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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC SÁVIO AUGUSTO FERREIRA BORGES ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA DESCONTÍNUA EM CONCRETO ARMADO MACEIÓ-ALAGOAS 2019/2

ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

SÁVIO AUGUSTO FERREIRA BORGES

ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA DESCONTÍNUA EM CONCRETO ARMADO

MACEIÓ-ALAGOAS 2019/2

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SÁVIO AUGUSTO FERREIRA BORGES

ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA DESCONTÍNUA EM CONCRETO ARMADO

Trabalho de conclusão de curso apresentado como

requisito final, para a conclusão do curso de

Engenharia Civil, Centro Universitário CESMAC, sob a

orientação do professor Msc. Ricardo Sampaio Romão

Filho e coorientação do professor Msc. Everton Luiz da

Silva Mendes.

MACEIÓ-ALAGOAS 2019/2

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REDE DE BIBLIOTECAS CESMAC SETOR

DE TRATAMENTO TÉCNICO

Bibliotecária: Ana Paula de Lima Fragoso Farias – CRB/4 - 2195

B732a Borges, Savio Augusto Ferreira

Análise teórica-experimental de uma estrutura descontínua em

concreto armado / Savio Augusto Ferreira Borges – Maceió: 2019. 83 f.: il.

TCC (Graduação em Engenharia Civil) – Centro Universitário

CESMAC, Maceió – AL, 2019.

Orientador: Ricardo Sampaio Romão Filho.

Coorientador: Everton Luiz da Silva Mendes.

1. Estruturas. 2. Ansys. 3. Elementos finitos. 4. Consolo curto. I. Romão

Filho, Ricardo Sampaio. II. Mendes, Everton Luiz da Silva. III. Título.

CDU: 624

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por toda graça, capacitação e força dada por Ele. Meus

sinceros agradecimentos ao corpo docente do curso de engenharia civil do Centro

Universitário CESMAC, por cada ensinamento e sabedoria transmitida no decorrer

dos últimos anos, em especial ao meu orientador, Ricardo Sampaio Romão Filho, e

ao meu coorientador, Everton Luiz da Silva Mendes. Minha gratidão à equipe do

SENAI que abriu as portas de sua instituição para que pudesse realizar o ensaio desse

trabalho e aos amigos e engenheiros que a faculdade me presenteou, Arthur Padilha

e Cléverton Araújo, por terem me auxiliado nas atividades laboratoriais. Por fim, não

posso deixar de agradecer a minha família, em especial ao meu pai, Fernando

Augusto Gomes Borges, e minha mãe, Maria do Socorro Ferreira Borges, por toda

confiança depositada, incentivo e suporte ao longo dos anos. A todos estes, meu mais

sincero sentimento de gratidão.

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ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA DESCONTÍNUA EM CONCRETO ARMADO

EXPERIMENTAL THEORETICAL ANALYSIS OF A REINFORCED CONCRETE DISCONTINUOUS STRUCTURE

Sávio Augusto Ferreira Borges Graduando do Curso de Engenharia Civil

[email protected] Ricardo Sampaio Romão Filho

Mestre em estruturas [email protected] Everton Luiz da Silva Mendes

Mestre em estruturas [email protected]

RESUMO O presente trabalho retrata um estudo teórico experimental de uma estrutura descontínua semelhante

a um consolo curto em concreto armado. Devido a sua não linearidade, é necessário que se leve em

consideração os efeitos cisalhantes em seu comportamento. Para tal, a NBR 6118:2014 apresenta

algumas metodologias de análises, dentre elas, o Método das Bielas e Tirantes e o Método dos

Elementos Finitos. Nesse sentido, objetiva-se o confronto dos comportamentos observado nessas duas

metodologias com os resultados obtidos no ensaio experimental. Para tal, definiu-se uma geometria

que pudesse ser ensaiada em uma prensa comumente encontrada em laboratórios de construção civil.

A partir desse formato, definiu-se um modelo de bielas e tirantes e uma disposição de armaduras para

continuar o estudo. Realizado o detalhamento, analisou-se linearmente a estrutura e a influência da

forma de inserção de alguns parâmetros de entorno através do software Ansys estudantil. Em seguida,

executou-se o ensaio dessa estrutura, proporcionando dados mais precisos sobre o objeto de estudo

e uma carga última de referência para comparar com os valores obtidos em dois modelos de bielas e

tirantes e na análise computacional não linear. Após o levantamento e estudo dos dados, foi observado

que todos os modelos representaram bem o comportamento da estrutura, no entanto, a análise não

linear através do Método dos Elementos Finitos foi mais assertiva quanto a carga de ruptura,

representando a melhor opção para verificação da segurança.

PALAVRAS-CHAVE: Estruturas. Ansys. Elementos Finitos. Consolo curto.

ABSTRACT The present work portrays an experimental theoretical study of a discontinuous structure similar to a

corbel in reinforced concrete. Due to its nonlinearity, it is necessary to consider the shear effects on its

behavior. To this end, NBR 6118: 2014 brings some analysis methodologies, including the Strut-and-tie

Method and the Finite Element Method. For that matter, the objective is to compare the behaviors

observed in these two Methods with the results obtained in the laboratorial experiment. For this, a

geometry that could be tested in a press commonly found in construction laboratories was defined. From

this geometric form, a strut-and-tie model and an arrangement of reinforcements was carried out to

continue the study. After the detailing, the structure and the influence of the insertion form of some

surrounding parameters were analyzed linearly using the student Ansys software. Then, the testing of

this structure was performed, providing more precise data about the object of study and a reference

ultimate load to compare with the values obtained in two strut-and-tie models and in the nonlinear

computational analysis. After collecting and studying the data, it was observed that all models

represented well the structure behavior, however the nonlinear analysis through the Finite Element

Method was more assertive regarding the rupture load, representing the best option for safety

verification.

KEYWORDS: Structures. Ansys. Finite Elements. Short Corbels.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Regiões “B” e “D” em estruturas de concreto 11

Figura 2. Resultados experimentais do concreto sujeito a tração uniaxial (a) e compressão uniaxial (b) ......................................................................................... 17 Figura 3. Comportamento do concreto e definição da energia de fratura à: tração (a) e compressão (b) ................................................................................................... 17 Figura 4. Envolventes de resistência do concreto em comportamento biaxial e limite de elasticidade inicial ............................................................................................. 18 Figura 5. Consolo curto e limitações de sua região de descontinuidade ................ 20 Figura 6. Modelo de bielas e tirantes e definição das incógnitas “a” e “d” .............. 20 Figura 7. Armadura típica de um consolo curto ..................................................... 21 Figura 8. Ruptura (a) por flexão; (b) por fendilhação da biela comprimida; (c) por cisalhamento; (d) por falha na ancoragem; (e) por esmagamento; (f) por ações horizontais ............................................................................................................. 23 Figura 9. Definição de nó de pórtico ...................................................................... 24 Figura 10. Classificação dos nós em um pórtico ................................................... 25 Figura 11. Tensões e disposição de armaduras em um nó de canto ..................... 25 Figura 12. Treliça de Mörsch em uma viga de concreto armado ........................... 26 Figura 13. Modelo de bielas e tirantes de um dente de gerber .............................. 26 Figura 14. (a) Estrutura e cargas; (b) Fluxo de forças; (c) Modelo de bielas e tirantes 28 Figura 15. (a) Distribuição de tensão radial; (b) Distribuição de tensão garrafa; (c) Distribuição de tensão paralela .............................................................................. 29 Figura 16. Nós do tipo CCC .................................................................................. 30 Figura 17. Nós do tipo CCT ................................................................................... 30 Figura 18. Nós com barras dobradas .................................................................... 31 Figura 19. Nós do tipo CTT ................................................................................... 31 Figura 20. Formas de elementos finitos ................................................................. 33 Figura 21. Regiões em que se deve refinar a malha ............................................. 34 Figura 22. Distribuição dos campos de tensões normais em um consolo curto ....................................................................................................................... 34 Figura 23. Geometria, com dimensões em metro, do consolo curto que será objeto de estudo ............................................................................................................... 35 Figura 24. Modelo de bielas e tirantes do consolo curto objeto de estudo ............. 38 Figura 25. Nomenclatura adotada para os segmentos do modelo ......................... 39 Figura 26. Cargas internas (a) e momentos (b) do modelo de bielas e tirantes ..... 40 Figura 27. Largura das bielas na verificação do nó 4 ............................................ 42 Figura 28. Largura das bielas na verificação do nó 3 ............................................ 43 Figura 29. Largura da biela e tirante na verificação do nó 2 .................................. 44 Figura 30. Cargas internas para uma carga aplicada de 30,36 ............................. 45 Figura 31. Detalhamento das armaduras baseado no modelo de bielas e tirantes 47 Figura 32. Tensões principais da modelagem do consolo curto com aplicação de carga concentrada de 30,36 kN ............................................................................. 48 Figura 33. Tensões principais da modelagem do consolo curto com aplicação de carga distribuída de 404,8 kN/m ao longo dos 7,5 cm de contato entre a chapa metálica e o consolo .............................................................................................. 49 Figura 34. Tensões principais da modelagem com elementos de arestas de 0,1m (a), 0,075m (b), 0,05m (c), 0,025m (d) e 0,005 (e) ................................................. 50 Figura 35. Retas de referência A (a) e B (b) de tensões ........................................ 51

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Figura 36. Tensões equivalentes (von-Mises) (a), de tração (máximas) (b) e compressão (mínimas) (c) do caso 1 ..................................................................... 51 Figura 37. Tensões equivalentes (von-Mises) (a), de tração (máximas) (b) e compressão (mínimas) (c) do caso 2 ..................................................................... 53 Figura 38. Tensões exercidas na armadura do caso 2 .......................................... 55 Figura 39. Tensões equivalentes (von-Mises) (a), de tração (máximas) (b) e compressão (mínimas) (c) do caso 3 ..................................................................... 55 Figura 40. Tensões (Von-Mises) exercidas na armadura do caso 3 ...................... 57 Figura 41. Armadura do consolo já posicionada na forma para recebimento do concreto ................................................................................................................. 58 Figura 42. Corpos de prova cilíndricos executados ............................................... 58 Figura 43. Consolo curto concretado ..................................................................... 59 Figura 44. Rompimento dos corpos de prova ........................................................ 59 Figura 45. Idealização do diagrama de tensão-deformação .................................. 60 Figura 46. Estado inicial do consolo curto ............................................................. 61 Figura 47. Ruptura e abertura de fendas do consolo curto .................................... 61 Figura 48. Carga de ruptura de acordo com o Modelo de bielas e tirantes inicialmente utilizado .............................................................................................. 62 Figura 49. Modelo de bielas e tirantes adaptado ................................................... 63 Figura 50. Carga de ruptura de acordo com o Modelo de bielas e tirantes adaptado . 64 Figura 51. Tensões equivalentes (Von-mises) na estrutura sem armadura (a) e com armadura (b) ao serem submetidos a uma carga de 121,5 kN ............................... 65 Figura 52. Fissuração e plastificação da estrutura armada submetida à carga de 121,5 kN ................................................................................................................ 66 Figura 53. Bicheiras resultantes da ineficiente vibração do concreto ..................... 66 Figura 54. Armadura resistindo aos esforços de tração, submetidas a 180,77 MPa, e auxiliando na resistência à compressão sob esforços de 316,11 MPa ............................................................................................................ 67 Figura 55. Mapeamento de fissurações da estrutura armada para uma carga de 103,1 KN segundo modelagem computacional ...................................................... 68 Figura 56. Mapeamento de fissurações com os primeiros indícios de abertura de fissura da estrutura armada com uma carga de 116,5 KN segundo modelagem computacional ........................................................................................................ 68 Figura 57. Mapeamento de fissurações com os primeiros indícios de abertura de fissura da estrutura sem armadura com uma carga de 114,3 KN segundo modelagem computacional .................................................................................... 69

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Carga máxima admissível do modelo de bielas e tirantes ..................... 44 Gráfico 2. Tensões na reta A do caso 1 ................................................................ 52 Gráfico 3. Tensões na reta B do caso 1 ................................................................ 52 Gráfico 4. Tensões na reta A do caso 2 ................................................................ 54 Gráfico 5. Tensões na reta B do caso 2 ................................................................ 54 Gráfico 6. Tensões na reta A do caso 3 ................................................................ 56 Gráfico 7. Tensões na reta B do caso 3 ................................................................ 56 Gráfico 8. Diagrama de tensão-deformação do concreto utilizado no ensaio ........ 60 Gráfico 9. Tensões equivalentes (Von-mises) nas regiões críticas de compressão da estrutura com e sem armadura .............................................................................. 65 Gráfico 10. Tensões de tração ao longo da reta de referência A ........................... 67 Gráfico 11. Assertividade das cargas de ruptura dos modelos estudados ............. 69

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 10 1.1 Considerações iniciais .................................................................................. 10 1.2 Objetivos ......................................................................................................... 12 1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................ 12 1.2.2 Objetivos específicos .................................................................................... 12 2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 13 2.1 Concreto armado ........................................................................................... 13 2.2 Dimensionamento e análise de estruturas de concreto armado ................ 14 2.2.1 Estados limites .............................................................................................. 15 2.2.2 Métodos de análise estrutural ....................................................................... 15 2.2.3 Análise não linear de estruturas de concreto armado .................................... 16 2.2.3.1 Comportamento uniaxial ............................................................................. 16 2.2.3.2 Comportamento biaxial .............................................................................. 17 2.2.4 Hipóteses básicas para cálculo de elementos usuais de concreto ................ 18 2.3 Regiões “B” e “D” em uma estrutura ........................................................... 19 2.3.1 Consolos curtos ............................................................................................ 19 2.3.1.1 Detalhamento ............................................................................................. 21 2.3.1.1.1 Armadura do tirante ................................................................................. 21 2.3.1.1.2 Aparelho de apoio ................................................................................... 22 2.3.1.1.3 Armadura de costura ............................................................................... 22 2.3.1.1.4 Armadura de suspenção ......................................................................... 22 2.3.1.2 Comportamento estrutural .......................................................................... 22 2.3.1.3 Rupturas de um consolo ............................................................................. 23 2.3.2 Nó de Pórtico ................................................................................................ 24 2.4 Método das bielas e tirantes ......................................................................... 25 2.4.1 Geometria do modelo .................................................................................... 27 2.4.2 Caminho das forças ...................................................................................... 27 2.4.3 Dimensionamento das bielas ........................................................................ 28 2.4.4 Dimensionamento das tirantes ...................................................................... 29 2.4.5 Dimensionamento dos nós ............................................................................ 29 2.4.6 Parâmetros de resistência de cálculo das bielas e regiões nodais ................ 32 2.5 Método dos elementos finitos (MEF) ............................................................ 32 3 METODOLOGIA ................................................................................................. 35 3.1 Revisão bibliográfica ..................................................................................... 35 3.2 Definição da geometria e propriedades do material .................................... 35 3.3 Modelo de bielas e tirantes ............................................................................ 36 3.4 Definição do detalhamento inicial das armaduras ...................................... 36 3.5 Modelagem computacional ........................................................................... 37 3.6 Ensaio e análise laboratorial ......................................................................... 37 3.7 Análise e resultados ...................................................................................... 37 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 38 4.1 Dimensionamento .......................................................................................... 38 4.1.1 Modelo de bielas e tirantes ............................................................................ 38 4.1.1.1 Equilíbrio dos nós e determinação das forças internas ............................... 38 4.1.1.2 Verificação das regiões nodais ................................................................... 41 4.1.1.2.1 Nós CCC ................................................................................................. 41 4.1.1.2.1.1 Nó 4 ..................................................................................................... 41 4.1.1.2.1.2 Nó 3 ..................................................................................................... 42

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4.1.1.2.1 Nós CCT ................................................................................................. 43 4.1.1.3 Carga máxima admissível .......................................................................... 44 4.1.1.4 Dimensionamento dos tirantes ................................................................... 45 4.1.1.5 Armadura de costura .................................................................................. 46 4.1.1.6 Detalhamento das armaduras .................................................................... 47 4.1.2 Método dos Elementos Finitos ...................................................................... 48 4.1.2.1 Carga aplicada ao modelo .......................................................................... 48 4.1.2.2 Refinamento da malha ............................................................................... 49 4.1.2.3 Modelagem da estrutura ............................................................................. 50 4.1.2.3.1 Caso 1: Estrutura sem armadura ............................................................. 51 4.1.2.3.2 Estrutura com armadura .......................................................................... 53 4.1.2.3.2.1 Caso 2: Estrutura apenas com armaduras principais ........................... 53 4.1.2.3.2.2 Caso 3: Estrutura com armaduras principais e auxiliares ..................... 55 4.1.2.3.3 Confronto dos casos ............................................................................... 57 4.2 Concretagem, caracterização do concreto e ensaio ................................... 58 4.3 Análise dos resultados obtidos .................................................................... 62 4.3.1 Modelo de bielas e tirantes ............................................................................ 62 4.3.2 Método dos Elementos Finitos ...................................................................... 64 4.3.3 Assertividade dos modelos ............................................................................ 69 5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 71 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 72 APÊNDICES .......................................................................................................... 74 APÊNDICE A – CÓDIGOS UTILIZADOS NA ANÁLISE ELÁSTICA NO ANSYS .......... 75 APÊNDICE B – RESULTADO DOS ENSAIOS DOS CORPOS DE PROVA ................. 77 APÊNDICE C – RESULTADO DO ENSAIO DO CONSOLO CURTO .......................... 79 APÊNDICE D – CÓDIGOS ADEQUADOS E ADICIONADOS À ANÁLISE NÃO LINEAR E

FINAL NO ANSYS ................................................................................................... 81

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações iniciais

Muito embora o concreto armado seja considerado um elemento estrutural

relativamente recente, surgido há cerca de 150 anos, Clímaco (2008) afirma que sua

escala de utilização tem ocorrido de tal forma a o levar para a posição de material

estrutural mais utilizado pela humanidade. Estudos estimam que após a água, o

concreto é o material mais utilizado mundialmente, chegando a ordem de 6 bilhões de

toneladas por ano (MEHTA; MONTEIRO,1994).

O concreto armado é definido por Graziano (2005) como a combinação de dois

materiais bastante conhecidos pela humanidade: o concreto e o aço. Araújo (2003)

determina que essa união ocorre para que a boa resistência à tração do aço supra o

déficit dessa característica no concreto – caracterizado por excelente resistência às

tensões de compressão.

Nos últimos anos, o setor da construção civil vivenciou abundante evolução

tanto em sua forma arquitetônica quanto em seus métodos construtivos. Basta

comparar edifícios recentes e antigos de uma grande metrópole que ficam evidentes

formatos estruturais inovadores para maximizar parâmetros de conforto do usuário ou

ainda a utilização de estruturas pré-moldadas a fim de aligeirar o tempo de construção

de um empreendimento (SERRA; FERREIRA; PIGOZZO, 2005; ROMÉRO;

GONÇALVES; DILONARDO, 1999).

Para Simão (2014), o modelo de análise de elementos estruturais se baseia

majoritariamente no seguimento da Hipótese de Bernoulli, admitindo-se que a

distribuição de deformações ao longo da seção transversal seja linear, independente

do estágio do carregamento. Entretanto, com a evolução supracitada, surgem

diversos elementos estruturais que fogem da continuidade e isotropia exigida para

validação da linearidade da seção. Em elementos com descontinuidades e que a

seção não continua plana após deformação, é de essencial importância a

consideração de tensões cisalhantes.

Segundo Silva e Giongo (2000), divide-se comumente uma estrutura em

regiões contínuas (“Regiões B”) e descontinuas (“Regiões D”). Alguns exemplos

podem ser bem definidos na Figura 1.

Page 13: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

11

Figura 1 – Regiões “B” e “D” em estruturas de concreto.

Fonte: Adaptado de Hsu; Mo (2010)

É possível enquadrar os consolos em uma região de descontinuidade,

caracterizados pela NBR 6118:2014 como estruturas em que a distância da carga

aplicada ao apoio se situa a um comprimento inferior a altura útil desse consolo. A

norma ainda recomenda o dimensionamento desse elemento pelo método das bielas

e tirantes, procedimento em que a visualização do comportamento de grande parte

dos elementos de concreto pode ser representada de modo aproximado, viabilizando

o dimensionamento, detalhamento e verificação das áreas de compressão (bielas) e

as de tração (tirantes).

Para conhecer melhor as tensões de uma estrutura, Souza (2004) cita o Método

dos Elementos (MEF) como um grande aliado do Modelo das Bielas e Tirantes. Tal

afirmação se dá pelo fato da análise elástica utilizando o MEF determinar com grande

precisão o encaminhamento das tensões no interior da estrutura, facilitando a

alocação adequada das bielas e tirantes, permitindo um dimensionamento com o

equilíbrio ideal entre a economia, durabilidade e segurança em serviço e no estado de

limite último.

Sendo assim, este trabalho propõe desenvolver um estudo teórico-

experimental do comportamento observado em uma estrutura descontínua

semelhante a um consolo curto ensaiada em laboratório, modelada com auxílio de

ferramenta computacional baseada no MEF e no método das bielas e tirantes,

recomendado pela NBR 6118:2014.

Page 14: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

12

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Realizar uma análise teórica-experimental de uma estrutura descontínua

semelhante a um consolo curto em concreto armado a partir do confronto do

comportamento observado no Método das Bielas e Tirantes e no Método dos

Elementos Finitos com os resultados obtidos no ensaio experimental.

1.2.2 Objetivos específicos

• Analisar a estrutura por recomendações normativas com o Método das Bielas

e Tirantes;

• Realizar um detalhamento inicial

• Investigar as tensões por meio do Método dos Elementos Finitos;

• Estudar os comportamentos lineares e não lineares da peça;

• Realizar o ensaio experimental da estrutura descontínua proposta.

• Observar a semelhança do comportamento dos modelos com o observado no

ensaio.

Page 15: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

13

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Concreto armado

De forma simplificada, Graziano (2005) define o concreto armado como a

combinação de dois materiais bastante conhecidos pela humidade: o concreto e o

aço. Para Araújo (2003), essa união ocorre para que a boa resistência à tração do aço

supra o déficit desse aspecto no concreto- caracterizado por excelente resistência às

tensões de compressão.

Diversas são as vantagens desse tipo de estrutura, entre elas, Carvalho e

Figueiredo Filho (2016) frisam:

• Ótima capacidade resistente à maiores solicitações;

• Alta trabalhabilidade e capacidade de se adaptar a diversos formatos

idealizados pelo projetista ou arquiteto;

• Em diversas vezes, é vista como uma estrutura econômica;

• Durabilidade e resistência ao fogo superiores aos observados em madeira e

aço- materiais os quais são comumente utilizados como elementos estruturais.

Em contrapartida, o mesmo autor identifica algumas inconveniências

associadas ao concreto armado, são elas:

• Peso específico elevado do material, levando à grandes dimensões e,

consequentemente, à altas cargas referentes ao seu próprio peso. Por

conseguinte, a depender da estrutura, o seu custo pode ser consideravelmente

elevado;

• Adaptações e reformas são de difícil execução;

• Quando executadas no local, exige que sistema de fôrmas e escoras

permaneça no local por diversos dias até que se obtenha a resistência

necessária.

Apesar das desvantagens observadas, os benefícios do concreto armado se

sobressaem tanto ao ponto de, segundo Clímaco (2008), levá-lo à posição de material

estrutural mais utilizado pela humidade. Sua importância é tanta que seu consumo

chega à ordem de 6 bilhões de toneladas por ano (MEHTA; MONTEIRO, 1994).

Carvalho e Figueiredo Filho (2016) associam os anos de 1824 a 1904 ao tempo

cronológico mais importante do início da utilização do concreto armado. Foi nesse

Page 16: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

14

período que se inventou o cimento Portland e que o francês J. Monier não só publicou

os princípios básicos do concreto armado mas também patenteou vigas e tubos

executados com esse material. Além disso, foi nesse intervalo que se executou a

primeira casa de concreto armado e que se publicou instruções provisórias para

preparação, execução e ensaio de construções desse material.

Em uma perspectiva atual, o concreto armado já está intimamente associado à

diversas inovações tecnológicas. O sistema de pré-fabricação pode ser enfatizado

entre os frutos desse mecanismo, trazendo agilidade, qualidade e alto controle ao

canteiro de obras (SERRA; FERREIRA; PIGOZZO, 2005).

2.2 Dimensionamento e análise de estruturas de concreto armado

Segundo Carvalho e Figueiredo Filho (2016), o cálculo ou dimensionamento de

qualquer estrutura de concreto armado tem por finalidade a garantia de sua

funcionalidade durante sua vida útil quando utilizada para o fim à qual foi concebida.

Dessa afirmação, entende-se que o elemento estrutural suportará seguramente e sem

deformações excessivas todas as solicitações previstas.

Nesse sentido, para que o dimensionamento seja realizado como supracitado

é necessária uma análise estrutural precisa. A NBR 6118:2014 cita que através da

análise estrutural é possível determinar as distribuições de esforços internos,

deformações e verificar a estrutura em estados limites últimos e de serviço.

Os autores Carvalho e Figueiredo Filho (2016) ainda citam duas classificações

usuais para os métodos de cálculo das estruturas de concreto armado:

• Métodos clássicos ou das tensões admissíveis, onde são determinadas as

tensões máximas em função das solicitações e em seguida limitadas a uma

fração da resistência dos materiais;

• Método de cálculo na ruptura ou dos estados limites, no qual o processo

simplificado e semiprobabilístico garante a segurança quando torna as

solicitações de cargas majoradas inferiores às solicitações últimas.

A NBR 6118:2014 determina que no método dos estados limites as resistências

efetivas sejam inferiores e as ações efetivas sejam superiores aos seus respectivos

valores característicos. De uma forma geral, em grande parte dos casos, as

resistências de cálculo no estado limite último (E.L.U) do concreto e do aço são obtidas

Page 17: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

15

respectivamente pelas Equações 1 e 2, onde 1,4 e 1,15 representam os coeficientes

de ponderação de resistência ϒc e ϒs.

𝐹𝑐𝑑 =𝑓𝑐𝑘

1,4 (1) 𝐹𝑦𝑑 =

𝑓𝑦𝑘

1,15 (2)

Onde:

• Fcd é a resistência de projeto do concreto;

• fck é a resistência característica do concreto;

• Fyd é a resistência de projeto do aço;

• fyk é a resistência característica do aço.

2.2.1 Estados limites

Para o dimensionamento de estruturas de concreto se considera os estados

limites últimos, referindo-se ao colapso ou ruína estrutural, e os estados limites de

serviço, os quais tratam da durabilidade, aparência, conforto e funcionalidade do

sistema (CARVALHO; FIGUEIREDO FILHO, 2016).

Segundo a NBR 6118:2014 a segurança deve ser sempre verificada aos

estados limites últimos na perda de equilíbrio, colapso progressivo e fim da

capacidade resistente, seja ela causada por solicitações normais, efeitos de segunda

ordem, solicitações dinâmicas, exposição ao fogo ou ações sísmicas.

Já com relação ao estado limite de serviço, a mesma norma determina a

verificação de limites pré-estabelecidos da formação de fissuras (ELS-F), abertura de

fissuras (ELS-W), deformação excessiva (ELS-DEF) e vibrações excessivas (ELS-

VE).

2.2.2 Métodos de análise estrutural

As metodologias de cálculo se diferem pelas considerações que são feitas dos

materiais componentes da estrutura. A NBR 6118:2014 afirma que, em situação de

projeto, a análise estrutural pode ser efetuada pelos seguintes métodos:

• Análise linear, onde se admite o comportamento elástico linear. Esses valores

são utilizados na verificação de estados limites de utilização;

• Análise plástica, quando se considera as não linearidades e para verificação de

ELU.

Page 18: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

16

2.2.3 Análise não linear de estruturas de concreto armado

Para que seja possível analisar a não linearidade de uma estrutura, necessita-

se da utilização de ferramentas matemáticas mais sofisticadas, exigindo um maior

processamento computacional (RIBEIRO, 2016). Segundo Stramandinoli (2007), o

comportamento não linear de uma estrutura pode ser originado da configuração da

estrutura (não linearidade geométrica) ou do comportamento do material (não

linearidade física).

Stramandinoli (2007) ainda explana esses casos, determinando que:

• A não linearidade geométrica, usualmente conhecida como efeito de segunda

ordem, se dá quando a variação de esforços e de deslocamentos de uma

estrutura gerada pela mudança de geometria atinge valores que não podem ser

desconsiderados;

• Já a não linearidade física ocorre em função da propriedade do material. O

concreto é caracterizado por um comportamento não linear.

O autor ainda determina que no caso do concreto armado, devido à interação

entre os materiais, o comportamento não linear é ainda mais complexo. Para que a

análise feita seja realística, Stramandinoli (2007) recomenda que se leve em

consideração a não linearidade da tensão x deformação dos materiais e se utilize

ferramentas como o Método dos Elementos Finitos.

Segundo Lourenço (1999), o concreto se classifica como material quase-frágil,

caracterizado por uma heterogeneidade e comportamento complexo, onde, diferente

dos materiais metálicos, apresentam resultados experimentais difíceis de se obter e

com possíveis discrepâncias em função do laboratório, equipamentos e configurações

em que o estudo foi realizado.

2.2.3.1 Comportamento uniaxial

A resposta do comportamento do concreto à ciclos de carga e descarga

uniaxiais varia quando submetida à tração ou compressão. No caso da tração, como

observado na Figura 2(a), o concreto se comporta linearmente até 75% da tensão de

ruptura, já no caso de compressão, como observado na Figura 2(b), o comportamento

se demostra linear até 33% da tensão de ruptura, em seguida sofrendo endurecimento

Page 19: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

17

e amolecimento progressivo. É a partir de 75% da tensão de ruptura que o concreto

submetido a compressão exibe uma degradação da rigidez (LOURENÇO, 1999).

(a) (b)

Figura 2 – Resultados experimentais do concreto sujeito a tração uniaxial (a) e compressão uniaxial (b).

Fonte: Lourenço (1999)

Lourenço (1999) ainda determina que a relação entre tensão e deslocamento

obtida no endurecimento, citado anteriormente, se denomina amolecimento. Segundo

ele, nesse caso, é necessário realizar ensaios sobre deslocamentos e não de forças,

passando a adotar a relação tensão (σ) x deformação (w) que, após a integração do

diagrama gerado, determina a energia de fratura (Gf), observada na Figura 3.

(a) (b)

Figura 3 – Comportamento do concreto e definição da energia de fratura à: tração (a) e compressão (b). Fonte: Lourenço (1999)

Na modelagem de uma estrutura, para considerar o amolecimento, é

fundamental considerar a energia de fratura no comportamento do concreto

(LOURENÇO, 1999).

2.2.3.2 Comportamento biaxial

No caso em que o concreto está submetido a uma compressão biaxial, sua

resistência se mostra superior à situação de compressão uniaxial. Já sob tração, a

resistência se mostra semelhante para ambos os casos de solicitação. Na Figura 4, é

Page 20: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

18

possível observar as envoltórias de resistência para ensaios biaxiais e o limite de

elasticidade inicial (LOURENÇO, 1999).

Figura 4 – Envoltórias de resistência do concreto em comportamento biaxial e limite de elasticidade inicial.

Fonte: Lourenço (1999)

2.2.4 Hipóteses básicas para cálculo de elementos usuais de concreto armado

De acordo com Carvalho e Figueiredo Filho (2016), o dimensionamento de

estruturas em concreto armado é feito no estado limite último de ruína, fazendo com

que as deformações de ambos os materiais (concreto e aço) sejam bem aproveitadas.

A NBR 6118:2014 estabelece algumas simplificações no cálculo desses

elementos. Entre as principais, pode-se citar:

• A determinação da hipótese de Bernoulli, considerando que as seções

transversais permanecem planas após a deformação até o E.L.U. e que as

deformações são proporcionais à sua distância até a LN (Linha Neutra) da

seção;

• Solidariedade e deformações específicas perfeitas entre o concreto e o aço;

• Desconsidera-se as tensões de tração no concreto.

Page 21: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

19

2.3 Regiões “B” e “D” em uma estrutura

Segundo Silva e Giongo (2000), divide-se comumente uma estrutura em

regiões contínuas (“Regiões B”) e descontínuas (“Regiões D”). Alguns exemplos

podem ser bem definidos na Figura 1.

As regiões “B” podem ser classificadas como aquelas em que se pode levar em

consideração a hipótese de Bernoulli. Tais regiões são projetadas com facilidade e

precisão, além das tensões internas serem obtidas com facilidade por meio dos

esforços seccionais - flexão, torção, cortante e normal (CAMPOS-FILHO, 1996).

Campos-Filho (1996) ainda afirma que as regiões “D” são aquelas em que as

deformações se apresentam de forma não linear, como em regiões com alteração de

seção, com furos ou próximo a cargas concentradas. Nesses casos, as tensões de

cisalhamento são significativas, levando à não linearidade da seção transversal

(SIMÃO, 2014).

2.3.1 Consolos curtos

Naegeli (1997), citada por Teixeira, Ponte e Leite (2017), determina que a

função generalizada do consolo é servir de apoio para outros elementos estruturais,

como dente de gerber ou equipamentos pesados. Sua utilização é frequente em

estruturas de concreto armado, em especial em pré-moldados.

A NBR 6118:2014 conceitua os consolos curtos, observado na Figura 5, como

estruturas em que a distância da carga aplicada ao apoio se situa a um comprimento

inferior a altura útil desse consolo. A variação dos valores da distância do ponto de

aplicação da carga (a) e da altura útil (d), apresentados na Figura 6 podem alterar a

denominação do elemento nos seguintes quesitos:

• Caso “a” estiver em um intervalo entre metade de “d” e “d”, o consolo é

denominado curto;

• Já quando “a” é inferior a metade de “d”, o consolo é classificado como muito

curto;

• Por fim, caso “a” seja superior a “d”, não se deve tratar o elemento como

consolo, mas sim uma viga em balanço.

Page 22: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

20

Figura 5 – Consolo curto e limitações de sua região de descontinuidade. Fonte: NBR 6118:2014

A norma ainda estabelece que o cálculo e dimensionamento dessa estrutura

pode ser realizado por modelos planos lineares, atrito-cisalhamento ou o método das

bielas e tirantes, geralmente utilizado. Traz-se, ainda, um modelo de utilização desse

último recurso na Figura 6.

Figura 6 – Modelo de bielas e tirantes e definição das incógnitas “a” e “d”. Fonte: NBR 6118:2014

É possível observar que o tirante superior se ancora no pilar e na biela sob a

carga aplicada. Já a biela inclinada utiliza toda altura útil disponível até a altura do

pilar.

Page 23: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

21

2.3.1.1 Detalhamento

Após o dimensionamento do consolo curto, é necessário fazer a disposição e

detalhamento das armaduras utilizadas. Elas podem ser divididas em 3 classificações,

segundo a sua função, e observadas na Figura 7.

Figura 7 – Armadura típica de um consolo curto.

Fonte: NBR 6118:2014

2.3.1.1.1 Armadura do tirante

Devido à limitação geométrica do elemento, essa estrutura tende a apresentar

tirantes muito curtos, por isso deve-se ter bastante cuidado na ancoragem em ambas

extremidades da armadura prevista, especialmente a localizada na extremidade do

consolo (NBR 6118:2014). A norma ainda determina que:

• Na extremidade do consolo não é recomendado utilizar gancho no plano

vertical, pois pode proporcionar ruínas por ruptura de canto;

• Na região da carga aplicada, são necessárias ancoragens mais eficientes,

como alças no plano horizontal ou barras transversais soldadas à armadura;

• Para encontrar a armadura mínima deve se utilizar o mesmo procedimento feito

em vigas de concreto armado. No caso do consolo, a base (b) e altura (h)

devem ser consideradas como os comprimentos mostrado na Figura 7.

Page 24: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

22

2.3.1.1.2 Aparelho de apoio

No caso da existência do consolo, o aparelho de apoio deve ser

dimensionamento e posicionado de maneira a permitir que o tirante abrace a biela.

Além disso, a mesma NBR recomenda que se considere o efeito desfavorável da

resultante inclinada das cargas.

2.3.1.1.3 Armadura de costura

A armadura de costura tem a função de garantir uma ruptura mais dúctil e evitar

o decréscimo da carga de ruptura. A NBR 6118:2014 ainda determina sua existência

obrigatória com valor mínimo de 40% da taxa de armadura do tirante, distribuída em

estribos horizontais em uma altura igual a 2/3 de “d”.

2.3.1.1.4 Armadura de suspensão

A armadura de suspensão para totalidade da carga tem sua existência

requerida na presença de cargas indiretas (NBR 6118:2014).

2.3.1.2 Comportamento estrutural

A NBR 6118:2014 recomenda que algumas medidas sejam tomadas para

garantir que o consolo cumpra seu comportamento de forma adequada:

• Deve-se ancorar o tirante, abraçando a biela abaixo do aparelho de apoio;

• Limitar a taxa de armadura superior, de forma a evitar a ruptura brusca do

concreto, ou seja, garante-se que a armadura escoe antes da ruptura;

• Verificar a resistência à compressão da biela ou do cisalhamento equivalente

na face do pilar;

• Considerar as forças horizontais no dimensionamento;

• Caso exista forças horizontais, transversais ou excêntricas da carga vertical na

largura do consolo, considerar a torção existente. Nesse caso, o

comportamento do modelo de bielas e tirantes ocorre fora do plano médio do

consolo, usualmente com bielas e tirantes mais estreitos.

Page 25: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

23

• Para consolos muito curtos, aumentar a importância da armadura de costura,

participando da resistência do consolo e não apenas na ductilidade.

2.3.1.3 Rupturas de um consolo

Segundo Park e Paulay (1974), diversos são os motivos que podem causar a

ruptura de um consolo curto e é a partir desses modos que surgem as formulações

para o dimensionamento. Para que a determinação da causa do colapso da estrutura

seja feita, é importante observar o comportamento e encaminhamento das fissuras.

Na Figura 8, pode-se observar seis tipos de ruptura, sendo os casos a e b mais

frequentes.

Figura 8 – Ruptura (a) por flexão; (b) por fendilhação da biela comprimida; (c) por cisalhamento; (d) por falha na ancoragem; (e) por esmagamento; (f) por ações

horizontais. Fonte: Adaptado de Park; Paulay (1974)

Os autores ainda caracterizam esses tipos de ruptura, determinando que:

• Na ruptura por flexão, a armadura principal escoa excessivamente, resultando

em fissuras na parte superior e esmagamento do concreto na parte inferior do

consolo;

• Na ruptura por fendilhamento da biela comprimida, após a abertura das fissuras

por flexão, inicia-se a formação de fissuras nessa zona de compressão. Por

fim, é resultado na ruína por cisalhamento no estado de compressão das bielas;

• Na ruptura por cisalhamento, observam-se fissuras curvas e inclinadas,

separando o consolo da face do pilar;

• Na ruptura por falha na ancoragem, o colapso ocorre quando a aplicação da

força é demasiadamente próxima à extremidade do consolo, fazendo com que

Page 26: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

24

a ancoragem não envolva o carregando perfeitamente, gerando fissuras

alinhadas com o contorno da amarração;

• Na ruptura por esmagamento, observam-se falhas por esmagamento local,

quando a carga é aplicada em regiões estreitas ou flexíveis;

• Na ruptura por ações horizontais, quando existentes, as falhas citadas

anteriormente se acentuam devido ao efeito de segunda ordem.

2.3.2 Nó de Pórtico

Os nós de pórticos podem ser definidos como a região ou volume em que os

pilares e vigas são ligados ou, ainda, é visto como a porção do pilar que apresenta

altura igual à da seção da viga, como vista na Figura 9 (ALVA, 2004).

Figura 9 – Definição de nó de pórtico. Fonte: Alva (2004)

Os nós podem ser classificados segundo sua localização em um pórtico, uma

vez que seus respectivos esforços internos se comportam de maneira distintas em

cada caso. Como visto na Figura 10, o nó definido na ligação pilar-viga de extremidade

se denomina nó externo, já quando a ligação pilar-viga ocorre internamente, classifica-

se o nó como nó interno. Por fim, pilares de extremidade associados a vigas de

cobertura resultam em nó de canto (ALVA, 2004).

Page 27: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

25

Figura 10 – Classificação dos nós em um pórtico. Fonte: Alva (2004)

Devido à mudança de direção dos esforços, os nós de pórtico podem ser

considerados como as regiões mais críticas das estruturas, uma vez que se geram

elevadas tensões cisalhantes. Tal condição faz com que seja necessária a utilização

de uma grande quantidade de armadura, resultando também em uma

complexibilidade associada à ancoragem das barras (ALVA, 2004). Para o caso do nó

de canto, é possível observar na Figura 11 uma disposição frequente de armaduras.

Figura 11 – Tensões e disposição de armaduras em um nó de canto. Fonte: Fusco (2013)

2.3.3 Método das bielas e tirantes

A ideia do método das bielas e tirantes tem seu fundamento oriundo da treliça

desenvolvida pelos pesquisadores Ritter e Mörsch no início do século XX. Essa

Page 28: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

26

metodologia base associa uma treliça como modelo para representar o caminho das

tensões internas de uma viga de concreto (SILVA; GIONGO, 2000).

Figura 12 – Treliça de Mörsch em uma viga de concreto armado. Fonte: Silva e Giongo (2000)

Simão (2014) explica a associação do modelo de Mörsch com o método das

bielas e tirantes ao enfatizar que as regiões da peça são denominadas como

elementos da treliça, como pode ser visto na Figura 12. As bielas são os campos

principais de compressão, já os tirantes são as regiões tracionadas, representando o

local onde seriam localizadas a armadura da estrutura de concreto armado. Nesse

método, as bielas e os tirantes devem ser ligados por elementos denominados nós.

Figura 13 – Modelo de bielas e tirantes de um dente de gerber. Fonte: Santos (2006)

O teorema do limite inferior da teoria da plasticidade diz que caso exista um

caminho propício a ruptura, a ruptura irá segui-lo. Essa ideia é fundamental na escolha

do modelo adotado, porém, além disso, deve-se levar em consideração a geometria

da estrutura e as ações atuantes no elemento, portanto não existe um modelo fixo,

podendo haver várias soluções para um mesmo problema proposto. Assim, é função

do projetista saber definir qual modelo melhor descreve o mecanismo de

funcionamento da estrutura (SIMÃO, 2014).

Page 29: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

27

2.3.4 Geometria do modelo

Como citado anteriormente, existem várias possibilidades representativas dos

modelos. Silva e Giongo (2000) recomendam que as bielas e os tirantes sejam

alocados em função dos seguintes fatores:

• Tipos de ações atuantes;

• A angulação entre os tirantes e as bielas;

• Regiões de aplicação das cargas e reações resultantes;

• Número de camada das armaduras;

• Cobrimento da armadura.

Diversos são os critérios que podem nortear o modelo de bielas e tirantes,

Simão (2014) cita como exemplo os padrões de códigos normativos, caminho das

cargas e método dos elementos finitos (MEF). Santos (2006) afirma que no MEF, as

direções das bielas e tirantes é colocada na direção média dos campos de tensões de

compressão e tração e de acordo com os centros de gravidade dos diagramas de

tensão.

Por fim, Silva e Giongo (2000) ainda norteia na escolha do modelo ao afirmar

que o melhor caminho considerado é aquele ao qual estão associadas as menores

deformações. Tendo em vista que as armaduras são os elementos mais deformáveis,

o melhor modelo será aquele que apresente menores quantidade de tirantes e em

menor comprimento. Já Schalaich e schafer (1991) recomendam que a angulação

ideal entre as bielas e os tirantes estejam entre 45º e 65º para evitar problemas de

compatibilidade.

2.3.5 Caminho das forças

Campos-Filho (1996) afirma que é necessário, primeiramente, encontrar as

forças e reações atuantes na região D para, então, traçar o fluxo das forças (load path)

de forma a garantir que:

• As resultantes individuais de tensões opostas à região D tenha igual

intensidade e possam ser ligadas por linhas de fluxos não concorrentes como

visto na Figura 14(b);

Page 30: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

28

• Substitua-se as linhas de fluxo traçadas por poligonais composta de bielas e

tirantes, conforme a Figura 14(c) para o equilíbrio transversal do modelo;

• Não se utilize ângulos entre os elementos inferiores à 45º para que

incompatibilidades não venham ocorrer.

Figura 14 – (a) Estrutura e cargas; (b) Fluxo de forças; (c) Modelo de bielas e tirantes.

Fonte: Schlaich e Schafer (1991)

2.3.6 Dimensionamento das bielas

Como citado anteriormente, as bielas representam a região de compressão na

estrutura de concreto. Segundo Simão (2014), as bielas podem se comportar em três

configurações que se distinguem a depender das ações concentradas e reações, são

elas:

• Distribuição de tensão radial: ocorre em regiões de descontinuidade e com

curvatura desprezível pois a força concentrada introduzida é propagada

suavemente ao longo do elemento;

• Distribuição de tensão garrafa: ocorre geralmente em caminhamento direto das

cargas para os apoios. Caracteriza-se por uma distribuição em linha curvilíneas

e com afunilamento da seção;

• Distribuição de tensões paralelas: caracterizado por uma distribuição uniforme,

sem perturbações e sem tensões transversais de tração.

Page 31: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

29

Figura 15 – (a) Distribuição de tensão radial; (b) Distribuição de tensão garrafa; (c) Distribuição de tensão paralela.

Fonte: Schlaich e Schafer (1991)

2.3.7 Dimensionamento dos tirantes

A NBR 6118:2014 determina que o dimensionamento dos tirantes é feito de

forma simples, utilizando apenas a força do tirante e a resistência do aço considerando

o ELU, observado na Equação 3.

𝐴𝑠 =𝐹𝑠𝑑

𝑓𝑦𝑑 (3)

Onde:

• Fsd – Valor de cálculo da força de tração determinada no tirante;

• fyd – Tensão de escoamento da barra.

As armaduras deverão ser distribuídas de tal forma que o eixo das mesmas

coincida com o eixo do tirante. Preferencialmente, deve-se utiliza armaduras de bitolas

finas com várias camadas (SIMÃO, 2014).

2.3.8 Dimensionamento dos nós

Os nós, definido por Silva e Giongo (2000) como um volume de concreto que

se situa a ligação entre bielas comprimidas e forças, são regiões que tem a função de

Page 32: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

30

transferir e receber as ações de forma adequada entre as bielas e os tirantes (SIMÃO,

2014).

O Código Modelo do CEB-FIP (1990) citado por Simão (2014) traz quatro

modelos das regiões nodais:

• Nós tipo CCC: É necessário verificar as tensões σ1 e σ2 observadas na Figura

16. Esse tipo de nó ocorre geralmente em apoios intermediários de vigas.

Figura 16 – Nós do tipo CCC. Fonte: Silva e Giongo (2000)

• Nós tipo CCT: Nó que ocorre quando duas ou mais bielas se ligam em um

tirante.

Figura 17 – Nós do tipo CCT. Fonte: Silva e Giongo (2000)

Silva e Giongo (2000) ainda trazem algumas expressões para verificação desse

tipo de nó.

ℎ𝑑𝑖𝑠𝑡 = 𝑛 ∗ ∅ + 2 ∗ 𝑐 + (𝑛 − 1) ∗ 𝑠 (4)

Page 33: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

31

𝜎𝑐1 =𝑅𝑐1

𝑎1 ∗ 𝑏 (5)

𝜎𝑐2 =𝑅𝑐1

𝑎1 ∗ (1 +ℎ𝑑𝑖𝑠𝑡

𝑎1∗ 𝑐𝑜𝑡𝑔𝜃) ∗ 𝑠𝑖𝑛2𝜃 ∗ 𝑏

(6)

Onde “n” é o número de camadas, “c” é o cobrimento, “s” é o espaçamento

entre barras e a1 é largura da resultante.

• Nós com barras dobradas: Caso em que o equilíbrio do nó se dá principalmente

pelo desvio de forças na barra dobrada. Para encontrar a tensão nesses casos,

utiliza-se a Equação 7.

𝜎𝑐 =𝑅𝑐

2𝑟 ∗ 𝑐𝑜𝑠𝜃 ∗ 𝑏 (7)

Algumas definições dessa equação podem ser vistas na Figura 18.

Figura 18 – Nós com barras dobradas. Fonte: Silva e Giongo (2000)

• Nós tipo CTT: Nesse caso, deve-se verificar as ancoragens e tensões de

compressão críticas. Além disso, as barras utilizadas nos tirantes devem ser

feitas com diâmetros e espaçamentos pequenos.

Figura 19 – Nós do tipo CTT. Fonte: Silva e Giongo (2000)

Page 34: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

32

2.3.9 Parâmetros de resistência de cálculo das bielas e regiões nodais

A NBR 6118:2014 determina as seguintes fórmulas para a verificação de

tensões de compressão máximas nas bielas e regiões nodais:

• Para bielas prismáticas ou nós do tipo CCC:

𝑓𝑐𝑑1 = 0,85 ∗ αv2 ∗ fcd (8)

• Para bielas atravessadas por meio de um tirante ou nós do tipo CTT e TTT:

𝑓𝑐𝑑2 = 0,60 ∗ αv2 ∗ fcd (9)

• Para bielas atravessadas por tirante único ou nós CCT

𝑓𝑐𝑑3 = 0,72 ∗ αv2 ∗ fcd (10)

Onde αv2 pode ser encontrado através da Equação 11 e fck expresso em

megapascal (MPa).

α𝑣2 = 1 −𝑓𝑐𝑘

250 (11)

2.4 Método dos elementos finitos (MEF)

O método dos elementos finitos consiste na análise de modelos matemáticos

de problemas em meios contínuos, tendo sua essência estabelecida na substituição

de um problema inicialmente complexo por vários outros em menor escala e de fácil

resolução –denominados elementos finitos. Essa metodologia é reconhecida como

um dos melhores meios de resolução de problemas inovadores em diversas áreas da

engenharia já que, muito embora a solução obtida não seja exata, o refinamento do

processo determina tensões e deformações eficazes (SORIANO, 2009).

A modelagem dos elementos é feita através de equações diferenciais ou

integrais onde são analisadas as condições de contorno. É na malha que estão

presentes os elementos finitos interconectados através dos nós, sendo possível

estabelecer equações de equilíbrios entre eles (AZEVEDO, 2003; SIMÃO, 2014).

Os elementos finitos podem ser unidimensionais, bidimensionais e

tridimensionais, de forma variada e diferentes números de pontos nodais em seus

lados e faces, como visto na Figura 20 (SORIANO, 2009).

Page 35: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

33

Figura 20 – Formas de elementos finitos. Fonte: Soriano (2009)

Após a divisão do domínio em uma malha, busca-se funções que satisfaçam

cada elemento e não apenas uma solução para todo o domínio. Posteriormente, ao

resolver as equações de equilíbrio, os valores nodais passam a ser conhecidos,

podendo ser utilizados na função de interpolação para descrever o comportamento de

todos os nós da estrutura, chegando, por fim, a um valor aproximado para o meio

contínuo (SIMÃO, 2014).

Azevedo (2003) enfatiza que o MEF só tem utilidade prática se se dispuser de

ferramentas computacionais, já que se faz necessário solucionar elevados sistemas

de equações lineares. Tal fator pode ser evidenciado pelo desenvolvimento de sua

utilização coincidir com a generalização da utilização de computadores em centros

investigativos.

A precisão dos resultados obtidos por esse recurso não depende somente do

tipo de elemento finito, mas também da malha gerada para analisar um determinado

problema. Soriano (2009) afirma que é necessário um refinamento da malha nas

regiões que apresentem uma grande variação de tensão, como cantos e locais

próximos à força aplicada. Exemplos onde são necessários fazer esse procedimento

podem ser vistos na Figura 21.

Page 36: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

34

Figura 21 – Regiões em que se deve refinar a malha. Fonte: Soriano (2009)

Simão (2014) afirma que muito embora o refinamento da malha resulte em

resultados melhores e precisos, é de essencial importância que o projetista saiba

balancear até que ponto se faz necessário o refinamento desse elemento. Quanto

menor a dimensão do elemento, maior o número de equações geradas, exigindo dos

softwares um maior tempo de processamento. Portanto, recomenda-se um

refinamento apenas em regiões como as supracitadas. Na Figura 22 é possível

observar a concentração de tensão em um consolo curto analisado através do método

dos elementos finitos.

Figura 22 – Distribuição dos campos de tensões normais em um consolo curto. Fonte: Azevedo (2003)

Page 37: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

35

3 METODOLOGIA

Para que o presente trabalho viesse a inteirar seus objetivos, a pesquisa

exploratória e experimental seguiu a seguinte metodologia:

3.1 Revisão bibliográfica

Por meio da leitura de livros, periódicos, dissertações e teses pertinentes, foi

desenvolvido um referencial teórico sobre estruturas de concreto armado, elementos

com regiões de descontinuidade e as principais formas de analisar seu

comportamento.

Nessa mesma etapa, foram estudadas recomendações de pesquisas voltadas

à análise de regiões de descontinuidade com auxílio do método dos elementos finitos

para que se garantisse um resultado satisfatório.

3.2 Definição da geometria e propriedades do material

Para que fosse possível realizar o ensaio com os equipamentos disponíveis em

laboratório, determinou-se uma estrutura descontínua em “C”, observada na Figura

23, com dimensões que obedecem às fundamentações de um consolo curto, onde a

distanciada carga de aplicação ao apoio, com 0,125 m, foi inferior aos 0,175 m de

altura útil da peça.

Figura 23 – Geometria, com dimensões em metro, do consolo curto que será objeto de estudo.

Fonte: Autor (2019)

Page 38: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

36

Para facilitar a dobra das armaduras e concretagem do elemento estrutural,

determinou-se um cobrimento de 1 cm e uma resistência característica de 25 MPa.

O traço do concreto foi calculado através do método ABCP, levando em

consideração os materiais disponíveis no laboratório do Núcleo de Ciências Exatas e

Tecnológicas pertencente ao Centro Universitário CESMAC.

3.3 Modelo de Bielas e Tirantes

A partir das informações coletadas no referencial, foi desenvolvido um Modelo

de bielas e tirantes considerando um caminho provável do local de aplicação da carga.

Alocou-se e preservou a angulação ideal entre as bielas e tirantes de 45º a 60º levando

em consideração valores de referência de autores renomados como Schlaich e

Schafer (1991).

Após o desenvolvimento do modelo e da resolução do equilíbrio dos nós, foi

possível definir as cargas aplicadas em cada segmento desse modelo em função de

uma carga unitária para que posteriormente fosse definida a carga de ruptura.

Com as cargas internas conhecidas, pôde-se realizar a verificação dos nós e

determinar a região crítica de esforços de compressão, facilitando a determinação da

provável carga de ruptura para o modelo em questão através de diversas repetições

do processo citado. Além disso, foi possível dimensionar e determinar a quantidade

de armadura utilizada nos tirantes.

3.4 Definição do detalhamento inicial das armaduras

Por meio dos resultados obtidos no método citado anteriormente, prescrições

normativas e da desconsideração de possíveis cargas horizontais na região de

aplicação da força, foi idealizada e detalhada uma disposição inicial de armaduras

para dar sequência à análise do elemento estrutural.

3.5 Modelagem computacional

Nessa etapa do trabalho, o autor se familiarizou com a utilização do Software

Ansys® em sua versão estudantil. O programa é produto da companhia Ansys INC,

fundada em 1970, e é bastante utilizado mundialmente em simulações para

Page 39: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

37

engenharia, especialmente na análise interna de tensões por meio do Método dos

Elementos Finitos.

Para obtenção de melhores resultados, foi realizada a verificação da influência

de como a carga aplicada deve ser modelada e de como o refinamento da malha afeta

o resultado das regiões críticas de tensão. Limitou-se o tamanho do elemento finito

para que eles não existissem em excesso, preservando a viabilidade do tempo de

processamento.

Finalmente, foi realizada uma análise linear através da modelagem do concreto

e das armaduras definidas no método de bielas e tirantes em três cenários, o primeiro

apenas com o concreto, o segundo contendo apenas as armaduras principais e o

terceiro contendo também as auxiliares. A partir daí, obteve-se as tensões principais.

3.6 Ensaio e análise laboratorial

No laboratório do Núcleo de Ciências Exatas e Tecnológicas pertencente ao

Centro Universitário CESMAC, foram executadas a montagem das formas, dobra das

armaduras e concretagem dos seguintes:

a) Elemento estrutural com a presença de armaduras resistindo às tensões de

tração da peça;

b) Seis corpos de prova cilíndricos para verificação da resistência a compressão

do concreto a 28 dias.

No 28º dia foi realizado junto ao ensaio dos corpos de prova, o ensaio do

elemento estrutural, observando o comportamento do objeto de estudo em estado de

serviço e estado último em função do processo de fissuração observado na

descontinuidade.

3.7 Análises e resultados

Após a observação do comportamento do elemento estrutural, esse foi

comparado com os resultados obtidos nas análises pelo primeiro modelo de bielas e

tirantes desenvolvido, por uma readequação desse modelo e pelo Método dos

Elementos Finitos levando em consideração as propriedades não lineares do

concreto.

Page 40: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

38

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Dimensionamento

4.1.1 Modelo de bielas e tirantes

O modelo de bielas e tirantes desenvolvido pode ser observado na Figura 24,

onde os círculos representam as regiões nodais, as linhas tracejadas representam as

bielas e as linhas contínuas representam os tirantes que, posteriormente, serviram de

guia para alocação das armaduras.

Figura 24 – Modelo de bielas e tirantes do consolo curto objeto de estudo. Fonte: Autor (2019)

4.1.1.1 Equilíbrio dos nós e determinação das forças internas

Para que fosse possível determinar posteriormente a carga de ruptura, as

forças internas foram calculadas em função de uma carga unitária em kN. A

nomenclatura adotada para cada segmento do modelo pode ser observada na Figura

25.

Page 41: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

39

Figura 25 – Nomenclatura adotada para os segmentos do modelo. Fonte: Autor (2019)

As cargas e nós foram calculados na seguinte ordem:

• Nó 6

Σ𝐹ℎ6 = 0

𝐹5−6 = 𝐹6−4 ∗ cos (57,26°)

𝐹5−6 = 1,189 ∗ cos (57,26°)

𝐹5−6 = 0,643 𝑘𝑁

• Nó 5

Σ𝐹𝑣5 = 0

𝐹5−1 = 𝐹5−4 ∗ sen (60°)

𝐹5−1 = 1,296 ∗ sen (60°)

𝐹5−1 = 1,125 𝑘𝑁

• Nó 4

Σ𝐹𝑣6 = 0

𝐹6−4 =1

𝑠𝑒𝑛(57,26°)

𝐹6−4 = 1,189 𝑘𝑁

Σ𝐹ℎ5 = 0

𝐹5−4 =𝐹5−6

𝑐𝑜𝑠(60°)

𝐹5−4 =0,643

𝑐𝑜𝑠(60°)

𝐹5−4 = 1,296 𝑘𝑁

Σ𝐹𝑣4 = 0

𝐹4−3 = 𝐹5−4 ∗ sen(60°) + 𝐹6−4 ∗ 𝑠𝑒𝑛(57,26°)

𝐹4−3 = 1,296 ∗ sen(60°) + 1,189 ∗ 𝑠𝑒𝑛(57,26°)

Page 42: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

40

𝐹4−3 = 2,125 𝑘𝑁

• Nó 1

Σ𝐹ℎ1 = 0

𝐹1−2 = 𝐹3−1 ∗ cos (53,97°)

𝐹1−2 = 1,391 ∗ cos (53,97°)

𝐹1−2 = 0,818 𝑘𝑁

• Nó 3

Σ𝐹𝑣3 = 0

𝐹3−2 = 𝐹4−3 − 𝐹3−1 ∗ 𝑠𝑒𝑛 (53,97°)

𝑠𝑒𝑛 (50,71°)

𝐹3−2 = 2,125 − 1,391 ∗ 𝑠𝑒𝑛 (53,97°)

𝑠𝑒𝑛 (50,71°)

𝐹3−2 = 1,292 𝑘𝑁

O resumo das cargas internas e dos momentos pode ser observado Figura 26.

(a) (b)

Figura 26 – Cargas internas (a) e momentos (b) do modelo de bielas e tirantes. Fonte: Autor (2019)

Σ𝐹𝑣1 = 0

𝐹3−1 =𝐹5−1

sen(53,97°)

𝐹3−1 =1,125

sen(53,97°)

𝐹3−1 = 1,391 𝑘𝑁

Page 43: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

41

4.1.1.2 Verificações das regiões nodais

Para a verificação dos nós, foi necessário encontrar o coeficiente αv2 através

da Equação 11 citada anteriormente. Como o fck considerado é 25 MPa, obteve-se o

valor a seguir:

α𝑣2 = 1 −𝑓𝑐𝑘

250

α𝑣2 = 1 −25

250

α𝑣2 = 0,9

4.1.1.2.1 Nós CCC

Para verificação dos nós do tipo CCC, o 𝑓𝑐𝑑1 considerado para parametrizar a

resistividade ou não do concreto deve ser com base na Equação 8. Já a resistência

de projeto do concreto (Fcd) pode ser determinada através da Equação 1.

𝐹𝑐𝑑 =𝑓𝑐𝑘

1,4

𝐹𝑐𝑑

=25

1,4= 17,86 𝑀𝑃𝑎

𝑓𝑐𝑑1 = 0,85 ∗ αv2 ∗ fcd

𝑓𝑐𝑑1 = 0,85 ∗ 0,9 ∗ 17,86

𝑓𝑐𝑑1 = 13,66 𝑀𝑃𝑎

4.1.1.2.1.1 Nó 4

É possível observar que o nó 4 se classifica como CCC por estar ligando as

bielas dos segmentos F 6-4, F 5-4 e F 3-4. As larguras (l) das bielas encontradas para

o presente modelo foi, respectivamente, 0,03 m, 0,03 m e 0,05 m. Tais valores podem

ser melhor observados na Figura 27.

Page 44: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

42

Figura 27 – Largura das bielas na verificação do nó 4. Fonte: Autor (2019)

Dadas essas considerações e enfatizando a espessura (e) de 10 cm do

elemento estrutural, através da Equação 5 é possível encontrar as tensões exercidas

nessa região nodal.

𝜎𝑐6−4 =𝐹6−4

𝑙6−4 ∗ e

𝜎𝑐6−4 =1,189

0,03 ∗ 0,1∗ 10−3

𝜎𝑐6−4 = 0,4 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑐4−3 =𝐹4−3

𝑙4−3 ∗ e

𝜎𝑐4−3 =2,125

0,05 ∗ 0,1∗ 10−3

𝜎𝑐4−3 = 0,4 𝑀𝑃𝑎

4.1.1.2.1.2 Nó 3

De forma semelhante ao nó 4, as tensões no nó 3 foram calculadas. As larguras

calculadas das bielas desse nó podem ser observadas na Figura 28.

𝜎𝑐5−4 =𝐹5−4

𝑙5−4 ∗ e

𝜎𝑐5−4 =1,296

0,03 ∗ 0,1∗ 10−3

𝜎𝑐5−4 = 0,5 𝑀𝑃𝑎

Page 45: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

43

Figura 28 – Largura das bielas na verificação do nó 3. Fonte: Autor (2019)

𝜎𝑐3−1 =𝐹3−1

𝑙3−1 ∗ e

𝜎𝑐3−1 =1,391

0,03 ∗ 0,1∗ 10−3

𝜎𝑐3−1 = 0,5 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑐4−3 =𝐹4−3

𝑙4−3 ∗ e

𝜎𝑐4−3 =2,125

0,05 ∗ 0,1∗ 10−3

𝜎𝑐4−3 = 0,4 𝑀𝑃𝑎

4.1.1.2.2 Nós CCT

Para o caso de nós CCT foi verificado o nó 2 por apresentar forças mais críticas

que o nó 6. Inicialmente foi calculado o fd2 determinado para regiões nodais com essa

característica através da Equação 9.

𝑓𝑐𝑑2 = 0,60 ∗ αv2 ∗ fcd

𝑓𝑐𝑑2 = 0,60 ∗ 0,9 ∗ 17,86

𝑓𝑐𝑑2 = 11,57 MPa

As larguras das bielas e tirante da região nodal 2 pode ser observada na Figura

29, considerando-se para a base a mesma largura da região de aplicação da carga.

𝜎𝑐3−2 =𝐹3−2

𝑙3−2 ∗ e

𝜎𝑐3−2 =1,292

0,03 ∗ 0,1∗ 10−3

𝜎𝑐3−2 = 0,4 𝑀𝑃𝑎

Page 46: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

44

Figura 29 – Largura da biela e tirante na verificação do nó 2. Fonte: Autor (2019)

𝜎𝑐3−2 =𝐹3−2

𝑙3−2 ∗ e

𝜎𝑐3−2 =1,292

0,082 ∗ 0,1∗ 10−3

𝜎𝑐3−2 = 0,2 𝑀𝑃𝑎

4.1.1.3 Carga máxima admissível

Ao analisar as tensões acima, é possível observar que o ponto crítico da

estrutura se encontra tanto na região nodal 3, como a 4, do tipo CCC e oriundas dos

segmentos 5-4 e 3-1.

Esse processo foi refeito diversas vezes alterando a carga aplicada, obtém-se

que a tensão máxima é atingida com a carga de 30,36 kN como pode ser observado

no Gráfico 1.

Gráfico 1 – Carga máxima admissível do modelo de bielas e tirantes. Fonte: Autor (2019)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0 17,5 20,0 22,5 25,0 27,5 30,0 32,5

Ten

são

(M

Pa)

Carga (kN)

CARGA MÁXIMA ADMISSÍVEL

Tensão Crítica (Mpa) Tensão Máxima (MPa)

𝜎𝑐𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 =𝐹𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜

𝑙𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 ∗ e

𝜎𝑐𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 =1

0,075 ∗ 0,1∗ 10−3

𝜎𝑐𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = 0,1 𝑀𝑃𝑎

Page 47: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

45

4.1.1.4 Dimensionamento dos tirantes

Para carga máxima admissível (30,36 kN), as cargas internas podem ser

observadas na Figura 30.

Figura 30 – Cargas internas para uma carga aplicada de 30,36 kN. Fonte: Autor (2019)

Tendo em vista que se optou pela utilização de armaduras com bitolas de 5 e

6,3mm para facilitar na dobra e montagem, foi possível definir a quantidade de barras

utilizada após a definição da área de aço através da Equação 3.

Para armaduras principais, com função de resistir à tração, foram utilizadas

bitolas de 6,3mm, caracterizadas como CA-50, ou seja, com resistência característica

de 500 MPa. A resistência de projeto foi obtida através da Equação 2.

𝐹𝑦𝑑 =𝑓𝑦𝑘

1,15

𝐹𝑦𝑑 =500

1,15

𝐹𝑦𝑑 = 434,78 𝑀𝑃𝑎

A área de aço (As) e o número de barras (n) foi determinado como é mostrado

a seguir.

• Tirante 5-6

𝐴𝑠5−6 =𝐹5−6

𝐹𝑦𝑑

𝐴𝑠5−6 =19,5

434,78 ∗ 103∗ 104

𝐴𝑠5−6 = 0,4488 𝑐𝑚2

F 6-4 (kN)

-36,1

F 5-4 (kN)

-39,3

F 4-3 (kN)

-64,5

F 1-2 (kN)

24,8 -39,2

F 3-2 (kN)

F 3-1 (kN)

-42,2

F 5-1 (kN)

34,2

19,5

F 5-6 (kN)

Page 48: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

46

𝑛5−6 =𝐴𝑠5−6

𝜋 ∗ 𝑟2

𝑛5−6 =0,4488

𝜋 ∗ 0,3152

𝑛5−6 = 2 𝜙 6,3

• Tirante 5-1

𝐴𝑠5−1 =𝐹5−1

𝐹𝑦𝑑

𝐴𝑠5−1 =34,2

434,78 ∗ 103∗ 104

𝐴𝑠5−1 = 0,7855 𝑐𝑚2

𝑛5−1 =𝐴𝑠5−1

𝜋 ∗ 𝑟2

𝑛5−6 =0,7855

𝜋 ∗ 0,3152

𝑛5−6 = 3 𝜙 6,3

• Tirante 1-2

𝐴𝑠1−2 =𝐹1−2

𝐹𝑦𝑑

𝐴𝑠1−2 =24,8

434,78 ∗ 103∗ 104

𝐴𝑠1−2 = 0,5712 𝑐𝑚2

𝑛1−2 =𝐴𝑠1−2

𝜋 ∗ 𝑟2

𝑛1−2 =0,5712

𝜋 ∗ 0,3152

𝑛1−2 = 2 𝜙 6,3

4.1.1.5 Amadura de costura

Como exigido por norma e citado no referencial teórico, a NBR 6118:2014

determina que todo consolo curto deve apresentar uma armadura de costura

composta por uma área de no mínimo 40% da área do tirante, portanto determinou-

se a seguinte área:

𝐴𝑐𝑜𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎 = 40% ∗ 𝐴5−6

Page 49: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

47

𝐴𝑐𝑜𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎 = 40% ∗ 0,4488

𝐴𝑐𝑜𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎 = 0,1795 𝑐𝑚2

Para facilitar a execução, foi optado pela utilização de uma bitola de 5 mm,

obtendo assim o quantitativo de 1 𝜙 5.

𝑛costura =𝐴𝑠𝑐𝑜𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎

𝜋 ∗ 𝑟2

𝑛costura =0,5712

𝜋 ∗ 0,252

𝑛costura = 1 𝜙 5

A norma ainda determina que essa armadura deve ser distribuída a dois terços

da altura útil. Como a peça apresenta uma altura útil de 0,158 m, a peça deverá ser

distribuída em 11 cm.

4.1.1.6 Detalhamento das armaduras

Após alocação dos tirantes dimensionados, da armadura de costura e das

armaduras auxiliares para fixação das principais, o detalhamento pode ser observado

na Figura 31.

Figura 31 – Detalhamento das armaduras baseado no modelo de bielas e tirantes. Fonte: Autor (2019)

É importante evidenciar que o detalhamento escolhido respeitou os

espaçamentos mínimos entre barras impostos por norma para garantir uma boa

Page 50: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

48

concretagem do material. Além disso, ressalta-se que para facilitar as dobras das

armaduras, foi considerado apenas 1 cm de cobrimento.

4.1.2 Método dos Elementos Finitos

A análise do método dos elementos finitos pôde ser feita através do software

Ansys® em sua versão estudantil. Como citado na metodologia, antes da modelagem

para estudo do elemento estrutural em si, foram realizadas averiguações quanto à

forma de aplicação da carga a qual estrutura está submetida e ao refinamento da

malha. Esses últimos foram executados diretamente na plataforma Mechanical do

software com elementos finitos com quatro nós em um estado plano de tensão devido

a sua agilidade de alterações, já o estudo do elemento estrutural foi executado no

modo Workbench com elementos finitos cúbicos com 8 nós.

4.1.2.1 Carga aplicada ao modelo

Para verificar a influência de como a modelagem da carga aplicada afeta a

resposta das tensões internas do modelo, foram modelados dois consolos, ambos

com mesmas propriedades do concreto (E= 28 GPa e ϒ= 0,2) e com uma malha de

elementos finitos com arestas de 0,005m. Entretanto o primeiro consolo, observado

na Figura 32, foi modelado com uma carga aplicada de 30,36 kN e o segundo,

observado na Figura 33, foi modelado com uma carga linear distribuída com o mesmo

valor resultante da anterior (404,8 kN/m).

Figura 32 – Tensões equivalentes da modelagem do consolo curto com aplicação de carga concentrada de 30,36 kN.

Fonte: Autor (2019)

Page 51: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

49

Figura 33 – Tensões principais da modelagem do consolo curto com aplicação de carga distribuída de 404,8 kN/m ao longo dos 7,5 cm de contato entre a chapa

metálica e o consolo. Fonte: Autor (2019)

Ao analisar as Figuras 32 e 33, evidencia-se que a modelagem de um problema

com uma carga concentrada não só acarreta uma falsa concentração de tensão no

local de aplicação do carregamento, mas também influencia na transmissão de tensão

ao longo do elemento, resultando em valores imprecisos para o objeto de estudo.

4.1.2.2 Refinamento da malha

O refinamento da malha foi realizado através de seis repetições de modelagem

da estrutura em análise. Manteve-se constante as propriedades do concreto citadas

anteriormente em todos os casos, variando apenas o comprimento da aresta do

elemento finito.

O tamanho das arestas dos elementos finitos foram 0,1m, 0,075m, 0,05m,

0,025m, 0,005m e 0,001m. Entretanto, no último caso, o tempo de processamento foi

tamanho que o programa não conseguiu finalizar a formação da malha. Já o caminho

das cargas e campos de tensões dos demais podem ser observados na Figura 34.

Page 52: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

50

(a) (b)

(c) (d)

(e)

Figura 34 – Tensões principais da modelagem com elementos de arestas de 0,1m (a), 0,075m (b), 0,05m (c), 0,025m (d) e 0,005 (e).

Fonte: Autor (2019)

Diante disso, como mencionado por Souza (2004), com o refinamento da

malha, é possível observar de forma mais clara a uniformização do caminho das

cargas e a intensidade de tensões em regiões críticas, se mostrando um aliado na

geração do Modelo das Bielas e Tirantes.

4.1.2.3 Modelagem da estrutura

Como citado na metodologia, a análise inicial considerou apenas propriedades

elásticas da estrutura e modelagens em três cenários: sem armadura, com armaduras

principais e com armaduras principais e auxiliares. Apesar de ter sido definido um

elemento finito com aresta de 0,005 m, ao realizar a modelagem com a presença de

armaduras, foi gerada uma quantidade de nós excedente ao permitido pela versão

utilizada. Portanto, optou-se pela utilização de uma malha com elementos finitos com

arestas de 0,025m.

Page 53: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

51

Para facilitar a visualização dos resultados, foram definidas duas retas (A e B)

de referência de tensões, as quais podem ser observadas na Figura 35.

(a) (b)

Figura 35 – Retas de referência A (a) e B (b) de tensões. Fonte: Autor (2019)

4.1.2.3.1 Caso 1: Estrutura sem armadura

Para modelagem do consolo sem armadura, com base na NBR 6118:2014, foi

considerado um módulo de elasticidade de 28 GPa, um coeficiente de Poisson de 0,2

e a carga última encontrada no modelo de bielas e tirantes (30,36 kN) transformada

em uma pressão de 4,048 MPa, referente à área de aplicação determinada na chapa

metálica de 7,5x10cm. As propriedades foram adicionadas ao concreto através do

código disponível no Apêndice A, já as tensões principais podem observadas na

Figura 36 e nos Gráficos 2 e 3.

(a) (b)

(c)

Figura 36 – Tensões equivalentes (von-Mises) (a), de tração (máximas) (b) e compressão (mínimas) (c) do caso 1.

Fonte: Autor (2019)

Page 54: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

52

Gráfico 2 – Tensões na reta A do caso 1. Fonte: Autor (2019)

Gráfico 3 – Tensões na reta B do caso 1. Fonte: Autor (2019)

Quando comparadas com os resultados obtidos no modelo de bielas e tirantes,

as distribuições de tensões no Método dos Elementos Finitos condizem com o

esperado, tendo em vista que as regiões críticas de tensões de tração e compressão

coincidem em ambos os casos.

Em síntese, o valor máximo de tração foi obtido na reta A com uma intensidade

de 11,84 MPa, já o de compressão foi obtido na reta B com uma intensidade de 20,7

MPa. No caso do modelo de bielas e tirantes, a tensão máxima encontrada para a

mesma carga foi de 13,66 MPa devido a minoração de 40% da resistência do concreto

que, quando retirada, assemelha-se ao resultado obtido com o valor de 19,12 MPa.

0

2

4

6

8

10

12

14

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

TENSÕES NA RETA A

VON-MISES (MPA) MÁXIMAS (MPA) MÍNIMAS (MPA)

0

5

10

15

20

25

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

TENSÕES NA RETA B

VON-MISES (MPA) MÁXIMAS (MPA) MÍNIMAS (MPA)

Page 55: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

53

4.1.2.3.2 Estrutura com armaduras

No caso das modelagens da estrutura com armadura, foram mantidos o módulo

de elasticidade, coeficiente de Poisson, malha e retas de referência. Entretanto, fez-

se necessário a adição de códigos, adaptados de Pfeifer (2017), a fim de caracterizar

as armaduras e fazer a ligação entre o aço e o concreto para que eles trabalhassem

de forma conjunta. Tais códigos também podem ser observados no Apêndice A.

4.1.2.3.2.1 Caso 2: Estrutura apenas com armaduras principais

Para esse caso, as tensões principais no concreto podem ser observadas

Figura 37 e nos Gráficos 4 e 5.

(a) (b)

(c)

Figura 37 – Tensões equivalentes (von-Mises) (a), de tração (máximas) (b) e compressão (mínimas) (c) do caso 2.

Fonte: Autor (2019)

Page 56: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

54

Gráfico 4 – Tensões na reta A do caso 2. Fonte: Autor (2019)

Gráfico 5 – Tensões na reta B do caso 2. Fonte: Autor (2019)

É possível observar a interação do concreto e armadura uma vez que se

observam tensões exercidas nas barras, chegando a um esforço máximo de 53,26

MPa por barra, como observado na Figura 38. No entanto, a consideração do concreto

como um material linear traz uma incoerência, uma vez que, para os 25 MPa

considerados no objeto de estudo, o concreto não teria capacidade resistente das

tensões de tração observadas no Gráfico 4.

Já a tensão de compressão foi obtida na reta B com uma intensidade de 20,672

MPa, exibindo uma irrisória variação aos resultados obtidos no caso 1.

0

2

4

6

8

10

12

14

0

16

,667

33

,333 5

0

66

,667

83

,333

10

0

11

6,67

13

3,33

15

0

16

6,67

18

3,33

20

0

21

6,67

23

3,33

25

0

26

6,67

28

3,33

30

0

31

6,67

33

3,33

35

0

36

6,67

38

3,33

40

0

TENSÕES NA RETA A

VON-MISES (MPa) MÍNIMAS (MPa) MÁXIMAS (MPa)

0

5

10

15

20

25

0

16

,667

33

,333 5

0

66

,667

83

,333

10

0

11

6,67

13

3,33

15

0

16

6,67

18

3,33

20

0

21

6,67

23

3,33

25

0

26

6,67

28

3,33

30

0

31

6,67

33

3,33

35

0

36

6,67

38

3,33

40

0

TENSÕES NA RETA B

VON-MISES (MPa) MÍNIMAS (MPa) MÁXIMAS (MPa)

Page 57: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

55

Figura 38 – Tensões exercidas na armadura do caso 2. Fonte: Autor (2019)

4.1.2.3.2.2 Caso 3: Estrutura com armaduras principais e auxiliares

Para esse caso, as tensões principais no concreto podem ser observadas

Figura 39 e nos Gráficos 6 e 7.

(a) (b)

(c)

Figura 39 – Tensões equivalentes (von-Mises) (a), de tração (máximas) (b) e compressão (mínimas) (c) do caso 3.

Fonte: Autor (2019)

Page 58: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

56

Gráfico 6 – Tensões na reta A do caso 3. Fonte: Autor (2019)

Gráfico 7 – Tensões na reta B do caso 3. Fonte: Autor (2019)

Como observado na Figura 40, além do esforço de tração esperado nas barras,

a armadura auxiliar também está influenciando nos esforços de compressão, regiões

essas que se encontram tensões de 92,793 MPa por barra.

Em síntese, no concreto, o valor de tração se mostrou considerável com um

valor de 11,52 MPa, já o de compressão foi obtido na reta B com uma intensidade de

20,4 MPa. No caso dos esforços de tração nas barras de aço modeladas, observou-

se uma tensão máxima de tração de 52,898 MPa por barra.

0

2

4

6

8

10

12

14

0

16

,667

33

,333 5

0

66

,667

83

,333

10

0

11

6,67

13

3,33

15

0

16

6,67

18

3,33

20

0

21

6,67

23

3,33

25

0

26

6,67

28

3,33

30

0

31

6,67

33

3,33

35

0

36

6,67

38

3,33

40

0

TENSÕES NA RETA A

VON-MISES (MPa) MÍNIMAS (MPa) MÁXIMAS (MPa)

0

5

10

15

20

25

0

16

,667

33

,333 5

0

66

,667

83

,333

10

0

11

6,67

13

3,33

15

0

16

6,67

18

3,33

20

0

21

6,67

23

3,33

25

0

26

6,67

28

3,33

30

0

31

6,67

33

3,33

35

0

36

6,67

38

3,33

40

0

TENSÕES NA RETA B

VON-MISES (MPa) MÍNIMAS (MPa) MÁXIMAS (MPa)

Page 59: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

57

Figura 40 – Tensões (Von-Mises) exercidas na armadura do caso 3. Fonte: Autor (2019)

4.1.2.3.3 Confronto dos casos

Em suma, os valores obtidos na análise linear dos casos citados anteriormente

podem ser observados no Quadro 1.

Quadro 1 – Valores obtidos na análise linear dos casos 1, 2 e 3.

Fonte: Autor (2019)

É possível observar no caso 2 que, ao adicionar as armaduras principais, há

uma redução das tensões de tração as quais teoricamente existiriam no concreto caso

ele fosse um material completamente elástico. No caso das tensões de compressão,

houve uma diminuição irrisória dos valores observados na região crítica da estrutura.

Já no caso 3, observou-se outro decréscimo das tensões de tração na estrutura

resultante da adição das armaduras auxiliares. Na região crítica de compressão,

observou uma redução considerável das tensões, uma vez que a armadura auxiliar

passou a resistir também um pequeno percentual desses esforços. Por fim, a

influência das armaduras secundárias pode ser também percebida na redução das

tensões de tração exercidas sob a armadura principal.

CASOReta de

referência

Cota

(mm)

Intensidade

(MPa)

Reta de

referência

Cota

(mm)

Intensidade

(MPa)

Tração

(MPa)

Compressão

(MPa)

1: ESTRUTURA SEM

ARMADURAA 175 11,84 B 200 20,7 - -

2: ESTRUTURA APENAS

COM ARMADURAS

PRINCIPAIS

A 175 11,665 B 200 20,624 53,26 -

3: ESTRUTURA COM

ARMADURAS PRINCIPAIS E

AUXILIARES

A 175 11,56 B 200 20,36 52,898 92,793

TENSÕES EQUIVALENTES DE

TRAÇÃO

TENSÕES EQUIVALENTES DE

COMPRESSÃOTENSÕES NAS ARMADURAS

Page 60: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

58

4.2 Concretagem, caracterização do concreto e ensaio

A partir da geometria definida e do detalhamento definido no item 4.1.1.6 deste

capítulo, executou-se o corte, montagem e dobras das formas e armaduras. O aspecto

final dessa etapa pode ser observado na Figura 41.

Figura 41 – Armadura do consolo já posicionada na forma para recebimento do concreto.

Fonte: Autor (2019)

Com um traço, em kg, de 1:1,45:2,25, fator água cimento de 0,495, o concreto

apresentou um slump test de 11,5 cm e foi utilizada na concretagem do elemento

estrutural e seis corpos de prova cilíndricos, os quais podem ser observados nas

Figuras 42 e 43.

Figura 42 – Corpos de prova cilíndricos executados. Fonte: Autor (2019)

Page 61: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

59

Figura 43 – Consolo curto concretado. Fonte: Autor (2019)

Após 28 dias de cura, foi realizado o rompimento dos corpos de prova, como

observado na Figura 44, para obtenção da resistência característica à compressão do

concreto (fck). A resistência média obtida foi de 34,7 MPa, já os resultados individuais

obtidos podem ser observados no Apêndice B.

Figura 44 – Rompimento dos corpos de prova. Fonte: Autor (2019)

A NBR 6118:2014 determina que para concretos com fck entre 20 e 50 MPa, o

módulo de elasticidade pode ser obtido através da Equação 12.

𝐸𝑐𝑖 = 𝛼𝐸 ∗ 5600 ∗ √𝑓𝑐𝑘 (12)

Para o presente trabalho, o αE utilizado é 1 devido a utilização de britas como

agregado graúdo.

𝐸𝑐𝑖 = 1 ∗ 5600 ∗ √34,7

𝐸𝑐𝑖 = 32988 𝑀𝑃𝑎

Page 62: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

60

A NBR 6118:2014 ainda traz a Equação 13 para idealização do diagrama

tensão-deformação, observado na Figura 45.

𝜎𝑐 = 0,85 ∗ 𝑓𝑐𝑑 ∗ [1 − (1 −Ɛ𝑐

Ɛ𝑐2)

𝑛

] (13)

Figura 45 – Idealização do diagrama de tensão-deformação. Fonte: NBR 6118:2014

Como o concreto apresenta resistência característica inferior à 50 MPa, a

norma ainda determina que “n” é igual a 2 e para Ɛc2 e Ɛcu se adota, respectivamente,

0,002 e 0,003. Por se tratar da análise do rompimento da estrutura, utilizou-se o fck ao

invés de 0,85 * fcd, resultando no diagrama observado no Gráfico 8.

Gráfico 8 – Diagrama de tensão-deformação do concreto utilizado no ensaio. Fonte: Autor (2019)

Após o rompimento dos corpos de prova, foi realizado o ensaio do elemento

em estudo, observado na Figura 46. Seu relatório pode ser observado em detalhes no

Apêndice C.

0

10

20

30

40

0 0,0005 0,001 0,0015 0,002 0,0025 0,003 0,0035

Ten

são

(M

Pa)

Deformação (m)

Gráfico Tensão x Deformação

Page 63: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

61

Figura 46 – Estado inicial do consolo curto. Fonte: Autor (2019)

O rompimento, observado na Figura 47, se deu à uma carga de 121,5 KN e por

fendilhação da biela comprimida identificada anteriormente como o nó crítico. As

fendas observadas apresentaram aberturas de 1,4mm.

Figura 47 – Ruptura e abertura de fendas do consolo curto. Fonte: Autor (2019)

Page 64: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

62

4.3 Análise dos resultados obtidos

4.3.1 Modelo de bielas e tirantes

Ao analisar o nó crítico e o considerar com a resistência média à compressão

obtida no ensaio dos corpos de prova, o modelo de bielas e tirantes determinado na

seção 4.1.1 deste capítulo determinou que a carga no segmento de ruptura

necessitaria ser de 99,9 KN.

Para o presente modelo, a carga de 99,9 KN é obtida na biela 5-4 quando a

estrutura está submetida a uma força de 77,1 KN, como observado na Figura 48.

Figura 48 – Carga de ruptura de acordo com o Modelo de bielas e tirantes inicialmente utilizado.

Fonte: Autor (2019)

𝜎𝑐5−4 = 34,7 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑐5−4 =𝐹5−4

𝑙5−4 ∗ e

34,7 =𝐹5−4

0,03 ∗ 0,1∗ 10−3

𝐹5−4 = −99,9 KN

Page 65: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

63

Diante disso, como Carvalho e Figueiredo Filho (2016) afirmam que o

dimensionamento tem o objetivo de garantir a funcionalidade e segurança para as

solicitações previstas, a estrutura cumpriu tais objetivos nos ELS e ELU. No entanto,

com uma precisão de apenas 63% com relação à carga observada no ensaio, o

presente modelo se mostrou insatisfatório, podendo ser considerado

superdimensionado.

Assim, com base no MEF e para melhor adequar o modelo à realidade, foram

executadas adaptações, alterando a localização do nó 2 e acrescentando um apoio

no nó 1, distribuindo melhor a carga à base da estrutura e mantendo o ponto médio

entre os apoios coincidente com o caminho das cargas.

Figura 49 – Modelo de bielas e tirantes adaptado. Fonte: Autor (2019)

Ao realizar o mesmo procedimento de cálculo executado no item 4.1.1 deste

capítulo, observou-se que o nó crítico permanece sendo o 4, porém graças a carga

oriunda do segmento 6-4.

𝜎𝑐6−4 =𝐹6−4

𝑙6−4 ∗ e

𝜎𝑐6−4 = 34,7 𝑀𝑃𝑎

34,7 𝑀𝑃𝑎 =𝐹6−4

0,03 ∗ 0,1∗ 10−3

𝐹6−4 = 103,1 𝐾𝑁

Para o presente modelo, a carga de 103,1 KN é obtida na biela 6-4 quando a

estrutura está submetida a uma força de 102,1 KN, como observado na Figura 50.

Page 66: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

64

Portanto, o modelo adaptado apresenta uma precisão de cerca de 85% com

relação à carga observada no ensaio e, apesar de satisfatório, seu refinamento, em

especial nas regiões críticas, pode vir a trazer um valor mais próximo à realidade.

Entretanto, é possível que esse valor sempre apresente uma divergência

considerável, uma vez que o modelo não leva em consideração o reforço oriundo das

armaduras que auxiliam nas regiões de compressão da estrutura.

Figura 50 – Carga de ruptura de acordo com o Modelo de bielas e tirantes adaptado.

Fonte: Autor (2019)

4.3.2 Método dos Elementos Finitos

Nessa última análise realizada no ansys, o código anteriormente utilizado foi

adaptado, adicionando e atualizando valores obtidos para consideração da não

linearidade do concreto após o rompimento dos corpos de prova, como o módulo de

elasticidade correto, coeficiente de transmissão de esforços em fissuras abertas e

fechadas, resistências à tração, à compressão e diagrama de tensão-deformação.

Além disso, foi adicionado um código para visualização do processo de fissuração do

elemento. Ambos os códigos podem ser observados no Apêndice D.

Os resultados obtidos na modelagem da estrutura com e sem a presença de

armaduras podem ser observados na Figura 51. A influência da armadura fica

evidenciada no Gráfico 9, onde ao serem submetidos à carga de ruptura do ensaio

Page 67: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

65

(121,5 kN), os esforços na região crítica, considerada entre as cotas 150mm e 200mm

da reta de referência B, se mostram inferiores na peça armada.

(a) (b)

Figura 51 – Tensões equivalentes (Von-mises) na estrutura sem armadura (a) e com armadura (b) ao serem submetidos a uma carga de 121,5 kN.

Fonte: Autor (2019)

Gráfico 9 – Tensões equivalentes (Von-mises) nas regiões críticas de compressão da estrutura com e sem armadura.

Fonte: Autor (2019)

O mapeamento de fissuração do ansys para carga última obtida pode ser

observado na Figura 52. O tracejado em vermelho representa a abertura de

microfissuras, já as demarcações em verde representam a plastificação dessas

fendas, as quais apontam as regiões em que o concreto já não mais resiste à

compressão.

33,9

34

34,1

34,2

34,3

34,4

150 158,33 166,67 175 183,33 191,67 200

ESFO

O (

MP

a)

EXTENSÃO VERTICAL (mm)

TENSÕES NA REGIÃO CRÍTICA DE COMPRESSÃO

Sem armadura

Armado

Page 68: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

66

Figura 52 – Fissuração e plastificação da estrutura armada submetida à carga de 121,5 kN.

Fonte: Autor (2019)

Ao comparar o resultado gerado com os observados na ruptura registrada na

Figura 47 e no Método das Bielas e Tirantes, evidencia-se a compatibilidade da região

crítica em que se desenvolveu a fissuração, ou seja, como afirmado pela NBR

6118:2014, esses métodos permitem demostrar bem o comportamento aproximado

de grande parte das estruturas.

Além da fissura principal observada no ensaio, a fissura identificada aos 103

KN e a fissura que se alinhou a de ruptura podem ser justificadas pela presença de

bicheiras oriundas de uma vibração não eficiente do concreto e que foram tratadas

com pasta de cimento naquelas regiões. As bicheiras da estrutura podem ser

identificadas na Figura 53.

Figura 53 – Bicheiras resultantes da ineficiente vibração do concreto. Fonte: Autor (2019)

Page 69: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

67

Além disso, a Figura 52 mostra a plastificação do concreto e, como esperado,

a ação das armaduras na resistência das tensões de tração. Tal fator ainda pode ser

ressaltado no Gráfico 10 e na Figura 54, onde são demonstradas as tensões ao longo

da reta de referência A e nas armaduras.

Gráfico 10 – Tensões de tração ao longo da reta de referência A. Fonte: Autor (2019)

Figura 54 – Armadura resistindo aos esforços de tração, submetidas a 180,77 MPa, e auxiliando na resistência à compressão sob esforços de 316,11 MPa.

Fonte: Autor (2019)

Como observado e citado por Stramandinoli (2007), com a adição das

propriedades da não linearidade física do concreto, observou-se um comportamento

mais próximo da realidade. Tal afirmação pode ser feita uma vez que o valor de tração

no concreto se mostrou irrisório, sendo resistido completamente pela armadura, fato

não observado na análise linear.

Ao submeter a estrutura à carga de 102,1 KN, encontrada no modelo de bielas

e tirantes, o modelo computacional não demostrou abertura de fissuras na região

crítica e nem de forma considerável na região das armaduras de tração, como

observado na Figura 55.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

0 50 100 150 200 250 300 350 400

TEN

SÕES

DE

TRA

ÇÃ

O (

MP

a)

EXTENSÃO DA RETA A (mm)

Page 70: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

68

Figura 55 – Mapeamento de fissurações da estrutura armada para uma carga de 102,1 KN segundo modelagem computacional.

Fonte: Autor (2019)

Para a modelagem no ansys, a plastificação da região crítica da estrutura se

iniciou com uma carga de 116,5 KN, como pode ser observado na Figura 56. Portanto,

com relação à carga de ruptura de ensaio, o modelo apresentou uma precisão de

cerca de 96%. O valor assemelha-se ao observado em estudos similares como o de

Pfeifer (2017), que obteve uma assertividade de cerca de 99%, e condiz com a

afirmação de Stramandinoli (2007) quando recomenda que se leve em consideração

a não linearidade da tensão-deformação dos materiais.

Figura 56 – Mapeamento de fissurações com os primeiros indícios de abertura de fissuras da estrutura armada com uma carga de 116,5 KN segundo modelagem

computacional. Fonte: Autor (2019)

Page 71: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

69

O procedimento realizado anteriormente foi repetido para a estrutura ausente

de armaduras, observando-se que a plastificação da região crítica da estrutura se

iniciou com uma carga de 114,3 KN, como pode ser observado na Figura 57.

Figura 57 – Mapeamento de fissurações com os primeiros indícios de abertura de fissura da estrutura sem armadura com uma carga de 114,3 KN segundo

modelagem computacional. Fonte: Autor (2019)

4.3.3 Assertividade dos modelos

A síntese dos valores obtidos pelos modelos estudados em comparação ao

observado no ensaio do elemento estrutural pode ser observado no Gráfico 11.

Gráfico 11 – Assertividade das cargas de ruptura dos modelos estudados. Fonte: Autor (2019)

Page 72: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

70

Percebe-se que dentre os modelos estudados, a modelagem através do

Método dos Elementos Finitos com a consideração da não linearidade do concreto

proporcionou os valores mais condizentes com o observado no ensaio laboratorial,

levando-o a ser considerado o mais preciso entre eles.

Page 73: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

71

5 CONCLUSÃO

A partir dos resultados apresentados, fica evidente que o Método das Bielas e

Tirantes para o dimensionamento de regiões de descontinuidade é satisfatório, no

entanto o Método dos Elementos Finitos proporciona a otimização e precisão desse

mecanismo.

Foi perceptível ainda que para melhores resultados no MEF, é necessário

seguir concepções básicas como o método de aplicação das cargas solicitantes e as

dimensões dos elementos finitos. Além disso, a precisão do modelo está diretamente

relacionada à quantidade de informação e detalhamento das características e

propriedades do material, bem como a consideração de sua não linearidade.

Comparados ao ensaio realizado em laboratório, percebe-se que o

dimensionamento cumpriu sua função em estado limite de serviço e último, no entanto

apresentou um certo grau de superdimensionamento. Tal realidade está relacionada

à assertividade do modelo utilizado no cálculo estrutural.

Ao observar os resultados obtidos no modelo de bielas e tirantes inicialmente

utilizado, na sua adaptação e na modelagem não linear através do Método dos

Elementos Finitos por meio do software ansys, todos os modelos representaram bem

o comportamento e região crítica da estrutura, porém o último apresentou uma maior

precisão acerca das tensões e solicitação última, alcançando 96% da carga de ruptura

observada no ensaio. Conclui-se, portanto, que o dimensionamento de estruturas de

concreto armado com regiões de descontinuidade através dessa ferramenta pode

proporcionar o equilíbrio ideal entre economia, durabilidade e segurança do elemento

estrutural.

Como sugestões de pesquisas futuras, recomenda-se avaliar a influência da

região de nó de pórtico existente na geometria de estudo escolhida. Além disso, seria

interessante a reexecução da concretagem e ensaio da peça com utilização de um

concreto mais fluido e com ferramentas adequadas para a vibração desse material ou,

ainda, a utilização de concreto autoadensável.

Page 74: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

72

REFERÊNCIAS

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estruturas usuais de concreto armado: Segundo a NBR 6118:2014. 4. Ed. São

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73

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Page 76: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

74

APÊNDICES

Page 77: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

75

APÊNDICE A – CÓDIGOS UTILIZADOS NA ANÁLISE ELÁSTICA NO ANSYS

Page 78: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

76

Neste apêndice, encontram-se os códigos utilizados na primeira análise feita

através do software ansys com o intuito de agregar aos materiais propriedades

características. Todas as unidades encontram-se em mm, Kg, N e MPa.

Na análise linear, o seguinte código foi utilizado para agregar ao concreto o

módulo de elasticidade de 28 Gpa e um coeficiente de Poisson de 0,2:

ET,MATID,SOLID65

R,MATID,0,0,0,0,0,0

RMORE,0,0,0,0,0

MP,EX,MATID,28000

MP,PRXY,MATID,0.2

Já na modelagem das armaduras, o seguinte código é utilizado de forma

individual em cada barra, caracterizando o módulo de elasticidades, coeficiente de

Poisson, resistência característica e diâmetro da barra utilizada.

ET,MATID,LINK180

MPDATA,EX,MATID,,2e5

MPDATA,PRXY,MATID,,0.3

TB,BISO,MATID,1,2

TBDATA,,434.78,2100

R,MATID,6.3,,0

Com o intuito de interagir o concreto (solid 65) com o aço (link 180), foi utilizado

o seguinte código:

/PREP7

ESEL,S,ENAME,,65

ESEL,A,ENAME,,180

ALLSEL,BELOW,ELEM

CEINTF,0.001,

ALLSEL,ALL

/SOLU

OUTRES,ALL,ALL.

Page 79: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

77

APÊNDICE B – RESULTADO DOS ENSAIOS DOS CORPOS DE PROVA

Page 80: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

78

RELATÓRIO DE ENSAIO

Page 81: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

79

APÊNDICE C – RESULTADO DO ENSAIO DO CONSOLO CURTO

Page 82: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

80

RELATÓRIO DE ENSAIO

Page 83: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

81

APÊNDICE D – CÓDIGOS ADEQUADOS E ADICIONADOS À ANÁLISE NÃO

LINEAR E FINAL NO ANSYS

Page 84: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

82

As adaptações feitas no código demostrado no Apêndice A pode ser observada

no código a seguir e trata da atualização do módulo de elasticidade (32,98 GPa), da

determinação de 35 pontos da curva de tensão-deformação do concreto utilizado e da

consideração dos seguintes:

• Coeficiente de transmissão de esforços em fissuras abertas de 0,3;

• Coeficiente de transmissão de esforços em fissuras fechadas de 0,8 MPa;

• Resistência à tração de 3,4 MPa;

• Resistência à compressão de 34,7 MPa.

ET,MATID,SOLID65 R,MATID,0,0,0,0,0,0 RMORE,0,0,0,0,0 MP,EX,MATID,32988 MP,PRXY,MATID,0.2 MPTEMP,MATID,0 TB,CONCR,MATID,1,9 TBTEMP,22 TBDATA,1,0.3,0.8,3.4,34.7 TB,MISO,MATID,1,35,0 TBTEMP,22 TBPT,,0.0001,3.3 TBPT,,0.0002,6.593 TBPT,,0.0003,9.6292 TBPT,,0.0004,12.492 TBPT,,0.0005,15.1812 TBPT,,0.0006,17.697 TBPT,,0.0007,20.0392 TBPT,,0.0008,22.208 TBPT,,0.0009,24.2032 TBPT,,0.001,26.025 TBPT,,0.0011,27.6732 TBPT,,0.0012,29.148 TBPT,,0.0013,30.4492 TBPT,,0.0014,31.577 TBPT,,0.0015,32.5312 TBPT,,0.0016,33.312 TBPT,,0.0017,33.919 TBPT,,0.0018,34.353 TBPT,,0.0019,34.6132 TBPT,,0.002,34.7 TBPT,,0.0021,34.7 TBPT,,0.0022,34.7

Page 85: ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE UMA ESTRUTURA …

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TBPT,,0.0023,34.7 TBPT,,0.0024,34.7 TBPT,,0.0025,34.7 TBPT,,0.0026,34.7 TBPT,,0.0027,34.7 TBPT,,0.0028,34.7 TBPT,,0.0029,34.7 TBPT,,0.003,34.7 TBPT,,0.0031,34.7 TBPT,,0.0032,34.7 TBPT,,0.0033,34.7 TBPT,,0.0034,34.7 TBPT,,0.0035,34.7

O último comando é responsável pelo pós-processamento do modelo,

permitindo a visualização da fissuração e a plastificação do concreto.

/SHOW,png /ANG,1, /VIEW,1,0,0,0 SET,1,1 /DEVICE,VECTOR,ON !PLNSOL,s,eqv !SET,Lstep,1 SET,Last PLCRACK