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Ficar em casa e lavar as mãos são condutas ideais para evitar Covid19 Pelo ar ou pelo contato. É assim que o novo coronavírus pode ser transmitido de pessoa em pessoa. Ficar em casa, isolado, é a melhor solução para quem deseja preservar a saúde da fa- mília e de toda a comunidade. Ir aos supermerca- dos, Leia mais: Onde se joga o grande jogo Comparar as atitudes adotadas do governo brasileiro, diante da crise, com as do Reino Unido, Espanha ou Coreia do Sul pode levar a uma falsa impressão. Lá, ao contrário daqui, o ca- pitalismo teria aceito entregar os anéis, para preservar os de- dos. Leia mais: Ano XIII - Edição 151 - Julho de 2020 Distribuição Gratuita Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar + NESTA EDIÇÃO 8 falsos benefícios do consumo de limão São muitos os mitos sobre o con- sumo de limão mas nem todos os supostos benefícios são verdadei- ros. Descubra algumas dessas mentiras. Cultura africana - o que é, como se manifesta e qual sua influência? A cultura africana se espalhou pelo mundo com a prática da escravidão e mudou os conceitos e crenças de muitos povos, como ocorreu no Brasil Colonial. Dia do Bombeiro Brasileiro O Corpo de Bombeiros, no Brasil, surgiu em 2 de Julho de 1856 quando o Imperador Dom Pedro II assinou um decreto de Serviço de Extinção de In- cêndio, mas, somente em 1954 essa data foi oficializada. Cerveja para salvar os rios e os mares Depositar na água os restos da fabricação da bebida e de podas de plantas eliminaria 40% dos nitratos expelidos pelas estações de tratamento, segundo um estudo científico O ensino da literatura e o uso da tecnologia O ensino da literatura é um desafio para todos os docen- tes. Envolve não apenas estimular o gosto pela leitura, mas através dela aprender a ler, interpretar e Lusofonia: ação estratégica? A lusofonia já faz tempo que tem espraiado a sua atuação para além das raízes linguísticas. Hoje, o lado político-econômico tem ocupado cada vez mais espaço nas ações da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), haja vista o incremento constante do número de Observadores Associados. As estátuas do nosso desconforto Se as derrubamos, não é porque nos incomodem em si mes- mas. Mas por estarem vivas as três formas de dominação – ca- pitalista, patriarcal e colonial – que as colocaram em pedestais e nos trouxeram a um presente que precisamos superar. Réquiem pela democracia Mais uma vez, depois de tantas, as elites brasileiras preferi- ram correr o risco de cair na ditadura (quando não a deseja- ram desde o início) Infantolatria: as consequências de deixar a criança ser o centro da família Além das complicações na vida dos filhos, como dificuldade de socialização e inse- gurança, deixar a criança comandar a dinâmica familiar pode prejudicar – e muito – o casal

Ano XIII - Edição 151 - Julho de 2020 Distribuição GratuitaO Corpo de Bombeiros, no Brasil, surgiu em 2 de Julho de 1856 quando o Imperador Dom Pedro II assinou um decreto de Serviço

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Page 1: Ano XIII - Edição 151 - Julho de 2020 Distribuição GratuitaO Corpo de Bombeiros, no Brasil, surgiu em 2 de Julho de 1856 quando o Imperador Dom Pedro II assinou um decreto de Serviço

Ficar em casa e lavar as mãos são condutas ideais para evitar Covid19

Pelo ar ou pelo contato. É assim que o novo coronavírus pode ser transmitido de pessoa em pessoa. Ficar em casa, isolado, é a melhor solução para quem deseja preservar a saúde da fa-mília e de toda a comunidade. Ir aos supermerca-dos, Leia mais:

Onde se joga o grande jogo

Comparar as atitudes adotadas do governo brasileiro, diante da crise, com as do Reino Unido, Espanha ou Coreia do Sul pode levar a uma falsa impressão. Lá, ao contrário daqui, o ca-pitalismo teria aceito entregar os anéis, para preservar os de-dos.

Leia mais:

Ano XIII - Edição 151 - Julho de 2020 Distribuição Gratuita

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

+ NESTA EDIÇÃO

8 falsos benefícios do consumo de limão

São muitos os mitos sobre o con-sumo de limão mas nem todos os supostos benefícios são verdadei-ros. Descubra algumas dessas mentiras.

Cultura africana - o que é, como se manifesta e

qual sua influência?

A cultura africana se espalhou pelo mundo com a prática da escravidão e mudou os conceitos e crenças de muitos povos, como ocorreu no Brasil Colonial.

Dia do Bombeiro Brasileiro

O Corpo de Bombeiros, no Brasil, surgiu em 2 de Julho de 1856 quando o Imperador Dom Pedro II assinou um decreto de Serviço de Extinção de In-cêndio, mas, somente em 1954 essa data foi oficializada.

Cerveja para salvar os rios e os mares

Depositar na água os restos da fabricação da bebida e de podas

de plantas eliminaria 40% dos nitratos expelidos pelas estações

de tratamento, segundo um estudo científico

O ensino da literatura e o uso da tecnologia

O ensino da literatura é um desafio para todos os docen-tes. Envolve não apenas estimular o gosto pela leitura, mas através dela aprender a ler, interpretar e

Lusofonia: ação estratégica? A lusofonia já faz tempo que tem espraiado a sua atuação para além das raízes linguísticas. Hoje, o lado político-econômico tem ocupado cada vez mais espaço nas ações da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), haja vista o incremento constante do número de Observadores Associados.

As estátuas do nosso desconforto

Se as derrubamos, não é porque nos incomodem em si mes-mas. Mas por estarem vivas as três formas de dominação – ca-pitalista, patriarcal e colonial – que as colocaram em pedestais e nos trouxeram a um presente que precisamos superar.

Réquiem pela democracia Mais uma vez, depois de tantas, as elites brasileiras preferi-ram correr o risco de cair na ditadura (quando não a deseja-ram desde o início)

Infantolatria: as consequências de deixar a criança ser o centro da família

Além das complicações na vida dos filhos, como dificuldade de socialização e inse-gurança, deixar a criança comandar a dinâmica familiar pode prejudicar – e muito – o casal

Page 2: Ano XIII - Edição 151 - Julho de 2020 Distribuição GratuitaO Corpo de Bombeiros, no Brasil, surgiu em 2 de Julho de 1856 quando o Imperador Dom Pedro II assinou um decreto de Serviço

Ficar em casa e lavar as mãos são condutas ideais para

evitar Covid19 Pelo ar ou pelo contato. É assim que o no-vo coronavírus pode ser transmitido de pes-soa em pessoa. Ficar em casa, isolado, é a melhor solução para quem deseja preservar a saúde da família e de toda a comunidade. Ir aos supermercados, hospitais ou qual-quer outro ambiente com grande fluxo de pessoas não é a melhor ideia, se não há necessidade. E na falta de álcool em gel, Angélica Novaes, infectologista do Hospital Geral do Estado (HGE), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), garante ser seguro lavar frequentemente as mãos com água e sabão, ao invés de se submeter a filas e esbarrões acidentais na busca pelo produto.

“O risco é invisível. Não precisa você pre-senciar um espirro ou tosse para concluir que pode ser contaminado com a Covid-19. As gotículas de saliva expelidas por um do-ente nas falas são postas para o ambiente e se fixam em objetos, que pode ser um balcão, uma mesa, um carrinho de super-mercado, uma cadeira, um corrimão, um produto, entre outros. E muitas vezes o do-ente pode nem saber que está infectado. É por isso que é importante não sairmos de casa, pois no decorrer dos dias, sem os deslocamentos, vamos percebendo quem passou a apresentar os sintomas e os vírus expelidos morrem naturalmente nos obje-tos”, justificou a médica.

A infecção acontece quando temos contato com o vírus e levamos até nossos olhos, nariz ou boca. Ele pode permanecer em su-perfícies lisas, como vidro ou plástico, por alguns dias. A partir do contágio, a Covid-19 pode se manifestar, em média, após se-

te dias, mas dados preliminares também sugerem que a transmissão possa ocorrer mesmo sem o aparecimento de sinais e sin-tomas. Ou seja, é por tudo isso que esse vírus é tão contagioso e devem-se evitar ambientes com aglomeração de pessoas.

Ficando em casa, o Ministério da Saúde recomenda: o não compartilhamento de co-pos, talheres e objetos de uso pessoal; a preferência por ambientes arejados, diminu-indo o uso de ventilação artificial; a desin-fecção frequente de objetos e superfícies tocados com a utilização de álcool, desinfe-tante ou detergente; a limpeza das mãos com água e sabão por pelo menos 20 se-gundos (pode utilizar álcool em gel ou de-sinfetante para mãos à base de álcool), es-fregando bem a palma, o dorso e as regi-ões entre os dedos; utilizar lenço de papel descartável para cobrir boca e nariz ao tos-sir ou espirrar; e evitar tocar nos olhos, na-riz e boca com as mãos não lavadas.

“O novo coronavírus é da família de vírus que pode resultar em infecções respirató-rias, que vão desde um resfriado, até sín-dromes respiratórias mais severas. A Orga-nização Mundial da Saúde (OMS) calcula que 5% dos pacientes pode ter o agrava-mento do quadro, quando ligado a doenças crônicas, apresentando sérias dificuldades para respirar. No início de março, a taxa de letalidade era de 3,5%, mas o Ministério da Saúde suspeita que pode ser ainda menor, já que pode ter existido subnotificação dos casos no exterior. Os públicos mais vulne-ráveis são idosos e pessoas com o sistema imunológico debilitado”, explicou a infecto-logista do HGE.

Apesar dos avanços nas pesquisas, ainda não há medicamento, substância, vitamina, alimento ou vacina que possa prevenir a infecção do SARCS-Cov-2. As máscaras devem ser reservadas ao doente ou a quem teve contato com algum infectado, para que não venha a contaminar outras pessoas, e profissionais da saúde que atu-am em unidades que possam atender pos-síveis casos suspeitos. Após expirar a vali-dade, a orientação é descartar a máscara em local adequado e, mais uma vez, lavar as mãos com água e sabão.

Thallysson Alves

Julho 2020 Gazeta Valeparaibana Página 2

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download na web

Diretor, Editor e Jornalista responsável Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J

Colaboradores Fixos:

Mariene Hildebrando

Genha Auga

Filipe de Sousa

João Paulo E. Barros

Marcelo Goulart

Colaboradores eventuais:

Thallysson Alves

Antonio Martins

Esther Sánchez

Nuno Craveiro Lopes

Boaventura de Sousa Santos

Thiago Ribeiro

Raquel Paulino

Senador Paulo Paim

Fabrício Silveira

Fontes:

El País

Callendar

Democratas

IMPORTANTE

Todas as matérias, reportagens, fotos e demais conteúdos são de inteira responsa-bilidade dos colaboradores que assinam as

matérias, podendo seus conteúdos não corresponderem à opinião deste Jornal.

Colaboraram nesta edição

CURIOSIDADES As duas cidades de maior altitude do continente africano ficam na Etiópia: A-dis Abeba (2.408m) e Asmara (2.374m). Em meados da década de 1970, a média de vida na Guiné (África) era de 27 anos (26 para os homens e 28 para as mulhe-res). Na Suécia era de 74,2 anos (71,8 a-nos para os homens e 76,5 para as mu-lheres). No Brasil era em torno de 58 a-nos. O conceito de Produto Nacional Bruto (PNB) foi criado por Simon Kuznets, pro-fessor em Harvard, nascido na Rússia em 1901 e naturalizado estadunidense. Por causa da criação desse conceito, ga-nhou o Prêmio Nobel de Economia, em 1971. Para o coroamento da rainha Elisabeth II, na Inglaterra, em 1953, meteorologistas foram procurados para escolherem uma data em que haveria tempo bom, sem ris-cos de chuvas. Foi escolhido o dia 2 de junho daquele ano. E choveu!

.A origem do Sars-CoV

Ao lado de vírus encontrados em morce-gos, vários artigos relataram a presença de coronavírus em pangolins, com similaridade de 85,5-92,4% com o genoma do Sars-Cov-2. Pangolins são vendidos ilegalmente na China pela sua carne, escamas e uso na tradicional medicina chinesa. Embora em princípio não fossem vendidos no mercado

de Wuhan, não é possível descartar a sua possível venda ilegal.

O genoma do Sars-CoV-2 apresenta 96% de similaridade com o do vírus RaTG13, obtido do morcego Rhinolophus affinis, va-lor bastante superior à similaridade obser-vada com vírus de pangolins, o que sugere que o pangolim não tenha transmitido o ví-rus diretamente ao homem.

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Julho 2020 Gazeta Valeparaibana Página 3

Onde se joga o grande jogo

Comparar as atitudes adotadas do governo brasileiro, diante da crise, com as do Rei-no Unido, Espanha ou Coreia do Sul pode levar a uma falsa impressão. Lá, ao contrá-rio daqui, o capitalismo teria aceito entregar os anéis, para preservar os dedos.

Para compreender como esta ideia é ilusória, basta analisar um fato. Na quinta-feira (12/3), as principais bolsas de valores do mundo sofreram o pior revés, em muitos a-nos. As perdas acumuladas, após três semanas de coronavírus, superaram as da cri-se de 2008. Imediatamente, Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), anunciou um mega-pacote de resgate, de 1,5 trilhão de dólares. Vale comparar: em segundos, liberou-se um volume de recursos 6,8 vezes maior que “fuckload of money” destinado aos gastos adicionais do Estado britânico, nos próximos cinco anos. Na sexta-feira pela manhã, outros bancos centrais anunciaram movimentos semelhantes. A baronesa Thatcher ficaria orgulhosa.

A operação de salvamento demonstra como são grandes os riscos de uma crise finan-ceira e econômica global. O mecanismo deflagrador foi descrito em detalhes por Ou-tras Palavras há uma semana. Os bancos, inundados de dinheiro pelos Estados des-de 2008 e em busca de lucros cada vez maiores, emprestaram montanhas de dinheiro a grandes corporações. Grande parte dos créditos foi oferecida de modo irresponsá-vel, a empresas que não poderão saldar as dívidas, se a engrenagem do endivida-mento permanente parar de circular. O coronavírus exerceu o papel do grão de areia. A paralisação de diversos setores – aviação, hotelaria, automobilístico, eletrônico, en-tre outros – reduziu a receita de muitas destas empresas e expôs sua possível insol-vência. Se ela se concretizar, os próprios bancos serão o elo a seguir, na linha de contágio. Cada sinal de debilidade das economias provocará um novo abalo nos mer-cados financeiros. O desta semana foi a interrupção dos voos entre Europa e Estados Unidos, decretada por Trump para mostrar “comportamento macho” diante da crise, depois de semanas de negacionismo.

A operação de resgate dos bancos centrais provavelmente não apagará o incêndio. Mas vale a pena debater, em particular, dois de seus aspectos. Foi, em primeiro lugar, um ato em favor da economia-cassino. É como se o Fed e seus correlatos avisassem, aos mega-especuladors globais, que podem continuar apostando, indefinidamente e sem medo, porque seus eventuais prejuízos serão bancados… pelos Estados.

Segundo, e ainda mais espantoso: US$ 1,5 trilhão foi criado do nada, por ato exclusi-vo de tecnocratas cujas decisões jamais são submetidos às sociedades. Não houve um minuto de debate, no Congresso ou na imprensa. Nenhum centavo do orçamento norte-americano precisou ser deslocado. Não faltará um saco de cimento ao muro que Donald Trump quer construir contra o México, ou um naco de nugget às refeições que 165 mil soldados norte-americanos, espalhados por 150 países, recebem por dia.

É como se houvesse, no capitalismo financeirizado, dois estoques paralelos de dinhei-ro. Um circula entre milhões de pessoas que trabalham, consomem, trocam, pagam impostos, usufruem dos serviços públicos. Outro volume de dinheiro é criado do nada pelos bancos centrais e comerciais. Os dois estoques, porém, circulam igualmente – vão às compras juntos. As cédulas têm as mesmas efígies; os sinais magnéticos que movimentam as contas bancárias são idênticos. As montanhas de dinheiro transferi-das aos bancos desde 2008 – cerca de US$ 40 trilhões – são as que inflacionam os mercados imobiliários das metrópoles em todo o mundo e aceleram a desnacionaliza-ção das empresas na periferia do sistema.

Faça, agora, um cálculo simples. Imagine que, ao invés de socorrer os bancos, o Fed distribuísse US$ 1,5 trilhão entre os 300 milhões de habitantes dos EUA. Seriam US$ 5 mil para cada um. Pergunte a si mesmo: se criar dinheiro do nada para um punhado de bancos, corporações e bilionários é possível – por que seria inviável usar a moeda como ferramenta para a igualdade e a garantia de vida digna para todos?

Antonio Martins

Autodegredo

No autodegredo está o remédio

Contra o mal que nos consome

Nele o rico sente tédio

Enquanto o pobre sente fome

E tem que escolher

Entre jejuar sem querer

Ou enfrentar o inimigo

Que fica do lado de fora

Paciente esperando a hora

De invadir os corpos famintos.

.

Cai o índice de isolamento

Aumenta o número de óbitos

Tornando maior o desalento

Nos que choram seus mortos

E que são proibidos

De abraçar os entes queridos

Que eternamente dormem

E passam a apoiar tais medidas

Quando os que eram estatística

Se tornam indivíduos com nome.

.

A arma do algoz

É a invisibilidade

E a distância entre nós

É a sua vulnerabilidade

Portanto tomemos os abraços

Beijos e também os passos

E os guardemos no degredo

E assim o amor acumulado

Em breve será compartilhado

Sem limitações nem medo.

Eduardo de Paula Barreto.

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

O Dia do Hospital é comemorado no Brasil em 2 de julho.

A instituição dessa data, através do Decreto Nº 50.871, de 27 de junho de 1961, tem como objetivo comemorar a criação dos hospi-tais no Brasil.

Esta é uma forma de homenagear a instituição e os profissionais que trabalham na área da saúde, como médicos, enfermeiros, ra-

diologistas, terapeutas, psicólogos, entre outros.

É uma boa data para nos lembrarmos da importância que essas infraestruturas têm para a sociedade e que parte da população brasileira ainda carece de acesso aos hospitais.

A origem dos hospitais remete a Idade Média, quando as ordens religiosas começaram a acolher e cuidar de doentes em suas de-pendências.

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Julho 2020 Gazeta Valeparaibana Página 4

DIA DO BOMBEIRO BRASILEIRO

O Corpo de Bombeiros, no Brasil, surgiu em 2 de

Julho de 1856 quando o Imperador Dom Pedro II assinou um de-

creto de Serviço de Extinção de Incêndio, mas, somente em 1954

essa data foi oficializada.

Na época, era o badalar de sinos que alertava homens, mulheres e

crianças que ficavam enfileirados ao poço mais próximo passando

baldes de mão em mão até o local das chamas de forma arriscada.

Os dez primeiros bombeiros foram treinados precariamente em um

carro puxado por cavalos onde carregavam pipas de água e, so-

mente em 1887 é que passaram a receber bons equipamentos e

uma bomba com mangueira.

Em 1891 aumentou consideravelmente o efetivo de homens e fo-

ram instalados 50 aparelhos telefônicos para agilizar a cavalaria e

seis bicicletas para fazer ronda.

Os primeiros bombeiros militares surgiram na Marinha, devido os

riscos de incêndio nos antigos navios de madeira e eles existiam

apenas como uma especialidade, não como Corporação.

A denominação de bombeiros deveu-se a operarem principalmente

bombas de água com dispositivos malfeitos

em madeira, ferro e couro.

Com a Proclamação da República, os Estados que possuíam me-

lhores condições financeiras passaram a constituir seus próprios

Corpos de Bombeiros. Ao contrário do Corpo de Bombeiros da Ca-

pital Federal, que desde o início fora concebido com completa auto-

nomia, essas Corporações foram criadas dentro da estrutura das

Forças Estaduais, antiga denominação das atuais polícias militares.

Os bombeiros são profissionais das forças de segurança e sejam

civis ou militares, são responsáveis pelo combate a incêndios e,

resgate de vítimas de incêndios, afogamentos, catástrofes e aci-

dentes. Atualmente conscientizam a população sobre medidas de

segurança, realizam perícias e investigam a origem dos incêndios.

Para ser um bombeiro é preciso ter o desejo de servir a população,

ter condicionamento físico, equilíbrio emocional, autocontrole, ca-

pacidade de decisão, lidar com a visão de sangue, com situações

adversas, pensar e agir sobre pressão, coragem, disciplina, raciocí-

nio rápido e liderança.

Há bombeiros: militares, civis, brigadistas particulares.

Para ser oficial é preciso cursar uma escola superior de formação e

aperfeiçoamento.

No Brasil há três escolas de nível superior para formar oficiais-

bombeiros: no Rio, São Paulo, Brasília.

Existem cursos de formação de soldados, cabos e sargentos bom-

beiros em todos os Estados, podendo ingressar na corporação co-

mo soldado ou como oficial e, para ambos os cargos, o recruta-

mento se dá por concurso público.

O bombeiro civil, ou brigadista particular, necessita ter Curso de

Formação de Bombeiro Civil Profissional.

Desde 1915 são considerados Força Auxiliar e Reserva do Exército

Brasileiro integrando o Sistema de Segurança Pública e Defesa So-

cial do Brasil e, a legislação federal, passou a permitir que as for-

ças militarizadas dos Estados pudessem ser incorporadas ao Exér-

cito Brasileiro, em caso de mobilização nacional.

Os membros da Policia Militar são denominados Militares dos Esta-

dos pela Constituição Federal de 1988, dessa forma, subordinados

à Justiça Militar Estadual. Já os Militares Federais, são integrantes

das três Forças Armadas (Marinha, Exército e Força Aérea), subor-

dinados à Justiça Militar da União.

Em 1917 a Brigada Policial e o Corpo de Bombeiros da Capital Fe-

deral tornaram-se oficialmente Reservas do Exército; condição es-

tendida aos Estados. Nesse período os Corpos de Bombeiros, co-

mo integrantes das Forças Estaduais, participaram com brio dos

principais conflitos armados que atingiram o país.

Essa condição foi alterada após as Revoluções de 1930 e

de 1932sendo imposta pelo Governo Federal a desmilitarização

dos Corpos de Bombeiros em 1934. Com o final da Segunda Guer-

ra Mundial e a consequente queda do Estado Novo, as Forças Es-

taduais voltaram ao completo controle dos Estados passando-se a

permitir a militarização dos Corpos de Bombeiros, desde que estes

fossem reincorporados às Polícias Militares.

Em 1967 foi criada a Inspetoria Geral das Polícias Militares (IGPM),

subordinada ao então Ministério da Guerra a qual passou a geren-

ciar diversas mudanças nas estruturas das polícias militares e, con-

sequentemente, nos Corpos de Bombeiros, inserindo padroniza-

ções e estabelecendo exclusividades.

Ao fim do Governo Militar, com a instituição de uma Nova Constitui-

ção, os Estados passaram a dispor de autonomia para administrar

suas Forças de Segurança da maneira que melhor lhes conviesse.

A maioria optou por desvincular os Corpos de Bombeiros das Polí-

cias Militares.

A equipe de bombeiros, atualmente, executa uma ampla variedade

de atendimentos especializados:

- Guarda Vidas.

- Combate a incêndios florestais.

- Salvamento aquático.

- Resgate em alturas.

- Resgate em montanhas.

- Acidentes com produtos inflamáveis, tóxicos, engasgamentos.

- Vistorias técnicas nas condições de segurança em prédios e em-

presas, etc.

- Prevenção e controle de incêndios.

- Resgate em catástrofes.

- Assistência em acidentes de trânsito.

- Remoção de árvores caídas.

- Resgate de animais.

Primeiros Socorros e atendimento em situações difíceis (tentativa

de suicídio, desaparecimento em matas, traumas acidentais).

Serviço de atendimento pré-hospitalar, atualmente, equipes forma-

das por médicos (prestam plantão de atendimento junto ao Corpo

de Bombeiros) e bombeiros socorristas (atuam sob supervisão mé-

dica direta ou à distância).

Hoje em dia podemos acessar o corpo de bombeiros através do

telefone 193, um número que atende localidades de todo o país.

O que define a profissão de bombeiro?

Dedicação em salvar vidas!

Genha Auga

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

2 de julho Dia do Bombeiro

Oficialmente, o Dia do Bombeiro Brasileiro foi instituído através do

decreto-lei nº 35.309, de 2 de abril de 1954.

Os primeiros registros dos serviços do Corpo de Bombeiro no Bra-

sil surgiram no ano de 1856, quando o imperador D. Pedro II assi-

nou um decreto para diminuição dos incêndios, e com a criação do

Corpo Provisório de Bombeiros da Corte, inaugurado em 2 de julho

do mesmo ano, no Rio de Janeiro, comandado pelo do major João

Batista de Morais Antas.

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Julho 2020 Gazeta Valeparaibana Página 5

Cerveja para salvar os rios e

os mares

Depositar na água os restos da fabricação

da bebida e de podas de plantas eliminaria

40% dos nitratos expelidos pelas estações

de tratamento, segundo um estudo científico

Restos do preparo da cerveja e de podas,

assim fácil. Um grupo de pesquisadores do

CEAB-CSIC (Centro de Estudos Avançados

de Blanes-Conselho Superior de Pesquisas

Científicas) encontrou uma "potencial solu-

ção sustentável, barata, simples e de aplica-

ção imediata", para acabar com o principal

problema de poluição de rios, represas, la-

goas e outros mananciais: o excesso de ni-

tratos que os asfixiam com a redução de oxi-

gênio e a proliferação de microalgas.

O método é simples: deixar na água os res-

tos orgânicos da poda das plantas aquáticas

utilizadas nos sistemas naturais de limpeza

das estações de tratamento ou despejar os

resíduos da fabricação de cerveja que as

empresas jogam fora. "É possível aumentar

em até 40% as taxas de desnitrificação bac-

teriana, a principal responsável pela remo-

ção de nitratos na água no ambiente natural

", dizem os cientistas. Um porcentual que

"poderia dobrar". Trata-se de aproveitar o

serviço de autopurificação que "o rio dá de

graça", diz Albert Sorolla, diretor técnico de

Natureza da CEAB e membro da equipe. Os

cientistas dizem que pode ser aplicado de

forma imediata e já está sendo usado expe-

rimentalmente em parques urbanos em Bar-

celona, onde há lagoas e reservatórios.

Os dados do estudo, publicado na revista

Environmental Science and Technology, fo-

ram obtidos a partir de um experimento em

laboratório, mas os resultados dos testes

nas instalações do Urban River Lab (um la-

boratório ao ar livre construído na estação

de tratamento Montornès del Vallès) e no rio

"sugerem que os porcentuais de redução de

nitratos poderiam dobrar." A melhor opção

seria que os jardineiros que podam as plan-

tas que algumas estações de tratamento

têm nas suas instalações "deixem os restos

alguns dias na água", explica Miquel Ribot,

chefe técnico do Urban River Lab e principal

autor do estudo, em um comunicado. Essa

matéria orgânica deixada na água proporcio-

na um carbono de muito boa qualidade, que

faz disparar "a desnitrificação natural do rio

", complementando o trabalho das estações

de tratamento.

O problema das águas está aumentando no

contexto das atuais mudanças climáticas e

da falta de chuvas, alertam os pesquisado-

res. Um cenário que impede que os rios me-

diterrâneos diluam os nitratos que chegam a

eles das estações de tratamento, mesmo

que estas cumpram a legislação europeia.

"Não podem porque não têm água suficien-

te. De fato, no verão alguns rios estão com-

pletamente secos e a água que eles contêm

vem inteiramente dos efluentes. Por outro

lado, é eliminada parte dos poluentes da á-

gua, como fósforo, nitrogênio e matéria or-

gânica, provenientes do esgoto, "mas há li-

mitações tecnológicas e econômicas para

expeli-los por completo". Para complicar, em

rios pouco caudalosos, esses nutrientes ex-

tras se ligam aos fertilizantes usados na a-

gricultura, causando "excesso de nitratos

em nosso país".

Esther Sánchez

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

Dados úteis sobre o vírus Corona

* O vírus não é um organismo vivo, mas u-ma molécula de proteína, coberta por uma camada protetora de gordura que é absorvi-da pelas células da mucosa ocular, nasal ou bucal, causando o contágio.

* Como o vírus não é um organismo vivo, ele não é morto, mas se decompõe por si próprio. O tempo de desintegração depende da temperatura, humidade e do tipo de ma-terial em que se encontra.

* A única coisa que protege o vírus é a fina camada externa de gordura. É por isso que qualquer sabão é o melhor meio de o des-truir, porque a espuma de sabão dissolve a gordura. Para isso é preciso esfregar por pelo menos 20 segundos e fazer muita es-puma. Ao dissolver a camada de gordura, o vírus desintegra-se.

* O calor derrete a gordura; por isso deve-se usar água acima de 25 graus para lavar as mãos, roupas e tudo mais. A água quente

produz mais espuma, o que a torna ainda mais eficaz.

* Álcool ou qualquer líquido com álcool su-perior a 65% dissolve qualquer gordura, in-cluindo a camada lipídica externa do vírus, provocando também a sua desintegração.

* Qualquer mistura com 1 parte de hipoclori-to (lexivia) e 5 partes de água dissolve dire-tamente a proteína do virus, destruindo-o.

* O peróxido de hidrogênio (água oxigena-da) também é eficaz, depois do sabão, álco-ol e cloro, porque dissolve as proteínas do vírus, mas é necessário usá-lo puro o que causa lesão da pele.

* Os antibióticos não são eficazes. O vírus não é um organismo vivo como as bactérias; Não se pode matar o que não é um organis-mo vivo com antibióticos.

* O vinagre não é útil porque não dissolve a camada protetora de gordura do vírus.

* As bebidas alcoólicas não são eficazes. A vodka mais forte só tem 40% de álcool. Para ser eficaz é necessário álcool a 65%.

* Numa superfície porosa como a roupa, o Corona virus desintegra-se após 3 horas, 4 horas em superfícies de cobre e madeira, 1 dia em papelão, 2 dias em metal, 3 diasvno plástico e 9 DIAS no chão/asfalto. Use ape-nas um par de sapatos par ir à rua e deixe-os fora da porta.

* NUNCA agite roupas, lençóis ou roupas

usadas ou não utilizadas e não use espana-dor, pois as moléculas do vírus flutuam no ar por até 3 horas e podem ser aspiradas pelo nariz!ou pela boca.

As moléculas virais permanecem muito está-veis no frio exterior ou artificial produzido pelos aparelhos de ar condicionado. Tam-bém precisam de humidade para permane-cer estáveis e principalmente de escuridão. Portanto, ambientes secos, quentes e bri-lhantes o degradam mais rapidamente.

* A luz ultravioleta em qualquer objeto que possa conter vírus, lesa a proteína do vírus. É útil para por exemplo, desinfetar e reutili-zar uma máscara.

* O vírus não atravessa uma pele saudável.

* Quanto mais limitado é o espaço onde se encontram as pessoas, maior a concentra-ção do vírus. Quanto mais aberto ou natural-mente ventilado, menor a concentração e menor a possibilidade de contágio.

* Lave as mãos antes e depois de tocar nas membranas mucosas ( boca, nariz e olhos), na comida, nas fechaduras, maçanetas, in-terruptores, controle remoto, telefone celu-lar, relógios, computadores, mesa de traba-lho, TV, etc.

* Mantenha também as unhas curtas para que o vírus não se aloje sob as unhas.

Nuno Craveiro Lopes, do Hospital da Cruz Vermelha.Portuguesa.

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Julho 2020 Gazeta Valeparaibana Página 6

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

O ensino da literatura e o uso da tecnologia

O ensino da literatura é um desafio para to-

dos os docentes. Envolve não apenas esti-

mular o gosto pela leitura, mas através dela

aprender a ler, interpretar e escrever. Con-

seguimos nos aprofundar na cultura transi-

tando nos diversos estilos literários que exis-

tem. Nem sempre é algo que o aluno se

sente estimulado a fazer, e cabe a nós pro-

fessores, tornar esse aprendizado o mais

interessante possível, mostrando ao edu-

cando a importância desse saber para a for-

mação do ser humano. Trazendo novos o-

lhares. .Ajudando a construir um ser crítico e

reflexivo.

O ensino de literatura no ensino médio, trás

para o estudante um contributo muito impor-

tante, agindo diretamente na evolução dos

aspectos cognitivos, na concentração, na

imaginação, colocando-os em contato com

novos saberes e culturas variadas. Os leva

a lugares inimagináveis, vivenciando situa-

ções e experiências únicas que impactam

no modo de ser e de estar no mundo, influ-

enciando na formação geral do sujeito. O

ensino de literatura atua diretamente na for-

mação do leitor, na escrita e na produção de

textos.

Para conseguir a atenção do aluno e garan-

tir uma aula de qualidade é necessário pla-

nejar. Esse planejamento tem que estar ali-

nhado com o que vamos passar para o alu-

no, mais o que se quer dele, e isso exige

planejamento sobre como será feito. Como

fazer o aluno se interessar pelo conteúdo

proposto,como fazer a aprendizagem acon-

tecer se não for com domínio do conheci-

mento. Sabendo que competências e habili-

dades queremos ver desenvolvidas em nos-

sos alunos, com certeza nosso objetivo fica-

rá mais fácil de ser atingido.

É possível observar que o planejamento de

aula é um instrumento de suma importância

para atingirmos os objetivos propostos. A-

través do planejamento é que vamos des-

pertar o interesse dos alunos pelos textos

literários, aguçando sua curiosidade e imagi-

nação, tornando esse aprendizado prazero-

so e interessante. Diante dessa constata-

ção, a sugestão de trabalharmos a literatura

através do uso das tecnologias da informa-

ção e da comunicação faz sentido, pois aí

reside um atrativo para os jovens estudantes

que estão sempre em busca de novidades.

O uso da tecnologia como instrumento pe-

dagógico garante um acesso mais global e

profuso a mais alunos, a cultura e as artes

em geral. Possibilita ao aluno tornar-se pro-

tagonista de seu processo de aprendizagem

junto com o professor. Como mediador des-

se processo, o professor deve usar estraté-

gias e metodologias que propiciem ao aluno

se aprofundar nos textos literários, na leitu-

ra, buscando novos meios para isso, entre

eles as tecnologias disponíveis articuladas

com o conteúdo

Os métodos de ensino estão relacionados

as boas estratégias utilizadas pelo docente,

quanto mais diversificadas, melhor, pois

conseguirá atender a todo tipo de necessi-

dade que possa surgir.

È importante não esquecer que o aluno de-

sempenha um papel fundamental na elabo-

ração de seu aprendizado. Ao mesmo tem-

po em que assimila novas informações ele

trás consigo suas experiências, seus conhe-

cimentos, e incorpora tudo isso ao seu a-

prendizado. O professor instiga e ele é obri-

gado a ser ativo, deixa de ser mero expec-

tador para ser também protagonista. A avali-

ação vai estar sempre ocorrendo, ela é inte-

gral, o que faz com que o aluno passe a par-

ticipar mais, resolvendo, buscando soluções,

informações, estando mais comprometido

com seu processo de aprendizagem, e isso

acaba gerando mais autonomia também.

Uma das formas encontradas para estimular

o aluno a interagir mais e despertar seu in-

teresse em aprender o conteúdo é o uso das

tecnologias digitais combinada com as me-

todologias ativas. Mas esse uso por si só

não irá garantir o aprendizado.

Os recursos tecnológicos devem vir para a-

gregar, para fazer a ponte entre o aluno e o

conhecimento. As atividades tem que fazer

sentido, tem que ser desafiadoras no senti-

do de provocar o aluno para que ele faça

uso de suas capacidades cognitivas de ma-

neira plena. As tecnologias da informação e

comunicação com certeza são enormes alia-

dos da prática docente.

A BNCC(Base Nacional Comum Curricular)

em sua competência geral 5(cinco), diz:

“Compreender, utilizar e criar tecnologias

digitais de informação e comunicação de for-

ma crítica, significativa, reflexiva e ética nas

diversas práticas sociais (incluindo as esco-

lares) para se comunicar, acessar e dissemi-

nar informações, produzir conhecimentos,

resolver problemas e exercer protagonismo

e autoria na vida pessoal e coleti-

va.” (BNCC, 2018).

As tecnologias não servem para a promoção

da aprendizagem apenas, mas também para

a vida pessoal e profissional. O professor

ajudará o aluno a descobrir a melhor forma

de utilizar as TICs.

Uma nova relação entre alunos e professo-

res está surgindo, método de ensino e aulas

mais atraentes e desafiadoras. Com o uso

da tecnologia a aprendizagem torna-se

mais interessante, o professor atua muito

mais como um orientador e colaborador nes-

se processo. A competência linguística dos

alunos está fortemente ligada a contribuição

que os textos literários nos trazem, e o uso

da tecnologia favorece esses estudos e a

compreensão da dimensão e da importância

que essa interação proporciona aos envolvi-

dos, como satisfação por realizar as ativida-

des propostas , o que faz com que os objeti-

vos definidos no planejamento sejam mais

fáceis de serem alcançados.

Mariene Hildebrando

e-mail: [email protected]

Independência da Bahia

2 de julho marca importante data histórica

do Brasil. Brasília, 2/07/2015 – A data histó-

rica de 2 de julho de 1823 marca a vitó-

ria dos brasileiros na consolidação da inde-

pendência do Brasil na Bahia.

A Independência da Bahia foi um movimento

que, iniciado em 19 de fevereiro de 1822 e

com desfecho em 2 de julho de 1823, moti-

vado pelo sentimento federalista emancipa-

dor de seu povo, terminou pela inserção da

então província na unidade nacional brasilei-

ra, durante a Guerra da Independência do

Brasil.

A declaração de independência feita por

Dom Pedro I, em sete de setembro de 1822,

deu início a uma série de conflitos entre go-

vernos e tropas locais ainda fiéis ao governo

português e as forças que apoiavam nosso

novo imperador.

O episódio mais marcante ocorreu com a

invasão de um português ao Convento da

Lapa e o assassinato da abadessa Sóror

Joana Angélica. Posteriormente, o movi-

mento separatista ganhou forças em outras

vilas, como a de São Francisco e Cachoeira.

Maria Quitéria de Jesus Medeiros, Sóror Jo-

ana Angélica de Jesus, Maria Felipa de Oli-

veira e João Francisco de Oliveira - o João

das Botas - , que participaram da guerra

de Independência do Brasil na Bahia, são os

novos heróis e heroínas do Brasil.

Esta data comemora o início da separação

definitiva do Brasil do domínio de Portugal

pelas tropas do Exército e da Marinha Brasi-

leira, em 1823, em solo baiano

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8 falsos benefícios do consumo de limão

São muitos os mitos sobre o consumo de limão mas nem todos os supostos benefí-cios são verdadeiros. Descubra algumas dessas mentiras.

Nos últimos anos, o consumo de limão transformou-se numa moda. A ele são asso-ciados vários benefícios para a o organismo, como a capacidade de alcalinizar o corpo ou de ajudar a emagrecer. Mas a maior parte desses supostos benefícios são apenas mi-tos.

Perder peso num curto espaço de tempo (digamos, em uma semana ou menos), pre-venir doenças, melhorar a digestão, equili-brar o pH e muitos outros benefícios seme-lhantes não são apenas atraentes, mas de-sejáveis.

Portanto, quando se propõe algo tão simples quanto o consumo de limão para obtê-los a todos de uma vez, as pessoas caem na ar-madilha e começam a incorporar este ali-mento na sua rotina, esperando sentir-se melhor em todos os aspectos.

No entanto, beber água de limão (quente ou fria, simples ou com outros ingredientes) não traz benefícios reais à saúde. Nem se-quer ajuda a prevenir doenças.

Não emagrece, não previne nem equilibra

Por mais que o limão seja uma fruta rica em vitamina C, fibras alimentares e outros nutri-entes, o seu consumo na forma de limonada não representa nenhum benefício imediato ou mágico para a saúde.

A limonada ou a água com limão podem ser consumidas como bebida refrescante, den-tro de uma dieta equilibrada e de um estilo saudável. Mas não é um remédio “potente” ou uma cura imediata, nem é um tratamento adjuvante. E, em suma, não é aconselhável substituir as refeições por esta bebida por causa dos seus supostos benefícios imedia-tos.

A água é um elemento essencial para o cor-po desempenhar todas as suas funções cor-

retamente. Para apreciá-la com um leve to-que de sabor, podemos adicionar uma fatia de limão ou laranja. A ideia é aproveitar o “sabor” para garantir que consumimos bas-tante líquido ao longo do dia e, assim, man-ter uma boa hidratação. Estes são os supos-tos benefícios de consumir limão diariamen-te:

1. “Fortalece as veias”

Afirma-se que consumir limonada diariamen-te ajuda a melhorar a circulação sanguínea, reforçar os músculos, a resistência vascular, prevenir (ou tratar, conforme o caso) condi-ções cardiovasculares, inflamatórias e até fortalecer as paredes das veias. Por quê? Por causa dos antioxidantes e do potássio fornecidos pelo limão.

No entanto, tudo isto é uma farsa. A quanti-dade antioxidantes nesta bebida é insufici-ente para fornecer esses benefícios.

2. “Previne a osteoporose”

Também é alegado que a vitamina C no li-mão ajudaria a “aumentar” a densidade ós-sea, devido ao desenvolvimento osteoblásti-co da matriz óssea. Por outro lado, é afirma-do que beber limonada poderia estimular a formação de cartilagem entre as articula-ções, melhorando assim o sistema ósseo em geral.

Isto não está cientificamente comprovado. Mais, a quantidade de limão presente numa limonada típica seria insuficiente para afir-mar que ela pode fornecer benefícios tão “poderosos” ao organismo.

3. “Desintoxica”

O benefício mais atribuído (e popular de to-dos) ao consumo diário de sumo de limão é a “desintoxicação do corpo” e a limpeza do trato urinário. Segundo algumas fontes, a bebida ajudaria a “acelerar” a eliminação de elementos desnecessários ao corpo pela urina. Por outro lado, foi dito também que inibiria a capacidade dos rins de reabsorver sódio.

Tudo o que é escrito sobre esta “desintoxicação” é uma farsa. O corpo não precisa que bebamos sumo de limão ou qualquer outra bebida para “estarmos limpos

e saudáveis”. O fígado e os rins fazem es-te trabalho sozinhos, sem qualquer aju-da.

4. “Combate a prisão de ventre”

O consumo diário de limão, quente nem frio, não ajuda a combater ou prevenir a prisão de ventre. Para isso, o recomendado é o consumo de fibras, dentro de uma dieta e-quilibrada. Também não estimula a produ-

ção de enzimas digestivas nem melhora a atividade intestinal.

5. “Previne a anemia”

Também se afirma que consumir limonada diariamente ajuda a prevenir a anemia, pois facilitaria a absorção de ferro.

Este benefício foi extraído (e exagerado) das conclusões de um estudo realizado no Japão, no qual foi comentado que o limão poderia ter certos benefícios para a saúde mas onde nunca se refere esta relação di-recta com a prevenção da anemia.

6. “Melhora a digestão”

Beber limonada diariamente também ajuda-ria a estimular a produção de saliva, sucos gástricos no estômago e a produção de pep-sina. Acredita-se que estas substâncias fa-voreceriam a digestão, pois ajudariam a quebrar os alimentos e assimilar melhor as proteínas.

Mais uma vez, apesar de ser verdade, o nosso organismo já faz isto sozinho, sem qualquer ajuda. Além disso, o efeito do con-sumo de limonada na produção de saliva e pepsina é residual.

Supostamente, ao limoneno e à vitamina C, o limão ajudaria a suprimir o apetite, estimu-lar o metabolismo, diminuir a absorção de gorduras do corpo, regular a produção de colesterol, triglicerídos e altos níveis de açú-car no sangue.

Todos estes factores contribuiriam para aju-dar a perder peso.

O problema? É necessário que você consu-ma dezenas de limões por dia para que isso aconteça.

8. “Equilibra o pH”

Muito foi dito sobre o “grande potencial” do limão para equilibrar o pH do corpo. No en-tanto, a verdade é que o corpo não precisa de comida ou bebida para eliminar toxinas, limpar e muito menos promover a transpira-ção. Tudo o que é escrito sobre o potencial

deste fruto para “desintoxicar” e “alcalinizar” não passa de uma farsa.

Conclusão

Consumir limonada diariamente não é tão benéfico quanto se afirma. Só pode ajudar a manter uma boa hidratação. Portanto, tirar proveito desta bebida, dentro de uma dieta equilibrada e, é claro, de um estilo de vida saudável, pode ser benéfico ao nível da hi-dratação, mas nada mais.

Da redação

Julho 2020 Gazeta Valeparaibana Página 7

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

Criação do IBGE

A data oficial de criação do IBGE é 29 de maio de 1936, quando foi

regulamentado o Instituto Nacional de Estatística (INE), embora o

Decreto n. 24.609, que o institui, date de 6 de julho de 1934.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE é o respon-

sável por retratar a imagem do Brasil, ou seja, fazer levantamentos

sobre a demografia, pesquisas estatísticas sobre temas variados e

garantir a recolha de informações sobre os indicadores geográficos

do país.

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Julho 2020 Gazeta Valeparaibana Página 8

Lusofonia: ação estratégica? A lusofonia já faz tempo que tem espraiado

a sua atuação para além das raízes linguísti-

cas. Hoje, o lado político-econômico tem o-

cupado cada vez mais espaço nas ações da

Comunidade dos Países de Língua Portu-

guesa (CPLP), haja vista o incremento cons-

tante do número de Observadores Associa-

dos. Atualmente, a CPLP conta com 18 paí-

ses observadores associados e 1 organiza-

ção ─ OEI Organização de Estados Ibero-

Americanos. Para a próxima Conferência de

Chefes de Estado e de Governo da CPLP é

esperado que mais 12 candidaturas sejam

aprovadas: Estados Unidos da América, Es-

panha, Índia, Irlanda, Canadá, Grécia, Costa

do Marfim, Peru, Qatar, Roménia, Organiza-

ção Europeia de Direito Público e Secretaria

Geral Ibero-América. Tal quantitativo notabi-

liza, sem dúvida, um acréscimo na projeção

internacional da CPLP.

Em outra perspectiva, fruto das resoluções

da XII Conferência de Chefes de Estado e

de Governo, realizada em 2018, em Cabo

Verde,o debate sobre a livre circulação de

pessoas, produtos, capitais e serviços tem

sido recorrente nos bastidores da CPLP a

ponto de, em 2019, ter sido criada uma co-

missão técnica especializada no tema. Con-

sequência desse trabalho, a proposta do go-

verno caboverdiano será analisada pelo

Conselho de Ministros da CPLP para poste-

rior assinatura durante a XIII Conferência de

Chefes de Estado e Governo da CPLP.

Com base nisso, escrevi na coluna de janei-

ro de 2020 que a aprovação de itens relacio-

nados ao aprimoramento da mobilidade in-

terna no espaço lusófono seria

(provavelmente) anunciada durante o en-

contro dos mandatários lusófonos em julho,

na cidade de Luanda.O leitor deve ter pres-

tado atenção no tempo verbal usado. Isso

mesmo, a recente pandemia retardou o a-

vanço do processo decisório. Embaixadores

representantes permanentes dos países da

CPLP aprovaram nos últimos dias em Lisbo-

a a prorrogação da presidência rotativa de

Cabo Verde até que a normalidade retorne.

A excessiva confiança demonstrada no to-

cante ao acréscimo de políticas ligadas à

mobilidade estava (e ainda está) ligada às

novas diretrizes da CPLP estabelecidas em

2016, durante a XI Conferência de Chefes

de Estado e de Governo. A par disso, estão

os estudos realizados entre os anos de 2016

e 2018demonstrados na dissertação de

mestrado em Geografia, na Universidade

Federal da Bahia, de minha autoria.

A ideia de livre circulação de pessoas, pro-

dutos, capitais e serviços está assentada no

conceito de lusofonia ─ antes, alicerçada

sob um espírito estritamente linguístico; ago-

ra, associada a um valor de identidade com

reflexos políticos e econômicos.

Podemos, então, considerar a lusofonia co-

mo estratégia territorial?Certamente que

sim. A lusofonia foi construída e constituída

para ser o elo que congrega a política e a

cultura sob o intuito de consolidar uma nova

dimensão no espaço dos países de língua

oficial portuguesa: a dimensão econômica,

desta vez como prioridade.

Afora as imprecisões semânticas, a lusofoni-

a tem como núcleo a Língua Portuguesa co-

mo o elemento chave da governança territo-

rial da CPLP, isto é, uma articulação entre

as diferentes esferas − Estado, mercado e

sociedade civil – reticulares entre si em bus-

ca do desenvolvimento. Nesse contexto é

possível ressaltar a internacionalização da

língua portuguesa.

Ao encontro disso, é consenso entre a ca-

mada empresarial do âmbito estudado que o

patamar global ambicionado para a organi-

zação intergovernamental somente seria e

será alcançado se houver concentração de

esforços na relação existente entre cultura e

economia. Este é o mote do livro A Lusofo-

nia como Geoestratégia Econômica, lan-

çado recentemente pela Editora Telha.

Mas nem sempre

foi assim. Criada

em 1996, a CPLP

em sua formação

inicial congregava

sete Estados: An-

gola, Brasil, Cabo

Verde, Guiné Bis-

sau, Moçambique,

Portugal e São

Tomé e Príncipe.

Naquela altura, foi

constituída sob a retórica de laços históricos

e culturais com a finalidade de atender as

demandas políticas, sociais e culturaisdos

seus associados na medida em que atuaria

como foro privilegiado para cooperação polí-

tica e econômica entre os pares.Entretanto,

durante muitos anos, a vertente econômica

não afirmou-se como prioridade da CPLP.

Entende-se que o gargalo estava na repre-

sentatividade empresarial. Para tal, em

2004, foi criado o Conselho Empresarial, cu-

ja finalidade era fomentar o comércio intra e

extra-CPLP. Todavia, à época, Francisco

Murteira Nabo, Presidente da Associação

para o Desenvolvimento Econômico e Coo-

peração de Portugal (ELO), admitia que ha-

via a necessidade de constituir uma nova

coordenação, mas por princípio centralizada

e profissional a fim de estimular de fato a

vertente econômica. Foi ponto comum entre

os pares que o Conselho Empresarial nunca

conseguiu ter uma ação que promovesse as

relações econômicas e financeiras lusófo-

nas.

A solução do impasse projetou a criação da

Confederação Empresarial (CE-CPLP),

constituída juridicamente como uma Confe-

deração de Associações Empresariais e de

Empresas, de direito privado e sem fins lu-

crativos, com uma estrutura permanente e

profissional, sediada em Lisboa.

As ações da CE-CPLP

estão fundamentadas

em quatro pilares estra-

tégicos: (1) melhoria do

ambiente de negócios e

do clima de investimento

para instauração de um

quadro político favorável ao desenvolvimen-

to do setor privado; (2) alargamento do a-

cesso às infraestruturas sociais e econômi-

cas, sobretudo, nas áreas de transportes e

energia com a finalidade de desenvolver ati-

vidades empresariais; (3) institucionalização

da Confederação Empresarial como presta-

dora de assistência técnica às empresas a

fim de promover o desenvolvimento das

mesmas através de financiamentos e recur-

sos humanos; (4) promoção do Mercado E-

conômico da CPLP.

Diante da perspectiva econômica sugerida

pelo desenvolvimento lusófono, a publicação

em destaque retrata o papel da Confedera-

ção Empresarial na governança territorial da

CPLP e a sua relação com a lusofonia. Nes-

se cenário, é importante lembrar que as re-

lações internacionais compreendem a CPLP

como exemplo de um novo regionalismo ─ o

regionalismo aberto ─ uma vez que na quali-

dade de mecanismo de cooperação envolve

países que estão localizados no hemisfério

sul e norte, falantes de português, e que es-

tão inseridos em distintas zonas econômicas

e políticas.

Marcelo Goulart Geógrafo especialista em Espaço Lusófono

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

Dia Internacional do Cooperativismo Embora a data oficial tenha sido criada em 1994, a Alian-ça Cooperativa Internacional(ACI) celebrou pela primeira vez o Dia

Internacional em 1923, instituindo a data com o objetivo de come-morar, no primeiro sábado de julho de cada ano, a confraternização de todos os povos ligados ao cooperativismo.

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As estátuas do nosso desconforto

Se as derrubamos, não é porque nos inco-modem em si mesmas. Mas por estarem vi-vas as três formas de dominação – capitalis-ta, patriarcal e colonial – que as colocaram em pedestais e nos trouxeram a um presen-te que precisamos superar

As estátuas parecem-se muito com o passa-do, e é por isso que sempre que são postas em causa nos viramos para os historiadores. A verdade é que as estátuas só são passa-do quando estão tranquilas nas praças, par-tilhando a recíproca indiferença entre nós e elas. Nesses momentos, que por vezes du-ram séculos, são mais intencionalmente visi-tadas por pombas do que por seres huma-nos. Quando, no entanto, se tornam objeto de contestação, as estátuas saltam do pas-sado e passam a ser parte do nosso presen-te. Doutro modo, como poderíamos dialogar com elas e elas conosco? Claro que há es-tátuas que nunca são contestadas, quer por-que pertencem a um passado demasiado remoto para saltar para o presente, quer porque pertencem ao presente eterno da arte. Estas estátuas só não estão a salvo de extremistas tresloucados, caso dos Budas de Bamiyan, do século V, destruídas pelos talibãs do Afeganistão em 2001.

As estátuas que dão este salto e se ofere-cem ao diálogo são parte do nosso presente e são contestadas porque representam con-tas que não foram saldadas, destruições e injustiças que não foram reparadas. Quem as contesta não lhes pede contas a elas nem exige reparações delas. As contas têm de ser feitas e as reparações têm de ser da-das por quem herdou e detém o poder injus-to que as estátuas representam. Sempre que o poder que as fez erigir foi justa ou in-justamente derrotado, as estátuas foram re-tiradas prontamente, sem nenhuma como-ção e até com aplauso. Se é tão forte o mo-vimento atual de contestação às estátuas, iniciado pelo movimento #blacklivesmatter, isso deve-se à continuidade no presente do poder que no passado originou as destrui-ções e as injustiças de que as estátuas são involuntárias testemunhas. E se o poder continua, continuam as destruições e as in-justiças. A contestação é contra estas.

E que poder é esse? No contexto europeu e eurodescendente, esse poder é o capitalis-mo, o colonialismo e o patriarcado, três for-mas de poder articuladas que dominam há

quase seis séculos. A primeiro é do século XV e as duas outras existiram muito antes, mas foram reconfiguradas pelo capitalismo moderno e postas ao serviço deste. As três estão de tal maneira articuladas que nenhu-ma delas existe sem as outras. O que consi-deramos passado é assim uma ilusão de ótica, uma cegueira em relação ao presente.

O colonialismo é passado? Não. O que pas-sou (e não totalmente, como mostram os casos do Saara Ocidental, da Papuásia Oci-dental e da Palestina) foi uma forma especí-fica de colonialismo, o colonialismo histórico, por ocupação territorial por potência estran-geira. Mas o colonialismo continuou até hoje sob outras formas, desde o neocolonialismo ao saque dos recursos naturais das ex-colónias e ao racismo. Se nada disto fosse parte do nosso presente, as estátuas estari-am sossegadas e entregues às pombas. Pa-ra sermos mais concretos, se na grande Lis-boa não houvesse bairros da Jamaica, se a cor de pele das populações mais expostas ao vírus não fosse a que é e fosse igual à dos que estão em teletrabalho, se não hou-vesse brutalidade policial racista nem gru-pos neonazis infiltrados nas suas organiza-ções profissionais, as estátuas estariam em seu sossego pétreo ou metálico.

O patriarcado não está acabando, com to-das as leis e políticas em defesa da igualda-de de género? Não. Se os movimentos femi-nistas tivessem pleno êxito, não estaria a aumentar o feminicídio. Nem a pandemia teria feito disparar em todos os países a vio-lência contra as mulheres. O capitalismo não terminou? Não. Esta é talvez a mais perversa ilusão, propagada pelas mídias, pelos economistas e por muitos cientistas sociais. Para muitos, o capitalismo era uma ideologia; agora há mercados, colaborado-res, empreendedores, economia de merca-do, PIB, desenvolvimento. Em verdade, o capitalismo ampliou sua capacidade de pro-duzir injustiça nos últimos 40 anos, bem re-fletida na erosão dos direitos dos trabalha-dores, na estagnação dos salários (nos EU-A, desde 1969). É neste caldo de poder in-justo que aumentam o racismo, a negação de outras histórias, a violência contra as mu-lheres e a homofobia. É contra este poder que se dirige a contestação das estátuas. Esta contestação dá um relevo especial à luta antirracista e anticolonial, mas não es-queçamos que ela é tão importante quanto a luta antissexista e anticapitalista.

As estátuas não terão sossego enquanto estas formas de poder existirem, sobretudo com a virulência que têm hoje. E as estátuas só parecem alvos inocentes e desfocados porque domina hoje a política do ressenti-mento: como deixamos de conhecer as cau-sas do descontentamento, investimos contra as suas consequências. É por isso que o operário norte-americano, branco, empobre-cido pensa que o seu pior inimigo é o operá-rio imigrante, latino, ainda mais empobrecido que ele. É por isso que a classe média euro-

peia, temerosa de perder o que há pouco conquistou, pensa que os seus piores inimi-gos são os imigrantes e os refugiados. En-quanto este poder subsistir, se quem o de-tém tiver alguma consciência histórica e até estiver disponível para fazer concessões, deveria ter a prudência de recolher ordeira-mente todas as estátuas e construir um mu-seu para elas. Pediria então a artistas, escri-tores e cientistas do país e dos países que tão levianamente consideramos irmãos para construírem diálogos interculturais com as estátuas e fazer disso uma criativa pedago-gia da libertação. Quando isso ocorrer, o passado irá saindo do presente pela porta principal.

E há boas condições para fazer isto porque os povos ofendidos, além de terem resistido a tanta humilhação, são criativos e até são capazes de reconhecer que o poder que os ofendeu também se quer resgatar. Conto duas histórias da minha experiência de in-vestigação como sociólogo. Em 2002, fazia trabalho de pesquisa na ilha de Moçambi-que, no norte do país, quando me contaram a primeira história. Há uma estátua de Luís de Camões na ilha, colocada no tempo colo-nial. Com as mudanças turbulentas da inde-pendência em 1975, a estátua foi retirada e guardada nos armazéns da capitania. Entre-tanto, deixou de chover anos a fio na ilha. Os velhos sábios de lá reuniram-se, fizeram os seus rituais e chegaram à conclusão de que a falta de chuva talvez se devesse à re-tirada intempestiva da estátua. Pediram que a estátua fosse reposta e o Camões lá está, olhando para imensidão do Índico e trazen-do a chuva que enche a cisterna. A estátua de Camões e a sua história foram assim re-apropriadas pelos moçambicanos.

A segunda história ocorreu no dia 24 de Ju-lho de 2014, quando os descendentes dos meninos indígenas que estão na estátua do padre Antônio Vieira visitaram o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coim-bra. Eram nove líderes indígenas represen-tantes dos povos guajajara, macuxi, mundu-ruku, terena, taurepang, tukano, yanomami e maya, a maior delegação de sempre de indígenas brasileiros na Europa. Vinham agradecer a minha intermediação junto do Supremo Tribunal Federal do Brasil na de-marcação da terra indígena da Raposa Ser-ra do Sol. Sem desprimor para a Universida-de McGill do Canadá, que iniciou a lista, nem para as 18 universidades que se segui-ram a conceder-me graus de doutor honoris causa, eu considero o cocar indígena e o bastão de mando que me foi concedido na cerimónia como uma das honras mais pre-ciosas. Quem se enganou foi a estátua do padre Antônio Vieira, porque nos faz crer que aqueles meninos ficaram crianças até hoje. E há muito boa gente que continua a pensar o mesmo.

Boaventura de Sousa Santos

Julho 2020 Gazeta Valeparaibana Página 9

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Julho 2020 Gazeta Valeparaibana Página 10

Réquiem pela democracia

Mais uma vez, depois de tantas, as elites brasileiras preferiram correr o risco de cair na ditadura (quando não a desejaram desde o início) sempre que as classes populares manifestaram a sua aspiração a ser incluí-das na nação, a nação que as elites sempre conceberam como sua propriedade privada. A leitura do transcrito da reunião do conse-lho de ministros do Brasil no dia 22 de abril é uma experiência dolorosa, assustadora e revoltante. O fato de ter sido dado conheci-mento público desse vídeo e transcrito é um sinal eloquente de que a democracia ainda sobrevive. Ocorreu no seguimento da de-núncia do ex-Ministro Sérgio Moro de que o Presidente tentara interferir com as investi-gações em curso na Polícia Federal do Rio de Janeiro contra um dos seus filhos por suspeita de graves condutas criminosas. Ao ordenar a divulgação do vídeo, o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, inscreveu o seu nome no livro de ouro da breve e tormentosa história da democracia brasileira. Esperemos que o sinal de espe-rança que ele nos deu seja potenciador do despertar das forças democráticas de es-querda e de direita, o despertar de um sono profundo e inquietante, feito de ignorância histórica e de vaidade míope, um sono que lhes permite sonhar com cálculos eleitorais sem se dar conta da frivolidade de tais inten-tos quando a própria democracia está por um fio.

Os fascistas nem sequer escondem os seus intentos. O Presidente faz um apelo direto e inequívoco à luta armada. Mais do que um apelo, informa que está disposto a dirigir o armamento de civis à margem das forças armadas. E faz isso ladeado por generais! Está a confessar um crime de responsabili-dade e um crime contra a segurança nacio-nal. E nada a acontece. Ao lado do vice-presidente, está sentado impávida e parva-mente o então Ministro da Justiça Sérgio Moro, o grande responsável pela destruição da institucionalidade democrática, para o

que sempre contou com a cumplicidade das elites e dos seus media. O anúncio do Presi-dente não só é recebido com sorrisos com-placentes de quem o ouve, como vários mi-nistros se esmeram em soltar por conta pró-pria as cloacas do ódio e do preconceito. Para além de outras aleivosias avulsas.

O que se lê é de tal modo torpe que é me-lhor ler para crer:

Presidente: “É putaria o tempo todo para me atingir, mexendo com a minha família. Já tentei trocar gente da segurança nossa, ofi-cialmente, e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f. minha família toda de sa-canagem, ou amigos meus, porque não pos-so trocar alguém da segurança na ponta da linha — que pertence à estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode o chefe dele? Troca o minis-tro. E ponto final… Eu quero, ministro da Justiça e ministro da Defesa, que o povo se arme! Que é a garantia que não vai ter um filho da puta aparecer pra impor uma ditadu-ra aqui! Que é fácil impor uma ditadura! Fa-cílimo! Um bosta de um prefeito faz um bos-ta de um decreto, algema, e deixa todo mun-do dentro de casa. Se tivesse armado, ia pra rua. E se eu fosse ditador, né? Eu queria desarmar a população, como todos fizeram no passado quando queriam, antes de impor a sua respectiva ditadura. Aí, que é a de-monstração nossa, eu peço ao Fernando e ao Moro que, por favor, assine essa portaria hoje que eu quero dar um puta de um reca-do pra esses bosta! Por que que eu tô ar-mando o povo? Porque eu não quero uma ditadura! E não dá pra segurar mais! Não é? Não dá pra segurar mais”.

Ministro da Educação (extrema-direita) : “Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF. E é isso que me choca… A gente tá conversando com quem a gente tinha que lutar. A gente não tá sendo duro o bastante contra os privilégios, com o tamanho do Estado e é o … eu real-mente tô aqui aberto, como cês sabem dis-so, levo tiro … odeia … odeio o prutido (sic) comunista. Ele tá querendo transformar a gente numa colônia. Esse país não é … o-deio o termo “povos indígenas”, odeio esse termo. Odeio. O “povo cigano”. Só tem um povo nesse país. Quer, quer. Não quer, sai de ré. É povo brasileiro, só tem um povo”.

Ministro do Meio Ambiente (momento ma-quiavélico): “porque tudo que agente faz é

pau no judiciário, no dia seguinte. Então pra isso precisa ter um esforço nosso aqui en-quanto estamos nesse momento de tranqui-lidade no aspeto de cobertura de imprensa, porque só fala de COVID e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e sim-plificando normas…Agora é hora de unir es-forços pra dar de baciada a simplificação.”

Ministra da Mulher da Família e dos Direitos Humanos (evangelismo reacionário): “Neste momento de pandemia a gente tá vendo aí a palhaçada do STF trazer o aborto de novo para a pauta, e lá tava a questão de … as mulheres que são vítima do zika vírus vão abortar, e agora vem do coronavírus? Será que vão querer liberar que todos que tive-ram coronavírus poderão abortar no Brasil? Vão liberar geral? (dirigindo-se ao Ministro da Saúde) O seu ministério, ministro, tá lota-do de feminista que tem uma pauta única que é a liberação de aborto… Porque nós recebemos a notícia que haveria contamina-ção criminosa em Roraima e Amazônia, de propósito, em índios, pra dizimar aldeias e povos inteiro pra colocar nas costas do pre-sidente”.

Ministro da Economia (feira de vaidades): “Eu conheço profundamente, no detalhe, não é de ouvir falar. É de ler oito livros sobre cada reconstrução dessa (Alemanha, Chile). Então, eu li Keynes, é … três vezes no origi-nal antes de eu chegar a Chicago. Então pra mim não tem música, não tem dogma, não tem blá-blá-blá”.

Nada disto é novo. Sobre o que disse o Pre-sidente, basta referir que, depois das elei-ções de 1932, foi assim que se expressou Hitler, invocando a necessidade da ditadura para se defender da ditadura…da democra-cia. A reunião teve lugar no dia em que o Brasil ultrapassava a casa de 3.000 mortos pelo coronavírus. Este, no entanto, foi um tema ausente. Ou, ainda mais perversamen-te, pretendeu-se usar a preocupação mediá-tica com a pandemia para fazer avançar a perda de direitos, os casinos, a privatização, o desmatamento da Amazônia e a elimina-ção das restrições ambientais. O sistema democrático brasileiro está em tamanho de-sequilíbrio que vive um momento de bifurca-ção, uma qualquer ação ou omissão política tanto o pode resgatar como afundar de vez.

Boaventura de Souza Santos

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Dia da Liberdade de Pensamento

Em 14 de julho é comemorado mundialmen-te o "Dia da Liberdade de Pensamento". A data celebra a importância deste direito con-quistado ao longo dos séculos. De acordo com registros históricos, a primei-ra iniciativa de definição dosdireitos funda-mentais e de liberdade do homem foi por meio da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada pela Assembleia Constituinte da França em 26 de agosto de

1789. Nesta mesma data, ocorreu a Queda da Bastilha, evento que marcou o início da Revolução Francesa. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão serviu de inspiração para Constitui-ções Francesas, para a Declaração Univer-sal dos Direitos Humanos (DUDH) - criada pela Organização das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. A liberdade de pensamento, também ligada à liberdade de consciência, de opinião e de

ideia, é a autonomia que o indivíduo possui de expor sua opinião sobre um fato por e-xemplo, independente da visão de outra pessoa. O ato de pensar é totalmente livre, no entan-to, somente cada pessoa pode controlar a-quilo que vai exteriorizar. Apesar de livre, a manifestação de pensamento é passível de exame pela justiça, podendo ha-ver responsabilidade civil e penal de seus autores.

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Julho 2020 Gazeta Valeparaibana Página 11

Infantolatria: as consequên-cias de deixar a criança ser o

centro da família

Além das complica-ções na vida dos fi-lhos, como dificulda-de de socialização e insegurança, deixar a criança comandar a dinâmica familiar po-de prejudicar – e muito – o casal

As atividades da fa-mília são definidas em função dos filhos, as-sim como o cardápio de qualquer refeição. As músicas ouvidas no carro e os progra-mas assistidos na televisão precisam acom-panhar o gosto dos pequenos, nunca dos adultos. Em resumo, são as crianças que comandam o que acontece e o que deixa de acontecer em casa. Quando isso acontece e elas já têm mais de dois anos de idade, é hora de acender uma luz de alerta. Eis aí um caso de infantolatria.

“O processo de mudança nos conceitos de família iniciado no século 18 por Jean-Jacques Rousseau [filósofo suíço, um dos principais nomes do Iluminismo] chegou ao século 20 com a ‘religião da maternidade’, em que o bebê é um deus e a mãe, uma santa. Instituiu-se o que é uma boa mãe sob a crença de que ela é responsável e culpada por tudo que acontece na vida do filho, tudo que ele faz e fará. Muitos afirmam que a mu-lher venceu, pois emancipou-se e foi para o mercado de trabalho, mas não: é a criança que entra no século 21 como a vitoriosa. Es-ta é a semente da infantolatria”, explica a psicanalista Márcia Neder, pesquisadora do Núcleo de Pesquisa de Psicanálise e Educa-ção da Universidade de São Paulo (Nuppe-USP) e autora do livro “Déspotas Mirins – O Poder nas Novas Famílias”, da editora Za-godoni.

Em poucas palavras, Marcia define infanto-latria como “a instituição da mãe como súdi-ta do filho e o adulto se colocando absoluta-mente disponível para a criança”. E exime os pequenos de qualquer responsabilidade sobre o quadro: “Um bebê não tem poder

para determinar como será a dinâmica fa-miliar. Se isso acontece, é porque os pais promovem”.

Reinado curto

A verdade é que existe um período em que os filhos podem reinar na família, mas ele é curto. “Quando o bebê nasce e chega em casa, precisa ser colocado no centro das ações, pois precisa ser decifrado, entendido. Ele deve perder o trono no final do primeiro, no máximo ao longo do segundo ano de vi-da, para entender que existe o outro, com necessidades e vontades diferentes das de-le”, esclarece Vera Blondina Zimmermann,

psicóloga do Centro de Referência da Infân-cia e Adolescência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

A infantolatria ganha espaço quando os pais não sabem ou não conseguem fazer essa adequação da criança à realidade que a cer-ca e a mantêm no centro das atenções por tempo indefinido. “Em uma família com rela-cionamento saudável, o filho entra e tem que ser adaptado à dinâmica da casa, à roti-na dos adultos”, afirma a psicóloga.

Segurança ou insegurança?

Na casa da analista contábil Paula Torres, é ao redor de Luigi, de cinco anos, que tudo acontece. Entre os privilégios do garoto es-tão definir o canal em que a TV fica ligada e o dia do fim de semana em que será servida pizza no jantar. “Acho importante a criança se sentir amada e saber que suas vontades são relevantes para a família”, opina.

Ela conta que seu marido, o também analis-ta contábil Luiz André Torres, não gosta muito disso e constantemente reclama que o filho é mimado demais. “Mas bato o pé e de-fendo essa proteção. Quando o Luigi cres-cer, será mais seguro para lidar com os a-dultos, já que suas opiniões são levadas em consideração pelos adultos com quem ele convive desde já”, acredita.

Não é o que as especialistas dizem. “Se o filho fica no nível dos pais, acaba criando para si uma falsa sensação de poder e auto-nomia que, em um momento mais adiante, se traduzirá em uma profunda insegurança. Ele sentirá a falta de uma referência forte de segurança de um adulto em sua formação”, explica Vera.

Márcia diz ainda que, ao chegar à idade a-dulta, esse filho cobrará os pais. “Ele olhará ao redor e verá outras pessoas se realizan-do independentemente dele. A criança que acha que o mundo tem que parar para ela passar não consegue imaginar isso aconte-cendo e não está preparada para lidar com a mínima das frustrações. Em algum ponto, acusará os pais de terem sido omissos”.

Para Vera, supervalorizar os pequenos e nivelá-los aos adultos “é o resultado de uma projeção narcísica dos pais nos filhos, que se veem nas qualidades que enxergam em suas crianças”. Marcia concorda: “Isso tudo tem a ver com a vaidade da mãe, que consi-dera aquele filho uma parte melhorada dela própria e, por isso, a criatura mais importan-te do mundo”.

Os alertas do dia a dia

Muitas vezes, os pais não se dão conta de que estão tratando os filhos como reis ou rainhas, então precisam levar uns chacoa-lhões da realidade fora de suas casas. “Eles geralmente caem em si quando começa a sociabilização. A escola reclama porque o aluno não respeita as regras, a criança tem dificuldade para fazer amiguinhos porque as

outras, com autoestima positiva, não que-rem ficar perto de alguém que ache que manda em todos”, aponta Vera.

“Em um futuro bem imediato, as reações dos colegas podem fazer a criança perceber que precisa mudar. Ela se comportará com eles como faz com a família e receberá a não-aceitação como resposta. Terá de lidar com isso para ter amigos”, afirma Márcia.

Mesmo assim, ela ainda correrá o risco de não conseguir rever seus comportamentos devido a uma superproteção parental, ad-verte Vera: “Em alguns casos dá para ela se salvar, mas muitos pais preferem culpar o ‘mundo injusto com seu filho perfeito’, o que impede que ela entenda as necessidades dos outros e reforça seus problemas de ina-dequação para a adaptação social”.

E como fica o casal?

Além de todas as complicações causadas pela infantolatria na vida dos filhos, ela pre-judica – e muito – o casal que a promove. “Na relação saudável, o casal continua sen-do o mais importante na família mesmo com a chegada da criança. Se os pais mantêm o filho no centro por mais tempo do que o ne-cessário, acabarão se afastando”, alerta Ve-ra.

“Some o casal. O ‘marido’ e a ‘mulher’ pas-sam a ser o ‘pai’ e a ‘mãe’. E se em uma ca-sa a mãe é a santa e o filho é o deus, onde fica o espaço do pai?”, questiona Márcia. “Muitos tentam entrar, reconquistar seu es-paço, mas outros simplesmente caem fora”, constata.

O futuro da infantolatria

Sabendo disso tudo, os pais têm condições de se preparar para evitar os estragos na criação dos filhos. Marcia conta que percebe que as pessoas têm encontrado em sua a-nálise uma saída para a tirania infantil.

“Não sou adivinha, mas creio que o novo arranjo familiar, em que os pais também as-sumem funções na criação dos filhos e as mães seguem carreiras por prazer, vá aju-dar a mudar o panorama, assim como os arranjos homoparentais que começam a ser mais comuns”, diz, para complementar: “Creio que todos os comportamentos conti-nuarão existindo, mas temos a obrigação de trabalhar para reverter esse quadro. O filho não é o centro porque quer, mas porque o adulto permite”.

Vera enxerga o futuro da situação de forma um pouco diferente. “Nossa sociedade é muito apressada e, no geral, não dá espaço para a preocupação com o outro. Isso tende a potencializar esse tipo de problema, a na-turalizar para a criança o fato de que ela é o que mais importa, como aprendeu em casa com o comportamento dos pais em relação a ela”, finaliza.

Raquel Paulino

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A morte do negro Camilo

Mataram-no por volta de 1979 ou 80, não se sabe ao certo. Era um jovem de 16 anos, estudante, entregador de marmita e que vivi-a com seus pais e irmãos em alguma comu-nidade carente do nosso País. Cenário esse que poderia ser no Rio, São Paulo, Recife, Porto Alegre, Belo Horizonte. Não pergunta-ram o seu nome e muito menos pediram i-dentificação. A primeira bala atingiu o ombro esquerdo e a segunda o coração. Os joelhos foram ao solo. Um vermelho rubro inundou as rachaduras daquela estradinha que dava para um pontão. Mataram o Camilo!!! Mata-ram o Camilo!!! Mataram o Camilo!!! A notícia logo se espalhou. Todos naquela comunidade, até o outro lado do morro onde o horizonte descansa os olhos, ficaram sa-bendo rapidamente do acontecido. Quando seu João e dona Maria chegaram, o corpo estava estendido e coberto por um pano qualquer. Ainda ouvia-se pelas ruelas o so-nido de ossos quebrando, o estalar da chi-bata no couro humano, a voz rouca pedindo misericórdia, misericórdia, nada mais que misericórdia e uma dor silenciosa no peito desses pais. Mataram o Camilo! Mataram seus infinitos! Glorificaram a indecência des-te País sem justiça.

Camilo é um personagem fictício. Mas a sua história é real. Ela acontece todos os dias, desde que o tempo começou a demarcar as horas e os minutos. Matam-se assim no Bra-sil há décadas e séculos. Basta ser pobre e negro para não ter direito a ter direitos, a a-margar a sua existência como se fosse um cativeiro ao ar livre, onde asas pouco impor-tam quando não se tem o céu para abraçar. Neste País de muitas reticências e idolatrias nas esquinas, matam-se jovens, discrimi-nam as mulheres, enterram-se os miserá-veis, humildes e esquecidos, estupram-se a razão e a vida.

A narrativa oficial que nos impuseram do

sistema de segurança brasileiro sempre o-cultou a verdade. Nunca há mortes de ino-centes. Os que morrem são sempre os cri-minosos e os assassinos. “Eles resistiram à abordagem, não houve escolha, tivemos que reagir. Temos testemunhas”. Essa legiti-mação jurídica e racista chamada de auto de resistência foi instituída durante o regime de exceção. Naquela época de autoritarismo ferrenho e movimentação nos porões dos palácios, o povo vivia sufocado, na escuri-dão, sem liberdade e democracia.

Explica o desembargador aposentado, Ser-gio Verani, em artigo publicado em janeiro deste ano, que o auto de resistência “surge em 1969, com a Ordem de Serviço N, nº 803, da Superintendência da Polícia Judiciá-ria do antigo Estado da Guanabara – depois ampliada pela Portaria E, nº 30, de 6 de de-zembro de 1974, do Secretário de Seguran-ça Pública – que “dispensa a lavratura do auto de prisão em flagrante ou a instauração de inquérito policial”. E determina a aplica-ção do art.292, do Código de Processo Pe-nal, que prevê a lavratura do “auto de resis-tência” na hipótese específica de resistência à ordem legal de prisão.

O auto de resistência “é a inversão radical da realidade”. Não há indiciamento do agen-te de segurança que cometeu crime. Ele não pode ser considerado vítima e tão pouco “mocinho” nessa história. Ou seja, o que te-mos é uma farsa montada em nome da lei. E o pior de tudo isso é que essa marca do regime de exceção e de opressão ainda so-brevive nos dias de hoje, atingindo os Direi-tos Humanos, em pleno Estado democrático de direito e com a vigência de uma Constitu-ição que é considerada uma das mais avan-çadas do mundo.

Matam com a destreza de homens do abate-douro, com o fio afiado em pedra úmida. I-magens que nos chegam pelas redes soci-ais e noticiários da imprensa alertam que algo está muito errado. O assassinato de jovens, principalmente de negros, é algo que está deixando a todos nós aterrorizados. Vi-das estão sendo tiradas do convívio dos pais, familiares, amigos, colegas. Ainda es-tamos chocados com o assassinato de João Pedro, de 14 anos, no Rio de Janeiro e de Guilherme, de 15 anos, na periferia de São Paulo.

A CPI do Senado sobre assassinato de jo-vens negros, que foi finalizada em 2016, mostrou, já naquela época, que mais de 23 mil jovens negros de 15 a 29 anos são as-

sassinados no Brasil, por ano. São 63 por dia. Um a cada 23 minutos. Conforme o A-tlas da Violência de 2019, 75,5% das vítimas de assassinato em 2017 eram negras. Hou-ve uma piora da situação em relação a 2016: aumento de 4%. Negros e pobres são as principais vítimas. Somente em São Pau-lo, mortes provocadas por ações da polícia subiram 53% em abril em comparação ao mesmo período do ano passado. Foram 119 casos, ou seja, um a cada seis horas.

Em 2017, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou o PLS 239/2016, que altera o Código de Processo Penal, su-primindo do artigo 292 o chamado "auto de resistência". Esse projeto é fruto da CPI so-bre assassinato de jovens negros. Pelo pro-jeto, havendo feridos ou mortos no confronto com as forças de segurança, será instaura-do inquérito. A proposta está pronta para ser votada no Plenário. A iniciativa assegura, entre outras medidas, a eficaz realização de perícia por meio da preservação dos meios de prova, conservação e exame de vestí-gios, instaurando procedimentos relevantes para o sucesso da investigação criminal.

Creio que as polícias militares deveriam in-verter a lógica de atuação e se programa-rem para uma nova etapa e um novo tempo, baseado num processo educativo e demo-crático, com olhar mais humano e de respei-to às diversidades e às diferenças. Esse é o grande salto que o País precisa dar: virar essa página infeliz e escrever outros melho-res dias. A vida humana deve ser prioridade; jamais, a barbárie. Sabemos que os maus exemplos sempre acabam contaminando o todo, e os números estão aí, não nos dei-xam mentir. Quando uma vida é levada, to-dos nós perdemos um pouco da nossa pró-pria vida.

Acabar com o chamado auto de resistência é dar um enorme passo no combate à impu-nidade, à violência, à discriminação e ao ra-cismo. É dizer não ao genocídio de jovens negros e pobres. É resistir, fazer a boa luta, combater o bom combate, avançar na con-quista dos Direitos Humanos e sociais. Não há tempo a perder... O País não pode mais ignorar as dores das ruas e dos morros. A democracia só se efetivará quando os gri-lhões forem rompidos e quando a sociedade desvendar os olhos e ouvir o canto e lamen-to do jovem negro Camilo para se encontrar com sua própria história.

Senador Paulo Paim

julho 2020 Gazeta Valeparaibana Página 12

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Dia de Proteção às Florestas

O Dia de Proteção às Florestas é comemo-rado anualmente em 17 de julho.

Esta data tem o objetivo de conscientizar as pessoas sobre a importância da preserva-ção das florestas - lar de inúmeras espécies de animais e plantas - para a qualidade de

vida da humanidade.

O Brasil abriga uma das mais importantes florestas do mundo: a Floresta Amazônica, conhecida como o “pulmão do mundo”.

Na cultura popular brasileira, a proteção das florestas é personificada na figura mística do Curupira, um espírito mágico que habita as

florestas e ajuda a protegê-la da invasão e ataque de pessoas má intencionadas.

Frase célebre e atual...

Onde havia peixes, há mercúrio. Onde

havia florestas, há cinzas.

Roberto Burle Marx

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Julho 2020 Gazeta Valeparaibana Página 13

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A culpa chinesa

Discurso de culpabilização e teorias conspi-

ratórias desinformam e fomentam uma dis-puta ideológica limitadora Tão perigoso e intratável quanto o covid-19 é a ignorância e a desinformação epidêmi-cas com que temos enfrentado o vírus. Ao medo puro e simples, à ausência de uma estrutura suficiente do sistema de saúde, soma-se então a desorientação cognitiva, o que só embaralha ainda mais nossa capaci-dade de reagir com precisão.

Um desses discursos traiçoeiros que têm povoado as redes sociais nos últimos dias é o discurso de culpabilização da China. Ne-les, são atribuídas ao Estado chinês uma intencionalidade escusa, a prática de um “jogo sujo” necessário para vencer disputas econômicas globais e/ou se impor ideologi-camente, alterando assim o delicado equilí-brio da ordem mundial.

Nada mais fantasioso. Pensar em termos de culpabilização e polaridades simplistas des-se tipo (“culpa” x “absolvição”) é o funda-mento de qualquer explicação sociológica equivocada. Diversos setores da comunida-de científica já se pronunciaram quanto à improcedência quase criminosa desse tipo de narrativa.

Além do mais, do ponto de vista estritamen-te jornalístico – ou factual, de modo mais abrangente –, tais registros promovem im-precisões grosseiras. Nem todas as grandes pandemias vêm ou vieram da China. Dizer isso é professar uma sinofobia, uma guerra étnica. O primeiro grande surto de gripe A, em 1918, veio de Kansas (EUA), por exem-plo. Há casos que se deflagraram a partir de Cingapura, da antiga União Soviética, da Tailândia.

Uma crítica procedente que se pode fazer a China diz respeito ao controle de informação e ao cerceamento à imprensa livre, à demo-ra na divulgação dos primeiros casos identi-ficados. Uma coisa, no entanto, é vacilar di-ante de uma ameaça, um fenômeno biológi-co extremo, novo e assustador. Outra, bem diferente, é assumir riscos falseando infor-mações.

No Brasil, o que temos visto é o presidente eleito esforçando-se para desacreditar a im-prensa profissional, restringindo-lhe o traba-lho, e, além disso, disseminando informa-ções falsas, irresponsavelmente contrárias àquilo que recomendam os organismos in-ternacionais e os setores sensatos que com-põem seu atual governo. No dia 19 de mar-ço, a hashtag #VirusChines chegou aos Trending Topics no Twitter. Uma investiga-ção recente coletou evidências de utilização de robôs ou processos automatizados para interferir no debate público em torno do as-sunto. Redes e influenciadores bolsonaristas estariam implicados no impulsionamento (em parte, programado) dessas mensagens.

O sociólogo e urbanista norte-americano Mi-ke Davis, em 2005, quinze anos atrás, es-creveu um livro sobre a gripe aviária H5N1. O livro saiu no Brasil traduzido como O Monstro Bate à Nossa Porta. É um ensaio leve, agradável de ler, bastante detalhado, falando sobre a pandemia que ameaçara a todos entre 2003 e 2004. Semana passada, durante minha quarentena, terminei a leitura e saí com a sensação de que as sociedades não aprendem e que os vírus – esses seres inteligentes, rápidos e ardilosos, “bandos mutantes” – operam, fundamentalmente, no espaço sempre alargado de nossa ignorân-cia. Os políticos e os empresários, por e-xemplo, seriam mais espertos e perderiam quantidades muito menores do capital que valorizam (seja o capital político ou o capital econômico) se ouvissem um pouco mais os cientistas.

O estudo de Davis deixa isso bem claro: o que se faz na China – embora não só lá – é organizar um determinado sistema produtivo tendo em vista responder às demandas de competitividade e consumo globais. É uma combinação explosiva: convívio interespé-cies, alta densidade populacional, condições precárias de trabalho, trabalhadores despre-parados e mal pagos, ausência de direitos trabalhistas e de condições de higiene, exi-gência de produtividade em larga escala, expectativas de lucros máximos, consumo elevado de proteína animal e cidades com péssima infraestrutura de saneamento bási-co e saúde pública. São condições muito similares àquelas induzidas pelas economi-as neoliberais e pelo necrocapitalismo extra-tivista e hiperespeculativo hoje hegemônico em nosso país e em várias outras partes do mundo.

É lamentável que milhares de mortos sejam necessários para que possamos nos con-vencer de que o atual sistema político-econômico precisa ser freado, que regula-

ções são benéficas e que as universidades e os cientistas precisam ser ouvidos.

Vale, portanto, repetir: colocar a questão em termos de “culpa”, além de ser um modo muito empobrecedor de enquadrar o proble-ma, é também um modo de pensar que está enredado numa estrutura de valores católi-cos (e isso, no mínimo, seria algo alheio ao confucionismo e ao ethos chinês). O fato de que possamos encontrar indícios de respon-sabilização política – ou riscos políticos as-sumidos em nome de projetos econômicos a serem perseguidos, a todo custo – não sig-nifica que exista intenção consciente (o que seria também um impulso suicida) de produ-zir e disseminar o vírus. Nesse caso, se re-corrêssemos à terminologia jurídica, haveria dolo, mas – outra vez, é até patético dizê-lo – não haveria “culpa”.

Além disso, a narrativa infantil de “culpabilização” da China soa como uma te-oria conspiratória, como se o chinês – o “nosso outro”, exótico e estranho – fosse o estrangeiro maquiavélico, representante do “eixo do mal”, o agente de um estado bioter-rorista ou bobagens desse tipo, que, antes de tudo, só reforçam o desconhecimento, a pseudoexplicação e o nonsense. Típico dos filmes de Bruce Willis ou Sylvester Stallone.

Teorias conspiratórias, como sabemos, pro-liferam em tempos de crise. Proliferam tam-bém quando faltam condições de apreender uma realidade complexa qualquer. Acreditar na estipulação da “culpa” – e esse é outro ponto a destacar – seria o mesmo que dizer, na contramão, que os norte-americanos in-ventaram o Anthrax, que o HIV também foi calculadamente produzido num laboratório, nos confins de algum país africano, pelo Va-ticano ou por forças malignas com interes-ses de dominação do mundo.

Uma outra razão – e paro por aqui, sem mencionar as questões diplomáticas e de comércio internacional envolvidas – é o fato de que discursos precários como esse pres-tam-se a uma captura ideológica, produzem adesão inconsciente num cenário de dispu-tas econômicas entre China e EUA. O sujei-to que dissemina narrativas como essa não quer compreender, com seriedade, um im-portante tema do cenário de tensões glo-bais. Antes disso, quer apenas se deixar ins-trumentalizar numa disputa ideológica, assu-mindo, dentro dela, o polo que mais lhe a-calma, que o reconforta tanto quanto limita sua compreensão de mundo. E isso, sem dúvida, não ajuda em nada.

Fabrício Silveira

10 de Junho - Dia Mundial da Lei

o Dia Mundial da Lei surgiu com a intenção de lembrar a importância do cumprimento do Direito, em 1965, quando muitas nações a-dotaram a ideia do então presidente dos Es-

tados Unidos da América, Dwight D. Eise-nhower, que, em 1958, instituiu o 1º de maio como Dia da Lei no país. Do verbo latino li-gare, que significa aquilo que liga, ou legere, que significa aquilo que se lê, a palavra lei

significa, de acordo com o site Wikipedia u-ma norma ou conjunto de normas jurídicas criadas através dos processos próprios do ato normativo e estabelecidas pelas autori-dades competentes para o efeito.

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Julho 2020 Gazeta Valeparaibana Página 14

6 Coisas Surpreendentes Sobre as Fazendas

do Sexo Durante a Escravidão que Você

Desconhece

1 - A fertilidade das mulhe-

res escravizadas era exami-

nada pelos senhores de es-

cravos para se certificarem

de que elas eram capazes

de procriar e ter tantas cri-

anças quanto possível. Se-

cretamente, proprietários de

escravos estupravam as

mulheres escravizadas e

quando a criança nascida crescia e alcançava uma determinada

idade onde já pudesse trabalhar nos campos, eles tomavam seus

próprios filhos e transformavam em escravos.

2 - Era comum que os negros fossem subordinados sexualmente

aos proprietários de escravos, mesmo os homens negros. Era parte

da função do homem negro, como uma "ferramenta de animação,"

ser um instrumento de prazer.

3 - Quando os homens negros completavam 15 anos de idade, e

até menos em alguns casos, eles passavam pela primeira inspe-

ção. Meninos que era subdesenvolvidos, eram castrados e enviado

ao mercado de escravos ou utilizados na plantação. Cada homem

negro tinha que engravidar ao menos 12 mulheres negras por ano.

Os homens eram utilizados para a reprodução durante cinco anos.

Um homem negro escravizado chamado Burt chegou a ter mais de

200 filhos.

4 - Para combater a alta taxa de mortalidade entre os escravizados,

os donos de plantações exigiam que as mulheres negras começas-

sem a ter filhos aos 13 anos. Aos 20, era esperado que as mulhe-

res escravizadas já tivesse quatro ou cinco filhos. Como um incenti-

vo, proprietários de plantações prometiam liberdade para a mulher

negra que desse à luz no mínimo 15 crianças.

5 - Se a mulher negra fosse considerada "bonita", ela era comprada

pelo dono da fazenda e recebia um tratamento especial na casa,

mas muitas vezes submetida a crueldade terrível da esposa do

mestre, incluindo a decapitação de crianças que fossem fruto do

estupro.

6 - Muitas vezes, o dono da plantação, para entreter seus amigos,

forçava os negros escravizados a fazerem orgias com múltiplos pa-

res e tinham relações sexuais na frente deles. E os homens bran-

cos muitas vezes participavam.

“QUEBRANDO AS COSTAS”

Na Jamaica, existiam zonas específicas com a finalidade de estu-

pro, chamada Quebrando as costas.

Onde Homens Africanos (feitos de escravos) eram levados para

serem violados perante suas mulheres e filhos, pelos seus

“mestres”, com a finalidade de lhes diminuírem como homens. E-

ram estupros motivados pela intenção de despirem o homem negro

da sua masculinidade e afirmarem dominância, poder e superiori-

dade. E não era só isso, as vezes, estes homens eram violados por

grupos de “Donos de Escravos”.

Esta prática não acontecia de vez em quando, tanto que chegou ao

ponto serem criadas fazendas de sexo com este propósito.

Desde cedo os brancos temem a genética do negro, por isso sem-

pre procuraram fazer de tudo para lhes retirarem aquilo que simbo-

lizava força física dentro das comunidades negras. A mente eles já

quebraram, sem a parte física e o respeito das mulheres e dos nos-

sos filhos, não somos nada contra todo sistema que eles construí-

ram.

Porque o que torna um Africano forte, é a família.

Fontes: National Humanities Center Resource Toolbox on Slaveholders’ Se-xual Abuse of Slaves Slave Narratives Slavery in the United States by John Simkin. Tradução: Thiago Ribeiro

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Conta-se que um fazendeiro, dono de excelentes cavalos de muita

valia nos trabalhos de sua propriedade rural recebeu um dia a notí-

cia de que o preferido dele, um alazão forte e muito bonito, havia

caído num poço abandonado.

O capataz que lhe trouxe a má notícia estava desolado porque o

poço era muito fundo e pouco largo e não havia como tirar o animal

de lá, apesar de todos os esforços dos peões da fazenda.

O fazendeiro foi até o local, tomou tento da situação e concordou

com seu capataz: não havia mais o que fazer, embora o animal não

estivesse machucado. Não achou que valia a pena resgatá-lo, ia

ser demorado e custaria muito dinheiro.

Já que está no buraco - disse ao capataz - você acabe de enterrá-

lo, jogando terra em cima dele. Virou as costas, preocupado com

seus negócios e os peões de imediato começaram a cumprir a sua

ordem. Cinco homens, sob o comando do capataz, atiravam terra

dentro do buraco, em cima do cavalo.

A cada pazada, o alazão se sacudia todo e a terra ia-se depositan-

do no fundo do poço seco. Os homens ficaram admirados com a

esperteza do animal: a terra ia enchendo o poço e o cavalo subindo

em cima dela!

Não demorou muito e o animal já estava com a cabeça aparecendo

na saída do poço; mais algumas pazadas de terra e ele saltou fora,

sacudindo-se e relinchando, feliz!

MORAL DA HISTÓRIA

Não aceite a terra que jogam sobre você os que querem enterrá-lo

em vida; reaja com confiança, mexa-se, procure o seu espaço, su-

ba sobre essa terra e aproveite para subir cada vez mais, agrade-

cendo os que, pensando feri-lo, estão lhe dando a oportunidade de

crescer material e espiritualmente.

Quando pensarem que você " já era " , a sua vitória será ainda

mais espetacular .

Arrisque! Viver É arriscar. O homem que vai mais longe é o que,

em geral, está disposto a fazer e a arriscar.

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Julho 2020 Gazeta Valeparaibana Página 15

Cultura africana - o que é, como se manifesta e qual sua

influência? A cultura africana se espalhou pelo mundo com a prática da escravidão e mudou os conceitos e crenças de muitos povos, como ocorreu no Bra-sil Colonial.

A cultura africana é uma pluralidade de manifestações folclóricas e culturais envolvendo toda a África. O velho continente é uma mes-cla de crenças, ritmos, temperos e cores que o fazem peculiar.

Espalhada pelo mundo através do tráfico de escravos, acabou influ-enciando a cultura de muitas nações. Ela se mesclou, por exemplo, na dança, culinária e religião.

Grandes festas brasileiras, como o Carnaval e o Maracatu, têm su-as bases em ritos africanos. Sua religião se misturou às crenças católicas e daí surgiram o Candomblé e a Umbanda.

Contexto Histórico

As evidências arqueológicas mostram ser a África o primeiro territó-rio que o ser humano habitou na Terra. Tantos milhares de anos de história, por óbvio, resultaram numa mistura formidável de povos. Surgiu daí uma combinação de muitos idiomas, religiões, organiza-ções sociais, políticas e econômicas.

Entre os séculos XV e XVI, iniciou-se o tráfico de escravos da Áfri-ca, posto que o território foi conquistado por europeus. Com isso houve a disseminação da cultura africana pelos tantos países mun-do afora onde esses escravos foram utilizados.

De colonização portuguesa, o Brasil foi uma colônia de exploração para onde foram enviados milhares de africanos. E eles acabaram influenciando o idioma português, a culinária, festas tradicionais etc.

No século XIX, através da Conferência de Berlim (1884-1885), a África foi partilhada entre as nações mais industrializadas. Essa di-visão durou até o final da Segunda Guerra Mundial, quando os paí-ses obtiveram sua independência.

Após muitas guerras, golpes e genocídios, a África vai se estabili-zando politicamente. Soma hoje mais de cinquenta países, com a população de aproximadamente um bilhão de habitantes.

A dança é uma expressão corporal

A dança africana se caracteriza pelos movimentos corporais enérgi-cos dos quadris, pernas e ombros. E com o tráfico de escravos, es-se meneio de corpo se espalhou pelas regiões para onde foram en-viados.

Cuba mesclou a intensa música do colonizador espanhol, com o movimento sensual dos corpos africanos. E foi assim que surgiram a salsa e a rumba, duas danças bem ativas e peculiares.

No Brasil, uma mistura do batuque com a polca, assim como o ma-xixe, deu origem ao samba. Da África também vieram várias dan-ças dos Estados Unidos, qual o sapateado, charleston, funk, como também o moderno hip hop.

A história numa roda de capoeira

A capoeira é uma grande expressão da cultura afro-brasileira, pos-to que mistura ginga, dança e música. Ela veio dos escravos africa-

nos que por aqui aportaram e que, para disfarçar as lutas, acres-centaram a dança. Hoje é equivocado dizer que se luta capoeira, já que o correto é jogar.

Famosa no mundo todo, a capoeira é uma cultura africana que só cresce e atrai pessoas de diferentes nações. O jogo transcorre ao ritmo de tambor, berimbau e palmas, enquanto se canta as músicas tradicionais das apresentações.

Embora hoje seja uma manifestação disputada, principalmente na Bahia e no Rio de Janeiro, nem sempre foi assim. Tal qual o sam-ba, a capoeira foi perseguida pela polícia, e jogá-la era sinônimo de bandidagem e vagabundagem. Somente mais recentemente esse estigma foi superado.

A miscigenação religiosa

A África sempre foi um continente de muitos credos, rituais, deu-ses, sacerdotes e magos. Com a tráfico negreiro, essas crendices se fundiram a elementos de outras religiões.

No Brasil, há o Candomblé, que tem suas bases no culto aos Ori-xás, além da Umbanda, um misto de elementos africanos, Espiritis-mo e Catolicismo.

O Vodu é uma religião da qual participam pessoas de Cuba, Haiti, República Dominicana, além do Estado americano da Louisiana. Na Jamaica se praticam: Obeah, em que se cultuam os ancestrais africanos, bem como Kumina, uma mistura de religião, música e dança do Congo.

A culinária africana

A culinária também pode ser inserida dentro da cultura africana, principalmente no que se refere a temperos. De lá vieram, por e-xemplo, o hábito de temperar comida com pimenta, azeite de den-dê e leite de coco.

O feijão-preto, tão apreciado nas senzalas, foi servido nos banque-tes da casa grande em saborosas feijoadas. As baianas atualmente são famosas mundialmente por servirem acarajé, vatapá e caruru.

Os Estados Unidos também sofreram forte influência gastronômica africana, posto que ali se criou a expressão sool foods. Os alimen-tos da alma, na tradução, são comidas influenciadas pela culinária africana.

A cultura africana celebrada em muitas festas

O Carnaval é uma festa que no Brasil se baseia nas tradições afri-canas, posto que recheado o samba e a marcha. O Maracatu de Pernambuco mescla as culturas dos africanos, indígenas e europei-as, que originaram uma apresentação colorida.

Tem igualmente o Bumba-meu-boi, encenação que lembra uma lenda da África a respeito da morte e ressurreição de um boi. A Festa de Iemanjá, de caráter religioso, deposita nas águas oferen-das para a Rainha do Mar.

Também na América do Norte há diversos festivais sobre a cultura negra, além de manifestações que vão da dança ao cinema. E po-demos citar como exemplos: o Black Dance, em Saint Louis, assim como o Afro Punk Fest, em Nova York.

Adriano Curado

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Dia Mundial da População

Foi a 11 de julho de 1987 que o contador mundial de população chegou aos cinco bili-ões de pessoas, inspirando a ONU a criar este dia em 1989 e a comemorar anualmen-te esta efeméride a 11 de julho.

Estima-se que a evolução da população mundial registe um aumento anual de 75 mi-

lhões de pessoas. Quanto à distribuição da população mundial, a maior parte da popula-ção encontra-se na Ásia, com a China e a Índia no topo dos países mais populosos do mundo.

O objetivo do Dia Mundial da População é alertar para o planejamento e o desenvolvi-mento populacional e encontrar soluções para tais questões, quando muita gente não

tem acesso a cuidados de saúde, por exem-plo. Outro problema sério é a escassez dos alimentos

A poluição, as epidemias e o uso de contra-ceptivos são outros temas relacionados com a população mundial cão abordados pela ONU nesta data.

Todos os anos o dia realiza-se à volta de um tema específico.

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O Povo Brasileiro e sua ascendência

Quando estudava, se

dizia que o Brasil foi

formado por índios,

negros e português.

Posteriormente vie-

ram outros imigran-

tes, como italianos,

alemães, japoneses

e coreanos. Se fala-

va da contribuição

cultural dos três gru-

pos citados e estava

vendido a versão de

todos os livros que li

até hoje.

Só que a gente vai

envelhecendo e nota

que esta tal Forma-

ção do Povo Brasilei-

ro pode ser explicada

de outra maneira.

Eu costumo dividir a população brasileira em três grupos:

a) os que já viviam aqui.

b) os que foram trazidos.

c) os que vieram.

Os que já viviam aqui:

Quando o Brasil foi descoberto (ano de 1.500) já existiam em torno

de 5 milhões de nativos vivendo nessas terras. O interessante é

que os portugueses cometeram um erro ao chamar os nativos de

índios (moradores da Índia) e até hoje esse termo é usado erronea-

mente.

A destruição da cultura (etnocídios) e a matança (genocídios) des-

ses nativos foi tão grande que hoje sobra pouco mias de 200.000

indivíduos e mesmo assim esses que sobraram perderam a noção

dos hábitos e costumes dos antepassados. Estão com problemas

para ficarem nas poucas terras que lhes foram reservadas.

Os que foram trazidos:

Muitos livros que se utiliza em sala de aula costuma dizer que os

negros vieram para o Brasil. A grande maioria (99,99%) foram trazi-

dos como escravos para trabalhar na lavoura de cana-de-açúcar e

mineração. Pode parecer a mesma coisa, só que você vir para o

Brasil é uma coisa espontânea e ser trazido é vir de maneira força-

da.. E pelo que eu sei os negros vieram acorrentados e tratados

como animais para viverem nessas terras. Passaram mais de tre-

zentos anos trabalhando de graça (forçados) e foram libertados

sem ter direito a uma indenização ou mesmo um pedaço de terra.

Os que vieram:

Este grupo pode ser dividido, em dois grupos, dos que vieram co-

mo exploradores e os que vieram para trabalhar como mão-de-obra

barata.

Os que vieram como exploradores

Neste grupo se enquadram os Portugueses, Espanhóis e Holande-

ses. Os Portugueses (grandes fazendeiros ou empresários falidos

em Portugal), que “descobriram” o Brasil, vieram através da distri-

buição de sesmarias, tentavam se enriquecer facilmente, outros e-

ram os degredados que vieram aqui cumprir pena e ambos tinham

pretensão de retornar a Portugal.

Os Espanhóis mandaram no Brasil durante 60 anos e tinham o

mesmo perfil do portugueses (exploradores) que tiveram atuação

mais forte no Nordeste por ser a centro socioeconômico da época.

O Holandeses, dominaram o Nordeste do Brasil durante 26 anos,

foram expulsos por tropas constituídas por negros, nativos (índios)

e portugueses da região.

Os que vieram incentivados

São os descendentes de desempregados europeus e orientais

(mão-de-obra, de segunda categoria, que não conseguia emprego

em sua terra natal). Que vieram morar principalmente na região Su-

deste e Sul do Brasil. Entre eles podemos citar os descendentes de

italianos, alemães, poloneses, japoneses, coreanos,etc.

Para os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul vieram os

desempregados da Alemanha e Itália que receberam terras e se-

mentes para plantar (nem chegaram e já foram ganhando alguma

coisa sem trabalhar sequer um único dia). Posteriormente, com a

libertação dos escravos, os desempregados vindo da Europa pas-

saram a imigrar para o Estado de São Paulo.

Até hoje, os que povoaram as Regiões Sul e Sudeste, se conside-

ram imigrantes, vivem em colônias nas terras brasileiras.

Antônio Carlos Vieira

Julho de 2016 ÚLTIMA PÁGINA

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Dia da Revolução Constitucionalista

O Dia da Revolução Constitucionalista é comemorado anualmente em 9 de julho e considerado feriado estadual em São Paulo.

Também conhecido por Dia da Revolução e do Soldado Constitu-cionalista, esta data é uma homenagem ao movimento contra dita-dura de Getúlio Vargas, realizado em 1932 pelos paulistas.

Vargas toma o poder com a Revolução de 1930, apoiado pelos

paulistas, e outros estados. No entanto, o tempo passava e o novo dirigente não convocava eleições para a nova Assembleia Constitu-inte. Sentindo-se traídos, representantes do Exército, estacionados em São Paulo e políticos paulistas, resolveram se rebelar.

A Revolução Constitucionalista, episódio que também foi chamado de "Guerra Paulista", foi o mais importante movimento ocorrido em São Paulo e o último grande combate armado do Brasil.