45
Angola: Desafios ao Desenvolvimento e à Estabilidade Numa Sociedade Pós Conflito Lisboa, Julho de 2014 Belarmino Jelembi [email protected]

Angola: Desafios ao Desenvolvimento e à Estabilidade …studiosvdv.com/ADRA/ANGOLA. RECONSTRUÇÃO PÓS CONFLITO...Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 6-Angola é um país

  • Upload
    lamkhue

  • View
    221

  • Download
    2

Embed Size (px)

Citation preview

Angola: Desafios ao Desenvolvimento e à

Estabilidade Numa Sociedade Pós ConflitoLisboa, Julho de 2014

Belarmino Jelembi

[email protected]

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 2

O presente conteúdo foi “ministrado” em três sessões de três horas cada, durante um dia e meio. O documento estáconstituido em quatro partes, nomeadamente:

Primeira Parte:

Angola, demografia, sociedade e antecedentes históricos; o processo de construção da democracia e o conflitoarmado; o processo de paz do Luena e o papel dos programas Geral de Desmobilização e Reintegração de Ex-militares eo de Extensão e Desenvolvimento Rural.

Segunda Parte:

O processo de reconstrução e desenvolvimento; a opção pela China e o chamado “Modo Angola” (recursos naturaispor infraestruturas), impacto no desenvolvimento da economia local; a petrodependência; o modelo agrícola, suasimplicações no desenvolvimento social

Terceira parte:

Economia rural, a experiencia das caixas comunitárias de crédito

Quarta parte:

Considerações finais, principais desafios

Enquadramento

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 3

1. ANGOLA, TERRITÓRIO E SOCIEDADE

2. A CONSTRUÇÃO DA DEMOCRACIA, DO ESTADO DE DIREITO E O CONFLITO ARMADO

2.1. Em Angola a democracia é ainda coisa nova. Porque?a) Factores que influenciaram a abertura democrática

b) Como “assumimos” a Democracia?

2.2. O conflito armado, protagonistas e implicaçõesa) Os Acordos de Paz e os Programas de Reintegração de ex-militares e de Extensão Rural

b) O Papel Estratégico do Programa Geral de Desmobilização e Reintegração (PGDR) e do Programa de Extensão e Desenvolvimento Rural (PEDR)

3. ANGOLA, RECONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO

4. ANGOLA, PETRODEPENDÊNCIA E DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA

4.1 Petróleo e economiaa) Variação da produção de Petróleo

b) Exportação de recursos naturais em África - a posição de Angola

c) Exploração de petróleo vs. Receitas públicas, riscos

d) A “maldição” dos recursos naturais

Tópicos

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 4

4.2 A concentração e a centralização, problema ou prudência?

4.3 Agricultura e economia rural

4.3.1 Agricultura e OGE

4.3.2 Caracterização da agricultura familiar, O MITO DA SUBSISTÊNCIA

4.2.3 Desafios ao desenvolvimento da agricultura familiar

4.3.4 A opção pelos Projectos Agroindustriais, dilemas e desafios

4.3.5 Acesso e posse de Terra em Angola, oportunidades e desafios

4.3.6 A problemática dos conflitos de terras5. DINAMIZAÇÃO DA ECONOMIA RURAL – A EXPERIENCIA DAS CAIXAS COMUNITÁRIAS DECRÉDITO5.1 O funcionamento6. CONSIDERAÇÕES FINAISBIBLIOGRAFIA

Cont.

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 5

- Superfície de 1 246 700 Km2. - 18.576.568 habitantes.- Cerca de 70% da população ocupa ¼.- A taxa de fecundidade é de 6.4 filhos por família.- 48% de população menor de 15 anos. - Em 2012 situava-se em 148º lugar num ranking de 186 países com o IDH estimado em 0,508.

CPLP1. ANGOLA, TERRITÓRIO E SOCIEDADE

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 6

-Angola é um país muito diversificado e isso pode ser explicado:

pela sua história•há regiões em que a presença portuguesa se verificou ao longo de quase 500 anos e outras onde não chegou a um século. •As relações de vizinhança com quatro países diferentes.•Pelo comércio a longa distância quer com o interior africano, quer através do Oceano Atlântico, principalmente com a Europa e o Brasil.

Pela posição entre a África Central (maioritariamente francófona ) e a austral (anglófona).

África é um continente muito diverso e complexo. Não é um corpo homogéneo

Cont.

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 7

2. A CONSTRUÇÃO DA DEMOCRACIA, DO ESTADO DE DIREITO E O CONFLITO ARMADO

2.1. Em Angola a democracia é ainda coisa nova. Porque?

- Porque as sociedades pré-coloniais não eram democráticas no entendimento que hoje se dá à democracia (ainda que elementos de participação e de moderação dos poderes autoritários estivessem muito presentes);

- Porque tivemos uma colónia, Portugal, onde vigorou de 1926 até 1974 um regime fascista e retrógrado e que não servia de referencial democrático;

- Porque as lideranças dos movimentos de luta pela independência não tinham grandes referências democráticas dos países que tinham passado (nos países vizinhos);

- Porque durante o chamado período de partido único - MPLA (1975-1991) predominaram no Estado e na Sociedade práticas de centralização e de “pensamento único”

- Porque a UNITA, “nas matas”, ao longo dos ditos 16 anos e no período posterior as eleições, nas suas áreas de jurisdição, também não construiu referências democráticas

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 8

Conjugaram-se factores internos e externos

- A pressão interna dentro do MPLA e da sociedade angolana.- A decadência das instituições do Estado e das empresas públicas, cada vez menos capazes deresponder as principais demandas da sociedade.- A pressão feita pela UNITA para abertura ao multipartidarismo.- Alteração da conjuntura internacional, com a queda do Muro de Berlim e desagregação daUnião Soviética.- Ao modelo económico neoliberal triunfante no início da década de 90.

a) Factores que influenciaram a abertura democrática

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 9

b) Como “assumimos” a Democracia?

Realizar eleições e criar parlamento multipartidário não chega

- O ideal económico neoliberal estava baseado numa democracia representativa que secoaduna com sociedades mais ou menos homogéneas do ponto de vista cultural, religioso,etnolinguístico, com um processo de construção da nação avançado.

-Não se questionou a possibilidade de complementar a democracia representativa com aparticipativa e com outros modelos que tivessem preocupações com o consenso, que seafigura aconselhável a sociedades pluralistas e diversificadas (Pacheco, 2005).

- Não reconhecer o consenso está-se a subestimar um elemento indispensável paraconstrução de novas estruturas sociais e de projectos nacionais abrangentes, sem que setenha de subalternizar o contraditório ou o conflito que alimentam os processosdemocráticos.

- Lembrar que tudo isto ocorre num contexto de guerras, como a seguir veremos…

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 10

40 anos de várias guerras com objectivos,protagonistas, alianças internas e externas, recursos emeios envolvidos e níveis de destruição diferentes:

A 1ª guerra teve como objectivo a independência e foimovida pelos três movimentos de libertação entre 1961 e1974

A 2ª guerra, em 1975, teve alguns meses de duração eenvolveu os três movimentos de libertação

A 3ª foi uma longa guerra civil (1975-1991), entre UNITA e oGoverno do MPLA (com apoio respectivamente dos EUA e daÁfrica do Sul, e Cuba e da União Soviética).

2.2. O conflito armado, protagonistas e implicações

4ª a última e mais destruidora (1992-2002), motivada pela recusa pela UNITA dos resultados das primeiras eleições multipartidárias realizadas em 1992. (lembrar que houve um intervalo com o Protocolo de Luzaka de 1994).

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 11

a) Os Acordos de Paz e os Programas de Reintegração de ex-militares e de Extensão Rural

O Memorando de Entendimento assinado no Luenaa 4 de Abril de 2002 estabeleceu os passos para odesarmamento e a dissolução das Forças Militaresda Unita FMU.

- Cerca de 100 mil homens, foram reunidos em 36áreas de aquartelamento/acolhimento distribuídaspelo território nacional, junto de mais de 280 mildependentes, na sua maioria familiares doscombatentes.

-As FAA assumiram nessa altura o compromisso dedesmobilizar 33 mil efectivos nos três anosseguintes.

- O papel determinante do Movimento da SCPROPACE.

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 12

-Registo e licenciamento dos efectivos;

- Atribuição de um kit social e de um subsídioequivalente 100 USD;

- Apoio alimentar durante alguns meses;

b) O Papel Estratégico do Programa Geral de Desmobilização e Reintegração (PGDR) e doPrograma de Extensão e Desenvolvimento Rural (PEDR)

-

1ª Componente

O PGDR foi elaborado pelo Governo de Angola com apoio do Banco Mundial e outrasinstituições doadoras

Componentes do Programa:

-Os soldados menores tiveram tratamento especial, sendo separados e alvode aconselhamento especial, e encaminhados para reunificação familiar.

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 13

- Apoio as actividades económicas;

- Assistência à reintegração social;

-Ajuda à reabilitação médica para -portadores de deficiência;

- Ajuda à reintegração especializada para menores.

2ª Componente, reintegração, tem as seguintes linhas de força

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 14

O custo total do PGDR

- 231 518 625 USD, dos quais 125 464 625 são imputados à componente de desmobilização e foram suportados pelo Governo angolano. - Os restantes (106 054000) dizem respeito à componente da reintegração, garantidas pelo Banco Mundial/IDA (33 milhões), pelo Fundo Fiduciário dos Multidoadores (48,4 milhões) e pela União Europeia (17 milhões).

Para a implementação do Programa foi prevista a contratação de agências.

Ao IRSEM, como responsável pela execução e gestão, compete concretamente:- A preparação de planos anuais de implementação mais detalhados;- A coordenação e cooperação com outros departamentos do Governo, ONGs, agências das Nações.A gestão dos recursos, incluindo os financeiros;A monitoria e avaliação do processo

Gestão do PGDR

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 15

-O Programa de Extensão e Desenvolvimento Rural (PEDR), lançado em Agosto de 2005.

-O programa visa, entre outros objectivos, garantir a segurança alimentar, reduzir a pobreza dapopulação, integrar as comunidades no desenvolvimento económico e social do país, aumentara produção e produtividade das empresas agrícolas familiares.

-O PEDR procurava beneficiar cerca de um milhão e 197 mil famílias angolanas.

- O fundamental era a distribuição de insumos agrícola (enxadas, catanas, sementes, adubos-- Orçado em 209 milhões de dólares

-Com duração de cinco anos

- O PEDR procura articular as várias intervenções das ONG no desenvolvimento comunitário,combate à pobreza e cidadania

Programa de Extensão e Desenvolvimento Rural (PEDR) e a da produção alimentar

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 16

Aspectos positivos destes dois programas estruturais do pós guerra:O PGDR- procurou responder ao imperativo da desmobilização, visando a paz; - Pós o foco nos ex-militares da UNITA, que estavam mais vulneráveis;- Previu a realização de actividades cívicas a favor da estabilidade sociopsicológica;O PEDR- Disponibilização de instrumentos de trabalho para as famílias deslocadas- As dimensões da reconstrução do capital social e reabilitação psico-emocional introduzidas pelas ONG nos projectos.

As críticas : -O processo foi pouco participado por parte dos beneficiários e das possíveis agências implementadoras (PGDR);- O modelo de projecto dirigido exclusivamente aos ex-militares imposto pelo Banco Mundial (prejudicou a necessária interacção com as comunidades locais)- O período de nove meses dos projectos mais comuns eram insuficiente;- Não há uma preocupação devida com a inserção dos subprojectos na perspectiva do desenvolvimento local em cada município

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 17

3. ANGOLA, RECONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO

- Depois dos acordos de paz de 2002, a solicitação de assistência por parte de Angola àcomunidade de doadores internacional, constituída maioritariamente pelo FMI e paísesocidentais, foi recusada.

- A recusa deve-se ao facto de estes países e instituições darem, alegadamente, prioridade àtransparência nas contas nacionais, assim como à good governance, algo que o governoangolano não estaria disposto a aceitar.

- A China é então vista como o parceiro ideal para Angola, pois não pretende fazer qualquerinterferência nos “assuntos internos”.

Com o fim da Guerra, o esforço de reconstrução…

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 18

As relações sino-angolanas datam da era colonial,quando a China apoiou através de assistência militarmovimentos de libertação na luta pela independência.

O fim da guerra civil angolana coincidiu com olançamento da política de expansão da China, “GoGlobal”, que consiste no encorajamento das suasempresas a investir no exterior.

Para além da necessidade de fornecimento dematérias-primas e energia para o desenvolvimento dassuas indústrias, a forte presença da China em Angola étambém caracterizada pela sua necessidade de abrirnovas fronteiras para o seu mercado de exportação.

- A opção pela China, implicações para Angola

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 19

- A ideia do ganha-ganha

-.

- Depois de 2004 o governo Angolano assinou umacordo com a China que veio a marcar o amploprocesso de reconstrução do país, com destaquepara os milhares de quilómetros de estradas,complexos habitacionais entre outros

- A China concede crédito às infraestruturas emtroca de petróleo. Quase 40 por cento dasexportações angolanas de petróleo já chegaram air para China em 2013.

- Segundo fontes chinesas, o montante dosempréstimos e linhas de crédito concedidos pelaChina à Angola desde 2004, através de váriosbancos estatais, ronda os 15 mil milhões dedólares (11,14 mil milhões de euros).

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 20

O “Modo Angola” (denominado pelo BancoMundial) ou “recursos por infraestruturas” é ummecanismo que consiste no “abatimento” deempréstimos para o desenvolvimento deinfraestruturas feito através recursos naturais.(Do Carmo, 2013)

O governo chinês impõe a predominância deempresas chinesas para conceder empréstimos esubsídios.

Possuem acesso a financiamentos por parte dosbancos chineses, assim como, mão-de-obra,equipamentos e materiais disponíveis na China.

Esta opção não gera grandes oportunidades depostos de trabalho para os angolanos, nemestimula as pequenas industrias locais

Estará o modo de intervenção Chinesa a animar a economia local?

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 21

4. ANGOLA, PETRODEPENDÊNCIA E DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA

- Em 1973 o petróleo passou a ser a principal matéria de exportação e em 1976 a produçãorondava os 100 mil barris dias.

- A exploração de petróleo em Angola é feita principalmente em alto-mar, razão pela qual amaioria dos operadores no mercado angolano usa tecnologia de ponta para exploração dehidrocarbonetos.

- O pré-sal é a próxima aventura nos mares do país onde algumas empresas já confirmaram apresença de petróleo com viabilidade comercial.

4.1 Petróleo e economia

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 22

Desde 1980, a produção depetróleo em Angola tem vindoa aumentar anualmente. Em2010, a produção médiasituou-se nos 1,86 milhões debarris/dia.

a) Variação da produção de Petróleo

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 23

- Na escala dos paísesafricanos, Angola esteve emprimeiro lugar, de acordo como FMI

b) Exportação de recursos naturais em África - a posição de Angola

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 24

A em relação ao petróleo continua a ser grande, semmuitos sinais de diversificação da economia,crescendo receios, já que o sector petrolífero temvulnerabilidades que podem advir, dentre outros, da:

a) Queda na produção interna devido à baixa deprodução de blocos importantes devido aproblemas técnicos.

b) Queda no preço internacional do petróleo.

c) Exploração de petróleo vs. Receitas públicas, riscos

75% Petrolifera

s

25% NaoPetrolifera

s

Receitas Públicas OGE 2012

1 2

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 25

- O Petróleo representa cerca de 95%das exportações.

- Apenas emprega mão de obraespecializada e em nº muito reduzido.

95% Petróleo

5% Outros

Exportações 2012

1

2

Cont.

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 26

FMI

d) A “maldição” dos recursos naturais

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 27

4.2 A concentração e a centralização, problema ou prudência?

- Verificando o OGE para 2013, nadistribuição da despesa por local,constatamos que a estrutura central geremais de 84% do OGE.

- A contradição entre Crescimento eDesigualdade

-O argumento da falta de capacidade localnão pode justificar a excessiva centralizaçãoque vem expressa no OGE.

Naturalmente- Isso tem consequências nefastas em termosde corrupção, falta de transparência...

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 28

4.3 Agricultura e Economia Rural

- A agricultura é sem qualquer dúvida uma actividade económica determinante e mais baratapara a ocupação de grande parte da população Angolana.

- Entre 1971/1972 o sector da agricultura familiar era responsável pela esmagadora maioria daprodução comercializada de milho (88%), de mandioca (100%), de feijão (94%), de amendoim(100%) e de batata (71%) e tinha ainda um peso significativo na produção de café (30%), arroz(21%).

-Ao longo dos anos algumas culturas foram perdendo peso, mas mais de 80% da produçãoalimentar do país vem da agricultura familiar.

Contudo- È clara a opção política pelos projectos agroindustriais com linhas de financiamentos doexterior (pagas com petróleo), em detrimento das condições estruturais em torno da agriculturafamiliar.

- Prevalece um enorme preconceito em relação a agricultura familiar”

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 29

4.3.1 Agricultura e OGE

Fonte: OPSA/ADRA 2013

-É evidente a redução nosinvestimentos às condiçõesestruturais para agriculturafamiliar

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 30

TIPOLOGIA POTENCIAL AGRÍCOLA

SP-1: Propriedades familiares de ‘’Subsistência’’

Área total: 0 - 2 ha Mão de obra: 5 ativos familiares Culturas: Cultivos de subsistência (milho, feijão e mandioca)

SP-2: Pequenas propriedades familiares ‘’Estáveis’’

Área total: 2 – 5 ha Mão de obra: 3 – 5 ativos familiares Culturas: Cultivos de subsistência (milho, feijão, mandioca, batata-doce) Culturas irrigadas diversas: <0.5 ha

SP-3: Médias propriedades familiares

Área total: 5 – 15 ha Mão de obra: 3 – 5 ativos familiares 5 empregados permanentes Culturas: Cultivos de subsistência (milho, feijão, mandioca, batata-doce) Culturas irrigadas diversas: <1 ha Tração animal: <5 cabeças

SP-4: Grandes propriedades familiares ‘’Comerciais’’

Área total: > 100 ha Mão de obra: 3 – 5 ativos familiares 10 empregados permanentes Culturas: Cultivos tradicionais (milho, feijão, mandioca, batata-doce) Culturas irrigadas diversas: <3 ha Associação com a criação de animais

SP-5: ‘’FAZENDAS’’ Área total: > 1000 ha Mão de obra: + de 20 empregados permanentes Culturas: Cultivos tradicionais Culturas irrigadas diversas: > 10 (Pacheco, 1996)

4.3.2 Caracterização da agricultura familiar, O MITO DA SUBSISTÊNCIA

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 31

FAO-Huambo

- A dimensão socio-cultural da agricultura familiar

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 32

A primeira grande questão é a “prioridade política”. A seguir a este aspecto consideram-se:

- Os serviços de comércio- A investigação cientifica- Assistência técnica - Reabilitação das estradas terciárias - Serviços de crédito- Organização Cooperativa- O empoderamento da mulher

4.2.3 Desafios ao desenvolvimento da agricultura familiar

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 33

4.3.4 A opção pelos Projectos Agroindustriais, dilemas e desafios

- Linhas de crédito de Israel, China,Brasil, Alemanha… pagas com petróleo.- Intensivos em capital.- Muito dependentes de técnicosestrangeiros.- Pouca informação públicas sobre osfundos implicados- Muito exigentes em tecnologia- Alto investimento no marketing edifusão da ideia de “moderno”- Pouco envolvimento das autoridadeslocais/municipais- Não geram grandes oportunidades deemprego a nível das comunidades locais- prevalece a lógica productivista

Características

Já foram investidos cerca de mil milhões de dólares nestes projectos

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 34

Princípios da Lei nº 9/4 de Novembro (Lei de Terras) Os tipos de propriedade

- Propriedade originária da terra pelo Estado;- Transmissibilidade de terrenos integrados no

domínio privado do Estado; aproveitamento útile efectivo da terra;

- Taxatividade;- Respeito pelos direitos fundiários das

comunidades rurais;- Propriedade dos recursos naturais pelo Estado e

reversibilidade das nacionalizações e dosconfiscos.

- O Direito de propriedadeprivada;

- O Domínio útilconsuetudinário

- Domínio útil civil;- Direito de superfície- Direito de ocupação

precária

4.3.5 Acesso e posse de Terra em Angola, oportunidades e desafios

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 35

N.º Tipologia Caracterização

1 Intrafamiliar (vulnerabilidade da mulher)

Entre membros da mesma família

2 Intracomunitário Entre membros da mesma comunidades diferentes

3 Intercomunitário Entre membros de comunidades diferentes

4 Comunidade vs empresáriosexternos à comunidade

Entre membros de uma comunidade rural e empresários

5 Comunidades vs Estado/Projectospúblicos

Entre uma comunidade e projectos públicos, habitacionais ou agroindustriais

6 Comunidades vs Lei Entre comunidades e reservas fundiárias

7 Privados e a Lei Entre privados e reservas fundiárias

8 Lei e lei Entre diferentes reservas fundiárias

4.3.6 A problemática dos conflitos de terras

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 36

5. DINAMIZAÇÃO DA ECONOMIA RURAL – A EXPERIENCIA DAS CAIXAS COMUNITÁRIASDE CRÉDITO

A caixa comunitária de crédito é um sistema de micro - finanças, durável , baseado nos princípios de um banco de aldeia. Trata-se de um sistema mutualista, com capacidade de mobilizar quer clientes para pouparem dinheiro, quer de distribuir créditos.

Fonte: ADRA Huambo

Geralmente funciona com base numacooperativa

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 37

- Realização de assembleias mensais de desembolso e reembolso-Taxa de juro de 10% para os membros das cooperativas e 15% para não membros.- O não membro da cooperativa precisa ter um avalista que seja membro da cooperativa.- o prazo de reembolso varia conforme o tipo de actividade.- A fiscalização e seguimento dos reembolsos é feita com participação dos sobas- A criação de um sistemas de registos na aldeia.- Possibilidade de mais de um financiamento

5.1 O funcionamento

O ponto de partida, para além das experiencias de crédito já desenvolvidas, é foi a injecçãode uma doação pela empresa petrolífera BP, transformado em capital inicial da Cooperativa.

Nuances do regulamento definido:

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 38

2.090.000,00

2.620.940,00 2.620.940,00

0,00 0

Montante Global Financiado

Valor em Dívida

Valor em Movimento

V.Reembolsado ao Banco

Previsão do Saldo Interno

Exponencial (Montante Global Financiado)

Exemplo da cooperativa Flor do Campo/Huambo – 2ª Fase

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 39

Beneficiários

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 40

100%

61%

100%

70%

33%

100%

0 0 0 0 00%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Taixa de Reembolsos

O Reembolso

De uma maneira geral o reembolso se tem situado acima dos 90%.

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 41

TIPO DE ACTIVIDADE

LOCALIDADES

Benvindo Ngove Lépi Bailundo sede

Chiquenlu Km25 Lungongo Conussi Ayendja Janju Esandju Lyetu

Produção Agrícola

09 11 21 0 15 11 17 14 02 01

Pequeno Negócio

07 26 34 53 26 36 29 37 26 01

Micro Empreendimento

0 0 04 00 0 0 0 0 0 0

Outras Actividades

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

TOTAL GERAL

16 37 59 00 53 41 47 46 51 28 02

Quadro geral das principais actividades financiadas pelas caixas comunitárias

- Os pequenos negócios e a actividade agrícola são aquelas actividades que mais recursosabsorvem. A actividade agricola é geralmente aquela de rendimento, como as hortícolas

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 42

- As lideranças das cooperativas aumentaram o seu prestígio social junto das comunidades e das Administrações Locais;

- Superação dos problemas de rega (principalmente na época de estiagem) e de acesso aos insumos em tempo próprio;

- Abertura de contas bancárias pessoais e institucionais onde depositam o crédito, poupanças e quotas;

- As caixas comunitárias reduziram a dependência externa dos camponeses no que diz respeito aos insumos

-As cooperativas fazem prospecção de mercado e ganharam habilidades em negociar com fornecedores e clientes e aumentou o uso de telemóveis e motorizadas

- Participação e valorização da mulher (aumento do poder económico)

Ganhos com as caixas comunitárias

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 43

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Principais desafios:

- O desafio de uma avaliação cuidada às decisões sobre desenvolvimento, tendo em conta queAngola é um país muito diversificado, não apenas do ponto de vista étnico-cultural;

- O desafio de complementar a democracia representativa com a participativa e com outrosmodelos, que se afiguram aconselháveis à sociedades pluralistas e diversificadas;

- O desafio de tratar do dossier “desmobilizados de guerra”, no contexto do combate à pobrezae inclusão social, para não perder os aspectos positivos da implementação do PGDR, nemcomprometer a estabilidade social e política;

- O desafio do aprofundamento da reconciliação nacional, com actos de inclusão nasoportunidades de negócio público e nos processos de privatização;

- O desafio da não separação da economia dá democracia, sob pena de se reforçar a“armadilha” em que se encaminha o processo democrático e o exercício da cidadania;

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 44

)

- O desafio de lidar com o chamado “Modo Angola” ou “recursos por infraestruturas”, bemexpresso na relação com a China, por exemplo, que mesmo tendo resultados concretos, comosão as habitações, estradas e pontes construídas, tem sido uma opção que não tem efeitomultiplicador na economia local, pois não impulsiona a pequena industria;

- O desafio de lidar com a opção pelos Projectos Agroindustriais, que são intensivos em capital etecnologia, muito dependentes de mão de obra estrangeira e, entretanto, geradores de muitopoucas oportunidades de emprego para as populações locais;

- O desafio da redução da dependência em relação a exploração do petróleo, uma vez ser umrecurso finito, muito volátil às alterações do mercado internacional e pouco promotor deoportunidades directas de emprego;

- O desafio dás cooperativas agropecuárias e outros actores, protagonistas das caixascomunitárias de crédito, darem maior visibilidade a esta iniciativa e de acederem as linhas decrédito do Estado e não só.

Cont.

Nome do Curso Nome do Módulo Nome do Professor 45

BIBLIOGRAFIA

ADRA e OPSA, Posição do OPSA e da ADRA sobre o OGE 2014, Luanda 2014;ADRA, “Experiência de Crédito via Caixa Comunitária”, Huambo, 2014;ADRA e Rede Terra, Pesquisa sobre Diferendos e Conflitos de Terras e as Formas da sua Resolução,Luanda 2010;ANGOLA, Ministério da Agricultura, Estratégia Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Luanda 2009;ANGOLA, Ministério da Economia, Crédito Agrícola de Campanha, Aprovado pelo Decreto Executivo Conjunto nº 16/10 de 14 de Abril;ANGOLA, Ministério do Planeamento e Território, Plano Nacional de Desenvolvimento, Luanda 2012;BANCO, Espírito Santo, Angola Economic Outlook, Luanda 2008;CARVALHO, Carlos Rosado, OGE 2013 e a Economia, Luanda 2013;CEIC e CMI, Estratégias Corporativas Comparadas, Luanda, 2007;DO CARMO, Catarina Raminho, Modo Angola: O Impacto da Intervenção da China no Desenvolvimento Socioeconómico de Angola, Lisboa, 2013;PACHECO, Fernando, Agricultura Familiar no Planalto Central Angolano, Kuito 2014;PACHECO, Fernando, Angola: Construindo Cidadania num País em Reconstrução. A Experiência da ADRA, Rio de Janeiro, 2004;REDE TERRA E ADRA, Estudos de Caso nas Províncias do Huambo, Lunda Sul e Uíge, Luanda 2004;