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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO PROGRAMA DE MESTRADO EM FISIOTERAPIA PRISCILLA ANJOS DE SOUSA ANÁLISE DO PERFIL ELETROMIOGRÁFICO DE MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS ACESSÓRIOS ENTRE JOVENS FISICAMENTE ATIVOS E SEDENTÁRIOS, DURANTE UM EXERCÍCIO INCREMENTAL - ESTUDO TRANSVERSAL. SÃO PAULO 2013

ANÁLISE DO PERFIL ELETROMIOGRÁFICO DE MÚSCULOS ...arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/old/mestrado... · ECG - Eletrocardiograma. ECM - Esternocleidomastoideo EMG

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE MESTRADO EM FISIOTERAPIA

PRISCILLA ANJOS DE SOUSA

ANÁLISE DO PERFIL ELETROMIOGRÁFICO DE

MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS ACESSÓRIOS ENTRE

JOVENS FISICAMENTE ATIVOS E SEDENTÁRIOS,

DURANTE UM EXERCÍCIO INCREMENTAL - ESTUDO

TRANSVERSAL.

SÃO PAULO

2013

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PRISCILLA ANJOS DE SOUSA

ANÁLISE DO PERFIL ELETROMIOGRÁFICO DE

MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS ACESSÓRIOS ENTRE

JOVENS FISICAMENTE ATIVOS E SEDENTÁRIOS,

DURANTE UM EXERCÍCIO INCREMENTAL - ESTUDO

TRANSVERSAL.

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo, sob orientação do Prof. Dr. César Ferreira Amorim, como requisito exigido para obtenção do título de Mestre.

SÃO PAULO

2013

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PRISCILLA ANJOS DE SOUSA

ANÁLISE DO PERFIL ELETROMIOGRÁFICO DE

MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS ACESSÓRIOS ENTRE

JOVENS FISICAMENTE ATIVOS E SEDENTÁRIOS,

DURANTE UM EXERCÍCIO INCREMENTAL - ESTUDO

TRANSVERSAL.

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado em Fisioterapia da Universidade

Cidade de São Paulo, sob orientação do Prof.

Dr. César Ferreira Amorim, como requisito

para obtenção do título de Mestre.

Área de Concentração: Avaliação e Prevenção em Fisioterapia

Data da Defesa: 26/02/2013

Resultado: _________________________________________

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. César Ferreira Amorim _______________________________________

Universidade Cidade de São Paulo

Profa. Dra. Luciana Dias Chiavegato _________________________________________

Universidade Cidade de São Paulo

Prof. Dr. Runer Augusto Marson _________________________________________

Instituto de Pesquisa da Capacitação Física do Exercito - IPCFEX

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“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda

pensou sobre aquilo que todo mundo vê.” (Arthur Schopenhauer)

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Agradecimentos

Os meus mais sinceros agradecimentos ao Prof. Dr. César Ferreira Amorim, pela

inestimável orientação; aos professores Dr. Runer Augusto Marson e Dra. Luciana Dias

Chiavegato que trouxeram grandes ideias e sugestões para tornar o trabalho ainda melhor; a toda

minha família que se fez presente e soube compreender a importância deste projeto em minha

vida, ao meu pai Antonio Jorge de Sousa que possibilitou a realização de mais uma conquista

na minha vida, a minha mãe Teresa de Jesus da Costa Anjos de Sousa que com muito carinho

sempre me ouviu e aconselhou sabiamente e a minha irmã Mirella Anjos de Sousa que esteve

ao meu lado me ajudando em cada parte da elaboração desta pesquisa; aos professores deste

curso, pelo apoio, dedicação e por acreditarem em mim e a todos os meus colegas, em

especial ao meu parceiro de trabalho Wellington Bueno Vieira que fizeram parte desta

incrível jornada.

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SUMÁRIO

RESUMO..........................................................................................................viii

ABSTRACT........................................................................................................ix

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS........................................................x

LISTA DE ILUSTRAÇÕES.............................................................................xii

LISTA DE TABELAS......................................................................................xiii

1. CONTEXTUALIZAÇÃO...............................................................................1

1.1. Atividade física e sedentarismo.........................................................................................1

1.2. Fisiologia da musculatura respiratória............................................................................2

1.3. Necessidades ventilatórias frente ao exercício.................................................................3

1.4. Fisiologia da contração muscular.....................................................................................4

1.5. Eletromiografia..................................................................................................................6

1.6. Justificativa.........................................................................................................................8

1.7. Pergunta..............................................................................................................................8

1.8. Hipóteses.............................................................................................................................9

2. OBJETIVO....................................................................................................10

3. MÉTODOS.....................................................................................................10

3.1. Tipo de estudo...................................................................................................................10

3.2. Local..................................................................................................................................10

3.3. Amostra.............................................................................................................................10

3.3.1. Critérios de inclusão........................................................................................................10

3.3.2. Critérios de exclusão.......................................................................................................10

3.3.3. Desenho do estudo..........................................................................................................11

3.4. Termo de Consentimento livre e esclarecido.................................................................11

3.4.1. Vídeo Explicativo...........................................................................................................12

3.5. Variáveis...........................................................................................................................12

3.6. Procedimentos..................................................................................................................12

3.6.1. Colocação dos eletrodos de superfície............................................................................13

3.6.2. Captura e análise do sinal eletromiográfico....................................................................18

3.6.3. Avaliação da contração voluntária máxima....................................................................20

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3.6.4. Exercício incremental.....................................................................................................21

3.7. Monitorização da pesquisa.............................................................................................23

3.7.1. Medidas para a proteção ou minimização de quaisquer riscos.......................................23

3.7.2. Medidas de proteção à confidencialidad.........................................................................24

3.7.3. Medidas de previsão de ressarcimento de gastos aos sujeitos da pesquisa.....................24

3.8. Análise estatística.............................................................................................................24

4. RESULTADOS..............................................................................................24

5. DISCUSSÃO..................................................................................................29

6. CONCLUSÃO................................................................................................32

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................33

ANEXO I – QUESTIONÁRIO PAR-Q...........................................................38

ANEXO II – QUESTIONÁRIO BAECKE DE ATIVIDADE FÍSICA

HABITUAL........................................................................................................40

ANEXO III – ESCALA DE BORG.................................................................42

APÊNDICE I – DEFERIMENTO DO COMITÊ DE ÉTICA EM

PESQUISA DA UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO –

UNICID..............................................................................................................43

APÊNDICE II – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO................................................................................................44

APÊNDICE III – FICHA DE ANAMNESE...................................................48

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viii

Resumo

Contextualização: A Organização Mundial de saúde define atividade física como qualquer

movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que requer gasto de energia. Durante o

exercício físico existe um aumento na demanda do trabalho repiratório. Para suprir essa demanda os

músculos respiratórios acessórios, dentre eles o trapézio superior, esternocleiodomastoideo e

intercostal externo, são progressivamente recrutados. Quantificar esse aumento na exigência dos

músculos respiratórios acessórios é de grande valia para os profissionais de saúde, visto que a

condição dessa musculatura influência várias doenças respiratórias. A eletromiografia de superfície

atualmente é uma técnica que possibilita mensurar a contribuição muscular através da quantificação do

recrutamento das unidades motoras.

Objetivo: Reconhecer e descrever a atividade elétrica dos músculos trapézio superior,

esternocleidomastoideo e intercostal externo de jovens praticantes de atividades físicas e de jovens

sedentários, frente às diferentes cargas de um exercício incremental no cicloergômetro de membros

inferiores.

Método: Foi realizado um estudo observacional transversal, no Laboratório de análise do movimento

da Universidade Cidade de São Paulo – UNICID. Foram avaliados 20 jovens adultos, universitários,

na faixa etária de 18 a 36 anos de idade, de ambos os gêneros, que atendiam aos critérios de inclusão

estabelecidos. As variáveis analisadas foram as amplitudes do sinal da Eletromiografia de superfície

no domínio temporal, dos músculos trapézio superior, esternocleidomastoideo e intercostal externo,

com relação à variação da carga imposta no exercício incremental de membros inferiores. O modelo

de ajustes lineares mistos com estrutura de variância e covariância foi utilizado para estudar os efeitos

da carga, do grupo (fisicamente ativos e sedentários) e da interação carga*grupo sobre as variáveis

estudadas.

Resultados: Não houve diferença significante para o efeito grupo e para a interação carga x grupo,

entretanto para os três músculos estudados houve um aumento significante na amplitude do sinal da

EMGs com o aumento da carga imposta.

Conclusão: O presente estudo demonstrou que a amplitude do sinal eletromiográfico dos músculos

respiratórios acessórios analisados aumentaram em relação ao incremento de carga em cicloergômetro.

Palavras Chave: Atividade Física, Músculos Respiratórios, Eletromiografia, Ergometria.

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ix

Abstract

Background: The World Health Organization defines physical activity as any body movement

produced by skeletal muscles that requires energy expenditure. During exercise there is an increase in

demand in respiratory work. To meet this demand accessory respiratory muscles, including the upper

trapezius, sternocleiodomastoid and external intercostal, are progressively recruited. To quantify this

increase in respiratory accessories muscles work is of great value for healthcare professionals, since

that muscles condition influence many respiratory diseases. Surface electromyography is currently a

technique that allows for this type of assessment giving us information about the recruitment of motor

units.

Objective: Recognize and describe the electrical activity of the upper trapezius muscle,

sternocleidomastoid and intercostal of young practitioners of physical activity and sedentary young,

facing different charges an incremental cycle ergometer exercise of the lower limbs.

Methods: We conducted a cross-sectional observational study, in the Motion Analysis Laboratory at

the Universidade Cidade de São Paulo - UNICID. Were evaluated 20 young adults, college students,

aged 18 to 36 years of age, of both genders, who met the established inclusion criteria. The variables

analyzed were the amplitudes of surface electromyography signal in the temporal domain, of the upper

trapezius, sternocleidomastoid and intercostal external muscles in relation to the load variation in the

incremental exercise of the lower limbs. The mixed linear model fits with structure of variance and

covariance was used to study the effects of load group (physically active and sedentary) and load x

group interaction on these variables.

Results: There was no significant difference for the group effect and the interaction group x load,

however for the three muscles studied there was a significant increase in the amplitude of the EMG

signal with increasing imposed load.

Conclusion: This study showed that the amplitude of the electromyographic signal of the accessory

respiratory muscles analyzed increased in relation to increased load on the cycle ergometer.

Keywords: Physical Activity, Respiratory Muscles, Electromyography, Ergometry.

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x

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

µV - Microvolt.

ACSM - American College of Sports medicine.

Ag - Prata

AgCl - Cloreto de prata

AHA - American Heart Association.

Bpm - Batimentos por minuto.

Ca++ - Cálcio

cmH2O - Centímetros de água.

CVM - Contração voluntária máxima.

dB - Decibéis.

DP - Desvio padrão

DPOC - Doença pulmonar obstrutiva crônica.

ECG - Eletrocardiograma.

ECM - Esternocleidomastoideo

EMG - Eletromiografia.

FC - Frequência Cardíaca

FR - Frequência Respiratória

H0 - Hipótese nula que traduz a ausência do efeito que se quer verificar

H1 - Hipótese alternativa a que o investigador quer verificar

Hz - Hertz.

ICE - Intercostal externo

IMC - Índice de massa corporal

ISEK - International Society of Electrophysiology and Kinesiology.

KHz - Quilohertz (pt.).

Km/h - Quilômetros por hora (pt.).

MET - Equivalente metabólico.

ml/min - Milímetros por minuto.

mm - Milimetro.

mV - Milivolt.

ms - Milissegundos.

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xi

NM - Neurônio motor.

PAR-Q - Physical Activity Readiness Questionnarie.

Questionário de prontidão para atividade física (pt.).

PAUM - Potencial de ação da unidade motora

PEmáx - Pressão expiratória máxima.

PImáx - Pressão inspiratória máxima.

RMS - Root mean square.

Rpm - Rotações por minuto.

sEMG - Eletromiografia de superfície.

SpO2 - Saturação de oxigênio.

UMs - Unidades motoras.

W - Watts.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Digrama de fluxo do estudo.

Figura 2 - Eletrodos descartáveis (Medi Trace TM / Kendall).

Figura 3 - Eletrodo de referência.

Figura 4 - Procedimento para colocação dos eletrodos no músculo trapézio

superior.

Figura 5 - Procedimento para colocação dos eletrodos no músculo

esternocleidomastoideo.

Figura 6 - Procedimento para colocação dos eletrodos no músculo intercostal

externo.

Figura 7 - Eletrogoniômetro.

Figura 8 - Procedimento para colocação do eletrogoniômetro na articulação do

joelho.

Figura 9 - Módulo de aquisição dos dados de 16 canais (EMG System do Brasil).

Figura 10 - Esquema do procedimento para aquisição dos dados.

Figura 11 - Tela de aquisição dos dados.

Figura 12 - Manovacuômetro analógico (Industries Instrumentation Ltda.).

Figura 13 - Cicloergômetro de membros inferiores instrumentado (EMG System do

Brasil).

Gráfico 1 - Média RMS dos músculos avaliados durante as cargas do exercício

incremental.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características e variáveis demográficas dos participantes

Tabela 2 - Sinais clínicos pré e pós teste

Tabela 3 - Média dos valores obtidos na Escala de Borg durante as cargas do

exercício incremental

Tabela 4 - Valores de Pimáx preditos e encontrados

Tabela 5 - Média RMS dos músculos avaliados durante as cargas do exercício

incremental

Tabela 6 - P valor dos músculos avaliados para os efeitos do estudo

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1

1. CONTEXTUALIZAÇÃO

1.1. Atividade física e sedentarismo

A evidência científica indica que atividade física regular, exercícios físicos e de

aptidão são fatores determinantes de saúde (1,2,3).

Atividade física e exercício são frequentemente usados indistintamente, mas esses

termos não são sinônimos. Atividade física é definida como qualquer movimento corporal

produzido pela contração de músculos esqueléticos que resulta em um aumento substancial

sobre o gasto energético de repouso. Exercício é um tipo de atividade física que consiste em

movimento corporal planejado, estruturado e repetitivo realizado para melhorar ou manter um

ou mais componentes de aptidão física. Já aptidão física tem sido tipicamente definida como

um conjunto de características ou atributos que uma pessoa tem ou alcança que está

relacionada com a habilidade de executar uma atividade física (4).

A prática adequada de atividade física regular e participação em atividades desportivas

proporcionam para homens e mulheres de todas as idades, incluindo pessoas com deficiências

diversas, benefícios para saúde física e mental, bem como para as relações sociais. A

atividade física é um meio forte para prevenção de doenças, melhoria da saúde e bem-estar, e

também promove a integração e interação social (1).

Com base nos benefícios comprovados de exercício aeróbio, o American College of

Sports Medicine (ACSM) e a American Heart Association (AHA) recomendam pelo menos 30

minutos de atividade física moderada, 5 dias por semana ou 20 minutos de atividade vigorosa,

3 dias por semana. Para melhorar a aptidão cardiorrespiratória, as orientações para teste de

esforço e prescrição do American College of Sports Medicine (ACSM) recomendam para

indivíduos saudáveis, exercício de 3 a 5 vezes por semana em 40% a 45% do consumo

máximo de oxigênio. No entanto, na maioria dos países desenvolvidos, aproximadamente

70% da população adulta não segue estas recomendações (4,5,6).

Há evidências da associação entre o sedentarismo e doenças isquêmicas do coração

como também do efeito protetor do exercício, independentemente da intensidade e/ou volume

de atividade física realizada. A associação dose-resposta é, portanto, observada em redução do

risco de doença cardíaca, com diminuição de 4% para cada aumento de equivalente

metabólico (MET) na intensidade da atividade (1,6).

O tempo gasto com sedentarismo também aumenta com a idade e está associado com a

obesidade, doença aterosclerótica e eventos cardiovasculares. Por outro lado, o envolvimento

regular em atividades físicas de moderada a vigorosa intensidade é documentada como

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2

benéfico para a saúde cardiovascular. Assim, o enfraquecimento do sistema cardiovascular

associado ao envelhecimento pode ser combatido por crescentes níveis de atividade física e

aptidão funcional (7,8).

O desempenho do exercício físico depende do estado funcional do sistema

respiratório, cardiovascular e músculo-esquelético. A aptidão cardiorrespiratória está

relacionada com a capacidade de performance de grandes músculos dinâmicos, com

intensidade de exercício moderada por períodos prolongados (9,10) .

1.2. Fisiologia da musculatura respiratória

Em um indivíduo saudável, a ventilação é empreendida pela contração coordenada de

grupos musculares específicos, que na fase inspiratória geram energia suficiente para

distender as estruturas pulmonares (11,12,13).

Os pulmões podem ser expandidos e contraídos de duas maneiras: pelo movimento do

diafragma para baixo e para cima, alongando e encurtando a cavidade torácica, e pela

elevação e depressão das costelas, aumentando e diminuindo o diâmetro ântero-posterior da

cavidade torácica (14).

Em repouso, a respiração normal ocorre quase totalmente pelo primeiro desses dois

mecanismos, isto é, pela movimentação do diafragma. Durante a inspiração, a contração do

diafragma traciona para baixo a superfície inferior dos pulmões. Em seguida durante a

expiração, o diafragma, simplesmente, se relaxa, e a retração elástica dos pulmões, da parede

torácica e das estruturas abdominais comprime os pulmões. Entretanto, durante a respiração

intensa, que ocorre durante o exercício físico, as forças elásticas não são potentes o suficiente

para produzirem a expiração rápida necessária, e a força adicional é obtida, principalmente,

pela contração dos músculos abdominais, que empurra o conteúdo abdominal para cima,

contra a base do diafragma (14).

O segundo mecanismo de expansão dos pulmões consiste na elevação das costelas e

consequentemente da caixa torácica. Esse movimento das costelas desloca o esterno para

frente, afastando-se da coluna vertebral, aumentando assim o diâmetro ântero-posterior do

tórax cerca de 20% mais com relação à posição durante a expiração. Por conseguinte, todos os

músculos que elevam a caixa torácica são classificados como músculos inspiratórios,

enquanto os músculos que deprimem a caixa torácica são classificados como músculos

expiratórios (14).

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3

Os músculos mais importantes que elevam a caixa torácica são os intercostais

externos; entretanto, outros músculos também participam, incluindo: o músculo

esternocleidomastoideo, que eleva o esterno; o músculo serrátil anterior, que eleva muitas das

costelas; e o escaleno, que eleva as duas primeiras costelas (14).

Os músculos intercostais externos se originam das bordas inferiores das costelas e se

inserem nas bordas superiores das costelas de baixo. Eles se estendem desde a articulação

costovertebral até a origem da cartilagem costal. São inervados pelos nervos intercostais que

são derivados do 1° ao 12° segmento torácico. Esses músculos têm papel postural assim como

respiratório importante. Eles estabilizam e mantêm a forma e integridade da caixa torácica,

agindo como músculo inspiratório, elevando as costelas e expandindo o tórax (15).

O músculo esternocleidomastoideo é considerado por muitos autores como o mais

importante músculo acessório da inspiração. Para que o esternocleidomastoideo aja em sua

capacidade a cabeça e o pescoço precisam ser mantidos em posição estável pelos flexores e

extensores do pescoço. Quando os pulmões estão hiperinflados, os esternocleidomastoideos

estão especialmente ativos. A atividade elétrica é às vezes evidente mesmo durante a

inspiração tranquila (15).

O músculo trapézio superior também é considerado um músculo respiratório acessório

e seu papel ventilatório é assistir na inspiração forçada ajudando a elevar a caixa torácica. São

inervados pela porção espinhal do nervo craniano XI. A inserção das fibras superiores no

terço lateral da clavícula assegura a participação dessa porção do músculo sempre que a

respiração clavicular, tipo de respiração que se utiliza da musculatura da cintura escapular, é

necessária para a ventilação (15).

Os músculos respiratórios acessórios são recrutados sempre que o trabalho respiratório

se intensifica. Esse tipo de situação pode estar presente em algumas disfunções do sistema

respiratório, como doença pulmonar obstrutiva crônica, e normalmente ocorre durante a

prática de exercício físíco (1,2,3).

1.3. Necessidades ventilatórias frente ao exercício

No indivíduo saudável os requisitos ventilatórios, durante o exerício físico, são

facilmente alcançados, porque os músculos respiratórios são anatomicamente adequados às

crescentes exigências ventilatórias de exercício, e a regulação neural da respiração é ideal (16).

O consumo normal de oxigênio para um homem adulto jovem em repouso é de

aproximadamente 250 ml/min. No entanto, em condições máximas, pode aumentar para cerca

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4

de 3.600 ml/min em um homem comum destreinado, 4.000 ml/mim em um homem comum

atleticamente treinado e pode chegar a 5.100 ml/min em um maratonista (14).

Durante o exercício existe uma relação linear positiva entre o consumo de oxigênio e a

ventilação pulmonar total. Essa relação ocorre para diferentes níveis de exercício. Em

números redondos, tanto o consumo de oxigênio quanto a ventilação pulmonar total,

aumentam cerca de 20 vezes entre o estado de repouso e a intensidade máxima do exercício

no atleta bem treinado (14).

A principal função do sistema de controle respiratório durante o exercício moderado é

dirigir a ventilação alveolar em função das necessidades metabólicas de modo que a

gasometria arterial e o equilíbrio ácido-bàsico sejam mantidos perto ou em níveis de repouso (16).

Além de manter a gasometria arterial e a homeostase ácido-base, a ventilação e o

padrão respiratório devem ser regulados com precisão para que o trabalho realizado pelos

músculos respiratórios seja minimizado (16).

É importante ressaltar que os músculos respiratórios acessórios são progressivamente

recrutados com o aumento da demanda ventilatória durante exercício e, dessa forma,

compartilham a carga necessária para apoiar a hiperpnéia, respiração superficial e rápida,

associada a processos fisiológicos, que ocorre normalmente durante o exercício fisíco (16,17).

A compreensão das alterações fisiológicas dos músculos respiratórios frente a um

esforço físico é um assunto bastante explorado pela fisiologia do exercício, pois um bom

funcionamento desta musculatura resulta em uma melhora no desempenho de atletas de alto

nível, além da grande importância na prática clínica, como para as doenças pulmonares

crônicas, Parkinson, e disfunções cardiovasculares cujas alterações clínicas resultam em

fraqueza desta musculatura (18).

Os músculos inspiratórios são morfológica e funcionalmente músculos esqueléticos e,

portanto, devem responder ao treinamento da mesma forma que qualquer músculo locomotor (17).

1.4. Fisiologia da contração muscular.

Cerca de 40% do corpo é constituído por músculos esqueléticos, que são compostos

por inúmeras fibras musculares. Cada fibra muscular é constituída por milhares de

miofibrilas, que por sua vez, são formadas por cerca de 1500 filamentos de miosina e 3000

filamentos de actina, que são responsáveis pela contração muscular propriamente dita (14).

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5

A contração muscular ocorre pelo deslizamento dos filamentos, um sobre os outros, a

partir da fixação da cabeça da miosina em sítios de fixação da actina, na presença de íons

cálcio (Ca++). O Ca++ necessário para a contração fica armazenado nos retículos

sarcoplasmáticos e só é liberado após a chegada de um potencial de ação que se propaga sobre

a superfície da fibra muscular (14,19).

As fibras musculares esqueléticas são inervadas por fibras nervosas mielinizadas, com

origem nos grandes motoneurônios dos cornos anteriores da medula espinhal. Cada

motoneurônio que deixa o sistema nervoso central inerva múltiplas fibras musculares

distintas. A conexão entre o axônio e a fibra muscular é realizada por uma sinapse especial

chamada junção neuromuscular ou placa motora, que são normalmente agrupadas em bandas

e se estendem através de parte ou de todo o músculo. Todas as fibras musculares inervadas

por uma só fibra nervosa motora formam uma unidade motora (14,19).

Um único neurônio motor (NM) pode inervar poucas ou várias fibras musculares,

sendo esta distribuição realizada de acordo com a funcionalidade da musculatura alvo (19). Em

geral, os pequenos músculos, que reagem rapidamente e cujo controle deve ser exato, têm

poucas fibras musculares em cada unidade motora. Inversamente, os grandes músculos que

não necessitam de um controle delicado podem ter várias centenas de fibras musculares em

cada unidade motora (14).

O somatório espacial e temporal de potenciais de ação presentes nas fibras musculares,

e que se originaram a partir do disparo provocado por um único NM, é conhecido por

potenciais de ação da unidade motora (PAUM) (19).

Uma vez que um simples potencial de ação em um NM pode ativar centenas de fibras

musculares em sincronia, as correntes resultantes se somam para gerar um sinal elétrico

detectável fora do músculo. Muitos neurônios motor geram uma avalanche assíncrona de

potenciais de ação em diversas unidades motoras (UMs). O resultado é um padrão de

potenciais elétricos que podem ser registrados e que se denomina eletromiograma ou

eletromiografia (EMG), o qual pode ser medido diretamente no músculo por meio de

eletrodos agulha, ou por eletrodos na superfície da pele. Logo, a EMG é um padrão de

interferências espaciais e temporais da atividade elétrica das UMs localizadas próximas a um

detector. Em outras palavras a EMG é a somatório de PAUM próximo ao eletrodo. O tempo

relativo e a amplitude desses padrões registrados sobre determinados músculos refletem

aproximadamente a atividade agregada dos neurônios motores que inervam cada músculo (19).

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1.5. Eletromiografia

A eletromiografia tem sido amplamente utilizada como auxiliar no diagnóstico clínico

há mais de 40 anos. Originalmente a neurofisiologia utilizou o termo “eletromiografia” em

referência aos métodos empregados para registrar os potenciais de ação das fibras musculares (20).

Esse método foi sendo construído ao longo da história, em que anatomistas,

fisiologistas e outros profissionais, contribuíram para compreensão do fenômeno biofísico da

contração muscular e o seu controle exercido pelo sistema nervoso. Sendo assim, torna-se de

suma importância a compreensão histórica dos fatos que levaram a técnica da eletromiografia

tal como é compreendida hoje (20,21).

O movimento humano é questão de investigação por muitos séculos por grandes

pensadores da ciência. Francesco Redi (1626-1691) foi o pioneiro a verificar a atividade

elétrica nos músculos. Já no século XVII, Luigi Galvani (1737-1798) envolveu animais em

suas investigações, verificando o potencial elétrico de músculos e nervos de sapos e rãs. Ele é

considerado o pioneiro nos estudos envolvendo potencial elétrico muscular (21).

Não obstante, somente no início do século XIX, com os estudos pioneiros do médico

neurologista francês Guillaume Duchene (1806-1875) é que iniciaram estudos mais

direcionados relacionando potencial elétrico e a contração muscular (21).

Já os primeiros estudos envolvendo a eletromiografia surgiram no início do século XX

com os trabalhos do neurofisiologista alemão Hans Pipers que delineou a modulação dos

disparos de unidades motoras. Essas foram as primeiras investigações que se delinearam na

hipótese do potencial de ação (21).

A eletromiografia de superfície surgiu nos anos 40 com investigações sobre o

movimento humano. Inman, Saunders e Abbot em 1944 investigaram a atividade muscular

relacionada a movimentos do ombro. No ano de 1962, John V. Basmajian publica a primeira

edição de seu livro Muscles Alive: Their Functions Revealed by Electromyography. O

primeiro compêndio envolvendo a eletromiografia como um método para coleta de

informações sobre o sistema neuromuscular em humanos. Entretanto, somente a partir dos

anos 90 é que começaram a ocorrer investigações maciças envolvendo sincronismo

neuromuscular por meio da eletromiografia (20,21).

Com a utilização da eletromiografia de superfície (sEMG) é possível avaliar a

atividade muscular no domínio temporal da amplitude de cada músculo do corpo

separadamente ou em conjunto na realização do movimento, tornando-se uma ferramenta

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valiosa no ensino e aprendizado de processos como a auto-regulação da contração através de

biofeedback, no desenvolvimento de profundo relaxamento e no gerenciamento do estresse

muscular (22,23).

A sEMG é uma técnica importante para analisar o funcionamento das unidades

motoras, a força produzida por uma musculatura, identificar o músculo que foi ativado

primeiro em um determinado movimento e principalmente avaliar a fadiga muscular (24-30).

Dentre as técnicas de avaliação de fadiga, sEMG tem ganhado um grande espaço para

análise da fadiga muscular por ser um método que analisa o registro da função muscular por

meio dos sinais elétricos que o músculo emite (24,25,31). Apresenta-se como um método não

invasivo e indolor, que permite a análise da contração dinâmica e estática e que já é validado

atualmente (24-26, 31-40).

Esse tipo de análise não é simples, pois requer sensores especiais que tenham precisão

de leitura e não interfiram no movimento natural do ciclo respiratório como também

ferramentas matemáticas para extrair informações a respeito dos disparos das fibras

musculares. Levando-se em consideração esses fatores a instrumentação a ser utilizada deve

ser bem preparada para registrar os sinais biológicos de interesse simultaneamente com os

sinais de sensores ou transdutores envolvidos no movimento (41,42).

Assim, o sistema de coleta na sEMG consiste de eletrodos, amplificadores, filtros e um

dispositivo de registros. Estes eletrodos convertem o sinal elétrico resultante do processo de

despolarização das fibras musculares, em um sinal elétrico capaz de ser processado em um

amplificador, sendo utilizados para testes de condução nervosa e nas investigações

cinesiológicas (20).

A amplitude do sinal eletromiográfico é determinada pelo número de fibras

musculares ativas dentro da proximidade imediata do eletrodo (0,25 a 5 mV). A duração é

definida pelo início e fim da forma de onda da PAUM, usualmente considerado como o

primeiro e último instante de tempo quando o sinal desvia-se do nível da linha de base por

uma amplitude fixa certa. A duração depende do número de fibras musculares dentro da

unidade motora, e aumenta com o aumento do número de fibras musculares. A duração

normal da PAUM é de 2-10 ms (19).

A amplitude da sEMG estimada a partir de um registro bipolar tem sido utilizada na

monitoração do nível e duração da atividade muscular, assim como para estimar a força

produzida pelos músculos (19).

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No domínio do tempo, analisa-se a energia do sinal por meio de parâmetros

correlacionados com sua amplitude, que reflete os mecanismos de graduação da força

muscular (recrutamento de unidades motoras e a somação de seus potenciais de ação) (20).

Existem muitos métodos de análise do sinal eletromiográfico, entre os quais, o mais

utilizado para análise do comportamento do sinal é denominado Root Mean Square (RMS),

cuja amplitude está diretamente relacionada com o recrutamento de unidades motoras. Os

dados são aumentados ao quadrado para obter o resultado médio e desse valor é extraído a

raiz quadrada (18,43,44).

A literatura afirma que a sEMG torna possível a avaliação dos padrões de resposta

muscular no início e no término de várias atividades, assim como uma forma de obter a

resposta muscular em relação ao esforço, tipo de contração muscular, e posição utilizada. Este

método surge como uma forma preciosa de avaliação criteriosa para os indivíduos analisados (20).

1.6. Justificativa

Dessa maneira faz-se relevante a realização desse estudo, que através de uma

avaliação bem instrumentada, previamente testada e validada, pretende abordar a relação entre

a musculatura respiratória acessória e as cargas do exercício incremental em jovens que

praticam atividade física e jovens sedentários. A condição física acarreta em várias condições

de saúde, sendo assim os resultados deste estudo poderão trazer importantes contribuições

para os profissionais de saúde.

O aumento nas taxas de troca periférica de oxigênio e dióxido de carbono com o

exercício exige complexos ajustes no sistema respiratório. Portanto, a avaliação das respostas,

ventilatórias e subjetivas (sintomas) durante o exercício dinâmico possui importante potencial

diagnóstico e prognóstico, que excedem amplamente a investigação isolada no repouso, além

disso, testes de exercício dinâmico podem ser úteis para recomendar atividades e identificar a

necessidade para estudos futuros para diagnóstico ou intervenção.

1.7. Pergunta

Qual a intensidade da amplitude do sinal da sEMG dinâmica (cicloergômetro) nas

diferentes cargas de um exercício incremental em indivíduos fisicamente ativos e sedentários?

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1.8. Hipóteses

H0 - A amplitude do sinal da sEMG dos músculos avaliados não se altera

com o incremento da carga durante o teste, para os indivíduos

fisicamente ativos e sedentários;

H1 - A amplitude do sinal da sEMG dos músculos avaliados altera-se

acompanhando o incremento da carga durante o teste, para os

indivíduos fisicamente ativos e sedentários.

2. OBJETIVO

Reconhecer e descrever a atividade elétrica dos músculos trapézio superior,

esternocleidomastoideo e intercostal externo de jovens praticantes de atividades físicas e de

jovens sedentários, frente às diferentes cargas de um exercício incremental no cicloergômetro

de membros inferiores.

3. MÉTODOS

3.1. Tipo de estudo

Para alcançar os objetivos deste estudo, foi realizado um estudo observacional

transversal. Este projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Cidade de São Paulo – UNICID em 16/05/2012 de acordo com protocolo

13657056 (APÊNDICE I).

3.2. Local

O presente estudo foi realizado no Laboratório de análise de movimento da

Universidade Cidade de São Paulo - UNICID

3.3. Amostra

3.3.1. Critérios de inclusão

Foram incluídos nesse estudo jovens adultos saudáveis, de ambos os gêneros, com

idade entre 18 e 36 anos.

3.3.2. Critérios de exclusão

Os critérios de exclusão adotados foram:

• Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC);

• Gravidez;

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• Frequência respiratória no repouso > 25rpm;

• Frequência cardíaca no repouso < 50 ou > 100bpm;

• Saturação de oxigênio (SpO2) ≤ 90%;

• Comorbidades importantes ou sinais de doenças cardiovasculares,

osteomusculares e neuroendócrinas;

• Deformidades torácicas que interfiram na avaliação eletromiográfica;

• Alteração cognitiva que impeça a compreensão dos procedimentos;

• Limitações ortopédicas que por algum motivo incapacite o sujeito de realizar o

exercício incremental no cicloergômetro de membros inferiores.

3.3.3. Desenho metodológico do estudo

Os pesquisadores envolvidos no estudo fizeram a divulgação da pesquisa para os

coordenadores de curso da Universidade Cidade de São Paulo – UNICID. Após a divulgação

e explicação dos objetivos do estudo, se houvesse aceitação por parte do coordenador, o

pesquisador realizava o recrutamento dos indivíduos nas salas de aula. Os cursos visitados

foram Fisioterapia, Ciências biológicas e Educação física.

O recrutamento e inclusão dos participantes foi realizado entre maio de 2012 e

dezembro de 2012. O diagrama de fluxo detalhado do processo de recrutamento, exclusão e

avalição estão apresentados na figura 1.

Figura 1 - Digrama de fluxo do estudo

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3.4. Termo de Consentimento livre e esclarecido

Os indivíduos elegíveis para pesquisa baseado nos critérios de inclusão e exclusão

foram convidados a participar da pesquisa. Confirmado o desejo de participar voluntariamente

da pesquisa, foi entregue uma cópia do termo de consentimento livre e esclarecido

(APÊNDICE II), e só então, com a assinatura do termo foi formalizada a participação do

indivíduo na pesquisa.

3.4.1 Vídeo explicativo

As informações sobre a pesquisa (objetivos, riscos, benefícios, e procedimentos)

foram apresentadas por meio de um vídeo explicativo. Nesse vídeo estavam contidas

ilustrações dos questionários e documentos a serem preenchidos, ilustrações de todos os

aparelhos a serem utilizados e foram exemplificados todos os procedimentos e avaliações aos

quais os sujeitos seriam submetidos e iriam realizar. O vídeo foi utilizado com o objetivo de

padronizar a explicação dos procedimentos.

3.5. Variáveis

As variáveis analisadas foram as amplitudes do sinal da Eletromiografia de superfície

no domínio temporal, dos músculos trapézio superior, esternocleidomastoideo e intercostal

externo, com relação à variação da carga imposta no exercício incremental de membros

inferiores.

3.6. Procedimentos

Todos os sujeitos foram submetidos à avaliação das pressões respiratórias com

manovacuômetro, à análise eletromiográfica dos músculos trapézio superior,

esternocleidomastoideo, intercostal externo, e reto femoral; eletrogoniometria do joelho;

monitorização da frequência cardíaca e realizaram o exercício incremental no cicloergômetro

de membros inferiores.

Foi solicitado a todos os sujeitos envolvidos na pesquisa que utilizassem roupas

confortáveis e calçado adequado, para que fosse possível a colocação dos eletrodos da

eletromiografia de superfície; e a realização do exercício incremental.

Inicialmente foi preenchida uma ficha de anamnese (APÊNDICE III) contendo

informações pessoais, dados demográficos, informações sobre tabagismo e comorbidades.

Todos os sujeitos da pesquisa foram submetidos ao exame físico para aferição de sinais vitais.

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Essa avaliação inicial nos deu suporte para saber se naquele momento o indivíduo não

apresentava nenhuma alteração e o mesmo podia realizar o exercício incremental no

cicloergômetro de membros inferiores.

Os sujeitos envolvidos no estudo responderam ao Physical Activity Readiness

Questionnaire (Par-Q) (45) (ANEXO I) que tem como objetivo avaliar a prontidão para

atividade física. Dentre as sete questões do questionário, se apenas uma resposta fosse

positiva o sujeito necessitaria de avaliação clínica e liberação médica para participar do

estudo, se por algum motivo o sujeito não conseguisse essa liberação o mesmo seria excluído

do estudo a fim de se precaver de quaisquer riscos.

Em seguida, todos os sujeitos responderam ao Questionário Baecke de atividade física

habitual (46-48) (ANEXO II), que é composto por 16 questões que envolvem atividades físicas

ocupacionais, exercícios físicos no lazer e atividades físicas de lazer e locomoção. O objetivo

desse questionário foi classificar o indivíduo como fisicamente ativo ou sedentário. Além

disso, foi adotado o conceito estabelecido pelo ACSM sobre estilo de vida sedentária,

definido como a não participação em pelo menos 30 minutos de atividade física de

intensidade moderada em pelo menos 3 dias por semana, a pelo menos 3 meses (4). Para ser

enquadrado nos grupos do estudo o indivíduo deveria ser classificado pelos dois métodos de

avaliação e os resultados deveriam ser os mesmos.

3.6.1. Colocação dos eletrodos de superfície

Estudos atuais demonstraram que uma variação na distância entre os eletrodos

interfere na morfologia do sinal, não somente no domínio da frequência, mas também da

amplitude, comprometendo a interpretação dos mecanismos de graduação da força muscular (20).

Nesses casos, a International Society of Electrophysiology and Kinesiology (ISEK)

sugere que a distância inter-eletrodos não ultrapasse 20mm centro a centro, de forma a não se

perder grande parte da informação contida no sinal pelo movimento dos sensores sobre o

músculo. Esta distância entre os eletrodos, sugerida pela ISEK, indica uma redução do efeito

de crosstalk (captação do sinal elétrico de músculos adjacentes), dado que distâncias maiores

aumentam a probabilidade do sinal de sEMG ser contaminado pela atividade de músculos

vizinhos, funcionando como fator influenciador na captação deste sinal (20).

Além disso, a escolha do tipo de eletrodo, bem como do seu tamanho, também

interferirão na captação deste sinal, pois para músculos pequenos, a literatura recomenda a

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colocação de eletrodos menores. Assim, características individuais como o aumento da

espessura da pele e do tecido subcutâneo, oleosidade, presença de pelos, redução do fluxo

sanguíneo, também são grandes influenciadores da captação do sinal elétrico, de forma que a

presença destes funcionará como fatores impedantes para a captação do sinal elétrico (20).

Baseando-se nessas considerações, na coleta do sinal da sEMG dos músculos trapézio

superior, esternocleidomastoideo e intercostal externo, foram utilizados eletrodos de

superfície autoadesivos circulares de prata/cloreto de prata (Ag/AgCl) descartáveis, com área

útil de contato de 10 mm (Medi Trace TM / Kendall), e distância inter-eletrodos centro a centro

de 20 mm.

Figura 2 - Eletrodos descartáveis (Medi Trace TM / Kendall)

Além dos eletrodos registradores, deve-se ser aplicado um eletrodo de referência, para

permitir o mecanismo de cancelamento do efeito de interferência do ruído elétrico externo,

como o ruído causado por lâmpadas fluorescentes, instrumentos de radiodifusão,

equipamentos de diatermia e outros aparelhos elétricos (20).

Como eletrodo de referência, nesse estudo, foi utilizado um eletrodo retangular de

metal que foi fixado no punho direito dos voluntários.

Figura 3 - Eletrodo de referência

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Para determinar a localização dos eletrodos foi utilizado como referência,

proeminências ósseas anatômicas, a arquitetura muscular dos músculos em procedimento de

avaliação e a área de secção transversa fisiológica, região de maior concentração de placas

motoras.

As marcações para colocação dos eletrodos foi feita com lápis dermatográfico e

através de antropometria com fita métrica, após a limpeza prévia do local com algodão e

álcool para reduzir a impedância da pele. Se fosse necessário era realizada tricotomia do local

para a colocação dos eletrodos da eletromiografia de superfície com o objetivo de impedir

possível interferência na coleta dos dados por conta do excesso de pelos na região.

Foram seguidas todas as recomendações conforme sugestão da International Society of

Electrophysiology and Kinesiology (2010) e De LUCA. The Use of Surface Electromyography

in Biomechanics (1997) (49,50,51).

Para o músculo trapézio superior os eletrodos foram posicionados a 50% da linha entre

o acrômio e a vértebra cervical C7.

Figura 4 - Procedimento para colocação dos eletrodos no músculo trapézio superior

Para o músculo esternocleidomastoideo os eletrodos foram posicionados a 50% da

linha entre o processo mastoide e a borda superior do esterno.

1 2

3 4

5 6

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Figura 5 - Procedimento para colocação dos eletrodos no músculo esternocleidomastoideo

Para o músculo intercostal externo os eletrodos foram posicionados entre a 7° e 8°

costela seguindo a linha axilar anterior.

Figura 6 - Procedimento para colocação dos eletrodos no músculo intercostal externo

Outro instrumento de avaliação muito importante e utilizado em análises que

envolvem atividade física é o eletrogoniômetro, um transdutor capaz de medir a variação

angular da articulação. O eletrogoniômetro nesse estudo foi utilizado para controlar e

monitorar o grau de movimento da articulação do joelho. A colocação do eletrogoniômetro foi

1 2 3

4 5 6

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4 5

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unilateralmente no joelho do membro inferior direito do sujeito, e sua localização teve como

referência as medidas estabelecidas por Marques, 2003. O eletrogoniômetro foi posicionado

com velcro, de modo que o mesmo não interferisse no movimento normal da articulação (52).

Figura 7 - Eletrogoniômetro

Figura 8 - Procedimento para colocação do eletrogoniômetro na articulação do joelho

Fonte: Marques (2003)

O sinal elétrico cardíaco foi coletado sincronizado aos sinais da eletromiografia de

superfície com a finalidade de monitoramento da frequência cardíaca frente às diferentes

cargas durante o exercício incremental de membros inferiores no cicloergômetro. A colocação

dos eletrodos foi feita conforme orientação e descrição presentes na literatura (19). A obtenção

de um sinal eletromiográfico limpo, livre de contaminação por outras fontes, é necessária para

uma apropriada interpretação e aplicação do sinal. A interferência do eletrocardiograma

(ECG) é um problema sério de medida, o qual pode comprometer a eficácia do processamento

da EMG (19).

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O nível de contaminação é altamente dependente do local onde são colocados os

eletrodos, o qual frequentemente se dá em função do grupo muscular que se deseja avaliar (19).

Devido à localização da musculatura avaliada no nosso estudo, na tentativa de

diminuir a interferência do sinal cardíaco, a avaliação foi realizada somente do lado direito do

indivíduo.

O sinal elétrico cardíaco, assim como o eletrogoniômetro, foram utilizados com o

objetivo de se manter uma fidedignidade do teste, baseando-se na consistência e precisão dos

resultados do processo de avaliação.

3.6.2. Captura e análise do sinal eletromiográfico

Foi utilizado o sistema da marca EMG System do Brasil modelo EMG800C

comunicação USB alimentado por bateria interna imune a interferências da rede elétrica,

composto por conversor analógico digital com 16 bits de resolução, condicionador de sinais

integrado com ganho de amplificação de 2000 vezes, filtro passa-banda tipo Butterworth de

20 a 500 Hz e eletrodos bipolares com pré-amplificação para os canais de EMG. Para os

canais de sensores tais como força, sensor de velocidade, cadência do pedal foi selecionado

filtro passa-banda tipo Butterworth de 0-100 Hz. A impedância do sistema foi de 109 ohms,

taxa de ruído de sinal < 3µV RMS, módulo de rejeição comum > 100 dB. Foi utilizado

programa de aquisição e processamento de sinais EMGLab V1.1 da marca EMG System do

Brasil versão 2010 com frequência de amostragem por canal de 2kHz e tempo de coleta de 24

minutos máximo (13).

Figura 9 – Módulo de aquisição dos dados de 16 canais (EMG System do Brasil)

O sistema EMG foi acoplado ao computador, e durante o tempo de realização do

exercício incremental, foi possível acompanhar o traçado referente à carga do cicloergômetro

para que fosse possível realizar os incrementos na carga com precisão.

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Figura 10 – Esquema do procedimento para aquisição dos dados

Foi utilizada a análise em telas contínuas inicialmente para a avaliação da contração

voluntária máxima com o manovacuômetro e em seguida durante todo o exercício

incremental no cicloergômetro de membros inferiores.

Figura 11 – Tela de aquisição dos dados

Os dados gravados através da instrumentação utilizada nessa pesquisa, foram

inicialmente analisados no software EMGLab ( EMG System do Brasil) que fornece todas as

informações relacionados a amplitude do sinal inclusive a média RMS (Root Mean Square).

Os dados, registrados simultaneamente, foram analisados pelo método quantitativo no

domínio da amplitude. Os valores das atividades elétricas dos músculos (µV RMS) foram

normalizados individualmente pela contração voluntária máxima (CVM).

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As médias RMS dos músculos avaliados foram obtidas em janelas móveis a cada

200ms. Isso foi realizado na carga inicial, em 50% da carga e em 100% da carga máxima

realizada pelo indivíduo em procedimento de avaliação.

3.6.3. Avaliação da contração voluntária máxima.

Pela conhecida variabilidade do sinal não somente entre sujeitos, como também entre

tentativas, técnicas diferentes de normatização têm sido desenvolvidas para reduzir essa

variabilidade, sendo a contração voluntária máxima (CVM), uma das formas conhecidas, que

usa o maior valor encontrado em uma contração voluntária máxima, para o músculo em

questão (20).

Após a instrumentação e preparação do indivíduo através da colocação dos eletrodos

da eletromiografia de superfície, foi realizado avaliação com o manovacuômetro. Essa

avaliação foi realizada sem que o indivíduo tivesse visualização da tela do computador para

que não houvesse interferência do sujeito durante o procedimento de avaliação. Associado a

avaliação das pressões inspiratória e expiratória máximas foi realizada análise

eletromiográfica dos músculos trapézio superior, esternocleidomastoideo e intercostal

externo, com o objetivo de obter a CVM para efeito de normalização do sinal

eletromiográfico.

A pressão inspiratória máxima (PImáx) e a pressão expiratória máxima (PEmáx),

medidas em cmH2O, foram obtidas usando um manovacuômetro analógico (Industries

Instrumentation Ltda.), com os sujeitos na posição sentada. O procedimento foi realizado 3

vezes para cada pressão, com intervalo de 1 minuto entre cada vez. O melhor valor dentre as

avaliações foi adotado.

Para avaliação da PImáx o comando dado foi para que o sujeito “soltasse todo o ar dos

pulmões, envolve-se todo o bucal de forma a impedir o escape de ar, e sem fazer força com as

bochechas puxasse o ar para dentro dos pulmões com toda a força”. Para avaliação da PEmáx

o comando foi para que o sujeito “fizesse uma inspiração profunda, envolvesse todo o bucal

de forma a impedir o escape de ar, e sem insuflar as bochechas soltasse o ar com toda a força,

como se estivesse assoprando forte”.

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Figura 12 - Manovacuômetro analógico (Industries Instrumentation Ltda.)

3.6.4. Exercício incremental.

A esteira e o cicloergômetro são as modalidades para teste de exercício clínico mais

comumente utilizadas. O teste na esteira fornece uma forma mais comum de estresse

fisiológico, como caminhar, em que os sujeitos estão mais propensos a atingir um consumo de

oxigênio e um pico de frequência cardíaca, ligeiramente maiores do que durante o teste no

cicloergômetro. Porém os cicloergômetros são mais baratos, requerem menos espaço, e fazem

menos barulho do que as esteiras. Freldenreich e Rohan (1995) e Macera e Prat (2000)

preferem o uso do cicloergômetro, mencionando aspectos de segurança na performance do

teste, facilidade para medição de sinais vitais, além de quantificar precisamente a taxa de

trabalho durante o teste (18).

Figura 13 – Cicloergômetro de membros inferiores instrumentado (EMG System do Brasil)

O protocolo aplicado durante o teste de exercício deve considerar o propósito da

avaliação, os específicos resultados esperados, e as características do indivíduo que está sendo

avaliado, como por exemplo, idade e sintomatologia (53).

Protocolos com maiores incrementos, como o de Bruce, Billat e Ellestad, são mais

adequados para pesquisas com indivíduos jovens e/ou fisicamente ativos (53).

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21

Após a avaliação da contração voluntária máxima, o sujeito já posicionado na bicicleta

ergométrica, previamente ajustada, com os eletrodos posicionados, realizou o exercício

incremental seguindo o Protocolo de Billat (2001).

A escolha deste protocolo foi baseada no estudo realizado por Azevedo (2010) que

preconiza que os estágios que compõem o teste incremental devem ser suficientemente longos

para que ocorra estabilização das concentrações de lactato sanguíneo após cada novo

incremento de carga, ou seja, o equilíbrio dinâmico entre o lactato sanguíneo e muscular. Tem

sido sugerido que cada estágio tenha duração entre 3 e 10 minutos (53).

Os autores indicam as seguintes cargas e tempos de incremento: 10 Watts (W) e

duração de 2 minutos cada estágio; 20 W a cada 3 minutos; 30 W a cada 4 minutos; 40 W a

cada 4 minutos e 45 segundos; 50 W a cada 5 minutos (53).

Baseando-se nessa literatura a escolha do protocolo de Billat mostrou-se mais

adequada em relação a outros protocolos incrementais, pois realiza os incrementos de 25 W

na carga do cicloergômetro, a cada 3 minutos, mantendo uma velocidade constante, em média

22,5 Km/h, até a fadiga subjetiva relatada pelo indivíduo que estava sendo avaliado.

Levando-se em consideração que o Protocolo de Billat é realizado até a fadiga

subjetiva, para a classificação da percepção subjetiva do esforço, 30 segundos antes do

incremento na carga do cicloergômetro de membros inferiores, o indivíduo respondeu à

Escala de Borg (ANEXO III) (54,55). Juntamente com o questionamento da Escala de Borg,

com a utilização de um oxímetro de pulso, oxigenação periférica e frequência cardíaca

também foram aferidas.

Para garantir a integridade dos participantes foram adotados os seguintes sintomas

para a interrupção do teste conforme American College Sports Medicine (2007):

• Início de angina ou sintomas anginosos;

• Dificuldade para respirar, dispnéia, sibilos ou câimbras;

• Sinais de má perfusão: tontura, confusão, ataxia, palidez, cianose, náuseas ou pele

fria e úmida;

• Solicitação da interrupção do teste pelo indivíduo;

• Manifestações físicas ou verbais de fadiga severa;

• Falha no equipamento de teste.

Após a realização do protocolo incremental, os sinais vitais: frequência cardíaca,

frequência respiratória, saturação de oxigênio e pressão arterial foram aferidos e registrados

novamente.

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3.7. Monitorização da pesquisa

3.7.1. Medidas para a proteção ou minimização de quaisquer riscos

As perguntas contidas nos questionários foram apresentadas de forma clara e objetiva,

com linguagem simples, evitando constrangimentos, ou seja, risco moral, para o pesquisado.

Foram tomadas às medidas necessárias para minimizar os riscos previsíveis (considerando as

dimensões físicas, psíquica, moral, intelectual, social, cultural ou espiritual, conforme item

II.8, da Res. CNS 196/96), bem como, foi assegurado que os potenciais sujeitos receberam

uma adequada e acurada descrição e informação dos riscos, desconfortos ou benefícios que

podiam ser antecipados.

3.7.2. Medidas de proteção à confidencialidade

A confidencialidade dos sujeitos da pesquisa foi mantida, em nenhum momento ou por

quaisquer meios, existiu a possibilidade de divulgação pública dos resultados que permitisse

identificar os dados do sujeito da pesquisa. Apenas os pesquisadores tiveram acesso aos dados

dos sujeitos.

3.7.3. Medidas de previsão de ressarcimento de gastos aos sujeitos da pesquisa

Não houve despesas pessoais para o participante em qualquer momento do estudo.

Também não houve compensação financeira relacionada à sua participação.

3.8. Análise estatística

Foi realizado um cálculo amostral de acordo com estudo piloto desenvolvido no

mesmo laboratório, e obteve-se uma amostra de 20 indivíduos que foram divididos

igualmente entre os grupos do estudo.

Na análise estatística descritiva as variáveis contínuas foram apresentadas como média

e desvio-padrão e as variáveis categóricas foram apresentadas na forma de tabela de

contingência, proporção e percentual. Os dados foram coletados em formulário padronizado e

armazenados em uma planilha eletrônica de dados (Microsoft Excel® 2003. Redmond, WA,

EUA).

O teste de Shapiro-Wilk foi utilizado para testar a normalidade da distribuição dos

dados das variáveis estudadas. Dentre os resultados encontrados, obtivemos variáveis com

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distribuição paramétrica, que foram descritas como média e desvio-padrão, e variáveis não

paramétricas que foram apresentadas como mediana e intervalo interquartil.

O modelo de ajustes lineares mistos com estrutura de variância e covariância foi

utilizado para estudar os efeitos da carga, do grupo (fisicamente ativos e sedentários) e da

interação carga*grupo sobre as variáveis estudadas. Todas as análises foram realizadas com o

software SPSS versão 13.0 para Windows (Chicago, IL, EUA) e o nível de significância

estabelecido foi de 5%.

4. RESULTADOS

Foram avaliados 24 participantes dos quais 4 foram excluídos, 1 por não estar apto a

realizar exercício físico de acordo com o Questionário Par-Q, e outros 3 por não terem a

mesma classificação, sobre nível de atividade física, no Questionário Baecke de atividade

física habitual e no conceito do ACSM. Os 20 indivíduos restantes foram divididos

igualmente nos 2 grupos de estudo, fisicamente ativos e sedentários. As características e

variáveis demográficas dos sujeitos estão descritas na tabela 1. Os indivíduos foram pareados

de acordo com idade e índice de massa corpórea (IMC).

Tabela 1 – Características e variáveis demográficas dos participantes

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Variáveis categóricas estão expressas em número e percentual (%), variáveis contínuas

estão expressas em média e desvio-padrão (DP), IMC (Índice de massa corporal); Par-Q

(Physical Activity Readiness Questionnaire); Baecke (Questionário Baecke de atividade

física habitual).

* Valor de corte para o Baecke de 9.

Os sinais vitais avaliados pré e pós exercício incremental estão descritos na tabela 2. O

único valor que mostrou diferença estatisticamente significante entre os grupos foi a pressão

sistólica final. Com relação aos valores pré e pós teste, os resultados estatisticamente

significativos foram os da frequência cardíaca e frequência respiratória para os dois grupos e

pressão sistólica para o grupo fisicamente ativos.

VariáveisGrupo

Fisicamente Ativos

Grupo Sedentários

Gênero

Feminino 5 (50) 5 (50)

Masculino 5 (50) 5 (50)

Idade (anos) 25.7 (5.29) 23.1 (4.23)

Altura (metros) 1.73 (0.1) 1.7 (0.09)

Peso (kilos) 74.75 (13.03) 75.78 (21.77)

IMC 25.08 (3.65) 25.99 (6.63)

Fumante

Sim 1 (10) 1 (10)

Não 9 (90) 9 (90)

Par-Q

Apto 10 (100) 10 (100)

Inapto 0 (0) 0 (0)

Baecke * 9.9 (0.71) 7.37 (0.81)

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Tabela 2 - Sinais clínicos pré e pós teste

Variáveis contínuas estão expressas em média e desvio-padrão (DP), FC (Frequência Cardíaca); bpm

(batimentos por minuto); FR (Frequência Respiratória); rpm (respirações por minuto); SpO2 (Saturação de

Oxigênio); mmHg (milímetros de mercúrio).

Com relação aos valores obtidos pela Escala de Borg durante o exercício incremental

os números variaram de 0 a 10 sendo que na carga total a média para o grupo fisicamente

ativo foi 6,5 (2,51) e para o grupo sedentário 5,7 (1,77). Os valores em cada carga e para cada

grupo, assim como o P valor para efeito grupo estão espressos na tabela 3. Não houve

diferença estatisticamente significativa entre os grupos.

Tabela 3 – Média dos valores obtidos na Escala de Borg durante as cargas do exercício incremental

Variáveis contínuas estão expressas em média e desvio-padrão (DP).

VariáveisGrupo

Fisicamente Ativos

Grupo Sedentários

P valor para efeito grupo

FC inicial (bpm) 76.8 (7.35) 75 (11.42) .68

FC final (bpm) 143.3 (20.97) 137.6 (20.94) .55

<.001 <.001

FR inicial (rpm) 16.3 (2.95) 17.3 (2.75) .44

FR final (rpm) 23.3 (3.59) 24.8 (3.68) .36

<.001 <.001

SpO2 inicial (%) 96.4 (0.7) 96.5 (1.08) .80

SpO2 final (%) 96.2 (0.79) 96.4 (1.17) .66

.44 .78

Pressão sistólica inicial (mmHg) 119 (8.76) 116 (6.99) .40

Pressão sistólica final (mmHg) 132 (7.89) 120 (14.14) .03

<.001 .30

Pressão diastólica inicial (mmHg) 76 (5.16) 75 (7.07) .72

Pressão diastólica final (mmHg) 74 (8.43) 71 (9.94) .47

.44 .16p valor para efeito pré e pós exercício

p valor para efeito pré e pós exercício

p valor para efeito pré e pós exercício

p valor para efeito pré e pós exercício

p valor para efeito pré e pós exercício

VariáveisGrupo

Fisicamente Ativos

Grupo Sedentários

P valor para efeito grupo

Carga inicial 1.10 (1.33) 1.60 (1.41) .42

50 % da carga 3.13 (1.46) 2.79 (1.47) .66

100% da carga 6.50 (2.51) 5.70 (1.77) .42

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Neste estudo, os valores de PImáx encontrados foram comparados com os valores

preditos pelas equações de Neder, et al (1999) (56) descritas abaixo:

Pimáx – Mulheres: y= -0,49 (idade) + 110,4; erro-padrão da estimativa = 9,1

Pimáx – Homens: y= -0,80 (idade) + 155,3; erro-padrão da estimativa = 17,3

A tabela 4 mostra os valores preditos por Neder, et al (1999), os valores encontrados

em nosso estudo e a porcentagem dos valores encontrados com os valores preditos.

Tabela 4 – Valores de Pimáx preditos e encontrados

Variáveis contínuas estão expressas em média e desvio-padrão (DP); Pimáx (pressão inspiratória máxima);

cmH2O (centímetros de água).

O tempo total do teste foi de 14 (5) minutos para o grupo fisicamente ativo e 11 (5)

minutos para o grupo sedentário. O maior tempo de teste, 20 minutos, foi realizado por um

sujeito do grupo fisicamente ativo.

Na tabela 5 estão espressos as médias RMS dos músculos trapézio superior,

esternocleidomastoideo e intercostal externo dos participantes durante a avaliação da

contração voluntária máxima e durante as cargas do exercício incremental.

Tabela 5 - Média RMS dos músculos avaliados durante as cargas do exercício incremental

SujeitosValores de Pimáx preditos (cmH20)

Valores de Pimáx encontrados no estudo (cmH20)

Porcentagem com relação aos valores

preditos (%)

Mulheres ativas 97.37 (3.17) 101 (31) 103.68 (32.98)

Homens ativos 135.46 (3.51) 111 (15) 82.09 (10.75)

Mulheres sedentárias 99.62 (1.63) 80 (24) 80.42 (22.69)

Homens sedentárias 135.94 (4.09) 112 (19) 82.31 (14.90)

Grupos Variáveis CVM Carga inicial 50 % da carga 100% da carga

RMS Trapézio (µV) 56.80 (62.70)* 20.52 (26.07)* 24.05 (26.92)* 42.51 (48.55)*

RMS ECM (µV) 74.51 (101.71)* 5.48 (1.09) 6.58 (1.43) 12.49 (4.57)

RMS ICE (µV) 48.55 (27.96) 12.88 (6.59)* 17.47 (9.45) 27.01 (13.79)

RMS Trapézio (µV) 47.66 (31.74) 12.82 (7.5) 21.67 (10.33) 33.37 (22.67)

RMS ECM (µV) 53.27 (30.66) 4.65 (1.70)* 7.15 (2.51) 11.61 (2.92)

RMS ICE (µV) 37.53 (26.18) 12.29 (5.51) 16.02 (8.64) 20.25 (13.31)

Fisicamente Ativos

Sedentários

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Variáveis contínuas estão expressas em média e desvio-padrão (DP), RMS (Root Mean Square); ECM

(Esternocleidomastoideo), ICE (Intercostal externo); uV (microvolt).

* Variáveis não paramétricas expressas em mediana e intervalo interquartil (IIQ).

O gráfico 1 mostra o comportamento dos músculos trapézio superior,

esternocleidomastoideo e intercostal externo, para os dois grupos do estudo (fisicamente

ativos e sedentários), durante as cargas do exercício incremental.

Gráfico 1 - Média RMS dos músculos avaliados durante as cargas do exercício incremental

Os valores de P para o efeito grupo, carga e a interação grupo x carga estão expressos

na tabela 6. Para os três músculos avaliados o P valor para o efeito carga foi estatisticamente

significativo.

Tabela 6 – P valor dos músculos avaliados para os efeitos do estudo

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Nível de significância estabelecido de 5%. ECM (Esternocleidomastoideo), ICE (Intercostal

externo).

5. DISCUSSÃO

Esse estudo analisou o comportamento do sinal eletromiográfico de músculos

respiratórios acessórios em jovens fisicamente ativos e em jovens sedentários, nas diferentes

cargas do exercício incremental realizado no cicloergômetro de membros inferiores.

Nossa pesquisa comprovou a hipótese alternativa de que a amplitude do sinal da

sEMG dos músculos avaliados altera-se acompanhando o incremento da carga durante o teste.

Observando o gráfico 1 é visível para os três músculos estudados, trapézio superior,

esternocleidomastoideo e intercostal externo, uma relação linear de aumento da ativação com

o incremento da carga. Andrade, et al (2005) já haviam estabelecido que o exercício físico

aumenta o desempenho da musculatura inspiratória, aumentando consequentemente a

capacidade de tolerância a atividades (57). Nobre, et al (2006) observou um aumento na

atividade eletromiográfica dos músculos respiratórios durante progressivas cargas de trabalho

respiratório(58).

Observando a média RMS dos músculos avaliados durante o exercício incremental e

comparando-a com os valores obtidos na contração voluntária máxima, pudemos observar que

uma grande parte dos participantes interrompeu o teste antes de alcançar um devido cansaço

por parte do sistema cardiorrespiratório. Esse fator pode ser atribuído ao fato de que por se

tratar de um exercício que exige muito da musculatura dos membros inferiores, a fadiga

propriamente dita foi alcançada primeiramente nos músculos das pernas. Esse achado

corrobora com as diretrizes do ACSM (2007) que cita que o teste no cicloergômetro pode

terminar prematuramente, devido à fadiga em membros inferiores, por exemplo, antes que o

máximo do esforço cardiopulmonar tenha sido alcançado. Além disso, esse método de

exercício é considerado altamente dependente das atividades habituais dos participantes, a

P valor para o efeito grupo

P valor para o efeito carga

P valor para o efeito grupo x carga

Trapézio .12 .04 .66

ECM .45 <.001 .79

ICE .14 .01 .56

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condição física, a força nos membros inferiores e a motivação do indivíduo que está sendo

avaliado (4).

Esse tipo de comportamento também é citado por Neder, et al (2002), sendo as

sensações de desconforto muscular (ou dor) e cansaço geral (fadiga) habitualmente referidas

como os principais “sintomas” que limitam a progressão da atividade em indivíduos normais

não treinados. Na realidade, isto poderia ser antecipado, considerando-se a importância dos

aspectos cardiovasculares/musculares em fisiologicamente limitar a progressão da atividade.

Todavia, os fatores orgânicos desencadeantes de tais sensações são extremamente complexos,

podendo variar de acordo com a idade, sexo, nível de atividade física, perfil psicológico e tipo

de atividade. As informações aferentes a partir de receptores musculotendíneos de tensão e

estiramento, informações cinestésicas e proprioceptivas e de stress térmico são todas

integradas e apreciadas de acordo com a experiência prévia do indivíduo (59).

Entretanto, Neder, et al (2002) também estabelece a sensação secundária de esforço

respiratório (ou mesmo desconforto) como comum, principalmente no exercício intenso. Em

indivíduos normais, a noção de respiração laboriosa guarda boa relação com a taxa

ventilatória total e diversos índices da intensidade do comando neural e do trabalho muscular

respiratório. Durante um teste de exercício incremental, as sensações de fadiga parecem

apresentar um limiar de surgimento, antes de se elevarem exponencialmente, fato que também

foi observado em nosso estudo onde os valores obtidos na Escala de Borg apresentaram-se

baixos na carga inicial e a 50% da carga e aumentaram substancialmente a 100% da carga (59).

Apesar de seu grande papel como músculo inspiratório acessório, dentre os músculos

avaliados, o músculo esternocleidomastoideo em nosso estudo foi o que apresentou menor

ativação durante o teste incremental o que contradiz o estudo realizado por Ratnovsky, et al

(2005) que demonstrou que o papel do músculo esternocleidomastoideo aumenta com altos

esforços e pode alcançar quase 10% do trabalho inspiratório (60).

Eastwood, et al. (2001) investigou o efeito do aumento da resistência respiratória em

indivíduos atletas e sedentários e verificou que durante o exercício físico, ambos os grupos

mantiveram uma baixa frequência respiratória diferentemente do nosso estudo em que os

indivíduos de ambos os grupos tiveram um aumento estatisticamente significativo da

frequência respiratória pré e pós teste incremental (61).

Eastwood, et al. (2001) também observaram uma diminuição da saturação de

oxigênio na carga máxima. Já em nosso estudo a taxa de oxigenação arterial permaneceu

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praticamente a mesma. E assim como em nosso estudo Eastwood, et al. (2001) demonstrou

que a eficiência dos músculos respiratórios foi similar para os dois grupos (61).

Na prática clínica os resultados desse estudo podem ser utilizados como uma

importante ferramenta no tratamento fisioterapêutico e na evolução da reabilitação de

disfunções mioesqueléticas, biomecânicas e funcionais. Sabendo que o exercício com

incremento de cargas no cicloergômetro de membros inferiores, aumenta a ativação dos

músculos trapézio superior, esternocleidomastoideo e intercostal externo é possível aos

profissionais propor programas de treinamento para condicionar essa musculatura, auxiliando

na reabilitação do paciente.

Pontos fortes e limitações do estudo

Visando uma coleta de dados fidedigna, nosso estudo realizou uma instrumentação de

qualidade, onde o cicloergômetro de membros inferiores possuía um transdutor de força para

que sincronizado ao módulo de aquisição e ao computador, pudesse fazer ajustes perfeitos

para o incremento da carga. Em nossa pesquisa houve a preocupação de controlar a

velocidade e o grau de movimentação dos membros inferiores com a utilização do

eletrogoniômetro. Além disso, para reduzir os riscos de um exercício físico, foram tomadas

todas as medidas para saber se os sujeitos envolvidos na pesquisa estavam realmente aptos a

realizar o tipo de esforço proposto.

Em contrapartida, durante as coletas foi possível perceber que o estilo de vida e o tipo

de atividade física praticado pelos participantes limitavam seu desempenho durante o teste.

Adicionalmente a essa questão, podemos citar que pela localização e profundidade dos

músculos avaliados é possível que tenha ocorrido crosstalk da musculatura adjacente.

Sugestões para novos estudos

Os resultados desse estudo nos mostraram que a possibilidade de pesquisas futuras

com um número de participantes maior permitirá uma análise mais intensa sobre o

comportamento dessa musculatura respiratória acessória. Levando-se em consideração

estudos que avaliaram o músculo escaleno e encontraram resultados significativos com

relação ao seu papel e sua ativação frente a exercícios físicos, seria muito interessante realizar

um estudo com o mesmo tipo de instrumentação que foi realizada em nossa pesquisa, porém,

incluindo a avaliação eletromiográfica do músculo escaleno.

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6. CONCLUSÃO

Esse estudo demonstrou para os três músculos respiratórios acessórios avaliados,

trapézio superior, esternocleidomastoideo e intercostal externo, um aumento na amplitude do

sinal eletromiográfico, ou seja, um aumento na atividade elétrica do músculo, proporcional ao

incremento da carga realizado no teste de exercício clínico no cicloergômetro de membros

inferiores, para ambos os grupos, fisicamente ativos e sedentários.

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ANEXO I – QUESTIONÁRIO PAR-Q

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ANEXO II – QUESTIONÁRIO BAECKE DE ATIVIDADE FÍSICA

HABITUAL

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41

ANEXO III – ESCALA DE BORG

0 Nenhuma

0,5 Muito, muito leve

1 Muito leve

2 Leve

3 Moderada

4 Um pouco forte

5 Forte

6

7 Muito Forte

8

9 Muito, muito forte

10 Máxima

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APÊNDICE I – DEFERIMENTO DO COMITÊ DE ÉTICA EM

PESQUISA DA UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO - UNICID

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APÊNDICE II – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO

Comitê de Ética em Pesquisa

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

O Sr(a)_________________________________________________________ portador do

RG n°___________________, nascido em___________________, residente

à______________________________________________________ na cidade

de_______________________________, está sendo convidado a participar do estudo

Comportamento eletromiográfico dos músculos intercostal externo, esternocleidomastoideo e

trapézio superior em jovens praticantes de atividades físicas e em jovens sedentários, frente a

um exercício incremental de membros inferiores – Estudo Transversal, cujo os objetivos são

Conhecer e comparar o comportamento eletromiográfico dos músculos intercostal externo,

esternocleidomastoideo e trapézio superior de jovens praticantes de atividades físicas e de

jovens sedentários, frente a um exercício incremental de membros inferiores. Para tanto, esse

estudo tem como objetivo estudar o comportamento dos músculos que auxiliam na sua

respiração, diante de um exercício na bicicleta ergométrica. Acreditamos que essa avaliação

possa nos dar informações importantes sobre como a atividade física influencia a condição

dessa musculatura respiratória e dessa maneira reforçar a sua prática para auxiliar pessoas no

momento de uma possível doença respiratória.

Como será o estudo?

O estudo será inteiramente realizado em apenas uma visita. Etapa 1: Inicialmente será

realizada coleta dos dados pessoais; sinais vitais, como pressão arterial, frequência cardíaca,

frequência respiratória, oxigenação periférica; e medição de peso e altura. Será realizado o

Questionário Par-Q de prontidão para atividade física, sendo que se uma das respostas desse

questionário for sim, você precisará da liberação de um médico para realizar o nosso estudo.

Em seguida será preenchido o questionário Baecke de atividade física habitual, para saber em

que grupo do estudo você se enquadra. Etapa 2: Em seguida, o Sr. (a) conhecerá os

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equipamentos dos testes que realizaremos: o manovacuômetro que tem como objetivo avaliar

a força da sua musculatura respiratória, tanto na inspiração como na expiração, a

eletromiografia de superfície que mede a atividade elétrica dos seus músculos e a bicicleta

ergométrica onde será realizado o exercício. Além disso, nós iremos ajustar o banco da

bicicleta ergométrica de acordo com a sua altura. Etapa 3: Após a limpeza com algodão e

álcool, da região do tórax, ombro, pescoço e coxa, nós colocaremos os eletrodos da

eletromiografia. Lembrando que se for necessário, nós realizaremos tricotomia, ou seja,

retirada dos pelos com uma lâmina, isso porque se a região que iremos avaliar tiver muitos

pelos o eletrodo não conecta bem na pele e isso prejudica nossa pesquisa. Etapa 4: Em

seguida já sentado na bicicleta nós iremos realizar a avaliação com o manovacuômetro. Nós

iremos colocar um clip no seu nariz para que você possa respirar somente pela boca e vamos

pedir para que Sr (a) puxe o ar com toda força, três vezes, com intervalo de 1 minuto entre

cada medida, e depois vamos pedir que Sr (a) solte o ar com toda força, três vezes novamente,

assim como antes. Durante as medições o Sr. (a) não sentirá absolutamente nada. Etapa 5: Na

bicicleta já ajustada, o Sr (a) irá iniciar o exercício com uma carga leve, mantendo uma

velocidade constante. A cada três minutos nós iremos aumentar um pouco a carga da bicicleta

e o Sr (a) deverá manter a velocidade da pedalada. Sempre um pouco antes de aumentar a

carga nós iremos mostrar ao Sr (a) uma escala chamada Escala de Borg que tem como

objetivo avaliar o seu esforço durante o exercício. Lembrando que durante o exercício o Sr (a)

não pode falar porque isso atrapalha a avaliação, o senhor só nos mostrará com a mão a sua

resposta com relação ao esforço. Se durante o exercício o Sr (a) sentir dor no peito,

formigamento no braço esquerdo, tontura, confusão, enjoo, pele fria e úmida ou falta de

coordenação nos movimentos, é só nos avisar e o teste será interrompido no mesmo instante.

O exercício vai terminar quando o Sr (a) estiver muito cansado e não estiver mais aguentando

realizar o exercício. Etapa 6: Por fim nós iremos realizar novamente a mesma avaliação dos

sinais vitais, como pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória e oxigenação

periférica do início da nossa avaliação. Você estará sendo acompanhado por profissionais da

saúde especializados e treinados, durante todos os testes. Todos estes testes serão realizados

no Laboratório de Análise do movimento da Universidade Cidade de São Paulo – UNICID

(Rua Cesário Galeno, 448/475 – Tatuapé São Paulo – SP).

Quais os riscos?

A eletromiografia de superfície, a avaliação com manovacuômetro e o exercício incremental

de membros inferiores na bicicleta ergométrica não oferecem risco a jovens saudáveis, como

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você. Se por algum motivo você apresentar algum sinal que apresente risco para realização

do estudo você não será incluído na pesquisa. Entretanto, pelo menos teoricamente, qualquer

teste que envolve esforço pode ter algum risco potencial: desconforto, tonturas, dor e pressão

alta. Todavia, os seus testes serão acompanhados por uma equipe previamente treinada.

Qualquer dúvida ou esclarecimento poderá ser dado pelo pesquisador responsável, Professor

César Ferreira Amorim / Priscilla Anjos de Sousa, que pode ser encontrado na Rua Gênova,

nº 402 e no telefone (11)99966-5424.

O Sr (a). tem garantia de sigilo de todas as informações coletadas e pode retirar seu

consentimento a qualquer momento, sem nenhum prejuízo ou perda de benefício.

Declaro ter sido informado e estar devidamente esclarecido sobre os objetivos deste estudo,

sobre as técnicas e procedimentos a que estarei sendo submetido e sobre os riscos e

desconfortos que poderão ocorrer. Recebi garantias de total sigilo e de obter novos

esclarecimentos sempre que desejar. Assim, concordo em participar voluntariamente deste

estudo e sei que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem nenhum prejuízo

ou perda de qualquer benefício (caso o sujeito de pesquisa esteja matriculado na Instituição

onde a pesquisa está sendo realizada).

.

Data: ___ /___ /___

_____________________________________________

Assinatura do sujeito da pesquisa

______________________________________________

Pesquisador responsável / orientador

______________________________________________

Pesquisador responsável

Nós, Professor César Ferreira Amorim e Priscilla Anjos de Sousa, responsáveis pela pesquisa

Comportamento eletromiográfico dos músculos intercostal externo, esternocleidomastoideo e

trapézio superior em jovens praticantes de atividades físicas e em jovens sedentários, frente a

um exercício incremental de membros inferiores – Estudo Transversal declaramos que

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obtivemos espontaneamente o consentimento deste sujeito de pesquisa (ou de seu

representante legal) para realizar este estudo.

Data: ___ /___ /___

__________________________________________

Assinatura do Pesquisador Responsável / Orientador

__________________________________________

Assinatura do Pesquisador Responsável

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APÊNDICE III – FICHA DE ANAMNESE