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FACULDADE MERIDIONAL/IMED ESPECIALIZAÇÃO EM IMPLANTODONTIA André Luiz de Souza USO DE BARREIRA DE POLIPROPILENO (BONE HEAL)- Relato de cinco casos clínicos Belo Horizonte MG 2015

André Luiz de Souza USO DE BARREIRA DE POLIPROPILENO … · Os resultados de neoformação óssea em aproximadamente 3 a 4 meses acelera o período para o uso de implantes, podendo,

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FACULDADE MERIDIONAL/IMED

ESPECIALIZAÇÃO EM IMPLANTODONTIA

André Luiz de Souza

USO DE BARREIRA DE POLIPROPILENO (BONE HEAL)-

Relato de cinco casos clínicos

Belo Horizonte –MG

2015

ANDRÉ LUIZ DE SOUZA

USO DA BARREIRA DE POLIPROPILENO (BONE HEAL) -

Relato de cinco casos clínicos

Monografia apresentada à Faculdade

Meridional/IMED, como parte dos requisitos

do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu -

Especialização em Implantodontia, para

obtenção do título de especialista.

Orientador: Prof. Dr. José Bernardes das Neves

Belo Horizonte –MG

2015

ANDRÉ LUIZ DE SOUZA

USO DA BARREIRA DE POLIPROPILENO (BONE HEAL) -

Relato de cinco casos clínicos

Monografia apresentada à Faculdade

Meridional/IMED, como parte dos requisitos

do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu -

Especialização em Implantodontia, para

obtenção do título de especialista.

Aprovado em 10 de agosto de 2015.

Banca Examinadora

Prof. Dr. José Bernardes das Neves (Orientador)

_______________________________________________________________

Prof. Dr. Ronaldo Mendes Assis Lucena

_______________________________________________________________

Prof. Dra. Carolina Marques Borges

Dedico este trabalho a todos os pacientes,

que diariamente nos confiam seus sorrisos.

AGRADECIMENTOS

A Deus-Pai e aos meus anjos guardiões, que guiam, intuem e protegem a mim

e aos que me são caros.

Aos meus filhos, Luiz Paulo, Leticia e Bianca e minha esposa Miria, vocês são

meu Porto Seguro, aos quais emano meu mais sincero amor.

Aos meus pais, Tony e Conceição, alicerces da minha personalidade, bases do

meu saber, exemplos para minha vida. Impossível agradecê-los à altura.

Aos meus irmãos Tânia e Marcos Paulo, sei que sempre pude contar com o

amor e preocupação de vocês (é reciproco).

À Eni e Maria, obrigado pela dedicação e respeito nestes muitos anos, seria

muito mais difícil trabalhar sem vocês.

Madá, Soninha, Eliane e Lúcio, obrigado por cuidarem dos meus entes

queridos, principalmente quando me ausento.

Aos colegas e companheiros de curso. A interação, colaboração e troca mútuas

foram fundamentais nestes dois anos. O curso acaba, a amizade continua.

Às funcionárias da Clínica JBN pela paciência e colaboração.

A todos os professores que nos brindaram abnegadamente com seus

conhecimentos.

Em especial ao Dr. José Bernardes. Fazer seu curso foi para mim mais um

antigo sonho realizado. O seu compromisso com a odontologia científica, afinidade

absoluta com a prática clínica, e prazer em reproduzir seus conhecimentos aos que

estejam interessados, justificam minha admiração, respeito e gratidão.

Ao Dr. Munir Salomão, que, entre outras coisas, presenteou-nos e aos nossos

pacientes com a sua pesquisa e concepção da Bone-Heal, hoje objeto deste trabalho.

Enfim, a todos que em algum momento colaboram nesta jornada.

SOUZA, A. L. Uso da barreira de polipropileno (Bone Heal)- relato de cinco casos

clínicos. Belo Horizonte (MG) 2015. 46f.Monografia (Curso de Pós-graduação Lato

Sensu-Especialização em lmplantodontia) - Faculdade Meridional/lMED.

RESUMO

O tecido ósseo é um tecido conjuntivo composto de uma parte mineral (65%),

outra orgânica (20 %) e água (15%), e tem as funções de locomoção, suporte e proteção, bem como importante reserva de minerais.

Continuamente, como processos fisiológicos ou patológicos, ocorrem reabsorção e remodelação ósseas numa dinâmica equilibrada entre ação osteoblástica e osteoclástica.

Este processo também ocorre após a extração dentária, provocando a reabsorção do alvéolo, principalmente nos primeiros meses pós exodontia, piorando o prognóstico funcional e estético das reabilitações, principalmente com implantes.

Com o objetivo de minorar ou eliminar os efeitos da reabsorção alveolar, vários materiais e técnicas de preservação e reconstituição ósseas foram e são utilizadas, como os enxertos e uso de membranas/barreiras.

Dentre as membranas/barreiras para Regeneração Óssea Guiada (ROG), a de Polipropileno (Bone Heal) tem apresentado facilidade de uso e bons resultados de manutenção ou mesmo aumento ósseo e de gengiva ceratinizada, utilizando apenas o coágulo sanguíneo como material de preenchimento do alvéolo.

Neste trabalho apresentamos relatos de cinco casos clínicos com uso desta barreira em algumas de suas indicações. Palavras-chave: lmplantodontia.Membranas. Bone-Heal.

SOUZA, A.L. Use of polypropylene barrier (Bone Heal) - report of five clinical

cases. Belo Horizonte (MG) 2015. 46f.Monografia (Curso de Pós-Graduação Lato-

Sensu-Especialização em lmplantodontia)–Faculdade Meridional/IMED.

ABSTRACT

The bone tissue is a tissue composed of an inorganic part (65%), other organic

(20%) and water (15%), and has the functions of locomotion, support and protection,

as well as important mineral reserve.

Continuously, as physiological or pathological processes occur resorption and

bone remodeling a balanced dynamic between osteoblastic and osteoclastic action.

This process also occurs after a tooth extraction, causing the resorption of the

socket, especially in the first months after extraction, worsening the functional and

aesthetic prognosis of rehabilitation, especially with implants.

In order to reduce or eliminate the effects of cellular resorption, various materials

and techniques for bone preservation and reconstitution have been and are used as

grafts and use of membranes / barriers.

Among the membranes / barriers for guided bone regeneration (GBR), the

polypropylene (Bone Heal) has shown ease of use and good results, maintenance or

even increasing bone and keratinized gum, using only the blood clot as socket filling

material.

We present five case reports with use of this barrier in some of his statements.

Keywords: lmplantology.Membranes. Bone-Heal.

SUMÁRIO

1 Introdução...............................................................................................................08

2 Proposição..............................................................................................................10

3 Revisão da Literatura..............................................................................................11

3.1 Aspecto macroscópico e microscópico do osso.............................................11

3.2 Componentes básicos do tecido ósseo..........................................................12

3.2.1 Células.....................................................................................................12

3.2.2 Matriz óssea............................................................................................13

3.3 Remodelação óssea.......................................................................................13

3.4 Enxertos ósseos.............................................................................................15

3.5 Regeneração óssea guiada............................................................................15

3.6 Membranas.....................................................................................................16

4 Relatos de casos.....................................................................................................22

5 Discussão................................................................................................................37

6 Conclusão................................................................................................................42

7 Referências..............................................................................................................43

08

1 INTRODUÇÃO

O tecido ósseo está em constante remodelação, seja fisiológica ou por um

processo de reparo de injúria/trauma e mesmo em estados patológicos (JUNQUEIRA

e CARNEIRO, 2004; KATCHBURIAN e CERRI,2002).

Este processo também acomete os alvéolos dentais, e quando ocorre a perda

do elemento dentário, inicia os fenômenos de reabsorção óssea e reparo da ferida

cirúrgica, acarretando quase que sempre em redução volumétrica do processo

alveolar em altura e espessura, principalmente nos primeiros meses após extração

(AMLER, 1969; ARAÚJO e LINDHE,2005).

A diminuição do volume ósseo na área da extração muitas vezes dificulta ou

impede a reabilitação funcional e estética adequadas (ATWOOD,1971; SEIBERT e

SALAMA, 1996).

Muitos estudos foram e são realizados na busca de soluções que melhorem

este quadro, seja impedindo/diminuindo a perda óssea, seja reparando/minorando

seus efeitos ( ARAÚJO e LINDHE, 2005; NYMAN,1982; DAHLIN, 1988; BUSER et al,

1990).

A princípio os enxertos ósseos parecem a solução, mas para defeitos muitos

extensos a disponibilidade da área doadora intra bucal é Iimitada, e áreas doadoras

extra bucais implicam em procedimentos de maior morbidade , menor previsibilidade

e maiores custos.

Surgiram os biomateriais, como substitutos ou em associação com osso

autógeno, aumentando as possibilidades de aplicação da técnica (NEVES, 2001;

ZEPPINI,2014).

Mas os enxertos devem ser estabilizados, protegidos (cobertos) pelo periósteo

intacto ou por uma membrana ou barreira e estas, por sua vez devem ser cobertas

com suturas de primeira intenção ( SALOMÃO e SIQUEIRA, 2010).

Com o advento das membranas surge o conceito de Regeneração Tecidual

Guiada (RTG) na busca de reparo de perdas dos tecidos de suporte associadas a

dentes e que foi aplicado à Regeneração Óssea Guiada (ROG).

09

Como base da ROG é fundamental a presença do coágulo sanguíneo,

preservação de osteoblastos vivos e contato do coágulo com tecido ósseo vivo, bem

como os tecidos não osteogênicos devem ser isolados da área a ser regenerada por

meio de uma barreira física, podendo ser uma membrana absorvível, como as de

colágeno ou não absorvível, como as de e-PTFE (Politetrafluoretileno expandido).

(NYMAN, 1982; DAHLIN, 1988; BUSER, 1990; SALOMÃO e SIQUEIRA, 2010)

As membranas absorvíveis apresentam o inconveniente de serem degradadas

em pouco tempo, às vezes menor que o mínimo necessário, e necessitarem de total

recobrimento por tecido gengival, o que também se aplica às não absorvíveis, que

embora não apresentam degradação, se expostas ao meio bucal podem se

contaminar e comprometer a ROG (HÄMMERLE, 2003; LEKOVIC, 1998)

O uso de membranas melhora as técnicas de regeneração óssea, mas a

necessidade de cirurgias mais amplas de debridamento e deslocamento da gengiva e

mucosa para recobrimento, obrigatoriedade de materiais para preenchimento do

defeito ósseo, a degradação precoce das membranas absorvíveis e a necessidade de

segunda intervenção cirúrgica para remoção das não absorvíveis dificultam as

técnicas (SALOMÃO e SIQUEIRA, 2009, 2010; ZEPINNI, 2014).

Na busca de se evitar os inconvenientes acima, foi desenvolvida a barreira de

d-PTFE (Politetrafluoretileno denso), que, por impedir a invasão microbiana e de

tecidos competitivos na área enxertada, possibilidade de ficar exposta ao meio bucal

e usar ou não material de preenchimento, devendo ser removido após 21 a 28 dias,

sem que haja necessidade de uma cirurgia apenas para isto, visto que está exposta

(FERREIRA, STUTZ e BARBOZA,2010; BARTEE; 2011)

O professor brasileiro Munir Salomão desenvolveu uma barreira de

Polipropileno (Bone Heal), totalmente impermeável e com propriedades que lhe

conferem relativa facilidade de uso com boa adaptabilidade, sustentação dos tecidos

sem necessidade de dispositivos de fixação, devendo ficar exposta, enfim, as várias

características apresentadas pela membrana de d-PTFE e podendo ser removida em

apenas 7 a 14 dias. Os resultados de neoformação óssea em aproximadamente 3 a 4

meses acelera o período para o uso de implantes, podendo, inclusive, ser a extração,

o implante e a ROG simultâneos.

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2 PROPOSIÇÃO

O objetivo deste trabalho é apresentar relatos de cinco casos clínicos de uso de

barreiras de polipropileno (Bone Heal) na Regeneração Óssea Guiada.

11

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Aspecto macroscópico e microscópico do osso

O tecido ósseo tem a função básica de suporte, proteção e locomoção e é

controlado por fatores sistêmicos, como os hormônios, e Iocais, como os fatores de

crescimento e citocinas (KATCHBURIAN,2004).

Avaliando a composição óssea, podemos concluir que são também um

reservatório importante de sais minerais (ANDIA, CERRI, SPOLIDORIO, 2006).

Macroscopicamente, pode mostrar-se com uma rede de trabéculas e espaços

comunicantes que abrigam a medula óssea (osso esponjoso), ou compacto, na

periferia do osso (cortical óssea). É revestido internamente pelo endósteo e

externamente pelo periósteo, muito importante para integridade do osso (JUNQUEIRA

e CARNEIRO, 2004).

Microscopicamente pode ser classificado em primário (imaturo) apresentando

disposição não organizada das fibras colágenas e menos hidroxiapatita, presente em

fetos, calos ósseos, osteomielites e tumores ósseos, ou secundário (maduro) com

fibras colágenas dispostas em lamelas paralelas ou concêntricas em torno dos canais

Harversianos, formando osso esponjoso ou compacto.

Sobre a superfície óssea deposita-se uma camada de matriz (osteóide) não

mineralizada e com grande quantidade de fibras colágenas tipo I produzidas pelos

osteoblastos (ANDIA,CERRl,SPOLlDORIO,2006).

O tecido ósseo é um tecido conjuntivo, composto de uma parte mineral e outra

orgânica, sendo esta distribuição de 20% de matriz orgânica, 65% componente

mineral e 15% de água. A matriz orgânica é composta por proteínas colágenas e não

colágenas, sendo uma variação de 85% a 90% de colágeno tipo I, 5% de colágeno

tipo ll e 10% de moléculas não colágenas.

As proteínas não colágenas presentes são proteoglicanas e glicoproteínas

(osteonectina , osteopontina, fibronectina, trombospontina e osteoclacina).

A matriz orgânica apresenta também citocinas, fatores de crescimento e

proteínas ósseas morfogenéticas (BMPs).

12

As BMPS ativam a expressão do gene cbfa1 nas células osteoprogenitoras,

promovendo a diferenciação dos osteoblastos e assim a neoformação óssea

(KATCHBURIAN; CERRI, 2002).

3.2 Componentes básicos do tecido ósseo

São dois, basicamente: Células e matriz orgânica, e sobre ela se depositam

os componentes inorgânicos.

3.2.1 Células

Os tipos celulares que participam da formação e manutenção óssea são

osteoblastos, células de revestimento ósseo e osteócitos, enquanto os osteoclastos

estão relacionados a reabsorção óssea.

Os osteoblastos são células de origem mesenquimal, mononucleadas, com

núcleo esférico que formam uma camada continua sobre a superfície óssea que está

sendo formada( osteóide).São responsáveis pela produção da matriz orgânica do

osso que possui diversas proteínas que interagem entre si e formam um arcabouço

que permite a deposição de sais minerais e consequente mineralização (ANDIA;

CERRI; SPOLIDORIO, 2006)- Na superfície dos osteoblastos brotam vesículas que

se desprendem e interiorizam na matriz orgânica óssea .Estas vesículas aumentam a

concentração de íons cálcio em seu interior e quando se rompem a mineralização se

espalha pela matriz.

Fatores sistêmicos e locais controlam a proliferação, atividade e sobrevivência

dos osteoblastos, e a apoptose (mecanismo de morte celular) destes é importante

para regular o crescimento ósseo.

As células de revestimento ósseo são os osteoblastos que recobrem a

superfície óssea quiescente (pouco ativa), e formam uma camada contínua de células

interconectadas, que regula a concentração plasmática de cálcio, sendo considerada

o sítio primário de troca iônica entre o sangue e o osso adulto.

Os osteócitos são osteoblastos que ao secretarem a matriz ficam presos nela.

13

É o mais abundante tipo celular no tecido ósseo, e seus prolongamentos

citoplasmáticos situados nos canalículos ósseos permitem a comunicação dos

osteócitos da superfície com outros mais profundos no osso e mantendo a vitalidade

da matriz óssea, pois a apoptose dos osteócitos atrai e estimula a ação dos

osteoclastos, sendo essencial à remodelação.

Os osteoclastos são células gigantes, multinucleadas, resultantes da fusão de

células mononucleadas, e são responsáveis pela reabsorção óssea, formando

escavações (lacunas de Howship) onde ocorre a ação de enzimas proteolíticas,

acidificando o meio e promovendo a desmineralização da matriz óssea (ANDIA,

CERRI, SPOLIDORIO, 2006).

3.2.2 Matriz óssea

A matriz orgânica é formada de colágeno, principalmente tipo I, proteoglicanas

e glicoproteínas adesivas, e a inorgânica por íons fosfato e cálcio, principalmente.

A união do fosfato com o cálcio forma cristais com a hidroxiapatita que,

associados as fibras colágenas dão resistência e dureza ao osso.

As BMPs são um importante grupo de glicoproteínas extraídas da matriz óssea

desmineralizada, responsáveis pela indução osteogênica.

3.3 Remodelação óssea

Em diversos momentos o tecido ósseo precisa se modificar na forma ou

estrutura, como para o osso primário tornar-se maduro, para o osso crescer mantendo

a forma, para um osso esponjoso tornar-se compacto ou para adaptar-se a novas

situações fisiológicas ou patológicas. Portanto o osso está em constante remodelação,

por meio de reabsorção e deposição de matriz óssea, numa dinâmica equilibrada

entre a atividade osteoblástica e osteoclástica (JUNQUEIRA e CARNElRO,2004).

Na sequência de remodelação óssea, o primeiro evento é a ativação dos

osteoclastos, mas antes os osteoblastos e células de revestimento ósseo produzem

14

colagenase, removendo a camada de osteóide , expondo a matriz mineralizada aos

osteoclastos que se tornam ativos em contato com a matriz óssea mineralizada.

A formação óssea envolve a proliferação e migração das células

osteoprogenitoras e a diferenciação dos osteoblastos, controladas por uma cascata

de eventos.

A maioria dos fatores que controlam a reabsorção óssea age diretamente sobre

osteoblastos, Ievando-os a Iiberarem moléculas que estimulam a migração e adesão

à superfície óssea a ser reabsorvida. Portanto, os osteoblastos participam da

remodelação óssea produzindo matriz óssea, mas também controlando a atividade

dos osteoclastos. As citocinas e os fatores de crescimento desencadeiam a formação

e ativação de osteoblastos para sintetizar e depositar uma quantidade de osso novo

na lacuna de reabsorção (JUNQUEIRA e CARNElRO,2004).

A reabsorção é caracterizada por Iacunas de "howship" escavadas

circularmente alojando um osteoclasto. O cone de desgaste desloca-se para a

superfície do endósteo, e ósteons secundários e terciários logo ficam mais próximos

da superfície endosteal. Capilares sanguíneos vão se introduzindo no interior deste

túnel formado pelos osteoclastos. Osteoblastos, diferenciados por células

uninucleares, que migraram pela superfície deixada atrás do cone de desgaste,

secretam nova matriz óssea. Esta nova matriz é ligada a matriz já formada através de

uma camada de várias fosfoproteínas que funcionam como um adesivo mineralizado.

Formando então o cone de preenchimento.

Com a formação óssea temos osteoblastos que se transformam em osteócitos,

o canal Harversiano abriga um vaso sanguíneo central e uma camada de osteoblastos

inativos de revestimento (WHITSON, 2001).

Concluímos então, que o fenômeno de remodelação ocorre pela ação

combinada e ordenada dos osteoblastos, produzindo a matriz óssea com os

osteoclastos promovendo sua reabsorção (KATCHBURIAN; CERRI, 2002).

Para que a remodelação óssea ocorra, estímulos locais, tais como forças

oclusais e bons níveis de hormônios da tireoide, calcitocina e vitamina D devem existir

(NEVES, 2001 citando ALBREKSSON, 1983).

Araújo e Lindhe (2005) estudaram o que ocorria com o rebordo alveolar após a

exodontia, as alterações dimensionais e os fenômenos de remodelação. Usaram para

a pesquisa 12 cães, nos quais fizeram secção dos pré-molares inferiores e extração

15

das raízes distais. Na primeira semana observaram as alterações do coágulo com

formação de pequenas ilhas de osso neoformado na porção apical do alvéolo, matriz

provisória ocupando a maior parte com fibroblastos, alguns vasos e fibras colágenas

e coronalmente células inflamatórias.Com duas semanas, na porção apical e lateral

do alvéolo, maior quantidade de osso havia se formado. Em quatro semanas grande

atividade osteoclástica. Em oito semanas osso lamelar e medula óssea ocupam

internamente o alvéolo, e a atividade osteoclástica provoca a redução das paredes

vestibular e lingual em altura (principalmente a vestibular).

3.4 Enxertos ósseos

Vários tipos de materiais de enxerto foram ou são usados. Estes incluem auto

enxertos (vitais), aloenxertos, xenoenxertos e aloplásticos (não vitais).

O processo de formação óssea é iniciado com a revascularização, a partir dos

vasos do hospedeiro que invadem o enxerto. Se o material do enxerto tem células

vitais precursoras da osteogénese, estas participam ativamente do processo

estimulando o hospedeiro a formar novo osso (osteoindução), ou se o material

enxertado é não vital, este age passivamente como uma matriz gradativamente

reabsorvida e substituída (osteocondução). Reabsorção, substituição e remodelação

óssea ocorrem por muitos anos (NEVES, 2001).

Os enxertos aloplásticos são materiais sintéticos e inertes como metais,

cerâmicas, fosfatos de cálcio. Os xenoenxertos são provenientes de espécies

diferentes do hospedeiro, como o bovino. Aloenxertos são de fonte alógena e podem

ser mineralizados (FDBA) ou desmineralizado (DFDBA) (NEVES,2001).

3.5 Regeneração óssea guiada (ROG)

A regeneração é a reposição de elementos perdidos por outros iguais, e pode

ser fisiológica, quando ocorre a reposição contínua de células ou tecido, ou reparadora

quando os tecidos orgânicos são lesados por processos patológicos (SCHENK;

BUSER; HARDWICK; DAHLIN, 1994).

16

MURRAY et al (1957) definiram três condições básicas para que ocorra a

neoformação óssea: presença do coágulo, preservação dos osteoblastos e contato do

coágulo com o tecido ósseo vital.

Para se entender a regeneração óssea guiada é importante saber os

fenômenos que ocorrem na reparação alveolar pós-exodontia.

ATWOOD, já em 1971 afirmava que a reabsorção do rebordo residual é

crônico, progressivo, irreversível e uma doença incapacitante, provavelmente de

origem multifatorial, que deve ser estudada e melhores métodos de prevenção e/ou

controle encontrados, pois atinge milhões de pessoas em todo o mundo, sendo uma

das principais enfermidades da cavidade bucal.

Em um estudo de reparação óssea pós extração dentária, AMLER (1969),

observou que nas primeiras 24 horas ocorre a formação do coágulo e inicia a

hemólise. Em dois a três dias este coágulo é substituído por tecido de granulação com

vasos sanguíneos e fibras colágenas. Daí ocorre aumento da densidade dos

fibroblastos e o epitélio prolifera para a margem da ferida. Inicia-se a remodelação do

alvéolo pela ação osteoclástica induzindo a reabsorção óssea. Sete dias após a

extração, dentro do alvéolo há um tecido de granulação com rede vascular, tecido

conjuntivo jovem, presença de osteóides apicalmente e epitélio na superfície da ferida.

Em um mês há no alvéolo um tecido conjuntivo denso preenchido por tecido de

granulação. lnicia-se a formação de osso trabecular e fechamento da ferida por

epitélio. A formação óssea se conclui em dois meses, mas ainda está ocorrendo a

remodelação do padrão trabecular.

Com a finalidade de minorar os efeitos da reabsorção alveolar, principalmente

para viabilização de uso de implantes osseointegráveis, muitos estudos foram

realizados e diferentes técnicas e materiais propostos, como os enxertos e/ou uso de

membranas ou barreiras.

3.6 Membranas

As membranas utilizadas em regeneração óssea guiada podem ser

reabsorvíveis (colágenas, ácido polilático, ácido poliglicólico, poliuretana, matriz

dérmica acelular, de cortical óssea) ou não reabsorvíveis (celulose,

politetrafluoretileno expandido (e-PTFE) e denso (d-PTFE), teflon, latex, titânio, óxido

de alumínio e polipropileno.

17

O uso de membrana como barreira física à invaginação de células do tecido

mole no enxerto ósseo, mantendo espaço, protegendo o coágulo e estabilizando a

ferida cirúrgica foi demonstrado por MURRAY et al. em 1957 com estudo em fêmur

de cães e corroborado por outros estudos, de diferentes autores, posteriormente.

Em 1982 Nyman e colaboradores desenvolveram os conceitos biológicos e

aplicação clínica da técnica denominada Regenerarão Tecidual Guiada (RTG),

provocando a regeneração do tecido periodontal perdido usando barreiras não

reabsorvíveis. Esse conceito aplicado ao tecido ósseo é conhecido como

Regeneração Óssea Guiada (DOTTO, 2012).

Em um estudo em humano, Nyman et al (1982), usaram um homem voluntário

de 47 anos, que apresentava o incisivo lateral esquerdo mandibular condenado

periodontalmente à extração (grande bolsa periodontal). Baseado em estudo anterior

com macacos, postulavam que novo tecido conjuntivo pode se formar em superfície

radicular com envolvimento periodontal e que células originárias do ligamento

periodontal podem repovoar a superfície radicular durante a regeneração. Neste caso,

o paciente apresentava uma distância entre a junção cemento-esmalte (JCE) e a crista

óssea alveolar de 11 mm. Após cuidadosa curetagem foi colocado um filtro de

Millipore® cobrindo o defeito ósseo e estendendo 2 mm acima da JCE e 1 mm abaixo

da crista óssea. As suturas foram removidas com 10 dias e o dente juntamente com o

periodonto em 3 meses. Feita a análise histológica, observou-se que novo cemento

com fibras colágenas inseridas havia se formado na superfície radicular. Nenhuma

regeneração coronal do osso alveolar foi observada. Sobre o defeito ósseo vertical

formou-se novo osso de suporte (Nyman et al, 1982).

Os resultados favoráveis destes estudos de RTG deram origem a muitos outros

trabalhos na segunda metade dos anos 80 pelo grupo de Nyman e Dahlin usando a

e-PTFE (Gore-Tex®) para exclusão de tecidos, tornando-se o padrão de tratamento

em RTG e ROG a partir daí.

DAHLIN et al (1988) fizeram um estudo com ratos, onde descreveram os

princípios da ROG, baseadas na hipótese que tipos celulares diferentes tem diferentes

velocidades de migração para dentro de uma ferida cirúrgica durante a cicatrização, e

que um obstáculo mecânico (membrana) poderia impedir que fibroblastos e outras

células do tecido mole invadam o defeito ósseo, permitindo que as células com

potencial osteogênico (muito mais lentas) possam repovoar o defeito e formar osso

18

novo. Neste estudo foram feitos defeitos de 5 mm de diâmetro na mandíbula de ratos

bilateralmente, sendo de um lado usada membrana (Gore-Tex®) protegendo a ferida

óssea (lado teste) e contralateralmente não (lado controle). Obtiveram os resultados

no lado teste de formação óssea completa em metade das amostras em 3 semanas e

na outra metade em 6 semanas. No lado controle pouco ou nenhum sinal de

cicatrização óssea foi observado mesmo após 22 semanas.

BUSER, BRAGGER, LANG E NYMAN, em 1990 realizaram um estudo em

humanos com 12 pacientes que apresentavam crista óssea com espessura menor

que 5,5 mm (que consideravam o mínimo para uso de implantes ITI), aplicando os

princípios da Regeneração Tecidual Guiada com membranas. Em alguns casos foram

fixados mini parafusos para manter o espaço e usado esponjas de colágeno para

manter o coágulo sanguíneo no local. Em 3 casos houve infecção e as membranas

foram removidas sem sucesso da terapia. Nos outros 9 pacientes obtiveram ganhos

em espessura de 1,5 a 5,5 mm, mesmo ocorrendo exposição e consequente remoção

precoce da membrana em 2 casos.

SIMION, TRISI E PIATTELI (1994) estudaram o aumento vertical da crista

alveolar reabsorvida de cinco pacientes submetidos a 15 implantes. Estes implantes

se projetavam 4 a 7 mm acima da crista alveolar e distalmente a eles foram fixados

mini parafusos de titânio de 1,3x10 mm sobressaindo de 3 a 4 mm do rebordo ósseo.

Os implantes e os mini parafusos foram cobertos com membrana reforçada de titânio

e sutura fechando completamente. Após 9 meses, na segunda intervenção cirúrgica

a membrana foi removida e o aumento ósseo médio foi de 3 a 4 mm, concluindo os

autores que os implantes instalados com até 4 mm acima do rebordo podem resultar

em osso regenerado capaz de osseointegrar implantes de titânio puro.

SEIBERT e SALAMA (1996) escrevem que os princípios da ROG e expansão

dos tecidos moles tem sido desenvolvidos para ajudar a reconstruir o rebordo residual

e/ou aumentar o volume ósseo, a fim de permitir o uso de implantes, bem como

indicam técnicas associadas a um planejamento pré-protético e pré-cirúrgico

(funcional e estético) para conseguir instalação de implantes e próteses de acordo

com o resultado desejado.

Em 1998, NEVINS e MELLONIG propuseram a terminologia regeneração

óssea guiada (ROG) para a técnica utilizada para reconstruir defeitos ósseos.

19

Para MCGINNIS et al (1998), a membrana ideal seria bioinerte, rígida o

suficiente para proteger o coágulo, biocompatível, de custos econômicos e não

permitir exposição pós cirúrgica.

LEKOVlC et al. (1998) citam como desvantagem das membranas não

reabsorvíveis a necessidade de segunda intervenção cirúrgica para remoção e risco

de infecção em caso de exposição precoce e que as membranas reabsorvíveis são

efetivas na regeneração óssea guiada, desde que permaneça integra por 4 a 6

semanas.

HÄMMERLE (2003) afirma que o desenvolvimento da ROG tem aumentado as

possibilidades de uso de implantes e se baseia nos trabalhos pioneiros de Nyman e

Karring nos anos 80, a partir dos princípios da RTG. Afirma, também, que o PTFE é a

barreira padrão, sendo que para defeitos maiores a escolha é a de e-PTFE reforçada

com titânio. Cita que a principal complicação das membranas não absorvíveis é a

possível exposição e contaminação, e uma desvantagem a necessidade de remoção

em uma segunda sessão cirúrgica.

FERREIRA, STUTZ E BARBOZA (2010) reafirmavam ser necessário criação

de um espaço para regeneração tecidual, proteger o coágulo e usar uma membrana

para excluir os tecidos não osteogênicos com a finalidade de aumento dos rebordos

alveolares. Também relatam as vantagens do uso de membranas de

politetrafluoretileno denso (d-PTFE) intencionalmente exposto na cavidade bucal

como a não necessidade de segunda intervenção cirúrgica para sua remoção,

manutenção do rebordo alveolar e baixo risco de contaminação, mesmo expostas.

SALOMAO e SIQUEIRA (2010) destacam que a reparação óssea e

neoformação podem ser prejudicadas pela rápida formação de tecido conjuntivo

frouxo e a importância de utilização dos princípios da ROG.

BUSER (2010) reporta que o uso de membrana de PTFE aumenta o volume do

enxerto ósseo e que alguns fatores podem impedir ou interromper a reparação óssea,

como falta de suprimento vascular, instabilidade mecânica, defeitos ósseos muito

grandes e competição com tecidos não osteogênicos, como células epiteliais e

fibroblastos que têm mais eficiência e rapidez em ocupar espaços disponíveis.

SALOMAO e SIQUEIRA (2009) apresentaram relato de três casos do uso da

barreira de polipropileno pós exodontia, onde não foi usado nenhum material de

preenchimento do alvéolo e sem manobras de aproximação dos retalhos e a barreira

20

permaneceu intencionalmente exposta ao meio bucal por sete dias, e concluíram que

o seu uso contribuiu para reter o coágulo e regenerar o rebordo alveolar.

Ao longo dos anos várias técnicas e materiais foram descritos para realização

de ROG, e a maioria exige material de preenchimento e recobrimento para

cicatrização de primeira intenção, o que aumenta a morbidade dos casos. No entanto,

poucos estudos existem com barreiras deixadas expostas ao meio bucal e que serão

removidas em poucos dias e sem uso de material de enxerto. Mas o uso da barreira

de polipropileno intencionalmente exposta, mostra viabilidade técnica com reduzida

morbidade e alto índice de resultado positivo, o que abre novas perspectivas na área

da ROG (SALOMÃO e SIQUEIRA, 2010).

São requisitos para que ocorra a regeneração óssea guiada: existência de uma

fonte de células osteogênicas, adequada vascularização, tecido ósseo viável

adjacente ao defeito onde se deseja regenerar, criação de espaço para permitir a

formação do coágulo, excluir da área a ser regenerada células não osteogênicas, e o

local deve permanecer mecanicamente estável durante a cicatrização (SALOMAO e

SIQUEIRA, 2010).

Para se utilizar a barreira de polipropileno impermeável (Bone Heal), Munir

Salomão, seu idealizador, recomenda que esta deve permanecer exposta ao meio

bucal, os retalhos deverão ser mantidos distantes entre si, não há necessidade de

liberação de grandes retalhos cirúrgicos e somente sangue deve preencher o local a

ser regenerado.

Em 2010, Borges e colaboradores realizaram levantamento de seio maxilar

bilateral em 15 pacientes, sendo que em um dos lados usou osso autógeno para

preenchimento e do outro apenas coágulo sanguíneo do próprio local, realizando a

instalação imediata de implantes e fechando as janelas com barreira de polipropileno

(Bone Heal). Obteve formação óssea com padrões semelhantes em ambos os lados

após 06 meses (BORGES,2011).

Barber at al (2007) e Bartee (2011) estudaram uma membrana de PTFE denso

(Cytoplast), e afirmava que a ROG com o uso apenas de barreira e mesmo sem

material de enxerto reduz a perda óssea (embora sugira o preenchimento do alvéolo),

e que o fato de este tipo de membrana poder ficar exposta e ser facilmente removida

após 21 a 28 dias simplifica a técnica. Ainda ressalta que a existência desta membrana

21

reforçada com armação de titânio forma um arcabouço que impede a colabação da

membrana para os casos de implante imediato.

Principalmente após o advento dos implantes osseointegráveis, inúmeros

materiais e técnicas foram utilizados visando a ROG, tais como osso autógeno,

materiais aloplásticos e osso de cadáver, mas todos exigem cobertura total do retalho

para que haja cicatrização de primeira intenção (ZEPPlNl, 2014).

Sabe-se que a manutenção do coágulo no alvéolo ao mesmo tempo que o isola

do contato com outras células não osteoprogenitoras, através de barreira, cria as

condições favoráveis e necessárias à manutenção e regeneração do osso alveolar.

Somando-se a isso, a existência de uma barreira de polipropileno (Bone Heal) que

tem esta função e ainda permite ficar exposta e ser retirada em apenas 7 a 14 dias,

simplifica a ROG (ZEPPlNl,2014).

As membranas são permeáveis enquanto as barreiras são oclusivas

(impermeáveis).

A barreira de Polipropileno (Bone Heal) é registrada na ANVISA, sendo seu uso

legal no território brasileiro.

22

4 RELATOS DE CASOS

CASO 1

Paciente, sexo feminino, 43 anos, boa saúde geral, ao exame clínico apresenta

trauma oclusal, desgastes incisais, abfrações, necessidade de correções

ortodônticas, ausência de todos os molares inferiores, procurou o consultório com

suspeita de fratura do incisivo lateral superior esquerdo, que apresentava coroa

metalocerâmica sobre núcleo metálico fundido. A paciente relatou que sempre

soltavam e eram recimentados. À avaliação clínica o conjunto coroa-núcleo estava

solto, a raiz apresentava fratura longitudinal e abscesso vestibular. Foi feita a

medicação antibiótica a iniciar-se imediatamente (Amoxicilina de 500mg a cada 08

horas por 07 dias) e solicitada a Tomografia Computadorizada Cone Beam (TCCB)

da área em questão. A intervenção de extração, curetagem, implante osseointegrável

em alvéolo fresco e a Regeneração Óssea Guiada com Bone Heal executados em

sessão única três dias após a avaliação. Na tomografia confirmamos a fratura

longitudinal em quase total extensão da raiz, bem como ausência da cortical óssea

vestibular. No pré-operatório manteve-se o antibiótico, administrou-se

Dexametazona 4 mg via oral e bochecho com Digluconato de Clorexidine 0,12 %. No

pós-operatório, manteve-se as medicações e associou-se Dipirona 500 mg de 06 em

06 horas por 02 dias. Não houve nenhuma intercorrência no trans ou pós-operatório

imediato nem tardio. Foi feita reabertura do implante e instalação do cicatrizador após

3,5 meses, confecção de provisório 15 dias depois para condicionamento gengival e

paciente foi encaminhada para tratamento ortodôntico.

Figura 1-Aspécto inicial dente 22 Figura 2-Abertura, retalho total, visualização da

fratura vertical e perda óssea vestibular

23

Figura 3-extração delicada (periótomo) Figura 4-extrator radicular

Figura 5-raiz extraída.Observa-se a fratura Figura 6-instalação do implante

Figura 7-alvéolo preenchido com sangue Figura 8-adaptando a barreira Bone-Heal

Figura 9-Bone-Heal adaptada Figura 10-sutura cuidadosa(de dentro para fora)

para não deslocar a barreira

24

Figura 11-sutura sem tensão Figura 12-provisório fixo imediato

Figura 13-retorno remoção sutura Figuras 14 e 15-sem sutura e Barreira (vestibular e palatino)

Figura 16-reabertura 3,5 meses após implante Figura 17-cicatrizador instalado há 15 dias

25

Figura 18-volume gengival conseguido Figura 19-provisório(4 meses implante)

15 dias cicatrizador

Figura 20-cirurgia há 5,5 meses e

provisório há 1,5 mês.

Figura 21-sequência radiográfica do caso

26

CASO 2

Paciente do sexo feminino, 29 anos, lavradora, hipertensa e portadora de febre

reumática, em uso de Enalapril diariamente e Bezentacil 1.200.000 UI (IM) a cada 21

dias. Apresentou-se ao consultório com odontalgia no 1° molar inferior esquerdo. Ao

exame radiográfico periapical observou-se extensas lesões ósseas envolvendo 1°e 2°

molares (36 e 37), bem como lesão cariosa e comprometimento endodôntico do 3°

molar (38). Foi solicitada TCCB total de mandíbula, onde se pôde observar extensa

lesão óssea no dente 36, sem envolvimento do Canal Mandibular, porém uma maior

destruição óssea envolvendo toda a parte radicular do dente 37, inclusive com

reabsorção das tábuas ósseas vestibular e lingual e envolvimento do Canal

Mandibular. A paciente foi medicada com 2 gramas de Amoxicilina 01 hora pré e

500mg a cada 08 horas no pós-operatório por 07 dias, Dexametazona 4 mg 01 hora

pré e 4 mg a cada 08 horas no pós-operatório por 03 dias, Dipirona 500mg de 06 em

06 horas no pós-operatório imediato por 02 dias e limpeza da boca com Digluconato

de Clorexidine 0,12 % 03 vezes ao dia até remoção da sutura. Foi realizada cirurgia

de exodontia dos elementos 37 e 36, curetagem das lesões e ROG com barreira Bone-

Heal. Após a remoção dos cistos observou-se o Nervo Mandibular, no trajeto mésio-

distal, no soalho da cavidade cística totalmente desprovido de recobrimento ósseo

(como visto na tomografia). Não houve intercorrência durante ou após a cirurgia, dor

e edema foram satisfatoriamente controlados com as medicações, bem como não

apresentou nenhuma parestesia pós-operatória. Controles clínicos e radiográficos

foram realizados e os implantes instalados 1 ano e 5 meses após a remoção das

lesões, sendo observados a manutenção e aumento do volume ósseo (vertical e

horizontal), bem como o aumento significativo de gengiva queratinizada.

27

Figura 22-Imagens Panorâmica, 3D, Axial e cortes Parassagitais da tomografia,

evidenciando envolvimento do Canal Mandibular pela lesão na região do dente 37.

28

Figura 23-Antes da cirurgia Figura 24-Deslocamento total do retalho

expondo 2 a 3 mm além do bordo ósseo

C

Figura 25-Cisto dente 37 Figura 26-Curetagem cuidadosa (37)

Figura 27-dentes extraídos e cistos Figura 28-Nervo Mandibular exposto

29

Figura 29-Adaptação da Bone-Heal Figura 30-Sutura sem tensão

dupla para maior sustentação

Figura 31- 1,5 ano após ROG Figura 32-Sindesmotomia

Figura 33-Implantes instalados Figura 34-Radiografias de controle

30

Figura 35-Imagens Panorâmica, 3D, Axial e Parassagitais da tomografia 1,5 ano após

exodontias e Regeneração Óssea Guiada. Evidencia-se a regeneração óssea

convexa, contrariando o padrão comum de cicatrização do alvéolo que é côncavo.

Observa-se que mesmo após 1,5 ano da exodontia e sem implantes, não ocorreu

nenhuma perda óssea detectável na tomografia.

31

CASO 3

Paciente sexo feminino, 47 anos, boa saúde geral, não tabagista, apresentou-

se ao consultório reclamando da estética dos dentes anteriores superiores. Portava

uma prótese fixa provisória acrílica nos elementos 11, 21 e 22. As raízes com pouca

inserção óssea, escuras, o fenótipo gengival fino e a desarmonia da linha gengival

conferiam uma estética insatisfatória e indicação de exodontia dos dentes envolvidos.

Neste caso a condição óssea permitiria os implantes imediatos, mas a opção de uso

da Bone-Heal no momento das extrações e implantes no segundo tempo cirúrgico foi

para melhorar o fenótipo gengival, alinhando seu contorno e aumentando sua

espessura.

Figura 36-Aparência inicial, com e sem as provisórias

Figura 37-sindesmotomia. Figura 38-extrações; possibilidade óssea

de implante imediato

32

Figuras 39 e 40-Estabilização da barreira Bone-Heal e sutura sem tensão nem

aproximação dos retalhos, deixando a barreira intencionalmente exposta.

Figuras 41 e 42-Remoção da barreira(10 dias) colocada em duas camadas para maior

estabilidade do coágulo (nota-se a ausência de placa mesmo ficando exposta). A

barreira cumpriu o objetivo de excluir o tecido gengival e proteger o coágulo

Figura 43 e 44-No momento de instalação dos implantes (03 meses após ROG) nota-

se o volume e estética gengivais, bem como a qualidade óssea alcançados (paciente

ainda com provisória acrílica removível). Será instalada provisória fixa sobre implantes

que servirá de ancoragem absoluta para movimentação ortodôntica.

33

CASO 4

Paciente sexo feminino, 43 anos hipertensa em controle medicamentoso,

ansiosa . Havia se submetido a tratamento ortodôntico e apresentou-se ao consultório

com extrema mobilidade dentária nos elementos 11, 21 e 22. Na imagem radiográfica

observamos reabsorção radicular e ausência total de osso no 21, grande destruição

óssea distal do 11 e ausência da parede óssea mesial do 22. Optamos pela extração,

à princípio, apenas do dente 21, e ROG com Bone Heal, como tentativa de

regeneração óssea da área do dente extraído e consequente crescimento ósseo na

mesial do 22 e distal do 11, assim como aumentar o volume gengival perdido com a

reabsorção óssea.

Figura 45- Sequência radiográfica : no dia da extração; 5,5 meses; 11,5 meses;

instalação do implante (1 ano e 7 meses após ROG); 4 meses do implante; 2 anos e

3 meses após ROG e 8,5 meses do implante.Onde se observa o aumento ósseo e

sua manutenção após implante e provisório. Neste caso, como as paredes vestibular

e lingual do dente 21, bem como grande parte da distal do 11 e toda mesial do 21

foram destruídas, mantivemos a membrana muito além dos 7 a 10 dias recomendados

pelo fabricante, quando ainda se tem apenas um tecido de granulação em

organização. Com o intuito de formar um arcabouço de sustentação até a ossificação,

mantivemos a barreira por 7 meses. É interessante observar que nas proximais não

ocorreu uma anquilose e pode-se notar um espaço do ligamento periodontal.

Figura 46- Momento da instalação do implante. Osso de aparência saudável com boa

irrigação sanguínea.

34

CASO 5

Paciente sexo masculino, 56 anos, boa saúde geral, apresentou-se ao

consultório com suspeita de fratura radicular do canino superior direito. Ao exame

clínico verificamos fratura na raiz do 13 com fístula vestibular, e o dente 14 mostrava-

se extremamente escuro, com abfração e ao exame radiográfico com tratamento

endodôntico insatisfatório. A indicação foi de exodontia dos 02 elementos e Bone-

Heal para recuperar o osso vestibular perdido e aumentar a espessura gengival da

área.

Figura 47-Foto inicial (fratura radicular Figura 48-Sindesmotomia

e fístula vestibular)

Figura 49- exodontias (13 fraturado e 14 com cisto apical).

35

Figura 50-barreira Bone Heal instalada Figura 51-remoção barreira com 10 dias

Figura 52- Com 20, 28 e 48 dias após extrações e ROG

C

Figura 53- Instalação dos implantes 7 meses após ROG e reabertura 3 meses após

implantes instalados.

36

Figura 54- condicionamento com Figura 55- Radiografias pré, trans, 3 meses e 7

provisórios sobre implantes meses após extrações(momento do implante).

37

5 DISCUSSÃO

O tecido ósseo tem a função básica de suporte, locomoção e proteção e é

controlado por fatores sistêmicos e locais (KATCHBURIAN, 2004), bem como é

importante reservatório de sais minerais (ANDIA, CERRI, SPOLIDORIO, 2006), é um

tecido conjuntivo composto de uma parte mineral e outra orgânica, sendo 20% de

matriz orgânica, 65%componente mineral e 15% de água.

A matriz orgânica é composta de 90% de colágeno e 10% de moléculas não

colágenas (proteoglicanas e glicoproteínas) bem como citocinas, fatores de

crescimento e proteínas ósseas morfogenéticas (BMP), responsáveis pela

diferenciação dos odontoblastos a partir de células osteoprogenitoras e consequente

neoformação óssea (KATCHBURIAN; CERRI, 2002).

Os osteoblastos, células do revestimento ósseo e osteócitos participam da

formação e manutenção óssea enquanto os osteoclastos estão relacionados com a

reabsorção óssea, e numa dinâmica equilibrada de suas atividades, ocorre a

remodelação óssea (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004).

A remodelação óssea é um fenômeno específico da superfície óssea, podendo

ocorrer deposição ou reabsorção óssea, e ocorre em consequência de estímulos

locais como fraturas, cirurgias, implantes (SCHENK ,1994).

Os fenômenos da remodelação óssea ocorrem também no osso alveolar após

a extração de um ou mais dentes (ARAÚJO e LINDHE, 2005) onde se observa as

alterações do coágulo dentro do alvéolo e progressiva formação de tecido osteóide e

futuro osso, bem como intensa atividade osteoclástica provocando diminuição das

paredes vestibular e lingual em altura.

Na tentativa de minimizar efeitos deletérios da reabsorção óssea, que podem

dificultar ou inviabilizar futura reabilitação com próteses convencionais ou com

implantes, muitos estudos são realizados há longa data e várias técnicas são

pesquisadas, como os enxertos e a RTG / ROG.

Os enxertos podem ser auto enxertos (vitais), aloenxertos, xenoenxertos e

aloplásticos (não vitais) (NEVES,2001) que usados isoladamente ou associados

podem manter o volume ósseo ou repor partes perdidas.

38

Por regeneração compreende-se a reposição de elementos perdidos ou

dissipados no organismo por outros iguais e organizados, podendo ser fisiológica ou

reparadora.

A fisiológica é a que os tecidos orgânicos proporcionam uma reposição

contínua de células, enquanto a reparadora ocorre quando os tecidos são lesionados

por processos patológicos (SCHENK, 1994).

Na década de 50 MURRAY e colaboradores descreveram as três condições

básicas da neoformação óssea: presença do coágulo, preservação de células

osteoblásticas vivas e contato do coágulo com tecido ósseo vital.

Mas este potencial regenerativo pode ser afetado por falhas na vascularização,

instabilidade mecânica, exposição do material enxertado e competição das células

osteogênicas com tecidos de atividade não osteogênicas altamente proliferativos

(SCHENK,1994; SALOMÃO e SIQUEIRA,2009, 2010).

Os fenômenos de reabsorção e remodelação óssea também ocorrem pós-

exodontia, e foram estudados por ATWOOD em 1971, que afirmava ser a reabsorção

do rebordo residual uma das principais enfermidades da cavidade bucal, sendo um

processo crônico, progressivo, irreversível e incapacitante.

AMLER (1969) descreveu o que ocorre na reparação óssea pós-exodontia

quando nas primeiras 24 horas ocorre a formação do coágulo sanguíneo e principia a

hemólise. Em dois ou três dias ocorre a substituição por tecido de granulação com

vasos e fibras colágenas. Ocorre aumento da densidade dos fibroblastos e o epitélio

prolifera na margem da ferida. Os osteoclastos iniciam a remodelação do alvéolo. Aos

sete dias pós-exodontia o alvéolo apresenta tecido de granulação com rede de vasos,

tecido conjuntivo jovem, osteóides apicalmente e epitélio na superfície. Em um mês o

alvéolo está preenchido por tecido conjuntivo denso. Inicia-se a formação de

trabeculado ósseo e fechamento da ferida. Aos dois meses a formação óssea se

completa, mas a remodelação continua.

Os implantes osseointegráveis surgiram, inicialmente, com o objetivo de

reparação funcional da perda dentária, mas sua utilização evoluiu para a

recomposição estética do sorriso, muitas vezes sendo seu uso dificultado por

extensas perdas ósseas.

O advento das membranas/ barreiras abriram a possibilidade de excluir da área

a ser regenerada os tecidos não osteogênicos (NYMAN, 1982; DAHLIN, 1988 ;

39

BUSER, 1990; SALOMÃO, 2009) possibilitando que as potencialidades regenerativas

das células osteogênicas repovoem a ferida óssea e formem osso novo dando origem

à regeneração tecidual guiada e a regeneração óssea guiada.

Nestes vários estudos foram usadas membranas absorvíveis e não

reabsorvíveis, que apresentam vantagens e desvantagens em seu uso. A rápida

degradação das membranas absorvíveis, aquém do tempo mínimo necessário de

exclusão dos tecidos parece ser sua principal desvantagem e a não necessidade de

reabertura para remoção uma vantagem. Mas as barreiras não absorvíveis tornaram-

se o padrão, embora tenham que ser removidas em segundo tempo cirúrgico, a

capacidade de exclusão de tecidos indesejados é efetiva, sendo sua maior

complicação a possibilidade de se expor e contaminar-se afetando a regeneração.

Os estudos iniciais com membranas de Millipore®, embora promissores,

migraram para o uso das barreiras de PTFE, depois para as e-PTFE (Gore-Tex®) que

se tornaram a membrana padrão na Regeneração Óssea Guiada (BUSER, 1990).

Como um processo evolutivo das barreiras de PTFE, surgiu as de e-PTFE e e-

PTFE com reforço de titânio, com maior rigidez para sustentação dos tecidos . Em

1994 surge a d-PTFE (TefGen-FD®) e em 1997 a d-PTFE da Cytoplast® (BARTEE,

2011).

A barreira de PTFE apresenta porosidade de 0,45µm que possibilita a

vascularização enquanto impede a migração de tipos celulares indesejados, mas

como durante o uso em RTG/ROG às vezes colapsavam, tiveram como modificação

na sua estrutura a inclusão de lâminas de polipropileno, conferindo-lhe maior

resistência e passou a ser denominada e-PTFE que também apresentava- se em uma

versão reforçada com titânio. A barreira de d-PTFE apresenta porosidade de apenas

0.2µm, e mesmo não sendo impermeável impede a infiltração bacteriana, o que lhe

permite ficar exposta em meio bucal sem necessidade de deslocamentos maiores de

retalho nem sutura de primeira intenção (BARTEE, 2011; FERREIRA, STUTZ,

BARBOZA, 2010).

A barreira de polipropileno (PP), está indicada para manutenção e proteção do

coágulo sanguíneo e consequente formação óssea, promovendo a manutenção do

rebordo alveolar. Suas características são muito parecidas com as de d-PTFE, como

possibilidade de ficar exposta em meio bucal sem contaminar-se, apresenta

resistência à pressão dos tecidos moles, mantem ou aumenta a gengiva queratinizada

40

não necessidade de liberação de retalhos, inerte aos tecidos, não necessidade de

aparatos de fixação, fácil instalação e remoção simplificada sem anestesia e não

necessidade de materiais de preenchimento. Mas enquanto as membranas de d-

PTFE precisam permanecer por aproximadamente 4 semanas em posição, as de

polipropileno são removidas com apenas 7 a 10 dias, podendo esse tempo se

estender se for necessário (BORGES,2010; SALOMÃO e SIQUEIRA, 2009, 2010).

A barreira de polipropileno, Bone Heal®, desenvolvida pelo professor Munir

Salomão, foi utilizada em todos os casos clínicos apresentados neste trabalho,

ilustrando algumas de suas possibilidades de uso.

No caso 1 a paciente apresenta grande destruição óssea vestibular decorrente

de fratura radicular vertical. O objetivo de usar a barreira Bone Heal foi executar a

extração, implante e ROG em uma única sessão, a fim de acelerar o processo de

cicatrização, diminuir o número de cirurgias, mantendo o arcabouço gengival. Em um

tempo reduzido a paciente pôde receber uma provisória fixa e ser encaminhada para

tratamento ortodôntico.

No caso 2 a paciente tinha uma grande lesão que envolvia toda a poção

radicular do dente 37 e grande porção apical e vestibular do 36. A lesão do 37 atingiu

o canal mandibular reabsorvendo a cortical do teto do canal, expondo o nervo

mandibular, e destruiu toda o osso esponjoso e parte interna das corticais vestibular

e lingual, deixando o osso mandibular extremamente adelgaçado e frágil na região,

estando a paciente sob risco de parestesia e/ou fratura mandibular. A terapia mostrou-

se eficaz preservando toda a arquitetura óssea e subsequente instalação de implantes

sem apresentar nenhuma complicação sensorial ou motora.

A paciente do caso 3 apresentava condições viáveis para extração e instalação

de implantes em alvéolos frescos, mas a reclamação era a desarmonia do

alinhamento gengival e a apresentação escurecida da gengiva transparecendo as

raízes escuras. Portanto o uso da Bone Heal teve como objetivo aumentar o volume

gengival e preservar a arquitetura óssea para posterior implantação. Em apenas 3

meses a paciente recebeu os implantes e mostrava osso preservado e o aumento

gengival esperado.

A paciente do caso 4 após tratamento ortodôntico, apresentou-se com total

perda óssea do elemento 21 (todas as paredes vestibular, lingual, distal e mais da

metade da mesial do dente 11). O elemento 22 mostra-se condenado à extração pois

41

só tinha aproximadamente 2 mm de osso apical mesial. A Bone Heal tinha o objetivo

de minorar a destruição para futura reavaliação das condições alcançadas. Mas

corroborando os achados de Nyman (1982), além do crescimento ósseo, houve

formação do ligamento periodontal na mesial do dente 22.

O paciente do caso 5 apresentou grande destruição vestibular no 13 fraturado,

recessão gengival no 13 e 14 e o objetivo da Bone Heal foi aumentar tecido

queratinizado, preservar e aumentar o rebordo ósseo e alinhar o plano gengival, a fim

de posterior implantação e reabilitação com coroas cerâmicas.

Os vários casos levantados na literatura durante elaboração deste trabalho

demonstram viabilidade da ROG por meio de barreiras, variando entre um autor e

outro as preferências por determinado tipo de membrana/barreira ou material de

preenchimento. Nos cinco casos clínicos relatados foram observados estes mesmos

resultados com a barreira de polipropileno (Bone Heal) e sem uso de material de

preenchimento no alvéolo.

42

6 CONCLUSÃO

A barreira de Polipropileno (Bone Heal) apresentou-se como opção viável para a

Regeneração Óssea Guiada, com bons resultados de volume e qualidade do osso

neoformado, verificados por todos os autores consultados que a utilizaram em suas

pesquisas com animais e em humanos.

Estes mesmos resultados foram alcançados nos cinco casos clínicos apresentados, e

pela simplificação técnica, baixo custo do material, logística favorável em encontrar o

produto (nacional) e ampla aplicabilidade, corroboramos que a barreira Bone Heal seja

um bom produto nas suas atribuições.

Embora seu uso na área médica já esteja bem estabelecido, a barreira de

polipropileno para uso odontológico é um produto relativamente novo, portanto, mais

trabalhos e com maior tempo de acompanhamento clínico-radiográfico são sugeridos.

43

REFERÊNCIAS

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