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ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA MECÂNICO PARA TRANSMISSÃO DE POTÊNCIA EM UM CONVERSOR DE ENERGIA DE ONDAS OCEÂNICAS Sudá de Andrade Neto Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Mecânico. Orientador: David Alves Castelo Branco Coorientador: Eliab Ricarte Beserra Rio de Janeiro Fevereiro de 2017

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ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA MECÂNICO PARA

TRANSMISSÃO DE POTÊNCIA EM UM CONVERSOR DE ENERGIA DE ONDAS

OCEÂNICAS

Sudá de Andrade Neto

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia Mecânica da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro Mecânico.

Orientador: David Alves Castelo Branco

Coorientador: Eliab Ricarte Beserra

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Departamento de Engenharia Mecânica

DEM/POLI/UFRJ

ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA MECÂNICO PARA

TRANSMISSÃO DE POTÊNCIA EM UM CONVERSOR DE ENERGIA DE ONDAS

OCEÂNICAS

Sudá de Andrade Neto

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE

ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO.

Aprovado por:

________________________________________________

Prof. David Alves Castelo Branco, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Eliab Ricarte Beserra, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Luiz Antonio Vaz, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Daniel Onofre de Almeida Cruz D.Sc.

________________________________________________

Prof. Rodrigo Klim M.Sc

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

FEVEREIRO DE 2017

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Neto, Sudá de Andrade

Análise, seleção e dimensionamento de sistema mecânico para transmissão de potência em um conversor de energia de ondas oceânicas

– Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2017.

VII, p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: David Alves Castelo Branco

Coorientador: Eliab Ricarte Beserra

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de Engenharia Mecânica, 2017.

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ii

CITAÇÃO

“Só há felicidade se não exigirmos nada do amanhã e aceitarmos do hoje, com

gratidão, o que nos trouxer. A hora mágica chega sempre.”

Hermann Hesse

“O mistério da existência humana não reside apenas em permanecer vivo, mas

em encontrar algo pelo qual valha a pena viver. “

Fiódor Dostoievski

“Everything should be as simple as it can be, but not simpler”

Albert Einstein

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iii

AGRADECIMENTOS

Dedico este trabalho aos meus familiares e amigos. Primeiramente, às

minhas imensamente amadas Mãe e irmã. Mãe, você sempre me diz que na vida

a gente precisa de sorte “até pra nascer”. Essa sorte, algo difícil de explicar e

que ás vezes foge da razão, eu agradeço diariamente por ter tido. O convivío traz

momentos nem sempre harmoniosos, mas tanto em nossas diferenças quanto

em nossas afinidades e semelhanças o amor sempre se faz presente. Na

elaboração deste trabalho, vocês duas foram incansáveis em me dar suporte

intelectual, emocional, mental e qualquer outra forma de apoio. O resultado

deste projeto não seria o mesmo, caso não pudesse contar com vocês. Amo

vocês, mesmo com minhas limitações, com o maior amor que sou capaz de dar.

Ao meu pai, in memoriam, não sei se algum dia imaginou um filho engenheiro,

mas acredito que estaria ou está orgulhoso neste momento. Se nosso tempo

juntos aqui foi curto, foi também intenso. Obrigado pelos ensinamentos e, caso

exista algo além da morte, espero encontrá-lo para mais algumas conversas

sobre história, política, filosofia e, é claro, também para algo mais leve como

assistirmos juntos as partidas de futebol do Vasco e do Fluminense.

Aos meus amigos Gabriel Saramago e José Ururahy, presentes na minha

vida há mais de 13 anos, devo a vocês um agradecimento por todos os momentos

de felicidades e tristezas compartilhados. Neste trabalho, em especial, serei

eternamente grato pela motivação que me deram e por acreditarem em mim

mesmo quando eu duvidei. Sinto que sou parte de vocês e vocês de mim. Juntos

somos mais fortes. Mais uma vez obrigado.

Aos meus grandes amigos da graduação, em especial Rodrigo Metne,

Rafaell Caldas, Pedro Gruzman, Júlio Lobo, João Barreto, Rodrigo Sudá, Daniel

Cipriano, Pedro Caetano e Bernardo Cassar. As incontáveis horas que passamos

juntos, tanto dentro quanto fora da universidade, me tornaram o engenheiro

que sou hoje e uma pessoa melhor. Respeitando nossas peculiaridades, pontos

fortes e fracos de cada um, nos unimos não apenas em torno da Engenharia

Mecânica, mas também, e principalmente, pelos momentos de dificuldades que

enfrentamos juntos ao trilhar um objetivo comum.

Aos meus queridos amigos do intercâmbio. Obrigado pelo melhor ano de

nossas vidas. Conhecê-los e conviver com vocês em Liverpool foi uma das

melhores coisas que já me aconteceu. Marcos Magnus, Arthur Távora, Vinicius

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Oliveira, Pedro Barros, Clóvis Bona, Rafael Nunes, Pedro Victor, Gilberto de

Martin, George Hambling entre muitos outros, deixo registrado aqui meu muito

obrigado.

Aos meus queridos amigos da Petrobrás, especialmente ao meu

supervisor Ernani, ao meu gestor Meyrelles e aos meus tutores e agora colegas

engenheiros Bianco, Pedro, Fabiana, Isabela, Igor, Thiago Maioli, Thiago Moura,

Toscano, Quintierie e Aline. Depois de um ano e meio de convívio e aprendizado,

sinto um enorme orgulho e privilégio ter feito parte desta equipe e levarei um

pouco de cada um comigo a partir de agora para minha vida profissional e

pessoal.

Ao meu orientador Prof. David Branco e ao meu coorientador Prof. Eliab

Ricarte. Obrigado por terem me dado a oportunidade de trabalhar com vocês e

a liberdade de explorar este tema. Suas dicas foram sempre valiosas e sempre

tiveram paciência comigo mesmo nas fases em que eu não conseguia avançar.

Deixo também meus agradecimentos ao resto da equipe do projeto, em especial

para o Prof. Luiz Vaz e para o Rodrigo Klim, que compuseram minha banca, e

para os graduandos Bernardo Kahn e Alexander Kataoka. Nossas diversas

discussões ao longo do tempo de elaboração do trabalho enriqueceram e muito

este projeto.

Finalmente, à UFRJ e a todo o corpo técnico e administrativo, aos

professores do departamento da mecânica, ao coordenador Prof. Flávio Filho e

ao Tito José, responsável administrativo. Carrego comigo agora, de forma

definitiva, o nome desta instituição que me orgulho tanto de ter feito parte.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como

parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro

Mecânico.

Análise, seleção e dimensionamento de sistema mecânico para transmissão de

potência em um conversor de energia de ondas oceânicas

Sudá de Andrade Neto

Fevereiro/2017

Orientador: David Alves Castelo Branco

Curso: Engenharia Mecânica

Este projeto final de graduação apresenta uma análise dos principais sistemas

de transmissão de potência para conversão de energia das ondas ocêanicas com

fins de gerar eletricidade a partir deste recurso. Fundamentada nesta análise, é

feita a seleção por um sistema hidráulico em circuito fechado para um modelo

específico de conversor desenvolvido pela COPPE/UFRJ, do tipo ponto

absorvedor para águas de profundidade médias e rasas. O conversor é

constituído por um flutuador que oscila verticalmente com a passagem das

ondas, suportado por uma estrutura fixa. A escolha por um sistema hidráulico

é baseada em critérios como custo, peso, facilidade de fabricação, eficiência,

adaptabilidade ao ambiente marinho entre outros. Após definição do sistema, é

realizado o dimensionamento dos componentes de acordo com resultados

computacionais premilinares e a Teoria Linear de Ondas. O dimensionamento é

proposto em escala real e em 1:10, correspondentes, respectivamente, ao

protótipo e ao modelo experimental.

Palavras-chave: energia das ondas, ponto absorvedor, sistema mecânico, sistema

hidráulico

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial

fulfilment of the requirements for the degree of Mechanical Engineer.

Analysis, selection and sizing of mechanical system for power-take-off system

in an ocean wave energy converter

Sudá de Andrade Neto

February/2017

Advisor: David Alves Castelo Branco

Course: Mechanical Engineering

This undergraduate project presents an analysis of the main power

transmission systems for the conversion of energy from ocean waves in order to

generate electricity from this resource. Based on this analysis, a closed circuit

hydraulic system is selected for a specific converter model developed by

COPPE/UFRJ, a point absorber type for medium and shallow depth waters. The

WEC consists of a float which oscillates vertically with the passage of the waves

while supported by a fixed structure. The choice for a hydraulic system is based

on criteria such as cost, weight, ease of manufacturing, efficiency, adaptability

to the marine environment among others. After defining the system, sizing of

the components is developed from premillary computational results and the

Linear Wave Theory. Designs are proposed in real scale and in 1:10, respectively,

prototype and experimental model.

Key-words: WEC, wave energy, point absorber, mechanical system, hydraulic

system

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano

Base 2015)

Figura 1-2. A oferta interna de energia (Ano Base 2015)

Figura 1-3. Mapa global das iniciativas e inovações no setor de energia de ondas, de acordo

com o European Marine Energy Center (EMEC)

Figura 1-4. Modelo em escala 1:10 do conversor do tipo Ponto Absorvedor. O flutuador à

esquerda movimenta-se devido às forças de excitação das ondas, gerando potência e

oscilando verticalmente em relação a uma estrutura fixa parcialmente submersa, mostrada

à direita.

Figura 1-5. Parques de Energia offshore com fontes híbridas podem ser a solução para dar

a energia das ondas maior viabilidade econômica

Figura 1-6. Movimento das partículas da água em uma onda

Figura 2-1. Grandezas básicas das ondas

Figura 2-2. O surgimento das ondas através dos ventos

Figura 2-3. Classificação dos conversores a partir de sua localização

Figura 2-4. Comparativo entre localidades e energia disponível

Figura 2-5. Tipos de Conversores classificados devido à interação com a onda incidente

Figura 2-6. AWS usa o princípio de diferenciais de pressão para extrair energia das ondas

Figura 2-7. Conceito do conversor Wavegen's Limpet, em Islay, Escócia.

Figura 2-8. Estruturas flutuantes e os diferentes graus de liberdade

Figura 2-9. O conceito do Wave Dragon se baseia no "overtopping" -

Figura 2-10. As diversas categorias de conversores de onda

Figura 2-11. Estágios para conversão de energia de ondas oceânicas

Figura 2-12. Princípio de Operação de Pelamis

Figura 2-13. Sistemas Hidráulicos no WaveStar

Figura 2-14. Configuração de sistema PTO hidráulico básico sugerido por Ferri et al []:

circuito fechado com pistão de duplo efeito, válvulas de controle, acumuladores, motor

hidráulico e gerador.

Figura 2-15. Technologia usada em sitemas hidráulicos para produzir energia das ondas

Figura 2-16. Representação esquemática de um motor hidráulico de deslocamento variável

com pistão axial e eixo curvado

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Figura 2-17. Vista cortada mostra características-chave de um cilindro hidraulico típico,

neste caso, de duplo efeito com construção padrão tie-rod tirante

Figura 2-18. Modelo de um Gerador Linear

Figura 2-19. Princípio de Operação de AWS

Figura 2-20. Gerador linear do AWS durante montagem

Figura 2-21. Tecnologia usada em sistemas de conversão direta para gerar eletricidade

através das ondas

Figura 2-22. Esquema e projeto conceitual de conversão de energia das ondas por geradores

lineares

Figura 2-23. Conversor de Lysekil (dir.) e da Universidade de Oregon (esq.)

Figura 2-24. Esboço de Conversor de Ondas com gerador Linear

Figura 2-25. Circuito equivalente de Gerador Linear

Figura 2-26. Gerador Linear Tubular air-cored é uma solução para reduzir peso

Figura 2-27. Sistemas de Transmissão mecânicos por cremalheira e pinhão: À esq.

cremalheira dupla com pinhão único, ao centr. e à dir. sistema com pinhão duplo e dois

geradores da OPT.

Figura 2-28. OPT PowerBuoy

Figura 2-29. Conversor Mecânico por Cremalheira-Pinhão

Figura 2-30. Testes no laboratório e no mar acionam uma lâmpada de 3W

Figura 2-31. Conversor de Ondas com sistema mecânico da CorPower

Figura 2-32. Conversor Mecânico de Singapura, com trava para os dentes e rotacionamento

unidirecional

Figura 2-33. Sistema Cursor Manivela para Energia das ondas

Figura 2-34. Volante de inércia para diminuir a flutuação de velocidade no eixo

Figura 2-35. Esquema do Projeto de Pico OWC Plant.

Figura 2-36. Turbina Wells na versão com palhetas-guia na esq. e turbina de impulso na dir.

Figura 2-37. Turbina a ar Denniss-Auld. As pás do rotor pivotam rapidamente entre as

posições extremas quando o fluxo de ar é revertido

Figura 2-38. Turbinas hidráulicas para conversores de ondas. Turbina Pelton na esq. Turbina

Kaplan no meio e Turbina Francis na dir.

Figura 2-39. Oyster da Aquamarine Power envia água pressurizada para rotacionar uma

turbina tipo Pelton localizada na costa

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Figura 2-40. Esquema de Sistema com Turbina Pelton, volante de inércia e multiplicador

de velocidade transmitido por correia para conexão com o gerador elétrico

Figura 2-41. Atuador Pneumático Linear. Componentes principais e principio de

funcionamento

Figura 2-42. Conversor de Onda com Sistema Pneumático fechado

Figura 2-43. Componentes do Sistema Pneumático

Figura 2-44. Turbo-Gerador e Gerador Elétrico de Indução

Figura 2-45. Diagrama elétrico de um parque de ondas

Figura 2-46. Caso real: diagrama de conversão terciária. Parque Wave Hub

Figura 2-47. Topologias de sistema de potência comumente usadas em conversores de onda

Figura 2-48. Sistema HVAC típico

Figura 2-49. Cabos de polietileno e XLPE com núcleo triplo (esq.) e núcleo único (cent.) e

STATCOM da Jema Energy (dir.)

Figura 2-50. Arranjo dos módulos em clusters de estrela e de cadeia

Figura 3-1. Princípio de funcionamento verificado para o modelo 1:40

Figura 3-2 . Em cima: de Construção do modelo 1:10. Embaixo: Representação em CAD e

início dos testes, modelo instalado no tanque de ondas

Figura 3-3. Á esquerda, flutuador em escala 1:40, com largura aproximada de 15 cm. Á

direita, flutuador em escala 1:10 com 80 cm de largura máxima

Figura 3-4. Estrutura Guia e Abas que canalizam as ondas em direção ao flutuante

Figura 3-5. Esquema de flutuador em Oscilação vertical – movimento heave

Figura 3-6. Idealização do sistema PTO linear

Figura 3-7. Modelo 1:10 e seu sistema de rolamento e estrutura guia. A estrutura limita

fisicamene a amplitude do movimento e suporta as tensões exercidas pelas ondas.

Figura 0-8. Estruturas de Suporte para Ponto Absorvedores Lineares Verticais

Figura 3-9. Haste guia e Cilindro Hidráulico em Projeto da Ocean University of China

Figura 3-10. Acelerômetro Capacitvo utilizado no experimento e princípio de

funcionamento

Figura 3-11. À esq: Sensor de Nível da água da DHL. À direita: Visão traseira do equipamento

e posicionamento dos sensores.

Figura 0-12. Mecanismo gerador de ondas acionado por motor elétrico e software

responsável por fornecer o input de estado de mar ao batedor

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Figura 4-1. Potência instantânea e Média ao longo do tempo: Amortecimento Linear e

Controle Reativo

Figura 4-2. Conceito C1 para Sistema PTO

Figura 4-3. Micro Turbina Pelton de 3.5 W à esq. e de 10W à dir.

Figura 4-4. Aplicação de Micro Turbina Pelton ligada à mangueira

Figura 4-5. Bomba linear manual sugerida como referência para o modelo experimental

Figura 4-6. Cilindro Hidráulico de Simples efeito – Curso de 25 cm – Pressão máxima 1.7

MPa

Figura 4-7. Válvulas de Retenção para sistemas domésticos. Princípio de funcionamento e

opções em aço inox com o diâmetro de bocal da turbina, ½” ou 12/7 mm.

Figura 4-8. Acumulador tipo diafragma com pressão de pré-carga de 0.08 MPa, conexão de

½” e capacidade para 8 litros

Figura 4-9. Sistema Hidráulico Modelo Experimental

Figura 4-10. Catálago de Cilindros Hidráulicos Parker

Figura 4-11. Catálago de Cilindros Hidráulicos Hydropa e eficiência da transmissão

Figura 4-12. Catálago de Válvulas Hidráulicas Parker

Figura 4-13. Acumuladores Hidráulicos Hidropneumáticos. Embaixo: À esquerda tipo

bexiga, ao centro tipo pistão e à direita tipo diafragma.

Figura 4-14. Acumuladores Hidráulicos de Bexiga HYDAC. Valores de pressão operacionais

e volumes nominais.

Figura 4-15. Acumuladores Hidráulicos de Bexiga Parker. Valores de pressão operacional,

volume nominal, dimensões e peso

Figura 4-16. Motores Hidráulicos tipo Bent-Axis da HYDRO LEDUC, série M

Figura 4-17. PTO Hidráulicos com Plataforma Suspensa

Figura 4-18. Esquema para torre-guia em escala real com sistema PTO submerso

Figura 5-1. Circuito hidráulico com cilindro de duplo efeito

LISTA DE TABELAS

Tabela 2-1. Componentes típicos de um Sistema pneumático

Tabela 2-2. Tipos de Geradores Rotativos em alguns dos Protótipos mais avançados

Tabela 2-3. Voltagem de Saída e Potência Máxima de alguns conversores de onda

Tabela 1-1. Fatores de Escala do Conversor pela Similaridade de Froude

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Tabela 3-2. Fatores de Escala do PTO linear pela Similaridade de Froude

Tabela 4-1. Escala Experimental – Potência disponível 25-137 W/ Nominal 55W

Tabela 4-2. Escala Real – Potência máxima 435 kW/ Nominal 60 kW

Tabela 4-3. Pressão Máxima por Ciclo com cilindro hidráulico da Parker

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 2-1: FEM (volts) x Tempo (s)

Gráfico 2-2: Potência x Eficiência para Cremalheira-Pinhão no OPT PowerBuoy

Gráfico 4-1. Posição do Flutuador (m) x Posição da Onda (m) - Escala Modelo 1:10 - Período

1.9s

Gráfico 4.2 Força Resultante [N] x Tempo (s) - Escala Real

Gráfico 4.3 Potência [W] x Tempo (s) - Escala Real

Gráfico 4.4 Relação entre Força, Pressão do óleo e diâmetro do pistão

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NOMENCLATURA DOS SÍMBOLOS

m = massa do flutuador

mad = massa adicionada

t= tempo

z(t) = Posição

v(t) = Velocidade

a(t) = Aceleração

Fh(t) = Forças Hidrodinâmicas

Fr(t) = Força de Radiação

Rd = Coeficiente de Amortecimento de Radiação

Fe(t) = Força de Excitação Vertical

Fe = Amplitude da Força de Excitação Vertical

Fhs(t) = Força Hidrostática

ω = Frequência

H= Altura da Onda

α= Fase entre onda Incidente e a onda Radiada

ρ = Peso específico da água do mar

g = aceleração da gravidade

S = Área da Secção Tranversal livre do flutuante

Fpto(t) = Força Aplicada pelo PTO

mpto= Massa do sistema PTO

kpto = Constante elástica do sistema PTO

bpto = Constante de amortecimento do sistema PTO

L = Largura de Captura

Xo = Amplitude complexa da Velocidade

P ̅ex = Potencia Média Extraída

zp(t) = Posição do Pistão

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v(t) = Velocidade do Pistão

ρoleo = Peso específico do óleo

Bo = Bulk Modulus do óleo

Fpto(t) = Força do Sistema PTO

Vcil(t)= Volume de óleo no cilindro

P1(t) = Pressão na Câmara do Cilindro

Ap = Área do Pistão Ah = Área da Haste

l = curso do pistão

mcil = massa do cilindro

Qcil(t) = Vazão volumétrica no cilindro

Kv = Coeficiente de Fluxo da Válvula

PB(t) = Pressão no Acumulador de baixa

PA(t)= Pressão no Acumulador de alta

QA(t) = Vazão para o Acumulador de alta

QB(t) = Vazão para o Acumulador de alta

Qm(t) = Vazão para o Motor

mA = massa de gás no acumulador de alta

mB = massa de gás no acumulador de baixa

mpto= Massa do sistema PTO

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xiv

ÍNDICE

1 Introdução ...................................................................................... 17

1.1 Energias renováveis – Setor e Conceitos 17

1.2 Energias das ondas e seu histórico 19

1.3 Motivação do trabalho 22

1.4 Aplicações da energia das ondas 24

1.5 O recurso das ondas oceânicas 25

1.6 Escopo do Trabalho 31

2 Revisão bibliográfica ....................................................................... 33

2.1 Elementos básicos das ondas 33

2.1.1 Parâmetros de interesse nas ondas ................................................ 33

2.1.2 A energia contida em uma onda ..................................................... 35

2.1.3 Os espectros de onda ..................................................................... 36

2.1.4 Ângulo de Incidência e Perda de Energia........................................ 36

2.2 Conversores de Onda 37

2.2.1 Local .............................................................................................. 37

2.2.2 Interação com a onda incidente ..................................................... 39

2.2.3 Modo de Operação ......................................................................... 40

2.3 Sistemas de potência em conversores de onda

45

2.3.1 Aspectos Gerais ............................................................................. 45

2.3.2 Conversão Primária ....................................................................... 47

2.3.3 Conversão Secundária – Sistemas PTO ........................................ 48

2.3.4 Geradores elétricos rotativos ......................................................... 89

2.3.5 Conversão Terciária ................................................................... 93

2.3.6 Controle e Subsistemas Auxiliares ........................................... 100

3 Modelo Proposto ........................................................................ 102

3.1 Princípio de funcionamento 102

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xv

3.1.1 Modelo em escala 1:40 ................................................................. 102

3.1.2 Modelo em escala 1:10 ................................................................. 103

3.2 Geometria do flutuador 104

3.3 Localização 105

3.4 Modelagem dinâmica do Modelo 106

3.4.1 Princípios da Extração ................................................................. 106

3.4.2 Sistema linear em ondas regulares: análise no domínio do tempo 107

3.4.3 Forças Atuantes no Flutuador ..................................................... 108

3.4.4 Sistema linear em ondas regulares: análise no domínio da frequência

111

3.5 Conversão de Escala em Energia das Ondas 114

3.6 Estrutura de Suporte e Rolamento 117

3.7 Experimento 119

3.7.1 Objetivos do experimento ............................................................. 119

3.7.3 Medição e Instrumentação ........................................................... 119

3.7.4 Geração de ondas no tanque ........................................................ 122

3.8 Simulação Computacional 123

3.9 Resultados Computacionais 124

4 Projeto do Sistema PTO ................................................................ 129

4.1 Requisitos do sistema de geração 129

4.2 Análise de Conceitos 132

4.2.1 Conceitos Propostos ..................................................................... 132

4.2.2 Matriz de Decisão ........................................................................ 134

4.3 Sistema Hidráulico Escala Experimental 137

4.3.1 Componentes ............................................................................... 137

4.3.2 Características Gerais do Sistema ................................................ 143

4.4 Sistema Hidráulico em Escala 1:1 144

4.4.1 Componentes ........................................................................... 144

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xvi

4.4.2 Perdas no Sistema Hidráulico ...................................................... 158

4.4.3 Integração do PTO aos outros sistemas ........................................ 160

5 Conclusões ................................................................................... 162

5.1 Síntese dos resultados 163

5.2 Contribuições e possíveis melhorias 164

5.3 Sugestões para trabalhos futuros 166

6. Referências Bibliográficas ............................................................ 168

Anexos ............................................................................................ 182

Anexo I 182

Anexo II 184

Anexo III 186

Anexo IV 187

Anexo V 1871

Page 19: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

17

1 Introdução

1.1 Energias renováveis – Setor e Conceitos

Muito já se discutiu a respeito da necessidade da sociedade explorar fontes

alternativas e renováveis de energia. Seja para se adequar a uma realidade futura na

qual o petróleo talvez não exista nas proporções atuais, seja para minimizar o

impacto ao meio-ambiente e reduzir emissões de gases de efeito estufa oriundas da

exploração do óleo e gás, o uso de novas fontes se apresenta como uma tendência

definitiva para que haja equilíbrio e sustentabilidade no setor energético.

Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015)

Fonte: Balanço Energético Nacional, 2015 [1].

Além disso, diversificar a matriz energética diminui riscos e dependência de

fatores climatológicos ou volatilidade de preços de mercado de commodities, o que

torna a questão energética ponto estratégico para todos os países no que diz respeito

à soberania e ao crescimento econômico. No Brasil, segundo o balanço energético

nacional [1], o ano de 2015 registrou 41,2% de participação de fontes renováveis na

oferta interna total de energia sendo 75,5% se considerado apenas a matriz elétrica.

Page 20: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

18

A participação de fontes renováveis na matriz energética brasileira é por um

lado significativa, especialmente quando comparada à média global (em torno de 21%

do fornecimento elétrico e 14% da energia primária) [2]. Por outro, a geração nacional

renovável está baseada principalmente em hidroelétricas e biomassa de cana (

também significativamente em lenha e carvão vegetal), e alternativas renováveis

como energia fotovoltaica e eólica (a energia das ondas e das marés não somam 1%),

representaram apenas 4,7% do total ofertado internamente, como mostra a figura

abaixo, retirada do relatório de 2016 do Balanço Energético Nacional [1].

Esta parcela é pequena se considerado o potencial do país em diversas das

fontes não convencionais. Na Espanha, por exemplo, impulsionada por diretrizes de

autoridades europeias comprometidas em mitigar os efeitos de emissões de carbono,

somente energia eólica e solar correspondem juntas a 27% da matriz elétrica, já na

Alemanha, esse índice fica por volta de 20% [2].

O caso brasileiro mostra uma forte dependência das hidroelétricas no sistema

de geração de eletricidade, o que devido a longos períodos de estiagem vem trazendo

problemas no fornecimento à rede nos últimos anos, com ocorrência de eventos de

instabilidade, paralisações no fornecimento e uma maior utilização de termoelétricas

para fazer a geração de ponta e suprir os baixos níveis nos reservatórios hídricos, o

que eleva os custos totais da energia.

Figura 1-2. A oferta interna de energia (Ano Base 2015)

Fonte: Balanço Energético Nacional, 2015 [1].

Page 21: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

19

Com o crescimento na demanda nacional previsto em cerca de 3 a 4% por

ano até 2040 [1], deve-se estar consciente que interrupções geram consequências

graves para toda a economia conectada à rede e afetam diretamente a vida dos

indivíduos. É consenso que o crescimento constante da oferta de energia equilibrado

com a sua demanda é um dos indicadores mais simples para mensurar o progresso

e o bem-estar de uma sociedade.

Fontes Renováveis e Fontes Alternativas

Ao abordar a energia das ondas, o entendimento desses dois conceitos é

fundamental. Define-se fonte renovável como aquele recurso considerado inesgotável

em uma perspectiva de tempo humana. Destaca-se que fontes renováveis podem ser

tanto convencionais (hídrica, por exemplo) quanto alternativas (eólica, solar, das

ondas, das marés, dentre outras). O conceito de fonte alternativa diz respeito às

tecnologias que não são competitivas no mercado quando comparadas às fontes

convencionais (notadamente petróleo, gás natural, hídrica e carvão mineral), seja

devido a questões técnicas ou econômicas. Este mercado diz respeito a fronteira da

análise, sendo um contexto específico no tempo e no espaço, de forma que uma

energia considerada alternativa em um país, pode ser considerada fonte

convencional em outro [3].

Em geral, fontes alternativas possuem um ou mais dos seguintes atributos:

custo de exploração elevado, intermitência, imprevisibilidade e não-estocabilidade.

Ressalta-se que as fontes alternativas podem ser renováveis, como as supracitadas,

ou não renováveis, a exemplo do xisto betuminoso, de difícil exploração. [3]

1.2 Energias das ondas e seu histórico

Dentre as possibilidades de diversificar a matriz energética e ampliar a

capacidade de produção, a energia das ondas oceânicas desponta como uma das

soluções para uma energia alternativa limpa e renovável, com um potencial teórico

global estimado entre 1-2 TW [4,5,6]. No Brasil, o potencial máximo seria próximo a

40 GW [6]. Levando em conta que o país contou com uma capacidade instalada de

134 GW em 2014 [1], a energia dos oceanos tem potencial teórico para suprir boa

parte da demanda nacional nos próximos anos.

Uma visão mais realista, porém, poderia argumentar que as ondas oceânicas

podem, no mínimo, contribuir juntamente a outras fontes renováveis para uma

matriz energética mais diversificada, mais limpa e menos dependente de fontes

fósseis. Deve-se levar em consideração as características da fonte de ondas

Page 22: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

20

oceânicas, como o potencial econômico atual frente a outras fontes, a intermitência,

a capacidade de previsão do recurso e ainda grandes desafios técnicos em questões

como manutenção de equipamentos em ambiente offshore e custo da transmissão

da energia através de cabos submarinos.

Enquanto nas últimas três décadas grandes esforços foram direcionados para

o desenvolvimento da geração de energia proveniente do Sol e dos ventos, apenas

recentemente a energia das ondas começou a se estabelecer como uma realidade no

meio científico e gerar interesse de pesquisadores e de setores da indústria de

energia. Mesmo sendo uma tecnologia recente e imatura do ponto de vista

tecnológico, a ideia de converter a energia associada ao movimento das ondas

oceânicas em energia útil ao ser humano é antiga e vem sendo discutida há séculos,

mesmo que pouco investimento financeiro tivesse sido disponibilizado para este fim

até então.

Sabe-se que a primeira patente para um mecanismo conversor de ondas data

de 1799, graças ao francês Monsieur Girard, em Paris [4]. Outro francês, Praceique-

Bochaux, desenvolveu em 1910 uma das primeiras aplicações dessa fonte ao suprir

com eletricidade sua residência em Royan, próximo a Bordeaux. [5]

Embora a intenção em usar as ondas oceânicas para propósitos humanos

tenha surgido há mais de dois séculos (e desde então outras 340 patentes foram

criadas entre 1800 e 1973) [7], os maiores avanços na tecnologia são relativamente

recentes e certamente impulsionados pela crise energética do petróleo, deflagrada

em 1973. A partir desse ponto, pesquisadores e inventores como Stephen Salter, Kjell

Budal, Johannes Falnes e Michael E. McCormick iniciaram o que seriam as diretrizes

de estudo sobre o assunto. Na mesma época, subsídios governamentais à P&D no

setor de energia foram concedidos em países como Reino Unido, Suécia e Noruega,

o que possibilitou a construção dos primeiros equipamentos. Até 1980, mais de mil

patentes já haviam sido registradas em torno deste tema. [5]

Todavia, apenas poucos protótipos haviam sido testados no mar quando a

queda nos preços dos barris na década seguinte desacelerou o setor. Mais

recentemente, a partir do inicío dos anos 2000, tratados firmados

internacionalmente para redução de emissões reativaram o interesse de muitas

nações na área. Em dezembro de 2015, a 21ª Conferência das Partes (COP-21) da

Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, realizada em Paris,

também sinalizou a importância de tornar a economia global menos intensiva em

carbono, o que pode manter o setor aquecido.

Page 23: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

21

Atualmente, instalações e equipamentos continuam sendo construídos e

desenvolvidos em um grande número de países, com destaque para o Reino Unido,

EUA, e Noruega, como mostra a Figura 1-3 abaixo [5]. Tem-se hoje, novamente, uma

conjuntura favorável ao desenvolvimento do setor no médio e longo prazo. No Brasil,

são esperados mais incentivos para encorajar pequenos sistemas de energia

renovável. Novas regras, como o aprimoramento da resolução normativa 482 da

ANEEL de microgeração, passaram a valer a partir de março de 2016 e permitem que

o consumidor instale sistemas e comercialize sua própria energia com a distribuidora

local, o que pode incentivar projetos independentes. [8]

Figura 1-3. Mapa global das iniciativas e inovações no setor de energia de ondas, de acordo com o

European Marine Energy Center (EMEC)

Fonte: EMEC: European Marine Energy Center, 2014 [5].

Page 24: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

22

1.3 Motivação do trabalho

Pensando nesse cenário, faz-se necessário que a tecnologia associada a essa

fonte de energia seja estudada e desenvolvida nacionalmente para que não haja no

futuro dependência de tecnologias estrangeiras, o que já ocorre em outros segmentos

do setor energético. É fato que a exploração da energia das ondas do mar ainda não

atingiu sua maturidade tecnológica, não havendo até hoje, unanimidade sobre qual

seria o mecanismo ou princípio de funcionamento mais eficaz para transformação

desta energia, diferentemente do que ocorre com mercados mais estabelecidos como

os de energia eólica e solar.

No processo de desenvolvimento de um conversor, a escolha do melhor

conceito para o sistema gerador de potência, o chamado power-take-off system ou

simplesmente PTO é fundamental para garantir utilidade à energia explorada. Este

sistema é o responsável por converter potência na forma de energia elétrica, a forma

que a energia é convertida e o número de conversões necessárias até a transformação

final dependerá do princípio de funcionamento escolhido.

O sistema de potência atua invariavelmente como um amortecimento aos

movimentos do conversor e, portanto, não só tem função na produção e transmissão

de energia para o consumidor final, mas também na hidrodinâmica da transferência

primária de energia ao corpo oscilante.

A escolha do melhor sistema é o ponto chave deste projeto final. Serão

analisadas aqui as possibilidades para exploração e conversão da energia e as

vantagens e desvantagens dos sistemas de potência considerados hoje como o estado

da arte. Serão comparados atributos como eficiência, princípio de operação,

complexidade, estágio de desenvolvimento do conceito, custo, volume, peso,

disponibilidade de componentes etc, com o intuito de definir a melhor solução

tecnológica para o sítio e os estados de mar predominantes do estudo de caso. A

partir da definição pelo sistema, o trabalho propõe um dimensionamento e iniciar o

projeto básico do sistema de conversão do modelo proposto, um conversor do tipo

ponto absorvedor em oscilação linear vertical, a ser instalado em águas médias ou

rasas.

Page 25: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

23

Pontos absorvedores são definidos como estruturas flutuantes cujas

dimensões são pequenas quando comparadas à largura das frentes de onda. Desta

forma, este tipo de conversor consegue absorver energia independentemente da

direção da frente de onda, aproveitando-se de sua axissimetria. O ponto absorvedor

do modelo estudado foi desenvolvido para aproveitar energia mecânica cinética e

potencial das ondas através de um flutuador em movimento restrito de arfagem, ou

em inglês heave, sendo o absorvedor suportado por estrutura-guia que garante a

restrição de movimento em outros graus de liberdade.

O formato geométrico do absorvedor e a estrutura guia, dotada de abas de

captação de ondas, são inovações no segmento das ondas. Os resultados

preliminares experimentais e computacionais (em tanque de ondas e no software de

hidrodinâmica WAMIT) indicam alto potencial de absorção de energia quando

comparado a outras geometrias mais usuais, como esférica ou cilíndrica.

O projeto e o protótipo acima, em fase de desenvolvimento, vem tendo sua

pesquisa conduzida pelo PPE - Programa de Planejamento Energético da COPPE-

UFRJ, por um grupo de pesquisadores. O grupo conta com a participação de diversos

professores e alunos de graduação em engenharia de variados cursos, sendo o

projeto liderado pelo pesquisador Eliab Ricarte, Pós-Doc pelo PPE/UFRJ.

A extração de energia a partir das ondas oceânicas não é uma tarefa fácil,

necessitando de conhecimentos multidisciplinares, esforço cooperativo entre equipes

de pesquisadores e visão holística do tema. Para sucesso da tecnolgia, investimentos

Figura 1-4. Modelo em escala 1:10 do conversor do tipo Ponto Absorvedor. O flutuador à

esquerda movimenta-se devido às forças de excitação das ondas, gerando potência e oscilando

verticalmente em relação a uma estrutura fixa parcialmente submersa, mostrada à direita.

Fonte: Arquivo Pessoal

Page 26: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

24

da iniciativa privada e dos governos dos países serão essenciais para ganhos de

escala e desenvolvimento de componentes específicos.

Integrados à máquina de conversão existirão diversos subsistemas além do

sistema de potência, como o sistema hidrodinâmico entre conversor e onda, a

estrutura de suporte, sistema elétrico, sistema de ancoragem entre outros, de forma

que a interface da engenharia mecânica com a naval, elétrica, civil, ambiental,

materiais entre outras é constante e imprescindível para uma boa execução do

projeto.

1.4 Aplicações da energia das ondas

As aplicações para a energia de fonte oceânica são as mais variadas. O

primeiro uso que vem à mente é a geração de energia elétrica, sendo este o objetivo

do trabalho, seja para uso residencial ou industrial, conectada à rede interligada ou

abastecendo áreas remotas, tais como ilhas e zonas rurais. O uso para fins elétricos

dependerá de soluções na área de eletrônica de potência, com o objetivo de regular o

sinal de saída, atendendo a critérios específicos do grid, como frequência e voltagem.

Devido à existência da mesma necessidade em regular a corrente elétrica ao

grid em outros segmentos do setor energético, como por exemplo, em energia eólica,

pode-se dizer que este aspecto está amplamente desenvolvido pela indústria.

Soluções tecnológicas similares podem, portanto, ser empregadas na energia das

ondas a custos também similares, contanto que o caminho de conversão entre a onda

e a geração de eletricidade seja feita a um custo competitivo.

Além da energia elétrica como uso final, justificada pela flexibilidade de

transmissão por longas distâncias, há várias outras oportunidades de se usar a

fonte, tais como: bombeamento de água, força motriz para o acionamento de

máquinas, processos de filtração e ainda dessalinização da água do mar. [6]

No Brasil, pode-se pensar na utilização da energia das ondas em zonas

remotas no Nordeste do país, seja para fornecimento elétrico, seja como força de

pressão para máquinas de dessalinização. No estado do Rio de Janeiro, o forte setor

de óleo em gás poderia se beneficiar do desenvolvimento da energia das ondas através

de conversores de onda fornecendo energia a plataformas de exploração e produção

offshore, que enfrentam limites restritos de peso, espaço e capacidade de geração de

energia.

Page 27: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

25

Outra possível aplicação seriam parques offshore integrados, que combinem

a energia das ondas com uma ou mais fontes, como a eólica, a solar e a das marés,

a fim de aumentar a viabilidade econômica dos projetos e ao mesmo tempo diminuir

flutuações na potência de saída causada pela intermitência dos recursos. A Figura

1-5 abaixo mostra um sistema integrado de energia eólica e de ondas, criado pela

W2Power, chamado Pelagic Power [9].

1.5 O recurso das ondas oceânicas

Formação e Potencial Global

As ondas de gravidade ocorrem na superfície oceânica e se formam pela ação

dos ventos, que por sua vez se originam através do aquecimento desigual da

superfície terrestre proveniente da energia solar. Os oceanos são então,

acumuladores de energia eólica e solar. Portanto, devido às perdas nas etapas de

conversão, ondas de gravidade têm um potencial global menor que as fontes de

energia que a originam. No entanto, esse valor energético é ainda altíssimo sendo

capaz de produzir algo entre 50.000 e 80.000 TWH/ano considerando os atuais

equipamentos, suficiente para atender parte considerável da demanda global de

energia elétrica [4,6]. A Figura 1-6 a seguir [10], define alguns conceitos básicos das

ondas e esquematiza o movimento das partículas de água.

Figura 1-5. Parques de Energia offshore com fontes híbridas podem ser a solução

para dar a energia das ondas maior viabilidade econômica

Fonte: W2Power | Pelagic Power, 2010 [9].

Page 28: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

26

Densidade Energética

As ondas oceânicas concentra a energia solar e eólica e possuem uma das

maiores densidades energéticas entre as fontes renováveis, o que se deve

basicamente ao peso específico elevado da água do mar. Para efeito de comparação,

a intensidade da energia solar, que fica tipicamente entre 0,1 e 0,3 ��/�� em uma

superfície horizontal, é convertida para um fluxo de intensidade médio de 2-3 ��/��

nas ondas, considerando um plano vertical perpendicular à direção da propagação

da onda, logo abaixo da superfície da água [4].

A densidade energética elevada, aproximadamente dez vezes superior à solar,

pode se converter em uma vantagem em termos de impacto visual no ambiente

dependendo, das dimensões dos conversores e dos parques de onda. Como a energia

está mais concentrada, esta fonte teria a capacidade de produzir mais energia por

menor área ocupada em comparação com parques eólicos e solares, uma das críticas

recorrentes a esses dois recursos. [4]

Fator de Capacidade

Com relação ao fator de capacidade, parâmetro que mede em média quanto

do potencial nominal do equipamento é utilizado durante a operação, experimentos

revelam que os mecanismos de conversão das ondas podem, em determinadas

circunstâncias, gerar potência em até 90% [5] do tempo, sendo o fator de capacidade

médio em torno de 55% [11], superior em comparação com os índices de plantas

eólicas 25-40% [6,12] e solares 10-25% [6,12]. Quando comparado a essas duas

fontes, o recurso das ondas é não só uma fonte mais constante, mas também é mais

fácil de prever, o que torna menos complicado alinhar oferta e demanda.

Figura 1-6. Movimento das partículas da água em uma onda

A=Movimento orbital em águas profundas

B=Movimento orbital elíptico em águas rasas

1= Direção de propagação da onda

2=Crista

3=Vale

4=Leito Marinho

Fonte: EN.WIKIPEDIA, 2007 [10].

4-Leito Marinho

Page 29: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

27

Sítio de Instalação

Apesar de abundante e largamente disponível pelo planeta, este recurso

precisa de condições mínimas para que sua exploração seja possível. Embora a fonte

esteja presente em toda a área do planeta ocupada pelos oceanos, cerca de 2/3 da

superfície terrestre, nem todos esses locais serão viáveis do ponto de vista técnico-

econômico.

Assim como ocorre com outras renováveis, o desempenho de um conversor

será fortemente dependente do sítio de instalação, sendo provável que um conversor

projetado para certo local, com seus respectivos estados de mares, não opere com a

mesma eficácia caso transferido para outras localidades, com diferentes condições

de amplitude, período e direcionalidade das ondas.

Os estudos da oceanografia, que se concentram, entre outros temas, na

formação das ondas e nas condições de mar, será essencial para definir os locais

proeminentes para instalação dos conversores. Estudos disponibilizados pelos

oceanógrafos possuem atualmente modelos matemáticos globais, regionais e locais

na forma de padrões espectrais semi-empíricos, que descrevem o comportamento

das ondas em praticamente qualquer posição do globo.

Os padrões espectrais oferecem uma visão geral do comportamento das ondas

em determinadas regiões do planeta. Obter dados de uma localidade específica exige,

no mínimo, um ano de medições em diferentes escalas de tempo - variações diárias,

mensais, sazonais etc. - o que em muitas das vezes pode inviabilizar o projeto. Dessa

forma, utilizar-se de dados já disponíveis é uma alternativa razoável a ser

considerada pelas equipes de desenvolvimento na avaliação dos sítios.

Uma análise prévia e criteriosa de potenciais locais em que se planeja instalar

um mecanismo de conversão de energia das ondas, aliado a um conhecimento sólido

dos estados de mar a serem explorados, será fundamental para o sucesso

operacional de qualquer projeto de conversor.

Variabilidade Energética

Independentemente do sítio escolhido para instalação, ondas do mar possuem

grande variação em altura, período e energia ofertada. Pensando na eletricidade como

energia final, os picos de potência gerados apresentariam grandes flutuações no

fornecimento à rede, o que prejudicaria severamente a qualidade e o valor da energia

do ponto de vista do grid. Para alcançar um sinal elétrico confiável, sem grandes

Page 30: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

28

flutuações e pulsações, o mecanismo conversor dependerá de sistema de

armazenamento de energia e controle ou amortecimento para compensar a

variabilidade e regular a energia de saída. [4]

Após a formação, as ondas percorrem quilômetros e viajam grandes distâncias

com pouca perda de energia até atingir zonas costeiras, onde a perda de energia por

atrito é proporcional à profundidade do leito marinho. Múltiplos fatores além do

vento influenciam o movimento e a energia das ondas, como a geografia da costa, a

profundidade do leito e os fenômenos de refração e difração, sendo o estado real do

mar uma função complexa de ser modelada. Grupos de ondas, ou séries, podem

variar significativamente a energia disponível em questão de minutos.

Considerando outras escalas de tempo, sejam segundos, horas, dias ou

meses, as variações de energia são também significativas. Lidar com essa

variabilidade energética ainda é um dos grandes obstáculos a ser transposto pelos

engenheiros projetistas, juntando-se a isto a resistência do equipamento a climas

extremos de tempestades.

Somando-se ao desafio de lidar com a alta variabilidade energética das ondas

em diferentes escalas de tempo, surge também a questão envolvendo a conversão do

movimento oscilatório, aleatório e de baixa frequências das ondas oceânicas,

tipicamente próximas a 1 Hz, em trabalho útil, que acione geradores elétricos de

50Hz ou 60Hz e forneça energia elétrica de qualidade à rede, atendendo a critérios

específicos.

Hidrodinâmica e Ambiente Marinho

Pelo lado do projeto dos conversores, o contato com as ondas do mar e a

absorção de energia das ondas é um processo hidrodinâmico de considerável

complexidade teórica, para o qual, por exemplo, forças que representem os

fenômenos de a difração e radiação, serão variáveis importantes. Softwares de

hidrodinâmica como o WAMIT serão necessários para realizar cálculos numéricos na

avaliação de forças sobre os mecanismos em alto mar.

A água do mar é corrosiva, o que aumenta os custos com os materiais em

contato empregados. O projeto ainda incorpora desafios técnicos como sistemas

mecânicos e elétricos submersos, suporte estrutural robusto para suportar

condições extremas de onda, especificação de ancoragem e outros desafios típicos do

Page 31: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

29

ambiente offshore, como o biofouling ou incrustação marinha. Aspectos como a

corrosividade do ambiente e o biofouling podem gerar problemas na operação e

manutenção e necessitam de atenção especial.

Questão Ambiental

Precauções também devem ser tomadas no que diz respeito ao ambiente

marinho e à legislação ambiental. Caso sejam utilizados fluidos como óleos em

sistemas hidráulicos ou em lubrificação de sistemas mecânicos, é necessário avaliar

a qualidade da selagem e níveis de vazamento aceitáveis. A poluição sonora causada

por possíveis turbinas e geradores também pode interferir negativamente no meio.

Deve-se assegurar que as plantas de conversores alterem o mínimo possível o

ecossistema em que estejam instaladas, não modificando a rota migratória de

espécies ou alterando correntes oceânicas.

De forma preliminar, é possível dizer que o impacto ao ambiente causado pela

exploração da energia das ondas é relativamente baixo, principalmente quando

comparado ao das demais fontes. Os pesquisadores, porém, ainda não chegaram a

conclusões definitivas sobre o tema. Possibilidades são levantadas quanto a parques

de energia das ondas alterando a configuração costeira de determinada praia. Com

isso, podem também torná-la apta para esportes, como o surf, sendo assim uma

possível fonte de receita futura para o turismo e o entretenimento de regiões de

instalação. Além, é claro, do desenvolvimento econômico gerado pelos empregos

criados no desenvolvimento, construção, manutenção e operação dos equipamentos

[4].

Custo e Ganhos de Escala

Para que a utilização do recurso das ondas se intensifique no meio energético

será necessário que o custo associado à extração da energia diminua

significativamente para competir com outros setores já estabelecidos. De acordo com

Ricarte, E. B., 2007 [11], o custo para implementação de uma usina energia das

ondas é um pouco superior ao de uma planta eólica e inferior ao de uma instalação

fotovoltaica. Se há um motivo para ser pessimista a respeito da energia das ondas é

que, caso as desvantagens de custo não possam ser transpostas, não fará sentido

construir parques de energia das ondas, pois mais energia eólica ou solar poderá ser

instalada no mesmo espaço por valores menores.

Page 32: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

30

Até o presente momento, nenhum protótipo atingiu escala comercial

significativa e não há consenso no meio cientifico sobre a melhor forma de explorar

esse recurso. Mesmo que algumas máquinas tenham sido conectadas ao grid com

relativo sucesso, projetos em estágios mais avançados de desenvolvimento foram

recentemente desativados devido a dificuldades em captação de novos recursos para

experimentos no mar e fabricação em maior escala.

Características do Recurso

A onda é uma fonte intermitente e de fluxo1, sendo não

estocável/armazenável. A vantagem das ondas é que tanto a intermitência como a

imprevisibilidade são menores do que em fontes tecnologicamente mais maduras,

como a eólica e a solar. A energia das marés é outra fonte oceânica que possui uma

excelente previsibilidade, inclusive superior à das ondas, sendo esta fonte mais uma

que poderia ser associada à das ondas para geração conjunta em parques de energia

híbrida offshore.

No cenário brasileiro, as termoelétricas, que funcionam pela queima de

combustível fóssil, entram em operação quando há queda nos níveis dos

reservatórios hidráulicos das hidroelétricas (uma das principais fontes do sistema

elétrico nacional). As convencionais fontes fósseis possuem características de alta

estocabilidade e elevada disponibilidade, o que significa que podem ser armazenadas

por relativamente longo tempo em gasodutos, oleodutos, tanques etc., e

posteriormente usadas de acordo com a demanda do sistema que alimentam.

A realidade da energia das ondas é diferente, pois sua geração está ligada a

complexos fatores climatológicos e à logística de sua produção, armazenamento,

transmissão e utilização se assemelha a de outras fontes renováveis como a eólica,

a hidráulica e a solar, onde uma vez gerada a energia, deve ser o mais rapidamente

encaminhada para seu destino ou consumidor final.

Como a disponibilidade do recurso está vinculada a fatores climáticos, o

armazenamento é dependente de algum sistema de acúmulo, portanto componentes

como baterias, volantes de inércia, reservatórios e acumuladores de alta pressão

1 Ondas do mar são fontes de fluxo, isso significa dizer que a sua geração, o seu transporte e a sua utilização

precisam ocorrer smultaneamente. A esse conceito se opõe as chamadas fontes de estoque, como carvão e os

combustíveis derivados do óleo e gás, que podem ser armazenados em grandes quantidades.

Page 33: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

31

podem, em teoria, ser usados. Esses sistemas possuem obviamente algumas

limitações práticas e sua implementação gera custos adicionais ao conversor. Lidar

com a intermitência das fontes é um dos desafios enfrentados com as energias

renováveis para que estas se consolidem de vez na matriz energética mundial. No

entanto, os rápidos e recentes avanços nos setores eólico e solar, com expansão, ano

a após ano, em potência instalada, sugerem que algo similar possa acontecer em

breve com conversores de onda.

1.6 Escopo do Trabalho

Neste primeiro capítulo introdutório foi apresentado o tema central do

trabalho e discutidos aspectos gerais da energia das ondas, aplicações, histórico, os

principais desafios e a motivação do estudo. No capítulo 2, é realizada uma revisão

bibliográfica sobre conversores de onda onde são abordados: os parâmetros que

definem o potencial energético do recurso; as principais tecnologias em conversores

de onda e suas classificações; e os principais sistemas de potência empregados

nesses conversores. Esta última seção descreve as principais tendências tecnológicas

para sistemas de geração existentes, levando em consideração vantagens e

desvantagens técnicas e econômicas de cada método e características de seus

componentes, como turbinas, pistões hidráulicos, cremalheira, volantes de inércia,

engrenagens, geradores lineares e geradores rotativos. No fim do capítulo 2, são

abordados os equipamentos necessários na eletrônica de potência para que seja

obtido ao final da conversão um sinal elétrico de qualidade e confiável, para conexão

com a rede. É também ressaltada ao final a importância de sistemas de controle e

sistemas auxiliares para maior absorção de energia.

No capítulo 3, o modelo proposto é apresentado baseado em seu princípio de

funcionamento, aspectos construtitvos, condições de mar e do sítio de instalação,

modelagem dinâmica, experimento em tanque gerador de ondas e simulação

computacional. São feitas descrições dos modelos em escalas 1:40 e 1:10, ambos

levados para testes controlados nos tanques. Os resultados desses testes, no

entanto, não foram utilizados neste trabalho e, por este motivo, apenas os resultados

computacionais são usados para o dimensionamento.

O capítulo 4 inicia avaliando os requisitos do sistema de geração do modelo,

e a partir disso são propostos alguns conceitos para o sistema de transmissão. Esses

conceitos são técnica e economicamente analisados através de uma variação da

Matriz de decisão de Pugh, e a escolha por um sistema hidráulico fechado em alta

Page 34: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

32

pressão, (sendo água o fluido para o modelo 1:10 e óleo hidráulico o fluido para o

modelo 1:1) estará fundamentada por diversos atributos, tais como: menor peso,

componentes padronizados, resistência a sobrecargas e a possiblidade de alcançar

grandes potências. A partir da seleção dos sistemas é feito um dimensionamento dos

componentes para as duas escalas, sendo sugeridos componentes de alguns modelos

de catálagos de fabricantes. O modelo em escala real é investigado em maior detalhe,

com atenção à eficiência da conversão e cálculo de perdas. Finalmente, o capítulo 5

trará as conclusões do trabalho e sugestões para trabalhos futuros.

Page 35: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

33

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Elementos básicos das ondas

2.1.1 Parâmetros de interesse nas ondas

Ondas de gravidade ocorrem na superfície das águas oceânicas geradas por

diferenciais de pressão causados pelos ventos. A energia contida nelas depende,

entre outros fatores, da intensidade e do tempo de atuação desses ventos na zona de

geração, conhecida como zona de tempestade.

Independentemente do potencial energético, as ondas são definidas a partir

de algumas grandezas básicas, como pode ser observado na Figura 2-1 abaixo em

uma simplificação bidimensional de uma onda: uma altura H corresponde à

distância vertical entre um vale (ou cava) e uma crista; chama-se amplitude a altura

correspondente à metade deste valor, ou a distância entre a linha de superfície

(considerando mar calmo) e a crista; um período � é o tempo de passagem entre

duas cristas; e o comprimento de onda �, a distância horizontal entre duas cristas

ou dois vales.

Dois parâmetros fundamentais para descrever um estado de mar são

tradicionalmente a altura de onda significativa � e o período de energia da onda �.

A altura � representa a média da distância entre crista e vale da terça parte de

maior valor em uma série de ondas. Enquanto � é o período médio correspondente

ao de uma onda significativa �. Para efeito de cálculos de potência, o Hm, ou altura

média, resultará em valores mais próximos de geração de energia ao longo do tempo.

Figura 2-1. Grandezas básicas das ondas

Fonte: Monteiro, T. M. , 2009 [13].

Page 36: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

34

No que diz respeito à origem das ondas, swell é o termo usado para descrever

ondas de grande período que se deslocaram a partir das regiões de tempestades onde

foram criadas. Todo swell foi anteriormente uma onda de vento, aquelas que se

formam devido à ação de um vento local (ver Figura 2-2) [11]. Em relação ao

comprimento de onda, swells produzirão comprimentos de ondas da ordem de 100-

500 metros em águas profundas [4], enquanto comprimentos de onda das chamadas

ondas de vento variarão entre apenas alguns metros até algumas centenas de metros,

dependendo da velocidade e intensidade do vento. As ondas de vento se deslocam a

partir da região onde foram criadas. Esses dois tipos podem coexistir, o que contribui

para tornar um estado real de mar uma composição complexa de várias ondas

elementares, com diferentes origens, frequências e direções.

Figura 2-2. O surgimento das ondas através dos ventos

Fonte: Adaptado do livro “Physical Oceanography", 2001 [14]

Page 37: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

35

2.1.2 A energia contida em uma onda

A energia média armazenada por unidade de área, isto é, ��/�� em uma

superficíe do mar, pode ser descrita para águas profundas como [4,6]:

� = ����� 16⁄ = �� � �������� � ��

!" �2.1�

Onde � é o peso específico da água do mar, � é a aceleração da gravidade,

logicamente, ao nível do mar e ��, definido como a altura significativa de onda,

representa a média da terça parte das ondas com maior altura registadas durante

determinado tempo. Essa energia é dividida entre cinética, devido ao movimento da

água, e potencial, devido ao trabalho mecânico realizado para levantar a água do vale

até a crista contra a força da gravidade.

Usando a teoria linear de onda, justificável para pequenas alturas e do ponto

de vista de engenharia, tem-se que o fluxo de potência de uma onda senoidal regular,

por unidade de frente de onda, em águas profundas é dado por [4,6]:

% = ������ 32'⁄ (��� ) �2.2�

Onde T é o período de ondas, já a potência contida em um estado de mar real,

com ondas irregulares, pode ser estimado a partir da seguinte relação [4,6]:

% = �������64' = 0,49���� (��

� ) �2.3�

Como mencionado no capítulo 1, a energia das ondas apresenta grandes

variações entre grupos de onda, e estes podem diferir em até cinquenta vezes o nível

de energia. Tempestades contêm extrema quantidade de energia e contribuem

significativamente para os valores médios anuais registrados. A capacidade nominal

de um conversor de onda obviamente limita a utilidade energética desses estados

extremos. Pode ser dito que os conversores em geral devem ser projetados para as

ondas moderadas e de maior prevalência, enquanto ondas extremas devem ser

suportadas pela estrutura do conversor para evitar a destruição do equipamento.

Page 38: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

36

2.1.3 Os espectros de onda

Na década de 50, cientistas e pesquisadores entenderam que o processo de

formação de ondas era mais bem descrito como sendo um fenômeno espectral, logo,

na equação (1) acima, ���� corresponde ao espectro de ondas, com unidade em �� �.⁄

e descreve quantativamente como as diferentes frequencias de onda � contribuem

para a energia total. Em cálculos práticos, a integral da equação (1) é substituída por

um somatório finito de frequências de onda. Já para medições ao longo de períodos,

um valor aproximado para o espectro de ondas ���� pode ser estimado através de

transformadas de Fourier. Para um valor típico de altura de onda significativa � =

2m a e n nergia por onda gerada será um valor próximo a 5 kJ/m². [4, 15]

Denomina-se mar completamente desenvolvido quando um vento constante

atua tempo suficiente nas grandes superfícies oceânicas, ou fetchs, de forma que o

estado de mar atinge um equilíbrio e desenvolve alturas máximas correspondentes

ao vento atuante. Para estados de mar com essas características há uma relação

semi-empírica para o espectro chamada de PM, validada experimentalmente e

creditada a Pierson-Moskowitz. Para situações onde a zona de geração é limitada, ou

seja, o vento não atua pelo tempo necessário para desenvolver um estado de mar

específico, o espectro de JONSWAP é mais indicado e comumente usado. [4]

2.1.4 Ângulo de Incidência e Perda de Energia

A energia de um estado real de mar em águas profundas, com frequências e

direções diversas, pode ser representado pela equação abaixo:

� = ����� 16⁄ = �� / / ��, 0��� �2.4�12

1!

Onde ��, 0� representa a função do espectro de ondas e suas direções, sendo

0 o ângulo de incidência em relação a um eixo de referência vertical. [4]

À medida que a onda se aproxima da costa e a profundidade do leito marinho

diminui, observa-se uma redução no comprimento de onda e um aumento de sua

velocidade. Na aproximação com a costa, as ondas se propagam com maiores perdas

de energia, principalmente devido ao atrito com o solo. No entanto, próximo à costa

o estado de mar pode se tornar mais regular dependendo da geografia do litoral, com

frentes de onda mais bem definidas e com menos divergência no fator de

Page 39: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

37

direcionalidade. Fator este que será explorado na escolha do sítio e no cálculo para

ondas regulares utilizado no projeto.

2.2 Conversores de Onda

Existe uma enorme quantidade de conceitos e técnicas associadas à conversão

de energia das ondas. Embora os projetos existentes variem largamente em

concepção e design, tecnologia aplicada e estágio de maturidade, os conversores de

onda são geralmente categorizados pelo local, interação com a onda incidente e o

modo de operação.

2.2.1 Local

Quanto ao local, os conversores de onda podem ser classificada em três tipos,

como ilustra a Figura 2-3 abaixo:

Shoreline ou Onshore – Conversores de costa ou águas rasas: Mecanismos

localizados na costa ou shoreline têm a vantagem de estar mais perto da rede de

distribuição, terem menores custos estruturais e maior facilidade com manutenção,

transmissão e instalação. São também menores as probabilidades de danos

causados por condições extremas, já que a energia das ondas nessa faixa é menor.

Em contrapartida, esta é também a maior desvantagem dessa faixa de locação, já

que quanto menor for a energia disponível, menor será a potência máxima gerada.

Essa desvantagem pode ser parcialmente compensada pela concentração natural de

energia em determinadas localidades da costa, os chamados “hot spots”. Dependendo

da localização na costa, a formação das frentes de onda pode ter dinâmica diferente,

Figura 2-3. Classificação dos conversores a partir de sua localização

Fonte: Titah-Benbouzid, H.; Benbouzid, M, 2014 [16]

> 40m de profundidade 10-25m de profundidade

Page 40: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

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sendo mais regular e sinusoidal, ou seja, atuando em menos direções do que em

águas mais profundas. Mecanismos onshore podem ser instalados fixos ao leito

marinho, dando estabilidade para o corpo oscilatório, ou, acoplados a um quebra

mar, uma barragem ou um rochedo [5, 15] O efeito das marés deve ser previamente

levado em consideração. É um fenômeno lento e dependente do local.

Nearshore – Conversores de águas médias: Estão localizados em águas

relativamente rasas, a algumas centenas de metros da costa, geralmente em

profundidades inferiores a um quarto do comprimento da onda, o que seria algo entre

10 e 25 metros [16]. Mecanismos nessa faixa do mar geralmente ficam ancorados ao

leito marinho se utilizando de uma base inercial ou heave plate, que mantém o corpo

fixo. A base inercial fica em uma profundidade onde o movimento das ondas não

interfere na estrutura, garantindo que esta permaneça estática e forneça as forças

de reação para o flutuador. Também há casos de conversores presos ao leito

marinho. A desvantagem é a mesma dos dispositivos de costa, o contato com o leito

marinho gera ondas com energia reduzida, o que limita o potencial energético. [5,15]

Offshore – Conversores de águas profundas: Localizados em grandes

profundidades, esses dispositivos têm como vantagem a disponibilidade de maiores

quantidades de energia. No entanto, mecanismos offshore são mais difíceis de

instalar, operar e obter acesso para manutenção. Mais energia é perdida na

transmissão via cabos marinhos devido à distância até a estação elétrica. Além

disso, os conversores precisam ser projetados para suportar condições mais

extremas, o que aumenta os custos de fabricação. Embora alguns dos custos possam

aumentar, alguns especialistas argumentam que maior potência também

possibilitaria maior estrutura econômica para o projeto. [5, 15]

O figura 2-4 abaixo, elaborada pela empresa AW, criadora do mecanismo

WaveRoller, ilustra a diferença entre as localidades de instalação e a respectiva

energia disponível. Nota-se pela figura que não é substancial a diferença entre a

energia considerada tecnicamente explorável, quando comparados os ambientes

nearshore e offshore.

Page 41: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

39

2.2.2 Interação com a onda incidente

Quanto a onda incidente, os conversores de onda pode ser classificada em três

tipos, como ilustra a Figura 2-5 abaixo:

Figura 2-5. Tipos de Conversores classificados devido à interação com a onda incidente

Fonte: Adaptado de Artigo - FITZGERALD, J., 2009, [18]

Atenuador Terminador Ponto-

Absorvedor Ondas

Incidentes

Figura 2-4. Comparativo entre localidades e energia disponível

Fonte: Adaptado de Site da AWS, 2012 [17]

Máxima

Média

Explorável

Potência

Page 42: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

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Atenuadores: Atenuadores se posicionam com seu maior comprimento

em paralelo à direção da onda incidente, como se as “montassem”. O efeito

pretendido é de atenuar a energia das ondas ao longo do corpo flutuante. Um

exemplo deste tipo de conversor é o Pelamis UK, desenvolvido pela empresa britânica

Pelamis Wave Power. [5,15]

Terminadores: Os terminadores possuem a maior dimensão

perpendicular à direção da onda, e as interceptam, com o objetivo de “terminá-las”.

Salter’s Duck, conversor desenvolvido pela Universidade de Edimburgo é um dos

exemplos deste tipo. [5,15]

Ponto-absorvedores: O conversor estudado e desenvolvido neste

trabalho pode ser definido como um ponto absorvedor. Ponto-absorvedores são

mecanismos com dimensões relativamente pequenas quando comparadas às da

frente de onda, podendo ser matematicamente vistos como “pontos” no oceano.

Podem ser estruturas flutuantes que oscilam em um ou mais graus de liberdade (por

exemplo, a oscilação vertical conhecida como arfagem ou heave) ou uma estrutura

submersa que oscila devido aos diferenciais de pressão das ondas na superfície.

Geralmente, os sistemas deste tipo são projetados para terem a faixa de ressonância

do grau de liberdade útil na mesma faixa de frequência das ondas incidentes, para

maximização da energia. Um arranjo de conversores point absorbers altera as

condições de mar de forma similar aos atenuadores e terminadores. Um exemplo

desse tipo é a Powerbuoy da Ocean Power Technology’s. [5, 15] Possuem a vantagem

de absorver energia independentemente da direção das ondas incidentes. Estratégias

de controle idealizadas para pontos absorvedores variam dependendo do sistema de

potência do conversor. Sistemas hidráulicos ou equipados com geradores lineares de

imãs permanentes são, no entanto, os mais comuns.

2.2.3 Modo de Operação

Outra classificação se baseia no princípio básico de funcionamento, os principais

conceitos são brevemente explicados abaixo:

Diferenciais de pressão: Máquinas que seguem esse princípio são geralmente

pontos absorvedores submersos com parte da estrutura estática, fixada ou ancorada

ao leito marinho. O movimento da estrutura é baseado na diferença de pressão

provocada pelo movimento dos vales e cristas de onda sobre o mecanismo.

Page 43: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

41

Quando acima do conversor a onda está em crista, a massa de água comprime

o mecanismo e o movimenta, e, neste caso, o ar, a água ou o fluido dentro dele pode

ser usado para obtenção de energia, através de geração elétrica linear. Assim que a

frente de onda avança e o vale fica acima do mecanismo, a pressão é reduzida e o

conjunto sobe. Geralmente localizados próximos à costa, o Archimedes Wave Swing

(AWS), mostrado na Figura 2-6 abaixo, é um clássico exemplo desse modo de

operação.

Seguindo um princípio similar, os mecanismos chamados de Oscilating Water

Columns, e mais conhecidos pela sigla OWCs, são osciladores de colunas de água,

que se baseiam em câmaras semi-submersas onde o nível de água varia com a

oscilação das ondas. O movimento oscilante das águas causa simultaneamente a

movimentação de ar na câmara, que é direcionado e aciona uma turbina,

normalmente do tipo Wells (a mais comum entre este tipo de conversor), Denniss-

Auld ou de impulso, versões de turbina que rotacionam sempre para a mesma

direção, independentemente da direção do fluxo [5,15]. A figura 2-7 abaixo mostra o

princípio de operação da máquina de origem escocesa Wavegen’s Limpet.

Figura 2-6. AWS usa diferenciais de pressão para extrair energia das

ondas

Fonte: AWS Ocean Energy Ltd - Energy - Research - European Commission, 2006 [19]

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Estruturas Flutuantes: Conversores deste tipo se baseiam em corpos rígidos

flutuantes que são movidos pela ação das ondas. O estudo de caso discutido nos

tópicos posteriores se apoia neste princípio. A grande vantagem de corpos oscilantes

é que o conversor de ondas pode ser projetado para operar com uma resposta

ressonante associada à frequência dominante do estado de ondas do sítio de

instalação, assim, podem-se minimizar as cargas necessárias de potência reativa e

maximizar a absorção de energia.

O movimento útil a ser captado pode ser vertical, horizontal, rotacional ou

uma combinação destes (ver figura 2-8). Geralmente, a conversão é por circuito

hidráulico fechado e uma estrutura externa fixa ao leito marinho é utilizada como

suporte e pode ser considerada como um referencial inercial. Alguns conversores

flutuantes são formados por dois ou mais corpos que se movem conjuntamente.

PowerBuoy da OPT (EUA), WaveStar da Wave Star (Dinamarca) e Pelamis da PWP

(Reino Unido) são alguns exemplos de protótipos de conversores flutuantes. [5, 15]

Figura 2-8. Estruturas flutuantes e os diferentes graus de liberdade

Fonte: Adaptado de Artigo - Rico H. Hansen et al, 2013 [21]

Ponto-Absorvedor

Primeira parte do sistema PTO, absorvendo a energia em movimento de oscilação.

Terminador Atenuador Absorvedor Múltiplo

Turbina

Figura 2-7. Conceito do conversor Wavegen's Limpet, em Islay, Escócia.

Fonte: Adaptado de Cargo, C., 2012 [20]

Ar é comprimido dentro da câmara

Câmara de

Captura

Ondas

Page 45: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

43

Mecanismos “Overtopping”: Esses conversores capturam a água das ondas,

forçando-a a passar por cima da estrutura, por esse motivo o nome “overtopping”,

em tradução livre “sobre o topo”, criando um reservatório acima do nível do mar que

concentra a massa de água em determinada altura, como energia potencial. Essa

energia potencial é aproveitada como energia útil quando a água tem sua pressão

aumentada e rotaciona uma turbina hidráulica (Pelton, Kaplan ou Francis

dependendo da vazão e do Head). Exemplos típicos deste tipo de conversor são o

Wave Dragon (ver figura 2-9) e o SSG WAVE energy, respectivamente modelos

dinamarquês e norueguês. [5, 15]

Figura 2-9. O conceito do Wave Dragon se baseia no "overtopping"

Fonte: KOFOED, J. P. et al, 2006 [22]

RESERVATÓRIO

DESCARGA DA TURBINA

Page 46: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

44

Em suma, os princípios de funcionamento se baseiam no movimento relativo

de um corpo em relação às ondas, a outros corpos ou em relação a um referencial

inercial, geralmente o leito marinho ou uma estrutura fixada ao leito. A extração da

energia geralmente se dá quando há controle e/ou amortecimento desse movimento

relativo. Para melhor compreensão, a Figura 2-10 abaixo, retirada do artigo de López

et al, 2013 [15], dispõe diversos conversores de onda divididos nas três principais

classificações discutidas em um mesmo quadro esquemático.

Figura 2-10. As diversas categorias de conversores de onda

Fonte: Adaptado de Iraide López et al, 2013 [15]

Atenuador Ponto-Absorvedor

Terminador

Loca

liza

ção

Diferencial de Pressão Impacto/Surge Estruturas Flutuantes

Princípio de Funcionamento

Page 47: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

45

2.3 Sistemas de potência em conversores de onda

2.3.1 Aspectos Gerais

O conjunto dos equipamentos de geração de potência é dos elementos mais

importantes na tecnologia de energia das ondas, sendo esses sistemas os

responsáveis pela maioria das falhas e disfunções registradas nos conversores

desenvolvidos até a presente data.

O sistema gerador, conhecido também como power-take-off system ou

simplesmente PTO tem como papel, segundo Jochen Bard et al, 2013 [23], prover ao

menos duas funcionalidades ao conversor de ondas: converter a energia cinética e

potencial do mar para energia elétrica e fornecer os meios para controlar o

mecanismo (e a partir disso optimizar a transferência de energia da onda para o

conversor). Além disso, o sistema PTO é diretamente responsável pela produção de

energia, da onde provém toda a fonte de receita do equipamento.

De acordo com Agência Internacional de Energias renováveis – IRENA

(International Renewable Energy Agency), entre os conceitos para conversores de

onda desenvolvidos até 2014, 42% usaram ou usam sistemas hidráulicos, 30% drive

direto (majoritariamente geradores lineares), 11% turbinas hidráulicas e outros 11%

sistemas pneumáticos [24].

No caso de pontos absorvedores, objeto de estudo deste trabalho, os dois

métodos mais comuns para geração de energia elétrica são: sistemas hidráulicos

fechados em alta pressão ou conversão direta através de geradores elétricos lineares

(máquinas elétricas que respondem com força eletromagnética ao movimento de

translação através de um conjunto estator/rotor) [5,15]. Esses dois sistemas são

usados, por exemplo, nos projetos WaveStar, Searaser (hidráulicos) e AWS (gerador

linear) – mostrados no quadro da Figura 2-10.

Outros conceitos ainda menos explorados pela indústria se baseiam em

transmissão mecânica, através de elementos como engrenagens e cremalheiras,

polias, cabos, ou algum outro atuador mecânico linear [23]. Será também avaliada a

possibilidade de sistemas pneumáticos, que possuem limitações de potência inferior,

porém são leves, compactos, mais baratos, sendo ideal para experimentos. [5, 15]

Page 48: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

46

Geradores Elétricos

Seja pneumática, hidráulica ou mecanicamente, existem diversas maneiras

de se converter e aproveitar a energia das ondas. Se o objetivo final é eletricidade,

com exceção dos geradores lineares cuja conversão em eletricidade é direta, a etapa

que converte a energia mecânica de um eixo rotativo em energia elétrica é realizada

através de convencionais geradores elétricos rotativos de alta velocidade.

Frequências

As ondas incidentes são caracterizadas por baixas frequências e grandes

forças. Um dos objetivos do sistema de geração é a conversão da frequência

oscilatória do deslocamento das ondas, da ordem de 1 Hz, em uma frequência

elevada, próxima ou igual a 60 Hz, frequência esta padrão do sistema elétrico

brasileiro.

Armazenamento

Pela característica intermitente das ondas e para regular variações de

frequência e amplitude, a capacidade de estocar ou armazenar energia por alguns

ciclos é função altamente desejável em um conversor de ondas. Esta função pode ser

solucionada através de uma ou mais das seguintes práticas: instalação de volante

de inércia em sistemas de eixo (acionados por turbinas ou motores, e acoplados ao

gerador diretamente ou através de caixas de engrenagens), reservatório elevado de

água em mecanismos overtopping, instalação de tanques e vasos de pressão nas

linhas de tubulação de sistemas que trabalhem com fluido pressurizado (como gás,

óleo, ar etc.) e, após geração de corrente elétrica, baterias e capacitores fazem a

mesma função na etapa final de conversão.

Seleção do melhor sistema

Uma análise de sensibilidade pode ser útil para definir o melhor sistema de

potência que atenda atributos de interesse para determinado caso e local específicos.

De acordo com Edwards et al, 2014 [25], alguns dos valores métricos e qualitativos

associados aos conversores e outras virtudes que podem contribuir para a escolha

são: CAPEX e OPEX, potência gerada, peso, volume, eficiência, modularidade,

escalabilidade, confiabilidade/autonomia, facilidade de fabricação, simplicidade e

integração com o resto do sistema.

A conversão de energia pode ser dividida em até três estágios, a depender das

diferentes etapas que serão realizadas até que seja obtida a corrente elétrica que

Page 49: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

47

permita conectar a máquina ao grid ou ao sistema isolado. Esses estágios são

usualmente definidos como conversão primária, secundária e terciária (ver figura 2-

11).

2.3.2 Conversão Primária

A conversão primária é primordial na definição do princípio de funcionamento.

Absorver as forças produzidas pelas ondas com estruturas que se movimentem em

um ou mais graus de liberdade (como as iniciativas Pelamis e OPT Powebuoy),

controlar a vazão e pressão de fluidos como água a do mar, água industrial, ar, gás

e/ou óleo usando reservatórios e câmaras semi-submersas (como Limpet e SSG); ou

ainda explorar as variações de pressão abaixo da superfície com uma estrutura

submersa como os projeto CETO e AWS são algumas das soluções mais usadas. [15]

Figura 2-11. Estágios para conversão de energia de ondas oceânicas

Fonte: Adaptado de Artigo – Iraide López et al, 2013 [15]

Onda

Frequência

Baixa ~1Hz

Onda

Conversão Conversão

Conversão Direta

Fluxo de Ar

Fluxo de Água

Fluxo de

Óleo

Força

Eletromagnética

Extração Pneumática

Extração Hidráulica

Extração Hidráulica

Gerador Linear

Motor Hidráulico

Turbina Hidráulica

Extração Direta

Turbina a Ar Gerador Rotativo

Gerador Rotativo

Gerador Rotativo

Transformador Conversor de

Potencia

Conversão

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48

2.3.3 Conversão Secundária – Sistemas PTO

Este estágio envolve a conversão da energia absorvida na fase anterior para

energia útil na forma de eletricidade. Em pontos absorvedores lineares, os

movimentos bidirecionais do flutuador devem ser convertidos em rotação mecânica

que forneça torque e potência ao gerador elétrico [15]. Nos próximos tópicos esses

esses sistemas de transmissão de potência serão descritos com mais detalhes.

2.3.3.1 Sistema hidráulico

Sistemas hidráulicos em alta pressão vêm sendo empregados em diversos

protótipos de conversores e são considerados particularmente apropriados para

converter energia de corpos oscilantes em energia elétrica. Sistemas hidráulicos têm

como características principais: capacidade de grande transmissão de potência para

ciclos de baixa frequência, resposta rápida às variações de frequência e força e

proteção hidráulica contra sobrecargas. Por esses e outros motivos, essa alternativa

pode ser considerada uma solução tecnológica proeminente para absorção de energia

de ondas do mar, que se comportam na maior parte do tempo aplicando grandes

forças em baixas velocidades. Segundo Du Plessis, 2012 [26], o uso de componentes

hidráulicos deve ser preferivel sobre outras tecnologias, pois seriam, segundo sua

visão, comprovadamente mais compactos e de menor custo.

Demostram ser vantajosos quanto a tamanho e a peso em relação a outros

métodos já experimentados, fatores que reduzem custos e facilitam o

comissionamento da máquina. Os componentes do sistema hidráulico, (entre eles

cilindros, acumuladores, tubulação, motor, gerador, válvulas etc.) podem ser

encontrados em catálagos no mercado, para diversas faixas de aplicações

industriais, reduzindo assim custos de CAPEX.

Além disso, a considerável autonomia desses sistemas e durabilidade das

peças, em teoria garantiria OPEX relativamente inferior a outros métodos. Fato é

que, considerando peso e volume similares, os limites para as forças criadas em um

sistema hidráulico são consideravelmente superiores às máquinas elétricas [15].

Esse tipo de sistema de tomada de potência é o que equipa, por exemplo,

os conversores Pelamis, um dos protótipos a atingir estágios mais avançados de

desenvolvimento (até ser decomissionado em 2014 por falta de investidores). Esse

tipo de PTO é usado também nos modelos da WaveStar (que encontra dificuldades

Page 51: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

49

em buscar parceiros para um lançamento comercial), e outros projetos de destaque

como o SEAREV, Wavebob, WaveRoller etc. [27,28]. Experiências e erros cometidos

com esses modelos podem ajudar novos projetos e pesquisas.

Pelamis

O protótipo Pelamis funciona como um atenuador de ondas. Seu formato

cilíndrico bastante longo e formado por segmentos separados por juntas, onde ocorre

a conversão. Cada junta “monta” a onda durante sua passagem e move um braço

articulado, acionando simultaneamente dois cilindros hidráulicos de duplo efeito que

fornecessem a energia em forma de pressão de fluido para um circuito hidráulico que

aciona o motor. O circuito é fechado e o sistema funciona com um tipo de óleo

biodegradável, e assim eventuais vazamentos mitigam possíveis danos ambientais.

Acumuladores, válvulas de retenção, filtro de óleo, motor hidráulico e gerador

completam o circuito [29]. A Figura 2-12 a seguir mostra detalhes do sistema de

geração de potência.

Figura 2-12. Princípio de Operação de Pelamis

Fonte: Adaptado de Lin, Y. et al 2015 [29]

Page 52: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

50

WaveStar

O projeto da WaveStar funciona com um sistema de transmissão similar, mas,

ao invés do longo cilindro flutuante, neste conversor é construída uma plataforma

onde são conectados diversos ponto-absorvedores, flutuadores com braços

articulados individuais que acionam um sistema hidráulico fechado. Assim como o

Pelamis, o WaveStar possui um controle de nível para diferentes pressões, através de

cilindros com multi-câmaras, de forma a acionar determinada câmara para

diferentes potênciais de estados de mar. Ambos usam cilindros de duplo efeito, que

pressurizam fluido tanto na subida quanto descida do pistão. Mais sobre o WaveStar

é discutido em [21] e [30].

Fluxo Energético

Muitos sistemas e configurações usando energia hidráulica são possíveis.

Sistemas típicos conectam a estrutura flutuante ao conjunto cilindro e pistão

hidráulico, que funciona como bomba linear de deslocamento positivo. Essa ligação

pode ser via acoplamento com braço mecânico ou acoplamento direto por rótula. A

bomba linear responde ao movimento do flutuador ao pressurizar o fluido de

trabalho, geralmente óleo ou água, devido ao comportamento incompressível, ideal

para a transmissão. O fluido em alta pressão é estocado/armazenado por alguns

ciclos de onda em acumuladores de alta pressão, a fim de regular a potência de saída,

absorver choques e manter a pressão e fluxo do sistema. Através da tubulação e das

válvulas de retenção é garantido o sentido e direção do fluxo do sistema.

Figura 2-13. Sistemas Hidráulicos no WaveStar

Fonte: Gaspar, J. F. et al, 2016 [30]

Sistema de Pressão Permanente Controle Digital

Cilin

dros

de

Mul

ti-Câ

mar

as

Page 53: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

51

Os componentes se conectam e o fluido pressurizado aciona um motor

hidráulico ou turbina, que converte a pressão e vazão para rotação mecânica e aciona

um gerador elétrico rotativo, produzindo corrente elétrica. Após passagem pela

turbina/motor o fluido sofre uma queda na pressão e velocidade e pode ser

armazenado em um reservatório ou acumulador de baixa pressão, onde espera a

abertura da válvula de retenção para voltar à câmara do cilindro e ser novamente

bombeada, iniciando-se novamente o circuito. O esquema da figura 2-14 abaixo,

desenvolvido por Ferri, F. et al, 2013 [31], é mais elaborado e adiciona pré-

acumuladores extras e outras válvulas para controle ativo da pressão e vazão no

sistema.

Finalmente, a corrente elétrica produzida é transportada à rede, passando

antes por conversores de frequência e transformadores que elevam a voltagem e

adequam o sinal elétrico a parâmetros específicos de frequência e voltagem. A

sequência completa do fluxo de energia pode ser acompanhada na figura 2-15 a

seguir.

Figura 2-14. Configuração de sistema PTO hidráulico do tipo circuito fechado com pistão de

duplo efeito, válvulas de retenção, acumuladores, motor hidráulico e gerador.

Fonte: Ferri, F., et al, 2013 [31]

Page 54: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

52

Componentes

Motor ou Turbina

Os motores hidráulicos existem em diversos tamanhos, faixas de operação e

aparecem em diferentes princípios de funcionamento, entre os quais os principais

são: motor de engrenagens, motor de palhetas e motores de pistão radial ou axial

[33].

Todos os tipos de motores hidráulicos têm em comum os seguintes atributos

de projeto: uma superfície de condução do fluido sujeita a um diferencial de pressão;

uma forma de controlar a passagem de fluido pressurizado para a superfície de

condução de modo a atingir rotação contínua, além de uma conexão mecânica entre

a superfície de condução e o eixo de saída. Pode ter um volume fixo ou variável, sendo

que o variável permite maior flexibilidade na operação [34].

Dependendo do fluido (água ou óleo), vazão e pressão disponíveis o motor pode

ser substituído por uma turbina de impulso de alto head do tipo Pelton, geralmente

operado com água (mais sobre turbinas hidráulicas será visto na seção 2.3.3.5). É

possível que tanto motores quanto turbinas necessitem de caixa de transmissão para

atingir rotação de eixo apropriada para os geradores elétricos padrões. Pelas

características construtivas, é mais provável que motores dependam de multiplicador

de velocidade e turbinas de um redutor de velocidade. No entanto, dependendo do

caso e do dimensionamento dos componentes, acoplamento direto é possível.

Figura 2-15. Technologia usada em sitemas hidráulicos para produzir energia das ondas

Fonte: Hong, Y. et al 2014 [32]

Onda Embolo-Pistão (Cilindro Hidráulico)

AcumuladorGerador por

Indução gaiola de esquilo

Transformador Grid Motor Hidráulico

Energia Hidráulica

Energia Mecânica Energia Elétrica

Page 55: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

53

Para aplicação em energia das ondas, segundo Falcão, A. F. et al, 2009 [35],

o tipo mais frequentemente usado de motor hidráulico é o de deslocamento variável

com pistão axial e eixo curvado. É uma máquina padrão e disponível no mercado

em diversos fornecedores, atendendo faixa apropriada para conversão de ondas, com

potência nominal variando entre alguns kW até algo em torno de 1 MW [35,36]. As

pressões de operação chegam a 350 bar [35,36] em alguns modelos. Seu princípio de

funcionamento baseia-se em pistões em um bloco de cilindro que quando recebem o

óleo pressurizado empurram e giram sobre um flange, fazendo rotacionar todo o

conjunto do eixo de transmissão (ver figura 2-16).

Cilindros e válvulas

Cilindros hidráulicos podem atuar tanto em duplo ou simples efeito, ou seja,

podem gerar pressão hidráulica na ida e na volta do pistão (duplo efeito e quatro

válvulas), quanto apenas em um sentido (simples efeito, onde nesse caso duas

válvulas são suficientes) As válvulas, geralmente de retenção, garantem passagem

de fluxo em sentido único. Essas válvulas podem, em certos casos, ser ajustadas

para valores de pressão específicos, e, quando atingida esta pressão, o orifício da

válvula abre e aumenta gradualmente até uma pressão e vazão máxima.

Figura 2-16. Representação esquemática de um motor hidráulico de deslocamento variável

com pistão axial e eixo curvado

Fonte Fonte: Falcão, A. F. de O., 2010 [35]

Eixo de Transmissão Flange do eixo

Bloco do Cilindro

Pistão

Page 56: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

54

Acumuladores

Um acumulador hidráulico é um reservatório onde um fluido não compressível

é mantido sob pressão. A pressão é aplicada por uma fonte externa, que pode ser

uma mola, um peso ou gás comprimido inerte (sendo o nitrogênio um dos mais

utilizados). Gás inerte deve ser usado porque oxigênio e óleo podem formar uma

mistura explosiva em alta pressão.

Ao funcionar como um estabilizador de energia e absorvedor de choques e

sobrecargas, este equipamento torna a produção de eletricidade comercialmente

mais competitiva. Os efeitos indesejados da variação de potência das ondas serão

mais atenuados quanto maiores forem os volumes de armazenamento dos

acumuladores.

Quando a potência entregue ao sistema pela onda é próxima ou igual à

potência de operação do gerador elétrico, o acumulador mantém a pressão do

sistema através da pressão de pré-carga dos acumuladores, já quando ela é menor

que a potência de operação, a geração intermitente fica disponível. Por fim, quando

o input de potência é maior do que a capacidade do gerador, uma válvula de alívio

pode ser ativada para lidar com a energia extra [15, 36].

Acumuladores são vasos de pressão, e como tais, são fabricados, testados e

certificados de acordo com normas padronizadas. No Brasil e nos EUA, por exemplo

a norma de maior relevância é a ASME Código VIII, Divisão 1 – Boiler and Pressure

Vessel Code. Pelo número de ciclos experimentados, a vida útil típica para um

acumulador hidráulico é de 12 anos.

Figura 2-17. Vista cortada mostra características-chave de um cilindro hidraulico típico,

neste caso, de duplo efeito com construção padrão tie-rod tirante

Fonte: A. STAFF REPORT - Engineering Essentials, 2012 [37]

Pistão Casco/Carcaça

Haste do Pistão

Saída pelo lado da Haste

Pistão

Saída pelo lado do Pistão

Page 57: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

55

Em conversores de escalas maiores, esses acumuladores devem ser instalados

conectados em paralelo, representando parte significativa do CAPEX, volume e peso

do sistema. Parâmetros particularmente importantes para o dimensionamento são a

máxima pressão permitida no circuito e a razão de compressão de volume nos

acumuladores [15, 36].

Óleo hidráulico x Água

Todos os fluidos possuem algum grau de compressibilidade, ou seja, redução

de volume sob aumento de pressão. Parte da energia que poderia ser usada para

produzir eletricidade é de certa forma perdida para que o fluido seja comprimido.

Portanto, quanto mais baixa a compressibilidade do fluido, melhor para transmissão

de potência. Nos sistemas hidráulicos, dado o baixo nível de compressão sofrida

quando comparados com gases ou ar, os fluidos podem, dependendo do rigor

necessário da operação e dos cálculos, serem considerados incompressíveis.

Mesmo que o termo hidráulico se refira originariamente à água, o uso de óleos

para sistemas hidráulicos se sobrepôs e se estabeleceu na maior parte das aplicações

industriais, inclusive conversores de onda. Apesar da água cumprir o requisito de

baixa compressibilidade, ter custo mais baixo que o óleo e possíveis vazamentos para

o ambiente marinho serem consideravelmente menos danosos, outras considerações

como ponto de ebulição, pressão de vapor, ponto de congelamento, viscosidade e

eficácia na lubrificação deixam a desejar em relação aos óleos de origem mineral [38]

[39] [40].

A maior viscosidade do óleo é responsável direta pela capacidade de lubrificar

as partes mecânicas móveis. Dessa forma, não exige tolerâncias tão baixas dos

componentes como a água, reduzindo o custo do restante do sistema. Considerando

as características térmicas, como as variações de pressão e temperatura sofridas

durante o ciclo, podem alterar o estado da água e levar a perda significativa de

eficiência na transmissão. Soma-se a isso, a formação de bolhas que causam

cavitação, danificando severamente o equipamento. Termicamente, os óleos são mais

estáveis e ainda conseguem resfriar os componentes móveis, garantindo maior

eficiência total [38] [39] [40].

A água, sendo um eletrólito, é mais agressiva aos componentes industriais,

que, por este motivo, devem ser fabricados com materiais anticorrosivos, como aço

inox, sob pena de causar oxidação das linhas internas caso ar vaze para dentro do

sistema através da selagem (o que é bem provável que ocorra ao longo do tempo).

Page 58: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

56

Considerando a água do mar, os problemas de corrosão e possíveis danos ao

equipamento são ainda maiores pela salinidade e presença de partículas abrasivas.

Caso a água não seja perfeitamente destilada em sistema fechado, pode haver

crescimento orgânico no sistema, causando problemas de operação. Para combater

esses efeitos, sistemas com água usam aditivos anticorrosivos e anorgânicos. Óleos,

por outros lado, são menos propensos a crescimento orgânico [38, 39, 40].

Em contrapartida, por serem mais viscosos, os óleos têm maior perda de carga

na transmissão via tubulação, que por esta razão deve ser a mais curta possível. A

menor viscosidade da água a torna mais propensa a vazamentos.

Lin et al, 2015 [29], sugere água ou água do mar como meio de transmissão

de potência para resolver o problema da poluição por vazamentos de óleo. Mas

pondera que sistemas hidráulicos com água são caros e a pressão de operação

nominal máxima obtida é de aproximadamente 10 MPa, devido à viscosidade e à

instabilidade térmica da água, contra os 30-35 MPa alcançados pelos óleos. Portanto,

o volume do sistema com água teria que ser bem maior para resultar na mesma

potência de saída.

No fim, ambos os fluidos possuem vantagens e limitações, sendo os objetivos

da aplicação decisivos para a escolha. Se autonomia do sistema for mais importante,

os óleos devem ser usados. Se a preocupação com o ambiente e vazamentos se

sobrepor, a água deve ser a escolha. Caso o custo seja a principal variável, deve-se

ter em mente que, apesar da água ser um fluido mais barato, os componentes do

sistema serão mais caros devido aos materiais anticorrosivos internos e às

tolerâncias menores [38, 39, 40].

Drew et al, 2009 [5], consideram o vazamento de fluido uma importante

questão por razões tanto de performance como ambientais e recomenda investigação

no desenvolvimento de sistemas hidráulicos baseados em água ou outro fluido

menos nocivo. Entre os diversos fluidos biodegradáveis disponíveis, cada um têm

benefícios e desvantagens. Adicionalmente, compatibilidade entre os fluidos e

componentes e selos deve ser garantida.

Controle

Um possível controle de capacidade pode ser realizado com medições de

vazões dentro do sistema, em tempo real. Uma válvula de estrangulamento pode ser

Page 59: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

57

usada para controlar a vazão que vai para o motor, enquanto os acumuladores

ajudariam a manter o fluxo na pressão adequada.

Em um sistema de controle mais sofisticado, podem atuar automaticamente

válvulas de controle cuja abertura e fechamento estejam ligadas a sinais de sensores

de velocidade do flutuador e de níveis de pressão, maximizando energia extraída.

De acordo com Cargo, C., 2012 [20], o torque produzido por um PTO

hidráulico pode ser regulado de três formas: variando o deslocamento angular do

motor; variando a área do pistão (através de níveis de pressão com multi cilindros e

câmaras); ou variando o torque do gerador elétrico. Todas as técnicas para maior

aproveitamento de energia são dependentes da condição de onda instantânea, e com

isso, da estratégia de controle implementada.

No início das pesquisas, apenas circuitos hidráulicos básicos foram

investigados e muitas premissas simplificadoras foram feitas. Estudos mais recentes

têm feito premissas mais realistas, com modelos que incluem mais perdas e

dimensionamento de componentes específicos.

Desafios

Desafios do projeto estão relacionados à eficiência baixa fora do ponto de

operação projetado, confiabilidade devido ao número de componentes, contaminação

de fluidos, selagem, manutenção e sistema de parada. Ganhos de escala e pesquisa

em equipamentos hidráulicos específicos para aplicações em energia das ondas

poderão tornar essa alternativa comercialmente rentável.

Sistema de Parada

O problema surge da oscilação do pistão excedendo o cursor. Se altas forças

forem abruptamente absorvidas pelo extremo do curso do cilindro, podem danificar

permanentemente o sistema. A tentativa de mitigar esse efeito pelo emprego de

atuadores de longo curso fica comprometida pelo peso, custo e pelo fato do curso

longo não ser aproveitado na maior parte do tempo. Flambagem de atuadores

extensos também pode ser um problema, particularmente se carregamentos laterais

estiverem presentes durante a extensão máxima. Designs específicos que limitem o

curso, como molas, acopladas para dissipar a energia extra são opções a serem

investigadas [5].

Page 60: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

58

Selagem

O problema da selagem está ligado ao problema de contaminação pelo óleo.

No projeto Pelamis, foi usado óleo biodegradável, mas há limitações na eficiência da

transmissão e na estabilidade térmica. Deve-se garantir, portanto, que os selos

dinâmicos de vedação possam operar nas velocidades dos conversores. Opções até

1m/s são relativamente fáceis de encontrar, como em [37], a partir desse valor os

selos se tornam mais caros e fabricados sob demanda.

Eficiência

De acordo com os autores [5, 15, 35, 36, 41], a eficiência do sistema pode

variar entre 60-90% para carregamento total, mas cai para um máximo de 80% em

carregamentos parciais, com rápida queda em pontos distantes do ponto óptimo de

operação, devido a perdas parciais (fricções de Coulomb e viscosas, perda de carga

vazamentos e compressibilidade).

É razoável supor que o mecanismo irá gastar a maior parte do tempo operando

com uma fração do seu ponto ideal, e dessa forma, deve ter alta eficiência em carga

parcial. O desenvolvimento de motores hidráulicos com baixas perdas em

carregamentos parciais é fundamental. Além disso, válvulas de retenção usadas para

retificar o fluxo ou outras válvulas de controle de fluxo possuem perdas de cargas

associadas aos seus orifícios, assim como a passagem do fluido nos trechos de

tubulação.

Por fim, sistemas hidráulicos têm poucas partes móveis, os acumuladores

absorvem os picos de potência e os custos de manutenção e de operação são baixos.

Contanto que o fluido esteja livre de contaminação, o sistema pode operar com

grande autonomia por cerca de 20 anos [26].

Page 61: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

59

2.3.3.2 Conversão Direta – Geradores elétricos Lineares

É argumentado por pesquisadores como Drew et al, 2009 [5], que a

complexidade de sistemas com turbinas ou motores hidráulicos introduzem, além de

perdas de energia a cada etapa de conversão, problemas de confiabilidade e

manutenção - dois fatores fundamentais a serem minimizados em ambientes

offshore. Na teoria, a conversão direta por geradores lineares promete maior

eficiência, mais simplicidade e mais autonomia e confiabilidade que outros sistemas

(devido a menos partes móveis e modos de falha). Desde a década de 80, a

possibilidade de usar máquinas elétricas lineares para energia das ondas foi

vislumbrada e investigada. As conclusões feitas à época foram que essas máquinas

seriam pesadas demais, ineficientes e dispendiosas.

O conceito de um gerador linear em geral envolve um translador magnético (o

equivalente a um rotor em uma máquina rotativa, com a diferença que o translador

executa movimentos de translação) onde ímãs são montados com polaridade

alternada. À medida que o translador oscila, uma corrente elétrica alternada é

induzida no estator. O estator contém enrolamento bobinado e deve ser montado em

uma estrutura estática em relação ao translador [42] (ver figura 2-18).

O enorme tamanho desses mecanismos para gerar eletricidade pôde ser

exemplificado pelos primeiros experimentos conduzidos com o conversor submerso

AWS, sigla para Archimedes Wave Swing, da AWS Ocean Energy, que usa a diferença

de pressão, induzida pela passagem da onda, para mover geradores lineares de imãs

permanentes em uma estrutura fixa ao leito marinho (ver figura 2-19).

Figura 2-18. Modelo de um Gerador Linear

Fonte: Adaptado de ZHENG, Z.-Q. et al, 2015 [42]

Translador

Estator

Ímã

Enrolamento Bobinado

Air Gap

Page 62: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

60

O gerador tem 7 metros de curso, 1 MN de força máxima, 2 m/s de velocidade

máxima, uma massa total de 400 toneladas e uma potência nominal de 2 MW,

gerando potência média elétrica de saída entre 200-400 kW estimada pelos

resultados iniciais [20]. A figura 2-20 abaixo mostra operadores durante montagem

da máquina.

Figura 2-20. Gerador linear do AWS durante montagem

Fonte: POLINDER, H. et al. 2007 [7]

Figura 2-19. Princípio de Operação de AWS

Fonte: Adaptado de Cargo, C., 2012 [20]

A Pressão

aumenta em

cima na

passagem da

crista

Acesso para

componentes

que exigem

manutenção

AWS é fixado ao

leito marinho por

uma torre tipo

tension leg com

uma conexão

vertical flexível a

um amparo

Dentro do AWS

o movimento é

convertido em

eletricidade por

um gerador

linear

O AWS expande e

contrai em

resposta às

diferenças de

pressão. O curso é

de 9m e no limite

inferior o AWS fica

17m abaixo da

superfície, onde os

carregamentos de

tempestades são

bem mais fracos Cabos

Submarinos

conectam o

mecanismo em

um arranjo ou

parque e

transmitem

potência ao grid

A Pressão é

reduzida no

vale

Page 63: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

61

No entanto, descobertas recentes em materiais magnéticos e custos reduzidos

em conversores eletrônicos de frequência e voltagem mostram melhorias para a

tecnologia. O desenvolvimento de ímãs permanentes com materiais de alta densidade

energética como Neodímio-Ferro-Boro (Nd-Fe-B), que podem gerar altas forças

magneto motrizes para ímãs e estruturas relativamente menores, tem melhorado

significativamente a densidade energética dessas máquinas [42, 43].

Como mostra o fluxo energético abaixo (figura 2-21), na conversão direta a

energia do flutuador é diretamente transformada em energia eletromagnética com

um gerador linear (geralmente do tipo síncrono com ímãs permanentes) diretamente

acoplado à estrutura de conversão primária (prime mover) através de uma haste

vertical. O cilindro ou haste move para cima e para baixo com o movimento da onda

incidente. Essa topologia é mais simples que em sistemas hidráulicos, já que não

exige intervenção de sistemas mecânicos como caixas de engrenagens e etapas

intermediárias entre a interface primária com a onda e a máquina elétrica.

O conceito básico de um gerador linear aplicado à energia das ondas é

apresentado na figura 2-22 seguir. A figura à direita mostra que o estator pode ser

mantido estático através de fixação ao leito marinho, como no projeto de Lysekil,

desenvolvido pela Universidade de Uppsala, na Suécia. Molas conectando o fundo do

translador à fundação servem de força de reação e armazenamento de energia.

Também pode ser utilizada uma placa de arrasto, mostrada à esquerda, (placa com

grande inércia que se mantém estática em relação ao translador do sistema), nesse

caso não há necessidade de usar o leito marinho.

Figura 2-21. Tecnologia usada em sistemas de conversão direta para gerar eletricidade através das ondas

Fonte: Adaptado de Hong, Y. et al, 2014 [32]

Onda

Energia Mecânica Energia Elétrica

Conversor Eletrônico de Potência

Gerador Linear PM Grid

Page 64: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

62

Se o primeiro protótipo equipado com gerador elétrico linear foi o Archimedes

Wave Swing (AWS), testado no mar em 2004, outros projetos ganharam destaque

mais recentemente. Em 2007, o projeto Lysekil iniciou seus testes no mar. Em 2014,

contou com nove protótipos de conversores entre 10 e 40 KW instalados na costa

oeste da Suécia [32]. Nesse conversor, enquanto uma estrutura cilíndrica robusta

engloba o gerador linear e fica posicionada fixa ao leito marinho, a estrutura

flutuante oscila na superfície tensionada por um cabo de aço que excita e move o

translador verticalmente. [5] Outras estruturas oscilatórias verticais equipadas com

geradores lineares também foram testadas no mar pela Universidade de Oregon, nos

EUA (ver figura 2-23). Neste projeto, ao contrário do Lysekil, o eixo magnético com

os imãs permanece fixo, ancorado ao leito marinho, enquanto uma estrutura

flutuante contendo a bobina elétrica se movimenta verticalmente em relação ao eixo.

Figura 2-22. Esquema e projeto conceitual de conversão de energia das ondas por geradores lineares

Fontes: Esq: Adaptado de Hong, Y. et al, 2014 [32]

Dir: Adaptado de Artigo - Drew, B., et al, 2009 [5]

Ímas Permanentes

Estator

Flutuante

Translador

Bobina

Placa de Arrasto

Flutuador

Cabo

Estator

Molas

Parada Final

Translador

Page 65: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

63

Chen et al., 2014 [45], justifica a escolha por geradores lineares pela alta

eficiência operacional e os qualifica como candidatos competitivos em sistemas PTO

de energia das ondas. No entanto, admite que ainda não foi atingido o nível

necessário de testes de protótipos em grande escala. Em sua pesquisa, é proposto

um gerador linear do tipo ímã permanente trifásico tubular, o qual é abreviado para

PMTLG, de forma a conseguir potência de saída mais contínua. O mecanismo

também é acoplado diretamente a um flutuador em arfagem ou heave como mostra

a figura 2-24 abaixo:

Figura 2-24. Esboço de Conversor de Ondas com gerador Linear

Fonte: Adaptado de CHEN, Z. et al, 2014 [45]

Pistão

Estator

Suporte

Leito Marinho

Onda Estrutura Oscilante

Ímãs Permanentes

Pontos Finais Rolamento Bobinado

Figura 2-23. Conversor de Lysekil (dir.) e da Universidade de Oregon (esq.)

Fonte: Á esq: HONG, Y. et al, 2016 [44]

Eixo Magnético ancorado ao leito

marinho

Universidade do Estado de Oregon Parque de Ondas Conceitual

Bobina Elétrica Presa a Estrutura

Flutuante

Absorvedor com Gerador Linear de ímãs Permanentes

Page 66: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

64

O gerador PMTLG é fixado em uma plataforma de suporte acima da superfície

onde o translador é diretamente conectado ao flutuador. O pistão com o translador

é acionado diretamente pela força vertical da onda através do movimento da

estrutura oscilante. O pistão se move na parte interna do estator, produzindo

variação de fluxo magnético e corrente induzida nas bobinas do estator. Limites de

parada são definidos para prevenir choques em condições extremas e manter o

movimento do pistão dentro de limites pré-determinados [45].

Força Eletromagnética e Parâmetros de Interesse

A força eletromagnética e a voltagem produzida por um gerador linear são

investigadas em [42] e [40]. A força pode ser representada por:

3��4� = 5. .6�4� 2.5

Onde C é o coeficiente de amortecimento do gerador e .6�4� representa a

velocidade do translador, associada com a do flutuador. Pode ser adicionado um

termo elástico caso haja uma mola agindo conjuntamente com o sistema PTO (ver

figura 2-25).

A voltagem fornecida pelo gerador é representada pela equação acima, que

destaca os principais parâmetros na construção do gerador. Sendo 89 o campo

magnético no dente do estator; :9 a largura do dente do estator; d a largura da pilha

do estator; p o número de pólos; q o numero de aberturas por pólo e fase; :; a largura

do pólo; c o número de cabos em uma abertura e m o ângulo de carregamento.

Circuito equivalente de Gerador Linear

Figura 2-25. Circuito equivalente de Gerador Linear

Fonte: ZHENG, Z.-Q. et al. 2015 [42]

�2.6�

Page 67: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

65

Tipos de Geradores Lineares

A pesquisa de Polinder et al., 2004 [46], projetistas do AWS, garante que para

aplicação em conversores de onda os geradores lineares de indução não competem

técnica e economicamente com máquinas síncronas de ímãs permanentes de baixa

velocidade, escolhida para o projeto [5]. A exigência de baixa manutenção no

ambiente marinho implica no uso de geradores sem escovas. Máquinas de

relutância2 variável ou fluxo transverso (TFPM) foram também exploradas como

possibilidade, mas devido a seus limitadíssimos airgaps (espaço entre translador e

estator), enfrentam problemas de fabricação.

Máquinas de indução também foram descartadas por Baker e Mueller, 2001

[47], por necessitarem de grandes distâncias entre polos adjacentes para atingir

densidade de fluxo energético suficientemente alto, o que as tornariam mais pesadas

e extensas que outros modelos.

Como resultado disso, três máquinas lineares diferentes puderam ser pré-

selecionadas para aplicação em conversores de ondas:

• Gerador Síncrono de Ímãs Permanentes e Núcleo Ferroso - iron-cored (também

chamado de LFPM - Gerador de Ímã Permanente e Fluxo Longitudinal)

• Geradores Síncronos Tubulares de Ímãs Permanentes e Núcleo de Ar -air-

cored

• Gerador com Relutância Variável - TFPM – Gerador de Ímã Permanente e

Fluxo Transverso

Entre os aparelhos citados acima, o TFPM é menor em tamanho e peso para

uma mesma potência nominal. Seu desempenho foi examinado por Mueller et al,

2002 [43], que comparou máquinas de fluxo longitudinal LFPM com máquinas de

fluxo transversal TFPM, identificando que este último garante maior densidade de

potência [43,44].

2 Relutância Magnética, ou Resistência Magnética, é um conceito usado na análise de circuitos

magnéticos. É o análogo a resistência em circuitos elétricos, mas ao invés da dissipação de energia

elétrica, há armazenamento de energia magnética. Um fluxo magnético percorre o caminho de menor

relutância magnética. É uma medida escalar e extensiva. A unidade para relutância magnética é o

inverso de henry, H−1 [48].

Page 68: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

66

As tensões cisalhantes geradas pelas máquinas transversais da ordem de 200

kN/m², são superiores às topologias convencionais, próximas a 20-25 kN/m². A

tensão cisalhante é um dos parâmetros interessantes para avaliar os geradores, pois

é proporcional ao carregamento elétrico. A topologia TFPM requer suporte estrutural

robusto e ainda enfrenta problemas de baixo fator de potência3, necessitando de

potência reativa de compensação, o que não ocorre com a LFPM, mais convencional.

[41,43,44,46]

Novas Máquinas Lineares

Alta Força e Densidade

Baker et al, 2001 [47], discutem sobre a máquina híbrida vernier com ímã

permanente, um tipo de TFPM, para resolver desvantagens da máquina convencional

LFPM. Embora a máquina híbrida vernier ofereça alta tensão de cisalhamento, sofre

de baixo fator de potência, o que aumenta a necessidade de conversores eletrônicos

de potência de alto rating, e traz problemas com rolamentos e mancais devido a

maiores forças magnéticas de atração.

Baixa Força e Densidade

Já a máquina tubular air-cored, desenvolvida na Universidade de Durhaam

(ver figura 2-26), não possui forças magnéticas de atração, o que implica em

estrutura de suporte mais simples e possui baixa indutância, o que resulta em maior

fator de potência. Logo, necessita de conversores eletrônicos de potência menos

caros. Porém, lida com o fato de ter uma tensão cisalhante significativamente baixa.

3 O fator de potência é definido pela razão da potência ativa pela potência total ou potência aparente,

em circuitos de corrente alternada AC. A potência ativa é a capacidade do circuito de produzir trabalho

em um determinado período de tempo. Devido aos elementos reativos da carga, como indutores e

capacitores, a potência aparente, que é o produto da tensão pela corrente do circuito, será igual ou

maior do que a potência ativa. Uma vez que a energia armazenada retorna para a fonte e não produz

trabalho útil, um circuito com baixo fator de potência terá correntes elétricas maiores para realizar o

mesmo trabalho do que um circuito com alto fator de potência.

Figura 2-26. Gerador Linear Tubular air-cored é uma solução para reduzir peso

Fonte: Mueller, M. A. et al, 2007 [41]

Page 69: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

67

Por fim, segundo Mueller et al, 2007 [41], a escolha do tipo de gerador linear

para o conversor dependerá da topologia do mecanismo marinho em questão. Uma

abordagem integrada, que leve em conta aspectos como o tipo de conversor, o suporte

estrutural e o projeto dos mancais e rolamentos é necessária. Essa análise integrada

deve ser o próximo estágio de desenvolvimento das soluções com drive direto. Em

Rhinefrank et al, 2012 [49], é feita uma análise do melhor gerador linear para

estruturas flutuantes em oscilação linear de 100 kW de capacidade. O gerador LFPM

é selecionado por matriz de decisão baseada no método de Pugh.

Velocidade dos Geradores

Uma das principais questões envolvendo geradores lineares se deve às

velocidades relativamente lentas das ondas. No movimento oscilatório linear de um

flutuante, esperam-se velocidades de 0,5 a 2 m/s. Em contrapartida, os atuais

geradores lineares do mercado necessitam de velocidades de operação de pelo menos

5 a 6 m/s. Isso faz com os geradores lineares em energia das ondas tenham

fabricação específica, o que eleva os custos e traz novos riscos ao projeto. O

desenvolvimento de máquinas elétricas de baixa velocidade requer pesquisa

contínua. A expansão da indústria eólica tem tornado a utilização de geradores

lineares lugar comum para substituir as caixas de engrenagens, consideradas

pesadas e de baixa confiabilidade. Porém, para esta aplicação as velocidades são

significativamente maiores, entre 6 e 10 m/s. [5, 47]

Processamento de Sinal

Outra questão a respeito dos geradores lineares, apontada por Drew, 2009 [5]

e Baker, 2001 [47], é a conversão do sinal elétrico de forma a torná-lo apropriado

para a conexão com o grid. Se o movimento do flutuador pode ser aproximado como

sinusoidal, a força eletro motiva induzida varia em amplitude e frequência durante

um ciclo de onda. Como o translador faz um movimento recíproco alternativo, a

velocidade está constantemente mudando, o que resulta em variação de frequência

da voltagem induzida.

O gráfico 2-1 abaixo mostra a força eletromotriz, ou FEM, (gerada por uma

máquina de imã permanente com relutância variável) ao longo do tempo de passagem

de uma onda sinusoidal. Para conexão com o grid, esse formato de onda, que é

variável em frequência e amplitude, precisa ser retificado antes da conversão em um

sinal sinusoidal de voltagem e frequência fixas, usando eletrônica de potência.

Page 70: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

68

A retificação pode ser passiva ou ativa. Um típico retificador passivo pode ser

uma simples ponte retificadora com diodos, que permite ou não a passagem da

corrente e é caracterizada por um fator de potência de uma unidade. A potência ativa

pode ser aumentada com um retificador ativo se o fator de potência for menor do que

um [5]. Conversão da corrente através de eletrônica de potência é visto em mais

detalhes na seção 2.3.5.

Eficiência do Sistema

A eficiência dos sistemas com geradores lineares fica em geral próxima a

90% em uma ampla faixa de amplitudes de onda e períodos. [42, 43, 44]

Estágio Atual

No setor de energias renováveis marinhas, os geradores lineares são uma

opção atrativa em termos de aumento de confiabilidade, robustez e eficiência. Os

resultados obtidos com o AWS dão em parte suporte a esses argumentos. No entanto,

existe pouca experiência prática com esses conversores, que estão em fase contínua

de desenvolvimento; assim, ainda estão sendo buscadas novas soluções em

pesquisas lideradas por países como Reino Unido, Suécia e EUA.

Este último anunciou, em agosto de 2015, aportes de milhões de dólares para

a organização de P&D Dehlsen Associates [50], que, em colaboração com outras

empresas, associações e a Agência Nacional de Energia Renovável americana irá

desenvolver um novo gerador linear para fornecer energia em um conversor de ondas.

Gráfico 2-1: FEM (volts) x Tempo (s)

Fonte: N. J. BAKER; e M. A. MUELLER, 2001 [47]

Tempo (s)

FEM

(v)

Page 71: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

69

O projeto estudará a implementação de controles avançados para otimização, através

de controle ativo do tempo entre força e velocidade do mecanismo.

Page 72: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

70

2.3.3.3 Transmissão mecânica

Sistemas mecânicos de transmissão talvez sejam uma das tecnologias mais

conhecidas na engenharia mecânica devido a sua aplicação bem estabelecida há

décadas em diversos setores da indústria, como no setor automotivo.

A conversão de energia e transmissão de potência do movimento das ondas

em energia útil através de sistemas mecânicos é explorada há tempos. Cremalheiras-

pinhão, acionamento por corrente-correia-polia, cursor-manivelas e acionamento por

parafuso são algumas das possibilidades para transformar movimento linear em

rotação mecânica, de acordo com PENALBA et al, 2016 [51]. O movimento periódico

e vertical das ondas faz com que seja natural pensar em um sistema PTO baseado

nesses tradicionais mecanismos.

Cremalheira e Pinhão

Sistemas de cremalheira e pinhão são os mais empregados. Há uma enorme

quantidade de patentes disponíveis, entre eles o sistema de simples cremalheira

dupla e pinhão móvel, de 1978 [52], e o sistema de transmissão da máquina da OPT,

recentemente desenvolvido [53]. Detalhes das patentes são mostrados na figura 2-

27 abaixo.

Figura 2-27. Sistemas de Transmissão mecânicos por cremalheira e pinhão: À esq.

cremalheira dupla com pinhão único, ao centr. e à dir. sistema com pinhão duplo e dois

geradores da OPT.

Fontes: Esq.: COREY, G, 1978 [52]

Centr. e Dir.: OPT POWERBUOY, 2010 [53]

Page 73: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

71

A concepção desses sistemas é similar, a engrenagem principal é de dentes

retos e o que varia é principalmente a forma como é feita a retificação do movimento

bidirecional da onda para movimento rotacional de sentido único [51].

Em inicio de produção em escala comercial, com experiência de operação no

mar e protótipos conectados à rede desde 2010 [54], o projeto OPT Powerbuoy da

Ocean Power Technologies é provavelmente o exemplo mais bem sucedido de

transmissão mecânica em conversores de onda.

Seus desenvolvedores usaram na abordagem técnica para definição do PTO o

princípio de que o rápido aumento de velocidade e frequência do sistema através de

rotação mecânica permite redução de tamanho e peso do PTO, pois esses

parâmetros, tanto para geradores elétricos quanto para atuadores mecânicos, são

inversamente proporcionais à velocidade e à frequência, o que contribui para o

aumento de eficiência na conversão e para a utilização de componentes mecânicos e

elétricos padronizados ou de “prateleira”, diminuindo o custo [55].

Durante a fase de concepção, a equipe de projeto do OPT PowerBuoy [25],

analisou e comparou dois candidatos principais para os atuadores mecânicos

lineares: um conjunto cremalheira-pinhão e um conjunto polia-cabo de

acionamento. Após pesquisa com fornecedores de elementos de máquinas e

comparação técnica entre cada componente, as conclusões foram que o conjunto

cremalheira-pinhão se adaptaria melhor aos outros sistemas do conversor.

Concluíram também que este sistema deve estar preferencialmente localizado

interno ao eixo vertical fixo (spar), selado e isolado da corrosividade da água; uma

caixa de engrenagens atuaria como multiplicador de velocidade para conectar o eixo

Figura 2-28. OPT PowerBuoy

Fonte: Adaptado de OPT, 2010 [54]

Flutuador

Eixo Vertical Fixo

Placa de Inercia

Leito Marinho

Cabos de Outros Dispositivos

Cabo para a Costa

Estação Sub Marina

Page 74: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

72

rotativo ao gerador elétrico rotativo, sendo a opção econômica e tecnicamente mais

vantajosa frente a conjuntos de polia e cabos de aço, correntes e correias; e, por

último, que o padrão do gerador deveria ser do tipo PMG. Mais sobre esta análise

pode ser visto na referência [55].

Dessa forma, o sistema com cremalheira e pinhão foi construído, testado e

validado para comissioname nto no oceano. O protótipo produz cerca de 150 kW e

pesa 200 toneladas [25]. Resultados de laboratório do OPT para a eficiência do

sistema em diversas potências de saída (referentes a diversos estados de mar) são

dispostos no gráfico 2-2 abaixo:

Youssef et al, 2016 [56], testam em laboratório e no mar outro sistema com

cremalheira e engrenagem-pinhão para ponto absorvedores lineares. O mecanismo

utiliza uma estrutura flutuante conectada diretamente a uma cremalheira, onde o

movimento de vai e vem vertical é convertido em rotação por engrenagens de dentes

retos (ver figura 2-29). O PTO é montado acima do ponto-absorvedor e da superfície

do mar, em uma plataforma que sustenta dois eixos, o dos pinhões, motor e mais

lento, e o do alternador, 10 vezes mais rápido. A transmissão é feita por polias e um

volante de inércia é usado para armazenar energia rotativa. O alternador é um

dispositivo elétrico que transforma energia de rotação mecânica em eletricidade,

utilizado em geradores de energia portáteis.

Potência

Efic

iênc

ia

Gráfico 2-2: Potência x Eficiência para Cremalheira-Pinhão no OPT PowerBuoy

Fonte: Edwards, K., & Mekhiche, M., 2014 [25]

Page 75: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

73

O aparato é projetado para águas rasas com amplitudes entre 1 e 5 m. Para

aproveitar a energia nos dois movimentos, são instaladas duas vigas dentadas, cada

uma conectada a uma engrenagem principal diferente. Os pinhões são engrenagens

de dentes retos para transmitir apenas as forças radiais e são montados em direções

opostas, se conectando ao eixo através de rolamentos de sentido único.

Dessa forma, uma das engrenagens fica travada na descida, enquanto a outra

rotaciona, acontecendo o oposto na descida, mantendo-se, assim, sentido único de

rotação no eixo. A viga dentada tem comprimento de 0.75 m e as engrenagens, raio

de 0.02 m. Um volante de inércia mantém a energia de rotação e suaviza os picos de

potência. Um multiplicador de velocidade de 10:1 ajusta a velocidade do eixo para

acionar o gerador de alta velocidade. As imagens da figura 2-30 abaixo mostram a

configuração empregada nos testes, que teve como objetivo acionar uma lâmpada de

3W.

Figura 2-30. Testes no laboratório e no mar acionam uma lâmpada de 3W

Fonte: Youssef, J. et al, 2016 [56]

Figura 2-29. Conversor Mecânico por Cremalheira-Pinhão

Fonte: Youssef, J. et al, 2016 [56]

Eixo Lento (Input)

Eixo Rápido

Cremalheira-Pinhão Volante de inércia

Embreagem

Alternador

Engrenagem 1

Engrenagem 2

Page 76: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

74

No entanto, nessa configuração a cremalheira e pinhão enfrentaram altas

forças de fricção, afetando a eficiência geral do sistema. Para este caso, a eficiência

da conversão foi estimada em apenas 11%.

Além de melhorias na redução da fricção entre viga dentada e engrenagem

serem necessárias, as forças laterais exercidas pelas ondas no flutuador e na

cremalheira vertical criam momentos fletores altos nas engrenagens, o que também

contribui para diminuir a eficiência. Youssef et al, 2016 [56], argumenta que, para

ganho de eficiência, é essencial garantir que apenas forças verticais devem ser

exercidas na estrutura flutuante e sugere que uma carcaça cilíndrica cubra a

cremalheira vertical. Sugere também que, apesar de o aço ter sido empregado como

material para os componentes mecânicos, visando produção em massa, materiais

não corrosivos ou até compósitos devem ser escolhidos. O flutuador, que terá contato

direto com a água do mar, deve receber revestimento anti-corrosão regularmente.

A empresa CorPower [57], criada em 2012, sugere um ponto absorvedor que

converte o movimento linear em rotação através de uma caixa de engrenagens em

cascata (ver figura 2-31), também baseada em um sistema de cremalheira-pinhão.

Um protótipo desse sistema é apresentado e testado no laboratório em [58], onde a

caixa de engrenagens é composta de uma única viga com dois lados dentados e

quatro pinhões principais, dois de cada lado da viga. As engrenagens principais,

maiores, colaboram em par para rotacionar um único eixo. Problemas no laboratório

Figura 2-31. Conversor de Ondas com sistema mecânico da CorPower

Fontes: Em cima: The CorPower Wave Energy Converter. CorPower Ocean, 2015 [57]

Em baixo: ALBADY, D.; ÖHMAN, C. 2015 [58]

Parque de Ondas Flutuador PTO Cremalheira Dupla

Page 77: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

75

para sincronismo das engrenagens sugerem dificuldades para aplicação no mar. As

imagens abaixo ilustram o conceito do sistema.

LamTengChoy, 2012 [59], empresa de Singapura, propõe diversos conceitos

para transmissão mecânica linear em energia das ondas. Entre eles, o conceito

destacado na figura 2-32 abaixo, onde uma viga dupla movimenta um tipo especial

de engrenagem. O lado direito da viga dentada é travado pela engrenagem na subida,

enquanto o lado esquerdo movimenta a engrenagem no sentido horário. O oposto

ocorre na descida, quando o lado esquerdo é travado e o lado direito rotaciona a

engrenagem para o mesmo sentido. Não há detalhamento técnico dos aparatos

mostrados ou resultados experimentais, mas preocupações com a vida útil dos

elementos e com o nível das tensões, principalmente no momento da mudança de

sentido da viga dentada, são facilmente identificáveis

Figura 2-32. Conversor Mecânico de Singapura, com trava para os dentes e rotacionamento

unidirecional

Fonte: Adaptado de Design A-1 Vertical Rack Ocean Wave Converter-Ocean Wave Energy (RRW), 2012 [59]

Dupla Cremalheira

Casa de Máquinas

Dente Travado

Flutuador

Dente Rotacionado

Engrenagem Especial

Onda do Mar

Engrenagem Especial

Dente Travado

Dupla Cremalheira

Dente Rotacionado

Page 78: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

76

Cursor-Manivela

Um cursor manivela conectado a um flutuador pode converter a energia da

onda em eletricidade com eficiência relativamente alta e com uma estrutura simples,

de acordo com [60]. Nesta pesquisa, é desenvolvido um mecanismo que utiliza a

frequência de 1/6 Hz a 1/10 Hz dos oceanos para rotacionar uma manivela entre 6

rpm e 10 rpm (ver figura 2-33). Como rotacionar um gerador elétrico com esses

valores produziria pouca potência, uma caixa de engrenagens é utilizada entre o

cursor manivela e o gerador empregado, de 1,194 RPM. Em Sang, Y. et al, 2015 [61],

são propostas melhorias ao sistema de controle, para manter sincronismo entre as

peças. Variações na força e potência trazem problemas de atrito.

Polia e Cabos ou Correias

Apesar de pouco explorados, cabos e polias de acionamento para conversão

de movimento linear para rotativo de ondas também são, pelo menos em teoria,

possíveis. O cabo deve estar conectado ao flutuador em um lado e envolto na polia

ou correia, acionando um multiplicador de velocidade no outro. Em geral, cabos e

correias transferem força quando estão tensionados e podem “afrouxar” quando são

comprimidos. Para solucionar esse problema, atenção extra é necessária para

garantir que durante a subida do flutuador (compressão) o cabo se manterá em

tensão. Mais detalhes sobre esses sistemas podem ser vistos em [51].

Figura 2-33. Sistema Cursor Manivela para Energia das ondas

Fonte: SANG, Y. et al, 2015 [61]

Manivela Gerador e Drives Mecânicos

Volante de Inércia

Carcaça Fixa

Plataforma Offshore

Água

Flutuante Pistão ou Cursor Cilindro

Page 79: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

77

Desafios

Esses sistemas são em geral mais pesados que sistemas hidráulicos e

necessitam de altas relações de transmissão (por volta de dez vezes maiores que em

turbinas eólicas [26]) para atingir rotações compatíveis com geradores elétricos. Une-

se a isso o desafio de lidar com um movimento bidirecional e as altas tensões de

fricção geradas nos componentes mecânicos, principalmente nos momentos de

mudança de direção, que acabam trazendo eficiências abaixo do esperado, eficiência

baixa associada também com as engrenagens múltiplas.

Para maior vida útil das peças, é necessário que o contato mecânico esteja

sempre lubrificado. Por este motivo, o ideal é que um sistema auxiliar lubrificante

seja instalado. Em um hipotético conversor comercial, haveria dificuldades para

manter a lubrificação e fazer a manutenção da máquina em um ambiente marinho.

Outras preocupações dizem respeito à confiabilidade, devido ao maior número

de modos de falha possíveis aliado à curta vida útil de alguns elementos mecânicos,

principalmente porque transmissões mecânicas não são, em geral, projetadas para

lidar com variações altas de carga e tensão, e sim aplicações onde há sincronismo,

correto alinhamento dos eixos e ajuste milimétrico dos componentes.

De acordo com Zhong et al, 2012 [62], o conversor de ondas com transmissão

mecânica encontra altos índices de falha, alto custo de manutenção e de reparo, e a

estrutura mecânica tem considerável volume e peso, criando dificuldades para sua

instalação. Para a empresa norueguesa Intentium AS [63], o uso desses componentes

esbarra nas altas tensões geradas e nas constantes mudanças na carga, sendo falhas

por fadiga um resultado provável.

Variações no movimento e na força já são um desafio conhecido da indústria

eólica, porém, no caso das ondas do mar, as flutuações são maiores. Para Du Plessis,

2012 [26], o sistema mecânico tem alta complexidade e baixa capacidade de

fabricação, já que o projeto de componentes especiais é necessário para construir o

mecanismo, o que elevaria os custos para serem fabricados de forma customizada

para cada sítio.

Como o sistema enfrenta milhões de carregamentos cíclicos ao longo de um

ano de operação, a inspeção e manutenção de peças devem ser acompanhadas de

forma frequente por operadores, como ocorre para equipamentos semelhantes em

fábricas. No entanto, a princípio não haveria essa disponibilidade no ambiente

Page 80: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

78

marinho, e, portanto, uma solução que dê mais autonomia à geração de energia seria

preferível. Finalmente, há poucos testes práticos e resultados de longo prazo

disponíveis na literatura. Mais informações a respeito de transmissões mecânicas

em conversores de onda são discutidas na referência [25, 64].

Armazenamento

O armazenamento e regularização da potência de saída em sistemas de

transmissão mecânica é feito geralmente através do uso de volantes de inércia, discos

rígidos que permitem velocidade de rotação constante no eixo. Os principais

parâmetros a serem dimensionados em um volante de inércia são um coeficiente de

flutuação das velocidades, o momento de inércia, peso, geometria (raio interno,

externo, espessura) e a seleção do material. A figura 2-34 abaixo ilustra esse

componente.

Eficiência

Transmissões mecânicas por engrenagens são em geral bem eficientes se

corretamente projetadas e operadas, chegando a valores próximos a 97% [66]. No

entanto, em conversores de onda esse tipo de transmissão ve m encontrando

eficiência muito aquém desses valores. Isso se deve aos fatores a anteriormente

mencionados, como perdas por transmissões múltiplas para atingir velocidade nos

geradores, atrito no movimento bidirecional, dificuldade em manter a estrutura na

vertical etc. A máquina da OPT, em estágio de desenvolvimento superior a outros

projetos, atinge eficiência de operação entre 66% e 87%, como mostra o gráfico 2-2.

Figura 2-34. Volante de inércia diminui a flutuação de velocidade no eixo e regula a transmissão

Fonte: Flywheel Design Calculation, [65]

Page 81: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

79

2.3.3.4 Turbinas a Ar Turbinas a ar equiparam grande parte dos conversores de onda ao longo

da história e ainda são uma das alternativas de sistema PTO preferidas entre as

equipes de desenvolvimento. A utilização do ar como o fluido de trabalho tem o

objetivo de transformar as lentas velocidades das ondas em altas vazões de ar, e,

consequentemente, em altas rotações da turbina [5]. Os conversores que mais

utilizam esse equipamento são os do tipo coluna oscilatória de água (OWC, ver figura

2-35). Pode-se dizer que nesses conversores, devido a diversos fatores como o fluxo

bidirecional e o ambiente offshore, essas turbinas estão submetidas a condições mais

rigorosas do que na maioria das aplicações, inclusive turbinas eólicas.

Dado que as turbinas a ar convencionais não eram apropriadas para fluxos

bidirecionais, novos modelos de turbina tiveram de ser idealizados e desenvolvidos.

Surgiram versões de turbinas a ar autorretificadoras, cujo sentido do torque no rotor

é único e independente da direção do fluxo [5, 35, 36].

Wells

O design mais popular para turbinas autorretificadoras é o tipo Wells, um

tipo de turbina axial criada em meados da década de 1970 pelo engenheiro Allan

Wells [35]. Entre as diferentes versões das turbinas Wells, estão: com rotor único

Figura 2-35. Esquema do Projeto de Pico OWC Plant.

Fonte: Pico OWC. [67]

Page 82: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

80

(com ou sem palhetas guia); com rotores “gêmeos” em série; ou ainda de rotor duplo

com rotações opostas – counter-rotating turbine (ver figura 2-36).

Desvantagens inerentes a esses modelos incluem: eficiência média (na faixa

de 60-65%) [5, 35, 36]; dificuldades para arranque; ruído elevado e diâmetro de

turbina extenso para a energia produzida (exemplo: 2,3 m para turbina de rotor

único da Pico OWC de 400 kW de potência); Deve-se estar atento também a torque

negativo em baixas vazões; queda aguda em performance devido às perdas

aerodinâmicas em vazões que excedam o ponto de operação (devido ao descolamento

da camada limite) e, por fim, um alto empuxo axial quando comparado às turbinas

tradicionais.

Entre as características favoráveis, a alta velocidade rotativa para baixa

velocidade do ar permite o uso de geradores elétricos padronizados e mais

econômicos. Esse tipo de sistema pode ser usado com volantes de inércia para

armazenar energia. As eficiências de pico estão entre 70 e 80% [5, 35, 36]. Caso

adicionada função para controle dos passos das pás, maiores eficiências são

alcançadas.

Turbinas de Impulso

Outras turbinas a ar também bastante utilizadas são as turbinas de impulso.

Como é necessário que a turbina seja autorretificadora, são colocadas duas fileiras

de palhetas guias ao invés de apenas uma, e estas ficam posicionadas

simetricamente nos dois lados do rotor, como é possível ver na figura 2.36 abaixo.

Figura 2-36. Turbina Wells na versão com palhetas-guia na esq. e turbina de impulso na dir.

Fonte: António F. de O. Falcão, 2009 [35]

Page 83: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

81

Quando colocada em comparação com a turbina Wells, pode-se dizer que é

caracterizada por velocidades rotacionais consideravelmente mais altas, o que

amplifica o armazenamento de energia através de volante de inércia, resultando em

uma suavização da potência entregue ao grid. Com isso, são esperados menores

custos com o gerador elétrico (menor número de pólos) e com conversores de potência

na conversão terciária.

Dennis-Auld

A turbina Dennis-Auld é outra candidata para uso em conversores de onda.

Tem como característica variação maior dos passos das pás quando comparada com

a turbina Wells. Isso exige que a turbina Dennis-Auld seja mais robusta e faz com

que tenha maior razão de área total de pá dividida pela área de varredura, o que

aumenta a eficiência do mecanismo (ver figura 2-37). Deve-se notar também que,

enquanto as pás da turbina Denniss-Auld pivotam de forma praticamente

instantânea entre as posições extremas quando há mudança na direção do fluido, a

turbina Wells faz essa mudança na angulação das pás de forma mais lenta, mais

suave e com menor variação total.

Figura 2-37. Turbina a ar Denniss-Auld. As pás do rotor pivotam rapidamente entre as

posições extremas quando o fluxo de ar é revertido

Fonte António F. de O. Falcão, 2009 [35]

Fluxo de Ar

Fluxo de Ar

Mo

vim

en

to d

a P

á

Mo

vim

en

to d

a P

á

Page 84: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

82

De modo geral, as turbinas autorretificadoras, em especial as de geometria

fixa, isto é, sem passo variável, são máquinas mecanicamente simples e confiáveis.

A eficiência média dessas turbinas ao longo do tempo é modesta e raramente excede

algo entre 50% e 60%, mesmo que a velocidade rotacional seja controlada para

corresponder ao estado de mar vigente.

2.3.3.5 Turbinas Hidráulicas

Turbinas hidráulicas de baixo head4 são as mais empregadas em mec anismos

overtopping, com algumas adaptações em relação ao padrão do mercado. Turbinas

de alto head, geralmente do tipo Pelton, são, por outro lado, uma alternativa aos

motores hidráulicos em conversores de estrutura flutuante, com circuito fechado ou

aberto. Os principais tipos de turbinas hidráulicas empregados em conversores são

na figura 2.38 abaixo, sendo divididas em turbinas de reação (Kaplan e Francis) e de

impulso (Pelton).

A tecnologia das turbinas hidráulicas é já bem estabelecida no mundo da

engenharia e tem sido colocada em uso há bastante tempo para gerar potência em

hidroelétricas. Turbinas são classificadas em máquinas de baixo, médio e alto head,

em função da coluna de pressão disponível, do trabalho realizado e da dimensão da

4 O head é uma medida de energia na forma de altura de carga, ou de pressão de coluna de líquido disponível no sistema, a ser usada como fluxo de energia pelo conjunto rotativo. É representada geralmente em metros para as turbinas e bombas e em kJ/kg para compressores.

Figura 2-38. Turbinas hidráulicas para conversores de ondas. Turbina Pelton na esq. Turbina Kaplan no meio e Turbina Francis na dir.

Fonte: Iraide López et al, 2013 [15]

Page 85: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

83

turbina. A vantagem mais significativa de usar turbinas operando com água do mar

em conversores de onda é que o vazamento de fluido não causa danos ambientais.

Por outro lado, a principal desvantagem é justamente lidar com a água do

mar, um fluido de composição variada, baixa viscosidade e altamente corrosivo.

Somado a isso, partículas abrasivas contidas no mar podem danificar selos, válvulas

e pás, exigindo maiores gastos com manutenção [5].

Nas turbinas de reação, diferentemente das turbinas de impulso, o bocal de

descarga é diretamente acoplado ao rotor. A aceleração do fluido deixando o bocal

produz uma força de reação, fazendo com que o rotor se mova na direção contrária

ao movimento do fluido. A pressão no fluido varia ao longo da passagem pelas pás

da turbina. Os dois modelos mais comuns de turbinas de reação são os tipos Kaplan

e Francis. A Kaplan é apropriada para heads mais baixos (mais comuns na conversão

de energia das ondas), enquanto a Francis é usada em aplicações com heads mais

elevados.

Bem como em pequenas plantas hidroelétricas de baixo head, turbinas axiais

de reação são usadas em mecanismos overtopping, convertendo o head disponível

entre o reservatório e o nível do mar em energia de rotação mecânica. O fluxo pode

ser controlável usando palhetas-móveis ajustáveis na sucção. Na turbina Kaplan,

pás variáveis aumentam significativamente a eficiência para diversas vazões. Essa

função extra, entretanto, traz impacto no custo e por essa razão geralmente não é

utilizada em turbinas menores, típicas de aplicações em energia das ondas.

A turbina de impulso é acionada por velozes jatos d'água direcionados a pás

curvadas montadas ao redor de um rotor. O momentum do jato d'água é transferido

ao eixo da turbina, que rotaciona. O modelo mais comum de turbina de impulso

utilizada é a Pelton, usada no conversor Oyster da Aquamarine.

A máquina Oyster da Aquamarine, que se movimenta rotacionando através

de impacto/surge, bombeia água pressurizada por pistão hidráulico para uma

turbina Pelton, localizada na costa. O circuito hidráulico também inclui tubulação e

acumuladores. Porém, a restrição de instalação a locais próximos à costa, e, a perda

de carga da água até atingir o bocal de entrada da turbina, são problemas desse

mecanismo. O esquema do mecanismo é mostrado a seguir, na figura 2-39.

Page 86: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

84

Turbinas Pelton são eficientes em heads altos com baixas vazões, no entanto,

não são indicados para aplicações de overtopping, onde o head do sistema geralmente

é baixo. São apropriadas para conversores de onda que tenham algum bombeamento

de fluido hidráulico, tais como aqueles se baseiam em corpos oscilatórios. Alcançam

valores de pico de eficiência em torno de 90% [35]. A eficiência, no entanto, é bastante

sensível à razão entre head disponível e a velocidade de rotação. Essa característica

torna o uso de geradores elétricos de velocidade variáveis mais vantajosos do ponto

de vista da eficiência e controle. A figura 2-40 a seguir mostra uma configuração

possível para o sistema de conversão, funcionando a partir da água pressurizada e

da turbina Pelton, onde o volante de inércia e um multiplicador de velocidade via

polia transmitem torque e potência ao gerador elétrico.

Figura 2-39. Oyster da Aquamarine Power envia água pressurizada para rotacionar uma turbina

t ipo Pelton localizada na costa

Fonte: How Oyster wave power works, [68]

Cilindro Hidráulico

Figura 2-40. Esquema de Sistema com Turbina Pelton, volante de inércia e multiplicador de

velocidade transmitido por correia para conexão com o gerador elétrico

Fonte: Dynamics of the turbine/generator/consumer system, [69]

Page 87: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

85

2.3.3.6 Sistema Pneumático Visão Geral

Sistemas pneumáticos para conversores de onda são similares aos sistemas

hidráulicos em concepção e em seus componentes. Seu uso traz algumas vantagens,

principalmente menor CAPEX, simplicidade de design e menor peso e volume quando

comparado com os outros sistemas, inclusive hidráulicos [70,71].

O uso do ar como fluido de trabalho em detrimento de líquido (nitrogênio e

outros gases inertes são alternativas), faz com que o sistema não precise ser tão

rígido e robusto e os componentes podem ser fabricados com materiais menos

nobres. Além disso, por terem componentes duráveis, requerem manutenção

mínima. A tabela abaixo mostra componentes típicos de um sistema pneumático,

sendo os principais o pistão pneumático, acumulador e motor pneumático [70,71].

A tabela 2-2 abaixo descreve os principais componentes.

# Componenentes Típicos Exemplo e Descrição 1

Válvulas

Controle da vazão, pressão e direção. Ex: Válvulas redutoras e de retenção.

2

Motor

Converte energia em forma de pressão pneumática para energia de rotação mecânica. Ex: Turbina a ar ou motor de palhetas rotativas.

3

Compressor/Atuador linear

Converte potência linear em potência pneumática. Ex: Compressores de duplo estágio, de parafuso ou lineares.

4

Condicionadores de Fluido

Condiciona características do ar: filtros, secadores, lubrificadores, silenciadores etc.

5

Conectores de Fluido

Conecta os diferentes componentes pneumáticos. Ex. Tubulação, distribuidor de entrada (manifold), mangueira e conectores hidráulicos.

6

Fluido

Usualmente o meio é o ar mas em alguns casos pode ser nitrogênio puro ou outro gás

7

Reservatório de Ar

Armazena energia potencial pneumática.

Tabela 2-2: Componentes típicos de um Sistema pneumático

Page 88: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

86

Atuador Pneumático Linear

Um atuador pneumático linear consiste de um pistão interno, movendo-se em

um cilindro. A pressão na câmara de ar é resultado da força externa exercida pela

onda. Para controle do movimento, podem ser usadas molas e a própria diferença de

pressão do fluido fornecido nas câmaras (lado da haste e lado do pistão). A figura 2-

41 abaixo ilustra um típico atuador linear e seu princípio de operação, as molas

acopladas evitam dano por sobrecarga [72].

Características de Operação

Atuadores pneumáticos convencionais de aluminio suportam pressão máxima

de operação de 1 MPa com diametro de pistão variando entre 0,1 m e 0,2 m e forças

variando entre 0,1 kN a 33 kN [72]. Já atuadores de aço operam com pressão máxima

próxima a 1,7 MPa com diâmetros de pistão se estendendo entre 0,1 e 0,35m e

gerando forças entre 0,2 e 170 kN. A maior parte dos sistemas pneumáticos funciona

com baixas potências, algo entre 1,5 a 2,5 kW [72].

Atuadores pneumáticos garantem precisão dentro de 0,02 m e repetibilidade

de 0,02 mm. Sendo ótimos para processos industrais nos setores de embalagens,

alimentício e de bebidas. Podem atuar em grande amplitude de temperaturas (-40°C

a 120°C). Em termos de segurança e inspeção, o uso do ar evita o emprego de

materiais tóxicos ao ambiente e perigosos aos operadores [72].

Figura 2-41. Atuador Pneumático Linear. Componentes principais e principio de

funcionamento

Fonte: Elementos de Trabalho Pneumático, [73]

Page 89: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

87

Desvantagens

Perdas de pressão por vazamentos ou bypass, compressibilidade do ar e

perdas térmicas tornam sistemas pneumáticos menos eficientes que outros métodos

de atuadores lineares. Por ser menos robusto, está mais sujeito a vibrações.

Motores pneumáticos, responsáveis por transformar a pressão pneumática

em rotação mecânica, componentes de baixa eficiência energética, entre 10 e 30%,

de acordo com Zhong et al, 2012 [62].

Mesmo o ar estando amplamente disponível, pode ser facilmente contaminado

por diversos agentes, como óleo, lubrificantes e a própria água do mar. Em um

eventual conversor, essa contaminação exigiria paradas não programadas para

manutenção. Filtros são necessários em circuitos abertos. Já circuitos fechados,

similares aos hidráulicos, usariam ar tratado industrial e são uma boa alternativa

para evitar contaminação.

Conversores de Onda

Transmissões pneumáticas em conversores de onda são encontradas em

mecanismos do tipo colunas oscilatória de água (OWC), no entanto, em pressões

menores e maiores vazões. Nesses casos, turbinas a ar autorretificadoras são usadas.

Liermann et al, 2016 [74], explora analítica e experimentalmente o uso de um

sistema pneumático para um conversor de onda com uma estrutura flutuante e

alavanca (ver figura 2-42), que oscila fixada à costa e transfere energia através do

movimento do braço mecânico ligado a um cilindro pneumático. O objetivo da

pesquisa é armazenar 20W de energia elétrica em condições médias de onda. Na

Figura 2-42. Conversor de Onda com Sistema Pneumático fechado

Fonte: Adaptado de Liermann et al, 2016 [74].

Água

Flutuador

Alavanca

Cilindro

Pneumático

Acumulador

Armação

Plataforma

Terresre

Para

Motor a

Palhetas

Page 90: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

88

praia de Beirute as condições de mar típicas tem altura média Hm= 0.6m e período

de pico Ts = 7s.

O pistão tem um deslocamento máximo de 0,92 L e um curso de 0,125 m de

comprimento. O cilindro opera em simples efeito, com duas válvulas de retenção,

como uma bomba de ar linear de estágio único. Portanto, somente o movimento de

subida da onda é realisticamente armazenado. O ar é estocado em um acumulador

de 5 L. O tamanho do acumulador é escolhido em razão ao tamanho do cilindro,

aproximadamente 5 vezes maior. As outras dimensões do sistema foram baseadas

na premissa de que a eficiência total seria por volta de 5% para proporcionar os 20W

na saída do gerador.

A modelagem usada por Liermann et al, 2016 [74] para calcular as perdas e

eficiência total do sistema também pode ser aplicada a sistemas hidráulicos, com às

devidas adaptações ao tipo de fluido. As maiores perdas estão no sistema motor-

gerador (onde, no experimento, foi necessário um multiplicador de velocidade por

correia para atingir a rotação do gerador CC de 24 V), seguida das perdas no pistão

pneumático. O motor pneumático é de longe o componente de menor eficiência

(apenas 18%) e maior custo. O esquema da figura 2-43 a seguir resume os principais

componentes.

Figura 2-43. Componentes do Sistema Pneumático

Fonte: Liermann et al, 2016 [74]

Page 91: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

89

A eficiência do sistema no experimento se mostrou mais baixa que a previsão,

próxima a 2%, e o gerador elétrico não atingiu operação contínua. Para isso, um

maior número de cilindros seria necessário. Liermann et al, 2016 [74] justifica a

escolha de sistemas pneumáticos pelo baixo custo e apenas para baixas potências,

que tornariam mais difícil o uso de sistemas hidráulicos. É, por fim, útil como

ferramenta de demonstração da capacidade de armazenamento da energia das ondas

para geração de eletricidade.

2.3.4 Geradores elétricos rotativos

Geradores elétricos são parte fundamental da conversão secundária e fazem

o último elo com a conversão terciária. São elementos comuns em aplicações de

conversão de energia das ondas por converter a energia mecânica produzida por

motor ou turbina em movimento do rotor do gerador, o qual induz uma tensão nos

terminais dos enrolamentos [15].

Com o movimento do rotor, há circulação de correntes elétricas pelos

enrolamentos da bobina e indução de carga, a chamada indução eletromagnética.

Junto ao rotor, atua nos geradores o estator, onde ficam os enrolamentos bobinados.

O estator constitui a parte estática e o rotor a parte móvel. A figura 2-44 a seguir

mostra desenhos das principais peças constituintes.

Pesquisas e experimentos realizados por O’Sullivan et al, 2011 [77],

comparam diferentes máquinas rotativas elétricas diretamente acopladas a turbinas.

Figura 2-44. Turbo-Gerador e Gerador Elétrico de Indução

Fonte: Á esq.- Adaptado de Hydroelectric Power, [75] Á dir.- Portal Eletricista, [76]

Estator

Turbina

Gerador

Pás da Turbina

Eixo da Turbina-

gerador

Fluxo

d’água

Page 92: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

90

Esses trabalhos foram baseados em conversores do tipo OWC (coluna oscilatória de

água), que apesar de operarem com pressões e vazões diferentes de sistemas

fechados, também lidam com velocidades variáveis e podem ser usadas como

referência para outros conversores de onda. Em energia éolica, existem turbinas de

diferentes tamanhos e potências e há similaridades quanto à aplicação de geradores

rotativos. Assim, o conhecimento adquirido pode ser usado para seleção de geradores

em conversores de ondas [5, 15]. A tabela 3-2 abaixo mostra a seleção do gerador

elétrico para alguns dos principais conversores.

Equipamento PTO Tipo de Gerador Velocidade

LIMPET OWC e Turbina Wells Indução Variável

PELAMIS Hidráulico Indução Fixa

WAVEDRAGON Turbina Hidráulica

(água do mar)

PM síncrono Variável

PICO OWC e Turbina Wells

com passo variável

DFIG (indução) Variável

WAVESTAR Hidráulico Indução Variável

POWERBUOY Transmissão Mecânica PM síncrono Variável

Tabela 3-2. Tipos de Geradores Rotativos em alguns dos Protótipos mais avançados

Fonte: Adaptado de Mueller, M. A. et al, 2007 [41]

Para aplicação em ondas oceânicas, quatro tipos de geradores rotativos são

identificados por López et al, 2013 [15]: geradores de indução duplamente

alimentados ou doubly fed induction generators (DFIG); gerador de indução gaiola de

esquilo ou squirrel cage induction generators (SCIG); gerador síncrono com imã

permanente ou permanent magnet synchronous generator (PMG) e gerador síncrono

com campo bobinado ou field wound synchronous generator (SG).

Turbinas eólicas resolveram o problema da velocidade variável dos ventos de

duas formas: usando geradores de indução do tipo DFIG precedidos por arranjo de

caixa de engrenagens ou através de geradores de drive direto síncronos SG, com

conversores eletrônicos de potência. Neste último, a corrente alternada de frequência

Page 93: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

91

variável produzida é convertida para corrente direta DC e posteriormente novamente

para AC antes de se alinhar com a frequência e voltagem do grid.

De acordo com Cargo, C., 2012 [20], esses equipamentos de conversão de

potência são extremamente custosos e introduzem perdas de potência a se

considerar. Em contrapartida, permitem maior amplitude de captura dos estados de

mar.

Estações de geração de potência tradicionais, acionadas, por exemplo, em

hidroelétricas por turbinas hidráulicas, utilizam geralmente geradores síncronos

(SGs). O nome síncrono se deve ao fato desta máquina operar com uma velocidade

de rotação virtualmente constante e sincronizada com a frequência da tensão elétrica

alternada aplicada aos terminais da mesma, ou seja, alinhada à frequência do grid.

Devido ao movimento igual de rotação entre o campo girante e o rotor, é chamada de

máquina síncrona.

Na maioria das vezes, os geradores elétricos empregados em energia das ondas

terão que lidar com velocidades de rotação variáveis. Caso sejam escolhidos

geradores síncronos, será também requerido um inversor de frequência entre o

gerador e o grid. Mas nada impede que também possam ser utilizados geradores

assíncronos ou de indução, desde que seja garantida velocidade constante de rotação

[5, 15].

A seleção dos geradores pode ser avaliada de acordo com os critérios abaixo:

Adequação ao ambiente marítimo: uma questão a ser abordada é a

viabilidade de usar ou não máquinas com escovas neste tipo de ambiente, devido à

manutenção requerida pelo ambiente corrosivo e a necessidade de substituir as

escovas aproximadamente duas vezes ao ano [15]. Deve se considerar que o ambiente

de trabalho marítimo é instável e dependente de condições meteorológicas. O gerador

de indução duplamente alimentado (DFIG) e algumas versões do gerador síncrono

com campo bobinado (SG) possuem escovas, e por esse motivo podem ser preteridos

por outros, mesmo possuindo vantagens em termos de tamanho, custo e eficiência

[15]. Dependendo da localização, o gerador poderá ficar exposto frequentemente às

correntes com altas concentrações de sal marinho. Esse efeito pode ser bastante

prejudicial em geradores do de imãs permanentes PMG, que possuem o composto

NdFeB, bastante sensível à corrosão.

Page 94: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

92

Eficiência Energética: Considerando um estado energético médio de mar, e

retirando de comparação, pela presença de escovas, os geradores DFIG, sabe-se que

a diferença de eficiência energética entre geradores PMG e SG é desprezível e os dois

demonstram eficiência superior em 6-7% [5,15] ao gerador do tipo SCIG.

Networking: Os geradores PMG, SG e SCIG são instalados com inversores de

frequência entre o estator e o grid, o que garante desacoplamento entre as duas

partes. Os inversores transformam a corrente contínua CC em corrente alternada

CA. Isso pode ser positivo, porque as corrente elétricas de pico durante a partida da

máquina não são diretamente suportadas pelo grid e o gerador é menos influenciado

por falhas ou problemas na rede.

Custo: Entre os geradores SCIG e SG existe uma distinção no custo, de acordo

com a potência fornecida. Para níveis de potência abaixo de 800 kW, o tipo SG tem

custo maior, porém, a partir desse valor, as máquinas SCIG se tornam mais caras.

Já para o tipo PMG é mais difícil de estabelecer o custo para potências maiores, já

que a maioria deles não é fabricada em grande escala para níveis de potência entre

100 kW e 1 MW [15].

O estudo de O’Sullivan et al, 2011 [77] conclui que o gerador síncrono, versão

sem escovas, apesar da necessidade de um conversor de frequência, é, a princípio a

opção mais apropriada para conversores de ondas em virtude da maior capacidade

de controle e amplitude de captura, menor peso e maior densidade energética. A

pesquisa de Rhinefrank et al, 2012 [49], sugere o uso de gerador síncrono com ímãs

permanentes PMG para situações em que ocorra mudança de sentido do fluxo

energético.

Page 95: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

93

2.3.5 Conversão Terciária

Nesse estágio de conversão é definida a interface entre os terminais do

conversor de ondas e a rede interligada, com um sistema que transforma a energia

elétrica fornecida pelo gerador antes de lançá-la no grid. O uso da eletrônica de

potência, ramo da ciência que trata da conversão e do controle de energia elétrica a

partir da aplicação de dispositivos semicondutores, será fundamental em níveis altos

e médios de potência. Inversores são usados para conversão de corrente alternada

CA/AC para corrente contínua CC/DC e vice-versa, e entre os parâmetros

controlados estão tensão, corrente e frequência. A tabela 2-3 a seguir mostra

potência instalada e voltagem de saída nos principais conversores discutidos ao

longo deste capítulo.

A principal exigência em um sistema de transmissão de energia é o controle

preciso dos fluxos de potência ativas e reativas para manter a voltagem do sistema

estável. Isso é atingido através de um conversor de potência eletrônica que

Conversor de Onda Potência Voltagem de Saída

Pelamis (2009) [15] 750kW 415 V/50Hz, 690 V/60Hz

Wavestar (2010) [21] 110 kW/ 600 kW -

Oyster (2012) [78] 800kW -

PowerBuoy (2011) [15] 150 kW 600 V/60Hz, 575 V/ 50Hz

Wave Dragon (2003) [15,32]

1.5 MW/ 7 MW 690 V/ 50 Hz

Limpet OWC (2001) [15] 2 kW 400 V/50 Hz

AWS [32] 2 MW/ 3 MW -

Lysekil Project [32] 10 kW -

Oregon L10 [32] 10 kW -

Pico Plant [32,67] 100 kW/ 400 kW -

Tabela 2-3. Voltagem de Saída e Potência Nominal de alguns conversores de onda

Page 96: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

94

geralmente fica localizado dentro ou fisicamente próximo da interface primária de

conversão elétrica. Esse elemento proporciona a primeira conversão de voltagem,

comandando e atenuando as variações na velocidade do gerador causadas pela

irregularidade das ondas.

De acordo com Hong, Y. et al, 2014 [32] e Iraide López et al, 2013 [15], em

aplicações de média e alta potência, a classe mais comum de conversores eletrônicos

é o VSC (Voltage Source Converter) graças à sua maior controlabilidade, seu design

modular e compacto, a facilidade de operação do sistema e o baixo impacto

ambiental. Atualmente, existe uma tendência maior entre os conversores de onda em

se usar um conversor de voltagem VSC de dois níveis, ou 2L-VSC com estrutura

back-to-back e AC-DC. A voltagem de saída típica dos mecanismos de energia das

ondas não é significativamente alta, o que justifica a utilização desse tipo de

conversor de frequência [79].

Os transformadores, os geradores e as linhas de transmissão do sistema

possuem um caráter predominantemente indutivo. A indutância atrasa a resposta

da corrente em relação à tensão, e com este efeito ocorre defasagem da onda da

corrente em relação à tensão, causando perda de eficiência do sistema.

Normalmente, conversores de onda possuem pelo menos um transformador

step-up, para elevar a voltagem, conectado à saída do gerador. Isso é feito

simultaneamente por dois motivos: primeiramente, transformadores protegem o

dispositivo de possíveis falhas que possam ocorrer nas linhas de transmissão ou no

grid; segundamente, elevam a voltagem a um nível apropriado para o transporte e

conexão ao sistema interligado.

Caso a linha de transmissão e o ponto de entrada do grid estejam no mesmo

nível de voltagem, o transformador não é necessário. Isso pode ocorrer para pequenos

parques, com voltagem de saída por volta de 30–36 kV. Em grandes parques de ondas

ou naqueles onde a distância até a costa for grande, uma subestação é necessária

para elevar a o nível de voltagem a pelo menos 132 kV ou 220 kV [15,32].

O esquema da figura 2-45 abaixo, mostra um parque de energia das ondas

offshore, onde duas conversões de voltagem são realizadas em um circuito de

corrente alternada de alta voltagem ou, como comumente chamado na indústria, um

circuito HVAC. Nessa configuração, os transformadores elevam a voltagem de saída

dos módulos dos conversores para conectá-los a uma primeira subestação, que, por

Page 97: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

95

sua vez, eleva novamente a voltagem através de novos transformadores para outra

subestação localizada na costa.

Já a figura 2-46 a seguir mostra um caso real, o sítio de experimentação Wave

Hub, utilizado como local de teste para diversos modelos de conversores. Os dois

diagramas são similares, exceto que neste segundo não há uma subestação na costa.

Isso ocorre porque o nível de voltagem de entrada (feed-in) do grid e da linha de

transmissão após o primeiro transformador já são iguais ou compatíveis. O sistema

é configurado para corrente alternada AC.

Figura 2-45. Diagrama elétrico de um parque de ondas

Fonte: Adaptado de Iraide López et al, 2013 [15]

Interface c/ eletrônica de

potência

Interface c/ eletrônica de

potência

Interface c/ eletrônica de

potência

Interface c/ eletrônica de

potência

Transformador step-up

Transformador step-up

Transformador step-up

Transformador step-up

Baixa Voltagem Média Voltagem Alta Voltagem

Transmissão HVAC

Subestação offshore Subestação onshore

Page 98: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

96

Duas topologias típicas empregadas em conversores de onda são mostradas e

descritas na figura 2-47 a seguir.

A configuração à esquerda foi empregada no projeto Pelamis. Utiliza-se nesta

de um gerador de indução gaiola de esquilo diretamente conectado ao grid. Por este

motivo, o mecanismo deve operar em uma velocidade de rotação constante de 1500

RPM, com uma variação máxima permitida entre 1% e 2% deste valor [15]. Um

sistema de partida suave, ou soft start system, é inserido para reduzir os picos de

corrente durante o arranque. Um banco de capacitores é instalado para suprir a

corrente reativa requerida para a máquina de indução.

Figura 2-46. Caso real: diagrama de conversão terciária. Parque Wave Hub

Fonte: Adaptado de Iraide López et al, 2013 [15]

Interface c/ eletrônica de potência

Transformador de baixa voltagem

Transformador de Alta voltagem

Banco de Capacitores

Banco de Capacitores

Compensador

Compensador

Page 99: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

97

O arranjo da direita apresenta um gerador tipo DFIG acoplado a uma caixa de

engrenagens, adicionalmente há um conversor de potência back-to-back e uma

alavanca elétrica chamada crowbar. A crowbar é um elemento opcional de proteção

que pode ser utilizado em qualquer topologia. Sua função é acelerar a queima do

fusível quando há picos na intensidade da corrente, protegendo o restante do

equipamento [80]. Este arranjo é utilizado frequentemente em conversores de onda

do tipo coluna oscilatória de água, OWC’s.

Existem duas alternativas para se transmitir a energia gerada em alto mar

dos módulos de conversores para o grid: transmissão em alta voltagem e corrente

alternada HVAC (High-Voltage Alternating Current), e transmissão em alta voltagem

e corrente direta HVDC (High- Voltage Direct Current). O sistema HVAC é o mais

utilizado em transmissão de sistemas elétricos offshore (ver figura 2-48).

① Gerador Elétrico de indução

② Alavanca “pé de cabra” – crowbar

③ Retificador de entrada e saída do inversor na configuração back-to –back

④ Filtro de Saída

⑤ Transformador step-up

⑥ Caixa de Engrenagens

① Gerador Elétrico de indução

② Sistema de Partida Suave

③ Compensador Reativo

④ Chaveamento principal

⑤ Transformador step-up

Figura 2-47. Topologias de sistema de potência comumente usadas em conversores de onda

Fonte: : Adaptado de Iraide López et al, 2013 [15]

Figura 2-48. Sistema HVAC típico

Fonte: Adaptado de Iraide López et al, 2013 [15]

Parque de

Ondas 3 cabos submarinos AC

Subestação offshore Transformador de Alta

Voltagem HV

Subestação onshore Transformador de Alta Voltagem

HV + Compensador

Page 100: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

98

Em um sistema de transmissão HVAC, a conexão de um extenso parque de

energia das ondas à rede interligada na costa requer os seguintes componentes: um

sistema AC coletor na plataforma offshore; as já citadas subestações

transformadoras com transformadores AC; compensadores de energia reativa; e por

último cabos submarinos trifásicos, geralmente três cabos reticulados de polietileno

e XLPE. As subestações transformadoras onshore e offshore são caracterizadas por

transformadores robustos e por sistemas de compensação reativa, os STATCOMs,

sigla para Static Synchronous Compensator [15] (ver figura 2-49).

Esses STATCOMs são necessários em grandes distâncias porque a potência

induzida reativa aumenta com a voltagem e com o comprimento do cabo, portanto

transmissões longas requerem grandes equipamentos de compensação reativa.

Sistemas HVAC usam três cabos submarinos de transmissão enquanto que

em HVDC, empregam-se dois. Por essa razão, as perdas nos cabos são maiores em

sistemas HVDC. Devido a seus aspectos construtivos, a capacitância distribuída em

cabos submarinos de HVAC é bem superior à capacitância distribuída em linhas

aéreas. Este é o sistema mais utilizado porque em geral a maior parte dos parques

offshore não excedem 50 km da costa, sendo em distâncias inferiores a esse valor o

mais econômico e eficas entre os sistemas de transmissão. De acordo com Negra, N.

B., et al 2006 [83], a capacidade máxima disponível no mercado para sistemas

HVAC’s é em torno de 800 MW em 400 kV, 380 MW em 220 kV e 220 MW em 132

kV, até o máximo de 100 km de distância.

Figura 2-49. Cabos de polietileno e XLPE com núcleo triplo (esq.) e núcleo único

(cent.) e STATCOM da Jema Energy (dir.)

Fontes: Esq. Adaptado de Alegría, I. M., 2009 [81]. Dir. [82]

Page 101: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

99

As configurações mais usadas para coleta e transmissão de energia são as de

layout em estrela e em cadeia, ou star e string, mostradas na Figura 2-50 abaixo. As

principais vantagens do layout em cadeia são a simplicidade de seu controle e o fato

de usar cabos mais curtos, o que gera custo e perdas nos cabos menores que no

layout em estrela. A principal desvantagem é menor confiabilidade, já que todos os

dispositivos acima do ponto de falha devem ser desligados até que o módulo

danificado seja reparado. Além disso, o número de conversores que podem ser

conectados a uma cadeia é limitado pela capacidade do cabo de carregar energia.

A conexão em estrela tem o potencial de reduzir as perdas nos cabos por

agrupar pequenos grupos de módulos geradores em estações de transformação de

alta voltagem. Essa configuração é considerada como de maior confiabilidade porque,

no caso de falha do dispositivo, apenas o dispositivo danificado necessita ser

desligado e reparado. As maiores desvantagens são o preço e a necessidade de mais

plataformas.

Estudos feitos com o modelo da AWS de 3 MW [15], para cenários de parques

de 45 MW e 90 MW, mostram que a principal diferença entre esses dois layouts é o

número de transformadores a serem utilizados. O layout em cadeia usa

transformadores conectados aos geradores enquanto o layout em estrela usa apenas

um transformador para o cluster de cada plataforma. No entanto, para a maioria das

aplicações a topologia em cadeia é mais econômica que a topologia em estrela.

Figura 2-50. Arranjo dos módulos em clusters: em cadeia (esq) e em estrela (dir.)

Fonte: Adaptado de López, I., 2013 [15]

Cluster em Cadeia

Cluster em Estrela

Plataforma offshore

à costa costa

Plataforma offshore

Plataforma

Page 102: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

100

No momento presente, a maior parte dos parques offshore eólicos e das ondas

operando têm sistemas de transmissão do tipo HVAC, por ser a opção mais

econômica em distâncias médias e curtas, até 50 km [15]. Atualmente existe

consenso sobre este valor na comunidade científica. Com o aumento da distância,

transmissões HVDC começam a se tornar mais atrativas. Mais informações a respeito

de transmissão de energia elétrica em sistemas offshore podem ser encontradas na

referência [81].

2.3.6 Controle e Subsistemas Auxiliares

Controle

De acordo com Zurkinden, A. S. et al, 2012 [84], a eficiência de um conversor

de energia das ondas pode ser consideravelmente aumentada caso seja adotada uma

estratégia de controle avançado. Quando um ponto absorvedor é deixado sem

controle ativo, o jeito mais simples, porém menos eficiente, de optimizar a geração

de potência é sintonizar a frequência natural do sistema para a frequência

característica predominante (ou a frequência de maior prevalência no espectro) do

estado de mar do local onde o mecanismo será instalado. A transferência máxima de

energia cinética irá ocorrer entre a onda e o sistema quando o período natural desses

dois coincidirem para que o absorvedor oscile em ressonância, o que ocorre somente

para um estado de mar.

Para maximizar absorção de potência das ondas, controle do mecanismo é

primordial. Frequentemente, modelos lineares são usados para investigar estratégias

de controle, buscando optimização da potência extraída. O modelo mais simples é

um modelo de segunda ordem, incluindo a força de excitação das ondas, massa,

mola e amortecedor. Por outro lado, se a potência extraída só é máxima na

ressonância, aplicar um amortecimento linear será menos eficiente que um controle

reativo ótimo. Uma combinação das duas abordagens é possível e as vantagens e

desvantagens do controle devem ser balanceadas.

Um método de atingir controle de fase sub-óptimo se chama latching, algo que

pode ser traduzido como “travamento” e se baseia em adequadamente atrasar o

movimento do corpo a fim de aproximar de fase sua velocidade com a força de

excitação sobre ele, aumentando a oscilação. Apesar de teoricamente oferecer ganhos

na quantidade de energia absorvida, a implementação prática desse sistema de

Page 103: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

101

optimização em ondas reais irregulares ainda encontra dificuldades que até hoje não

foram satisfatoriamente superadas.

Mecanismos hidráulicos de tomada de potência fornecem uma forma natural

de travamento: o corpo flutuante permanece em estado estacionário enquanto as

forças hidrodinâmicas na parte submersa são incapazes de vencer a força de

resistência introduzida pelo sistema PTO (diferença de pressão do fluido multiplicada

pela secção transversal do cilindro).

De acordo com Falcão A. F. et al, 2009 [36], se a máquina que aciona o gerador

for um motor hidráulico de deslocamento variável, é possível manter a velocidade de

rotação do eixo fixa enquanto a vazão e potência são controladas alterando a

“geometria” do motor pelo ângulo entre o bloco do motor e o eixo do gerador.

Sistemas Auxiliares

O sucesso na operação do PTO dependerá de diversos subsistemas auxiliares.

Esses sistemas mantêm as condições de operação em níveis aceitáveis em termos de

segurança e confiabilidade. Podem ser vistos como parte do sistema PTO para

estágios mais avançados de desenvolvimento dos conversores. Alguns exemplos são:

• Sistema de Freio ou Travamento

• Sistema de Absorção de Choques (End-Stop)

• Sistema de Aquecimento e Resfriamento

• Sistema de Lubrificação

• Sistema de Vácuo

• Sistema de Tratamento de Ar

• Sistema de Backup de Energia (baterias, geradores diesel, etc)

• Sistema de Combate a incêndios

• Sistema de Lastro

Vários dos subsistemas citados podem ser críticos para o funcionamento

confiável do PTO. A fonte elétrica para acionar esses sistemas pode vir do grid, mas

também é perfeitamente possível que a fonte seja o próprio drive do PTO. Deve-se

notar também que alguns subsistemas podem ter interações com o sistema

hidrodinâmico, como é o caso do sistema de lastro.

Page 104: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

102

3 Modelo Proposto

3.1 Princípio de funcionamento

3.1.1 Modelo em escala 1:40

O flutuador oscila verticalmente suportado por uma estrutura-guia.

Inicialmente, foi fabricado um modelo conceitual em escala 1:40 a fim de testar o

princípio de funcionamento, sem objetivos de geração de energia. O modelo tem

formato de pirâmide, com largura da base quadrangular de aproximadamente 15 cm.

A máquina e sua estrutura de metal foram levadas até o Instituto Nacional de

Pesquisas Hidroviárias - INPH, centro de pesquisa com diversos tanques e

equipamentos de simulação de ondas.

A imagem 3-1 abaixo, reproduzida durante o teste, mostra o conversor se

comportando como ponto absorvedor linear em movimento de arfagem, absorvendo

energia potencial e cinética durante a passagem das ondas, enquanto a estrutura-

guia limita os deslocamentos em outros graus de liberdade.

Figura 3-1. Principio de funcionamento verificado para o modelo 1:40

Fonte: Arquivo Pessoal

Page 105: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

103

A estrutura-guia constitui-se de uma força resistiva e causa perda de energia,

mas garante controle do movimento vertical impedindo que as forças de excitação da

onda movimentem o flutuador e o PTO em direções indesejáveis e causem danos ao

equipamento.

3.1.2 Modelo em escala 1:10

Após a prova de conceito com o modelo 1:40 e testes computacionais no

WAMIT com a geometria do flutuador desenvolvida em CAD. A partir disso, teve início

a fase de construção do modelo 1:10, com 80 cm de largura de captura. Foram

adicionadas reentrâncias à geometria do flutuador, de modo a maximizar as

capacidades de absorção, como mostra a Figura 3-2 a seguir. A construção foi

realizada no hangar da UFRJ e o material utilizado foi compensado de madeira.

Detalhes das medidas do flutuador são mostrados no Anexo II.

Figura 3-2 . Em cima: de Construção do modelo 1:10. Embaixo:

Representação em CAD e início dos testes, modelo instalado no tanque de

ondas

Fonte: Arquivo pessoal

Page 106: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

104

3.2 Geometria do flutuador

O formato geométrico do flutuador é idealizado para maximizar a absorção

das ondas ao transformar a energia disponível na passagem da onda em

deslocamento vertical, gerando absorção de energia superior a outros formatos mais

tradicionais como o esférico ou cilíndrico.

Para chegar ao formato geométrico proposto na figura 3-3 abaixo, diversas

outras geometrias foram geradas e suas interações com as forças das ondas foram

estudo de análise computacional através do software de hidrodinâmica WAMIT.

Flutuadores com diferentes formatos e massas foram simulados para investigar a

influência desses parâmetros na produção de energia e no desempenho do

equipamento, chegando-se, finalmente, a inovadora geometria axissimétrica.

Em um segundo estágio de desenvolvimento, foram adicionadas as “asas”, ou

abas, para canalizar a energia das ondas (ver figura 3-4), de forma similar ao que é

feito no conversor da Wave Dragon. Essas abas fazem parte da estrutura-guia e, em

tese, melhoram a resistência estrutural do conversor.

Figura 3-3. Á esquerda, flutuador em escala 1:40, com largura aproximada de 15 cm. Á

direita, flutuador em escala 1:10 com 80 cm de largura máxima

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 3-4. Estrutura Guia e Abas que canalizam as ondas em direção ao

flutuante

Fonte: Arquivo Pessoal

Page 107: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

105

Os resultados indicaram que a forma geométrica e a massa têm um papel

chave no processo de absorção da energia. A geometria escolhida para os testes

iniciais demonstrou grande capacidade de absorção, com valores de deslocamento e

velocidade que chegavam muito próximos aos das alturas de onda para diversos

estados de mar. Somado a isso, a diferença de fase entre onda e flutuante foi mínima,

o que indica um sistema absorvedor em sincronia e sinergia com as ondas incidentes

[85].

3.3 Localização

A maioria dos conversores de onda desenvolvidos até hoje são planejados para

instalação em profundidades de até 90 metros [4]. Sistemas localizados em águas

profundas e distantes da costa são mais caros e trazem dificuldades maiores em

instalação, logística e manutenção. Mesmo possuindo mais energia potencial devido

ao menor contato da onda com o leito marinho, essa energia extra acaba não sendo

aproveitada, pelo fato de ultrapassar a capacidade nominal dos mecanismos de

conversão. Além disso, máquinas instaladas em águas profundas exigem maiores

gastos com estrutura, devido aos carregamentos superiores no sistema e na

ancoragem [4, 23]

Facilitar a manutenção de partes mecânicas é outra vantagem de sistemas em

águas próximas à costa. Alguns componentes podem necessitar de substituição

periódica, como por exemplo: selos, válvulas, engrenagens, óleo de transmissão, óleo

lubrificante etc. Além disso, a proximidade com a costa ajuda a reduzir o custo na

transmissão da energia via cabos submarinos. Há também, em alguns casos, menor

irregularidade e direcionalidade das ondas e possível presença de “hot spots”, ou

zonas de concentração de energia.

Por esses motivos listados, os modelos passaram a ser idealizados para

posicionamento próximo a costa em águas rasas ou médias, a depender do regime

de marés, que será um fenônemo de interesse na elaboração do projeto.

Com objetivos de instalação de um modelo em escala maior, a análise do

potêncial energétco será pautada pelosos dados divulgados da costa cearense

brasileira, onde o Porto do Pecém, localizado no litoral norte a 60 km da cidade de

Fortaleza, vem há anos fazendo medições da batimetria local. Essas informações

foram retiradas de Ricarte, E. B., 2007 [11]. A aquisiçãp de dados foir realizada a

Page 108: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

106

aproximadamente a 3 km da costa, localidade em uma profundidade média de 17

metros. O objetivo da coleta de dados foi a construção de um porto offshore e seu

monitoramento pós-construção [11].

Nessa região, as alturas de onda ocorrem quase que na totalidade acima de

1m, sendo a altura média anual próxima a 1,4m e 90% da potência total é

representada por alturas entre 1 e 2 m. O período de ondas varia de 5 a 18 s e tem

média anual de 7,8 s. Ao longo do ano, as potências médias mensais das ondas

variam de 6 a 11 kW/m, com uma potência média anual de 7,7 kW/m [11].

A esta profundidade, relativamente baixa, as observações de direções de ondas

já sofrem influência da batimetria local. O efeito de refração tende a reduzir as

possíveis direções de incidência, convergindo à costa. Além disso, de acordo com

Ricarte, E. B., 2007 [11], para ângulos de incidência menores que ± 30° o efeito da

direcionalidade da onda sobre a eficiência de conversão não é dos pontos mais

críticos.

3.4 Modelagem dinâmica do Modelo

3.4.1 Princípios da Extração

Em conversores oscilador-flutuantes o corpo deve interagir com o oceano a

fim de reduzir a quantidade de energia que estava antes presente no mar e transferi-

la para o seu sistema oscilatório. Segundo Falnes et al, 2007 [4], o conversor deve

primeiro, para ser um bom absorvedor de ondas, ser um bom gerador de ondas, de

forma que as ondas geradas interfiram de forma destrutiva com as ondas do mar

incidentes, resultando em maior oscilação do sistema.

Dessa forma, em um sistema oscilatório simples interagindo com uma onda

senoidal, a fase óptima ocorrerá na ressonância. O problema de modelar o flutuador

para ressonância é fazer com que este não responda fisicamente da mesma forma a

uma ampla faixa de valores de frequencia de excitação com exceção da ressonância.

Por este motivo, foi desenvolvida uma geometria que respondesse fisicamente,

mesmo que fora da ressonância, para toda a faixa de ondas predominantes no sítio

de instalação. Detalhes sobre os limites práticos para absorção de energia das ondas

são descritos em [4, 86].

Page 109: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

107

3.4.2 Sistema linear em ondas regulares: análise no domínio do tempo

Supõe-se um corpo rígido flutuante, em que a maior parcela está submersa e

em oscilação vertical, acompanhando o movimento das ondas. O esquema da figura

3-5 abaixo ilustra o modelo ponto absorvedor. O flutuador é guiado por uma

estrutura que restringe e torna negligenciável os movimentos em outras direções.

Assume-se, portanto, que o movimento do conversor devido à ação das ondas ocorre

apenas em um único grau de liberdade, na direção z, movimento este conhecido na

indústria naval como arfagem ou heave.

A interação entre o objeto e as ondas incidentes causa distúrbio no

movimento natural das ondas com a passagem de energia para o corpo oscilatório,

e, devido a isso, forças atuarão no corpo flutuador. O comportamento do flutuador é

simulado inicialmente no domínio do tempo. A análise no domínio da frequência é

útil, por exemplo, para determinar a frequência natural do sistema a fim de

sintonizá-la com a frequência predominante do mar local, maximizando a energia

absorvida para determinada condição [4].

Nesse estágio, é definido que será aproveitada a energia potencial e cinética

de um local próximo a costa, onde ondas regulares são assumidas em detrimento

das irregulares e a geografia da região próxima à costa justifica essa escolha. As

alturas de onda estão entre 1 e 2 m e profundidade entre 17 e 30 metros. Com isso,

as oscilações do conversor para essas alturas são consideradas suficientemente

pequenas, o que torna a teoria linear de ondas aplicável sem grandes prejuízos aos

cálculos de dimensionamento [85].

A dinâmica do corpo flutuante pode ser determinada pela solução da equação

de movimento abaixo, que combina as forças hidrodinâmicas pela ação das ondas

Figura 3-5. Esquema de flutuador em Oscilação vertical – movimento heave

Fonte: Johannes Falnes, 2007 [4]

Page 110: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

108

3ℎ�4� e as forças de resistência exercidas pelo sistema PTO 3=4>�4�, força esta que é

aplicada intencionalmente para tomada de potência. Considerando . = 0 a posição

do flutuador na superfície da água na condição de mar calmo e o sentido para cima

como sendo positivo, tem-se de acordo com [4, 20, 36, 85].

�.?�4� = 3ℎ�4� + 3=4>�4� �3.1� Onde, � representa a massa total do sistema e .?�4� representa a aceleração

vertical do sistema em um tempo 4. A decomposição da força hidrodinâmica possui

as seguintes contribuições de acordo com a teoria linear das ondas [4, 20, 36, 85].

3ℎ�4� = 3�AB + 3C + 3 + 3ℎ �3.2� Ou,

3ℎ�4� = −�AB.?�4� − E�.6�4� + 3�4� − ���.�4� �3.3�

Os quatro termos da força hidrodinâmica são: 1- força de inércia adicional,

onde �AB.?�4� é a contribuição devido ao volume de fluido, movido em conjunto com

o absorvedor, e �AB é a massa adicional, parâmetro dependente do

período/frequência da onda; 2-força de radiação, devido à oscilação do flutuador

gerando ondas ao seu redor, onde E� é o coeficiente de amortecimento de radiação,

também dependente da frequencia; 3-componente vertical da força de excitação

devido às ondas incidentes em um corpo fixo; 4-força hidrostática restauradora, onde

� é a gravidade, � é o peso específico da água do mar e � é a seção tranversal não

perturbarda da estrutura flutuante na direção z, acima da superfície.

Existe também uma parcela de força de arrasto não linear modelada relativa

ao fluxo turbulento. No entanto, é considerado negligenciável pela maioria dos

pesquisadores para efeito de cálculo frente às outras parcelas [4, 20, 36, 85]. A seção

seguinte detalha as forças envolvidas no movimento.

3.4.3 Forças Atuantes no Flutuador

Força de inércia adicional

• 3�AB�4� = −�AB.?�4� → A massa adicionada �AB é a inércia adicionada ao corpo

flutuante enquanto o objeto oscila próximo a superfície do mar. É originada

devido ao fato de que quando o corpo se move, a água ao seu redor também é

movida. É um parâmetro dependente da frequência, ainda que se torne cada vez

menos dependente da frequência à medida que o objeto se aproxime do leito

Page 111: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

109

marinho. Quando a frequência de oscilação é alta e se aproxima do infinito, o

valor de massa adicionada se aproxima de uma constante e pode ser

caracterizada como �AB�.

Força de Radiação

• 3C�4� = −E�.6�4� → A força de radiação é experimentada pelo corpo

harmonicamente oscilante quando submerso na água. Como

convenção, o corpo é considerado como se experimentasse uma

impedância mecânica5 devido à variação da pressão normal integrada

sobre sua superfície submersa, resolvida numericamente por Navier-

Stokes. E� é o coeficiente de amortecimento de radiação. Esse

coeficiente representa a força em fase com a velocidade do flutuador e

corresponde à energia transferida a um fluido não viscoso, na forma de

onda radiada. E� é dependente da frequência e geometria do flutuador

e geralmente é encontrado numericamente através de softwares de

hidrodinâmica como o WAMIT e AQUADYN. Neste trabalho foi usado o

WAMIT, que emprega a teoria linear das ondas [36, 87];

Força de Excitação

• |3| = 3�H, I� J� → Representa a Força de excitação exercida sobre o

corpo fixo em seu equilíbrio estático, fornecida pela onda incidente. É

similar à força de radiação, porém composta pela superposição de duas

soluções de fluxo potenciais, conhecidas como potencial da onda

incidente e potencial de difração da onda. Falnes [16] sugere que se o

corpo é suficientemente pequeno em comparação ao comprimento de

onda, o componente de difração pode ser negligenciado frente ao

componente conhecido também como força Froude-Krylov. É o que

fornece o software WAMIT [36, 87]. Esse componente, em fase I com a

velocidade induzida no flutuador, é importante para avaliar a

habilidade em absorver potência. A força de excitação é função da

altura da onda H e do período ou frequencia H.

5 Impedância mecânica em um sistema mecânico é o quociente complexo de de uma força alternada

aplicada dividida pela velocidade linear alternada resultante, na direção da força e no seu ponto de

aplicação.

Page 112: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

110

Força hidrostática

• 3ℎ �4� = − ���.�4� → é a chamada Força hidrostática, sendo � o peso

específico da água, � a aceleração da gravidade e � a seção transversal

do flutuador definida por sua superfície livre e não perturbada. Devido

à variação no nível da água e consequente movimento do absorvedor,

essa força varia de acordo com as diferenças de posição entre o nível

d’água e o centro de massa do absorvedor, sendo a força igual a zero

quando . = 0. Dessa forma, não existe relação com a velocidade ou

aceleração do flutuador. Portanto, 3ℎ é uma força conservativa.

Força do Sistema PTO

• 3=4>�4� = −�;9K.? − �;9K.�4� − L;9K.6�4� → é a força aplicada pelo power

take-off system (PTO). Pode ser representado por um modelo linear com

uma mola e um amortecedor associados em paralelo [88]. A mola é

representada pela constante elástica �;9K, enquanto o amortecedor é

representado pelo coeficiente de amortecimento L;9K (ver Figura 3-5). É

assumido nessa análise que a massa dos cabos, caso haja, não interfere

no movimento do oscilador. Na maioria dos sistemas, como o hidráulico

ou pneumático, o sistema PTO é não linear [36].

Figura 3-6. Idealização do sistema PTO linear

Fonte: Adaptado de Adriana M. F., Nuno F., 2013 [88]

Posição de Equilibrio

Linha da superfície

�;9K L;9K

Page 113: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

111

3.4.4 Sistema linear em ondas regulares: análise no domínio da frequência

No tratamento no domínio da frequência do sistema, existe uma relação linear

entre a amplitude da força de excitação das ondas e a amplitude de movimento

resultante no flutuador. É útil que os coeficientes lineares sejam representados por

um número complexo, para que a fase entre a onda incidente e as forças e

movimentos resultantes do flutuador possam ser avaliadas.

Em outras palavras, como o sistema é linearizado, a resposta às ondas

incidentes harmônicas é harmônica no tempo e, portanto, os deslocamentos e forças

de excitação podem ser expressos como funções harmônicas simples no tempo, de

forma que 3 = E�M>, 3� NO9, sendo E a parte real e M> 3 amplitudes complexas

proporcionais a amplitude da onda incidente. Logo, a equação acima pode ser

resolvida pelo método de solução NO9 = P>H4 + QRH4, resultando em .�4� = M>NO9 e

3�4� = 3 NO9. Logo, de acordo com [4, 20, 36, 85]:

S� + �AB + �;9KT.?�4� + SE� + L;9KT.6�4� + ���� + �;9K�.�4� = 3 NO9 �3.4� E fazendo a substituição .�4� = M>NO9 encontra-se:

M> = 3−H�S� + �AB + �;9KT + QHSE� + L;9KT + ��� + �;9K

�3.5�

É importante apontar que as forças de excitação são calculadas para a

posição média do absorvedor e isso pode ser outra fonte de não linearidade se o corpo

se move substancialmente ao redor deste ponto. Multiplicando os termos pela

velocidade .6�4�, pode-se definir a potência média absorvida pelo conversor, em um

determinado intervalo de tempo, de duas formas, como mostra a equação 3.6 abaixo

[36]:

%UV = W� L;9K H²|M>|² = W

XYB |3|� − YB� ZQHM> − [\

�YBZ� �3.6�

Para um dado corpo em uma onda incidente regular, E� e 3 são fixos. Então

a potência absorvida depende de M>, isto é, do sistema PTO e seus coeficientes. A

equação (3.6) mostra que o maior valor possível para a potência ocorre para a

igualdade mostrada na equação 3.7 abaixo:

%UV = 18E� |3|� �3.7�

Page 114: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

112

Sendo QHM> = [\�YB. Nessas condições, para uma determinada geometria, uma

amplitude e uma frequência de onda fixas, isto é, E� e 3 fixos, pode ser

demonstrado que as condições óptimas para maximizar absorção de energia serão

[4, 20, 36, 85]:

H = _ `abc�def c gh c def

i2! �3.8�

E� = L;9K �3.9� Onde (3.8) é a condição de ressonância enquanto

(3.9) é a condição de amortecimento do sistema PTO (que deve ser igual ao

amortecimento da radiação) para máxima potência extraída. Em geral, para cada

frequência e altura de onda, existirá um amortecimento óptimo do PTO que maximiza

a extração de energia. Sendo impossível alterar esses valores a cada frequência,

condições sub-óptimas são investigadas. A dependência da frequência da onda

incidente para o amortecimento óptimo ilustra a vantagem de projetar um sistema

de controle que ajuste o sistema PTO para que a máquina consiga o máximo de

energia absorvida.

Análise no domínio do tempo

O sistema PTO de mecanismos flutuantes é, na grande maioria das vezes, não

linear e nesses casos a análise no domínio da frequência não é válida [35, 36]. Deve-

se, portanto, aplicar a equação do movimento no domínio do tempo. Assim, a

equação governante terá o seguinte formato, proposto pela primeira vez por Cummins

[35, 36]:

S� + �AB� + �;9KT.?�4� + ��� .�4� + / j�4 − k�.?�4��9

l�k = 3�4� + 3=4>�., .6, 4� �3.10�

Onde �AB� é o valor limite para a massa adicionada �AB�H� quando o número

de frequências tende ao infinito. A integral de convolução � j�4 − k�?�4��9l� k

representa o efeito memória na força de radiação, ou seja, esta força depende de

movimentos passados do corpo. A força 3=4>�., .6, 4� aplicada no corpo pelo

mecanismo de conversão de energia PTO, é uma função linear ou não linear

dependente de .�4� e .6�4�. Para um PTO linear, a potência instantânea capturada

pode ser dada por [4, 20, 36, 85]:

%V�4� = L;9K.6�4�� (3.11)

Page 115: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

113

A função memória j pode ser calculada a partir do coeficiente de

amortecimento da radiação E��H�, como descrito abaixo [20, 36]:

j�4� = W�m � YB�O�

O�

� sin H4 �H �3.12�

Esse efeito memória na força de radiação decai rapidamente com o tempo e

pode ser negligenciado para algumas dezenas de segundos (o intervalo infinito da

integração na equação 3.10 pode ser substituído por um intervalo finito). Por razões

idênticas, um intervalo finito de integração pode ser usado na equação 3.12. Falnes

et al, 2007 [4], sugere um limite superior de aproximadamente 3-5 rad/s ou 10s para

reduzir drasticamente o efeito memória.

Eficiência

A eficiência na conversão pode ser medida usando a energia disponível na

largura de captura L do conversor, como a equação 3.13 abaixo [4, 20, 36, 85]:

q = rU\s `a!J!tu v�m⁄ �3.13�

Page 116: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

114

3.5 Conversão de Escala em Energia das Ondas

Similaridade Física

Para aplicar resultados obtidos em testes com modelos e protótipos,

computacionais ou em laboratórios, é fundamental que primeiro seja garantida a

similaridade física entre o modelo e a escala de interesse. A modelagem física exige

similaridade geométrica (isto é, todas as medidas lineares de um objeto devem ter

um fator fixo de escala correspondente a um segundo objeto) e que algumas

similaridades cinéticas e dinâmicas sejam parcialmente ou completamente

satisfeitas, dependendo do problema em questão.

Em geral, em energia das ondas, e particularmente no modelo estudado, dois

sistemas dinâmicos similares podem ser analisados separadamente: o sistema

hidrodinâmico (envolvendo interação entre a estrutura flutuante e as ondas) e o

sistema PTO. Na prática, esses dois sistemas estão acoplados fisicamente, mas para

efeitos de simplicidade de análise inicial, podem ser divididos em dois.

Similaridade de Froude

As similaridades cinéticas e dinâmicas podem ser garantidas pela similaridade

de Froude. Esta é a forma mais prática e popular na modelagem física de conversores

de onda. Essa escolha exige um número de Reynolds alto para os dois objetos (acima

de 10⁵ ou escoamento turbulento), o que para um modelo em escala menor pode ser

facilmente atingido na maioria dos casos práticos. Requer também, na similaridade

cinética, baixas velocidades para os pequenos modelos. Essa exigência está em geral

a favor das condições de testes em laboratório [89].

Para escalas demasiadamente pequenas, algumas preocupações podem vir

da interação com cabos, instrumentação, equilíbrio do modelo etc. Então, é sugerido

por Sheng et al, 2014 [89], que o primeiro estágio de desenvolvimento de um modelo

seja feito em escala de até 1 : 100.

Em suma, a modelagem física usando similaridade de Froude vem sendo

aceita amplamente para energia das ondas, no entanto, apenas para modelos

dinâmicos lineares [89]. Além disso, nas condições de dois objetos com similaridade

geométrica, onde o número de Reynolds é alto o suficiente para os dois, os termos

viscosos não dimensionais da equação de Navier-Stokes (equação que rege a

fluidodinâmica) podem ser negligenciados, o que foi feito na seção 3.4.

Page 117: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

115

Escala de conversores de onda

Os fatores relevantes de escala para um sistema dinâmico seguindo a

similaridade de Froude são mostrados na tabela 3-1 abaixo, adaptada de Sheng et

al, 2014 [89]:

Medida Fator de Escala

Aceleração ԑ�

Área ԑ�

Força ԑv

Fpto ԑv

Comprimento ԑ

Massa/Volume ԑv

Potência ԑv.x

Pressão ԑ

Tempo ԑ�.x

Velocidade ԑ�.x

Vazão Volumétrica ԑ�.x

Trabalho/Energia ԑy

Tabela 3-1. Fatores de Escala do Conversor pela Similaridade de Froude

Escala do sistema PTO linear

Como mostra a tabela acima, para garantir similaridade dinâmica entre as

equações, a escala de força ԑv, deve valer também para a força exercida pelo PTO

3=4>. Se o sistema PTO é linear, uma expressão geral para defini-lo, como mostrado

no tópico anterior é:

3=4>zzzzzzzzz{ = −�;9K.? − L;9K.6 − �;9K. �3.14� De acordo com Sheng et al, 2014 [89], um PTO linear terá as seguintes

relações entre coeficientes escalares (ver Tabela 3-2 abaixo):

Page 118: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

116

Medida Fator de Escala

�;9K��;9KW

ԑv

L;9K�L;9KW

ԑ�.x

�;9K��;9KW

ԑ�

Tabela 3-2. Fatores de Escala do PTO linear pela Similaridade de Froude

Podem existir casos em que o movimento do conversor e o sistema PTO são

ambos não lineares. No entanto, a resposta à captura de potência é quase linear,

sendo proporcional ao quadrado da altura de onda. Nesse caso, a curva da captura

de potência pode ser bem útil par avaliar a geração de energia de um mecanismo

sem precisar realizar testes em estados de mar correspondentes.

A resposta a captura de potência pode ser definida como [89]:

�= = %U\s�� �3.15�

Onde %U\s é a potência média extraída pelo mecanismo em ondas regulares de

altura �.

Page 119: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

117

3.6 Estrutura de Suporte e Rolamento

A estrutura de suporte a ser desenvolvida para a escala 1:1 deve minimizar as

oscilações e movimentos em outros graus de liberdade, garantindo que a energia da

onda seja convertida em oscilação vertical, isso gerará uma componente de força

dissipativa de fricção contrária ao movimento. Esta força não é contabilizada neste

trabalho.

No modelo 1:10, foram utilizados tubos para os quatro pilares guia e pequenos

rolamentos para que houvesse suporte e movimentação entre as estruturas. Por ser

considerado um campo já bem desenvolvido, o projeto e dimensionamento de

estruturas em alto mar não deve ser, a princípio, consideradas um entrave para o

projeto. As soluções encontradas para o modelo 1:10 são mostradas na figura 3-7

abaixo:

A integração do flutuador com o sistema PTO será feita por um eixo central e

vertical comum, que também dará sustentação a estrutura. Diferentes conversores

de movimento linear vertical são mostrados nas figuras 3-8 e 3-9 a seguir, e

propostos como sugestões para o protótipo em escala real.

Figura 3-7. Modelo 1:10 e seu sistema de rolamento e estrutura guia. A estrutura limita

fisicamene a amplitude do movimento e suporta as tensões exercidas pelas ondas.

Fonte: Arquivo Pessoal

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118

À esquerda, projeto da AWS [90], com estrutura flutuante e PTO de gerador

linear submersos. Ao centro, estrutura da OPT Powerbuoy [91], onde a parte em

amarelo é o flutuador que oscila na superfície e se movimenta em relação a estrutura

submersa em cinza (com uma placa de arrasto do lado oposto) e o PTO de

cremalheira-pinhão é posicionado no interior da estrutura e também submerso.

À direita é mostrada uma iniciativa da Ocean University of China [92], com

sistema hidráulico por uma estrutura que oscila na superfície, enquanto hastes

guias, que passam pelo centro do flutuador, conectam duas plataformas (uma

submersa e outra acima da superfície). As plataformas são suportadas por cabos de

ancoragem e por uma fundação no leito marinho. O sistema PTO fica na plataforma

acima da superfície, para acesso fácil à manutenção.

Figura 3-8. Estruturas de Suporte para Ponto Absorvedores Lineares Verticais

Fontes: Esq: Archimedes Waveswing, AWS, [90]. Centr: Adaptado de Ocean Power Technologies. Offshore

Technology, [91] Dir: Adaptado de SHI, H. et al. 2016, [92]

Flutuador

Superfície do Mar

Leito Marinho

Fundação Ancorada

Ancoragem

Corpo Flutuante Submerso

Figura 3-9. Haste guia e Cilindro Hidráulico em Projeto da Ocean University of China

Fonte: SHI, H. et al. 2016, [92]

Haste Guia

Cilindro Hidraulico

Flutuador

Page 121: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

119

3.7 Experimento

3.7.1 Objetivos do experimento

Aferir parâmetros dinâmicos do flutuador quando este interage com uma série

de ondas programadas por um gerador de ondas.

O mecanismo gerador de ondas será alimentado por um espectro

representativo de um estado de mar com ondas regulares, onde serão escolhidos

valores típicos do sítio para os parâmetros de altura de onda e período.

3.7.3 Medição e Instrumentação

Serão medidos de forma direta quatro dados: velocidade, aceleração e

deslocamento do flutuador e altura da onda incidente. Outros parâmetros de

interesse serão calculados a partir destas três informações, juntamente com a massa

do modelo aferida antes do teste. Após o experimento, deseja-se saber, a respeito do

flutuador:

1- Força Vertical;

2- Força Horizontal;

3- Deslocamento;

4- Velocidade;

5- Aceleração;

6- Potência;

7- Altura de onda incidente;

Page 122: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

120

Será medida a cinemática do flutuador através de um acelerômetro de

corrente contínua, de tipo capacitivo e da marca Measurements Specialities [93]. Este

dispositivo tem a habilidade de servir como sensor de acelerações em equipamentos

e dispositivos que se movimentem em uma grande faixa de valores, convertendo essa

aceleração em sinal elétrico como mostra o esquema da figura 3-10 abaixo. O

acelerômetro também pode ser usado como um sensor de vibração [93,94].

O sensor funciona de modo que a aceleração do dispositivo desloca uma placa

móvel com um capacitor em relação a uma placa fixa. Desta maneira, altera-se a

capacitância de cada capacitor e um sinal elétrico é gerado como uma resposta em

corrente direta DC. O deslocamento em relação às placas fixas pode ser calibrado

para corresponder a determinado valor de aceleração. [93, 94]

Quanto maior a frequência, menor o tamanho do acelerômetro requerido e de

forma diametralmente oposta, quanto menor a frequência, maior o acelerômetro que

pode ser usado. A faixa de frequência máxima de resposta de um acelerômetro é

usualmente um terço de sua frequência natural. Um isolante térmico, como uma

camada de polímero, pode ser usado entre o capacitor e a superfície do flutuador

para reduzir a condução de calor e para operar na faixa de termperatura

recomendável. Deve-se também vedar o instrumento e a conexão com os cabos e

plugs afim de evitar contato com a água.

Figura 3-10. Acelerômetro Capacitvo utilizado no experimento e princípio de

funcionamento

Fonte: How accelerometers work, 2016 [94]

Acelerômetro Capacitivo

1-Massa pressiona placa do Capacitor

2-Massa fecha placa alterando capacitância

Page 123: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

121

Outras medições feitas são das alturas da onda gerada pelo batedor, que

confirmam a informação fornecida ao software. São posicionados sensores da DHL,

como os mostrados abaixo, onde a altura da onda é registrada através da calibração

de um sinal elétrico que se altera à medida que o nível da água e fecha um pequeno

circuito elétrico. São registradas as alturas logo após o batedouro, no momento do

contato com o flutuador e após a absorção pela máquina.

Figura 3-11. À esq: Sensor de Nível da água da DHL. À direita: Visão traseira do

equipamento e posicionamento dos sensores.

Fonte: Arquivo Pessoal

Page 124: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

122

3.7.4 Geração de ondas no tanque

A geração de ondas no tanque ocorre através de batedores que se movimentam

em vai e vem e são acionadas por um motor elétrico. As informações correspondentes

ao estado de mar desejado são enviadas ao mecanismo de geração através de um

software.

Figura 3-12. Mecanismo gerador de ondas acionado por motor elétrico e software

responsável por fornecer o input de estado de mar ao batedor

Fonte: Arquivo Pessoal

Page 125: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

123

3.8 Simulação Computacional

A simulação computacional do corpo geométrico foi feita no software

hidrodinâmico WAMIT. O WAMIT considera a teoria linear de ondas abordada na

seção 3.3. Foi utilizada profundidade infinita e calculada a força vertical sobre o

corpo e os coeficientes do amortecimento da radiação �AB e E� para diversos estados

de mar, com mudanças nas frequencias/períodos, número de onda e direções de

incidência. Esses resultados serão usados como base para o projeto do sistema PTO

e cálculo da potência gerada.

Os resultados, incluindo forças, amplitude de movimento do flutuador e

massa adicional, são dados pelo software na forma adimensional (com exceção do

período, medido em segundos) e dependentes da altura de onda, que deve ser

incluída no cálculo pelo usuário, de acordo com o manual do programa, disponível

em [87]. Cálculos para dimensionalização dos resultados são mostrados no Anexo I.

Neste trabalho, considerando os estados de mar de predominância no

levantamento feito na região da costa nordeste brasileira, estabeleceu-se como faixa

de interesse para as análises computacionais os períodos de onda entre 3 e 9s em

escala real e as alturas de onda entre 0.8 e 2.5 m, considerando que o conversor deve

gerar energia dentro desses valores. Sendo o ponto de operação nominal

dimensionado para 8s e onda de 1.5 m, valores mais próximos às médias anuais de

período e altura.

Para dimensionamento do sistema de transmissão os valores de 0.8 e 2.5

metros são selecionados por extrapolarem para mais e para menos (entre 20 e 30%)

os valores de predominância de 90% de altura de onda do sítio. Tem-se, com isso,

valores máximos e mínimos de atuação do conversor.

Assim, para ondas abaixo de 0.8 metros, o sistema não terá força suficiente

para transmitir potência ao pto. A partir desse valor, o sistema inicia a transmissão

de energia. Acima de 2.0 metros de altura, a máquina deve atuar com algum sistema

de parada (por exemplo, um sistema de amortecimento com molas) e estados mais

energéticos terão seu potencial desperdiçado.

No modelo virtual, foram usadas as mesmas dimensões do modelo

experimental em escala 1:10. A largura principal possui L=0.8m e o calado de é de

0.08 m. Para esses valores, o modelo deve ter massa de 18 kg. Para a faixa de

frequências estudada, a massa adicional varia entre 21.5 e 24.5 kg na escala do

Page 126: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

124

modelo. Outros valores importantes utilizados são a gravidade g = 9.8006 �/� e o

peso específico da água do mar, estimado o em 1025 ��/�v.

De posse dos coeficientes fornecidos pela simulação do WAMIT em escala 1:10,

é feito um pós processamento dos dados no Excel. No Excel, são feitas as a

conversões de escala para estimar resultados do protótipo na escala real. Os dados

são posteriormente levados para o MathCad (Anexo V) para cálculo das integrais e

modelagem do sistema de transmissão.

3.9 Resultados Computacionais

Com os resultados computacionais obtidos pelo WAMIT para o modelo 1:10,

as potências média e instantânea geradas pelo conversor puderam ser calculadas

para diversos estados de mar. O software Mathcad foi usado para desenvolver as

equações de estado e plotar as curvas de interesse, entre essas potência e energia,

de acordo com a modelagem dinâmica apresentada no capítulo 3.

Para cálculo das equações do movimento foram usados ondas regulares e

profundidade infinita; esta última premissa, no entanto, não é verdadeira para o caso

real, pois o conversor é idealizado em uma profundidade finita (entre 10 e 17 metros

de profundidade) e, assim, a energia disponível não seria a mesma. Contudo, como

o efeito das abas também não foi ainda calculado e certamente contará a favor de

mais energia para o flutuante, o valor para profundidade infinta pode ser considerado

uma boa aproximação neste estágio de desenvolvimento do projeto.

A posição do conversor no tempo z(t) pôde ser estimada, conhecendo-se a

amplitude vertical do flutuante no eixo z, variável fornecida pelo WAMIT. Valores de

força de excitação fornecidos pelo WAMIT em diversos ângulos de incidência não

resultaram em variação significativa dos valores de resposta e amplitude. Isso mostra

uma boa axissimetria do modelo geométrico.

Posição do Flutuador

z t( )Af

2

sin2 π⋅ t⋅

Tmθ+

⋅:=

zo t( )Hm

2

sin2 π⋅ t⋅

Tm

⋅:=

(3.17)

(3.18)

Page 127: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

125

Para uma fonte de onda regular sinusoidal, a posição do flutuador é estimada

acima, em termos da amplitude de movimento do flutuador Af no eixo z e do período

da onda incidente Tm. A posição da superfície da onda pode ser determinada de

forma análoga, com Hm no lugar de Af representando a altura de onda, de modo que:

Gráfico 4-3. Posição do Flutuador (m) x Posição da Onda (m) - Escala Modelo 1:10 - Período 1.9s

Onde θ é a fase do movimento do flutuador em relação a onda incidente. A

diferença de fase variou entre 4.8 e 1.1⁰ para períodos entre 1.90 e 2.85s na escala

experimental. As alturas de onda variaram entre 8 e 25 cm, valores atingíveis pelo

tanque gerador de ondas. Já a diferença de amplitude entre a onda e o flutuador foi

mínima para todos os estados de mar investigados com a geometria empregada.

Força Atuante

A força aplicada no flutuante pela passagem da onda é, assim como a posição

do flutuante no eixo Z, uma função periódica, estimada pela teoria linear de ondas

através das equações de Cummins mostradas no capítulo 3 e detalhadas nos Anexos

I e V. Os gráficos abaixo mostram as condições de projeto para a força atuante no

conversor em escala 1:1, correspondente as condições de mar de ondas regulrares

entre Hmín=0.8m e Hmáx=2.5m e T1=3s e T8=9s, com valores nominais de H3=1.5m

e T6=8s de acordo com a notação proposta.

Page 128: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

126

Utilizando a mesma metodologia, os respectivos valores de força máxima por

ciclo para o modelo 1:10 encontrados são: Para os valor mínimo 208N, para o valor

máximo 790N e para o valor nominal 475N. Os valores são aproximadamente os

mesmos que os encontrados acima, só que em Newtons, ou seja, 1000 vezes

menores, o que vai de acordo com similaridade dinâmica proposta por Froude.

Valor Nominal

Mínimo e Máximo

207 kN 800 kN

463 kN

Valores para os estados de mar de interesse

Hmín H1 H2 H3 H4 HmáxT1 207 259 324 389 518 648T2 224 280 350 420 561 701T3 234 293 366 440 586 733T4 240 300 376 451 603 752T5 245 307 385 461 612 765T6 247 309 386 463 618 771T7 248 311 388 467 621 776T8 250 311 389 468 623 800

Força máxima por Ciclo [kN]

Gráfico 4.4 Força Resultante [N] x Tempo (s) - Escala Real

Page 129: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

127

Potência

A função potência, gerada a partir do produto entre a força resultante Fh(t) e

a velocidade v(t), derivada da função posição z(t) no tempo, retorna valores positivos

e negativos devido ao fluxo bidirecional e também é uma função periódica. Caso seja

aproveitado apenas o movimento de subida ou descida do conversor, a potência

passa a ter fluxo único, e parte da energia disponível é perdida, como ilustram dois

dos gráficos abaixo. Os limites das potências geradas pelo flutuador nas condições

de mar de interesse são mostrados a seguir.

Fazendo o mesmo cálculo para o modelo 1:10, os valores de pico de potência

encontrados são: para os valor mínimo 25W, para o valor máximo 137W e para o

(3.19)

(3.20)

Mínimo e Máximo

Valor Nominal

880 kW 90 kW

175 kW

Hmín H1 H2 H3 H4 HmáxT1 90 141 220 317 564 880

T2 80 124 193 278 495 773T3 69 109 170 243 433 676T4 60 95 150 215 380 603T5 54 85 132 190 340 530T6 48 76 118 175 300 470T7 46 72 112 161 286 447T8 43 68 106 153 272 425

Potência Máxima Por Ciclo [kW]

Gráfico 4.3 Potência [W] x Tempo (s) - Escala Real

Page 130: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

128

valor nominal 55W. Os valores respeitam a similaridade de Froude com fator de

escala igual a 3.5 para a potência.

Page 131: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

129

4 PROJETO DO SISTEMA PTO

4.1 Requisitos do sistema de geração

De acordo com o modelo proposto e os sistemas de potência analisados no

capítulo 2, podem ser destacados alguns requisitos gerais principais e outros

específicos para o sistema de geração a ser selecionado:

Requisitos Gerais

- Reduzir investimento inicial, custos operacionais e de manutenção → diminuir

ao máximo CAPEX e OPEX do projeto de modo a dar competitividade ao preço da

energia.

- Eficiência → é um aspecto importante, pois altera diretamente o valor final da

energia produzida.

- Peso → o peso do sistema de geração de potência deve ser projetado para ser o

menor possível, dado que pesos maiores demandam ao mecanismo flutuabilidade

extra, exigem estrutura de suporte mais robusta e dificultam a instalação do

equipamento no sítio.

- Confiabilidade → As intervenções para manutenção devem ser evitadas sempre que

possível, devido à inacessibilidade dos módulos durante vários meses do ano e ao

custo de acesso a esses equipamentos em ambientes marítimos. A manutenção deve

ser anual.

- Simplicidade → O mecanismo deve ser simples e com o menor número de modos

de falha.

Além disso, considerando escala real, aspectos como grid code compliance (ou

a capacidade que uma instalação conectada à rede possui de assegurar

funcionamento apropriado, seguro e econômico), segurança do equipamento e dos

operadores e acessos para manutenção, são também questões de relevância para o

projeto.

Carregamentos Cíclicos

Para extrair potência, o flutuador acompanha a elevação da superfície d’água

em cada ciclo. Essa característica leva a um número extremo de ciclos durante a

vida útil do mecanismo. De acordo com experiências com o desenvolvimento do

Page 132: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

130

cilindro hidráulico para o conversor da Oyster WEC, assume-se que sistema PTO

deve ser projetado para suportar cerca de 25 milhões de ciclos durante um período

de cinco anos de serviço, logo 5 x 106 ciclos por ano. [23, 78]

Características de Força e Velocidade

Os pontos absorvedores lineares devem ser projetados para grandes forças e

baixas velocidades/deslocamentos, embora o deslocamento do flutuador e a força

fornecida pelo sistema PTO tenham dependência direta do método de controle

aplicado. Velocidades de pico do flutuador em conversores do tipo ponto absorvedor

são esperadas na faixa entre 0.5 e 2 m/s [43]. Forças podem facilmente exceder 1

MN de acordo com Du Plessis, 2012 [26]. É necessário ter esses valores em mente

no momento da seleção do método de tomada de potência apropriado.

Como exemplo, para um mecanismo projetado para uma potência de pico de

100 kW em que é fornecida uma força de 100 kN, seria necessária uma velocidade

do flutuador de pelo menos 1 m/s [23].

Razão entre Picos de Potência e Potência Média

A razão entre as potências de pico e potência média é dependente do método

de controle aplicado. Os gráficos da Figura 4-1 abaixo mostram comparações entre

as potências instantâneas e médias de um ponto absorvedor em estado de mar

irregular, submetidos a amortecimento linear (esq.) e controle ativo (dir.):

Figura 4-1. Potência instantânea e Média ao longo do tempo: Amortecimento Linear e

Controle Reativo

Fonte: Kovaltchouk, T. et al, 2013 [95]

Page 133: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

131

Nota-se que, ao aplicar amortecimento linear, a razão entre potência máxima

e média é significativamente menor e não há valores negativos. Em contrapartida,

um sistema de controle reativo eleva consideravelmente os picos de potência, ou seja,

há mais energia disponível. Contudo, em ambos os casos a potência média é

substancialmente menor do que as potências de pico instantâneas. Na pesquisa

realizada por Kovaltchouk, T. et al, 2013 [95], foram encontradas razões entre pico e

média de 7.7 a 17.1 para amortecimento linear, e de 25.2 a 58.3 para controle

reativo.

A partir das razões de pico e média potência mostradas acima, dois requisitos

para o sistema PTO podem ser deduzidos. Primeiramente, alta capacidade de

sobrecarga, que permita ao sistema operar em tais condições durante os curtos,

porém extremos, auges de potência.

Em segundo lugar, alta eficiência de carga parcial. Como o conversor estará

operando em carga parcial durante a maior parte do tempo, é essencial que ciclos de

menor potência tenham razoável eficiência de conversão. No entanto, geralmente os

componentes típicos do sistema demonstram maiores eficiências no ponto ou

próximo ao ponto de operação de projeto.

Fluxo de Potência Bidirecional

Baseado nos gráficos acima, pode-se observar também que, caso seja

aproveitado o movimento de vai e vem do ponto absorvedor, um fluxo de potência

invertido no sistema PTO se torna inevitável. Esse fluxo inverso requer atenção, e

um mecanismo que consiga gerar energia tanto na ida quanto na volta terá, em

teoria, possibilidade de absorver quantidade maior de energia [23].

Page 134: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

132

4.2 Análise de Conceitos

Alguns dos métodos de transmissão de potência para conversão do movimento

linear em eletricidadade foram mostrados no capítulo 2. No comparativo geral,

considerando a aplicação no modelo proposto, os sistemas hidráulicos despontam

como a tecnologia proeminente. Os componentes que compõem seu sistema podem

ser adquiridos separadamente, e grande parte é encontrada em catálagos de

fornecedores, como items de prateleira. São usados nas mais diversas aplicações

industriais, possuem histórico de uso e, dessa forma, são reduzidos os custos iniciais

e operacionais do projeto.

No entanto, geradores lineares, transmissões mecânica e pneumáticas

possuem suas vantagens e, por esse motivo, uma análise mais aprofundada das

alternativas é necessária. Abaixo são sugeridos alguns conceitos.

4.2.1 Conceitos Propostos

C1 – Sistema Hidráulico com óleo e Motor Hidraulico– Pistão de Simples Efeito

O sistema PTO hidráulico interfere no deslocamento do conversor, seja ele

projetado com simples ou duplo efeito. No caso de duplo efeito, o fluido hidráulico

tem um efeito de amortecimento nos dois movimentos do pistão, tornando mais

complexa a análise dinâmica. Para simplificar esta análise e reduzir o número de

componentes, notadamente válvulas, é sugerido inicialmente um sistema de simples

efeito. Dessa forma, apenas a energia da subida do flutuador pode ser aproveitada.

Quando a crista da onda passa pelo sistema, o flutuador se move para cima,

e força o pistão hidráulico a se mover conjuntamente, empurrando fluido em alta

pressão pelo circuito hidráulico. Quando o vale da onda passa e o pistão desce, a

pressão negativa garante a abertura da válvula de retenção e faz com que a parte

superior da câmara seja completada com óleo, preparando o sistema para um novo

bombeamento na subida. Todos os componentes podem ser comprados ou fabricados

com certa facilidade. A Figura 4-2 abaixo mostra como seria o esquema desse

conceito e o sentido do fluido no circuito fechado.

Page 135: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

133

C2 – Gerador Linear LFPM - Síncrono com ímãs permanentes longitudinal de

núcleo Ferroso

O tipo LFPM é escolhido por ser o mais convencional. Nesse caso, duas opções

são possíveis, cabo tensionado e PTO submerso, ou acoplamento direto com PTO

acima da superfície.

C3 – Sistema Hidráulico com Turbina Pelton e água do mar – Pistão de Simples

Efeito

Análogo ao conceito C1, mas com água do mar como fluido e turbina Pelton

substituindo o motor hidráulico.

C4 – Transmissão Mecânica – Cremalheira e Pinhão – Cremalheira dupla e

engrenagem com rolamento de sentido único

Sistema de cremalheira-pinhão, idêntico ao mostrado, parece ser o sistema

mecânico mais apropriado para conversores de onda de oscilação linear.

Figura 4-2. Conceito C1 para Sistema PTO

Fonte: Software para design de circuitos hidráulicos Automation Studio 5.2

QA(t)

Qmotor(t)

Q1(t)

Acumulador B

Acumulador A

G

Page 136: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

134

C5 – Transmissão Pneumática – Pistão de Simples Efeito

Análogo ao conceito C1 e C3, mas com ar como fluido de trabalho e motor

pneumático. Possibilidade de ser um circuito aberto ou fechado.

4.2.2 Matriz de Decisão

Para comparar as alternativas acima, desenvolvidas a partir dos sistemas

discutidos no capítulo 2, foi desenvolvido um método de matriz de decisão adaptado

do método de Pugh, que propõe uma forma ordenar as opções de sistema PTO de

acordo com critérios específicos que atendam os objetivos do projeto ou requisitos de

potenciais clientes/consumidores.

O método é eficaz para identificar as melhores alternativas e no

desenvolvimento de novas. Todas as alternativas são comparadas entre si em três

possíveis escalas para cada critério: ótima (+), médio (0) e ruim (-). O número de

pontos total é a soma de pontos multiplicado pelo peso de cada critério. É usado por

Du Plessis, 2012 [26], e por Rhinefrank et al, 2012 [49], e essas análises são aqui

usadas como base para a escolha de critérios, para opeso dado a cada critério e para

a avaliação dos sistemas.

O ideal para este tipo de ferramenta de tomada de decisão é que o peso dos

critérios e valor dado a cada conceito seja o resultado da média da avaliação de um

time de especilistas na área. No presente caso, o uso da matriz foi feito de forma

individual, o que pode tornar exageradamente subjetiva a definição dos pesos e

avaliação dos métodos. Sugere-se, portanto, que matrizes como as mostradas abaixo

sejam levadas para discussão com os grupos de pesquisa, compostos, de preferência,

por profissionais de diversas áreas relacionadas à energia das ondas.

O método é proposto para escala real e escala experimental, devido às

diferenças de requisitos que cada estágio de desenvolvimento exige do sistema de

potência. Na Tabela 4-1 a seguir, é feita a matriz para a escala experimental.

Page 137: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

135

Tabela 4-1. Escala Experimental – Potência Máxima 137 W/ Nominal 20W

Na Tabela 4-2 a seguir, é realizada uma análise similar para a escala real, com

algumas diferenças nos critérios adotados e nos pesos dados aos mesmo.

Critérios Importância

Alternativas

C1 C2 C3 C4

C5

1 Custo Inicial 10 0 - + 0 +

2 Eficiência em Carga Total 7 + + + 0 -

3 Eficiência em Carga Parcial 5 0 + 0 + -

4 Peso 9 + - + 0 +

5 Volume 8 + 0 - 0 +

6 Complexidade do Sistema 6 0 + 0 - 0

7 Disponibilidade dos Componentes 8 + - + - +

8 Modos de Falha 7 0 + 0 - 0

9 Escalabilidade 8 + - + 0 -

10 Sobrevivência em Ambiente

Marinho 5 + + + - -

11 Facilidade de Fabricação 8 0 - + 0 +

12 Manutenção 6 0 + 0 - 0

Total 87 45 -7 47 -27 18

Page 138: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

136

Tabela 4-2. Escala Real – Potência máxima 435 kW/ Nominal 60 kW

Baseado nos resultados acima, será pré-dimensionado um sistema C3 – com

circuito fechado com água e turbina pelton – para o modelo experimental. E um

sistema C1 – com circuito fechado com óleo e motor hidráulico – para o modelo em

escala 1:1. Parâmetros referentes ao modelo e protótipo são disponibilizados no

Anexo III

Critérios Importância

Alternativas

C1 C2 C3 C4

C5

1 Custo Inicial 10 + - + - +

2 Eficiência em Carga Total 10 + + + 0 -

3 Eficiência em Carga Parcial 10 - + + - -

4 Peso 8 + - 0 0 +

5 Volume 6 + - 0 0 +

6 Complexidade do sistema 8 0 + 0 - 0

7 Disponibilidade de Componentes 8 + - + - -

8 Escalabilidade 8 + 0 + + -

9 Adaptação às condições do mar 9 + + + - -

10 Facilidade de Fabricação 8 + - + 0 +

11 Manutenção 8 + + 0 - 0

12 Impacto Ambiental 8 - + 0 0 0

13 Sistema de Parada 6

+

+

+

-

+

14 Qualidade do sinal elétrico 8 + - + + +

Total 107 71 11 69 -43 1

Page 139: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

137

4.3 Sistema Hidráulico Escala Experimental

Sugere-se para o modelo em escala 1:10 um sistema para prova de princípio

de funcionamento baseado no conceito C3 apresentado na seção anterior, com fins

de obter energia elétrica através de sistema hidráulico, sem preocupações com

projeto de detalhamento e ganhos de eficiência. Este sistema deve ser simples, leve

e de baixo custo.

4.3.1 Componentes

Para um sistema em escala experimental, como não há rigor com a eficiência

do sistema, é interessante selecionar primeiro a micro turbina e a potência de saída

elétrica e, a partir disso, ajustar os outros componentes para que atinjam pressão e

vazão suficientes no bocal de entrada da turbina. São selecionads duas opções de

turbina com capacidades nominais respectivas de 3.5W e 10W. Considerando a

potência nominal de 20W disponível, esses sistemas teriam eficiências de

aproximadamente 6% e 18% respectivamente, valores possíveis de serem alcançados

com componentes simples e/ou de fabricação própria.

4.3.1.1 Micro turbina

Na Figura 4-3 a seguir, são mostradas as duas turbinas de 3.5 e 10 W. Na

Figura 4-4 é mostrada a aplicação da turbina de 3.5 W. Seguem abaixo, os principais

atributos de cada opção:

Principais atributos:

• Turbina de 3.5 W [96]

1. Bocais de entrada e saída de água :

12.7 mm de diâmetro

2. Voltagem de Saída : DC 9.8~18.5V

3. Máxima Potência : 3.5W

4. Corrente de Saída : 128 to 260 mA

5. Pressão da água : 0.08 ~ 0.45MPa

6. Máxima Pressão de água : 0.55MPa

8. Perda de Carga : 3.6% (em 0.25MPa)

9. Temperatura de Trabalho : 5°C ~

85°C

10. Dimensões : 85.4 x 42.5 x 81.4 mm

Custo R$ 32,00

Page 140: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

138

• Turbina de 10 W [97]

Esta é oferecida em dois modelos: voltagem de saída variável 0~80V DC, que

pode carregar diretamente luzes LED e pequenas baterias entre 3-12V e voltagem

de saída fixa DC 5V, que permite carregar um celular.

1. Bocais de entrada e saída de água:

12.7 mm de diâmetro

2. Voltagem de Saída : DC 0~80V

3. Máxima Potência : 10W

4. Corrente de Saída : ≥ 220 mA

5. Mínima Pressão de água : 0.05 MPa

6. Pressão Máxima Saída Fechada: 0.6

MPa

7. Máxima Pressão de água : 1.2 MPa

8. Temperatura de Trabalho : 5°C ~

85°C

9. Dimensões : 86 x 47 x 30mm

10. Peso Apoximado: 94 g

11. Ruído Mecânico: ≤ 55dB

Custo: R$ 22,00

Peso: 100g

Figura 4-4. Aplicação de Micro

Turbina Pelton

Fonte: 3.5W 8.8-15V DC Hydroelectric

Power Micro-hydro Generator, [96]

Figura 4-3. Micro Turbina Pelton de 3.5 W à esq. e de 10W à dir.

Fonte: A esquerda - 3.5W 8.8-15V DC Hydroelectric Power Micro-hydro Generator, [96], A direita -

10 W Gerador de Turbina Micro Hidrelétrica de Água DC 5 V/0 ~ 80 V [97]

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139

4.3.1.2 Cilindro Hidráulico/Bomba Linear

É proposta uma bomba de água experimental de fabricação própria, usando

tubos de PVC e conexões hidráulicas simples. A bomba (ver Figura 4-5) estaria

posicionada invertida em relação à mostrada abaixo, com a alavanca fixada ao topo

do conversor. São mostradas algumas dimensões e o detalhe do êmbolo. O manual

de fabricação é disponibilizado em [98].

As forças exercidas pelo conversor sobre a alavanca da bomba, entre cerca de

200N e 800N como limites de operação e 475N como valor nominal, geram na base

da bomba, de área interna aproximada de 17cm² para um diâmetro de 4.7 cm,

pressões entre os níveis 0.12 MPa e 0.48 MPa, sendo 0.27 MPa o valor de operação.

Pressões essas que estão de acordo com a capacidade das turbinas. Pressões maiores

podem ser atingidas, caso sejam usados tubos de menor diâmetro. No entanto, as

forças aplicadas podem ser demasiadamente grandes para a estrutura da bomba de

tudo PVC suportar.

Custo estimado: R$ 250,00

Outra opção é a compra de um cilindro hidráulico padronizado (ver Figura 4-

6), desde que atenda às condições do serviço. O cilindro hidráulico de simples efeito

Figura 4-5. Esquema para bomba linear sugerida como referência para o modelo

experimental

Fonte: SempreSustentavel, [98]

Page 142: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

140

mostrado abaixo possui curso de 25 cm, pesa apenas 4 Kg e suporta pressões de

trabalho de até 1.7 MPa. Possui diâmetro do êmbolo de 6.35 cm e área dea base de

32 cm². O que, nas condições de estudadas de força do flutuante, geraria pressões

entre 0.06 MPa e 0.25 MPa.

Custo: R$ 500,00

Peso: 4 Kg

4.3.1.3 Válvulas de Retenção

Válvulas de retenção garantem o fluxo de água no sentido correto da

transmissão. Para este modelo, podem ser usadas tanto válvulas compradas de

forma avulsa, como de fabricação própria - nesse caso, o manual de fabricação é

disponibilizado na referência [98].

Válvulas para sistemas hidráulicos domésticos suportarão as pressões

estimadas e são também facilmente encontradas para diversos diâmetros e em

materiais mais resistentes, como ferro, aço e bronze. Na Figura 4-7 abaixo é

mostrado o princípio de funcionamento e duas opções com o mesmo diâmetro de

bocal da turbina, ½” ou 12/7 mm, ambas em aço inox.

Custo estimado: 2 peças x R$ 60,00 = R$ 120,00

Figura 4-6. Cilindro Hidráulico de Simples efeito – Curso de 25 cm – Pressão

máxima 1.7 MPa

Fonte: Schrader Single Acting Hydraulic Cylinder, [99]

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141

4.3.1.4 Acumulador de Água – Vaso de Expansão

Para garantir potência de saída constante na turbina e evitar golpes de aríete

serão necessários acumuladores hidráulicos de energia. A pressão de pré-carga do

acumulador corresponderá à pressão do sistema e deve ser ligeiramente menor que

o valor da menor pressão de operação da bomba ( alguns catálagos sugerem que este

valor deve ser 0.9 de P1 [78, 102, 103]) . Quanto maior a pressão de pré-carga, maior

possível será a pressão na turbina, contudo, uma pressão de pré-carga alta pode

impedir o movimento do conversor para estados de mar menos energéticos.

Para evitar que isso venha ocorrer, a pressão de pré-carga pode ser calibrada

para valores menores e/ou o lastro do conversor pode ser ajustado para desenvolver

forças maiores. O acumulador abaixo, com 12 psi ou 0.08 MPa de pré-carga de

fábrica, pressão máxima de trabalho de 60 psi ou 0.41 MPa e volume de 8 litros, tem

Figura 4-7. Válvulas de Retenção para sistemas domésticos. Princípio de funcionamento e

opções em aço inox com o diâmetro de bocal da turbina, ½” ou 12/7 mm.

Fonte: A esquerda 1/2 "DN15 Válvula de Proibir stinkpot/closestool água Válvula de Refluxo/One way

fluxo/válvula de aquecedor elétrico de água quente [100]. A direita: DN15 1/2 "Em Aço Inoxidável (304) Na

Linha de Mola Da Válvula de Retenção AliExpress.com | Alibaba Group [101];

Page 144: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

142

valores próximos aos do serviço. O volume é suficiente para armazenar pressão

hidráulica por mais de 10 ciclos, considerando a área da base das bombas e o

deslocamento máximo de 0.25 m, o volume deslocado por ciclo será de no máximo

0.8 litros.

Custo: R$ 100,00

Peso: 2.2 kg

Será necessário também um reservatório ou tanque de baixa pressão, que

pode ser outro acumulador regulado para pressão de pré carga mais baixa, ou um

tanque simples, com saída para a câmara do cilindro. A Figura 4-8 abaixo representa

o acumulador diafragma selecionado.

Figura 4-8. Acumulador tipo diafragma com pressão de pré-carga de 0.08 MPa,

conexão de ½” e capacidade para 8 litros

Fonte: Pre-Charged Non-Potable Water Expansion Tank-ETX-15 - The Home Depot, [104]

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143

4.3.2 Características Gerais do Sistema

Custo e Peso total do sistema - Somando-se o valor dos componentes, estima-se

que o custo total de um sistema como esse será entre R$ 800 – 1500,00 e o peso

entre 8 – 15 kg “seco” e entre 20 – 30 Kg com a água.

Sensores – Manômetros e medidores de vazão podem ser instalados em diversos

pontos do sistema para monitoramento, coleta de dados e optimização. Na Figura 4-

9 abaixo são sugeridas posições estratégicas para os sensores.

Volume: 8 Litros

Volume: 8 Litros

Pré Carga: 12 Psi Pré Carga: 1 Psi

Manômetro 1

Curso: 0.25 m

Manômetro 2

Manômetro 3

Medidor de Vazão

Turbina Pelton 3.5-10W

Cilindro Hidráulico

Figura 4-9. Sistema Hidráulico Modelo Experimental

Fonte: Esquema modelado usando o Software FluidSIM 4.2

Page 146: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

144

4.4 Sistema Hidráulico em Escala 1:1

É desenvolvido nesta seção um sistema hidráulico em escala industrial. O

flutuador nesta configuração exerce força máxima nominal de 475 kN por ciclo, a

uma média de 150 kN, enquanto entrega picos de potência de 175 kW por ciclo a

uma média de 60 kW para um sistema hidráulico, que atua através de uma bomba

linear acoplada ao conversor. São feitas estimativas de potência gerada pelo motor

hidráulico e da eficiência do sistema PTO e do conversor.

Presume-se que um PTO hidráulico simples seria incapaz de atuar ao mesmo

tempo como gerador de energia e absorvedor, por esse motivo, será assumido um

PTO com termo de constante elástica �;9K= 0. Portanto, não há controle reativo de

fase. Assim, não existem valores negativos de potência gerados pelo PTO. Sem o

termo negativo da constante elástica a energia disponível é reduzida, mas as

demandas do PTO em termos de força e complexidade do sistema são também

menores.

4.4.1 Componentes

4.4.1.1 Cilindro Hidráulico

Os aspectos construtivos do cilindro necessários para cálculo da pressão no

fluido no tempo e do volume de óleo hidráulico deslocado no tempo são, área do

pistão Ap, área da haste Ah e o curso do cilindro l.

Um acoplamento rígido entre absorvedor e PTO significa que o movimento do

flutuador aciona diretamente o pistão de simples efeito hidráulico, e, assim, a força

resultante no sistema atua na vertical no cilindro de forma que:

3C�4� = %1�4�. }= �4.1� Onde %1�4� é a pressão do fluido no cilindro no tempo. A partir da força sobre

o PTO, deve-se selecionar o pistão hidráulico que gere maior pressão no sistema,

respeitando o curso do pistão, que deve ser um valor próximo ao da amplitude

máxima estimada para o deslocamento do flutuador, neste caso 2.5 m, condição de

mar esta que serve como limitante de dimensionamento.

O catálago técnico de cilindros da Roemheld, disponível em [105], mostra a

seguir, no Gráfico 4-4, a relação entre pressão do óleo, força do pistão e diâmetro do

pistão. Portanto, para as forças geradas pelo flutuador entre 200 e 800 kN, com força

Page 147: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

145

média próxima a 475 kN, pistões com diâmetros entre 125 e 200 mm são ideais para

gerar pressões no fluido entre 100 e 400 bar.

Para uma altura de onda máxima de 2.5 m, é assumido que o flutuador se

movimente de forma sinérgica e tenha um deslocamento igual à altura da onda.

Dessa forma, o curso máximo do pistão selecionado é de 2.5 m. Para valores de altura

de onda acima deste valor, um hipotético sistema de parada atuará para evitar

sobrecarga.

A partir desses parâmetros, foram selecionados cilindros dos catálagos

industrais da Parker [106] e Hydropa [107]. A seleção do primeiro fabricante é

mostrada na Figura 4-10 abaixo, é escolhido um cilindro de simples efeito com

montagem de flange quadrangular. O raciocínio é similar para cilindros de outros

fabricantes.

Forç

a do

Pis

tão

[kN

]

Diâ

met

ro d

o Pi

stão

[mm

]

Pressão do óleo [bar]

Gráfico 4.4 Relação entre Força, Pressão do óleo e diâmetro do pistão

Fonte: Wissenswertes_Hydraulikzylinder_en_0212. [105]

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146

Figura 4-10 Catálago de Cilindros Hidráulicos Parker

Fonte: Adaptado de Heavy duty Hydraulic Cylinder Catalogue Parker - HY08-1114-6_NA_2H-3H, [106]

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147

O flange é instalado na base do lado do êmbolo do pistão. Este tipo

demontagem com base flangeada é ideal para transmissão de força linear e para ser

fixada em uma estrutura de suporte rígida. O cilindro selecionado possui diâmetro

do pistão de 7 polegadas ou 177.8 mm. Fornecendo pressão nominal de 18 MPa (ver

Tabela 4.3 abaixo) e suportando como máxima pressão de operação até 3000 psi ou

20.7 MPa. O curso de 2500 mm está dentro do que a fornecedora considera

“comprimento prático”, e a adição de suporte extra, à primeira vista, não é

necessária.

A vazão volumétrica de óleo para dentro e para fora da câmara do cilindro

cilindro depende da área do pistão e da velocidade do flutuador, como representado

abaixo:

~PQ��4� = }= . .6�4� �4.2� Sabe-se que há conservação de massa no sistema, e, portanto, admtindo que

não há vazamento no motor, tem-se:

~}�4� = ~PQ��4� − ~� �4.3� Como sendo a vazão volumétrica para o acumulador de alta pressão e

~8�4� = ~� − ~PQ��4� �4.4� Como sendo a vazão volumétrica para o acumulador de baixa pressão ou

reservatório.

A eficiência na transmissão da potência pelo cilindro é alta, entre 85% e 95%

a depender da pressão no cilindro. Serão usados para efeito de cálculo os valores da

figura abaixo, retirada do catálago da Hydropa [107]. A partir dos valores de pressão

e vazão, calculados no Anexo V, será feita a seleção das válvulas.

Hmín H1 H2 H3 H4 HmáxT1 8.3 10.4 13.0 15.7 20.9 26.1T2 9.0 11.3 14.1 16.9 22.6 28.2T3 9.4 11.8 14.7 17.7 23.6 29.5T4 9.7 12.1 15.1 18.2 24.3 30.3

T5 9.9 12.4 15.5 18.6 24.6 30.8

T6 9.9 12.4 15.5 18.6 0.0 0.0

T7 10.0 12.5 15.6 18.8 25.0 31.3

T8 10.1 12.5 15.7 18.8 25.1 32.2

Dp = 177.8 mmPressão máxima por Ciclo [MPa] Ap = 248.3 cm^2

Tabela 4-3. Pressão Máxima por Ciclo com cilindro hidráulico

da Parker

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148

Características Gerais

Diâmetro do Pistão: 32 a 200mm

Máxima Pressão de Operação: 250 bar

Temperatura de Teste: 350 bar

Velocidade do Pistão: 0.5 m/s a 4 m/s

Intervalo de Temperatura: -30 ⁰C a +80 ⁰C

Posição de Montagem: Flange na Base

Eficiência: 0.85 a 0.97

Figura 4-11. Catálago de Cilindros Hidráulicos Hydropa e eficiência da transmissão

Fonte: Adaptado de Catálago de cilindros Hydropa, [107]

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149

4.4.1.2 Válvulas de Retenção

Válvulas de retenção ou check valves são válvulas de operação automática,

ideais para a aplicação remota da energia das ondas. As válvulas de retenção no

circuito hidráulico devem ser instaladas entre a linha de recalque da bomba e os

reservatórios de pressão alta e baixa, evitando, assim, o retorno do líquido no sentido

contrário ao fluxo energético e cavitação da bomba linear no caso de ocorrer uma

paralisação súbita do equipamento. Válvulas de retenção do tipo espera, ou ball

valve, são as de tipo esfera com fechamento mais rápido e indicadas para uso com

fluidos de alta viscosidade, tais como óleos hidráulicos. Caso seja necessário o uso

de diâmetros maiores, válvulas de retenção de portinhola, swing check valve, são o

tipo mais utilizado [108].

Para a aplicação no conversor, onde a vazão média é de 280 l/min e a pressão

de operação é de 180 bar, é selecionada a válvula de 2 polegadas e meia ou 63 mm

tipo esfera, do catálago de válvulas da Parker [109], mostrado na Figura 4-12 abaixo.

A perda de pressão para a vazão máxima 605 l/min é de apenas 2.3 bar, a diferença

de pressão necessária para abertura da válvula é de 0.4 bar e a pressão máxima de

operação é 345 bar.

Figura 4-12. Catálago de Válvulas Hidráulicas Parker

Fonte: Adaptado de Catálago de Válvulas Parker, [109]

Page 152: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

150

Uma válvula de segurança ou de alívio pode ser adicionada para controlar a

pressão a montante abrindo-se automaticamente quando esta pressão ultrapassar o

valor máximo de operação de algum componente, como o acumulador hidráulico ou

a própria válvula de retenção. Dessa forma, a válvula de alívio deve ser calibrada

para este valor. Devido ao custo, adição de complexidade ao sistema hidráulico,

possibilidade de vazamentos (em juntas, gaxetas etc.) e introdução de perdas de

carga, opta-se inicialmente por apenas um par de válvulas de retenção, mas outras

configurações são possíveis.

4.4.1.3 Acumulador Hidráulico a gás

Para estocagem de energia visando suavizar o fluxo de potência entregue ao

motor hidráulico, são empregados os acumuladores de fluido. Dentre os tipos

existentes de acumulador, destacam-se os de peso, os carregados à mola e os

hidropneumáticos. Entre esses, o hidropneumático é o tipo mais comum empregado

na indústria de energia renovável e de ondas. Acumuladores hidropneumáticos

aplicam força no líquido usando um gás comprimido, que age como uma espécie de

armotecimento ou mola, trabalhando com pressão variável. Possuem três métodos

construtivos mais comuns: por pistão, por bexiga e por diafragma. A Figura 4-13 a

seguir ilustra os diferentes tipos [110]:

Figura 4-13. Acumuladores Hidráulicos Hidropneumáticos. Embaixo: À esquerda

tipo bexiga, ao centro tipo pistão e à direita tipo diafragma.

Fonte: Acumuladores Hidráulicos | Parker, [110]

Page 153: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

151

Para seleção do tipo correto para a aplicação, é recomendável iniciar pelo

acumulador por diafragma, de menor peso e custo, onde dois hemisférios de metal

são separados por uma borracha sintética [111]. No entanto, acumuladores deste

tipo, apesar de compactos, não estão padronizados para grandes volumes (

geralmente estão padronizados até 4 litros) e não suportam vazões superiores a 150

l/min, sendo incompatível com o serviço descrito.

A segunda opção de menor custo, o acumulador tipo balão, também chamado

de bexiga ou bladder, suporta pressões maiores e é disponibilizado em volumes

também maiores. Este modelo consiste de uma bexiga de borracha sintética dentro

de uma carcaça de metal. Uma válvula do tipo assento, localizada no orifício de saída,

fecha o orifício quando o acumulador está completamente vazio e evita que a bexiga

seja extrudada para dentro do sistema [110]. O acumulador deve ser dimensionado

para uma pressão inicial de pré carga, para a qual o acumulador é carregado com

nitrogênio seco antes do início da operação. Esta pressão deve ser igual a

aproximadamente 90% da menor pressão do sistema. Se a pressão de pré-carga for

muito alta, o cilindro ficará travado pela pressão do fluido e energia deixará de ser

gerada. Dessa forma, a pressão de pré-carga deve ser relativamente baixa, para

permitir o movimento em todos os estados de mar de interesse. A figura 4-14 abaixo

mostra os limites operacionais dos acumuladores bexiga da HYDAC [102]:

Figura 4-14. Acumuladores Hidráulicos de Bexiga HYDAC. Valores de pressão

operacionais e volumes nominais.

Fonte: Acumuladores Hidráulicos | HYDAC, [102]

Page 154: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

152

A razão de pressão entre a pressão máxima e mínima de operação suportada

por acumuladores tipo bexiga é de até quatro vezes ou 4:1 a pressão de pré-carga.

Neste caso, para o cilindro selecionado, a menor pressão de acordo com a Tabela 4-

3 é de cerca de 83 bar, e por isto é determinada uma pressão de pré carga de 75 bar.

Sendo assim, o sistema suportará pressões de até 300 bar.

De acordo com Du Plessis, 2012 [26], e Cargo, C., 2012 [20], o volume do

acumulador deve acomodar e ser equivalente a pelo menos três ciclos máximos de

potência, o que, de acordo com o volume da câmara do cilindro de aproximadamente

60 litros (Anexo V), corresponderia a cerca de 200 litros. Para atingir esse volume

nominal, serão necessários pelo menos quatro unidades de acumuladores de 54 l

interconectados em paralelo. Para o reservatório, ou acumulador de baixa pressão,

podem ser usados acumuladores de baixa pressão com pressão de pré-carga de 1 a

5 bar, com o mesmo volume total do acumulador de alta pressão.

Como é possível que a pressão fornecida ao sistema hidráulico seja menor que

a pressão de pré-carga do acumulador de alta pressão, especialmente quando o

flutuador inicia o movimento para vertical cima, podem ser instalados outros

acumuladores com pressão de pré-carga menor que aquela do acumulador de alta,

para que esta parcela seja também absorvida. Na Figura 4-15 a seguir são

destacadas as características do acumulador selecionado.

Figura 4-15. Acumuladores Hidráulicos de Bexiga

Parker. Valores de pressão operacional, volume

nominal, dimensões e peso

Fonte: Acumuladores Hidráulicos | Parker. Bladder

accumulators, [112]

Page 155: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

153

Em intervalos de tempo curtos (que não excedam alguns minutos), o processo

de compressão e descompressão de gás que ocorre no interior dos acumuladores

pode ser analisado como sendo aproximadamente isentrópico. Isso significa dizer

que calor não é trocado entre o gás e o ambiente. Isso ocorre pois a entropia do gás

dentro dos acumuladores irá se alterar por transferência térmica somente com

mudanças na temperatura da água do mar e do ar ao redor, que levarão horas para

ocorrer, já os ciclos de onda esperados duram entre 3 e 9 segundos.

Segundo Falcão, A. F. de O., 2008 [113], assumindo-se as paredes da

tubulação e dos acumuladores como rígidas e o líquido incompressível, o volume

total de gás permanece constante, isto é, �}. �}�4� + �8. �8�4� = �>, onde vA e vB são

os volumes específicos do gás, e o volume de óleo no acumulador de alta pressão

pode ser definido como:

�}�4� = / ~}�4��4 �4.5�9

K

Já o volume no acumulador B: �8�4� = / ~8�4��4

9

K �4.6�

Assumindo compressão isentrópica nos acumuladores, as seguintes relações

de pressão e volume podem ser definidas:

%}�4��}�4�W.y = %>�>W.y �4.7� Onde Po é a pressão de pré-carga do acumulador e Vo é o seu volume inicial.

1.4 é o índice adiabático do nitrogênio seco [113]. Gráficos relativos a pressão,

volume e vazão nos acumuladores no tempo são disponibilizados no Anexo V.

Page 156: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

154

4.4.1.4 Motor Hidráulico

O motor hidráulico transforma a energia hidráulica em energia mecânica. A

diferença de pressão sobre o motor faz o fluido hidráulico movimentar seu eixo de

rotação. Para um diferencial de pressão constante, o fluido é levado em vazão

constante do acumulador de alta pressão para o motor.

O fluxo constante através do motor garante uma velocidade de saída do eixo,

ou torque útil, também constante e consequentemente uma potência de saída

constante. Isso é contrabalanceado por um torque resistivo imposto por um gerador

elétrico diretamente conectado ao motor que alimenta o grid. Antes de selecionar o

motor para aplicação, algumas definições são necessárias:

Deslocamento do motor – refere-se ao volume de fluido requerido para

completar uma revolução do eixo de saída do motor. A unidade mais comum para

deslocamento do motor é dada em cm3 por revolução ou ccm/rev.

O deslocamento do motor hidráulico pode ser fixo ou variável. Um motor de

deslocamento fixo proporciona torque costante na saída e a velocidade de rotação

varia de acordo com a vazão de fluido na entrada. Um motor de deslocamento variável

permite velocidade e torque variáveis. Para vazão de entrada e pressão constantes, a

razão entre torque/velocidade pode ser variada para atender a determinado serviço

pela variação do deslocamento.

Torque de Saída – é função da pressão no sistema e do deslocamento do

motor. Valores de torque do motor são usualmente dados para diferenças de pressão

específicas entre a saída e a entrada do motor. Valores teóricos indicam torque

disponível no eixo do motor assumindo que não há perdas mecânicas.

A velocidade rotacional do motor - é função do deslocamento do motor e do

volume de fluido entregue ao motor.

Breakaway torque - é o torque requerido para fazer o eixo estático do motor

entrar em rotação. Mais torque é necessário para dar partida na máquina do que

para mantê-la em movimento.

Velocidade máxima do motor – maior velocidade para determinada pressão

de entrada na qual o motor pode sustentar continuamente por um período limitado

de tempo sem se danificar.

Page 157: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

155

Velocidade minima do motor – menor velocidade rotacional contínua e

inemtemrrompida disponível no eixo de saída.

Slippage - ou deslizamento são as fugas na passagem do fluido pelo motor

ou o fluido que passa pelo motor sem realizar trabalho.

Equações Básicas para Motores Hidráulicos, catálago Parker [114]:

Vazão (Q):

Qm = �� V R1000 V q� ( �

�QR) �4.8�

Torque do Motor (Tm):

Tm = � V Δ% V q�/63 ���� �4.9�

Potência de Saída (Pot):

%>4 = ~� V Δ% V q4600 ���� �4.10�

D = Deslocamento [cm³/rev]

n = Velocidade do Eixo [rpm]

q� = Eficiência Volumétrica [%]

Δ% = Diferença de Pressão [bar] (entre entrada e saída do motor)

q�P = Eficiência Mecânica [%]

q4 = Eficiência Total [%] (q4 = q� V q�)

Os dois eixos de rotação formam juntos um ângulo β. O deslocamento dos

pistões depende deste ângulo entre os eixos e a vazão é proporcional à n x tanβ, onde

n representa a velocidade de rotação. Essa relação permite que a vazão seja

controlada por mudanças na velocidade de rotação n do conjunto motor-gerador ou

por ajustes no ângulo de posicionamento β.

A vazão de óleo admitido no motor deve aumentar quanto maior for o nível de

potência da onda a ser absorvida. O valor instantâneo da vazão deve ser controlado

para se manter proporcional à diferença de pressão.

O motor escolhido para a aplicação é um bent-axis de deslocamento fixo. É

selecionado o motor de maior potência e deslocamento de 180 ccm/rev. Isto significa

que para mover o eixo deste motor em uma rotação completa são necessários 180.6

Page 158: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

156

centímetros cúbicos de fluido de trabalho. Este valor, para uma rotação de

aproxidamente 1500 rpm, ou 60Hz, corresponde a uma vazão constante 280 l/min,

valor este próximo à vazão média fornecida pela bomba linear. Dependendo da

diferença de pressão entre os acumuladores, os valores para potência gerada no eixo

do motor variarão entre 30 e 150 kW para esta vazão. Os limites de operação do

motor são expostos na Figura 4-16 abaixo:

0

Figura 4-16. Motores Hidráulicos tipo Bent-Axis da HYDRO LEDUC, série M

Fonte: Adaptado de Catálago Bent Axis Motor Hydro Leduc, [115]

100

50

Pressão (bar) 400

Page 159: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

157

4.4.1.5 Eficiência e Potência média de Saída

Após escolhido o motor, com eficiência global próxima a 90% e volumétrica

superior a 95%, sabe-se que a o torque no motor tem valor igual a:

���4� = ��. �%}�4� − %8�4�� q� �4.11� E a aceleração rotacional é:

H�6 �4� = �� �%}�4� − %8�4�� − ���4�

� �4.12�

Sendo J a inércia do gerador elétrico e �� o torque do gerador. Para um gerador

ideal, esse torque corresponde a:

���4� = 5�. H��4� �4.13� Onde 5� é o coeficiente de amortecimento do gerador.

Considerando um gerador 100% eficiente, a potência gerada pelo PTO

hidráulico corresponde ao valor da potência de saída dada pelo motor quando:

%=4> = ~�� V Δ% V q4 V qPQ� V q4�L V q���� �4.14� Sendo qPQ�, q4�L e q���� os valores correspondentes as respectivas eficiências

do cilindro, da tubulação e das válvulas, detalhadas na próxima seção. Com estes

valores, para a condição nominal de onda, Hm = 1.5 m e Tm = 8s, obtém-se uma

eficiência de conversão da energia capturada pelo conversor de cerca de 42%,

gerando média de 26 kW de potência contínua em rotação de 1500 rpm, suficiente

para abastecer uma dezena de casas. Em relação ao recurso diponível das ondas, o

aproveitamento da energia é de 18.5% (para mais detalhes, ver Anexo V).

O amortecimento proporcionado pelo PTO hidráulico, sendo altamente não

linear, pode ser formulado como um amortecimento viscoso de Coulomb, ou seja,

amortecimento constante no qual o pistão permanece estacionário enquanto que a

força aplicada sobre ele for menor do que Ap.(PA(t) – PB(t)), onde Ap é a área do pistão

e PA(t)- PB(t) é a diferença de pressão entre acumulador de alta e baixa pressão [36].

No capítulo 3, seção 3.4.4, foi antecipado que o maior valor energético absorvido

Page 160: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

158

ocorre quando o valor da constante de amortecimento definida como bpto é igual ao

valor do coeficiente de radiação Rd.

O sistema PTO fornece ao sistema, para da cada condição de estado de mar,

um determinado valor de amortecimento, sendo a maior parte desse valor devido ao

acumulador hidráulico. Uma vez calculado o valor do coeficiente de amortecimento,

deve-se inclui-lo na equação dinãmica do conversor, de modo a saber com maior

precisão quanto de energia será produzida. A partir disso, o sistema pode ser

dimensionado novamente. O cálculo do coeficiente de amortecimento é mostrado no

Anexo V e é um valor dependente da área do pistão, da diferença de pressão entre os

reservatórios e da velocidade do pistão, de forma que:

L=4> = }=. ∆%� �4.15�

4.4.2 Perdas no Sistema Hidráulico

As perdas na transmissão dependem de condições especificas da unidade,

determinadas pelo dimensionamento de certos componentes e pelas mudanças

constantes das condições de onda.

Perdas no circuito

As principais perdas ao longo do circuito são:

• Fricção no cilindro

• Perdas no acumulador

• Perdas de carga nos tubos e válvulas

• Vazamento no motor hidráulico

• Perdas no torque devido à fricção no motor e gerador

A fricção no cilindro, que ocorre entre o pistão e a haste do pistão com o corpo

do cilindro, pode ser determinada como a soma de um componente de Coloumb e

um componente viscoso [20]:

3�� = �P. Q�RS.6�4�T + ��. .6�4� �4.16� Onde �P é a fricção de Coulomb e �� é um coeficiente de fricção viscoso. Para

o cálculo aqui proposto, no entanto, são usados os valores tabelados do catálago de

Page 161: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

159

cilindros da Hydropa [107], onde a mínima eficiência é de 85% (20 bar) e a máxima

é de 97% (250 bar).

A eficiência da transmissão por tubos é geralmente alta, próxima a 98% [20],

sendo este o valor aqui estimado. No entanto, perdas na transmissão nos tubos

também podem ser calculadas usando a equação de Darcy, encontrada em Du

Plessis, 2012 [26, p.57]:

%4�L> = 2. � u\�.`f��.��! �9 �4.17�

Onde f é um factor de fricção do tubo, �� é o comprimento equivalente da

tubulação, �KN� é a densidade do óleo, �4 é o diâmetro do tubo e �� é velocidade média

do fluido.

O óleo no sistema é levemente compressível e a pressão no fluido diminui o

volume total no cilindro. Essa relação de compressão é representada pela equação

abaixo, onde 8> representa o bulk modulus, termo que mede a compressibilidade do

fluido [116]:

�%8> = − ��

� �4.18�

Para óleos hidráulicos minerais em pressões comuns (P < 450 bar) e

temperatura entre -40⁰ e 120⁰ C, o valor do bulk modulus Bo é aproximadamente

1.4 x 10^9 Pa [116]. A partir da relação acima, a equação para pressão na câmara

pode ser derivada da equação de continuidade de massa:

}= . .6�4� − �1 − �2 = �PQ��4�%16 �4�8> �4.19�

As válvulas de retenção também geram perdas de carga, representada por

reduções na vazão :

�1 = �0 %1 > %8−��√%8 − %1 %8 ≥ %1� �4.20�

�2 = �0 %} > %1−��√%1 − %} %1 ≥ %}� �4.21�

Onde Kv é o coeficiente de fluxo da válvula e PA e PB são as pressões nos

acumuladores de alta e baixa pressão. A eficiência de transmissão das válvulas é de

cerca de 93%.

Page 162: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

160

4.4.3 Integração do PTO aos outros sistemas

Ao integrar o sistema PTO com o flutuador e a estrutura guia, duas

configurações são possíveis: submerso (abaixo do flutuador), aproveitando a energia

da descida, ou acima da superfície em uma plataforma suspensa, como mostrado

nas imagens da Figura 4-17 abaixo:

Em ambas as configurações, sugere-se que o sistema PTO hidráulico seja

acoplado ao flutuador por um eixo vertical central comum e envolto em uma carcaça

fixa, selada (para evitar vazamentos) e resistente mecanicamente. No caso do sistema

instalado no leito marinho, as fundações fornecem as forças de reação. A vantagem

do pto submerso é evitar o alcance dos vetores de força gerados pelas partículas

d’água do mar próximas à superfície, que se movem em círculos. À medida que a

profundidade aumenta, o raio do círculo de movimentação diminui. Nessa

configuração, o PTO estaria fora do alcance dessas forças. Cargo, C., 2012 [20],

afirma que o sistema PTO submerso teria a vantagem de reduzir o impacto visual e

a probabilidade de danos causados por tempestades.

O problema dessa configuração é o acesso à manutenção. Algumas peças,

(principalmente os selos mecânicos) sofrerão desgaste e necessitarão de manutenção

anual. A Figura 4-18 abaixo esquematiza como seria essa configuração. Um acesso

a manutenção para o pto submerso deve ser criado. Caso o PTO esteja acima do

flutuante o acesso poderá ser feito pela parte superior da estrutura, através de uma

plataforma suspensa.

Figura 4-17. PTO Hidráulicos com Plataforma Suspensa

Fonte: Zhang, D., Li, W. et al, 2012, [117]

Page 163: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

161

Caso posicionado acima da superfície, o sistema estaria exposto a esforços

causados pela ação das ondas. Nesta zona, conhecida como splash zone, são gerados

jatos d’água, e os efeitos da ação desses jatos sobre o equipamento são motivos de

preocupação e uma estrutura robusta deve ser construída para sustentar a

plataforma. Plataformas elevadas acima do nível do mar seriam o correspondente às

cabines de turbinas eólicas conhecidas como nacelle, usadas para acesso à

manutenção.

Um sistema submerso opera a uma pressão hidrostática máxima conhecida,

sendo mais simples antecipar os esforços. No entanto, a configuração com

plataforma elevada, se corretamente dimensionada, facilita a manutenção e já foi

empregada com relativo sucesso em testes com protótipos da WaveStar. Por esses

motivos, é recomendada a instalação do PTO acima da superficie.

Figura 4-18. Esquema em escala real com sistema PTO submerso

Fonte: A. Ishikawa, L. Porte, 2016 [118]

Page 164: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

162

5 CONCLUSÕES

Este projeto final de graduação apresentou o que há de estado da arte em

transmissão de potência em conversores de onda. Após revisão bibliográfica que

discorreu sobre a indústria de energia das ondas, suas possíveis aplicações e

vantagens perante outras fontes - tais como maior densidade energética e alto fator

de capacidade -, foram abordados argumentos para sustentar o uso de um sistema

de transmissão hidráulico em circuito fechado, como forma de obter eletricidade para

as duas escalas de conversores propostas: um modelo experimental e um protótipo.

O caso estudado é um conversor do tipo absorvedor modular, que oscila

verticalmente em um movimento bidirecional em relação a uma estrutura fixa ao

leito marinho. Após análise do modelo, foram desenvolvidos cinco conceitos de

sistema PTO para o caso particular, baseados nos sistemas investigados durante o

capítulo 2. O PTO escolhido mostrou ter relação direta com o princípio de

funcionamento proposto. Dentre os principais diferenciais dos sistemas hidráulicos

em relação aos outros analisados, podem ser incluídos a robustez, a capacidade de

lidar com sobrecargas e forças altamente variáveis, peso, custo total e de

manutenção, padronização de componentes, volume etc.

A partir da teoria linear de ondas e das equações de Cummins, estimativas de

força e potência geradas pelo modelo geométrico foram feitas com o auxílio de um

software de hidrodinâmica, responsável por calcular coeficientes de radiação,

massas adicionadas e amplitude do flutuador para cada estado de mar regular

definido previamente e baseado no sítio de interesse, próximo ao porto do Pécem, na

região de Fortaleza. Os resultados obtidos permitiram dar início ao pré-

dimensionamento dos sistemas de transimissão, tendo sido selecionados em

catálagos industriais os principais componentes para o protótipo: cilindros

hidráulicos, válvulas de retenção, acumuladores hidráulicos e motor hidráulico.

Componentes mais simples e cálculos mais básicos foram feitos para o modelo

experimental, configurando um pequeno sistema de baixo custo e peso, com

possibilidades para optimizações. A mudança de fluido de trabalho entre as escalas

é justificada, além do menor preço e da facilidade de obtenção, pela potência de saída

consideravelmente menor e pelo estágio de desenvolvimento do projeto, visto que

resultados experimentais do movimento do modelo no tanque de ondas ainda são

necessários.

Page 165: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

163

Para o protótipo em escala comercial, o uso do óleo é preferível devido à

característica de lubrificação e possibilidade de pressões de operação maiores, entre

30-35 bar. A instabilidade térmica da água permite sistemas até no máximo 10 MPa.

Dessa forma, o volume de fluido necessário será maior para garantir vazões altas que

atinjam a mesma potência que sistemas com óleo que são, portanto, mais compactos.

A escolha por um cilindro de simples efeito vai na contramão dos principais

sistemas hidráulicos existentes em conversores, como no Pelamis e no WaveStar,

ambos de duplo efeito. Isto, por um lado, traz facilidades no cálculo e na composição

do sistema, diminuindo as demandas do PTO em termos de força, controle e

complexidade. Por outro lado, menor energia fica disponível para o PTO. Neste

trabalho, foi alcançada eficiência de cerca de 40% para a maior parte dos estados de

mar investigados.

Uma vez de posse de novos dados, a metodologia aqui proposta pode ser usada

como base para futuros dimensioamentos, tendo em vista que considerações ainda

precisam ser feitas em relação a outros componentes, como selos, válvulas de alívio,

diâmetro e caminho da tubulação, estrutura guia e estrutura de suporte para o PTO

entre outros.

A princípio, as maiores perdas de energia ocorrem durante a passagem do

fluido pelo motor hidráulico, que tem eficiência média próxima a 90%, mas é obrigado

a operar grande parte do tempo com carga parcial. Perdas maiores podem estar

associadas à fricção do flutuador na estrutura guia e, assim, apenas a continuação

dos testes experimentais poderá trazer maiores certezas em relação a potência

gerada e eficiência de conversão. Contudo, a instalação de um sistema com

características similares parece, a primeira vista, ser realista e factível.

5.1 Síntese dos resultados

Os dados computacionais obtidos indicaram diferença mínima entre a

amplitude de onda e o flutuante, o que mostra sinergia hidrodinâmica entre o

modelo geométrico fornecido ao software e os estados de mar estudados. A diferença

de fase entre onda e conversor também foi mínima, e, por este motivo, negligenciada

nos cálculos presentes nesse trabalho. Apenas dados experimentais do modelo 1:10

poderão comprovar essas duas premissas simplificadoras.

Page 166: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

164

O sistema aproveita apenas a energia de subida do flutuador, usando a

descida apenas como forma de gerar pressão negativa na câmara do cilindro e dessa

forma abrir a válvula de retenção conectada ao reservatório. As pressões de abertura

das válvulas devem ser as menores possíveis para dar fluidez ao fluxo energético e

diminuir a não-linearidade do sistema.

O valor de pré-carga do acumulador se revelou um parâmetro chave para o

amortecimento gerado no sistema pelo PTO e na amplitude de captura de ondas. A

definição desse valor como 90% da pressão de operação mínima permite absorção de

energia em praticamente todo o intervalo de estados de mares estudados.

O sistema projetado em escala real possui eficiência de 42%, produzindo de

forma contínua 26 kW, suficiente para abastecer mais de uma dezena de residências.

Já o sistema experimental produz na saída, de 3.5 a 10 W, a depender da mini

turbina pelton instalada, resultando em sistema com eficiências de 18% e 51%.

O equipamento deve ficar posicionado fora da superficie, provavelmente

apoiado em uma plataforma sustentada pela estrutura fixa conversor. Esse

posicionamento se deve à facilidade no acesso a manutenção, que deve ocorrer pelo

menos uma vez por ano, para um equipamento com vida útil de cerca de 20 anos.

5.2 Contribuições e possíveis melhorias

Foi considerado aqui um dos conceitos mais simples de PTO linear em ondas

regulares. O sistema hidráulico empregado neste trabalho utiliza um atuador linear,

diretamente acoplado ao flutuador, comportando-se como uma bomba linear de

deslocamento positivo, para acionar um conjunto composto de motor hidráulico de

deslocamento fixo e gerador elétrico rotativo. Válvulas direcionam o fluido e

acumuladores são incluídos para suavizar a potência de saída, desacoplando a

potência capturada pelo conversor dos elementos geradores do PTO.

Para esse arranjo, os resultados indicam que o PTO atinge um estado de

pseudo-permanente, com a pressão oscilando ao redor de um valor médio. Uma força

resistiva de Coulomb é produzida pelo PTO, causando o movimento do flutuador a

mudar sua configuração e permanecer praticamente estático no fim do movimento,

quando a força produzida pelo PTO excede a força produzida pela onda. Esse efeito

Page 167: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

165

era esperado e pode ajudar a definir pressões de pré-carga que gerem mais energia

no tempo.

Eficiência do PTO

A eficiência do PTO mostrou ter um impacto significativo na produção de

energia. Para aumentar a geração, existem duas maneiras: aumentando a potência

capturada, o que geralmente é feito com mais massa e volume, ou aumentando a

eficiência do PTO. Neste último caso, os componentes devem ser visto com mais

detalhe e seu dimensionamento feito de forma conjunta e integrada, iniciando pelo

cilindro acoplado ao flutuante.

Sistema de Parada

Para que o sistema funcione de maneira segura e com confiabilidade, um

sistema de parada externo ao PTO precisa ser desenvolvido. Este sistema deve agir

de forma a proteger o flutuador e o sistema PTO em mares mais energéticos. Molas

mecânica podem ser usadas para armazenar e dissipar a energia extra, podendo ser

acionadas através de controle elétrico ligado a sensores de velocidade no flutuador

ou no pistão.

Dimensionamento do Pistão

O tamanho do curso do pistão, igualado com o tamanho máximo de altura de

onda, talvez seja demasiadamente grande e obrigue o pistão a trabalhar na maior

parte do tempo com carga parcial. Deve ser considerada a possibilidade de se

desperdiçar estados de mares mais energéticos, com auxílio de um sistema de parada

externo, em troca de maior eficiência para os estados de mar de maior

predominância. Dessa forma, é possível que a energia gerada no tempo seja maior

Dinâmica não-linear

É necessário criar entendimento mais aprofundado da dinâmica não linear de

uma unidade de PTO hidráulica e como isso afeta o comportamento hidrodinâmico

do conversor.

Page 168: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

166

5.3 Sugestões para trabalhos futuros

• Ondas irregulares e profundidade limitada

Considerar as equações de movimento do absorvedor para estados de mar

irregulares, e como isso afeta o a dinãmica do mesmo e eficiência do sistema PTO.

• Utilização de Cilindro de Duplo Efeito

Desenvolver um sistema similar ao mostrado acima, e comparar resultados

de eficiência e potência gerada com os resultados do sistema de simples efeito.

• Emprego de Controle Reativo

Este tipo de PTO é altamente recomendável para controle por meio de

mecanismo de travamento. Para fazer isso, o manifold de controle, ou distribuidor da

entrada do circuito hidráulico deve per manecer travado pelo tempo que o algoritmo

de controle especifique que o pistão deva se manter estacionário.

• Projeto de PTO mecânico – Cremalheira-Pinhão

Desenvolver o projeto de um PTO Mecânico e fazer estimativas de potência

gerada, eficiência, peso, custo etc.

Figura 5-1. Circuito hidráulico com cilindro de duplo efeito

Page 169: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

167

• Projeto de PTO com gerador linear

Idem ao PTO mecânico, este trabalho deverá estar no encargo de um

engenheiro elétrico.

• Estimativas de força de fricção na estrutura-guia

Para cálculos mais precios de potência gerada, é necessário uma boa

estimativa das forças perdidas por fricção no contato entre o flutuador e os

rolamentos conectados a estrutura de suporte.

• Comparação entre análises computacional e experimental

De posse dos dados experimentais, seria interessante fazer a comparação

entre os dois métodos e a verificação da teoria linear de ondas. Deve-se antes garantir

adequação entre os dados computacionais e experimentais e, para isso,

provavevelmente novas simulações terão de ser feitas.

• Uso de óleo biodegradável no sistema

O uso de óleo biodegradável pode ajudar a mitigar uma das principais

desvantagens de sistemas com óleo hidráulico: o risco de vazamentos. Seria

interessante a comparação entre características do fluido, como compressibilidade,

estabilidade térmica e capacidade de geração de potência para este tipo de aplicação.

Page 170: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

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Page 184: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

182

ANEXOS

Anexo I

Dados do WAMIT

Massa Adicionada e Amortecimento

E� (�� ) = E�vv

���H

�AB���� = �ABvv���

Sendo � = 3 para (i,j = 1,2,3)

Força Vertical

3��� = 3v�����

Sendo � = 2 para ( i = 1,2,3)

Os resultados são fornecidos pelo WAMIT no formato de bloco de notas. O movimento

de heave corresponde aos movimentos na matrix i = 3 e j = 3, por esta razão os

valores de � e � são respectivamente 3 e 2.

Resultados do Wamit

Parâmetros Símbolo Valor Unidade Simbolo Valor Unidade

Massa específica ro 1025 kg/m^3 ro 1025 kg/m^3Massa Inercial m 18000 kg m 18 kg

Gravidade g 9.807 m/s^2 g 9.807 m/s^2Largura da Maquina L 8 m L 0.8 m

Seção tranversal Livre S 64 m^2 S 0.64 m^2Altura de Onda Mín Hmín 0.8 m Hmín 0.08 m

Altura de Onda H1 1.0 m H1 0.10 mAltura de Onda H2 1.25 m H2 0.125 mAltura de Onda H3 1.5 m H3 0.15 mAltura de Onda H4 2.0 m H4 0.20 m

Altura de Onda Máx Hmáx 2.5 m Hmáx 0.25 mPeríodo T1 3.0 s T1 0.95 sPeríodo T2 4.0 s T2 1.26 sPeríodo T3 5.0 s T3 1.58 sPeríodo T4 6.0 s T4 1.90 sPeríodo T5 7.0 s T5 2.21 sPeríodo T6 8.0 s T6 2.53 sPeríodo T7 8.5 s T7 2.69 sPeríodo T8 9.0 s T8 2.85 s

Escala Real Escala Protótipo

Tabela 1.ANEXO I - Parâmetros Básicos do Modelo experimental e do Protótipo

Page 185: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

183

Parâmetro Simbolo Unidade T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8Período T s 0.95 1.26 1.58 1.90 2.21 2.53 2.69 2.85

Numero de Onda kL kL 3.58 2.01 1.29 0.89 0.66 0.50 0.45 0.40Coefi de Rad. Adimensional Rdad - 0.02 0.03 0.02 0.02 0.02 0.01 0.01 0.01Coeficiente de Radiação Rd kg/s 83.42 65.87 48.75 35.36 25.73 18.98 16.41 14.26

Frequencia Angular ω rad/s 6.62 4.97 3.97 3.31 2.84 2.48 2.34 2.21Massa Ad. Adimensional Ad (3,3) - 0.02 0.03 0.04 0.04 0.04 0.05 0.05 0.05

Massa adicionada Ad kg 10.4 15.4 19.2 21.6 23.0 23.8 24.1 24.3Mod[RAO(I)] RAO - 0.953 0.992 0.996 0.997 0.999 0.999 0.999 0.999

Coeficiente Fe(ω ) Fe(ω ) N/m 0.75 1.02 1.23 1.37 1.47 1.55 1.58 1.60fase f ° 40.15 18.04 8.98 4.87 2.83 1.74 1.39 1.13

Parâmetro Simbolo Unidade

Período T s 3.0 4.0 5.0 6.0 7.0 8.0 8.5 9.0Coeficiente de Radiação Rd kg/s 26379 20830 15417 11183 8137 6003 5190 4508

Massa adicionada Ad kg 10382 15433 19154 21563 23009 23838 24099 24289Frequencia Angular ω rad/s 2.09 1.57 1.26 1.05 0.90 0.785 0.74 0.698

Dados Extrapolados - Escala Real 1:1

Dados Wamit - Escala 1:10

Tabela 2.ANEXO I - Coeficientes Hidrodinâmicos e Força de Excitação

Escala Experimental

Hmín H1 H2 H3 H4 HmáxT1 30 38 47 56 75 94T2 41 51 64 76 102 127T3 49 61 77 92 123 153T4 55 69 86 103 137 171T5 59 74 92 111 147 184T6 62 77 97 116 155 193T7 63 79 99 118 158 197T8 64 80 100 120 160 200

Força Heave - Fe [N]

Escala Real

Hmín H1 H2 H3 H4 HmáxT1 30 38 47 56 75 94T2 41 51 64 76 102 127T3 49 61 77 92 123 153T4 55 69 86 103 137 171T5 59 74 92 111 147 184T6 62 77 97 116 155 193T7 63 79 99 118 158 197T8 64 80 100 120 160 200

Força Heave - Fe [kN]

Page 186: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

184

Anexo II

Cortes e Medidas para construção do Modelo 1:10

Page 187: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

185

Medidas do Tanque Gerador de Ondas

Page 188: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

186

Anexo III

Especificações de Engenharia

Especificação Unidade Modelo Experimental

Protótipo

Características Físicas Massa do Futuador kg 18 18000

Massa do PTO kg 8-15 4500 aprox Largura do Flutuador m 0.8 8

Área da Seção Tranversal m� 0.64 64 Massa Específica do Fluido mv/kg 1000 850

Performance Potência média de saída (máx) W 10 26 000

Efiência Geral do PTO % 18% 42 % Pressão (máx) kPa 250 32 200

Força de Impulso devido ao movimento do absorvedor (máx) kN 0.8 800

Velocidade Linear Vertical (máx) m/s 2 0.2 Velocidade Rotacional (max) rpm 1500 1500 Direção do eixo de rotação - Unidirecional Unidirecional

Condições de Operação Período de onda (min, max) s 0.95-2.85 3-9 Altura de onda (min, max) m 0.08-0.25 0.8-2.5

Profundidade (máx) m 17 1.7 Potência Disponível (máx) W 135 440 000 Temperatura de Operação ⁰C -5 a 50 -5 a 50

Outros Vida útil (min) anos 1 20

Manutenção (curto prazo, checks regulares)

anos 1 1

Tabela III-1. Especificações de Engenharia

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187

Anexo IV

Materiais para Sistemas em Conversores de Onda

São dispostas abaixo algumas recomendações das normas NORSOK e ISO

21457 para materiais em ambientes offshore. Essas normas podem ser encontradas

nas referências ao final do Anexo.

A seleção dos materiais deve refletir a filosofia geral que diz respeito ao tempo

de vida útil do equipamento (estimado aqui em 10 ou 20 anos), o perfil de custos

(CAPEX e OPEX), inspeção e manutenção, segurança e meio ambiente, avaliação dos

modos de falha e outros critérios específicos de projeto.

A norma NORSOK M-001 recomenda ligas de titânio e GRP (fibra de vidro

reforçado) como imunes à corrosão quando submersos em água do mar. Dessa

forma, são materiais para se considerar para a tubulação e determinados

componentes.

Corrosão interna e externa

Aço carbono pode ser empregado em tubulações, a depender do cálculo da

taxa de corrosão anual. Do contrário, ligas resistentes à corrosão, adicionadas de

clad, ou com tubulação flexível devem ser usadas. O ambiente externo em atmosferas

offshore deve ser considerado úmido com o líquido condensado saturado com sais

de cloreto.

Proteção catódica

Qualquer componente exposto à água do mar e para o qual proteção catódica

eficiente não pode ser garantida deve ser fabricado em material immune à corrosão

em água do mar. Exceções são componentes nos quais a corrosão pode ser tolerada.

A seleção dos materiais deve leva em consideração a probabilidade e a consequência

da falha do componente.

Proteção catódica deve ser usada para todos os materiais metálicos submersos

em água do mar, exceto materiais imunes à corrosão. Revestimento de superfície

deve ser empregado adicionalmente a componentes com geometria complexa e onde

o design de custo se mostrar mais eficaz.

Page 190: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

188

Conexões

Conexões soldadas são as mais recomendadas para aplicações submersas, ao

passo que conexões rosqueadas são particularmente suscetíveis à corrosão por

fendas. Conexões mecãnicas submersas devem ser resistentes à fragilização por

hidrogênio.

Conexões devem ser evitadas em zonas de “splash”. No entanto, quando isso

for inevitável, conexões devem ser fabricadas em materiais resistentes à água do mar,

e.g. ligas 625/725 ou similares

Materiais para Tubulação em equipamentos sob pressão e uso estrutural

Os materiais para tubulação devem ser, na medida do possível, padronizados

nos tipos de materiais motrados a seguir:

• Aço Carbono Tipo 235, 235LT e 360LT;

• Aço Inox Tipo 316 – SS 316 ;

• Aço Inox Tipo 22Cr e 25Cr Duplex;

• Aço Inox Tipo 6Mo;

• Liga de cobre e Níquel - Cu-Ni 90-10;

• Titânio;

• GRP.

O uso de GRP para a tubulação é limitado pela pressão de projeto interna

máxima de 40 barg; e o intervalo de temperatura de -40 °C até 95 °C para epóxi e

até 80 °C para Viniléster.

Resina de Poliéster pode ser usada em tanques para água do mar e serviços

com dreno aberto. Água do mar não tratada é geralmente vista como menos corrosiva

que água do mar clorada, mas poucos limites de aplicação foram estabelecidos até

hoje.

Instalações Submeras

Para componentes em instalações submersas que podem ser expostos à

proteção catódica, incluindo conectores, são dadas as diretrizes a serguir:

• O limite de ruptura de qualquer graduação de aço não deve ceder os 950 MPa;

Page 191: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

189

• A dureza de qualquer componente em qualquer graduação de aço não deve

exceeder 35 HRC ou 328 HB;

• Ligas com base em titânio não devem ser empregadas em aplicações

envolvendo exposição a proteção catódica.

Superfícies de metal e componentes do sistema devem ser protegidos de

corrosão e erosão. Revestimentos cerâmicos oferecem um método promissor para

proteção de componentes em contato direto com a água do mar. A tabela abaixo,

adaptada da ISO 21457, mostra alguns materiais tipicos para equipamentos em

serviço com água do mar.

Referências

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Disponível em: <https://www.iso.org/obp/ui/#iso:std:iso:21457:ed-

1:v1:en>. Acesso em: 24 jan. 2017.

Materiais Típicos para Água do Mar não-tratada

Tubulação

Vasos

Bombas

Corpo da Válvula

Internos da Válvula

Equipamento Materiais

Page 192: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

ANEXO V

Memória de Cálculo Mathcad - Escala Real

Variáveris Fixas Variáveis Alteráveis

g 9.807s2−

m⋅= Para onda de Periodo Tm e Altura Hm :ro 1025

kg

m3

:=L 8m:= Operador de Amp litude do

Flutuante RAO Flutuante resultaem A f = Hm

Hm 1.5m:=

massa 18000kg:= Tm 8s:= Af Hm:=

Seção Tranversa l t 0s 0.3s, 500s..:= Massa adicionada mad 23838kg:=

Força de Excitação Heave Fe 116kN:=S 64m

2:=

Onda Regular: Posição do Centroide do Flutuador Frequência Angular w 0.785rad

s:=

z t( )Hm

2

sin 2π t⋅Tm

⋅:=Coeficiente de Radiação/Amortecimento Rd 6003

kg

s:=

v t( )tz t( )d

d:= a t( )

2t

z t( )d

d

2:= Potência Disponivel Média Potencia Maxima

Sistema Dinâmico Pdisp ro g2⋅ Hm

2⋅Tm

32π⋅:=

PmaxFe

2( )8 Rd⋅

:=Fpto 0:=

Pdisp L⋅ 141.198 kW⋅=Pmax 280.193 kW⋅=

Forças no Flutuante

Fhidrostatica t( ) ro g⋅ S⋅ z t( )⋅:= Fexc t( ) Re Fe ei t⋅ w⋅⋅( ):=

Finercial t( ) mad massa+( )− a t( )⋅:= Fradiação t( ) Rdtz t( )d

d

⋅:=

Total :

Fh t( ) mad massa+( )− a t( )⋅[ ] Rd v t( )( )⋅[ ]− Fexc t( )+ ro g⋅ S⋅ z t( )⋅( )−:=

Velocida de (m/s) e Posiç ão (m) no tempo (s)

0 10 20

1−

0

1

1−

0.5−

0

0.5

1

z t( ) v t( )

t

0 5 10 15 202− 10

1− 105×

0

1 105×

2 105×

Fexc t( )

t

v 0s( ) 0.589m

s⋅= v 3

Tm

4

0m

s⋅= Fexc 0s( ) 116 kN⋅=

Page 193: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

Força Hidrodinâmica no tempo (N x s) Potencia Gerada No Tempo (W x s)

Pcap t( ) 0 Fh t( ) v t( )⋅ 0<if

Fh t( ) v t( )⋅ Fh t( ) v t( )⋅ 0≥if

:=

0 8 16 24 326− 10

3− 105×

0

3 105×

6 105×

Fh t( )

t

0 2.7 5.3 8 10.713.3 160

5 104×

1 105×

1.5 105×

2 105×

00

Pcap t( )

t

Fh 3Tm

4

462.854 kN⋅=Pcap 3

Tm

8

169.486 kW⋅=

Força Média na Subida

Potencia Media Disponível na Subida Favg

0

Tm

tFh t( )

2

⌠⌡

d1

Tm⋅:=

Favg 151.675 kN⋅=

Pcapmedia0

Tm

tPcap t( )⌠⌡

d1

Tm⋅:=

Energia Gerada

Energia Por Ciclo

Pcapmedia 62.47 kW⋅=Energia t( )

0

t

tPcap t( )⌠⌡

d:= Energia Tm( ) 4.998 105× J⋅=

Sistema Hidráulico

Cilindro Hidráulico

Diâmetro do Pistão e da Haste de acordo com catálago da Parker

Dp 177.8mm:= Dhp 100mm:=

Área do Pistão (bore) Área da Haste do Pistão

Ap πDp

2

2

:= Ahp πDhp

2

2

:=

Ap 248.287 cm2⋅= Ahp 78.54 cm

2⋅=

Posição do Pistão Bulk Modulus do óleo

zp t( ) z t( ):= Bo 1.4 109⋅ Pa:=

Page 194: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

Força (N) x Posição do Pistão (m)

0.5− 0 0.56− 10

2− 105×

2 105×

6 105×

0

2

4

6

8

Fh t( ) t

zp t( )0 5 10 15

1−

0.5−

0

0.5

1

zp t( )

t

Pressão no Cilindro Hidráulico

Pcil t( )Fh t( )

Ap:=

Pcil 3Tm

4

18.642 MPa⋅=

0 4 8 12 162− 10

1− 107×

0

1 107×

2 107×

Pcil t( )

t

Pcil 3Tm

4

186.419 bar⋅=

Pcilavg

0

Tm

tPcil t( )

2

⌠⌡

d1

Tm⋅:=

Pcilavg 61.089 bar⋅=Volume de óleo (m 3) no cilindro no tempo (t)

Curso do Pistão = Hmáx

curso 2.5m:=Volume to tal:

Vtotal curso Ap⋅:=

Vtotal 62.072 l⋅=Vtotal 0.062m

3=

Vcil t( )Vtotal

2Ap zp t( )⋅−:=

0 2 4 6 80

0.031

0.062

0.093

Vcil t( )

t

Vcil 3Tm

4

49.657 l⋅=

Vcil 3Tm

4

0.05 m3=

Page 195: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

Vazão no cil indro Fluido saindo do cilindroQcil1 > 0

Fluido entrando no cilindro Qcil2 <0

Qcil1 t( ) 0 v t( ) 0<if

Ap v t( )⋅( ) v t( ) 0≥if

:= Qcil2 t( ) 0 v t( ) 0>if

Ap v t( )⋅( ) v t( ) 0≤if

:=

Vazão MáximaVazão Média

Qcilavg0

Tm

tQcil1 t( )⌠⌡

d1

Tm⋅:= Qcilavg 279.322

l

min⋅=

Qcil1 0 s⋅( ) 231.816 gpm⋅=

Qcilavg 73.789 gpm⋅=

0 10 20 300

5 103−×

0.01

0.015

Qcil1 t( )

t

0 10 20 300.015−

0.01−

5− 103−×

0

Qcil2 t( )

tAcumuladores Deslocamento do Motor Hidráulico(catálago)Considerando Nitrogênio como gás dos acumuladores, o coeficiente isentrópico é 1.4

Compressão Isentrópica nos acumuladores Volume de g ás inicial d o Acumulador Dm 180.6

cm3

rev:=

PA t( ) VA t( )1.4⋅ Poa Vo

1.4⋅= Vo 4 Vtotal⋅:= Vo 248.287 l⋅=ωm 1500rpm:=

PB t( ) VB t( )1.4⋅ Pob Vo

1.4⋅= Fluxo para Acumulador A (Alta Pressao) Fluxo para o Motor Hidráulico

Qm Dm ωm⋅:=Pressões de Pré carga nos Acu mulad ores QA t( ) Qcil1 t( ) Qm−:=

Poa 7.5MPa:= Pob 0.1MPa:= Fluxo para Acumulador B (Baixa Pressao) Qm 270.9l

min⋅=

Poa 75 bar⋅= QB t( ) Qm Qcil2 t( )+:=

Volume de Óleo no Acumulador A Volume de Óleo no Acumulador B

VA t( )0

t

tQA t( )⌠⌡

d

:= VB t( )0

t

tQB t( )⌠⌡

d

:=

0 10 20 305− 10

3−×

0

5 103−×

0.01

0.015

QA t( )

t

0 10 20 300.015−

0.01−

5− 103−×

0

5 103−×

QB t( )

tQA 2s( ) 270.9−

l

min⋅= QA 0( ) 606.618

l

min⋅=

Page 196: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

Pressão nos Acu mulad ores

PA t( )Poa( )

10

t

tQA t( )⌠⌡

d

Vo−

1.4:= PB t( )

Pob( )

10

t

tQB t( )⌠⌡

d

Vo−

1.4:=

t1 0s 1s, 150s..:=PA 100s( ) 8.137 MPa⋅=

VA 100s( ) 14.037 l⋅=Volume no Acumulador Volume no reserva tório

0 10 20 30 40 500.01−

0

0.01

0.02

0.03

0.04

VA t1( )

t1

0 10 20 30 40 500.04−

0.03−

0.02−

0.01−

0

0.01

VB t1( )

t1Pressão no Acumulador Pressão no reservatório

0 10 20 30 40 508 10

9 104×

1 105×

1.1 105×

PB t1( )

t10 10 20 30 40 50

7 1011×

7.5 1011×

8 1011×

8.5 1011×

9 1011×

9.5 1011×

PA t1( ) bar

t1∆P t1( ) PA t1( ) PB t1( )−:=

Válvulas Check :Densidade do óleo Coeficiente de Fluxo da Válvula

Válvula 1 Saída do cilindro Vazao Volumetrica

ρoil 0.85:= Kv 8.5 106−⋅

m3

s bar⋅:=

Q2 t( ) 0 Pcil t( ) PB t( )>if

Kv−PB t( ) Pcil t( )−

ρoil⋅ PB t( ) Pcil t( )≥if

:=

Válvula 2Entrada no cilindro Vazao Volumetrica

Q1 t( ) 0 PA t( ) Pcil t( )>if

KvPcil t( ) PA t( )−

ρoil⋅ Pcil t( ) PA t( )≥if

:=Q1avg

0

Tm

tQ1 t( )⌠⌡

d1

Tm⋅:=

Q1avg 1.766l

min⋅=

Page 197: ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE · PDF fileLISTA DE FIGURAS Figura 1-1. Participação de renováveis na geração elétrica - matriz nacional e global (Ano Base 2015) Figura

Motor Hidráulico

Eficiências

Volumé trica Total Vazão no MotorΔP Máximo

ηv 0.95:= ηt 0.88:= ηmecηt

ηv:=

Qmv Dmωm

ηv⋅:=

∆P 100s( ) 80.441 bar⋅=ηmec 0.926=

Potência Gerada pelo Motor Hidráulico

Pmotor t1( ) ∆P t1( ) Qmv⋅ ηt⋅:= Pmotormax Pcil 3Tm

4

Qmv⋅ ηt⋅:=

Pmotor 10s( ) 32.928 kW⋅=Pmotormax 77.966 kW⋅=

0 20 40 600

1 104×

2 104×

3 104×

Pmotor t1( )

t1

Pmotor 100s( ) 33.643 kW⋅=

0 10 20 30 40 500

1 105×

2 105×

3 105×

4 105×

0

1 105×

2 105×

3 105×

4 105×

Pmotor t1( ) Pcap t1( )

t1Torque do Motor

Tmotor t1( ) Dm ∆P t1( )( )⋅ ηmec⋅:=Potência teórica máx

Tmotor 0s( ) 197.028 N m⋅⋅=Poth Qcilavg Pcil 3

Tm

4

⋅:=

Poth 86.785 kW⋅= Eficiência Minima do Cilindro Eficiência Tu bu la ção Eficiência Válvulas

ηc 0.85:= ηvalv 0.93:=ηtub 0.98:=

Potência Gerada pelo PTO

Ppto t1( ) Pmotor t1( ) ηc ηtub⋅ ηvalv⋅( )⋅:=

Eficiência do Pto Eficiência do Conversor

Ppto 100s( ) 26.063 kW⋅= ηwecPpto 100s( )

Pdisp L⋅( ):=

ηptoPpto 100s( )

Pcapmedia:=

Ppto 0s( ) 23.976 kW⋅=ηwec 0.185=

ηpto 0.417=

Gerador Elétrico

Coeficiente de Amo rte cimento do Ge rador

Cg 2.5N

rad

s

m⋅:= Inércia do Gerador

Jinercia 2 kg m2⋅( ):=

Aceleração RotacionalTorque do Gerador

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Tg t1( ) Cg ωm⋅:= α t1( )Dm ∆P t1( )( )⋅ Tg t1( )−[ ]

Jinercia:=

Se com 1MW gera-se energia para aproximadamente 650 casas

1000kW 650

26kW x

x 65026

1000⋅:=

x =

Sistema PTO optimo

bpto Rd:= Rd 6.003 103×

kg

s⋅=

Fptomax t( ) bpto v t( )⋅:=Cálculo do amortecimento aplicado bpto

Fptomax 0s( ) 3.536 kN⋅=Fptofinal t1( ) ∆P t1( ) Ap⋅:=

0 4 8 12 16 20 244− 10

2− 103×

0

2 103×

4 103×

Fptomax t( )

t

bptofinal Ap∆P 7s( )

v 7s( )⋅:=

bptofinal 4.23 105×

kg

s⋅=

0 5 10 15 201.7 10

1.9 105×

2.1 105×

2.3 105×

Fptofinal t1( )

t1

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Memória de Cálculo Mathcad - Escala Experimental

Variáveris Fixas Variáveis Alteráveis

Para onda de Periodo Tm e Altura Hm :Lexp 0.8m:=

Operador de Amp litude doFlutuante RAO Flutuante resultaem A f = Hm

Hmexp 0.15m:=massaexp 18kg:=

Tmexp 2.53s:= Afexp Hmexp:=Seção Tranversa l

t 0s 0.3s, 500s..:= Massa adicionada madexp 23.8kg:=

Sexp 0.64m2:= Força de Excitação Heave Feexp 116N:=

Onda Regular: Posição do Centroide do Flutuador Frequência Angular wexp 2.48rad

s:=

zexp t( )Hmexp

2

sin 2π t⋅

Tmexp

⋅:=Coeficiente de Radiação/Amortecimento Rdexp 18.98

kg

s:=

vexp t( )tzexp t( )d

d:= aexp t( )

2t

zexp t( )d

d

2:=

Potência Disponivel média Potencia Maxima

Sistema Dinâmico Pdispexp ro g2⋅ Hmexp

2⋅Tmexp

32π⋅:=

PmaxexpFeexp

2( )8 Rdexp⋅

:=Fexppto 0:=

Pdispexp Lexp⋅ 44.654 W⋅=Pmaxexp 88.62 W⋅=

Forças no Flutuante

Fhidrostaticaexp t( ) ro g⋅ Sexp⋅ zexp t( )⋅:= Fexcexp t( ) Re Feexp ei t⋅ wexp⋅⋅( ):=

Total :

Fradiaçãoexp t( ) Rdexptzexp t( )d

d

⋅:=

Fhexp t( ) madexp massaexp+( )− aexp t( )⋅[ ] Rdexp vexp t( )( )⋅[ ]− Fexcexp t( )+ ro g⋅ Sexp⋅ zexp t( )⋅( )−:=

Velocida de (m/s) e Posiç ão (m) no tempo (s)

0 10 20

1−

0

1

1−

0.5−

0

0.5

1

z t( ) v t( )

t

0 5 10 15 202− 10

1− 105×

0

1 105×

2 105×

Fexc t( )

t

vexp 0s( ) 0.186m

s⋅= vexp 3

Tm

4

0.129−m

s⋅= Fexcexp 0s( ) 116 N⋅=

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Força Hidrodinâmica no tempo (N x s) Potencia Gerada No Tempo (W x s)

Potexp t( ) 0 Fhexp t( ) vexp t( )⋅ 0<if

Fhexp t( ) vexp t( )⋅ Fhexp t( ) vexp t( )⋅ 0≥if

:=

0 2.535.067.5910.12600−

300−

0

300

600

Fhexp t( )

t0 1.7 3.4 5.1 6.7 8.4 10.1

0

15

30

45

60

00

Potexp t( )

t

Fhexp 3Tmexp

4

462.387 N⋅= Potexp 3.Tmexp

8

53.572 W⋅=

Força Média na Subida Potencia Media Disponível na Subida

Pavgexp0

Tmexp

tPotexp t( )⌠⌡

d1

Tmexp⋅:=

Favgexp

0

Tmexp

tFhexp t( )

2

⌠⌡

d1

Tmexp⋅:=

Pavgexp 19.742 W⋅=Favgexp 0.152 kN⋅=

Energia Gerada

Energia Por Ciclo

Energiaexp t( )0

t

tPotexp t( )⌠⌡

d:= Energiaexp Tmexp( ) 49.948 J⋅=

ηexp13.5

PavgexpW:= ηexp2

10

PavgexpW:=

ηexp1 0.177= ηexp2 0.507=

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