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MAURO CESAR ALVARES CRUZ ANÁLISE TRIDIMENSIONAL DE TENSÕES EM TORNO DO IMPLANTE CUNEIFORME PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS Dissertação apresentada à Universidade Camilo Castelo Branco - Centro de Pós-Graduação, para obtenção do grau de Mestre em Odontologia. Área de Concentração: Implantodontia Campinas 2001

ANÁLISE TRIDIMENSIONAL DE TENSÕES EM TORNO DO … · Odontológicos "São Leopoldo Mandic" C957a Cruz, Mauro Cesar Alvares. ... II. Universidade Camilo Castelo Branco. III. Título

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MAURO CESAR ALVARES CRUZ

ANÁLISE TRIDIMENSIONAL DE TENSÕES EM TORNO DO IMPLANTE CUNEIFORME

PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

Dissertação apresentada à Universidade Camilo Castelo Branco - Centro de Pós-Graduação, para obtenção do grau de Mestre em Odontologia. Área de Concentração: Implantodontia

Campinas 2001

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MAURO CESAR ALVARES CRUZ

ANÁLISE TRIDIMENSIONAL DE TENSÕES EM TORNO DO IMPLANTE CUNEIFORME

PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

Dissertação apresentada à Universidade Camilo Castelo Branco - Centro de Pós-Graduação, para a obtenção do grau de Mestre em Odontologia. Área de Concentração: Implantodontia

Orientador: Prof. Dr. Thomaz Wassall

Campinas 2001

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Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca e Centro de Documentação do Centro de Estudos

Odontológicos "São Leopoldo Mandic" C957a

Cruz, Mauro Cesar Alvares. Análise tridimensional de tensões em torno do implante cuneiforme pelo método dos elementos finitos / Mauro . – Campinas: [s.n.], 2001. 137 p.: il.

Orientador: Thomaz Wassall. Dissertação (Mestrado) – Universidade Camilo Castelo

Branco.

1. Implantes dentários. 2. Biomecânica. 3. Análise de elementos finitos. I. Wassall, Thomaz. II. Universidade Camilo Castelo Branco. III. Título.

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Apresentação da dissertação, ao Curso de Mestrado em Odontologia, subárea de

Implantodontia, em 26 de outubro de 2001, à comissão examinadora constituída

pelos Professores doutores:

_______________________________________________________________ Prof. Dr. Thomaz Wassall

_______________________________________________________________ Prof. Dr. Saturnino A . Ramalho

_______________________________________________________________ Prof. Dr. Elson Magalhães Toledo

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A Clóvis da Cruz Reis, homem de coragem, de

luta, desbravador, bandeirante, nobre de

sentimentos e ideais, cientista, visionário, filósofo,

poeta e criança. Deixou-nos um legado na

Odontologia capaz de mudar seus rumos. Viveu à

frente de seu tempo, meu pai.

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AGRADECIMENTOS

À UNICASTELO - Universidade Camilo Castelo Branco, pela seriedade da instituição e

pela qualidade do curso.

À minha mulher, Dra. Lena Cruz, cujo incentivo me trouxe a este mestrado.

Ao Prof. Dr. José Luiz Cintra Junqueira, que viabilizou carinhosamente a minha

participação.

Ao Coordenador do Curso, Prof. Dr. Thomaz Wassall, pela compreensão e aceitação.

Às funcionárias da Universidade, Sílvia Luíza de Lima Souza e Silvana Aparecida

Gomes, pela atenção e carinho durante todo o curso.

Ao Prof. Dr. Antônio Vicente de Souza Pinto, companheiro de antigas lutas, com quem

aprendi muito e continuo aprendendo.

À Profa. Dra. Midori N. Pinto, que emprestou o corpo e a alma ao curso.

Ao corpo docente, Prof. Dr. Saturnino A. Ramalho, Prof. Dr. José Massaioshi, Prof. Dr.

Ney Soares de Araújo, Prof. Dr. Luiz Antônio Violim Dias Pereira e Profa. Dra. Ruth

Helena da Silveira Pedreira, pela deferência, atenção e desprendimento em prol do curso.

Aos meus colegas de curso, que me receberam e me honraram com a amizade e o

respeito.

Ao NUMEC, Núcleo de Pesquisa em Métodos Computacionais em Engenharia, Dep. de

Estrutura da Faculdade de Engenharia da UFJF, Profs. Dr. Elson Magalhães Toledo,

Dr. Luiz Paulo da Silva Barra, Dr. Afonso Lemonge, pelo espírito científico, de renovação,

de conquista e pelo apoio amplo e irrestrito neste trabalho. Aos alunos e estagiários Paulo

César Ferreira, Rosenil Mendes, Vinícius Venâncio Viana, Edna Guimarães Carneiro e

Carlos Eduardo da Silva, que contribuíram de diferentes maneiras para esta realização.

Ao LNCC, Laboratório Nacional de Computação Científica, por intermédio do Prof. Dr.

Elson Magalhães Toledo, pelo suporte computacional.

Ao CRITT – Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia – por intermédio

de seu diretor, Dr. Maurílio da Costa Souza, e Dr. Ricardo Thielmann, que possibilitaram

a realização deste trabalho.

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Ao SEBRAE/MG – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais –

pela viabilização de todo o processo do trabalho.

Ao Clinest – Centro Clínico de Pesquisa em Estomatologia – pela participação e apoio

científico.

À MAXTRON, pela possibilidade desta conquista.

À Dra. Gleide da Saude Ferreira Sodré, pelo seu desprendimento e apoio.

À Rita Ma Rodrigues, pelo trabalho e apoio nesta caminhada.

Ao meu staff, Vani de Castro N. Barbosa, Marcilene do Amaral Santos, Denise Scheffer

Barbosa, Claudia Lira Lisboa e Anelise da Silva Machado, por terem suportado com

dedicação e carinho os pesos deste período.

Ao Dr. Luiz Augusto Nagem, pelo apoio técnico e suporte científico com a realização das

tomografias.

À Profa. Marise Pimentel Mendes, pela correção ortográfica.

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES 09

LISTA DE TABELAS 11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 12

RESUMO 14

1. INTRODUÇÃO 16

2. REVISÃO DA LITERATURA 17

2.1 OSSEOINTEGRAÇÃO 17

2.2 CRITÉRIOS E ÍNDICES DE SUCESSO DOS IMPLANTES 21

2.3 FATORES DE INSUCESSO DOS IMPLANTES 26

2.4 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DOS IMPLANTES 28

2.5 FATORES BIOMECÂNICOS 33

2.6 ANÁLISE ESTRUTURAL APLICADA À ODONTOLOGIA 39

2.7 CONDIÇÕES E RESULTADOS DA ANÁLISE ESTRUTURAL

APLICADA AOS IMPLANTES 45

2.8 O OSSO COMO MATERIAL ESTRUTURAL 70

2.9 CONDIÇÕES DE CARREGAMENTO E APOIOS 76

3. PROPOSIÇÃO 80

4. MATERIAIS E MÉTODOS 81

4.1 MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS - MEF 81

4.2 CRITÉRIOS DE RESISTÊNCIA 82

4.3 CARACTERÍSTICAS DA MODELAGEM 84

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4.3.1 GERAÇÃO DO MODELO DE UMA MANDÍBULA EDÊNTULA 85

4.3.2 MODELAGEM VIA MEF 88

4.3.3 CARGAS E APOIOS NA MANDÍBULA 91

4.4 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS 95

4.5 SISTEMA DE IMPLANTES 97

4.6 POSICIONAMENTO DO IMPLANTE 99

4.7 CONDIÇÕES DE CARREGAMENTO 100

4.8 CONDIÇÕES OPERACIONAIS 101

5. RESULTADOS 102

5.1 RESULTADOS GLOBAIS DA ANÁLISE 103

5.2 DISTRIBUIÇÃO DAS TENSÕES PRINCIPAIS MÁXIMAS 104

5.3 DISTRIBUIÇÃO DAS TENSÕES PRINCIPAIS MÍNIMAS 109

5.4 DISTRIBUIÇÃO DAS TENSÕES DE VON MISES 113

6. DISCUSSÃO 117

7. CONCLUSÃO 122

ABSTRACT 123

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 124

ANEXO

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Resultado da tomografia computadorizada da mandíbula adotada. 86

Figura 2 - Definição do posicionamento das seções transversais em relação

ao eixo longitudinal da mandíbula.

86

Figura 3 - Seção transversal 32, adotada para posicionamento do implante. 87

Figura 4 - Montagem do modelo computacional da geometria da mandíbula:

pontos, linhas, superfícies e volumes.

87

Figura 5 - Modelo computacional geométrico da mandíbula. 87

Figura 6 - Elemento tetraédrico quadrático. 88

Figura 7 - Mandíbula discretizada: malha de elementos tetraédricos

quadráticos.

89

Figura 8 - Implante Bioform, modelo 413, discretizado em elementos

tetraédricos isoparamétricos quadráticos.

90

Figura 9 - Restrições aos deslocamentos impostas para a análise. 92

Figura 10 - Exemplo do esquema de distribuição das forças aplicadas na

região do masseter.

94

Figura 11 - Direções das forças aplicadas. 95

Figura 12 - Localização dos tipos de materiais utilizados na modelagem da

estrutura óssea.

96

Figura 13 - Vistas do implante Bioform 413. 99

Figura 14 - Localização das Seções Horizontais e Verticais: SH1, SH2, SH3,

SH4, SV1 e SV2.

103

Figura 15 - Resultado global na mandíbula: a) Deslocamentos; b) Tensão S1;

c) Tensão S3; d) Tensão de Von Mises.

104

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Figura 16 - Tensão Principal S1, seções axiais. 106

Figura 17 - Detalhes da tensão S1 para a parte superior da camada cortical,

seções verticais.

107

Figura 18 - Tensão Principal S1, vista superior e seções transversais. 108

Figura 19 - Tensão Principal S3, seções axiais. 110

Figura 20 - Detalhes da tensão S3 para a parte superior da camada cortical,

seções verticais.

111

Figura 21 - Tensão Principal S3, vista superior e seções transversais. 112

Figura 22 - Tensão de Von Mises, seções axiais. 114

Figura 23 - Detalhes da tensão de Von Mises para a parte superior da camada

cortical, seções verticais.

115

Figura 24 - Tensão de Von Mises, vista superior e seções transversais. 116

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Dados da malha utilizada. 90

Tabela 2 - Componentes dos vetores distância (em mm). 93

Tabela 3 - Cossenos diretores das forças musculares resultantes (lado

direito).

94

Tabela 4 - Propriedades elásticas dos materiais. 96

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS1

! - Coeficiente de Poisson

∅ - Diâmetro

α, β, γ - Ângulos entre o vetor considerado e os eixos x, y, z

respectivamente

[K] - Matriz de rigidez da estrutura

[P] - Vetor de forças aplicadas

[u] - Vetor de deslocamentos desconhecidos

3D - Tridimensional

ATM - Articulação Têmporo Mandibular

CAD - Computer Aid Design - Desenho Auxiliado por Computador

cos - Cosseno

E - Coeficiente de elasticidade longitudinal

etc. - Etecétera

FIG. - Figura

ITI - International Team for Oral Implantology

l - Comprimento

LNCC - Laboratório Nacional de Computação Científica

M - Músculo Masseter

MEF - Método dos Elementos Finitos

mm - Milímetro

MPa - Mega Pascal

N - Newton

n. - Número

p. - Página

1 De acordo com a NBR 10522: Abreviação na Descrição Bibliográfica, de 1988, da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.

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Po - Força axial no implante

Pl - Músculo Pterigoideo lateral

Pm - Músculo Pterigoideo medial

rM, rT, rPl, rPm, rP - Distâncias das componentes M, T, Pl, Pm, P0 ao eixo x(1-2)

S1 e S3 - Tensões principais

SH1, SH2, SH3, SH4 - Seções perpendiculares ao eixo do implante

SV1 e SV2 - Seções verticais

T - Músculo Temporal

TAB. - Tabela

u - Vetor unitário na direção do eixo do implante

v. - Volume

VM - Critério de resistência de Von Mises

Χ - Produto vetorial

x, y, z - Eixos coordenados

σC - Tensão de escoamento na compressão

σr - Tensão de ruptura

σT - Tensão de escoamento na tração

σVM - Tensão de Von Mises

σxx, σyy, σzz - Componentes de tensões normais

σxy, σyz, σxz - Componentes de tensões cisalhantes

Cr - Cromo

CO - Cobalto

Mb - Molibidênio

0

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RESUMO

O comportamento biomecânico dos implantes dentais tem um importante

papel na sua relação com o organismo e, conseqüentemente, na sua longevidade

dentro da estrutura óssea. A análise pelos Elementos Finitos é uma excelente

ferramenta, capaz de estudar este comportamento e fornecer dados que ajudem a

conhecer e a melhorar o projeto dos implantes. Neste trabalho avaliou-se o

comportamento da geometria do implante cuneiforme por este método. Foi criado

um modelo mecânico de uma mandíbula edêntula utilizando uma tomografia

computadorizada, no qual inseriu-se o implante na região do primeiro pré-molar

esquerdo e sobre ele foi aplicada uma carga axial de 100N. As condições de apoio

foram as mais próximas possíveis das condições naturais, utilizando-se da ação da

musculatura e dos apoios condilares. Realizou-se a análise considerando o osso

como um material homogêneo, isotrópico e linearmente elástico. Os resultados

obtidos foram analisados de per si e comparados com estudos da literatura. As

conclusões que foram extraídas destas análises são pertinentes às questões de

metodologia de modelagem e apoios da estrutura mandibular, verificando-se que,

quanto mais refinado é o modelo, mais confiáveis serão os resultados. Tais

conclusões são pertinentes também ao comportamento da geometria cuneiforme

que, de uma maneira geral, distribuiu uniformemente as tensões, sem

concentrações no ápice ou no corpo do implante. Como outros estudos, os

resultados apresentaram concentrações na região do colo do implante, ou seja, na

cortical óssea, mas com valores bem próximos às encontradas na região da cortical,

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em que foram aplicadas as cargas geradas pela ação muscular, isto é, sob efeito da

musculatura.

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1 - INTRODUÇÃO

O implante dental está submetido constantemente às cargas

multidirecionais, pois o ambiente bucal é gerador permanente das mesmas.

A maneira como estes implantes distribuem estas tensões no osso é

ponto fundamental da relação osso / implante e, conseqüentemente, da sua

longevidade. Este comportamento biomecânico é diretamente dependente da sua

geometria, ou melhor, do seu projeto, que inclui fatores como a forma, o material

utilizado, o tipo e o material da prótese.

Considerando de uma maneira geral que o material, tanto da prótese

como dos implantes, é aproximadamente semelhante quanto as suas propriedades,

na maioria das técnicas descritas, o estudo da forma do implante e sua interrelação

com o organismo pode trazer contribuições interessantes.

Com a introdução do conceito de união dos implantes com o osso,

criando uma interface rígida, a chamada osseointegração, a técnica dos implantes

cresceu enormemente. Em função da maneira como esse conceito foi apresentado e

dos resultados alcançados, os trabalhos científicos proliferaram em número e

qualidade. Várias áreas, no entanto, são campos abertos à investigação com

diferentes metodologias. O método dos elementos finitos, introduzido nas análises

de estruturas aeronáuticas, como uma extensão das técnicas da análise matricial de

estruturas reticuladas com o posterior entendimento de suas bases matemáticas e

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sua contínua evolução, tem contribuído, hoje, sobremaneira para o estudo de

diferentes situações no campo da análise de tensões.

Assim, este estudo propõe investigar a geometria do implante

cuneiforme, com relação a sua forma de distribuição de tensões na estrutura óssea,

via método dos elementos finitos.

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2 - REVISÃO DA LITERATURA

Como esta revisão enfoca diferentes assuntos, desde problemas básicos

de biologia até aspectos avançados de biomecânica e engenharia, para melhor

compreensão, dividimos em tópicos este capítulo.

2.1 - OSSEOINTEGRAÇÃO

As técnicas de implantes utilizando os princípios da osseointegração

apresentada por BRÅNEMARK et al., em 1969, reúnem hoje uma série de

procedimentos muito importantes e indispensáveis no contexto da odontologia.

Como definida por BRÅNEMARK et al. (1977), a osseointegração “é uma conexão

direta, estrutural e funcional entre o osso vivo e a superfície de um implante

submetido à carga funcional”. Há, portanto, a ausência de um elemento amortecedor

das cargas oclusais que incidem sobre o implante e que são transmitidas ao osso.

Quando o dente natural sofre ação de um carregamento corono apical, o ligamento

periodontal funciona, permitindo somente tensões de tração na interface dente osso.

JUNQUEIRA et al. (1995) descreveram este comportamento dos dentes e

do periodonto, apontando que as fibras colágenas da membrana periodontal estão

orientadas de modo a transformarem as pressões exercidas durante a mastigação

em trações. Essa orientação é importante, pois evita que pressões fortes sejam

exercidas diretamente sobre o tecido ósseo, o que provocaria a sua reabsorção.

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Como na osseointegração este fenômeno não ocorre, e toda a carga tem

de ser transmitida diretamente ao osso, a forma como isto acontece, portanto, é de

extremo interesse. Os sistemas de implantes já estudados e testados mostraram

uma concentração de tensões na crista óssea e no ápice do implante, sendo

somente parte do carregamento transferido para o corpo do implante. Sabemos,

portanto, que a magnitude das tensões geradas na estrutura óssea será menor nos

dentes naturais que nos implantes.

Nas primeiras tentativas com os implantes, devido às suas condições de

superfície, cirúrgicas e de carregamento, obtinha-se freqüentemente uma camada

de tecido conjuntivo fibroso entre eles e o osso, que acreditava-se poder funcionar à

semelhança do periodonto amortecendo as cargas.

CHERCHÈVE (1977) descreveu implantes com interface fibrosa e

técnicas cirúrgicas e de próteses para executá-los.

BABBUSH (1980) apresentou vários tipos de implantes descrevendo as

suas técnicas e esse tipo de relação implante organismo, isto é, uma interface

fibrosa.

CESCHIN (1984), em uma revisão da literatura, descreveu várias

morfologias usadas desde o início do século XX até os anos 80, cujas propostas da

relação implante osso eram de uma interposição fibrosa.

Os estudos revelaram, no entanto, que esta camada de tecido conjuntivo

fibroso apresentava pouca semelhança com o ligamento periodontal e predispunha

ao colapso do tecido conjuntivo, fato este que muitas vezes resultava na perda

clínica do implante a curto prazo.

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ALBREKTSSON & JACOBSSON (1987) concluíram que a formação de

tecido conjuntivo na interface resultava de problemas variados associados à

implantação de um material estranho ao organismo, sob condições adversas. Se

fatores como a biocompatibilidade, geometria do implante, condições da superfície e

de carregamento e técnicas cirúrgicas forem devidamente controlados, a

osseointegração será uma reação fisiológica previsível e, uma vez obtida, a

ancoragem óssea direta poderá manter-se por períodos de décadas ou mais.

Os autores concluíram que, para ocorrer a manutenção desta condição,

além de uma série de fatores do paciente, os carregamentos dos implantes e a

maneira como eles são transmitidos ao osso são muito importantes e desempenham

um papel fundamental, visto não haver amortecimento ou compensação destas

cargas, gerando grande concentração de tensões no osso.

Dentro da osseointegração, tentativas têm sido feitas para se superar este

aspecto biomecânico. Segundo KIRSCH & MENTAG (1986), o sistema de implantes

IMZ introduziu, em 1978, um dispositivo dentro do próprio implante para compensar

as tensões, na tentativa de imitar o periodonto natural. Ele consistia de uma porção

interna de um material altamente resiliente que periodicamente era substituído.

HOLMES et al. (1992) demonstraram que este recurso adotado pelo

sistema IMZ não melhorava o padrão de distribuição das cargas.

SPIEKERMANN et al. (1995) apresentaram uma série de casos com

controle, utilizando o elemento intra móvel.

PAPAVASILIOU et al. (1996), em uma análise do comportamento

biomecânico de implantes unitários, via MEF avaliou o desempenho do sistema

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implante / elemento intra móvel de material resiliente (Delrin), relatando uma redução

nas tensões quando comparado com o grupo controle, sem o elemento intra móvel.

Um estudo utilizando uma análise tridimensional de elementos finitos,

desenvolvido por ABU-HAMMAD et al. (2000), avaliou o efeito de uma camada de

material resiliente em torno do colo do implante na distribuição de tensões. Cinco

modelos foram gerados de implantes ocos (Tipo ITI - Hollow Cylinder). No modelo 1,

o implante foi construído totalmente de titânio, e nos outros (2 a 5) foi acrescentado

um colar de Hidroxiapatita - Polietileno Reforçado, um compósito com a habilidade

de se osseointegrar, segundo HOBKIRK (1986) citado pelo autor e WOLFE &

HOBKIRK (1989). Assumiu-se uma interface rígida entre o implante e o osso

incluindo a porção elástica. Os modelos foram submetidos a uma carga axial e

lateral de 100N. Os resultados demostraram uma redução de tensões somente em

um modelo que apresentava um corte de 0,25mm de espessura comparado com o

controle. Os outros, com colares menores ou mais estreitos, apresentaram uma

concentração maior. Os autores concluíram que, apesar disso, não havia vantagens

clínicas, visto que, após uma pequena perda óssea no colo, o implante se

comportou como o grupo controle.

BUSER et al. (1990) realizaram estudos experimentais em macacos, com

o objetivo de avaliar a formação de ligamento periodontal ao redor dos implantes

com células advindas do próprio ligamento. Teoricamente, o implante com o sistema

do ligamento periodontal igual aos dentes naturais teria uma condição biomecânica

mais favorável. Foram instalados implantes no maxilar inferior de 5 macacos, no qual

as porções apicais dos dentes removidos ficaram retidas. Após 12 meses em

repouso, os implantes foram removidos e analisados histologicamente. Foram

encontradas fibras do ligamento periodontal, semelhantes ao periodonto natural, nas

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áreas do implante próximas à raiz retida. Não se sabe, todavia, qual o seu

comportamento sob a ação de carregamentos.

WARRER et al. (1993) descreveram a formação de ligamento periodontal

em torno de diferentes tipos de implantes de titânio. Implantes ocos e rosqueados

foram introduzidos em mandíbulas de macacos em contato com as raízes dos

dentes. Ocorreu crescimento de uma camada de cemento em contato com os

implantes e fibras do ligamento periodontal unindo o cemento e o osso adjacente. A

morfologia e as dimensões destes tecidos eram iguais às do dente natural.

Mais recentemente, CHOI (2000) utilizou cultura de células do ligamento

periodontal de três cães sobre implantes de titânio e fez a instalação dos implantes

na mandíbula destes cães. Após 3 meses de espera, as análises histológicas

revelaram que em várias áreas havia uma camada de tecido semelhante ao

cemento, com fibras colágenas inseridas. Ele concluiu que células cultivadas do

ligamento periodontal podem formar um tecido semelhante ao verdadeiro ligamento

periodontal em torno dos implantes.

2.2 - CRITÉRIOS E ÍNDICES DE SUCESSO DOS IMPLANTES

Os critérios de sucesso dos implantes osseointegrados têm sido tema de

diversos autores. BRÅNEMARK et al. (1977) registraram um índice de 100% de

estabilidade de próteses fixas implanto suportadas para o maxilar inferior e 94%

para o maxilar superior em um estudo de 10 anos.

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Um estudo de 15 anos foi conduzido por ADELL et al. (1981) entre 1965 e

1980, no qual um total de 2768 implantes foram inseridos em 371 pacientes. A

maioria destes pacientes tinha um longo período de edentulismo e a perda óssea em

muitos já atingia um grau avançado, podendo comprometer a ancoragem dos

implantes. Foi registrada perda óssea marginal no primeiro ano após a instalação

das próteses. A média de perda óssea registrada foi de 1,2mm, decrescendo

anualmente após o primeiro ano de carregamento. Para o maxilar inferior foi

registrado um índice de 91% de próteses estáveis e 81% para o maxilar superior. Os

autores concluíram que o tratamento com próteses fixas implanto suportadas implica

não apenas na reabilitação morfo-funcional, mas também proporciona um impacto

positivo na situação psico-social do paciente.

Reformando os critérios propostos em 1979 pelo Consenso de Harvard,

patrocinado pelo National Institute of Health (USA) (SCHNITMAN & SHULMAN,

1979), e levando-os para os novos conceitos de osseointegração estabelecidos por

ADELL et al. em 1981, ALBREKTSSON et al. (1986) propuseram novos critérios. O

implante bem sucedido, deveria atender aos seguintes pontos:

- apresentar-se imóvel quando testado clinicamente;

- ao exame radiográfico, não demonstrar nenhuma evidência de radiolucência

periimplantar;

- a perda óssea vertical ser menor que 0,2mm anuais a partir do primeiro ano

de serviço;

- apresentar ausência de sinais ou sintomas irreversíveis ou persistentes;

- dentro do contexto acima, apresentar um índice mínimo de sucesso de 85%

em cinco anos e 80% em 10 anos.

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ERICSSON et al. (1986) divulgaram resultados de implantes

osseointegrados em pacientes parcialmente edêntulos, cujas próteses foram

conectadas a implantes e dentes. Nenhuma falha foi divulgada para uma série de 41

implantes tipo Brånemark inseridos em 10 pacientes. O período de avaliação variou

de 6 a 30 meses. Nenhuma perda óssea foi observada em torno dos dentes. Ao

redor de três implantes em dois pacientes, a perda óssea excedeu a 1,0mm,

chegando a 3,0mm em um deles.

Em 1989, SMITH & ZARB revisaram os critérios propostos por

ALBREKTSSON et al., em 1986.

TETSCH et al. (1990), apresentaram as conclusões de um encontro no

qual um grupo de pesquisadores em 1989 estabeleceram um consenso dos critérios,

envolvendo desde o material dos implantes, os procedimentos cirúrgicos,

esterilidade, controle de pacientes, etc.

ADELL et al. (1990) divulgaram os resultados de um estudo com

acompanhamento de 15 anos de 700 pacientes totalmente edêntulos, nos quais

foram instalados 4636 implantes. O grau do sucesso foi avaliado e os resultados

indicaram melhores índices para a mandíbula do que para a maxila. Segundo

conclusões dos autores, o índice de estabilidade das próteses na maxila alcançou

95% entre 5 e 10 anos e 92% em 15 anos. Na mandíbula, os índices foram maiores,

alcançando 99% em todos os intervalos de tempo.

Analisando-se o implante individualmente, os índices foram:

- Maxila - 84% a 92% em 5 anos, 81% a 82% em 10 anos e 78% em 15

anos;

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- Mandíbula - 91% a 99% em 5 anos, 89% a 98% em 10 anos e 86% em 15

anos.

As variações nos índices referiram-se a diferentes resultados obtidos para grupos

distintos, adotados na análise.

Em 1991, ALBREKTSSON & SENNERBY apresentaram a questão dos

critérios de avaliação, relacionando os sistemas existentes até então e enfatizando a

importância de se seguir critérios padronizados.

Considerando os critérios descritos em 1986, os índices de sucesso dos

implantes têm se mantido altos, incrementando cada vez mais o seu uso.

PYLANT et al., em 1992, apontaram estes altos índices de sucesso

registrados no tratamento do edentulismo total, salientando que, para o edentulismo

parcial, apenas uma avaliação limitada já havia sido conduzida. Realizaram um

estudo com 34 pacientes tratados com implantes tipo Brånemark, num total de 102

implantes, com controle variando de 6 a 49 meses. Foram usados os critérios

descritos por ALBREKTSSON et al. (1986) para avaliação dos implantes. O índice

de sucesso foi de 87,8% no maxilar inferior e 89,3% no maxilar superior. A perda

óssea média por implante ocorrida na crista óssea foi de 1,9mm, com variação de

±0,5mm. Os autores associaram a perda óssea marginal a vários fatores como, por

exemplo, a remodelagem após a fase operatória, forças de carregamento

excessivas e concentração de tensões na crista óssea.

A eficácia dos implantes instalados na região posterior dos maxilares foi

tema de um trabalho apresentado por NEVINS & LANGER em 1993. Eles

desenvolveram um estudo retrospectivo envolvendo 1203 implantes em pacientes

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parcialmente edêntulos. Os implantes foram instalados em 200 maxilares superiores

e 195 inferiores. Os resultados comprovaram a viabilidade clínica do uso dos

implantes nesta região.

FREEST & SAVETT (1996) chamaram a atenção para os cuidados que

deve ter-se para a coleta e comparação de dados que indicam os índices de

sucesso dos implantes e preconizaram uma padronização universal na metodologia

desta análise.

Para avaliação dentro dos critérios prescritos por ALBREKTSSON et al

em 1986, o método de exame clínico periodontal e os exames radiográficos têm-se

mostrado úteis, principalmente para mensuração da perda óssea em torno do colo

dos implantes.

ADELL (1983) propôs que o sucesso do implante deveria ser julgado

somente após o primeiro ano de função, porque grande parte da perda óssea ocorria

durante os 12 meses seguintes à conexão da prótese. SMITH & ZARB (1989)

sugeriram que um dos critérios de sucesso para implantes seria uma perda óssea

marginal menor que 0,2mm anual, após o primeiro ano de função do implante.

JUNG et al. (1996) selecionaram um total de 62 implantes, instalados em

pacientes parcialmente edêntulos para medir a perda óssea nos lados mesial e distal

da crista óssea. O osso ao redor dos implantes foi observado por meio de

radiografias intra bucais padronizadas a cada 3 meses durante os primeiros 12

meses de função do implante. Observou-se rápida perda óssea ao redor do pescoço

de todos os implantes nos primeiros 3 meses (acima de 50%), progredindo mais

lentamente ao longo do corpo do implante no período restante. A quantidade de

perda óssea durante o período de observação variou de 1,32mm até 2,02mm.

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2.3 - FATORES DE INSUCESSO DOS IMPLANTES

Os fatores de risco que podem levar à perda ou ao comprometimento dos

implantes podem ser divididos em sistêmicos ou gerais, mecânicos e estéticos

(RENOUART & RANGERT, 1999). Entre as falhas mecânicas incluem-se fraturas

por excesso de carga, fadiga do material, corrosão e desgaste. As falhas gerais ou

biológicas resultam de problemas como infecção, alterações sistêmicas ou outras

reações do organismo.

Grande esforço tem sido concentrado no sentido de se aprimorar todo o

protocolo relativo aos implantes, desde as técnicas cirúrgicas, técnicas de

fabricação, condições de superfície, tipos de próteses e o estabelecimento de uma

geometria mais funcional, capaz de melhorar o desempenho biomecânico a partir do

conhecimento das diversas situações de carregamento originadas na cavidade

bucal.

A complexidade deste processo é muito grande. Além dos aspectos

inerentes ao próprio implante, há os fatores protéticos e os dos indivíduos, com suas

próprias variações.

SMITH et al. (1992) relataram a importância do estado geral do paciente

no índice de sucesso da osseointegração dos implantes.

SALONEN et al. (1993), avaliando as falhas ocorridas na osseointegração

de 68 pacientes tratados com 204 implantes de diferentes sistemas, concluiram que

“as causas possíveis incluem idade avançada, saúde geral, complicações cirúrgicas

e higiene oral comprometida”.

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Quando se instala um implante no organismo, ele é colocado em íntimo

contato com vários tecidos corporais, com os fluídos localizados e circulantes,

compostos de sais minerais, proteínas, carboidratos, lipídeos, etc, que compõem o

bio-ambiente do implante. Além deste meio químico, o implante ainda está sujeito a

uma combinação de cargas estáticas e dinâmicas, que geram estados de tensões

extremamente complicados. Em 1992, REIS informou que estes últimos aspectos,

por sua vez, estão na dependência de fatores psíquicos e sociais do paciente, que

podem descontroladamente intensificá-los.

KIYAT et al. (1990) avaliando os aspectos psicológicos envolvendo os

implantes num estudo longitudinal com 39 pacientes, alertaram para a importância

destes fatores nos pacientes com tendências neuróticas. Eles relacionaram de

maneira significativa a neurose com as falhas no tratamento e recomendaram,

inclusive, a aplicação de testes de personalidade, de ansiedade e neuro-psicológicos

para a determinação do status emocional e psicológico dos pacientes candidatos à

terapia com implantes.

Com relação à adaptação do osso às cargas funcionais, pode-se dizer

que os implantes correm maior risco de insucesso no primeiro ano (ADELL, 1983). A

resistência do osso aumenta quando ele é solicitado pelas forças funcionais e reage

a elas, de modo que o carregamento gradativo dos implantes é favorável, pois

permite adaptação e remodelagem óssea fisiológicas. Um dos fatores de falha é o

carregamento além da carga ótima para o osso naquele momento, degradando a

sua estrutura ao invés de permitir sua adaptação (RIEGER et al., 1990b; HOSHAW

et al., 1994).

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O implante pode, também, vir à falência devido à fratura dos

componentes protéticos (BRANEMARK et al., 1977; ADEL et al., 1981).

WORTHINGTON et al. (1987), avaliando suas experiências de quatro

anos com o sistema Brånemark, concluíram, a respeito dos problemas

e complicações encontrados neste período, que a maioria foi causada

iatrogenicamente e evitável por cuidadoso planejamento e aderência ao protocolo

recomendado.

TOLMAN & LANEY (1992) encontraram, num estudo longitudinal, fatores

cirúrgicos, protéticos e biomecânicos ligados às falhas e complicações dos

implantes.

BINON (1995) reafirmou a importância destes componentes protéticos e

sua relação com as formas dos implantes na obtenção e manutenção de

reconstruções estáveis e duradouras.

Além destes aspectos, há os riscos estéticos, que podem ser divididos,

segundo RENOUART & RANGERT (1999), em fatores de risco gengivais, dentais e

ósseos, que podem não comprometer a estabilidade ou funcionalidade dos

implantes e das próteses, mas que não permitem atingir os objetivos e expectativas

do paciente.

2.4 - MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DOS IMPLANTES

Até pouco tempo, os critérios de avaliação do comportamento e do

sucesso dos implantes utilizados eram baseados em estudos clínicos. Após a

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instalação e o período de osseointegração, os implantes eram submetidos a

carregamentos, sendo seu desempenho e funcionalidade avaliados em estudos em

animais e controlados clinicamente em humanos.

BRÅNEMARK et al. (1969) apresentaram, em um estudo experimental em

cães, o comportamento clínico e biomecânico de implantes osseointegrados.

Em 1977, BRÅNEMARK et al., em um estudo longitudinal de 10 anos,

reportaram as condições de funcionamento e comportamento global dos implantes

osseointegrados, estabelecendo critérios clínicos, obtidos por acompanhamento de

longa data.

ADELL et al. (1981) descreveram um controle clínico de 15 anos, onde

foram testados os implantes sob a ação de carregamento funcional. O desempenho

dos implantes, neste trabalho, serviu de referências para inúmeros outros estudos.

ALBREKTSSON et al. (1986) analisaram o comportamento clínico dos

implantes e sugeriram baseados nestes estudos, os critérios de avaliação e sucesso

que foram revistos por SMITH & ZARB em 1989.

Por meio destas metodologias, estudos em animais e estudos clínicos,

foram testadas geometrias, materiais, superfícies, técnicas cirúrgicas, respostas

teciduais etc. Apesar da grande contribuição destes métodos e da sua necessidade

como avaliação final, outros métodos de análise são hoje importantes, pois podem

reduzir os custos, o tempo, e simplificar questões que, de outra maneira, levariam

anos. Entre eles pode citar-se a fotoelasticidade e a análise numérica.

No tocante à fotoelasticidade, BRÅNEMARK et al. (1977) apresentaram

uma análise utilizando-a, para verificar o comportamento biomecânico de implantes.

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KINNI et al. (1987) analisaram, por este método, o padrão de

transferência de tensões para o osso por implantes osseointegrados.

DEINES et al. (1993) fizeram uma análise de tensões de três geometrias

de implantes comparadas com os dentes naturais utilizando análises fotoelásticas.

A análise numérica, pelo método dos elementos finitos - MEF, tem sido,

no entanto, mais utilizada e com melhores resultados.

WEINSTEIN et al. (1976) utilizaram-na no estudo biomecânico de um

implante cilíndrico poroso e COOK et al. (1982b) utilizaram-na para estudar um

implante de liga de Cr-Co-Mb, também poroso.

BORCHERS & REICHART (1983) fizeram uma análise pelo MEF de

distribuição de tensões em diferentes estágios do desenvolvimento da interface de

implantes osseointegrados, desde os momentos iniciais da osseointegração até à

consolidação total do processo após a remodelagem óssea, simulando índices

diferentes de osseointegração.

ADAMS , citado por RIEGER et al. (1990), aplicou o MEF para otimização

da forma dos implantes, aproveitando conceitos da área da engenharia.

SIEGELE & SOLTEZ (1989) estudaram diversas geometrias de implantes

com o MEF, analisando os diferentes padrões de distribuição de tensões de cada

um.

RIEGER et al. (1990a, b) analisaram diferentes geometrias utilizando o

MEF.

VAN ROSSEN et al. (1990) estudaram elementos de absorção de tensões

pelo método dos elementos finitos.

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CLELLAND et al. (1991) avaliaram a distribuição de tensões pelo MEF

em torno de implantes ocos.

HOLMES et al. (1992) descreveram uma análise do elemento absorvedor

de tensões do implante IMZ com o MEF. Eles avaliaram o comportamento de

elementos intra móveis de polyoximethyleno e de titânio com o método.

MIHALKO et al. (1992) estudando a perda óssea na crista e relacionando-

a com a geometria dos implantes, utilizou o MEF.

Num estudo comparativo de duas geometrias de implantes, com

revestimento com HA, um liso e outro com sulcos horizontais no corpo do implante,

LOZADA et al. (1994) utilizaram uma análise tridimensional via MEF.

LEWINSTEIN et al. (1995) apresentaram um sistema de suporte protético

para próteses em balanço desenvolvido com o auxílio do MEF.

VAN ZYL et al. (1995) estudaram mandíbulas totalmente edêntulas, com

próteses em balanço sobre seis implantes por este método.

TORTAMANO NETO (1995) empregou-o no estudo de diferentes padrões

de oclusão sobre próteses implanto suportadas.

Utilizando o MEF em próteses em balanço, MURPHY et al. (1995)

analisaram as tensões geradas no osso adjacente aos implantes.

BAIAMONTE et al. (1996) estudaram a eficiência do MEF para a

verificação dos padrões de tensão em torno dos implantes.

CANAY et al. (1996) estudaram dois tipos de geometrias de implantes,

uma vertical e outra angulada, utilizando o MEF.

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Em um estudo de uma mandíbula edêntula, MEIJER et al. (1996)

utilizaram uma análise 3D com o MEF.

PAPAVASILIOU et al. (1996) utilizaram o MEF para o estudo biomecânico

de implantes unitários.

VAILANCOURT et al. (1996) avaliaram, por este método, implantes

recobertos com material poroso.

WILLIAMS & WILLIAMS (1997) avaliaram a influência da geometria e dos

carregamentos aplicados aos implantes na resposta do tecido ósseo adjacente via

MEF.

Comparando duas geometrias, um implante experimental e o de

Branemark, SODRÉ (1999) utilizou uma análise bidimensional com o MEF.

LAS CASAS et al. (1999) ressaltaram a importância do método no estudo

biomecânico das restaurações, em dentística.

ÇIFÇI & CANAY (2000) estudaram o comportamento dos materiais de

revestimento das próteses fixas implanto suportadas na distribuição das tensões por

este método.

GOUVEIA (2000) estudou o comportamento biomecânico de um dente

maxilar (primeiro pré-molar superior) pelo método dos elementos finitos.

A fotoelasticidade fornece dados sobre a distribuição de tensões no

sistema estrutural. A análise numérica, por sua vez, pode fornecer estes dados da

estrutura tanto interna quanto externamente, além de quantificar este campo de

tensões, o que possibilita a identificação de pontos críticos e dá valor a eles. Estes

métodos, aliados à clínica, podem trazer grandes avanços.

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2.5 - FATORES BIOMECÂNICOS

O tratamento do sistema estomatognático do paciente com a utilização de

implantes dentais visa sua reabilitação tanto do ponto de vista estético, morfológico

quanto funcional. Para tal, é importante que o implante possa responder às

solicitações biomecânicas das cargas geradas no e pelo sistema.

As forças geradas têm origem nos movimentos musculares e são

transmitidas no contato dente-a-dente ou por meio do bolo alimentar. Sabemos que

os movimentos mandibulares apresentam padrões bem definidos, que são

dependentes de dois fatores basicamente: os limites anatômicos do movimento

(articulação têmporo-mandibular, superfícies articulares e ligamentos) e a ação

fisiológica dos músculos (POSSELT, 1964).

O desequilíbrio do sistema estomatognático pode gerar cargas excessivas

e desfavoráveis (BAUER & GUTOWSKI, 1976), levando a reabsorções ósseas

(RAMFJORD & ASH, 1971) e perda dos dentes e dos implantes (BRÅNEMARK et

al., 1986; BIDEZ & MISCH, 1993).

A direção e a magnitude das cargas variam de acordo com a região de

cada dente, no contato oclusal. O contato oclusal entre dentes da região posterior

gera forças predominantemente verticais e mais intensas, ao passo que, na região

anterior, ocorrem forças menos intensas e com orientações verticais e horizontais,

predominando um misto das duas (BIDEZ & MISCH, 1993; e WEINBERG &

KRUGER, 1996).

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As forças mastigatórias variam muito durante as etapas da mastigação e

diversos autores têm avaliado sua magnitude. BREKHUS et al. (1941) constataram

uma força de mastigação máxima em mulheres da ordem de 351,2N a 440,5N e em

homens entre 525,8N e 631,8N. A força média em cada um ficou entre 88,3N e

132,4N.

HARALDSON et al. (1979) compararam a força oclusal de um grupo de

mulheres, cujas dentições tinham sido restauradas com próteses sobre implantes,

com outro grupo com dentição natural completa ou com próteses sobre dentes

naturais. Foram encontrados valores bastante aproximados entre os dois grupos. A

força máxima de mordida nos casos de implantes variou de 93,2N a 235,4N, e com

dentes naturais, isto é, o grupo controle, entre 103,0N e 367,9N. Os valores médios

de força máxima, portanto, foram 143,5N para o grupo com implantes e 169,2N para

o grupo controle.

Um estudo por meio de um modelo matemático, baseado em uma relação

linear entre a força exercida pelos músculos e a eletromiografia destes músculos, foi

apresentado por PRUIM et al. em 1980, para calcular as forças musculares e

articulares que atuam na mandíbula durante a mordida, sob condições estáticas. Os

autores descreveram formas de avaliação da força muscular para cada grupo de

músculos da mastigação e encontraram valores maiores que os descritos na

literatura. Relataram, ainda, que a intensidade das forças variam segundo a posição,

sendo maior na área de molares.

CARLSSON & HARALDSON, em 1986, relataram uma força vertical de

mordida em pacientes portadores de próteses implanto suportadas com variações

entre 42N e 412N, com uma média de 143N.

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BRUNSKI (1988), em uma revisão da literatura com vistas a analisar as

condições comportamentais dos projetos dos implantes com relação à biomecânica,

afirmou que as forças verticais estão entre valores de 200N a 2.440N e as laterais na

ordem de 30N (1N = 100gr, aproximadamente).

GOUVEIA (2000) realizou um estudo do comportamento mecânico do

primeiro pré-molar superior via método dos elementos finitos e, entre outras

conclusões, afirmou que as cargas geradas durante a mastigação são bem menores

do que as de mordida e que variam para cada tipo de alimento.

Segundo WEINBERG (1993), os padrões de distribuição das tensões nas

próteses implanto suportadas são diferentes qualitativamente dos encontrados nas

próteses dento suportadas, e comparando estes padrões, concluiu que estas

diferenças são devido à ausência do periodonto nos implantes. O autor afirmou que,

devido ao micro movimento dos dentes e à forma da raiz, o centro de rotação fica no

terço apical da raiz, enquanto que, no implante, este centro, devido à rigidez e a sua

forma, encontra-se no terço cervical, isto é, na crista. Desta forma, enquanto no

dente natural, além do sistema de amortecimento, a concentração de forças fica

dentro da raiz, no implante ela concentra-se no colo, o que está de acordo com a

perda óssea relatada nesta região.

KATONA et al. (1993) estabeleceram uma comparação entre dois

pacientes, um real, outro simulado. Para o segundo, a localização do contato

oclusal, orientação do implante e perda do suporte ósseo foram parametricamente

analisadas, utilizando-se uma vista linguo vestibular de um canino superior direito.

Os cálculos foram acompanhados pelo exame clínico. Analisando todas as variáveis

envolvidas, os autores chegaram a algumas conclusões, como a que, para se

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minimizar o momento, deve-se adotar uma posição do implante o mais alinhado

possível com a direção da carga.

Quando se considera um sistema osso / implante sob ação de

carregamento, é importante compreender não apenas o mecanismo de transferência

de tensões na interface, mas também a resposta biológica dos tecidos interfaciais.

Acredita-se que a habilidade para manter-se uma interface osso / implante saudável

é o ponto crítico para a sobrevivência do implante. Embora os índices de sucesso

para muitas geometrias de implantes sejam bons, as falhas são sempre um

problema a ser considerado. Entre elas, as mais importantes e freqüentes são as

conseqüentes da perda óssea, mobilidade e inabilidade do implante para exercer a

função desejada. Portanto, a resposta biológica aos estímulos mecânicos é

extremamente importante para a longevidade ou não dos implantes. Ela se traduz,

como vimos, na destruição ou deposição óssea, decidindo a viabilidade fisiológica

do osso e, conseqüentemente, do implante.

ADELL et al. (1981) em um estudo longitudinal de 15 anos com implantes

tipo Branemark, descreveram o fator biomecânico como um dos possíveis

causadores da perda óssea periimplantar, observada neste tempo.

COOK et al. (1982a) apresentaram um estudo das características da

interface de um implante poroso. A concentração de tensões, na região da cortical,

foi atribuída como causa da perda óssea encontrada clinicamente.

BORCHERS & REICHART (1983) avaliaram as condições da interface em

diferentes estágios num estudo via MEF e descreveram a estreita relação entre a

concentração de tensões no colo e a perda óssea adjacente.

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Em 1988, TAKUMA et al., avaliaram três superfícies de implantes quanto

ao seu comportamento biomecânico e relacionaram a perda óssea clínica, descrita

na literatura com os dados de distribuição de tensões encontrado.

Em dois estudos apresentados, em 1990, RIEGER et al. analisaram

implantes instalados em mandíbulas via MEF, encontrando concentrações de

tensões exatamente nas áreas onde clinicamente observava-se perda óssea.

Em dois estudos, MEIJER et al. (1992, 1996) correlacionaram estes dois

achados, concentração de tensões e perda óssea.

PYLANT et al. (1992), estudando pacientes parcialmente edêntulos,

encontraram dados semelhantes aos descritos para os totalmente edêntulos quanto

à ação das tensões e a reabsorção óssea.

HOSHAW et al., em 1994, realizaram um estudo para investigar estes

efeitos de carregamento mecânico dos implantes sobre a modelagem e

remodelagem óssea na interface osso-implante. Eles inseriram 2 implantes em cada

tíbia de 10 cães adultos, num total de 20 implantes. Os implantes instalados no lado

direito não foram carregados, servindo como grupo controle, enquanto os do lado

esquerdo foram submetidos a carregamentos controlados. Diferenças bastante

significativas foram observadas entre os implantes carregados e não carregados. A

maioria dos implantes carregados apresentaram perda óssea no osso marginal,

revelando uma crescente resposta de modelagem reabsortiva, enquanto que, para

os implantes não carregados, não foi registrada perda óssea.

Nas regiões adjacentes à interface dos implantes carregados, foi

observada a formação de tecido mineralizado, revelando a ocorrência de

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remodelagem óssea. Para se detectar os pontos de concentração das tensões, foi

elaborado um modelo geométrico à semelhança da relação implante-osso e

procedeu-se a análise pelo método dos elementos finitos. Os resultados revelaram

área de tensões de compressão com valores máximos junto à crista óssea adjacente

ao implante. Tensões de menor magnitude foram observadas na região das roscas,

na interface osso / implante, e tensões ainda menores foram observadas em outras

regiões do modelo.

As regiões onde foram encontradas tensões máximas, no modelo de

elementos finitos, coincidiram com aquelas em que registrou-se perda óssea nos

estudos clínicos. Como para os implantes não carregados não foi observada perda

óssea na crista, os resultados obtidos, tanto no estudo experimental, quanto na

análise com elementos finitos, permitiram associar-se a perda óssea a causas

mecânicas. Estes resultados indicaram a resposta de modelagem e remodelagem

óssea face a implantes submetidos a carregamentos, revelando a influência dos

estímulos mecânicos na resposta biológica do organismo. Também demonstraram a

viabilidade da utilização do método dos elementos finitos para analisar estruturas

biológicas.

LOZADA et al. (1994) apresentaram um estudo comparativo com uma

análise tridimensional via MEF de dois tipos de geometria de implantes e, em

ambas, ocorria concentração de tensões no colo, equivalente a perda óssea clínica.

MURPHY et al. (1995) também descreveram o fator biomecânico

alterando a fisiologia e causando perda óssea.

LEWINSTEIN et al. (1995) apresentaram um sistema de suporte de

próteses para reduzir este efeito biomecânico no osso.

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AKPINAR et al. (1996), estudando a relação tensão-deformação em dois

diferentes sistemas de implantes com próteses em balanço, confirmaram o fator

biomecânico como provável responsável pela perda óssea peri-implante.

JUNG et al. (1996) acompanharam radiograficamente a perda óssea em

torno de implantes durante 12 meses, relacionando-a com a biomecânica entre

outros fatores.

CARLSSON et al. (2000), num estudo longitudinal de 15 anos, avaliando

44 pacientes reabilitados com próteses fixas implanto suportadas, concluíram que o

fator biomecânico é de menor importância na perda óssea no nível do colo dos

implantes. Eles atribuíram ao fumo e à má higiene um peso maior do que à

biomecânica.

2.6 - ANÁLISE ESTRUTURAL APLICADA À ODONTOLOGIA

A arquitetura do sistema estomatognático está preparada para receber as

cargas funcionais, originadas pelas funções desta área, principalmente da

mastigação. O conhecimento do comportamento desta estrutura e os efeitos das

tensões provocadas por estas cargas são de bastante interesse, quer sejam

relativos aos ossos alveolares, quer sejam de todos os ossos que compõem o

sistema e os adjacentes a este.

Até agora, como foi dito na literatura, muitos dos trabalhos nesta área

foram baseados em estudos empíricos. Ainda pouco se tem aproveitado das

análises mecânicas para qualificar e quantificar o estado de tensões no interior

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destas estruturas. Existe, portanto, um vasto campo de exploração científica neste

aspecto, que pode tornar mais sólidas as bases do conhecimento sobre estes

problemas.

Um estudo interessante com o método dos elementos finitos foi conduzido

por WEINSTEIN et al. em 1976, no qual afirmaram o seguinte:

- os limites de forma e tamanho impostos pela anatomia, a seleção de

biomateriais e as interações entre os implantes e os tecidos de suporte são

considerações importantes no projeto dos implantes;

- embora uma grande variedade de geometrias de implantes fossem

propostas e muitas clinicamente testadas, somente algumas poucas

provaram ser efetivas;

- muito pouco se tem aplicado dos conhecimentos técnicos da engenharia de

projeto na concepção dos implantes;

- a técnica dos elementos finitos pode avaliar estes projetos sem os riscos e

os custos associados com os ensaios clínicos empíricos.

KOOLSTRA & VAN EIJDEN (1992) desenvolveram um estudo

comparativo da aplicação e validade dos modelos mecânicos tridimensionais do

sistema mastigatório. Eles compararam os resultados obtidos do modelo com dados

de sete pacientes, utilizando um medidor da força de mordida. As medidas foram

tomadas em três diferentes pontos, área de canino, segundo pré-molar e segundo

molar. Em uma segunda coleta, foram mantidas as forças de 250N na região do

segundo pré-molar, variando-se a angulagem da carga. Estes dados foram

comparados com os obtidos na análise numérica, levando às seguintes conclusões:

a) o modelo permite apurada e satisfatória descrição do grau de atividade dos

músculos da mastigação, durante a mordida, em várias direções; b) o modelo

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também obteve uma satisfatória previsão da força máxima gerada em todas as

direções; c) não houve diferenças estatisticamente significantes entre os dados do

modelo e dos indivíduos da pesquisa. No entanto, o modelo foi incapaz de prever

comportamentos individuais.

KORIOTH et al. (1992), em um estudo tridimensional com elementos

finitos da distribuição de tensões em uma mandíbula humana dentada, ressaltaram a

confiabilidade do método e a sua importância em obter dados de regiões e situações

difíceis ou impossíveis de se explorar por outros meios.

Alguns aspectos biomecânicos de planos de implantes e modelos

diferentes de prótese foram estudados com a ajuda de medidas in vivo, por meio de

um medidor de tensões e análise de elementos finitos, por BENZING et al. (1995).

As medidas in vivo foram realizadas para verificar as relações de deformações

ocorridas em uma estrutura de prótese apoiada de duas formas diferentes.

Medidores de deformações lineares foram anexados às extensões dos implantes.

Como as medidas de deformações in vivo não podem ser feitas dentro do osso, a

análise de elementos finitos foi usada para conhecer a distribuição de tensões ao

longo da interface osso / implante.

Os resultados deste estudo revelaram que a relação encontrada entre os

valores de deformações para os dois modelos de prótese analisados

experimentalmente foi praticamente idêntica à relação entre os valores de tensão

máxima fornecida na análise de elementos finitos dos referidos modelos. Assim, os

autores concluíram que, apesar das simplificações adotadas para a análise linear via

elementos finitos, este método de análise possui confiabilidade, sendo adequado

para auxiliar investigações na área da implantodontia.

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Um estudo comparativo foi desenvolvido por BAIAMONTE et al., em 1996,

com o objetivo de comprovar a eficácia da modelagem de elementos finitos para

analisar sistemas de implantes dentais. Em muitos trabalhos anteriores, foi assumido

que o modelo gerado apresentava apenas uma natureza qualitativa e que as

magnitudes das tensões e deslocamentos eram indicações da localização dos

efeitos, não devendo ser interpretados quantitativamente. KEYAK et al. (1993),

citados pelos autores, mostraram resultados muito bons quando dados

experimentais de tensão versus deformação in vitro de um fêmur foram comparados

com a análise de um modelo de elementos finitos construído para o fêmur. Este

trabalho inseriu o MEF sob bases quantitativas em aplicações ortopédicas.

BAIAMONTE et al. objetivaram, neste estudo, descrever os resultados da

comparação de dados experimentais e de elementos finitos de implantes dentais

osseointegrados no maxilar inferior de uma macaca mulatta, e mostrar que a

modelagem precisa destes implantes e sua análise via elementos finitos

tridimensionais podem produzir dados quantitativamente confiáveis.

Seis implantes endósseos de titânio revestidos com hidroxiapatita foram

inseridos no maxilar inferior do animal (macaca mulatta) e a osseointegração foi

permitida por um período de dois anos. Então, o animal foi sacrificado e o maxilar

inferior removido para testes mecânicos.

Após efetuados os testes mecânicos e o processamento numérico,

verificou-se a compatibilidade dos valores de deformações obtidos nos dois

processos. O deslocamento angular experimental foi cerca de 3% menor que aquele

calculado por elementos finitos. Os autores ressaltaram também as vantagens

oferecidas pelo MEF como, por exemplo, a capacidade de fornecer uma vista

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completa do campo de deslocamentos, podendo resultar em implicações clínicas

práticas.

LLOMBART & LLOMBART (1996), em um trabalho da área de

engenharia, sobre as possibilidades de se avaliar estruturas aplicadas no estudo da

oclusão, destacaram que o MEF pode beneficiar a odontologia nos seguintes

aspectos:

- na determinação do estado de tensões no interior da estrutura óssea, após a

instalação de implantes dentais;

- na avaliação da resistência da mandíbula frente a impactos por acidentes,

quando a estrutura é submetida a cargas excepcionais e as possíveis formas

de fraturas decorrentes;

- na ortodontia, quando forças são aplicadas aos dentes, criando um estado

de tensão anormal ao qual o organismo reage biologicamente, alterando o

status quo. A qualificação e a quantificação destas forças em cada ponto

poderia ser obtida com uma metodologia usual em engenharia, mediante a

técnica de elementos finitos em um material com características

viscoelásticas;

- nas próteses fixas, nas quais os elementos pônticos e básicos funcionam da

mesma maneira que uma ponte civil e suas condições de funcionalidade e

estruturais podem ser conhecidas por estudos numéricos;

- no estudo da ação das forças oclusais e musculares sobre a ATM e suas

conseqüências.

O MEF foi desenvolvido inicialmente para resolução de problemas

estruturais, na década de 50, na indústria aeronáutica. A partir daí, o seu uso

ampliou-se muito, sendo utilizado, hoje, em áreas bastante distintas, entre as quais

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se pode citar estudos de transferência de calor (CAMARÃO, 1994) a mecânica dos

sólidos, mecânica dos fluidos, eletromagnetismo, biologia (TOLEDO, 1996), área

têxtil (KAUSS, 1998) e, com especial interesse para nós, nos estudos da

biomecânica (BIDEZ & MISCH, 1993), área que trata dos estudos do movimento

mecânico dos corpos biológicos, como na ortodontia (COBO et al., 1993) e várias

outras áreas da odontologia. Estes estudos incluiram também a interação entre os

organismos vivos e outros materiais como as próteses.

LAS CASAS et al. (1999) afirmaram que o uso de métodos numéricos e

análises biomecânicas é relativamente novo, com os primeiros trabalhos publicados

a partir da década de 70.

MERZ et al. (2000), utilizando o MEF em uma análise tridimensional para

avaliar o comportamento das conexões sob a ação de carregamentos, afirmaram

que, enquanto os testes mecânicos apenas nos dão se e onde o sistema poderá se

quebrar, o MEF dá informações precisas da mecânica própria do sistema. Ele pode

mapear a situação interna das tensões e mostrar onde se situam os pontos fracos

do sistema.

Estes estudos têm se avolumado nos últimos anos e diversos autores têm

chegado a bons resultados, contribuindo sobremaneira, não só para o conhecimento

do comportamento dos implantes, mas para a melhoria do seu projeto.

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2.7 - CONDIÇÕES E RESULTADOS DA ANÁLISE ESTRUTURAL

APLICADA AOS IMPLANTES

Um dos objetivos do estudo de WEINSTEIN et al. (1976) foi analisar se

um modelo bidimensional poderia ser eficiente quando comparado com um modelo

experimental. Foi efetuada uma análise de tensões planas de um implante,

assumindo-se uma interface rígida, e como segundo caso adotou-se uma interface

com interdigitação óssea, na qual a porosidade foi considerada com um módulo

elástico E=51MPa, por ser impossível implementar a geometria da superfície porosa.

Tal impossibilidade deve-se às limitações impostas pelo tamanho da malha usada,

em função das propriedades físicas do osso e das propriedades geométricas da

superfície porosa. Todos os materiais foram considerados linearmente elásticos e

isotrópicos.

Dados experimentais foram obtidos por meio da instalação de um

implante semelhante na mandíbula de um cão e removido após seis meses. A peça

foi então submetida à análise de deslocamento com uma máquina de testes de

deformação. A comparação dos resultados revelou que a interface totalmente rígida

não corresponde à realidade. Este modelo, devido à maior rigidez, apresentou

menores deslocamentos comparados com os dados experimentais. Melhores

resultados foram obtidos para a interface de interdigitação óssea, na qual a resposta

de deslocamento do implante apresentava boa aproximação em relação aos valores

obtidos experimentalmente, além de possuir uma distribuição de tensões mais

uniforme. Este estudo mostrou também que o tipo de interface influi

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significativamente nos resultados, devendo ser cuidadosamente avaliado para que o

modelo analisado numericamente forneça resultados mais próximos do modelo real.

Análises numéricas com elementos finitos foram realizadas em dois

trabalhos por COOK et al., em 1982, com o objetivo de avaliar as propriedades

mecânicas da interface osso / material poroso. Avaliações clínicas revelaram que

uma interface totalmente osseointegrada é apenas uma idealização (MURPHY et al.,

1995; WADAMOTO et al., 1996). Estes autores desejavam avaliar a interface

osso / material poroso utilizando-se de estudos tridimensionais e comparar os

resultados com dados obtidos em testes mecânicos realizados em implantes

instalados em mandíbulas de cães. O desenvolvimento de um modelo que

represente exatamente o comportamento biomecânico de uma interface porosa é

difícil devido à complexidade da geometria das rugosidades, segundo estes autores.

Para desenvolver um modelo para a interface assumiu-se que, após o

crescimento ósseo na seção porosa do implante, o osso interfacial poderia ser

aproximado por pequenas vigas em balanço. A geometria destas vigas foi definida

em função dos espaços resultantes do acondicionamento de partículas esféricas

usadas para produzir a superfície porosa. Todas as dimensões foram medidas ou

determinadas em laboratório. Para cada viga em balanço foram assumidas as

propriedades do osso cortical e o carregamento total dividido pelo número de vigas

em toda a extensão da interface. Uma vez que o metal do implante é

aproximadamente dez vezes mais rígido que o osso, foi assumido que cada viga

sofreria um deslocamento máximo na extremidade livre, igual ao sofrido pelo

implante.

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Como a geometria da região interfacial não poderia ser representada por

uma malha de elementos finitos, a equação para o equilíbrio da interface foi

resolvida numericamente, aplicando-se o valor da deflexão máxima obtido no cálculo

analítico, e um módulo elástico interfacial foi calculado. Assumiu-se que o osso

preencheu todos os vãos da secção rugosa, pois na determinação da deflexão

máxima as vigas em balanço foram distribuídas ao longo de toda a superfície do

implante.

Estudando-se a deflexão máxima sofrida por cada viga, com base na

deflexão devido à flexão e ao cizalhamento, foi calculado um módulo elástico

interfacial. Uma análise via elementos finitos foi então efetuada, utilizando-se

inicialmente o módulo elástico interfacial E=859 MPa. Depois, admitindo-se que o

crescimento ósseo não ocorre em toda a extensão da região rugosa, novos cálculos

foram efetuados, variando-se o número de vigas em balanço. Este procedimento

determinou o módulo elástico interfacial para crescimento ósseo correspondente a

57,6%, 52,7% e 22,7%. Novos processamentos via elementos finitos foram

efetuados com os três módulos elásticos e os valores de deslocamento no topo do

implante foram comparados com os medidos experimentalmente. O melhor resultado

obtido foi para E=193MPa, correspondente a 22,7% de crescimento ósseo. Uma

investigação do valor ótimo do módulo elástico interfacial em relação aos dados

experimentais revelou um valor de 120 MPa.

Conforme afirmado por outros autores (MURPHY et al., 1995;

WADAMOTO et al., 1996), este estudo permitiu concluir que a osseointegração

realmente não ocorre na totalidade da superfície interfacial. O valor do módulo

elástico ótimo seria fornecido para uma situação inferior a 22,7% de

osseointegração. Porém, este índice de osseointegração não deve ser tomado como

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base face às simplificações introduzidas neste cálculo, como, por exemplo,

uniformidade da distribuição das partículas do material poroso, carregamento

uniformemente distribuído entre o número de vigas em balanço (na realidade, as

vigas próximas ao ponto de carregamento serão mais solicitadas), suposição de que

todas as vigas sofrerão a mesma deflexão, e provavelmente simplificações em

relação ao carregamento aplicado (não foram fornecidos dados sobre direção,

sentido e magnitude do carregamento). Mas o módulo de elasticidade E=120MPa

pode ser uma boa aproximação do que ocorre na interface osso / material poroso do

modelo real, uma vez que está fundamentado em resultados experimentais. Os

autores ressaltaram também a habilidade do MEF para modelar estruturas

anatômicas geometricamente complexas.

Com o objetivo de avaliar a distribuição de tensões nos implantes em

diferentes situações da interface, BORCHERS & REICHART, em 1983,

desenvolveram um estudo via MEF com uma análise tridimensional de um implante

de óxido de alumínio localizado na região de molares inferiores. Quatro estágios de

desenvolvimento da interface osso / implante foram simulados:

- imediatamente após a inserção do implante, quando ele está circundado por

osso esponjoso;

- com a formação de uma lâmina de osso cortical ao redor do implante;

- com uma camada de tecido conjuntivo na interface entre o osso esponjoso e

o implante;

- com uma camada de tecido conjuntivo entre a lâmina cortical e o implante.

Todos os materiais foram considerados homogêneos, isotrópicos e

linearmente elásticos. Não foi permitido o deslizamento entre o tecido conjuntivo e o

implante ou entre o osso e o implante. Uma força de 200N foi aplicada

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primeiramente como carga axial e depois como lateral no nó central do topo do

implante. Os resultados revelaram, na primeira situação, picos de tensões de

compressão na crista óssea adjacente ao implante. Estas concentrações foram

ligeiramente diminuídas, na segunda situação, com a presença da lâmina de osso

cortical. Os autores concluíram que a concentração de tensões na crista óssea,

resultante do carregamento lateral e axial combinado, poderia ser causa da

reabsorção óssea observada nesta região. Estas tensões poderiam ser altas o

suficiente para impedir a aposição óssea, uma vez que o limite de tensões favorável

à indução da formação do osso foi excedido localmente e outro tipo de reação

poderia ser estimulada, como a reabsorção óssea. Este limite de tensões foi

determinado em experimentos em coelhos, sendo de ordem de 3MPa a 4MPa, e

acredita-se que em seres humanos ele seja da mesma magnitude (HASSLER et al.,

citados por BORCHERS & REICHART, 1983).

Os resultados mostraram que as maiores tensões ocorreram no período

mais crítico para o sucesso dos implantes, que seria antes da corticalização em

torno do implante. Daí, vê-se mais uma vez a importância do carregamento

gradativo ou progressivo para a indução da aposição óssea e a remodelagem,

garantindo um sistema mais estável a longo prazo.

A presença da lâmina cortical melhorou a distribuição das tensões,

reduzindo a magnitude das máximas. Nas duas últimas situações, a presença do

tecido conjuntivo promoveu uma distribuição mais uniforme das tensões, mas, por

outro lado, fisiologicamente induz à perda do implante, segundo os autores.

TAKUMA et al., em 1988, efetuaram um estudo com o MEF para avaliar

diferentes tipos de materiais e desenhos de implantes. Afirmaram que o caráter

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empírico da geometria dos implantes pode ser responsável por regiões de altas e

baixas concentrações de tensões. O MEF, por poder representar aproximadamente

geometrias complexas contendo vários materiais de módulos elásticos diferentes,

possibilita estudos desta natureza. Eles estudaram um implante cilíndrico liso de

alumina, um cilindro com rosca de titânio e um também cilíndrico liso com

revestimento de hidroxiapatita. Concluíram que, em todos os casos, a perda óssea

na crista deveu-se à concentração de tensões nesta área.

BRUNSKI, em 1988, chamou a atenção para a importância de se

entender o projeto dos implantes como um processo em que se avaliem os

biomateriais e a biomecânica, incluindo as forças geradas pelo paciente, a forma de

sua transmissão na interface e a resposta tecidual.

Três geometrias foram avaliadas por RIEGER et al., em 1989, com o

objetivo de comparar as distribuições em cada caso pelo MEF. Foram analisados o

implante cilíndrico serrilhado KYOCERATM , o implante cônico com rosca BattelleTM e

o implante cônico MiterTM .

O modelo consistia de osso cortical somente e cada geometria foi testada

atribuindo-se dez diferentes módulos de elasticidade para o material do implante,

variando do mais deformável, equivalente ao policarbonato, ao menos, a safira,

passando pela dentina, titânio etc. Foram assumidos uma interface rígida e

comportamento elástico linear, homogêneo e isotrópico, tendo sido aplicado um

carregamento de 110N axialmente.

O padrão de distribuição de tensões revelou que, para as três geometrias,

ocorreu uma concentração de tensões na crista óssea, quando materiais menos

rígidos foram utilizados. À medida que o módulo de elasticidade crescia, havia uma

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redução das tensões na crista óssea e o surgimento no ápice. Uma melhor

distribuição ocorreu quando o material utilizado foi o titânio, porém, os autores

concluíram que, embora a rigidez do material seja importante, não é um fator

governante. Uma geometria que seja eficiente na transferência de carregamento

parece ser o fator determinante na distribuição apropriada de tensões.

Neste mesmo ano, estes autores, também baseados no MEF e utilizando

estas mesmas geometrias, avaliaram questões de interface quanto à aderência.

Concluíram que se a aderência total é favorável do ponto de vista bioquímico, não o

é no que se refere à biomecânica. Sugeriram então, que estudos devem ser feitos

para se melhorar a geometria.

O sucesso dos implantes depende da biocompatibilidade do material de

que é feito e da biofuncionabilidade do seu sistema. VAN ROSSEN et al., em 1990,

afirmaram que é possível se reduzir a alta concentração de tensões mudando-se as

suas propriedades físicas e mecânicas.

SYKARAS et al. (2000) fizeram uma revisão da literatura de várias

geometrias de implantes disponíveis e ressaltaram a importância do projeto.

Afirmaram que, com o avanço dos conhecimentos de biologia molecular e dos

biomateriais, novos conceitos de projetos vão aflorar, criando melhores relações com

o meio biológico.

Segundo WOLFF, citado por TAKUMA et al. (1988), o osso esponjoso

remodela sua arquitetura em resposta às tensões aplicadas. Altas concentrações de

tensões podem resultar em reabsorção ou remodelagem óssea, enquanto tensões

baixas podem levar à atrofia. Resumindo as leis básicas de WOLFF com relação à

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resposta óssea às tensões, NIGG & GRIMSTOM (1995) escreveram: “As leis físicas

são o principal fator de influência na modelagem e remodelagem óssea”.

FROST (1990b) realçou a ação da unidade multicelular básica (BMU) sob

efeito das tensões geradas no tecido ósseo e afirmou (1990a) a capacidade de

adaptação estrutural do esqueleto a estas cargas.

CRUZ et al. (1993) descreveram a remodelagem óssea na região de

molares e pré-molares superiores por meio da indução do aumento de cargas

funcionais, geradas pela musculatura mastigatória por estimulação de aparelhos

ortodônticos e transmitidas ao osso por um material resiliente. Afirmaram que o tipo

de carga aplicada no osso tem influência no seu comportamento.

RIEGER et al. (1990b), em um estudo de seis geometrias de implantes,

deram ênfase aos valores de tensões capazes de causar perda ou ganho ósseo. Os

autores se referiram ao valor ótimo de tensões abaixo do qual ocorre atrofia e acima

do qual acontece aposição do tecido ósseo e reabsorção patológica.

Os seis sistemas de implantes utilizados foram BränemarkTM, Core-VentTM

DenarTM, MiterTM , DriskellTM e um implante experimental. Foram admitidos

osseointegração total e um ambiente de somente osso cortical. Uma carga axial de

110N foi aplicada no topo dos implantes.

HASSLER et al., citado por RIEGER et al. (1990b), apresentaram valores

para se mensurar a resposta óssea. Um limite de 1,38MPa foi adotado abaixo do

qual ocorreria atrofia óssea. A manutenção óssea ótima estaria em 1,72MPa. A

reabsorção patológica óssea ocorreria para tensões superiores a 4,83MPa.

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O implante tipo Brånemark apresentou uma concentração de tensões em

seu ápice e no tecido ósseo adjacente ao pescoço. A tensão máxima de 3,30MPa foi

observada no pescoço desse implante. Baixas tensões ocorreram ao longo da

metade superior do corpo. A possibilidade de atrofia óssea foi levantada pelos

autores para este sistema. Segundo eles, se esse implante fosse utilizado como

implante único, pelo menos ¼ do tecido ósseo adjacente poderia estar

hipocalcificado. Se utilizado em função de grupo, ou seja, acoplado a um grupo de

implantes, a situação seria mais crítica, pois tensões mais baixas estariam atuando e

o sistema de ancoragem estaria comprometido.

Outro implante que também apresentou uma distribuição de tensões

deficiente foi o Core-Vent, com concentração no pescoço (tensão máxima de

4,56MPa) e no ápice. A reabsorção patológica seria, portanto, improvável com estes

valores, podendo, no entanto, ocorrer hipocalcificação de aproximadamente metade

do tecido ósseo adjacente.

Uma distribuição de tensões ainda menos favorável foi apresentada pelo

Denar, sendo as máximas localizadas no pescoço (tensão máxima de 5,15MPa) e

no ápice do implante. Reabsorção patológica poderia ocorrer na crista óssea e as

altas tensões no ápice também seriam um problema. Poderia haver, ainda,

hipocalcificação de quase metade do osso cortical adjacente ao corpo.

Para o Miter, conforme observado também clinicamente na literatura,

poderia haver reabsorção no colo, pois foram registrados valores de tensões de

5,47MPa no pescoço do implante. Diferente do ocorrido com os demais, a

distribuição de tensões foi satisfatória ao longo de todo o corpo do implante. Este

implante funcionaria bem como um implante único.

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O implante Driskell registrou a maior tensão no colo, ou seja, 5,98MPa.

Nesta região ocorreria reabsorção patológica, enquanto que 1/3 do tecido ósseo

adjacente ao corpo poderia estar hipocalcificado.

O implante experimental apresentou concentração de tensões no pescoço

e no ápice do implante, sendo que, na maior parte do tecido ósseo adjacente, havia

distribuição de tensões. Aproximadamente 1/5 do tecido ósseo adjacente poderia

estar hipocalcificado, com boas chances de remodelagem óssea nesta região. A

tensão máxima foi 2,87MPa, sendo a menor registrada neste estudo.

Também citado por RIEGER et al. (1990b), ADAMS ilustrou que a

geometria cilíndrica dirigia grande parte do carregamento axial para o ápice do

implante e recomendou o uso de geometria cônica para melhorar a distribuição de

tensões. Neste estudo, as duas geometrias cônicas (implante Miter e experimental)

comprovaram as conclusões deste autor. Estes dois implantes foram os únicos que

registraram uma distribuição de tensões favorável ao longo de seu corpo, sendo o

Miter melhor que o experimental. O implante experimental também se sobressaiu,

em relação ao Miter, registrando o menor valor de tensão máxima dos seis

avaliados.

Novamente, RIEGER et al. (1990a) utilizaram a modelagem de elementos

finitos em outro estudo. Neste, o padrão de distribuição de tensões foi determinado

para onze implantes, com o propósito de separar uma lista de características que

poderiam ser usadas para desenhar um implante ideal. O potencial do método dos

elementos finitos para analisar campos de tensões e deformações complexos em

torno de implantes foi ressaltado pelos autores e utilizado como instrumento em um

processo geométrico interativo. Muitos sistemas de implantes têm sido propostos e

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testados clinicamente. Todos estes sistemas exercem a função de suporte de

próteses, porém, o grande problema ainda é encontrar uma geometria que ofereça

uma distribuição de tensões fisiologicamente compatível com as características do

tecido ósseo, afirmaram os autores.

Entre os implantes avaliados, estavam dois comerciais, bastante

conhecidos (ByoceramTM, TitanodontTM), um considerado experimental (Battelle

ExperimentalTM) e oito outros sistemas. Com relação ao material que compõe os

implantes, foram testados três tipos: liga de titânio, safira mono cristalina e materiais

cerâmicos vítreos.

Foi assumido um comportamento linearmente elástico, isotrópico e

homogêneo para todos os materiais. Cada implante recebeu axialmente uma carga

de 110N. Foi assumida aderência contínua do tecido ósseo (osseointegração total).

O deslocamento no contorno ósseo foi impedido axialmente e radialmente ao longo

do seu eixo.

Segundo os autores, conclusões interessantes puderam ser obtidas da

análise destes onze modelos de implantes. Implantes cilíndricos tendem a

concentrar tensões no topo e no ápice. Um dos implantes analisados apresentava

roscas retas, profundas, estreitas e bastante espaçadas. A intenção era que estas

roscas trabalhassem a flexão como lajes contínuas em balanço, simulando

“grosseiramente” a função do ligamento periodontal. Elas realmente trabalhavam a

flexão, verificando-se, porém, grande concentração de tensões na extremidade livre

do balanço. Estas tensões, sendo transmitidas para pequenas áreas do tecido

ósseo, poderiam concentrar-se, causando a reabsorção óssea. O oposto também

ocorreria, pois o espaço livre entre as roscas apresentava tensões muito baixas, que

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poderiam conduzir à atrofia óssea. Assim, acontecia em regiões muito próximas dois

efeitos negativos, que certamente comprometeriam a estabilidade do implante.

De acordo com a assertiva dos autores, tensões muito baixas são tão

problemáticas quanto as muito altas. Afirmaram ainda que, enquanto é dito que

implantes curtos aumentam as tensões transmitidas ao osso, não foi comprovado

que os longos possam ser realmente mais benéficos. Para reduzir as tensões de

punção no ápice do implante, as geometrias cônicas são mais benéficas que as

cilíndricas, pois promovem melhor distribuição de tensões ao longo do corpo.

Com relação ao aspecto do comprimento, MEIJER et al. (1992)

encontraram valores de distribuição de tensões mais favoráveis em implantes mais

longos. SODRÉ (1999) também confirmou estes dados numa avaliação comparativa

do implante de Branemark com um experimental, utilizando diferentes situações de

ancoragem óssea.

SIEGELE & SOLTÉSZ, em 1989, avaliaram via MEF, a influência da

forma dos implantes na distribuição de tensões no osso mandibular. Eles

compararam diferentes formas básicas de implantes, cilíndrico, cônico, escalonado,

cilíndrico com rosca e cilíndrico oco sem rosca. Foram assumidas duas condições de

interface: osseointeração total, isto é, interface rígida (transferência total de carga), e

somente contato (compressão). Nas duas situações, no entanto, assumiu-se que o

colo dos implantes teria uma camada de tecido fibroso de 0,1mm de espessura na

região da cortical (2mm). Os autores quiseram eliminar o efeito da concentração de

carga na cortical óssea. Os implantes, portanto, estavam inseridos somente em osso

medular. Não foi feita a modelagem de toda a mandíbula, mas somente de um bloco

ósseo de 15mm de altura por 20mm de diâmetro. Todos os implantes foram

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modelados com 10,5mm de comprimento por 5mm de diâmetro externo. Foram

aplicadas cargas de 100N, vertical, e 25N, horizontal.

Os autores concluíram que, para a interface rígida, a distribuição das

tensões foi aproximadamente uniforme entre as diferentes formas dos implantes,

ocorrendo menores valores nas geometrias cilíndricas lisa e com rosca (2MPa),

enquanto que o escalonado e o cilindro oco apresentaram a maior tensão de

compreensão (5MPa), o que eles atribuem à descontinuidade geométrica e às

bordas agudas.

No caso da interface não rígida, somente contato com o osso, as

diferenças entre os modelos foram significativas, e o de geometria cônica, devido ao

pequeno raio de curvatura na região apical, segundo eles, apresentou um índice

máximo de tensão (25MPa), equivalente a 2,5 a 5 vezes maior que as outras

geometrias. Os menores valores foram encontrados nos modelos com geometria

cilíndrica lisa (7,5MPa) e com rosca (6MPa).

Em 1991, CLELLAND et al. publicaram um trabalho no qual a análise

tridimensional de elementos finitos foi utilizada para determinar o padrão de tensões

no interior do implante endósseo Screw-VentTM e no tecido ósseo adjacente. O

modelo geométrico consistia de um parafuso cilíndrico, confeccionado de titânio

comercialmente puro e estrutura óssea. Para o osso foram assumidas propriedades

elásticas, homogêneas e isotrópicas. O titânio e sua ligas são mais rígidos que o

osso, porém, entre os materiais biocompatíveis, são os que apresentam melhor

desempenho e módulo elástico mais próximo do módulo do osso, segundo os

autores. Isto permite uma distribuição de tensões mais homogênea na interface.

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Carregamentos simulados (22N na direção vertical e 13N na direção horizontal)

foram aplicados no topo do implante, individualmente e combinados.

Para o carregamento vertical de 22N foram registradas tensões de

compressão máximas de 7,55MPa, localizadas no pescoço do implante, na região

da crista óssea. As tensões máximas de tração foram da ordem de 1,33MPa.

Tensões muito baixas foram observadas no ápice do implante. O carregamento

horizontal de 13N registrou tensões máximas de tração e compressão de

aproximadamente 12,45MPa. O carregamento combinado gerou tensões máximas

de 19,57MPa no corpo próximo ao pescoço do implante. Ocorreu concentração de

tensões próximo à crista óssea, sendo registrada tensão máxima de 8,89MPa no

tecido ósseo.

Tomando como base o limite de resistência do titânio comercialmente

puro, 259,90MPa, os autores concluíram que o implante Screw-VentTM seria capaz

de resistir a carregamentos superiores aos utilizados neste estudo e que a

concentração de tensões na crista óssea poderia induzir a reabsorções patológicas

nesta região.

DEINES et al. (1993) fizeram uma análise comparativa entre o dente

natural, raízes de molar e pré-molar, e três geometrias diferentes de implantes,

cilíndrico com rosca (NobelpharmaTM) cilindro com rosca afilado na região apical

(Screw-VentTM) e cilindro sem rosca (IntegralTM). Eles não encontraram muita

diferença no padrão de distribuição de tensões entre os implantes, apesar da rosca

ter distribuído um pouco melhor na região do corpo, reduzindo a concentração no

ápice. As raízes dos dentes, no entanto, tiveram um comportamento elevadamente

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superior, tanto nas cargas verticais quanto laterais. Os autores atribuíram os

resultados à forma cuneiforme das raízes.

Pesquisadores têm realizado estudos radiográficos de longo tempo para

determinar a perda óssea na crista. ADELL et al. (1981) divulgaram valores médios

para perda óssea de 0,5mm durante a remodelagem (início do período de função do

implante) e 0,1mm/ano no período de acompanhamento. HENRY et al., citados por

CLELLAND et al. (1991), calcularam valores médios para a perda óssea marginal de

0,9 ± 0,4mm no primeiro ano, 0,1 ± 0,4mm no segundo ano e 0,05 ± 0,2mm no

terceiro ano de função do implante.

SOLTÉSZ & SIEGELE, citados por MEIJER et al. (1992), demonstraram

que regiões de concentração de tensões, observadas em modelos estudados,

coincidiram com zonas de reabsorção verificadas no maxilar de cães tratados com o

mesmo tipo de implante. A importância das tensões mínimas foi também relatada,

baseando-se no fato de que as moderadas estimularam aposição óssea, as muito

baixas causaram atrofia do tecido ósseo e as muito altas induziram à reabsorção

patológica.

WOLFE & HOBKIRK, em 1989, afirmaram que admite-se um valor ideal

de tensão, em que a reabsorção é igual à aposição óssea. Valores acima ou abaixo

desses níveis levam à atrofia óssea. Há uma carga limite, uma vez que valores

elevados provocam destruição óssea.

A influência da biomecânica na longevidade do tecido ósseo adjacente a

implantes odontológicos foi novamente avaliada por MEIJER et al., em 1992. Os

autores desenvolveram uma análise bidimensional de elementos finitos de um

implante inserido em osso maxilar para comparação de diferentes situações, nas

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quais foram variados a altura óssea do maxilar inferior, os tipos de carregamento

(implante único, implantes conectados por uma barra, extensão de balanço na barra)

e os comprimentos do implante. Todos os materiais foram considerados

homogêneos, isotrópicos e linearmente elásticos. As forças normais de mastigação

foram simuladas com a aplicação de um carregamento vertical de 100N. Uma

interface continuamente aderida (osseointegração total) foi considerada, sem

permitir o movimento relativo entre implante e osso.

Devido às simplificações feitas para a configuração do modelo em duas

dimensões e em relação às propriedades do tecido ósseo, os valores das tensões

não são necessariamente idênticos aos reais. Entretanto, este modelo é conveniente

para a comparação da distribuição de tensões relativas entre as várias situações

avaliadas. De qualquer maneira, sabe-se que a distribuição e a magnitude das

tensões variam à medida que se desenvolve o processo de aposição ou reabsorção

óssea, embora não se conheça a maneira como este fato ocorre.

Quando o tipo de carregamento foi variado, todas as situações

apresentaram concentração de tensões no pescoço do implante, onde estavam

localizadas as tensões máximas atuantes no sistema. Quanto à influência do

comprimento do implante, observou-se que, à medida que este crescia, ocorria a

redução no valor da tensão máxima. O aumento da altura do maxilar inferior também

resultou na redução das tensões máximas.

Os autores concluíram que a concentração de tensões na crista óssea

ocorreu em todas as situações analisadas. Este fato não foi modificado com a

variação dos parâmetros adotados, porém, uma redução das tensões máximas e

uma melhor distribuição de tensões podem ser obtidas para uma maior altura óssea

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e a adoção de implantes mais compridos, dentro das possibilidades anatômicas.

Melhor distribuição das tensões também pode ser obtida pelo controle do número e

localização dos implantes e do tipo de prótese, que irão influenciar na distribuição

do carregamento.

LOZADA et al., em 1994, analisaram duas geometrias de implantes

utilizando o método dos elementos finitos. Eles criaram um modelo tridimensional,

consistindo de uma seção do maxilar inferior composta por osso esponjoso e uma

camada interfacial de osso cortical e dos implantes. A diferença entre as geometrias

era a presença, em um dos modelos, de quatro ranhuras circulares abaixo do topo

do implante.

Com os resultados obtidos, os autores concluíram que, para ambas as

situações, ocorria concentração de tensões na crista óssea adjacente ao implante.

Estas tensões, localizadas em um pequeno volume de osso, apresentavam altas

magnitudes, e as diferenças significativas observadas nos dois modelos referiram-se

à sua distribuição na crista óssea.

MURPHY et al., em 1995, também utilizaram o MEF para avaliar a

distribuição de tensões no osso adjacente a um implante BrånemarkTM para

diferentes situações de carregamento. A geometria do modelo era constituída do

implante e osso esponjoso, considerando-se também uma camada de 1mm de osso

cortical no topo, no ápice e na interface. O implante modelado tinha 10mm de

comprimento e 3,75mm de diâmetro. Carregamentos que variavam de 10N a 200N

foram aplicados axialmente na extremidade do topo do implante e numa extensão de

balanço.

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Em todas as situações de carregamento, as tensões máximas estavam

localizadas na região marginal da crista óssea adjacente ao implante. Quando a

estrutura óssea era composta apenas de osso esponjoso, observaram-se tensões

mais baixas em relação à inclusão da camada de osso cortical na crista. Os autores

alegaram que isto ocorreu devido à compressibilidade do osso esponjoso, que

absorvia a energia e dissipava as tensões. Quando a camada de osso cortical foi

incluída na crista óssea, as tensões máximas cresceram de um fator de 3. A inclusão

de uma camada de osso cortical no ápice, e depois também na interface, não

apresentou diferenças significativas em relação à presença da camada apenas na

crista óssea. Este estudo foi uma tentativa de extrapolar os resultados para explicar

a reabsorção óssea vista em torno do pescoço dos implantes. Os autores concluíram

que os resultados desta investigação estavam consistentes com outros trabalhos

divulgados e ressaltaram a importância do MEF como um sistema não destrutivo e

eficiente para investigar o comportamento mecânico de sistemas implante / estrutura

óssea submetidos a carregamento.

A grande concentração de tensões no osso cortical adjacente ao pescoço

do implante também foi verificada por LEWINSTEIN et al., em 1995, quando

realizavam uma análise da distribuição de forças em diferentes sistemas de

próteses. Os autores também associaram as altas tensões geradas em pontos

específicos como uma das causas de reabsorção óssea observadas nestas mesmas

regiões.

BENZING et al. (1995) concluíram que a maior concentração de cargas

nas próteses implanto suportadas se dá nos implantes distais e com maior

intensidade nos modelos com balanço.

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TORTAMANO NETO, em 1995, fez um estudo pelo MEF das tensões

transmitidas à mandíbula por uma prótese completa implanto suportada, na qual se

variava o padrão oclusal, com o objetivo de se constatar qual a ação dos diferentes

padrões e qual seria o melhor distribuidor das tensões. Ele concluiu que, para cada

padrão oclusal, há um de distribuição de tensões e que elas não são uniformes em

todo o corpo do implante e variam também com a posição deste. Relatou também

que os picos de tensões ocorreram nos implantes mais distais.

MEIJER et al., em 1996, referiram-se às influências biomecânicas como

um dos fatores responsáveis pela longevidade dos implantes. Descreveram, neste

trabalho, que as forças geradas durante o processo de mastigação atuam nas

próteses e são transferidas para os implantes, induzindo um estado de tensões no

tecido ósseo adjacente. O tecido ósseo, por sua vez, remodelou sua estrutura em

resposta a estas tensões mecânicas. Variações no estado interno de tensões

determinarão se uma remodelagem óssea construtiva ou destrutiva ocorrerá. Baixos

índices de tensões em torno de um implante podem resultar em atrofia por desuso,

similar à perda óssea no osso marginal após a remoção do dente natural. Por outro

lado, tensões anormais concentradas no tecido ósseo de suporte podem resultar em

reabsorção óssea e subseqüente perda do implante. As forças mastigatórias podem

atuar em próteses suportadas por vários implantes ou em implantes únicos e podem

ser constituídas por carregamentos não uniformes.

O objetivo deste estudo foi investigar, por meio de uma análise

tridimensional de elementos finitos, a distribuição de tensões quando o sistema não

é uniformemente carregado e determinar a diferença entre o modelo de implante

conectado por uma barra (prótese) e implantes únicos. Todos os materiais foram

considerados isotrópicos, homogêneos e linearmente elásticos. Foi assumida

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aderência contínua na interface osso / implante (osseointegração total), não sendo

admitido deslocamento relativo entre ambos. Foi simulado um carregamento

horizontal de 10N, vertical de 35N e oblíquo (120º com o plano de oclusão) de 70N.

Além disso, considerou-se a situação de carregamento uniformemente distribuído,

aplicado no centro e lateralmente.

O diagrama de tensões principais revelou que, para todas as situações,

as tensões máximas na estrutura óssea estavam localizadas em torno do pescoço

do implante. A barra teve a função de diminuir a magnitude das tensões e promover

a transferência de esforços, e os implantes localizados próximo ao ponto de

carregamento foram mais solicitados. Como os carregamentos oclusais in vivo são

aleatórios, pode-se assumir uma característica de não uniformidade na sua

aplicação. Neste caso, a utilização de implantes conectados é mais benéfica que a

adoção de implantes únicos. É importante observar, portanto, como afirmou

LAVELLE (1993), que a resposta biomecânica óssea está ligada também à prótese.

VAILLANCOURT et al., em 1996, avaliaram a relação da perda óssea no

colo com a morfologia de implantes parcialmente porosos e relataram que ela

ocorreu por desuso no colo polido deles.

Visando investigar a questão de tensões não fisiológicas induzidas no

tecido ósseo por implantes carregados, PAPAVASILIOU et al., em 1996, efetuaram

uma análise de elementos finitos em três dimensões, em que foram examinados os

efeitos de: tipos de mandíbulas, ausência de suporte ósseo, direções e níveis de

carregamentos. Segundo os autores, a instabilidade mecânica pode ser o fator

chave na perda do implante.

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A maneira como o osso é carregado é essencial para a sua resposta. O

osso é normalmente submetido a carregamentos cíclicos. As tensões geradas

podem ultrapassar os limites fisiológicos gerando reações orgânicas desfavoráveis.

Estas tensões podem ainda ultrapassar o limite de elasticidade do tecido ósseo,

dando origem a microfraturas.

Um maxilar inferior foi modelado juntamente com o implante cilíndrico

IMZTM. Foi realizada uma análise estática linear, assumindo-se que todos os

materiais eram isotrópicos e homogêneos. O modelo foi carregado com 20N e 200N

aplicados axialmente e na direção oblíqua (12º em relação ao eixo do implante).

A resistência última do osso cortical humano estende-se de 72MPa a

76MPa na tração e de 140MPa a 170MPa na compressão. O limite elástico na

tração é de aproximadamente 60MPa (PAPAVASILIOU et al., 1996). A resistência

última para o osso esponjoso na tração está entre 22MPa e 28MPa (EVANS, citado

por PAPAVASILIOU et al., 1996). Este autor declarou que, se as tensões no osso

forem inferiores a 42% do limite de resistência (29MPa na tração), então elas podem

atuar indefinidamente sem causar a fratura por fadiga. Os resultados mostraram,

neste trabalho de PAPAVASILIOU et al., que tanto o carregamento axial quanto o

oblíquo de 20N geraram tensões bem abaixo deste limite (12MPa a 15MPa). Para o

carregamento de 200N foram registradas tensões superiores a 60MPa,

particularmente se era aplicado obliquamente. Embora o carregamento de 200N não

ocorra em função mastigatória normal, em casos isolados poderia produzir tensões

prejudiciais na interface osso / implante. O carregamento oblíquo produziu altas

tensões na direção de sua aplicação. Estas tensões foram aproximadamente dez

vezes maiores que sob carregamento axial.

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RANGERT et al., citados por PAPAVASILIOU et al. (1996), sugeriram que

a força axial é mais favorável porque gera tensões mais baixas e mais

uniformemente distribuídas ao longo do implante, e que os contatos que geram

forças axiais, tais como em oclusão cêntrica, são mais indicados. Durante

movimentos excêntricos, as próteses implanto suportadas deveriam permitir apenas

um contato funcional mínimo, para evitar forças oblíquas com níveis de tensões

elevados.

Outras conclusões foram obtidas neste estudo. Verificou-se que o

tamanho da mandíbula não tinha efeito nos níveis de tensões sob condições de

carregamento semelhantes. Além disso, as tensões máximas estavam concentradas

na interface osso / implante, na camada de osso cortical. Os autores interpretaram

esta situação como se as tensões tendessem a concentrar-se em regiões onde

houvesse uma diferença significativa de módulo elástico entre materiais adjacentes.

Pode-se realmente explicar este fato em termos da diferença de rigidez do material.

Como o osso cortical é mais rígido que o esponjoso, tende a absorver a maior parte

das tensões.

O padrão da distribuição de tensões e deformações em torno de duas

geometrias de implantes rígidos foi investigado por AKPINAR et al., em 1996. As

tensões produzidas ao redor dos implantes foram correlacionadas a algumas

variáveis clínicas: oclusão, força de mordida, número de implantes disponíveis para

suportar a prótese, posição do implante dentro da prótese, rigidez da prótese e

geometria do implante. A geometria do implante é indicada pelos autores como fator

determinante na transmissão apropriada de tensões para o osso adjacente, afetando

o sucesso global do implante.

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Desenhar um implante para suportar as cargas impostas é relativamente

simples. Porém, o funcionamento desta geometria, em termos da distribuição do

carregamento, é de primordial importância para garantir um nível adequado de

tensões no tecido ósseo marginal, uma vez que a preservação da altura óssea é um

dos principais fatores que determinam a estabilidade do implante. Uma geometria de

implante que promova a transferência de tensões para áreas afastadas da crista

óssea é mais favorável.

Os implantes investigados neste estudo foram acoplados ao dente natural

simulando uma prótese fixa. Os implantes ITITM, parafuso sólido e parafuso oco

foram utilizados. Dois modelos bidimensionais de elementos finitos foram

construídos. Todos os materiais foram admitidos como linearmente elásticos, e foi

assumida osseointegração total na região da interface. Uma força vertical de 14,72N

foi aplicada em cada um dos cinco pontos selecionados na cúspide.

Os resultados foram analisados em termos das tensões e deformações

máximas, sendo obtido também o deslocamento do dente natural. Na área do ápice

do implante cilíndrico oco foram observados altos picos de tensões. Tensões mais

baixas foram produzidas pelo implante sólido. A geometria do parafuso sólido,

portanto, foi superior em termos da distribuição de tensões ao longo da interface

osso / implante.

Para obter a distribuição de tensões em torno de implantes localizados na

região do primeiro molar do maxilar inferior, CANAY et al., em 1996, formularam um

modelo bidimensional de dois tipos de implantes, um vertical e outro angulado, e

utilizaram o MEF. O uso de implantes angulados pode ser a solução para situações

em que existam limitações anatômicas, nas quais a localização, a qualidade e o

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contorno ósseo da região sejam desfavoráveis à instalação de implantes retos ou

verticais. Pode-se, assim, aumentar os índices de aplicabilidade dos implantes e

melhorar os resultados protéticos e estéticos.

Um sistema de implante Bonefit ITITM, que incluiu um angulado de 23º e

um vertical, foi usado neste estudo. Um vínculo fixo entre osso e implante foi

considerado ao longo da interface, significando que não há movimento relativo entre

ambos quando o carregamento é aplicado e os implantes foram submetidos a uma

força oclusal horizontal de 50N e a uma força vertical de 100N.

Quando as cargas verticais foram aplicadas no implante vertical e no

angulado, as tensões, especialmente a de compressão, geradas ao redor da região

marginal do angulado, foram cinco vezes maiores que aquelas geradas ao redor do

vertical. Para o carregamento horizontal não ocorreram diferenças significativas de

medidas nos contornos e valores de tensões dos implantes vertical e angulado.

Podemos lembrar aqui que a grande maioria dos implantes verticais sofrem

angulagem após a instalação dos componentes protéticos.

STEGAROIU et al. (1998) realizaram um trabalho sobre a influência do

tipo de prótese na distribuição de tensões em tecido ósseo adjacente a implantes.

Foram indicadas como causas da perda do implante a higiene bucal deficiente, a

baixa qualidade de tecido ósseo e os fatores biomecânicos. Para reduzir os índices

de perda, foi indicado um controle apropriado destes fatores. Condições de

carregamento desfavoráveis estão associadas a perda óssea em torno de implantes.

Uma vez que o carregamento é transmitido ao implante pela prótese, o

planejamento e execução cuidadosos desta são fatores importantes para se

alcançar uma distribuição de tensões favorável no tecido ósseo.

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Neste estudo, a análise 3D de elementos finitos foi conduzida para

comparar a distribuição de tensões em um segmento do maxilar inferior com

diferentes tipos de apoio (localização dos implantes). O modelo mecânico foi

construído adotando-se osso cortical, osso esponjoso, implante de titânio e prótese

de liga de ouro e porcelana. Todos os materiais foram considerados isotrópicos,

homogêneos e linearmente elásticos. Adotou-se uma interface totalmente

osseointegrada. Os deslocamentos foram impedidos em todas as direções nos nós

da borda inferior e até 1/5 da altura óssea. Um carregamento unitário (1N) foi

aplicado nas três direções e o efeito de cada um foi avaliado individualmente.

Observou-se uma tendência de concentração de tensões em torno do

pescoço do implante em todos os modelos, associando-se esta região àquela onde

constata-se perda óssea em estudos e experiências clínicas. As tensões foram

maiores para os carregamentos laterais, sendo importante planejar um contato

oclusal que minimize os componentes de forças laterais. Quanto à estrutura da

prótese, verificou-se que extensões em balanço geram tensões maiores em relação

a outras com extremidades apoiadas.

Com relação aos fatores de perda óssea ao redor do colo dos implantes,

parece que, de uma maneira geral, os autores concordaram que, nos casos de

normalidade dos tecidos moles, esta perda não está ligada a fatores bacterianos e

sim biomecânicos, como vimos. LEKHOLM et al., em 1986, apresentaram trabalhos

avaliando esta condição de presença de bactéria na interface na região do colo e

afirmaram não haver relação com a perda óssea. JANSEN et al. (1997) estudaram a

interface implante / pilar e concluíram que ocorre colonização bacteriana com

possibilidade de contaminação da interface óssea, já que o ombro do implante situa-

se geralmente nesta área.

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2.8 - O OSSO COMO MATERIAL ESTRUTURAL

Os ossos maxilares têm diferentes constituições que podem variar de

indivíduo para indivíduo, de uma região para outra dos maxilares e com a idade,

estado geral etc. LEKHOLM & ZARB (1985) descreveram uma interessante

classificação quantitativa, baseada no volume ósseo disponível, e qualitativa,

dividida em quatro tipos básicos diferentes, baseados na estrutura do tecido ósseo,

osso cortical ou esponjoso e na densidade deste último.

Fica claro, portanto, que as propriedades físicas, como capacidade de

sustentação, resistência, elasticidade, plasticidade, também têm uma grande

variação. Mesmo para cada tipo, o osso é um material heterogêneo e anisotrópico.

Estes parâmetros afetam diretamente os resultados de um tratamento com

implantes. Têm sido adotados valores médios para estas propriedades dos materiais

envolvidos, como o osso, o titânio, a alumina, o ligamento periodontal etc, com o fim

de se realizarem investigações.

LLOMBART & LLOMBART, em 1996, correlacionando problemas de

engenharia e odontologia, disseram que a análise destes últimos não deve ser

realizada da mesma maneira que na engenharia. Devem ser feitas considerações

adicionais, visto que há claramente uma diferença nas características dos materiais

envolvidos.

Na engenharia civil, as condições de trabalho dos materiais estruturais em

situação de serviço são tais que, na maior parte dos casos, a análise estrutural

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realiza-se como se os materiais fossem perfeitamente elásticos e com

comportamento linear, tanto individualmente, como no conjunto da estrutura. Esta

estratégia é possível devido ao avançado nível de conhecimento acerca dos

materiais de construção, obtido como conseqüência dos ensaios de laboratório, da

experiência em relação ao comportamento real de obras realizadas em estado de

serviço e das técnicas computacionais aplicadas na análise estrutural.

Variações estruturais ocorrem com o tempo, como resultado da evolução

das características internas e dos fenômenos reológicos. Com o objetivo de

conhecer e simular tais variações, são necessários avanços no grau de

complexidade dos cálculos, fazendo com que as técnicas de análise sejam revistas

e atualizadas.

Em alguns casos, o uso de equações não lineares torna-se necessário

para simular os fenômenos adequadamente. Da mesma forma que há conhecimento

e metodologia suficientes para abordar e tratar a análise estrutural no regime

elástico e linear, existe também uma sólida base para buscar a resolução das

incógnitas que surgem da análise que se efetua em um cálculo não linear.

Para o caso elástico linear, os dois coeficientes pertinentes aos cálculos

estruturais neste tipo de equação são o módulo de YOUNG, ou coeficiente de

elasticidade longitudinal (E), e o coeficiente de POISSON (! ). O coeficiente de

elasticidade representa uma medida da rigidez de um material. Para um

comportamento elástico linear (no qual a deformação é uma função linear de

tensões), o módulo de elasticidade é definido como sendo a inclinação da porção

linear do diagrama tensão deformação do material. O coeficiente de Poisson é

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definido como o valor absoluto da relação entre as deformações transversais e as

longitudinais.

No campo da biomecânica, segundo LLOMBART & LLOMBART (1996),

existem incertezas na medida do módulo de elasticidade do tecido ósseo, devido à

diferença de comportamento entre os ossos de seres vivos e de cadáveres. Ensaios

de laboratório foram realizados, determinando-se diagramas de tensão do tecido

ósseo. Porém, o módulo de elasticidade obtido não representa a realidade, pois,

pouco tempo depois da morte, o tecido ósseo apresenta comportamento elástico, o

que não ocorre durante o estágio de vida. Tal fato tem levado à conclusão errada de

que o material seja perfeitamente elástico. Além disso, outros parâmetros

influenciam o comportamento do tecido ósseo em vida, dentre os quais podemos

citar a temperatura, a idade e a resposta fiosiológica do organismo, que é variável de

indivíduo para indivíduo.

Um material é dito isotrópico quando apresenta as mesmas propriedades

nas três direções (NIGG & GRIMSTOM, 1995).

REILLY & BURSTEIN, citados por BIDEZ & MISCH (1993), descreveram

o osso como transversalmente isotrópico. A mandíbula, portanto, é descrita como

transversalmente isotrópica, possuindo uma direção de maior rigidez orientada ao

longo do seu arco. É descrita funcionalmente como um osso longo dobrado numa

curva. Sabemos, pela anatomia, que a mandíbula tem uma camada de osso cortical

mais espessa na borda inferior, que vai gradativamente diminuindo até a porção

superior com uma camada de osso esponjoso internamente, sendo este mais

compacto na região anterior (BIDEZ & MISCH, 1993).

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Vários trabalhos foram realizados com o intuito de avaliar com razoável

aproximação o módulo de elasticidade. BIDEZ & MISCH (1993) descreveram

módulos de elasticidade diferentes para diversas morfologias da estrutura óssea.

Conhecendo-se a ordem de magnitude em alguns casos, são adotados valores

máximos e mínimos para uma determinada direção. A anisotropia, portanto, devido a

estas características morfológicas, existe e não se manifesta como uma lei de fácil

representação, o que gera dificuldades ao se construir o modelo mecânico e quando

se realiza a discretização da estrutura para análise via MEF. A anisotropia, assim,

introduz erros cujas magnitudes dependem do tipo de análise que se deseja realizar.

Além disto, nas estruturas de engenharia, freqüentemente é preciso

considerar o fenômeno da fluência, estudando-se a evolução da deformação do

material submetido a cargas permanentes. Em Odontologia cabem as mesmas

considerações, sendo que podemos distinguir duas classes de fluência. Uma é muito

similar à ocorrida em estruturas de engenharia civil, ou seja, puramente física, na

qual acontece a evolução de deformações provenientes de carga permanente

atuando em um material do tipo orgânico. A outra é chamada fluência biológica,

surgindo como conseqüência de reação do organismo a tensões anômalas.

Analisando a adaptação funcional do osso mandibular via MEF, INOU et

al., em 1996, encontraram uma estreita relação entre a distribuição das tensões e a

densidade do osso. Eles afirmaram também que esta correlação mostrou a

capacidade de adaptação funcional deste material, aumentando ou diminuindo sua

estrutura de acordo com a carga que recebe.

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DECHOW et al. (1993) fizeram um estudo comparativo entre as

propriedades elásticas do osso mandibular e do supraorbital, encontrando diferenças

significativas entre ambos, em virtude de suas diferentes funções.

Apesar de sua resistência e dureza, o osso é muito plástico, sendo capaz

de remodelar sua estrutura interna em resposta a modificações ocasionadas pela

aplicação de esforços. RIEGER et al. (1989b) e INOU et al. (1996) esclareceram

que, em regiões onde ocorrerem tensões de compressão superiores a certos limites

fisiológicos, haverá degradação da estrutura óssea. Por outro lado, em regiões com

tensões de tração haverá reposição do próprio tecido ósseo, reintegrando a

estrutura primitiva.

Segundo YAMAMOTO et al. (1986), o tecido ósseo, como um tecido vivo,

está constantemente remodelando sua estrutura quando um estado de tensões

interno é gerado. Um exemplo de remodelagem sob tensões de tração e

compressão é aquele utilizado como o princípio da movimentação ortodôntica.

Quando a força ortodôntica é aplicada, ocorre remodelagem do osso alveolar

resultando no movimento do dente. As tensões de compressão, de um lado,

provocam reabsorção na superfície interna do processo alveolar. No lado oposto

onde ocorrem tensões de tração, há a reposição óssea, mantendo assim o equilíbrio

biológico e o movimento fisiológico desejado.

LLOMBART & LLOMBART (1996), afirmaram que esta fluência biológica

é praticamente impossível de prever e quantificar. Pode-se afirmar que um

procedimento semelhante à metodologia aplicada em engenharia civil somente

poderia ser desenvolvido, com alguma segurança, para cargas de curta duração, em

que o fenômeno da fluência biológica não assumisse maiores proporções. Se todas

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as cargas atuantes fossem permanentes, as simplificações introduzidas poderiam

comprometer os resultados.

Considerando-se que as forças mastigatórias constituem um sistema

dinâmico, com períodos de curta duração e cargas relativamente pequenas, pode-se

admitir, com uma boa aproximação, que a estrutura óssea comporta-se

razoavelmente bem dentro dos domínios da elasticidade, e que um diagrama linear

entre tensões e deformações para o material ósseo também é possível.

Quanto às questões de linearidade da análise, ABDEL-LATIF et al.,

(2000), demonstraram que o padrão de deformação do osso mandibular altera

consideravelmente sua forma durante os movimentos normais da mastigação. Isto

demonstrou que, para um mesmo carregamento, os vetores que o descrevem terão

direções diferentes em cada posição de abertura, o que indicou não satisfação com

esta hipótese de linearidade, aumentando consideravelmente a complexidade das

análises neste campo.

Também no apertamento dos dentes ocorre deformação do corpo

mandibular, variando a direção e o padrão de distribuição das cargas sobre os

dentes e implantes. No caso dos dentes, o movimento dentro do alvéolo faz uma

compensação destas alterações, o que não ocorre nos implantes (KORIOTH &

HANNAM, 1994).

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2.9 - CONDIÇÕES DE CARREGAMENTO E APOIOS

Com relação à metodologia utilizada nos maxilares para a análise com o

MEF, diversos autores citados a seguir têm adotado a mandíbula como ambiente de

estudo.

KNOELL (1977) apresentou um modelo matemático de uma mandíbula

humana para estudos via MEF e afirmou que quanto mais refinada é a malha,

melhor se reproduz a anatomia.

COOK et al. (1982a,b) utilizaram a mandíbula em dois trabalhos de

análise biomecânica de próteses implanto suportadas.

SIEGELE & SOLTEZ (1989), no estudo relatado de diversas formas de

implantes, escolheram a mandíbula para este fim.

Em dois diferentes trabalhos, RIEGER et al. (1989a,b) utilizaram a

mandíbula como ambiente de trabalho.

TORTAMANO NETO (1995), em um estudo de avaliação de distribuição

de tensões de diferentes padrões oclusais em próteses implanto suportadas,

escolheu a mandíbula como ambiente de trabalho.

VAN ZYL et al. (1995), em uma análise de tensões, com MEF, de prótese

em balanço, modelou uma mandíbula totalmente edêntula.

MEIJER et al. (1992, 1996) apresentaram análises tridimensionais em

mandíbulas edêntulas via MEF.

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KOOLSTRA & VAN EIJDEN (1992, 1997) modelaram e avaliaram as

condições de trabalho na mandíbula, para trabalhos com o MEF.

SODRÉ (1999), para avaliar comparativamente dois sistemas de

implantes: experimental e Branemark, usou a mandíbula como ambiente.

ABDEL-LATIF et al. (2000) modelaram uma mandíbula totalmente

edêntula, tratada com implantes, para avaliar a sua deformação sob a ação

funcional.

Esta opção deve-se, principalmente, pela mandíbula, ao contrário da

maxila, estar separada do resto do esqueleto e permitir uma representação bem

delimitada, uma modelagem mais precisa e, conseqüentemente, resultados mais

aproximados. A forma de carregamento tem sido sempre, como representativo das

cargas totais que incidem na mastigação, uma carga axial e uma inclinada, ou

somente vertical ou axial.

Quanto às condições de apoio, KNOELL (1977), em um trabalho de

avaliação das condições de modelagem e apoio da mandíbula, afirmou que, para se

obter resultados mais confiáveis, deve criar-se condições as mais próximas

possíveis da realidade, reproduzindo-se as ações dos músculos e as cargas que

eles impõem à estrutura, contrapondo-se às cargas mastigatórias.

BORCHERS & REICHART (1983) apoiaram a mandíbula pela sua base,

desprezando a ação muscular e o apoio condilar.

TAKUMA et al., em 1988, descrevem na metodologia a modelagem de

somente uma porção da mandíbula em torno do implante. Eles aplicaram apoios nas

quatro faces: mesial, distal, lingual e bucal do bloco ósseo.

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SIEGELE & SOLTÉSZ, em 1989, avaliando vários sistemas de implantes,

utilizaram também somente parte da mandíbula, não considerando o seu meio

anatômico-funcional.

KOOLSTRA et al., em 1992, chamaram a atenção para este aspecto em

um trabalho de avaliação da validade da aplicação de modelos tridimensionais da

mandíbula comparados com dados clínicos. Novamente, em 1997, estes mesmos

autores avaliaram os movimentos de abertura e fechamento da mandíbula

determinados em modelos tridimensionais. Afirmaram que, com este modelo,

aproximaram-se mais da realidade, com melhores resultados.

MEIJER et al. (1992) modelaram somente a porção anterior da mandíbula

e fizeram apoio bilateral nas extremidades posteriores para permitir, segundo eles, a

deformação da porção intermediária. Em 1996, estes mesmos autores, para a

análise da distribuição de tensões em implantes isolados e ligados por uma barra,

modelaram somente uma porção anterior da mandíbula e utilizaram os apoios nas

extremidades. Afirmaram que estas condições, aliadas à análise tridimensional, são

suficientes para a reprodução do comportamento funcional da mandíbula e a

obtenção de resultados confiáveis.

INOU et al. (1996) utilizaram uma modelagem mais precisa em

comparação com a real estrutura morfo funcional da mandíbula, introduzindo apoios

na região da articulação têmporo mandibular e forças musculares geradas pelos

músculos de mastigação para criar um ambiente mais aproximado. Aplicaram as

cargas geradas nos pontos de inserção dos músculos e consideraram suas

resultantes na direção final destas cargas.

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Com relação ao apoio nas articulações temporo-mandibulares, VOCHT et

al. (1999) definiram as condições e situações em um estudo biomecânico das

funções da ATM.

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3 - PROPOSIÇÃO

Os objetivos deste trabalho são:

- avaliar o comportamento do implante cuneiforme quanto à distribuição de tensões

em um sistema osso / implante, por meio de uma análise tridimensional

pelo MEF, e

- refinar a metodologia da análise aprimorando a modelagem,as condições de

carregamento e apoio com o objetivo, neste aspecto, de dar maior precisão aos

resultados.

a

b

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4 - MATERIAIS E MÉTODOS

Os materiais e métodos empregados neste estudo estão separados em

tópicos, englobando os recursos matemáticos do método dos elementos finitos,

cortes tomográficos, as condições de modelagem, o sistema de implantes, as

situações de carregamento e o suporte informático utilizado.

4.1 - MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS - MEF

Como foi visto, o MEF é uma ferramenta segura e eficiente para se

estudar problemas estruturais. Ele é basicamente uma técnica desenvolvida para

resolver numericamente problemas em sistemas contínuos, para os quais não é

possível uma solução analítica, fornecendo soluções aproximadas.

No caso da análise de tensões, o MEF fornece a magnitude e a

distribuição de tensões e deformações no interior e no contorno da estrutura, sendo,

hoje, um método seguro para análises de estruturas uni, bi ou tridimensional quando

submetidas a diferentes ações.

Em outras palavras, é uma técnica de análise numérica para a obtenção

de soluções aproximadas para problemas complexos. Este método é utilizado para

aproximar o comportamento de uma estrutura real de outra, com aproximadamente

as mesmas propriedades físicas e geométricas, por meio da resolução de um

sistema de equações algébricas lineares com um número de incógnitas, sendo este

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um dos fatores que definem o grau de precisão da solução aproximada. A variável

campo desconhecida é expressa em termos de funções aproximadoras em cada

elemento. O meio contínuo real é substituído por um conjunto de elementos

discretos, sendo cada elemento caracterizado por sua forma geométrica, número de

nós e tipo de incógnita associado a cada nó, que depende da natureza do problema

a ser resolvido. Os elementos são interligados pelos pontos nodais em seu contorno,

constituindo uma malha.

Os deslocamentos nos nós são as incógnitas do problema, e o campo de

deslocamentos é aproximado por funções de interpolação. O conjunto de equações

algébrico / lineares, a partir do qual as incógnitas do problema podem ser

determinadas, escreve-se como:

[K] x [u] = [P] , onde: [k] = matriz de rigidez da estrutura;

[u] = vetor de deslocamentos desconhecidos;

[P] = vetor de forças aplicadas.

Os deslocamentos são determinados nos pontos nodais por meio da

solução da equação anterior. A partir da obtenção do campo de deslocamentos,

podem ser obtidos os campos de tensões e deformações da estrutura para qualquer

ponto no interior do corpo. Assim, torna-se possível conhecer os valores de tensões,

deformações e deslocamentos em qualquer direção.

4.2 - CRITÉRIOS DE RESISTÊNCIA

Ao dimensionar uma estrutura, deve-se levar em conta o esforço ou o

conjunto de esforços que determinam o seu colapso, o que pode ocorrer quando

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uma de suas partes atinge a ruptura, ou quando se deforma excessivamente, tendo

em vista o fim a que se destina a estrutura e os materiais que a compõem. O

conhecimento do campo de tensões produzido em uma estrutura por ações externas

possibilita uma avaliação, tanto quantitativa quanto qualitativa, do grau de solicitação

a que a estrutura está submetida. Uma vez conhecido o estado de tensões em um

determinado ponto, é necessário impor a condição de o material não se degradar,

isto é, não atingir a ruptura (materiais frágeis), ou não se deformar excessivamente,

ou não atingir o escoamento (materiais dúcteis).

Os valores de tensões limites são obtidos em ensaios de laboratório.

Neste caso, o material é submetido à tração ou compressão simples, determinando-

se a tensão de ruptura σr ou a tensão limite de escoamento σe. Como estas

tensões são determinadas em ensaios uniaxiais e a maioria das situações práticas

são estados bi ou triaxial de tensões, critérios de resistência são adotados para

correlacionar esta situação com a dos ensaios uniaxiais.

O critério de resistência de Von Mises - VM é aplicável para materiais

dúcteis. Todos os componentes de tensões normais (σxx, σyy, σzz), como também os

de tensões cisalhantes (σxy, σyz, σxz) em relação ao sistema de eixos coordenados X,

Y e Z, são incorporados no cálculo da tensão de Von Mises, que resume o estado de

tensão global em um ponto (PAPAVASILIOU, 1996). O critério estabelece que a

tensão de Von Mises deve ser menor ou igual ao valor absoluto da tensão de

escoamento de tração ou compressão. Matematicamente tem-se:

σ VM ≤ σT ou σVM ≤ σc

σT = Tensão de escoamento na tração; σC = Tensão de escoamento na compressão.

onde

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σVM

2 = 2

1 [(σxx-σyy)2+(σxx-σzz)2+(σyy-σzz)2+6(σxy2+σxz

2+σyz2)].

Em lugar de avaliarmos individualmente a influência de cada componente

de tensão, usa-se a tensão de Von Mises como uma medida que engloba todos os

componentes de tensões em torno de um ponto.

Esclarecemos, porém, que neste estudo não foram analisados os limites

de resistência dos materiais envolvidos, como acontece nos problemas de

engenharia. As tensões de Von Mises são aqui utilizadas para estabelecer

parâmetros comparativos quanto ao grau de solicitação em regiões consideradas

como críticas para o bom desempenho da estrutura, e como elemento de

comparação qualitativa com outros trabalhos da literatura que utilizam este critério.

Para maior detalhamento, foram gerados também os gráficos das tensões

principais máximas e mínimas em cada área da mandíbula e no entorno do implante.

4.3 - CARACTERÍSTICAS DA MODELAGEM

O ponto de partida para um boa análise pelo MEF é uma modelagem

precisa (KOOLSTRA et al., 1992; INOU et al., 1996; KNOELL, 1997). Esforços foram

feitos para se atingir este objetivo, desde a escolha do ambiente até as condições de

apoio e carregamento.

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4.3.1 - GERAÇÃO DO MODELO DE UMA MANDÍBULA EDÊNTULA

Como ambiente para se avaliar o comportamento biomecânico dos

implantes, escolheu-se o maxilar inferior totalmente edêntulo, visto ser esta uma

opção da maioria dos autores com os quais se poderia fazer avaliações

comparativas. A modelagem total da mandíbula, e não somente de parte dela é

indispensável para se obter dados confiáveis e se aproximar o máximo possível das

condições biomecânicas que ocorrem na realidade, como afirmou KNOELL em

1977.

Tomou-se como referência uma mandíbula real de cadáver para se obter

todas as nuanças da anatomia. Para a geração analítica do modelo da mandíbula,

foi utilizado o resultado de uma tomografia computadorizada da peça anatômica

(INOU et al., 1996), que nos forneceu várias seções da mandíbula, conforme FIG.01.

Utilizou-se para tal o Tomógrafo Helicoidal Pro - Speed - GE. As imagens do eixo e

das seções transversais foram digitalizadas através de um scanner e então inseridas

num programa de CAD (AUTOCAD), a partir do qual foi possível se extrair as

coordenadas dos pontos que definiam sua geometria, conforme as FIG. 02 e 03.

Estas coordenadas, em um sistema de coordenadas local (bidimensional), foram

armazenadas em arquivos textos, posteriormente utilizadas para definir linhas

(splines) que, rotacionadas e deslocadas para o sistema global (tridimensional),

foram usadas para estabelecer a geometria do corpo mandibular, formado por dois

materiais diferentes, o osso cortical e o esponjoso.

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A FIG. 04 ilustra os passos seguidos no processo acima descrito, que foi

repetido para metade das seções geradas pela tomografia e, juntamente com a

consideração de simetria, permitiu a geração do modelo geométrico tridimensional,

conforme FIG. 05.

FIGURA 02. Definição do posicionamento das seções transversais em relação ao eixo longitudinal da mandíbula.

FIGURA 01. Resultado da tomografia computadorizada da mandíbula adotada.

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FIGURA 05. Modelo computacional geométrico da mandíbula.

FIGURA 03. Seção transversal 32, adotada para posicionamento do implante.

FIGURA 04. Montagem do modelo computacional da geometria da mandíbula: pontos, linhas, superfícies e volumes.

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4.3.2 - MODELAGEM VIA MEF

Considerando que o MEF é um método aproximado, um dos aspectos

mais importantes na sua aplicação é a escolha do elemento a ser utilizado, tendo em

vista que isto define o grau de refinamento da malha, que é diretamente proporcional

ao grau de precisão dos resultados.

O uso de elementos com aproximações mais simples implica no emprego

de um número maior deles para a obtenção de solução com grau de precisão

adequado. Foram utilizados elementos tetraédricos isoparamétricos quadráticos (4

faces triangulares com 4 vértices e 10 nós), conforme FIG. 06, para a discretização

do implante e da mandíbula a serem analisados, gerando malhas, conforme FIG.07.

A escolha dos elementos com geometria quadrática possibilita uma melhor

representação das superfícies do contorno dos sólidos em questão.

FIGURA 06. Elemento tetraédrico isoparamétrico quadrático.

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FIGURA 07. Mandíbula discretizada: malha de elementos tetraédricos isoparamétricos quadráticos.

Na análise realizada, esta malha possui 85.800 elementos com 120.870

nós, que resultou em um sistema de equações com 362.610 incógnitas. Deste total

de elementos, 67.120, correspondentes a aproximadamente 276.960 deslocamentos

– ou graus de liberdade (TAB. 1), encontram-se na região onde está localizado o

implante, entre as seções 30 e 34, conforme a numeração da tomografia aqui

utilizada (FIG. 02), e exposto conforme FIG. 07. Os demais elementos e

correspondentes deslocamentos distribuem-se pela parte restante da mandíbula.

Para a discretização do implante com o munhão, utilizou-se um número maior de

elementos, conforme FIG. 08.

A maior concentração de elementos na região do implante deve-se a dois

motivos. O primeiro é a grande irregularidade da geometria do implante, que, para

estar bem representada, demanda um grande número de elementos. O segundo tem

como origem os grandes gradientes de tensões nas proximidades do implante.

Desta forma, para se obter uma boa aproximação destes campos, necessitou-se

utilizar uma malha mais refinada do que no resto da estrutura.

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TABELA 1

Dados da malha utilizada.

Região Elementos Nós Graus de Liberdade

Implante BIOFORM 413 17.193 26.708 80.134

Seções 30 a 34 + Implante 67.120 92.320 276.960

Modelo completo 85.800 120.870 362.610

Para a realização de qualquer análise de tensões, depois de definida a

geomeria do modelo e gerada a malha, devem ser prescritas as forças solicitantes e

as condições de apoio da estrutura. Para que o sistema de equações gerado pelo

MEF tenha solução única, deve impedir-se deslocamentos de forma a evitar os

movimentos do corpo rígido.

FIGURA 08. Implante Bioform, modelo 413, discretizado em elementos tetraédricos isoparamétricos quadráticos.

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4.3.3 - CARGAS E APOIOS NA MANDÍBULA

Na análise biomecânica da estrutura óssea da mandíbula, é necessária a

determinação dos valores e direções das forças musculares envolvidas, das

condições de apoio proporcionadas pela articulação temporo-mandibular, além da

forma de aplicação dessas forças. ÇIFTÇI & CANAY (2000) afirmaram que, para

simular corretamente a situação clínica nestes casos, o modelo tem de fixar-se nos

pontos em que os músculos da mastigação estão inseridos e não ser suportado pela

base, como se estivesse apoiado em uma superfície.

É sabido que os músculos Temporal (T), Masseter (M), Pterigoideo medial

(Pm) e Pterigoideo lateral (Pl) são os principais responsáveis pela mastigação,

sendo que a determinação das magnitudes das forças resultantes das respectivas

contrações ainda é objeto de pesquisa (PRUIM et al., 1980). No presente trabalho,

foi adotada metodologia baseada na proposta apresentada por INOU et al. (1996),

que, em relação ao carregamento, considerou para efeito da análise de tensões em

uma mandíbula, que as intensidades das forças musculares são proporcionais às

áreas das seções transversais dos músculos. Pode-se então escrever todas as

forças em função de uma delas, que inicialmente permanece como incógnita,

dependendo da força de oclusão a ser considerada. Adotando as medidas

musculares desta referência, tal procedimento resultou nas seguintes relações:

M = 1,72 Pl (1) T = 0,99 Pl (2) Pm = 1,15 Pl (3)

Conforme ilustrado na FIG. 09, inicialmente as restrições para

deslocamentos impostas ao modelo global foram as seguintes:

Ponto1 - Impedimentos de translações nas direções x, y e z;

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Ponto 2 - Impedimentos de translações nas direções y e z.

Apenas com estas restrições não se impede que a mandíbula realize uma

rotação de corpo rígido em torno do eixo x(1-2), de modo que, uma vez determinada

a força de oclusão a ser aplicada no implante (no presente caso 100N, na vertical),

impõe-se a condição de equilíbrio de que o momento em torno de eixo 1-2 seja nulo.

Esta equação pode ser escrita como:

2M Χ rM + 2Pm Χ rPm + 2Pl Χ rPl + 2T Χ rT + P0u Χ rP = 0 (4)

Nesta equação, rM, rPm, rPl, rT, rP são os vetores distância dos pontos de

aplicação das cargas M, Pm, Pl, T e P0 ao eixo x(1-2), respectivamente, sendo P0 a

carga axial sobre o implante.

Nesta expressão, u designa o vetor unitário na direção do eixo do

implante, e o símbolo Χ denota produto vetorial. Os vetores posição das forças

FIGURA 09. Restrições aos deslocamentos impostos para a análise.

0

0

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musculares e da carga no implante para o caso aqui considerado estão indicados na

TAB. 2.

TABELA 2

Componentes dos vetores distância (em mm).

Vetor Distância Direção x Direção y Direção z

rM 0,0 28,07 33,01

rT 0,0 30,61 5,27

rPl 0,0 9,56 6,31

rPm 0,0 27,67 38,97

rPo 0,0 80,63 23,89

A equação (4), juntamente com as relações anteriormente descritas, (1) a (3),

permitem que sejam determinadas as forças musculares incógnitas.

Embora a estrutura assim modelada esteja em equilíbrio, como foi

mencionado antes, é preciso impor restrições de modo a não permitir os

deslocamentos de corpo rígido, o que é feito com o impedimento da translação em z

no Ponto 3. Esta última restrição fornece, portanto, uma maneira de se verificar a

correção do procedimento, pois, uma vez que este apoio é dispensável à

manutenção do equilíbrio, a reação por ele despertada deve ser nula.

As ações dos músculos Masseter e Pterigoideo Medial, obtidas nas

equações (1) a (4), foram aplicadas como uniformemente distribuídas em regiões da

mandíbula, determinadas por descrições geométricas obtidas em referências de

fisiologia do sistema mastigatório (POSSELT, 1964; RAMFJORD & ASH, 1971;

GRABER, 1972; BAUER & GUTOWSKI, 1976; KOOLSTRA & VAN EIJDEN, 1997).

Para a aplicação da equação acima, as resultantes foram consideradas atuando no

centróide dos nós das faces dos elementos que definem as respectivas áreas de

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atuação destes músculos, conforme FIG. 10. As demais ações foram consideradas,

simplificadamente, como concentradas.

Também para a aplicação da equação (4), as direções das forças

musculares foram obtidas, conforme proposto no trabalho de INOU et al. (1996),

pelos cossenos diretores mostrados na TAB. 3, extraídos da geometria da

mandíbula aqui considerada.

As direções das forças musculares resultantes são mostradas na FIG. 11.

TABELA 3

Cossenos diretores das forças musculares resultantes (lado direito).

Músculo Cos (α) Cos (β) Cos (! )

Masseter -0,043 -0,011 0,999

Pterigoideo Medial 0,587 -0,165 0,792

Pterigoideo Lateral 0,714 -0,692 0,106

Temporal -0,325 0,219 0,920

Para o caso da força na direção do eixo do implante, esses valores

resultam em: M=59,23N, Pm=39,60N, Pl=34,44N e T=34,09N.

FIGURA 10. Exemplo do esquema de distribuição das forças aplicadas na região do Masseter.

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4.4 - PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

Apesar de, segundo LEKHOLM & ZARB (1985), haver uma variação na

tipologia óssea de quatro graus, que implica em comportamentos biomecânicos

diferentes, adotou-se uma estrutura óssea padrão constituída de dois tipos de ossos:

FIGURA 11. Direções das forças aplicadas.

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o cortical e o trabecular, conforme FIG. 12. Em função da ausência de modelos mais

precisos, a análise realizada tratou estes materiais como sendo de comportamento

isotrópico homogêneo e linearmente elástico. Para as suas características elásticas,

foram adotados valores obtidos de referências bibliográficas utilizados em análises

semelhantes. As propriedades adotadas para as camadas do osso da mandíbula e

do material, que constituem o implante, são dadas na TAB. 4.

TABELA 4

Propriedades elásticas dos materiais.

Material Módulo de Elasticidade

Coeficiente de Poisson Referências

Osso cortical 13.700 MPa 0,30

COOK et al., 1982a,b; BORCHERS & REICHART, 1983; TAKUMA et al., 1988; VAN ROSSEN et al., 1990; MEIJER et al., 1992; COSTANTI, 1994; LOZADA et al., 1994; LEWINSTEIN et al., 1995; MURPHY et al., 1995; VAN ZYL et al., 1995; TORTAMANO NETO, 1995; AKPINAR et al., 1996; CANAY et al., 1996; MEIJER et al., 1996.

Osso medular 1.370 MPa 0,30 BORCHERS & REICHART, 1983; ROSSEN et al., 1990; MEIJER et al., 1992; LOZADA et al., 1994; MURPHY et al., 1995; TORTAMANO NETO, 1995; VAN VAN ZYL et al., 1995; AKPINAR et al., 1996; MEIJER et al., 1996.

Titânio 110.000 MPa 0,33 VAN ROSSEN et al., 1990; LEWINSTEIN et al., 1995; VAN ZYL et al., 1995; BAIAMONTE et al., 1996.

FIGURA 12. Localização dos tipos de materiais utilizados na modelagem da estrutura óssea.

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4.5 - SISTEMA DE IMPLANTES

Desde o aparecimento da implantologia, várias geometrias têm sido

propostas (CHERCHÈVE, 1977; BABBUSH, 1980; CESCHIN, 1984; RING, 1995),

buscando atingir um melhor desempenho, com vistas a inúmeros fatores que

compõem a complexa relação organismo – implante – prótese – função. Mesmo

após o aparecimento do conceito de osseointegração (BRÅNEMARK et al., 1969;

1977; ADELL et al., 1981), uma grande variedade de morfologias foram

apresentadas na literatura, umas com efetivos resultados, outras nem tanto. Dentro

do próprio sistema original da osseointegração, o de Brånemark, têm surgido

modificações substanciais no projeto, buscando o aperfeiçoamento da geometria. É

difícil, em um projeto de implantes dentais, atingir-se todos os pontos relevantes e

necessários ao bom desempenho comportamental, englobando todas as condições

básicas do complexo citado: organismo - disponibilidade óssea em altura, em

largura, em qualidade; biomecânica - posição do implante, distância interoclusal,

distribuição das tensões; prótese - sua base de assentamento, resistência dos

componentes, dimensões etc. (SYKARAS et al., 2000). Por estas razões,

ALBREKTSSON et al. (1986) afirmaram que “o implante ideal tem sido

freqüentemente descrito, mas nunca encontrado”.

BRUNSKI (1988) afirmou não haver ainda soluções completas para os

problemas de projeto dos implantes. Assim, apesar dos avanços já obtidos, continua

a procura por um sistema que seja integralmente bem sucedido em termos de

aplicabilidade, funcionalidade e longevidade. Vários fatores devem compor o projeto,

como a biocompatibilidade do material, a geometria do implante, as condições de

superfície, as técnicas cirúrgicas, as condições de carregamento e a resposta

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fisiológica do organismo. Entre eles, a biomecânica apresenta-se como um dos

fatores determinantes no desempenho e na resposta biológica dos tecidos

(BORCHERS & REICHART, 1983; RIEGER et al., 1990a,b; MEIJER et al., 1992;

VAN ZYL et al., 1995; AKPINAR et al., 1996; MEIJER et al., 1996; PAPAVASILIOU

et al., 1996).

O Sistema BRÄNEMARK, como é conhecido, tem sido tomado como

padrão de referência nos trabalhos de pesquisa, e os resultados científicos deste e

de outros sistemas com diferentes projetos atingem hoje índices satisfatórios e

seguros de sucesso a curto e a longo prazo.

Baseado nestes conhecimentos adquiridos ao longo dos últimos anos,

desde a publicação de ADELL et al. (1981), foi desenvolvido, a partir de 1989, o

sistema de implantes Bioform® 2 (CRUZ et al., 1993; CRUZ & REIS, 1997), cujas

características básicas permitem um alto índice de aplicabilidade (CRUZ et al., 2001)

e um bom desempenho em relação à prótese. O sistema possui diferentes

geometrias de implantes, cuja característica básica é a cuneiformidade, e nas quais

o traçado segue princípios biológicos, baseados em contornos suaves.

Neste trabalho utilizou-se o implante vertical, a sua forma mais

representativa, segundo o fabricante, que se assemelha à morfologia básica das

raízes dos dentes.2

2 Maxtron - Juiz de Fora, MG.

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Este modelo apresenta diâmetros de 3,3mm, 4,0mm, 5,0mm e 6,2mm,

com comprimentos de 9 a 17mm. Escolheu-se, para estudo, medidas medianas,

como as adotadas na literatura.

4.6 - POSICIONAMENTO DO IMPLANTE

Na mandíbula discretizada, foi definida uma posição para o implante

BIOFORM modelo 413 (∅=4mm, l =13mm) – escolhido na presente análise. Optou-

se pela região dos pré-molares, usualmente utilizada na literatura, pela posição

mediana entre as forças que atuam na mandíbula (KOOLSTRA & VAN EIJDEN,

1992; BRUNSKI et al., 2000). O implante ficou inserido em uma estrutura óssea

composta de osso esponjoso revestido por uma camada de osso cortical, tocando o

implante na região do colo com cerca de 2mm de espessura. Sua posição de

referência foi a seção número 32, conforme FIG. 02 e mostrado em detalhe na

FIG.03. Como a altura nesta seção é de aproximadamente 30mm, o implante ficou

inserido na porção superior da estrutura óssea, não atingindo a camada cortical

inferior.

FIGURA 13. Vistas do implante Bioform 413.

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Adotou-se também uma situação de osseointegração total, isto é, um

contato direto e contínuo na interface osso / implante, sem permitir deslocamento

relativo entre as superfícies dos dois materiais (RIEGER et al., 1989; 1990; VAN

ROSSEN et al., 1990; LEWINSTEIN et al., 1995; TORTAMANO NETO, 1995; VAN

ZYL et al., 1995; AKPINAR et al., 1996; BAIAMONTE et al., 1996; CANAY et al.,

1996).

Outros estudos (WEINSTEIN et al., 1976; COOK et al.,1982a,b; MURPHY

et al., 1995; WADAMOTO et al., 1996) demonstraram que, na realidade, esta

situação de total osseointegração não existe. Porém, devido à complexidade da

estrutura envolvida, ocorrem limitações na construção do modelo e na geração da

malha de elementos finitos, não permitindo uma reprodução mais fiel do problema

real, mesmo porque, não existe um padrão estabelecido de como este fenômeno se

processa.

4.7 - CONDIÇÕES DE CARREGAMENTO

As forças mastigatórias são constituídas por forças oclusais, pressão da

língua, lábios, bochechas e bolo alimentar, o que gera vetores em todos os sentidos,

mas, na região de molares e pré-molares, o contato oclusal gera forças

predominantemente verticais. A força média em cada dente da região posterior varia

de 88,3N a 134,4N (CLELLAND et al., 1991; OLIVEIRA, 1997). Adotou-se uma carga

vertical de 100N aplicada axialmente no topo do implante (MEIJER, 1992, 1996;

WILLIAMS & WILLIAMS, 1997), representando a carga de compressão vertical

proveniente das forças oclusais.

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4.8 - CONDIÇÕES OPERACIONAIS

As análises foram realizadas pelo código ANSYS (Swanson Analysis

Systems), instalado em um PC com CPU de 400mhz e com 192Mb de memória

RAM e no IBM-SP do Laboratório Nacional de Computação Científica - LNCC.

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5 - RESULTADOS

Foi realizada uma análise de toda a mandíbula, sujeita às forças

musculares, para o caso de uma força de oclusão de 100N na direção do eixo do

implante. Como a região de interesse é localizada na vizinhança do implante, são

apresentados resultados das tensões anteriormente descritas, entre as seções 30 e

40. Para visualizar estes resultados, eles são mostrados em quatro seções

perpendiculares ao eixo do implante em diferentes profundidades: SH4

tangenciando a extremidade apical do implante; SH3 distando 2mm desta; SH2 a

4,5mm de SH3; e, por fim, SH1 a 5mm de SH2. Também são apresentados os

resultados em duas seções contendo o eixo do implante, uma bucolingual e outra

mesodistal. O posicionamento das referidas seções é mostrado na FIG. 14.

Inicialmente, entretanto, para uma visualização global dos resultados, são

apresentados, na FIG. 15, os campos de deslocamentos e das tensões principais

máxima e mínima (S1 e S3), bem como o campo das tensões de Von Mises,

desenvolvidos na mandíbula para o carregamento descrito acima.

Nas figuras subseqüentes, são apresentados os valores das tensões de

Von Mises e das tensões principais máxima e mínima (S1 e S3), detalhes das

seções axiais para a região superior da camada cortical e as seções transversais de

cada grupo de tensões. Nestas figuras, foi suprimida a representação do implante,

uma vez que os resultados de interesse dizem respeito ao comportamento da

estrutura óssea em seu entorno. Todas as tensões apresentadas estão em MPa.

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5.1 - RESULTADOS GLOBAIS DA ANÁLISE

A mandíbula, sob a ação do carregamento e das forças musculares,

confirmando resultados já citados na literatura, apresentou deformações detectáveis

em toda sua estrutura. A região onde ocorreram os maiores deslocamentos foi a do

ramo, principalmente nos côndilos (fig. 15a).

Na análise das tensões principais, considerando a máxima (S1), verificou-

se uma maior concentração de tensões, de compressão na região das inserções

musculares e tensões de tração bem distribuídas por toda a estrutura da mandíbula

(fig. 15b). Para as tensões mínimas (S3), verificou-se uma predominância de

tensões de tração com alguns focos localizados de compressão (fig. 15c).

Considerando o critério de Von Mises, as tensões se distribuíram por todo o corpo

mandibular com áreas de concentração próximas das regiões de inserção da

musculatura, adotadas no modelo.

FIGURA 14. Localização das seções horizontais e verticais: SH1, SH2, SH3, SH4, SV1 e SV2.

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5.2 - DISTRIBUIÇÃO DAS TENSÕES PRINCIPAIS MÁXIMAS

A FIG. 16 mostra duas seções verticais, ou axiais, SV1 e SV2,

representando respectivamente os cortes mesodistal e bucolingual. De uma maneira

geral, ocorreu uma distribuição uniforme das tensões, tanto de compressão quanto

de tração. Os valores de S1 oscilaram entre -1,333MPa e 1,333MPa. Observou-se

algumas áreas com tensões próximas a zero, distantes do implante, nos relevos

negativos da estrutura do implante e em seu ápice.

a) Deslocamentos. b) Tensão S1.

c) Tensão S3. d) Tensão de Von Mises.

FIGURA 15. Resultado global na mandíbula.

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Pontos de concentração de tensões se apresentaram na região da

cortical, junto ao colo do implante. A FIG. 17 mostra em detalhe estes pontos de

tensões máximas, que variaram de -2,909Mpa, para as tensões de compressão na

porção superior da cortical, até 6,664Mpa, para a tensão de tração na porção inferior

da cortical. De uma maneira geral, no entanto, os valores tensionais oscilaram de -

0,781MPa a 2,409MPa.

Novamente na FIG. 16, as seções SV1 e SV2 mostraram que valores

altos de tensões ocorreram junto à basilar, resultantes do comportamento global da

estrutura, independente da geometria do implante, o que demonstra mais uma vez a

importância de se incluir a ação muscular na modelagem. A não consideração

desses apoios poderia alterar os resultados das análises em torno dos implantes,

levando a conclusões erradas.

As seções transversais (FIG. 18) complementaram a visualização dos

resultados para as seções axiais e detalharam valores maiores de tensões em toda

a cortical bucal do modelo.

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FIGURA 16. Tensão Principal S1, seções axiais.

a) SV1.

b) SV2.

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FIGURA 17. Detalhes da tensão S1 para a parte superior da camada cortical, seções verticais.

a) SV1.

b) SV2.

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FIGURA 18. Tensão Principal S1, vista superior e seções transversais.

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5.3 - DISTRIBUIÇÃO DAS TENSÕES PRINCIPAIS MÍNIMAS

Nas duas seções axiais (FIG. 19) para análise das tensões principais

mínimas (S3), observou-se uma variação suave de tensões de tração na região do

corpo do implante, isto é, na porção localizada na camada de osso esponjoso, e

uma concentração de tensões de compressão na região do colo, ou seja, na camada

cortical.

No detalhamento (FIG. 20), observou-se, na porção superior da cortical,

uma área de concentração maior junto à base de assentamento do implante. Esta

área, como atingiu valores altos, poderia ser um ponto de perda óssea no colo do

implante.

As seções transversais (FIG. 21) mostraram o padrão de distribuição das

tensões mínimas desde a vista superior até além do ápice. Os valores

complementaram os resultados das outras seções.

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FIGURA 19. Tensão Principal S3, seções axiais.

a) SV1.

b) SV2.

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FIGURA 20. Detalhes da tensão S3 para a parte superior da camada cortical, seções verticais.

a) SV1.

b) SV2.

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FIGURA 21. Tensão Princpal S3, vista superior e seções transversais.

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5.4 - DISTRIBUIÇÃO DAS TENSÕES DE VON MISES

Para o critério de Von Mises, as tensões tiveram um padrão bastante

uniforme de distribuição, não ocorrendo concentração no ápice. A área de maior

concentração, como nas outras análises, ocorreu no colo, porém, sem atingir valores

elevados, comparativamente com as tensões geradas pelos músculos.

A FIG. 22 mostra as seções axiais, nas quais o padrão de distribuição foi

bastante uniforme. No detalhamento do colo, isto é, a região da cortical óssea, as

concentrações de tensões ocorreram nas regiões já citadas das tensões principais.

Somente um ponto junto à porção inferior da cortical na seção axial (FIG. 23a)

apresentou um valor mais alto, 9,455MPa.

As seções transversais confirmaram os dados obtidos nas outras análises

(FIG. 24). Com relação à análise comparativa destas tensões junto ao implante,

pode observar-se que os maiores valores encontrados junto ao colo do implante não

ficaram acima dos encontrados na cortical óssea distante do implante e causados

pelas forças musculares (FIG.s 22, 23 e 24).

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a) SV1.

b) SV2.

FIGURA 22. Tensão de Von Mises, seções axiais .

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FIGURA 23. Detalhes da tensão de Von Mises para a parte superior da camada cortical e seções verticais.

a) SV1.

b) SV2.

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FIGURA 24. Tensão de Von Mises, vista superior e seções transversais.

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6 - DISCUSSÃO

Para facilitar a comparação dos dados foram separadas, neste capítulo,

as análises do comportamento global da mandíbula das realizadas na região em

torno do implante.

Verificou-se que o comportamento da estrutura como um todo, conforme

reportado na literatura (KNOELL, 1977; KOOLSTRA & VAN EIJDEN, 1992;

KORIOTH et al., 1992; KORIOTH & HANNAM, 1994; INOU et al., 1996; KOOLSTRA

& VAN EIJDEN, 1997), é um fator importante nos resultados, já que ocorre alteração

da forma da mandíbula e tensionamento de todo o corpo mandibular durante a

distribuição das cargas pelo implante.

Autores como KNOELL, 1977; KOOLSTRA & VAN EIJDEN, 1992; 1997;

INOU et al., 1996; VOCHT, 1999, foram enfáticos em afirmar a importância da

modelagem tridimensional e mais próxima da realidade anatômica para a precisão

dos resultados. KNOELL (1977) recomendou o refinamento da malha para se captar

as sutilezas anatômicas, melhorando os resultados, e afirmou ainda que o padrão de

distribuição de tensões muda para cada região.

Além disso, KORIOTH & HANNAM (1994) demonstraram que as

deformações mudam de instante a instante as condições de distribuição das cargas,

implicando que as análises mais realistas deveriam ser dinâmicas e de caráter não

linear.

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Verificou-se, neste trabalho, que áreas de tensões causadas pela ação

muscular podem ser bastante significativas e próximas às tensões em torno do

implante, geradas pela carga aplicada.

Na situação real, a carga gerada na mastigação que incide sobre o

implante tem origem na ação muscular e, portanto, a estrutura óssea no local da

inserção destes músculos recebe também parte desta carga, que determina o

padrão de distribuição de tensões obtidas nas análises.

Pôde verificar-se, portanto, que a modelagem e o tratamento adequado

das condições de apoio têm papel importante no padrão de distribuição de tensões,

e que modelagens e apoios simplificados (BORCHERS & REICHART, 1983;

SIEGELE & SOLTÉSZ, 1989; MEIJER et al., 1996) podem alterar completamente os

resultados. A análise comparativa nestes ambientes pode ter um valor analítico

comparativo, mas sem aplicação clínica.

Considerando as tensões em torno do implante, foram gerados gráficos

com maior detalhamento. Os resultados detalhados dos níveis das tensões

principais e de Von Mises, mostraram conforme reportado na literatura (RIEGER et

al., 1989a,b; 1990a,b; PYLANT et al., 1992; HOSHAW et al., 1994; MURPHY et al.,

1995), que a região crítica para todos os implantes é a do colo, na cortical óssea. A

concentração de tensões nesta região torna-a susceptível à ocorrência de

reabsorção óssea, sendo este fato comprovado em avaliações radiográficas,

estudos clínicos experimentais e também de análise numérica (BORCHERS &

REICHART, 1983; TAKUMA et al., 1988; RIEGER, 1989a; RIEGER, 1990a,b;

CLELLAND et al., 1991; MEIJER, 1992; WEINBERG, 1993; COSTANTI, 1994;

AKPINAR, 1996; MEIJER, 1996; STEGAROIU et al., 1998).

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Pôde verificar-se que uma maior concentração junto à cortical superior,

pode ser relacionada ao padrão de reabsorção óssea nesta região, o que

confirmaria achados de outros autores de causas biomecânicas destas perdas

(RIEGER et al., 1990a,b; CLELLAND et al., 1991; MEIJER et al., 1992; PYLANT et

al., 1992; HOSHAW et al., 1994; LOZADA et al., 1994; LEWINSTEIN et al., 1995;

MURPHY et al., 1995; CANAY et al., 1996; JUNG et al., 1996; MEIJER et al., 1996;

OLIVEIRA, 1997; STEGAROIU, 1998). No entanto, a concentração de tensões nesta

área não ocorreu, como relatado em outros trabalhos (RIEGER et al., 1990b;

CLELLAND et al., 1991; AKPINAR et al., 1996; JUNG et al., 1996; STEGAROIU,

1998), em toda a circunferência do implante, mas somente em um ponto.

O contorno geométrico do implante apresentou um bom desempenho em

termos de distribuição de tensões. O formato cuneiforme ofereceu uma distribuição

gradual do colo para o ápice. Mesmo dentro da cortical, a sua inclinação, no sentido

apical, parece ter distribuído bem as tensões, como se pôde ver nas seções axiais,

detalhadas para as tensões principais e de Von Mises. Apesar de não terem sido

feitos estudos clínicos comparativos, estes resultados apontaram para boas

perspectivas do comportamento biomecânico desta geometria.

Pôde constatar-se também que, tanto nos valores das tensões principais

máximas quanto na de Von Mises, não ocorreu concentração em nenhuma região,

além da já citada na cortical. Diferente da maioria das outras geometrias (RIEGER et

al., 1989a, b; SIEGELE & SOLTÉSZ, 1989; RIEGER et al., 1990a,b; MEIJER et al.,

1992; CANAY et al., 1996; MEIJER et al., 1996; SODRÉ, 1999), não houve

concentração no ápice.

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SIEGELE & SOLTESZ (1989) descreveram uma maior concentração no

ápice da geometria cuneiforme, alegando sua menor área nesta região. Estes

achados, porém, foram obtidos com uma interface não rígida, isto é, não

osseointegrada e com uma modelagem bastante simplificada.

Neste trabalho, a geometria estudada provocou uma distribuição favorável

de tensões em toda a extensão, ocorrendo concentração no colo, porém, em valores

semelhantes às concentrações ocorridas na estrutura óssea cortical distante do

implante e causadas pela ação muscular. RIEGER et al. (1990b) afirmaram que a

geometria cônica distribui mais uniformemente as cargas. SODRÉ (1999) encontrou

melhor distribuição em uma forma experimental cônica do que no implante cilindrico.

Os resultados foram acordes aos descritos por DEINES et al. (1993) que

encontraram uma melhor distribuição de tensões nas raízes de molares e pré-

molares quando comparadas com vários tipos de implantes. A razão, segundo eles,

deveu se à cuneiformidade das raízes naturais.

AKPINAR et al. (1996) afirmaram que uma geometria que promova a

transferência dos gradientes de tensões para áreas afastadas da crista óssea é mais

favorável. Os resultados aqui mostraram que, apesar deste fato não ter ocorrido, isto

é, não houve concentração em nenhuma outra área a não ser na cortical, os valores

nesta área foram semelhantes aos encontrados na cortical sob a ação muscular. As

regiões onde as tensões foram muito baixas, nas reentrâncias do implante, poderiam

induzir a perda óssea por falta de estímulo (HASSLER et al., 1980; BORCHERS &

REICHART, 1983; RIEGER et al., 1989a,b; 1990a,b), mas, de acordo com a análise,

os valores ainda estariam perto do mínimo necessário ao estímulo ósseo. Além

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disso, não foram consideradas as cargas dinâmicas e multidirecionais da oclusão

normal.

Neste estudo, considerou-se o osso como um material homogêneo, isótropo e

linearmente elástico e foi utilizada uma análise linear com a aplicação de carga

estática, concentrada e axial. No entanto, sabe-se que o osso é não homogêneo e

anisotrópico, apresentando características viscoelásticas e que, na verdade, as

cargas mastigatórias são constituídas de esforços, atuando no espaço.

Apesar do MEF permitir análises quantitativas (KEYAK et al., 1993;

BAIAMONTE et al., 1996), as comparativas com outros estudos só puderam ser

feitas qualitativamente, visto serem diferentes as condições de análise, desde a

modelagem, a ambientação, condições de apoio e de carregamento. Nas

comparações qualitativas, portanto, a geometria estudada apresentou um bom

desempenho, ocorrendo em relação às outras uma distribuição mais uniforme de

tensões, apesar da concentração também encontrada na cortical (WEINSTEIN et al.,

1976; COOK, 1982a,b; BORCHERS & REICHART, 1983; ADAMS, 1985;

CARLSSON, 1986; RIEGER et al., 1989a, b; SIEGELE & SOLTÉSZ, 1989; RIEGER

et al., 1990a, b; CLELLAND et al., 1991; HOLMES et al., 1992; MEIJER, 1992,

DEINES, 1993; HOSHAW et al., 1994; VAN ZYL et al., 1995; AKPINAR, 1996;

CANAY, 1996; JUNG et al., 1996; MEIJER, 1996; SODRÉ, 1999; CARLSSON,

2000).

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7 - CONCLUSÃO

Por meio dos resultados obtidos neste estudo podemos concluir que:

- a geometria cuneiforme, analisada devido às condições diferenciais do osso

cortical e esponjoso, obedeceu ao padrão encontrado na literatura de maior

concentração de tensões na cortical. Os valores, no entanto, ficaram próximos

dos encontrados na cortical, gerados pelas ações musculares, e não ocorreu

concentração significativa no ápice do implante.

- as tensões geradas pela ação da musculatura na cortical atingiram valores iguais

ao entorno do implante, mostrando a influência delas no padrão de distribuição de

tensões e, portanto, a necessidade de sua modelagem apurada. Confirmou-se

também que a mandíbula sofre deformações sob a ação do carregamento e das

forças musculares, e que a metodologia utilizada na modelagem, as condições de

apoio e carregamento, o tipo de malha e o refinamento de variações anatômicas e

funcionais são importantes na precisão dos resultados.

a

b

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ABSTRACT

The osseointegrated dental implant biomechanical behavior plays an

important role in its relationship with the organism and consequently in its longevity

inside the bone. The Finite Element Method is an excellent way to study this aspect

of the implants and to obtain data to enhance the implant design. In this work, the

cuneiform geometry was studied through this method. A mechanical model of an

edentulous mandible was prepared, by the means of a computed tomography and

the implant was inserted in the first left pre-molar region. On the center of the

abutment an axial load of 100N was applied. The supporting system of the mandible

was as close as possible to the natural conditions. The bone was assumed to be

homogeneous, isotropic and linearly elastic. The data obtained were analyzed and

qualitatively compared with the literature. The conclusions are pertinent to the

methodology problems associated with the modeling and supporting system showing

that the more refined the model, the more reliable the results. They are also

pertinent to the implant behavior. The cuneiform geometry distributed the stress in a

uniform pattern. The stress concentration occurred only in the neck of the implant,

i.e., in the cortical bone similar to the other studies. These values, however, were

closer to the ranges found in the cortical layer far from the implant caused by the

muscular action. No stress concentration was found in the apical area.

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ANEXO