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Anchieta Rolim POEMAS DE AMIGOS · o apoio de amigos, condensá-la no presente livro. Mas, o que poesias de pessoas tão diferentes e que ... Ao passo que minh’alma, aos poucos,

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Anchieta Rolim

POEMAS DE AMIGOS

2015

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Rolim, Anchieta Poemas de Amigos/Anchieta Rolim, 2015 35 p 1. Poesia brasileira. 2. Poesia norte-rio-grandense. I. Anchieta Rolim. II.

Titulo. III. Série Todos os direitos reservados _______________________________________________________________ Capa e Edição: Olavo Saldanha

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Agradecimentos

Gostaria de agradecer aos poetas e leitores, que são os maiores responsáveis pela realização do projeto. Essa foi uma forma que encontrei de usar a ferramenta FACEBOOK, para mostrar a nossa poesia para o maior número de pessoas possível. O projeto, assim como quase tudo que faço pela arte e cultura, não tem fins lucrativos. O “FAZER" é a força motriz que me move, por isso mesmo, recebi o maior prêmio que eu poderia receber: A aprovação e apoio de vocês.

Grandes poetas, ficaram de fora, mas, como o próprio nome diz, " POEMAS DE AMIGOS(AS)”, foi uma seleção natural por mim escolhida, assim como, os poemas de cada um deles. Poetas esses, que de uma forma ou de outra eu tenho uma certa afinidade.

Espero que todos façam um bom proveito do conteúdo poético aqui selecionado... Um abraço e obrigados a todos que participaram direta e indiretamente. Todos vocês, como sempre, foram “muito massa!!! Inté”.

Anchieta Rolim

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Prefácio

O livro que estás prestes a ler, caro leitor, é uma exaltação aos nossos poetas. Esta é uma iniciativa do poeta e artista multimídia Anchieta Rolim que resolveu, no fim de 2014, fazer uma antologia poética, inicialmente restrita ao mundo virtual - quase uma brincadeira postada em uma rede social -, mas que, devido à repercussão, decidiu, com o apoio de amigos, condensá-la no presente livro.

Mas, o que poesias de pessoas tão diferentes e que

abordam temas tão difusos poderiam ter em comum? A resposta está na contemporaneidade. '' Os poetas do passado foram e ainda são importantes para a Literatura. A contribuição que prestaram é imensa. Mas, temos que descobrir novos valores, novos pensamentos, um olhar sobre a atualidade por meio da poesia " (Anchieta Rolim). E porque não fazê-lo aqui no Rio Grande do Norte, berço de grandes escritores e artistas?

Vi, certa vez, uma entrevista com Ferreira Gullar, onde

ele confessou que, quando criança, pensava que os poetas estavam mortos, pois só conhecia os antigos. Isto demonstra a necessidade de se divulgar a poesia, notadamente aqui no Nordeste que é pródigo em poetas. É claro, também, que temos hodiernamente uma gama maior de recursos midiáticos para divulgação, mas esta mesma mídia também tende a reproduzir e destacar aqueles que já são reconhecidos e laureados como grandes literatos.

Portanto, a poesia que está sendo produzida agora e

aqui precisa ter maior visibilidade, uma maior exposição, para que se possa injetar “sangue novo” nas letras potiguares. Danclads Andrade

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DO POEMA I (Jarbas Martins) O poema é o hábil gesto que envergonha a mão. Vestígio do incesto, lesão. É o canto imaginário ou tubo de explosão, emissor do contrário. Não. Mistério sem história e iniciação retido na memória de um grão. Armadilha, aresta, redoma e desvão, — o poema é o que resta. Temporão.

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O JARDIM (Anchieta Rolim) Tenho um jardim em casa cheio de flores amores, valores de todas as cores que se possa imaginar temos margaridas, violetas vinólias e tulipas flores brancas, negras pobres , ricas ao meu olhar... sejam todos bem vindos ao jardim da amizade onde a força a meiguice o sincero e a coragem trazem para o seu habitat os espinhos são para proteger das pessoas com maldade sem princípios e covardes que possam aparecer o jardim que eu falo não é sociedade privada ele está em cada esquina em cada muro, em cada casa que em possa entrar é o jardim da justiça da honestidade das palavras das pessoas simples e bem amadas e que sabem amar aproveitem essa semente e plantem muitas flores amores, valores de todas as cores em seus jardins.

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DA CARNE (Clauder Arcanjo) A tua carne atiça minha, brasa-fogo, vulcão a arder em mim. carne-desejo, carne-castigo, carne-carne... no beijo dos umbigos, o encaixe perfeito. somos dois, quando ser um nos bastaria. a tua carne atiça a minha, sim, e clamo para que seja infindo o cio da noite.

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CONTRIÇÃO (Cid Augusto) A tristeza que vedes em meus olhos Não será maior do que a tua, amor. Sei que te faço sofrer impiedosamente, Ao passo que minh’alma, aos poucos, Se desata em pranto e melancolia E a minha boca murmurante cala.

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SELEÇÃO DE QUATRO POEMAS. (Carito Cavalcante) Filha da pauta! Poesia não falta Calma! Todo dia a minha sai pra fazer reportagem Da alma. 

---------------------------------------------- A contradição é tanta Nesse pó tão carente A verdade é uma só Todo mundo mente. -------------------------------------------- Na madrugada quase tudo dorme Mas a palavra não Insônia é apenas uma de suas formas. -------------------------------------------- Minha primeira medida É quebrar as réguas.

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TEMPO (Marcos Silva) Um quotidiano que não se pensa enquanto se passa a ferro o dia um acontecimento entre repetições diferença quase intervalos uma lembrança em dúvida possível vereda projetos perda uma manhã amanhã agora antes da morte que virá a vida

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A FLOR (Olavo Saldanha) Quis ser a noiva, assim, inocente Quando, aflita, se fez de branco Mas, ser flor é não ser reluzente É não perceber o próprio encanto.  Quis ser a noiva, assim, tão bonita Quando em cachos fez os cabelos Mas, ser flor é… quem acredita? Mais simplicidade que desvelo. Ainda a noiva, assim, perfumada Quis ser. Quis ser leve e esvoaçante Bailar como se não houvesse nada. Nem é só das noivas e dos amantes. A flor e toda a sua paixão obstinada É também das putas e dos errantes

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LONGE (J. Medeiros) Quem abriga na proteção do altíssimo Pernoita à sombra de Shaddi. (SI 91, 01) Longe do murmúrio do burburinho da multidão. No silêncio das horas imanifestas. das tentações por um segundo. Ausente mesmo que tentando sempre. 

 

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FRAGMENTO: POEMA 8 ( José De Paiva Rebouças) a construção da gaveta é o que divide o homem de animais incomuns como o macaco , por exemplo, que consegue nos parecer mais sensato nu que o homem que, estando nu, menos sensato parece ser, vez que o homem nu pode representar o estereótipo da tevê, mas nunca a sensatez animal do macaco.

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POEMA DO NATAL. (François Silvestre) Em Dezembro, o embalamos na manjedoura/ ao som de suaves sinos,/ canções tristes de ninar./ Entre compras e presentes/ nos trocamos,/ recebendo e dando./ Num alegre mafuá./ Dobramos o ano ao cantar da festa/ e ao brilho da Luz./ Três meses depois,/ O condenamos! Dando-Lhe maioridade,/ retirando-O da manjedoura/ e O pendurando na Cruz!

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MUITO SE TEM DITO SOBRE AS COISAS (José Lima Dias Júnior) Descrever as coisas quando elas não podem ser lidas é como olhar a chuva que cai e percorre caminhos diversos como um meteoro em queda tal qual a forma esférica, alojado na órbita craniana dos vertebrados. Da janela a esperança, que vejo, corre horizontalmente ao passo que na face das águas escoa perceptíveis ondulações que atingindo os filetes verticais preenchem o vazio que há na alma.

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À MERCÊ DO EU (Mário Gerson) Estou onde meus dedos doem... Onde meus dedos somem, Na fagulha acesa do dia Assombrando solitários sóis, Que alumiam vagas manchas de saudade, Impregnadas numa pele qualquer. II Meus amanhãs nunca morrem Nesta soma comum de tantos nadas, Em que se solidificam vertigens. III Quantos corpos, nesta noite, Jogados ao relento das horas, À mercê do Eu!

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MARINA (Airton Cilon) Junto à marina, Os barcos ancorados Suscitavam viagens Mar afora... E aqui dentro, Meu ser marujo Mareja os olhos, Saudoso de outros portos, Remanso de outras vidas..

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GÊNESE (José Saddock)

Antes era o nada. O nada, porém, solitário e vazio, E percebendo que nada lhe antecedera Como nada lhe sucederia, Fez-se deus e senhor do nada. E assim, do nada, disse: faça-se o princípio. E assim se fez. Vendo que a princípio tudo era bom, Criou o relógio (o engenho que do nada fez o tempo). E fez-se tarde e manhã: primeiro dia.

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LUGAR-ABISMO (Lívio Oliveira) Cavalgo o meu corcel fantasma penetro as capoeiras profundas o jogo do tempo me alia ao sono vislumbro antepassados tortos e o sangue gela em chicotadas cordões de umbigos amarrados feridas se rompem em mais mágoas as cabanas queimadas e o choro de uma criança perdida ao sol as nuvens correm lá no azul e venta e ostenta o tempo um cálice vazio o lábio seco a língua seca o olho que fecha e vê por dentro o rombo o sangue no embornal o ventre arrancado fera ao redor aguarda e o bico afia o corte prepara e lança com olho rútilo não há senha da volta ao fogo outro o frio domina e escurece alma e cala tem que ser o que aqui se esgrime: espinhos e adagas e furam e cortam.

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MORTU'S (Oreny Júnior)  

 

 

Que caia meu corpo . mas não caia minha lágrima . que ceguem meus olhos . mas não morra minh'alma . que apaguem meus passos . mas não rasguem os cadernos de poesia . que me atirem aos leões . mas não

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desliguem a canção de um sonho . eu não quero ter razão . quero ser feliz

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DAQUELA AVIDEZ (Cileide Cabral) Destino meu fugidio escorrega-me das mãos! sabes fazer desvelar as vontades doidas de ter-te aqui, entre braços desacostumados de alcançarem-se a sofrer beijos famintos, entre carícias lascivas e desejos afáveis de ser apenas tua por um tempo distante, improvável, inverossímil que se diz "para sempre"...

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HAIKAIS (Plinio Sanderson) HAI-WEB-KAI Na rede baixei bashô. ------------ MIDIÁTICO Hai kai cai na web via wi-fi. ------------- ONIPRESENTE

Dentro e fora aqui, no mesmo agora! -------------- ATEMPORAL Ampulheta inventou o tempo tava de veneta. ---------------- MARÍNTIMO Diante do mar só histórias de faz-de-conchas. ------------------ INSTIGANTE INSTANTE Há cada dia, menos tempo mais sem clima cheio de furos horários.

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O SILÊNCIO (Riz Silva) Era uma casa vazia. Nela habitava apenas O silêncio... Da janela aberta Escuta-se o uivo do vento... Como a zombar de tudo que Ali continha. E fez-se noite. Sombria e escura... Em meio às nuvens A lua escondia-se. Como a querer brincar com Todos que ali vivia... No silêncio aprisionado. Alguém dormia...

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A MORTE METAFÍSICA (Damata Costa) A cidade onde mora talvez não seja diferente de outras Cidade que mastiga com a saliva enferma das parcas Pequena demais para tantos erros O que desespera com tanta superficialidade e o que faz viver causa dor existe nela e fora. A morte é antes Uma estupidez alimentada por outras não menos estúpidas põe o homem entregue aos poderes do inumano, do dia-a-dia, da busca não correspondida de interlocutores. Faz Procurar saídas às mais diferentes. É um não sei quê de trocar afabilidades e mimos que alimentam a mediocridade, digo, a estupidez que dá náuseas. A claridade escurece e a memória surge de uma autobiografia inventada. Nos Silogeus carcaças e nos grupos convenções e auto-promoções mórbidas Inútil aspirar à filosofia, o romance em terras onde não se acredita. Penso quão longe estamos da sabedoria e da beleza, mãe de toda alegria e poesia. A coragem em corpos sem ossatura. No interior escuridão. Seres sempre eclipsados. Uma cidade em ruínas ofuscadas pela luz branca. De tão nítida irreal (idade) Nos dias tão só desalento

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... ATÉ QUANTO?" (Gizelle Saraiva) Quanto vale um sonho E um pedaço de alma Quanto vale a calma Se correr não alcança? O que vale a cor de um pedaço de vida Escondida no riso de uma criança? Quanto vale a terra Quando o chão se afasta Fugindo do passo De quem não se apruma? E o que vale a lua Um suspiro da noite Se a janela é fechada Com medo e apego... Quanto vale o tempo Se a vida não vale O preço da morte De quem não chorou? Quanto paga a dor De uma bala perdida Se um troco de bala Adoça o valor... Quanto vale o amor Se a falta é o vazio E o abraço é o frio Sem ar nem calor?

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VERSOS INIMPUTÁVEIS (Danclads Andrade) Há em mim Um pêndulo Que oscila Entre um gentleman E um neanderthal. A civilidade convida-me A conviver com o inimigo, Dando-lhe a outra face; O instinto ordena que mate. Indagado sobre se ama A humanidade, responde, sentindo gosto de hemácias na boca: Gosto de facas, Que cortam cabeças, Que dilaceram vísceras, Que esquartejam membros, Que perfuram carnes, Que vazam olhos, Que aniquilam músculos, Que quebram ossos… De obsidiana ou de inox Gosto de facas… (O cérebro manda dizer Ao último neurônio Que o pulso ainda pulsa, Ainda que com um fino jorro De sangue…).

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O DILUIR DOS ANOS (Shauara David) É o sono ou o quarto tornou-se bolas azuis frenéticas, espelhadas dançando farpas e beijos? Pensei que era festa quando tive meu primeiro cartão de crédito mas as luzes apagam antes do amanhecer. Ainda me chamam moça invertebralmente aqui dentro fios e cacos cortantes inútil enganar meus companheiros invisíveis; Somos sós. Quando custo a crer nos mil anos em que nasci. Só peço quando estiver deitada na cama de madeira por favor, não me cubram os pés formalizar despedidas é agonizante. Ri em mim lembranças da infância irretocável torno-me como elas, as crianças atemporais, inteiras, entregues doidas. Com os pés desnudos, imundos de brancura.  

 

 

 

 

 

 

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ENTENDA (Laécio Eugênio) Afroditira o prazer Saboroso comer Sabão babão que escorrega Carrega gago dentro de alto falante Sempre que faço Terminando a segunda vez Ela pede mais.

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MINHA AVÓ (Anchella Monte) "Minha avó era pobre, muito pobre/ mas morava diante do mar" Iracema Macedo Minha avó morava numa casa estreita A rua também era estreita Mas desembocava numa igreja de ampla calçada. Os cabelos de vovó eram muito pretos Mesmo com a idade avançando sobre a pele E as lembranças os cabelos eram pretos e lisos. Minha avó era calada e de poucos sorrisos Criada e vivida na pobreza e na submissão A risada e a voz eram poupadas como tudo. Da igreja ouviam-se os cantos gregorianos atravessado o adro e o tempo, preservados. Os fios da memória partiram-se em vovó. As pessoas que subiam e desciam a rua Em busca das missas e das novenas ouviam a voz liberta em impropérios. Minha avó passou a dizer insultos e obscenidades Enquanto em consciência vivera de preces. Os santos do oratório compreenderam o mistério.

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LAMENTO (Yuri Hícaro) Lamento sufocar minha estupides nestes versos... ignorantes ignorados; Lamento liberar meu absurdo, meu sonho para um mundo vigiado; ignoro não ser escutado, um fingimento...pragmático. Eu sinto as lágrimas que escorrem, o fogo que queima, o vôo subestimado com o sufocar dos meus lamentos. Eu lamento tudo isso, freneticamente, com o sinzelar de alguns cigarros... pensamentos. É misto o meu segredo o meu veneno, um escremento a lamentar o escremento, o veneno a envenenar o meu lamento... É o lamento a alimentar o meu momento.

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PLENITUDE (Ana D'Araujo) Etérea enquanto finita Sólida quando infinita Efêmera quando mortal Eterna e temporal É crer na incerteza Ter esperança na presteza Transformação na verdade Gentileza na amizade É estar contente por ser É contentar-se em não ter É dar sem receber É florescer, crescer, romper!  

 

 

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MEU SAPATO COR DE SONHO (Pedro pereira) Não é o sapato florido de Mario Quintana É meu Sapato Cor de Sonho Onde planto os pés que me conduz ao feliz caminho do doce, livre, leve pensamento Primazia multicolorida da felicidade, dando- me asas de viver no esplendor da pintura Fábula que a mente na aurora aflora, pincelando de luz o alvor da manhã Na clareza dos meus olhos, vejo flores no jardim imaginário do sapato pintado cor de sonho Amplidão do sapato florido, que suavemente alivia e aquece-me os pés no chão Impetuosa cor banha o sapato com fragrância de jasmim, do reluzente e delicado alvorecer no jardim; reflexo do meu sonho multicor Minha gana em pleno equilíbrio desse orquidário imaginário, onde o sapato repousa em harmonia com a sinfonia dos pássaros e a policromia das borboletas, aura de paz e beleza pulsante; vivificante pigmento da candura do amor preciso Ciente que o sapato calça- me os pés e os sonhos apalpam e permeiam no inconsciente da minha Mente fértil e feliz.

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MENINO DO FAROL (Camila Rodrigues) Observando assim de longe, Perecem mais vítimas que culpados. Através do vidro embaçado, Onde o calor não atinge o ego, Desvairado destino incerto Que antes de errar já foi condenado. Menino franzino, De olhar tristonho, Vagando na rua como se num sonho, Por pouco não foi atropelado. Fica zanzando anestesiado Reação causada pela substancia ingerida, Tentando esquecer as mazelas da vida, O menino passa o dia lombrado.

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ÉS REFÉM DA TARDE (Jairo Lima)

és refém da tarde quando te debruças sobre a luz e te sacias de ventos e esquinas ou ainda quando apunhalas tuas flautas e deixas que o sangue fervilhe e indique a fronteira de tuas mãos e os desejos murmurantes de tuas pátrias, vagas, imensas amas um sol que te soterra os olhos e posta diante de ti os despojos da Ausência mas ele te abandona, é sol, é só a fulguração mais viva da indiferença tua é esta tarde que visita o teu silêncio e constrói um mausoléu à tua dor ao teu Sou, às tuas crenças triste é a balada das nuvens suspensas sobre as águas dos teus olhos e este caminho que te fere os pés e se detém diante das muralhas do horizonte é tua sentença

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TOM MENOR (Luísa Fernandes) Partiu em silêncio Sem nem uma carta de adeus Sem atenção de uma canção Partiu ao meio o soneto Que lhe fiz a mão ...Não deixou som, tom, cor Descoloriu o que ainda não era luz Despediu-se sem olhos e sem abraços Deixou-me no raso De um mar tão profundo Junto os pedaços Cato qualquer vestígio Me visto de nunca mais Aqui jaz Um ponto final.

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AZUL (Geraldo Barboza de Oliveira Junior) Meu encanto está no azul de teus olhos. Por eles Bebi de teu sabor e de tua vontade de estar vivo, livre e vã longe de tudo. Até de mim . Meus tremores são da cor do azul de teus olhos Meus delírios são invenções que só acontecem depois da Morte do sol E se esvaem como silêncio comprado. Com tua imagem Mil espelhos foram quebrados Com tua passagem dos cacos varreram-se até o pó. Romperam-se fetos vivos com nomes soprados E como Verbo encarnaram a vida E recriaram o mundo. ........ Tudo a partir do azul de teus olhos

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ÁGUIA (Ednar Andrade) Rugas em minha pele Desenham com tinta sangue, agonias tatuadas. Navalha fria, corta-me. A carne inteira geme, anseia sorriso. Sou a velha águia que retira-se. SOU O cão largado no inútil e solitário uivo Na escuridão dos sem aurora que os acuda. Cio de cobra ……………….. Ciciar de cigarra. . . . . . . Piar de ave noturna não é cantar. É lamento.

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