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ANGOLA-PORTUGAL 4 Euros · 5 USD TRIM | JANEIRO•FEVEREIRO•MARçO 2014 | Nº 97 OGE 2014 Sector social abarca 1/3 da despesa PAUTA ADUANEIRA Nova legislação entra em vigor a 01 de Março Embaixador de Portugal em Angola Angola reforma sector eléctrico “A comunidade portuguesa está muito bem integrada”

Angola Portugal Negócios 97

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Angola Portugal Negócios 97

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l4 Euros · 5 USDtrim | Janeiro•Fevereiro•março 2014 | nº 97

OGE 2014Sector social abarca 1/3 da despesa

PaUta aDUanEiraNova legislação entra em vigor a 01 de Março

Embaixador de Portugal em Angola

Angola reformasector eléctrico

“a comunidade portuguesa está muito bem integrada”

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1Nrevista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

Em 2013, as relações comerciais e de ser-viços entre Angola e Portugal atingiram volumes nunca antes alcançados.Para os adeptos do pessimismo e das catástrofes estas não são boas notícias. Para estes, também não é boa notícia o facto de a balança comercial entre os dois países ter fechado o ano praticamente equilibrada. São factos que demonstram bem como as relações entre os empresá-rios das duas nações estão vivas, dinâmi-cas e a aumentar.Os empresários de ambos os países conti-nuam a encontrar soluções e a responder de forma solidária e positiva a percalços cuja origem lhes é alheia mas que pertur-bam as relações entre Portugal e Angola. O reforço das parcerias continua a ser o caminho. Os empresários portugueses, apesar das inúmeras dificuldades econó-mico-financeiras, não deixam de apostar em Angola e no seu futuro. Os empresá-rios angolanos investem e negoceiam cada vez mais em Portugal e continuam a sentir que é com os congéneres portugue-ses que as parcerias são mais fortes, mais sérias, mais leais e mais duradouras.Parabéns ao espírito empreendedor dos empresários e empresas de Angola e Por-tugal.Cada país enfrenta as suas dificuldades.Angola ultrapassou de forma exemplar o período do pós-guerra e avança de forma consistente com as reformas necessárias ao seu desenvolvimento e progresso em todos os sectores de actividade. A refor-ma em curso no sector eléctrico, funda-mental para o desenvolvimento econó-mico e melhoria da qualidade de vida da população, é disso exemplo e tema de capa nesta edição da revista Angola Por-tugal Negócios.Portugal, por seu lado, com o espírito de sacrifício próprio do seu povo, prepara as condições para sair da sua própria crise.Pelo meio, Angola e Portugal conseguem reforçar as relações comerciais, empresa-riais, de serviços, de entreajuda e de con-fiança no futuro mútuo.Com o respeito que sempre mantém para com os governos de Angola e de Portu-gal, a Câmara de Comércio e Indústria

Portugal-Angola vai continuar a cumprir a sua missão e, dentro do possível, contri-buir para que os obstáculos que surgem fora do contexto empresarial não preju-diquem nem obstem a que as relações de comércio e de investimento entre as em-presas de ambos os países sejam cada vez melhores. É esse o caminho que ambos os povos querem e desejam.Queremos que os cidadãos angolanos se sintam o mais seguros e confortáveis em Portugal, para investir e para estar. Que-

remos que os cidadãos portugueses con-tinuem a apostar no futuro de Angola e, igualmente, se sintam seguros e confor-táveis para o fazer. E para isso é preciso que as pessoas, as empresas, as organi-zações conheçam os mercados, é preciso que tenham acesso a informação credível e rigorosa.É precisamente com o objectivo de es-clarecer e de informar que a Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola organiza duas conferências dedicadas à nova Pauta Aduaneira de Angola, nos pró-ximos dias 20 (em Lisboa) e 21 (no Porto) de Março. Contamos com o apoio institucional e a presença de representantes das Alfân-degas de Angola, que vêm a Lisboa e ao Porto de propósito para explicar as prin-cipais alterações introduzidas pela nova Pauta, assim como de especialistas em áreas do comércio internacional, tribu-tação e financiamento às operações de exportação e importação, entre outras. É uma oportunidade a não perder.Bom trabalho e bons negócios.

# Carlos Bayan Ferreira, presidente da CCIPA

Reforçodas parceriasé o caminho

Editorial

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N2 revista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

Índice

CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA PORTUGAL-ANGOLAPortugal Edíficio Luxor, Avenida da República, 101 - 3º, Sala D, 1050-204 Lisboatel.: [+351] 213 940 133fax: [+ 351] 213 950 [email protected] Edifício Monumental, Rua Major Kanhangulo, 290 - 1º Dto, Luanda tel.: [+ 244] 924 918 149www.cciportugal-angola.pt

Editando/beCOMMAv. da República, 62F - 7º1050-197 Lisboa, Portugaltel.: [+351] 213 584 [email protected] | www.becomm.pt

Revista ANGOLA-PORTUGAL NEGÓCIOSDirector Carlos Bayan FerreiraDirector Executivo João Luís TraçaCoordenação Editorial Cristina Casaleiro e Manuela Sousa Guerreiro Redacção Cristina Casaleiro, Fátima Azevedo, Manuela Sousa Guerreiro, Maria João Pinto, Paula Girão Design e Paginação Filipa Andersen e Vasco CostaDirectora Comercial Maria do Carmo SantosPublicidade Cristina Lopes Fotografia beCOMM; Bruno Barata; JáImagens; DR Impressão IDG - Imagem Digital Gráfica Periodicidade TrimestralDistribuição Gratuita aos sócios da CCIPA, entidades oficiais e empresariais em Angola e PortugalÉ interdita a reprodução total ou parcial por quaisquer meios de textos, fotos e ilustrações sem a expressa autorização do editorRegisto 114257 > Tiragem 5000NIPC 501910590Depósito Legal 60018 ⁄ 93

Propriedade

Edição, redacção, design e produção gráfica e publicidade by

Apoio institucional

em destaque

ReFoRmA no seCtoR eléCtRiCo Até ao final deste ano deverá estar concluída a reforma institucional no sector eléctrico angolano. Uma medida necessária para responder aos desafios impostos pelo plano nacional para o sector e pensada para acomodar uma participação mais activa das empresas privadas. P06

06

Economia com receitas fiscais previstas na ordem dos Kz 4.744,8 mil milhões (37% do PiB) e despesas fixadas em Kz 5.375,1 mil milhões (41,9% do PiB) o que resulta num défice equivalente a 4,9% do PiB, o oGE 2014 reflecte a preocupação do Executivo angolano em investir no desenvolvimento das infraestruturas económicas e sociais. P24

tema de Capa 06 Angola prepara reforma no sector eléctrico

Conjuntura10 Entrevista Embaixador de Angola em Portugal14 Novas regras para o comércio com Angola18 Portugal-Angola: Relações Económicas Resilientes 20 Análise: Trocas comerciais bilaterais 22 Casas de Câmbio expandem actividade em 2014

economia24 OGE 2014: Sector social abarca 1/3 da despesa28 Uma visão global sobre fiscalidade em Angola30 Opinião: A graduação dos PMA vai afectar as exportações angolanas?

Vida empresarial 34 Kero 38 Tecnovia 41 BANC 44 Coba 46 Banco BIC Português 48 Maxam CPEA50 Breves empresariais

sociedade52 “A crise não é de agora”, entrevista a Mário de Jesus

informação CCiPA 55 Novos associados, legislação, entre outros

entReVistA Ao emBAixAdoR de PoRtugAl em AngolA, João dA CâmARA “A comunidade portuguesa está muito bem integrada”. P10

06

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N4 revista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

a abrir

Angola e Portugal reveem cooperaçãoEm Fevereiro o ministro de Estado e dos negócios Estrangeiros português, Rui mache-te, afirmou no parlamento que Portugal e angola continuam a trabalhar no reforço da cooperação bilateral. o ministro foi ouvido pelos deputados da comissão parlamentar de negócios e Estrangeiros e comunidades, tendo sublinhado que as equipas dos dois ministérios, angolano e português, “continuarão a trabalhar, como têm feito até à data, nos vários dossiês da cooperação bilateral”. no final de Janeiro Rui machete encon-trou-se com o seu homólogo angolano, Georges chikoti, à margem da cimeira da União africana, em adis abeba. na reunião “foram abordados vários temas de interesse bi-lateral, mas também assuntos de cariz multilateral, como a situação na Guiné Bissau ou a segurança marítima no Golfo da Guiné”, afirmou Rui machete, acrescentando que, a convite do ministro angolano, se reunirá “em breve”, em angola. “continuaremos a trabalhar em conjunto para manter e desenvolver as relações bilaterais no benefício dos nossos povos, tendo sempre por base o respeito mútuo que que existe entre os dois países no quadro das suas leis e instituições”, afirmou o ministro dos negócios Estran-geiros de Portugal.

De acordo com a consultora britânica Business Monitor International, Angola vai crescer 6,5% ao ano durante os próximos dez anos, consoli-dando o estatuto de terceira maior economia

na região. Um crescimento alicerçado no au-mento do investimento público e na expansão da produção petrolífera. Este país será um dos dez destinos de África subsariana mais interes-

santes para os investidores durante a próxima década, tendo em conta a estabilidade política, o desenvolvimento económico e o controlo da inflação, que está abaixo dos dois dígitos.

CoseC renova linha de seguro de crédito à exportaçãoA Linha de Seguro de Créditos à Exporta-ção para Países Fora da OCDE foi renovada até 2015. Esta linha foi criada pelo Estado português em 2008 e destina-se a apoiar as exportações portuguesas para todos os mer-cados, com excepção dos países da UE (em-bora temporariamente se possa considerar elegível a Grécia), da Austrália, Canadá, EUA, Islândia, Japão, Noruega, Nova Zelândia e Suíça. Desde o seu lançamento foram apoia-das pelo seguro 556 empresas, das quais 74% são PME, que exportaram para 93 mercados, num total de cerca de 973 M€ e potenciaram vendas de 2.960M€. 2013 foi o ano em que se registou uma maior procura por esta li-nha, tendo o valor seguro ascendido a 785,5 M€. Os mercados mais procurados foram Angola, Venezuela. Moçambique, Marrocos, Cabo Verde e Brasil. A renovação irá vigorar no período 2014-2015 e manter-se-ão as mesmas condições de apoio, que permitem a cobertura de ope-rações de exportação de um valor mínimo de 20 mil €, com um período máximo de pagamento até dois anos e uma percenta-gem de cobertura de 98%.

A nova pauta aduaneira de Angola será o tema da conferência que a CCiPA está a organizar e que vai decorrer em março, em duas edições, dia 20 em lisboa e dia 21 no Porto. um encontro que será marcado pela presença de representantes do serviço nacional das Alfândegas de Angola e de um amplo painel de especialistas que se vão debruçar sobre as principais altera-ções do novo quadro tarifário que incide sobre as importações e exportações de mercadorias. A nova pauta aduaneira de An-gola foi publicada no final de 2013 e entrará em vigor no início de março.

Extensão da Linha de Caminho-de-Ferro de Benguela. Num total de 67 estações e apeadeiros entre o Lobito e o Luau

CFB1.344 Km

Taxa de crescimento do PIB de Angola em 2013. Sendo que os sectores de Energia, Pesca e derivados e Agricultura cresceram, respectivamente, 22%, 9,8% e 8,6%.

PiB5,1%

Em 2013 os consulados portugueses em Luanda e em Benguela emitiram 45 mil vistos de entrada em Portugal. Um número próximo do registado em 2012.

Vistos45 000

Conferência CCiPA

Petróleo e investimento público suportam crescimento de Angola até 2023

NOVA pAutAAduANeirA

ANgOlA

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Angola, Zâmbia e Moçambique ligados por linha férreaa Zâmbia anunciou para breve o início da construção de um ramal ferroviário que vai ligar chingola, na Zâmbia, à vila fronteiriça do Luau, na província do moxico, onde os comboios do caminho-de-Ferro de Benguela (cFB) circulam desde o mês de Dezembro. De acordo com o Jornal de angola, a linha ferroviária vai ser construída pela sul-africana Grindrod e pela empresa zambiana northwest Rail company e terá duas fases. outra ligação ferrovi-ária está a ser feita com moçambique. Uma vez concluído, a zona austral do continente vai passar a ter uma ligação ferroviária que liga o atlântico ao Índico.

“A taxa de crescimento real do PiB prevista para 2014 é de 8,9%, devendo o sector não petrolífero crescer 9,9%, 4,5 pontos percentuais acima do sector petrolífero”, Armando manuel, ministro das Finanças de Angola, in BigA

“os trabalhos do PeRt são de grande importância estratégia pois podem contribuir para que o governo possa consolidar e aperfeiçoar a regulamentação dos benefícios fiscais de forma condizente com os superiores interesses do nosso país”, Armando manuel, ministro das Finanças de Angola in Jornal de Angola

“Há quatro anos que estamos a subir as exportações e isso fala por si. os dados são estes: mais 4,9% de exportações em bens, mais 7,7% em serviços, aumento da quota de mercado, aumento do número de [empresas] exportadoras, maior peso no PiB de sempre. é pouco? é bastante!”, Paulo Portas, vice-primeiro-ministro de Portugal, in conferência de imprensa sobre conclusões da troika

Angola emite ot em KwanzasO ministro das Finanças angolano está auto-rizado a recorrer à emissão de Obrigações do Tesouro em moeda nacional (OT-MN) até ao valor de 31,29 mil milhões de kwanzas (326 milhões de dólares), entregues directamen-te ao Banco Nacional de Angola (BNA), pelo valor facial, sem desconto, para fazer face ao futuro aumento de capital do banco central. As OT serão utilizadas nas operações de polí-tica monetária em substituição dos títulos do banco central.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da CPLP recomendaram em Maputo a adesão da Guiné Equatorial à organização como membro de pleno direito. A aprovação terá agora que ser ratificada pela Cimeira

de Chefes de Estado da CPLP, que se irá realizar em Díli, Timor Leste, ainda este ano. O acordo surgiu três dias depois da Guiné Equatorial ter aprovado uma moratória que suspende a pena capital, uma das exigências impostas pelos oito Estados membros da Comunidade.

Guiné Equatorial o 9º membro da CPLP

Censo à indústria Está a decorrer o primeiro censo de indús-tria de angola (cianG), uma iniciativa do ministério da indústria de angola com o objectivo de conhecer melhor o sector, de-tectar ameaças e oportunidades, melhorar a competitividade e desenvolver acções emergentes para o apoio à indústria. a in-formação será depois inserida numa nova plataforma informática, o SiminD – Sistema de informação integra-da do ministério da indústria. “Podemos melhorar a percepção dos nossos parceiros internacionais sobre a economia do país e potenciar novas oportunidades de inves-timento”, salientou Bernarda Gonçalves martins, ministra da indústria.

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N6 revista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

Tema de capa

O Governo angolano está a restruturar o sector eléctrico nacional. Até ao final do ano as várias companhias públicas que operam no sector vão fundir-se e dar origem a três grandes operadores especializados em cada uma das etapas da cadeia de valor: produção, transporte e distribuição. Uma reforma necessária e que visa responder aos desafios impostos pelo ambicioso plano nacional para o sector, que prevê investimentos na ordem dos 23 mil milhões de USD, e pensada para acomodar uma participação mais activa de actores privados ao longo da cadeia.

nhas de baixa tensão, que fornecem ener-gia aos municípios da grande Luanda. O consumo de energia de Luanda representa, actualmente, cerca de 70% de toda a elec-tricidade consumida no país. Este proces-so vai afectar também o GAMEK – Gabinete de Aproveitamento do Médio Kwanza, que é responsável pela implementação e gestão da barragem hidroeléctrica de Capanda, por ora o maior empreendimento hidroe-léctrico do país. Apresentados os principais “actores” não é difícil perceber quais os passos seguintes. Na vertente de produção, a nova empresa pública vai absorver os activos geridos pela ENE e pelo GAMEK. Na área da distri-buição e comercialização de energia, está prevista a junção da ENE e da EDEL. Já a gestão da rede eléctrica nacional, actual-mente detida pela ENE, será feita por uma terceira entidade. No novo figurino, o papel de regulador será entregue ao IRSE, Instituto Regulador do Sector Eléctrico, que deverá intervir tam-T Manuela SouSa Guerreiro | F becoMM; Dr

E sta reforma delíneada pelo Gover-no decorre da urgência em resolver alguns dos problemas vigentes no sector. Desde logo, a elevada inope-

racionalidade dos activos, devido à idade avançada dos equipamentos e à falta de ma-nutenção dos mesmos. Os elevados custos de fornecimento e grandes perdas técnicas e comerciais (estimadas em 120 MMUSD/ano, à tarifa actual) são problemas estrutu-rais de um sistema que ainda é subsidiado em larga medida, cerca de 80%, pelo Es-tado. “O modelo de subsidiação existente tem contribuído para a degradação do sec-tor, para o consumo irracional de energia eléctrica e a ineficiência das empresas, mas também para uma relação comercial insustentável entre estas. Neste contexto, a electricidade não tem valor económico efectivo, não sendo possível às empresas obterem equilíbrio financeiro apenas com base na sua comercialização”, sublinhou Paulo Matos, Consultor do Presidente da República, por ocasião da 1º Conferência Internacional sobre Energia e Águas, que decorreu em Luanda, em Setembro de 2013.O processo de reforma institucional irá envolver várias empresas públicas, desig-nadamente a Empresa Nacional de Elec-tricidade, ENE, que actualmente detém a grande maioria dos activos de produção e transporte e que fornece energia a todas as províncias do país, com excepção da capi-tal, Luanda, cujo abastecimento é feito pela EDEL – Empresa de Distribuição de Electri-cidade, outra das empresas abrangidas. A EDEL opera em cerca de 57 km de linha de alta tensão, cerca de 360 km de linhas de média tensão e mais de 1800 km de li-

reforma do sector eléctrico

angola prepara

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7Nrevista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

bém na definição de tarifas e no desenvol-vimento dos modelos de transferência de receitas entre os diferentes actores do sis-tema. Já a estratégia e a política para o sec-tor eléctrico passarão a ser definidas pelo ministério da tutela. Estes serão os cinco pilares do novo mode-

dade económica e financeira (em 2011 as receitas próprias cobriram apenas 25% dos seus custos operacionais). “A ENE tem um papel muito relevante em toda a cadeia de valor, produção, distribui-ção e, inclusive, no transporte. Em 2008, arrancou um processo de restruturação profunda, com o objectivo de a tornar uma empresa verticalmente integrada. Neste processo foram criadas três grandes uni-dades de negócio: Produção, Transporte e Distribuição/Comercialização, que funcio-nam hoje como três entidades distintas. Cada uma delas tem os seus recursos hu-manos e os seus activos”, explica Euclides Morais de Brito, administrador da ENE. Esta será a génese das novas entidades pú-blicas. De acordo com Euclides de Brito, o processo de fusão entre estas e os restan-tes operadores arrancou em 2013 e está a ser liderado pelo ministério da Energia e Águas. “Avançámos e concluímos a restru-turação interna da ENE, mas agora o pro-cesso está a ser conduzido pelo ministério que detém a tutela. Temos indicação de que a mesma deverá ficar concluída durante o primeiro semestre de 2014”, afirma o res-ponsável. Neste novo figurino ainda não é claro o que irá acontecer a algumas enti-dades após a incorporação dos activos nas três novas empresas, mas o que se preten-de não é a sua extinção. “As empresas vão continuar a existir, terão os seus quadros técnicos e a sua capacidade operacional, mas os maiores projectos passaram a ser liderados pelas três novas entidades. No caso do GAMEK, que poderá adoptar outro nome, este passará a concentrar-se no de-senvolvimento dos projectos estruturantes como sejam a construção de novas barra-gens”, explica Euclides de Brito. A reforma institucional está a ser acom-panhada por uma revisão da Lei Geral de Electricidade e por uma reforma tarifária. “O próprio processo de reestruturação da ENE e o reforço do papel do regulador são medidas necessárias para a construção de um mercado que funcione de acordo com princípios comerciais e competitivos. Des-ta forma, esperamos criar confiança para quem quiser investir, com a certeza de que haverá retorno do capital”, reitera o admi-nistrador da ENE.

AtRACção Pelo inVestimento PRiVAdo Neste novo cenário que papel está então re-servado ao sector privado?

PlAno de ACção do seCtoR de eneRgiA e águAs 2013-17PRoJeCtos estRutuRAntesProjectos (mW) 2013 2014 2015 2016 2017 total

CCC Soyo I 500 250 0 750

AH Cambambe I e II 380 400

CCC Soyo II 500 780

AH Laúca 360 1700 2060

AH Caculo Cabaça 2050 2050

AH Queve 330 444 774

AH Jamba Ya Mina 78 78

AH Jamba Ya Oma 228 228

AH Luachimo 36 36

total 0 500 630 1932 4194 7256

Fonte: Empresa Nacional de Electricidade de Angola, ENE

lo institucional, que se espera vir a operar já este ano. A reforma no sector eléctrico começou com a restruturação da ENE, a maior empresa pública do sector eléctrico, com cerca de 4700 trabalhadores. Uma empresa de gran-de dimensão, com problemas de estabili-

1 e 2. Barragem de Capanda 3. Barragem de Cambambe

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N8 revista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

Segundo Euclides de Brito, as novas com-panhias serão 100% de capital público, mas a intervenção do sector privado é bem-vinda, em especial nos planos da construção, operação e manutenção das infra-estruturas eléctricas. A Lei Geral de Electricidade já prevê a possibilidade de participação privada nos domínios de ge-ração e distribuição. Mas a sua revisão e a publicação de regulamentação apropriada deverá clarificar melhor o papel e interven-ção dos privados. “Já existem exemplos de parcerias com

privados”, relembra o administrador. “Por exemplo, temos uma concessão em regime de BOT (Build, Operate and Transfer), por um período de 30 anos, na central de Lun-da Sul. Esta central tem uma capacidade de produção de seis megawatts, quatro são para fornecimento à cidade e dois são para o projecto mineiro, que é o seu concessio-nário. Posso referir outros exemplos como sejam a central de Mabubas, uma central que foi reabilitada e ampliada e que hoje produz cerca de 26 megawatts, ou a central de Loma 1, que foi reabilitada e tem uma capacidade de produção de 50 megawatts”, acrescenta Euclides de Brito. Mas a presença privada é ainda insuficien-te face ao número e à dimensão dos inves-timentos necessários a efectuar no sector.

Até 2017, o Governo quer quintuplicar o va-lor da produção, passando dos actuais mil megawatts para os 5 mil megawatts. Para atrair o investir privado, o Governo terá de criar uma política de incentivos, incluindo um novo quadro tarifário, mais atractivo, que permita um retorno do capital inves-tido. O plano de acção do sector privilegia o re-gime de parcerias público-privadas como instrumento de investimento nas novas centrais de produção, com capacidade su-perior a 10 mil megawatts. Abaixo dessa ca-

pacidade o regime/modelo de investimento será outro, ainda a definir pelo Estado.

inVestimentos PARA um seCtoR CHAVe dA eConomiAO desenvolvimento do sector eléctrico na-cional é hoje uma das prioridades do Exe-cutivo. E percebe-se porquê: para relançar a actividade económica e industrial é ne-cessário energia. Hoje, apenas 9% da ener-gia consumida no país é utilizada para fins industriais e só Luanda é responsável pelo consumo de 70% de toda a electricidade produzida no país, o que significa que uma parte do território permanece ainda “às es-curas”. Dados estatísticos (não actualizados) re-ferem que apenas 30% da população em Angola tem acesso à electricidade. Quan-do revista, esta taxa deverá situar-se ape-nas um pouco acima dos 35%, graças aos investimentos realizados na “expansão da capacidade de produção e das redes de pro-dução”, de acordo com dados apresentados na Conferência Internacional sobre Ener-gia e Água. Por outro lado, este é um recurso e uma po-tencial fonte de riqueza nacional que não está a ser aproveitada. O potencial hidroe-léctrico do país está avaliado em cerca de 72000 GWh, correspondendo a uma capa-cidade instalada de cerca de 18000MW. Mas. na matriz energética do país, a elec-tricidade tem um peso de apenas 3%. Num país cuja maior riqueza (económica) é o pe-tróleo, não deixa de ser curioso que mais de 60% das necessidades energéticas sejam satisfeitas maioritariamente com recurso a lenha e a carvão vegetal (ver quadro ma-triz energética).

As quAtRo dimensões dA estRAtégiA de seguRAnçA eneRgétiCA

Garantir uma oferta de qualidade e a custos

competitivos

Reforçar a regulação do sector, melhorar a exploração do

sistema eléctrico, promover a qualidade de serviço e garantir a sustentabilidada económica e

financeira do sector

Criar e desenvolver infra-estruturas de produção,

transporte e distribuição

Contribuir para reduzir as assimetrias sociais e geográficas, diversificar as fontes de energia

e preservar o ambiente e o desenvolvimento sustentável

As noVAs ComPAnHiAs seRão 100% CAPitAl PúBliCo, mAs A inteRVenção do seCtoR PRiVAdo é Bem-VindA, em esPeCiAl nos PlAnos dA ConstRução, oPeRAção e mAnutenção dAs inFRA-estRutuRAs eléCtRiCAs

PlAno de ACção do seCtoR de eneRgiA e águAs 2013-17PRogRAmA de inVestimento PúBliCoRecursos financeiros necessários para o cumprimento do Programa 2013-17. Estimativas de investimento em USD.

Custo total total quinquénio Anos seguintes

seCtoR eneRgiA eléCtRiCA 27.322.985.000 23.219.036.128 4.704.103.203

Produtos electricidade 20.322.985.000 18.350.985.000 1.972.000.000

Produção 14.367.361.000 12.417.362.000 1.949.999.000

Transporte/distribuição 5.955.624.000 5.933.623.000 22.000.000

outros 7.600.154.330 4.868.051.128 2.732.103.203

Novas centralidades 302.821.380 102.821.380 0

Reforço capacidade produção térmica (nacional) 1.140.000.000 1.140.000.000 0

Fornecimento energia proj. agro-industriais 285.992.500 285.992.500 0

Electrificação sedes Municipais e Comunais 6.071.340.450 3.339.237.248 2.732.103.203

Fonte: Empresa Nacional de Electricidade de Angola, ENE

Tema de capa

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9Nrevista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

O valor de investimento global estimado para o período de 2013 a 2017, de acordo com o Plano de Acção para o sector (revis-to em Abril de 2013), é de cerca de 23,21 mil milhões de USD. Um acréscimo de seis mil milhões, face à primeira versão, devido à inclusão das componentes relativas ao for-necimento de energia às novas centralida-des que estão a emergir no país, aos novos projectos agro-industriais, bem como à electrificação das sedes municipais e co-munais. Assim, para o sector da energia eléctrica, o investimento estimado para a construção das grandes barragens e refor-ço da capacidade de produção térmica ao longo do período é de 12,4 mil milhões USD, enquanto para os sistemas de transporte e de distribuição prevê-se um investimento de 5,9 mil milhões de USD. Ainda de acordo com o mesmo documento, com este investi-mento estão previstas realizar 1.3 milhões de novas ligações domiciliárias, das quais cerca de 600 mil em Luanda. O quadro de prioridades para o curto pra-zo está traçado: aumentar a capacidade de produção até 1500 MW até ao final deste ano; criar sistemas públicos de abasteci-mento em 82 sedes municipais e em 271 sedes comunais, até Dezembro de 2014; reabilitação e modernização de todas as re-des de distribuição das cidades capitais de província; interligação dos sistemas Nor-te e Centro e operacionalidade do sistema Leste (Lundas). Actualmente, o sistema eléctrico angolano é constituído por sistemas independentes, que estão alicerçados em aproveitamentos hidroeléctricos. Assim, temos os sistemas Norte, Centro e Sul e os sistemas isolados, sendo que os principais são Cabinda e Les-te (que compreende as Lundas e Moxico). E em todos eles há investimentos em curso. No sistema Norte destaca-se a barragem de Capanda, com uma capacidade de pro-dução de 580 MW. Esta desempenha um papel fulcral, pois permite a viabilização de outros sete aproveitamentos hidroeléc-tricos do rio Kwanza, devido à dimensão do seu reservatório. A norte está também localizada a central de Cambambe, cujas obras de alteamento deverão estar finaliza-das este ano. Aqui está também a ser cons-truída uma segunda central, que deverá ficar pronta em 2015. Em conjunto, a barra-gem terá então uma capacidade de produ-ção de 960 MW. No final de 2013 arranca-ram também as obras de desvio do rio para construção do Aproveitamento Hidroléc-

Em Angola há alguns avanços no aproveitamento da energia eólica e solar. Em Fevereiro o Presidente José Eduardo dos Santos inaugurou uma aldeia solar, construída na localidade de Cabiri, município do Bengo. O projecto, financiado pela Sonangol, inclui a construção de um total de três mil habitações (das quais 500 estão já concluídas), equipadas para funcionarem a energia solar. O ‘Programa Aldeia Solar’ visa a implementação de sistemas em aldeias isoladas para electrificação das infra-estruturas. Outro projecto de referência é o Parque Eólico de Tômbwa, que terá uma capacidade de produção eólica de 100 MW. O parque será implantado na costa sul do país e fornecerá energia ao sistema Sul e Centro. A utilização de energias renováveis carece ainda de uma avaliação precisa do seu potencial, bem como de um quadro legal e de incentivos que promovam o seu desenvolvimento.

umA oPoRtunidAde PARA As RenoVáVeis

Comércio e Serviços

Industrial

Transportes

Residencial

Electricidade

Biomassa

Derivados

Matriz energética de consumo finalpor fonte e por sector em Angola

Matriz por fonte

Fonte: Empresa Nacional de Electricidade de Angola, ENE

Matriz por sector

4%

9%

20%

67%

3%

64%

33%

trico de Laúca. Esta vai produzir cerca de 2060 MW de energia, quatro vezes mais do que a barragem de Capanda, e tornar-se-á a maior hidroeléctrica de Angola e uma das maiores em operação em África. Um grupo da qual fazem parte Asswan, no Egipto, e Cahora Bassa, em Moçambique.

Também em curso estão as obras de interli-gação entre o sistema Norte e Centro. No sistema Centro está localizado o apro-veitamento hidroeléctrico de Lomaum, já reabilitado e com uma capacidade de pro-dução instalada de 50 MW.As intervenções nas centrais térmicas da Kileva (60MW) e do Cavaco (20MW), bem como a reabilitação da central térmica do Biópio (18 MW) vão permitir uma maior disponibilidade de energia à região de Benguela, mas que, ainda assim, será insu-ficiente para cobrir todas as necessidades da região. Também aqui está localizado o Aproveitamento Hidroeléctrico do Biópio, o qual funciona ainda abaixo da capacida-de instalada. Concluída está a construção da central do Gove, bem como a reabilita-ção da respectiva central. O sistema Sul está sobretudo assente no AH da Matala, cuja reabilitação deverá es-tar concluída em 2015. #

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N10 revista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

o começo do novo ano é um bom momento para fazer o balanço relativo a 2013. Foi um ano de aprofundamento das relações entre Portugal e Angola?Em 2013, manteve-se a tendência dos anos anteriores de incremento, aprofundamen-to e diversificação das relações econó-micas entre Portugal e Angola. Portugal confirmou a sua posição como primeiro in-vestidor estrangeiro em Angola (de acordo com dados da ANIP) e primeiro fornecedor de Angola, com as exportações totais a au-mentarem 4% e a atingirem os 3.15 mil mi-lhões de Euros em termos de exportações de bens e 1.4 em termos de exportação de serviços. Mais uma vez, Angola foi o quar-to mercado exportador para Portugal e o primeiro fora da UE. Angola, por seu lado, aumentou em mais de 40% as exportações para Portugal, atingindo o valor recorde de 2.6 mil milhões de Euros e tornando-se o sexto fornecedor de Portugal. O valor das trocas comerciais agregadas superou as-sim os 7.2 mil milhões de Euros em 2013, o que é claramente sintomático de um re-lacionamento cada vez mais equilibrado e gerador de riqueza e benefícios recíprocos para ambas as partes.

quantas empresas portuguesas trabalham hoje com e no mercado angolano? Como vê o crescimento desse número? Uma grande parte das empresas com ca-pital português presente em Angola é de direito angolano e, muitas vezes, proprie-dade de duplos nacionais. No entanto, em 2012 havia cerca de 8800 empresas expor-tadoras para Angola e cerca de 2000 pre-sentes no mercado. E é essa a tendência. Cada vez mais, o sucesso de uma empresa está associado ao investimento no merca-do, a uma presença local continuada.

Considera que os empresários portugueses têm bem presente o retrato actual da eco-

“A comunidade portuguesa está muito bem integrada”

T criStina caSaleiro | F JaiMaGenS; becoMM; Dr

“Assistimos a uma consolidação da estabilidade política, associada a um grande dinamismo económico fomentado pelas recentes descobertas de petróleo e capaz de atrair grandes investimentos estrangeiros e de projectar Angola na região e no mundo”, sustenta João da Câmara. Na entrevista que concedeu à revista Angola Portugal Negócios, da CCIPA, o diplomata português fala das boas relações entre os dois países, da comunidade portuguesa radicada no país e do esforço dos serviços consulares para tornarem mais eficiente e célere a emissão de vistos a todos os cidadãos angolanos e estrangeiros que querem visitar Portugal.

Entrevista ao Embaixador de Portugal em Angola, João da Câmara

conjuntura

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11Nrevista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

nomia, das oportunidades de negócio e até da sociedade angolana?Dada a proximidade cultural, existe uma grande semelhança de quadros de referên-cia e de gostos; os angolanos acompanham de perto o que se passa em Portugal e os portugueses o que se passa em Angola. Para além disso, algumas empresas portu-guesas estão no mercado há várias déca-das e têm, por isso, um conhecimento úni-co do terreno, do país e do povo angolano. Talvez por isso, cada vez mais empresas de países terceiros procuram empregar pro-fissionais portugueses nos projectos que desenvolvem em Angola.

Alguns economistas consideram que a eco-nomia angolana entrou numa fase de transição. Concorda? Sim. Assistimos a uma con-solidação da estabilidade política, associada a um grande dinamismo econó-mico fomentado pelas re-centes descobertas de petró-leo e capaz de atrair grandes investimentos estrangeiros e de projectar Angola na região e no mundo. A taxa de inflação baixou para cerca de 8% e as taxas de juros estão cada vez mais com-petitivas e proporcionam o fomento das ac-tividades agrícola e industrial ,reduzindo progressivamente a actual dependência de abastecimentos externos. Tem havido tam-bém um grande esforço no sentido da for-malização da actividade económica (maior rigor na apresentação de contas, mais transparência) e do sector de distribuição.

nesse sentido, que oportunidades há por explorar em Angola?Não obstante os grandes desenvolvimen-tos, há ainda muitas oportunidades a ex-plorar. Desde logo, nas áreas da educação, das tecnologias de informação, da forma-ção e da capacitação empresarial. Tam-bém nas ciências médicas, na saúde e na indústria farmacêutica. E, naturalmente, na agricultura, na indústria processadora de produtos agrícolas e alimentares, na indústria em geral, na logística e na distri-buição.

diPlomACiA eConómiCA em ACçãoA embaixada de Portugal em Angola é um importante ponto de apoio às empresas? estas procuram os seus serviços? Sim, sem dúvida. A Embaixada, e designa-

O Embaixador João da Câmara transitou da embaixada de Portugal em Harare para Luanda em Junho de 2012. O diplomata, de 56 anos, é licenciado em Direito pela Universidade Católica Portuguesa e iniciou a carreira diplomática em 1984 na Direcção-Geral das Comunidades Europeias.Em 1988 foi nomeado Adjunto do Secretário de Estado para a Integração Europeia. Passou pelas embaixadas de Portugal em Pretória (1989 a 1994) e em Brasília (1994 e 1997).Em 1997 regressa a Lisboa e assume as funções de Director de Serviços da Europa (bilateral) até 1999, altura em que é nomeado Chefe de Gabinete do secretário de Estado para os Assuntos Europeus.Entre 2000 e 2003 é colocado na Embaixada portuguesa em Londres e quando regressa a Lisboa assume o cargo de Director de Serviços da África Subsariana (bilateral). Em 2004 é nomeado Sub-Director Geral da Direcção Geral dos Assuntos Comunitários, encarregue das Relações Externas da União Europeia. Entre Setembro de 2005 e Fevereiro de 2008 exerceu as funções de Director do SIED- Serviço de Informações Estratégicas de Defesa.

Em Março de 2008 é nomeado Embaixador de Portugal em Harare.

o emBAixAdoR de PoRtugAl em AngolA

damente os seus serviços comerciais (De-legação da AICEP), recebeu e respondeu a várias centenas de pedidos de empresas em 2013.

em 2013, o senhor embaixador visitou e promoveu diversas acções nas províncias. qual o objectivo destas acções? o que mo-tivou a escolha destas províncias? em 2014 podemos esperar a realização de novas vi-sitas? O nosso objectivo foi o de promover e aju-dar na diversificação geográfica das em-presas de capital português já presentes em Angola. Angola não é apenas Luanda! Já estivemos em Benguela, Huíla, Kwanza Sul e Malanje. A selecção foi determinada pela relevância económica das províncias, pelo interesse demonstrado pelas empre-sas e também pela receptividade das admi-nistrações provinciais. Em 2014, continua-remos.

estas acções são exemplo da diplomacia económica em acção? que mais pode fazer pela promoção dos interesses e dos inves-

timentos portugueses em Angola?São três os grandes eixos de actuação da Embaixada na área económica: i) a conti-nuação do programa de visitas às provín-cias angolanas; ii) acções de “networking”, aproveitando a deslocação ao mercado de missões colectivas de empresas ou de exportadores individuais. Estas acções permitem aprofundar o relacionamento e explorar cadeias de fornecimento com a comunidade empresarial local. Por último, (iii) acções de capacitação empresarial, em que tentamos, com a colaboração de espe-cialistas, contribuir para um maior debate e esclarecimento sobre temas relevantes para as empresas presentes no mercado - tais como novos enquadramentos legais, novas oportunidades e novas tendências de mercado. Procuraremos também, e sem-pre que possível, aproximar as empresas dos decisores políticos.

A comunidade portuguesa em Angola está em expansão? quantos portugueses vivem em Angola? Como caracteriza a comunida-de portuguesa?

“PoRtugAl ConFiRmou A suA Posição Como PRimeiRo inVestidoR estRAngeiRo em AngolA

(de ACoRdo Com dAdos dA AniP) e PRimeiRo FoRneCedoR de AngolA Com As exPoRtAções totAis

A AumentARem 4% e A AtingiRem os 3.15 mil milHões de euRos em teRmos de exPoRtAções de Bens”

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Não é possível avançar um número rigoro-so, porque o único barómetro concreto é o do número de inscritos nos dois Consulados--gerais (Luanda e Benguela). Ora, aqui como em todos os Consulados, acontece que há portugueses que não dão baixa da sua ins-crição consular quando deixam Angola, as-sim como há outros que cá estão e ainda não se inscreveram. O total de inscritos ronda hoje os 125 mil. Trata-se de uma comunida-de muito bem integrada. Alguns têm mesmo as duas nacionalidades. A língua e as mui-tas afinidades culturais aproximam-nos de forma natural. Além disso, é preciso ter em conta que os portugueses já vêm para Ango-la com muita informação na bagagem. Têm cá família, amigos ou pessoas conhecidas. Na sua maioria, procuram obter informa-ções antes de vir para Angola.

e trabalha sobretudo em que sectores de actividade?Estão dispersos por quase todos os secto-res da actividade económica, trabalhando diariamente com angolanos, cruzando co-nhecimentos e amizades. Embora o sector da construção seja, segu-ramente, aquele que ocupa mais portugue-ses, nos últimos anos tem-se assistido cada vez mais à chegada de quadros jovens, mas com experiência, que trabalham nas mais diversas áreas.

Continua muito centralizada em luanda ou, pelo contrário, começa a ganhar ex-pressão noutras províncias?A maioria das pessoas da nossa comuni-dade continua a radicar-se nas províncias de Luanda e de Benguela, o que se compre-ende, uma vez que a actividade económica está aqui concentrada. Mas os portugueses acompanham o desenvolvimento do país e já há cada vez mais noutras províncias, como tenho testemunhado, de resto, nas minhas visitas. É uma tendência que se vai acentuando, creio.

que papel podem e devem desempenhar entidades como a Câmara de Comércio e in-dústria Portugal Angola (CCiPA) no reforço das relações bilaterais?Entidades como a CCIPA podem de facto desempenhar um papel de grande relevo, tanto no apoio e aconselhamento das em-presas, como na facilitação de parcerias e na interlocução junto das autoridades de ambos os países.

ConCessão de Vistos mAis RáPidA em 2014que medidas estão a ser adoptadas para tornar mais célere e eficiente o sistema de emissão de vistos de entrada em Portugal por parte dos cidadãos angolanos (ou de outros países) que se dirigem à embaixa (Consulados) com esse objectivo?Portugal tem todo o interesse em aumentar o fluxo de cidadãos angolanos que nos visi-tam, seja em negócios, para estudar ou para receber tratamento médico, para formação, para estágios desportivos ou, simplesmen-te, para fazer turismo. Dá-nos muita satis-fação ver que Portugal é um dos destinos

preferidos dos angolanos e queremos que o seja cada vez mais. Isso reforça os laços que nos unem, fomenta amizades e conhe-cimentos, cria oportunidades de negócio. Alguns viajantes que preencham certos requisitos estão abrangidos pelo Protocolo bilateral sobre Facilitação de Vistos. Estou a falar, por exemplo, de investidores, em-presários, agentes culturais, desportistas, cientistas, pessoas que vão receber trata-mento médico ou estudar. O Protocolo vem assegurar, nos dois sentidos, uma maior celeridade na concessão dos vistos e uma maior duração dos mesmos. Mas o objectivo dos nossos serviços é o de tornar também cada vez mais eficiente a concessão de vistos de turismo, que é a grande maioria. Nesse sentido, foram re-centemente adoptadas medidas importan-tes, que implicaram um investimento em meios e em pessoal. Refiro, por exemplo, o aumento considerável do horário diário de atendimento no Consulado em Luanda e a concessão de vistos com maior duração aos viajantes mais frequentes. Mas não estamos ainda satisfeitos. É por isso que pretendemos outras melhorias, nomeada-mente um sistema informático de agenda-mentos ainda mais eficiente e a diminui-ção do tempo de resposta aos pedidos de visto. Serão ainda prosseguidas obras de melhoramento dos meios técnicos e das próprias instalações. No caso de Benguela iremos mesmo construir ao longo de 2014 um novo Consulado. Estas melhorias são do interesse dos angolanos e são também do interesse de Portugal, como já disse.

qual a taxa média de emissão de vistos mensal e qual o objectivo de melhoria a curto/médio prazos?A introdução da recolha de dados biomé-tricos nos pedidos de visto, decidida pelos Estados Schengen, obrigou, na primeira metade de 2013, a um trabalho de adapta-ção ao novo sistema, como é normal. Supe-rado esse período, foram já ultrapassadas as médias diárias de pedidos de visto re-gistadas antes da biometria. Nos meses de maior procura – Julho, Agosto e na altura do Natal – as médias foram superiores às do ano anterior, superando os 200 pedi-dos de vistos por dia. O objectivo consiste em corresponder plenamente à procura. Mas, ainda assim, é muito conveniente que quem quiser viajar em turismo planifique as suas viagens com uma antecedência ra-zoável. #

“entidAdes Como A CCiPA Podem desemPenHAR um PAPel de ReleVo nA FACilitAção de PARCeRiAs e nA inteRloCução Junto dAs AutoRidAdes de AmBos os PAíses”

Realizaram-se no dia 17 de Fevereiro, em Luanda, e no dia 20 de Fevereiro, em Lisboa, reuniões dos pontos focais locais do Protocolo sobre Facilitação de Vistos assinado por ambos os países em Setembro de 2011. O Protocolo sobre Facilitação de Vistos visa, como o nome indica, a facilitar a circulação de nacionais de Angola e Portugal nos dois países, com o intuito de eliminar barreiras ao desenvolvimento das actividades das empresas e do investimento, assim como facilitar o intercâmbio nos domínios académico, cultural, científico e tecnológico e saúde.De acordo com nota da Embaixada, as reuniões agora realizadas em Luanda e Lisboa destinam-se a avaliar a implementação das decisões saídas da Reunião plenária de Pontos Focais, que teve lugar em Benguela em Abril de 2013, bem como identificar aspectos a melhorar na aplicação do Protocolo sobre Facilitação de Vistos e aperfeiçoar a cooperação bilateral neste domínio. A próxima Reunião plenária de Pontos Focais está agendada para a Primavera de 2014, em Lisboa.

FACilitAção de Vistos

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N14 revista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

A nova pauta aduaneira dos direitos de importação e exportação de Angola deverá entrar em vigor a 1 de Março. O Decreto Legislativo Presidencial nº10/13, de 22 de Novembro deu a conhecer as novas regras para as importações e exportações de Angola.

Aguardada há anos, a nova pauta aduaneira dos direitos de impor-tação e exportação de Angola foi finalmente publicada e vai entrar

em vigor a 1 de Março de 2014. O compasso de espera entre Novembro de 2013 e Março deste ano foi aproveitado pelos importado-res e exportadores para perceberem o que vai mudar no comércio internacional com Angola. E são muitas as alterações que este novo regime vai trazer. O agravamento genera-lizado das taxas aplicadas à importação de produtos e serviços é uma das medidas mais esperadas, mas também é aquela que os agentes económicos, nacionais e inter-nacionais, mais receiam. Neste aspecto, a

Nova pauta aduaneira

T Manuela SouSa Guerreiro | T Dr

novas regras para o comércio com Angola

nova legislação não defrauda as especta-tivas, já que a taxa máxima sobe de 30% para 50%. Ainda assim, este aumento não surpreende o mercado, uma vez que ao lon-go do processo de negociação e de concer-tação social em torno da nova pauta adu-aneira, as Autoridades tenham sublinhado a necessidade de se proteger e fomentar a produção nacional em detrimento das im-portações. Em prol de uma indústria nas-cente, que necessita de espaço para crescer e vingar, em suma, do desenvolvimento da economia nacional.“As Linhas Gerais do Executivo para a Re-forma Tributária, aprovadas pelo Decreto Presidencial nº50/11, de 15 de Março, fixa-ram um quadro de prioridades e de acções

Tema de capa

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projectadas para o domínio aduaneiro no médio prazo, entre as quais a actualização da pauta aduaneira com vista à promoção da produção nacional e do desenvolvimen-to económico sustentável”, pode ler-se no preâmbulo da nova lei. A protecção da indústria local justifica o agravamento das taxas referentes à im-portação da maior parte das bebidas, tais como águas, sumos, vinho e cerveja, cujos direitos de importação sobem de 30% para 50%. Também os hortícolas e tubérculos sofre-ram um agravamento de vinte pontos per-centuais, sendo aplicável, a partir de Mar-ço, uma taxa de 50% na sua importação. Para além destes, outros produtos alimen-tares viram as suas taxas de importação aumentadas, designadamente: ovos (para alimentação), mel, fruta, cereais (com excepção dos que se destinam ao sector agrícola), café, conservas e preparações de carne, peixe, produtos de pastelaria, todas as preparações de produtos hortícolas, de fruta ou de outras partes de plantas, car-nes (frescas, refrigeradas ou congeladas) de espécie bovina, caprina, suína (carcaças e meias-carcaças), patos e gansos. Ao tornar mais cara a importação destes produtos, o Governo espera um aumento da produção no território nacional. Um estímulo à indústria nacional, à criação de novos empregos e ao aumento do ren-dimento médio da população. Um círculo que dificilmente se cumprirá se continuar a ser mais barato comprar no mercado in-ternacional aquilo que Angola já produz. “A importação de algumas mercadorias foi agravada mas estas alterações resultam não de um acaso, antes de um longo traba-lho de análise e concertação. Há aumento sim, mas nas áreas onde já existe capaci-dade nacional para produzir. Importa ain-da sublinhar que não há uma proibição à importação destas mercadorias e há mar-gem ainda para a comercialização”, justi-ficou o director do Serviço Nacional das Alfândegas de Angola, Valentim Joaquim Manuel, numa conferência de imprensa realizada no final do ano. Ainda na lista de mercadorias cujas ta-xas adunaeiras aumentaram, constam os animais vivos, os materiais de construção (como sejam telhas, tijolos e ladrilhos de cimento), tintas e vernizes, tubos e juntas de plástico, artigos de embalagem e trans-porte de plástico, para uso doméstico, os mármores, pedras e gesso, garrafas de

o AgRAVAmento geneRAlizAdo dAs tAxAs AduAneiRAs APliCAdAs à imPoRtAção de PRodutos e seRViços é umA dAs medidAs mAis esPeRAdAs, mAs tAmBém AquelA que os Agentes eConómiCos, nACionAis e inteRnACionAis, mAis ReCeiAm. neste AsPeCto, A noVA legislAção não deFRAudA As esPeCtAtiVAs, Já que A tAxA máximA soBe de 30% PARA 50%

INSCRIÇÃONO REI

INSCRIÇÃONO SIMINCO

SOLICITAÇÃO DE LICENÇA DE

IMPORTADOR /EXPORTADOR

Importação/Exportação

de mercadorias para/de Angola

A nova legislação não altera as principais formalidades no processo de importação

SUBMISSÃO DE DOCUMENTO ÚNICO

PROVISÓRIO OU “DU PROVISÓRIO” E FACTURA

PRO-FORMA ATRAVÉS DO SICOEX/SIMINCO

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N16 revista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

ou superior a 50 milhões de USD, quando considerados relevantes para o desenvolvi-mento dos sectores estratégicos da econo-mia nacional, os incentivos e/ou isenções podem abranger quer o imposto aduaneiro quer o imposto de consumo, que, juntos, podem chegam a representar cerca de 80% da tributação aduaneira. Para além do ajuste à LIP, a nova pauta aduaneira apresenta ainda alterações substanciais no que diz respeito aos re-gime aduaneiros especiais para Cabinda, para os Antigos Combatentes e Deficientes de Guerra, para os órgãos de Defesa, Segu-rança e Ordem Interna e para os partidos políticos com assento na Assembleia Na-cional.A organização da nova pauta reflecte igualmente a adesão de Angola, em 2011, à Convenção Internacional sobre o Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias. Uma vez que anterior pau-ta aduaneira de Angola foi elaborada com base na versão de 2007 da Nomenclatura do Sistema Harmonizado de Designação

vidro (peso superior a 145g mas inferior a 950g) cigarros, cigarrilhas, charutos e produtos de tabaco, jóias, alguns veículos “topo de gama” e/ou de luxo.

desAgRAVAmento PAutAlA “actualização da Pauta Aduaneira inse-re-se no esforço do Poder Executivo para dotar o país de um sistema aduaneiro moderno, capaz de dar resposta aos desa-fios do seu desenvolvimento económico e social através do fomento da produção nacional, da atracção do investimento e da promoção do emprego da mão-de-obra nacional”, diz o preâmbulo do Decreto Le-gislativo Presidencial nº 10/13, de 22 de Novembro. Ora, criar condições para o crescimento da ainda incipiente indústria nacional passa por facilitar a aquisição dos meios neces-sários à produção. Nesse sentido, o novo diploma introduz também um desagra-vamento dos bens destinados ao apoio da produção local. Tais como máquinas, apa-relhos e instrumentos, matérias-primas, veículos para o transporte de mercadorias, tractores, alfaias agrícolas, ferramentas e fertilizantes.

SERVIçOS DE VIGILÂNCIA

até UCF 77,62/dia

SERVIçOS DE FISCALIZAçãO

até UCF 228,41/dia

SERVIçOS DE SELAGEM DE CONTENTORES

até UCF 38,82/serviço

ExPEDIENTE DE NAVIOS

até UCF 4757,00/navio

SERVIçO DE VISITA FISCAL

UCF 10,00/visita

*Unidade de Correcção Fiscal (UCF) = 88KZ Fonte: apresentação de Ana Pinelas Pinto, sócia da Mi-randa Correia Amendoeira & Associados, no congresso Direito Aduaneiro, de 29 de Janeiro

tAxAs PelA PRestAção de seRViços*

Entre outros produtos que viram as suas taxas diminuídas encontramos os produ-tos que integram a “Cesta Básica”, (como sejam feijão, arroz, açúcar, farinha de mi-lho, óleo alimentar e sabão em barra), me-dicamentos, vacinas, produtos farmacêuti-cos, preservativos, veículos de transporte de passageiros e outros veículos destina-dos à protecção civil, bombeiros e serviços funerários. Uma diminuição do custo de importação que se fica a dever a razões de ordem social, saúde pública e de melhoria do bem-estar da população.

AdequAção à liP, Regimes esPeCiAis e HARmonizAção PAutAl Outra das novidades da nova pauta adu-aneira é a sua adequação à nova Lei do Investimento Privado. No âmbito desta lei, aprovada em 2011, podem ser concedi-dos incentivos aduaneiros que variam em função de factores como o valor do inves-timento, a localização do projecto ou ao tipo de produto. Inclusive, no caso de pro-jectos de investimento de montante igual

suBidA dAs tAxAs de diReitos AduAneiRosPAutA 2013 PAutA 2008

Código designação direitos de importação

imposto de Consumo

direitos de importação

imposto de Consumo

2203 Cervejas de malte 50 20 30 20

9403 Outros móveis e suas partes 20 10/20 5/15/20 10/20

7308 Construções e suas partes (etc) de ferro fundido, ferro/aço 2/30 10 5/20 10

2204 Vinhos de uvas frescas 30 30 30 30

3004 Medicamentos, em doses ou acondicionados para venda a retalho 2 2 5/2 2

1507Óleo de soja e respectivas fracções, mesmo refinado, n/ quimicam. modificado

10 2 2/10 2

2402 Charutos, cigarrilhas e cigarros de tabaco ou dos seus sucedâneos 50 30 30 30

Fonte: Miranda Correia Amendoeira & Associados

A oRgAnizAção dA noVA PAutA ReFleCte tAmBém A Adesão de AngolA, em 2011, à ConVenção inteRnACionAl soBRe o sistemA HARmonizAdo de designAção e CodiFiCAção de meRCAdoRiAs. estA ConVenção é de extRemA imPoRtânCiA Já que 98% do ComéRCio mundiAl é ClAssiFiCAdo de ACoRdo Com este sistemA HARmonizAdo

Tema de capa

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17Nrevista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

e Codificação de Mercadorias, tornou-se necessário actualizar a nova lei à nomen-clatura do Sistema Harmonizado aprovado em 2012. Esta convenção é de extrema im-portância já que 98% do comércio mundial é classificado de acordo com este Sistema Harmonizado. Tal coloca Angola em igual-dade de condições face aos mais de 140 pa-íses que integram a Organização Mundial das Alfândegas. Assim, qualquer diferendo que surja entre as Alfândegas de Angola e instituições de países terceiros, incluindo os operadores de comércio internacional, será resolvido subsidiariamente com base nas versões do Sistema Harmonizado em língua inglesa ou francesa, línguas ofi-ciais da Convenção sobre o Sistema Har-monizado de Designação e Codificação das Mercadorias.

imPosto de Consumo, emolumentos e outRAs tAxAs A par das alterações nas taxas aduaneiras, que passam a variar a partir de Março en-tre uma taxa mínima de 2% e uma taxa má-xima de 50%, as mercadorias que entram em Angola estão sujeitas a outros impos-tos e taxas. Entre elas o imposto de consu-mo, o qual pode variar entre um mínimo de 2% e um máximo de 30%. Este não é um im-posto aduaneiro per si, mas incide também sobre a importação de mercadorias. À semelhança da anterior legislação, a nova Pauta Aduaneira prevê uma isenção do imposto de consumo para “matérias--primas e bens de equipamento para a in-dústria nacional, desde que devidamente certificados pelos ministérios da tutela e declaração de exclusividade”. As isenções aduaneiras incluem os direitos aduaneiros e o imposto de consumo, o que significa que bens isentos de direitos aduaneiros estão também isentos do pagamento de imposto de consumo, tal como no passado recente. É quase certo que dada a reforma tribu-tária actualmente em curso em Angola, o imposto de consumo seja substituído pela introdução do imposto de valor acrescen-tado (IVA), à semelhança do que existe em Portugal e Moçambique. Em conjunto, o imposto de consumo e as taxas aduaneiras são os dois maiores im-postos a pagar na entrada de bens em An-gola e somados chegam a significar um encargo de 80%, que é o que acontece, por exemplo, na importação de tabaco, charu-tos e cigarrilhas (direitos de importação no valor de 50% e imposto consumo a 30%).

• Adopção de medidas de salvaguarda de combate ao dumping para protecção da produção nacional;

• Actualização e adaptação à versão 2012 da Nomenclatura do Sistema Harmonizado;• Revisão generalizada das taxas dos direitos de importação e do Imposto de Consumo

aplicáveis às mercadorias importadas;• Subida da taxa máxima de Direitos Aduaneiros de 30% para 50%;• Adequação da Pauta Aduaneira à nova Lei do Investimento Privado;• Revogação de todas as isenções de Emolumentos Gerais Aduaneiros.

Fonte: apresentação de Ana Pinelas Pinto, sócia da Miranda Correia Amendoeira & Associados, no congresso Direito Aduaneiro, de 29 de Janeiro

noVA PAutA AduAneiRA: PRinCiPAis noVidAdes

Contudo, a estes encargos há ainda que so-mar o imposto de selo, que sobe para 1%, os emolumentos gerais aduaneiros, que podem chegar a 2%, podendo ainda ser co-brada uma sobretaxa de 1%, à semelhança, aliás, do que acontecia na pauta aduaneira de 2008. A nova pauta aduaneira revoga todas as isenções de Emolumentos Gerais Adua-neiros e actualiza o preço a pagar pelos serviços, entre os quais os de vigilância,

de fiscalização, selagem de contentores, expediente de navios, visita fiscal, etc. (ver quadro).

exPoRtAR PARA AngolA não é diFíCil, mAs é BuRoCRátiCo Relativamente às principais formalidades e regras de importação não existem, apa-rentemente, diferenças substâncias face à anterior legislação. Há uma preocupa-ção, isso sim, em uniformizar os procedi-mentos em todas as estâncias aduaneiras. Continua a ser obrigatório a inscrição no Registo de Exportadores e Importadores (REI), bem como a inscrição no sistema de informação integrado do Ministério do Comércio, SIMINCO e, salvo algumas ex-cepções, o processo de importação/expor-tação carece de licenciamento. Entre as ex-cepções estão as importações temporárias, cujos procedimentos foram também eles revistos no âmbito da Nova Pauta Aduanei-ra. Importa ainda sublinhar que o processo de liquidação da mercadoria importada é feito através dos bancos comerciais, nos moldes habituais, estando agora prevista a introdução e implementação de uma fac-tura electrónica. #

A noVA PAutA AduAneiRA ReVogA todAs As isenções de emolumentos geRAis AduAneiRos e ACtuAlizA o PReço A PAgAR Pelos seRViços, entRe os quAis os de VigilânCiA, de FisCAlizAção, selAgem de ContentoRes, exPediente de nAVios, VisitA FisCAl, etC.

Page 20: Angola Portugal Negócios 97

N18 revista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

Editorial

Angola continua a ser o 12º fornece-dor de Portugal, mas o crescimen-to das importações portuguesas com origem em Angola tem sido

muito significativo, com uma variação de 92,5% entre 2008 e 2012, que se confirma nos primeiros oito meses de 2013, com um crescimento homólogo de 75%, enquan-to as exportações portuguesas variaram 3,9% até Agosto, de acordo com o INE.O reforço das relações comerciais entre os dois países tem sido notória nos últimos cinco anos, mas os últimos dados apon-tam para uma redução do coeficiente de cobertura das exportações portuguesas que, até Agosto, baixou para 94%, quando, no mesmo período de 2012 era de 158,9%. Dado que 99% das importações são petró-leo, há claramente um efeito-preço que

traduz a vulnerabilidade portuguesa em termos de custos associados à energia, da mesma forma que espelha a concentração da estrutura de exportações de Angola.Se desagregarmos o comércio entre os dois

países por tipo de bens, verificamos que as cervejas de malte, que pesavam 5% do to-tal em 2012, fruto de um acréscimo anual de 21,8%, perderam algum fulgor durante os primeiros oito meses de 2013, com uma quebra de 19,1% face a 2012, o que reduz em 1,3 pontos percentuais o peso no total; da mesma forma, as construções de ferro fundido, ferro/aço, que eram o 3º maior produto exportado, com 3,2% do total e com uma variação de 38,4% em 2012, re-cuaram 9,5% até Agosto, pesando, no pe-ríodo, 2,9% do total. Já os “outros móveis e suas partes”, os “vinhos e uvas frescas” e os “enchidos” estão entre os produtos com desempenho favorável em 2013, registan-do aumentos de 9%, 7,9% e 18,7%, respec-tivamente.Em suma, Angola associa este dinamis-

Relações económicas resilientesOs constrangimentos financeiros e a recessão económica em Portugal têm justi-ficado um abrandamento da intensidade das exportações para Angola, ao mesmo tempo que propiciam um reforço das importações e do investimento angolano.

T FátiMa azeveDo | T porto De leixõeS e porto De liSboa

conjuntura

portugal-angola

Exportações

Angola ganha peso nas importações portuguesas

0

1.5M

2.5M

3.5M

500mMilh

ões

de E

uros

Importações

2008

2.261.264

407.996

2009

2.242.450

2010

1.905.671

151.089

2011

2.330.055

563.452 1.177.501

2012

2.990.805

1.780.876

Exportações

Angola ganha peso nas importações portuguesas

0

1.5M

2.5M

3.5M

500mMilh

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de E

uros

Importações

2008

2.261.264

407.996

2009

2.242.450

2010

1.905.671

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2011

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1.780.876

N18 REVISTA ANGOLA-PORTUGAL NEGÓCIOS JANEIRO • FEVEREIRO • MARçO 2014 • Nº 97

s

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19NREVISTA ANGOLA-PORTUGAL NEGÓCIOS JANEIRO • FEVEREIRO • MARçO 2014 • Nº 97

mo comercial ao forte desenvolvimento da componente de investimento directo no exterior, em que Portugal tem sido um destino preferencial. De acordo com o Banco de Portugal, Angola foi o quarto destino em termos de investimento di-recto português no estrangeiro (IDPE) em 2012, absorvendo cerca de 4,5% dos

fluxos de IDPE, e é o 11º maior investidor em Portugal. A verdade é que se acentua o abrandamento relativo do IDPE em An-gola, dado que os 312,8 milhões de euros investidos traduzem um recuo de mais de 65% face ao ano anterior. Sectorialmente, os segmentos do comér-cio (grosso e retalho), actividades finan-

MAIOR MERCADOEspanha (-4,3% em 2012)Sectores mais dinâmicos• Máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos (0.5 p.p)• Vestuário (0.3 p.p)

2º MERCADO

Alemanha (-3,8% em 2012)Sectores mais dinâmicos• Máquinas, aparelhos e instrumentos eléctricos (2.2 p.p)• Borracha (6.6 p.p)Sectores menos dinâmicos• Material de transporte (-7.3 p.p)

MERCADO COM MAIOR CRESCIMENTOChina (96,3% em 2012)Sectores mais dinâmicos• Material de transporte (87.8 p.p)• Minérios e minerais (8.3 p.p)

2º MERCADO COM MAIOR CRESCIMENTO

Angola (28,7% em 2012)Sectores mais dinâmicos• Metais comuns (6.0 p.p)• Máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos (5.6 p.p)

3º MERCADO COM MAIOR CRESCIMENTO

EUA (24,7% em 2012)Sectores mais dinâmicos• Energia (20.0 p.p)

MAIOR MERCADOEspanha (-4,3% em 2012)Sectores mais dinâmicos• Máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos (0.5 p.p)• Vestuário (0.3 p.p)

2º MERCADO

Alemanha (-3,8% em 2012)Sectores mais dinâmicos• Máquinas, aparelhos e instrumentos eléctricos (2.2 p.p)• Borracha (6.6 p.p)Sectores menos dinâmicos• Material de transporte (-7.3 p.p)

MERCADO COM MAIOR CRESCIMENTOChina (96,3% em 2012)Sectores mais dinâmicos• Material de transporte (87.8 p.p)• Minérios e minerais (8.3 p.p)

2º MERCADO COM MAIOR CRESCIMENTO

Angola (28,7% em 2012)Sectores mais dinâmicos• Metais comuns (6.0 p.p)• Máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos (5.6 p.p)

3º MERCADO COM MAIOR CRESCIMENTO

EUA (24,7% em 2012)Sectores mais dinâmicos• Energia (20.0 p.p)

ceiras e construção têm sido o principal foco dos investidores portugueses e res-pondem por mais de 95% dos fluxos de investimento.Em contraciclo, o investimento angolano em Portugal tem vindo a crescer inten-samente, com um valor médio anual de 61,5 milhões de euros, que explica o valor acumulado de 341,2 milhões de euros em 2012. Banca, telecomunicações, energia e petróleos, construção civil, engenharia e arquitectura, media, saúde, ambiente, agro-indústria e turismo são os sectores--chave na internacionalização da econo-mia angolana

As ContRARiedAdes PoRtuguesAsPortugal atravessa um momento delica-do, fruto de uma contracção na riqueza gerada, das medidas de ajustamento ne-gociadas com os credores e de um abran-damento económico na generalidade dos parceiros europeus. Estes três factores convergem em três grandes contrarieda-des: a redução da procura interna, o au-mento do desemprego, a consolidação or-çamental pública e a desalavancagem do sector privado.

Até 2012, o crescimento continuado das exportações foi acompanhado por novo um aumento do número de empresas ex-portadoras, depois do boom de 2008.Num contexto difícil, Portugal deverá continuar o processo de diversificação de mercados de exportação para países como Angola, Brasil, Moçambique e China, cujo ritmo de crescimento é elevado e cujos programas de investimento infra-estrutu-ral são ambiciosos, constituindo, por isso, oportunidades de investimento privado.A estratégia portuguesa de internacio-nalização tem sido assente em serviços, como o turismo e saúde, sem esquecer a energia e transportes, logística ou fileira florestal. #

Número de empresas exportadoras

0

6 m

9 m

12 m

3 m

2008 2009 2010 2011 2012

8.829

7.9047.131

7.874

10.129

Número de empresas exportadoras

0

6 m

9 m

12 m

3 m

2008 2009 2010 2011 2012

8.829

7.9047.131

7.874

10.129

AngolA Foi o quARto destino em teRmos de inVestimento diReCto PoRtuguês no estRAngeiRo (idPe) em 2012, ABsoRVendo CeRCA de 4,5% dos Fluxos de idPe, e é o 11º mAioR inVestidoR em PoRtugAl

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N20 REVISTA ANGOLA-PORTUGAL NEGÓCIOS JANEIRO • FEVEREIRO • MARçO 2014 • Nº 97

AngolA nos PAloP e no ComéRCio extRA eu (mil Euros e %)

2013 2012 Var. 13/12

total do Comércio extracomunitário

Importações Portuguesas 15 707 029 15 843 848 -0,86

Exportações Portuguesas 14 091 865 13 089 524 7,66

saldo -1 615 164 -2 754 324 -41,36

PAloP

Importações Portuguesas 2 706 692 1 806 699 49,81

% no total 17,2% 11,4% 51,12

Exportações Portuguesas 3 764 041 3 610 889 4,24

% no total 26,7% 27,6% -3,17

saldo 1 057 349 1 804 190 -41,39

Angola

Importações Portuguesas 2 632 359 1 780 876 47,81

% nos PALOP 97,3% 98,6% -1,34

% no total extracomunitário 16,8% 11,2% 49,10

Exportações Portuguesas 3 113 305 2 990 805 4,10

% nos PALOP 82,7% 82,8% -0,14

% no total extracomunitário 22,1% 22,8% -3,31

saldo 480 946 1 209 929 -60,25Elaborado pela CCIPA, com base em dados do INE Portugal, 9.Jan e 11.Fev 14

A evolução das trocas comerciais entre Portugal e Angola ao longo de 2013 foi substancialmente dife-rente da verificada nos anos ante-

riores: pela primeira vez e até ao 3º trimes-tre, a balança comercial foi positiva a favor de Angola.A inversão ocorreu no decurso do 3º trimes-tre; porém, mesmo quando Portugal voltou a ter saldo positivo no comércio bilateral, este ficou muito aquém do que havia sido registado, por exemplo, em 2012: € 481 mi-lhões em 2013 que comparam com € 1.210 milhões em 2012. Angola manteve-se, em 2013, como o 4º principal lugar de destino das exportações portuguesas, enquanto Portugal continuou a assegurar a primeira posição enquanto fornecedor de Angola.Se atentarmos na composição dos fluxos comerciais, verificamos que ela difere bas-tante de um país para o outro.Com efeito, se as exportações angolanas

gRuPos de PRodutos (E)

import. export.

Agrícolas 289 805 217 825 023

Alimentares 148 532 509 175 365

Combustíveis minerais

2 627 843 856 29 999 037

Químicos 19 150 223 739 636

Plásticos, borracha

24 633 148 574 782

Peles, couros 4 171 11 337 951

Madeira, cortiça 735 294 34 195 631

Pastas celulósicas, papel

2 662 99 307 847

Matérias têxteis 8 309 42 126 807

Vestuário 6 155 47 588 648

Calçado 4 750 27 012 683

Minerais, minérios

391 899 117 039 060

Metais comuns 37 874 374 438 550

Máquinas, aparelhos

1 076 988 792 715 814

Veículos, outros meios de transporte

606 268 141 072 037

Óptica e precisão 939 922 78 632 422

Outros produtos 219 092 218 523 519

totAl 2 632 359 360 3 113 304 812

análise

trocas comerciais bilateraisbalança comercial favorável a angola

Fontes: INE Portugal e AICEP Portugal Global

AngolA mAnteVe-se, em 2013, Como o 4º PRinCiPAl lugAR de destino dAs exPoRtAções PoRtuguesAs, enquAnto PoRtugAl Continuou A AsseguRAR A PRimeiRA Posição enquAnto FoRneCedoR de AngolA

T iSabel SantoS, Directora executiva Da ccipa

para Portugal assentam quase exclusi-vamente nos combustíveis minerais (pe-tróleo), que representam 99,8% do total exportado por Angola para o mercado por-tuguês, as exportações portuguesas para o mercado angolano dispersam-se pelos di-versos grupos de produtos, sendo os mais representativos – máquinas e aparelhos,

alimentares e metais comuns – responsá-veis por 53,8% do total exportado por Por-tugal para para Angola.Os aparelhos mecânicos são o principal produto exportado por Portugal – € 451 mi-lhões.Outro aspecto que difere nos fluxos comer-ciais entre os dois parceiros refere-se ao grau de intensidade tecnológica envolvido nas exportações. No período entre 2008 e 2012, 98,24% das exportações portugue-sas para Angola eram produtos industriais transformados, que comparavam com 2,02% das exportações angolanas para Por-tugal. #

Page 23: Angola Portugal Negócios 97
Page 24: Angola Portugal Negócios 97

N22 revista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

conjuntura

Casas de CâmbioO Kwanza angolano (Akz) é a uma das mais recentes moedas a ser transaccionada no mercado europeu. Em Portugal, a moeda angolana está a ser comercializada desde o dia 1 de Novembro. O banco BIC Português foi a primeira instituição a disponibilizar Kwanzas, logo seguido pela Unicâmbio (a 7 de Novembro) e pela NovaCâmbios (a 11 de Novembro). E, graças ao crescente número de viajantes entre os dois países, o Akz tem vindo a ganhar espaço entre as moedas cotadas. Este foi o pretexto para a revista da CCIPA procurar saber qual o comportamento da moeda angolana nas duas instituições financeiras que operam no segmento de câmbios. Muito para além da compra e venda de Kwanzas, ambas estão atentas ao potencial do mercado. 2014 será, assim, um ano de novos investimentos.

T Manuela SouSa GuerreiroF bruno barata/becoMM, Dr

Pouco mais de um ano de diferença separa o arranque das operações da NovaCâm-bios em Portugal e em Angola. Em Portugal, a sociedade é detida pela Ultra, SGPS (cujos accionistas principais são pessoas com uma grande experiência no merca-do cambial) e pelo Montepio Geral, ao passo que em Angola a Ultra associou-se a

parceiros locais. 2002 marcou o início das operações no país, onde hoje é líder incontesta-do de mercado, com cerca de 40 balcões e uma presença “de Cabinda ao Cunene, passando por Luanda, Lobito, Benguela, Huambo, Lubango, Namibe, Ondjiva e St. Clara”, como su-blinha Viterbo de Almeida, um dos sócios fundadores da NovaCâmbios. “Nos últimos cinco anos, e em especial a partir de 2011, a nossa actividade cresceu muito. No final de 2014 con-tamos estarem todas as capitais de província e em todos os aeroportos do país. Estamos ainda nos centros comerciais e, claro, no centro da cidade de Luanda. Mas o nosso plano de expansão ainda não terminou, contamos continuar a crescer nos próximos dois anos”, consubstancia Hamilton Macedo, administrador da NovaCâmbios Angola. De acordo com este responsável, a actividade da instituição concentra-se hoje na troca de divisas (câmbio manual) e na transferência de divisas. “Em Angola a legislação recente permite que as casas de câmbio façam mais do que a compra e venda de moeda. Até há pouco tempo éramos uma empresa mono-produto, mas já estamos a iniciar o processo de alargamento do leque de serviços que podemos comercializar. Operamos num mercado muito concorrencial. Existem cerca de 70 operadores licenciados pelo BNA, sem contar com o peso do mercado informal, que, não obstante as restrições impostas pelo banco cen-tral, ainda se faz sentir”, explica Hamilton Macedo. De acordo com o administrador da NovaCâmbios Angola este é um momento de viragem do mercado. A nova regulação está a impor regras mais apertadas aos operadores, com impacto no número de transações

noVACâmBios lideRA meRCAdo

Nuno Neves, administrador da NovaCâmbios, Viterbo de Almeida, administrador, e Hamilton Macedo, administrador da NovaCâmbios Angola

expandem actividade em 2014

Page 25: Angola Portugal Negócios 97

23Nrevista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

efectuadas. “A lei limitou a compra de divi-sas estrangeiras ao segmento de viajantes quando até então qualquer cidadão angola-no podia comprar moeda estrangeira para os seus pequenos negócios ou para consti-tuição das suas poupanças”, explica Hamil-ton. Porém, abrem-se novas perspectivas de negócio. “A legislação, quando regulamentada, dar--nos-á possibilidade de actuar como corres-pondentes bancários. Essa perspectiva é muito interessante e pode ser potenciada pelo facto de brevemente estarmos pre-sentes em todas as províncias e a nossa marca ser muito forte, bem reconhecida, o

A mais antiga empresa de câmbios em Portugal (iniciou a sua acti-vidade em 1992) prepara-se para arrancar com a sua actividade

em Angola. A Unicâmbio detém uma rede com cerca de meia centena de balcões es-palhada por diversos pontos de Portugal e uma presença exclusiva nos quatro aero-portos internacionais. A conjuntura tem beneficiado as duas actividades prin-cipais dos balcões da unicâmbio: a troca de divisas, influenciada pelo crescimentos dos fluxos turísticos no país; e o seg-mento de transferência de divisas de e para o exterior, graças, sobretudo, ao cresci-mento das remessas de emi-grantes. Para as transferências de dinhei-ro, a Unicâmbio estabeleceu uma par-

ceria, em 2002, com a maior companhia mundial de transferências, a Western Union. “Ao longo dos anos temos privilegiado uma estratégia de crescimento sustenta-do. Consideramos que este é o momento certo para iniciarmos o processo de in-ternacionalização da nossa actividade. Angola será o nosso primeiro mercado no

exterior. E porquê Angola? É um dos principais mercados emissores

de remessas de emigrantes,

uniCâmBio entRAdA em gRAnde no meRCAdo

que transmite confiança, credibilidade e seguran-ça. Sendo baixa a taxa de bancarização do país e estando a nossa em-presa integrada no nosso sector financeiro, num mer-cado como o de Angola em que poucos bancos têm uma presença nacional e que estamos muito próximo da população, temos sido solidários com o sector no aumento da taxa de bancariza-dos e com a oferta mais alargada de produ-tos financeiros”, sustenta. Em Portugal a NovaCâmbios, tem três

dezenas de balcões e uma presença de norte a sul do país. Na Europa a activida-de estende-se ainda a Fran-

ça, onde a operação está em expansão. Actualmente tem

dois balcões em Paris e um em Avignon. Reims e Bordéus são os

próximos destinos já contratualizados Em África, a NovaCâmbios está ainda des-de 2007 na Namíbia, onde conta com 10 balcões (uma presença que continuará a expandir-se até ao final do ano, com a aber-tura de mais cinco balcões) e em Moçambi-que, onde entrou em 2012.

está em grande crescimento e identificá-mos várias oportunidades de negócio“, sus-tenta Carlos Lilaia, administrador da Uni-câmbio. O mercado está em transformação, é certo, mas, “a nossa leitura é a de que as autoridades estão preocupadas em regula-menta-lo. É preciso não esquecer que esta actividade está cada vez mais exigente e controlada no que às regras de compliance internacional diz respeito. Nesta matéria, o nosso know how e experiência podem ser uma mais-valia”, sublinha o responsável. A entrada em Angola far-se-à através da criação de uma entidade de direito local, que será detida em 51% por sócios locais e em 49% pela Unicâmbio. Entre os parcei-ros locais destaca-se o empresário António Mosquito, que detém há largos anos uma participação no capital social da Unicâm-bio. A abertura do primeiro balcão aguarda ape-nas a autorização do BNA e poderá aconte-cer ainda durante o primeiro trimestre do ano. O plano de expansão compreende a abertura de 10 agências no primeiro ano de actividade, o que corresponde a um in-vestimento no montante de dois milhões de USD. Para além de uma presença forte em Luanda a instituição quer avançar logo numa primeira fase para Benguela, Lobito, Cabinda, Namíbe e Huambo. #

“AngolA seRá o nosso PRimeiRo meRCAdo no exteRioR. é um dos PRinCiPAis meRCAdos

emissoRes de RemessAs de emigRAntes e está em gRAnde CResCimento” Carlos Lilaia,

administrador da Unicâmbio

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N24 revista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

Economia

oge 2014

Com receitas fiscais previstas na ordem dos Kz 4.744,8 mil milhões (37% do PIB) e despesas fixadas em Kz 5.375,1 mil milhões (41,9% do PIB) o que resulta num défice equivalente a 4,9% do PIB (necessidades de financiamento a situarem-se nos Kz 630,3 mil milhões ou cerca de USD 6,43 mil milhões), o OGE 2014 reflecte a preocupação do Executivo angolano em investir no desenvolvimento das infra-estruturas económicas e sociais.

Sector social abarca 1/3 da despesa

T criStina caSaleiro | F JaiMaGenS, Dr

As receitas petrolíferas continuam a dominar o Orçamento Geral do Estado para 2014 elaborado pelo Executivo angolano (45,64%), com

base na previsão do aumento da produção e dos preços do petróleo. Seguem-se as re-ceitas do sector não petrolífero (16,90%) e dos financiamentos externos, com um peso de 14,27%. No campo da Despesa, o OGE reflecte a prioridade dada pelo Executivo “à amplia-ção das infra-estruturas económicas e so-ciais necessárias ao aumento da produção,

províncias mais a norte do país, nomeada-mente Cabinda, Zaire, Uíge, Kwanza Norte e Malanje tendem a afirmar-se como im-portantes polos comerciais, industriais e petrolíferos. Por outro lado, nas províncias do Kwanza Sul, Benguela, Huambo, Huíla e Bié tem-se promovido o desenvolvimento urbano, a agricultura empresarial e o de-senvolvimento industrial.

PRessuPostos mACRoeConómiCosUma taxa de crescimento do PIB real em 8,8% em 2014, a reflectir um crescimento mais acentuado do sector não petrolífero (9,9%) do que no sector petrolífero (6,5%) são alguns dos pressupostos macroeconó-micos em que assenta a proposta de OE para 2014.O crescimento das receitas do sector petro-lífero pressupõe um preço médio do barril do petróleo bruto de USD 98,00, acima dos USD 96,3 previstos na proposta do OGE de 2013 mas, ainda assim, abaixo dos valores médios reais verificados em 2011 e em 2012 (USD 110,10 e USD 11,60, respectivamente) e uma previsão de produção anual a situar--se nos 655 milhões de barris (1,79 milhões de barris/dia). O OGE pressupõe igualmen-te a manutenção da taxa de inflação na casa dos 7% e estabilidade cambial do AKz face ao USD. “Compreendendo que as finanças públi-cas nacionais continuam vulneráveis aos choques do sector petrolífero, os quais po-dem provir tanto da oscilação da produção como – e sobretudo – da volatilidade do preço no mercado internacional, como me-dida prudencial, o Executivo continua a as-sumir um nível de preço conservador para a projecção da receita petrolífera no OGE, assim como a constituição de Reservas do Tesouro Nacional das receitas excedentá-rias sobre o nível de preço assumido”. O objectivo, defende o Governo, é o de limitar a despesa pública a níveis de receita previ-síveis e constituir poupanças que estabili-zem a despesa em períodos em que as recei-tas sejam inferiores ao expectável.O OGE 2014 prevê uma série de medidas que visam melhorar a eficiência e a eficá-cia da despesa pública e prevenir e comba-ter práticas ilicitas. Entre outras, referem--se a revisão do sistema de subsidiação das empresas públicas (nomeadamente água e electricidade), a revisão do sistema de pre-ços de combustíveis derivados do petróleo bruto e a implementação progressiva de um sistema de cadastro presencial com da-

do emprego e do bem-estar da população”, canalizando a maior fatia para a rubrica Investimentos (23,44%). A seguir surgem a amortização de dívida (21,45%), a aquisi-ção de bens e serviços (19,71%), as despesas com pessoal (18,87%) e os subsídios, que ainda representam 10,28%. As despesas de menor expressão e o pagamento de juros representam 4,50% e 1,76%, respectiva-mente. Em termos territoriais, em 2014 a provín-cia de Luanda é a que beneficiará menos de recursos do OGE. “De acordo com o PND, as

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N26 revista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

conjuntura

dos biométricos dos funcionários públicos e agentes administrativos (incluindo sec-tor da saúde, educação, forças de seguran-ça pública e militares) com o objectivo de reduzir o absentismo e o risco de ‘pessoal fantasma’. Destaque, igualmente, para o condicionamento da execução dos projec-tos de investimentos públicos à apresenta-ção dos respectivos cronogramas de execu-ção física e financeira, sujeitos a revisões e avaliações trimestrais e, ainda, a sujeição de início de novos investimentos às seguin-tes condições: disporem de financiamento assegurado na fonte que os orçamentou; projectos executivos devidamente elabo-rados; contratos assinados e homologados nos níveis correspondentes (e pelas entida-des competentes para o efeito); e terem os cronogramas de execução física e financei-ra elaborados.

desPesAs AloCAdAs A PRogRAmAs do PndO OE para 2014 tem algumas inovações face aos de anos anteriores, desde logo a alocação das despesas a programas que se enquadram nos objectivos gerais e áreas estratégicas do Plano Nacional de Desen-volvimento 2013-2017 e que assentam em toda uma nova metodologia de acção: iden-tificação das necessidades, definção dos programas e estabelecimento de objecti-vos, execução e resultados atingidos.Esta nova forma de orçamentação visa, segundo o relatório de fundamentação do OGE 2014 publicado pelo governo angola-no, “melhorar os padrões de eficácia e efi-ciência da despesa pública através de uma gestão físico-financeira baseada em resul-tados” e, sobretudo, “reforçar a disciplina orçamental”.A repartição da Despesa por programas articula-se em torno da política de desen-volvimento sectorial, tal como prevista no PND. E no PND, para o exercício financei-ro de 2014, a política de desenvolvimento sectorial está orçada em Kz 2.636,17 mil milhões para um total de 141 programas. As infraestruturas têm alocado 48% do to-tal orçamentado, logo seguidas pelo sector institucional, com 26% e só depois pelos sectores social, com 21%, e económico, com 6%. Em termos funcionais, a distribuição da Despesa privilegia a administração públi-ca, com 33,97%, e o sector social, com uma fatia de 29,97% dos recursos, que são dis-tribuídos da seguinte forma: 6,17% para a

educação, 4,35% para a saúde, 9,60% para a protecção social, 7,88% para a habitação e 1,97% para outras despesas. Os assuntos económicos (que incluem transportes e agricultura, entre outros) consomem uma fatia de 19,61% e a defesa e ordem pública cerca de 16,45%.

FinAnCiAmento do ogeCom um défice orçamental a situar-se na casa dos 4,9% do PIB, o Executivo vai pre-cisar de fontes de financiamento alterna-tivas. “O Executivo prevê cobrir o défice orçamental, fazendo recurso ao (i) endi-vidamento interno, consubstanciado na emissão de Obrigações e Bilhetes do Tesou-ro, estando estimada uma variação liquída diminutiva de Akz 102,8 mil milhões; (ii) ao endivadamento externo, consubstan-ciado em desembolsos de facilidades de crédito em curso e a contratação de novas operações financeiras, estando prevista uma variação líquida de na ordem dos Akz 733,2 mil milhões; (iii) perpsectiva-se que as operações de financiamento possam elevar o stock da dívida governamental para USD 43,2 mil milhões, cifrando-se em 32% do PIB, uma cifra bastante moderada e prudencial, se considerarmos que o pa-drão universal de alerta se situa na ordem de 60% do PIB”, assinalou o ministro das Finanças, Armando Manuel na entrevista que concedeu ao Biga (Boletim do Governo de Angola). #

PRessuPostos mACRoeConómiCos oge 2014*PRemissAs, metAs/oBJeCtiVos

2012 exec. 2013 Prog. 2014 2015 2016 2017

Inflação (%) 9.0 9.0 7,0-9,0 7.0 7.0 7.0

Produção Petrolífera Anual 631.8 648.3 655 732.5 760.4 686.0

Média diária anual 1.73 1.78 1.79 2.01 2.08 1.88

Preço médio de Exportação do petróleo bruto 111.6 100.5 98.0 92.0 89.9 89.4

Produto interno Bruto

Valor nominal (mil M de Kz) 10.876,0 11.764,0 12.822,5 14.997,3 16.808,8 18.513,0

Taxa de crescimento real (%) 5.2 5.1 8.8 8.8 7.5 4.3

Sector petrolífero 4.3 2.6 6.5 4 3.8 -9.8

Sector não-petrolífero 5.6 6.5 9.9 11.2 9.2 10.4

Saldo primário não petrolífero (% PIB não petrolífero) -55.5 -48.1 -45.1 -32.6 -28.2 -24.1

Stock de RIL (mil M de USD) 30.632,3 30.632,3 33.736,6 47.764,5 50.571,5 53.890,5

Taxa de câmbio 95.4 96.3 98.0 99.1 100.1 102.7

Taxa de crescimento do M2 33.5 31.5 19.6 18.9 15.6 13.5

Investimento director líquido 1.119,78 1.652,30 1.239,01 -811.38 3.139,18 6.264,02

Fonte: PND e MPDT, in Relatório de Fundamentação do Orçamento Geral do estado 2014 de Angola

Composição da Receita OGE 14(mil milhões de Kz)

Composição da Despesa por função OGE 14(mil milhões de Kz)

Fonte: PND e MPDT, in Relatório de Fundamentação do Orçamento Geral do estado 2014 de Angola

1412,2

1378,4

1557,1

329,4 127,6

1607,2

841,9

JurosAmortização de dívidaPessoalBens e Serviços

InvestimentosSubsídiosOutros

1478,3

1369,3

1556,8

326,5 127,6

1701,2

746,4

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Economia

sobre fiscalidade em Angola A Universidade Católica e a consultora PwC juntaram esforços e lançaram o projecto de recolha e publicação electrónica da legislação fiscal dos países da CPLP. A Colectânea de Legislação Fiscal de Angola foi a primeira a ser lançada e já está disponível on-line.

uma visão global

T Manuela SouSa Guerreiro | F becoMM, Dr

Conhecer as leis de um mercado em matéria de fiscalidade pode não ser, por si só, motivo para o su-cesso do negócio, mas o seu des-

conhecimento pode conduzir a surpresas muito desagradáveis. A pensar na falta de conhecimento e na dificuldade de acesso à matéria legal, a Universidade Católica (UC)e a consultora PwC lançaram um pro-

“O nosso objectivo foi o de facultar aos profissionais e estudantes de fiscalidade, tanto portugueses como dos diferentes países, elementos de trabalho úteis e ac-tualizados”, refere Sérgio Vasques, pro-fessor da Faculdade de Direito da UC. “A UC tem dado formação em matéria fiscal para um número crescente de empresas e administrações tributarias dos PALOP,

jecto de recolha e publicação electrónica da legislação fiscal dos países da CPLP. As primeiras colectâneas, referentes a Ango-la e Moçambique, já estão disponíveis on--line (ver caixa). Um projecto tanto mais pertinente ou não fosse crescente o núme-ro de pessoas – empresários, sector publi-co, estudantes, consultores, entre outros – que têm que lidar com legislação fiscal.

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o melhor conhecimento da legislação, neste caso fiscal, pode conduzir a melhores negó-cios? Sem dúvida. A fiscalidade é uma componente essencial da gestão. Costumo dizer que a fisca-lidade não cria valor, mas pode perde-lo na totalidade. Quer isto dizer que o conhecimento da fiscalidade não faz um bom negócio, mas o desconhecimento das consequências fiscais das várias opções de gestão podem tornar um bom negócio num negócio ruinoso. Infelizmente, vi isso acontecer com inúmeras apostas internacionais de empresas portuguesas, muitas vezes com consequências dramáticas.

da sua experiência considera que as empresas portuguesas têm um bom conhecimento desta matéria nos mercados onde atuam? A realidade é muito diversa e varia muito em função das geografias de investimento, da dimen-são da empresa e do seu estádio de internacionalização. Locais de investimento como a Europa de Leste e o Norte de África, são casos de profundo desconhecimento e exemplos de inúmeras situações em que a fiscalidade contribuiu para piorar negócios que já de si eram maus. Nos países africanos de expressão portuguesa, o défice de informação não é tão dramático, mas ainda ocorre com frequência, sobretudo nas pequenas e médias empresas que tentam as pri-meiras abordagens aos mercados internacionais. Neste casos, o facto da língua ser comum e dos sistemas jurídicos terem também uma matriz comum, a par do nosso tradicional gosto pela improvisação, conduz a uma deficiente prepa-ração prévia e, portanto, a surpresas que podem ter consequências muito negativas. E este equívoco tende a ser mais grave ainda no caso do Brasil. Felizmente não é esse o caso de Angola, ainda que a complexidade do sistema fiscal angolano exija uma pro-funda preparação prévia de qualquer projeto de investimento.

A legislação fiscal angolana tem sido alvo de uma profunda reforma. quais foram as principais alterações introduzidas? o que poderemos esperar no futuro? Angola tem de facto em curso uma profunda reforma fiscal. Até ago-ra, de um ponto de vista legislativo, notei especialmente três áreas de atuação prioritária. A reforma da tributação do património imobiliário, o alargamento da tributação do consumo e um maior controlo sobre as grandes empresas, em especial em matéria de preços de transferência. Para o futuro, antecipo que qualquer uma daquelas três áreas venham a ser revisitadas, mas espero igualmente revisões profundas nos impostos sobre o rendimento das pessoas físicas e das pessoas colectivas, da política fiscal in-ternacional, dos benefícios fiscais e da justiça tributária. E todas num sentido coincidente, de valorização dos recursos locais e de redução da dependência da tributação sobre os recursos naturais. Simultaneamente, deveremos assistir também a uma evolução muito relevante da ca-pacidade de atuação das autoridades fiscais, com forte reforço dos meios materiais e humanos à sua disposição. #

tRês questões A... JAime esteVes, PARtneR PWC

e recebemos regularmente alunos desses países nos programas de formação. Senti-mos que esta é uma área com forte procu-ra”, continua Sérgio Vasques. O trabalho de recolha contou com o apoio da PwC, que disponibilizou a sua Base Inforfisco e a Colectânea Fiscal Anotada editada pela Texto. “Ficámos, assim, com repositório muito relevante da fiscali-dade actual nestes Estados e que nos dá, pela primeira vez, uma visão global da fis-calidade nesses países”, sublinha Jaime Esteves, Tax Lead partner da PwC. Nos últimos anos, países como Angola, Moçambique ou Cabo Verde, têm vindo a modernizar a legislação em matéria fis-cal e o modelo seguido aproxima-se, em larga medida, à fiscalidade portuguesa, designadamente em matéria de grandes impostos para os rendimentos de pessoas singulares e colectivas, com a introdução do IVA, etc.. “De certa maneira, a globalização tem trazido consigo uma convergência de mo-delos ao nível internacional. Mas seria

e utilizar no seu dia-a-dia. Este formato tem a vantagem de nos permitir chegar também aos mercados de forma imediata e sem quaisquer custos de distribuição”. A procura pelas duas primeiras colectâne-as teve uma procura superior ao espera-do. O projecto estender-se-á, em breve, a outros países de língua oficial portugue-sa, designadamente a Cabo Verde e a São Tomé e Príncipe. #

“seRiA um eRRo PARtiR do PRinCiPio de que ConHeCendo A legislAção FisCAl PoRtuguesA se ConHeCe A dos PAloP. suBsistem muitos PARtiCulARismos nA lei”, Sérgio Vasques, professor da Faculdade de Direito da UC

um erro partir do principio de que conhe-cendo a legislação fiscal portuguesa se conhece a dos PALOP. Subsistem muitos particularismos na lei. E, mais do que isso, existe uma grande diferença entre o que a lei fiscal prevê e a fiscalidade que se vive no dia-a-dia”, explica Sérgio Vasques. As diferentes colectâneas estão editadas em formato electrónico e estão disponí-veis gratuitamente nos sites da UC e da PwC. “Qualquer pessoa pode descarregar

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N30 revista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

AngolA: de PAís menos AVAnçAdo A PAís de RendA médiADada a situação socioeconómica resul-tante da guerra civil em que o país estava mergulhado, Angola integrou, em 1994, a lista dos países com as economias estrutu-ralmente deficitárias e menos avançadas (Resolução 49/133 da Assembleia Geral da ONU). Dezoito anos mais tarde, em 2012, as Nações Unidas aduziram Angola como um dos países cujo desenvolvimento económi-co satisfaz os critérios para sair formal-mente de lista dos países menos avançados (PMA). É uma vitória política, em particu-lar tendo em conta que, desde a criação dos PMA, apenas três países se desenvolveram o suficiente para deixarem de ser conside-rados como menos avançados: Botswana, Cabo-Verde e as Maldivas. Os 49 países que compõem os PMA carac-terizam-se por dificuldades como a baixa renda per capita, um baixo nível de desen-volvimento humano e a existência de bar-reiras económicas e estruturais ao cres-cimento que limitam a sua capacidade de resistir aos choques externos. Em alguns deles, especialmente aqueles que emergem de conflitos, as instituições e as capacida-des de governação são insuficientes.Com todas estas debilidades estruturais, sair da lista dos PMA através de um cresci-mento económico substancial é uma proe-za e um facto notável. No entanto, ser membro dos PMA com-porta algumas vantagens. Os parceiros de desenvolvimento oferecem uma gama de benefícios aos países com estatuto de

a graduação dos pMavai afectar as exportações angolanas?O benefício esperado das preferências comerciais é o aumento do volume das exportações, o que poderá resultar num crescimento económico, na criação de emprego e num maior bem-estar. Angola é a principal fonte de importações de PMA em quatro dos cinco principais mercados internacionais. Quais serão os efeitos da saída de Angola da lista dos PMA?

PMA. As vantagens variam de doador para doador mas, no essencial, estão relaciona-das com as preferências comerciais e com o volume e a qualidade da Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD).O processo de saída da lista dos países me-nos avançados implica a perda das vanta-gens associadas ao estatuto de PMA. Esta perda de vantagens pode ter impacto sobre as perspectivas de crescimento de um país em fase de graduação. Para evitar esse ris-co é necessário desenvolver uma estratégia de transição suave. É pois apropriado para este fim identificar os benefícios asso-ciados à categoria, saber como o país tira proveito destas vantagens e qual o impacto que estas perdas acarretam.

Regimes PReFeRenCiAis nos PRinCiPAis meRCAdosO acesso preferencial aos mercados confe-re aos exportadores dos países em desen-volvimento, incluindo os dos PMA, o direi-to a beneficiarem de tarifas mais baixas ou com isenção de taxas aduaneiras e de con-tingentes em certos mercados, em parti-cular nas economias desenvolvidas. Estas preferências comerciais, concedidas sob regime de Sistema Geral de Preferências (SGP), resultam da ideia de que o tratamen-to de nação mais favorecida (NMF) não tem em conta as desigualdades das estruturas económicas e dos níveis de desenvolvimen-to dos países.O benefício esperado das preferências co-merciais é o do aumento do volume das exportações, aumento este que poderá re-

sultar num crescimento económico mais acelerado, na criação de emprego e num maior bem-estar económico. Além disso, poderá haver vantagens “intangíveis”, como uma melhor compreensão dos mer-cados sofisticados, uma crescente cons-ciencialização da necessidade de melho-rar a qualidade dos produtos, uma maior abertura da economia ao exterior e novas alianças.

As exPoRtAções dos PmA: AngolA CAmPeã dos meRCAdos PReFeRenCiAisCinco mercados respondem por 80% das exportações dos PMA: as importações da China passaram de 4 biliões em 2000 para 52,7 biliões USD em 2011; as da União Euro-peia mais do que triplicaram, passando de 11,8 para 42,5 biliões USD; uma tendência semelhante às importações dos EUA, que subiram de 9,7 para 30 biliões USD; a Ín-dia e o Taipé chinês aumentaram mais de dez vezes as importações dos produtos dos PMA.As exportações dos PMA nos cinco princi-pais mercados são grandemente concen-tradas em poucos produtos. Em 2011, a percentagem de combustíveis e minerais nas exportações totais dos PMA para o Tai-pé chinês foi de 97%, 91% para a República da China, 68% para a Índia, 66% para os Estados Unidos de América e 47% para a União Europeia. As importações da União Europeia dos produtos dos PMA são rela-tivamente diversificadas, com 39% para os produtos manufacturados e 12% para os produtos agrícolas. As importações de

ADELINO A.S. MUxITO, GILBERTO D.F. ANTÓNIOEconomistas angolanos, autores do livro ‘A graduação de Angola dos PMA: perspectivas e desafios’, 2013.

Economia

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bens manufacturados para os Estados Uni-dos representam igualmente uma parcela relativamente grande das importações to-tais do país de PMA (32%), segundo a OMC.Angola é a principal fonte de importação de PMA em quatro dos cinco principais mercados para os produtos provenientes de países menos avançados. Angola somen-te cede a liderança na União Europeia, da qual ela é a segunda maior fonte depois do Bangladesh. No Taipé chinês, nos Estados Unidos, na China e na Índia, as exporta-ções angolanas, sob regime preferencial, são as mais importantes em termos de va-lores, em relação aos restantes 48 países da lista dos PMA.‘Em 2011, os principais mercados das ex-portações angolanas foram igualmente os principais mercadores de exportação dos PMA como grupo. Os países asiáticos têm cada vez mais uma parte importante, com a China a liderar com mais de 36,3% do total das exportações angolanas. A Índia e o Taipé chinês importaram mais 6 964 milhões e 5 278 milhões USD de produtos angolanos. A participação da Ásia corresponde a uma tendência geral de exportação dos PMA, em particular dos países menos avançados africanos. De facto, como fornecedores de matérias-primas, os PMA africanos comer-cializam cada vez mais com as economias emergentes da Ásia. As exportações dos PMA africanos aumentaram de 24% em 2000 para 40% em 2011. Durante o mes-mo período, a participação da Europa nas exportações dos PMA africanos perdeu 12 pontos percentuais, ou seja, de 35% para 23%, enquanto a América do Norte regis-tou um decréscimo de 4% passandode 20 para 16%.Os parceiros tradicionais continuam a con-tribuir com uma fatia importante para as exportações angolanas. Os Estados Unidos de América detêm “a medalha de prata” com 18,5% do total das exportações angola-nas, enquanto a União Europeia recepcio-nou cerca de 12%.Em termos de produtos, o petróleo e seus derivados constituem o essencial das exportações angolanas. Segundo dados da Direcção Nacional das Alfân-degas, estes constituíram cerca de 97% das exportações angolanas, seguidos pelos diamantes, com 1,9 em valor per-centual ou o correspondente a cerca de 1 247 milhões USD.

ConsequênCiA dA gRAduAção em RelAção Ao ACesso Aos meRCAdosDe uma maneira geral, a graduação dos PMA implica o fim do acesso aos progra-mas preferenciais exclusivamente dedica-dos aos países menos avançados. No entan-to, a comunidade internacional está cada vez mais sensibilizado para prolongar ou fasear a retirada do acesso preferencial aos mercados. Actualmente, a Austrália, o Canadá, a Noruega, a Suíça e a Turquia es-tenderam o tratamento preferencial a Cabo Verde e às Maldivas, que se graduaram da lista dos PMA.No caso específico de Angola, a curto prazo a graduação não deverá ter impacto signifi-cativo sobre as exportações, tendo em con-ta que em vários mercados o petróleo bruto tem uma tarifa aduaneira relativamente baixa ou de zero em regime de tratamento Nação Mais Favorecida. De facto, o regime do comércio de petróleo bruto é distinto de outros produtos, incluindo do petróleo refinado. O regime especial resulta de ne-cessidade e da importância do petróleo na economia mundial, bem como na política dos países importadores de tirar proveito de valor agregado e benefícios da reexpor-tação dos produtos derivados do petróleo. No entanto, a médio e longo prazos, a gra-duação poderá ter algum impacto. De facto, a graduação implicaria que, na sua política de diversificação económica, Angola viria a aplicar tarifas aduaneiras gerais (sob re-gime de tratamento de Nação Mais Favore-cida) ou do Sistema Geral de Preferências para os países em desenvolvimento, per-dendo a sua actual margem de preferência em relação a certos países, inclusive em relação aos produtos derivados do petróleo (sobre Angola e o princípio de NMF).

Ainda importante, sob regime de trata-mento de Nação Mais Favorecida, Angola vai deparar-se com dois problemas funda-mentais: os picos tarifários e a escalada tarifária. De facto, em geral as tarifas mui-to altas (‘picos tarifários’) em alguns mer-cados-chave continuam a ser utilizadas como mecanismo de protecção para certos produtos. Mais importante ainda é a ques-tão da “escalada tarifária” praticada por al-guns países importadores para proteger as suas indústrias de transformação ou mes-mo para tirar proveito do valor acrescen-tado sobre as matérias-primas. A escalada tarifária consiste na imposição de tarifas mais baixas sobre as importações de maté-rias-primas e componentes (por exemplo, petróleo bruto) e na imposição de tarifas mais elevadas sobre as importações de pro-dutos acabados ou derivados (por exemplo, gasolina). As tarifas aduaneiras impostas aos derivados do petróleo são, em geral, superiores aos impostos ao petróleo bruto. A escalada tarifária que será aplicada sob efeito da graduação dos PMA poderá afec-tar a política nacional de diversificação da exportação. Em suma, a graduação de Angola dos PMA implicará formalmente o fim do acesso aos programas preferenciais exclusivamente dedicados aos PMA. Em termos de resulta-dos, a graduação terá pouco impacto signi-ficativo sobre as exportações angolanas (o petróleo bruto tem uma tarifa aduaneira relativamente baixa ou de zero em regime de NMF). A médio e longo prazos: impacto devido a (i) perda da margem de preferên-cia em relação a certos países; (ii) tarifas aduaneiras importantes para os derivados do petróleo e outros produtos semi-proces-sados ou manufacturados angolanos. #

A grAduAção de AngolA dos PMA: PersPectivAs e desAfios

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Adelino A. S. Muxitogilberto d. F. António

AngolAA grAduAção

PMAperspectivas

e desafios

de

dos

A gRAduAção de AngolA dos PmA imPliCARá FoRmAlmente o Fim do ACesso Aos PRogRAmAs PReFeRenCiAis exClusiVAmente dediCAdos Aos PmA

Economia

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N34 revista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

A Kero é hoje uma marca reconhecida e um exemplo da distribuição moderna em An-gola. Quais os factores responsáveis pelo sucesso alcançado em pouco mais de três anos? A marca Kero surgiu após a identificação de uma oportunidade clara para a imple-mentação da distribuição a retalho num mercado que, até então, apresentava ape-nas uma solução de venda grossista. A nos-sa aposta passou pela definição de pilares estratégicos na abordagem ao mercado, que ainda hoje se mantêm actuais: uma po-lítica de preços mais baixos que qualquer outro player no mercado; níveis de serviço e de atendimento diferenciadores; quali-dade irrepreensível na oferta de produtos; promoção dos produtos nacionais e da produção nacional; e, como elemento cen-tral da nossa estratégia, não defraudar as expectativas dos clientes, assegurando que encontram sempre os produtos que habitu-almente consomem. Mantendo-nos fiéis a esta estratégia, conseguimos evoluir no processo de conquista de novos clientes e de fidelização daqueles que já são uma pre-sença habitual nas nossas lojas.

Qual foi o volume de investimento realiza-do até ao momento? O investimento realizado até ao momento nas unidades Kero em funcionamento foi superior a 100 milhões USD. Acreditamos que vamos manter este nível de investi-mento com uma regularidade anual.

Kero

Qual o plano de expansão geográfica da in-sígnia? Em 2014 vamos abrir novas superfícies comerciais nas províncias de Huíla (no Lu-bango), do Huambo e de Benguela. Iremos igualmente reforçar a nossa presença em Luanda, quer no centro da cidade quer na periferia.

BurocrAciA inflAcionA preçosQuais os maiores desafios que tiveram de enfrentar para arrancar com este projecto? Desde que iniciámos a operação foram vá-rios os desafios, mas elegia como o mais relevante o processo de importação e de-sembaraço aduaneiro da mercadoria, face ao volume e dimensão da nossa operação.

Em primeiro lugar, pela carga fiscal a que estamos sujeitos, onde se incluem as taxas aduaneiras e o imposto de consumo. Não beneficiamos de qualquer isenção uma vez que a mesma apenas contempla os produ-tos de cesta básica e a Kero tem em loja, diariamente, mais de 40 000 referências. Depois, o pagamento de taxas relaciona-das com análises, fiscalizações e outra burocracia envolvida, contribuem para o aumento do preço dos produtos, quando comparados com outros mercados.

este é o principal factor a influenciar a for-mação do preço?Uma vez que compramos directamente aos principais produtores e fabricantes mun-

Distribuição moderna em expansãoAlém de novas lojas em Luanda, o grupo Kero vai abrir três novas grandes superfícies em 2014. Huíla, Huambo e Benguela são as províncias seleccionadas. Em 2015, o grupo vai reforçar a aposta em novos formatos por forma a dar resposta à procura.

T Manuela SouSa Guerreiro | F JaiMaGenS; Dr

Vida Empresarial

entrevista a João Santos, director-geral do Kero

Governador de Luanda na inauguração de um Hipermercado Kero

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N36 revista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

diais, temos noção que não compramos produtos a preços inflacionados. São este tipo de taxas e impostos que encarecem os produtos e originam o aumento dos preços. No caso das lojas Kero, os clientes acabam por beneficiar de preços mais baixos por-que, cada vez mais, compramos em grande escala, sempre na origem e sem passar por intermediários. Criámos uma equipa espe-cífica na nossa central de compras dedica-da a cada família de produtos, o que nos permite estar atentos ao que se passa quer no mercado nacional quer nos mercados internacionais.Os processos relacionados com a obtenção de certificados e respectivas guias de de-salfandegamento, em algumas situações redundantes, também penalizam o custo dos produtos, o que, associado à burocra-cia inerente, resulta em perdas significati-vas de eficiência.

ApostA nos produtos nAcionAis no que diz respeito ao abastecimento de frescos, como foi solucionado este proble-ma? conseguiram criar uma rede de produ-tores nacionais? O Kero é uma empresa 100% ango-lana. Temos como objectivo uma aposta clara em produtos nacio-nais e na produção nacional. Este é o pilar estratégico que está sempre presente. Sabe-mos que ainda não existe uma produção agro-industrial nacio-nal que permita responder a todas as nossas necessidades. No entanto, é importante reforçar que, sempre que os critérios de preço, qualidade, certificação comercial, comércio justo e capacidade regular de abastecimento se verifiquem por parte de um produtor nacional, damos preferência a esse mesmo produtor em de-trimento de um fornecedor internacional. Um bom exemplo do quão forte é a nossa aposta foi a Feira de Produtos Nacionais que decorreu o ano passado entre 13 e 26 de Maio, em todas as lojas Kero, com um leque de produtos muito amplo. Tivemos fruta e legumes, carne fresca, peixe nacio-nal e uma oferta industrial alimentar e não alimentar bastante relevante.

e relativamente às outras referências, quais são os vossos mercados abastece-dores?Com o leque de artigos superior a 40.000 nos nossos hipermercados, é natural que

a origem dos produtos seja muitíssimo va-riada. Os produtos alimentares importados são oriundos primordialmente de Portu-gal, Espanha, Argentina, Brasil e África do Sul. Os produtos não alimentares que im-portamos vêm maioritariamente da China, Índia e Turquia.

os desAfios dA expAnsãocrescer traz outros desafios? Sim, crescer implica uma maior respon-sabilidade em adaptar a nossa oferta às necessidades do consumidor. Abrimos o formato supermercado no interior da cida-de de Luanda, para que a nossa marca apor-tasse valor a uma área de influência mais citadina. Sabemos o formato em que somos

mais reconhecidos é o de hipermercado e será essa a nossa aposta de expansão até 2015. Em 2015 faremos uma reavaliação do mercado, e nessa altura vamos certamente perceber com maior clareza em que outros segmentos de mercado poderemos apostar a médio e longo prazos.

o mercado angolano, no que à vossa acti-vidade diz respeito, é um mercado muito concorrencial? como encaram a entrada de outros operadores?A entrada de novos players é sempre posi-tiva, já que conduz a uma maior formali-zação e profissionalização do sector. É im-portante reforçar que num mercado aberto e transparente, será o cliente a decidir e a optar qual a marca que melhor responde às suas necessidades. No panorama eco-nómico actual, e desde que o Kero abriu a primeira loja, no projecto Nova Vida em Dezembro de 2010, já surgiram no merca-do inúmeros concorrentes de distribuição moderna.

Quais as prioridades do grupo para os pró-ximos anos? A prioridade para os próximos anos passa pelo aumento da diversidade da oferta de

novos serviços. No primeiro quadrimestre de 2014 iremos reforçar a nossa presença no mercado com a abertura de um Kero no Luanda Shopping, sito no empreendimento Comandante Gika, com uma loja com mais de 14.000 m2 de área de construção. Será uma loja com várias inovações: no conceito e na imagem, na organização e, sobretudo, na variedade de produtos e serviços que apresentará aos futuros clientes.Ainda em 2014 queremos estar presentes em mais províncias, respondendo a inú-meros apelos que recebemos, não só ins-titucionais como de clientes que confiam na marca. Faz parte dos nossos objectivos crescer e estar em todas as províncias. #

Número de Lojas

9 superfícies nas províncias de Luanda e Cabinda

CoLaboradores

5.000

referêNCias em Loja

40.000 VoLume de faCturação

+ de 100 milhões usd em 2011

+ de 300 milhões usd em 2012

ainda não existem valores concretos relativamente à facturação de 2013 mas está previsto um rácio de cresci-mento equiparável ao histórico de anos

anteriores.

Kero em números

“o Kero é umA empresA 100% AngolAnA e tem umA ApostA clArA nos produtos

nAcionAis e nA produção nAcionAl. este pilAr é estrAtégico e está sempre presente”,

João Santos, director-geral

Vida Empresarial

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Somos uma Agência de Comunicação com vocação multidisciplinar e internacional. Trabalhamos em Portugal e nos mercados de Angola e Moçambique, países onde, directamente ou com parceiros, prestamos serviços de Marketing, organização de eventos, RP e Assessoria de Comunicação.

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gere toda a actividade do grupo no merca-do e que emprega mais de 1200 trabalhado-res. Mas o país está em crescimento, pers-pectivando-se um aumento na construção de “estradas, obras portuárias, infra-es-truturas para abastecimento de energia e água, ambiente e construção civil”, adian-ta Bruno Jeremias, director-geral da Tec-novia Angola. Na opinião do responsável, a empresa está hoje bem posicionada, fruto de uma estra-tégia traçada a médio e longo prazos e que foi implementada muito antes da crise no mercado português obrigar as empresas de construção civil a uma internacionali-zação forçada. “A estratégia da Tecnovia é a sua história, a sua origem e missão e, so-bretudo, o seu objectivo de ser um agente activo no desenvolvimento económico e so-cial dos mercados onde opera. Estamos em Angola desde 1992, com capacidade ins-

actualmente, a carteira de obras do grupo está avaliada em 400 milhões de USD, dos quais 150 milhões de USD estão em Angola.

Entre as principais obras em que a Tecno-via está envolvida, destaca-se a ampliação e remodelação do aeroporto Manuel Quar-ta Punza, no Uige, a construção da estrada Mbanza Congo – Mpala – Nóqui, num per-curso de 170 km, na província do Zaire, e a construção do terminal marítimo do Mu-seu da Escravatura, em Luanda.O Estado angolano continua a ser o prin-cipal cliente mas a componente industrial, que inclui a produção de agregados, betão betuminoso e betão hidráulico para venda a clientes privados, ganha cada vez maior relevo no negócio da Tecnovia Angola. É esta empresa de direito angolano - com o capital repartido entre o grupo português (90%) e sócios locais (10%) - que controla e

tecnoviaComponente industrial cresceA aposta na diversidade geográfica e na aquisição de valências técnicas que vão para além do seu core business tradicional, garantiram a sustentabilidade e o crescimento da Tecnovia.

T Manuela SouSa Guerreiro | F TeCnovia; Dr

Vida Empresarial

talada nas províncias de Luanda, Bengo, Malanje, Uíge, Zaire, Cabinda, Bié, Moxico e Benguela. Ao longo dos últimos anos, fomos desenvolvendo valências em áreas distintas do nosso core business tradicio-nal, pelo que podemos afirmar que hoje temos as competências necessárias para executar empreitadas no domínio do am-biente, obras marítimas, aeroportuárias, rodoviárias, obras de arte, túneis, constru-ção, entre outras. Aliás, a nossa carteira de obras já espelha estas competências”, su-blinha Bruno Jeremias.

mAis exigênciA A menor custo A já longa presença do grupo no país per-mite-lhe um conhecimento do mercado e uma análise crítica sobre o mesmo, no que ao sector da construção civil diz respeito. O que é que mudou, então, nestes últimos anos? Muita coisa. Em particular, como refere Bruno Jeremias, “o nível de exigên-cia em matéria de qualidade”. E se antes o mercado pagava caro, agora existe uma “tendência para a redução de custos”. Uma tendência ditada, é certo, pelo aumento da oferta de produtos e matérias-primas made in Angola mas, também, pelo cresci-mento do número de empresas, nacionais e estrangeiras, que operam actualmente no país. “Nos últimos anos o mercado angola-no tornou-se muito competitivo”, confirma o director-geral. O que faz da “qualidade” e do “preço” factores críticos de sucesso também neste sector.

umA presençA AlArgAdA Com um volume de negócios na ordem dos 400 milhões USD, o universo do grupo Tec-novia abrange hoje cerca de três dezenas de empresas, distribuídas por várias geo-grafias, e emprega 2500 trabalhadores. Consolidado o mercado português, o grupo reforçou a sua aposta internacional. Para além de Portugal e Angola, está presente em Cabo Verde, Guiné Conacri, Marrocos, Equador e Timor. “A abordagem e estraté-gia adoptada em cada um destes mercados é distinta, tendo em conta as suas caracte-rísticas e necessidades. Em cada um deles, concentrámos-nos nos segmentos onde sabíamos que podíamos ser uma mais-va-lia”, sublinha Bruno Jeremias. A presença internacional alargada é tida como um fac-tor determinante para “afirmar a Tecnovia como uma marca de referência no mundo da engenharia”, adianta o responsável. #

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Editorial

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porquê a abertura de um escritório de re-presentação em lisboa?O BANC, que iniciou a actividade em 2007, é uma instituição financeira bancária deti-do por capitais exclusivamente angolanos, que tem um volume significativo de clien-tes de origem portuguesa, quer através da abertura de sucursais de empresas sedia-das em Portugal quer pela via da realiza-ção de investimentos directos de Portugal para Angola. Assim, e atendendo ao padrão de qualidade de serviço e de proximidade que presta aos clientes, a Administração do BANC decidiu que deveria haver em Portugal um apoio logístico aos clientes, sejam estes particulares ou corporate, re-sidentes ou que se deslocam pontualmente a Lisboa.

Que tipo de serviços presta o escritório do BAnc aos clientes?O escritório de representação não tem uma função comercial, isso é algo que está completamente interdito pela lei das insti-tuições financeiras e normas do Banco de Portugal. A nossa missão é a de acompanhar os clien-tes sediados fora de Angola, em especial os sediados em Portugal, e os clientes ango-lanos que, por força dos seus negócios, se deslocam a Portugal.

BAncrepresentação em lisboa potencia novos negóciosO primeiro escritório de representação do BANC - Banco Angolano de Negócios e Comércio no exterior foi inaugurado em Novembro de 2013 numa das principais artérias da capital portuguesa, a Av. da Liberdade. Sara Macias, Head Officer do escritório em Lisboa explica em entrevista as razões que levaram a instituição de capital angolano a iniciar em Portugal o seu processo de internacionalização e faz o balanço possível somente três meses após a abertura.

T CriSTina CaSaleiro | F Bruno BaraTa/beCoMM

Qual o prazo estabelecido pela Adminis-tração? Nunca antes de dois a três anos. O mais importante é fazer crescer a actividade e a solidez do posicionamento do BANC no mercado e na economia de Angola. O es-critório de representação é a estrutura que apoia os clientes e facilita o workflow do-cumental entre Portugal e Angola.

Qual o balanço possível ao fim de quase três meses em actividade em lisboa?Ainda é cedo para grandes avaliações, estamos a testar o modelo de negócio, o workflow entre os clientes e o banco, mas a percepção que temos é muito positiva. Os clientes estão muito satisfeitos connosco,

Somos o elo de ligação, o portal entre Por-tugal e Angola para os clientes BANC. Por exemplo, um empresário de Braga ou de Leiria, que detenha uma empresa ou que realize exportações para Angola, e que pre-cise de ter uma reunião com o BANC, pode desde Novembro, reunir connosco aqui em Lisboa, na Av. da Liberdade. Ou seja, a cele-ridade no tratamento dos assuntos destes clientes passou a ser uma realidade. Não somos uma unidade de negócio, mas faci-litamos o workflow entre os dois países. Inclusive, recebemos clientes de fora da Europa, que aproveitam o facto de estar em Lisboa para reunir connosco.

A transformação do escritório de represen-tação em sucursal está nos planos do BAnc a curto e médio prazos?É de facto uma possibilidade, corresponde à evolução natural da presença de um es-critório de representação de qualquer ins-tituição. No entanto, o BANC é um banco com acti-vidade recentemente iniciada, com cerca de 20 agências em Angola, e um posicio-namento sóbrio e muito discreto. Vamos avançar com sustentabilidade, perceber se temos ou não espaço em Portugal, obser-var como funciona o mercado e como reage à entrada do BANC.

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Vida Empresarial

inclusive, sabemos que têm recomendado os nossos serviços. No BANC temos uma referência: somos um banco para a vida. Foi no seguimento des-te nosso princípio e posicionamento que abrimos o escritório em Lisboa: queremos estar onde estão os nossos clientes. Além das relações de cooperação bilaterais, a se-guir à nacionalidade angolana, a portugue-sa é a mais representativa entre os clien-tes, tanto particulares como de empresas, pelo que faz todo o sentido que o primeiro

escritório de representação do BANC no exterior seja em Portugal e na sua capital, Lisboa.

o escritório de representação tem acom-panhado mais clientes empresas ou parti-culares?O core business do BANC é a banca de ne-gócios e o comércio e isso reflecte-se nos clientes, que, na sua maioria, são do seg-mento corporate. No entanto, não descura-mos os clientes particulares. As empresas são feitas por pessoas, pelo que é natural que quando a empresa se torna cliente BANC procuremos que os seus accionistas, corpos sociais, gerentes e respectivas fa-mílias também se tornem clientes BANC. Para quê? Para que sintam que somos o banco da empresa, mas também o banco que os acompanha na sua vida pessoal e familiar.

os clientes particulares do BAnc fazem parte do segmento médio alto e alto?Note que o BANC é uma das instituições bancárias angolanas que têm permissão para proceder ao pagamento de salários de funcionários públicos. Esta fatia de mercado dos particulares enquadra-se no segmento médio baixo e médio, mas tem volume e é bastante sólida. A outra fatia de clientes particulares vem por acréscimo do corporate e posiciona-se no segmento mé-dio alto e alto.

Quantas pessoas estão a trabalhar no es-critório em lisboa?Começámos com três pessoas, incluindo-

-me, e neste momento estamos a solicitar à Administração que haja deslocação de colaboradores do BANC de Angola, por for-ma a estreitar mais a cultura e a missão. O espaço está preparado para crescer. Temos dois gabinetes institucionais, dois gabine-tes de trabalho e duas salas de espera que, a qualquer momento, podem transformar--se em salas de trabalho e acolher colegas que venham auxiliar no trabalho, que tem superado as expectativas.

Qual o plano de actividades do escritório do BAnc em lisboa para 2014?Tencionamos promover um ciclo de workshops direccionados para o cliente corporate, tanto em Portugal como muito provavelmente noutros países europeus. É importante que as empresas que quei-ram investir em Angola tenham acesso a informação sobre temas relevantes para o exercício da sua actividade ou mesmo para as relações de comércio que têm es-tabelecidas; que saibam quais as áreas de actividade que o Executivo, em particular o Presidente da República, considera prio-ritárias para o desenvolvimento do país e da economia. O nosso objectivo é o de ex-plicar quais é que são os projectos que An-gola abraça e que a economia angolana ne-cessita para criar postos de trabalho; é o de apresentar aos empresários a nova forma de ir para Angola (que não pode ser numa perspectiva de curto prazo), quais as áreas que vão ser mais e menos privilegiadas em termos de pauta aduaneira, as situações de protecção da indústria nacional, entre outros temas; enfim, queremos desmistifi-car e demonstrar que há vários canais por onde entrar no país e que o BANC está cá para os apoiar e para ajudar a desenvolver a economia angolana.É também nossa intenção lançar uma newsletter, em formato electrónico, des-tinada aos clientes do BANC e acessível através do site www.banc.co.ao, na qual serão detalhadas informações úteis sobre o sector bancário e a economia. #

aNo de Criação

2007Nr. CLieNtes

15.000Nr. CoLaboradores

155Nr. baLCÕes

20

Nr. CeNtros ateNd. a emPresas

6

Nr. esCritÓrios de rePreseNtação

1

resultAdos AcumulAdo Até Agosto 2013 (usd)

CrÉdito

43.971.369

aCtiVo totaL

148.175.736

Produto baNCÁrio

13.556.836

fuNdos PrÓPrios

29.015.149

resuLtado LÍQuido

2.695.857

dePÓsitos

97.595.342Nr. tPa

140Nr. atm

21 fonte: baNC

BAnc em números

o core Business do BAnc é A BAncA de negócios e o comércio e isso reflecte-se nos clientes, Que, nA suA mAioriA, são do segmento corporAte.

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particular de Angola, assumimos o desafio de desenvolver o mais rapidamente possí-vel quadros nacionais. Estar em Angola e para Angola. E isto significa uma altera-ção significativa na matriz de produção da Coba”, explica Victor Carneiro.

expAnsão geográficA: umA empresA do mundoO mesmo princípio é válido para todos os mercados onde a Coba já está ou preten-de vir a estar de forma mais permanente. Entre os primeiros estão - para além de Angola - Moçambique, Argélia e Brasil, países onde a empresa actua através de es-truturas locais, como a Coba Moçambique, Coba Algéria e Coba Brasil. No segundo grupo constam a Colômbia e o Peru. “Esta-mos a trabalhar e a desenvolver projectos noutras geografias, como o Gabão, o Gana, Marrocos, Tunísia, e também em outros países da costa oriental de África. Mas a internacionalização leva tempo e tem um custo elevado. É necessário primeiro cons-truir referências e qualificações. Só para ter uma ideia já estamos na Colômbia e no Peru há cerca de um ano mas só agora es-tamos com estruturas locais legalizadas”,

A Coba é hoje “uma empresa de engenharia do espaço lusó-fono”. Assim a define Victor Carneiro, presidente do Conse-lho de Administração Executivo.

T Manuela SouSa Guerreiro | F Bruno BaraTa; CoBa; Dr

o processo de mudança reforçou-se há três anos, coincidindo com a entrada de novos accionistas na empresa. “Actualmente o capital

social da Coba é detido em 70% por accio-nistas angolanos e 30% permanecem nas mãos dos colaboradores da empresa. Des-de logo o nosso principal objectivo foi o de desenvolver o projecto empresarial Coba, transformando-o numa empresa de enge-nharia do espaço lusófono, com sócios em Angola, no Brasil e brevemente em Moçam-bique”, explica Victor Carneiro. Na prática isso significou alargar, ainda mais, o foco geográfico de empresa, quer reforçando a actividade nos mercados tradicionais, como sejam Angola, o Norte de África e o Brasil, quer conquistando novos mercados na América Latina ou na África Austral. Isto sem esquecer o mercado português, onde a empresa está instalada. Ao fim de três anos os números falam por si: de 2010 até 2013 o volume de facturação da Coba aumentou cerca de 40%, passan-do dos 30 milhões de euros para mais de 40 milhões de euros. Em 2010, o mercado português representava 70% do volume de facturação da empresa, mas em 2013 o peso deste mercado nas contas da empresa pouco ultrapassou os 10%, pelo que perto de 90% do volume de negócio da Coba foi realizado no exterior. “A empresa está em franco desenvolvimento, em expansão e

crescimento. Estes dados confirmam que a estratégia seguida em 2010 estava certa”, sublinha Victor Carneiro.

AngolA: o mercAdo top Angola surge como o principal mercado da empresa, o que não surpreende. No final de 2013, este país era responsável por me-tade do volume de negócios obtido no exte-rior. Angola representa 50% da carteira de obras da empresa, que está avaliada em 150 milhões de euros. Neste país, a actividade é desenvolvida pela Coba Angola, uma em-presa de direito local detida em 51% pela Coba e 49% por sócios locais. “Há já mui-tos anos que a Coba desenvolve actividade em Angola, o que lhe permitiu conquistar a confiança do mercado e criar a oportu-nidade para que esta parceria se desenvol-vesse”, refere o seu presidente executivo. Actualmente, a empresa está envolvida em projectos nas áreas da energia, água, sa-neamento, infra-estruturas de transporte, entre outras (ver caixa). Face à dimensão e ao volume das obras, uma das maiores pre-ocupações da Coba é o desenvolvimento de capacidade de produção a nível local. “Cada vez mais é necessário que a empresa esteja junto dos seus clientes, para poder responder de forma mais célere e adequa-da às suas necessidades. Isto é válido tanto para Angola como para os outros mercados onde a empresa está presente. Mas, no caso

Vida Empresarial

coBAParcerias, crescimento e expansão

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refere o presidente executivo.A internacionalização da estrutura pro-dutiva é a peça chave da nova estraté-gia. Se anteriormente a empresa apostava na criação de empresas especializadas, chegando a ter algumas dezenas de participa-das, hoje a lógica e a dinâmica de mercado obriga a desenvol-ver estruturas produtivas nas novas geografias, autónomas e, se possível, em parceria com sócios locais. É assim em Angola e no Brasil, onde a empresa tem uma parceria 50/50 com um sócio brasilei-ro, e será assim em Moçambique, onde a empresa procura ainda um parceiro local para transformar a sucursal em empresa de direito local. “Dada a nossa experiência é assim que devemos e iremos continuar a trabalhar de ora em diante”, adianta Victor Carneiro. Em Portugal permanece uma estrutura empresarial com forte capacidade técni-ca especializada. Para Victor Carneiro é preciso desmistificar um pouco a ideia de que em Portugal está tudo feito. Não é assim. “Em termos de infra-estruturas há

a actividade da Coba em angola desenvolve-se nas áreas das infra-estruturas de abasteci-mento de água, saneamento, rodoviárias e aeroportuárias, ambiente, produção e transporte de energia eléctrica, quer através da realização de estudos e projectos para novos empreen-dimentos, quer através do desenvolvimento de projectos de reconstrução, reabilitação ou expansão. Na área da energia, a empresa ganhou recentemente o contrato de prestação de serviço de engenharia para a construção e fornecimento dos equipamentos da barragem de Laúca, situada na província do Kwanza Norte, cujo potencial de aproveitamento de energia eléctrica, cerca de 2000mW, a coloca entre as maiores hidroeléctricas do continente. mas neste domínio, a presença da Coba estende-se desde o médio Kwanza, com o reforço de potência de Cambambe, mais cerca de 700mW, ao Cunene, com intervenções nos apro-veitamento hidroeléctrico do Gove e da sua central hidroeléctrica; nos aproveitamentos hidroeléctricos de jambas, ia mina e ia oma; e , ainda, nos aproveitamentos hidroeléctricos de Chiumbe-dala e Luachimo, na Lunda Norte. segundo Victor Carneiro estes são “projectos que o país precisa para desenvolver-se e que, simultaneamente, o tornam uma potência na região. a África austral tem uma grande pro-cura de energia e algumas das mais importantes bacias hidrográficas estão localizadas em angola e moçambique”, sublinha. No segmento do abastecimento de água, a Coba está a desenvolver um projecto de adução de água no rio Cunene para abastecimento à capital da província do mesmo nome, ondjiva e outras localidades circundantes. além de planos directores de reforço do abastecimento de água a várias capitais de províncias, a Coba está a desenvolver o Plano Nacional da Água. Na agricultura, a Coba preparou o Plano Nacional de irrigação e está, neste momento a fisca-lizar as obras do projecto agrícola da Quiminha, na província do bengo. outra área de inter-venção é a do saneamento. “temos realizado várias intervenções nesta área, por exemplo para a cidade de Luanda, em consórcio com outra empresa. actualizámos o Plano director de saneamento e estamos a iniciar o contrato com a unidade técnica de saneamento da Cidade de Luanda para a implementação das obras que permitirão o tratamento dos esgotos da cidade. Hoje em dia, Luanda é uma metrópole de grandes dimensões e com problemas signi-ficativos no domínio do tratamento de águas residuais”, considera o presidente executivo.

ActividAde em AngolA

“cAdA vez mAis é necessário Que A empresA estejA junto dos seus

clientes, pArA poder responder de formA mAis célere e AdeQuAdA às suAs

necessidAdes. estAr em AngolA e pArA AngolA. e isto significA umA AlterAção

significAtivA nA mAtriz de produção dA coBA”, Victor Carneiro, PCA

muita coisa por fazer, designadamente no domínio ferroviário e nas acessibilidades urbanas, por exemplo”. Investimentos que Portugal terá de retomar a médio prazo. Mas, para já a estrutura em Portugal foi re-duzida, em contraponto ao crescimento da estrutura no exterior. No conjunto, a Coba

emprega actualmente 400 trabalhadores. “Mantemos a mesma dimensão, temos uma maior cobertura geográfica e aumen-támos o volume de negócios. Estamos mais fortes e melhor preparados para enfrentar os desafios. Hoje temos confiança no futu-ro”, resume o presidente executivo. #

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mas agências, caso estas não tenham uma boa performance. Abrimos recentemente uma agência em Ponta Delgada, nos Aço-res, e outra em Mirandela. No Porto, passá-mos a agência do Capitólio para a rotunda da Boavista. E procuramos novas localiza-ções mais estratégicas.

cresceram graças às poupanças mas o vos-so segmento alvo são as empresas. As poupanças dos portugueses represen-tam 15% do PIB, logo houve um aumento significativo. Mobilizámos a nossa rede comercial e aumentámos os depósitos. Mas o nosso segmento alvo são as empre-sas, sobretudo as empresas exportadoras. Nesse sentido, em 2014 vamos apostar no factoring e no trade finance. O Banco BIC está em Portugal, em Angola e em Cabo Verde e, em breve, abriremos no Brasil. Há vários instrumentos de trade finance que podem ser desenvolvidos para facilitar o comércio entre estas geografias. Para além disso, vamos apostar também, embora de forma moderada, no crédito à habitação.

Em 2008 nascia o Banco BIC Português, um pequeno banco construído de raiz. Seis anos volvidos e um mediático pro-cesso de aquisição de um problemático BPN, eis que surge uma nova estrutura, com uma forte presença nacional. De acordo com Mira Amaral, presidente executivo, o banco quer crescer no factoring e no trade finance, aproveitando a expansão do universo Banco BIC para outros mercados.

T Manuela SouSa Guerreiro | F Bruno BaraTa,/beCoMM

o Banco Bic português terminou o ano de 2013 com um resultado positivo?Antes de lhe responder, recordo que quan-do em Março de 2012 adquirimos o BPN, este perdia cerca de um milhão de euros por mês. Ou seja, até Dezembro de 2012 o BPN perdeu cerca de 12 milhões de euros, ao passo que o pequeno Banco BIC Portu-guês, com o qual iniciámos actividade em 2008, teria conseguido sozinho um lucro de cinco milhões de euros. E portanto, quando em Dezembro de 2012 consolidá-mos a operação, chegámos ao final do ano com um resultado líquido negativo de sete milhões de euros. Foi com esse resultado que partimos para 2013 e em Outubro des-se ano atingimos o break even, tendo regis-tado 300 mil euros positivos. E estimamos fechar o ano de 2013 com um resultado lí-quido de 2,5 milhões de euros. Isto signifi-ca que a primeira fase – recuperar a estru-tura que herdámos e atingir e ultrapassar o break even foi concluída mais cedo do que o esperado.

esse resultado foi graças a quê?Ao aumento dos depósitos e do volume de negócios. Quando ficámos com o BPN a carteira de depósitos rondava os 1,7 mil milhões de euros, valor que quase duplica-mos, cifrando-se nos 3,5 mil milhões euros. Também crescemos no crédito. O BPN ti-nha uma carteira de crédito de 1,8 mil mi-lhões de euros e agora a carteira ronda os 3 mil milhões de euros. Isto significa que au-

mentámos significativamente o volume de negócios. Admito que gostava de ter cresci-do mais no crédito, mas não foi possível. É que, ao contrário do que muita gente afir-ma não existe um problema de liquidez na banca portuguesa. O que existe, isso sim, é um risco de crédito, associado ao facto de existir um conjunto de empresas muito concentradas no mercado doméstico, com estruturas financeiras desequilibradas, que nenhum banco quer financiar por já estarem muito endividadas. Todos os ban-cos sentiram e sentem este problema. Não somos excepção.

Qual é a dimensão do Banco Bic português?Herdámos cerca de 197 agências, 11 gabi-netes de empresa e dois centros de private banking, e ficámos com 1200 trabalhado-res do BPN, quando os compromissos com o Governo nos obrigavam a apenas 750. Isso ficou a dever-se à responsabilidade social e corporativa dos accionistas, face àquela que é a realidade do país. Confesso que não fosse isso teria sido mais defensi-vo e conservador no fecho de agências

no que diz respeito à expansão, o Banco Bic está onde queria estar? Esse processo não está terminado. Con-tinuamos à procura de novos sítios, quer para deslocalizar agências para locais mais visíveis quer, em casos pontuais, para abrir novos balcões. Não posso rejei-tar ainda a possibilidade de fechar algu-

Vida Empresarial

Banco Bic português a crescer em contraciclo

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Não será aquele crédito massificado do passado, com taxas esmagadas, mas diri-gido a bons clientes, a clientes que nos ofe-reçam um bom cross selling.

expAnsão internAcionAl do universo BAnco Bicfalou da expansão do Banco Bic para cabo verde e para o Brasil. esta obedece aos mesmos princípios da abertura em por-tugal?É a mesma filosofia e a mesma estrutura accionista. Foram os mesmos accionistas que adquiriram o BPN IFI Cabo Verde, o transformaram em Banco BIC Cabo Verde IFI e que adquiriram o BPN Brasil. Entre-tanto, já foi anunciada também a intenção de abrir um banco comercial na Namíbia e um escritório de representação na Áfri-ca do Sul. São estruturas autónomas, mas partilham a mesma estrutura acionista, pelo que está criado o universo Banco BIC.

o objectivo no Brasil e em cabo verde é o de criar um banco de retalho? Não. Há quem chame a este triângulo (Bra-sil, Angola e Portugal) um triângulo virtu-oso. A nossa intenção no Brasil não é o de criar um banco de retalho mas uma ins-tituição que possa intermediar negócios entre empresários angolanos, brasileiros e portugueses, por exemplo, através da cria-ção de mecanismos de trade finance. Em Cabo Verde acreditamos ser possível criar um bom centro para aplicação financeira. Há duas possibilidades em cima da mesa: transformar a instituição num banco co-mercial ou comprar um banco comercial já existente. O mercado de Cabo Verde é pequeno e criar outro banco comercial ad-vinha-se um processo mais complicado do que comprar um dos bancos já existentes.

já há negociações a decorrer?Alguns bancos mostraram disponibilidade para vender. Mas o processo está em aberto, admito que ainda em 2014 fique concluído.

investimento AngolAno em portugAl vAi crescermantém a confiança para 2014?Confiança para o Banco BIC Português com certeza. Quando arrancámos com o peque-no Banco BIC muita gente me perguntava como é que íamos alavancar o banco, face à situação económica que na altura já exis-tia. Enfrentámos 2008 e em 2009 alcançá-mos resultados líquidos de cinco milhões

de euros e um return on equity de 15 %. O pequeno Banco BIC foi um sucesso. Depois integrámos o BPN e, já em 2013, numa con-juntura extremamente difícil, atingimos o break even. Isto significa que conseguimos captar a confiança dos depositantes e dos clientes, o que nos transmite confiança para 2014. Também há alguns sinais de que a economia portuguesa já terá batido no fundo. Depois, vamos ter uma presença internacional mais alargada, o que irá po-tenciar o trade finance e o apoio aos expor-tadores portugueses.

em 2013 houve alguma tensão entre por-tugal e Angola, isso teve reflexo na activi-dade do banco? Ouve problemas políticos, mas aqui no banco não sentimos qualquer problema. Acho que as relações empresariais conse-guiram de certa forma escapar a algum contencioso político que houve. Em ter-mos económicos e empresariais 2013 foi um bom ano. Agora, devo dizer que a gran-de ameaça para os portugueses é a nova pauta aduaneira de Angola, que trará um aumento das taxas aduaneiras. Algumas empresas portuguesas terão de pensar em investir no país, porque se ficarem só pelas exportações vão começar a ter dificuldade em colocar os seus produtos no mercado.

e o investimento angolano em portugal tem espaço para crescer?Evidentemente que tem. O investimento angolano em Portugal começou primeiro pela Sonangol, que foi utilizada pelo gover-

no angolano como um fundo soberano. De-pois disso, tivemos investimento privado angolano no imobiliário e agora, à medida que começam a surgir alguns grupos eco-nómicos privados em Angola, começamos a ver empresários angolanos a comprarem empresas portuguesas no sector da indús-tria, nas telecomunicações e nos media em Portugal. Veja-se a operação da ZON com a Optimus. Esta é uma operação que, a meu ver, está condenada ao sucesso. Estamos a assistir ao nascimento de um grupo em-presarial luso-angolano que pode competir com a PT. PT essa que acabará por se trans-formar numa empresa brasileira, porque o centro de gravidade vai deslocar-se para o Brasil e em Portugal ficará um pequeno operador de telecomunicações. Desta li-gação entre a ZON e a Optimus, o que vejo emergir é um grande grupo de telecomuni-cações, quer em Portugal quer em Angola. Acho que o processo de entrada nos media ainda não está terminado. Vai haver mais investimento angolano noutras empresas de comunicação. Até porque alguns destes grupos vão entrar em fase de transição, quando alguns dos seus fundadores de-saparecerem e, possivelmente aqui como noutros casos, não haverá capital portu-guês para aguentar estas estruturas. Por-tanto, há um espaço de progressão para o investimento angolano no sector indus-trial, no sector das telecomunicações e nos media, para já não falar da presença na banca e na construção civil. Todos temos consciência da presença angolana em Por-tugal. #

“A nossA intenção no BrAsil não é o de criAr um BAnco de retAlho mAs umA instituição Que possA intermediAr negócios entre empresários AngolAnos, BrAsileiros e portugueses”

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N48 revista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

MAXAM CPEA A MAXAM CPEA produz única e exclusivamente explosivos indus-triais para aplicação civil e co-mercializa acessórios de tiro. A

CPEA, acrónimo de Companhia de Pólvora e Explosivos de Angola, foi constituída em 1959. A empresa de direito angolano co-nheceu um período de estagnação durante a guerra e só em meados de 80, com o ar-ranque do empreendimento hidroeléctrico de Capanda e o fornecimento de explosivos ao projecto de exploração de diamantes de Luzamba, entrou num período de recu-peração. “Pode parecer um contrassenso uma fábrica que produz e comercializa explosivos e acessórios de tiro florescer apenas em tempo de paz”, reflecte Carlos Aguincha, presidente do conselho de ad-ministração e, simultaneamente, director--geral da empresa. Mas foi mesmo assim. “Os nossos produtos são para uso civil, por exemplo para utilização na protecção cos-teira, na indústria mineira, na construção civil e reabilitação de estradas, aeroportos, barragens, entre outras infra-estruturas”, explica Carlos Aguincha. Nesse sentido, 2002 foi um ano decisivo para Angola e foi também um ponto de viragem para a CPEA. A empresa captou a atenção da gru-po espanhol MAXAM. Um grupo industrial e de serviços líder mundial no desenvol-vimento, produção e comercialização de explosivos civis e sistemas de iniciação para uso industrial, com participação em mais de 160 empresas, espalhadas por cer-ca de meia centena de países. “A MAXAM adquiriu uma participação maioritária no capital da empresa, que passou a designar--se MAXAM-CPEA ANGOLA S.A, tendo sido assinado um contrato de transferência de know-how e de assistência. A partir daqui, entrámos numa outra fase, numa outra dinâmica, mais capaz de responder aos de-safios que a reconstrução do país nos colo-cou”, conta Carlos Aguincha. Ao longo dos anos foram canalizados vá-rios investimentos para a modernização das instalações industriais, reconstrução de paióis e ampliação da área de armazena-mento. Foram também introduzidos novos sistemas e fórmulas de produção. Carlos Aguincha estima que, nos últimos cinco anos, terão sido investidos cerca de oito milhões de euros.

Produção MAdE in AngolA A fábrica de Santa Bárbara é, por enquan-to, a única unidade fabril da MAXAM CPEA

Ao serviço do desenvolvimento A MAXAM CPEA fechou o ano de 2013 com um forte crescimento. Reflexo do investimento realizado na modernização da fábrica em Luanda e na adopção de uma estratégia de gestão mais orientada para o cliente.

T MAnuelA SouSA Guerreiro | F MAxAM CPeA; Dr

Vida Empresarial

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em Angola. Está localizada no Kikolo, nos arredores de Luanda, numa área de imple-mentação de 70 hectares, onde existem uma dezena de paióis para armazenamento dos explosivos. Uma larga percentagem do investimento realizado nos últimos anos foi canalizado para a fábrica. A moderni-zação do complexo, incluindo a automação do processo de fabrico está hoje pratica-mente concluída. Aqui são produzidos os explosivos granulados, “Anfo e Amunite”, e o “RIOGEL KUPULA (que é um hidrogel)”. “Actualmente os nossos explosivos são produzidos totalmente em Angola. Impor-tamos a matéria-prima, que é proveniente da África do Sul, Brasil e Europa. Para além disso, importamos todos os acessórios de tiro, nomeadamente cordão detonante, de-tonadores eléctricos, não eléctricos e sim-ples, rastilho plástico e relés de retardo. Nesta fase, consideramos que a dimensão do mercado não justifica o investimento numa unidade local para fabrico deste tipo de material”, refere Carlos Aguincha. De acordo com o director-geral da MAXAM CPEA, grande parte do investimento reali-zado nos últimos dois anos foi canalizado para área de produção do RIOGEL. “Entre 2012 e 2013 automatizámos a nossa sec-ção de produção de RIOGEL KUPULA, o que permitiu uniformizar a apresentação do explosivo e aumentar a capacidade de produção. Hoje, a fábrica de Santa Bárbara produz num mês aquilo que há uns anos o país não consumia. Temos uma capacidade de produção superior a 1000 toneladas/mês, considerando apenas um turno. Mas podemos facilmente duplicá-la”, justifi-ca o mesmo responsável. A estratégia de expansão acompanha de perto o plano de desenvolvimento ‘desenhado’ para o país. “Dentro de dois ou três anos acredito que o mercado esteja mais estabilizado. Aí será razoável pensar na construção de uma nova unidade industrial”, adianta Carlos Aguincha.

dAr rEsPostA Aos CliEntEs Fruto deste investimento, 2013 foi um ano de grande crescimento para a MAXAM CPEA, quer em termos do volume de ven-das quer no volume de produção. Um cres-cimento que decorre do aumento da capa-cidade de produção e da adopção de uma estratégia mais voltada para o cliente, que obrigou, numa primeira fase, ao reforço do investimento na formação de quadros superiores angolanos. “Estamos a fazer

um forte investimento na formação dos nossos colaboradores, através de acções de formação no país e no exterior. O nosso corpo técnico é altamente especializado e isso permitiu-nos reforçar a área de presta-ção de serviços de aconselhamento técnico aos clientes”, sublinha Carlos Aguincha. Até há bem pouco tempo a intervenção da MAXAM CPEA terminava com a saída do produto dos armazéns. Hoje a missão da empresa vai um pouco mais longe. “Os nossos técnicos acompanham e avaliam as necessidades dos clientes, prestam aconse-lhamento no que diz respeito ao melhor de-sempenho do explosivo e maior segurança na sua utilização e também dão formação. Temos obras em Angola que trabalham 24 sob 24 horas, sete dias por semana e isto permite-nos estar presente e responder de imediato às suas necessidades”, justifica o director-geral.

Para além do reforço da componente de assistência técnica a MAXAM CPEA vai criar pólos de armazenagem. “Luanda não é Angola e cada vez mais assistimos a no-vos investimentos nas províncias do país. Para estar mais perto dos nossos clientes e evitar que eles tenham de se deslocar até Luanda para vir buscar os explosivos, esta-mos a pensar criar zonas de armazenagem fora de Luanda”, adianta o director-geral.O primeiro destes pólos poderá nascer já em 2014, no município do Lobito, em vir-tude do envolvimento da MAXAM CPEA na construção do canal marítimo que dará apoio à nova refinaria do país. Mas a em-presa está atenta a outras oportunidades que surjam noutras províncias. “Estamos já a participar no Empreendimento da Bar-ragem de Laúca com encartuchado e carros assim como na preparação do terreno para a implantação da Refinaria do Lobito”, re-fere o responsável. O plano de expansão conta com o apoio de Madrid, onde está localizada a sede do grupo MAXAM. “Conquistámos a confian-ça do grupo”, garante Carlos Aguincha. Os resultados da empresa de direito angolano contribuíram para esse feito. Sem adiantar números concretos, o responsável subli-nha que a empresa que dirige contribui já significativamente no valor do EBITDA do grupo. “Somos uma empresa sólida, com uma forte preocupação de responsabilida-de social e estamos bem implantados no mercado”, conclui. #

o PriMEiro Pólo dE ArMAzEnAgEM PodErá nAsCEr já EM 2014 no MuniCíPio do lobito, EM virtudE do EnvolviMEnto dA MAXAM CPEA nA Construção do CAnAl MArítiMo quE dArá APoio à novA rEfinAriA do PAís

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breves empresariais

nova fábrica de rações animais inaugurada em luanda O ministro da Economia, Abraão Gourgel, inaugurou a primeira fábrica de alimentos compostos para animais, na fazenda Pérola Kikuxi. A nova unidade industrial tem um área de 1200 m2, uma capacidade de produção entre 15 a 20 toneladas de rações e criou 380 novos postos de trabalho. A unidade vai impulsionar o aumento da produção de ovos da fa-zenda, que são comercializados sob a marca ‘Kikovo’. Actualmente a fazenda Pérola do Kikuxi e o projecto Aldeia Nova são responsáveis por cerca de metade da produção de ovos em Angola, que deverá rondar os 800 mil ovos/dia, de acordo com o consultor do ministro da Economia, Licinio Vaz Contreiras, em declarações ao Jornal de Angola. Um número que que vai aumentar com a criação da nova unidade. “Um dos maiores constrangimentos ao crescimento da indústria de ovos e frangos é o fornecimento de alimentos para os animais, pelo que esta nova fábrica vem completar a cadeia de produção”, sublinhou Licinio Contreiras. O objectivo é o de que até ao final do ano a produção nacional de ovos cubra 70% dos ovos consu-midos em Angola.

No início do ano entrou em funcio-namento uma unidade de congela-ção de pescado da Coapesca, Lda. A nova fábrica tem capacidade para produzir 292 toneladas de peixe/dia. A fábrica está equipada com a mais moderna tecnologia destinada à preservação do pescado, o que irá dar uma nova dinâmica à comercialização de pescado no mercado nacional. A preparação do pescado cumpre as garantias e os parâmetros exigidos pela FAO, já a pensar na exportação do produto. A inauguração da unidade contou com a presença de ministra das Pescas, Vitória de Barros Neto.

Grupo siderurgico ADA – Aceria de Angola vai construir uma unidade fabril na Barra do Dande, provín-cia do Bengo. O projecto integra a construção de um centro de compra de sucata, fornos para fundição e ins-talações de laminação, para além de oficinas e armazéns. Numa primeira fase a capacidade de produção é de

500 mil toneladas de aços longos para a construção civil, mas a ADA tem intenção de duplicar a capacidade de produção instalada a médio prazo. O grupo é actualmente o principal fornecedor nacional de aços longos para a construção civil através da sua participada ASC.

Coapesca inaugura fábrica

nova siderurgia na barra do dande

O Banco Atlântico anunciou a fusão com o banco VTB África, de capitais russos, e a Rostec, holding indus-trial russa, que passará a deter 20% do banco angolano. O VTB África, que arrancou com a actividade de banca de retalho e de investi-mento em Angola em 2006, é uma sucursal do segundo maior banco russo, o VTB Moscovo. A Rostec é um con-glomerado industrial, com interesses em 660 empresas.

A transportadora aérea angolana e a Emirates estão a negociar uma parceria estratégica, com o objectivo de explorar as oportunida-des de cooperação no domínio da segurança, gestão comercial e operacional.

Fusão na banca

Taag e Emirates negoceiam parceria

CurtAs

177.000.865nº. dE ovos Produzidos EM AngolAde janeiro a novembro de 2013

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Soares da Costa com novos accionistas

Num comunicado enviado à CMVM, a Soares da Costa informou que foi conclu-ída a operação de capitalização da área de negócios da construção, tendo sido realizado um aumento de capital no montante de 70 milhões de Euros, “subscrito e realizado integralmente pela sociedade de direito luxemburguês GAM Holdings, na sequência do qual esta entidade passou a deter 66,7% do capital da Soares da Costa Construção SGPS SA e o Grupo Soares da Costa, SGPS SA os restantes 33,3%”. António Mosquito assumiu a presidência do Conselho de Administração, no qual estão também representados António Gomes Mota (vice-presidente), António Castro Henriques (que continua como presidente executivo), Jorge Grade Mendes, Miguel Raposo Alves, Paulo da Conceição Marques e Roberto Pereira Pisoeiro, que assumirá as funções de CEO da operação em Angola.

De acordo com a agência de classificação financeira Moody’s a produção de petróleo de Angola poderá chegar aos dois milhões de barris por dia até ao final de 2015. A agência prevê que o aumento da produção petrolífera pode aliviar o impacto negativo da redução do preço do petróleo a médio prazo nas receitas do governo angolano. De acordo com as estimativas da agência, a economia angolana crescerá 6,8% em 2014 e o saldo orçamental do país será positivo, correspondendo a 2 a 3% do PIB. Uma previsão mais optimista que a do próprio Governo de Angola que para este ano prevê um défice financeiro de 4,9%. A diferença de estimativas tem por base o preço do petróleo, que para a Moody’s se irá manter nos 106 USD o barril enquanto nas contas do Governo angolano assenta no valor mais conserva-dor de 98 USD o barril.

fEirAs AngolA fiMAdAtA 24 a 27 Abril loCAl Instalações da FIL, Estrada Catete, Luanda5ª Edição da FIMA – Feira Internacional de Minas de Angola.A FIMA 2014 é direccionada a todas as empresas e entidades que operam no sector, em todas as fases da Indústria mineira, desde a extracção até ao produto final.

fEirAs PortugAl EnergyliveExpodAtA 5 a 7 MarçoloCAl Centro de Congressos de LisboaO EnergyLiveExpo é o espaço de Negócios para os sectores público e privado, actividade industrial, comércio e serviços do sector da Energia e realiza-se em simultâneo com o AcquaLiveExpo. Para além do espaço de exposição, o evento inclui diversas conferências, designadamente o 1º Fórum de Investimento em Energias Renováveis em África.

ExporHdAtA 12 e 13 de MarçoloCAl Centro de Congressos do EstorilMaior evento do sector dos Recursos Humanos em Portugal.

btl – feira internacional de turismodAtA 12 a 16 MarçoloCAl FIL (Parque das Nações)Para além dos expositores de centenas de destinos de todo o mundo, o programa da BTL 2014 inclui workshops temáticos, apresentações de destino, provas gastronómicas e apresentações culturais.A BTL 2014 vai promover o I Fórum de Negócios e Investimentos Turísticos no Espaço CPLP, no dia 12 de Março, das 14h00 às 17H30, Auditório I no Pavilhão I.

qualifica 2014 dAtA 4 a 6 AbrilloCAl FIL (Parque das Nações)Feira de Educação, Formação, Juventude e Emprego.

Angola 2 M de barris por dia até 2015

O Hotel Presidente, em Luanda, foi distinguido pelo grupo turístico Venere, que integra a Expedia Viagens, com o prémio “Top Clean 2013”. Esta distinção é atribuída internacional-mente aos hotéis que se destacam pela sua limpeza e atenção ao cliente.

Para promover a internacionalização da economia 19 empresas angolanas fundaram uma nova organização que tem como foco as exportações. Entre os membros fundadores da Comunidade de Empresas Exportadoras e Internacionalizadas de Angola, CEEIA, en-contram-se a Vidrul, Re-friango, Angonabeiro, Banco Privado Atlântico e o Grupo OPAIA, cujo o seu presidente, Agosti-nho Kapaia, assumiu a liderança da CEEIA.

O Conselho de Minis-tros de 26 de Fevereiro aprovou os contratos de empreitada referentes à construção de seis no-vas reservas fundiárias (Quissama, Graça, Mis-sombo, Mungo, Chitato e Catapa). A dimensão de cada uma destas seis reser-vas é de 100 hectares, prevendo-se a constru-ção de aproximadamen-te 1000 residências e respectivos equipamen-tos sociais.

Hotel Presidente “Top Clean 2013”

CEEIA promove inter-nacionalização

Projecto habitacional de auto-construção cresce

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N52 revista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

Como surge a publicação deste livro? A ideia de publicar o livro surge após um longo período de observação, de estudo, análise e reflexão sobre a realidade da economia e das empresas portuguesas, reflexão essa traduzida na produção sis-temática de um conjunto de textos que abrangeram essencialmente três contex-tos da realidade sócio-económica nacional e que designei como: o contexto social, o contexto empresarial e o contexto interna-cional. Este trabalho surge, por isso, como

“A crise não é de agora,

a reflexão de alguém cuja experiência pro-fissional, próxima da economia real, lhe permitiu construir a sua própria visão da situação económica do país e da realidade das empresas.

Apesar de algumas das crónicas que inclui no livro terem sido escritas há alguns anos mantêm-se actuais. Existe uma tendên-cia para repetir os erros ou tardamos em resolvê-los?O livro apresenta um conjunto de crónicas

escritas entre 2003 e 2013. Como refiro no livro, durante a organização e revisão do mesmo, reflecti em vários momentos so-bre a actualidade dos temas e dos factos mencionados nestas crónicas atendendo à presente realidade, política, económica e social do país. Escolhi, de entre os textos de que dispu-nha, aqueles que considerei estarem mais actuais e que na minha perspectiva abor-dam os temas com maior relevância e im-portância para os problemas e desafios que se colocam hoje em dia ao país. Há, aliás, um exercício curioso que podemos fazer. Se relermos ou revirmos artigos, crónicas, entrevistas e comentários de políticos, economistas e outros opinion makers, pro-feridos ou realizados há 8, 10 ou 12 anos, vamos encontrar o mesmo tipo de análises sobre a economia portuguesa, as mesmas preocupações com o nível de endividamen-to, com o nível de desemprego, com a neces-sidade de aumentar as exportações, com a situação da baixa produtividade nacional e com a crise que o país atravessava. Já nesse tempo o país estava em crise e es-távamos preocupados com a crise. Por isso, a crise não é de agora, ela está presente há muitos anos e os problemas mantêm-se, embora agravados. O que quero dizer com isto é que não esta-mos a repetir os mesmos erros, antes, po-rém, estamos ainda a viver os mesmos pro-blemas que nunca foram verdadeiramente resolvidos.

sAídAs PArA A CrisEEste triângulo brasil-Europa-PAloP. É uma das solução para a saída da crise? Sempre acreditei que sim. Como sempre afirmei, e a realidade confirma-o, os paí-ses que compõem o “vértice deste triângu-lo” são hoje cada vez mais indispensáveis para a afirmação de Portugal no mundo, quer em termos económicos quer empre-sariais. Veja-se o caso do Brasil: é maior, em termos territoriais, do que os EUA e a Austrália, perfazendo 15 vezes a França. Tem 191 milhões de consumidores e está inserido no 4º maior mercado do mundo – o MERCOSUL, com mais de 220 milhões de consumidores – juntamente com a Argen-tina, Uruguai e Paraguai. É talvez ainda o segundo país do mundo, depois da China, que mais investimento estrangeiro capta. Depois temos a nossa ligação histórica e cultural, cujo expoente máximo é a língua de Camões que nos é comum e que é falada

ela está presente há muitos anos e os problemas mantêm-se” Em “Como vencer no triângulo Brasil. Europa. PALOP” Mário de Jesus traça um roteiro para ajudar as PME a competirem com sucesso no plano internacional. Este é também um convite a uma “reflexão sobre a economia portuguesa”.

T MAnuelA SouSA Guerreiro | F Dr

Sociedade

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N54 revista angola-portugal negócios Janeiro • fevereiro • março 2014 • nº 97

Consultor nas áreas de marketing, negócios e empre-endedorismo, tem desenvolvido no últimos anos um trabalho de pesquisa nas áreas ligadas à economia social, eco-nomia empresarial e marketing interna-cional. Está ligado profissionalmente há mais de duas décadas ao sector financei-ro, sendo actualmente Director da Banca Comercial do Banco BAI Europa.

Mário dE jEsus

por mais de 250 milhões de pessoas. Quanto à Europa, somos membros de pleno direito, estamos no seu tabuleiro geográfi-co e dependemos desta para as nossas tro-cas comerciais. Espanha, Alemanha, Fran-ça, Reino Unido e Itália, absorvem mais de 60% das exportações nacionais. Tudo em nós é Europa, as leis com que nos regemos, as ajudas financeiras comunitárias de que usufruímos, as políticas monetárias, financeiras, concorrenciais, fiscais ou ou-tras a que temos que nos submeter. Falar da Europa é por isso falar de nós. Para o bem e para o mal.

E no caso dos países africanos lusófonos?Muito para além da língua e das ligações coloniais históricas e culturais, tal como com o Brasil, estes representam uma ex-celente plataforma para o relançamento português ao nível económico e empresa-rial. São mercados alternativos para as em-presas e empresários nacionais, dada essa mesma proximidade histórica, cultural, social e económica. Não tenho grandes dú-vidas de que exista uma certa preferência e uma maior confiança destes povos e dos seus representantes pelas iniciativas dos investidores portugueses. Por outro lado, o estádio de desenvolvimento dos seus mer-cados está ao alcance do tipo de oferta e da tecnologia nacional, que se ajusta ao tipo de procura destes países.

As economias dos PAloP, neste caso em particular Angola, revêm-se nas vantagens deste “triângulo virtuoso”? As relações económicas entre os países revestem-se sempre de uma sensibilidade diplomática especial. Esta sensibilidade diplomática surge porque estamos a falar de nações soberanas, cujos interesses polí-ticos e económicos podem não ser (e mui-tas vezes não são) convergentes. Importa, por isso, estabelecer laços eco-nómicos suportados no respeito e consi-deração mútuos, na percepção de que há sempre vantagens mútuas que se devem pretender alcançar e que a já célebre e co-nhecida relação ‘win-win’ é o objectivo de-sejável. Portugal tem enormes vantagens a retirar de uma boa, forte e duradoura re-lação económica e empresarial com estes países, designadamente Angola e Brasil, mas não só com estes, também com outros inseridos no espaço europeu e lusófono. Naturalmente que, dentro deste quadro de relação de igualdade, aqueles países

também terão certamente a ganhar com a aposta numa forte relação com Portugal. Somos um país com grande capacidade de inovação, de “aculturação”, de gente es-forçada quando bem orientada, com enor-me ecletismo profissional e intelectual, que se adapta a tudo. Temos uma posição geográfica excepcional à porta da Europa (estamos no centro do triângulo!). Temos excelentes infra-estruturas tecnológicas e saber nestas áreas, somos muitas ve-zes bons e estamos entre os melhores em muitas áreas da ciência, da engenharia, da finança e da criatividade empresarial. Falta-nos por vezes a dimensão adequada e o músculo financeiro necessários para dar-mos passos maiores e criarmos maior for-ça negocial, em especial com países como o Brasil. Mas podem contar connosco.

uM PAís dE PMEfala muito em micro-crédito. É um instru-mento que tem sido subvalorizado?Não diria que tem sido subvalorizado, uma vez que se tem expandido desde o início da adopção do conceito no nosso país, que remonta a 1999. Ainda para mais, tem vin-do a ser praticado pelos principais bancos comerciais em Portugal. Porém, acredito que está ainda longe do seu potencial de utilização.Se atendermos à estrutura do tecido empresarial português, com 99,5% de PME, das quais cerca de três quartos

são sociedades unipessoais (em-presários em nome individual), então facilmente percebemos que muitas destas sociedades

se enquadram, dada a sua estru-tura ligeira, no conceito do micro-

crédito. Em especial quando estamos a falar de microempresas cujas necessi-dades de capital para pequenos e novos negócios se encaixam muito mais no conceito do microcrédito do que no con-ceito de crédito comercial oferecido de uma forma geral pelas instituições financeiras.

o que pensa da criação de um banco de fomento para apoiar as empresas portu-guesas? O que o Governo português anunciou foi a constituição de uma instituição finan-ceira de desenvolvimento, especializada e destinada a gerir verbas provenien-tes do Banco Europeu de Investimento (BEI), de outras instituições financeiras e, ainda, o reembolso dos fundos comu-nitários. Podemos colocar a questão da sua inevitabilidade, dada a proveniência dos fundos que ficarão disponíveis para financiar a economia e as empresas (a reindustrialização do país como tem sido falado), uma vez que estes fundos fazem parte do pacote de fundos comu-nitários atribuídos a Portugal para o pe-ríodo entre 2014 e 2020. Pelo que sabemos, captará fundos a pre-ços baixos, o que permitirá conceder crédito também a baixo custo. Por outro lado, não tendo rede comercial, irá recor-rer dos bancos comerciais existentes. A pergunta que deixo é se isto não poderia ser desenvolvido através de uma insti-tuição bancária já existente, com a qual fosse protocolada, em regime especial, esta operação. Estou a lembrar-me, por exemplo, da Caixa Geral de Depósitos, podendo ser outra instituição. É que pa-rece difícil a muita gente aceitar a ideia da necessidade de mais um banco. #

“iMPortA EstAbElECEr lAços EConóMiCos suPortAdos no rEsPEito Mútuo, nA PErCEPção dE quE Há sEMPrE vAntAgEns MútuAs A AlCAnçAr E quE A rElAção ‘win-win’ É o objECtivo dEsEjávEl”

Sociedade

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55NREVISTA ANGOLA-PORTUGAL NEGóCIOS JANEIRO • FEVEREIRO • MARçO 2014 • Nº 97

Informação CCIPA

lEgislAção PubliCAdA EM AngolA

govErno E AdMinistrAção PúbliCAm Exoneração de Paulino Domingos Baptista do cargo de Secretário de Estado da Hotelaria e Turismo e sua nome-ação para o cargo de Secretário de Estado da Hotelaria. Nomeação de Alfredo Manuel Varo Kaputo para o cargo de Secretário de Estado do Turismo – Decretos Presidenciais nº 165 e nº 166/13, de 28 de outubro.m Estabelecimento do Regime Jurídico da Actividade de Inspecção, Auditoria e Fiscalização dos órgãos e Servi-ços da Administração Directa e Indirecta do Estado com a missão de assegurar o exercício de funções de controlo interno e externo. – Decreto Presidencial n.º 170/13, de 28 de Outubro.m Atualização da Comissão Interministerial para Delimi-tação e Demarcação dos Espaços Marítimos de Angola, abreviadamente designada por CIDDEMA, coordenada pelo Ministro da Defesa Nacional - Despacho Presidencial n.º 106/13, de 1 de Novembro.m Criação da Unidade Técnica de Gestão do Plano Nacio-nal de Formação de Quadros, abreviadamente designada UTG/PNFQ, como órgão de apoio técnico especializado na análise, programação, gestão e avaliação de proje-tos de formação e capacitação de quadros no âmbito da Estratégia e do Plano Nacional de Formação de Quadros; nomeação do coordenador e dos coordenadores adjuntos da UTG/PNFQ – Decreto Presidencial nº 187/13, de 14 de

novembro; Despacho Presidenciais nº 121/13, de 19 de novembrom Dá por findas as funções da Comissão Administrativa do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário, nomeada através do Despacho nº 139/96, de 17 de dezembro, do MINADER, e criação de uma Comissão de Gestão e Reestru-turação do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrícola – Despacho Presidencial nº 113/13, de 14 de novembro.m Criação da Comissão Interministerial de Apoio ao Conselho Coordenador do Censo 2014, coordenada pelo Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República – Despacho Presidencial nº 114/13, de 14 de novembro.m Aprovação da alteração do nº 2 do art.º 14º do Decreto Presidencial nº 113/11, de 2 de junho, sobre o Estatuto Orgânico da ANIP – Agência Nacional para o Investimento privado.

EMPrEsAsm Bases do sector empresarial público: estabelecimento do regime jurídico das empresas públicas, empresas com domínio público e participações públicas minoritárias – Lei nº 11/13, de 3 de Setembro.m Determinação do Estatuto dos Grandes Contribuintes, que regula os critérios para a sua classificação, os seus direitos e obrigações, bem como o funcionamento da Re-partição Fiscal dos Grandes Contribuintes – Decreto Presi-dencial nº 147/13, de 1 de outubro.m Criação de um grupo de trabalho com a finalidade es-pecífica de elaborar um cadastro das empresas públicas, mistas e provadas, por sectores de atividade económica, coordenado pelo Ministro da Economia – Despacho nº 35/13, de 2 de outubro.m Aprovação do estatuto orgânico do Guiché Único da Em-presa – Decreto Presidencial nº 151/13, de 4 de outubro.m Concessão de provimento parcial ao pedido de aprecia-ção da constitucionalidade, declarando a inconstitucio-nalidade parcial da Lei n.º 3/12, de 13 de Janeiro – Bases das Associações Públicas - Acórdão n.º 314/13 do Tribunal Constitucional, de 23 de Outubro.m Determinação de que toda a empresa que remeter es-tudos de impacte ambiental para avaliação da Direcção competente do Ministério do Ambiente, deverá anexar os dados identificativos e qualificações reconhecidas dos Técnicos, Especialistas ou Consultores que elabo-raram o respetivo estudo bem como o comprovativo do valor do investimento do projeto para efeito de cálculos conducentes à concessão da Licença de Instalação ou de Operação nos termos da legislação sobre Licenciamento Ambiental - Despacho n.º 2746/13, de 6 de Dezembro.m Criação das Empresas de Águas e Saneamento de Ben-guela – E.P.; do Cunene – E.P.; do Bié – E.P.; de Malanje – E.P.; do Lobito – E.P. e do Uíge – E.P., abreviadamente de-signadas por EASB, EASC, EASBIÉ, EASEASB, EASM, EASL e EASU, e aprovação dos respetivos estatutos orgânicos – Decretos Executivos Conjuntos nº 394 e nº 395/13, de 13 de novembro; nº 396, de 19 de novembro; nº 402, nº 403 e nº 404/13, de 27, 28 e 29 de novembro, e nº 405/13, de 4 de dezembro.m Autorização da constituição da Sociedade Seguradora Master Seguros, S.A., a qual deve processar-se até ao Re-gisto Especial na Agência de Regulação e Supervisão de Seguros para poder iniciar a sua atividade, nos termos do art.º 18º da Lei nº 1/00 – Geral da Atividade Seguradora e do art.º 3º do Decreto Executivo nº 5/03 – Despacho nº 2662/13, de 4 de dezembro.

PEtrólEo E gásm Concessão de novas prorrogações do período da fase inicial de pesquisa dos Blocos 18/06, até 30 de novembro

de 2014, e nº 26/06, até 30 de Maio de 2015 – Despachos nº 2261 e nº 2262/13, de 21 de outubro.m Estabelecimento dos procedimentos e definição das competências para efeitos de licenciamento e fiscalização de instalações de armazenamento de produtos petrolífe-ros, instalações de abastecimento de combustíveis líqui-dos e gasosos derivados do petróleo, adiante designadas por Postos de Abastecimento de Combustíveis, e redes e ramais de distribuição ligadas a reservatórios de gases de petróleo liquefeito, sujeitos ao regime estabelecido no regulamento técnico relativo ao projeto, à construção, à exploração técnica e à segurança das redes e ramais de distribuição de GPL – Decreto Presidencial n.º 173/13, de 30 de Outubro.m Declaração de que não existe inconstitucionalidade dos Decretos Presidenciais nº 48/11, de 9 de Março; nº 57/11, de 30 de Março, e nº 24/12, de 30 de janeiro, sobre a criação e alteração do Fundo Petrolífero – Acórdão nº 233/13, de 15 de novembro, do Tribunal Constitucional.m Aprovação dos índices de Repartição por Produtos Re-finados de Petróleo Bruto, L.P.G., Gasolina, Jet A1, Jet B, Nafta, Petróleo, Gasóleo, Fuel Aditivado, Fuel Ordoil, Fuel-Extra-Heavy, Asfalto e Cut Back, para efeito do cálcu-lo dos preços ex-Refinaria - Decreto Executivo n.º 408/13, de 6 de Dezembro.

trAnsPortEsm Aprovação do Estatuto Orgânico do Instituto Nacional de Avaliação, Acreditação e Reconhecimento de Estudos do Ensino Superior – Decreto Presidencial n.º 172/13, de 29 de Outubro.m Aprovação do regulamento sobre características, transformação, pesos e dimensões, luzes e emissão de gases de escape de veículos automóveis, reboques e se-mirreboques – Decreto Presidencial nº 185/13, de 7 de novembro.m Determinação de que a construção e exploração de terminais rodoviários interprovinciais de passageiros e de infraestruturas terrestres dos terminais marítimos de passageiros da Província de Luanda, deixam de ser em regime de parcerias público-privadas, decorrentes dos contratos de concessão celebrados com a empresa C. F. E. Corporate, Lda. – Despachos Presidenciais nº 119 e nº 120/13, de 15 de novembro.m Aprovação das bases gerais das concessões de ex-ploração dos serviços de transportes ferroviários de passageiros e de mercadorias – Decreto Presidencial nº 194/13, de 20 de novembro.m Aprovação do Regulamento Geral de Transportes Fer-roviários de Passageiros, Bagagens e Tarifas - Decreto Presidencial n.º 202/13, de 2 de Dezembro.m Aprovação do Regulamento sobre as Condições de Prestação dos Serviços de Transporte Ferroviário e de Gestão da Infraestrutura Ferroviária - Decreto Presiden-cial n.º 203/13, de 3 de Dezembro.

noMEAçÕEsm Nomeação da Comissão Executiva do FFH – Fundo de Fomento Habitacional – Despacho Conjunto nº 2390/13, de 5 de novembro.m Exoneração de Teodoro Lima da Paixão Franco Júnior e nomeação de Manuel Neto da Costa para o cargo de Pre-sidente do Conselho de Administração do BDA - Banco de Desenvolvimento de Angola - Decretos Presidenciais n.º 179 e nº 183/13, de 7 de Novembro.m Nomeação do Conselho de Administração da ARSEG - Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros - Decreto Presidencial n.º 182/13, de 7 de Novembro.m Nomeação de Nanikunzailamo Silvino Kiamvu para o cargo de Chefe da Repartição Fiscal dos Grandes Contri-

novos AssoCiAdos

novA sotECMA (nº 1191)Metalurgia e MetalomecânicaAv. Deolinda Rodrigues, 399, LuandaTel.: +244222 263 315 | Fax: +244 222 262 954e-mail: [email protected]élder Rodrigues Morais

rogÉrio fErnAndEs fErrEirA & AssoCiA-dos - soCiEdAdE dE AdvogAdos (nº 1192)Consultoria e FormaçãoPraça Marquês de Pombal, 16 - 5º e 6º andares1250 - 163 LisboaTel.: 215 915 220 | Fax: 215 915 244e-mail: [email protected]ério Fernandes Ferreira

invEntA - AgÊnCiA AngolAnA dE MArCAs E PAtEntEs (nº 1193)Consultoria e FormaçãoRua Rainha Ginga, 75 - 1º andar, APT. 15Ingombotas, LuandaTel.: +244-222 373 532| Fax: +244-222 372 532e-mail: [email protected]úlio Santos

PHYtogold Portugal (nº 1196)AlimentarRua do Vale Formoso de Cima, 142 B, 1950-272 LisboaTel.: 218 377 304|Fax: 218 377 315e-mail: [email protected] Ribeiro

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Editorial

N56 REVISTA ANGOLA-PORTUGAL NEGóCIOS JANEIRO • FEVEREIRO • MARçO 2014 • Nº 97

Informação CCIPA

Associação de Jovens Empresários ....................................................................... HuamboIntercal, Lda. .................................................................................................. LubangoMabílio M. Albuquerque Comercial, S.A. ............................. Namibe, Sumbe / Cuando-Cubango

publicações da ccipa • DISTRIBUIçãO E TRANSPORTE EM ANGOLA

buintes da Direcção Nacional de Impostos do Ministério das Finanças - Despacho n.º 2428/13, de 12 de Novem-bro.m Nomeação do Conselho Fiscal do Fundo Soberano de Angola – Despacho nº 2461/13, de 14 de novembro.m Indicação dos membros do Conselho de Administração do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento das Comunicações – FADCOM – Despacho nº 2656/13, de 2 de dezembro.m Termo do mandato de Carlos Aires da Fonseca Panzo no cargo de Presidente do Conselho Fiscal da SONANGOL - E.P. e nomeação de João Boa Francisco Quipipa para as funções de Presidente do mesmo órgão - Despachos Conjuntos n.º 2657 e nº 2658/13, de 3 de Dezembro.m Constituição do Comité Nacional Angolano para o Conselho Mundial de Petróleos - Despacho n.º 2659/13, de 3 de Dezembro.m Nomeação dos membros dos Conselhos Tarifário e Consultivo do IRSE - Instituto Regulador do Sector Eléctrico - Despachos n.º 2743 e nº 2744/13, de 6 de Dezembro.

gEologiA E MinAsm Aprovação da concessão de direitos mineiros para exploração de granito preto no Município da Chibia, Província da Huíla, a favor da empresa Xtreme Security – Especialistas de Segurança e Serviços, Limitada – Des-pacho nº 2352/13, de 1 de novembro.m Criação do Gabinete de Gestão do Projeto Integra-do Minero-Siderúrgico de Kassinga e Kassala Kitungo, abreviadamente designado GAPIK, e aprovação do seu regime jurídico – Decreto Presidencial nº 188/13, de 15 de novembro.m Aprovação das concessões de direitos mineiros a favor da empresa CIF (Angola), Cement Company, Limitada, para a exploração de: calcário, na localidade do Leito dos Mulenvos, Município de Cacuaco, Província de Luan-da, com uma extensão de 222,8 ha; argila, na localidade de Catete, Município de Icolo e Bengo, Província de Lu-anda, com extensão de 22,1 ha; granito, na localidade de Catengue, Município de Caimbambo, Província de Benguela, com a extensão de 4,4 ha; burgau, na loca-lidade do Leito do Lombe, Município de Icolo e Bengo, Província de Luanda, com a extensão de 8 ha; calcário, no Musseque Sequele, Município do Cacuaco, Província de Luanda, com a extensão de 219,8 ha – Despachos nº 2532 a nº 2536/13, de 19 de novembro.m Criação da comissão encarregue de negociar os ter-mos e condições do contrato de prestação de serviços de assessoria ao Ministério da Geologia e Minas para a elaboração do Estudo de Viabilidade Técnica e Finan-ceira da Agência do Ouro e da comissão instaladora da Agência do Ouro, encarregue de criar as condições materiais e técnicas necessárias para a sua entrada em funcionamento – Despachos nº 2540 3 nº 2541/13, de 20 de novembro.

sistEMA finAnCEiro E PolítiCA EConóMiCAm Criação da Agência Angolana de Regulação e Super-visão de Seguros, abreviadamente designada ARSEG, e aprovação do seu estatuto orgânico; aprovação da alteração do nº 2 do art.º 17º – Decretos Presidenciais nº 141/13, de 27 de setembro, e nº 190/13, de 19 de novembro.m Criação do serviço técnico especializado designado Unidade Técnica de Negociação, para a preparação, condução, avaliação e negociação dos procedimentos de contratação pública, cujas respetivas decisões de contratar e de autorização da inerente despesa estejam legalmente cometidas ao titular do poder executivo, e

aprovação do respetivo regime jurídico de constituição, organização, funcionamento e procedimento – Decreto Presidencial nº 169/13, de 28 de outubro.m Aprovação do acordo de facilidade de crédito a cele-brar entre a República de Angola, representada pelo Mi-nistério das Finanças, e o Banco de Desenvolvimento da China, no valor de USD 2.500.000.000,00, e autorização ao Ministro das Finanças, com a faculdade de subdele-gar, para, em nome e em representação da República de Angola, proceder à assinatura da referida facilidade de crédito e toda a documentação com ela relacionada – Despacho Presidencial nº 122/13, de 19 de novembro.m Determinação de que as instituições financeiras ban-cárias autorizadas a funcionar, pelo Banco Nacional de Angola, devem ter o seu capital social integralmente re-alizado em moeda nacional, bem como manter o capital social e os fundos próprios regulamentar (FPR) no valor mínimo de KZ 2.500.000.000,00 - Aviso n.º 14/13, de 2 de Dezembro.m Regulamentação do regime geral da emissão e ges-tão da dívida pública direta e indireta do Estado para o financiamento da despesa pública, em particular dos programas de investimentos públicos e de outros pro-gramas e projetos de interesse nacional, enquadrados no Plano Nacional de Desenvolvimento de Angola - Lei n.º 1/14, de 6 de Fevereiro.

AMbiEntEm Criação do Centro de Análises de Poluição e Contro-lo Ambiental, abreviadamente designado por CAPA, e aprovação do seu estatuto orgânico – Decreto Presiden-cial nº 143/13, de 27 de setembro.m Constituição de uma comissão para cada caso de es-tudo de impacte sobre licenciamento ambiental, coor-denada pela Diretora Nacional de Avaliação e Prevenção de Impacte Ambiental, e determinação de que toda a empresa que remeter estudos de impacte ambiental para avaliação da Direcção competente do Ministério do Am-biente, deverá anexar os dados identificativos e qualifi-cações reconhecidas dos Técnicos, Especialistas ou Con-sultores que elaboraram o respetivo estudo bem como o comprovativo do valor do investimento do projeto para efeito de cálculos conducentes à concessão da Licença de Instalação ou de Operação nos termos da legislação sobre Licenciamento Ambiental - Despachos n.º 2745 e nº 2746/13, de 6 de Dezembro.

CoMÉrCiom Aprovação da Pauta Aduaneira dos Direitos de Im-portação e Exportação, que corresponde à versão de 2012 da Nomenclatura do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação das Mercadorias, incluindo as Instruções Preliminares da Pauta (I.P.P.), as Regras Gerais para a Interpretação da Nomenclatura do Sistema Harmonizado (SH) e dos Direitos - Decreto Legislativo Presidencial n.º 10/13, de 22 de Novembro.

Construção E obrAs PúbliCAsm Aprovação dos contratos de empreitada para a cons-trução de infraestruturas terrestres dos terminais marí-timos de passageiros de Macoco, Mussulo, Kapossoca,

Museu da Escravatura e Porto de Luanda, na Província de Luanda, no valor global de KZ 3.643.660.573,85, e au-torização ao Ministério dos Transportes para celebrar os referidos contratos – Despacho Presidencial nº 116/13, de 14 de novembro.m Autorização da abertura dos concursos públicos para a construção de 4 subestações elétricas de 60/15 Kv para as áreas do Lar do Patriota, Cazenga 6ª Avenida, Angola e Cuba e Vitória É Certa; aprovação dos respetivos pro-gramas de procedimentos e cadernos de encargos dos concursos, nos termos da Lei nº 20/10, de 7 de setem-bro (Da Contratação Pública); criação da comissão de avaliação de procedimentos constituída por técnicos da Empresa de Distribuição de Eletricidade – EDEL – E.P. – Despacho Presidencial nº 118/13, de 14 de novembro.

AtividAdEs EConóMiCAs E dEsEnvolviMEntom Aprovação do projeto de investimento privado de-nominado Shopping Fortaleza, no valor global de USD 78.760.000,00, no regime contratual, e do respetivo contrato de investimento – Decreto Presidencial nº 191/13, de 19 de novembro.m Criação da comissão de avaliação para o lançamento do concurso público para a construção da subestação 60/15 Kv da Samba e aprovação do respetivo caderno de encargos – Despacho Presidencial nº 124/13, de 19 de novembro.m Aprovação do projeto de investimento privado deno-minado Hotel Terminus N’Dalatando, no valor global de USD 16.700.089,00, no regime contratual, e do respe-tivo contrato de investimento – Decreto Presidencial nº 195/13, de 21 de novembro.m Autorização da abertura do concurso público para a reabilitação e expansão das redes elétricas na Provín-cia de Benguela, criação da comissão de avaliação dos procedimentos constituída por técnicos da Empresa de Distribuição de Eletricidade – EDEL-E.P. e aprovação do respetivo programa de procedimento e caderno de en-cargos do concurso – Despacho Presidencial nº 125/13, de 21 de novembro

AgriCulturA E PEsCAsm Regulamento da Pesca Continental — Decreto Presi-dencial n.º 139/13, de 24 de Setembro.m Aprovação do regulamento da pesca recreativa e desportiva – Decreto Presidencial nº 146/13, de 30 de setembro.

sistEMA fisCAlm Determinação do regime jurídico das faturas e do-cumentos equivalentes que regula os requisitos para a emissão, conservação e arquivamento das faturas e do-cumentos equivalentes pelos contribuintes, no exercício da sua atividade comercial e industrial – Decreto Presi-dencial nº 149/13, de 1 de outubro.m Determinação de que as entidades que prestam servi-ços sujeitos a imposto de consumo a companhias petro-líferas devem proceder à sua liquidação no momento da emissão da fatura ou documento equivalente – Decreto Executivo nº 333/13, de 8 de outubro.

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