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Copyright por Carmem Teresa do Nascimento Elias
Obra registra na Biblioteca Nacional
Todos os direitos reservados
Ancestralidades
Pinturas de Carmem Teresa do Nascimento Elias
Obras em acrílico sobre tela do acervo da exposição individual:
Ancestralidades
Textos: Poesias de Carmem Teresa do Nascimento Elias
E
Contribuições de Poesias em parceria de Carmem Teresa Elias
E Romualdo Magela Julio, pelo projeto POESIAS AO ACASO:
Poesia dos livros Poesias Ao Acaso, Insano e Bigúmea.
Oganização, redação, revisão e diagramação: Carmem Teresa Elias
Contatos :
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Agradecimentos:
Clube Militar do Rio de Janeiro
Rachel Olsan
Dedicatória:
Para Costa
(in memorium)
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Prefácio
Quando o artista busca transpor a abrangência de sua
expressividade, no geral, encontra-se frente a hipóteses limites. Para
romper barreiras, para expressar maior amplidão e expor sua
eloquência de significados, a poeta e artista plástica Carmem Teresa
do Nascimento Elias recorre na pintura à transcendência da palavra.
O resultado surpreende e supera: uma obra multicultural,
contemporânea e interativa entre as vertentes literária e visual das
Artes: um livro atmaísta.
Reunindo telas do acervo da exposição individual
“ANCESTRALIDADES” a poesias que elucidam a sensibilidade, o
pensamento filosófico e a reflexão, as obras de Carmem Teresa
reconstroem, passo a passo, o Ser, estabelecendo amálgamas de
significados que perpassam a própria Criação.
Conforme ressalta pesquisa de Paulo Campos, Diretor de
Intercâmbio Cultural da Sociedade Brasileira de Belas Artes, “o
Atmaísmo vem da união de duas palavras: Atman e Ismos. Para os
hindus, ‘Atman’ é a alma individual originada do deus Brahan e que
recebeu, deste, todo o poder de criação. ‘Ismus’, um sufixo de
origem grega, significa ‘capaz de captar e irradiar beleza’. Um
trabalho atmaísta é aquele em que o artista insere uma imagem em
sua poesia, ou vice-versa, em uma verdadeira criação”.
O livro ‘Ancestralidades’, portanto, emerge como uma concepção!
De um lado, uma seleção de textos elaborados em diferentes fases
do amadurecimento textual da autora; de outro, telas que ganharam
forma, cores e tessitura num nascimento plástico natural e livre, a
partir de um impulso criativo por pintar o imaginário inconsciente
profundo e sagrado. Enfim, um encontro espontâneo entre
dualidades de linguagens, interconectadas, contudo, de forma tão
coesa, como se textos e telas esperassem, ontologicamente, um ao
outro: O Yin e o Yang de sua arte, segundo a artista.
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Para a poeta-pintora Carmem Teresa Elias, ESPÍRITO e CORPO ou
ESSÊNCIA e MATÉRIA se fundem por meio do claro-escuro
impregnado das telas para transmitir o máximo de expressividade de
suas mídias. Os temas objeto dos quadros levam a propor, na
imagística, caminhos onde a imaginação explore seus possíveis
contornos e confrontos. Imagem e assunto se entrelaçam, dando
corpo a um percurso da existência do Universo e do Humano pelo
veio artístico figurativo representativo das artes pictóricas e literatas.
O livro estrutura-se por meio de uma trindade de capítulos que
decupam conceitos arquetípicos e até mitológicos a fim de elucidar
com sensibilidade o questionamento filosófico primordial: ‘Do pó
viemos, ao pó retornaremos. E, principalmente, por que estamos
aqui?
Partindo da imagística cósmica, o primeiro setor, “A LUZ E A
GESTAÇÃO DAS CORES”, abrange o confronto escuridão, luz,
sombras e cores ao descortinar a própria Criação do Universo
segundo culturas ancestrais das mais remotas. Fiat Lux pelas telas
“Poeira das Estrelas”.Reverência em “A Grande Deusa Mãe”,
imaginário associado à geração da vida e do Universo, que remete,
por exemplo, às madonas negras da pré-história, à deusa hindu
Sarasvati, à deusa celta Brígida, a deusa Nidaba da Suméria,entre
tantas outras nomeações e culturas, todas designadas, também,
como entidades criadoras da linguagem e da escrita. Desde as mais
remotas eras do imaginário humano, Criação, Arte, Palavra e
Linguagem surgem sempre interligadas. Neste setor ainda inclui-se
“Árvore da Vida”, cabalística representação do Conhecimento, ou do
Bem e do Mal. Mitos sagrados de diferentes culturas são assim
igualmente evocados, como os do Baobá, símbolo do pilar de
conectividade entre o mundo sobrenatural e o material, entre o Orun
e Aiye segundo o pensamento mágico religioso Yorubá. Carregam
essas telas, também, implicitamente em si, o florescer das Virtudes
Primevas, o Espírito e a Encarnação. Paralelamente, as poesias se
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criam ora em metalinguagem e metapoesia, em busca das raízes
prístinas da interpretação, ora com temáticas de mitos sagrados,
como as Magnólias, consideradas, por exemplo, nas tradições de
origem africana, como a primeira flor a surgir no planeta e, na cultura
chinesa, como a árvore que protege Buda, além de forte símbolo das
nobres virtudes.
O segundo setor, “ESCULTURAÇÃO DO HOMEM”, referente ao
imaginário que permeia a materialização da vida e mitos associados,
evoca os elementais mineral e vegetal, a evolução do planeta e das
espécies, a Natureza, e a ação do Tempo. Como filhos que somos
da poeira das estrelas, fomos esculpidos em areia, pedra, água e
barro. “Chronos, Kairós e Aeon” é a tela que abre o setor, evocando
a mitologia grega e, respectivamente, os três conceitos de Tempo: o
cronológico linear, o indeterminado da oportunidade, e o tempo
sagrado, circular e eterno da criatividade, que, na teologia moderna,
corresponde ao Tempo de Deus. Por que não dizer, também, “O
tempo de Um Poema?”. “Basalto e Carrara”, a seguir, evoca,
simultaneamente, o Corpo e a Alma, ao serem esculpidos juntos, em
alusão aos primórdios humanos da Idade da Pedra. “Embriões”
complementa a dualidade matéria e espírito da natureza humana,
seguido de “Homem de Barro” em clara referência bíblica. E como
não citar as “Águas Primordiais” que alimentam o mundo, as
cachoeiras, Oxum, os rios, o útero da terra, entre tantos “Perfis” que
se refletem no mar ou confluem junto a paredes das grutas na
simplicidade contemporânea da obra de Carmem Teresa Elias, que
recupera a valorização do Rupestre, do Impressionismo, do
Expressionismo, do Abstrato e, acima de tudo, do mágico efeito de
flores que se abrem e expandem na multiplicidade das cores.
Adaptando ao conceito mais hodierno que seria “Terra Prometida”,
as telas do terceiro setor trazem ritos pagãos antigos e seus
desdobramentos e manifestações na cultura popular brasileira em
sua expressividade máxima: de um Rio de Janeiro “Sob Céu
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Ancestral” de 450 milhões de anos atrás, comemorando o
aniversário da cidade, O Carnaval em “O Sangue, Suor e Lágrimas
Pela Batida de um Surdo” e a “Ginga” Carioca unificam culturas,
passado e presente, raízes e frutos, na “Incompletude” que nos
permite retornamos ao “Cálice das Cinzas”, como “Fênix” ao
reencontro iluminado com o Criador.
Se a poesia, como diria Paulo Mendes Campos, é o perfume da
vida, a poeta pintora Carmem Teresa se propõe a espargir esse
perfume seja por meio de pinturas, seja por intermédio das palavras.
Portanto, os que desejam emergir numa conceituação espírito
matéria em direção a um entendimento situacional do Homem em
toda sua essência e enlace existencial encontram na simplicidade
das telas e das poesias um campo fértil para reflexões mais
profundas do existencial.
Mario Baker Ribeiro
Jornalista
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INTERPRETAÇÃO
Entre a penumbra das palavras
E a Luz Deusa da sua Leitura
Minha Poesia revela toda uma vida...
Assim, queria ofertar-lhe um poema.
No recebimento de seus olhos
Compor-me e Ser.
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Purpurina
Poeira
Pequeninos sóis
Purpurina de estrelas
No Universo inteiro
Somos rosa nebulosa...
Uma minúscula centelha
Um vago lume
Que da noite se fez revérbero
Do sublime amor
Ato e instante
De toda Criação!