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ANÁLISE DE EDIFÍCIOS ALTOS: MODELOS ESTRUTURAIS, MÉTODOS CONSTRUTIVOS E SEGURANÇA Aluno: Anna Carolina Caliari Ottoni Barbosa Orientador: Paulo Batista Goncalves Introdução Foi realizado um estudo sobre edificações prediais altas, analisando os modelos estruturais mais apropriados, cargas a serem consideradas em projeto e a segurança destas estruturas. Além disso, abordou-se a evolução do desenvolvimento desses, levando em conta métodos construtivos, materiais, sustentabilidade e utilização. Metodologia Percorrendo a História, de meados do século dezenove até hoje, discorreu-se sobre o desenvolvimento dos prédios altos no Brasil e no Mundo. Dissertou-se sobre as evoluções que foram necessárias, a utilização de elementos construtivos pré-fabricados em aço, entre outros novos métodos de construção desenvolvidos para viabilizar a construção de edifícios cada vez mais altos. Abordou-se sobre os seguintes aspectos práticos: Circulação vertical e as estratégias e tempo de evacuação; Ar- condicionado; Automação; Energia; Elevadores; Fachadas; Instalações de água e esgoto. Após compilar o conjunto de informações necessárias para ter entendimento dos aspectos dos edifícios altos foi realizado um estudo de caso para cada um dos seguintes edifícios: 1º e 2º - as duas torres gêmeas Petronas, Kuala Lumpur (Malásia), 452 m, 88 andares, 1997; 3º - Torre Sears, Chicago (EUA), 442 m, 110 andares; 4º - Torre Jin Mao, Xangai (China) 421 m, 88 andares; 5º - World Trade Center I, Nova York (EUA) 417 m, 110 andares; 6º - World Trade Center II, Nova York (EUA) 415 m, 110 andares; 7º - Empire State Building, Nova York (EUA) 381 m, 102 andares; 8º - Central Plaza, Hong Kong, 374 m, 72 andares; 9º - Banco da China, Hong Kong, 369 m, 70 andares; 10º - Emirates Towers One, UAE, 354 m. 54 andares; Dentre os dados casos, foi realizado um estudo mais aprofundado da Willis Tower (antiga Sears Tower). Os temas abordados nestes estudos de caso foram: 1.Ficha Técnica; 2.História da Edificação; 3.Construção (sendo abordados Cronologia da Obra, Métodos Construtivos, Fundações, Materiais Estruturais e Design); 4.Sustentabilidade; 5.Custo; 6.Utilização; 7.Ranking entre os mais altos edifícios do mundo. Desse modo, foi possível analisar como os avanços tecnológicos - como a invenção do elevador, a utilização do aço nas estruturas, o surgimento de novos métodos construtivos - permitem com que, cada vez, mais sejam construídos edifícios mais altos, com projetos mais rebuscados e exuberantes, desafiando limites previamente impostos. Além do desenvolvimento de elementos como lâmpadas led, sistemas de automação, e sistemas de isolamento que contribuem para a utilização destas edificações prediais altas, tornando-os mais convenientes, confortáveis e cada vez mais autossustentáveis. Estudo de Caso: Willis Tower Willis Tower, localizada em Chicago, Estados Unidos, possui 110 andares. Foi o primeiro arranha-céu a empregar o sistema estrutural "tubo empacotado" (bundled tube), o qual consiste em um grupo de cilindros de aço estreitos que são agrupados para

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ANÁLISE DE EDIFÍCIOS ALTOS: MODELOS ESTRUTURAIS,

MÉTODOS CONSTRUTIVOS E SEGURANÇA

Aluno: Anna Carolina Caliari Ottoni Barbosa Orientador: Paulo Batista Goncalves

Introdução

Foi realizado um estudo sobre edificações prediais altas, analisando os modelos

estruturais mais apropriados, cargas a serem consideradas em projeto e a segurança

destas estruturas. Além disso, abordou-se a evolução do desenvolvimento desses,

levando em conta métodos construtivos, materiais, sustentabilidade e utilização.

Metodologia Percorrendo a História, de meados do século dezenove até hoje, discorreu-se

sobre o desenvolvimento dos prédios altos no Brasil e no Mundo. Dissertou-se sobre as

evoluções que foram necessárias, a utilização de elementos construtivos pré-fabricados

em aço, entre outros novos métodos de construção desenvolvidos para viabilizar a

construção de edifícios cada vez mais altos. Abordou-se sobre os seguintes

aspectos práticos: Circulação vertical e as estratégias e tempo de evacuação; Ar-

condicionado; Automação; Energia; Elevadores; Fachadas; Instalações de água e

esgoto.

Após compilar o conjunto de informações necessárias para ter entendimento dos

aspectos dos edifícios altos foi realizado um estudo de caso para cada um dos seguintes

edifícios: 1º e 2º - as duas torres gêmeas Petronas, Kuala Lumpur (Malásia), 452 m, 88

andares, 1997; 3º - Torre Sears, Chicago (EUA), 442 m, 110 andares; 4º - Torre Jin

Mao, Xangai (China) 421 m, 88 andares; 5º - World Trade Center I, Nova York (EUA)

417 m, 110 andares; 6º - World Trade Center II, Nova York (EUA) 415 m, 110 andares;

7º - Empire State Building, Nova York (EUA) 381 m, 102 andares; 8º - Central Plaza,

Hong Kong, 374 m, 72 andares; 9º - Banco da China, Hong Kong, 369 m, 70 andares;

10º - Emirates Towers One, UAE, 354 m. 54 andares; Dentre os dados casos, foi

realizado um estudo mais aprofundado da Willis Tower (antiga Sears Tower).

Os temas abordados nestes estudos de caso foram: 1.Ficha Técnica; 2.História da

Edificação; 3.Construção (sendo abordados Cronologia da Obra, Métodos Construtivos,

Fundações, Materiais Estruturais e Design); 4.Sustentabilidade; 5.Custo; 6.Utilização;

7.Ranking entre os mais altos edifícios do mundo.

Desse modo, foi possível analisar como os avanços tecnológicos - como a

invenção do elevador, a utilização do aço nas estruturas, o surgimento de novos

métodos construtivos - permitem com que, cada vez, mais sejam construídos edifícios

mais altos, com projetos mais rebuscados e exuberantes, desafiando limites previamente

impostos. Além do desenvolvimento de elementos – como lâmpadas led, sistemas de

automação, e sistemas de isolamento – que contribuem para a utilização destas

edificações prediais altas, tornando-os mais convenientes, confortáveis e cada vez mais

autossustentáveis.

Estudo de Caso: Willis Tower

Willis Tower, localizada em Chicago, Estados Unidos, possui 110 andares. Foi o

primeiro arranha-céu a empregar o sistema estrutural "tubo empacotado" (bundled

tube), o qual consiste em um grupo de cilindros de aço estreitos que são agrupados para

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formar uma coluna mais espessa. Empregaram-se nove tubos de altura variável para

atingir sua distinção aparência. É constituído por um tubo emoldurado em um interior

moldado por quadros interiores para reduzir o efeito do corte de cisalhamento nas

colunas exteriores.

O bundled tube é um dos sistemas estruturais mais eficientes contra cargas

pesadas de vento. Este envolve, em vez de um tubo, vários tubos individuais

interligados para formar um tubo de células múltiplas. Juntos eles trabalham para

resistir as cargas laterais e os momentos. Não só este sistema é economicamente

eficiente, mas também permite projetos de construção mais versáteis, adotando formas

interessantes e agrupados em agrupamentos dinâmicos ao invés de serem apenas torres

tipo caixa.

Algumas das vantagens deste sistema estrutural são: Construção atua como um

sistema unificado de tubos endurecidos; Esteticamente atraente; Rigidez lateral

suficiente; A interação entre os tubos individuais e as treliças em níveis mecânicos

permite que o edifício alcance sua altura extrema; As treliças levam as cargas de

gravidade de cima e as redistribuem uniformemente sobre os tubos abaixo.

O plano de construção da Willis Tower consiste em nove quadrados, cada um

com 75 pés (22,86m) de diâmetro, alocados em um arranjo de grade três por três. Cada

quadrado tem cinco colunas por lado espaçadas 15 pés (4,572m) nos centros, com

quadrados adjacentes compartilhando colunas (como na Figura 1).

Figura 1 – Plano da Willis Towers. Fonte: Google

Os 110 andares são divididos em:

Andar 50º – 200,558m (658 ft)

Figura 2 – Plano da Willis Towers do 1º ao 50º andar. Fonte: Google

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Figura 3 – Planos da Willis Towers do andar 41º e 43º andar. Fonte: Google

Andar 66º - 266,3952m (874ft)

Figura 4 - Estrutura da Willis Towers Andar 66º. Fonte: Google

Andar 90º - 361,4928m (1186ft)

Figura 5 - Estrutura da Willis Towers Andar 90º. Fonte: Google

Andar 108º - 442,2648m (1451ft)

O edifício é constituído de vigas e pilares de aço. Os materiais utilizados e suas

características são apresentados na Tabela 1.

Material Utilização fy

(MPa)

fu

(MPa)

E

(MPa)

G

(MPa)

Aço ASTM 572

Grau 50

Vigas e travamentos

345 450 210.000 80.800

Aço ASTM 588

Grau 60 Pilares 345 485 210.000 80.800

Tabela 1 – Materiais utilizados no Willis Tower

O perfil I foi utilizado para vigas com 0,99m e pilares com 1,07m de

profundidade. Os perfis das colunas variam de W 609 x 102 mm na base até W 305 x

19.1 mm no topo. Os perfis das vigas variam de W 406 x 69.9 mm até W 254 x 25.4

mm. Um total de 76000 toneladas de aço estrutural foram usados: A588, A572 e A36

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Para os pilares, os perfis utilizados foram: do nível do chão – 0m ao andar 50 –

200,558m e até o Andar 66 - 266,3952m o perfil utilizado é o W610X101. Já do 66 até

o andar 90 - 361,4928m e até o andar 108- 442,2648m o perfil utilizado é o W310X21.

Para as vigas, os perfis utilizados foram: do nível do chão – 0m ao andar 66 –

200,558m o perfil utilizado é o W 410 x 67,0. Já do 66 até o andar 108- 442,2648m o

perfil utilizado é o W 250 x 25,3.

Análise dinâmica

Uma vez que o programa Ftool Interactive-Graphics Program for Structural

Analysis (FTOOL) possui restrições quanto à modelagem de estruturas extremamente

esbeltas, foi realizado a analise estrutural de um dos núcleos da Wills Tower de base

22,86 x 22,86m, todavia, com altura de 90,00 m no intuito de obter as respostas da

estrutura quanto a: 1. Modelos estruturais mais eficientes para aço e concreto; 2. O

efeito do peso próprio (cargas permanentes e variáveis); 3. A ação do vento; 4.

Distribuição de esforços; 5. Efeito combinado do vento e peso próprio.. A estrutura é

composta por vigas W 410 x 67,0 e pilares W610X101.

Figura 6 - Pórtico - Fonte: FTOOL

1. Efeito do vento na estrutura

A velocidade do vento varia conforme a altura, em função da rugosidade do

terreno. Essa variação pode ser associada a um efeito de uma superfície no escoamento

de um fluido, em que a viscosidade do fluido provoca uma força cortante atuando no

sentido contrário ao movimento (força de atrito), quando este entra em contato com a

superfície rugosa. Portanto, a velocidade do vento próxima à superfície é quase zero, e

aumenta gradativamente. Assim como nos demais fluidos, a partir de certa altura ela se

torna praticamente constante. O tamanho e formato desta curva são função da

rugosidade do terreno, não somente pela característica do relevo, como pela sua

ocupação.

Mendis et al. (2007) apresentam a seguinte expressão logarítmica para definir a

variação da velocidade em função da altura:

Onde

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Mendis et al. (2007) apresentam também em seu estudo a Tabela 2 com os

coeficientes calculados para uma velocidade de 50m/s. Nesta tabela, percebe-se que

todos os coeficientes usados para determinar a velocidade do vento variam conforme a

rugosidade do terreno. Portanto, é necessário definir em que categoria o terreno se

enquadra, para então determinar a pressão exercida pelo vento.

Categoria do

Terreno

Z0

(m)

u*

(m/s)

Zg

(m)

1 0.002 1.204 2006

2 0.02 1.385 2308

3 0.2 1.626 2710

4 2 1.963 3272

Tabela 2 - Coeficientes para as diversas características do terreno (Mendis et al.,

2007)

Uma vez que a região de Chicago se situa em um terreno relativamente plano,

região de baixa rugosidade, o edifício analisado será classificado como em um terreno

de categoria I, definida pelos critérios da NBR 6123 (1988).

Seguindo os critérios desta norma, estabeleceram-se a algumas constantes

necessárias para a definição das cargas de vento, apresentadas na Tabela 2.

Os carregamentos são determinados em seis alturas diferentes, (15,00m; 30,00m;

45,00m; 60,00m; 75,00m e 90,00m) de forma a seguir a variação da carga de vento

conforme a altura (z) do edifício.

Cenario 1

Z0 0,002 m

Zg 2006 m

u* 1,204 m/s

A partir da equação 1 obteve-se as velocidades . Torna-se nítido como que a

velocidade varia com a altura. A velocidade do vento próxima à superfície é quase zero,

e aumenta gradativamente, sendo função da rugosidade do terreno quanto da sua

ocupação.

z (m) (m/s)

15 26,9863

30 29,2011

45 30,5494

60 31,5425

75 32,3406

90 33,0152

Tabela 3 – Variação da velocidade com a altura

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Gráfico 1 - Distribuição do vento na fachada do edifício

No intuito de obter o carregamento de vento (kN/m) distribuído na superfície da

fachada do edifício obteve-se um valor aproximado de uma distribuição linear do vento.

Gráfico 2 - Distribuição do vento na fachada do edifício e velocidades médias por

módulo de 15m

z (m) (m/s)

15 26,9

30 28,4

45 30,17

60 31

75 32

90 33

Tabela 4 – Variação da velocidade média com a altura

Para a análise estática dos ventos, não se deve adotar as pressões de pico, uma

vez que estas ocorrem raramente, e não podem ser aproximadas por uma carga estática.

No entanto, também não se deve adotar somente a velocidade média, pois se estará

depreciando a intensidade do carregamento. Para isso, são adotados coeficientes

0

20

40

60

80

100

25 27 29 31 33 35

z (m

)

VZ (m/s)

Distribuição do vento na fachada do edificio

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multiplicados à pressão principal. Estes coeficientes simulam tanto o efeito de rajada

quanto o efeito da superfície.

Na análise estática, a velocidade de projeto é usada para calcular as pressões

atuantes na estrutura, através da equação:

Módulo (m/s) qz (kN/m2) q (kN/m)

1 26,9 0,443573 10,14

2 28,4 0,494421 11,30

3 30,17 0,55797 12,75

4 31 0,589093 13,47

5 32 0,627712 14,35

6 33 0,667557 15,26

Tabela 5 – Variação da pressão e carregamento com a altura

Aplicou-se cada carregamento do vento (q) nos módulos seguindo a tabela

6.3.1.3. Desse modo, obtiveram-se as reações de apoio (Rx, Ry e Momento) e

deslocamentos nodais a partir da configuração deformada, os diagramas de esforços

normais, diagramas de esforços cortantes e diagramas de momentos fletores.

Reações de apoio

Apoio Rx (kN) Ry (kN) M (kNm)

1 -236,6 -2131,5 1533,3

2 191,9 110,5 1499,7

3 -189,1 4,9 1485,4

4 -189,1 -12,8 1485,3

5 -191,7 -119,7 1498,4

6 -160,7 2148,6 1343,6

Tabela 6 – Reações de apoio devido ao carregamento de vento

Figura 7 - Pórtico com carregamento linear de vento - Fonte: FTOOL

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Figura 8 - Reações devido à carga vento - Fonte: FTOOL

Deslocamentos nodais

Nódulo δ x (m) δ y (m)

1 0 0

2 0 0

3 0 0

4 0 0

5 0 0

6 0 0

7 1,173 0,0176400

8 1,173 -0,0009143

9 1,172 -0,0000404

10 1,172 0,0001057

11 1,172 0,0009907

12 1,172 -0,0177800

13 2,376 0,0291700

14 2,375 -0,0003262

15 2,375 -0,0002877

16 2,375 0,0004116

17 2,374 0,0005224

18 2,374 -0,0294900

19 3,368 0,0357400

20 3,368 0,0009952

21 3,367 -0,000535

22 3,367 0,0007047

23 3,367 -0,0006173

24 3,367 -0,03629

25 4,118 0,03865

26 4,118 0,002576

27 4,117 -0,0007466

28 4,117 0,0009459

29 4,117 -0,00196

30 4,117 -0,03947

31 4,606 0,03921

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32 4,605 0,004059

33 4,605 -0,0009307

34 4,605 0,00134

35 4,604 -0,003124

36 4,604 -0,04035

37 4,818 0,03875

38 4,818 0,005171

39 4,817 -0,001131

40 4,817 0,001278

41 4,817 -0,003729

42 4,817 -0,04034

Tabela 7 – Deslocamentos nodais ao carregamento de vento

Figura 9 - Diagramas de esforços normais - Fonte: FTOOL

Figura 10 - Diagramas de esforços cortantes - Fonte: FTOOL

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Figura 11 - Diagramas de momentos fletores - Fonte: FTOOL

2. Efeito do peso próprio na estrutura

2.1 Cargas Permanentes

No caso foi calculado carregamento proveniente do peso próprio da estrutura.

Elementos em aço

A estrutura é composta por vigas W 410 x 67,0 e pilares W610X101.

Figura 12 – Laje do edifício composta por vigas W 410 x 67,0

Pela NBR 6120 o peso especifico aparente do Aço (γ) 78,5 kN/m2

Tabela 8 – Peso especifico dos materias de construção. Fonte: NBR 6120

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Desse modo, é possível calcular o peso próprio da estrutura resultante do

esqueleto de aço. Peso próprio da viga (carga devido ao peso próprio da viga) é dada

pela fórmula:

Sendo:

= área especifica da W 410 x 67,0; 0,00863 m2.

γ= peso especifico aparente do Aço (78,5 kN/m2)

Vigas - W 410 x 67,0

Area 0,00863 m^2

γ 78,5 kN/m^3

PP aço 0,67746 kN/m

Logo, o peso próprio da viga (PPAço) é 0,67746 kN/m.

Elementos em concreto armado

Pela NBR 6120 o peso especifico aparente do concreto armado (γ) 25 kN/m2

Tabela 9 – Peso especifico dos materias de construção. Fonte: NBR 6120

As lajes do edifício são de concreto armado 22,86 x 22,86m com perfil 5x25 cm. Para o

calculo do peso próprio da laje calculou-se as áreas de influência pela fórmula:

Sendo: γ= peso especifico aparente do concreto armado (25 kN/m

2)

l 4,572 m

L 22,86 m

Área de influência 104,516 m^2

Figura 13 – Área de influência

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Considerando o caso mais crítico, obteve-se área de influência de 104,516 m2.

Desse modo, obteve-se o peso próprio da laje pela fórmula:

γconcreto 25 kN/m^3

Comp viga (L) 22,86 m

PP laje 114,3 kN/m

Logo, o peso próprio da laje (PPLaje) é 114,3kN/m.

A carga permanente atuante na estrutura por andar é dada pela fórmula

G= PPlaje + PPAço (8)

Desse modo, G=114,977 kN/m

2.2 Cargas Variáveis

Uma vez que a Wills Tower é um edifício comercial, a carga de ocupação será

referente a escritórios.

Pela NBR 6120 a carga referente a escritórios (Q) é 2 kN/m2

Tabela 10 – Valores mínimos das cargas verticais - Fonte: NBR 6120

Ações combinadas

Obteve-se o carregamento distribuído nas vigas pela formula da NBR 8800.

Desse modo, o carregamento nas vigas pelo peso próprio é de 152,471 kN/m.

Reações de apoio

Apoio Rx (kN) Ry (kN) M (kNm)

1 7,6 2669,8 227,6

2 1,1 4624,6 -5,3

3 0,2 4904,8 -1,2

4 -0,2 4904,8 1,2

5 -1,1 4624,6 5,3

6 -7,6 2669,8 -227,6

Tabela 11 – Reações de apoio devido ao peso próprio

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Figura 14 - Pórtico com carregamento do peso próprio - Fonte: FTOOL

Figura 15 - Reações devido ao peso próprio - Fonte: FTOOL

Deslocamentos nodais

Nódulo δ x (m) δ y (m)

1 0 0

2 0 0

3 0 0

4 0 0

5 0 0

6 0 0

7 -0,0000681 -0,0192

8 -0,00005 -0,03251

9 -0,00002 -0,03483

10 -0,00002 -0,03483

11 0,00005 -0,03251

12 0,00007 -0,01921

13 -0,00003 -0,03559

14 -0,00002 -0,05918

15 -0,00001 -0,06389

16 0,00001 -0,06389

17 0,00002 -0,05918

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18 0,00003 -0,03559

19 -0,00003 -0,04888

20 -0,00002 -0,08032

21 -0,00001 -0,08717

22 0,00001 -0,08717

23 0,00002 -0,08032

24 0,00003 -0,04888

25 -0,00002 -0,05890

26 -0,00001 -0,09610

27 0,00000 -0,01046

28 0,00000 -0,01046

29 0,00001 -0,09610

30 0,00002 -0,05890

31 -0,00004 -0,06552

32 -0,00003 -0,10670

33 -0,00001 -0,11630

34 0,00001 -0,11630

35 0,00003 -0,10670

36 0,00004 -0,06552

37 0,00023 -0,06864

38 0,00016 -0,11210

39 0,00005 -0,12220

40 -0,00005 -0,12220

41 -0,00016 -0,11210

42 -0,00023 -0,06864

Tabela 12 – Deslocamentos nodais ao carregamento de vento

Figura 16 - Diagramas de esforços normais - Fonte: FTOOL

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Figura 17 - Diagramas de esforços cortantes - Fonte: FTOOL

Figura 18 - Diagramas de momentos fletores - Fonte: FTOOL

3. Efeito combinado do vento e peso próprio

Combinou-se o efeito do carregamento vertical distribuído nas vigas oriundo do

peso próprio da estrutura e o carregamento horizontal oriundo do vento.

Reações de apoio

Apoio Rx

(kN)

Ry

(kN)

M

(kNm)

1 -229 538.3 1760.8

2 -190,8 4735 1494,4

3 -189,3 4909,7 1484,3

4 -188,8 4892 1484,4

5 -192,8 4504,9 1503,7

6 -168,3 4818,3 1116

Tabela 13 – Reações de apoio devido ao peso próprio

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Figura 19 - Pórtico com carregamento do peso próprio - Fonte: FTOOL

Figura 20 - Reações devido ao peso próprio - Fonte: FTOOL

Deslocamentos nodais

Nodulo δ x (m) δ y (m)

1 0 0,0000000

2 0 0,0000000

3 0 0,0000000

4 0 0,0000000

5 0 0,0000000

6 0 0,0000000

7 1,173 -0,0015710

8 1,173 -0,0334200

9 1,172 -0,0348700

10 1,172 -0,0347200

11 1,172 -0,0315200

12 1,172 -0,0370000

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13 2,376 -0,0064180

14 2,375 -0,0595100

15 2,375 -0,0641800

16 2,375 -0,0634800

17 2,374 -0,0586600

18 2,374 -0,0650900

19 3,368 -0,0793200

20 3,368 -0,0131300

21 3,367 -0,0877000

22 3,367 -0,0864600

23 3,367 -0,0809300

24 3,367 -0,0851700

25 4,118 -0,0202500

26 4,118 -0,0935200

27 4,117 -0,1054000

28 4,117 -0,1037000

29 4,117 -0,0980600

30 4,117 -0,0983600

31 4,606 -0,0263100

32 4,606 -0,1026000

33 4,605 -0,1172000

34 4,605 -0,1152000

35 4,605 -0,1059000

36 4,605 -0,1098000

37 4,818 -0,0298900

38 4,818 -0,1069000

39 4,817 -0,1233000

40 4,817 -0,1209000

41 4,817 -0,1158000

42 4,817 -0,1090000

Tabela 14 – Deslocamentos nodais ao carregamento de vento

Figura 21 - Diagramas de esforços normais - Fonte: FTOOL

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Figura 22 - Diagramas de esforços cortantes - Fonte: FTOOL

Figura 23 - Diagramas de momentos fletores - Fonte: FTOOL

Análise dos Esforços

A análise dinâmica de um edifício é importante não somente para verificação

dos critérios de conforto dos usuários, mas também para avaliar a segurança da

estrutura. A partir do estudo de caso respostas da estrutura quanto ao efeito do peso

próprio (cargas permanentes e variáveis); A ação do vento; Distribuição de esforços;

Efeito combinado do vento e peso próprio.

Os deslocamentos máximos encontrados no topo do edifício para essas cargas

foram: 4818 mm no eixo x e 40,35 mm no eixo y para o caso do vento; 0,2331 mm no

eixo x e 122,2 mm no eixo y para o caso das cargas oriundas do peso próprio

(permanentes e variáveis); 4818 mm no eixo x e 123,3 mm no eixo y para o caso

combinado do vento e das cargas oriundas do peso próprio (permanentes e variáveis).

Para efeito de comparação pela NBR 8800 o deslocamento máximo horizontal

(em mm) é dado pela equação:

δ

Sendo L o vão teórico entre apoios, no caso L=4,572m. Desse modo, o deslocamento

máximo horizontal é δ=11,43 mm.

Pela NBR 8800 o deslocamento máximo vertical (em mm) é dado pela equação:

δ

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Sendo H a altura total do pilar (topo a base), no caso H=90m. Desse modo, o

deslocamento máximo horizontal é δ=225 mm.

Desse modo, pode-se afirmar que os deslocamentos encontrados estão superiores

aos deslocamentos máximos permitidos pela Norma NBR 8800. Isso devido ao

excessivo nível de vibração em função da ação do vento. Desse modo, existem algumas

soluções para diminuir os deslocamentos obtidos. Kareem et al. (1999) mencionam, três

formas principais de combater os esforços do vento: (1) criar uma arquitetura

aerodinâmica, (2) mudanças no projeto estrutural, enrijecendo a estrutura e aumentando

assim suas frequências naturais, através da introdução de sistemas que resistam às

cargas laterais, ou aumentando sua massa, e (3) a introdução de amortecedores ativos ou

passivos.

No caso estudado, por se tratar de um modelo fictício baseado em uma estrutura

real, uma opção interessante seria a inclusão de amortecedores como forma de reduzir

as vibrações na estrutura. Dentre os tipos de amortecedores, existem: passivos, ativos,

semi-ativos e hibridros.

A. Amortecedores Passivos

A função básica destes amortecedores é absorver e dissipar a porção de energia

introduzida na estrutura através de cargas dinâmicas, reduzindo, portanto, a participação

dos elementos principais da estrutura na dissipação de energia, e consequente danos aos

elementos estruturais.

Os amortecedores passivos podem ser classificados como: os que atuam com

dissipação indireta de energia e os que atuam com dissipação direta. Os dispositivos de

dissipação indireta são constituídos por um sistema inercial secundário incorporado à

estrutura principal. Esse tipo de sistema acrescenta amortecimento indireto à estrutura

alterando sua frequência de resposta. Os mais tradicionais que utilizam esse sistema são

os amortecedores de massa sintonizados (AMS), os amortecedores líquidos sintonizados

(ALS) e os amortecedores de impacto. Os amortecedores de dissipação direta de energia

atuam através de mecanismos tradicionais de dissipação de energia, como o fluxo de um

fluido viscoso por um orifício (amortecedores fluidos) ou o cisalhamento de um

material viscoelástico, como polímero ou borracha (amortecedores visco-elásticos).

B. Amortecedores Ativos

Os amortecedores ativos surgiram em função da incapacidade dos amortecedores

passivos de se ajustar à variação do carregamento. Esse tipo de amortecedor possui uma

deficiência, pois ele depende de uma fonte de energia externa.

C. Amortecedores Semi-Ativos

Amortecedores semi-ativos combinam as melhores características dos

amortecedores passivos e dos ativos. Possuem a capacidade dos amortecedores ativos

de se ajustar a diversas condições de cargas dinâmicas rapidamente, no entanto não

demandam tanta energia quanto os amortecedores ativos, além de não oferecerem o

risco de instabilidade.

D. Amortecedores Híbridos

Estes amortecedores combinam sistemas de amortecedores ativos a sistemas

passivos. Em caso de cargas muito elevadas o sistema ativo entra em ação, porém, se o

fornecimento de energia falhar, ainda há o sistema passivo.

Além disso, outra descoberta interessante foi que a soma das reações (Rx, Ry, e

Momento Fletor) obtidas no caso do vento atuando e no caso das cargas oriundas do

peso próprio (permanentes e variáveis) resulta nas reações da combinação desses dois

casos, ou seja, vento somado com as cargas oriundas do peso próprio.

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Vento

Carregamento (Q e G)

Apoio Rx (kN) Ry (kN) M

(kNm)

Apoio Rx (kN) Ry

(kN)

M

(kNm)

1 -236,6 -2131,5 1533,3

1 7,6 2669,8 227,6

2 191,9 110,5 1499,7

2 1,1 4624,6 -5,3

3 -189,1 4,9 1485,4 + 3 0,2 4904,8 -1,2

4 -189,1 -12,8 1485,3

4 -0,2 4904,8 1,2

5 -191,7 -119,7 1498,4

5 -1,1 4624,6 5,3

6 -160,7 2148,6 1343,6

6 -7,6 2669,8 -227,6

Vento + Carregamento (Q e G)

Apoio Rx (kN) Ry (kN) M

(kNm)

1 -229 538.3 1760.8

2 -190,8 4735 1494,4

= 3 -189,3 4909,7 1484,3

4 -188,8 4892 1484,4

5 -192,8 4504,9 1503,7

6 -168,3 4818,3 1116

Tabela 15 – Reações de apoio

Considerações finais

Este trabalho teve por objetivo fazer uma análise da evolução do desenvolvimento

de edifícios altos, levando em consideração os métodos construtivos, materiais,

sustentabilidade e utilização destes, e fazer uma análise dinâmica de cargas de peso

próprio, utilização e de vento atuando nesses edifícios.

Foi feita a análise dinâmica da Willis Tower, todavia, foi considerado um

edifício fictício baseado em um dos núcleos desse edifício, submetido a cargas

flutuantes de vento e peso próprio. Utilizou-se o programa Ftool para obter as respostas

numéricas da estrutura quanto a: 1.Modelos estruturais mais eficientes para aço e

concreto; 2.O efeito do peso próprio (cargas permanentes e variáveis); 3.A ação do

vento; 4.Distribuição de esforços; 5.Efeito combinado do vento e peso próprio. Foi

possível obter as reações de apoio (Rx, Ry e Momento) e deslocamentos nodais a partir

da configuração deformada, os diagramas de esforços normais, diagramas de esforços

cortantes e diagramas de momentos fletores.

A partir dos resultados obtidos na analise dinâmica, deslocamentos horizontais e

verticais, notou-se a necessidade a inclusão de amortecedores no intuito de combater os

esforços, principalmente provenientes do vento.Seria interessante a realização de

estudos futuros considerando o edifício com todos os seus módulos e altura total em um

software como o Robot Structural Analysis, software o qual suporta grandes estruturas.

A análise seria realizada no intuito de comparar os resultados obtidos de um software

que traz respostas lineares (em 2 dimensões), no caso Ftool Interactive-Graphics

Program for Structural Analysis, com os obtidos do Robot que traz em 3 dimensões.

Referências Bibliográficas

ADAMS, N. & SKIDMORE, O. & AMP; M. Skidmore, Owings & Merrill: SOM

desde 1936, Electa Arquitetura; Distribuído pela Phaidon Press, Milão; Londres, 2007,

página 252.