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ANT0N10 SIDEKUM social,Esta tesee defendida pOl' Jorge Grespan, professor no Departamento de Hist6ria - USP. Teoricamente, velificamos a produyao de um novo discurso que se torna importante pelo fato de revelar uma universalidade empirica que deixa de estar apenas no pensamento dos fil6sofos e passa aser resultado das experiencias de cada ser humano situado no mundo davida. Como uma nova critica ao modelo da globalizayao economica YOUutilizar acritica realizada pOl' Milton Santos, clitico da Globalizayao apartir da perspectiva dos paises do terceiro mundo. Aleitura devera serfeita pOl' duas dimensoes, pOl' um lado os impactos terriveis que a globalizayao temprovocado principalmente quando se trata de um modelo meramente economico deexclusao social, mas pOl' outro lado, como tambem, de um modelo que quer passar do pensamento unico a consciencia universal. A globalizayao requer uma interpretayao multidisciplinar do mundo contemponlneo, em que se realya 0 papel da ideologia na produyao da hist6ria e mostra os limites do seu discurso frente a realidade vivida atualmente pela maio ria das nayoes. POl' um lado, encontramos a tirania das infonnayoes e pOl' outro lado,a dominayao do dinheiro que sao apresentados como pi lares de uma situayao em que 0 progresso tecnico e aproveitado pOl' um pequeno numero de atores, participantes, globais em seu beneficio exclusivo. Uma nova situayao hist6rica se tem criado, que, como \(J "En Europa hasta el siglo XYII se formaron Estados quese carcterizaban pOl' um dominio soberano sobre un teritorio; estos Estados tenian uma mayor capaciclad de reeaudar impuestos que lasviejas formaciones politicas como los antiguos imperios 0 lasciudades _estado. En su funcion especifica de Estado Administrador, elEstado modell1o se difercncio del tn\fico economieo mcrcantil institucionalizado juridicamentc; sin embargo, en cuanto Estado tiscal, seguia dependiendo de laeconomia capitalista. En el curso del siglo XIX, el Estado, como Estado nacional, sc abrioa fonllas democraticas de Iegitimacion. Em algunas privilegiadas regiones y bajo las favorables circunstancias de lapos-guelTa,el Estado nacional, queentretanto se habia convertido emmodelo universal, pudo evolucionar mediante una regulacion de la economia que apesar de to do deja inlacto sumecanismo intell10 de aUlorregulacion, hasta convel1irse en Estado social. ESlaatol1unada combinacion eSl{\ amenazada enla medida en que una economia globalizada escapa ala intervencion clel Estado regulador. Las funeiones del Estado social han alcan,ado actual mente tal dimension que solo pueclen ser cumplidas si sontransferidas desde el Estado nacional a unidades politicas que em ciel1a forma alcanccn y se pongan almismo nivel que la economia transnacional". HABERMAS. op. Cit p. 74 PERSPECTIY A 98 Etica e Politica: entreUtopiae Justiya Social ~1tado e 0 aprofundamento dacompetitividade, a p~oduyao de novos totalitarismos, a confusao de espilitos eo empobrecnnento crescente das massas, e~quanto os estados se tornam in~apazes d.e regular a vida coletiva.E uma situayao insustentavel. No hvro de Mllt~n Santos contramos uma profunda analise das transfonnayoes que en, . acontecem na Asia, na Africa e America La:ina e nos movllnen:os populares protagonizados pel as camadas mats pobres da pop~laya.? a autor fala de umacrise estrutural 3t.Esse processo da globahzayao e rversa tem suas bases na unidade totalitaria da tecnica, da p . d 32D' d t convergencia do tempo e do conhecnnento do mun o. lante esas circunstfmcias hist6ricas atuais, poderemos vel' brotar a semente de uma evoluyao positiva,que devera conduzir ao estabelecimento de uma outra globalizayao possivel, quando as classes e os ~randes grupos de individuos, agora excluidos, for~m os ~rotagomst~s e sujeitos-autores na construyao de um novo umversa~ls~no bom e ~usto para todos os pOYOSe pessoas. Essa dimens~o uto~,lca ~evera. ser alentada em todas as circunstancias contemporaneas. Nadle perslgue por gusto una utopia, y menos todavia hoy, cuando todas las energias utopicas parecen haber-se agotado definitivamente. La ideade uma politica que recupere su primacia sobre los mercados ni siquiera ha llegadoa plasmarse como 'proyecto',y no existen tampoco dentro dela ciencias sociales esfiLerzos teoricos quevayan en esta direccion. Tal proyecto deberia al menos proporcionarnos ejemplos de un posible equilibrio de intereses exigible a todos los participantes, asi como el esbozo de procedimientos y practicas adecuados para esse fin. Escomprensible faresistencia de las ciencias sociafes ante unproyecto de regimen politico transnacional que transforme toda politica en una politica interior mundial. Sobre todo si tenemos en cuenta que un proyecto como este tendria que justificar-se apartir de faactual constelacionde interesesde los " .. Neste periodo historico, a crise e estrutural. POI' isso, quando se buscam solu,oes n!o estruturais,o resultado e a gera,ao de maiscrise" Milton Santos. POl' lima Olil/"{/ globalc.ar;:ao. Rio de Janeiro, 2000, p. 35. . J2 Yer tambem Frantz FA ON, op. eit. P. 252. Frantz Fanon criou uma nova metodologm paraanalise da historia. A historia estuclada a pat1ir clo ponto devista dasviti mas.A l11esl11a teillittica sobre 0 problema cloreconhecimento do outro enquanto outro eusado porT. TOdorov. R:-RS-P-E-C-T-' Y-A--F-I L-o-s-6~F-'C-A----c'Y:-o-:-lu-l11-e~V:;-;II-;-' ---n-::-o--;-'-:-6 -- ---;:h::-;,'~ho=-- r;D:::::ez::e:::::l11:hb::;:ro~ - 99

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ANT0N10 SIDEKUM

social,3° Esta tese e defendida pOl' Jorge Grespan, professor noDepartamento de Hist6ria - USP.

Teoricamente, velificamos a produyao de um novo discursoque se torna importante pelo fato de revelar uma universalidadeempirica que deixa de estar apenas no pensamento dos fil6sofos epassa a ser resultado das experiencias de cada ser humano situadono mundo da vida.

Como uma nova critica ao modelo da globalizayao economicaYOUutilizar a critica realizada pOl'Milton Santos, clitico da Globalizayaoa partir da perspectiva dos paises do terceiro mundo. A leitura deveraser feita pOl' duas dimensoes, pOl'um lado os impactos terriveis quea globalizayao tem provocado principalmente quando se trata de ummodelo meramente economico de exclusao social, mas pOl' outrolado, como tambem, de um modelo que quer passar do pensamentounico a consciencia universal.

A globalizayao requer uma interpretayao multidisciplinar domundo contemponlneo, em que se realya 0 papel da ideologia naproduyao da hist6ria e mostra os limites do seu discurso frente arealidade vivida atualmente pela maio ria das nayoes.

POl' um lado, encontramos a tirania das infonnayoes e pOl'outro lado, a dominayao do dinheiro que sao apresentados como pi laresde uma situayao em que 0 progresso tecnico e aproveitado pOl' umpequeno numero de atores, participantes, globais em seu beneficioexclusivo. Uma nova situayao hist6rica se tem criado, que, como

\(J "En Europa hasta el siglo XYII se formaron Estados que se carcterizaban pOl' um dominiosoberano sobre un teritorio; estos Estados tenian uma mayor capaciclad de reeaudar impuestosque las viejas formaciones politicas como los antiguos imperios 0 las ciudades _estado. En sufuncion especifica de Estado Administrador, el Estado modell1o se difercncio del tn\ficoeconomieo mcrcantil institucionalizado juridicamentc; sin embargo, en cuanto Estado tiscal,seguia dependiendo de laeconomia capitalista. En el curso del siglo XIX, el Estado, comoEstado nacional, sc abrio a fonllas democraticas de Iegitimacion. Em algunas privilegiadasregiones y bajo las favorables circunstancias de la pos-guelTa, el Estado nacional, que entretantose habia convertido em modelo universal, pudo evolucionar mediante una regulacion de laeconomia que a pesar de to do deja inlacto su mecanismo intell10 de aUlorregulacion, hastaconvel1irse en Estado social. ESla atol1unada combinacion eSl{\ amenazada en la medida enque una economia globalizada escapa a la intervencion clel Estado regulador.Las funeiones del Estado social han alcan,ado actual mente tal dimension que solo pueclen

ser cumplidas si son transferidas desde el Estado nacional a unidades politicas que em ciel1aforma alcanccn y se pongan al mismo nivel que la economia transnacional". HABERMAS.op. Cit p. 74

PERSPECTIY A

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Etica e Politica: entre Utopia e Justiya Social

~1tado e 0 aprofundamento da competitividade, a p~oduyao de novostotalitarismos, a confusao de espilitos eo empobrecnnento crescentedas massas, e~quanto os estados se tornam in~apazes d.e regular avida coletiva. E uma situayao insustentavel. No hvro de Mllt~n Santos

contramos uma profunda analise das transfonnayoes queen, .acontecem na Asia, na Africa e America La:ina e nos movllnen:ospopulares protagonizados pel as camadas mats pobres da pop~laya.?a autor fala de uma crise estrutural 3t. Esse processo da globahzayao

erversa tem suas bases na unidade totalitaria da tecnica, dap . d 32D' d tconvergencia do tempo e do conhecnnento do mun o. lante es ascircunstfmcias hist6ricas atuais, poderemos vel' brotar a semente deuma evoluyao positiva, que devera conduzir ao estabelecimento deuma outra globalizayao possivel, quando as classes e os ~randesgrupos de individuos, agora excluidos, for~m os ~rotagomst~s esujeitos-autores na construyao de um novo umversa~ls~no bom e ~ustopara todos os pOYOSe pessoas. Essa dimens~o uto~,lca ~evera. seralentada em todas as circunstancias contemporaneas. Nadleperslguepor gusto una utopia, y menos todavia hoy, cuando todas lasenergias utopicas parecen haber-se agotado definitivamente. Laidea de uma politica que recupere su primacia sobre los mercadosni siquiera ha llegado a plasmarse como 'proyecto', y no existentampoco dentro dela ciencias sociales esfiLerzos teoricos que vayanen esta direccion. Tal proyecto deberia al menos proporcionarnosejemplos de un posible equilibrio de intereses exigible a todos losparticipantes, asi como el esbozo de procedimientos y practicasadecuados para esse fin. Es comprensible fa resistencia de lasciencias sociafes ante unproyecto de regimen politico transnacionalque transforme toda politica en unapolitica interior mundial. Sobretodo si tenemos en cuenta que un proyecto como este tendria quejustificar-se a partir de fa actual constelacion de intereses de los

" .. Neste periodo historico, a crise e estrutural. POI' isso, quando se buscam solu,oes n!oestruturais,o resultado e a gera,ao de mais crise" Milton Santos. POl' lima Olil/"{/ globalc.ar;:ao.

Rio de Janeiro, 2000, p. 35. .J2 Yer tambem Frantz FA ON, op. eit. P. 252. Frantz Fanon criou uma nova metodologmpara analise da historia. A historia estuclada a pat1ir clo ponto de vista das viti mas. A l11esl11ateillittica sobre 0 problema clo reconhecimento do outro enquanto outro e usado porT.TOdorov.

R:-RS-P-E-C-T-'Y-A--F-I L-o-s-6~F-'C-A----c'Y:-o-:-lu-l11-e~V:;-;II-;-'---n-::-o--;-'-:-6 -- ---;:h::-;,'~ho=--r;D:::::ez::e:::::l11:hb::;:ro~/'-:2>r0;nOI'-

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Estados y sus respectivas poblaciones y ser llevada a cabo porpoderes politicos independientes. "33

Devemos encorajar os grupos dos direitos humanos como umaetica da emergencia para que encontrem um lugar na sociedade comuma fon;:a revolucioll<lria enquanto sujeitos protagonistas da propriahistoria de seus direitos individuais e dos direitos da auto-detennina930como povo. Esses direitos referem-se como critica ao sistema mundialda economia como 0 direito de ser diferente. Emerge tambem umaconsciencia politica e econ6mica em rela9ao a situa9ao da nova ordemmundial. Com 0 desenvolvimento da globaliza930 econ6mica e politicaexiste ao mesmo tempo a emergencia de uma consciencia da exclusaosocial e do clamor para uma real e efetiva participa9ao na mesa dasnegocia90es, de todos nas mesmas e iguais condi90es. as povos queatualmente vivem numa total exclusao exigem tomarem-se sujeitos desua propria historia como protagonistas da vida enquanto sujeito indi-vidual e social. Nessa perspectiva, fundamenta-se a etica da liberta9aoque, segundo Enrique Dussel, deve justificar e complementar doisprincipios fundamentais na perspectiva etica: as principios do materiale do fonnal. "Liberation Ethics must still foreward that the func-tion of ethics in relation to globalization does not end in the provi-sion of discursive regulations needed to reach a consensus fromwhich specific measures can be implemented. Itsfimction does notend either in offering abstract guidelines for theprinciple ofrepro-ducing and helping to develop the life of any human subject - aprinciple that is universal andfrom which the discursive principlefill1ctions has its moral mediation of application. Liberation Eth-ics must still take into consideration thefactibility of the decisionsto which it arrives based upon the fitlfillment of the two principlesalready discussed: the material and the formal principles. "34

33 Jurgen HABERMAS. Op. cit. p.76H Enrique DUSSEL, op. cit. P. 151.

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-- De acordo com Jose Luis Gomez-Mmiinez, necessitamos uminho intercultural, que devera tel' um carater interdisciplinar para

cam . . d" I'analisar a globaliza9ao. Somente na complexldade mter lSClP mardemos superar a realidade cotidiana pelo pensamento. A

po d" ,lobaliza9ao cria tambem uma nova consciencia sobre os lreltos as~iferen9as. 35 A filosofia intercultural e uma nova orienta9ao n? .estudoda filosofia e serve como resposta para os grandes ~esafio,s ~tlCOSnaera da globaliza9ao. Toda cultura desenvolveu cmmnhos tlplCOSparafilosofar e oferece explica90es peculiares do mundo, da natureza humanae dos direitos e das rela90es mllltiplas entre os seres humanos. Enquantono periodo da globaliza9ao muitos aspectos da vida humana queemergem no problema atual a filosofia necessita de novas fonnas emetodos para postular um mundo mais justa das rela90es inter~u~nanas.A filosofia intercultural havera de confi.·ontar-se com caractenstlcas domundo presente: A pluralidade das culturas, do mundo da vi~a e dosinteresses tais como da mobilidade existencial e social e das socledadespolitizadas. Na filosofia intercultural podemos encontrar pro~edurasde um "polylogue", para superar 0 universalismo cent~ahsta. ~ 0

particulmismo separatista na filosofia. 36 Gra9as a concep9ao P?SltlVade globaliza9ao e possivel uma nova possibilidade de respelto aosdireitos humanos eo reconhecimento da alteridade das pessoas e dospovos excluidos. A globaliz'19ao exige um proposito ativo e umencaminhamento do dialogo intercultural sobre a natureza, sobre arealidade e sobre 0 novo mundo que se deslumbra no horizonte dahistoria. Nao estamos no fim da historia. A verdadeira historia dahumanidade esta no seu alvorecer. Essa historia e a historia das vozesdo povo que se encontra na exclusao social, econ6mica e politica. Averdadeira histolia recobrou a dimensao dialetica, uma nova dimensaoconflictiva no processo da ascensao da consciencia social. A historiatoma-se atualmente a historia universal da consciencia de participa9ao

)j Jose Luis GOMEZ-MARTiNEZ La CII/tllra Indigena C0l/10 rea/idad in/ercII/l1Ira/. In:Antonio SIDEKUM. Corredor de Idt§ias; integra,rio e g/oba/i:a,rio. S. Leopoldo: Unisinos,2000, p. 226. Ver tambem, La Posl/1odemidad y e/ Discllrso Antropico de /a Liberacion. In:Raul FORNET-BETANCOURT, Kulturen der Philosophie. Aachen: Augustmus Verlag, 1996pp 181-194.3(, Ver Raul FORNET-BETANCOURT. Hacia 11/1(/ Fi/osofia Intercultural Latinoamericana.San Jose-Costa Rica: DEL, 1994.

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plena no pluralismo e no multiculturalismo acrescentando uma verdadeiradimensao humana.37 Esta e tambem a historia do pobre, do pauperpost-festum, segundo Marx na interpretayao de Enrique Dussel, queclama por justiya numa interpelayao etica. 0 reconhecimento politicoda alteridade do outro podeni ser trabalhado atraves de uma perspectivaecumenica dos elementos da infinita responsabilidade etica. E comoque uma nova conjugayao da concepyao de Utopia e da realizayaoda justiya social. No passado a compreensao da historia universal eraunicamente a pretensiosa visao ideologica e politica dos pafsesdominantes e das culturas em relayao as outras culturas e dos povosque eram considerados barbaros ou irrelevantes.38 0 processo daglobalizayao foi sempre associ ado, durante a expansao europeia e daRevoluyao Industrial, ao sistema capitalista como um sistema mundial ,mas, atualmente, apresenta outros aspectos tais como a crescentepolarizayao, exclusao social, globalizayao do capital, segmentayao dotrabalho, supremacia do capital especulativo como nova crise docapitalism039, acelerayao das redes de comunicayao e a submissao docapitalismo sob a hegemonia neo-liberal. Nosso mundo e um mundocomplexo voltado para a criayao de novas relayoes viaveis pela redede comunicayao. Esta comunicayao eo modo de produyao de novoselementos para a vida humana e tambem a contribuiyao para 0reconhecimento dos direitos humanos. E necessario criar um novoparadigma para entender os val ores da dignidade no ser humano e ainfinita responsabilidade para com 0 outro, de subjetividade que precisaser traduzida para 0 conceito de uma comunidade da comunicayao davida. 40

.17 Immanuel WALLERSTEIN diz a respeito dos direitos humanos: .. We necd, in addition, to~~ke t~,e concept of human rights and work velY hard to make it apply equally to "us" and to. them , to citizens and to aliens. The nght of communities to protect their cultural heritage:~ never the nght to protect their privilege." Immanuel WALLERSTEIN. Op .. cit. P 270.

Vide Leopoldo ZEA. Dtsclirso desde la Marginacioll l' Barbarie. Barcelona: Anthropos1988. . '

.N Vel' este desenvolvimento em George SOROS. La crisis del capilalislllo Glob{d. BuenosAires: Edltonal Sudamericana, 1999.4U Vel' a discussao sobre factibilidade da etica do discurso em APEL HABERMAS e E.DUSSEL in: Antonio SIDEKUM. Etica do Discllrso e Filosofia da Libert;u;{'o. Sao Leopoldo:UNISINOS, 1994. .

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---- No transcurso da historia contemporanea podemos assistir umvimento ecumenico, que e a marcha pelo reconhecimento do direito

j110 ropria identidade do individuo e dos grupos sociais. A posa Pdernidade e caracterizada pela enfase de um nove.. .;spayo doj110 nh .

lticulturalismo como um paradigma da filosofia - 0 reco ecnuento::infinito do Outro. Globalizayao nao e merm~ente um fenom~noeconomico, mas e a fonua do novo desenvolvnuento nas rel~yoeshumanas para os proximos periodos da historia. Somente na atualldade

humanidade po de identificar-se como uma totalidade e reconhecer:ua unidade. 0 exclufdo quer ter voz num mundo politico. Estedesiderato e objeto de muitos autores, principalmente de latino-americanos que se ocupam na definiyao e discussao da tematica daidentidade cultural. A democracia sera real somente atraves de um efetivosistema universal de justiya e atraves de um reconhecimento universaldos direitos humanos, bem como da fundmuentayao da subjetividade eda liberdade humanas no preceito de justiya. Esse conceito e funda-mental no pensamento de Emmanuel Levinas no qual podemos derivaruma melhor compreensao do novo pensamento sobre a universalidadeda cultura e tambem dos valores da dignidade humana. " A conscienciaprimeira da minha imoralidade nao e a minha subordinayao ao facto,mas a Outrem, ao infinito. A ideia de totalidade e a ideia do infinitodiferem precisamente por isso: A primeira e puramente teoretica, aoutra e moral."4\ 0 conceito de totalidade e infinito e tambem 0 metodofenomenologico da filosofia de Emmanuel Levinas sao elementos quedesafiam a filosofia na construyao dos elementos para uma constante erenovada critica ao sistema da globalizayao, mesmo para responder-se aos desafios da reconceitualizayao da politica e para criar-sepossibilidades de paradigmas validos para a articulayao da justiya so-cial. Como critica pos-modema da politica convem introduzir 0 conceitoda etica da interpelayao, que considera a plenitude do direito daalteridade do outro absolutamente outro como protagonista libertadorda historia. 0mesmo conceito sera inovador para uma reflexao amplasabre 0 sentido da politica em tempos de total crise. Essa crise, quevivenciamos, devera ser compreendida como uma crise de valores

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-que se instaurou na sociedade contemporanea, na qual fica dificil delinearuma concepyao valida para 0 paradigma da politica e se acentua maisprofundamente 0 carater da relayao entre politica e justiya social. Essaperspectiva requer urn maior aprofundamento da critica desencadeadapelo pensamento da escola de Frankfurt, cujo representante e WalterBenjamin e a nova perspectiva da discussao do carater politico para aera da globalizayao, apresentada por Immanuel Wallerstein. Segundoa critica dos auto res mencionados e necessario desenvolver com audaciae criterios uma perspectiva academica sobre a dimensao politica,principalmente, na atualidade, a dimensao da utopia devera serrecobrada e sustentada como uma fonna de delinear uma criticaconsciente a situayao conflitiva e contradit6ria. Desenvolveu-se, nasultimas decadas, urn sentimento quase como que anti-utopico. Reinauma grande contradiyao no sistema mundial contemporfmeo, comomuito bem e definido por George Soros, para 0 qual existe atualmenteum tremendo desequilibrio entre as tomadas de decis6es individuais talcomo se expressa nos mercados e a tomada de decis6es coletivas talcomo se express a na politica.42 A sociedade politica e econ6micaencontram-se muitas vezes como se fossem 6mos de utopia. A utopiacomo ainda sonho de gerayoes mais idosas que contemplam naretrospectiva existencial possibilidades que ainda possam ser restauradasna linha da consciencia historica, bem como, alentar na juventude visoesque transcendam a mediocridade das propostas que os sistemas sociais,monnente, a educayao apresenta aos jovens. Aqui e mais do que fun-damental e necessaria uma utopia em si, e como utopia critica da vidae da condiyao humanas do presente e que nos lancemos em direyaoaos maiores desafios. Isto concebido numa perspectiva realmentevalida como um projeto calcado na realidade, na viabilidade social enao algo muito rom anti co e ilusorio, com um carater extremamentealienador, deve-se conceber projetos altamente democraticos que visamas possibilidades da identidade do individuo como sujeito e comoprotagonista de sua historia dentro da identidade cultural. Compreende-se, aqui, a necessidade da dimensao hist6rica da utopia que possibilite

-deli near projetos viaveis para que 0 ser humano passa encontrarplenamente a felici?ade e a p~~encia em sua vida soci~l. Dev~m ~erpropostas alternatlvas de pohtlcas que promovam alem daJustlyasocial em sua parte de concretude do matetialismo hist6rico, como arecuperayao da dignidade da vida e do proprio imaginario social decada cidadao. E, como perspectiva ultima, interessante seria consultaras nossas crianyas com um questionano de uma pergunta apenas: "Quemundo voces gostariam de hadar para assumi-Io e vivencia-Ionos pr6ximos anos? "

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