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i
JANDERSON TEIXEIRA RODRIGUES
ANÁLISE IMUNO-HISTOQUÍMICA DA EXPRESSÃO DE MARCADORES INFLAMATÓRIOS E DE
REPARO TECIDUAL EM CISTOS PERIRRADICULARES INFLAMATÓRIOS PRÉ E
PÓS DESCOMPRESSÃO
2016
ii
JANDERSON TEIXEIRA RODRIGUES
ANÁLISE IMUNO-HISTOQUÍMICA DA EXPRESSÃO DE MARCADORES INFLAMATÓRIOS E DE REPARO TECIDUAL EM CISTOS
PERIRRADICULARES INFLAMATÓRIOS PRÉ E PÓS DESCOMPRESSÃO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Odontologia da Universidade Estácio de Sá, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Odontologia (Endodontia).
ORIENTADOR: Prof. Dr. Fábio Ramôa Pires
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
RIO DE JANEIRO 2016
iii
Aprendi através da experiência amarga a suprema lição: controlar minha ira e torná-la como o calor que é convertido em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo.
(Mahatma Gandhi)
iv
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por me conceder a coragem e a vontade de
mudar o mundo em minha volta.
À minha família: pai, mãe, irmãos, primos e tios que sempre me
incentivaram e me apoiaram em todos os sentidos, estiveram sempre à
disposição para dar suporte às viagens e rotinas. Amo todos vocês.
Ao meu grande mestre e orientador, Prof. Dr. Fábio Ramôa Pires, pelo
exemplo de profissional, pela dedicação para comigo e pela paciência de
sempre. Pelas oportunidades que me ofertou e pelos ensinamentos clínicos
que levarei por toda a vida.
À eterna e querida Profa. Dra. Luciana Armada Dias, pelas lições de
vida, pelo exemplo como pessoa e profissional, pela disponibilidade constante
e pelo incentivo de sempre. Parte do que sou e parte do que sonho ser, devo à
você.
Aos grandes professores do PPGO, em especial ao Prof. Dr. José
Freitas Siqueira Junior, que não medem esforços para levantar a bandeira da
Odontologia e nos levam ao cenário internacional como referências no ensino e
pesquisa em Endodontia.
Aos amigos do Rio de Janeiro, Camila Sampaio, Arthur Valente, Victor
Figueiredo, Tissi Nazário e Thaís Medeiros, que estiveram sempre de braços
abertos para me receber e faziam me sentir novamente em casa.
v
Aos amigos do Ceará, que compreenderam sempre minha ausência,
apoiavam minha dedicação ao curso e me faziam esquecer dos problemas
quando necessitava.
Aos amigos de trabalho da SMS Crateús por darem total apoio durante
todo o curso, possibilitando meu afastamento do trabalho durante os períodos
de aula e assumindo parte da minha responsabilidade como membro da
gestão.
Aos meus maravilhosos amigos do PPGO, que sempre estiveram unidos
e firmes para apoiar um ao outro, que nunca faltaram com palavras de carinho
e incentivo e que eu levarei para o resto da vida como os famosos da “Elite
PPGO”.
À nossa secretária do PPGO e amiga, Angélica, pela amizade e amor
por todos os alunos do programa.
vi
ÍNDICE
RESUMO vii
ABSTRACT viii
LISTA DE FIGURAS ix
LISTA DE TABELAS x
LISTA DE ABREVIATURAS xi
1 INTRODUÇÃO 1
2 REVISÃO DA LITERATURA 3
3 JUSTIFICATIVA 19
4 HIPÓTESE 20
5 OBJETIVO 21
6 MATERIAIS E MÉTODOS 22
7 RESULTADOS 27
8 DISCUSSÃO 36
9 CONCLUSÃO 41
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42
11 ANEXOS 49
vii
RESUMO
Objetivo: avaliar a expressão de marcadores inflamatórios e de reparo tecidual
em cistos perirradiculares inflamatórios pré e pós descompressão cirúrgica.
Materiais e Métodos: participaram do estudo 9 pacientes que apresentavam
cistos perirradiculares inflamatórios e que foram submetidos ao procedimento
de descompressão cirúrgica antes da enucleação final. As amostras coletadas
foram submetidas à análise imuno-histoquímica para os marcadores IL-1β,
TNFα, TGFβ1, MMP9, Ki-67 e EGFR. A expressão de cada marcador foi
classificada em positiva, focal ou negativa; para o marcador Ki-67 foi calculado
o índice de proliferação celular. Os resultados obtidos foram comparados com
as informações clínicas e com as tomografias pré e pós descompressão.
Resultados: as análises tomográficas pré e pós-descompressão mostraram
que todas as lesões apresentaram redução no seu volume total, entretanto,
não foi observado um padrão de expressão dos marcadores pró-inflamatórios e
de reparo tecidual quando comparadas as expressões nos espécimes
cirúrgicos pré e pós-descompressão. Conclusões: a descompressão cirúrgica
mostrou-se útil na redução do volume dos cistos perirradiculares antes da
remoção cirúrgica final. A análise imuno-histoquímica dos espécimes iniciais e
pós-descompressão cirúrgica não mostrou um padrão de redução dos
marcadores pró-inflamatórios nem um aumento dos fatores associados ao
reparo tecidual na amostra de cistos perirradiculares inflamatórios avaliada.
Palavras-chave: Cisto perirradicular inflamatório; descompressão cirúrgica;
imuno-histoquímica.
viii
ABSTRACT
Objective: to evaluate the expression of inflammatory and tissue repair markers
in periradicular inflammatory cysts before and after surgical decompression.
Materials and Methods: the sample included 9 patients with inflammatory
periapical cysts managed by decompression previously to surgical enucleation.
The surgical specimens were analyzed through immunohistochemistry against
IL-1β, TNFα, TGFβ1, MMP9, Ki-67 and EGFR. The expression of each of the
studied markers was classified in positive, focal or negative; Ki-67
immunoexpression was calculated as a cell proliferation index. Data were
compared with the clinical information and the pre- and post decompression
computed tomographic analysis. Results: the computed tomographic analysis
pre- and post-decompression showed that all cysts presented a reduction of
their volume after the procedure. However a specific pattern of
immunoexpression of the studied pro-inflammatory and tissue repair markers
was not observed when comparing the pre- and post decompression
specimens. Conclusions: surgical decompression was useful in reducing the
volume of the inflammatory periapical cysts before surgical enucleation. The
immunohistochemical analysis of the specimens obtained previously to and
after surgical decompression did not show a standard pattern of decreasing of
pro-inflammatory markers or increasing of tissue repair markers on the
periapical cysts included in the studied sample.
Keywords: Inflammatory periapical cyst; surgical decompression;
immunohistochemistry.
ix
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1. Vista panorâmica de tomografia computadorizada cone
beam do caso 3, mostrando em (A) a imagem inicial e em (B) a
imagem pós-descompressão, com redução de 81% do volume do CP
após 9 meses de descompressão.
29
Figura 2. Vista axial de tomografia computadorizada cone beam do
caso 8, mostrando em (A) a imagem inicial e em (B) a imagem pós-
descompressão.
30
Figura 3. Vista panorâmica de tomografia computadorizada cone
beam do caso 5, mostrando em (A) a imagem inicial e em (B) a
imagem pós-descompressão, com redução de 68,5% do volume do
CP após 10 meses de descompressão.
31
Figura 4: Expressão de IL1β no revestimento epitelial e nas células
inflamatórias de um CP antes (A, HE 20x) e depois (B, HE 20x) da
descompressão.
32
Figura 5: Expressão de TGFβ1 na cápsula de tecido conjuntivo
fibroso de um CP antes (A, HE 20x) e depois (B, HE 20x) da
descompressão.
33
Figura 6: Expressão de MMP9 na cápsula de tecido conjuntivo
fibroso de um CP antes (A, HE 20x) e depois (B, HE 20x) da
descompressão.
33
Figura 7: Expressão de EGFR no revestimento epitelial de um CP
antes (A, HE 20x) e depois (B, HE 20x) da descompressão.
34
Figura 8: Expressão de Ki-67 em menos de 1% das células epiteliais
do revestimento de um CP antes (A, HE 20x) e depois (B, HE 20x) da
descompressão (detalhe das células positivas nos boxes).
34
x
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1. Anticorpos primários utilizados no estudo com seus
respectivos clones, fabricantes e diluições.
25
Tabela 2. Dados demográficos e clínicos da amostra. 27
Tabela 3. Dados referentes ao volume tomográfico, percentual de
redução tomográfica dos CP e dentes associados aos CP nos casos
estudados.
28
Tabela 4. Resultados da imunoexpressão dos marcadores avaliados
no estudo nos fragmentos de descompressão e da enucleação final
dos cistos perirradiculares.
35
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
CP: Cisto perirradicular inflamatório
EGF: Fator de crescimento epidérmico
EGFR: Receptor do fator de crescimento epidérmico
IL: Interleucina
LP: Lesão perirradicular inflamatória
LPS: Lipopolissacarídeo
MMP: Metaloproteinase de matriz
MTA: Agregado trióxido mineral
PBS: Solução salina tamponada com fosfato
PG: Prostaglandina
TGF-β: Fator transformante de crescimento beta
TNF-α: Fator de necrose tumoral alfa
TOQ: Tumor odontogênico queratocístico
1
1 INTRODUÇÃO
As lesões perirradiculares inflamatórias (LP) são doenças de caráter
inflamatório e etiologia infecciosa que se estabelecem a partir da existência de
uma infecção no sistema de canais radiculares, que deve ser combatida pelo
cirurgião dentista através de estratégias antimicrobianas incluídas no
tratamento endodôntico. O sucesso da terapia endodôntica depende
diretamente do estabelecimento do diagnóstico correto e da escolha de
métodos antimicrobianos que visem reduzir a carga microbiana presente nos
canais, devolvendo então a capacidade de reparo dos tecidos perirradiculares.
Desta forma, para se obter reparo e a remissão das LP, deve-se inicialmente
combater os agentes infecciosos presentes no sistema de canais radiculares
(SIQUEIRA et al., 2012).
O cisto perirradicular inflamatório (CP) é um dos tipos de LP que se
origina na porção perirradicular de dentes com polpa necrótica.
Radiograficamente apresenta-se como uma área radiolúcida habitualmente
bem delimitada circundada por um halo radiopaco, associada ao periápice de
dentes desvitalizados. Na maioria das vezes apresentam pequenas dimensões,
no entanto, podem atingir tamanhos maiores, causando importantes
transtornos locais (SIQUEIRA et al., 2010; BRAVE et al., 2011).
Histopatologicamente caracteriza-se por uma cavidade preenchida por
conteúdo líquido e restos celulares, circundaa por um epitélio pavimentoso
estratificado, envolto por tecido de granulação e mais externamente por uma
cápsula de tecido fibroso (SIQUEIRA et al., 2010).
2
De forma geral, além do tratamento endodôntico convencional, os CP
podem ser tratados por meio de cirurgias perirradiculares com ou sem
apicetomia associada ou com a exodontia do elemento afetado com simultânea
enucleação total da lesão (MARTINS-FILHO et al., 2009). A descompressão
seguida da enucleação cirúrgica do CP é considerada uma boa opção
terapêutica em casos de CP de grandes proporções, visando preservar
estruturas nobres e limitar o tamanho da cirurgia (POZZER et al., 2011). No
entanto, pouco se conhece sobre os fenômenos pró-inflamatórios e pró-reparo
que modulam este processo.
3
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Cistos perirradiculares inflamatórios (CP)
Os CP são lesões odontogênicas reacionais crônicas que acometem a
região perirradicular de dentes comprometidos endodonticamente, podendo
surgir na região mais apical ou lateralmente à raiz quando na existência de
canais laterais. A origem da palavra "cisto" vem do grego Kystis, que significa
bexiga, e faz alusão à morfologia da lesão (NAIR, 1998). Os CP são os cistos
intraósseos mais comuns dos maxilares e podem representar entre 6 e 58%
das lesões perirradiculares inflamatórias diagnosticadas em laboratórios de
Patologia Oral (NAIR, 1998; RICUCCI et al., 2006; BECCONSALL-RYAN et al.,
2010; JOHNSON et al., 2014).
Os CP resultam de uma proliferação tecidual que ocorre em resposta a
uma infecção endodôntica de longa duração, sendo decorrentes da presença
de microrganismos no sistema de canais radiculares, quase sempre
relacionados a lesões cariosas, que se instalam e se multiplicam nos canais
após a necrose da polpa (SIQUEIRA et al., 2010). Estes agentes infecciosos
produzem substâncias irritantes que induzem uma resposta inflamatória que se
estende aos tecidos que circundam o dente (NAIR et al., 1990; LIAPATAS et
al., 2003).
A patogênese do CP envolve mecanismos imuno-inflamatórios e
acredita-se que seja originada a partir da existência prévia de um granuloma
perirradicular, que sofreu processo de epitelização por meio do estímulo
inflamatório à proliferação dos restos epiteliais de Malassez. Estas estruturas
são embriologicamente derivadas da degeneração da bainha epitelial radicular
4
de Hertwig e podem permanecer quiescentes no ligamento periodontal na vida
adulta (SANTOS et al., 2006). Quando estimulados por citocinas e outros
produtos derivados do processo inflamatório, proliferam formando ninhos de
células epiteliais que, após degeneração de sua porção central, dão origem ao
epitélio de revestimento dos CP, circundando a cavidade central preenchida
por material líquido ou semi-sólido (MÁRTON & KISS, 2000; SANTOS et al.,
2011).
Dessa forma, os CP caracterizam-se histopatologicamente pela
presença de uma cavidade central preenchida por conteúdo líquido ou semi-
sólido, contendo principalmente células inflamatórias, hemorragia e restos
epiteliais provenientes da descamação do epitélio cístico, que é classificado
como pavimentoso estratificado não queratinizado, possuindo espessura
variável (MOREIRA et al., 2000; PIATTELLI, et al., 2004). Na parede de tecido
conjuntivo que circunda externamente o epitélio há presença de tecido de
granulação, com predomínio de macrófagos, linfócitos, plasmócitos e
neutrófilos polimorfonucleares. Podem ser encontradas, eventualmente, fendas
negativas de cristais de colesterol, as quais podem ser adicionalmente
encontradas no lúmen cístico (SIQUEIRA et al., 2014). Circundando todo este
conteúdo e separando a lesão do tecido ósseo adjacente, existe uma cápsula
de tecido conjuntivo fibroso denso, rico em fibras colágenas (SIQUEIRA et al.,
2010).
Os CP mostram discreta predileção por homens na quarta e quinta
décadas de vida, localizando-se preferencialmente na maxila anterior.
Radiograficamente apresentam-se como áreas radiolúcidas uniloculares
5
perirradiculares, geralmente de forma circular ou ovoide, com bordas bem
delimitadas por um halo radiopaco, associadas a dentes com lesões cariosas
ou restaurações extensas (NAIR, 1998; KUC et al., 2000; BECCONSALL-
RYAN et al., 2010; SIQUEIRA et al., 2010; JOHNSON et al., 2014).
O tratamento dos CP inicialmente é baseado na desinfecção do sistema
de canais radiculares fazendo uso de instrumentação e irrigação com agentes
antimicrobianos, seguida por medicação intracanal e obturação destes canais,
objetivando perpetuar o estado de desinfecção (MURPHY et al., 1991;
SIQUEIRA et al., 2010). Acredita-se que com as manobras clínicas
habitualmente utilizadas no tratamento endodôntico conservador, alguns CP
possam regredir, em especial aqueles nos quais a porção radicular encontra-se
projetada no interior da cavidade cística (cistos "baía") em contraste com
aqueles nos quais a cavidade cística encontra-se completamente fechada,
separada da porção radicular ("cistos verdadeiros") (NAIR, 1998).
No entanto, em alguns casos os CP podem persistir a despeito da
intervenção endodôntica, mesmo que esta siga padrões de qualidade, e
continuar crescendo, atingindo grandes dimensões e causando transtornos
locais significativos, tais como aumento de volume, dor e infecção secundária
(por vezes associada a drenagem de material purulento), deslocamento dos
dentes adjacentes e rompimento das corticais ósseas (RAMAKRISHNA &
VERMA, 2006). Nesses casos há indicação de procedimentos cirúrgicos para o
tratamento dos CP, os quais podem incluir a remoção do dente associado e do
CP por meio de enucleação ou curetagem cirúrgica (nos casos nos quais não
há possibilidade de aproveitamento dos dentes associados) ou cirurgias
6
paraendodônticas (REES, 1997; LUSTIG et al., 1999; KADAM et al., 2014). No
entanto, em algumas situações, em virtude do tamanho da lesão e/ou de sua
íntima relação com estruturas anatômicas adjacentes (por exemplo fossa nasal,
seio maxilar, e canal mandibular) o procedimento cirúrgico pode acarretar
considerável aumento do risco de morbidade ao paciente (NEAVERTH &
BURG, 1982). Dentre as opções cirúrgicas terapêuticas adicionais, a
descompressão mostra-se a menos invasiva, havendo risco mínimo de
danificar estruturas anatômicas nobres (MARTIN, 2007).
2.2 Descompressão cirúrgica
A descompressão cirúrgica, por vezes confundida com a
marsupialização, é uma técnica pouco invasiva utilizada no tratamento de
lesões císticas que acometem os ossos gnáticos. Consiste na remoção de uma
janela da cavidade cística, preservando o restante da lesão, estabelecendo um
contato entre o cisto e a cavidade oral. A técnica objetiva diminuir a pressão
intracística e assim acelerar o processo de cicatrização óssea (MARKER et al.,
1996; BODNER et al., 2003; ELLIS, 2005; NAWAZ et al., 2011). A diferença
entre as técnicas de descompressão e marsupialização consiste basicamente
na utilização de dispositivos próprios para manter a abertura da cavidade
cística na descompressão, em contraste com a marsupialização, na qual esta
abertura é mantida apenas pela sutura realizada prendendo a mucosa oral ao
restante da membrana cística (NEAVERTH & BURG, 1982).
A descompressão pode ser utilizada como terapia única, resultando na
regressão total da lesão, ou pode ser utilizada como etapa preliminar à uma
7
enucleação, visando a diminuição da lesão anterior a sua remoção total (ELLIS,
2005; TORRES-LAGARES et al., 2011). O procedimento tem mostrado bons
resultados quando aplicado ao tratamento de lesões odontogênicas de
morfologia cística, incluindo CP, podendo inclusive ser aplicada em pacientes
pediátricos com dentição mista, buscando resultados mais conservadores de
tratamento com a preservação dos dentes permanentes próximos às lesões
(MARKER et al., 1996; DELBEM et al., 2003; SUN et al., 2009); ou no
tratamento de pacientes na idade adulta, apresentando dentição permanente
(SAMUELS, 1965; WONG, 1991; TANDRI, 2010); ou ainda em pacientes
totalmente edêntulos (SAKKAS et al., 2007).
ULOOPI et al. (2015) discutiram uma série de 4 casos de CP de grandes
dimensões acometendo crianças com dentição mista, tratados de forma
conservadora a partir da técnica de descompressão. Os autores demonstraram
que a descompressão é uma terapia bem indicada nos casos de CP extensos,
justificando-se pela menor morbidade, preservação de estruturas anatômicas
importantes, conservação de elementos dentários, formação de tecido ósseo
que facilita uma abordagem cirúrgica posterior, tendo bons resultados de
reparo principalmente em crianças, graças a alta capacidade regenerativa em
pacientes jovens. Estas vantagens em pacientes jovens e pediátricos têm sido
demonstradas em outros estudos, que mostraram adicionalmente neoformação
óssea mais acelerada em CP, quando comparados a outros cistos
odontogênicos (GAO et al., 2014; ALLON et al., 2015).
Os critérios utilizados na seleção dos casos submetidos a
descompressão/marsupialização levam em consideração a proximidade da
8
lesão com estruturas anatômicas nobres, a facilidade do acesso cirúrgico, a
idade e a capacidade cognitiva do paciente, a extensão cirúrgica, o tamanho da
lesão cística e o transtorno que será produzido pelo procedimento cirúrgico
convencional, incluindo o dano aos dentes adjacentes (DELBEM et al., 2003;
ELLIS, 2005). A maior vantagem da descompressão consiste na sua pequena
invasividade, tornando-se um procedimento que gera baixa morbidade ao
indivíduo, preservando estruturas anatômicas importantes e sendo um
procedimento cirúrgico pouco complexo. Entre as principais desvantagens,
apontam-se o fato do tecido patológico permanecer in situ, deixando o
diagnóstico histopatológico restrito à análise apenas do fragmento removido, e
o desconforto gerado ao paciente, tendo em vista que estes precisam redobrar
os cuidados com a higiene oral, para impedir a ocorrência de processos
infecciosos no local operado no período durante o qual a abertura cirúrgica
estará presente na boca (GUNRAJ, 1990; ELLIS, 2005; ANAVI et al., 2011).
Embora existam evidências clínicas de que a descompressão seja uma
técnica útil no manejo de CP de grandes dimensões (ULOOPI et al., 2015),
pouco se conhece sobre os mecanismos imuno-inflamatórios pelos quais passa
a lesão ao longo do processo.
2.3 Inflamação e Reparo tecidual nas LP
Define-se como inflamação uma resposta imunológica ao nível da
microcirculação, estimulada por agentes agressores e que repercute na
movimentação de células e componentes moleculares, que atravessam os
vasos para chegar aos tecidos agredidos, com a finalidade de eliminar o
9
agressor. Este processo é complexo e envolve mecanismos importantes para a
compreensão da trajetória que seguem as doenças inflamatórias. A inflamação
pode ser classificada como aguda ou crônica e apresentará rotineiramente os
mesmos mecanismos, variando apenas a intensidade e a persistência destas
etapas (SIQUEIRA et al., 2010).
Em situações fisiológicas normais, o organismo apresenta mecanismos
de defesa, barreiras e processos que impedem ou diminuem os danos
provenientes de uma agressão externa, seja ela física, química ou biológica. O
organismo humano possui a capacidade de identificar, diferenciar e responder
à agressores como os microrganismos. Porém, em determinadas situações, a
própria defesa do organismo acaba gerando danos teciduais indiretos,
resultando no surgimento de doenças inflamatórias. Os microrganismos são
sabidamente os agentes etiológicos das alterações patológicas da polpa e dos
tecidos perirradiculares, no entanto, para que os CP se estabeleçam, é
necessário o desenvolvimento de mecanismos inflamatórios, que envolvem
respostas celulares e moleculares (SIQUEIRA-JÚNIOR & SABÓIA-DANTAS,
2000).
O objetivo principal da resposta inflamatória nestas situações é eliminar
o agente agressor, deixando o organismo em condições adequadas para o
reparo tecidual. Caso a missão seja alcançada com êxito, ocorrerá o reparo,
que será dependente da extensão, intensidade e persistência da agressão,
além do tipo de tecido que foi afetado, podendo se realizar através dos
processos de cicatrização ou regeneração. Em alguns casos, este mecanismo
inflamatório é suficiente para eliminar o agressor, havendo uma recuperação
10
natural dos tecidos, sem que haja uma intervenção profissional. No entanto,
tratando-se de resposta inflamatória proveniente de infecções odontogênicas,
em quase todos os casos deve haver uma intervenção do profissional através
da remoção mecânica de parte dos microrganismos ou, se necessário, uma
associação farmacológica de agentes antimicrobianos (SIQUEIRA-JÚNIOR &
SABÓIA-DANTAS, 2000; ABBAS et al., 2012).
Na existência de infecção no sistema de canais radiculares, são
liberadas substâncias moleculares nos tecidos perirradiculares que acabam por
induzir um quadro imuno-inflamatório. Quando há o reconhecimento por parte
do sistema imune do hospedeiro de moléculas sinalizadoras, como os
lipopolissacarídeos (LPS) presentes na parede celular de bactérias Gram
negativas, é desencadeada a liberação de inúmeros mediadores químicos
inflamatórios, substâncias como as aminas vasoativas, citocinas inflamatórias e
quimiocinas, que desempenham papel importante nos efeitos histológicos do
quadro inflamatório (MEDZHITOV, 2008; SIQUEIRA et al., 2010).
O principal efeito desencadeado por estes mediadores inflamatórios é a
formação de um exsudato composto basicamente por leucócitos e plasma
proveniente dos vasos sanguíneos mais próximos à área afetada. As principais
células envolvidas nesta resposta são os macrófagos e os neutrófilos, que são
os primeiros à atuar no combate à agressão tecidual, dando espaço
posteriormente à chegada de linfócitos que serão responsáveis por uma
resposta imune adaptativa, que se caracteriza pela maior complexidade de
processos celulares e moleculares, bem como pela maior especificidade
(BARTON & KAGAN, 2009).
11
2.4 Interleucina 1 beta
A Interleucina 1 (IL-1) é um mediador químico inflamatório e pode ser
codificada em duas formas diferentes (IL-1α e IL-1β), cada qual possuindo
sequências de bases nitrogenadas distintas, tendo apenas 35% de homologia
em sua sequência de aminoácidos. Possuem ainda diferencial de ponto
isoelétrico, tendo ambas peso molecular aproximado de 17kDa e receptor
celular em comum. Os macrófagos são as principais células envolvidas na
síntese da IL-1, podendo ser estimulados pela presença da própria IL-1 ou de
diferentes mediadores como o fator de necrose tumoral α (TNF-α) e o interferon
gama. Há uma discrepância em relação às quantidades produzidas dos dois
subtipos, sendo que a síntese de IL-1β pode ser cerca de cinco vezes maior
que a de IL-1α (SIQUEIRA-JÚNIOR & SABÓIA-DANTAS, 2000; TAKEUCHI &
AKIRA, 2010).
Sua atividade na resposta inflamatória está ligada principalmente a
ativação de fagócitos como os macrófagos, também estimulando-os a sintetizar
prostaglandinas (PG), possuindo assim ligação indireta com o estado febril,
tendo em vista o efeito das PG sobre hipotálamo; funciona ainda como citocina
quimiotática para neutrófilos e participa dos mecanismos de reabsorção óssea
(LADER & FLANAGAN, 1998; SIQUEIRA-JÚNIOR & SABÓIA-DANTAS, 2000).
Os mecanismos celulares envolvidos na atividade da IL-1β frente à
reabsorção óssea estão relacionados à capacidade desta molécula em
estimular a replicação e maturação de células hematopoiéticas precursoras de
osteoclastos, além de estimular a atividade fagocítica destas células quando
maduras (SIQUEIRA et al., 2010). Esta citocina possui atividade inibitória da
12
síntese óssea, semelhante ao paratormônio, sendo correlacionada com os
achados clínicos de reabsorção óssea dos quadros de doenças periodontais e
lesões perirradiculares. Apresenta ainda capacidade de induzir a proliferação
epitelial, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento do epitélio dos CP
(MEGHJI et al., 1996; SIQUEIRA-JÚNIOR & SABÓIA-DANTAS, 2000).
2.5 Fator de necrose tumoral alfa
O TNF-α, também denominado de linfotoxina, é um mediador químico da
inflamação sintetizado principalmente por monócitos, macrófagos ativados e
linfócitos T. Possui importante papel dentro do quadro inflamatório, tendo efeito
nas etapas de migração de células de defesa através dos vasos sanguíneos,
pois o mesmo estimula a expressão de moléculas de adesão nas células
endoteliais (SIQUEIRA et al., 2010). Atua ainda na estimulação do hipotálamo,
tendo ligação direta com os quadros de febre; na estimulação de atividade
citotóxica de neutrófilos e monócitos; na indução da síntese de outras citocinas
(como a IL-1 e a IL-6); e influencia na atividade osteoclástica (SIQUEIRA-
JÚNIOR & SABÓIA-DANTAS, 2000; AGGARWAL, 2003).
O estudo realizado por JURISIC et al. (2008) avaliou a relação da
concentração de TNF-α com achados histopatológicos de 43 CP coletados no
Laboratório de Patologia da Universidade de Belgrado (Sérvia). As maiores
concentrações de TNF-α encontravam-se em lesões de tamanho reduzido, com
fluído cístico rico em conteúdo proteico e paredes da cavidade cística bem
espessas, e foi encontrada íntima relação entre a quantidade deste marcador e
a intensidade de infiltrado inflamatório em alguns CP. TEIXEIRA-SALUM et al.
13
(2010) também encontraram expressão positiva de TNF-α em CP, ressaltando
a importância desta citocina na sua patogênese.
2.6 Metaloproteinase de matriz 9
As metaloproteinases de matriz (MMP) são um grupo de enzimas
envolvidas nos mecanismos de remodelação tecidual e estão diretamente
ligadas aos processos de degradação da matriz extracelular do tecido
conjuntivo durante as agressões microbianas, sendo importantes
imunomoduladores, inclusive nos casos de lesões perirradiculares
(BRINCKERHOFF & MATRISIAN, 2002; SILVEIRA et al., 2007). São
subdivididas em 25 tipos de enzimas, que são classificadas em 5 grupos:
gelatinases (MMP-2 e 9), colagenases (MMP-1, 8 e 13), estromelisinas (MMP-
3, 10 e 11), tipo-membrana e outras, incluindo a matrilisina (KUMAMOTO et al.,
2003). O nome metaloproteinase está relacionado com a necessidade que
estas enzimas possuem de ter associação com o Zinco para que ocorra sua
ativação. Apresentam bastante homologia entre seus subtipos, sendo
diferenciados apenas pela especificidade que apresentam para cada substrato
molecular (SIQUEIRA-JÚNIOR & SABÓIA-DANTAS, 2000). A síntese destas
moléculas ocorre pelas próprias células que compõem o tecido conjuntivo
como osteoblastos, osteoclastos, macrófagos e células endoteliais. Quando
circulantes, encontram-se em seu estado inativo (pró-peptídeo), sendo
necessária uma ligação entre o seu aminoácido cisteína e uma molécula de
Zinco para efetuar a ativação (SIQUEIRA-JÚNIOR & SABÓIA-DANTAS, 2000).
14
A MMP-9 apresenta peso molecular aproximado de 92 kDa e é
responsável pela clivagem da elastina, sendo produzida por neutrófilos,
macrófagos, fibroblastos e osteoclastos (SIQUEIRA-JÚNIOR & SABÓIA-
DANTAS, 2000). As células do epitélio de revestimento dos cistos
odontogênicos e os fibroblastos e miofibroblastos da cápsula são capazes de
sintetizar MMPs, que participam ativamente da clivagem das fibras colágenas e
da degradação da matriz óssea (HENRIQUES et al., 2011). A MMP-9 facilita a
migração dos leucócitos em meio ao tecido conjuntivo, tendo em vista que
provoca o rompimento de fibras colágenas do tipo IV (GOETZL, 1996).
Em estudo avaliando a expressão de MMP-9 em CP e outros cistos e
tumores odontogênicos, HENRIQUES et al. (2011) identificaram expressão
difusa deste marcador no tecido epitelial e mesenquimal do CP, havendo
marcação em todas as camadas do epitélio de 90% dos CP avaliados pelo
estudo. Estes autores associam a presença da MMP-9 em CP com o grau de
destruição tecidual encontrado.
2.7 Ki-67
Na patogênese do CP, assim como no desenvolvimento de outros cistos
odontogênicos, existe um potencial de proliferação celular, que pode ser
avaliado por meio de marcadores imuno-histoquímicos que identificam
proteínas envolvidas no ciclo celular. Marcadores como o Ki-67 são baseados
em anticorpos monoclonais que identificam as fases ativas do ciclo celular
(AGARAM et al., 2004), sendo o mais amplamente utilizado atualmente para
observar este tipo de marcação. Este marcador pode ser associado a fase S do
15
ciclo celular, assim como nas fases G2 na intérfase e durante a mitose
priopriamente, onde atinge seu pico de expressão, vindo a diminuir sua
intensidade logo após o término da mitose (SLOOTWEG, 1995; MACLUSKEY
et al., 1999; MENDES et al., 2011). Devido sua íntima relação com a atividade
proliferativa, vem sendo utilizado nos estudos que visam entender melhor o
desenvolvimento de neoplasias e outras lesões reacionais que envolvem
proliferação celular (MACLUSKEY et al. 1999).
NADALIN et al. (2011) realizaram estudo avaliando CP e outros cistos e
tumores odontogênicos, objetivando observar o papel do Ki-67 na patogênese
destas lesões. Os autores identificaram marcação positiva para Ki-67 em 60%
dos CP avaliados, estando esta expressão restrita, na grande maioria das
vezes, às camadas basais do epitélio, mostrando a íntima relação deste
marcador com a atividade proliferativa. MARTINS et al. (2011) encontraram
positividade de Ki-67 em CP e cistos dentígeros, observando maior expressão
nas camadas basais do epitélio dos cistos e uma maior expressão do marcador
nas lesões com infiltrado inflamatório mais exuberante.
2.8 Receptor do fator de crescimento epidérmico
O receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) é um receptor
celular que se liga a fatores que regulam o crescimento e proliferação celular,
como o fator de crescimento epidérmico (EGF). Este receptor caracteriza-se
por apresentar uma porção extra e outra intracelular, sendo que este
posicionamento em relação a membrana plasmática tem relação direta com a
capacidade e velocidade proliferativa das células que o possuem. Observa-se
16
que as células que possuem o EGFR expresso em sua porção externa
apresentam alto padrão de proliferação (OLAYIOYE et al., 2000; HERBST &
SHIN, 2002; SERGINA & MOASSER, 2007).
A presença deste marcador em células do epitélio de lesões
odontogênicas pode ter relação direta com o seu crescimento e
desenvolvimento (HERBST, 2004; GULKESEN et al., 2001). Este marcador
pode estar presente tanto em células do epitélio de desenvolvimento do germe
dentário, como no tecido epitelial de cistos odontogênicos (LI et al., 1997;
TANIKAWA & BAWDEN, 1999). GONÇALVES et al. (2012) avaliaram amostras
de CP utilizando métodos de imuno-histoquímica para compreender a
expressão de EGFR, tendo sido possível observar a expressão deste receptor
em todas as camadas epiteliais dos casos analisados.
2.9 Fator transformante do crescimento beta
O Fator transformante do crescimento beta (TGF-β) é uma citocina
encontrada no tecido ósseo e no tecido conjuntivo, sendo produzida
principalmente por macrófagos, linfócitos T e plaquetas. Apresenta ação
estimuladora da função dos osteoblastos, tendo influência no crescimento e
diferenciação destas células. Atua ainda inibindo a ação osteoclástica, por
possuir mecanismos de inibição dos precursores destas células e por diminuir a
atividade das mesmas quando maduras (TACHI et al., 2011). Por se tratar de
um fator estimulador de células reparadoras, está diretamente ligado aos
processos de reparo tecidual e tem sido demonstrado que esta citocina possui
17
a capacidade de estimular a formação de fibras colágenas (SIQUEIRA-JÚNIOR
& SABÓIA-DANTAS, 2000; HEINEMEIER et al., 2007).
MORAES et al. (2014) realizaram um estudo avaliando a expressão
imuno-histoquímica de TGF-β em CP e cistos dentígeros, observando intensa
marcação deste mediador em células do epitélio do CP, havendo presença de
TGF-β tanto no citoplasma, quanto no núcleo das células das camadas mais
basais do tecido. Quando estes mesmo autores avaliaram a cápsula fibrosa do
CP, observaram intensa expressão de TGF-β no citoplasma de fibroblastos,
neutrófilos e macrófagos, chegando a conclusão de que a presença deste
marcador pode estar ligada diretamente com a atividade osteogênica. No
entanto, outros estudos não identificaram expressão em células do epitélio do
CP, havendo positividade apenas em células do estroma (TYLER et al., 1999;
PIATTELLI et al., 2004). FUKADA et al. (2009) e TEIXEIRA-SALUM et al.
(2010) compararam a expressão deste mediador em CP e granulomas
perirradiculares, observando índices semelhantes de expressão imuno-
histoquímica desta citocina.
2.10 Imuno-histoquímica e descompressão
Avaliando uma série de 10 casos de tumor odontogênico queratocístico
(TOQ), SUYAMA et al. (2008) observaram a expressão imuno-histoquímica de
IL-1α e seus receptores antes e após estas lesões serem submetidas ao
tratamento com descompressão, identificando marcação positiva deste
mediador em todos os espécimes antes do procedimento, havendo expressão
principalmente nas células epiteliais, células endoteliais e fibroblastos. Na
18
segunda amostra dos casos, momento pós-descompressão, foram verificadas
marcações significativamente reduzidas de IL-1α e seu receptor nos cistos,
havendo uma alteração na concentração deste mediador inflamatório após a
terapêutica cirúrgica escolhida.
Também avaliando uma amostra composta por TOQ submetidos à
descompressão cirúrgica, AUGUST et al. (2003) utilizaram métodos imuno-
histoquímicos para avaliar a expressão de citoqueratina 10 em amostras pré e
pós descompressão. Levando em consideração a redução de tamanho das
lesões avaliadas através de radiografias panorâmicas, NAKAMURA et al.
(2002) avaliaram a expressão de Ki-67 em 24 casos de TOQ que tiveram a
descompressão como terapia cirúrgica parcial, sendo realizadas análises de
fragmentos removidos durante a descompressão e os resíduos de cisto
removidos na enucleação final. A comparação pré e pós em relação à
expressão de Ki-67 apresentou pouca diferença, não havendo significância
estatística.
Estudos avaliando os efeitos teciduais da descompressão por meio de
imuno-histoquímica ainda são escassos na literatura, não havendo sido
previamente realizados em amostras de CP.
19
3 JUSTIFICATIVA
CP refratários ao tratamento endodôntico convencional ou de grandes
dimensões são habitualmente tratados por meio de enucleação ou curetagem
cirúrgica. Estes procedimentos, entretanto, podem causar considerável
morbidade aos pacientes e a descompressão tem sido indicada como opção de
manejo em alguns casos, em virtude de suas características conservadoras. A
despeito do sucesso clínico, pouco se conhece acerca dos fenômenos imuno-
inflamatórios e de reparo tecidual pelos quais passam os tecidos componentes
do CP durante este processo.
20
4 HIPÓTESE
Espera-se encontrar menor expressão de fatores pró-inflamatórios e
maior expressão de fatores associados ao reparo tecidual em amostras de CP
submetidos a descompressão em comparação com as amostras teciduais pré-
descompressão.
21
5 OBJETIVO
Comparar a expressão imuno-histoquímica de marcadores pró-
inflamatórios e de reparo tecidual em CP antes e após o procedimento de
descompressão cirúrgica.
22
6 MATERIAIS E MÉTODOS
A amostra foi composta por 9 CP submetidos a procedimentos de
descompressão, realizada como forma parcial de tratamento, divididos em dois
grupos de análise: um composto pelos fragmentos removidos durante a
realização da descompressão e outro com as peças cirúrgicas completas após
a enucleação cirúrgica dos respectivos CP. Todos os 9 casos apresentavam
tratamento endodôntico satisfatório realizados pelo mesmo profissional. As
informações clínicas (localização da lesão, presença de alterações clínicas e
presença de sintomas), demográficas (idade, sexo e cor da pele dos
pacientes), radiográficas e tomográficas (tamanho e volume da lesão,
delimitação das bordas, relação com dentes e estruturas adjacentes,
rompimento de corticais) de todos os casos foram obtidas a partir dos registros
laboratoriais vinculados aos espécimes e pelas fichas clínicas dos pacientes.
Por ser um estudo retrospectivo, todas as lâminas histológicas e os
blocos de parafina utilizados foram provenientes do Laboratório de Patologia
Bucal da Universidade Estácio de Sá (localizado na Av. Alfredo Baltazar da
Silveira, 580 cobertura, Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro/RJ, Brasil).
Todos os casos incluídos no estudo foram submetidos ao tratamento cirúrgico
pelo mesmo profissional, seguindo a mesma técnica cirúrgica, e todos os
espécimes obtidos foram acondicionados em formol tamponado a 10% em
frascos adequados para submissão ao laboratório. Realizou-se a técnica de
descompressão fazendo uso de anestesia local, incisão com lâmina de bisturi,
osteotomia até acessar a cavidade cística e colocação de um dispositivo para
23
manter a abertura da janela óssea, que tinha tamanho variável de acordo com
a localização anatômica e dimensões da cavidade cística. O tempo de
reabertura foi estabelecido individualmente de acordo com o tamanho da lesão,
a resposta ao tratamento e o envolvimento de estruturas anatômicas nobres. A
enucleação cirúrgica final foi realizada segundo o mesmo protocolo em todos
os casos: anestesia local, realização de um retalho intra-sulcular com apenas
uma relaxante, descolamento muco-periosteal, osteotomia, curetagem
completa da lesão residual, apicectomia, retro-peparo e retro-obturação
utilizando agregado trióxido mineral (MTA). Nenhum dos pacientes incluídos no
estudo apresentou intercorrências pós-cirúrgicas no período de observação,
tais como infecções secundárias, fraturas patológicas, parestesia ou
fechamento da abertura da descompressão.
Todos os pacientes eram sistemicamente saudáveis, não relatando na
história médica pregressa e atual doenças relevantes, e não estavam fazendo
uso de anti-inflamatórios não esteroidais ou drogas imunosupressoras. Todos
os casos foram previamente analisados por meio de radiografias convencionais
(panorâmicas e periapicais) e tomografias computadorizadas obtidas pela
técnica volumétrica (cone-beam) no momento inicial e no momento pré-
enucleação cirúrgica. Foram mensurados os volumes tomográficos das lesões
pré e pós descompressão, multiplicando as medidas disto-mesial
(comprimento), apico-incisal (altura) e vestíbulo-lingual (profundidade) e
obtendo resultado em mm³. Posteriormente foram calculados os percentuais de
redução do volume destas lesões durante o período de descompressão.
24
A partir dos blocos de parafina foram realizados cortes de 5 µm, que
foram corados em hematoxilina e eosina para posterior análise histológica
utilizando um microscópio óptico de luz contendo uma câmera digital acoplada
(Microscópico Leica, modelo DM500, Alemanha). Posteriormente, para os
ensaios imuno-histoquímicos, foram realizados cortes 3 µm a partir dos blocos
de parafina. Os cortes foram dispostos em lâminas previamente sinalizadas
com 3-aminopropil-trietoxi-silano (Sigma, ST. Louis, MO, EUA) e a
desparafinização foi feita por meio de dois banhos no xilol por 10 minutos cada
sob temperatura ambiente, sendo realizada posterior hidratação em soluções
com concentração decrescente de etanol (100%, 90%, 70% e 50%), seguida
por lavagem abundante em água corrente. A recuperação antigênica foi
realizada inserindo-se as lâminas em um berço de vidro, que foi imerso em um
recipiente com solução tampão citrato a 10mM (pH 6,0) e levado ao micro-
ondas (Panasonic modelo NN7809BH, 850W) em potência máxima com
duração de 12 minutos. Em seguida, as lâminas foram resfriadas em
temperatura ambiente e foi utilizado o peróxido de hidrogênio a 3% para
inativação da peroxidase endógena, com 5 banhos de 5 minutos cada. Após a
inativação da peroxidase, as lâminas foram lavadas em água corrente e
mergulhadas em leite desnatado durante 5 minutos, seguida pela imersão em
solução salina tamponada com fosfato (PBS).
A técnica seguiu com a incubação dos anticorpos primários, que foram
diluídos em PBS com 1% de albumina sérica bovina (Sigma, ST. Louis, MO,
EUA) e tiveram suas diluições variando de acordo com as indicações e
padronizações do laboratório de imuno-histoquímica da Universidade Estácio
25
de Sá, sendo levados posteriormente a câmara úmida por um período de 16
horas e temperatura de 4°C. Foram realizados controles positivos (tecidos
sabidamente reativos) e negativos (omissão do anticorpo primário) em todas as
reações. A tabela 1 mostra os anticorpos primários que foram utilizados, com
suas respectivas especificidades e fabricantes.
Tabela 1. Anticorpos primários utilizados no estudo com seus respectivos clones, fabricantes e diluições.
Anticorpos primários Clone Fabricante Diluição
IL-1 β Policlonal Santa Cruz Biotechnology 1:100
TNF α 2C8 Santa Cruz Biotechnology 1:50
TGF β 1 Policlonal Santa Cruz Biotechnology 1:500
MMP 9 Policlonal Dako 1:500
Ki-67 MIB-1 Dako 1:100
EGFR EGFR.25 Novocastra 1:500
Após o período de 16 horas, as lâminas foram lavadas em 3 banhos de
PBS e posteriormente incubadas com o anticorpo secundário (LSAB, Dako,
Carpinteria, CA, EUA) por 30 minutos à 37°C. Dando sequência, as lâminas
passaram por três banhos de PBS e foram expostas ao sistema estreptavidina-
biotina-peroxidase (LSAB, Dako, Carpinteria, CA, EUA) por um período de 30
minutos a 37oC. Em seguida, após três lavagens com PBS, as reações foram
evidenciadas com solução de tetracloreto de 3,3’ diaminobenzidina (Dako,
Carpinteria, CA, EUA) por 5 minutos a temperatura ambiente. Para finalizar o
26
preparo, os cortes foram lavados em água corrente, contra corados com
hematoxilina de Carazzi e montados com Entelan e lamínulas.
Todas as lâminas provenientes das reações imuno-histoquímicas de
todos os casos foram avaliadas sob microscopia óptica e a marcação foi
categorizada, segundo a intensidade da marcação, em negativa, focal/fraca e
moderada/intensa, descrevendo adicionalmente em quais tipos celulares o
marcador foi encontrado, com exceção do Ki-67, que foi contabilizado de
maneira percentual levando-se em consideração a quantidade de núcleos
epiteliais positivos em relação ao número total de núcleos de células epiteliais
em 2 campos de grande aumento (400x), obtendo-se a média. Todas as
lâminas foram analisadas por dois avaliadores e os casos nos quais existiu
discordância o resultado final foi decidido após discussão em conjunto.
As informações clínicas, demográficas, radiográficas, tomográficas,
histológicas e imuno-histoquímicas foram tabuladas e analisadas de forma
descritiva e comparativa, buscando avaliar a importância do procedimento de
descompressão na expressão dos marcadores pró-inflamatórios e de reparo
tecidual.
O estudo foi submetido a apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Estácio de Sá, tendo sido aprovado sob o parecer número
1.242.574 de 24 de setembro de 2015 (ANEXO).
27
7 RESULTADOS
Dos 9 pacientes incluídos no estudo, 5 eram do sexo masculino e 4 do
sexo feminino, com idade média de 39,2 anos, com variação de 15 a 68 anos.
Quanto à etnia, 2 pacientes (22%) eram melanodermas e 7 (78%) eram
feodermas. Seis pacientes (67%) relataram a presença de sintomas, incluindo
dor, edema, flutuação, mobilidade ou aumento de volume), associados aos CP.
Todos os casos estavam situados na maxila anterior e apresentavam sinais
clínicos e/ou tomográficos de abaulamento e rompimento das corticais. O
tempo médio de descompressão foi de 7,8 meses (Tabela 2).
Tabela 2. Dados demográficos e clínicos da amostra.
Caso Sexo Idade Cor da pele Sintomas Localização Tempo de descompressão
1 F 56 Feoderma SIM Maxila anterior 8
2 F 45 Feoderma NÃO Maxila anterior 7
3 M 16 Melanoderma SIM Maxila anterior 9
4 M 49 Melanoderma NÃO Maxila anterior 7
5 F 36 Feoderma SIM Maxila anterior 10
6 F 15 Feoderma SIM Maxila anterior 6
7 M 68 Feoderma SIM Maxila anterior 9
8 M 34 Feoderma NÃO Maxila anterior 7
9 M 34 Feoderma SIM Maxila anterior 7
28
A média de volume inicial dos CP obtida por meio dos exames
tomográficos foi de 7.845,5 mm³, variando de 1.260 e 32.480 mm³. Após a
descompressão a média do volume tomográfico dos CP foi de 2.298,6 mm3,
variando de 720 a 6.160 mm3. O percentual médio de redução do volume
tomográfico foi de 54%, com menor redução de volume no caso 6 (10%) e
maior redução no caso 3 (81%) (Tabela 3).
Tabela 3. Dados referentes ao tamanho e ao volume tomográfico, percentual de redução
tomográfica dos CP e dentes associados aos CP nos casos estudados.
Caso Espécime Tamanho ** Volume *** % **** Dentes
associados
1 Inicial 13 X 11 X 9 1287
44 12
PD * 10 X 9 X 8 720 12
2 Inicial 21 X 13 X 15 4095
61,3 11 – 13
PD 18 X 12 X 11 1584 11 – 12
3 Inicial 40 X 29 X 28 32480
81 11 – 15
PD 22 X 20 X 14 6160 11 – 14
4 Inicial 21 X 13 X 13 3549
18 11 – 15
PD 17 X 10 X 17 2890 11 – 14
5 Inicial 22 X 16 X 13 4576
68,5 11 – 14
PD 16 X 09 X 10 1440 11 – 13
6 Inicial 14 X 10 X 9 1260
10 21 – 22
PD 14 X 9 X 9 1134 21 – 22
7 Inicial 33 X 20 X 18 12068
78,4 11-15
PD 20 X 10 X 13 2600 11-15
8 Inicial 29 X 15 X 17 7395
64,8 11 – 23
PD 20 X 10 X 13 2600 11 – 23
9 Inicial 20 X 15 X 13 3900
60 21-23
PD 12 X 13 X 10 1560 21-23
* PD – pós-descompressão; ** Em milímetros; *** em mm3; **** percentual de
redução do volume tomográfico da lesão pós-descompressão.
29
As figuras 1 a 2 mostram imagens tomográficas em cortes panorâmicos
(figura 1) e axiais (figura 2) do caso 8. A figura 3 mostra a imagem tomográficas
em corte panorâmico do caso 5.
Figura 1. Vista panorâmica de tomografia computadorizada cone beam do caso 3, mostrando em (A) a imagem inicial e em (B) a imagem pós-descompressão, com redução de 81% do volume do CP após 9 meses de descompressão.
30
Figura 2. Vista axial de tomografia computadorizada cone beam do caso 8, mostrando em (A) a imagem inicial e em (B) a imagem pós-descompressão.
31
Figura 3. Vista panorâmica de tomografia computadorizada cone beam do caso 5, mostrando em (A) a imagem inicial e em (B) a imagem pós-descompressão, com redução de 68,5% do volume do CP após 10 meses de descompressão.
A análise da expressão imuno-histoquímica dos marcadores analisados
mostrou que apenas um espécime de descompressão e três espécimes
cirúrgicos finais foram focalmente positivos para TNFα, sendo todos os demais
negativos. A expressão de IL1β foi marcante em todos os espécimes, sendo
negativa apenas em um fragmento oriundo de descompressão (Figura 4). A
expressão de TGFβ1 também foi marcante em todos os espécimes, sendo
32
negativa apenas em um fragmento oriundo de descompressão e em um
espécime cirúrgico final de enucleação de CP (Figura 5). A expressão de MMP-
9 esteve presente em todos os espécimes, à exceção de apenas um fragmento
oriundo de descompressão (Figura 6). Já a expressão de EGFR, embora tenha
se mostrado focal em alguns casos, também foi encontrada em todos os casos,
à exceção de um espécime oriundo da remoção final de um CP (Figura 7). A
imunoexpressão de Ki-67 mostrou-se semelhante em todos os espécimes,
sempre revelando índice de proliferação celular abaixo de 1% (Figura 8). Não
foi observado padrão de imunoexpressão distinto dos marcadores avaliados
quando foram comparados os fragmentos oriundos da descompressão e os
fragmentos oriundos da enucleação final do CP (Tabela 4).
Figura 4: Expressão de IL1β no revestimento epitelial e nas células inflamatórias de um CP antes (A, Imunoperoxidase 20x) e depois (B, Imunoperoxidase 20x) da descompressão.
33
Figura 5: Expressão de TGFβ1 na cápsula de tecido conjuntivo fibroso de um CP antes (A, Imunoperoxidase 20x) e depois (B, Imunoperoxidase 20x) da descompressão.
Figura 6: Expressão de MMP9 na cápsula de tecido conjuntivo fibroso de um CP antes (A, Imunoperoxidase 20x) e depois (B, Imunoperoxidase 20x) da descompressão.
34
Figura 7: Expressão de EGFR no revestimento epitelial de um CP antes (A, Imunoperoxidase 20x) e depois (B, Imunoperoxidase 20x) da descompressão.
Figura 8: Expressão de Ki-67 em menos de 1% das células epiteliais do revestimento de um CP antes (A, Imunoperoxidase 20x) e depois (B, Imunoperoxidase 20x) da descompressão (detalhe das células positivas nos boxes).
35
Tabela 4. Resultados da imunoexpressão dos marcadores avaliados no estudo nos fragmentos de descompressão e da enucleação final dos cistos perirradiculares.
Caso Espécime TNFα IL1β TGFβ1 MMP9 EGFR KI-67
1 Inicial - + + + + < 1%
PD * - Foc + + - < 1%
2 Inicial Foc ** + + + + < 1%
PD - + + Foc + < 1%
3 Inicial - + + + Foc < 1%
PD - + + Foc Foc < 1%
4 Inicial - - - Foc Foc < 1%
PD foc + + + + < 1%
5 Inicial - + Foc - - < 1%
PD - + - + + < 1%
6 Inicial - + Foc + + < 1%
PD - + + + + < 1%
7 Inicial - + + + + < 1%
PD Foc + + + + < 1%
8 Inicial - + + + + < 1%
PD - + + + + < 1%
9 Inicial - + + + Foc < 1%
PD Foc + + + Foc < 1%
* PD – pós-descompressão; ** Foc – focal.
36
8 DISCUSSÃO
Embora a literatura sustente a utilidade da descompressão como
procedimento adjuvante no manejo cirúrgico de CP extensos (GAO et al., 2014;
ALLON et al., 2015; ULOOPI et al., 2015), pouco se conhece sobre os efeitos
que este procedimento produz nos tecidos. Supostamente, a descompressão
teria como princípio básico a diminuição da pressão intracística, que viria à
favorecer o reparo ósseo e a diminuição do quadro inflamatório. Desta forma,
os estudos imuno-histoquímicos podem ser úteis na identificação de
fenômenos celulares e moleculares envolvidos na resposta inflamatória e no
reparo tecidual destas lesões. Como demonstrado pela revisão da literatura,
não existem estudos na literatura que façam a comparação dos achados
histológicos e imuno-histoquímicas antes e após a terapia de descompressão
cirúrgica em casos de CP.
Alguns estudos já foram realizados utilizando esta metodologia para
avaliar a resposta tecidual frente à descompressão cirúrgica em TOQ,
utilizando apenas um marcador imuno-histoquímico por estudo (IL-1α, Ki-67 ou
citoqueratina 10, por exemplo), e mostrando poucos resultados
estatisticamente significativos (NAKAMURA et al., 2002; AUGUST et al., 2003;
SUYAMA et al., 2008).
A IL-1β é um importante mediador inflamatório envolvido nas atividades
de quimiotaxia, estando intimamente ligada também com a atividade osteolítica
desempenhada por osteoclastos, já que atua estimulando células
hematopoiéticas precursoras de osteoclastos. Tem importante atividade
também sobre a proliferação epitelial e acredita-se que exista relação direta da
37
presença do IL-1β na patogênese das LP e no crescimento e desenvolvimento
dos CP (SIQUEIRA-JÚNIOR & SABÓIA-DANTAS, 2000; SIQUEIRA et al.,
2010). A expressão desta IL foi encontrada na grande maioria das amostras,
tanto antes como depois da terapia de descompressão. Mesmo diante do
procedimento cirúrgico com objetivo de redução da pressão intracística, ainda
existe atividade inflamatória presente nos tecidos, sendo possivelmente a
explicação para tal achado imuno-histoquímico. GUNRAJ (1990), ELLIS (2005)
e ANAVI et al. (2011) apontam entre as principais desvantagens da técnica de
descompressão é o risco aumentado de infecção secundária na área operada.
E mesmo diante de ausência de sinais clínicos sugestivos de infecção, podem
haver irritantes locais nos tecidos, levados à cavidade através da abertura
cirúrgica, que continuem a induzir um quadro inflamatório.
O TNF-α é um mediador relevante nas etapas da diapedese, tendo em
vista que estimula a expressão de moléculas de adesão endoteliais. Além
disso, é um importante mediador envolvido na reabsorção óssea, tanto pela
atividade estimuladora direta de osteoclastos como pela indução da liberação
de outros mediadores (IL-1 e IL-6) envolvidos na osteoclastogênese
(SIQUEIRA-JÚNIOR & SABÓIA-DANTAS, 2000; AGGARWAL, 2003;
SIQUEIRA et al., 2010). Os resultados encontrados neste estudo não
sustentam a participação do TNF-α como principal citocina envolvida na
reabsorção óssea associada ao crescimento dos CP, em contraste com outros
estudos da literatura (JURISIC et al., 2008; TEIXEIRA-SALUM et al., 2010).
A MMP-9 é uma metaloproteinase da matriz envolvida na clivagem da
elastina, estando diretamente ligada na destruição de fibras colágenas e
38
consequentemente, na degradação de tecidos conjuntivos. Tem atuação
comprovada na patogênese das LP e representa um importante mediador
envolvido na destruição tecidual encontrada nos CP, sendo expressa
principalmente pelas células do epitélio que reveste a cavidade cística e na
cápsula de tecido conjuntivo que envolve estas lesões (SIQUEIRA-JÚNIOR &
SABÓIA-DANTAS, 2000; SILVEIRA et al., 2007; HENRIQUES et al., 2011). Os
resultados encontrados no presente estudo reforçam a importância da
expressão de MMP9 no epitélio e no tecido conjuntivo dos CP, à semelhança
dos resultados encontrados em outros estudos (ANDRADE-SANTOS et al.,
2011; HENRIQUES et al., 2011). Acreditamos que não houve diferença na
imunoexpressão de MMP9 nas amostras pré e pós descompressão em nosso
estudo, provavelmente pela persistência do estímulo inflamatório nos CP
mesmo pós-descompressão.
O EGFR é o receptor do EGF e tem comprovada relação com a
atividade proliferativa das células do epitélio dos cistos odontogênicos. Se
localiza de maneira estratégica na porção externa ou interna da membrana
plasmática de células com capacidade mitótica, havendo relação entre este
posicionamento do receptor e a capacidade proliferativa (HERBST & SHIN,
2002; HERBST, 2004; SERGINA & MOASSER, 2007; GULKESEN et al.,
2011). No presente estudo, 8 das 9 amostras pré descompressão
apresentaram imunoexpressão de EGFR, resultados semelhantes aos
encontrados por GONÇALVES et al. (2012). As análises dos fragmentos pós
descompressão também apresentaram o mesmo resultado percentual de
marcação positiva, achado provavelmente relacionado com a manutenção do
39
estímulo a expressão deste fator de crescimento em virtude da persistência de
um infiltrado inflamatório nos CP mesmo com a abertura cirúrgica.
O KI-67 é um marcador de proliferação celular expresso nas células do
epitélio cístico que se encontram em atividade proliferativa, principalmente nas
fases G2 e M da interfase. Pelo fato da patogênese do CP envolver
proliferação de células epiteliais, este anticorpo se torna importante no estudo
imuno-histoquímico destas lesões, auxiliando a compreensão de seus
mecanismos evolutivos (SLOOTWEG, 1995; MACLUSKEY et al., 1999;
MENDES et al., 2011). Nadalin et al. (2011) encontraram imunomarcação de
Ki-67 na maioria dos CP avaliados e, embora nossos resultados também
tenham encontrado imunomarcação para este antígeno, a mesma foi
encontrada em menos de 1% das células do revestimento epitelial dos cistos,
tanto pré quanto pós-descompressão. NAKAMURA et al. (2002), avaliando
casos de TOQ, também não encontraram diferenças estatisticamente
significativas em amostras pré e pós-descompressão. Possivelmente o
procedimento de descompressão e a diminuição da pressão intra-cística não
interfiram no potencial proliferativo intrínseco dos TOQ e dos CP.
De forma geral, um dos objetivos da terapia endodôntica, seja
convencional ou com auxílio de técnicas cirúrgicas, é devolver a saúde aos
tecidos perirradiculares, e esta condição depende de mecanismos de reparo
tecidual. O reparo é alcançado quando há diminuição dos estímulos nocivos
aos tecidos e envolve série de células e mediadores químicos que participam
de forma ativa do processo de formação tecidual. Dentre estes mediadores,
destaca-se a participação do TGF-β, que é encontrado principalmente no tecido
40
ósseo e no tecido conjuntivo e tem papel essencial na estimulação dos
osteoblastos, contribuindo assim com a neoformação óssea, sendo importante
nos processos envolvidos na patogênese e na recuperação dos tecidos
afetados pelos CP (HEINEMEIER et al., 2007; SIQUEIRA et al., 2010; TACHI
et al., 2011). Os resultados do presente estudo mostraram imunoexpressão de
TGF-β1 em quase todos os casos, tanto em espécimes pré quanto pós-
descompressão, reforçando sua importância junto à patogênese do CP, como
anteriormente demonstrado por outros autores (FUKADA et al., 2009;
TEIXEIRA-SALUM et al., 2010; MORAES et al., 2014).
41
9 CONCLUSÃO
O perfil imuno-histoquímico da expressão de TNFα, IL1β, TGFβ1, MMP9
e EGFR e o índice de proliferação celular mensurado pela expressão de Ki-67
é semelhante em espécimes teciduais derivados de CP pré e pós-
descompressão cirúrgica.
42
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11 ANEXOS
Parecer do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estácio de Sá.
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