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    Apelação Cível n° 2013.013208-4

    Origem: 1ª Vara Cível da Comarca de Natal/RN

    Apelante: Sul América Companhia Nacional de Seguros

    Advogado: Dr. José Vieira dos Santos Júnior

    Apelados: Andrea Florêncio Gomes e outros

    Advogado: Dr. Juan Diego LeónRelator: Des. Amaury Moura Sobrinho

    EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL.

    RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL. SEGURO

    HABITACIONAL. PRELIMINAR DE LITISCONSORTE

    NECESSÁRIO DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL E

    LEGITIMIDADE DA UNIÃO. RECONHECIMENTO DA

    COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL PARA JULGAR O

    FEITO. PRECEDENTES. REJEIÇÃO. PRESCRIÇÃO.

    INOCORRÊNCIA. DATA DE OCORRÊNCIA DOS SINISTROS.

    IMPOSSIBILIDADE DE AVERIGUAÇÃO. DANOS DE NATUREZA

    PROGRESSIVA. REJEIÇÃO. TRANSFERÊNCIA PARA O MÉRITO

    DAS PRELIMINARES DE ILEGITIMIDADE PASSIVA, INÉPCIA DA

    INICIAL E ILEGITIMIDADE ATIVA. MÉRITO. AQUISIÇÃO DE

    IMÓVEIS PELO SISTEMA FINANCEIRO HABITACIONAL.

    ADESÃO À APÓLICE HABITACIONAL. INCIDÊNCIA DO CÓDIGO

    DE DEFESA DO CONSUMIDOR. VÍCIOS DE CONSTRUÇÃO.AMEAÇA DE DESMORONAMENTO IMINENTE. COBERTURA

    RECONHECIDA. CLÁUSULA RESTRITIVA AFASTADA.

    RESSARCIMENTO DEVIDO. MULTA DECENDIAL. PREVISÃO

    CONTRATUAL EXPRESSA. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL.

    CITAÇÃO. VERBA REMUNERATÓRIA DE ASSISTENTE

    TÉCNICO. SUCUMBÊNCIA. REEMBOLSO. APELAÇÃO CÍVEL

    CONHECIDA E DESPROVIDA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA.

    ACÓRDÃO

    Vistos, relatados e discutidos estes autos em que são partes as acima

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    identificadas:

    Acordam os Desembargadores que integram a Terceira Câmara Cível

    deste Egrégio Tribunal de Justiça, em Turma, à unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de

    litisconsorte necessário da CEF e legitimidade da União, para reconhecer a competência da Justiça

    Estadual para julgar o feito. Pela mesma votação, rejeitar a prejudicial de prescrição e transferir para o

    mérito as preliminares de ilegitimidade passiva, inépcia da inicial e ilegitimidade ativa. No mérito, emidêntica votação, conhecer e negar provimento à apelação cível, nos termos do voto do Relator, parte

    integrante deste.

    RELATÓRIO

    Trata-se de recurso de Apelação Cível interposto pela Sul América

    Companhia Nacional de Seguros S.A. irresignada com a sentença proferida pelo Juízo de Direito da 1ª

    Vara Cível da Comarca de Natal/RN que, nos autos da Ação Ordinária de Indenização Securitária

    (processo nº 0247452-46.2007.8.20.0001), julgou procedente o pedido e condenou a parte ré aopagamento dos valores necessários à reconstrução das unidades residenciais dos dezenove demandantes,

    tal como delineado de forma individualizada e pormenorizada no laudo pericial (fls. 369/450), com

    atualização monetária pelo INPC, a contar da data do recebimento da perícia (14/04/2010) e juros de

    mora de 1% (um por cento) ao mês a partir da citação (04/11/2008), além da multa decendial de 2%

    (dois por cento) sobre o valor da indenização devida a cada um dos demandantes, conforme estatuída na

    Cláusula 17ª, subitem 17.3 das Condições Especiais da Apólice Habitacional.

    Além disso, a sentença condenou a demandada ao pagamento das custas e

    honorários advocatícios, fixados estes em 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação.

    Na inicial da demanda, os autores informaram que são moradores dos

    Conjuntos Habitacionais Vista Verde, Vila Vila Verde e Parque das Dunas, localizados nesta Capital,

    cujas casas foram financiadas pela Caixa Econômica Federal dentro dos programas do Sistema

    Financeiro da Habitação, e que, no ato de aquisição dos imóveis aderiram à Apólice Habitacional,

    passando a contar com a denominada cobertura compreensiva especial para risco de  Danos Físicos no

     Imóveis - DFI .

    Esclareceram que a contratação da seguradora foi compulsória e

    automática, sem direito a escolhas, porquanto, na forma como ocorre com o DPVAT, no SFH os

    mutuários contratam o seguro   junto a um "pool" de seguradoras, representado por uma delas,denominada de "Seguradora Líder".

    Após a descrição do processo de construção dos imóveis, aduziram que,

    com o advento dos problemas, em 23 de outubro de 2007, os autores comunicaram os sinistros à ré, sem

    obterem resposta.

    Feitas tais considerações, noticiaram que nos conjuntos habitacionais dos

    autores houve negligência na fiscalização das construções, desrespeito às normas técnicas de engenharia

    e as casas, paulatinamente, vêm revelando precariedade estrutural, com visível afronta às normas da

    ABNT para esse tipo de construção, erros de projeto e de execução, de modo que a quase totalidade das

    casas do conjunto habitacional sofre de iguais males, apresentando ao longo do tempo "danos-padrão".

    Como forma de comprovarem os vícios de construção, detalhadamente

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    descritos na peça e ilustrados com fotografias, juntaram aos autos Relatório Fotográfico e Planilhas de

    Quantitativos Aplicáveis (fls. 36/77).

    Apesar de forrar-se dos prêmios pagos ao longo dos anos, apontaram que

    a demandada tem seguido a orientação de sua antecessora e está se negando a realizar a contraprestação

    ajustada, motivo pelo qual buscaram a prestação jurisdicional.

    Por fim, após desenvolveram tópicos relacionados ao seguro do SFH, àcobertura securitária e à cláusula penal, pediram a condenação da ré ao pagamento a cada um dos

    autores do valor necessário ao conserto integral do seu imóvel, a ser determinado em liquidação de

    sentença, pela quantificação financeira dos serviços e obras apontadas nas Planilhas de Quantitativos

    Aplicáveis acostadas aos autos; além do pagamento do valor acumulado da multa decendial estatuída na

    cláusula 17ª, subitem 17.3 das Condições Especiais da Apólice Habitacional, calculada sobre os totais

    das indenizações devidas a cada autor, observando-se o limite do art. 412 do Código Civil; da aplicação

    de correção monetária e de juros de mora sobre os valores atualizados das condenações, a contar da

    citação; e da condenação em honorários dos advogados, o ressarcimento de honorários de peritos, de

    custas e despesas processuais.

    Além dos Relatório Fotográfico e Planilhas de Quantitativos Aplicáveis

    (fls. 36/77), acompanharam a petição inicial os documentos de fls. 78/232.

    Acatando pedido da parte autora (fls. 235), foi determinanda a suspensão

    do feito (fls. 236).

    Com o retorno da marcha processual, a demandada foi citada, mas não

    apresentou defesa, motivo pelo qual foi-lhe decretada a revelia (fls. 311/313). Na mesma decisão, o

    Magistrado formulou quesitos e determinou a intimação das partes para indicarem assistentes técnicos e

    apresentarem seus quesitos.A parte ré, depois de um ano depois de intimada, formulou quesitos e

    indicou assistente técnico (fls. 353/359).

    O Laudo Pericial foi acostado às fls. 369/450 e as partes se manifestaram

    sobre o mesmo (fls. 454 e 457).

    Irresignada com a sentença de procedência do pedido (fls. 522/528), a Sul

    América Companhia Nacional de Seguros S/A apela (fls. 590/625), suscitando as prejudiciais de

    incompetência da Justiça Estadual para julgar o feito; ilegitimidade passiva da seguradora-ré; inépcia da

    inicial; ilegitimidade ativa; e prescrição.

    No mérito, sustenta que os defeitos de construção não estão cobertos pela

    apólice e houve culpa concorrente dos moradores, em razão da ausência de manutenção preventiva.

    Destaca também que a multa estabelecida na Circular CFG/12/77 somente é devida ao financiador

    (agente financeiro), não havendo qualquer previsão legal para o mesmo direito com relação ao mutuário.

    Continuando o seu arrazoado, a citação ocorre bem antes da data da

    confecção dos orçamentos, e que estes, à época, foram devidamente atualizados, pelo que os juros

    também deverão ser contados da data de elaboração dos orçamentos e não da data da citação.

    Ademais, esclarece que os acessórios só nascem após o principal, e

    atualização monetária e juros, comprovadamente, são acessórios pelo que suas incidências somentecomeçam a vigir a partir do nascimento ou vencimento do principal, ou seja, da condenação imposta à

    apelante, sendo incabível a cobrança de acessórios e juros a partir da data da citação, quando em verdade

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    o principal daquela condenação nasceu com a elaboração dos orçamentos que serviram de base para a

    mesma.

    Ao final, requer que seja "conhecido e provido o agravo retido e seja

    conhecido e dado provimento à presente apelação cível".

    Em contrarrazões (fls. 737/783), os mutuários/apelados refutam os

    argumentos acima descritos, requerendo, ao final, que seja negado provimento à apelação da seguradora.Nesta instância, a 7ª Procuradora de Justiça declinou da intervenção do

    Ministério Público no feito (fls. 912).

    É o relatório.

     

    VOTO

    Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço da apelação cível.

    Inicialmente, cumpre esclarecer que, muito embora o apelante, como

    forma de cumprir o comando normativo do art. 523 do Código de Processo Civil, tenha requerido,

    preliminarmente, que esta Corte conheça do agravo retido nos autos, não há nos autos agravo nessa

    modalidade.

    Nesse rumo, passo à análise das preliminares arguidas no apelo.

    LITISCONSORTE NECESSÁRIO DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL E LEGITIMIDADE

    DA UNIÃO – INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL

    Defende a Seguradora que a Lei nº 12.409/2011 incumbiu ao Fundo de

    Compensação de Variações Salariais e despesas relacionadas à cobertura de danos físicos ao imóvel e à

    responsabilidade civil do construtor.

    Desta forma, defende que, havendo interesse de ente público federal, ou

    seja, da Caixa Econômica Federal, na condição de gestora do Fundo de Compensação de Variações

    Salariais, a competência deverá ser declinada.

    Tal irresignação da apelante não merece prosperar, pois o Superior

    Tribunal de Justiça que vem se posicionando no sentido de que, em se tratando de relação privada entreos mutuários e a seguradora, inexiste o interesse público que justifique a remessa dos autos à Justiça

    Federal, sendo a competência da Justiça Estadual e não Federal.

    No caso dos autos, a Caixa Econômica Federal atuou apenas como agente

    financiador do imóvel, e, sendo assim, não vejo como possa ter responsabilidade sobre os defeitos

    apresentados no imóvel.

    Por outro lado, embora a Medida Provisória nº 513, de 2010, que trata da

    matéria, tenha sido convertida na Lei 12.409, de 25 de maio de 2011, que expressamente atribuiu ao

    Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS), gerido pela CEF, a cobertura de danos físicos ao

    imóvel, a competência para dirimir tais demandas continua a ser da Justiça Estadual, uma vez que àassunção dos direitos e obrigações do SH/SFH pelo FCVS ainda não foi regulamentada.

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    Friso, ainda, por oportuno, que a tese do embargante não merece

    prosperar, uma vez que o parâmetro apontado, qual seja, o Edcl no Edcl no RESP nº 1.091.393/SC, cujo

     julgamento estava suspenso devido a um pedido de vista da Ministra Nancy Andrighy, teve sua

    conclusão, em 10.10.2012, resultando, em decisão por maioria, pela atribuição de efeitos modificativos

    aos embargos, para restabelecer o Acórdão embargado proferido nos seguintes termos:

    "RECURSO ESPECIAL. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO.

     AÇÃO EM QUE SE CONTROVERTE A RESPEITO DO CONTRATO DE 

    SEGURO  ADJECTO A MUTUO HIPOTECARIO. LITISCONSÓRCIO

    ENTRE A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL/CEF E CAIXA

    SEGURADORA S/A. INVIABILIDADE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA

    ESTADUAL. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. LEI N. 11.672/2008.

     RESOLUÇÃO/STJ N. 8, DE 07.08.2008. APLICAÇÃO.

    1. Nos feitos em que se discute a respeito de contrato de seguro adjeto a contrato de mútuo, por envolver discussão entre seguradora e

     mutuário, não comprometer recursos do SFH e não afetar o FCVS

    (Fundo de Compensação de Variações Salariais), inexiste interesse da

    Caixa Econômica Federal a justificar a formação de litisconsórcio

     passivo necessário, sendo, portanto, da Justiça Estadual a competência

     para o seu julgamento.

    2. Julgamento afetado à 2a. Seção com base no Procedimento da Lei n.

    11.672/2008 e Resolução/STJ n. 8/2008 (Lei de Recursos Repetitivos).

    3. Recursos especiais conhecidos em parte e, nessa extensão, não

     providos".

    ( REsp 1091393/SC, Relator Ministro Carlos Fernando Mathias (Juiz

     Federal Convocado do TRF 1ª Região), j. em 11.03.2009).

    Assim, forçoso concluir que a alegação do recorrente de que, na hipótese

    em apreço, por ser a apólice do Ramo 66 (pública) a competência é da Justiça Federal, não prospera, eis

    que, para tanto, mister a conjugação da natureza pública da apólice e a demonstração nos autos por meio

    de documentos de que haja afetação do FCVS e a atuação da CEF como administradora do SH/SFH.Nesse sentido, cito parte do informativo nº 0487 da Segunda Seção do

    STJ, que trata a matéria, in verbis:

    "Entretanto, sendo a apólice pública (Ramo 66) e garantida pelo FCVS,

    existe interesse jurídico a amparar o pedido de intervenção da CEF, na

     forma do art. 50 do CPC, e a remessa dos autos para a Justiça Federal.

     Ressaltou-se, ainda, que, na apólice pública (Seguro Habitacional   do

    Sistema Financeiro da Habitação – SH/SFH), o FCVS é o responsável

     pela garantia da apólice e a CEF atua como administradora do SH/SFH,controlando, juntamente com as seguradoras, os prêmios emitidos e

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    recebidos, bem como as indenizações pagas. O eventual superavit dos

     prêmios é fonte de receita do FCVS; em contrapartida, possível deficit 

    será coberto com recursos do referido fundo, sendo seu regime jurídico

    de direito público." 

    Para corroborar com esta tese, colaciono recentes entendimentos deColendo Superior Tribunal de Justiça, reconhecendo a competência da Justiça Estadual para julgar

    demanda idêntica à que ora se apresenta, senão vejamos:

    "AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO - SFH -

    SEGURO HABITACIONAL OBRIGATÓRIO - responsabilidade pelos

    danos no imóvel - COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL -

    ENTENDIMENTO CONSOLIDADO PELA SEGUNDA SEÇÃO DO STJ -

     RECURSO IMPROVIDO.

    (AgRg no Ag 1376841/PE, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA

    TURMA, julgado em 18/09/2012, DJe 03/10/2012)." 

    "AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.

    SISTEMA FINANCEIRO  HABITACIONAL. DISCUSSÃO ENTRE 

    SEGURADORA E MUTUÁRIO. NÃO COMPROMETIMENTO DO

    FUNDO DE COMPENSAÇÃO DE VARIAÇÕES SALARIAIS (FCVS).

    ESCORREITA APLICAÇÃO DA SÚMULA 83 DESTA CORTE.

     RECURSO MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE. COBERTURA

    SECURITÁRIA. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 05 E 07/STJ. AGRAVO

     REGIMENTAL NÃO PROVIDO.

    1. O julgamento do REsp nº 1.091.363/SC, representativo de causas

    repetitivas, assentou o entendimento de que "nos feitos em que se discute

    a respeito de contrato de  seguro   adjeto a contrato de mútuo, por 

    envolver discussão entre seguradora e mutuário, e não afetar o FCVS 

    (Fundo de Compensação de Variações Salariais), inexiste interesse da

    Caixa Econômica Federal a justificar a formação de litisconsórcio passivo necessário, sendo, portanto, da Justiça Estadual a competência

     para o seu julgamento." 2. Para infirmar a conclusão a que chegou o

    Tribunal de origem quanto ao tipo da apólice objeto do financiamento

    (Ramo 66 ou Ramo 68) seria necessário o reexame do contrato, bem

    como do acervo probatório, o que encontra óbice ante às Súmulas 5 e 7 

    desta Corte.

    3. Agravo regimental não provido, com aplicação de multa.

    (AgRg no AREsp 187.084/PE, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,

    QUARTA TURMA, julgado em 04/09/2012, DJe 10/09/2012)." 

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    "PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO NO AGRAVO EM RECURSO

    ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA DECORRENTE 

     DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO HABITACIONAL. AUSÊNCIA

     DE CLÁUSULA RELATIVA A FCVS NO CONTRATO. DECLARAÇÃO

     DE AUSÊNCIA DE INTERESSE DE ENTE FEDERAL NA LIDE.

     HARMONIA ENTRE O ACÓRDÃO RECORRIDO E A JURISPRUDÊNCIA DO STJ. INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULAS 

    CONTRATUAIS. VEDAÇÃO.

    -O acórdão recorrido que adota a orientação firmada pela

     jurisprudência do STJ não merece reforma.

    -É vedado interpretar cláusulas contratuais em recurso especial.

    -Agravo não provido. (STJ, AgRg no AREsp 84.460/RS, Rel. Ministra

     NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/08/2012, DJe

    17/08/2012). [grifos acrescidos]." 

    "AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO

     INDENIZATÓRIA. SEGURO    HABITACIONAL. CAIXA

    SEGURADORA S.A. LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO.

    COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL E ESTADUAL. FATO NOVO.

     MODIFICAÇÃO LEGISLATIVA. LEI N. 12.409/2011. COBERTURA

    CONTRATUAL. REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 07/STJ.

    1. Entendimento uníssono do Superior Tribunal de Justiça no sentido de

    que, nos feitos em que se discute contrato de seguro adjeto a mútuo, nãoafetando o fundo de compensação das variações salariais (FCVS),

    inexiste interesse da Caixa Econômica Federal a justificar a formação de

    litisconsórcio passivo necessário, sendo, portanto, da Justiça Estadual a

    competência para o seu julgamento. Controvérsia, no caso, restrita à

    seguradora e ao mutuário.

    2. No caso em tela, eventual inovação legislativa, veiculada pela Lei n.

    12.409/2011, é inapta para a modificação da competência dos órgãos

     jurisdicionais que já cumpriram seu mister institucional, encerrando ainstância com a lavratura do acórdão.

    3. A elisão das conclusões do aresto impugnado, comprovando a

    cobertura contratual para os riscos descritos na inicial, demandaria o

    revolvimento dos elementos de convicção dos autos, soberanamente

    delineados pelas instâncias ordinárias, providência vedada nesta sede

    especial a teor da súmula 07/STJ.

    4. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

    (STJ, AgRg no Ag 1368941/SC, Rel. Ministro PAULO DE TARSO

    SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/03/2012, DJe15/03/2012). [grifos acrescidos]." 

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    Destarte, de tudo que consta nos autos, entendo caracterizada a

    competência da justiça estadual para julgar a demanda, motivo pelo qual rejeito a preliminar de

    incompetência da Justiça Estadual.

    É como voto.

    PREJUDICIAL DE MÉRITO: PRESCRIÇÃO

    Defende a apelante, em prejudicial de mérito, que o direito dos apelados

    deve ser declarado prescrito, na medida em que o prazo fixado no Código Civil para que o segurado

    promova a ação contra o segurador é de 01 (um) ano, contado da data em que o interessado tiver tomado

    ciência do fato.

    Com efeito, de acordo com o art. 178, § 6º, II, do CC de 1916, aplicável

    ao caso, prescrevia, em um ano, a ação do segurado contra o segurador e vice-versa, se o fato que o

    autoriza se verificar no país, contado o prazo do dia em que o interessado tiver conhecimento do mesmo

    fato. A partir dessa data, o segurado tem o prazo de um ano para requerer o pagamento da cobertura

    securitária.

    Todavia, no caso em tela, é inviável averiguar-se de forma precisa a data

    em que os mutuários tiveram conhecimento dos problemas estruturais, tendo em vista que o processo de

    deterioração dos imóveis iniciou-se de forma imperceptível, tendo evolução lenta e progressiva,

    conforme afirmou o expert no laudo pericial acostado aos autos.

    Nesse rumo, o Superior Tribunal de Justiça confirmou acórdão do

    Tribunal de Justiça de São Paulo que entendeu pela inocorrência da prescrição diante da impossibilidade

    de ser detectável de pronto o sinistro, in verbis:

    " RECURSOS ESPECIAIS - PROCESSUAL CIVIL - SEGURO

     HABITACIONAL   - OMISSÕES - INEXISTÊNCIA - PRESCRIÇÃO -

     INOCORRÊNCIA - MUTUÁRIOS-SEGURADOS - LEGITIMIDADE 

     ATIVA - MULTA DECENDIAL - LEGALIDADE DE SUA COBRANÇA

    QUANDO PREVISTA NO CONTRATO - LIMITAÇÃO PELO VALOR DA

    OBRIGAÇÃO PRINCIPAL - ART. 920 DO CÓDIGO CIVIL DE 1916 -

     RECURSO PROVIDO.

     I. Embora rejeitando os embargos de declaração, o acórdão recorrido

    examinou, motivadamente, todas as questões pertinentes, logo, não há

    que se falar em ofensa ao art. 535 do Código de Processo Civil.

     II. Considerando a explicitação do Acórdão recorrido diante da

    impossibilidade de ser detectável de pronto o sinistro, não há como

    reconhecer a prescrição pleiteada.

     III. Os mutuários-segurados são legítimos a pleitearem o recebimento da

    multa junto com o adimplemento da obrigação, quando presentes vícios

    decorrentes da construção. IV. É devida a multa decendial, pactuada entre as partes para o caso de

    atraso do pagamento da indenização, limitada ao valor da obrigação

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     principal (art. 920 do Código Civil de 1916).

     Recurso especial de SEBASTIÃO DONIZETE DE SOUZA E OUTROS 

     provido, em parte, e Recurso especial de CAIXA SEGURADORA S/A não

    conhecido." 

    (REsp 1044539/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA

    TURMA, julgado em 17/03/2009, DJe 25/03/2009). Grifos acrescidos.

    É necessário não perder de vista que é esta a posição assumida por esta

    Corte diante da matéria sub examine, conforme se depreende dos seguintes julgados: AC

    2010.008114-2, 1ª Câmara Cível, Relator Desembargador DILERMANDO MOTA, DJe 20/10/2010;

    AC 2010.008111-1, 2ª Câmara Cível, Relatora Juíza MARIA ZENEIDE BEZERRA (convocada), Dje

    14/07/2010; AC 2010.000957-3, 3ª Câmara Cível, Relator Desembargador AMAURY MOURA

    SOBRINHO, Dje 31/03/2010).

    Assim, no caso concreto, a aplicação do dispositivo prescricional previsto

    na legislação deve ser afastado, considerando que os danos continuam a ocorrer no tempo e no espaço.

    Ante o exposto, rejeito a prejudicial de mérito suscitada pela apelante.

    É como voto.

    ILEGITIMIDADE PASSIVA DA SEGURADORA-RÉ, INÉPCIA DA INICIAL E

    ILEGITIMIDADE ATIVA

    A Apelante também suscita preliminares de ilegitimidade passiva (a

    recorrente não tem qualquer relação com o Seguro Habitacional que dá suporte à demanda), inépcia dainicial (não indicação da data em que os alegados danos físicos do imóvel ocorreram ou foram

    identificados, ou seja, data do sinistro) e ilegitimidade ativa (não foi trazido aos autos qualquer meio de

    prova que vincule os autores ao contrato celebrado com a seguradora-ré), pedindo a extinção da

    demanda com base no art. 267, inciso VI, c/c o art. 295, inciso III, ambos do Código de Processo Civil.

    Observa-se que a análise das preliminares referidas estão vinculadas à

    verificação das condições do negócio jurídico firmado entre as partes, bem como de seus efeitos. Logo,

    trata-se de matéria que se confunde com o próprio mérito da demanda, razão pela qual deve ser

    analisada em momento oportuno.

    Pelo exposto, transfiro para o mérito a preliminar de carência de ação por

    falta de interesse de agir.

    É como voto.

    MÉRITO

    Quanto ao mérito propriamente dito, não merece ser provida a apelação,

    pois, pela análise do conjunto probatório constante dos autos, bem como pela manifestação das partes,translúcido o dever da seguradora de indenizar os mutuários, na forma exposta na sentença recorrida.

    O cerne da questão consiste em se aferir a responsabilidade advinda dos

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    danos físicos causados nos imóveis adquiridos pelos autores, ora apelados, Conjuntos Habitacionais

    Parque dos Coqueiros, localizados nesta Capital, tomando por base o fato de que no ato da aquisição dos

    mesmos aderiram à Apólice Habitacional, passando a contar com a chamada "Cobertura Compreensiva

    Especial", para risco de Danos Físicos no Imóvel - DFI.

    Em princípio, torna-se imperioso esclarecer que a incidência do Código

    de Defesa do Consumidor nos contratos de financiamento habitacional está restrita aos serviçosprestados pelo agente financeiro, descabendo seu manejo em revisão das cláusulas do contrato que

    digam com os custos da operação financeira, por não se enquadrar no conceito de relação de consumo,

    conforme entendimento já consolidado pelo Superior Tribunal de Justiça: AgRg no REsp 933.928/RS,

    Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/02/2010, DJe 04/03/2010;

    REsp 717.633/PR, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 03/11/2009, DJe

    13/11/2009).

    Por seu turno, são passíveis de exame no âmbito da Lei nº 8.078/90 os

    serviços prestados pelas seguradoras, estes sim expressamente previstos como determinantes de relação

    de consumo (art. 3º, § 2º, do precitado diploma legal).

    Conforme o disposto no art. 20 do Decreto-lei nº 73/1966, a contratação

    desta espécie de seguro, seguro habitacional, é obrigatória aos bens dados em garantia de

    financiamentos de instituições financeiras públicas. Ou seja, no momento da aquisição da casa própria,

    os mutuários precisam aderir ao Seguro Habitacional, sem qualquer discussão acerca de suas cláusulas,

    nem mesmo quanto à cobertura securitária.

    Dessa forma, os contratos de seguro   mencionados nos autos

    classificam-se como contratos de adesão e não se furtam à incidência das normas consumeristas (art. 54

    da Lei nº 8.078/90). A esse propósito, há também pronunciamento do Superior Tribunal de Justiça:

    " PROCESSO CIVIL, CIVIL, CONSUMIDOR E SFH . RECURSO

    ESPECIAL. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA

    284/STF. SEGURO HABITACIONAL. CONTRATAÇÃO FRENTE AO

    PRÓPRIO MUTUANTE OU SEGURADORA POR ELE INDICADA.

     DESNECESSIDADE. CLÁUSULA DE EXCLUSÃO DE COBERTURA

    POR DOENÇA PREEXISTENTE. PRÉVIO EXAME MÉDICO.

     NECESSIDADE.

    - É inadmissível o recurso especial deficientemente fundamentado. Incidência da Súmula 284/STF.

    - A despeito da aquisição do  seguro   ser fator determinante para o

     financiamento habitacional  , a lei não determina que a apólice deva ser 

    necessariamente contratada frente ao próprio mutuante ou seguradora

     por ele indicada. Precedentes.

    - Nos contratos de seguro, o dever de boa-fé e transparência torna

    insuficiente a inserção de uma cláusula geral de exclusão de cobertura;

    deve-se dar ao contratante ciência discriminada dos eventos efetivamente

    não abrangidos por aquele contrato.

    - O fato do seguro ser compulsório não ilide a obrigatoriedade de uma

    isão http://esaj.tjrn.jus.br/cjosg/pcjoDecisao.jsp?OrdemCodigo=52&tpClasse=J

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     negociação transparente, corolário da boa-fé objetiva inerente a

    qualquer relação contratual, em especial aquelas que caracterizam

    uma relação de consumo.

    - No seguro  habitacional  , é crucial que a seguradora, desejando fazer 

    valer cláusula de exclusão de cobertura por doença preexistente, dê

    amplo conhecimento ao segurado, via exame médico prévio, sobreeventuais moléstias que o acometam no ato de conclusão do negócio e

    que, por tal motivo, ficariam excluídas do objeto do contrato. Essa

    informação é imprescindível para que o segurado saiba, de antemão, o

    alcance exato do  seguro   contratado, inclusive para que, no extremo,

     possa desistir do próprio financiamento, acaso descubra estar acometido

    de doença que, não abrangida pelo seguro, possa a qualquer momento

    impedi-lo de dar continuidade ao pagamento do mútuo, aumentando

    sobremaneira os riscos do negócio. Assim, não se coaduna com o espírito

    da norma a exclusão desse benefício nos casos de doença preexistente,

     porém não diagnosticada ao tempo da contratação. Em tais hipóteses,

    ausente a má-fé do mutuário-segurado, a indenização securitária deve

    ser paga. Recurso especial não conhecido." 

    (REsp 1074546/RJ, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA

    TURMA, julgado em 22/09/2009, DJe 04/12/2009). Destaques

    acrescidos.

    " AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO.FUNDAMENTOS INSUFICIENTES PARA REFORMAR A DECISÃO

     AGRAVADA. SISTEMA FINANCEIRO  HABITACIONAL.

     INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA. VÍCIO NA CONSTRUÇÃO DO

     IMÓVEL.

    1. Omissis;

    2.No julgamento do Recurso Repetitivo norteador da matéria, Resp

    1.091393/SC, da lavra do Rel. Min. Carlos Fernando Mathias, realizado

    em 11.3.2009, restou definido que a Caixa Econômica Federal não é 

    litisconsorte passiva necessária em ação movida contra seguradora paraindenizar vício de construção em imóvel do Sistema Financeiro de

     Habitação.

    3.  Este Tribunal já definiu que se aplicam as regras do Código de

     Defesa do Consumidor aos contratos de financiamento vinculados ao

    Sistema Financeiro de Habitação   (3ª Turma, AgRg no REsp

    1093154/RS, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, unânime, Data do

     Julgamento 16/12/2008, DJ de 20/02/2009).

    4. O Tribunal local, após exame do contrato de  seguro , concluiu pela

    existência de cobertura contratual. Assim, os argumentos da recorrente,

    notadamente o de que os vícios de construção não são objeto de

    isão http://esaj.tjrn.jus.br/cjosg/pcjoDecisao.jsp?OrdemCodigo=52&tpClasse=J

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    cobertura securitária, esbarram no óbice previsto na Súmula 5/STJ.

    5. Agravo regimental a que se nega provimento." 

    (AgRg no Ag 991.902/SC, Rel. Ministro VASCO DELLA GIUSTINA

    (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), TERCEIRA

    TURMA, julgado em 18/08/2009, DJe 02/09/2009). Destaques

    acrescidos.

    Por outro lado, o fato de ter havido quitação de contratos de alguns dos

    autores não lhes retira o direito de postularem em juízo eventual indenização, considerando que os

    sinistros nos imóveis se deram no período de vigência dos financiamentos, conforme ficou comprovado

    pelas respostas aos quesitos da perícia técnica acostada aos autos que, por sua vez, não deixa qualquer

    dúvida de que os problemas encontrados nos imóveis vistoriados são decorrentes da própria construção

    destes, seja pelo uso de materiais inadequados, seja pelo não-atendimento às especificações definidas no

    projeto das unidades habitacionais, não havendo concluído pela má utilização dos referidos imóveis.

    Logo, é de se concluir que os vícios de construção causaram o

    comprometimento das partes afetadas, sendo que as "patologias" encontradas, se não forem consertadas,

    tendem a evoluir, podendo, no futuro, causar a ruína dos imóveis.

    Para tal constatação, desnecessária longa divagação acerca da matéria,

    bastando consultar o "Relatório Fotográfico e Planilhas de Quantitativos Aplicáveis", realizado nos

    imóveis periciados.

    Com efeito, ficou constatado que os danos atingiram componentes

    importantes dos imóveis, tais como nas estruturas de madeira dos telhados, umidade do solo, nas

    paredes etc. Tais defeitos comprometem a solidez e a segurança dos imóveis, e, sendo caracterizadoscomo de natureza progressiva, é certo que podem vir a comprometer ainda mais as unidades

    habitacionais, inclusive com o risco de desabamento.

    Portanto, é de ser deduzido que, do resultado obtido pelo laudo pericial,

    os moradores das residências vistoriadas se encontram em total insegurança, pois os imóveis estão em

    estado de deterioração severa. E, no caso de os vícios de construção verificados, se não forem

    solucionados por um programa de recuperação imediata dos imóveis, o risco de sua inutilização é

    iminente.

    Em vista disso, está evidenciada a responsabilidade da seguradora pela

    indenização, em favor dos autores, frente aos dispositivos constantes do contrato de seguro vigente.Nesse passo, estabelece a cláusula 3ª das Condições Especiais do seguro,

    que trata das coberturas contratadas (fls. 81):

    " O estipulante contrata, por esta apólice, as coberturas definidas nas

    Condições Particulares anexas para as operações de financiamento

    vinculadas ao Sistema Financeiro da Habitação, abrangendo os

    seguintes riscos:

     I – danos físicos dos imóveis;" 

    Por seu turno, nas Condições Particulares para os Riscos de Danos

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    Físicos, dispõe a cláusula 3ª, no subtítulo “RISCOS COBERTOS” (fls. 87):

    " 3.1 Estão cobertos por estas Condições todos os riscos que possam

    afetar o objeto do seguro , ocasionando:

    a) incêndio;

    b )explosão;c) desmoronamento total;

    d) desmoronamento parcial, assim entendido a destruição ou

    desabamento de paredes, vigas ou outro elemento estrutural;

    e) ameaça de desmoronamento, devidamente comprovada;

     f) destelhamento;

    g) inundação ou alagamento." 

    Da mesma forma, presente a obrigação da seguradora em indenizar os

    mutuários-apelados, segundo se infere da cláusula 5ª, do citado contrato de seguro (fls. 88):

    " Cláusula 5ª - PREJUÍZOS INDENIZÁVEIS 

    São indenizáveis os seguintes prejuízos:

    a) danos materiais, diretamente resultantes dos riscos cobertos;

    b) danos materiais e despesas decorrentes de providências tomadas para

    combate à propagação dos riscos cobertos, para a salvaguarda e

     proteção dos bens descritos no instrumento caracterizador da operação a

    que se refere o imóvel objeto do seguro e desentulho do local; (...)" 

    Em verdade, não há qualquer prova a amparar a tese da seguradora de

    que os riscos foram causados por má conservação e deterioração do imóvel, tendo em vista que, como

    aqui já se disse, os danos verificados não são decorrentes do desgaste natural pelo uso e falta de

    conservação do imóvel, mas sim de falhas construtivas.

    Vale consignar, quanto aos vícios de construção, que a

    seguradora/apelante, na tentativa de eximir-se do cumprimento da obrigação securitária, alega que, em

    sendo comprovado que os vícios se originam de falhas na construção dos imóveis, estes não estão

    incluídos na cobertura da apólice, já que seriam expressamente excluídos pela cláusula 3.2 (fls.

    87-verso), verbis:

    “3.2. Com exceção dos riscos contemplados nas alíneas ‘a’ e ‘b’ do

    subitem 3.1, todos os citados no mesmo subitem deverão ser decorrentes

    de eventos de causa externa, assim entendidos os causados por forças

    que, atuando de fora para dentro, sobre o prédio, ou sobre o solo ou

    subsolo em que o mesmo se acha edificado, lhe causem danos,

    excluindo-se, por conseguinte, todo e qualquer dano sofrido pelo prédioou benfeitorias que seja causado por seus próprios componentes, sem

    que sobre eles atue qualquer força anormal.”

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    Todavia, essa cláusula se mostra abusiva, por diversas razões, e deve ser

    afastada, de modo a prevalecer a existência de cobertura securitária no caso em tela. Primeiramente,

    analisando-se a integralidade do contrato de seguro   apresentado, há clara dubiedade em relação à

    cobertura dos vícios de construção. Afirma a Seguradora que essas avarias não estão, de forma alguma,

    contempladas pela apólice, mas conclusão diversa é a que se retira da leitura da cláusula 3.1 do anexo 12- Vícios de Construção, da apólice securitária (fls. 113-verso/114), que consiste no regulamento do

    procedimento para aferição dos sinistros de danos físicos:

    “3.1 – Nos casos em que o vistoriador da Seguradora referir-se

    expressamente à existência do vício de construção como fato gerador do

    sinistro, a Seguradora, reconhecendo a cobertura, requererá medida

    cautelar específica, consistindo em exame pericial, com vistas á

     produção antecipada de provas e a fim de requerer, em seguida, se for o

    caso, contra quem de direito, o ressarcimento da importância despendida

    a título de indenização.” Grifos acrescidos.

    Logo, se em uma das cláusulas integrantes da apólice, a Seguradora

    expressamente admite a possibilidade de indenizar danos relativos a vícios de construção, não pode,

    apoiada em outro dispositivo do mesmo contrato, pretender eximir-se de sua obrigação.

    Dessa forma, em atenção ao disposto nos artigos 46 e 47 do Código de

    Defesa do Consumidor, aliado ao § 3º do art. 54, que estabelece a obrigação de os contratos de adesão

    serem redigidos em termos claros, deve prevalecer a cláusula que beneficia os mutuários, ou seja, aquelaque prevê a possibilidade de pagamento de indenização pelos vícios construtivos.

    Nesse diapasão, tendo a apelante aceitado a cobertura securitária dos

    imóveis, deveria ter agido com diligência, fiscalizando o empreendimento objeto do seguro  ou pelo

    menos buscando informações técnicas que garantissem a segurança do empreendimento.

    É necessário não perder de vista que esta Egrégia 3ª Câmara Cível já se

    pronunciou pela existência de obrigação da seguradora demandada em indenizar os mutuários, em caso

    semelhante, conforme se depreende da ementa abaixo transcrita:

    " EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. SISTEMA FINANCEIRO HABITACIONAL. AÇÃO ORDINÁRIA DE

     INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA. IMÓVEIS POPULARES.

     RESPONSABILIDADE OBRIGACIONAL. PLEITO FORMULADO

     POR MUTUÁRIOS DO SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO -

    SFH. RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS OCORRIDOS

     NOS IMÓVEIS. PRELIMINARES DE LITISCONSÓRCIO PASSIVO

     NECESSÁRIO ENTRE A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL E A

    SEGURADORA, INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL,

     ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM, ILEGITIMIDADE PASSIVA E 

     INÉPCIA DA INICIAL, SUSCITADAS PELA RECORRENTE.

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     REJEIÇÃO. PRELIMINAR DE CARÊNCIA DE AÇÃO, POR FALTA DE 

     INTERESSE DE AGIR, SUSCITADA PELA RECORRENTE.

    TRANSFERÊNCIA PARA O MÉRITO. PRELIMINAR DE NÃO

    CONHECIMENTO DO RECURSO, POR AFRONTA AO PRINCÍPIO DA

     DIALETICIDADE, SUSCITADA PELOS APELADOS EM SEDE DE 

    CONTRARRAZÕES. REJEIÇÃO.  PREJUDICIAL DE MÉRITO DE PRESCRIÇÃO AFASTADA. TERMO INICIAL. DATA DA CIÊNCIA

     INEQUÍVOCA DA RECUSA À INDENIZAÇÃO. MÉRITO.

    CONTRATO DE SEGURO. LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA.

     PERÍCIA JUDICIAL. VÍCIOS DE CONSTRUÇÃO. COBERTURA

    SECURITÁRIA CONTRATUALMENTE ESTIPULADA. MULTA

     DECENDIAL DEVIDA SOBRE O VALOR DA INDENIZAÇÃO. JUROS 

     DE MORA. TERMO INICIAL. CITAÇÃO. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ NÃO

    CONFIGURADA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS FIXADOS EM 

    PATAMAR RAZOÁVEL. INTELIGÊNCIA DO ART. 20, § 3º, DO

    CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. RECURSO CONHECIDO E 

    PARCIALMENTE PROVIDO." (TJRN, Apelação Cível nº

    2009.009679-2, Relatora Juíza MARIA NEIZE DE A. FERNANDES

    (convocada), 3ª Câmara Cível, DJe 04/12/2009). Grifos acrescidos.

    No mesmo sentido, diversos Tribunais pátrios estão entendendo pela

    obrigação da seguradora em indenizar os mutuários em casos idênticos ao aqui analisado, senão

    vejamos:

    " Processual civil. Petição inicial. Alegação de inépcia e de

    impossibilidade jurídica do pedido formulado. Rejeição pelo magistrado.

     Agravo retido interposto. Peça postulatória que atende aos requisitos do

    art. 282 do CPC. Presença da condição da ação. Agravo retido

    desprovido.

    Civil. Seguro. Danos resultantes de vícios e defeitos de construção.

     Responsabilidade da seguradora. Demonstração. Verba honorária fixada

    segundo o disposto no art. 20, § 3°, do Código de Processo Civil.Sentença de procedência. Decisão mantida. Recurso desprovido."  (TJSP,

    Apelação Cível nº 994010385932, 2ª Câmara de Direito Privado, Relator

    Des. Boris Kauffman, julgado em 09/02/2010, publicado em 22/02/2010).

    Destaques acrescidos.

    " EMENTA: Apelação cível. Seguro habitacional . Preliminares.

     Inocorrência da inépcia da inicial. Ausência de interesse jurídico da

    CEF a justificar sua inclusão no pólo passivo do feito. Competência para

     processamento e julgamento da demanda que cabe à Justiça ComumEstadual. A Súmula 150 do STJ não impede que o juiz estadual afaste a

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    alegação de interesse da União, quando sem fundamentação razoável do

     ponto de vista jurídico. Precedente do STJ. Mérito. Prescrição

    inocorrente. Mutuários do sistema financeiro de habitação. Vício de

    construção. Há o dever de indenizar quando comprovada a presença de

    danos físicos e danos evolutivos decorrentes de vício de construção

    assinalado em anexo contratual, ainda mais quando os defeitosapresentados pelos prédios implicam comprometimento de sua solidez e

    segurança. Multa decendial. Aplicação. Juros de mora. Termo inicial.

     Apelo desprovido." (TJRS, Apelação Cível Nº 70033863648, Sexta

    Câmara Cível, Relator Des. Ney Wiedemann Neto, julgado em

    28/01/2010). Destaques acrescidos.

    " APELAÇÃO CÍVEL AÇÃO DE RESPONSABILIDADE 

    OBRIGACIONAL SECURITÁRIA SEGURO HABITACIONAL   SFH

     AGRAVO RETIDO PARTICIPAÇÃO DA CEF DESNECESSIDADE

     ILEGITIMIDADE ATIVA AFASTADA PRESCRIÇÃO INOCORRÊNCIA

     APELAÇÃO CONHECIMENTO PARCIAL PRECLUSÃO NO QUE 

    TANGE À ALEGAÇÃO DE NÃO INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE 

     DEFESA DO CONSUMIDOR VÍCIOS CONSTRUTIVOS COBERTURA

     RECONHECIDA AMEAÇA DE DESMORONAMENTO PATENTE

    CONTRATO DE ADESÃO INTERPRETAÇÃO FAVORÁVEL AO

    CONSUMIDOR-ADERENTE CLÁUSULAS DÚBIAS E SEM DESTAQUE

    ESVAZIAMENTO DO OBJETO CONTRATUAL ABUSIVIDADE  RECONHECIDA CLÁUSULA RESTRITIVA AFASTADA FORMA DE 

    CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO INDENIZAÇÃO EM PECÚNIA

     RESSARCIMENTO DOS REPAROS DEVIDO MULTA DECENDIAL

    PREVISÃO CONTRATUAL EXPRESSA ANTE A MORA DA

    SEGURADORA. 1. Incide a preclusão em relação a inconformismo pela

    incidência do Código de Defesa do Consumidor na presente demanda,

    eis que, anunciada por despacho saneador, a matéria não restou

    impugnada no tempo hábil pela via adequada. 2. Não há como se invocar 

    a necessidade de participação do agente financeiro na presente lide, umavez que o  seguro   é mantido diretamente pelos mutuários, mediante

     pagamento mensal. 3. Se os riscos, cuja cobertura reclamam os

    mutuários, originaram-se no período de vigência do contrato de seguro,

    não se fala em ilegitimidade ativa em razão da quitação dos contratos de

     financiamento. Ademais, a ausência de consentimento da mutuante não

    obsta o direito do mutuário (adquirente por meio do contrato de gaveta)

    de pleitear os direitos decorrentes de danos físicos existentes no imóvel,

    sobretudo diante do interesse social envolvido, qual seja, a proteção de

    moradia adequada. 4. Inexiste nos autos qualquer prova da comunicação

    da negativa da seguradora em indenizar os mutuários, o que

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    impossibilita a fluência do prazo prescricional. 5. Comprovada a

    gravidade dos danos físicos nos imóveis, bem como a progressividade

    das avarias encontradas pela perícia, resta patente a ameaça de

    desmoronamento, total ou parcial, das unidades habitacionais, donde os

    vícios apontados estarem insertos na cobertura securitária. 6. Em se

    tratando de relação de consumo, a excludente de responsabilidadealegada pela Seguradora no sentido de que vícios construtivos estariam

    expressamente excluídos do contrato não pode prevalecer, eis que afronta

    a legislação consumeirista, ao incorrer em dubiedade nas cláusulas

    contratuais, bem como em não destacar as cláusulas restritivas de

    direitos, cuja interpretação será em favor do consumidor (arts. 46 e 47 

    do CDC). 7. Se reconhece a abusividade da cláusula restritiva, porque

    desnatura o objeto do contrato de  seguro  (art. 51, inc. IV, e §1º, II),

    quando nega cobertura aos danos mais recorrentes nos imóveis

    decorrentes de contratos celebrados no âmbito do SFH, pela péssima

    qualidade da construção. 8. Prevista no contrato que a obrigação

    securitária poderá ser cumprida mediante pagamento de indenização em

    dinheiro aos mutuários, esse deve ser o modo eleito no presente caso,

     porque se mostra mais adequado à pacificação do conflito e mais

    benéfica ao consumidor-segurado. 9. Expressamente prevista no contrato

    que os reparos feitos às expensas dos próprios mutuários no intuito de

    evitar o agravamento dos riscos cobertos devem ser ressarcidos,

    mediante incidência do princípio do enriquecimento sem causa. 10. Aodeixar de efetuar o pagamento das indenizações, é devido o pagamento

    da multa decendial pactuada. AGRAVO RETIDO CONHECIDO E NÃO

    PROVIDO. APELO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NA PARTE 

    CONHECIDA, NÃO PROVIDO. " 

    (TJPR - 9ª C.Cível - AC 0616251-6 - Londrina - Rel.: Desª Rosana

    Amara Girardi Fachin - Unânime - J. 04.02.2010). Destaques acrescidos.

    Portanto, existente a obrigação da seguradora demandada em indenizar os

    autores, nos exatos termos definidos na r. sentença recorrida.No que diz respeito à multa decendial, a seguradora apelante alega que a

    Apólice Securitária em vigor, qual seja, a Circular da SUSEP nº 111/99, não prevê a incidência de multa

    decendial nos casos em que se configura mora no processo de análise de reconhecimento ou não de

    cobertura securitária pela Seguradora.

    Conforme se depreende do contrato acostado aos autos, mais

    precisamente na cláusula 17ª, item 17.3, da Apólice de Seguro - Condições Especiais, há previsão da

    multa decendial para o atraso do pagamento da indenização, aplicáveis à cobertura compreensiva

    especial do seguro habitacional, a qual dispõe que (fls. 84-verso): "A falta de pagamento da

    indenização, no prazo fixado no item 16.2 da cláusula 16ª destas Condições, sujeitará a Seguradora ao

     pagamento da multa de 2% (dois por cento) sobre o valor da indenização devida, para cada decêndio

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    ou fração de atraso, sem prejuízo da aplicação da correção monetária cabível." 

    Nesse sentido, em que pese inexistir nos autos prova do recebimento pela

    seguradora apelante dos avisos de sinistros e os consequentes Termos de Negativa de Cobertura pela

    mesma emitidos, o que configuraria o inadimplemento do contrato e a mora, não se pode olvidar que,

    nesses casos, a multa decendial é devida somente após o decurso do prazo de 30 (trinta) dias, contados

    da citação - momento no qual a seguradora foi cientificada dos sinistros (cláusula 17ª da Apólice deSeguro), limitada, por evidente, ao montante da obrigação principal (STJ, REsp 1044539/SP, Rel.

    Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/03/2009, DJe 25/03/2009), na forma

    derterminada o Juízo monocrático.

    No que tange ao termo inicial dos juros moratórios, tenho que não merece

    prosperar a pretensão recursal, haja vista que de acordo com o art. 406 do CC c/c art. 161, § 1º, do CTN,

    os juros de mora devem incidir em 1% ao mês, a partir da citação.

    Quanto ao pagamento dos honorários do assistente técnico, na esteira do

    posicionamento pacífico do Superior Tribunal de Justiça, deve ser observado o princípio da

    sucumbência, analisando-se conjuntamente o disposto no artigo 20, § 2º, com o artigo 33, ambos do

    Código de Processo Civil[1]

    , conforme voto do e. ministro Francisco Falcão, no Recurso Especial nº

    657.849/RS, “em interpretação conjugada dos aludidos dispositivos, os honorários do assistente

    técnico devem ser adiantados pela parte que os indicar e ressarcidos, ao final do processo, pelo vencido

    na demanda, no caso o expropriado, tendo em vista a observância ao princípio da sucumbência." 

    Nesse sentido, confiram-se as elucidações dadas pelo professor NELSON 

     NERY JUNIOR, em Código de Processo Civil Comentado e Legislação Extravagante , 9ª edição, no

    comentário ao art. 33 do CPC (p. 207):

    "Adiantamento de despesas.  Nada obstante conste do CPC 33 que a

     parte pagará as despesas do assistente técnico e do perito, o princípio da

    sucumbência (CPC 20 caput) impõe ao vencido o pagamento dessas

    despesas, devendo reembolsar a parte que as adiantou (RJTSP 110/192).

     No mesmo sentido: RJTJRS 56/352." 

    Isso posto, NEGO PROVIMENTO   ao recurso de apelação cível,

    mantendo a sentença recorrida em todos os seus termos.

    É como voto.

    Natal, 05 de novembro de 2013.

    Desembargador AMAURY MOURA SOBRINHOPresidente/Relator

    Doutora MILDRED MEDEIROS DE LUCENA

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    9ª Procuradora de Justiça

    [1]Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários

    advocatícios. Essa verba honorária será devida, também, nos casos em que o advogado funcionar em causa própria.(...)§ 2º. As despesas abrangem não só as custas dos atos do processo, como também a indenização de viagem, diária de

    testemunhae remuneração do assistente técnico.

    Art. 33. Cada parte pagará a remuneração do assistente técnico que houver indicado; a do perito será paga pela parte quehouver requerido o exame, ou pelo autor, quando requerido por ambas as partes ou determinado de ofício pelo juiz.

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