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ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO OS EFEITOS DE SEGUNDA ORDEM PELO MÉTODO P-DELTA Erlon da Silva Portugal Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Henrique Innecco Longo Rio de Janeiro Setembro, 2016

ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

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Page 1: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO OS EFEITOS DE SEGUNDA ORDEM PELO MÉTODO P-DELTA

Erlon da Silva Portugal

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade

Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Engenheiro.

Orientador: Henrique Innecco Longo

Rio de Janeiro

Setembro, 2016

Page 2: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO OS EFEITOS DE SEGUNDA ORDEM PELO MÉTODO P-DELTA

Erlon da Silva Portugal

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE

JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU

DE ENGENHEIRO CIVIL

Examinada por:

____________________________________________________ Prof. D.Sc. Henrique Innecco Longo

_____________________________________________________ Prof. D.Sc. Sérgio Hampshire de Carvalho Santos

_____________________________________________________ Prof. D.Sc. Bruno Martins Jacovazzo

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

Setembro de 2016

Page 3: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

iii

Portugal, Erlon da Silva

Análise de estrutura de edifícios altos considerando

os efeitos de segunda ordem pelo método P-Delta/ Erlon

da Silva Portugal. – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola

Politécnica, 2016.

X, 49 p.; 29,7 cm

Orientador: Henrique Innecco Longo

Projeto de Graduação – UFRJ/Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Civil, 2016.

Referências Bibliográficas: p. 48-49

1. Método P-Delta 2. Efeitos de Segunda Ordem

3.Concreto Armado 4.Análise de Edificios altos. I. Longo,

Henrique Innecco II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, UFRJ, Engenharia Civil. III. Análise de estrutura

de edifícios altos considerando os efeitos de segunda

ordem pelo método P-Delta.

Page 4: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

iv

AGRADECIMENTOS E DEDICATÓRIA

Agradeço a Deus acima de tudo.

Agradeço aos meus pais, Alberto e Miriam por me incentivarem desde cedo aos estudos, por

estarem sempre preocupados com meu futuro e sempre procurarem o melhor para a minha

vida. Vocês também são responsáveis por este momento.

Agradeço o meu irmão Ivens,que busca sempre me mostrar o melhor caminho e por várias

vezes me incentivou e auxiliou na realização deste trabalho.

Agradeço a Valquíria, por estar me incentivando em todos os momentos, sempre querendo o

melhor para mim. Obrigado por ser tão especial.

Agradeço a todos os meus parentes, em especial à Lilian (in memorian) que sempre

estiveram/estão presentes na minha vida.

Agradeço a Luis Fernando e Marcela Santos por serem amigos muito especiais pra mim.

Vocês sempre me ajudaram quando precisei.

Agradeço ao meus amigos que conheci no ensino médio quando estudava no CEFET-RJ,

Fernando Ferreira, Igor Paz e Rafael Imbroinisio. Suas amizades são muito importantes pra

mim.

Agradeço aos amigos que conheci no decorrer desta graduacão que estiveram ao meu lado

nos estudos e que eu levarei pra mimha vida, Alexandre Duarte, Bernardo Gadea, Bruno

Pedrosa, Igor Silveira, Matheus Leal, Nelson Bernardo, Thiago Sessa e Vitor Colimodio

Agradeço ao Professor Henrique Longo por ter se disponibilizado a me auxiliar na elaboração

deste trabalho estando sempre solícito quando eu precisei.

Agradeço aos professores que se disponibilizaram para avaliar este trabalho. Professor

Sérgio Hampshire e Professor Bruno Jacovazzo, é uma honra tê-los como examinadores.

Agradeço a todos os professores e profissionais que contribuiram para meu crescimento

acadêmico e profisional. Cito professor Marcos Silvoso, Engenheiro Étore Funchal, todos os

engenheiros e técnicos do grupo de MCS da GE Oil&Gas.

Agradeço a todos que de alguma forma influenciaram minha vida.

Page 5: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

v

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica da UFRJ como parte

dos requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheiro Civil.

ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO OS EFEITOS DE

SEGUNDA ORDEM PELO MÉTODO P-DELTA

Erlon da Silva Portugal

Setembro, 2016

Orientador: Henrique Innecco Longo

Curso: Engenharia Civil A análise estrutural considerando os efeitos de segunda ordem é atualmente muito importante

no dimensionamento das estruturas. As estruturas estão mais altas, menos robustas e

consequentemente mais esbeltas. Por esses motivos tendem a se deslocar mais. Este fato

influencia diretamente a análise estrutural. Tendo em vista este fato, este trabalho apresenta

um edifício de 30 pavimentos de concreto armado que foi analisado por um modelo

tridimensional em elementos finitos pelo programa SAP2000 v.14. Os esforços resultantes

dos efeitos de segunda ordem desta estrutura foram calculados pelo mesmo programa

através do método P-Delta que considera a não-linearidade geométrica. Também foi

considerada a não-linearidade física que altera a rigidez dos elementos estruturais. A partir

destes esforços, foi escolhido o pilar mais solicitado e este teve seu dimensionamento

realizado. Neste trabalho ainda é apresentada a comparação dos esforços resultantes dos

efeitos de segunda ordem com os esforços resultantes dos efeitos de primeira ordem.

Palavras-chave: Método P-Delta, Efeitos de Segunda Ordem, Concreto Armado, Análise de

edifícios altos.

Page 6: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

vi

Abstract of the Undergraduate Project presented to the Escola Politécnica of the Federal

University of Rio de Janeiro (UFRJ) as partial fulfillment of the requirements for the degree

of Engineer.

ANALYSIS OF THE STRUCTURE OF TALL BUILDINGS CONSIDERING THE SECOND

ORDER EFFECTS BY THE P-DELTA METHOD

Erlon da Silva Portugal

September, 2016

Advisor: Henrique Innecco Longo

Course: Civil Engineering The structural analysis considering the second order effects is presently very important in the

structural design. The structures nowadays are taller, less robust and consequently slenderer.

For those reasons, they tend to have higher displacements. This fact directly influences the

structural analysis. Based on that, this work presents a 30 floor building built in reinforced

concrete analysed by a tridimensional model in finite elements by the software SAP2000 v.14.

The forces resulting from the second order effects of this structure were calculated by the

same software using the P-Delta method, which considers the geometric non-linearity. It also

takes into consideration the physical non-linearity that modifies the structural elements

stiffness. From these stresses, the column with more load was chosen and its design was

done. This work also presents a comparison between the forces resulting from the second

order effects and the first order resultant forces.

Keywords: P-Delta Method, Second Order Effects, Reinforced Concrete, Tall buildings

Analysis.

Page 7: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

vii

Sumário

1. Introdução ....................................................................................................................................... 1

1.1. Tema ....................................................................................................................................... 1

1.2. Problema ................................................................................................................................. 2

1.3. Objetivo ................................................................................................................................... 3

1.4. Recursos e Metodologia ......................................................................................................... 3

2. Efeitos de Segunda Ordem ............................................................................................................. 4

2.1. Critérios para a avaliação da instabilidade global................................................................... 4

2.1.1. Parâmetro α ........................................................................................................................ 4

2.1.2. Coeficiente ϒz ...................................................................................................................... 5

3. Outros métodos para determinação dos momentos de segunda ordem globais .......................... 6

3.1. Métodos Simplificados ............................................................................................................ 6

3.2. Métodos Rigorosos ................................................................................................................. 6

4. Processo P-Delta ............................................................................................................................. 7

4.1. Método da Carga Lateral Fictícia (P-Delta) ............................................................................. 7

4.2. Método P-Delta para estruturas de pórticos .......................................................................... 7

5. Análise ........................................................................................................................................... 10

5.1. Estrutura ............................................................................................................................... 10

5.2. Dados Utilizados .................................................................................................................... 11

5.3. Pré-Dimensionamento das Lajes .......................................................................................... 12

5.4. Pré-Dimensionamento das Vigas .......................................................................................... 12

5.5. Pré-Dimensionamento dos Pilares ........................................................................................ 13

5.6. Consideração da Não-Linearidade Física .............................................................................. 14

5.7. Carregamentos Utilizados ..................................................................................................... 15

5.7.1. Carregamentos Permanentes ........................................................................................... 15

5.7.2. Carregamentos Variáveis .................................................................................................. 15

5.8. Combinações no Modelo Estrutural ..................................................................................... 22

5.9. Estado Limite Último (ELU) ................................................................................................... 23

5.10. Estado Limite de Serviço (ELS) .......................................................................................... 24

5.11. Modelo Estrutural ............................................................................................................. 26

5.12. Cálculo do Parâmetro de Instabilidade Global ................................................................. 28

5.13. Resultados ......................................................................................................................... 30

5.13.1. Deslocamento Horizontal no topo da estrutura ............................................................... 30

5.13.2. Verificação do deslocamento horizontal máximo ............................................................ 33

5.13.3. Esforço Normal atuante nos Pilares .................................................................................. 33

5.13.4. Esforço Cortante atuante nos Pilares P10 e P14 ............................................................... 36

Page 8: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

viii

5.13.5. Momentos Fletores atuantes nos Pilares P10 e P14 ........................................................ 38

5.13.6. Resumo dos esforços ........................................................................................................ 40

5.14. Dimensionamento da armadura longitudinal dos pilares P10 e P14 ................................ 41

5.14.1. Detalhamento das armaduras longitudinais ..................................................................... 41

5.15. Dimensionamento da Armadura transversal dos pilares P10 e P14 ................................. 43

5.16. Desenho da armadura dos pilares P10 e P14 ................................................................... 46

6. Conclusão ...................................................................................................................................... 47

Page 9: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

ix

Lista de Figuras

Figura 1 - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, exemplo de edifício robusto. a)Vista

da entrada pela Radial Oeste; b) detalhe das rampas de acesso. (Fonte:

http://www.uerj.br/institucional/galeria_todas.php, acesso em 12/09/16 11:15h) ...................... 1

Figura 2 - Edificio residencial Rio Mamoré – exemplo de edfício esbelto. (Fonte: Revista

Téchne, Edição 173, Agosto de 2011) ............................................................................................. 2

Figura 3 – Deslocamentos horizontais no pórtico (LONGO, 2016) .............................................. 8

Figura 4 – Forças nodais nas hastes AB e BC deformadas (LONGO, 2016) ............................ 9

Figura 5 - Forças horizontais fictícias aplicadas no pórtico (LONGO) ......................................... 9

Figura 6 - Planta de Formas ............................................................................................................. 10

Figura 7 - Área de Influência de um Pilar ....................................................................................... 13

Figura 8 – Isopletas de velocidades básicas do vento (NBR-6123) .......................................... 16

Figura 9 - Coeficiente de arrasto para edificações em forma de paralelepípedo

(NBR6123:1990)................................................................................................................................. 17

Figura 10 - Desaprumo dos Elementos Verticais (NBR6118:2014) ........................................... 19

Figura 11 - Pórtico desaprumado (LONGO, 2016) ....................................................................... 20

Figura 12 - Carregamento horizontal equivalente ao desaprumo (LONGO, 2016) ................. 20

Figura 13 - Modelo Estrutural do Edifício com 30 Andares ......................................................... 26

Figura 14 – Modelo do Pavimento Tipo - Vista Plano xy ............................................................. 27

Figura 15 - Deformação da estrutura para o cálculo do parâmetro de instabilidade global ... 29

Figura 16 - Deslocamento horizontal máximo no topo da estrutura no ELS para a análise de

primeira ordem .................................................................................................................................... 31

Figura 17 - Deslocamento horizontal máximo no topo da estrutura no ELS para a análise de

segunda ordem ................................................................................................................................... 32

Figura 18 – Diagrama de esforço Normal de primeira ordem ..................................................... 34

Figura 19 – Diagram de esforço Normal considerando os efeitos de segunda ordem ........... 35

Figura 20 – Diagrama de esforço cortante de primeira ordem ................................................... 36

Figura 21 – Diagrama de esforço cortante considerando os efeitos de segunda ordem ....... 37

Figura 22 – Diagrama de momento fletor de primeira ordem ..................................................... 38

Figura 23 – Diagrama de momento fletor considerando os efeitos de segunda ordem ......... 39

Figura 24 - Armação dos pilares P10 e P14 .................................................................................. 46

Page 10: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

x

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Características do concreto utilizado ........................................................................... 11

Tabela 2 - Características do aço utilizado .................................................................................... 11

Tabela 3 - Características das formas utilizadas .......................................................................... 11

Tabela 4 - Carregamento considereados atuantes no pilar por pavimento .............................. 13

Tabela 5 - Dimensões adotadas para os pilares ........................................................................... 14

Tabela 6 - Resumo Vento ................................................................................................................. 18

Tabela 7 - Resumo Imperfeições Geométricas ............................................................................. 21

Tabela 8 – Coeficientes ɣg, ɣq .......................................................................................................... 22

Tabela 9 – Coeficientes Ψ0, Ψ1 e Ψ2 ............................................................................................... 22

Tabela 10 - Combinações no ELU .................................................................................................. 24

Tabela 11 - Combinações no ELS ................................................................................................... 25

Tabela 12 - Resumos dos esforços de primeira ordem nos pilares P10 e P14 ....................... 40

Tabela 13 - Resumo dos esforços considerando os efeitos de segunda ordem nos pilares

P10 e P14 ............................................................................................................................................ 40

Tabela 14 - Comparação do deslocamento horizontal no topo da estrutura ............................ 47

Tabela 15 - Comparação esforço Normal ...................................................................................... 47

Tabela 16 - Comparação esforço Cortante .................................................................................... 47

Tabela 17 - Comparação Momento Fletor ..................................................................................... 47

Page 11: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

1

1. Introdução

1.1. Tema

A análise de segunda ordem global de edifícios é indispensável nos dias atuais,

diferentemente de outras épocas. Entre os vários motivos pode-se citar que a tecnologia

sofreu grandes avanços e tornou possível a execução de concretos de elevada

resistência, que podem ultrapassar os 50MPa, permitindo estruturas mais esbeltas. Há

poucas décadas atrás, a resistência usual em estruturas de concreto era em torno de

15MPa a 20MPa (MONCAYO, 2011).

Com esses novos concretos, chamados de concretos de alto desempenho, os edifícios

estão sendo construídos com alturas ainda maiores, mas também os elementos

estruturais, antes rígidos, estão mais esbeltos. Anteriormente era possível constatar

elementos estruturais mais robustos para suportar as imensas cargas provenientes de

edifícios de grande altura.

Na Figura 1 e na Figura 2 é possível verificar a diferença de esbeltez entre as estruturas

atuais e antigas mencionada no parágrafo anterior.

a) b)

Figura 1 - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, exemplo de edifício robusto. a)Vista da entrada pela Radial Oeste; b) detalhe das rampas de acesso. (Fonte: http://www.uerj.br/institucional/galeria_todas.php, acesso em 12/09/16 11:15h)

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2

Figura 2 - Edificio residencial Rio Mamoré – exemplo de edfício esbelto. (Fonte: Revista Téchne, Edição 173, Agosto de 2011)

BUENO (2009) destaca em sua Dissertação de Mestrado que os problemas

provenientes da instabilidade dessas edificações, pelas suas características de esbeltez

e pouca rigidez, são objeto de estudo de muitos pesquisadores e o avanço que já existe

nessa área fornece aos profissionais boas ferramentas para um projeto seguro. Esta

autora ainda exemplifica com a própria NBR6118, que em sua versão de 1978 não

contemplava uma orientação completa para a consideração da mobilidade de

estruturas. Isto se alterou a partir da versão de 2003 onde a norma comportava um

capítulo inteiro sobre o assunto.

Como agora as estruturas podem se deslocar mais, a análise deve ser feita

considerando os deslocamentos das mesmas e os esforços que surgem a partir da

atuação do carregamento vertical na configuração deformada da estrutura. Estes efeitos

são chamados de efeitos de segunda ordem.

Um dos métodos utilizados para o cálculo dos esforços proveninetes dos efeitos globais

de segunda ordem é o método P-Delta.

1.2. Problema

Foi idealizado um edíficio de 30 andares a partir de uma planta de formas de um

pavimento tipo também idealizada. O intuito desta idealização é reproduzir a estrutura

que tem se destacado na verticalização das cidades, os edifícios de grande altura.

Quando solicitada para dimensionamento, a utilização considerada do mesmo será para

fins comerciais.

Page 13: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

3

1.3. Objetivo

O objetivo deste trabalho é apresentar a análise de um edifício comercial de 30 andares

pelo método P-Delta.

Após cálculados os esforços no edifício, foi escolhido o pilar mais solicitado para ser

dimensionado.

1.4. Recursos e Metodologia

Para a realização do trabalho, foi criada uma planta de formas de um pavimento tipo.

Na elaboração desta planta foi utilizado o programa AutoCad 2015, bastante utilizado e

difundido na área de projetos de engenharia atualmente.

Com a planta de formas definida, foi realizado o pré-dimensionamento dos elementos

estruturais.

Todas os carregamentos utilizados para a análise e o dimensionamento do pilar mais

solicitado da estrutura estão de acordo com a norma brasileira vigente na época deste

trabalho, NBR6118:2014.

Para a análise, foi utilizado o programa de cálculo estrutural SAP2000 v.14. Assim como

o AutoCad, este programa de computador é bastante utilizado e difundido na

Engenharia Civil, principalmente na área de cálculo estrutural.

Para a visualização do dimensionamento, também foi elaborada uma planta de

armaduras. Na elaboração desta planta foi utilizado o programa AutoCad 2015.

Page 14: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

4

2. Efeitos de Segunda Ordem

A análise de 1ª ordem considera a estrutura na sua configuração geométrica

indeformada para a análise estrutural. Ao analisar a estrutura a partir da consideração

da configuração geométrica deformada, são verificadas solicitações adicionais no

sistema estrutural denominadas efeitos de 2ª ordem.

2.1. Critérios para a avaliação da instabilidade global

A avaliação da estabilidade global de um conjunto de elementos estruturais é um dos

mais importantes fatores para a concepção estrutural, pois visa garantir a segurança da

estrutura diante da perda de sua capacidade resistente, causada pelo aumento das

deformações, em decorrência das ações horizontais e verticais (LACERDA,2014).

A NBR6118:2014 apresenta dois procedimentos para a avaliação da instabilidade global

da estrutura.

2.1.1. Parâmetro α

Este parâmetro foi inicialmente intriduzido por BECK e KÖNIG (1966) e avalia a

sensibilidade da estrutura aos efeitos de segunda ordem (OLIVEIRA, 2009).

O modelo relacionado a esse parâmetro só é válido dentro do regime elástico, e foi

baseado na analogia entre o comportamento de um edifício e de um pilar de seção

constante engastado na base e livre no topo, submetido a uma ação axial distribuída ao

longo de toda a sua altura (OLIVEIRA, 2002).

A NBR6118:2014 define que o valor-limite α1 = 0,6 prescrito para n ≥ 4 é, em geral,

aplicável às estruturas usuais de edifícios. E que, para associações de pilares-parede e

para pórticos associados a pilares-parede, adotar α1 = 0,6. No caso de

contraventamento constituído exclusivamente por pilares-parede, adotar α1 = 0,7.

Quando só houver pórticos, adotar α1 = 0,5.

Se α for menor que os valores citados na norma, os momentos de segunda ordem são

menores que 10% dos de primeira ordem e podem ser desprezados.

Ainda de acordo com a NBR6118:2014, o parâmetro α é dado por:

𝛼 = 𝐻𝑡𝑜𝑡 × √𝑁𝑘

𝐸𝑐𝑠 × 𝐼𝑐

onde:

Htot = altura total da estrutura, medida a partir do topo da fundação ou de um nível pouco

deslocável do subsolo

Page 15: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

5

Nk = somatório de todas as cargas verticais atuantes na estrutura (a partir do nível

considerado para o cálculo de Htot) com seu valor característico

Ecs x Ic = somatório dos valores de rigidez de todos os pilares na direção considerada.

2.1.2. Coeficiente ϒz

O coeficiente ϒz é um parâmetro que avalia, de forma simples e bastante eficiente, a

estabilidade global de um edifício com estrutura de concreto armado. Também é capaz

de estimar os esforços de segunda ordem por uma simples majoração dos esforços de

primeira ordem (MONCAYO,2009). Este parâmetro que segundo FEITOSA e ALVES

(2015) é largamente utilizado para a análise dos projetos estruturais no país atualmente

foi desenvolvido por FRANCO e VASCONCELOS (1991).

Este processo de avaliação está baseado na hipótese de que as sucessivas

configurações da linha elástica, geradas pela ação do carregamento vertical em

estrutura com os nós deslocados, se sucedem segundo uma progressão geométrica

(BUENO, 2009).

A NBR6118:2014 define que este coeficiente é válido para estruturas reticuladas de no

mínimo quatro andares e é dado pela expressão:

𝛾𝑧 =1

1 −∆𝑀𝑡𝑜𝑡,𝑑

𝑀𝑡𝑜𝑡,𝑑

onde:

Mtot,d = momento de tombamento, soma dos momentos provocados por todas as forças

horizontais da combinação considerada, com seus valores de cálculo, em relação à

base da estrutura

ΔMtot,d = acréscimo de segunda ordem no momento de tombamento, soma dos

momentos correspondentes aos produtos das forças verticais da combinação

considerada, com seus valores de cálculo, vezes os deslocamentos horizontais de seus

respectivos pontos de aplicação, obtidos em uma análise de 1ª ordem.

Ainda segundo a NBR6118:2014, considera-se que a estrutura é de nós fixos se for

obedecida a condição ϒz ≤ 1,1.

Page 16: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

6

3. Outros métodos para determinação dos momentos de segunda ordem globais

Alguns outros métodos são descritos na literatura e usados na prática. Cada um deles

considera as não linearidades de forma diferentemente e a escolha do método

apropriado dependerá da importância da obra e de sua sensibilidade aos efeitos de

segunda ordem (FRANCO, 1985).

A seguir está apresentada uma breve descrição dos mesmos.

3.1. Métodos Simplificados

BUENO (2009) define os métodos simplificados como sendo processos de cálculo onde

ao invés de se determinarem os esforços e deslocamentos da estrutura, os momentos

finais já considerando os efeitos de segunda ordem são obtidos diretamente , de forma

aproximada.

A NBR6118:2014 em seu item 15.7.2 cita o coeficiente ϒz para a obtenção dos esforços

com os efeitos de segunda ordem a partir da majoração adicional dos esforços

decorrentes das forças horizontais da combinação de carregamento considerada por

0,95 vezes deste coeficiente. A mesma norma ainda orienta que este processo só é

válido para ϒz ≤ 1,3.

3.2. Métodos Rigorosos

De acordo com BUENO (2009) são processos de cálculo que consideram de maneira

rigorosa as não linearidades na análise de segunda ordem. Ainda segundo a autora,

para sua utilização, é necessário conhecer as rigidezes EI e EA dos elementos

estruturais, estimadas em função da geometria e da armadura

Page 17: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

7

4. Processo P-Delta

Os esforços de primeira e de segunda ordem global podem ser obtidos por meio do

processo P-Delta. Porém, como ele não é um parâmetro de estabilidade, a avaliação da

estabilidade global é realizada após a análise de estabilidade. O P-Delta é um processo

de análise não-linear geométrica. (MONCAYO, 2011).

Muitos métodos utilizam o processo P-Delta como base. Neste trabalho será utilizados

o Método da Carga Lateral Fictícia.

4.1. Método da Carga Lateral Fictícia (P-Delta)

O método da carga lateral fictícia (P-Delta) é um método interativo que visa determinar

forças horizontais equivalentes ao momento de segunda ordem gerado nas estruturas.

Segundo LONGO (2016), no método da carga lateral fictícia, a análise não-linear é

substituída por uma série de análises lineares, sendo que em cada etapa as

características são consideradas constantes. Em cada etapa, os resultados da etapa

anterior são alterados e o processo só termina quando houver uma convergência, ou

seja, os parâmetros se mantenham praticamente os mesmos em duas etapas

consecutivas.

4.2. Método P-Delta para estruturas de pórticos

Inicialmente, é feita uma análise linear para a determinação dos deslocamentos

horizontais em cada pavimento. Em seguida, são determinadas as forças horizontais

fictícias equivalentes aos momentos de segunda ordem. A determinação destas forças

fictícias é feita de uma maneira aproximada (LONGO, 2016).

O método se repete aplicando as forças laterais ficticias e gerando novos

deslocamentos até que seja percebida uma convergência nos resultados obtidos.

A Figura 3 apresenta os deslocamentos após a primeira análise de primeira ordem. A

partir daí o método será aplicado.

Page 18: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

8

Figura 3 – Deslocamentos horizontais no pórtico (LONGO, 2016)

As forças horizontais fictícias ou equivalentes são determinadas da seguinte forma ,

adaptada de FRANÇA (1985) e LONGO (2016);

a) Obtém-se o deslocamento ai de cada pavimento pela análise de primeira ordem;

b) Calculam-se os deslocamentos relativos Δa de cada pavimento fazendo:

Δai = (ai – ai+1);

c) Considerando a carga N1 atuante em cada pavimento i, e a distancia hi entre

andares, calculam-se as forças Hi totais pela fórmula:

𝐻𝑖 =∑ 𝑁𝑗,𝑖 × ∆𝑎𝑖

ℎ𝑖

d) A força lateral fictícia em cada nível será a diferença entre as forças, como é

verificado na Figura 4:

Page 19: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

9

Figura 4 – Forças nodais nas hastes AB e BC deformadas (LONGO, 2016)

𝐻𝑖∗ =

∑ 𝑁𝑗,𝑖 × ∆𝑎𝑖

ℎ𝑖−

∑ 𝑁𝑗,𝑖−1 × ∆𝑎𝑖−1

ℎ𝑖−1

e) As forças ΔHi são adicionadas ao carregamento horizontal original da estrutura

e faz-se uma nova análise de primeira ordem, etapa esta ilustrada na Figura 5;

Figura 5 - Forças horizontais fictícias aplicadas no pórtico (LONGO)

f) Para cada iteração, novas forças ΔHi são encontradas e isto se sucede até que

os valores fiquem constantes.

Page 20: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

10

5. Análise

5.1. Estrutura

Foi realizada uma análise não-linear por um programa de computador pelo método P-

delta de uma edificação de 30 andares submetida a cargas de vento na direção

transversal. Foram ainda consideradas cargas equivalentes às imperfeições

geométricas globais.

Figura 6 - Planta de Formas

Page 21: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

11

As dimensões dos elementos da planta de formas de um pavimento tipo apresentada

na Figura 6 foram pré-dimensionadas como apresentado a seguir:

5.2. Dados Utilizados

Para o projeto foram adotados os dados apresentados abaixo:

Concreto:

Resistência característica: fck = 40 MPa

Peso específico do concreto armado: ϒc = 25 kN/m³

Módulo de elasticidade secante: Ecs = 32.000 MPa.

Coeficiente de Poisson = 0,3

Cobrimento das armaduras: 3,0 cm.

Tabela 1 - Características do concreto utilizado

Armadura:

Classe: CA 50

Resistência de escoamento característica: fyk = 500 MPa

Tabela 2 - Características do aço utilizado

Formas:

d(altura útil): h – 3 (cm)

Tabela 3 - Características das formas utilizadas

Page 22: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

12

5.3. Pré-Dimensionamento das Lajes

A NBR6118:2014 define, para as lajes maciças, os seguintes limites mínimos para a

espessura:

a) 7 cm para cobertura não em balanço;

b) 8 cm para lajes de piso não em balanço;

c) 10 cm para lajes em balanço;

d) 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou igual a 30 kN;

e) 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30 kN;

f) 15 cm para lajes com protensão apoiadas em vigas, com o mínimo de l/42 para lajes

de piso biapoiadas e l/50 para lajes de piso contínuas;

g) 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes-cogumelo, fora do capitel.

O projeto apresenta lajes de 8 centímetros de espessura adotada. E, portanto:

𝑑 = 8 − 3 = 5 𝑐𝑚

5.4. Pré-Dimensionamento das Vigas

A altura da viga será determinada em função do seu maior vão.

ℎ =𝑙

12 𝑎 15≥ 30 𝑐𝑚

sendo:

l = vão da viga

Como dito, utilizando o maior vão presente no projeto, tem-se:

ℎ =800

14= 57𝑐𝑚

O projeto apresenta vigas de altura igual a 60cm e largura igual 12cm.

Page 23: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

13

5.5. Pré-Dimensionamento dos Pilares

Será utilizado para o pré-dimensionamento dos pilares, o pilar com a maior área de

influência. Sendo assim, os pilares P10 e P14 servirão de modelo para o pré-

dimensionamento.

Segundo LONGO, como o pilar interno recebe mais carga do que o de extremidade, as

linhas de influência são traçadas a 0,6 do vão entre o pilar interno e o pilar externo e a

0,5 entre dois pilares internos, como está apresentado na Figura 7:

Figura 7 - Área de Influência de um Pilar

Assim sendo, a área de influência dos pilares escolhidos é a seguinte:

𝐴𝑖𝑛𝑓 = (0,6 × 8,0 + 0,6 × 8,0) × (0,5 × 7,0 + 0,5 × 7,0) = 67,2 𝑚2

Ainda para o pré-dimensionamento, será necessário estimar a carga vertica total atuante

no pilar. A tabela 4 mostra os carregamentos considerados por pavimento para tal

análise.

Carregamentos Considerados:

Cargas Verticais devidas ao peso da laje = 2kN/m2

Cargas Verticais devidas ao peso das vigas = 0,4kN/m2

Cargas Verticais devidas ao peso das paredes = 1kN/m2

Cargas Verticais devidas ao peso do revestimento = 0,7kN/m2

Sobrecaga = 2kN/m2

Total = 6,1kN/m2

Tabela 4 - Carregamento considereados atuantes no pilar por pavimento

Page 24: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

14

O peso próprio do pilar foi considerado como sendo 5% da carga vertical total nos

pilares, no nível da fundação.

𝑁𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 1,05 × (30 × 6,1 × 67,2) = 12913 𝑘𝑁

A área de concreto pode ser estimada como sendo:

𝐴𝑐 =𝑁𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

35000=

12913

35000= 0,369 𝑚2

Foi adotado um pilar com as seguintes dimensões:

Dimensões dos Pilares

Comprimento = 75 cm

Largura = 50 cm

Tabela 5 - Dimensões adotadas para os pilares

5.6. Consideração da Não-Linearidade Física

De acordo com a NBR6118:2014, para a análise dos esforços globais de 2ª ordem, em

estruturas reticuladas com no mínimo quatro andares, pode ser considerada a não

linearidade física de maneira aproximada reduzindo a rigidez de vigas e pilares como:

Vigas: (EI)sec = 0,4 EcIc

Pilares: (EI)sec = 0,8 EcIc

onde

Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto, incluindo, quando for o caso, as

mesas colaborantes.

Ec é o valor representativo do módulo de deformação do concreto

Page 25: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

15

5.7. Carregamentos Utilizados

Os carregamentos estão classificadas conforme descrito abaixo e seus valores

aplicados no modelo.

5.7.1. Carregamentos Permanentes

Peso Próprio dos elementos de Concreto (DEAD)

Este carregamento é automaticamente calculado e considerado pelo programa

SAP2000 (utilizado para realizar a análise). O peso próprio dos elementos é

apresentado no programa como o carregamento DEAD.

Peso das Paredes

Como não existe projeto de arquitetura para o projeto analisado, foi considerado um

carregamento de 1kN/m2 de modo a considerar as paredes do pavimento.

Peso do Revestimento do Piso

Foi considerado um carregamento de 0.7kN/m2 referente a pisos cerâmicos.

5.7.2. Carregamentos Variáveis

Sobrecarga

Foi considerado um carregamento de 2.0kN/m2.

Vento

Para o cálculo da velocidade característica Vk do vento deve-se definir valores de

velocidade básica do vento (V0), fator topográfico (S1), fator de rugosidade (S2), e fator

estatístico (S3). Definidos estes valores, é possível calcular a velocidade característica

do vento a partir da fórmula a seguir:

Vk = V0 × S1 × S2 × S3

Velocidade Básica do Vento:

Na Figura 8, estão apresentadas as isopletas para várias regiões do Brasil. Pode-se

considerar a velocidade básica do vento no Rio de Janeiro de 35m/s.

Page 26: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

16

Figura 8 – Isopletas de velocidades básicas do vento (NBR-6123)

Fator topográfico (S1)

O fator topográfico, que considera a variação no terreno onde a edificação estará

construída, é definido considerando 3 situações, de acordo com a NBR6123:1990.

Para o projeto em questão, foi adotado o item a seguir:

a) Terreno plano ou fracamente acidentado: S1 = 1.0

Fator de Rugosidade (S2)

Este fator considera os efeitos combinados da rugosidade do terreno, da variação da

velocidade do vento com a altura do terreno e das dimensões da edificação.

A NBR6123:1990 classifica o terreno em cinco categorias e as dimensões da estrutura

em três classes que auxiliam no cálculo do fator em questão.

Para o projeto, foram adotados:

Categoria V: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos, grandes, altos e pouco

espaçados. Exemplos: florestas com árvores altas, de copas isoladas, centros de

grandes cidades, complexos industriais bem desenvolvidos.

Classe C: Toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão

horizontal ou vertical da superfície frontal exceda 50 m.

Page 27: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

17

Fator estatístico (S3)

Este fator considera a utilização da edificação e sua vida útil. A NBR6113:1990 define

os valores para o fator de acordo com 5 grupos.

O projeto considera o grupo 2.

Pressão dinâmica

De acordo com a NBR6123:1990 é possível utilizar o teorema de Bernoulli (conservação

de energia para fluidos perfeitos em regime permanente) juntamente com a velocidade

característica do vento para a obtenção da pressão dinâmica do vento.

𝑞 = 0,613 𝑉𝑘2

Força de Arrasto e Coefiente de Arrasto

A Figura 9 apresenta o coeficiente da força de arrasto para edificações em forma de

paralelepípedo de acordo com a NBR6123. Para se obter o valor do coeficiente de

arrasto, deve-se utilizar os comprimentos em planta da estrutura e sua altura.

Figura 9 - Coeficiente de arrasto para edificações em forma de paralelepípedo

(NBR6123:1990)

Page 28: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

18

A força de arrasto é dada pela seguinte fórmula:

𝐹𝑎 = 𝐶𝑎 × 𝑞 × 𝐴𝑒

Onde:

Ca = coeficiente de arrasto

q = pressão dinâmica

Ae = área frontal efetiva da projeção ortogonal da edificação sobre um plano

perpendicular à direção do vento

Resumo Vento

Na Tabela 6 está mostrado o resumo dos cálculos para o vento na edificação.

Altura

(m)

V0

(m/s) S1 S2 S3 Vk (m/s)

q

(N/m2) Ca Fa (kN/m)

30 35 1 0.82 1 28.7 504.922 1.2 1.818

60 35 1 0.92 1 32.2 635.583 1.31 2.498

90 35 1 0.99 1 34.65 735.982 1.37 3.025

Tabela 6 - Resumo Vento

Imperfeições Geométricas

Toda estrutura construída pode apresentar imperfeições oriundas de falhas na

construção. Muitas dessas imperfeições são absorvidas por coeficientes de segurança

e não geram risco de colapso à estrutura. O desaprumo das peças verticais, porém, é

uma imperfeição que deve ser considerada à parte pelo engenheiro. No cálculo, estas

são consideradas como ações permanentes indiretas.

A Figura 10 mostra o desaprumo θa, em radianos, nos elementos verticais de um pórtico

Page 29: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

19

Figura 10 - Desaprumo dos Elementos Verticais (NBR6118:2014)

A NBR-6118:2014, define este desaprumo de acordo com a fórmula a seguir:

𝜃𝑎 = 𝜃1 ×√(1 +

1𝑛

)

2

onde:

𝜃1 =1

100 × √𝐻

H = altura total (em metros)

n = numero de prumadas de pilares no pórtico plano

𝜃1𝑚í𝑛 =1

300 para estruturas reticuladas e imperfeições locais

𝜃1𝑚á𝑥 =1

200

Calculando então o valor do desaprumo, resulta-se em:

𝜃𝑎 = 7.577 × 10−4

Este valor é menor que o mínimo sugerido na norma. Pontanto, o valor adotado para

este trabalho é:

𝜃𝑎 =1

300

Page 30: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

20

Para considerar os momentos gerados por esse desaprumo, foi idealizada uma carga H

aplicada horizontalmente na lateral da estrutura. O esquema está representado nas

Figura 11 e Figura 12.

Figura 11 - Pórtico desaprumado (LONGO, 2016)

Figura 12 - Carregamento horizontal equivalente ao desaprumo (LONGO, 2016)

Tomando-se por base um nível i para o cálculo, o momento gerado pela força vertical

total neste nível multiplicada pela excentricidade oriunda do desaprumo é:

𝑀𝑖 = 𝑁𝑖 × 𝑒𝑖

Page 31: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

21

Para que este momento gerado pelo desaprumo seja representado por uma carga

horizontal, deve-se igualá-lo ao momento gerado pela multiplicação da carga horizontal

pela altura do pavimento. E, portanto:

𝐻𝑖 × ℎ𝑖 = 𝑀𝑖

𝐻𝑖 × ℎ𝑖 = 𝑁𝑖 × 𝑒𝑖

Como a excentricidade está diretamente relacionada com o desaprumo, é possível

calculá-la pela seguinte fórmula:

𝑒𝑖 = ℎ𝑖 × tan 𝜃𝑎

Portanto é possível obter a seguinte fórmula para a definição da força horizontal

equivalente aos esforços de imperfeição geométrica global:

𝐻𝑖 × ℎ𝑖 = 𝑁𝑖 × ℎ𝑖 × tan 𝜃𝑎

𝐻𝑖 = 𝑁𝑖 × tan 𝜃𝑎

onde:

Ni = carga vertical total no nível i

Na Tabela 7, segue resumo com as cargas verticais consideradas por pavimento e o

cálculo da força horizontal distribuída na lateral da estrutura.

θa Laje

(kN)

Vigas e

Paredes (kN)

Revestimentos

(kN)

Sobrecarga

(kN)

TOTAL

(kN)

H

(kN) H (KN/m)

1/300 1568 1098 549 1568 4782 15.94 0.455

Tabela 7 - Resumo Imperfeições Geométricas

Como o valor de 30% da ação do vento é maior que a ação do desaprumo, seguindo a

NBR6118:2014, não foi considerado valor de desaprumo no modelo.

Page 32: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

22

5.8. Combinações no Modelo Estrutural

Os coeficientes ϒg e ϒq são encontrados abaixo na Tabela 8, de acordo com a

NBR6118:2014

Tabela 8 – Coeficientes ɣg, ɣq

Os coefientes Ψ0, Ψ1 e Ψ2 são encontrados na Tabela 9, de acordo com a

NBR6118:2014

Tabela 9 – Coeficientes Ψ0, Ψ1 e Ψ2

Para a análise em questão foram utilizadas seis combinações diferentes, sendo quatro

para a análise no Estado Limite Último (ELU) e duas para a análise no Estado Limite de

Serviço (ELS).

Ressalta-se que o trabalho tem por objetivo efetuar análises não-lineares no ELU sendo

aplicado o método P-Delta. No entanto, foram realizadas análises lineares no ELU para

efeitos de comparação. As análises efetuadas no ELS foram somente lineares.

Page 33: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

23

5.9. Estado Limite Último (ELU)

A fórmula a seguir representa a determinação das ações normais para as combinações

últimas (ELU) conforme NBR 6118:2014.

𝐹𝑑 = ∑ 𝛾𝑔𝑖

𝑚

𝑖=1

× 𝐹𝐺𝑖,𝑘 + 𝛾𝑞 × [𝐹𝑄1,𝑘 + ∑ Ψ0𝑗 × 𝐹𝑄𝑗,𝑘

𝑛

𝑗=2

]

Onde:

FGi,k = valor característico das ações permanentes

FQ1,k = valor característico da ação variável considerada como ação principal para a

combinação

Ψ0j x FQj,k = valor reduzido de combinação de cada uma das demais ações variáveis

Coeficientes de Ponderação das Ações

As intensidades das ações permanentes e variáveis foram consideradas invariáveis e

seus valores nas combinações das ações foram considerados com coeficientes de

ponderação ɣg = 1,4 e ɣq = 1,4,

Os coeficientes Ψ0, assumem os valores de 0,5 e 0,6 dependendo da ação variável que

esteja considerada principal, conforme mostrado a seguir.

Combinação de Ações no ELU para análise de primeira ordem

COMB1 = 1.4 (PP + PAR + REV) + 1.4 (VENTO + 0.5 SOB)

COMB2 = 1.4 (PP + PAR + REV) + 1.4 (SOB + 0.6 VENTO)

Combinação de Ações no ELU para o método P-Delta

COMB1 (P-Delta) = 1.4 (PP + PAR + REV) + 1.4 (VENTO + 0.5 SOB)

COMB2 (P-Delta) = 1.4 (PP + PAR + REV) + 1.4 (SOB + 0.6 VENTO)

Page 34: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

24

Tabelas das Combinações

Tabela 10 - Combinações no ELU

5.10. Estado Limite de Serviço (ELS)

A fórmula a seguir representa a combinações das ações normais necessárias

para a verificação das condições de segurança em relação a todos os

estados-limites de serviços aplicáveis.

𝐹𝑠𝑒𝑟 = ∑ 𝐹𝐺𝑖,𝑘

𝑚

𝑖=1

+ Ψ1 × 𝐹𝑄1,𝑘 + ∑ Ψ2𝑗 × 𝐹𝑄𝑗,𝑘

𝑛

𝑗=2

Coeficiente de Ponderação das Ações

As ações variáveis no estado limites de serviço, serão reduzidas em Ψ1

(quando ação principal) e Ψ2 (quando ação secundária), através dos

coeficientes mostrados a seguir:

Page 35: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

25

Combinações de Ações no ELS para a análise de primeira ordem:

COMB3 = 1.0 (PP + PAR + REV) + 0.3 VENTO + 0.4 SOB

Combinações de Ações no ELS para o método P-Delta:

COMB3 (P-Delta) = 1.0 (PP + PAR + REV) + 0.3 VENTO + 0.4 SOB

Tabelas das Combinações

Tabela 11 - Combinações no ELS

Page 36: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

26

5.11. Modelo Estrutural

A Figura 13 apresenta o modelo tridimensional utilizado para o cálculo da

estrutura. Nele foram utilizados elementos de barra para pilares e vigas e

elementos de placa para as lajes.

Figura 13 - Modelo Estrutural do Edifício com 30 Andares

Page 37: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

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O modelo com elementos finitos do pavimento tipo está apresentado na

Figura 14.

Figura 14 – Modelo do Pavimento Tipo - Vista Plano xy

Page 38: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

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5.12. Cálculo do Parâmetro de Instabilidade Global

O método de cálculo do parâmetro α está descrito no item 2.1 deste trabalho e é utilizado

abaixo para a estrutura em questão.

A NBR6118 (2014) define o processo para o cálculo da rigidez de um pilar equivalente:

a) Calcular o deslocamento do topo da estrutura de contraventamento, sob a ação

do carregamento horizontal na direção considerada;

b) calcular a rigidez de um pilar equivalente de seção constante, engastado na base

e livre no topo, de mesma altura Htot, tal que, sob a ação do mesmo

carregamento, sofra o mesmo deslocamento no topo.

∑(𝐸𝑐𝑠 × 𝐼𝑐) =𝐹 × 𝐿3

3 × ∆

De maneira simplificada, foi considerado um carregamento distribuído uniforme no topo

da estrutura. A partir deste carregamento foi obtido o deslocamento horizontal no topo

da estrutura utilizado para o cálculo da rigidez equivalente. A Figura 15 apresenta o

deslocamento horizontal no topo da estrutura para este carregamento distribuido

unitário.

Page 39: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

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Figura 15 - Deformação da estrutura para o cálculo do parâmetro de instabilidade global

Pode-se então calcular a rigidez como sendo:

∑(𝐸𝑐𝑠 × 𝐼𝑐) =35 × 903

3 × 0,0042= 2025000000 𝑘𝑁. 𝑚2

Page 40: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

30

Calculando-se, finalmente o parâmetro α:

𝛼 = 90 × √30 × 4782

2025000000= 0,76

Como α é maior que 0.6, se faz necessária a análise de segunda ordem.

5.13. Resultados

A análise da estrutura foi realizada pelo programa SAP2000 pelo método P-Delta

Para todos o resultados, serão apresentadas análises de primeira e segunda ordem de

modo que se possa fazer uma comparação entre ambas. No entanto, as verificações e

dimensionamento só se darão para a análise de segunda ordem.

5.13.1. Deslocamento Horizontal no topo da estrutura

Para a análise do deslocamento horizontal máximo no topo da estrutura, foi utilizada a

combinação COMB3 para a análise de primeira ordem e a COMB3 (P-Delta) para a

análise de segunda ordem, ambas no ELS.

A seguir estão apresentadas as deformações no topo da estrutura bem como os

valores máximos para ambas as análises.

Page 41: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

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Primeira ordem

A Figura 16 apresenta o deslocamento presente no topo da estrutura expresso em

metros.

Figura 16 - Deslocamento horizontal máximo no topo da estrutura no ELS para a

análise de primeira ordem

Page 42: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

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Segunda ordem

A Figura 17 apresenta o deslocamento presente no topo da estrutura expresso em

metros.

Figura 17 - Deslocamento horizontal máximo no topo da estrutura no ELS para a

análise de segunda ordem

Page 43: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

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5.13.2. Verificação do deslocamento horizontal máximo

De acordo com a NBR6118:2014, o deslocamento limite para o topo da estrutura

é:

𝑓𝑙𝑖𝑚 =𝐻

1700

Sendo:

H = altura total da estrutua

Como o pé direito da estrutura analisada é 3m, a mesma possui altura de 90m já

que possui 30 andares e, portanto:

𝑓𝑙𝑖𝑚 =90

1700= 0,052𝑚 = 5,2𝑐𝑚

É possível, então, verificar que o deslocamento horizontal máximo encontrado na

estrutura de 2,10 cm é inferior ao deslocamento máximo cálculado satisfazendo,

assim, a norma mencionada.

5.13.3. Esforço Normal atuante nos Pilares

Para as analises do esforço normal na estrutura, foram utilizadas as combinações

no ELU, sendo COMB1 e COMB2 para as análises de primeira ordem e COMB1

(P-Delta) e COMB2 (P-Delta) para as análises de segunda ordem.

Será verificado o pilar com maior esforço normal e nos tópicos seguintes serão

apresentados os outros esforços atuantes neste pilar para que o dimensionamento

do mesmo seja realizado.

Page 44: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

34

Primeira Ordem

Figura 18 apresenta o diagrama de esforço normal de primeira ordem passando

pelos pilares P9 a P12 com efeitos de primeira ordem. Como a estrutura possui

eixo de simetria, os pilares destacados são P10 e P14.

Figura 18 – Diagrama de esforço Normal de primeira ordem

Page 45: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

35

Segunda Ordem

A Figura 19 apresenta o diagrama de esforço normal para os mesmos pilares

apresentados anteriormente considerando os efeitos de segunda ordem.

Figura 19 – Diagram de esforço Normal considerando os efeitos de segunda ordem

Page 46: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

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5.13.4. Esforço Cortante atuante nos Pilares P10 e P14

Assim como nas análises para o esforço normal, foram utilizadas as combinações no

ELU, sendo COMB1 e COMB2 para as análises de primeira ordem e COMB1 (P-Delta)

e COMB2 (P-Delta) para as análises de segunda ordem

Primeira Ordem

A Figura 20 apresenta o diagrama de esforço cortante de primeira ordem passando

pelos pilares P9 a P12. Os pilares destacados são P10 e P14, devido à simetria da

estrutura.

Figura 20 – Diagrama de esforço cortante de primeira ordem

Page 47: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

37

Segunda Ordem

A Figura 21 apresenta o diagrama de esforço cortante passando pelo pilares P9 a

P12 considerando os efeitos de segunda ordem. Os pilares destacados são P10

e P14.

Figura 21 – Diagrama de esforço cortante considerando os efeitos de segunda ordem

Page 48: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

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5.13.5. Momentos Fletores atuantes nos Pilares P10 e P14

Ainda como as análises para os esforços anteriores, foram utilizadas as

combinações no ELU, sendo COMB1 e COMB2 para as análises de primeira

ordem e COMB1 (P-Delta) e COMB2 (P-Delta) para as análises de segunda ordem

Primeira Ordem

A Figura 22 apresenta o diagrama de momentos de primeira ordem passando

pelos pilares P9 a P12. Como a estrutura possui eixo de simetria, os pilares

destacados são P10 e P14.

Figura 22 – Diagrama de momento fletor de primeira ordem

Page 49: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

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Segunda Ordem

A Figura 23 apresenta o diagrama de momento fletor considerando os efeitos de

segunda ordem passando pelos pilares P9 a P12. Os pilares destacados são P10

e P14.

Figura 23 – Diagrama de momento fletor considerando os efeitos de segunda ordem

Page 50: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

40

5.13.6. Resumo dos esforços

A Tabela 12 e Tabela 13 apresentam o resumo dos esforços na base dos pilares P10 e

P14 para as análises de primeira e segunda ordem:

Primeira Ordem

Tabela 12 - Resumos dos esforços de primeira ordem nos pilares P10 e P14

Segunda Ordem

Tabela 13 - Resumo dos esforços considerando os efeitos de segunda ordem nos pilares P10 e P14

A NBR6118:2014 estipula que um momento mínimo nos pilares pode ser calculado

através da seguinte fórmula:

𝑀1𝑑,𝑚í𝑛 = 𝑁𝑑 × (0,015 + 0,03 × ℎ)

Onde:

h = altura total da seção tranversal na direção considerada, expressa em metros (m)

Utilizando os valores das dimensões dos pilares e o esforço normal considerando os

efetos de segunda ordem calculado, tem-se:

𝑀1𝑑,𝑚í𝑛 = 15735,15 × (0,015 + 0,03 × 0,75) = 590,07𝑘𝑁. 𝑚

Page 51: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

41

5.14. Dimensionamento da armadura longitudinal dos pilares P10 e P14

A armadura será calculada utilizando o maior esforço nomal e o momento mínimo

cálculado, já que este momento foi maior que os momentos encontrados na análise da

estrutura.

𝑁 = −15735,15 𝑘𝑁 𝑀 = 590,07 𝑘𝑁. 𝑚

Pelos ábacos de flexão reta apresentados em SANTOS (2016):

𝜂 =𝑁𝑑

𝐴𝑐 × 𝑓𝑐𝑑= −

15735,15

0,50 × 0,75 × 40000

1,4

= −1.47

𝜇 =𝑀𝑑

𝐴𝑐 × ℎ × 𝑓𝑐𝑑=

590,07

0,50 × 0,75² × 40000

1,4

= 0,07

Usando d’/h = 0,03/0,75 = 0,04 e Seção Tipo 3

𝜔 = 0,84

𝐴𝑠 =𝜔 × 𝑏 × ℎ × 𝑓𝑐𝑑

𝑓𝑦𝑑=

0,84 × 0,50 × 0,75 × 40000

1,450

1,15

= 207 𝑐𝑚²

Adotou-se 44 barras de diâmetro de 25 mm resultando em uma área de armadura

de 216,04cm2.

5.14.1. Detalhamento das armaduras longitudinais

Armadura Longitudinal Mínima

De acordo com a NBR-6118:2014 em seu item 17.3.5.3.1:

𝐴𝑠 𝑚𝑖𝑛 =0,15 × 𝑁𝑑

𝑓𝑦𝑑≥ 0,4% × 𝐴𝑐

𝐴𝑠 𝑚𝑖𝑛 =0,15 × 15735,15

501,15⁄

= 54,29𝑐𝑚2 ≥ 0,4% × 3750 = 15 𝑐𝑚2

Portanto, a armadura calculada está de acordo com a NBR6118:2014 e maior que

a armadura mínina.

Page 52: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

42

Armadura Longitudinal Máxima

De acordo com a NBR-6118:2014 em seu item 17.3.5.3.2:

𝐴𝑠 𝑚á𝑥 = 0,08 × 𝐴𝑐

𝐴𝑠 𝑚á𝑥 = 0,08 × 3750 = 300 𝑐𝑚2

Taxa Geométrica de Armadura

𝜌 =𝐴𝑠

𝐴𝑐=

216,04

3750= 5,76%

Serão utilizadas emendas mecânicas. Portanto a armadura adotada está de

acordo com a norma vigente no período deste trabalho.

Emendas das Barras Longitudinais

Segundo a NBR 6118 (2014), o comprimento de ancoragem básico para os pilares

(região de boa aderência) e com fck de 40 MPa é:

𝑙𝑏 = 28𝜙 → 𝑙𝑏 = 28 × 2,50 = 70,0 𝑐𝑚

O comprimento de emenda por transpasse será:

𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝑙𝑏 𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙

𝐴𝑠,𝑒𝑓≥ {

0,3 𝑙𝑏 = 21,0 𝑐𝑚10𝜙 = 25 𝑐𝑚

10 𝑐𝑚

𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 70,0 ×207,00

216,04= 67,07 𝑐𝑚

𝑙𝑜𝑐 = 67,07 𝑐𝑚 ≥ {0,6 𝑙𝑏 = 42,0 𝑐𝑚15𝜙 = 37,5 𝑐𝑚

20 𝑐𝑚

Por questões construtivas, recomenda-se um comprimento de transpasse de:

𝑙𝑜𝑐 𝑎𝑑𝑜𝑡𝑎𝑑𝑜 = 70 𝑐𝑚

Page 53: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

43

5.15. Dimensionamento da Armadura transversal dos pilares P10 e P14

De acordo com LONGO (2016), o dimensionamento dos pilares para o esforço contante

é dado pelas seguintes etapas:

Verificação da compressão diagonal do concreto (modelo I):

𝑉𝑆𝑑 ≤ 𝑉𝑅𝑑2 = 0,27 × 𝛼𝑣2 × 𝑓𝑐𝑑 × 𝑏𝑤 × 𝑑

Onde:

𝛼𝑣2 = (1 −𝑓𝑐𝑘

250)

fcd = resistência calculada de projeto do concreto

bw = lagura do elemento considerado

d = altura do elemento considerado

Portanto, para o projeto:

𝑉𝑅𝑑2 = 0,27 × (1 −40

250) ×

40000

1,4× 0.50 × 0,72 = 2332,80𝑘𝑁

Como o esforço cortante máximo é 46,13kN, conclui-se que está atendida a verificação.

𝑉𝑆𝑑 ≤ 𝑉𝑅𝑑2

Cálculo da área dos estribos (modelo I):

𝐴𝑠𝑤/𝑠 =𝑉𝑠𝑑 − 𝑉𝑐

0,9 × 𝑑 × 𝑓𝑦𝑤𝑑

onde:

𝑉𝑐 = 0,6 × 𝑓𝑐𝑡𝑑 × 𝑏𝑤 × 𝑑

𝑓𝑐𝑡𝑑 = 0,15 × 𝑓𝑐𝑘

23

fywd = resistência ao escoamento do aço da armadura transversal calculada de projeto

Page 54: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

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Portanto, para o projeto:

𝑉𝑐 = 2 × [0,6 × (0,15 × 4000023) × 0,50 × 0,72] = 75,79 𝑐𝑚2 𝑚⁄

Verifica-se que:

𝑉𝑆𝑑 ≤ 𝑉𝑐

Será adotada a armadura mínima de acordo com a norma.

A NBR6118:2014 estipula que a armadura mínima seja calculada de acordo com sua

seção 18 caso pilares e elementos lineares de fundação submetidos

predominantemente à compressão, atendam simultaneamente, na combinação mais

desfavorável das ações em estado-limite último, calculada a seção em estádio I, às

condições seguintes:

a) em nenhum ponto deve ser ultrapassada a tensão fctk;

b) VSd ≤ Vc

A armadura mínima, portanto, será tal que:

Diâmetro mínimo dos estribos

Segundo NBR6114:2014, o diâmetro dos estribos em pilares não pode ser inferior a 5

mm nem a 1/4 do diâmetro da barra isolada ou do diâmetro equivalente do feixe que

constitui a armadura longitudinal.

𝜙𝑒 ≥ {

5 𝑚𝑚

1

4 𝜙 = 6,25 𝑚𝑚

Adotou-se barras de diâmetro de 6.3 mm

Espaçamento dos estribos

Segundo NBR6114:2014, o espaçamento longitudinal entre estribos, medido na direção

do eixo do pilar, para garantir o posicionamento, impedir a flambagem das barras

longitudinais e garantir a costura das emendas de barras longitudinais nos pilares

usuais, deve ser igual ou inferior ao menor dos seguintes valores:

— 200 mm;

— menor dimensão da seção;

— 24ø para CA-25, 12ø para CA-50

Page 55: ANÁLISE DE ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS ALTOS CONSIDERANDO …

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Ainda, segundo LONGO (2016), o espaçamento entre os estribos deve ser suficiente

para permitir a passagem do vibrador, garantindo um bom adensamento da massa. Para

facilitar a colocação de estribos, pode-se adotar um espaçamento múltiplo de 2,5: 7,5cm

/ 10cm / 12,5cm / 15cm / 17,5cm / 20cm.

O projeto adota espaçamentos de estribos de 20cm

Ganchos dos Estribos

Os etribos podem ser ancorados por ganchos ou barras longitudinais soldadas. A

NBR6118:2014 define que os ganchos podem ser:

Semicirculares ou em ângulo de 45° (interno), com ponta reta de comprimento igual a

5øt, porém não inferior a 5 cm;

Em ângulo reto, com ponta reta de comprimento maior ou igual a 10øt, porém não

inferior a 7 cm (este tipo de gancho não pode ser utilizado para barras e fios lisos

O projeto adota ganchos em ângulo de de 45° (interno), portanto

5∅𝑡 = 4,00 𝑐𝑚 ≥ 5 𝑐𝑚

O comprimento do ganho é, então, 5 centímetros.

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5.16. Desenho da armadura dos pilares P10 e P14

Figura 24 - Armação dos pilares P10 e P14

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47

6. Conclusão

Os deslocamentos no topo da edificação e os esforços máximos nos pilares P10 e P14

resultantes da análise de primeira ordem e os de segunda ordem estão apresentados

nas tabelas a seguir para uma melhor visualização dos resultados.

Tabela 14 - Comparação do deslocamento horizontal no topo da estrutura

Tabela 15 - Comparação esforço Normal

Tabela 16 - Comparação esforço Cortante

Tabela 17 - Comparação Momento Fletor

De acordo com os valores das tabelas anteriores, pode-se observar que o deslocamento

máximo no topo da edificação considerando os efeitos de segunda ordem 141% maiores

do que os de primeira ordem, mas menores do que o valor limite da norma

NBR6118:2014.

Além disso, o esforço normal máximo na base dos pilares P10 e P14 considerando os

efeitos de segunda ordem foi cerca de 10% a mais do que o de primeira ordem. O

esforço cortante máximo ficou pequeno para ambos os casos, sendo o esforço cortante

de segunda ordem 24% maior que o de primeira ordem. O momento fletor máximo na

base destes pilares P10 e P14 considerando os efeitos de segunda ordem foi cerca de

160% a mais do que o de primeira ordem, mas menor do que o momento fletor mínimo.

As armaduras na base destes pilares P10 e P14 foram calculadas e detalhadas para o

esforço normal máximo e para este momento fletor mínimo

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