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ANÁLISE DO SISTEMA PRODUTIVO: UM ESTUDO DE CASO NUMA EMPRESA DE PRÉ- FABRICADOS DE CONCRETO Carolina Coelho Martuscelli (UFVJM) [email protected] Lais Vieira Silva (UFVJM) [email protected] Marcela Martins Pereira (UFVJM) [email protected] Paula Cipriano dos Reis (UFVJM) [email protected] Ugo Nogueira Castaon (UFVJM) [email protected] O presente artigo objetiva prover uma análise detalhada do processo envolvido na fabricação de anéis e estacas em uma empresa que atua no ramo da construção civil. A empresa atua no ramo de pré-moldados de concreto, fabricando estacas e anéis para estaca com e sem ferro cabelo. As informações obtidas por meio das observações permitiram análises dos sistemas produtivos, mostrando os passos para produção dos anéis e das estacas, bem como de outros aspectos relacionados à produção, como por exemplo: características da produção, controle do estoque, desperdícios e gargalos na fabricação. Palavras-chave: Planejamento da produção, pré-moldados, sistemas de produção, construção civil XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

ANÁLISE DO SISTEMA PRODUTIVO: UM ESTUDO DE CASO NUMA ... · ESTUDO DE CASO NUMA EMPRESA DE PRÉ- FABRICADOS DE CONCRETO Carolina Coelho ... projeto de cada anel (ferro cabelo são

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ANÁLISE DO SISTEMA PRODUTIVO: UM

ESTUDO DE CASO NUMA EMPRESA DE PRÉ-

FABRICADOS DE CONCRETO

Carolina Coelho Martuscelli (UFVJM)

[email protected]

Lais Vieira Silva (UFVJM)

[email protected]

Marcela Martins Pereira (UFVJM)

[email protected]

Paula Cipriano dos Reis (UFVJM)

[email protected]

Ugo Nogueira Casta�on (UFVJM)

[email protected]

O presente artigo objetiva prover uma análise detalhada do processo

envolvido na fabricação de anéis e estacas em uma empresa que atua no

ramo da construção civil. A empresa atua no ramo de pré-moldados de

concreto, fabricando estacas e anéis para estaca com e sem ferro cabelo. As

informações obtidas por meio das observações permitiram análises dos

sistemas produtivos, mostrando os passos para produção dos anéis e das

estacas, bem como de outros aspectos relacionados à produção, como por

exemplo: características da produção, controle do estoque, desperdícios e

gargalos na fabricação.

Palavras-chave: Planejamento da produção, pré-moldados, sistemas de

produção, construção civil

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1. Introdução

A evolução da indústria da construção civil é caracterizada por uma diversidade de métodos e

tecnologias. Pode-se destacar neste contexto os pré-moldados. O sistema pré-moldado está

relacionado com o período histórico da mecanização, ou seja, com a evolução das ferramentas

e máquinas para produção de bens. A industrialização da construção civil, através da

utilização de peças previamente montadas, promoveu no Brasil e no mundo um salto de

qualidade e agilidade nos canteiros de obras. (SERRA, FERREIRA & PIGOZZO, 2005)

Nas empresas de fabricação de anéis e estacas para fundações, e em seus sistemas produtivos,

o gerenciamento eficaz do estoque impacta diretamente na lucratividade das empresas.

Produto parado no estoque gera depreciação e perdas, contudo a sua falta pode gerar cortes de

pedido e baixa no faturamento. Se faz de suma importância o equilíbrio da disponibilidade e

da demanda de cada item para atingir os resultados de lucratividade esperados, isto é, devem-

se controlar adequadamente os estoques.

O objetivo desta pesquisa é apresentar o processo de fabricação de anéis e estacas, e seus

sistemas produtivos, bem como os respectivos passos para produzi-los, o controle do estoque;

desperdícios na fabricação; gargalos e tipos de produção.

2. Referencial teórico

A Administração da Produção e de operações é uma função administrativa responsável pelo

estudo e pelo desenvolvimento de técnicas de gestão da produção de bens e serviços. Segundo

Slack (1997) a produção é a função central das organizações já que é aquela que vai se

incumbir de alcançar o objetivo principal da empresa, ou seja, sua razão de existir.

Segundo Corrêa (2014) “planejar é entender como a consideração conjunta da situação

presente e da visão de futuro influencia as decisões tomadas no presente para que se atinjam

determinados objetivos no futuro” ou ainda pode ser definido como o ato de “projetar um

futuro que é diferente do passado, por causa sobre as quais se tem controle”.

Esses conceitos podem sem aplicados ao Planejamento e Controle da Produção, ou Gestão da

Produção, que segundo que Moreira (2001) “a Gestão da Produção [...] é o campo de estudo

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dos conceitos e técnicas aplicáveis à tomada de decisão na função produção (empresas

industriais) ou operações (empresas de serviços).”

Dentro do Planejamento e Controle da Produção, a observação de alguns aspectos é de

importância sumária, como a definição e aplicação de sequenciamento, carregamento e

programação da produção.

Para a compreensão universal, devemos primeiro fixar o conceito de Planejamento

Estratégico da Produção que segundo Tubino (2007) “consiste em estabelecer um Plano de

Produção para determinado período, a longo prazo, segundo estimativas de vendas de longo

prazo e de recursos financeiros produtivos. Ainda segundo o mesmo autor, o Plano Mestre da

Produção (PMP) estabelece um planejamento de “produtos finais, detalhado a médio prazo,

período a período” baseado no Plano de Produção.

Sawik & Tadeusz (1999) descreve o sequenciamento como a ordenação da execução de

produção, pela determinação da entrada de cada produto no ciclo produtivo, esta definição é

necessária para entender a atividade de programação, como característica do planejamento

eficiente da operação do chão de fábrica. Através de um sequenciamento ótimo das ordens,

nos respectivos recursos, reduz-se fatores que Tubino (2007) considera como sérios

desperdícios na administração produtiva, como, tempos excessivos na espera entre lotes,

níveis altos de estoque ao longo da cadeia, tempos improdutivos gastos na preparação de

máquinas e trocas de operação de um lote para o outro.

Para a aplicação dos métodos de sequenciamento existem regras de priorização. As regras de

priorização mais comuns são as seguintes:

- Primeiro que entra, primeiro que sai (PEPS) ou First In, First Out (FIFO): realiza a

tarefa na exata sequência de sua chegada;

- Último a entrar, primeiro a sair (UEPS) ou Last In, First Out (LIFO): a medida que

os pedidos chegam, são colocados no topo da pilha para serem atendidos. O LIFO tem efeito,

em geral, adverso na rapidez e confiabilidade. Os objetivos de desempenho qualidade,

flexibilidade ou custo, não são bem servidos por este método (SLACK et al, 2002);

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- Data de entrega: executa a tarefa com a data de entrega mais próxima. O

sequenciamento baseado nessa regra melhora a confiabilidade de entrega e a média de rapidez

de entrega, mas não proporciona uma produtividade ótima (SLACK et al, 2002).

Baseado no Plano Mestre da Produção e no conceito de sequenciamento, dá-se a função da

Programação da Produção que “estabelece a curto prazo quanto e quando comprar, fabricar ou

montar de cada item necessário à composição dos produtos finais” (TUBINO, 2007).

Outro conceito importante é a definição de carregamento, que segundo Slack (1997) pode ser

entendido como “ a determinação do volume com o qual uma operação produtiva pode lidar”.

O carregamento pode classificado como finito ou infinito.

Quando o carregamento definido é finito o posto de operação pode alocar recursos até um

limite pré-estabelecido, este limite é chamado de capacidade de trabalho e pode ser horas de

trabalho, capacidade de produção de uma máquina, número de operadores ou quaisquer outras

variáveis que sejam relevantes na operação em questão.

Já na adoção do carregamento infinito não existe um limite pré-estabelecido para a alocação

de recursos de trabalho. O posto de operação só é acionado enquanto houver no ato do pedido

de alocação dos recursos. Neste tipo de carregamento não há reconhecimento de sobrecargas

nos recursos produtivos.

Valendo-se desses conceitos, pode-se apontar uma teoria correlata, a teoria das restrições, que

parte da identificação inicial da meta da empresa. Goldratt & Cox (1993) afirmam que a meta

de uma empresa é ganhar dinheiro, tanto no presente como no futuro. E apresentam restrição

como sendo qualquer coisa que limite um sistema de atingir uma performance superior em

relação à sua meta (GOLDRATT, 1994).

Segundo o guru da produção Shigeo Shingo (1996) um dos maiores entraves, ou restrições, da

produção são a melhoria contínua dos gargalos da produção, ou seja, otimização das etapas

mais lentas do processo produtivos, ou então, podem ser os recursos cuja capacidade

disponível é menor do que a capacidade necessária para atender a demanda do mercado.

Além disso, considera-se ainda as restrições tangentes ao desperdício. Segundo Messeguer

(1991), o desperdício advém, ou se origina, de todas as etapas do processo de construção civil,

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e outros setores da produção, que são: planejamento, projeto, fabricação de materiais e

componentes, execução e uso e manutenção.

Portanto, o presente artigo representa uma análise de uma empresa que atua no ramo da

construção civil, fabricando estacas e anéis para estaca com e sem ferro cabelo. No processo

de alocação da estaca, o anel exerce função de sustentação da mesma. Milito (2000) afirma

que estacas são peças alongadas, cilíndricas ou prismáticas, cravadas ou confeccionadas no

solo, essencialmente para:

- Transmissão de carga a camadas profundas;

- Contenção de empuxos laterais (estacas pranchas);

- Compactação de terrenos.

Podem ser:

- Pré-moldadas;

- Moldadas in loco.

3. Metodologia

A estratégia da pesquisa consiste em um método específico da pesquisa em campo: o estudo

de caso, que tem a finalidade de prover análises detalhadas dos processos envolvidos de uma

ou mais organizações (HARTLEY, 1994). Durante a realização da pesquisa interferências

relevantes do investigador não podem ocorrer, uma vez que, o “objetivo é compreender o

evento em estudo e ao mesmo tempo desenvolver teorias mais genéricas a respeito dos

aspectos característicos do fenômeno observado. ” (FIDEL, 1992).

Pesquisas em campo foram realizadas na empresa PREFAZ Pré-Fabricados de Concreto Ltda.

As informações obtidas por meio das observações permitiram análises dos sistemas

produtivos, bem como de outros aspectos que tangem a produção, como por exemplo: tipo de

produção, controle do estoque, desperdícios e gargalos.

4. Resultados e Discursões

A análise que foi realizada na filial da empresa PREFAZ Pré-Fabricados de Concreto Ltda.,

situada em Candeias, Minas Gerais. A empresa é classificada como indústria do ramo de

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construção civil, com com sede em Belo Horizonte MG. Fundada em abril de 2002 pelo

Engenheiro Civil Eduardo Palhares Dias, a PREFAZ está no mercado há 12 anos, hoje a

empresa conta em seu quadro de funcionários na filial de Candeias com 150 pessoas

diretamente envolvidas na produção.

4.1 Processos produtivos de anéis e estacas

4.1.1. Processo de fabricação de anéis para estacas

Cada estaca precisa de um anel diferente de acordo com sua carga, estacas Ø 150 mm até Ø

230 mm utilizam anéis com chapa 2” x 3/16”, estacas Ø 265mm, Ø 300 mm, Ø 340 mm e Ø

380 mm utilizam chapas de 3” x1/4”, estacas Ø 420 mm e Ø 500 mm utilizam chapas de

4”x1/4”.

O Processo de fabricação de anéis e subdividido em duas partes:

Parte 1 - Processo produtivo de um anel sem ferro cabelo – passo a passo

1º passo: Selecionar a barra chata a ser usada e depois cortá-la na medida certa, de acordo

com a tabela 1:

Tabela 1 – Medidas de corte das chapas

2º passo: Após o corte da barra chata, os pedaços destinados a anéis quadrados vão para

dobra, os destinados a anéis circulares vão para calandra, durante esses dois processos é

preciso ter muita precisão tanto no corte da chapa como na dobra ou calandra para evitar que

o anel fique fora do esquadro.

Figura 1 – Chapas cortadas

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3º passo: Após o anel dobrado ou calandrado ele vai para um gabarito onde recebe uma solda

na parte externa fechando as duas pontas da barra chata, e assim fica pronto o anel sem ferro

cabelo.

Parte 2 - Processo produtivo de um anel com ferro cabelo – passo a passo

O processo de preparação do material para inserção do ferro cabelo é iniciado segundo com o

projeto de cada anel (ferro cabelo são barras de aço CA50 de no mínimo 40 cm soldadas na

face interna no anel para fazerem a distribuição da carga durante a cravação, e servirem como

reforço da cabeça da estaca), e como dito anteriormente cada estaca utiliza um anel diferente

de acordo com sua capacidade de carga.

1º passo: Preparação das barras que são utilizadas como ferro cabelo. Barras CA50 de 8,00

mm ou 10,00 mm que serão cortadas de acordo com o projeto de cada anel. Após o corte, as

barras passam pela “dobradeira de ferro cabelo”. Nessa máquina a barra recebe 2 dobras em

posições inversas, na mesma extremidade.

2º passo: Cada anel possui certa quantidade de estribos que são posicionados ao longo do

ferro cabelo, esses estribos podem variar de aço 3,40 mm até 5,00 mm dependendo do anel.

Estes anéis são feitos em uma máquina própria para dobrar ou calandrar este tipo de aço, e

suas medidas são retiradas do centroide das barras posicionadas nos anéis após serem

colocadas no gabarito.

3º passo: Após a preparação, o material vai para a banca onde é montado o anel com ferro

cabelo. Inicialmente o material é colocado em um gabarito nessa banca de acordo com o anel

a ser feito, depois o anel sem ferro cabelo é posicionado na base do gabarito, onde vai receber

as barras, que são posicionadas na base e no topo do gabarito e em seguida ponteadas no anel

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sem ferro cabelo. Tendo feito isso, posiciona-se o estribo ao longo do ferro cabelo como pede

o projeto como mostrado na Figura 4.

4º passo: Após a montagem, o anel vai para uma mesa onde recebe a solda final. Este

processo é chamado de enchimento do ferro cabelo, e assim conclui-se a fabricação do anel

C.F.C., (com ferro cabelo).

Figura 2 – Passos da fabricação de anéis com ferro cabelo

4.1.2. Processo de fabricação de estacas para fundações

O processo de fabricação das estacas para a fundição pode ser dividido nos seguintes passos:

1º passo: Realizar uma limpeza geral da fôrma e lixar os anéis separadores.

2º passo: Após a limpeza da forma ter sido terminada, é iniciado um processo de aplicação de

desmoldante na forma para retirada das estacas posteriormente.

3º passo: Feita a lubrificação da forma, verificar o comprimento das estacas a serem

fabricadas e posicionar os anéis separadores.

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4º passo: Com os separadores devidamente posicionados busca-se os anéis com ferro cabelo,

os espirais e os fios de protensão para posicionamento e fixação dos mesmos.

5º passo: Observar o posicionamento correto dos fios ao longo da forma.

6º passo: Após o conferir os fios, posiciona-se os ganchos para que as estacas sejam içadas.

7º passo, realizar a protensão dos fios que darão a resistência à estaca.

8º passo: Após o término do processo de montagem da fôrma é solicitado o concreto para

realizar o enchimento da mesma.

9º passo: Após o despeje do concreto sobre a fôrma, é realizado um procedimento de vibração

a cada 20 cm ao longo da peça.

10º passo: Terminada a etapa de vibração, o acabamento da peça é realizado.

11º passo: A seguir, o enchimento é realizado um processo de identificação da peça, contendo

data de fabricação, forma produzida, número de série e dimensões.

12º passo: Com a peça identificada, cobre-se a pista produzida para a cura do concreto e assim

termina o processo de fabricação de uma estaca.

13º passo: Retira-se as estacas da pista após atingirem a resistência exigida, e armazená-las no

estoque.

Figura 3 – Passos da fabricação de estacas para fundações

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4.2 Análise do Sistema Produtivo

4.2.1. Características da produção

No setor de produção de anéis para estacas, utiliza-se o sistema LIFO no qual a empresa

trabalha com grandes estoques, as últimas vendas são produzidas e as primeiras são supridas

com os estoques já existentes, quando possível. O sistema de produção é empurrado, pois os

materiais são passados para o próximo estágio logo que processados.

O consumo do estoque é feito pelo sistema UEPS (último a entrar, primeiro a sair). Devido a

armazenagem ser feita em pilhas, os últimos a serem fabricados são consumidos primeiro.

A programação é feita para frente, pois é iniciada logo que a empresa recebe o pedido interno

ou externo.

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Já no setor de produção de estacas, a empresa utiliza o sistema LIFO, ou seja, trabalha com

grandes estoques, as últimas vendas são produzidas e as primeiras serão supridas com os

estoques já existentes quando possível, caracterizando a programação da produção como

empurrada.

O consumo do estoque é feito pelo sistema PEPS (primeiro a entrar primeiro a sair), devido à

armazenagem ser feita em lotes separados, então os primeiros a serem fabricados são

entregues aos clientes.

A programação é feita para frete, pois é iniciada logo que a empresa recebe o pedido interno

ou externo. No começo do mês, avalia-se o saldo em estoque, pedidos e estoques mínimos

para levantamento da real necessidade de produção. Posteriormente, a programação de

produção é planejada de acordo com as necessidades, e então é repassada ao líder do setor

responsável para dar início à produção.

Depois de concluir a programação, é realizado o cálculo de quanto material será gasto e a

avaliação do saldo em pátio. Após o levantamento dos gastos, compra-se o material

necessário para executar a produção e manter os estoques mínimos estipulados para o mês.

4.2.2. Controle do estoque

Na produção de anéis para estacas, no início do mês, o controle do estoque é feito através de

planilhas e inventários de pátio. Antes de fazer a programação, realiza-se uma avaliação do

saldo em estoque para identificar a real necessidade de produção. Após esse estudo, um mapa

de produção é confeccionado de acordo com as necessidades e repassado ao líder do setor

para dar início a produção.

Depois de definir a programação, um cálculo é realizado para levantamento da quantidade de

material que será gasto para executar o processo, esse valor é comparado com o saldo dos

materiais em pátio, e após a comparação é feito a compra do material necessário.

Em relação a produção de estacas, o controle do estoque é feito através de um software com o

nome de SGA (Sistema de gestão administrativa), é um sistema não muito conhecido, porém

muito eficiente e seu funcionamento é semelhante ao conhecido sistema SAP (Sistema

assistente de planejamento).

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No sistema SGA são cadastrados todos os itens fabricados e os insumos que são gastos para a

produção destes itens. As notas fiscais dos materiais recebidos são passadas diariamente ao

setor financeiro para que sejam lançadas no sistema, e a produção diária é informada pelos

inspetores de qualidade ao setor de PCP (Planejamento e controle da produção), para que

também sejam registradas no sistema. Os insumos consumidos são baixados automaticamente

no sistema à medida que progride a produção, por conseguinte, estes itens vão para o saldo de

produtos acabados.

Este sistema permite a previsão de necessidade de insumos, planejamento de programação de

cargas, programação de produção, controle de EPI (Equipamento de Proteção Individual);

além de diversos relatórios que podem ser gerados explanando os saldos dos estoques de

matéria prima, produtos acabados, saldo de produtos a produzir, relação de consumo de

matéria prima, produção de produtos por período, relação de clientes e fornecedores, relação

de custos, e outros dados, variando de acordo com a necessidade de cada setor, bem como

inventários de pátio no começo do mês, para confirmar os valores apresentados pelo sistema.

4.2.3. Desperdícios na fabricação

Os desperdícios encontrados na produção de anéis são: sobra de pontas de barra chatas

causadas pela má combinação do plano de corte, perda de anéis que são feitos fora do

tamanho ou esquadro, e alguns que são amassados durante o transporte ou manuseio.

Na produção de estacas, os desperdícios são: sobras de concretos, perda de pontas de fios

usados na protensão, e se caso alguma peça sair brocada devido à má vibração, ou com baixa

resistência, esta peça será descartada.

4.2.4. Gargalos na fabricação

Na produção de anéis nota-se os seguintes gargalos: atrasos na entrega dos anéis sem ferro

cabelo que são dobrados por uma empresa terceirizada, troca de gabarito devido à grande

variedade de estacas produzidas pela empresa, troca de gás e arame Mig que são utilizados

pelas maquinas de solda.

Na produção de estacas observa-se os gargalos: entrega do concreto, devido a várias

solicitações recebidas pela central de concreto ao mesmo tempo; demora do setor de

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carregamento em retirar o que foi produzido no dia anterior das pistas, e demora dos

responsáveis pela busca dos materiais, como os anéis e espirais.

5. Considerações Finais

Através do estudo de caso, tornou-se possível a compreensão da forma que ocorre o processo

produtivo de estacas pré-moldadas, assim como a importância de alguns dos itens usados para

fabricá-las e o funcionamento de alguns sistemas como PEPS e UEPS.

Notou-se também a importância de um eficaz planejamento e controle de estoque com a

utilização de software de gestão, uma vez que dentro de uma empresa, gerenciar o estoque

pode ser uma tarefa complicada. O estoque é um item de grande importância pois uma vez

não atualizado, pode-se perder vendas ou superlotar os almoxarifados. Para impedir que erros

desse tipo aconteçam, um software de gestão se torna uma alternativa viável.

Além disso, observou-se a importância da redução de desperdícios como sobra de pontas de

barra chatas, perda de anéis, descarte de peças com amassos, sobras de concretos, perda de

pontas de fios, má vibração e estacas com baixa resistência.

A redução desses aspectos melhora o fluxo produtivo, a qualidade dos produtos e serviços,

reduz custos, aumenta a eficiência na entrega e a disponibilidade de recursos, viabilizando

assim o aumento da capacidade produtiva, redução dos custos, e obtenção vantagens

competitivas.

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