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1 MSA Análise dos Sistemas de Medição

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1

MSA

Análise dos Sistemas

de Medição

2

MSA ANÁLISE DOS SISTEMAS DE MEDIÇÃO

Elaborado por:

Felipe Morais Menezes

Porto Alegre

2013

3

Sumário

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 5

1.1 A Análise Estatística ....................................................................................................... 5

1.2 Variação: Causas Comuns e Especiais ........................................................................... 6

2 MSA – ANÁLISE DOS SISTEMAS DE MEDIÇÃO ....................................................................... 6

2.1 Qualidade dos Dados de Medição ................................................................................ 7

2.2 Terminologia ................................................................................................................. 8

2.3 Propriedades Estatísticas dos Sistemas de Medição .................................................... 9

2.3.1 Efeito dos Erros na Medição ............................................................................... 11

2.4 Aplicações dos Estudos de Sistema de Medição ......................................................... 12

2.5 Discriminação (Resolução) .......................................................................................... 12

2.6 Diretrizes Gerais das Análises dos Sistemas de Medição ............................................ 14

2.7 Avaliação do Sistema de Medição para Variáveis ....................................................... 15

2.8 Acurácia e precisão ..................................................................................................... 16

2.9 Visão Geral do MSA ..................................................................................................... 16

2.9.1 Estabilidade ......................................................................................................... 17

2.9.1.1 Diretrizes para o estudo .................................................................................. 19

2.9.2 Tendência ............................................................................................................ 19

2.9.2.1 Diretrizes para o estudo .................................................................................. 20

2.9.3 Linearidade .......................................................................................................... 20

2.9.3.1 Diretrizes para o estudo .................................................................................. 21

2.9.4 Repetitividade e Reprodutibilidade (R&R) .......................................................... 21

2.9.4.1 Repetitividade ................................................................................................. 22

2.9.4.2 Reprodutibilidade ............................................................................................ 23

2.9.4.3 Diretrizes para o estudo .................................................................................. 24

2.9.4.4 Critérios de Aprovação do R&R ....................................................................... 25

4

2.9.5 Avaliação do Sistema de Medição para Atributo ................................................ 26

2.9.5.1 Diretrizes para estudo ..................................................................................... 26

2.10 Método de Avaliação do MSA ..................................................................................... 26

3 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 27

5

1 INTRODUÇÃO

No final dos anos 70, alarmados e ao mesmo tempo admirados com a

revolução do Japão na área de Qualidade, executivos de grandes corporações

americanas cruzaram o oceano pacífico em busca da explicação para o

fenômeno. Receberam, com admiração, de que dois cidadãos americanos W.

Eduards Deming e Joseph Juran haviam implantado os conceitos de “controle

de Qualidade”, responsáveis pela espetacular virada imposta ao mundo pela

Economia Japonesa iniciada a partir de 1954. A superação em relação as

empresas Ocidentais ocorreu em meados da década de 70, pelo menos nas

indústrias eletrônica e automobilística.

Deming e Juran iniciaram os trabalhos transmitindo seus conhecimentos aos

principais executivos japoneses, no envolvimento dos operários no autocontrole

e na própria reconceituação da Qualidade.

Qualidade é aquilo que o consumidor quer, ensinou Deming. Como Deming,

Juran também preconiza o “fazer certo desde a primeira vez”. Porém, seu

diferencial é a ênfase da chamada “Administração da Qualidade”, pois ele

considera que os problemas nesse campo são, antes de tudo, gerenciais.

As técnicas do Controle Estatístico do Processo mudaram toda a visão anterior

da Qualidade, derrubando todos os conceitos e métodos existentes na época.

O controle passou a ser feito diretamente sobre o processo de produção, a

partir do próprio recebimento de matérias-primas a todas as etapas de

fabricação. Afinal, para Deming, apenas 4% dos erros são devidos às falhas

“locais’ – dos operadores. O resto se localiza nos sistemas de produção,

incluindo-se o estado dos materiais, a manutenção das máquinas, a operação

das ferramentas e as condições ambientais.

1.1 A ANÁLISE ESTATÍSTICA

Walter Shewart, após vários estudos conseguiu fazer a seguinte observação:

Na natureza e em todo o processo industrial repetitivo os dados obtidos tende a

estar distribuídos de forma a compor uma curva normal ou curva de sino.

Do ponto de vista matemático, esta distribuição Normal fica caracterizada por

dois parâmetros:

Média, que é a concentração média das medidas feitas no processo.

Desvio Padrão, que mostra a dispersão dos dados em torno da medida

média.

6

Em função disto é importante a definição de Qualidade de Manufatura como

sendo uniformidade do produto em torno de um “alvo” ao invés de

“conformidade à especificação”.

Esta uniformidade não é determinística, ou seja, apresenta variação. A

variação em determinada característica de processo pode dar-se por duas

causas: Comuns e Especiais.

1.2 VARIAÇÃO: CAUSAS COMUNS E ESPECIAIS

As causas comuns referem-se às muitas fontes de variação dentro de um

processo que tem uma distribuição estável e repetitiva ao longo do tempo. Isto

é chamado de "sob controle estatístico". Se somente causas comuns de

variação estão presentes e não mudam, a produção de um processo é

previsível.

As causas especiais referem-se a quaisquer fatores que causam variação, mas

que não atuam sempre no processo. Quando elas ocorrem, fazem com que a

distribuição do processo mude. A menos que todas as causas especiais de

variação sejam identificadas e cuidadas, elas continuarão a afetar, de forma

imprevisível, o resultado do processo. Se estiverem presentes causa especiais

de variação, a produção não é estável ao longo do tempo.

As mudanças na distribuição do processo devidas às causas especiais podem

tanto ser prejudiciais quanto benéficas. Quando prejudiciais, necessitam ser

identificadas e removidas. Quando benéficas, devem ser identificadas e

incorporadas permanentemente ao processo.

Para que tenha-se controle do processo, é preciso constantemente realizar

inspeções na forma de medição. Este sistema de medição, por sua, vez deve

ser fidedigno para gerar informações confiáveis para a tomada de decisões.

2 MSA – ANÁLISE DOS SISTEMAS DE MEDIÇÃO

Para a análise do sistema de medição, são utilizadas importantes ferramentas

estatísticas que permitem a avaliação do grau de confiabilidade dos dados

gerados pelos sistemas de medição utilizados por uma empresa. Como no

gerenciamento de processos os dados representam a base para a tomada de

decisões, é necessário determinar, antes de qualquer análise, se os sistemas

de medição fornecem resultados aceitáveis. Portanto, a avaliação estatística da

qualidade das medidas, é um importante estudo que deve ser parte integrante

do gerenciamento de processos.

7

Uma premissa básica quando se fala da Análise do Sistema de Medição é

sempre avaliar se o sistema de medição está correto, antes de qualquer

análise estatística.

Diante da importância dos dados para as atividades de gerenciamento de

processos, é fácil perceber que é fundamental que as medições realizadas

para a coleta de dados sejam confiáveis, com o objetivo de garantir que as

ações a serem tomadas a partir da análise dos dados coletados sejam

realmente adequadas.

2.1 QUALIDADE DOS DADOS DE MEDIÇÃO

A qualidade dos dados de medição está relacionada com as propriedades

estatísticas de medições múltiplas obtidas com um sistema de medição

operando sob condições estáveis.

Por exemplo, suponhamos que um sistema de medição, operando sob

condições estáveis, é utilizado para se obter diversas medições de uma certa

característica. Se todas as medidas estão se diz que a qualidade dos dados é

“alta”. Similarmente, se algumas ou todas as medidas estão “longe” do valor

padrão, então se diz que a qualidade dos dados é “baixa”.

As propriedades estatísticas mais comumente usadas para caracterizar a

qualidade de dados são a tendência e a variância. A propriedade chamada

tendência refere-se a localização dos dados relativamente ao valor padrão e a

propriedade chamada variância refere-se à dispersão dos dados. Porém,

outras propriedades estatísticas, tais como a taxa de erro de classificação,

podem também ser úteis em alguns casos.

Uma das razões mais comuns de dados com baixa qualidade é a variação dos

dados. Por exemplo, um sistema de medição, usado para medir o volume de

um líquido em um tanque, pode ser sensível à temperatura ambiente em que

ele é usado. Neste caso, a variação nos dados podem ser devidos ou a

mudanças no volume ou a mudanças na temperatura ambiente. Isso torna a

interpretação dos dados mais difícil e o sistema de medição,

conseqüentemente, menos conveniente.

Muito da variação em um conjunto de medições é devido à interação entre o

sistema e seu meio ambiente. Se a interação gera muita variação, então a

qualidade dos dados pode ser baixa que os dados se tornam sem utilidade. Por

exemplo, um sistema de medição com uma grande variação poder não ser

apropriado para a análise de um processo de manufatura, porque a variação do

sistema de medição pode mascarar a variação do processo de manufatura.

8

Muito do trabalho de se gerenciar um sistema de medição está ligado no

monitoramento e controle de variação. Entre outras coisas, isto significa que se

deve dar ênfase a aprender como o sistema de medição interage com o seu

meio ambiente, de forma que sejam gerados somente dados de qualidade

aceitável.

Maior parte das variações é indesejável. Mas há algumas exceções

importantes. Por exemplo, se a variação é devida a pequenas mudanças na

característica sendo medida, então ela é normalmente considerada desejável.

Quanto mais sensível for um sistema de medição a este tipo de mudança, mais

desejável se torna o sistema, porque se trata de um sistema de medição mais

sensível.

Se a qualidade dos dados não é aceitável, então ela tem que ser melhorada.

Isto geralmente se consegue melhorando o sistema de medição, ao invés de se

melhorar os dados.

2.2 TERMINOLOGIA

Segue a terminologia básica necessária para compreender o tema aqui tratado.

Medição: é definido como sendo “a atribuição de números para coisas

materiais, para representar as relações entre elas no que se refere a

propriedades particulares”. Esta definição foi dada primeiramente por

C.Eisenhart (1963). O processo de se atribuir os números é definido

como o processo de medição e o valor atribuído é definido como o valor

medido.

Dispositivo de Medição: qualquer dispositivo usado para obter

medidas; freqüentemente usado para referir-se especificamente aos

dispositivos usados no “ambiente de fábrica”, inclui calibradores passa /

não passa.

Sistema de Medição: o conjunto de operações, procedimentos,

dispositivos de medição e outros equipamentos, software e pessoal

usado para atribuir um número à característica que está sendo medida;

o processo completo usado para obter as medidas.

A Figura 1 apresenta dos componentes de um Sistema de Medição típico.

9

Figura 1 – Componentes do Sistema de Medição

Destas definições segue que o processo de medição deveria ser visto como um

processo de produção que produz números (dados) como seu produto. Enfocar

um sistema de medição desta maneira é útil porque isto permite aplicar todos

os conceitos, filosofia e ferramentas estatísticas.

2.3 PROPRIEDADES ESTATÍSTICAS DOS SISTEMAS DE MEDIÇÃO

Um sistema ideal de medição produziria somente medidas “corretas”, todas as

vezes que fosse utilizado. Toda medida deveria sempre coincidir com um

padrão mestre. Um sistema de medição desse tipo, dir-se-ia possuir

propriedades estatísticas de variância zero, tendência zero e probabilidade

zero de classificação errônea de qualquer produto que ela medisse.

Infelizmente, sistema de medição com tais propriedades estatísticas desejáveis

raramente existem, e então os gerentes de processos devem usar sistemas de

medição que têm propriedades estatísticas menos convenientes.

A qualidade de um sistema de medição é geralmente determinada unicamente

pelas propriedades estatísticas dos dados que ele produz. Outras propriedades

como custo, facilidade de uso, etc. são também importantes por contribuírem

para a conveniência geral de um sistema de medição. Mas a qualidade de um

sistema é determinada pelas propriedades estatísticas dos dados produzidos.

Deve-se entender que as propriedades estatísticas que são mais importantes

para um uso, não são necessariamente as propriedades mais importantes para

outro uso. Por exemplo, para alguns usos de uma máquina de medição de

coordenadas (tridimensional), as propriedades mais importantes são variância

Operador

Método

Padrão

Instrumento

Ambiente deTrabalho

10

e tendência “pequenas”. Uma máquina de medição por coordenadas com tais

propriedades irá gerar medidas que estão “próximas” dos valores certificados

de padrões que são rastreáveis. Os dados obtidos de tal máquina podem ser

muito úteis para analisar um processo de manufatura.

Mas, não importando quão “pequenas” sejam a tendência e a variância, a

mesma máquina de medição por coordenadas pode ser incapaz, sob certas

condições gerais, de realizar um trabalho aceitável na discriminação entre

produtos bons e ruins, porque a sua taxa de classificação errônea é muito alta.

Com isso, sob tais condições gerais, a máquina seria simultaneamente

aceitável para analisar o processo de manufatura e inaceitável para realizar a

inspeção do item final.

A gerência tem a responsabilidade de identificar as propriedades estatísticas

que são as mais importantes para o uso dos dados. A gerência também é

responsável por assegurar que tais propriedades sejam usadas como base

para se escolher um sistema de medição. Para realizar isto são necessárias

definições operacionais das propriedades estatísticas, bem como métodos

aceitáveis de medi-las.

Apesar de poder ser exigido que cada sistema de medição tenha diferentes

propriedades estatísticas, existem certas propriedades estatísticas que todos

os sistemas de medição devem ter. Estas incluem:

O sistema de medição deve estar sob controle estatístico, o que significa

que a variação no sistema de medição é devida somente a causas

comuns e não a causas especiais.

A variabilidade do sistema de medição deve ser pequena em

comparação com a variabilidade do processo de manufatura.

A variabilidade do sistema de medição deve ser pequena em

comparação com os limites de especificação.

Os incrementos de medida devem ser pequenos em relação ao que for

menor, entre a variabilidade do processo ou os limites de especificação.

Uma regra prática comumente usada é que os incrementos não devem

ser maiores que um décimo do menor valor entre a variabilidade do

processo ou os limites de especificação.

As propriedades estatísticas do sistema de medição podem mudar à

medida que variem os itens que estão sendo medidos. Se isto ocorrer, a

maior (pior) variação do sistema de medição deve ser pequena em

relação ao menor valor entre a variabilidade do processo ou os limites

de especificação.

11

A Figura 2 apresenta diversas fontes de variação baseada em cada

componente do sistema de medição.

Figura 2 – Fontes de Variação do Sistema de Medição

2.3.1 Efeito dos Erros na Medição

O objetivo de um controle de processo é estabelecer se o processo está sob

controle estatístico; centralizado; e com uma variabilidade aceitável. Se a

variação no sistema de medição for grande, ela poderá influenciar

negativamente em decisões relativas a esses três pontos.

Os tipos de erros que podem ser cometidos são:

Uma peça “boa” ser considerada “ruim”. Erro do tipo I (risco do produtor,

ou falso alarme).

Uma peça “ruim” ser considerada “boa”. Erro do tipo II (risco do

consumidor, ou taxa de perda).

Com relação ao controle estatístico de um processo, podemos cometer

dois tipos de erros:

o Chamar uma causa comum de causa especial (ponto fora dos

limites, por exemplo);

12

o Chamar uma causa especial de causa comum.

Quanto a centralização de um processo, também podemos cometer dois

erros:

o Desajustar um processo que está centralizado, por considerá-lo,

erradamente, descentralizado;

o Manter um processo descentralizado, por considerá-lo,

erradamente, centralizado.

Quanto a variação no processo, podemos considerar um processo

capaz como um processo não.

2.4 APLICAÇÕES DOS ESTUDOS DE SISTEMA DE MEDIÇÃO

Dentre as principais aplicações dos estudos e análises dos sistemas de

medição pode-se destacar:

Critérios para aceitar novos equipamentos;

Comparação entre dispositivos de medição;

Avaliar dispositivos suspeitos de ser deficiente;

Comparação do equipamento antes e depois do reparo;

Necessário para o cálculo da variação do processo;

Estabelecer a Curva de Desempenho do Dispositivo.

2.5 DISCRIMINAÇÃO (RESOLUÇÃO)

Discriminação é a capacidade do sistema de medição detectar e indicar,

confiavelmente, pequenas mudanças nas características medidas.

Devido a limitações físicas e econômicas, o sistema de medição não distinguirá

peças que tenham pequenas diferenças nas características medidas. Em vez

disto, a característica medida terá valores medidos agrupados em categoria de

dados. Todas as peças, na mesma categoria de dados, terão o mesmo valor

para a característica medida.

13

A discriminação é inaceitável para a análise quando não detecta variação no

processo, e é inaceitável para controle, se não detectar causas especiais de

variação. A Figura 3 mostra o impacto de categorias sem superposição de

dados da distribuição do processo, nas atividades de controle e análise.

Figura 3 - Impacto de categorias

O sintoma de discriminação inaceitável podem aparecer na carta de

amplitudes. As cartas de média e amplitude revelam a força de discriminação

(número de categorias de dados que podem ser identificadas) do sistema de

medição. A figura 4 contém pares de cartas de controle derivadas dos mesmos

dados.

14

Figura 4 - Cartas de controle de Processo

Indicação de discriminação inadequada é dada na carta de amplitudes. Quando

a carta mostra apenas 1, 2 ou 3 possíveis valores dentro dos limites de

controle, as medições estão sendo feitas com discriminação inadequada.

Além disso, se a carta mostra 4 possíveis valores e mais de ¼ das amplitudes

é zero, a discriminação é inadequada.

Estes problemas podem ser remediados pela modificação da capacidade de

detectar a variação dentro dos subgrupos através do aumento da discriminação

das medições. Um sistema de medição terá discriminação adequada se sua

resolução aparente é pequena em relação à variação do processo. Então uma

recomendação quanto a discriminação adequada, seria de a resolução

aparente ser no máximo de um décimo da variação total de seis desvios

padrões do processo, em vez da regra tradicional que é da resolução aparente

ser no máximo de um décimo da amplitude da tolerância.

2.6 DIRETRIZES GERAIS DAS ANÁLISES DOS SISTEMAS DE MEDIÇÃO

Independente do estudo a ser realizado, alguns cuidados na preparação devem

ser tomados:

1. Abordagem a ser usada deve ser planejada;

15

2. Determinar previamente o número de operadores, peças e leituras, para

tanto considerar:

o Criticidade das dimensões

o Configuração da peça

3. Escolher operadores que normalmente operam o dispositivo;

4. As peças devem ser selecionadas do processo e representar sua faixa

de operação;

5. Cada peça deve ser numerada;

6. Ter certeza de que o método de medição segue o procedimento de

medição definido;

7. As medições devem ser feitas em ordem aleatória;

8. O estudo deve ser observado por alguém que saiba da importância do

cuidado na condução do estudo;

9. Marcar o local de medição nas peças.

As técnicas de avaliação do sistema de medição dependem da natureza dos

dados, ou seja, se o resultado da medição é uma variável (peso, diâmetro,

viscosidade, etc.) ou se é um atributo (passa ou não-passa).

2.7 AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE MEDIÇÃO PARA VARIÁVEIS

Suponha que usamos um sistema de medição para obter várias medições de

uma certa característica cujo valor real é conhecido.

Se todas as medidas estão próximas do valor real, então diz-se que o sistema

de medição é adequado.

A baixa qualidade das medidas provenientes de um sistema de medição se

deve ao desvio e/ou a grande variabilidade das medições.

Assim é possível reconhecer dois componentes que afetam a média e a

dispersão das medições.

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Figura 5 - Condições para boa qualidade nas medidas

2.8 ACURÁCIA E PRECISÃO

A precisão de um sistema de medição está relacionada com a variabilidade

dessa distribuição: quanto maior a variabilidade, menor a precisão.

A acurácia de um sistema de medição está relacionada com média da

distribuição das medidas: quanto mais perto do valor real, maior a acurácia.

Figura 6 - Precisão X Acurácia

2.9 VISÃO GERAL DO MSA

Ao iniciar uma análise nos sistemas de medição de uma organização, é útil

identificar as prioridades para os quais os sistemas de medição devem,

inicialmente, focar. Desde que a variação total (ou final) é baseada na

combinação da variação do processo e do sistema de medição, conforme

apresentado na Figura 7.

BOA QUALIDADE DAS MEDIDAS

BAIXA VARIABILIDADE

MÉDIA CENTRADA NO VALOR REAL

PRECISÃO ACURÁCIA

PRECISÃO

AC

UR

ÁC

IA

PRECISÃO

AC

UR

ÁC

IA

17

Figura 7 - Visão Geral do MSA

Assim, quanto menor for 2ˆmedição , mais confiança teremos de que 2ˆ

total

representa somente 2ˆprocsso .

2.9.1 Estabilidade

Estabilidade é a variação total nas medições obtidas com o sistema de

medição medindo uma única característica na mesma peça ou padrão ao longo

de um extenso período de tempo conforme apresentado na Figura 8

VARIAÇÃO TOTAL

VARIAÇÃO DO PROCESSO VARIAÇÃO DO SISTEMA DE MEDIÇÃO

OPERADOR DISPOSITIVO/ INSTRUMENTO

REPRODUTIVIDADE REPETITIVIDADE

ESTABILIDADE

TENDÊNCIA

LINEARIDADE

222 ˆˆˆmediçãoprocessototal

222 ˆˆˆmediçãoprocessototal

VARIAÇÃO TOTAL

VARIAÇÃO DO PROCESSO VARIAÇÃO DO SISTEMA DE MEDIÇÃO

OPERADOR DISPOSITIVO/ INSTRUMENTO

REPRODUTIVIDADE REPETITIVIDADE

ESTABILIDADE

TENDÊNCIA

LINEARIDADE

222 ˆˆˆmediçãoprocessototal

222 ˆˆˆmediçãoprocessototal

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Figura 8 – Estabilidade

A estabilidade de um sistema de medição refere-se ao seu desempenho ao

longo do tempo. Em geral, a estabilidade não é quantificada, mas ela pode ser

avaliada usando-se cartas de controle. Nesse caso, uma peça padrão (sempre

a mesma peça) é medida ao longo de dias ou semanas, e os resultados são

plotados em uma carta de controle.

Como trata-se da mesma peça, as leituras deveriam ser sempre as mesmas,

mas isso não acontece, devido à variabilidade no próprio sistema de medição.

Se houver problemas no sistema de medição isso irá aparecer como um ponto

fora dos limites de controle. Pontos fora dos limites de controle, na carta de

médias ou na carta de amplitudes, revelam falta de estabilidade no sistema de

medição, conforme apresentado na Figura 9.

Boa estabilidade

Problemas de

estabilidade

3 2

3 4

3 6

3 8

4 0

1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 01 11 21 31 41 51 61 71 81 92 0

Va

lor

I

nd

ivid

ua

l

L im it e d e C o n t r o le S u p e r io r = 3 9 , 3 8 3L in h a C e n t r a l = 3 5 , 7 4 3 6

L im it e d e C o n t r o le I n f e r io r = 3 2 , 1 0 4 2C a u s a s E s p e c ia is

3 2

3 4

3 6

3 8

4 0

2 12 22 32 42 52 62 72 82 93 03 13 23 33 43 53 63 73 83 94 0

Va

lor

I

nd

ivid

ua

l

L im it e d e C o n t r o le S u p e r io r = 3 9 , 3 8 3L in h a C e n t r a l = 3 5 , 7 4 3 6

L im it e d e C o n t r o le I n f e r io r = 3 2 , 1 0 4 2C a u s a s E s p e c ia is

19

Figura 9 – Análise da Estabilidade

2.9.1.1 Diretrizes para o estudo

Obter uma amostra e estabelecer seu valor de referência medindo a

peça 10 vezes na metrologia e calculando a média;

Periodicamente, medir a peça de 3 a 5 vezes;

Tamanho e freqüência da amostra devem ser baseadas no

conhecimento;

Coletar os dados em cartas de controle RX ou sX ;

Estabelecer limites de controle;

Calcular o desvio padrão e compara-lo com o do processo.

2.9.2 Tendência

É a diferença entre o valor verdadeiro (valor de referência) e a média das

medições observada para uma característica, medições estas, feitas sob uma

mesma peça, conforme Figura 10.

Figura 10 – Tendência

A tendência é definida como a diferença entre a média observada e o valor de

referência

A média observada é a média de um conjunto de leituras (por exemplo, 10

observações) feitas pelo conjunto dispositivo/operador que queremos avaliar

O valor de referência é o valor suposto correto, obtido no laboratório de

metrologia

20

A tendência pode ser expressa em termos percentuais, onde a base de

comparação é a variação total do processo

Em geral usa-se 6 sigma ou a tolerância (amplitude do intervalo de

especificação) para definir a base de comparação:

Tendência % = 100 x Tendência / (6 sigma)

Tendência % = 100 x Tendência / Tolerância

2.9.2.1 Diretrizes para o estudo

Obter uma amostra e estabelecer seu valor de referência relativo a um

padrão rastreável. Se isto não for possível, selecionar uma peça da

produção, medir a peça n > 10 vezes na metrologia e calculando a

média. Usar esta média como valor de referência;

Um operador mede n > 20 vezes a peça da maneira usual.

2.9.3 Linearidade

A diferença da tendência ao longo do intervalo de operação esperado

(medição) no equipamento é chamada de linearidade. A linearidade pode ser

imaginada como a variação da tendência com respeito ao tamanho (medido).

Figura 11 – Linearidade

O estudo da linearidade do dispositivo de medição verifica o desempenho do

dispositivo ao longo de toda a sua faixa de uso

Muitas vezes o dispositivo é usado em uma faixa ampla, e o fato dele estar

calibrado e funcionando adequadamente em um extremo da faixa, não

assegura seu funcionamento adequado no centro ou no outro extremo da faixa

21

Para fazer um estudo de linearidade, é preciso utilizar várias peças cujos

valores de referência contemplem a faixa de uso do dispositivo.

Então se efetuam medições sobre cada peça e registra-se a tendência

observada, verificando, através de um estudo de regressão, se a tendência é

função do valor de referência. A Figura 12 apresenta um exemplo gráfico de

análise da Linearidade.

Figura 12 – Exemplo de Análise de Linearidade

2.9.3.1 Diretrizes para o estudo

Selecionar g > 5 peças ao longo da faixa de operação do dispositivo;

Obter valores de referência;

Confirmar abrangência da faixa de operação;

1 operador que normalmente usa o instrumento, mede m > 10 vezes

cada peça.

2.9.4 Repetitividade e Reprodutibilidade (R&R)

22

O R&R do dispositivo de medição é uma estimativa da variação combinada da

repetitividade e da reprodutibilidade. É a variância resultante da soma das

variâncias dentro do sistema e entre sistemas, conforme apresentado na Figura

13.

Figura 13 – R&R

2.9.4.1 Repetitividade

É a variação nas medidas obtidas com um dispositivo de medição quando

usado várias vezes por um operador medindo a mesma característica na

mesma peça.

Figura 14 - Repetitividade

A repetitividade ou variação do dispositivo de medição é observada quando um

mesmo operador mede a mesma peça mais de uma vez. Quando a diferença

entre as leituras é pequena, o sistema tem boa repetitividade, a Figura 15

ilustra esta definição.

23

Figura 15 – Análise da Repetitividade

2.9.4.2 Reprodutibilidade

É a variação na média das medidas feitas por diferentes operadores

utilizando o mesmo dispositivo de medição medindo características nas

mesmas peças, conforme apresentado na Figura 16.

Figura 16 – Reprodutibilidade

24

A reprodutibilidade refere-se a diferenças que podem existir entre as medidas

de diferentes operadores, em geral resultado de procedimentos específicos

adotados por cada operador.

Para estimar essa variabilidade, determina-se a média para cada operador e

em seguida calcula-se a amplitude, subtraindo-se a menor média da maior,

conforme pode ser verificado na Figura 17.

Figura 17 – Análise da Reprodutibilidade

2.9.4.3 Diretrizes para o estudo

R&R (método da amplitude):

Fornece o valor aproximado para a variação da medição

Não decompõe a variabilidade em repetitividade e reprodutividade

Diretrizes:

Seleciona-se 5 peças

Nomear 2 operadores

Numerar as peças

Ambos operadores medem cada peça uma única vez

25

R&R (método da média e amplitude):

Permite que o sistema de medição seja decomposto em dois

componentes distintos, repetitividade e reprodutividade, mas sem a

interação

Diretrizes:

Obter amostra de 10 peças que represente a amplitude esperada da

variação do processo

3 operadores medem 3 vezes cada peça

Numerar as peças

Calibrar dispositivo de medição

Faça os operadores medirem em ordem aleatória

2.9.4.4 Critérios de Aprovação do R&R

Os estudos de R&R seguem os critérios de aprovação apresentados na Figura

18.

Figura 18 – Critérios de aprovação do R&R

Abaixo de 10% Pode ser

considerado

aceitável

Recomendável, especialmente útil quando

tentamos ordenar ou classificar peças ou quando

for requerido um controle apertado do processo.

Entre 10% e 30% Pode ser

aceito para

algumas

aplicações

A decisão deve ser baseada primeiro, por

exemplo, na importância da aplicação da medição,

custo do dispositivo de medição, custo do

retrabalho ou reparo. O sistema de medição deve

ser aprovado pelo cliente.

Acima de 30% Considerado

Inaceitável

Todos os esforços devem ser tomados para

melhorar o sistema de medição. Esta condição

pode ser resolvida pelo uso de uma estratégia

apropriada para a medição; por exemplo, utilizar a

média de diversas medições da mesma

característica da mesma peça a fim de reduzir a

variabilidade da medida final.

26

2.9.5 Avaliação do Sistema de Medição para Atributo

Um dispositivo de medição por atributo é aquele que compara cada peça com

um conjunto específico e aceita a peça se os limites são satisfeitos, caso

contrário, rejeita-se uma peça. Um atributo não pode indicar o quanto a peça é

boa ou ruim, mas somente se a peça é aceita ou rejeitada.

2.9.5.1 Diretrizes para estudo

Seleciona-se 50 peças ou mais;

Defini-se o atributo referência para cada uma delas

Nomear 3 operadores;

Marcar um local de checagem;

Algumas peças devem estar ligeiramente acima dos limites de

especificação e outra abaixo;

Cada operador mede 3 vezes cada peça aleatoriamente.

Os critérios de aceitação para os estudos por atributo seguem os níveis

apresentados na Figura 19.

Figura 19 – Critérios de aprovação de Sistema de Medição por Atributos

2.10 MÉTODO DE AVALIAÇÃO DO MSA

Decisão do

sistema de

medição

Eficácia % de Falhas% de Alarme

falso

Aceitável quanto ao

avaliador 90% 2% 5%

Marginalmente

aceitável quanto ao

avaliador

80% < 5% 5%

Inaceitável quanto

ao avaliador< 80% > 5% > 10%

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O Fluxograma da Figura 20 apresenta um método genérico de realização de

estudo de MSA.

Figura 20 – Processo de avaliação do MSA

Para tomar decisões adequadas, é necessário confiar nos dados coletados.

Uma coleta adequada depende de processos e instrumentos de medição

confiáveis. A confiança sobre os instrumentos e os processos de medição pode

ser validada pelo ferramental de MSA.

3 REFERÊNCIAS

Automotive Industry Action Group – AIAG (2002), Measurament Systems

Analysis (MSA) Rference Manual – Fourth Edition. Chrysler Corporation,

Ford Motor Company, General Motors Corporation.

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