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ANÁLISE DA FRAGMENTAÇÃO DA PAISAGEM E MAPEAMENTO DO VALOR
PARA A CONSERVAÇÃO
Exemplo de Aplicação na Amazônia Mato-Grossense
Cuiabá, MT, Fevereiro de 2006.
Extrato de um estudo realizado pelo Instituto Centro de Vida com apoio do Conservation Strategy Fund – CSF visando subsidiar uma avaliação do mecanismo de Reserva Legal na Amazônia a partir do caso de Mato Grosso. Autores Gustavo Vasconcellos Irgang Mestre em Ecologia e Coordenador do Programa de Conservação e Áreas Protegidas/ICV [email protected] Laurent Micol Especialista em Gestão Ambiental, Mestrando em Geografia pela Universidade Federal de Mato Grosso e Coordenador do Programa de Monitoramento e Planejamento da Paisagem/ICV [email protected] Roberta Roxilene dos Santos Geógrafa e Analista de SIG/ICV [email protected] Instituto Centro de Vida www.icv.org.br Cuiabá Av. José Estevão Torquato, 999 - Jd. Vitória - 78055-731 Telefone: (65) 3641-1550 / 3641-5382 E-mail: [email protected] Alta Floresta Av. Ariosto da Riva, 3473 - Centro - 78.580-000 Telefone: (66) 3521-8555 Fax: (66) 3521-7754 Cuiabá, Mato Grosso, Fevereiro de 2007.
ANÁLISE DA FRAGMENTAÇÃO DA PAISAGEM NA AMAZÔNIA MATO-GROSSENSE
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RESUMO
O grau de fragmentação da paisagem e o ritmo da degradação nos anos recentes na Amazônia Mato Grossense está elevado: As taxas anuais de desmatamento estiveram entre 1,2% a 2,4% nos anos 2002 a 2005; Até 2005, 29% da área de estudo tinha sido desmatada. Esse percentual já ultrapassa o teto
estipulado pelo código florestal; A paisagem como um todo já apresenta elevado grau de fragmentação. Da área total de 257
mil quilômetros quadrados de remanescentes florestais (fora de UC’s e TI’s), 12% sofrem algum tipo de efeito de borda. As áreas de floresta situadas a mais de 10 quilômetros de distância da borda dos fragmentos, que apresentam maior potencial para a conservação, são limitadas e concentradas em algumas porções da área de estudo. Em função disso, instrumentos de políticas públicas para a conservação, terão que priorizar a conservação dessas áreas e a recomposição da conectividade da paisagem.
O cálculo de uma série de variáveis de estrutura da paisagem da área de estudo foi utilizado para a construção de uma modelagem por múltiplos critérios, gerando resultados em diferentes escalas: Na escala da área de estudo como um todo: ficou evidenciada a localização das maiores áreas
potenciais para a conservação na região noroeste do Estado e no entorno de algumas grandes unidades de conservação (como o Parque Nacional Juruena) e Terras Indígenas (como o Parque Indígena do Xingu);
Em escala intermediária (município ou grupos de municípios), o mapeamento revelou o papel fundamental das florestas que margeiam os cursos d’água para a conectividade da paisagem. Essas áreas são prioritárias para alocação e recomposição de reservas legais, além dos limites exigidos como Áreas de Preservação Permanente;
• O resultado gerado é compatível com uma escala 1:100.000 e pode ser utilizado também na identificação de áreas prioritárias para a conservação até no nível de grandes e médias propriedades rurais.
A modelagem realizada pode ser utilizada para gerar mapas de áreas prioritárias para alocação e recomposição de reserva legal visando atingir a porcentagem de conservação estabelecida pelo código florestal.
ANÁLISE DA FRAGMENTAÇÃO DA PAISAGEM NA AMAZÔNIA MATO-GROSSENSE
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SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO............................................................................................................ 4 2. METODOLOGIA ............................................................................................................ 5 3. RESULTADOS PRELIMINARES........................................................................................ 7
i. Dinâmica de desmatamento ....................................................................................... 7 ii. Fragmentação da paisagem........................................................................................ 8
Bibliografia ..................................................................................................................... 21
Tabela 1 - Dinâmica de desmatamento e remanescentes florestais na área de estudo................ 8
Tabela 2 - Distribuição dos fragmentos por tamanho............................................................... 9
Tabela 3 - Distribuição da freqüência da classe-alvo floresta nos fragmentos........................... 10
Tabela 4 - Distribuição dos fragmentos por circularidade ....................................................... 12
Tabela 5 - Matriz de comparação pareada de Saaty, entre os fatores usados na modelagem das áreas prioritárias para conservação ...................................................................................... 19
Tabela 6 - Dinâmica do desmatamento por tipo de cobertura vegetal*.................................... 22
Tabela 7 - Dinâmica do desmatamento por ecorregião .......................................................... 22
Tabela 8 - Dinâmica do desmatamento por sub-bacia hidrográfica.......................................... 23
Tabela 9 - Dinâmica do desmatamento nas áreas protegidas ................................................. 23
Gráfico 1 - Área de Estudo .................................................................................................... 4 Gráfico 2 - Tamanho dos fragmentos (área) ........................................................................... 9 Gráfico 3 - Freqüência da classe alvo floresta - efeito de borda: ............................................. 10 Gráfico 4 - Distância até a borda (dentro dos fragmentos) ..................................................... 11 Gráfico 5 - Índice de Circularidade dos fragmentos: (relação perímetro X área) ....................... 12 Gráfico 6 - Distância até a estrada mais próxima................................................................... 13 Gráfico 7 - Distância até as mancha urbana mais próxima...................................................... 14 Gráfico 9 - Distância entre os fragmentos............................................................................. 16 Gráfico 10 - Declividade ...................................................................................................... 17 Gráfico 11 - Modelagem: Indicador de qualidade ambiental e valor para a conservação............ 18
ANÁLISE DA FRAGMENTAÇÃO DA PAISAGEM NA AMAZÔNIA MATO-GROSSENSE
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1. APRESENTAÇÃO
A qualidade ambiental ou integridade da paisagem pode ser avaliada pelo seu grau de fragmentação, que permite evidenciar não somente a quantidade de área desflorestada como também a estrutura da paisagem a partir de indicadores quantitativos como o tamanho, forma e a conectividade entre os remanescentes florestais.
A análise de fragmentação da paisagem aqui apresentada, aplicada ao caso da Amazônia Mato-Grossense, tem por objetivos: identificar áreas prioritárias para alocação de reservas legais ou para recuperação e
recomposição de reservas legais na área de estudo; subsidiar a construção de cenários para subsidiar a implantação de instrumentos de gestão da
paisagem.
A área de estudo é composta pela porção de território do Estado de Mato Grosso pertencente ao Bioma Amazônia e à Bacia Hidrográfica Amazônica. Esse recorte corresponde ao polígono número 81 da proposta de regulamentação do mecanismo de Cotas de Reserva Florestal (Gráfico 1).
Gráfico 1 - Área de Estudo
Fonte: Ministério do Meio Ambiente
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2. METODOLOGIA
Este estudo envolveu três etapas distintas de análise espacial: a padronização das bases cartográficas, as análises do banco de dados espaciais e a análise da fragmentação da paisagem, para a elaboração de um modelo de apoio a decisão para alocação de reservas legais e outros tipos de áreas protegidas.
Foram utilizadas as bases de dados cartográficos digital de 2006, fornecidas pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Estado de Mato Grosso (SEMA-MT).
Na primeira etapa do trabalho foi feita a padronização da informação, como descrito a seguir: Os arquivos vetoriais dos temas: desmatamento, cobertura vegetal, ecorregiões, sub-bacias
hidrográficas, áreas protegidas (Unidades de Conservação – UC’s e Terras Indígenas – TI’s) e propriedades cadastradas no Sistema de Licenciamento Ambiental de Propriedades Rurais (SLAPR) da SEMA, foram convertidos do sistema de coordenadas geográficas, expressa em unidades de medida angular, para Universal Transversa de Mercator (UTM), datum SAD1969, que adota coordenadas métricas planas, mais adequado para cálculo de áreas.
Os arquivos vetoriais do desmatamento de cada período disponível, até 2005, foram agrupados para otimizar as análises, resultando no arquivo vetorial da dinâmica, com todos os anos representados no mesmo banco de dados espacial. Nesse processo, verificou-se a existência de algumas sobreposições entre os vetoriais de um ano para outro, sendo necessário processar a reclassificação dos arquivos para eliminar as sobreposições, prevalecendo sempre a detecção mais antiga.
Os arquivos vetoriais foram posteriormente transformados em imagens (formato de dados raster) com um pixel de 100 x 100 metros (1 hectare) no software Idrisi, onde estão contidos os valores dos atributos de cada polígono que se quer representar.
A segunda etapa do trabalho consistiu na realização das análises espaciais do banco de dados, através de cálculos de área e tabulação cruzada, procedimento fundamental para comparar duas imagens de dados qualitativos (Eastman & Mckendry, 1991), possibilitando quantificar o desmatamento para diferentes temas (cobertura vegetal, ecorregiões, sub – bacias, áreas protegidas).
A análise da fragmentação da paisagem foi o último processo a ser realizado. Inicialmente, foi gerada uma série de mapas e análises correspondendo aos diferentes indicadores de fragmentação (nove no total):
a) Caracterização dos fragmentos: Tamanho dos fragmentos (área); Freqüência da classe alvo - efeito de borda; Distância até a borda (dentro dos fragmentos); Circularidade dos fragmentos (relação perímetro X área);
b) Distâncias:
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a partir das estradas; a partir das manchas urbanas, a partir da hidrografia, entre os fragmentos;
c) Declividade.
Cada um dos produtos dessas análises foi utilizado para gerar informações específicas. Além disso, serviram como base para a modelagem por múltiplos critérios.
Nessa etapa foi necessária uma fase inicial de padronização da base de dados, iniciando com a geração do mapa básico dos fragmentos florestais Para tanto, gerou-se um arquivo vetorial a partir da cobertura vegetal onde foram desconsideradas todas as áreas desmatadas e também todas as áreas protegidas (UC’s e TI’s). As áreas protegidas foram excluídas da análise pelo fato do mecanismo em estudo, a Reserva Legal, não se aplicar às mesmas1. Calculou-se a área para todos os polígonos e ficou definido que só os polígonos com área superior a 10.000 m² (1 ha), correspondendo ao tamanho mínimo do pixel de análise, seriam considerados na análise. Foram então eliminados cerca de 15.000 polígonos com área inferior a 1 ha, considerados como ruído. Por fim, temos então um arquivo vetorial dos fragmentos não protegidos da área de estudo.
Este arquivo foi convertido, a partir dos identificadores, para o formato raster, gerando a imagem dos fragmentos não protegidos. Esse processo de rasterização dos arquivos vetoriais foi realizado para os demais temas envolvidos na análise de fragmentação, que são: hidrografia, manchas urbanas e estradas.
O próximo passo foi calcular a área dos fragmentos, onde cada polígono assume o valor de sua área. O tamanho dos fragmentos nos apresenta uma informação importante, ou seja, quanto maior o fragmento, maior a probabilidade de estoque de biodiversidade (Diamond, 1975).
Para analisar o efeito de borda adotamos a freqüência da classe alvo (floresta), onde cada pixel assume o valor da freqüência da classe floresta num quadrado de 3x3 pixels (300 x 300 m) ao seu redor. Nesta análise consideramos que o efeito de borda mínimo seria de 100 metros.
A forma dos fragmentos é uma variável importante para avaliar o grau de vulnerabilidade dos fragmentos com relação ao efeito de borda, ou seja, a forma permite estimar a proporção do fragmento submetido aos efeitos de borda, que se caracterizam por uma maior exposição às perturbações externas (Metzger, 2004). Quanto mais circular a forma do fragmento, menor a borda e maior é a área. Portanto, calculamos o índice de circularidade dos fragmentos, através da fórmula: IC = AP/AC, onde IC = índice de circularidade, AP = área do polígono, AC = área do círculo de perímetro equivalente. A área do círculo de perímetro equivalente é AC = pi.(RC)², onde RC é o raio desse círculo, equivalente ao perímetro dividido por duas vezes pi [pi = 3.1415926536].
1 Desconsideramos aqui a modalidade de compensação de reserva legal em unidade de conservação, que representa uma área irrelevante até o momento da análise (9 quilômetros quadrados cadastrados no SLAPR).
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As análises de distância foram executadas com o objetivo de identificar os fragmentos que sofrem menor ou maior pressão do seu entorno. Calculamos as distâncias de cada pixel com relação: à estrada mais próxima, pois esta proximidade demonstra o grau de impacto sobre os
fragmentos por facilidade de acesso à eles; à manchas urbana mais próxima, pois quanto mais próximos, mais acentuada a influência dos
efeitos de atividades antrópicas intensas; ao curso d’água mais próximo, o que nos mostrará o grau de resiliência dos fragmentos.
Também calculamos a distância entre os fragmentos, pois quanto mais conectados estiverem os fragmentos, maior será sua viabilidade para a conservação da biodiversidade.
Através do modelo SRTM, foi gerado o mapa de declividades para área de estudo. A declividade é um indicador do grau de pressão com relação aos fatores externos, pois áreas com maior declividade foram menos impactadas historicamente. Quanto à biodiversidade, a declividade é um indicador ambíguo, considerando que as áreas com menor declividade tendem a apresentar ecossistemas mais ricos, mas que por outro lado, as diferenças de altitude implicam diferenças climáticas que podem determinantes para a composição de espécies em fragmentos de floresta (Rodrigues, 2004).
3. RESULTADOS PRELIMINARES
i. Dinâmica de desmatamento A superfície total da área de estudo é de 437 mil quilômetros quadrados. Desse total, 127 mil quilômetros quadrados (29%) já tinham sido desmatados até 2005. Portanto, a área total de remanescentes (ou fragmentos) florestais, é de 310 mil quilômetros quadrados (71% da superfície da área de estudo).
Dessa área de remanescentes, 96 mil quilômetros quadrados estão em unidades de conservação ou terras indígenas. Os outros 215 mil quilômetros quadrados (49% da área total) compõem os remanescentes florestais não protegidos (Tabela 1).
1. Taxas de desmatamento
O desmatamento total na área de estudo já ultrapassou o teto estipulado pelo código florestal.
Considerando que uma parte da área de estudo (17%) é classificada como cerrado (savana) pelo mapeamento do RADAM (Tabela 6), onde se aplica o percentual de 35% e não 80% de reserva legal, o percentual médio correspondente à área de estudo seria de 73%, ou seja, um teto de desmatamento de 27%. Esse teto foi ultrapassado em 2004, portanto a área de estudo como um todo já apresenta um passivo perante o percentual de reserva legal constante no código florestal.
Retirando as Unidades de Conservação e Terras Indígenas, que cobrem 99 mil quilômetros quadrados e totalizam menos de 3 mil quilômetros quadrados de desmatamento, verificamos que o desmatamento total nas áreas não protegidas por UC’s ou TI’s (essencialmente propriedades
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rurais submetidas à obrigatoriedade de manter 80% de reserva legal) já representava aproximadamente 37% em 2005 (Tabela 1). Tabela 1 - Dinâmica de desmatamento e remanescentes florestais na área de estudo
Até 19921993-1995
1996-1999
2000-2001
2002 2003 2004 2005 Total
km2 437.482 50.324 16.460 20.436 6.414 5.275 10.424 9.615 7.983 126.931 310.546
% 100% 11,5% 3,8% 4,7% 1,5% 1,2% 2,4% 2,2% 1,8% 29,0% 71%
km2 98.940 982 333 422 124 113 315 227 116 2.633 96.308
% 100% 1,0% 0,3% 0,4% 0,1% 0,1% 0,3% 0,2% 0,1% 2,7% 97%
km2 338.542 49.342 16.127 20.014 6.290 5.162 10.109 9.388 7.867 124.298 214.238
% 100% 14,6% 4,8% 5,9% 1,9% 1,5% 3,0% 2,8% 2,3% 36,7% 63%
% a.a. NA NA 1,6% 1,5% 0,9% 1,5% 3,0% 2,8% 2,3% NA NA
Áreas protegidas (UC e TI)
Áreas fora de UC e TI
ÁreaRemanes-
centes florestais
DesmatamentoÁrea total
Área de estudo
Fonte: Análise ICV, a partir das bases de dados da SEMA-MT
Outra constatação é que a taxa de desmatamento não parece ter respondido ao aumento da porcentagem de reserva legal, de 50% para 80% da área da propriedade, ocorrido em agosto de 20012: as taxas anuais de desmatamento em áreas não cobertas por UC’s ou TI’s passaram de um patamar de 0,9 a 1,5% ao ano nos períodos anteriores para um patamar de 1,5% a 3,0% nos anos posteriores à medida (Tabela 1).
ii. Fragmentação da paisagem
1. Caracterização dos fragmentos
Tamanho dos fragmentos: quanto maior o tamanho, melhor ( + = melhor)
A análise do tamanho dos fragmentos florestais apresentou área máxima, a do maior fragmento, de 184.049 km², média de 12,65 km² e desvio padrão de 1.407 km².
Foram contados ao todo 17.211 fragmentos. O padrão paisagístico da área de estudo é marcado pelo imenso fragmento matriz de paisagem, que ocupa 85% da área total dos fragmentos, o que tende a mascarar a estrutura de fato muito fragmentada da paisagem. Encontramos 20 fragmentos com tamanho entre 100 km² e 100 mil km², que ocupam 23,7 mil km² (11% da área total de fragmentos); 166 fragmentos com tamanho de 10 a 100 km², representando uma área de 4,2 mil km² (2%); 1.265 fragmentos com tamanho de 1 a 10 km², representando uma área de 3,6 mil km² (2%); e mais de 15 mil fragmentos inferiores a 1 km² que ocupam menos de 1% da área total de fragmentos (Tabela 2).
2 MP 2166 do Código Florestal
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Tabela 2 - Distribuição dos fragmentos por tamanho
Área do fragmento
(km²) Número de fragmentos
Área total por classe (km²)
Porcentagem da área total de fragmentos
sup a 100 mil 1 184.049 85%
10 a 100 mil 1 11.329 5%
1 a 10 mil 1 6.821 3%
100 a 1000 18 5.524 3%
10 a 100 166 4.179 2%
1 a 10 1.265 3.592 2%
0,1 a 1 5.732 1.782 1%
inf a 0,1 10.027 391 0%
Total 17.211 217.667 100%
Gráfico 2 - Tamanho dos fragmentos (área)
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Freqüência da classe alvo floresta: quanto maior a freqüência, melhor ( + = melhor) A análise apresentou freqüência média de 8,66, em valores que variam de 1 a 9, haja visto que foi adotada uma janela de 3X3 pixels de 1 hectare. Os pixels com valor 1 são fragmentos isolados de 1 hectare totalmente cercados de áreas abertas; os pixels com valor 9 são pixels totalmente cercados de floresta, e que portanto não sofrem efeito de borda direto.
Essa análise revela que o efeito de borda atinge aproximadamente 12% da área total dos fragmentos (Tabela 3), correspondendo aos pixels com freqüências de 1 a 8. Tabela 3 - Distribuição da freqüência da classe-alvo floresta nos fragmentos
Frequencia da classe floresta
Área total por classe (km²)
Porcentagem da área total de fragmentos
1 85 0,0%2 388 0,2%3 808 0,4%4 1.368 0,6%5 4.093 1,9%6 8.232 3,8%7 5.356 2,5%8 6.373 2,9%9 190.958 87,7%
Total 217.662 100%
Gráfico 3 - Freqüência da classe alvo floresta - efeito de borda:
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Distância até a borda: quanto maior a distância, melhor ( + = melhor)
A análise de distância dentro dos fragmentos apresentou distância máxima até a borda mais próxima de 16.667 m, média de 919 m e desvio padrão de 1.661 m, significando que, a área de estudo apresenta um padrão paisagístico onde dentro dos fragmentos a borda mais próxima está a 1 km de distância em média, podendo ainda chegar a 2.6 km e em alguns casos extremos atinge mais de 16 km.
O valor baixo da média mostra o elevado grau de fragmentação da paisagem em alguns setores. A distância da borda nos remanescentes florestais pode ser um fator significativo no condicionamento do ecossistema nas áreas mais desmatadas, onde o fragmento consiste num pedaço de borda de floresta, impedindo a manutenção das estruturas das comunidades ecológicas de núcleo de floresta.
Esse cálculo evidencia o fato de que os fragmentos com maiores distâncias até a borda (portanto, com maior importância para a conservação) se concentram principalmente na região noroeste da área de estudo e nas proximidades de algumas grandes áreas protegidas. Gráfico 4 - Distância até a borda (dentro dos fragmentos)
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Índice de circularidade: quanto maior a circularidade, melhor ( + = melhor)
A análise de circularidade dos fragmentos florestais apresentou medida máxima de 0,978, média (não ponderada) de 0,379, mínima de 6,91.10E-5 e desvio padrão de 0,2199 (Tabela 4). Tabela 4 - Distribuição dos fragmentos por circularidade
Circularidade do fragmento
Número de fragmentos
Área total por classe (km²)
Área média da classe (km²)
Porcentagem da área total de fragmentos
0,9 a 1 110 9 0,082 0,0% 0,8 a 0,9 499 61 0,122 0,0% 0,7 a 0,8 1.163 193 0,166 0,1% 0,6 a 0,7 1.503 225 0,150 0,1% 0,5 a 0,6 1.782 391 0,220 0,2% 0,4 a 0,5 2.163 486 0,225 0,2% 0,3 a 0,4 2.637 772 0,293 0,4% 0,2 a 0,3 2.960 1.195 0,404 0,5% 0,1 a 0,2 2.993 2.441 0,816 1,1% inf a 0,1 1.401 211.894 151 97,3% Total 17.211 217.667 154 100%
Os fragmentos com maior circularidade tendem a ser fragmentos pequenos; já os 1.401 fragmentos com circularidade inferior a 0,1 possuem área média de 151 km² e respondem por 97% da área total de fragmentos. Este indicador é próprio para diferenciar fragmentos de tamanho médio a pequeno, pois os grandes fragmentos, a matriz da paisagem florestal, apresentam valores muito menores em função dos seus recortes.
Gráfico 5 - Índice de Circularidade dos fragmentos: (relação perímetro X área)
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2. Distância das estradas, manchas urbanas, hidrografia e fragmento mais próximo
Distância estradas: quanto maior a distância, melhor ( + = melhor)
A análise de distância das estradas apresentou distância máxima até a estrada mais próxima de 197.781 m, média de 9.356 m e desvio padrão de 18.309 m, significando que a área de estudo apresenta um padrão paisagístico onde a estrada mais perto está a 9 km de distância em média, podendo ainda chegar a 27 km e em alguns casos extremos atinge 197 km. O valor relativamente baixo da média mostra que as estradas são bem distribuídas na área de estudo, o que contribui para o elevado grau de fragmentação da paisagem em alguns setores. Quanto mais próxima a uma estrada, maior é a probabilidade de uma área apresentar alterações em seu ecossistema, pois a estrada quase sempre facilita o processo de degradação.
Gráfico 6 - Distância até a estrada mais próxima
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Distância mancha urbana: quanto maior a distância, melhor ( + = melhor)
A análise de distância das áreas urbanas apresentou distância máxima até a área urbana mais próxima de 257.195 m, média de 54.705 m e desvio padrão de 40.156 m, significando que a área de estudo apresenta um padrão paisagístico onde a área urbana mais perto está a 55 km de distância em média, variando tipicamente entre 15 e 95 km e podendo atingir em alguns casos extremos 250 km. Isso mostra que as áreas urbanas são bem distribuídas na região, porém esparsas, configurando uma relação entre estas e o elevado grau de fragmentação da paisagem em alguns setores. Quanto mais próximo a uma área urbana, maior é a probabilidade desta área apresentar alterações em seu ecossistema.
Gráfico 7 - Distância até as mancha urbana mais próxima
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Distância hidrografia: quanto menor a distância, melhor ( - = melhor)
A análise de distância da hidrografia apresentou distância máxima ao curso d’água mais próximo de 12.126 m, média de 1.363 m e desvio padrão de 1.081 m, significando que a área de estudo apresenta um padrão paisagístico onde o curso hídrico mais perto está a 1,3 km de distância em média, variando tipicamente entre 0,3 e 2,3 km, podendo atingir em alguns casos extremos 12 km (as distâncias maiores podem ser conseqüência da escala da base cartográfica, 1:100.000, e não da paisagem em si ).
Gráfico 8 - Distância da hidrografia
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Distância entre fragmentos: quanto menor a distância, melhor ( - = melhor)
A análise de distância dos fragmentos, que se aplica apenas às áreas abertas, apresentou distância máxima ao fragmento mais próximo de 73.801 m, média de 3.913 m e desvio padrão de 9.774 m, significando que a área de estudo apresenta um padrão paisagístico onde o fragmento mais perto está a 4 km de distância em média, podendo ainda chegar a 13 km e em alguns casos extremos atinge 73 km, o que mostra o elevado grau de fragmentação da paisagem em alguns setores. O fator isolamento de outros remanescentes florestais pode ser um fator preponderante no condicionamento do ecossistema nas áreas extremamente desmatadas, onde a extensão aberta entre dois fragmentos constitui uma “barreira” à troca genética das comunidades ecológicas, podendo elevar as taxas de extinção.
Gráfico 9 - Distância entre os fragmentos
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3. Declividade
Declividade: quanto maior a declividade, melhor ( + = melhor)*
A análise de declividade apresentou declividade máxima de 80º, média de 2,67º e desvio padrão de 3,74º, consistindo em uma região relativamente plana pela declividade média de 2.6º podendo chegar freqüentemente 6º e em trechos mais dobrados atinge 80º. As áreas de maior declividade apresentam-se com maiores potencias para conservação e estabelecimento de reservas legais, embora se apresentem restritas a pequenas faixas na região estudada.
Gráfico 10 - Declividade
ANÁLISE DA FRAGMENTAÇÃO DA PAISAGEM NA AMAZÔNIA MATO-GROSSENSE
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4. Modelagem por múltiplos critérios
As análises de fragmentação da paisagem estão estruturadas de forma a possibilitar a integração das diferentes variáveis por múltiplos critérios e em diferentes escalas (até o nível da propriedade), visando gerar um modelo para auxiliar a tomada de decisão na gestão das reservas legais na área de estudo.
Especificamente, a modelagem pode ser utilizada para: Identificar áreas prioritárias para a conservação e recuperação e, portanto, alocação e
eventualmente recomposição de reserva legal. Para essa identificação, podem ser inseridas também variáveis econômicas (preço da terra ou custo de oportunidade do uso da terra, por exemplo), porém os fatores já auferidos, como distância das estradas e manchas urbanas ou declividade, já são indicadores dessas variáveis.
Gerar cenários de desmatamento e alocação de reserva legal em função da adoção de determinados instrumentos de políticas públicas. Para tanto, é necessário dispor de um levantamento preciso dos fatores que motivam a decisão de desmatar ou não a localização e extensão das áreas de reservas. Tais cenários deveriam ser realizados inicialmente com uma área menor (um recorte da área de estudo) e escala mais detalhada, integrando também os dados fundiários disponíveis.
Já foram feitos alguns ensaios na modelagem, um dos quais gerou um indicador de qualidade ambiental e importância para a conservação, conforme proposta metodológica proposta por Irgang (2004) (Gráfico 11).
Gráfico 11 - Modelagem: Indicador de qualidade ambiental e valor para a conservação
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As ponderações utilizadas na modelagem de qualidade são indicadas na Tabela 5.
Tabela 5 - Matriz de comparação pareada de Saaty, entre os fatores usados na modelagem das áreas prioritárias para conservação
Fatores Áre
a/p
erím
etro
Dis
tânci
a d
os
recu
rsos
híd
rico
s
Áre
a d
o fr
agm
ento
Cir
cula
ridad
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fragm
ento
Dis
tânci
a d
o
des
mata
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Distância do desmatamento 1 3 1 3 1
Distância entre os fragmentos 1/3 1/3 1/3 1/3 1/3 1
Distância das manchas urbanas 1 3 1/3 1 1 3 1
Declividade 1/3 1 1/3 1/3
1/3 1 1/3 1
Distância das estradas 1 3 1/3 3 1/3
3 3 3 1
O resultado gerado por esse mapeamento é compatível com uma escala até 1:100.000; portanto pode ser utilizado na identificação de áreas prioritárias para a conservação no nível de municípios até no nível de grandes e médias propriedades rurais.
Na escala de um município ou grupo de municípios – no caso, Alta Floresta e municípios vizinhos, o mapa evidencia o papel do entorno dos rios principais (matas ciliares ampliadas para 200 metros em cada margem dos cursos d’água) para a conectividade da paisagem, conforme ilustrado no Gráfico 12.
ANÁLISE DA FRAGMENTAÇÃO DA PAISAGEM NA AMAZÔNIA MATO-GROSSENSE
20
Gráfico 12 - Indicador de qualidade ambiental e importância para a conservação ou recuperação
Nota:
Área dos municípios de Alta Floresta, Carlinda e Novo Mundo
Ponto branco: núcleo urbano de Alta Floresta
Traços vermelhos: áreas prioritárias para restabelecer a conectividade da paisagem.
ANÁLISE DA FRAGMENTAÇÃO DA PAISAGEM NA AMAZÔNIA MATO-GROSSENSE
21
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