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ANEURISMA DA AORTA ABDOMINAL E A PRESENÇA DE RIM EM FERRADURA
Objetivo: revisar os casos de pacientes que apresentaram associação de aneurisma da aorta abdominal (AAA) e rim em ferradura (RF), evidenciando as dificuldades técnicas encontradas e os resultados obtidos no seu tratamento. Pacientes e métodos: os autores revisaram os prontuários dos pacientes submetidos a tratamento cirúrgico de AAA e que apresentaram COmO anomalia congênita associada, RF. Foram identificados cinco casos desta associação, dentre 590 pacientes operados por AAA no período de 1972 a 1999. Em quatro casos (80%) foram reimplantados vasos nutridores do RF. Resultados: dos cinco pacientes, três tiveram pós-operatório sem complicações. Um paciente evoluiu com insuficiência renal necessitando tratamento com hemodiálise. Outro paciente, operado há nove anos por AAA, apresentou pseudoaneurisma em expansão, evoluindo com isquemia mesentérica e óbito. Conclusão: o diagnóstico pré-operatório, a técnica cirúrgica apurada, bem como a presença de patologias assQÇiadas são determinantes diretos do resultado cirúrgico.
Unitermos: aneurisma de aorta, rim em ferradura, doenças aórticas.
O rim em ferradura (RF) é uma anomalia embriológica que se origina entre a 4" e a 6" semana
de vida intra-uterina por fusão dos blastómeros antes da rotação e migração, de modo que seus hilos adquirem uma posição ventral, anterior à coluna vertebral, geralmente ao nível de L3-L4 Z,8,Z6. Em 95 % dos casos o istmo é distal,
sendo a concavidade para cima e anterior à aorta; enquanto que nos outros 5% o istmo é proximal, com concavidade inferior, podendo ou não ser posterior à aortaZ•8.ZO• O istmo pode ser fibrótico, mas geralmente é parenquimatoso, e sua posição varia de L 1 até o assoalho pélvicoz,lz,zo,22.
As anomalias de artérias e veias constituem uma constante regra no RF. Em 80% dos casos há origem anómala de uma ou mais artérias renais IZ,14. 0 número de artérias renais varia de um a 10, e elas geralmente apresentam um dos seguintes padrões: artérias renais normais, de três
a cinco artérias, sendo duas normais e outras anómalas provindas da aorta abdominal e artérias ilíacas comuns e seis a dez artérias com vasos pequenos e múltiplos5,6,lz.17, tornando sua ma"
nipulação dificílima devido ao risco de isquemia renal.Esses vasos nutridores do RF podem se originar de qualquer ponto ao longo da aorta, ocasionalmente das artérias ilíacas e em alguns casos dos vasos mesentéricosZ' 5, II .
O sistema venoso apresenta uma variabilidade significativa. Com freqüência ambas as veias renais nascem no pólo superior do rim e drenam na veia cava inferior abaixo do diafragma. Quanto ao sistema coletor, os cálices são atipicamente arranjados, podendo dirigirse lateral, medial ou inferiormente. Os ureteres podem ser normais ou anómalos, como ser bífidos, duplos ou fundir-se em meato ectópicoz. A associação de RF e aneurisma de aorta abdominal ocorre em 0,5 a 0,8% em séries
Telmo Pedro Bonamigo Livre-Docente e Professor Adjunto de Angiologia e Cirurgia Vascular Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre - RS.
Fábio André Tornquist Ex-Médico Residente de Cirurgia Vascular Periférica da Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre. Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Cirurgião Vascular do Hospital Santa Cruz e Hospital Ana Nel}' de Santa Cruz do Sul- RS.
Neusa M. Furlan Cirurgiã Vascular no Hospital Tachini de Bento Gonçalves - RS.
Trabalho realizado no Serviço de Cirurgia Vascular Periférica da Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre e Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.
de autópsias8. A incidência de RF varia de 1 :400 a 1: 1000 nascidos viVOS Z,7. 11 ,13.Z0.Z5, e o sexo masculino é
atingido mais freqüentementez. Em . estudo de revisão de 101 casos relatados, 81 casos eram associados a aneurisma (80,2%) e 20 casos à obstrução aortoí1iaca (19,8% )ZI. O diagnóstico do RF pode ser um achado cirúrgico. Hoje o diagnóstico préoperatório desta anomalia não costuma trazer dificuldades . O exame ultra-sonográfico e a tomografia computadorizada de abdómen tornaram fácil a identificação do istmo renal em posição anterior à aorta abdominal. O estudo
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arteriográfico nos casos em que o mesmo é diagnosticado antes da. cirurgia é de extrema importância para o planejamento do tratamento cirúrgico mais adequado para cada caso.
PACIENTES E MÉTODOS
Foram revisados os dados de prontuário de 590 pacientes submetidos a cirurgia de aneuri sma da aorta abdominal e que apresentaram como anomalia intraabdominal associada rim em ferradura, no período de 1972 a 1999. Esta associação ocorreu em cinco pacientes dentre os 590 operados. A idade média foi de 67 anos, com uma variação de 61 a 75 anos. Cinco pacientes eram do sexo masculino. O tabagismo esteve presente em todos os casos. A cardiopatia isquêmica, hipertensão arterial sistêmica e doença broncopulmonar obstrutiva crônica foi evidenciada em 60% dos pacientes. A concomitância de vasculopatia periférica obstrutiva ocorreu em um caso. Dois pacientes tiveram acidentes vasculares encefálicos prévios. A presença de diabetes mellitus foi verificada em um caso, bem como a insuficiência renal crônica também em um paciente( Tab. 1).
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de RF associado à doença da aorta abdominal foi feito no período
pré-operatório através da tomografia abdominal computadorizada, em todos os pacientes a ela submetidos. Além da alta especificidade e sensibilidade, este exame traz informações importantes para o planejamento cirúrgico nos casos de doença aórtica aneurismática, como extensão proximal e distal do aneurisma e a sintopia do RF em relação à aorta abdominal7,19,30 (Fig 1.).
A ultra-sonografia abdominal foi realizada em cinco casos, sendo que o estudo angiográfico foi realizado em dois pacientes, um com aneurisma da aorta abdominal . O achado trans-operatório de RF ocorreu em um paciente com aneurisma da aorta abdominal submetido apenas a ultrasonografia abdominal, que não identificou a presença do RF. Desta forma, trouxe grande dificuldade técnica para realização do tratamento cirúrgico pela grande variedade de anomalias vasculares encontradas, sendo necessário o reimplante de artéria renal com origem no corpo do aneurisma.
iTRATAMENTO CIRÚRGICO
O tratamento cirúrgico realizado foi o convencional, ou seja, a técnica de inclusão através de abordagem transperitoneal. O primeiro tempo consistiu no isolamento do istmo do RF que permitisse a passagem dos dedos pela
Tabela 1 . Tratamento cirúrgico realizado nos pacientes com RF e aneurisma da aorta abdominal.
Reconstrução da Aorta Abdominal: Nº de casos Derivação Aorto-femoral ou ilíaca com prótese Dacron bifurcada .................................................... 5
Manejo Cirúrgico do RF: Reimplante das artérias do RF ........................................... 4 (5 artérias) Artéria Renal Polar ................................................................................... 1 Artérias do Istmo do RF ........................................................................... 2 Artérias Renais ......................................................................................... 2
Infusão de Ringer Lactato a 4ºC ............................................................. 4
Passagem da prótese de Dacron entre RF e Aorta .............................. 5
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sua face posterior e isolamento dos vasos arteriais que partissem do mesmo. A seguir o procedimento cirúrgico tinha continuidade com o implante proximal feito de forma cuidadosa, pois a presença muito próxima de vasos aberrantes pode criar dificuldades técnicas . Depois os ramos do enxerto foram deslocados através da face posterior do RF,'para que a anastomose distal fosse feita em posição biilíaca ou bifemoral. O tratamento dos aneurismas da aorta abdominal foi realizado através da aneurismectomia e derivação aorto-bilíaca ou femoral usando prótese de Dacron bifurcada . A anastomose aórtica foi término-terminal com fio de polipropileno 3.0, enquanto que as anastomoses distais foram realizadas com fio de polipropileno 5.0. A secção do istmo não foi realizada em nenhum caso ( Fig. 2) . O reimplante dos vasos nutridores do RF foi necessário em quatro casos num total de cinco artérias. Foram reimplantadas uma artéria em três pacientes e duas artérias em um paciente. 'Nestes casos sempre se utilizou a técnica de
. resfriamento do RF através de infusão de Ringer Lactato gelado (4°C) na artéria renal a ser reimplantada (tab. 1). O RF com o istmo anterior à aorta abdominal e também sem vasos anômaIos permitiu a realização dã 'cirurgia de reconstrução da aorta abdominal st;!m necessidade de reimplante de vasos do RF. Na Tabela 2 estão listados os pacientes operados, bem como a técnica utilizada e seus resultados.
RESULTADOS
Os resultados do tratamento dependem em parte da presença de doenças associadas. Assim, um paciente com doença renal (IRC) associada a doença arterial estenosante, evoluiu com perda da função renal necessitando de tratamento com hemodiálise. Um paciente constituiu-se em um desafio especial, pois já fora submetido há nove anos, à ressecção de AAA. Nos últimos dois anos
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Tabela 2. Dados técnicos dos cinco casos
Caso Sexo/ Idade Diagnóstico Arteriografia Cirurgia Data
1 M,68 a, AAA Artéria renal Derivação 11/3/87 emergindo Aorto-bilíaca da parede anterior do aneurisma
2 M,61 a, AAA Não Derivação 05/5/87 Aorto-bifemoral
3 M,61 a AAA Não Derivação 12/5/94 Ao rto- b i I íaca
4 M,75 a AAA Oclusão artéria Derivação 21/1/97 ilíaca externa D de Aorto-bifemoral 2 artérias emergindo do AAA
5 ' M, 70 a AAA Não Derivação 25/9/97 Aorto-bifemoral
apresentou perda da função renal e pseudoaneurisma da artéria femoral. Este fo~ corrigido com bom resultado. Alguns meses após , apresentou hemorragia digestiva associada a pseudoaneurisma na linha de anas-
tomose aórtica. O paciente foi submetido à correção, com troca da prótese e reimplante da artéria mesentérica inferior. No pós-operatório evoluiu com isquemia mesentérica e óbito.
Figura 1. Presença de um RF, cujo o istmo contorna a face anterior de volumoso AAA.
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Artéria renal Evolução
Reimplante Sem artéria do istmo intercorrências
Normal Pseudo-aneu risma após 9 anos
Reimplante Sem intercorrências artéria renal polar
Reimplante Sem intercorrênc ias de 2 artérias do RF
Reimplante Insuficiência renal de 1 artéria do RF
Os outros três pacientes tiveram boa evolução pós-operatória, sem intercorrências obtendo alta hospitalar entre o 8° e 10° dias de pós-operatório.
DISCUSSAO
O primeiro relato da associação de AAA e RF foi feito por Julian em 1956 14 • A associação do AAA e RF constitui-se em um desafio cirúrgico que não pode ser minimizado. O diagnóstico deve ser feito previamente e a conduta cirúrgica é dependente da experiência do cirurgião. A cirurgia convencional é adotadapor muitos autores l
•3•
8. 10, 11 . 17. 18,22, mas a escola de Detroit
preconiza o uso da via retroperitoneal23 .
Deve ser tomado cuidado especial para não seccionar o istmo5,6.8, IO,12,16,20,
pois a divisão ou ressecção do parênquima renal induz ao risco de fístula urinária e infecção do enxerto aórtico, pois 13% dos pacientes com RF são portadores de infecção urinária persistente 12
, Entretanto a secção do istmo tem sido proposta como alter-
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Figura 2: Está demonstrando a sequência do tratamento empregado, desde o isolamento do ístmo até controle angiográfico pós-operatório do reimplante da artéria renal
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nativa técnica por alguns autores 1,7, 11 ,22,26, Com relação à manu-tenção da viabilidade circulatória do istmo do RF, é necessário cuidado especial no isolamento dos vasos para evitar seu trauma, Estes vasos devem ser reimplantados no corpo do enxerto , A técnica mais difundida é a de se obter um botão aórtico para facilitar a sua implantação na prótese27
,
Na literatura nacional são escassas as comunicações sobre o tema 3,9,21,25 e esperamos que possa haver em futuro próximo uma revisão do assunto que reúna a experiência geraL( Tab, 4) Uma dificuldade a mais é o diagnóstico do RF na cirurgia da aorta abdominal tanto em situação eletiva quanto na vigência de ruptura8,13,29,30 ,
Tabela 3. Artigos de autores nacionais referentes à associação de RF e Doença Aórtica.
Autor Ano Doença Aórtica Publicação
Da RosaJFT 1984 1 AAA Revista Coi Bras de Cirurgiões
Brito CJ 1991 ' 3 AAA IntAngiol
SilvaCT 1993 1 AAA Revista Amrigs
RomitiM 1994 1 DOA Cir Vasc Angiol
BonamigoTP 1999 5 AAA Nesta
AAA( Aneurisma da Aorta Abdominal ); DOA ( Doença Oclusiva Aorto-ilíaca).
SUMMARV
Abdominal Aortic Aneurysm in the presence of Horseshoe Kidney
Purpose: to review patients that have both abdominal aortic aneurysm and horseshoe kidney showing c1early the technical difficuIties and the results gained by treatment. Pacients and Methods: the authors have reviewed pacients' data
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submitted to abdominal aortic aneurysm surgery in the presence of horseshoe kidney, Out of 590 patients there were 5 cases identified and operated between 1972 to 1999. The reimplant of the horseshoe kidney arteries was done in 4 cases (80%). Results: out of the 5 patients submitted to surgery. 3 had no postoperative complications. One developed renal insufficiency needing dialysis treatment. Death from
mesenteric ischemia ocurred in one patient operated for abdominal aortic aneurysm 9 years ago that developed expended aortic pseudo-aneurysm. Conclusion: a preoperative diagnosis pius a chosen surgery technique as well as the presence of associated pathology are straight forward decisive to surgery results.
Key-words: aortic aneurysms, horseshoe kidney, aortic diseases.
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ANEURISMA DA AORTA ABDOMINAL E A PRESENÇA DE RIM EM FERRADURA
COMENTÁRIO EDITORIAL
A publicação é de interesse, porque chama atenção sobre uma situação, que não é freqüente, mas que pode criar sérias dificuldades técnicas para a ressecção de wna aneurisma da aorta abdominal (AAA). Para um cirurgião de pouca experiência, a solução técnica pode ser inadequada ou até impraticável. O conhecimento prévio do problema toma-se portanto imperioso, para que o cirurgião não seja surpreendido durante a operação. A tomografia computadorizada, se possível helicoidal, constitui-se em um método excelente para a constatação dessa coincidência entre um AAA e wn rim em ferradura. Como a tomografia também demonstra a presença de anomalias venosas e aneurisma inflamatório, condições que também implicam em consideráveis dificuldades técnicas, parece-nos que não se deva operar um AAA sem uma tomografia prévia. Constatado o rim em ferradura, uma aortografia é de grande ajuda, para detectar as possíveis anomalias nas artérias que nutrem especialmente o istmo renal. Com o contraste injetado para a angiografia, podese realizar uma urografia excretora que
demonstra as freqüentes anomalias na pelve renal ou nos ureteres. Assim, com um bom diagnóstico, pode-se planejar wna cirurgia eficaz.
Não vemos razão para a secção do istmo renal, preconizada por alguns autores, pois dos quatro casos que tivemos, dois apresentavam uma fusão praticamente total das massas renais, cobrindo por completo o aneurisma, e mesmo assim o acesso transperitoneal, com isolamento digital entre a massa renal e o aneurisma, permitiu a colocação da prótese, sem grandes dificuldades técnicas. A secção do istmo, pela freqüência de infecção urinária no rim em ferradura, traz sempre perigo da sempre gravíssima infecção da prótese. Alguns cirurgiões julgam ser vantajosa a via extraperitoneal, mas em nossos quatro casos e nos cinco relatados pelos autores, a via tradicional, através o peritônio, mostrou-se perfeitamente adequada. A ocorrência da concomitância do rim em ferradura com o AAA é apenas uma questão de coincidência entre a anomalia genética e a doença aneurismática, não havendo qualquer relação entre as duas patologias. Assim sendo, sua previsibilidade
TELMO PEDRO BONAMIGO E COlS.
toma-se totalmente impossível. Quem opera sem tomografia prévia, sempre correrá o risco de ser surpreendido em plena cirurgia por wna situação para a qual pode não estar tecnicamente capacitado, ou não contar com recursos necessários a wna boa solução do problema.
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Carlos José de Brito - RJ
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