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ERGONOMIA E ACESSIBILIDADE NO AMBIENTE EDUCACIONAL Daniele Gomes Carvalho* Anna Júlia Marques de Oliveira ** Barbara Duarte Campos *** Mariana Matos Arantes**** Resumo: A carteira escolar é o mobiliário mais utilizado nos ambientes educacionais, logo, deve proporcionar melhor estrutura e maior conforto. Como o aluno passa grande parte do seu tempo dentro da sala de aula, o uso incorreto da carteira traz sérios problemas de saúde. Neste trabalho foi destacado que as carteiras atuais apresentam irregularidades estruturais, que induz a postura incorreta do aluno, causando dores principalmente na região lombar. Após observações, percebe-se uma carência de uma cadeira que atenda as necessidades dos alunos relacionadas ao desconforto e a saúde. Por tais motivos, pretende-se adaptar a cadeira na região do encosto, pois constataram que a maioria dos problemas provocados está associada à coluna. Para a realização deste projeto foi desenvolvido metodologias de verificação de dados e observações através de questionários realizados com pessoas das unidades de ensino, tal pesquisa terá levantamento de dados qualitativos e quantitativos. Foi feito um mock - up da carteira para se obter o melhor entendimento da mesma, e análise do custo de produção do novo modelo, através da análise SWOT e verificação dos pontos fortes e fracos do produto, com o intuito de alcançar a demanda do mobiliário a ser modificado, pois o mesmo pretende-se ser viável a quaisquer unidades de ensino, com o objetivo de propor bem-estar aos alunos, garantindo melhor aprendizado. Palavras-chave: Ambiente Educacional; Carteira Escolar; Problemas Posturais. Abstract: The school chair is the furniture most used in educational environments, so it should provide better structure and greater comfort. As the student spends much of his or her time in the classroom, misuse of the chair causes serious health problems. In this study it was emphasized that the current chairs present structural irregularities, which induce the incorrect posture of the student, causing pain mainly in the lumbar region. After observations, there is a lack of a chair that meets the needs of students associated with discomfort and health. For these reasons, it is intended to adapt the chair in the backrest region, since they found that most of the problems caused are associated with the spine. For the accomplishment of this project was developed methodologies of verification of data and observations through questionnaires made with people of the educational units, such research will have qualitative and quantitative data collection. A mock - up of the chair was done to obtain the best understanding of

Anna Júlia Marques de Oliveira Barbara Duarte Campos...ABNT NBR 14006:2008 que estabelece os critérios mínimos de análise da conformidade para móveis escolares, considerando a

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ERGONOMIA E ACESSIBILIDADE NO AMBIENTE EDUCACIONAL

Daniele Gomes Carvalho*

Anna Júlia Marques de Oliveira **

Barbara Duarte Campos ***

Mariana Matos Arantes****

Resumo: A carteira escolar é o mobiliário mais utilizado nos ambientes educacionais, logo, deve proporcionar melhor estrutura e maior conforto. Como o aluno passa grande parte do seu tempo dentro da sala de aula, o uso incorreto da carteira traz sérios problemas de saúde. Neste trabalho foi destacado que as carteiras atuais apresentam irregularidades estruturais, que induz a postura incorreta do aluno, causando dores principalmente na região lombar. Após observações, percebe-se uma carência de uma cadeira que atenda as necessidades dos alunos relacionadas ao desconforto e a saúde. Por tais motivos, pretende-se adaptar a cadeira na região do encosto, pois constataram que a maioria dos problemas provocados está associada à coluna. Para a realização deste projeto foi desenvolvido metodologias de verificação de dados e observações através de questionários realizados com pessoas das unidades de ensino, tal pesquisa terá levantamento de dados qualitativos e quantitativos. Foi feito um mock - up da carteira para se obter o melhor entendimento da mesma, e análise do custo de produção do novo modelo, através da análise SWOT e verificação dos pontos fortes e fracos do produto, com o intuito de alcançar a demanda do mobiliário a ser modificado, pois o mesmo pretende-se ser viável a quaisquer unidades de ensino, com o objetivo de propor bem-estar aos alunos, garantindo melhor aprendizado. Palavras-chave: Ambiente Educacional; Carteira Escolar; Problemas Posturais.

Abstract: The school chair is the furniture most used in educational environments, so it should provide better structure and greater comfort. As the student spends much of his or her time in the classroom, misuse of the chair causes serious health problems. In this study it was emphasized that the current chairs present structural irregularities, which induce the incorrect posture of the student, causing pain mainly in the lumbar region. After observations, there is a lack of a chair that meets the needs of students associated with discomfort and health. For these reasons, it is intended to adapt the chair in the backrest region, since they found that most of the problems caused are associated with the spine. For the accomplishment of this project was developed methodologies of verification of data and observations through questionnaires made with people of the educational units, such research will have qualitative and quantitative data collection. A mock - up of the chair was done to obtain the best understanding of

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it, and analysis of the cost of production of the new model, through the SWOT analysis and verification of the product 's strengths and weaknesses, in order to reach the furniture demand to be modified, since it is intended to be feasible for any teaching units, with the purpose of proposing well-being to the students, guaranteeing better learning. Keywords: Educational Environment; School Chair; Postural Problems.

* Docente – Engenharia Civil. Centro Universitário Tocantinense Presidente Antonio Carlos S/A. Doutorado em Ciência dos Materiais. Instituto Militar de Engenharia. E-mail: [email protected] ** Graduanda em Engenharia de Produção - Centro Universitário Tocantinense

Presidente Antônio Carlos S/A. E-mail: [email protected]

*** Graduanda em Engenharia de Produção - Centro Universitário Tocantinense

Presidente Antônio Carlos S/A. E-mail: [email protected]

**** Docente – Engenharia Civil. Centro Universitário Tocantinense Presidente Antonio Carlos S/A. Especialista em ensino. E-mail: [email protected]

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1. INTRODUÇÃO

A adaptação do mobiliário escolar tem o intuito de melhorar as

condições ergonômicas no ambiente educacional, para que se possa

aperfeiçoar e proporcionar um maior conforto e melhor condição de atender as

necessidades dos acadêmicos, para que obtenham maior desempenho, tanto

no meio acadêmico como em sua vida profissional. Desenvolvendo o

mobiliário, a carteira escolar, mais adequado às normas pode-se resultar em

bem-estar e proteção aos estudantes.

Desde o final do século XIX, existiu uma atenção com a estrutura física

infantil, e o cidadão estudante, e isso resultou na disseminação global do

ensino básico que representava a construção de uma coleção de

conhecimentos sobre a infância e a criança, e a grande base de tudo isso era o

mobiliário escolar. Tais mobiliários serviram como expressão de cuidado com

referência às más posturas dos estudantes ao sentar, a finalidade era prevenir

lesões aos quais podem prejudicar o progresso deles. Segundo Alcântara

(2014), o mobiliário escolar teria que ser adequado de acordo com os variados

procedimentos, como a leitura, o desenho e a escrita. Devido à forma de se

inclinarem sobre o material escolar muitos alunos poderiam desfigurar a coluna

gerar problemas ergonômicos. A carteira escolar que auxiliou um

posicionamento melhor é retratada num dos mais importantes manuais de

higiene, baseia-se a três condições fundamentais: encosto, profundidade do

assento e apoio dos pés. De acordo com pesquisas desempenhadas por

diversos autores como Mandal (1981) e Manerica (1986) as formas

inadequadas de sentar são responsáveis por dores nas costas, especialmente

nas áreas lombares, glúteas e cervicais.

Segundo Paraizo, foram considerados seis pontos como indicativo de

boa postura:

pés bem assentados no pavimento, ausência de pressão entre o assento e a face inferior da coxa, folga entre a perna e a face inferior da mesa, cotovelo ao nível do tampo da mesa ligeiramente abaixo, costas em contato com o encosto da cadeira na região lombar, abaixo das escapulas e folga entre a face posterior da perna e o topo do assento. (PARAIZO, 2009, p.43)

No Brasil, tais observações com relação ao aperfeiçoamento da carteira

escolar eram consideradas inovações, uma vez que as peças que se

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movimentavam através de dobradiças e o assento móvel não seriam originais

nos Estados Unidos. A fabricação do mobiliário no Brasil, só houve indícios a

partir da segunda metade do século XX.

A Carteira fabricada no Brasil, conforme contexto histórico do móvel

escolar se iniciou na cidade de São Paulo, construída por Eduardo Waller & C,

surgiu como uma novidade, em que se verifica a atenção entre layout da sala

com a postura. (PARAIZO, 2009, p.41)

Depois da estreia do caderno criado por Mello Filho, promovido pelo

FUNDESCOLA (1998) em conjunto com o Ministério da Educação, com

padrões para a montagem da mobília escolar e sua posição na sala de aula, foi

considerada uma recente concepção na formação do mobiliário escolar com

uma mudança de design para o design universal e design ergonômico,

princípios parcialmente recentes unidos à ideia de usabilidade.

Ao estudar a história da carteira, destacam-se os aspectos sociais,

culturais legais e econômicos na expansão da escola moderna. Por isso, dar

atenção aos aspectos médicos e higiênicos sobre o corpo estudantil significa

prover de um mobiliário que exija conforto e que ajude no desenvolvimento

para obtenção de um melhor desempenho, tanto no meio acadêmico como na

vida profissional.

1.1 Normatização

1.1.1 Ergonomia

De acordo com Edgard Blücher (1997) a ergonomia tem como finalidade

a utilização de dados científicos e aplicação de normas, para que possam ser

adotadas ferramentas com o objetivo de aperfeiçoar o bem-estar, segurança e

eficiência dos trabalhadores, buscando torná-los adaptáveis com as

necessidades, capacidades e limitações das pessoas.

A implantação de uma norma técnica leva a organização a atender as

especificações que foram analisadas e testadas por especialistas. Ao cumprir

com a norma, a organização consegue reduzir a necessidade de desenvolver

peças ou ferramentas já feitas. Com a utilização de uma norma de sistema de

gestão nos processos de produção consegue-se um maior estímulo de

inovações para a empresa, tornando seu produto muito mais eficiente e viável.

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Considerando as normas da ABNT relacionadas à ergonomia, tem-se a

ABNT NBR 14006:2008 que estabelece os critérios mínimos de análise da

conformidade para móveis escolares, considerando a durabilidade,

acabamento, identificação e resistência. Outra norma referente à ergonomia é

a ABNT NBR ISO 9001 que indica os princípios relacionados ao sistema de

gestão da qualidade e tem como objetivo determinar um comportamento por

método de elaboração e melhoria contínua da produtividade do processo de

controle da qualidade.

Outra norma que pode ser considerada na ergonomia é a ABNT NBR

ISO 2600:2010 que fornece orientações para todos os tipos de organizações, e

tem como objetivo assessorar a organização no auxílio para obter um

desenvolvimento sustentável, em que assegura outros instrumentos e

iniciativas da área de responsabilidade social, fazendo com que não sejam

substituídos.

1.1.2 Estrutura

Carteira escolar, modelo acadêmico, produzida em estrutura tubular de

aço, compondo-se de prancheta frontal, com assento e encosto de

compensado laminado anatômico prensado em lâminas de imbuia e com as

propriedades mostradas na tabela 1.

Características de Estrutura da Carteira Escolar

Porta-livros

Sob o assento a 21,5 cm do solo, medindo aproximadamente: 33,5x 42cm constituído por chapa de aço com espessura de 1,2mm, totalmente encaixado e soldado a estrutura da cadeira com virada no segmento anterior medindo 6cm de altura servindo de anteparo para os livros e com todas as extremidades violadas evitando partes cortantes.

A 45 cm do solo na parte inferior, onde o assento terá inclinação de 4° até o lado mais alto, em compensado laminado, revestido em imbuia (superior), com 12 cm

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Assento anatômico de espessura com dimensões de 40 x 38 cm e com pequena curvatura no sentido longitudinal e curvatura na borda frontal moldada á quente, e fixado na estrutura através de 04 rebites de alumínio 4,8x25 mm. Acabamento em sua face superior e nas bordas com verniz poliuretana.

Encosto anatômico

Com a margem superior a 85 cm do solo e a inferior a 65 cm, em compensado laminado, coberto em imbuia nas duas faces com 12 mm (doze) de espessura e nas dimensões de 40 x 20 cm, com curvatura longitudinal e vertical moldado a quente, fixado na estrutura através de 03 (três) rebites de alumínio 4,8 x 25mm, acabamento com selador e verniz poliuretano nas duas faces da peça incluindo nas margens.

Prancheta

A 79 cm de altura na parte superior, em compensado multilaminado de 18 mm com revestimento superior em fórmica laminada melamínica cinza de 0,8mm de espessura e inferior com fundo nitrogenado de água para impermeabilização e anti-fungicida, com aperfeiçoamento dos bordos em fita ABS de 2 mm, refilada e polida formando um acabamento abaulado, não cortante, colada pelo sistema hotmelt e fixado à estrutura através de porcas garras e parafusos M6.

Tabela 01: Características de Estrutura da Carteira Escolar Fonte: Autoras (2019)

1.1.3 Acessibilidade

A norma ABNT NBR 9050 tem como objetivo estabelecer critérios

relacionados à acessibilidade, propondo adequações de mobiliários e

equipamentos para as pessoas, independentemente de sua estrutura, idade ou

limitações – NBR 9050, (ABRA, 2002 – 2005).

Esta norma procura proporcionar maior segurança e conforto aos

ambientes de trabalho e ensino, estabelecendo fundamentos e princípios

técnicos às condições de acessibilidade, e a serem considerados voltados ao

projeto, instalação e adaptação.

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2. METODOLOGIA

Para a elaboração do projeto da carteira ajustável nas escolas e

universidades, foi preciso desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e

ideias para buscar soluções e a satisfação das demandas escolares, portanto,

para efetuar a coleta das evidências, foi utilizada metodologias como

instrumentos de pesquisa.

O critério da pesquisa se baseou em um conceito mercadológico

exercido com êxito em atender aos aspectos ergonômicos. Obteve-se também

elaborações de estratégias em função do cruzamento dos aspectos internos e

externos, adquirindo, como solução os métodos seguidos a fim de atingir o

sucesso do produto analisado. Foram utilizados métodos que tiveram como

finalidade alcançar um conhecimento mais amplo sobre este produto,

procurando mudanças necessárias para adaptação da carteira para melhor

conforto não só dos alunos, mas também de qualquer pessoa que utilize este

mobiliário. Para uma visão mais ampla do projeto, foi realizado desenhos

técnicos com o programa AutoCad.

Para conseguir um resultado desejado sobre a carteira, foi realizado

questionários através do Google Forms, para a coleta de dados, entendimento

dos possíveis problemas e para a realização da análise mercadológica.

Por meio do método de Análise Swot, foi elaborado através das

informações e análises coletadas as possíveis forças, fraquezas, oportunidades

e ameaças.

Por fim foi realizado a criação de um mock - up/maquete, onde

primeiramente cerrou-se com a segueta os canos pvc ¾ e de ½ . Os canos de

¾ foram utilizados para compor os pés da carteira, a prancheta, o assento, o

encosto, para colocar a mesa e a grade (onde guarda o material escolar e

também se ajusta para apoiar os pés). Produziu-se a estrutura da carteira com

três e joelhos. Os canos de pvc de ½ serviram como estrutura compondo com

os canos de ¾, a fim de adaptar a profundidade e altura do encosto. O assento,

o encosto e a mesa forma compostos por papelão revestido de EVA. Utilizou-

se nessa etapa três tipos de cola: super bonder, de isopor e cola branca. A

seção de disposição do material escolar e encosto de pés foram formadas com

palitos de churrasco. E por fim, fixou-se também uma trava de segurança no

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cano ligado à altura de encosto.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Análise Dos Dados Coletados

De acordo com o questionário realizado através do Google Forms,

anexado ao apêndice desse trabalho, verificou-se a coleta dos seguintes

dados. Todos os acadêmicos questionados estavam cientes do produto a ser

aperfeiçoado. Em sua totalidade houve uma aprovação para melhorias.

Quanto as perguntas sobre o nível de conforto da carteira utilizada em

sala de aula em um grau de relevância de 1 a 10, onde 1 seria um grau de

menor conforto e 10 maior conforto, não houve resposta, logo subentende-se

que não há estudante que se sentia totalmente confortável com a carteira que

se sentava. Observa-se que mais de 50% dos acadêmicos se sentem

desconfortáveis com o mobiliário que lhe atendem.

Quando interrogados sobre as localizações de desconforto por

segmento do corpo, foram ressaltadas quatro intensidades de dor. A primeira

se referia a nenhuma dor causada pelo mobiliário escolar. A segunda uma dor

suportável, a terceira uma dor intensa e a quarta intensidade uma dor

insuportável. Conforme mostra o gráfico seguinte, seis segmentos tiveram mais

de 50% das respostas que sentiam algum tipo de dor, sendo estes a Coluna

Cervical, Lombar e Torácica Ombros, Quadril e Pernas.

A figura 1 mostra as intensidades de dores e os posicionamentos das

mesmas no corpo. É possível afirmar que os ombros, quadril e pernas são um

dos segmentos que a intensidade de dor mais se aplica, já que o encosto não é

o mais adequado, a prancheta da carteira muitas das vezes não é a mais

indicada para o aluno e o apoio para os pés não funciona, deixando o aluno

desconfortável devido à falta de conformidade.

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Figura 1: Desconforto corporal por segmento do corpo e sua intensidade de dor. Fonte: Autoras (2019).

Em relação à proporção de dor por segmento das três partes da

coluna, já é bastante intensa, visto que o encosto não é o mais adequado e não

atende os aspectos ergonômicos, por essa razão o aluno acaba sentindo

incomodado com o mobiliário que utiliza.

A forma de sentar de forma errada foi também analisada, indicando

assim que devido o mobiliário não se adequar ao usuário, o mesmo acaba

achando uma forma errada para se sentar na qual acha que é mais confortável,

o que acaba acarretando sérios problemas posturais.

Sendo que o aluno passa bastante tempo em sala de aula, o ambiente

educacional acaba sendo comum no cotidiano do mesmo. Por essa razão, o

mobiliário que atenda ao estudante necessita ser de total conforto para sua

melhor formação. Visto que mais de dois terços dos acadêmicos questionados

se sentiam desconfortáveis com a carteira, e que isso indicava uma má

qualidade nos estudos, ocasionado em uma falta de adaptação que é

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prejudicial para o aprendizado.

3.2 Análise Swot

Os dados abordados nas etapas anteriores auxiliaram como benefícios

para a análise de todos os aspectos relativos da carteira ajustável,

considerando suas capacidades, fraquezas, oportunidades e ameaças. Tal

análise englobou não só os aspectos da carteira propriamente ditos, mas suas

relações com outros setores, tais como o ambiente interno e externo.

O estudo de desenvolvimento da análise SWOT (forças, fraquezas,

oportunidades e ameaças) dos aspectos relacionados ao produto pretendido

permitiu a avaliação detalhada em cada elemento.

O critério da pesquisa se baseia em um conceito mercadológico

exercido com êxito em atender aos aspectos ergonômicos. Obtêm-se também

elaborações de estratégias em função do cruzamento dos aspectos internos e

externos, adquirindo, como solução os métodos a serem seguidos a fim de se

atingir o sucesso do produto analisado, como mostra a tabela 2.

Tabela 02: Produto analisado Fonte: Autoras (2019)

• Estratégias de desenvolvimento: São aquelas nas quais o produto

analisado obtém suas melhores condições de sucesso. Suas forças, ligadas às

possibilidades oferecidas, fazem com que o produto progrida e seja

aperfeiçoado.

• Estratégias de diferenciação: Através delas o produto estudado

distinguiu-se dos seus concorrentes, fazendo uso de suas forças para superar

as ameaças existentes.

• Estratégias de correção: Mostram o caminho a ser adotado para que o

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programa de análise utilize de forma apropriada as oportunidades presentes

para reduzir ou eliminar suas fraquezas.

• Estratégias de reestruturação: Suas perspectivas estão relacionadas às

ameaças que tem como finalidade atingir o produto em suas fraquezas.

Portanto, são propostos métodos para que o produto estudado se reestruture,

modificando suas propriedades internas, com o propósito de suportar e superar

os aspectos inadequados do ambiente.

• Por fim, a elaboração final das informações e análises com os dados

coletados permite formar a tabela 3.

ANÁLISE SWOT DOS ASPECTOS RELACIONADOS À CARTEIRA

FORÇAS FRAQUESAS OPORTUNIDADES AMEAÇAS

Conforto Custo de produção Padronização Crise econômica

Segurança Preço Atender aos aspectos

ergonômicos

Concorrência de

mercado

Design Tamanho Normatização Novas tecnologias

Durabilidade Peso Competição Desvalorização da

educação

Fácil manuseio Necessidade de

adaptação do produto

Preocupação com a

saúde

Aceitação dos

alunos

Tabela 03: Análise SWOT dos aspectos relacionados à carteira Fonte: Autoras (2019)

A figura 2 apresenta a análise do ambiente interno e externo da carteira

escolar ajustável, e suas respectivas características com seus resultados

obtidos.

Através da análise do ambiente interno e externo do produto,

observamos que as maiores forças da Carteira Flex, são o conforto e o fácil

manuseio, na oportunidade obtida destaca-se a normatização. Porém, a maior

fraqueza analisada foi à necessidade de adaptação do produto, vale destacar

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também o custo de produção. Já nas ameaças a desvalorização da educação é

o que mais preocupa.

Figura 02: Análise SWOT da carteira Flex Fonte: Autoras (2019)

3.3 Vistas Ortogonais e longitudinais

A tabela 04 nos fornece as vistas do projeto da carteira, que tem como

objetivo ilustrar de uma forma mais simples e coerente, mostrando as

modificações realizadas.

A tabela 5 apresenta as dimensões da cadeira padrão, e as diferenças

de medidas quando realiza-se as modificações proposta, e as possíveis

alterações na mesma, o que gera melhor posicionamento do aluno na Cadeira

e o conforto dos mesmos.

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Tabela 04: Vistas ortogonais da carteira. Fonte: Autoras (2019)

É possível perceber que o formato proposto pelo projeto na tabela 5,

possibilita a adaptação para diferentes posturas e dimensões proporcionando

assim maior conforto ao indivíduo. É conhecido que uma acomodação

confortável possibilita melhor aprendizado.

Vista Frontal

Trava de segurança

Trava de segurança

Vista Lateral

Trava de Trava de Segurança. Segurança.

Vista Superior Trava de segurança

Trava de segurança.

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Trava de Segurança.

Trava de Segurança.

Tabela 05: Medidas da carteira padrão e da Carteira Flex.

Fonte: Autoras (2019)

3.4 Mock – Up / Maquete

Para exemplificar melhor o funcionamento produziu-se um Mock-up,

utilizando materiais de baixo custo. A figura 3 mostra o mock -up construído em

vistas laterais e frontais.

Tabela 06: Formas do Mock-up/Maquete da Carteira Flex

Fonte: Autoras (2019)

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Pode-se observar também na segunda imagem da esquerda para a

direita que o dimensionamento pode ser estendido ou recuado, o que

proporciona adequação as diferentes situações e conforto ao usuário do

produto porposto.

4. CONCLUSÃO

O projeto foi elaborado a partir da análise feita da carteira escolar, tendo

por objetivo alcançar a demanda e promover bons resultados. Com a finalidade

de proporcionar total conforto aos alunos, diminuindo os riscos à saúde e

aplicando maior ergonomia ao ambiente acadêmico. O público alvo são alunos

que ocupam essas cadeiras por cerca de 4h, e algumas vezes após longas

jornadas de trabalho.

O trabalho realizado em equipe busca desenvolver soluções de forma

aberta e transparente, onde se respeita as propostas e decisões de acordo

com as normas, para melhor organização. Portanto, a melhor maneira é

aprimorar mecanismos de aperfeiçoamento de suas competências na formação

profissional, e no que se refere à saúde, já g muitas horas do dia passamos

sentados e dependemos deste tipo de acomodação para exercer diferentes

funções. O meio escolar hoje é o que menor tem se adequado as necessidades

e a busca por diferentes tecnologias visam melhorar esse aspecto.

Foi possível determinar as fortalezas que são a capacidade de

resistência do material e a durabilidade, e as fraquezas do produto e do

mercado receptor, bem como analisar a maior concentração de dor dos alunos

ao utilizar frequentemente o ambiente escolar, sendo estas em sua maioria nas

costas e joelhos. Estas duas regiões comprometem os educandos pois ao

longo do tempo diminuem a mobilidade e a capacidade de observação das

aulas.

Foi construído um mark-up que mostrou que o melhoramento da cadeira

é possível e que este gerará maior conforto para os usuários, assim como foi

apresentadas as vistas da cadeira usando o software Auto Cad. A nova

proposta conta com costas ajustáveis e o braço móvel também proporciona

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ajuste as diferentes situações, possibilitando maior conforto ao usuário.

É preciso entender que todas as avalições feitas possibilitaram a criação

das adequações propostas, bem como os desenhos que possibilitam fácil

reprodução deste produto. Os materiais aplicados para elaboração do produto

poderiam ser convencionais e estes não agregariam alto custo aos produtores

e consequentemente aos compradores do mesmo.

Foi possível entender também que a mudança é possível e a adequação

é simples pois depende apenas de uma modificação estrutural no produto, não

afetando assim as linhas de produção ou o consumidor final do mesmo.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ABNT. NBR ISO 2600:2010. Caderno de especificações de mobiliário.Minas Gerais, 2012. Disponível em: <https://www.ufmg.br/dpfp/CADERNO_FINAL.pdf>. Acesso em: 22 maio. 2018.

ABNT. NBR 14006:2008. Mobiliário Escolar. Brasília - DF, 2008. Disponível em:<ftp://ftp.fnde.gov.br >. Acesso em: 22 maio. 2018. ABNT. NBR ISO 9001. Processo sistemático para projeto, produção e adequação de mobiliário escolar que atenda aspectos ergonômicos e de qualidade. Santa Maria – RS, 2006. Disponível em: < cascavel.ufsm.br >. Acesso em: 22 maio. 2018.

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ALMEIDA, Márcio. A importância da normatização, 2018. Disponível em: <http://marcioqualy.blogspot.com/2012/07/a-importancia-da-normatizacao.html>. Acesso em: 01 maio. 2018.

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6 Anexo A

6.2 Questionário do Google Forms

Questionário de pesquisa para seleção de modelo para projeto

Critérios Notas Grau de relevância atribuído a cadeira que você senta em sala de aula

1 - Qual o nível de conforto da cadeira escolar?

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

2 - Você acha que essa cadeira escolar poderia ser modificada para ter um maior conforto?

SIM ( ) NÃO ( )

3 – Marque a(s) localização(ões) de desconforto corporal por segmento do corpo e sua intensidade de dor.

Intensidade de dor :

1 – NENHUMA DOR

2 – DOR SUPORTÁVEL 3 – DOR INTENSA 4 – DOR INSUPORTÁVEL

Coluna Cervical

Intensidade de dor

1 2 3 4

Coluna Torácica

Coluna Lombar

Ombros

Quadril

Punhos

Mãos

Coxas

Joelhos

Pernas

Tornozelos

Pés

4 - Você se senta corretamente ? SIM ( ) NÃO ( )

5 - Em relação aos estudos, essa cadeira de certa forma lhe atrapalha devido ao desconforto ?

SIM ( ) NÃO ( )

6 – Você acha que essa cadeira regulável seria uma boa opção para a melhoria desse desconforto ?

SIM( ) NÃO ( )