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ANÁLISE DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA INDÚSTRIA DE BENEFICIAMENTO DE CASTANHA DE CAJU Samuel Melo Lima (UFPI) [email protected] MERCELANDIA ALVES DOS SANTOS LIMA (UFPI) [email protected] Jacira Nathercia Viana Soares (UFPI) [email protected] Maria do Socorro Ferreira dos Santos (UFPI) [email protected] O crescimento industrial é uma das principais causas da poluição excessiva e liberação de resíduos químicos na água, atmosfera e aterros sanitários. Os resíduos tóxicos, como por exemplo, o chumbo, cromo e os fenóis são considerados muito agressivos à natureza e ao homem, podendo provocar até mesmo a morte e contaminação permanente. Os resíduos sólidos industriais destacam-se pela grande quantidade gerada, onde dentre esses resíduos, grande parte é classificada como perigosa, ou seja, resíduos de classe I, pois possuem características como: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. A indústria em estudo é de beneficiamento da castanha de caju, onde são gerados alguns resíduos durante o processo produtivo, tanto de classe I como classe II. Os resíduos devem ser gerenciados de maneira apropriada pelas indústrias de forma a proteger, conservar e melhorar a qualidade do meio ambiente. Este estudo teve o objetivo de analisar o gerenciamento dos resíduos gerados na empresa, a fim de identificar a fonte de geração, a quantidade e o funcionamento de todas as etapas de gerenciamento. A metodologia utilizada foi a de uma pesquisa descritiva de abordagem qualitativa através de pesquisa bibliográfica, visitas técnicas, registro fotográfico e aplicação de questionário com a finalidade de coletar os dados necessários. Assim, foi possível verificar que a empresa dispõe de algumas técnicas de tratamento de seus resíduos contribuindo para a minimização de riscos ao meio ambiente. Porém em relação à poluição do ar ainda não existem na empresa técnicas de minimização de emissão de gases poluentes gerados. E quanto ao efluente gerado no processo da lavagem, a empresa dispõe de uma estação de tratamento, porém não está funcionando, o que representa um risco ao meio ambiente pelo seu grande potencial poluidor devido à presença do LCC. XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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ANÁLISE DO GERENCIAMENTO DE

RESÍDUOS SÓLIDOS NA INDÚSTRIA DE

BENEFICIAMENTO DE CASTANHA DE

CAJU

Samuel Melo Lima (UFPI)

[email protected]

MERCELANDIA ALVES DOS SANTOS LIMA (UFPI)

[email protected]

Jacira Nathercia Viana Soares (UFPI)

[email protected]

Maria do Socorro Ferreira dos Santos (UFPI)

[email protected]

O crescimento industrial é uma das principais causas da poluição

excessiva e liberação de resíduos químicos na água, atmosfera e

aterros sanitários. Os resíduos tóxicos, como por exemplo, o chumbo,

cromo e os fenóis são considerados muito agressivos à natureza e ao

homem, podendo provocar até mesmo a morte e contaminação

permanente. Os resíduos sólidos industriais destacam-se pela grande

quantidade gerada, onde dentre esses resíduos, grande parte é

classificada como perigosa, ou seja, resíduos de classe I, pois possuem

características como: inflamabilidade, corrosividade, reatividade,

toxicidade e patogenicidade. A indústria em estudo é de beneficiamento

da castanha de caju, onde são gerados alguns resíduos durante o

processo produtivo, tanto de classe I como classe II. Os resíduos

devem ser gerenciados de maneira apropriada pelas indústrias de

forma a proteger, conservar e melhorar a qualidade do meio ambiente.

Este estudo teve o objetivo de analisar o gerenciamento dos resíduos

gerados na empresa, a fim de identificar a fonte de geração, a

quantidade e o funcionamento de todas as etapas de gerenciamento. A

metodologia utilizada foi a de uma pesquisa descritiva de abordagem

qualitativa através de pesquisa bibliográfica, visitas técnicas, registro

fotográfico e aplicação de questionário com a finalidade de coletar os

dados necessários. Assim, foi possível verificar que a empresa dispõe

de algumas técnicas de tratamento de seus resíduos contribuindo para

a minimização de riscos ao meio ambiente. Porém em relação à

poluição do ar ainda não existem na empresa técnicas de minimização

de emissão de gases poluentes gerados. E quanto ao efluente gerado no

processo da lavagem, a empresa dispõe de uma estação de tratamento,

porém não está funcionando, o que representa um risco ao meio

ambiente pelo seu grande potencial poluidor devido à presença do

LCC.

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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Palavras-chave: resíduos sólidos industriais, gerenciamento de

resíduos, impacto ambiental, castanha de caju

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Análise do Gerenciamento de Resíduos Sólidos na Indústria de Beneficiamento de

Castanha de Caju

1. Introdução

O setor industrial é uma das fontes mais representativas como agente de impacto

ambiental, pois quando transforma matéria-prima em produtos acabados gera cada vez mais

quantidades significativas de resíduos e cargas poluidoras. No entanto, este cenário vem se

modificando, devido à grande pressão da globalização do mercado cada vez mais competitivo

e exigente na questão da preservação ambiental (SILVA, 2008).

Costa e Cavalcante (2009) consideram que é importante que a produção, tratamento e

destino dos resíduos sejam conhecidos de forma integrada para que soluções adequadas sejam

propostas, ou seja, realizar um adequado gerenciamento desses resíduos da origem até a

disposição final.

Segundo dados do IBGE (2010) a região nordeste é onde se concentra a maior

quantidade de indústrias de beneficiamento da castanha de caju, sendo o Ceará o maior

produtor da região e o Piauí o segundo.

Tendo em vista o interesse de analisar o processo produtivo e a preocupação com o

destino final dado aos resíduos sólidos gerados na produção da castanha de caju, o presente

trabalho analisou o gerenciamento dos resíduos sólidos durante o processo de produção, ou

seja, da chegada da matéria-prima até o produto final em uma indústria de beneficiamento da

castanha de caju no estado do Piauí.

2 Revisão bibliográfica

2.1 Indústrias de beneficiamento da castanha de caju

A agroindústria de processamento e beneficiamento de caju aproveita, principalmente,

a castanha – que representa 90% da renda gerada pela fruta, no Brasil –, sendo o pedúnculo,

mostrado na Figura 1, aproveitado por indústrias de sucos, geleias, doces, vinho, aguardente,

refrigerantes, entre outros produtos (EMBRAPA, 2006).

O processamento da castanha tem como objetivo principal a obtenção de amêndoas

inteiras, isentas de películas, de cor branco-marfim, sem manchas e de bom tamanho. Sendo

esses atributos definitivos na determinação de preços no mercado interno e externo

(EMBRAPA, 2006).

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No Brasil, a indústria processadora de castanha de caju caracteriza-se pelo segmento

mecanizado, que obtém no máximo 65% de amêndoas inteiras, ao passo que na Índia, o maior

competidor brasileiro, esse segmento industrial consegue 85%, com o sistema de corte manual

(PAIVA et al, 2006).

Na estimativa divulgada no último relatório elaborado pelo IBGE, para a safra

2012/2013, seriam produzidas 306.509 toneladas de castanha de caju e um aumento da área

para 770.691 hectares. No entanto a seca atingiu intensamente a safra de castanha-de-caju no

período entre 2012/2013 e a produção brasileira foi enfraquecida em mais de 70%. Os três

maiores estados produtores (CE, PI e RN) foram os mais atingidos pelas estiagens. Diante

disso, as indústrias brasileiras foram forçadas a importar a matéria-prima (castanha-de-caju in

natura) da África. Essas castanhas foram beneficiadas e exportadas para os Estados Unidos e

Europa (IBGE, 2012).

Devido à importância econômica e, sobretudo por ser uma das poucas opções de

geração de renda no período seco do ano, o caju é uma das fundamentais fontes de renda dos

produtores rurais do Nordeste (EMBRAPA, 2006).

2.4 Resíduos sólidos da indústria de beneficiamento da castanha de caju

O Conselho Nacional do Meio Ambiente, através da Resolução 313/02, estabeleceu a

criação do Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais, com a finalidade de coletar

informações sobre geração, características, armazenamento, transporte e destinação dos

resíduos sólidos gerados por determinadas tipologias industriais no parque industrial

brasileiro, através dos órgãos estaduais de meio ambiente.

Dentro das tipologias industriais determinadas pela Resolução CONAMA nº 006/88,

revogada pela Resolução CONAMA nº 313/02, a indústria de beneficiamento da castanha de

caju se enquadra na classe dos resíduos perigosos, classe I. E para essa classe os resíduos são

codificados de acordo com a listagem 6 da Norma NBR 10004 – resíduos perigosos por

conterem substâncias tóxicas (resíduos de derramamento ou solos contaminados; produtos

fora de especificação ou produtos de comercialização proibida).

Os resíduos codificados em K210 - Casca da castanha de caju, K211 - Borra do

líquido da casca da castanha de caju, K212 - Borra de cozinhadores da castanha de caju e

K194 - Serragem e pó de couro contendo cromo, baseado no Inventário Estadual de Resíduos

Sólidos Industriais do Estado do Ceará executado pela Superintendência Estadual do Meio

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Ambiente (SEMACE) somam 90,217% do total dos Resíduos Classe I, sendo que o resíduo

K210 - Casca da castanha de caju representa 76,157% e os demais resíduos totalizam 9,783%

do total de resíduos.

A casca da castanha de caju, com 87.762,00 toneladas representa 76,157% dos

resíduos Classe I. Quantitativamente são considerados relevantes, a borra do líquido da

castanha de caju com 6.656,60 toneladas, 5,776%, a borra de cozinhadores da castanha de

caju com 6.058,60 tonelada, 5,257%, a serragem e pó de couro contendo cromo com 3.488,10

toneladas, 3,027% e as aparas de couro curtido ao cromo com 2.084,48 toneladas,

representando 1,809% do total inventariado. Esses resíduos somam 92,026% do total dos

resíduos inventariados dessa classe (SEMACE, 2004).

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2011) é fundamental que se conheça

o resíduo gerado na indústria, pois dessa forma é possível realizar o planejamento de

estratégias de gerenciamento e intervir nos processos de geração, transporte, tratamento e

disposição final, procurando garantir a curto, médio e longo prazo, a preservação da qualidade

do meio ambiente, bem como a recuperação da qualidade das áreas degradadas.

3. Metodologia

Para a metodologia buscou-se o embasamento teórico a partir da leitura seletiva de

textos encontrados sobre a resíduos sólidos, através de artigos, livros, legislação, dissertações,

teses e outros. O estudo foi desenvolvido por meio de visitas técnicas, registro fotográfico e

aplicação de questionário composto de questões do tipo objetiva, subjetiva e mista, o qual foi

elaborado com base em pesquisa de Giaretta (2010) e Oliveira (2009) e em manuais, livros,

artigos sobre gestão e gerenciamento dos resíduos. O questionário foi aplicado pela própria

pesquisadora com o objetivo de captar informações sobre a atividade produtiva da empresa e

o gerenciamento dos resíduos sólidos adotados, tendo perguntas sobre características gerais da

empresa, consciência ambiental dos funcionários, gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos

industriais.

4. Resultados e Discussões

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De acordo com os dados coletados durante o questionário, foi dito que a empresa

possui sistema de licenciamento ambiental e uma equipe responsável pelas questões

ambientais. Porém o pesquisador não teve contato com esta equipe.

A presença de um técnico ambiental nas indústrias é de grande importância para

agregar valor às atividades industriais que se referem ao meio ambiente. Segundo Novicki

(2007) citado por Giaretta (2010), os serviços prestados pelo técnico ambiental são

considerados como um fator de competitividade, produção limpa, redução de custos, melhoria

da imagem da empresa, prevenção de acidentes ambientais, melhoria do diálogo com órgãos

de normalização, fiscalização e controle ambiental.

Nos últimos cinco anos afirmou-se que a empresa em estudo teve uma produção de 5

toneladas por ano e que durante esse período houve um aumento na produção de resíduos

sólidos estimado em 100 kg, porém tem-se o controle desses resíduos, pois a indústria possui

um sistema de gerenciamento de resíduos em suas atividades. Foi informado também que a

empresa dispõe de técnicas de prevenção ou minimização da geração de resíduos, desde o

início do processo.

A primeira etapa da produção na indústria de beneficiamento da castanha de caju é o

recebimento da matéria prima (castanha de caju) como mostra a Figura 1, onde são realizadas

análises da castanha que chega ensacada ou a granel pelos fornecedores para obter os

percentuais de tamanho e umidade adequados e especificados pela empresa.

Figura 4 – Recebimento da matéria prima

Fonte: o autor

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Em seguida a matéria prima passa pelo processo de secagem em quadras com telhas

translúcidas ou plásticos transparentes conforme mostra as Figuras 2 e 3, respectivamente.

Figura 2 – Secagem com telhas translúcidas

Fonte: o autor

Figura 3 – Secagem com plásticos transparentes

Fonte: o autor

Quando estão com umidades adequadas, as castanhas passam por peneiras vibratórias

(Figura 4) para que seja retirada toda e qualquer impureza: terra, pedra, areia, madeira, folha

dentre outras.

Figura 4 – Peneira vibratória

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Fonte: o autor

As impurezas são pesadas, contabilizadas e ensacadas conforme mostra a Figura 5, e

posteriormente os dados são transferidos para uma planilha de acompanhamento que registra

em média de 1% a 2% da safra comprada.

Figura 5 – Ensacamento de impurezas

Fonte: o autor

As castanhas são transportadas por elevadores e esteira ao setor de calibragem onde

passam por uma peneira rotatória com orifícios em ordem crescente, obtendo através da

primeira peneira o “cajuí” (Figura 6) e grande parte das impurezas que ainda estão com a

castanha. Essas impurezas são vendidas para compradores específicos que dão um destino

final as mesmas, a terra oriunda da castanha serve de adubo e para aterro do terreno da

empresa e o “cajuí” é vendido para um dos fornecedores da empresa.

Figura 6 – Resíduos ( cajuí)

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Fonte: o autor

Após a calibragem a castanha passa pelo processo de lavagem e umidificação onde o

resíduo gerado nessa etapa é a água da lavagem, que segundo o gerente industrial é tratada

dentro da indústria, pois a mesma possui uma estação de tratamento. No entanto quando foi

realizado o registro fotográfico verificou-se que a estação de tratamento não estava em

funcionamento (Figuras 7a, 7b, 7c). Sendo possível verificar que há muito tempo não está

sendo realizado esse tratamento, mas, apenas um armazenamento do efluente, o qual se tornou

um sólido ressecado e até com algumas plantas.

Figuras 7a, 7b e 7c – Estação de tratamento

a) b)

c)

Fonte: o autor

Após a lavagem e a umidificação, as castanhas são transportadas para serem

cozinhadas e centrifugadas, e nesse processo é obtido o LCC que é extraído da casca da

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castanha durante o processo de cozimento. Segundo o entrevistado são obtidas em média 3

toneladas por dia do LCC, sendo uma parte usada reutilizada no processo e outra armazenada

em tanques ( Figura 8) para posterior venda.

Figura 8 – Tanques de armazenamento do LCC

Fonte: o autor

Os resíduos gerados durante esse processo são: a borra do líquido da casca da castanha

de caju e a borra de cozinhadores da castanha de caju. A borra do LCC é colocada em uma

peneira de decantação para que seja escoado todo o óleo e em seguida a terra é retirada e

colocada em recipientes, conforme as Figuras 9a e 9b, onde posteriormente é colocada em

uma vala localizada na área externa da fábrica.

Figuras 9a e 9b- Terra do processo de decantação

a) b)

Fonte: o autor

Da borra do cozinhador é retirada o máximo de LCC e o restante é vendido junto com

a casca para servir como combustível (Figura 10). De acordo com o gerente industrial a borra

é quantificada em aproximadamente 40 kg por dia. Nesta etapa não é feito o acompanhamento

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em planilhas desses resíduos, representando um grande risco, visto que o LCC é um efluente

potencialmente poluidor, pois é rico em matéria orgânica e compostos fenólicos de

persistência elevada, cancerígenos e mutagênicos (SOUZA, 2005).

Figura 10 – Borra junto com a casca

Fonte: o autor

Após o cozimento as castanhas são resfriadas seguindo para a etapa de decorticagem

onde ocorre a quebra da casca liberando a amêndoa. Nessa etapa o resíduo gerado é a própria

casca da castanha de caju (Figura 11a), que correspondem cerca de 17 toneladas por dia,

sendo consumidas pela empresa 8 toneladas dessas cascas para queima em caldeira e fornos (

Figura 11b) e o restante vendido para indústrias locais como substituto da lenha.

Figuras 11a e 11b – Casca da castanha de caju

a) b)

Fonte: o autor

Após a decorticagem as castanhas seguem para a estufagem e ao sair das estufas

passam pelo processo de despeliculagem, que, através de ar comprimido, efetua a retirada da

película aderida à amêndoa, sendo esta o resíduo gerado nessa etapa. Em seguida as castanhas

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seguem para os processos de classificação, torragem e embalagem, nos quais não existe

geração de resíduos.

De acordo com ABNT NBR 10004 (2004) resíduos sólidos ou mistura de resíduos,

que em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade,

toxicidade e patogenicidade são classificados como perigosos, Classe I, pois podem

apresentar risco à saúde pública, provocando ou contribuindo para um aumento de

mortalidade ou incidência de doenças e/ou apresentar efeitos adversos ao meio ambiente,

quando manuseados ou dispostos de forma inadequada.

Sabe-se que a indústria de beneficiamento de caju gera resíduos definidos na Classe I

(perigosos), dentre eles: a casca da castanha de caju, a borra do líquido da casca da castanha

de caju e a borra de cozinhadores da castanha de caju, que oferecem risco de acidentes devido

às características de inflamabilidade destes resíduos.

Nas etapas de produção realizadas na unidade industrial, o gerente industrial descartou

a possibilidade da existência de contaminação ao meio ambiente pela indústria, quando na

verdade, através do registro da Figura 12 é possível observar a poluição do ar através da

liberação dos gases e fuligens contaminados com LCC pelas chaminés oriundas

principalmente da queima da casca da castanha de caju nas caldeiras para produção de vapor e

nas fornalhas para aquecer o LCC.

Figura 12 – Chaminés

Fonte: o autor

O Quadro 1 mostra quais resíduos gerados nas etapas do processo produtivo e qual

destino dado aos mesmos pela empresa em estudo.

Quadro 1 – Tipos de resíduos gerados no processo produtivo e destino final

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Nome da

indústria

Nome da etapa Resíduos gerados Destino dado aos

resíduos gerados

Secagem e calibragem

Da secagem para a

calibragem é usada uma

peneira vibratória,

nessas etapas tem-se:

terra, folhas, pedras,

ferro, sacos e o “cajuí”

Folhas, madeira, sacos,

ferro entre outras

impurezas são vendidas.

A terra serve de adubo e

aterro no terreno da

empresa. E o cajuí é

vendido para um dos

fornecedores.

Lavagem/umidificação Água da lavagem Estação de tratamento

Cozimento/centrifugação

LCC Uma parte é utilizada no

processo de cozimento e

outra é vendida.

Borra do cozinhador

Retira-se o máximo de

LCC e o restante é

vendido junto com a

casca para servir de

combustível.

Borra do LCC É colocada em uma

peneira de decantação

para que seja escoado

todo o óleo e em seguida

toda a terra retirada é

colocada em um

recipiente.

Decorticagem Casca Utilizada para queima em

fornos e caldeira

Despeliculagem Película Utilizada para queima em

fornos e caldeira

Fonte: o autor

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No que diz respeito às etapas de gerenciamento dos resíduos, a indústria possui um

programa de treinamento relativo ao manejo desses resíduos gerados no processo produtivo.

Quanto à segregação dos resíduos comuns, a indústria realiza a identificação conforme a

resolução nº 275 do Conselho Nacional do Meio Ambiente. O acondicionamento é feito em

sacos plásticos e a indústria não armazena resíduos sólidos em suas instalações, dando na

maioria das vezes o fim adequado em curto prazo de tempo, ou seja, apenas dispõe do

armazenamento temporário desses resíduos em uma quadra que cumpre a exigências

normativas. Quanto à disposição final dos resíduos na indústria, segundo o gerente indústria,

esta é ambientalmente segura e não é feita em lixões a céu aberto. A empresa realiza

tratamento final dos seus resíduos com a finalidade de reduzir ou minimizar os agentes

nocivos à saúde e ao meio ambiente.

Assim, segundo dados coletados no questionário e o levantamento realizado, a fim de

identificar as principais técnicas utilizadas na indústria de beneficiamento da castanha de caju

para o tratamento de resíduos sólidos foi possível verificar a utilização dos seguintes

tratamentos: co-processamento, incineração e estabilização/solidificação. Quando os resíduos

não passam por esses processos de tratamento a empresa faz a reutilização, reciclagem interna

e destinação ao próprio aterro industrial da empresa. E por fim, a empresa destina à sucateiros

intermediários o que não lhe é viável.

Quanto ao levantamento da normatização e legislação existentes sobre a temática no

âmbito municipal e estadual, foi realizada uma busca em sites, páginas e reportagens na

internet e visita nas secretarias do meio ambiente tanto do município de Teresina quanto no

estado do Piauí. As informações adquiridas em âmbito estadual se deram através da Secretaria

das Cidades - SECID a qual é responsável pela elaboração do Plano Estadual Integrado de

Resíduos Sólidos com base na lei 12.305, pactuado com o Ministério do Meio Ambiente. A

lei prevê coleta de lixo seletiva em todos os municípios, com separação na fonte, entre lixo

seco e lixo úmido com incentivos à reutilização, à reciclagem, integração dos catadores no

processo de triagem dos resíduos secos e implantação de aterros sanitários apenas para os

rejeitos. A ideia da legislação é evitar o impacto sobre a natureza, com forte incentivo à

reciclagem.

O Plano Estadual de Resíduos Sólidos, segundo informações da Secretaria Estadual

das Cidades, deveria ser finalizado até o fim de fevereiro de 2014, onde seria encaminhado

para as prefeituras do interior piauiense, a fim de que cada município promovesse sua

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adequação. No entanto, esse plano ainda não foi disponibilizado e nem aprovado pelo o

Ministério do Meio Ambiente, pois não foi enviado devido a algumas adequações que estão

sendo realizadas. Porém no site da SECID existe a documentação aprovada pelo Ministério do

Meio Ambiente que trata do Plano de Regionalização da Gestão de Resíduos Sólidos do

Estado do Piauí no qual consta o diagnóstico atualizado da gestão de resíduos sólidos no

estado durante o período de 2009 a 2011.

De acordo com o IBGE dois terços dos municípios brasileiros não tinham Plano de

Gestão Integrada de Resíduos Sólidos em 2013. O plano, segundo a Lei 12.305/2010 que

instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, é pré-requisito para que as cidades

obtenham recursos do governo federal, financiamentos, incentivos ou crédito na área de

limpeza urbana e resíduos sólidos.

5 Conclusão

No desenvolvimento da pesquisa foi possível observar a existência de determinados

resíduos gerados em algumas etapas do processo produtivo. Assim, com o objetivo geral de

analisar o gerenciamento dos resíduos gerados na indústria de beneficiamento de castanha de

caju foi possível identificar a fonte de geração, quantidades, armazenamento, coleta,

transporte e disposição final dos mesmos.

Durante o processo produtivo verificou-se que a empresa ainda funciona de forma

incompleta no que diz respeito ao gerenciamento adequado dos resíduos, mas identificou-se

uma preocupação com o meio ambiente, dispondo de tratamentos e destinos adequados para

os resíduos gerados, tais como: co-processamento, incineração, estabilização/solidificação e a

reutilização.

Conforme registro fotográfico foi possível constatar a inatividade da estação de

tratamento dentro da indústria e a ausência de filtros nas chaminés, sendo estes motivos de

preocupação já que estes resíduos contêm determinadas porcentagens do líquido da castanha

de caju (LCC), o qual é um efluente altamente poluidor, tendo como uma de suas

características a inflamabilidade.

As limitações da pesquisa foram em relação à dificuldade no fornecimento da

documentação das normas e leis que regem o PGRS pelas secretarias do estado e do

município, tendo apenas acesso as normas e leis federais.

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Salienta-se, ainda, a importância da pesquisa por contribuir de forma esclarecedora

para a sociedade, pois apresenta os impactos ambientais causados pelo gerenciamento

inadequado de resíduos sólidos perigosos gerados na indústria de beneficiamento da castanha

de caju, servindo de exemplo para tantas outras indústrias do mesmo segmento no Brasil e no

mundo.

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