizeres de Martin Heidegger (1979, p. 13), no apenas algo racional, mas a

    prpria guarda da ratio. Desse modo, faz-se mister conceituar o vocbulo Justia e

    consequentemente sua base formadora, a filosofia.

    1 Segundo Ana Mercs Bahia Bock, Odair Furtado e Maria de Lourdes Trassi Teixeira (2008, p. 89): O inconsciente exprime o conjunto dos contedos no presentes no campo atual da conscincia. constitudo por contedos reprimidos, que no tm acesso aos sistemas pr-consciente/consciente, pela ao de censura interna.

    168

  • A palavra filosofia deriva-se de duas palavras gregas, philein, amar, e Sophia, sabedoria. [...] O apego sabedoria leva o homem a busc-la, e , ento que aflora o conhecimento sobre os princpios fundamentais em qualquer campo do conhecimento humano. [...] A filosofia , portanto, o saber a respeito das coisas, a direo ou orientao para o mundo e para a vida e, finalmente, consiste em especulao acerca da forma ideal de vida. (CHAMPLIN. 2004, p.767).

    Contudo, Paulo-Eugne Charbonneau (1986, p. 4-5) pondera que a filosofia no

    busca dar respostas invariveis e determinadas, mas aspira pela verdade2,

    [...] por conseguinte, mais que se limitar a um objeto, a filosofia prefere se inquietar por uma verdade enquanto atingida por um sujeito. Para alm do objeto, o que lhe interessa o sujeito. Disso se pode concluir que inumerveis sos as respostas a que a filosofia atingiu. Entre elas podemos ressalvar trs fundamentais. A verdade que ela se esfora por atingir : interior, diferente da verdade objetiva; aproximativa, pois o homem bem mais rico que as diferentes tentativas feitas por ele prprio; pouco comunicvel, porque ela diz respeito a uma experincia. [...] Assim, estamos em condies de concluir que a filosofia no tem por finalidade um objeto conhecido ou ser conhecido; ao contrrio, seu objeto o sujeito conhecedor, que se descobre ao se construir a si prprio.

    Na mesma direo est o posicionamento de Maura Inglsias (1986, p. 14-15),

    quando aduz que a filosofia nasce quando as respostas dadas pela mitologia3 no satisfaziam

    mais as mentes que ansiavam pela verdade dos fatos e no aceitavam mais a verdade

    dogmtica autoimposta.

    Giovanni Reale e Dario Antiseri (1990, p. 23) vo alm deste raciocnio ao

    mencionarem as reflexes de Aristteles e Plato sobre a origem da filosofia.

    [...] Como escrevia Aristteles: Por natureza, todos os homens aspiram ao saber. E ainda: Exercer a sabedoria e conhecer so desejveis pelos homens em si mesmos: com efeito, no possvel viver como homens sem essas coisas. E os homens tendem ao saber porque sentem-se plenos de admirao ou maravilham-se, dizem Plato e Aristteles: Os homens comeam a filosofar, tanto agora como nas origens, por causa da admirao: no princpio, eles ficavam maravilhados diante das dificuldades mais simples; em seguida, progredindo pouco a pouco, chegaram a se propor problemas sempre maiores.

    Portanto, a filosofia motivada pela curiosidade humana e desenvolvida pela

    sabedoria do homem que lana, atravs da crtica, os parmetros para toda uma gama de

    2 Segundo Maria Helena Diniz (2008, p. 828) verdade aquilo que (Aristteles); realidade; perfeita adequao da inteligncia coisa ou ao ser (So Toms de Aquino); [...]. Proposio verdadeira (Leibniz); cpia ou descrio fiel. 3 Nos ditames de John Fiske (1998, p. 118), o mito uma histria, pela qual uma cultura explica ou compreende um dado aspecto da realidade ou da natureza.

    169

  • temas sociais e individuais, entre eles a prpria Justia. Dessa maneira, cumpre denotar agora

    o sentido deste, o qual amplamente debatido e definido em razo de sua constante mutao.

    Nesse sentido, Vicente de Paulo Barreto (2006, p. 493) sintetiza relatando que a [...] reflexo

    filosfica sempre recaiu sobre a justia concebida como aspirao fundamental de uma ordem

    social e jurdica. Assim concebida, a justia apresenta-se como um conjunto de critrios que

    devem presidir a boa conduta.

    Outrossim, Jos Ferrater Mora (1996, p. 400-401) ensina que:

    A grande maioria de doutrinas e sistemas sociais e polticos traz consigo uma ideia de justia. De fato, tais doutrinas e sistemas so apresentados frequentemente como modelos para explicar por que houve no passado certas concepes de justia, por que essas concepes no so justas: e que concepo equitativa (ou justa) da justia pode-se proporcionar para substitu-las. Conservadorismo, liberalismo, socialismo, comunismo, anarquismo e outros movimentos e teorias podem ser descritos do ponto de vista de suas ideias e ideais respectivos, concernentes ideia de justia. Posto que, um dos aspectos que a questo de justia assumiu o referente ao que se supe ser devido ou ser devido a cada um.

    Dessa forma, por exemplo, tem-se o cdigo de Hammurabi, datado de 1810

    a.C. 1750 a.C. e, que considerava justo vingar-se por um dano infligido, sendo tal dando

    reao de igual proporo a recebida, nesse sentido o seu pargrafo 196 preceitua que: Se um

    awilum destruir o olho de um outro awilum, destruiro seu olho. (ROCHA. 2004, p. 87)

    Por isso, Rizzatto Nunes (2007, p. 338-339) assevera que [a] justia enquanto

    conceito, virtude, funo etc. e sempre foi um problema para os estudiosos13, visto esta

    estar sempre em desenvolvimento e transao.

    Eis a importncia de um estudo voltado para os antigos, j que seria extremamente trgico limitar a histria a uma exposio de opinies. A sabedoria humana uma soma de experincias de sucessivas geraes, sendo que a sede pelo saber foi constante, embora de tempos em tempos o processo fosse sendo realizado mais lento ou rapidamente. (BARO. 2015, p. 7276)

    Do exposto, se percebe que o conceito de justia irrompeu ao longo de sua

    trajetria histrica diversos parmetros de compreenso. Cumpre, ento, propiciar um resgate

    dos mais influentes filsofos que contriburam, em suas pocas, para a edificao do instituto

    da justia, para que assim se possa fazer uma crtica.

    Inmeros so os filsofos que criaram um modo de entender como os homens

    vivem ou devem viver em comunidade, em um mbito social, da maneira menos danosa uns

    com os outros ou da melhor forma possvel, ou at mesmo lanando um modelo considerado

    unicamente vlido, em detrimento de todos os outros.

    170

  • Buscar-se- nesse trabalho, assinalar qual critrio de justia poder ser vivel para

    a sociedade contempornea. Para tanto, cumpre estudar as ideias de justia formuladas no

    passado, lanando-se um olhar para trs, com o objetivo de assinalar a ideia de justia mais

    adequada nos tempos atuais. Revela-se de suma importncia uma retomada histrica, com o

    propsito de resgatar a construo da justia, o que possibilitar avanar neste conceito com

    vigor.

    Dentre os filsofos analisados, percebe-se, de maneira geral, que a justia se

    alcana a partir de um pressuposto abstrato, conferido pela razo. Seja pela razo em si

    mesma, pelo direito natural, pela lei de Deus, pela ideia ou pela descoberta de si mesmo.

    Desse pressuposto, parte-se para a positivao, a formulao da lei dos homens e o agir

    concreto.

    Nota-se que o modo com que se faz essa transio, da Justia dogmtica para a

    racional, perdeu-se ao longo do tempo, posto que h uma constante concatenao do racional

    que se tenta interpretar pelos parmetros dogmticos, todavia, como relata Kant (2008, p. 39-

    48), o pior que se possa fazer a Justia tentar deduzi-la de exemplos, os quais no podem de

    modo algum, ser o que proporciona seu conceito, pois o que absoluto no reside no universo

    dos dados empricos, o qual os homens esto inseridos.

    O sentido de que necessrio o indivduo, a partir de seu prprio entendimento e

    razo, agir peremptoriamente nos rumos que definem a Justia, deve-se tomar as rdeas de

    como se organiza a sociedade e de como se relacionam os homens. Apesar de renegados, os

    filsofos do perodo helenista, os quais viveram a crise das cidades-estado, contriburam

    imensamente para com a descoberta do indivduo em si mesmo, desentrelaado da plis, do

    Estado, possibilitando, assim, a reflexo tica para si, vlida com um sentido universalizante,

    deixando de ser uma mera pea de um sistema social. na crise, a duras penas, que os

    indivduos conseguiram transformar o modo como interagiam diante do coletivo.

    Contudo, somente sculos depois, Kant (1985, p. 100) apresentou um sistema

    filosfico baseado na liberdade individual e na autonomia da vontade, em que cada ser

    humano segue um dever em si mesmo, o imperativo categrico, derivado da razo, que

    apresente uma lei vlida universalmente; e para se atingir essa maturidade intelectual, com

    liberdade, faz-se obrigatrio o esclarecimento dos indivduos, ou seja, a sada do homem de

    sua menoridade, da qual ele prprio culpado.

    Kant (2009, p. 72) foi o primeiro terico a reconhecer que ao homem no se pode

    atribuir valor entendido como preo , justamente na medida em que deve ser considerado

    como um fim em si mesmo e em funo da sua autonomia enquanto ser racional. A pessoa

    humana est acima de todos os valores:

    171

  • O homem, e, duma maneira geral, todo ser racional, existe como fim em sim mesmo, no s como meio para o uso arbitrrio desta ou daquela vontade. Pelo contrrio, em todas as suas aces, tanto nas que se dirigem a ele mesmo como nas que se dirigem // a outros seres racionais, ele tem sempre de ser considerado simultaneamente como fim.

    Em outras palavras, o homem deve ter coragem de fazer o uso de seu prprio

    entendimento, sapere aude, ousar saber. No basta simplesmente ser um indivduo e buscar a

    imperturbabilidade ou a menor dor em face dos outros indivduos, da maneira que os filsofos

    helenistas se comportaram. Deve se fazer o uso pblico da razo, contribuir decisivamente

    para a criao de leis justas e o aperfeioamento moral dos homens esclarecidos. O processo

    do engajamento moral no sentido de formar uma sociedade de indivduos verdadeiramente

    esclarecidos, exige certo tempo e se aperfeioa gradualmente ao longo da histria. A par

    disso, acrescenta-se:

    Partindo do conceito csmico de filosofia, pode-se dizer que a partir de uma filosofia da histria e de uma filosofia da religio que se pode defender publicamente a possibilidade mesma do esclarecimento, ou seja, cabe a elas afastar o dogmatismo religioso e o dogmatismo histrico, nas suas mais diversas formas, abrindo espao para se pensar legitimamente a possibilidade do estabelecimento gradual de uma comunidade moral, seja na forma poltica de uma repblica, seja na forma tica, de uma comunidade tica. (KLEIN. 2015, p. 1)

    Cumpre afirmar que a concretizao de uma justia adequada aos tempos

    hodiernos, necessariamente deve formar indivduos livres, autnomos e capazes de participar

    da formao das leis, agindo consoante uma ponderao racional e, por consequncia,

    contribuindo com uma sociedade mais justa.

    2 O SURGIMENTO DO RELATIVISMO

    Os sofistas, segundo Giovanni Reale (1999, p. 177-256), provocaram uma

    gigantesca revoluo no mbito da filosofia. Visto que, levados pelo desmoronamento da

    Grcia, em razo dos conflitos polticos internos e das guerras, os filsofos sentiram a

    necessidade de mudar o foco das pesquisas filosficas. Desse modo, houve a passagem da

    cosmologia para a antropologia, impulsionada pelos sofistas, com o surgimento do perodo

    humanista da filosofia. Tendo estes se concentrando na problemtica, tico-poltico-educativa.

    Buscando responder as necessidades da vida poltica na polis, que estava ruindo, em virtude

    da falncia do sistema aristocrtico em detrimento ao democrtico, uma vez que a vida nestas

    cidades exigia agora um cidado voltado s atividades poltica. O que acaba por consolidar a

    172

  • nova forma de educar, voltada para a formao do bom orador, isto , aquele que saiba falar

    em publico e persuadir os outros nas goras. (CHAU. 2004, p. 1-5)

    Por conseguinte, a arte do bem falar tornava-se o elemento primordial para a

    definio do justo e do injusto, do caso diante da anlise da situao concreta e apreciao

    imediata. Tendo como resultado dessa mudana de eixo cultural, o relativismo da moral e da

    justia. E, nesse sentido, que os sofistas se esforam em manter oposio s tradies,

    combatendo as definies e conceitos absolutos e inabalveis.

    A principal vertente deste ideal Protgoras de Abdera, ao proferir o axioma que

    o homem a medida de todas as coisas, das que so enquanto so e das que no so

    enquanto no so, instaura-se assim a tese da subjetividade. (BITTAR; ALMEIDA. 2010, p.

    61-88)

    A relatividade do conhecimento e repudia qualquer verdade ou valor absoluto,

    passando a considerar todo ponto de vista como vlido. Por conseguinte, os sofistas ditavam

    aos seus alunos a seguinte lio, que ora eles deveriam assumir uma postura fundada no

    dogma, outra embasada na dvida. Dado que, tais alicerces so muito prximos, todavia

    paradoxais se mesclados, ou seja, ambas se contrape por seu elo. Nesse sentido, torna-se

    fcil influenciar s pessoas, uma vez se utilizando de tal metodologia, pois se adapta s

    circunstncias, criando uma verdade fixa e, caso haja crtica a mesma se apela sempre para o

    princpio da no possibilidade de se obter uma verdade certa. Estes mestres na artimanhas do

    adequar-se para vencer, arrimam tal conduta no sentido do dever negar seus princpios e

    carter, em detrimento a um bem maior, neste caso, o convencimento. (HARTMANN;

    CHITOLINA. 2002, p. 75-82)

    Atravs destes pressupostos, notrio a forma na qual se distinguia a moral, que

    era tida, igualmente, de forma relativista, posto que no existe uma norma transcendente de

    conduta, pois as coisas so como cada um as v. Nesse sentido, segundo Plato (2009, p. 47),

    Protgoras alega que em torno de cada coisa existem dois raciocnios que se contrapem

    entre si, isto , sobre cada coisa possvel dizer e contradizer, aduzir razes que

    reciprocamente se anulam. Deste modo, o objetivo de Protgoras era ensinar como possvel

    sustentar o argumento mais frgil. E assim, o filsofo prosseguiu aduzindo que no se define

    a essncia dos valores, mostra-se apenas as sries de razes que fazem as coisas parecerem

    certas ou boas, e a outra srie de razes que as fazem parecerem erradas ou ms, posto que

    esto relacionados com o til e o prejudicial ao prprio homem. (REALE. 1999, p. 177-256)

    Em virtude deste panorama, os sofistas eram tidos pelos demais filsofos, a

    exemplo de Scrates e Plato, como aqueles que defendiam qualquer ideia, se isso fosse

    vantajoso. Portanto, eram apontados como aqueles que corrompiam o esprito dos jovens, ao

    173

  • se valerem de mentiras, e desenvolverem pensamentos falaciosos, com a inteno de enganar.

    Nasce assim, o ideal de que os fins justificam os meios, pois, como pertenciam a classes

    menos favorecidas, viam o enriquecimento como forma de felicidade. Dessa forma, no

    importava como, seja vendendo conhecimento ou no, tudo se justificava na busca por esse

    bem maior. (MASCARO. 2012, p. 38)

    Dessa maneira, apesar da revoluo essncia e objetividade do valor, como

    uma necessidade do contexto histrico, foi o movimento sofista que lanou as fagulhas do

    relativismo humano.

    Dentro do contexto do Iluminismo, Immanuel Kant, apresentou um sistema de

    pensamento que serviu de base s posteriores discusses da filosofia sobre o conhecimento, a

    moral, o direito e a justia, tornando-se divisor de guas na filosofia. Malgrado Kant (1984, p.

    45-56) tenha tratado o ser humano no como meio para a obteno de algo, de modo

    utilitarista, mas em considerar cada homem com respeito, como um fim em si mesmo,

    alimentou a ruptura do ser e dever ser, pontuando que do mundo dos fatos no se conduz ao

    mundo dos valores, encapsulando em sua teoria o maniquesmo j editado em Plato e

    reproduzido em Agostinho.

    Negando razo a possibilidade de acesso ao numenum, ao valor, essncia, e,

    portanto, deixando in albis questes como tica e justia, reconhece, no domnio da razo

    terica a possibilidade de conhecimento cientfico em virtude dos a priori da razo presentes

    nos seres humanos, cujas habilidades podem conceber a cognio do fenomenum, da

    aparncia, dos dados externos dos objetos cognoscveis. (ZENNI. 2006, p. 68-70)

    Esta concepo da lei e sua validade, a que se chama positivismo, foi a que deixou

    sem defesa o povo e os juristas contra as leis mais arbitrrias, mais cruis e mais criminosas.

    Torna equivalentes, em ltima anlise, o direito e a fora, levando a crer que s onde estiver a

    segunda estar tambm o primeiro, como revelou o holocausto vivenciado na Segunda Guerra

    Mundial, que assolou o mundo. (ROCHA JUNIOR. 2015, p. 1)

    Desse modo, o declnio da filosofia estiolou a Justia no direito, nos ditames de

    Norberto Bobbio (1992, p. 18-82), a lei emanao estatal, entretanto o direito fixado pelo

    homem. Com tais vertentes dispares, no incomum se comete atrocidades, por exemplo, a

    da implantado o Tribunal de Nuremberg, o qual assumiu que o Estado no logrou xito em ser

    fonte do justo ante a natureza humana e suas imperfeies, no que tange a interpretao das

    leis.

    Por esse contexto, denota-se que o Estado no conhece excees de gnero

    validade das leis nem ao preceito de obedincia que os cidados lhes devem, sendo assim a lei

    vale por ser lei, e lei sempre que, como na generalidade dos casos, tiver do seu lado a fora

    174

  • para se fazer impor. Esta concepo da lei e sua validade, a que se chama positivismo, foi a

    que deixou sem defesa o povo e os juristas contra as leis mais arbitrrias, mais cruis e mais

    criminosas. Torna equivalentes, em ltima anlise, o direito e a fora, levando a crer que s

    onde estiver a segunda estar tambm o primeiro, como revelou o holocausto vivenciado na

    Segunda Guerra Mundial, que assolou o mundo. (ROCHA JUNIOR. 2015, p. 1)

    Dessa forma, como frisa Gustav Radbruch (1997, p. 16-25) para se enfrenta o

    problema das antinomias entre os trs valores que associa ideia de direito: a justia, a

    segurana jurdica e o bem comum , muitas vezes, necessrio ponderar se uma lei m,

    nociva ou injusta dever ainda ser reconhecida como vlida por amor da segurana do direito

    ou, ao contrrio, se, por virtude da sua nocividade ou injusta, tal validade lhe dever ser

    recusada. Contudo, exorta o povo e os juristas a ter profundamente gravado na sua

    conscincia um ponto decisivo: pode haver leis tais, com um tal grau de injustia e de

    nocividade para o bem comum, que toda a validade e at o carter de jurdicas no podero

    jamais deixar de lhes ser negados.

    Destarte, deve-se reconhecer a existncia de princpios fundamentais de direito

    que so mais fortes do que todo e qualquer preceito jurdico positivo. Admite que esses

    princpios - que alguns chamam de direito natural e outros de direito racional - tm os

    seus pormenores envoltos em grandes dvidas, face a natureza do homem e seu

    sentimentalismo, que muitas vezes tolhe o direito sobre o pretexto de uma ponderao

    racional, contudo seus atos no passaram de mera conduta arbitraria e eivada de egosmo

    primitivo e intrnseco. (RADBRUCH. 1999, p. 55-57)

    O direito moderno trai a jurisprudentia porquanto talhado segundo a vontade

    uniforme do querer poltico do Estado suposto na arbitrariedade do lder (dspota). Com esse

    modus operandi a autoridade do jurista foi suplantada pela vontade do poder soberano em

    ambio decisionista.

    No obstante, em razo da humanizao, ps Segunda Guerra Mundial, ocorre o

    resgate protetivo do princpio da dignidade humana, ganha-se a interpretao de que o

    indivduo o centro da existncia dos Estados, e do relacionamento internacional entre eles.

    Sendo assim, mesmo que a soberania do Estado seja algo que deve ser velado, no podendo

    ser imposto a este a submisso de uma ordem jurdica que no anuiu previamente. Contudo

    caso esta positivao diga respeito a dignidade humana ser considerada um jus cogens, em

    outras palavras um costume internacional mnimo que resguarde o individuo lhe fornecendo o

    essencial para mantena de sua vida digna. (COSTA; MESQUITA. 2015, p. 1)

    Para os relativistas, a noo de direito est estritamente relacionada ao sistema poltico, econmico, cultural, social e moral vigente em determinada sociedade. Sob esse prisma, cada cultura possui seu prprio discurso acerca

    175

  • dos direitos fundamentais, que est relacionado s especficas circunstncias culturais e histricas de cada sociedade. Nesse sentido, acreditam os relativistas, o pluralismo cultural impede a formao de uma moral universal, tornando-se necessrio que se respeitem as diferenas culturais apresentadas por cada sociedade, bem como seu peculiar sistema moral. (PIOVESAN. 2010, p. 153)

    Sob este aspecto, R. J. Vincent (VINCENT. 1986, p. 37-38) sustenta que as regras

    sobre a moral variam de lugar para lugar, pois se enquadram ao contexto cultural em que se

    apresentam, absorvendo as reivindicaes morais, as quais so si mesmas a fonte de validade

    daquelas. Portanto, no h moral universal, j que a histria do mundo a histria de uma

    pluralidade de culturas e, neste sentido, buscar uma universalidade, ou qui o princpio da

    universalidade clamado por Kant, como critrio para toda moralidade, uma verso

    imperialista de tentar fazer com que valores de uma determinada cultura seja gerais.

    Importante, ainda, a contribuio de Jack Donnelly (DONNELLY. 2003, p. 349), o

    qual frisa que uma das diferenas chaves entre a moderna concepo ocidental de dignidade

    humana e a concepo no ocidental se atm em muito ao elemento do individualismo

    constante da concepo ocidental. Os direitos relativos aos indivduos tendem, obviamente, a

    ser mais individualsticos em sua realizao e efeitos que os direitos concernentes a grupos.

    Assim, quando estes direitos situam-se em um nvel bsico, esse individualismo reflete a

    inexistncia quase que completa de reivindicaes sociais. Dessa forma, nas democracias

    liberais do mundo ocidental, o titular primeiro de direitos a pessoa humana, havendo um

    perptua e obsessiva preocupao com a dignidade do ser, seu valor, autonomia e propriedade

    individual. Contudo, a partir de uma perspectiva islmica, ao se voltar unicamente a dignidade

    individual perde-se a noo do risco de se por em xeque a dignidade da comunidade.

    A essas crticas reagem os universalistas, alegando que a posio relativista revela o esforo de justificar graves casos de violaes dos direitos humanos que, com base no sofisticado argumento do relativismo cultural, ficariam imunes ao controle da comunidade internacional. Argumentam que a existncia de normas universais pertinentes ao valor de dignidade humana constitui exigncia do mundo contemporneo. (PIOVESAN. 2010, p. 156)

    A incongruncia destas correntes convergiu para a criao de um meio termo para

    ambos os lados, o que ocorreu em 25 de junho de 1993, na Declarao de Viena (BRASIL.

    2015, p.1), a qual em seu Ttulo I, artigo 5 estipula que:

    Todos os direitos humanos so universais, indivisveis interdependentes e inter-relacionados. A comunidade internacional deve tratar os direitos humanos de forma global, justa e equitativa, em p de igualdade e com a mesma nfase. Embora particularidades nacionais e regionais devam ser levadas em considerao, assim como diversos contextos histricos, culturais e religiosos, dever dos Estados promover e proteger todos os

    176

  • direitos humanos e liberdades fundamentais, sejam quais forem seus sistemas polticos, econmicos e culturais.

    Destarte, compreendeu-se finalmente que a universalidade enriquecida pela

    diversidade cultural, e esta jamais pode ser invocada levianamente para justificar a denegao

    ou violao dos direitos humanos. Em com base nestas ponderaes que Boaventura de Sousa

    Santos36 defende uma concepo multicultural de direitos humanos, inspirada no dilogo

    entre as culturas, a compor um multiculturalismo emancipatrio, visto que est a

    precondio de uma relao equilibrada e mutuamente potenciadora entre a competncia

    global e a legitimidade local, que constituem os dois atributos de uma poltica contra-

    hegemnica de direitos humanos. O que culminaria na derrocada dos debates sobre

    universalismo e relativismo cultural, a partir da transformao cosmopolita dos direitos

    humanos. Na medida que todas as culturas possuem concepes distintas de dignidade

    humana, mas so incompletas, haver-se-ia que aumentar a conscincia dessas incompletudes

    culturais mtuas, como pressuposto para um dilogo intercultural, que formataria uma

    concepo multicultural dos direitos humanos.

    3 UMA ANLISE CASUSTICA: DEUS DA CARNIFICINA

    Deus da carnificina, filme de autoria de Roman Polanski, uma releitura da

    pea teatral Le dieu du carnage de Yasmina Reza, que retrata a reunio de dois casais que se

    encontram no apartamento de um deles para conversar sobre a briga entre seus filhos.

    Contudo, o que era para ser uma simples e rpida discusso se transforma num julgamento

    generalizado e moralista de todos por todos, que vence quem tem mais argumentos, operando

    o arsenal falacioso do encolerizar o adversrio4 para triunfar.

    De incio percebe-se que todos os personagens so civilizados, at que a partir de

    uma viso hilria, uma tarde qualquer que se transforma na mais profunda, exaustiva e

    angustiante troca de ofensas entre seres humanos, relativizando-se a noo de justia, moral e

    tica, pois, o importante vencer a discusso, provando-se a superioridade moral do

    vencedor.

    Penelope, me do garoto que apanhou, defensora do senso de comunidade.

    Ela quer corrigir o mundo, de maneira que as pessoas se importem umas com as outras, que a

    4 Segundo Arthur Schopenhauer (1997, p. 140-141): "Provoca-se a clera do adversrio, para que, em sua fria, ele no seja capaz de raciocinar corretamente e perceber sua prpria vantagem. Podemos incitar sua clera fazendo-lhe algo francamente injusto, vexando-o ou tratando-o com insolncia".

    177

  • guerra da frica afete a todos no Planeta Terra, que as crianas sejam educadas para no se

    tornarem delinquentes. Assim, posiciona suas aes em um cdigo moral pr-estabelecido, de

    valores superiores aos quais a vida deve se adequar, sentindo-se superior aos outros.

    J a personagem Nancy, me do garoto que bateu, inicialmente, parece mais

    emptica fala de Penelope e docilmente aceita as suas sugestes. Contudo, mostra a sua

    verdadeira faceta depois de algumas discordncias e doses de whisky. Com o desenroladar da

    histria, denota-se que a mesma no se importa com os valores coletivos, com a famlia ou

    com a casa, priorizando e valorizando o consumismo e as aparncias, e adotando uma posio

    individualista. (BARBOSA. 2015, p. 1)

    Allan, esposo de Nancy e pai do menino que comete a agresso, parece corroborar

    com o posicionamento da esposa, j que no se importa com o senso de comunidade, no

    parece ter nenhuma empatia pelos outros, sejam pelos pais da criana que apanhou de seu

    filho, ou mesmo os consumidores de um medicamento que coloca em risco milhares de

    pessoas, e cujo laboratrio defende juridicamente, sem nenhum pudor, com o auxlio de todo

    o seu cinismo. Ele nem queria estar ali, j que considera esta conversa inteiramente

    inoportuna, ante a magnificncia de seu trabalho, e sem propsito, pois estima que o

    acontecido faz parte das relaes infantis. Afinal, ele e o pai da outra criana envolvida j

    foram lderes de gangues em suas infncias e j brigaram vrias vezes com outros garotos.

    (D'ARCADIA. 2015, p. 1)

    Assim, descarta os valores coletivos e adota valores individualistas, como o

    dinheiro e a performance profissional, chegando a ironizar a ocupao de Michael, marido de

    Penelope, que vende descargas de privada. Outro ponto, que apoia estas constataes que

    ele s presta ateno em seu celular, em razo de ser o objeto que o liga ao seu trabalho, ao

    seu sucesso profissional e financeiro. Por esta, no se importa com o filho, que chama de

    marginal, nem com a mulher. Allan passa a participa mais ativamente da conversa quando

    afronta Penelope, cujos valores ele recusa e despreza. (BARBOSA. 2015, p. 1)

    Por fim, Michael, marido de Penelope, j no aguenta mais os rompantes

    politicamente corretos da mulher, mas tambm no se interessa por sucesso profissional ou

    econmico. Ele medocre, e decididamente no quer sair disso, eis que no precisa de

    valores, necessitando apenas que o deixem em paz, simplesmente, no quer avaliar nada. Ele

    subordina a vida ao relativismo, pois para ele, tanto faz, tudo se equivale: o bom e o ruim so

    a mesma coisa. A sua vida no ser pior ou melhor, porque tudo relativo. Assiste a tudo,

    como se a sua vida no lhe concernisse. Sendo a melhor soluo ao caso abrir um whisky, e

    deixar que as coisas se resolvam por si prprias. (D'ARCADIA. 2015, p. 1)

    178

  • As crianas, envolvidas na briga, s aparecem no incio e no fim do filme, sem

    que saibamos o que dizem. No incio, vemos uma movimentao num parque, em seguida, a

    briga, e, no fim, voltamos ao mesmo parque da primeira cena, e os dois garotos brincam

    juntos, como se nada tivesse acontecido. Talvez tenham conversado, talvez brigado de novo,

    talvez simplesmente deixaram para l. Eles no precisam da moral e dos seus valores. Eles

    criam os valores na hora em que as situaes da vida se apresentam, e resolvem tudo assim.

    Esto, como diria Nietzsche, para alm do bem e do mal. Enquanto os seus pais se

    exaurem ao longo de um julgamento mtuo no ar viciado de um apartamento, eles deixam o

    ar livre do parque provocar a crueldade e trazer o esquecimento. Sem julgamento nem

    moralismo. Eles so capazes de ser cruis, mas tambm so capazes de esquecer. E a vida

    que segue, sem maiores sequelas ou querelas.

    CONSIDERAES FINAIS

    O desafio deste trabalho foi analisar o filme Deus da carnificina sob o contexto

    da relativizao da justia, tica e moral, consequentemente, suas influncias na vida prtica

    do ser humano, posto que, muitas vezes a humanidade recorre a vias obliquas para satisfazer

    sua vaidade egostica, a qual camufla em um discurso cnico moralista.

    Buscou-se desenvolver uma construo do relativismo, partindo dos pr-

    socrticos, os quais no so considerados por muitos estudiosos como relativistas, at

    desembocar em Gustav Rardbruch, passando por Kant, que foi um divisor de guas para o

    relativismo moderno.

    Logo, a partir desta contextualizao, surge a problemtica da relativizao sem a

    devida ponderao racional. Posto que, separando-se esta daquela, consequentemente, se

    despontar atrocidades como as de outrora. Em razo, da subjetividade da justia, a qual

    embora tenha como objeto o direito positivo, centrado no objetivismo, , contudo, ratificada e

    efetivada pelo homem, um ser intrinsecamente animal, mas que pode querer e vir a superar

    tais impulsos pelo seu lado racional. Portanto, embora as leis sejam fixas quem as mede e

    aplica um ser fundamentalmente imerso no subjetivismo humano, visto ser um ser em

    conflito constante entre a razo e o sentimentalismo.

    Nesse sentido, tendo em vista que o relativismo afeta o mago do ser, isto ,

    qualquer intruso, por menor que seja, machucar sobremaneira a estrutura psquica e fsica

    do homem, causando-lhe uma abalo existencial, o qual tem como subterfgio o inconsciente,

    mascarando a cruel realidade. Sendo este, somente, acessvel, por meio dos esforos e

    179

  • coragem do prprio ser, o qual atravs do conhecimento e entendimento deste trauma, passa a

    corrigi-lo se libertando das amarras do inconsciente o que prende ao egocentrismo como

    forma de defesa.

    Portanto, o indivduo deve, valentemente e constantemente buscar se auto

    conhecer e reconhecer seus erros e acertos no mundo que esta inserido, visto que uma das

    principais caracterstica da sociedade humana sua historicidade, posto que esta se reconstitui

    e se reformula conforme a necessidade da humanidade.

    Assim, atravs deste trabalho, espera-se lanar fomentar a discusso do universo

    do inconsciente humano, buscando a insero de uma nova viso histrica do direito, a qual

    evidencie a construo do relativismo humano, conferindo, assim, subsdios academia para

    um olhar mais crtico sobre a justia, a tica e a moral.

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