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Marcos Oliveira/Agência Senado Lista de doenças que garantem isenção de IR vai à Câmara 3 Collor apresenta acusações e pede impeachment de Rodrigo Janot 4 Clubes da Série A dizem estar unidos contra MP do Futebol 4 Reconhecimento de Brizola como herói da pátria é aprovado 6 Plenário receberá texto que barra estranhos em escola pública 7 Sessão especial do Senado vai homenagear Luiz Henrique 4 www.senado.leg.br/jornal Ano XXI — Nº 4.298 — Brasília, quarta-feira, 13 de maio de 2015 Após 11 horas de sabatina, comissão aprova indicação de Fachin para STF Senadores questionaram candidato sobre poligamia e desapropriações. Palavra final cabe ao Plenário, que decidirá na terça-feira se confirma a escolha de jurista do Paraná para o cargo de ministro do Supremo D epois de sabatiná- lo desde a manhã até a noite, a Comissão de Constituição e Justiça aprovou o jurista Luiz Edson Fachin para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal. A indicação agora terá que ser submetida ao Plenário. Na sabatina, Fachin teve de explicar posições polêmicas defendidas no passado. Ele afirmou aos senadores que a fidelidade entre marido e mulher é a estrutura da família e que a propriedade é direito fundamental. Questionado por ter apoiado a campanha de Dilma em 2010, disse que, como ministro do STF, não terá dificuldade para julgar nenhum partido. 3 Renan Calheiros fala a jornalistas sobre MP do ajuste fiscal Luiz Fachin fala durante a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça: perguntas sobre desapropriação e poligamia Berzoini: banda larga chegará a 95% da população em 3 anos Ajuste fiscal será analisado com portas abertas a trabalhadores A estimativa foi feita pelo ministro das Comuni- cações em audiência pública na Comissão de Ciên- cia e Tecnologia. Ricardo Berzoini disse que, entre outras ações, o Programa Banda Larga para Todos investirá na ampliação da rede de fibras ópticas. 8 O Senado começa a examinar no dia 20 a Medida Provisória 665, que restringe o acesso ao se- guro-desemprego, ao abono sala- rial e ao seguro-defeso. Apesar da votação tumultuada na Câmara, o presidente do Senado, Renan Calheiros, em encontro com cen- trais sindicais, garantiu acesso a galerias do Plenário e disse que o custo não pode ser jogado sobre o trabalhador. 5 Nesta edição, encarte do informativo da Procuradoria da Mulher Geraldo Magela/Agência Senado Jonas Pereira/Agência Senado Reprodução

Ano XXI — Nº 4.298 — Brasília ... · 14h Comissão da medida provisória que cria o programa de gestão do futebol faz audiência com clubes das séries B e C. A TV Senado transmite

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Lista de doenças que garantem isenção de IR vai à Câmara 3

Collor apresenta acusações e pede impeachment de Rodrigo Janot 4

Clubes da Série A dizem estar unidos contra MP do Futebol 4

Reconhecimento de Brizola como herói da pátria é aprovado 6

Plenário receberá texto que barra estranhos em escola pública 7

Sessão especial do Senado vai homenagear Luiz Henrique 4

www.senado.leg.br/jornal Ano XXI — Nº 4.298 — Brasília, quarta-feira, 13 de maio de 2015

Após 11 horas de sabatina, comissão aprova indicação de Fachin para STF

Senadores questionaram candidato sobre poligamia e desapropriações. Palavra final cabe ao Plenário, que decidirá na terça-feira se confirma a escolha de jurista do Paraná para o cargo de ministro do Supremo

Depois de sabatiná-lo desde a manhã até a noite, a

Comissão de Constituição e Justiça aprovou o jurista Luiz Edson Fachin para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal. A indicação agora terá que ser submetida ao Plenário. Na sabatina, Fachin teve de explicar posições polêmicas

defendidas no passado. Ele afirmou aos senadores que a fidelidade entre marido e mulher é a estrutura da família e que a propriedade é direito fundamental. Questionado por ter apoiado a campanha de Dilma em 2010, disse que, como ministro do STF, não terá dificuldade para julgar nenhum partido. 3

Renan Calheiros fala a jornalistas sobre MP do ajuste fiscal

Luiz Fachin fala durante a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça: perguntas sobre desapropriação e poligamia

Os jovens sonham ser livres e independentes. Por isso, o Congresso Nacional aprovou o Estatuto da Juventude, que permite a você que tem entre 15 e 29 anos viver com mais autonomia.

É a lei ajudando os jovens a alçar voos cada vez maiores.

Liberdade é ter autonomiaO SENADO VOTOU.

AGORA É LEI Estatuto da Juventude

saiba mais em: www.senado.leg.br/agoraelei

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Berzoini: banda larga chegará a 95% da população em 3 anos

Ajuste fiscal será analisado com portas abertas a trabalhadores

A estimativa foi feita pelo ministro das Comuni-cações em audiência pública na Comissão de Ciên-cia e Tecnologia. Ricardo Berzoini disse que, entre outras ações, o Programa Banda Larga para Todos investirá na ampliação da rede de fibras ópticas. 8

O Senado começa a examinar no dia 20 a Medida Provisória 665, que restringe o acesso ao se-guro-desemprego, ao abono sala-rial e ao seguro-defeso. Apesar da votação tumultuada na Câmara,

o presidente do Senado, Renan Calheiros, em encontro com cen-trais sindicais, garantiu acesso a galerias do Plenário e disse que o custo não pode ser jogado sobre o trabalhador. 5

Nesta edição, encarte do informativo da Procuradoria da Mulher

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Alô Senado 0800 612211 www.senado.leg.br/jornal

Brasília, quarta-feira, 13 de maio de 2015

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Na página 5 de ontem, foi publicada erradamente uma foto da senado-ra Fátima Bezerra (PT-RN) no depoimento dado pela senadora Lídice da Mata (PSB-BA), cuja imagem correta está ao lado.

CoRReção

Senado terá comissão para rever o pacto federativoPresidente da Confederação Nacional de Municípios apresentou documento que propõe mudanças na legislação. PEC que obrigaria União a complementar recursos pra pagar piso dos professores é uma delas

O SENADO DEvE criar uma comissão para estudar pro-posições relativas ao pacto federativo. A decisão foi to-mada pelo presidente da Casa, Renan Calheiros, após reunião com o presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski. O representante dos prefeitos veio pedir ao Sena-do prioridade na votação de projetos que ajudem a rever a relação entre a União e os demais entes federados para amenizar a situação difícil dos municípios brasileiros.

— É hora de rever o pacto federativo e o Senado é a Casa da Federação por natu-reza constitucional. Aqui tem três senadores por estado. Nós temos que regular essa Federação — disse.

O presidente do Senado disse que a Casa está aberta à agenda municipalista e informou que a comissão de senadores deve rediscutir o pacto federativo e medidas para recuperar a capacidade de investimento das cidades. O colegiado deve ser instituído durante a Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, conhecida como Marcha dos Prefeitos, que será realizada entre 25 e 28 de maio.

Segundo Ziulkoski, apro-ximadamente 15 senadores participaram da apresentação de um documento da entidade que indica proposições em

tramitação e sugere novas mudanças na legislação. Um dos textos sugeridos é uma proposta de emenda à Cons-tituição (PEC) que obrigue a União a complementar os recursos para o pagamento do piso dos professores.

— Um dos problemas dos governadores e prefeitos é cumprir a lei do piso do magistério. Nós queremos pagar o piso, mas não temos dinheiro. A União não entra com nenhum centavo para o cumprimento do piso, até hoje não entrou — explicou.

Atualmente, de acordo com a justificativa do texto, estados e municípios podem gastar até 60% dos recursos Fundo de Manutenção e Desenvol-vimento da Educação Básica e de valorização dos Profis-sionais da Educação (Fundeb) com pessoal, mas a CNM aponta que a média nacional

é de 77%. Cristovam Buarque (PDT-DF) está colhendo assi-naturas para formalizar a PEC.

Assim como Ziulkoski, Waldemir Moka (PMDB-MS), que participou da reunião, apontou o custeio como o principal problema dos mu-nicípios atualmente.

— Mandam recursos para fazer uma creche ou um cen-tro de saúde, mas o duro dos prefeitos é o custeio, é o dia a dia — apontou o senador.

Entre os maiores problemas nessa área, o presidente da CNM citou programas do go-verno federal que estão com o valor do repasse defasado, como a merenda escolar, o Saúde da Família, a atenção básica à saúde e o transporte escolar. Por isso, a CNM quer a aprovação de um texto que im-peça a União de criar despesas para estados e municípios sem indicar a fonte dos recursos.

Ziulkoski e Renan (C) discutem meios de aumentar capacidade dos municípios

Audiência debate gestão de recursos hídricos hoje

Três décadas de luta da população indígena por seus direitos são retratadas em mostra inaugurada ontem no Salão Branco. A exposição Povos Indígenas no Brasil 1980/2013 — retrospectiva em

imagens da luta dos povos indígenas no Brasil por seus direitos coletivos segue até o dia 22. A iniciativa é de João Capiberibe (PSB-AP), com a embaixada da Noruega e o Instituto Socioambiental (ISA).

A estrutura institucional para a gestão dos recursos hídricos será debatida pela Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CMMC) em audiência pública hoje. A comissão, presidida por Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), receberá os minis-tros da Integração Nacional, Gilberto Occhi, e das Cidades, Gilberto Kassab, e o presidente da Agência Nacional de Águas

(ANA), vicente Andreu Guillo.A crise hídrica e energética e

a preparação do Brasil para a Conferência das Nações Uni-das sobre Clima (COP-21), em novembro, são as prioridades da CMMC em 2015. A água já foi tema de audiência em abril, quando especialistas defende-ram a recuperação de áreas desmatadas, diminuição de emissões e produção de ener-gia por fontes não poluentes.

A agenda completa, incluindo o número de cada proposição, está disponível na internet,

no endereço: http://bit.ly/agendaSenadoAgendA `Plenário Seguro-desemprego14h O PLV 3/2015, oriundo da MP 665 (que altera regras do seguro-desempre-go), tranca a pauta. Às 17h, sessão extra-ordinária analisa o novo Código Penal.

`PreSidênciA ordem do dia16h Renan Calheiros preside a ordem do dia da sessão deliberativa.

`ci Painéis fotovoltaicos8h30 O PLS 167/2013, que reduz alíquo-tas de tributos incidentes sobre painéis fotovoltaicos e similares, é um dos itens da pauta da comissão. `cMo reunião extraordinária

12h Continuação de reunião extraordi-nária da Comissão Mista de Orçamen-to (CMO).

`cAS Moradia para idosos9h Reunião deliberativa com 10 itens — entre eles, o PLC 52/2011, sobre reserva de habitações para idosos de baixa ren-da nos programas oficiais de moradia.

`SubcoMiSSão belo Monte9h Instalação e eleição de presidente e vice-presidente da subcomissão tempo-rária para acompanhar a execução das obras da Usina de Belo Monte.

`ce Financiamento da educação10h30 Ciclo de audiências sobre finan-ciamento da educação básica traz espe-cialistas e representantes do governo.

`cMMc recursos hídricos14h30 Audiência pública interativa da Comissão Mista de Mudanças Climáticas debate a gestão dos recursos hídricos.

`cdr debate sobre icMS 214h Nova audiência pública sobre pro-jeto que trata da fixação de alíquotas de ICMS nas operações interestaduais.

`cdr debate sobre icMS 19h Audiência discute o PRS 1/2013, sobre fixação de alíquotas de ICMS nas opera-ções e prestações interestaduais. Parti-cipam secretários de Fazenda estaduais.

`ccJ Sistema majoritário10h Entre outros itens, comissão analisa a PEC 90/2011, que institui sistema ma-joritário na eleição a deputado federal.

`cdH Teclas em braile11h Projeto que obriga sistema brai-le nas teclas dos caixas eletrônicos (PLS 129/2007) é um dos itens em pauta.

`MP 671/2015 gestão do futebol14h Comissão da medida provisória que cria o programa de gestão do futebol faz audiência com clubes das séries B e C.

A TV Senado transmite a partir das 10h, segundo o Regimento Interno e o Ato 21/2009 da Comissão Diretora, a reunião da Comissão de Constituição e Justiça. As reuniões podem ser acompanhadas ao vivo pela internet (www.sena-do.leg.br/tv) e, em Brasília, pela TV Senado Digital, nos canais 51.1 a 51.4.

TV SeNAdo

Confira a íntegra das sessões no Plenário:

http://bit.ly/plenarioOnline

Confira a íntegra das sessões nas comissões:

http://bit.ly/comissoesOnline

SeSSão oN-LINe

ACoMPANHe e PARTICIPeHOjE, às 14h30

` envie sua pergunta ou sugestão: • http://bit.ly/audienciainterativa • Alô Senado: 0800 612211` Portal e-Cidadania:

www.senado.leg.br/ecidadania` Facebook: senadofederal` Twitter: @agencia_senado` TV: www.senado.leg.br/TV

` Taquigrafia: http://bit.ly/comissaoClima

Paulo Paim (PT-RS) pediu ontem ao governo que não deixe estudantes do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) desamparados. Por causa da ne-cessidade de economizar recur-sos, o governo limitou o número de novos contratos do Fies neste semestre.

O senador lamentou que milhares de estu-dantes tenham que abandonar cursos e disse esperar que o Ministério da Educação dialogue com as universidades para buscar soluções.

Omar Aziz (PSD-AM) protestou ontem contra o veto da presidente Dilma Rousseff à parte da Me-dida Provisória (MP) 660/2014 que previa a reestruturação na carreira de servidores da Supe-rintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e reajuste dos vencimentos.

O senador disse esperar que o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, apresente uma solução antes que o Congresso tenha que apreciar o veto.

O Estatuto do Índio está para ser votado na Câmara há mais de 20 anos, segundo Telmário Mota (PDT-RR). Ele pediu ontem que os deputados retomem a análise do projeto, que está engavetado enquan-to outros estatutos já foram aprovados.

Telmário disse que o esta-

tuto vigente, de 1973, está ultrapassado. Ele afirmou que é “extremamente triste” a falta de atualização do estatuto, tão ne-cessária para os povos

indígenas do país. A velocida-de de tramitação na Câmara dos Deputados, na avaliação dele, está diretamente ligada aos interesses dos ricos.

Paim apela ao governo para que não desampare alunos do Fies

omar pede derrubada do veto a reajuste de servidor da Suframa

Câmara precisa retomar análise do estatuto do Índio, cobra Telmário Mota

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Alô Senado 0800 612211 www.senado.leg.br/jornal

Brasília, quarta-feira, 13 de maio de 2015

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou ontem em turno suplemen-tar substitutivo a projeto de lei (PLS 315/2013) de Paulo Paim (PT-RS) que conce-de isenção de Imposto de Renda sobre proventos de aposentadoria ou reforma aos portadores de doenças reumáticas, neuromusculares e osteoarticulares crônicas ou degenerativas.

O relator da proposta na CAE, Romero Jucá (PMDB-RR), manteve a inclusão

da doença de Huntington (um distúrbio neurológico hereditário) e da linfangio-leiomiomatose (uma doença cística pulmonar rara) no rol de doenças cobertas pelo texto. Ambas foram introdu-zidas, respectivamente, por emendas de Waldemir Moka (PMDB-MS) e do ex-senador Paulo Davim quando da aprovação de substitutivo ao projeto pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS).

— Nosso parecer é pela justiça social. Nós já demos

esse tratamento [isenção de IR] para outros segmentos que têm doença grave — ar-gumentou Jucá, observando que a economia gerada pelo benefício permitirá a seus por-tadores investir mais em me-dicamentos e procedimentos terapêuticos.

Como a aprovação do texto ocorreu em caráter termi-nativo, o projeto poderá ser enviado diretamente à Câ-mara dos Deputados, se não houver recurso para votação em Plenário.

APóS QUASE 11 horas de sabatina, a Comissão de Cons-tituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou no final da noite de ontem, por 20 votos a 7, a indicação de Luiz Edson Fa-chin para o posto de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O nome precisa agora ser analisado no Plenário, o que deve acontecer, segundo o presidente do Senado, Renan Calheiros, na terça-feira.

Fachin foi indicado pela pre-sidente Dilma Rousseff para ocupar o posto de Joaquim Barbosa, que se aposentou em julho de 2014. Para chegar à mais alta Corte do país, Fachin terá ainda de ser aprovado por 41 dos 81 senadores.

A sabatina na CCJ, que con-tou com a participação popu-lar via internet, foi aberta com muita discussão sobre pro-cedimentos formais a serem adotados na audiência e com reclamações sobre o pouco tempo para apresentação de perguntas.

Na tentativa de suspender a arguição, Ricardo Ferraço (PMDB-ES) levantou uma questão de ordem, alegando que Fachin acumulou irregu-larmente o exercício da advo-cacia privada com a atuação como procurador do estado do Paraná.

A tese de Ferraço se baseou na suposta violação da Consti-tuição paranaense, de 1989, e da Lei Complementar Estadual 51/1990. A alegação era de que ambas já proibiam o exercício da advocacia aos procuradores antes da nomeação de Fachin para o cargo. O argumento teve o apoio de Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Ronal-do Caiado (DEM-GO), José Agripino (DEM-RN), Antonio Anastasia (PSDB-MG) e Mag-no Malta (PR-ES), que votaram a favor de recurso de Ferraço pela suspensão da sabatina.

Na outra ponta, 19 membros da comissão derrubaram esse recurso e deram o sinal verde para a sabatina.

Antes das perguntas, Fachin, num discurso de pouco mais de 20 minutos, assumiu um “compromisso garantista” com os direitos fundamentais à família, à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade listados pela Constituição. Ele relembrou a infância humilde e fez questão de destacar a importância da democracia.

— Sou defensor das institui-ções republicanas e da demo-cracia. Trago posições às vezes controvertidas, mas nunca me escondi atrás das palavras que me fizeram questionar o que me parecia injusto — declarou.

Qualidade técnicaFoi esse viés polêmico assu-

mido pelo jurista que acabou sendo explorado por muitos críticos à sua indicação. A sabatina foi aberta com a condenação de Aloysio à acumulação da advocacia privada com a atuação como procurador do Paraná.

— A lei é clara e não compor-ta duas interpretações. Como pode um edital de concurso prevalecer sobre letra expressa da Constituição? Acho que [Fachin] deveria reconhecer que houve um erro, mas insiste em justificar algo, no meu entender, absolutamente injustificável — afirmou.

A posição do senador tu-cano não foi unânime dentro do PSDB. Relator da indica-ção, Alvaro Dias (PSDB-PR) agradeceu a liberdade dada pelo partido para defender uma candidatura “da maior qualificação técnica”.

— O Paraná está unido em torno do nome de Fachin. A trajetória dele é de inde-pendência — disse Alvaro, acrescentando que, ao mesmo tempo em que atribuíram ao indicado eventuais relações com o Movimento dos Tra-balhadores Rurais sem Terra (MST), seu currículo exibe participação na Câmara Arbi-tral da Federação das Indús-trias de São Paulo e do Paraná.

Luiz Fachin foi confrontado com questões controversas na sabatina. Um exemplo foi a suposta defesa dos direitos da amante ao prefaciar um traba-lho jurídico de pós-graduação.

— A fidelidade é um projeto de vida e de estrutura da famí-lia. A Constituição é o nosso limite — afirmou ontem.

Sobre a desapropriação de terra improdutiva, respondeu:

— O sistema a que devemos obediência é o que prevê a propriedade como direito fundamental e ressalva a propriedade produtiva.

Fachin, entretanto, reco-nheceu controvérsia doutri-nária sobre a função social da propriedade, elemento que

norteia a desapropriação.Apontado como simpati-

zante de movimentos sociais como o MST, Fachin disse que defende manifestações realizadas nos limites legais:

— As ações que são realiza-das dentro da lei são ações le-gítimas. Algumas desbordam.

Em relação ao aborto, o candidato ao STF foi enfático:

— Digo numa palavra: sou contra. Sei que há discussões atinentes à saúde pública. Sou defensor da vida, da dignidade e da vida humana e estou dan-do minha posição pessoal de cidadão, cristão e humanista.

Sobre a redução da maiori-dade penal, evitou ser incisivo, mas considerou uma possibili-

dade a ampliação das regras de internação fixadas no Estatuto da Criança e do Adolescente:

— Todos temos a percepção de ausência de punição. De muitos que já estão encarce-rados, há população idêntica com mandado de prisão a ser cumprido. Esse tema precisa ser debatido, inclusive para que se discuta que sequela [a redução da idade penal] traria.

Em relação à Emenda 88 — que estendeu de 70 para 75 anos a idade para aposenta-doria obrigatória de ministros dos tribunais superiores —, avaliou que a medida tem coerência com a elevação da expectativa de vida da população brasileira.

Na sabatina, Luiz Fachin teve de dar explicações sobre o fato de ter lido um manifesto em defesa da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência em 2010.

— Subscrevi um manifesto elaborado por alguns juristas de São Paulo. Fui convidado a fazer a leitura e não me furtei. Era um manifesto que eu havia assinado. Gostaria de salientar que não tenho

nenhuma dificuldade, ne-nhum comprometimento, caso eventualmente venha a vestir a toga do Supremo, em apreciar e julgar qualquer um dos partidos políticos de nossa Federação — garantiu.

Indagado sobre os longos pedidos de vista feitos pelos ministros do Supremo, o que resulta no atraso da conclusão dos processos, o jurista disse que é preciso seguir o que diz

o regimento da Corte — duas sessões subsequentes após o pedido:

— Por outro lado, o juiz também precisa formar sua convicção. Precisa elaborar seus fundamentos. Estou examinando em tese para dizer que a Justiça precisa ser célere, mas determinadas questões, pela complexidade, exigem tempo para elaboração de juízo de valor.

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Depois de uma sabatina que durou quase 11 horas, postulante foi aprovado por 20 votos a 7. Decisão final cabe ao Plenário do Senado, que marcou votação para terça-feira

Comissão aprova indicação de Fachin para STF

Vai à Câmara lista de doenças com isenção de Imposto de Renda

Não terei dificuldade para julgar nenhum partido, diz indicado

jurista condena aborto e afirma que fidelidade é base familiar

Fachin (2º à esq.) é sabatinado em comissão do Senado. A seu lado, à mesa, os senadores Delcídio, Pimentel, Alvaro e Viana

Waldemir Moka foi o responsável por adicionar a doença de Huntington à lista

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4 Brasília, quarta-feira, 13 de maio de 2015

Alô Senado 0800 612211 www.senado.leg.br/jornal

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Pedido, proposto por Dário Berger, foi aprovado ontem. Data da solenidade ainda será marcada. Senador morreu no domingo, em Santa Catarina, vítima de um infarto

Representantes de clubes das Séries A e D do Campe-onato Brasileiro de Futebol disseram ontem estar unidos na oposição às regras da medi-da provisória (MP) que propõe o refinanciamento de dívidas fiscais das agremiações.

Eles participaram de audiên-cia pública na comissão mista — formada por senadores e deputados — que faz a análise prévia da MP 671/2015 (MP do Futebol).

Os debatedores alegaram que a medida exige contra-partidas exageradas e invade a autonomia dos clubes.

— Os clubes se uniram de uma forma que poucas vezes vimos para combater algo abu-sivo — disse Gustavo Delbin, advogado do São Paulo.

Luiz Felipe Santoro, advo-gado do Corinthians, ques-tionou, por exemplo, a obri-gatoriedade de centralizar as movimentações financeiras do clube em um só banco. Para ele, a impossibilidade de dividir o caixa pode debilitar a agremiação.

— Isso é pensar só nas dívi-das tributárias, mas os clubes também têm as trabalhistas. Se vem uma penhora na conta e o clube fica impedido de cumprir obrigações, ele sofre as sanções e perde o parcelamento — alertou.

Ex-presidente do Treze Futebol Clube (PB), Eduardo

Medeiros criticou duas exi-gências cruzadas: os clubes participantes do refinancia-mento só podem entrar em competições organizadas por entidades que respeitem as regras da MP, enquanto os organizadores só podem aceitar em seus torneios agre-miações que tenham aderido ao programa.

— Se eu adiro, fico na ex-pectativa de outros também aderirem, sob pena de eu ser punido pela MP com a perda de tudo, mesmo estando em dia — explicou.

Os debatedores asseguraram que estão dispostos a saldar as dívidas com a União.

— Nenhum presidente quer fugir da responsabilidade. Mas a medida confundiu dívida fiscal e tributos com morali-zação e com intervencionismo — disse Daniel Nepomuceno, presidente do Atlético Mineiro.

Felipe Baumann, advogado do Internacional, sugeriu a contrapartida social, intensifi-

cando trabalhos que os clubes já fazem com jovens.

Para o presidente do Avaí (SC), Nilton Macedo, os clu-bes estão recebendo um tra-tamento mais rígido do que outras empresas que precisam refinanciar dívidas.

O presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Junior, criti-cou a MP por impor a criação de ligas entre os clubes que aderirem ao refinanciamento. Para ele, as ligas devem surgir naturalmente, por uma neces-sidade de melhorar a gestão.

A comissão faz nova audiên-cia hoje com clubes das Séries B e C e de futebol feminino.

Clubes criticam exigências previstas na MP do Futebol

Em audiência pública, representantes dos clubes disseram que estão unidos

Collor acusa Janot de agir sem critérios nos processos da Operação Lava-Jato

Raupp, Vanessa, Berger, Lídice, Bauer, Garibaldi e Capiberibe fazem pronunciamentos para homenagear Luiz Henrique

O SENADO FARÁ uma sessão especial para homenagear a memória do senador Luiz Henrique , morto no domingo passado, vítima de um infarto. A data da sessão ainda será marcada.

A proposta da sessão, apre-sentada por Dário Berger (PMDB-SC), foi aprovada ontem.

O presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT), Cristovam Buarque (PDT-DF), encabeçou ontem uma home-nagem a Luiz Henrique du-rante a reunião do colegiado:

— Poucos senadores na história deste país tiveram tão clara a consciência da impor-tância do avanço científico e tecnológico na construção da nação, como ministro que ele foi, com os discursos que ele fez, com a postura que ele teve como senador.

Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) lembrou da parti-cipação de Luiz Henrique na elaboração da Constituição e considerou sua perda lamen-tável para a política brasileira.

Omar Aziz (PSD-AM) ci-tou a história do senador na luta pela redemocratização

brasileira, quando ainda era do MDB.

Helio José (PSD-DF) regis-trou a tristeza que percebeu na população de Joinville na ocasião do enterro do sena-dor, o que demonstra como Luiz Henrique era querido e respeitado.

O próprio ministro Ricardo Berzoini, que participou de uma audiência na CCT, se disse enlutado pela perda do senador, um “homem de diálogo, de firmeza nas suas ideias, mas muita qualidade na relação política e na relação humana”.

Magno Malta (PR-ES) defi-niu a morte de Luiz Henrique como uma perda para Santa Catarina e para o Brasil. Malta lembrou que o senador era um democrata, que lutou contra a ditadura.

Para Eunício Oliveira (PMDB-CE), Luiz Henrique sempre atuou buscando no-vos rumos para a sociedade brasileira, com firmeza e capacidade:

— Era um grande compa-nheiro e um grande brasileiro, que eu aprendi a admirar ainda muito jovem.

Senadores usaram ontem a tribuna para homenagear o colega Luiz Henrique, morto no domingo. Segundo valdir Raupp (PMDB-RO), o catari-nense desempenhou “papel fundamental na construção de um país melhor e demo-crático”.

Nas palavras de vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Luiz Henrique foi “um grande político e um ser humano ímpar”. Ela destacou sua atuação na articulação do pacto federativo no Con-gresso. Também lembrou seu papel na instalação de uma escola do Balé Bolshoi em Joinville (SC).

— Ele ajudou a fazer de Santa Catarina o que é hoje — ela disse.

Emocionado, Dário Berger (PMDB-SC) afirmou:

— Foi um cidadão do mun-do, culto, leitor ávido, aprecia-dor da boa música, entusiasta da cultura como elemento ca-talisador do desenvolvimento social. viveu e morreu na sua amada Joinville.

Lídice da Mata (PSB-BA) apontou a coragem e a in-trepidez que marcaram a militância de Luiz Henrique durante a ditadura militar, quando organizou o MDB:

— Àquela época, era um gesto de coragem e ousadia.

Paulo Bauer (PSDB-SC) lembrou que foi adversário de Luiz Henrique em muitas eleições. Segundo Bauer, ele sempre respeitou seus adver-sários e soube administrar a

opinião contrária e conflitante de forma bastante pacífica.

Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) definiu o colega como “inteligente, corajoso, capaz e competente”.

João Capiberibe (PSB-AP) afirmou que Luiz Henrique tinha a percepção de que o modelo construído pela Nova República já estava esgotado e sempre atuou na recons-trução democrática do país.

Por meio de nota, Zeze Per-rella (PDT-MG) lembrou que trabalhou com Luiz Henrique na Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT): “Graças a sua iniciativa, o Brasil tem hoje regulamentada a exploração dos minérios das terras-raras, importante setor da nossa economia”.

Casa fará sessão de homenagem a Luiz Henrique

Senadores lembram atuação política do colega

ACoMPANHe e PARTICIPeHOjE, às 14h

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Collor pede à Mesa do Senado impeachment de Rodrigo Janot

Fernando Collor (PTB-AL) protocolou ontem quatro representações contra o procurador-geral da Repú-blica, Rodrigo Janot, por crimes de responsabilidade. Se acolhidas, as acusações podem resultar em processo de impeachment.

Na primeira das represen-tações, o senador argumenta que Janot agiu sem critérios na abertura de processos contra investigados da Ope-ração Lava-Jato, selecionando “como bem entende” os que responderão a ação penal e “permanecendo inerte” ante acusações contra outros suspeitos. Collor está entre os políticos contra quem Janot pediu abertura de inquérito.

Collor acusa Janot de abuso de poder, por ter requerido busca e apreensão no gabinete do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A ação da Polícia Federal dentro do Congresso, segundo Collor,

viola a separação dos Poderes.O procurador-geral é acusa-

do de autopromoção, por ter “transformado sua segurança pessoal em um espetáculo de mídia” durante uma visita a Uberlândia (MG) e por ter recebido manifestantes con-trários ao governo e posado para fotos com eles num ato na frente da Procuradoria.

A última das representações trata do desperdício de dinhei-ro público. Collor alega que membros do Ministério Públi-co têm feito uso de passagens e diárias de forma abusiva, “tudo autorizado expressa-mente pelo procurador-geral”.

Ele pede que o Senado forme uma comissão para analisar a admissibilidade das denúncias. Caso alguma seja acatada, o colegiado emitirá parecer sobre o caso. A de-cisão final cabe ao Plenário. É necessário o voto de dois terços dos senadores para que o impeachment se concretize.

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5 Brasília, quarta-feira, 13 de maio de 2015

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O relator do projeto que defi-ne as regras para a montagem do Orçamento do próximo ano, a Lei de Diretrizes Orça-mentárias (LDO) de 2016, será o deputado Ricardo Teobaldo (PTB-PE). O nome foi con-firmado pela presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), senadora Rose de Freitas (PMDB-ES).

Deputado estadual por dois mandatos e ex-prefeito de Li-moeiro, município com cerca de 56 mil habitantes no agreste pernambucano, Teobaldo está no primeiro mandato na Câmara.

A proposta da LDO chegou

ao Congresso em abril. Uma das incumbências do depu-tado será avaliar o cenário econômico projetado pelo governo, com crescimento real para a economia de 1,3%, salário mínimo de R$ 854 e inflação de 5,6%. O país deve economizar, para mostrar capacidade de pagar os juros da dívida pública (superávit primário), R$ 126,73 bilhões, o que equivale a 2% do produto interno bruto (PIB). Nesse esforço, o governo federal deverá contribuir com R$ 104,55 bilhões (1,65% do PIB). A relatoria da proposta orça-mentária, anunciada no mês

passado, ficou com o deputado Ricardo Barros (PP-PR). A do projeto do Plano Plurianual (PPA), ainda não confirmada, deve ficar com o deputado Zeca Dirceu (PT-PR). Também não foi confirmado o relator da receita. Dois senadores dis-putam o cargo: Acir Gurgacz (PDT-RO) e Eduardo Amorim (PSC-SE). Eles já ocuparam essa relatoria: o primeiro em 2011 e o segundo em 2013.

A indicação dos relatores setoriais não teve acordo entre os líderes partidários na CMO. Nova reunião de líderes deve ocorrer hoje para essa defini-ção. Há discordância não só

com as relatorias que caberão a cada partido, mas também em relação ao número delas. Rose de Freitas propôs, no mês passado, ampliar o número de setoriais dos atuais 10 para 22.

Depois, ela reduziu para 16 e ainda não obteve apoio dos lí-deres para esse número. Hoje, às 12h, está prevista reunião ordinária da CMO.

(Da Agência Câmara)

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O SENADO RECEBEU ontem o Projeto de Lei de Conversão (PLv) 3/2015, decorrente da Medida Provisória (MP) 665/2014. O ofício da Câmara foi lido pelo senador Dário Berger (PMDB-SC), que presidia a sessão. O projeto, aprovado na semana passada na Câmara, é a primeira proposta do pacote de ajuste fiscal do governo a chegar ao Senado e dificulta a obtenção do seguro-desemprego e do abono salarial.

A MP já tranca a pauta do Senado. A previsão é de que ela comece a ser examinada na próxima quarta-feira. Na Câmara, a MP foi aprovada com diferença de apenas 25 votos, com deputados da base governista votando contra o governo e parlamentares da oposição apoiando o ajuste. O texto aprovado é de autoria do senador Paulo Rocha (PT-PA), relator da comissão mista que emitiu parecer sobre a MP.

Apesar das dificuldades na Câmara, o relator crê que a MP terá uma trami-tação mais tranquila no Senado, já que o texto foi discutido “com o governo e com as centrais sindicais”.

Para o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), o debate será “muito duro”. Ele disse que a MP subtrai direitos tra-balhistas e sociais do cidadão. Segundo o senador, o governo deveria demons-trar solidariedade em um momento de crise, quando muitos brasileiros estão perdendo o emprego, e deveria “cortar na própria carne”.

O senador Paulo Paim (PT-RS) disse que espera diálogo e entendimento

sobre a MP, embora admita que seja difícil o governo mudar de opinião.

Projetos em comumO presidente do Senado, Renan

Calheiros, encontrou-se ontem com o presidente da Câmara dos Depu-tados, Eduardo Cunha, para discutir convergência da pauta das duas Casas, ajustar o calendário de votações e dar andamento aos projetos em comum.

Renan informou que a reforma do Código Penal (PLS 236/2012) está na pauta de hoje em regime de urgência. Porém, líderes partidários serão con-sultados para decidir se é necessário que o texto retorne para exame na Co-missão de Constituição e Justiça (CCJ).

Representantes de quatro centrais sindicais pediram ontem a Renan a rejeição das MPs 664/2014 e 665/2014, que alteram a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O presidente do Senado ouviu os argumentos dos integrantes da Força Sindical, ConLutas, Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), acompanhados do deputado federal Paulo Pereira da Silva (SD-SP) e do senador Paulo Paim (PT-RS).

Renan voltou a afirmar que, embora defenda uma regulamentação para a terceirização, é contra liberar esse

tipo de contratação para a área-fim. Garantiu aos sindicalistas que have-rá ampla discussão sobre questões ligadas às categorias. Convidou as centrais para participarem da sessão temática sobre terceirização marcada para o dia 19 e afirmou que as gale-rias estarão abertas para a sociedade quando o Plenário for votar propostas que tratem de direitos trabalhistas.

Ele contou aos trabalhadores que conversou com a presidente Dilma Rousseff sobre uma agenda positiva para o setor produtivo do país du-rante viagem para Joinville (SC), na segunda-feira, quando participaram

do velório do senador Luiz Henrique.— Propus: presidente Dilma, temos

de fazer um pacto. O Congresso está consciente e convencido de sua res-ponsabilidade. Se temos na Lei de Diretrizes Orçamentárias uma meta para a inflação e para o superávit, por que não tratarmos, nessa proposta, a manutenção dos empregos?

Renan criticou a maneira como o ajuste fiscal vem sendo conduzido.

— É um ajuste trabalhista, e não fis-cal, como vem sendo anunciado. Não devemos jogar o custo no trabalhador e sim estimular setores produtivos, que geram mão de obra — disse.

Primeira MP do ajuste fiscal chega ao SenadoApesar de trancar a pauta, a previsão é de que o texto comece a ser examinado pelos senadores no dia 20. Renan garantiu a sindicalistas que dará acesso ao Plenário

A Comissão de Desenvol-vimento Regional e Turismo (CDR) faz hoje audiência pública, às 9h, para debater projeto que trata da fixação de alíquotas do ICMS nas operações e prestações inte-restaduais (PRS 1/2013).

Estão convidados os secre-tários de Fazenda de Alagoas, George Santoro; do Amazonas, Afonso Lobo Moraes; do Distri-to Federal, Leonardo Colombi-ni; de São Paulo, Renato villela; e de Santa Catarina, Antonio

Marcos Gavazzoni. Os sena-dores José Serra (PSDB-SP) e Delcídio do Amaral (PT-MS), líder do governo no Senado e relator do projeto, completam a lista dos debatedores.

Outro debate ocorrerá à tar-de, a partir das 14h. O coorde-nador dos secretários estaduais de Fazenda do Conselho Na-cional de Política Fazendária (Confaz), José Barroso Tostes Neto, e os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Walter Pi-nheiro (PT-BA) estão na lista de

debatedores. O Ministério da Fazenda também deve enviar um representante.

O requerimento para a re-alização das audiências é do senador Wellington Fagundes (PR-MT). Para ele, é importan-te ouvir todos os lados envol-vidos na cobrança do ICMS para que o projeto em debate possa traduzir, da melhor ma-neira possível, o equilíbrio das finanças estaduais, o estímulo ao desenvolvimento regional e o fim da guerra fiscal no país.

Audiências discutem ICMS de operações interestaduais

Em encontro com sindicalistas, Renan criticou a forma como o ajuste fiscal vem sendo conduzido

Rose, presidente da Comissão de Orçamento, com líderes para definir setoriais

Relator da LDO de 2016 será o deputado Ricardo Teobaldo

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) adiou a votação de proposta que per-mite a estados e municípios com perda de arrecadação na exploração de petróleo a contratação de empréstimos como antecipação de receitas.

A excepcionalidade é previs-ta em projeto (PRS 15/2015) dos senadores Marcelo Crivella (PRB-RJ) e Rose de Freitas (PMDB-ES). Pedido de vista do texto, feito por Fernando

Bezerra Coelho (PSB-PE), pro-vocou polêmica na comissão e não permitiu a votação da proposta defendida pela ban-cada do Rio de Janeiro.

Entre outros pontos, Bezerra contestou o fato de o socorro previsto no projeto limitar-se aos estados e municípios pro-dutores de petróleo, quando todos tiveram perdas com as desonerações de impostos pro-movidas pelo governo federal até o ano passado.

Pedido de vista adia votação de projeto que socorre municípios produtores de petróleo

Centrais sindicais pedem a rejeição de propostas que alteram a CLT

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6 Brasília, quarta-feira, 13 de maio de 2015

Mesa do senado Federal secretaria de coMunicação social

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A COMISSãO DE Educação, Cultura e Esporte (CE) aprovou ontem um projeto que inclui o nome de Leonel Brizola no Livro dos Heróis da Pátria.

Brizola foi o único político do país eleito em votação popular para governar dois estados diferentes — Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Também se notabilizou pela atenção que dava à educação e pela resistência ao regime militar imposto em 1964.

O projeto, que agora irá para o Plenário, teve origem na Câ-mara. Do ex-deputado vieira da Cunha, o PLC 67/2014 também diminui a exigência de 50 anos da morte do homenageado para a inclusão de seu nome no livro. O autor propõe 10 anos.

O Livro dos Heróis da Pátria fica exposto no Panteão da Pá-tria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e serve de home-nagem aos brasileiros que se destacaram na defesa do país. Nele estão inscritos Tiradentes, Zumbi dos Palmares e Santos Dumont, entre outros.

CamponesesFilho de camponeses, Brizola

nasceu em Carazinho (RS) em 1922. Batizado como Itagiba de Moura Brizola, adotou o nome de um líder maragato da Revolução de 1923, Leonel Rocha. Ele morreu aos 82 anos, em 21 de junho de 2004.

A relatora da proposta na CE, Ana Amélia (PP-RS), manifes-

tou-se a favor da aprovação do projeto. Mesmo sem ter chega-do a presidente da República, afirmou a senadora, Brizola marcou a história do Brasil. Entre outros fatos, ela citou a atenção especial que Brizola sempre deu à educação. Lem-brou que no Rio de Janeiro ele criou os centros integrados de educação pública (Cieps), escolas de tempo integral com toda a infraestrutura para esti-mular a aprendizagem.

— A proposição para uma incluir seu nome no Livro dos Heróis é uma homenagem mais do que merecida — disse.

Cristovam Buarque (PDT-DF) destacou o papel de Bri-zola para garantir a posse do vice-presidente João Goulart no lugar de Jânio Quadros, que renunciara ao posto em 1961. Para isso, formou a chamada Campanha da Legalidade, conectando emissoras de rádio de todo o país em defesa da

solução constitucional, ante a ameaça de um golpe militar:

— A Campanha da Legali-dade foi um marco da história deste país, o marco de uma ação de cidadania e uma de-monstração de como alguém pode pegar o microfone e re-sistir, já que não tinha acesso a canhões para enfrentar os

militares — comentou.Lídice da Mata (PSB-BA)

lembrou que, em sua volta à vida política depois do exílio, Brizola apresentou ao país sua proposta de “socialismo mo-reno”, ideia acompanhada de “forte abordagem da questão racial”. Por isso, atraiu para os quadros do PDT, partido que ele criara, destacadas lide-ranças do movimento negro, como Abdias Nascimento, que foi senador, e Carlos Alberto Oliveira, que foi deputado.

— A luta de Brizola se ins-pirou em Joaquim Nabuco, quando abordou a educação e soube, com toda perspicácia, destacar a bandeira da questão racial, que até então os partidos de esquerda consideravam menor, já que não se referia à luta de classes — disse a senadora.

Avança projeto de lei que reconhece Leonel Brizola como herói da pátria

Proposta foi aprovada pela Comissão de Educação e agora será submetida ao Plenário. Ex-governador se destacou pela luta contra a ditadura

Jorge viana (PT-AC) disse que o governo do Acre não tem mais condições de acolher os imigrantes que chegam ao Brasil pelo estado. Segundo o senador, o Acre recebeu 36 mil imigrantes ilegais, a maioria haitianos. Também afirmou que o governador, Tião viana, já enviou carta ao ministro da Justiça, José Eduardo Car-dozo, e ao ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, sobre o tema.

— O Acre chegou ao li-mite. O governador avisa as autoridades. Estive com o ministro da Justiça. Ministro, o governo do Acre não tem nem a prerrogativa constitu-cional nem as condições para lidar com um tema que é das Nações Unidas e tem que ser tratado pelo Itamaraty, pelo governo federal, e não pelo governo do Acre — afirmou.

Ana Amélia (PP-RS) co-memorou o primeiro ano da Lei da Quimioterapia Oral, proposta por ela, que acabou com a judicialização dos tratamentos de câncer que podem ser feitos em casa.

A senadora lembrou que antes os pacientes tinham que recorrer à Justiça para conseguir dos planos de saúde a medicação oral a ser ministrada em casa.

— Cada vez que um pa-ciente precisava do remédio, tinha que ir à Justiça. Agora não. A lei está garantindo aos usuários dos planos o tratamento contra o câncer em casa com os remédios de uso oral.

Ana Amélia também pediu a Rose de Freitas (PMDB-ES), que preside a Comissão Mista de Orçamento, que designe o relator do projeto que destina recursos para o pagamento dos integrantes do fundo de pensão Aerus (PLN 2/2015).

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou ontem a obrigatoriedade de cardápios em braile em res-taurantes, bares e lanchonetes. Braile é o sistema de escrita que permite aos cegos ler utilizando o tato.

O projeto (PLC 48/2011) já havia sido aprovado, em de-cisão final, pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), mas um recurso apresentado por vários

senadores levou-o ao Plenário. No recurso para votação em

Plenário, os autores argumen-tam que o projeto é inexequí-vel, porque “lanchonetes e similares de pequeno e médio porte ficam sujeitas a penali-dades desproporcionais aos benefícios” da medida.

Para quem não respeitar a exigência do cardápio em braile, o texto determina a aplicação de multa de R$ 100. Além disso, a cada reincidên-

cia será cobrado o dobro da multa anterior.

A autora da proposta é a deputada Luiza Erundina (PSB-SP). Ela lembra que a Constituição garante a todos o direito à informação e, para que o acesso universal seja possível, “é necessário legislar sobre questões simples e ao mesmo tempo tão fundamentais para a vida diária das pessoas com deficiência”.

No relatório sobre a matéria

na CDH, a então senadora Ana Rita defendeu a aprovação da proposta, destacando que o texto atende à Convenção da ONU sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência e com-plementa o Código de Defesa do Consumidor.

Na CAE, o relator, Waldemir Moka (PMDB-MS), apresentou voto pela aprovação da matéria.

Com a aprovação na CAE, o projeto seguirá agora para o Plenário do Senado.

Aos 23 anos, Leonel Bri-zola foi um dos fundadores do Partido Trabalhista Bra-sileiro (PTB) no Rio Grande do Sul. Um ano depois, em 1946, ele já seria eleito de-putado estadual, iniciando longa carreira política. Em 1958, elegeu-se governador do estado.

Após o golpe militar de 1964, Brizola, que era liga-

do ao presidente deposto, perdeu os direitos políticos e se exilou no Uruguai. Em 1979, beneficiado pela Lei da Anistia, retornou ao país e fundou o Partido Demo-crático Trabalhista (PDT), retomando a vida política.

Em 1982, foi eleito gover-nador do Rio de Janeiro, cargo para o qual foi reeleito em 1990.

Governo federal precisa cuidar de imigrante, diz Viana

Ana Amélia destaca lei que favorece doentes de câncer

Texto obriga lanchonete a ter cardápio em braile

Fundador do PDT, político governou Rio Grande do Sul e Rio de janeiro

Candidato à Presidência duas vezes, o gaúcho tinha a educação como bandeira

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Proposta evita entrada de estranhos em escola públicaProjeto do senador Paulo Bauer obriga os estabelecimentos de ensino a registrarem os dados de pessoas que terão o acesso permitido para tratar dos interesses do aluno, além do pai e da mãe

A COMISSãO DE Educa-ção, Cultura e Esporte (CE) aprovou ontem projeto que obriga as escolas públicas de educação básica a registrarem, no ato da matrícula, os nomes das pessoas autorizadas a ingressar no estabelecimen-to de ensino para tratar de interesses do aluno, além dos pais ou representantes legais. O objetivo é ampliar o controle de acesso, evitando a presença de estranhos no ambiente escolar.

Os senadores optaram por manter o texto original de Paulo Bauer (PSDB-SC), o Projeto de Lei do Senado (PLS) 572/2011, no lugar do substitutivo em exame (SCD 7/2015), que foi proposto pela Câmara dos Deputados. Agora a proposta seguirá ao Plenário do Senado, para decisão final.

Há apenas uma pequena diferença de redação entre o texto original e o substituti-vo. Nesse último, os demais autorizados a ingressarem na escola seriam também obrigados a manter os dados atualizados durante o ano letivo, e não apenas os pais.

A relatora do tema na CE, Ana Amélia (PP-RS), conside-rou desnecessária a exigência ao defender o texto original. Segundo ela, caso a lista ela-borada no ato da matrícula fique desatualizada, os res-ponsáveis principais “sentirão, pelas próprias circunstâncias, a necessidade de realizar as alterações pertinentes”.

A proposta insere alteração no texto do Estatuto da Criança e do Adolescente. No debate, Ana Amélia disse que o PLS propõe uma medida simples

e ao mesmo tempo relevante para aumentar a segurança dos estudantes.

Bauer contou que decidiu apresentar o projeto logo de-pois da chacina de crianças na Escola Municipal Tasso de Oliveira, no Rio de Janeiro, em abril de 2011. O assassino, Wellington Menezes de Olivei-ra, 23 anos à época, invadiu a escola armado com dois re-vólveres e começou a disparar contra os alunos, matando 12.

O senador disse que, em um dos dois mandatos que exerceu como secretário de Educação de Santa Catarina, já havia adotado a exigência de identificação das pessoas para a entrada nas escolas da rede básica estadual. Para ele, a tendência é de que a medida seja adotada também em toda rede privada de educação.

Em reunião presidida por Romário, Ana Amélia dá parecer favorável ao projeto, que agora segue para análise em Plenário

Lindbergh, ao lado de Lídice, apresenta plano de trabalho da comissão

A CPI que vai investigar o assassinato de jovens no Brasil, proposta e presidida por Lídice da Mata (PSB-BA), aprovou ontem o plano de trabalho. Em 180 dias de vigência, o relator, Lindbergh Farias (PT-RJ), deve fazer diagnóstico da situação no Brasil por meio de audiências em que serão ouvidos pes-quisadores, representantes do governo e de entidades ligadas ao tema. Três delas já foram aprovadas. Haverá visitas a estados com situa-ção crítica e para conhecer experiências bem-sucedidas.

— Essa CPI supera qual-quer preferência partidária ou alternância natural dos governos que enfrentam problemas. Trata-se de um desafio de todos os brasilei-ros — avaliou Lindbergh, que pretende, no relatório final, propor ações para diminuir o número de assassinatos de jovens no país. Serão aborda-dos temas como maioridade

penal, desarmamento, acesso a armas ilegais, violência poli-cial e a baixa taxa de apuração desses crimes. Quem quiser enviar informações ou se manifestar sobre o trabalho da comissão pode acessar a página do colegiado no Facebook (www.facebook.com/CPIdosJovens ).

As audiências ocorrerão às segundas-feiras, às 19h30. A primeira delas deve trazer o autor do Mapa da Violência no Brasil, Julio Jacobo; o especialista em segurança pública Luiz Eduardo Soares; o fundador do Laboratório de Análise da violência da Uerj, Ignacio Cano; o coordenador do Núcleo de Estudos da vio-lência da USP, Sergio Adorno; e o diretor do Núcleo de Es-tudos de Cidadania, Conflito e violência Urbana da UFRJ, Michel Misse. As outras duas devem ouvir várias entidades, como Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Anistia Internacional e viva Rio.

A implantação do Pacto pelo Enfrentamento à violência contra a Mulher, firmado entre governo federal e estaduais, foi um dos temas de audiência pública promovida ontem pela Comissão de Direitos Huma-nos (CDH), destinada a fazer um balanço dos resultados da Lei Maria da Penha. O pacto tem como um dos principais eixos a Casa da Mulher Brasi-leira (CMB), que possibilitará atendimento amplo a vítimas de violência.

A representante da Se-cretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Aparecida Gonçal-ves, informou que ainda neste mês estará em funcionamento a CMB de Brasília, e outras já estão em obras nas demais capitais. Aparecida reconhece que aspectos relacionados à burocracia, como a lentidão nas licitações e no próprio andamento das obras, têm criado obstáculos.

— você põe os Poderes Judiciário e Executivo, o Mi-nistério Público e a Defensoria no mesmo espaço físico e obedecendo a protocolos de atendimento, além de toda uma estrutura voltada para

o acolhimento da mulher e eventuais crianças — lembrou.

A reunião foi presidida por Ângela Portela (PT-RR), para quem o pacto só terá resulta-dos efetivos se houver recursos do Orçamento da União:

— Hoje menos de 20% dos municípios têm uma estru-tura mínima voltada para o atendimento à mulher. Em Roraima, para todo o estado, existe apenas uma delegacia especializada — disse.

É a mesma visão de Doni-zeti Nogueira (PT-TO), que acredita que as casas-abrigo são caras até para municípios de médio porte. O senador ainda lamentou que, desde a promulgação da Lei Maria da Penha, mais de 1 milhão de mulheres foram assassinadas e cerca de 500 mil, estupradas.

Menos agressõesAparecida Gonçalves alertou

os senadores que a lei já teria produzido uma conseqüência prática: o aumento das denún-cias das vítimas de violência.

Daniel Cerqueira, do Ipea, apresentou três pesquisas do órgão indicando que a lei diminuiu o número de agres-sões às mulheres. Os estudos

basearam-se em números oficiais do governo e da ONU relacionados a casos de assas-sinato. Desde a promulgação da lei em 2006, as mortes de mulheres por razões de gênero apresentaram um aumento de 10%, número bem inferior a qualquer outra base de com-paração durante esse período.

— Os números de assassina-to são indicadores de outros casos de violência grave ou de agressões. Temos muito a avançar, mas podemos dizer que centenas de milhares de mulheres deixaram de ser agredidas desde a vigência da Maria da Penha — defendeu.

Cerqueira também acredita que o maior desafio no mo-mento é a efetivação de uma estrutura estatal, integrando estruturas de governo, para que mais estados e municípios tenham delegacias especia-lizadas e casas de abrigo. Lembrou ainda que a lei atua como “elemento dissuasório”, ao empoderar a mulher e pre-ver punições como a prisão e o afastamento do agressor do mesmo ambiente da vítima.

— Antes da lei se punia a agressão à mulher com paga-mentos de cesta básica.

A criação do Dia Nacional de Combate à Tortura será debatida em audiência, aprovada ontem na Comis-são de Educação, Cultura e Esporte (CE). Telmário Mota (PDT-RR), relator do PLS 417/2013, que propõe a data especial, pediu a participa-ção do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e do coordenador da Comissão Nacional da verdade, Pedro Dallari.

Para Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), autor do projeto, o país não pode mais tolerar a prática de tortura, em total desrespeito às leis vigentes e convenções internacionais que o país apoia. No Brasil, o crime prevê prisão de dois a oito anos. Destacou que são “inúmeras e diárias” as denúncias de tortura em delegacias, presídios e em operações policiais. Relatório do Subcomitê de Prevenção à Tortura da ONU, de julho de 2012, indicou que os maus-tratos e a tortura são largamente utilizados no país.

Randolfe propõe como data especial 14 de julho, dia em

que o pedreiro Amarildo de Souza, detido em 2013 por policiais militares da UPP da Rocinha, no Rio de Janeiro, desapareceu. Torturado para a obtenção de informações sobre armas e drogas e por sofrer de epilepsia, ele não resistiu às agressões e faleceu no local.

Outra audiência aprova-da, a pedido de Lídice da Mata (PSB-BA), vai discutir a realização dos Jogos Mun-diais dos Povos Indígenas, previsto para 23 de outubro em Palmas, com participação de delegações de mais de 40 países. O Brasil vai sediar o evento pela primeira vez. A CE também vai debater, a pedido de Telmário, relator do PLS 120/2015, de Davi Alcolumbre (DEM-AP), pro-jeto que restringe no país a comercialização clandestina de esteroides ou peptídeos anabolizantes.

O presidente da CE, Romá-rio (PSB-RJ), pediu também audiência para debater o tema “A educação e a sensibi-lização da sociedade sobre o Dia do Lúpus”, em 10 de maio.

CPI define audiências para investigar assassinato de jovens

Pacto contra violência é defendido em debate Para dia Nacional de Combate à Tortura, comissão ouvirá governo

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8 Brasília, quarta-feira, 13 de maio de 2015

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ATÉ 2018, O Programa Banda Larga para Todos vai garantir a 95% da população brasileira acesso à internet de qualidade por um preço acessível. Foi o que garantiu ontem o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, em audiência pú-blica da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comu-nicação e Informática (CCT).

Segundo ele, o projeto está em fase de elaboração pelo ministério e deverá elevar a velocidade média da banda larga brasileira dos atuais 5 megabits por segundo (Mbps) para 25. O número de cone-xões fixas e móveis, que hoje é de 197 milhões, também sal-tará para cerca de 300 milhões, de acordo com as previsões do ministro.

Para atingir esses objetivos, o programa inclui, por exemplo, o investimento na ampliação da rede de fibra óptica, visando alcançar 45% dos domicílios urbanos. Também se preten-de ampliar a velocidade de conexão nas escolas públicas.

Berzoini mencionou as dificuldades regionais para garantir a universalização, especialmente nos estados do Norte e do Nordeste, onde a maior parte dos acessos é feita via satélite, um mecanismo mais instável do que a fibra óptica.

Além do lançamento de mais um satélite em 2016, para ga-rantir internet onde não há a fibra, o ministro revelou haver um estudo, com a participação das Forças Armadas, para ins-

talar fibra óptica subaquática nos leitos dos rios da região amazônica, o que garantiria capilaridade. Os custos da ação foram estimados entre R$ 6 bilhões e R$ 8 bilhões. Para Berzoini, a obra é fundamental no sentido de garantir o ensino a distância, a segurança e a integração econômica.

— Passar fibra óptica na flo-resta é complicado em termos ambientais. É mais fácil lançar nos rios — explicou.

Também é meta do ministé-rio ampliar o número de muni-cípios com internet móvel 3G (dos atuais 3.805 para 4.994) e 4G (323 para 1.142). Além disso, está em fase de estudo a implantação da tecnologia 5G, sempre buscando a am-pliação das funcionalidades e velocidade de transmissão.

No debate, Walter Pinheiro (PT-BA) defendeu o “destrava-mento” dos recursos do Fundo de Universalização das Comu-nicações (Fust) para ampliar o acesso à banda larga e recebeu apoio de Berzoini. O ministro defendeu ainda mudanças na lei do Fust para permitir a aplicação em outros serviços além da telefonia fixa.

Ainda sobre a telefonia, Berzoini disse que os preços dos serviços ainda estão altos, mas que vêm caindo paulatinamente. Citou como uma das causas dos valores o sistema tributário brasileiro, especialmente o Imposto sobre Circulação de Merca-dorias e Serviços (ICMS). Ele elogiou a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) por promover a redução da

tarifa de interconexão, hoje em R$ 0,16 e com previsão de chegar a R$ 0,02 até 2019.

Ao ser questionado por Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) sobre os cortes no orçamento para o setor, o mi-nistro afirmou que está traba-lhando para a preservação de

recursos, especialmente para os investimentos no satélite e no cabo de fibra óptica de interligação Fortaleza-Lisboa.

— Achamos que o tratamen-to orçamentário da questão de telecomunicações deve ser um tratamento diferenciado — afirmou Berzoini.

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A ampliação de mecanismos que remuneram aqueles que mantêm áreas florestadas que resultam em serviços ambientais, como a melhoria da qualidade do ar, será discu-tida em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente,

Defesa do Consumidor e Fis-calização e Controle (CMA).

O requerimento para o de-bate, de Donizeti Nogueira (PT-TO), foi aprovado ontem.

O senador considera que prevalecem no país medidas para punir o descumprimen-

to de normas ambientais, sendo, porém, restritos os mecanismos para incentivar a preservação dos recursos naturais.

O pagamento por serviços ambientais, afirma ele, é uma estratégia de estímulo à

manutenção de florestas que contribuem para neutralizar gases de efeito estufa, proteger os cursos d’água e preservar a biodiversidade.

Com o debate, Donizeti quer conhecer as iniciativas em cur-so e discutir a necessidade de

mudanças na legislação para incentivar a prática.

Ele sugere que sejam con-vidados, entre outros, repre-sentantes da Agência Nacional de Águas (ANA) e dos Minis-térios do Meio Ambiente e da Agricultura.

Outro processo em an-damento no ministério é o desligamento da Tv analó-gica, que será substituída pela digital. A meta também foi estabelecida para 2018, ou quando o sinal digital alcançar 93% dos domicílios brasileiros em cada municí-pio ou região. As primeiras cidades, Brasília e Rio verde (GO), deixarão de receber o sinal analógico em 2016.

— A nossa meta é manter o calendário até 2018, mas, evi-dentemente, com a sensibili-dade de observar que nós não

podemos privar nenhuma pessoa, nenhum domicílio do serviço de radiodifusão ao qual está acostumado.

O ministro afirmou que há recursos reservados para doa-ção de conversores e antenas às 14 milhões de famílias be-neficiárias do Bolsa Família.

Berzoini pediu a colabo-ração do Congresso para modernizar a legislação da radiodifusão brasileira, que ele considera burocrática. Lembrou que a lei em vigor é de 1962, época em que não havia conceito de rede

de televisão, internet nem telefonia móvel.

Ele sugeriu a realização de debates com a sociedade, radiodifusores e teóricos do setor para a formulação de uma proposta que atualize a legislação, sempre mantendo o pressuposto da liberdade de expressão, cláusula pétrea da Constituição.

O ministro afirmou que a burocratização e a lentidão nos processos de outorga afetam tanto veículos co-merciais quanto educativos ou comunitários.

Como a audiência foi inte-rativa, internautas questio-naram a suposta obtenção de outorgas por parlamen-tares. Berzoini pediu que seja feita denúncia formal ao ministério para que, de lá, a demanda seja encaminhada ao Ministério Público.

— Temos que encontrar meios para acabar com a sensação de que há interesses políticos na concessão de outorgas — disse.

O senador Omar Aziz (PSD-AM) também classificou a legislação atual de obsoleta.

A meta foi apresentada ontem pelo ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, ao estimar que, até 2018, o Brasil alcançará 300 milhões de conexões fixas e móveis à internet

Banda larga pode chegar a 95% da população

Comissão discutirá formas de incentivar conservação de floresta

Desligamento da TV analógica também está previsto para daqui a 3 anos

Berzoini participa de audiência pública na CCT, presidida por Cristovam Buarque

Hélio José (PSD-DF) criticou o atendimento em saúde no Distrito Federal, classificando a situação como desoladora. Citando proble-mas como infraestrutura precária, falta de leitos, profissionais insufi-cientes e medicamentos escassos, o senador afirmou que os pacientes precisam apelar à Justiça para ter acesso aos serviços.

Ele criticou o planejamento do setor no DF e ape-lou ao governador Rodrigo Rollemberg para que recupere os hospitais e promova concurso público para profissionais de saúde.

— O déficit é de aproximadamente 4,5 mil servido-res, entre médicos, enfermeiros, dentistas, técnicos e auxiliares de saúde. Os que trabalham sofrem pressão enorme em ambiente de trabalho precário, às vezes insalubre, cobrindo plantões intermináveis.

Humberto Costa (PT-PE) alertou para a necessidade de a discussão do pacto federativo ganhar mais espaço no Congresso. O senador relatou que representantes da Con-federação Nacional de Municípios estiveram no Senado para pedir pressa na tramitação de propostas sobre o assunto, entre elas as que tratam de piso salarial dos profes-sores, ISS sobre leasing, saúde e merenda escolar.

Ele ressaltou a importância de o Congresso atuar como mediador entre prefeitos e a União em busca de um equilíbrio que dê mais autonomia aos entes federados.

— A discussão sobre o pacto federativo precisa tomar corpo no Congresso e ser encarada com a seriedade devida para que possamos repensar o Estado brasileiro e redefinir as competências de cada ente federado.

Fernando Bezerra Coelho (PE) afirmou que seu partido, o PSB, entende que o país precisa superar as turbulências atuais sem ferir a estabilidade institucional e a go-vernabilidade. Por isso, segundo o senador, o PSB é contra eventual pe-dido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Diante dos fatos até agora revelados, avaliou o senador, a tentativa de impeachment deve ser afastada, até porque tornaria inviável a recuperação econômica e afugentaria os investidores, agravando a situação do país. Ele advertiu, no entanto, que o Executivo deve agir de forma a recuperar a credibilidade.

— Cabe ao Planalto e a seus ministérios fazerem sua parte, reduzindo gastos e adotando austerida-de. A principal moeda a ser ofertada pelo governo à sociedade e ao mercado chama-se credibilidade.

Para Hélio José, situação da saúde no distrito Federal é desoladora

Humberto pede maior discussão do Congresso sobre o pacto federativo

Bezerra afirma que PSB é contra impeachment de dilma Rousseff