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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO TERCEIRIZAÇÃO E O DIREITO DO TRABALHO ANDERSON BARBOSA DA SILVA RIO DE JANEIRO 2006

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

TERCEIRIZAÇÃO E O DIREITO DO TRABALHO

ANDERSON BARBOSA DA SILVA

RIO DE JANEIRO

2006

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

TERCEIRIZAÇÃO E O DIREITO DO TRABALHO

ANDERSON BARBOSA DA SILVA

Monografia apresentada como

exigência final do Curso de Pós-Graduação da

Universidade Cândido Mendes.

RIO DE JANEIRO

2006

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AGRADECIMENTOS

Aos meus amigos e professores que

me ajudaram ao longo de todos esses

anos, principalmente a minha família por

me incentivar constantemente.

II

.

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DEDICATÓRIA

Dedico a todos os colegas de classe

e a minha família .

III

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................. 07

CAPÍTULO I - TERCEIRIZAÇÃO

1.1.HISTÓRICO........................................................................................ 09

1.2.CONCEITO ......................................................................................... 11

1.3.FINALIDADE E OBJETIVO DA TERCEIRIZAÇÃO

.......................................................................................................................... 14

1.4.O INSTITUTO DA TERCEIRIZAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

.......................................................................................................................... 15

1.5. NATUREZA JURÍDICA ......................................................................... 16

CAPÌTULO II - A TERCEIRIZAÇÃO NO DIREITO DO TRABALHO

2.1. COMENTÁRIOS GERAIS .................................................................... 17

2.2.EFEITOS JURÍDICOS DA TERCEIRIZAÇÃO

.......................................................................................................................... 18

2.3. OS BENEFÍCIOS TRAZIDOS PELA TERCEIRIZAÇÃO E SUAS

DESVANTAGENS ............................................................................................ 19

CAPITULO III - A RESPONSABILIDADE NA TERCEIRIZAÇÃO

3.1. O LITISCONSÓRCIO PASSIVO ........................................................ 22

3.2. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ................................................... 26

3.3.A RESPONSABILIDADE SUBSIDÌARIA...............................................27

3.4. A RESPONSABILIDADE DO TOMADOR DE SERVIÇOS, INCLUSIVE

PREVIDENCIÁRIA E FISCAL .......................................................................... 29

3.5. COMENTÁRIOS AO ENUNCIADO 331 ...............................................31

CAPÍTULO IV - A TERCEIRIZAÇÃO DIANTE DAS COOPERATIVAS E A

TERCEIRIZAÇÃO DIANTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

4.1. A COOPERATIVA VISTA COMO FORMA DE TERCEIRIZAÇÃO

.......................................................................................................................... 35

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4.2. A TERCEIRIZAÇÃO E O ORGÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

.......................................................................................................................... 36

CONCLUSÃO

.......................................................................................................................... 38

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

...........................................................................................................................41

IV

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INTRODUÇÃO

O direito do trabalho é, sem dúvida, o ramo do direito que mais tem evoluído,

passando por etapas que bem retratam o nível das relações que se estabelecem

entre empregado e empregador ao longo dos anos.

A dinâmica social interfere diretamente nas relações de trabalho, impondo-

lhes novas idéias. Passou-se do nada, do simplório, ao complexo e rico sistema

de relações de trabalho, evidenciando-se, de tempos em tempos, modificações

bastante profundas no processo laboral, sempre com o fito de atingir-se uma

maximização dos resultados e uma diminuição dos custos.

Como parte deste fenômeno surge a terceirização e o crescimento

significativo desta modalidade, em caráter mundial, impulsionando profundas

mudanças nas relações sócio-econômicas, desaparecendo a tão difundida tese de

que o trabalho é sempre exercido em prol do empregador; que a relação de

trabalho e uma relação a dois, sem intervenção de qualquer terceiro. Exatamente

pela idéia de espírito renovador com que se apresenta, a terceirização tem sido

tema em debates, principalmente quando um dos envolvidos no processo é um

órgão da administração pública.

A responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quando este é um

órgão público, em face do inadimplemento do prestador dos serviços, quando a

débitos trabalhistas. A responsabilidade subsidiária das cooperativas, quando

entendida pelo Poder Judiciário, como, manobra, tornando-se um convite a

fraude trabalhista.

A terceirização é sem dúvida, um marco de extrema relevância e muito

significativa para o Direito do Trabalho, tornando-se assim um fenômeno nos

últimos trinta anos. E como é comum, ao conhecimento de novos fenômenos,

surgem alguns problemas na terceirização que para alguns, significa “a

transferência para terceiros, de atividades não essenciais da empresa”; para

outros, “é a horizontalidade da atividade econômica, que se distingue da

descentralização”; finalmente, há quem afirme que “esse processo libera a

empresa dos ônus sociais ou encargos trabalhistas” (Delgado, 1994, pág. 49).

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Ante esse conflito de opiniões sobre um tema indisfarçavelmente econômico,

mas com reflexos na área trabalhista, se tornou necessário escrever esta obra

pertinente à tema tão palpitante quão atual.

A breve pesquisa monográfica revela que terceirizar provém de terceiro, do

latim “tertiariu”. Na terminologia jurídica, terceiro é a pessoa estranha a uma relação

jurídica, inclusive a processual.

Acredita-se o que esse neologismo (não se encontra nos dicionários

consultados), como é o vocábulo terceirização, em sendo transplantado para o

âmbito empresarial ou econômico, significa a realização, por um terceiro, de

atividade-fim ou atividade-meio da empresa contratante. Nota-se neste passo,

que já cabe ao administrador do empreendimento verificar o que mais lhe

convém, isto é, se a terceirização deve limitar-se a algo que se relacione com a sua

atividade principal ou se esta poderá, também, ser incluída no processo.

A Constituição Federal de 1988 não abriga qualquer disposição que vede tal

tipo de negócio jurídico e, por conseqüência, inexiste lei ordinária que proíba

semelhante operação.

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CAPITULO I

TERCEIRIZAÇÃO

1.1. HISTÓRICO

A terceirização originou-se nos EUA, logo após a eclosão da II Guerra

Mundial. As indústrias bélicas tinham como desafio concentrar-se no

desenvolvimento da produção de armamentos a serem usados contra as forças do

eixo, e passaram a delegar algumas atividades de suporte a empresas

portadoras de serviços mediante contratação. Daí se verificou a primeira

manifestação do instituto.

No final da última década (década de 90), como o mercado sinalizou para

novas mudanças nas empresas, a terceirização então readquiriu nova força na

sociedade, pois o que se tratava com essas mudanças, era uma questão máxima a

ser imposta, ou seja, cada vez mais é o cliente que se torna o “centro das

atenções” das empresas, que por sua vez, tenta dirigir a eles todas as atenções.

Assim, as pequenas e médias empresas, mais ágeis e percebendo o

momento de mutação, aproveitaram-se da situação e começaram a conquistar fatias

significativas deste mesmo mercado.

Foi então, a oportunidade para que as grandes empresas praticassem um

exercício de reflexão, olhando para dentro e descobrindo saídas que a

colocassem novamente no mercado, de forma competitiva. Descobriu

finalmente que a adoção da terceirização era o caminho, uma vez que a contratação

de serviço especializado para exercer uma determinada atividade na qual os

prestadores de serviços seriam profissionais universais naquela atividade, isto

agradaria e muito o consumidor final.

O certo é que a pratica da terceirização não é novidade no mundo dos negócios,

nem diante dos países de primeiro mundo e nem diante de nosso país, pois

se pratica a contratação, via prestação de serviços de empresas

especializadas em atividades especificas, que não cabem ser desenvolvidas no

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ambiente interno da empresa. Muitos seguimentos e até o Brasil se especializou

nesta prática, utilizando-se com freqüência da contratação de serviços para o setor de

produção, tais como as empresas que compõem o setor da indústria gráfica e o setor

da indústria têxtil.

Hoje, no entanto, a Terceirização se investe de uma ação mais caracterizada

como uma técnica moderna, que leva a mudanças estruturais da empresa, a

mudanças de cultura, procedimentos, com um objetivo único quando adotada:

atingir melhores resultados, concentrando todos os esforços e energia da

empresa para a sua atividade principal. Vale a pena, portanto, analisarmos

como o conceito de Terceirização se introduziu no cenário das empresas. Com

isso, o próximo passo foi responder à questão: Por que não reexaminar o papel da

empresa, transferindo para terceiros a incumbência pela execução das atividades

secundárias, passando a empresa a concentrar todos os seus esforços na

atividade principal gerando com isso mais resultados?

O “outsourcing” expressão em inglês, que significa “terceirização”, foi então,

desbravado e adotado de forma plena pelas empresas, referenciado sempre

pela concepção estratégica de implementação.

A recessão como pano de fundo levou também as empresas refletirem

sobre sua atuação. O mercado, cada vez mais restrito, acabou determinando a

diminuição das oportunidades, possibilitando que novas abordagens fossem

aplicadas para buscar a minimização das perdas.

O exemplo da aplicação em outros países rapidamente foi acolhido pelas

nossas empresa, pois o ambiente era propício. Ao mesmo tempo, a terceirização

demonstrava lucro, ou seja, significava o fomento para a abertura de novas

empresas, com oportunidades de oferta de mão-de-obra, restringindo assim, de

certo modo, o impacto social da recessão e do desemprego.

E ainda mais, o brasileiro, “amplamente pesquisado, sempre confessou

que o ‘seu principal sonho’ seria abrir uma empresa e ser o dono do seu

próprio negócio”1.

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Assim, o cenário estava completo para permitir, em nosso país, o rápido

aceleramento da Terceirização, invadindo manchetes, sendo matéria expressiva e

constante de vários jornais e revistas especializadas.

1.2. CONCEITO

Antes de darmos conceituação ao instituto, cumpre fazermos algumas

considerações essenciais.

Inicialmente, é mister dizer que, embora o trabalhador seja considerado

empregado da prestadora de serviços e com ela forme o vínculo legal de

emprego, será em relação ao tomador dos serviços que verificar-se-á a subordinação.

O trabalho desenvolvido pelo obreiro é sempre fiscalizado por aquele a

quem se dirige à energia de trabalho e que, diretamente dela se beneficia. E

nessa relação jurídica, o beneficiado direto é a tomadora dos serviços, sendo,

portanto, a ela devida a subordinação do empregado, muito embora não haja o

obreiro contratado com a mesma, a referida relação de emprego.

Mister observar que haverá sempre uma reserva de subordinação destinada

ao seu contratador. É evidente que, formando-se o vínculo de emprego entre o

trabalhador e a prestadora de serviços, deve o laborista a esta se submeter, nos

limites ditados pelas normas legais, ao tratar do poder diretivo do empregador.

O que não se pode negar é que, com a terceirização, a figura do empregador é, ainda

que por ficção Jurídica, deslocada para uma terceira pessoa, e é com esse

“deslocamento”, que verificamos uma ampliação da figura do empregador,

refletida no cliente, para quem se confere, a partir de então, o mesmo poder

diretivo.

Francisco Ferreira Jorge Neto, de maneira muito lúcida nos aclara a questão

da dupla subordinação que se submete o empregado de uma prestadora de

serviços:

“Com a Terceirização, há a intermediação da mão-de-obra

pelas empresas prestadoras de serviços. De um lado, temos a

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empresa tomadora e, de outro, a prestadora. Os trabalhadores

são subordinados diretamente à empresa prestadora e não à

tomadora. A relação jurídica é triangular, existindo entre a

empresa tomadora e a prestadora um contrato regido pelas leis

do direito civil, de evidente prestação de serviços. Já entre a

empresa prestadora e o trabalhador há um contrato de trabalho

que corresponde à relação jurídica ” (Jorge Neto, 2003, pág. 408).

É indiscutível, contudo, que a relação de emprego vai formar-se, tão-somente,

entre o trabalhador e aquele que o tratou, no caso, a prestadora-locatária. Por

sua vez entre o tomador e o fornecedor de mão-de-obra, teremos um contato

civil.

Ainda conceitualmente e em outros termos, podemos dizer que consoante

o entendimento primitivo, a Terceirização é o neologismo oriundo da palavra

“terceiro” sendo compreendida como intermediário, interveniente. É um fenômeno

relativamente novo no direito do trabalho, em nosso país. Agora a presença de

figuras delimitadas de “Terceirização”, como a empreitada e sub-empreitada.

A respeito da responsabilidade trabalhista do empreiteiro o artigo 455 da

CLT enuncia:

“Art.455 d CLT – Nos contratos de sub empreitada os sub

empreiteiros pelas obrigações derivadas do contrato de

trabalho que celebrar, cabendo todavia, aos empregados o

direitos de reclamações contra o empreiteiro principal pelo

inadimplemento daquelas obrigações e por parte do primeiro”.

11

Ainda na conceituação do instituto em tela, temos a Terceirização também

definida por Cardone e Florione, que lecionam: “Terceirizar vem de terceiro, ou

seja, o medianeiro, ou também o que se colocava em segundo acrescentando

que o verbo terceirizar usa-se modernamente para significar a entrega à

terceiros de atividades não essenciais da empresa” (Carbone e Florione, 2003,

pág. 128).

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Em outros termos, consiste na possibilidade de contratar terceiro para a

realização de atividades que não constituem o objeto principal da empresa. Essa

contratação pode envolver tanto a produção de bens, como de serviços de limpeza,

de vigilância ou até de serviços temporários.

Podemos conceituar também a terceirização como sendo o processo pelo

qual a relação de trabalho não mais é limitada a dois pólos, estando, de um lado,

aquele que presta serviços, que dispõe de sua energia de trabalho, e, de outro,

aquele que se beneficia desse labor, oferecendo-lhe em contra partida uma

remuneração equivalente. É justamente a entrada, nessa relação jurídica, de um

terceiro envolvido, intermediando os interesses dos outros dois, que caracteriza

a terceirização. O terceiro é sempre uma pessoa jurídica, uma empresa de trabalho

temporário prestadora de serviços, comumente chamada de locatária, denominação

esta perfeitamente compreensível visto que é ela quem põe a disposição do cliente a

mão-de-obra de que dispõe.

Os outros dois sujeitos desta relação triangular são a empresa tomadora e o

empregado. A empresa tomadora é também chamada de locadora, visto que ela

se socorre da força de trabalho (empregado) oferecida pela locatária,

sempre de maneira temporária. É a empresa cliente.

O tomador dos serviços pode ser, indistintamente, uma pessoa física ou

Jurídica, ao contrário do que acontece com a prestadora dos serviços, esta

sempre pessoa Jurídica.

Por fim, o empregado. Este é o que sempre foi, o executor de tarefas

subordinado, submetido a horários e regras disciplinares, incumbindo-lhes

os mesmos direitos e obrigações de um qualquer contrato de trabalho. Duas

peculiaridades, contudo, evidenciam-se de plano: a questão da subordinação e o

direito de ação.

A terceirização, vem se expandindo, com a adoção de muitos empresários, que

por acharem melhor transferir suas atividades–fim, asseguram obter grandes

lucros, melhor atendimento e melhor qualidade.

A Terceirização é um dos seguimentos que vem ocupando um grande espaço

no mercado de trabalho, e sendo também utilizada de diversas formas, como já

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foram mencionadas anteriormente, contudo, é mister também citarmos a

terceirização de frotas.

1.3. FINALIDADE E OBJETIVO DA TERCEIRIZAÇÃO

A terceirização é vista como uma das maneiras que empresas possuem de

alcançar lucros e melhorar a qualidade de seus serviços. E com isso transferem

suas atividades à terceiros. A crise mundial do comércio, a gigantesca evolução nos

meios de comunicação e as novas relações que se instalam entre os Estados

independentes, geram efeitos igualmente sobre as atividades produtivas e via

de conseqüência sobre seus protagonistas, trabalhadores e empregos.

Em linhas gerais, com a terceirização, a empresa descentraliza suas

atividades, com a finalidade de que sejam desempenhadas por outras

empresas, com o objetivo de reduzir os custos, aumentam a produtividade, a

qualidade do produto ou do serviço.

A crise econômica no tempos modernos, tem obrigado de certa forma, o

setor produtivo das empresas, a caminhar em busca de novas alternativas para

não sucumbir ante a nova realidade.

A competitividade, na atual conjuntura econômica, ocasionou o

surgimento da Terceirização, que nos leva a crer que é uma forma de sobrevivência

com a especialização, ou seja, as empresas terceirizam, passando à terceiros

determinadas atividades, contratam terceiros no tocante a transferir atividade

que não quer mais executar, exigindo especialidade e qualidade do contratado.

Isto requer do terceirizado, uma prestação de serviço altamente qualificada, a fim

de satisfazer o contratante.

1.4. O INSTITUTO DA TERCEIRIZAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

O instituto da terceirização é constitucionalmente legal. O art. 5º da Carta Magna

de 1988, Inciso II e XIII, dispõe:

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“II- Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer

alguma coisa senão em virtude da lei”;

XII- É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou

profissão, atendida as qualificações profissionais que a lei

estabelecer”.

O artigo 170 do mesmo Diploma Jurídico, que versa sobre a ordem

econômica e financeira, estabelece que: “É assegurado a todos o livre exercício

de qualquer atividade econômica e financeira, independentemente de

autorização de órgão público, salvo nos casos previstos em lei”.

Tudo aquilo, que não é atividade fim das empresas, pode ser entregue a um

terceiro, ou melhor a empresa terceirizada. Mediante a esta atividade, bem ou

serviço, fica por conta da contratada executar um serviço de qualidade, pois esse

será a sua atividade fim.

Cabe lembrar que a empresa terceirizada deve ser especializada.

Significa,

então, colocar sobre a responsabilidade da empresa terceirizada, alheios ao

quadro de empregados da empresa contratante a parte acessória da atividade

empresarial, buscando redução de custos, um melhor aprimoramento de sua

atividade-fim e visando melhor lucratividade.

O objetivo das empresas, é tornar seus quadros enxutos, como

abordamos anteriormente, evitando assim custos trabalhistas e concentram do

investimento e especialização na atividade fim. Entretanto, surgem

desvantagem, como podemos evidenciar: a desconcentração da categoria

profissional; a redução de salários é um ponto que tem sido de suma

relevância que é o inadimplemento de obrigações trabalhistas por parte das

empresas terceirizadas. Logo, porém, conclui-se que ocorrendo diminuição de

membros das categorias originárias da empresa contratante, em um segundo,

haverá o surgimento de novas categorias profissionais e respectivos sindicatos,

esses com condições de tutelas de maneira especifica essa nova atividade.

Como foi apresentado, como desvantagem, a redução de salários, desta forma se

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faz necessário lembrar que dependerá da especialização dos trabalhadores e de

sua real produtividade.

No que tange ao inadimplemento das obrigações trabalhistas, o TST

(Tribunal Superior do Trabalho) com edição do Enunciado de Sumula 331, que

substituiu o Enunciado 256, que manifestou o entendimento que as empresas

contratantes e contratadas no tocante à responsabilidade subsidiária do tomador

de serviços, e por que não dizermos assim: se a empresa terceirizada não arcar

com os encargos trabalhistas de seus empregados, a tomadora de serviços, ou

melhor, a empresa contratante arcará.

1.5. NATUREZA JURíDICA

De acordo com os elementos essenciais para a formação dos contratos, que

diz que para sua validade requer (dentre outros requisitos), a manifestação da

vontade, pactuado entre duas partes, conclui-se então que a natureza jurídica da

terceirização é contratual.

Vale ressaltar que a terceirização representa a execução de uma obra e/ou de

um serviço, deixando evidente que a observância do contrato pactuado irá impor

todas as normas a serem aplicadas no Direito Civil, sendo esta nesta situação,

denominada como empreitada ou denominada como locação de serviços.

Contudo, o que concretamente vale e convém para a Lei Trabalhista é que

não haja no instituto quaisquer atos que venham a fraudar, burlar ou impedir a

aplicação dos já estabelecidos direitos trabalhistas, impedindo assim, sua justa a

aplicação.

CAPÍTULO II

A TERCEIRIZAÇÃO NO DIREITO DO TRABALHO

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2.1. COMENTÁRIOS GERAIS

Sabemos que a redução de custos já foi a razão principal para se terceirizar

uma atividade.

Atualmente, o maior motivo é a agilidade na execução de serviços. Em virtude

disso é que cada vez mais as companhias estão contratando empresas e se

concentrando na sua área de atuação.

Todas as funções que não representam o “core business” (centro

empresarial) da organização, podem ser terceirizadas, ou seja, aquelas que não são

o foco do negócio.

Como já foi visto anteriormente, os setores mais terceirizados são os de

limpeza, segurança, alimentação e dentre esses, podemos evidenciar também:

recrutamento e seleção, Assessoria jurídica, fiscal, tributária, de comunicação,

tecnologia, serviços gerais, vendas e atendimento ao cliente.

Em nosso país, formamos empresas que possuem 60% de pessoas que

trabalham em seu interior, são elas prestadoras de serviço, ou melhor,

terceirizados. Essa empresa é a Xerox do Brasil, e que segundo seu Diretor

Executivo de Recursos Humanos, diz que: “o mais importante é saber

identificar os fornecedores. A melhoria nos processos de atividade são

espontâneas”. Afirma ainda o diretor: “a terceirização só dá errado quando

não é feita com a empresa certa. Mas, a fim de garantir resultados, a Xerox

implementa projetos em parceria com seus contratados.4

A terceirização é considerada como um fenômeno relativamente novo no

Direito do Trabalho no Brasil, e sem contar a presença de figuras delimitadas de

“terceirização”, como a empreitada e subempreitada (art. 455 da CLT), como já

evidenciamos no capítulo anterior.

Somente nas últimas três décadas, passou a ter impacto sócio-econômico

no mercado do trabalho. Do ponto de vista legal, algumas legislações como:

Decreto Lei 200/67, a lei 5.645/70, a lei 6.019/74, a lei 7.102/83, a lei

8.036/90, passaram a firmar posição diante o tema, vindo a ultrapassar o âmbito

restrito do art. 455 da CLT. No aspecto jurisprudencial junto às compreensões

interpretativas lançadas nas decisões judiciais da últimas décadas, o Tribunal

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Superior do Trabalho (TST), editou os Enunciados 256 de 1986 e o 331 de

dezembro de 93.

Contudo é evidente que se tem atualmente uma clara percepção de que o

Instituto da Terceirização tem produzido diversas modificações de formas até mesmo

inquestionáveis no mercado de trabalho e de ordem jurídica trabalhista no país.

2.2. EFEITOS JURÍDICOS DA TERCEIRIZAÇÃO

Atualmente o processo de terceirização tem produzido, necessariamente

efeitos jurídicos quer seja ela considerada lícita ou até mesmo quando

considerada ilícita. Vindo a ser configurada a hipótese de terceirização ilícita,

desfaz-se judicialmente o vínculo com o empregador aparente, reconhecendo-

se para todos os efeitos a relação de emprego do obreiro com o emprego dos

dissimulado, efetivo tomador de serviços.

Semelhante resultado jurídico, somente não pode ocorrer quando o

tomador de serviços for Entidade da Administração Pública Direta, Indireta ou

Funcional (art. 37, II e § 2º, CF/88; Enunciado 331, II, TST)5.

A dinâmica concreta de gestão de relações trabalhistas tem inspirado, após

1964, a formulação de mecanismos distintos de contratação de força de trabalho.

Semelhante processo que se vem ampliando no contexto econômico,

social e trabalhista, tem questionado a absoluta singularidade, na ordem

jurídica, da fórmula clássica de relação empregatícia bilateral (contida no art. 2º,

caput; 3º caput; CLT)6.

Isso tem sido verificado no âmbito da Administração Pública e no âmbito

empresarial Privado. A Administração Pública, em consonância a uma manifestada

meta de descentralização organizacional, tem criado menos assalariados sem

que ocorra uma contratação direta pelo tomador e beneficiário dos serviços

concedidos. As empresas privadas, de outro lado, também como já foi enfocado,

contratam para funções específicas, assalariando sem contratação própria.

É importante lembrar que não só as empresas particulares terceirizam. As

empresas públicas também o fazem e se beneficiam, sendo que através do

substituto da Licitação.

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2.3. OS BENEFÍCIOS TRAZIDOS PELA TERCEIRIZAÇÃO E SUAS

DESVANTAGENS

É importante que se faça uma análise do referido Instituto do ponto de vista

Jurídico e Trabalhista. Alguns doutrinadores defendem teses referentes a

terceirização, de forma ser este instituto repelido pelas ordenações jurídicas

positivas. O trabalhador não fica permanentemente na empresa tomadora, pois

ela somente utiliza sua mão-de-obra quando for necessário. Do ponto de vista

econômico empresarial, apresenta o instituto da Terceirização algumas vantagens

que iremos analisar a seguir:

Como vantagens (a empresa), temos:

- Ao terceirizar, a empresa pode perfeitamente direcionar toda atenção

possível, apenas para sua atividade central, ou seja, sua atividade fim.

Mediante a isto, podemos concluir que ocorre sem sombra de dúvidas um

melhoramento indiscutível, no que tange a qualidade total em seu produto ou

serviço;

- Ocorre quando uma empresa Terceiriza, uma redução quanto aos

encargos trabalhistas e sociais, vindo a ocasionar economia de custos de

contratação e treinamento;

- O quadro funcional da empresa que Terceiriza diminui

consequentemente, posto que, os empregados que executavam as atividades

ora delegadas à terceiros não são mais necessários;

- A estrutura da empresa fica altamente simplificada elimina parte de

operações não essenciais da empresa, liberando o capital para aplicação em

melhorias do processo produtivo, adquirindo novas tecnológicas e novos

produtos;

- Concentração de muito mais recursos na área de produção, com uma grande

melhora na qualidade e na competitividade do produto;

- Recursos são automaticamente liberados à aplicação em outras tecnológias;

- Faz com que ocorra concentração de esforços quanto ao surgimento de

novos produtos;

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20

- Agiliza nas tomadas de decisões;

- Diminui o nível de hierarquia dentro das empresas;

- Aumento do lucro;

- Faz com que haja racionalização nas compras;

- Ocorre redução das perdas;

- Pulveriza a ação sindical;

- Desmobilização das ações de greve;

- Permite melhor distribuição de renda criando assim, mais oportunidades de

empregos, em novas empresas;

Quando uma empresa adota o fenômeno da terceirização, o que se observa é

que sua estrutura clássica se transforma em uma estrutura altamente flexível,

pois desconcentra parte de sua atividade. Atividade esta que, ao ser transferida

a terceiros, será muito mais fácil de ser controlada a nível de qualidade.

O Instituto de Terceirização, como já evidenciamos anteriormente, permite

que ocorram parcerias entre as empresas, sendo que cada qual especializa-se

em sua área, ou melhor, em sua atividade. A empresa cliente, ou tomadora de

serviços obtêm a vantagem de receber um corpo funcional qualificado,

experimentado, responsável, aptos a prestar o serviço que lhe estão sendo

entregues.

Como desvantagem a empresa, não vislumbra-se quase nada, ou o pouco

que se verifica, não se equipara ao aspecto vantagem, descrito nas linhas

anteriores.

Quanto ao trabalhador, é importante destacar que do ponto de vista jurídico

e trabalhista, vemos como desvantagens o seguinte:

- A terceirização é responsável pela criação de empregos precários e eventuais,

pois, as empresas fornecedoras necessitam de grande flexibilidade e

mobilidade externa, conforme os movimentos de mercado;

- Pode ocasionar desemprego e subemprego;

- É causa de redução salarial, pois, algumas empresas visam com a

terceirização pagar menos do que pagariam aos especialistas se fossem seus

próprios empregados;

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21

- Ocorre uma piora sensível nas condições de saúde e segurança no trabalhos

dos empregados prestadores de serviços, com eliminação de benefícios sociais

diretos e indiretos;

- Traz insegurança no emprego, já que ocorre uma ampliação da rotatividade

de mão-de-obra;

- Permite desagregação do ambiente de trabalho e das condições de segurança

e higiene, já que as subcontratadas geralmente não tem a estrutura das

empresas contratantes;

- Gera paradoxo de existir dois patrões a comandar o processo, ou em

certos casos, de inexistir patrões definidos;

- Desintegra a identidade de classe de trabalhadores;

- Dificulta a filiação, organização e militância sindical;

- Com a terceirização, é patente a tendência de individualização das relações

profissionais;

- Ocorre em maior número a instalação ou deslocamento de empresas para

regiões de fraca industrialização, de “incipiente organização sindical;

- Impossibilidade de integração e participação dos empregados na empresa;

A terceirização pode ser considerada um instrumento para combater o

movimento sindical e as conquistas dos trabalhadores7.

E finalmente, sob o aspecto vantajoso ao trabalhador, unicamente se

verifica que, por intermédio do instituto, abre-se maiores possibilidades de oferta

de trabalho, o que é um ponto a ser considerado, haja vista os atuais índices de

desemprego que assolam o País.

CAPITULO III

A RESPONSABILIDADE NA TERCEIRIZAÇÃO

3.1. O LITISCONSÓRCIO PASSIVO

A formação do litisconsórcio ocorre quando mais de uma pessoa integra um

dos pólos de determinada ação judicial. “Trata-se, portanto, numa palavra, da

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possibilidade, contemplada pelo sistema, de que exista, no processo,

cumulação de sujeitos (cumulação subjetiva)” 8.

Chama-se “litisconsórcio passivo” aquele cuja ação é movida contra duas ou

mais pessoas. Por sua vez, é chamado de “litisconsórcio ativo” quando há uma

pluralidade de pessoas que movam ação pretendendo obter reconhecimento do

direito de que se dizem titulares.

Diferente do litisconsórcio ativo, previsto no art. 842 da CLT, o litisconsórcio

passivo, embora encontre previsão especifica e pequena, nos arts. 2º, § 2º e 455

da CLT, é possível sim seu pedido no curso do processo.

Por certo, quando da elaboração desta norma legal, o legislador não previu

situações em duas empresas poderiam integrar o pólo passivo da demanda. Daí,

estabeleceu a possibilidade de reunião das ações a fim de possibilitar a tutela do

empregado, que em ação plúrima poderia obter melhores resultados do que

litigando isoladamente, com todos as dificuldades que adviriam daí. Ocorre

que a CLT prevê no art. 769 aplicação subsidiária do Direito Processual Comum

quando não houver incompatibilidade com as normas do processo do trabalho.

Assim, o litisconsórcio está regulado pelo Código de Processo Civil, que dispõe

o seguinte:

“Art. 46 – Duas ou mais pessoas podem litigar, em

conjunto, ativa ou passivamente, quando:

entre elas houver comunhão de obrigações relativamente

à lide;

os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo

fundamento de fato de fato ou de direito;

entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela

causa de pedir;

ocorre afinidade de questão por um ponto comum de fato

ou de direito”.

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Portanto, existindo litígio onde de um lado esteja o empregado de empresa

prestadora de serviços, poderão estar presentes no outro a empregadora e a

beneficiária indireta dos prestadores pelo trabalhador.

Trata-se no caso, de litisconsórcio facultativo art. 46 (supra), pois não existe

obrigatoriedade de figurar a tomadora dos serviços no pólo passivo da demanda

senão para que a execução possa também ser promovida contra esta.

A fundamentação de integração da lide pela tomadora dos serviços pode estar

circunscrita no inciso II ou no inciso IV, pois nos fatos que desencadearam a

lide estão presentes o trabalhador, a empregadora e a tomadoras.

Portanto, a autorização de integração da lide pela tomadora decorre do

simples fato de que esta se beneficiou indiretamente da força de trabalho do

trabalhador, e não deveria deixar de ser responsabilizada pelo inadimplemento

dos créditos, pois presente estão as culpas in eligendo (eleger) e in vigilando

(vigiar).

Cumpre fazer breves comentários acerca das modalidades culposas

descritas acima.

A culpa propriamente dita é caracterizada pela violação de um dever de

cuidado. Embora unitário o seu conceito, a conduta culposa pode-se dar de

maneiras diversas, importando, isso, dizer que as modalidades em que se

desdobra a culpa nada mais são que maneiras diversas de violação do dever

jurídico de cuidado. Atingem o princípio da unidade da culpa apenas superficial

ou aparentemente, deixando incólume o seu conceito ontológico. Pode-se dizer

que são ângulos diversos de exame do mesmo fenômeno.

Examinada pelo ângulo da gravidade, a culpa será grave se o agente atuar

com grosseira falta de cautela, com descuido injustificável ao homem normal,

impróprio ao comum dos homens.

Informa a doutrina que quando o fato é praticado por terceiro, chama-se

culpa in eligendo aquela que se caracteriza pela má escolha do preposto. A

culpa do patrão ou comitente é presumida pelo ato culposo do empregado ou

preposto, consoante a Súmula nº 34 do Supremo Tribunal Federal, em razão da má

escolha do mesmo.

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Por seu turno a culpa in vigilando, decorre da falta de atenção ou cuidado

com o procedimento de outrem que está sob a guarda ou responsabilidade do

agente. A título exemplificativo, podemos mencionar o exemplo tradicional de

que os pais respondem pelos atos dos filhos menores, via de regra pela falta

de vigilância.

Não obstante, entendemos extremamente aconselhável que se estabeleça o

litisconsórcio passivo independentemente da idoneidade financeira que

ostente a empresa prestadora de serviços no inicio da lide, pois eventual

desaparecimento desta no curso da demanda não prejudicará a satisfação de

direitos do trabalhador, evitando-se fraudes.

Este entendimento não é compartilhado por Sérgio Pinto Martins, que

sustenta a não–admissão da propositura de ação contra a tomadora quando

ausente justificativa na petição inicial para a inclusão da mesma no pólo passivo.

Entende o Autor ser necessário constar na inicial o motivo dessa inclusão, com

“prova ou afirmação de que há inidoniedade financeira da prestadora dos

serviços ou que simplesmente a última desapareceu sem pagar seus

empregados9.

Nesta situação, seria o mesmo que a marchandage, pois o empregado

dificilmente conhecerá a real situação financeira de sua empregadora enquanto os

salários não atrasarem, e somente a partir daí poderá verificar que os depósitos do

FGTS não foram procedidos e a que a empresa já não cumpria outras obrigações há

muito tempo.

Se a integração da lide é aconselhável em decorrência dos fatos, também o é em

relação ao Direito. A conjugação dos art. 832e 880 da CLT obriga a que a tomadora

tenha integrado o processo de conhecimento, pois do contrario contra ela não

poderá ser promovida a execução.

O art. 832 determina que “da decisão deverão constar o nome das

partes, o resumo do pedido e da defesa, apreciação das, provas os

fundamentos da decisão e a respectiva conclusão”. O § 1º desse artigo

estabelece, ainda, que, em caso de concluir pela procedência do pedido, a

decisão determinará o prazo e as condições para o seu cumprimento.

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Por sua vez, o art. 880 da CLT estabelece que “o juiz ou presidente do

tribunal, requerida a execução, mandará expedir mandado de citação ao

executado, a fim de que cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e

sob as comunicações estabelecidas, ou, em se tratando de pagamento em

dinheiro, para que pague em 48 horas, garanta a execução, sob pena de

penhora”.

Além dos dispositivos legais consolidados acima expostos, encontramos

outras normas que determinam a integração da lide pela tomadora dos serviços,

inclusive por aplicações análogas. São eles: o art. 472 do Código de Processo Civil,

estabelece que “a sentença faz coisa julgada as partes entre as quais é dada,

não beneficiando, nem prejudicando terceiros”; o Enunciado 205 do TST, que

tem a orientação no sentido de que “o responsável solidário, integrante de grupo

econômico, que não participou da relação processual como reclamado, e que,

portanto, não consta no título executivo judicial como devedor, não pode ser

sujeito passivo na execução”, art. 80 do Código de Processo Civil, que confere

natureza de título executivo à sentença condenatória de co-devedores contra o

devedor principal; o parágrafo único do art. 455 da CLT; e, ainda o art. 16 da Lei

6.019, de 1974. Logo, se não houver integrado a lide não poderá ser a tomadora

obrigada a cumprir a decisão prolatada e menos ainda sofrer constrição de bens

para satisfação de crédito do trabalhador. Alias, não fosse o impeditivo legal

reintegrar a lide somente na execução, é recomendável que o faça desde o princípio,

assim poderá valer-se da garantia constitucional da ampla defesa e do devido

processo legal, oferecendo documentos e outros meios de prova necessários à

real prestação jurisdicional, até mesmo como assistente (art. 50 do CPC ).

3.2. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA

O Código Civil estabelece que “a solidariedade não se presume; resulta da

lei ou da vontade das partes”10.

Maria Helena Diniz11 conceitua obrigação solidária como sendo:

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“Aquela que, havendo multiplicidade de credores ou de

devedores, ou de uns e outros, cada credor terá direito à

totalidade da prestação, como se fosse o único credor, ou cada

devedor estará obrigado pelo debito todo, como se fosse o

único devedor”.

Prossegue esclarecendo que:

“No nosso Direito será inadmissível a solidariedade

presumida, resultando ela de lei ou de vontade das partes

(RT217/215, 485/94, 486/77 (...); Revista Jurídica 46/108; RF

97/121, 187/249 e 67/532), por importar em um agravamento

da responsabilidade dos devedores, que passarão a ser

obrigados pelo pagamento total da prestação. Os vários

credores ou vários devedores acham-se unidos ou por força de

lei ou por ato de vontade para consecução de um objetivo

comum. Se a lei não a impuser ou o contrato não se terá a

solidariedade “(RT 155/76;RF 109/465).

A responsabilidade solidária das obrigações trabalhistas pode decorrer de

estipulação entre as partes como, por exemplo, em acordo ou convenção coletiva

de trabalho; ou da própria lei, como, por exemplo, o § 2º do art. 2º da CLT; o

artigo

16 da Lei 6.019, de 1974; o art. 455 da CLT; o § 1º do art. 15 da Lei 8.036, de

1990, decorrendo daí que o Enunciado não poderia estabelecer a solidariedade

dessas obrigações, sob pena de não gerar eficácia neste ponto, por conflitar

diretamente

com norma vigente do Direito Civil.

Além das hipóteses acima, em que a lei determina expressamente a

responsabilidade solidária, também encontramos nas relações ilícitas a presença

desta determinação legal. Portanto, sempre que duas empresas praticarem atos

com o propósito de fraudar, desvirtuar ou impedir a aplicação das normas do

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Direito do Trabalho, deverão ser condenadas solidariamente nos art. 1.518 do

seu Código, a responsabilidade solidária dos responsáveis pela ofensa ou violação

do direito de outrem. Logo, em consonância com o estatuído pelo Direito Civil, o

TST, quando da edição do Enunciado 331, escorreitamente estabeleceu a

responsabilidade subsidiária nas relações de terceirização, ante o reconhecimento de

licitude dessas relações, garantindo maior eficácia da norma e o direito do tomador

de contratar terceiros para a execução de tarefas acessórias sem que incorra no

risco de assumir, sem qualquer motivo de ordem legal, a responsabilidade

pelos créditos dos empregados da contratada.

3.3. A RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA

A responsabilidade subsidiária esta contida na redação do Enunciado 331 do

TST com o objetivo de garantir a aplicação das normas do Direito do Trabalho

nas hipóteses de existência da terceirização.

Estando a tomadora presente na ação desde o seu início, será

responsabilizada pelo inadimplemento das verbas decorrentes da relação de

emprego havia entre o trabalhador e a empresa que tenha lhe prestado

serviços ligados a atividade-meio. Essa responsabilização subsidiária garantirá a

satisfação do credito do trabalhador se a empresa prestadora de serviços não for

encontrada, se possui patrimônio ou se for insuficiente. Trata-se, portanto, de

construção jurisprudencial evolutiva, que visa a “assegurar ao empregado a

liquidez de seus direitos”.

O conceito de responsabilidade subsidiária é o seguinte:

“Entende-se a que vem reforçar a responsabilidade

principal desde que não seja esta suficiente para atender aos

imperativos da obrigação assumida. É o que ocorre em relação

à responsabilidade subsidiária. E por isso é que, quando a

sociedade não tem haveres para cumprir suas obrigações,

subsidiariamente vêm os sócios cumpri-las com o produto de

seus bens particulares”.

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Amauri Mascaro Nascimento13, discorrendo sobre a sub-contratação, propõe

o argumento das formas de responsabilidade trabalhista em quatro situações

diferentes:

“A responsabilidade direta e total, a responsabilidade

subsidiária, a responsabilidade sucessiva – que se distingue

da anterior porque é secundária, enquanto a primeira é

alternativa – e a inexistência de responsabilidade”.

Assim, aproveitando o inicio da lição, poder-se-á dizer que a responsabilidade em

total e direta – para as hipóteses de existência de dois ou mais devedores responsáveis

individualmente pela totalidade da divida e com direito de regresso contra os demais;

subsidiária, para as hipóteses em que se esgotaram os meios de obter a satisfação do

crédito por conta do devedor principal, passando a responder o devedor subsidiário; e

ausência de responsabilidade – para as hipóteses em que não é possível imputar

qualquer responsabilidade, por ausência de nexo entre o dano e o fato

praticado ou por existência de excludente.

Portanto, é importante que o Direito regulamente a responsabilidade da

tomadora de serviços na terceirização, como também para outras hipóteses de

interposição de empresas, até mesmo para aquelas ilícitas, pois assim atenderá aos

princípios de Direito do Trabalho, protegendo o hipossuficiente e criando

obstáculos para a tentativa de fraudar direitos trabalhistas consagrados.

3.4. A RESPONSABILIDADE DO TOMADOR DE SERVIÇOS, INCLUSIVE

PREVIDENCIÁRIA E FISCAL

A terceirização dos serviços, em que pese as suas reconhecidas vantagens,

pode trazer para os obreiros grandes prejuízos quando são eles contratados por

firmas inidôneas, sem qualquer estrutura financeira, interessadas que estão, tão

somente, no lucro fácil obtido como o contrato celebrado com o cliente.

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O trabalhador não poderá ser prejudicado pela inadimplência do seu

empregador. Comprometida financeiramente está a prestadora de serviços,

cabendo tão somente a tomadora efetuar o pagamento das verbas devidas ao

trabalhador em relação ao período em que este se beneficiou do seu labor.

Não se trata de reconhecimento de vínculo empregatício uma vez, que o

artigo 9º, da CLT, dispõe que somente será reconhecido o vínculo empregatício

quando evidenciada a fraude à lei que trata do trabalho temporário. Fora dessa

hipótese, é inegável que o verdadeiro empregador do trabalhador é a empresa de

trabalho temporário; o cliente ou tomador de serviços continua exercendo o seu

primitivo papel de mero locador de trabalho. O que se verifica é, contudo, a

necessidade de punir aquele beneficiado com o trabalho pelo fato de ter ele

contratado com empresa sem a exigida credibilidade.

Quanto a responsabilidade previdenciária, esta está prevista na Lei 8.212,

de 1991:

“Art.31. O contratante de quaisquer serviços executados

mediante cessão de mão-de obra, inclusive em regime de

trabalho temporário, responde solidariamente com o executor

pelas obrigações decorrentes desta Lei, em relação aos

serviços a ele prestados, exceto quanto ao disposto no art. 23.

§ 1º. Fica ressalvado o direito regressivo do contratante

contra o executor e admitida a retenção de importâncias a este

devidas para a garantia do cumprimento das obrigações desta

Lei, na forma estabelecida em regulamento.

§ 2º. Entende-se como cessão de mão-de-obra a

colocação, à disposição do contratante, em suas dependências

ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços

contínuos relacionados diretamente com as atividades normais

da empresa, tais como construção civil, limpeza e conservação,

manutenção, vigilância e outros, independentemente da

natureza e da forma de contratação.

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§ 3º . A responsabilidade solidária de que trata este artigo

somente será elidida se for comprovada pelo executor o

reconhecimento prévio das contribuições incidentes sobre a

remuneração dos segurados incluída em nota fiscal ou fatura

correspondente aos serviços executados, quando da quitação

da referida nota fiscal ou fatura.

§ 4º . Para efeito do parágrafo anterior, o cedente de mao-

de-obra deverá elaborar folhas de pagamento e guias de

recolhimento distintas para cada empresa tomadora de

serviços, esta exigir do executor, quando da quitação da nota

fiscal ou fatura, cópia autenticada da guia de recolhimento

quitada e respectivamente folha de pagamento”.

Por força do dispositivo legal acima coligido, está patente que a tomadora é

responsável solidariamente pelas contribuições previdenciárias oriundas do

trabalho terceirizado. Assim, compete às tomadoras proceder a rígida fiscalização

das empresas por elas contratadas, sob pena de amargarem prejuízos

extremamente elevados por se valerem, de empresas inidôneas.

No que concerne a esta responsabilidade é necessário fazer menção à

Emenda Constitucional 20, de 15.12.1998, que acrescentando o § 3º ao art. 114

da Constituição Federal, fixou a competência da Justiça do Trabalho para executar,

de oficio, as contribuições sociais previstas no art. 195, I, “a” , e II, decorrentes

das sentenças que proferir.

Neste sentido encontramos o dispositivo no art. 128 do Código Tributário

Nacional, que confere a possibilidade de atribuição da “responsabilidade pelo

crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva

obrigação excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este

em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.”

Portanto, é imperativo que a terceirização seja lícita e que as normas legais

aplicáveis tanto à relação de emprego quanto aos encargos decorrentes sejam

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controladas, a fim de evitar que a tomadora seja responsabilizada por débitos da

prestadora de serviços.

3.5. COMENTÁRIOS AO ENUNCIADO 331

O Tribunal Superior do Trabalho editou, no ano de 1993, revisando o

anterior verbete 256, o Enunciado de Súmula nº 331, nos seguintes termos:

“Contrato de prestação de serviços-legalidade-revisão do

Enunciado n.256”.

I- A contratação de trabalhadores por empresas

interpostas é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o

tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário

(Lei n. 6.019, de 3.1.74);

II- A contratação irregular de trabalhador, através de

empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os

órgãos da administração Pública Direta, Indireta ou

Fundacional (art.37,II, da Constituição da República);

III- Não forma vínculo de emprego com o tomador a

contratação de serviços de vigilância (Lei n. 7.102, de 20.6.83),

de conservação e limpeza, bem como a de serviços

especializados ligados a atividade-meio do tomador,desde que

inexistente a pessoalidade e a subordinação direta;

IV- O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por

parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do

tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que

este tenha participado da relação processual e conste também

do título executivo judicial”.

Como visto, aquele tribunal declarou a licitude da contratação temporária de

serviços de vigilância, conservação e limpeza. Mais ainda isentou os tomadores de

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serviços do vínculo de emprego com os empregados, desde que as atividades

por eles exercidas fossem relativas a atividade-meio da empresa.

Dessa maneira, a terceirização tornou-se mais abrangente, passando a ser

aceita, ainda que não estritamente na hipótese da lei 6.019/74, que apenas

permite a contratação de trabalho temporário em duas hipóteses: substituição

temporária de pessoal permanente da tomadora e em função de aumento

extraordinário e momentâneo de seus serviços.

O entendimento delineado no Enunciado 331 autoriza o trabalho

temporário, sem formação de vínculo com o tomador, em qualquer ramo de

atividade, desde que observadas três condições: 1) a atividade desenvolvida pelos

trabalhadores cedidos pela locatária deve estar dissociada da atividade-fim do

cliente, ou seja, é preciso que os serviços em questão estejam afastados do núcleo

da empresa, de sua própria essência; 2) não deve haver pessoalidade; e 3) não

deve haver subordinação.

Quanto à pessoalidade, o problema pode ser facilmente resolvido. Com a

repetição ou renovação do contrato de prestação de serviços de natureza civil,

celebrado entre tomador e prestador de serviços, não poderá aquele exigir deste a

colocação especificada e continuada de um determinado trabalhador

(empregado).

Em relação à subordinação, a questão é mais delicada. É que, embora sendo

empregado da prestadora de serviços, o trabalhador recebe ordens do cliente,

restando impossível a total ausência do elemento subordinação.

O que, no entanto, quis dizer o Enunciado foi que a subordinação não se

transfere, ou se desloca plenamente para o terceiro, locador da mão-de obra,

remanescendo de grande parte nos limites do “jus variandi” da prestadora de

serviços. Satisfeitos, então, esses requisitos, a terceirização é plenamente válida, não

havendo que se falar em relação de emprego entre aquele que presta o trabalho

e aquele que dele se beneficia.

É oportuno frisar, nas palavras de Sérgio Pinto Martins14 que “a atividade-fim

é aquela em que a empresa concentra seu mister, isto é, em que é

especializada”.

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O item I do Enunciado, visando reafirmar o espírito da lei 6.019/74,

vedou a contratação de trabalhadores por empresas interpostas, excetuando

justamente os casos de trabalho temporário previstos nesse texto legal.

O que se visou coibir foi à fraude aos dispositivos contidos na Consolidação

das Leis Trabalhistas, em prejuízo do trabalho, evitando-se, para tanto, que

verdadeiras relações de emprego fossem contratados sob o disfarce da

terceirização.

Cumpre ainda mencionar que, conforme se verifica o último item do

Enunciado nº 331, que o tomador dos serviços, desde que tenha sido parte no

processo de conhecimento e conste do título judicial, é subsidiariamente

responsável pelas obrigações trabalhistas do fornecedor, quando este não as

cumpre. Portanto, percebe-se de logo que, o que neste item se verifica é medida

de elevado alcance social.

Nos casos em que empresas prestadoras de serviços encerram atividades

irregularmente, deixando de satisfazer as obrigações trabalhistas do período de

encerramento para com seus empregados, contam-se anualmente aos

milhares, atravancando a Justiça do Trabalho e o que é pior, quase sempre sem

resultado prático, resultando infrutífera a execução movida após a obtenção de

sentença favorável. É que esse tipo de empresa normalmente demanda capital

insignificante para sua formação, não tendo patrimônio próprio nem sendo

indispensável que seus sócios o tenha. A experiência tem mostrado que se tratam

de empresas instaladas em imóvel alugado, com telefones alugados, e que

como patrimônio têm quando muito alguns móveis e máquinas de pequeno valor; e

os sócios que se conseguem identificar - porque decerto há testas-de-ferro

em bom número delas – são de pobreza franciscana. Essas empresas

chegam a ter algumas vezes mais de quinhentos empregados, sem patrimônio

algum que os garanta. Contudo, o Enunciado protege os empregados desses

maus intencionados empresários e faz da terceirização um instituto de suma

importância para o universo jurídico bem como para a sociedade propriamente

dita. É clara a disposição do Código Civil, no sentido de que a responsabilidade não

se presume, resultado da lei ou da vontade das partes. Se nenhuma lei

estabelece essa responsabilidade solidária do tomador dos serviços, e se inexistir

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cláusula que a estabeleça no contrato correspondente, qual a origem da

“responsabilidade subsidiaria” mencionada no enunciado? A vontade do juiz?

O seu conceito de justiça social? Mas então não é necessária uma Constituição, nem é

necessário um Congresso para legislar. Bastam os juizes, e seu superior

entendimento.

É mister mencionar finalmente que, por força do contido no inciso II do art.

37 da Constituição Federal, alterado pela Emenda Constitucional 19, de 1988,

o vínculo de emprego com o Estado somente se estabelece após o

preenchimento dos requisitos estabelecidos em Lei e a aprovação em concurso

público.

Dispõe o indigitado inciso que “a investidura em cargo ou emprego público

depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou e provas e

títulos, de acordo com a natureza e complexidade do cargo ou emprego, na

forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão

declarado em lei de livre nomeação e exoneração”.

Assim, atendendo aos princípios de legalidade, impessoalidade,

moralidade, publicidade e eficiência, inerentes ao Ente Público, não se pode

desrespeitar desrespeitar a norma constitucional para estabelecer vínculo

empregatício entre o trabalhador de empresa prestadora de serviço e o Estado.

O enunciado autoriza a Administração Pública contratar terceiros, e por isso o

Enunciado foi recepcionado pela Lei 8.666/93, que regulamentou o inciso XXI

do art. 37 da Constituição Federal, evidenciando a admissão perfeita de terceirização

no âmbito da Administração Pública, a norma consolidada não tem o condão de

sobrepor-se à norma constitucional.

CAPÍTULO IV

A TERCEIRIZAÇÃO DIANTE DAS COOPERATIVAS E A TERCEIRIZAÇÃO

DIANTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

4.1. A COOPERATIVA VISTA COMO FORMA DE TERCEIRIZAÇÃO

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Na interpretação do Código Comercial ou Civil, têm o tomador e locador como

empresas Mercantis ou Civis a mesma Estrutura Jurídica, cujo texto do Código

Civil transcreve-se: “Celebram contrato de sociedade as pessoas que

mutuamente se obrigam a combinar esforços ou recursos, para lograr fins

comuns”. (art. 705 ).

Fins comuns em uma sociedade, nos termos do contido na legislação

brasileira, é a obtenção do lucro, objetivo maior do empreendimento em que se

associam as pessoas em sociedade comercial ou civil, contrariando, as

sociedades em Cooperativas, reguladas em sua formação pelo disposto na Lei

5.764, de 16/12/71, que tem como fundamento o preceito no artigo 3º, cujo texto

transcreve-se: “Celebram contrato de sociedade as pessoas que

reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício

de atividade econômica de proveito comum, sem objetivo de lucro”.

Vê-se, pois, que na perspectiva de lucro é que a grande diferença entre as

pessoas jurídicas envolvidas no negócio.

Discabível a visão dada às cooperativas como forma de terceirização, o

tomador e locador, existem e promovem seus esforços, concentra-se no objetivo

maior do negócio que se lhes é permitidos para que atinja seu fim comum, o

lucro.

Não há o que duvidar as cooperativas é uma das alternativas para quem

pretende contratar mão-de-obra de terceiros, é sem dúvida um grande negócio uma

vez que está descartada o vínculo empregatício entre cooperativa e seus

associados, entre os associados e os tomadores de serviços da cooperativa,

prevista na lei que o texto transcreve-se: “qualquer que seja o ramo de

atividade da sociedade cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e

seus associados, nem entre estes e os tomadores de serviços daquela” (Lei nº

8.949/94).

Ressalva-se, no entanto, que poderá surgir problemas trabalhistas e

entender o poder Judiciário como uma manobra, um convite à fraude trabalhista,

a qual poderá trazer ao contrário do que se pretende, um passivo trabalhista e

desconforto perante a fiscalização.

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4.2. A TERCEIRIZAÇÃO E O ORGÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Muito se tem discutido, no que se refere à responsabilidade pelos débitos

trabalhistas decorrentes do contrato de trabalho, quando a Administração Pública

terceiriza serviços e a prestadora desses serviços não tem idoneidade financeira.

Duas são as correntes de seguidores. A primeira corrente defende a tese

de que a responsabilidade da Administração Pública e subsidiária, quando

inadimplente a empresa que com ela contratou, a outra corrente segue a tese

de caminho oposto, ou seja, que não há responsabilidade da Administração Pública.

Nem mesmo a edição do enunciado 331 foi suficiente para pôr fim às dúvidas

existentes, uma vez que este enunciado somente trata dos entes públicos em

seu item II, dispondo a respeito da impossibilidade de formação de vínculo de

emprego, em sendo constatada “contratação irregular de trabalhador através

de empresa interposta”. Vê-se, então, que não se tratou da questão da

responsabilidade.

A controvérsia gira em torno dos artigos 37 inciso II e parágrafo 6º, da

Constituição Federal, e artigo 71, parágrafo 1º, da Lei nº 8.666/93.

O legislador constituinte estabeleceu, como regra a ser observada em

todas as contratações feitas por órgãos públicos, a realização de prévio concurso público,

objetivando estabelecer critérios de qualidade e, conseqüentemente, evitar o mau

uso dos recursos públicos. É certo também que a realização de prévio certame público

atende diretamente aos princípios da impessoalidade, moralidade, legalidade e

publicidade, que, como sabido, norteiam os atos da Administração Pública.

Os que são contrário á responsabilização subsidiária de ente público invocam

também o artigo 37 inciso II, da Carta Magna como fundamento. Afirmam que a

intenção do constituinte não pode ser esquecida, não sendo admissível o dispêndio

de recursos com mão-de-obra, a menos que observado o comando

constitucional.

Há ainda o disposto no parágrafo 1º do artigo 71 da lei 8666/93, cujo texto

prescreve-se:

“A inadimplência do contrato, com referencia aos

encargos estabelecidos neste artigo (comerciais, trabalhistas e

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fiscais), não transfere à Administração Pública a

responsabilidade por seu pagamento”.

Como visto, este dispositivo legal isenta a Administração Pública, enquanto

tomadora de serviços, de qualquer responsabilidade perante o empregado,

quando o verdadeiro empregador, o prestador de trabalho temporário inadimple

com suas obrigações.

O fundamento desta norma é o de que o órgão público, beneficiado com o

labor, observou os ditames legais quando procedeu à necessária licitação, não

podendo, ser penalizado posteriormente por culpa alheia.

Não podemos, não obstante as considerações acima, concordar com esse

posicionamento. Para tanto, invocamos a norma inserida no artigo 37, parágrafo

6º, da Carta Magna em vigor, na qual se prevê a responsabilidade objetiva do

Estado, em relação a terceiros prejudicados, resguardando-se às pessoas jurídicas

de direito público e as de direito privado, desde que prestadoras de serviços

públicos, o direito à ação regressiva contra o responsável pelos danos.

Vê-se, pois, é que o artigo mencionado, enquanto norma constitucional,

sobrepõe-se ao disposto na lei 8.666/93, e, sendo as disposições referidas

conflitantes, torna-se inaplicável o artigo 71 desta lei.

A regra constitucional deve nortear os julgadores, operadores do direito, a

fim de que a Administração Pública restitua os prejuízos sofridos pelo terceiro

prejudicado, no caso, o laborista.

Ademais a culpa nesse caso é presumida, sendo vista sob dois aspectos:

culpa “in elegendo” (eleger) e culpa “in vigilando”, (vigiar) dizendo respeito á

primeira o erro no procedimento licitatório, culminando com a contratação de uma

empresa inidônea economicamente. A segunda uma vez que cabe ao ente

público fiscalizar a execução do pacto por parte da empresa contratada.

A culpa da Administração Pública é perfeitamente admissível nas palavras de

Diógenes Gasparin:

“Durante a vigência do contrato, cabe à Administração Pública

acompanhar sua execução, isto é, velar para que o contratante particular

observe ou realize tudo o que foi pactuado”.

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CONCLUSÃO

Como vimos, a terceirização surgiu da necessidade de as empresas

despenderem suas atenções para as atividades-fim. Essa recente modalidade de

administração empresarial trouxe novas situações para o Direito do Trabalho,

exigindo do Poder Judiciário especial atenção no campo do Direito.

Num primeiro momento, o que foi concedido para melhorar o

desempenho da empresa foi visto como uma forma de fraudar direitos

consagrados pelas leis do trabalho. Porém, a presunção deverá ser sempre no

sentido de entender a realidade fática pelo seu propósito de melhorar, e jamais de

desvirtuar, as relações entre capital e trabalho.

A terceirização, apesar das diversas críticas sofridas, incorporou-se ao âmbito

das relações empresarias e, por conseqüência, às relações de emprego. Trata-se de

realidade mundial e face ao processo de globalização no qual o Brasil também se

insere, não podemos fechar os olhos frente a essa nova concepção de relação

contratual que se apresenta. Especialmente porque o cotidiano das relações

sociais já consagrou tal modelo, presente nos diversos setores da economia e

ganhando espaço cada vez maior.

Tem origem de longa data – uma vez que o art. 455 da CLT já autorizava a

interposição de empresas na execução de atividades, porém aprimorou-se

definitivamente na última década, ocasião em que forçou a revisão do Enunciado 256

pelo Enunciado 331,ambos do TST.

Incorporada como está à economia nacional, a dificuldade de combatê-la é

maior do que a de regulamentá-la com regras que possibilitem sua adaptação às

necessidades de criação de empregos. Não há como se negar que é mais benéfica

que a colocação de trabalhadores na informalidade.

Diante da globalização da economia, cada vez mais se impõe o

aprimoramento das técnicas produtivas. Compete aos instrumentadores do

Direito atentar para a formação de normas justas, válidas e eficazes, no sentido de

fazê-las acompanhar essas mudanças.

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A terceirização visa à sobrevivência da empresa, à geração de empregos, ao

desenvolvimento econômico etc., o que beneficia a coletividade a que pertence

o trabalhador, que em princípio parecia desprotegido.

Portanto, a terceirização, antes fortemente combatida, por força do

Enunciado 331 do Egrégio TST, das disposições legais esparsas e assemelhadas

a das normas infra-legais que dão origem à sua regulamentação, acaba por firma-se

definitivamente no cenário jurídico-econômico nacional, cabendo exclusivamente

ao Poder Legislativo proceder à sua regulamentação lógica, a fim de que fielmente

cumpra os seus fins.

Quanto a terceirização com a Administração Pública, é notório que esta deve

responder subsidiariamente por débitos trabalhistas da empresa que lhe

forneceu mão-de-obra, tendo em vista a inconstitucionalidade da lei ordinária

8.666/93, cujo art. 71, parágrafo 1º, isenta o órgão público dessa responsabilidade.

O fundamento desse entendimento é a responsabilidade objetiva do

Estado. Adotada pelo texto constitucional em seu artigo 37 parágrafo 6º, em razão

porque presumíveis a culpa “in elegendo” e “in vigilando” da Administração Pública.

A aplicação do item IV, do enunciado 331 do TST, a todos,

indiscutivelmente, seja os tomadores de serviço pessoa física ou jurídica, de

direito público ou privado, ou ainda, de direito público se em atividades próprias do

Poder Público.

Cumpre aduzir que, embora entende-se que o Legislativo tenha uma

atuação mais efetiva, igualmente se reconhece que em situações nas quais o Poder

Legislativo deixa a desejar, o Judiciário exerce a função heróica e “salvador da

pátria”, vez que mesmo em situações nas quais se verifique lacunas na Lei, o

mesmo cumpre com toda dignidade seu papel, pois não se isenta de julgar e

tomar posição quanto ao litígio.

Urge ressaltar por derradeiro, que, sendo a terceirização ilícita, ilegítima, com

dolo, e por conseqüência, prejudicial ao hipossuficiente, pela sua menor força

social e pela protetividade originária do Direito do Trabalho, nada mais justo que

o empregador causador do dano deva por isso ser penalizado, mesmo porque

usufruiu da força de trabalho e ao contratar assumiu de forma concreta, não pode

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ocorrer terceirização através das cooperativas. Pois, as sociedades civis ou

comerciais têm finalidade diversa na sociedade cooperativa.

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