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BARBARA BUGNO MORAL ANÁLISE DO PORTFÓLIO DE PRODUTOS E DEFINIÇÃO ESTRATÉGICA DE PRECIFICAÇÃO BASEADA EM VALOR São Paulo 2014

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BARBARA BUGNO MORAL

ANÁLISE DO PORTFÓLIO DE PRODUTOS E DEFINIÇÃO

ESTRATÉGICA DE PRECIFICAÇÃO BASEADA EM VALOR

São Paulo

2014

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Lombada

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BARBARA BUGNO MORAL

ANÁLISE DO PORTFÓLIO DE PRODUTOS E DEFINIÇÃO

ESTRATÉGICA DE PRECIFICAÇÃO BASEADA EM VALOR

Trabalho de Formatura apresentado à

Escola Politécnica da Universidade de São

Paulo para obtenção do diploma de

Engenheira de Produção

São Paulo

2014

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BARBARA BUGNO MORAL

ANÁLISE DO PORTFÓLIO DE PRODUTOS E DEFINIÇÃO

ESTRATÉGICA DE PRECIFICAÇÃO BASEADA EM VALOR

Trabalho de Formatura apresentado à

Escola Politécnica da Universidade de São

Paulo para obtenção do diploma de

Engenheira de Produção

Orientador: Prof. Doutor Eduardo de Senzi

Zancul

São Paulo

2014

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FICHA CATALOGRÁFICA

Moral, Barbara Bugno

Análise do portfólio de produtos e definição estratégica de

precificação baseada em valor / B.B. Moral. -- São Paulo, 2014.

133 p.

Trabalho de Formatura - Escola Politécnica da Universidade

de São Paulo. Departamento de Engenharia de Produção.

1.Precificação I.Universidade de São Paulo. Escola Politéc-

nica. Departamento de Engenharia de Produção II.t.

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Dedico este trabalho aos meus pais que

sempre me apoiaram ao longo da minha

vida estudantil.

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AGRADECIMENTOS

Ao professor Doutor Eduardo de Senzi Zancul pela orientação e apoio transmitidos ao longo

deste trabalho e também por servir de inspiração para jovens que admiram sua visão

empreendedora e energia para realizar projetos em prol do curso de Engenharia de Produção.

Aos meus pais, tios e avós por estarem presentes e me apoiarem ao longo e toda a minha

graduação.

Ao meu grande amigo e companheiro Robson por estar sempre próximo a mim e por me

ajudar diretamente com a formatação e revisão do trabalho.

Ao time da empresa de consultoria em que trabalhava ao longo do desenvolvimento deste

projeto, que me ajudou no meu desenvolvimento pessoal e profissional, e em especial ao

gerente Lucas, que autorizou a divulgação do estudo sobre o caso.

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Sessenta anos atrás, eu sabia tudo. Hoje sei

que nada sei. A educação é a descoberta

progressiva da nossa ignorância.

(Will Durant)

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo a aplicação de metodologias de análise do portfólio, a fim de

criar uma estratégia de precificação baseada em valor para uma varejista de móveis. Apesar

de a literatura reconhecer a importância de desenvolver uma estratégia de preços que

considere o valor percebido pelo consumidor, ainda hoje muitos gerentes e administradores

enfrentam dificuldades em precificar adequadamente seu portfólio de produtos. A ausência de

técnicas práticas que possam traduzir efetivamente a estratégia de precificação baseada em

valor para os preços faz com que muitos administradores de empresas enxerguem a

precificação baseada em valor como complexa e custosa. No dia-a-dia, eles acabam adotando

práticas mais simples e às vezes míopes, baseadas apenas em mark-up sobre custos.

A MóveisCo, empresa estudada nesse projeto, enfrentava este problema. Com base em

pesquisas realizadas junto a consumidores, incluindo uma pesquisa no modelo de Van

Westendorp, bem como análise do portfólio da empresa, foi possível desenvolver uma

estratégia que foca no aumento da rentabilidade em cada categoria de produtos oferecida pela

MóveisCo. Para isso foram consideradas diferentes faixas de preço por tipo de produto, a fim

de melhor refletir diferentes qualidades percebidas pelos consumidores.

É estimado que o trabalho possa gerar ganhos de margem significativos à MóveisCo. Além

disso, acredita-se que as metodologias aqui desenvolvidas possam ser aplicadas a outras

empresas varejistas, não apenas do setor de móveis, mas também de outras áreas já maduras,

como vestuário.

Palavras-chave: precificação baseada em valor, análise de portfólio, móveis, disposição para

pagar, Van Westendorp.

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ABSTRACT

This work aims to apply portfolio analysis technics in order to create a pricing strategy based

on consumer perceived value for a furniture retailer. Even though the literature recognizes the

importance to develop a pricing strategy that considers consumer-perceived value, there are

currently many managers and administrators facing difficulties to price their companies’

portfolio correctly. The lack of practical techniques to effectively translate value-based

pricing strategies to actual prices drives many managers to consider value-based pricing as a

complex and pricey strategy. In a daily basis, they end up adopting more simple practices,

sometimes even myopic, based only in mark-up over costs.

MóveisCo, the company studied in this case, used to face this issue. Based on research with

costumers, including a Van Westendorp pricing research, combined with company’s portfolio

analysis, it was possible to develop a strategy focused on profitability increase in each of the

product categories offered by MóveisCo. In order to achieve this purpose, different price tiers

for each product type were considered, aiming to better reflect different quality levels

perceived by customers.

It’s estimated that this work might create substantial gains in MoveisCo’s margin. Moreover,

the methodologies developed here may be applicable in other retailer companies, not only in

the furniture sector, but also in other well developed markets, such as the apparel one.

Keywords: value-based pricing, portfolio analysis, furniture, willingness to pay, Van

Westendorp.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1-1 - Estrutura organizacional atuante no projeto ......................................................... 18

Figura 1-2 - Estruturação do portfólio da MóveisCo ............................................................... 19

Figura 1-3 - Evolução da receita e da margem da MóveisCo nos últimos anos....................... 21

Figura 2-1 - Produção brasileira de móveis por matéria-prima e varejo .................................. 24

Figura 2-2 – Crescimento efetivo do varejo moveleiro e previsão........................................... 25

Figura 2-3 - Importação de móveis no Brasil por categoria de janeiro/2009 a julho/2014 ...... 26

Figura 2-4 - Cadeia de valor da indústria moveleira ................................................................ 27

Figura 2-5 - Percentuais de quantidade de empresas, mão de obra e produção (quantidade de

peças) por polo moveleiro brasileiro ........................................................................................ 28

Figura 2-6 – Distribuição dos polos moveleiros em território brasileiro ................................. 29

Figura 2-7 – Fatores relacionados à definição de estratégias de preços de varejistas .............. 33

Figura 2-8 - Considerações no estabelecimento do preço ........................................................ 34

Figura 2-9 – Modelo de determinação de preços com base em diferentes informações .......... 36

Figura 2-10 - Esquema de formulação de estratégia de preços em ambientes concorrenciais . 38

Figura 2-11 - Cálculo do Valor Econômico de um produto ..................................................... 40

Figura 2-12 - Classificação das concepções de pesquisa de marketing ................................... 47

Figura 2-13 - Procedimentos para planejar e conduzir grupos de foco .................................... 49

Figura 2-14 - Curva de demanda para produto de limpeza por diferentes pesquisas ............... 50

Figura 2-15 – Distribuição de frequências do método Price Sensitivity Meter ........................ 53

Figura 3-1 - Metodologia de trabalho ....................................................................................... 55

Figura 3-2 - Metodologia de segmentação de portfólio para seleção dos grupos de análise ... 57

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Figura 3-3 – Metodologia de quebra de faixas de preço para cada tipologia de produtos

estudada .................................................................................................................................... 64

Figura 3-4 – Esquema do desenvolvimento da estratégia de precificação ............................... 69

Figura 4-1 – Diagrama de Pareto para priorização de categorias de Padronizados ................. 72

Figura 4-2 - Diagrama de Pareto para priorização de categorias de Acessórios ...................... 73

Figura 4-3 – Ilustração da divisão em faixas de preço para a categoria de Cadeiras ............... 76

Figura 4-4– Ilustração da divisão em faixas de preço para a categoria de Tapetes Grandes ... 79

Figura 4-5 – Resultados da pesquisa de saída de loja: gastos por classe social ....................... 82

Figura 4-6 - Resultados da pesquisa de saída de loja: gastos por faixa etária .......................... 83

Figura 4-7 – Gasto médio em móveis e acessórios por classe social ....................................... 84

Figura 4-8 – Percentual de compras por impulso versus planejada em móveis e acessórios ... 87

Figura 4-9 – Gráfico dos intervalos de preço ótimos por categoria obtidos na pesquisa online

.................................................................................................................................................. 89

Figura 4-10 – Percentual de P3, P4 e P5 sobre o total do sortimento da ConcorrenteX por

categoria.................................................................................................................................... 91

Figura 4-11 – Intervalos percentuais para distribuição dos produtos, por perfil de preço ....... 92

Figura 4-12 – Sortimento atual e movimentos propostos no sortimento de Cadeiras Office ... 93

Figura 4-13 – Sortimento atual e movimentos propostos no sortimento de Mesas de 6 lugares

.................................................................................................................................................. 95

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2-1 – Estratégias de precificação e práticas recomendadas por Ingenbleek e der Lans

(2013) ....................................................................................................................................... 37

Tabela 2-2 – Tipos de produto de consumo (KOTLER e ARMSTRONG, 2007) ................... 42

Tabela 2-3 – Características dos grupos de foco (MALHOTRA, 2006) .................................. 48

Tabela 3-1 – Informações a serem obtidas a partir das pesquisas de mercado ........................ 58

Tabela 3-2 - Amostragem definida para s grupos de foco ........................................................ 60

Tabela 3-3 - Amostragem definida para pesquisas conclusivas de saída de loja ..................... 60

Tabela 3-4 – Variáveis financeiras consideradas para a análise do portfólio da MóveisCo .... 65

Tabela 4-1 – Exemplos de união de tipologias em um único grupo de análise ........................ 70

Tabela 4-2 – Exemplos de separação de tipologias em mais de um grupo de análise ............. 71

Tabela 4-3 - Sortimento por preço da categoria "Cadeiras" no mercado ................................. 74

Tabela 4-4 – Percentual acumulado do sortimento por preço da categoria “Cadeiras” no

mercado .................................................................................................................................... 75

Tabela 4-5 - Sortimento por preço da categoria "Tapetes Grandes" no mercado .................... 76

Tabela 4-6 - Percentual acumulado do sortimento por preço da categoria “Tapetes Grandes”

no mercado ............................................................................................................................... 78

Tabela 4-7 – Amostra obtida nas pesquisas conclusivas de saída de loja ................................ 82

Tabela 4-8 – Percentual de gastos por faixa de preço e por classe social ................................ 84

Tabela 4-9 – Lojas em que consumidores mais compraram móveis e acessórios nos últimos 12

meses ........................................................................................................................................ 85

Tabela 4-10 – Principais razões para consumidores escolherem a loja em que foram

entrevistados para comprar ....................................................................................................... 86

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Tabela 4-11 – Análise de efeito multicategoria para móveis e acessórios na pesquisa de saída

de loja ....................................................................................................................................... 87

Tabela 4-12 – Intervalos de preço ótimos por categoria obtidos na pesquisa online ............... 89

Tabela 4-13 – Sortimento atual comparado com limites propostos e movimentos a serem

feitos para Cadeiras Office ....................................................................................................... 93

Tabela 4-14 – Comparação dos sortimentos atuais e propostos de Cadeira Office ................. 94

Tabela 4-15 - Sortimento atual comparado com limites propostos e movimentos a serem feitos

para Mesas de 6 lugares ............................................................................................................ 94

Tabela 4-16 – Comparação dos sortimentos atuais e propostos de Mesas de 6 lugares........... 95

Tabela 4-17 – Ganhos estimados em percentual da margem bruta da MóveisCo .................... 96

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 17

1.1 Descrição da empresa ................................................................................................ 17

1.1.1 Estrutura organizacional ..................................................................................... 17

1.1.2 Portfólio de produtos .......................................................................................... 18

1.1.3 Proposta de valor e posicionamento de mercado................................................ 19

1.2 Motivações ................................................................................................................. 20

1.3 Objetivos .................................................................................................................... 21

1.4 Papel da autora no desenvolvimento do trabalho ...................................................... 22

1.5 Estrutura do texto ....................................................................................................... 23

2 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................ 24

2.1 O mercado de móveis no Brasil ................................................................................. 24

2.1.1 Tamanho do mercado e perspectivas de crescimento ......................................... 24

2.1.2 Cadeia de valor e clusters regionais ................................................................... 26

2.1.3 Distribuição tradicional e crescimento da internet ............................................. 29

2.2 Precificação e entendimento do consumidor ............................................................. 32

2.2.1 Estratégia de precificação voltada ao consumidor ............................................. 33

2.2.2 Estratégia de precificação de um conjunto de produtos em ambiente

concorrencial .................................................................................................................... 38

2.2.3 Estratégia de precificação em diferentes categorias de produtos ....................... 42

2.2.4 Elasticidades de demanda ................................................................................... 44

2.2.5 Pesquisas de mercado ......................................................................................... 46

3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 55

3.1 Segmentação do portfólio .......................................................................................... 55

3.1.1 Seleção dos produtos a serem analisados ........................................................... 55

3.1.2 Agrupamentos propostos .................................................................................... 57

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3.2 Compreensão da sensibilidade a preço dos clientes .................................................. 58

3.3 Compreensão da situação atual da empresa e do mercado ........................................ 61

3.3.1 Benchmarking de preços do mercado ................................................................. 63

3.3.2 Compreensão da performance atual do portfólio ............................................... 64

3.4 Desenvolvimento da estratégia de precificação e cálculo dos impactos .................... 65

4 ANÁLISES E RESULTADOS ........................................................................................ 70

4.1 Agrupamentos selecionados para análise .................................................................. 70

4.2 Definição das faixas de preço .................................................................................... 73

4.3 Análise das pesquisas com consumidor ..................................................................... 80

4.3.1 Grupos de foco ................................................................................................... 80

4.3.2 Pesquisa de saída de loja .................................................................................... 81

4.3.3 Pesquisa online – Price Sensitivity Meter .......................................................... 88

4.4 Definição dos percentuais de sortimento por faixa de preço ..................................... 90

4.5 Aplicação da estratégia para agrupamentos do portfólio ........................................... 92

4.6 Cálculo do aumento esperado da margem bruta da MóveisCo ................................. 96

5 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................ 97

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 100

APÊNDICE A - Questionário dos grupos de foco ................................................................. 103

APÊNDICE B - Questionário da pesquisa de saída de loja ................................................... 109

APÊNDICE C - Questionário da pesquisa online .................................................................. 120

APÊNDICES D – Gráficos da pesquisa Van Westendorp ..................................................... 123

APÊNDICE E - Tabela de faixas de preço para todas as categorias ...................................... 126

APÊNDICE F - Tabela de definição do sortimento para todas as categorias ........................ 130

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17

1 INTRODUÇÃO

Nesta seção será a apresentada a empresa em que foi realizado este trabalho de formatura,

bem como as motivações e o objetivo central do trabalho. Por fim, será apresentada a

estrutura do restante do texto, como forma de organizar a leitura.

1.1 Descrição da empresa

A empresa na qual se realizou este trabalho é uma varejista de móveis brasileira, cujas vendas

se expandem por todo o território nacional. No período de realização do projeto a ser descrito

por esse relatório, esta empresa contratou uma consultoria estratégica, na qual a autora estava

estagiando, para a realização de um projeto de estratégia dos preços de seus produtos.

Dessa forma, a autora participou de um projeto de precificação para a varejista citada, a fim

de obter maior rentabilidade a partir do sortimento que possuía e dos que viriam a ser

desenvolvidos. O projeto teve duração de quatro meses. Após a realização do mesmo, a autora

continuou o estágio na empresa de consultoria e, ao mesmo tempo, continuou o

desenvolvimento deste trabalho de fim de curso.

Por questões de confidencialidade, a empresa será denominada MóveisCo. A estrutura

organizacional, o portfólio de produtos e a proposta de valor da MóveisCo são discutidas a

seguir.

Dados numéricos confidenciais da companhia serão modificados por meio da aplicação de um

multiplicador. Alguns dados não poderão ser apresentados a fim de evitar que sejam

divulgadas proporções de receitas, margens e outros elementos financeiros entre as categorias

de produtos da empresa.

1.1.1 Estrutura organizacional

A MóveisCo é uma varejista de móveis brasileira, com sede em São Paulo e lojas em diversos

estados brasileiros. As atividades principais realizadas na empresa são o projeto e a

comercialização de móveis e acessórios, sendo que a produção é terceirizada para

fornecedores parceiros.

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18

O projeto de precificação a ser explorado nesse trabalho de formatura foi focado na Diretoria

Executiva da MóveisCo, estendendo-se para o setor de Compras e com participação ativa

também do setor de Gestão de Tecnologia da Informação. Esse último teve atuação relevante

por conta da necessidade de dados e do envio de pesquisas online, tema que será tratado

adiante na seção correspondente. Na Figura 1-1, é possível visualizar com maior clareza o

ponto de atuação da equipe de consultoria na estrutura organizacional da empresa.

Figura 1-1 - Estrutura organizacional atuante no projeto

Fonte: Elaboração própria

A equipe de consultoria atuante no projeto inicialmente, no momento de definição da

metodologia de trabalho, foi constituída por um gerente sênior, um analista e uma estagiária,

autora deste trabalho de formatura. Em seguida, a partir do início da fase de execução, foi

ampliada com mais um analista sênior e um analista júnior. Dessa forma, a autora do trabalho

participou do projeto desde o início da elaboração da metodologia a ser aplicada.

1.1.2 Portfólio de produtos

O portfólio da MóveisCo, se constitui basicamente de móveis e acessórios para o lar,

divididos em ambientes, que são principalmente, Sala de Estar, Sala de Jantar, Quarto, Home

Office, Cozinha e Jardim, além de poucos outros ambientes secundários.

Atualmente, o portfólio da empresa está dividido em três grandes grupos que são Acessórios,

Padronizados, que equivalem aos móveis, e Semi-padronizados1, que são principalmente

prateleiras, cabideiros, etc, sendo que a categoria de Padronizados corresponde a mais de 60%

1 A categoria de Semi-Padronizados aparece junto com Acessórios para o consumidor.

Conselheiro

Diretor Executivo (CEO)

Gerente de Compras

Móveis

Assessores de compras - Móveis

Gerente de Compras

Acessórios

Assessores de Compras - Acessórios

Gerente de TI Analistas de TI

Equipe do Projeto de Consultoria

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19

da receita e da margem bruta da companhia. A partir desse ponto do relatório, tais

classificações serão denominadas “agrupamentos”.

Dentro dos agrupamentos, há ainda categorias de produtos, definidas para facilitar o

gerenciamento de portfólio. Cada categoria de produtos é de responsabilidade de um assessor

de compras.

Ademais, em cada categoria, há ainda tipologias de produto. Por exemplo, na categoria

“Sofás, Poltronas e Espreguiçadeiras”, estão, além das tipologias listadas no próprio nome,

sofás-camas e pufes. Finalmente, as tipologias são constituídas por diferentes produtos, cujo

design é renovado periodicamente pelos compradores da MóveisCo.

Na Figura 1-2, é apresentada a estruturação do portfólio da MóveisCo até o nível de produto,

com explicações e exemplos.

Figura 1-2 - Estruturação do portfólio da MóveisCo

Fonte: Elaboração própria, com base em dados internos da MóveisCo.

1.1.3 Proposta de valor e posicionamento de mercado

A proposta de valor da MóveisCo para os seus consumidores está ligada à praticidade no

momento da compra de artigos de decoração, aliada ao design inovador de seus produtos e

bons preços. O principal diferencial da empresa com relação aos concorrentes é a pronta

entrega de móveis.

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20

Dessa forma, apesar da proposta de “bons preços”, os valores mais relevantes entregues pela

MóveisCo aos seus clientes são a pronta entrega, o design e a qualidade. Por este motivo, é

possível identificar que, dentre as estratégias competitivas genéricas de Porter (1980), a

companhia se enquadra em uma estratégia de Diferenciação.

O setor de móveis no Brasil é caracterizado por tipos diferentes de empresas que convivem

em um mesmo espaço competitivo. De um lado, grandes magazines atuam em faixas de

preços mais baixas e com condições de pagamento extremamente competitivas. De outro,

lojas de móveis planejados enfocam em um mercado mais premium, cobrando preços

elevados para atender consumidores específicos. Entre esses dois extremos, há diversas lojas

especializadas em móveis e decoração, um mercado bastante pulverizado.

A definição estratégica da MóveisCo, juntamente com forças concorrenciais do setor, que

serão discutidas com mais detalhes no item 2.1 deste relatório, colocam-na em um

posicionamento mais elitista e alto de mercado, com a maior parte de seus clientes entre as

classes A e B da população brasileira. Isso ocorre principalmente por conta da concorrência

com magazines, citadas anteriormente. Mesmo com tal restrição de mercado, a empresa ainda

está classificada como líder no segmento de móveis e artigos para o lar, de acordo dados do

Euromonitor (2014).

1.2 Motivações

No final do ano de 2013, houve importantes mudanças na estrutura organizacional da

MóveisCo, que motivaram o projeto de precificação. Como é possível observar pela Figura

1-3, o crescimento do faturamento da companhia tinha sido não expressivo nos últimos anos

e, por isso, foi definida uma meta agressiva de crescimento para 2014, em conjunto com meta

de aumento da margem percentual sobre a receita.

Observando as forças de Porter atuantes no setor de móveis, é possível notar que, atualmente,

a rivalidade entre concorrentes, principalmente de pequenos concorrentes locais, já atua como

pressão sob a MóveisCo. Nos últimos anos, a força da ameaça de novos entrantes passou a ser

mais relevante, principalmente com o surgimento e fortalecimento de vendedores de móveis

online, que vem ganhando fatias cada vez maiores de mercado, oferecendo preços mais

baixos.

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21

Figura 1-3 - Evolução da receita e da margem da MóveisCo nos últimos anos2

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados internos da MóveisCo

Com esse cenário, seguindo a máxima de que a receita de uma empresa é dada pelo produto

entre preço e volume, cada vez mais se torna difícil para a MóveisCo crescer

substancialmente no curto prazo somente através de aumento de volume. Justifica-se, desta

forma, o crescimento a partir da análise de portfólio e de precificação, buscando garantir um

ajuste de preços e volumes adequado para a empresa.

Sendo assim, a forma mais adequada de aumento de rentabilidade para a empresa no curto

prazo, ainda no ano de 2014, é a otimização de portfólio e da precificação, focando no

Willingness to Pay, ou seja, o maior valor pelo qual os consumidores estão dispostos a pagar

pelos produtos (MILLER, HOFSTETTER, et al., 2011). Identificada esta oportunidade,

iniciou-se a busca por uma metodologia que auxilie a correta elaboração de tal projeto. Assim

surge a motivação para o trabalho de formatura apresentado neste relatório.

1.3 Objetivos

Com base no que foi apresentado nos itens anteriores, o objetivo central desse trabalho é de

aplicar metodologias de análise de portfólio e definir uma estratégia de precificação adequada

para a MóveisCo, com base no valor para o consumidor.

2 Dados mascarados através de um multiplicador

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22

1.4 Papel da autora no desenvolvimento do trabalho

Como já foi citado anteriormente, a autora deste trabalho de formatura estava em seu período

de estágio em uma consultoria, a qual foi contratada para elaboração do estudo estratégico de

precificação do portfólio da MóveisCo.

Dado que este é um tema ainda pouco estruturado na filial brasileira da consultoria em

questão, ficou a cargo do time deste projeto a pesquisa e o desenvolvimento de uma

metodologia aplicável ao caso. Desta forma, inicialmente, a autora participou de discussões

junto ao gerente sênior do projeto e a um analista, para que fossem definidas quais seriam as

etapas de trabalho do time. A autora foi, nesse momento, encarregada de buscar na literatura o

embasamento teórico para a definição da estratégia a ser aplicada futuramente. Dessa forma,

grande parte do que foi estudado e sugerido em sua pesquisa foi depois efetivamente aplicado

à metodologia, como será descrito a seguir nesse trabalho.

Por volta da terceira semana de trabalho, iniciou-se o planejamento das pesquisas com

consumidor a serem feitas, do qual a autora também fez parte, ajudando na elaboração e

validação dos questionários. Em seguida, as pesquisas foram acompanhadas pelos membros

do time, atividade da qual a autora também participou ativamente.

O projeto foi então dividido em duas partes, sendo que a autora ficou focada na chamada

“arquitetura de preços”, que é justamente o tema que será abordado nesse trabalho. O motivo

para essa alocação foi o fato de as pesquisas realizadas pela autora inicialmente terem sido a

base para o desenvolvimento da estratégia de arquitetura de preços, ou precificação, como

será ratado nesse trabalho.

Por fim, a autora também elaborou parte das análises relacionadas à compreensão do

desempenho dos itens do portfólio da MóveisCo, a fim de categorizar os produtos em grupos

para definir os movimentos de preços adequados.

Mesmo com as divisões de trabalho entre membros do time, reuniões semanais garantiam que

todos estivessem cientes do que acontecia com as demais frentes do projeto, inclusive

podendo manifestar suas opiniões e sugestões. Dessa forma, é possível afirmar que a autora

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23

teve participação ativa no projeto como um todo, ainda que focasse mais em uma ou outra

frente de trabalho.

1.5 Estrutura do texto

O trabalho de formatura aqui apresentado possui cinco capítulos, sendo o primeiro a

introdução, já apresentada.

A seguir, o capítulo 2 do trabalho apresenta a revisão da literatura, estruturada em temas que

serão úteis para o desenvolvimento da metodologia adequada de projeto. Inicialmente, é feito

um panorama do mercado brasileiro de móveis, de forma a contextualizar o trabalho. A

seguir, são apresentados conceitos gerais de marketing relevantes para o tema, como questões

do mix de marketing e conceitos da teoria de precificação. Essa segunda parte divide-se em

estratégias de precificação voltadas ao consumidor, estratégias em ambientes concorrenciais e

estratégias para diferentes categorias de produtos, sendo complementada pela teoria sobre

elasticidades de demanda e explicações sobre pesquisas de mercado.

Com o conhecimento adquirido a partir da revisão bibliográfica, é desenvolvida uma

metodologia para a precificação dos itens do portfólio da empresa, apresentada no capítulo 3.

Em seguida, são fornecidos os resultados de aplicação desta metodologia no capítulo 4,

acompanhados de uma discussão crítica dos mesmos no capítulo 5, com conclusões e

considerações finais à MóveisCo e às empresas que buscam realizar a precificação adequada

de seu portfólio, de forma geral.

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24

2 REVISÃO DA LITERATURA

Esta seção é destinada à revisão da literatura relevante para o desenvolvimento deste trabalho

de formatura, de forma a atingir o objetivo descrito no item 1.3. Serão abordados tanto temas

relativos ao mercado moveleiro no Brasil, quanto questões de Marketing relevantes para o

estudo, até o tema de pesquisas de mercado.

2.1 O mercado de móveis no Brasil

Para o completo entendimento do problema existente na MóveisCo, é essencial compreender

como a empresa se insere no mercado moveleiro nacional, bem como as cadeias produtivas,

clusters e estruturas de distribuição desse mercado.

2.1.1 Tamanho do mercado e perspectivas de crescimento

Segundo dados da Pesquisa Industrial Anual do IBGE, foram produzidos R$23,5 bilhões em

móveis no Brasil em 2012. Deste total, cerca de 62% são móveis com predominância em

madeira, como é possível notar na Figura 2-1.

Figura 2-1 - Produção brasileira de móveis por matéria-prima e varejo

Fonte: Euromonitor, IBGE e Análise da autora

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Na Figura 2-1, nota-se que o varejo de móveis cresce de forma alinhada com o PIB de

serviços nos últimos quatro anos, com crescimento apenas um pouco menor (CAGR de 10,1%

contra 10,7% do PIB de Serviços). Contudo, a produção de móveis apresenta CAGR maior do

que a média da indústria brasileira (15% contra 8,9% do PIB Industrial), o que indica um

cenário bastante positivo para o setor moveleiro.

Apesar do atual cenário positivo, o Euromonitor prevê crescimento sutil para o mercado, de

apenas 3% ao ano de 2014 a 2018, como é demonstrado na Figura 2-2.

Figura 2-2 – Crescimento efetivo do varejo moveleiro e previsão

Fonte: Euromonitor

Assim como foi visto na Figura 2-1 que a matéria prima da maior parte da produção nacional

é a madeira, pode-se notar, na Figura 2-3, que mais de 90% das importações brasileiras são de

móveis feitos de outros materiais, principalmente metal e plástico. Ainda assim, não se pode

afirmar que o setor moveleiro brasileiro seja dependente das importações já que em 2012

foram importados apenas US$644 milhões em móveis, segundo o AliceWeb, quantia que

representa cerca de apenas 5,3% do total da produção e 4,5% do varejo brasileiros. A

indústria de móveis do Brasil é bastante sólida no mercado interno. O consumo de móveis no

país vem aumentando e a indústria nacional, em especial nos segmentos de madeira, mostra-

se capaz de responder a essa demanda (GALINARI, TEIXEIRA JUNIOR e MORGADO,

2013).

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Figura 2-3 - Importação de móveis no Brasil por categoria de janeiro/2009 a julho/2014

Fonte: Elaboração própria, com base em dados do AliceWeb

A China é o país que mais exporta móveis para o Brasil, representando aproximadamente

37% das importações nacionais, segundo o AliceWeb. Em segundo e terceiro lugares, estão

Estados Unidos e Alemanha, com 9% e 7,5% das importações, respectivamente; percentuais

bem menores do que os chineses.

2.1.2 Cadeia de valor e clusters regionais

A fabricação de móveis, em especial de madeira, pode ser considerada uma das mais

tradicionais atividades da indústria de transformação (GALINARI, TEIXEIRA JUNIOR e

MORGADO, 2013). Ainda de acordo com Galinari et al. (2013), as características de

indústrias tradicionais são principalmente o uso intenso de mão de obra, o baixo nível de uso

da tecnologia como forma de mudar os parâmetros de competição da indústria e o alto grau de

informalidade. Especificamente na indústria moveleira, os autores do estudo do BNDES ainda

revelam que há poucas barreiras de entrada, uma vez que o investimento inicial em ativos

fixos não é elevado. As inovações principais estão nos insumos e nos bens de capital. Por sua

vez, as condições de apropriabilidade do design, a qual representa uma das principais fontes

de diferenciação dos produtos, são bastante baixas. Além disso, há ainda a questão da

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27

dificuldade de automação de diversas etapas do processo produtivo, como montagem e

estofamento, o que torna ainda mais difícil a obtenção de ganhos de escala significativos.

Pelos fatores enumerados acima, que facilitam a entrada de players menores no setor ao

mesmo tempo que dificultam os ganhos por escala, coexistem no mercado grandes empresas

automatizadas, empresas de médio porte e ainda micro e pequenas empresas, com uso intenso

de mão de obra. Há ainda nichos de mercado por tipos de móveis (residenciais, de escritório e

institucionais), por material da confecção e por classe de consumo. Os fatores competitivos

também podem variar, sendo o preço o fator predominante nos segmentos populares e

qualidade, design e marca nos segmentos superiores.

Todos esses fatores fazem com que o mercado seja bastante pulverizado e tenha presença

marcante de micro e pequenos empresários. Por essa característica, o setor tem sua

importância percebida pela geração de grande quantidade de empregos, bastante disseminados

em todo o território nacional e pela grande quantidade de encadeamentos a montante e a

jusante de sua cadeira produtiva (GALINARI, TEIXEIRA JUNIOR e MORGADO, 2013). Na

Figura 2-4 está retratada a cadeira produtiva do setor moveleiro, desde a extração da mão de

obra até as vendas aos consumidores finais, sendo que esse segundo item será detalhado com

mais profundidade no item 2.1.3, a seguir.

Figura 2-4 - Cadeia de valor da indústria moveleira

Fonte: Elaboração própria, a partir de Ferreira, Gorayeb et al. (2008) e Galinari et al. (2013)

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Segundo o estudo do BNDES redigido por Galinari et al (2013), a maior parte da madeira

consumida na produção nacional de móveis é adquirida de fornecedores locais, sendo que

apenas as matérias primas mais elaboradas, como laminados de alta resistência, MDF e MDP

revestidos tenham a participação maior de importados. O mesmo estudo revela ainda o

predomínio de empresas de micro, pequeno e médio porte no setor moveleiro, sendo que

apenas 9% dos empregados trabalham em grandes empresas.

Como citado anteriormente, tais fatores possibilitam a descentralização dessa modalidade

industrial, permitindo a existência de polos produtores. A Movergs (2013) lista os principais

polos em termos de quantidade de empresas, mão de obra empregada e produção, tal qual é

registrado na Figura 2-5.

Figura 2-5 - Percentuais de quantidade de empresas, mão de obra e produção (quantidade de peças)

por polo moveleiro brasileiro

Fonte: Elaboração própria, com base em dados da Movergs (2013)

Nessa imagem é possível notar que grande parte dos polos moveleiros nacionais encontra-se

na região sul do Brasil, especialmente Bento Gonçalves e Arapongas, cidades do Rio Grande

do Sul e do Paraná, respectivamente, como pode ser visto na Figura 2-6.

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29

Figura 2-6 – Distribuição dos polos moveleiros em território brasileiro

Fonte: Movergs (2013)

A elevada diversidade brasileira se reflete nos polos moveleiros, que passam a apresentar

características muito diferentes entre si, criando assim uma estrutura bastante diversificada na

indústria moveleira nacional (FERREIRA, GORAYEB, et al., 2008). Ferreira e Gorayeb

(2008) comentam que o maior polo nacional, o de Bento Gonçalves, foca na capacitação

tecnológica e no desenvolvimento de design, principalmente de cozinhas e dormitórios de alto

padrão. Estas são características bastante distintas das de outros grandes polos, como

Arapongas, que tem sua produção focada principalmente em estofados para consumo mais

popular, ou ainda o polo da Grande SP, o qual é bastante heterogêneo e mescla fabricação

seriada de móveis, em empresas de alta tecnologia, com a de móveis sob encomenda, em

pequenas e médias empresas e ainda móveis de escritório, também em grandes empresas, com

maior complexidade. Entretanto é uma constante entre os polos a presença de instituições de

ensino superior ou técnico que auxiliam o desenvolvimento local.

2.1.3 Distribuição tradicional e crescimento da internet

Segundo Galinari et al (2013), a produção de móveis brasileira chega ao consumidor final por

meio de três canais, que são grandes redes varejistas, lojas especializadas multimarcas e lojas

monomarcas. O mesmo estudo cita dados do IEMI (2009), revelando que as lojas

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especializadas (multimarcas) são responsáveis por 39% do escoamento da produção, enquanto

lojas de departamento escoam 31%; lojas próprias (monomarcas), 11% e atacadistas, 7,8%,

ficando o restante dividido entre hipermercados, vendas diretas, exportações, etc.

A presença de lojas especializadas multimarcas e lojas monomarcas é um fator significativo

para a competitividade da produção brasileira no mercado local, uma vez que o grande varejo

desenvolve uma rede de fornecedores na qual o seu maior poder de barganha limita as

margens do setor moveleiro (GALINARI, TEIXEIRA JUNIOR e MORGADO, 2013). Por

outro lado, lojas especializadas, de menor porte, difundidas pelo território nacional, permitem

distribuições mais igualitárias dos rendimentos.

Galinari, Teixeira Júnior e Morgado (2013) questionaram as empresas entrevistadas no seu

estudo sobre estratégias futuras para aumentar o faturamento e a margem de seus produtos.

Apesar se a maior parte das respostas ter sido em torno de investimentos em máquinas e

equipamentos modernos, 29% dos entrevistados afirmaram almejar a exploração de novos

canais de comercialização, como lojas próprias, franquias ou vendas pela internet.

Segundo a Revista Exame (2014), há um “nó logístico” no Brasil, que impede ou dificulta a

entrada dos varejistas tradicionais a ingressar no mercado online de móveis. Apesar disso,

artigos de casa e decoração representam hoje a 7ª maior categoria em termos de vendas pela

internet, segundo a E-bit (2014). A categoria entrou para o ranking das mais vendidas em

2012, quando foi a 5ª categoria mais vendida segundo a mesma empresa, sendo que antes

desse período, não constava entre as estatísticas. Tal crescimento foi possível devido ao

surgimento de novos varejistas de móveis, com foco exclusivo em vendas pela internet, como

a Mobly, a Oppa e a Cremme.

A Revista Exame (2014) destaca que a Mobly teve faturamento de R$120 milhões em 2012,

mais que o dobro do que no ano anterior. Hoje a empresa conta com cerca de 500

fornecedores selecionados, 45000 móveis disponíveis e vendas diárias de R$15 milhões de

reais. A revista relata ainda que se trata de uma novidade no mercado brasileiro, uma vez que

há poucos anos era improvável que móveis fossem adquiridos pela internet. Além da venda de

artigos com a marca de pequenos varejistas locais, a Mobly investe também em marca

própria, segundo apontou o Jornal Valor Econômico (2014). Tal investimento, nesse caso,

enfraquece a cadeia local de móveis, uma vez que os fornecedores selecionados para a

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produção são chineses ou indianos, devido aos custos mais baixos de se produzir móveis

nesses países.

Outra empresa que surgiu no cenário nacional com foco de venda online de móveis foi a

Oppa, a qual, segundo reportagem do jornal Valor Econômico (2012) recebeu investimentos

de Peter Thiel, um renomado investidor da famosa rede social Facebook, em 2012. Apesar de,

nessa época, o comércio online de móveis ainda ser pouco representativo, segundo o jornal, o

setor já despertava interesse de grandes investidores como o próprio Peter ou ainda o grupo

alemão Rocket Internet. Diferentemente da Mobly, a Oppa assina o design de praticamente

todos os produtos que vende, com a proposta de desenvolver e lançar uma marca própria de

móveis pela internet (FALCÃO, 2012).

Há ainda empresas online que buscam oferecer designs renomados, como a Cremme, a qual

vende peças de criadores locais e estrangeiros. Segundo outra reportagem do Jornal Valor

Econômico (2014), a Cremme faturou R$45mil em menos de dois meses de mercado e espera

chegar a um faturamento mensal de R$600mil até o final do ano.

Apesar de que intuitivamente possa parecer que os mercados online tendam a criar um nível

maior de condições de mercado perfeito, evidências empíricas apontam para o contrário

(KOPALLE, BISWAS, et al., 2009). A dispersão de preços encontrada online é similar do

que ocorre off-line e o varejo pela internet é dominado por grandes empresas, assim como

ocorre no meio das lojas físicas. Com isso em mente, vê-se que os dois mercados são bastante

semelhantes e, dado que os consumidores utilizam ambos os canais, é provável que

vendedores dos canais online e off-line compitam entre si (KOPALLE, BISWAS, et al.,

2009).

Sendo assim, o surgimento das empresas de comércio virtual de móveis, suas perspectivas de

crescimento e os aportes de investidores nas mesmas indicam um redesenho da estrutura do

mercado de móveis, no qual a concorrência online tende a aumentar, desafiando, inclusive as

lojas físicas, como a MóveisCo, pela sua combinação de custo e benefício.

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32

2.2 Precificação e entendimento do consumidor

Kotler e Armstrong, em seu livro Princípios de Marketing (2007), comentam que o mix de

marketing de uma empresa tem como principais ferramentas os chamados 4Ps do Marketing,

que são produto, preço, praça e promoção, sendo que é fundamental que a empresa atue

nesses quatro pilares para entregar sua proposição de valor.

O preço é o único elemento do mix de marketing que produz receita; todos os demais

representam custos (KOTLER e ARMSTRONG, 2007; JOBBER e SHIPLEY, 2012). Além

disso, os preços podem ser alterados rapidamente. Mesmo assim, Kotler e Armstrong (2007)

afirmam que precificar corretamente as suas ofertas é um desafio para muitas empresas, as

quais costumam orientar os preços somente aos custos e não ao valor enxergado pelo

consumidor e desconsiderar o restante do mix de marketing no momento de fazer a

precificação. Os administradores costumam considerar a precificação como a decisão de

marketing mais difícil (INGENBLEEK e DER LANS, 2013, tradução nossa).

Ingenbleek e der Lans (2013) afirmam ainda que há uma lacuna grande entre a pesquisa

acadêmica e as preocupações de administradores com relação a estratégias de preços. Na

prática administrativa, a precificação é muito mais complexa do que modelos normativos de

preços sugerem e, para lidar com tal complexidade, os gerentes não conseguem analisar todas

as informações disponíveis e, ao invés disso adotam práticas simplificadoras (INGENBLEEK

e DER LANS, 2013, tradução nossa).

Kopalle, Biswas et al (2009) realizam um estudo para mostrar lacunas de pesquisas em

diversos os elementos que compõem a precificação para varejistas, os quais são demonstrados

na Figura 2-7.

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33

Figura 2-7 – Fatores relacionados à definição de estratégias de preços de varejistas

Fonte: Adaptado de Kopalle, Biswas et al (2009)

Os autores encontram lacunas principalmente nas pesquisas referentes ao meio online, mas

relatam em todos os segmentos estudados principalmente no que diz respeito a pesquisas que

aproximem a prática da teoria.

Do ponto de vista gerencial, é importante apresentar os efeitos interativos do

preço nas forças competitivas por três motivos. Primeiro, os preços

atualmente parecem excessivamente reativos, talvez movidos pela

necessidade de alcançar competidores, por necessidades de curto prazo do

negócio, ou ambos. Em segundo lugar, as estratégias de preço não estão

ligadas à percepção dos clientes. Em terceiro lugar, empresas típicas não

possuem dados, energia ou análises para entender as relações complexas a

respeito da precificação, reações dos consumidores, custos e competição.

(KOPALLE, BISWAS, et al., 2009, tradução nossa)

2.2.1 Estratégia de precificação voltada ao consumidor

O preço que uma empresa cobra ficará entre um que seja muito alto para produzir qualquer

demanda e outro que seja muito baixo para produzir lucros (KOTLER e ARMSTRONG,

2007), tal qual está expresso na Figura 2-8.

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34

Figura 2-8 - Considerações no estabelecimento do preço

Fonte: Adaptado de KOTLER e ARMSTRONG (2007)

Apesar de o piso do valor do preço ser o custo do produto, os autores recomendam que a

determinação do preço de um produto seja baseada no valor que este bem representa ao

consumidor, sendo esta a chamada determinação dos preços baseada em valor. Desta forma,

não é possível elaborar o projeto do produto e o plano de marketing antes de definido um

preço para a mercadoria, mas sim considerar todas as variáveis do mix de marketing em

conjunto.

Partindo desse princípio, Kotler e Armstrong (2007) demonstram a existência de dois tipos de

determinação de preços baseada no valor. São elas: o preço baseado em bom valor, que

consiste em preços justos, sem adição de valor pela marca; e os preços de valor adicionado,

definidos pelo marketing, que garante que as empresas possam cobrar preços mais elevados e

garantir margens superiores, pautadas no oferecimento de um valor superior ao mercado.

Sobre a determinação de preços baseada em custos, não apenas Kotler e Armstrong (2007),

mas também Nagle e Hogan (2011) defendem que estabelecer preços com base em mark-ups

padrão sobre custos não garante as melhores margens, pois pressupõe que custos podem ser

estabelecidos sem que isso afete o volume de vendas. Em outras palavras, o mark-up sobre

custos funciona corretamente apenas quando o volume de vendas esperado se concretiza.

Caso contrário, os custos fixos totais podem ser divididos por volumes menores ou maiores,

causando assim mudanças dos custos fixos unitários e, consequentemente, respectivos preços

menores ou maiores do que os calculados inicialmente. As equações a seguir detalham tal

raciocínio.

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35

Como pode ser notado na equação acima, em mercados aquecidos, nos quais ocorre aumento

de volume, mantida a margem do mark-up sobre custos ( , há queda nos preços. Por

outro lado, o efeito oposto é obtivo para mercados com volumes decadentes. Assim, mantidas

as margens, temos aumento dos preços em mercados decadentes e queda dos mesmos em

mercados ascendentes, uma tática contrária ao que seria mais adequado nesses casos, segundo

Nagle e Hogan (2011).

Dessa forma, o objetivo da precificação estratégica é precificar com maior rentabilidade,

capturando mais valor, não necessariamente aumentando as vendas (NAGLE, HOGAN e

ZALE, 2011, p. 47, tradução nossa). Segundo os autores, muitas vezes os agentes de

marketing buscam apenas agradar a maior parte dos clientes, trazendo aumentos de vendas, e

precificam os produtos apenas de acordo com o willingness to pay do consumidor. O

problema dessa estratégia reside em dois fatores, o primeiro sendo o fato de compradores

mais sofisticados, que sabem que os preços podem variar, raramente serem sinceros sobre seu

WTP em pesquisas feitas. A outra questão é que o interesse das organizações deve ser sempre

aumentar o valor percebido dos seus produtos e não abaixar preços para adequar-se a

consumidores com baixo WTP.

Por outro lado, Ingenbleek e der Lans (2013) revelam que há três grandes grupos de práticas

de preço possíveis: informada sobre valor, informada sobre concorrência ou informada sobre

custos. Os autores preferem o termo “informada” ao termo “baseada”, pois acreditam que,

qualquer que seja a estratégia, a empresa deve considerar todas essas variáveis para realizar a

precificação. A adoção de uma ou outra prática deve estar atrelada à estratégia de preços

praticada pela empresa, sendo que não há uma prática considerada a ideal em todos os casos,

como afirmam Kotler (2007) e Nagle, Hogan e Zale (2011) com relação à práticas baseadas

em valor.

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36

Para Ingenbleek e der Lans (2013) existem diferenças entre as estratégias de preço e as

práticas de preço. Ainda que muitas vezes a literatura sobre precificação não exponha esses

dois conceitos de forma separada, os autores afirmam que as estratégias de preço são

observáveis no mercado, enquanto as práticas de preço ficam escondidas por trás das barreiras

da organização. Em outras palavras, as práticas de preço podem também ser consideradas

como o elo que liga a estratégia de preço de uma empresa ao preço efetivamente praticado,

visto pelo consumidor. Ou seja, para colocar em prática o preço que é determinado pela

estratégia, as empresas devem usar o tipo adequado de informação durante o processo

(INGENBLEEK e DER LANS, 2013), seja o valor observado pelo consumidor, o preço

praticado pelos concorrentes ou o custo de produção (foco em valor, na concorrência ou em

custos, respectivamente). A Figura 2-9 exemplifica o processo de definição dos preços com

base nessas informações.

Figura 2-9 – Modelo de determinação de preços com base em diferentes informações

Fonte: Adaptado de Ingengleek e der Lans (2013) apud Monroe (2003) e Winer (2005)

O estudo de Ingenbleek e der Lans (2013) define, portanto, três situações diferentes de

precificação, as estratégias de precificação que podem ser adotadas em cada uma delas e

também as práticas que seriam ideais para cada uma dessas estratégias. A pesquisa dos

autores gira em torno de provar o uso e a efetividade das práticas de preço recomendadas pela

literatura em cada estratégia de preço. A Tabela 2-1 apresenta esses elementos, tais quais

descritos no estudo.

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37

Tabela 2-1 – Estratégias de precificação e práticas recomendadas por Ingenbleek e der Lans (2013)

Situação de

precificação

Possíveis

estratégias

Explicação da estratégia Prática

recomendada

Novos

produtos

Desnatação

Preço inicial alto, sistematicamente reduzido

ao longo do tempo, pois consumidores

esperam que preços diminuam.

Focada em

valor.

Penetração Preço inicial baixo para acelerar adoção do

produto.

Focada na

competição.

Curva de

experiência

Preço inicial baixo para criar volume e

reduzir custos com o acúmulo de

experiência.

Não definido,

pois preços

mudam com o

tempo.

Cenário

competitivo

Líder Empresa inicia mudanças nos preços e

espera que as demais a sigam.

Focada em

valor.

Paridade

Empresa combina seus preços com os

demais do mercado ou com a líder de

preços.

Focada na

competição.

Preços baixos Empresa se esforça para ter os preços mais

baixos do mercado.

Focada em

custos.

Premium Empresa se esforça para ter os preços mais

altos do mercado, refletindo qualidade.

Focada em

valor.

Linhas de

produtos

Produtos

complemen-

tares

O produto principal tem preço baixo,

enquanto produtos complementares como

acessórios, insumos, peças, etc podem ser

precificados com preços mais altos.

Focada na

competição.

Empacota-

mento

Oferece o produto como parte de um pacote

com vários outros. O preço total apresenta

vantagens ao consumidor versus a soma das

partes.

Focada em

valor.

Valor do

consumidor

Oferece uma versão inferior do produto com

preço mais baixo, mas com menos recursos

do que as demais versões.

Focada em

custos.

Uma vez que o presente estudo é focado em cenários competitivos, nota-se que, de acordo

com os autores, tantos empresas líderes em precificação, quanto empresas focadas em

produtos de qualidade diferenciada, premium, devem adotar práticas de precificação mais

voltadas para o valor percebido pelo consumidor. Por outro lado, diferentemente do que

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38

afimam Kotler (2007) e Nagle, Hogan e Zale (2011), há empresas em que os autores sugerem

foco em custos, como aquelas que pretendem obter preços abaixo do mercado. Há também

empresas cujas práticas de precificação devem voltar-se para a concorrência, que são as que

buscam preços em linha com os seus concorrentes.

Apesar das sugestões de diferentes práticas de precificação por Ingenbleek e der Lans (2013),

Liozu e Hinterhuber (2013) confirmam em um estudo quantitativo, através de questões

subjetivas feitas a dirigentes de empresas e diretores de marketing, que a precificação baseada

em valor está positivamente ligada à boa performance de empresas, enquanto a baseada na

competição apresenta ligação negativa com performance. O estudo sugere que todas as

empresas teriam ganhos de rentabilidade superiores aos gastos de implementação se

trabalhassem com a precificação baseada em valor.

Para os autores, contudo, o preço baseado em valor significa não apenas cobrar mais pelos

mesmos produtos e serviços, mas sim entender e aumentar a disposição para pagar do

consumidor, cominicar valores do produto (e não simplesmente atributos), alinhar preços com

diferenças de percepção de valor entre segmentos de consumidores e, finalmente, identificar

formas de atender com rentabilidade diferentes disposições a pagar, de diferentes

consumidores (LIOZU e HINTERHUBER, 2013).

Por fim, é possível afirmar que o objetivo da precificação deve ser o de encontrar a

combinação de margem e market share que maximiza rentabilidade no longo prazo. Precificar

estrategicamente requer fazer trocas baseadas em informações entre preço e volume, com o

intuito de maximizar os lucros (NAGLE, HOGAN e ZALE, 2011, pp. 50 e 51, tradução

nossa).

2.2.2 Estratégia de precificação de um conjunto de produtos em ambiente concorrencial

Com relação à adoção de estratégias de preço em meio a um mercado concorrencial, Kotler e

Armstrong (2007) afirmam que há três principais fatores a serem avaliados, que são a

comparação dos produtos da empresa e dos concorrentes em termos de valor para o cliente, a

força dos atuais concorrentes e suas estratégias de preço, e a influência do cenário competitivo

na sensibilidade a preço dos consumidores. Esse processo de análise é exposto na Figura 2-10.

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39

Figura 2-10 - Esquema de formulação de estratégia de preços em ambientes concorrenciais

Fonte: Adaptado de KOTLER e ARMSTRONG (2007)

Nesse sentido, Nagle, Hogan e Zale (2011), apresentam o conceito de valor econômico, o qual

depende das alternativas que o consumidor tem disponíveis ou, em outras palavras, do quanto

os competidores estão cobrando por um determinado produto com características de

commodity.

Apenas uma parte do valor econômico, a associada ao valor de diferenciação, tanto

monetária, quanto psicológica, pode ser capturada com a precificação. Em linhas gerais, o

total do valor econômico de um produto é calculado como o preço da melhor alternativa que o

consumidor possa ter – o valor de referência -, mais o valor do que diferencia o produto em

questão dessa alternativa – o valor de diferenciação, como pode ser visto na Figura 2-11. O

valor econômico é o máximo preço que um consumidor plenamente informado sobre o

mercado pagaria pelo produto ofertado (NAGLE, HOGAN e ZALE, 2011).

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40

Figura 2-11 - Cálculo do Valor Econômico de um produto

Fonte: adaptado de Nagle, Hogan e Zale (2011)

Ademais, no livro de Kotler e Armstrong (2007), os autores diferenciam diversas estratégias

de determinação de preços de conjuntos de produtos, sendo que as mais relevantes para o

escopo deste trabalho são a determinação de preços para linhas de produtos e a determinação

de preços de produtos complementares.

Ao considerar linhas de produtos, a gerência de marketing define graduações de preços,

considerando as avaliações de possíveis diferenças entre produtos da linha e, muitas vezes,

fazendo uso de faixas de preços definidas, as quais os clientes costumam associar diretamente

à qualidade maior ou menor dos produtos. Nesse caso, a tarefa da empresa vendedora é

estabelecer diferenças na qualidade percebida que justifiquem as diferenças de preço

(KOTLER e ARMSTRONG, 2007). Quando uma empresa tenta servir a todos os

consumidores com um preço, ou um padrão de mark-up, ela é forçada a fazer grandes trocas

entre volume e margem (NAGLE, HOGAN e ZALE, 2011, p.194, tradução nossa). Por isso,

para conseguir ampliar o potencial de lucro de uma empresa é necessária a criação de uma

estrutura de preços, que alinhe as diferenças de valor econômico percebido e o custo para

servir diferentes segmentos de consumidores.

No que diz respeito aos produtos complementares, que são aqueles que devem ser usados com

outros produtos, como as lâminas de um aparelho de barbear, Kotler e Armstrong (2007)

afirmam que a regra costuma ser o estabelecimento de preços baixos para o produto principal

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e mark ups mais altos para os complementos. Nessas situações, o preço dos produtos é

dividido em uma taxa fixa mais um custo variável pela utilização.

Em ambientes concorrenciais, é também importante ressaltar que os consumidores são

bastante influenciados por preços de base que eles possuem em mente quando tomam a

decisão de compra: os chamados preços de referência (COULTER e KRISHNAMOORTHY,

2014). Os consumidores esperam que os preços futuros sigam preços realizados

historicamente e, quando encontram ofertas abaixo do seu preço de referência, há maior

probabilidade de compra, pois consideram isso como um tipo de economia. A estratégia de

otimização de preços constitui, portanto, no estabelecimento de um preço inicial mais alto,

que depois caia ao longo do tempo, com o intuito de aproveitar vendas advindas de um preço

de referência mais alto, que é justamente o inicial.

Nesse sentido, Coulter e Krishnamoorthy (2014) trabalham com duas caracterizações de

empresas, as chamadas “míopes” e as “pacientes”. Empresas míopes são aquelas que

estabelecem preços buscando maximizar a rentabilidade no curto prazo e, muitas vezes,

precificam seus produtos abaixo do preço ideal por ignorar os efeitos de longo prazo dos

preços de referência. As pacientes, por outro lado, seguem a estrutura de preços maiores, que

caem monotonicamente ao longo do tempo.

No modelo de Coulter e Krishnamoorthy (2014), a demanda de um produto ( ), em um

universo de n empresas, em T períodos, é então dada como função do preço de referência do

produto ( ), do preço dado pelos concorrentes ao mesmo produto (

) e do preço no período

para este mesmo produto ( ). Nesse modelo, i representa a empresa a ser analisada, t

representa um dado período e j representa cada uma das empresas concorrentes. Vide equação

abaixo.

A demanda, portanto, diminui conforme aumenta o preço do produto, e aumenta conforme

aumenta o preço de referência e os preços da concorrência. Os coeficientes , e

representam a sensibilidade da demanda ao preço do próprio produto, ao preço de referência e

aos preços dos concorrentes, respectivamente.

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42

Considerando essa equação, não se pode apenas basear os preços em valor percebido para o

consumidor, ignorando os preços de referência e os preços dos concorrentes. O preço que gera

uma determinada demanda para um dado produto depende desses fatores e eles podem

certamente modificar o valor percebido pelos consumidores.

2.2.3 Estratégia de precificação em diferentes categorias de produtos

Kotler e Armstrong (2007) dividem os produtos de consumo, aqueles destinados ao

consumidor final e não a empresas, em produtos de conveniência, de compra comparada, de

especialidade e produtos não procurados. As caracterizações feitas pelos autores de produtos

de conveniência e de compra comparada foram consideradas as mais relevantes para o

contexto desse trabalho de formatura e estão descritas na Tabela 2-2.

Tabela 2-2 – Tipos de produto de consumo (KOTLER e ARMSTRONG, 2007)

Considerações de marketing Conveniência Compra comparada

Comportamento de compra

do cliente

Compra frequente, pouco

planejamento, pouca

comparação ou esforço na

compra, baixo envolvimento

do cliente.

Compra menos frequente,

muito planejamento e esforço

na compra, comparação de

marcas quanto a preço,

qualidade e estilo.

Preço Preço baixo Preço mais alto

Distribuição Distribuição ampla,

localizações convenientes.

Distribuição seletiva em

menos pontos de venda.

Promoção Promoção em massa pelo

fabricante

Propaganda de venda pessoal

feita tanto pelo fabricante

quanto pelos revendedores

Os móveis, que equivalem ao agrupamento “Padronizados” da MóveisCo, são colocados na

categoria de compra comparada, por se tratar de uma compra pouco frequente, para a qual há

muito planejamento e comparação entre marcas quanto a preço, qualidade e estilo. Além

disso, compras comparadas são caracterizadas por preços mais altos e distribuição seletiva em

menos pontos de venda.

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Em lojas nas quais os consumidores compram mais de uma categoria de produtos, o preço e a

qualidade de um produto pode afetar a demanda por outras categorias, ainda que não

relacionadas, criando os chamados efeitos multi-categoria (SMITH e THOMASSEN, 2012).

Essa é uma característica bastante comum em supermercados, a qual leva muitos desses

estabelecimentos a precificar algumas categorias-chave a baixo mesmo do preço de custo,

especialmente bebidas alcoólicas e pães, ou seja, produtos que os consumidores compram

com frequência. Uma vez que há menor elasticidade de preços entre produtos de uma mesma

empresa do que entre empresas (KOPALLE, BISWAS, et al., 2009), o objetivo dessa

estratégia é de atrair mais consumidores para a loja, os quais devem comprar, além dos

produtos de preço reduzido, outros itens, para os quais são cobradas margens maiores.

De acordo com Smith e Thomassen (2012) apud Bliss (1998), o problema de um consumidor i

ao escolher de uma loja j, de um universo J, para comprar uma cesta de produtos é descrito

abaixo:

[ ( ) ]

Nessa equação, representa o custo fixo que o consumidor i tem para comprar na loja j e

representa a utilidade da loja, a qual é uma função do orçamento do consumidor i, , e do

vetor de preço da loja j, . A utilidade é melhor explicada a partir da equação a seguir, na

qual representa o vetor de quantidades de cada produto.

( )

De acordo com tal modelamento, o consumidor busca a máxima utilidade agregada para o

conjunto de produtos, considerando o custo físico de deslocamento, não a máxima utilidade

individual de cada mercadoria.

Em seu estudo com supermercados do Reino Unido, Smith e Thomassen (2012) buscaram

informações sobre número de lojas de supermercado visitadas em uma semana e quantidade

de compras feitas nas lojas mais visitadas, chegando à conclusão de que os consumidores não

somente visitam poucas lojas, uma média de 1,72, mas também concentram suas compras nas

lojas que mais visitam, já que cerca de 94% do gasto em compras ocorria nas duas lojas mais

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visitadas por esses consumidores. Além disso, foi visto que o principal supermercado visitado

correspondia também ao principal ponto para realizar compras de 97% das categorias.

Dessa forma, o estudo demostra que há bastante potencial em estudar estratégias de

precificação que incluam incentivos multi-categoria, ou seja, precificação de determinados

produtos de forma a aumentar a demanda de outras categorias.

2.2.4 Elasticidades de demanda

Segundo Kotler e Armstrong (2007), cada preço que a empresa pode cobrar leva a um nível

de demanda e a relação entre esse preço e seu consequente nível é a chamada curva de

demanda. Na maioria dos casos, a relação entre esses fatores é inversa, mas a inclinação da

curva pode variar bastante. Ao conceito da inclinação desta curva se dá o nome de

elasticidade de preço, a qual corresponde ao coeficiente entre a variação percentual da

quantidade demandada e a variação percentual de preço a qual o produto foi submetido.

Coeficientes acima de 1, são característicos de produtos elásticos, do contrário, os produtos

são inelásticos.

Os compradores são menos sensíveis a preço quando o produto que

compram tem características singulares ou quando sua qualidade, seu

prestígio ou sua exclusividade são altos. Eles são também menos sensíveis

ao preço quando é difícil encontrar produtos substitutos ou quando não é

fácil comparar a qualidade dos produtos substitutos. Por fim, os compradores

são menos sensíveis ao preço quando o gasto total com um produto é baixo

em relação a sua renda ou quando o custo é compartilhado com outra parte.

(KOTLER e ARMSTRONG, 2007)

Seguindo a mesma ideia de Kotler e Armstrong (2007), Jobber e Shipley (2012) realizaram

um estudo a fim de testar diversas variáveis de marketing em sua associação a estratégias de

preços altos (como a estratégia de desnatação, citada anteriormente no item 2.2.1 por

Ingenbleek e der Lans, 2013) ou a estratégias de preços baixos, como as de penetração.

O estudo revela que estratégias de preços altos, associadas a menor elasticidade da quantidade

demandada, estão ligadas com sucesso à maior habilidade para pagar dos consumidores, ou

seja, a consumidores mais ricos, ao valor associado às marcas, a menores níveis de

competição e a altos níveis de demanda. Por outro lado, estratégias de preços baixos,

associadas a uma maior elasticidade da quantidade demandada, estão ligadas aos fatores

opostos dos listados acima, além da existência dos preços como barreira de entrada e a

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estratégias de penetração de mercado. Contudo, Jobber e Shipley (2012) não encontraram

correlação entre estratégias de preços altos ou baixos com o fato de o consumidor ser o não

aquele que desembolsa o dinheiro para a compra do produto. Essa última análise foi feita, mas

não apresentou correlação clara.

Nagle, Hogan e Zale (2011) dizem que a premissa do preço baseado em mark-up sobre custos

é absurda pois não se pode determinar um determinado preço sem que com isso, seja afetado

também o volume vendido de um item. Em outras palavras, pode-se afirmar que sempre há

alguma elasticidade a ser considerada, ainda que pequena.

Mankiw (2009) afirma, assim como Kotler e Armstrong (2007), que o grau de elasticidade da

demanda de um determinado produto depende da disponibilidade de substitutos próximos.

Contudo o primeiro autor acrescenta ainda que essa variável se relaciona com o quão

necessário ou o quão supérfluo é o produto em questão, além de destacar que o valor a ser

calculado para a elasticidade depende da definição que se faz do mercado e do horizonte

temporal considerado.

Outro conceito relevante é o de elasticidade-renda, que mede o quanto a quantidade

demandada varia conforme a renda do consumidor (MANKIW, 2009). Nesse sentido, há bens

normais, cuja quantidade demandada aumenta conforme aumenta a renda da população, e

bens inferiores, caso em que rendas mais elevadas reduzem a quantidade demandada. O autor

traz também o conceito de elasticidade-preço cruzada, o qual mede o quanto a quantidade

demandada de um bem responde a mudanças no preço de outro bem.

Nos casos listados acima, móveis de lojas de departamento poderiam ser considerados como

bens inferiores, uma vez que elevações na renda dos consumidores os levam a lojas

especializadas e diminuem a demanda nas lojas de departamento. Além disso, produtos

complementares, como é o caso de móveis e acessórios que integram o mesmo espaço, devem

ter elasticidades-preço cruzada negativas. Assim, o aumento no preço de um móvel deve gerar

queda na demanda de um acessório complementar, uma vez que aquele acessório é vendido,

em geral, como conjunto do móvel.

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46

2.2.5 Pesquisas de mercado

Malhotra (2006) em seu livro sobre pesquisa de marketing explica o conceito de “concepção

da pesquisa” como a estrutura para a realização do projeto de pesquisa de marketing. Ele

ainda cita que um planejamento adequado de pesquisa envolve as seguintes tarefas:

1. Definição das informações necessárias

2. Concepção das fases exploratória, descritiva e casual da pesquisa

3. Especificação dos procedimentos de medição e escalonamento

4. Construção de questionário ou formulário para teste

5. Especificação da amostragem e tamanho da amostra

6. Desenvolvimento de plano de análise de dados

Com relação aos tipos de pesquisa, o autor afirma que elas são diferenciadas principalmente

em pesquisa exploratória e pesquisa conclusiva. A primeira é utilizada com o objetivo de

compreender um problema ou um contexto, geralmente com perguntas amplas e amostra não

representativa em termos estatísticos. Muitas vezes, esse tipo de pesquisa é utilizado como

fonte de dados para pesquisas conclusivas posteriores. Nesse segundo tipo de pesquisa o

objetivo é de testar hipóteses específicas e examinar relações específicas, sendo este, portanto,

um tipo de pesquisa mais formal que o exploratório.

Dentro da classificação de pesquisas conclusivas, está a pesquisa descritiva. Uma importante

diferença entre as pesquisas exploratória e descritiva é que esta se caracteriza pela formulação

prévia de hipóteses específicas (MALHOTRA, 2006). Isso implica que as informações devem

estar claramente definidas, ou seja, a pesquisa deve ter grande planejamento prévio e

estruturação, com amostras estatisticamente representativas. Exemplos de uso da pesquisa

descritiva envolvem estudos de tamanho de mercado, poder de compra e perfil dos

consumidores, estudos de análise de vendas por região geográfica, linha de produto, etc e

estudos de preços, que descrevem as mudanças de preço e as reações dos consumidores a

estas mudanças.

Pesquisas descritivas podem ainda ser subdivididas em transversais únicos ou múltiplos e

longitudinais. Os estudos transversais envolvem a coleta de informações de qualquer amostra

de elementos da população somente uma vez. Nos estudos transversais únicos, é extraída

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somente uma amostra de entrevistados da população-alvo. Esses estudos são também

chamados de levantamento por amostragem. (MALHOTRA, 2006). Em comparação, nos

estudos transversais múltiplos, há duas ou mais amostras na população alvo e seus dados são

colhidos apenas uma vez.

Por fim, nos estudos longitudinais, outra categoria de pesquisas descritivas, uma amostra fixa

de elementos é medida repetitivamente ao longo do tempo para as variáveis que se deseja

analisar. Dessa forma, trata-se de uma abordagem apropriada para registrar mudanças de

comportamento ao longo do tempo.

Há ainda as pesquisas causais, utilizadas para obter evidências de relações de causa e efeito

(MALHOTRA, 2006). Essa modalidade de pesquisa também requer planejamento e

estruturação, como as descritivas. Segundo o autor, é importante ainda ressaltar que há a

tendência de assumir causas e efeitos a partir de pesquisas descritivas o que, em teoria, não é

possível. A determinação de relações causais deve ocorrer em ambientes controlados nos

quais as variáveis causais e independentes possam ser manipuladas.

A Figura 2-12 esquematiza os tipos de pesquisa levantados por Malhotra (2006) e descritos

nesse capítulo.

Figura 2-12 - Classificação das concepções de pesquisa de marketing

Fonte: Malhotra (2006)

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48

2.2.5.1 Grupos de foco

Segundo Malhotra (2006), um grupo de foco é uma entrevista realizada por um moderador

treinado de forma não estruturada e natural junto a um grupo pequeno de respondentes. O

autor ainda afirma que este se constitui no processo mais importante da pesquisa qualitativa,

um tipo de pesquisa exploratória.

As características de um grupo de foco são resumidas pelo autor na Tabela 2-3.

Tabela 2-3 – Características dos grupos de foco (MALHOTRA, 2006)

Tamanho do grupo 8 a 12

Composição do grupo Homogênea; entrevistados pré-selecionados

Contexto físico Atmosfera informal, descontraída

Duração 1 a 3 horas

Gravação (registro) Uso de fitas de áudio e vídeo

Moderador Habilidades de observação, interpessoais e de comunicação do

moderador

Além do que está listado na Tabela 2-3, Malhotra (2006) ainda ressalta que os grupos devem

ser homogêneos tanto em características demográficas, quanto socioeconômicas, o que evita

confrontos por questões externas ao objetivo do grupo. Além disso, a seleção prévia dos

participantes é tida como importante para que os mesmos preencham determinadas

especificações de acordo com o objetivo.

A respeito do planejamento e administração dos grupos de foco, Malhorta (2006) ressalta a

importância de ter um problema bem definido e objetivos claros para a realização da pesquisa.

Ademais, é também destacada a importância do moderador no contexto dos grupos. A pessoa

que for moderar os grupos de foco precisa estar ciente do seu objetivo e das formas de uso dos

resultados para que possa captar e desenvolver as ideias trazidas pelos membros do grupo

durante a ocorrência do mesmo.

Na Figura 2-13 estão esquematizados os procedimentos sugeridos por Malhorta (2006) para

um bom planejamento dos grupos de foco.

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49

Figura 2-13 - Procedimentos para planejar e conduzir grupos de foco

Fonte: Malhotra (2006)

2.2.5.2 Determinação de Willingness to Pay (WTP)

Segundo Miller apud Varian (1992), o termo Willingness to Pay (WTP), análogo ao conceito

de “Disposição para pagar” de Mankiw (2009), é comumente encontrado na literatura de

economia como o máximo preço abaixo do qual um consumidor certamente irá adquirir uma

unidade de um certo produto ou serviço. Esse conceito é relevante para que se possa

determinar o preço ideal de mercado, segundo o valor que o consumidor enxerga, ou seja, o

valor econômico do produto tal qual descrito por Nagle, Hogan e Zale (2011).

Miller, Hofstetter et al. (2011) relatam que há formas diretas e indiretas de mensurar o WTP,

sendo que as diretas referem-se ao fato de o preço ser diretamente perguntado ao entrevistado,

como no método de questões abertas ou no método de Becker, DeGroot e Marschak (1964),

chamado de método BDM. Em contrapartida, nos métodos indiretos, WTP é calculado a partir

de escolhas dos entrevistados quando lhe são apresentadas algumas opções de produtos, como

o método da Pesquisa Conjoint ou Conjoint incentivada. Outra segmentação dos métodos

refere-se à obrigatoriedade de adquirir os produtos no dado WTP; no método BDM, sorteia-se

um preço na loteria e o candidato é obrigado a comprar o produto se esse preço for igual ou

inferior ao seu WTP, o mesmo ocorrendo na Conjoint incentivada, na qual o entrevistado é

obrigado a adquirir o produto no ponto de WTP inferido a partir de suas escolhas.

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50

Os autores realizaram um estudo a partir de uma pesquisa online, com cinco tipos diferentes

de formas de medir o WTP para um produto de limpeza inovador. O grupo de participantes

foi dividido em grupos de forma que cada um respondia a um tipo de pesquisa, sendo elas: (1)

questionário aberto (Open-Ended ou OE), no qual os participantes deveriam responder

diretamente o seu WTP para o produto; (2) BDM, no sistema de loteria já descrito acima; (3)

Conjoint não incentivada (CBC); (4) Conjoint incentivada (ICBC) e, finalmente, (5) um dos

grupos foi submetido à real situação de compra do produto, através de um site.

Para comparação dos resultados, Miller, Hofstetter et al. (2011) desenharam as curvas de

demanda baseadas na equação probabilidade q(p) de que um dado preço p seja menor ou igual

ao WTP de um indivíduo, tal qual descrito na equação a seguir.

A seguir, foram criadas funções exponenciais de demanda com base nos q(p) encontrados,

segundo a equação abaixo, na qual α e β são coeficientes a serem estimados e p corresponde a

um determinado degrau de preço a ser estudado.

O resultado de tal curva para as diferentes pesquisas feitas está expresso na Figura 2-14.

Figura 2-14 - Curva de demanda para produto de limpeza por diferentes pesquisas

Fonte: MILLER, HOFSTETTER, et al., 2011

Preço

Qu

an

tid

ad

e

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Por fim, os autores fazem uma verificação da validade da curva de demanda versus preço

gerada pelas quatro formas de determinação do WTP, comparando-as com a curva real. Em

primeiro lugar, na comparação entre médias de WTP, os estudos mostraram que, para o

conjunto de dados da pesquisa, todos os métodos tiveram alta validade de convergência ao

mensurar o WTP médio dos consumidores (MILLER, HOFSTETTER, et al., 2011, tradução

nossa), ainda que, no caso da Conjoint não incentivada a sobreposição entre intervalos de

confiança com dados reais não seja grande.

Contudo, ainda que a média de WTP seja importante para auditoria de valores obtidos a partir

de pesquisa, os autores afirmam que, para decisões gerenciais de preço, esse valor pode não

ser relevante. Isso ocorre porque, para essa finalidade, a estrutura de precificação ocorre mais

a redor da distribuição da curva de demanda versus preço, do que do valor médio. Por isso, os

autores realizaram testes para a correspondência geral das curvas de demanda com os dados

reais. Nesses testes, foi apontado que, para os testes de Respostas Abertas, BDM e Conjoint

incentivada, as curvas correspondem à real, sendo que, na Conjoint não incentivada, essa

correspondencia somente ocorre quando há afrouxamento dos parâmetros do teste.

Por fim, a terceira e última análise feita por Miller, Hofstetter et al (2011) diz respeito a

decisões gerenciais com base nas curvas de demanda geradas. Os autores analisam o intervalo

de preço ótimo gerado pelas diferentes pesquisas, bem como as estimativas de preço,

quantidade e lucro ótimos. Essa análise se prova muito interessante por provar que os

intervalos de confiança de preço ótimo de todas as pesquisas revelam intercecção com o

intervalo real, o mesmo ocorrendo com o intervalo de quantidade ótima, com exceção da

Conjoint não incentivada.

Como conclusão, os autores apontam três grandes destaques. Em primeiro lugar, pesquisas

incentivadas aparecem como as mais objetivas em todos os testes apresentados, de modo que

deveriam ser a escolha preferencial, caso não sejam muito caras para serem implementadas.

Em segundo lugar, foi visto que, mesmo algumas pesquisas possam gerar viés, todas elas

levam a boas decisões de preço. Por fim, questionários abertos tendem a superar a qualidade

da conjoint não incentivada em termos de WTP médio, distribuição de WTP, bem como nas

decisões gerenciais.

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52

Com relação à mensuração do WTP hipotético, através de metodos de questionamento direto,

com questões abertas, Roll, Achterberg e Herbert (2010) destacam o método conhecido como

Price Sensitivity Meter (PSM) ou método de Van Westendorp. Tal método carrega a

vantagem de ser de fácil utilização e preço baixo e, por isso, se tornou um método muito

utilizado em pesquisa aplicada. Há, contudo, críticas indicando que falta ao PSM

embasamento matemático e teórico, inclusive por conta das poucas atualizações feitas ao

método, desde sua concepção em 1976.

O Price Sensitivy Meter se baseia em quatro questões diretas, listadas a seguir, para

estabelecer o WTP do consumidor (ROLL, ACHTERBERG e HERBERT, 2010):

A. A qual preço você consideraria que o produto está barato e consideraria a compra

como uma barganha?

B. A qual preço você consideraria o produto tão barado que duvidaria da sua qualidade e

não consideraria comprá-lo?

C. A qual preço você consideraria que o produto começa a ficar caro, mas ainda assim

consideraria comprá-lo?

D. A qual preço você consideraria o produto tão caro que não consideraria pagar por ele?

Cada uma dessas perguntas determina pontos de preço diferentes para cada consumidor, de

forma que, em uma pesquisa, podem ser plotadas quatro curvas de frequencia acumulada,

sendo elas a curva do preço barato (pergunta A), a do preço excessivamente barato (pergunta

B), a do preço caro (pergunta C) e a dos preços excessivamente caros (pergunta D). Um

exemplo dessas curvas é demontrado na Figura 2-15.

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53

Figura 2-15 – Distribuição de frequências do método Price Sensitivity Meter

Fonte: Elaboração própria, com base em Roll, Achterberg e Herbert (2010)

No modelo da Figura 2-15, a interssecção das curvas A e C determina o chamado Preço de

indiferença, que seria o preço ótimo, no modelo de PSM. Já o preço de interssecção das

curvas B e C é considerada como o limite inferior de preço, enquanto o cruzamento das

curvas A e D representa o limite superior de preço. Contudo, segundo os autores, não há

claros motivos matemáticos ou teóricos pelos quais tais pontos são descritos dessa forma.

O maior questionamento feito é o da ausência de qualquer relação desses pontos com a

otimização do faturamento ou da rentabilidade de uma empresa. Roll, Achterberg e Herbert

(2010) afirmam que, para deduzir o preço ótimo, seria necessário criar uma função de

resposta ao preço (price response function), que permitisse o cálculo direto da receita e do

lucro esperado, com base em uma distribuição de frequencia da demanda para os dados

preços. Essa curva corresponde à função inversa da curva C, ilustrada anteriormente, do preço

caro, mas aceitável.

Para validar tal metodologia, os autores realizam testes de hipóteses baseados em pesquisas

feitas com empresas de 3 países diferentes. Com isso, são confirmadas as hipóteses de que (I)

o preço que otimiza o faturamento é diferente do ótimo do PSM, (II) o preço que otimiza a

lucratividade também é difernte do ótimo do PSM e (III) os preços que otimizam faturamento

e rentabilidade estão consistentemente acima ou abaixo do ótimo do PSM. Especificamente

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54

sobre a terceira afirmação, é observado que, em todos os testes, os preços que otimizam a

rentabilidade estão acima do preço de indiferença e os de faturamento ótimo, abaixo dele.

O estudo de Roll, Achterberg e Herbert (2010), contudo, limita-se por não comentar sobre a

aderência do intervalo de preços ótimos obtido com a pesquisa PSM, com o intervalo ótimo

real. Se considerados os resultados de Miller, Hofstetter et al (2011), que são mais exaustivos,

ainda é possível afirmar que a aderência do intervalo ótimo da PSM deve se adequar mais à

realidade do que na pesquisa conjoint não incentivada, a outra pesquisa de determinação do

WTP hipotético estudada.

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55

3 METODOLOGIA

Esse capítulo visa explicitar a metodologia utilizada para atingir os objetivos do trabalho de

formatura, ou seja, a aplicação de uma metodologia de análise para a precificação adequada

do portfólio da MóveisCo. As etapas macro da metodologia estão descritas na Figura 3-1.

Figura 3-1 - Metodologia de trabalho

Fonte: Elaboração própria

A seguir, serão dados detalhes de cada uma das etapas nos itens que seguem.

3.1 Segmentação do portfólio

Para que se inicie o trabalho de precificação ou reprecificação do portfólio da MóveisCo é

necessário que sejam identificadas as categorias de produtos com as quais e empresa trabalha

e, a seguir, que seja definida a granularidade na qual o estudo será realizado.

3.1.1 Seleção dos produtos a serem analisados

No item 1.1.2 desse relatório foi explicado como está estruturado o portfólio de produtos da

MóveisCo, em agrupamentos, categorias, tipologias de produtos e, por fim, os produtos

individualmente.

Segundo a caracterização de produtos de Kotler e Armstrong (2007), e de acordo com a

percepção da diretoria da MóveisCo, o agrupamento dos Padronizados se encaixa na definição

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56

de “compra comparada”, tal qual ficou definido no item 2.2.3 desse trabalho. Por outro lado, o

agrupamento de Acessórios, se não se enquadrar completamente em “conveniência”, está

entre as duas classificações, com uma compra certamente menos planejada do que a de

Padronizados, até por conta do desembolso menor. Essa percepção deverá, contudo, ser

confirmada com a realização de pesquisas com o consumidor, para compreender seu

comportamento de compra.

Uma vez que os agrupamentos de produtos têm papeis diferentes no mix de marketing da

MóveisCo é esperado que tal divisão seja mantida no projeto de precificação realizado pela

autora do trabalho, uma vez que diversos autores apontam para vantagens de precificação de

produtos de uma mesma loja considerando efeitos multi-categoria (SMITH e THOMASSEN,

2012, KOPALLE, BISWAS, et al., 2009).

Realizar análises com a granularidade de agrupamentos seria, contudo, bastante impreciso,

uma vez que tipologias de produtos dentro de um mesmo agrupamento podem ter

características diferentes de elasticidade e também de preços. Por outro lado, existe cerca de

120 tipologias, tal qual descrito no item 1.1.2 deste relatório, a serem analisadas com tempo e

recursos limitados. Por isso, será utilizado um Diagrama de Pareto, tal qual descrito por

Montgomery (2004), para priorizar as tipologias de produtos que deverão ser analisadas

dentro de cada agrupamento.

Ademais, por questões de sigilo, a MóveisCo decidiu fornecer à consultoria em que o trabalho

foi realizado apenas dados de móveis e acessórios que integram três tipos de ambiente, que

são Sala de Estar, Sala de Jantar e Home Office. Dada essa limitação, todas as análises feitas

estão apenas dentro desse universo, excluindo, por exemplo, os produtos destinados a

ambientes como Banheiro, Cozinha, Quarto, etc.

Foi definido, portanto, que (1) serão analisados apenas os produtos que se destinam aos

ambientes de Sala de Estar, Sala de Jantar e Home Office e que, (2) dentro desse universo,

serão analisadas algumas tipologias selecionadas dos agrupamentos de Padronizados e de

Acessórios, dado que (3) a seleção das tipologias de produtos para análise em cada

agrupamento ocorrerá por meio de um diagrama de Pareto.

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57

3.1.2 Agrupamentos propostos

Por conta da complexidade do estudo e da quantidade de produtos no portfólio da MóveisCo,

não é possível realizar as análises para cada um dos produtos da empresa, mesmo por que isso

impediria a replicação do processo quando houvesse mudanças no sortimento, que é o maior

foco deste trabalho. Por outro lado, em certos produtos, usar a segmentação de tipologia de

produto era insuficiente. Dentro de determinadas tipologias, há produtos que podem

apresentar estruturas de custos diferentes e, uma vez que o custo funciona como o limite

inferior para a determinação de preços (KOTLER e ARMSTRONG, 2007, INGENBLEEK e

DER LANS, 2013), não seria possível agrupar tais produtos.

No último caso citado, surge a necessidade de se realizar agrupamentos de produtos que

apresentem estruturas de custos semelhantes. Por exemplo, dentro da tipologia de

“Luminárias”, existem luminárias de mesa, de chão e de parede, sendo que cada grupo possui

estrutura de custos diferentes. Assim, essa tipologia foi subdividida em três grupos para a

análise, os quais foram submetidos ao Diagrama de Pareto para seleção do grupo a ser

analisado.

Com esses dados, conclui-se a metodologia de segmentação dos produtos da MóveisCo, a

qual é resumida na Figura 3-2.

Figura 3-2 - Metodologia de segmentação de portfólio para seleção dos grupos de análise

Fonte: Elaboração própria

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3.2 Compreensão da sensibilidade a preço dos clientes

Tal qual descrito por Malhotra (2006), é importante definir as informações necessárias antes

que se inicie o processo de pesquisas com o consumidor. A Tabela 3-1 resume essas

informações para o caso do projeto da MóveisCo, bem como o tipo de pesquisa a ser

empregada para conseguir tais dados.

Tabela 3-1 – Informações a serem obtidas a partir das pesquisas de mercado

Informação desejada Tipo de pesquisa

Processo de decisão e de compra em padronizados e em

acessórios

Grupo Focal (exploratória

qualitativa)

Classe social do consumidor da MóveisCo e do principal

concorrente

Pesquisa conclusiva quantitativa

na saída da loja

Idade do consumidor da MóveisCo e do principal

concorrente

Pesquisa conclusiva quantitativa

na saída da loja

Fidelidade do consumidor à marca em padronizados e em

acessórios

Grupo Focal e pesquisa

quantitativa

Principais razões de escolha da loja da MóveisCo para

comprar

Grupo Focal e pesquisa

quantitativa

Percentual de compras planejadas versus geradas por

impulso em padronizados e em acessórios

Pesquisa quantitativa na saída da

loja

Willingness to pay para cada categoria de produto Pesquisa quantitativa online

Com base nas necessidades listadas na Tabela 3-1, concluiu-se que para a compreensão da

sensibilidade a preços do consumidor seriam necessárias três pesquisas.

Primeiramente, há a necessidade de uma pesquisa exploratória qualitativa, com a intenção

principal de compreender o comportamento de decisão e compra do consumidor de móveis.

Esse tipo de pesquisa também pode contribuir para confirmar as hipóteses que os dirigentes

da MóveisCo enxergam para a sua marca, tais como concorrentes e comportamento de

compra, a fim de garantir que as pesquisas quantitativas subsequentes tenham amostras

relevantes para o universo que deve ser estudado, no sentido de lojas a serem pesquisadas, e

também sejam melhor aproveitadas, com perguntas adequadas.

Foi determinado que essa primeira etapa de pesquisa seria realizada em diferentes regiões do

Brasil, em praças relevantes para a MóveisCo, e também que seria dividida em faixas etárias,

com o intuito de tornar do grupo homogêneo, tal qual defino por Malhotra (2006). Foi

proposto que as faixas etárias seguissem momentos de compra de móveis como o primeiro lar,

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dos 20 aos 34 anos; a casa para a família, dos 35 aos 44 anos e, por fim, a casa de veraneio ou

o apartamento para os filhos, dos 45 aos 59 anos.

Seguindo a pesquisa exploratória, serão realizadas pesquisas conclusivas descritivas, a fim de

captar informações de perfil do consumidor (principalmente idade e classe social), fidelidade

do consumidor à marca, índice de pesquisa, etc. Todos esses são fatores que trazem indícios

sobre o nível de sensibilidade a preço dos consumidores.

Por fim, o valor do willingness to pay médio dos consumidores para algumas das categorias

de estudo selecionadas será obtido através da pesquisa quantitativa no modelo Van

Westendorp – Price Sensitivity Meter. A escolha dessa metodologia de pesquisa para o WTP é

baseada no estudo de Miller, Hofstetter et al.(2011), o qual revelou que pesquisas com

respostas abertas, tais quais a Van Wastendorp, apresentam resultados semelhantes a

pesquisas incentivadas para média de WTP, além de correspondência da curva de demanda e

intervalo de preços ótimos, ainda que sejam mais baratas e de realização mais simples.

Contudo, considerando o explorado por Roll, Achterberg e Herbert (2010), será utilizado

apenas o intervalo ótimo resultante da pesquisa e não o preço de indiferença. Dentro desse

intervalo, testes de maximização de rentabilidade serão empregados.

Segundo Malhotra (2006), os próximos passos a serem seguidos para a elaboração da

pesquisa de marketing são a concepção das fases de pesquisa e as especificações das mesmas,

incluindo procedimentos de medição, amostragem e tamanho da amostra.

Para a seleçào de entrevistados do grupo de foco, foi definido que seriam grupos de 8 a 9

pessoas que houvessem gasto mais de R$1500 em móveis nos últimos seis meses e que se

considerassem os decisores da compra, de modo a garantir que tais indivíduos lembrassem

detalhadamente da sua experiência. Para assegurar uma amostra semelhante à base de clientes

da MóveisCo, as pessoas foram selecionadas entre as classes A e B1, mistos entre homens e

mulheres e teriam que ter visitado a loja em questão durante o processo de pesquisa. Na

Tabela 3-2, é detalhada a amostragem obtida para o grupo de foco.

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Tabela 3-2 - Amostragem definida para s grupos de foco3

Dos 20 aos 34

anos

Dos 35 aos 44

anos

Dos 45 aos 59

anos

Total

São Paulo 1 1 1 3

Recife 1 1 2

Porto Alegre 1 1 2

Total 2 3 2 7

Para a pesquisa conclusiva que deve determinar o perfil do consumidor, fidelidade à marca,

índice de pesquisa, etc, a metodologia de coleta de dados estabelecida foi a de entrevistas

realizadas com consumidores na saída da loja da MóveisCo, após terem realizado uma

compra. Acredita-se que, dessa forma, o consumidor esteja mais propenso a relatar em quais

lojas pesquisou aquele produto especificamente que acaba de comprar, garantindo assim

maior veracidade das respostas.

Considerando o conteúdo da Figura 2-10 desse relatório, que relata formas de definição

estratégica de preços em ambientes concorrenciais, é essencial compreender também o perfil e

o comportamento do consumidor no principal concorrente da MóveisCo, que será

denominada ConcorrenteX. Por isso, foram realizadas entrevistas também com clientes que

saíam com compras das lojas da ConcorrenteX. Na Tabela 3-3, é possível verificar a amostra

para a pesquisa de perfil do consumidor.

Tabela 3-3 - Amostragem definida para pesquisas conclusivas de saída de loja

MóveisCo ConcorrenteX Total

São Paulo 150 150 300

Rio de Janeiro 150 150 300

Belo Horizonte 100 100 200

Fortaleza 100 100 200

Porto Alegre 100 Não possui lojas 100

Total 500 400 1.100

3 Por limitação de orçamento, não foi possível realizar três grupos em cada região, focando então na região de

São Paulo, mais relevante para a MóveisCo.

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Finalmente, a pesquisa baseada no PSM será realizada para grupos de análise selecionados

segundo a metodologia descrita no item 3.1.1. A pesquisa será aplicada por e-mail, com

público exclusivo de clientes cadastrados na base de dados da MóveisCo, com o intuito de

obter o WTP mais preciso, por grupo de análise, para esse perfil de cliente. Seguindo índices

de resposta de 1 a 2%, fornecidos pela própria equipe de TI da MóveisCo, com base em

pesquisas feitas anteriormente, serão enviados e-mails por lotes, a fim de atender a meta de

pelo menos 500 respostas por categoria de produto4, sem que um cliente responda o

questionário para mais de uma categoria de produto. Será também feito um aproveitamento da

pesquisa via e-mail para validar respostas de perfil de cliente obtidas pela saída de loja.

Essa estratégia, focada no valor que os produtos possuem para o cliente, funciona para uma

empresa como a MóveisCo que busca ditar os preços do mercado, para o seu modelo de lojas.

Em outras palavras, é um bom modelo para uma empresa que busca ser líder em precificação,

tal qual descrito por Ingenbleek e der Lans (2013) em seu estudo (vide Tabela 2-1).

Por conta do tempo de projeto, de apenas 4 meses, serão realizadas apenas pesquisas

transversais únicas. Além disso, é válido destacar que a aplicação das pesquisas conclusivas,

bem como a moderação do grupo de foco, foram realizadas por empresas de pesquisa com

consumidor, especializadas nesses ramos. Contudo, os roteiros de perguntas para todas as

pesquisas foram elaborados pelo time de projeto, da empresa de consultoria em que a autora

desse trabalho estava estagiando, com participação da mesma. Os roteiros estão contidos nos

apêndices desse relatório.

3.3 Compreensão da situação atual da empresa e do mercado

A fim estabelecer uma política de preços dentro de um mercado concorrencial, como é a

realidade do setor moveleiro nacional, Kotler e Amstrong (2007) afirmam que é necessário

observar (I) a comparação de valor ofertado pela MóveisCo versus a concorrência, (II) a

situação atual dos concorrentes e (III) o cenário competitivo como um todo.

Com relação ao primeiro ponto, a comparação de valor será obtida através do entendimento

da opinião dos consumidores nos grupos de foco e nas pesquisas conclusivas, buscando

4 Amostra determinada empiricamente com base na experiência da equipe da MóveisCo

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compreender o valor de diferenciação que a marca possui, como recomendado por Nagle,

Hogan e Zale (2011).

Sobre o cenário competitivo, que é o terceiro dos três pontos listados anteriormente, sabe-se

que lojas monomarcas, tais quais a MóveisCo, correspondem a cerca de 11% do escoamento

da produção nacional, o terceiro maior canal de vendas, atrás das lojas multimarcas (39%) e

lojas de departamento (31%) (GALINARI, TEIXEIRA JUNIOR e MORGADO, 2013). A

rede de lojas multimarcas é bastante fragmentada em lojas muitas vezes não

profissionalizadas e de alcance local, as quais muitas vezes conseguem oferecer preços

equivalentes à MóveisCo, ainda que sem escala, por conta da não profissionalização. Já as

lojas de departamento são grandes redes profissionalizadas, de alcance nacional, com grande

poder de negociação com fornecedores e que, costumam ter a estratégia de competir por

preços baixos e condições de financiamento diferenciadas.

Esse cenário, acompanhado do crescimento recente do mercado online de móveis, inclusive

com players exclusivos desse segmento, faz com que o consumidor tenha acesso a diversas

alternativas de compra, com preços bastante competitivos, e a muitas informações com

facilidade. Ainda assim, a MóveisCo consegue se estabelecer em um nicho diferenciado de

mercado. Enquanto a maioria dos varejistas monomarca, grupo da empresa em questão,

trabalha com móveis modulados ou planejados, o que reduz o seu poder de barganha frente a

fornecedores, a MóveisCo é uma varejista de móveis seriados, que não podem ser alterados

pelo consumidor. Isso garante, além do maior poder de negociação com fornecedores, o

estabelecimento de um nicho separado de mercado, o das varejistas monomarcas de móveis

seriados. Nessa categoria, há apenas uma concorrente com força nacional, a ConcorrenteX,

citada anteriormente nesse relatório.

Considerando os três pontos levantados por Kotler e Armstrong (2007) para precificação em

mercados concorrenciais, dois deles foram cobertos pela metodologia e entendimento de

mercados obtidos até esse ponto do estudo. O ponto referente à situação atual da concorrência

será, então, trabalhado não apenas através das pesquisas conclusivas realizadas na saída das

lojas da ConcorrenteX, tal qual citado no item 3.2, mas também em pesquisas de preço

realizadas nas lojas dos concorrentes principais, a fim de compreender quais são as suas

estratégias de determinação de preços, ponto que será trabalho no item 3.3.1.

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63

Além disso, para a completa compreensão do como a empresa está posicionada no mercado

atual, é necessário compreender o comportamento dos produtos existentes em seu portfólio,

tópico a ser tratado no item 3.3.2.

3.3.1 Benchmarking de preços do mercado

Como foi demonstrado por Coulter e Krishnamoorthy (2014), a demanda por um produto

depende não apenas da sensibilidade dos consumidores ao preço do produto, mas também do

preço de referência e dos preços praticados pela concorrência. Ademais, Ingenbleek e der

Lans (2013) afirmam que as empresas devem tomar suas decisões de precificação não apenas

com base em um ou outro fator, mas sim considerando valor, custo e também concorrência,

sendo que empresas que buscam paridade de preços com seus concorrentes devem estar,

inclusive, focadas no último aspecto. Ainda que a MóveisCo não busque especificamente a

paridade com seu principal concorrente, é importante compreender preços do mercado como

valores de referência.

Com o objetivo de visualizar os preços praticados pelo mercado, serão feitas pesquisas de

levantamento de preços diretamente nas lojas de concorrentes. Essas pesquisas ocorrerão

através de visitas, para as quais serão registrados a categoria e a tipologia do produto, o preço

não promocionado e o preço promocionado, quando houver.

Foi visto na seção 2.2.3 deste trabalho de formatura que, ao considerar linhas de produtos,

devem ser definidas graduações de preços, muitas vezes fazendo uso de faixas de preços

definidas, as quais os clientes costumam associar diretamente à qualidade maior ou menor dos

produtos. Tais faixas de preço serão criadas para o portfólio da MóveisCo, a partir dos preços

praticados por concorrentes cuja percepção de preços é imediatamente superior ou

imediatamente inferior à da empresa.

Para a percepção superior, serão usadas lojas monomarcas, menores que a MóveisCo, mas

que possuem posicionamento mais premium, com móveis modulados, principalmente. Já para

o posicionamento inferior, serão usadas as lojas de departamento as quais, por conta do seu

grande poder de barganha com fornecedores, tal qual descrito por Galinari, Teixeira e

Morgado (2013), podem trabalhar com preços inferiores, atingindo consumidores de menor

poder aquisitivo.

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As faixas de preço foram definidas, portanto, da seguinte maneira:

A. São definidas as lojas de departamento e lojas monomarca de móveis modulados para

servirem de referência dos níveis inferior e superior de preço, respectivamente;

B. As lojas determinadas são visitadas e é feito o levantamento de preços tal qual descrito

anteriormente;

C. Serão definidas faixas de preço para cada uma das tipologias de forma que a faixa P1

contenha no mínimo 30% da oferta das lojas de departamento para aquela tipologia e a

faixa P2 inclua o restante para completar 80% dessa oferta entre P1 e P2. A faixa P5

deverá conter no mínimo 50% da oferta das lojas monomarcas de móveis modulados.

Por fim, a linha que divide as faixas P3 e P4 deverá ser a média entre o valor divisor

de P4 e P5 e o valor divisor de P2 e P3.

Dessa forma, as faixas de preço serão descritas tal qual é demonstrado na Figura 3-3.

Figura 3-3 – Metodologia de quebra de faixas de preço para cada tipologia de produtos estudada

Fonte: Elaboração própria

3.3.2 Compreensão da performance atual do portfólio

Foi visto nos estudos de Roll, Achterberg e Herbert (2010), que o ponto mais criticado de

pesquisas de sensibilidade a preço como o método de Van Westendorp é o fato de elas não

relacionarem a sensibilidade a preço com fatores como a otimização do faturamento ou do

lucro. Com o intuito de evitar tais falhas, foi elaborada pela autora uma estratégia de análise

da performance das tipologias do portfólio, visando compreender o comportamento dos

produtos existentes hoje, em cada uma das faixas de preço, a fim de poder criar diretrizes para

o desenvolvimento de novos produtos que considerem essa performance. O foco dessa análise

é justamente compreender como diferentes faixas de preço geram resultados na atual

distribuição da MóveisCo.

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Para isso serão analisadas características de desempenho financeiro por tipologia de produto,

dentro de cada faixa de preço. As variáveis a serem analisadas estão descritas na Tabela 3-4.

Tabela 3-4 – Variáveis financeiras consideradas para a análise do portfólio da MóveisCo

Variável financeira analisada Unidade

Margem percentual da faixa de preço sobre o total

gerado pela tipologia % da margem da tipologia

Mediana da margem por referência R$/referência/mês/loja5

Mediana do volume por referência Unidades/referência/mês/loja4

Margem percentual da Receita Líquida da tipologia % da Receita Líquida por produto e

faixa de preço

Os dados listados na Tabela 3-4, serão obtidos através de bases de dados da MóveisCo e

tratados por meio de queries no software Microsoft Access® 2010, a fim de que sejam

gerados os dados necessários. É importante ressaltar que as bases de dados da MóveisCo são

apresentadas em nível operacional apenas, com cada transação comercial correspondendo a

uma linha. Dessa forma, a operação primordial a ser feita é a reunião de dados de transações

de um mesmo produto, de forma a tornar os dados mais agrupados, para serem trabalhados em

temas estratégicos.

3.4 Desenvolvimento da estratégia de precificação e cálculo dos impactos

Por fim, é definida a estratégia de precificação para o portfólio da MóveisCo, utilizando os

pontos listados em toda a seção 3 deste relatório até o momento.

Considerando a eficácia da precificação com base em valor, indicada por Ingenbleek e der

Lans (2013) para empresas líderes em preços e cuja eficácia foi comprovada teoricamente por

Kotler (2007) e Nagle, Hogan e Zale (2011), além de empiricamente por Liozu e Hinterhuber

(2013), esse será o modelo adotado como base no modelo de precificação para a MóveisCo.

Inicialmente, a pesquisa de sensibilidade a preço Price Sensitivy Meter, trabalhada no item

3.2, determinará o posicionamento ideal do sortimento da empresa em termos de faixas de

5 A divisão por mês ocorre para tornar o número mais gerenciável e mais próximo das variáveis conhecidas pelos

gerentes de produto da MóveisCo. Já a divisão por loja, ocorre para excluir o efeito da distribuição desigual dos

produtos pelas diferentes lojas.

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66

preço. Ou seja, através dessa pesquisa ficará determinada a faixa de preço que deve receber a

maior parte da oferta de cada tipologia. A seguir, com base nessa definição, serão

estabelecidos intervalos percentuais do portfólio da tipologia a serem colocados em cada uma

das faixas de preço. O objetivo é de otimizar a rentabilidade, trabalhando com níveis de preço

e de qualidade percebida diferentes, tal qual é recomendado por Nagle, Hogan e Zale (2011) e

por Liozu e Hinterhuber (2013), quando os autores citam formas de atender diferentes

willingness to pay dos consumidores de forma rentável.

Dessa maneira, com base no PSM, serão criados perfis de distribuição do sortimento nas

faixas de preço por categoria, focados no valor sugerido pela pesquisa. Caso haja indicativos

de que há comportamento diferente entre categorias, serão criados perfis de preço diferentes.

Contudo, espera-se poder reunir as categorias em grupos com perfis semelhantes, a fim de

tornar o processo mais simples e replicável, tanto em definições futuras da própria MóveisCo,

quanto em replicações dessa metodologia em outras empresas e outros tipos de produtos.

Uma vez que a pesquisa PSM não poderá ser feita para todas as categorias analisadas do

portfólio, haverá necessidade de determinar em qual perfil as categorias para as quais não

houve pesquisa podem ser melhor representadas. Essa determinação ocorrerá através de

análise da oferta do mercado, em especial da ConcorrenteX. As categorias para as quais não

há pesquisa de valor consumidores terão, portanto, seu sortimento enquadrado no perfil de

preços que melhor represente a oferta da ConcorrenteX para aquela categoria, de forma a

manter os perfis de preços da MóveisCo em linha com os da concorrente com modelo

semelhante de lojas.

Dado que o foco da estratégia será em valor percebido pelo consumidor e não nos preços

praticados pelos concorrentes, não há necessidade de que sejam comparados os preços do

sortimento da MóveisCo com os das demais lojas, principalmente porque formatos diferentes

de lojas não são substitutos próximos (KOPALLE, BISWAS, et al., 2009). Contudo, o fato de

existirem as faixas de preço, baseadas no mercado, faz com que a estratégia final não se

distancie muito dos preços de referência, conhecidos pelos consumidores.

Definidos os perfis de preço por faixa para cada categoria, deve-se garantir a otimização da

margem de lucro da MóveisCo. Para isso serão realizadas simulações, acrescentando produtos

que devam ser adicionados ao portfólio supondo que os mesmos teriam a margem por

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referência mediana da tipologia e da faixa de preço trabalhadas. Serão retirados, por sua vez,

os produtos de menor margem por referência em cada tipologia e faixa de preço. Essa

simulação será repetida com as diversas combinações possíveis, em termos de quantidade de

produtos por faixa de preço, dentro dos intervalos percentuais definidos anteriormente, de

forma a otimizar a margem da MóveisCo. Assim será possível calcular os ganhos em termos

de margem bruta para cada uma das tipologias.

É importante ressaltar que o espaço para a exposição dos produtos de cada uma das tipologias

analisadas dentro das lojas é considerado fixo e, por isso, define-se que a quantidade de

produtos no sortimento proposto deve ser igual à quantidade atual, em cada categoria.

Seguindo tais princípios, o modelo de otimização da margem do sortimento da MóveisCo é

detalhado a seguir.

Considera-se j o índice correspondente à faixa de preço, de forma que j=1 corresponde ao P1,

j=2, ao P2 e assim por diante; i o índice correspondente a cada categoria do universo C de

categorias analisadas; k correspondente ao ranking de um determinado produto dentro de sua

categoria em termos de margem (k = 1 representa a melhor margem dentro da categoria e da

faixa de preço); Mg correspondente à margem e, por fim, n e p, respectivamente

correspondentes ao número de produtos atual e proposto para uma dada categoria i e faixa de

preço j. Pela descrição, fica evidente que i, j, k, n, p são números naturais.

Com isso, o modelo visa a maximização da margem total de cada categoria, tal qual descrito

na equação abaixo.

A margem dos produtos adicionados na categoria e faixa de preço em questão

( ) é dada pela mediana entre as margens dos produtos, tal qual é visto na

equação a seguir.

( )

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Por sua vez, a margem dos produtos retirados na categoria e faixa de preço ( ) é

calculada pela somatória das médias dos produtos com pior ranking de margem, ou seja, por

aqueles com k mais alto. Vide equações a seguir.

Consideram-se e respectivamente os sortimentos máximo e mínimo do intervalo

percentual proposto para cada categoria i e faixa de preço j. Com isso, as restrições e

condições do modelo de otimização são dadas a seguir.

É importante notar que as pesquisas sobre comportamento do consumidor, tanto exploratória

(grupo de foco), quanto a conclusiva (de saída de loja) serão úteis para ampliar o

conhecimento sobre o cliente da MóveisCo e sua sensibilidade a preço e também para nortear

o estabelecimento dos intervalos percentuais para cada uma das faixas de preço de uma dada

tipologia. Além disso, as pesquisas são essenciais para garantir que as decisões certas estão

sendo tomadas em termos do concorrente considerado para comparação (ConcorrenteX) e das

diretrizes gerais de preços, uma vez que perguntas qualitativas como pedir palavras que

descrevam a MóveisCo são importantes para garantir que a percepção da marca está alinhada

com a estratégia de preços.

Há, por exemplo, há a necessidade de comprovar a diferenciação positiva da marca da

MóveisCo, uma vez que a estratégia de preços baseada em valor, apenas de ter sido

comprovada empiricamente como a mais rentável das estratégias (LIOZU e HINTERHUBER,

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69

2013), é considerada mais adequada para empresas líderes em preço ou com posicionamento

premium (INGENBLEEK e DER LANS, 2013).

Outro ponto de destaque é que a estratégia descrita neste tópico não visa reprecificar os

produtos já existentes no portfólio da empresa, mas sim criar faixas que norteiem a criação de

sortimentos futuros, uma vez que a estratégia baseada em valor não pode ser apenas o ato de

cobrar preços diferentes pelos mesmos produtos, mas deve vir acompanhada de portfólio

condizente (LIOZU e HINTERHUBER, 2013) e dos demais items do mix de marketing

(KOPALLE, BISWAS, et al., 2009).

A Figura 3-4 ilustra o processo que leva ao desenvolvimento final da estratégia de

precificação por categoria, segundo foi apresentado neste tópico.

Figura 3-4 – Esquema do desenvolvimento da estratégia de precificação

Fonte: Elaboração própria

É válido ressaltar que a passagem do “Portfólio atual” para o “Portfólio com centro de

gravidade” é realizada pela pesquisa Van Westendorp em apenas algumas categorias. As

demais serão posicionadas em grupos com determinado perfil a partir da comparação com a

oferta do principal concorrente, a ConcorrenteX.

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70

4 ANÁLISES E RESULTADOS

Nesta seção serão apresentados os resultados obtidos com a aplicação da metodologia

detalhada no item anterior.

4.1 Agrupamentos selecionados para análise

Para iniciar o trabalho com dados da MóveisCo, foi necessário definir os grupos que seriam

estudados. Essa seleção foi feita tal qual explicado no item 3.1 desse relatório e está

exemplificada com algumas categorias a seguir.

A Tabela 4-1 demonstra a operação de junção de duas tipologias do portfólio da MóveisCo. O

grupo “Adesivos” é um exemplo disso, reunindo adesivos de parede e de papelaria.

Tabela 4-1 – Exemplos de união de tipologias em um único grupo de análise

Agrupamentos Categorias Tipologia Grupo definido

Padronizados Cortinas e Tapetes Adesivos e Decoradores de

Superfícies Adesivos

Acessórios Quadros e Papelaria Papelaria

Padronizados Bancos e Cadeiras Bancos Reguláveis e Banco

Escada Banco-Alto

Padronizados Bancos e Cadeiras Bancos

Padronizados Iluminação Bases Para Luminárias de Mesa Base de

Luminária Padronizados Iluminação Bases Para Luminárias de Piso

Padronizados Iluminação Luminárias Pendentes

Padronizados Móveis

Complementares

Móveis Infantis - Mesas,

Cadeiras, Bancos, Cabideiros e

Complementos Cabide e

cabideiro-

Cabide Acessórios Acessórios de Casa Cabides de Parede e Porta

Acessórios Acessórios de Casa Cabides Para Armário/Acessórios

Acessórios Acessórios de Casa Cabides Para Armário/Roupas

Padronizados Bancos e Cadeiras Cadeiras de Madeira

Cadeira Padronizados Bancos e Cadeiras Cadeiras de Metal

Padronizados Bancos e Cadeiras Cadeiras de Plástico

Padronizados Bancos e Cadeiras Cadeiras Dobráveis

Acessórios Vidros Jarras e Garrafas

Vaso Acessórios

Louças, Panelas e

Talheres Louça Branca/Lisa - Avulsas

Acessórios Louças, Panelas e

Talheres

Louça Branca/Lisa - Linhas

Completas

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71

Acessórios Acessórios de Casa Sazonal

Acessórios Acessórios de Casa Vasos

A Tabela 4-2 demonstra a operação de separação de tipologias do portfólio. Por exemplo, os

grupos “Banco-2 lugares”, “Banco-3 lugares” e “Banco-4 lugares”, são todos exemplos de

separação da tipologia “Bancos de 2, 3 e 4 lugares”.

Tabela 4-2 – Exemplos de separação de tipologias em mais de um grupo de análise

Agrupamentos Categorias Tipologia Grupo definido

Padronizados Iluminação Acessórios Elétricos e

Complementos

Luminária-Mesa

Luminária-Outras

Luminária-Parede

Luz Noturna/emergência

Outros acessórios

Padronizados Bancos e

Cadeiras Bancos de 2, 3 e 4 Lugares

Banco-2 lugares

Banco-3 lugares

Banco-4 lugares

Padronizados Estantes Estantes Avulsas

Estante- Grande6

Estante-Média7

Estante-Nicho8

Estante-Pequena9

Padronizados Estantes Linhas de Estantes

Estante-Grande

Estante-Média

Estante-Nicho

Estante-Pequena

É importante ressaltar que há casos de tipologias que foram separadas em mais de um grupo

de análise e depois reclassificadas, como as Estantes avulsas e Linhas de estantes, categorias

para as quais os grupos definidos são Estante Grande, Estante Média, Estante Pequena e

Estante Nicho, em ambos.

É válido ressaltar que os grupos receberam também nomes mais simples e, muitas vezes,

tipologias diferenciadas como “Bancos Reguláveis e Banco Escada”, na Tabela 4-1, foram

6 Estantes grandes são aquelas cuja área ultrapassa 1,5m

2

7 Estantes médias tem área entre 1,0 m

2 e 1,49 m

2

8 Estantes nicho são nichos que não podem ser usados individualmente como estantes, apenas em conjunto

9 Estantes pequenas tem área inferior a 1,0 m

2

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72

colocadas em grupos generalizantes, como “Banco – Alto”, no caso. Isso ocorreu para

facilitar as pesquisas em lojas de concorrentes e a futura comparação do portfólio dessas

empresas.

Definidos, portanto, os grupos de trabalho, foram elaborados Diagramas de Pareto, a fim de

priorizar grupos para a análise. O diagrama de móveis está ilustrado na Figura 4-1.

Figura 4-1 – Diagrama de Pareto para priorização de categorias de Padronizados

Fonte: Elaboração própria, com base em dados da MóveisCo.

Com base na figura, é possível concluir que, para Padronizados, o Diagrama apresenta

bastante funcionalidade, visto que 80% da margem desse agrupamento vem de apenas 34%

dos produtos, o que permite uma seleção eficiente dos primeiros quinze grupos da figura

acima.

Por outro lado, no Diagrama de Pareto para Acessórios se observa uma grande dispersão da

margem bruta da MóveisCo pelas categorias. Vide Figura 4-2.

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73

Figura 4-2 - Diagrama de Pareto para priorização de categorias de Acessórios

Fonte: Elaboração própria, com base em dados da MóveisCo.

Como foi comentado anteriormente, diferentemente do Diagrama de Móveis, o de Acessórios

demonstra que a margem total está bastante dispersa entre as categorias. Surge, então,

dificuldade em selecionar poucos grupos que representem significativamente a margem desse

agrupamento. Assim sendo, foram selecionadas apenas as primeiras cinco tipologias para

análise, sem que isso necessariamente represente um percentual significativo em termos de

margem. O intuito dessa seleção é de manter grupos de acessórios na amostra, ainda que em

quantidade menor, garantindo assim que comportamentos de compra diferentes entre os

agrupamentos sejam considerados.

4.2 Definição das faixas de preço

A partir da definição de grupos de análise, foram feitas pesquisas de preço dos produtos

existentes no mercado, em cada um desses grupos. Foram pesquisadas duas lojas de

departamento e cinco lojas monomarca de móveis modulados, a fim de definir,

respectivamente, as faixas de preço P1 e P2 e a faixa P5, tal qual descrito na metodologia

explicada no item 3.3.1.

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74

O processo será explicado a seguir para a categoria “Cadeiras”, de Padronizados, e “Tapete

Grande”, de Acessórios, respectivamente as categorias de maior margem em seus respectivos

agrupamentos.

Inicialmente foi feita a pesquisa de preços para cadeiras e os preços encontrados foram

arredondados a cada R$100 reais, permitindo a construção da Tabela 4-3.

Tabela 4-3 - Sortimento por preço da categoria "Cadeiras" no mercado

Preço

aproximado (R$)

Lojas de

departamento MóveisCo ConcorrenteX

Lojas monomarca

de modulares

100 12 2

200. 34 17 9

300 20 9 14

400 7 13 16

500 14 17 19 4

600 4 5 6 3

700 6 3 4

800 1 10 5 5

900 1 2 7

1.000 2 2 2

1.100 1 2 2

1.300 2

1.400 2 1

1.500 1

1.900 1

O sortimento em percentual acumulado é, por sua vez, apresentado na Tabela 4-4.

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75

Tabela 4-4 – Percentual acumulado do sortimento por preço da categoria “Cadeiras” no mercado

Preço

aproximado (R$)

Lojas de

departamento MóveisCo ConcorrenteX

Lojas monomarca

de modulares

100 12% 2% 0% 0%

200. 46% 23% 11% 0%

300 66% 35% 28% 0%

400 73% 51% 48% 0%

500 87% 72% 72% 16%

600 91% 78% 79% 28%

700 97% 81% 84% 28%

800 98% 94% 90% 48%

900 99% 96% 90% 76%

1.000 99% 99% 93% 84%

1.100 99% 100% 95% 92%

1.300 99% 100% 98% 92%

1.400 99% 100% 100% 96%

1.500 99% 100% 100% 100%

1.900 100% 100% 100% 100%

Nota-se na Tabela 4-4, que 91% do sortimento de cadeiras das lojas de departamento tem

valores de até R$600, enquanto só há 28% do sortimento das lojas monomarcas até esse

preço. Isso prova, para essa categoria, que a hipótese de que as lojas monomarcas sejam, em

média, mais caras, tanto pelo seu posicionamento, quanto pelo poder de barganha com

fornecedores, é verdadeira. Tal hipótese também foi confirmada para as demais categorias do

portfólio estudadas.

Segundo o que foi definido na Figura 3-3 do item 3.3.1 deste relatório, ao menos 30% do

sortimento das lojas de departamento deve estar posicionado na faixa P1 de preços. Pela

Tabela 4-4, observa-se, então que a linha desta faixa deveria estar em R$200, que já contém

46% do sortimento das lojas mais populares. Já a faixa superior de P2 deve manter 80% dos

produtos dessa categoria de lojas abaixo de si e, portanto, é localizada em R$400, ficando

assim com 49% desse sortimento. A faixa P5, por sua vez, deveria conter 50% da oferta das

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76

lojas mais premium, o que indica que ela deveria ser iniciada em R$800, já que assim conteria

52% do total desse portfólio.

Finalmente, a divisão entre as faixas P3 e P4 é definida como a média entre o valor superior

de P2 e o valor inferior de P5, portanto, a média entre R$400 e R$800, ficando, portanto, em

R$600.

O resultado desse processo é demonstrado graficamente na Figura 4-3.

Figura 4-3 – Ilustração da divisão em faixas de preço para a categoria de Cadeiras

Fonte: Elaboração própria

O mesmo processo ocorre com a categoria “Tapetes Grandes”, cujos dados de sortimento são

demonstrados na Tabela 4-5.

Tabela 4-5 - Sortimento por preço da categoria "Tapetes Grandes" no mercado

Preço

aproximado

(R$)

Lojas de

departamento MóveisCo ConcorrenteX

Lojas monomarca

de modulares

100 27 1 1

200 39 8

300 35 9 4

400 20 5 7

500 14 7 15 2

600 11 4 6 16

700 10 3 8 6

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77

800 15 1 5 8

900 15 12 15

1000 8 12 10

1100 2 6 3 12

1200 7 4 7

1300 4 3 7

1400 6 3 9

1500 10 1 5

1600 6 2 13

1700 4 4

1800 2 5 11

1900 2 3 5

2000 1 2 8

2100 1 1 5

2200 2 2

2300 2 9

2400 7

2500 6

2600 2

2700 5

2900 1

3000 7

3200 3

3500 5

3600 5

3700 1

3900 1

4000 1 3

4300 5

4600 1

4800 6

6300 12

6400 1

7700 1

9200 1

10100 5

A Tabela 4-6 mostra os percentuais acumulados referentes ao sortimento disponível no

mercado.

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78

Tabela 4-6 - Percentual acumulado do sortimento por preço da categoria “Tapetes Grandes” no

mercado

Preço

aproximado (R$)

Lojas de

departamento MóveisCo ConcorrenteX

Lojas monomarca

de modulares

100 11% 2% 1% 0%

200 27% 20% 1% 0%

300 42% 41% 5% 0%

400 50% 52% 11% 0%

500 56% 68% 25% 1%

600 61% 77% 31% 8%

700 65% 84% 39% 11%

800 71% 86% 43% 14%

900 77% 86% 55% 21%

1000 80% 86% 66% 25%

1100 81% 100% 69% 31%

1200 84% 100% 73% 34%

1300 86% 100% 75% 37%

1400 88% 100% 78% 41%

1500 93% 100% 79% 43%

1600 95% 100% 81% 49%

1700 97% 100% 81% 50%

1800 98% 100% 86% 55%

1900 98% 100% 89% 58%

2000 99% 100% 91% 61%

2100 99% 100% 92% 63%

2200 100% 100% 93% 63%

2300 100% 100% 95% 67%

2400 100% 100% 95% 70%

2500 100% 100% 95% 73%

2600 100% 100% 97% 73%

2700 100% 100% 97% 75%

2900 100% 100% 98% 75%

3000 100% 100% 98% 78%

3200 100% 100% 98% 80%

3500 100% 100% 98% 82%

3600 100% 100% 98% 84%

3700 100% 100% 99% 84%

3900 100% 100% 99% 85%

4000 100% 100% 100% 86%

4300 100% 100% 100% 88%

4600 100% 100% 100% 88%

4800 100% 100% 100% 91%

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79

6300 100% 100% 100% 96%

6400 100% 100% 100% 97%

7700 100% 100% 100% 97%

9200 100% 100% 100% 98%

10100 100% 100% 100% 100%

Novamente, nas tabelas apresentadas, é possível notar o posicionamento de preços inferior da

categoria de lojas de departamento. Nessa categoria, especificamente, destaca-se o fato de que

a MóveisCo apresenta sortimento em faixas de preço inferiores às do mercado, inclusive o de

lojas de departamento e do seu principal concorrente. Além disso, é visto que as lojas mais

premium apresentam sortimento em valores bastante elevados, muito acima das demais

alternativas disponíveis no mercado.

Seguindo a metodologia de separação do sortimento em faixas de preço, observa-se que a

linha superior da faixa P1 deve ser posicionada em R$300, já que a faixa dos R$200 engloba

apenas 27% do sortimento e não 30%, como determina o método. Já a faixa superior de P2

deve estar em R$1000, garantindo 80% do sortimento abaixo dela. A faixa inferior do P5, por

sua vez, deve ser colocada em R$1700, garantindo ao menos 50% do sortimento das lojas

premium nessa faixa. Por fim, a linha entre P3 e P4 é colocada na média entre R$1000 e

R$1700, R$1350, finalizando assim as divisões entre faixas.

A Figura 4-4 ilustra as faixas de preços desse sortimento.

Figura 4-4– Ilustração da divisão em faixas de preço para a categoria de Tapetes Grandes

Fonte: Elaboração própria

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80

Por fim, o Apêndice E, apresenta as quebras em faixas de preços para todas as categorias que

foram consideradas prioritárias para estudo.

4.3 Análise das pesquisas com consumidor

As pesquisas exploratórias e conclusivas são essenciais para a criação do modelo de estratégia

de precificação para a MóveisCo, pois permitem validar hipóteses e considerar o perfil de

consumidor no momento da elaboração do modelo.

Os principais resultados dessas pesquisas são apresentados a seguir.

4.3.1 Grupos de foco

Na Tabela 3-1, do item 3.2 desse relatório foi visto que as principais informações a serem

obtidas a partir dos grupos focais realizados com compradores de móveis e acessórios eram o

entendimento qualitativo do processo de compra em ambas as categorias, a fidelidade do

consumidor à marca da MóveisCo e as principais razões de escolha da loja da empresa em

questão para a realização da compra.

Em primeiro lugar, foi observado no grupo de foco que os motivadores da compra de

padronizados e acessórios são bastante diferentes. Enquanto a maior parte dos compradores de

móveis iniciou seu processo de compra com base em uma necessidade, aqueles que adquirem

acessórios partem de prazer e satisfação pessoal. Outra diferença relevante está no processo

de compra em si, sendo a aquisição de móveis muito mais planejada e com envolvimento de

mais pesquisa do que a de acessórios. Assim, móveis certamente se aproxima mais da

categoria de “Compra comparada” de Kotler (2007), enquanto acessórios se enquadra na

categoria de “Conveniência”. Além disso, provavelmente haveria benefícios multi-categoria

tal qual descritos por Smith e Thomassen (2012) ao precificar Móveis e Acessórios pensando

em conjunto, apesar de este não ser um tópico considerado na Metodologia deste trabalho.

Outro aspecto relevante percebido ao longo das discussões dos grupos de foco é que há uma

sequência comum de raciocínio dos compradores ao mobiliar um ambiente. Inicialmente, os

consumidores costumam adquirir os chamados “móveis centrais”, ou seja, os móveis tidos

como referência para um ambiente. Exemplos dados pelos próprios entrevistados são o sofá

na sala, a mesa de jantar na sala de jantar, a cama no quarto, etc. Em seguida, as pessoas dos

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81

grupos alegaram adquirir os chamados “móveis periféricos”, ou seja, aqueles que

acompanham os centrais e geralmente tem custo menor, como pufes, mesas laterais, cômodas,

entre outros. Por fim, os consumidores adquirem os acessórios para compor o ambiente,

compra essa que não ocorre somente uma vez, junto à troca dos móveis, mas é recorrente, até

por ser uma compra mais impulsiva do que a das categorias de maior desembolso.

Como pode ser visto no roteiro dos grupos de foco, em apêndice ao relatório, os entrevistados

foram pedidos para citar empresas principais nas quais eles pensavam quando era citada a

compra de móveis e acessórios. Em todos os grupos, a MóveisCo foi citada, bem como a

ConcorrenteX. Ademais, também foi sempre unânime a decisão de colocar essas duas

empresas em um mesmo grupo de afinidade, muitas vezes sozinhas, sem nenhuma outra

empresa no grupo. Essa atitude dos consumidores demonstra que a premissa de que há

necessidade de comparar a precificação da ConcorrenteX com a estratégia criada para a

MóveisCo é fundamental. Certamente, os valores de referência que o consumidor considera,

bem como os valores de diferenciação se basearão também na oferta desta grande

concorrente.

Apesar de semelhanças terem sido apontadas, os clientes em geral apontavam a MóveisCo

como uma melhor opção de compra versus a sua concorrente principal, muitas vezes com uma

visão quase aspiracional sobre a MóveisCo, o que pode representar um valor de diferenciação

positivo da empresa cliente da autora, ante o mercado.

4.3.2 Pesquisa de saída de loja

No item 3.2 do relatório, verifica-se que as principais informações a serem obtidas a partir da

pesquisa quantitativa de saída de loja eram os dados demográficos (classe social e idade) dos

consumidores da MóveisCo e da ConcorrenteX, além de o percentual das compras

pesquisadas e das geradas por impulso em ambas as lojas. Ademais, há necessidade de

comprovar a hipótese de melhor imagem da MóveisCo versus sua principal concorrente,

como foi levantado no grupo focal.

As pesquisas de saída de loja foram realizadas por uma empresa especializada em pesquisas

de mercado, no período de 26 de abril a 14 de maio de 2014. A amostra obtida está listada na

Tabela 4-7 e pode ser comparada com a amostra pretendida, na Tabela 3-3.

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82

Tabela 4-7 – Amostra obtida nas pesquisas conclusivas de saída de loja

MóveisCo ConcorrenteX Total

São Paulo 158 160 318

Rio de Janeiro 157 149 306

Belo Horizonte 101 81 182

Fortaleza 109 103 212

Porto Alegre 107 Não possui lojas 107

Total 632 493 1.125

É notável que, por problemas com a pesquisa, a empresa responsável não conseguiu concluir

a amostra esperada em Belo Horizonte, o que pode causar prejuízos aos resultados esperados.

As demais amostras esperadas foram obtidas, garantindo assim relevância estatística razoável

para a pesquisa.

Primeiramente, discutem-se os resultados com relação ao perfil do público da MóveisCo em

comparação com a ConcorrenteX, em termos de classe social e faixa etária, sendo que a

comparação em termos de classes sociais é destacada na Figura 4-5.

Figura 4-5 – Resultados da pesquisa de saída de loja: gastos por classe social

Fonte: Elaboração própria, baseada em entrevistas nas saídas das lojas e Target

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83

A Figura 4-6 destaca a comparação dos gastos por faixa etária.

Figura 4-6 - Resultados da pesquisa de saída de loja: gastos por faixa etária

Fonte: Elaboração própria, baseada em entrevistas nas saídas das lojas e IBGE (Censo 2010)

Como pode ser visto nas imagens, a MóveisCo conta, em geral, com um público mais rico e

mais velho do que a ConcorrenteX. Fato que provavelmente torna os seus clientes menos

sensíveis ao preço, quando comparados com os clientes de seu concorrente, uma vez que

Kotler (2007) aponta que um dos fatores determinantes para a sensibilidade a preço é

justamente o percentual do desembolso sobre a renda do indivíduo. Apesar disso, ambas as

redes de lojas têm seu mix de consumidores focado nas classes A e B1, que juntas

representam menos de 40% da população brasileira. Com isso, reforça-se o posicionamento

estratégico da MóveisCo como uma empresa que compete em diferenciação, principalmente

de design e de qualidade, e não em preços mais baixos.

Ainda buscando o entendimento da sensibilidade a preço dos diferentes grupos sociais

presentes na base de clientes da MóveisCo, a Figura 4-7 demonstra que, como esperado, o

gasto médio aumenta quanto maior é a classe social. Contudo, os públicos A e B1 tem gasto

bastante semelhante em móveis, ficando o diferencial dos gastos em acessórios. Uma

diferença significativa entre a empresa estudada e a sua principal concorrente é o percentual

do gasto em móveis, maior da MóveisCo.

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Figura 4-7 – Gasto médio em móveis e acessórios por classe social

Fonte: Elaboração própria, baseada em entrevistas nas saídas das lojas

A seguir, com base nas perguntas 7 a 9 do questionário (vide Apêndice B), foi elaborada a

Tabela 4-8, que mostra os gastos agregados para todos os produtos, por faixa de preço e por

classe social do comprador.

Tabela 4-8 – Percentual de gastos por faixa de preço e por classe social

P1 P2 P3 P4 P5

MóveisCo

A/B1 13% 33% 23% 21% 9%

B2/C 23% 34% 35% 7% 0%

Média

ponderada 16% 33% 26% 18% 7%

ConcorrenteX

A/B1 19% 40% 28% 13% 0%

B2/C 17% 41% 38% 4% 0%

Média

ponderada 19% 40% 30% 11% 0%

Pela tabela, é possível notar que 89% dos gastos incorridos na ConcorrenteX estão em faixas

de preço até P3, contra 75% da MóveisCo. Conclui-se assim, que a maior parte da receita da

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empresa analisada vem de produtos de faixas de preço inferiores, o que também ocorre para a

sua concorrente. Contudo, a participação das faixas superiores é maior na MóveisCo, o que

novamente indica valor de diferenciação positivo para a esta companhia. Em outras palavras,

a MóveisCo consegue vender melhor seus itens de maior valor agregado, provavelmente pela

percepção positiva da marca, abordada nos grupos de foco.

Para garantir a veracidade dessa afirmação, deve ser feita a análise das perguntas 18 e 21, do

questionário de saída de loja, que indica em qual loja os consumidores mais compram móveis

e acessórios, respectivamente. As respostas a esse questionamento permitem uma análise da

fidelidade dos consumidores à marca, o que provavelmente deve indicar menor sensibilidade

a preço, já que, para consumidores fiéis, o valor de diferenciação da marca se torna maior e,

como consequência, o valor econômico do produto também. Os resultados dessas perguntas

são apresentados na Tabela 4-9.

Tabela 4-9 – Lojas em que consumidores mais compraram móveis e acessórios nos últimos 12 meses

MóveisCo ConcorrenteX Outras

Clientes MóveisCo

Loja em que mais comprou

móveis 51% 6% 43%

Loja em que mais comprou

acessórios 65% 8% 27%

Clientes

ConcorrenteX

Loja em que mais comprou

móveis 18% 27% 54%

Loja em que mais comprou

acessórios 18% 49% 33%

Conclui-se, portanto, que os clientes da MóveisCo são mais fiéis que os da ConcorrenteX,

tanto em móveis, quanto em acessórios. Contudo, não é possível ignorar o fato de que há

relativa sobreposição de clientes. Isso indica que, apesar do sentimento positivo abordado até

agora com a marca da loja em que está sendo estudada, não se pode descolar completamente

os preços da oferta da concorrente, dado que os clientes parecem efetivamente transitar entre

as duas redes.

Dado que as respostas em geral indicam um valor de diferenciação positivo da marca da

MóveisCo, é necessário entender qual é a origem desse valor. Segundo as respostas sobre a

principal razão para a escolha da loja de compra, esse “prêmio” de preço da marca vem,

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86

principalmente, do design e estilo dos produtos, bem como de sua variedade. Em comparação,

a ConcorrenteX também é citada pela diversidade, mas o fator de preços mais baixos é

preponderante. Vide Tabela 4-10.

Tabela 4-10 – Principais razões para consumidores escolherem a loja em que foram entrevistados para

comprar

MóveisCo ConcorrenteX

Móveis Acessórios Móveis Acessórios

Diversidade de produtos 19% 23% 16% 25%

Preço baixo 15% 8% 28% 18%

Localização 14% 17% 5% 17%

Design e estilo 22% 22% 9% 10%

Recomendação de amigos 3% 2% 9% 8%

Qualidade 7% 7% 12% 7%

Visual da loja 3% 8% 5% 6%

Outros 17% 13% 16% 9%

Por fim, resta avaliar se é correta a percepção dos grupos de foco de que os acessórios são

uma compra mais próxima da conveniência, enquanto móveis são uma compra planejada.

Essa análise foi feita com base nas perguntas 4 e 7, que permitem comparar quais produtos o

consumidor afirma ter vindo comprar com quais ele efetivamente adquiriu. Quando um

consumidor afirmou ter vindo adquirir um dado produto e realmente o fez, essa compra foi

considerada planejada, enquanto produtos adquiridos sem que ele tivesse se dirigido à loja

com essa intenção foram considerados compras por impulso. A Figura 4-8 revela que, tanto

na MóveisCo quanto na ConcorrenteX, móveis são realmente uma categoria mais planejada.

Além disso, clientes da primeira loja parecem planejar mais suas compras, o que vai contra as

demais respostas, por possivelmente indicar maior sensibilidade a preço.

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87

Figura 4-8 – Percentual de compras por impulso versus planejada em móveis e acessórios

Fonte: Elaboração própria, com base nos resultados das pesquisas de saída de loja

Outra análise relevante refere-se ao poder dos móveis como categoria de destino para os

compradores, acarretando na compra de acessórios como consequência da visita à loja. Com

base no estudo de Smith e Thomassen (2012) sobre efeitos multicategoria, foi feita uma

análise das perguntas 4 e 7 (o que consumidor buscava e o que comprou), a qual possibilitou

confirmar que o efeito multicategoria ocorre em alguns casos, principalmente com móveis

gerando a compra de acessórios. A ConcorrenteX apresenta maior potencial de vendas a partir

de tal efeito (42% contra 38% da MóveisCo). A análise é apresentada na Tabela 4-11.

Tabela 4-11 – Análise de efeito multicategoria para móveis e acessórios na pesquisa de saída de loja

MóveisCo Concorrente X

Amostra total de entrevistados que foram buscar algo em

específico 398 336

% da amostra que buscar móveis 61% 62%

% da amostra que buscar acesórios 39% 38%

% dos que foram buscar móveis que adquiriram também

acessórios 31% 42%

% dos que foram buscar acessórios que adquiriram

também móveis 7% 3%

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Novamente, a tabela acima deixa claro que a MóveisCo poderia se beneficiar de estratégias de

preços conjuntas entre Móveis e Acessórios, apesar de este ponto não ter sido contemplado na

metodologia deste estudo.

4.3.3 Pesquisa online – Price Sensitivity Meter

Como foi relatado no item 3.2, a pesquisa online realizada objetiva a obtenção do Willingness

to pay por categoria espera-se uma amostra de 50010

respostas por categoria de pesquisa.

Considerando taxas de resposta de, no máximo, 2%, há necessidade de enviar o questionário

para cerca de 25 mil pessoas por categoria. Se o índice de resposta for o mínimo esperado, de

1%, então devem ser enviados questionários para 50 mil pessoas por categoria.

Assim, com a amostra de 278mil clientes com e-mails registrados na base da MóveisCo, é

possível colher respostas apenas 6 das categorias pesquisadas, considerando a hipótese

conservadora de 80% de probabilidade de que a taxa de resposta seja de 1% e 20% de que

seja de 2%, chegando assim a uma média de 1,2% de taxa de resposta.

Essa pesquisa foi feita apenas para as categorias de móveis, a fim de focar em categorias que

fornecem maior margem à empresa. Dessa forma, as 6 principais categorias, expostas no

Diagrama de Pareto da Figura 4-1, são Cadeiras, Cadeira Office, Bases, Tampos e Cavaletes,

Poltrona, Sofá de 3 lugares e Rack. É possível ainda realizar a pesquisa de Mesa de Jantar de

6 lugares juntamente à categoria de Bases, Tampos e Cavaletes. Dessa forma, a pesquisa

online consegue englobar 55% da margem de móveis da MóveisCo.

Para cada uma das categorias pesquisadas, foi obtida, então, uma faixa de preços, de acordo

com o método do Price Sensitivity Meter (PSM) ou método de Van Westendorp, descrito por

Roll, Achterberg e Herbert (2010). As curvas obtidas para cada uma das categorias são dadas

no Apêndice C e os resultados são demonstrados na Tabela 4-12.

10 Quantidade determinada com base na experiência empírica da equipe da MóveisCo

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89

Tabela 4-12 – Intervalos de preço ótimos por categoria obtidos na pesquisa online

Preços em reais Limite

inferior

Preço de

indiferença

Limite

superior

Quantidade

de respostas

Cadeira R$250 R$415 R$480 744

Cadeira Office R$400 R$650 R$850 718

Mesas de 6 lugares, Bases,

Tampos e Cavaletes R$1.160 R$2.040 R$2.540 778

Poltrona R$850 R$1.375 R$1.750 737

Sofá de 3 lugares R$1.800 R$3.050 R$3.500 628

Rack R$840 R$1.460 R$1.760 513

A fim de facilitar a visualização e a análise, os dados estão dispostos graficamente na Figura

4-9, juntamente com linhas que marcam as diferentes faixas de preços para cada uma das

categorias pesquisadas.

Figura 4-9 – Gráfico dos intervalos de preço ótimos por categoria obtidos na pesquisa online

Fonte: Elaboração própria, com base em resultados da pesquisa online com clientes MóveisCo

Observando a Figura 4-9, é possível notar que categorias como Cadeira e Cadeira Office

apresentam maior parte do intervalor ótimo de willingness to pay em preços P2. Já as demais

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90

categorias analisadas, Mesa, Poltrona, Sofá de 3 lugares e Rack, têm maior foco em P3,

inclusive com avanço razoável em P4. A conclusão obtida é que, em geral, os produtos devem

ter seu sortimento focado na faixa P3, porém com avanços para P2 ou P4, dependendo das

situações do mercado (pesquisas de preço feitas nos concorrentes). Com tais resultados, surge,

então, a necessidade de estabelecer critérios que possam definir grupos de categorias cujos

produtos devem estar precificados mais em torno de P3 ou de P2.

4.4 Definição dos percentuais de sortimento por faixa de preço

O estabelecimento de percentuais de sortimento a serem desenvolvidos em cada faixa de

preço ocorre principalmente com base na pesquisa do Price Sensitivity Meter, que indica

estrutura de preços ideal em torno da faixa P3, na maioria dos casos, e ao redor de P2, em

outros exemplos.

Considerando o conceito de preços de referência, trabalhado por Kotler (2007), Nagle, Hogan

e Zale (2011) e recentemente por Coulter e Krishnamoorthy (2014), sabe-se que o consumidor

toma suas decisões de aceite ou não de um valor para a compra de um produto com base em

suas referências históricas e em pesquisas.

Dessa forma, parece fundamental que não se baseie a precificação do sortimento da

MóveisCo apenas em pesquisas não incentivadas, já que, quando não há a obrigatoriedade da

compra, nem o confrontamento com as opções do mercado o Willingness to pay pode ser

distorcido. Ao invés disso, a abordagem mais adequada parece ser uma que engloba a oferta

real do mercado como comparativo aos preços a serem definidos para a empresa estudada.

Fica, portanto, definido que o foco do sortimento em P2 ou em P3, duas faixas destacadas no

PSM, será feito com base no percentual de oferta do principal concorrente em faixas

superiores e inferiores. Para categorias de produtos nas quais P3, P4 e P5 predominem no

sortimento do ConcorrenteX , o foco do sortimento será dado ao P3, como forma segura de

dar maior rentabilidade ao portfólio quando o foco do mercado está em faixas de preço mais

altas. Já quando o predomínio for de P1 e P2, o sortimento focará em P2, buscando também

otimizar rentabilidade nas faixas de preço inferiores, pautado no fato de que a MóveisCo foi

apontada nas pesquisas como diferenciada pelo design e estilo de seus produtos, o que indica

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que o seu sortimento não deve focar em faixas de preço muito baixas, já que pode perder

valor percebido por isso.

Os resultados dessa abordagem são apontados na Figura 4-10. A categoria “Cadeiras” foi

usada para definir a separação entre categorias focadas em P2 e as focadas em P3, já que esta

era uma das categorias pesquisadas a qual claramente focava em P2.

Figura 4-10 – Percentual de P3, P4 e P5 sobre o total do sortimento da ConcorrenteX por categoria

Fonte: Elaboração própria, com base na pesquisa de preços em lojas da ConcorrenteX

Por fim, com base nas pesquisas feitas junto ao consumidor, sabe-se que o sortimento da

MóveisCo tem características mais premium quando comparado ao principal concorrente. Os

argumentos para essa inferência são dados no item 4.3.2 e dizem respeito à idade e classe

social da maior parte dos clientes, à escolha da loja por design e estilo e à maior fidelidade

dos consumidores à marca, todos resultados da pesquisa de saída de loja. Apesar disso, a

pesquisa Van Westendorp indica, em geral, preços ótimos na faixa intermediária, com

algumas categorias focadas em preços mais baixos.

Dessa forma, foram definidos dois perfis, que são explicados na Figura 4-11. O perfil A é o

preponderante, enquanto o perfil B é adotado apenas para as categorias caracterizadas como

“Foco em P2” na Figura 4-10. No primeiro caso, de 40 a 50% dos produtos devem ficar na

faixa P3, sendo que as faixas adjacentes a ela recebem 15 a 25% do sortimento e as extremas,

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5 a 15%. Já no segundo perfil, 40 a 50% dos produtos ficam na faixa P2, 15 a 25% nas

adjacentes, reduzindo conforme o aumento dos preços, com 5 a 15% dos produtos na P4 e 0 a

5% na P5. Ou seja, nas categorias que entram no Perfil B, o sortimento será, em geral, mais

barato, podendo, inclusive, não ter produtos na faixa P5.

Figura 4-11 – Intervalos percentuais para distribuição dos produtos, por perfil de preço

Fonte: Elaboração própria

4.5 Aplicação da estratégia para agrupamentos do portfólio

Nesta seção, a metodologia definida, com os intervalos percentuais demonstrados

anteriormente é aplicada a cada uma das categorias. Será demonstrada a aplicação detalhada

para os grupos de Cadeira Office e Mesa de 6 lugares11

, as quais são duas categorias

representativas em termos de margem e que são os quase extremos de cada um dos dois

perfis.

Inicialmente, para a categoria “Cadeira Office”, demonstra-se na Tabela 4-13, o sortimento

atual da MóveisCo e os percentuais atuais por faixa de preço, bem como o mínimo e o

11 Inclui parte do sortimento de bases, tampos e cavaletes

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máximo de produtos permitidos por faixa de preço com base nos intervalos expressos na

Figura 4-11 e os movimentos que devem ser realizados.

Tabela 4-13 – Sortimento atual comparado com limites propostos e movimentos a serem feitos para

Cadeiras Office

P1 P2 P3 P4 P5 Total

Sortimento atual (qtde.

de produtos) 2 29 9 1 8 49

% do sortimento total

atual 4% 59% 18% 2% 16% 100%

Intervalo percentual

proposto 15-25% 40-50% 15-25% 5-15% 0-5%

Sortimento mínimo

proposto 8 20 8 3 0

Sortimento máximo

proposto 12 24 12 7 2

Movimento Aumentar Diminuir Manter Aumentar Diminuir

A seguir, a Figura 4-12, ilustra os movimentos a serem feitos no sortimento de Cadeiras

Office.

Figura 4-12 – Sortimento atual e movimentos propostos no sortimento de Cadeiras Office

Fonte: Elaboração própria

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94

Como foi explicado no item 3.4, não há a possibilidade de aumento ou redução do sortimento

total da categoria, uma vez que a área da loja por categoria é fixa.

Mantendo-se essa restrição e seguindo o modelo de otimização descrito anteriormente no item

3.4, foi possível obter o sortimento de Cadeiras Office por faixa de preços e as margens

calculadas, tal qual é descrito na Tabela 4-14.

Tabela 4-14 – Comparação dos sortimentos atuais e propostos de Cadeira Office

P1 P2 P3 P4 P5 Total

Sortimento atual (qtde. de produtos) 2 29 9 1 8 49

% do sortimento total atual 4% 59% 18% 2% 16% 100%

Margem total do sortimento atual (R$

milhões) 0,7 24,1 8,3 0,8 4,2 38,1

Sortimento proposto (qtde de produtos) 8 24 9 6 2 49

% do sortimento total proposto 16,3% 49,0% 18,4% 12,2% 4,1% 100%

Margem total do sortimento proposto

(R$ milhões) 3,2 23,5 8,3 3,8 2,2 41,0

Variação da margem (%) 376% -3% 0% 401% -47% 8%

A seguir será demonstrada a mesma aplicação da metodologia para o agrupamento de Mesas

de 6 lugares, representante do Perfil A de preços, com foco na faixa P3.

Em um primeiro momento, é feita a análise de sortimento mínimo e máximo, com base nos

intervalos percentuais definidos para o Perfil A de preços, tal qual é demonstrado na Tabela

4-15.

Tabela 4-15 - Sortimento atual comparado com limites propostos e movimentos a serem feitos para

Mesas de 6 lugares

P1 P2 P3 P4 P5 Total

Sortimento atual (qtde. de

produtos) 1 7 16 14 1 39

% do sortimento total atual 2,6% 17,9% 41,0% 35,9% 2,6% 100%

Intervalo percentual proposto 5-15% 15-25% 40-50% 15-25% 5-15%

Sortimento mínimo proposto 2 6 16 6 2

Sortimento máximo proposto 5 9 19 9 5

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95

Movimento Aumentar Manter Manter Diminuir Aumentar

Com isso, é possível verificar os movimentos a serem realizados na Figura 4-13.

Figura 4-13 – Sortimento atual e movimentos propostos no sortimento de Mesas de 6 lugares

Fonte: Elaboração própria

Por fim, seguindo o modelo de otimização proposto no item 3.4, de forma análoga ao que foi

feito com Cadeiras Office, foi obtido o sortimento ótimo em termos de margem, indicado na

Tabela 4-16.

Tabela 4-16 – Comparação dos sortimentos atuais e propostos de Mesas de 6 lugares

P1 P2 P3 P4 P5 Total

Sortimento atual (qtde. de produtos) 1 7 16 14 1 39

% do sortimento total atual 2,6% 17,9% 41,0% 35,9% 2,6% 100%

Margem total do sortimento atual (R$

mil) 422 327 1.158 784 5 2.696

Sortimento proposto (qtde de

produtos) 5 7 16 7 4 39

% do sortimento total proposto 12,8% 17,9% 41,0% 17,9% 10,3% 100%

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96

Margem total do sortimento proposto

(R$ mil) 569 327 1.158 681 23 2.758

Variação da margem (%) 35% 0% 0% -13% 359% 2%

Tal procedimento foi seguido para as demais categorias de produtos, chegando aos resultados

demonstrados no Apêndice F, com as respectivas variações de margem por categoria.

4.6 Cálculo do aumento esperado da margem bruta da MóveisCo

Considerando as modificações realizadas nas faixas de preço de cada categoria do portfólio,

descritas no item 4.5, é possível calcular ganhos na margem final da MóveisCo. São somadas

as margens adquiridas em cada categoria e ao fim, é dado o percentual de ganho sobre a

margem inicial.

Por questões de sigilo, os dados de margem por categoria não serão apresentados neste

relatório. Contudo, a Tabela 4-17 apresenta os ganhos percentuais em margem estimados caso

a MóveisCo venha a aplicar a estratégia de precificação aqui explicitada.

Tabela 4-17 – Ganhos estimados em percentual da margem bruta da MóveisCo

% Inicial da margem das

categorias analisadas

Aumento estimado de margem com nova

estratégia de precificação

Móveis 88,3% 6,5%

Acessórios 11,7% 10,0%

Total 100% 6,9%

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97

5 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo tinha como objetivo inicial aplicar metodologias de análise de portfólio,

definindo assim uma estratégia de precificação adequada para a MóveisCo, baseada no

valor para o consumidor (vide item 1.3). Certamente, o objetivo foi atingido, movendo a

empresa de uma estrutura míope de desenvolvimento de preços, baseada principalmente em

custos, para uma estratégia de precificação baseada em valor para o consumidor, considerada

mais adequada para a literatura, não apenas para o perfil da empresa em questão

(INGENBLEEK e DER LANS, 2013), mas também vista como fonte de ganhos para

empresas de maneira geral (KOTLER e ARMSTRONG, 2007, LIOZU e HINTERHUBER,

2013, NAGLE, HOGAN e ZALE, 2011).

Dessa forma, o foco das considerações finais não deve ser exatamente se o objetivo foi ou não

atingido, mas sim se o trabalho como um todo é relevante para o contexto da MóveisCo e se

seria possível extrapolar essa estratégia para outras empresas, tornando esse tipo de estratégia

uma prática comum no mercado.

A eficácia do projeto no contexto da empresa estudada poderá ser medida a partir dos ganhos

de rentabilidade que venham a ser obtidos a partir da implementação do projeto em questão.

Tais ganhos puderam ser estimados, como é visto na Tabela 4-17, mas ainda há necessidade

de medi-los na realidade, o que envolveria um projeto com maior tempo dedicado a isso.

Obviamente, as medições devem ser feitas evitando o contato com demais fatores de mercado

que pudessem levar a modificações profundas na margem agregada da MóveisCo e para isso,

a definição de uma nova metodologia seria necessária, preferencialmente usando dados

objetivos e não perguntas subjetivas, como é feito em outros estudos da literatura.

Apesar de ser difícil garantir que os ganhos estimados tenham efetivamente ocorrido para a

empresa, certamente o estudo tem uma relevância bastante grande para o mercado como um

todo.

É reconhecido pela literatura que os preços são um elemento crucial do mix de marketing,

pois se trata do único elemento que pode efetivamente gerar receitas. Contudo, como foi

trabalhado no item 2.2 deste relatório, os gerentes e administradores ainda encontram muitas

dificuldades para lidar com a precificação de seus produtos. Na prática, é visto que, muitas

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98

vezes, gerentes e administradores recorrem à modalidade do mark-up sobre custos por conta

da dificuldade em elaborar uma estratégia que considere, efetivamente, o valor visto pelo

consumidor em seus produtos.

Somado a isso, a literatura apresenta diversos estudos que comprovam essa modalidade de

precificação como a mais adequada, mas pouco é dito sobre estratégias de como,

efetivamente, colocar em prática a precificação focada em valor. Certamente, essa modalidade

envolve mais custos do que a prática comum realizada pelas empresas atualmente, porém foi

comprado por Liozu e Hinterhuber (2013) que tais custos devem ser compensados pelas

margens adicionais geradas.

Dessa maneira, o presente trabalho pode auxiliar empresas a visualizarem qual o caminho

prático a percorrer para transformar sua estratégia de precificação, focando-a no valor para o

consumidor.

Entretanto, há limitações de tipos de empresa e mercados em que a metodologia apresentada

aqui pode ser considerada válida. Certamente, há pouca utilidade desta metodologia para

empresas que se encontram em mercados ainda pouco maduros, com número limitado de

players, os quais podem não estar bem definidos. Ademais, empresas que focam em bens de

capital, e não bens de consumo, também poderiam obter maior dificuldade para se adequar à

metodologia aqui apresentada. Nesses dois mercados, provavelmente haveria maior

dificuldade para a identificação de faixas de preço, seja pelo número limitado de

competidores ou pela pouca variedade de produtos existentes no mercado.

Outras limitações ocorrem por tipo de empresa. Por exemplo, companhias que focam em

mercados mais premium ou mais populares, com estratégias genéricas de diferenciação por

custos, poderiam encontrar dificuldades em definir perfis de preços que se adequassem às

suas respectivas estratégias.

Apesar dessas e outras limitações que o estudo pode ter, ele certamente possui grande

utilidade para mercados de bens de consumo e varejo bem desenvolvidos, como vestuário,

alimentos, calçados, etc. Nestes ramos, a existência de concorrentes definidos e variedade de

opções para o consumidor permitem o desenho dos perfis de preços e, com pesquisas feitas

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99

com clientes, certamente pode-se determinar o willingness to pay dos consumidores sem

dificuldades.

Por fim, é possível concluir que, ainda que haja necessidade de estudos futuros para

comprovação dos efeitos desse projeto na MóveisCo, ele certamente tem efeitos positivos por

aproximar a empresa à precificação focada em valor, modalidade mais recomendada pela

literatura. Aplicações desta metodologia em outros ramos do varejo podem ser adequadas e

interessantes e devem gerar ganhos a outras empresas que, assim como ocorre com a

MóveisCo, apresentam dificuldades em converter as recomendações da literatura de uma

estratégia de preços voltada ao valor para a prática.

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100

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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101

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103

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO DOS GRUPOS DE FOCO

1 Recrutamento Preparação

Critérios:

Indivíduos que tenham gasto pelo menos R$1.500 em móveis

para sala de estar, sala de jantar e quarto nos últimos 6 meses;

Indivíduos que se considerem os tomadores de decisão na

compra de móveis ou decoração;

Que tenham visitado a MóveisCo durante o processo de

pesquisa.

Perguntas:

Você comprou móveis nos últimos 6 meses? Quanto você

gastou?

Quem decidiu quais móveis ou itens de decoração comprar?

Quais foram as lojas de móveis e decoração que você visitou?

2 Composição dos grupos e tópicos a serem discutidos Preparação

Classes A / B

Grupos de 8 pessoas

5 grupos mistos (2-3 homens e 5-6 mulheres)

Tópicos:

Faixa Etária

Praças 20-34 35-44 45-59

São Paulo 1 1 1

Porto Alegre 1 1

Recife 1 1

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104

3 Prefácio/ Introdução/Warm Up 10 min

Apresentar a Empresa de pesquisa e a Moderadora

Explicar confidencialidade

Nenhuma resposta é certa ou errada

Incentivar participação de todos

Atenção e silêncio enquanto o outro fala.

Apresentação do entrevistado:

o Nome, estado civil, profissão, número de filhos e idade.

o Com quem você mora?

o Descreva como é a sua casa (explorar o ambiente

estético).

4 Engajamento com a categoria de móveis 30 min

Introdução: Inicialmente gostaria de entender como é o hábito

de compra de móveis de cada um de vocês.

Fase I

Quem aqui recentemente comprou móveis? O que comprou?

E quando comprou?

Quero que vocês pensem nesta compra para responder as

perguntas que seguem.

Como começou essa compra? O que te motivou a comprar?

(Explorar o fato gerador).

E o que você fez a partir do momento que sentiu a

necessidade de comprar?

Você chegou a se informar? Contou com a ajuda de alguém,

pesquisou por conta própria? Onde? (Explorar revistas,

indicações, uso de arquiteto, blogs, etc).

Ou ainda você visitou locais para se inspirar, mesmo sem

saber ainda o que iria comprar? Que locais você visitou?

(Aqui pode ser casa dos outros, restaurantes, bares, hotéis,

amostras ou eventos de decoração, lojas ou ruas).

Qual é a impressão que você tem das lojas quando encontram

Objetivo:

Entender o

comportamento de

compra de móveis

(ocasião de

compra,

motivação,

influenciadores,

atributos de

escolha, atributos

de loja).

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105

ambientes prontos versus aquelas lojas que expõe os produtos

separados? (Explorar o que é positivo e o que é negativo nas

duas formas de exposição – Escrever no flipchart).

A partir do momento que você já tem uma ideia mais clara do

que vai comprar, o que você faz? (Explorar pesquisa virtual e

física).

Pensando em um ambiente específico que você mobiliou,

você mudou todo o ambiente de uma vez ou comprou os

móveis aos poucos? (Explorar razões. Por exemplo, gosta de

fazer combinação própria, não tem condição de comprar tudo

de uma vez).

Você comprou todos os móveis na mesma loja? Ou fez a

compra em lojas separadas? Por quê?

E na hora de “bater o martelo” da compra, você consultou

alguém ou decidiu sozinho? Como fez quando aquele móvel

maravilhoso não coube no orçamento?

Fase II

Quais lojas/locais oferecem boas opções de móveis para sua

casa? (A moderadora deverá anotar em cartões todos os

nomes que surgirem).

Agora vamos nos dividir em dois grupos de trabalho. Cada grupo

terá a tarefa de agrupar as lojas mencionadas a partir de

características similares. Vocês poderão criar o número de

subgrupos necessários para definir e diferenciar este grupo de

lojas. Em seguida, deverão esclarecer qual é a característica

central que une cada subgrupo.

Como você agruparia essas lojas? Quem é parecida com

quem? Como descreveria cada grupo? (Entender repertório

de marcas, que marcas as pessoas consideram como similares

entre si e o que caracteriza cada grupo)

Qual desses grupos aqui é o seu favorito? O que faz ser o seu

favorito?

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106

5 Acessórios e Decoração 20 min

Vamos conversar agora sobre decoração e acessórios para o lar

em geral (ex. acessórios de mesa, pratos/copos, acessórios de

cozinha, tapetes, luminárias, lençol/toalha, objetos de decoração,

etc.).

Fase I

Quem comprou acessórios ou decoração nos últimos meses?

O que te motiva a comprar objetos de decoração? (Explorar

motivadores. Por exemplo, deixar o ambiente mais agradável,

combinar com o estilo de decoração, impressionar as visitas,

etc.).

E o que você fez a partir do momento que sentiu a

necessidade de comprar?

Você chegou a se informar? Contou com a ajuda de alguém,

pesquisou por conta própria? Onde? (Explorar revistas,

indicações, uso de arquiteto, blogs, etc).

Ou ainda você visitou locais para se inspirar, mesmo sem

saber ainda o que iria comprar? Que locais você visitou?

(Aqui pode ser casa dos outros, restaurantes, bares, hotéis,

amostras ou eventos de decoração, lojas ou ruas).

Você pesquisa antes de comprar? Você diria que os critérios

de escolha aqui são parecidos com móveis ou não? O que é

diferente?

Com que frequência você compra acessórios e decoração

para o lar? Quais categorias você compra com mais ou menos

frequência?

Você costuma trocar a decoração e acessórios junto com os

móveis ou em momentos distintos? (Investigar se a ocasião

de compra de móveis e acessórios é a mesma ou não –

esclarecer se é porque não há dinheiro suficiente ou porque

as pessoas tratam como necessidades distintas?).

Você costuma comprar os acessórios e itens de decoração na

mesma loja dos móveis? Caso sim ou não, porquê?

Fase II

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107

Quais lojas vêm à cabeça quando a gente fala de acessórios

para casa e decoração? (A moderadora deverá anotar em

cartões todos os nomes que surgirem).

Novamente vamos nos dividir em dois grupos de trabalho. Cada

grupo terá a tarefa de agrupar as lojas mencionadas a partir de

características similares. Vocês poderão criar o número de

subgrupos necessários para definir e diferenciar este grupo de

lojas. Em seguida, deverá esclarecer qual é a característica

central que une cada subgrupo.

Como você agruparia essas lojas? Quem é parecida com

quem? Como descreveria cada grupo? (Entender repertório

de marcas, que marcas as pessoas consideram como similares

entre si e o que caracteriza cada grupo)

Qual desses grupos aqui é o seu favorito? O que faz ser o seu

favorito?

6 Percepção da marca MóveisCo 30 min

Agora eu gostaria de conversar um pouco mais com vocês sobre

essas duas marcas aqui (colar o logotipo da MóveisCo de um

lado e da ConcorrenteX do outro).

Quem conhece essa marca? Como conheceram a marca?

(Explorar os pontos de contato de cada marca).

Que associações vêm a sua cabeça quando olha para cada

uma dessas marcas?

Como vocês descreveriam cada uma das marcas? Que

mensagem a [marca] transmite a você? (Capturar de forma

lúdica os atributos da marca na cabeça das pessoas).

Se cada uma dessas marcas/lojas fosse uma celebridade,

quem seria? Que características essa celebridade tem que faz

lembrar cada uma dessas marcas/lojas?

Quem de vocês já comprou alguma vez na [loja]? Quem

visita com frequência a [loja]? (Mapear os mais leais versus

menos leais à marca dentro grupo – dar espaço para ambos os

pontos de vista nas próximas perguntas).

Quais as impressões de vocês sobre os produtos da [marca]

(qualidade, durabilidade, design, preço)? E sobre a loja da

[marca] (arrojada, conservadora, organizada, bagunçada,

barata, cara)?

Objetivo:

Avaliar percepção

da marca e

comparação com

concorrentes

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108

O que você gosta e o que não gosta em cada uma dessas

lojas? (Explorar o que as pessoas gostam e não gostam –

força e fragilidade e anotar no flipchart).

Em que aspectos essas lojas se parecem e no que se

diferenciam? (Explorar percepção de

qualidade/preço/tamanho).

Para que tipos de pessoa você recomendaria a MóveisCo? E a

ConcorrenteX?

Para que tipos de pessoa você não recomendaria a

MóveisCo? E a ConcorrenteX?

7 Encerramento -

Agradeça e reforce a confidencialidade.

Encerre!

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109

APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO DA PESQUISA DE SAÍDA DE LOJA

Seção 1 - Introdução

Bom dia/ boa tarde, meu nome é [Nome da entrevistadora], trabalho a serviço da [Nome da

empresa de pesquisa] e estamos realizando uma pesquisa sobre móveis e decoração.

As respostas são anônimas. Podemos contar com a sua colaboração?

P.1)

Nome do entrevistado(a):_______________________________________________

Telefone do entrevistado(a):_____________________________________________

Seção 2 – Visita do dia

P.2) [Marcar a loja e a localização da entrevista]

Cidade Loja Localização

São Paulo MóveisCo A

São Paulo MóveisCo B

São Paulo ConcorrenteX C

São Paulo ConcorrenteX D

Porto Alegre MóveisCo NA

Belo Horizonte MóveisCo NA

Belo Horizonte ConcorrenteX NA

Fortaleza MóveisCo NA

Fortaleza ConcorrenteX NA

Rio de Janeiro MóveisCo E

Rio de Janeiro ConcorrenteX F

P.3) Você veio aqui com algo em mente para procurar?

Resposta Código Comando Sim 1 Continuar para P.4 Não 2 Pular para P.5

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110

P.4) O que você veio procurar?

[Marcar em tabela que contém todas as opções de compra]

P.5) [Perguntar de acordo com a resposta da P.3]

Resposta

da P.3

Código da P.3 Pergunta P.5

Sim 1 P.5.1 - Quais outros itens você olhou com mais atenção dentro

da loja? (RM, espontânea)

Não 2 P.5.2 - Que itens você olhou com mais atenção dentro da loja?

(RM, espontânea)

[Marcar em tabela que contém todas as opções de compra]

P.6) Você comprou alguma coisa?

Resposta P.6 Código Comando

Sim 1 Continue para a P.7

Não 2 Pule para a P.11

P.7) O que você comprou?

[Marcar em tabela que contém todas as opções de compra]

P.8) Quantas unidades você comprou?

P.9) Qual o preço unitário de cada item?

P.10) Posso tirar uma foto do ticket?

Resposta P.10 Código Comando

Sim 1 Abrir a câmera

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111

Não 2 Ir para a P.11

[Aplicar a P.11 para itens preenchidos em P.4 ou em P.5 e que não foram preenchidos em P.7;

aplicar para código 2 em P.6]

P.11) Porque você não comprou os itens?

[Mostrar itens preenchidos em P.4 e P.5 que não foram preenchidos em P.7]

Grupo resposta Exemplos de frases Código

Preço “Achei caro” 1

Condição financeira “Não ia conseguir pagar todos os itens” 2

Crédito “Não consegui parcelar em um número de vezes

adequado”

3

Ambientação “Não gostei da forma como os produtos estavam

expostos”

4

Diversidade de produtos “Não tinha o produto que eu queria” 5

Qualidade dos produtos “Achei o produto de má qualidade” 6

Design e Estilo “Não encontrei um produto com o design que eu

procuro”

7

Pronta entrega “Não ia conseguir sair com o produto da loja agora”

“Precisava do produto imediatamente”

8

Pesquisa “Estava só dando uma olhada”

“Estava só pesquisando”

9

Outros-

especificar:_______

10

[Se código 2 em P.6, agradeça e encerre o questionário]

P.12) Dos itens que você comprou/veio procurar/olhou com mais atenção na loja, quais você

também pesquisou em outros lugares?

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112

[Mostrar a tabela dos produtos apenas com os itens preenchidos na P.4, P.5 e P.7]

P.13) Onde você pesquisou?

[Aguardar o nome da loja e perguntar – na loja física ou internet?]

P.14) Qual foi a principal razão para você escolher esta loja para comprar?

Tabela 3 – Razão de escolha da loja

Grupo resposta Exemplos de frases Código

Preço

“Tinha o melhor preço”

“Os produtos eram baratos”

“Consegui um desconto bom”

1

Crédito

“Meu crédito foi liberado mais facilmente”

“Consegui parcelar a compra em mais vezes”

“Consegui parcelar a compra sem juros”

2

Ambientação da loja “Essa loja tem ambientes que me inspiram”

“A arrumação da loja ajuda a minha escolha”

3

Aparência da loja “Gostei da aparência da loja”

“Me sinto bem na loja”

4

Diversidade de produtos

“Tinha o produto que eu queria disponível”

“Tinha maior variedade de produtos”

“Tinha muitas opções de móveis e acessórios”

5

Qualidade dos produtos “Os produtos são muito bons”

“Os produtos têm maior durabilidade”

6

Design e Estilo “A loja tem o meu estilo”

“Tem produtos com o design que eu procuro”

7

Experiência boa na loja

“Tive uma experiência boa outra vez”

“A loja me trata como um cliente especial”

“O atendimento é bom”

“Os vendedores são simpáticos/prestativos/rápidos”

8

Experiência ruim em outras

lojas

“Tive uma experiência ruim em outras lojas” 9

Entrega melhor “A entrega é melhor”

“A montagem é rápida/boa”

10

Pronta entrega

“A entrega é mais rápida”

“Eu consigo sair com o produto da loja”

“Quero ter o produto rápido”

11

Anúncio de mídia “Vi um anúncio de oferta na TV / Rádio / Jornal de

ofertas / Revista/ jornal”

12

Recomendação de “Um amigo/familiar me recomendou” 13

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113

amigos/familiares

Recomendação profissional “O arquiteto me recomendou” 14

Localização

“Fica perto da minha casa”

“Fica perto do meu trabalho”

“Está no meu caminho”

15

Outros-

especificar:________

16

P.15) Com base neste cartão, gostaria de saber quais outras razões fizeram você escolher esta

loja?

Tabela 4/ Cartão A

Razão Código

Preço 1

Crédito 2

Ambientação da loja 3

Aparência da loja 4

Diversidade de produtos 5

Qualidade dos produtos 6

Design e Estilo 7

Experiência boa na loja 8

Experiência ruim em outras lojas 9

Entrega melhor 10

Pronta entrega 11

Anúncio de mídia 12

Recomendação de amigos/familiares 13

Recomendação profissional (arquitetos,

decoradores, etc) 14

Localização 15

Nenhuma 16

Seção 3 – Compras anteriores

P.16) [Se categoria de algum item preenchido em P.7 = móveis, aplicar P.16.1, caso contrário

aplicar P.16.2]

P.16.1 Você comprou móveis em outras lojas além dessa nos últimos 12 meses?

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114

P.16.2 Você comprou móveis nos últimos 12 meses?

Resposta P.16 Código Comando

Sim 1 Continuar para a P.17

Não 2 Pular para a P.19

P.17) [Se categoria de algum item preenchido em P.7 = móveis, aplicar P.17.1, caso contrário

aplicar P.17.2]

P.17.1 Em quais outras lojas você comprou MÓVEIS nos últimos 12 meses?

P.17.2 Em quais lojas você comprou MÓVEIS nos últimos 12 meses?

[Aguardar o nome da loja e perguntar – na loja física ou internet?]

[Marcar em tabela com nomes de lojas mais conhecidas]

P.18) Em qual loja você comprou mais MÓVEIS nos últimos 12 meses?

[Marcar em tabela com nomes de lojas mais conhecidas, somente com lojas a P.17

destacadas]

P.19) [Se categoria de algum item preenchido em P.7 = acessórios, aplicar P.19.1, caso

contrário aplicar P.19.2]

P.19.1

P.19.1

Você comprou acessórios/artigos de decoração em outras lojas além dessa nos

últimos 12 meses?

P.19.2 Você comprou acessórios/artigos de decoração nos últimos 12 meses?

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115

Resposta da P.19 Código Comando

Sim 1 Ir para a P.20

Não 2 Pular para a P.22

P.20) [Se categoria de algum item preenchido em P.7 = acessórios, aplicar P.20.1, caso

contrário aplicar P.20.2]

P.20.1

P.20.1

Em quais outras lojas você comprou ACESSÓRIOS/ARTIGOS DE DECORAÇÃO

nos últimos 12 meses?

P.20.2 Em quais lojas você comprou ACESSÓRIOS/ARTIGOS DE DECORAÇÃO nos

últimos 12 meses?

[Aguardar o nome da loja e perguntar – na loja física ou internet?]

[Marcar em tabela com nomes de lojas mais conhecidas]

P.21) Em qual loja você comprou mais ACESSÓRIOS/ARTIGOS DE DECORAÇÃO nos

últimos 12 meses?

[Marcar em tabela com nomes de lojas mais conhecidas, apenas com as preenchidas na P.20]

Seção 4 – Percepção das marcas

[Usar os campos “Marca 1” e “Marca 2” de acordo com o critério abaixo]

Marca 1 Loja em que cliente está sendo entrevistado

Marca 2 ConcorrenteX nas lojas da MóveisCo e vice-versa

A partir de agora, gostaria que você me comparasse a “Marca 1” com a “Marca 2”

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116

P.22) Você descreveria a “Marca 1” como local, nacional ou multinacional/internacional? E a

“Marca 2”?

“Marca 1” “Marca 2” Local 1 1

Nacional 2 2

Multinacional/

Internacional 3

3

Não sei 4 4

Não conhece a marca 5

P.23) Quais as 3 primeiras palavras vêm a sua cabeça quando você pensa na “Marca 1”? E

quando você pensa na “Marca 2”? (Resposta Aberta)

P.24) Em uma escala de 1 a 5, sendo 1 – baixa qualidade e 5 – alta qualidade, qual a sua

impressão sobre a qualidade dos produtos da “Marca 1”? E da “Marca 2”?

P.25) Em uma escala de 1 a 5, sendo 1 – preços muito baratos e 5 – preços muito caros, qual a

sua impressão sobre os preços dos produtos da “Marca 1”? E da “Marca 2”?

Seção 3 - Perfil

Vamos falar sobre seu perfil

P.26) Com qual destes estilos você mais se identifica:

[Mostrar cartões com fotos dos estilos de produto]

P.27) Para finalizar, vou fazer algumas perguntas, lembrando que as respostas são anônimas.

R1) Anotar o sexo do(a) entrevistado:

.Masculino .................................1

.Feminino ...................................2

R4) Quantos filhos você tem?

. Um .......................................1

. Dois ......................................2

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117

R2) Qual a sua idade? Especifique |___|___| anos

R3) Qual é o seu estado civil?

.Solteiro (a) ..................................1

.Casado(as)/Mora junto ...............2

.Separado(a)/divorciado(a) .........3

.Viúvo(a) .......................................4

. Três ......................................3

. Quatro ...................................4

. Cinco .....................................5

. Mais de 5 ...............................6

. Não tem filhos .......................7

R5) Além de você, quem mais mora em sua

residência?

(RU)

.Moro Sozinho ......................................................1

.Moro apenas com meus irmãos ............................2

.Moro apenas com amigos .....................................3

.Moro apenas c/ meu marido/esposa/namorado ...4

.Moro com meu marido/esposa e filhos ................5

.Moro com meus pais e/ou pais e irmãos ..............6

.Moro apenas com filhos .......................................7

.Outro – Especifique________________________

R.6) Quantos quartos você possui em

sua casa/residência principal?

. Um .......................................1

. Dois ......................................2

. Três ......................................3

. Quatro ...................................4

. Mais de 4................................6

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118

R.7) Com base nesse cartão, poderia me

informar a sua renda familiar mensal,

lembrando que as respostas são totalmente

anônimas? (RU )

[Mostrar cartão com as faixas para a pessoa

selecionar]

Mais de R$ 28.177.......................................1

R$11.020 a R$ 28.177.................................2

R$ 7.092 a R$ 11.020..................................3

R$ 3.337 a R$ 7.092....................................4

R$ 1.994 a R$ 3.337....................................5

R$ 1.259 a R$ 1.994....................................6

R$ 657 a R$ 1.259.......................................7

Menos de R$ 657.........................................8

Recusa..........................................................9

R.8) Apenas para critério de classificação,

por favor, indique a quantidade de itens

possuídos (0, 1, 2, 3, 4 ou mais)

TV em cores:______________

Rádio:______________

Automóvel:______________

Empregada mensalista:______________

Máquina lavar roupa:______________

Banheiro:______________

Videocassete/ DVD:______________

Geladeira sem freezer:______________

Geladeira duplex ou freezer:_____________

R.9) Qual é a grau de instrução do chefe de família de sua residência?

Analfabeto/ Até 3ª série (Primário Incompleto).................................................................... 0

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119

[Agradeça e encerre]

4ª série Fundamental (Primário Completo/ Ginásio Incompleto)...........................................1

Fundamental Completo (Ginásio Completo/ Colegial Incompleto).......................................2

Médio Completo (Colegial Completo/ Superior Incompleto).................................................4

Superior Completo ................................................................................................................. 8

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120

APÊNDICE C - QUESTIONÁRIO DA PESQUISA ONLINE

Seção 1 - Introdução

Obrigado pela sua participação.

Esta pesquisa tem duração estimada de 10 min

Vamos começar?

Clique abaixo para responder à pesquisa

Seção 2 – Estilo preferido

1) Selecione abaixo os móveis que você possui em sua casa:

□ Sofá de 2 lugares

□ Sofá de 3 lugares

□ Sofá de 4 lugares

□ Sofá-cama de 2 lugares

□ Sofá-cama de 3 lugares

□ Cadeira

□ Cadeira de escritório

□ Rack

□ Mesa de centro

□ Mesa lateral

□ Mesa de computador

□ Mesa de bar

□ Mesa de jantar 4

lugares

□ Mesa de jantar 6

lugares

□ Mesa de jantar 8

lugares

□ Poltrona

□ Estante

□ Pufe

□ Escrivaninha

□ Aparador

□ Painel para TV

□ Banco

□ Buffet

□ Cristaleira

2) Qual dos estilos abaixo melhor reflete a sua sala de estar?

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121

[Fotos de salas de estar com diferentes estilos]

Seção 3 – Critério de escolha

A partir de agora, gostaria que você pensasse na sua última compra de [Nome da categoria

pesquisada]

3) A última vez que você comprou [Nome da categoria pesquisada] foi:

□ Nos últimos 6 meses

□ Entre 6 meses e 1 ano

atrás

□ Entre 1 ano e 2 anos

atrás

□ Entre 2 anos e 5 anos

atrás

□ Mais de 5 anos atrás

□ Nunca comprei

4) Para esta compra, quais os três fatores que você mais levou em consideração, sendo 1

o mais importante e 3 o menos importante?

a. Preço

b. Crédito

c. Aparência da loja

d. Diversidade de produtos

e. Qualidade dos produtos

f. Design e estilo

g. Entrega

h. Atendimento

i. Recomendação de

amigos/familiares

j. Recomendação profissional

k. Localização

l. Outros-especificar:______

5) Em quantas lojas diferentes você pesquisou antes de comprar?

a. Apenas 1

b. 2

c. 3

d. 4

e. 5

f. 6

g. 7 ou mais

6) Em quais lojas/locais você pesquisou?

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122

[Resposta aberta]

Seção 4 – Van Westendorp

7) A partir de agora, imagine que você irá comprar um [Nome da categoria pesquisada]

desse estilo.

[Mostrar foto do estilo que pessoa selecionou no início]

8) A que preço você consideraria o [Nome da categoria pesquisada] um bom

custo/benefício? (Informe o valor cheio, sem vírgula nem pontos)

R1: ____________________

9) A que preço você consideraria o [Nome da categoria pesquisada] caro, mas compraria

assim mesmo? (Informe o valor cheio, sem vírgula nem pontos)

R2: ____________________

10) A que preço você consideraria o [Nome da categoria pesquisada] tão caro que se

recusaria a pagar? (Informe o valor cheio, sem vírgula nem pontos)

R3: ____________________

11) A que preço você consideraria o [Nome da categoria pesquisada] tão barato que

desconfiaria da qualidade? (Informe o valor cheio, sem vírgula nem pontos)

R4: ____________________

Seção 5 - Fechamento

Muito obrigado pela sua participação!

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123

APÊNDICES D – GRÁFICOS DA PESQUISA VAN WESTENDORP

Legenda para todos os gráficos:

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124

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125

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126

APÊNDICE E - TABELA DE FAIXAS DE PREÇO PARA TODAS AS CATEGORIAS

Categoria Móvel ou

acessório P1 P2 P3 P4 P5

Banco Alto Móvel

Preço mínimo

(R$) -- 200 300 500 700

% lojas de

departamento 36% 45% 13% 4% 2%

% lojas Premium 0% 0% 10% 30% 60%

% MóveisCo 14% 41% 27% 18% 0%

Cadeira Móvel

Preço mínimo

(R$) -- 200 400 600 800

% lojas de

departamento 46% 27% 18% 7% 2%

% lojas Premium 0% 0% 28% 20% 52%

% MóveisCo 24% 28% 28% 17% 3%

Cadeira

Office Móvel

Preço mínimo

(R$) -- 300 800 1.200 1.500

% lojas de

departamento 30% 51% 7% 1% 11%

% lojas Premium 0% 12% 15% 27% 46%

% MóveisCo 4% 59% 18% 2% 16%

Escrivaninha Móvel

Preço mínimo

(R$) -- 200 400 800 1.200

% lojas de

departamento 29% 48% 19% 2% 2%

% lojas Premium 0% 0% 17% 33% 50%

% MóveisCo 5% 5% 50% 36% 5%

Estante

Grande Móvel

Preço mínimo

(R$) -- 400 600 1.300 2.000

% lojas de

departamento 32% 41% 22% 2% 2%

% lojas Premium 0% 13% 0% 38% 50%

% MóveisCo 0% 18% 32% 18% 32%

Estante

Média Móvel

Preço mínimo

(R$) -- 300 500 1.000 1.500

% lojas de

departamento 39% 55% 5% 0% 0%

% lojas Premium 14% 0% 21% 14% 50%

% MóveisCo 25% 45% 24% 4% 2%

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127

Gaveteiro Móvel

Preço mínimo

(R$) -- 250 400 550 700

% lojas de

departamento 33% 57% 3% 7% 0%

% lojas Premium 0% 0% 10% 30% 60%

% MóveisCo 0% 0% 20% 30% 30%

Mesa – 6

lugares Móvel

Preço mínimo

(R$) -- 800 1.000 2.000 3.000

% lojas de

departamento 100% 0% 0% 0% 0%

% lojas Premium 0% 0% 0% 33% 67%

% MóveisCo 3% 18% 41% 36% 3%

Mesa de

centro Móvel

Preço mínimo

(R$) -- 200 400 700 1.000

% lojas de

departamento 29% 50% 17% 2% 3%

% lojas Premium 0% 0% 14% 36% 50%

% MóveisCo 4% 0% 42% 25% 29%

Mesa

Lateral Móvel

Preço mínimo

(R$) -- 200 400 600 800

% lojas de

departamento 30% 56% 5% 10% 0%

% lojas Premium 0% 6% 29% 14% 51%

% MóveisCo 21% 34% 30% 11% 4%

Poltrona Móvel

Preço mínimo

(R$) -- 500 1.000 1.500 2.000

% lojas de

departamento 31% 39% 8% 10% 11%

% lojas Premium 0% 0% 29% 19% 52%

% MóveisCo 9% 51% 27% 11% 2%

Pufe Móvel

Preço mínimo

(R$) -- 100 300 650 1.000

% lojas de

departamento 30% 47% 18% 3% 3%

% lojas Premium 0% 7% 21% 18% 54%

% MóveisCo 12% 69% 8% 8% 4%

Rack Móvel

Preço mínimo

(R$) -- 300 600 1.400 2.200

% lojas de

departamento 28% 52% 18% 1% 1%

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128

% lojas Premium 0% 0% 19% 26% 56%

% MóveisCo 14% 6% 40% 31% 9%

Sofá – 2

lugares Móvel

Preço mínimo

(R$) -- 700 1.400 2.100 2.800

% lojas de

departamento 27% 53% 10% 5% 5%

% lojas Premium 0% 0% 25% 25% 50%

% MóveisCo 30% 40% 20% 10% 0%

Sofá – 3

lugares Móvel

Preço mínimo

(R$) -- 1.000 2.000 3.000 4.000

% lojas de

departamento 30% 52% 10% 4% 4%

% lojas Premium 13% 4% 21% 17% 46%

% MóveisCo 5% 21% 16% 21% 37%

Sofá-Cama Móvel

Preço mínimo

(R$) -- 800 1.200 1.750 2.300

% lojas de

departamento 36% 45% 18% 0% 0%

% lojas Premium 0% 8% 23% 15% 54%

% MóveisCo 20% 33% 27% 13% 7%

Almofada Acessórios

Preço mínimo

(R$) -- 30 75 95 115

% lojas de

departamento 30% 54% 10% 2% 3%

% lojas Premium 2% 19% 7% 6% 66%

% MóveisCo 10% 67% 16% 3% 5%

Copo Acessórios

Preço mínimo

(R$) -- 4 8 12 16

% lojas de

departamento 34% 56% 5% 1% 4%

% lojas Premium 0% 19% 21% 8% 53%

% MóveisCo 2% 28% 28% 7% 35%

Luminária

de mesa Acessórios

Preço mínimo

(R$) -- 80 220 290 360

% lojas de

departamento 30% 50% 8% 7% 6%

% lojas Premium 3% 25% 13% 10% 50%

% MóveisCo 17% 52% 19% 7% 5%

Taça Acessórios Preço mínimo

(R$) -- 10 20 30 40

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129

% lojas de

departamento 59% 32% 7% 1% 1%

% lojas Premium 1% 17% 16% 20% 47%

% MóveisCo 0% 22% 45% 25% 8%

Tapete

Grande Acessórios

Preço mínimo

(R$) -- 300 1.000 1.350 1.700

% lojas de

departamento 42% 39% 7% 10% 3%

% lojas Premium 0% 25% 12% 11% 51%

% MóveisCo 34% 55% 11% 0% 0%

Vaso Acessórios

Preço mínimo

(R$) -- 45 100 170 240

% lojas de

departamento 32% 51% 12% 2% 3%

% lojas Premium 0% 7% 26% 19% 49%

% MóveisCo 44% 23% 27% 4% 1%

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130

APÊNDICE F - TABELA DE DEFINIÇÃO DO SORTIMENTO PARA TODAS AS

CATEGORIAS

Per

fil

Categoria Móvel ou

acessório P1 P2 P3 P4 P5 Total

A Estante

Grande Móvel

Sortimento

inicial 0 4 7 4 7 22

Sortimento

proposto 2 4 9 4 3 22

% proposto 9% 18% 41% 18% 14% 100%

Aumento

da Margem -- 0% 16% 0% -25% 3%

A Pufe Móvel

Sortimento

inicial 3 18 2 2 1 26

Sortimento

proposto 3 4 11 5 3 26

% proposto 12% 15% 42% 19% 12% 100%

Aumento

da Margem 0% -38% 651% 95% 246% 3%

A Escrivani-

nha Móvel

Sortimento

inicial 1 1 11 8 1 22

Sortimento

proposto 2 4 10 4 2 22

% proposto 9% 18% 45% 18% 9% 100%

Aumento

da Margem 88% 277% -2% -30% 54% 4%

A Sofá-Cama Móvel

Sortimento

inicial 3 5 4 2 1 15

Sortimento

proposto 3 3 5 3 1 15

% proposto 20% 20% 33% 20% 7% 100%

Aumento

da Margem 0% -23% 22% 42% 0% 3%

A Poltrona Móvel

Sortimento

inicial 4 23 12 5 1 45

Sortimento

proposto 4 11 18 7 5 45

% proposto 9% 24% 40% 16% 11% 100%

Aumento 0% -16% 55% 26% 500% 17%

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131

da Margem

A Sofá 2

lugares Móvel

Sortimento

inicial 3 4 2 1 0 10

Sortimento

proposto 1 2 4 2 1 10

% proposto 10% 20% 40% 20% 10% 100%

Aumento

da Margem -57% 0% 70% 214% -- 32%

A Mesa de

centro Móvel

Sortimento

inicial 1 0 9 6 4 20

Sortimento

proposto 1 3 9 4 3 20

% proposto 5% 15% 45% 20% 15% 100%

Aumento

da Margem 0% -- 0% -11% -22% 6%

A Sofá 3

lugares Móvel

Sortimento

inicial 1 4 3 4 7 19

Sortimento

proposto 1 4 9 4 1 19

% proposto 5% 21% 47% 21% 5% 100%

Aumento

da Margem 0% 0% 81% 0% -47% -3%

A Rack Móvel

Sortimento

inicial 5 2 14 11 3 35

Sortimento

proposto 5 7 14 6 3 35

% proposto 14% 20% 40% 17% 9% 100%

Aumento

da Margem 0% 60% 0% -19% 0% -2%

A Banco Alto Móvel

Sortimento

inicial 3 9 6 4 0 22

Sortimento

proposto 3 4 9 4 2 22

% proposto 14% 18% 41% 18% 9% 100%

Aumento

da Margem 0% -14% 27% 0% -- 6%

A Mesa de 6

lugares Móvel

Sortimento

inicial 1 7 16 14 1 39

Sortimento

proposto 5 7 16 7 4 39

% proposto 13% 18% 41% 18% 10% 100%

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132

Aumento

da Margem 35% 0% 0% -13% 359% 2%

A Gaveteiro Móvel

Sortimento

inicial 0 2 2 3 3 10

Sortimento

proposto 1 2 4 2 1 10

% proposto 10% 20% 40% 20% 10% 100%

Aumento

da Margem -- 0% 638% -11% -37% 9%

A Copo Acessório

Sortimento

inicial 1 16 16 4 20 57

Sortimento

proposto 3 9 23 14 8 57

% proposto 5% 16% 40% 25% 14% 100%

Aumento

da Margem 202% -29% 34% 255% -35% 15%

B Cadeira

Office Móvel

Sortimento

inicial 2 29 9 1 8 49

Sortimento

proposto 8 24 9 6 2 49

% proposto 16% 49% 18% 12% 4% 100%

Aumento

da Margem 376% -3% 0% 401% -47% 8%

B Mesa

Lateral Móvel

Sortimento

inicial 10 16 14 5 2 47

Sortimento

proposto 11 23 9 3 1 47

% proposto 23% 49% 19% 6% 2% 100%

Aumento

da Margem 7% 25% -12% -9% -52% 6%

B Estante

média Móvel

Sortimento

inicial 14 25 13 2 1 55

Sortimento

proposto 3 9 27 13 3 55

% proposto 5% 16% 49% 24% 5% 100%

Aumento

da Margem -55% -3% 56% 442% 52% 20%

B Cadeira Móvel

Sortimento

inicial 19 22 22 13 2 78

Sortimento

proposto 12 31 19 12 4 78

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133

% proposto 15% 40% 25% 15% 5% 100%

Aumento

da Margem 16% 20% -11% -3% -4% 5%

B Almofada Acessório

Sortimento

inicial 6 42 10 2 3 63

Sortimento

proposto 10 31 10 9 3 63

% proposto 16% 49% 16% 14% 5% 100%

Aumento

da Margem 26% -9% 0% 245% 0% 11%

B Vaso Acessório

Sortimento

inicial 36 19 22 3 1 81

Sortimento

proposto 13 35 20 12 1 81

% proposto 16% 43% 25% 15% 1% 100%

Aumento

da Margem -39% 67% -1% 599% 0% 21%

B Tapete

grande Acessório

Sortimento

inicial 18 29 6 0 0 53

Sortimento

proposto 13 22 13 5 - 53

% proposto 25% 42% 25% 9% 0% 100%

Aumento

da Margem 0% -17% 38% -- -- 15%

B Luminária

de Mesa Acessório

Sortimento

inicial 10 30 11 4 3 58

Sortimento

proposto 14 24 14 4 2 58

% proposto 24% 41% 24% 7% 3% 100%

Aumento

da Margem 29% -2% 24% 0% -16% 7%

B Taça Acessório

Sortimento

inicial 0 13 27 15 5 60

Sortimento

proposto 9 24 15 9 3 60

% proposto 15% 40% 25% 15% 5% 100%

Aumento

da Margem -- 64% -18% -12% -14% 9%