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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MODELAGEM EM CIÊNCIA DA TERRA E DO AMBIENTE – PPGM
Análise Hierárquica Processual (AHP) na Modelagem da Vulnerabilidade Ambiental do Minicorredor Ecológico Serra das
Onças (BA)
VALDIRENE SILVA BRITO DIAS
FEIRA DE SANTANA - BAHIA MARÇO – 2012
Valdirene Silva Brito Dias
Análise Hierárquica Processual (AHP) na modelagem da Vulnerabilidade Ambiental do Minicorredor Ecológico Serra das
Onças (BA)
Dissertação apresentado ao programa de Pós-Graduação em Modelagem em Ciência da Terra e do Ambiente – PPGM, departamento de ciências exatas, Universidade Estadual de Feira de Santana.
ORIENTADOR: ARDEMÍRIO DE BARROS SILVA
FEIRA DE SANTANA - BAHIA MARÇO – 2012
Catalogação-na-Publicação: Biblioteca Central Julieta Carteado - UEFS
Dias, Valdirene Silva Brito
D536a Análise hierárquica processual (AHP) na modelagem da
vulnerabilidade ambiental do minicorredor ecológico Serra das Onças
(BA) / Valdirene Silva Brito Dias. – Feira de Santana - BA, 2012.
115 f. : il.
Orientador: Prof. Dr. Ardemírio de Barros Silva.
Dissertação (Mestrado em Modelagem em Ciências da Terra e
do Ambiente)-Universidade Estadual de Feira de Santana, Programa
de Pós-Graduação em Modelagem em Ciências da Terra e do
Ambiente, 2012.
1. Meio ambiente - Serra das Onças, BA. 2. Sistema de
informação geográfica. 3. Vulnerabilidade ambiental - Serra das
Onças, BA. I. Silva, Ardemírio de Barros. II. Universidade Estadual
de Feira de Santana. Pós-Graduação em Modelagem em Ciências da
Terra e do Ambiente. III. Título.
CDU: 504: 911.2 (812.22)
VALDIRENE SILVA BRITO DIAS
Análise Hierárquica Processual (AHP) na modelagem da Vulnerabilidade Ambiental do Minicorredor Ecológico Serra das Onças (BA)
Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em Modelagem em Ciências da Terra e do Ambiente da Universidade Estadual de Feira de Santana, como requisito à obtenção de título de Mestre em Ciências Ambientais:
Curitiba, ___ de ___________ de ____.
Feira de Santana, ___ de ___________ de ____.
BANCA EXAMINADORA: ____________________________________________________ Prof. Dr. Ardemírio de Barros Silva - Orientador ____________________________________________________ Profª Dr ª. Dária Maria Cardoso Nascimento (UFBA) ____________________________________________________ Profª Dr ª. Jocimara Souza Britto Lobão (UEFS)
v
AGRADECIMENTOS
Gostaria de expressar meus agradecimentos em primeiríssimo lugar, sempre, a
Deus por estar continuamente me abençoando com tantas conquistas em minha
vida, essa é apenas mais uma.
A Ardemírio Barros da Silva meu orientador, de fundamental importância, por ter me
ajudado a superar meus limites e barreiras matemáticas, por sua paciência e seus
ensinamentos tão sublimes, durante a execução deste trabalho. Agradeço também
pelas oportunidades que me deu, pela confiança, pelos conselhos e por ter me
ajudado na escolha do tema e da metodologia dessa dissertação que eu tive muito
prazer em trabalhar.
Ao meu companheiro, amigo, parceiro e marido, o Geólogo André Luis, por estar do
meu lado em todos os momentos, uma pessoa muito especial em minha vida e que
durante essa trajetória me presenteou com a minha gestação de Geovanna, que
nascerá logo após a conclusão deste trabalho.
A minha família maravilhosa que está sempre na torcida para que tudo der certo e
que tanto contribuiu nessa caminhada, me amparando sempre, desde o inicio da
vida.
A professora Maria Emília que foi de fundamental importância pela oportunidade que
tive em trabalhar com o professor Barros e as professora Daria Nascimento e
Jucimara Lobão pela contribuição e conselhos no processo de qualificação.
A Secretaria de Meio Ambiente do Estado da Bahia, em especial Floriano Alvarez,
por todo apoio para a realização deste estudo.
Aos colegas, professores e funcionários do PPGM l UEFS, que me acolheram e me
apoiaram do começo até a conclusão do mestrado.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo
apoio e financiamento desta pesquisa.
vi
RESUMO
Este trabalho propõe um mapa da vulnerabilidade ambiental (2010) do Mini Corredor
Ecológico Serra das Onças (BA) a partir de Análise Hierárquica Processual (AHP).
Esta pesquisa contribui com os estudos, diagnósticos e planejamentos na área
ambiental por meio de modelagem matemática com o uso do algoritmo AHP,
desenvolvido por Saaty (1977). Esta metodologia multicriterial tem sido cada vez
mais aceita e difundida no meio cientifico por utilizar dados qualitativos e
quantitativos, alcançando resultados atenuados da subjetividade humana e ao
mesmo tempo de fácil entendimento e aceitação da comunidade acadêmica e a
sociedade em geral. O Mini Corredor Ecológico em análise localiza-se entre os
municípios de Camamu, Itacaré e Maraú (BA), trata-se de um território estratégico
para a defesa dos recursos naturais da região em que está inserido. É uma área
delimitada como ligação (corredor) entre Unidades de Conservação do Litoral Sul da
Bahia, mantendo o fluxo e dispersão das espécies em proteção (BRASIL 2004). A
utilização do Sistema de Informação Geográfica (SIG) neste trabalho possibilitou os
estudos espacializados na área das geociências. O SIG permitiu a homogeneização
dos dados cartográficos, todos na projeção UTM, Datum SAD 1969, Zona 24 Sul,
meridiano central -39, a conversão para o formato raster, delimitação de
coordenadas extremas, número de células (pixel), linhas e colunas, além da álgebra
dos mapas e apresentação final dos resultados. Para a produção do mapa de
vulnerabilidade ambiental o algoritmo AHP foi aplicado na obtenção dos pesos, com
a comparação pareada, dos critérios em análise: Geologia, Solos, Declividade e Uso
e Cobertura da Terra (2010) e em segundo nível as alternativas (atributos destes
temas em análise). Após procedimento de álgebra dos mapas em SIG obteve-se o
mapa síntese com cinco classes de vulnerabilidade ambiental (Muito Fraca, Fraca,
Média, Alta e Muito Alta), no qual foi possível constatar que a área em estudo está
classificada em maior expansão (37.07%) como de Fraca Vulnerabilidade (ocupadas
pelas rochas coesas rochas do Pré-Cambriano, Latossolos, que são solos maduros
e bem desenvolvidos, declives do relevo menores que 20% e ás áreas cobertas por
Restinga arbórea, arbustiva e herbácea, Florestas Ombrófilas em estagio médio e/ou
avançado de regeneração), a Alta Vulnerabilidade está ocupando 20.38%,
concentrada na região nordeste, da área em estudo, localizada no município de
Camamu (BA), onde se encontra um complexo sistema litorâneo com uma rede
vii
hidrográfica intensa e a presença exuberante de manguezais e restingas. A sudeste,
onde a declividade se apresenta com mais de 20% de inclinação, encontrada
também em transição com a classe de média vulnerabilidade nas áreas de
predomínio da fraca vulnerabilidade. A classe de menor ocupação (7.09%) foi a
Muito Alta, localizada principalmente na região litorânea. Diante do resultado da
vulnerabilidade do ambiente natural, espera-se então que este estudo venha
contribuir com a gestão estratégica e ambiental do Mini Corredor Ecológico Serra
das Onças (BA), que demanda monitoramento especial perante o uso descontrolado
da ocupação humana (ocupação urbana, agropecuária, turismo e indústria) e de sua
função ambiental estratégica.
Palavras Chave: Análise Hierárquica Processual (AHP), Vulnerabilidade Ambiental,
Sistemas de Informação Geográfica (SIG), Mini Corredor Ecológico.
viii
ABSTRACT
This paper proposes a map of environmental vulnerability (2010) for the Mini
Ecological Corridor Serra das Onças (BA) using the Analytic Hierarchy Process
(AHP). This research contributes to the studies, diagnostics, and planning in the
environmental area through mathematical modeling using the AHP algorithm,
developed by Saaty (1977). This multicriterial analysis has been increasingly
accepted and become widespread in the scientific community because it uses
qualitative and quantitative data, achieving results that attenuate human subjectivity;
while at the same time it is easy to understand and accept within the academic
community and society in general. The Mini Ecological Corridor in question is
located between the towns of Camamu, Itacaré, and Maraú (BA). It is a strategic
territory for the protection of natural resources in its region. It is an enclosed area
demarcated as a link (corridor) between protected areas of the South Coast of Bahia,
keeping the flow and dispersion of species protection (BRAZIL 2004). The use of
Geographic Information System (GIS) in this work enabled specialized studies in the
area of geosciences. The GIS allowed the homogenization of map data, all the
projection in the UTM SAD 1969 Zone 24 South Datum, central meridian -39, the
conversion to raster format, the definition of the extreme coordinates, number of cells
(pixels), rows and columns, and the algebra of maps and final presentation of
results. To produce the environmental vulnerability map the AHP algorithm was
used to obtain the weights, with the pairwise comparison, of the criteria for analysis:
Geology, Soils, Slope and Use and Land Cover (2010) and in a second-level the
alternatives (the attributes of these issues in the analysis). After doing the algebraic
procedures of the maps in GIS, a consensus map was obtained with five classes of
synthetic environmental vulnerability (Very Low, Low, Medium, High and Very High).
It was established that the study area is classified in its majority ( 37.07%) as Low
Vulnerability (occupied by rocks of the Precambrian, Oxisols, which are well
developed and mature soils, topography slopes of less than 20%, areas covered by
trees, shrubs and herbaceous species, and a rain forests in a medium and / or
advanced stage of regeneration). The High Vulnerability area occupies 20:38%,
concentrated in the northeast region of the study area, located in the municipality of
Camamu (BA), which is a complex system with a coastal river system and the
ix
intense presence of lush mangroves and sandbanks. To the southeast, where the
slope is presented with more than 20% incline, there is a transition to medium
vulnerability in areas of predominantly low vulnerability. The less prevalent class
(7.09%) was the Very High vulnerability, located mainly in the coastal region. Given
the outcome of the vulnerability of the natural environment, then it is expected that
this study will contribute to the strategic and environmental management of the Mini
Mountain Ecological Corridor Serra das Onças (BA), which requires special
monitoring against the uncontrolled use of human occupation (urban
occupation, agriculture, tourism and industry) and their environmental strategy.
Keywords: Analytic Hierarchy Process (AHP), Environmental Vulnerability,
Geographic Information Systems (GIS), Mini Ecological Corridor.
x
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS .................................................................................................. v
RESUMO.................................................................................................................... vi
SUMÁRIO ................................................................................................................... x
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1
2. OBJETIVOS ...................................................................................................... 5
3. CARACTERIZAÇÃO GEOECOLÓGICA DA ÁREA DE ESTUDO ................... 6
3.1Localização da Área de Estudo ................................................................ 6
3.2 Aspectos Populacionais ......................................................................... 6
3.3 Aspectos Socioeconômicos ................................................................. 11
3.3.1 Características Socioeconômicas Regionais ......................... 11
3.3.2 Agricultura ................................................................................. 14
3.4 Clima ....................................................................................................... 16
3.5 Geologia ................................................................................................. 18
3.6 Relevo ..................................................................................................... 24
3.7 Solos ....................................................................................................... 30
3.8 Uso e Cobertura da Terra ....................................................................... 36
4. REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 47
4.1 Álgebra de mapas .................................................................................. 47
4.2 Análise Hierárquica Processual ........................................................... 48
4.3 Vulnerabilidade Ambiental .................................................................... 53
4.4 Unidades de conservação .................................................................... 55
4.4.1 Características Socioeconômicas Regionais ......................... 55
4.4.2 Unidades de Conservação da Mata Atlântica ......................... 60
5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................... 65
5.1 Métodos utilizados ................................................................................. 67
5.2 Cartas Temáticas ................................................................................... 68
xi
5.3 Julgamentos para Vulnerabilidade Ambiental dos Atributos
Pertencentes aos Critérios Temáticos ........................................................ 70
5.3.1 Critério Geologia ...................................................................... 70
5.3.2 Critério Solos ............................................................................ 72
5.3.3 Critério Declividade .................................................................. 74
5.3.4 Critério Uso da Terra ................................................................. 75
5.4 Aplicação do Método AHP .................................................................... 77
5.4.1 Critérios .................................................................................... 77
5.4.2 Alternativas ............................................................................... 77
5.4.3 Comparação par a par entre os elementos ............................ 78
5.4.4 Inconsistência das análises .................................................... 79
5.5 Procedimentos para a obtenção dos pesos e vetores ....................... 82
5.5.1 Comparação pareada dos critérios (Nível I) ........................... 82
5.5.2 Comparação pareada das alternativas (Nível II) ..................... 84
5.5.3 Vulnerabilidade Ambiental do Mini Corredor Ecológico Serra das
Onças com a Aplicação da Álgebra de Mapas ........................................... 86
6. VULNERABILIDADE AMBIENTAL .............................................................. 87
6.1 Vulnerabilidade Ambiental - Mapas Temáticos ................................... 87
6.1.1 Vulnerabilidade – Uso e Cobertura da Terra .......................... 87
6.1.2 Vulnerabilidade – Declividade ................................................. 89
6.1.3 Vulnerabilidade – Geologia ..................................................... 90
6.1.3 Vulnerabilidade – Solos ........................................................... 91
6.2 Análise dos resultados do mapa síntese de Vulnerabilidade
Ambiental ..................................................................................................... 92
6.2.1 Classe de Muito Fraca Vulnerabilidade Ambiental ................. 94
6.2.2 Classe de Fraca Vulnerabilidade Ambiental ........................... 94
6.2.3 Classe de Média Vulnerabilidade Ambiental........................... 96
6.2.4 Classe de Alta Vulnerabilidade Ambiental .............................. 96
6.2.5 Classe de Muito Alta Vulnerabilidade Ambiental ................... 98
7. CONCLUSÕES ............................................................................................... 99
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 102
1
1. INTRODUÇÃO
Um dos grandes conflitos ambientais é a contradição que existe entre
proteger o meio ambiente e aproveitar o máximo de seus recursos. No atual cenário
do avanço científico, econômico e tecnológico que chegou a humanidade no século
XXI, a extensiva exploração dos recursos naturais tem sido cada vez mais intensa,
gerando assim problemas de difíceis controles, os quais infelizmente o homem não
avançou a ponto de criar uma eficaz solução. Diante desse panorama é preciso
conceber que a natureza não é capaz, por si mesma, de absorver totalmente os
desejos do homem. (GERASIMOV, 1946, apud ROSS, 2003).
O grande impacto que há muito tempo vem degradando a Mata Atlântica
é de conhecimento geral, foi neste Bioma que se iniciou a exploração dos recursos
naturais no Brasil desde a colonização europeia. A chegada dos colonizadores pela
região costeira favoreceu a ocupação dos primeiros espaços territoriais no Bioma
Mata Atlântica, tendo inicio com a exploração do pau-brasil e, desde então, com o
fomento dos diversos ciclos econômicos ocorridos, contribuiu para a drástica
diminuição deste ambiente natural de praticamente impossível mitigação. Com a
perda quase total das florestas originais e a contínua devastação dos
remanescentes florestais existentes, a Mata Atlântica encontra-se em péssima
posição de destaque no mundo: como um dos conjuntos de ecossistemas mais
ameaçados de extinção. (INPE e SOS Mata Atlântica, 2008).
Apesar de tal realidade, a grande biodiversidade nos remanescentes é tão
expressiva que foi apontado na Mata Atlântica o recorde mundial de diversidade
botânica para plantas lenhosas (454 espécies em um único hectare do sul da Bahia)
além de cerca 20 mil espécies de plantas vasculares, das quais aproximadamente 6
mil restritas ao bioma. (INPE e SOS Mata Atlântica, 2008).
Tal ocorrência e a grande variedade de fauna ainda existente na Mata
Atlântica também rendem destaque e importância no panorama internacional, tendo
fragmentos destes conjuntos reconhecidos como Patrimônio Mundial pela ONU e
indicados como Sítios Naturais do Patrimônio Mundial e Reserva da Biosfera da
Mata Atlântica pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO). O bioma é considerado também Patrimônio Nacional na
Constituição Federal de 1988. (INPE e SOS Mata Atlântica, 2008).
2
Diante dessa abordagem, constata-se a grande importância que há em
conservar o Bioma da Mata Atlântica, o qual abastece com seus recursos naturais
as principais metrópoles e cidades brasileiras, além de auxiliar no controle do clima,
resguardar uma abastada biodiversidade e abrigar várias comunidades indígenas,
caiçaras, ribeirinhas e quilombolas que constituem a genuína identidade cultural do
Brasil (INPE e SOS Mata Atlântica, 2008).
Atualmente restam apenas cerca de 4% do bioma original da Mata
Atlântica, a qual se encontra amparada pela legislação (Lei Nº 11.428, de 22 de
dezembro de 2006) e a criação de Unidades de Conservação da Natureza,
regulamentado pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC (Lei
n.9.985 de 18 de julho de 2000).
Para auxiliar na preservação e continuidade das espécies que garantem a
biodiversidade existente nas UCs o SNUC (SNUC, 2004) regulamenta também a
criação de corredores ecológicos, demarcadas como:
[...] porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais. (SNUC, Lei Nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006, Capítulo I, Art. 2º, Inciso XIX).
Envolto da importância do Bioma Mata Atlântica e da preservação de
suas UCs, é de relevante importância a manutenção dos corredores ecológicos
como estratégia para o planejamento regional sustentável e eficaz conservação da
fauna e flora ameaçadas pelo uso indiscriminado das atividades humanas
(indústrias, ocupação urbana, agropecuária, entre outras).
O Minicorredor Ecológico Serra das Onças (BA), área de estudo do
presente trabalho, além de possuir relevantes fragmentos de mata Atlântica e
belezas cênicas, se destaca pela região da Baía de Camamu, terceira maior do
Brasil, com extensas áreas recobertas por manguezais e exuberantes restingas e
lagoas.
A área onde se localiza o Minicorredor está situada em um dos
segmentos da costa baiana que se apresenta em melhor estado de preservação,
3
particularmente devido às dificuldades de acesso à linha de costa impostas pela
fisiografia da região que, de certo modo, perduram até os dias atuais. Apresenta
elevada biodiversidade, tendo em vista o fato de que em uma pequena área,
ocorrem muito próximos ecossistemas como a Mata Atlântica, Manguezais, Recifes
de Corais Estuários, Baías e Praias Arenosas.
A área em análise também apresenta grandes fragmentos de floresta
ombrófila sendo uma região estratégica para promover a conexão das Unidades de
Conservação – UC do Baixo Sul com as UC do Sul da Bahia, e um elo entre a Serra
da Papuã e a Serra do Conduru. Está inserida no conjunto de minicorredores
pertencentes ao Corredor Central da Mata Atlântica – CCMA/Bahia. Localiza-se
entre os municípios de Camamu, Maraú e Itacaré (BA), pertencentes à região
Econômica do Litoral Sul da Bahia.
O presente trabalho foi realizado a partir da aplicação da modelagem
matemática e cartográfica para obtenção de uma carta síntese de vulnerabilidade
ambiental do Minicorredor Ecológico Serra das Onças (BA).
Para tal demanda foi aplicado um algoritmo de análise denominado AHP -
Analystic Hierarchy Process ou Análise Hierárquica Processual (introduzida por
SAATY em 1977), que consiste em um método multicriterial de modelagem dos
dados em análise para atenuar a subjetividade, obtendo uma maior confiança
cientifica e entendimento popular e que vem se expandindo no meio acadêmico na
quantificação dos atributos naturais relacionado à fragilidade ambiental.
Sena (2008) propõe métodos multicriteriais como ferramentas de auxilio a
decisões, diante da dificuldade que há em se obter uma ordenação objetiva, e
avaliação da importância e influencia de cada uma das variáveis que contribuem
com a seleção das áreas de suscetibilidade a erosão. Por tanto foi utilizada o AHP,
o autor descreve este método da seguinte forma “[...] permite que tal decisão seja
tomada, baseada em critérios qualitativos e quantitativos, ao mesmo tempo em que
admite pontos de vista diferenciados e contraditórios, além de ser simples fácil e
rápida de ser entendida e desenvolvida.” (SENA, 2008, p. 26).
Segundo Ross (2003), as unidades de fragilidade dos ambientes naturais
devem ser resultantes dos levantamentos básicos de geomorfologia, litologia, solos,
cobertura vegetal/uso da terra e clima. Esses elementos tratados de forma integrada
possibilitam obter um diagnóstico das diferentes categorias hierárquicas da
4
vulnerabilidade dos ambientes naturais, diante dos diferentes estados de equilíbrio e
desequilíbrio que o meio está submetido.
É nesse contexto que o presente estudo traz uma carta síntese de
vulnerabilidade ambiental obtida a partir da análise dos temas fisiográficos
(Declividade, Geologia, Solos e Uso e Cobertura da Terra) disponível na escala
geográfica da área em estudo com o apoio dos Sistemas de Informação Geográfica
(SIG).
A aplicação de SIG via modelagem matemática torna-se instrumento
interdisciplinar muito importante para o estudo do meio ambiente; surge como uma
possibilidade de atendimento a essas demandas, uma vez que detêm as habilidades
de gerar, tratar e integrar informações espaciais e alfanuméricas, contribuindo assim
para tomada de decisões (MIRANDA, 2005).
A partir do uso de SIG voltado para a elaboração do estudo sistemático
da vulnerabilidade ambiental, foi possível obter a delimitação de áreas prioritárias,
contribuir com o monitoramento e planejamento estratégico do território.
Este trabalho é facilitado pelo Projeto Corredores Ecológicos (PCE), o
qual tem como objetivo planejar e implementar minicorredores nas Áreas Focais do
Corredor Central da Mata Atlântica (CCMA), em conjunto com o Estado e a
sociedade civil organizada.
Uma etapa deste projeto já se encontra finalizado com o mapeamento de
Uso e Cobertura da Terra e tem como órgãos executores, a Secretaria do Meio
Ambiente - SEMA, o Instituto de Meio Ambiente - IMA e o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE.
Nesse contexto, a partir da análise da vulnerabilidade ambiental, este
estudo pode ser um instrumento de contribuição para futuros estudos de
monitoramento e planejamentos por parte de organismos governamentais e não
governamentais, a comunidade científica com interesse na área de estudo, na
elaboração um futuro e necessário documento de Zoneamento Ecológico Econômico
(ZEE) e planos de manejo deste território estratégico, o Minicorredor Ecológico Serra
das Onças (BA). Sugerindo as melhores alternativas para o uso sustentável dos
recursos naturais, evitando prejuízos muitas vezes irreversíveis.
5
2. OBJETIVOS
2.1 - Objetivo Geral
Objetiva-se empregar a metodologia de Análise Hierárquica Processual
(AHP) para a elaboração de uma carta síntese de vulnerabilidade ambiental do
Minicorredor Ecológico Serra das Onças.
2.2 - Objetivos Específicos:
Levantar dados bibliográficos para aquisição do conhecimento;
Analisar e interpretar as cartas temáticas, procedentes de fontes secundárias
utilizadas como critérios na execução do algoritmo AHP;
Estruturar os critérios para a hierarquização dos atributos escolhidos para a
aplicação do AHP;
Construir as matrizes de comparação pareada dos atributos selecionados para a
modelagem, empregando uma escala de preferência um em relação ao outro,
desenvolvida por Saaty (1991);
Determinar para cada matriz de preferências relativas o vetor de pesos;
Checar a consistência das preferências em função do valor de Razão de
Consistência (RC);
Obter a valoração - Determinar a importância relativa de cada alternativa em
relação ao objetivo maior – Valoração quanto à vulnerabilidade;
Mensurar as potencialidades e limitações ambientais do Minicorredor Serra das
Onças (BA), demonstrados no mapa de vulnerabilidade ambiental.
6
3. CARACTERIZAÇÃO GEOECOLÓGICA DA ÁREA DE ESTUDO
3.1 Localização da Área de Estudo
O Minicorredor Ecológico Serra das Onças, área de estudo deste
trabalho, está localizado entre as coordenadas geográficas de 13°56’14” e 14°20’56”
de latitude sul e 38°59’5” e 39°17’9” a oeste de Greenwich. Apresenta área
equivalente a 964,77 km² e encontra-se inserido entre os territórios dos municípios
de Camamu, Maraú e Itacaré. A área tem seu limite ao sul delimitado pelo Rio de
Contas que desemboca no Oceano Atlântico, ao Norte a Barra do Conduru e a
Enseada de Barra Grande e ao Leste o Estuário de Maraú (Figura 3.1). Quanto à
regionalização, a área de pesquisa compreende os Territórios de Identidades do
Baixo Sul e Litoral Sul do Estado da Bahia, Bacia Hidrográfica do Recôncavo Sul e a
Zona Turística Costa do Dendê (BA), devido à localização destes municípios no
litoral.
3.2 Aspectos Populacionais
Os municípios que englobam a área de estudo possuem uma população
total de 78.599 pessoas residentes, 35.018 residem no município de Camamu (BA),
24.318 em Itacaré (BA) e 19.010 em Maraú (BA), contendo assim o menor
contingente populacional (IBGE - Censo Demográfico 2010) (tabela 3.1). Os dados
de densidade demográfica destes municípios novamente colocam Camamu no
“ranking”, com 38,22 habitantes por quilômetro quadrado, mesmo contendo a maior
área territorial (920 km²) (tabela 3.1).
Municípios (Bahia)
Área total (km²)
População
(Total)
Densidade demográfica (habitantes/km²)
Camamu 920,4 35.18 38,22
Itacaré 737,9 24.318 32,96
Maraú 823,4 19.101 23,20
Tabela 3.1 – Dados populacionais dos municípios que englobam a área de estudo no ano
de 2010.
Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2010.
8
Os dados populacionais do IBGE (2010), ilustrados no gráfico 3.1,
demonstram também que Itacaré (BA) se destaca dos demais por possuir uma maior
população urbana (13.642) em comparação com a rural (10.676).
Os dados dos setores censitários, coletados pelo IBGE (Censo 2010),
possibilitam uma análise populacional mais detalhada, por permitir a observação
dessas informações a partir de polígonos inclusos nos limites do Minicorredor
Ecológico Serra das Onças. A figura 3.2 ilustra a distribuição populacional na área
de pesquisa, as pequenas células em torno da sede do município de Camamu se
apresentam dentro da maior classe populacional. O mesmo fenômeno ocorre no
extremo sul da área delimitada pelo corredor ecológico (figura 3.2).
As informações de densidade demográfica por setores censitários1 em
2010, disponíveis pelo Mapa Sinopse do IBGE, podem ser analisadas na figura 3.3.
O que é ressaltado nesta obsservação são as células com maior densidade nos
polígonos com menor delimitação principalmente entorno da sede de Camamu (BA).
1 O setor censitário é a unidade territorial estabelecida para fins de controle cadastral, formado por área contínua,
situada em um único quadro urbano ou rural, com dimensão e número de domicílios que permitam o
levantamento por um recenseador. Assim sendo, cada recenseador procederá à coleta de informações tendo
como meta a cobertura do setor censitário que lhe é designado (IBGE 2010).
Gráfico 3.1 – População Urbana e Rural dos municípios de Camamu, Itacaré e Maraú-
Ba.
Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2010.
9
Outro fenômeno observado é o adensamento populacional em direção ao
Oeste e Nordeste da área.
Figura 3.2 – Cartograma da distribuição populacional por setores censitários existentes no
Minicorredor Ecológico Serra das Onças.
Nº do setor
Censitário
10
Figura 3.3 – Compilação do Mapa sinopse de densidade demográfica por setores
censitários dos municípios de Camamu, Itacaré e Maraú (BA) (2010), disponível pelo
IBGE, com a base cartográfica existente para o Minicorredor Ecológico Serra das
Onças.
11
3.3 Aspectos Socioeconômicos
3.3.1 Características Socioeconômicas Regionais
A área do Minicorredor Ecológico Serra das Onças encontra-se entre
duas territorializações distintas: Territórios de Identidade Baixo Sul e Litoral Sul, já
referidos anteriormente. O primeiro, ocupa a 13° posição quanto ao Índice de
Desenvolvimento Social2 - IDS em 2006 e o segundo assume a 5° posição dos 26
Territórios de Identidade existentes no estado da Bahia (SEI 2008). Os valores
respectivos destes índices estão listados na tabela 3.1. O valor médio do escore
utilizado pela metodologia da SEI foi de 5000.
Quanto ao Índice de Desenvolvimento Econômico - IDE, que segundo a
SEI (2008), é resultante dos níveis de infra-estrutura e qualificação da mão-de-obra
existente e da renda gerada localmente, o Litoral Sul ocupa a 6° posição enquanto a
região do Baixo Sul está classificado em 19° (Tabela 3.1) colocação no ano de 2006
(SEI 2008).
Os municípios de Itacaré, Camamu e Maraú, os quais insere-se a área de
estudo, quanto ao IDS dos 417 municípios baianos estão entre as posicões 167°,
2O conceito de Desenvolvimento Social adotado está fundamentado no pressuposto de que a
população dos municípios está sendo atendida por serviços de educação e saúde, ao tempo em que
tem acesso aos serviços de água tratada e energia elétrica O IDS – Índice de Desenvolvimento Social
é composto dos seguintes Índices: INS – Índice do Nível de Saúde; INE – Índice do Nível de
Educação ; ISB – Índice da Oferta de Serviços Básicos; IRMCH – Índice da Renda Média dos Chefes
de Família (SEI 2008).
Território IDE Classificação IDS Classificação
Baixo Sul 4.962,98 19º 4990,37 13º
Liitoral Sul 5.031,84 6º 5039,81 5º
Tabela 3.1 - Índice de Desenvolvimento Econômico e Social dos territórios de identidade
Baixo Sul e Litoral Sul.
Fonte: SEI, 2008.
12
253° e 260° respectivamente. O IDE acentua o cenário de disparidade
socioeconômica destes municípios, pois de acordo com os dados da SEI (2008)
Itacaré está em 44°, Camamu 187° e Maraú 316° (Tabela 3.2) na colocação dos 417
municípios da Bahia em 2006.
Fonte: SEI, 2008.
Os dados supracitados demonstram que o muncípio de Itacaré possui
uma melhor situação socioeconômica que os demais. Essa circunstância se deve
aos grandes atrativos turísticos do município (praias paradisíacas, mata atlântica e
infraestrutura) que lhe atribui a 7ª posição como principal destino turístico do estado
da Bahia (tabela 3.3).
Municípios IDE Classif. IDS Classif.
Camamu 4,989.79 187º 4,978.51 253º
Itacaré 5,043.00 44º 5,002.53 167º
Maraú 4,971.49 316º 4,977.05 260º
Destino Participação média (%)
Salvador 60
Porto Seguro 16,1
Mata de S. João (Praia do Forte, Sauípe, Imbassaí)
4,5
Cairú (Morro de São Paulo) 4,2
Ilhéus 2,6
Itaparica 0,8
Itacaré 0,7
Tabela - 3.3 – Principais Destinos Turísticos da Bahia
Fonte: Dados da última pesquisa realizada pela Secretaria de Turismo da Bahia (Setur) e Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em 2008.
Tabela - 3.2 – Índices de desenvolvimento econômico e social dos municípios de Camamu,
Itacaré e Maraú.
13
Ainda conforme as informações da SETUR & Bahiatura (2008) os
municípios de Maraú e Itacaré são considerados Destinos Indutores pelo Ministério
do Turismo (figura 3.4). Esta classificação se aplica àqueles municípios com maior e
melhor infraestrutura e com um conjunto de atrativos qualificados, identificados
através de pesquisa da consultoria internacional realizada pelo Ministério. A Bahia
possui cinco municípios indutores de desenvolvimento e mais um que está em
processo de consolidação. São eles: Salvador, Mata de São João, Maraú, Lençóis e
Porto Seguro, e mais Itacaré. (SETUR & Bahiatura, 2008)
Esses municípios recebem do Ministério do Turismo orientação e
capacitação para desenvolver e elaborar um plano de ação a fim de alcançar um
nível de competitividade internacional. Esses municípios são responsáveis por
induzir o desenvolvimento na região turística.
Figura 3.4 – Identificação das principais zonas turísticas e Rede Viária da Bahia.
Fonte: SEI, 2005.
Localização da área do
Minicorredor ecológico Serra
das Onças na Bahia
14
3.3.2 Agricultura
As informações do Sistema de Dados Estatísticos (SIDE) disponíveis pela
Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) demonstram que
nos limites de Camamu (BA) a área de cultivo plantadada atingiu aproximadamente
30 mil hectares no ano de 2009 (gráfico 3.2). O que aponta maior produção agrícola
diante dos demais municípios do Minicorredor Ecológico Serra das Onças. Portanto,
quanto ao uso e cobertura da terra, a porção deste município tende a possuir uma
maior área vulnerável a fatores antrópicos e naturais, o que será confirmado no
mapa de Uso e Cobertura. Os principais produtos agrícolas cultiváveis do território
de Itacaré, Camamu e Maraú (BA) são Cacau, Borracha, Coco-da-baía e Dendê
(gráficos 3.3, 3.4 e 3.5). O produto que mais se destaca é o Cacau (gráficos 3.3, 3.4
e 3.5) e em seguida o Dendê no município de Camamu (gráfico 3.5) e o Coco-da-
baía nos demais (gráficos 3.3 e 3.4).
Gráfico 3.5 - Área Colhida e Plantada em hectares no ano de 2009 no
município de Camamu (BA).
Fonte: SIDE, SEI (2009)
Fonte: SIDE, SEI (2009).
Gráfico 3.3 - Área Colhida e Plantada em
hectares no ano de 2009 no município de
Itacaré (BA).
Gráfico 3.2 - Área Colhida e Plantada
em hectares no ano de 2009 nos
municípios da área de estudo.
15
Quanto à pecuária, foi analisado dados sobre criação bovina dos
municípios que englobam a área de pesquisa, isso porque a introdução da pastagem
é uma das atividades agropecuaria que mais modifica a paisagem natural. Os
municípios que englobam a área de estudo alcançou, no período de 2000 a 2009,
em média 3.000 a aproximadamente 4.300 cabeças de gado por ano (SEI - SIDEb
apud IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal) (gráfico 3.6).
Avaliando os dados por ano (2005 a 2009), observa-se que Camamu (BA)
obteve em 2009 um aumento na quantidade de bovinos em seu terrítorio (gráfico
3.9), com cerca de 3.000 cabeças de gado, aproximando dos valores obitidos no
município de Maraú (BA) (gráfico 3.9), onde ocorreu uma queda de
aproximadamente 36%, passando de 4.968 para 3.190. Itacaré (BA) obteve o
mesmo desempenho de Maraú (BA), ou seja, uma redução (24,5%) (gráfico 3.8).
Gráfico 3.4 - Área Colhida e Plantada em hectares no ano de 2009 no município de Maraú (BA).
Fonte: SIDE, SEI (2009)
Fonte: SIDE, SEI (2011).
EI.(idem)
Gráfico 3.7 – Quantidade do gado
bovino no município de Camamu
(BA) no período de 2005 a 2009.
Gráfico 3.6 – Média da quantidade de cabeça de
gado bovino nos municípios de Camamu (BA),
Itacaré (BA) e Maraú (BA) no período de 2000 a
2009.
Fonte: SIDE, SEI (2011).
16
3.4 Clima
Segundo a tipologia climática Thornthwaite para o Estado da Bahia o
clima da área de pesquisa é úmido (Figura 3.5) com excedente hídrico em torno de
1000 a 1200 mm anual, regime pluviométrico de Janeiro a Dezembro (Gráfico 3.9), e
o índice hídrico de 80% (SEI, 2007). Os valores do balanço hídrico demonstram que
a região onde localiza-se a área de pesquisa possui mínima ou quase nenhuma
deficiência hídrica mensal e com pequenas oscilações de temperatura do ar ao
longo do ano (Gráfico 3.10). Conforme o banco de dados climáticos do período de
1961 a 1990, da Estação Meteorológica de Ilhéus (EMBRAPA), a mais próxima da
área de pesquisa (95,6 km), a pluviosidade média anual registrada é de 170 mm e
temperatura média de 24,3 °C (Gráfico 3.10).
Fonte: SIDE, SEI (2010).
Gráfico 3.9 – Quantidade de gado
bovino no município de Maraú (BA)
no período de 2005 a 2009.
Fonte: SIDE, SEI (2010).
Gráfico 3.8 – Quantidade de gado
bovino no município de Itacaré (BA)
no período de 2005 a 2009.
Gráfico 3.10 - Balanço Hídrico Climatológico (1961 - 1990). Dados da estação climatológica
de Ilhéus (BA).
Fonte: Sentelhas et al. (1999) in: EMBRAPA 2003.
17
Fonte: SEI, 2007.
Figura 3.5 - Tipos Climáticos em torno da área de estudo.
Área de Estudo
Gráfico 3.10: Precipitação e Temperatura – Período de 1961 a 1990. Dados da estação
climatológica de Ilhéus (BA).
Fonte: Sentelhas et al. (1999) in: EMBRAPA 2003.
Fonte: Sentelhas et al. (1999) in: EMBRAPA 2003.
18
3.5 Geologia
O Minicorredor Ecológico Serra das Onças está implantado sobre o
lineamento litoestrutural da Bacia Sedimentar de Camamu, o que faz com que o
mesmo apresente uma linha de costa bastante recortada, caracterizada por
inúmeros canais de maré, estuários e pela Baía de Camamu, a segunda maior baía
do Estado e a terceira do Brasil. Este aspecto recortado explica a ocorrência de
algumas das mais significativas áreas de manguezais do Estado da Bahia
(DOMINGUEZ & CORREA-GOMES, 2006).
Segundo Dominguez e Correa-Gomes (2006), na área de pesquisa os
principais tipos litológicos presentes se agrupam em três províncias: Embasamento
Precambriano, Bacia Sedimentar de Camamu e Planície Quaternária (Figura 3.6 e
Tabela 3.7).
Letra Símbolo
Litologia Área (%)
Área Itacaré
(%)
Área Maraú
(%)
Área Camamu
(%)
Bacia de Camamu
Ktm Formação Taipús-Mirim 10,75 0,00 0,12 10,63
Jb Grupo Brotas 3,70 0,00 0,52 3,19 Kal Formação Algodões 1,45 0,00 0,00 1,45
Depósitos Quartenários
QHI Areias Litorâneas - Terraço Marinho Holocênico 0,49 0,29 0,20 0,00
QHm Depósitos Argilo-orgânicos de Mangue 4,15 0,00 0,67 3,48
QHu Terras Úmidas 0,31 0,07 0,24 0,00
Qpar Areias Pleistocênicas Indiferenciadas 0,39 0,00 0,39 0,00
QPI Areias Litorâneas - Terraço Marinho Pleistocênico 14,80 1,10 0,62 0,00
Pré-Cambriano
Att1 Tonalitos-dacitos/Trondhjemitos-riolitos granulitizados sem anômalia de Europio
50,08 12,89 28,05 9,14
Att2 Tonalitos-dacitos/Trondhjemitos-riolitos granulitizados com anômalia positiva de Europio
7,21 1,01 3,51 2,69
Att5 Tonalitos-dacitos/Trondhjemitos-riolitos granulitizados com anomalia negativa de Európio
2,45 0,00 0,00 2,45
Asp Rocha Supracrustais Granulitizadas 1,38 0,01 1,19 0,17
Agt3 Gabros/Basaltos 2,09 0,72 1,35 0,02
Ash Rochas Monzoníticas e Monzodioríticas Granulitizadas
13,43 2,71 7,58 3,14
No Data Sem Dados 0,40 0,33 0,01 0,05
Tabela 3.7- Principais Unidades Litológicas da área de estudo
Fonte: Dominguez e Correa-Gomes, 2006.
22222220062006 2220062006.
20
A caracterização geológica descrita abaixo segue a descrição
apresentada em Dominguez e Correa-Gomes (2006) para o Projeto Costa do Dendê
- Programa de Avaliação de Potencialidades Minerais.
Bacia Sedimentar de Camamu
Formação Taipús-Mirim (Ktm) - de idade Cretácica inferior (Aptiano-
Albiano), inclui arenitos, arenitos conglomeráticos e folhelhos de coloração cinza-
claro a escuro. Estruturas sedimentares dominantes incluem estratificações
cruzadas, marcas de ondulação, camadas gradadas e acamamento lenticular a
ondulado (Membro Serinhaém). O membro Igrapiúna é constituído por calcários
castanhos e amarelados, dolomíticos e folhelhos castanhos. Localmente ocorrem
zonas de halita e anidrita. A deposição desta formação é interpretada como tendo
ocorrido em ambiente transicional marinho sob influência de ondas e marés.
Grupo Brotas (Jb) - É composto, da base para o topo, pelas formações
Afligidos, Aliança e Sergi. Na Bacia de Camamu a seção sedimentar correspondente
ao Membro Tauá da Formação Candeias juntamente com a Formação Itaparica das
bacias do Recôncavo e Tucano, é também englobada no Grupo Brotas (topo) como
nome de Formação Itaípe. A Formação Afligidos de idade permo-triássica (AGUIAR
& MATOS, 1990) é constituída por sedimentos marinhos rasos a supramaré que
passa, em direção ao topo, a sedimentos lacustres, incluindo arenitos finos a médios
com estruturas sedimentares indicativas da ação de ondas e marés, e raras
camadas de laminitos algais, parcialmente dolomitizados, contendo sílex. Em
direção ao topo dominam lamitos vermelhos com gretas de contração e feições de
colapso (AGUIAR & MATOS, 1990). A formação Aliança é constituída por arenitos
cinza esbranquiçados a vermelho amarelados finos a médios e folhelhos vermelhos
com intercalações esporádicas de calcário microcristalino. Sua idade é atribuída ao
Jurássico. A Formação Sergi é constituída por arenitos finos a conglomeráticos de
coloração pardo-amarelada a vermelho-amarronzada com estratificações de grande
porte. As formações Sergi e Aliança são interpretadas como resultado da deposição
em ambiente continental, abrangendo lagos rasos e sistemas eólicos e fluviais. A
Formação Itaípe é composta por folhelhos cinzas com intercalações de camadas de
arenito médio a fino em direção ao topo. Segundo Dominguez e Correa-Gomes
21
(2006) não foi possível individualizar em mapa estas formações devido às
dificuldades em separá-las através da fotointerpretação.
Formação Algodões (Kal) – de idade Cretácica inferior a superior
(Albiano a Santoniano), esta formação é constituída por calcários dolomiticos,
oolíticos e pisolíticos de coloração creme a cinza claro (Prancha 8.2E e F).
Calcilutitos com foraminíferos plantônicos estão presentes, constituindo o membro
Quiepe. A Formação Algodões é interpretada como resultado da deposição em
ambiente marinho predominantemente raso.
Planície Quaternária
Holoceno
Areias Litorâneas / Terraço Marinho Holocênico (QHl) - trata-se de
depósitos arenosos com altitudes variando de 4,5 a 5m, e cuja superfície apresenta
uma declividade em direção à praia atual, ocorrendo nas porções externas das
planícies Quaternárias. Estes depósitos têm sido também referidos na literatura
como Terraços Marinhos Holocênicos. Ao contrário do que acontece nos depósitos
Pleistocênicos, os Holocênicos contêm muitas vezes conchas de moluscos e
raramente são impregnados por ácidos húmicos. Além da presença de conchas de
moluscos marinhos, a origem marinha destes depósitos pode ser assegurada pela
existência de tubos fossilizados de Callichirus e por estruturas sedimentares típicas
de ambiente praial. A parte inferior desses terraços, depositada durante a fase
transgressiva, é caracterizada por estruturas sedimentares do tipo estratificação
cruzada e pela presença de conchas cujas idades são mais antigas que 5.000 anos
AP. Diferentemente, a parte superior, depositada durante a fase regressiva, é
caracterizada por estruturas sedimentares plano-paralelas e pela presença de
conchas cujas idades são mais recentes que 5.000 anos AP. Estas idades permitem
associar estes depósitos com a última transgressão (MARTIN et al. 1980 apud
DOMINGUEZ E CORREA-GOMES, 2006) e descida do nível domar subseqüente. A
Última transgressão alcançou um máximo em torno de 5.100 anos AP quando o
nível do mar se posicionou cerca de 5 + 1metros acima do nível do mar atual.
22
Depósitos Argilo-Orgânicos de Mangues (QHm) - corresponde aos
sedimentos que se acumularam em associação com os mangues atuais. A palavra
mangue é utilizada para descrever um grupo de plantas adaptadas para colonizar
solos saturados em água, anaeróbios e salinos. A vegetação é constituída por
árvores e arbustos que crescem ao longo de estuários, canais de maré e costas
protegidas. O substrato sobre o qual o mangue se encontra instalado é
predominantemente constituído de materiais argilosiltosos ricos em matéria
orgânica.
Depósitos Argilo-Orgânicos de “Terras Úmidas” (QHtu) - constituem
os sedimentos que se acumularam em associação com as “Terras Úmidas” atuais. O
termo “terra úmida” é utilizado para descrever áreas que não são nem
completamente terrestres, nem completamente aquáticas. Engloba, portanto,
aquelas áreas que são inundadas ou saturadas por água superficial ou água
subterrânea, numa frequência e duração suficientes para dar suporte a uma
vegetação tipicamente adaptada à vida em condições saturadas. As terras úmidas
ocupam, portanto, as áreas mais baixas das planícies quaternárias. Nestas áreas se
acumularam sedimentos argilosos ricos em matéria orgânica e, por vezes, camadas
de turfa com espessura decimétrica.
Pleistoceno
Depósitos de Areias Pleistocênicas Indiferenciadas (Qpar) - estes
depósitos correspondem a areias quartzosas relativamente bem selecionadas,
morros de topo plano com altitudes variando entre 4 e 6 m, que ocorrem nas
porções mais internas da planície Quaternária, normalmente margeando canais de
maré. Sobre a maior parte destas areias se desenvolveram espodossolos que
mascararam completamente as estruturas sedimentares originais. Estas areias são
interpretadas como resultado de provável deposição associada a processos
estuarinos, num período de nível de mar mais alto que o atual, durante o
pleistoceno.
Depósitos de Areias Litorâneas Regressivas (QPl) - constituem
terraços arenosos com 6 a 8 metros de altitude que ocorrem nas porções internas
das planícies quaternárias. Estes depósitos têm sido também referidos na literatura
como Terraços Marinhos Pleistocênicos. Estas areias normalmente são bem
23
selecionadas e predominantemente quartzosas. Geralmente de cor branca na
superfície, esses depósitos apresentam em profundidade, comumente, cores
acastanhadas ou pretas, em conseqüência de uma forte impregnação por ácidos
húmicos que lhes confere também uma coesão moderada. Na superfície existem
vestígios de antigos alinhamentos de cristas praiais (cordões litorâneos) que
apresentam características morfológicas muito particulares (MARTIN et al. 1981
apud DOMINGUEZ E CORREA-GOMES, 2006). A penúltima transgressão alcançou
um máximo em torno de 120.000 anos AP, quando o nível do mar se posicionou
cerca de 8 + 2 metros acima do nível do mar atual.
Embasamento Pré-cambriano
Tonalitos/Trondhjemitos granulitizados (Att1, Att2, e Att5) - os
metatonalitos/metatrondhjemitos constituem as rochas mais abundantes da parte
centro-sul do Orógeno tendo sido deformadas e metamorfisadas no fácies granulito,
durante o Ciclo Transamazônico. Estas litologias apresentam coloração verde
acinzentada, são relativamente homogêneas, com granulação média a grossa. Nos
locais de maior intensidade de deformação é freqüente a textura milonítica com
porfiroclastos imersos em uma matriz fina. Do ponto de vista mineralógico, os
metatonalitos e metatrondhjemitos são formados basicamente por quartzo e
plagioclásio antipertítico. O ortopiroxênio, presente em pequena quantidade, é do
tipo hiperstênio. Minerais opacos são presentes, mas como acessórios. A biotita e
hornblenda são também observadas, sendo formadas pelo retrometamorfismo dos
minerais ferromagnesianos e opacos. Apatita e zircão aparecem como traços. A
diferença mais marcante observada entre elas é que a suite Att1 não possui
anomalia de európio, enquanto a Att2 e Att5 mostram anomalias deste elemento: a
Att2 uma anomalia positiva e a Att5 uma anomalia negativa.
Gabros/Basaltos granulitizados (Agt3) - os metagabros/metabasaltos,
reequilibrados no fácies granulito, ocorrem sob a forma de bandas ou enclaves,
deformados e paralelizados ao bandamento/foliação regional. Apresentam
espessuras que variam desde centimétricas a métricas (máximo de 5 metros), sendo
constituídos por plagioclásio, hiperstênio e clinopiroxênio e tendo como acessórios,
quartzo, opacos e apatita (BARBOSA et al. 1996 apud DOMINGUEZ E CORREA-
GOMES 2006). Algumas bandas desses granulitos básicos contêm granada em
24
quantidades apreciáveis. Hornblenda verde e biotita marrom aparecem
frequentemente em relações texturais com os piroxênios e opacos, evidenciando um
retrometamorfismo para o fácies anfibolito.
Rochas monzoníticas e monzodioríticas granulitizadas (Ash) - os
metamonzonitos e metamonzodioritos são constituídos, basicamente, de
plagioclásio antipertítico, ortopiroxênio e clinopiroxênio sendo que, em alguns
afloramentos, fenoclastos de plagioclásio são também encontrados, orientados
paralelamente à foliação. Dados Sm/Nd de 2,4 Ga (MARINHO et al. 1992 apud
DOMINGUEZ E CORREA-GOMES 2006), fixam esta idade como a época da
extração deste material da crosta.
3.6 Relevo
O Minicorredor Ecológico Serra das Onças da Costa do Dendê localizado
sobre uma região litorânea estuarina também pode ser identificado por três
províncias geomorfológicas, sustentadas por um arcabouço geológico integrado por
litologias bastante contrastantes: Planalto Pré-Litorâneo, Bacia Sedimentar
Recôncavo-Tucano e Regiões de Acumulação (BRASIL, 1982) (Figura 3.7). A tabela
3.8 revela a predominância do Planalto Costeiro, segundo mapeamento na escala
1:1.000.000 do projeto Radam (BRASIL, 1982).
O mapa geomorfológico elaborado pela Divisão de Geomorfologia do
Projeto RADAMBRASIL, evoluiu a partir do Volume 24 (Folha SD.24 Salvador) no
sentido de valorizar a gênese das formas. Esta nova concepção metodológica
analisa as feições geomorfológicas, segundo uma taxonomia que propicia a
identificação e hierarquizição dos fatos morfológicos em domínios e regiões, os
quais englobam várias unidades geomorfológicas. Para cada região, discerne os
diferentes tipos de modelado e a geometria de suas formas, em correlação com a
energia erosiva neles impressos, ou seja, os processos de morfogênese atual em
função da estabilidade e instabilidade do relevo.
26
As principais características das unidades geomorfológicas supracitadas
estão apresentadas em seguida com base nos relatórios técnicos do projeto
governamental Radam Brasil (BRASIL, 1982).
Planalto Costeiro (Mm) - Mares de morro. Relevos de topos tabulares,
capeados por sedimentos Barreiras que localmente recobrem rochas cratonizadas
do Escudo Oriental lateritizados em superfície e entalhados por drenagem dendrítica
ou paralelo-ramificada. Feições geralmente convexas ou convexo-côncavas,
separadas por vales chatos ou agudos, formando uma drenagem dendrítica ou
ramificada; desníveis da ordem de 50 - 100 metros.
Planalto Pré-Litorâneo (Sd) - Serras, alvéolos e depressões
intramontanas. Relevos de topos planos e encostas predominantemente convexas e
convexo-côncavas, serras e maciços montanhosos, refletindo os alinhamentos
estruturais das rochas intensamente metamorfizadas cortadas por gargantas do tipo
apalacheano. Lombada, morro, monte; feições geralmente convexas ou convexo-
côncavas, separadas por vales chatos ou agudos, formando uma drenagem
dendrítica ou ramificada; desníveis da ordem de 50 - 100 metros.
Bacia Sedimentar Recôncavo-Tucano (Dp) - Formas de dissecação e
aplanamentos embutidos. Relevo de topos aplanados bordas desniveladas com
degraus e planos embutidos às encostas de formas predominante convexas,
dissecadas nas rochas sedimentares arenosas e argilosas. Os efeitos da tectônica e
Sigla Relevo Área
(%) Itacaré (%)
Maraú (%)
Camamu (%)
Mm Planalto Costeiro 42.24 12.43 20.64 9.17
Sd Planalto Pré-
Litorâneo
5.92 1.19 4.73 0.00
Dp Bacia Sedimentar
Recôncavo-Tucano
30.74 5.15 8.36 17.23
FM Região de Acumulação
(FM)
18.01 3.09 6.78 8.18
AM Região de Acumulação
(M)
2.45 1.42 1.03 0.00
Nd Sem Dados 0.60 0.17 0.11 0.32
Tabela 3.8 - Principais Unidades Geomorfológicas do Minicorredor Ecológico Serra das Onças
(BA).
27
da litologia se refletem na compartimentação do relevo. Colina, forma de meia
laranja, monoclinal, meseta, feições convexas ou tabulares separados por vales
chatos ou agudos, formando uma drenagem dendrítica; desníveis da ordem de 20 -
50 metros.
Região de Acumulação (FM) - Planície resultante da combinação das
ações marinhas e fluviais nas embocaduras de rios sujeitos às penetrações das
marés, podendo conter mangues e terraços.
Região de Acumulação (M) - Planície resultante das ações marinhas,
podendo conter restingas, cordões e flexas arenosas, canais de maré, terraços e
dunas.
As figuras 3.8 e 3.9 delineiam o relevo da área de estudo de acordo com
as cotas de altitudes extraídas de imagens SRTM (Missão Topográfica Radar
Shuttle). Estes mapas demonstram que a altitude sofre maior variação de nordeste e
leste para sudoeste, variando de 0 a 450 metros (cota máxima a sudeste), o que
possibilita analisar uma baixa amplitude hipsométrica na área de estudo. A tabela
3.9 demonstra que a classe de declividade mais representativa (32,59%) no território
em estudo está entre os declives de 6,1 a 12%, descrito como relevo suave
ondulado a ondulado (DE BIASI, 1992).
Tabela 3.9 – Classes de declividade e relevo na área de estudo.
Classes (%) Relevo Área
(%) Itacaré
(%) Maraú
(%) Camamu
(%)
0 - 3 Várzea 17,26 3,08 5,13 9,05
3,1 – 6 Plano a suave
ondulado 21,50
4,39 7,81 9,29
6,1 – 12 Suave ondulado a
ondulado 32,59
7,70 13,73 11,16
12,1 – 20 Ondulado a forte
ondulado 19,51
5,40 9,64 4,47
20,1 – 40 Forte ondulado a
montanhoso 8,56
2,63 4,99 0,93
> 40 Montanhoso 0,59 0,23 0,36 0,00
Fonte: De Biasi, 1992
30
3.7 Solos
A pedogênese das várias classes de solos encontradas na área de
trabalho sofreu nitidamente influência do clima, da geologia, da geomorfologia e da
vegetação, por se tratar de uma região bem intensa em relação a estes fatores
(BRASIL,1982).
A tabela 3.10 aponta para área de estudo a predominância (67,07%) da
classe de Solo Latossolo mapeadas na escala 1:1.000.000 pelo projeto
RADAMBRASIL. O município de Maraú possui a maior área com este tipo de solo.
(Brasil, 1982). Os principais solos encontrados na área de estudo são os Argissolos
Vermelhos-Amarelos distrófico e eutróficos, Espodossolos hidromórficos, Latossolos
Amarelo e Vermelho-Amarelo, Neossolos Quartizarênicos e Tipos de Terrenos que
ocorrem nas áreas de manguezais (Tabela 3.10).
O mapa de solos do Minicorredor Ecológico Serra das Onças (figura 3.10)
utilizado neste estudo encontra-se descrito a seguir conforme disposto no relatório
técnico do projeto RADAMBRASIL (BRASIL, 1982).
Letra símbolo
Solos Área (%)
Itacaré (%)
Maraú (%)
Camamu (%)
PVAd / PVAe
Argissolo Vermelho-Amarelo
21,66 2,12 3,94 15,60
EKg Espodossolo Hidromórfico
2,16 0,00 0,34 1,83
LAd / LVAd
Latossolo 67,07 19,33 36,48 11,26
RQg Neossolo Quartzarênico 1,84 1,30 0,53 0,00
SM2 Tipos de Terreno 6,48 0,10 0,41 5,98
- Sem dados 0,79 0,61 0,04 0,14
Tabela 3.10 - Distribuição das classes de solos no Minicorredor Ecológico Serra
das Onças - BA.
32
Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico (PVAd) - Na antiga
classificação 1 trata-se do Podzólico Vermelho-Amarelo álico e distrófico. Os solos
desta classe apresentam horizonte B textural, não hidromórficos (solos sujeitos a
encharcamento temporário ou permanente), saturação com alumínio superior a 50%
(solos álicos) e menor que 50% (distróficos). Comumente a atividade de argila é
baixa (Tb), no entanto, na região do Recôncavo Baiano ocorrem com argila de
atividade alta (Ta) com áreas relacionadas geologicamente ao Cretáceo.
Apresentam sequência de horizontes A, Bt e C, com valores de relação
textural que satisfazem aos parâmetros atualmente estabelecidos. Foram
observadas no horizonte A as classes de textura arenosa, média e argilosa e no
horizonte Bt, média, argilosa e muito argilosa. Esses solos na área apresentam-se
com classes de relevo plano, suave ondulado, ondulado, forte ondulado e
montanhoso com caracteres abrúlptico, plíntico, com fragipan, raso e concrecionário.
Sua utilização tem quase as mesmas restrições do Podzólico Vermelho-
Amarelo Eutrófico, exceto no que diz respeito à fertilidade natural, pois esses solos
necessitam de adubação e correção da acidez trocável. Estes solos estão
localizados na área de estudo em relevos classificados como Bacia Sedimentar
Recôncavo-Tucano, Região de acumulação e Planalto Costeiro.
Argissolo Vermelho-Amarelo Eutrófico (PVAe) - Na antiga
classificação sua nomenclatura era o Podzólico Vermelho-Amarelo Eutrófico. Esta
classe compreende solos minerais, não hidromórficos, com horizonte B textural,
saturação de bases superior a 50% com diferenças de textura do horizonte A para o
Bt que satisfaçam os parâmetros atuais estabelecidos, expressas sob a forma
binária em quase sua totalidade. Normalmente possuem mais argila de atividade
baixa (Tb) do que argila de atividade alta (Ta), após correção para carbono.
Apresentam sequência de horizontes A, Bt e C, com maior
ocorrência de horizonte A moderado, presença ou não de materiais coloidais
1 Em 1999, o novo sistema de classificação de solos foi liberado para substituir o que vinha sendo usado.
Algumas mudanças são relevantes, tais como: Revisão Geral de Conceitos, Estrutura Hierárquica, Novos
Atributos e Horizontes Diagnósticos, Nova Estrutura, Níveis Categóricos, Chave de Classificação e Nova
Nomenclatura. (EMBRAPA, SIBICS).
33
translocados, constituindo revestimentos nas superfícies dos elementos estruturais
e/ou nos poros do horizonte Bt, denominadas de cerosidades. O Podzólico
Vermelho-Amarelo Eutrófico pode apresentar as seguintes características: abrúptico,
plíntico, raso e o caráter solódico, que é pouco frequente. A fase pedregosa também
constitui fator distintivo para alguns solos dessa classe.
Estes solos se apresentam na área em de relevo classificado como
Planalto Costeiro e Planalto Pré-Litorâneo. Com classes de textura, para o horizonte
A, arenosa, media e argilosa e para o Bt media, argilosa e muito argilosa. A
utilização desses solos pode sofrer restrições em função do caráter que ele
apresentar, das classes de relevo, da ocorrência de fase pedregosa e das condições
climáticas da região.
Espodossolo Hidromórfico (EKg) - Na antiga classificação sua
nomenclatura era Podzol Hidromórfico. São solos minerais hidromórficos com
horizonte B podzol que correspondem ao horizonte espódico da classificação norte-
americana, normalmente subjacente a um horizonte.
Possuem sequência de horizontes bem diferenciados Al, A2, Bh e/ou Bir,
de baixa fertilidade natural, elevada saturação com alumínio e espessuras que
variam de solos rasos ate muito profundos. O horizonte A pode ser fraco, moderado
ou proeminente, de permeabilidade rápida e com A2 normalmente de máxima
eluviação.
O horizonte B podzol caracteriza-se por ser iluvial, tendo acumulacão de
carbono e/ou de sesquióxidos Iivres, principalmente de ferro, não acompanhada de
quantidade aproximadamente equivalente de argila cristalina iluvial. Constituídos de
horizontes Bh, Bir ou Bhir, podendo ser cimentados em consequência das
acumulações de matéria orgânica e alumínio com ou sem ferro, resultando uma
lenta permeabilidade desse horizonte e implicando em más condições de drenagem.
Ocorrem na área sobre os relevos classificados como Bacia Sedimentar
Recôncavo-Tucano e em Regiões de acumulação com textura em geral arenosa,
podendo ocorrer média.
34
A utilização destes solos encontra restrições principalmente quanto a sua
fertilidade natural, pois existe pouca disponibilidade de nutrientes em sua
constituição química. Na área são aproveitados com pastagens naturais, piaçava,
coco-da-baía e outros.
Latossolos (LAd / LVAd) - São solos minerais, ácidos, não
hidromórficos, com horizonte B latossólico, que corresponde em parte ao horizonte
óxido da classificação americana. Caracterizam-se por um estágio de
intemperização, constituído por sesquióxidos, minerais de argila (1:1) e minerais
primários resistentes ao intemperismo. Possuem baixa fertilidade natural. Possuem
ainda como característica do seu avançado grau de intemperismo baixa relação
silte/argila e baixa relação molecular SiO2/AI2O3(Ki). Apresentam baixos valores
para capacidade de troca de cátions (valor T) na fração argila/argila de atividade
baixa. Esses solos na região apresentam geralmente um aumento de argila natural -
argila dispersa em água - na altura de A3 e/ou B1, caracterizado pela maior coesão
das partículas dando uma consistência de muito duro a duro quando seco, isso
provavelmente devido à migração de colóides orgânicos e inorgânicos que obstruem
os poros, havendo então um decréscimo na percentagem de poros, bem como o
aumento da densidade aparente e diminuição da permeabilidade e aeração,
podendo apresentar mosqueados em alguns perfis na altura do A3 e/ou B1. O grau
de floculação e o grau de estabilidade dos agregados são relativamente elevados.
São geralmente solos com boa permeabilidade, profundos a muito
profundos, forte a moderadamente drenados, boa porosidade e com características
físicas que são propícias ao bom desenvolvimento das raízes das plantas.
Esses solos no apresentam cerosidade revestindo os elementos
estruturais, possuem baixa relação textural, tem pouca diferenciação entre os
horizontes e apresentam sequência de horizontes A, B e C, com transições
geralmente difusas.
Na área, esses solos apresentam-se, na maioria dos casos, com
classes de textura argilosa e muito argilosa, estando relacionadas com fases de
relevo plano e suave ondulado (tabuleiros). Possuem fertilidade natural baixa- álicos
e distróficos -, mas, sendo facilmente mecanizáveis, por suas características físicas
35
e pelas fases de relevo onde geralmente são encontrados, podem melhor ser
corrigidos e adubados, prestando-se bem para exploração agrícola, após o emprego
destas praticas de manejo.
Estes solos se encontram na área classificada geomorfologicamente
como Bacia Sedimentar Recôncavo-Tucano e em Regiões de acumulação, Planalto
Costeiro e Planalto Pré-Litorâneo.
Neossolo Quartzarênico (RQ) - Na antiga classificação sua
nomenclatura equivale a Areias Quartzosas Marinhas Hidromórficas. São
constituídas de materiais arenosos de origem marinha, depositados na faixa
litorânea, pela ação dos ventos. São muito profundos, fortemente e extremamente
ácidos, possuem baixa saturação de bases, muito baixos valores de soma de bases
e variam de moderadamente drenados - devido ao lençol freático se encontrar perto
da superfície, quando são classificados como Areias Quartzosas Hidromórficas - a
excessivamente drenados. Há predominância marcante de quartzo hialino, que
compõe a fração areia, sendo que as frações argila e silte aparecem em muito
pequena percentagem.
Apresentam sequência de horizontes A e C e a diferença entre eles está
nas cores mais escuras do A, devido à presença mais significativa de teores de
matéria orgânica presente neste horizonte. Possuem principalmente A fraco e o
horizonte C pode ser dividido em dois ou mais suborizontes.
Seu uso na agricultura é restrito devido a baixa fertilidade natural, baixa
capacidade de retenção de água e a grande lixiviação a qual estão sujeitos. No
entanto, em zonas úmidas as culturas de coqueiro e cajueiro apresentam um bom
desenvolvimento. Estes solos foram mapeados na área de estudo sobre o relevo
classificado como regiões de acumulação M e FM.
Tipos de terreno (SM2) – São os solos Indiscriminados de Mangues,
considerados mais como tipos de terreno do que como solos. São encontrados no
litoral, quase sempre junto a desembocaduras de rios, e são influenciados
diretamente pelas águas do mar. O aproveitamento agrícola a economicamente
inviável devido às sérias restrições que apresentam, tais como: excesso de sais,
inundações constantes, mecanização impraticável etc.
36
São constituídos por uma associação de Solonchaks e Solos Glei
Tiomórficos. Apresentam horizontes gleizados, horizontes com elevado teor de sais
(solos halomórficos) e compostos de enxofre; muito mal drenados, formam-se em
áreas alagadas, onde a matéria orgânica também provem da decomposição das
espécies que compõem a vegetação típica de mangue. Estão localizados sobre o
relevo classificado como Bacia Sedimentar do Recôncavo-Tucano e em Região (FM)
de acumulação.
3.8 Uso e Cobertura da Terra
O Minicorredor Ecológico Serra das Onças possui uma grande variedade
de ecossistemas como floresta ombrófila densa (Mata Atlântica), restinga,
manguezal e áreas de brejo (Figura 3.11), que por sua vez, vem sendo ameaçadas
pela crescente antropização causada principalmente pela expansão urbana,
atividades de mineração e agropecuária.
A tabela 3.11 demonstra que a Mata Atlântica no estágio médio e/ou
avançado de regeneração representa a maior classe da paisagem,
aproximadamente 31%, conforme o mapeamento do Projeto Corredores Ecológicos
(SEMA, 2010), tendo a porção do Minicorredor no município de Maraú (BA) com a
maior presença desta cobertura (14,5%). A área pertencente à Camamu (BA) é a
única que tem a predominância de Pastagem em sua cobertura, representando
7,26% da área total do estudo.
A descrição das classes de Uso e Cobertura Atual da Terra e as
respectivas fotografias referentes ao relatório de mapeamento realizado na área de
estudo pela Secretaria de Meio Ambiente (projeto CCMA) no ano de 2010 na escala
de detalhamento 1:25.000 foi impressa neste trabalho em 1:100.000.
Águas Continentais - As águas continentais mapeadas no Corredor Ecológico
Serra das Onças são os corpos d'água que se encontram no continente e estão
integrados por dois grandes ecossistemas: Lênticos (formados por águas tranquilas,
como lagos, pântanos, represas e mangues, entre outros) e Lóticos, formados por
correntes de água, tais como córregos e rios.
37
Fonte da Base: Cartas Topográficas - Ituberá 2055, SD-24-V-D-VI; Itacaré 2100, SD-24-Z-A-I; Ubaitaba 2099. SD-24-Y-B-III. Escala 1:100.000, Projeção UTM Datum Córrego Alegre. Origem - SUDENE, 1977. Fonte do Tema: Projeto Corredor Serra das Onças, Escala: 1:100.000 SEMA – BA, 2010,
Figura 3.11 – Uso e Cobertura atual da Terra no Minicorredor Ecológico Serra das Onças (BA)
38
Aluviais (Brejo) - São comunidades desenvolvidas sobre Organossolos e
Gleissolos, influenciadas pelo regime hídrico dos flúvios, ou então em depressões
alagáveis durante ao menos um período do ano – condição ambiental que propicia o
estabelecimento apenas de espécies adaptadas (foto 3.1).
Segundo a Resolução CONAMA Nº 007, de 23 de julho de 1996, nos
brejos sem influência de água salobra, a diversidade é grande, e inclui ciperáceas
(Eleocharis spp, Cyperus spp, Scleria spp, Fuirena spp), taboa (Thypha spp), a
exótica lírio-do-brejo (Hedychium coronarium), onagráceas: cruz-de-malta (Ludwigia
spp); melastomatáceas (Pterolepis glomerata), chapéu-de-couro (Echinodorus spp),
cebolana (Crinum erubescens), orelha-de-burro (Pontederia lanceolata); gramíneas
(Panicum spp), aguapé (Eichhornia crassipes), lentilha-d'água (Lemna spp),
Nymphaea spp, erva-de-Santa-Luzia (Pistia stratiotes), murerê (Salvinia spp),
samambaia-mosquito (Azolla spp) e briófitas - veludo (Sphagnum spp).
FEIÇÃO Área (%) ITACARÉ (%) MARAÚ (%) CAMAMU (%)
Águas Continentais 0,40 0,10 0,07 0,23
Aluviais (Brejo) 0,52 0,09 0,36 0,07
Áreas Agrícolas 6,56 1,29 3,48 1,80
Área de Transição (Ecótonos) 0,02 0,00 0,00 0,02
Área Urbanizada 0,35 0,01 0,14 0,20
Área Agrícola/ Pastagem 1,65 0,38 0,60 0,67
Floresta Ombrófila em Estagio Inicial de Regeneração
11,17 3,27 4,12 3,78
Floresta Ombrófila Estagio Médio e/ou Avançado de Regeneração
30,94 5,62 14,51 10,81
Exploração Mineral 0,04 0,01 0,00 0,03
Manguezal 4,53 0,07 0,71 3,75
Nuvens 0,17 0,05 0,01 0,11
Pastagem 25,29 7,26 10,66 7,36
Piscicultura 0,03 0,00 0,00 0,03
Restinga arbórea 4,08 1,02 1,12 1,94
Restinga arbustiva 0,21 0,13 0,07 0,01
Restinga e pastagem 0,02 0,00 0,00 0,02
Restinga herbácea 1,03 0,36 0,43 0,24
Silvicultura 0,86 0,04 0,51 0,30
Sistema Agroflorestal 11,79 3,70 4,84 3,25
Solo Exposto 0,35 0,06 0,10 0,19
Tabela 3.11 – Distribuição das feições de Uso e Cobertura da Terra no Minicorredor
Ecológico Serra das Onças.
39
Áreas Agrícolas - Compreende as classes de Uso da Terra destinadas a atividades
econômicas comerciais ou de subsistência. As áreas agrícolas podem ser definidas
como terra utilizada para a produção de alimentos, fibras e outras commodities do
agronegócio. Encontram-se inseridas nesta categoria as culturas temporárias e
culturas permanentes:
a) Culturas Temporárias - Culturas de plantas de curta ou média duração,
geralmente com ciclo vegetativo inferior a um ano, que após a produção deixa o
terreno disponível para novo plantio, como cana-de-açúcar, feijão, milho, etc.
b) Culturas Permanentes - Cultura de ciclo longo que permite colheitas
sucessivas, sem necessidade de novo plantio a cada ano, como o café e a
fruticultura. As fotos 3.2, 3.3 e 3.4 possuem imagens de campo com os cultivos
existentes na área de estudo - Dendê, Seringa, Banana e Cacau.
Foto 3.2 - Culturas Permanentes, Cultivo do dendezeiro (Elaeis guineensis) consorciado
com cravo-da-índia (Syzygium aromaticum). BA 001 - Vista do mirante
Fonte: Projeto CCMA (BA) 2010.
Foto 3.1 - Aluviais / Brejo: BR 030, sentido município de Ubaitaba.
Fonte: Projeto CCMA (BA) 2010.
40
Área de Transição (Ecótonos) - Segundo a Resolução n° 12, de
4.05.94, do CONAMA, ecótono é a zona de contato ou transição entre duas
formações vegetais com característica distintas. O IBGE (1992) define como Regiâo
Ecológica de contato com espécies vegetais de biomas diferentes. O contato entre
tipos de vegetação com estruturas fisionômicas semelhantes fica muitas vezes
imperceptível, e o seu mapeamento por fotointerpretação é impossível. Torna-se
necessário, então, o levantamento florístico de cada região ecológica para se poder
delimitar as áreas de ecótono.
Fonte: Projeto CCMA (BA) 2010.
Foto 3.4 - Culturas Permanentes, Cultivo da Bananeira (Musa sp.). Localidade de Barcelos
do Sul
Foto 3.3 - Culturas Permanentes, Cultivo da seringueira (Hevea brasiliensis). Entroncamento
BA 001, estrada rural de acesso à localidade de Orojó.
Fonte: Projeto CCMA (BA) 2010.
41
Área Urbanizada - Compreende áreas de uso intensivo, estruturadas por
edificações e sistema viário, onde predominam as superfícies artificiais não-
agrícolas. Estão incluídas nesta categoria as metrópoles, cidades, vilas, áreas de
rodovias, serviços e transporte, energia, comunicações e terrenos associados, áreas
ocupadas por indústrias, complexos industriais e comerciais e instituições que
podem em alguns casos encontrar-se isolados das áreas urbanas. As áreas
urbanizadas podem ser contínuas, onde as áreas não-lineares de vegetação são
excepcionais, ou descontínuas, onde as áreas vegetadas ocupam superfícies mais
significativas.
Área Agrícola/ Pastagem – São áreas que dividem seus espaços entre a
prática de agricultura, geralmente de subsistência, e pastagem, composta por
gramíneas ou leguminosas para criação de gado.
Floresta Ombrófila em Estagio Inicial de Regeneração - Surge logo
após o abandono de uma área degradada. Predominam espécies pioneiras, de
crescimento rápido e de vida curta, no substrato herbáceo gramíneas e samambaias
terrestres. As espécies encontradas no estágio inicial de regeneração estão
adaptadas a sobreviver em um ambiente com solo pobre em nutrientes e de
insolação direta. Quando adultas, criam um ambiente sombreado e fresco para o
restabelecimento da floresta definitiva (foto 3.5). Altura média até 5 metros para as
florestas ombrófilas e até 3 metros para a floresta estacional semidecidual.
Fonte: Projeto CCMA (BA) 2010.
Foto 3.5 - Floresta Ombrófila Densa: vegetação em estágio inicial de regeneração.
Ponto 106: BR 030, sentido ao município de Ubaitaba.
42
As espécies indicadoras deste ecossistema são: Cecropia sp. (imbaúba),
Stryphnodendron sp. (favinha), Byrsonima sp. (murici), Eschweilera sp. (embiriba),
Tapirira guimensis (pau-pombo), Himatanthus bracteatus (banana-de-papagaio),
Sapium sp. (leiteiro), Thyrsodium schomburgkianum (caboatã-de-leite), Coccoloba
sp. (cabaçu), Croton sp. (marmeleiro) e Hortia sp. (laranjinha).
Floresta Ombrófila Estagio Médio e/ou Avançado de Regeneração -
As espécies predominantes são, normalmente, pioneiras na fase adulta. No piso da
floresta, uma pequena camada de serapilheira é encontrada, esta se decompõe,
nutre o solo e favorece o desenvolvimento de espécies definitivas. Crescimento
rápido e vida curta são características das árvores pioneiras que deixam o ambiente
propício para o início do desenvolvimento das árvores definitivas, com crescimento
lento, mas vida muito longa, centenas de anos. Fisionomia arbórea e/ou arbustiva
predominando sobre a herbácea, podendo constituir estratos diferenciados,
apresentando altura média superior a 5 metros e inferior a 15 metros para as
florestas ombrófilas e acima de 3 metros e inferior a 9 metros para a estacional
semidecidual; cobertura arbórea, variando de aberta a fechada, com a ocorrência
eventual de indivíduos emergentes (foto 3.6).
Num estágio mais avançado predominam as espécies definitivas, de
crescimento lento e de vida longa. Neste estágio a cobertura florestal é bem definida
(foto 3.6). Fisionomias arbóreas, dominantes sobre as demais, formando um dossel
fechado e relativamente uniforme no porte, podendo apresentar árvores emergentes,
Fonte: Projeto CCMA (BA) 2010.
Foto 3.6 - Floresta Ombrófila Densa: vegetação secundária em estágio médio
e/ou avançado de regeneração. Estrada BA 001, sentido Itacaré.
43
apresentando altura média superior a 15 metros para as florestasombrófilas e
superior a 9 metros para a estacional semidecidual; espécies emergentes, ocorrendo
com diferentes graus de intensidade; copas superiores, horizontalmente amplas.
São espécies indicadoras deste estagio sucessional: Himatanthus
bracteatus (banana-de-papagaio), Byrsonima sp. (murici), Manilkara sp.
(maçaranduba), Bombax sp. (munguba), Attalea sp. (catolé), Didymopanax
morototoni (morototo), Lecythys sp. (sapucaia), Thyrsodium schomburgkianum
(caboatã-de-leite), Eschweilera sp. (embiriba), Cecropia sp. (embaúba), Tapirira
guianensis (pau-pombo) e Stryphnodendron sp. (barbatimão).
Exploração Mineral - Áreas de extração de substâncias minerais. Inclui
as áreas de exploração, processamento, armazenagem e benfeitorias ao redor do
campo de lavra. Na área de estudo só foram localizadas Cascalheiras.
Manguezal - Vegetação com influência flúvio-marinha, típica de solos
limosos de regiões estuarinas e dispersão descontínua ao longo da costa brasileira,
entre os Estados do Amapá e Santa Catarina. São áreas pedologicamente instáveis
e dinâmicas, seja pela constante deposição de areias do mar, seja pelo
rejuvenescimento do solo ribeirinho, com deposições aluviais e lacustres (foto 3.7).
Nesse ambiente halófito, desenvolve-se uma flora especializada, ora dominada por
gramíneas (Spartina) e amarilidáceas (Crinun), que lhe conferem uma fisionomia
herbácea, ora dominada por espécies arbóreas dos gêneros Rhizophora,
Laguncularia e Avincennia. (Resolução CONAMA Nº 010, de 01 de outubro de
1993).
Fonte: Projeto CCMA (BA) 2010.
Foto 3.7 - Manguezal. BA 001 sentido Itacaré, vista do mirante.
44
. Nuvens - São as áreas que não contém dados de mapeamento devido à
cobertura de nuvens existente nas imagens de satélites utilizadas neste
mapeamento e a dificuldade de explorar o local por trabalho de campo.
Pastagem - Áreas destinadas ao pastoreio do gado, formadas mediante
plantio de forragens perenes. Nessas áreas o solo está coberto por vegetação de
gramíneas ou leguminosas, cuja altura pode variar de alguns decímetros a alguns
metros
Piscicultura – Tanques artificiais originais de águas doces ou salgadas
para atividade econômica de criação de peixes. A piscicultura deparada nesta área é
a intensiva, seu principal objetivo é a produção máxima por unidade de área. É
desenvolvida em tanques ou viveiros especificamente construídos para tal
finalidade.
Restinga - Depósito arenoso paralelo à linha da costa, de forma
geralmente alongada, produzido por processos de sedimentação, onde se
encontram diferentes comunidades que recebem influência marinha, também
consideradas comunidades edáficas por dependerem mais da natureza do substrato
do que do clima (foto 3.8). A cobertura vegetal nas Restingas ocorre em mosaico e
encontra-se em praias, cordões arenosos, dunas e depressões, apresentando, de
acordo com o estágio sucessional, estrato herbáceo, arbustivos e arbóreo, este
último mais interiorizado (Resolução CONAMA nº 303 de 20 de março de 2002).
Essa vegetação caracteriza-se por grande diversidade de espécies,
podendo haver predominância de espécies da família mirtácea, sendo consideradas
indicadoras Geonoma schottiana, Clusia criuva e pinta-noiva, (Ternstroemia
brasiliensis), canelinha-do-brejo (Ocotea pulchella), guanandi (Calophyllum
brasiliensis), Psidium cattleyanum, guaricanga (Geonoma schottiana) e palmito
(Euterpe edulis). (Resolução CONAMA de 07 de 23 de julho de 1996). A Restinga
possui três classificações, Restinga arbórea, arbustiva e herbácea, de acordo com
as seguintes características:
a) Restinga arbórea - As restingas arbóreas, de acordo com RIZZINI
(1997 apud SEMA, 2010), são formações vegetais extremamente heterogêneas,
compostas por comunidades distribuídas em mosaico que, frequentemente, advém
45
de biomas do entorno. Contudo, há também espécies exclusivas do local (ARAÚJO
e HENRIQUES, 1984 apud SEMA, 2010), que vivem em condições ambientais
adversas, do ponto de vista pedológico e climático (SUGIYAMA, 1993 apud SEMA,
2010). As matas de restinga apresentam vegetação arbórea e/ou arbustiva
predominando sobre o extrato herbáceo, possuem dossel fechado e árvores de 10 a
15 m de altura, com diâmetro aproximado de 10 a 20 cm, podendo existir plantas
com até 25 m de altura e 30 cm de diâmetro (foto 3.8).
b) Restinga arbustiva e herbácea - A Vegetação arbustiva e herbácea é
caracterizada pela presença de ramos predominantemente retorcidos, formando
moitas, intercaladas com espaços abertos ou em aglomerados contínuos com
plantas rasteiras chegando até 5m de altura (foto 3.10). O solo é arenoso de origem
marinha e seco, podendo acumular água da chuva em determinadas épocas do ano.
Possui uma camada fina de serrapilheira, aumentada em volta das moitas formadas
por arbustos e herbáceas. Esta formação ocorre principalmente em: dunas semi-
fixas e fixas, depressões, cordões arenosos, planícies e terraços arenosos
(Resolução CONAMA 261/1999).
Fonte: Projeto CCMA (BA) 2010.
Foto 3.8 - Restinga arbórea. Estrada rural de acesso ao município de Maraú sentido a
travessia de balsa
Fonte: Projeto CCMA (BA) 2010.
Foto 3.10 - Restinga arbustiva e herbácea. Estrada rural de acesso ao município de
Maraú sentido a travessia da balsa.
46
Silvicultura - Técnica de implantação, composição, trato e cultivo de
espécies madeireiras como fornecedora de matéria-prima utilizada para fins
energéticos, construção civil, mobiliários, além de ser agente protetor e embelezador
da paisagem. A foto 3.11 possui o registro do cultivo de Eucalipto (Eucalyptus sp.),
classificado como atividade de Silvicutura, na área de estudo.
.
Sistema Agroflorestal (Cabruca) – Áreas onde há o plantio de Cacau
orgânico consorciado às matas de vegetação nativa que são mantidas para
sombrear os pés de Cacau. É considerada uma atividade sustentável devido à
manutenção das espécies de vegetação lenhosas perenes e a interação
ecológica entre as espécies vegetais e animais. A foto 3.12 ilustra a cobertura
descrita Foto 3.12 - Sistema Agroflorestal (Cabruca), Cultivo cacaueiro (Theobroma
cacao). BR 030, estrada rural de acesso ao município de Ubaitada.
Foto 3.11 - Silvicultura, Cultivo do Eucalipto (Eucalyptus sp.). Estrada rural de acesso à
localidade de Barcelos do Sul
Fonte: Projeto CCMA (BA) 2010.
Fonte: Projeto CCMA (BA) 2010.
47
4. REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 Álgebra de mapas
Barbosa (1997) interpreta que a utilização de dados georreferenciados
para auxiliar na tomada de decisões tem se tornado uma parte significante no
gerenciamento dos recursos naturais e urbanos. A metodologia de sobreposição
manual de mapas temáticos foi bastante popularizada na década de 60,
possibilitando então através desse procedimento migrar da ênfase na descrição
física do espaço para uma prescrição espacial, adequada para o gerenciamento de
ações segundo Berry (1991 apud BARBOSA, 1997).
Essa mudança marcou uma revolução na estrutura do mapeamento
temático. Os mapas passaram a ser prescritivos ao invés de serem apenas
descritivos. Os mapas de papel e as mesas de luz deram lugar ao ambiente
computacional. Quanto à satisfação do formalismo matemático¸ indispensável ao
processamento computacional dos dados geográficos, é solucionado diante do fato
de que cada elemento a ser mapeado é tratado como uma variável espacial
separada. O SIG permitiu essa revolução por aceitar as sobreposições manuais e
por suas ferramentas que diante do banco de dados agregado às feições
pertencentes aos mapas possibilitam diversas analises no gerenciamento dos
recursos naturais (BARBOSA, 1997, p.19).
Barbosa (1997) esclarece que o termo “Álgebra de Mapas” é empregado
na bibliografia de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto significando a união
de operadores que manipulam campos geográficos (imagens, mapas temáticos e
modelos numéricos de terreno). Esta manipulação tem seu uso em casos como a
classificação temática de um atributo em função do seu valor em cada posição, ou
na combinação de diferentes atributos objetivando localizar alguma correlação entre
eles (TOMLIN, 1990, apud BARBOSA, 1997).
Barbosa (1997) aponta pelo menos quatro grandes dimensões dos
problemas ligados aos Estudos Ambientais, onde é grande o impacto do uso da
tecnologia de Sistemas de Informação Geográfica: Mapeamento Temático,
Diagnóstico Ambiental, Avaliação de Impacto Ambiental, Ordenamento Territorial e
os Prognósticos Ambientais.
48
De acordo com Miranda (2005), a sobreposição de mapas
georreferenciados em uma mesma área e mesmo referencial geométrico (grade
regular quadrada, matricial1) tem a vantagem de que cada atributo é gravado em um
plano separado. Na estrutura matricial qualquer operação matemática realizada em
um ou mais atributos para a mesma célula pode, facilmente, ser aplicada a todas as
células no plano. Miranda (2005) chama atenção também que quando se utiliza
dessa metodologia matricial escolhendo um tamanho de grade que seja igual aos
utilizados na imagem de satélite têm-se a vantagem de utilizar dados de satélite
como entradas para análises de dados e modelagens. No caso da análise de
vulnerabilidade ambiental, por exemplo, estes dados de sensores remotos podem
entrar na operação da álgebra dos mapas como fornecedores dos atributos de
altitude.
Para Medeiros & Câmara (2001), a álgebra dos mapas utilizando
localizações pontuais para estudos ambientais trata-se do procedimento para a
seleção e combinação por meio de metodologias ou rotinas (a partir da tecnologia
fornecida pelo SIG) dos elementos geográficos espacializados, considerando os
limites por eles estabelecidos, sendo esses limites as formas de relevo, os solos, a
cobertura vegetal ou muitos outros. Por sobreposição ou cruzamento observa-se a
diferencialidade espacial entre essas variáveis geográficas, promovendo assim a
subdivisão do espaço geográfico em regiões equiproblemáticas, supostamente
concretas.
4.2 Análise Hierárquica Processual
Como proposto por Câmara et al., (2001), a técnica Análise Hierárquica
Processual (AHP) é uma ferramenta muito importante de suporte a decisão. Auxilia o
pesquisador, objetivamente, a escolher entre alternativas, ou seja, produção de
diferentes hipóteses sobre o tema de estudo. Há vários modelos de tomada de
decisão e o conceito fundamental destes é a racionalidade. Desta forma todos
seguem um comportamento de escolha entre as alternativas, baseado em critérios
objetivos de julgamento. Câmara et al., (2001) destaca AHP da seguinte forma:
1 Esta grade é regular porque impõe limites precisos e cada célula tem as mesmas dimensões e
forma geométrica. A palavra matriz é um termo emprestado da matemática, mais precisamente da
álgebra linear (MIRANDA, 2005, p.124).
49
[...] é muito útil dispor de ferramentas de suporte à decisão, que nos ajudam a organizar e estabelecer um modelo racional de combinação de dados. Uma das técnicas mais úteis é o processo analítico hierárquico – Analytical Hierarchy Process (AHP), desenvolvida por Saaty (1992), considerada como sendo a mais promissora no contexto do processo de tomada de decisão (CÂMARA et al., 2001).
Saaty (2008) descreve a Análise Hierárquica Processual (AHP) na
tomada de decisão como uma forma organizada para gerar prioridades. Definida
pelo autor como reflexo do que parece ser um método natural de funcionamento da
mente humana, pois ao defrontar-se com um grande número de variáveis,
controláveis ou não, que abrangem uma situação complexa, ela os agrega em
grupos, segundo propriedades comuns.
Kiker et al., (2005) descrevem o método AHP como sendo encontrado
com maior desafio na teoria de decisão para o estabelecimento de pesos para as
várias atividades conforme sua importância. O autor descreve que a AHP vem
sendo utilizado em diversos segmentos do saber, pois apresenta singular
capacidade de incorporar dados quantitativos e informações científicas. A utilização
combinada de AHP com SIG apresenta uma forma de progresso no sistema de
avaliação de qualidade ambiental, desenvolvendo a capacidade do SIG em análises
espaciais e as possibilidades de análise das multicamadas do AHP (KIKER et al. ,
2005).
Tagliani (2002) utilizando SIG, apoiado em rotinas no software IDRISI
32®, utilizou o método de combinação linear ponderada. Para aplicar o conjunto de
pesos aos fatores o autor empregou a técnica de comparação pareada, estabelecida
por Saaty (1997), na qual cada atributo é comparado aos demais por meio de uma
matriz, levando-se em conta a importância relativa para a vulnerabilidade ambiental.
Saaty (1991) propõe as etapas de aplicação do modelo matemático AHP
da seguinte forma: estruturação dos critérios para a hierarquização dos atributos
escolhidos; posteriormente deve-se construir uma matriz com a comparação
pareada dos atributos selecionados para a modelagem; Empregar uma escala de
importância um em relação ao outro atributo (quadro 4.1). Com a aplicação dessa
escala é possível estabelecer para cada matriz de preferências relativas o vetor de
pesos. O trabalho se completa ao se verificar a consistência das preferências em
função do valor de razão de consistência entre [0,1], sendo zero indicando a
50
completa consistência do processo de julgamento. Com essas etapas completas é
possível determinar a importância relativa de cada alternativa em relação ao objetivo
maior.
Quadro 4.1 - Escala de Valores AHP para Comparação Pareada.
Intensidade de importância
Definição e Explicação
1 Importância igual - os dois fatores contribuem igualmente para o objetivo
3 Importância moderada - um fator é ligeiramente mais importante que o outro
5 Importância essencial - um fator é claramente mais importante que o outro
7 Importância demonstrada - Um fator é fortemente favorecido e sua maior relevância foi demonstrada na prática
9 Importância extrema - A evidência que diferencia os fatores é da maior ordem possível.
2,4,6,8 Valores intermediários entre julgamentos - possibilidade de compromissos adicionais
Fonte: Adaptado de Saaty (1991).
Silva e Nunes (2009) na realização do mapeamento da vulnerabilidade, a
partir do estudo integrado do ambiente, utilizam a estrutura lógica de análise e
integração proporcionada pelo método AHP. Silva e Nunes (2009, p.5436) definem o
método AHP como “(...) a criação de uma hierarquia de decisão, sendo essa
hierarquia composta por níveis hierárquicos que permitem uma visão global das
relações inerentes ao processo”. Com a elaboração de matrizes de comparação
para cada nível é estabelecido à importância relativa de cada fator da hierarquia e o
resultado das matrizes é ponderado entre si.
Marins et al., (2009) elucida o método AHP como sendo baseado no
pensamento metodológico newtoniano e cartesiano, pois a partir da decomposição e
da divisão do problema em fatores para resolver uma complexidade, a
decomposição pode ser realizada em novos fatores até ao nível mais baixo, claros e
dimensionáveis e estabelecendo relações para depois sintetizar. Marins et al.,
(2009) utiliza o conceito de Costa (2002) para a construção das hierarquias na
seguinte citação:
51
Construção de hierarquias: no método AHP o problema é estruturado em níveis hierárquicos, o que facilita a melhor compreensão e avaliação do mesmo. Para a aplicação desta metodologia é necessário que tanto os critérios quanto as alternativas possam ser estruturadas de forma hierárquica, sendo que no primeiro nível da hierarquia corresponde ao propósito geral do problema, o segundo aos critérios e o terceiro as alternativas. De acordo com Bornia e Wernke (2001) a ordenação hierárquica possibilita ao decisor ter uma “visualização do sistema como um todo e seus componentes, bem como interações destes componentes e os impactos que os mesmos exercem sobre o sistema”. E a compreender de forma global, o problema e da relação de complexidade, ajudando na avaliação da dimensão e conteúdo dos critérios, através da comparação homogênea dos elementos. (COSTA, 2002. pp. 16-17).
Ben (2006) chama atenção para o desafio dos empresários de todo o
mundo em conciliar o desdobramento na atividade industrial e as demandas de
desenvolvimento sustentável na área ambiental, inúmeras são as exigências para a
conservação dos recursos naturais e proteção do ambiente natural. O autor destaca
que situação dos países em desenvolvimento é ainda mais conflitante devido à
situação econômica e financeira.
Para a viabilidade de resposta a tais demandas, muitos critérios devem
ser avaliados e satisfeitos, incluindo desde a minimização dos custos decorrentes da
implantação do projeto até o atendimento dos órgãos de fiscalização. A tomada de
decisão nesta situação torna-se multicriterial, no qual diversos aspectos devem ser
abordados concomitantemente e que, conjuntamente, contribuem para a inclusão
das variáveis ambientais no contexto operacional das empresas (BEN, 2006).
Diante desta conjuntura, Ben (2006) defende o método AHP de avaliação
hierárquica de atributos, que já possui diversas aplicações em áreas das ciências
sociais, principalmente por possibilitar que análises qualitativas e subjetivas sejam
operacionalizadas através de características numéricas. Para as análises ambientais
o AHP possibilita a hierarquização dos julgamentos subjetivos sobre categorias de
direcionadores de valor, permitindo um tratamento quantitativo que conduza a uma
estimativa numérica da importância relativa de cada um dos direcionadores. Ben
(2006) explica o processo de AHP da seguinte maneira:
A aplicação deste processo reduz o estudo de sistemas extremamente intrincados a uma sequência de comparações aos pares de componentes adequadamente identificados. A teoria econômica e as demais metodologias existentes estão atreladas aos
52
valores econômicos, não tendo condições de lidar com valores que não possuem implicações monetárias. Dessa forma, o tomador de decisão, mesmo que esteja motivado pela necessidade de prever ou controlar, geralmente enfrenta um complexo sistema de componentes correlacionados, e quanto melhor ele entender este sistema, melhor será sua previsão ou decisão. (BEN, 2006. p. 2).
Oliveira et al. (2009) defendem a utilização da ferramenta de suporte a
decisão AHP para a organização e estabelecimento de um modelo racional de
combinação de dados. O autor também analisa os benefícios do processo para
estudos de avaliação ambiental, “[...] o método apresenta desempenho favorável por
essa possibilidade de congregar dentro de uma única avaliação um grande número
de variáveis.” (OLIVEIRA et al., 2009, p. 418). Neste trabalho foi realizada a
comparação do algoritmo AHP para a ponderação de fatores com o método original
de Crepani et al. (2001) na obtenção da Vulnerabilidade Natural a Erosão (VNE) em
bacias hidrográficas.
Oliveira et al. (2009) defendem a utilização de AHP para obtenção da
VNE, destacando as vantagens, como a hierarquização dos principais fatores que
ocasionam a erosão hídrica, menor subjetividade na determinação de pesos
relativos e a possibilidade de analisar o grau de coerência adotado pelo usuário, a
partir da razão de consistência obtida. Ao concluir sobre a comparação da técnica
AHP com o método original de Crepani, o autor destaca que o primeiro gerou a
classificação de maior percentual da área em maiores níveis de vulnerabilidade.
Lobão et al. (2011), no mapeamento da vulnerabilidade natural, a erosão
no município de Morro do Chapéu-BA visaram definir uma metodologia, a partir do
uso de SIG, com métodos multicriteriais (IMP – Inferência Média Ponderada) e de
suporte à decisão (AHP - Análise de Processos Hierárquicos).
Por meio do cálculo da Razão de Consistência, foi constatada a coerência
da ponderação realizada com a aplicação de AHP para a determinação da
importância relativa de cada variável (com base no modelo da Ecodinâmica,
proposto por Tricart (1976) numa escala de 1 a 5) no processo de erosão (LOBÃO et
al., 2011).
Lobão et al. (2011) em uma revisão de literatura sobre o método AHP
destacam que a técnica foi proposta por Saaty (1977) e o define como uma técnica
que se baseia numa relação pareada que visa superar as limitações cognitivas do(s)
tomador(es) de decisão. Abreu et al. (2000 apud LOBÃO et al., 2011) destacam que
53
a robustez e simplicidade são atributos intrínsecos ao método, podendo ser
aplicado em diversas áreas do conhecimento (ABREU et al., 2000 apud LOBÃO et
al., 2011). Rosenbloom (1996 apud LOBÃO et al., 2011) avaliam a AHP como uma
prática para a solução de problemas de decisões complexas. Vargas (1990 apud
LOBÃO et al.,2011) resumem em duas etapas fundamentais a aplicação da técnica
AHP: a construção da hierarquia e a avaliação, como explica a citação posterior:
Na construção da hierarquia, é necessária a estruturação em níveis para a modelagem de problemas complexos. Logo, a partir do objetivo, identificam-se as variáveis envolvidas, e baseadas nos critérios estabelecidos podem-se gerar os diferentes processos erosivos atuantes, ou seja, a importância relativa de cada variável para o objetivo proposto. Entretanto, as possibilidades de interação entre essas variáveis não possuem um comportamento linear. Por exemplo: a “Variável 1” pode ser extremamente mais importante do que “Variável 2” e menos importante do que “Variável 3”, para o objetivo proposto. Nesta lógica, é após essa hierarquização que se inicia a etapa de avaliação com a comparação paritária, considerando-se os critérios e/ou subcritérios. Os resultados dessa comparação são expressos por meio de uma matriz numérica, que determina a importância relativa de cada variável, numa escala de 1 a 9 [...] (LOBÃO et al. 2011, p. 110)
Lobão et al. (2011), ao concluir sobre a aplicação da avaliação das
variáveis com o uso de AHP, verificaram uma grande potencialidade para as
análises realizadas diante da solidez do modelo aplicado.
4.3 Vulnerabilidade Ambiental
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE
(2002) quando uma região ou sua população está vulnerável significa que se
encontra exposta a um conjunto de condições e processos resultantes de fatores
físicos, sociais, econômicos e ambientais que aumentam a susceptibilidade à
ocorrência de eventos com potencialidade de danos à propriedade, de perdas de
vidas, de perdas econômicas e de degradação ambiental.
No estudo de Tagliani (2003) vulnerabilidade ambiental significa: “a maior
ou menor susceptibilidade de um ambiente a um impacto potencial provocado por
um uso antrópico qualquer[...]” (TAGLIANI, 2003, p. 1659) O autor descreve três
conceitos utilizados para a avaliação de vulnerabilidade ambiental:
54
Fragilidade estrutural intrínseca – condicionada por características inerentes ao substrato físico e que descrevem seus materiais, formas e processos, sintetizando suas relações; Sensibilidade – condicionada pela proximidade de ecossistemas sensíveis, os quais sustentam e mantêm inúmeras funções ambientais (GROOT, 1994 apud TAGLIANI, 2003); Grau de maturidade dos ecossistemas – condiciona ao tempo de evolução, uma das características que determinam a fragilidade relativa dos ecossistemas frente a perturbações antrópicas. (TAGLIANI, 2003, p. 1659).
Ross (2003) em sua obra trata sobre a análise do relevo aplicada ao
planejamento ambiental. Ele demonstra a realização de alguns trabalhos
importantes baseado na teoria morfodinâmica de Tricart, os quais resultaram na
geração de cartas de vulnerabilidade ambiental. Como exemplo, Ross escreve sobre
os resultados dos seus primeiros trabalhos aplicados, que foram efetuados para a
região da Grande São Paulo, no programa de controle e prevenção de inundações.
Gerou-se a carta diagnóstica, de síntese, a que se denominou de carta de classes
de vulnerabilidade morfodinâmica. Ross elucida: “para chegar a esse documento
final, cruzaram-se todos os documentos gerados, fez-se algumas generalizações e
simplificações e obteve-se um mapa representado através de „manchas‟ “. (ROSS,
2003, p.65). Para o efeito deste trabalho foi considerado a morfodinâmica e a
relação com a litologia, pedologia, cobertura vegetal, ocupação do solo e clima,
resultando na variação da instabilidade da área de estudo.
Em Crepani et al., (2001), a vulnerabilidade das unidades de paisagem é
estabelecida por meio de uma escala de valores relativos e empíricos de acordo
com a relação morfogênese/pedogênese, analisando-se individualmente cada um
dos temas: geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação, uso da terra e clima.
Em Silva & Zaidan (2004) é possível constatar que no levantamento de
avaliação das “Situações Ambientais” ligadas a “Áreas com Necessidades de
Proteção Ambiental” para a criação de um Zoneamento Ambiental no Parque
Estadual do Ibitipoca- MG foi utilizado o procedimento de análise álgebra dos mapas
em uma metodologia denominada “Prospecções Ambientais”.
As prospecções ambientais são definidas no estudo acima como a
classificação do espaço geográfico a partir de um banco de dados georreferenciados
servindo como análise no Zoneamento de Áreas com necessidade de proteção
55
ambiental, fornecendo informações sobre possíveis fenômenos de ocorrência
localizados espacialmente.
Os Planos de Informação em Silva & Zaidan (2004) recebem pesos e
notas conforme o grau de importância relacionada à situação analisada. Ao somar
os pesos não pode ultrapassar 100%, sendo assim há uma variação de 0 a 100% de
acordo com a intensidade de participação.
Christofoletti (1999, p.148), em sua abordagem sobre modelagem
aplicada na avaliação de riscos e azares naturais, define vulnerabilidade como a
“suscetibilidade ao prejuízo, considerando a qualidade dos interesses assegurados
com respeito ao referido azar natural”. Christofoletti (1999) propõe a construção de
modelos sobre enchentes a partir dos atributos físicos espacialmente distribuídos,
com analises de banco de dados georreferenciados.
McLaughlin & Dietz (2008, apud CLARK et al., 2000, p.23) descrevem a
vulnerabilidade ''como o risco de resultados adversos aos receptores ou unidades
(exposição humana grupos, os ecossistemas e as comunidades), em face da
alterações relevantes no clima, outras variáveis ambientais, e condições sociais''.
Além disso, eles observam que vulnerabilidade é um conceito multidimensional que
engloba: (1) exposição ao grau em que um grupo humano ou ecossistema entra em
contato com danos particulares; (2) sensibilidade, o grau em que uma unidade de
exposição é afetado por exposição a um conjunto de danos; (3) resiliência, a
capacidade da unidade exposta resistir ou recuperar-se de danos associados com a
convergência de múltiplos problemas. Assim, vulnerabilidade e risco estão
intimamente ligados. O risco é usado na maioria das definições de vulnerabilidade.
4.4 Unidades de conservação
4.4.1 Unidades de Conservação no Brasil
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC,
instrumento de lei cunhado para estabelecer critérios e normas para a criação,
implantação e gestão das unidades de conservação, delimita unidade de
conservação como:
56
[...] espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção; (BRASIL, 2000, CAPÍTULO I, Art 2°).
Baseado neste conceito Teixeira (2005), Mittermeier et al., (2005), Rylands e
Brandon (2005), Vallejo (2009), Lima (2005), Veraldo e Orzechowski (2009) e Valeri
e Senô (2004), entre outros autores, chamam a atenção para a importância da
preservação desses espaços protegidos por lei para conservação dos recursos
naturais, biodiversidade e a sobrevivência sustentável da população humana.
Teixeira (2005) expõe sobre a criação do SNUC, do qual resulta debates
envolvendo diversos grupos sociais (ambientalistas, cientistas, organizações não-
governamentais (ONGs), representantes de populações tradicionais, organizações
ambientalistas internacionais, organizações privadas, entre outros). Desta forma, a
Lei 9.985/2000 foi criada com diretrizes internacionais para a criação de unidades de
conservação, adotando a proposição de uso sustentável dos recursos naturais.
Mittermeier et al., (2005) chama atenção para a megadiversidade do Brasil,
que concorre com a Indonésia pelo título de maior nação biologica do mundo. O
autor levanta a discussão sobre as críticas que o país recebe pelas perdas para o
desmatamento, mas que não há destaques para a riqueza pertencente ao Brasil.
Mittermeier et al. defende este argumento:
Embora as ameaças à vida silvestre e às paisagens naturais do país sejam dramáticas, o Brasil também tem se tornado um líder mundial em conservação da biodiversidade, principalmente por causa de seu, sempre crescente, quadro de profissionais de conservação. (MITTERMEIER et al. , 2005, p.14).
Foi logo no inicio do século XVI que a Mata Atlântica e sua vida silvestre
passou a ser impactada no Brasil (DEAN, 1995 e COIMBRA-FILHO & CÂMARA,
1996 apud MITTERMEIER et al., 2005). Em 1797, a Rainha de Portugal espantada
com as informações e a gravidade do problema, intimou o então governador da
Capitania da Paraíba, que adotasse comedimentos necessários para barrar a
destruição das florestas de sua colônia (PÁDUA & COIMBRA-FILHO, 1979 apud
MITTERMEIER et al., 2005).
57
Leite (1994) ao analisar as questões jurídicas da problemática ambiental
brasileira traz uma revisão sobre a origem do direito da propriedade, o autor faz esta
ligação justificando que o homem e suas ações sobre o meio ambiente é
responsável pela degradação dos recursos naturais e estes são objetos do direito de
propriedade. Algumas restrições sobre estas ações já são impostas desde a
antiguidade, o direito romano, por exemplo, proibiam enterros nos limites das
cidades. Ainda assim os poderes dos proprietários das terras sobre os recursos
naturais eram quase ilimitados, perdurando imutável em toda Idade Média (LEITE,
1994).
Durante a Revolução Francesa houve uma pequena mudança com a
possibilidade de desapropriação considerada na Declaração dos Direitos Humanos
de 17892, porém, com a doutrina liberal desta revolução o direito de propriedade
ainda permaneceu com o seu caráter eminentemente individualista. (LEITE, 1994)
A propriedade particular só passou a ter uma obrigação social a partir do
século XX , após a I Guerra Mundial, a partir do momento que a nova ordem
internacional constituída previlegiou a intervenção do Estado na ordem econômica e
social. Muitas constituições elaboradas neste período incorporaram essa nova
concepção (LEITE, 1994).
No Brasil, o Poder Público passou a consolidar o controle sobre a
propriedade privada em 1934, com a criação do código de Minas, de Águas e
Florestal. A Constituição Federal de 1946 e o Estatuto da Terra de 30/11/64 (Lei
4504, BRASIL 1964) reforçam a possibilidade da desapropriação, prevista na
constitução de 1934, o primeiro acrescentando e reforçando os motivos de interesse
social (artigo 141) e o segundo instrumento de lei declara explicitamente a sua
função social e a proteção dos recursos naturais (LEITE, 1994).
Na década de 30 do século XX foram criados os primeiro parques do Brasil –
Itatiaia, em 1937; e Iguaçu, Serra dos Órgãos e Sete Quedas, em 1939
(MITTERMEIER et al., 2005).
A ocupação da Amazônia, durante o “milagre” econômico brasileiro (1964-
1980), devido, principalmente, à construção da rodovia Transamazônica,
impulsionou o Brasil a ações de conservação e no desenvolvimento da capacidade 2 Art. 17 – Sendo a propriedade um direito inviolável e sagrado, ninguém pode ser privado dela, a não ser
quando a necessidade pública, legalmente reconhecida, o exige evidentemente e sob a condição de uma justa
e anterior indenização. (Declaração dos Direitos Humanos, 1789 apud LEITE, 1994, p. 170).
58
de conservação (GOODLAND & IRWIN, 1975 1979 apud MITTERMEIER et al.,
2005). Mittermeier (2005) relata sobre importantes pesquisadores que trouxeram à
tona as principais discussões ambientais no Brasil:
Vozes poderosas que soaram o alarme incluíam, na época, Harald Sioli (1910-2004), fundador da limnologia amazônica, que foi inconscientemente responsável pelo mito do papel da Amazônia como os “pulmões do mundo” (JUNK, 2001), o geneticista especializado em abelhas Warwick Kerr (KERR, 1976), então diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e o geógrafo Orlando Valverde, da influente Campanha Nacional de Defesa e pelo Desenvolvimento da Amazônia. (VALVERDE & FREITAS, 1980 apud MITTERMEIER et al., 2005).
Com a ploriferação e crescimento dessa consciência de conservação houve
uma aceleração na pesquisa científica relacionada à conservação no Brasil com isso
houve um aumento na criação de parques e reservas de 1976 até a década de
1990. Houve ainda um grande investimento em parques e outras unidades de
conservação federais, estaduais, municipais e privadas – mais do que em qualquer
outro país tropical e comparável ao de países em desenvolvimento. (MITTERMEIER
et al., 2005, p. 14).
Até 1967 era o Ministério da Agricultura que administrava as unidades de
conservação federais, a partir deste ano o Departamento de Parques Nacionais e
Reservas equivalentes foi inserido no Instituto Brasileiro de Desenvolvimento
Florestal (IBDF), e em 1973 foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente
(SEMA) regida pelo Ministério do Interior. Em 1981, iniciou um programa de
estações ecológicas (NOGUEIRA-NETO & CARVALHO,1979 apud RYLAND e
BRANDON, 2005). Em 1989, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA) foi formado com a união da SEMA, IBDF e as
superintendências de pesca e da borracha, também regido pelo Ministério do
Interior. A gerência dos parques nacionais, reservas biológicas e estações
ecológicas foi atribuido a Diretoria de Ecossistemas. Para cuidar das políticas gerais
de criação, aperfeiçoamento e utilização das unidades de conservação foi criado um
Conselho Nacional de Unidades de Conservação (RYLAND E BRANDON, 2005).
O IBDF requereu à ONG Funatura, sediada em Brasília, para legislar uma
nova proposta de um sistema consolidado e racional para as unidades de
conservação devido a forte demanda existente. Por isso, foi incluída no Projeto
59
Nacional de Meio Ambiente (MA-IBDF PNMA, 1988 apud RYLAND e BRANDON,
2005). E após dez anos de debate que o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC) foi apresentado, em setembro de 1989, ao Conama e ao
Congresso Nacional, e, oficialmente, estabelecido em 2000 (BRASIL, 2000).
O Gráfico 4.1 ilustra a partir de dados disponiveis pelo Ministério do Meio
Ambiente - MMA (2011) a criação de Unidades de Conservação – Ucs federais de
proteção integral por ano de implantação.
As UCs Federais de proteção Integral existentes no Brasil são classificadas
em cinco categorias conforme estabelece o SNUC (BRASIL, 2000):
I - Estação Ecológica - tem como objetivo a preservação da natureza e a
realização de pesquisas científicas;
II - Reserva Biológica - tem como objetivo a preservação integral da biota e
demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana
direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de
seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e
preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos
naturais;
III - Parque Nacional - tem como objetivo básico a preservação de
ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica,
possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de
atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a
natureza e de turismo ecológico;
Fonte: Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Gráfico 4.1 - Histórico das UCs Federais por ano de criação.
60
IV - Monumento Natural tem como objetivo básico preservar sítios naturais
raros, singulares ou de grande beleza cênica;
V- Refúgio de Vida Silvestre tem como objetivo proteger ambientes naturais
onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou
comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória.
O gráfico 4.2 demonstra que a maioria das áreas das Ucs de proteção
integral brasileiras estão classificadas como Parque Nacional e os Monumentos
Nacionais são as UCs menos frequentes no país.
4.4.2 Unidades de Conservação da Mata Atlântica
Em 1990, o INPE e a Fundação SOS Mata Atlântica atualizaram o
mapeamento existente do bioma da Mata Atlântica no Brasil visando obter mais
informações precisas e detalhadas. De tal maneira, foi elaborado um Atlas
designado “Atlas da Evolução dos Remanescentes Florestais e Ecossistemas
Associados no Domínio da Mata Atlântica - Período 1985-1990”. Com este trabalho
foi possível obter uma análise multitemporal dos remanescentes florestais e o
levantamento de ecossistemas associados a Mata Atlântica em 10 Estados, da
Bahia ao Rio Grande do Sul (identificando áreas acima de 40 hectares), na escala a
1:250.000. Esta publicação tornou-se uma referência para pesquisas científicas
relacionadas ao tema e como subsídios as ações políticas em favor da conservação
do bioma (INPE e SOS Mata Atlântica, 2008).
Gráfico 4.2 - Quantidade de UCs federais por categoria.
Fonte: Ministério do Meio Ambiente (MMA).
61
Mais cinco edições deste Atlas foram produzidas pelos órgãos supracitados,
objetivando o levantamento e controle dos remanescentes florestais da Mata
Atlântica, a última publicação traz dados do período 2008 – 2010; demonstrando
assim, a importância concedida ao bioma que possui uma das maiores
biodiversidade de espécies vegetais e animais do mundo.
O Bioma da Mata Atlântica no Brasil possui atualmente 84 unidades de
conservação distribuídas em pequenos fragmentos ao longo de 12 milhões de
hectares (Brasília, 2006). Para manutenção da biodiversidade e de importantes
processos ecológicos e evolutivos destas áreas de preservação são necessárias
grandes extensões de ecossistemas naturais. Apenas a existência de unidades de
conservação, que em geral são muito pequenas e isoladas, não são suficientes para
a continuidade e preservação das espécies ameaçadas pela ação antrópica. É de
fundamental importância a ampliação da conectividade entre as áreas
remanescentes e o manejo da paisagem em vastas zonas geográficas (FORMAN,
1995 apud BRASÍLIA, 2006).
O governo brasileiro com o apoio de várias organizações não
governamentais (ONGs) no confronto dessas demandas ambientais vem
trabalhando com os conceitos de corredor ecológico ou corredor de biodiversidade,
que tem como finalidade conectar ou reconectar áreas maiores, manter a
heterogeneidade da matriz de hábitats e proporcionar refúgio para as espécies.
Brasil (2006) trabalha com o entendimento destas áreas estratégicas da seguinte
maneira:
[...] um corredor corresponde a uma grande área de extrema importância biológica, composta por uma rede de unidades de conservação entremeadas por áreas com variados graus de ocupação humana e diferentes formas de uso da terra, na qual o manejo é integrado para garantir a sobrevivência de todas as espécies, a manutenção de processos ecológicos e evolutivos e o desenvolvimento de uma economia regional forte, baseada no uso sustentável dos recursos naturais. (SANDERSON et al., 2003; AYRES et al., 2005, apud BRASÍLIA, 2006, p.10).
Há uma enorme variedade de espécies existente na Mata Atlântica. Em um
único hectare de floresta no município de Uruçuca (BA) foram encontrados 458
espécies de árvores, considerado recorde mundial de riqueza de plantas lenhosas
(THOMAS et al., 1998 apud BRASÍLIA, 2006). Existe também em toda a área do
CCMA diversos táxons tipicamente amazônicos associados à costa atlântica
(AGUIAR et al., 2005 apud BRASÍLIA, 2006).
62
A fauna de vertebrados também se destaca pela ampla diversidade de
espécies. A área do CCMA é uma das poucas regiões em que existem os seis
gêneros de primatas da Mata Atlântica. As 12 espécies que ocorrem no Corredor
representam 60% das espécies de primatas endêmicos da Mata Atlântica (PINTO,
1994 apud BRASIL, 2006).
Como estratégia de conservação do Bioma Mata Atlântica foi implantado o
Corredor Central da Mata Atlântica (CCMA) que possui 8,5 milhões de hectares e
estende-se por todo o estado do Espírito Santo e pela porção sul da Bahia (Figura
4.1) devido a acorrência de várias fisionomias de floresta ombrófila e semideciduais,
restingas e manguezais, ao longo dos estuários (BRASÍLIA, 2006).
Posteriormente, a implementação do CCMA, a elaboração dos planos de
gestão, fiscalização, monitoramento e planos de manejo, foram criados para apoiar a
criação e a consolidação de unidades de conservação, além dos minicorredores
ecológicos que foram planejanejados e implantados consolidando as metodologias e
as abordagens desenvolvidas na primeira fase para a proteção da biodiversidade
(BRASIL, 2006). O projeto minicorredores tem como objetivo delinear e criar
corredores prioritários nas Áreas Focais do CCMA, em conjunto com a sociedade
civil organizada.
Os corredores ecológicos forão implantados com funcionalidades de
estabelecimento da conectividade e busca de alternativas sustentáveis de uso dos
recursos naturais, compatíveis com a conservação. Dez corredores prioritários foram
definidos na área do CCMA na Bahia como demonstra a figura 4.2.
Fonte: Dados vetoriais fornecidos pela Secretaria do Meio Ambiente da Bahia, 2010.
Figura 4.2 - Minicorredores implantados na área do CCMA na Bahia.
63
Figura 4.1- Mapa do Corredor Central da Mata Atlântica (Brasil) e as unidades de conservação existentes.
Fonte: Secretaria do Meio Ambiente da Bahia, 2010.
64
Brasília (2008) destaca a importância ecológica do territorio baiano inserido
no CCMA onde existem 29 unidades de conservação, sendo 10 federais, 15
estaduais e quatro municipais, destacando que 12 são de proteção integral e 17 de
uso sustentável, além de 28 Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN).
Brasília (2008) analisa também que o SNUC determina os seguintes propósitos
ambientais: as unidades de conservação de proteção integral têm a conservação da
biodiversidade como objetivo principal, e as de uso sustentável visam compatibilizar
a conservação com o uso sustentável dos recursos naturais (BRASÍLIA, 2008).
Brasília (2008) explana que os minicorredores devem promover
conectividade entre fragmentos e unidades de conservação, devido à averbação de
reservas legais e de áreas de preservação permanente; recuperação de áreas
degradadas; criação, ampliação e implementação de unidades de conservação,
incluindo as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) e o apoio aos
municípios pertencentes ao CCMA em ações de ordenamento territorial e gestão
ambiental.
A figura 4.3 elucida a importância ambiental do Minicorredor ecológico Serra
das Onças na ecorregião do Baixo Sul, definida como área focal após análise de
dados do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica
Brasileira (Probio).
Figura 4.3- Minicorredores implantados na área do CCMA na Bahia
Fonte: Dados vetoriais fornecidos pela Secretaria do Meio Ambiente da Bahia, 2010.
65
5. Procedimentos Metodológicos
A metodologia cientifica aplicada para a realização deste estudo segue a
linha de raciocínio do método dedutivo de Descartes. O filósofo preconiza que para
obter a razão e alcançar a verdade nas ciências é preciso decompor o complexo em
partes mais simples, analisá-las e recompô-las sem desvios que prejudiquem a
verdade almejada. (NEVES, 2007 apud SOUZA & SANTOS, 2008).
Partindo desse pressuposto verifica-se a aplicação do método de
Descartes utilizados para a modelagem matemática proposta para este trabalho.
Souza (2001) compara os procedimentos do método dedutivo com o fazer
matemática por modelagem.
[...] Nesta, a realidade é decomposta em porções menores para melhor analisar a situação-problema proposta. Dentro de cada subsistema é feita uma avaliação de como as variáveis se relacionam entre si e com o fato observado. Durante a modelagem do fenômeno é preciso se despojar de qualquer tipo de pré-julgamento, de qualquer idéia dada como verossímil pelo senso comum. É necessário que o indivíduo faça uma análise global da situação, remontando as porções menores para que seja garantida a síntese dessas partes, pois como afirmam Soares e Espírito Santo ao citarem D‟Ambrósio (1986). (SOUZA & SANTOS, 2008, p.4).
Limberger (2006) ressalta o novo paradigma, preconizado por Descartes
e outros filósofos, “buscava sistematizar o compreender a natureza para poder
explicá-la e dominá-la, esta abordagem „facilitou‟ a exploração e a expropriação da
natureza.“ (LIMBERGER, 2006, p.97).
Bassanezi (2004 apud Souza et. al., 2008) menciona a modelagem como
um método ou estratégia capaz de interligar os vários campos do conhecimento
numa perspectiva interdisciplinar, afirmando que:
[...] é também nessa capacidade de estabelecer relações entre os campos da matemática e os outros, evitando reproduzir modos de pensar estanques fracionados, que, a nosso ver, está o futuro da formação de novos quadros de professores e pesquisadores, prontos a enfrentar o desafio de pensar a unidade na multiplicidade [...] (SOUZA et. al., 2008, p. 2).
O algoritmo utilizado para a modelagem dos dados é o Análise
Hierárquica Processual (AHP), a partir da atribuição objetiva de pesos dos atributos
66
naturais da paisagem quanto à vulnerabilidade ambiental do Mini Corredor Ecológico
Serra das Onças (BA).
As análises espaciais necessárias para a obtenção dos resultados são
subsidiadas pelo uso de Sistema de Informação Geográfica – SIG, auxiliando na
implementação do AHP como algoritmo de definição da vulnerabilidade ambiental
dos temas delimitados neste trabalho.
Os procedimentos realizados na elaboração do trabalho estão ilustrados
no fluxograma da figura 5.1 e listados a seguir:
a. Construção de um banco de dados geográficos com layers padronizados em
formato vetor e rasters.
b. Aplicação de parâmetros para transformações da projeção UTM e sistema de
coordenadas SAD 1969, Zona 24sul, meridiano central - 39;
c. Delimitação das coordenadas extremas padrões:
Norte: 8459210 m
Oeste: 469187 m
Leste: 501639 m
Sul: 8413519 m
d. Saída de campo em acompanhamento ao projeto Corredores Ecológicos da
SEMA (BA);
e. Conversão dos mapas temáticos de análise em formato vetorial para formato
raster;
f. O tamanho das células (pixel) foi convertido em 100m para se adequarem a
menor escala dos mapas em análise (Solos, escala 1:1.000.000);
g. Análise dos mapas temáticos quanto à vulnerabilidade das classes existentes;
h. Aplicação dos pesos de vulnerabilidade por comparação pareada em dois
níveis de hierarquia (critérios e alternativas) a partir do método de AHP;
i. Aplicação das fórmulas disponíveis pelo método AHP para obtenção dos
vetores de peso dos critérios (temas de análise) e alternativas (classes dos
temas de análise) avaliadas para a obtenção da vulnerabilidade ambiental do
Mini Corredor Ecológico Serra das Onças (BA);
j. Obtenção da Razão de Consistência, de acordo como os procedimentos do
método AHP, para avaliação dos resultados;
67
5.1 Metadados utilizados
Os metadados utilizados para elaboração dos mapas de vulnerabilidade
ambiental do Mini Corredor Ecológico Serra das Onças (BA) foram:
Base cartográfica extraída das cartas topográficas Ituberá, Ubaitaba e Itacaré
(SUDENE, 1977) na escala 1:100.000, fornecidas pela Superintendência de
Figura 5.1 – Roteiro metodológico realizados no presente estudo.
68
Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – SEI, ambas em formato Shape já
editadas e com algumas atualizações;
Mapa de Geologia da área em estudo originado do Projeto Costa do Dendê,
2006 formato. Convênio: CBPM/UFBA-CPGG/LEC, escala 1:200.000, em
formato vetorial.
Mapa pedológico da área em estudo extraído do mapa de Solos do Estado da
Bahia (PERH 2004), na escala 1:1.000.000, em formato vetorial.
Mapa de Uso e Cobertura da Terra do Minicorredor Serra das Onças (BA)
finalizado em 2010, realizado a partir de imagens de satélites SPOT (2008) e
campanhas de campo 2009 e 2010. Mapeado na escala 1:25.000 e reduzido
para a escala 1:100.000, em formato vetorial. Mapeamento realizado pelo
projeto CCMA em parceria da Secretaria do Meio Ambiente - SEMA (BA),
Instituto do Meio Ambiente – IMA (BA) e Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE (BA).
Modelo Digital de Elevação – Produzido a partir da imagem Imagem Shuttle
Radar Topography Mission (SRTM) SD-24-X-A2, baixadas no site da
EMBRAPA (2009), interpolado com resolução geométrica de 30m/pixel,
utilizadas na elaboração do mapa de declividade.
5.2 Cartas Temáticas (Geologia, Solos, Uso da Terra e Cobertura
Vegetal, Declividade)
As cartas temáticas a serem analisadas como critérios (tema) e
alternativas (atributos) para o método do algoritmo AHP estão expostos nas tabelas
5.1 a 5.4 Para cada atributo em análise foi atribuído uma identificação qualitativa a
fim de possibilitar a execução de operações entre os mapas em formato raster com
o uso de SIG em meio computacional.
Para possibilitar a aplicação do algoritmo AHP foi necessário agrupar os
atributos (alternativas) que possuem grau de importância similar quanto à
vulnerabilidade ambiental. A seguir, as tabelas analisadas para a obtenção dos
pesos de vulnerabilidade.
O mapa de geomorfologia, apresentado anteriormente neste estudo,
devido a escala de mapeamento (1:1.000.000) disponível foi dispensado na análise
69
da vulnerabilidade ambiental do Mini Corredor Ecológico Serra das Onças, sendo
considerado como tema de análise do relevo apenas a declividade do terreno.
Células
Litologia Grupo / ID AREA (%) Escala de
Vulnerabilidade
380 Sem Dados 0 0.4
14692 Formação Taipús-Mirim / Grupo Brotas / Formação
Algodões 1 15.9
2409 Areias Litorâneas (Terraço
Marinho Holocênico) 2 15.68
4117 Depósitos Argilo-orgânicos de Mangue / Terras Úmidas
3 4.46
70823
Tonalitos-dacitos/
Trondhjemitos-riolitos granulitizados /
Rocha Supracrustais Granulitizadas
/Gabros/Basaltos / Rochas Monzoníticas e
Monzodioríticas Granulitizadas
4 76.64
Células
Solos Grupo /
ID Área (%)
Escala de Vulnerabilidade
972 Sem Dados 0 0.79
22151 Argissolo Vermelho-Amarelo / Espodossolo Hidromórfico
1 23.82
61610 Latossolos 2 67.07
1687 Neossolo Quartzarênico 3 1.84
6001 Tipos de Terreno
(Manguezal) 4 6.48
Células
Declividade (%) Grupo / ID Área (%)
Escala de Vulnerabilidade
35819 0 – 6 1 38.75
30091 6.1 - 12 2 32.59
18040 12.1 - 20 3 19.51
8488 > 20,1 4 9.15
Tabela 5.2 – Identificação das classes (alternativas) do critério Solos para representação qualitativa dos mapas no formato rasters. .
Tabela 5.3 – Identificação das classes de Solos para representação qualitativa nos mapas rasters.
.
Tabela 5.1 – Identificação das classes (alternativas) do critério Geologia para representação qualitativa dos mapas no formato rasters.
Tabela 5.4 – Identificação das classes de Solos para representação qualitativa nos mapas rasters.
Tabela 5.3 – Identificação das classes (alternativas) do critério Declividade para representação dos mapas no formato rasters.
.
Tabela 5.2 – Identificação das classes de Declividade para representação nos mapas rasters .
70
Figura 5.2 – Legenda da escala de vulnerabilidade aplicada na ponderação entre as classes
dos mapas temáticos.
5.3 Julgamentos para Vulnerabilidade Ambiental dos Atributos
Pertencentes aos Critérios Temáticos
5.3.1 Critério Geologia
A ponderação dos pesos atribuídos às classes geológicas existentes na
área de estudo levou em consideração a composição mineralógica, considerando
sua vulnerabilidade ambiental de acordo com o grau de coesão das rochas que a
compõem e a propensão à desnudação (intemperismo e erosão), diante da
exposição aos fatores ambientais externos. Crepani et. al., (2001), elucida que para
avaliação da instabilidade ambiental de uma área quanto à geologia:
[...] o grau de coesão das rochas é a informação básica da Geologia a ser integrada a partir da Ecodinâmica, uma vez que em rochas pouco coesas prevalecem os processos modificadores das formas de relevo, enquanto que nas rochas bastante coesas prevalecem os processos de formação de solos. (CREPANI et. al., 2001, p. 14).
Células
Uso Grupos AREA% Escala de
Vulnerabilidade
483 Sem Dados 0 -
5176 Águas Continentais/ Aluviais (Brejo)/
Manguezal 1 5.45
30891 Área Agrícola/ Pastagem/ Área Agrícola com Pastagem/ Restinga e pastagem/Exploração
Mineral/ Solo Exposto. 2 33.56
10441 Área de Transição (Ecótonos)/ Área
Urbanizada/ Floresta Ombrófila estagio inicial de regeneração
3 11.54
4908 Restinga arbórea, arbustiva e
herbácea/Estagio médio e/ou avançado de regeneração
4 36.26
11674 Silvicultura/ Sistema Agroflorestal (cabruca) 5 12.65
Muito Fraca Fraca Média Alta Muito Alta
Tabela 5.4 – Identificação das classes (alternativas) do critério Uso e Cobertura da Terra para representação qualitativa dos mapas no formato rasters. .
.
Tabela 5.5 – Identificação das classes de Geomorfologia para representação qualitativa nos mapas rasters.
.
71
Crepani et. al., (2001) apresenta uma escala numérica de vulnerabilidade
segundo a composição mineralógica da rocha conforme apresenta a tabela 5.5:
Fonte: CREPANI et. al., 2001, p. 74.
a) Grupo 1 (Formação Taipús-Mirim / Grupo Brotas / Formação Algodões) -
Estas formações geológicas foram avaliadas quanto à vulnerabilidade
ambiental de acordo com o potencial à denudação. Desta forma, as rochas que
as compõem são classificadas como sedimentares de origem química, pois
foram dissolvidos pelas águas que circulam através das rochas e levados, por
essas águas, para lagos, mares ou oceano, onde se precipitaram através de
algum processo químico ou orgânico (CREPANI et. al., 2001). Os minerais que
constituem as rochas sedimentares de origem química são extremamente
susceptíveis à dissolução por carbonatação; por isso esta formação é avaliada
no grupo de maior vulnerabilidade ambiental geológica para a ponderação dos
pesos entre as classes geológicas.
b) Grupo 2 (Areias Litorâneas - Terraço Marinho Holocênico) - Por se tratar de
rochas sedimentares formadas por sedimentos inconsolidados de origem
mecânica, as quais se compõem de partículas de minerais argilosos ou grãos
Tabela 5.5 - Escala de vulnerabilidade à denudação das rochas mais comuns
72
de minerais que resistiram ao ataque químico. São considerados mais
resistentes à denudação que o Grupo 1 (CREPANI et. al, 2001). Diante desta
propriedade as Areias Litorâneas (QHl), encontra-se no segundo grupo quanto
à ponderação para a vulnerabilidade ambiental entre os atributos geológicos.
c) Grupo 3 (Depósitos Argilo-orgânicos de Mangue / Terras Úmidas) - Segundo
Suguiu (2003), os manguezais são pântanos do tipo marsh (pântanos de
vegetação rasteira que se desenvolvem próximo ao mar, apresentando água
doce, salgada ou salobra) existentes em zonas costeiras de climas quentes e
úmidos caracterizados por vegetação típica (Rhizophora mangle, Laguncularia
racemosa etc.). Devido a essa característica ambiental e sua constituição de
sedimentos argilosos, essa classe geológica é avaliado no terceiro grupo
quanto à vulnerabilidade ambiental no critério Geologia, pois apesar de suas
características sedimentares mais vulneráveis que o segundo grupo, este
ambiente encontra-se mais resguardado em relação à denudação e
instabilidade rochosa. As Terras Úmidas possuem propriedades muito
próximas da classe anterior devido à composição sedimentar argilosa, e o
ambiente mais estável quanto aos fatores externos favoráveis à instabilidade
da rocha.
d) Grupo 4 (Tonalitos-dacitos/ Trondhjemitos-riolitos Granulitizados / Rocha
Supracrustais Granulitizadas / Gabros/Basaltos / Rochas Monzoníticas e
Monzodioríticas Granulitizadas) - Estas litologias estão caracterizadas por sua
gênese, são rochas ígneas e metamórficas. Com a presença de minerais
(quartzo, plagioclásio, hiperstênio e clinopiroxênio, antipertítico, ortopiroxênio
etc.) mais resistentes ao intemperismo e à erosão do que as demais
composições dos grupos anteriores. São o agrupamento de classes
geológicas, deste estudo, de menor vulnerabilidade quanto aos fatores naturais
que contribuem com a desnudação e modificação das formas do relevo.
5.3.2 Critério Solos
A atribuição de pesos na comparação pareada para as classes de solos
quanto à vulnerabilidade ambiental existentes na área de estudo levou em
73
consideração o bom desenvolvimento dos solos, a profundidade e a porosidade
sendo. Portanto, considerados menos vulneráveis que os solos, cujos materiais são
os mais decompostos, são considerados solos velhos ou maduros (CREPANI et. al.,
2001).
a) Grupo 1 (Argissolo Vermelho-Amarelo / Espodossolo Hidromórfico) - São solos
de vulnerabilidade intermediária apresentam profundidade menor que os
Latossolos, e são solos menos estáveis e menos intemperizados. Ocorrem
geralmente em topografias um pouco mais movimentadas. Nestas classes de
solos ocorre também um horizonte B, onde existe acumulação de argila, isto é,
durante o processo de formação uma boa parte da argila translocou-se por
eluviação do horizonte A para o horizonte B, onde se acumulou. Nestes solos,
a diferença de textura entre os horizontes A e B (ocasionada pelo acúmulo de
argila no horizonte B) dificulta a infiltração de água no perfil, o que favorece os
processos erosivos.
b) Grupo 2 (Latossolos) – Esta classe de solos é considerada a mais estável
quanto às interferências naturais que contribuem com a desgaste dos solos.
Após um intenso processo de intemperismo e lixiviação no desenvolvimento
destes solos, os latossolos apresentam quase que uma ausência total de
minerais facilmente intemperizáveis e/ou minerais de argila 2:1. São solos que
possuem boas propriedades físicas: permeabilidade à água e ao ar, e mesmo
com alta porcentagem de argila; são porosos, friáveis e de baixa plasticidade.
c) Grupo 3 (Neossolo Quartzarênico) – Esta classe de solos é considerada mais
vulnerável que as dos grupos anteriores, pois são caracterizados por solos
jovens e pouco desenvolvidos, isto é, sua característica principal é possuir
perfis de solo pouco evoluídos. O Neossolo Quartzarênico apresenta horizonte
A sobreposto diretamente sobre o horizonte C ou então assentado diretamente
sobre a rocha mãe (não possuem o horizonte B). Por serem solos jovens, estão
na fase inicial de formação porque estão ainda se desenvolvendo a partir dos
materiais de origem recentemente depositados, ou então por estarem situados
em lugares de alta declividade, nos quais a velocidade da erosão é igual ou
maior que a velocidade de transformação da rocha em solo.
74
d) Grupo 4 (Tipos de Terreno (Manguezal)) - Os solos existentes neste grupo são
considerados também como “solos indiscriminados de mangues”. Não
possuem classe definida pelo sistema brasileiro de classificação dos solos; não
apresentam homogeneidade e sua distribuição e comportamento são
dependentes dos padrões de sedimentação e distribuição dos fluxos de água
doce e salgada no encontro das águas continentais e águas carregadas pelas
marés respectivamente (PRADA, 2001). Com a presença da vegetação de
plantas vasculares, forma-se um ecossistema (pneumatóforos e raízes-escora)
nestes ambientes, que junto à matéria orgânica e ao material inorgânico
floculado pelo contato da água doce e salgada formam uma armadilha para o
sedimento em suspensão que é depositado, retrabalhado e redistribuído no
substrato sofrendo alterações físicas e químicas típicas do ecossistema
manguezal (PRADA, 2001). Diante deste conjunto descrito, no presente
estudo, o Manguezal foi considerado, para o critério pedologia, dentro de um
grupo de fraca vulnerabilidade. Precisamente por não possuir uma definição
clara que o caracteriza quanto à pedogênese (formação do solo) ou
morfogênese (modificação do relevo) e por estar envolvido em um sistema
ambiental, apesar de ser cientificamente definido como um ecossistema, em
seu conjunto, frágil (LEITE, 1995; OLIVEIRA, 1997; ROSS, 2003; PRADA,
2001) e protegido por lei (CONAMA, 2002).
5.3.3 Declividade
Neste estudo a metodologia aplicada para avaliar a vulnerabilidade na
comparação pareada entre as classes do critério declividade foi levado em
consideração a inclinação do relevo em relação ao horizonte, ou seja, quanto maior
a declividade maior a vulnerabilidade. Esta inclinação é responsável pela velocidade
de transformação da energia potencial em energia cinética, promovendo a
velocidade das massas de água em movimento responsáveis pelo “runoff”
(escoamento superficial) e por consequência a capacidade de transporte. Dessa
forma, a maior capacidade de erosão que esculpe as formas de relevo faz
prevalecer à morfogênese. A própria força da gravidade, sem a presença de água
75
superficial, devido à inclinação do relevo, sempre adiciona uma componente
descendente das partículas rochosas se movendo nas encostas.
Crepani et. al., (2001) descreve a atuação da força de gravidade
responsável pela morfogênese quando facilitado pelo componente morfométrico
declividade:
O coeficiente de atrito de uma partícula em movimento é igual à relação entre a componente da força de gravidade que atua ao longo da encosta (componente de deslize, que é proporcional ao seno do ângulo de inclinação da encosta) e a componente da força de gravidade que atua perpendicularmente à encosta (componente de aderência, que é proporcional ao co-seno do ângulo de inclinação da encosta), logo o coeficiente de atrito de uma partícula em movimento ao longo de uma encosta é igual à tangente do ângulo de inclinação da encosta. Como poucos materiais possuem coeficiente de atrito superior a 1, as partículas rochosas separadas pelo intemperismo dificilmente serão retidas em encostas com ângulo de inclinação maior que 45o (tangente de 45o =1), situação em que não haverá possibilidade de formação de solo, ou pedogênese, ocorrendo apenas a exposição contínua de material rochoso, ou morfogênese. (CREPANI et. al., 2001, p. 75).
Desta forma, os agrupamentos que contém os intervalos de declividades
são avaliados segundo o aumento da declividade. Quanto maior a percentagem de
inclinação das classes maior a vulnerabilidade.
5.3.4 Uso e Cobertura da Terra
Crepani (2001) considera que a densidade de cobertura vegetal é um
fator de proteção da unidade contra os processos morfogenéticos que se traduzem
na forma de erosão, por isso quanto mais intensa a cobertura vegetal maior a
estabilidade encontrada na unidade de paisagem.
Neste estudo para a ponderação dos pesos de vulnerabilidade no
método de comparação pareada, na análise do presente tema, foi levado em
consideração a cobertura vegetal e o uso da terra. Quanto mais intensa a cobertura
vegetal mais estável encontra-se o ambiente. As diferentes classes de usos e
coberturas foram agrupadas e qualificadas por sua capacidade de agressão ao meio
ambiente natural, estado de conservação da vegetação e importância na função de
“preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a
76
biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem
estar das populações humanas que compõe a cobertura da Terra” (áreas
consideradas Áreas de Preservação Permanente - APP). (CONAMA, Resolução Nº
303, de 20 de março de 2002).
a) Grupo 1 (Águas Continentais/ Aluviais (Brejo)/ Manguezal) – Devido à
importância diante da fragilidade e da função ecológica na manutenção das
espécies humanas e animais, as classes existentes neste grupo foram
consideradas as mais vulneráveis para a ponderação dos pesos na aplicação
da comparação pareada envolvendo o tema de análise Uso e Cobertura da
Terra.
b) Grupo 2 (Área Agrícola/ Pastagem/ Área Agrícola com Pastagem/ Restinga e
pastagem/ Exploração Mineral/ Solo Exposto) – Este grupo compõe as classes
que são qualificadas como de alta vulnerabilidade na ponderação dos pesos
devido à retirada da cobertura vegetal e modificação da paisagem natural,
permitindo que o solo fique exposto aos intempéries e prejuízos provocados
por tais Usos da Terra.
c) Grupo 3 (Área de Transição (Ecótonos)/ Área Urbanizada/ Floresta Ombrófila
estagio inicial de regeneração) – As classes existentes neste grupo são
consideradas de média vulnerabilidade para aplicação dos pesos na
comparação pareada em relação ao Uso e Cobertura da Terra, áreas que
apesar de compor uma paisagem consolidada merecem constantes e intensos
planejamento e monitoramento, para que não cause maiores impactos
ambientais (no caso das áreas urbanizadas) e para que continue existindo
devido sua importância ambiental (Ecótonos e Floresta Ombrófila com estagio
inicial de regeneração). Os Ecótonos estão agrupado nesta categoria devido a
análise constatada em estudo de campo, esta região ecológico na área de
estudo apresenta o solo mais exposto que as áreas de floresta ombrófila
densa.
d) Grupo 4 (Restinga arbórea, arbustiva e herbácea / Floresta Ombrófila estagio
médio e/ou avançado de regeneração) – Este grupo abriga as classes que
possui maior estabilidade ambiental, portanto, menor vulnerabilidade, devido ao
arranjo da vegetação que os compõe, como a paisagem natural sem alterações
77
que permitem a exposição de solo a erosão e a aceleração do processo de
morfogênese.
e) Grupo 5 (Silvicultura/ Sistema Agroflorestal (cabruca)) – As classes existentes
neste grupo são consideradas de fraca vulnerabilidade para a ponderação dos
pesos para comparação pareada envolvendo o tema de análise Uso e
Cobertura Vegetal. Essas classes, apesar de serem compostas por intensa
cobertura vegetal que protege o solo da erosão, não podem ser considerados
ambientes naturais, pois são modificadas ou alteradas pela ação humana. A
Silvicultura com o cultivo de espécies homogêneas para extração de madeira e
a Mata Cabruca ou Sistema Agroflorestal, que são as florestas servindo como
proteção e consórcio para alguns cultivos agrícolas (principalmente o Cacau
orgânico).
5.4 - Aplicação do Método AHP
5.4.1 - Critérios
São os fatores ambientais que influenciam (cada um de diferente
relevância) na análise para a elaboração do mapa síntese de vulnerabilidade
ambiental do Minicorredor Ecológico Serra das Onças, são critérios neste estudo os
temas: Geologia, Solos, Uso e Cobertura Vegetal e Declividade. Os critérios estão
classificados como primeiro nível na hierarquia de avaliação da obtenção da
vulnerabilidade ambiental pelo método AHP.
5.4.2 - Alternativas
São as classes ou atributos dos mapas de análise ou dos critérios
escolhidos para avaliar a vulnerabilidade ambiental do Minicorredor Ecológico Serra
das Onças (BA). As alternativas compõem o segundo nível hierárquico na
metodologia AHP. Nesta etapa é possível obter a importância de uma classe em
relação às demais. A ponderação das alternativas foi realizada a partir da
comparação pareada entre as alternativas diante cada critério avaliado. Os
elementos deste estudo ficam organizados hierarquicamente como exemplifica a
figura 5.2.
A figura 5.2 ilustra etapas realizadas com classes (alternativas) dos
critérios Geologia, Declividade e Solos, cada tema tem seus atributos ponderados
78
por comparação pareada em relação aos demais critérios avaliados na obtenção do
mapa síntese de vulnerabilidade ambiental do Mini Corredor Ecológico Serra das
Onças. O tema Uso e Cobertura da Terra também está inserido nos procedimentos
realizados neste estudo, conforme consta no apêndice B.
5.4.3 – Comparação par a par entre os elementos
Nesta etapa se estabelece as prioridades em relação às alternativas. São
feitas comparações paritárias entre os elementos de um mesmo nível imediatamente
acima, até que se alcancem as comparações para o nível imediatamente abaixo.
Essas comparações permitem aferir a contribuição de todos os critérios. Para
comparar as alternativas é feita uma avaliação subjetiva, com a experiência e o
conhecimento do autor. Conforme a estrutura da figura 5.2, o primeiro passo é
comparar os critérios entre si, dois a dois, em relação à contribuição de cada um
para a vulnerabilidade a ambiental. Essa comparação é feita com a atribuição de
valores par a par seguindo a escala de 1 a 9 introduzida por Saaty (1991) (Quadro
Figura 5.2 – Exemplo do modelo hierárquico para aplicação da metodologia AHP utilizada neste estudo.
Vulnerabilidade
Ambiental
Geologia Declividade Solos
Argissolo
Latossolo
Neossolo
Quartzarênico
Tipos de terreno
< 3
3,1 - 6
6,1 - 12
12,1 - 20
20,1 - 40
> 40
Formação Taipús-Mirim
Grupo Brotas
Formação Algodões
Areias Litorâneas -
Terraço Marinho Holocênico
Depósitos Argilo-orgânicos de Mangue
Terras Úmidas
Areias Pleistocênicas Indiferenciadas
Areias Litorâneas -
Terraço Marinho Pleistocênico
Tonalitos-dacitos
Rocha Supracrustais Granulitizadas
Gabros/Basaltos
Rochas Monzoníticas e
Monzodioríticas Granulitizadas
Nível 1 (Objetivo Geral)
Nível 2 (Critérios)
Nível 3 (Alternativas)
79
4.1). Saaty (1977) considera suficiente a tabela que elaborou para distinguir a
intensidade das relações entre os elementos.
As comparações de entre os pares gera uma matriz de avaliação
como a matriz ( ) da figura 5.5.
A diagonal principal é sempre preenchida com o valor 1, pois se trata da
comparação de um elemento com ele mesmo. Após preencher a diagonal principal,
inicia-se a partir da 1 linha a qualificar o nível de import ncia do atributo desta linha
em relação a cada atributo de todas as colunas. Assim, é feita a pergunta: “quanto
mais importante é a contribuição do elemento i para o objetivo (vulnerabilidade
ambiental) ou critério avaliado do que o elemento j?”.
Se o elemento Ai (da linha) é menos importante que o elemento Aj
(coluna), um número inverso aos valores 2 a 9 é atribuído, ou seja, 1/2, 1/3, etc.,
dependendo da avaliação.
5.4.4. Normalização e Inconsistência das análises
Não só a lógica e o pensamento científico são usados em uma decisão. A
subjetividade e intuição na prática são muito mais empregadas no momento da
solução de problemas e tomadas de decisão (WOLFF, 2008).
O método AHP trabalha com todos os atributos humanos (experiência,
intuição, instinto, emoção, lógica e muitos outros) usados para solução de
problemas. O AHP estrutura os problemas complexos, hierarquizando os elementos
pertencentes aos problemas, quebrando-os em partes menores (WOLFF, 2008).
Diante dessas características humanas, e da incapacidade de enxergar
todos os pormenores de um problema complexo de uma só vez, pode ocorrer na
1 3 ... 9
1/3 1 ... 7
: ... :
1/9 1/7 ... 1
Figura 5.5 – Esquema da matriz de comparação pareada
. . .
. . .
80
tomada de decisão um grau de inconsistência nos julgamentos. Este nível pode ser
medido. Foi definido que o máximo de inconsistência aceitável é 10%, quando cinco
ou mais elementos são comparados. Uma percentagem maior demonstra que os
julgamentos foram feitos aleatoriamente.
Para se obter a certeza de que uma matriz de julgamentos é
absolutamente consistente é preciso averiguar se são verdadeiras as equações (1) e
(2). Em (1), garante-se que os elementos transpostos são inversos, como na figura
5.6. Em (2), garante-se a consistência entre os elementos do mesmo triângulo.
Segundo Harker e Vargas (1987) o cálculo exato das prioridades de um
problema é obtido pelo método do autovetor, que parece ser o único exato para
tratar matrizes que não são inconsistentes. Saaty (2003) assume que o método se
dá a partir da estimação do vetor da matriz. Seria este o vetor de prioridades. Esse
vetor de prioridades deve atender a relação , com constante.
A representação constitui matrizes quase consistentes. Por uma
matriz quase consistente entende-se uma matriz A = ( ) que é uma pequena
perturbação de uma matriz consistente ( / ).
A relação entre as matrizes obedece ao produto de Hadamard ,
onde a perturbação afeta cada termo da matriz multiplicando-se a ele
( ). Também vale que . E quando não há perturbação, .
(1)
(2)
1
1
1
1
Figura 5.6 – Posição transpostas dos valores em uma matriz de comparação pareada.
A1
A2
An
81
(3)
(4)
Conforme Laininen e Hämäläinen (1999 apud WOLFF, 2008), os
resultados alcançados devem ser normalizados. O processo consiste no cálculo da
proporção de cada elemento em relação à soma dos pesos atribuídos por coluna ( ),
como pode se observar na equação (3), onde T é o autovetor normalizado.
Para obter a hierarquização autovetor de pesos para cada critério é
empregada à equação (4), que consiste na soma dos vetores normalizados por linha
( ) dividida pelo número de variáveis avaliado ( ).
A relação entre para o cálculo do autovetor e do autovalor se
encontra representada por , onde ) é o autovetor
principal e é o autovalor máximo correspondente.
A fórmula para obtenção de é:
O desvio de em relação a (a ordem da matriz, ou ainda o
número de alternativa) é então o que possibilita calcular a razão de inconsistência
dos julgamentos.
Com a obtenção de é possível calcular o valor da inconsistência.
Assim introduz-se o índice de inconsistência :
Onde é o número de alternativas, ou ainda, a ordem da matriz
É necessário ainda consultar o índice de inconsistência aleatória (RI), que
é o mesmo índice calculado em uma matriz elaborada com a escala de julgamentos
de 1 a 9, com os valores recíprocos calculados de modo a forçar sua consistência.
Este índice varia de acordo com a ordem da matriz desejada (número de
alternativas), sendo apresentado aqui até a ordem 15.
(5)
(6)
82
Estes índices foram elaborados a partir de pesquisas desenvolvidas por
Saaty e Mariano (1979) apud WOLFF (2008).
Finalmente, para obter a razão de inconsistência CR, calcula-se a razão
entre o índice de inconsistência CI (eq. 6) da matriz em questão e o índice de
inconsistência aleatória RI. É o CR (eq. 7) que mede a inconsistência dos
julgamentos de uma matriz, e tem como valor aceitável até 0,10 no caso de cinco ou
mais alternativas, 0,08 para quatro elementos e 0,05 para três elementos. Quando
CR = 0, a matriz é dita absolutamente consistente (LIBERATORE; NYDICK, 1997
apud WOLFF, 2008).
5.5. Procedimentos para a obtenção dos pesos e vetores
5.5.1. Comparação pareada dos critérios (Nível I)
O primeiro passo para a aplicação do algoritmo AHP, no intuito de se
obter os pesos e vetores dos critérios associados à vulnerabilidade ambiental neste
estudo, foi selecionar os atributos que apresentam maior fragilidade ambiental diante
dos fatores antrópicos (atividades humanas) e naturais (propriedades físicas). A
seguir são apresentados os critérios por grupo (apresentados anteriormente nas
tabelas 5.1 a 5.5) selecionadas para simplificar as decisões no processo de
comparação pareada:
1 - Geologia: Grupos 1, 2, 3 e 4;
2 - Solos: Grupos 2 e 3;
3 - Uso e Cobertura Vegetal: Grupos 1, 2, 3 e 5;
4 - Declividade: >12%;
Depois desse julgamento foram produzidos mapas rasters booleanos
(representação zero ou um) no software Idrisi 32. Posteriormente foi realizada uma
tabulação cruzada (Crosstab) entre estas variáveis espaciais gerando tabelas com o
cruzamento de áreas (em porcentagem) por critério par a par (Apêndice A). Com
1,5
9
1,5
7
1,5
6
1,5
4
1,5
1
1,4
9
1,4
5
1,4
1
1,3
2
1,2
4
1,1
2
0,9
9 0,5
8
0 0
15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
Tabela 5.7 – Índices de inconsistência aleatória para até quinze alternativas
(7)
83
estes dados foi possível avaliar melhor as escolhas no processo de comparação
pareada.
Na comparação pareada dos critérios (nível 1 da hierarquia) analisados
para a obtenção da vulnerabilidade ambiental do Minicorredor Ecológico Serra das
Onças (BA) foram empregados os pesos par a par (tabela 5.8) na escala 1 a 9
(tabela 5.6). Após a escolha dos pesos foram aplicadas as fórmulas para obtenção
do vetor de pesos e da Razão de Consistência (RC) (tabelas 5.9 e 5.10), alguns
testes e ajustes no julgamento dos critérios foram feitos na matriz de pesos até se
chegar a RC aceitável (< 0,10).
A tabela 5.8 possui um sistema de cores que se diferenciam de acordo
com o peso julgado na comparação par a par dos atribuídos, com referência à
escala de 1 a 9 proposta por Saaty (Quadro 4.1). O quadro 5.1 possui a legenda de
cores atribuídas a todas as tabelas de comparação pareada elaboradas neste
trabalho.
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Critério Declividade Geologia Solos Uso e Cobertura Vegetal
Declividade 1 5 3 2
Geologia 1/5 1 1/3 1/2
Solos 1/3 3 1 2
Uso e Cobertura Vegetal 1/2 2 1/2 1
Totais 2 1/30 11 4 5/6 5 1/2
Critérios Pesos (W)
Declividade 0.48
Geologia 0.09
Solos 0.25
Uso e Cob.Vegetal 0.18
λ ro(max) 4.14
IC 0.05
RC 0.05
Tabela 5.8 – Comparação par a par dos critérios avaliados no estudo da vulnerabilidade ambiental do Minicorredor Ecológico Serra das Onças (BA).
Tabelas 5.9 – Vetores de peso encontrados para cada critério após a
aplicação da fórmula (4).
Quadro 5.1 – Legenda do padrão de cores aplicadas aos pesos atribuídos para comparação pareada dos elementos julgados na aplicação do algorítmico AHP.
Tabelas 5.10 – Índice e Razão de Consistência, obtidos para avaliação da
coerência dos julgamentos.
84
5.5.2. Comparação pareada das alternativas (Nível II)
Para a obtenção dos vetores de pesos de cada classe (alternativas)
existente nos mapas temáticos de Declividade, Geologia, Solos e Uso e Cobertura
Vegetal, foram construídas tabelas de comparação pareada para os atributos de
cada mapa. Estas foram avaliadas de acordo com vulnerabilidade em relação a
todos os outros temas. Foram construídas 12 matrizes com aplicação dos pesos por
comparação pareada. Após a comparação para a par das alternativas foi aplicada a
fórmula de obtenção dos vetores de peso (fórmula 4) das classes agrupadas
(alternativas), em relação aos demais critérios (tabela 5.11). A Razão de
Consistência foi obtida para todas as matrizes de comparação pareada (Apêndice
A).
Para obtenção final dos vetores de pesos ( ) dos atributos de cada mapa
em análise foi aplicada a Equação (8) por grupo de classes ( ). Esta
fórmula permite a ponderação tanto dos pesos encontrados na comparação pareada
do nível I ( quanto do nível II. Após a obtenção final dos
pesos (W) (tabela 5.12), estes foram aplicados às células dos mapas temáticos em
formato raster, possibilitando elaborar o mapa síntese de Vulnerabilidade Ambiental,
como mostra o esquema da figura 5.4.
Classes Uso e Cob. Vegetal Pesos (W)
G1 0.09 G2 0.36 G3 0.23 G4 0.05 G5 0.08
Grupos Uso e Cobertura Geologia Solos Declividade
G1 0.42 0.46 0.50
G2 0.28 0.31 0.26
G3 0.15 0.12 0.13
G4 0.08 0.04 0.03
G5 0.07 0.07 0.07
(8)
Tabela 5.11 – Vetores do Uso e Cobertura da Terra, obtidos após a aplicação
procedimentos do algoritmo AHP.
Tabela 5.12 – Pesos encontrados após aplicação da fórmula (8) para cada grupo do critério Uso e Cobertura Vegetal.
85
Figura 5.4 – Fluxograma dos procedimentos realizados na metodologia AHP para a obtenção dos pesos em nível II e a produção do mapa síntese de vulnerabilidade ambiental.
86
5.5.3. Vulnerabilidade Ambiental do Mini Corredor Ecológico Serra das
Onças com a Aplicação da Álgebra de Mapas
A análise da vulnerabilidade ambiental do Mini Corredor Ecológico
Serra das Onças foi obtida com o uso dos recursos disponíveis nos Sistemas de
Informação Geográfica (SIG), conforme já foi explanado.
Com o SIG, usando o fluxograma apresentada na figura 5.4, foi
possível a aplicação da técnica de álgebra dos mapas na geração do mapa
síntese de vulnerabilidade ambiental, utilizando a extensão Spatial Analyst
(Reclassify e Raster Calculator) no software ArcGIS. Em ambiente SIG também
foi realizada a aplicação dos pesos (obtidos pelo algorítmico AHP) nas células dos
mapas temáticos em formato raster (Reclassify). Baseada na metodologia
utilizada por Crepani et. al., (2001), aplicou-se a Média aritmética simples (Raster
Calculator) dos pesos (W) obtidos para os atributos temáticos, que resultou no
mapa síntese de Vulnerabilidade Ambiental da área de pesquisa conforme ilustra
a figura 6.1.
Figura 6.1 - Esquema exemplificando a técnica de álgebra dos mapas para elaboração da
carta síntese de Vulnerabilidade Ambiental do Mini Corredor Ecológico Serra das Onças.
87
Tabela 6.1 – Percentual da área ocupada pelos atributos do mapa de Uso e Cobertura da
Terra, obtido com a contagem das células do mapa raster e seus respectivos pesos.
6. VULNERABILIDADE AMBIENTAL
6.1 Vulnerabilidade Ambiental – Mapas Temáticos
6.1.1 Vulnerabilidade – Uso e Cobertura da Terra
Os resultados obtidos, com a aplicação do algoritmo AHP, para a
vulnerabilidade ambiental em relação ao uso e cobertura da terra demostram que
este tema está na 3ª colocação (Gráfico 6.1) quanto à importância (peso) entre os
critérios (Nível I) selecionados para obtenção da vulnerabilidade final do Mini
Corredor Ecológico Serra das Onças.
A Tabela 6.1 obtida após a comparação pareada do nível II para os
atributos do mapa de Uso e Cobertura da Terra possibilita avaliar que o Grupo 1
obteve o maior peso de vulnerabilidade, classificado com Muito Alta Vulnerabilidade,
Grupo Peso (W) Área (%) Classes
G1 0.37 5.61 Águas Continentais/ Aluviais (Brejo)/ Manguezal
G2 0.23 33.90 Área Agrícola/ Pastagem/ Área Agrícola com Pastagem/ Restinga e
pastagem/Exploração Mineral/ Solo Exposto.
G3 0.12 11.67 Área de Transição (Ecótonos)/ Área Urbanizada/ Floresta Ombrófila
estagio inicial de regeneração
G4 0.04 36.17 Restinga arbórea, arbustiva e herbácea/Estagio médio e/ou
avançado de regeneração
G5 0.06 12.65 Silvicultura/ Sistema Agroflorestal (Cabruca)
Gráfico 6.1 – Distribuição dos pesos para os critérios, obtidos após a comparação
pareada pelo algoritmo AHP.
88
Figura 6.1 – Vulnerabilidade ambiental por tema de análise do Mini Corredor Ecológico Serra das Onças (BA).
A B
C D
89
como ilustra a Figura 6.1, (A). Os dados apresentados (tabela 6.1) também apontam
que o Grupo se distribui na área em estudo com o menor percentual (≈6%) de
ocupação.
O agrupamento de classes que ocupa a maior área (≈36%) é o Grupo 4
qualificado como Muito Fraca Vulnerabilidade ambiental (Figura 6.1, A).
A partir da análise das informações supracitadas é possível verificar
que em relação ao tema Uso e Cobertura da Terra, a área deve ter uma atenção
especial, pois apesar da maior área ocupada pela classe de Muito Fraca
vulnerabilidade, ao mesmo tempo a classe de Alta Vulnerabilidade (Área Agrícola,
Pastagem, Área Agrícola com Pastagem, Restinga e pastagem, Exploração Mineral
e Solo Exposto) se apresenta em segundo lugar quanto à ocupação da área de
pesquisa, como está exposto da figura 6.1 (A). Esta classe encontra-se inserida
entre os espaços que apresentam a menor fragilidade e maior densidade de
cobertura vegetal (Grupo 2).
6.1.2 Vulnerabilidade – Declividade
O gráfico 6.1 demonstra que o critério declividade se apresenta na
primeira posição quanto ao peso (0.48) em relação à vulnerabilidade ambiental,
obtida após a aplicação do algoritmo AHP no nível I.
O Grupo 4, que apresenta a área com a classe de declividade mais
acentuada (>20.1), obteve o peso 0.29 e, após a comparação pareada do nível II
para o tema em análise, foi classificado como Muito Alta vulnerabilidade (Figura 6.1,
B). Este grupo possui a menor área do Mini Corredor Ecológico Serra das Onças.
O grupo de declividade que ocupa o maior percentual da área de estudo
(Tabela 6.2) e simultaneamente a menor vulnerabilidade, é classificada como Muito
Fraca Vulnerabilidade (Figura 6.1, B) apresentando o peso 0.03, e representa a
classe com o menor declive (0 – 6%).
Os dados apresentados anteriormente apontam que o Mini Corredor
Ecológico Serra das Onças em relação à Declividade pode ser considerada de baixa
90
vulnerabilidade ambiental, levando em consideração ainda que as classes de Muito
Fraca e Fraca vulnerabilidade somadas ocupam aproximadamente 70% da área de
estudo (Tabela 6.2).
6.1.3 Vulnerabilidade – Geologia
O mapa em análise de Geologia após a comparação pareada entre os
demais critérios do Nível I, por AHP, obteve o menor peso (0.09) (Gráfico 6.1). Para
o diagnóstico da vulnerabilidade ambiental do Mini Corredor Ecológico Serra das
Onças.
As classes litológicas pertencente ao Grupo 1 obteve o peso 0.28
(Tabela 6.3) com a aplicação do algoritmo AHP, foi qualificado como Muito Alta
vulnerabilidade (Figura 6.1, C) por ser o maior peso obtido na comparação pareada
das alternativas (nível II) do tema em análise (nível I). Este grupo ocupa o segundo
lugar em extensão de área do Mini Corredor Ecológico Serra das Onças.
O Grupo 4 possui as classes litológicas que ocupam grande parte da
território em estudo (≈77%) e ao mesmo tempo levou o menor peso (0.02) (Tabela
6.3) , com a aplicação do algoritmo AHP, ficando classificado como Muito Fraca
vulnerabilidade (Figura 6.1, C).
É possível verificar, diante dos resultados apresentados, que a área em
estudo não pode ser considerada vulnerável em relação ao critério Geologia, que
além de obter a menor importância entre os critérios para a obtenção da
vulnerabilidade ambiental final, apresentou também o conjunto da classe Geológica
que ocupa praticamente a totalidade da área como mais estável ambientalmente.
Grupo Pesos (W) Área (%) Classes (%)
G1 0.03 38.75 0 - 6
G2 0.06 32.55 6.1 - 12
G3 0.14 19.52 12.1 - 20
G4 0.29 9.18 > 20.1
Tabela 6.2 – Percentual da área ocupada pelos atributos do mapa de Declividade, obtido com
a contagem das células do mapa raster e seus respectivos pesos.
91
Tabela 6.4 – Percentual da área ocupada pelos atributos do mapa de Solos, obtido com a contagem das células do mapa raster e seus respectivos pesos.
6.1.4 Vulnerabilidade – Solos
Os solos, diante dos demais critérios para a obtenção do diagnóstico de
vulnerabilidade ambiental do Mini Corredor Ecológico Serra das Onças ocupou a
segunda posição, com o peso 0.25 (Gráfico 6.1), quanto à importância no primeiro
nível de análise da metodologia AHP.
As classes de Solos pertencentes ao Grupo 3 obteve o maior peso (0.41)
(Tabela 6.4), após a aplicação do algoritmo AHP, quanto a vulnerabilidade ambiental
analisada para esta alternativa (nível II), ficando então classificada como Muito Alta
vulnerabilidade (Figura 6.1, D). Enquanto o Grupo 4 obteve a qualificação Muito
Fraca (Figura 6.1, D) devido o menor valor (0.06) obtido com a comparação pareada.
O Grupo 2 que ocupa a maior área (≈67%) (Tabela 6.4) no Mini Corredor Ecológico
Serra das Onças foi considerado como Fraca vulnerabilidade, com a diferença de
0.02 do Grupo 4 na importância adquirida nesta ponderação.
Estas informações apontam que a área em estudo está, em relação aos
Solos, estável, levando também em considerando que as classes que obtiveram
maior vulnerabilidade ocupam menos de 30% da área de pesquisa (Tabela 6.4).
Grupo PESOS (W) Área (%) Classes G1
0.20 24.22 Argissolo Vermelho-Amarelo / Espodossolo
Hidromórfico G2 0.08 67.37 Latossolos G3 0.41 1.84 Neossolo Quartzarênico G4 0.06 6.56 Manguezal
Grupo PESOS (W) Área (%) Classes
G1 0.28 15.96 Formação Taipús-Mirim /Grupo Brotas / Formação Algodões
G2 0.15 2.62 Areias Litorâneas (Terraço Marinho Holocênico)
G3 0.05 4.47 Depósitos Argilo-orgânicos de Mangue / Terras Úmidas
G4 0.02 76.95
Tonalitos-dacitos/ Trondhjemitos-riolitos granulitizados / Rocha Supracrustais Granulitizadas /Gabros/Basaltos / Rochas
Monzoníticas e Monzodioríticas Granulitizadas
Tabela 6.3 – Percentual da área ocupada pelos atributos do mapa de Declividade, obtido com a contagem das células do mapa raster e seus respectivos pesos.
92
6.2 Análise dos resultados do mapa síntese de Vulnerabilidade
Ambiental
Após a produção dos mapas de vulnerabilidade ambiental de cada tema
em análise (Figura 6.1), foi elaborado o mapa final de vulnerabilidade ambiental do
Mini Corredor Ecológico Serra das Onças (BA) (Figura 6.2), por meio de SIG,
conforme elucidado em Procedimentos Metodológicos. Os pesos obtidos após a
aplicação da álgebra dos mapas temáticos foram delimitados em 5 classes (Tabela
6.5), delimitadas com o método de classificação Pontos de Quebra Natural (Natural
Break Points).
A partir da análise dos dados apresentados na tabela 6.1 e o gráfico 6.2 é
possível constatar que o Mini Corredor Ecológico em estudo possui a maior
percentagem (≈37%) de sua área classificada como Fraca Vulnerabilidade
Ambiental, é perceptível também a pequena variação (≈20 e ≈21%) entre as
categorizações Muito Fraca e Alta (Gráfico 6.2). A menor extensão apresentada foi
da classificação com Muito Alta vulnerabilidade com aproximadamente 7%, seguida
da Média (≈14%).
Classes de Vulnerabilidade
Intervalo dos Pesos de Vulnerabilidade (W)
Área (km²) Área (%)
Muito Fraca
0.00 - 0.05
197.14
21.34
Fraca
0.06 - 0.09
342.46
37.07
Média
0.10 - 0.11
130.55
14.13
Alta
0.11 - 0.15
188.29
20.38
Muito Alta
0.16 - 0.25
65.47
7.09
Total 923.91 100
Tabela 6.5 – Classes de Vulnerabilidade ambiental do Mini Corredor Ecológico Serra das
Onças com os pesos, áreas e percentuais das respectivas classes.
Gráfico 6.2 – Percentagem por área de ocupação das classes de vulnerabilidade ambiental do Mini Corredor Ecológico Serra das Onças (BA).
93
Figura 6.1 – Vulnerabilidade ambiental do Mini Corredor Ecológico Serra das Onças.
Figura 6.2 – Vulnerabilidade Ambiental do Mini Corredor Ecológico Serra das Onças (BA)
94
6.2.1 Classe de Muito Fraca Vulnerabilidade Ambiental
A tabela 6.5 demonstra que esta classe ocupa uma área total de 197.14
km², representando 21.34% do Mini Corredor Ecológico Serra das Onças. A figura 6.2
ilustra que esta classe está distribuída em toda extensão da área de pesquisa, mas
concentra-se principalmente na região central tendendo para direção litorânea (leste),
na porção dos municípios de Maraú e Itacaré (BA). Na área do território de Camamu
(BA) observa-se que esta classe aparece mais do centro para Oeste.
O cruzamento (Tabela 6.6) entre as classes de vulnerabilidade ambiental
da área em estudo e os temas em análise, elaborado a partir da contagem de células
dos mapas raster, indica que a classe Muito Fraca Vulnerabilidade inclui
principalmente as áreas com declives baixos (0 a 12%) e a altitude do terreno
predominando entre 50 a 150 metros (Tabela 6.7). Referente à Geologia, o grupo
geológico principal foi o Grupo 4, que engloba as litologias das rochas do Pré-
Cambriano, o qual classificado separadamente como de Muito Fraca Vulnerabilidade
(tabela 5.1) e que compõem quase todo o Mini Corredor Ecológico, e em segundo
lugar as áreas de Depósitos Argilo-orgânicos de Mangue e Terras Úmidas (G4). O
tema pedologia está predominantemente representado pelos Latossolos (Grupo 2)
que se distribui em aproximadamente toda a área. Em relação ao Uso e Cobertura da
Terra incluiu, maiormente, o Grupo 4 (Tabela 6.6), representado por Restinga arbórea,
arbustiva e herbácea e Floresta Ombrófila no estagio médio e/ou avançado de
regeneração, as áreas com Muito Fraca Vulnerabilidade abrangem também uma
importante fração (21%) do Grupo 5 (Fraca Vulnerabilidade) que contempla as áreas
com Silvicultura e Sistema Agroflorestal (Cabruca).
6.2.2 Classe de Fraca Vulnerabilidade Ambiental
Esta classe engloba 342.46 km² (37.07%) (Tabela 6.5) da área de
estudo, a maior extensão das classes de vulnerabilidade conferida ao Mini Corredor.
Se distribui em todo o espaço analisado, não existente apenas na porção mais
litorânea, a nordeste, onde o território ocupa o município de Camamu (BA), e no
extremo sudeste, na área de Itacaré (Figura 6.2). Inclui, sobretudo, as extensões com
declives pouco acentuados, até 20% de inclinação (Grupos 1, 2 e 3) (Tabela 6.6), e a
95
altitude varia entre 0 a 200 metros (Tabela 6.7). Em relação à Geologia continua
liderando as áreas compostas pelas rochas do Pré-Cambriano (G4). Os Solos nesta
classe são representados, maiormente pelo Grupo 2 (Tabela 6.6), e compõe
aproximadamente 70% da área de pesquisa, e em segundo lugar (13%) o Grupo 1
(Tabela 6.6), com os Argissolos Vermelho-Amarelo e Espodossolos Hidromórficos.
Esta classe está distribuída. Em relação ao Uso e Cobertura da Terra, aparece todas
Classes de Vulnerabilidade
Temas Grupos
Classes de Vulnerabilidade Ambiental Final
MUITO FRACA
FRACA MÉDIA ALTA MUITO ALTA
DECLIVIDADE (%)
MUITO FRACA G1 39.85 32.75 17.05 54.2 62.24
FRACA G2 44.15 38.99 20.46 20.2 26.63
MÉDIA G3 14.11 23.46 35.75 10.76 7.54
MUITO ALTA G4 1.89 4.8 26.74 14.85 3.59
TOTAL 100 100 100 100 100
GEOLOGIA (%)
MUITO FRACA G4 98.04 97.37 85.49 39.71 5.17
FRACA G3 1.36 0.65 1.45 13.3 9.17
ALTA G2 0.19 1.6 1.34 7.26 2.45
MUITO ALTA G1 0.41 0.37 11.72 39.74 83.22
TOTAL 100 100 100 100 100
SOLOS (%)
MUITO FRACA G4 1.16 0.63 10.86 17.67 9.14
FRACA G2 98.35 86.36 73.23 22.8 1.6
ALTA G1 0.47 12.99 15.91 51.7 86.74
MUITO ALTA G3 0.03 0.02 0.01 7.83 2.52
TOTAL 100 100 100 100 100
USO (%)
MUITO FRACA G4 72.00 25.4 35.07 32.15 7.71
FRACA G5 21.05 10.82 19.32 6.68 2.05
MÉDIA G3 1.08 17.85 3.95 16.26 11.62
ALTA G2 4.74 45.51 39.84 30.63 55.83
MUITO ALTA G1 1.13 0.42 1.82 14.28 22.8
TOTAL 100 100 100 100 100
Tabela 6.6 – Resultados, em porcentagem, da tabulação cruzada entre as células dos mapas
rasters final de Vulnerabilidade Ambiental e os mapas temáticos de Vulnerabilidade do Mini
Corredor Ecológico Serra das Onças (BA).
96
Tabela 6.7 – Resultados, em porcentagem, da tabulação cruzada entre as células dos mapas
rasters final de Vulnerabilidade Ambiental e as classes de Altitude do Mini Corredor Ecológico
Serra das Onças (BA).
as alternativas, exceto o Grupo 1 (0.42%) e lidera o Grupo 2 (45.51%), composto por
Área Agrícola, Pastagem, Área Agrícola com Pastagem, Restinga com Pastagem,
Exploração Mineral e Solo Exposto, e em seguida, com 25.4%, o Grupo 4 (Restingas
arbórea, arbustiva e herbácea e Estagio médio e/ou avançado de regeneração),
classificado como Muito Fraca Vulnerabilidade (tabela 6.6).
6.2.3 Classe de Média Vulnerabilidade Ambiental
Esta classe ocorre em 14.13% da área total do Mini Corredor Ecológico
Serra das Onças, com 130.55 km² (Tabela 6.5) de extensão. O mapa final de
Vulnerabilidade Ambiental (Figura 6.2) demonstra que esta categoria aparece mais
concentrada na região sudoeste, nos municípios de Camamu e Itacaré (BA).
Todas as classes de declividade estão incluídas nestas áreas, com a
predominância do Grupo 3 (35.75%), que engloba o relevo de declives intermediários,
12.1 a 20% de inclinação. Em maior ocorrência (Tabela 6.6) que nas demais classes
de Vulnerabilidade Ambiental aparece o agrupamento 4, que contem os relevos mais
íngremes, com declives maiores que 20.1%, o qual ocupa uma pequena proporção da
área em estudo (9.18%) (Tabela 6.2). A altitude do terreno não se destaca das demais
classes, sobrelevando entre 0 a 200m. O Grupo 4 do critério Geologia também
predomina (85.49%), mas com menor intensidade que nas classes anteriores, a
Formação Taipús-Mirim, Grupo Brotas e Formação Algodões da Bacia Sedimentar de
Classes de Vulnerabilidade Ambiental Classes de Altitude
(m) MUITO FRACA (%) FRACA (%) MÉDIA (%) ALTA (%)
MUITO ALTA (%)
0 - 50 10.96 8.94 18.56 61.11 87.74 51 - 100 22.35 27.51 16.31 11.97 8.48 101 - 150 50.2 47.71 32.36 14.43 1.67 150 - 200 12.32 11.28 16.71 6.77 1.13 200 - 250 1.96 2.46 7.36 3.73 0.62 251 - 300 1.31 1.45 5.27 1.52 0.23 301 - 350 0.71 0.5 2.17 0.43 0.1 351 - 400 0.15 0.09 0.78 0.03 0.03 401 - 465 0.03 0.05 0.49 0.01 0
Total 100 100 100 100 100
97
Camamu, classificados como Muito Alta Vulnerabilidade (G1) aparece em seguida
com 11.72% (Tabela 6.6). Ainda predomina o Grupo 2 dos Solos, variando agora com
a presença mais intensa do primeiro (15.91%) e do quarto grupo (10.86%), este
contido com Tipos de Terreno (Manguezal), estes grupos estão classificados
respectivamente como Fraca, Alta e Muito Fraca Vulnerabilidade (Tabela 6.6). O Uso
e Cobertura da Terra predomina (39.84%) com os atributos do Grupo 2 (Área
Agrícola, Pastagem, Área Agrícola com pastagem, Restinga com pastagem e
Exploração Mineral e Solo Exposto) e logo após, ocupando 35.07%, o Grupo 4,
contido com Restinga arbórea, arbustiva e herbácea, Estágio médio e/ou avançado de
regeneração. Esses agrupamentos estão avaliados concomitantemente como Muito
Fraca e Alta Vulnerabilidade. Em seguida com 19,32% (Tabela 6.6) aparece o quinto
grupo (Fraca Vulnerabilidade), representado por Silvicultura e Sistema Agroflorestal
(conhecida também na região como Mata Cabruca) (tabela 6.6).
6.2.4 Classe de Alta Vulnerabilidade Ambiental
Esta classe ocupa uma extensão de 188.29 km² (20.38%) (Tabela 6.5) e
se concentra principalmente a nordeste da área de estudo, na porção do município de
Camamu (BA) e em menor proporção, respectivamente, no extremo sudeste, em
Itacaré, e no sudoeste entre Maraú e Itacaré (BA) (Figura 6.2).
A declividade do terreno nestas regiões apresenta-se praticamente em
metade (54.20%) (Tabela 6.6) das ocorrências desta classe representada pelo Grupo1
(declive < 6,1%) considerado neste estudo como de Muito Fraca Vulnerabilidade. Os
demais grupos também aparecem distribuídos nestas áreas, predominando em
segunda posição o agrupamento 2 (6.1 a 12% de declividade). A altitude predomina
entre 0 a 50m (Tabela 6.7), devido à sobreposição dos relevos de planície litorânea
(região de acumulação) na qual esta classe se apresenta. Em relação à geologia
engloba homogeneamente (≈ 40%) os grupos 2 e 4 (Tabela 6.6), e em seguida o
Grupo 3 (Depósitos Argilo-orgânicos de Mangue e Terras Úmidas). A tabela 6.6
mostra que este último agrupamento predomina em maior proporção nestas áreas
classificadas como de Alta Vulnerabilidade ambiental no Mini Corredor Ecológico
Serra das Onças. Os Solos estão contidos nesta classe predominantemente (51.7%)
com os atributos do Grupo 1 (Muito Alta Vulnerabilidade), composto por Argissolo
98
Vermelho-Amarelo e Espodossolo Hidromórfico e o Grupo 2 (Latossolos) agora
aparece em menor dimensão, com aproximadamente 23% (tabela 6.6). O Uso e
Cobertura aparece nesta classe representado em maior extensão pelos Grupos 2 e 4,
em terceiro lugar de ocupação (14.28%) está o grupo 1 (Águas Continentais, Aluviais
(Brejo)e Manguezal) qualificado como Muito Alta Vulnerabilidade, apenas o quinto
agrupamento (Silvicultura e Sistema Agroflorestal (Cabruca) aparece em menos de
10% da área.
6.2.5 Classe de Muito Alta Vulnerabilidade Ambiental
Esta classe ocupa 65.7 km² (7.09%) da área de pesquisa (Tabela 6.5),
está presente próximo às áreas de Alta Vulnerabilidade e concentra-se quase que
totalmente na região nordeste, no município Camamu (BA).
A declividade não contribui significativamente para a composição desta
classe, pois os declives nestas áreas são em maior proporção de baixa inclinação
pertencentes ao grupo 1 e 2 (0 a 12%), classificados como Muito Fraca e Fraca
Vulnerabilidade, e a altitude se concentra nas cotas de 0 a 50 metros (Tabela 6.7). A
Geologia demonstra ser responsável pelo resultado desta classe, pois se apresenta
em grande proporção (83.22%) no Grupo 1 (Tabela 6.6), o qual é composto pelas
litologias sedimentares da Bacia do Camamu (Formação Taipús-Mirim , Grupo Brotas
e Formação Algodões) classificadas como Muito Alta Vulnerabilidade e em seguida
aparece o Grupo 3 (Depósitos Argilo-orgânicos de Mangue / Terras Úmidas) com
apenas 9.17% (Tabela 6.6) das áreas compostas por esta classe. Em relação aos
Solos, o grupo que se apresenta em maior destaque é o primeiro, classificados como
Alta Vulnerabilidade, este agrupamento inclui os solos Argissolos Vermelho-Amarelo e
Espodossolos Hidromórficos, em seguida e em pequena fração (9.14%) (Tabela 6.6)
aponta o Grupo 4 (Tipos de Terreno (Manguezal). O Uso e Cobertura nesta classe se
apresenta em maior extensão com o Grupo 2, com 55.83 %, maior predomínio
registrado para este tema, entre as classificações de Vulnerabilidade Ambiental,
(Tabela 6.6) e é constituído por Área Agrícola, Pastagem, Área Agrícola com
Pastagem, Restinga com pastagem e Exploração Mineral e Solo Exposto. O segundo
grupo que prepondera (22.8% ) nestas áreas é o G1 (Águas Continentais, Aluviais
(Brejo) e Manguezal).
99
7. CONCLUSÕES
A Análise Hierárquica Processual (AHP) na modelagem da
Vulnerabilidade Ambiental do Minicorredor Ecológico Serra das Onças (BA)
demonstrou um grande potencial como modelagem matemática para diagnósticos
ambientais. Esta metodologia contribuiu para um resultado eficaz e com menor
subjetividade possível por parte do pesquisador. Após o levantamento dos dados
cartográficos da área em estudo foi realizada a comparação pareada e ponderação
de todos os critérios e alternativas levando a resultados íntegros e visivelmente
assimiláveis.
A análise da Vulnerabilidade Ambiental do Mini Corredor Ecológico
Serra das Onças (BA) mostra que esta área demanda contínuo monitoramento para
a preservação dos seus recursos naturais e manutenção da sua função ecológica de
ligação entre as Unidades de Conservação da região. As áreas da paisagem que
merecem maior atenção são aquelas com o Uso e Cobertura da Terra composta por
Área Agrícola, Pastagem e Área Agrícola com pastagem, pois como é possível
observar no mapeamento, estas classes se apresentam em grande intensidade no
Mini Corredor e estão localizados entre as áreas mais conservadas de Floresta
Ombrófila em seus estágios de regeneração e as áreas de Restinga com a presença
de pastagem também merecem maior controle para que não haja total degradação
deste ecossistema. Os Manguezais por se tratarem de um ambiente frágil (Muito Alta
Vulnerabilidade para o tema Uso e Cobertura da Terra) são responsáveis pela
manutenção de espécies animais e vegetais e devem ser competentemente
gerenciados para que as ações antrópicas não venham atrapalhar a manutenção
deste ambiente. Outra questão a ser considerada em relação ao tema em discussão
é a Exploração Mineral e Solo Exposto, apesar de estarem inseridos neste estudo
no agrupamento (Grupo 2) que ocupa uma considerável proporção (33.56%), se
apresenta em uma extensão muito pequena de 3.50 km² ao total (0.37%).
Outra característica destacável no diagnóstico realizado nesta pesquisa
é que a declividade, apesar de ter levado o maior peso ao ser analisado com os
demais critérios por comparação pareada e mesmo tendo utilizado este resultado
para a ponderação final com as notas obtidas na segunda análise da metodologia
AHP, não contribuiu em evidência para o resultado final de Vulnerabilidade
Ambiental. Outras características do sistema em análise, como a litologia Areias
100
Litorâneas (Terraço Marinho Holocênico), os Solos Argissolo Vermelho-Amarelo e
Espodossolo Hidromórfico e as classes supracitadas de Uso e Cobertura da Terra,
apresentaram a maior responsabilidade pelos resultados obtidos para Alta e Muito
Alta Vulnerabilidade Ambiental do Mini Corredor em análise.
O uso dos Sistemas de Informações Geográficas (SIG) nesta pesquisa
se mostrou como uma indispensável ferramenta para a produção de estudos
espaciais. Permitiu o armazenamento dos dados cartográficos analisados e obtidos
em diferentes formatos, além da homogeneização dos elementos destes mapas
(projeção, datum, tamanho do pixel, delimitação da área, número de linhas e colunas
e os formatos vetor e raster), imprescindíveis para a aquisição fidedigna dos
resultados. Foi também fundamental na etapa de atribuição e espacialização dos
pesos de vulnerabilidade obtidos por AHP para os mapas rasters, além do cálculo de
área e contagem de células. A partir dos mapas temáticos reclassificados de
vulnerabilidade e a álgebra dos mapas (média aritmética simples) em SIG foi
possível a obtenção célere e segura do resultado final de vulnerabilidade ambiental.
Deve ser destacado também o cruzamento, por contagem de células, entre as áreas
das classes de Vulnerabilidade Ambiental e as áreas de atributos temáticos
levantados na área em estudo que promoveu consideravelmente a análise do mapa
final produzido neste trabalho.
Este estudo colabora com a conjetura de que o controle deve ser
contínuo, pois apesar do predomínio das classes de Fraca Vulnerabilidade
Ambiental na área de pesquisa, o mapa final de Vulnerabilidade Ambiental
demonstra que as classes de Média e Alta vulnerabilidade apresentam-se inseridas
nestas áreas, apontando para uma possível expansão neste importante território
onde o uso sustentável é imprescindível para a manutenção deste ambiente.
Ao analisar as informações socioeconômicas apresentadas neste
trabalho e o resultado encontrado para a vulnerabilidade ambiental da área de
estudo contata-se que a área do município de Camamu (BA) inserida no Mini
Corredor Ecológico Serra das Onças demanda maior monitoramento por apresentar-
se com as células censitárias de maior densidade demográfica (figura 3.2), maior
distribuição populacional (figura 3.3) e maior espacialização das classes de alta e
muita alta vulnerabilidade ambiental (Figura 6.2). A tabela 3.1 também revela que
este é município, que engloba a área de pesquisa, com maior densidade
demográfica total (~38 pessoas por km²) e maior população rural que urbana (gráfico
101
3.1). Os dados sobre agricultura também aponta Camamu (BA) com maior
evidência, com 30.000 hectares de área plantada, ilustrada no gráfico 3.2.
Ainda observando os dados populacionais e o mapa síntese de
vulnerabilidade ambiental, é possível constatar que o polígono 20 (Figura 3.2)
representa uma célula censitária que se destaca das demais ao redor, por estar
inserida na segunda maior classe (930 - 1239) por número de população do Mini
Corredor, e estar localizado sobre as áreas que se destacam com maior
vulnerabilidade ambiental (alta e muito alta) situada a nordeste, no município de
Camamu. Quanto a densidade demográfica esta mesma célula (figura 3.3) ainda se
apresenta com destaque, por se apresentar na terceira classe (29.13 a 533.56
habitantes por km²) deste dado populacional.
Diante deste dado observado é presumível que esta área demanda um
maior cuidado que as demais por se apresentar com maior risco diante dos atributos
naturais e do fator antrópico populacional supracitado.
Espera-se com este estudo contribuir com o planejamento,
monitoramento e outros diagnósticos por órgãos governamentais (municipais,
estaduais e federais), instituições privadas, sociedade local e a comunidade
científica que tenham como objetivo a preservação deste estratégico território à
mercê das atividades antrópicas (turismo, agropecuária, ocupação urbana,
exploração mineral), levantadas neste estudo, e que possui a respeitável função de
garantir o elo (corredor) para o fluxo e a sobrevivência das espécies animais e
vegetais existentes nas Áreas de Proteção Ambiental da região contida pelo Mini
Corredor Ecológico Serra das Onças (BA).
102
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