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ANTONIO CARLOS RIBEIRO SOARES...São Luís-MA. Fone (98) 3221-4869 e Clube de Autores Publicações S/A Rua Otto Boehm, 48, Sala 08, América, Joinville-SC ... Gráfico 43 - Lógica

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ANTONIO CARLOS RIBEIRO SOARES

O dia a dia do escrivão de polícia, nas entrelinhas

São Luís

2016

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Este livro foi realizado e publicado com recursos próprios,

portanto, qualquer parte dele pode ser reproduzida, desde

que citado a fonte. Todos os direitos reservados ao autor.

Críticas, sugestões e retificações de erros, enviem para o

e-mail: [email protected].

Capa: Hudson Pinheiro

IMPRESSÃO

Gráfica Certa

Av. Vitorino Freire, 100, Loja 02, Areinha

São Luís-MA. Fone (98) 3221-4869

e

Clube de Autores Publicações S/A

Rua Otto Boehm, 48, Sala 08, América, Joinville-SC

www.clubedeautores.com.br

Ficha Catalográfica elaborada por Maurício Morais – Bibiotecário

S676d

Soares, Antonio Carlos Ribeiro

O dia a dia do escrivão de polícia, nas entrelinhas [livro eletrônico] /

Antonio Carlos Ribeiro Soares. – São Luís : Gráfica Certa ; Joimville, SC :

Clubedeautores.com.br, 2016.

132 p. : il. ; color. ; 21 cm

ISBN 978-85-922385-0-6

Também disponível em e-book, endereço eletrônico:

http://www.clubedeautores.com.br.

1. Polícia Civil. 2. Políticas salariais e de vagas. 3. Delegados e

Escrivães – realidade prática. I. Título.

CDU: 351.74:331.2(812.1)

CDD: 363.2

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Aos meus pais, Manoel e Luiza (in

memoriam).

À minha irmã, Maria (in memoriam).

À minha esposa, Araceli.

Aos meus filhos, Isabela, Laércio e Laisa.

Aos meus irmãos, Benjamin, João e José.

Aos meus tios, tias, primos, primas, sobrinhos

e sobrinhas e demais familiares.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida e por sempre iluminar a minha alma.

Aos Policiais Civis, Militares, Bombeiros Militares; aos Servidores do

Sistema Penitenciário e aos Guardas e Agentes de Trânsito Municipais, pelos sonhos e

desafios em comuns.

Aos Escrivães de Polícia Civil do Estado do Maranhão, com imensa

gratidão aos que abrilhantaram essa pesquisa com suas valiosas informações.

Aos Escrivães participantes da criação e crescimento da AMEPOL, por

acreditarem que não haverá sombra nem frutos a usufruir, sem antes, adubar o solo,

lançar a semente e dela cuidar amando e regando, diariamente.

À Escrivã Loane Maranhão (in memoriam), motivo desta pesquisa.

Ao pesquisador Zacarias de Castro, uma alma iluminada e uma mão amiga.

À direção do SINPOL, nas pessoas de Heleudo, Fabrício e João Victor, pelo

espaço e divulgação no site dessa entidade sindical dos informes para esta pesquisa.

À Escrivã Marcia Gardênia, pelo espaço e divulgação no seu blog “Diário

da Gardênia” com destaques para a importância dessa pesquisa.

À minha equipe plantonista, no Plantão Central do Maiobão, na pessoa do

Delegado Ricardo Garcês e dos Investigadores, Ana Paula, Gabriel de Tarso, Juliano

Oliveira e Marcos Costa, pelos exemplos de companheirismos e solidariedade.

Aos servidores da Biblioteca do Diário Oficial do Estado, nas pessoas de

Afonso Ribeiro, Rosimar, Robert, Vita Marta e Vilma Carvalho, pelo bom atendimento.

Aos servidores da Academia Integrada de Segurança Pública, nas pessoas de

Claudia, Luís Justo, Marta Avelar, Rangel, Rosileia, Sidney Nogueira e Terezinha

Ferraz, facilitadores na obtenção de dados.

À professora Vera Guisti, pelo brilho de suas ações.

Aos Escrivães componentes da administração da AMEPOL, na pessoa dos

diretores Elton John, Joanne Lemos, Jonilson Bogéa, Luis Guilherme e Marta Venina;

dos Coordenadores nas Regionais Aparecida Torres, Eldhon Costa, Eldanio Gonçalves,

Francisco Jailson, Glenda Vieira, Greig Rayner, Jackson Lopes, Jéssica Ribeiro, Joana

D`arc, José de Arimatéia (Ari), Marilia Rocha, Marcus Daniel, Raimundo Júnior,

Thelso Bruno e do Coordenador na Capital Natanael Nascimento, por contribuírem

voluntariamente na busca de soluções aos desafios que impactam no trabalho com

reflexos e efeitos na vida dos integrantes da Polícia Civil do Estado do Maranhão.

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“O medo e o mal são irmãos siameses [...]

Um apontando para o ‘lá fora’, para o

mundo, o outro para o ‘aqui dentro’, para

você mesmo. O que tememos é o mal; o que

é o mal, nós tememos.”

Zygmunt Bauman

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Gratificações anuais pagas na Chefatura de Polícia do Maranhão no início

da Polícia Civil na Província do Maranhão em 1842 ........................................ 17

Gráfico 2 - Vencimentos anuais pagos na Chefatura de Polícia do Maranhão em 1904 ..... 18

Gráfico 3 - Vencimentos mensais pagos na Polícia Civil em 1974 ..................................... 20

Gráfico 4 - Vencimentos mensais pagos na Polícia Civil em 1981 ..................................... 20

Gráfico 5 - Vencimentos mensais pagos na Polícia Civil em agosto de 1987 ..................... 21

Gráfico 6 - Subsídios mensais adotados em 2014 no PGCE para a Polícia Civil ............... 22

Gráfico 7 - Subsídios mensais para as categoriais de Delegados e Escrivães

estabelecidos na MP 198/15 .............................................................................. 23

Gráfico 8 - Evolução entre as categorias no período de 1981 a 1987 ................................. 25

Gráfico 9 - Evolução entre as categorias no período de 1987 a 2014 ................................. 26

Gráfico 10 - Evolução entre as categorias no período de 1981 a 2016 ................................. 27

Gráfico 11 - Situação hipotética para 2016 - Escrivães ......................................................... 29

Gráfico 12 - Evolução das vagas definidas em lei para Delegados e Escrivães .................... 30

Gráfico 13 - Vagas ocupadas por Delegados e Escrivães no período de 1998 a 2014 .......... 31

Gráfico 14 - Evolução das vagas oferecidas em concursos para os cargos de Delegados e

Escrivães no período de 1981 a 2012 ................................................................ 33

Gráfico 15 - Ingresso do aluno na AISP, segundo o sexo ..................................................... 43

Gráfico 16 - Ingresso do aluno na AISP, por categoria e por sexo. ....................................... 45

Gráfico 17 - Ingresso do aluno na AISP, por categoria e por sexo ........................................ 47

Gráfico 18 - Identificação do Escrivão de Polícia Civil, segundo a faixa etária ................... 48

Gráfico 19 - Identificação do Escrivão de Polícia Civil, segundo o sexo ............................. 49

Gráfico 20 - Dados de identificação do Escrivão de Polícia Civil, segundo o estado civil ... 49

Gráfico 21 - Percentual dos entrevistados, segundo o regime de trabalho ............................ 50

Gráfico 22 - Percentual dos entrevistados, segundo o local de lotação ................................. 53

Gráfico 23 - Percentual dos entrevistados, segundo a quantidade de Delegados que lhes

repassam determinações e tarefas ..................................................................... 54

Gráfico 24 - Percentual de entrevistados, segundo a feitura de APF/AAF, sem a

participação de um Delegado de Polícia. O Escrivão no cartório e ele no

gabinete ou ausente da delegacia ...................................................................... 56

Gráfico 25 - Percentual dos entrevistados que faz audiências sem a presença de um

Delegado ............................................................................................................ 59

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Gráfico 26 - Percentual dos entrevistados, segundo suas participações na confecção das

portarias dos procedimentos .............................................................................. 59

Gráfico 27 - Percentual geral dos entrevistados, segundo suas participações nos relatórios

dos procedimentos ............................................................................................. 60

Gráfico 28 - Dados sobre o que representa a realização de atribuições que não são dos

escrivães .......................................................................................................... 65

Gráfico 29 - Ideia dos Escrivães de criarem uma associação ou união de Escrivães ............ 66

Gráfico 30 - Escrivães Ad Hoc .............................................................................................. 71

Gráfico 31 - Política de oferta de vagas no PSPR entre Delegado e Escrivão ...................... 81

Gráfico 32 - Política de oferta de vagas no PSPR entre Delegado e Escrivão ...................... 81

Gráfico 33 - Evoluções em vencimentos entre Delegado e Escrivão de 1987 a 2014 .......... 85

Gráfico 34 - Evolução em termos de salários mínimos entre Delegado e Escrivão de

1987 a 2014 ....................................................................................................... 85

Gráfico 35 - Evolução em porcentagem entre Delegado e Escrivão de 1987 a 2014 ............ 86

Gráfico 36 - Evoluções em vencimentos entre Delegado e Escrivão de 2014 a 2016 .......... 87

Gráfico 37 - Evolução em porcentagem entre Delegado e Escrivão de 2014 a 2016 ............ 87

Gráfico 38 - Evolução em termos de salários mínimos entre Delegado e Escrivão de 2014

a 2016 ................................................................................................................ 88

Gráfico 39 - Evoluções em vencimentos entre Delegado e Escrivão de 1904 a 1987 .......... 89

Gráfico 40 - Evolução em porcentagem entre Delegado e Escrivão de 1904 a 1987 ............ 89

Gráfico 41 - Evolução em termos de salários mínimos entre Delegado e Escrivão de 1974

a 1987 ................................................................................................................ 90

Gráfico 42 - Evolução em termos de salários mínimos entre Delegado e Escrivão de 1974

a 2016 ................................................................................................................ 95

Gráfico 43 - Lógica da gestão patrimonialista na distribuição de renda na vida das

pessoas ............................................................................................................ 97

Gráfico 44 - Efeitos da gestão patrimonialista ....................................................................... 97

Gráfico 45 - Lógica da gestão patrimonialista na arrecadação tributária .............................. 98

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Cópia da página inicial original da Lei nº 261, de 3 de janeiro de 1841 ........... 16

Figura 2 - Cópias de partes das páginas originais da Lei nº 329, de 3 de abril de 1903 .... 19

Figura 3 - Evolução da população maranhense e brasileira no período de 1872 a 1938 ... 34

Figura 4 - Taxas de homicídios por 100 mil habitantes (1980/2010) ................................ 36

Figura 5 - Crescimento percentual dos homicídios (1980/2010) ....................................... 37

Figura 6 - População escrava na Província do Maranhão em 1874 ................................... 39

Figura 7 - Interior do cartório do Plantão Central da Cidade Operária .............................. 46

Figura 8 - Interior do cartório do 19º DP Jardim Tropical ................................................ 47

Figura 9 - Procedimentos a cargo de um Escrivão na Delegacia Especial da Cidade

Operária ............................................................................................................. 55

Figura 10 - Procedimentos a cargo de um Escrivão na Delegacia Especial da Cidade

Operária ............................................................................................................. 55

Figura 11 - Cópia da página 8 da Constituição do Estado do Maranhão ............................. 72

Figura 12 - Cópia da página 55 da Constituição do Estado do Maranhão ........................... 73

Figura 13 - Cópia da escala de plantão do mês de março/16, com Escrivães Ad Hoc, em

Imperatriz .......................................................................................................... 73

Figura 14 - Cópia da escala de plantão do mês de junho/16, com Escrivães Ad Hoc, em

Imperatriz .......................................................................................................... 74

Figura 15 - Cópia do ofício ao Sinpol, sobreaviso ............................................................... 75

Figura 16 - Cópias das escalas de plantões sobreaviso, na 17ª Regional Caxias ................. 76

Figura 17 - Cópia do documento enviado ao MP de Caxias, em 2014, sobre as escalas

de sobreaviso ..................................................................................................... 76

Figura 18 - Decisão resultante do Processo nº 0307760-24-2014.8,24.0023 ...................... 77

Figura 19 - Pedido de remoção da DECOP, para o 13º DP em 2014 .................................. 82

Figura 20 - Pedido de remoção da DECOP, para o 13º DP em 2015 .................................. 83

Figura 21 - Primeiro recorte da mensagem .......................................................................... 84

Figura 22 - Segundo recorte da mensagem .......................................................................... 86

Figura 23 - Terceiro recorte da mensagem .......................................................................... 88

Figura 24 - Cópia do e-mail AMEPOL solicitando audiência com o Governador do

Estado do Maranhão .......................................................................................... 91

Figura 25 - Cópia do ofício nº 07/2015 AMEPOL, solicitando audiência com o

Governador ........................................................................................................ 91

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Figura 26 - Quarto e quinto recorte da mensagem ............................................................... 92

Figura 27 - Sexto recorte da mensagem ............................................................................... 93

Figura 28 - Cópias dos anexos I e II da MP 198, de 23-04-2015 ........................................ 94

Figura 29 - Cópia da página 8 da Constituição Estadual ..................................................... 95

Figura 30 - Quadros de cargos e vagas do concurso de 2012, editais 1 e 2/2012 para

Policiais Civis .................................................................................................... 96

Figura 31 - Mandado de Segurança da GNT ....................................................................... 99

Figura 32 - Cópia das páginas 17 e 18 da Lei nº 8.508 de 27-11-2006 .............................. 100

Figura 33 - Cópia do Quadro a.1.3, do Anexo IV da Lei nº 9.664, de 17-07-2012

(PGCE) ............................................................................................................. 101

Figura 34 - Destaque dos valores de 2006 – sobre os quais foram calculados a GNT e

dos valores do subsídio do ano de 2014 .......................................................... 101

Figura 35 - Sétimo recorte da mensagem ............................................................................ 102

Figura 36 - Governo para todos os maranhenses ................................................................ 106

Figura 37 - Manchete do Jornal o Imparcial ....................................................................... 107

Figura 38 - Moldura de 1842 .............................................................................................. 111

Figura 39 - Moldura de 1904 .............................................................................................. 112

Figura 40 - Moldura de 1974 .............................................................................................. 113

Figura 41 - Moldura de 1987 .............................................................................................. 114

Figura 42 - Moldura de 2014 .............................................................................................. 115

Figura 43 - Moldura de 2016 .............................................................................................. 116

Figura 44 - Página policial do Jornal o Imparcial ............................................................... 118

Figura 45 - Universidades de impactos sociais ................................................................... 119

Figura 46 - Cone dos fundos públicos ................................................................................ 121

Figura 47 - O magnetismo exercido pelo poder arrecadador .............................................. 122

Figura 48 - Patrimonialismo ............................................................................................... 123

Figura 49 - Sonho de democracia ....................................................................................... 124

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Visão panorâmica das políticas salariais envolvendo todas as categorias da

Polícia Civil no período de 1974 a 2014 ........................................................... 24

Tabela 2 - Situação salarial real quanto aos Delegados e hipotéticos quanto aos

Escrivães ............................................................................................................ 28

Tabela 3 - Vagas definidas em Lei ..................................................................................... 30

Tabela 4 - Quadro demonstrativo dos policiais civis maranhenses por cargos .................. 31

Tabela 5 - Política de concursos e de ofertas de vagas nos quadros da Polícia Civil ........ 32

Tabela 6 - Evolução populacional do Maranhão e de alguns municípios maranhenses .... 35

Tabela 7 - Composição do Conselho de Polícia Civil ........................................................ 40

Tabela 8 - Cursos de formações na AISP, realizados de 1998 a 2014 ............................... 44

Tabela 9 - A rotina dos conduzidos em ocorrências de fatos que podem resultar em

APF/AAF na unidade policial do entrevistado ................................................. 57

Tabela 10 - Questionamento sobre como está acontecendo as oitivas de investigados, de

testemunhas e de vítimas nas unidades policiais dos entrevistados .................. 61

Tabela 11 - Questionamento sobre a incidência de audiências, APF/AAF, portarias,

oitivas de investigados e relatórios que estão sendo feito pelo Escrivão

sozinho, o porquê e o que isso representa para os entrevistados ....................... 63

Tabela 12 - PSPR.................................................................................................................. 80

Tabela 13 - Concurso regido pelos editais n° 01 e 02/2012, de 10-10-2012........................ 96

Tabela 14 - GNT – Situação hipotética para 2016 .............................................................. 102

Tabela 15 - Alinhamento das necessidades de Escrivães para o interior e capital .............. 103

Tabela 16 - Alinhamento das necessidades salariais para os Escrivães .............................. 104

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAF Auto de Apreensão em Flagrante

ACADEPOL Academia de Polícia Civil do Maranhão

AISC Academia Integrada de Segurança Cidadã

AISP Academia Integrada de Segurança Pública

AMEPOL Associação Maranhense de Escrivães de Polícia Civil

APC Grupo Ocupacional de Atividade de Polícia Civil

APF Auto de Prisão em Flagrante

APC Agente de Polícia Civil

APML Auxiliar de Perícia Médico Legal

CPC Comissário de Polícia Civil e Conselho de Polícia Civil

DECOP Delegacia Especial da Cidade Operária

DO Diário Oficial

DP Delegacia de Polícia ou Distrito Policial

DPC Delegado de Polícia Civil

EPC Escrivão de Polícia Civil

FL Farmacêutico Legista

GNT Gratificação de Natureza Técnica

IPC Investigador de Polícia Civil

MA Maranhão

ML Médico Legista

MP Medida Provisória

OL Odontolegista

PC Perito Criminal

PCA Perito Criminal Auxiliar

PGCE Plano Geral de Cargos do Poder Executivo

PSPR Processo Seletivo Permanente de Remoção

SEGEP Secretaria de Estado da Gestão e Previdência

SEIC Superintendência Estadual de Investigações Criminais

SINPOL Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Maranhão

SPCC Superintendência de Polícia Civil da Capital

SPCI Superintendência de Polícia Civil do Interior

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APRESENTAÇÃO

Este trabalho tem por objetivo apresentar, de forma resumida, os resultados

de um estudo histórico sobre a Polícia Civil do Estado do Maranhão, desde seu início

em 1842 até os dias atuais, retratando as políticas salariais, de vagas, de remoções e seus

efeitos na vida dos Escrivães, desde a gestão do Presidente da Província da época, João

Antonio de Miranda até o governo atual. Embora a pesquisa em si, que se encontra em

fase de acabamento, contemple uma visão dessas políticas para todas as categorias da

Polícia Civil, neste recorte enfoca-se principalmente o comparativo entre as categorias

de Delegado e de Escrivão de Polícia. Em especial, apresentam-se os resultados de uma

pesquisa sobre como, na prática, acontecem as rotinas de trabalhos submetidas aos

Escrivães de Policia Civil nas unidades policiais espalhadas pelo território maranhense.

Prédio da antiga Chefatura de Polícia Atual prédio onde funcionava a Chefatura de

Polícia

Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite, 1908 Fonte: SOARES, 2015

Largo de São João Localização da Secretaria de Segurança

Pública - MA

Fonte: SOARES, 2015 Fonte: SOARES, 2015

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Fachada da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Maranhão

Fonte: SOARES, 2015

Vista aérea da sede da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Maranhão.

Fonte: SOARES, 2015

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SUMÁRIO

1 POLÍCIA CIVIL NO ESTADO DO MARANHÃO ................................................ 16

1.1 Políticas Salariais ........................................................................................................ 17

1.1.1 Políticas Salariais adotadas para as categorias de Delegados e Escrivães .................... 18

1.1.2 Resumo da situação salarial real quanto à categoria de Delegados e hipotética em

relação à categoria de Escrivães .................................................................................... 28

1.2 Políticas de criação e de provimento de vagas .......................................................... 30

1.2.1 Vagas definidas em lei .................................................................................................. 30

1.2.2 Vagas legalmente ocupadas .......................................................................................... 31

1.3 Quadro sobre a população brasileira no período de 1872 a 1938 ........................... 34

1.4 População maranhense no período de 1872 a 2010 .................................................. 35

1.4.1 População escrava na Província do Maranhão em 1874 ......................................... 39

1.5 Políticas sobre a vida funcional dos servidores policiais civis ................................. 40

1.5.1 Conselho de Polícia Civil .............................................................................................. 40

2 RESUMO DO RESULTADO DA PESQUISA DE CAMPO SOBRE A

REALIDADE PRÁTICA VIVENCIADA POR ESCRIVÃES DE POLÍCIA ...... 42

2.1 O Perfil dos Profissionais Escrivães .......................................................................... 48

3 SURGIMENTO E PAPEL DA ASSOCIAÇÃO MARANHENSE DE

ESCRIVÃES DE POLÍCIA CIVIL ........................................................................... 66

3.1 Abusos .......................................................................................................................... 70

3.1.1 “Gambiarras” na realização das atividades cartorárias de Polícia Judiciária ................ 70

3.1.2 Escalas de plantões sobreavisos .................................................................................... 75

3.2 Desigualdades e injustiças .......................................................................................... 79

3.2.1 Processo Seletivo Permanente de Remoção – PSPR .................................................... 79

3.2.2 Pedidos de remoções sem políticas e sem políticos ...................................................... 82

3.3 Núcleos visíveis e invisíveis ......................................................................................... 84

3.3.1 Recortes da Mensagem do Excelentíssimo Senhor Governador à Assembleia

Legislativa ..................................................................................................................... 84

3.3.2 Lógica da gestão patrimonialista ................................................................................... 96

3.3.3 Gratificação de Natureza Técnica ................................................................................. 99

3.4 Alinhamento – Fortalecimento e Valorização ......................................................... 102

3.4.1 Alinhamento das necessidades de Escrivães para o interior e capital .......................... 103

3.4.2 Alinhamento das necessidades salariais para os Escrivães .......................................... 104

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3.4.3 Alinhamento das Funções Gratificadas para Escrivães ............................................... 104

3.4.4 Adequação dos Concursos ........................................................................................... 105

3.4.5 Adequação das estruturas físicas .................................................................................. 105

4 CONCLUSÕES (PARA AS SUAS CONCLUSÕES) ............................................. 107

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 126

APÊNDICE .................................................................................................................. 131

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16

1 POLÍCIA CIVIL NO ESTADO DO MARANHÃO

No dia 3 de janeiro de 1841, a Lei de Nº 261, conforme figura 1, criou na

Província do Maranhão os seguintes cargos: Chefe de Polícia, de Delegados e de

Subdelegados, de igual modo criou para ocupar e atuarem nos mesmos espaços, os

cargos de: Juízes Municipais, de Promotores Públicos, de Juízes de Direito, de Oficial

de Justiça, de Amanuenses (atual cargo de Datilógrafo), de Escrivães de Paz, de

Inspetores de Quarteirão e de Carcereiro.

Figura 1 – Cópia da página inicial original da Lei nº 261, de 3 de janeiro de 1841.

Fonte: pesquisador Zacarias de Castro, 2015.

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17

1.1 Políticas Salariais

O Brasil vivia ainda sob a tutela de Portugal, quando na Província do

Maranhão se iniciam as atividades policiais. Nesse sentido, o Decreto Imperial de nº

176, de 15 de maio de 1842, do Exmo. Sr. Paulino José de Sousa, Ministro da Justiça e

rubrica de sua Majestade o Imperador estabelece os valores das gratificações pagas ao

Chefe de Polícia e aos seus auxiliares, como relata o texto do referido Decreto: “Hei por

bem, para execução do art. 8, da Lei nº 261, de 3 de dezembro de 1841, fica marcado as

gratificações para os dois amanuenses do Chefe de Polícia do Maranhão, o primeiro de

seiscentos mil réis e o segundo de quinhentos mil réis anuais.” (BRASIL, 1842, não

paginado).

Tais gratificações não eram restritas somente ao Maranhão, uma vez que

abrangiam, ainda, os Chefes de Polícia das Províncias do Ceará e Pernambuco, o

Decreto Imperial nº 177, da mesma data e do citado Ministro, para execução do art. 3º,

da lei acima referida: Art. Único, estabelece que: “Os Chefes de Polícia das Províncias

do Maranhão, Ceará e Pernambuco, vencerão cada um a gratificação anual de oitocentos

mil réis.” (BRASIL, 1842, não paginado).

Gráfico 1 – Gratificações anuais pagas na Chefatura de Polícia do Maranhão no início da

Polícia Civil na Província do Maranhão em 1842.

Fonte: Decreto Imperial nº 176 e 177, de 15 de maio de 1842, (Cortesia do pesquisador Zacarias de

Castro, 2015.

0

200.000

400.000

600.000

800.000

CHEFE DE

POLÍCIA

1º AMANUENSE 2º AMANUENSE

800.000$000

600.000$000 500.000$000

100 75 62,5

Política Salarial adotada em 1842 - na gestão do Imperador Dom Pedro II - para a gestão do Presidente da Província do Maranhão João Antonio de Miranda - para gratificar o Chefe de Polícia e o

Amanuense

Gratificações anuais Equivalência %

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Como é possível perceber, o gráfico 1, revela o valor das gratificações

anuais pagas na Chefatura de Polícia do Maranhão, em 1842, em o que Chefe de

Polícia, o Desembargador José Mariani, recebia Rs 800.000$000 (oitocentos mil réis).

O 1º Amanuense, Manoel Jose do Amaral Cunha, recebia Rs 600.000$000 (seiscentos

mil réis), que correspondia a 75% do valor das gratificações pagas ao Chefe de Polícia e

o 2º Amanuense recebia Rs 500.000$000 (quinhentos mil réis), que correspondia a

62,5% do valor das gratificações pagas ao Chefe de Polícia.

1.1.1 Políticas Salariais adotadas para as categorias de Delegados e Escrivães

Gráfico 2 – Vencimentos anuais pagos na Chefatura de Polícia do Maranhão em 1904.

Fonte: Lei nº 329 de 03-04-1903.

Deixa-se para trás a Política Salarial adotada em 1842 – na gestão do

Imperador Dom Pedro II e se faz um avanço para uma época republicana, exatamente

1903. Com o advento da Lei nº 330, de 3 de abril de 1903, além de reorganizar o

serviço da Segurança Pública, criou na Chefatura de Polícia a Delegacia Geral de

Polícia e o consequente cargo de Delegado Geral de Polícia. Nessa mesma data, a Lei nº

329 – conforme figura 2 –, retratou o quadro de pessoal e as respectivas remunerações

atribuídas aos cargos no âmbito da Polícia Civil para o ano de 1904. Onde, conforme

gráfico 2, se pode observar os vencimentos anuais atribuídos naquela época aos cargos

de Delegado, Subdelegado e Escrivão, em que um Delegado de Polícia da Vila do Paço

0

500

1.000

1.500

2.000

DELEGADO / SUBDELEGADO DA

CAPITAL

SUBDELEGADO DO ANIL

ESCRIVÃO

1.800$000

1.200$000

1.000$000

100 66,67 55,56

Política Salarial adotada em 1903 - na gestão do Governador do

Maranhão Manoel Lopes da Cunha - para remunerar Delegado e

Escrivão da Polícia Civil

Vencimentos Equivalência %

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19

e um Subdelegado da Capital recebiam cada um R$ 1.800$000, um Subdelegado do

Anil recebia R$ 1.200$000, o que correspondia 66,67% da remuneração paga ao

Delegado e o Escrivão recebia R$ 1.000$000, o que correspondia a 55,56% paga ao

Delegado.

Figura 2 - Cópias de partes das páginas originais da Lei nº 329, de 3 de abril de 1903.

Fonte: Arquivo Público do Estado do Maranhão, 2015.

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Gráfico 3 – Vencimentos mensais pagos na Polícia Civil em 1974.

Fonte: Lei nº 3.597, de 02-12-1974, DO/MA, nº 232, de 03-12-1974.

*Salário Mínimo Cr$ 415,20.

A Lei nº 3.597/74, de 02-12-1974, reorganizou o serviço Policial Civil do

Estado do Maranhão, de onde se extraem os vencimentos pagos para as categorias de

Delegado e Escrivão de Polícia Civil, onde conforme gráfico 3, naquela época um

Delegado de Polícia recebia por mês Cr$ 2.110,00 e que correspondia a 5,08 salários

mínimos, enquanto que um Escrivão de Polícia recebia por mês Cr$ 930,00, o que

correspondia a 2,24 salários mínimos e sua remuneração representava 44,08% da

remuneração recebida pelo Delegado. Ressalta que naquela época o cargo de Escrivão

já era cargo de 2º Grau (Ensino Médio).

Gráfico 4 – Vencimentos mensais pagos na Polícia Civil em 1981.

Fonte: Lei nº 4.325, de 13-07-1981, DO/MA, nº 139, de 27-07-1981.

*Salário Mínimo Cr$ 8.464,80.

-

500

1.000

1.500

2.000

2.500

DELEGADO DE POLÍCIA ESCRIVÃO DE POLÍCIA

2.110

930

100 44,08 5,08 2,24

Política Salarial adotada em 1974 - na gestão do Governador do

Maranhão Pedro Neiva de Santana - para remunerar Delegado e

Escrivão da Polícia Civil

Vencimentos Equivalência % Equivalência em *S.M

0

20.000

40.000

DELEGADO DE POLÍCIA ESCRIVÃO DE POLÍCIA

29.000

11.845

100 40,84 3,43 1,40

Política Salarial adotada em 1981 - na gestão do Governador do Maranhão João Castelo - para remunerar Delegado e Escrivão da

Polícia Civil Vencimentos Equivalência % Equivalência em *S.M

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A Lei nº 4.325/81, de 13-07-1981 constituiu o Estatuto da Polícia Civil, de

onde se extrai os vencimentos mensais atribuídos às categorias de Delegado e Escrivão

de Polícia Civil para o ano de 1981, e conforme gráfico 4, naquela época um Delegado

de Polícia recebia por mês Cr$ 29.000,00, que correspondia a 3,43 salários mínimos,

enquanto que um Escrivão de Polícia recebia por mês Cr$ 11.845,00, o que

correspondia a 1,40 salários mínimos e sua remuneração representava 40,84% da

remuneração recebida pelo Delegado.

Gráfico 5 – Vencimentos mensais pagos na Polícia Civil em agosto de 1987.

Fonte: Lei nº 4.795, de 07-08-1987, DO/MA, nº 147, de 07-08-1987.

*Salário Mínimo Cz$ 1.970,00.

No que diz respeito ao reajustamento de vencimentos, de onde se extrai os

vencimentos mensais atribuídos às categorias de Delegado e Escrivão de Polícia Civil

para o ano de 1987, este está contido na Lei nº 4.795/87 conforme gráfico 5. Naquela

época um Delegado de Polícia recebia por mês Cr$ 10.000,00, que correspondia a 5.08

salários mínimos, enquanto que um Escrivão de Polícia recebia por mês Cr$ 4.500,00, o

que correspondia a 2,28 salários mínimos e sua remuneração representava 45% da

remuneração recebida pelo Delegado.

0

10.000

DELEGADO DE POLÍCIA ESCRIVÃO DE POLÍCIA

10.000

4.500

100 45 5,08 2,28

Política Salarial adotada em 1987- na gestão do Governador do

Maranhão Epitácio Cafeteira - para remunerar Delegado e

Escrivão da Polícia Civil

Vencimentos Equivalência % Equivalência em *S.M

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Gráfico 6 – Subsídios mensais adotados em 2014 no PGCE para a Polícia Civil.

Fontes: Leis nº 9.656/2012 – Anexo I e Lei nº 9.664/2012 – Anexo IV, de 17-07-2012, DO/MA, nº 138,

de 17-07-2012. * Salário Mínimo R$ 724,00.

Os subsídios estabelecidos para a Categoria de Delegado de Polícia Civil e

para a Categoria de Escrivão de Polícia Civil, estão dispostos no gráfico 6 onde é

possível se observar que em 2014, um Delegado passou a receber como subsídio a

importância de R$ 13.473,45, o que correspondia, na época, a 18,61 salários mínimos,

enquanto que um Escrivão de Polícia passou a receber apenas R$ 3.127,20 o que

correspondia na época a 4,32 salários mínimos e sua remuneração representava 23,21%

da remuneração recebida pelo Delegado.

0,00

2.000,00

4.000,00

6.000,00

8.000,00

10.000,00

12.000,00

14.000,00

DELEGADO DE POLÍCIA ESCRIVÃO DE POLÍCIA

13.473,45

3.127,20

100 23,21 18,61 4,32

Política Salarial adotada em 2014 - na gestão da Governadora do Maranhão Roseana Sarney - para remunerar Delegado e Escrivão

da Polícia Civil

Vencimentos Equivalência % Equivalência *S.M

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Gráfico 7 – Subsídios mensais para as categoriais de Delegados e Escrivães estabelecidos na

MP 198/15.

Fonte: Medida Provisória nº 198, de 23-04-2015, DO/MA, nº 074, de 23-04-2015.

** Salário Mínimo R$ 880,00.

No gráfico 7, se encontram assegurados os subsídios estabelecidos no

âmbito da Polícia Civil, por força da Medida Provisória nº 198, de 23-04-2015, sendo

que para a categoria de Escrivães esses subsídios foram implantados em 2015 em

parcela única e para a categoria de Delegados os valores constantes no gráfico 7, foram

fixados pela referida MP 198, com aumentos sucessivos até 1º de julho de 2016.

Conforme MP 198 e valores retratados no gráfico 7, a partir de 1º de julho

de 2016 um Delegado passou a receber como subsídio R$ 18.957,64 o que corresponde,

na atualidade, a 21,54 salários mínimos, enquanto que um Escrivão de Polícia recebe na

atualidade R$ 3.990,41, o que corresponde a 4,53 salários mínimos e sua remuneração

representa 21,05% da remuneração recebida pelo Delegado.

0,00

2.000,00

4.000,00

6.000,00

8.000,00

10.000,00

12.000,00

14.000,00

16.000,00

18.000,00

20.000,00

DELEGADO DE POLÍCIA ESCRIVÃO DE POLÍCIA

18.957,64

3.990,41

100 21,05 21,54 4,53

Política Salarial adotada em 2016 - na gestão do Governador do

Maranhão Flávio Dino - para remunerar Delegado e Escrivão da

Polícia Civil

Vencimentos Equivalência % Equivalência em*S.M

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Tabela 1 - Visão panorâmica das políticas salariais envolvendo todas as categorias da Polícia

Civil no período de 1974 a 2014.

APRESENTAÇÃO, MOVIMENTAÇÃO DOS CARGOS E VARIAÇÕES DE VENCIMENTOS E SUBSÍDIOS

INTER CATEGORIAS E ENTRE CARGOS DE 1974 A 1987 – SITUAÇÃO REAL

Histórico Cargos

Detetive Fotógrafo

Policial

Agente de

Polícia

Auxiliar

de

Necropsia

Comissário

de Polícia

Escrivão

de Polícia

Papiloscopista

Perito Policial Médico Legista

Toxicologista

Dentista

Técnico de

Laboratório

Perito Criminal

Delegado

de Polícia

Ano

Variações

19

74

Escolaridade 1º Grau 1º Grau 1º Grau 2º Grau 1º Grau Superior Superior

Vencimento Cr$ 670,00 810,00 480.00 930,00 930,00 1.550,00 2.110,00

Equivalência S.M 1,61 1,95 1,16 2,24 2,24 3,73 5,08

% + e o - 31,71 38,39 22,75 44,08 44,08 73,46 100

Histórico Cargos

Agente de

Polícia

Auxiliar de

Necropsia

Operador de

Raios-X

Comissário de Polícia

Escrivão de Polícia

Perito Auxiliar

Papiloscopista

Fotógrafo Policial

Desenhista Policial

Delegado de Polícia Perito Criminal

Médico Legista

Odontolegista

Laboratorista

Toxicologista

Ano

Variações

1 9

8 1

Escolaridade 1º Grau 2º Grau Superior

Vencimento Cr$ 7.950,00 11.845,00 29.000,00

Equivalência S.M 0,94 1,40 3,43

% + e o – 27,41 40,84 100

Cargos Histórico Agente de

Polícia

Auxiliar de

Necropsia

Operador de

Raios-X

Comissário de Polícia

Escrivão de Polícia

Perito Auxiliar

Papiloscopista

Fotógrafo Policial

Desenhista Policial

Perito Criminal

Médico Legista

Odontolegista

Laboratorista

Toxicologista

Delegado de Polícia

Ano Variações

1 9

8 7

Escolaridade 2º Grau 2º Grau Superior Superior

Vencimento Cz$ 4.000,00 4.500,00 10.000,00 10.000,00 Equivalência S.M 2,03 2,28 5,08 5,08

% + e o – 40,00 45,00 100 100

1981

A

1987

Evolução S.M 1,09 0,88 1,65 1,65

Evolução

percentual

215,96% 162,86% 148,10% 148,10%

APRESENTAÇÃO, MOVIMENTAÇÃO DOS CARGOS E VARIAÇÕES DE VENCIMENTOS E SUBSÍDIOS

INTER CATEGORIAS E ENTRE CARGOS DE 1987 A 2014 - SITUAÇÃO REAL

Cargos

Histórico Auxiliar de

Perícia Médico

Legal (APML)

Investigador de Polícia

Escrivão de Polícia

Perito Criminal Auxiliar

Comissári

o de

Polícia

Perito Criminal

Médico Legista

Odontolegista

Toxicologista Farmacêutico Legista

Delegado

de Polícia Ano Variações

2 0 1 4

Escolaridade Nível Médio Superior Superior Superior Superior

Subsídio R$ 1.944,80 3.127,20 3.277,50 7.504,72 13.473,45

Equivalência S.M 2,69 4,32 4,53 10,37 18,61

% + e o – 14,43 23,21 24,33 55,70 100

1987

A

2014

Evolução em

S.M

0,66

IPC EPC PCA

2,25

5,29

13,53 2,29 2,04 2,04

Evolução

percentual

132,51%

IPC EPC PCA

198,68%

204,13%

366,34% 212,81% 189,47% 189,47%

ALINHAMENTO HIPOTÉTICO PARA OS VENCIMENTOS DE 2014, COM BASE NOS PERCENTUAIS

CONCEDIDOS AOS DELEGADOS NO PERÍODO DE 1987 A 2014

2014

Equivalência

em S.M Justo

7,44

IPC

7,44

EPC

8,35

PCA

8,35

8,35

18,61

18,61

Subsídio Justo (366,34%)

5.384,15 5.384,15 6.047,22 6.047,22 6.047,22 13.473,64 13.473,64

ALINHAMENTO HIPOTÉTICO INCLUINDO GRATIFICAÇÃO DE NATUREZA TÉCNICA – GNT – 222%

SOBRE R$ 303,24 PARA 2014 - CÁLCULOS FEITOS APENAS PARA A CATEGORIA DE ESCRIVÃES

2014 APML

-

IPC

-

EPC

6.720,41

PCA

-

CPC

-

PC-ML-OL-TL-FL

DPC

-

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A situação salarial real, envolvendo todas as categorias no período de 1981

a 1987 apresenta-se no gráfico 8.

Gráfico 8 - Evolução entre as categorias no período de 1981 a 1987.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

Considerando o que se demonstra na tabela 1 e no gráfico 8, observa-se,

assim, como se deu a evolução entre as categorias no período de 1981 a 1987, é possível

perceber que, primeiro, os rendimentos do Investigador de Polícia Civil (IPC), (na

época chamada de Agente de Polícia) e a categoria de Auxiliar de Perícia Médico Legal

(APML), (na época chamada de Auxiliar de Necropsia), cresceram 215,96%, passaram

de 0,94 salários mínimos para 2,03 salários mínimos, um acréscimo de 1,09 salários

mínimos. Em segundo lugar aparecem as categorias de Comissário de Polícia Civil

(CPC), Escrivão de Polícia Civil (EPC) e Perito Criminal Auxiliar (PCA) que cresceram

162,86%, passaram de 1,4 salários mínimos para 2,28 salários mínimos, um acréscimo

de 0,88 salários mínimos e por último a categoria de Delegado de Polícia Civil (DPC) e

as categorias integrantes da Polícia Técnica Científica, aqui representado pela Categoria

de Perito Criminal (PC) que cresceram 148,10%, passaram de 3,43 salários mínimos

para 5,08 salários mínimos, um acréscimo de 1,65 salários mínimos.

As categorias de Investigador de Polícia e de Auxiliar de Perícia Médico

Legal cujos cargos, em 1981, eram de nível de 1º Grau tiveram, nesse intervalo de

tempo, um acréscimo de 215,96%, o qual deve ter sido em decorrência da elevação da

escolaridade exigida para o cargo de nível de 1º Grau para 2º Grau, haja vista que no

concurso acontecido em 1989 para Agente de Polícia Civil (Investigador de Polícia

Civil) foi exigida como requisito de escolaridade o 2º Grau.

0

1

2

3

4

5

6

IPC/APML CPC/EPC/PCA DPC/PC

0,94 1,4

3,43

2,03 2,28

5,08

1981 1987

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Todas as categorias no período de 1987 a 2014 estão representadas –

situação salarial – no gráfico 9.

Gráfico 9 - Evolução entre as categorias no período de 1987 a 2014.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

A evolução salarial entre as categorias que compõem a Polícia Civil do

Estado do Maranhão no período de 1987 a 2014, encontra-se retratada na tabela 1 e no

gráfico 9, onde é possível se perceber que a categoria de Delegado de Polícia Civil

(DPC) evoluiu 366,34%, passou de 5,08 salários mínimos em 1987 para 18,61 salários

mínimos em 2014, um acréscimo de 13,53 salários mínimos. Seguida da categoria de

Investigador de Polícia Civil (IPC) que evoluiu 212,81%, passou de 2,03 salários

mínimos em 1987 para 4,32 salários mínimos em 2014, um acréscimo de 2,29 salários

mínimos.

A categoria de Perito Criminal teve uma evolução de 204,13%, passou de

5,08 salários mínimos em 1987, (mesmo valor dos Delegados), para 10,37 salários

mínimos em 2014, um acréscimo de 5,29 salários mínimos. Seguida da categoria de

Comissário de Polícia Civil (CPC), que passou de 2,28 salários mínimos em 1987

(mesmo valor dos Escrivães) para 4,53 salários mínimos em 2014, um acréscimo de

2,25 salários mínimos. Em iguais percentuais e, em penúltimo lugar, aparecem as

categorias de Escrivão de Polícia Civil (EPC) e Perito Criminal Auxiliar (PCA) que

evoluíram 189,47%, passou de 2,28 salários mínimos em 1987 para 4,32 salários

mínimos em 2014, um acréscimo de 2,04 salários mínimos.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

APML IPC EPC CPC PC DPC

2,03 2,03 2,28 2,28

5,08 5,08

2,69 4,32 4,32 4,53

10,37

18,61

1987 2014

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27

Por último, aparece a categoria de Auxiliar de Perícia Médico Legal

(APML), que passou de 2,03 salários mínimos em 1987 (mesmo valor dos

Investigadores de Polícia), para apenas 2,69 salários mínimos, um acréscimo de 0,66

salários mínimos.

A situação salarial real, envolvendo todas as categorias no período de 1981

a 2016, encontra-se no gráfico 10.

Gráfico 10 - Evolução entre as categorias no período de 1981 a 2016.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

O gráfico 10 – extraído da tabela 1 - retrata a evolução salarial entre as

categorias que compõem a Polícia Civil do Estado do Maranhão no período de 1981 a

2016, onde é possível se perceber que a categoria de Delegado de Polícia Civil (DPC)

evoluiu 628,07%, pois passou de 3,43 salários mínimos em 1981 para 21,54 salários

mínimos em 2016, um acréscimo de 18,11 salários mínimos. Seguida da categoria de

Investigador de Polícia Civil (IPC) que evoluiu 482,40%, passando de 0,94 salários

mínimos em 1981 para 4,53 salários mínimos em 2016, um acréscimo de 3,59 salários

mínimos.

Em terceiro lugar aparece a categoria de Comissário de Polícia Civil (CPC),

que evoluiu 336,71%, já que passou de 1,40 salários mínimos em 1981 para 4,71

salários mínimos em 2016, um acréscimo de 3,31 salários mínimos.

As categorias de Escrivão de Polícia Civil (EPC) e Perito Criminal Auxiliar

(PCA) tiveram evoluções idênticas. Evoluíram 323,90%, passando de 1,40 salários

mínimos em 1981 para 4,53 salários mínimos em 2016, um acréscimo de 3,13 salários

mínimos.

0

5

10

15

20

25

APML IPC EPC PCA CPC PC DPC

0,94 0,94 1,40 1,40 1,40 3,43 3,43

2,32 4,53 4,53 4,53 4,71

8,95

21,54

1981 2016

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28

As categorias da Polícia Técnica Científica, aqui representada pela categoria

de Perito Criminal, evoluíram 261,06%, passaram de 3,43 salários mínimos em 1981,

para 8,95 salários mínimos em 2016, um acréscimo de 5,52 salários mínimos.

Em último lugar aparece a categoria de Auxiliar de Perícia Médico Legal

(APML), que passou de 0,94 salários mínimos em 1981 (mesmo valor dos

Investigadores de Polícia), para apenas 2,32 salários mínimos em 2014, um acréscimo

de 1,38 salários mínimos.

Ressalta-se que os valores de 2016 foram extraídos da MP 198 de 23-04-

2015, conforme se vai constatar na figura 28, na página 94.

1.1.2 Resumo da situação salarial real quanto à categoria de Delegados e hipotéticos em

relação à categoria de Escrivães.

Tabela 2 – Situação salarial real quanto aos Delegados e hipotéticos quanto aos Escrivães.

ALINHAMENTO HIPOTÉTICO PARA 2016 - COM BASE NOS MESMOS

ÍNDICES OFERECIDOS AOS DELEGADOS PELA MEDIDA PROVISÓRIA 198

DE 23-04-2015

Cargos

Histórico ESCRIVÃO DE

POLÍCIA

DELEGADO

DE POLÍCIA Ano Variações

2015

Subsídio Justo (117,64%) 7.906,11 15.850,60

Equivalência em S.M Justo 10,03 20,11 Fevereiro 2016 Subsídio Justo (110,29%) 8.719,64 17.481,61

Julho

2016

Subsídio Justo (108,44%) 9.455,87 18.957,64

Equivalência em S.M Justo 10,75 21,54

Equivalência em percentuais 49,88 100

ALINHAMENTO HIPOTÉTICO PARA 2016, COM BASE NOS MESMOS ÍNDICES

ATRIBUÍDOS A CATEGORIA DE DELEGADOS PELA MP 198, DE 23-04-2015

Cargos

ESCRIVÃO DE POLÍCIA

Classe

Refe

rên

cia

Subsídios

R$ Equivalência em

*S.M

Equivalência em %

A

1 9.455,87 10,75 49,88

2 9.739,54 11,07 51,38

3 10.323,92 11,73 54,46

B

4 10.633,63 12,08 53,29

5 10.952,64 12,45 54,89

6 11.609,80 13,19 58,18

C

7 11.958,10 13,59 56,93

8 12.316,84 14,00 58,64

9 13.055,85 14,84 62,15

ESPECIAL 10 13.447,53 15,28 60,82

11 14.254,38 16,20 64,47

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29

Fontes: Medida Provisória nº 198, de 23-04-2015, DO/MA, nº 074, de 23-04-2015.

* Salário Mínimo R$ 880,00.

No gráfico 11, é apresentada a representação gráfica da situação salarial real

para a categoria de Delegados e hipotética para a categoria de Escrivães para 2016.

Gráfico 11 – Situação hipotética para 2016 – Escrivães.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

SITUAÇÃO REAL EM 1º DE JULHO DE 2016, CONFORME ANEXO I DA MP

198, DE 23-04-2015

Cargos

Classe

Subsídios

R$ Equivalência

em *S.M

Equivalência em

%

Delegado 3ª 18.957,64 21,54 100

Delegado 2ª 19.955,40 22,68 100

Delegado 1ª 21.005,73 23,87 100

Delegado Especial 22.111,25 25,13 100

0

50

100

DELEGADO DE POLÍCIA ESCRIVÃO DE POLÍCIA

21,54 10,75

100

49,88

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA PARA OS ESCRIVÃES COM VALORES ALINHADOS PARA 2016

Evolução em S.M Evolução em %

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30

1.2 Políticas de criação e de provimentos de vagas

1.2.1 Vagas definidas em lei

Tabela 3 – Vagas definidas em lei.

Categorias Funcionais

Número de cargos

Lei nº 3.597,

de 02-12-74

Lei nº 4.327,

de 13-07-81

Lei nº 8.957, de

15-04-09

Agente de Polícia (Investigador de

Polícia Civil)

834 1000 1500

Auxiliar de Necropsia (Auxiliar de

Perícia Médico Legal)

09 30 60

Operador de Raios X - - -

Comissário de Polícia 215 300 -

Escrivão de Polícia 149 200 400

Papiloscopista 31 50 -

Perito Policial 06 06 -

Desenhista Policial - - -

Perito Criminal Auxiliar 10 25 60

Delegado de Polícia 149 200 550

Perito Criminal 04 25 150

Médico Legista 15 30 100

Odontolegista 03 05 05

Laboratorista (Farmacêutico Legista) 03 10 15

Toxicologista 03 09 15 Fontes: 1974 Lei nº 3.597, de 02-12-1974, DO/MA, nº 232, de 03-12-1974.

1981 Lei nº 4.325, de 13-07-1981, DO/MA, nº 139, de 27-07-1981.

2009 Lei nº 8.957, de 15-04-2009, DO/MA, nº 74, de 17-04-2009.

No gráfico 12, faz-se a representação gráfica das vagas definidas em lei:

Gráfico 12 – Evolução das vagas definidas em lei para Delegados e Escrivães.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

0

200

400

600

DELEGADO DE POLÍCIA ESCRIVÃO DE POLÍCIA

149 149 200 200

550

400

Evolução das vagas definidas em Leis para Delegados e Escrivães

1974 1981 2009

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31

1.2.2 Vagas legalmente ocupadas

Tabela 4 – Quadro demonstrativo dos policiais civis maranhenses por cargos.

CARGO/ANO

TOTAL EVOLUÇÃO

1998 a 2014 1998 2004 2008 2014

Delegado de Polícia 89 295 297 386 333,71

Perito Criminalístico

(Perito Criminal)

12 49 43 101 741,67

Médico Legista 25 33 31 55 120,00

Odontolegista 2 02 02 04 100,00

Toxicolegista 1 01 01 01 -

Laboratorista

(Farmacêutico Legista)

1 01 01 05 400,00

Escrivão de Polícia 76 157 140 328 331,58

Agente de Polícia

(Investigador de

Polícia)

683 976 915 1.175 72,04

Comissário de Polícia 100 88 80 44 - 56,00

Perito Auxiliar (Perito

Criminal Auxiliar)

31 25 23 16 - 48,39

Auxiliar de Necropsia

(Auxiliar de Perícia

Médico Legal)

0 11** 07 16 **45,45

Total Geral 1020 1.638 1.540 2.131 108,92 Fonte: Supervisão de Recursos Humanos SSP/MA, 2004 – 2014.

* Portaria nº 428 de 28 de agosto de 1998. ** APML evolução de 2004 a 2014.

Gráfico 13 – Vagas ocupadas por Delegados e Escrivães no período de 1998 a 2014.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

0

100

200

300

400

DELEGADO DE POLÍCIA ESCRIVÃO DE POLÍCIA

89 76

295

157

297

140

386

328

Vagas ocupadas nos cargos de Delegados e Escrivães no período

de 1998 a 2014

*1998 2004 2008 2014

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32

A tabela 4 representa a evolução do quadro de Policiais Civis no período de

16 (dezesseis) anos, compreendido de 28-08-1998 a 10-09-2014. Com demonstrativo do

quantitativo de policiais civis no ano de 1998, no ano de 2004, no ano de 2008 e no ano

de 2014. Sendo demonstrado categoria por categoria a evolução positiva ou negativa.

No período de 16 (dezesseis) anos, compreendido de 1998 a 2014, como um todo a

Polícia Civil do Estado do Maranhão cresceu 108,92%, uma vez que passou de 1.020

para 2.131 policiais.

Ressalta-se que as categorias são importantes para o bom andamento, mas

nas delegacias de polícia a presença do Escrivão de Polícia é imprescindível. Porém a

pouca atenção dada a essa categoria se torna numericamente pequena para o tanto de

atividades que aumentam a cada dia, nas unidades policiais, resultando em cargas

exaustivas de trabalho para os escrivães existentes.

Tabela 5 – Política de concursos e de ofertas de vagas nos quadros da Polícia Civil.

Categorias

Anos em que foram publicados os editais dos

concursos com os quantitativos de vagas

Vagas por

categorias

1981 1982 1983 1989 1997 2001 2006 2012

Delegado de

Polícia

72 70 - 100 200 19 60 40 561

Comissário de

Polícia

173 - - - - - - - 173

Escrivão de Polícia 140 - - - 100 21 200 40 501

Investigador de

Polícia

332 - 200 250 300 - 200 120 1402

Perito Criminal 23 07 - - 40 - 30 08 108

Médico Legista 22 - - - 15 - 30 05 72

Farmacêutico

Legista

- - - - - - - 03 03

Odontolegista - - - - - - - 03 03

Toxicologista - - - - - - - - -

Perito Criminal

Auxiliar

20 - - - - - - - 2º

Auxiliar Perícia

Médica Legal

- - - - 15 - - 10 25

Fotógrafo Policial 03 - - - - - - - 03

Total de vagas por

ano 785 77 200 350 670 40 520 229

Total de vagas oferecidas no período de 1981 a 2012 2.871 Fontes: 1981 Edital nº 002, DO/MA, nº 31, de 13-02-81. Edital nº 009, DO/MA, nº 123, de 03-06-81.

1981 Editais nº 018, 019, 020, 021, 022, 023 e 024, DO/MA, nº 237, de 18-12-81. 1982 Editais nº 04 e 06, DO/MA, nº 74, de 22-04-82. 1983 Edital nº 01, DO/MA, nº 140, de 26-07-83.

1989 Edital nº 01, DO/MA, nº 083, de 05-05-89. 2001 Edital nº 03, DO/MA, nº 203, de 26-10-2001.

2006 Edital nº 03, DO/MA, nº 137, de 18-07-2006. 2012 Editais nº 01 e 02, DO/MA, nº 198, de 10-10-

2012.

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33

A tabela 5 evidencia lacunas típicas da ausência de planejamento praticadas

pela Administração Pública, quanto ao atendimento das necessidades de profissionais

nos quadros da Polícia Civil. Como bem mostra a tabela, os cargos de Escrivães e de

Médico Legista ficaram 16 anos sem haver nenhum concurso, fato este que explica as

sobrecargas a que estão submetidos os escrivães e outras categorias que não tiveram a

composição do quadro de profissionais atendidos adequadamente na mesma

proporcionalidade das demandas de serviços.

É fundamental destacar que com a extinção dos cargos de Comissário de

Polícia e de Perito Criminal Auxiliar, as respectivas atribuições estão sendo realizadas

por outros profissionais. Desse modo, o trabalho de Comissário está sendo realizados

principalmente pelo Escrivão e o cargo de Perito Criminal Auxiliar está sendo realizado

pelo Perito Criminal.

Cabe frisar que o cargo de Escrivão fica sobrecarregado com atividades, não

apenas, antes, atribuídas a comissário, mas atribuições que em outros setores

administrativos, a título de exemplo no judiciário, são distribuídas entre vários

servidores. Logo no cartório de uma delegacia o escrivão tem atribuições: de arquivar,

protocolar, controlar os prazos e organização de procedimentos, redigir ofícios, fazer

oitivas, realizar pesquisas, prestar atendimento ao público, analisar situações, fatos e

atos. Devendo se desdobrar entre várias atividades que, em sua maioria, requer muita

atenção.

Gráfico 14 - Evolução das vagas oferecidas em concursos para os cargos de Delegados e

Escrivães no período de 1981 a 2012.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

0

50

100

150

200

DELEGADO DE POLÍCIA ESCRIVÃO DE POLÍCIA

72

140

70

0

100

0

200

100

19 21

60

200

40 40

Evolução das vagas oferecidas em concursos para os cargos de Delegados e Escrivães no período de 1981 a 2012

1981 1982 1989 1997 2001 2006 2012

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34

1.3 Quadro sobre a população brasileira no período de 1872 a 1938

Figura 3 – Evolução da população maranhense e brasileira no período de 1872 a 1938.

Fonte: Pesquisador Zacarias de Castro, 2016.

Segundo o pesquisador Zacarias de Castro, conforme figura 3, o primeiro

censo demográfico brasileiro aconteceu no ano de 1872. Esse pesquisador registra, no

quadro acima, os censos demográficos realizados no País e no Estado do Maranhão, nos

anos de 1872, 1890, 1900, 1920 e 1938. Este último censo, além de mencionar, no

geral, a população brasileira, apresenta em destaques, os Estados e Capitais existentes

naquela época, com seus respectivos contingentes populacionais.

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35

1.4 População maranhense no período de 1872 a 2010

Tabela 6 – Evolução populacional do Maranhão e de alguns municípios maranhenses.

UF/Município Censo/ano – População Evolução

80 a 10

% 1872* 1900* 1938** 1980*** 2000**** 2010****

Maranhão 360.640 449.308 1.235.157 3.991.260 5.651.475 6.574.789 164,73

Região Metropolitana – Ilha de São Luís

São Luís - - 87.530 447.424 870.028 1.014.837 226,82 São José de

Ribamar - - -

32.213

107.384

163.045 506,15

Paço do

Lumiar

- - -

17.249

76.188

105.121 609,43

Raposa - - - - 17.088 26.327 -

Interior – Cidades sede das Delegacias de Polícia Regionais

Rosário - - - 28.453 33.665 39.576 139,09

Itapecuru

Mirim - - - 44.377 42.772 62.110 139,96

Chapadinha - - - 52.946 61.322 73.350 138,54

Codó - - - 109.070 111.146 118.038 108,22

Pinheiro - - - 68.593 68.030 78.162 113,95

Viana - - - 42.589 44.190 49.496 116,22

Santa Inês - - - 48.569 68.321 77.282 159,12

Zé Doca - - - - 46.134 50.173 -

Açailândia - - - - 88.320 104.047 -

Imperatriz - - - 220.442 230.556 247.505 112,28

Balsas - - - 23.423 60.163 83.528 356,61

São João

dos Patos - - - 22.974 23.183 24.928 108,51

Presidente

Dutra - - - 40.421 39.541 44.731 110,66

Pedreiras - - - 49.340 39.828 39.448 -20,05

Barra do

Corda - - - 77.116 78.147 82.830 107,41

Bacabal - - - 81.260 91.823 100.014 123,08

Caxias - - - 126.254 139.756 155.129 122,87

Timon - - - 74.315 129.692 155.460 209,19 Fontes: *1872 e 1900, Diário Oficial do Estado, de 19-06-1940; **1938, Diário Oficial do Estado, de 05-

05-1939 (Cortesia do pesquisador Zacarias de Castro).

***1980 IBGE (Biblioteca – Censo Demográfico); ****2000 e 2010 IBGE1 .

A população do Estado do Maranhão, de acordo com os Censos

Demográficos realizados no período de 1872 a 2010, se encontra representada na tabela

6. Tais dados evidenciam o crescimento populacional em diferentes períodos. No

período de 48 (quarenta e oito) anos, compreendido de 1872 a 1920, a população

1 Material disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?dados=29&uf=21>.

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36

maranhense evoluiu 242,44%, passando de 360.640 para 874.337 habitantes. No

período de 60 (sessenta) anos, compreendido de 1920 a 1980, a população maranhense

cresceu 456,49%, passando de 874.337 para 3.991.260 habitantes. Após o período de 30

(trinta) anos, compreendido de 1980 a 2010, a população maranhense aumentou apenas

164,73%, ou seja, de 3.991.260 passou a ter 6.574.789 habitantes.

Ressalta-se que, em 1980, o Maranhão possuía apenas 130 municípios,

sendo acrescido, até os dias atuais, de mais 87 municípios, entre os quais Açailândia, Zé

Doca e Raposa. No quadro acima, os Municípios que apresentam evolução populacional

tímida deveu-se em decorrência do desmembramento territorial para a criação dos

novos municípios.

É precípuo destacar que, embora o crescimento populacional maranhense,

no período de 1980 a 2010, não tenha sido tão expressivo, quando comparado com os

períodos anteriores, nesse mesmo período, no Estado do Maranhão, os crimes de

homicídios cresceram, cujas taxas se podem conferir no quadro a seguir:

Figura 4 – Taxas de homicídios por 100 mil habitantes (1980/2010).

A figura 4, extraída do “Mapa da Violência 2012”, publicado pelo Instituto

Sangari (2011), sob a coordenação de Julio Jacobo Waiselfisz, aponta no Estado do

Maranhão o vertiginoso crescimento da violência, isto é, para um contingente de 100

mil habitantes, no ano de 1980, morreram 2,7 pessoas vítimas de homicídios, enquanto

que, no ano de 2010, essa taxa pulou para 22,5 pessoas vítimas de homicídios, uma

evolução de 833,33% nesse período.

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37

Figura 5 – Crescimento percentual dos homicídios (1980/2010).

O crescimento percentual da violência no Estado do Maranhão, apontado no

citado mapa, no período de 1980 a 2010, se encontra também representado na figura 5,

onde é possível se perceber que no período de 1980 a 1991, na capital e região

metropolitana (RM), os crimes de homicídios cresceram 143,4% e no interior nesse

mesmo período cresceram 268,3%. No período de 1991 a 1999 tais crimes

retrocederam, porém no período de 1999 a 2010, os crimes de homicídios voltaram a

crescer assustadoramente, uma vez que na capital e região metropolitana cresceram

287% e no interior nesse mesmo período cresceram 463,4%.

Período esse em que, o fluxo da violência caminhou para os extremos, isto

é, os municípios de maior e de menor porte tiveram registros elevados no crescimento

da violência, pois, segundo o autor:

Os munícipios de maior porte apresentaram elevado crescimento na década,

como a Capital, São Luís, que passa de 16,6 para 56,1 homicídios em 100

mil, com aumento de 238,8%, ou o segundo município em população,

Imperatriz, que para 12,6 para 55,8, com crescimento de 343,3% na década.

Mas maior crescimento vai ser observado nos municípios de menor porte: de

5 a 10 mil e de 20 a 50 mil habitantes, com taxas acima de 400%,

contribuindo assim à disseminação da violência no conjunto do estado.

Tendo em vista que o autor mostrou no “Mapa da Violência 2012”, a

preocupante disseminação da violência, principalmente nos pequenos e médios

municípios maranhense, onde a precarização no atendimento das demandas por

segurança pública são maiores, registra-se que, segundo dados da Secretaria de

Segurança Pública do Estado do Maranhão, no período de março de 2016, a

Superintendência de Policia Civil do Interior (SPCI) contava apenas com

178 Delegados de Polícia Civil; 157 Escrivães de Polícia Civil e 541 Investigadores de

Polícia Civil, para uma população de mais de cinco milhões de habitantes distribuídos

por 213 Municípios. Destes, segundo dados do censo demográfico de 2010, publicado

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pelo IBGE2: 39 municípios estão entre 2.452 habitantes, (Mirador) e 9.413 habitantes,

(Montes Altos); 89 estão entre 10.205 habitantes, (Governador Archer) e 19.920

habitantes, (São João Batista); 66 estão entre 20.079 habitantes, (Paulo Ramos) e 49.496

habitantes, (Viana); 13 estão entre 50.173 habitantes (Zé Doca) e 83.528 habitantes

(Balsas) e 6 estão entre 100.014 habitantes (Bacabal) e 247.505 habitantes (Imperatriz),

Assim, os 39 municípios, com uma população total de 253.511 habitantes,

possuem, apenas, 2 Delegados, 1 Escrivão e 8 Investigadores; os 89 municípios, com

uma população total de 1.265.282 habitantes, possuem 23 Delegados, 20 Escrivães e 80

Investigadores; os 66 municípios com uma população total de 1.946.830 habitantes,

possuem 69 Delegados, 63 Escrivães e 199 Investigadores; os 13 municípios com uma

população total de 878.251 habitantes, possuem 30 Delegados, 27 Escrivães e 116

Investigadores e os 6 municípios, com uma população total de 880.193 habitantes,

possuem 55 Delegados, 46 Escrivães e 138 Investigadores.

Curioso é que dos 213 municípios, situados no interior maranhense,

segundo dados da Secretaria de Segurança, ainda 78, isto é, 36,62% dos municípios não

possuem sequer um policial civil. Nesse contexto surge então a indagação: as portas das

delegacias de polícia nesses municípios estão sendo abertas para o atendimento ao

público? Quem está realizando os trabalhos e os procedimentos de Polícia Judiciária?

Qual sua relação de trabalho e sua remuneração?

Nessa mesma linha de curiosidades, merece destaque os dados apresentados

no Anuário Brasileiro de Segurança Pública 20163, publicado pelo Fórum Brasileiro de

Segurança Pública, sobre a Segurança Pública no Brasil.

Este importante Documento aponta o Brasil com uma população carcerária,

no ano de 2014, composta por 584.361 pessoas presas, (condenados e provisórios), para

ocuparem 370.860 vagas existentes no Sistema Prisional, enquanto que nesse mesmo

ano, o Maranhão possuía 5.268 pessoas presas, sendo 2.302 condenados e 2.966

provisórios, para ocuparem 4.299 vagas oferecidas no Sistema Penitenciário.

Vale acrescentar que no Estado do Maranhão é comum presos, sob a

custódia das polícias, pois, segundo esse Documento, havia, entre 2014 e 2015,

respectivamente, 1.385 e 1.158 pessoas custodiadas nas unidades policiais.

2 Material disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?dados=29&uf=21>.

3 Material disponível em: <http://www.forumseguranca.org.br/produtos/anuario-brasileiro-

de-seguranca-publica/10o-anuario-brasileiro-de-seguranca-publica>.

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Outro dado curioso, trazido pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública

2016, diz respeito ao crescimento da Segurança Privada, no tocante aos agentes de

Segurança Pública. No que se refere ao Estado do Maranhão, no ano de 2016, registra-

se um quadro de 10.018 vigilantes ativos, enquanto que, no ano de 2014, a Segurança

Pública do Estado do Maranhão, apresentava um quadro de 9.743 profissionais, sendo

7.709 militares, pertencentes as forças: Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar e

2.014 Policiais Civis.

Comparando a população maranhense (Censo Demográfico de 2010) versus

Policiais Civis, chega-se a deplorável constatação de que, em 2014, havia um Policial

Civil para atender 2.232 pessoas. Quando esse comparativo recai sobre a categoria de

Escrivães que, em 2014, possuía 328 profissionais, esse número cresce para 20.045

pessoas para ser atendido por um Escrivão de Polícia Civil.

1.4.1 População escrava na Província do Maranhão em 1874

Figura 6 – População escrava na Província do Maranhão em 1874.

Fonte: Diário do Maranhão – Anno V – nº 389, pg. 02, de 18-11-1874 – 4ª feira,

(Cortesia do pesquisador Zacarias de Castro).

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Na figura 6, encontra-se registrado o quantitativo de escravos existente na

Província do Maranhão no ano de 1874, isto é, uma população composta por 74.939

pessoas escravizadas, sendo 36.623 do sexo masculino e 38.316 do sexo feminino. Esse

cenário revela a participação do Estado Colonial e Imperial nas relações sociais, criando

as desigualdades diante de fatores como origem, cor da pele e condição social, bem

como patrocinando e/ou permitindo o acometimento dos mais variados modelos de

violência sobre essas pessoas oprimidas e exploradas. Nesse sentido, a violência e o

crime que atemorizam as pessoas e inibe o crescimento econômico nestas terras e no

País, obviamente são consequências diretas das desigualdades sociais. Estas

historicamente reproduzidas, ampliadas e mantidas pela classe dominante, através de

artifícios políticos e culturais residentes nas desigualdades de poder.

1.5 Políticas sobre a vida funcional dos servidores policiais civis

1.5.1 Conselho de Polícia Civil

O Conselho de Polícia Civil é um órgão consultivo, deliberativo e

fiscalizador das ações da Polícia Civil. Por ser um dos Órgãos mais importante da

Polícia Civil, em que as decisões nele tomadas afetam a vida funcional e até mesmo

pessoal dos integrantes da Polícia Civil, é de fundamental importância destacar a sua

composição. A Lei 10.252, de 2 de junho de 2015, alterou o Artigo 11 da Lei nº

8.508/2006, de 27 de novembro de 2006, que definiu, para o Conselho de Polícia Civil

da Polícia Civil do Estado do Maranhão, 12 componentes, conforme tabela 7, abaixo:

Tabela 7 – Composição do Conselho de Polícia Civil (2016).

DEMONSTRATIVO DOS INTEGRANTES DO CONSELHO DE POLÍCIA CIVIL

Representantes Quantidade Porcentagem na participação

Delegado de Polícia 8 66,67%

Perito Criminal 2 16,67%

Investigador de Polícia 1 8,33%

Escrivão de Polícia 1 8,33%

Conforme o Artigo 1º da Lei nº 10.252/2015, o Conselho de Polícia Civil

do Estado do Maranhão é integrado pelos seguintes membros:

I - Delegado-Geral, como Presidente;

II - Subdelegado-Geral;

III - Corregedor Adjunto de Polícia Civil;

IV - Superintendente de Polícia Civil da Capital;

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V - Superintendente de Polícia Civil do Interior;

VI - Superintendente de Polícia Técnico-Científica;

VII - Superintendente Estadual de Investigações Criminais;

VIII - Delegado de Polícia, lotado na Academia Integrada de Segurança

Pública - AISP/SSP, escolhido pelos demais integrantes do Conselho de

Polícia Civil;

IX - Presidente da Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado do

Maranhão;

X - Presidente da Associação dos Servidores Policiais Civis do Estado do

Maranhão;

XI - Presidente do Sindicato da Polícia Civil do Estado do Maranhão;

XII - Presidente da Associação dos Peritos Criminais do Estado do

Maranhão. (MARANHÃO, 2015).

Salienta-se que, para se compreender as desigualdades e injustiças que

afetam a vida das pessoas, em especial no âmbito dos órgãos públicos, faz-se

necessário, primeiro, conhecer a composição dos órgãos pertencentes a um

Estado/Instituição e, sob este posto de vista, refletir que dificilmente se corrigirá as

desigualdades e injustiças de fora – do povo – sem antes de tudo promover a justiça e

corrigir as desigualdades de dentro das Instituições/Estado.

Como se pode observar, em sua grande maioria, o Conselho de Polícia se

encontra predominado pelo cargo de Delegado, quando, na verdade, deveria ter uma

representatividade mais paritária, sob pena de violação do princípio da legalidade.

Este princípio da legalidade é concernente a obrigação de tratamento igual

entre as categorias, em observância aos Princípios da igualdade e proporcionalidade, à

medida em que cada categoria deve ter sua representatividade proporcional aos números

de cargos a ela correspondente, visto que, ao Conselho cumpre defender o interesse

público e não interesses de categoria especifica. Isso, na prática, poderá gerar

indubitavelmente decisões tendenciosas, no que se refere ao princípio da moralidade da

administração pública. Princípio este, eleito como de observância prioritária no teor do

texto Constitucional, ou seja, segundo matéria publicada no JusBrasil (2016), afirma

que:

A Constituição Federal elegeu como um de seus princípios fundamentais a

moralidade como um todo, abrindo o caminho para a superação da

vergonhosa impunidade que campeia na Administração Pública, podendo-se

confiar em uma nova ordem administrativa baseada na confiança, na boa-fé,

na honradez e na probidade. O princípio da moralidade pública contempla a

determinação jurídica da observância de preceitos éticos produzidos pela

sociedade, variáveis segundo as circunstâncias de cada caso4.

4 Material disponível em: <http://www.jusbrasil.com.br/topicos/290007/principio-da-moralidade>.

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Vale a pena salientar que todo Ato da Administração, em sentido Lato

Sensu, implica numa decisão. Desta forma, ao decidir-se por uma composição do

Conselho de forma desproporcional quando comparado ao quadro de pessoal da Polícia

Civil do Estado do Maranhão, tem-se a indagação: essa composição privilegia uma

categoria em detrimento de outra, haja vista que todos são servidores públicos, dignos

do mesmo respeito, confiança, consideração e representação? As punições terão o

mesmo rigor e ponderação quando em julgamento ocupantes de cargos diversos?

Analisando, ainda, pelo lado da psicologia associada a hermenêutica

jurídica, temos que o julgador tende avaliar e julgar com base em seus próprios valores,

embora de forma objetiva, “imparcial”, razão pela qual é comum se observar casos

semelhantes com julgamentos distintos, tratando-se de julgadores diversos, de modo

que é “normal” o julgador olhar com mais benevolência os casos nos quais

implicitamente se veja inserido, ou se identifique, o que inevitavelmente ocorre quando

se trata de ocupantes do mesmo cargo, o que leva a acreditar que, com a presente

composição, as decisões do Conselho de Polícia Civil serão tendenciosas a beneficiar os

ocupantes do Cargo de Delegado, prevalecendo dessa forma os interesses de uma

categoria em detrimento das demais.

Observa-se que, em se tratando da Administração Pública, no âmbito da

Instituição Polícia Civil, não é apenas o Conselho de Polícia que é dominado pelo

cargo de Delegado, mas, na verdade, praticamente todos os cargos de gestão da Polícia

Civil do Estado do Maranhão são ocupados, exclusivamente, por Delegados, a exempo,

de outro muito importante órgão de transformação da polícia e da cultura policial – a

Acedemaia Integrada de Segurança Pública (AISP).

Por oportuno, destaca-se que a principal ferramenta (Órgão) para o

crescimento, transformação, sustentação e equilíbrio de toda e qualquer instuição foi, é,

e sempre será o ser humano na sua integridade.

2 RESUMO DO RESULTADO DA PESQUISA DE CAMPO SOBRE

REALIDADES PRÁTICAS VIVENCIADAS POR ESCRIVÃES DE POLÍCIA

A Escrivã de Polícia Civil Loane Maranhão da Silva Thé, assassinada a

golpes de faca, por volta do meio dia do dia 15 de maio de 2014, no momento em que

ouvia, sozinha, um investigado, no Cartório da Delegacia de Polícia Civil da Mulher da

cidade de Caxias foi um suficiente argumento buscado para se investigar neste estudo,

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43

como, na prática, acontecem as rotinas de trabalhos submetidas aos Escrivães de Polícia

Civil nas unidades policiais espalhadas pelo território maranhense e o confronto dessa

realidade com o que preceituam as normas.

A pesquisa de campo aconteceu de junho a setembro de 2014, através de

questionários com perguntas abertas e fechadas, aplicados exclusivamente aos policiais

civis integrantes da categoria de escrivães, lotados na capital e no interior do Estado do

Maranhão. Sendo identificado, nessa época, que o quadro de escrivães era composto por

328 servidores. Desse total, 190 escrivães estavam lotados no interior, enquanto que 138

na capital, que compreende: a Região Metropolitana da Ilha de São Luís, formada pelos

municípios de São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa.

Participaram da pesquisa 138 escrivães. Destes, 73 estavam lotados no

interior e 65 lotados na capital. O que representou uma amostra de 42,07% do total de

escrivães existentes na Polícia Civil.

Embora seja uma pesquisa ampla, com levantamentos bibliográficos, nesta

oportunidade apresenta-se apenas um resumo da pesquisa de campo. Ressalta-se que, a

princípio, se buscou como se dava o ingresso de pessoal nos quadros desta Instituição.

Gráfico 15 – Ingresso do aluno na AISP, segundo o sexo.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

O gráfico 15 apresenta dados dos alunos, por sexo, que a partir do ano de

1998, participaram dos cursos de formações da Academia Integrada de Segurança

Pública, para ingresso como Policial Civil nas diferentes categorias que formam os

quadros de pessoais da Instituição Polícia Civil, onde é possível perceber que 75,01%

(1789) dos alunos foram do sexo masculino e 24,99% (447) dos alunos foram do sexo

feminino.

75,01%

24,99%

Masculino Feminino

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Tabela 8 – Cursos de formações na AISP, realizados de 1998 a 2014. CATE

GORIA/

SEXO

ANOS DOS CURSOS DE FORMAÇÕES TOTAL

POR

SEXO

TOTAL

POR

CATE

GORIA

98 00 00/01 02 03 04 05 08 09 10 13 14

DP

C

M - - 05 - 38 - 17 - 42 - - 112 214

*266 F - - - - 11 - 06 - 18 - - 17 52

EP

C

M 71 02 - 19 - 18 - 135 - - 53 - 298

457 F 24 - - 06 - 03 - 89 - - 37 - 159

IPC

M 265 134 - - - - - 200 - 108 218 - 925

1055 F 25 16 - - - - - 22 - 21 46 - 130

PC

M 32 - - - - - - 23 - - 37 - 92

121 F 13 - - - - - - 08 - - 08 - 29

ML

M 09 - 03 - - - - 25 - - 08 45

62 F 02 - 02 - - - - 07 - - 06 - 17

OL

M - - - - - - - - - - 05 - 05

12 F - - - - - - - - - - 07 - 07

FL

M - - - - - - - - - - 07 - 07

09 F - - - - - - - - - - 02 - 02

AP

ML

M 10 - - - - - - - - - 13 - 23

F 05 - - - - - - - - - 03 - 08

TOTAL 456 152 10 25 49 21 23 509 60 129 410 129

TOTAL FORMADOS NA AISP DE 1998 A 2014 1973 Fonte: AISP.

* Mais 231 Delegados, sendo 180 do sexo masculino e 43 do sexo feminino, formados em 1998 no Curso

de Formação realizado na Academia Nacional da Polícia Federal em Brasília/DF.

Inicialmente é importante esclarecer que os cursos de formações oferecidos

na Polícia Civil, em datas anteriores a 1998, ficavam a cargo da então Escola de Polícia

Civil, situada na Rua da Palma, nº 336, Centro de São Luís - MA, bem como é

indispensável informar que a partir do nome Escola de Polícia Civil foi mudando de

nomenclatura o local onde acontece a formação dos policiais civis, tais como: Academia

de Polícia Civil do Maranhão (ACADEPOL), Academia Integrada de Segurança Cidadã

(AISC) e Academia Integrada de Segurança Pública (AISP). Também se deslocaram

para outros locais.

A AISP iniciou suas atividades no local onde se encontra, atualmente, na

Rua Daniel Aquino Aragão, s/n, Parque Independência, São Luís - MA, em 1998, para

formar os policiais civis não integrantes da categoria de Delegados, egressos do

concurso regido pelo edital nº 01/97, sendo tal curso realizado na Academia, sob a

coordenação e instruções das disciplinas ministradas por Policiais Federais, da

Academia Nacional da Polícia Federal, enquanto que os Delegados foram enviados a

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Brasília/DF, para fazerem o curso de formação na Academia Nacional da Polícia

Federal.

A tabela 8 registra todos os cursos de formações acontecidos na Polícia

Civil, a partir de 1998, para formar os futuros policiais civis egressos dos concursos

regidos pelos editais nº 01/97, de 10-10-1997, nº 03/2001, de 26-10-2001, nº 03/2006,

de 18-07-2006 e 01 e 02/12, de 10-10-2012, todavia conforme demonstra a referida

tabela, nesse período aconteceram 12 (doze) cursos de formações. Essa diferença entre o

número de concursos e o número de cursos de formações decorre das demandas que

acontecem, após a realização do concurso. Demandas essas justificadas para atender aos

que passaram dentro do número de vagas, atender aos que conseguiram uma vaga na

Justiça, por força de liminar e atender, ainda, aos candidatos excedentes do número

inicial de vagas, que no interesse da Administração Pública são chamados dentro da

validade do concurso.

Gráfico 16 – Ingresso do aluno na AISP, por categoria e por sexo (1998/2014).

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

O gráfico 16 é um desdobramento da tabela 8, onde é possível perceber que

24,11% (95) dos alunos dos cursos de formações para o cargo de Delegado de Polícia

Civil (DPC), são do sexo feminino. 53,36% (159) dos alunos dos cursos de formações

para o cargo de Escrivão de Polícia Civil (EPC) são do sexo feminino e apenas 14,05%

(130) dos alunos dos cursos de formações para o cargo de Investigador de Polícia Civil

(IPC) são do sexo feminino.

Ainda no gráfico 16, estão elencadas apenas as categorias que em toda a

história da Polícia Civil do Estado do Maranhão, ocupam um mesmo espaço físico para

desempenharem as atividades típicas da Polícia Judiciária. Por tradição ou por

0

200

400

600

800

1000

DPC EPC IPC

394 298

925

95 159 130

Masculino Feminino

24,11% 53,36% 14,05%

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conveniência do contexto político da época, as unidades policiais foram construídas

para atender as necessidades do servidor do sexo masculino, e, destes, apenas os

pertencentes à categoria dominante. E ainda em muitos locais essas estruturas

continuam sem alterações nos dias atuais, visto que os móveis não atendem às

exigências ergonométricas, causando graves transtornos para a saúde dos seus usuários,

principalmente o escrivão que passa o dia todo nas unidades policiais, bem como o

desenho arquitetônico das construções, em especial, dos cômodos e acessórios neles

contidos refletem e medem o valor que a Instituição, ao longo dos anos, dispensou a

cada uma das categorias.

Por outro lado, conscientizar sobre as necessidades de modificações nos

ambientes físicos das unidades policiais, para atender às particularidades dos

profissionais do sexo feminino, principalmente em relação à privacidade quanto ao uso

de banheiros e de alojamentos, fato que só se observa ao atendimento dessas

exclusividades para os Delegados. As institucionalizações das desigualdades e dos

privilégios, formalizados nas normas e reproduzidos nos espaços físicos contribuem

para as diferentes modalidades de abusos, que comumente acontecem nas relações

interpessoais.

Figura 7 - Interior do cartório do Plantão Central da Cidade Operária.

Fonte: SOARES, 2015.

COLCHÃO UTILIZADO PELA ESCRIVÃ

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Figura 8 – Interior do cartório do 19º DP Jardim Tropical.

Fonte: SOARES, 2013.

Gráfico 17 – Ingresso do aluno na AISP, por categoria e por sexo (1998/2014).

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

O gráfico 17 também é um desdobramento da tabela 8 e traz exclusivamente

dados das categorias que compõem a Polícia Técnico Científica dos quadros da Polícia

Civil, onde é possível perceber que 31,52% (29) dos alunos dos cursos de formações

para o cargo de Perito Criminal (PC), são do sexo feminino. 37,78% (17) dos alunos dos

cursos de formações para o cargo de Médico Legista (ML) são do sexo feminino. 140%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

PC ML OL FL APML

92

45

5 7

23 29

17 7 2 8

INGRESSO NA AISP POR CATEGORIA E POR SEXO Masculino Feminino

31,52%

37,78%

28,57% 140% 34,78%

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(7) dos alunos dos cursos de formações para o cargo de Odontolegista (OL) são do sexo

feminino. 28,57% (2) dos alunos dos cursos de formações para o cargo de Farmacêutico

Legista (FL) são do sexo feminino e apenas 34,78% (8) dos alunos dos cursos de

formações para o cargo de Auxiliar de Perícia Médico Legal (APML) são do sexo

feminino.

Embora se desconheça as particularidades dos espaços físicos em que essas

categorias atuam, percebe-se que a acentuada desigualdade entre o número de Médicos

Legistas e de seus auxiliares, os Auxiliares de Perícia Médico Legal, são terrenos férteis

para que aconteça a exploração da mão de obra desses últimos.

2.1 O Perfil dos profissionais Escrivães

Gráfico 18 – Identificação do Escrivão de Polícia Civil, segundo a faixa etária (2014).

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

O gráfico 18 revela que a faixa etária varia de 20 a 60 anos, sendo que

42,8% (59) dos entrevistados estão na faixa etária de 31 a 40 anos, 41,3% (57) estão

entre 20 e 30 anos, 12,3% (17) estão entre 41 e 50 anos e apenas 3,6% (5) estão na faixa

etária de 51 a 60 anos.

Os dados indicam que a grande maioria dos que se dispuseram a participar

da pesquisa foram aqueles que estão na faixa etária compreendida entre 20 e 40 anos.

41,3%

42,8%

12,3%

3,6%

FAIXA ETÁRIA

20 a 30 anos 31 a 40 anos 41 a 50 anos 51 a 60 anos

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Gráfico 19 – Identificação do Escrivão de Polícia Civil, segundo o sexo (2014).

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

No gráfico 19, percebe-se a participação entre homens e mulheres com

percentuais próximo um do outro com 57,2% (79) dos entrevistados do sexo masculino

e 42,8% (59) do sexo feminino.

Gráfico 20 – Dados de identificação do Escrivão de Polícia Civil, segundo o estado civil

(2014).

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

Os dados do gráfico 20 apontam que 46,4% (64) dos pesquisados são

casados, 42,8% (59) são solteiros. Os que optaram pela união estável somam 8% (11) e

em igual número 1,4 % (2) estão os separados judicialmente ou divorciados.

57,2%

42,8%

SEXO

Masculino Feminino

42,8%

46,4%

8%

1,4% 1,4%

ESTADO CIVIL

Solteiro (a) Casado (a) União Estável

Separado judicialmente Divorciado (a)

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Gráfico 21 – Percentual dos entrevistados, segundo o regime de trabalho (2014).

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

O gráfico 21 revela que a maioria dos entrevistados 65,2% (90) trabalha em

regime de 8 horas diárias, 10,1% (14) trabalham em sistema de plantão de 12 horas nos

dias úteis e de 24 horas nos finais de semana, 8,7% (12) trabalham 6 horas diárias e em

igual percentual 1,4% (2) estão os que fazem plantão de 12 horas e de 24 horas.

Outros horários foram apontados por 12,3% (17) dos pesquisados. Como:

Expediente de 8 horas intercalado por escala de plantão noturno de 12 horas

(de segunda a sexta) e de 24 horas (sábado, domingo e feriados) (Escrivão, 1

a 5 anos de serviço).

Expediente de 8h diárias concorrente com plantões de 12h nos dias úteis e de

24h nos finais de semana e feriados. (Escrivão, 6 a 10 anos de serviço).

Expediente de 8 horas e uma vez por mês plantão fim de semana, começando

na sexta meio dia terminando na segunda às 08h, sendo que a folga do

plantão é de 48h, esta escala foi determinada pelo Regional no mês de

julho/2014, estando sendo discutida pelos EPCs desta Regional. (Escrivão, 1

a 5 anos de serviço)

Além do expediente, os escrivães fazem 48h de plantão um final de semana

por mês seguido por uma folga de 48h à escolha do escrivão. (Escrivão, 1 a 5

anos de serviço).

Expediente e plantão no sistema de “sobreaviso” durante a semana das 18h às

08h do dia seguinte e no final de semana sobreaviso de 24h iniciando às 8h e

terminando às 8h do dia seguinte, com uma folga de 48h após o sobreaviso

de 24h. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).

Normalmente 8 horas, podendo ultrapassar, pois trabalho 02 (dois)

expedientes e almoço na Delegacia. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).

8,7%

65,2% 1,4%

1,4%

10,1%

12,3% 0,7%

REGIME DE TRABALHO 6 horas 8 horas Plantão 12 horas

Plantão 24 horas Plantão 12/24 horas Outros

Não responderam

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51

O gráfico 21 com comentários reflete a realidade, isto é, os horários de

trabalho na Polícia Civil. Nesta, o Art. 1° - da Portaria nº 011/2012 - DG/PC/MA,

publicada no DO/MA, de 26-01-2012, sobre a jornada de trabalho diz: “Passa a vigorar

a jornada de trabalho de 08 (oito) horas diárias para o exercício das funções de

delegado, investigador, escrivão e comissário, em todas as Unidades de Polícia

Judiciária do Estado do Maranhão, observando o art. 14 da Lei nº 8.508/2006”.

O Art. 2° da citada portaria estabelece nos sistemas de plantões horários em

que: “os plantões mínimos sejam de 12 (doze) por 24 (vinte e quatro) horas, e os

máximos, de 24 (vinte e quatro) por 72 (setenta e duas) horas”.

Consta publicada no Diário Oficial/MA, do dia 31-10-2014, a Instrução

Normativa nº 04/2014, de 10-10-2014, que normatiza e disciplina, na Região

Metropolitana de São Luís, o serviço público policial civil dos Plantões Centrais e

Plantões Extraordinários da Polícia Civil, da Superintendência de Polícia Civil da

Capital (SPCC), todavia, mais recentemente consta a Portaria nº 320/2016 –

GAB/SSP/MA, datada de 30 de março de 2016, publicada no DO/MA, nº 061, de 04-

04-2016, sobre o horário de funcionamento dos plantões e demais unidade da Polícia

Civil na Região Metropolitana de São Luís, determina:

Art. 1º Fica instituído o seguinte horário de funcionamento dos Plantões e

demais unidades da Polícia Civil na Região Metropolitana de São Luís:

a) Plantões: segunda à sexta – das 18h às 08h / sábados, domingos e feriados

– das 08h às 08h do dia seguinte;

b) Demais unidades de Polícia Civil: segunda à sexta-feira, das 08h às 12h e

das 14h às 18h, ressalvada a continuidade da atividade policial fora desse

horário, devendo permanecer na unidade Policial Civil servidor policial no

horário do intervalo para o atendimento das demandas. (MARANHÃO, 2016,

não paginado).

A Região Metropolitana de São Luís, além do Plantão de Homicídios, que

funciona na Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa, situada no Bairro São

Francisco, conta com cinco plantões centrais, quais sejam: Plantão Central do Bom

Menino, situado no centro da Capital; Plantão Central da Vila Embratel, situado no

Bairro Vila Embratel; Plantão Central da Cidade Operária, situado no Conjunto Cidade

Operária; Plantão Central do Cohatrac, situado no Conjunto Cohatrac e Plantão Central

do Maiobão, situado no Conjunto Maiobão. Com exceção do Plantão Maiobão, que se

encontra situado no município de Paço do Lumiar - MA, os demais plantões se

encontram situados no município de São Luís - Capital do Estado do Maranhão.

Por outro lado, a Instrução Normativa nº 02/2016 – DGPC/MA, de 18-05-

16, publicada no DO/MA, de 02-06-2016, disciplina as delegacias subordinadas à

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Superintendência de Polícia Civil do Interior, o serviço público policial civil dos

Plantões das Delegacias Regionais da Polícia Civil. No interior do Estado do Maranhão

a Polícia Civil conta com 18 (dezoito) Delegacias Regionais de Polícia Civil, nas quais

acontecem os 18 (dezoito) plantões centrais do interior.

A Instrução Normativa nº 02/2016 - DGPC/MA estabelece para o interior o

funcionamento dos plantões centrais conforme seu artigo 5º e parágrafos 1º e 2º, ou

seja:

Art. 5º. O plantão iniciar-se-á às 18:00hs da sexta-feira e terminará às

08:00hs da segunda-feira, sendo que os Delegados, Escrivães, Comissários e

Investigadores plantonistas do final de semana terão direito a folgas.

§1º. Os policiais civis plantonistas terão folgas a serem gozadas em dois

períodos: 1. a partir da segunda-feira após o término do plantão até a quarta-

feira da mesma semana, retornando às atividades no expediente normal na

quinta-feira às 08:00hs até às 18:00hs de sexta-feira; 2. a partir das 8:00hs de

quinta-feira da semana subsequente, somente retornando às atividades às

08:00hs de segunda-feira da semana seguinte.

§ 2º. As folgas divididas em dois períodos devem-se o alcance de uma maior

eficiência e melhor prestação (de serviços) de polícia judiciária à sociedade

maranhense nos municípios do interior, evitando a paralisação de

investigações policiais, por 05 (cinco) dias úteis ininterruptos.

Todavia é importante atentar tanto para o Art. 14, do Estatuto da Polícia

Civil, aprovado através da Lei nº 8.508, de 27-11-2006, que estabelece que: “O

exercício da atividade policial civil é de no mínimo 40 (quarenta) horas semanais,

vedada a acumulação remunerada de cargo, excetuando-se as constitucionalmente

previstas, desde que haja compatibilidade de horário.” Como para o inciso XIII, do Art.

7° da Constituição Federal de 1988, que ao conferir os direitos dos trabalhadores

urbanos e rurais, determina: “duração do trabalho normal não superior a oito horas

diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução

da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho”.

Convém destacar que os serviços de plantões em uma mesma instituição

policial acontecem rotinas de atividades idênticas tanto na Região Metropolitana de São

Luís, denominada Capital, como nas Delegacias Regionais, denominadas Interior. Para

a Região Metropolitana de São Luís a Portaria 320/2016 – GAB/SSP/MA, fixa e

define escalas de plantões com jornada de 14 (catorze) horas em dias úteis e plantões

com jornada de 24 (vinte e quatro) horas nos dias de sábados, domingos e feriados,

sendo que em ambos os casos corresponderão 72 (setenta e duas) horas de folga.

Enquanto que para o Interior o artigo 5º da Instrução Normativa 002/2016, diz: “O

plantão iniciar-se-á às 18:00hs da sexta-feira e terminará às 08:00hs da segunda-feira,

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sendo que os Delegados, Escrivães, Comissários e Investigadores plantonistas do final

de semana terão direito a folgas.”

Isto representa abusos e explorações nas atividades policiais dentro das

unidades policiais civis no interior do Estado do Maranhão, visto que é humanamente

desgastante para o ser humano passar 62 (sessenta e duas) horas de plantão dentro de

um local com tanta carga de estresse como é próprio das atividades de Polícia Civil,

principalmente para o Escrivão que é o primeiro a chegar e o último a sair. Além disso,

as folgas estabelecidas para o plantonista pela referida Instrução Normativa não

correspondem a 180 horas de folgas, como deve ser de direito para cada jornada de 62

horas.

Gráfico 22 – Percentual dos entrevistados, segundo o local de lotação (2014).

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

O gráfico 22 respectivamente elenca a participação dos entrevistados por

locais de lotação, sendo que 52,9% (73) dos participantes estão lotados: na

Superintendência de Polícia Civil do Interior (SPCI), 38,4% (53) na Superintendência

de Polícia Civil da Capital (SPCC), 5,1% (7) na Superintendência Estadual de

Investigações Criminais (SEIC), 1,4% (2) na Corregedoria, também 1,4% (2) apontaram

outra lotação e os que não responderam somam 0,7% (1).

38,4%

52,9%

5,1% 1,4% 1,4% 0,7%

LOTAÇÃO

SPCC SPCI SEIC CORREG OUTRA Não responderam

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Gráfico 23 – Percentual dos entrevistados, segundo a quantidade de Delegados que lhes

repassam determinações e tarefas (2014).

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

O gráfico 23 evidencia a quantidade de Delegados que repassam

determinações e tarefas aos Escrivães, ou seja, 53,6% (74) dos pesquisados disseram

que recebem determinações e tarefas de apenas um Delegado, 23,9% (33) disseram que

essas determinações e tarefas são provenientes de dois Delegados, 14,5% (20)

indicaram que recebem determinações e tarefas de três Delegados, 4,3% (6) apontaram

quatro ou mais Delegados que lhes repassam determinações e tarefas, 1,4% (2) estão os

que mencionaram não ter Delegado na sua unidade de trabalho e apenas 0,7% (1) não

respondeu.

Também 1,4% (2) dos pesquisados mencionaram a opção outros, apontando

que:

Geralmente as determinações são provenientes apenas do Delegado titular do

Distrito onde sou lotado, entretanto, com certa frequência, o Delegado

Regional passa por cima da autoridade do Delegado Distrital e requisita

nossos serviços para a realização de trabalhos alheios à UPJ de lotação. O

mesmo ocorre com os IPC`s. (Escrivão, 6 a 10 anos de serviço).

53,6% 23,9%

14,5%

4,3%

1,4% 1,4% 0,7%

ORIGEM DAS DETERMINAÇÕES E TAREFAS Apenas um Delegado

Dois Delegados

Três Delegados

Quatro ou mais Delegados

Não tem Delegado na

minha unidade de trabalho Outros

Não respoderam

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Figura 9 - Procedimentos a cargo de um Escrivão na Delegacia Especial da Cidade

Operária.

Fonte: SOARES, 2014.

Figura 10 – Procedimentos a cargo de um Escrivão na Delegacia Especial da Cidade

Operária.

Fonte: SOARES, /2015.

As figuras 9 e 10, além de mostrarem a quantidade de procedimentos a

cargo de um único Escrivão retratam as minúsculas dimensões do cartório e os móveis,

principalmente a inadequada cadeira.

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Gráfico 24 – Percentual de entrevistados, segundo a feitura de APF/AAF, sem a participação de

um Delegado de Polícia. O Escrivão no cartório e ele no gabinete ou ausente da

delegacia (2014).

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

Os resultados do questionamento se o escrivão já fez Auto de Prisão em

Flagrante (APF) e Auto de Apreensão em Flagrante (AAF) sozinho, sem a participação

de um Delegado de Polícia. O Escrivão no cartório e ele no gabinete ou ausente da

delegacia, conforme gráfico 24 apresentam resultados, ou seja, 29% (40) disseram que

fizeram várias vezes, 23,2% (32) afirmaram que fazem e continuam fazendo, a

participação do Delegado consiste em assinar as peças do APF/AAF, 20,3% (28),

responderam que fizeram poucas vezes, 16,7% (23) alegaram que fazem quase sempre e

apenas 10,9% (15) disseram que nunca fizeram.

O Auto de Prisão em Flagrante e o Auto de Apreensão em Flagrante são

procedimentos que acontecem diariamente nas unidades policiais, cuja presidência da

sua lavratura compete à autoridade policial, como bem preceitua o Art. 10 da Instrução

Normativa n° 002/2012, publicada no DO/MA de 23-05-2012, que estabelece:

“Compete à autoridade policial, discricionariamente, instaurar o procedimento policial

adequado em todos os casos em que se verificar infração penal de ação pública

incondicionada, e nos de ação pública condicionada ou privada, quando preenchidos os

requisitos de procedibilidade.”

10,9%

29%

20,3%

16,7%

23,2%

EPC E A FEITURA DE APF/AAF SEM A PARTICIPAÇÃO

DO DELEGADO Nunca fiz

Fiz várias vezes

Fiz poucas vezes

Faço quase sempre

Fiz e continuo fazendo, a participação do Delegado consiste em assinar as peças do

APF/AAF

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O Código de Processo Penal no seu Art. 304, sobre a prisão em flagrante diz

que: “Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá o condutor e colherá, desde

logo, sua assinatura, entregando a esta cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em

seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanham e ao interrogatório do

acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas

assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto.”

Tabela 9 – A rotina dos conduzidos em ocorrências de fatos que podem resultar em APF/AAF

na unidade policial do entrevistado (2014).

Variáveis/Níveis f %

Rotina dos conduzidos na unidade policial

Ao chegar na permanência, o atendente leva o fato ao conhecimento do

Delegado que analisa o caso e decide o tipo de procedimento a ser feito

e participa da lavratura deste

49 35,5

Ao chegar na permanência, o atendente leva o fato ao conhecimento do

Delegado que analisa o caso e decide o tipo de procedimento e a

tipificação e transfere ao Escrivão para que, sozinho, realize o

procedimento

48 34,8

Ao chegar na permanência, o atendente na ausência do Delegado na

Delegacia, leva o fato direto ao cartório para que o Escrivão decida

sobre o tipo de procedimento a ser feito, tipifique este e proceda a

lavratura do procedimento.

10 7,2

Ao chegar na permanência, o atendente, com ou sem Delegado na

Delegacia, leva o fato direto ao cartório para que o Escrivão decida

sobre o tipo de procedimento a ser feito, tipifique este e proceda a

lavratura do procedimento.

15 10,9

Nesta unidade policial não são conduzidas pessoas para a lavratura de

APF/AAF

4 2,9

Outros 12 8,7

Total 138 100,0

A tabela 9, mostra como acontece a rotina dos conduzidos em ocorrências

de fatos que podem resultar em Auto de Prisão em Flagrante (APF) e Auto de

Apreensão em Flagrante (AAF) na unidade policial do entrevistado. Resultando nas

respostas praticamente um empate entre os pesquisados que disseram que ao chegar na

permanência o atendente leva o fato ao conhecimento do Delegado o qual analisa o caso

e decide qual procedimento a ser feito e participa da lavratura deste com 35,5% (49) e

os que afirmaram que ao chegar na permanência o atendente leva o fato ao

conhecimento do Delegado o qual analisa o caso e decide qual procedimento e a

tipificação e transfere ao Escrivão para que, sozinho, realize o procedimento 34,8%

(48).

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Dos entrevistados, 10,9% (15) revelaram que ao chegar na permanência o

atendente, com ou sem Delegado na Delegacia, leva o fato direto ao cartório para que o

Escrivão decida sobre o tipo de procedimento a ser feito. Uma vez tipificado, procede a

lavratura do ato, 8,7% (12) dos pesquisados apontaram outros – outras situações

diferentes das mencionadas no questionário, 7,2% (10) dos entrevistados mencionaram

que ao chegar na permanência o atendente, na ausência do Delegado na Delegacia, leva

o fato direto ao cartório para que o Escrivão decida sobre o tipo de procedimento a ser

feito, tipifique este e proceda a lavratura do procedimento. Além disso, 2,9% (4)

responderam que na unidade policial deles não são conduzidas pessoas para a lavratura

de APF/AAF.

Ao chegar na permanência o atendente sempre, com ou sem Delegado na

Delegacia, leva o fato direito ao cartório para que o Escrivão entre em

contato com o Delegado para que este decida sobre o tipo de procedimento a

ser feito. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).

Ocorre o mesmo que indicado no item 4, entretanto, com frequência, recuso-

me tomar quaisquer decisões, deixando tal atribuições para o Delegado da

UPJ ou Delegado Plantonista. Também costumo me recusar a lavrar os

procedimentos sozinho, entretanto, em geral, tais recusas são inócuas.

Também há constantes ameaças em ser encaminhado para responder

procedimento na Corregedoria em razão dessas recusas. (Escrivão, 6 a 10

anos de serviço).

Leva ao Delegado e este leva ao conhecimento do Escrivão e as vezes

participa da lavratura do APF ou AAF. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).

Ao chegar na permanência o atendente, na ausência do Delegado na

Delegacia, leva o fato direto ao cartório para que o Escrivão entre em contato

com o Delegado responsável pela Unidade Policial e este decida sobre o tipo

de procedimento a ser feito, tipifique e o Escrivão lavra o APF, com ou sem o

Delegado e o mesmo assina posteriormente. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).

Ao chegar na permanência o atendente leva o fato ao conhecimento do

Delegado que analisa o caso e decide o tipo de procedimento a ser feito e

participa por vez da lavratura deste. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).

Cada delegado procede de uma maneira, a maioria deixa o escrivão fazendo

os procedimentos sozinhos, mas há também os que colaboram ditando e

ainda aqueles que apenas ficam de corpo presente mas não participam, tendo

o escrivão que digitar e fazer as perguntas sozinho. (Escrivão, 1 a 5 de

serviço).

O Código de Processo Penal no artigo 6º e incisos IV e V define como

indispensável a participação da autoridade policial, pois em tal artigo consta que:

Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade

policial deverá: [...] IV - ouvir o ofendido; V – ouvir o indiciado, com

observância que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título VII, deste

Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que lhe

tenham ouvido a leitura.

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Gráfico 25 – Percentual dos entrevistados que faz audiências sem a presença de um Delegado

(2014).

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

O percentual de escrivães que realiza audiências sem a presença de um

Delegado nas unidades policiais, aparece no gráfico 25. Constatando-se 30,4% (42) dos

pesquisados responderam que nunca fizeram. 27,5% (38) que fizeram várias vezes.

25,4% (35) informaram poucas vezes. 10,9% (15) fizeram e continuam fazendo e 5,8%

(8) responderam que fazem, quase sempre.

Gráfico 26 – Percentual dos entrevistados, segundo suas participações na confecção das

portarias dos procedimentos (2014).

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

30,4%

27,5%

25,4%

5,8% 10,9%

AUDIÊNCIAS FEITAS POR ESCRIVÃO, SEM A PRESENÇA DE UM DELEGADO

Nunca fiz Fiz várias vezes Fiz poucas vezes

faço quase sempre Fiz e continuo fazendo

13,0%

36,2% 23,2%

27,5%

PARTICIPAÇÃO DO ESCRIVÃO NAS PORTARIAS DOS PROCEDIMENTOS

Apenas digito o conteúdo

manuscrito ou ditado pelo

Delegado

Já recebo do Delegado

elaborada, pronta para a

autuação do procedimento

Determino o conteúdo,

digito este e faço a

autuação do procedimento

Não faço portarias

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O gráfico 26, revela como acontece a participação do Escrivão na confecção

das portarias dos procedimentos. Sendo que a maioria 36,2% (50) dos pesquisados

responderam que já recebem do Delegado elaborada, pronta para a autuação do

procedimento. 27,5% (38) disseram que não fazem portarias. 23,2% (32) revelaram que

determinam o conteúdo, digitam e fazem a autuação do procedimento e 13% (18)

apontaram que apenas digitam o conteúdo manuscrito ou ditado pelo Delegado.

Segundo a Instrução Normativa nº 002/2012 – DGPC/MA, publicada no

DO/MA, de 23-05-2012, na Polícia Civil do Estado do Maranhão são duas as formas de

se iniciar o inquérito policial e o auto de investigação de ato infracional, a saber: “I -

através de auto de prisão em flagrante delito ou de apreensão em flagrante de ato

infracional, conforme o caso; II – por portaria, nas demais situações, inclusive nas

requisições dos juízes ou promotores de justiça.”

O Art. 10 da mencionada Instrução Normativa, estabelece: “Compete à

autoridade policial, discricionariamente, instaurar o procedimento policial adequado em

todos os casos em que se verificar infração penal de ação pública incondicionada, e nos

de ação pública condicionada ou privada, quando preenchidos os requisitos de

procedibilidade.”

Gráfico 27 - Percentual geral dos entrevistados, segundo suas participações nos relatórios dos

procedimentos (2014).

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

No gráfico 27, encontra-se demonstrada a maneira como acontece a

participação do Escrivão na elaboração dos relatórios dos procedimentos. Constata-se

6,5%

52,9% 8,0%

31,9%

0,7%

PARTICIPAÇÃO DO ESCRIVÃO NOS RELATÓRIOS DOS PROCEDIMENTOS

Apenas digito o conteúdo

manuscrito ou ditado pelo

Delegado

Já recebo do Delegado

elaborado, pronto para

encartar nos autos

Determino o conteúdo,

digito este e faço o

encarte nos autos

Não faço relatórios

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61

que a maioria 52,9% (73) dos pesquisados responderam que já recebem do Delegado

elaboradas, pronta para a autuação do procedimento. 31,9% (44) disseram que não

fazem relatórios. 8,0% (11) revelaram que determinam o conteúdo, digitam e fazem o

encarte nos autos. 6,5% (9) apontaram que apenas digitam o conteúdo manuscrito ou

ditado pelo Delegado e 0,7% (1) não respondeu.

Tabela 10 – Questionamento sobre como está acontecendo as oitivas de investigados, de

testemunhas e de vítimas nas unidades policiais dos entrevistados (2014).

Variáveis/Níveis f %

O DPC realiza em parceria com o EPC os interrogatórios dos investigados. 13 9,4

Os interrogatórios dos investigados e as oitivas das testemunhas e vítimas o

DPC realiza em parceria com o EPC.

27 19,6

O DPC não realiza as oitivas de investigados, nem de testemunhas, nem de

vítimas. Essas atividades são realizadas pelo EPC sem a participação do DPC.

20 14,5

O DPC realiza apenas os interrogatórios dos investigados, em parceria com o

EPC, e este realiza as oitivas de testemunhas e de vítimas sem a participação

do DPC.

24 17,4

Os interrogatórios são feitos apenas pelo EPC acompanhado de um

Investigador de Polícia.

7 5,1

Os interrogatórios são feitos pelo EPC ficando este sozinho no cartório com o

interrogado.

12 8,7

Quando se trata de interrogatórios de investigados, os trabalhos têm a

participação do DPC, do EPC e de outro profissional.

10 7,2

Outros 25 18,1

Total 138 100,0

A tabela 10 demonstra como acontecem as oitivas de investigados, de

testemunhas e de vítimas. Resultando, em 19,6% (27) dos pesquisados revelaram que os

interrogatórios dos investigados e as oitivas das testemunhas e vítimas o DPC realiza

em parceria com o EPC. 18,1% (25) dos pesquisados marcaram a opção outros. 17,4%

(24) disseram que o DPC realiza apenas os interrogatórios dos investigados em parceria

com o EPC e este realiza as oitivas de testemunhas e vítimas, sem a participação do

DPC. 14,5% (20) indicaram que o DPC não realiza as oitivas de investigados, nem de

testemunhas, nem de vítimas. Essas atividades são realizadas pelo EPC sem a

participação do DPC. 9,4% (13) responderam que os interrogatórios dos investigados o

DPC realiza em parceria com o EPC. 8,7% (12) revelaram que os interrogatórios são

feitos pelo EPC ficando este sozinho, no cartório, com o interrogado. 7,2% (10)

disseram que quando se trata de interrogatórios de investigados, os trabalhos têm a

participação do DPC, do EPC e de outro profissional e 5,1% (7) responderam que os

interrogatórios são feitos apenas pelo EPC acompanhado de um Investigador de Polícia.

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62

Por vezes interrogo sozinho e noutras em parceria com o DPC. O mesmo

ocorre com os demais tipos de oitivas. (Escrivão, de 1 a 5 anos de serviço).

Às vezes vítimas e testemunhas são ouvidas sem a presença do DPC mas no

caso dos investigados o DPC participa realizando as perguntas. (Escrivão, 1 a

5 anos de serviço).

Já fiz por várias vezes os interrogatórios dos investigados, oitiva de

testemunhas e vítimas sozinho, mas também o DPC fez em parceria comigo

estes mesmos procedimentos. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).

Isto é muito relativo, é diferente quando estamos na delegacia e quando

estamos no plantão, o que torna mais difícil ainda para responder, porque em

cada plantão temos DPC diferentes. Cada um trabalha de forma diversa.

(Escrivão, 16 a 20 anos de serviço).

Os interrogatórios dos investigados, testemunhas e vítimas são divididos,

sendo que o DPC realiza as oitivas no gabinete na companhia de um IPC ou

sozinho e o EPC no cartório na maioria das vezes sozinho. (Escrivão, 5 anos

de serviço).

Ocorre a mescla de situação, o Delegado divide o trabalho enviando “grande

parte” para o Escrivão e parte para ele, sendo que geralmente as oitivas são

feitas sem a presença de um policial na sala. (Escrivão, de 1 a 5 anos de

serviço).

Normalmente os interrogatórios de investigados e as oitivas de testemunhas e

vítimas são feitos pelo EPC sozinho. Quando se trata de indivíduo já

conhecido na Delegacia como sendo perigoso, permanecem no cartório o IPC

ou o carcereiro ou até mesmo o DPC dando apoio ao EPC. O DPC orienta o

EPC sobre o tipo de pergunta a ser feita no caso concreto, mas normalmente

não permanece no cartório durante o procedimento. Acontece também do

próprio DPC fazer oitivas quando a Delegacia está muito cheia e o Escrivão

muito ocupado com flagrante ou outras oitivas. (Escrivão, de 0 a 1 ano de

serviço).

Na maioria das vezes o EPC realiza as oitivas de investigados e interrogados

sozinho sem a presença do Delegado. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).

A maioria das oitivas é realizada sem a presença do DPC. Apenas em crimes

mais graves ou de maior repercussão o DPC faz questão de estar presente nas

oitivas. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).

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Tabela 11 – Questionamento sobre a incidência de audiências, APF/AAF, portarias, oitivas de

investigados e relatórios que estão sendo feitos pelo Escrivão, sozinho, o porquê e

o que isso representa para os entrevistados (2014).

Opções f %

Não 50 36,2

Sim 88 63,8

Total 138 100,0

Por quê?

Na minha unidade policial não possui DPC ou outra

pessoa para realizar essa(s) atividade(s)

1/88 1,1

Foi determinado pelo DPC que o EPC as realize 13/88 14,8

Mesmo o DPC presente na unidade policial, este se

mantém arredio a tais atividades, fazendo com que a(s)

mesma(s) recaia(m) sobre o EPC

21/88 23,9

A falta de assiduidade do DPC faz com que essa(s)

atividade(s) recaia(m) sobre o EPC

0/88 0,0

É comum nesta unidade policial, mesmo o DPC se

encontrando na cidade, determinar que essa(s)

atividade(s) seja(m) realizada(s) pelo EPC e que a(s) leve

além–delegacia para ele assinar

7/88 8,0

Foi determinado pelo DPC que o EPC as realize, pois

com ou sem excesso de atividades policiais, o DPC não as

realiza

2/88 2,3

Foi/foram a(s) forma(s) encontrada(s) para suprir as

demandas de atividades que nesta unidade policial recaem

sobre o DPC

17/88 19,3

Tenho receio de dizer que essas atribuições são no

mínimo de competência da participação da Autoridade

Policial e, com isso, sofrer consequências

7/88 8,0

Outros motivos 20/88 22,7

Total 88 100,0

A tabela 11 demonstra o desdobramento de três questionamentos, sendo que

os dois primeiros consistem em identificar se as atividades comuns nas unidades

policiais como: audiências, Auto de Prisão em Flagrante (APF), Auto de Apreensão em

Flagrante (AAF), portarias, oitivas de investigados e relatórios os escrivães estão

realizando alguma dessas atividades/atribuições sozinhos e o porquê disso, resultando

em que a maioria dos pesquisados 63,8% (88) responderam que sim e apenas 36,2%

(50) responderam que não.

Os 88 que responderam sim apontaram os seguintes motivos: 23,9% (21)

disseram que mesmo o DPC presente na unidade policial, este se mantém arredio a tais

atividades, fazendo com que a(s) mesma(s) recaia(m) sobre o EPC. 19,3% (17)

responderam que foi/foram a(s) forma(s) encontrada(s) para suprir as demandas de

atividades que nesta unidade policial recaem sobre o DPC. 14,8% (13) apontaram que

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foi determinado pelo DPC que o EPC as realize. 8,0% (7) indicaram que é comum nesta

unidade policial, mesmo o DPC se encontrando na cidade, determinar que essa(s)

atividade(s) seja(m) realizada(s) pelo EPC e que a(s) levem além-delegacia para ele

assinar. Também 8,0% (7) manifestaram receio de dizer que essas atribuições são no

mínimo de competência da participação da Autoridade Policial e, com isso, sofrer

consequências. 2,3% (2) informaram que foi determinado pelo DPC que o EPC as

realize, pois com ou sem excesso de atividades policiais o DPC não as realiza e 1,1%

(1) disseram que na minha unidade policial não possui DPC ou outra pessoa para

realizar essa(s) atividade(s).

Enquanto que 22,7% (20) apontaram outros motivos, quais sejam:

Na maioria das vezes faço o APF sozinho, o DPC apenas assina. Isso

acontece com os DPC´s mais antigos. Com a chegada dos novos DPC´s este

quadro vem mudando, pois eles estão fazendo as suas atribuições

corretamente. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).

Já fiz audiências, interrogatórios, oitivas sozinha sem a presença da

autoridade policial e de nenhum investigador. (Escrivão, 1 a 5 anos de

serviço).

Apesar de chamar o DPC por várias vezes em seu gabinete, ele enrola e

quando resolve ir, atende o telefone e sai da sala, então eu continuo a pegar

os depoimentos e declarações sozinha. Nessas condições, ele ainda só ouve o

investigado, vítimas, testemunhas, ouço sozinha. (Escrivão, 6 meses de

serviço).

A delegada com quem trabalho também faz oitivas, ofícios, todas as

portarias, todos os relatórios, todas as representações, sozinha. Faço mais o

que é atribuição do escrivão e, eventualmente, faço oitivas sozinho, de

APFD, porque ela também ouve as pessoas envolvidas. (Escrivão, 1 a 5 anos

de serviço).

As atividades acima referidas são determinadas conforme a vontade do DPC,

é comum para mim realizar tais atividades sozinha, normalmente o DPC

participa de acordo com a gravidade ou repercussão do caso. Das atividades

acima descritas as únicas que nunca realizei foram Portaria e Relatório,

quando chegamos aqui logo demos um jeitinho de dizer aos delegados que

não faríamos relatório. E tudo deu certo por eles também serem novatos.

Atualmente estou trabalhando com um DPC do último concurso e ele tem

desempenhado as atribuições dele muito bem. Espero que não mude com o

tempo. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviços).

Apenas o APF/AAF e oitiva dos investigados são realizados sem a presença

do DPC, que na maioria das vezes fica em seu gabinete enquanto o

procedimento é realizado no cartório sem sua presença. (Escrivão, 1 a 5 anos

de serviço).

Atualmente não se faz mais Portaria e Relatórios pelo Escrivão, práticas

costumeiras outrora, mas os APF/AAF, se o Delegado não se encontra na DP,

são confeccionados e em seguida apenas assinados por ele. (Escrivão, 1 a 5

anos de serviços).

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Sempre se procedeu dessa forma na Especializada, ressaltando que o DPC

normalmente não fica no cartório junto com o EPC, permanecendo durante

todo procedimento no gabinete. O EPC colhe depoimentos, declarações e

prepara as demais peças, mas não faz relatório nem portaria. (Escrivão, 0 a 1

ano de serviço).

Tenho vergonha de dizer para o delegado que são suas atribuições. (Escrivão,

0 a 1 ano de serviço).

O meu motivo de muitas vezes realizar oitivas sozinho é relacionada ao

tempo para finalizar. Com a participação do delegado é mais demorado.

(Escrivão, 5 anos de serviço).

Se todos os procedimentos inerentes às atribuições do DPC forem realizadas

somente por eles, o engessamento das investigações é inevitável, haja vista a

grande demanda. Então, de forma a dar a maior contribuição possível à PC-

MA e à sociedade, me vejo obrigado a exercer atribuições que nem são

minhas, tapando mais um buraco deixado pelo Estado, que nunca priorizou a

segurança pública. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).

Faço no intuito de melhorar a imagem da Polícia Civil, como instituição,

perante a sociedade, assim como também para cobrir minhas ausências, nas

tardes de terças e quintas, onde o DPC “cobre” minhas ausências. (Escrivão,

6 a 10 anos de serviço).

Na maioria dos procedimentos, o DPC resume sua atividade apenas em

assinar oitivas, elaborar portarias e fazer relatórios, deixando todo o resto a

cargo do escrivão. No entanto, em casos de crimes mais graves, hediondos ou

que tenham uma maior repercussão, ou na cidade ou na mídia, o DPC faz

questão de estar presente nas oitivas e fazer as perguntas aos

depoentes/interrogados. Vê-se também o maior interesse do DPC em

participar das oitivas e audiências quando as partes se fazem acompanhar de

advogados. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).

Gráfico 28 – Dados sobre o que representa a realização de atribuições que não são dos

escrivães (2014).

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

8,0% 14,8%

64,8%

12,5%

O QUE AS ATIVIDADES DE COMPETÊNCIAS DA

PARTICIPAÇÃO DO DPC, QUANDO REALIZADAS APENAS

PELO EPC REPRESENTAM PARA ESTES

Um fato normal Um aprendizado Um abuso Não responderam

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Ainda no desdobramento da tabela 11, dos 88 pesquisados que responderam

afirmativamente sobre a realização, sozinhos, de atividades como audiências, Auto de

Prisão em Flagrante (APF), Auto de Apreensão em Flagrante (AAF), portarias, oitivas

de investigados e relatórios e o que isso representa para eles. A grande maioria 64,8%

(57) dos pesquisados apontaram que isso representa um abuso. 14,8% (13) indicaram

que isso representa um aprendizado. 12,5% (11) não responderam e 8,0% (7)

consideram isso um fato normal.

3 SURGIMENTO E PAPEL DA ASSOCIAÇÃO MARANHENSE DE

ESCRIVÃES DE POLÍCIA CIVIL

A Associação Maranhense de Escrivães de Polícia Civil (AMEPOL), além

de ser um sonho antigo da categoria de Escrivães de Polícia Civil, realiza-se por meio

desta pesquisa, pois, em que um dos questionamentos era sobre a ideia de criar uma

entidade associativa específica para representar e defender os interesses da categoria de

Escrivães de Polícia Civil do Estado do Maranhão, cujas respostas ao questionamento se

encontram representadas no gráfico 29.

Gráfico 29 - Ideia dos Escrivães de criarem uma associação ou união de Escrivães (2014).

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

91,3%

8,7%

CRIAR ASSOCIAÇÃO OU UNIÃO DE ESCRIVÃES

Sim

Não

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No gráfico 29 ficou demonstrado que 91,3% (126) dos pesquisados

validaram a ideia de os escrivães criarem uma associação ou união para a representação

dessa categoria e apenas 8,7% (12) dos entrevistados discordaram dessa criação.

Praticamente todos os respondentes que disseram sim para a criação da

associação ou união, apresentaram respostas ao questionamento. Respostas que

associam a criação dessa entidade à resolução de questões relacionadas ao

fortalecimento, a representatividade, a união, a valorização e aos alcances dos objetivos

comuns e coletivos da categoria de escrivães, bem como respostas relacionadas à

ampliação de direitos, melhorias das condições de trabalho e acima de tudo a associação

seria um suporte específico no amparo aos escrivães que se sentem injustiçados,

sobrecarregados e vitimados pelos abusos praticados no seu local de trabalho.

Entre tantas respostas dos pesquisados, destacamos algumas delas, entre as

quais, as que falam de:

Fortalecimento e valorização

Trabalhamos mais e não somos valorizados tanto quanto ignorados, no que

acredito ser um enorme desrespeito, uma tremenda ofensa à dignidade e ao

profissionalismo de nós Escrivães. Não vislumbro outra forma mais autêntica

de representatividade dos nossos reais e legais interesses senão por meio de

uma Associação Específica. (Escrivão, 21 a 25 anos de serviço).

Acredito que com a criação dessa associação ou união, possamos de maneira

mais objetiva, lutar pelos nossos direitos e valorizar cada vez mais esse cargo

composto de inúmeras atribuições que os tornam um grupo diferenciado

dentro da Polícia. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).

É relevante, pois dessa forma poderemos unir força e trabalhar em prol de

uma atividade cartorária mais humana e de acordo com a legislação.

(Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).

Não vislumbro a médio prazo melhorias para essas categorias de servidores

da secretaria que sejam realizadas pela mera atitude dos que estão na cúpula

da instituição. Sem que haja uma movimentação por parte dos próprios

servidores a tendência e a piora geral das condições de trabalho dos

escrivães. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).

Somente assim poderíamos lutar por melhores condições de trabalho,

valorização profissional que não existe e ser devidamente representado.

(Escrivão, 6 a 10 anos de serviço).

A associação fortalecerá a categoria dos Escrivães. Será determinante no

sentido de que nossas justas reivindicações sejam melhor apreciadas pela

autoridade constituída, visto tratar-se de um seguimento que possui

atribuições específicas dentro do quadro da Polícia Civil do Estado.

(Escrivão, 11 a 15 anos de serviço).

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Acredito que um cargo com tantas responsabilidades, deva ser melhor

representado e assessorado, devemos ter uma postura mais atuante. (Escrivão,

1 a 5 anos de serviço).

Acredito que tanto as atribuições quanto as necessidades e complexidade do

cargo de escrivão são bastante diferentes das de investigadores de polícia, o

que requer, com isso, uma união específica dos servidores daquele cargo para

alcançarmos melhorias. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).

Desigualdades e injustiças:

Vislumbrando fazer cumprir os preceitos inerentes à nossa função visto que a

Polícia, em tese, é comandada pelos DPCs e os mesmos já acreditam que

suas funções devem ser realizadas pelos EPCs, os quais são tidos como

subalternos daqueles, fato que acredito que pode ser mudado com nossa

associação ou União, o que ajudaria a erradicar com essa prática cotidiana

enraizada pelos DPCs, no que concerne ao exercício e desempenho de nossas

funções de escrivães. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).

Infelizmente na Polícia Civil, não sei se em todos os Estados, Investigadores

são considerados policiais, enquanto que, “nós” Escrivães, somos vistos

como funcionários públicos; nesse aproximadamente 06 (seis) anos como

Escrivão de Polícia, ainda não vi Escrivães ocupando qualquer cargo que seja

de confiança, como por exemplo dentro do ambiente do Sistema SIGO – os

Instrutores são Investigadores; A pergunta que eu faço é: QUEM

TRABALHA NO DIA-DIA DO SIGO? Respondo eu: SOMOS NÓS – POR

QUE NÃO INSTRUTORES OCUPANDO CARGO DE ESCRIVÃO? JÁ

QUE SOMOS NÓS QUEM VIVENCIAMOS O DIA-DIA DO CARTÓRIO?

Outro ponto para ser levantado/questionado, é a situação do Plantão, onde

vemos de 06 a 07 Investigadores para 01 Escrivão; o que vemos é:

“ESCALA DE SONO” (O FAMOSO ¼ DE HORA) para os Investigadores,

enquanto que o “ESCRIVÃO QUE SE VIRE” INJUSTIÇA”. (Escrivão, 1 a 5

anos de serviço).

A categoria é a mais cobrada e menos reconhecida. Ainda, porque, o

SINPOL não contempla os anseios dos escrivães de forma separada. Diante

disso muitos colegas desejam sair da Polícia ou mudar de cargo. (Escrivão, 6

a 10 anos de serviço).

Somos uma das classes mais exploradas dentro da PC. Somos mais

assediados, por estarmos mais próximos dos Delegados, desta forma

necessitamos de uma associação que entenda e atenda nossos anseios.

(Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).

Abusos:

Precisamos de apoio dos colegas para combater esse abuso em que o escrivão

faz todo o serviço do DPC, correndo risco de morte, como aconteceu com a

colega de Caxias. (Escrivão, 6 meses).

Porque os escrivães sofrem muita pressão, cobrança, e abusos por parte dos

delegados, e uma associação forte, que nos representasse bem, talvez inibiria

um pouco tais comportamentos, por gerar maior respeito. Ainda,

considerando que o trabalho do escrivão, inquestionavelmente, é o mais

intenso na polícia, o cargo precisa ser mais valorizado e melhor remunerado.

(Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).

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O abuso contra o EPC está inserido no meio policial como uma cultura.

Fazemos todo trabalho da Delegacia, incluindo boa parte do trabalho que

cabe ao DPC e somos remunerados de forma ridícula, comparado aos ganhos

das Autoridades e essa realidade precisa ser discutida e mudada. Uma

associação dará força àqueles que, por receio, medo de represálias ou

timidez, tem dificuldades em mudar sua postura frente aos abusos que sofrem

diariamente dos DPC`s. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).

É um meio de se tentar evitar os abusos cometidos pelas autoridades

policiais; lutar por melhores condições de trabalho para a categoria, entre

vários outros benefícios que são negados aos escrivães. (Escrivão, 1 a 5 anos

de serviço).

As arbitrariedades, o descaso, o abuso e a remuneração incompatível com o

cargo de Escrivão de Polícia fazem deste cargo um exemplo de exploração

humana dentro do serviço público de um estado democrático. (Escrivão, 1 a 5

anos de serviço).

Desumanização/Sobrecargas de Trabalhos:

A associação compreenderá melhor o problema relatado pela categoria de

escrivães e terá mais empenho para resolver os problemas por saber quais são

e de que maneira agir para que sejam respeitadas as atribuições do cargo de

escrivão, hoje sobrecarregadas por uma série de tarefas que são de

competência do delegado. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).

É uma classe sobrecarregada nas suas atividades e mal remunerada.

Absorvendo atribuições de todos na DP. (Escrivão, 5 meses de serviço).

Para valorização profissional do escrivão, que, na maioria das vezes, “carrega

nas costas” a unidade policial e, sequer, é reconhecido pelo seu superior

hierárquico. (Escrivão, 11 a 15 anos de serviço).

Porque vejo que os Escrivães têm um regime intenso e diferenciado de

trabalho e isso é pouco levado em conta. (Escrivão, 7 meses de serviço).

É bom que tenhamos uma Associação, pois, mesmo não nos desvinculando

do Sinpol, através dela, acredito que nossa classe tem mais chance de emergir

da escuridão que vivemos, pois somos atualmente obrigados a fazer, quase

sempre, todo trabalho do DPC e ganhando menos de um terço do que ele

ganha. Em nossa situação atual não conhecemos nem nossos colegas; quase

todos os IPCs se conhecem pelo menos de nome dentro da Polícia do

Maranhão, assim como acontece com os DPCs; EPCs são tão

sobrecarregados de trabalho, que a maioria não tem mais que dois ou três

números de contato telefônico de outro colega de função; não damos um

telefonema para as nossas esposas durante a jornada de trabalho; Até para

reivindicar algo, para nossa categoria é mais complicado, nos falta tempo,

somos os primeiros a chegar e os últimos a sair da delegacia, aliás, quem

ainda não ouviu dizer que numa delegacia pode até faltar o Delegado, mas o

Escrivão, jamais; pois que sem este ela não funciona? Já ouviu, não?

Inclusive de Delegados. Claro! Eles são os que mais nos falam isso. Nada

contra os DPCs, a não ser o fato de muitos deles ter como única justificativa

do que ganham, o suor do nosso trabalho. Eu digo muitos, porque sou ciente

de que há Delegados que são verdadeiros policiais; Delegados que entram no

mato e na lama da maré no meio da noite, arriscando a vida, perdendo noites

de sono, juntamente com sua equipe para que essa população ainda tenha um

pouco de confiança nessa instituição, mas há aqueles que são delegados (com

dê minúsculo) de direito, pois são concursados, mas não de fato, não sabem

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70

investigar e não sabem lidar com pessoas, tampouco gerir pessoas, são

apenas delegados de gabinetes e de aparecerem em programas fajutos de

televisão. Isto é um pouco do que penso. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).

[...] acho injusto e um abuso realizarmos quase todas as atividades do DPC

(digo quase todas em relação a mim, porque sei de muitos colegas que

realizam TODAS as atividades do delegado) e ainda por cima, não

ganharmos um terço do que eles recebem. É triste ver nossos colegas com

problemas como depressão e outros adoecendo em decorrência de uma carga

de trabalho desumana e ainda por cima, sempre correndo o risco de ser

prejudicado pelo “mais forte na hierarquia”: o DPC, que na grande maioria

das vezes nada faz, além de sobrecarregar ainda mais aquele que deveria ser

o seu maior aliado e parceiro no trabalho, o escrivão. (Escrivão, 1 a 5 anos de

serviço).

Gostaria de relatar o que ocorreu nesta semana comigo. O delegado da minha

UPJ estava de licença médica e ao ocorrer 2 flagrantes o delegado regional

ligou e mandou que o investigador me dissesse para fazer o APF e depois ele

ia mandar uma viatura para buscar o APF para ele assinar. Assim foi feito,

elaborei todo o APF apenas com a presença de um investigador para minha

segurança. No fim da tarde o delegado regional foi até minha UPJ para

assinar o APF e ainda comentou que havia pouca coisa do depoimento dos

condutores, mas infelizmente não respondi que não fui preparada para

realizar o procedimento que era para ser feito pelo delegado porque tenho

medo de retaliações como já aconteceu com outros colegas (serem mandados

para outros interiores distantes). Por esse e outros motivos acredito que a

necessidade de uma associação é de extrema valia. (Escrivão, 1 a 5 anos de

serviço).

Fortalecimento:

A associação fortalecerá a categoria dos Escrivães. Será determinante no

sentido de que nossas justas reivindicações sejam melhor apreciadas pela

autoridade constituída, visto tratar-se de um segmento que possui atribuições

específicas dentro do quadro da Polícia Civil do Estado. (Escrivão, 11 a 15

anos de serviço).

3.1 Abusos

3.1.1 “Gambiarras” na realização das atividades cartorárias de Polícia Judiciária

Existem atualmente dentro das unidades de polícia judiciária, atuando nas

delegacias de Polícia Civil do Estado do Maranhão, nas cidades do interior, em torno de

140 pessoas estranhas aos quadros ativos e de aposentados da Polícia Civil, com a

denominação de Escrivão Ad Hoc, realizando atividades e praticando atos de Preparação

Processual, como se fossem escrivães de carreiras. Os dados oficiais da Secretaria de

Estado da Gestão e Previdência (SEGEP) confirmam, em 16 de maio de 2016, a

existência de 315 Escrivães de Polícia Civil no quadro ativo da Polícia Civil.

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Gráfico 30 – Escrivães Ad Hoc (2016).

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

Extrai-se do gráfico 30, o quantitativo real de Escrivães de Polícia de

carreira existente em 16 de maio de 2016 nos quadros da Polícia Civil e com base em

levantamentos paralelos não oficiais, foi constatado haver em torno de 140 pessoas

alheias aos quadros da Instituição Polícia Civil e, consequentemente, alheias aos

quadros do Estado, atuando dentro das Delegacias de Polícias Civis do Estado do

Maranhão, realizando serviço essencial do Estado, de alta complexidade, em que

decisões sobre a vida e liberdade de pessoas são tomadas, como se escrivães de carreiras

fossem, ou seja, 44,44% (140) pessoas estão ocupando nas unidades policiais as vagas

de Escrivães sem ter sido submetido ao devido concurso público como definido no

inciso II do Artigo 37 da Constituição Federal, que assim diz: “[...] a investidura em

cargo ou emprego depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de

provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na

forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em

lei de livre nomeação e exoneração [...]” (BRASIL, 2015, p. 52).

A Constituição do Estado do Maranhão, em seu Artigo 118, proíbe para o

exercício da função policial por pessoas que não tenham sido recrutadas via concurso

público, isto é: “O exercício da função policial é privativo do policial de carreira,

recrutado exclusivamente por concurso público de provas e submetidos a cursos de

formação policial.” (MARANHÃO, 1999, p. 55).

0

100

200

300

400

Situação em 2016 Equivalência em %

315

100 140

44,44

Gambiarras nos provimentos de vagas

para atuar nas Delegacias de Polícia Civil

do Estado do Maranhão como Escrivães

ESCRIVÃO DE POLÍCIA AD HOC

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72

Neste contexto é importante mencionar que dos 138 pesquisados apenas

10,9% (15) responderam que nunca fizeram Auto de Prisão em Flagrante sozinho, ou

seja, sem a presença do Delegado, enquanto que todos os demais pesquisados

(Escrivães de Carreira), já fizeram ou estão fazendo tais procedimentos sozinhos. Fato

este que preocupa quanto à existência de Ad Hoc realizando atos de preparação

processual uma vez que há probabilidade de pessoas simples e desprovidas de meios

econômicos, conduzidas às delegacias como autores de crimes, serem condenadas

através de procedimentos iniciados por intermédio de uma “gambiarra” estatal.

Sem, contudo, mencionar a Constituição Federal, Lei Maior do País, apenas

tomando a Constituição do Estado do Maranhão, como modelo de Lei a ser respeitada,

que no seu Artigo 2º diz: “São fundamentos do Estado: [...] II a cidadania; III a

dignidade da pessoa humana [...]”, onde além do campo formal se situa essa cidadania e

a dignidade da pessoa humana, tanto para o preso quanto para esses Ad Hoc? Vítimas

dos abusos de um mesmo Estado.

Figura 11 - Cópia da página 8 da Constituição do Estado do Maranhão.

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73

Figura 12 - Cópia da página 55 da Constituição do Estado do Maranhão.

Figura 13 – Cópia da escala de plantão do mês de março/16, com Escrivães Ad Hoc, em Imperatriz.

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Figura 14 – Cópia da escala de plantão do mês de junho/16, com Escrivães Ad Hoc, em Imperatriz.

Neste cenário, a renomada doutrinadora Di Pietro (2012) enaltece a

participação do Ministério Público inibindo a locação de servidores terceirizados no

âmbito da Administração Pública, em detrimento dos quadros de servidores oriundos

dos concursos públicos. Diz tal autora que: “a tendência à terceirização em detrimento

dos quadros de servidores também está revertendo, na esfera federal, em decorrência de

ação civil pública promovida pelo Ministério Público, que levou o Governo Federal a

firmar termo de ajustamento de conduta para criação de cargos nos próximos anos”.

Desta forma, o desconhecimento ou a inobservância por parte do

MINISTÉRIO PÚBLICO, da existência de terceirizados realizando nas Delegacias de

Polícia, as funções de Escrivães, que é inerente ao cargo efetivo de Escrivão de Polícia,

cuja investidura deve ser por meio do Concurso Público, favorece a permanência da

violação dos nobres Princípios da Administração Pública e nesse caso específico o da

Legalidade, onde só cabe ao administrador fazer o que a lei permite.

No entanto, a adoção de escrivão ad hoc desempenhando suas atividades

como escrivão de cargo efetivo não é permitido por lei.

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3.1.2 Escalas de plantões sobreavisos

Na Instituição Polícia Civil do Estado do Maranhão, está acontecendo um

regime de trabalho fora do comum, em desacordo com a jornada de trabalho

estabelecida na legislação da Polícia Civil e nas normas trabalhistas. Trata-se da

modalidade de Plantão Sobreaviso, em que o Escrivão de Polícia Civil, além de

cumprir sua jornada diária de trabalho no expediente normal nas unidades policiais,

ainda é escalado numa - Escala de Sobreaviso – para, a qualquer hora, durante o

repouso noturno, ser chamado na unidade policial para realizar procedimentos, sem,

qualquer contrapartida em termos de folgas ou remuneratória por esses serviços

extraordinários. Fatos como esses vêm causando sérios transtornos à vida e à saúde do

profissional Escrivão de Polícia. Inclusive consigna-se a seguir, cópias de documentos

confirmando e denunciando essas práticas.

Figura 15 – Cópia do ofício ao Sinpol sobreaviso.

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Figura 16 – Cópias das escalas de plantões sobreaviso na 17ª Regional de Caxias.

Obs.: Sheila e Marcos são administrativos escalados como Ad Hoc para os plantões.

Figura 17 – Cópia do documento enviado ao MP de Caxias, em 2014, sobre as escalas de

sobreaviso.

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Percebe-se que a justiça de outros Estados, como o caso do Estado de Santa

Catarina, interveio quando acionada pelo Sindicato dos Policiais Civis do Estado de

Santa Catarina a favor dos Escrivães submetidos a escalas de trabalho em regime de

sobreaviso, conforme quadros e relatos a seguir:

Figura 18 – Decisão resultante do Processo nº 0307760-24-2014.8,24.0023.

Fonte: TJSC, 2016.

Transcrições do recorte da decisão.

1. O Tribunal de Justiça, por decisão monocrática de Desembargador

Substituto, entendeu que interlocutória anterior deste juízo é nula, recordando

que “’A decisão judicial não pode ser um ato autoritário, absolutista, que

nasce do arbítrio do julgador, sem qualquer razão que a justifique’”.

Malgrado minha surpresa com os termos empregados, a deliberação ficou

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prejudicada, visto que agora consta a resposta e poderei, então, reapreciar –

como fora prometido – a tutela de urgência postulada. Quer dizer, decido

neste momento não por força de deliberação do TJSC, mas porque

meramente chegou o momento processual próprio para tanto. Estou, aliás,

ainda mais convencido do proferido nas fls. 84, que foi rente à delicadeza dos

interesses em xeque, permitindo, agora sim, decisão que possa considerar

também os argumentos defensivos.

2. A petição inicial descreve que a Secretaria de Segurança Pública impõe

aos escrivães de polícia escalas de sobreaviso. Quer dizer, como é notório,

não se exige o cumprimento de uma jornada extraordinária na repartição, mas

existe a exposição a convocações. É, por assim dizer, um plantão, mas

cumprido à distância e com agravamento de poder ser efetivamente

necessária a todo instante a presença na delegacia ou órgão equivalente. Pelo

dito, esse invocado sobreaviso não se sobrepõe à escala ordinária de trabalho

(acumula-se!), muito menos é compensado com o pagamento de horas extras

pelo trabalho para além das usuais 40 horas hebdomadárias. Por isso, o autor

discorre sobre o estímulo operacional, que é a designação local para o

pagamento feito a título de horas extraordinárias. Elas, no consenso

jurisprudencial, devem ser pagas integralmente. Tira-se daí que, na falta de

previsão legal relativa ao sobreaviso, estar-se-ia diante de uma fraude aos

termos da Lei Complementar 137, conclusão – aos olhos do autor – que fica

reforçada ante ao Estatuto da Polícia Civil Estadual, pois mesmo a

indenização policial civil não eclipsa os limites quanto à jornada laboral. Por

isso o pedido para que cesse o sobreaviso, restringindo-se o trabalho a no

máximo quarenta horas semanais e mais quarenta horas extras mensais.

3. É de se afastar a arguição de impossibilidade jurídica do pedido. A tal

título, manifestamente o Estado cuida de temas atrelados ao mérito.

Confunde ação improcedente com ação inexistente, como censurava

Liebman.

4. Analisando, no mais, a defesa, vê-se que não existe uma base normativa

para permitir um sobreaviso, quer dizer, um estado de vigília em que o

servidor possa ser considerado – repetindo o antes dito – em um plantão à

distância. Obviamente, atos internos da Secretaria de Segurança não fazem

esse papel. O que se estabelece legalmente, tal qual resumido, é uma jornada

semanal de quarenta horas, às quais se podem editar horas extras (previstas

legalmente com um limitador de também quarenta, mas mensais). Quanto a

isso, na realidade, inicial e contestação convergem. A dissintonia está em

uma tese inverossímil do Estado, que pretende impor ao escrivão de polícia

uma permanente vigília, uma perspectiva imorredoura de ser convocado para

atender situações emergenciais. Isso é insustentável. A defesa estatal trata o

escrivão como alguém que não merece jamais o descanso, pois ficaria

submetido permanentemente a ser chamado à delegacia. É mais do que

evidente que todos fazem jus a repouso – e isso decorreria, quando menos,

das regras que protegem a dignidade da pessoa humana, como previsto

constitucionalmente. Por mais relevante e vocacionado que se imagine o

trabalho policial, isso não dá à Administração o poder de impedir que o

servidor se considere efetivamente desatrelado dos compromissos

profissionais nos períodos entre as jornadas. O labor perante a segurança

pública é relevante e exige sacrifícios, mas eles não vão ao ponto de renegar

um direito básico como aquele. Hipoteticamente até me parece defensável

que surgisse – se regulamentado por lei – um regime de sobreaviso. Ele

haveria de ter limites, é claro, mas também propiciaria uma proporcional

compensação financeira. Fora daí, mesmo forte a expressão, surgiria algo

mais próximo da escravidão do que do que uma lícita relação de trabalho.

Enfim, o Estado – mesmo tendo a oportunidade, que foi dada em

consideração à importância dos interesses subjacentes – não conseguiu nem

sequer de relance demonstrar que exista base legal para permitir convocações

de policiais a qualquer momento. Dito de outro modo, ainda que a Fazenda

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Pública renegue que exista uma escala de sobreaviso, acaba defendendo

(mesmo sem esse nome) que isso ocorre e que seria merecido. Cumpre

enfatizar que a indenização do art. 189 do Estatuto da Polícia Civil em

nenhuma hipótese pode ser considerada como uma autorização para livre

convocação do servidor. Ela procura compensar um desgaste maior que esses

profissionais sofrem, mas lá não está dito - e se estivesse seria

inconstitucional – que não haja limites à jornada de trabalho ou que o

servidor deve estar em constante alerta, na espera de chamados. Dito de

forma abreviada, o fato é que o Estado defende que o policial civil assuma

um compromisso de ser alertado a qualquer instante e que, então, possa

realmente ser exigido seu trabalho. Não teria direito a ter uma programação

particular, haja vista essa constante expectativa. Chama-se de sobreaviso ou

não, isso é indevido.

4. Existe urgência, pois causa padecimento que esse estado de injustiça

perdure, causando ainda mais malefícios aos servidores. Imagino as

dificuldades administrativas para atender aos reclames populares de

segurança pública, mas o fato é que os escrivães muito menos podem ser

responsabilizados e sacrificados por carência de pessoal.

5. Assim, defiro a liminar para determinar que o réu limite a jornada de

trabalho dos escrivães de polícia (ou de quem faça esse papel) a quarenta

horas semanais e quarenta horas extraordinárias mensais, vedada

convocações para trabalho além desses limites. Fixo multa de R$ 10.000,00

para cada desatenção individual a esta determinação. Intimem-se os

advogados na causa e, em atenção à Súmula 410 do STJ, comunique-se por

fax o Procurador-Geral do Estado. Florianópolis, 24 de junho de 2014. [...]

Juiz de Direito. Autos 0307760-24.2014.8.24.0023.

3.2 Desigualdades e injustiças

3.2.1 Processo Seletivo Permanente de Remoção – PSPR

Com o advento da Resolução nº 001/2014, do Conselho de Polícia Civil da

Polícia Civil do Estado do Maranhão (CPC/PC-MA), de 10 de março de 2014,

publicada no Diário Oficial do Estado do Maranhão em 16-04-2014, foi instituído o

Processo Seletivo Permanente de Remoção (PSPR) de Delegados de Polícia e

servidores do Grupo Ocupacional de Atividade de Polícia Civil (APC). O referido PSPR

encontra-se com sua eficácia suspensa por determinação do Secretário de Estado da

Segurança Pública do Maranhão, haja vista se tratar de matéria que para sua legalidade

deveria antes ter passado pelo processo legislativo. Com sua suspensão, o PSPR foi para

o local adequado, a Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão, para elaboração e

aprovação.

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Durante a meteórica existência e vigência do PSPR foram produzidos no

ano de 2015, 9 (nove) editais de processo de remoção, cujos resultados se encontram

apresentados na tabela a seguir:

Tabela 12 – PSPR (2015).

Demonstrativo da política de remoção do PSPR X Quadro de policiais por categoria

Categorias Vagas Editais Datas Total de

vagas no

PSPR

*Total de

policiais por

categorias

Porcentagem

das vagas por

categorias

Delegado de

Polícia

20 001 06-01-15

75

386 19,43%

36 004 02-03-15

19 009 24-07-15

Investigador de

Polícia

50 002 06-01-15

125

1.175 10,64%

36 006 02-03-15

39 008 06-05-15

Escrivão de

Polícia

10 003 06-01-15 12 328 3,66% 2 005 02-03-15

Perito Criminal 13 007 07-04-15 13 101 12,87%

Médico Legista 6 007 07-04-15 6 55 10,91%

Farmacêutico

Legista

1 007 07-04-15 1 5 20,00%

Total geral 232

Fontes: Edital nº 001, DO/MA nº 003, de 06-01- 2015. Edital nº 002, DO/MA nº 003, de 06-01-2015.

Edital nº 003, DO/MA nº 003, de 06-01- 2015. Edital nº 004, DO/MA nº 042, de 05-03-2015.

Edital nº 005, DO/MA nº 042, de 05-03-2015. Edital nº 006, DO/MA nº 042, de 05-03-2015.

Edital nº 007, DO/MA nº 065, de 09-04-2015. Edital nº 008, DO/MA nº 084, de 08-05-2015.

Edital nº 009, DO/MA nº 118, de 30-06-2015. *Supervisão de RH/SSP/MA, de 10-09-2014.

A tabela 12 apresenta o histórico da política de oferta de vagas pelo PSPR,

entre as categorias de policiais civis. Nela é possível observar-se que os editais 01, 04 e

09 ofertaram 75 vagas para a categoria de Delegados de Polícia, que possuía na época

um contingente de 386 Delegados, o que significa dizer que do total de vagas, 19,34%

foram destinadas para essa categoria.

Os editais 02, 06 e 08, ofertaram 125 vagas para a categoria de Investigador

de Polícia, que possuía um contingente de 1.175 Investigadores, isto significa que, do

total de vagas, 10,64% foram destinadas para tal categoria.

O edital 07 ofertou 13 vagas para a categoria de Perito Criminal, que

possuía um contingente de 101 Peritos, ou seja, do total de vagas, 12,87%, foram

destinadas para essa categoria. Esse mesmo edital ainda ofertou 06 vagas para a

categoria de Médico Legista, que possuía um contingente de 55 Médicos Legistas, logo,

10,91% do total de vagas foram para essa categoria. 20% das vagas, correspondente a

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81

75

12

Total de vagas no PSPR por categoria

DELEGADO DE POLÍCIA ESCRIVÃO DE POLÍCIA

uma vaga, foi para a categoria de Farmacêutico Legista que, à época, possuía 5

Farmacêuticos Legistas.

Os editais 03 e 05 ofertaram apenas 12 vagas para a categoria de Escrivão

de Polícia que, na época, possuía um contingente de 328 Escrivães, assim sendo, do

total de vagas, irrisoriamente, 3,66% foram para a categoria de Escrivães.

Gráfico 31 - Política de oferta de vagas no PSPR entre Delegado e Escrivão (2014).

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

Gráfico 32 - Política de oferta de vagas no PSPR entre Delegado e Escrivão (2015).

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

386 328

Total de policiais por categoria

DELEGADO DE POLÍCIA ESCRIVÃO DE POLÍCIA

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82

Ainda em um desdobramento da tabela 12, se pode observar nos gráficos 31

e 32 a Política de oferta de vagas no PSPR entre Delegado e Escrivão. O contigente de

Escrivão de Polícia Civil (EPC), é 15,3% menor do que o de Delegados de Polícia Civil

(DPC); tendo o primeiro 328 profissionais e o segundo, 386 profissionais. Das vagas

ofertadas, 12 eram de remoção para Escrivães e 75 de remoção para Delegados. Ao

comparar apenas essas categorias, observa-se que 625% das vagas do PSPR foram para

a categoria de Delegados que possuem 66,67% de representatividade no Conselho de

Polícia Civil. Uma desproporcionalidade descomunal na história de uma Administração

Pública onde seus administradores devem ter nos princípios de igualdade seu Norte,

Sul, Leste e Oeste, muito menos atendem aos princípios da Administração Pública.

3.2.2 Pedidos de remoções sem políticas e sem políticos

Figura 19 - Pedido de remoção da DECOP para o 13º DP em 2014.

Fonte: SOARES, 2015.

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83

Figura 20 - Pedido de remoção da DECOP para o 13º DP em 2015.

Fonte: SOARES, 2015.

Embora nesta oportunidade não seja apropriado para ilustrar a quantidade de

indeferimentos feitos pelas as Autoridades Policiais aos pleitos de remoções de

Escrivães lotados em unidades policiais da capital e do interior, sob alegações dos tipos:

“Devido ao quadro reduzido INDEFIRO a solicitação”; “Tendo em vista a

impossibilidade de substituição NEGO o presente requerimento”; “mediante

PERMUTA, tendo em vista o reduzido número de escrivão de polícia”; “Considerando

o atual baixo efetivo INDEFIRO o pedido”.

Chama-se a atenção para o fato de que a maioria dessas Autoridades

Policiais que NEGA, INDEFERE os pedidos de remoções ou que só concorda com a

remoção do Escrivão se o interessado conseguir, através de permuta, outro Escrivão

para jogar a pesada carga nas suas costas. Todos esses gestores são unânimes nas

respostas, admitindo a existência de um quadro reduzido de policiais Escrivães, com um

baixo efetivo e impossibilitando a substituição, ou seja, são as mesmas Autoridades

Policiais que representam 66,67% da composição do principal órgão de transformação

da Polícia Civil – chamado Conselho de Polícia Civil. Autoridades essas das quais se

desconhecem gestos e atitudes de terem levados aos governantes os motivos desses

indeferimentos, fato esse que contribui para o aprisionamento, exploração e escravismo

do Escrivão no seu local de trabalho.

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É importante destacar que os pedidos de remoções acima mencionados

aconteceram depois do Curso de Formação de Escrivães de Polícia Civil, acontecido em

2013, na Academia de Polícia Civil, cujos Escrivães tomaram posse e foram lotados nas

unidades policiais em 2014.

3.3 Núcleos visíveis e invisíveis

3.3.1 Recortes da Mensagem do Excelentíssimo Senhor Governador à Assembleia

Legislativa

Tomando por empréstimo, o pronunciamento do Excelentíssimo Senhor

Governador do Estado do Maranhão, Dr. Flávio Dino, quando da abertura dos trabalhos

legislativos de 2015, a fim de contextualizar e pontuar naquilo que as palavras condizem

ou destoam da realidade em que se encontra inserido o Escrivão no contexto da

valorização/desvalorização promovida pelo Estado, e quando possível representando

graficamente os cenários, tendo em vista que “UM GOVERNO DE TODOS NÓS”

pregado em sua fala é esperado também pelos Escrivães. Assim, diz o Excelentíssimo

Senhor Governador5:

Figura 21 – Primeiro recorte da mensagem.

Fonte: http://www.seplan.ma.gov.br, 2016.

5 Material disponível em: <http://www.seplan.ma.gov.br/files/2013/02/Mensagem-Gov-Fl%C3%A1vio-

Dino-%C3%A0-Assembleia-2015.pdf>.

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Gráficos 33 - Evoluções em vencimentos entre Delegado e Escrivão de 1987 a 2014.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

Gráfico 34 – Evolução em termos de salários mínimos entre Delegado e Escrivão de 1987 a

2014.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

-

5,00

10,00

15,00

20,00

DPC EPC

5,08

2,28

18,61

4,32

Equivalência em *S.M em 1987 Equivalência em *S.M em 2014

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

DPC EPC

10.000

4.500

13.473,45

3.127,20

Vencimentos em 1987 Vencimentos em 2014

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86

0

20

40

60

80

100

DPC EPC

100

45

100

23,21

Equivalência % em 1987 Equivalência % em 2014

Gráfico 35 – Evolução em porcentagem entre Delegado e Escrivão de 1987 a 2014.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

Pelos gráficos 33, 34 e 35 pode se perceber que é dessa época que o

Excelentíssimo Senhor Governador está se referindo, onde um Escrivão de Polícia Civil

(EPC) em 1987, com exigência do cargo com escolaridade de 2º Grau, ganhava 2,28

salários mínimos o que correspondia a 45% dos vencimentos de um Delegado de Polícia

Civil (DPC) e em 2014 com exigência do cargo de escolaridade de nível superior, esse

mesmo Escrivão ganha 4,32 salários mínimos, o que corresponde a 23,21% do subsídio

pago a um Delegado. Praticamente em três décadas os Escrivães tiveram seus salários

depreciados em 100%, por quem devia valorizá-los.

Figura 22 – Segundo recorte da mensagem.

Fonte: http://www.seplan.ma.gov.br, 2016.

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Gráfico 36 - Evoluções em vencimentos entre Delegado e Escrivão de 2014 a 2016.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

Gráfico 37 – Evolução em porcentagem entre Delegado e Escrivão de 2014 a 2016.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

0

20

40

60

80

100

DPC EPC

100

23,31

100

21,05

Equivalência % em 2014 Equivalência % em 2016

0,00

5.000,00

10.000,00

15.000,00

20.000,00

DPC EPC

13.473,45

3.127,20

18.957,64

3.990,41

Vencimentos em 2014

Vencimentos em 2016

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Gráfico 38 – Evolução em termos de salários mínimos entre Delegado e Escrivão de 2014 a

2016.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

Os gráficos 36, 37 e 38 revelam que em 2014 um Escrivão de Polícia Civil

(EPC) ganhava o equivalente a 4,32 salários mínimos mensais, o que correspondia a

23,31% dos subsídios de um Delegado de Polícia Civil (DPC), em 2016, esse mesmo

Escrivão passou a ganhar o equivalente a 4,53 salários mínimos o que corresponde a

21,05% do subsídio de um Delegado, ou seja, em dois anos ampliou-se o abismo

salarial, entre as categorias: o menor ficou cada vez mais reduzido e o maior cada vez

mais favorecido.

Figura 23 – Terceiro recorte da mensagem.

Fonte: http://www.seplan.ma.gov.br, 2016.

No trecho da mensagem quatro palavras merecem atenção – DIÁLOGO –

COOPERAÇÃO – DEMOCRACIA – MUDANÇAS SIGNIFICATIVAS - palavras

essas que resumem o que precisamos e buscamos para uma vida saudável.

Contextualizando, a princípio o termo “uma saudável vida democrática” – a pesquisa

0

5

10

15

20

25

DPC EPC

18,61

4,32

21,54

4,53

Equivalência em S.M em 2014 Equivalência em S.M em 2016

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89

traz à tona vestígios robustos que para os Escrivães essa fase da história policial existiu

por um período que durou 84 anos, conforme gráficos a seguir:

Gráfico 39 - Evoluções em vencimentos entre Delegado e Escrivão de 1904 a 1987.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

Gráfico 40 – Evolução em porcentagem entre Delegado e Escrivão de 1904 a 1987.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

0

50

100

DPC EPC

100

55,56

100

44,08

100

45

Equivalência % em 1904 Equivalência % em 1974

Equivalência % em 1987

-

5.000

10.000

DPC EPC

1.800 1.000

2.110 930

10.000

4.500

Vencimentos em 1904 Vencimentos em 1974

Vencimentos em 1987

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Gráfico 41 – Evolução em termos de salários mínimos entre Delegado e Escrivão de 1974 a

1987.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

Os gráficos 39, 40 e 41 revelam vestígios da existência da DEMOCRACIA

no meio policial civil, manifestada em traços de igualdades de direitos e oportunidades

entre pessoas de uma mesma instituição, cujos registros dão conta de que no período de

1904 até 1987 e início de 1988, antes de entrar em vigência a Constituição Federal de

1988, a democracia esteve presente. Pode se observar que em 1904 um Escrivão de

Polícia Civil (EPC) ganhava o equivalente a 55% dos vencimentos de um Delegado de

Polícia Civil (DPC), e em 1987 ainda ganhava o equivalente a 45% dos vencimentos de

um Delegado.

DIÁLOGO – Diante dessa constatação dos benefícios da DEMOCRACIA

adotada na política salarial no que se refere à valorização e respeito aos profissionais de

uma mesma instituição. Acreditando na tônica do discurso “DIÁLOGO –

COOPERAÇÃO – DEMOCRACIA – MUDANÇAS SIGNIFICATIVAS”, em

busca da valorização e respeito aos Escrivães de Polícia Civil do Estado do Maranhão,

por duas vezes, buscamos o diálogo com o Excelentíssimo Senhor Governador para

levar ao seu conhecimento diversas situações envolvendo os Escrivães e o contexto

policial civil, principalmente as que são relatadas neste trabalho. A primeira iniciativa

aconteceu em janeiro de 2016, através de e-mail, cuja resposta foi a constante no

quadro abaixo:

0

2

4

6

DPC EPC

5,08

2,24

5,08

2,28

Equivalência em S.M 1974 Equivalência em S.M 1987

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Figura 24 – Cópia do e-mail AMEPOL solicitando audiência com o Governador do Estado do

Maranhão (2016).

A segunda iniciativa aconteceu em fevereiro de 2016, através do nosso

ofício nº 07/2016, datado de 24-02-2016, cópia constante do quadro abaixo, cujas

respostas tanto dos locais para onde o email foram encaminhados como do citado ofício,

ainda permanecem em silêncio absoluto.

Figura 25 – Cópia do ofício nº 07/2016 Amepol, solicitando audiência com Governador.

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Figura 26 – Quarto e quinto recorte da mensagem.

Fonte: http://www.seplan.ma.gov.br, 2016.

A fala do Excelentíssimo Senhor Governador, retrata seu conhecimento da

realidade e sua preocupação diante de um cenário externo, crítico, em decorrência das

questões envolvendo crimes e violência, para isso autoriza a convocação de mil

candidatos ao cargo de Soldado da Polícia Militar, todavia esse cenário externo crítico é

de fácil percepção por quem quer que seja, onde quer que se encontre dentro ou fora de

casa, haja vista que a insegurança proveniente das ações criminosas não escolhe dia,

hora, nem lugar e, assustadoramente, desassega a paz e prolifera o medo que afeta

pobres, ricos, crianças, jovens e idosos, em todos os cantos e recantos deste Estado e do

País.

Porém, estamos diante de outro cenário mais crítico do que esse. É o cenário

interno – chamado cartório das delegacias de polícia civil – que o Escrivão conhece e

reconhece, na prática, por ser o local para onde desaguam todas as mazelas sociais.

Além da inadequada infraestrutura dos ambientes cartorários, a

desproporcionalidade entre o número de Delegados e de Escrivães é um dos pontos

críticos neste cenário. Para fazer frente nesse cenário interno, o Estado do Maranhão

possui apenas 315 Escrivães de Polícia Civil, sendo que destes 157 Escrivães estão

lotados nas unidades policiais do interior.

Destaca-se que dos 217 municípios maranhenses, 126 deles não possuem

Escrivães de Polícia de carreira, mas, em todos os municípios maranhenses, o cidadão é

atormentado pelos fenômenos da violência e procuram nas unidades policiais o

atendimento de suas queixas, bem como em todos os municípios existem policiais

militares levando pessoas para a formalização de procedimentos nas delegacias de

polícia.

Nesse contexto, cabe uma indagação, nas unidades policiais onde não

existem Escrivães de Polícia de carreira, os atendimentos e procedimentos, típicos das

atribuições de Polícia Judiciária estão sendo realizados por quem?

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A ausência de sensibilidade das autoridades somada à falta de planejamento

institucional no provimento de vagas para o cargo de Escrivão, como tem acontecido,

sem levar em consideração os dados estatísticos sobre a evolução da criminalidade, bem

como sem levar em conta que a evolução do número de Investigadores de Polícia Civil

e a evolução no número de Polícias Militares, resultam em um grande deságue de

pessoas e de procedimentos nos cartórios das delegacias. E, acima de tudo, sem levar

em consideração, conforme a pesquisa, que considerado número de Autoridades

Policiais não participam, além da assinatura, da realização dos autos de prisões em

flagrantes, das oitivas, das portarias e dos relatórios dos procedimentos,

sobrecarregando imensamente os Escrivães que atuam no expediente normal e nos

serviços de plantões centrais, resultando em um enorme desequilíbrio entre oferta de

Escrivães e demanda de serviços, o que para os Escrivães afetam o corpo e alma.

Constituindo-se em um cenário não apenas crítico, mas desumanizador.

Nesse cenário dos efeitos da violência, faz-se menção aos sistemas de

plantões. Na capital, incluindo homicídios, existem seis plantões centrais e no interior

existem dezoito plantões, os quais, há anos, funcionam com apenas um Escrivão por

plantão, sem nenhuma perspectiva de acrescer esse número de profissionais para fazer

frente ao acréscimo da criminalidade e o sufoco de pessoas requerendo procedimentos

nos plantões.

Nessa mesma esteira da violência que não marca dia, hora, nem lugar para

acontecer, a Polícia Civil na capital e nas regionais adota escala de sobreaviso, aquela

situação em que o Escrivão além de trabalhar o dia todo, quando é indicado nessa escala

de sobreaviso, mesmo na hora de repouso noturno tem que ficar em alerta e com o

celular ligado, disponível a qualquer hora se fazer presente na Delagacia a fim de

realizar procedimentos policiais de pessoas conduzidas. Isso sem nenhuma retribuição

em termos pecuniário ou de folgas.

Figura 27 – Sexto recorte da mensagem.

Fonte: http://www.seplan.ma.gov.br, 2016.

Um dos grandes desafios dos gestores políticos é ter pulso para romper com

as práticas inerentes aos ranços e avanços do patrimonialismo sobre o gerencialismo.

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Pois engana-se quem pensa que o modelo de Administração Pública Patrimonialista foi

suplantado ao longo do tempo. O patrimonialismo está bem vivo, presente com efeitos

desastrosos para as gestões estaduais. A única coisa que mudou foi a sofisticação e

modernidade dos seus atos, haja vista que no patrimonialismo patriarcal, a transferência

dos fundos públicos para os amigos e apadrinhados do rei estava ao alcance da mão do

soberano, enquanto que no modelo de Administração Pública Gerencial, o moderno

patrimonialismo se manifesta no alcance e direcionamento das normas e se reproduz em

toda a hierarquia, assegurando e destinando fundos públicos em forma de benefícios e

privilégios para as mesmas elites amigas, apadrinhadas e clientes dos ocupantes das

estruturas de poderes estatais.

Os instrumentos normativos idealizados, elaborados e aprovados por uma

rígida estrutura estatal dão suporte para que as desigualdades não mudem e corrijam as

injustiças no seio das instituições e na vida das pessoas que delas dependem, para que

seus direitos e oportunidades sejam assegurados, quando não reconhecidos

originalmente.

Um exemplo disso, extrai-se das estruturas organizacionais dos órgãos

públicos em que na maioria deles, uma única categoria ocupa praticamente todas as

posições chaves, de direção onde os fundos públicos são mais volumosos. Outro

exemplo, dos efeitos do patrimonialismo, queimando as nossas vistas e destruindo os

nossos estímulos, são as linhas e entrelinhas da MP 198, a seguir:

Figura 28 – Cópias dos anexos I e II da MP 198, de 23-04-2015.

Fonte: Médida Provisória 198, DO/MA, nº 074, de 23-04-2015.

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Figura 29 – Cópia da pagina 8 da Constituição Estadual.

As figuras 28 e 29, revelam um paradoxo entre a igualdade formalizada no

inciso III, do Artigo 5º da Constituição do Estado do Maranhão e o seu inverso

manifestada na Medida Provisória 198, de 23-04-15. Conheça e entenda, agora, a

origem e os efeitos das normas para saber em determinado Estado/Nação onde se

posicionam os autores do sucesso ou do fracasso do ser humano.

Gráfico 42 - Evolução em termos de salários mínimos entre Delegado e Escrivão de 1974 a

2016.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

5,08

3,43

5,08

18,61

21,54

2,24 1,4

2,28

4,32 4,53

0

5

10

15

20

25

1974 1981 1987 2014 2016

Política de valorização patrimonialista - evolução em termos de salários mínimos entre Delegado e

Escrivão de 1974 a 2016

DELEGADO

ESCRIVÃO

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3.3.2 Lógica da gestão patrimonialista

Tabela 13 – Concurso regido pelos editais n° 01 e 02/2012, de 10-10-2012.

Cargos

Vencimento

Em 2012

R$

Taxa de Inscrição Requisitos de

Escolaridade R$ Equivalência em % dos

Vencimentos

Delegado de Polícia 12.029,87 150,00 1,25

1,79

1,79

1,79

1,79

4,80

4,80

4,96

Nível Superior

Médico Legista 6.700,64 120,00 Nível Superior

Perito Criminal 6.700,64 120,00 Nível Superior

Odontolegista 6.700,64 120,00 Nível Superior

Farmacêutico Legista 6.700,64 120,00 Nível Superior

Escrivão de Polícia 2.502,31 120,00 Nível Superior Investigador de Polícia 2.502,31 120,00 Nível Superior

Auxiliar de Perícia

Médica Legal

1.714,31 85,00 Nível Médio

Fonte: DO/MA, n° 198, de 10-10-2012. * Salário Mínimo R$ 622,00.

Figura 30 – Quadros de cargos e vagas do concurso 2012, editais 1 e 2/2012 para Policiais

Civis.

Fonte: DO/MA, nº 198, de 10-10-2012 - Editais nº 01 e 02/2012.

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Gráfico 43 – Lógica da gestão patrimonialista e seus efeitos na vida das pessoas.

Gráfico 44 – Efeitos da gestão patrimonialista.

0,00%

1,00%

2,00%

3,00%

4,00%

5,00%

EQUIVALÊNCIA EM % ENTRE VALOR DA TAXA

DE INSCRIÇÃO E DOS VENCIMENTOS

1,25% 1,79%

4,80% 4,96%

Efeito das políticas estatais

DELEGADO DE POLÍCIA PERITO CRIMINAL

ESCRIVÃO DE POLÍCIA AUXILIAR DE PERÍCIA MÉDICA LEGAL

0,00

2.000,00

4.000,00

6.000,00

8.000,00

10.000,00

12.000,00

14.000,00

VENCIMENTO

12.029,87

6.700,64

2.502,31 1.714,31

Política de distribuição de renda

DELEGADO DE POLÍCIA PERITO CRIMINAL

ESCRIVÃO DE POLÍCIA AUXILIAR DE PERÍCIA MÉDICA LEGAL

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Gráfico 45 – Lógica da gestão patrimonialista na arrecadação tributária.

Os gráficos 43, 44 e 45 correspondem à representação gráfica da tabela 13,

onde é possível se observar a lógica da administração pública patrimonialista, isto é,

quando o Estado está arrecadando, coloca o contribuinte em patamar de igualdade, sem,

contudo, analisar a renda de cada um, e ao mesmo tempo em que extrai o máximo do

supostamente de menor renda, exige o mínimo do supostamente de maior renda. Esse

mesmo Estado quando está distribuindo o que arrecadou, repassa o máximo ao de maior

renda e o mínimo possível ao de menor renda. Promovendo, assim, aquilo que nas

palavras de muitos governantes se propõem a combater – desigualdades e injustiças.

O patrimonialismo é fortemente caracterizado pela amizade e em nome da

amizade muitos homens e mulheres ocupantes de importantes cargos na estrutura estatal

se dobram e se desdobram, articulando através da posição hierárquica que ocupam a

ampliação dos abismos humanos, retratados nos artifícios das normas e das decisões.

-

50,00

100,00

150,00

TAXA DE INSCRIÇÃO

150,00

120,00 120,00

85,00

Política estatal de arrecadação

DELEGADO DE POLÍCIA PERITO CRIMINAL

ESCRIVÃO DE POLÍCIA AUXILIAR DE PERÍCIA MÉDICA LEGAL

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3.3.3 Gratificação de Natureza Técnica

A Gratificação de Natureza Técnica, constante na Lei Estadual nº 6.107/94,

é um direito dos servidores estaduais ocupantes de alguns cargos que, para provimento,

seja exigido a formação de nível superior, como foi o caso das categorias de Escrivão,

Comissário e Investigador de Polícia Civil que com o advento da Lei Estadual nº 8.957

de 15-04-2009, passaram a ter como exigência para provimento a formação de nível

superior. Todavia, como o Estado administrativamente não reconheceu e implantou os

valores dessa gratificação, nos contracheques de tais servidores, o Sindicato dos

Policiais Civis do Estado do Maranhão (SINPOL), por meio do Mandado de Segurança

nº 17403-80.2010.8.10.0000 (30778-2010), pleiteou junto ao Tribunal de Justiça do

Estado do Maranhão, o pagamento da Gratificação de Natureza Técnica, conforme

figura 31 a seguir:

Figura 31 – Mandado de Segurança da GNT.

Fonte: TJMA, 2015.

O processo da GNT teve como campo de análise o período de 2006 a 2014,

sendo que em 2006 o marco inicial dessa demanda era a Lei nº 8.508/06, de 27-11-

2006, que apresentava os cargos de Escrivão de Polícia, Comissário de Polícia e

Investigador de Polícia, como cargos de nível superior, e, à época, apresentava uma

tabela de vencimento, datada de 27-11-2006, cujos valores variavam de 303,24, para

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Escrivães de 3ª Classe, 318,40, para Escrivães de 2ª Classe, 334,32 para Escrivães de 1ª

Classe e 351,04 para Escrivães de Classe Especial. Isso quando o salário mínimo era R$

350,00. Todavia, nesse intervalo de tempo, além da mudança da forma de remuneração

para SUBSÍDIO, ocorreram reajustes e correções na remuneração dos Policiais Civis,

isto é, em 2014 o subsídio inicial do cargo de Escrivão de Polícia Civil correspondia a

R$ 3.127,20 e o último correspondia a R$ 4.580,72. As figuras 32 e 33 apresentam o

vencimento de 2006 e o subsídio em 2014:

Figura 32 – Cópia das páginas 17 e 18 da Lei nº 8.508 de 27-11-2006.

Fonte: Lei nº 8.508 de 27-11-2006, Diário Oficial do Estado do Maranhão nº 227, de 27-11-2006.

2006 Salário Mínimo R$ 350,00.

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Figura 33 – Cópia do Quadro a.1.3, do Anexo IV da Lei nº 9.664, de 17-07-

2012 (PGCE).

Fonte: Lei nº 9.664, de 17-07-2012 (PGCE), publicada na Assembleia Legislativa do

Maranhão.

Figura 34 – Destaque dos valores de 2006 – sobre os quais foram calculados a GNT e dos

valores do subsídio do ano de 2014.

O desfecho final da GNT aconteceu em 2014, quando da sua implantação

nos contracheques dos servidores Escrivães, Comissários e Investigadores de Polícia, no

percentual de 222%, calculados sobre os valores da tabela de vencimento acima, datada

de 27-11-2006. Tabela essa cujos valores variam de 303,24, para Escrivães de 3ª Classe,

318,40, para Escrivães de 2ª Classe, 334,32 para Escrivães de 1ª Classe e 351,04 para

Escrivães de Classe Especial.

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Todavia, nesta oportunidade, obedecendo ao período em que se deu tal

processo e sem pretensões de desmerecer o processo transitado em julgado, apresenta-se

a seguir a tabela com os cálculos da GNT, hipoteticamente dentro daquilo que parece

mais se aproximar com valores que refletem a essência da justiça. Os valores para essa

tabela foram extraídos do Quadro a.1.3 do Anexo IV, da Lei nº 9.664, e dos mesmos

índices concedidos aos Delegados de Polícia através da MP 198 de 23-04-15.

Tabela 14 – GNT – Situação hipotética para 2016.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA PARA 2016 COM BASE NA GNT SOBRE SUBSÍDIO DE

2014 E COM BASE NA MP 198 DE 23-04-2015

Históricos

ESCRIVÃES CLASSES

3ª 2ª 1ª Especial

2014 Antes da GNT 3.127,20 3.516,71 3.954,72 4.580,72

2014 Com a GNT 6.942,38 7.807,09 8.779,49 10.465,39

2015 Com os mesmos

percentuais atribuídos

para Delegados na MP

198, de 23-04-15

8.167,02 9.184,26 10.328,19 12.311,48 Fevereiro 2016 9.007,41 10.129,32 11.390,97 13.578,34

Julho 2016 9.767,63 10.984,23 12.352,36 14.727,35

Fonte: Lei nº 9.664, de 17-07-2012 – Quadro a.1.3, do Anexo IV (PGCE), publicado na ALEMA.

Valores extraídos da MP 198, publicada no DO/MA, nº 074, de 23-04-2015.

3.4 Alinhamento - Fortalecimento e Valorização

Figura 35 – Sétimo recorte da mensagem.

Fonte: http://www.seplan.ma.gov.br, 2016.

Confiante nas palavras do Excelentíssimo Senhor Governador, que não tem

dúvida em “transformar os sonhos do nosso povo em realidade” e, com isso fazer

com que o Maranhão dê um grande salto; confiante, ainda, no papel e colaboração da

Augusta Assembleia Legislativa no combate às desigualdades e injustiças, e ciente de

que o Judiciário atue com imparcialidade no combate das desigualdades e injustiças e de

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igual modo ciente de que o Ministério Público cada vez mais seja observador e

fiscalizador, apresenta-se, a seguir, para as urgentes providências, as reais necessidades

dos Escrivães de Polícia Civil do Estado do Maranhão.

3.4.1 Alinhamento das necessidades de Escrivães para interior e capital

Tabela 15 – Alinhamento das necessidades de Escrivães para interior e capital.

DEMONSTRATIVO DO QUANTITATIVO REAL E DO QUANTITATIVO IDEAL DE

ESCRIVÃES

Regional/Cidade Quantidade de

Municípios

atendidos

Quantitativo

Real

Quantitativo Ideal População

em 2010 Nos DPs Nos

Plantões

1ª Rosário 12 13 25 4 253.328

2ª Itapecuru Mirim 9 6 24 4 236.044

3ª Chapadinha 17 8 43 4 426.133

4ª Codó 4 7 23 4 228.961

5ª Pinheiro 19 10 49 4 495.850

6ª Viana 12 11 25 4 253.541

7ª Santa Inês 13 9 42 4 419.610

8ª Zé Doca 18 5 29 4 289.083

9ª Açailândia 7 5 20 4 204.597

10ª Imperatriz 15 20 49 8 489.278

11ª Balsas 13 4 21 4 214.393

12ª São João dos Patos 14 7 18 4 179.031

13ª Presidente Dutra 17 9 31 4 314.647

14ª Pedreiras 14 6 22 4 222.889

15ª Barra do Corda 7 5 23 4 233.360

16ª Bacabal 13 9 32 4 323.554

17ª Caxias 6 8 26 4 259.623

18ª Timon 3 15 22 8 221.061

Total interior 213 157 524 80 5.264.983

Ilha de São Luís 4 158 261 48 1.309.330

Total Geral 217 315 913 6.574.313 Fontes: População – IBGE – Censo Demográfico 2010. Escrivães – SSP/SEGEP – março e maio de 2016.

A tabela 15, mostra o quantitativo real de Escrivães por regionais e na Ilha

de São Luís formada pela Capital: São Luís, e pelas cidades de São José de Ribamar,

Paço do Lumiar e Raposa. Extraindo-se do quantitativo populacional, com base nos

dados do Censo Demográfico de 2010, levando em consideração os índices de

criminalidade, calculando para o interior um Escrivão para cada 10 mil habitantes,

chega-se à necessidade de 524 Escrivães para atuar no expediente das delegacias e

80 Escrivães para atuar no sistema de plantões, com um Escrivão plantonista por

noite, eliminando assim as escalas de sobreaviso, exceto em Imperatriz e Timon, que

terão dois Escrivães plantonista por noite. Para a Ilha de São Luís, em decorrência dos

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índices maiores de crimes, foi calculado um Escrivão para cada 5 mil habitantes,

calcula-se a necessidade de 261 Escrivães para atuar no expediente normal das

delegacias e 48 Escrivães, sendo 2 por plantões, para atuar no serviço do sistema de

plantões, incluindo o plantão da Homicídios.

3.4.2 Alinhamento das necessidades salariais para os Escrivães

Tabela 16 - Alinhamento das necessidades salariais para os Escrivães.

ALINHAMENTO HIPOTÉTICO PARA 2016, COM BASE NOS MESMOS ÍNDICES

ATRIBUÍDOS À CATEGORIA DE DELEGADOS PELA MP 198, DE 23-04-2015 Cargos

ESCRIVÃO DE POLÍCIA Cla

sse

Refe

rên

cia

Subsídios

R$ Equivalência em *S.M Equivalência em %

A

1 9.455,87 10,75 49,88

2 9.739,54 11,07 51,38

3 10.323,92 11,73 54,46

B

4 10.633,63 12,08 53,29

5 10.952,64 12,45 54,89

6 11.609,80 13,19 58,18

C

7 11.958,10 13,59 56,93

8 12.316,84 14,00 58,64

9 13.055,85 14,84 62,15

ES

PE

CIA

L

10

13.447,53 15,28 60,82

11

14.254,38 16,20

64,47

3.4.3 Alinhamentos das Funções Gratificadas para Escrivães

Atualmente são pagas aos Escrivães chefe de cartório a gratificação de

função no valor de R$ 112,53. Todavia, para um alinhamento justo, em virtude de

responsabilidades e compromisso que recai sobre o Escrivão, sugere-se que seja criada

ou incorporada uma gratificação exclusiva para a atividade cartorária de Polícia

Judiciária com percentual no mínimo de 30% do subsídio do cargo de Escrivão de

Polícia Civil.

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3.4.4 Adequação dos Concursos, vagas, formações e remoções

a) Sugere-se, ainda, que os concursos para os cargos de Escrivães devam ser feitos

com vagas por regionais e vagas na capital, conforme tabela do “Demonstrativo

do quantitativo IDEAL de Escrivães”, com o objetivo de lotar em

determinadas cidades e regiões, pessoas que assim desejarem no ato da sua

inscrição, a fim de evitar a penúria por parte dos Escrivães nos processos e

pedidos de remoções;

b) Retificação do quadro de cargos de Escrivães de Polícia Civil, constante no

anexo II, da Lei nº 8.957/2009, de 15-04-2009, para um patamar em torno de

1.100 vagas, para sanar a profunda escassez de escrivães nas unidades policiais

civis espalhadas por todo o território maranhense.

c) Criar ou transpor da Lei nº 6.107/94, Estatuto dos Servidores Públicos Civis do

Estado para o Estatuto da Polícia Civil (Lei nº 8.508/2006, de 27-11-2006), a

modalidade de afastamentos, para assegurar aos policiais de todas as categorias,

a participação democrática de todos nos cursos de pós-graduações dentro e fora

do Estado, em que até 10% dos integrantes de cada uma das categorias que

compõem a Polícia Civil possam se afatar para a qualificação em cursos afins

com a atividade ligada à área da Segurança Pública;

d) Definir, no teor do Projeto de Lei de iniciativa do Governador do Estado do

Maranhão que trata do Processo Seletivo Permanente de Remoção (PSPR), na

instituição Polícia Civil, que se encontra em tramitação na Assembleia

Legislativa, no sentido de regulamentar o Art. 23 do Estatuto da Polícia Civil

(Lei nº 8.508/2006), que haja a isonomia de tratamento entre os policiais, no que

tange igualdade de condições para remoções, independente de qual seja a

categoria. E caso abra vagas para uma categoria, que estas aconteçam na mesma

proporcionalidade para todas as demais.

3.4.5 Adequação das estruturas físicas

a) Nas delegacias

Cartório exclusivo para a realização do trabalho do Escrivão, isento de

depósito e guarda de materiais.

Sala para arquivo, independente do cartório.

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Depósito para guarda e acomodação de materiais.

Cadeiras e móveis com design ergonométricos que se ajustem às

peculiaridades físicas de cada profissional.

b) Nos plantões

Alojamentos exclusivos para as escrivãs, em ambiente separado dos

profissionais do sexo masculino. Solicita-se, finalmente, até mesmo por uma questão de

justiça, que para os Escrivães colocados em escalas de sobreavisos, sejam pagas horas-

extras pelo tempo que durar essa determinação, a fim de ficar de prontidão e à

disposição da instituição.

Acreditando-se que da formalização das palavras surgem o planejamento, as

metas que se materializam nas ações, como símbolo e exemplo a ser seguido por todos

nós, reprisa as palavras do Excelentíssimo Senhor Governador Flávio Dino, retiradas no

documento a seguir denominado “GOVERNO PARA TODOS OS MARANHENSES”.

Figura 36 – Governo para todos os maranhenses.

Fonte: Exemplar – Governo de todos nós, ano 1, 2015 – Governo do Estado do Maranhão.

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4 CONCLUSÃO (PARA AS SUAS CONCLUSÕES)

“Escrivã é assassinada dentro de delegacia”, essa foi a notícia que

rapidamente se propagou na impressa falada, escrita, nas redes sociais, entre as pessoas,

sejam elas policiais ou não, bem como até a mim chegaram colegas escrivães com

questionamentos: “Tú soube o que aconteceu com a Loane? Temos que fazer alguma

coisa”; “O que aconteceu com Loane pode acontecer com cada um de nós”; “Não

vamos fazer nada? Vai ficar por isso mesmo?” “Temos que fazer uma manifestação,

temos que ir pra rua mostrar nossa indignação?”

Figura 37 – Manchete do Jornal o Imparcial.

Fonte: Jornal O Imparcial, edição do dia 16 de maio de 2014.

Naquele momento havia mais interrogações do que respostas, dentre as

quais: quer ir para a rua eu contribuo com a faixa e seguro de um lado, você segura do

outro lado? Quantos mais estarão presentes? Os desafios e ameaças que você enfrenta

vêm da rua ou de dentro das delegacias/instituição? Uma faixa exposta na mídia irá

resolver as situações de abandono e de descasos com os Escrivães? Qual desfecho de

um processo administrativo disciplinar para um caso como esse – punição ou

arquivamento? O chicote e o braço disciplinar estão arquitetados e armados para oprimir

e açoitar as costas dos grandes ou dos pequenos?

Estávamos diante de um jogo de palavras sem ações concretas, cada um

esperando que o outro fizesse alguma coisa, diante da realidade em que se encontra o

Escrivão de Polícia Civil, no contexto da reavaliação de suas atribuições dentro e fora

das unidades policiais civis do vasto Estado do Maranhão.

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Obviamente a realidade não muda e nunca mudará por si só, sem antes o

sujeito da ação não mudar primeiro e tomar atitude no sentido de começar dentro dele

mesmo a mudança que ele precisa e espera, isto é, ir além do mundo virtual e se

apresentar no mundo real - reagindo e também agindo - diante das situações que de

alguma forma afetam não somente a vida, mas também a dignidade da pessoa humana.

No dia 15 de maio de 2014, por volta do meio dia, a atitude da Escrivã de

Polícia Civil Loane Maranhão da Silva Thé, diante da realidade em que se encontrava,

foi gritar. Gritar bem alto por socorro. Era tarde demais para naquele instante mudar

uma realidade histórica e rotineira, e salvar seu bem maior – a vida.

A Escrivã Loane, se encontrava no cartório da Delegacia Especial da

Mulher da cidade de Caxias, realizando, sozinha, o atendimento de Francisco Almeida

Costa, investigado sobre a acusação de ter abusado sexualmente da sua própria filha.

Este, na escuridão de sua ignorância, agrediu Loane com golpes de faca. Seus gritos

ecoaram e se propagaram por todas as unidades policiais civis do Estado do Maranhão,

através de uma pesquisa, respondida por 138 Escrivães de um universo, na época, de

328 profissionais Escrivães, em que revelaram a existência, em todo o Estado do

Maranhão, de situações idênticas à vivenciada por Loane, e, segundo a pesquisa:

Apenas 10,9% (15) dos escrivães disseram que nunca fizeram Auto de

Prisão ou de Apreensão em Flagrante sozinho, sem a participação de um Delegado de

Polícia. O Escrivão no cartório e ele no gabinete ou ausente da delegacia, enquanto que

89,1% (123) dos pesquisados responderam que, de alguma forma, já fizeram ou ainda

estão fazendo tais procedimentos sozinhos.

69,6% (96) dos pesquisados, de alguma forma, já fizeram ou ainda estão

fazendo audiências nas unidades policiais, sem a presença de um Delegado.

Dos pesquisados 23,2% (32) responderam que suas participações na

elaboração das portarias consistem em determinar o conteúdo, digitá-lo e fazer a

autuação do procedimento, enquanto 13% (18) dos entrevistados apontaram que apenas

digitam o conteúdo manuscrito ou ditado pelo Delegado.

Na elaboração dos relatórios, apenas 8,0% (11) revelaram que determinam o

conteúdo, o digitam e fazem o encarte nos autos, 6,5% (9) apontaram que digitam o

conteúdo manuscrito ou ditado pelo Delegado.

Sobre as oitivas de investigados nas unidades policiais, 38,3% (39) dos

pesquisados revelaram que estão sendo feitas exclusivamente pelo Escrivão, sendo

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identificado que destes, 23,2% (32) realizam oitivas sozinhos, no cartório e 5,1% (7)

pesquisados estão nessas oitivas acompanhado de um Investigador de Polícia.

No geral, das atividades rotineiras numa unidade policial como audiências,

Auto de Prisão em Flagrante (APF), Auto de Apreensão em Flagrante (AAF), portarias,

oitivas de investigados e relatórios, foi perguntado aos pesquisados se alguma dessas

atividades eles estavam realizando sozinhos e o que isso representava para eles.

Resultando em que a maioria dos pesquisados 63,8% (88) responderam que sim e

apenas 36,2% (50) responderam que não. Dos 88 escrivães que responderam que sim, a

grande maioria 64,8% (57) dos pesquisados apontaram que isso representa um abuso,

14,8% (13) indicaram que isso representa um aprendizado, 12,5% (11) não responderam

e 8,0% (7) consideram isso um fato normal.

Os dados da pesquisa de campo revelam um distanciamento abismal entre o

formalizado nos instrumentos normativos e o praticado na realidade, dentro das

unidades policiais civis do Estado do Maranhão. Nesse sentido, resta questionar: o que

fazer diante dessa realidade prática? Adequar a norma à realidade vivenciada,

rotineira? Ou adequar a realidade à norma? O menor terá força e êxito ao exigir

do maior o cumprimento das normas?

A pesquisa, em tela, revela nas linhas e entrelinhas, o lado sombrio e cruel

da Administração Pública, caracterizado pela ausência de Gestão Pública de Segurança

Pública de Estado, sendo esse elemento responsável para que no Estado do Maranhão,

ainda existam: 78 municípios sem sequer um Policial Civil; “gambiarra” estatal na

origem dos procedimentos – isto é, em pleno Século XXI, Ad Hoc na preparação

processual do embrião que, uma vez encaminhado ao Ministério Público e Judiciário,

resultará na condenação ou absolvição do sujeito; custódia de presos nas unidades

policiais do Interior, em estruturas inapropriadas para a saúde e para a ressocialização

do apenado. Bem como sem a correspondente compensação remuneratória aos policiais

que acumulam essas indevidas funções.

A Lista de procedimentos inadequados é longa e vai desde a penúria nos

processos de remoções e de afastamentos de servidores; diárias com valores

diferenciados – maiores para Delegados e menores para as demais categorias; funções

gratificadas e chefias com valores injustos quando comparada as responsabilidades dos

cargos de cada um; estatísticas focadas para os índices criminais e carentes de

indicadores que avalie por igual e revele o desempenho – o que cada um produz;

acefalia e miopia política para o sentido e efeitos da valorização profissional, na vida

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dos servidores e da sociedade até as escalas de plantões em regime de trabalho de

sobreaviso e as escalas de plantões com equipes e horários bem definidos para os

trabalhadores policiais da Capital, enquanto que para trabalhadores policiais do Interior

a jornada é exorbitante.

Na realidade, o que se vê são Políticas de Governos, isto é, vontades e

esforços políticos, apenas para aquilo e àqueles que enchem o olhar de cada

governante. Ora, se o Código de Processo Penal e a Constituição Federal de 1988 são

normas válidas em todo o território nacional e o regime jurídico dos trabalhadores

policiais civis é o mesmo para os profissionais lotados na Capital e no Interior do

Estado do Maranhão, isto, na verdade, significa a precarização dos serviços e do

profissional de segurança pública e o desrespeito para com a dignidade da pessoa

humana.

A escassez de profissionais na área de segurança faz com que a

Administração Pública passe a exigir que os poucos profissionais protagonizem como

podem frente às demandas que surgem e crescem diariamente, isto é, cumpram mais

horas do que poderia ser permitido no regime jurídico desse servidor, resultando no

abuso da força de trabalho, na exploração da mão de obra, principalmente do Escrivão,

pois se a delegacia estiver com as portas abertas e houver gente na fila, terão de ser

atendidas. Além disso, ele deve cumprir os prazos legais concernentes aos inquéritos.

Essa precarização atinge, em cheio, a questão da saúde física e psicológica

desses servidores envolvidos em ambientes insalubres e com alto índice de estresses.

Nesse sentido, abre-se um parêntese, pois, aqui, se está no dever moral de advertir e

com livre faculdade lembrar que a evolução do conhecimento e da tecnologia está à

disposição e em benefício de quem a procura, cujas respostas rumo à transformação de

administrações como essa, iniciam-se, primeiro, dentro de cada servidor.

No caso específico do Escrivão - um cargo revestido de fé pública - a

CERTIDÃO é uma das ferramentas úteis e indispensáveis para ele registrar como

acontece sua rotina de trabalho e sua produção. Certificar dia a dia, caso a caso, passo a

passo tudo aquilo de positivo ou negativo no âmbito das relações de trabalho e enviar,

mensalmente, uma via das certidões para a entidade classista que lhe representa.

Para que se tenha ideia da dimensão dos avanços e retrocessos dos modelos

de administração e dos efeitos das gestões na vida dos Escrivães, desde o surgimento da

Polícia Civil no Estado do Maranhão até os dias atuais, vejam as molduras a seguir:

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Figura 38 – Moldura de 1842.

Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.

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Figura 39 – Moldura de 1904.

Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.

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Figura 40 – Moldura de 1974.

Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.

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Figura 41 – Moldura de 1987.

Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.

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Figura 42 – Moldura de 2014.

Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.

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Figura 43 – Moldura de 2016.

Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.

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Os modelos de administração pública adotados no Brasil, desde o início das

atividades da Polícia Civil no Estado do Maranhão, em 1842, até os dias atuais, se

encontram retratados em formato de molduras, das figuras 38 a 43. Pelo tamanho da

moldura é possível se perceber o retrato da política de valorização/desvalorização, entre

profissionais de uma mesma instituição, evidenciando o que fizeram e fazem a Polícia

Civil e os Governos do Estado do Maranhão, diante do contexto policial maranhense.

O modelo patrimonialista se encontra representado nas figuras 38 e 39,

simbolizado por uma única moldura. O modelo burocrático se encontra representado nas

figuras 40 e 41, simbolizado por duas molduras, isto é, pela moldura burocrática dentro

da moldura patrimonialista e o modelo gerencial se encontra representado nas figuras 42

e 43, simbolizado por três molduras, ou seja, pela moldura gerencial dentro da moldura

burocrática, esta ainda dentro da moldura patrimonialista. Haja vista que, a influência

do que reza a nomenclatura mais recente, como modelo de eficiência a ser seguido, não

conseguiu reverter práticas, hábitos e métodos utilizados pelos adeptos da primeira

moldura, cujos efeitos são desastrosos na vida dos profissionais politicamente distantes

desse ciclo patrimonialista.

O cofre, no centro das molduras, simboliza recursos indispensáveis para

satisfazer as necessidades das pessoas. Cofre esse cujo poder está em mãos do gestor do

Poder Executivo, sendo que da abertura e direcionamento dos recursos resultam a

construção da igualdade/desigualdade, da justiça/injustiça e acima de tudo resultam a

promoção dos estímulos alavancadores da motivação nas pessoas que fazem desse

Estado ser o que ele é na atualidade.

Importa destacar, nestes quadros, a democracia como sendo o meio útil,

necessário e indispensável para viabilizar o poder, da sua origem (fonte) aos

beneficiários. Logo, esse para se locomover e chegar ao seu destino com o nome de

“democracia” precisa antes de tudo ser abastecido na fonte de energia - limpa -

proveniente da - igualdade e da justiça.

As ilustrações revelam que pouco ou nenhum valor será reconhecido e

acrescido a quem estuda, cresce e evolui pessoalmente e profissionalmente, se, antes de

tudo, esse ser humano não fizer parte do jogo político, econômico e ideológico dos que

detêm as rédeas dos poderes estatais, emoldurados e evoluídos nos costumes e práticas

patrimonialistas.

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Além disso, essas interpretações servem especialmente para ajudar na

compreensão do atual quadro em que essas mesmas gestões estatais submeteram a

sociedade como um todo, representada através dos quadros/ilustrações a seguir:

Figura 44 – Página policial do Jornal o Imparcial.

Fonte: Jornal O Imparcial, edição do dia 16 de maio de 2014.

O recorte do Jornal O Imparcial, como toda mídia, mostra com facilidade as

faces da violência pessoal ou direta, praticada pelo agressor visível, de fácil

identificação pela repugnância estampada na face e na aparência do autor, de cujas

ações, em letras graúdas, na página policial a mídia estampa: “violência “‘na’”

delegacia”.

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Essa violência com a expressão “na”, “no” é a modalidade de violência que

impõe pavor e medo na sociedade, pois, perceptivelmente, entra “na” sua pele causando

dor, hematomas, lesões, fazendo seu sangue jorrar e surpreendentemente exterminando

sua vida. Entra “na” sua casa; “no” seu comércio; “na” sua indústria; “na” sua rua;

“no” seu bairro; “na” sua cidade; “na” sua roça; “no” seu povoado; “na” sua fazenda;

“no” seu Estado; “no” seu País e enche de procedimentos os cartórios das unidades

policiais, bem como, enche os cemitérios de mortos e seus autores facilmente são

alcançados para superlotar as penitenciárias.

Porém, as outras modalidades de violências estruturais e culturais,

geralmente grafadas com as expressões “pela”, “pelo”, são praticamente imperceptíveis

devido o comum distanciamento do agressor/opressor da vítima. Mas também causam

dores, deformidades, sofrimentos e lentamente mata por estresse, exaustão, escassez,

atrofiamento e asfixia você e toda a sua família. São violências praticadas “pelo” sujeito

institucional, “pela” instituição e “pelo” Estado – pai e mãe - das modalidades de

violência escritas com as expressões “na” e “no”, cujas ilustrações, a seguir, têm a

finalidade de clarear esse entendimento.

Figura 45 – Universidades de impactos sociais.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

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A figura 45 apresenta um desenho simbolizando o relevo resultante de um

garimpo social/humano para ilustrar o resultado dos efeitos dos antagonismos de forças

e jogo de poderes penetrando na vida e ditando o destino das pessoas que fazem parte de

uma sociedade/instituição/Estado marcados pela cultura do patrimonialismo.

Na parte superior se encontram as portas de acesso, recepção e orientação, e

os pilares de equilíbrio e sustentação dessa mina chamada “Estado”, composta pelas

superestruturas de forças e poderes, as quais neste trabalho convencionou chamá-las de

Poder Arrecadador/Magnetizador, para o Poder Executivo; Poder

Normatizador/Fiscalizador, para o Poder Legislativo; Poder Julgador/Disciplinador,

para o Poder Judiciário e Poder Observador/Fiscalizador, para o Ministério Público.

No centro, representando os efeitos da utilização dos recursos desse

garimpo, apresenta-se o núcleo central dessa mina configurada por planalto, barreiras,

erosões, planícies, encostas e um abismo profundo e escuro, resultado dos avanços

dessa exploração social, política e econômica.

Na base, se encontram as estruturas físicas construídas para conter o

represamento dos cascalhos e resíduos resultante dessa exploração.

No topo, se encontra a Universidade de Influentes, que por um lado

simboliza a educação como principal fonte de luz para a descoberta de tesouros e

revelação dos seus valores em um garimpo social e como ferramenta de maior

relevância para orientação, análise, classificação, polimento, brilho e destino dessas

pedras preciosas – chamadas seres humanos. Por outro lado, a Universidade de

Influentes representa, na atualidade, a escola de onde parte as orientações e os

especialistas, mestres e doutores, que tiveram e têm as funções de gerenciar, coordenar e

controlar a administração dos recursos humanos e materiais dessa mina, os quais nas

suas maneiras de ações e nas suas faculdades de poderes e decisões construíram e

constroem a Universidade de Efluente e contribuem para a formação dos seus alunos

que saem da Faculdade de Derivados de Decisões, especialistas, mestres e doutores com

poderes naquilo que receberam.

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Figura 46 – Cone dos fundos públicos.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

A figura 46 traz um cone reto na parte central, invertido, com o vértice para

baixo e a base para cima, simbolizando a bateia, onde se concentra o objeto de cobiça

desse garimpo – os fundos públicos – os quais neste caso hipotético variam de 1 (um) a

35 (trinta e cinco) salários mínimos, para simbolizar o valor mínimo e o valor máximo

desses fundos públicos que, por Lei, deve ser atribuído a um trabalhador dessa mina

(Estado). E no fundo do abismo se encontram os que nessa mina foram abandonados na

escuridão, fora do alcance da bateia, política de acolhimento e reconhecimento,

sobrevivendo com valores inferiores a um salário mínimo - representados por < 1S.M -

nesse rico e injusto garimpo.

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Figura 47 – O magnetismo exercido pelo poder arrecadador.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

A figura 47 traz, na vertical, o cone representando os fundos públicos e, na

horizontal, o cone representando o capital privado – erguido, orientado e protegido por

essa mina (Estado), ambos objetos de cobiça e simbolizando as fontes responsáveis pela

luz e pela escuridão dessa mina, decorrente da maneira como a administração dos cones

os gira e distribui a luz nesse garimpo impregnado do magnetismo patrimonialista.

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Figura 48 – Patrimonialismo.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

A figura 48 ilustra os percalços sofridos pelos Escrivães, diante de uma

política que para os Escrivães atribui-se os menores valores possíveis, em termos das

demandas por vagas e por salários, sejam estas administrativas ou judiciais, sem,

contudo, observar que se houvesse um tratamento justo no atendimento das

necessidades por vagas e salários; não haveria escassez de Escrivães, os indevidos

quadros de sobreaviso e muito menos haveria abismos tão grandes entre a remuneração

paga a um Delegado e a um Escrivão.

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Figura 49 – Sonho de democracia.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

Sonho com uma democracia, que funcione como meio eficiente e eficaz de

locomoção, no transporte sem desvio, sem atrasos, sem favorecimentos, sem

desperdícios, sem vazamentos, sem paradas nem estacionamentos nas portas de amigos

e de apadrinhados do condutor que transporte fielmente o poder da sua origem (fonte) e

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distribua democraticamente aos destinatários onde quer que eles se encontrem,

conforme representado na ilustração da figura 49.

Sonho com uma democracia que funcione como a ferramenta niveladora das

barreiras das desigualdades e restauradora das erosões e dos abismos provocados pelas

injustiças sociais.

Sonho com uma democracia que além de funcionar como meio de

transporte utilize ferramentas niveladoras e restauradoras, funcione efetivamente para

que as pessoas iluminadas por uma consciência reta possam ter percepção justa, e ações

honestas. Assim, ao invés de afastar, reprimir, abafar, silenciar, isolar com ou sem

algemas de aço e de papéis, repensem que todo ser humano precisa ser enxergado,

ouvido, interpretado e acolhido. Acolhimento e reconhecimento de suas necessidades

por um Poder Executivo.

Que o seu governante atue com isonomia de tratamento; por um Poder

Legislativo, que seus integrantes ajam com moralidade e liberdade; e um Poder

Judiciário cujos integrantes decidam com imparcialidade; por um Ministério Público

observador e fiscalizador.

Sonho com o exercício do compromisso, da responsabilidade, do

conhecimento das normas, refletindo nas suas atitudes o espírito da democracia e do

respeito como seres multiplicadores da cidadania e por uma sociedade que viva e

vivencie o exercício da cidadania.

Nesse sentido, este livro é o retrato de uma realidade não apenas vivida, mas

sofrida na Polícia Civil, principalmente por Escrivães do Estado do Maranhão que, por

174 anos lutam para funcionar como ferramentas políticas, atuando sem medo e sem

tréguas no soterramento dos abismos dos egoísmos e dos rebaixamentos das barreiras

das vaidades, erguidas, mantidas e protegidas por filhos legítimos da ambição cujos pais

e mães das desigualdades fazem a pobreza gritar à procura de soluções das suas

lamentações que se iniciam pelas ações e mãos dos Escrivães nos espaços das

delegacias.

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delegacias subordinadas à Superintendência de Polícia Civil do Interior, o serviço

público policial civil dos Plantões das Delegacias Regionais da Polícia Civil, em

observância aos princípios norteadores da Administração Pública, visando a satisfação

da sociedade em geral. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São

Luís, 02 jun. 2016. n. 101.

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na Região Metropolitana de São Luís, o serviço público policial civil dos Plantões

Centrais e Plantões Extraordinários da Polícia Civil, da Superintendência de Polícia

Civil da Capital - SPCC, em observância aos princípios norteadores da Administração

Pública, visando a satisfação da sociedade em geral. Diário Oficial do Estado do

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do Estado do Maranhão e dá outras providências. Diário Oficial do Estado do

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______. Lei nº 4.795, de 07 de abril de 1987. Dispõe sobre o reajustamento de

vencimentos, salários, soldos, proventos, pensões e gratificações de cargos e funções e

dá outras providências. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São

Luís, 07 ago. 1987. n. 147

______. Lei nº 8.508, de 27 de novembro de 2006. Dispõe sobre a reorganização da

Polícia Civil do Estado do Maranhão. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder

Executivo, São Luís, 27 nov. 2006. n. 227.

______. Lei nº 8.957, de 15 de abril de 2009. Reorganiza o Plano de Carreiras, Cargos e

Remuneração do Grupo Ocupacional Atividades de Polícia Civil do Estado do

Maranhão. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 16 abr.

2009. n. 074.

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______. Lei nº 9.656, de 17 de julho de 2012. Dispõe sobre o subsídio do cargo de

Delegado de Polícia do Subgrupo Atividades de Processamento Judiciário e sobre os

vencimentos dos cargos do Subgrupo Magistério Superior da Universidade Estadual do

Maranhão e dá outras providências. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder

Executivo, São Luís, 17 jul. 2012. n. 138.

______. Lei nº 10.252, de 2 de junho de 2015. Altera a Lei nº 8.508, de 27 de novembro

de 2006, que dispõe sobre a reorganização da Polícia Civil do Estado do Maranhão, e dá

outras providências. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São

Luís, 3 jun. 2015. n. 102.

______. Medida provisória nº 198, de 23 de abril de 2015. Dispõe sobre os subsídios

dos servidores do Subgrupo Atividades de Polícia Civil – APC, do Subgrupo

Processamento Judiciário –APJ e do Subgrupo Atividades Penitenciárias – AP,

acrescenta parágrafo único ao artigo 97 da Lei nº 6.107/94 e dá outras providências.

Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 23 abr. 2015. n.

074

______. Secretaria de Estado da Administração, Recursos Humanos e Previdência.

Portaria nº 428, de 28 de agosto de 1998. Quadros demonstrativos de pessoal do Poder

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Poder Executivo, São Luís, 28 ago. 1998. n. 166.

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2012. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 26 jan.

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2015. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 06 jan.

2015. n. 003

______. Secretaria de Estado da Segurança Pública. Edital nº 002, de 06 de janeiro de

2015. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 06 jan.

2015. n. 003.

______. Secretaria de Estado da Segurança Pública. Edital nº 003, de 06 de janeiro de

2015. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 06 jan.

2015. n. 003.

______. Secretaria de Estado da Segurança Pública. Edital nº 004, de 02 de março de

2015. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 05 mar.

2015. n. 042.

______. Secretaria de Estado da Segurança Pública. Edital nº 005, de 02 de março de

2015. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 05 mar.

2015. n. 042.

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______. Secretaria de Estado da Segurança Pública. Edital nº 006, de 02 de março de

2015. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 05 mar.

2015. n. 042.

______. Secretaria de Estado da Segurança Pública. Edital nº 007, de 07 de abril de

2015. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 09 abr.

2015. n. 065.

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2015. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 08 maio

2015. n. 084.

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2015. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 30 jun.

2015. n. 118.

______. Secretaria de Estado da Segurança Pública. Edital nº 009, de 24 de junho de

2015. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 30 jun.

2015. n. 118.

______. Secretaria da Administração. Edital nº 002, de 11 de fevereiro de 1981. Diário

Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 13 fev. 1981. n. 31.

______. Secretaria da Administração. Edital nº 009, de 19 de julho de 1981. Diário

Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 03 jul. 1981. n. 123

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Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 18 dez. 1981. n. 237.

______. Secretaria da Administração. Edital nº 019, de 16 de dezembro de 1981. Diário

Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 18 dez. 1981. n. 237.

______. Secretaria da Administração. Edital nº 020, de 16 de dezembro de 1981. Diário

Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 18 dez. 1981. n. 237.

______. Secretaria da Administração. Edital nº 021, de 16 de dezembro de 1981. Diário

Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 18 dez. 1981. n. 237.

______. Secretaria da Administração. Edital nº 022, de 16 de dezembro de 1981. Diário

Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 18 dez. 1981. n. 237.

______. Secretaria da Administração. Edital nº 023, de 16 de dezembro de 1981. Diário

Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 18 dez. 1981. n. 237.

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Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 18 dez. 1981. n. 237.

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Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 22 abr. 1982. n. 74.

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APÊNDICE

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Fonte: elaborado pelo autor, 2016.

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