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Ano II- Nº 21 SETEMBRO de 2020 - Rua Pangauá, 669 - E-mail: [email protected] - CONTATOS: 981.453.242 Alair; /959.587.742 Rocky; 968.352.792 Felix; 959.301.176 Didi Editorial: MÊS DE AGOSTO, MÊS DO DESGOSTO ENTRE LIVROS Prof. Raimundo Justino Oportunidade de aprender violão!! Perto do metrô Patriarca/Vila Ré Inscrições abertas 98204-6052 Prof. Gustavo Monteleone P ARA ANUNCIAR vide página 05 981.453.242 981.195.517 Dize-me com quem tu andas e eu te direi quem tu és”. Eu andei com muita gente nessa vida, e nem sempre por escolha minha – acho que é assim com todo mundo. Mas se há uma coisa que sempre esteve comigo, e permanece até hoje, são os livros. Quando eu era muito pequeno ainda, minha madrinha trabalhava em uma papelaria, e no meu aniversário quase sempre eu ganhava livros. O primeiro título que eu me lembro de ter lido inteiro foi Açúcar amargo”, de Luiz Pun- tel. É uma história que fala sobre juventude, desigualdade social e esperança – seria uma premonição dos temas que mais tarde seriam presentes em minha vida? Quando vim pra São Paulo, os poucos livros que passavam pela minha mão eram de- vorados. Eu tinha uns oito gibis (o que dava pra comprar) que lia, relia. Quando ia a algum lugar que tivesse uma revista dando sopa, lá estava eu lendo. Na escola, eu lia adiantado todos os livros didáticos e no ginásio, lia coisas que nem entendia, mas que adorava assim mesmo – tipo O Caramuru”, de Santa Rita Durão e Memórias Póstu- mas”, do Machado. Foi na escola, aliás, que eu e meus amigos tivemos a felicidade clandestina de levar- mos um pedacinho do acervo da biblioteca, que vivia trancada, suja e com os exem- plares no chão.... Virei frequentador das bibliotecas da Penha, Tatuapé e Artur Alvim, para a qual às ve- zes tinha que ir caminhando debaixo de sol ou no frio. Na adolescência, com outra turma, montamos uma biblioteca comunitária chamada Ernesto Che Guevara”, que funcionava na sede da Sociedade Amigos de Vila Ré e está em reconstrução agora, em 2020. Eram mais de 500 livros, de todos os tipos. Co- mo eu era muito cru pra entender os textos, lia a apresentação biográfica de vários autores, tipo Eça de Queiroz, Hemingway e Cervantes. Na universidade (USP), me perdia nos três andares da biblioteca da FFLCH – aquilo era um sonho! E eu nem sabia que existiam outros acervos imensos, como na Educa- ção, e na FAU... Hoje, sou professor, e mais, meu espaço na escola é aquele que eu considero como o mais privilegiado: a Sala de Leitura. Lá eu me encontro, me confundo, lá é meu des- canso e meu estresse, é minha vida e aonde tomo minhas doses de reflexão, sozinho e junto aos meus educandos. E rodeado por livros. Desde que eu me entendo por gente, sempre andei com livros. E vocês? O mês de agosto é considerado, no domínio público, como um mês de muito azar, de grandes tragédias e da ocorrência de acontecimentos desastrosos para a huma- nidade. Essa lenda tem raízes históricas no mundo. Con- ta-se que na antiga Roma, ocorria a visualização de um dragão que cuspia fogo nos céus durante o mês e era considerada azarenta. Também, era nesse período que, em Portugal, as embar- cações zarpavam para novas aventuras e conquistas e, em virtude disso, a mulheres não se casavam nessa épo- ca pois os maridos saiam para o alto mar e as deixavam sem lua de mel e, com alta probabilidade, de se tornarem viúvas. Na Argentina, muitos acreditam que dá muito azar lavar a cabeça nesse mês. Uma lenda cristã diz que o dia 24 de agosto é o Dia do Diabo”, data em que as portas do inferno estariam abertas. Entre nós, o mês de agosto é também chamado de mês do cachorro louco. Esses e inúmeros outros causos parecem reafirmar essa crença de um mês maligno. De fato, diversos aconteci- mentos como a erupção dos vulcões Vesúvio e Krakatoa, as bombas atômicas lançadas em Hiroshima e Nagazaki. Os jornais do início de agosto, na Alemanha, estampa- vam manchetes como Hoje Hitler É Toda a Alemanhapara informar a ascensão do furher”. Cá, entre nós, fatos trágicos marcaram a vida nacional. Dentre eles, em plena crise institucional, o Presidente Getúlio Vargas cometeu suicídio em 24 de agosto de 1954 e, com isso, com uma ampla mobilização e revolta popular adiou o golpe de estado que estava para aconte- cer. Sete anos após, alegando a ação de forças ocultas”, em 25 de agosto de 1961, o Presidente Jânio Quadros renunciava, colocando o país em nova crise institucional. Depois, quinze anos após, em um suspeito acidente de carro, morria Juscelino Kubitschek, em 22 de agosto de 1976. Saindo, recentemente do mês fatídico, os acontecimen- tos reforçam as lendas. Com uma política errática e errada do governo federal, para combater a pandemia, atingimos a espantosa marca de 100.000 mortos pela COVID-19., anunciandoque poderemos chegar a marca de 200.000 mortes até o fim do ano. As medidas adotadas parecem não levar em conta esses números, porque após a contaminação de mais de 3.000.000 de pessoas, o afrouxamento do isolamento pode provocar uma nova explosão de contaminados, com a contribuição da população que se acha poderosa e insiste em não usar máscara e adotar as medidas higiênicas recomendadas. Por fim, procurando atender aos interesses do chamado mercado e interesses estranhos, o governo reduz o valor do auxílio emergência para $300,00 enquanto o desem- prego chega a 13,3% e coloca no Farmácia Popular a venda de Cloroquina –um remédio sem eficácia e produ- zido pelo exército sob pressão da Presidência. Se isso não bastasse, o PIB dos dois primeiros trimestres acusou uma queda de 9,7%. Parece que, no Brasil, o mês de agosto é o ano inteiro.

Ano E mail: savre@gmail - eecarvalhosenne.com.br

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Ano II- Nº 21 SETEMBRO de 2020 - Rua Pangauá, 669 - E-mail: [email protected] - CONTATOS: 981.453.242 Alair; /959.587.742 Rocky; 968.352.792 Felix; 959.301.176 Didi

Editorial: MÊS DE AGOSTO, MÊS DO DESGOSTO

E NT RE LI VROS Prof. Raimundo Justino

Oportunidade

de aprender violão!!

Perto do metrô

Patriarca/Vila Ré

Inscrições abertas

98204-6052

Prof. Gustavo Monteleone

P A R A A N U N C I A R

vide página 05

981.453.242 981.195.517

“Dize-me com quem tu andas e eu te direi quem tu és”.

Eu andei com muita gente nessa vida, e nem sempre por escolha minha – acho que é

assim com todo mundo.

Mas se há uma coisa que sempre esteve comigo, e permanece até hoje, são os livros.

Quando eu era muito pequeno ainda, minha madrinha trabalhava em uma papelaria, e

no meu aniversário quase sempre eu ganhava livros.

O primeiro título que eu me lembro de ter lido inteiro foi “Açúcar amargo”, de Luiz Pun-

tel. É uma história que fala sobre juventude, desigualdade social e esperança – seria

uma premonição dos temas que mais tarde seriam presentes em minha vida?

Quando vim pra São Paulo, os poucos livros que passavam pela minha mão eram de-

vorados. Eu tinha uns oito gibis (o que dava pra comprar) que lia, relia. Quando ia a

algum lugar que tivesse uma revista dando sopa, lá estava eu lendo. Na escola, eu lia

adiantado todos os livros didáticos e no ginásio, lia coisas que nem entendia, mas que

adorava assim mesmo – tipo “O Caramuru”, de Santa Rita Durão e “Memórias Póstu-

mas”, do Machado.

Foi na escola, aliás, que eu e meus amigos tivemos a felicidade clandestina de levar-

mos um pedacinho do acervo da biblioteca, que vivia trancada, suja e com os exem-

plares no chão....

Virei frequentador das bibliotecas da Penha, Tatuapé e Artur Alvim, para a qual às ve-

zes tinha que ir caminhando debaixo de sol ou no frio.

Na adolescência, com outra turma, montamos uma biblioteca comunitária chamada

“Ernesto Che Guevara”, que funcionava na sede da Sociedade Amigos de Vila Ré e

está em reconstrução agora, em 2020. Eram mais de 500 livros, de todos os tipos. Co-

mo eu era muito cru pra entender os textos, lia a apresentação biográfica de vários

autores, tipo Eça de Queiroz, Hemingway e Cervantes.

Na universidade (USP), me perdia nos três andares da biblioteca da FFLCH – aquilo

era um sonho! E eu nem sabia que existiam outros acervos imensos, como na Educa-

ção, e na FAU...

Hoje, sou professor, e mais, meu espaço na escola é aquele que eu considero como o

mais privilegiado: a Sala de Leitura. Lá eu me encontro, me confundo, lá é meu des-

canso e meu estresse, é minha vida e aonde tomo minhas doses de reflexão, sozinho

e junto aos meus educandos. E rodeado por livros.

Desde que eu me entendo por gente, sempre andei com livros. E vocês?

O mês de agosto é considerado, no domínio público,

como um mês de muito azar, de grandes tragédias e da

ocorrência de acontecimentos desastrosos para a huma-

nidade. Essa lenda tem raízes históricas no mundo. Con-

ta-se que na antiga Roma, ocorria a visualização de um

dragão que cuspia fogo nos céus durante o mês e era

considerada azarenta.

Também, era nesse período que, em Portugal, as embar-

cações zarpavam para novas aventuras e conquistas e,

em virtude disso, a mulheres não se casavam nessa épo-

ca pois os maridos saiam para o alto mar e as deixavam

sem lua de mel e, com alta probabilidade, de se tornarem

viúvas.

Na Argentina, muitos acreditam que dá muito azar lavar a

cabeça nesse mês. Uma lenda cristã diz que o dia 24 de

agosto é o “Dia do Diabo”, data em que as portas do

inferno estariam abertas. Entre nós, o mês de agosto é

também chamado de mês do cachorro louco.

Esses e inúmeros outros causos parecem reafirmar essa

crença de um mês maligno. De fato, diversos aconteci-

mentos como a erupção dos vulcões Vesúvio e Krakatoa,

as bombas atômicas lançadas em Hiroshima e Nagazaki.

Os jornais do início de agosto, na Alemanha, estampa-

vam manchetes como “Hoje Hitler É Toda a Alemanha”

para informar a ascensão do “furher”.

Cá, entre nós, fatos trágicos marcaram a vida nacional.

Dentre eles, em plena crise institucional, o Presidente

Getúlio Vargas cometeu suicídio em 24 de agosto de

1954 e, com isso, com uma ampla mobilização e revolta

popular adiou o golpe de estado que estava para aconte-

cer.

Sete anos após, alegando a ação de “forças ocultas”, em

25 de agosto de 1961, o Presidente Jânio Quadros

renunciava, colocando o país em nova crise institucional.

Depois, quinze anos após, em um suspeito acidente de

carro, morria Juscelino Kubitschek, em 22 de agosto de

1976.

Saindo, recentemente do mês fatídico, os acontecimen-

tos reforçam as lendas. Com uma política errática e

errada do governo federal, para combater a pandemia,

atingimos a espantosa marca de 100.000 mortos pela

COVID-19., “anunciando” que poderemos chegar a

marca de 200.000 mortes até o fim do ano.

As medidas adotadas parecem não levar em conta esses

números, porque após a contaminação de mais de

3.000.000 de pessoas, o afrouxamento do isolamento

pode provocar uma nova explosão de contaminados,

com a contribuição da população que se acha poderosa

e insiste em não usar máscara e adotar as medidas

higiênicas recomendadas.

Por fim, procurando atender aos interesses do chamado

mercado e interesses estranhos, o governo reduz o valor

do auxílio emergência para $300,00 enquanto o desem-

prego chega a 13,3% e coloca no Farmácia Popular a

venda de Cloroquina –um remédio sem eficácia e produ-

zido pelo exército sob pressão da Presidência. Se isso

não bastasse, o PIB dos dois primeiros trimestres acusou

uma queda de 9,7%.

Parece que, no Brasil, o mês de agosto é o ano inteiro.

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Jornal da Vila Ré e região Ano II- Nº 21 SETEMBRO de 2020 Pág. 2

O Jornal da Vila Ré e região é de responsabilidade editorial dos diretores da Sociedade Amigos de Vila Ré e região.

EDITOR: Alair Molina.

COLABORAÇÃO: Célia, Thozzi, Andreia, Marron, Marilsa; Rai-

mundo; Rogério; Eloisa; Didi ; Natália,

Teodoro (em memória).

Endereço: Rua Pangauá, 669 Vila Ré

Contatos: 981.453.242 Alair; 9.59.301.176 Didi .

registro de um olhar: Imagens da Vila Ré

Marron Messias

COPO VAZIO... Profª Célia Cordeiro

Esta semana uma amiga querida, Maria Ritinha,

postou o “dueto sacrossanto “, Chico Buarque e

Gilberto Gil, cantando uma daquelas antigas que

não perdem a contemporaneidade: “COPO VA-

ZIO”.

Não tinha escutado os dois interpretando es-

sa canção, lançada num álbum de 1974, SI-

NAL FECHADO, no qual Chico gravou Noel,

Jobim, Caetano, Paulinho da Viola, Caymmi,

até Walter Franco! Pesquisei e descobri que o

clipe é de 2014, feito para o filme “Rio, eu te

amo”. Emocionante de se ouvir! “É sempre

bom lembrar. Guardar de cor que o ar vazio.

De um rosto sombrio está cheio de dor”.

(...)”Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho.

Que o vinho busca ocupar o lugar da dor”.

Dor. Doença. Dificuldade de respirar. Perda.

Luto. Tristeza. Todos os dias temos enfrenta-

do estatísticas atrás das quais está essa dor

imensa. O mundo, sem sombra de dúvidas,

não precisava de novas moléstias pra seguirmos

na trajetória de sofrimento que abala a maior

parte da população.

Miséria, preconceito e injustiça social já causam

danos o bastante. A dor do outro nos incomoda?

Quando vi George Floyd gritar, com o joelho do

policial em sua garganta, “Não consigo respirar”,

doeu muito. Dói ainda. Quando li que o menino

de 14 anos Marcos Vinicius, baleado e morto por

policiais no Complexo da Maré há pouco mais

de um mês, perguntou pra sua mãe “Ele não viu

que eu estava com a roupa da escola?”, doeu

desmesuradamente.

No século IV a.C., o filósofo Epicuro escreveu:

”O prazer é o primeiro dos bens. É a ausência

de dor no corpo e de inquietação na alma.

”Epicuro não era um hedonista, pelo contrário,

era homem de hábitos frugais, um asceta, um

defensor da liberdade. Sua escola nos arredo-

res de Atenas aceitava mulheres, algo inco-

mum naqueles tempos. Para ele o principal

bem que poderia levar à felicidade era a saú-

de. Talvez porque sofresse de problemas re-

nais, que eventualmente o levariam a uma

morte penosa. Se eu fosse Epicuro abusaria

do vinho grego para fugir de toda a dor!

Gilberto Gil compôs COPO VAZIO a pedido do

amigo Chico Buarque. Em 1973 Chico lançara

um disco com base na peça CALABAR que foi

retalhado pela censura. Naquela época, tudo

que ele compunha era vetado.

Assim, pediu aos companheiros composições

deles para integrarem um LP que levou o no-

me da música de Paulinho da Viola, SINAL FE-

CHADO, outro grito surdo contra os tempos

sombrios da ditadura militar.

Gil diz que ficou apreensivo com a perspectiva

de escrever pra Chico Buarque de Holanda,

mas foi surpreendido pela metáfora do copo va-

zio que viu numa noite, sobre a mesa. Vazio do

vinho, mas...”’O copo está vazio, mas tem ar

dentro!’ Disso, me vieram ideias acerca das ca-

madas de solidificação e rarefação que vão se

sucedendo nas coisas. E, disso, a música.

A letra faz uma viagem ao mundo das coisas

sutis, transcendentes. Mas suas primeiras fra-

ses são muito significativas nos termos do que

estava acontecendo: regime de repressão, cen-

sura, o Chico privado de sua liberdade artística

plena.” (trecho do livro “Gilberto Gil Todas as

Letras”, organizado por Carlos Rennó, Compa-

nhia Das Letras, 1996) . Por que Gil e Chico re-

lançaram essa canção agora? “Uma metade

cheia, uma metade vazia/ Uma metade tristeza,

uma metade alegria”. Talvez eles, como Epicu-

ro, queiram fazer um bom uso da dor, sujeitan-

do-a à filosofia, fazer dela parte da sabedoria

para chegarmos mais perto da verdade. Espan-

car o medo da morte e conhecer o “todo pode-

roso amor”? Temos feridas sociais abertas que

latejam, teremos vinho ou amor suficientes pra

amenizá-las?

Não sei ao certo, porém Chico e Gil nos brin-

dam com poesia e nesse copo vazio parece ter

uma gota de esperança. Beleza e esperança.

Abraços, bom domingo!

https://youtu.be/mtKS3jpXt6I.

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Jornal da Vila Ré e região Ano II- Nº 21 SETEMBRO de 2020 Pág. 3

AÇÃO DE SOLIDARIEDADE NA UBS DE VILA GRANADA E NA COMUNIDADE

Comissão Pró-Saúde e Sociedade Amigos de Vila Ré

Participe, você também! MARILSA GONÇALVES

Porque o programa Farmácia Popular não pode acabar

Por Alexandre Padilha

Queremos informar a todos que no mês de

Agosto/2020, começamos as entregas de ces-

tas básicas, para os usuários com vulnerabili-

dade social dos programas PAI e EMAD, da

UBS de Vila Granada/Vila Ré e para algumas

famílias dos bairros de Vila Ré e Vila Granada.

Com a participação voluntária de amigos, mo-

radores e familiares, conseguimos realizar,

com sucesso as doações no mês.de agosto.

Aproveitamos para agradecer à cada um dos

senhores e senhoras, que com seu gesto de

solidariedade e amor ao próximo, fez sua doa-

ção em alimentos não perecíveis, cestas bási-

cas ou em valores. A todos, nossa eterna gra-

tidão.

“A Solidariedade acima de caridade” é uma

forma de ter empatia, colocar-se no lugar do

outro, sentir o seu sofrimento.

Quando auxiliamos com cestas básicas estas

pessoas, é preciso que entendamos que as

condições de desigualdades por que elas pas-

sam são criadas pela cultura e ideologia domi-

nantes, e na maioria das vezes, levando-as a

situações de vulnerabilidade social.

É importante observar que os beneficiados , precisam ser orientados para entenderem su-

as dificuldades e para terem acesso aos seus

direitos, para se reorganizarem e buscarem

outras formas de melhorias de vida.

Esta Ação tem por objetivo atender estes usu-

ários por um período de 6 (seis) meses, en-

quanto durar esta crise econômica, e a pan-

demia do COVID-19 e o desemprego, até que

se tenha outras estratégias de enfrentamento

ou melhoria das condições de vida de cada

cadastrado.

Esta Ação é uma parceria da Comissão Pró

Saúde e Sociedade Amigos de Vila Ré;

Esperamos contar com a ajuda generosa dos

senhores e senhoras, moradores, amigos(as),

familiares, dos bairros de Vila Ré e Vila Gra-

nada e adjacências, nos próximos meses.

Nossa Gratidão a todos vocês sempre!

Comissão Pró Saúde

#juntossomosmaisfortessempre!

Agosto/2020

ENTREGA DE CESTAS BÁSICAS

Na maior crise sanitária causada pela pande-

mia da covid-19 no mundo, o governo brasilei-

ro mostra, mais uma vez, que tem lado e não

é aquele dos que mais precisam. Dessa vez, a

ideia é extinguir o Farmácia Popular, progra-

ma que garante até 90% de descontos em an-

ticoncepcionais, tratamento de Parkinson,

glaucoma e osteoporose, e dá de graça remé-

dios de uso continuo para hipertensão, diabe-

tes e asma.

Ao invés de taxar os bilionários que aumenta-

ram ainda mais suas riquezas durante a pan-

demia da covid-19, reduzir os gastos com as

Forças Armadas ou cartões corporativos da

Presidência da República, o governo escolhe

acabar com o Farmácia Popular, programa

que garantiu acesso e atende mais de 20 mi-

lhões de brasileiros por ano.

A gratuidade dos medicamentos para hiper-

tensão, asma e diabetes, foi anunciada em

2011, quando era Ministro da Saúde. Também

ampliamos o número de unidades credencia-

das no país, sua maioria localizada nas regi-

ões com altos índices de vulnerabilidade.

Essa ampliação de acesso aos medicamentos

junto com a garantia do atendimento médico

com o Mais Médicos, fortaleceu a Atenção Bá-

sica em Saúde. Essa ação integrada foi res-

ponsável pela redução da taxa de internação

de pacientes com hipertensão, diabetes e as-

ma, e também de custos para o SUS.

As maldades com o Farmácia Popular inicia-

ram no governo de Michel Temer, que puxou o

freio de mão na destinação de recursos e tam-

bém pela Emenda Constitucional (EC)

95/2016, que congelou os investimentos desti-

nados à saúde por 20 anos. Unidades foram

fechadas em todo o país e cerca de sete mi-

lhões pessoas deixaram de ser atendidas.

Agora, o governo Bolsonaro, além de não in-

vestir na recuperação do programa, quer extin-

gui-lo de vez. O que mais impressiona, além

da falta de sensibilidade, é a ausência de sen-

satez para administração pública.

O governo Bolsonaro erra na condução des-

sa gestão ao querer acabar com um progra-

ma que é um importante mecanismo para cri-

ação de empregos, expansão do setor e aju-

da na alavancagem da economia e indústria

do país. A medida também colabora com a

superlotação dos serviços de saúde já que o

não acesso a esses medicamentos faz com

que as pessoas procurem mais os hospitais

em pior estado de saúde, também aumentan-

do os custos para o SUS. E é importante lem-

brar que os hipertensos, diabéticos e asmáti-

cos são do grupo de risco para covid-19 e de-

veriam estar sendo protegidos justamente por

isso.

Anúncios sobre a defesa da vida e saúde das

pessoas deveriam estar sendo feitos pelo go-

verno e não o fim de importantes programas.

Isso em meio ao cenário da pandemia que

vivemos, onde claramente quem mais sofre

são os mais vulneráveis, que preci-

sam do acesso a esses remédios

de graça. Ao invés de garantir saú-

de, o governo genocida de Jair Bol-

sonaro amplia as desigualdades

brasileiras.

*Alexandre Padilha é médico, professor

universitário e deputado federal (PT-

SP). Foi Ministro da Coordenação Polí-

tica de Lula e da Saúde de Dilma e Se-

cretário de Saúde na gestão Fernando

Haddad na cidade de SP.

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Jornal da Vila Ré e região Ano II- Nº 21 SETEMBRO de 2020 Pág. 4

Tapioca ou Pão Francês? Andréia Carrara —Nutricionista

Seja a sua prioridade Natália Perestrelo

SOCIEDADE AMIGOS DE VILA RÉ E REGIAO

PARTICIPA D A DEFIN IÇÃO DO ORÇAMENTO MUNICIPAL PARA 2021

Reunião com jovens ativistas culturais

para discutir projetos para a Vila Ré e região

Como temos informado nas edições anterio-

res, a Sociedade Amigos de Vila Ré e região

tem participado das audiências para inclusão

de nossas demandas no orçamento municipal

para 2021.

Ao final do mês de setembro a prefeitura de

São Paulo deverá encaminhar á Câmara Mu-

nicipal um projeto de lei com a proposta orça-

mentária para 2021.

A Câmara Municipal deverá promover audiên-

cias públicas, para que a população possa pro-

por emendas, antes de levar o projeto a vota-

ção; o que deverá ocorrer até o fim de dezem-

bro.

Dada a circunstância imposta pelo COVID-19, é

possível que essa fase ainda seja feita em mo-

do “on-line””.

Qualquer que seja o modo de realização das

audiências públicas, a Sociedade Amigos de

Vila Ré estará presente para defender as pro-

postas apresentadas.

Por outro lado, a Sociedade está aberta a su-

gestões da população de Vila Ré e região.

Contatos:

Didi: 959.301.176 e Alair 981.453.242

De uns tempos pra cá a tapioca vem ocupando

o espaço do pão francês na mesa dos pratican-

tes de esportes e de quem quer emagrecer.

Virou quase um "sacrilégio" comer o básico

pãozinho.

Mas porque a tapioca foi eleita como um ali-

mento mais saudável que o pão francês?

Bom, a provável causa é o GLÚTEN!

O glúten é uma proteína responsável pela ma-

ciez da massa dos pães e bolos. É encontrada

no trigo, centeio, cevada, aveia e malte. Ela não

é absorvida pelo organismo humano, porém, em

pessoas portadoras de doença celíaca, pode

causar graves efeitos colaterais, sendo neces-

sário suspender o consumo de qualquer alimen-

to que contenha essa proteína.

A partir daí, começou a se disseminar a sus-

peita de que o glúten é inflamatório e um dos

causadores da obesidade também.

Foi aí então que a tapioca começou a fazer

parte do hábito alimentar. Porque tapioca não

tem glúten.

Mas se compararmos a composição nutricio-

nal, podemos ver que a tapioca não oferece

grande (ou nenhuma) vantagem em relação ao

pão francês.

Então, será que precisa fazer essa

substituição?

Andréia Carrara

Nutricionista www.andreianutricionista.com.br

Tapioca seca Pão francês

50 gramas 50 gramas

170,5 kcalorias 142,8 kcalorias

44,35 g de carboidratos 28,4 g de carboidratos

0,095 g de proteínas 4,71 g de proteínas

0,01 g de gorduras 1,28 g de gorduras

0,35 g de fibras 1,4 g de fibras

SOCIEDADE AMIGOS DE VILA RÉ E REGIAO

Preparação de atividades presencias

A necessidade de isolamento social, imposto

pela pandemia, não tem impedido o esforço de

planejar a retomada das atividades da So-

ciedade Amigos da Vila Ré e região.

Além da reforma, limpeza e manutenção dos

espaços, conforme relatados na edição anteri-

or, continuam as atividades definidas na

Assembleia de Prestação de Contas, reali-

zada no mês de maio.

Uma nova parceria surge de forma promissora.

Trata-se da construção de um projeto cultural

denominado “Casa Suja” que se pro-

põe a construir “uma casa de cultura

(...) com oferta de atividades culturais

ligadas lazer, educação e memória,

voltadas para a comunidade, com

atenção especial para crianças, ado-

lescentes e aposentados”.

O projeto contemplará no espaço a ser

criado: Salas de oficinas culturais, área

de convivência, sala de leitura, ateliê,

espaço para dinâmicas e vivências

grupais, biblioteca e livraria popular.

Tem que trabalhar. Tem que vestir a camisa da

empresa. Tem que fazer cursos pra se atualizar.

Tem que trabalhar com o que ama. Tem que

trabalhar com propósito… se o trabalho não tem

propósito, então tem que ter um projeto parale-

lo. Tem que manter a casa em ordem. Tem que

se alimentar bem. Tem que acompanhar as no-

tícias. Tem que assistir as séries que tá todo

mundo comentando. Tem que ler aquele livro

interessante. Tem que praticar exercício físico.

Tem que ver o que estão postando no insta-

gram. Tem que postar no instagram. Tem que

assistir aquela live. Tem que ajudar as pessoas

a sua volta. Tem que ser boa companhia.

A autocobrança por estar sempre produzindo,

sendo “útil”, gera sobrecarga, stress e ansieda-

de. Os “quereres” e as possibilidades são infini-

tos, mas o tempo não. Fica difícil escolher do

que abrir mão, então a gente coloca o máximo

possível de atividades e o mínimo possível de

descanso dentro de 24h (afinal, o tempo des-

cansando é tempo inútil, né?).

Acontece que o desequilíbrio não é só de pro-

dutividade, é mental e hormonal. O corpo res-

ponde: o foco e a concentração diminuem, o

cansaço aumenta, entro outros sintomas que

variam de pessoa pra pessoa. Como estamos

acostumados a ignorar os sinais do nosso cor-

po, interpretamos tudo isso como preguiça, pro-

crastinação, falta de disciplina, baixa produtivi-

dade e aumentamos ainda mais a sobrecarga,

o stress e ansiedade.

É preciso aprender a ouvir o corpo. É preciso

entender que ócio, descanso e contemplação,

não podem ser considerados tempo inútil! O

corpo e a mente precisam descansar, preci-

sam se recuperar pra continuar produzindo.

Definir seus limites e onde focar é fundamen-

tal pra sua saúde mental. Você pode até ten-

tar equilibrar todos os pratinhos, mas se todos

eles estão no ar, quem está no chão é você. É

preciso escolher qual pratinho vai cair de vez

em quando pra você se manter saudável e de

pé.

Ninguém dá conta de tudo, nem acerta tudo

sempre. Todo mundo deixa a desejar às ve-

zes, e está tudo bem!

Natália Perestrelo—designer, humana, escritora.

Comprometida com autocuidado e autoconheci-

mento. Mais conteúdos no Instagram @inna__co

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Jornal da Vila Ré e região Ano II- Nº 21 SETEMBRO de 2020 Pág. 5

CONVERSANDO 2: Lembranças da infância na Penha - Prof. Thozzi

CONVERSANDO 1: Vizinhança - Prof. Thozzi

Domingo, 8 horas da manhã, meu celular

começou a tremer!

À noite, quando vou dormir, tiro o som,

deixo em vibrar.

Sono leve, acordo depressa. Pensei: deve

ser sério. Ninguém liga", tão cedo" nem os

propagandistas! Resolvi atender:

"Professor, é Carol, filha da dona Cota. Tu-

do bem? Ela lembrou que sempre encon-

tra o senhor na missa e quer uma carona.

Quando ela fez CEM ANOS, por causa da

pandemia, não foi à missa."

Fico com vontade de dizer que, por causa

das minhas dores não vou.

Ela quer ir ao Santuário da Penha. Missa

às 10 horas!

Também estou precisando de orações.

Vamos lá. Quem mais vai? pergunto.

"Ela e eu, professor!" E eu, acrescento.

A Marisa vai à missa às 9 horas, fará al-

moço, o neto e a esposa vêm almoçar

aqui.

9:20 paro na porta de dona Cotinha. Está toda

arrumada, perfumada e penteada!

Cem anos,5 meses! Lúcida!

Me cumprimenta, pergunta das filhas, da patroa.

Quer saber quantos netos tenho.

Os nomes e as idades. Quem é filho de qual filha.

Reclama que só tem quatro netos, dois casais.

Tem 3 bisnetos. Todos meninos.

Digo que cinco netos são meninos e três são me-

ninas.

Chegamos. Estaciono o mais perto da porta late-

ral que posso. Ela fez questão de entrar pela por-

ta da frente. Uns 20 degraus. Vou pela porta late-

ral, é uma rampa suave.

Quero sentar perto da porta, ela no primeiro ban-

co.

Presto atenção nas leituras. Lc,1,41-45. Ela reza

o terço... Ouço a homilia. Ela reza o terço.

Comungamos, voltamos para o banco. Agradeço.

Ela reza o terço. Acabou a missa.

Dirige-se aos altares com imagens dos Santos de

devoção dela.

A filha apressa-a: "O professor quer ir embora!" Ela

me olha. Digo que não tenho pressa.

Continua sua peregrinação. Afinal vamos embora.

Ela diz que o padre falou muito bem sobre os religi-

osos de vida consagrada!

Quase caio das nuvens! Como ela ouviu se não

parou de rezar o terço?!

Chegamos, Carol desce rapidinho pra ajudar a

mãe.

Ela insiste para que eu entre e tome um cafezinho

com bolo de milho verde! Quem resiste? Quase um

hora de reminiscências!

Volto pra casa, acelerado.

Não precisava. Os netos só chegam às 14!

Foi um domingo diferente, lembrei-me da minha

mãe!

Boa noite, gente amiga querida, diz que vem um

frio de queimar plantações.

Se cuidem!

A chuva desses dias veio na hora, não!?

Da Internet: REGRAS DO FUTEBOL DE CAMPINHO , NO MEUTEMPO

Os dois melhores não podem estar no mesmo lado. Logo, eles tiram par/impar e escolhem os times

Ser escolhido por último é uma grande humilhação

Um time joga sem camisa

O pior de cada time vira goleiro, a não ser que tenha alguém que goste de catar

Se ninguém aceita ser goleiro, adota-se um rodízio: cada um cata até sofrer um gol

Quando tem um pênalti, sai o goleiro ruim e entra um bom só pra tentar pegar

a cobrança

Os piores de cada lado ficam na zaga

O dono da bola joga no mesmo time do melhor jogador.

Não tem juiz

As faltas são marcadas no grito: se você foi atingido, grite como se tivesse quebrado uma perna e conseguirás a falta.

Se você está no lance e a bola sai pela lateral, grite "nossa" e pegue a bola o mais rápido pos-sível para fazer a cobrança (essa regra também se aplica a "escanteio"

Lesões como destroncar o dedão do pé, ralar o joelho, sangrar o nariz e outras são normais.

Quem chuta a bola pra longe tem que buscar

Lances polêmicos são resolvidos no grito ou, se for o caso, no tapa

A partida acaba quando todos estão cansados, quando anoitece, ou quando a mãe do dono da bola manda ele ir pra casa

Mesmo que esteja 15 x 0, a partida acaba com "quem faz, ganha"

Lembrou tua infância? Então, tu foi uma criança normal...

Ontem contei pra vocês que a Penha já foi

"interior", mas relendo a crônica percebi

que poderia ter melhorado as lembranças

se eu resgatasse alguns personagens.

Eu morava na Aquilino Vidal, 29. No 27

morava um guarda civil que tocava na

banda da corporação.

Tocava clarinete. Todos os dias, à tardezi-

nha, ele ensaiava. Trabalhava à noite.

Quando começava a escurecer, ele saia

de casa. Um negro alto, uniforme impecá-

vel. E um estojo na mão. Provavelmente o

estojo da clarinete.

Nunca soube o nome dele. Era avô do

Lourival, colega de calçada.

Na esquina, no sobrado, morava o Dema.

Já senhor. Sempre bêbado e com os bol-

sos cheios de balas pra distribuir pra mo-

lecada. Um bêbado gentil. Solteiro. Dono

de várias casas. Vivia dos aluguéis. Tinha

sido jogador de futebol!

Virando à direita, na primeira esquina a

padaria Marli. Seu Hermínio, alto, magro,

bigode espesso. Fazia sorvetes. Quando

tínhamos dinheiro, era ali que o gastáva-

mos! No balcão, a mulher dele, dona Leonor.

Simpática. Ajudando a filha Marli, mocinha linda

e o filho muito alto!

Um dia, a máquina de sorvetes decepou uma

das falanges do garoto! Ninguém mais queria

comprar sorvete com medo de que o "dedo" vi-

esse junto!

O nome da padaria, apesar de sucessivas mu-

danças de dono, ainda é Marli.

Onde hoje é a padaria Marli, funcionava um

grande armazém. O armazém do seu Jerônimo.

Um português culto.

Nos fundos, do armazém ele, com a rapaziada

do bairro, ensaiava peças teatrais. Assisti lá meu

primeiro auto de Gil Vicente.

Mas também comprei bacalhau e linguiça. O ba-

calhau ficava pendurado, a gente avisava: “a

mãe mandou buscar dez cruzeiros de lombo."

Ele cortava, embrulhava em jornal e nos entre-

gava.

Meu amigo, Carlinhos, comprava 9,50 e um do-

ce. Acho que a mãe dele nunca descobriu!

Descendo a Major Ângelo Zanchi, havia a tintu-

raria do seu Chico. Aquele monte de ternos de-

pendurados. Ali foi o primeiro emprego de muitos

meninos. Eu tinha vontade de trabalhar lá, mas ele

não aceitou. Eu era muito pequeno. Ele pagava

0,50 centavos por terno entregue! Era o preço de

um doce no armazém do seu Francisco, outro por-

tuguês do pedaço!

Subindo à direita na Ângelo Zanchi, ficava a sapa-

taria do seu Pepino, italiano. Logo depois o barbei-

ro, seu Giovani, outro italiano. Todos os meninos

cortavam o cabelo lá, o corte era único; americano!

Ah! Na esquina da Major Ângelo Zanchi com a Ira-

pucara tinha a chácara do seu Manduca. Ele plan-

tava verdura, mandioca, cana e milho. A gente en-

trava lá pra brincar de caubói e índio. Claro, se ti-

vesse mexerica, chupávamos. Ele ficava louco, es-

bravejava, mas nunca pegava ninguém!

Até que uma tarde, Lourival (que era negro), foi o

homem branco capturado. Nós, os índios, o amar-

ramos e dançávamos ao redor quando seu Mandu-

ca chegou. Esquecemos o amigo amarrado e fugi-

mos! Seu Manduca pegou-o pela orelha e entregou

ao avô guarda civil! Acabou a brincadeira na chá-

cara!

Boa noite, gente amiga querida! Durmam bem! Carmen, querida, o frio não veio

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O Jornal da Vila Ré e região, desde janeiro de 2019, tem sido o substituto da forma impressa, mantida anteriormente por 13 anos. Sua circulação, antes bimestral, passou a ser mensal e dirigida para leitores da zona leste.

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Jornal da Vila Ré e região Ano II- Nº 21 SETEMBRO de 2020 Pág. 6

A PANDEMIA NÃO TERMINOU! Edvaldo Bezerra Fernandes—Didi

O mapa abaixo é de 13/08/2020 e registra os

casos de COVID-19, na área de abrangência

da UBS de Vila Granada/Vila Ré. Até essa da-

ta, 800 casos passaram pela UBS. No momen-

to, mais de 260 casos estão sendo acompa-

nhados e, lamentavelmente, 9 mortes registra-

das até 13/08.

São amigos, parentes, vizinhos. Famílias estão

sofrendo com as perdas dos seus entes queri-

dos.

Ao menos 8 casos positivos de COVID-19 são

notificados, diariamente, na UBS da Vila Gra-

nada/Vila Ré.

Qual a estratégia que está sendo adotada

para enfrentar o COVID-19.

Ao usuário que apresentar ao menos 2 sinto-

mas é aplicado o teste. Não é necessário ter

febre. O resultado sendo positivo, o paciente é

orientado a manter o isolamento na sua casa e

os profissionais da UBS passam a monitorar,

através do telefone, para verificar a evolução

do quadro.

Em parceria com Sociedade Amigos da Vila

Ré e Região, o grupo Pró Saúde e o conjunto

de 12 costureiras voluntárias tem distribuído

200 máscaras, em média, semanais reforçan-

do que as pessoas devem manter o isola-

mento e, se for necessário sair, usar máscara

e evitar aglomerações. Até o momento, mais

de 5500 máscaras foram distribuídas.

Essas medidas são suficientes? Óbvio que

não. Vejam a escalada de casos positivos!

Está provado que os Hospitais e as UTIs não in-

terrompem a transmissão. Só o rastreamento e o

isolamento rigoroso são capazes de quebrar a

corrente de transmissão.

A pandemia está fora de controle. A contamina-

ção está em alta. Estamos como uma nau sem

rumo.

Estamos perdendo uma corrida que tínhamos

condições de ter um resultado mais favorável,

evitar que não chegássemos ao número assom-

broso de 120 mil óbitos, com projeção de 200 mil

até o final de 2020.

Se tivéssemos utilizado o SUS - Sistema Único

de Saúde - com sua rede em todo Brasil, aprovei-

tado a força do Programa de Saúde da Família -

PSF com seus agentes de Saúde treinados e en-

raizados nas periferias desse país, faríamos um

grande cordão de isolamento. Tudo isso, é claro,

estaria combinado com outras medidas governa-

mentais.

Mesmo com a tentativa de destruir o SUS, ele

cumpriu, com todas as dificuldades, o seu papel.

E agora, mais do que nunca, temos que lutar pela

revogação da EC-95 que congelou investimento

na Saúde por 20 anos. Teremos que tratar das

sequelas que herdamos do COVID-19. Centenas

de milhares de pessoas terão que ser tratadas

com reabilitação motora, neurológica, fonoaudio-

lógica e outras mais.

Não podemos cair na tentação

da normalização, achar natural

tantas mortes, há uma tendên-

cia na banalização.

A maioria que estão morrendo

são pobres e negros da perife-

ria. A morte de um negro pas-

sa desapercebida. Estamos

sendo condicionados a natura-

lizar a morte. É uma chaga

que temos que olhar de frente.

Em nome da VIDA, VAMOS

CONTINUAR USANDO

MÁSCARAS, MANTER O

DISTANCIAMENTO,

ISOLAMENTO,

LAVAR AS MAÕS E

USAR ALCOOL GEL.

Page 7: Ano E mail: savre@gmail - eecarvalhosenne.com.br

Jornal da Vila Ré e região Ano II- Nº 21 SETEMBRO de 2020 Pág. 7

DEU EM OUTRAS MÍDIAS: “MÁSCARA É SINAL DE RESPEITO PELOS OUTROS”, USE!Por Flores e Poesias - Maio 13,2020

Nós só conseguiremos passar por esse perío-

do turbulento quando entendermos a impor-

tância de ter empatia e respeito pelos outros!

Usar a máscara, entre outras medidas, deve

ser visto não como “fraqueza” ou “medo”, mas

como sinal de “respeito pelos outros”.

Para a professora catedrática de Psicologia

Social Luísa Pedroso Lima, o segredo para a

nova fase, em que os estabelecimentos co-

merciais vão começar a reabrir e a possibilida-

de de circulação vai ser alargada pouco a

pouco, reside na capacidade de a população

adotar um “comportamento coletivo”.

Temos de perceber que se todos nós fizermos

o que nos apetece o resultado não vai ser

bom. Por isso, devemos “permanecer em ca-

sa grande parte do tempo e adotar uma série

de comportamentos novos quando saímos,

não porque estejamos com medo, mas por

respeito para com os outros”, diz a especialis-

ta.

“A máscara não pode ser considerada um ato

de vulnerabilidade ou fraqueza. Pelo contrário,

deve ser um símbolo de força. Temos de olhar

para estes comportamentos de prevenção co-

mo de responsabilidade coletiva. Essa é a

chave do sucesso”, frisa.

Pensar no outro. Ir além de si!

“É possível haver novos medos, nomeada-

mente medo de outras pessoas e da proximi-

dade física. Já vemos sinais disso”, salienta

Luísa Pedroso de Lima, que avança que ape-

sar de “ser um perigo desta situação”, esse

medo só se supera com o sentimento de con-

trolo da situação.

Sentimos medo quando não controlamos uma

determinada situação. Quando temos armas

para controlar, esse medo pode ser gerido.

Nesse sentido, máscaras, luvas e gel são as

ferramentas de que precisamos para controlar

esse medo e gerir esta nova normalidade”, vin-

ca.

Vamos ser capazes de levar uma vida próxima

da que tínhamos antes. Não será igual, mas

também esperemos que fiquem novos hábitos,

como lavar as mãos, pois hoje caiu definitiva-

mente a ideia de que vivemos num mundo as-

séptico”, termina.

Em maio deste ano o compositor russo Piotr

Ilitch Tchaikovsky completaria 180 anos.

Um dos grandes artistas da música clássica de

todos os tempos e talvez o maior da Rússia.

Provavelmente você já deve ter ouvido alguma

obra de Tchaikovsky na escola,

no teatro, no cinema, na TV, no

Youtube etc. Ele é um composi-

tor “pop”, vamos dizer assim, até

os dias de hoje. Sua obra faz

parte do período chamado ro-

mântico na música clássica. Sua

música é carregada de sentimen-

to, intensidade, energia e belas

melodias.

Além de compositor, Tchaikovsky

também foi pianista, regente e

professor. Mas quando jovem o

seu destino não seria a música e

sim o direito. Ele nasceu em

Kamsko-Vótkinsk, uma vila ope-

rária, localizada bem distante das

grandes cidades. Em 1852, aos

12 anos, Tchaikovsky foi levado

por sua mãe para a então capital

russa São Petersburgo para que

ele ingressasse na Escola de Jurisprudência.

Mais tarde, ele entrou para o Ministério da Justi-

ça onde permaneceu por três longos anos.

Tchaikovsky teve uma promoção negada no

serviço civil e isso serviu de pretexto para que

ele abandonasse a carreira jurídica e entrasse

no recém-inaugurado Conservatório de São Pe-

tersburgo. Nessa época, seu maior interesse já

era a música. Em 1866, após concluir sua for-

mação, Tchaikovsky foi para Moscou lecionar

no conservatório da cidade.

Por volta de 1877, Nadejda von Meck (1831-

1894), viúva de um rico empresário do setor fer-

roviário, decidiu patrocinar Tchaikovsky. A milio-

nária, que amava o trabalho do compositor, pa-

DEU EM OUTRAS MÍDIAS: “MÁSCARA É SINAL DE RESPEITO PELOS OUTROS”, USE!

Por Flores e Poesias - Maio 13,2020

180 AN OS DE T CH AI KOV SKY! T h i a g o F e r r a r i — i n s t a g r a m : t h i a g o f e r r a r i f o t o g r a f i a

gava-lhe uma generosa pensão anual que per-

mitiu que ele deixasse o emprego no Conserva-

tório de Moscou para se dedicar à composição.

A parceria durou cerca de 13 anos. Tchai-

kovsky ofereceu sua Quarta Sinfonia a

Nadejda.

Também em 1877, aos 37

anos, o compositor casou-se

com Antonina Miliukova,

uma ex-aluna que se apaixo-

nou por ele. Tchaikovsky era

homossexual e o casamento

foi um verdadeiro fracasso,

não durou mais que seis se-

manas. A experiência mos-

trou que eles eram totalmen-

te incompatíveis.

Apesar desse drama pessoal

e dos relacionamentos com

diversos amantes que não

duravam muito tempo,

Tchaikovsky não deixou de

trabalhar. Superou a depres-

são e o escândalo da sepa-

ração e continuou a criar.

Conquistou fama nacional e

internacional. Suas sinfonias, óperas e balés

entraram para a História.

Tchaikovsky morreu em São Petersburgo, em

1893, aos 53 anos, nove dias depois de reger a

primeira audição mundial de sua Sinfonia nº6, a

“Patética”, considerada por ele o seu melhor

trabalho.

Experimente ouvir a música de Tchaikovsky e

veja como as suas obras podem nos emocio-

nar até os dias de hoje.

https://youtu.be/EPS0r7RPgXo

https://youtu.be/VbxgYlcNxE8

Fonte: Irineu Franco Perpetuo - Coleção Folha Mestres da

Música Clássica.

DEU EM OUTRAS MÍDIAS:

A NOVA NOTA D E 200 Larissa Garcia—O Estado

O Banco Central lançará oficialmente, no dia 2, a nova nota de R$ 200. A cédula entrará em circulação no mesmo dia.

Ainda não foram divulgadas imagens da nota, que trará como personagem o lobo-guará. Se-rão produzidas 450 milhões de unidades até o fim do ano, o equivalente a R$ 90 bilhões.

Segundo o BC, o lançamento tem o objetivo de atender maior demanda por papel-moeda com o pagamento do auxílio emergencial. Além disso, com a pandemia, o dinheiro fica parado na mão das pessoas.

O Banco Central gastará R$ 113,8 milhões a mais do que o previsto no orçamento anual para a produção das novas notas e para a im-pressão de mais 170 milhões de cédulas de R$ 100.

No último dia 20, os partidos Rede, PSB e Po-demos ingressaram com uma ADPF (Ação por Descumprimento de Preceito Fundamental) no STF pedindo a suspensão da entrada em cir-culação da nova nota, anunciada pelo BC.

A ação dos partidos é baseada em manifesto público contra a criação da nova cédula, lança-da no início do mês passado por dez organiza-ções anticorrupção, dentre elas, Instituto Não Aceito Corrupção, Transparência Partidária, Transparência Brasil e Instituto Ethos.

A ministra do Supremo Tribunal Federal Car-men Lúcia estabeleceu um prazo de 48 horas para que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, prestasse esclarecimentos sobre a cria-ção da nova cédula de R$ 200.

Em manifestação, enviada no dia 27, a autori-dade monetária disse que acarretaria um "sério prejuízo" a sus-pensão da circu-lação da nova no-ta.

Até o Lobo Guará

anda meio triste

com a situação do

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Violência Doméstica e Familiar — Eloisa Lima Pereira

Instagran @elolima_17; Facebook Eloisa Lima Pereira; Coach/Administradora; Membro colaboradora do Grupo Mulheres do Brasil - Núcleo Violência Contra Mulher e Comissão da Mulher Advogada - OAB SP

Jornal da Vila Ré e região Ano II- Nº 21 SETEMBRO de 2020 Pág. 8

No mês de agosto a Lei Maria da Penha (Lei

11.340/2006), completou 14 anos.

A História da Maria da Penha e de superação,

porque passou por diversas agressões graves

pelo seu ex-companheiro e com muita luta e

depois de anos a Lei foi sancionada.

Entre no link https://

www.institutomariadapenha.org.br/, você irá

conhecer mais da história e obter dados sobre

a Violência Doméstica; proteção para as mu-

lheres.

Diante dos dados estatísticos e casos relata-

dos de agressão é nítido que há necessidade

de mais mecanismos de proteção a ser incor-

porado em Políticas Públicas, na Lei, divulga-

ção, treinamentos, educação e engajamento

social.

Conscientizar as crianças desde cedo em ca-

sa e nas escolas é super importante. A socie-

dade também deve ser envolvida, para que

não se omita.

A falta de informação, as falhas na aplicação e

a falta de conhecido da Lei Maria da Pe-

nha pela população e profissionais da ‘lei’, é

constatada através de relatos e

documentos que representam a falta

de ações/informações para a proteção da

vítima.

O DataSenado em parceria com o Observató-

rio da Mulher contra Violência, aponta em pes-

quisa realizada em 2019 que:

1. 47% das entrevistadas, relatam que a Lei

Maria da Penha as proteja em parte;

2. 30% das entrevistadas se sentem protegi-

das e

3. 2% não sabem ou não quiseram responder.

4. 21% das entrevistadas, acreditam que a Lei

Maria da Penha não as proteja contra a vio-

lência doméstica e familiar;

Em levantamento realizado, foi constatado

que:

a) 11% das entrevistadas não conheciam nada

a respeito da Lei Maria da Penha;

b) 68% conheciam um pouco.

Esses dados demostram a falta de conheci-

mento e informação sobre a Lei na sociedade.

Como se proteger, sem conhecimento?

Chama a atenção também os dados estatísti-

cos para serviços especializados, para atender

as mulheres em situação de violência. De-

monstra melhoria em ações governamentais.

Município com mais de 500 mil habitantes pos-

suem ao menos 01 serviço de atendimento es-

pecializado, para cidades com população infe-

rior o atendimento é menor ou pode nem exis-

tir.

Este observatório também constata que há três

desafios a serem enfrentados futuramente:

a) fortalecer a rede de atendimento às mulhe-

res em situação de violência;

b) priorizar a educação como instrumento

c) de conscientização e assegurar a produ-

ção e

d) oferta de dados e informações que pos-

sam servir de insumo para o aprimora-

mento do funcionamento dessa rede.

Atualmente tramita no Senado Federal solicita-

ções de ações para mais proteção como: PL

2510/2020, que obriga síndicos e vizinhos a in-

formarem autoridades sobre casos de violência

doméstica dentro dos condomínios.

São Paulo fecha o 1º semestre de 2020 com

o maior número de Feminicídios desde cria-

ção da Lei Maria da Penha, 87 casos registra-

dos.

83% dos casos tem autoria conhecida

69% da ocorrência ocorreram dentro da casa

Média da vítima é de 35 anos.

O Tribunal de Justiça de São Paulo criou o ca-

nal virtual “Carta de Mulheres”. As vítimas ou

qualquer outra pessoa que queira ajudar, aces-

sam o formulário online. Os atendentes são da

Coordenadoria da Mulher em Situação de Vio-

lência Doméstica e Familiar do Poder Judiciário

(Comesp). O canal de denúncia é sigiloso e

abrange todo o Estado de São Paulo.

Se a mulher possui Medida Protetiva há o apli-

cativo SOS Mulher, que notifica as viaturas mais

próximas de que a medida está sendo desres-

peitada.

Veja o quanto é importante e relevante ações

contra a violência doméstica.

AS MAIS DIVERSAS VISÕES SOBRE A MESMA HISTÓRIA Prof. Rogério Mendes

Maria da Penha

O mês de setembro para nós brasileiros repre-

senta a visão de um ato heroico. Trata-se do

desligamento do Brasil de sua metrópole

(Portugal), Assim, Pedro abriria mão de ser

herdeiro ao seu trono, mudando drasticamente

a vida da corte, lusitana e tupiniquim, revelan-

do os muitos interesses envolvidos e a forma

diversa de ver este episódio histórico. A Histó-

ria, como é relatada, se constitui em uma nar-

rativa proposital e cheia de imposições român-

ticas para manter tudo sobre os mesmos pila-

res.

Fomos ensinados que ao decretar a Indepen-

dência nas margens do Ipiranga, o Príncipe

Regente Pedro acabava de tornar o Brasil livre

de Portugal. Entretanto, o significado deste ato

decorre do que estava acontecendo no mundo

durante aqueles anos entre os séculos XVIII e

XIX. Os interesses políticos das grandes elites

dividiam-se pela permanência ou rompimento

de certos privilégios dos Reis Absolutistas., o

que provocariam o aparecimento de novas

castas sociais impondo suas vontades. É preci-

so ver a Independência do Brasil com mais cui-

dado, fazer uma análise global e mais concre-

ta, trabalhando a reconstrução das narrativas

simples e valorizar as conquistas, criando outra

identidade coletiva.

A Europa havia saído de uma das guerras

mais violentas. A burguesia cobrava mais parti-

cipação na política das nações e cortes em pri-

vilégios da nobreza. As ideias forjadas pelo ilu-

minismo e que influenciaram na Revolução

Francesa, colocaram líderes como Napoleão

Bonaparte no poder e com pretensões hege-

mônicas no mundo. A invasão de Portugal for-

çou D. João VI a se exilar em sua colônia na

América. As reformas promovidas no Brasil fo-

ram bem vista pela elite local, mas muito ques-

tionada pela burguesia de Portugal, pois esta

iria perder seus privilégios nas terras domina-

das desde 1530, o início do povoamento local.

A queda de Napoleão Bonaparte levou as po-

tências europeias a reivindicar seus interesses

no Congresso de Viena. Devido ao fato de que

Portugal não contava com o seu monarca para

defender e cobrar medidas que o beneficiasse

a elite lusitana cobrará o retorno de D. João VI

a sua nação. Havia o temor de que a colônia se

tornasse mais importante em relação a metró-

pole, devido a fusão do Brasil ao Reino Unido

de Portugal. Temendo perder seu trono, o Rei

regressa ao velho continente, mas deixa as ins-

truções bem claras a seu filho de se tornar o

libertador da colônia antes que algum aventu-

reiro o realizasse.

O ano que levou a Independência foi cheio de

problemas para o Príncipe Regente do Brasil,

pois Pedro era pressionado tanto localmente,

como na Europa; o que o forçou a buscar apoio

em José Bonifácio. A imperatriz Leopoldina,

uma mulher à frente de seu tempo, como outras

que não são citadas na História, assinou a De-

claração de Independência no lugar do futuro

monarca que buscava apoio das elites mineiras,

que eram a maior força política do período. As-

sim se deu o mítico grito de “independência ou

morte”, ato imortalizado pelo quadro idealizado

por Pedro Américo em 1888.

Compreender o que antecedeu a Independência

do Brasil se constitui na desmitificação de al-

guns discursos que, tanto se fazem presentes

em nossa cultura. Diversos relatos irão valorizar

apenas o resultado, mas o que levou a isto tudo

a ser realizado?

Esta manobra é uma abordagem positivista de

pregar o progresso e os grandes feitos, não dei-

xando claro o todo, retirando da população as

condições de poder questionar as mais diversas

situações e compreender o seu presente. O

“herói” que fez o sacrifício por nós deve ser lem-

brado, mas o que falar dos interesses e mano-

bras políticas para a manutenção dos privilégios

de certos grupos que estão ai até os dias de

hoje?