9
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - CAMPUS JOINVILLE CENTRO DE ENGENHARIA DA MOBILIDADE EMB 5102 PROCESSOS DE FABRICAÇÃO SEMINÁRIO DE PROCESSOS DE FABRICAÇÃO Processo de Fabricação: Âncoras EQUIPE Evandro Machado Rodrigo Michels Rodrigo Silveira Martins Thiago Labbes PROFESSORE DA DISCIPLINA LUCAS WEIHMANN JUNHO / 2012

Âncoras

Embed Size (px)

Citation preview

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - CAMPUS JOINVILLE

    CENTRO DE ENGENHARIA DA MOBILIDADE EMB 5102 PROCESSOS DE FABRICAO

    SEMINRIO DE PROCESSOS DE FABRICAO

    Processo de Fabricao: ncoras

    EQUIPE Evandro Machado Rodrigo Michels

    Rodrigo Silveira Martins Thiago Labbes

    PROFESSORE DA DISCIPLINA LUCAS WEIHMANN

    JUNHO / 2012

  • 1. INTRODUO

    Neste trabalho sero tratados os diferentes processos de fabricao que so utilizados atualmente na indstria naval para produo de ncoras.

    A ncora um equipamento de suma importncia para a embarcao. Ela constituda de diferentes partes, como anete, cepo, haste, brao, entre outros. Mesmo todas as ncoras possuindo os mesmos segmentos, elas podem ser de diferentes tipo, como almirantado, danforth, fateixa, bruce, etc. Cada uma sendo utilizado no tipo de embarcao a qual mais se adqua.

    O enfoque principal do presente trabalho so os dois principais processos de fabricao utilizados para a produo dos diferentes tipos de ncoras, fundio e forjamento. Ser especificado os tipo de materiais que podem ser utilizados, bem como as respectivas vantagens de cada processo.

    Por fim, ser apresentado um estudo de caso com a ncora utilizada no barco solar da equipe Babitonga do Centro de Engenharia da Mobilidade(CEM) da Universidade Federal de Santa Catarina(UFSC), campus Joinville.

  • 2. HISTRICO

    A histria da ncora milenar, no princpio elas eram apenas pedras amarradas a um cabo

    utilizada apenas em embarcaes muito pequenas e em guas no muito agitadas(Figura 1). Com o

    avano da construo de embarcaes, os mesmos passaram a ser maiores e mais pesados tendo assim

    a necessidade de outros materiais para a fabricao de ncoras. Os gregos antigos utilizavam cestos de

    pedras, sacos grandes cheios de areias e toras de madeiras cheias de chumbo com o mesmo formato

    das ncoras atuais(Figura 2). Na idade mdia comeou-se a utilizar peas em ferro com as mais

    variadas formas.

    No sculo XIX iniciou-se a fabricao em massa de ncoras pelo processo de forjamento. Em

    1894 iniciou-se a construo de ncoras por ao fundido e ferro forjado. Este nodal se estendeu at os

    dias de hoje.

    Com o avano da Engenharia Naval, o processo de fabricao de ncoras foi aperfeioado,

    surgindo assim diversos tipos de ncoras.

    Figura 1: ncora de Pedra Figura 2: ncora com braos

    3. NCORAS

    Segundo Maurilio ngelo Fonseca em sua obra Arte Naval, a ncora definida como Pea do equipamento que, lanada ao fundo do mar, faz presa nele e agenta o navio a que se acha ligada por

    meio da amarra.(Pg. 38, Arte Naval)[1]. Este instrumento nutico permite a fixao temporria da embarcao na posio desejada em fundos rochosos, lodosos ou arenosos. O objetivo manter o

    centro de gravidade mais baixo possvel de modo a enterrar as patas no fundo para proporcionar uma

    fixao segura. Ainda segundo Fonseca As ncoras servem para agentar o navio no fundeadouro, evitando que ele seja arrastado por foras externas, como ventos, correntezas ou ondas. Por efeito de

    seu peso e desenho, a ncora possui a qualidade de, se largada em determinado fundo do mar, fazer

    presa nele; se iada pela amarra, soltar-se com facilidade.(Pg. 519, Arte Naval).[1]

    3.1 Nomenclatura das ncoras

    As ncoras so comumente segmentadas da seguinte maneira(Figura 3):

  • Figura 3: ncora tipo Almirantado

    A Anete: Arganu, ou manilha cuja corrente ou cabo passa pelo furo existente na extremidade superior da haste.

    B Cepo: Barra de ferro que enfiada na parte superior da haste perpendicularmente aos braos. C Haste: Barra robusta de ferro, cuja extremidade mais grossa se une aos braos, tendo na outra

    extremidade um furo

    D Brao: So dois ramos que partem da extremidade inferior da haste. So curvos nas ncoras tipo Almirantado.

    E Cruz: Lugar de unio da haste com os braos. F Pata: Superfcies em forma triangular, ou aproximadamente triangular, localizada nas

    extremidades dos braos.

    G Unha: Vrtices exteriores da pata.

    3.2 Tipos de ncora

    Cada embarcao dever utilizar o material apropriado com as caractersticas indicadas para o tipo

    de casco e qualidade de fundo onde ir atracar. A ncora deve estar ligada a uma corrente chamada de

    amarra. Os tipos mais comuns so:

    a. Tipo Almirantado(Figura 3) segundo Fonseca, Tipo universalmente empregado, desde tempos muito remotos at cerca de 1825. Foi substituda como ncora padro para uso a

    bordo dos navios pelas ncoras do tipo patente, devido principalmente s dificuldades de

    manobra e de arrumao a bordo. Contudo, apresenta maior poder de unhar.[1] b. Tipo Danforth(Figura 4) segundo Fonseca, Tipo recente, atualmente usado em navios de

    todas as classes e tamanhos. Tem os braos compridos e afilados, e possui um cepo, colocado

    na cruz paralelamente ao plano dos braos. [1] c. Tipo Fateixa(Figura 5) segundo Fonseca, Ancorote sem cepo, haste cilndrica, tendo na

    extremidade superior um arganu que o anete, e na outra quatro braos curvos que tm

    patas e unhas. Utilizada para fundear embarcaes pequenas; [1] d. Tipo Bruce(Figura 6) Usualmente utilizada em embarcaes de recreio. No possui cepo e

    possui grande capacidade de fixao em qualquer superfcie.

    Figura 4: ncora Tipo Danforth Figura 5: ncora tipo Fateixa Figura 6: ncora tipo Bruce

  • 4. PROCESSOS DE FABRICAO

    Usualmente, como descrito anteriormente, os processos de fabricao empregados nas ncoras

    so: Fundio e Forjamento. A seguir ser descrito informaes sobre estes processos.

    4.1 Fundio

    Segundo Fbio Renato Rossi, o processo de fundio consiste em vazar (despejar) metal lquido num molde contendo uma cavidade com formato e medidas correspondentes aos da pea a ser

    fabricada. No se restringe apenas s ligas de ao, mas a vrios tipos de ligas metlicas, desde que

    apresentem temperatura de fuso no elevada e fluidez adequada. Os mais utilizados so: aos, ferros

    fundidos, alumnio, cobre, zinco, magnsio e respectivas ligas.[2] A fundio permite obter, de modo econmico, peas grandes ou de geometria complexa, sua

    principal vantagem em relao a outros processos. Porm existem tambm desvantagens. Os aos

    fundidos, por exemplo, podem apresentar elevadas tenses residuais, micro porosidade e variaes de

    tamanho de gro. Tais fatores resultam em menor resistncia e ductilidade, quando comparados aos

    aos obtidos por outros processos de fabricao, como conformao a quente.

    Existem muitas variantes no processo de fundio (grau de automao, produtividade, preciso

    dimensional, acabamento superficial, etc.), entretanto destaca-se a influncia do tipo de molde nas

    propriedades fsicas do material resultante. Por exemplo, a taxa de dissipao de calor atravs do

    molde determina o tamanho final de gro, e portanto a caracterstica de resistncia mecnica da pea.

    Logo, o tipo de molde que determina a qualidade da pea.

    Por este motivo os processos de fundio so muitas vezes classificados de acordo com o tipo de

    molde utilizado. Alm disso, podem tambm ser classificados pela fora ou presso usada para

    preencher o molde com o metal lquido (por gravidade ou por presso). Os processos tpicos podem

    ser classificados em cinco grupos:

    As principais Vantagens da fundio so:

    a. Produo de formas mais complexas;

    b. Alta capacidade de produo;

    c. Utilizao da mesma matriz para milhares de peas, sem variaes significativas nas

    dimenses das peas produzidas;

    d. Possibilidade de produo de peas grandes;

    As principais desvantagens da fundio so:

    a. Alguns processos levam a pequena preciso dimensional e acabamento superficial ruim;

    b. Segurana do trabalho e higiene ocupacional;

    c. Limitaes nas propriedades mecnicas;

  • d. Possibilidade de microporosidades e variaes de tamanho de gros.

    Na fabricao da ncora o tipo de molde usualmente utilizado o de areia verde que o processo

    mais conhecido e mais empregado por motivos econmicos e pelo fato de permitir confeco de peas

    de qualidade para a maioria dos metais ferrosos e no-ferrosos em pequenas ou grandes produes. O

    processo consiste em compactar o material, uma mistura plstica de areia sobre um modelo de ncora.

    Retirado o modelo e colocados os machos, se necessrios, o molde fechado, calado e pode receber o

    metal vazado imediatamente. Neste processo no utiliza-se a secagem.

    4.2 Forjamento

    o nome genrico de operaes de conformao mecnica efetuadas com esforo de compresso

    sobre um material dctil, atravs de impacto ou prensagem, de tal modo que ele tende a assumir o

    contorno ou perfil das matrizes, que podem ser abertas ou fechadas.

    Os forjamentos das ncoras so usualmente por matriz aberta, ou forjamento livre, onde o material

    deformado entre ferramentas planas ou de forma simples, que normalmente no se tocam, ocorre sob

    compresso direta. Usado para grandes peas e pequenos lotes.

    Quanto a temperatura de fabricao, pode ser a quente ou a frio, sendo que no primeiro a

    compresso do material maior. Os equipamentos empregados incluem duas classes principais:

    Martelos de forja e Prensas. O primeiro utilizado em trabalho a quente aplicando golpes rpidos e

    sucessivos e consiste em uma deformao no uniforme. J no segundo, pode ser trabalho a quente ou

    a frio sendo esta uma compresso com baixa velocidade obtendo assim, uma deformao mais

    uniforme. Dependendo do tipo e formato de ncora possvel a utilizao dos dois modais de

    forjamento

    5. ESTUDO DE CASO: NCORA DO BARCO SOLAR BABITONGA

    Fora realizado um estado de caso com a ncora do Barco Solar da Equipe Babitonga do Centro de

    Engenharia da Mobilidade(CEM) da Universidade Federal de Santa Catarina(UFSC), campus

    Joinville. A ncora utilizada na embarcao(Figura 7) do tipo Fateixa, possui 3 kg e foi fabricada na

    empresa Fundinorte em Joinville. O material da pea lato com densidade de 7,7 g/cm.

    Os processos utilizados para a fabricao da ncora foram:

    a. Anete: Fundio

    b. Haste: Fundio

    c. Braos: Fundio

    d. Cruz: Fundio e Furao

    e. Pata: Fundio

    f. Unha: Fundio

    Figura 7: ncora Barco Solar Babitonga

  • A Haste, Anilha e Cruz foram fundidos em um nico molde, bem como os Braos, Pata e Unha.

    Posteriormente foi realizado o processo de furao na cruz e nos braos para fixao entre as duas

    partes. Para retirar as rebarbas e dar um melhor acabamento pea, foi utilizado uma lima.

  • 6. CONCLUSES

    Desde a antiguidade as embarcaes necessitavam de alguma fixao no solo quando no

    estiverem em movimento. Da pedra com cabo aos avanos dos diversos tipos de materiais especficos

    que constituem nas mais modernas ncoras.

    Saber a escolha do material e do processo de fabricao a ser utilizado na manufaturao

    depende muito do tamanho da ncora para a embarcao desejada.

    De modo geral, tivemos uma dificuldade na busca de informaes sobre os tipos de fabricao

    utilizados em ncoras, pois como o Brasil ainda sofre com o precrio estudo da Engenharia Naval so

    muito poucos os materiais acadmicos encontrados em fontes de pesquisa. Assim, fomos busca de

    contato de estaleiros que fabriquem as prprias ncoras para suas embarcaes.

    No nosso estudo de caso, tivemos a ajuda de um especialista no assunto para auxiliar no

    desenvolvimento do nosso trabalho.

    Das pesquisas ao auxlio de especialistas, ganhamos um grande conhecimento na rea Naval, e

    ainda reforamos nosso aprendizado sobre os processos de fabricao de fundio e de forjamento.

  • 7. REFERNCIAS

    [1] FONSECA, M. M. Arte Naval. 7.ed. Rio de Janeiro: Servio de Documentao da Marinha,2005 [2] ROSSI, F. E. Processo de Fabricao: Fundio. UFSCAR. 2009