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Volume 390 Órgão Oficial de Divulgação da Assembléia Nacional Constituinte Brasília, 13 a 19 de junho de 1988 - N9 51 aos miÍitares cassados durante o regime militar. Tal assunto vem provocando controvérsias desde o início dos trabalhos constituintes. Um primeiro acordo foi obtido na votação do texto da Comissão de Siste- matização, restando agora sa- ber se ele será confirmado. quem queira reduzir o teor da anistia e há quem deseje am- pliá-lo. Matéria igualmente po- lêmica é uma outra anistia, es- sa de caráter econômico: vo- tar-se-á um texto que prevê a eliminação das dívidas contraí- das por microempresários du- rante o chamado Plano Cruza- do. Esses agentes econômicos buscaram recursos junto aos bancos sob a égide da inflação zero e, hoje, arcam com dívi- das que classificam de astronô- micas, agravadas por correção monetária e juros. As disposições transitórias tratam, ainda, de temas de grande relevância, como a rea- lização de eleições municipais em novembro. Na sede do po- der, Brasília, aguarda-se com grande expectativa a votação do dispositivo que poderá au- torizar a primeira eleição no Distrito Federal. (Página 3) Anistia política e A eCOn0111lCa Após a conclusão da votação do texto permanente, a Consti- tuinte dá, nesta semana, conti- nuidade à deliberação sobre as disposições transitórias. O concerto de transitório, neste caso, não implica em efêmero, supérfluo, ou desnecessário. O jurista Pontes de Miranda assi- nala bem que as disposições transitórias, num texto consti- 'tucional, refletem extamente a conjuntura, enquanto o per- manente trata da estrutura; ou seja: agora serão votadas nor- mas para o Brasil imediato, normas essas que podem ser revistas, revogadas ou suprimi- das, tão logo façam efeito so- bre o corpo da sociedade os dispositivos permanentes ela- borados pelo legislador. A votação do mandato do presidente Sarney foi o primei- ro exemplo desse conceito de transitório. E tema dos mais importantes para o país de ho- je, mas questão conjuntural. Acordou-se, sobre o tema, que a eleição presidencial se dará a 15 de novembro de 1989. Ou- tras discussões igualmente sig- nificativas se darão, agora, em torno do que é, na Carta, elas- sificado como transitório. E o caso, por exemplo, da anistia ". ""l ,Y ,m { 1- fi , 'I " , A. .( ". .. e tecnología ',': '" .(PágiDa 14\>:;',.: . , > '/ / ............"" ...... __:o-.. Povo decidirá por monarquia ou república (Páginas 4 e 5) A NOl'{1 República e a Assembléia Constttumte dela derivada enfrentam um tema polêmico. traçar os ltmttes da anistia para os militares cassados durante o regime anterior . __ No final do texto permanente são assegurados os direitos básicos das crianças. adolescentes e idosos (páginas 8 e 9) I:,' 'Carta muda' -'I' . a família. <> f Para melhor ' , (Páginas {} e.7J-, .. ....,_ .. .. -:' __ n"':' __ .-:.

Anistia política e - camara.leg.br · fez a doação do imenso terntóno de Belterra e Ford ... Tucuruí e Grande Carajãs tem hoje uma população inchada desassistidas. mas atendida

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Volume390

Órgão Oficial de Divulgação da Assembléia Nacional Constituinte Brasília, 13 a 19 de junho de 1988 - N9 51

aos miÍitares cassados duranteo regime militar. Tal assuntovem provocando controvérsiasdesde o início dos trabalhosconstituintes. Um primeiroacordo foi obtido na votaçãodo texto da Comissão de Siste­matização, restando agora sa­ber se ele será confirmado. Háquem queira reduzir o teor daanistia e há quem deseje am­pliá-lo. Matéria igualmente po­lêmica é uma outra anistia, es­sa de caráter econômico: vo­tar-se-á um texto que prevê aeliminação das dívidas contraí­das por microempresários du­rante o chamado Plano Cruza­do. Esses agentes econômicosbuscaram recursos junto aosbancos sob a égide da inflaçãozero e, hoje, arcam com dívi­das que classificam de astronô­micas, agravadas por correçãomonetária e juros.

As disposições transitóriastratam, ainda, de temas degrande relevância, como a rea­lização de eleições municipaisem novembro. Na sede do po­der, Brasília, aguarda-se comgrande expectativa a votaçãodo dispositivo que poderá au­torizar a primeira eleição noDistrito Federal.

(Página 3)

Anistiapolítica e

A •eCOn0111lCaApós a conclusão da votação

do texto permanente, a Consti­tuinte dá, nesta semana, conti­nuidade à deliberação sobre asdisposições transitórias. Oconcerto de transitório, nestecaso, não implica em efêmero,supérfluo, ou desnecessário. Ojurista Pontes de Miranda assi­nala bem que as disposiçõestransitórias, num texto consti­'tucional, refletem extamente aconjuntura, enquanto o per­manente trata da estrutura; ouseja: agora serão votadas nor­mas para o Brasil imediato,normas essas que podem serrevistas, revogadas ou suprimi­das, tão logo façam efeito so­bre o corpo da sociedade osdispositivos permanentes ela­borados pelo legislador.

A votação do mandato dopresidente Sarney foi o primei­ro exemplo desse conceito detransitório. E tema dos maisimportantes para o país de ho­je, mas questão conjuntural.Acordou-se, sobre o tema, quea eleição presidencial se daráa 15 de novembro de 1989. Ou­tras discussões igualmente sig­nificativas se darão, agora, emtorno do que é, na Carta, elas­sificado como transitório. E ocaso, por exemplo, da anistia

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Povo decidirápor monarquia

ou república(Páginas 4 e 5)

A NOl'{1 República e a Assembléia Constttumte dela derivada enfrentam um tema polêmico. traçar os ltmttes da anistia para os militares cassados durante o regime anterior

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No final do texto permanente são assegurados os direitos básicos das crianças. adolescentes e idosos (páginas 8 e 9)

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'Por que. o estado do Tapajós?Por que quero dividir o meu estado, o estado do

Pará? Por Que quero criar um novo estado, o estadodo Tapajós? ,

Porque não concordo com a divisão terntonal daAmazônia. Não só por razões de ordem geopolítica,mas também, e sobretudo, porque essa é a única formaque encontrei de atender o povo que mora e trabalhaem Alenquer, Santarém, Faro, Juriti, Monte Alegre,Óbidos, Oriximmã, Aveiro, Itaituba, Almerim e Prai­nha, que formam a microrregião do baixo Amazonasno oeste do estado do Pará. Embora seja chamada demicrorregião, quero dizer que esta denominação é umpuro eufemismo, porque os 11 municípios que formamessa área compõem Um territóno de 529 742km~, queé maior que quase todos os estados brasileiros MaIOrque todos os estados do Nordeste, todos os estadosdo Sul e todos os estados do Centro-Sul. Só não émaior que os estados do Pará, do Amazonas e do MatoGrosso.

E uma região tão abandonada e tão cobiçada que,nestes últimos cinqüenta anos, o Governo Federal Jáfez a doação do imenso terntóno de Belterra e Ford­lândia para a multmacional Ford com uma área de 1milhão e 40 mil hectares, e que só foi devolvida aoBrasil porque a nossa seringa nativa fOI roubada paraserplantada no Oriente.

E uma região tão abandonada e tão cobiçada queo Governo Federal negociou com Mr. Ludwmg, atravésde propnetários portugueses, uma área de 3 milhõese 500 mil hectares que Ioi agora repassada para 22 em­presános brasileiros através de um fmanciamento gene­roso e fantãstico do BNDES e do Banco do Brasil.O famoso Projeto Jan

Em estudos que a FAO e a UNESCO, das NaçõesUnidas, fizeram sobre as possibilidades agricultáveisdo planeta Terra, cientistas, geógrafos, pesquisadorese agronômos chegaram à conclusão de que só existem17 milhões de km2 de terras agncultáveis no mundopara alimentar uma população assustadoramente cres­cente de 5 bilhões de pessoas. Porém, quase metadedesses 17 milhões estão no Brasil, e 2/3 das terras agri­cultáveis brasileiras estão na Amazôma Legal. Nessaárea de mais de 6 milhões está o estado do Pará. Eo que tem acontecido com essa área do estado do Paránesses quase 5 séculos de existência?

Tem sido roubada, negociada e expoliada no seu terri­tóno e nas suas nquezas vegetais e mmerais

O café que fOI plantado pnmeiro no Pará e o cacauque é nativo das nossas florestas foram transplantadospara a Bahia e para São Paulo e fizeram a riquezadesses dois estados da Federação.

Os nossos seringais, bala tais e castanhais nativos, queJá deram ao estado do Pará o 5' lugar em arrecadação,estão completamente desprezados ou derrubados parao plantio de capim

No mesmo momento em que acharam os primeirosminerais exportáveis no nosso subsolo, amputaram asnossas terras para criar o território do Amapá, cujatransformação em estado Já foi aprovada pela Assem­bléia Nacional Constituinte. E lá, nestes 30 anos, aempresa multinacional Icomi, tendo um testa-de-ferrobrasileiro, transportou para os Estados Unidos umamontanha de minério de manganês, deixando apenasum imenso buraco no lugar da Serra do Navio e umburaco maior no estômago dos brasileiros

Tanto faz ser ditadura como democracia, temos Sidovítimas mdefesas do colomalismo interno e externo,que nos dão com uma mão e nos tiram com a outra,como fOi o caso dos 3% do Orçamento da União ecomo é o caso dos incentivos fiscais que fizeram daSPEVEA e agora fazem do Finam e da Sudam merosrepassadores de dmheiro para meia dúzia de pnvrle­giados.

Agora mesmo quando dimensionaram, através dosórgãos públicos, as jazidas de bauxita no territ6rio pa­raense, fizeram projetos Isolados e cnaram até um pro­grama superposto a nossa divisão político-territorial ­Poloamazôrna. Deles nasceram os chamados grandesprojetos, como a hidroelétnca de Tucuruí, o GrandeCarajãs, o Trombetas, a Albrãs-Alunorte, o Porto deVila dei Conde, próximo a nossa capital.

São projetos com autonomia completa e dmgidosde fora do Pará e até de fora do Brasil. Criaram-se

cormssoes e conselhos mterministeriais que se super­põem às autondades do governo do nosso estado eque deterrrunam, de fora do nosso terntóno, o destmodo povo que lhes serve de cabala Hoje já existe umanova divisão terntorial que nos é Imposta pela autori­dade federal e pela própria pressão econômica das esta­tais e das multinacionais

Resultado: a região abrangida pela hidroelétnca deTucuruí e Grande Carajãs tem hoje uma populaçãoinchada desassistidas. mas atendida de luz e estradasnos povoados mais msignificantes que se formaram ouque se formam em função das atrvidades de mineração.Hoje, pode-se viajar de carro, de qualquer ponto desseterritóno, tanto para a capital do estado como paraqualquer ponto do Brasil, ficando para o estado doPará os encargos de saúde, educação, transportes, segu­rança e demais encargos sociais.

E o que aconteceu com a região do Médio-Baixo­Amazonas e do Vale do Tapajós nesse período de pseu­dodesenvolvimento regional?

FICOU estagnada Apesar de ter mais de 1 milhãode pessoas num imenso territóno, não tem hoje condi­ções de receber nem a visita do governador do nossoestado. POIS tanto o governo passado, de Jader Barba­lho, como o governo atual, de Hélio Gueiros, nadatêm para inaugurar e nada têm mesmo para prometer.

Essa região, que achamos que é um dever separardo estado do Pará para cnar o estado do Tapajós, nãotem a menor possibilidade de ter acesso rodoviãrio aBelém, sua capital.

O acesso só pode ser pelo rio Amazonas, ou pelosseus caudalosos afluentes ou por via aérea através doúnico aeroporto de Santarém, que fica a mais de 700km em linha reta. Por terra, é Impossível atravessaros rios, que chegam a ter mais de 50km de largurae não têm portos adequados para embarcações atuais

Além disso, temos uma cultura própria, uma civihza­ção própna, originánas das culturas indígenas, como,por exemplo, a cerâmica tapajônica, que nvaliza coma cerâmica marajoara, mais difundida fora do estadodo Pará

Nossa região é tipicamente fluvial. Nossas estradas,os furos, os lagos, os rios e igarapés, nesses anos todosde pseudodesenvolvimento regional, não receberam dogoverno qualquer tipo de atendimento Pnncipalmenteas pessoas que viajam ou que transportam pela imensarede hidrográfica desse labirinto agreste, que tanto temimpressionado os Cientistas, os escritores e os tunstasdo mundo mteiro.

Finalmente, a nossa vocação geográfica e geopolíticaé a nossa ligação com os centros desenvolvidos do Suldo BraSIL E essa ligação jamais será feita por Belém,a capital atual do Pará POIS o próprio no Amazonasé um obstáculo intransponível, desde que, para atraves­sá-lo se teria que construir uma ponte com mais de50km, três vezes maior que a ponte da Baía da Guana­bara. Ao passo que, construmdo e asfaltando a Cuiabá­Santarérn, estaremos defimtrvamente ligados a todo osistema rodoviãno federal, mtegrando essa imensa, ncae bela região do territóno brasileiro e possibilitandoao seu povo melhores condições de progresso e integra­ção nacional

Tanto é patente e evidente a ingovernabilidade doestado do Pará, com o tamanho que tem, que o Governofederal, autoritária e arbrtranamente, Já promoveu vá­nas divisões territoriais, não só para atender a projetosde multinacionais, como foram os casos do territónode Belterra e Fordlândta, Amapá e Jan, como até cnourecentemente, através de decreto-lei e portanas, umadivisão terntorial superposta. E o caso dos territóriosque ficaram sob a administração do GETAT - GrupoExecutivo das Terras do Araguaia e Tocantins, do Pro­jeto Carajás e do Projeto Trombetas.

A criação do estado do Tapajós, além de ser umaexigência da geografia, da geopolítica e do povo queo habita, é também a forma legal de realizar uma racio­nal divisão territonal, em vez de acertar o que Já estásendo 'feito sem audiência do nosso povo, das nossasautoridades, de forma autontána e arbitranamente.

Constituinte Benedicto MonteiroPMDB-PA

Um jornal quedeu o recadoQuando se escrever a moderna

históna da Imprensa no Brasil,é quase certo que ela registraráa existência do Jornal da Constí- .tuinte, e o fará como um órgãoque se afirmou no conceito dopovo brasileiro; um órgão que,Rara usar eX,i;'ressão popular,'deu o recado, Isto é, conseguiu

converter-se em uma espécie deelo entre os constrtumtes e oseleitores que sufragaram o seunome nas urnas

Sem dúvida que haverá aque­les que verão no Jornal da Cons­tituinte, um cunho de oficiahs­mo, mas esses estarão movidospor interesses contranados ouSimplesmente não conhecem ofuncionamento, por dentro daAssembléia NacionalConstituin­te, e, em abono de tal afirmação,socorro-me daquele número de­dicado mteiramente à mulher­constrtumte , fato que prova queali se faz Jornalismo e Jornalismomoderno.

Tendo em vista que acompa­nho, de perto, os trabalhos daConstitumte, posso, com desas­sombro e com inteira rmparcia­hdade , prestar depoimento nosentido de que o órgão de divul­gação oficial da Assembléia Na­cional Constituinte honra o Jor­nalismo bem feito, o Jornalismopalpitante, o Jornalismo mvesti­gado r , enfim o jornalismo quenão se conforma com o "pratofeito" e 9ue, acima de qualqueroutra COisa, tem o compromissode publicar a verdade

Desejo saudar os colegas que,no exercício semanal da arte defazer jornalismo, têm como lemae como apanágio de sua atividadeo compromisso com o leitor, nomomento em que o Jornal daConstituinte completa o pnmeiroano de existência, com tiragemde 100 mil exemplares, que é, co­mo se sabe, uma tiragem atingidapor pouquíssismos órgãos da Im­prensa brasileira, fato que só lhesaumenta a responsabilidade deproduzir um Jornal que atendaaos anseios do povo brasileiro eque, de formaefetiva, cumpra,inteiramente, as fmahdades paraas quais foi criado.

Emüia TeixeiraAssessora de Imprensat: Secretaria da ANC

Sem restrição

O salário-educação instituído no iníciodo regime militar, por deliberação do pre­sidente Castello Branco, não se caracte­rizando como tributo, não obstante suaobrigatoriedade, é uma contnbuição deobjetivo nitidamente assistencial, para serrevertida em favor das camadas mais ca­rentes da sociedade

Como objeto assistencial, o salãno-e­ducação não deverá ter seus recursos res­tritos apenas ao ensmo público, como pre­ceitua o art. 249 do projeto de Consti­tuição da Comissão de Sistematização,mas sim, e também, ao ensino privado,para serem transformados em bolsas deestudo, como fonte de opção para as fa­mílias mais carentes poderem escolher aescola que melhor convier a seus filhos.

Limitando o saláno-educação ao finan­ciamento do ensmo público fundamental,cria-se um obstáculo à universalização doatendimento escolar, por impedir-se às es­colas particulares a participação nessaoportumdade de custeio, que poderia serregulamentada em lei, evitando-se quais­qu~r riscos de malversação de verbas.

O dever do Estado para com o ensinofundamental, de garantir-lhe a obrigato­nedade e gratuidade, não exclui a opçãopelos estabelecimentos mantidos pela li­vre inicrativa, que, aliás, podem se tornaracessíveis ao alunado de menores recur­sos, mediante a concessão de bolsas deestudo, as quais poderiam ser fmanciadaspelo salário-educação. ainda mais se talpossibilidade fosse objeto de permissãoconstitucional

Convém ainda esclarecer que o ensinofundamental que compreende as Oito sé­nes do 1" grau é normalmente cursadono período dos 7 aos 14 anos, quandoos alunos ainda estão sob a responsabi­lidade dos seus pais e poderão desfrutarde melhor qualidade de mstrução, casoseja dada a todos a oportumdade de defrequentar uma escola pnvada subvencio­nada pelo saláno-educação

Estimulado pelas razões expostas, eacolhendo sugestão que recebi da Funda­ção Educacional Padre Landell de Moura- FEPLAN, ofereci na constrturnteemenda ~ropondoa supressão da palavra"público', do art. 249, que dispõe' " Oensino público fundamental terá comofonte adicional de financiamento a contri­buição social do salário-educação, a serrecolhida pelas empresas, na forma dalei"

A restnção constante do texto é discn­minatóna à imciativa pnvada, como tam­bém ao própno aluno, contradizendo am­da o fato de que o mesmo projeto asseguraa liberdade de ensino. A restrição, semantida, atmge o aluno e não a escola

Sena mjustifrcâvel, na hora em que tan­to se fala em democratização de oportuni­dades, vermos milhares, senão milhões,de cnanças, filhos de trabalhadores, res­tringidos em seu direito à escola.

Victor Faccioni, advogado e deputadofederal

Constituuue Victor FaCCIOniPDS-RS

~EXPEJ)IENTJr~~ .-._____~~ ..... __ ~,_'-~,,_'" __f.wc~.ç'::>:~_~""",,_,_;:,,~_~__ ..><4._

Jornal da Constituinte - Veículo semanal editado sob aresponsabilidade da Mesa Diretora da Assembléia NacionalConstitumte.MESA DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE

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PELOS CASSADOS

já que não se refere à correçãomonetária filas ao perdão de todaa dívida contraída apenas por "mi­croempresas e produtores que de­monstrarem ou sobre os quais fi­que demonstrada a impossibilida­de de pagamento das dívidas", porfatores supervenientes. Por outrolado, é filais restnta sobre a áreade abrangência da anistia: só paraas áreas da Sudene, Sudam e Valedo Jequitinhonha, em Minas Ge­rais.

A previsão é de uma decisão novoto, após longos debates. En­quanto a área fmanceira do gover­no e o sistema bancário reagemcontra esta anistia, ganha corpoentre os parlamentares a idéia deque a Constituinte terá de tomarpartido de milhares (talvez mi­lhões) de microempresários que ti­veram suas dívidas assustadora­mente acrescidas com o institutoda correção monetária, não pre­vista nos contratos de emprésti­fIlOS.

Para todos os punidos por meti­vos políticos, em especial duranteo regime militar, há mars de umadezena de emendas ampliandoseus benefícios em relação ao quefoi aprovado na Comissão de Sis­tematização e, agora, no texto doCentrão.

A presença de um forte grupode pressão nos corredores do Con-

. gresso, e as constantes declaraçõesde ministros militares acendem osânimos e engrossam o longo deba­te que nasceu nos primeiros diasda Constituinte.

O texto, já aprovado no globaldas Disposições Transitónas, masainda sujeito a emendas, prevêanistia para todos os punidos noperíodo de 18 de setembro de 1964até a promulgação da nova Carta,desde que por motivação política.Concretamente restringe o bene­fício da anistia ao Decreto Legis­lativo n° 18, de 15 de dezembrode 1961 e ao Decreto-Lei n° 864,de 12 de setembro de 1969. Ob­serva ainda que as promoções, nainatividade, ao cargo, emprego,posto ou graduação a que teriamdireito se estivessem em serviçoativo, devem, não só obedecer aosprazos de permanência em ativi­dade previstos nas leis e regula­mentos, bem como às caracterís­ticas e peculiaridades próprias dascarreiras.

A partir disso contam-se filaisde uma dezena de emendas. Oconstituinte Lysâneas Maciel(PDT - RJ) especifica a reinte­gração dos militares cassados ocu­pando a posição em que estavam,"como se não tivessem sido afasta­dos". Os constituintes João Paulo(PT - MG) e Roberto Freire(PCB - PE) têm propostas pare­cidas, embora o último vede a re­muneração retroativa.

Há ainda emendas dos consti­tuintes Hélio Duque (PMDB ­PR), Brandão Monteiro (PDT­RJ), Carlos Cardinal (PDT ­RS), Chagas Neto (PMDB ­RO~' Uldurico Pinto (PMDB ­BA , Raquel Cândido (PFL ­RO , Nelson Wedekin (PMDB­SC), Aloysio Teixeira (PMDB­RJ) e Mário Lima (PMDB ­BA). Este último quer ainda quea Constituinte abra o caminho doPoder Judiciário para todos os pu­nidos por motivações políticas eideológicas.

gresso Nacional. Sua emenda fixapara até o fim da atual legislaturanão apenas a conclusão da legisla­ção complementar e ordinária a quese remetam muitos dispositivos Jáaprovados. Quer a representantedo Distrito Federal que se façamtodas as adaptações dos códigoscivil, penal, comercial, tributárioe os do processo civil e penal, alémda formulação do código de traba­lho e do processo de trabalho.

Anistia. Sempreum tema explosivoTerna sempre explosivo na Vida

política nacional, a anistia deveempolgar o Plenário da constituin­te nesta semana. Mas desta veznão é apenas a anistia que envolveos punidos pelos atos excepcionaisdo período militar, atingindo civise fardados. Há uma segunda anis­tia. Esta com conotações mais eco­nômicas do que políticas. E a quebeneficia micro , pequenos e mé­dios empresários e produtores ru­rais atingidos pela correção mone­tária sobre empréstimos contraí­dos durante a vigência do PlanoCruzado.

A primeira proposta de anistiafinanceira é do constituinte Man­sueto de Lavor (PMDB - PE)e diz que, "para efeito de liquida­ção, não mcidirá correção mone­tária sobre os seguintes débitos:I) os decorrentes de empréstimosefetuados a pequenos agriculto­res, a microempresas e a pequenasempresas, até 31 de dezembro de1987; 11) os decorrentes de em­préstimos concedidos a médiosagricultores e a médias empresas,no período de 28 de fevereiro de1986 a 31 de dezembro de 1987;111) os decorrentes de quaisqueroutros empréstimos, no períodode 28 de fevereiro a 31 de dezem­bro de 1986".

A emenda do Constituinte mi­neiro Humberto Souto (PFL) éparecida, filas com duas altera­ções. E filais ampla como amstia

Esta semanacomeça a

votação dasDisposições

Transitórias.Cada artigo,

uma polêmica.São 62 e

centenas deemendas. Masas lideranças

prometem umgrande acordo.

PRAZOS E ADAPTAÇÕES

Mozarildo Cavalcanti' gerais

O texto aprovado dá um anopara as assembléias legislativaspromulgarem suas Constituiçõese, ainda no segundo semestre de89, as câmaras municipais terãode adaptar suas leis orgânicas aonovo texto constitucional.

Não é tão simples assim o quese refere à legislação complemen­tar que deverá ser escrita após apromulgação da nova Carta. Oconstituinte João Calmon (PMDB- ES) dá ao atual Congresso Na­cionalo prazo de apenas 10 mesespara que cumpra essa tarefa.

Maria de Lourdes Abadia (PFL- DF) exige mais do atual Con-

para governador e deputados dis­tritais em 15 de novembro deste.ano, já que o texto do Centrãosuprimiu o que fora aprovado naComissão de Sistematização. As­sinam as emendas os constituintesMeira Filho (PMDB -DF) e Au­gusto Carvalho (PCB - DF). Aexpectativa, no entanto, é que sur­ja em Plenário uma fusão de emen­das não apenas fixando eleiçõeseste ano no DIstrito Federal, masfixando em apenas dois anos omandato do governador eleito, deforma que em 90 haja coincidênciacom a eleição majoritária nos de­mais estados.

J!.(jsa Prata: mandato-tampão

prefeitos. As eleições, natural­mente, só seriam em 15 de novem­bro de 1989, junto com a eleiçãopresidencial.

O constituinte Mozarildo Ca­valcanti (PFL - RR) tambémquer a prorrogação dos mandatosatuais de prefeitos e vereadores.Mas, cOfll uma diferença: em 15de novembro de 1989 haveria elei­ções gerais, de vereador a presi­dente da República.

Em nome da coincidência deeleições surge uma nova tese: ado mandato-tampão de dois anospara os prefeitos eleitos este ano.Rosa Prata (PMDB -MG) e Cé­sar Cals Neto (PDS - CE) têmemendas nesse sentido, filas ga­rantem aos detentores de manda­to-tampão o direito à reeleição. Jáo constituinte Nestor Duarte(PMDB - BA) prevê o mandato­tampão para os prefeitos apenasdas capitais e garante-lhes, tam­bém, o direito à reeleição.

Reeleição em qualquer circuns­tância é o que prevê a emenda doconstituinte Jovani Masini(PMDB - PR). Apenas uma vez,filas não só para prefeito, e simtambém para governadores e pre­sidente da República. A emendado constituinte Jairo Azi (PFL­BA) não toca em data de eleição,apenas transfere a posse dos novosprefeitos para o dia 10 de feverei­ro.

Ainda com relação à eleiçõesregistram-se outras emendas co­mo a do líder do PT, Luiz InácioLula da Silva (SP), que prevê elei­ções gerais em 15 de novembrodeste ano. Já o constituinte Ma­guito Vilela (PMDB - GO) querreduzir o mandato de senadoresde oito para apenas quatro anos.Mais simples é a proposta do cons­tituinte José Melo (PMDB - AC)que quer apenas que as regras daseleições deste ano sejam as mes­mas que regeram o pleito de 15de novembro de 1985.

Para o Distrito Federal existemduas emendas propondo eleições

Transitório, porém, complicado"J";~,~'(

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Eleições: data,normas e dúvidas

A imagem que se faz das chama­das Disposições Transitórias, ane­xadas ao texto permanente daConstituição, como um "quartode despejo" não é bem adequada.Cada um dos seus artigos (62 notexto do Centrão que está servin­do de base para a votação dasemendas) contém dispositivos Im­portantes que fixam prazos, anis­tiam, marcam datas de eleições,composição de tribunais e, princi­palmente, cuidam de segmentosespecíficos da administração pú­blica, quando esses foram altera­dos no permanente do texto.

Aprovado o texto básico a par­tir de acordo e, em seguida, defi­nido o artigo mais polêmico e con­flitado de todos os outros, o quefixou em cinco anos o mandatodo presidente José Sarney, a vota­ção foi interrompida, devendo serreiniciada esta semana. Algumasmatérias demandarão ainda muitanegociação, como é o caso da anis­tia para os militares e civis cassa­dos durante o regime militar, aanistia para microempresários quecontraíram empréstimos na vigên­cia do Plano Cruzado e, sobretu­do, a fixação da data das eleiçõese tempo de mandato dos futurosprefeitos.

Apesar do número de emendase da polêmica que se travará emtorno de algumas delas, a expec­tativa da mesa diretora da Consti­tuinte é de que todo o texto do"Ato das Disposições Constitucio­nais Gerais e Transitórias" possaser votado até o final da semana.Aí sim, a Constituinte caminharápara o seu térrnmo, restando ape­nas a fase revisora do segundo tur­no e a votação da redação final,antes da promulgação da novaConstituição.

REVISÃO E PLEBISCITO

Além do mandato presidencial,o Plenário já aprovou duas emen­das no texto das Disposições Tran­sitórias. A primeira prevê uma re­visão da própria Constituição cin­co anos após sua promulgação. Asegunda autoriza a convocação deplebiscito no dia 7 de setembrode 1993 para decidir se o país con­tinua uma república ou se se tornauma monarquia parlamentar. Eainda, se o povo quer continuarno re~ime presidencialista ou seoptara pelo parlamentarismo.

Embora já esteja definida acompetência para o CongressoNacional, junto com a JustiçaEleitoral, normatizar as eleiçõesmunicipais previstas na atualConstituição para 15 de novembrodeste ano, o tema, será um dosmais explOSIVOS no Plenário cons­tituinte desta semana.

A polêmica não está no textodo Centrão, já aprovado, nem noseu similar da Comissão de Siste­matização, e sim nas emendas. Otexto do Centrão diz simplesmen­te que os mandatos dos atuais pre­feitos, vice-prefeitos e vereadoreseleitos em 15 de novembro de1982 e 15 de novefllbro de 1985terminarão dia 10 de Janeiro de1989, com a posse dos eleitos.

Mas, pelo menos duas emendasfalam em prorrogação de manda­to. O constituinte Aureo Mello(PMDB - AM) fixa em 1° de ja­neiro de 1990 a posse dos novos

Jornal da Constituinte 3

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ADIRP/Gutlherme Rangel

Plebiscito:•monarquia ou

república?A fusão de emendas e destaques possibilitando que, através

de plebiscito, o povo decida sobre a forma e o sistema de governoque deseja para o país teve encaminhamento marcado por discur­sos que revelaram a importância dessa decisão para o país, jáque a opção - monarquia ou república - fere fundo a estruturainstitucional brasileira.

Outro assunto que mereceu a preocupação de grande núme­ro de parlamentares foi o das eleições municipais. Senadorese deputados têm intimidade com a questão, pois são participantesdo processo. Também foi muito discutida a proposta de anistiada correção monetária para as pequenas e microempresas. A busca do acordo que agiltza votações muitas vezes é feita dentro mesmo do plenário

A PALAVRA DO POVO

"É preciso OUVIr Opovo" , decla­rou o constituinte Cunha Bueno(PDS - SP) em defesa da fusãode emendas e destaques, aprovadapelo Plenário, prevendo a realiza­ção de plebiscito em 7 de setembrode 1993para que o eleitorado deci­da a forma - república ou monar­quia constitucional - e o sistemade governo - parlamentarista oupresidencialista. Com uma Histó­ria Parlamentar de vinculação aomovimento monarquista, o consti­tuinte paulista sustentou que cincoanos, contados a partir da promul­gação da nova Carta, é um prazosuficiente para que as "paixões domomento" possam arrefecer e, as­sim, haver o clima adequado paraum plebiscito. Pelo que calculouCunha Bueno, é o tempo para queo novo presidente, eleito de formadireta, possa concluir seu mandatoe, dessa forma, submeter ao povobrasileiro o julgamento da expe­riência presidencialista. O consti­tuinte acha que o referendo popu­lar pode representar a solução pa­ra as crises institucionais vividaspelo Brasil, criadas, no seu enten­der, pela não-participação popu­lar na definição do sistema de go­verno. A aprovação do plebiscitopela Constituinte, ressaltou, ense­jará que o povo se responsabilizediretamente pelo sistema de go­verno sob o qual deseja ser gover­nado.

No momento em que fazia o en­caminhamento, o constituinte ma­nifestou-se emocionado. Disse eleque os cinco minutos em que ocu­pou a tribuna representavam osmomentos que mais esperou emtoda sua vida, porque estava res­gatando ao povo brasileiro a liber­dade de poder autodeterminar-sena forma e no sistema de governoque desejam.

APOIO

A proposta contou com o apoiodo constituinte Michel Temer(PMDB - SP), também um dosautores. Ele sustentou que um ple­biscito para escolha de sistema degoverno também encerra em si umjulgamento popular sobre os pon­tos fundamentais da sociedadebrasileira. A forma de governo,aludiu, é a estruturação, e o siste­ma, o gerenciamento estatal. Comtal justificativa ele explicou porque a fusão de emendas se restrin­giu apenas aos dois temas para se-

rem submetidos ao julgamento doeleitorado. Entretanto, o parla­mentar observou que a escolhapor parte do povo sobre o sistemade governo a ser implantado nopaís vem a ser uma maneira deo povo brasileiro julgar o trabalhorealizado pelos constituintes.

CONTRAO encaminhamento contrário

ficou por conta do constituinte Bo­cayuva Cunha (PDT - RJ) quediscordou radicalmente da maté­ria, sublinhando que a mesma éapenas aparentemente séria, porse constituir numa fusão e, assim,esconder seu caráter de assuntode menor importância.

Bocauyva Cunha destacou quenão tem cabimento consultar o po­vo brasileiro a respeito da possibi­lidade de vir a ser implantado nopaís o regrme monarquista. Oconstituinte, pedindo a rejeição damatéria, solicitou a seus pares quenão levassem tão a sério uma pro­posição que talvez restaure a mo­narquia no país.

IMPORTÂNCIAAo dar o seu parecer favorável,

o relator Bernardo Cabral(PMDB - AM) lembrou que afusão de emendas contava com oapoio da maioria das liderançasconstituindo-se numa proposta degrande importância para o país.

Bernardo Cabral recordou tam­bém que sua posição sempre foifavorável à proposta de realizaçãode plebiscito para escolha do siste­ma de governo e que consideravaa possibilidade de implantação damonarquia plenamente viável. Orelator, em solidariedade ao cons­tituinte Cunha Bueno, pelo posi­cionamento franco em favor dosistema monarquista, disse que aatuação do parlamentar paulistacomo constituinte já estava consa­grada pelo empenho com que de­fendeu sua proposta.

ELEIÇÕES

Preocupação foi o que exp-rimiuo constituinte Paulo Paim (PT ­RS) quando analisou a possibili­dade de adiamento das eleiçõesmunicipais marcadas para esteano. Para o parlamentar, existeuma grande desconfiança por par­te da população brasileira contraa Constituinte, tendo em vista aaprovação dos cinco anos para opresidente José Sarney.

Amaury Müller:"Podem existirforças ocultascriando sériosproblemas àrealização deeleições, por

serem a favorda prorrogaçãodos mandatos

dos atuaisprefeitos e

vereadores. "

É preciso que o CongressoConstituinte, decida o quanto an­tes sobre a realização ou não daseleições municipais, de forma a fa­zer cessar a intranqüilidade da po­pulação, advertiu. Porém, dissenão se arnscar a fazer qualquerprognóstico sobre o assunto.Jem­brando que a aprovação dos cincoanos para o atual presidente daRepública foi possível, com mar­gem de tranqüilidade, graças a de­serções de parlamentares que an­tes defendiam o mandato de qua­tro anos, podendo o mesmo vira ocorrer com respeito às eleiçõesde prefeitos e vereadores.

URGÊNCIA

Urgência - pediu o constituin­te Amaury Muller (PDT - RS)fazendo sérias críticas à demorada tramitação do projeto que ga­rante as eleições municipais esteano. Segundo o parlamentar,"po­dem existir forças ocultas criandosérios problemas à realização deeleições" por serem a favor daprorrogação dos mandatos dosatuais prefeitos e vereadores.

Amaury Müller cobrou das lide­ranças do Congresso uma posiçãoclara e decidida sobre o assunto,em forma de uma rápida aprova­ção do projeto que regulamentaas eleições. Para o representantegaúcho, as manifestações oficiais,no âmbito de áreas do governo edos líderes partidários, têm sidoambíguas e não demonstram comtransparência uma postura nítidafavorável ao pleito.

REJEIÇÃO

O constituinte Jesus Tajra (PFL- PI), outro a discordar da possi­bilidade de adiamento das elei­ções, garantiu que qualquer tenta­tiva de prorrogação de mandatopara cargos do Executivo terá suarejeição.

A hipótese de que haja um man­dato-tampão com direito a reelei­ção também mereceu, da parte doparlamentar, sérias restrições aosublinhar que o Brasil ainda temmuito que evoluir para permitirque numa legislação eleitoralconste o direito a reeleição.

Todavia, Jesus Tajra cobrou doTribunal Superior Eleitoral (TSE)um posicionamento no que respei­ta a baixar instruções para as elei­ções municipais, independente­mente de o projeto em tramitaçãono Congresso ser ou não aprova­do, uma vez que já existe uma pre­visão de eleição para este ano deacordo com o calendário eleitoralem vigor. Um segundo motivo pa­ra que o TSE já comece seu traba­lho, está no fato de se ter o temponecessário para a organização dopleito nas cidades.

GARANTIANo entender do constituinte

Ruy Nedel (PMDB - RS), aseleições municipais estariam ga­rantidas. Para ele esse é um com­promisso público já levado a ter­mo pelo PMDB, até mesmo naspalavras do seu presidente, Ulys­ses Guimarães, que já se pronun­ciou publicamente mais de umavez sobre o assunto.

Lembrando sua condição de vi­ce-líder, e, portanto, em condi­ções de falar em nome do partido,disse o constituinte gaúcho que oPMDB já assumiu a responsabi­lidade de patrocinar as eleiçõesmunicipais. "O mandato dosatuais prefeitos e vereadores nãopode ser modificado um dia se­quer, para menos ou para mais",enfatizou ele.

LIMITE

Já o constituinte José Genoíno(PT - SP) chegou a manifestarpreocupação com a mtegndade fí­sica daqueles constituintes que sedispuserem a votar pelo adiamen­to das eleições municipais previs­tas para este ano. Pelas suas pala­vras, a situação de revolta do povobrasileiro com o descaso com queseus interesses estão sendo trata­dos na Constituinte chegou ao li­mite.

Para o parlamentar as eleiçõesmunicipais devem ser realizadas,uma vez que é esta a vontade damaioria do povo brasileiro. Eleobservou em contato com a popu­lação de seu estado, que existe umsentimento generalizado de de­cepção, misturado a uma sensaçãode derrota e revolta. José Genoínoalertou os constituintes para o pe­rigo que pode representar para aestabilidade da democracia brasi­leira o fato de serem as eleiçõesadiadas, "A paciência tem limi­tes", advertiu.

IRREVERSíVELMas há constituintes, como é o

caso de Luiz Soyer (PMDB ­GO), que têm certeza absoluta deque a realização das eleições é ir­reversível. O parlamentar garan­tiu que, mesmo que houvesse umavotação secreta, como se cogita,uma maioria esmagadora repudia­ria uma proposta de prorrogaçãode mandatos de prefeitos e verea­dores.

Segundo Luiz Soyer, o processode renovação dos mandatos dosprefeitos e,vereadores já foi acio­nado e esta em pleno andamento,com a realização de comícios ecom campanhas já ganhando asruas por todo o Brasil. O parla­mentar considerou pior para oprocesso democrático uma prorro­gação de mandatos do que a elei­ção pela via indireta, "que já foicompletamente banida do proces­so eleitoral brasileiro".

IMAGEMMostrando seu descontenta­

mento com a demora do Congres­so em regulamentar o quanto an­tes as eleições municipais, o cons­tituinte Sólon Borges dos ReIS(PTB - SP) ressaltou que existeuma clara disposição de protelara realização do pleito. O motivo,no entendimento do parlamentar,seria a intenção mamfesta de ga-

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EQUILÍBRIO

A aprovação de dispositivoconstitucional, introduzindo a jor­nada de seis horas de trabalho pa­ra turnos ininterruptos de reveza­mento é uma questão que mere­ceu sérias restrições por parte doconstituinte Jorge Arbage (PDS- PA) que destacou a necessida­de de a Constituinte rever tal deci­são. A seu ver, essa foi uma vota­ção em que o "equilíbrio conser­vador se curvou inerte diante dofestival demagógico predominan­te nas disputas sociais"

Para o parlamentar paraense, atese de gerar o aumento de empre­gos no setor da produtividade nãose dissocia da necessidade de ele­var os níveis de produção. Semisso, segundo ele, os custos serãomajorados, e a competitividade eo volume de vendas reduzidos,além de outros efeitos de conse­qüências imprevisíveis. Jorge Ar­bage citou o caso da mdústna side­rúrgica que na análise do consti­tuinte, fatalmente perderá merca­do no plano internacional em vir­tude da elevação dos custos doproduto no mercado interno.

Jorge Arbage ainda viu na deci­são da Constrtuinte um segundocomprometimento, na medida emque discriminou, sem que se per­cebesse a maioria dos trabalhado­res assalariados Disse ele que, fi­xando 44 horas semanais para qua­se todos e apenas 33 horas e 36minutos para os que exercem ativi­dade em turnos ininterruptos,criou-se a desigualdade operacio­nal entre estes e os demais dasmesmas categorias. E observoutambém que a jornada de seis ho­ras, na verdade, irá proporcionarque o trabalhador, para cumprira jornada de seis horas por dia,terá de trabalhar mais 17 dias noano. Tal decisão, msistiu o parla­mentar, serviu apenas para colo­car em posição de confronto o tra­balho e o capital.

O constituinte disse, concluin­do, que manter no texto constitu­cional, a jornada de seis horas émostrar indiferença e falta de res­ponsabilidade no que concerne àcrise econômica e SOCial que afligeo Brasil.

PRIORIDADE

Nelson Sabrá (PFL - RJ) falousobre as dificuldades por que pas­saram as populações mais carentesdeste país nos anos em que o Con­gresso Nacional não teve hberda­de de expressão para votar as suasleis e não pôde estabelecer as suasdiscussões a respeito das priorida­des nacionais.

Diante dessa constatação, oconstituinte acredita que temaspolêmicos como a anistia devemser regulamentados de forma am­pla, geral e irrestrita, a fim de re­parar "uma injustiça ocorrida nosanos de brutalidade e de exce­ção" .

Outro tema apontado como re­levante pelo constituinte do RIOde Janeiro diz respeito aos aposen­tados, que segundo afirmou, estãovivendo à míngua, recebendo atémesmo entre 30 a 40% do valorde suas respectivas aposentado­rias. Por este motivo - afirmouo constituinte - nada mais justodo que a concessão a esses brasi­leiros do passe gratuito nas empre­sas de transportes coletivos.

Finalizando, Nelson Sabráfaloutambém sobre a necessidade deum tour de force na Constituintepara a aprovação das eleições mu­nicipais amda este ano.

MILITARES

A anistia foi o assunto abordadopelo constituinte Paulo Ramos(PMDB - RJ) que registrou"profunda estranheza, pela 'pre­sença de ministro militar falandoa respeito do tema, como se umaanistia àqueles que não foramanistiados e a ampliação da amstiapara aqueles que foram parcial­mente anistiados pudesse trazerqualquer espécie de comoção àsForças Armadas".

Continuando, Paulo Ramos dis­se que os ministros militares,"porque ocupam cargos civis, nãofalam como militares, falam comormmstros, até porque se falasse co­mo militares, seriam passíveis depunição".

O constituinte acredita que osmihtares, quando sustentam quea anistia poderia trazer prejuízoà tranqüilidade das Forças Arma­das, "incorrem em um grave equí­voco, pOIS tiveram sua imagemcomprometida como mstituiçãojunto a toda sociedade brasileira,e a não concessão da anistia, certa­mente virá a comprometer estamesma imagem, afinal, enquantohouver um brasileiro não arustia­do, teremos a permanência dasForças Armadas no banco dosréus, e todo o povo brasileiro terápresente na sua lembrança os atosque foram praticados por algunspoucos militares mas que compro­metem o nome desta Instituição.

Afirmou ainda Paulo Ramosque a plena democracia só seráalcançada com a concessão daanistia e, sendo assim, é muito im­portante que os mmistros militaresreformulem suas posições.

No entender de Arnaldo Fariade Sá, os bancos representam aparte mais beneficiada no País, emVIrtude de seus lucros terem per­manecido inalterados com o fimdo Plano Cruzado e, dessa manei­ra, gozarem de uma situação fi­nanceira tranqüila. Os banqueirosforam "condenados a ganhar di­nheiro", defmiu o parlamentar.Mas o constituinte propõe que,dessa vez, sejam os bancos aquelesque devem pagar e diz que é prefe­rível para o país salvar as mi­croempresas a contmuarern as ins­tituições bancánas numa situaçãoprivilegiada. E arrematou, smteti­zando sua idéia: "Os bancos têmo que perder, os microempresá­rios não."

Para UbiratanSpinelli, a

emenda queanistia decorreção

monetária osempréstimostomados no

PlanoCruzado é asalvação das

microempresas.

Ainda de .acordo como consti­tuinte, o poder público não deveeximir-se da culpa de ter envolvidoos empresários e a população co­mo um todo, "num esforço quese supunha histõrico", cujo resul­tado foi rotulado pelo parlamentarde "insidioso".

Ubiratan Spinelli considerouque a anistia nesses casos é proce­dente e poderá representar um re­médio providencial para a saúdedas pequenas, médias e microem­presas brasileiras.

FALÁCIAS

O constItuinte Arnaldo Faria deSá (PMB - SP) pediu ao governomedidas urgentes que privilegiemos pequenos e microempresárioscom problemas para pagar as dívi­das contraídas durante o PlanoCruzado. O parlamentar destacouque a área governamental estáusando argumentos "falaciosos"ao alegar prejuízos para os bancose manter uma posição contráriaà anistia para essas empresas.

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.;,i.:% );, r_t~~;" ;::~:,As lideranças negociaram bastante na semana para se votar logo as disposições transüárias.

ADIRP/Reynaldo Stavale

de ser aperfeiçoada para que setorne viável a sua aprovação peloPlenáno.

Argumentou Assis Canuto quea justeza da emenda está no fatode que os pequenos microempre­sários foram os mais prejudicados,quando do fim do Plano Cruzado.Segundo acentuou, os emprésti­mos foram tomados quando a ex­pectativa era de inflação zero equando a correção monetária esta­va abolida. O constituinte revelouestar esperançoso de que seja en­contrada uma fórmula pelos parla­mentáres que beneficie a classeprodutora brasileira.

TRANSGRESSÃO

Em outro ponto apoiou-se oconstitumte Ubiratan Aguiar(PMDB - CE), para expressarsua discordância com relação aoque aconteceu durante as mudan­ças de regras econômicas com ofim do Plano Cruzado. Na sua in­terpretação, houve transgressãode princípios do direito civil, oqual não permite que uma parte,em qualquer negócio, possa, soli­tanamente, modificar aquilo quefoi pactuado entre contratante econtratado.

Ubiratan Aguiar acredita queexiste um perigo reaJ e presentede os pequenos e médios produ­tores rurais, não conseguindo sal­dar suas dívidas, entregarem suaspropriedades e os bancos viraremos maiores latifundiários do país.Uma anistia, nos termos em queestá sendo proposta pela emendados constituintes Mansueto de La­vor (PMDB - PE) e HumbertoSouto (PFL-MO), irá contribuirpara o desenvolvimento e a produ­ção do Brasil

SALVAÇÃO

Tábua de salvação - foi a defi­nição usada pelo constituinte Ubi­ratan Spinelli (PDS - MT) paraa emenda do constituinte Mansue­to de Lavor (PMDB - PE) quedá anistia de correção monetánapara os micros e pequenos empre­sários que contraíram empréstimono Plano Cruzado. Segundo suaargumentação, as pequenas e mi­croempresas que estão nessa situa­ção específica tornaram-se insol­ventes, especialmente agora quan­do o processo inflacionário se en­contra num ritmo acelerado.

,nhar tempo para que os partidosmajoritários venham a melhorara imagem diante da opinião pú­blica.

Na sua opinião, o partido majo­ritário não teria condições de ga­nhar uma eleição no momento,em virtude do malogro do PlanoCruzado.

IMORAL

Para o constituinte EdivaldoHolanda (PL - MA), só interessao adiamento "a quem tem medodo povo e pavor das urnas". Eleconsiderou "imoral" a possibilida­de de as eleições mumcipais, jáprevistas pelo calendáno eleitoral,não se realizarem.

Edivaldo Holanda discordouprincipalmente da tese de um.mandato-tampão com direito àreeleição, tese esta - garantiu­que já tem fortes chances de servencedora. Essa questão, na suaanálise, possibilitaria que a cor­rupção fosse institucionalizadanos municípios brasileiros, umav~z que os prefeitos eleitos, ao in­ves de governarem, se preocupa­riam, basicamente, em subtrair osrecursos municipais para se prepa­rarem para uma eventual reelei­ção.

CINCO ANOS

Renan Calheiros CPMDB ­AL) acredita que p "povo brasi­leiro se sente traído", após a vota­ção do mandato do presidente Sar­ney, já que 328 votos negaram amais de 60 milhões de eleitoreso direito de concluir a transiçãodemocrática, sendo que dentre es­ses estão incluídos os votos damaioria da bancada do PMDB.

Para o constituinte, "a Naçãoassistiu perplexa e indignada aoespetáculo depnmente de alicia­mento de constituintes, à base defisiologismo e da barganha" paratroca em mercado "ávido por posi­ções e privilégios".

Contrnuando, Renan Calheirosacusou o atual governo de "impo­pular e ilegítimo", descendo aochão ao patrocinar esse "vale-tu­do". O PMDB não pode mais, se­gundo ele, rejeitar o estigma quevai ficar impregnado em sua legen­da: o de traidor do povo, "Já quetraiu seus compromissos, sua his­tória e seu programa, renunciandoàs suas lutas, deixando de ladoseus vultos e distanciando-se dopovo. Em síntese, deixou de sero partido da afirmação para sero partido da tergiversação, esque­cendo até seu próprio discurso, es­condendo-se numa retórica frou­xa"

Diante desse quadro por eleclassificado como "provinciano emedíocre", o parlamentar anun­CIOU seu desligamento do PMDB.Renan Calheiros justificou sua ati­tude como "coerente", na medidaque - disse - não pode perma­necer num partido que "apóia umgoverno desacreditado e que, noponto de vista moral, continua tãoilegítimo quanto o era há doisanos" .

MICROEMPRESAS

É Impossível que um constituin­te que mantenha contato com suasbases e, assim, tomando conheci­mento da situação econômica dopovo brasileiro, vote contra aemenda que cancela a incidênciade correção monetána plena sobrefinanciamentos tomados por pe­quenos e microempresários du­rante a vigência do Plano Cruza­do. A previsão é do constituinteAssis Canuto (PFL - RO), paraquem, contudo, a emenda carece

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Carta mudaa família.

Para melhorA nova Constituição dedicará

todo um capítulo à questão da fa­mília, da criança, do adolescentee do idoso, sendo muito mais com­pleta e avançada do que a Consti­tuição em vigor.

Diz a atual Carta, no seu art.175, que "a família é constItuídapelo casamento e terá direito àproteção dos poderes públicos".Seguem-se quatro parágrafos, dis­pondo o seguinte: a) o casamentosomente poderá ser dissolvido sehouver prévia separação judicialpor mais de três anos; b) o casa­mento será civil e sua celebraçãogratuita, sendo que o casamentoreligioso equivalerá ao civil se, ob­servados os impedimentos e pres­crições da lei, o ato for inscritono registro público, a requenmen­to do celebrante ou de qualquerinteressado; c) o casamento reli­gioso celebrado sem as formalida­des citadas no item anterior teráefeitos civis se, a requerimento docasal, for inscrito no registro pú­blico, mediante prévia habihtaçãoperante a autoridade competente;d) lei especial tratará da assistên­cia à maternidade, à infância e àadolescência, e da educação de ex­cepcionais.

Já a futura ConstItuição começaafirmando que "a família, base dasociedade, tem especial proteçãodo Estado" Assim como a Consti­tuição vigente, a futura Constitui­ção estabelece que o casamentoé civil e gratuito. E também reco­nhece os efeitos civis do casamen­to religioso, mas nesse ponto, aocontrário da atual Carta, não de­termina qualquer tipo de condi­ções, remetendo a questão à regu­lamentação da legislação ordiná­ria.

UNIÃO ESTÁVEL

Mas a primeira grande inovaçãoda futura Constíturção está no dis­positivo segundo o qual, "paraefeito da proteção do Estado, éreconhecida a união estável entrehomem e mulher como entidadefamiliar, facilitando a lei a sua con­versão em casamento" Ou seja,enquanto a atual Carta vê no casa­mento a base da família, a futuraCarta reconhece esta base naunião estável do homem e da mu­lher, independente de casamento.Ao mesmo tempo, a futura Cons­tituição busca estimular a união fa­miliar através do casamento for­mahzado , ao estabelecer que a leideve facilitar a conversão em casa­mento da união estável entre o ho­mem e a mulher. Dispõe ainda afutura Constituição que tambémé entendida como entidade fanu­liar a comunidade formada porqualquer dos pais e seus descen­dentes, cobrindo assim uma lacu­na existente na Constituição atual,que só considera como família acomunidade formada pelo casal eseus descendentes.

Outra inovação importante dafutura Carta vem a seguir. "Os di­reitos e deveres referentes à SOCle-

dade conjugal são exercidos Igual­mente pelo homem e pela mu­lher", diz o texto aprovado pelosconstituintes. A atual Constitui­ção não trata diretamente desseponto, mas, pelo atual Código Ci­vil brasileiro, o homem é conside­rado o "cabeça-do-casal". Assim,quando a futura Constituição forpromulgada, haverá uma modifi­cação relevante na estruturação ci­vil da família, com o homem e amulher passando a ser considera­dos iguais dentro do casamento,em termos dos direitos e deveresfamiliares.

DIVÓRCIO

Também quanto ao divórcio hánovidade. Enquanto a atual Cartadispõe que o divórcio só pode serefetuado após três anos de separa­ção judicial, a futura Constituiçãoestabelece que o casamento civilpoderá ser dissolvidopelo divór­cio após separação judicial de maisde um ano, ou após comprovadaseparação de fato por mais de doisanos. Fica, portanto, mais fácil aobtenção do divórcio, que inclu­sive não dependerá mais de préviodesqurte, ou separação judicial.Além disso, a futura Constituição,como a atual, não fixa qualquerlimite ao número de divórcios queuma mesma pessoa poderá reque­rer. Essa questão fICOU para serdecidida na futura legislação ordi­nária. Pela lei ordinária atualmen­te em vigor, cada pessoa só podese divorciar uma única vez.

O planejamento familiar estásendo introduzido no texto consti­tucional. A atual Carta não falano assunto, mas a futura afrrmao seguinte: "Fundado nos princí­pios da dignidade da pessoa huma­na e da paternidade responsável,o planejamento familiar é livre de­cisão do casal, competindo ao Es­tado propiciar recursos educacio­nais e científicos para o exercíciodesse direito, vedada qualquerforma coercitiva por parte de insti­tuições oficiais ou privadas". Des­sa forma, a futura Constituição re­conhece o direito do casal decidirlivremente o número de filhos quedeseja ter, sem ingerências exter­nas e sob a proteção do Estado.

Outro dispositivo da futura Car­ta afirma que o Estado deve asse­gurar a assistência à família na pes­soa dos membros que a integram,criando mecanismos para coibir aviolência no âmbito dessas rela­ções. Essa preocupação em coibira violência nas relações familiares,seja entre o homem e a mulher,seja entre pais e filhos, tambémé nova, já que a atual Constituiçãonão diz nada a esse respeito.

ASSISTÊNCIAQuanto à assistência à infância

e à adolescência, o texto aprovadopelos constituintes é bem mais de­talhado do que o texto da atualConstituição. Diz a futura Carta:

"É dever da família, da sociedadee do Estado assegurar à criançae ao adolescente, com absolutaprioridade, o direito à vida, à saú­de, à alimentação, à educação, aolazer, à profissionalização, à cultu­ra, à dignidade, ao respeito, à li­berdade e à convivência familiare comunitária, além de colocá-losa salvo de toda a forma de negli­gência, discriminação, explora­ção, violência, crueldade e opres­são"

Acrescenta a futura Carta queo Estado deverá promover, con­Juntamente com entIdades não go­vernamentais, programas de assis­tência integral à saúde da criançae do adolescente, observados osseguintes princípios: a) deterrrn­nado percentual (a ser definido emler complementar) dos recursospúblicos será destinado à saúde eaplicado na assistência de saúdematerno-infantil; b) serão criadosprogramas de prevenção e atendi­mento especializado para os por­tadores de deficiência física, sen­sorial ou mental, bem como de in­tegração do adolescente portadorde deficiência, mediante o treina­mento para o trabalho e a convi­vência, e a facilitação do acessoaos bens e serviços coletivos, coma eliminação de preconceitos eobstáculos arquitetônicos. Comose vê, as disposições da futura Car­ta são bem mais explícitas e obje­tivas que as da Carta em vigência.A questão da eliminação dos obs-

Quando anova Carta

forpromulgada,

homem emulher terão

os mesmosdireitos

e deveresna sociedade

conjugal.Cai a figurado cabeça­

de-casaltáculos arquitetônicos que dificul­tam a VIda dos deficientes , porexemplo, é uma novidade e umimportante avanço.

GARANTIAS

Além dISSO, a futura Constitui­ção assegura o direito da cnançae do adolescente à educação, bemcomo o direito à proteção especialdo Estado, abrangendo os seguin­tes aspectos: a) idade mínima de14 anos para admissão ao traba­lho; b) garantia dos direitos previ­denciários e trabalhistas; c) garan­tia do acesso do trabalhador ado­lescente à escola; d) garantia deinstrução contraditória e de ampladefesa, com todos os meios e re­cursos a ela inerentes, à criança

e ao adolescente a quem se atribuaato contrário à ordem legal; e)obediência aos princípios de brevi­dade, excepcionalidade e respeitoà condição peculiar de pessoa emdesenvolvimento, quando da apli­cação de qualquer medida priva­tiva da liberdade; f) estímulo dopoder público, através de assistên­cia Jurídica, incentivos fiscais esubsídios, ao acolhimento sob aforma de guarda de criança ouadolescente órfão ou abandona­do; g) programas de prevenção eatendimento e spe cra lizado àcnança e ao adolescente depen­dente de drogas. Todos esses as­pectos da proteção do Estado àcriança e ao adolescente represen­tam, sem dúvida, avanços SIgnifi­cativos em relação à Constituiçãoe às leis ora vigentes.

Outra disposição constitucionalnova aprovada pelos constituintesé a de que "a lei punirá severa­mente o abuso, a violência e a ex­ploração sexual da criança e doadolescente". Não há dispositivosemelhante na Constituição vigen­te, embora exista na legislação or­dinária. Além disso, a futura Car­ta busca estimular a adoção de me­nores órfãos ou abandonados, eestabelece que cabe ao poder pú­blico dar assistência a essas ado­ções, inclusive regulamentando oscasos e condições de sua efetiva­ção por parte de estrangeiros. Es­sa preocupação com a adoção demenores por estrangeiros também

6 Jornal da Constituinte

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A futura Carta repete a atual,acrescentando alguns elementosnovos, ao estabelecer que "são nu­los e extintos, e não produzirãoefeitos jurídicos, os atos que te­nham por objeto a ocupação, odomínio e a posse das terras indí­genas, ou a exploração das rique­zas naturais do solo, fluviais oulacustres nelas existentes, ressal­vado relevante interesse públicoda União, segundo o que drspuserlei complementar". Acrescenta otexto da futura Carta que a nulida­de e extinção não dão direito deação ou indenização contra aUnião, "salvo quanto às benfei­torias derivadas dà ocupação deboa-fé, na forma da lei". Este últi­mo ponto, que permite a indeni­zação das benfeitorias, é uma no­vidade introduzida pela futura IConstituição.

Finalmente, dispõe a futuraCarta que "os índios, suas comuni­dades e organizações são parteslegítimas para ingressar em juízoem defesa dos seus interesses e di­reitos, intervindo O Ministério PÚ­blico em todos os atos dos proces­sos", o que constitui mais uma no­vidade.

Luiz Claudio Pinheiro

ocupadas pelos índios, por eles ha­bitadas em caráter permanente, asutilizadas para as suas atividadesprodutivas, incluídas aquelas im­prescindíveis à preservação dos re­cursos ambientais necessários aoseu bem-estar, e as áreas neces­sárias à sua reprodução física e cul­tural, segundo seus usos, costumese tradições". Acrescenta o textoaprovado na Constituinte que es­sas terras são inalienáveis e indis­poníveis e que os direitos dos ín­dios sobre elas são Imprescritíveis.

Diz ainda a futura Constituiçãoque fica vedada a remoção dosgrupos indígenas das terras quetradicionalmente ocupam, salvono caso de catástrofe ou epidemiaque ponha em nsco a vida da po­pulação, ou nos casos de interesseda soberania nacional, desde quecom deliberação prévia nesse sen­tido do Congresso Nacional, fican­do garantido, em qualquer caso,o retorno imediato tão logo cesseo risco.

Agora, vamos ao que diz a futu­ra Carta em relação aos índios,ressaltando que eles passam a serchamados de índios mesmo, e nãomais de silvícolas: Inicialmente, afutura Carta estabelece que "sãoreconhecidos aos índios sua orga­nização social, costumes, línguas,crenças fi tradições, e os direitosorigmãnos sobre as terras que tra­dicionalmente ocupam, competin­do à União demarcá-las, protegere fazer respeitar todos seus bens".O reconhecimento da organizaçãosocial e cultural dos índios é umanovidade, um avanço, Já que aatual Constituição simplesmenteignora essa questão.

Diz em seguida a futura Cartaque o aproveitamento dos recur­sos hídricos, inclusive dos poten­ciais energéticos, assim como apesquisa e a lavra das nquezas mi­nerais em terras indígenas só po­dem ser efetivados com autoriza­ção do Congresso Nacional, ouvi­das as comunidades afetadas, e fi­cando-lhes assegurada a participa­ção nos resultados da lavra, na for­ma da lei. Essa exigência de auto­nzação do Congresso Nacional pa­ra a exploração mineral ou hídricadas terra indígenas é uma novida­de. Por outro lado, deve-se obser­var que, enquanto a Carta atualassegura aos índios o usufruto ex­clusivo de todas as riquezas natu­rais, excluindo as minerais exis­tentes em suas terras - o que nãotem sido cumprido, apesar de es­tar no texto constitucional -, anova Carta faz uma distinção emrelação às riquezas minerais, asse­gurando aos índios apenas umaparticipação nos resultados da ex­ploração destas.

As demaisriquezas naturais dasterras indígenas, entretanto, con­tinuarão sendo de usufruto exclu­sivo dos índios. Diz a nova 'Cartaque "as terras tradicionalmenteocupadas pelos índios são desti­nadas à sua posse permanente, ca-.bendo-lhes o usufruto exclusivodas riquezas do solo, fluviais e la­custres nelas existentes". Ficamexcluídas, assim, as riquezas dosubsolo. . ,

Em seguida, a futura Carta defi­ne quais são as terras indígenas:"são as terras tradicionalmente

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Legitimandotodos osfilhos,

consolidandoa uniãoestável,

facilitando odivórcio,

amparando osidosos, a

Constituiçãopoderá fazermais felizesas famílias

ÍNDIOS

O último capítulo do corpo per­manente da futura Constituiçãodiz respeito aos índios. Vamos verprimeiro o que diz a Constituiçãoatual em relação aos índios. Emprimeiro lugar, a atual Constitui­ção não os chama de índios, masde "silvícolas". E determina: a)que as terras ocupadas pelos silví­colas se incluem entre os bens daUnião; b) que-compete à Uniãolegislar sobre a incorporação dossilvícolas à comunhão nacional; c)que as terras habitadas pelos silví­colas são malienáveis, nos termosda lei federal, cabendo a eles asua posse permanente e ficandoreconhecido o seu direito ao usu­fruto exclusivo das riquezas natu­rais e de todas as utilidades nelasexistentes; d) que ficam declara­das a nulidade e a extinção dosefeitos jurídicos de qualquer natu­reza que tenham por objeto o do­mínio, a posse ou a ocupação deterras habitadas pelos silvícolas,não tenho os ocupantes direito aqualquer ação ou indenização con­tra a União ou a Fundação Nacio­nal do Indio (FUNAI).

Acrescenta o texto da futuraConstituição que os programas deamparo aos idosos serão executa­dos preferencialmente em seus la­res, garantido o transporte urbanogratuito aos maiores de 65 anosde idade. Essa é uma inovação quemerece ser ressaltada. A partir dapromulgação da nova Carta, todosos Idosos maiores de 65 anos nãoprecisarão mais pagar pelo trans­porte urbano, e terão acesso gra­tuito aos ônibus e trens urbanos.

Além disso, estabelece a futuraConstituição que a lei disporá so­bre normas de construção dos 10-

gradouros e dos edifícios de usopúblico, de fabricação de veículosde transporte coletivo, bem comosobre a adaptação dos já existen­tes, a fim de garantir o acesso ade­quado às pessoas idosas ou porta­doras de deficiência. Essa é outrainovação importante, que devráter conseqúêncras praticas após apromulgação de nova Carta,ta.

IDOSOS

Os idosos também são objetoda preocupação da nova Carta.Diz ela que "a família, a sociedadee o Estado têm o dever de ampararas pessoas idosas, assegurando suaparticipação na comunidade, de­fendendo sua dignidade e bem-es­tar, e garantindo-lhes o direito àvida, mesmo durante a ocorrênciade doenças fatais.

é nova, e reflete a realidade atual,Já que esses casos de adoção au­mentaram muito nos últimos anos,transformando-se em verdadeirocomércio clandestino, muitas ve­zes de caráter criminoso e cruel. 'A Constituição atual não fala noassunto. A futura Carta-estabeleceapenas que a questão deverá serregulada na forma da lei.

ILEGÍTIMOS

Outro avanço da futura Consti­tuição é em relação aos chamadosfilhos Ilegítimos. Diz o texto apro­vado pelos constituintes que "osfilhos havidos ou não da relaçãode casamento, ou por adoção, te­rão os mesmos direitos e qualifica­ções, proibidas quaisquer designa­ções discriminatórias relativas à fi­liação" .

A futura Carta mantém o prin­cípio de que são penalmente imm­putáveis - isto é, não podem sercondenados pela Justiça - os me-onores de dezoito anos de idade.E estabelece que os pais têm odever de assistir, cnar e educar osfilhos menores, enquanto, emcontrapartida, os' filhos maiorestêm o dever de ajudar a ampararos pais na velhice, carência ou en­fermidade.

.\ Jornal da Constituinte 1

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Sistema unificado de saúde e amt

FAssegurar

a saúde é umdever dOIEstado. A

Cartatambém

garante aproteção

à criança, aoadolescentee aõ'1miso.

Aposentadostêm ganhos

trabalho com a participação nossindicatos.

O constituinte Jorge Uequed(PMDB - RS) considerou inicial­mente a democratização da gestãoda Previdência como um ponto aser ressaltado. Segundo o parla­mentar gaúcho, isto significaráque a participação na administra­ção da instituição estará a cargotanto do governo, como dos traba­lhadores, empresários e da pró­pria comunidade. Esta medidaJorge Uequed considerou da maisalta relevância pelas implicaçõesque terá no futuro. Entre as princi­pais, eles destacou a garantia deque os recursos da Previdêncianão serão utilizados com fins polí­tico-eleitorais. Além disso, ele

CONTROLE MELHOR

Quanto ao próprio sistema úni­co de saúde, Eduardo Jorge desta­cou como vantagens a possiblida­de de orientação da mão-de-obraa nível nacional, de controle daprodução de medicamentos eequipamentos para o setor, bemcomo da coleta de sangue e de he­moderivados e, por fim, a execu­ção de ações de saúde do trabalho.Este último ponto Eduardo Jorgefez questão de destacar para lem­brar que isso permitirá a criaçãode sistema de combate às doençasprofissionais e nos acidentes do

Eduardo Jorge considerou tam­bém que a Constituinte, aprovounormas fundamentais para o fun­cionamento do sistema. O parla­mentar paulista destacou o reco­nhecimento de que a contribuiçãose dá não apenas de forma direta,mas ainda de forma indireta. "Nãopodemos nos esquecer de que en­quanto o trabalhador paga de for­ma direta, o empresário repassano preço de seus produtos a cotade contribuição para a seguridadesocial, o que torna todo brasileiroum contribuinte." Em segundo lu­gar, Eduardo Jorge lembrou o dis­positivo que permitirá não só quea contribuição se dê sobre a taxa­ção da folha de salário, mas damesma maneira, via faturamentoe o lucro das empresas. "Assimcom estes critérios associados pro­cura-se evitar que empresas commuita automação e poucos funcio­nários paguem menos impostoapesar de lucrar mais." EduardoJorge acredita também que estedispositivo manterá a Previdênciacom recursos mesmo nos períodosde crise em que aumenta o desem­prego.

mente a determinação do valor da laposentadoria não mais pela mé­dia dos 24 últimos salários, massim das últimas 36 remunerações,atendendo a uma antiga reivindi­cação dos aposentados. Do mes­mo modo, outro ponto positivoapontado pelo constituinte foi aaposentadoria proporcional paraas mulheres aos 25 anos e paraos homens aos 30 anos. Isto semconsiderar o período de trabalhoefetivo do homem do campo emcinco anos dada a rude tarefa queexerce, e finalmente, a extensãodos benefícios da Previdência So­cial que hoje são privativos docontnbuinte urbano para o traba­lhador rural. Sem esquecer, disseInocêncio Oliveira, da atribuição I' /.~-=-"7,de um salário mínimo para os defi­cientes fíSICOS mensalmente.

O constituinte Eduardo Jorge(PT - SP) procurou traçar um pa­norama das medidas que o seupartIdo considerou importantespara o futuro da seguridade socialno país. "Destacaria, inicialmen­te. o sistema de segundade abar­cando previdência social, saúde eassistência social- com coberturaa toda a população e baseando-seem três princípios: a universalida­de; a democratização da gestãoadministrativa com a participaçãode diversos setores da sociedade;e irredutibilidade (manutenção dovalor real) que terá base constitu­cional para combater arrochos,como, por exemplo, o dos aposen­tados nos últimos anos."

APOSENTADORIAO parlamentar ressaltou igual-

ESTRANGEIRAS, NÃO

Uma das inúmeras conquistasrelacionadas por Inocêncio Olivei­ra foi igualmente a proibição deempresas estrangeiras atuarem naárea de saúde. "Isto não quer di­zer que as que estão no país deve­rão deixá-lo. Acredito que na le­gislação ordinária será garantIdoespaço às que já estão atuando nopaís; contudo, não haverá novasempresas atuando neste setor".

Outro ponto positivo destacadopelo parlamentar pernambucanofoi a definição do princípio de umapolítica nacional para o setor demedicamentos e de insumos parao setor de saúde. De acordo como constituinte do PFL, essa polí­tica tem como objetivo propiciara lon~o prazo uma relativa auto­suficiência do país com relação àprodução de medicamentos, bemcomo de matéria-prima nacional,reduzindo, progressívamente, aforte dependência de insumos im­portados. Além disso, InocêncioOliveira considerou positivo ostermos em que foram definidos osdispositivos relativos ao transplan­te de órgãos no país.

O constituinte, entretanto, fezuma ressalva com relação à seçãoSaúde. Para o parlamentar, foi ex­tremamente danosa a proibição dacomercialização do sangue huma­no, bem como dos hemoderivadosno território nacional. "Isto nãoquer dizer - explicou o consti­tuinte - que eu esteja defenden­do que se deva vender o sangue,contudo não se pode procurar am­pliar essa proibição para a coletae aplicação, por exemplo, uma vezque esses dois procedimentos nãoapenas necessitam de equipamen­to adequado, mas igualmente depessoal especializado, que precisater a sua atividade remunerada."Além disso, Inocêncio lembrouque o Brasil não fabrica ainda he­moderivados suficientes e que,com a restrição à importação dessematerial, o texto poderá criar umcolapso na distribuição e comer­cialIzação desses produtos. Emais, o próprio ministro da Saúdeconsiderou que a atuação dos he­mocentros no país ainda é muitorestrita dado o reduzido númerodeles no território nacional, afir­mou Inocêncio Oliveira, lembran­do ainda que o mesmo mimstrodisse que precisaria de pelo menoscinco anos para montar a estruturanecessária ao atendimento das exi­gências constitucionais. "O Brasilsomente poderá proibir a impor­tação quando produzir."

o capítulo da Seguridade So­cial, segundo a opinião de muitosparlamentares, será um conjuntode dispositivos que deverá incor­porar ao texto constitucional im­portantes avanços para o futuroda saúde, da assistência social eprevidência no País. O sistemaúnico de saúde foi elogiado pelosconstituintes Inocêncio Oliveira eEduardo Jorge, por exemplo, ques110 representantes de legendas tãodiferentes como o PFL e o PT.

Este relativo consenso parece seampliar quando se fala em previ­dência e mais especialmente na si­tuação dos aposentados brasilei­ros. Neste sentido a Carta nãoapenas beneficiará os futuros apo­sentados, que deverão receberproventos mais justos, como umarecompensa pelo longo período desuas vidas que dedicaram a umaatividade, mas igualmente osatuais aposentados - mediantedispositivo específico nas Dispo­sições Transitórias - deverão serbeneficiados com uma revisão am­pla de seus proventos, com umaretomada do valor real com refe­rência ao número de salários míni­mos que recebiam. Hoje assustamestatísticas como as reveladas peloconstituinte Jorge Uequed quemostram uma queda de mais de50% no valor dos proventos, comrespeito ao número de salários mí­nimos, para aposentadorias relati­vamente recentes como as conce­didas em 1979. O parlamentar ad­verte que para as aposentadoriaanteriores os valores são amdamais irrisórios.

A própria gestão da PrevidênciaSocial foi destacada por muitosparlamentares, como pas~o funda­mental para um aproveitamentonos recursos em prol da populaçãoe não com desvios para atividadespolíticas, como registrou o consti­tuinte Arnaldo Faria de Sá. Estademocratização implicará respon­sabilidade de toda a sociedade pa­ra o bom andamento da institui­ção.

O constituinte Inocêncio Olivei­ra (PFL - PE) é um dos líderesde seu partido na Assembléia Na­cional e considerou como ponto­chave para que os trabalhos cons­titucionais propiciassem um dosmelhores textos da nova Carta anegociação realizada em torno docapítulo referente à seguridade so­cial (onde estão as seções Saúde,Assistência Social e PrevidênciaSocial). "Procuramos harmonizarneste texto - disse o parlamentar-, atender todos os segmentos so­ciais envolvidos, de modo a defen­der o interesse maior, que é o dopovo brasileiro."

Jornal :da Consti

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aro previdenciário para todos

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acredita que desta maneira haveráuma maior fiscalização da arreca­dação do órgão. Assim igualmen­te, o governo não será o único ges­tor da Previdência e não poderámais estabelecer critérios adminis­trativos e objetivos na qualidadede única instância decisória, masterá que submeter seu projeto auma gama maior de indivíduos, in­vestidos como representantes deoutros setores da sociedade.

Jorge Uequed salientou tam­bém a diversificação das fontes decusteio do sistema previdenciário.

I "A manutenção do sistema não sefará somente através da contribui­

I ção compulsória dos trabalhado­res, mas além da folha de salários,

a seguridade terá recursos oriun­dos do faturamento e do lucro dasempresas, isto sem contar com adefinição - prevista na novaConstituição - de percentuais doorçamento das três esferas de po­der (União, Estados e Municí­pios)." Jorge Uequed disse quetambém não se pode ignorar acontnbuição que a Previdência re­ceberá de uma maior participaçãopercentual nos concursos de prog­nósticos e acrescentou: "Hoje sóo trabalhador mantém, obrigato­riamente, o sistema previdenciá­rio, pois outros setores praticama sonegação e que acabam reve­lando a triste realidade de que,quem sonega é sempre beneficia­do, no caso da Previdência.'

Quanto à parte relativa à previ­dência SOCIal, ainda, Jorge Ue­qued considerou, como muitosparlamentares, um ganho relevan­te a nova forma de cálculo paraos proventos da aposentadoria,apresentando um dado concretoSIgnificativo: "O cálculo baseadonos últimos 36 meses, na médiacorrigida monetariamente e nãopela tabela trimestral da previdên­cia representará para o trabalha­dor que irá se aposentar após apromulgação da nova Constitui­ção um ganho que está na casados 30%."

Já o constituinte Farabulini Jú­nior (PTB - SP) procurou centrarseus pontos de vista na questãoque considerou fundamental nocapítulo da Seguridade Social, queé exatamente a parcela nos dispo­sitivos que tratam dos aposenta­dos e os seus benefícios. O Parla­mentar paulista considerou, inclu­sive, como principal ponto nesteparticular, a conquista, pelos futu­ros aposentados, de uma base decálculo que considerou mais rea­lista e justa, qual seja a de consi­derar a média de 36 últimos salá­rios que serviriam como referênciapara o benefício depois de corri­gidos monetariamente mês a mês,fato que anularia eventuais perdasno período.

Farabulini Júnior salientouigualmente que pelos dispositivosaprovados, os aposentados não se­rão afastados da participação emsuas respectivas categonas profis­sionais. Pelo resultado da votaçãoem Plenário ficou assegurado queo direito ao aposentado não so­mente de votar, mas também deser votado, ressaltou o Parlamen­tar do PTB. "Desta forma, os apo­sentados sentar-se-ão à mesa jun­to com os trabalhadores da ativa,bem como com empresários, demodo a promover a fiscalizaçãoe controle externos, na forma decolegiado, das atividades da Previ­dência Social."

PROPORCIONALIDADE

Outros pontos., de acordo comFarabulini Júnior, não podem sermenosprezados no corpo do traba­lho realizado pela Assembléia Na­cional Constituinte. O Parlamen­tar paulista destacou a conquistada proporcionalidade para a mu­lher, que pode agora aposentar-seaos 25 anos. A proporcionalidade(aposentadoria aos 30 anos) parao homem, segundo ele, era umaconquista antiga, mas foi preser­vada. Outra vantagem importan­te. "Nmguém recebe menos queum saláno mínimo como benefício- frisou Farabulini Júnior -,além de termos garantido uma vi­da digna aos dependentes e às viú­vas, pois asseguramos que eles re­ceberão o mesmo tanto que o con­tribuinte falecido." E mesmo nasDisposições Transitórias Farabu­lini Júnior considera que poderáhaver um substancial ganho paraos atuais aposentados, na medidaem que já se fez um acordo quepermitirá introduzir no texto a re­visão dos benefícios hoje recebi­dos por essa categoria. Farabulini,entretanto, amda não se mostrousatisfeito com o estabelecido peloacordo e apresentará proposta deredução de dois para um ano doprazo para cálculo e pagamentodos benefícios já com as correçõesefetuadas.

O Constituinte Arnaldo Fariade Sá (PMB - SP) também con­corda que uma das grandes con­quistas no capítulo referente à Se­guridade Social será a recompo­sição do poder aquisitivo do apo­sentado pela modificação da basede cálculo, introduzindo a corre­ção monetária dos 36 últimos salá­rios de modo a obter uma médiamais realista para os proventos."A maior preocupação que eu ti­nha era exatamente com aquelesque se aposentam por idade,quando, em geral, o ano final éo pior, pois ele trabalha quase co­mo se fosse de favor. Desta forma,não poderia concordar com a utili­zação somente no último ano co­mo base de cálculo para a aposen­tadoria ."

PENSÕESOutro ponto fundamental, na

opinião de Arnaldo Faria de Sá,foi a rnodiftcação observada no pa­gamento de pensão. Os pensionis­tas atualmente recebem 50% nobenefício do trabalhador falecidocom um aumento de 10% por cadadependente. "Como o trabalha­dor falecido recebia quase nada,a viúva, por exemplo, recebia ape­nas a metade de quase nada." Apartir da promulgação da novaCarta, o benefício será no valor

do salário integral, sem reduções.Além disso, o benefício que antesera privilégio apenas das mulheresfoi estendido aos homens.

Quanto à questão dos recursos,Arnaldo Faria de Sá se mostra ra­dical e irredutível: "Não interessaaos aposentados e pensionistas sea Previdência terá ou não condi­ções de arcar com o pagamentodos benefícios. O governo quepromova a cobrança de quem de­ve à Previdência e não promovaanistias fiscais sobre os débitosprevidenciários como ocorre ho­je." Arnaldo Faria de Sá lembrouque estados e municípios devemà Previdência atualmente um valorque gira na casa dos 47 bilhõesde cruzados. "Não podemos nosesquecer também que os recursossempre faltam para sistema previ­denciário, mas não para o uso polí­tico. Na última administração daPrevidência, por exemplo, foramadquindos, sem concorrência,mais de 300 apartamentos em Bra­sília e com dinheiro público. Istosem contar os mais de 500 veículosadquiridos de forma irregular, aaquisição de prédio na praia deBotafogo, quando a Previdênciase prepara para vir em definitivopara o Distrito Federal, além doprédio da Previdência em Botafo­go". E concluiurA Previdênciatem que tirar o aposentado e opensionista desta situação de pe­núria a que estão este indivíduoscondenados ."

VALOR DO IDOSO

Arnaldo Faria de Sá consideraainda que na sociedade brasileirafalta uma maior consciência do va­lor do idoso. "É preciso que osjovens de hoje se lembrem queserão os idosos de amanhã e quepor isso mesmo deve haver respei­to e consideração pelo cidadãoidoso. A situação, na opinião doparlamentar paulista, é grave tam­bém porque os próprios aposen­tados, por exemplo, ao invés devirem pressionar em grande nú­mero para que fossem consignadasconquistas para a categoria, "so­mente poucos e sempre os mes­mos é que se empenharam nas lu­tas do aposentado". Arnaldo Fa­ria de Sá afirmou inclusive que osprópnos sindicatos e as centraismostraram pouco interesse por es­ta questão.

O Constituinte Gerson Peres(pDS - PA) concordou com mui­tos parlamentares ao apontar ospontos que considerou como prin­cipais avanços dentro do capítuloda Seguridade Social. Entretanto,o deputado paraense consideroualguns outros aspectos que citoucomo essenciais. Entre eles estarianão somente a revalorização dos

benefícios pagos aos aposentadose pensionistas, mas principalmen­te o dispositivo que estabelece queo aposentado receberá o mesmoreajuste em seus benefícios que ostrabalhadores da ativa receberemem seu salários.

O Constituinte Gerson Peresconhece de perto a situação dequem se aposenta e vai assistindolentamente o processo de degra­dação de seus benefícios. Ele lem­brou a situação de seu pai, queaos 60 anos, depois de ter contri­buído durante toda uma vida, re­cebia somente 2 mil e 500 cruzadosmensais. "Quanto mais tempo otrabalhador passa na condição deaposentado, maior é a defasagemcom relação aos proventos que re­cebia na ativa, e mais miserávelse torna a sua condição". Dessaforma, de acordo com o parlamen­tar, tornava-se imprescmdível re­verter essa situação, aprovando odispositivo que garantia reajustesproporcionais aos trabalhadoresque estão em efetivo exercício desua profissão.

Gerson Peres definiu ainda co­mo conquistas no setor de seguri­dade social, em primeiro lugar auniversalidade - benefícios a to­dos os brasileiros e não somenteaos contribumtes - bem como aassistência social que dará apoioaos deficientes físicos e aos idosos.Em segundo lugar, o parlamentarparaense destacou também a mo­dificação na base de cálculo dosproventos dos aposentados, coma utilização dos 36 últimos meses.Gerson Peres lembrou que exis­tiam emendas que propunham umnúmero menor de meses para obenefício, mas o deputado consi­derou que todas essas proJ?osiçõesiriam prejudicar de maneira maisevidente os benefícios daquelesque ganham salários menores."Com esse dispositivo que estabe­lece como base de cálculo os últi­mos 36 meses, serão favorecidosos brasileiros que recebem saláriosmenores, o que significa a maiorparte do universo dos benefíciã­rios da Previdência Social noPaís."

Além disso, Gerson Peres des­tacou a proposição que garante oque ele qualificou de seguro para­lelo. Esta medida, segundo expli­caçao do constituinte paraense,permite não somente que o contri­buinte faça o seu recolhimento pa­ra a Previdência Social, mas igual­mente abre a possibilidade, se otrabalhador assim desejar, de ou­tras formas de planos de seguri­dade, mas já no âmbito da inicia­tiva privada.

Humberto Martins

tuinte 9

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Belém nãoquer PMDB.desagregado

o grandeerro,

especialmentedo PMDB, foitransformaruma questãoadjetiva, o

mandato dopresidente

Sarney, numabandeirade luta

plantação do regime parlamenta­rista?

Raul Belém - Evidentemente.O regime parlamentarista de go­verno seria uma grande evolução.Completaríamos ~ n?s~o êxito n31redação da Constituição brasilei­ra, se tivéssemos implantado o re­gime parlamentar de governo. Oregime parlamentar de governoporia fim a esse centralismo absur­do que é o presidencialismo, a essegoverno familiar, a esse governoque é, na realidade, um governode instabilidade permanente, l?or­quê o presidencalismo tem SIdo,na América Latina, a ante-sala dogolpe militar. C;om a aprovaçã?do parlamentarismo - e esta ea grande frustração que levo daConstituinte: não termos aprova­do oparlamentarismo -, C0n;t ?parlamentarismo vma uma dIVI­são racional do poder, daríamosa esta Casa um novo pOSICIOna­mento na vida nacional, daríamosdimensão ao Poder Legislativo epoderíamos criar, inclusive, umaburocracia responsável neste paíse acabar defimtivamente com es­sas experiências de messianismo,de iluminados que acabam, vezpor outra, a se proporem comosolução para o país num processopolítico retrógrado, porque o Bra­sil já tem todas as condições deter um governo com divisão de res-

Belém: a grande contribuição que daríamos a este país seria Implantar o parlamentartsmo . .

ponsabilidades, com distribuição vas, ~~'1uantoliderou o l?artld0.n0de responsabilidades. Essa centra- plenário , recebeu o apoio maC:lÇolização que representa o presiden- do centro e da esquerd~ do partidocialismo nos leva a um governo no sentido d~ apr?vaçao dos ava~­familiar. paroquial, que conduz ço~ na C~nstltUIçao. ~ortanto, naoindispensavelmente à corrupção. vejo ra~ao. e as r~zoes que_ vejoE o parlamentarismo? Seria real- são razoes regionais que estaI?fa­mente uma nova perspectiva para zendo com que companheiroso Brasil. abandonem o partido. O PMDB

. tem vmte e poucos anos; pode pa-JC - Como Vai ficar o qu.adro recer que seja um partido velho

partidário após a pr?mulgaçao da porque é um dos mais velhos .donova Carta? Havera grandes mu- país hoje, mas ainda e um partidodanças? menino. Os partidos na Et,lfopa

Raul Belém - Acho que vai ha- t~m cem anos, ~obram o secu!o,ver, e está havendo, e eu lamento VIVem as suas cnses, as su~s difi­muito porque acho que o PMDB culdades e as superam. Nos eS,ta­está sbfrendo uma grande injus- mos vivendo _a l}0ssa primeiratiça, o PMDB é um partido de cen- gran?e crise, nao e hora de,os no~­tro-esquerda, é basicamente um sos líderes pega!~mo,chapeu e SaI­partido de centro liberal com um rem, ao, contrapo, e hora de osgrupo à esquerda e um grupo à ~ossos líderes flcar~m para dISCU­direita. Esse grupo à esquerda v~- t~r o partido, aperfeiçoarem o par­ria nos seus matizes, como varra tido e contmuart:m o proc~sso dao grupo a direita. Esse partido, redemocratização do pais 7 deque durante 21 anos resistiu à dita- construção.de uma outra socieda­dura no Brasil com bravura, com de n~ Brasil,obstinação, com sacrifício, está VI- Nao me con,f?rmo de ver umvendo a sua primeira experiência líder como .Mano C;ovas - quede poder. E vivendo uma expe- tem o resI?elt~ de no~ todos, queriência extremamente alcançada e tem a admiração de nos todos~ queprejudicada pela própna força do liderou o par~Id? com gra~de êxitodestino porque ganhamos as elei- nessa .Con~tItumte. - sair agorações com o Presidente Tancredo sem discutir ,o partido. .Neves, e quis o destino que ele O qu~ esta levando co~panh~I­

entrasse morto no Palácio do Pla- ros a sair do PMDB? .(\ discussãonalto. do mandato. do presidente Sar­

Portanto, é evidente que não e~- ney? Uma dlscu~sao adjetiva Etamos governando com o presi- pergunto: Qual e a prop.osta quedente que gostaríamos, mas o mo- nóstemos para uma e~elçao a nívelmente é de transição. Essa é uma nacional este ano? Nao temos ne­experiência de poder em que o po- nhuma. O problema do. !?a~datoder está dividido. Não estamos é o problema .de con':.emencla po­participando do governo integral- lí!ica dos part~d.os e nao uma qlfes­mente, é um governo do qual par- tao programatIc~. Ley~u-se ISSOtieipa o PMDB, mas participam para um plano Ide?lo~ICO~ paraoutras forças antagônicas ao um processo de radicalização ab­PMDB. É um governo de transi- solutamente passI.on~l, o que, a?ção é um governo frágil e é um meu ver, esta prejudicando a um-gov~rnodequemoPMDBvem-se dade do PMDB. . .afastando e ele se afastando do Mas eu tenro participado dePMDB. reuniões com companheiros que,

Mas vejo que seria um ato de como e~, também ~ão fundadoresequilíbrio e de bom-senso se .os do.partido, no sentido ?e se ~entarcompanheiros que hoje estao sain- evitar essa desagregação, ate por­do permanec~ssem pa!a rediscu- que entende_que, a esta altura,tirmos o partido, que e hoje uma a desagregação do,~MDB, comofrente ampla e que agora, após a grande part~d~ polItI~o no proces­Constituinte, terá que ter um per- so de transição da ditadura parafil mais definido, terá que ter uma a democracia e um desserviço 310cara mais definida sob o ponto de país. Acho que o PMDB te!? am­vista ideológico. da um longo percurso a caminhar,

JC - A esquerda acha que o tem umél; infinidade de serviços aPMDB está hoje mais ligado à di- prestar a naçao, e. temos lutadoreita par~ que companh~Iros de)~nmeI­

Raul Belém - Não é o que de- ra linha, como o líder Mano Co­monstrou o comportamento do vas, pern~aneçam na ~eg,e!1da.partido na Assembléia Nacional Acho a SaI?a um erro histórico eConstituinte. O que tivemos na acho que n.ao pod.emos, a esta ho­ANC foi o voto de centro-esquer- ra, nos deIxar one~tar por ques­da no PMDB. O líder Mário Co- tões meramente regIOnaIS.

nador Máno Covas, deu uma de­monstração do senso de responsa­bihdade de que era titular. Vejaque se não fosse essa maiona decentro-esquerda do PMDB difícil­mente poderíamos ter conseguidotantas vitórias, seja no campo eco­nôrmco, seja no campo político,seja no social.

É verdade que tivemos algumasderrotas, ou melhor, tivemos umaderrota, que foi o episódio da re~

forma agrána. Mesmo aSSIm, fOIo resultado da intransigência, quetranscendia a esta Casa, da intran­sigência ditada de fora: que Imp~­

diu que o texto redigido, depoisdo buraco negro, pelo relator Ber­nardo Cabral - era um texto ex­celente, equilibrado, que re~pon­

dia às necessidades da realidadeagrãrra brasileira - não fosseaprovado na sua inteireza. ForadISSO, conseguimos aprovar COIsasde suma Importância, sempre bus­cando o acordo com as outras lide­ranças nesta Casa, sempre buscan­do através do entendimento, essaev~lução, que foi um~ evoluçãodiscutida, uma evoluçao conquis­tada no diálogo, na conversação,no entendimento.

JC- Deputado, acreditaque osavanços alcançados até agora po­derão ser revistos no segundo turnode votação?

Raul Belém - Eu não acredito.Na medida em que nos mantiver­mos, nós do PMDB, unidos, nãopermitiremos retrocessos ao quese alcançou: Eu não acredito nesseretrocesso. Está provado que asforças da direitanesta .Casa nãotêm número para propiciar a apro­vação de medidas que não estejamem sintonia com a alma popular.Acho que cometemos al?uns er­ros, e o grande erro cometido, so­bretudo pelo meu partido, nestaCasa, foi transformar uma questãoadjetiva, que é o mandato do pre­sidente Sarney, numa bandeira deluta. Este foi um erro de perspec­tiva que incorremos nele e que foirealmente responsável, inclusive,a meu ver, por não termos conse­guido aprovar o grande avanço damudança do regime.

Eu, parlamentarista convicto,defendi sempre, dentro do meupartido, a negociação do parla­mentansmo ou cmco anos de go­verno para o presidente Sarney,porque a mim me pareceu sempreque a mudança .doregime era.umaquestão essencial e substantiva eseria, a meu ver, a grande contri­buição que daríamos a este pa~s:

a implantação do parlamentaris­mo. Nós tínhamos tudo, num de­terminado momento, para nego­ciar essa mudança de regime coma aprovação dos cinco ano~ demandato. Não entendeu assim aliderança do partido e insistiu emdar ênfase à discussão do manda­to. Quatro ou cinco anos passoua ser uma discussão emocional,passou a ser uma discussão atépassional e, a meu ver, absoluta­mente equivocada.

JC - O fundamental seria a im-

Uma das maiores preocupa­ções do constituinte Raul Be­lém (PMDB - MG) é com asaída de parlamentares de seupartido: "Seria um ato de equi­líbrio e de bom-senso se oscompanheiros permanecessempara rediscutirmos o partido,que é hoje uma frente amplae que agora, após a Constituin­te, terá que ter um perfil maisdefinido, terá que ter uma caramais definida sob o ponto devista ideológico". Belém afir­ma que a nova Constituição se­rá um passo adiante na vida dopaís, não acredita que os avan­ços conseguidos até agora se­jam revistos no segundo turnode votação e lamenta a não im­plantação do regime parlamen­tarista, que, a seu ver, poriafim ao centralismo absurdoque é o presidencialismo, "an­te-sala do golpe militar".

JC- Deputado, um ano e ancomeses de trabalho da AssembléiaNacional Constituinte. Como vêesse período?

Raul Belém - Foi um períodode muito trabalho, muita dedica- .ção muito sacrífício, às vezes demuita incompreensão, mas um pe­ríodo que vai possibilitar ao paísum texto que considero muitobom. Acho que vamos dar ao po­vo brasileiro uma Constituiçãoque é sem dúvida alguma, umavanç~, um passo adiante na vidado país. As discussões, os debates,a presença constante da socie<;ladebrasileira fazendo suas legítimaspressões, nesta Casa, o patriotis­mo, o espírito público, a consciên­cia da grande marona dos consti­tuintes e sobretudo o trabalho daslideranças acabaram por dar aoBrasil um texto constitucional queserá, ao longo do tempo, melhoranalisado, e então se fará à As­sembléia Nacional Constituintejustiça. Acho que poderemos .sai,rdesse nosso trabalho com o livri­nho da nova Constituição nasmãos e levar orgulhosamente aopovo brasileiro, mostrando o quese avançou em termos da legisla­ção maior.

JC - Qual a participação dodeputado nesse trabalho?

Raul Belém - Eu sou um ho­mem do PMDB, absolutamenteafinado com o programa do meupartido. Procurei dar a minha con­tribuição dentro deste programae acho que o meu partido foi epartido decisivo nesse avanço aque me referi. Acho que o PMI?B,hoje tão criticado, neste momentode transição, de dificuldades e decrise política, o PMDB foi, porser um partido majoritário, o quemelhor contribuição deu na feitu­ra do texto constitucional. O nossopartido, que é um partido de cen­tro-esquerda, no seu programa,sem dúvida nenhuma, nas vota­ções em plenário, seguindo aorientação do eminente líder, se-

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Conquistas devem ser mantidas

Genoíno: a sociedade vai exigir partidos estáveis, com coerência programática

Acho que isso não é positivo.Os partidos, sindicatos, entida­

des populares, a Assembléia Na­cional Constituinte têm de buscarmeios para fazer com que a polí­tica volte a interessar ao povo. Opovo não pode ter uma atitudeapolítica, ele tem de criticar as po­líticas. Há políticas e políticas, hápolíticos e políticos.

JC - Como estáo momento po­lítico brasiietro hoje?

José Genoíno - Muito delica­do, porque atravessamos uma pro­funda crise de governo, uma pro­funda cnse econômica, e com oscinco anos encontramo-nos diantede uma situação difícil, porquecom cinco anos para o Sarney essacrise vai-se prolongar e tende aaumentar esse fosso entre a popu­lação e o descrédito em relaçãoàs instituições governamentais.

Por outro lado acho que a Cons­tituinte nasce não é nessa situaçãodelicada, pagando muitas vezesum preço quando ela nem é culpa­da por esse desânimo e por essedescrédito. Também achamos queesse momento de crise é mais geralporque há uma espécie de faltade perspectiva. Hoje o grandeproblema para os partidos políti­cos é defender uma alternativa po­lítica que dê rumo à sociedade queestá, vamos dizer assim, esgarça­da.

José Genofno - Porque a socie­dade sofreu grandes decepções. Opovo brasileiro sofreu a derrota ea decepção com a Nova Repúbli­ca, com o cruzado, com as eleiçõesde 86. Esperamos que não sofrauma quarta decepção com essaConstituinte. Um povo que sofredecepção fica cético, fica desacre­ditado, perde a perspectiva. Achoinclusive que o grande fator, ogrande motivo das eleições de 15de novembro de 1988é exatamen­te buscar essas alternativas políti­cas capazes de criar um novo âni­mo, uma nova perspectiva de inte­resse pela política. O povo estáapolítico, cético e desmobilizado.

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que eu acho e que a direita nãoaceita é que se coloque em deter­minados ramos da atividade eco­nômica a presença do estado, por­que é necessário, são ramos estra­tégicos e também o lucro não éimediato, não é rápido.

Além do mais, esse argumentoquanto à presença do estado dizrespeito aos setores de serviço,porque se tirar a presença do esta­do num país como o Brasil, como nível de miséria, com a péssimadistribuição de renda, a populaçãopobre vai ficar entregue à expec­tativa do lucro imediato e tendea piorar.

JC - Muitos acham que a reser-­va de mercado tem um aspecto decaráterconjuntural e que não deve­riaser inserida como norma consti­tucional.

José Genoíno - É um equívoco.Hoje, reserva de mercado emqualquer país moderno é umaquestão estratégica - os EstadosUnidos, a Espanha, a Inglaterra,a União Soviética. E hoje estãofalando muito da perestroika deGorbachev, é só ver na perestroi­ka que ele defende a reserva demercado. Um país que não temreserva de mercado para defendera tecnologia, a indústria fina, a in­dústria de ponta está-se entregan­do a um processo de internacio­nalização que é contraditório comqualquer desenvolvimento autô­nomo. Portanto, acho que hoje areserva de mercado é uma questãoestratégica. Isso não significa iso­lacionismo, Significa uma relaçãocom os demais países em condi­ções de igualdade, porque essespaíses que pregam hoje a interna­cionalização e são contra a reservade mercado têm a reserva de mer­cado nos seus territórios para de­terminados fundos da atividadeeconômica.

JC - Deputado, há um certodesencanto na sociedade com o tra­balho da Assembléia Constituinte.Por quê?

Nós devemosapoiar o quê?

O que éavançado,

o que épositivo, e

denunciar oque achamos

que nãoatende aosdesejos dasociedade

José Genoíno - Acho que, seavaliarmos o PT nos últimos anos,veremos que ele tem crescido. Oresultado da última eleição é umexemplo disso, e o resultado daspesquisas neste ano de Constituin­te. O PT mantém-se coeso, nãosaiu ninguém do PT, e entendoque a tendência do PT é o cresci­mento, pela sua homogeneidadeprogramática e pela sua coerênciaorganizativa e porque é um par­tido que busca agir de acordo comos anseios populares. Acho queno Brasil vão ter fim esses partidosmeramente fisiológicos, mera­mente eleitoreiros. A sociedadevai exigir partidos estáveis, commaior coerência programática eorganizativa.

JC - Os parlamentares, espe­cialmente do Centrão, apontamuma tendência estatizante nesse no­vo texto constitucional. Concordacom isso?

José Genoíno - Não concordo,acho que esse texto não é estati­zante. Tem dois dispositivos quegarantem o princípio da livre ini­ciativa de maneira absoluta tantono direito individual, que equipa­ra a livre iniciativa do direito depropriedade com o direito à liber­dade e à vida, como na ordem eco­nômica um dos seus rressupostosé exatamente a livre iniciativa. O

crática. Acrescentaria aí o dispo­sitivo da anistia que ainda vamosvotar no ato das Disposições Tran­sitórias. Como acho muito difícilpassar uma anistia ampla, geral eirrestrita, a Carta poderá ficar comessa mácula, não estabelecerigualdade para todos os brasileirosatravés de uma amstia ampla, ge­rai e irrestrita.

Portanto, acho que temos no se­gundo turno dispositivos a seremsuprimidos e temos no segundoturno dispositivos a serem manti­dos e esperamos que a direita, oCentrão, não queira retirar algu­mas das conquistas sociais quepassaram no primeiro turno, prin­cipalmente no terreno dos direitossociais, porque, se isso ocorrer, oque sobra desta Constituição,após mais de um ano de trabalho,mais de um ano de debates? Nãoqueremos que esta Constituinteseja mais uma frustração do povobrasileiro.

JC - Mantidos os avanços quedestacou, acredita que é um textobom?

José Genoíno - Acho que o tex­to da Constituição é reflexo da so­ciedade brasileira. Os debates fo­ram muito ricos. Acho que estáaquém do que a sociedade exige,do que a sociedade quer do pontode vista dos seus direitos e das li­berdades democráticas. É claroque se comparar com a Constitui­ção vigente ela está à frente daConstituição dos militares, e nãopodia estar atrás, nem igual, masse considerar com as exigênciasdemocráticas, com as exigênciaspopulares, acho que o texto, mes­mo aprovado do Jeito que está ho­je no primeiro turno, está aquém,e eu destacaria principalmente oda reforma agrária, a questão datutela militar, a questão da anistiae alguns dos dispositivos dos direi­tos mdividuais e sociais.

Portanto, a nossa avaliação temde ser em relação às exigências dasociedade. Devemos ter uma ati­tude de apoiar aquilo que é avan­çado, aquilo que é positivo, de­nunciar o que achamos que nãoatende aos desejos da sociedadee dar continuidade a essa luta narevisão constitucional, na reformaconstitucional.

JC - O PT ameaça, por vezes,não assinar o novo texto constitu­cional. Há essa possibilidade con­creta?

José Genoíno - Essa possibi­lidade poderá existir se no segun­do turno algumas das conquistasparciais forem riscadas do textoconsntucional, como está amea­çando o Centrão, como está amea­çando o documento da Fiesp, co­mo estão ameaçando alguns pro­nunciamentos até militares. Porexemplo, com a retirada do votodos 16 anos, como do direito degreve, com a retirada de algunsavanços nos direitos individuais,como o habeas data, como o man­dado de injunção, o mandado desegurança coletiva, pergunto: Oque sobra da Constituição?

Para nós não se trata de dizeragora se vamos assinar ou se nãovamos assinar. Trata-se agora deir para o segundo turno para ga­rantir essas conquistas e avançaratravés de emendas supressivas.No final de tudo, dependendo doresultado, vamos fazer uma novaavaliação.

JC - Promulgada a Constitui­ção, deve ocorrer uma reformula­ção partidária. O PT Vai crescer?

A nova Constituição "estáaquém do que a sociedade exi­ge, do que a sociedae quer doponto de vista dos seus direitose das liberdades democráti­cas". A afirmação é do consti­tuinte José Genoíno (PT ­SP), que pretende ver manti­das, no segundo turno de vota­ção, "algumas conquistas par­ciais que foram obtidas nessavotação do primeiro turno",sob pena, acrescenta, de queesta Constituinte seja maisuma frustração para o nossopovo. Caso isso ocorra, Genoí­no admite a possibilidade deo PT não assinar o futuro textoconstitucional: "No final de tu­do, dependendo do resultado,vamos fazer uma nova avalia­ção". Ele garante também queo PT, numa possível reformu­lação partidária, manterá atendência de crescer.

JC - Deputado, a Constituinteestá terminando a votação em ple­nário no primeiro turno. O que vaiacontecer no segundo turno de vo­tação?

José Genoíno - Acho que o se­gundo turno vai ser um embateimportante do ponto de vista polí­tico. Primeiro porque de algumasconquistas parciais que foram ob­tidas nessa votação do primeiroturno será importante a manuten­ção na votação do segundo turno.Refiro-me a alguns avanços nosdireitos individuais, nos direitossociais e na ordem social, particu­larmente no capítulo da comuni­cação, alguns dispositivos da famí­lia e da educação. No entanto,achamos que há dispositivos quenecessitam ser retirados, suprimi­dos da Constituição e destaco emprimeiro lugar um dispositivo so-

.bre a reforma agrária que absolu­tiza o direito da propriedade pro­dutiva, impossibilitando qualquerprocesso de desapropriação, Signi­ficando um retrocesso em relaçãoà legislação vigente, isto é, o Esta­tuto da Terra.

No terreno dos direitos indivi­duais, acho importante suprimirtrês dispositivos que significam umretrocesso em relação à democra­cia política no país, que é a igual­dade do direito de propriedade aodireito à vida. Em segundo lugara pena de morte para a guerra de­clarada. A guerra declarada é umtermo abrangente e amplo. Emterceiro lugar a questão da igual­dade do crime de tortura com ocrime de drogas e com os cnmeshediondos. Achamos que os cri­mes de drogas e os crimes hedion­dos e terroristas deveriam ser tra­tados separadamente, porque atortura é um cnme do estado.

Nos direitos sociais é importan­te manter os avanços no direitode greve, na licença-gestante e tur­no de seis horas, mas é importantetambém democratizar a organiza­ção sindical, porque se garantiu atutela em relação ao estado. Tam­bém acho que há um título damaior importância, que deve serdebatido em segundo turno aindacomo supressivo, que é o títuloque trata da organização do estadono que diz respeito à segurançae papel das Forças Armadas. Aexistência do estado de defesa ealguns mecanismos que garantema tutela militar é também contra­ditória numa Constituição demo-

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Aposentadoria será mais justa

Faria de Sá' a responsabilidade pelo idoso é de todos -:- governo, comunidade e família

Jornal da Constituinte

pode íazer usina nuclear, Itaipu, costas. E, quando eu digo que nãoque quer fazer a Norte-Sul, que é só o governo, eu estendo a res­fez ponte Rio-Niterói, tem que ter ponsabilidade para todo o mundo;dinheiro para poder pagar ao apo- para o governo estadual, para osentado e à pensionista. governo municipal, para a comu-

Ora, hoje estão alguns preocu- nidade, para a família.pados com o problema de caixa Se a Previdência Social tem di­da Previdência. Eu quero saber se nheiro para usar politicamente,alguém deste governo irresponsá- como está usando, nas verbas dovel - que devia ser responsável, sistema de saúde, que é dinheironão só o atual como o anterior do previdenciário, que está sendotambém, e outros - se preocupou usado politicamente nas secreta­com os problemas de caixa do apo- rias de saúde dos estados ou nassentado ou da pensionista, quando secretarias de higiene e saúde doseles não tinham dinheiro para municípios, não pode ser usado ocomprar remédio, quando não ti- dinheiro necessario para o com­nham dinheiro para comprar ali- bate a endemias. O dinheiro ne­mento, quando não tinham di- cessário para o combate a algumasnheiro para morar, quando não ti- doenças tem que ser do Ministérionham dinheiro para sobreviver. da Saúde, e não do Mimstério daNinguém se preocupou com pro- Previdência. Eu acho que o gover­blemas de caixa de um coitado no tem realmente que se preocu­desses. Por que vamos nos preo- par com o combate à Aids, mascupar com os problemas de caixa quem tem que dar dinheiro parado governo? A última administra- combater a Aids é o governo, éção da Previdência deixou provas o Ministério da Saúde e não o Mi­eloqüentes de malversação de di- nistério da Previdência.nheiro público. A compra de mais JC - Deputado, o arcabouçode 300 apartamentos em Brasília da Previdência está aprovado napara alguns dirigentes da Previ- nova Constituição. O que fica paradência Social, a compra de mais a legislaçãocomplementar ou ordi­de 500 veículos, sem concorrência nâria?pública; a comp~a do prédio da I ArnaldoFariade Sá - Na legis-

lação complementar ou ordináriateremos de decidir, posteriormen­te, as formas de concessão dasaposentadorias. Já está decididoque teremos aposentadoria poridade, aos 65 anos para o homem,aos 60 anos para a mulher. Essaidade da mulher tena sido supri­mida na Comissão de Sistemati­zação, mas numa emenda nossafizemos voltar. Para os trabalha­dores rurais, a aposentadoria poridade, com cinco anos a menos;·60 para o homem e 55 para a mu­lher. A aposentadoria para as pro­fessoras aos 25 anos, limitados a1° e 2° graus; foram excluídas aíos professores de nível umversi­táno. E uma conquista já anterior,que foi mantida nessa fase. Tam­bém se tentou suprimir; com mui­ta luta foi mantida. A aposenta­doria por tempo de serviço ao ho­mem aos 35 e aos 30 para mulher.E a proporcional, mantida para oshomens aos 30 anos, apesar de olobby da Previdência querer supri­mir; e criada a da mulher aos 25anos, que é a proporcional já exis­tente para' o homem e que nãoexistia para a mulher. '

E também a possibilidade demanutenção do abono de perma­nência, que é uma situação de al­guns aposentados e pensionistas,que não querem se desligar do em­prego, passam a ter direito ao per­centual de 20% e continuam noexercício de sua atividade profis­sional. Já falei anteriormente dapensão, que agora passa a ser inte­gral e que é extensiva a ambos ossexos. E uma coisa muito impor­tante, que nenhum aposentado,nenhum pensionista, poderá rece­ber um benefício menor que o no­vo salário mínimo. Digo o novosalário mínimo, o que foi previstono texto dos Direitos Sociais, nãoo salário mínimo que o Executivobaixa quando bem entende e cer­tamente com um valor bem infe­rior, como hoje, quando o Gover­no paga o benefício mínimo combase em 91,5% do Piso Nacionalde Salános e não em 100%. Tenta­mos conseguir que esse limite fos­se aumentado. Tivemos um pro­jeto aprovado no Congresso, masvetado pelo Presidente.

praia de Botafogo, no Rio de Ja­neiro, para instalar a Dataprev,quando toda a Previdência estásendo transferida para Brasília; acompra do prédio da LBA, emBelo Horizonte; a cessão do pré­dio aqui em Brasília para o Clubedos Previdenciários; e diversas ou­tras mazelas, que foi dinheiro jo­gado fora.

Por que agora todo o mundopreocupado com a dificuldade daPrevidência? A Previdência temque encontrar outras soluções, enós temos que tirar os aposenta­dos e pensionistas dessa situaçãode miséria, dessa situação de pe­núria, dessa situação da indigni­dade. E tem mais: não é só o go­verno o culpado do que acontececom o aposentado e o pensionista;é culpada a família, é culpada asociedade, é culpada a comunida­de, somos culpados todos nós,porque nos esquecemos de que,realmente, a pessoa idosa é res­ponsável pelo que o nosso país al­cançou nos dias de hoje. Nós nãopo?emos simplesmente virar as

Só a mulhertinha direito

à pensãoantigamente.

A partirde agora,pelo novotexto, a

pensão serádevida

a ambosos sexos

sionistas.

JC- A Previdência suporta ounão suporta esses novos encargosfinanceiros?

ArnaldoFariade Sá - Se a Pre­vidência suporta ou não suporta,o problema não é de cada aposen­tado, não é de cada pensionista.Se faltar dinheiro, o governo quepague para a Previdência sua cota­parte, que nunca pagou; o gover­no que cobre dos clubes de fute­bol, ao invés de conceder anistia;o governo que cobre dos estadose municípios, que devem mais de .45 milhões de cruzados para a Pre­vidência; o governo que cobre detodas as empresas que estão de­vendo à Previdência; o governoque procure aumentar as sobrasde arrecadação da Loto, da Lote­ria Esportiva, da Sena, e de todasessas outras formas de contribui­ção. Se a Previdência tiver proble­ma de caixa, o governo que suple­mente a caixa com dinheiro do Or­çamento, com dinheiro do Tesou­

.ro, _po~que o mesmo governo que

tadoria, nós passaremos a ter a­pensão mtegral. E a pensão agoratambém é extensiva aos homens.Só as mulheres tinham direito àpensão antigamente, porque,mesmo que a mulher trabalhasse,o seu companheiro não teria direi­to à pensão. A partir de agora,pelo novo texto, a pensão será de­vida a ambos os sexos.

Em relação aos atuais aposen­tados e pensionistas, já votamos,nas disposições transitórias, o art.49 do texto básico, que diz o se­guinte: que, para a ampliação dosbenefícios garantidos no capítuloda Previdência, inclusive os bene­fícios já concedidos, portanto osbenefícios em vigência dos apo­sentados e pensionistas, será ela­borado um plano, no prazo de 6meses, pelo Poder Executivo. Issoestá aprovado no texto básico.Nós ainda temos emendas a seremvotadas que poderão melhorar otexto básico. Mas, em tese, já estágarantida, com todas as letras, airevisão e atualização dos benefí­cios dos atuais aposentados e peno,

é o pior ano de trabalho, porquea pessoa está trabalhando quaseque de favor. E, se você ampliaro universo para 36 meses, terá aoportunidade também de contem­plar essas pessoas que se aposen­tam por idade com uma média umpouco mais humana, um poucomais justa, garantindo a ele, nofinal de sua vida, um rendimentoque lhe permita comprar uns re­,médios, uns alimentos e pagar alu­guel para manter a sua habitação.

JC - Como fica a situação dosatuais aposentados e pensionistas?

ArnaldoFariade Sá - Em rela­ção às pensionistas, nós tambémconseguimos um avanço. Os pen­SIOnistas, quando passavam a re­ceber o seu benefício, recebiam50% do valor da pensão do com­panheiro falecido e mais 10% pordependente. Sendo ela, em razãoda idade, a única dependente, apensão correspondia apenas a60% do valor da pensão, que Jáera, segundo o exemplo anterior,de 60%. Então, isso acabaria re­presentando um rendimento mui­to pequeno. E entendemos que,pelo fato de, na emenda, ser con­

-templada a pensão igual à aposen--

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--O no-vo texto constitucionaYvai produzir profundas mudan- 'ças nas estruturas vigentes nopaís, sendo que uma das princi­pais será no âmbito da Previ­dência Social. O constituinteArnaldo Faria de Sá (PMB ­SP), 3°-secretário da ANC, dizque a novidade se dará comrelação aos futuros aposenta­dos, que terão seus proventoscalculados com base no valorreal da média dos 36 últimossalários. Faria de Sá analisatambém a situação dos atuaisaposentados e pensionistas,frisando que já está garantidaa revisão e atualização dos be­nefícios que eles recebem. Elecomenta, ainda, se a Previdên­cia terá ou não capacidade parasuportar os novos encargos fi­nanceiros e aponta o que deve­rá ficar para a legislação ordi­nária.

JC- Deputado, o senhor subs­creveu emenda coletiva que geroucapítulo criando uma nova previ­dência no país. Por quê?

ArnaldoFariadeSá - Sabendode que o lobby da previdência,principalmente quando ainda erammistro Raphael de Almeida Ma­galhães, era muito forte no sentidode que se pudesse avançar na Pre­vidência Social, apresentamosuma emenda coletiva, para ter odireito de preferência, segundo oRegimento da Constituinte, e po­der garantir algumas situaçõesmais vantajosas para os aposen­tados e pensionistas.

JC - Deputado, quais seriamas grandes novidades?

Arnaldo Faria de Sá - A prin­cipal das novidades diz respeitoaos futuros aposentados, àquelesque irão se aposentar, porque osbeneffcios, atualmente, são conce­didos com base na média dos 36últimos salários, sendo que os pri­meiros 24 são corrigidos por umatabela feita pela própria Previdên­cia, e uma tabela defasada em re­lação aos índices de correção mo­netária, nos 12 últimos meses semnenhuma correção. E o benefício,na hora da concessão, comparan­do o último salário com o pnmeirobenefício, correspondia, em mé­dia, a 60%. E, então, a pessoa

_que se aposentasse já perdia umgrande percentual em relação aoseu salário anterior. E, atualmen­te, pelo que foi aprovado no textodo capítulo da Previdência Social,nas disposições permanentes, ossalários serão totalmente corrigi­dos, e corrigidos pelos índices liecorreção monetária.

Muitas pessoas apresentaramemendas no sentido de que o cál­culo fosse pelos últimos 12 meses,algumas emendas até falavam noúltimo mês. Nós não concordamoscom essa tese porque poderia darmargem a fraudes. Algum empre­gado, em conluio com o empre­gador, ou o próprio empregador,quando estivesse próximo da suaaposentadoria, poderia fazer qual­quer jogada. E, quando nós fala­mos em 36 meses, nós pensamostambém naqueles que se aposen­tam por idade, que é o grande nú­mero de aposentados da Previdên­cia SOCIal. E quem se aposenta poridade, o último ano, geralmente,

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Constituinte reverencia Távora

UPT. Saudações."

o presidente Sarney compareceu ao velório no Salão Negro do Congresso

Um articulador paciente, umpatriota, um líder nato, corajoso,sincero, estudioso e sóbrio: estasqualidades do senador cearenseVirgílio Távora, falecido no dia10, foram lembradas pela Assem­bléia Nacional Constituinte na ses­são solene que reverenciou a suamemória na última quarta-feira. Asessão, presidida pelo constituinteMauro Benevides, teve a presençado presidente da República, emexercício, deputado Ulysses Gui­marães, que num discurso emocio­nado lembrou a figura do parla­mentar e administrador, ex-minis­tro e ex-governador do Ceará, de­saparecido aos 69 anos de idade,vitimado pelo câncer, moléstiaque enfrentou em silêncio e comresignação nos últimos meses.Além de Ulysses, discursaram osconstitumtes Cid Sabóia de Carva­lho (PMDB - CE), Lúcio Alcân­tara (PFL - CE), Jarbas Passa­rinho (PDS - PA), Elias Murad(PTB - MG), Moema São Thia­go (PDT - CE), Irma Passoni(PT - SP), Mauro Borges (PDC- GO), Edivaldo Holanda (PL- MA), Ademir Andrade (PSB- PA), Aldo Arantes (PC do B- GO), Roberto Freire (PCB-PE) e Ney Maranhão (PMB ­PE).

Após a abertura da sessão, opresidente Mauro Benevidesconstituiu uma comissão para m­troduzir no plenário o Presidenteda República em exercício, Ulys­ses Guimarães. Essa comissão foiintegrada por Humberto Lucena,presidente do Senado Federal, pe­los líderes partidános e vários I

constituintes, entre os quais Ber­nardo Cabral, Sandra Cavalcanti,Amaral Netto, Amaury Müller eEdison Lobão. Entre os presentesestavam os ministros da Educa­ção, Hugo Napoleão; da Ciênciae Tecnologia, LUIZ Henrique; oministro Oscar Corrêa, do STF;familiares e amigos de Virgílio Tá­vora.

Cid Sabóia de Carvalho desta­cou o fato de Virgílio Távora tergasto suas últimas energias em de­fesa dos mteresses da Constituintee da Pátria. E colocou o parla­mentar cearense como um exem­plo de disciplina e de responsa­bilidade no trato da coisa pública,caracterizando-se, ainda, comoum conciliador cuja atuação con­tribuiu de forma decisiva para oalcance de diversos acordos nocorrer dos trabalhos da ANC. CidSabóia salientou, em seguida, aqualidade da administração deVirgílio Távora como governadorcearense, principalmente na áreasocial.

Lúcio Alcântara avaliou a im­portância de Virgílio Távora parao Ceará e para o Nordeste, e enfa­tizou a qualidade daquele políticocomo um líder vocacronado, leal,ousado e responsável. SegundoLúcio Alcântara, Virgílio Távorafoi o primeiro homem público cea­rense a dar combate efetivo aoclientelismo político, tendo deixa­do, ao longo de sua Vida pública,exemplos que devem ser seguidospelos constituintes.

O constituinte Jarbas Passari­nho, emocionado, colocou a cora­gem como um dos maiores atribu­tos da personalidade do parlamen­tar cearense, que, segundo notou,

ADIRP/GUllherme Rangel

Sempre pertencemos a partidosdiversos. Estreitamos relações em 2de setembro de 1961, quando dafrustrada experiênciaparlamentaris­ta, eleno então Ministéno da Viaçãoe Obras Púbhcase eu no recém-cria­do Ministério da Indústna e do Co­mércio, sendo Tancredo Neves pn­meiro-ministro.

O regime parlamentar é sistemaplural de governo, que se exercitapela assídua presença e deliberaçãocoletivas, através de longas e fre­quentemente polêmicas reuniões detodo Ministéno. Daí o convívioconstante, inclusive, obviamente,deVtrgíhoe meu.

Nos primeiros contatos que tivejunto com Virgílio Távora comJoãoGoulart, fiquei surpreendido.

Chamava o Presidente de Joãozi­nho, às vezes punha o pé na mesada Granja do Torto João Goulart

.era seu amigo, divertia-secom ele.

Nós que éramos de outro partido,ficávamos apavorados. Exclamáva­mos: "O Virgílio,comesse Jeito, ar­ranca tudo do Jango".

Era seu logotipo, sua marca regis­trada, contumaz demohdor de for­malidades.

Nessa época e também agora naConstituinte, em suas assíduas idasa meu gabmete, quando eu, even­tualmente, drvergia dele, estocava:"Doutorzinho, espera aí doutorzi­nho". E produzia seu arrazoado, deengenheiroe não de bacharel, mimi­go jurado do palavreado

Os Anais da Assembléia Consti­tumte perpetuarão seu trabalho esua competência

Eu o estou vendo no plenário, nascomissões, na Fundação Israel Pi­nheiro, conversando, articulandoNão era o orador, era o articulador

se notabilizou como parlamentare admmistrador. Lembrou, tam­bém, a formação milítar de Vir­gílio Távora, observando que,nesta condição, ele foi um exem­plo por ter sabido ousar sem ja­mais deixar de honrar a farda, as­sim como sempre honrou a políti­ca, fazendo dela uma arte. A futu­ra Constituição terá a marca inde­lével de Virgílio Távora - disseJarbas Passarinho.

O constituinte Ademir Andra­de manifestou admiração ao cons­tatar que, tendo tido uma longacarreira política, composições fir­mes, Virgílio Távora tornou-semerecedor da homenagem sincerade todos. E ressaltou, também, aatuação daquele parlamentar co­mo "o grande condutor do capí­tulo Da Ordem Econômica, comohábil negociador".

Já'o constituinte Ney Maranhãocolocou a morte de Virgílio Távo­ra como uma grande perda, pelosexemplos que deixou de morali­dade e desprendimento, mostran­do que tinha um coração maiordo que o corpo, em virtude daenorme paciência que revelou pa­ra ouvir e dialogar. Em seguida,o constituinte Mauro Borges pres­tou sua homenagem a Virgílio Tá­vora, lembrando-o como um polí­tico franco, equilibrado e estudio­so.

A atuação de Virgílio Távoracomo ministro da Viação e Obras

Mário Covas fez-lhe justiça, em re­cente pronunciamento, dizendo quena remoção dos difíceis impasses daestabihdade e da propnedade muitodeverá a futura Constiturção ao ta­lento e à maestria de Virgílio Tá­vora.

Hoje sabemos que, banhado emsanguepela doença que o matou, an­dou por este recinto, pelos corredo­res, pela salas desta Casa. Sem umgemido. Era de raça daqueles quenão dão ao sofnmento a fraquezada queixa. Perfilhavao conselhohis­tóricode BenjaminDisraeli. "Nevercomplain, never explain"

Sou veterano frequentador destasala Nunca a vi tão cheia, pela pre­sença quase total de senadores e de­putados, todos constitumtes, comona tarde de 2 de junho último. PorIgual, nunca antes vira em quanti­dade, calor e emoção, consagraçãosemelhantea um homem púbhco. O

Públicas foi destacada pelo consti­tuinte Edivaldo Holanda, que sa­lientou, entre as obras por ele rea­lizadas, a ativação do asfaltamen­to da Rio-Bahia e a criação deuma comissão para estudar o esta­belecimento de uma política por­tuária para o Brasil. Por sua vez,a constituinte Irma Passoni consi­derou que a memória de VirgílioTávora se perpetuará, porque"nunca morre quem realizou algu­ma coisa em benefício de alguémou de todo um povo".

Um aspecto da atuação de Vir­gílio Távora - a sua preocupaçãoquanto às drogas - foi destacadopelo constituinte Elias Murad, quemostrou a importância da atuaçãodo senador cearense em defesa dajuventude. Em seguida, a consti­tuinte Moema São Thiago, sobri­nha de Virgího Távora, salientoua sua atuação na ANC como con­ciliador, que mereceu até o reco­nhecimento dos chamados parti­dos de esquerda. Esse resperto foiconfirmado pelo constituinte AldoArantes, que mesmo sendo adver­sário político de Virgílio Távora,enfatizou a sinceridade, a ponde­ração e a sobriedade que ele de­monstrou nas posições que assu­miu ao longo de sua carreira. Eo constituinte Roberto Freire afir­mou que Virgílio Távora foi umadas grandes figuras políticas dosúltimos 40 anos, e, como demo­crata, soube honrar e dignificar osmandatos que exerceu.

líder Amaral Netto justificou a au­sência de Virgílio Távora. Todos sepuseram de pé. uniram-se as duasfileiras das bancadas fratermzadasna mesma geografia de aplausos eaclamação.

Foi um voto de amor e louvor,com aprovação unânime.

Meu querido Virgílio Távora. Es­tou conversandocomvocê. Vocêex­põe em seu estilo sumário e terminaconclusivamênte com seu habitual:Eu lhe respondo:

"PT. Saudações"

A morte lhe disse "PT" e a pátriareconhecidalhe diz "Saudações".

Deputado Ulysses GuimarãesPresidente da Repúbhca

em exercícioRepública Federativa do Brasil

Jornal da Constituinte 13

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Tecnologia, a chave do futuroA futura Constituição dá à

questão da ciência e da tecnologiaum tratamento mais aprofundadodo que a Constituição atual. Diza Carta vigente, apenas, que "opoder público incentivará a pes­quisa e o ensino científico e tecno­lógico". A futura Constituição co­meça a tratar do assunto de formasemelhante, dispondo que "o Es­tado promoverá e incentivará odesenvolvimento científico, a pes­quisa e a capacitação tecnológi­ca", mas, em seguida, acrescentauma séne de princípios novos aotexto constitucional.

Determma a futura Carta quea pesquisa científica básica rece­berá tratamento prioritário do Es­tado, tendo em vista o bem públi­co e o progresso das ciências, eque a pesquisa tecnológica voltar­se-á preponderantemente para asolução dos problemas brasileirose para o desenvolvimento do siste­ma produtivo nacional e regional.Determina, também, que o Esta­do apoiará a formação de recursoshumanos nas áreas da Ciência, dapesquisa e da tecnologia, e conce­derá, aos que delas se ocupem,meios e condições especiais de tra­balho.

Além disso, a nova Carta preo­cupa-se com a preservação domercado interno e com a autono­mia tecnológica do país. Diz o tex­to aprovado pelos constitumtes:"O mercado interno integra o pa­trimônio nacional. e será incenti­vado de modo a viabilizar o desen­volvimento cultural e sócio-econô­mico, o bem-estar da população,e a autonomia tecnológica da na­ção, segundo o disposto em legis­lação federal."

Os constituintes aprovaram ain­da um item segundo o qual "a leiapoiará e estimulará as empresasque invistam em pesquisa, cnaçãode tecnologia adequada ao país,formação e aperfeiçoamento deseus recursos humanos, e que pra­tiquem sistemas de remuneraçãoonde o empregado receba, desvin­culada do salário, participação nosganhos econômicos resultantes daprodutividade do seu trabalho".

No capítulo relativo à comum­cação, há diferenças marcantesentre a atual e a futura Carta. Mashá também semelhanças. A Cons­tituição em vigor, assim como afutura, assegura à União compe­tência para explorar diretamenteou mediante autorização ou con­cessão, os serviços de telecomu­nicações, e também competênciapara legislar sobre o tema teleco­municações. Nisso, não há dife­rença. As duas Cartas também seigualam ao reconhecerem o direi­to da União de instituir impostossobre os serviços de comunica­ções. E mais uma vez se asseme­lham ao estabelecerem o princípioda inviolabilidade do sigilo da cor­respondência e das comunicaçõestelefônicas e telegráficas, excetono caso da decretaçãê do estadode sítio. Nesta hipótese, ambas ad­mitem a censura da correspondên­cia, da imprensa e das telecomu­nicações.

Com relação às empresas jorna­lísticas, dispõe a atual Constitui­ção que a propriedade e a adminis­tração de empresas jornalísticasde qualquer espécie, inclusive detelevisão e de radiodifusão, sãovedadas a estrangeiros, a socieda­des por ações ao portador e a so-

ciedades que tenham como acio­nistas ou SÓCIOS estrangeiros oupessoas jurídicas, exceto partidospolíticos. E que a responsabilida­de e a orientação intelectual e ad­ministrativa das empresas jorna­lísticas caberão somente a brasi­leiros natos.

Acrescenta o texto constitucio­nal em vigor que, sem prejuízo daliberdade de pensamento e de in­formação, a lei poderá estabeleceroutras condições para a organiza­ção e o funcionamento das empre­sas Jornalísticas e de televisão eradiodifusão, no interesse do regi­me democrático e do combate àsubversão e à corrupção.

Já a futura Constituição é, semdúvida, de espírito mais liberal.Diz ela que a manifestação do pen­samento, a criação e expressão,bem como a informação, sob qual­quer forma, processo ou veicula­ção, não sofrerão qualquer restri­ção. E acrescenta que nenhumalei conterá dispositivo que possaconstituir embaraço à plena liber­dade de informação Jornalísticaem qualquer veículo de comuni­cação social, sendo vedada todae qualquer censura de naturezapolítica, ideológica e artística.

Estabelece também a futuraConstituição que compete à lei fe-

deral: a) regular as diversões e es­petáculos públicos, cabendo aopoder público informar sobre a na­tureza dos mesmos e as faixas etá­rias, locais e horários nos quais suaapresentação se mostre inadequa­da (ou seja, não haverá mais a cen­sura propriamente dita, mas ape­nas a discriminação das faixas etá­rias, dos lOCaIS e dos horários); b)estabelecer os meios legais que g~­rantam à pessoa e à família a POSSI­bilidade de se defenderem de pro­gramas ou programações de rádioe televisão que contrariem os valo­res éticos e sociais, bem como dapropaganda de produtos, práticase serviços que possam ser nocivosà saúde ou ao meio ambiente.

Uma inovação da nova Consti­tuição é o dispositivo segundo oqual os meios de comunicação so­cial não podem, direta ou indireta­mente, ser objeto de monopólioou oligopólio. A Carta atual nadafala sobre isso. Outra inovação dafutura Carta é a de que a publi­cação de veículo impresso de c~­

municação não dependerá de li­cença de autoridade.

Estabelece ainda o texto apro­vado pelo Plenário da Constituin­te que a produção e ~ I?rogram~­ção das emissoras de radio e televi­são devem atender aos seguintes

Incentivoà pesquisa

básica,inclusive afeita pelaempresa

nacional, eliberdade deinformaçãosão normasque a Carta

asseguracom grandes

avanços

pnncípios: a) preferência por fina­lidades educativas; artísticas, cul­turais e informativas, b) promoçãoda cultura nacional e regional, eestímulo à produção independen­te que objetiva a sua divulgação;c) regionalização da produção cul­tural, artística e jornalística, con­forme percentuais estabelecidosem lei; d) respeito aos valores éti­cos e sociais da pessoa e da família.A grande novidade, aqui, foi aaprovação do princípio da regio­nalização da produção cultural,artística e jornalística, o que aten­deu às reivindicações de diversossindicatos de artistas e de jorna­listas, e que contribuirá para a am­pliação do mercado de trabalho,nessa área, nas diversas regiões dopaís.

Na questão da 'propriedade dasempresas jornalísticas, a futuraConstituição apresenta algumasdiferenças em relação à Carta emvigor. E~quant? esta pro.íbe. gueestrangeiros sejam propnetanos,SÓCIOS ou acionistas de empresasjornalísticas, a futura Constituiçãoestende a proibição também aosbrasileiros naturalizados há menosde dez anos. Diz o texto aprovadopelos constituintes: "A proprieda­de de empresas jornalísticas e deradiodifusão é privativa de brasi­leiros natos ou naturalizados hámais de dez anos, aos quais caberáa responsabilidade pela sua admi­nistração e orientação intelec­tual." Ressalte-se, contudo, quea futura Carta fala apenas em em­presas jornalísticas ou de radiodi­fusão, excluindo as emissoras detelevisão. Pela Constituição atual,também as emissoras de televisãonão podem pertencer a estrangei­ros. Houve aqui, portanto, uma

Iabertura para a participação do ca­pital estrangeiro na área da tele­visão.

Prossegue o texto da futura Car­ta: "É vedada a participação depessoa jurídica no capital social deempresa jornalística ou de radio­difusão, exceto a de partidos polí­ticos e de sociedades cujo capitalpertença exclusiva e nominalmen­te a brasileiros." Esse veto, comojá vimos, também está presentena Constituição atual. Mas, deacordo com o que decidiram osconstituintes, passará a ser possí­vel a participação, no capital deempresas jornalísticas, de socie­dades por ações, desde que o capi­tal pertença "exclusiva e nominal­mente a brasileiros". Em outrodispositivo, a futura Carta restrin­ge essa particrpação ao capital semdireito a voto, e determina tam­bém que ela não poderá excedera 30% do capital social.

Estabelece em seguida a futuraCarta que compete ao Poder Exe­cutivo outorgar e renovar conces­são, permissão e autorização parao serviço de radiodifusão sonorae de sons e imagens, observadoo princípio da complementaridadedos sistemas privado, público e es­tatal. Nisso não há novidade, umavez que essa Já é a norma em práti­ca, embora não esteja inscrita naatual Constituição.

A novidade aparece no dispo­sitivo seguinte da futura Carta,que dá ao Congresso Nacional opoder de aprovar ou não as con­cessões, permissões ou autonza­ções concedidas pelo Executivo,inclusive no caso da renovaçãodestas. Diz o texto aprovado pelosconstituintes que compete ao Con­gresso Nacional apreciar o ato doExecutivo, em regime de urgên­cia, a partir do recebimento damensagem, dependendo a não-re­novação da concessão ou permis­são do voto de dois quintos doscongressistas, em votação nomi­nal. Determina ainda a futura Car­ta que o ato de outorga ou reno­vação somente produzirá efeitoslegais após a deliberação do Con­gresso Nacional. O cancelamentoda concessão ou permissão, antesde vencido o seu prazo, dependerásempre de decisão judicial, segun­do o texto da Constituinte. Paraas emissoras de rádio, esse prazofoi frxado em 10 anos, e, para asemissoras de televisão, em 15anos.

Outra novidade instituída pelaConstituinte é a criação do Conse­lho de Comumcação Social, queserá um órgão auxiliar do Con­gresso Nacional pará as questõesrelativas aos meios de comunica­ção social. As atribuições e a com­posição deste Conselho, porém,ficaram para ser definidas apenasna futura legislação complemen­tar. Finalmente, a Constituintedecidiu também que a propagandacomercial do tabaco, bebidas al­coólicas, formas de tratamento dasaúde, medicamentos e agrotóxi­cos deverá sofrer restrições legais,também a serem definidas na pos­terior legislação complementar.

Pelo texto aprovado pelos consti­tuintes, deverá haver a contrapro­paganda sobre os malefícios pro­vocados por esses produtos ou for­mas de tramento da saúde.

14 Jornal da Constituinte

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ANC pede menosarmas no mundo

Jornal ajudaa escrever a

Notícias vão longe. E corretas

embaixador da União Soviética. Victor /saco I'

lise Ilhesca, Dormngos Mou­rão, Reinaldo Stavale , Bene­dita Rodrigues dos Passos,Guilherme Rangel de JesusBarros, Roberto Stuckert,Willian Prescott e tantos ou­tros colaboradores, funcioná­rIOS da 1°Secretaria da ANC,da ADIRP e da Gráfica doSenado.

A todos' esses homens emulheres o reconhecimentopor sua fundamental contri­buição para a realização e re­grstro deste momento histó­rico de grande Significado navida de todos os brasileiros."

Adroaldo Strek

Para o constituinte Adroal­do Streck (PDT - RS) o JCdá a todos uma visão concretado que se faz e do que se deci­de. Textualmente, ele afir­mou:

"Como profissional do ra­mo, como jornalista, querodestacar a qualidade desteproduto que em 100 milexemplares chega aos maisdistantes rinções do nossopaís, câmaras de vereadores,entidades, dando a todos umaVIsão concreta e muito bemcolocada do que se faz e doque se decide nesta Assem­bléia Nacional Constituinte.

Parabéns, portanto, ao grupoque está encarregado de fazero Jornal da Constituinte, quesemana passada completouum ano."

Vicente Bago

Ao registrar o aniversáriodo JC, o constituinte VicenteBago (PMDB - RS) disseque o Jornal "tem feito umtrabalho arroj ado , impar­cial", e que "tem dado umacontribuição efetiva para di­vulgação dos trabalhos da As­sembléia Nacional Constr­tuinte. Estão de parabéns o1o-secretário Marcelo Cordei­ro, que tem coordenado ostrabalhos, e a equipe que temfeito a divulgação de todo otrabalho do Jornal da Conn­tituinte.

Anna Maria Rattes

nova CartaContinua repercutindo no

plenãno da ANC o pnmeiroaniversário do Jornal daConstituinte

Destacando a Importânciado JC na divulgação dos tra­balhos da ANC, a constituin­te Anna Maria Rattes(PMDB - RJ) assim se pro­nunciou:

"O Jornal da Constituinte,nestes doze meses em que nósnos debruçamos sobre a tare­fa árdua de elaborar a novaConstituição do Brasil , temregistrado com Imparcialida­de e honestidade o que real­mente acontece aqui dentroSem este veículo, muitas di­vergências, decisões, conclu­sões ou posicionamentos te­nam passado despercebidos,porque essa mesma mtegrida­de que enaltece o Jornal daConstituinte falta à maiorparte da grande imprensa,que, muitas das vezes, buscana mampulação dos fatos assuas manchetes

Por isso não podemos dei­xar de ressaltar a atuação des­se corpo de funcionãnos quevem nos acompanhando des­de o mício dos trabalhos, emespecial do diretor responsá­vel e Iv-secretãno da Assem­bléia Nacional Constituinte,Marcelo Cordeiro - diversasvezes acusado de favoreceralguns em detrimento de ou­tros, embora empenhado diu­turnamente em garantir o es­paço democrático de todas ascorrentes e vozes -, e do edi­tor e assessor-chefe de Divul­gação e Relações Públicas daCâmara dos Deputados, Al­fredo Obliziner, que, com suacomprovada competência,garante a qualidade e diversi­dade de Informações desteperiódico.

Mas, também, destacar to­dos aqueles profissionais ­redatores, repórteres e fotó­grafos - que trabalham rn­cógmtos, sem que sequer te­nhamos conhecimento de suadedicação e empenho: Ma­noel Vilela de Magalhães,Daniel Machado da Costa eSilva, Ronaldo Paixão RIbei­ro, Paulo Domingos Neves,Sérgio Chacon, OsvaldoMorgado, VIctor Knapp ,Dalton Dalla Costa, Leôni­das Gonçalves, Gaetano Ré,Eduardo Augusto Lopes,Maria Valdira Bezerra, Hen­ry Bmder, Carmem Vergara,Regina Moreira Suzuki, Ma­na de Fátima Jeker, Ana Ma­ria Moura da Silva, VladirrnrMeireles de Almeida, MariaAparecida C. Versiam, Mar­co Antomo Caetano, EuricoSchwmden, Itelvina Alves daCosta, Luiz Carlos R. Linha­res, Humberto Moreira da S.M. Pereira, ClOVIS Senna,Luiz Claudio Pinheiro, Mar-

Deputado Ulysses Guim a­rães - Presidente da Câmara dosDeputados, Presidente da Assem­bléia Nacional Constituinte, Vice­Presidente da República Federa­tiva do Brasil. (Seguem-se 312 assi­naturas de deputados e senado­res.)

mamento. Enfatizamos, ainda, anecessidade de que a negociaçãobilateral sobre desarmamento leveem conta os esforços de desenvol­vimento do Terceiro Mundo. Atransferência de recursos da mdüs­tna bélica para outros segmentosda economia mundial permitirá apromoção geral do bem-estar so­cial e do desenvolvimento ".

Siqueira CamposConstituinte - PDC - GO

Estamos certos de que expres­samos, assim, o pensamento nãosó dos Integrantes do PDC comode todos os membros da Assem­bléia Nacional Constitumte

Atenciosamente,

Jornal da Constituinte, é com sa­tisfação que apresentamos nossocaloroso aplauso aos jornalistas,gráficos e todos quantos escre­vem, irnpnmern e trabalham pa­ra a feitura do órgão divulgadorda Constitumte

nem sempre conseguem pene­trar, a notícia e a mformação se­gura e fiel sobre os trabalhos de­senvolvidos pelos constitumtes.

Especialmente, agora, queacabamos de aprovar a cnaçãodo estado do Tocantins, em pri­meiro turno, ressaltamos o servi­ço prestado pelo jornal em escla­recer e difundir esta idéia, dese­jada por todos os goianos. Espe­ramos continuar contando como apoIo da atuante equipe do ór­gão divulgador da Constituintepara a votação em segundo tur­no.

HOJe, quando se comemora oprimeiro ano de circulação do

ogivas nucleares. Mas é o Tratadode Washmgton que, pela pnmeiravez na história do processo de de­sarmamento, apresentou a pers­pectiva efetiva de promover a eli­minação física de duas classes m­terras de mísseis nucleares. A con­clusão do tratado constitui umaprova de possibihdade real deconstruir um mundo desnuclean­zado o que, sem dúvida, repre­senta um fato de grande Impor­tância para todos os povos. Nopróximo encontro entre MikhailGorbachev e Ronald Reagan, emMoscou, esperamos que o acordode Washington se desdobre ementendimentos ainda mais abran­gentes em outras áreas do desar-

Brasília, 1° de junho de 1988

Ao JornalistaAlfredo OblizmerEditor do Jornal da Constituinte

Pelo presente, queremosapresentar cumprimentos à equi­pe do Jornal da Constituinte,que, com entusiasmo e espíntoprofissional, vem oferecendoelevado serviço à AssembléiaNacional Constituinte e ao Bra­sil.

Desejamos dar nosso testemu­nho de que o Jornal vem alcan­çando suas finalidades, ao levar,aos mais difíceis pontos do país,onde os meios de comurncação

Temos muito presente a Importân­cia dos resultados alcançados pe­las duas superpotêncras com a assi­natura do Tratado de Washmgton,que prevê a destruição de todasas forças nucleares dos EstadosUrudos e da União Soviética, ins­talados e não mstalados, com raiode alcance entre 500 e 5.500 Krn.

O~ constituintes brasilerros es­tão atentos aos acontecimentosmundiars, como o recente encon­tro entre Reagan e Gorbachev,quando foram discutidas questõessobre o desarmamento nuclear.

Como porta-voz da AssembléiaConstituinte, o presidente UlyssesGUImarães entregou aos embaixa­dores dos Estados Unidos e daUnião SOViética um documento,assinado por 312 deputados e se­nadores, fazendo um apelo pelodesarmamento e pelo desenvolvi­mento mundial. O documento, re­cebido pelos embaixadores HarryShlaudernan , dos EUA, e VictorIsacov, da URSS, mostra ainda anecessidade de que a negociaçãoentre os líderes daqueles países le­ve em conta os esforços de desen­volvimento do Terceiro Mundo.

DIz o documento do Congressobrasileiro:

"Nós, abaixo-assmados, fazemosveemente apelo ao Congresso dosEstados Unidos da América e aoSoviéte Supremo da URSS paraque seja ranficado , com a neces­sána urgência, o acordo de desar­mamento nuclear assinado emWashington, a 8 de dezembro de1987. pelo Presidente RonaldReagan e pelo Secretario-Geraldo PCUS, Mikharl Gorbachev.

O antecedente mais importante doTratado de Washmgton foi o en­contro de cúpula de Reykjavik ,em outubro de 1986, em que seprevIU a ehmmação das forças nu­cleares de médio alcance na Euro­pa e a redução pela metade da for­ça estratégica de ambos os países- bombardeiros, mísseis balísti­cos mtergovernamentais lançadosda terra e mfsseis balísticos lança­dos de submarinos -, que ficanalimitada a 1.600mísseisou a 6.000

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ADIRPlWlIham Prescott

Crianças vêmdefender osseus direitosA nova Constituição é

de conteúdo marcantementesocial. A proteção à

maternidade e à infância,ao trabalhador e às

mmonas é talvez um dosmaiores avanços nela

registrados. A consciênciados constituintes para

tais problemas foidespertada por uma firmee constante pressão dossegmentos interessados,

como é o caso dascrianças Mobilizadas emdefesa de disposições que

as protejam, inclusivecom relação à violência

de que são vítimas,elas se fizeram ouvirpelos constituintes.

Meninos e meninas de todoo Brasil estiveram aqui

para brigar por seus direitos.

ADIRP/Reynaldn Stavale .

ADIRPlWtlham Prescott

Funcionáriosreivindicam

reintegraçãoFuncionários de empresas

estatais, demitidos pormotivos POlítiCOS, fazem

plantão na Constituinte, emcontato com deputados e

senadores. Eles pedem apoio àaprovação de emenda que lhes

assegurana reintegração nospostos de trabalho,

promoções e recebimento deatrasados. Organizados,

mobilizados e apoiados porsindicatos, entidades CIVIS e

de trabalhadores, osfuncionários públicos punidos

querem perdão.Por não terem sido atingidos

por "atos" eles foramexcluídos de anistias passadas.

Exposição da indústriaMostrar o que é, o que faz e qual a participação da

pequena indústria na economia nacional foi o objetivo daexposição montada por entidades representantes desse

segmento empresanal no Salão Nobre da Câmara. Abertapelos presidentes da Assembléia Nacional Constituinte,

Ulysses Guimarães, e do Senado Federal, Humberto Lucena,com as presenças do senador Albano Franco,

presidente da Confederação Nacional da Indústria, elíderes industnais de diversos estados, a mostra teve

também o objetivo de sensibilizar os constituintes paraas emendas que visam a favorecer com incentivos odesenvolvimento de suas atividades. A pequena e

média empresas tiveram seus pedidosatendidos no plenário.

ADIRP/Guilherme Rangel

Estudantes naConstituinte

Estudantes de Morrinhos,Goiás, visitaram a

Assembléia NacionalConstituinte para

conhecer de perto aatividade dos parlamentares

envolvidos na elaboraçãoda futura Carta. Eles

estiveram com oslíderes de diversos partidos

na Câmara e na Assembléia,como Mário Covas, que lhes

explicou os avanços que aCarta traz no campo da

educação e na área social.Uma aula diferente.

16 Jornal da Constituinte