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Análise do Jogo em Andebol Estudo do processo defensivo da equipa da Espanha no Campeonato do Mundo de 2005 Dissertação apresentada com vista à obtenção do grau de mestre em Ciências do Desporto, área de especialização de Treino de Alto Rendimento, conforme o decreto-lei n. º 216/92 de 13 de Outubro. Orientador: Professor Doutor Júlio Garganta. Co-orientador: Dr. José António Silva. Luciano José Mellado de Lima Porto, Janeiro de 2008

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Análise do Jogo em Andebol

Estudo do processo defensivo da equipa da

Espanha no Campeonato do Mundo de 2005

Dissertação apresentada com vista à

obtenção do grau de mestre em

Ciências do Desporto, área de

especialização de Treino de Alto

Rendimento, conforme o decreto-lei n.º

216/92 de 13 de Outubro.

Orientador: Professor Doutor Júlio Garganta.

Co-orientador: Dr. José António Silva.

Luciano José Mellado de Lima

Porto, Janeiro de 2008

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Lima L. J. M. (2007). Análise do Jogo em Andebol: Estudo do processo

defensivo da equipa da Espanha no Campeonato do Mundo de 2005. Porto:

Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto. Palavras-chave: ANÁLISE DE JOGO, ANÁLISE

SEQUENCIAL, ANDEBOL, PROCESSO DEFENSIVO, ESPANHA.

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Aos meus pais…

A verdadeira razão pela concretização de toda uma vida e não só deste estudo…

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I

Agradecimentos

Acredito que um trabalho académico acaba por ser um esforço que

exige a acção de mais de um indivíduo, directa ou indirectamente, e por esta

razão escrevo estes agradecimentos.

Sem dúvida serei injusto com muitos que ajudaram na elaboração deste

trabalho ou na minha estadia em Portugal, tais como os amigos que aqui fiz,

mas peço desculpas e sei que em meu coração agradeço a todos.

À instituição FADE-UP à contar desde os funcionários da limpeza,

segurança ao Conselho directivo.

Ao Gabinete de Andebol pela recepção e auxílio durante todo o

percurso, em especial ao Professor António Alberto Dias Cunha, que mesmo

sem conhecer minha pessoa, indicou-me ao Futebol clube do Porto e suas

categorias de base do Andebol, que foi a melhor experiência de trabalho.

Ao Professor Doutor Júlio Garganta por toda a atenção, dedicação e

tempo dispensados para a realização deste estudo.

Ao Dr. José António Silva pela forma como conduziu este estudo, este

estudante, e liderou com rigor académico toda elaboração desta dissertação.

Agradeço ao Professor Paulo Jorge pela indispensável ajuda e pelos

jogos que conseguiu, os quais foram fonte dos dados deste trabalho.

À EEFE – USP pelo conhecimento e a vivência que proporcionaram.

Ao Professor Dr. Antonio Carlos Simões, fonte de inspiração e

conhecimento para este profissional.

Ao Estúdio Multimeios do CCE – USP pela transcodificação dos vídeos.

Aos Amigos Túlio Banja, Rafael Dias, António Lima, João Alves,

Catarina Esteves, Andreyson “Berimbau” e muitos outros, que ajudaram com a

convivência, conselhos, ombros e a força para conclusão desta fase da vida.

Aos grandes irmãos Eusebio Ignacio Falomir, Paulo “Russo” Carrara,

Carlos Esteves, sem esquecer da grande amiga Daniela Coelho, pela ajuda,

amizade e contributo decisivo ao trabalho.

À minha família pelo “ser e estar”, pela vida... Por exactamente Tudo.

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ÍNDICE

III

Índice

Agradecimentos ..................................... ........................................................... I

Índice............................................. ................................................................... III

Índice de Figuras.................................. ..........................................................VII

Índice de Quadros .................................. ......................................................... IX

Resumo ............................................. ...............................................................XI

Abstract........................................... ...............................................................XIII

Résumé ............................................. ............................................................. XV

Lista de abreviaturas .............................. .................................................... XVII

1 Introdução....................................... ............................................................... 3

1.1 Âmbito e Pertinência do Estudo................................................................ 4

1.2 Objectivos ................................................................................................. 6

1.3 Estrutura do trabalho ................................................................................ 7

2 Revisão da Literatura............................ ...................................................... 11

2.1 A importância do Processo Defensivo no jogo de Andebol .................... 11

2.2 Processo defensivo no Andebol ............................................................. 14 2.2.1 Princípios do processo defensivo..................................................... 15 2.2.2 Fases do processo defensivo........................................................... 16

2.2.3 Caracterização dos Sistemas defensivos ............................................ 17 2.2.3.1 Sistema defensivo Individual ......................................................... 18 2.2.3.2 Sistemas defensivos Zonais.......................................................... 18 2.2.3.3 Sistemas defensivos Mistos .......................................................... 20 2.2.3.4 “Sistema + pressing” ..................................................................... 20

2.3 O processo defensivo da Selecção Nacional de Espanha...................... 21

2.4 A importância da Análise do Jogo nos Jogos Desportivos Colectivos (JDC) ............................................................................................................ 27

2.4.1 Observação e Análise do jogo ......................................................... 29 2.4.1.1 Características do processo de observação.............................. 32 2.4.1.2 Etapas da observação ............................................................... 36

2.4.2 Análise e interpretação dos dados ................................................... 39 2.4.2.1 Análise Sequencial........................................................................ 39

2.5 Estudos realizados no âmbito do Andebol.............................................. 41

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ÍNDICE

IV

2.5.1 Estudos com recurso a Análise Sequencial no Andebol .................. 49

3 Hipóteses ........................................ ............................................................. 57

4 Material e Métodos ............................... ....................................................... 61

4.1 Caracterização da amostra..................................................................... 61

4.2 Metodologia ............................................................................................ 62

4.3 Etapas da observação ............................................................................ 63

4.4 Registo dos dados .................................................................................. 64

4.5 Características do processo de observação ........................................... 64

4.6 Elaboração do instrumento de Observação............................................ 65

4.7 Definição dos indicadores de estudo ...................................................... 66 4.7.1 Sequência defensiva (SD)................................................................ 66 4.7.2 Variável 1 – Resultado parcial no marcador..................................... 67 4.7.3 Variável 2 – Relação numérica absoluta .......................................... 67 4.7.4 Categoria 1 – Início da sequência defensiva.................................... 68 4.7.5 Categoria 2 – Ataque adversário...................................................... 69 4.7.6 Categoria 3 – Fases da defesa e sistemas defensivos .................... 70

4.7.6.1 Sistemas defensivos.................................................................. 70 4.7.7 Categoria 4 – Meios tácticos defensivos .......................................... 71 4.7.8 Categoria 5 – Erros defensivos ........................................................ 73 4.7.9 Categoria 6 – Finalização do ataque adversário .............................. 74 4.7.10 Categoria 7 – Acções de finalização da sequência defensiva........ 75 4.7.11 Categoria 8 – Zona de recuperação da posse de bola................... 76

4.8 Análise dos dados .................................................................................. 76

4.9 Fiabilidade da observação e procedimentos estatísticos........................ 77

4.10 Comunicação do seleccionador nacional da equipa da Espanha......... 78

4.11 Limitações do estudo............................................................................ 79

5 Apresentação e discussão dos resultados.......... ..................................... 83

5.1 Análise Descritiva ................................................................................... 83 5.1.1 Análise Descritiva Geral ................................................................... 83

5.1.1.1 Categoria Início da sequência defensiva ................................... 84 5.1.1.2 Categoria Fase do ataque adversário........................................ 85 5.1.1.3 Categoria Sistema Defensivo .................................................... 86 5.1.1.4 Categoria Erro defensivo ........................................................... 87 5.1.1.5 Categoria Finalização do ataque adversário ............................. 88 5.1.1.6 Categoria Acções de finalização da sequência defensiva ......... 89 5.1.1.7 Categoria Zona de Recuperação............................................... 90

5.1.2 Análise descritiva em função das variáveis...................................... 92 5.1.2.1 Variável Relação Numérica Absoluta ........................................ 92

5.1.2.1.1 Categoria Início da sequência defensiva ............................ 92 5.1.2.1.2 Categoria Fase do ataque adversário ................................. 94

Page 9: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ÍNDICE

V

5.1.2.1.3 Categoria Sistema defensivo .............................................. 95 5.1.2.1.4 Categoria Erro defensivo .................................................... 96 5.1.2.1.5 Categoria Finalização do ataque adversário ....................... 98 5.1.2.1.6 Categoria Acções de finalização da sequência defensiva 100 5.1.2.1.7 Categoria Zona de Recuperação ...................................... 101

5.1.2.2 Variável Resultado Parcial....................................................... 103 5.1.2.2.1 Categoria Início da sequência defensiva .......................... 103 5.1.2.2.2 Categoria Fases do ataque............................................... 105 5.1.2.2.3 Categoria Sistemas defensivos......................................... 106 5.1.2.2.4 Categoria Erro defensivo .................................................. 107 5.1.2.2.5 Categoria Finalização do ataque adversário ..................... 109 5.1.2.2.6 Categoria Acções de finalização da sequência defensiva 111 5.1.2.2.7 Categoria Zona de Recuperação da posse de bola .......... 112

5.2 Análise Sequencial ............................................................................... 114 5.2.1 Análise sequencial em função da variável Relação numérica absoluta................................................................................................................ 115

5.2.1.1 Análise prospectiva considerando como conduta critério os eventos da categoria “Início da sequência defensiva” ......................... 115 5.2.1.2 Análise prospectiva considerando como conduta critério os eventos da categoria “Sistema defensivos” ......................................... 120 5.2.1.3 Análise prospectiva e retrospectiva considerando como conduta critério os eventos da categoria “Erros defensivos” ............................. 124 5.2.1.4 Análise retrospectiva considerando como conduta critério os eventos da categoria “Acções de finalização da sequência defensiva”127

5.2.2 Análise sequencial em função da variável Resultado parcial......... 131 5.2.2.1 Análise prospectiva considerando como conduta critério os eventos da categoria “Início da sequência defensiva” ......................... 131 5.2.2.2 Análise prospectiva considerando como conduta critério os eventos da categoria “Sistema defensivos” ......................................... 134 5.2.2.3 Análise prospectiva e retrospectiva considerando como conduta critério os eventos da categoria “Erros defensivos” ............................. 141 5.2.2.4 Análise retrospectiva considerando como conduta critério os eventos da categoria “Acções de finalização da sequência defensiva”147

5.3 Síntese dos resultados obtidos............................................................. 153 5.3.1 Variável Relação Numérica............................................................ 153 5.3.2 Variável Resultado Parcial ............................................................. 154

6 Conclusões ....................................... ......................................................... 157

6.1. Propostas para futuros estudos ........................................................... 159

7 Referências Bibliográficas ....................... ................................................ 163

8 - Anexos ......................................... ............................................................ 179

8.1 Transcrição da palestra do seleccionador nacional de Espanha Juan Carlos Pastor Goméz ................................................................................. 179

8.2 Ficha de observação dos dados ........................................................... 207

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ÍNDICE DE FIGURAS

VII

Índice de Figuras

Figura 1 – Zona de finalização ......................................................................... 75

Figura 2 – Zona de recuperação da posse de bola .......................................... 76

Figura 3 – Formas de início da sequência defensiva ....................................... 84

Figura 4 – Fases do ataque adversário............................................................ 85

Figura 5 – Sistemas defensivos ....................................................................... 86

Figura 6 – Erros defensivos.............................................................................. 87

Figura 7 – Finalizações do ataque adversário.................................................. 88

Figura 8 – Acções de finalização da sequência defensiva ............................... 89

Figura 9 – Zonas de Recuperação ................................................................... 90

Figura 10 – Formas de início da sequência defensiva – 10a) Igualdade

numérica IG – 10b) Superioridade numérica SN – 10c) Inferioridade numérica

IN...................................................................................................................... 93

Figura 11– Fases do ataque adversário – 11a) Igualdade numérica IG – 11b)

Superioridade numérica SN – 11c) Inferioridade numérica IN ......................... 94

Figura 12 – Sistemas defensivos – 12a) Igualdade numérica IG – 12b)

Superioridade numérica SN – 12c) Inferioridade numérica IN ......................... 95

Figura 13 – Erros defensivos – 13a) Igualdade numérica IG – 13b)

Superioridade numérica SN – 13c) Inferioridade numérica IN ......................... 97

Figura 14 – Finalizações do ataque adversário – 14a) Igualdade numérica IG –

14b) Superioridade numérica SN – 14c) Inferioridade numérica IN ................. 98

Figura 15 – Acções de finalização da sequência defensiva – 15a) Igualdade

numérica IG – 15b) Superioridade numérica SN – 15c) Inferioridade numérica

IN.................................................................................................................... 100

Figura 16 – Zonas de Recuperação – 16a) Igualdade numérica IG – 16b)

Superioridade numérica SN – 16c) Inferioridade numérica IN ....................... 101

Figura 17– Formas de início da sequência defensiva – 17a) Parcial equilibrado

PE – 17b) Parcial normal PN – 17c) Parcial desequilibrado PD..................... 103

Figura 18 – fases do ataque adversário – 18a) Parcial equilibrado PE – 18b)

Parcial normal PN – 18c) Parcial desequilibrado PD ..................................... 105

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ÍNDICE DE FIGURAS

VIII

Figura 19 – Sistemas defensivos – 19a) Parcial equilibrado PE – 19b) Parcial

normal PN – 19c) Parcial desequilibrado PD ................................................. 106

Figura 20 – Erros defensivos – 20a) Parcial equilibrado PE – 20b) Parcial

normal PN – 20c) Parcial desequilibrado PD ................................................. 108

Figura 21– Finalizações do ataque adversário – 21a) Parcial equilibrado PE –

21b) Parcial normal PN – 21c) Parcial desequilibrado PD ............................. 109

Figura 22 – Acções de finalização da sequência defensiva – 22a) Parcial

equilibrado PE – 22b) Parcial normal PN – 22c) Parcial desequilibrado PD .. 111

Figura 23 – Zonas de recuperação – 23a) Parcial equilibrado PE – 23b) Parcial

normal PN – 23c) Parcial desequilibrado PD ................................................. 112

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ÍNDICE DE QUADROS

IX

Índice de Quadros

Quadro 1 – Análise prospectiva à conduta Golo marcado (GLA)................... 116

Quadro 2 – Análise prospectiva à conduta Falha técnica de Espanha (FAE) 119

Quadro 3 – Análise prospectiva à conduta Sistema defensivo 6:0 (DS6) ...... 121

Quadro 4 – Análise prospectiva à conduta Sistema defensivo 5:1 (DS5) ...... 122

Quadro 5 – Análise prospectiva e retrospectiva à conduta Erro de troca de

marcação (ETM)............................................................................................. 125

Quadro 6 – Análise retrospectiva à conduta Ressalto (RS) ........................... 127

Quadro 7 – Análise retrospectiva à conduta Golo sofrido (GO) ..................... 129

Quadro 8 – Análise prospectiva à conduta Golo marcado (GLA)................... 132

Quadro 9 – Análise prospectiva à conduta Sistema defensivo misto (DSM).. 135

Quadro 10 – Análise prospectiva à conduta Sistema defensivo em inferioridade

(DSI)............................................................................................................... 137

Quadro 11 – Análise prospectiva à conduta Sistema defensivo 6:0 (DS6) .... 139

Quadro 12 – Análise retrospectiva e prospectiva à conduta Erro de

deslizamento (EDZ)........................................................................................ 142

Quadro 13 – Análise retrospectiva e prospectiva à conduta Erro de troca de

marcação (ETM)............................................................................................. 144

Quadro 14 – Análise retrospectiva e prospectiva à conduta Falha de finalização

ofensiva (FO).................................................................................................. 147

Quadro 15 – Análise retrospectiva e prospectiva à conduta Golo sofrido (GO)

....................................................................................................................... 149

Quadro 16 – Análise retrospectiva e prospectiva à conduta Ressalto (RS) ... 151

Quadro 17 – Comportamento táctico-técnico da selecção de Espanha na

variável Relação numérica. ............................................................................ 153

Quadro 18 – Comportamento táctico-técnico da selecção de Espanha na

variável Resultado Parcial. ............................................................................. 154

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RESUMO

XI

Resumo

Este estudo tem como principais objectivos analisar as sequências

defensivas, detectar padrões de conduta e compreender os mecanismos da

estrutura do jogo defensivo no Andebol de alto nível.

O estudo do processo defensivo baseia-se na importância da defesa

para o sucesso de uma equipa no Andebol, com o intuito de entender os

aspectos tácticos, auxiliar a adaptar estes aos treinos de acordo com os

padrões de comportamento específicos dos atletas desta modalidade.

Para o presente estudo foi necessário elaborar um sistema de categorias

que possibilitasse analisar o processo defensivo, desta forma foi consultada a

literatura e foram realizadas as devidas adequações a este sistema, bem como

a criação de um instrumento de observação.

A amostra deste trabalho integra as sequências defensivas observadas

nos dez jogos realizados pela selecção nacional da Espanha no XIX

Campeonato do Mundo de Andebol sénior masculino realizado na Tunísia em

2005. A partir destes jogos foram analisadas 910 sequências defensivas. Foi

utilizada a Metodologia Observacional com recurso à Análise Sequencial, a

partir da Técnica de Transições, para determinar os padrões de condutas em

função das categorias de eventos definidas neste estudo.

Das principais conclusões pode-se realçar que a) foi possível

estabelecer padrões diferenciados para um mesmo sistema defensivo nos

diferentes resultados parciais estabelecidos; b) os erros defensivos exibem

uma maior variação táctica da equipa da Espanha nas diferentes relações

numéricas observadas; c) a relação numérica influencia os processos de jogo

das equipas em confronto, mas não de igual forma em todas as categorias

estabelecidas neste estudo; d) o processo defensivo da equipa da Espanha é

influenciado pelo resultado parcial do jogo.

Palavras-chave: ANÁLISE DE JOGO, ANÁLISE SEQUENCIAL, ANDEBOL,

PROCESSO DEFENSIVO, ESPANHA.

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ABSTRACT

XIII

Abstract

This study focuses in analyzing defense sequences, detect behavioral

patterns and understand the defensive-structure mechanisms of on high-level

team handball squad.

The analysis of the defensive process is based upon the importance of

the defense for the success of a team handball squad, with the objective of

understanding the tactical aspects of the game and support coaches in adapting

their training sessions according to the specific behavioral patterns of the

athletes of this sport.

A series of books and articles were analyzed and included in this study.

From this literature, a categorical system was created that would allow the

interpretation of the defensive process through an observational method.

A sample of this work integrates the defensive sequences used by the

Spanish national team during the XIX World Handball Championship

(Tunisia’2005). The 910 sequences implemented by the Spanish defense

during these matches were analyzed by an Observational Method with a

Sequence Analysis (through Transition Techniques) to determine the behavioral

patterns in regard to the category of events defined in this study.

Out of the main conclusions, we can highlight that a) it was possible to

observe different patterns for a single type of defensive system in the different

partial results; b) The defensive errors show a broader tactical variation of the

Spanish team in the different situations during the game; c) The number of

players participating in the play influence the game process of both teams, but

not in the same way for all the categories established for this study; d) The

defensive process of the Spanish team varies according to the score at a

certain moment of the match.

Keywords: GAME ANALYSIS, SEQUENTIAL ANALYSIS, HANDBALL,

DEFENSIVE PROCESS, SPAIN.

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RÉSUMÉ

XV

Résumé

Cette étude a l’objectif d’analyser les séquences défensives, détecter un

pattern d’attitude de la défense et comprendre l’approche du jeu défensif dans

une équipe de handball de haut niveau.

L’étude du processus défensif est basée dans l’importance de la défense

pour la réussite d’une équipe de handball, avec l’intérêt de comprendre les

aspects tactiques du sport, et aider aux entraîneurs à adapter les

entraînements selon l’habitude des athlètes de cette modalité sportive.

Pour cette étude il y a eu besoin créer quelques systèmes de catégories

pour l’analyse du procès défensif. Ces systèmes de catégories sont basés en

adaptations de la littérature consultée et d’un instrument d’observation crée

pour l’étude.

Une partie de ce travail utilise comme base les séquences défensives

vues dans les dix matches joués pour l’équipe nationale espagnole au XIX

Championnat Mondial Senior Messieurs de Handball en Tunisie 2005. Pour les

910 séquences défensives de cette équipe dans le championnat, une

Méthodologie d’observation avec Analyse Séquentielle étais utilisés pour

l’évaluation. Cette analyse, que démarrais dans les Techniques des Transitions,

étais capable de déterminer la réaction de l’équipe selon les catégories

d’événements définis dans cette étude.

Dans les principaux conclusions trouvées dans ces études, on peut

souligner que : a) Il était possible d’établir séquences différentes pour le même

système défensif dans les différents scores partielles établi; b) Les erreurs

défensives montre plus de variation tactique de l’équipe espagnole dans les

différentes conditions trouvée dans les matchs; c) La relation du nombre de

joueurs dans chaque équipe sur le terrain de jeu influencé le processus de jeu

de chaque équipe, mais jamais pareil en toutes les catégories établi en cette

étude; d) le procès défensif de l’équipe espagnole est influencé pour le score

partielle du match.

Mots-clefs: ANALYSE DU JEU, ANALYSE SÉQUENTIELLE,

HANDBALL, PROCÉS DÉFENSIF, ESPAGNE.

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LISTA DE ABREVIATURAS

XVII

Lista de abreviaturas

SD – Sequencia Defensiva

Parcial – Variável Resultado parcial do marcador

PE – Resultado parcial equilibrado

PN – Resultado parcial normal

PD – Resultado parcial Desequilibrado

R. Num – Variável Relação numérica

IG – Igualdade numérica

SN – Superioridade numérica

IN – Inferioridade numérica

Início – Categoria Formas de início da Sequência

ATI – Ataque inicial

DGR – Defesa do guarda-redes adversário

FAE – Falha técnica do ataque espanhol

FFO – Falha de finalização ofensiva

GLA – Golo

AA – Acções de intervenção do adversário – Intercepção e ressalto

L9m – Livre de nove metros

RSO – Ressalto ofensivo

Ataq. – Categoria Fase do ataque adversário

CA – Contra-ataque

CG – Contra-golo

AR – Ataque rápido

AO – Ataque Posicional

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LISTA DE ABREVIATURAS

XVIII

Sist. – Categoria Fase defensiva e Sistema defensivo

RDP – Recuperação defensiva de pressão

DZT – Defesa de Zona temporária

DS6 – Defesa em Sistema 6:0

DS5 – Defesa em Sistema 5:1

DS3 – Defesa em Sistema 3:2:1

DSM – Defesa em Sistema misto 4+2, 5+1 e individual

DSI – Defesa em Sistema em inferioridade 5:0 e 4:0

M.Tac. – Categoria Meio táctico utilizado

IN – Interceptação de passe

CD – Controlo defensivo

BL - Bloco

AJ – Ajuda na marcação

TM – Troca de marcação

DZ – Deslizamento

SM – Sem meio táctico

Erro – Categoria Erro defensivo

DRD – Deficiente recuperação defensiva

EAJ – erro de ajuda

EBL – Erro de Bloco

ECD – erro de controlo defensivo

EDZ – Erro de deslizamento

ETM – Erro de troca de marcação

ESA – Erro de saída ao portador da bola

SED – Sem erro defensivo

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LISTA DE ABREVIATURAS

XIX

Z. Fin. – Categoria Zona de finalização

F9 – Falta de nove metros

FT – Falha técnica – Falha técnica ou da finalização ofensiva + erro de regra

JP – Jogo Passivo

RB – Roubo de bola

SFN – Sem finalização

RC – Remate de primeira linha ofensiva na zona central

RE – Remate de segunda linha ofensiva dos extremos

RI – Remate de segunda linha ofensiva na zona central

AFSD – Categoria Acções de finalização da sequencia defensiva

FO – Falha de finalização ofensiva

GO – Golo

DG – defesa do Guarda-redes

RS – Ressalto

Z. Rec. – Categoria Zona de recuperação da posse de bola

SRC – Sem recuperação

Z1 – Recuperação pelo guarda-redes

Z2 – Primeira linha defensiva - Extremos

Z3 – Primeira linha defensiva – zona Central

Z4 – Segunda linha defensiva – Zona central

Z5 – Recuperação da posse de bola após golo

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INTRODUÇÃO

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INTRODUÇÃO

3

1 Introdução

O Andebol é caracterizado por um permanente confronto entre as

equipas que actuam no jogo, sendo este, um processo que opõe objectivos,

motivações e interesses, condicionado pelo regulamento do jogo.

Segundo Antón Garcia (1998) toda actividade durante o Andebol é

realizada num sistema de cooperação/interacção com os companheiros de jogo

e em oposição aos adversários. Este sistema de inter-relações conduz à

necessidade de utilizar as acções de forma inteligente, relacionadas com as

modificações espaço temporais dos distintos componentes.

A necessidade de resolver os problemas que surgem constantemente a

partir deste sistema de cooperação/oposição exige dos jogadores a utilização

de processos racionais de forma a eleger e a operacionalizar as acções de

jogo mais adequadas a cada fase e a todo momento (Latiskevits, 1991).

Para Antón Garcia (1998) esta operacionalização das acções de jogo

nasce dos objectivos estabelecidos pelos princípios gerais e específicos do

jogo. Por sua vez, estes determinam a conduta do jogador e delimitam as suas

intenções tácticas. A interacção destas intenções tácticas promove a

emergência dos meios tácticos, no respeito pelos princípios do Andebol e

estabelece que a manifestação táctica dos processos de ataque e defesa pode

ser considerada como um dos factores que mais parecem condicionar a

performance dos atletas.

Segundo Garganta (2001) os investigadores têm procurado a análise de

jogo para possíveis esclarecimentos sobre a performance dos jogadores e das

equipas. Neste sentido a análise de jogo tem sido a metodologia utilizada para

mapear o conhecimento de jogo com a finalidade de contribuir para a extensa

tarefa de esclarecimento conceptual e operativo da performance (Janeira,

1998).

De acordo com Mortágua (1999) é imperativo fazer do jogo um objecto

de estudo e, assim sendo torna-se essencial responder à necessidade de

Page 28: Análise do Jogo em Andebol.pdf

INTRODUÇÃO

4

desenvolver formas de análise, encontrar processos e instrumentos para a

exploração deste objecto.

O estudo dos processos do jogo pode resultar em modelos para o treino

uma vez que a competição é o expoente máximo da performance do atleta.

Para Moutinho (1993) e Pinto e Garganta (1996) a análise do jogo assume um

papel essencial na construção destes modelos de jogo e para perceber a

inteligibilidade dos mesmos.

Neste sentido, a partir da análise de jogo se consegue construir os

modelos de jogo, que segundo Garganta (1997) são o conjunto de ideias e

princípios sobre o modo de jogar das equipas. Por sua vez, estes modelos

servem como referência na construção do treino, portanto a partir destas

informações é possível auxiliar a direccionar e a desenvolver não só o treino,

mas também a modalidade como um todo.

1.1 Âmbito e Pertinência do Estudo

Os processos de jogo no Andebol apresentam uma evolução constante

onde é possível destacar o crescente aumento da velocidade do jogo. Esta

evolução é amplamente fundamentada e esclarecida na literatura,

principalmente com os estudo sobre o desenvolvimento do processo ofensivo.

Encontram-se diversos estudos que esclarecem este desenvolvimento

através da evolução dos métodos de contra-ataque e ataque rápido, que

levam a um aumento no número total de ataques durante um jogo e, em

consequência, no número total de golos numa partida (Oliver Coronado, 2003;

Román Seco, 1998, 1999, 2006; Sevim & Taborsky, 2004).

Com isso pode-se entender ou esperar que o processo defensivo tenha

acompanhado esta evolução, isto é, que a técnica e a táctica tanto individual

quanto colectiva também tenham experimentado algum desenvolvimento.

Existe um menor número de estudos que estabelecem um

desenvolvimento do processo defensivo, nomeadamente sobre a

Page 29: Análise do Jogo em Andebol.pdf

INTRODUÇÃO

5

ofensividade, técnica e táctica, dos defensores actuais (Czerwinsky, 2000;

Oliver Coronado, 2003; Souza, 2000). Estes estudos, de âmbito defensivo e

ofensivo, são a base para os treinadores desenvolverem seus treinos a partir

da evolução dos processos de jogo.

Segundo Antón Garcia (2000), a maior parte dos treinadores tem uma

certa experiência como observador e analista, que se constituem como uma

das facetas do trabalho de treinador. Neste sentido McGarry e Franks (1996)

afirmam que a análise do jogo permite aos treinadores separar as opiniões dos

factos e assim aumentar a eficiência da sua interpretação.

Esta análise do jogo utiliza a Metodologia Observacional descrita por

Anguera Argilaga, Blanco Villaseñor, Losada López, e Hernández Mendo

(2000) para tentar responder às questões relativas ao comportamento dos

atletas a partir de uma perspectiva qualitativa, auxiliando na diferenciação do

conceito do treinador quanto observador para o analista do jogo.

Com esta metodologia realiza-se a detecção de padrões de condutas no

jogo, a partir das acções de jogo mais representativas ou críticas, com a

finalidade de conhecer quais factores que induzem perturbação ou

desequilíbrio no balanço ataque-defesa (Garganta, 2001).

Como exemplo de estudos no âmbito do Andebol e da análise do jogo

com recurso a Análise Sequencial, podemos citar o trabalho de Prudente,

Garganta e Anguera Arguilaga (2004) que teve como objectivo a validação de

um sistema de observação para o Andebol.

Os autores consideram que os dados estatísticos não são suficientes

para determinar ou avaliar o comportamento táctico no desporto e por isto

requerem uma perspectiva dinâmica dos comportamentos apresentados na

partida para uma melhor percepção dos procedimentos tácticos no Andebol.

A compreensão destes processos tácticos defensivos e uma ampla

referência à importância do processo ofensivo na literatura podem esclarecer a

pertinência e os motivos que levaram ao desenvolvimento deste estudo, que

serão explicados a seguir.

Page 30: Análise do Jogo em Andebol.pdf

INTRODUÇÃO

6

No presente estudo foram observados os aspectos do processo

defensivo, pela importância com que este é referenciado na literatura, uma vez

que existem autores que confirmam que a defesa é o ponto fulcral para o

sucesso de uma equipa no Andebol (Antón Garcia, 2000; Constantini, 1995;

Czerwinski, 1994; Garcia Herrero, 2003c).

A motivação de estudar a equipa campeã mundial de 2005 explica-se

pelo facto de se tratar de um estudo que objectiva o alto rendimento desportivo

e neste sentido, fica claro que a selecção espanhola preenche os parâmetros

necessários para o trabalho.

O facto dos aspectos tácticos do Andebol ser objecto de cuidado por

parte dos treinadores e pesquisadores da modalidade influenciou na eleição do

tema deste estudo. Para alcançar este objectivo utilizou-se a análise de jogo

que é empregada para a compreensão táctica do desporto.

Detectar padrões de conduta no Andebol e relacioná-los com os

aspectos tácticos do jogo parece uma excelente forma de poder auxiliar

treinadores a adaptar os treinos aos padrões de comportamento específicos do

Andebol e auxiliar no desenvolvimento da modalidade.

A paixão pelo desporto e pela investigação táctica levam a realização

deste estudo voltado para o comportamento táctico defensivo específico do

Andebol com auxílio da Metodologia Observacional com recurso à Análise

Sequencial.

1.2 Objectivos

A compreensão das estratégias ou das acções defensivas, a detecção

de padrões de conduta e a sua lógica (objectivos, princípios, regras e intenções

tácticas) são o nosso ponto de partida, tendo por base alguns estudos que

realçam a necessidade de entender esta lógica para facilitar o desenvolvimento

das acções utilizadas no jogo.

Com o exposto acima, podemos definir alguns objectivos para o

presente estudo. Neste sentido, procurou-se:

Page 31: Análise do Jogo em Andebol.pdf

INTRODUÇÃO

7

� Detectar padrões de conduta nas sequências a partir da utilização dos

sistemas defensivos no jogo, bem como avaliar a sua relação com o

sucesso das acções defensivas subsequentes;

� Detectar os padrões de conduta presente na activação dos erros defensivos

e a partir destes erros;

� Avaliar se a relação numérica absoluta tem influência nos padrões de jogo

apresentados pela equipa observada tanto em igualdade numérica como

em situações de superioridade e inferioridade numérica absoluta;

� Avaliar se os momentos de diferentes resultados parciais influenciam nos

padrões de jogo apresentados pela equipa observada.

1.3 Estrutura do trabalho

O presente estudo encontra-se estruturado e dividido em oito Capítulos

e estes são:

i. A Introdução onde mostramos a pertinência do estudo, bem como os

objectivos para este trabalho;

ii. A Revisão da Literatura que trata de contextualizar o presente estudo de

acordo com o estado do conhecimento na área de análise do jogo, da

Metodologia Observacional e particularidades do processo defensivo;

iii. Hipóteses que sistematiza as hipóteses formuladas neste estudo.

iv. Material e Métodos que caracteriza a amostra e definimos as categorias de

estudo bem como o material, os procedimentos estatísticos e a metodologia

utilizados para tratar os dados e obter os resultados;

v. Apresentação e discussão dos Resultados, refere-se à discussão dos

mesmos em duas fases fundamentais, a análise descritiva e a análise

sequencial;

Page 32: Análise do Jogo em Andebol.pdf

INTRODUÇÃO

8

vi. Conclusão que descreve o que se obteve a partir dos dados e como estes

resultados são ou não pertinentes ao estudo e numa parte final

apresentamos algumas sugestões para futuros estudos;

vii. Revisão Bibliográfica com toda a bibliografia utilizada para este estudo;

viii. Neste último Capítulo apresentamos os Anexos necessários para o

presente estudo.

Page 33: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Page 34: Análise do Jogo em Andebol.pdf
Page 35: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

11

2 Revisão da Literatura

2.1 A importância do Processo Defensivo no jogo de Andebol

O Andebol é classificado como um jogo desportivo colectivo (JDC) e

decorre num contexto de elevada imprevisibilidade e aleatoriedade no qual as

equipas em confronto disputam objectivos comuns, lutam para gerir o tempo e

o espaço em proveito próprio e realizam acções reversíveis de sinal contrário

(ataque/defesa) alicerçados em relações de cooperação/oposição (Garganta,

1997).

Mauny (1988) define o Andebol como um confronto colectivo que opõe

duas equipas sobre um campo de jogo, cujo objectivo é atingir um alvo

protegido, simultaneamente, por um guarda-redes e uma área de baliza. A bola

constitui o objecto de jogo e os contactos físicos são permitidos e

contemplados no regulamento de jogo.

No Andebol recorre-se à colaboração entre os indivíduos de uma

mesma equipa com o intuito de vencer a oposição da equipa adversária, isto é,

criar um sistema de inter-relações durante o jogo que conduz à necessidade de

utilizar as acções de forma inteligente (Antón Garcia, 1998; Moreno, 1994).

Para Tavares (1996) os JDC exigem dos atletas comportamentos

perspicazes numa tentativa de orientar as acções no campo de jogo. Assim o

objectivo de cada jogador e da equipa é produzir acções com o intuito de

transformar, momentânea ou definitivamente, a relação de oposição (ataque-

defesa) de forma vantajosa.

Segundo Antón Garcia (2002) o conceito de que os termos “ataque” e

“defesa” são tão contrários quanto equivalentes e proporcionam uma

transferência ampla em ambas as direcções.

Page 36: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

12

O autor estabelece que é possível melhorar a eficácia do ataque através

de um bom jogo defensivo, assim como é possível atenuar dificuldades

defensivas por meio de um bom processo ofensivo.

A velocidade e a dinâmica do jogo encontram-se continuamente a

evoluir como afirmam Oliver Coronado (2003), Román Seco (1999) e Sevim e

Taborsky (2004), que em seus estudos estabeleceram que o tempo de ataque

vem a diminuir, o que faz com que o número de posses de bola aumente.

Os autores encontraram os seguintes valores:

� O tempo de posse de bola que foi de 30.62 segundos em 2000, diminuiu

para 27.67 segundos em 2003 e mantiveram-se abaixo de 27 segundos em

2005;

� Verificou-se um aumento do número de ataques por jogo sendo 47,9

ataques em 1993, 52,6 em 1995 e 54,3 em 1999;

Este aumento pode resultar num maior número de situações de

finalização (por consequência também um maior número de golos) o que faz

com que todo o conceito defensivo seja examinado para encontrar a forma

mais adequada de acompanhar esta evolução do processo ofensivo (Oliver

Coronado, 2003).

Esta evolução leva as equipas a contar com defensores especialistas,

como afirma Oliver Coronado (2003), que verificou a utilização da substituição

de pelo menos dois jogadores no processo ataque-defesa. O mesmo autor

afirma que para que estas substituições durante a transição ataque/defesa

tenham efeito é necessário que os jogadores envolvidos compreendam as

intenções tácticas dos atacantes e saibam dar prioridade ao perigo de cada um

deles.

O comportamento táctico, segundo Enríquez Fernandez e Meléndez-

Falkowski (1988) é a soma dos elementos básicos de unidade física e táctica

empregados e dirigidos contra uma forma específica de ordem ofensiva ou

defensiva da equipa adversária.

Page 37: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

13

A importância do comportamento táctico é destacada por Riera (1995) e

posteriormente Garganta (2001), que afirmam ser o elemento central dos

desportos de cooperação/oposição.

Segundo Buceta (1998) o primeiro passo do treino deste comportamento

táctico, seria ajudar o atleta a tomar decisões correctas com base no plano de

desempenho previamente estabelecido e nos estímulos antecedentes de cada

situação concreta (por exemplo o comportamentos dos adversários, a própria

posição no terreno de jogo).

Garganta (1997), Greco e Chagas (1992) e Riera (1995) concordam ao

afirmar que os padrões de jogo repetitivos e amplamente quantificáveis podem

influenciar no resultado da partida mas apontam para os comportamentos

tácticos variados e pouco frequentes como factores de elevada importância e

intervenção no resultado final do jogo.

Para Greco e Chagas (1992) existe a necessidade de treinar estes

comportamentos tácticos enquanto que Garganta (1997) e Riera (1995)

destacam a importância de treiná-los e também analisá-los.

É possível concluir, a partir do conjunto das afirmações destes autores

que parece promissor analisar os comportamentos e verificar quais deles são

produtores de resultados para que se possam elaborar treinos específicos,

baseados nestas condutas.

É comum, nos JDC, o elogio prestado à obtenção do golo ou ponto e

das acções ofensivas em geral, mas o mesmo não acontece com a valorização

de uma actuação defensiva, por mais brilhante que esta tenha sido.

Mesmo com este louvor das actuações ofensivas, encontram-se autores

que consideram a preocupação com os aspectos defensivos de vital

importância para o jogo (Antón Garcia, 2000; Constantini, 1995; Czerwinski,

1994; Garcia Herrero, 2003c).

O seleccionador nacional de Espanha durante o Campeonato do Mundo

de Andebol de 2005 na Tunísia, Juan Carlos Pastor Goméz afirma a

Page 38: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

14

importância do processo defensivo ao dizer que os jogadores devem gostar de

defender mais do que gostam de atacar.

O treinador refere-se à importância do processo defensivo no Andebol

quando afirma em resposta a pergunta sobre qual a chave da vitória no futuro:

“a defesa, a defesa sempre, porque me dá segurança e a oportunidade de

realizar golos fáceis, porque faz com que o adversário recue, nós dá

agressividade e tranquilidade no jogo”.

Devido a esta importância da defesa, é necessário que os aspectos do

processo defensivos e o desenvolvimento do mesmo sejam estudados para

que este possa acompanhar a evolução do processo ofensivo no Andebol.

2.2 Processo defensivo no Andebol

A evolução do processo defensivo ficou marcada pela mudança da

estrutura da defesa que permanecia a espera do ataque decisivo do

adversário; para uma estrutura de acção/reacção em relação ao oponente e

finalmente para a estrutura que iniciou o modelo defensivo moderno, onde a

equipa antecipa suas actuações e não aguarda as acções do ataque (Antón

Garcia, 2002; Cruz, 1990; Garcia Herrero, 2003c; Román Seco, 2006).

Esta evolução trouxe uma estrutura de muita criatividade e

“agressividade” para a defesa, sempre buscando a recuperação da posse de

bola e impedir a progressão do adversário e da bola. Esta criatividade é

descrita por Garcia Herrero (2003b) que mostra formas diferentes de utilização

de um mesmo sistema defensivo em uma partida e afirma que esta forma de

utilização permite alcançar um maior rendimento para o processo defensivo.

O processo defensivo envolve todas as fases da defesa e deve

obedecer aos princípios que norteiam as acções no Andebol. Na revisão da

literatura quanto aos princípios e às fases da defesa, estes aparecem definidos

com pouca diferenciação entre os autores e por este motivo será apresentado

Page 39: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

15

um conjunto resumido destas ideias (Antón Garcia 2002; Cruz, 1990; Ribeiro,

1999; Simões, 2002; Enríquez Fernandez e Meléndez-Falkowski, 1988).

A seguir serão apresentados os princípios da defesa e posteriormente

as fases do processo defensivo.

2.2.1 Princípios do processo defensivo

São as regras gerais básicas a partir das quais os jogadores devem

dirigir e coordenar suas acções ao longo de todo o processo defensivo.

Na literatura encontram-se como princípios básicos a recuperação de

posse de bola, impedir ou dificultar a progressão dos jogadores adversários e

da bola em direcção à baliza (Antón Garcia, 1997, 2002; Ribeiro, 1999).

De acordo com Simões (2002) os jogadores devem estar acostumados a

pensar, analisar e desenvolver suas acções de acordo com as condições que o

jogo ofensivo adversário apresenta, serem capazes de defender de forma

unitária e regidos por princípios defensivos.

Estes princípios defensivos passam por (i) Defender a Baliza - cumprir

determinados pressupostos de organização num sistema defensivo, cumprir de

forma rigorosa as tarefas por posto específico e a colaboração muito próxima

entre todos os defensores; (ii) Conquistar a posse de Bola – manter uma

constante “agressividade” (pressão), não só sobre o portador da bola mas

também sobre os possíveis receptores com o intuito de induzir os atacantes à

cometerem erros; (iii) Antecipação das Acções do Adversário - Os jogadores

com base numa atenta leitura do jogo, deverão ser capazes de conhecer

previamente algumas das acções técnico-tácticas do adversário. Deste modo é

possível usar a técnica mais eficaz para anular ou dificultar as acções

ofensivas adversárias (Antón Garcia, 1997, 2002; Ribeiro, 1999; Simões 2002).

Antón García (2002) afirma que é importante ter os princípios como as

leis que regem o comportamento defensivo e que os defensores devem segui-

los sem que importe o sistema, o adversário ou qualquer circunstância.

Page 40: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

16

2.2.2 Fases do processo defensivo

As fases do processo defensivo compreendem as diferentes etapas do

jogo desde a perda da posse de bola até à recuperação. Autores como Antón

Garcia (2002) e Ribeiro (1999) apresentam o processo defensivo dividido em

quatro fases a considerar (i) a recuperação defensiva, (ii) a defesa de cobertura

ou zona temporária, (iii) a estruturação defensiva e (iv) a defesa em sistema.

A seguir serão descritas estas fases do processo defensivo.

� Recuperação Defensiva – constitui a primeira fase defensiva e tem início

no momento em que se perde a posse da bola. É necessário procurar

manter o equilíbrio defensivo e/ou tentar a superioridade numérica

defensiva frente a equipa adversária para recuperar a posse de bola o

mais rápido possível.

� Defesa de cobertura (zona temporária) – após a interrupção da tentativa

de contra-ataque surge uma zona temporária onde os defensores, por

vezes, ocupam espaços diferentes dos previamente designados.

Durante esta fase deve-se estabilizar a defesa e impedir que a saída

rápida de ataque do adversário seja eficaz, sempre a tentar recuperar a

posse de bola.

� Estruturação Defensiva – é a fase em que o ataque está a organizar-se

e a defesa deve se preparar para utilizar o sistema defensivo eleito para

o determinado momento do jogo. Para isto deve-se corrigir o

posicionamento dos defensores na primeira interrupção do jogo ou

quando o ataque não oferecer perigo imediato.

� Defesa em sistema – é a fase onde o sistema defensivo eleito para

determinado momento do jogo está estruturado, cada defensor ocupa

um posto específico e a equipa passa a utilizar a táctica colectiva de

defesa.

Page 41: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

17

Segundo Antón Garcia (2002) e Enríquez Fernandez e Meléndez-

Falkowski (1988), o tempo que decorre entre cada fase não pode ser

convencionado, pois está relacionado com as fases do ataque, portanto as

fases do processo defensivo podem se apresentar sem ordem específica ou

dependência entre elas.

Isto revela a importância de observar a fase do processo defensivo no

momento da recuperação da posse de bola e perceber a influência de cada

fase no processo do jogo.

A última fase do processo defensivo é a Defesa em sistema, que leva ao

tema dos sistemas de jogo defensivo. Estes sistemas defensivos serão

caracterizados no ponto a seguir devido a importância dos sistemas de jogo no

Andebol e a extensão que acarretaria ao ponto das fases do processo

defensivo.

2.2.3 Caracterização dos Sistemas defensivos

Os sistemas de jogo traduzem a forma geral de organização de uma

equipa e a estrutura das acções na defesa (e no ataque) a partir das quais se

estabelecem obrigações em torno de uma organização previamente

estabelecida. Os sistemas defensivos são as estruturas de comportamento

colectivo de actuação estritas e sistematizadas (Garcia Herrero, 2003c).

Na literatura estes sistemas aparecem divididos em (i) individual, (ii)

zonal, (iii) mistos ou combinados e o (iv) sistema defensivo+Pressing.

As classificações de sistemas defensivos podem agrupar mais que uma

forma de actuação e a seguir será apresentada uma relação destes sistemas

(Antón Garcia, 2000, 2002; Bayer, 1987; Garcia Herrero, 2003a; Simões, 2002;

Enríquez Fernandez e Meléndez-Falkowski, 1988).

Page 42: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

18

2.2.3.1 Sistema defensivo Individual

� Sistema individual

Sistema de jogo caracterizado pela individualização da responsabilidade na

defesa, onde cada atleta é responsável por um determinado atacante. As

acções defensivas acontecem em todo terreno de jogo, uma vez que as

relações entre os diferentes defensores se produzem em função da variação

das trajectórias e amplitude dos deslocamentos realizados pelos atacantes no

campo de jogo (Antón García, 2002).

2.2.3.2 Sistemas defensivos Zonais

Esta classificação é caracterizada pelo número de linhas defensivas e o

número de atletas em cada linha do sistema defensivo. Os defensores são

responsáveis por uma zona defensiva, que ocupam (posto específico) e pelo

adversário que está directamente à frente ou a ocupar esta zona defensiva

(Antón García, 2002).

Actualmente os sistemas defensivos zonais são interpretados em

sistemas abertos ou fechados, definidos não pelo número de linhas defensivas

ou de jogadores por linha defensiva, mas pela actuação dos defensores quanto

a ocupação espacial (“flutuação” e profundidade defensiva) no campo de jogo

(Antón Garcia, 2000, 2002; Garcia Herrero, 2003a; Simões, 2002). Estes

sistemas apresentam-se da seguinte forma:

� Sistema 6:0

Este sistema utiliza uma única linha defensiva, com os jogadores a ocupar a

área próxima à baliza em toda sua largura, isto é, a amplitude lateral do terreno

de jogo (Antón Garcia, citado por Chirosa L.J; Chirosa I.J., 1999).

Page 43: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

19

Este sistema pode ser utilizado de forma muito profunda, com um jogo de

flutuação e grande agressividade com o objectivo de antecipação ao jogo

táctico adversário e a intervir de forma a dissuadir os padrões de jogo

estabelecidos pela equipa rival (Román Seco, 2006).

� Sistema 5:1

Sistema defensivo formado por duas linhas, onde na primeira linha defensiva

apresenta cinco jogadores e na segunda linha defensiva encontra-se um

defensor avançado, que se coloca perto da linha de nove metros a ocupar a

área central da defesa. O objectivo fundamental é fortalecer os espaços

centrais da defesa, dificultar a atitude do armador central do ataque e conter

possíveis remates de longa distância desta área central (Garcia Herrero,

2003c; Román Seco, 2006; Simões, 2002).

� Sistema 4:2

Sistema defensivo formado em duas linhas com dois jogadores na segunda

linha e com quatro jogadores na primeira linha defensiva. Muitas vezes

utilizado em situações específicas do jogo como a transformação do sistema

ofensivo ou a mudança de um sistemas 3:3 para 4:2 (Simões, 2002). Román

Seco (2006) apresenta o sistema 4:2 utilizado como alternativa para pressionar

atacantes a partir do sistema 6:0.

� Sistema 3:2:1

Este sistema defensivo é formado por três linhas, onde três jogadores ocupam

a primeira linha, dois jogadores mais avançados (entre as linhas de seis metros

e nove metros) na segunda linha a defender os atacantes laterais e um jogador

ainda mais avançado (acima da linha de nove metros) na parte central da

defesa (Ribeiro, 2000; Silva, 2000b; Simões, 2002).

É um sistema muito profundo e agressivo e que divide a responsabilidade de

forma mais individualizada para todos os jogadores das linhas ofensivas,

dificulta a circulação da bola e diminui a velocidade do ataque organizado

(Simões, 2002). Outra característica descrita por Ribeiro (2000), é a facilidade

Page 44: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

20

que este sistema tem em desdobrar-se em outros sistemas defensivos zonais

ou sistemas mistos.

� Sistema 3:3

Formado por duas linhas defensivas com três jogadores em cada linha

defensiva. É considerado um sistema defensivo muito profundo e que dificulta a

circulação da bola pelos atacantes em contrapartida concede espaços amplos

na lateralidade e para a circulação de jogadores entre as linhas ofensivas

(Simões, 2002; Enríquez Fernandez e Meléndez-Falkowski, 1988).

Estes sistemas zonais são os mais apresentados na literatura do

Andebol, existem diversas “escolas de Andebol” como a escola Jugoslava,

Russa, Alemã, Sueca entre outras e cada uma delas apresenta

particularidades a respeito dos sistemas defensivos e do Andebol (Román

Seco, 2002).

2.2.3.3 Sistemas defensivos Mistos

Conjugam um sistema zonal com um ou mais jogadores a defender de

forma individual. Como por exemplo um sistema 5+1 onde cinco jogadores

defendem na primeira linha defensiva a obedecer os conceitos defensivos de

um sistema zonal (zonas de responsabilidades) e um defensor a marcar

individualmente um determinado atacante. Outro exemplo é o sistema

defensivo 4+2 onde quatro jogadores formam o sistema zonal e dois

avançados em marcações individuais (Antón García, 2002).

2.2.3.4 “Sistema + pressing”

Esta classificação está aliada ao conceito da defesa exercer pressão

sobre o adversário, isto é, uma defesa agressiva e profunda no campo de jogo.

Portanto é um sistema defensivo zonal com uma situação de “pressão” sobre

Page 45: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

21

um ou mais jogadores da equipa adversária (Antón Garcia, 2000; Simões,

2002).

Esta transição ao momento de pressão pode ser predeterminada, por

exemplo a modificação de um sistema defensivo 5:1 para um

“sistema+pressing” sobre o jogador extremo ou ponta com a finalidade de

formar uma situação de dois defensores contra um atacante e induzir este

atacante ao erro para recuperar a posse de bola (Bayer, 1987; Simões, 2002).

Com a utilização desta marcação por pressão sobre determinado

atacante, como um “elemento surpresa”, é possível obter um auxílio no

processo de recuperação da posse de bola com a intercepção de passes e

assim facilitar os contra-ataques pela proximidade entre atacantes e

defensores (Simões, 2002).

Segundo Pastor Goméz (2006) os sistemas defensivos que uma equipa

utiliza para o treino e competição não devem ser fixos e imutáveis e sim

flexíveis e adaptáveis a qualquer troca de sistema ofensivo e/ou combinação

ofensiva.

2.3 O processo defensivo da Selecção Nacional de Es panha

O seleccionador nacional de Espanha, Juan Carlos Pastor Goméz,

realizou uma palestra no “I Congresso Internacional do Balonmán” em Julho de

2006.

A partir do conteúdo desta palestra foi possível perceber os objectivos

do processo defensivo (que adiante também denominaremos de Defesa), os

conceitos fundamentais, os benefícios colhidos com o uso destes conceitos e

quais os sistemas defensivos utilizados durante a campanha no Campeonato

do Mundo de Andebol de 2005.

Page 46: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

22

O seleccionador afirma que é importante definir as ideias e princípios no

início do trabalho defensivo e de suas concepções acerca da Defesa é possível

destacar:

� Defesa Agressiva

É necessário que a defesa tenha um comportamento “agressivo”, isto é,

não esperar a iniciativa do ataque para reagir e sim “atacar” com uma atitude

defensiva activa, tendo como objectivo que o adversário não tenha

oportunidade de organização e adaptação à Defesa, criando dúvidas e

incertezas no ataque adversário.

Deve-se pressionar o ataque com uma atitude agressiva e estar sempre

activo na defesa são as premissas de “atacar a defender”, como também é

necessário conhecer previamente o adversário para saber porque pressionar,

para que pressionar e quando pressionar e assim recuperar a posse de bola

com o menor risco para a baliza.

� Dissuadir

A Defesa evita o jogo corporal para não sofrer exclusões e como forma

de compensação utilizam a dissuasão, que significa criar dúvidas constantes

ao adversário com uma atitude activa a defender, sempre a cortar linhas de

passe que vão ao atacante directo, ao atacante indirecto e cortar as linhas de

passe ao pivot.

O objectivo geral é possibilitar os passes na largura (na lateralidade do

terreno de jogo), negar os passes em profundidade (em direcção à baliza) e

sempre que possível tentar cortar os passes que foram induzidos pela

dissuasão das linhas de passe.

� Conhecer e entender o “ciclo de passos”

Conhecer o ciclo de passos não é só uma necessidade para o atacante

com a finalidade de saber variar entre cair em duplo apoio e sair para os dois

lados, utilizar o drible para realizar mais um ciclo de passos (3 passos), fintas e

remates em cada passo. Para o defensor é igualmente necessário dominar o

ciclo de passos para poder conhecer melhor as opções de que dispõem o

Page 47: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

23

atacante e poder, a partir da dissuasão, impedir que este utilize abertamente o

ciclo de passos, criando desta forma mais dúvidas ao ataque e facilitando o

trabalho defensivo.

� Saber como defender os meios básicos de ataque

O treinador afirma que para defender os meios básicos é necessário

conhecer e entender a fundo estes meios tácticos. Estudar quais são utilizados

com maior frequência e propriedade pelo adversário, para desta forma preparar

os defensores para possíveis trocas de marcação, ajudas, contra-bloqueios,

deslizamentos, bloco e intercepção de passe.

Desta forma apresenta os meios tácticos e afirma não existir uma

“fórmula” definida para defendê-los e não é possível aceitar uma maneira

exclusiva de defender determinado meio táctico.

É importante defender e respeitar individual e colectivamente o

adversário, isto é, conhecer o adversário na totalidade, para poder estar à

frente do adversário.

� Remates em zonas de densidade defensiva

Outro aspecto do trabalho defensivo é tentar levar o ataque adversário a

rematar onde a defesa estiver preparada para o remate, isto é, se o ataque

chegar finalizar que seja nas zonas de alta densidade defensiva.

Desta forma pode-se induzir o ataque adversário a finalizar onde está o

maior número de defensores, onde estejam os melhores defensores e/ou nas

posições onde os guarda-redes tenham maior efectividade.

� Defesa activa para provocar jogo passivo

É importante estar em igualdade ou tentar estar sempre com um jogador

a mais do lado do portador da bola. O intuito é provocar o jogo passivo, isto é,

levar o ataque a perder ofensividade e não criar oportunidade clara de golo

para ser punido com jogo passivo ou realizar uma finalização imprudente pela

sinalização de jogo passivo. Para que isto ocorra é importante conhecer a regra

do jogo passivo e assim conseguir recuperar a posse de bola.

Page 48: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

24

� Realizar somente faltas necessárias

Existem algumas situações críticas onde é necessário realizar faltas, por

exemplo para cortar a continuidade do ataque uma vez que este está a ganhar

vantagem sobre a defesa e dependendo do momento do jogo, isto é, se nos

minutos finais do jogo for necessário cometer uma falta para impedir um golo,

que esta seja realizada e assim assegure o resultado final do jogo.

É igualmente importante conhecer o regulamento e não cometer faltas

que possam levar a uma punição mais severa, com o objectivo de sofrer menos

exclusões.

� Sofrer o menor número de exclusões

Relaciona todo trabalho defensivo com uma forma de Defesa mais

“inteligente” (pressões, dissuasão, não realizar faltas desnecessárias) do que

física (sempre à procura do contacto e de faltas). O objectivo com isso é

diminuir o número de faltas e consequentemente o número de exclusões para

que se possa jogar menos minutos em inferioridade e mais minutos em

superioridade.

A seguir o treinador estabelece os benefícios de utilizar estas ideias e

princípios defensivos e afirma que a jogar desta forma deve-se conseguir (i)

realizar golos fáceis, (ii) adquirir mais “ritmo” de jogo, (iii) jogar mais minutos

em superioridade e (iv) favorecer o público do Andebol com o espectáculo.

� Marcar golos com maior facilidade

Afirma ser prioritário criar muitas dificuldades ao ataque adversário,

desta forma recuperar a posse de bola e ter a oportunidade de jogar mais

vezes em função do contra-ataque e do ataque rápido. Com isto é possível

alcançar a vantagem de estar a frente no marcador ou conseguir controlar o

resultado do jogo.

Page 49: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

25

� Ganhar ritmo de jogo

Ao realizar um jogo de defesa activo e mantendo uma velocidade em

seu ataque, é possível ganhar mais ritmo de jogo e com isto jogar no mais

elevado nível por mais tempo numa partida e também durante toda a

competição.

Para a manutenção deste ritmo elevado de jogo o seleccionador afirma

ser importante realizar substituições de jogadores na transição ataque/defesa

com o intuito de que os jogadores especialistas (ataque e defesa) estejam mais

descansados e possam realizar suas funções no mais alto nível.

Estas substituições devem ser realizadas quando o jogo estiver parado

ou se o ataque adversário não oferece risco directo à baliza. Desta forma pode-

se cadenciar e administrar melhor o ritmo de uma partida e pode-se jogar no

mais elevado ritmo de jogo por mais tempo.

� Jogar mais minutos em superioridade

Presume que se a Defesa está a realizar só faltas necessárias, tem-se

como resultados possíveis um menor número de exclusões, a possibilidade de

jogar em superioridade numérica e uma maior segurança no jogo.

� Proporcionar um melhor espectáculo

É possível realizar uma partida com um menor número de faltas e

interrupções no jogo, assim apresenta-se um Andebol de menor violência e de

muito mais espectáculo para os adeptos.

O treinador estabelece que este é um tema fundamental para a

modalidade, já que é importante que os pavilhões estejam cheios.

Após apresentar as ideias e os benefícios que podem ser colhidos,

expõe os sistemas defensivos utilizados nos treinos e competições.

Para situações de igualdade numérica a selecção nacional de Espanha

está preparada para utilizar os sistemas 6:0, 5:1 e 3:2:1 e que,

independentemente do sistema zonal adoptado, este irá se ajustar de acordo

Page 50: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

26

com as virtudes presentes na equipa, para que seja sempre aberto, flexível e

possa adaptar-se a todas características individuais e colectivas dos

adversários.

Nas situações de superioridade numérica a equipa deve sempre

“avançar na defesa”, isto é, utilizar um sistema mais agressivo ou em caso de

existir um ou mais jogadores que desequilibram na equipa adversária, utiliza-se

os sistemas defensivos mistos 5+1 e 4+2, com o intuito de pressionar em todo

campo de jogo e tentar provocar erros do ataque adversário.

Em situações de inferioridade numérica a equipa utiliza um sistema em

uma linha defensiva, com o objectivo de tentar manter uma igualdade numérica

relativa do lado da bola, deixando do lado contrário da bola com um jogador a

menos.

Em suas conclusões o seleccionador ressalta a confiança no trabalho

defensivo e aposta numa defesa inteligente, pois acredita que o Andebol é um

jogo de inteligência, onde é necessário conhecer e entender todas as

capacidades do adversário tanto individualmente como em todas as acções

colectivas.

O treinador deixa claro que é primordial que toda equipa tenha pelo

menos dois sistemas defensivos treinados para execução nos jogos e diz que

uma equipa com um sistema defensivo está, mais cedo ou mais tarde,

destinada ao fracasso.

Ainda afirma acreditar no sistema defensivo eleito, mas ao ter problemas

com este sistema deve-se utilizar primeiramente as substituições entre

defensores e se mesmo assim o problema não for resolvido, aplica-se outro

sistema defensivo treinado. Afirma ser necessário que esta troca de sistema

deve ser realizada antes que a equipa venha a sofrer muitos golos, isto é, ao

perceber que está a perder o controlo da partida.

Relativamente às transições ataque/defesa o treinador afirma contar

com pelo menos duas substituições de jogadores (defensores especialistas)

para que possa manter o ritmo de jogo sempre elevado e controlado, como

Page 51: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

27

citado anteriormente com a finalidade destes defensores estarem mais

descansados.

Estabelece que está a tentar que suas equipas utilizem uma única

substituição para ter menos problemas com o retorno defensivo e facilitar as

saídas ao ataque e contra-ataque.

Para as situações de desigualdade numérica afirma ser necessário

treinar e utilizar mais de um sistema defensivo, não só para que se prepare os

sistemas a utilizar contra o adversário, mas para que se pratique os possíveis

sistemas de ataque e defesa que os adversários utilizam normalmente.

Afirma, de forma frequente, a importância de se conhecer aos

adversários tanto quanto a própria equipa e por isso é necessário analisar o

comportamento técnico-táctico individual e colectivo dentro da própria equipa e

dos adversários. Com isto o seleccionador ressalta a importância da

observação e análise de jogo.

2.4 A importância da Análise do Jogo nos Jogos Desp ortivos

Colectivos (JDC)

É notória e comum a importância de analisar o jogo com o intuito de

observar as acções individuais e colectivas dos atletas em competição, onde

deveriam estar a aplicar o máximo rendimento na busca pelo resultado.

Garganta (1997) estabelece que a análise do jogo permite configurar os

modelos das actividades dos jogadores e das equipas no campo de jogo. Ainda

afirma que é possível construir métodos de treinos mais eficazes, estratégias

de trabalho mais profícuas e indicar tendências evolutivas dos comportamentos

de jogo.

Segundo Moreno Contreras e Pino Ortega (2000) tenta-se optimizar o

comportamento dos jogadores e equipas em competição a partir das

informações acerca do jogo. Neste sentido, a análise de jogo a partir da

Page 52: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

28

observação das acções dos jogadores, constitui um importante meio de acesso

ao conhecimento do desporto.

Os autores estabelecem que as análises do comportamento de uma

equipa e dos jogadores através da identificação das acções regulares e das

variações nas actividades de jogo deveriam ser consideradas claramente mais

produtivas do que a exaustividade de elementos quantitativos (estatísticos)

relativos as acções individuais não contextualizadas nos processos ataque e

defesa do jogo.

As informações recolhidas com a análise de jogo são subsídios para a

avaliação do desempenho de atletas e equipas e para o desenvolvimento dos

aspectos a serem treinados como preparação para as competições (Garganta,

2001). Neste âmbito, os analistas têm procurado recolher e confrontar dados

relativos aos comportamentos técnico-tácticos expressos no jogo, no sentido

de caracterizarem as condutas que se associam à eficiência e eficácia dos

jogadores e das equipas.

Garganta (2001) aponta três vias preferenciais:

(i) Visa caracterizar blocos quantitativos de dados;

(ii) Centrada na dimensão qualitativa dos comportamentos na qual o

aspecto quantitativo funciona como suporte à caracterização das

acções, de acordo com a efectividade destas no jogo;

(iii) Investiga a modelação do jogo a partir da observação de variáveis

técnicas e tácticas e da análise da covariação.

Para o mesmo autor a análise de jogo pode ser dirigida para mais de

uma finalidade como (i) identificar padrões de comportamento de jogadores; (ii)

relacionar estes padrões de conduta com os resultados da equipa; (iii) fornecer

dados para a reformulação do treino de forma mais eficientes para aprimorar as

etapas de formação e também o alto rendimento; e (iv) indicar as

transformações sofridas pelas modalidade desportivas ao longo da história o

que, em última análise, pode servir para prever possíveis tendências evolutivas

Page 53: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

29

e manter os métodos de treino sempre actualizados e direccionados para o que

é compreendido como táctica eficaz ou táctica vencedora (“winning tactic”).

De acordo com Garganta (1997) parte destes comportamentos tácticos

não são passíveis de observação directa, porém é possível observar e avaliar o

desempenho de jogadores a partir daquilo que é exteriorizado, ou melhor, a

partir de condutas publicamente observáveis.

Uma das formas de análise dedica-se à detecção de padrões de jogo a

partir dos comportamentos técnico-tácticos mais representativas ou críticas,

com o intuito de perceber os factores que induzem perturbação ou desequilíbrio

no balanço ataque/defesa.

Neste sentido os analistas procuram detectar e interpretar a

permanência e/ou ausência de traços comportamentais na variabilidade das

condutas de jogo (McGarry e Franks, 1996).

Decorrente da revisão da literatura efectuada fica claro que a visão de

um treinador como observador e analista é um começo, mas não é a solução

total para que durante os jogos se possa retirar toda a informação necessária

para a correcção dos erros praticados pela equipa, ou para salientar ainda mais

aquilo que a equipa realiza muito bem.

Isto demonstra a importância da análise de jogo como complemento

para atender às demandas de informações do jogo e do treino.

2.4.1 Observação e Análise do jogo

O objecto deste tipo de investigação é o indivíduo inserido no âmbito de

actuação e convém registar a riqueza do comportamento, isto é, modelar a

espontaneidade da conduta de forma que este indivíduo ou mesmo uma equipa

desempenhe suas actividades em contextos naturais (Anguera Argilaga et al.,

2000; Hernández Mendo, González Villena, Ortega García, Ortega Orozco, e

Rondán Roldán, 2000; Moreno Contreras e Pino Ortega, 2000).

Page 54: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

30

Para Anguera Argilaga et al. (2000) a Metodologia Observacional

combina flexibilidade e rigor, como as duas caras de uma moeda.

A observação e a análise de dados apresenta uma vasta margem de

investigação, nomeadamente no que diz respeito a compreensão das

circunstâncias que convergem para o sucesso no desporto (Anguera Argilaga,

Blanco Villaseñor, Losada López, e Sánchez-Algarra, 1999).

Os mesmos autores afirmam ser importante passar de uma observação

passiva, sem problema definido com baixo controlo externo e carente de

sistematização, para uma observação activa, isto é, sistematizada por um

problema e a obedecer um controlo externo.

A Metodologia Observacional requer o cumprimento de certos requisitos

básicos, que são estipulados por Anguera Argilaga et al. (2000), Moreno

Contreras e Pino Ortega (2000), e são:

� A espontaneidade do comportamento , que implica na ausência da

manipulação da situação. Se o comportamento de um indivíduo é o objecto

de investigação isto implica que a realização destes comportamentos

obedeça a uma produção não delimitada por graus de liberdade impostos

pelo pesquisador.

� A produção das condutas deve acontecer em contextos naturais para

garantir a ausência de alterações provocadas de forma invasiva. A

realidade do contexto natural implica que as condutas objecto de estudo

façam parte do repertório do indivíduo estudado e estejam envolvidas numa

situação de treino, de competição, de ensino-aprendizagem e na tomada de

decisão.

� Que o estudo apresente-se prioritariamente ideográfico . Este problema

apoia-se na dificuldade interpretativa apresentada pelas interacções

estabelecidas entre os indivíduos no processo de jogo. Por isto é

necessário uma representação das ideias por meio de sinais que

reproduzem comportamentos concretos. A meta deste estudo é

Page 55: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

31

compreender o comportamento e não quantificar, classificar ou seccionar as

condutas.

� A elaboração de instrumentos de observação passa por construir

sistemas de categorias que respondam a um ajuste com o marco teórico e

com a realidade. Uma categoria existe sempre que produções de diferentes

condutas atribuam e justifiquem uma equivalência teórica. Este instrumento,

dedicado a abranger todas as categorias deverá ajustar-se às exigências do

estudo.

� É necessário uma continuidade temporária de forma que a sucessiva

mudança produzida seja adequadamente estudada ao incorporar o critério

diacrónico na recolha de informação. Esta continuidade temporária oferece

a base que influenciará os critérios de estabelecimento das sucessivas

sessões de observação.

Com isso é possível entender que o autor afirma ser importante que o

estudo seja realizado sem interferência do observador, portanto que os

comportamentos sejam avaliados em seu terreno de actuação, com uma

representação gráfica apropriada para compreender as condutas observadas,

devidamente estruturadas pelo sistema de observação criado para tal e a

respeitar a continuidade temporal própria do jogo.

Garganta (2001) aponta três grandes pilares de estudo na análise de

jogo e são eles:

1. Análise centrada no jogador – usada para definir perfis, decorrente de

estudos de caso, com intuito de comparar jogadores com

características semelhantes ou distintas;

2. Análise centrada nas acções ofensivas – incide sobretudo no quadro

das acções que conduzem a obtenção do golo;

3. Análise centrada no jogo – possibilita estudar os designados padrões

de jogo a partir de regularidades comportamentais evidenciadas pelos

jogadores, no quadro das acções colectivas.

Page 56: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

32

Para o autor é importante ter em consideração que a análise da

prestação dos jogadores e das equipas por vezes é fundamentada na intuição

dos treinadores, a demonstrar uma elevada subjectividade no valor científico.

O mesmo autor afirma que o conhecimento acerca da competência com

que os jogadores e as equipas realizam as diferentes tarefas é fundamental

para aferir a coerência da prestação em relação aos modelos de jogo e de

treino prescritos.

Na análise do jogo existe um sentido evolutivo que aponta claramente a

direcção dos modelos de jogo, o que pressupõe uma observação integrada,

isto é, que estuda os elementos e as suas interrelações (Moutinho, 1993).

Segundo Garganta (2001) a intenção final é identificar os elementos

críticos do sucesso na prestação desportiva, para que seja possível traduzir os

“dados” em informação útil.

Assim é possível aproximar o treino aos objectivos de competição e

auxiliar os treinadores a elevarem a performance dos atletas e

consequentemente da própria equipa, a partir das prestações individuais e

colectivas observadas e analisadas.

Este processo de observação e análise do jogo apresenta

características próprias e que apresentam-se no ponto seguinte devido a

importâncias destas características do processo observacional.

2.4.1.1 Características do processo de observação

Garganta (2001) afirma que o processo de observação tem sofrido uma

constante evolução através do desenvolvimento de métodos mais precisos

para suprir suas necessidades e substituir meios menos eficazes. O autor

estabelece que com o aparecimento dos meios informáticos, os investigadores

verificaram um aumento progressivo das possibilidades instrumentais

colocadas à disposição.

Page 57: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

33

O mesmo autor determina que nos anos mais recentes foi verificado

uma aposta clara na utilização de metodologias com recurso a instrumentos

cada vez mais sofisticados e que estes tendem a assumir um importante papel

como equipamento para o treinador e para o investigador.

A partir da introdução de novas tecnologias os analistas poderiam

começar a se concentrar cada vez mais na continuidade do processo de

desenvolvimento das mesmas e acabar por se afastar da finalidade de

compreender o jogo em si (Cillo, 2003).

É importante que toda a responsabilidade da análise dos dados não seja

atribuída à tecnologia, uma vez que Garganta (2001) levanta a hipótese de que

tal risco é possível, na medida em que falte um referencial teórico que permita

analisar os comportamentos de jogo de uma forma coerente.

Este referencial teórico é apresentado nos estudos de Anguera

Arguilaga (2003), Anguera Arguilaga et al. (2000), Hernández Mendo et al.

(2000), Moreno Contreras e Pino Ortega (2000) e o processo de observação

deve obedecer a quatro critérios que sistematizam a Metodologia

Observacional e estes critérios são:

1- Grau de cientificidade

De acordo com este critério, se deve distinguir a observação passiva e a

observação activa (Anguera Arguilaga et al., 2000).

� A observação passiva, realiza-se em período suficientemente prolongado e

é caracterizada por não ter o problema definido, ter um baixo controlo

externo e carece duma formulação antecipada de hipóteses.

� A observação activa, inicia-se uma vez finalizada a fase de observação

passiva, já com o problema demarcado, com um elevado controlo externo e

com hipótese definida.

Page 58: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

34

2- Grau de participação do observador

No processo observação é criada uma dualidade entre o observador e o

observado e a relação que os vincula é o nível de participação. Estes níveis de

participação são descritos por Anguera Arguilaga (2003) e são:

� Observação não-participante – o observador actua de forma claramente

neutra, sem que venha a conhecer ao sujeito ou equipa observada a não

ser em casos extremos.

� Observação participante – dá-se um tipo especial de interrelação entre

observador e observado. Referente ao observador cabe distinguir entre a

figura do pesquisador que inspira e planifica o estudo, e o mero observador

que efectua o registo das sessões de observação, ainda que seja

verdadeiro que em algumas ocasiões uma mesma pessoa possa incorporar

os dois papéis.

� Participação-observação – resulta de uma intensificação da observação

participante, quando um membro de um grupo adquire a qualidade de

observador de outro(s) pertencente(s) a um grupo natural de sujeitos, como

a díade treinador-jogador.

� Auto-observação – implica o grau mais elevado de participação na

observação onde o observador é ao mesmo tempo sujeito e objecto.

3- Grau de perceptividade

Cabe ao observador distinguir e escolher entre observação directa e

indirecta, uma vez que ambas podem ser pertinentes para o estudo (Anguera

Arguilaga et al., 2000), por isto seguem descritas as duas formas de

observação.

Page 59: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

35

� A observação directa implica em cumprir o objectivo de descrever a

situação e o contexto, no momento. O critério que aqui, provavelmente,

tenha maior transcendência será a total perceptibilidade da conduta.

� A observação indirecta não constitui um bloco compacto, isto é, inclui

também o registo de condutas encobertas que são susceptíveis a uma

carga interpretativa, por exemplo as análises de indicadores levada a cabo

a partir de textos documentais (auto-informes, diários, conversas treinador-

atleta).

4- Níveis de resposta

São os diversos sectores do comportamento perceptível e são

correspondentes ao conteúdo da conduta a observar (Anguera Arguilaga, 2003;

Anguera Arguilaga, et al, 2000), como por exemplo:

� A conduta não verbal refere-se às expressões motoras que são originadas

em diferentes partes do organismo.

� A conduta espacial apresenta duas vertentes, uma de carácter estático

onde é referida a eleição de um determinado lugar no espaço a ser utilizado

bem como o estabelecimento de distâncias interpessoais relativas; a outra

vertente compreende o conjunto dos deslocamentos de um indivíduo,

realização de trajectórias, ocupação do espaço.

� A conduta vocal estuda os diversos aspectos de interesse na vocalização,

sem que interesse em absoluto o conteúdo da mensagem, isto é, qualquer

som produzido pode ser estudado sem a necessidade de ter uma

mensagem clara envolvida.

� A conduta verbal refere-se ao conteúdo da mensagem e pode ser

apresentada a partir de uma gravação ou transcrita em forma de texto.

Page 60: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

36

A seguir será apresentada uma identificação das etapas que constituem

o processo de observação e análise do jogo para melhor compreensão da

metodologia que foi utilizada neste estudo.

2.4.1.2 Etapas da observação

As etapas do processo de observação estão divididas na literatura em

três fases (Anguera Arguilaga, 2003; Hernández Mendo et al., 2000; Moreno

Contreras e Pino Ortega, 2000), a seguir descrevemos estas fases nas quais o

estudo foi fundamentado:

Delimitação das condutas e situação de observação.

A nota do objecto de estudo e uma delimitação precisa de seu conteúdo

determinam em grande parte o sucesso do estudo e facilitam a tomada de

decisões. é necessário delimitar cuidadosamente a actividade, o período de

tempo que interessa, os indivíduos a observar e o contexto situacional

(Anguera Arguilaga, 2003).

Recolha e optimização de dados.

O fluxo de conduta em qualquer situação de observação é bem mais rico

do que parece inicialmente, uma vez delimitado o objectivo será necessário

proceder à codificação das condutas que interessam, ter fixado quais são as

unidades de conduta e ter construído um instrumento de observação (Anguera

Arguilaga et al., 2000).

Elaboração de um instrumento

A diversidade de situações susceptíveis de serem observadas no âmbito

da análise do jogo obriga a dedicar o tempo necessário para preparar um

Page 61: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

37

instrumento de observação em cada um dos estudos (Anguera Arguilaga e

Blanco Villaseñor, 2003).

Os autores estabelecem como instrumentos da Metodologia

Observacional, o Sistema de categorias e o Formato de campo. Para Anguera

Arguilaga (2003), o Sistema de categorias é de maior utilização pelo

imprescindível suporte teórico, mas os instrumentos de Formato de campo

constituem um meio mais flexível, especialmente adequado em situações

empíricas de elevada complexidade.

A autora apresenta estes instrumentos da Metodologia Observacional da

seguinte forma:

� Sistema de categorias. Trata-se de uma construção do observador que

dispõe de modelos elaborados a partir de um componente empírico e de um

marco teórico, ao qual se atribuirá as condutas registadas. É necessário

estudar a individualidade de cada categoria e a estrutura global, que é

fundamental para dar forma ao sistema como um todo. Este sistema

consiste em propor um conjunto de critérios que permitem associar, por

afinidade, as condutas.

� Formato de campo. É fundamentado na classificação de todos os

comportamentos a serem observados, do contexto e das condições nas

quais acontecem. É preciso estabelecer critérios e agrupar os elementos

mínimos de observação, chamados unidades criteriais, as quais serão

atribuídos códigos que as identificam e através deste código serão descritas

sempre que sejam observadas. O formato de campo é um instrumento de

registo e os meios audiovisuais são necessários para se realizar este tipo

de estudo. Por esta razão é considerado útil na avaliação das acções no

desporto.

De acordo com Anguera Arguilaga et al. (2000) é recomendado associar

os sistemas de categorias com os critérios de formatos de campo de maneira

que a relação de condutas/situações que correspondem a estes critérios sejam

as categorias que formam o sistema de observação.

Page 62: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

38

Com isso se consegue manter a maior flexibilidade dos formatos de

campo, uma vez que sempre que o objecto estudado e/ou a situação

recomendam incorporam-se umas categorias rígidas e mutuamente

excludentes como desenvolvimento do critério que a necessite, por exemplo,

correspondente a condutas simultâneas (Anguera Arguilaga, 2003).

Registo e codificação

Segundo Anguera Arguilaga (2003) a transcrição dos comportamentos

acontece mediante um registo descritivo que irá decompor em unidades de

conduta para dar lugar a um registo semi-sistematizado. Alcança-se mediante a

sistematização completa, um sistema de códigos (ícones, literais, numéricos,

mistos, cromáticos) que podem adoptar uma estrutura de cadeia, modular ou

em cascata.

É possível realizar uma codificação binária de um único tipo de elemento

ou em outros casos convêm uma codificação simultânea de vários aspectos

concorrentes, onde é possível elaborar una sintaxe complexa de qualquer

situação de observação que alcance um grau máximo de sistematização sem a

necessidade de um termo descritivo (Anguera Arguilaga, 2003).

Para a autora são praticamente incontáveis as modalidades de registo

existentes (ou que é possível criar) e, para uma eleição, será relevante

considerar os objectivos e os contextos em que o estudo é fundamentado.

A mesma autora estabelece que a sistematização do registo e a

construção do instrumento são duas fases sem dependência entre elas, isto é,

em que é possível primeiro elaborar o instrumento e depois sistematizar o

registo ou o inverso.

Page 63: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

39

2.4.2 Análise e interpretação dos dados

É necessário realizar uma análise de dados estruturada num

determinado desenho de observação, a ser elaborado em função do estudo

que interessa. O que se obtém é o resultado do processo, que em muitas

ocasiões será o ponto de partida (ou base) para uma intervenção ou adoptar

uma série de decisões (Anguera Arguilaga, 2003).

Ao estabelecer o referencial teórico é possível partir para a análise do

jogo com recurso a Análise Sequencial, que está apresentada no ponto

seguinte.

2.4.2.1 Análise Sequencial

A Análise Sequencial de retardos ou transições é um das formas de

utilização da Metodologia Observacional e tem como objectivo a detecção de

padrões sequenciais de conduta, o qual é realizado mediante a busca de

eventualidades sequenciais entre as categorias de conduta (Anguera

Arguilaga, 2004).

A autora afirma que os padrões de conduta são sequências de

categorias que ocorrem com uma certa frequência significativa. Estabelece

ainda que a configuração das condutas equivale a um extracto condensado da

informação recolhida e o ponto de partida é a hipótese de que não existe

dependência entre os eventos sequenciais, portanto as diferentes condutas

não se sucedem com maior coesão do que implica o mero acaso.

Para Hernández Mendo et al. (2002) as condutas analisadas dividem-se

em dois tipos, uma determinada conduta considerada como iniciadora ou

desencadeadora (Conduta Critério – CC) e as que se seguem ou precedem

(conduta objecto – CO). É possível detectar a ocorrência de padrões de

comportamento entre os diferentes tipos de condutas desenhadas e

representar o fluxo das condutas no jogo.

Page 64: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

40

Assim uma análise da probabilidade condicional irá explorar a ocorrência

de uma CC em função de uma CO, onde a CC é a categoria a partir da qual se

contabilizam as transições das condutas, já a CO é a categoria que a

ocorrência completa a contabilização da transições até a manifestação de uma

nova CC. Este sistema pode ser realizado de forma prospectiva (a contar as

condutas observadas a partir da conduta critério) ou retrospectiva (a contar as

condutas que antecedem e induzem à conduta critério)

Segundo Castellano Paulis, Hernández Mendo, Morales-Sánchez e

Anguera Arguilaga (2006) existem duas possibilidades distintas de métodos de

determinação da relação entre um evento estabelecido e o evento antecedente

ou subsequente, e estes métodos são:

� Cadeias de Markov – procura relações entre cada transição de condutas

onde cada CO que mantém uma relação com a CC que a antecede passa a

ser a CC de forma a reconhecer se as categorias mantêm relação entre

transições contínuas.

� Técnica de transições – verifica a relação, inibitória e/ou excitatória, de uma

dada CC e as CO que estão à distância de uma, duas ou mais transições e

não só a cada transição contínua.

O Andebol utiliza esta metodologia para o desenvolvimento de estudos

da modalidade e encontram-se trabalhos académicos a utilizá-la em sua

estrutura. Esta estrutura de análise de comportamento necessita da construção

de um instrumento de observação que será apresentada a seguir.

Page 65: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

41

2.5 Estudos realizados no âmbito do Andebol

Segundo Garganta (2001) os estudos em análise do jogo sofreram uma

evolução notável ao longo do tempo. Esta evolução também é evidente nos

estudos da modalidade.

Com este aperfeiçoamento foram desenvolvidos trabalhos de análise

técnica como a análise biomecânica do remate em Andebol e no âmbito

técnico-táctico como a análise da participação de uma equipa em um

campeonato.

Esta evolução é extensiva ao âmbito das actividades académicas,

atestada pelo número de teses de mestrado e de doutoramento, surgidas

sobretudo a partir de 1993, nas quais os respectivos autores recorreram à

análise do jogo enquanto instrumento fundamental de pesquisa (Garganta,

2001).

A seguir serão apresentados alguns dos estudos científicos relativos ao

Andebol e a análise de jogo no âmbito técnico-táctico, tais como os estudos de:

Mortágua (1999) que recolheu 570 sequências ofensivas realizadas no

Campeonato da Primeira Divisão Nacional sénior masculina da época

desportiva de 1998/1999 e recorreu a análise das variáveis técnico-tácticas

para estabelecer a organização ofensiva no Andebol. Concluiu que o ataque

posicional foi o método que mais contribuiu para desenvolvimento do processo

ofensivo; foi escassa a utilização de contra-ataque, ataques rápidos; as fintas e

remates espontâneos são as acções tácticas mais utilizadas como meios

básicos individuais e as desmarcações/assistências e progressões sucessivas

como meios tácticos de grupo.

O Campeonato do Mundo de Andebol sénior masculino de 1999 foi

analisado por Román Seco (1999) que realizou uma comparação com as

competições mundiais anteriores e averiguou a eficácia da defesa frente aos

remates de diferentes distâncias e concluiu que:

Page 66: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

42

� A eficácia do guarda-redes manteve-se estável entre as competições;

� Um grande número de variações de sistemas defensivos ocorreu em função

do resultado parcial, durante um mesmo jogo;

� Existiu uma maior riqueza de movimentos defensivos com o aparecimento

do defensor especialista para situações especiais como superioridade e

inferioridade numérica defensiva;

� Uma tendência, com certas excepções, para uma diminuição do número de

troca de jogadores no processo ataque-defesa.

Percebe-se neste estudo uma evolução do processo defensivo onde

cresceu a variabilidade de sistemas defensivos, maior activação defensiva em

função do defensor especialista e pode-se entender uma maior preocupação

em relação ao resultado parcial do jogo.

Em seu estudo Silva (1999) relacionou os indicadores de rendimento e a

classificação final das equipas que disputaram o Campeonato da Europa sénior

masculino de 1998, verificou que quatro indicadores, (i) eficácia de remates da

linha de nove metros, (ii) eficácia do ataque em superioridade numérica, (iii)

número de blocos realizados e (iv) a eficácia do guarda-redes tinham uma forte

correlação com a classificação final e que o sucesso de uma equipa é

determinado por um número elevado de factores e não é necessário que uma

equipa tenha os melhores valores em todos os indicadores para ser melhor

sucedida.

O autor concluiu que um bom trabalho defensivo é uma condição

essencial para alcançar o sucesso no jogo. Isto deixa claro a importância dos

aspectos defensivos na busca pela vitória no Andebol e ressalta o posto

específico do guarda-redes dentro do esquema defensivo no Andebol.

Czerwinski (2000) ao realizar a análise do Campeonato da Europa de

sénior masculino de 2000 verificou (i) a utilização de um sistema 6:0 de muita

“agressividade” por parte da equipa nacional da Suécia e uma excelente

colaboração do guarda-redes com a defesa, (ii) que com o aumento da

“agressividade” defensiva verificou-se um respectivo aumento no número de

Page 67: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

43

tentativas de intercepção, (iii) que o sistema 5:1 da equipa da França conta

com um excelente trabalho defensivo do defesa avançado e (iv) a ocorrência

de situações de substituição de até três jogadores no mesmo momento, de

forma regular no desenvolvimento do referido campeonato.

A partir deste estudo verifica-se a preocupação das equipas em procurar

uma maior combatividade da defesa frente ao adversário na procura do ataque

da defesa e que o adversário não tenha a possibilidade de organização

ofensiva.

O estudo sobre a desigualdade numérica de Prudente (2000) procurou

analisar a concretização do ataque em superioridade numérica (6x5) no

Andebol português de alto nível, com uma amostra de 255 sequências

ofensivas (126 sequências relativas a selecção portuguesa) de jogos do

Campeonato da Europa de Andebol e Campeonato do Mundo de Andebol

realizados entre 1996 e 1999.

O autor concluiu que os atletas portugueses não tiraram vantagem das

situações de superioridade numérica uma vez que a eficácia nas duas

situações (igualdade e superioridade numérica) não apresentou diferenças

significativas; verificou que a eficácia do remate é mais elevada quando ocorre

um maior número de passes, isto é, quando a preparação para o remate é mais

demorada e trabalhada; encontrou uma correlação entre a eficácia do ataque

em superioridade numérica e o resultado final do jogo.

Silva (2000a) procurou identificar o menor lote de indicadores do jogo

que discriminam as equipas vitoriosas das derrotadas, para isso deixou de fora

todos os jogos que terminaram com o resultado de empate entre as equipas.

Também procurou identificar o menor lote de indicadores do jogo que

distinguiam as equipas em jogos normais (diferença no marcador entre três e

cinco golos), equilibrados (diferença no marcador inferior ou igual a dois golos)

e desequilibrados (diferença no marcador superior ou igual a seis golos). Para

isto analisou 287 jogos realizados no Campeonato Nacional de Andebol sénior

masculino da primeira divisão da Federação Portuguesa de Andebol, nas

épocas desportivas de 1995/1996 e 1996/1997.

Page 68: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

44

O autor concluiu que o menor lote de indicadores do jogo que melhor

discrimina as equipas vitoriosas das derrotadas aponta uma relação nítida

entre a eficácia do guarda-redes e da defesa; a existência de uma evidente

importância dos aspectos defensivos nos jogos equilibrados, em contraste com

um equilíbrio entre os domínios defensivos (eficácia do guarda-redes a remates

da primeira linha) e ofensivos (eficácia de remates da primeira e segunda

linhas) nos jogos normais e desequilibrados; a presença de um indicador

comum as três categorias, a eficácia do guarda-redes, determina a importância

deste posto específico.

Neste estudo Silva (2000a) destaca a importância dos aspectos

defensivos em relação ao resultado parcial para um jogo equilibrado. Uma vez

que com a evolução do jogo temos as equipas cada vez mais equilibradas

entre seus sistemas e capacidades de seus jogadores, pode-se entender que a

preocupação com a defesa é um factor determinante no sucesso da equipa.

Em seu estudo Sousa (2000) procurou modelar do processo defensivo

no Andebol com uma amostra que contém 389 sequências defensivas das

selecções nacionais da Suécia, Rússia, Espanha, França e Portugal que

participaram do IV Campeonato da Europa de Andebol sénior masculino de

2000, considerou as “Top 4” (as quatro primeiras classificadas no campeonato)

mais Portugal com a finalidade de comparar os desempenho das quatro

melhores selecções do mundo com a selecção de Portugal, e as conclusões

foram:

� A frequência de recuperação da posse de bola é superior para as equipas

do “Top 4” do que de Portugal;

� As equipas do Top4 utilizam preferencialmente os sistemas defensivos 6:0

e 5:1, enquanto Portugal utiliza o sistema defensivo 3:3;

� Os meios tácticos defensivos de grupo mais comuns utilizados por Portugal

são a troca de marcação, o controlo defensivo, a ajuda e o deslizamento

enquanto para o “Top 4” são a troca de marcação, o “pressing” defensivo, o

controlo defensivo e a ajuda;

Page 69: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

45

� A maioria das sequências defensivas tem duração aproximada de vinte

segundos e ocorrem durante a fase de defesa em sistema;

� As principais acções de recuperação da posse de bola são a defesa do

guarda-redes, o ressalto defensivo, a falha técnica e a intercepção da bola.

Neste estudo de Souza (2000) verifica-se que, a partir da modelação do

processo defensivo das equipas melhores classificadas, existe uma grande

preocupação com a utilização de sistemas defensivos menos profundos mas

de muita agressividade; substituição de até 2 jogadores especialistas em

defender e uma maior utilização da fase de defesa em sistema. Por fim o autor

estabelece que os comportamentos defensivos realizados com mérito

favorecem o ataque em grandes espaços, podendo proporcionar uma maior

segurança para o processo ofensivo da equipa.

Vilaça (2001) registou e observou 413 sequências ofensivas dos jogos

do Campeonato Nacional da Primeira Divisão da Federação Portuguesa de

Andebol, na época desportiva de 1999/2000, utilizou-as para descrever a

organização e prestação do ataque em desigualdade numérica.

O autor afirma que a equipa melhor classificada é a que apresentava o

menor número de exclusões nos jogos observados. Em superioridade numérica

as equipas não obtêm sucesso em pelo menos metade das situações e em

inferioridade numérica as equipas cometem mais erros e sofrem mais faltas

que em superioridade numérica.

Ao realizar uma análise e avaliação do Campeonato Europeu de

Andebol sénior masculino de 2002, Mocsai (2002) apresenta algumas

tendências observadas durante a competição. O autor separa estas mudanças

em quatro fases do jogo, e são elas (i) a defesa, (ii) ataque contra defesa

desorganizada (contra-ataque), (iii) ataque contra defesa em sistema, (iv) fase

de reorganização defensiva. Para este trabalho destaca-se as conclusões a

respeito da defesa.

O autor estabelece o uso mais frequente e mais eficaz do sistema

defensivo 3:2:1, e no desenvolvimento adicional do sistema 6:0. Também foi

observada uma maior agressividade do sistema 6:0 com os defensores centrais

Page 70: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

46

a avançar até os dez ou doze metros e recuar para fechar novamente a defesa.

A modificação na posição básica dos defensores pode influenciar no aumento

das faltas, a efectuar com sucesso, a combinação da formação apropriada para

o jogo defensivo.

O mesmo autor afirma que quanto a reorganização defensiva, em

relação ao forte contra-ataque e ataque rápido executados na competição, três

formas típicas de reorganização defensiva podem ser observados:

� Reorganização defensiva imediata onde encontrou-se que se quatro

jogadores chegarem ao último terço defensivo, 80-85% dos ataques rápidos

se tornam ineficazes.

� Reorganização defensiva com os jogadores a pressionar a execução de

passes longos para que aconteçam falhas técnicas desde a primeira fase

do ataque.

� Reorganização defensiva a perturbar a organização do ataque por

pressionar o portador da bola, enquanto a defesa reorganiza-se e volta ao

sistema defensivo.

Em seu estudo Cardoso (2003) procurou caracterizar o contra-ataque no

Andebol e para tal utilizou as 496 sequências ofensivas observadas a partir dos

43 jogos do campeonato nacional da 1ª divisão da época 2000/2001, estes

jogos envolveram as equipas do Sporting C.P., F.C. do Porto, Académico B.C.

e C.F. “os Belenenses”.

De suas conclusões podemos citar:

� Existem diferenças significativas entre a zona de recuperação da posse de

bola e o número de jogadores no desenvolvimento do contra-ataque;

� A finalização do contra-ataque ocorre na zona central dos seis metros;

� As equipas não obtêm sucesso em pelo menos metade das sequências

analisadas;

� O contra-ataque tem início após recuperação da posse de bola na zona

central, entre os seis e os nove metros.

Page 71: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

47

Oliver Coronado (2003) faz a análise do Campeonato do Mundo de

Andebol sénior masculino de 2003, a destacar três grandes temas, (i) o

Guarda-redes, (ii) o Jogo ofensivo e (iii) o Jogo defensivo.

As principais conclusões do autor sobre os aspectos defensivos são:

� A troca de guarda-redes durante a partida acontece de diversas formas,

mas revela-se um factor necessário em função da efectividade e do

descanso físico e psicológico, a possibilitar uma utilização do “melhor”

guarda-redes nos últimos minutos e no mais elevado nível de performance.

� O tempo de ataque está a diminuir desde o Campeonato do Mundo de

2001, o que faz com que o número de posses de bola aumente. Demonstra

uma tendência ao jogo ofensivo de transição rápida e ataques organizados

mais curtos, portanto um maior número de sessões de defesas.

� A “iniciativa defensiva” e a atitude dos defensores deve apresentar-se tão

ou mais “ofensiva” que o próprio ataque. Com isso obriga-se a contar com

defensores especialistas que “compreendam as intenções tácticas” do

atacante e saibam dar prioridade ao perigo de cada um deles.

Apresenta-se aqui a mesma preocupação com os aspectos defensivos

da combatividade e activação da defesa em relação ao processo ofensivo e da

utilização de defensores especialistas mais preparados para actuar em seu

melhor durante toda a partida, incluindo a substituição do guarda-redes com

esta mesma intenção.

Em seu estudo Sevim e Taborsky (2004) realizaram uma análise

qualitativa do Campeonato Europeu sénior masculino de 2004 e concluiu que:

� A atitude das equipas era caracterizada por uma variabilidade e pela grande

versatilidade tanto ofensiva como defensiva, o que era complementado

pelas tácticas, tanto individuais como colectivas designadas a fornecer uma

fundação básica para o Andebol moderno;

� Os jogadores demonstraram uma rápida percepção e tomada de decisão do

jogo;

Page 72: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

48

� No jogo defensivo, os jogadores responderam não somente aos oponentes

mas exibiram uma boa capacidade de antecipação e mostraram um

controlo activo do jogo;

� As melhores equipas classificadas utilizaram-se das transições rápidas da

defesa ao ataque para pressionar os oponentes e utilizaram o contra ataque

de forma ampliada e de ruptura rápida;

� O desempenho dos guarda-redes foi marcante neste Campeonato Europeu;

� Em vez do sistema de defesa clássico 6:0, as equipas executaram um

sistema de defesa 6:0 muito mais ofensivo e agressivo, com variações e/ou

transformações para os sistemas 5:1 e 3:2:1.

Esta análise do campeonato europeu de 2004 vem confirmar a evolução

do processo defensivo do Andebol moderno, com a iniciativa defensiva e a

procura constante pela recuperação da posse de bola como forma de actuação

das melhores equipas de Europa.

Varejão (2004) registou 2370 sequências defensivas e as utilizou para

identificar (i) as formas mais comuns de recuperação da posse de bola, (ii) a

variação da distância e da velocidade do primeiro passe do guarda-redes, (iii)

os corredores de jogo mais utilizados na transição do processo defensivo para

o ofensivo, (iv) o número de jogadores envolvidos e o número de passes

utilizados na transição defesa-ataque (v) a duração dos ataques, a zona e a

forma de finalização destes ataques. E, em relação a defesa, concluiu que:

� O guarda-redes tem um papel decisivo na recuperação da posse de bola e

consequente iniciação do ataque;

� A intercepção como meio táctico foi considerada como a melhor forma de

iniciação das sequências ofensivas de maior sucesso;

� O incremento no trabalho defensivo deve ser assim explorado na busca

pelo erro adversário.

Rodrigues (2005) utilizou uma amostra com os jogos realizados no

Campeonato da Europa de Andebol de 2002 e 2004, para analisar os

Page 73: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

49

indicadores de rendimento do jogo de Andebol. Das conclusões obtidas serão

descritas aquelas que dizem respeito aos aspectos defensivos, e são elas:

� A eficácia do guarda-redes é superior nos jogos da fase de grupo;

� Nos jogos a eliminar as equipas evidenciam uma maior agressividade

defensiva, o que não necessariamente traduz uma maior eficácia defensiva;

� Um dos indicadores de jogo que as equipas vitoriosas apresentam como

principal é a eficácia do guarda-redes;

Pode-se verificar que os estudos revelaram e confirmaram a evolução

dos processos de jogo no Andebol moderno e a importância dos aspectos

defensivos ficou evidente para o sucesso da equipa no jogo. A seguir

apresentar-se-ão os estudos realizados com recurso à Análise Sequencial no

Andebol.

2.5.1 Estudos com recurso a Análise Sequencial no A ndebol

Apresentam-se aqui os trabalhos que utilizaram a Metodologia

Observacional com Recurso a Análise Sequencial e, estes trabalhos também

serão utilizados para a discussão dos resultados obtidos neste estudo.

Prudente, Garganta e Anguera Arguilaga (2005) caracterizam o contra-

ataque realizado pelas equipas classificadas nos sete primeiros lugares do

Campeonato da Europa de Andebol de 2002. Foram analisadas 306

sequências ofensivas nas quais se verificou a utilização do contra-ataque.

Os autores concluíram que a maioria das sequências de contra-ataque

se evidenciaram numa situação de jogo em igualdade 6x6 (69,9%) e numa

situação de superioridade numérica 6x5 (20,95%); o modo mais recorrente de

recuperação da posse de bola que antecedeu o início das sequências

ofensivas em contra-ataque foi 52,8% através dos jogadores de campo e este

valor alcança 87,5% quando as equipas se encontravam em inferioridade

numérica.

Page 74: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

50

Os autores também demonstram que a eficácia no contra-ataque nas

situações de igualdade 6x6 foi maior quando a recuperação da bola foi

efectuada pelo guarda-redes, sem este ter efectuado a defesa da bola (38,9%)

e quando esta foi recuperada pelos jogadores de campo, sem ressalto

defensivo (37,8%). Verificou uma eficácia inferior quando a recuperação da

bola foi efectuada pelo guarda-redes após defesa (27,3%).

Nas situações de jogo em superioridade 6x5 a eficácia foi maior quando

a bola foi recuperada pelos jogadores de campo, sem ressalto defensivo

(46,2%) e pelo guarda-redes após defesa (41,7%) mas foi inferior quando a

recuperação da bola foi realizada pelos jogadores de campo com ressalto

(25%).

Prudente, Garganta e Anguera Arguilaga (2005) estabelecem que a

recuperação da bola pelos jogadores de campo, após ressalto e sem ressalto,

é excitatória da utilização do drible como modo de desencadeamento do

contra-ataque. A recuperação da bola pelo guarda-redes, com e sem defesa, é

excitatória da ocorrência de um passe curto como modo de início do contra-

ataque; o drible revelou-se uma conduta excitatória de falta sofrida, dado que é

a acção que com maior frequência antecede uma interrupção do jogo através

de falta.

D. Ferreira (2006) e N. Ferreira (2006) utilizaram a análise sequencial

para determinar os métodos de jogo ofensivo na transição defesa ataque e o

processo ofensivo em desigualdade numérica respectivamente. Para o

presente estudo é possível descrever as seguintes conclusões a respeito dos

trabalhos acima relacionados:

� A intercepção da bola e a defesa do guarda-redes são as formas mais

comuns de recuperação da posse de bola que dá início ao contra-ataque;

� Existe uma probabilidade significativa do ataque posicional ser precedido

por uma defesa do guarda-redes;

� Foram assinalados padrões de conduta quando consideradas as seguintes

condutas critério: Sistema defensivo 3:2:1, sistema defensivo 4+2, Outros

sistemas defensivos e recuperação defensiva;

Page 75: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

51

� O sistema defensivo 3:2:1 é um sistema propício à recuperação da posse

de bola por falhas técnicas;

� O sistema defensivo 4+2 favorece a recuperação da posse de bola através

da defesa do guarda-redes;

Ao realizar seu estudo Prudente (2006) verificou, com recurso à Análise

Sequencial, a performance táctico-técnica no Andebol de alto nível sénior

masculino. Para tal analisou as sequências retiradas de 25 jogos, sendo 11 do

Campeonato da Europa de 2002 e 14 do Campeonato do Mundo de 2003.

Das suas conclusões pode-se citar que:

� O defensor ao realizar um bloco, tanto em proximidade como afastado (em

ambas as competições), tem uma probabilidade significativa de não

anteceder a recuperação da bola após golo sofrido, ou seja, quando tal

comportamento ocorre a probabilidade da equipa não sofrer golo é superior

ao acaso;

� Os comportamentos do defensor (i) não colocado entre o rematador e a

baliza, (ii) mantendo-se parado ou (iii) fazendo deslocamento lateral são

comportamentos com uma probabilidade significativa de anteceder a

recuperação da posse de bola após golo sofrido;

� No Campeonato da Europa de 2002 as condutas do defensor (i) bloco em

proximidade, (ii) bloco afastado e (iii) de contacto com o rematador

apresentam probabilidade significativa de anteceder a recuperação da

posse de bola após o ressalto defensivo;

� No Campeonato da Europa de 2002 as condutas (i) defensor não colocado

entre o rematador e a baliza, (ii) defensor realizando deslocamento lateral,

bem como a conduta (iii) do guarda-redes sem colaboração com a defesa

apresentam probabilidades significativas de antecederem a recuperação da

posse de bola após golo sofrido;

� Os meios tácticos ofensivos de “1x1” (“um contra um”), “passe picado”,

“passe de ruptura” e “entrada” apresentam uma probabilidade significativa

Page 76: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

52

de anteceder o golo tanto no Campeonato da Europa de 2002 como no

Campeonato do Mundo de 2003;

� A não utilização de meios tácticos anteriores a finalização apresenta uma

probabilidade significativa de anteceder a finalização com remate não

caracterizado em golo;

� As finalizações da zona central de 6 metros apresentam probabilidade

significativa de anteceder o golo tanto em igualdade, superioridade ou

inferioridade numérica;

� O meio táctico da entrada tem probabilidade significativa de anteceder o

golo numa situação de igualdade numérica;

� O meio táctico do “1x1” apresenta uma probabilidade significativa de

anteceder o golo em uma relação de igualdade numérica e de inferioridade

numérica;

� Os remates de primeira linha ofensiva da zona central e a não utilização de

meios tácticos apresentam probabilidade significativa de anteceder o

remate não concretizado em golo em ambas as competições, tanto em

igualdade como em superioridade numérica;

� A recuperação da posse de bola após interceptação ou desarme apresenta

grande probabilidade de ocorrer na zona central próximo a área de baliza

em ambas as competições e no Campeonato do mundo de 2003 também

apresenta uma probabilidade significativa de anteceder uma primeira acção

na zona próxima ao centro do terreno de jogo;

� A recuperação da posse de bola após ressalto defensivo apresenta uma

probabilidade significativa de acontecer na zona central dos 6 metros;

� A recuperação da posse de bola após falha técnica apresenta uma

probabilidade significativa de ocorrer na zona central dos 6 metros.

De forma geral os trabalhos acima descritos apresentam uma maior

preocupação com os aspectos ofensivos do Andebol, como a maioria dos

trabalhos encontrados na revisão da literatura efectuada. A relação entre os

processos de jogo é indissociável, mas verifica-se uma maior tendência para o

Page 77: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

53

estudo do processo ofensivo e suas características como o contra-ataque e a

desigualdade numérica ofensiva.

As monografias de licenciatura são outra fonte de estudos com relação a

análise de jogo com recurso a Análise Sequencial e serão mencionados a

seguir por constituírem parte da formação do conhecimento a respeito da

análise do jogo e do Andebol.

Podemos citar os estudos como Ribeiro (2002) que analisou os quatro

primeiros colocados no Campeonato europeu de 2002 com o intuito de verificar

a importância dos meios tácticos de grupo ofensivos na obtenção do golo.

Suas principais conclusões são (i) o ataque posicional é a fase onde as

equipas obtêm o maior número de golos e esta opção pelo ataque posicional

parece ser em função de um jogo de ataque mais seguro; (ii) a maioria dos

golos obtidos resultam das finalizações da zona central da primeira linha

ofensiva; (iii) os cruzamentos e permutas estão associados aos golos obtidos

na primeira linha ofensiva e os bloqueios encontram-se associados aos golos

da segunda linha ofensiva.

Coelho (2003) realizou um estudo de caso com a equipa do Futebol

Clube do Porto e analisou as sequências defensivas desta equipa no

Campeonato da Liga Profissional de Andebol de 2002-2003. Suas principais

conclusões foram:

� A equipa interrompe assiduamente (53,4%) o ataque adversário realizando

faltas;

� A equipa obriga o adversário a finalizar em curtos espaços de tempo de

organização ofensiva;

� A equipa obriga o adversário a finalizar em zonas afastadas da baliza;

� As formas de finalização e as zonas de finalização não variam em função

dos sistemas defensivos;

� A equipa tem sucesso em 55,7% do total de sequências defensivas;

Page 78: Análise do Jogo em Andebol.pdf

REVISÃO DA LITERATURA

54

� O sistema defensivo mais utilizado foi o 6:0 (57%) sendo também o mais

eficaz (59,8%).

Para além destas conclusões o autor afirma que o sucesso das acções

defensivas esta associado preferencialmente as finalizações de primeira linha

ofensiva.

Veloso (2003) analisou oito jogos, pelo menos um relativo a cada equipa

participante da fase regular do primeiro Campeonato Nacional de Seniores

masculinos da Federação de Andebol de Portugal, com a finalidade de verificar

a forma de actuação do guarda-redes português.

De suas conclusões podemos citar que (i) 95,5% dos remates sofrem

oposição dos defensores, o que expõe o crescente aumento da agressividade

e eficácia dos defensores; (ii) os guarda-redes apresentam 36,7% de eficácia

na defesa dos remates de primeira linha ofensiva; (iii) os guarda-redes tem

maior probabilidade de sucesso quando o sistema defensivo condiciona o

remate ao primeiro poste.

Desta forma foram apresentados alguns dos estudos consultados para

este trabalho, como estabelecimento do estado da arte na análise de jogo no

Andebol. A seguir serão apresentados os objectivos e hipóteses estabelecidos

para o presente estudo.

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HIPÓTESES

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Page 81: Análise do Jogo em Andebol.pdf

HIPÓTESES

57

3 Hipóteses

As hipóteses do presente estudo reportam-se aos comportamentos

defensivos da equipa espanhola durante o Campeonato do Mundo de Andebol

de 2005, com o intuito de verificar se os mesmos apresentam algum padrão na

sua estrutura, investigar a relação entre as diversas categorias e variáveis.

Portanto foram formuladas as seguintes hipóteses:

� Identificam-se padrões diferenciados no comportamento defensivo em

função da utilização dos sistemas defensivos;

� Os erros defensivos apresentam padrões diferenciados de condutas para as

categorias e variáveis estabelecidas;

� Existem padrões de conduta específicos relacionados com as situações de

igualdade ou desigualdade numérica absoluta;

� O resultado parcial apresenta padrões diferenciados de comportamento da

equipa observada.

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MATERIAL E MÉTODOS

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MATERIAL E MÉTODOS

61

4 Material e Métodos

4.1 Caracterização da amostra

A amostra deste trabalho é constituída pelas sequências defensivas

observadas nos dez jogos realizados pela selecção nacional da Espanha no

XIX Campeonato do Mundo de Andebol sénior masculino realizado na Tunísia

em 2005.

Estes jogos foram escolhidos em razão da selecção nacional da

Espanha sagrar-se campeã ao vencer o campeão mundial anterior, a selecção

nacional da Croácia, e surpreender ao também ganhar o título de equipa com

melhor “fair play” (menos sancionada) na competição.

Os dez jogos são referentes a fase preliminar e a fase de grupos com 5

jogos entre as equipas do mesmo grupo para uma classificação à próxima fase,

e o segundo conjunto de 5 jogos reúne toda a fase eliminatória (ou principal)

que consta os jogos de apuramento, como a meia-final e a grande final da

competição.

Em ordem de realização temos os seguintes encontros entre a Selecção

Nacional de Espanha e: (i) Japão, (ii) Austrália, (iii) Suécia, (iv) Croácia, (v)

Argentina, (vi) Alemanha, (vii) Sérvia e Montenegro, (viii) Noruega, (ix) Tunísia

e (x) Croácia.

A partir destes jogos foram observadas 910 sequências defensivas, das

quais 465 são da fase preliminar e 445 são da fase eliminatória. A seguir será

realizada a descrição da metodologia utilizada para a recolha dos dados

obtidos a partir das sequências defensivas.

Page 86: Análise do Jogo em Andebol.pdf

MATERIAL E MÉTODOS

62

4.2 Metodologia

Entre as técnicas de Análise Sequencial citadas na Revisão da

Literatura, considerou-se mais apropriada para o presente estudo, a Técnica de

Transições, para identificar os padrões dos comportamentos que resultam da

interacção das equipas em jogos, com a comprovação de uma ordem

sequencial, isto é, uma certa estabilidade na sucessão de sequências.

É possível realizar este método em dois sentidos na linha temporal de

acontecimentos, um sentido retrospectivo – analisa-se as condutas que

aparecem até chegar-se à conduta critério; e um sentido prospectivo –

analisam-se as condutas que ocorrem a partir da conduta critério (Hernández

Mendo et al., 2000).

Ao estabelecer uma certa Conduta Critério (CC), a partir da qual é

possível contabilizar as vezes ou tempo que uma determinada Conduta

Objecto (CO) se apresenta no lugar de ordem seguinte. Assim se admite a

primeira transição e progressivamente até alcançar o máximo de transições ou

“retardo máximo”. Esta última transição marca o fim do padrão de conduta para

efeitos interpretativos (Anguera Arguilaga, 1990).

Segundo a mesma autora é possível definir este “retardo máximo” a

partir de três regras interpretativas, sendo elas:

1. convenciona-se que o “retardo máximo” de um padrão de conduta é

estabelecido quando não aparecem mais condutas excitatórias;

2. um padrão de conduta em que apareçam dois espaços de condutas vazios

(sem conduta excitatória) o “retardo máximo” termina em consequência

destes;

3. quando num padrão de conduta há dois espaços consecutivos com várias

condutas excitatórias o “retardo máximo” é contabilizado.

Page 87: Análise do Jogo em Andebol.pdf

MATERIAL E MÉTODOS

63

Segundo Hernández Mendo et al. (2000) o padrão de conduta que é

possível encontrar corresponde a um extracto muito condensado da informação

obtida e muito útil para um conhecimento objectivo do comportamento

observado e para a análise da sua evolução.

Com isso é possível tanto no Andebol, como em todos os JDC,

aperfeiçoar o conhecimento a cerca dos comportamentos específicos do jogo

e, a partir deste conhecimento, utilizá-los para a formulação do treino.

4.3 Etapas da observação

A delimitação das condutas a observar foi realizada com base em

estudos da análise de jogo com recurso à Análise Sequencial (Ferreira, 2006;

Prudente, Garganta e Anguera Arguilaga, 2003) e adequadas aos propósitos

deste trabalho.

Para tal, foram estabelecidos os (i) critérios do instrumento de

observação, elaborada uma (ii) lista de comportamentos abertos e passíveis de

observação no jogo correspondentes aos critérios do instrumento, foram

seleccionados os (iii) códigos para cada condutas e, por fim, foi organizada

uma (iv) lista de encadeamento dos códigos.

Após esta elaboração e codificação das condutas observáveis, foi

realizado uma “prova” a partir de uma recolha de dados, para assegurar que os

códigos e as condutas contemplavam os comportamentos no jogo.

O registo dos dados, as características do processo de observação, a

elaboração do instrumento de observação, a definição dos indicadores de

estudo serão descritas nos pontos a seguir. A análise e interpretação dos

dados foram realizadas a partir dos dados estatísticos do software SDIS-GSEQ

(Bakerman e Quera, 1996) e serão apresentadas no Capítulo referente à

Apresentação e Discussão dos Resultados.

Page 88: Análise do Jogo em Andebol.pdf

MATERIAL E MÉTODOS

64

4.4 Registo dos dados

As imagens observadas neste estudo tiveram como fonte de recolha e

registo as transmissões televisivas nacionais e internacionais. Mesmo com as

limitações deste tipo de transmissão, proveniente em grande parte dos planos

de captação de imagem, entende-se que as acções tácticas defensivas

fundamentais foram observadas.

Estas transmissões televisivas foram cedidas para este estudo em

formato VHS, transcodificadas para o formato DVD. A visualização neste

formato foi feita a partir de um leitor de DVD e um aparelho televisor de 21

polegadas. Quando necessário, foi realizada a análise dos jogos com a

utilização de um computador portátil Toshiba Satélite M70-258 com o software

de reconhecimento de vídeo Intervideo – WinDVD.

Assim, a capacidade de observação de uma sequência ou conduta em

velocidade normal, bem como a visualização em câmara lenta quantas vezes

fossem necessárias, permitiram uma mais eficaz recolha de dados. Esta

recolha seguiu as características do processo observacional, que serão

descritas a seguir.

4.5 Características do processo de observação

Durante a Revisão da Literatura encontramos diversos autores (Anguera

Arguilaga, 2003; Hernández Mendo et al., 2000; Moreno Contreras e Pino

Ortega, 2000) que afirmam que o processo de observação deve obedecer a

quatro critérios: (i) Níveis de resposta, (ii) Grau de perceptividade, (iii) Grau de

participação do observador e (iv) Grau de cientificidade.

No presente estudo optou-se por (i) uma observação da máxima

realização, isto é, em competição e de forma activa, mesmo com a realização

de uma fase pré-científica ou exploratória com características passivas, (ii)

Page 89: Análise do Jogo em Andebol.pdf

MATERIAL E MÉTODOS

65

realizada de forma não-participante uma vez que o observador actua de forma

neutra, com (iii) observação directa e indirecta uma vez que as condutas foram

analisadas e transcritas em tempo real mas com a utilização de meios

audiovisuais (DVD) e por fim, realizamos uma (iv) observação de condutas

não-verbais e espaciais pelo facto de que nos JDC estas se apresentam como

as mais importantes.

Definidas as características do processo de observação utilizado no

presente estudo foi realizada a elaboração de um instrumento de observação

que será descrita no ponto seguinte.

4.6 Elaboração do instrumento de Observação

A elaboração do instrumento de observação, bem como a definição das

variáveis e categorias, contou com a consulta da literatura especializada

(Anguera Arguilaga et al., 2000; Hernández Mendo et al., 2000; Moreno

Contreras e Pino Ortega, 2000; Prudente, Garganta e Anguera Arguilaga,

2004) e de um gradual aperfeiçoamento do mesmo desde o começo do estudo

até à recolha da informação desejada.

O presente estudo utiliza uma forma mista de instrumento de

observação, unindo o Formato de campo e o Sistema de categorias. Para tal,

foi elaborado um Formato de campo, com os elementos de observação

codificados e os critérios de observação definidos.

O Sistema de categorias, que são classes que reúnem um grupo de

elementos de características comuns, foi utilizado para associar as condutas

por afinidade, durante a observação. Este instrumento foi aperfeiçoado com

observações exploratórias, afim de detectar possíveis falhas, a definir o

conceito de elaboração “a posteriori” (Anguera Arguilaga, 2003).

As variáveis e categorias foram determinadas para registar as condutas

relevantes em cada sequência defensiva e o instrumento de observação foi

estruturado da seguinte forma:

Page 90: Análise do Jogo em Andebol.pdf

MATERIAL E MÉTODOS

66

(i) Duas variáveis, uma a respeito da situação numérica efectiva da equipa no

inicial da sequência defensiva e outra em função do resultado parcial do jogo;

(ii) Oito categorias que correspondem aos possíveis comportamentos

realizados no jogo.

As variáveis e categorias presentes no instrumento de observação

reúnem os indicadores do estudo, e a definição dos indicadores será realizada

no ponto seguinte.

4.7 Definição dos indicadores de estudo

As variáveis e categorias seleccionadas para o presente estudo e

posteriormente relacionados, atendem à necessidade de responder aos

objectivos do trabalho, mas não deixam de se apoiar na literatura (Antón Garcia

2000; Oliver Coronado, 2003; Silva, 1999; Anguera Arguilaga et al., 2000;

Enríquez Fernandez e Meléndez-Falkowski, 1988; Prudente, Garganta e

Anguera Arguilaga, 2004).

A seguir serão apresentadas as definições de sequência defensiva, das

variáveis e categorias de comportamentos determinadas para este estudo e

suas definições.

4.7.1 Sequência defensiva (SD)

(I) é considerada a partir do início de um tempo de jogo, no instante que a

equipa perde a posse de bola, no recomeço após um pedido de tempo técnico,

no reinício de jogo após uma falta defensiva e/ou após o ressalto por parte da

equipa adversária;

(II) Termina quando é conquistada a posse de bola, após um remate, erro

técnico ou violação do regulamento por parte do adversário e, é efectuado um

passe com sucesso ou remate e/ou o jogador demonstra controlo da bola, bem

Page 91: Análise do Jogo em Andebol.pdf

MATERIAL E MÉTODOS

67

como se um jogador adversário comete um erro técnico, viola o regulamento ou

a colocar a bola fora de campo.

(III) Uma nova sequência defensiva será considerada toda vez que houver uma

falta defensiva ou um ressalto ofensivo directo ao adversário, à linha lateral ou

à linha de saída de baliza, e este reorganizar seu ataque.

Caso se verifique alguma transgressão das determinações de início ou

término da sequência defensiva, esta deixará de ser contabilizada ou as

acções defensivas posteriores serão contabilizadas na mesma sequência

defensiva. Foi elaborada uma ficha de observação, para registo dos dados

recolhidos e se encontra nos anexos neste trabalho.

4.7.2 Variável 1 – Resultado parcial no marcador

Esta variável indica a condição do resultado do jogo no momento que

antecede a sequência defensiva. A classificação dos jogos foi adaptada do

estudo de Taborsky (citado por Silva, 2000a) que organiza os jogos em

categorias de acordo com a diferença no resultado do marcador. A

classificação escolhida para este trabalho define os jogos em três categorias de

resultado, sendo elas:

� Resultado parcial equilibrado – diferença de no máximo dois golos ou

empate (PE);

� Resultado parcial normal – diferença de 3 a 5 golos (PN);

� Resultado parcial desequilibrado (diferença superior a 5 golos (PD).

4.7.3 Variável 2 – Relação numérica absoluta

Expressa a situação numérica absoluta da equipa defensora, em relação

ao adversário, no momento da sequência defensiva. Apresenta três situações

Page 92: Análise do Jogo em Andebol.pdf

MATERIAL E MÉTODOS

68

consideradas em igualdade numérica absoluta (IG), superioridade numérica

absoluta (SN) e inferioridade numérica absoluta (IN).

A seguir serão definidas as características das categorias e dos eventos

estabelecidos para o presente estudo.

4.7.4 Categoria 1 – Início da sequência defensiva

A descrição desta categoria segue a definição de sequência defensiva

onde é considerada a partir do início de um tempo de jogo, no instante que a

equipa perde a posse de bola, no recomeço após um pedido de tempo técnico,

no reinício de jogo após uma falta defensiva e/ou após o ressalto por parte da

equipa adversária. Estas formas de início da sequência defensiva serão

descritas e representadas pelos seguintes códigos:

� Ataque Inicial (ATI) – Ataque adversário que dá início de um dos tempos de

jogo no tempo normal ou na prorrogação;

� Defesa do guarda-redes adversário (DGR) – Toda finalização ofensiva da

equipa observada em que ocorre uma defesa por parte do guarda-redes

adversário, que também inclui o ressalto defensivo adversário;

� Falhas do ataque de Espanha (FAE) – Descreve toda a forma de início do

ataque a partir da ocorrência de uma infracção técnica por parte dos jogadores,

uma falta por parte de um jogador da equipa observada ou uma falha na

finalização ofensiva sem a intervenção do guarda-redes e sem ressalto

defensivo;

� Falha de finalização ofensiva (FFO); – Considera toda falha de finalização

ofensiva da equipa da Espanha, sem interferência do guarda-redes adversário;

� Golo (GLA) – toda acção ofensiva da equipa observada que após a finalização

bola passa completamente a linha de meta;

Page 93: Análise do Jogo em Andebol.pdf

MATERIAL E MÉTODOS

69

� Acções de intervenção do adversário (AA) – Descreve a recuperação da posse

de bola pela intervenção do adversário, como uma interceptação de um passe

entre jogadores da equipa observada, ou um roubo de bola;

� Lançamento livre de nove metros (L9M) – Todo reinício de jogo a partir de uma

falta para cobrança na linha de nove metros;

� Ressalto ofensivo (RSO) – Toda sequência iniciada a partir de um ressalto

ganho pela equipa adversária.

4.7.5 Categoria 2 – Ataque adversário

Esta categoria determina como o ataque adversário inicia o processo

ofensivo após a recuperação da posse de bola. Esta categoria divide-se em:

� Contra-ataque (CA) – Jogo na totalidade do terreno de jogo disponível,

suportado na rápida concretização das intenções de ataque, sem que a equipa

defensora realize sua organização defensiva;

� Contra-golo (CG) – A equipa adversária procura promover o ataque rápido

após uma situação de golo sofrido, tentando surpreender a equipa observada

antes que esta organize o seu sistema defensivo;

� Ataque rápido (AR) – A equipa que procurou promover o contra-ataque não

obteve êxito e encadeou essas acções com as do ataque posicional sem que a

equipa defensora organize seu sistema defensivo;

� Ataque posicional (AO) – Jogo no espaço reduzido, em zona próxima da baliza,

onde se verifica a maior densidade de jogo e a equipa defensora realiza sua

defesa em sistema.

Page 94: Análise do Jogo em Andebol.pdf

MATERIAL E MÉTODOS

70

4.7.6 Categoria 3 – Fases da defesa e sistemas defe nsivos

Para o presente estudo foram respeitadas as definições de Ribeiro

(1999) e Antón Garcia (2000), para as fases do jogo defensivo e estas se

apresentam da seguinte forma:

� Recuperação Defensiva (RDP) – Constitui a primeira fase defensiva e tem

início no momento em que se perde a posse da bola. É necessário procurar

manter o equilíbrio defensivo ou tentar a superioridade numérica defensiva

frente a equipa adversária para recuperar a posse de bola o mais rápido

possível com menos risco a baliza, sempre que possível, a pressionar o

adversário;

� Zona temporária (Defesa de cobertura e Organização Defensiva) (DZT) – Após

a interrupção do contra-ataque, surge uma zona temporária onde os

defensores, sempre a tentar recuperar a posse de bola, ocupam espaços

diferentes dos previamente designados. Durante esta fase deve-se estabilizar a

defesa e impedir que a saída rápida do ataque adversário seja eficaz;

� Defesa em sistema (DS) – É a fase onde o sistema defensivo eleito para o

determinado momento do jogo está estruturado, cada defensor ocupa um posto

específico e a equipa passa a utilizar a táctica colectiva de defesa.

Cada sistema ou grupos de sistemas defensivos terá sua classificação

aliada a esta fase defensiva e será relacionada a seguir.

4.7.6.1 Sistemas defensivos

Os sistemas defensivos são, por definição, estruturas de comportamento

colectivo de actuação estritas e sistematizadas (Garcia Herrero, 2003). Esta

categoria permite averiguar o tipo de sistema defensivo utilizado pela equipa

estudada no momento em que ocorre a sequência defensiva. Os sistemas

defensivos e as fases da defesa se apresentam da seguinte forma:

Page 95: Análise do Jogo em Andebol.pdf

MATERIAL E MÉTODOS

71

� Sistema 6:0 (DS6) – Utiliza uma única linha defensiva com todos atletas a

ocupar a largura da área de baliza;

� Sistema 5:1 – (DS5) É caracterizado por exibir duas linhas defensivas onde na

primeira linha defensiva apresenta cinco jogadores e na segunda linha

defensiva encontra-se um defensor avançado;

� Sistema 3:2:1 – (DS3) É formado por três linhas defensivas onde três

jogadores ocupam a primeira linha defensiva, dois jogadores mais avançados

(entre as linhas de seis metros e nove metros) na segunda linha defensiva a

defender os atacantes laterais e um jogador ainda mais avançado (acima da

linha de nove metros) na parte central da defesa;

� Sistema 5+1, 4+2 e homem a homem – (DSM) Estes sistemas foram

agrupados para uma melhor definição das categorias e são descritos,

respectivamente, por cinco ou quatro jogadores que defendem na primeira

linha defensiva a obedecer os conceitos defensivos de um sistema e um ou

dois defensores a marcar individualmente seus respectivos atacantes. Para o

sistema “homem a homem” (ou individual) todos os jogadores estão

responsáveis por um atacante em todo o terreno de jogo ou no espaço do

terreno que for previamente estabelecido;

� Sistema 5:0 e/ou 4:0 – (DSI) Sistemas utilizados em situações de inferioridade

numérica e formado por uma única linha defensiva.

4.7.7 Categoria 4 – Meios tácticos defensivos

Para esta categoria foram considerados os meios táctico encontrados na

literatura específica (Antón Garcia, 2000; Bayer, 1987; Enríquez Fernandez e

Meléndez-Falkowski, 1988). Estes meios tácticos são divididos em (i) meios

tácticos individuais e (ii) meios tácticos de grupo.

Page 96: Análise do Jogo em Andebol.pdf

MATERIAL E MÉTODOS

72

4.7.7.1 Meios tácticos individuais

Serão contabilizados os meios tácticos relacionados com a recuperação

da posse de bola e fazem parte dos meios tácticos individuais encontrados na

literatura (Antón Garcia, 2000; Bayer, 1987; Enríquez Fernandez e Meléndez-

Falkowski, 1988). No presente estudo foi determinada a utilização dos

seguintes meios tácticos individuais:

� Intercepção (IN) – Acção táctica de intercepção de um passe por parte de um

jogador que corta a trajectória da bola;

� Controlo defensivo (CD) – Representa o controlo de um adversário directo, a

impedir sua progressão, sem cometer uma falta defensiva;

� Bloco (BL) – Acção que descreve a intenção de impedir que uma bola

rematada chegue à baliza. Para ser considerada como evento a registar, a

equipa observada deve manter a posse de bola, a bola cruzar totalmente a

linha lateral ou a linha de saída de baliza.

4.7.7.2 Meios tácticos de grupo

Serão contabilizados os meios tácticos imediatamente relacionados com

a recuperação da posse de bola e fazem parte dos meios tácticos de grupo

encontrados na literatura (Antón Garcia, 2000; Bayer, 1987; Enríquez

Fernandez e Meléndez-Falkowski, 1988). No presente estudo foi determinada a

utilização dos seguintes meios tácticos de grupo:

� Ajuda defensiva (AJ) – Consiste na intervenção de um colega de equipa

quando outro é batido ou ultrapassado numa acção de ataque directo com a

bola;

� Troca de marcação (TM) – É a troca de atacante directo sem que altere a zona

de responsabilidade dos defensores envolvidos;

� Deslizamento (DZ) – Ocorre quando um jogador defensor acompanha um

adversário mesmo que este desloque-se pela zona de responsabilidade de

Page 97: Análise do Jogo em Andebol.pdf

MATERIAL E MÉTODOS

73

outro defensor, o que faz com que se modifique as zonas de responsabilidade

entre os defensores envolvidos.

� Sem meio táctico (SM) – Quando a equipa observada não consegue interferir

no processo defensivo adversário, como no caso de um contra-ataque, utiliza-

se este código.

4.7.8 Categoria 5 – Erros defensivos

São erros que definiram uma sequência defensiva no momento do erro

defensivo ou na continuidade do jogo e foram determinados de acordo com os

meios tácticos acima descritos e outros erros da continuidade do jogo.

Serão contabilizados os erros correspondentes com o final da sequência

defensiva, e são:

� Deficiente recuperação defensiva (DRD) – Após a perda da posse de bola a

equipa não consegue impedir o contra-ataque adversário;

� Erro de ajuda (EAJ) – Um defensor ajuda um companheiro de equipa ou tenta

defender um jogador que não é sua responsabilidade e deixa seu posto

específico e/ou atacante directo sem marcação;

� Erro do bloco (EBL) – O bloco deve impedir que o remate chegue à baliza ou,

em colaboração com o guarda-redes pode fechar só um lado da baliza. Será

considerado erro do bloco se este não atinge um dos dois objectivos;

� Erro de controlo defensivo (ECD) – Um defensor acaba batido por seu

adversário directo durante uma situação de controlo defensivo (1x1);

� Erro de deslizamento (EDZ) – Em determinada situação do ataque, um

defensor não faz o deslizamento necessário ou fá-lo de forma incorrecta,

possibilitando a finalização de um atacante;

� Erro de troca de marcação (ETM) – Dois defensores em um momento de troca

de marcação falham e acabam por deixar um dos atacantes em posição de

receber o passe e/ou finalizar;

Page 98: Análise do Jogo em Andebol.pdf

MATERIAL E MÉTODOS

74

� Sem saída ao portador da bola (ESA) – Um atacante remata com seu marcador

directo entre o remate e a baliza, mas sem saída ao portador da bola ou com

uma saída insuficiente;

� Sem erro defensivo (SED) – Esta categoria foi criada para as sequências em

que a defesa recupera a posse de bola sem cometer um erro defensivo ou a

corrigir um erro prévio sem que o adversário consiga efectuar o remate.

4.7.9 Categoria 6 – Finalização do ataque adversário

Expõe as situações em que o adversário finalizou seu ataque, tendo sido

considerado os seguintes eventos:

� Falta de nove metros (F9) – Todas as faltas que a defesa realiza com a

finalidade de impedir o adversário sem que provoque um livre de sete metros;

� Falta técnica (FT) – Um jogador atacante realiza uma violação técnica no

momento do ataque. Foram incluídas nesta categoria a falta atacante, a

conduta anti-desportiva e as violações de regra;

� Jogo passivo (JP) – A equipa atacante é punida por manter a posse de bola

sem qualquer tentativa de atacar ou rematar à baliza, em um determinado

período decorrido;

� Roubo de bola (RB) – Acção de desarme do jogador adversário;

� Sem finalização (SFN) – Ocorre quando a equipa observada recupera a posse

de bola sem que o adversário realize um remate. Este evento também é

considerado quando o adversário tem um passe interceptado que resulta em

recuperação da bola pelo guarda-redes ou ressalto ofensivo pela bola cruzar

totalmente a linha lateral ou de saída de baliza;

� Zona de remate – Zona do campo de jogo de onde ocorreu uma finalização da

equipa adversária. Está dividida em 4 áreas de finalização, (i) remate da zona

central de primeira linha ofensiva (RC), (ii) remate da zona dos extremos (RE),

(iii) remate da zona central de 6 metros (segunda linha ofensiva, área do pivot)

(RI) e (iv) remate da zona de 7 metros (R7), apresentadas como na Figura 1:

Page 99: Análise do Jogo em Andebol.pdf

MATERIAL E MÉTODOS

75

RC – Zona central de primeira linha ofensiva; RE – Zona dos extremos; RI – Zona central de 6 metros; R7 – Zona de 7 metros;

Figura 1 – Zona de finalização

4.7.10 Categoria 7 – Acções de finalização da sequê ncia defensiva

Estas acções referem-se ao restabelecimento da posse de bola segundo

a definição de início e fim de uma sequência defensiva e foram estabelecidas

as seguintes acções para este estudo:

� Falha de Finalização ofensiva (FO) – Todo remate falhado pela equipa

adversária sem interferência do guarda-redes de Espanha;

� Defesa do guarda-redes (GR) – Após um remate, o guarda-redes faz uma

defesa e garante a posse de bola em suas mãos, ou pela bola cruzar

completamente a linha de saída de baliza;

� Golo (GL) – Recuperação da posse de bola após golo do adversário em

finalizações a partir da circulação da bola ou em lançamento livre de sete

metros;

� Ressalto defensivo (RS) – Após uma finalização adversária ou a intercepção de

um passe pela linha lateral ou linha de saída de baliza, a posse de bola é

recuperada durante um ressalto, seja ele ofensivo ou defensivo.

Page 100: Análise do Jogo em Andebol.pdf

MATERIAL E MÉTODOS

76

4.7.11 Categoria 8 – Zona de recuperação da posse de bola

Designa a área do terreno de jogo onde ocorreu a recuperação da posse

de bola, e está dividida em cinco zonas numeradas de acordo com a figura 2:

Z1 – Zona de área de baliza; Z2 – Zona dos extremos; Z3 – Zona central de 6 metros; Z4 – Zona acima dos 9 metros; Z5 – Zona após golo sofrido;

Figura 2 – Zona de recuperação da posse de bola

Foi considerada nesta categoria a possibilidade de não haver

recuperação da posse de bola (Sem recuperação da posse de bola – SRC) que

significa que a sequência terminou em ressalto ofensivo ou em falta de nove

metros.

Após a definição dos indicadores do estudo será apresentado um ponto

sobre a análise de dados.

4.8 Análise dos dados

Os dados recolhidos nas dez sessões de observação foram registados

em papel, numa ficha de registo que se encontra nos anexos deste estudo e

foram transcritos para um ficheiro do software Excel. Após esta fase os dados,

foram reordenados em uma melhor ordem temporal de acontecimentos, para

uma análise mais eficaz e transcritos para um documento tipo software Word.

Estes dados por sua vez foram copiados para o ficheiro do SDIS-GSEQ

para Windows (versão 4.1.2) dando origem a um ficheiro SDS (Sequencial

Page 101: Análise do Jogo em Andebol.pdf

MATERIAL E MÉTODOS

77

Data Standard) foi realizada a verificação do arquivo, utilizando as instruções

“verificar sintaxis” e depois “compilar archivos SDS”.

Este novo ficheiro criado, de extensão MSD (Multievent Sequencial

Data), compreende todos os dados ordenados e codificados formando

sequências de eventos. Cada sequência pode conter um ou vários códigos que

representam os eventos observados.

A partir deste ficheiro foram realizada as análises descritiva e

sequencial, a respeitar os procedimentos estatísticos que serão descritos a

seguir.

4.9 Fiabilidade da observação e procedimentos estat ísticos

Nos tópicos anteriores foram delineadas estratégias para uma melhor

recolha e registo dos dados, mas para um estudo deste pretexto é importante

que se assegure a estabilidade das observações e, portanto é necessário que

exista fiabilidade na recolha dos dados.

A avaliação da qualidade dos dados foi realizada, neste estudo, através

do grau de concordância intra-observador onde o mesmo investigador realizou

a observação e o registo da segunda sessão de observação um mês após a

primeira.

Esta concordância é aferida por intermédio do índice de fiabilidade

Kappa, para tal é necessário que se faça um registo ou se utilize uma parte do

registo do estudo. No presente estudo foram utilizadas 91 sequências

defensivas (relativas ao jogo 10 – final do campeonato), e aproveitou-se o

software SDIS-GSEQ (Bakerman e Quera, 1996) com sua função “Calcular

Kappa”.

Para haver fiabilidade entre as observações é fundamental que em

todos os critérios se alcance um valor de Kappa superior a 0,75 (Bakerman e

Gottman, 1989) e quanto mais perto do valor “um” maior o grau de fiabilidade

dos dados.

Page 102: Análise do Jogo em Andebol.pdf

MATERIAL E MÉTODOS

78

No presente estudo a fiabilidade foi testada a partir dos dados referentes

ao jogo de número 10 (final do campeonato), por este jogo apresentar 91

sequências defensivas, que representam 10% da amostra total. O índice de

Kappa de Cohen obtido foi de 0,98, representando uma concordância intra-

observador de 98,4%.

Para a análise descritiva e foram utilizados a frequência ou número de

vezes que se apresenta um evento, a frequência relativa das transições

observadas (número de vezes que o valor se verifica face ao total de

observações).

Para a Análise Sequencial foram utilizados os resíduos ajustados de

Haberman (verifica a possibilidade dos comportamentos acontecerem acima da

média ou do esperado) do software SDIS-GSEQ. Adoptando um critério

convencional, são significativos os valores superiores a 1.96, em número

absoluto, que indica que existe uma probabilidade estatística dos eventos se

sucederem e não somente ao acaso (Anguera Arguilaga, 1990).

4.10 Comunicação do seleccionador nacional da equip a da

Espanha

É de se referir a utilização da palestra ministrada pelo seleccionador

nacional de Espanha Juan Carlos Pastor Goméz (2006) como forma de um

importante material de utilização neste estudo.

Esta palestra apresenta-se em anexo neste trabalho e contribuiu para a

revisão da literatura onde foi estabelecido o ponto “O processo defensivo da

Selecção Nacional de Espanha” relativo aos dados fornecidos pelo treinador

nesta palestra.

Além do contributo para a revisão da literatura é necessário referir a

utilização do conteúdo desta palestra para a discussão dos resultados uma vez

que a equipa foi dirigida pelo Professor Juan Carlos Pastor Goméz durante a

competição relativa a observação.

Page 103: Análise do Jogo em Andebol.pdf

MATERIAL E MÉTODOS

79

4.11 Limitações do estudo

O presente estudo apresentou como sua primeira limitação, a captação

de imagens, que para uma melhor análise dos dados, deveria ser realizada

com câmaras colocadas especificamente para o estudo.

Em função desta limitação, os dados foram recolhidos a partir de jogos

transmitidos pelas emissoras de televisão, existindo alguns momentos que não

foram registados na filmagem.

Estes momentos são perdidos em função da repetição de alguma jogada

espectacular, polémica ou da simples reacção do público, sendo impossível a

verificação das sequências defensivas ou de parte destas.

Por esse facto, explica-se que a análise descritiva não está

completamente de acordo com a análise realizada pelo órgão oficial, gestor da

competição em questão.

Após a realização do presente estudo foram consideradas algumas

reflexões gerais, bem como, propostas algumas ideias para futuros trabalhos

que permitam uma compreensão táctica do Andebol a partir da Metodologia

Observacional com recurso à Análise Sequencial.

Estas reflexões e ideias serão apresentadas no Capítulo “Conclusões”

no ponto “Propostas para futuros estudos”.

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Page 105: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Page 106: Análise do Jogo em Andebol.pdf
Page 107: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

83

5 Apresentação e discussão dos resultados

Ao longo deste Capítulo serão apresentados e discutidos os resultados

obtidos a partir da análise descritiva e da análise sequencial realizadas para o

presente estudo.

5.1 Análise Descritiva

A análise descritiva foi realizada de acordo com três procedimentos:

� Em função de todos os dados de forma geral, para ter um quadro total da

ocorrência dos eventos nos jogos sem diferenciação entre as variáveis;

� Relacionando os dados em função da variável Relação Numérica Absoluta

(Igualdade, Superioridade e Inferioridade), para comparar a ocorrência dos

eventos nestas situações;

� A partir da variável Resultado Parcial (Parcial Equilibrado, Parcial Normal e

Parcial Desequilibrado) para verificar diferenças na frequência relativa da

ocorrência dos comportamentos nas diferentes condições de resultado

parcial.

A seguir serão apresentados estes resultados relativos aos

comportamentos separados por categoria de registo.

5.1.1 Análise Descritiva Geral

Para obter um quadro geral da frequência relativa de ocorrência dos

comportamentos observados, acumulou-se estes eventos de forma total, isto é,

sem diferenciar por variável. A seguir serão apresentados os resultados

separados pelas categorias de registo.

Page 108: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

84

0,88%

8,68%12,42%

4,73%

38,13%

1,43%

25,38%

8,35%

0%

10%

20%

30%

40%

ATI DGR FAE FFO GLA INA L9m RSO

5.1.1.1 Categoria Início da sequência defensiva

Apresentam-se os eventos relacionados com as acções que levam a

equipa observada à iniciar seu processo defensivo. Estes eventos e valores de

frequência relativa podem ser observados na Figura 3.

ATI – Ataque inicial; DGR – Defesa do guarda-redes; FAE – Falha técnica; FFO – Falha de finalização ofensiva; GLA – Golo marcado; INA – Intervenção do adversário; L9m – Livre de 9 metros; RSO – Ressalto ofensivo

Figura 3 – Formas de início da sequência defensiva

Os resultados obtidos vão de encontro aos do estudo de Prudente

(2000) que verificou como principais acções de início do processo ofensivo o

golo sofrido, a falta sofrida e a falha técnica do adversário. Os dados que não

aparecem na mesma ordem nesta relação, entre os estudos, são a defesa do

guarda-redes e o ressalto.

Verificou-se que o somatório da frequência em que ocorrem os eventos

relacionados aos erros do ataque da equipa observada (DGR; FAE; FFO; INA e

RSO ∑= 35,61%) é menor do que a frequência em que a sequência defensiva

é iniciada após golo da equipa da Espanha (GLA=38,13%).

Outro dado significativo é que o segundo maior valor entre as

ocorrências observadas é da sequência iniciar em livre de nove metros, que é

um evento directamente ligado à defesa de Espanha.

Neste sentido é possível afirmar que o facto da equipa espanhola marcar

mais golos do que perder a posse de bola como forma de início da sequência

defensiva pode dar mais segurança para a defesa. Pode-se confirmar, uma vez

que segundo Prudente et al. (2005) 52,8% dos contra-ataques acontecem após

a recuperação da posse de bola pelos jogadores de campo, ou seja, que estão

Page 109: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

85

6,15% 6,70%0,88%

86,26%

0%

20%

40%

60%

80%

AO AR CA CG

associados aos erros do ataque adversário e acções de intervenção da equipa

defensora.

É possível ressaltar que a defesa da equipa espanhola colabora com

25,38% das formas de início da sequência defensiva, uma vez que estas se

iniciam em livre de 9 metros, ou seja, após uma acção eficaz da defesa de

Espanha.

5.1.1.2 Categoria Fase do ataque adversário

Indica qual fase do processo ofensivo que o adversário utiliza durante a

sequência defensiva da equipa observada. Na Figura 4 pode-se observar os

valores de frequência relativa para os eventos registados.

AO – Ataque posicional; AR – Ataque rápido; CA – Contra-ataque; CG – Contra-golo

Figura 4 – Fases do ataque adversário

Os valores obtidos mostram uma maior utilização da fase ofensiva de

ataque posicional nas sequências defensivas observadas. Estes valores

demonstram uma orientação do jogo que também foi verificada por Barbosa

(1999), Ferreira, N. (2006) e Mortágua (1999), em que o ataque posicional é a

fase do ataque que mais contribuiu com o desenvolvimento do processo

ofensivo.

Por este motivo Silva (2000a) afirma que a eficácia ofensiva na fase de

ataque posicional como é fundamental para separar as equipas em vitoriosas

ou derrotadas.

Page 110: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

86

A maior ocorrência da fase de ataque organizado em relação às fases

de ataque rápido, contra-ataque e contra-golo está relacionada com a estrutura

táctica das equipas adversárias, mas também pode indicar um bom retorno

defensivo da equipa observada como afirma, o seleccionador nacional de

Espanha na competição observada, Pastor Gómez (2006) que tem o retorno

defensivo como princípio de trabalho defensivo e é considerado como ponto

chave para execução em seus treinos e competições.

5.1.1.3 Categoria Sistema Defensivo

Verificou-se a utilização de variados sistemas defensivos. Pode verificar

a aplicação destes sistemas na Figura 5.

DS3 – Sistema defensivo 3:2:1; DS5 – Sistema defensivo 5:1; DS6 – Sistema defensivo 6:0; DSI – Sistema defensivo em inferioridade; DSM – Sistema defensivo misto; DZT – Defesa em zona temporária; RDP – Defesa em recuperação defensivas

Figura 5 – Sistemas defensivos

Pela análise da Figura 5, constata-se que o sistema de maior utilização é

o sistema defensivo 6:0, sendo no entanto de realçar que a equipa da Espanha

utiliza mais de 6 sistemas defensivos distintos durante a competição (exemplo:

3:2:1, 5:1, 6:0, 5:0, 4:0, 5+1 e 4+2).

Souza (2000) procurou realizar a modelação do processo defensivo no

Andebol de alto rendimento e encontrou como principais sistemas defensivos

utilizados o sistema 5:1, 6:0, 3:3, 5:0 (DSI), 5+1 (DSM).

Os resultados sobre a utilização dos sistemas defensivos vão de

encontro ao que afirma o treinador da equipa observada, que relata os

0,66%4,07%

8,68%14,51%

5,05% 7,14%

59,89%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

DS3 DS5 DS6 DSI DSM DZT RDP

Page 111: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

87

6,15% 5,05%9,12%

13,41%

0,22%

10,33%

41,21%

14,51%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

DRD EAJ EBL ECD EDZ ETM SED ESA

sistemas defensivos usuais em seus treinos e competições, para situações de

igualdade, inferioridade e superioridade numérica absoluta (Pastor Gómez,

2006).

5.1.1.4 Categoria Erro defensivo

A distribuição dos erros cometidos pela equipa observada em seu

processo defensivo pode ser observada na Figura 6.

DRD – Deficiente recuperação defensiva; EAJ – Erro de ajuda; EBL – Erro de bloco; ECD – Erro de controlo defensivo; EDZ – Erro de deslizamento; ETM – Erro de troca de marcação; SED – Sem erro defensivo ESA – Erro de saída ao portador da bola;

Figura 6 – Erros defensivos

Em seu estudo Souza (2000) encontrou o erro de controlo defensivo

como o erro mais cometido pelas equipas de Andebol de alto rendimento. Este

mesmo evento também foi referido no presente estudo como um dos principais

erros da equipa da Espanha, o que pode indicar a importância dos momentos

de individualização na defesa (“1X1”). Para o autor os erros mais efectuados

são a deficiente recuperação defensiva, o erro de deslizamento, a realização

de sete metros, o erro de troca de marcação e o erro do bloco.

As diferenças encontradas entre o presente trabalho e o estudo de

Souza (2000), podem residir na diferenciação de categorias e eventos

registados bem como na amostra utilizada.

O dado relevante a destacar é que aproximadamente 375 sequências

defensivas (41,21% do total) terminam sem erro defensivo, portanto com a

defesa a controlar o ataque adversário (falta de nove metros) ou a recuperação

da posse de bola pela equipa da Espanha.

Page 112: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

88

12,53%

24,62%

6,26%

22,20%

0,77%

3,74%

0,22%

4,51%

25,16%

0%

10%

20%

30%

F9 FT JP R7 RB RC RE RI SFN

Uma vez que os erros defensivos não estão associados directamente ao

golo sofrido, pode entender-se que o referido valor representa uma vantagem

para a equipa observada em seu processo defensivo.

5.1.1.5 Categoria Finalização do ataque adversário

A Figura 7 expõe os valores de frequência relativa para os eventos

observados relacionados às acções de finalização do ataque adversário.

F9 – Falta para Lançamento livre de 9 metros; FT – Falha técnica; JP – Jogo passivo; R7 – Remate de 7 metros RB – Roubo de bola; RC – Remate da zona central de primeira linha ofensiva; RE – Remate da zona dos extremos; RI – Remate da zona central de 6 metros; SFN – Sem finalização ofensiva

Figura 7 – Finalizações do ataque adversário

Os dados podem demonstrar uma orientação no jogo de Andebol, que

parece que as equipas direccionam seus ataques à zona central do terreno (RI

e RC) para a finalização com remate. Esta predisposição do ataque também foi

verificada por Czerwinski (1994) e Mortágua (1999) que encontraram dados

relevantes que indicam esta mesma orientação do jogo ofensivo.

Pode-se citar outros resultados, como os obtidos no estudo de Mortágua

(1999) que verificou os eventos: Falta de livre de 9 metros e Falha técnica

ofensiva, entre os de maior valor na relação com o término do processo

ofensivo das equipas observadas. Estes mesmos eventos aparecem como os

mais frequentes no fim do processo ofensivo adversário.

Um valor que contraria o encontrado por Mortágua (1999) é que a zona

central de segunda linha ofensiva é a mais procurada e utilizada pelas equipas

Page 113: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

89

9,35%

16,98%

50,76%

22,90%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

FO DG GO RS

no Andebol de elevado nível e no presente estudo foi encontrada uma maior

utilização da primeira linha ofensiva (RC= 24,62% E RI= 22,20%).

Esta maior utilização pode-se explicar pelo facto da equipa da Espanha

utilizar, em grande maioria, o sistema defensivo 6:0 que, provavelmente, vem a

oferecer uma maior oportunidade de finalizações da primeira linha ofensiva.

5.1.1.6 Categoria Acções de finalização da sequênci a defensiva

Esta categoria apresenta os eventos que contribuíram para a finalização

da sequência defensiva. Na Figura 8 observa-se os valores de frequência

relativa da ocorrência destes comportamentos no processo defensivo da

equipa espanhola.

FO – Falha de finalização ofensiva; DG – Defesa do guarda-redes; GO – Golo sofrido RS – Ressalto;

Figura 8 – Acções de finalização da sequência defensiva

Em seu estudo Mortágua (1999) afirma que as equipas tendem a não

conseguir superiorizar suas defesas aos ataques adversários, facto que vem a

ser contrariado pela equipa observada, neste estudo.

Observa-se que mais de metade das sequências acabam em golo do

adversário, o que pode significar que a equipa tem seu processo defensivo

subjugado ao processo ofensivo adversário, mas, por uma questão de

definição, esta categoria de eventos contem algumas lacunas.

Estas lacunas são referentes a sequências que terminam em falta de 9

metros, falha técnica do adversário e jogo passivo e por este motivo não

apresentam evento registado na categoria “Acções de finalização da sequência

Page 114: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

90

16,37%

4,51%

13,19%

5,27%

29,23%31,43%

0%

10%

20%

30%

Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 SRC

defensiva”, encerrando a sequência defensiva na categoria anterior. Sendo

assim, a categoria aqui apresentada não contempla todas as sequencias

observadas.

Os eventos “Falha técnica” e “Jogo passivo” representam mais de 12%

do total de sequências e indicam recuperação da posse de bola da equipa da

Espanha, o que indica que os valores desta categoria realmente não dizem

respeito ao total das sequências observadas.

O facto dos eventos, defesa do guarda-redes e ressalto, estarem entre

os mais importantes na finalização da sequência defensiva vão de encontro

aos resultados obtidos no estudo de Mortágua (1999), que verificou os mesmos

eventos entre os de maior relação com a recuperação da posse de bola e que

neste estudo também resultam no fim de uma sequência defensiva.

5.1.1.7 Categoria Zona de Recuperação

Na Figura 9 observa-se a zona onde a equipa espanhola recupera a

posse de bola.

Z1 – Zona da área de baliza; Z2 – zona dos extremos; Z3 – Zona central de 6 metros; Z4 – Zona acima dos 9 metros; Z5 – Zona após golo sofrido; SRC – Sem recuperação da posse de bola

Figura 9 – Zonas de Recuperação

Observa-se que o somatório das frequências relativas às zonas de

recuperações da posse de bola pela equipa observada (∑=39,34%) é maior do

que a percentagem de zona de recuperação após golo sofrido (Z5=29,23%)

com isso pode-se concluir que a equipa apresenta uma defesa eficiente, uma

vez que recupera mais bolas do que sofre golos.

Page 115: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

91

Os valores encontrados reforçam o estudo de Souza (2000) que

procurou modelar o processo defensivo em equipas de alto rendimento e

encontrou a mesma ordem de importância para as diferentes zonas de

recuperação da posse de bola. O facto da área de baliza e da zona central

próximo aos 6 metros aparecerem entre os mais efectivos na recuperação da

bola podem indicar um bom desempenho do guarda-redes da equipa

observada.

O guarda-redes é um posto específico de importância vital para as

equipas, e esta importância é relatada e atestada por Antón Garcia (1994);

Klein (1999); Mortágua (1999); Oliveira (1996); Silva (1999, 2000a). Porém

Antón Garcia (1994) e Constantini (1995) recordam que esta prestação do

guarda-redes não pode ser dissociada da prestação da defesa em si, uma vez

que existem diversos meios de colaboração da defesa com o guarda-redes,

através do bloco, da pressão sobre os adversários, dos contactos e

desequilíbrios provocados pelos defensores.

A seguir serão apresentados os resultados obtidos pela análise

descritiva realizada em função das variáveis estabelecidas para este estudo.

Page 116: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

92

5.1.2 Análise descritiva em função das variáveis

Nesta fase do estudo foram realizadas análises descritivas em função

das variáveis (i) “relação numérica” e (ii) “Resultado parcial”.

A seguir serão apresentados os dados da frequência relativa de

ocorrência dos eventos observados, considerados significativos para este

estudo, separados pela variável e pelas categorias estabelecidas.

5.1.2.1 Variável Relação Numérica Absoluta

Para esta variável, foram consideradas as situações de Igualdade

numérica absoluta (IG) que representam 77% da situações registadas,

Superioridade numérica absoluta (SN) com 16% do total e Inferioridade

numérica absoluta (IN) a contar com 7% das situações totais.

Os dados serão apresentados separados por categorias de eventos

registados no presente estudo e em relação a todas as situações estabelecidas

nesta variável.

5.1.2.1.1 Categoria Início da sequência defensiva

A figura 10 expõe os valores obtidos a partir dos eventos relacionados

as formas de início da sequência defensiva para as situações de relação

numérica absoluta estabelecidas.

Page 117: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

93

a) IG

0,9%

9,2%12,2%

5,0%1,3%

25,0%

7,9%

38,6%

0%

10%

20%

30%

40%

ATI DGR FAE FFO GLA INA L9m RSO

b) SN

0,7%

9,7% 9,7%5,5%

1,4%

24,1%

9,7%

39,3%

0%

10%

20%

30%

40%

ATI DGR FAE FFO GLA INA L9m RSO

c) IN

1,5% 1,5%

21,2%

0,0%

30,3%

3,0%

31,8%

10,6%

0%

10%

20%

30%

40%

ATI DGR FAE FFO GLA INA L9m RSO

ATI – Ataque inicial; DGR – Defesa do guarda-redes; FAE – Falha técnica; FFO – Falha de finalização ofensiva; GLA – Golo marcado; INA – Intervenção do adversário; L9m – Livre de 9 metros; RSO – Ressalto ofensivo

Figura 10 – Formas de início da sequência defensiva – 10a) Igualdade numérica IG – 10b) Superioridade numérica SN – 10c) Inferioridade numérica IN

Estes dados vão de encontro aos encontrados por Vilaça (2001) que ao

estudar o processo ofensivo em desigualdade numérica, refere os eventos

Golo sofrido, falha técnica, defesa do guarda-redes, ressalto e falha de

finalização ofensiva sendo os de maior ocorrência como forma de início do

processo ofensivo em superioridade e inferioridade.

Destaca-se que em inferioridade numérica a equipa observada

apresenta um menor número de golos marcados e de defesas do guarda-

redes, assim como um maior número de falhas técnicas ofensivas e de faltas

cometidas na defesa a proporcionar o início da sequência em livre de 9 metros.

O aumento relativo das falhas, a diminuição da frequência dos golos

marcados e das defesas do guarda-redes podem ser explicados pela

dificuldade para organizar o jogo ofensivo e para finalizar este ataque, quando

se está em inferioridade.

A maior frequência relativa da sequência se iniciar em livre de 9 metros

pode ser explicado pelo facto da equipa tentar impedir a continuidade do

ataque adversário, como afirma o treinador da selecção observada Pastor

Goméz (2006). Neste sentido a equipa teria o objectivo de conseguir ganhar

Page 118: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

94

a) IG

7,30% 7,15%1,14%

84,41%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

AO AR CA CG

b) SN

2,07% 2,76% 0,00%

95,17%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

AO AR CA CG

c) IN

3,03%10,61%

0,00%

86,36%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

AO AR CA CG

tempo com o reinício do jogo uma vez que a equipa está em inferioridade

numérica a espera poder completar seu quadro efectivo.

O número mais elevado de falhas no ataque em inferioridade numérica

também foi verificado por Barbosa (1999) que explica que em desigualdade

numérica a relação espacial entre defensor e atacante assume um papel

importante, favorecendo quem está com o maior efectivo numérico. O mesmo

autor afirma que a eficácia ofensiva absoluta é menor para as equipas em

inferioridade numérica.

5.1.2.1.2 Categoria Fase do ataque adversário

Na Figura 11 apresentam-se as diferenças encontradas na utilização da

das fases do processo ofensivo pelo adversário nas situações de relação

numérica absoluta.

AO – Ataque posicional; AR – Ataque rápido; CA – Contra-ataque; CG – Contra-golo

Figura 11– Fases do ataque adversário – 11a) Igualdade numérica IG – 11b) Superioridade numérica SN – 11c) Inferioridade numérica IN

Estes dados estão de acordo com a distribuição dos valores na análise

descritiva geral portanto nestas situações confirma-se o ataque posicional

Page 119: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

95

como o comportamento que mais colabora para o desenvolvimento do

processo ofensivo (Barbosa, 1999; Ferreira, N., 2006; Mortágua, 1999).

Pode-se ressaltar os valores relativos da fase de ataque posicional em

superioridade, representando quase a totalidade dos eventos observados no

desenvolvimento do processo ofensivo no jogo.

O aumento do valor relativo do contra-ataque na fase de inferioridade

numérica absoluta, expressa o cuidado que com que a equipa deve preparar e

executar seu retorno defensivo nestas situações (Martínez e La Paz, citados

por Garcia Herrero, 2003c). Este facto consolida a importância do ataque

posicional que é destacada por Silva (2000a) ao afirmar que a efectividade do

processo ofensivo na fase posicional pode influenciar directamente no

resultado final do jogo.

5.1.2.1.3 Categoria Sistema defensivo

Na Figura 12 observam-se os sistemas defensivos na variável relação

numérica absoluta.

DS3 – Sistema defensivo 3:2:1; DS5 – Sistema defensivo 5:1; DS6 – Sistema defensivo 6:0; DSI – Sistema defensivo em inferioridade; DSM – Sistema defensivo misto; DZT – Defesa em zona temporária; RDP – Defesa em recuperação defensivas

Figura 12 – Sistemas defensivos – 12a) Igualdade numérica IG – 12b) Superioridade numérica SN – 12c) Inferioridade numérica IN

c) IN

0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%9,1%

90,9%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

DS3 DS5 DS6 DSI DSM DZT RDP

b) SN

0,00%6,21%

27,59%

0,00%

60,00%

2,76%3,45%0%

20%

40%

60%

80%

100%

DS3 DS5 DS6 DSI DSM DZT RDP

a) IG

0,86%4,01%

72,10%

2,86%6,44%6,01%7,73%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

DS3 DS5 DS6 DSI DSM DZT RDP

Page 120: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

96

Os dados obtidos nesta categoria vão de encontro às afirmações do

seleccionador nacional de Espanha, que relaciona os sistemas defensivos

treinados e executados pela equipa observada nas diferentes situações de

relação numérica absoluta.

Pastor Goméz (2006) afirma que em superioridade numérica a equipa

deve “subir um nível”, isto é, utilizar sistemas mais profundos para pressionar o

adversário em todo o terreno de jogo, e quando for necessário deve-se utilizar

os sistemas mistos para impedir algum jogador mais habilidoso de participar do

processo ofensivo adversário.

Esta ideia de marcar os jogadores mais habilidosos com os sistemas

defensivos mistos também foi observada por Barbosa (1999) para as situações

de superioridade numérica absoluta da defesa.

Nestas situações a fase de recuperação defensiva apresenta seus

valores relativos mais elevados. Isto vem confirmar os dados da categoria “fase

de ataque adversário” que indicam que nestas situações a equipa foi forçada a

utilizar mais a “recuperação defensiva” do que nas outras relações numéricas,

o que pode indicar uma, relativa, maior pressão do adversário sobre a equipa

da Espanha.

Este facto vem reforçar o cuidado que uma equipa deve ter com o treino

destas situações de retorno defensivo em inferioridade numérica absoluta. Esta

preocupação com o retorno defensivo foi referida por Garcia Herrero (2003c)

como determinante para o resultado final da partida.

5.1.2.1.4 Categoria Erro defensivo

Pode-se observar na Figura 13 os valores e a distribuição dos erros

cometidos pela equipa espanhola em seu processo defensivo.

Page 121: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

97

c) IN

4,5%

16,7%

9,1%12,1%

1,5%

12,1%

31,8%

12,1%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

DRD EAJ EBL ECD EDZ ETM SED ESA

b) SN

4,1% 2,1%

13,8% 12,4%

0,0%6,2%

48,3%

13,1%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

DRD EAJ EBL ECD EDZ ETM SED ESA

a) IG

6,7% 4,6%8,2%

13,7%

0,1%

11,0%

40,6%

15,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

DRD EAJ EBL ECD EDZ ETM SED ESA

DRD – Deficiente recuperação defensiva; EAJ – Erro de ajuda; EBL – Erro de bloco; ECD – Erro de controlo defensivo; EDZ – Erro de deslizamento; ETM – Erro de troca de marcação; SED – Sem erro defensivo; ESA – Erro de saída ao portador da bola

Figura 13 – Erros defensivos – 13a) Igualdade numérica IG – 13b) Superioridade numérica SN – 13c) Inferioridade numérica IN

Destacam-se os valores relativos ao aumento do erro de ajuda e

deslizamento em inferioridade numérica, que vem de encontro ao que Silva

(2000b) relata, as equipas em inferioridade numérica predispõem-se a defender

de forma mais agressiva, aumentando as entreajudas defensivas, procurando

anular a vantagem do ataque adversário.

Os valores relativos ao erro do bloco podem ser explicados pelo que

encontrou Aniz, Garcia Herrero, Arrelano, Barbado, Domínguez e Garcia Calvo

(2002) em seu estudo, que analisou do jogo de ataque em desigualdade

numérica e encontrou valores que demonstram que o processo ofensivo

procura, em superioridade numérica absoluta os remates de 6 metros e em

inferioridade as equipas procuram, ou são condicionadas a efectuar, os

remates de 9 metros.

A diminuição do valor relativo do erro de troca de marcação e da

deficiente recuperação defensiva em superioridade numérica absoluta da

defesa observada confirma a ideia da dificuldade de se atacar em inferioridade

numérica e que a relação dos espaços entre defensores e atacantes realmente

favorece a defesa, nestas situações.

Page 122: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

98

a) IG

11,4%

0,1%

24,9%

6,0%

22,6%

0,9%

4,0%3,9%

26,2%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

F9 FT JP R7 RB RC RE RI SFN

b) SN

14,5%

0,7% 2,1%

7,6%

24,8%

4,1%

19,3%

0,7%

26,2%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

F9 FT JP R7 RB RC RE RI SFN

c) IN

19,7% 21,2%

13,6%

24,2%

0,0%0,0%

4,5% 4,5%

12,1%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

F9 FT JP R7 RB RC RE RI SFN

O valor relativo das sequências que terminam sem erro defensivo, ou

seja, em recuperação directa para a equipa da Espanha nas situações de

superioridade numérica absoluta alcança quase metade das sequências nestas

situações, o que mostra uma superioridade da defesa sobre o ataque.

Como afirma Barbosa (1999) a desigualdade numérica absoluta

favorece a equipa que tem o maior efectivo no terreno de jogo, facto que pode

ser verificado neste estudo, para a defesa da Espanha em superioridade

numérica.

5.1.2.1.5 Categoria Finalização do ataque adversári o

Nesta categoria são descritos os comportamentos relacionados com a

zona de finalização do ataque adversário. Na Figura 14 observa-se a

frequência relativa da ocorrência destes eventos.

FT – Falha técnica; JP – Jogo passivo; R7 – Remate de 7 metros; RB – Roubo de bola; RC – Remate da zona central de primeira linha ofensiva; RE – Remate da zona dos extremos; RI – Remate da zona central de 6 metros; SFN – Sem finalização ofensiva

Figura 14 – Finalizações do ataque adversário – 14a) Igualdade numérica IG – 14b) Superioridade numérica SN – 14c) Inferioridade numérica IN

Em superioridade numérica absoluta pode-se destacar um maior valor

relativo de roubos de bolas e um menor valor relativo de finalizações na zona

Page 123: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

99

central de 6 metros, na zona dos extremos e dos remates de 7 metros, assim

como um alto valor relativo de faltas de 9 metros, demonstrando uma

superioridade da defesa nestas situações.

Destaca-se que em inferioridade a equipa adversária apresenta um

maior número de finalizações da zona central da defesa próxima a área de

baliza (RI) o que pode indicar a procura do processo ofensivo por estas zonas

de finalização, ponto importante a se contabilizar nos treinos de inferioridade

numérica.

Os dados relativos às zonas de remate do adversário vão de encontro

aos dados que Aniz et al. (2002) encontrou em seu estudo do processo

ofensivo no Andebol de alto rendimento, onde as equipas em inferioridade

procuram, ou são condicionadas à procurar, mais o remate de 9 metros, pela

dificuldade de penetrar nos espaços reduzidos. Já em superioridade procuram

o remate próximo a área de 6 metros, uma vez que a própria continuidade do

jogo ofensivo pode levar a estes remates.

Esta maior concentração de finalizações na zona central da segunda

linha ofensiva é confirmada por Barbosa (1999) em seu estudo do processo

ofensivo que encontrou esta zona do terreno de jogo como a mais procurada

para as finalizações do ataque.

Em inferioridade numérica pode-se destacar ainda o baixo valor relativo

de faltas de 9 metros e o alto valor relativo de finalizações dos extremos, estes

comportamentos parecem contrariar as especificações do seleccionador

nacional de Espanha (Pastor Goméz, 2006) que afirma que nestas situações

deve-se procurar interromper, o máximo possível, a continuidade do ataque

adversário.

O alto valor relativo para as faltas de nove metros na superioridade

numérica absoluta podem reforçar os resultados obtidos por Barbosa (1999)

que ao estudar o processo ofensivo encontrou que as equipas em inferioridade

numéricas sofrem mais faltas relativamente às situações de superioridade

numérica ofensiva.

O aumento de falhas técnicas do adversário e do roubo de bola em

inferioridade numérica da equipa da Espanha reforça a ideia salientada por

Page 124: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

100

a) I G

9,8%15,9%

52,5%

21,8%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

FO DG GO RS

b) SN

6,8%

24,3%

40,5%

28,4%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

FO DG GO RS

c) IN

9,5%14,3%

52,4%

23,8%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

FO DG GO RS

Cardoso (2003), Silva (2000a) e Vilaça (2001) que em situações de

superioridade numérica as equipas não aproveitam seus ataques da mesma

forma que em igualdade numérica absoluta.

Silva (2000a) explica que este facto deve-se a três factores, (i) em

superioridade as equipas optam, na maior parte, por um jogo de combinações

ofensivas fechadas, o que as torna mais previsíveis, (ii) as equipas tentam

marcar o golo de forma rápida o que, por vezes, pode acarretar em decisões

precipitadas e (iii) as equipas em inferioridade predispõem-se a defender de

forma mais “agressiva” e aumentam as entreajudas defensivas procurando

anular a vantagem numérica do ataque.

5.1.2.1.6 Categoria Acções de finalização da sequên cia defensiva

Esta categoria refere-se aos comportamentos relativos as finalizações

do ataque adversário. Na Figura 15 observam-se as frequências relativas dos

eventos registados.

FO – Falha de finalização ofensiva; DG – Defesa do guarda-redes; GO – Golo sofrido; RS – Ressalto

Figura 15 – Acções de finalização da sequência defensiva – 15a) Igualdade numérica IG – 15b) Superioridade numérica SN – 15c) Inferioridade numérica IN

Page 125: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

101

a) IG

16,3%

4,6%

12,3%

4,9%

30,5% 31,5%

0%

10%

20%

30%

40%

Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 SRC

b) SN

16,6%

3,4%

15,2%

8,3%

20,7%

35,9%

0%

10%

20%

30%

40%

Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 SRC

4

c) IN

18,2%

6,1%

18,2%

3,0%

33,3%

21,2%

0%

10%

20%

30%

40%

Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 SRC

Vilaça (2001) ao estudar o processo ofensivo em desigualdade numérica

encontrou os eventos, golo marcado, defesa do guarda-redes, ressalto e falha

de finalização ofensiva como os principais eventos relacionados com o fim do

processo ofensivo em superioridade numérica absoluta. A ordem de

importância em inferioridade numérica só diferenciava, do presente trabalho,

para o ressalto e a falha de finalização ofensiva.

No presente trabalho para as situações de superioridade numérica

absoluta a equipa observada apresenta a menor frequência relativa de golos

sofridos e os maiores valores de defesa do guarda-redes e ressalto. Isto pode

reforçar a ideia de um bom aproveitamento da Defesa nestas situações, e a

dificuldade das equipas de jogar em inferioridade numérica absoluta (Barbosa,

1999; Cuesta, 1987; Vilaça, 2001).

5.1.2.1.7 Categoria Zona de Recuperação

A Figura 16 apresenta as frequências relativas das zonas de

recuperação da posse de bola.

Z1 – Zona da área de baliza; Z2 – Zona dos jogadores extremos; Z3 – Zona central de 6 metros; Z4 – Zona central acima dos 9 metros; Z5 – Zona após golo sofrido; SRC – Sem recuperação da posse de bola

Figura 16 – Zonas de Recuperação – 16a) Igualdade numérica IG – 16b) Superioridade numérica SN – 16c) Inferioridade numérica IN

Page 126: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

102

Os dados encontrados para as situações de desigualdade numérica vão

de encontro ao encontrado por Vilaça (2001) que apesar da diferente

nomenclatura e diferentes resultados relativos, encontrou as zonas de

recuperação da posse de bola na mesma ordem de importância para as

diferentes relações numéricas absolutas.

Pode-se destaca-se o aumento do somatório da frequência relativa da

recuperação de posse de bola nas zonas directamente ligada a equipa

observada (Z1 à Z4) que é de 36,4% em igualdade numérica, 40,7% em

superioridade (como se pode esperar) e 44% em inferioridade numérica da

equipa da Espanha, que consolida o facto de que os adversários não

aproveitam seus momentos de superioridade no ataque (Cardoso, 2003; Silva,

2000a; Vilaça, 2001).

Considerando que a frequência relativa da recuperação da posse de

bola após golo sofrido também alcance seu valor mais alto (33,3%) em

situações de inferioridade numérica absoluta, este valor ainda é abaixo que o

somatório das recuperações nas zonas relativas ao guarda-redes e aos

jogadores de campo, que também que alcançam seus valores mais altos

nestas mesmas situações (excepto a zona Z4).

A seguir serão apresentados os dados obtidos a partir da análise

descritiva relacionada com a variável resultado parcial.

Page 127: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

103

c) PD

0,00%

7,14% 8,04%1,79%

46,43%

4,46%

23,21%

8,93%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

ATI DGR FAE FFO GLA INA L9m RSO

a) PE

1,17%

10,56%11,03%4,93%

35,45%

0,94%

27,23%

8,69%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

ATI DGR FAE FFO GLA INA L9m RSO

b) PN

0,81%6,99%

15,32%

5,38%

38,71%

1,08%

23,92%

7,80%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

ATI DGR FAE FFO GLA INA L9m RSO

5.1.2.2 Variável Resultado Parcial

Esta variável apresenta as situações de Parciais Equilibrados, Parciais

Normais e Parciais Desequilibrados, como referido no Capítulo Material e

Métodos. Os dados serão apresentados separados por categorias em relação

as situações estabelecidas nesta variável.

5.1.2.2.1 Categoria Início da sequência defensiva

Na Figura 17 observa-se o comportamento da ocorrência dos eventos

registados nesta categoria, nos diferentes momentos parciais estabelecidos.

ATI – Ataque inicial; DGR – Defesa do guarda-redes; FAE – Falha técnica; FFO – Falha de finalização ofensiva; GLA – Golo marcado; INA – Intervenção do adversário; L9m – Livre de 9 metros; RSO – Ressalto ofensivo

Figura 17– Formas de início da sequência defensiva – 17a) Parcial equilibrado PE – 17b) Parcial normal PN – 17c) Parcial desequilibrado PD

Os momentos de parcial desequilibrado mostram os maiores valores

relativos dos golos marcados, dos ressaltos ofensivos e os menores valores de

falhas técnicas e de finalizações do ataque de Espanha. Estes valores

reforçam a ideia de que as equipas tem maior facilidade de marcar golos em

parciais desequilibrados (Vilaça, 2001).

Page 128: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

104

Nestas situações de parcial desequilibrado, este dados podem significar

o resultado está a favorecer a equipa observada e pode-se confirmar com o

somatório relativo das formas de início da sequência relativas a recuperação da

posse de bola pelo adversário (DGR; FAE; FFO; INA; RSO - ∑=30,36%) em

relação aos golos marcados pela equipa observada (GLA=46,43%) nestes

momentos parciais do jogo.

Em momentos de resultado parcial normal a equipa apresenta um maior

valor relativo de falhas ofensivas (FAE; FFO) como fonte de início da sequência

defensiva, o que pode significar uma maior dificuldade do ataque da equipa

observada nestes momentos de parciais normais. Em contrapartida

apresentam-se os menores valores na recuperação da posse de bola pelo

guarda-redes e a partir do ressalto, que podem indicar um melhor

aproveitamento relativo das finalizações.

Nas situações de parcial normal, o somatório dos valores ligados a

recuperação da posse de bola pelo adversário (37,38%) é menor do que o

valor dos golos marcados (38,31%), mas com um maior equilíbrio que nos

momentos de parcial desequilibrado.

Silva (2000a) estabelece que um factor determinante no resultado final é

a eficácia de remate de primeira e segunda linha em parciais normais e, já que

a equipa observada apresenta uma eficácia relativa do processo ofensivo

nestes momentos do jogo, pode-se entender que este dado reforça a boa

actuação da equipa na competição.

Nos momentos de parcial equilibrado a equipa observada apresenta o

maior valor de frequência relativa para o evento “Livre de 9 metros”, o que pode

significar uma maior preocupação da defesa da equipa observada em

interromper a continuidade do processo ofensivo adversário nestes momentos

do jogo.

Vilaça (2001) encontrou em seu estudo do processo ofensivo que em

momentos de parciais equilibrados as equipas tem maior dificuldade de marcar

golos, facto este que parece acontecer com a equipa observada neste estudo.

Page 129: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

105

a) PE86,38%

5,16% 7,28%1,17%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

AO AR CA CG

b) PN84,68%

8,06% 6,45%0,81%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

AO AR CA CG

c) PD91,07%

3,57% 5,36%0,00%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

AO AR CA CG

5.1.2.2.2 Categoria Fases do ataque

Na Figura 18 pode-se observar o resultado obtido para os eventos

registados quanto as fases de ataque.

AO – Ataque posicional; AR – Ataque rápido; CA – Contra-ataque; CG – Contra-golo

Figura 18 – fases do ataque adversário – 18a) Parcial equilibrado PE – 18b) Parcial normal PN – 18c) Parcial desequilibrado PD

Pode-se ressaltar a grande utilização do ataque posicional em todas as

situações estabelecidas, que consolida os resultados obtidos na análise

descritiva geral e nos estudos anteriormente citados (Barbosa, 1999; Ferreira,

N., 2006; Mortágua, 1999).

As diferenças entre os parciais estabelecidos ficam para a maior

utilização relativa do contra-ataque e contra-golo no parcial equilibrado, que

parece apontar que a equipa observada sofre maior pressão no seu retorno

defensivo nestes momentos parciais. Estes valores reforçam a ideia da

importância do retorno defensivo para combater estas situações de contra-

ataque e contra-golo no jogo (Martínez e La Paz, citados por Garcia Herrero,

2003c).

Page 130: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

106

A maior utilização do ataque rápido em momentos de parcial normal

indica uma pressão do adversário, mas relativamente menor do que nos

parciais equilibrados.

A menor utilização do ataque rápido, contra-ataque e contra-golo nos

momentos de resultado parcial desequilibrado, que parece demonstrar um

retorno defensivo, relativamente mais eficaz da equipa observada nestes

momentos do jogo.

Estes valores nos momentos parciais desequilibrados confirmam a ideia

estabelecida por Vilaça (2001) de que as equipas favorecidas por estes

parciais desequilibrados têm mais facilidade na construção do processo

ofensivo.

5.1.2.2.3 Categoria Sistemas defensivos

Na partir da Figura 19 é possível observar os valores registados para a

utilização dos sistemas defensivos.

DS3 – Sistema defensivo 3:2:1; DS5 – Sistema defensivo 5:1; DS6 – Sistema defensivo 6:0; DSI – Sistema defensivo em inferioridade; DSM – Sistema defensivo misto; DZT – Defesa em zona temporária; RDP – Defesa em recuperação defensivas

Figura 19 – Sistemas defensivos – 19a) Parcial equilibrado PE – 19b) Parcial normal PN – 19c) Parcial desequilibrado PD

c) PD

0,00%0,89%

63,39%

5,36%

21,43%

3,57%5,36%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

DS3 DS5 DS6 DSI DSM DZT RDP

a) PE

1,41%5,63%

55,87%

6,34%

17,84%

4,69%8,22%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

DS3 DS5 DS6 DSI DSM DZT RDP

b) PN

0,00% 3,23%

63,17%

12,63%8,60% 5,91%6,45%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

DS3 DS5 DS6 DSI DSM DZT RDP

Page 131: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

107

Verifica-se que a equipa da Espanha apresenta uma maior frequência de

utilização dos sistemas defensivos de desigualdade e de defesa em zona

temporária, nos momentos de resultado parcial normal.

Estes sistemas defensivos em inferioridade estão ligados a uma situação

de inferioridade numérica absoluta da equipa observada e assumem seu maior

valor nos parciais normais, o que pode indicar que a equipa sofre mais

exclusões nestes momentos do jogo.

O sistema defensivo 6:0 é o mais utilizado pela equipa espanhola em

todos os momentos estabelecidos, mas em momentos de parcial

desequilibrado e normal esta utilização passa dos 63%.

Nos momentos de parciais equilibrados verifica-se uma utilização mais

variada dos sistemas defensivos. Apresenta também o menos valor de

utilização do sistema 6:0 e a utilização do sistema 3:2:1 só aparece nestes

momentos parciais do jogo.

Pode-se entender que nestes momentos a equipa parece preocupar-se

com esta utilização variada de sistemas defensivos, bem como com exercer

pressão sobre o adversário já que alguns sistemas mais profundos como os

sistemas 3:2:1, 5:1 e sistemas mistos (DSM) apresentam valores relativos mais

elevados nestes momentos.

O que pode indicar que a equipa está a procura de pressionar o

adversário nestes momentos do jogo como enfatiza o treinador da equipa da

Espanha, Juan Carlos Pastor Goméz.

5.1.2.2.4 Categoria Erro defensivo

A Figura 20 apresenta os valores de frequência relativa dos eventos

relacionados aos erros cometidos no processo defensivo.

Page 132: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

108

c) PD

9,82%

50,89%

8,93%10,71%

0,00%

12,50%5,4 9%

4,46%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

DRD EAJ EBL ECD EDZ ETM SED ESA

b) PN

16,94%12,90%

40,32%

4,4 9%

0,27%

9,68%6,72%

4,4 9%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

DRD EAJ EBL ECD EDZ ETM SED ESA

a) PE

11,27%

0,23%

39,44%

17,37%12,21%

4,23% 7,75%

7,51%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

DRD EAJ EBL ECD EDZ ETM SED ESA

DRD – Deficiente recuperação defensiva; EAJ – Erro de ajuda; EBL – Erro de bloco; ECD – Erro de controlo defensivo; EDZ – Erro de deslizamento; ETM – Erro de troca de marcação; SED – Sem erro defensivo ESA – Erro de saída ao portador da bola;

Figura 20 – Erros defensivos – 20a) Parcial equilibrado PE – 20b) Parcial normal PN – 20c) Parcial desequilibrado PD

Pode-se ressaltar o grande valor relativo da ocorrência de sequências

defensivas sem erro defensivo para os momentos de parcial desequilibrado,

este evento verifica-se em mais da metade das sequências observadas nestas

situações. Outro resultado a destacar é que o erro de controlo defensivo

assume seu menor valor e o erro do bloco seu maior valor relativo. O valor

elevado de erro de troca de marcação vem corroborar com a suposição de que

nestas situações a equipa actua de forma mais colectiva e menos

individualizada em sua defesa.

Nos momentos de parciais normais o erro de controlo defensivo

apresenta o maior valor e o erro de troca de marcação apresentam seu menor

valor. Isto pode indicar uma maior individualização das responsabilidades

defensivas nestes momentos do jogo, ou uma forma de jogo mais

individualizada pelo ataque adversário.

Para o parcial equilibrado observa-se uma maior frequência relativa dos

erros “Saída ao portador da bola” e “Deficiente recuperação defensiva”, o que

pode indicar uma maior utilização do remate à distância e uma maior pressão

do adversário sobre a equipa espanhola. Pode-se ressaltar ainda o maior valor

Page 133: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

109

c) PD

16,07%

0,00%1,79%

10,71%

25,89%

7,14%

12,50%

2,68%

23,21%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

F9 FT JP R7 RB RC RE RI SFN

b) PN

13,98%

0,27%4,03%3,49%

23,92%

7,80%

21,77%

1,08%

23,66%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

F9 FT JP R7 RB RC RE RI SFN

a) PE

10,33%

0,23%3,99%3,76%

24,88%

4,69%

25,12%

0,00%

27,00%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

F9 FT JP R7 RB RC RE RI SFN

do erro de troca de marcação nos momentos de parcial equilibrado, mostrando

uma maior importância da táctica de grupo nestes momentos do jogo.

5.1.2.2.5 Categoria Finalização do ataque adversári o

Na figura 21 observam-se os valores de frequência relativa para os

eventos relacionados com a finalização do ataque adversário.

F9 – Falta para Lançamento livre de 9 metros; FT – Falha técnica; JP – Jogo passivo; R7 – Remate de 7 metros RB – Roubo de bola; RC – Remate da zona central de primeira linha ofensiva; RE – Remate da zona dos extremos; RI – Remate da zona central de 6 metros; SFN – Sem finalização ofensiva

Figura 21– Finalizações do ataque adversário – 21a) Parcial equilibrado PE – 21b) Parcial normal PN – 21c) Parcial desequilibrado PD

Nos momentos de parciais desequilibrados a equipa pode estar mais

preocupada com a zona central próximo a área de baliza uma vez que

apresenta o menor valor para a frequência relativa de finalizações nesta zona

do terreno de jogo.

Em contrapartida nestes momentos o adversário apresenta o maior valor

para as finalizações de primeira linha ofensiva, que se ajusta a ideia da equipa

da Espanha utilizar mais o sistema defensivo 6:0 nestas situações. Isto pode

proporcionar mais oportunidades para os remates de média e longa distância,

Page 134: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

110

bem como pode indicar uma tentativa de colaboração defesa/guarda-redes a

partir do bloco defensivo.

Em momentos de parcial desequilibrado pode-se verificar uma

superioridade da defesa da Espanha uma vez que apresentam o maior valor de

falhas técnicas do adversário e de roubo de bola nestas situações.

Os remates de primeira linha ofensiva apresentam seu menor valor nos

momentos de parcial normal, o que pode indicar um maior controlo destas

finalizações nestes momentos do jogo. Em contrapartida o remate dos

extremos mostra seu mais elevado valor nestas situações, o que pode

demonstrar uma falha da defesa em interromper a continuidade do ataque

adversário.

Uma vez que Silva (2000a) destaca a eficácia de remates de primeira

linha em parciais normais como factor determinante para o resultado do jogo,

pode-se entender que, ao diminuir ocorrência relativa destas finalizações a

equipa da Espanha poderia influenciar o resultado do jogo a seu favor.

É possível destacar que nos momentos de parciais equilibrados a equipa

mostra uma menor frequência relativa para finalização dos jogadores extremos,

mas uma maior frequência das finalizações de 6 metros da zona central

defensiva.

Isto pode demonstrar que as finalizações terminam na zona central

defensiva e por isto os adversários utilizam menos os jogadores extremos, mas

ao mesmo tempo existe uma fragilidade dos centrais defensivos nestas

situações registadas.

Nestes parciais equilibrados apresenta-se o maior valor para a

realização da falta de 9 metros que indica uma probabilidade da equipa

procurar interromper a continuidade do ataque com faltas, que pode

demonstrar o equilíbrio do jogo nestes momentos.

Page 135: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

111

c) PD

41,07%

23,21%

8,93%

26,79%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

FO DG GO RS

b) PN50,00%

27,06%

9,63%13,30%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

FO DG GO RS

a) PE

18,00% 19,20%

53,60%

9,20%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

FO DG GO RS

5.1.2.2.6 Categoria Acções de finalização da sequên cia defensiva

Esta categoria apresenta os eventos relacionados com as acções que

finalizam uma sequência defensiva. Na Figura 22 observam-se os valores de

frequência relativa da ocorrência destes eventos.

FO – Falha de finalização ofensiva; DG – Defesa do guarda-redes; GO – Golo sofrido RS – Ressalto;

Figura 22 – Acções de finalização da sequência defensiva – 22a) Parcial equilibrado PE – 22b) Parcial normal PN – 22c) Parcial desequilibrado PD

Os valores obtidos no parcial desequilibrado podem indicar uma maior

eficácia do guarda-redes e da defesa, já que a frequência da defesa do guarda-

redes apresenta-se mais elevada nestes momentos, assim como os golos

sofridos apresentam seu menor valor relativo.

Para o parcial normal verificam-se os menores valores de defesa do

guarda-redes, o que pode indicar uma menor efectividade da defesa sobre o

ataque adversário nestes momentos do jogo, mesmo que estes momentos não

apresentem o maior valor relativo para os golos sofridos.

Nos parciais equilibrados é possível destacar o elevado valor para o golo

sofrido, que passa dos 53%, mostrando dificuldades para a defesa e o guarda-

redes. Nestas situações a defesa também apresenta o maior valor relativo de

faltas de 9 metros, onde a defesa parece demonstrar uma tentativa de controlo

ou interrupção do processo ofensivo.

Page 136: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

112

a) PE

3,99%

11,74%

4,69%

32,39%31,46%

15,73%

0%

10%

20%

30%

40%

Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 SRC

b) PN

4,84%

14,52%

5,38%

15,59%

30,38%29,30%

0%

10%

20%

30%

40%

Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 SRC

c) PD

5,36%

14,29%

7,14%

20,54%

31,25%

21,43%

0%

10%

20%

30%

40%

Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 SRC

Vale lembrar que estes eventos e valores não representam o total de

sequências observadas e somente as sequencias que terminaram com remate.

Portanto os valores obtidos nesta categoria não são relativos ao total de

ocorrências da amostra.

5.1.2.2.7 Categoria Zona de Recuperação da posse de bola

A zona de finalização exibe um padrão semelhante na distribuição das

frequências relativas dos eventos considerados. Na Figura 23 observam-se os

resultados obtidos.

Z1 – Zona da área de baliza; Z2 – Zona dos jogadores extremos; Z3 – Zona central de 6 metros; Z4 – Zona acima dos 9 metros; Z5 – Zona após golo sofrido; SRC – Sem recuperação da posse de bola

Figura 23 – Zonas de recuperação – 23a) Parcial equilibrado PE – 23b) Parcial normal PN – 23c) Parcial desequilibrado PD

É possível destacar que para os momentos de parciais desequilibrados a

equipa apresenta o menor valor nas recuperações de posse de bola após golo

e o maior valor para a recuperação da posse de bola na zona da área de

baliza, o que pode indicar que na maioria dos momentos de resultado parcial

desequilibrado o marcador pode estar a favor da equipa observada.

Page 137: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

113

Pode-se destacar ainda que o somatório das frequências relativas de

ocorrência da recuperação da posse de bola pela equipa observada (Z1 à Z4)

em relação a recuperação após golo (Z5), aumenta do parcial equilibrado

(36,15%) para o parcial normal (40,33%) e para o parcial desequilibrado onde

alcança seu maior valor e maior diferença (48,22%).

Esta diferença do somatório dos momentos de parcial equilibrado para o

desequilibrado, respectivamente, mostra de maneira definitiva que a equipa

observada apresenta uma frequência relativa maior no que respeita à

recuperação da posse de bola do que no que se refere aos golos sofridos em

todos os momentos do jogo. Porém a proximidade dos valores nos momentos

de parcial equilibrado consolida a definição destes momentos, o que indica o

equilíbrio entre as equipas em confronto.

Page 138: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

114

5.2 Análise Sequencial

A análise sequencial foi realizada segundo a técnica de transições

descrita no Capítulo Material e Métodos. Esta análise verificou as relações

probabilísticas entre os comportamentos registados nas sequências

observadas, não sendo possível no entanto, estabelecer uma relação directa

entre os eventos.

Para esta análise foram consideradas as duas varáveis estabelecidas no

estudo, sendo elas:

� Relação Numérica Absoluta (Igualdade, Superioridade e Inferioridade), para

verificar diferenças na frequência relativa da ocorrência dos

comportamentos nas diferentes situações numéricas;

� Resultado Parcial (Parcial Equilibrado, Parcial Normal e Parcial

Desequilibrado) para verificar diferenças na frequência relativa da

ocorrência dos comportamentos nas diferentes condições de resultado

parcial.

Foram estabelecidas 4 análises para o presente estudo sendo elas (i)

análise prospectiva considerando como conduta critério os eventos da

categoria “Início da sequência defensiva”; (ii) análise prospectiva considerando

como conduta critério os eventos da categoria “Sistema defensivos”; (iii) análise

prospectiva e retrospectiva considerando como conduta critério os eventos da

categoria “Erros defensivos”; (iv) análise retrospectiva considerando como

conduta critério os eventos da categoria “Acções de finalização da sequência

defensiva”.

Estas análises foram realizadas em função das 2 variáveis estabelecidas

e todos os eventos registados foram considerados como possíveis condutas

critério e/ou objecto nas análises realizadas.

A seguir serão apresentados os resultado obtidos a partir da análise

realizada.

Page 139: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

115

5.2.1 Análise sequencial em função da variável Rela ção numérica absoluta

Para esta análise consideram-se as situações de Igualdade numérica

absoluta (IG), Superioridade numérica absoluta (SN) e Inferioridade numérica

absoluta (IN) em função das análises estabelecidas no ponto anterior.

Foram seleccionados os resultados obtidos que oferecessem informação

relativa ao funcionamento do processo ofensivo da equipa da Espanha nas

diferentes situações apresentadas nesta variável.

A seguir os resultados serão apresentados e discutidos, separados pelo

tipo de análise realizada e quanto as categorias de eventos estabelecidas.

5.2.1.1 Análise prospectiva considerando como condu ta critério os eventos da categoria “Início da sequência defensiva ”

Esta análise pretende avaliar a existência de padrões de conduta a partir

dos eventos registados como acções de início da sequência defensiva. As

condutas critério que apresentaram padrões observáveis foram o “Golo

marcado” e “Falhas técnicas”.

Foi realizada uma análise prospectiva aos eventos relativos a esta

categoria, apesar destas condutas critério revelarem padrões onde algumas

transições não mostram eventos registados, apresentam algumas diferenças

entre as situações estabelecidas nesta variável.

A seguir serão apresentados e discutidos os padrões de

comportamentos observados para cada uma das condutas critério.

Conduta Critério : Golo marcado (GLA)

Esta conduta critério refere-se ao golo marcado pela equipa da Espanha

em seu processo ofensivo, sem diferenciação do tipo de finalização (zona de

remate, fase de ataque, sete metros). Não foi encontrado padrão referente a

situação de inferioridade numérica absoluta, para a situação de superioridade

numérica absoluta verifica-se um padrão de duas transições e para as

Page 140: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

116

situações de igualdade numérica observa-se um padrão com duas transições

sem evento registado.

No Quadro 1 podem ser observados os padrões sequenciais obtidos a

partir do golo da equipa da Espanha.

Quadro 1 – Análise prospectiva à conduta Golo marcado (GLA)

IG – Igualdade numérica absoluta; SN – Superioridade numérica absoluta. AO – Ataque posicional; CG – Contra-golo; DS6 – Sistema defensivo 6:0; DSM – Sistema defensivo misto; CD – Controlo defensivo; F9 – Falta de nove metros; R7 – Remate de sete metros; SRC – Sem recuperação da posse de bola

Em superioridade numérica absoluta o golo marcado pela Espanha

exibe uma probabilidade significativa de ser seguido do ataque posicional do

adversário, mas sem activar o contra-golo e com a utilização do sistema

defensivo misto.

Para as situações de igualdade numérica indica-se a probabilidade

significativa do golo marcado ser seguido de um ataque posicional e/ou do

contra-golo, com a utilização do sistema defensivo 6:0, o meio táctico do

controlo defensivo, uma transição em branco, a resultar em falta de 9 metros

e/ou remate de sete metros e uma probabilidade de associação com uma

sequência sem recuperação da posse de bola, que pode ser explicada na

associação com a falta de 9 metros.

Em relação à esta conduta critério foi possível identificar algumas

variações no comportamento das equipas nas diferentes relações numéricas.

Estas diferenças são verificadas quanto à fase de ataque utilizada e à escolha

do sistema defensivo.

Verifica-se que para a superioridade numérica absoluta da defesa de

Espanha o ataque adversário deixa de apresentar uma relação probabilística

com a fase de ataque do contra-golo, o que sugere que em inferioridade o

processo ofensivo procura um modelo de ataque de menor velocidade da

IG 1 2 3 4 5 6 7

GLA AO / CG: (6.02/3.59:)

DS6 (4.91)

CD (2.07)

F9 / R7:

(2.00/2.05:) SRC (2.00)

SN 1 2 3 4 5 6 7

GLA AO: (2.49:)

DSM (2.36)

Page 141: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

117

transição de jogo, com o intuito de manutenção da posse de bola para que

possa completar o efectivo numérico sem que sofra muitos golos, durante estas

situações de inferioridade (Constantini, 1998; Garcia, 1994; Sanchéz, 1992).

Oliveira (1995) acredita que esta mudança de atitude do ataque em

inferioridade numérica absoluta através de transições lentas, a procura de livre

de nove metros e retardando uma acção de remate, passa uma imagem

negativa do jogo.

Foi possível identificar esta tentativa de ganhar tempo por parte de

algumas das equipas durante a observação dos jogos, em especial na

superioridade numérica da equipa da Espanha. Neste sentido, entende-se que

estas atitudes podem depender do momento e do resultado do jogo, tempo que

falta para o término da exclusão, nível de jogo do adversário e os conceitos de

jogo do treinador.

A diferença a destacar, no modelo de jogo defensivo da Espanha,

apresenta-se quanto à escolha do sistema defensivo, visto que em igualdade a

equipa procura utilizar o sistema defensivo 6:0 e em superioridade utiliza os

sistemas defensivos mistos.

Pode-se entender que nas situações de igualdade numérica a equipa

procura seu sistema mais utilizado na competição e, provavelmente, o sistema

defensivo que traz mais segurança nestas situações. A equipa da Espanha tem

em seu sistema 6:0 uma variabilidade de acções para tentar surpreender o

adversário sem que este possa organizar seu ataque. Esta variabilidade de

acções dentro de um mesmo sistema defensivo é defendida por Garcia Herrero

(2003b).

A equipa da Espanha utiliza de grande profundidade e agressividade em

seu sistema 6:0, bem como transformações momentâneas para outros

sistemas (nomeadamente 5:1 e 5+1) e “pressing” sobre os extremos na

tentativa de provocar erros ou condicionar o passe para realizar uma

intercepção ou interromper a organização defensiva.

Quando em superioridade numérica absoluta, a equipa apresenta a

probabilidade significativa de utilizar os sistemas defensivos mistos, o que pode

significar uma atitude táctica mais ofensiva da defesa para pressionar o

Page 142: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

118

adversário com o intuito de criar problemas para o adversário e recuperar a

posse de bola mais rápido e com menor risco.

Barbosa (1999) reforça a ideia de que em superioridade numérica as

equipas costumam marcar individualmente (sistemas mistos) os melhores

jogadores atacantes adversários. Esta ideia também é defendida por Cuesta

(1987), Ferreira, N. (2006) e Vilaça (2001) que referenciam esta atitude táctica

defensiva como comum nas situações de superioridade numérica absoluta.

Este comportamento táctico pode ser reforçado a partir da análise

descritiva, que apontou estes sistemas defensivos como os mais utilizados em

superioridade numérica absoluta. Durante estes momentos de superioridade

numérica absoluta a equipa da Espanha usa uma variação entre seus sistemas

mistos (alternância entre os jogador marcado individual ou quanto ao sistema)

enquanto os jogadores que alinham a defesa zonal destes sistemas continuam

a se comportar de forma activa, sempre a procura da recuperação da posse de

bola e dissuadir passes e remates de longa distância, contando com a

oposição do bloco.

Este facto é confirmado pelo treinador da equipa observada que tem

como premissa de treino que sua equipa em superioridade tende a pressionar

o adversário e ”retira” do jogo o(s) melhor(es) atacante(s) adversário(s) a partir

de um sistema misto (Pastor Goméz, 2006).

Conduta Critério : Falhas técnica (FAE)

Esta conduta critério refere-se à falha técnica no ataque da equipa da

Espanha em seu processo ofensivo, ou seja, situações em que a equipa

observada perde a posse de bola sem finalização do processo ofensivo.

Tais situações representam aproximadamente, 12%, 9,5% e 21% das

situações de igualdade, superioridade e inferioridade numérica absoluta,

respectivamente.

Foram encontrados padrões referentes a todas as relações numéricas.

Para a situação de superioridade numérica absoluta verifica-se um padrão de

quatro transições, para as situações de igualdade, o segundo retardo múltiplo

Page 143: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

119

seguido finaliza o padrão reconhecido e inferioridade numérica observa-se

padrão com eventos registados em todas as transições.

No Quadro 2 verificam-se os padrões de conduta que este evento

produziu nas relações numéricas.

Quadro 2 – Análise prospectiva à conduta Falha técnica de Espanha (FAE)

IG – Igualdade numérica absoluta; SN – Superioridade numérica absoluta; IN – Inferioridade numérica absoluta. AR – Ataque rápido; CA – Contra-ataque; DZT – Defesa em zona temporária; RDP – Recuperação defensiva; SM – Sem meio táctico; DRD – Deficiente recuperação defensiva; RI – Remate da zona central de 6 metros; F9 – Falta de 9 metros; GO – Golo sofrido; Z5 – Recuperação após golo sofrido; SRC – Sem recuperação da posse de bola

O padrão de comportamento apresenta-se semelhante até a transição

de número 4, portanto não demonstra uma diferença significativa no padrão de

jogo da equipa espanhola nas três situações de relação numérica

estabelecidas nesta variável.

É possível destacar uma probabilidade significativa de que em igualdade

numérica a falha técnica da Espanha possa activar o ataque rápido e a defesa

em zona temporária, o que pode indicar uma probabilidade de um melhor

retorno defensivo da equipa observada.

A partir da transição número 5, este padrão de comportamento

apresente diferenças significativas na finalização da sequência defensiva nas

diferentes relações numéricas.

Para a igualdade numérica as falhas técnicas ofensivas de Espanha

tem ligação com o remate de 6 metros a resultar em golo, enquanto em

inferioridade numérica verifica-se que este padrão tem probabilidade de

terminar em falta de 9 metros e sequência sem recuperação defensiva.

IG 1 2 3 4 5 6 7

FAE AR: / CA: (10.74:/5.25:)

DZT: / RDP: (10.16: / 5.30:)

SN 1 2 3 4 5 6 7

FAE CA: (2.77:)

RDP: (2.34:)

SM: (2.77:)

DRD: (2.01:)

IN 1 2 3 4 5 6 7

FAE CA: (3.44:)

RDP: (3.90:)

SM: (3.42:)

DRD: (3.42:)

F9: (3.05:)

SRC: (3.05:)

Page 144: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

120

A comparação entre os padrões encontrados, para as situações acima

referidas, apresenta uma curiosidade, uma vez que em igualdade numérica

esta conduta critério expõe a probabilidade de estar relacionada com o golo

sofrido e em inferioridade numérica esta mesma conduta apresenta

probabilidade de estar associada com as faltas de 9 metros.

Parece que em inferioridade numérica a equipa oferece maiores

dificuldades ao ataque adversário, como explica Silva (2000b) ao afirmar que

as equipas, a defender em sistema e em inferioridade numérica absoluta,

defendem de forma mais “agressiva”, aumentando as entreajudas defensivas e

procurando realizar mais faltas de 9 nove metros.

Isto parece acontecer com a equipa da Espanha, mesmo sem que a

equipa esteja na fase de defesa em sistema. A procura da recuperação da

posse de bola e a tentativa de interromper ou impedir a organização ofensiva

podem estar relacionadas com estas faltas em inferioridade numérica. Pastor

Goméz (2006) dá o nome de “faltas técnicas” para este tipo de atitude, que

defende e categoriza como faltas necessárias para o controlo do adversário e

do jogo.

A partir da análise descritiva verificou-se que nestas situações equipa

apresenta o maior valor relativo de iniciar a sequência defensiva pelo livre de

nove metros, o que parece ir de encontro a ideia da equipa impor mais

dificuldades para o ataque adversário nestas situações.

Uma vez que em inferioridade numérica em situações semelhantes a

igualdade numérica a equipa apresenta a probabilidade deste evento não estar

associado ao golo sofrido, mas sim a falta de 9 metros, mesmo sem que a

equipa esteja a defender em sistema de desigualdade numérica.

5.2.1.2 Análise prospectiva considerando como condu ta critério os eventos da categoria “Sistema defensivos”

Esta análise procurou reconhecer padrões de conduta a partir dos

sistemas defensivos utilizados pela equipa nas diferentes relações numéricas.

Os eventos registados que apresentaram padrão significativo foram o “Sistema

Page 145: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

121

6:0” para a igualdade numérica e o ”Sistema 5:1” para a superioridade

numérica absoluta.

Foi realizada uma análise prospectiva para verificar a existência de

padrões de comportamento nas cinco transições subsequentes relativas aos

eventos registados nesta categoria. Para os eventos registados nesta categoria

não se encontrou padrão de conduta significativo nas situações de inferioridade

numérica absoluta. Apesar de mostrarem padrões com algumas transições

sem eventos registados, apresentam algumas diferenças entre as situações

estabelecidas nesta variável.

A seguir serão apresentados e discutidos os padrões observados para

os eventos relacionados nesta categoria.

Condutas Critério : Sistema defensivo 6:0 (DS6)

Para as situações de igualdade numérica absoluta encontrou-se um

padrão a partir da conduta critério sistema defensivo 6:0 para a igualdade

numérica absoluta. Este sistema apresentou padrão com dois eventos em duas

transições seguidas a partir da conduta critério.

No quadro 3 observa-se o padrão detectado para o sistema defensivo

6:0 utilizado nas situações de igualdade numérica absoluta.

Quadro 3 – Análise prospectiva à conduta Sistema defensivo 6:0 (DS6)

IG – Igualdade numérica absoluta. BL – Bloco; TM – Troca de marcação; SED – Sem erro defensivo; ESA – Erro de saída ao portador da bola; RC – Remate da zona central de 9 metros; FT – Falha Técnica; Z3 – Zona próxima a área de baliza

Além da probabilidade significativa da utilização de diferentes meios

tácticos nestas situações, este padrão mostra uma possível associação do

sistema defensivo 6:0 com a situação onde a equipa não comete erros

defensivos, o que pode indicar uma boa prestação da equipa espanhola nestas

situações de jogo em que utilizam seu sistema defensivo 6:0

(aproximadamente 72% do total das situações em igualdade).

IG 1 2 3 4 5

DS6 BL /TM (3.25/2.25)

SED/ESA (2.74/2.43)

Page 146: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

122

Estes resultados podem indicar uma superioridade da equipa da

Espanha uma vez que as situações de igualdade numérica absoluta (77% do

total) e o sistema defensivo 6:0 nestas situações (72,1% do total) não

demonstram uma probabilidade significativa de estarem na activação do golo

sofrido.

A partir desta análise se verifica que o sistema 6:0 utiliza diversos meios

tácticos (individuais e de grupo) o que reforça a ideia da variabilidade de

acções durante um mesmo sistema defensivo, mesmo sem que estas acções

fossem quantificadas. Estas variações como o “pressing” ou a transformações

podem estar na activação da recuperação da posse de bola pela falha técnica

adversária, já que são uma das premissas do treinador da equipa (Pastor

Goméz, 2006).

Condutas Critério : Sistema defensivo 5:1 (DS5)

Para as situações de superioridade numérica encontrou-se um padrão a

partir da conduta critério sistema defensivo 5:1, para esta situação de relação

numérica.

Este sistema apresentou um padrão com eventos em quase a totalidade

das transições, a excepção da primeira transição subsequente ao sistema 5:1

(relativa ao meio táctico utilizado).

A transição 5 não apresenta evento registado para o padrão observado

em função da sequência defensiva terminar na transição 4, completando assim,

as possibilidades de comportamentos à serem observadas.

No quadro 4 observa-se o padrão encontrado para o sistema defensivo

5:1 utilizado nas relações de superioridade numérica.

Quadro 4 – Análise prospectiva à conduta Sistema defensivo 5:1 (DS5)

SN – Igualdade numérica absoluta. SED – Sem erro defensivo; F9 – Falta de 9 metros; SRC – Sem recuperação da posse de bola

SN 1 2 3 4 5

DS5 SED:

(2.52:) F9:

(3.63:) SRC: (3.63:)

Page 147: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

123

Este padrão exibe uma tentativa de controlo do adversário pela equipa

espanhola, que se expressa na probabilidade significativa deste evento estar

associado com a realização de faltas de 9 metros em superioridade numérica,

portanto apresenta sequências defensivas com probabilidade significativa da

equipa não cometer erros defensivos a partir do sistema 5:1.

Considerando as duas condutas critério que apresentaram padrões de

comportamento para a categoria “Sistema defensivos” (6:0 e 5:1) pode-se

entender uma provável mudança de atitude defensiva entre as situações

numéricas que revelaram padrão de conduta na utilização dos sistemas

defensivos, uma vez que em superioridade numérica absoluta a equipa

apresenta a probabilidade de utilizar sistemas defensivos mais profundos

(Silva, 200b).

Comparando os dois sistemas defensivos apresentados nesta categoria

pode-se verificar que esta mudança de atitude também foi verificada na

categoria “Início da sequência defensiva” onde em superioridade a equipa

apresentou a provável utilização dos sistemas defensivos mistos, por vez, para

a análise em função da utilização de sistemas defensivos em superioridade foi

observado um padrão para a utilização de um sistema mais profundo (sistema

5:1) do que em igualdade numérica (sistema 6:0).

A equipa da Espanha apresentou uma utilização variada de sistemas

defensivos durante as partidas e até para um mesmo momento do jogo, foi

possível verificar esta utilização de forma geral, bem como a variação de

acções dentro de um mesmo sistema defensivo.

Estes padrões e atitudes observados vão de encontro com o que afirma

Pastor Goméz (2006), que a equipa da Espanha, quando em superioridade

numérica, parte para um sistema defensivo mais profundo, para tentar

pressionar o adversário e criar dúvidas com o objectivo de retomar a posse de

bola com o menor perigo à baliza.

Page 148: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

124

5.2.1.3 Análise prospectiva e retrospectiva conside rando como conduta critério os eventos da categoria “Erros defensivos”

Foi realizada uma análise prospectiva de três transições e retrospectiva

de quatro transições em função das condutas critérios desta categoria. Estas

análises compreendem todas as categorias e eventos estabelecidos neste

estudo.

Apesar de mostrarem padrões sem eventos registados em todas as

transições, estes eventos apresentam algumas diferenças significativas na

estrutura do processo defensivo de Espanha, quando consideramos as

diversas situações estabelecidas nesta variável.

A seguir será apresentado o padrão de comportamento observado a

partir do evento “Erro de troca de marcação”.

Conduta Critério : Erro de troca de marcação (ETM)

Esta conduta critério diz respeito a todas as sequências em que a equipa

observada cometeu erros de troca de marcação, ou seja, a partir de

combinações ofensivas.

Foram encontrados padrões de conduta em todas as relações numéricas

estabelecidas nesta variável e para este evento. Em uma fase retrospectiva na

situação de superioridade todos os padrões apresentam-se com algumas

transições sem eventos registados.

Na fase prospectiva existe um padrão com todas as transições a

registarem eventos para a igualdade numérica, padrões com transições em

branco para as situações de igualdade e inferioridade numérica absoluta.

No Quadro 5 observam-se os padrões encontrados para este evento em

relação a todas as situações estabelecidas nesta variável.

Page 149: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

125

Quadro 5 – Análise prospectiva e retrospectiva à conduta Erro de troca de marcação (ETM)

IG – Igualdade numérica absoluta; SN – Superioridade numérica absoluta; IN – Inferioridade numérica absoluta. AO – Ataque posicional; AR – Ataque rápido; DS3 – Sistema defensivo 3:2:1; TM – Troca de marcação; RI – Remate da zona central de 6 metros; R7 – Remate de sete metros; FO – Falha de finalização ofensiva; GO – Golo sofrido; Z5 – Recuperação após golo sofrido

Em igualdade numérica absoluta o erro de troca de marcação está

associado ao sistema defensivo 3:2:1, da mesma forma estes erros exibem

uma probabilidade de serem seguidos pelos remates de 6 metros e/ou remates

de 7 metros, que resultam em golo sofrido.

Já em superioridade numérica absoluta estes erros aparecem

precedidos de ataques rápidos e seguidos de remates de segunda linha

ofensiva e falhas de finalização ofensiva.

Em inferioridade numérica absoluta este evento apresenta somente

probabilidade significativa de ser seguido de remates de segunda linha

ofensiva.

Estes padrões não revelam mudanças no comportamento táctico do

processo defensivo espanhol nas diferentes situações da variável, mas

apresentam algumas condições válidas de serem apresentadas e discutidas

neste trabalho.

Para as situações de igualdade numérica absoluta verifica-se a

probabilidade significativa do sistema 3:2:1 estar ligado a activação do erro de

troca de marcação. Este sistema apresenta-se muito profundo no terreno de

jogo, admite muitos espaços entre os defensores nas diversas linhas

defensivas, dificultando as acções de ajudas defensivas e os deslizamentos,

este sistema defensivo geralmente é utilizado contra equipas que tenham um

-4 -3 -2 -1 IG 1 2 3

AO

(4.95) DS3:

(3.15:) TM

(15.32) ETM RI/R7: (7.97/2.41:)

GO (5.88)

Z5 (2.49)

-4 -3 -2 -1 SN 1 2 3

AR:

(1.97:)

TM (15.32) ETM RI:

(3.72:) FO:

(3.68:)

-4 -3 -2 -1 IN 1 2 3

TM

(15.32) ETM RI: (2.69:)

Page 150: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

126

forte potencial de remates de primeira linha ofensiva (Ribeiro, 2000; Silva,

2000b; Simões, 2002).

Segundo Antón Garcia (2002) o perigo da utilização do meio táctico da

troca de marcação, ou seja de um erro de troca de marcação, reside na

produção de espaço no momento da troca, no qual o adversário possa penetrar

ou no desequilíbrio entre defensor/atacante que estas situações possam

acarretar, como diferenças físicas, técnicas ou tácticas entre os confrontos

“1X1” resultantes destas trocas de marcação.

Estas ideias sobre o sistema 3:2:1 e a troca de marcação levantam a

probabilidade de uma fragilidade deste sistema defensivo da equipa observada

nas situações de igualdade numérica uma vez que o erro de troca de marcação

exibe uma probabilidade de ser activado pelo sistema 3:2:1, seguido de golo

sofrido.

Deve-se referir que o sistema defensivo 3:2:1 foi o menos utilizado pela

equipa da Espanha, o que pode passar uma tentativa de variabilidade de

acções defensivas, que ao mostrar-se ineficaz foi abandonada ou substituída

por uma opção que resultasse melhor no momento ou em função do

adversário.

Pode-se relembrar que estas situações de utilização do sistema 3:2:1

em igualdade numérica representam menos de 1% da ocorrência relativa dos

sistemas defensivos em igualdade numérica, portanto não parece que esta

provável fragilidade deste sistema prejudique o desempenho da equipa da

Espanha.

Page 151: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

127

5.2.1.4 Análise retrospectiva considerando como con duta critério os eventos da categoria “Acções de finalização da sequ ência defensiva”

Foi realizada uma análise retrospectiva de seis transições relativas às

categorias de eventos que antecedem as acções de finalização da sequência

defensiva.

Esta análise procurou reconhecer padrões de conduta a partir destes

eventos nas diferentes relações numéricas estabelecidas nesta variável. Foram

obtidos padrões de conduta a partir para os eventos ”Ressalto” e ”Golo sofrido”.

Conduta Critério : Ressalto (RS)

Como referido anteriormente este evento está relacionado com uma

finalização por remate do adversário ou a intercepção de um passe em que a

bola acabe por sair pela linha que delimitam o terreno de jogo, propiciando

posse de bola ao adversário.

Os padrões encontrados apresentam padrões com duas e três

transições para todas as relações numéricas desta variável. No Quadro 6 é

possível observar os padrões de comportamento defensivo retrospectivos

relativos a conduta critério ressalto.

Quadro 6 – Análise retrospectiva à conduta Ressalto (RS)

IG – Igualdade numérica absoluta; SN – Superioridade numérica absoluta; IN – Inferioridade numérica absoluta. L9m – Livre de nove metros; AO – Ataque organizado; DS6 – Sistema defensivo 6:0; BL – Bloco; IT – Intercepção da bola; EBL – Erro do bloco; SED – Sem erro defensivo; RC – Remate da zona central de 9 metros; SFN – Sem finalização

-6 -5 -4 -3 -2 -1 IG

EBL / SED: (5.32/2.58:)

RC / SFN: (5.78/2.58:)

RS

-6 -5 -4 -3 -2 -1 SN

BL:

(2.82:) EBL:

(2.02:) RC:

(2.72:) RS

-6 -5 -4 -3 -2 -1 IN

EBL:

(2.66:) RC:

(2.05:) RS

Page 152: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

128

Estas situações de ressalto estão relacionadas com a finalização do

remate em que não houve participação do guarda-redes, por este motivo as

três relações numéricas apresentam uma probabilidade significativa do ressalto

estar precedido de finalizações de primeira linha ofensiva e ao uso do bloco

como meio táctico para uma oposição ao remate.

Para as situações de igualdade numérica destaca-se ainda a

probabilidade significativa deste ressalto estar relacionado com uma sequência

sem finalização e a utilização da intercepção da bola. Nesta relação numérica

também se verifica a probabilidade do ressalto ser activado pelo sistema 6:0, o

ataque posicional e pelo início da sequência em livre de 9 metros.

Nestes padrões de jogo verifica-se uma estrutura semelhante quanto ao

processo defensivo de Espanha nas diferentes relações numéricas. Porém a

probabilidade significativa da sequência defensiva terminar em ressalto, sem

finalização ofensiva, com a utilização do sistema defensivo 6:0 pode indicar

uma eficiência relativa do processo defensivo de Espanha nestas situações.

Estas situações de ressaltos sem finalização ofensiva dizem respeito a

uma intercepção de um passe que resulta na reposição do jogo pela adversário

após a bola ter saído do terreno de jogo. Neste sentido pode-se entender uma

activação da defesa na tentativa de recuperar a posse de bola, dissuadir os

passes do adversário ou tentar provocar erros.

Uma vez que o ressalto foi a segunda maior forma de finalização da

sequência defensiva, o ataque posicional foi a fase que mais contribui para o

processo ofensivo e o sistema 6:0 foi o mais utilizado pela equipa na

competição, existe uma probabilidade destas sequências se repetirem durante

os jogos. Tais sequências indicam um provável controlo da equipa da Espanha

o que sugere uma vantagem desta sobre os seus adversários.

O sistema defensivo 6:0, por ser um sistema defensivo de uma linha,

não possibilita muitos espaços entre os defensores próximo a área de baliza,

mas pode permitir ao adversário maior oportunidade de remates de sua

primeira linha ofensiva (Roman Seco, 2005). Esta ideia confirma-se a partir da

análise descritiva onde esta zona de finalização aparece como a mais utilizada

pelos adversários da equipa da Espanha.

Page 153: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

129

Neste sentido pode-se entender que existe uma probabilidade da equipa

observada apresentar uma boa utilização do seu sistema defensivo em função

do meio táctico do bloco, pela definição do evento “Ressalto” neste estudo. Isto

pode demonstrar uma vantagem da equipa da Espanha uma vez que esta tem

como premissa afastar seus adversário e condicionar ou interromper o remate

de longa distância (Pastor Goméz, 2006).

Estes resultados vão de encontro aos resultados referentes ao estudo de

Prudente (2006) sobre as acções ofensivas no Andebol de alto nível, que

detectou que a utilização do bloco como meio táctico individual, exibe uma

probabilidade significativa de activar o ressalto defensivo, sem a participação

do guarda-redes.

Conduta Critério : Golo sofrido (GO)

O padrão obtido para as situações de superioridade numérica apresenta-

se com apenas uma transição válida. Já para as situações de igualdade

numérica absoluta este evento mostra um padrão de três transições com

eventos registados, na análise sequencial e que representam as categorias que

antecedem as acções de finalização da sequência defensiva.

Observam-se, no Quadro 7, os padrões de comportamento detectados

para esta conduta nas situações de igualdade e superioridade numérica

absoluta.

Quadro 7 – Análise retrospectiva à conduta Golo sofrido (GO)

IG – Igualdade numérica absoluta; SN – Superioridade numérica absoluta. FAE – Falha técnica; CA – Contra-ataque; RDP – Recuperação defensiva; TM – Troca de marcação; SM – Sem meio táctico; DRD – Deficiente recuperação defensiva; ETM – Erro de troca de marcação; RI – Remate da zona central de 6 metros; R7 – Remate de sete metros

-6 -5 -4 -3 -2 -1 IG

TM/SM:

(3.06/3.04:) DRD / ETM (2.64/2.42)

RI (5.08)

GO

-6 -5 -4 -3 -2 -1 SN

R7:

(2.17:) GO

Page 154: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

130

Para a superioridade numérica absoluta a conduta critério golo sofrido

mostra uma probabilidade significativa de ser precedido dos remates de sete

metros. Estes remates representam 4,5% das acções de finalização do ataque

adversário e, portanto, pode-se realçar que estes dados não são significativos

ou prejudiciais ao comportamento táctico da equipa da Espanha.

Nas situações de igualdade numérica o golo do adversário apresenta

uma probabilidade significativa de estar relacionado com a falha técnica do

ataque espanhol que origina o contra-ataque, impossibilitando uma

recuperação defensiva eficiente e a permitir os remates de 6 metros.

Garcia Herrero (2003c) cita a importância do retorno defensivo e da

preparação deste como aspecto integrante do treino de Andebol uma vez que

as situações referidas acima, podem levar ao contra-ataque e proporcionar

uma finalização do adversário isolado frente ao guarda-redes, próximo da área

de baliza.

Este facto do golo sofrido ter uma probabilidade significativa de estar

associado ao contra-ataque e aos erros técnicos da equipa observada, nestas

situações, vão de encontro aos resultados obtidos por Prudente et al. (2005)

que afirma 52,8% dos contra-ataques acontecem após a recuperação da posse

de bola pelos jogadores de campo, ou seja, que estão associados aos erros do

ataque adversário e acções de intervenção da equipa defensora.

Para confirmar os resultados obtidos pode-se citar o estudo de Ferreira,

D. (2006) que afirma que 40% dos contra-ataques resultam em golo. Com isto

pode-se entender que o padrão do golo sofrido pela equipa observada expõe a

possibilidade de estar relacionado com o contra-ataque e não com as outras

fases de ataque. Uma vez que o contra-ataque representou apenas 6,70% das

situações totais e se encontra na raiz do padrão obtido a partir do golo sofrido

em igualdade numérica absoluta, isto pode mostrar uma vantagem da defesa

espanhola sobre seus adversários quanto ao retorno defensivo.

A partir da ideia acima descrita pode-se lembrar que Garcia Herrero

(2003c) ressalta a importância do retorno defensivo para o Andebol e o

resultado do jogo e afirma que as equipas melhores classificadas sofrem

menos golos com o contra-ataque adversário.

Page 155: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

131

5.2.2 Análise sequencial em função da variável Resu ltado parcial

Foram seleccionados os resultados obtidos que oferecessem informação

quanto à estrutura táctica do processo defensivo da equipa da Espanha ou

diferenças na finalização da sequência defensiva, com o intuito de estabelecer

vantagens ou desvantagens da defesa espanhola nas diferentes situações

estabelecidas para esta variável.

Os resultados referentes às análises sequenciais serão apresentados

separados por categorias de análise comparando as situações nesta variável

em função de cada evento considerado como conduta critério.

5.2.2.1 Análise prospectiva considerando como condu ta critério os eventos da categoria “Início da sequência defensiva ”

Esta análise pretendeu obter padrões de conduta a partir dos eventos

registados como acções de início da sequência defensiva.

Foi realizada uma análise prospectiva de sete transições relativas a esta

categoria para os eventos registados. Constata-se que, a partir das condutas

critério consideradas, foram observados padrões em todas as situações

estabelecidas na variável, sendo considerados aqueles eventos que cumpriram

com os objectivos acima mencionados (apresentar diferenças na estrutura

táctica do processo defensivo ou na finalização da sequência defensiva).

As condutas critério que apresentaram padrões de conduta observáveis

foram, o “Golo marcado” e ”Intervenções do adversário”.

A seguir serão apresentados e discutidos os padrões de

comportamentos observados para cada uma das condutas critério.

Page 156: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

132

Conduta Critério : Golo marcado (GLA)

Esta conduta critério refere-se ao golo marcado pela equipa da Espanha

em seu processo ofensivo, sem diferenciação do tipo de finalização (zona de

remate, fase de ataque, sete metros).

Para os momentos parciais equilibrados foi encontrado um padrão com

as transições 1, 3 e 5 mostrando eventos nesta análise.

Para a situação de resultado parcial normal observou-se um padrão de

duas transições seguidas e para os momentos de parcial desequilibrado foi

observado um padrão com as transições 1, 3 e 4 com eventos.

No Quadro 8 observam-se estes padrões encontrados para o evento

nesta variável.

Quadro 8 – Análise prospectiva à conduta Golo marcado (GLA)

PE – Parcial equilibrado; PN – Parcial normal; PD – Parcial desequilibrado. AO – Ataque posicional; CG – contra-golo; DS6 – Sistema defensivo 6:0; CD – Controlo defensivo; TM – Troca de marcação; ETM – Erro de troca de marcação; R7 – Remate de sete metros

Nos parciais desequilibrados, o golo da equipa observada está

relacionado à probabilidade do adversário em utilizar o ataque posicional, a

defesa cometer o erro de troca de marcação.

Nos momentos de parcial normal este evento apresenta a probabilidade

de estar associado ao contra-ataque e contra-golo e a defesa da equipa da

Espanha a utilizar seu sistema defensivo 6:0.

Observa-se que nas situações em que se verifica um parcial equilibrado

o golo marcado apresenta a probabilidade significativa de ser seguido das

PE 1 2 3 4 5 6 7

GLA AO / CG: (4.00/3.04:)

CD

(2.68)

R7: (3.09:)

PN 1 2 3 4 5 6 7

GLA AO / CG: (4.16/2.19:)

DS6 (3.76)

PD 1 2 3 4 5 6 7

GLA AO: (3.08:)

TM

(2.25) ETM (2.10)

Page 157: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

133

fases de ataque posicional e contra-golo, com a defesa espanhola utilizando o

meio táctico do controlo defensivo, e associado às finalizações de 7 metros.

Para o parcial equilibrado observa-se a provável utilização do meio

táctico individual do controlo defensivo pela equipa da Espanha, o que pode

indicar uma maior individualização da defesa nestes momentos do jogo, em

que o resultado está próximo e qualquer falha pode igualar ou desequilibrar o

marcador.

Esta atitude é ressaltada Pastor Goméz (2006) que afirma a importância

de conquistar a vantagem no marcador dos momentos de resultado parcial

equilibrado, para que a equipa esteja mais confortável a jogar e coloque a

pressão de estar atrás no resultado no adversário e assim criar mais problemas

pela carga psicológica que estas situações acarretam.

A partir dos padrões detectados nos diferentes momentos de resultado

parcial, pode-se verificar uma diferença na estrutura do processo defensivo de

Espanha quanto à utilização de diferentes meios tácticos.

Nos momentos de parciais equilibrados é possível observar uma

probabilidade da individualização do jogo, a partir das situações de “1X1”, que

estão ligadas à utilização do meio táctico do controlo defensivo. Estas

situações de “1X1” podem também estar associadas com as finalizações de

sete metros, embora não exista uma relação directa e determinística entre os

eventos subsequentes.

Neste sentido podemos entender que estas atitudes individuais (“1X1”)

devem ser levadas em conta no processo de treino do Andebol moderno uma

vez que são referidas em diversos estudos do processo ofensivo como um dos

meios tácticos ofensivos mais utilizados (Prudente, 2006; Ribeiro, 2002; Vilaça,

2001).

Entende-se também que algumas situações de meios tácticos de grupo

como as permutas, cruzamentos e bloqueios podem terminar em situações de

“1X1”, que por vezes podem não ser contabilizadas, mas expõem os

adversários a um combate homem a homem.

Já nos parciais desequilibrados a equipa parece utilizar o meio táctico

colectivo da troca de marcação que pode significar uma probabilidade de que

Page 158: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

134

nestes momentos parciais a equipa esteja a utilizar uma defesa de

responsabilidades mais colectivas.

Também é possível verificar uma probabilidade de que, nos momentos

desequilibrados, os adversários estriam a utilizar mais combinações ofensivas

de “2X2” ou “3X3”, forçando a equipa da Espanha a utilizar mais os meios

tácticos de grupo.

Uma análise mais precisa das acções de jogo reduzido e individualizado

(“1X1”; “2X2”; “3X3”) poderá contribuir para a compreensão dos

comportamentos individuais e colectivos envolvidos nestas situações e o

resultado das mesmas para os processos de jogo. Assim poderia se quantificar

e qualificar estas acções por parte das equipas e jogadores.

5.2.2.2 Análise prospectiva considerando como condu ta critério os eventos da categoria “Sistema defensivos”

Esta análise procurou verificar padrões de conduta a partir da utilização

dos sistemas defensivos eleitos para os determinados momentos de jogo.

Foi realizada uma análise prospectiva de cinco transições relativas a

esta categoria para os eventos registados para a utilização dos sistemas

defensivos. Os eventos registados que apresentaram padrão significativo foram

o ”Sistema defensivo misto”, “Sistema defensivo em inferioridade” e o “Sistema

defensivo 6:0”.

A seguir serão apresentados e discutidos os padrões de

comportamentos observados para cada uma das condutas critério.

Conduta Critério : Sistema defensivo misto (DSM)

Para os diferentes momentos de resultado parcial encontraram-se

padrões diferenciados da utilização destes sistemas defensivos. Para os

momentos de resultado parcial equilibrado foi detectado um padrão de três

transições interrompido por uma sequencia de duas transições com mais de

um evento registado.

Page 159: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

135

Para os momentos de resultado parcial desequilibrado foi encontrado

somente uma conduta objecto relacionada a este evento (transição 1). Não foi

detectado padrão de comportamento para os momentos de parcial normal.

No Quadro 9 observam-se os padrões de comportamentos encontrados

para o sistema defensivo mencionado nos diferentes parciais estabelecidos

neste estudo.

Quadro 9 – Análise prospectiva à conduta Sistema defensivo misto (DSM)

PE – Parcial equilibrado; PN – Parcial normal; PD – Parcial desequilibrado. IT – Intercepção da bola; BL – Bloco; EDZ – Erro de deslizamento; SED – Sem erro defensivo; RB – Roubo de bola; Z4 – Zona acima dos 9 metros; SRC – Sem recuperação da posse de bola

Em parciais equilibrados este evento apresentou a probabilidade

significativa de activar a utilização do meio táctico da intercepção de bola, do

erro de deslizamento ou de não cometerem erros defensivos, com o roubo de

bola e o jogo passivo na transição 3 e a zona de recuperação da posse de bola

na zona acima dos 9 metros e/ou sem recuperação defensiva.

Nos parciais desequilibrados os sistemas defensivos mistos mostraram a

probabilidade de estarem associados ao uso do bloco como meio táctico.

Pode-se realçar a diferença entre a probabilidade significativa da

utilização de diferentes meios tácticos nos momentos de parcial equilibrado e

desequilibrado. Isto não necessariamente indica uma mudança no

comportamento táctico da equipa da Espanha, estes resultados podem estar

relacionados aos diferentes meios tácticos ofensivos utilizados pelos diversos

adversários nestes momentos de resultado parcial estabelecidos.

Neste sentido pode-se entender que a equipa estava preparada quer

para atrapalhar a organização do processo ofensivo ou para interromper uma

atitude ofensiva organizada e iniciada pelo processo ofensivo adversário.

Nos momentos de resultado parcial desequilibrado apresenta-se a

probabilidade da equipa observada exercer uma pressão sobre o adversário

PE 1 2 3 4 5

DSM IT: (3.72)

EDZ:/SED: (2.15:/2.08:)

RB/ JP (2.76/2.15)

PD 1 2 3 4 5

DSM BL: (2.56:)

Page 160: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

136

através de um sistema defensivo mais profundo com dissuasões de linha de

passe. No padrão estabelecido, o sistema defensivo misto apresenta a

utilização do bloco para os jogadores que permanecem na primeira linha

defensiva, o que pode indicar uma menor intervenção destes jogadores sobre o

adversário ou um esquema táctico de condicionar os remates de primeira linha

ofensiva. Uma vez que, quem está marcado de forma individual pode ser o(s)

melhor(es) rematador(es) da equipa adversária.

Esta utilização do bloco nos parciais desequilibrados também pode

indicar uma tentativa de defesa mais fechada (mesmo para os sistemas mistos)

a tentar recuperar a posse de bola com a colaboração da defesa e do guarda-

redes para os remates de primeira linha ofensiva.

Parece que nos momentos em que o resultado do jogo é equilibrado, a

equipa da Espanha apresenta a probabilidade de tentar mais intervenções

sobre o processo ofensivo adversário, a partir da utilização de um sistema mais

profundo e da tentativa de intercepções de bola. Onde estes sistemas misto

apresentam uma probabilidade significativa de activar o roubo de bola e a

recuperação por parte da equipa da Espanha.

Isto indica que a equipa está a seguir as premissas estabelecidas pelo

treinador que afirma que nestes momentos do jogo há que arriscar mais para

recuperar a posse de bola e conseguir a vantagem no marcador nestes

momentos do jogo (Pastor Goméz, 2006). Pode-se entender esta ideia pela

probabilidade da equipa tentar a intercepção da bola.

Pode-se destacar ainda que nestes momentos do jogo, a equipa pode

estar em superioridade numérica absoluta, uma vez que na opinião do

treinador, a equipa da Espanha deve-se utilizar os sistemas mistos em

situações de superioridade numérica absoluta como forma de pressionar o

adversário para cortar mais linhas de passe, dissuadir trajectórias e, se for

necessário, “retirar” do jogo ofensivo o melhor jogador adversário.

Sabe-se que esta utilização de sistemas mistos levam a uma

reorganização do ataque adversário e foi possível verificar que a Espanha

utiliza uma variação de seu sistema misto, mesmo durante esta possível

reorganização do processo ofensivo.

Page 161: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

137

A equipa exerce uma pressão individual no adversário escolhido para tal,

mas por vezes modifica esta pressão para atrapalhar esta organização, tentar

uma intercepção do passe ou forçar o erro adversário. Esta utilização variada

de sistemas mistos não parece comprometer a organização defensiva e,

portanto, parece ser pré-estabelecida e muito bem organizada pela equipa

observada.

Conduta Critério : Sistema defensivo em inferioridade (DSI)

Em primeiro plano deve-se explicar que estes sistemas defensivos estão

directamente ligados as situações de inferioridade numérica absoluta, uma vez

que compreendem os sistemas 5:0 ou 4:0 utilizados pela equipa da Espanha

em seus momentos de inferioridade numérica absoluta, que representaram 7%

do total de sequências observadas.

Estes sistemas defensivos mostraram, para os diferentes resultados

parciais, padrões semelhantes da forma de utilização destes sistemas

defensivos.

A conduta critério apresentou padrão com eventos para 3 transições,

nos momentos de parcial equilibrado e normal. Para os momentos de resultado

parcial desequilibrado não foi encontrado padrão de conduta.

No Quadro 10 observam-se os padrões encontrados para o sistema

defensivo utilizado nos diferentes parciais estabelecidos neste estudo.

Quadro 10 – Análise prospectiva à conduta Sistema defensivo em inferioridade (DSI)

PE – Parcial equilibrado; PN – Parcial normal; PD – Parcial desequilibrado. AJ - Ajuda; EAJ – Erro de ajuda; EDZ – Erro de deslizamento; RC – Remate da zona central de 9 metros; RE – Remate dos extremos

PE 1 2 3 4 5

DSI AJ: (2.83:)

EAJ:/ESA: (2.83:/2.26:)

RC: (1.97:)

PN 1 2 3 4 5

DSI AJ: (4.12:)

EAJ:/EDZ: (3.64:/2.63:)

RE: (3.11:)

Page 162: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

138

Como mencionado anteriormente a utilização destes sistemas

defensivos está directamente ligada à equipa estar em inferioridade numérica

absoluta, e por este motivo pode-se explicar a pouca diferenciação no

comportamento da equipa neste padrão originado com a utilização destes

sistemas defensivos.

Como explica Silva (2000a) nas situações de inferioridade numéricas as

equipas predispõem-se mais a defender, aumentando as entreajudas

defensivas. Para o padrão estabelecido no parcial normal, esta predisposição a

defender, pode estar relacionadas com a probabilidade significativa do

aparecimento do meio táctico da ajuda, do erro relacionado ao meio táctico da

ajuda e do erro de deslizamento. Isto mostra a disponibilidade defensiva da

equipa da Espanha, mantendo sua atitude activa, mesmo com o efectivo

numérico diminuído.

A probabilidade da equipa cometer o erro de saída ao portador da bola

nos parciais equilibrados, sendo que este erro está associado às finalizações

de 9 metros, reforça a ideia de uma actuação defensiva activa e “agressiva”

nestas situações de inferioridade numérica e parcial equilibrado.

O que mostra a equipa a seguir suas premissas de procurar a

recuperação da posse de bola nestes momentos parciais na tentativa de

controlar o marcador e o jogo em si.

Isto por que mesmo em inferioridade numérica, nos parciais

equilibrados, a equipa exibe a probabilidade significativa de forçar ou dissuadir

o adversário a rematar de 9 metros, enquanto que nestas situações o ataque

adversário deveria procurar os remates de 6 metros a partir da continuidade de

jogo ou penetrações sucessivas pelo simples facto de estar em superioridade

numérica absoluta.

O facto deste padrão não apresentar eventos a partir da transição 3

deixa em aberto o resultado destas situações em que a equipa observada está

em inferioridade numérica absoluta. Mas pode-se considerar favorável que

estes sistemas em inferioridade não estarem associado ao golo sofrido em

nenhum dos padrões identificados.

Page 163: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

139

Estes sistemas representam 6,34% da utilização variada de sistemas

defensivos nos parciais equilibrados e 12,4% nos parciais normais, portanto

pode-se entender que uma vez que não aparecem associados ao golo sofrido

podem demonstrar uma superioridade da defesa de Espanha mesmo nestas

situações.

Conduta Critério : Sistema defensivo 6:0 (DS6)

Este sistema defensivo foi o mais utilizado pela equipa no campeonato e

representam aproximadamente 60% da utilização dos sistemas defensivos pela

equipa observada.

A conduta critério mostra, para os diferentes momentos de resultado

parcial, padrões que diferenciam a forma de utilização dos meios tácticos.

Este sistema apresentou padrões com eventos para 3 transições nos

momentos de parcial equilibrado. Um padrão com todas as transições

possíveis para os momentos de parcial normal e nos momentos de resultado

parcial desequilibrado foi encontrado um padrão de duas transições.

No Quadro 11 observam-se os padrões encontrados para esta conduta

nos diferentes parciais determinados para o presente estudo.

Quadro 11 – Análise prospectiva à conduta Sistema defensivo 6:0 (DS6)

PE – Parcial equilibrado; PN – Parcial normal; PD – Parcial desequilibrado. (TM – Troca de marcação; BL – Bloco; ESA – Erro de saída ao portador da bola; EBL – Erro do bloco; ETM – Erro de troca de marcação; RC – Remate da zona central de 9 metros; F9 – Falta de 9 metros; SRC – Sem recuperação da posse de bola)

PE 1 2 3 4 5

DS6 TM/BL (2.89/2.14)

ESA: (2.23:)

RC (2.21)

PN 1 2 3 4 5

DS6 BL (2.30)

EBL: (2.28:)

RC/F9 (2.97/2.13)

SRC (2.13)

PD 1 2 3 4 5

DS6 TM (2.01)

ETM (2.15)

Page 164: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

140

Pode-se destacar que nos parciais desequilibrados a equipa apresenta

um padrão de comportamento que pode ser associado a uma defesa mais

fechada, com menos flutuação ou tentativas de saída aos atacantes da

primeira linha ofensiva (Simões, 2002). Apresenta uma probabilidade

significativa de actuar de forma mais colectiva, isto se explica pelo facto do

aparecimento do meio táctico colectivo da troca de marcação a ser activado

pela utilização do sistema defensivo 6:0.

Esta atitude pode indicar uma preocupação da equipa em utilizar seu

sistema preferido de forma mais colectiva para manutenção do resultado do

jogo ou para tentar combater os meios tácticos colectivos e as combinações

ofensivas de “2X2” ou ”3X3”.

Nos parciais normais verifica-se a probabilidade significativa da

utilização do meio táctico do bloco o que pode significar uma tentativa de

condicionar o remate de longa distância, ou também pode indicar uma maior

colaboração entre defesa e guarda-redes a partir do bloco nestes momentos do

jogo.

Estas situações de utilização do bloco forçam o adversário a procurar

outras formas de finalizar seu ataque, o que pode levar a atitudes ofensivas

individualizadas. Estas situações podem estar na raiz da probabilidade deste

evento estar associado com a falta de nove metros, além do remate da zona

central de 9 metros, o que atesta este argumento, pois a falta está associada a

uma individualização da defesa para conter o processo ofensivo adversário.

Uma vez que Silva (2000a) verificou que, em jogos que terminam com

um resultado parcial normal, um dos indicativos de vitória é a eficácia de

remates da primeira e segunda linhas ofensivas. Pode-se associar esta ideia

com uma individualização da defesa, na tentativa de conter estas formas de

finalização e favorecer o processo defensivo de equipa da Espanha.

Para os momentos de parcial equilibrado verifica-se a probabilidade

significativa da utilização de dois meios tácticos do Bloco e da Troca de

marcação, o que pode indicar uma maior preocupação a defesa nestes

momentos do jogo. Segundo Pastor Goméz (2006) nestes momentos parciais

do jogo é necessário recuperar a posse de bola com menor risco para a baliza.

Page 165: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

141

Esta atitude pode proporcionar maior segurança a defesa, com o intuito de

pressionar o adversário para recuperar a posse de bola.

A partir da comparação entre os padrões estabelecidos para o sistema

6:0 nos diferentes resultados parciais pode-se entender que a equipa da

Espanha não apresenta uma diferença no comportamento defensivo para os

diferentes parciais estabelecidos.

Porém a utilização dos meios tácticos apresenta uma probabilidade de

ser variada entre os parciais, mas este resultado pode estar relacionado ao

processo ofensivo adversário e não propriamente com uma intenção táctica

defensiva. Mesmo assim, pode-se associar como uma tentativa da equipa da

Espanha em condicionar o ataque adversário e não permitir a organização

ofensiva, sempre com uma atitude activa e agressiva à procura da recuperação

da posse de bola.

5.2.2.3 Análise prospectiva e retrospectiva conside rando como conduta critério os eventos da categoria “Erros defensivos”

Foi realizada uma análise prospectiva de três transições e retrospectiva

de quatro transições relativas aos eventos registados nesta categoria.

Estas análises compreendem a totalidade de categorias e eventos

estabelecidos neste estudo.

Apesar de mostrarem padrões com transições sem evento registado,

estes padrões apresentam algumas diferenças significativas no processo

defensivo de Espanha para a comparação entre as situações estabelecidas

nesta variável.

Detectaram-se padrões de comportamentos para os eventos “Erro de

deslizamento” e “Erro de troca de marcação”.

Page 166: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

142

Conduta Critério : Erro de deslizamento (EDZ)

.

Esta conduta critério diz respeito a todas as sequências em que a equipa

observada cometeu erros de deslizamento, isto é, em uma situação que o

defensor deveria realizar uma troca de marcação este executou o

deslizamento.

Foram encontrados padrões de conduta com algumas transições sem

eventos registados nos momentos de parcial equilibrado e normal, sem exibir

padrão para o parcial desequilibrado.

No Quadro 12 apresentam-se os padrões de comportamento para os

acontecimentos prévios e subsequentes ao erro defensivo de deslizamento.

Quadro 12 – Análise retrospectiva e prospectiva à conduta Erro de deslizamento (EDZ)

PE – Parcial equilibrado; PN – Parcial normal; PD – Parcial desequilibrado. (DSM – Sistema defensivo misto; DSI – Sistema defensivo em inferioridade; IT – Intercepção; RE – Remate dos extremos; RS – Ressalto; DG – Defesa do guarda-redes; Z3 – Zona central de 6 metros)

Nos momentos de resultado parcial equilibrado a apresenta este erro

defensivo relacionado com a utilização dos sistemas mistos, com a intercepção

da bola como meio táctico de eleição, o ressalto e a recuperação da posse de

bola na zona próxima a área de baliza.

Para os resultados parciais normais este evento apresenta-se precedido

da utilização dos sistemas em inferioridade e seguido do remate dos extremos

e da defesa do guarda-redes.

No erro de deslizamento o defensor, ao acompanhar seu oponente

directo para tentar interceptar a bola no momento do passe ou a partir do

domínio por parte do atacante, se não obtêm sucesso produz espaço livre na

defesa para um possível passe de ruptura ou uma entrada do próprio atacante

directo.

-4 -3 -2 -1 PE 1 2 3

DSM: (2.15:)

IT: (5.88:)

EDZ RS:

(2.69:) Z3:

(3.48:)

-4 -3 -2 -1 PN 1 2 3

DSI:

(2.63:) EDZ RE:

(3.44:) DG

(3.44:)

Page 167: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

143

Os sistemas defensivos mistos e a utilização da intercepção da bola nos

momentos de parcial equilibrado reforçam a ideia da equipa procurar

pressionar seus adversários neste momento para criar mais dificuldade s e

conseguir recuperar a posse de bola sem risco a baliza, para seguir ao ataque

e conquista ou alargar a vantagem no marcador nestes momentos do jogo

(Pastor Goméz, 2006).

Os sistemas defensivos em inferioridade, por estarem relacionados com

o facto da equipa se encontrar em inferioridade numérica absoluta, também

impõem a necessidade de maiores entreajudas defensivas (Silva, 2000a).

Neste sentido se um erro de deslizamento é cometido em uma situação

onde a equipa já está em inferioridade numérica (considerando o uso dos

sistemas defensivos em inferioridade), isto pode estar associado com a

finalização dos extremos pela continuidade de jogo ofensivo, como se verifica

no padrão observado para os momentos de resultado parcial normal.

Pode-se destacar a probabilidade deste erro defensivo activar a defesa

do guarda-redes nos parciais normais. O que pode indicar uma boa actuação

do guarda-redes de Espanha nestas situações e vem confirmar a grande

valorização deste posto específico no Andebol.

Esta valorização é destacada por Antón Garcia (1994), Constantini

(1995), Klein (1999), Mortágua (1999), Oliveira (1996) e Silva (1999 e 2000a).

Porém Antón Garcia (1994) e Constantini (1995) afirmam que esta prestação

não pode ser considerada como puramente individual, uma vez que não pode

ser dissociada da prestação da defesa em si, já que existem muitas formas de

colaboração da defesa e do guarda-redes.

Esta colaboração é realizada a partir do bloco defensivo, os contactos no

momento de remate, a diminuição de espaços para o remate dos extremos a

dissuasão de trajectórias do atacante e do remate em si.

Olsson (2004) salienta que este sistema de colaboração existe para

ajudar o processo defensivo e não deve servir como desculpa para a falha do

mesmo.

Page 168: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

144

Conduta Critério : Erro de troca de marcação (ETM)

Esta conduta critério diz respeito a todas as sequências em que a equipa

observada cometeu erros de troca de marcação, ou seja, a partir de

combinações ofensivas.

Para este evento foram encontrados padrões de conduta em todos os

momentos de resultado parcial estabelecidos. Em uma fase retrospectiva na

situação de resultado equilibrado o padrão não apresenta evento relacionado a

transição -4.

O resultado parcial normal mostra um padrão com eventos registados

em todas as transições e o parcial desequilibrado apenas a transição -3 não

apresenta evento relacionado. Na fase prospectiva existe um padrão de três

transições validas para parcial equilibrado e padrões com duas transições a

registar eventos para os parciais normais e desequilibrados.

No Quadro 13, observam-se padrões de comportamento relativos ao

erro defensivo na troca de marcação.

Quadro 13 – Análise retrospectiva e prospectiva à conduta Erro de troca de marcação (ETM)

PE – Parcial equilibrado; PN – Parcial normal; PD – Parcial desequilibrado. (DGR – Defesa do guarda-redes; GLA – Golo marcado; AO – Ataque posicional; AR – Ataque rápido; DS3 – Sistema defensivo 3:2:1; DZT – Defesa em zona temporária; DS6 – Sistema defensivo 6:0; TM – Troca de marcação; RI – Remate da zona central de 6 metros; R7 – Remate de sete metros; GO – Golo sofrido; FO – Falha de finalização ofensiva; Z5 – Recuperação após golo sofrido)

Para este evento observam-se algumas mudanças no comportamento

táctico da equipa espanhola em relação aos momentos de resultado parcial

estabelecidos neste estudo.

-4 -3 -2 -1 PE 1 2 3

AO

(2.69) DS3:

(2.85:) TM

(13.32) ETM RI/R7: (3.72/5.44:)

GO (6.26)

Z5 (3.48)

-4 -3 -2 -1 PN 1 2 3

DGR: (2.17)

AR: (2.50:)

DZT: (2.60:)

TM (11.19) ETM RI

(6.21) FO:

(3.86:)

-4 -3 -2 -1 PD 1 2 3

GLA: (2.10:)

DS6:

(2.15:) TM:

(8.43) ETM RI: (5.05:)

GO:/DG: (2.67:/2.15:)

Page 169: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

145

Nos momentos de parciais desequilibrados o erro de troca de marcação

mostra uma probabilidade significativa de ser precedido de um golo marcado

pela equipa observada e de ser activado pela utilização do sistema 6:0. Em

uma fase prospectiva este erro exibe uma probabilidade significativa de estar

relacionado com os remates de 6 metros e golo ou a defesa do guarda-redes.

Para os momentos parciais normais o início da sequência defensiva

apresentou a probabilidade significativa do erro ser precedido da defesa do

guarda-redes adversário, ser activado por um ataque rápido e do processo

defensivo definir-se na zona temporária.

Estar com a defesa em zona temporária pode ser o motivo deste erro de

troca de marcação, uma vez que nesta fase da defesa os defensores podem

não estar nos seus postos específicos em determinado momento do encontro

(Antón Garcia, 2002; Ribeiro, 1999).

Em uma fase prospectiva de análise, nos momentos de parcial normal,

apresentam-se as finalizações na zona central de 6 metros e a falha de

finalização ofensiva como eventos de probabilidade significativa de ocorrência

associados ao erro defensivo.

Nos parciais equilibrados apresenta-se a probabilidade significativa do

sistema 3:2:1 ser utilizado e activar este erro de troca de marcação. Estes

sistemas fornecem amplos espaços entre os defensores das diversas linhas

defensivas, dificultando a ajuda defensiva, o que pode explicar o facto de estar

associado ao erro de troca de marcação.

Esta utilização do sistema 3:2:1 pode significar que a equipa esta a

utilizar um sistema defensivo muito profundo (Ribeiro, 2000; Silva, 2000b), com

o objectivo de pressionar o adversário no terreno de jogo, recuperar a posse de

bola e conquistar uma vantagem no marcador. Este facto é reconhecido pelo

treinador da equipa da Espanha.

Em uma fase prospectiva, para os momentos de resultado parcial

equilibrado, apresenta-se a probabilidade significativa do erro de troca de

marcação activar o golo sofrido.

Para os parciais desequilibrados este padrão pode indicar uma

fragilidade da defesa, uma vez que existe a possibilidade de utilizar o sistema

Page 170: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

146

6:0 e sofrerem remates de 6 metros a partir da troca de marcação, uma vez

que estes sistemas possibilitam pouco espaço na zona próxima da área de

baliza, não deveriam estar associados com as finalizações de seis metros.

Destaca-se a presença do evento defesa do guarda-redes como um

possível resultado favorável da sequência defensiva nestes momentos de

resultado parcial desequilibrado. Este facto confirma a importância

anteriormente mencionada do guarda-redes para o Andebol (Antón Garcia,

1994; Constantini, 1995; Klein, 1999; Mortágua, 1999; Oliveira, 1996; Silva,

1999, 2000a).

Para o parcial normal a conclusão deste padrão apresenta-se diferente

dos demais uma vez que mostra a possibilidade do remate de 6 metros na

zona central, comum a todos os parciais, mas a terminar em falha de

finalização ofensiva.

Nos momentos de parcial equilibrado verifica-se que este erro de troca

de marcação pode ser muito perigoso para o processo defensivo da equipa

espanhola já que exibe uma probabilidade significativa de estar associado com

os remates de 6 e 7 metros e com o golo sofrido.

Por este motivo existe a possibilidade de que o jogo seja decidido nos

detalhes colectivos e a equipa, nestas situações específicas da análise

realizada, mostra uma probabilidade de sofrer golo a partir da combinações

ofensivas que forçam a troca de marcação pela equipa da Espanha.

Esta é mais uma razão para que se tenha cuidado em analisar as

relações entre os processos do jogo (defensivo e ofensivo) a partir destas

combinações ofensivas de jogo reduzidos (“2X2” e ”3X3”), além das atitudes

correspondentes ao jogo de “1X1”.

A utilização do sistema 3:2:1 corresponde a aproximadamente 1,5% do

total de sequências observadas nestas situações. Este valor pode não

representar problema ao processo defensivo espanhol, mas pode ser

considerado para os treinos, uma vez que este sistema defensivo é

considerado muito profundo e agressivo e que dificulta a circulação da bola e

diminui a velocidade do ataque organizado, provando sua utilidade na

modalidade (Ribeiro, 2000; Silva, 2000b; Simões, 2002).

Page 171: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

147

5.2.2.4 Análise retrospectiva considerando como con duta critério os eventos da categoria “Acções de finalização da sequ ência defensiva”

Nesta análise foram obtidos padrões de conduta a partir dos eventos

registados como as acções que finalizam a sequência defensiva, isto é após

um remate ou uma intercepção de bola que termine em ressalto ofensivo

lançamento de reposição em jogo.

Esta análise procurou detectar a probabilidade de ocorrência dos

eventos registados nas seis transições antecedentes à conduta critério.

Isto corresponde do início da sequência defensiva até a categoria em

questão. Foram encontrados padrões de comportamento para os eventos

”Falha de finalização ofensiva”, ”Golo sofrido” e ”Ressalto”.

Conduta Critério : Falha de finalização ofensiva (FO)

Não foram encontrados padrões para o resultado parcial equilibrado, nos

parciais normais este evento apresenta-se relacionado com as condutas nas

transições -2 e -3.

Já nos momentos de parcial desequilibrado este evento apresenta um

padrão em que somente a transição -1 não apresenta conduta objecto

relacionada.

No Quadro 14 observam-se os padrões de conduta encontrados para os

momentos de parcial normal e desequilibrado.

Quadro 14 – Análise retrospectiva e prospectiva à conduta Falha de finalização ofensiva (FO)

PE – Parcial equilibrado; PN – Parcial normal; PD – Parcial desequilibrado. (FAE – Falha técnica; AR – Ataque rápido; DZT – Defesa em zona temporária; TM – Troca de marcação; CD – Controlo defensivo; ETM – Erro de troca de marcação; ESA – Erro de saída ao portador da bola)

-6 -5 -4 -3 -2 -1 PN

TM:

(3.11:) ETM: (2.57:) FO

-6 -5 -4 -3 -2 -1 PD

FAE: (2.07:)

AR: (2.07:)

DZT: (2.07:)

CD: (2.40:)

ESA: (2.58:)

FO

Page 172: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

148

Nos parciais normais a equipa apresenta uma probabilidade significativa

do erro de troca de marcação estar relacionado ao erro de finalização

adversária, mas com problemas quanto as trocas de marcações, como

aconteceram em padrões anteriores.

Estes problemas podem estar associados a uma maior utilização de

combinações ofensivas e meios tácticos de grupo pelos adversários e não só a

uma opção táctica da equipa da Espanha para estes momentos do jogo.

Nos momentos de parcial desequilibrado aparece a probabilidade

significativa da equipa sofrer com falhas no seu processo ofensivo,

possibilitando o ataque rápido adversário, mas ainda assim conseguir utilizar o

controlo defensivo mesmo em defesa de zona temporária.

O erro defensivo associado às falhas de finalização está ligado ao

remate de média e longa distância, o que pode demonstrar uma boa

recuperação da defesa de Espanha mesmo após falhas no ataque e contra

uma transição rápida do adversário, nestes momentos do jogo. O que

demonstra uma preocupação com este aspecto do jogo como salienta Garcia

Herrero (2003c)

Estes resultados não apresentaram uma diferença significativa no

comportamento táctico da equipa da Espanha nos diferentes resultados

parciais, isto porque pode-se entender que as diferenças no meio táctico a

utilizar podem estar relacionadas com o processo ofensivo adversário nos

resultados parciais.

Para além disso é possível verificar na análise descritiva que os valores

relativos apresentados por estas situações de falha de finalização ofensiva

representam menos de 10% das sequências válidas nas várias situações de

resultados parciais estabelecidas.

Uma curiosidade é que nos parciais equilibrados não se verificou um

padrão estabelecido pela falha de finalização ofensiva, o que pode indicar que

esta falha de finalização é relativamente menos frequente nestes momentos

parciais ou que não há eventos do processo defensivo relacionados

directamente com estas falhas do processo ofensivo.

Page 173: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

149

Isto pode traduzir uma melhor actuação por parte da defesa de Espanha

nestes momentos de parcial equilibrado, bem como a preocupação da equipa

nestes momentos específicos para recuperar a posse de bola com menor risco

à baliza.

Conduta Critério : Golo sofrido (GO)

Para esta conduta critério todos os resultados parciais estabelecidos

apresentaram padrões de conduta para este evento.

Os parciais equilibrados mostram um padrão de três transições

consecutivas (-1 a -3), os parciais normais exibem um padrão com apenas uma

transição a registar evento nesta análise e os parciais desequilibrados

demonstram um padrão onde a transição -2 é a única sem evento registado.

No Quadro 15 observam-se os padrões de comportamento encontrados

para o golo sofrido nas situações de resultados parciais estabelecidas.

Quadro 15 – Análise retrospectiva e prospectiva à conduta Golo sofrido (GO)

PE – Parcial equilibrado; PN – Parcial normal; PD – Parcial desequilibrado. (INA – Intervenções do adversário; CA – Contra-ataque; RDP – Recuperação defensiva; TM – Troca de marcação; SM – Sem meio táctico; ETM – Erro de troca de marcação; RI – Remate da zona central de 6 metros; R7 – Remate de sete metros)

Para o parcial desequilibrado o evento apresenta uma probabilidade

significativa de estar precedido do contra-ataque e da equipa não conseguir

intervir no processo ofensivo adversário nem na recuperação defensiva nem na

utilização de meios tácticos.

Isto pode indicar um bom aproveitamento da equipa observada nestes

parciais uma vez que o golo só mostra probabilidade de estar associado a

-6 -5 -4 -3 -2 -1 PE

TM

(3.09) ETM (3.48)

RI (3.45)

GO

-6 -5 -4 -3 -2 -1 PN

RI/R7:

(3.27/2.96:) GO

-6 -5 -4 -3 -2 -1 PD

INA: (2.49:)

CA: (2.49:)

RDP: (2.49:)

SM: (2.13:)

RI:

(2.04:) GO

Page 174: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

150

estes contra-ataques, que representaram pouco mais de 5% do total de

sequências observadas para estes momentos do jogo.

O golo sofrido apresentou uma probabilidade significativa de ser

precedido pelos remates de 6 metros em todos os parciais e de 7 metros para

o parcial normal, o que pode indicar a probabilidade de um menor índice de

aproveitamento dos remates exteriores pelos adversários nestas situações.

Este facto pode ser reforçado uma vez que, a partir da análise descritiva,

é possível verificar que os remates da zona de 9 metros foram os mais

executados pelos adversários (RC≈24% e RI≈22%) nestes resultados parciais.

Ainda neste sentido pode-se verificar que o aproveitamento destas

finalizações de primeira e segunda linha ofensiva é um dos indicativos que

segundo Silva (2000a), discriminam as equipas vencedoras no Andebol para os

jogos que terminam com resultado parcial normal.

Nos parciais equilibrados apresenta-se a probabilidade do golo estar

precedido do erro de troca de marcação, o que demonstra a importância deste

meio táctico de grupo nestes momentos do jogo, bem como demonstra um bom

aproveitamento do adversário nas combinações ofensivas de jogo reduzido.

Este erro, como já mencionado anteriormente, deve ser exaustivamente

combatido nos treinos já que a equipa, nestes momentos específicos do jogo,

mostra uma probabilidade de sofrer golo. Este erro assume seu maior valor

relativo nestas situações e é o segundo erro mais cometido pela equipa nestas

situações.

Os resultados obtidos nesta análise não possibilitam uma comparação

entre os comportamentos tácticos da equipa da Espanha uma vez que os

sistemas defensivos ou meios tácticos não apresentam eventos ligados ao golo

sofrido em mais que um dos resultados parciais estabelecidos na variável.

Pode-se destacar que o facto do golo sofrido estar associado ao erro de

deficiente recuperação defensiva não parece prejudicar o entendimento da

qualidade de retorno defensivo espanhol uma vez que o valor relativo da deste

erro representa menos de 5% dos erros cometidos.

Page 175: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

151

Conduta Critério : Ressalto (RS)

Este evento está relacionado a uma finalização por remate do adversário

ou a intercepção de passe em que a bola acabe por cruzar completamente a

linha saída de baliza ou a linha lateral.

Foram encontrados padrões de uma e três transições para as situações

de resultado parcial normal e desequilibrado respectivamente. Para o parcial

equilibrado verificou-se um padrão onde somente a transição -5 não apresenta

evento registado.

No Quadro 16 observam-se os padrões de comportamento encontrados

nas situações de resultado parcial estabelecidas.

Quadro 16 – Análise retrospectiva e prospectiva à conduta Ressalto (RS)

PE – Parcial equilibrado; PN – Parcial normal; PD – Parcial desequilibrado. FFO – Falha de finalização ofensiva; L9m – Livre de nove metros; AO – Ataque organizado; DSM – Sistema defensivo misto; DS6 – Sistema defensivo 6:0; BL – Bloco; IT – Intercepção da bola; EBL – Erro do bloco; SED – Sem erro defensivo; RC – Remate da zona central de 9 metros; SFN – Sem finalização ofensiva

Nos momentos de parciais desequilibrados o ressalto não apresenta

nenhuma outra probabilidade de associação em uma linha retrospectiva de

eventos, somente a associação com o remate de primeira linha ofensiva ou

situações onde a equipa adversária não finaliza, mas recupera a posse de bola

por um lançamento de reposição em Jogo.

Nos parciais equilibrados o ressalto ainda mostra probabilidade

significativa de ser precedido da utilização dos sistemas mistos e da falha de

finalização do ataque espanhol.

-6 -5 -4 -3 -2 -1 PE FFO:

(2.13:)

DSM (2.08)

BL (3.44)

EBL (4.04)

RC (4.37)

RS

-6 -5 -4 -3 -2 -1 PN

RC / SFN:

(4.22/3.21:) RS

-6 -5 -4 -3 -2 -1 PD

BL:

(2.51:) EBL:

(2.74:) RC:

(3.34:) RS

Page 176: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

152

Nestes momentos equilibrados a agressividade defensiva e a busca pela

recuperação da posse de bola se evidenciam pela probabilidade significativa da

utilização dos sistemas defensivos mistos, com o intuito de pressionar o

adversário e com isso criar dificuldades e recuperar a posse de bola com o

menor risco no jogo.

Esta utilização dos sistemas mistos também podem significar que a

equipa está em superioridade numérica absoluta, uma vez que é comum a

utilização destes sistemas defensivos para “retirar” o(s) melhor(es) jogadores

do adversário da organização ofensiva. Porem não é possível confirmar estas

intenções a partir das análises realizadas.

Estes resultados vêm de encontro ao que afirma Pastor Goméz (2006),

que a equipa deve procurar ganhar a vantagem no resultado a todo momento

para forçar o adversário a jogar com o marcador desfavorável, como mais uma

forma de pressionar o adversário.

A partir da análise descritiva pode-se verificar que o ressalto só não

aparece como o segundo maior evento nesta categoria nos momentos de

parcial desequilibrado, onde a defesa do guarda-redes assume esta referência.

Isto demonstra a importância dos jogadores de campo da equipa da

Espanha, uma vez que toda situação de ressalto significa que a equipa

observada não sofreu golo e ainda possibilitou uma forma de recuperação da

posse de bola sem que esta chegasse até a baliza.

Nesta análise pode-se verificar que o ressalto sem participação do

guarda-redes é activado pelos remates de primeira linha ofensiva. Combinando

estes resultados com os do golo sofrido pode-se entender que estes remates

não são os mais efectivos das equipas adversárias.

Neste sentido este indicador de rendimento estabelecido por Silva

(2000a) e citado anteriormente parece ter uma probabilidade de não estar

associado ao golo e sim ao ressalto nestas sequências defensivas uma vez

que é presente em todas as situações estabelecidas nesta variável.

Page 177: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

153

5.3 Síntese dos resultados obtidos

Em função da extensão deste Capítulo, a seguir será apresentada uma

síntese os resultados obtidos, separados por variável, no que diz respeito ao

comportamento táctico-técnico da selecção de Espanha.

5.3.1 Variável Relação Numérica

O Quadro 17 apresenta uma síntese sobre os resultados obtidos para

esta variável.

Quadro 17 – Comportamento táctico-técnico da selecção de Espanha na variável Relação numérica.

IG – Igualdade numérica absoluta; SN – Superioridade numérica absoluta; IN – Inferioridade numérica absoluta.

IG

O comportamento defensivo caracteriza-se por: (i) utilização mais variada de sistemas defensivos, (ii) grande variação na utilização dos meios tácticos individuais e de grupo; (iii) varia a forma de actuação dos sistemas defensivos mesmo dentro de uma mesma sequência defensiva; (iv) procura de acções mais individualizadas, quanto as responsabilidades defensivas no sistema 6:0.

SN

O comportamento defensivo caracteriza-se por: (i) utilização de sistemas defensivos mais profundos como sistemas defensivos mistos e 5:1; (ii) muita profundidade e dissuasão com tentativas de intercepção de passes e trajectórias; (iii) utiliza uma variação de sistemas mistos durante o mesmo processo defensivo; (iv) maior utilização do bloco e colaboração com o guarda-redes.

IN O comportamento defensivo caracteriza-se por: (i) maior disponibilidade defensiva com aumento das ajudas e mantendo a agressividade defensiva; (ii) provoca faltas para cortar a continuidade do ataque adversário; (iii) tenta manter uma igualdade numérica relativa do lado da bola, deixando do lado contrário da bola com um jogador a menos.

Page 178: Análise do Jogo em Andebol.pdf

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

154

5.3.2 Variável Resultado Parcial

O Quadro 18 apresenta uma síntese sobre os resultados obtidos para

esta variável.

Quadro 18 – Comportamento táctico-técnico da selecção de Espanha na variável Resultado Parcial.

PE – Parcial equilibrado; PN – Parcial normal; PD – Parcial desequilibrado.

Após a apresentação e discussão dos resultados obtidos serão

apresentadas as conclusões deste estudo bem como as limitações do trabalho

e as propostas para futuros estudos que foram estabelecidas.

PE O comportamento defensivo caracteriza-se por: (i) maior individualização da defesa; (ii) sistemas defensivos de muita dissuasão, profundidade e agressividade sobre o adversário; (iii) maior preocupação com recuperação da posse de bola, sempre pressionando o adversário; (iv) utilização mais variada de sistemas defensivos.

PN O comportamento defensivo caracteriza-se por: (i) tenta condicionar o ataque adversário a rematar de longa distância com a ajuda do bloco defensivo para estes remates; (ii) sofre mais com o contra-ataque, contra-golo e o ataque rápido; (iii) maior recuperação de posse de bola a partir do ressalto.

PD O comportamento defensivo caracteriza-se por: (i) divide as responsabilidades defensivas e actua de forma mais colectiva e com menor profundidade; (ii) maior utilização do bloco como forma de condicionamento do remate adversário; (iii) permite menos finalizações do adversário; (iv) comete menos erros defensivos.

Page 179: Análise do Jogo em Andebol.pdf

CONCLUSÕES

Page 180: Análise do Jogo em Andebol.pdf
Page 181: Análise do Jogo em Andebol.pdf

CONCLUSÕES

157

6 Conclusões

Neste Capítulo são apresentadas as conclusões relativas aos objectivos

e hipóteses levantadas para o presente estudo, em função da amostra e dos

resultados obtidos a partir das análises sequenciais. Pode-se concluir que:

H1 – Identificam-se padrões diferenciados no compor tamento defensivo,

em função da utilização dos sistemas defensivos

Em função da variável relação numérica absoluta não foi possível

verificar diferentes padrões de comportamentos para um mesmo sistema

defensivo nas distintas relações numéricas estabelecidas.

Na análise prospectiva em função da variável resultado parcial foi

possível estabelecer padrões diferenciados para um mesmo sistema defensivo

nos diferentes momentos de resultado parcial estabelecidos.

Os sistemas defensivos mistos e os sistemas em inferioridade

apresentaram padrão de conduta em diferentes momentos parciais, não

apresentando padrão detectável, aos momentos de parcial normal e

desequilibrado, respectivamente.

H2 – Os erros defensivos apresentam padrões diferen ciados de condutas

para as categorias e variáveis estabelecidas

Para a categoria “Erros defensivos” pode-se concluir que a utilização de

diversos sistemas defensivos nas diferentes relações numéricas associados

aos erros defensivos, bem com as diferenças no fim da sequência defensiva,

exibem uma maior variação táctica da equipa da Espanha nas diferentes

relações numéricas observadas.

Em função da variável resultado parcial pode-se citar que estas

situações mostram uma maior variação táctica da defesa de Espanha

associada aos erros defensivos.

Page 182: Análise do Jogo em Andebol.pdf

CONCLUSÕES

158

Por não existir uma associação directa entre os erros defensivos e o

resultado das finalizações do adversário pode-se entender que estes padrões

de comportamento estão ligados mais a qualidade do ataque adversário e não

tanto a uma efectiva diferenciação táctica da equipa da Espanha.

H3 – Existem padrões de conduta específicos relacio nados com as

situações de igualdade ou desigualdade numérica abs oluta

Não foi possível verificar um padrão de conduta específico para as

diferentes relações numéricas estabelecidas neste estudo mas, a partir dos

dados das análises descritivas e sequencial, pode-se entender que as

diferentes situações numéricas influenciam o comportamento táctico das

equipas em confronto.

Portanto a relação numérica influencia os processos de jogo das equipas

em confronto, mas não de igual forma em todas as categorias estabelecidas

neste estudo.

H4 – O resultado parcial apresenta padrões diferenc iados de

comportamento da equipa observada

Apesar de não ser possível identificar as formas específicas de como os

resultados parciais estabelecidos influenciam a actuação defensiva da equipa

da Espanha foi possível detectar algumas variações mais comuns para certos

momentos parciais estudados.

Pode-se concluir que o processo defensivo da equipa da Espanha é

influenciado pelo resultado parcial do jogo.

A seguir serão apresentadas algumas propostas para futuros estudos.

Page 183: Análise do Jogo em Andebol.pdf

CONCLUSÕES

159

6.1. Propostas para futuros estudos

Nesta fase do presente trabalho há que se ter cuidado para que as

propostas não escapem ao âmbito da realidade que a análise sequencial

oferece na actualidade, mas são argumentos arquitectados que possivelmente

auxiliem treinadores e estudiosos da modalidade.

Neste sentido parece pertinente:

� Estudar o processo ofensivo juntamente com o processo defensivo para

melhor designar as razões da ocorrência de alguns eventos analisados em

comum, tais como as relações entre os meios tácticos utilizados nos

diferentes processos de jogo;

� Verificar a relação dos postos específicos e/ou jogadores envolvidos nos

meios tácticos utilizados em ambos os processos de jogo, bem como os

postos específicos e/ou jogadores implicados nos erros defensivos;

� Verificar as relações entre as combinações ofensivas e defensivas em jogo

reduzido (“2X2”; ”3X3”; ”2X1”; ”1X2”; ”3X2”; “3X3”) e identificar quais destas

situações são mais eficazes para uma equipa, ou em geral;

� Validar um questionário que verifique a compreensão do jogador quanto à

tomada de decisão em certos momentos e/ou padrões de jogo

estabelecidos a partir da análise de jogos em que participam.

Page 184: Análise do Jogo em Andebol.pdf
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 187: Análise do Jogo em Andebol.pdf

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ANEXOS

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ANEXOS

179

8 - Anexos

8.1 Transcrição da palestra do seleccionador nacional de Espanha Juan Carlos Pastor Goméz

… Um homem diferente… porque eu não gosto de falar de um antes,

sempre que falo um pouco, não gosto de falar dos outros, gosto de falar de

mim ou de nos mesmos, do que fazemos. Para mim a palestra é sobre a

estrutura de nossa defesa.

Eu sempre digo que não há receitas para as coisas e que devemos dar

orientações e ideias e que todo mundo ao final pergunte sobre elas e,

sobretudo, que leve para casa dúvidas, não? É o que creio que realmente vale,

não? Que amanhã levemos para casa dúvidas das situações que estamos

expondo aqui e, como haviam dito, com os diferentes pontos de vista, não?

Cada um tem seu ponto de vista e, sobretudo, o mais importante é que nos dá

rendimento a cada um, isto é o que todos temos que ver.

Acredito que todos nós treinadores tentamos nos aprofundar, sempre a

tentar revisar todos os sistemas de jogo, para melhorar-lhes e inovar-lhes,

porque? Porque a final todo a gente também estuda, todo a gente também

estimula o desenvolvimento dos estudos.

Assim temos nossa defesa, coloquei algumas fotos para dar um pouco

mais de apelo a apresentação, mas o que temos de perguntar primeiro é que

objectivos gerais temos em nossa defesa? E é sempre muito importante, não?

O que queremos? Não?

E sempre falamos de ataque, não? Sempre dentro do Andebol falamos

de ataque, qual é o objectivo: no ataque fazer o golo e na defesa não sofrer

golos. Isto é o realmente importante, não sofrer golos, isto é realmente

importante e, sobretudo, o mais importante é que o adversário não crie uma

situação clara de golo, é o que sempre tentamos.

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ANEXOS

180

Sempre dizemos que para ganhar temos que jogar bem, mas só falamos

de ataque, não? Queria ver se a jogar bem, sim, nos criamos 3 ou 4 situações

de golos, para ganhar, eu acredito que é ponto de vista, um caso de ponto de

vista defensivo, porque poucos gostam de defender, e eu acredito que é

gostoso defender.

Eu… nos estamos a tentar criar jogadores que gostem de defender, e a

tentar criar jogadores que gostem de defender mais que atacar pelo apelo de

tentar não sofrer um golo, tentar roubar uma bola e tentar criar dúvidas aos

adversários, como vamos ver.

Porque… há muita gente que está aqui que tem assistido nosso jogo

defensivo, e todos dizem que é diferente dos demais, porque é um jogo de “não

bater”, não é que “não bata”, “e não batem nunca”… não? Se temos que fazer

faltas, as faremos como vocês poderão ver a seguir.

Mas temos umas condicionantes, umas premissas, umas ideias, que

veremos à continuação, e por isso não é que vamos destruir o ataque,

tentamos criar sempre a partir da nossa defesa, e isso é realmente importante,

as ideias defensivas, não? Eu creio que é o mais importante, não? Que ideias

temos?

Uma clara (ideia) nos atacamos … logo vamos tentar explicar, temos

doze ilustrações e em cada uma delas vamos tentar explicar, não? Qual é

nossa ideia defensiva?

Nós a defender, como havia dito antes, não defendemos, tentamos

atacar. Mas explicaremos o que significa atacar, para que todos saibam um

pouco sobre o tema.

Dissuadimos , fazemos muitos movimentos de dissuasão e em cada

uma destas ilustrações vamos explicar-lhes.

Ciclo de passos … aqui não se fala só em ciclo de passos no ataque,

muito mais importante é o ciclo de passos para a defesa… um tema muito

importante o ciclo de passos… provocar erros, cortar passes, defender os

meios (tácticos) básicos, sempre falamos dos meios básicos de ataque,

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ANEXOS

181

sempre falamos de como atacar... nunca… vemos pouca gente que fala de

como se faz para suprimir os meios básicos de ataque, como os defendemos?

Sim, temos que ter umas ideias bem claras.

Eu jogo com um companheiro, jogo com outro, temos dois centrais em

um sistema 6:0, quando jogo com um faço assim, quando jogo com o outro

faço de outro jeito… não, não, não… tudo isso temos estudado realmente a

fundo... agora explicaremos todos.

Remates em zonas de densidade defensiva ...

É melhor que ameacem onde tenho mais jogadores, obviamente.

Provocar passivos, faltas necessárias, não fazer faltas sem sentido, fazer as

faltas necessárias, que sirvam e tomar o mínimo de exclusões possíveis.

As pessoas quando assistem nosso jogo acreditam que somos das

equipas que menos exclusões sofrem, que somos das equipas que menos

faltas cometem, que somos a equipa que tenta criar estas dúvidas…

Tudo isso, todo este conteúdo… tudo… vamos tentar explicar, estas são

as ideias que temos, nossas explicações, todas, o que realmente temos a dizer

aos jogadores é porque fazemos as coisas, para que as fazemos e quando às

fazemos.

Quando fazemos uma falta tem que ser uma falta “técnica” as vezes

acontece com nossa equipa, por exemplo, quando outra equipa faz uma saída

rápida de ataque após um golo, como estamos a realizar as trocas defensivas,

sofremos um golo.

Ai é que temos de fazer uma falta para que nossa defesa volte a

formação ou quase formada. Ou as vezes ao final dos jogos para “matar” o

jogo, devemos fazer as faltas “técnicas” sem sofrer exclusões, não queremos

exclusões, queremos as faltas “técnicas” antes, para que? Para que passem os

segundos e acabe o jogo, não?

Vamos começar pela primeira, não? A primeira é atacar na defesa .

Dizemos: não esperaremos o que o adversário faça , nunca

esperaremos o que ele faça. Sempre a tentar ter a iniciativa , sempre vamos a

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ANEXOS

182

frente, a tentar sempre estar a frente, o que significa isto, que temos que

conhecer ao adversário como uma equipa , conhecimento do adversário

como equipa, e como é o indivíduo à defender , um pouco de tudo isso…

Não podemos planear um jogo sem saber ou conhecer os jogadores que

teremos pela frente. Outra coisa é que temos umas ideias gerais, umas

situações proibidas, por exemplo, à nos não podem… vamos colocar… fintar

por um sítio, não nos podem fazer “este passe”, e alem de tudo, se sabemos o

que eles fazem (e acontece) já é mais grave, então isto para nós é

fundamental, não? Por isso devemos estar à frente deles.

Nós sempre tentamos criar estas dúvidas, dissuadir e que eles não

estejam confortáveis, não estar “atrás” deles (a esperar o que venham a fazer).

Em um momento do ataque, criam uma oportunidade de golo e marcam, assim

não vou ficar contente e por isso tentamos estar à frente.

Por exemplo todo mundo sabe ou deveria saber, que quando estás em

uma defesa 5:1 e tem um “passe e vai” de um lado, desdobram de outro, ou

circula o extremo, ou desdobra o central ou o lateral contrário, sempre. Mesmo

que meça 1,95m é um jogador que devemos reconhecer.

Por exemplo, isto é o que as vezes a maioria das pessoas não

entendem, como é o indivíduo que temos de defender, é um rematador? É um

fintador? Ou é tudo. Tem gente que defende igual, tenha o “Ivano Ballic” a

frente ou não tenha ninguém… não, não, não…!!! Nosso defensor deve saber

quais os pontos fortes do adversário.

Pressões : nunca ficamos quietos, sempre estamos activos, sempre

estamos a pressionar. O jogador, tanto da zona da bola… como tem gente que

diz: “não é que, na zona contrária da bola vocês estão a pressionar?”.

Sim… tem gente que faz, como um alemão que redigiu um artigo que

vemos aqui, que tem uma foto da selecção de Espanha onde o Alberto

(Entrerrios) está a pressionar, Mariano (Ortega) está a pressionar, mas o

detalhe é o porque pressionar, para que pressionar, quando pressionar.

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ANEXOS

183

Estas são as receitas que cada um deve trabalhar… sobre elas, é dizer,

por exemplo… ”por que (a equipa da foto) está a fazer isto e quando eles vem

(vão pressionar)?” Então… está é, um pouco, a ideia… não estar parado

nunca, e nem esperar o que os adversários façam, é dizer… “não esperar”.

Tem gente que diz que só trabalhamos no ataque, não… vamos

trabalhar a defesa deste ponto de vista.

A seguinte… Dissuasão.

No começo não procurávamos o corpo a corpo, não buscávamos por

necessidade, porque toda a gente era muito maior que a gente; e como todos

eram maiores que nós não buscávamos a situação de um contra um.

Tínhamos que puxar um pouco pela inteligência, tínhamos que defender

pivôs muito grandes…. ah… Juancho (Perez)… tínhamos que defender e

buscar outros formas para defende-los e não poderíamos buscar o corpo a

corpo, porque sofreríamos exclusões e iríamos contra nossas ideias.

Dissuadimos trajectórias , dissuadimos, dissuadir, o que é? Criar

dúvidas, enganar, criar problemas ao atacante, o que disse antes, tudo

interrelacionado; de estar à frente, cortar-lhes as trajectórias, que eles tenham

problemas, isto se eu sei o que eles vão fazer.

Dissuadimos passes , eu já sei que passe faz determinado jogador

quando vai para um lado ou quando vai para o outro… ou, eu já sei que passe

faz quando percebe que determinado passe vai ser interceptado.

Dissuadimos remates , como? Tem jogador que faz muito bem o

remate de anca, o remate rectificado e se nos sabemos, estaremos

preparados, este remate ele não fará… o dissuadimos antes que o faça.

Ciclo de passos , o ciclo de passos não é só para o ataque, para mim o

jogador que domina o ciclo de passos... quantos jogadores dominam o ciclo de

passos? Quantos sabem cair em ponto zero? Sabem sair para os dois lados?

Utilizam os três passos? Utilizam um drible para realizar mais três passos, com

finta em cada passo, com fintas de remate, com fintas de passe e com

qualquer situação.

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ANEXOS

184

Quem faz isso uma vez, toda a gente vê que é mundialmente muito

bom… e essa é a diferença. O ciclo de passos, mas não só no ataque, temos

que tentar na defesa não sofrer com o ciclo de passos, porque estarei a dar

muita vantagem ao adversário, devo defender porque tenho de fazer o ciclo de

passos em ataque mas devo tentar sempre que os atacantes adversários

nunca realizem o ciclo de passos abertamente, é isto o porque das dissuasões.

O defensor deve conhecer (o atacante) igualmente pa ra sua

observação, decisão e execução defensiva , tem jogador que diz: “eu vou, eu

vou…” e “pumba” (sofremos golo) e eu lhes pergunto: vocês sabem quantos

passos ele deu? Se ele é canhoto? é destro? realizou uma finta? …Vocês…

quanto restou do ciclo de passos? E essa é a real riqueza.

Ai vem o tema da arbitragem e as vezes temos problemas, tem

jogadores nossos que quitam (demonstram seu erro), porque? Por que eles

percebem que quando fazem uma coisa a mais (por exemplo passos), acabam

por errar um passe. Por isso sempre digo: gosto sempre de uma arbitragem

que seja muito boa tecnicamente, que apite todos os passos, que apite todas

os dribles ilegais, que apite as faltas atacantes e que apite também as

exclusões.

Com uma arbitragem assim temos muitas opções de ganhar,

muitíssimas. E que logo ele dê por apitar 4 faltas de ataque em vez das18, que

dê por apitar 6 passos dos 25, se são passos… são passos, tema bastante

importante.

Provocar erros , a criação de dúvidas (dissuasão) vai provocar erros do

tipo:

� Técnicos: como dizíamos; os passes… quando alguém joga

contra nós sempre está a pensar: “estão a dar o passe? estão a dar-me o

passe? estão a testar-me com o espaço para a meta?”... o remate para

fora…”. Tem gente que remata porque não faz nada melhor. Isto é ficar

quieto e observar o que acontece ou estar à frente e tentar criar estas

dúvidas para provocar erros de remate, de falta de ataque, por exemplo.

Page 209: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

185

� Regulamentares: como passos, dribles ilegais, violações de área

de baliza… pois como vamos criar um problema de violação de área de

baliza? Pois tem muito pivô que “pisam” (invadem a área de baliza) pelo

facto de correr por trás (da defesa), então ao correr por trás e ao provocar

erros de passe correm mais dentro (da área), podem invadir, talvez batam

na bola nos pés e não tem tanto espaço porque o defensor já está com ele,

a ir para trás, então ao final, a provoca o invadir a área de baliza.

Cortar passes , cortam passes que vão ao “par”, alguém assiste nossa

equipa… as vezes cortam o passe que vai ao “par” ou cortam o passe se vai ao

“ímpar” porque estão a pressionar, cortam o passe que vai ao pivô, porque

estamos sempre pendentes, um pouco, a estas situações.

Cortar linhas de passe, as vezes não é importante só cortar o passe

senão cortar também as linhas de passe, para que os outros tenham que dar

outro passe em vez de vertical, em vez de profundidade, o passe horizontal,

como se diz no futebol. “não acredite que é só para fazer passes horizontais,

não? Que é o mesmo que provocamos ao final a cortar as linhas de passe, o

que estamos a provocar são os “passivos”, não?

Defender meios básicos , aqui temos de parar todo a palestra,

igualmente se estivéssemos em uma palestra de ataque, teríamos que dividir a

palestra em: Quantos jogadores fazem fintas para os dois lados? Quantos

jogadores sabem jogar com um bloco defensivo? De verdade… quantos

jogadores realizam um cruzamento, de verdade… ou mudam de posições?

Quanta gente ataca o intervalo? Pode-se contar… são 5 ou 4.

Quantos sabem quando é cruzamento ou quando é uma circunstância

possessiva?... muito poucos. A todo mundo dizemos cruzamento e cruzam…

mentira; nos mudamos de posição.

Vamos trabalhar o básico, eu sempre digo, em todas as pré-temporadas

relembro as bases, durante os treinos relembro as bases, e faço muito afinco

na base, e eu sou “pesado” com a base, porque logo é muito mais fácil fazer a

sistemática.

Page 210: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

186

Defesa de meios técnicos individuais , como vamos defender as

fintas? Como vamos defender as mudanças de direcções? Com ou sem bola?

Tudo isso temos de explicar ao jogador. O que queremos nos como

treinadores? Como vamos defender? Como vamos defender os ataques ao

intervalo? Quando? a partir de um cruzamento?

“Cruzamento! Troca!” temos que ver mais coisas, temos que observar

mais coisas como dizíamos antes, há que observar, há que decidir e há que

executar e isso faz a prática. Na troca de marcação, algumas vezes quando te

atacam, realizam cruzamentos falsos, e isso toda a equipa deve saber como

defender.

Quem vai sair num cruzamento ? O primeiro central? O segundo

central? Ou não sai ninguém? Ou saem os dois? Isto eu não sei… cada um vai

ter que buscar.

Nos não trabalhamos de um jeito, já tenho dito que não existem receitas.

Isso sim, vocês terão que ter estudado e tê-lo claro, e porque? E sobre tudo, o

porque… por que quando vemos os vídeos, uns saem em um e outros saem

em outro. Porque sai esse ou porque sai o outro? E se rematam por cima?

Temos que ter bem claro.

Como vamos defender os bloqueios ? Como vamos defender os

bloqueios quando ganham a posição? Como vamos defender os bloqueios

exteriores? Como vamos defender os bloqueios frontais? Terá uma forma de

defende-los?

Todos tem de saber que deve ser harmónico, e se pode defender sem

faltas claras, a tentar que, logo que você tenha uma opção, criar dúvidas ao

adversário. Porque a chave é ser igual ou um a mais na defesa.

Você o que quer no ataque? Ter vantagem… você o que quer na

defesa? Ter vantagem… vantagem na defesa significa, estar igual ou ser um a

mais.

Page 211: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

187

Defesa de cortinas e bloqueios , defesa do passe e vai com e sem

bloqueio , defesas das circulações de jogadores , mas normalmente as

realizam quando o pivô está do lado contrário, porque circulam os extremos.

Defesa dos desdobramentos , como vamos defender um

desdobramento do lateral? Defendemos um 5:1, por exemplo, estamos a

defender em 5:1, que estamos a fazer? Como vamos defender um

desdobramento do central? Na zona da bola? Na zona contrária à bola?

Segundo a posição do pivô? Como vamos defender?

Tudo isto temos de ensinar ao jogador, como sempre digo, cada vez que

falo de ataque tenho que ter uma bateria (circuito de exercícios) de ataque e,

quando falo de defesa, as poucas vezes que falo de defesa, temos que ter uma

bateria do mesmo.

Temos de poder defender qualquer coisa que nos apresentem e buscar

as soluções para estes problemas e acima de tudo, o mais importante de tudo

isto é que depois de defender nos temos de estar em igualdade, no mínimo, se

formos mais, melhor.

Remates nas zonas de densidade defensiva , Não só em quantidade

de defesas, eu tentarei que rematem na zona onde tenho mais jogadores,

tenho que tentar, ou onde estão meus melhores defensores , tenho que levar

o ataque onde eu queira, ou tenho que tentar levar o ataque nos sítios onde

estão meus melhores defensores.

Exemplo, o Barça (F.C. Barcelona) onde levava o ataque? Onde Fazia

“Cheki”? e o que acontecia? Aonde eram seus pontos mais fortes, sempre

temos que tentar...

Ou também em zonas onde meus guarda-redes mais defendam ,

porque os de escola Jugoslava fazem 3:2:1? Porque seus guarda-redes

defendem muito de 6 metros, e nem tanto de trás (9 metros), ou então

preferem que rematem os pontas, ou pivôs do que das zonas exteriores,

porque? Por que assim defendem muito e tens que conformar a tua defesa

também a pensar nisso.

Page 212: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

188

No caso de que ganhem vantagem onde eu quero que ganhem

vantagem, umas vezes fazemos quando estamos com um a menos, quando

somos um a menos e temos pouco tempo de jogo, decidimos: “não! que remate

outro!”… não, mas desejamos que ele remate em toda a partida.

Em zonas onde é mais difícil marcar golos , logicamente é mais difícil

para um pivô marcar onde em geral há mais defensores; e teríamos o guarda-

redes para isso, muitas vezes, alguns pivôs tem mais dificuldade de marcar o

golo, em uma certa zona extrema porque, se ele está do lado ruim e

empurram-lhe um pouco, tocam-lhe, ai é mais difícil de marcar o golo.

Provocar passivo ,

Como dizíamos antes, se eu consigo estar em igualdade, depois de não

nos criarem um sistema, vamos tentar provocar o passivo, mas é o passivo que

funciona, em cada partida, de acordo com a arbitragem.

Como funcionam desde o começo da partida? Quanto tempo levam para

sinalizar? Quantos passes deixam? Sinalizam e quantos passes deixam? Tem

uns que nem deixam… deixam fazer faltas? Isto tem que confirmar, se deixam

fazer faltas, vamos ver, as vezes não deixam nem fazer falta.

Outro tema importante, fazer faltas necessárias , só fazer quando não

realiza o sistema de marcação e vão criar uma clara oportunidade de golo. É

dizer: “nos tentamos que o jogador realize o sistema ao máximo, mas quando

percebe que não vai conseguir, que faça falta e que volte ao início”, não pelo

sistema de jogo, porque ao final este jogador não lhe vale esta falta.

Alguma vez alguém pode ter visto… mas e se não marcaram golo…

mas… é que não tinha contado que… não reparaste no ciclo de passos… ou

não viste que era só o que restava, ou só podia dar este passe e tu chegavas,

ou um ponta que vai por cima de um (jogador) de 2 metros, “não deixe rematar

por aqui (remate de anca) …”, que ficaste aqui pendurado e fim da história,

pumba!... e o matou! Encima… uma exclusão… e não é que não tenha feito a

falta. Não fizeste a falta pelo sistema, a não ser que não revise seu sistema.

Page 213: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

189

Para cortar a continuidade de jogo do adversário , as vezes quando o

jogo está “perturbado” (indefinido)… tem gente que faz o oposto, nos sabemos

que tem equipas que para “pegar” a gente, nos fazem faltas, e por isso temos

que, durante estes dias enfatizar na continuidade do sistema. Se estivéssemos

a falar de ataque cada sistema tem de ter sua continuidade e tem que tentar

realiza-lo ao máximo.

Continuidade… é não ser tonto, tonto é quem luta (insiste), tem que

buscar ganhar vantagem numérica, quando vemos uma equipa que nos está a

deixar loucos, que está a criar problemas, que temos dificuldades com sua

continuidade, algumas vezes temos de fazer faltas para cortar-lhes a

continuidade, e que voltem a começar. As vezes, temos trabalhar assim desde

o início, porque depois criaram um jogador a mais (vantagem) e na

continuidade estão a marcar golo… sempre.

Cortar a continuidade segundo o momento do jogo , logicamente, é o

que dizia no começo; tem vezes que temos pouco tempo de jogo e o que a

gente pede são faltas técnicas, FALTAS TÉCNICAS!

Temos que fazer uma falta técnica, tu vais a ganhar o jogo de quatro

golos e a faltar dez segundos fica por um golo, vamos fazer uma falta técnica

para que não nos marquem, em dez segundos, outro golo; o jogo já está quase

ganho.

Se estivéssemos no ataque já estaria ganho, por que com vinte

segundos não vamos dar-lhes a bola, não? Mas as vezes temos de provocar

isto, faltas; iguais as que provocamos no ataque, o discurso é o mesmo, mas

ao contrário. Tem que fazer uma falta? Deixar a bola no chão? Levantar a

bola? Temos de ter um pouco de astúcia, sempre com sentido, as faltas sem

sentido…

Por exemplo… na última partida teve um jogador que me disse: “este

cara está a me bater, vou mata-lo. Me deixa dar um soco nele?” a resposta é

“não porque senão não jogas a supercopa”… “me deixa dar um soco no último

minuto?” a resposta é “não porque senão não jogas a supercopa”… porque no

Page 214: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

190

ultimo minuto se der um soco em alguém e receber um cartão vermelho, pelo

facto de ser o ultimo minuto, automaticamente o jogo seguinte não podes jogar.

Por isso temos de ter um pouco de critério e senso nestas situações.

Tem finais que, se vais jogar pelo título, logicamente que tem de buscar estas

situações. Tem faltas que temos de conhecer o regulamento e tem jogadores

que não conhecem o regulamento, por exemplo um jogador vai pelo meio do

campo, tu estás no ataque, roubam-lhe a bola, e no meio do campo fazes uma

falta por trás, faltando dois segundos para acabar o jogo, é livre de sete metros

e exclusão e talvez este jogador não teria tempo para chegar a meta, tem

jogadores que não sabem isto e temos de dizer “esta falta não fazes, por este

motivo”.

Menor número de exclusões ,

Bom, faz tempo que começamos com este critério, porque? Primeiro por

necessidade, por que? Porque era o único jeito de ganhar de certas equipas, a

jogar mais minutos que eles em superioridade. Por que quando estávamos golo

a golo nos cinquenta minutos, então em dez minutos com um a menos

sofríamos quatro a cinco golos, eles em superioridade.

E nos? Como poderíamos tirar esta diferença de seis golos? Como? A

arriscar muito, sempre arriscávamos. É dizer, sempre tínhamos, claro que

nunca jogávamos com um marcador de 1-0, sempre jogávamos a 3-1.

Embora às vezes, muitas, nós permanecemos em 1-1, ou 2-2, até

termos perdido mas, outras quantas vezes nós fomos para o terceiro (3-0), nos

termos conseguido parciais de 5-0 com duas exclusões foi o que nos deu a

vantagem.

Por outro lado as vezes ganhamos esta vantagem no começo do jogo e

jogamos muito mais confortável, porque tua equipa joga melhor com a

vantagem e a equipa contrária joga contra o marcador, sempre tentamos

procurar estas ideias.

Para estar menos tempo possível em inferioridade e, logicamente, isto

leva a ser um a mais durante mais tempo. Nós durante a semana inteira

Page 215: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

191

trabalhamos muito para estar em superioridade, no campo inteiro, o tempo

todo. Nós somos mais um, “vamos defender a este, e a este”. Nós defendemos

em 5+1? Nós defendemos em 4+2? Se eles mudam de zona, que nós

fazemos? Todas estas possíveis jogadas precisam ser exploradas, em

desigualdade, logicamente.

Benefícios destas ideias.

Nós demos muitas ideias, e decidir que tudo isso é teoria, logicamente,

tudo isto é o que se precisa trabalhar, é dizer: “aqui estamos, ou ao contrário”.

Nós temos a prática e desta prática sai a teoria. Não temos pensado que a

melhor forma que para defender, para nós, são estas ideias, não? Porque

temos uma série de benefícios, e eu acredito que não mudarei, senão o que

temos a fazer é melhorar sempre, não?

Acima de tudo saber quando um jogador deve fazer uma falta, mas falta

em muitos casos, ele saber quando o jogador não está a realizar o sistema,

saber que quando o jogador não está a realizar um sistema, isto é o nosso

trabalho diário e por isso sempre vamos de menos a mais, e é mais fácil jogar

as últimas partidas do ano. Até que comeces a entrosar toda a gente. E depois

neste sistema quando um jogador falha, acabou-se! Acabou-se!

Ou todos vamos na mesma, quando falha um, é porque diz: ”é que este

é meu” diz um, ”é que este é meu”, diz o outro, não? “Agora este é meu”,

“Agora este é meu”, “Agora este é meu”, quando um defende individualmente é

muito mais fácil corrigir, também, porque? Por que quando falha um jogador,

dizes eh!

Ou quando você defende individualmente é muito mais simples, porque

aquele jogador vai, e já está. Mas, quando você tenta fazer um sistema zonal,

um sistema no qual cada um tem designado um conceito no qual, se um perde

o do lado, esta é a situação, se perder ao lado, você tem muitos problemas.

Se você sabe o que vai fazer o companheiro ao lado; eu estou dizendo o

que você tem que fazer; e o final do trabalho diário leva aos benefícios destas

ideias.

Page 216: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

192

Benefícios destas ideias.

Marcar golos fáceis, logicamente, e agora ainda mais, porque quando

alguém comete violação da área de baliza, o guarda redes faz o inicio do jogo

dentro da área, quando alguém faz passos, quando alguém faz falta de ataque

e permanece no chão e mais fácil marcar golos de contra-ataque, quando

alguém perde uma bola, um corte que de passe, marca golos mais fácil.

Isto é muito importante, muitas vezes quando você joga contra uma

equipa grande, o que é que você quer? As vezes, que não nos marquem golos

fáceis, e e que seja possível marcar golos fáceis. Nós marcamos 1,2, 3 vezes,

e o que nós dizemos é: “vamos sofrer menos que 30 golos, nós vamos ver se

conseguimos deixar em 24-25 golos contra”, mas é difícil descontar,

logicamente dá para perder, mas já é um problema do ataque.

Então vamos ver se realizamos um jogo fácil, porque até aqui só saem

defesas tácticas complicadas, em que sofremos golos na defesa, e às vezes

quando não marcamos golos de seis metros, eles marcam, então temos de

buscar o jogo a estar atrás no marcador, como? A Mudar a defesa, a provocar

estas dúvidas, a criar aquela incerteza, a mudar de uma defesa mais agressiva

para uma defesa mais aberta, em varias partes, que é uma das muitas formas

de ganhar.

Mais ritmo , claro! Isto significa que as equipas atacam mais rápido, toda

vez que você cria dúvidas, eles sempre terminam a atacar mais rápido, sempre

a meter-se na sua dinâmica e nós gostamos de jogar com ritmo, quanto mais

louco o jogo, melhor nós administramos, isto está claro, porque nós estamos

habituados à jogar naquele ritmo, não?

Nós temos problemas com os balanços defensivos, por este motivo o

que queremos? O objectivo que temos durante este ano, é ver se podemos

jogar tanto no clube como na selecção nacional com uma só substituição de

jogador, com uma só substituição!

Na Alemanha (primeira partida) usamos duas substituições, 30x50

(muitos golos), segunda partida, 25 golos, uma substituição, terceira partida, 22

golos, quarta partida, 23 golos, uma a perder, porque isso? Porque…. Com

Page 217: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

193

uma só substituição ganha-se muitas coisas, e é outro objectivo que nós temos

que marcar.

Tem que tentar ver se melhoramos com uma só substituição, também o

que normalmente acontece é que os que levam o contra-ataque são os

defensores, não se esqueçam, e com estas substituições desperdiçamos

tempo, porque eles não levam o contra-ataque tão bem como um jogador de

ataque. Este defensor está um pouco disfarçado, para dar mais criatividade no

contra-ataque, para ficar mais seguro, jogar completamente seguro.

Mais minutos em superioridade , temos que explorar isto, logicamente,

mas é a coisa mais difícil. E acima de tudo também mais espectáculo. Nós não

podemos esquecer que a coisa importante é ganhar. Para ganhar o importante

é jogar, e as pessoas vão para o pavilhão, quanto melhor sua equipa jogar. Isto

é a virtude, o trabalho, o tratar bem a bola, mas com um bom jogo e finalmente

és um jogador rápido.

As pessoas gostam também que não exista tanta violência que muitas

vezes é desnecessária, não? Que isto é como tudo, nem branco, nem preto.

Nem bem marcaram um “tio” (jogador), nem o deixam passar, mas sim uma

gama cinza, o qual devemos manter, mas é fundamental o que quer nossa

equipa, e o que pode fazer? Não?

Não é por ter atletas de 2 metros, lá no centro, que só vai defender 6:0

ou o contrário. Quer dizer, em Alemanha, Jonnhy Jenzen, nos anos 90 com a

equipa “Stándar de Friesburg”, defendiam 6:0, igual aos noruegueses com o

Soldberg que defenderam com jogadores de 1,90m e 1,88m, no sistema 6:0,

bastante bem. E os russos fazem um 5:1 com o Camami que é um lateral que

mede 2,05m de avançado, o que não tem nenhum problema.

E porque defende assim a Rússia? Para isto, cortar mais passes, mais

contra-ataque, para marcar golos mais rápidos, muitas vezes. Se não fosse um

6:0 forte e por outra coisa, porque eles têm um central que não defende e têm

um lateral esquerdo que não defende, e por isto eles devem arrumar tudo isto.

Isto é o que devemos pensar, porque eles jogam deste modo? Há uma razão?

Certeza, por que? E por que eles seguem a manter tanto tempo esta defesa?

Page 218: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

194

Eles poderiam fazer um 6:0 fechado, mas teriam que realizar três

substituições. Uma vez que eles antes faziam quatro substituições e perdiam e

agora estão fazendo só duas e está melhor. Tudo tem que ver com as virtudes,

não? É difícil, haverá muitos problemas como em tudo, mas nós deveremos

tentar. Que problemas temos nós? Duas substituições… Que problemas

temos? A circulação dos extremos desde da ponta. Que problemas temos?

Nos rematam de fora. Que problemas temos? Nós temos uma bateria de

problemas que nós vamos a solucionar. Nós mantemos o que temos e

solucionamos os problemas.

Defesa que temos usado e que gostamos de usar

Tem defesas em igualdade, logicamente; em superioridade e em

inferioridade. Em igualdade: nós usamos 6:0, nós usamos 5:1, nós usamos

3:2:1. Nós usamos 6:0. Nós usamos um 6:0 zonal, não seguimos ninguém por

trás, nós defendemos em zona, cada um está em sua zona e defende sua

zona, é uma defesa zonal, como todas que fazemos.

Tem variações deste 6:0, de acordo com o adversário, volto a repetir o

que eu falei no começo, jogar... Quem define que vai jogar no centro, isto um

rematador? É que pivô eles tem? Como vamos defender o Cheki? Como nós

vamos a defender o Juanchi? Como nós defendemos um pivô grande? Como

nós defendemos o Urios? Isto também é declarável, é aberto, precisa controlar

um pouco.

Mas dentro das mesmas premissas o que não podemos fazer é: “hoje

isto, amanhã outro, passou outro dia outra coisa e passado mais um outra

coisa diferente. Tens teu sistema, e ao redor de teu sistema, manipulas de

acordo com suas próprias virtudes, de acordo com de forma colectiva e de

acordo com o adversário individualmente.

O 5:1 nosso, adapta-se muito, conforme a equipa adversária, tem

destros? Têm canhotos? Desdobram? não Desdobram? o canhoto é

rematador? Não é? o destro é rematador? Não é? … eu acredito que é o meio,

já; mas isto tens falado? Porque? Por que talvez não é o rematador, ou é que

quando desdobra um extremo fazem isto? Está claro.

Page 219: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

195

Tem que buscar de acordo com o que temos à frente, o 5:1 e a

modificar, tem vezes que fazemos o 5:1 de um lado. É o 5:1 que faziam os

russos até pouco tempo. O 5:1 zonal que as vezes tem dado resultado, contra

equipas que não tem bons fintadores, ou se tem um fintador no centro, se

movem as peças e não ficas com o melhor jogador.

Por exemplo o Valladolid usa o Ávila por que é um bom jogador de “um

contra um”, se for na selecção, nós colocamos, por exemplo … o Rubén que

pode fazer isto bem. Demetrio poderia fazer bem isto, mas está claro que

Juancho, quando tem grandes espaços, há muitos problemas, logo, tens que

mudar esta situação. Para tudo isto, também, tens que achar uma saída que,

todos têm que ter claro, o tema das ajudas.

O título de nossa defesa é porque é nossa, é porque acreditamos nela,

porque senão é impossível que nós à façamos. Se não acreditas no que faz, é

difícil, hein? E logo tento analisá-la, e as pessoas quando a conhecem,

desfrutam com ela, e é nossa. Porque é nossa? Porque cada um tenta ajustar

ao companheiro e melhorá-la dia a dia.

Em superioridade nós sempre subimos mais um pouco, 5:1, para nunca

bater de frente com um 6:0. Nós sempre defendemos em 6:0 contra o 6:0 do

“O´Callahan”, contra o ataque “tcheco” e do “Valle”, porque eles sempre nos

marcam golos. Como eles sempre nos marcaram golos, tínhamos que mudar e

nós defendemos 6:0, e ai, criávamos problemas. Nós também defendemos 6:0

ao “Altea”, às vezes, porque Klaus Johanssen, nos criou problemas em seu

momento.

Em um outro ano nós defendemos 6:0 na “Copa do Rei”, aqui em

“Pontevedra”, contra o “Ciudad-Real”, porque o Alberto, Dzomba, Stefanssons,

nos criaram muitos problemas pelo meio de nossa defesa, então tínhamos de

buscar algumas soluções.

Com a selecção, menos com a Dinamarca, também temos estas

mesmas premissas, todos tem as mesmas premissas. Nós estamos no

avançado? Ou no central? Ou no lateral? Tem as normas claras de como se

defende as situações individuais? As fintas? Como se defende as situações

Page 220: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

196

dos bloqueios? Como se defende quando um atacante remata por cima? Toda

a gente tem que saber.

Digo que nós vamos um pouco mais alto. O 5:1 não se faz só no centro.

O 5:1 quando somos mais um é mais fácil de defender nas laterais, porque

você diminui os espaços, porque eles afastam os laterais, bons fintadores, e

isso sem pivô e que acontece? Vai a bola de lado a lado, porque o centro está

morto.

Enquanto o espaço de um lado, ao final, não tem tanto movimento, o

ataque desta equipa não tem tanta largura. Então, é que o central é muito

bom? é igual ao lateral com espaço menor? Pense um pouquinho. Então

vamos diminuir um pouco os espaços.

4:2, digo o mesmo novamente, com o destro ou com o canhoto? A

menos que sejam muito bons, normalmente é zonal, para que? Para a mesma

coisa, diminuir os espaços. E se mudam? O que você tem que valorizar? O que

fica na direita joga bem com o pivô? Joga bem com o central? Ou podemos

arriscar?

Variáveis em superioridade , às vezes pode, também trabalhar um 4:2

embora em superioridade, provocar faltas do ataque ou pressionar no campo

inteiro de jogo. Tudo isto pode ser trabalhado, não?

Inferioridade: 5:0 e variantes . Toda a gente ou quase todos defendem

5:0, há algumas equipas que defendem 4:1, nós temos de treinar bastante e

bem; mas também devemos ter treinado, na dúvida do adversário realizar este

tipo de defesa.

Se alguma equipa nos põe um 4:1, nós devemos ter treinado o ataque. E

5:0 como vai ser? O que toda gente faz? O que devemos buscar se estamos

em inferioridade? SER IGUAL.

Outro dia me perguntava Juán Domínguez, o que procurávamos quando

estávamos em inferioridade? E eu respondia: “ser Igual”, o que procuramos é

ser igual, temos de tentar ser iguais, o procedimento que buscamos é para ser

Page 221: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

197

iguais, do lado fácil da bola, deixar a zona débil (sem bola) com um a menos,

isto é o que temos de tentar fazer.

CONCLUSÕES

Nós apostamos numa defesa inteligente, muitas vezes este é o

problema que o jogador não entende, muitas vezes nos tem chamado de

Andebol primitivo, porque? Por que se acredita que o jogo de Andebol é só

violência, não?

O Andebol é muito mais, o Andebol tem muito mais inteligência, saber o

que o adversário vai fazer, o que é que vai fazer aquele jogador? O que ele já

fez? O que ainda tem para fazer? Onde pode passar? onde pode rematar?

Onde nós queremos.

Eu convivo com a ideia de um Andebol inteligente, eu não quero

convencer ninguém de nada, cada um tem a sua própria verdade, como eu

digo, alguns têm rendimento com algumas coisas e outros com outras coisas.

Todos temos de aprender com toda a gente e tirar nossas próprias conclusões.

Nós usamos duas defesas, pelo menos, uma equipa com uma defesa só

mais cedo ou mais tarde está morta, o que nós fazemos? Nós mudamos os

homens? Quando não sai? Mudamos os homens, primeiro? E depois? Que nós

fazemos? Nós voltamos mudar os homens, e depois voltamos a mudar os

homens de novo. Não!

Nós mudamos os homens primeiro, para ver se o sistema funciona com

outros homens e depois nós mudamos o sistema, nós devemos ter preparado

outro de sistema, e no caso, dentro do sistema, o que dissemos antes, o outro

sistema pode ser flexível, mas pelo menos temos que ter dois, igual se

estamos em superioridade, podemos trabalhar como um sistema, não?

Algumas vezes dizem-me que outra equipa nos criou situações de golo,

mas o guarda-redes solucionou, o que temos que fazer para mudar? Não só

quando sofremos golo, mas também quando percebe que estas a perder o

controlo da partida, o guarda-redes pode te salvar. Tem vezes que parecemos

Page 222: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

198

estar vendados e só vemos o resultado e não vemos o que o adversário está a

fazer.

As defesas tem variantes de acordo com as equipas e jogadores, nós

explicamos isto no 5:1 e no 6:0, o exemplo mais claro, é o 6:0. “Anunzer” na

final marca 7 golos, o que procuras? Que não se cometa mais erros, que

rematem do lado do pivô, que rematem de longe, eu lhes crio a dúvida entre o

passe ou remate. Que não rematem, que é a diferença. Se rematarem é gol,

NÃO! Então vamos criar estas dúvidas.

Em superioridade, em geral vamos defender mais alto e como dissemos

antes, acreditamos em nossa defesa, porque é a chave das vitórias, e quando

me perguntam qual é a chave do amanhã? Eu sempre digo: “a defesa, a

defesa sempre, porque me dá golos fáceis, faz com que a equipa recue, dá

agressividade, dá tranquilidade aos atletas, se estamos a defender bem,

estejam situados, porque sabe que no ataque, ao final, teremos uma clara

ocasião de golo, podemos criar uma clara situação de golo, mas depois temos

de ser capazes de finaliza-la, não? Por isso me dá confiança.

Quando não defendemos bem começamos: levantar os braços, olham

para o guarda-redes, o guarda-redes olha para a trave, é a clara partida

perdida, é a partida que somos capazes de perder. E esta é a coisa mais

importante para mim: Nós trabalhamos por melhorá-la, inová-la ao revisá-la.

Por isto é aberta e flexível.

A defesa que fazemos agora não é a mesma de um ano atrás, nem do

anterior, e nem do anterior, estamos a tentar melhorá-la, inová-la para revisá-

la. Sempre a revisamos, o que eu dizia antes, onde temos problemas? Aqui,

aqui, aqui. Nós procuramos aquela melhoria igual no ataque. Porque é aberta e

flexível.

Eu tinha preparado seis vídeos, quatro de igualdade e dois de

superioridade.

Page 223: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

199

Primeiro vídeo:

Aqui, o normal é: Pascal Heinz... o normal... o que toda gente faz, mais

ou menos, vamos a ver... um pouco... a diferença é que: John (Davis) sai com

Pascal Heinz, e Juancho permanece atrás. Porque a Alemanha faz este

movimento? Por que a Alemanha faz este movimento de forma que Jonh vá

cortar a Pascal Heinz, ataque o espaço que restou atrás do pivô, que é de

Juancho e Von Behrem (central) passe por trás de Davis e ataca o espaço que

foi criado do lado de Juancho.

Então, o que se pode fazer é: não acompanhar o pivô, se é que vai ser a

primeira vez que seguem-no, o normal é o passe a Von Behrem, e este quem

vai marcar? Vai marcar o próximo defensor contrário, que tenha espaço para

rematar, mas antes, já tem que saber como defender aquele movimento ou

como defender o jogador?

Nós, como sabíamos o que iria acontecer, permanecemos em igualdade,

enquanto eles acreditavam que estariam em superioridade. Mas não está em

igualdade, e isto é que o veremos. O mais importante é que quando termina a

partida, precisa-se corrigir, e temos que insistir nisto, nisto que está mal e nisto

que está bem.

O que fica, com isto? o que nós dizíamos dos russos, porque os russos

defendem 5:1? Porque é mais decisivo? A defesa mais decisivo é um 5:1 uma

defesa aberta, porque? Quantos jogadores deles descem para defender? O

pivô? Não. O central? Tão pouco. O que passa? Tão pouco.

Ao final fica só um. Um, para todos os nossos. É mais decisivo, porque

você vai provocar mais erros na circulação da bola, vai levar nosso ataque a

golos mais fáceis, e o que é muito mais fácil para um jogador, abaixar 6:0.

Estás em 5:1, é muito mais fácil abaixar 6:0. Quando uma equipa está

bem treinada, é igual, não? Mas quando não está bem treinado o 5:1, para o

avançado é mais fácil jogar pelo certo, assim não toma a decisão de toda

gente, está mais seguro, por isso, dá para começar com uma defesa ou com a

outra.

Page 224: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

200

Começa com a aberta, de acordo com o adversário, claro. Se

percebemos que o adversário está adaptado a defesa, nós começamos com a

aberta igual, porque? Porque se nos dá resultado, perfeito. Senão nós à

abaixamos.

Segundo vídeo:

Aqui vai ver onde ao final, sabemos que Starich… O que está a fazer o

Davis? está a pressionar, está a criar dúvidas, está a criar incertezas a todo

passe. Ao final, sabes que Starich vai rematar em apoio de anca, e o que está

a fazer Iker (Romero)? Mas o que está a fazer Juancho? De onde Starich está

a rematar? Onde está o Davis? Em seu lugar, e onde o Davis irá ajudar?

Porque? Porque houve um cruzamento.

Terceiro vídeo:

O mais importante é que, só depois da partida… é que Davis tem feito

uma grande temporada em seu clube e na selecção nacional… olhem os

braços dele nunca estão parados, sempre estão a dissuadir, na linha de passe,

sempre a criar dúvidas, sempre a buscar a incerteza, mas com senso. Ele faz

assim, por isto? Ou ele faz assim, porque sabe o que tem que fazer?

Pegamos outra vez!!... Todos estão a movimentar-se harmonicamente.

Tu dizes, e se fosse com a Alemanha? O que diria? Diríamos como atacar

aquele lado. É o que tem que fazer um treinador, quando lhe apresentam um

problema, procuras a solução.

Estamos em 5:1, onde vais a colocar o avançado? é o que é difícil,

permanece no meio? Vai ficar com Heinz? Vai ficar com Sarich? Vais abaixar

6:0 ao lateral? E porque? Aqui nós vemos um golo. Olhas o que está a fazer o

John… John está a dissuadir o passe ao pivô. John deveria ter feito outra coisa

antes, que era pressionar este mas John o que está a fazer é dissuadir o pivô,

está a dissuadir o passe.

E o Juancho que está a tentar? Cortar o passe, porque observou uma

coisa, que é Paskal Heinz, não pode rematar, que o Paskal Heinz leva o braço

Page 225: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

201

baixo. E Paskal Heinz só pode passar, mas ainda assim, ele marca. Ai dá-se

conta de qual é a situação, a necessidade do Davis, uma necessidade clara…

Esta falta, são capazes de apitar até falta atacante. Porque Juancho

chega ao mesmo tempo que Von Behrem com os braços acima. Por isso que

sempre estamos a procurar estas situações de inteligência, de incerteza, do

mesmo ciclo.

Quarto vídeo:

Onde estava Juanín no começo? Nós estamos a defender 4+2, nós

somos um mais, Juanín está com Von Behrem, estava nesta zona, pelo facto

que disse antes: não vamos abrir o campo de forma que Von Behrem entre

para o espaço, a menos que pretendamos sofrer o golo.

Nós vamos diminuir este espaço, para que sobre naquela zona. Quando

Von Behrem invade o espaço deixado, que ele faz? Recebe a bola. O que

fazemos ao final é procurar a falta atacante, procurar as dúvidas, procurar

estes sentimentos.

Viste que faltavam 13 segundos? Nesses 13 segundos vamos ao

ataque. Aproveitando ao máximo estes segundos. O que fazemos com os

suplentes, que dê para ouvir: “Dez, nove, oito…”, que dentro do campo eles

saibam que restam 7 segundos para completar e aproveitar ao máximo a

desigualdade.

Quinto vídeo:

Viste… quem tem de estar dependente dele é o Rubén, que deve dar-se

conta que o Davis está com este passe, que o Davis tentou primeiro cortar este

passe, e que Rubén procurou cortar o passe, e por estar por fora (o lateral

alemão), éramos mais um, e voltamos à igualdade. Isto tem muitos detalhes,

quando eu digo que toda a gente tenta traduzir, um pouco.

Igual... devemos ter cuidado com as substituições, como devemos ter

cuidado com nossa defesa, nós temos que ver quanto tempo resta, 15

segundos? 20 segundos? Vamos roubar uma bola? Não. Nós voltamos sistema

inicial, onde estarei? Descerei? e nós voltamos ao sistema, porque? Por que ao

Page 226: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

202

final, temos que ajustar em frente a toda a gente e se não está ajustada, o que

provocamos ao final é uma sanção, uma exclusão.

PERGUNTAS

Quando você analisa o rival, quais aspectos têm pri oridade?

Em primeiro lugar, estamos a defender? Não? Nós somos defensores e

avaliamos o ataque, não? Que virtudes têm estes jogadores individualmente?

Tem jogadores que só fintam, por exemplo de braço. Tem jogadores como

Salvo, que está aqui, que passa muito entre as pernas, por exemplo, passa

muito debaixo das pernas, para seus pivôs.

Quando se joga contra os portugueses sabe que toda a gente procura o

passe debaixo das pernas, vais ter de fechar, um pouquinho, este passe. Ele

remata muito bem de anca, não? Tem de ter cuidado com isto, ao observar

suas virtudes individuais, e depois, embora não saiba nada deles, tens teu

sistema de trabalho.

Nós defendemos todos os cruzamentos assim… mas além eu sei que

ele está com o lateral e eu com o central, e nos fazem um cruzamento, tenho

que estar atento que vai passar a bola ao pivô, ou por exemplo que esta equipa

desdobre o extremo, mas depois de ter desdobrado o extremo, o que faz?

O jogador tem que saber, quando desdobra o extremo; faz isto. Ou

aqueles jogadores fazem cruzamento de lateral com lateral e depois eles jogam

com aquele bloqueio. Bom, cruzamento de lateral com lateral e depois eles

jogam com aquele bloqueio, está claro, e tens que ter cuidado com o Barça.

O Barça faz cruzamento de lateral com lateral e depois jogam com

bloqueio do lado contrário. Quando Gerome (Fernandez) começa a partida, ele

quase sempre remata, tens de estar atento ao que? De quem sai, de quem

pode rematar, do outro lado eles têm que ter cuidado, porque pode circular o

extremo. E logo depois do cruzamento devem trocar, mas este lateral deve

estar atento ao que? Cuidar do seu corredor. Quando chegar a bola ali, se

Page 227: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

203

chega; em primeiro lugar nós defendemos o cruzamento, porque estamos

iguais, vamos defender aquele bloqueio e não sofrê-lo.

Eu no ataque tenho que criar o bloqueio, na defesa vou sair deste

bloqueio, e que eles voltem à começar. Mas tenho de manter a igualdade, logo

assisto tudo, tudo que eles fazem. Estes fazem isto e nós defendemos assim,

assim e assim.

A superioridade que fazem é esta, para ser igual é isto. As inferioridades

que fazem são estas. O Barça, quando tem o extremo por trás, e tem o lateral,

ele tira o lateral e circula o extremo para o lado contrário. Temos de estar

atentos por que ele sai e vai chegar por trás do central.

Outro exemplo, Alberto (Entrerrios), pois Alberto, a finta que não lhe

pode deixar realizar é a de braço. Depende, mais ou menos, de cada jogador e

do que fazem contra um 6:0. Contra 5:1, eles nos vão a fazer isto, por exemplo,

jogam com bloqueio para que entre o central, quando tem “passe e vai” circula

o extremo do lado contrário, a superioridade, sempre acontece após um

cruzamento. E finalmente, acima de tudo o que tens que fazer é, não dizer tudo

o que fazer, a não ser a solução do problema.

Qual é a variabilidade dos sistemas no jogo, e a ut ilização de dois,

três, quatro sistemas?

Sim, isso é a coisa fundamental, eu acredito que quando tens

assegurado um sistema e outro, a alternância entre eles é o que deve dar

certo? Não? Quando tem claro os sistemas, isso é, se sabes defender muito

em 6:0, a chave é a alternância disto, quer dizer, quando nós defendemos um

5:1, é porque são altos, mas às vezes quando movimenta as peças, quando

você fizer alternância deles, é a seguinte variável, e é quando devemos

aprender com o basquetebol.

Depois de cesta eles fazem isto, depois de um lateral, aquilo. Se tens

duas, três defesas, é o seguinte passo do Andebol, mas precisa aplicar bem,

precisa aplicar. Mas eu acredito que já lá vamos, não? A alternância, embora

as vezes a alternância pode anular os jogadores adversários. Porque se tiram

Paskal Heinz, talvez faremos um 5:1 e seguimos com a mesma defesa. Não,

Page 228: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

204

não, não, há um detalhe, ou se metem três anões, recuas a defesa. Então a

alternância também pode anular os adversários da troca.

Isso é uma das coisas que acredito, que nós devemos seguir a avançar.

Por exemplo, os croatas têm muito, eles têm orgulho em ter três sistemas

defensivos. Eles têm 6:0, eles têm 3:2:1 com Gori de avançado e eles têm um

5:1 de Sprem como avançado, e como eles acreditam nelas, vão a trocar de

uma para a outra.

O realmente importante é que só mudamos de defesa quando vai mal.

Mas o que temos que fazer as vezes é: mesmo que estejamos bem com uma

defesa, alternar esta defesa. Não só quando está mal, mas também quando

está bem; alternância; talvez vá melhor. Isto é uma situação, e acredito que é o

futuro do Andebol.

E na defesa, como faz um guarda-redes?

Uma peça a mais, por isto não mencionei antes porque, para que

chegue a bola ao guarda-redes primeiro ela deve passar pela defesa. Se temos

um guarda-redes que defende muito dos 6 metros, podes avançar tua defesa,

se marcam golos fechas o centro, e imagine que rematem de longe, tu fechas

os espaços de remate e libera os extremos.

Mas esta não é a ideia, nossa ideia é que não rematem e se for remate

que seja no melhor lugar para nossa defesa e para o guarda-redes. Sempre

realizamos uma defesa de colaboração com o guarda-redes, é dizer: sempre

que possível a defesa fecha um lado e o guarda-redes o outro. E tem casos

que a defesa não adianta porque o ataque é melhor, nesta situação não tem

defesa, porque foi superada, então se foi superada procuras a colaboração.

Outra coisa é que façam-no rematar por aqui (de um lado) então o

guarda-redes estará neste ponto. Muitas vezes quando o guarda-redes não

está a defender nada tu reclamas com o guarda-redes, e ao contrário, quando

ele está a defender muito só fazem golos dos sete metros, o que fazer? Se

avança sua defesa, o que acontece? Tens outros problemas, que são as

exclusões. Sempre deves confiar uma percentagem ao guarda-redes. Ter um

bom guarda-redes é absolutamente importante.

Page 229: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

205

Como planeia os treinos, a depender se jogas durant e a semana ou

não?

É muito diferente se jogas durante a semana ou não, lógico que quando

jogas entre semanas, treina-se como se joga, é dizer: treinamos as situações

de jogo como se fosse uma partida. Tu pões a equipa A e a equipa B, em uma

tens Heins e Von Behrem e fazes exactamente o que eles fazem, eles são os

que vão começar o jogo e sabem que vão começar, sobretudo quando colocas

o colete amarelo, são os titulares na defesa.

Nos temos certas premissas de trabalho de sistemas... eles não podem

fazer isto, não podem fazer isto, não podem fazer isto... mas fazem isto…

então dizes isto para teus jogadores e eles fazem. Vamos fazer isto, agora isto

e agora isto… quando é entre semanas, quando jogamos aos domingos, as

quintas e sextas são intensas, fazemos ataque e balanço, ou senão defesa e

contra-ataque da mesma forma como jogamos.

A defesa realiza um sistema igual ao que efectuará no jogo, dando

descansos e trocando jogadores na equipa A e na B. quando jogamos na

quarta e no domingo só temos tempo de recuperação na segunda e na terça

treinamos meio campo, um no ataque e outro na defesa, porque na quarta de

manhã treinamos para repassar as superioridades e os remates específicos.

E que fazemos? O que faz o adversário, dizemos a nossa defesa que

actue o que actua a equipa adversária e trabalhamos sobre o jogo, mas qual

esquema vamos utilizar? Os nossos? Os gerais? Então temos uma bateria de

exercícios para 6:0, uma para 5:1, uma para misto e uma para todos os outros.

Tendo em conta todos os detalhes da equipa adversária como

desdobram, cruzamentos, etc., a tentar saber o que nos vão a criar antes, para

estarmos preparados. Preparas o jogo tanto no ataque como na defesa,

segundo o que faz e, as características da equipa adversária.

Page 230: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

206

Para os jogadores novos que entram na equipa, custa m a adaptar-

se?

Sim, bastante, sobretudo no aspecto defensivo, mas tem de tudo, temos

surpresas de jogadores que adaptam-se desde o primeiro dia, o que acontece

é que é uma fase na qual ele acredita que já sabe tudo e quando vem atletas

de encontro a ele, começam as dúvidas, e ai duvida em fazer e não fazer, e o

rosto diz muito.

Não faz o que achava que tinha que fazer e ai começa a errar, é por isso

que um novo é colocado ao lado de um veterano, para que comece a confiar

nele e para que adapte-se ao novo sistema. Tem gente que demoram um ano,

e tem outros que demoram dois meses ou um mês.

Tomara que tenham visto uma outra visão sobre a defesa, outra forma

de ver o Andebol do seu ponto de vista defensivo. Este sistema está a dar

grandes resultados e a manter nossos objectivos.

E isto é a base do trabalho, se sai mal temos de levantar a cabeça e

seguir à frente, se nos treinadores não formos os que no outro dia levantamos

e começamos a trabalhar novamente com nossos jogadores, estamos fritos…

porque eles sempre deixam-lhe a iniciativa… e mesmo que anoiteceu, sempre

terá outro amanhecer... a acreditar sempre em nós mesmos.

Muito Obrigado…

Fim.

Page 231: Análise do Jogo em Andebol.pdf

ANEXOS

207

8.2 Ficha de observação dos dados C

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