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INFORMATIVO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PÓ S GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA ANO XX - MAIO/SETEMBRO 2003 - NÚMERO 88 BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA O VII Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva foi o congres- so da diversidade, da inclusão e da cria- tividade. “Saúde, Justiça, Cidadania” para todos! Página 2 MENÇÕES HONROSAS OFICINAS Confira a lista. MOÇÕES APROVADAS Relatórios de Oficinas realizadas no Pré-Congresso. Página 6 Página 7 Conheça os trabalhos premiados. Página 26 SÉRGIO AROUCA SANITARISTA UTÓPICO Página 4

ANO XX - MAIO/SETEMBRO 2003 - NÚMERO 88 - ABRASCO · 2012. 5. 17. · TRISTESSE Como você pode pedir Pra eu falar do nosso amor ... (Milton Nascimento) BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO

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  • INFORMATIVO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PÓ S GRADUAÇÃO

    EM SAÚDE COLETIVAANO XX - MAIO/SETEMBRO 2003 - NÚMERO 88

    BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

    O VII CongressoBrasileiro de SaúdeColetiva foi o congres-so da diversidade, dainclusão e da cria-tividade.

    “Saúde,Justiça,Cidadania”para todos!

    Página 2

    MENÇÕES HONROSAS

    OFICINAS

    Confira a lista.

    M O Ç Õ E SA P R O V A D A S

    Relatórios de Oficinas realizadas no Pré-Congresso.

    Página 6

    Página 7

    Conheça os trabalhos premiados.Página 26

    SÉRGIO AROUCASANITARISTAUTÓPICO

    Página 4

  • “Saúde, Justiça,Cidadania” para todos!

    2 Boletim Abrasco

    EDITORIAL

    BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

    CONGRESSOS ANTERIORES03 a 07 de julho de 1989

    II Congresso Brasileirode Saúde Coletiva"Sistema Único de Saúde- conquista da sociedade"Cidade Universitária - USPSão Paulo

    22 a 26 de setembro de 1986

    I Congresso Brasileirode Saúde Coletiva"Reforma Sanitáriae Constituinte - garantiado direito universal à saúde"Campus da UERJ - Rio de Janeiro

    16 a 20 de maio de 1992

    III Congresso Brasileirode Saúde Coletiva"Saúde como direito à vida"Campus da UFRGSPorto Alegre - RS

    O VII Congresso Brasilei-ro de Saúde Coletiva, reali-zado no final de julho passa-do no Campus da Universi-dade de Brasília, no DistritoFederal, foi o congresso dadiversidade, da inclusão e dacriatividade. Foi, sem dúvida,um momento de exibição do vi-gor e da renovação do campo dasaúde coletiva. Foram apresen-tados quase cinco mil trabalhosna modalidade de pôster1 , desen-volvidas 159 comunicações coor-denadas, 127 painéis, 29 pales-tras, 13 colóquios, nove grandesdebates e três conferências mag-nas. Neste conjunto de apresen-tações orais foram apresentados1.085 trabalhos científicos, envol-vendo profissionais de serviços,professores e pesquisadores na-cionais e internacionais.

    O processo de construção des-te evento, a partir da ComissãoOrganizadora, contou com a par-ticipação ativa de um grande nú-mero de profissionais de diversasinstituições de saúde no âmbito fe-

    deral e distrital e de professores epesquisadores da Universidade deBrasília. A fase de avaliação dostrabalhos inscritos (quase 6.500)– crucial neste processo – com-preendeu duas etapas. A primei-

    ra, via Internet, mobilizou 350avaliadores ad hoc que, em con-junto com a Comissão Científica,pré-selecionaram mais de cincomil trabalhos. Na segunda etapa,presencial, mais de 60 profissio-nais, oriundos de várias institui-ções e centros de ensino e pesqui-sa em saúde coletiva do país, clas-sificaram – entre os trabalhospré-selecionados – a modalidadede apresentação que serviu debase para a montagem final daprogramação do congresso.

    A dimensão desse Abrascão,marcada pelo surpreendentenúmero de trabalhos e participan-tes inscritos, suscita algumas re-flexões. Em primeiro lugar deveser evocado o poder de convoca-ção da Abrasco, que se consolidaa cada dia como uma entidadeacadêmica e política de referên-cia para a Saúde e para o SUS.Ressalte-se também o desejo detodos em retomar, com vigor, o debate sobre os rumos da saúdee da reforma sanitária em nos-so país.

    O Congresso teve capacidadede aglutinar os diversos camposde conhecimento e de práticas daSaúde Coletiva, onde o mérito daAbrasco foi estimular a participa-ção e acolher os diversos grupose temas propostos. O com-parecimento expressivo dos tra-balhadores de saúde e do pessoaldos serviços, foi responsável pelovolume surpreendente de produ-ção científica sobre o SUS, eviden-ciando a diversidade do campo dasaúde e do SUS em nosso país.

    O mérito da Abrascofoi estimular a

    participação e acolheros diversos grupose temas propostos.

  • Boletim Abrasco 3

    BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

    19 a 23 de junho de 1994

    IV Congresso Brasileirode Saúde Coletiva"Saúde - o feito por fazer"Centro de Convenções de Olindae Recife - Pernambuco

    25 a 29 de agosto de 1997

    V Congresso Brasileirode Saúde Coletiva"Saúde - responsabilidadedo Estado Contemporâneo"Águas de Lindóia - São Paulo

    28 de agosto a 01 de set. de 2000

    VI Congresso Brasileirode Saúde Coletiva"O sujeito na Saúde Coletiva"Centro de Convenções de SalvadorBahia

    O clima de celebração tomouconta de todos que estiveram nocampus da UnB, dando disposi-ção e alegria para as longas ca-minhadas necessárias entre umaatividade e outra. A sessão de ho-menagem a personagens quemarcaram a história da reformasanitária no país – CarlosSantana, Eleutério Rodrigues Netoe Sérgio Arouca – e aos ex-diri-gentes da Abrasco, além da apre-sentação de um conjunto de ativi-dades culturais paralelas ao Con-gresso, reiteraram o respeito pelaHistória e estimularam acriatividade, promovendo outrasformas de convivência e expres-são em saúde. A todo momentoos participantes eram surpreen-didos com apresentações de mú-sica, teatro, filmes e outros even-tos acolhidos no “Cultura é Saúde”.

    O VII CBSC foi o maior eventoda fase preparatória da XII Con-ferência Nacional de Saúde – Con-ferência Sérgio Arouca – que terásua etapa nacional em dezembropróximo. Por certo, os ecos denosso congresso estão ressoan-do na sua etapa de debates muni-cipais e estarão também nas con-

    ferências estaduais e nacional, ali-mentando os debates com a pro-fusão, profundidade e diversida-de dos temas abordados nas dis-tintas atividades que ocorreramem Brasília.

    Para os GTs e Comissões daAbrasco, o VII CBSC foi umaoportunidade de reconstrução eatualização de suas agendas in-corporando os novos desafios aliestampados. Agora, fica a res-ponsabilidade para a nova ges-tão da Abrasco que, com certe-za será pautada pelos vários sig-nificados deste Abrascão-2003.

    O crescimento dos Abrascõesdeve ser comemorado. A ampli-ação dos programas de pós-gra-duação; a busca crescente porinflexões na Saúde Coletiva das

    atividades de graduação; o reco-nhecimento progressivo de que acomplexidade da saúde públicaexige maior integração entre osserviços e os centros de produçãode conhecimentos e a incorpora-ção de profissionais na rede deserviços, em especial nos Progra-mas de Saúde da Família, sãoindicativos desta tendência.

    Para o futuro fica o desafio deseguir ampliando o debate. O Con-gresso em Brasília mostrou a ne-cessidade de reestudar a organi-zação dos próximos Abrascões.De imediato paira a idéia de re-ver sua duração, permitindo maispossibilidades aos autores, expo-sitores e demais congressistas.

    De substantivo segue vivo ocompromisso expresso nas inú-meras atividades e nas moçõesaprovadas na plenária final des-te VII CBSC: a luta incansável pelaqualidade de vida e saúde de to-dos os brasileiros. Esta é com cer-teza a idéia-força e o desejo dosquase oito mil congressistas queestiveram na Capital Federal par-ticipando do Abrascão.

    1 Noventa e dois pôsteres receberam mençõeshonrosas. Conheça nesta edição os trabalhospremiados.

    O VII CBSC foi o maiorevento da fase

    preparatória da XIIConferência Nacional de

    Saúde – ConferênciaSérgio Arouca

  • 4 Boletim Abrasco

    SANITARISTAUTÓPICO

    Sarah Escorel *

    Sérgio Arouca foi formado como um sanitaris-ta à moda antiga. Com muito orgulho referia-seao fato de ter cursado a Faculdade de Medicina de

    Ribeirão Preto da USP,que, em sua criação,congregou uma série dejovens profissionais, epretendia inovar o en-sino da medicina. Con-tava suas primeiras ex-periências na realizaçãode inquéritosepidemiológicos nazona rural e em cidadespróximas de RibeirãoPreto. A doença deChagas era endêmica atal ponto nesta região,que era necessário es-calar quarenta jogado-res em cada time, paraque o jogo de futebol ti-vesse chance de chegaraté o fim do tempo re-gulamentar. Ele gostavade contar suas históri-as com as vacas que,por alguma força sobre-natural, sempre o per-seguiram. Dizia que per-dera todas as anotaçõesfeitas no primeiro tra-balho de campo porqueuma vacadesembestada o fizerafugir correndo e pularuma cerca de arame far-pado.

    Freqüentou a Faculdade de Saúde Pública daUSP antes da memorável turma do Curso de Saú-de Pública integrada por David Capistrano Filho,José Ruben Bonfim e tantos outros que participa-ram do projeto da Zona Leste da cidade de SãoPaulo. Em 1976, junto com essa turma, partici-

    pou da criação do Centro Brasileiro de Estudosde Saúde (CEBES). Esta formação sólida, ampla etradicional em Saúde Pública o ajudou a virar essadisciplina de ‘ponta cabeça’.

    A UNICAMP exerceu também enorme influên-cia em sua formação. Mais uma vez, foi atraídopor uma iniciativa inovadora, desta vez para inici-ar suas atividades profissionais como docente dodepartamento de medicina preventiva e social. Aproximidade com professores geniais, de discipli-nas como Física, Química e Sociologia, e as pos-sibilidades de implementar projetos alternativos,ampliaram enormemente sua visão de mundo esua concepção de Saúde. Foi, então, que ‘mergu-lhou’ em Foucault e gerou a Tese de Doutorado“O Dilema Preventivista”. Segundo JairnilsonPaim, este trabalho, e a tese de CecíliaDonnangelo sobre o mercado de trabalho médi-co, inauguraram o campo da Medicina Social noBrasil.

    Tese hermética, difícil de ler. Naquele tempoele falava complicado, escrevia ainda mais com-plicado. Era árduo acompanhá-lo quando pegavauma tangente teórica. Mas, só quando pegava essatangente. No mais, era um papo muito bom. E, àmedida em que foi se afastando do estruturalis-mo, ou essa corrente intelectual foi sendo ameni-zada pela obra de Gramsci e pela vida, passou aescrever cada vez mais inteligível. O papo foi fi-cando ainda melhor, até que abdicou definitiva-mente de escrever. Dedicou-se apenas a falar.

    Lia muito. Quando um assunto o interessava,queria aprender mais – fosse o tema DNArecombinante, a criação de cães Fila ou a práticado Tai Chi Chuan – desandava a comprar livros,revistas, a ler tudo o que pudesse e a conversarcom quem mais entendesse do assunto. Torna-va-se um especialista. Depois mudava de tema,mas mantinha o estilo.

    TRISTESSE

    Como você pode pedirPra eu falar do nosso amorQue foi tão forte, e ainda éMas cada um se foi.

    Quanta saudade brilha em mimse cada sonho é seuvirou história em sua vidamas pra mim não morreu.

    Lembra, lembra, lembraCada instante que passoude cada perigo, da audácia,do temor que sobrevivemos,que cobrimos de emoção?

    Volta a pensar, então.Sinto, penso, esperofico tenso toda vezque nos encontramosnos olhamos sem viver,para de fingirque não sou parte do seu mundo.Volta a pensar, então.

    Como você pode pedir?

    (Milton Nascimento)

    BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

  • Boletim Abrasco 5

    Aliava o grande conhecimento que tinha emtodos os aspectos da Saúde Coletiva à sua essên-cia de metodólogo, ainda mais forte que a deformulador de políticas e estratégias. Explico: nasreuniões, em momentos decisivos, de crise, nabusca do que fazer, de qual seria a melhor açãonaquela conjuntura, todos falavam e Sérgio tam-bém. Mas ele sabia escutar e, em algum momen-to, pedia a palavra e assinalava certos aspectosque permitiam que as múltiplas idéias encontras-sem um rumo, que se organizassem numa estra-tégia e se integrassem em um projeto. É comose, diante de milhares de peças de um quebra-cabeça, ele, ao invés de encaixá-las sozinho – ouindicar qual seria a forma de montar – mostrasseque as peças das bordas tinham um dos lados re-tos. Isso permitia que todos identificassem essaspeças e começassem, coletivamente, a compor oquadro.

    A liderança incontestável que exerceu sobretodos nós do campo da Saúde Coletiva era devidatambém a uma personalidade muito particular.Nunca parecia ter sido mordido pela ‘mosca azul’do poder. Não tinha qualquer vaidade física, em-bora tivesse orgulho de sua trajetória. Como bomleonino, adorava ser o centro das atenções e nãoresistia a uma bajulação inteligente. Mas, fazia ereconhecia ter feito, muita bobagem. E contavarindo até chorar, zombando de si próprio. Diziaque atraía os ‘doidinhos’, mas era ele o ‘loucovarrido’ e tudo não passava portanto de atraçãoentre ‘colegas’.

    Gostava de Política com P maiúsculo. Não con-seguia subordinar-se às regras partidárias embo-ra tenha sido fiel ao ‘Partidão’ até morrer. Foimuito infeliz durante o tempo em que foi parla-mentar. Todos os dias dizia que ia para a Câmara‘apanhar’, a diferença era só de quanto seria asurra, já que diuturnamente a oposição era derro-tada por uma enorme margem de votos. Mas,gostava de discutir política em geral, e do setorSaúde em particular. Com o tempo, foi mudandosuas idéias e concepções a respeito de Saúde, sem-

    pre influenciando os que estavam à sua volta. Quan-do o conheci ele tinha restrições à psicanálise e àhomeopatia. Em suas últimas entrevistas defendiauma mudança radical do modelo de atenção à saú-de e a desmedicalização da sociedade. Tratava-secom homeopatia, mudara seu padrão alimentar, ereconhecia os benefícios da ioga e da meditaçãona saúde das pessoas.

    Era movido por idéias grandes, utópicas e ge-nerosas. Não disputava intelectualmente, e nuncao vi brigando em benefício próprio. Tampouco searvorava a ser o guardião do povo. Mas, era o povobrasileiro, essa ‘gente humilde’ que o fazia ir à luta.Todos os dias.

    “Eu sei que essa dor não vai passar mais nunca,mas sei também que um dia ela será tão parte denós que se tornará mais suave e nem lembrare-mos de como era viver sem sentir essas saudades”

    * Sarah Escorel é médica sanitarista, Doutora em Sociologia,Pesquisadora Titular da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), presidentedo Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) e responsável

    BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

  • ?? Contra a Privatização de ÁguaQue a ABRASCO adote a luta contra a privatização

    da água entre suas prioridades políticas, participan-do também junto aos movimentos sociais pela reti-rada do Projeto de Lei No 4147, que tramita comurgência constitucional no Congresso Nacional eque visa a privatização da água.?? Reforma do CNS

    Que seja garantido à XII Conferência Nacionalde Saúde o poder soberano para reformar a com-posição do Conselho Nacional de Saúde, com basenos princípios da Reforma Sanitária Brasileira e coma garantia da participação dos movimentos sociaise populares na representação dos usuários.??Criação de um GT de Bioética / ABRASCO

    A ANIS: Instituto de Bioética, Direitos Humanose Gênero, centro de pesquisa em bioética, sediadoem Brasília, submeteu à Plenária da ABRASCO a cri-ação do Grupo Temático Bioética.?? Em prol de conscientização da sociedadesobre a vigilância em saúde do trabalhador

    Apoio à divulgação na frente de todos HospitaisPúblicos, do número de Acidentes e Doenças rela-cionadas ao Trabalho atendidos semanalmente oumensalmente pela instituição, através de cartazes,faixas, placas ou outdoors.?? Repúdio à FIERGS

    Protestamos contra a Ação Direta deInconstitucionalidade movida contra o Código Mu-nicipal de Saúde de Porto Alegre pela Federaçãodas Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul(FIERGS), que impede, há mais de seis meses, omunicípio de realizar Ações de Vigilância em Saúdedo Trabalhador, alegando que a fiscalização aosambientes de trabalho é tarefa da União.?? Pela implementação da Câmara Técnicade Vigilância Sanitária do CNS

    Propõem que o Conselho Nacional de Saúdeimplemente imediatamente sua Câmara Técnica deVigilância Sanitária, para dar cumprimento à legisla-ção e às deliberações da I Conferência Nacional deVigilância sanitária.

    ??Contra a DRU, DRE e DRMQue seja excluída da proposta de reforma tribu-

    tária a manutenção da desvinculação das receitasda união (dru) e a introdução das desvinculação dasreceitas dos estados (dre) e a desvinculação de re-ceitas dos municipaios (drm).?? Saúde da População Negra

    Propomos a criação de oficinas; ampliação do nú-mero de mesas, conferências e painéis, a formaçãodo Grupo Temático – Saúde da População Negra.??Apoio ao programa de anemia falciforme

    Solicita ao Governo brasileiro a implantação eimplementação das diretrizes apontadas pelo PAF –Programa de Anemia Falciforme, proposta elabora-da em 1996, visando efetivar uma política de aten-ção à Anemia Falciforme, contribuindo para a redu-ção da morbimortalidade pela doença genética demaior freqüência do Brasil.?? Apoio ao Fortalecimento da EducaçãoPopular em Saúde

    - Valorização, priorização e efetivação em todosos aspectos, sobretudo financeiros, da produçãode conhecimentos diretamente voltados para a con-solidação dos princípios norteadores do SUS.

    - Redefinição do tempo de pesquisa pelos movi-mentos sociais no processo e adoecimento-cura-cuidado e saúde no sistema de saúde.

    -Exigência de capacitação pedagógica / educaci-onal para docentes da área da saúde.

    -Valorização de critérios diferentes para o do-cente da área da saúde, considerando o ensino emserviço, a produção de material didático, a exten-são universitária e outras questões voltadas às ne-cessidades da formação de profissionais de saúde,na pontuação de carreiras docentes.??Pró-promoções da Saúde

    Solicita à ABRASCO associar-se aos esforços doPró-GT e recomendar à organização da XII Confe-rência Nacional de Saúde que inclua a Promoção daSaúde em seu temário.

    BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

    6 Boletim Abrasco

    Conheça os argumentos, a íntegra dos documentose os signatários das moções apresentadas no sítiowww.abrasco.org.br

    MOÇÕES APROVADAS

  • Boletim Abrasco 7

    Utilizando-se de es-tratégias metodoló-gicas ativas, a oficinapropôs avaliar asações desenvolvidasno campo da Fisiotera-pia, identificando osprincípios constitucio-nais estabelecidospara o Sistema Únicode Saúde - SUS, ouseja, a universalidadeno acesso, a integra-lidade das ações, aeqüidade na atenção, ea forma como temsido encaminhada a questão docontrole social. No âmbito educa-cional, buscou-se analisar os as-pectos que inibem a implantaçãodas diretrizes curriculares nacio-nais para cursos de fisioterapia.São propostas que visam umaaproximação entre formação aca-dêmica e realidade social, forman-do profissionais capazes de atuarcom qualidade, eficiência e aptosa resolver os problemas do siste-ma de saúde brasileiro.

    Buscando interação entre osobjetivos propostos para a ofici-na e os princípios e objetivos detrabalho da ABRASCO e da RedeUNIDA, a oficina discutiu acontextualização dos princípios ediretrizes do SUS, e suas implica-ções para a implantação das dire-trizes curriculares e a formaçãoprofissional. Houve ainda umaapresentação de experiências pro-fissionais e curriculares inovado-ras, a partir da articulação univer-

    FISIOTERAPIA E SAÚDE COLETIVA:Enfrentando o desafio da integralidade da atenção

    sidade-serviços-comunidade, en-volvendo tecnologias assistenciaisfisioterapêuticas em atenção pri-mária e, paralelamente, a constru-ção coletiva de estratégias que vi-sem a garantir a inserção do pro-fissional nas políticas públicas dereorientação do modelo de aten-ção em saúde.

    Os resultados dos grupos detrabalho constituem um rico mate-rial de reflexão sobre a Fisiotera-pia Brasileira. Entre os principaisdesafios abordados estão o aces-so universal, ainda não garantidona maioria das experiências relata-das, as limitações nítidas para aten-der ao princípio da integralidade daatenção à saúde, devido à carên-cia de profissionais para comporequipes de trabalho, e a dificulda-de do trabalho interdisciplinar.Além das limitações políticas dacategoria, que se refletem em en-tidades representativas com es-casso poder de negociação.

    Quanto à formação,aspectos relaciona-dos ao aparato e à ter-minologia fortementetécnicos, assim comoo modelo hospita-locêntrico utilizado naquase totalidade dasescolas no País, apa-recem como obstácu-los às ações rumo areorientação do mo-delo de atenção à saú-de proposto constitu-cionalmente, além dafalta de instrumen-

    talização durante a formação parapermitir ações que priorizem aautonomia do profissional.

    Parte de uma lenta, porém sóli-da construção da Fisioterapia naárea da Saúde Coletiva e da aten-ção integral à saúde, os participan-tes da oficina buscarão desenvol-ver uma rede de trabalho a partirdos encaminhamentos sugeridos,conscientes de que há muito a fa-zer, mas certos de que estão nocaminho. As coordenadoras da ofi-cina acreditam que “durante umlongo período de tempo ainda es-taremos colhendo os frutos des-sa oficina, que permitiu evidenciara necessidade e a importância dafisioterapia no contexto de saúdepública individual e das cole-tividades”.?

    OO FICINAS

    BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

  • A oficina for-mulou umaproposta paradiscutir basese diretrizes vi-sando a pro-moção de umac u l t u r aavaliativa queenvolva dife-rentes atores,por intermédio de referenciasconceituais, metodológicas eoperacionais. A meta é contribuirpara a implementação de mecanis-mos e instâncias de avaliação daatenção básica local e regional, eestimular uma reflexão mais siste-matizada sobre a institucio-nalização da avaliação. Suas reco-mendações devem ser incorpora-das pela Comissão de Avaliação daAtenção Básica, criada pelo Minis-tro da Saúde por meio da PortariaGM nº 676 de 03/06/203. O pro-duto da oficina será divulgado poruma publicação do MS com o ob-jetivo de documentar as reflexõese recomendações, além de servirde subsídio para a discussão con-tínua do objeto trabalhado.

    A complexi-dade do objetoda atenção bá-sica traz gran-des desafiospara sua avalia-ção. Há neces-sidade de for-mular uma con-cepção amplapara sustentar

    o processo de avaliação. Não hácontradição entre as distintas ex-pressões reais da atenção básicanos contextos municipais diversose o que se espera desse nível deatenção como “imagem-objetivo”ou “situação desejada”.

    A avaliação (“ferramenta de ges-tão”) deve possibilitar a percepçãodas mudanças, e é instrumento desuporte ao processo decisório.Foram ressaltados os seguinteseixos/dimensões do processo deavaliação: universalidade, inte-gralidade, participação social,resolutividade, acessibilidade aosdiferentes níveis do sistema e equi-dade. A equi-dade deve ser consi-derado o eixo transversal, que per-passa todos os demais. Apontou-

    Avaliação da Atenção BásicaEstratégias de Institucionalização

    BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

    se para necessidade de conside-rar como eixo a integração ins-titucional no âmbito do MS e comodimensões, as práticas e a avalia-ção do contexto. Sugeriu-se, tam-bém, a elaboração de uma matrizcruzando as dimensões com oseixos estratégicos da NOAS.

    Sobre as Estratégias deinstitucionalização da avaliação daatenção básica são as seguintesas conclusões dos grupos de tra-balho: garantir financiamento paraa institucionalização (destaquepara a responsabilidade estadualpelo co-financiamento do proces-so de avaliação), utilização dos re-cursos do PROESF (componente 3diz respeito a 100% dos municípi-os). O financiamento da avaliaçãoé fundamental nos diversos níveisde gestão. Embora não sistemati-camente, o nível federal tem finan-ciado pesquisas avaliativas, o quenão tem ocorrido nas demais es-feras de gestão.

    Para institucionalização da ava-liação é fundamental a qualificaçãodos profissionais nos diversos ní-veis, tarefa que deve ser assumi-da pelo MS. Foi, ainda, discutida aproposta de criar postos de tra-balho em todos os níveis do SUSe a criação de um posto supervisorresponsável pela coordenação daavaliação no âmbito do Ministérioda Saúde.?

    A Oficina Bioética teve comoobjetivo principal apresentar ascontribuições que esta cadeirapode fornecer às pesquisas e de-mais intervenções profissionaisno campo da saúde coletiva. Emquatro horas de intensas e ricasdiscussões e reflexões, foi apre-sentado aos 60 participantesuma breve história da trajetóriada bioética no cenário mundial e

    Bioética o avanço da disciplina no Brasil.Esta apresentação inicial das no-ções fundamentais sobre o as-sunto propiciou a participação detodos os presentes, integrandopesquisadores com conhecimen-to avançado do assunto com osque estão iniciando os estudosnesta área.

    Os participantes tiveram aoportunidade de conhecer al-guns dos principais temas explo-rados pela bioética e as possibi-

    lidades de pesquisa e interven-ção que a disciplina oferece.Como resultado das atividadesocorridas durante a OficinaBioética, os participantes sugeri-ram a criação de um GrupoTemático específico sobrebioética. Nesse sentido, foi en-caminhada moção à Plenária daABRASCO sugerindo a criação doGrupo Temático Bioética. A mo-ção foi submetida e aprovada naPlenária da ABRASCO do dia doisde agosto de 2003.?

    8 Boletim Abrasco

  • BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

    A oficina contou com 17 parti-cipantes, todos inscritos no mo-mento da realização. Os integran-tes, de diversos pontos do país(MG, RS, SP, RJ,AM, AC, AP), faziamparte de entidades Universitárias,PSF, Instituições Ministeriais eONGs. A programação começoucom uma discussão sobre os pro-cessos de co-nhecimento apartir da práticaedu-cativa daspessoas, cons-truindo assimuma crítica dofazer educa-tivo. Todos osparticipantes ti-nham experiên-cia em trabalhosedu-cativos eeram versadosno processo deconstrução compartilhada do co-nhecimento, o que possibilitou oaprofundamento na discussãodos temas. Em um segundo mo-mento passamos para a análise dediversos materiais educativos,com olhar crítico, abordando, final-mente, a experimentação do pro-cesso participativo de elaboraçãode material didático.

    O curso foi extremamenteparticipativo. Na avaliação, solicita-da por escrito a todos os partici-pantes, destacou-se a meto-

    A construção compartilhadado conhecimento na Promoção

    da Saúde:Elaboração de materialeducativo em conjuntocom a população.

    dologia participativa/problema-tizadora do encontro, o domíniodo tema por parte das coordena-doras e a condução do processoedu-cativo na oficina. Segundoesta enquete, os participantes su-geriram o aumento da carga horá-ria e a publicação da oficina na for-ma de artigo.

    Esta foi nossa terceira experi-ência como proponentes em con-gressos. Achamos que foi uma ex-periência muito positiva, pois tive-mos oportunidade de encon-trarmo-nos com pessoas de todoo país. Pessoas que convivem comrealidades distintas, mas que têmum objetivo comum: todas queremtrabalhar com educação popular.Acreditamos que é necessário darprosseguimento às reflexões so-bre o assunto da oficina para au-mentar o domínio teórico-meto-dológico do tema. ?

    O objetivo da oficina foi discu-tir o papel do GT e suas perspecti-vas, a partir da avaliação dos tra-balhos desenvolvidos nos doisanos de sua existência, aprofundara reflexão de alguns temas recor-rentes em nossas discussões eem foros relacionados à temáticada VISA e propor um plano de açãoe nova dinâmica de trabalho parao próximo período. As discussõesforam norteadas por três ques-tões: os novos instrumentos/mé-todos de atuação na vigilância sa-nitária (certificação, acreditação,auto-inspeção e a função regu-latória do estado contemporâ-neo), as estratégias da atual políti-ca de saúde e da vigilância sanitá-ria para o país e a reorganizaçãoda dinâmica de trabalho do GrupoTemático.

    Discutiu-se a natureza de cará-ter regulatório e os instrumentosde atuação da Vigilância Sanitária.Para promover e proteger a saú-de, a VISA tem que atuar visandoreduzir o desequilíbrio estruturalentre o setor produtivo e a socie-dade, tendo como pressupostosa existência dos conflitos de inte-resse e a assimetria de informaçãoe de recursos (cognitivos, de po-der, financeiros, organizacionais).Essa função regulatória se efetiva-rá somente com a construção doSistema Nacional de Vigilância Sa-nitária e com uma atuação coope-rativa entre as esferas de gover-no. A auto-inspeção, a acreditaçãoe a certificação não devem ser ins-trumentos centrais para aregulação pela VISA.

    Em relação a estratégias da po-lítica de saúde e da vigilância, foidebatido o Sistema Nacional deVigilância Sanitária e a contradiçãoentre o proposto na Lei 8080, queconstitui um avanço, e a prática?

    VigilânciaSanitária

    Boletim Abrasco 9

  • O objetivo da oficina, realizadapela Diretoria de Investimentos e Pro-jetos Estratégicos da Secretaria Exe-cutiva do Ministério da Saúde, foiobter subsídios para a construção deuma agenda de integração regionaldo setor saúde na América do Sul.Com esta finalidade foram discutidosdesafios e potencialidades, articula-das parcerias e identificadas lacunase prioridades para ações que promo-vam a integração de políticas, pro-dutos e serviços de saúde.

    A integração regional é hoje umagrande prioridade no campo da po-lítica externa brasileira. Ao mesmotempo, a importância social, econô-mica e tecnológica do complexo dasaúde - que inclui desde a produçãode medicamentos, equipamentos,insumos, imunobiológicos e outrosprodutos de uso não exclusivo dasaúde, até atividades de promoção,prevenção e prestação de serviçosde saúde - implica que os processosde integração regional incorporemem suas bases o desenvolvimento dosetor saúde.

    A proposta de integração regio-nal através do complexo produtivoda saúde deverá envolver organiza-ções governamentais e não-governa-mentais, setores públicos e privados,nacionais e regionais. Pressupõe tam-bém a definição de políticas especí-ficas, a criação de mecanismos, es-truturas e instrumentos de coopera-ção e de integração. A integração re-gional em saúde passa, portanto, porum processo político-institucional etécnico, articulando todos esses ato-res nos níveis local, nacional, regio-nal e global.

    Na oficina, abordou-se os seguin-tes temas: relação da globalizaçãocom a saúde e seus efeitos no pro-

    cesso de regionalização; interfaceentre a saúde e a política externa bra-sileira; desafios e prioridades daintegração regional em saúde; o com-plexo produtivo da saúde em seusdiferentes segmentos (industrial, co-mercial, serviços, recursos humanose pesquisa e desenvolvimento); e otema global da integração regionalna América do Sul.

    Destacou-se que o processo deintegração precisa ser abordado apartir de uma perspectiva mais polí-tica, já que a pauta tarifária e adua-neira não dá conta da política exter-na brasileira nem da política de saú-

    de do Mercosul. Também ganhoudestaque a idéia de bens públicosregionais - tais como vacinas imuno-biológicas, inseticidas para comba-te de vetores, sistemas de vigilânciaepidemiológica - que, bem adminis-trados, podem promover o desenvol-vimento socioeco-nômico dos paísesda região.

    A perda de competitividade tam-bém foi destacada, especialmenteporque isso acontece em países comníveis semelhantes de desenvolvi-mento. Portanto seria importante ali-ar a política de integração ao forta-lecimento de sistemas locais de ino-vação, identificando vantagens com-parativas e promovendo o inter-câmbio solidário entre os países dobloco.?

    Desafios da integraçãoregional do Setor Saúde:Construção de uma Agenda

    BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

    fragmentada e de baixa efetividadedas "vigilâncias". Destacou-se aimportância da reflexão sobre for-mulação de políticas públicas e daparticipação de outros segmentossociais na formulação e no acom-panhamento da política de VISA.Também foi debatida a atual pro-posta governamental da Secreta-ria de Vigilância em Saúde e a situ-ação da Câmara Técnica de Vigilân-cia Sanitária do CONASS e da re-presentação da VISA na Tripartite.

    Sobre a dinâmica de trabalho doGT, deliberou-se prosseguir aconstrução do plano diretor, am-pliar a participação no GT, implan-tar uma rede para promover a dis-cussão e a organizar núcleos re-gionais. Decidiu-se por uma Coor-denação Colegiada, com represen-tantes da academia e dos serviços.

    A oficina considerou que o Gru-po Temático deve trabalhar tam-bém para promover a discussão daconstrução do Sistema Nacional deVigilância Sanitária e do papel deregulação da VISA, funçãoindelegável do Estado. O GT devetambém reafirmar a importância daVISA no campo da saúde pública,acompanhando na atual conjuntu-ra de redefinição ministerial as re-lações intra e intersetoriais, bemcomo os mecanismos de financia-mento do SNVS necessários paragarantir a gestão nas esferas es-taduais e municipais de VISA. Deli-berou-se também a participação naIª Conferência Nacional de Assis-tência Farmacêutica, na Conferên-cia Nacional das Cidades e na XIIªConferência Nacional de Saúde.?

    10 Boletim Abrasco

  • BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

    Esta oficinateve como ob-jetivo identifi-car impasses,perspectivas epropostas quepromovam aconsolidaçãodo controle so-cial no SistemaÚnico de Saúde e propor formas deefetivá-las. Os expositores procura-ram apresentar e problematizar osdiferentes contextos de desenvolvi-mento do controle social, a partir dadécada de 1980, identificando de-safios e avanços. Foram identificadose expostos diversas melhorias, decor-rentes da organização, damobilização e da luta popular. Elasocorreram em diversas áreas, comona legislação, no financiamento, nacapacitação e na estrutura dos Con-selhos de Saúde. Contudo, se com-paramos o processo vivenciado hojenos Conselhos de Saúde ao vigor ve-rificado nos anos 80, percebe-se umacerta "perda de velocidade" nos diasatuais.

    É pertinente, portanto, pensar emque medida a atuação do controlesocial está realmente dando respos-tas concretas às necessidades dapopulação. Resistência e críticas,embora sempre necessárias, não sãosuficientes. É preciso buscar soluçõesefetivas para os problemas e desafi-os, conferindo às ações dos Conse-lhos de Saúde maior credibilidade, vi-sibilidade e legitimidade. Se estestrês aspectos não forem adequada-mente trabalhados, os Conselhos deSaúde terão muita dificuldade paraexercer suas funções deliberativas efiscalizadoras.

    Os participantes da oficina levan-taram diversos desafios, destacando-se a própria conceituação de con-trole social; a questão da legalidadee legitimidade; o nível de

    Desafios para a efetivaçãodo controle social

    normatizaçãoplausível nocontrole social;formas de trans-formar o direitoconstitucional àsaúde em políti-cas; estratégiasde envolvi-mento da soci-

    edade; controle social e tensões in-ternas do controle social; escolha dosconciliadores/árbitros/mediadores;política de comunicação; estabele-cimento de metas para funcionamen-to dos conselhos; capacidade efeti-va dos Conselhos de Saúde nodesencadeamento de ações parasuperar os problemas (filas, urgên-cia/emergência, transplantes);intersetorialidade; capacitação; Co-missão Intergestores Bipartite/Tripartite; e financiamento.

    Para envolver a sociedade no pro-cesso do controle social, propôs-sea realização de eventos que promo-vam a participação da sociedade nostemas prioritários das políticas pú-blicas, em reuniões descentralizadase com ampla divulgação da pauta,além da realização de reuniõesitinerantes do Conselho Nacional deSaúde.

    No que se refere aos Conselhosde Saúde, os participantes reafirma-ram as deliberações da XIa Conferên-cia Nacional de Saúde e as proposi-ções da VIIIª Plenária Nacional deConselhos de Saúde, realizada noano 2000, mas que continuam atu-ais. Tais proposições devem ser re-tomadas na agenda do controle so-cial, que inclui no debate a questãoda dotação orçamentária própriapara os Conselhos de Saúde, a cons-tituição das Secretarias Executivas,a formação da Mesa Diretora ou nú-cleo de coordenação e a garantia daeleição das presidências dos Conse-lhos de Saúde.?

    A oficina organizada peloDepartamento de Análise deSituação de Saúde (DASIS)da Secretaria de Vigilânciaem Saúde (SVS)/Ministérioda Saúde contou com 30 par-ticipantes, de diversas insti-tuições de ensino e pesqui-sa, de serviços como secre-tarias municipais e estaduais,de outros setores do Minis-tério da Saúde e da Organi-zação Panamericana da Saú-de (OPAS), convidados peloDASIS/SVS. Os objetivoseram apresentar e discutir ex-periências de avaliações deimpacto de ações e progra-mas de saúde no contextobrasileiro do SUS, promovera integração com profissio-nais envolvidos em linhas deinvestigação em avaliaçãoem saúde, iniciar um proces-so de construção de conhe-cimento na área de análisede impacto e promover sub-sídios técnicos ao desenvol-vimento de habilidades paraa implementação de estudosem avaliação de impacto.

    Em formato expositivo eem discussões em grupos,foi debatida a avaliação emsaúde a partir da cooperação internacional, as ?

    Análisesde impactode ações desaúde:reflexões

    metodológicas

    Boletim Abrasco 11

  • Participaram desta oficina cercade 46 pessoas, entre AgentesComunitários de Saúde e profissi-onais de nível universitário de di-ferentes regiões do Brasil. Atravésde dinâmicas lúdico-pedagógicas,procuramos refletir a presença doprocesso de educação na vida decada um, partindo do contexto devida e trabalho dos participantes.

    Convencidos de que somoseducadores e aprendizes o tem-po todo, trabalhamos conjunta-mente a visão que cada um tem desi mesmo como educador, e bus-camos, a partir de pequenasdramatizações em grupo, proble-matizar e definir os princípios daEducação Popular. Dentre os prin-cípios listados encontramos: (1) orespeito ao próximo e ao saberpopular; (2) escuta ao próximo; (3)sempre partir do contexto de vidada população; (4) a problema-tização das situações (5) a buscapela autonomia e pela liberdade;(6) a participação ativa; (7) a amo-rosidade e (8) a persistência.

    Uma vez reconstruídos coleti-vamente estes princípios, passou-se a uma fase de propostas sobrecomo incorporá-los ao contextoda prática e da formação dos Agen-tes Comunitários de Saúde. A baseforam as angústias em relação àdefinição de atribuições profissio-nais, condições de trabalho e vín-culo empregatício. Surgiram entãocomo propostas: (1) formação doACS em políticas públicas, partici-pação popular, SUS e controle so-cial; (2) capacitação para incentivara autonomia das pessoas (partici-pação, auto-estima, emancipação);(3) inclusão no aprendizado de co-

    nhecimentos sobre relações hu-manas; (4) respeito aos princípiosda Educação Popular e utilizaçãode uma proposta pedagógica coe-rente com estes princípios; (5)estruturação de programas de for-mação continuada e permanente;(6) adequação do currículo às ne-cessidades locais; (7) construçãodo programa de formação em par-ceria com serviços de saúde, es-colas formadoras e com os própri-os Agentes Comunitários de Saú-de, tanto governamentais comocom os vinculados a movimentossociais; (8) transmissão de conhe-cimentos sobre doenças comuns,possibilitando ao ACS intervir damelhor forma possível (locais dis-tantes da possibilidade de cuidadosmédicos); (9) valorização do cará-ter de liderança comunitária na se-leção de ACS; (10) Redefinição dasatribuições e do perfil dos ACS jun-to a representantes dos ACS decada estado, respeitando a espe-cificidade do seu trabalho ("o ACSnão deve ser um Auxiliar de Enfer-magem"); (11) Estabelecer tarefasrespeitando estas atribuições; (12)Valorizar o ACS, e acreditar emseu potencial; (13) Sensibilizaçãoquanto ao trabalho em equipe; (14)Viabilização da participação emeventos (de saúde coletiva, porexemplo); (15) Necessidade de re-muneração e condições de traba-lho material adequadas.

    Por fim estabeleceu-se a neces-sidade de dar prosseguimento aesta discussão, se possível envol-vendo os departamentos do Minis-tério da Saúde que já vem discu-tindo as questões relacionadas aosAgentes Comunitários de Saúde.?

    Educação Popularna prática e na formação dos

    Agentes Comunitários de Saúde

    BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

    considerações conceituaise metodológicas da avalia-ção de impacto, a institu-cionalização da avaliação,o relato de experiências emavaliação de impacto deações (atenção básica) eprogramas de saúde (den-gue, doença de Chagas eesquistossomose).

    O grupo recomendou aformação de mecanismoseficientes de divulgação ea intermediação de experi-ências no âmbito da avali-ação de impacto. Devem serformados mecanismos efici-entes de capacitação emantida a comunicação dogrupo, para divulgar e dis-cutir o que vem sendo rea-lizado. O custo e a possi-bilidade de acesso ametodologias mais avança-das de avaliação precisa seravaliado, e mecanismos deinvestimento na área deavaliação de impacto,implementados. Outras re-comendações do grupo são:apoiar avaliações de impac-to; priorizar a melhoria daqualidade dos dados dossistemas de informação epromover novo encontro/oficina no Congresso Bra-sileiro de Epidemiologia, aser realizado em 2004. Osprodutos esperados são aconstituição de um grupode discussão permanenteem avaliação de impacto deações de saúde e uma pu-blicação, a ser organizadapelo DASIS/SVS, contem-plando as apresentaçõesdos palestrantes, discus-sões, sugestões e recomen-dações do grupo. ?

    12 Boletim Abrasco

  • BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

    O principal obje-tivo desta oficina foidiscutir de maneiraaprofundada a forma-ção do Médico deFamília e Comunida-de, entendendo-acomo uma das ques-tões fundamentais aserem solucionadasno processo de con-solidação do Progra-ma de Saúde de Fa-mília no Brasil.Como texto de refe-rência utilizou-se aresolução 05/2002 da CNRM/MEC, sobre programas de resi-dência médica em Medicinade Família e Comunidade.

    No turno da manhã houveapresentação dos participantese relato da experiência dasinstituições na formação doMédico de Família e Comuni-dade. No turno da tarde dis-cutiu-se propostas de encami-nhamentos para a situação atu-al da formação do Médico deFamília e Comunidade.

    Algumas das principais pro-postas apresentadas foram aorientação das dimensões deprevenção, cura e reabilitaçãoatravés de estratégia de pro-moção da saúde integrada emperspectiva intersetorial, o for-talecimento do campo inter-disciplinar e a garantia das par-ticularidades da regulamen-tação de cada profissão nasResidênciasMultiprofissionais.

    Também foi sugerida a cri-ação de incentivos à docênciaem serviço/preceptoria na es-tratégia do PROESF e o apoioà atividade de preceptoriapara médicos de APS desen-volvida preferencialmentepor MFC. Devem ser desen-volvidas modalidades de pós-graduação lato senso (mes-trado profissional e Residên-cia Médica com contratadoparcial no PSF expansível nofinal) e strictu senso e garan-tida a continuidade do finan-ciamento das residências mé-dicas e multiprofis-sionais.

    Existe um perfil consensualno grupo para o médico APS,que é o expresso na resolu-ção da 05/2002 da CRNM.Eles devem, preferencialmen-te, ter experiência multiprofis-sional durante a residência, eo número de vagas em Resi-dência Médica deve ser pla-nejado de acordo com as ne-

    Desafios atuais dos Programas de ResidênciaMédica em Medicina de Família

    e Comunidade no Brasil:para além do Programa de Saúde da Família.

    cessidades sociais.Os participantes daoficina também apoi-aram a indução, peloSUS, da destinaçãodas vagas de Resi-dência entre as diver-sas especialidades eo reconhecimento dapertinência da Socie-dade Brasileira de Me-dicina de Família eComunidade (SBMFC)em zelar pela quali-dade dos programasde especializações e

    residências que formem mé-dicos para Atenção Primáriaà Saúde (APS) e pelaacreditação do médico quedeseja especializar-se na áreaatravés do processo detitulação. Também foi propos-to, à SBMFC, a discussão am-pla do perfil do Médico deFamília e Comunidade e a im-portância da participação dosMFCs na reformulação doscurrículos da graduação mé-dica com valorização da APS.

    A oficina recomenda a di-vulgação da especialidadeMFC, do papel e da importân-cia do profissional de APS,entre acadêmicos de medici-na, visando despertar o inte-resse por esta especialidadee a e estruturação do planode carreira, cargos e saláriosno SUS.?

    Boletim Abrasco 13

  • BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

    14 Boletim Abrasco

    A oficina contou com representan-tes de instituições de ensino/pesqui-sa e assistência, de secretarias mu-nicipais e estaduais de saúde de seteestados do Brasil, do Ministério daSaúde, CONASEMS e OPAS. Ele come-çou com um relato das atividades ecompromissos do GT no apoio à for-mulação de políticas de promoção dasaúde através do ensino, pesquisa eda gestão de políticas públicas, emgeral, e do sistema de saúde em par-ticular. Foram ressaltadas possibili-dades de formação de redes e par-cerias com universidades, comgestores municipais e estaduais e como Governo Federal, e salientada aimportância deste debate no mo-mento de redefinição da Promoção daSaúde na estrutura e na política doMS. A Promoção será incluída entreos dez temas da XIIª ConferênciaNacional de Saúde (aintersetorialidade, um dos temas jádefinidos, é uma estratégia dentro doconceito amplo de Promoção da Saú-de que vem sendo construído no Bra-sil).

    Também foram debatidos aimplementação e a avaliação das es-tratégias de promoção da saúde, comênfase na intersetorialidade nos ser-viços e práticas de saúde, nas políti-cas públicas e no desenvolvimentoregional e local. O debate e a propo-sição de atividades e iniciativas fo-ram norteados pelas seguintes ques-tões: Que eixos de ação podem in-fluenciar políticas públicas e de pro-moção da saúde? Qual a função doconhecimento que produzimos? Aintersetorialidade na promoção dasaúde avançou? A promoção da saú-de, a partir do setor saúde, pode serintegradora? Como os agentes tratamas pessoas? Quem fala de direitos noserviço? Quem temos que capacitar?Como advogar a especi--ficidade doGT-Promoção da Saúde?

    PROMOÇÃO DA SAÚDEE O DESAFIO DA

    INTERSETORIALIDADEPara identificar temas e estratégi-

    as para o GT foram discutidas seisiniciativas em curso: IIº Colóquio In-ternacional sobre programas locais eregionais de Saúde (Quebec); Inqué-rito nacional sobre percepção dosgestores (parceria do MS, OPAS,CONASEMS, ABRASCO e Universidadede Toronto), Projeto Regional de evi-dências de efetividade em Promoçãoda Saúde na América latina (UIPES,OMS, CDC), IIº Fórum Nacional de Mu-nicípios Saudáveis (prevista a reali-zação da 1ª Mostra Curitibana de Pro-moção de Saúde), Rede de ensino adistância para capacitação degestores em Promoção da Saúde/ci-dades saudáveis (FSP/USP, Universi-dade de Toronto), e Projeto AçãoIntersetorial para a Saúde (ENSP,CPHA, ABRASCO/ABC, CIDA).

    A oficina recomendou criar meca-nismos de integração entre os diver-sos projetos apresentados e elabo-rar um manifesto conceitual ope-rativo, dividido em quatro partes: (1)marco conceitual inteligível e persua-sivo (promoção da saúde como novoparadigma e movimento social), (2)princípios e diretrizes para mudar alógica do modelo de atenção nos pla-nos dos serviços de saúde, das polí-ticas públicas, e do desenvolvimentolocal sustentável (individual, coletivoe institucional), (3) estratégias indis-pensáveis (identificação depotencialidades de pessoas e grupos;fortalecimento da participação de pro-fissionais e cidadãos nos processo dedefinição das políticas de desenvol-vimento e de saúde) e (4) incentivo eapoio à formação de redes sociais eacompanhamento desse processo demudança pelo GT, através da pes-quisa, observação e disseminação, daformação de profissionais e atoressociais, da educação continuada e dabusca de financiamento.?

    A atenção à saúde mentalreorienta-se de um modelo his-toricamente centrado na referên-cia hospitalar para um de aten-ção de base comunitária. A in-corporação de ações de saúdemental na atenção básica contri-buirá para esta transformação,oferecendo melhor coberturaassis-tencial e maior potencialde reabilitação psicossocial paraos usuários do SUS.

    Após apresentação da políti-ca nacional de saúde mental, aoficina discutiu o papel da aten-ção básica na saúde mental, odesenho organizacional quepossibilita a execução dasações/atividades de atenção àsaúde mental na atenção básicade forma integrada, as ações/ati-vidades que devem ser desenvol-vidas e as prioridades de aten-dimento noconjunto de responsabilidades darede de atenção em saúde men-tal.

    No que diz respeito às dire-trizes, modelo organizacional eclínico e ações específicas sobresaúde mental na atenção básica,destacou-se que o modelo deatenção em saúde mental deveestar cada vez mais focado noeixo territorial, com a constitui-ção e ampliação do conjunto deintervenções substitutivas aotratamento ainda predominante.

    A atenção básica em saúdemental é complexa e requer atu-ação marcante em relação à res-ponsabilidade sanitária no terri-tório e à capacidade de resolu-ção frente às questões apresen-tadas. Assim, é necessário queestas ações no PSF sejam

    Saúde Mental:Desafios da

    Integração com arede básica

  • BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

    Boletim Abrasco 15

    O ponto de partidadas discussões foi acontextualização dadesregulação do mer-cado de trabalho -questão relacionadadiretamente às políti-cas de ajustes dos go-vernos e a uma novaconcepção de Estadoe de seu papel na so-ciedade contemporâ-nea - e seu impactono setor público de saúde, levan-do em conta o cenário mundial. NoBrasil esta crise coincide com ainstitucionalização do SUS, com oaprofundamento da muni-cipalização dos serviços, com aexpansão das equipes de saúde(principalmente no campo daatenção básica) e com a mudançano modelo de atenção, operacio-nalizada através do Programa deSaúde da Família.

    Essa crise tencionou a basemunicipal, que também teve seusgastos com pessoal limitados pelaLei de Responsabilidade Fiscal.Como alternativas foram adotadasformas diferenciadas de incorpo-ração de pessoal, através deterceirizações, com contratos deserviços, em muitos casos, frágeisem relação à proteção do traba-lho. Essa política causou aprecarização das relações traba-lhistas, notada na ausência de umapolítica salarial setorial, na poucatransparência e conseqüente faltade controle e regulação do siste-ma de ingresso nos serviços, na

    Gestão do Trabalho:Regulação X Precarização

    O fenômeno da terceirização no

    setor público de saúde

    alta rotatividade nos postos detrabalho, na ausência de sistemasde carreira (comprometendo aprofissionalização do trabalho edos trabalhadores na área de saú-de) e, por fim, em aspectos jurí-dico-administrativos.

    A desprecarização das relaçõesde trabalho é um compromissoassumido publicamente pela atu-al administração da saúde públicano Brasil e uma necessidade pre-mente para viabilizar o SUS. Masos gestores também têm manifes-tado a necessidade de aumentar aflexibilização nos mecanismos decontratação de pessoal, para queo sistema possa responder às de-mandas que lhe são colocadas coma agilidade e, muitas vezes, com aespecificidade requerida em de-terminadas situações.

    A valorização do trabalho cons-titui um princípio fundamental naconstrução da identidade do ser-vidor público, processo con-substanciado por uma política?

    monitoradas e avaliadas, com in-dicadores específicos para o sis-tema de informação da atençãobásica, além da investigaçãoavaliativa deste processo.

    A inclusão das ações de saú-de mental no PSF é fundamental,mas esta estratégia será incom-pleta se não for acompanhada daimplantação efetiva da rede deatenção especializada. Tornam-se necessárias respostas quepossam vir a contemplar as pro-blemáticas apontadas nas expe-riências em curso, e que propi-ciem parâmetros que contem-plem necessidades e diversida-des regionais.

    Os dez princípios norteado-res da estratégia de inclusão dasaúde mental na atenção básicasão: (1) constituição de equipe desaúde mental de referência, oucomo apoio matricial, para asequipes da atenção básica(referenciada a um serviço desaúde mental); (2) buscar capa-cidade de resolução máximapossível no âmbito da atençãobásica, inclusive para pacientescom transtornos severos e per-sistentes (TSMP); (3) atuação esen-sibilização para a escuta ecompreensão da dinâmica e re-lações; (4) sensibilização para acompreensão e identificação dospontos de vulnerabilidade; (5) in-corporação da saúde mental nasatividades desenvolvidas pelasequipes de atenção básica; (6)identificação e acompanhamen-to dos casos de transtornos psi-quiátricos severos e de uso pre-judicial de álcool e outras dro-gas; (7) intervenções terapêuti-cas individualizadas, respeitan-do a realidade local e a inserçãosocial; (8) mobilização de recur-sos comunitários; (9) construçãode novos espaços de reabilitaçãopsicossocial dentro da comuni-dade e (10) atividades psico-educativas para reduzir o estig-ma sofrido por portadores detranstorno mental.?

  • BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

    16 Boletim Abrasco

    O desafio desta oficina foi re-fletir e propor formas de "genera-lizar"/institucionalizar a EPS pre-servando sua vitalidade essencial,historicamente avessa à institu-cionalização. Os participante fo-ram divididos em três grupos, gra-duação, pós-graduação e serviços.Eles discutiram a formas de con-cepção de Educação Popular emSaúde, experiências de inserção deEducação Popular acumuladas emuniversidades e os caminhos paraa "generalização" desta área de co-nhecimento.

    Na graduação a EPS foi vistacomo práxis que articula duas di-mensões fundamentais (da amo-rosidade/afetividade e da política),garantindo ampliação de espaçosdemocráticos e a relação inovadoraentre serviços de saúde e popula-ção. Foram destacados "cenários"privilegiados, como extensão uni-versitária, estágios curriculares emserviços (como hospital, APS, cen-tro de saúde) e ensino.

    A discussão em torno da cria-ção da disciplina Educação Popu-lar em Saúde é controversa. Algunsressaltam o risco de considerarque a EPS contemple todos os ou-tros projetos pedagógicos pro-gressistas. Outros acreditam serdifícil preservar os princípios éti-co-políticos do projeto da EPS porcausa da confusão con-ceitual, daexígua ou ausente formação dedocentes nesse campo de interes-se, e porque esses princípios nãorepresentam objetos apropriados,passíveis de serem confinados noformato de uma disciplina. O EPdeve ser inserido nos processos deformação de forma trans-versalizada nos conteúdos do cur-

    rículo e através de capacitaçãodocente. Como poucos professo-res na área de saúde estão dispos-tos a acolher o projeto da EPS, foiproposta a criação de grupos dereflexão sobre o processo ensino-aprendizagem dentro da universi-dade e o envolvimento da acade-mia com movimentos locais.

    Para a pós-graduação, os pro-blemas também é a pouca unifor-midade conceitual, além dos cri-térios da CAPES e da estrutura doscursos, que dificultam a constru-ção do conhecimento em sintoniacom as mudanças paradigmáticasem curso, próxima à realidade co-tidiana dos serviços. Para dar mai-or uniformidade aos conceitos, ogrupo propõe uma reflexão sobreo significado dos termos Educa-ção Popular em Saúde, Educaçãoem Saúde, Pólo de Educação Per-manente, empoderamento, Promo-ção de Saúde, entre outros.

    Na área de serviços, a oficinalembrou que existem outros pro-jetos pedagógicos em disputa, eque para que a EPS se firme é ne-cessária a criação de estratégiasadequadas, mapeando ações quepodem ser reconhecidas como EPe articulando-as com os aliadospara sublinhar o caráter transfor-mador da EP dentro do SUS. A rea-lidade cotidiana dos serviços desaúde tem primazia na articulaçãoentre serviço, graduação e pós-graduação, e o ensino, a pesquisae a extensão devem responder àsdemandas dos serviços públicosde saúde. Foi proposta ainda a re-alização de encontros de EPS nosEstados como atividade prepara-tória para XIIª Conferência Nacio-nal de Saúde.?

    salarial digna e compatívelcom o mercado de trabalho e pelaelaboração de uma política degestão de pessoal que incentiveo desenvolvimento profissional eoriente a construção de Planos deCarreiras específicos para os di-ferentes níveis de governo, con-soantes com as realidades regi-onais. O poder público deve ne-gociar e regular parâmetros paraseleção, contratação, avaliação emonitoramento da força de tra-balho que atua na atenção básicae na assistência de média e altacomplexidade.

    As estratégias propostas in-cluem ainda o aumento da capa-cidade de regulação e gestão doscontratos de pessoal no setor pú-blico (através de processos decapacitação dos gestores) e o fo-mento a negociações coletivasjunto a Estados e Municípios, in-centivando a pactuação de for-mas e diretrizes que regulem o in-gresso e oriente a gestão da for-ça de trabalho. Propôs-se tam-bém a criação de mecanismos queestimulem e pressionem o cum-primento das diretrizes e da po-lítica de RH pactuada, a regulaçãodas diferentes formas decontratação, a utilização de umcadastro geral de trabalhadoresda saúde (priorizando as áreasdefinidas como estratégicas e/ouexpansivas, como o PSF) e o es-tabelecimento de normas geraispara a contratação de pessoal epara a terceirização no setor pú-blico de saúde. ?

    EDUCAÇÃO POPULARe formação de trabalha-

    dores em saúde

  • BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

    Boletim Abrasco 17

    O objetivo básico da ofici-na foi trocar experiências,debater e refletir sobre vigi-lância e informação em ST noSUS. Visando o estabeleci-mento de uma interlocu-çãomais orgânica dentro das ins-tâncias da ABRASCO, decidiu-se marcar uma reunião com anova diretoria para discutir aSaúde do Trabalhador (inser-ção, financiamento, dinâmicade trabalho, etc.). Tambémforam aprovadas propostaspara elaborar uma agenda deapresentação parainterlocução com diversas ins-tituições da ST (Fundacentro,Ministério do Trabalho e Em-prego, Ministério da Previdên-cia Social, Ministério da Saú-de (Cosat e Secretaria de Vi-gilância à Saúde), OPAS, OIT,Ministério do Meio-Ambiente)e agendadas reuniões paradiscutir propostas para a XIIªConferência Nacional de Saú-de, para o Fórum Nacional doTrabalho, sobre Modelos deVigilância e Controle Social esobre Relações Intrasetoriaise Interse-toriais e de Estudode Casos de VIST. Foi delibe-rada a criação de uma redede intercâmbio e comunica-ção em ST na internet (não sópara participantes do GT), e aarticulação com o COSAT/MS

    Políticas de Saúdedo Trabalhador noSUS

    para realizar um Encontro Na-cional de Saúde do Trabalha-dor antes da XIIª CNS.

    O GT sugeriu ampliar o nú-mero de membros, preser-vando a ampla gama de inte-resses dos que atuam em pes-quisa, ensino e assistência. OGT e a ABRASCO são espaçoda pesquisa e da pós-gradu-ação, mas têm papel relevan-te na recomendação de polí-ticas de capacitação e gestão.Pleiteou-se também efetivar aintegração com outros GTs daABRASCO: Saúde e Ambiente,Vigilância Sanitária, Promoçãoe Informação em Saúde. Foiproposta a constituição de umprograma diversificado e am-plo de informação, com ên-fase na notificação de aciden-tes/doenças do trabalho, vi-sando a elaboração de po-líticas de prevenção e controle.

    A exposição gerou as se-guintes propostas: (1) otimizaras informações dos bancos jáexistentes (SIM, SIAB, SINITOX,AIH, etc), e retomar as rela-ções e articulações inter-institucionais (Ministérios doTrabalho e Emprego; Previ-dência Social); (2) registrar ascondições de saúde (não sóagravos/riscos), com informa-ções ágeis e descentralizadas;

    (3) pautar a questão da in-formação em ST como temaespecífico, discutido eaprofundado no GT; (4) cons-truir um sistema nacional deinformação em ST, para ori-entação e otimização dasações de vigilância; (5) ela-borar proposta estratégica deprojeto de estudo sobre aepidemiologia dos acidentesdo trabalho no país, incluin-do o trabalho informal, dosetor público e atividades ru-rais, com prioridade para osacidentes fatais ou graves; (6)viabilização do Observatóriode ST no MS (com centros re-gionais), com colaboraçãodas universidades; (7) elabo-ração de estudo multicêntriconacional sobre ST, a partir deavaliação crítica das pesqui-sas realizadas nos últimos cin-co anos.

    A apresentação, durante aoficina, das prioridades deatuação do Ministério da Saú-de, mostrou que elas são si-milares às diretrizes aponta-das pelo GT, o que enseja apossibilidade de articulaçãoentre GT-MS/Cosat.?

  • BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

    18 Boletim Abrasco

    Os objetivos da oficina foram aatualização do Plano Diretor, areestruturação da Comissão de Ci-ências Sociais e Humanas em Saú-de e o estabelecimento das basespara a organização do SimpósioNacional de Ciências Humanas eSociais em Saúde, a ser realizadoem Maio de 2004, e das linhas di-retrizes para a realização do II°Congresso de Ciências Sociais eHumanas em Saúde, em maio de2005.

    Um dos principais resultadosfoi o reconhecimento da diversi-dade de identidades e formaçõesprofissionais, o que enriquece oprocesso de identidade e cresci-mento da área das CHSS. As Ciên-cias Humanas e Sociais em Saúdetem crescido no campo da saúde,mas seu crescimento a tornoudifusa. É necessário reunificar aárea. É preciso valorizar as CHSS apartir da valorização da formaçãoespecífica do profissional e esti-mular a qualificação da produçãocientífica das CHSS, valorizando osveículos de difusão (periódicos,coleções e séries editoriais).

    Dentro da ABRASCO, a comis-são procurará garantir umarepresentatividade nacional, inclu-indo núcleos já consolidados exis-tentes nas diferentes regiões dopaís. Propõe-se também desenvol-ver um trabalho integrado entre aspróprias comissões temáticas daABRASCO, promovendo debatesinterdisciplinares no Simpósio eposterior Congresso da área.

    Ficou decidida a reorganizaçãoda Comissão de Ciências Sociais eHumanas em Saúde, que tem como

    CIÊNCIASHUMANASE SOCIAISEM SAÚDE

    Existe atualmente um crescen-te interesse dos serviços de saúdepor sistemas de geoproces-samento. Mas se, em escala naci-onal, a disponibilidade de dadosfacilita o uso desses sistemas, nosmunicípios prevalecem dificulda-des para criar e utilizar basescartográficas e para referenciardados de saúde geograficamente.Há carência de pessoal capacita-do.

    A oficina tratou da incorpora-ção dessas ferramentas de análi-se. Especialistas e usuários doIBGE, de secretarias de saúde e deórgãos do Ministério da Saúde dis-cutiram a qualidade de dados deendereço nos sistemas de infor-mação e os softwares disponíveispara a análise espacial destes da-dos. Em apresentações seguidasde debates, foram levantadas es-tratégias de georreferenciamentodos dados de saúde e relatado oprojeto de padronização de dadosde endereço, a ser incorporado nanova versão, o SINAN, que estásendo acompanhado pelo Comitêde Geoprocessamento da RIPSA.

    Também foi discutida a possi-bilidade de adoção do conceito de'localidade' para a localização deeventos de saúde em áreas rurais,promovendo a compatibilizaçãoentre os bancos de dados de loca-lidades construído pelo IBGE e oregistrado pela FUNASA, através doSISLOC e dos ReconhecimentosGeográficos (RG). Apesar do RGcontinuar sendo muito útil nas áre-as rurais, é urgente a necessidadede incorporar novas tecnologiasdisponíveis, entre elas o GPS e osmapas digitais rurais e urbanos,atualizados pelo IBGE. Experiência

    realizada pela FUNASA em Manausdemonstrou ser possível cadastrare georreferenciar localidades atra-vés de GPS. Também o SIVEP, novosistema de informação de vigilân-cia epidemiológica, deverá utilizaro cadastro de localidades geradopelo trabalho de campo. Foi cria-do um grupo de trabalho - com-posto por técnicos do IBGE, órgãosambientais e de saúde indígena -para discutir a padronização doconceito de 'localidade'.

    Já em relação aos programas degeoprocessamento, relatou-se adificuldade em manter o projeto dedivulgação e aplicação do SIGEPIno SUS, e o INPE apresentou oTerraView 2.0, alternativa de pro-grama livre. Dentro do projetoTerraLib, há perspectivas de seremcriados aplicativos voltados paraas necessidades de análise na áreade Saúde Pública. Também foiapresentada proposta de realizarum encontro de municípios quetêm tecnologia e experiências efi-cientes de SIG, com a participaçãode municípios sem estrutura de-senvolvida, para discutir o levan-tamento das estratégias utilizadasno georreferenciamento dos dadosde saúde, além da necessidade decriar uma TerraLib adaptado à Saú-de. Será criado um site para divul-gar tecnologias, textos de referên-cia, documentos e outras informa-ções, e um grupo de trabalho,composto por membros do DAB epor representantes de municípios,discutirá a adoção de padrões e adefinição de conceitos que permi-tam o recorte adequado do terri-tório no PACS/PSF e o georrefe-renciamento das informações noSIAB.?

    Estratégias de coletae organização de dados

    espaciais em escala submunicipal

  • BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

    Boletim Abrasco 19

    atribuição organizar o próximoSimpósio Nacional de CiênciasHumanas e Sociais em Saúde. Acomposição da comissão execu-tiva deverá ser sediada no Rio deJaneiro, possibilitando uma açãorápida, expeditiva e uma comuni-cação fluída entre seus membros,tornando presente e atuante a Co-missão no interior da ABRASCO.

    Observou-se que a ComissãoNacional de Coordenação de Áreadeverá respeitar ainterdisciplinaridade, porém seusintegrantes devem ter titulação emCiências Sociais e/ou Humanas,em nível de graduação e/ou pós-graduação strictu senso. Formadosde outras áreas serão admitidosdesde que possuam pelo menoscinco anos de pesquisa social emsaúde e produção científica naárea. A participação deve incluirtambém o critério de representa-ção institucional, acrescentando àformação dos seus integrantes aprodução de obra relevante para ocampo.

    Definiu-se junto à ComissãoExecutiva a existência de uma Co-missão Ampliada, a ser formadapor aproximadamente 15/18 daspessoas que representem as Ins-tituições do país, distribuídas re-gionalmente, que desenvolvamtrabalho de peso e que possuamreconhecimento na área.?

    O objetivo destaoficina foi criar,através do disposi-tivo "contar históri-as", um espaço paraconstrução de his-tórias de vida e dehistórias da cultura(mitos, fábulas, fol-clore, contos) res-gatando a memóriaindividual e coleti-va. Histórias de gê-nero foram utiliza-das como elemento desensibilização e deempoderamento dos sujeitos, re-fletindo-se na subjetividade dosparticipantes.

    A oficina contou com a presen-ça de 21 profissionais, das áreasde enfermagem, serviço social,medicina, psicologia, filosofia, so-ciologia, administração, biologia,odontologia e nutrição, proceden-tes de serviços básicos de saúde,programas de saúde da família euniversidades. Vários componen-tes possuíam experiência sobre aquestão da violência.

    Além do relato das histórias devida dos participantes, houve umaapresentação das oficinas de con-tadores de histórias como elemen-to de empoderamento e resistên-cia às violências, e uma leituracompartilhada da história Pele defoca-pele da alma do folclore es-quimó. Também foramdesenvolidas pinturas corporaistemáticas pelo grupo.

    No final o grupo foi "batizado",e recebeu um nome escolhido pe-los participantes. A oficina pos-sibilitou trocas interdisciplinares,relatos de experiências e de vida.Como declarou um dos integran-tes sobre as atividades desta ofi-cina permeada por um clima deconfiança, reciprocidade e cama-radagem, "se a coisa não existe agente inventa!". Os objetivos pro-postos foram atingidos e os par-ticipantes pretendem manter acomunicação por meio eletrônico.

    Reforçamos a postura de aliarmãos, corações e mentes no tra-balho de enfrentamento às violên-cias, utilizando também as técni-cas de narrativa de histórias. En-tendemos o contar e ouvir histó-rias como ferramenta para o tra-balho coletivo, como o narrador deBenjamin que usa "aquela velhacoordenação de alma, olho e mão,ou seja a coordenação ar-tesanaldo ato de narrar".?

    Estratégias de resistênciae empoderamento

    em gêneroOficinas de Contadores

    de Histórias

  • BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

    20 Boletim Abrasco

    O objetivo da oficina foi cons-truir uma agenda para consubs-tanciar uma política nacional deinformações em saúde - requisitoestratégico para avanço do SUS -a partir da análise dos avanços erecuos ocorridos na última déca-da. Para o GTISP a área Informaçãoem Saúde abrange o campo daTecnologia da Informação em Saú-de (chamada por muitos deinformática em saúde), pois, atu-almente, não é possível discutir in-formação sem levar em conta astecnologias que lhe dão suporte.

    As políticas públicas de saúdedos anos recentes redundou emuma gestão dos serviços caracte-rizada por carência crônica e máutilização de recursos, pelo usoinsuficiente de informações técni-cas e pelo desconhecimento dosgestores das alternativas de TICadequadas para os recursos dis-poníveis. São necessárias informa-ções técnicas para sensibilizar osgestores e gerentes sobre a impor-tância de seu uso, apesar de a to-mada de decisão ser essencial-mente política.

    Representantes de instituiçõesde ensino e pesquisa, de órgãos doMinistério da Saúde, do CONASS edo CONASSEMS debateram siste-mas e metodologias de produçãoe disseminação de informação emsaúde no país, inquéritospopulacionais de saúde e outrasmetodologias de produção de in-formações de interesse para a saú-de. Deliberou-se que os sistemasde informação atuais devem seraprimorados e racionalizados, ga-rantindo os avanços já alcançados.Foi debatida a utilização de

    Informaçãoem saúde:

    acertos, errose perspectivas

    Durante a oficina o segmentode autogestão do Ministério daSaúde, a Agência Nacional de SaúdeSuplementar (ANS/MS), a UniãoNacional das Instituições deAutogestão em Saúde (UNIDAS), aAssociação Brasileira de Medicinade Grupo (ABRAMGE), e instituiçõesacadêmicas (UFRJ, UERJ, ENSP/FIOCRUZ), se manifestaram favo-ráveis à criação de um fórum decooperação técnico-científica einstitucional sobre o assunto pro-posto.

    Os principais objetivos do en-contro foram dimensionar ques-tões políticas, gerenciais e teóri-cas da implantação de modelos deatenção integral (baseados na es-tratégia da Atenção Primária nosetor de autogestão a partir da ex-periência da CASSI), conhecer oestado da discussão política,gerencial e teórica sobre essasquestões, e iniciar a organizaçãode um fórum de cooperação polí-tica e técnico-científica, com par-ticipação dos principais atores dosetor.

    Com esse intuito foi feita umadescrição das principais questõespolíticas, gerenciais e teóricas en-volvidas na implantação de mode-los de atenção integral baseadosna estratégia da Atenção Primáriano setor de autogestão. Foi avali-ada a relação entre a implantaçãono setor de autogestão e o forta-lecimento do SUS, e esboçada umaagenda de trabalho de um fórumde cooperação política e técnico-científica envolvendo profissionaisda área. As apresentações e inter-venções apontaram, analisando ocaso específico da CASSI, os pon-tos convergentes e as diferenças

    Implantação da Atenção Primáriaem uma empresa do setor de Saú-

    de Suplementar

    entre o segmento da autogestão eo setor público do SUS.

    A questão da tensão entre "uni-versalidade" do SUS e "sele-tividade" da auto-gestão foi tra-balhada no sentido das lutas sin-dicais e dos avanços na noção decidadania. Foram assinaladoscomo possíveis pontos de forta-lecimento mútuo as temáticas deavaliação tecnológica, imple-mentação de programas de saúde(idoso e risco cardiovascular) e ouso de ferramentas clínico-assistenciais em Saúde da Famí-lia. Levantou-se também a possi-bilidade de discutir investimentosdo segmento de auto-gestão nosetor público, e ressaltou-se o in-teresse e a necessidade de espa-ços de diálogo e cooperação entreos diversos atores institucionaispresentes.

    Decidiu-se iniciar a organiza-ção de um fórum de cooperação eelaborar um documento público(no estilo "Carta") assinado pelasinstituições participantes, divul-gando a importância, para o SUS,da implantação do enfoque deAtenção Primária no segmento daauto-gestão. Foi solicitado, ain-da, que no próximo Congresso daABRASCO, seja criado um "corre-dor temático" (incluindo oficinase mesas redondas) sobre o pro-cesso de implantação e possibili-dades de fortalecimento do SUS.

    Para estimular a discussão dostemas abordados foi gravado umvídeo institucional (em fase deedição) durante a realização daoficina.?

  • BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

    Boletim Abrasco 21

    A oficina reuniu atores sociaisque protagonizam a construção docampo da Comunicação e Saúde noâmbito do processo da ReformaSanitária, envolvendo as três es-feras de governo, a academia e or-ganizações não-governamentais.Ela proporcionou a retomada e oaprofundamento de discussõespara fundamentar uma política na-cional de Comunicação em Saúde- imprescindível à consolidação doSUS e à implantação de um efetivocontrole social.

    Tendo em mente a busca deintegração entre políticas e práti-cas, e uma visão 'integral' dos as-suntos, áreas, problemas e solu-ções, é necessário potencializar aRede Pública Nacional de Comu-nicação em Saúde (RPNCS) exis-tente. E o Conselho deve ser o lo-cal privilegiado para se acordar asquestões da Rede. Também foi de-batida uma nova ética comu-nicacional, substituindo a ética demercado hegemônica no mundocontemporâneo. Há um novo ce-nário, mas ainda se notam traçosde permanência ou continuidade,e transigir com o sonho em épo-

    cas de transição(como a queestamos viven-do), é condenaro sonho à me-diocridade.

    Buscou-sepropor modosde integração(políticas e ser-viços) entre co-m u n i c a ç ã o ,documentação,informação e

    educação, levando em conta aprovisoriedade de tais definições,que, no campo da saúde coletiva,ora afasta, ora aproxima tais áre-as. A distinção e a separação exis-tente entre as áreas é histórica,mas estamos vivendo um momen-to propício à inte-gração.

    A oficina propôs apresentar,como tese central da XIIª CNS, es-tratégias e modos da implantaçãoefetiva da RPNCS, discutida e de-senhada na Conferência anterior.A ABRASCO deve organizar umaoficina de trabalho - em parceriacom o Conselho Nacional de Saú-de, Conasems e Conass - sobre odesenvolvimento da Rede, apre-sentando iniciativas já realizadase em andamento, e realizar um en-contro de comunicação, informa-ção e educação para concretizar aRede, envolvendo atores sociais ecriando fato político. A Rede deveser um espaço de produção e in-clusão, e este encontro focaria osresultados da pesquisa sobre re-cursos de comunicação e ética nacomunicação sobre saúde, realiza-da pela Fiocruz/Conasems?

    A comunicação na agenda daReforma Sanitária

    e no desenvolvimento do SUS

    tecnologias de informação, desta-cando o caráter privado e confi-dencial da informação, a constru-ção de padrões, a interope-rabilidade, a qualidade e softwareslivres. Enfatizou-se formas de ar-ticular as iniciativas na área de in-formações e TIC em Saúde (visan-do a construção de uma PolíticaNacional de Informações em Saú-de que enfatize a integração) e arelação entre Gestão em Saúde eTecnologia de Informação e Comu-nicação, abordando a defasagementre os avanços na TIC e sua apro-priação e uso na gestão da saúde.O desenvolvimento da TIC tem es-timulado mudanças nas estrutu-ras do poder público, mas a im-plantação dessas "soluções" pres-supõe alterações nos processos detrabalho e na relação entre unida-des de tipos diferentes.

    Como a ABRASCO representainstituições de ensino e pesquisa,destacou-se a capacitação e o de-senvolvimento científico e tecno-lógico em TIC em saúde e as pes-quisas nesta área. Ressaltou-se anecessidade de investir na me-lhoria da capacidade analítica dasequipes, aprimorando os levanta-mentos das necessidades decapacitação para todos os profis-sionais.

    Foram apontadas dificuldadespara usar os recursos do FUST parafinanciar a incorporação de TIC, efoi requerido o estabelecimento deuma política clara e transparentede investimentos. Quanto à estru-tura e organização da gestão dainformação em saúde, lembrou-seque, apesar da imensa disponibi-lidade de informações nos inúme-ros sistemas, não está claro quaisinformações estão a serviço de queparcela da sociedade. Foi propos-ta a realização de uma Conferên-cia Nacional de Informação emSaúde, precedida de eventos pre-paratórios, envolvendo CONASS,CONASSEMS e Ministério da Saú-de, ABRASCO e outras entidadesinteressadas.?

  • BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

    22 Boletim Abrasco

    com Conselhos de municípioscom mais de 300 mil habitantes. Aperspectiva da comunicação públi-ca, que aceita o dissenso e cons-trói sujeitos e protagonistas, deveser ampliada.

    É preciso realizar um levanta-mento das experiências existentesem comunicação e saúde, tornan-

    do o que está sendo produzidoacessível ao público. Encontrosregionais (estaduais ou munici-pais) entre governo, instituiçõesde ensino e pesquisa, organiza-ções não governamentais e repre-sentantes da sociedade civil or-ganizada devem ser fomentados,e a rede local, integrada na práti-

    ca, aproveitando iniciativas jáexistentes e minimizando esfor-ços. Deve-se, também, envolver oConselho Nacional de Comunica-ção e o Ministério das Comunica-ções na discussão da Rede, visan-do coerência entre Política Nacio-nal de Comunicação e Política deComunicação para o SUS.?

    O objetivo central da oficina foidiscutir as diversas modalidadesde pagamento aos prestadores deserviços. Para relatar as experiên-cias de outro países, foram con-vidados expositores do Canadá(Quebec) e de Portugal.

    A alocação de recursos aosprestadores de serviços pode serapresentada mediante duas moda-lidades, de acordo com o momentoestabelecido para o pagamento: omodelo retrospectivo, onde a basede pagamento são os gastos in-corridos na prestação de serviços,e o modelo prospectivo, em que abase de pagamento é fixa, e o va-lor é estabelecido anteriormente àprestação de serviços. Já as for-mas de pagamento a profissionais,foram separadas em três catego-rias: pagamento por consulta oupor caso, pagamento por captaçãoou orçamento global e pagamentopor salário ou tempo.

    No Quebec, os recursos sãoalocados aos hospitais através deorçamento global, calculado a par-tir de metas de produção e do perfildo hospital (case-mix). O orça-mento é ajustado em visãoprospectiva, por serviços a serem

    prestados no ano se-guinte. Os hospitaissão agrupados segun-do o perfil da clientela(através da classificação DRG), e osorçamentos de hospitais com per-fis semelhantes, comparados.

    Em Portugal o modelo de pa-gamento no setor saúde é misto.Na atenção primária, ele é realiza-do com base no gasto histórico ena captação ajustada, e leva emconta as consultas por grupo etárioe o índice de carga de doença. Opagamento a hospitais também érealizado com base no gasto his-tórico e no orçamento global ajus-tado pelo perfil do case-mix. Paradefinir o case-mix hospitalar é uti-lizada a classificação DRG (Gruposde Diagnósticos Homogêneos).

    No Brasil, o Ministério da Saú-de repassa recursos financeiros àsdemais esferas de governo e a ins-tituições utilizando uma classifi-cação de procedimentos comounidade de medida de produçãohospitalar e outra para a atençãoambulatorial. Foram discutidas asseis perspectivas de atuaçãoapontadas pelo MS: (1) eliminar oMS da função de pagador a

    Sistemas de Pagamentoaos Prestadores

    de Serviços

    prestadores; (2) criar novas formasde pagamentos; (3) garantir aosHospitais Universitários papelmais ativo no SUS; (4) reavaliar afunção dos hospitais filantrópicos;(5) recuperar os valores da tabelade procedimentos da média com-plexidade e (6) introduzir a lógicado "cuidado" integral.

    Quanto à questão de dotar es-tados e municípios de maior au-tonomia para alocação de recur-sos e para a introdução de meca-nismos de avaliação e controle, foiconsiderado o risco de desarticu-lação do sistema regional com aexistência de múltiplos sistemasde remuneração. Foi ressaltada aimportância de rever o papel doshospitais de pequeno porte, paraque dêem suporte aos serviços deatenção básica, e a necessidade derevisar a classificação e a tabelade procedimentos. Por fim, apre-ciou-se substituir a "gestão dadoença" pela "gestão da saúde",voltada para a prevenção e promo-ção da saúde, como está sendo dis-cutido em Portugal.?

  • BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

    Boletim Abrasco 23

    Nutriçãono Campo da

    Saúde Coletiva

    Equidade em saúde:financiamento dos sistemas

    de saúde e usode serviços de saúde

    O objetivo desta oficina foi re-alizar uma discussão conceitualsobre equidade em geral e no se-tor saúde em particular, analisarcriticamente várias medidas dedesigualdades em saúde e o finan-ciamento do sistema de saúde,além de discutir metodologias al-ternativas de alocação eqüitativade recursos.

    As discussões destacaram queo sistema de saúde no Brasil ca-racteriza-se por marcadas desi-gualdades, e que políticas volta-das para redução deste problemadevem ser priorizadas pelo gover-no. Identificou-se que o conceitode eqüidade não está claramentedefinido na legislação do SUS, eque sua explicitação e operacio-nalização favoreceriam a efetivaincorporação desse princípio naspolíticas.

    Considerou-se que a distribui-ção geográfica dos recursos finan-ceiros federais para as esferas es-taduais e municipais deve ser efe-tuada seguindo a definição de"igualdade de recursos para ne-cessidades iguais". A distribuiçãoigualitária, em função apenas dapopulação de cada área, não per-mite o alcance de uma alocaçãoeqüitativa.

    Concluiu-se que não deve serimplementado o Art 35 da Lei Or-gânica da Saúde. Simulações combase nesta lei mostram que aredistribuição em favor dos esta-dos e municípios com situaçõessanitárias mais precárias e piorescondições sócio-econômicas éanulada pela incorporação de cri-térios relacionados ao financia-mento da oferta existente e ao de-

    sempenho técnico, econômico efinanceiro. Numa política dealocação eqüitativa, os recursosdevem ser distribuídos em funçãodas necessidades populacionais,dimensionadas através do perfildemográfico, epidemiológico esócio-econômico de cada área.Para viabilizar uma distribuiçãoeqüitativa de recursos financeirosé necessário inicialmenteimplementar uma política de in-vestimento que permita diminuiras desigualdades regionais naoferta de serviços de saúde.

    No que diz respeito à EmendaConstitucional Nº 29, destacou-seque sua regulamentação deveriaassegurar o cumprimento dos ob-jetivos que a nortearam: garantirfontes de financiamento estáveis,assegurar participação mínima dosgovernos estaduais e municipais eestabelecer uma distribuição eqüi-tativa dos recursos federais. A ECNº 29 não pode ser tratada sepa-radamente da proposta de Refor-ma Tributária, pois prevê a redu-ção da base financeira sobre a qualincidirão as percentagens destina-das ao financiamento do setor saú-de por parte dos governos esta-duais e municipais, retirando domontante total a parcela destina-da ao serviço da dívida e desvin-culando parte da receita dos Esta-dos.

    Finalmente assinalou-se a im-portância da criação de um siste-ma de monitoramento das desi-gualdades no uso de serviços e doestabelecimento de rede de inter-locução entre gestores e profis-sionais da economia da saúde.?

    A oficina discutiu a definiçãoconceitual à luz de três grandes eixos:direito humano a alimentação, segu-rança alimentar e nutricional e promo-ção à saúde. Para apoiar as ações dealimentação e nutrição no país, pro-pôs-se recomendar ao Ministério daSaúde o fortalecimento e a consolida-ção da Política Nacional de Alimenta-ção e Nutrição (PNAN) no SUS, a ma-nutenção institucional da CoordenaçãoGeral da Política de Alimentação e Nu-trição (CGPAN) e a ampliação de suaatual estrutura orçamentária e de ges-tão (cargos e funções). Já à CGPAN, foirecomendado tornar as bases daPNAN mais acessíveis aos profissionaisde saúde e à própria população.

    O MESA e o Governo Federal de-vem implementar o projeto Fome Zerocom todos os componentes de um pro-jeto de Segurança Alimentar eNutricional, reforçando as ações refe-rentes ao âmbito nutricional, de saúdee de educação. Os critérios e condi-ções de elegibilidade previstos nosProgramas Bolsa Alimentação e BolsaEscola devem ser mantidos na unifi-cação dos programas de transferên-cia de renda do Governo Fe-deral.

    Foi considerada fundamental a cri-ação de um lócus de reflexão naABRASCO, incentivando a formação derecursos humanos em nível de gradu-ação e pós-graduação, o debate so-bre o alinhamento de pesquisas coma realidade social e a integração comoutras entidades da área de alimen-tação e nutrição governamentais e dasociedade civil, assim como o acom-panhamento e a avaliação de progra-mas/políticas públicas e a divulgaçãode trabalhos científicos.

    Um "pró-GT" de trabalho subme-terá à diretoria da ABRASCO a criaçãodo GT Nutrição e Saúde. As priorida-des do "pró-GT" são a definição doscritérios para a formação do GT (comdestaque para a composição de seusmembros e a representação ins-titucional e regional) e o encaminha-mento das recomendações?

  • BOLETIM ESPECIAL DO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA