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ANTONIO CARLOS RIBEIRO SOARES
O dia a dia do escrivão de polícia, nas entrelinhas
São Luís
2016
Este livro foi realizado e publicado com recursos próprios,
portanto, qualquer parte dele pode ser reproduzida, desde
que citado a fonte. Todos os direitos reservados ao autor.
Críticas, sugestões e retificações de erros, enviem para o
e-mail: [email protected].
Capa: Hudson Pinheiro
IMPRESSÃO
Gráfica Certa
Av. Vitorino Freire, 100, Loja 02, Areinha
São Luís-MA. Fone (98) 3221-4869
e
Clube de Autores Publicações S/A
Rua Otto Boehm, 48, Sala 08, América, Joinville-SC
www.clubedeautores.com.br
Ficha Catalográfica elaborada por Maurício Morais – Bibiotecário
S676d
Soares, Antonio Carlos Ribeiro
O dia a dia do escrivão de polícia, nas entrelinhas [livro eletrônico] /
Antonio Carlos Ribeiro Soares. – São Luís : Gráfica Certa ; Joimville, SC :
Clubedeautores.com.br, 2016.
132 p. : il. ; color. ; 21 cm
ISBN 978-85-922385-0-6
Também disponível em e-book, endereço eletrônico:
http://www.clubedeautores.com.br.
1. Polícia Civil. 2. Políticas salariais e de vagas. 3. Delegados e
Escrivães – realidade prática. I. Título.
CDU: 351.74:331.2(812.1)
CDD: 363.2
Aos meus pais, Manoel e Luiza (in
memoriam).
À minha irmã, Maria (in memoriam).
À minha esposa, Araceli.
Aos meus filhos, Isabela, Laércio e Laisa.
Aos meus irmãos, Benjamin, João e José.
Aos meus tios, tias, primos, primas, sobrinhos
e sobrinhas e demais familiares.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida e por sempre iluminar a minha alma.
Aos Policiais Civis, Militares, Bombeiros Militares; aos Servidores do
Sistema Penitenciário e aos Guardas e Agentes de Trânsito Municipais, pelos sonhos e
desafios em comuns.
Aos Escrivães de Polícia Civil do Estado do Maranhão, com imensa
gratidão aos que abrilhantaram essa pesquisa com suas valiosas informações.
Aos Escrivães participantes da criação e crescimento da AMEPOL, por
acreditarem que não haverá sombra nem frutos a usufruir, sem antes, adubar o solo,
lançar a semente e dela cuidar amando e regando, diariamente.
À Escrivã Loane Maranhão (in memoriam), motivo desta pesquisa.
Ao pesquisador Zacarias de Castro, uma alma iluminada e uma mão amiga.
À direção do SINPOL, nas pessoas de Heleudo, Fabrício e João Victor, pelo
espaço e divulgação no site dessa entidade sindical dos informes para esta pesquisa.
À Escrivã Marcia Gardênia, pelo espaço e divulgação no seu blog “Diário
da Gardênia” com destaques para a importância dessa pesquisa.
À minha equipe plantonista, no Plantão Central do Maiobão, na pessoa do
Delegado Ricardo Garcês e dos Investigadores, Ana Paula, Gabriel de Tarso, Juliano
Oliveira e Marcos Costa, pelos exemplos de companheirismos e solidariedade.
Aos servidores da Biblioteca do Diário Oficial do Estado, nas pessoas de
Afonso Ribeiro, Rosimar, Robert, Vita Marta e Vilma Carvalho, pelo bom atendimento.
Aos servidores da Academia Integrada de Segurança Pública, nas pessoas de
Claudia, Luís Justo, Marta Avelar, Rangel, Rosileia, Sidney Nogueira e Terezinha
Ferraz, facilitadores na obtenção de dados.
À professora Vera Guisti, pelo brilho de suas ações.
Aos Escrivães componentes da administração da AMEPOL, na pessoa dos
diretores Elton John, Joanne Lemos, Jonilson Bogéa, Luis Guilherme e Marta Venina;
dos Coordenadores nas Regionais Aparecida Torres, Eldhon Costa, Eldanio Gonçalves,
Francisco Jailson, Glenda Vieira, Greig Rayner, Jackson Lopes, Jéssica Ribeiro, Joana
D`arc, José de Arimatéia (Ari), Marilia Rocha, Marcus Daniel, Raimundo Júnior,
Thelso Bruno e do Coordenador na Capital Natanael Nascimento, por contribuírem
voluntariamente na busca de soluções aos desafios que impactam no trabalho com
reflexos e efeitos na vida dos integrantes da Polícia Civil do Estado do Maranhão.
“O medo e o mal são irmãos siameses [...]
Um apontando para o ‘lá fora’, para o
mundo, o outro para o ‘aqui dentro’, para
você mesmo. O que tememos é o mal; o que
é o mal, nós tememos.”
Zygmunt Bauman
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Gratificações anuais pagas na Chefatura de Polícia do Maranhão no início
da Polícia Civil na Província do Maranhão em 1842 ........................................ 17
Gráfico 2 - Vencimentos anuais pagos na Chefatura de Polícia do Maranhão em 1904 ..... 18
Gráfico 3 - Vencimentos mensais pagos na Polícia Civil em 1974 ..................................... 20
Gráfico 4 - Vencimentos mensais pagos na Polícia Civil em 1981 ..................................... 20
Gráfico 5 - Vencimentos mensais pagos na Polícia Civil em agosto de 1987 ..................... 21
Gráfico 6 - Subsídios mensais adotados em 2014 no PGCE para a Polícia Civil ............... 22
Gráfico 7 - Subsídios mensais para as categoriais de Delegados e Escrivães
estabelecidos na MP 198/15 .............................................................................. 23
Gráfico 8 - Evolução entre as categorias no período de 1981 a 1987 ................................. 25
Gráfico 9 - Evolução entre as categorias no período de 1987 a 2014 ................................. 26
Gráfico 10 - Evolução entre as categorias no período de 1981 a 2016 ................................. 27
Gráfico 11 - Situação hipotética para 2016 - Escrivães ......................................................... 29
Gráfico 12 - Evolução das vagas definidas em lei para Delegados e Escrivães .................... 30
Gráfico 13 - Vagas ocupadas por Delegados e Escrivães no período de 1998 a 2014 .......... 31
Gráfico 14 - Evolução das vagas oferecidas em concursos para os cargos de Delegados e
Escrivães no período de 1981 a 2012 ................................................................ 33
Gráfico 15 - Ingresso do aluno na AISP, segundo o sexo ..................................................... 43
Gráfico 16 - Ingresso do aluno na AISP, por categoria e por sexo. ....................................... 45
Gráfico 17 - Ingresso do aluno na AISP, por categoria e por sexo ........................................ 47
Gráfico 18 - Identificação do Escrivão de Polícia Civil, segundo a faixa etária ................... 48
Gráfico 19 - Identificação do Escrivão de Polícia Civil, segundo o sexo ............................. 49
Gráfico 20 - Dados de identificação do Escrivão de Polícia Civil, segundo o estado civil ... 49
Gráfico 21 - Percentual dos entrevistados, segundo o regime de trabalho ............................ 50
Gráfico 22 - Percentual dos entrevistados, segundo o local de lotação ................................. 53
Gráfico 23 - Percentual dos entrevistados, segundo a quantidade de Delegados que lhes
repassam determinações e tarefas ..................................................................... 54
Gráfico 24 - Percentual de entrevistados, segundo a feitura de APF/AAF, sem a
participação de um Delegado de Polícia. O Escrivão no cartório e ele no
gabinete ou ausente da delegacia ...................................................................... 56
Gráfico 25 - Percentual dos entrevistados que faz audiências sem a presença de um
Delegado ............................................................................................................ 59
Gráfico 26 - Percentual dos entrevistados, segundo suas participações na confecção das
portarias dos procedimentos .............................................................................. 59
Gráfico 27 - Percentual geral dos entrevistados, segundo suas participações nos relatórios
dos procedimentos ............................................................................................. 60
Gráfico 28 - Dados sobre o que representa a realização de atribuições que não são dos
escrivães .......................................................................................................... 65
Gráfico 29 - Ideia dos Escrivães de criarem uma associação ou união de Escrivães ............ 66
Gráfico 30 - Escrivães Ad Hoc .............................................................................................. 71
Gráfico 31 - Política de oferta de vagas no PSPR entre Delegado e Escrivão ...................... 81
Gráfico 32 - Política de oferta de vagas no PSPR entre Delegado e Escrivão ...................... 81
Gráfico 33 - Evoluções em vencimentos entre Delegado e Escrivão de 1987 a 2014 .......... 85
Gráfico 34 - Evolução em termos de salários mínimos entre Delegado e Escrivão de
1987 a 2014 ....................................................................................................... 85
Gráfico 35 - Evolução em porcentagem entre Delegado e Escrivão de 1987 a 2014 ............ 86
Gráfico 36 - Evoluções em vencimentos entre Delegado e Escrivão de 2014 a 2016 .......... 87
Gráfico 37 - Evolução em porcentagem entre Delegado e Escrivão de 2014 a 2016 ............ 87
Gráfico 38 - Evolução em termos de salários mínimos entre Delegado e Escrivão de 2014
a 2016 ................................................................................................................ 88
Gráfico 39 - Evoluções em vencimentos entre Delegado e Escrivão de 1904 a 1987 .......... 89
Gráfico 40 - Evolução em porcentagem entre Delegado e Escrivão de 1904 a 1987 ............ 89
Gráfico 41 - Evolução em termos de salários mínimos entre Delegado e Escrivão de 1974
a 1987 ................................................................................................................ 90
Gráfico 42 - Evolução em termos de salários mínimos entre Delegado e Escrivão de 1974
a 2016 ................................................................................................................ 95
Gráfico 43 - Lógica da gestão patrimonialista na distribuição de renda na vida das
pessoas ............................................................................................................ 97
Gráfico 44 - Efeitos da gestão patrimonialista ....................................................................... 97
Gráfico 45 - Lógica da gestão patrimonialista na arrecadação tributária .............................. 98
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Cópia da página inicial original da Lei nº 261, de 3 de janeiro de 1841 ........... 16
Figura 2 - Cópias de partes das páginas originais da Lei nº 329, de 3 de abril de 1903 .... 19
Figura 3 - Evolução da população maranhense e brasileira no período de 1872 a 1938 ... 34
Figura 4 - Taxas de homicídios por 100 mil habitantes (1980/2010) ................................ 36
Figura 5 - Crescimento percentual dos homicídios (1980/2010) ....................................... 37
Figura 6 - População escrava na Província do Maranhão em 1874 ................................... 39
Figura 7 - Interior do cartório do Plantão Central da Cidade Operária .............................. 46
Figura 8 - Interior do cartório do 19º DP Jardim Tropical ................................................ 47
Figura 9 - Procedimentos a cargo de um Escrivão na Delegacia Especial da Cidade
Operária ............................................................................................................. 55
Figura 10 - Procedimentos a cargo de um Escrivão na Delegacia Especial da Cidade
Operária ............................................................................................................. 55
Figura 11 - Cópia da página 8 da Constituição do Estado do Maranhão ............................. 72
Figura 12 - Cópia da página 55 da Constituição do Estado do Maranhão ........................... 73
Figura 13 - Cópia da escala de plantão do mês de março/16, com Escrivães Ad Hoc, em
Imperatriz .......................................................................................................... 73
Figura 14 - Cópia da escala de plantão do mês de junho/16, com Escrivães Ad Hoc, em
Imperatriz .......................................................................................................... 74
Figura 15 - Cópia do ofício ao Sinpol, sobreaviso ............................................................... 75
Figura 16 - Cópias das escalas de plantões sobreaviso, na 17ª Regional Caxias ................. 76
Figura 17 - Cópia do documento enviado ao MP de Caxias, em 2014, sobre as escalas
de sobreaviso ..................................................................................................... 76
Figura 18 - Decisão resultante do Processo nº 0307760-24-2014.8,24.0023 ...................... 77
Figura 19 - Pedido de remoção da DECOP, para o 13º DP em 2014 .................................. 82
Figura 20 - Pedido de remoção da DECOP, para o 13º DP em 2015 .................................. 83
Figura 21 - Primeiro recorte da mensagem .......................................................................... 84
Figura 22 - Segundo recorte da mensagem .......................................................................... 86
Figura 23 - Terceiro recorte da mensagem .......................................................................... 88
Figura 24 - Cópia do e-mail AMEPOL solicitando audiência com o Governador do
Estado do Maranhão .......................................................................................... 91
Figura 25 - Cópia do ofício nº 07/2015 AMEPOL, solicitando audiência com o
Governador ........................................................................................................ 91
Figura 26 - Quarto e quinto recorte da mensagem ............................................................... 92
Figura 27 - Sexto recorte da mensagem ............................................................................... 93
Figura 28 - Cópias dos anexos I e II da MP 198, de 23-04-2015 ........................................ 94
Figura 29 - Cópia da página 8 da Constituição Estadual ..................................................... 95
Figura 30 - Quadros de cargos e vagas do concurso de 2012, editais 1 e 2/2012 para
Policiais Civis .................................................................................................... 96
Figura 31 - Mandado de Segurança da GNT ....................................................................... 99
Figura 32 - Cópia das páginas 17 e 18 da Lei nº 8.508 de 27-11-2006 .............................. 100
Figura 33 - Cópia do Quadro a.1.3, do Anexo IV da Lei nº 9.664, de 17-07-2012
(PGCE) ............................................................................................................. 101
Figura 34 - Destaque dos valores de 2006 – sobre os quais foram calculados a GNT e
dos valores do subsídio do ano de 2014 .......................................................... 101
Figura 35 - Sétimo recorte da mensagem ............................................................................ 102
Figura 36 - Governo para todos os maranhenses ................................................................ 106
Figura 37 - Manchete do Jornal o Imparcial ....................................................................... 107
Figura 38 - Moldura de 1842 .............................................................................................. 111
Figura 39 - Moldura de 1904 .............................................................................................. 112
Figura 40 - Moldura de 1974 .............................................................................................. 113
Figura 41 - Moldura de 1987 .............................................................................................. 114
Figura 42 - Moldura de 2014 .............................................................................................. 115
Figura 43 - Moldura de 2016 .............................................................................................. 116
Figura 44 - Página policial do Jornal o Imparcial ............................................................... 118
Figura 45 - Universidades de impactos sociais ................................................................... 119
Figura 46 - Cone dos fundos públicos ................................................................................ 121
Figura 47 - O magnetismo exercido pelo poder arrecadador .............................................. 122
Figura 48 - Patrimonialismo ............................................................................................... 123
Figura 49 - Sonho de democracia ....................................................................................... 124
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Visão panorâmica das políticas salariais envolvendo todas as categorias da
Polícia Civil no período de 1974 a 2014 ........................................................... 24
Tabela 2 - Situação salarial real quanto aos Delegados e hipotéticos quanto aos
Escrivães ............................................................................................................ 28
Tabela 3 - Vagas definidas em Lei ..................................................................................... 30
Tabela 4 - Quadro demonstrativo dos policiais civis maranhenses por cargos .................. 31
Tabela 5 - Política de concursos e de ofertas de vagas nos quadros da Polícia Civil ........ 32
Tabela 6 - Evolução populacional do Maranhão e de alguns municípios maranhenses .... 35
Tabela 7 - Composição do Conselho de Polícia Civil ........................................................ 40
Tabela 8 - Cursos de formações na AISP, realizados de 1998 a 2014 ............................... 44
Tabela 9 - A rotina dos conduzidos em ocorrências de fatos que podem resultar em
APF/AAF na unidade policial do entrevistado ................................................. 57
Tabela 10 - Questionamento sobre como está acontecendo as oitivas de investigados, de
testemunhas e de vítimas nas unidades policiais dos entrevistados .................. 61
Tabela 11 - Questionamento sobre a incidência de audiências, APF/AAF, portarias,
oitivas de investigados e relatórios que estão sendo feito pelo Escrivão
sozinho, o porquê e o que isso representa para os entrevistados ....................... 63
Tabela 12 - PSPR.................................................................................................................. 80
Tabela 13 - Concurso regido pelos editais n° 01 e 02/2012, de 10-10-2012........................ 96
Tabela 14 - GNT – Situação hipotética para 2016 .............................................................. 102
Tabela 15 - Alinhamento das necessidades de Escrivães para o interior e capital .............. 103
Tabela 16 - Alinhamento das necessidades salariais para os Escrivães .............................. 104
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AAF Auto de Apreensão em Flagrante
ACADEPOL Academia de Polícia Civil do Maranhão
AISC Academia Integrada de Segurança Cidadã
AISP Academia Integrada de Segurança Pública
AMEPOL Associação Maranhense de Escrivães de Polícia Civil
APC Grupo Ocupacional de Atividade de Polícia Civil
APF Auto de Prisão em Flagrante
APC Agente de Polícia Civil
APML Auxiliar de Perícia Médico Legal
CPC Comissário de Polícia Civil e Conselho de Polícia Civil
DECOP Delegacia Especial da Cidade Operária
DO Diário Oficial
DP Delegacia de Polícia ou Distrito Policial
DPC Delegado de Polícia Civil
EPC Escrivão de Polícia Civil
FL Farmacêutico Legista
GNT Gratificação de Natureza Técnica
IPC Investigador de Polícia Civil
MA Maranhão
ML Médico Legista
MP Medida Provisória
OL Odontolegista
PC Perito Criminal
PCA Perito Criminal Auxiliar
PGCE Plano Geral de Cargos do Poder Executivo
PSPR Processo Seletivo Permanente de Remoção
SEGEP Secretaria de Estado da Gestão e Previdência
SEIC Superintendência Estadual de Investigações Criminais
SINPOL Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Maranhão
SPCC Superintendência de Polícia Civil da Capital
SPCI Superintendência de Polícia Civil do Interior
APRESENTAÇÃO
Este trabalho tem por objetivo apresentar, de forma resumida, os resultados
de um estudo histórico sobre a Polícia Civil do Estado do Maranhão, desde seu início
em 1842 até os dias atuais, retratando as políticas salariais, de vagas, de remoções e seus
efeitos na vida dos Escrivães, desde a gestão do Presidente da Província da época, João
Antonio de Miranda até o governo atual. Embora a pesquisa em si, que se encontra em
fase de acabamento, contemple uma visão dessas políticas para todas as categorias da
Polícia Civil, neste recorte enfoca-se principalmente o comparativo entre as categorias
de Delegado e de Escrivão de Polícia. Em especial, apresentam-se os resultados de uma
pesquisa sobre como, na prática, acontecem as rotinas de trabalhos submetidas aos
Escrivães de Policia Civil nas unidades policiais espalhadas pelo território maranhense.
Prédio da antiga Chefatura de Polícia Atual prédio onde funcionava a Chefatura de
Polícia
Fonte: Biblioteca Pública Benedito Leite, 1908 Fonte: SOARES, 2015
Largo de São João Localização da Secretaria de Segurança
Pública - MA
Fonte: SOARES, 2015 Fonte: SOARES, 2015
Fachada da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Maranhão
Fonte: SOARES, 2015
Vista aérea da sede da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Maranhão.
Fonte: SOARES, 2015
SUMÁRIO
1 POLÍCIA CIVIL NO ESTADO DO MARANHÃO ................................................ 16
1.1 Políticas Salariais ........................................................................................................ 17
1.1.1 Políticas Salariais adotadas para as categorias de Delegados e Escrivães .................... 18
1.1.2 Resumo da situação salarial real quanto à categoria de Delegados e hipotética em
relação à categoria de Escrivães .................................................................................... 28
1.2 Políticas de criação e de provimento de vagas .......................................................... 30
1.2.1 Vagas definidas em lei .................................................................................................. 30
1.2.2 Vagas legalmente ocupadas .......................................................................................... 31
1.3 Quadro sobre a população brasileira no período de 1872 a 1938 ........................... 34
1.4 População maranhense no período de 1872 a 2010 .................................................. 35
1.4.1 População escrava na Província do Maranhão em 1874 ......................................... 39
1.5 Políticas sobre a vida funcional dos servidores policiais civis ................................. 40
1.5.1 Conselho de Polícia Civil .............................................................................................. 40
2 RESUMO DO RESULTADO DA PESQUISA DE CAMPO SOBRE A
REALIDADE PRÁTICA VIVENCIADA POR ESCRIVÃES DE POLÍCIA ...... 42
2.1 O Perfil dos Profissionais Escrivães .......................................................................... 48
3 SURGIMENTO E PAPEL DA ASSOCIAÇÃO MARANHENSE DE
ESCRIVÃES DE POLÍCIA CIVIL ........................................................................... 66
3.1 Abusos .......................................................................................................................... 70
3.1.1 “Gambiarras” na realização das atividades cartorárias de Polícia Judiciária ................ 70
3.1.2 Escalas de plantões sobreavisos .................................................................................... 75
3.2 Desigualdades e injustiças .......................................................................................... 79
3.2.1 Processo Seletivo Permanente de Remoção – PSPR .................................................... 79
3.2.2 Pedidos de remoções sem políticas e sem políticos ...................................................... 82
3.3 Núcleos visíveis e invisíveis ......................................................................................... 84
3.3.1 Recortes da Mensagem do Excelentíssimo Senhor Governador à Assembleia
Legislativa ..................................................................................................................... 84
3.3.2 Lógica da gestão patrimonialista ................................................................................... 96
3.3.3 Gratificação de Natureza Técnica ................................................................................. 99
3.4 Alinhamento – Fortalecimento e Valorização ......................................................... 102
3.4.1 Alinhamento das necessidades de Escrivães para o interior e capital .......................... 103
3.4.2 Alinhamento das necessidades salariais para os Escrivães .......................................... 104
3.4.3 Alinhamento das Funções Gratificadas para Escrivães ............................................... 104
3.4.4 Adequação dos Concursos ........................................................................................... 105
3.4.5 Adequação das estruturas físicas .................................................................................. 105
4 CONCLUSÕES (PARA AS SUAS CONCLUSÕES) ............................................. 107
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 126
APÊNDICE .................................................................................................................. 131
16
1 POLÍCIA CIVIL NO ESTADO DO MARANHÃO
No dia 3 de janeiro de 1841, a Lei de Nº 261, conforme figura 1, criou na
Província do Maranhão os seguintes cargos: Chefe de Polícia, de Delegados e de
Subdelegados, de igual modo criou para ocupar e atuarem nos mesmos espaços, os
cargos de: Juízes Municipais, de Promotores Públicos, de Juízes de Direito, de Oficial
de Justiça, de Amanuenses (atual cargo de Datilógrafo), de Escrivães de Paz, de
Inspetores de Quarteirão e de Carcereiro.
Figura 1 – Cópia da página inicial original da Lei nº 261, de 3 de janeiro de 1841.
Fonte: pesquisador Zacarias de Castro, 2015.
17
1.1 Políticas Salariais
O Brasil vivia ainda sob a tutela de Portugal, quando na Província do
Maranhão se iniciam as atividades policiais. Nesse sentido, o Decreto Imperial de nº
176, de 15 de maio de 1842, do Exmo. Sr. Paulino José de Sousa, Ministro da Justiça e
rubrica de sua Majestade o Imperador estabelece os valores das gratificações pagas ao
Chefe de Polícia e aos seus auxiliares, como relata o texto do referido Decreto: “Hei por
bem, para execução do art. 8, da Lei nº 261, de 3 de dezembro de 1841, fica marcado as
gratificações para os dois amanuenses do Chefe de Polícia do Maranhão, o primeiro de
seiscentos mil réis e o segundo de quinhentos mil réis anuais.” (BRASIL, 1842, não
paginado).
Tais gratificações não eram restritas somente ao Maranhão, uma vez que
abrangiam, ainda, os Chefes de Polícia das Províncias do Ceará e Pernambuco, o
Decreto Imperial nº 177, da mesma data e do citado Ministro, para execução do art. 3º,
da lei acima referida: Art. Único, estabelece que: “Os Chefes de Polícia das Províncias
do Maranhão, Ceará e Pernambuco, vencerão cada um a gratificação anual de oitocentos
mil réis.” (BRASIL, 1842, não paginado).
Gráfico 1 – Gratificações anuais pagas na Chefatura de Polícia do Maranhão no início da
Polícia Civil na Província do Maranhão em 1842.
Fonte: Decreto Imperial nº 176 e 177, de 15 de maio de 1842, (Cortesia do pesquisador Zacarias de
Castro, 2015.
0
200.000
400.000
600.000
800.000
CHEFE DE
POLÍCIA
1º AMANUENSE 2º AMANUENSE
800.000$000
600.000$000 500.000$000
100 75 62,5
Política Salarial adotada em 1842 - na gestão do Imperador Dom Pedro II - para a gestão do Presidente da Província do Maranhão João Antonio de Miranda - para gratificar o Chefe de Polícia e o
Amanuense
Gratificações anuais Equivalência %
18
Como é possível perceber, o gráfico 1, revela o valor das gratificações
anuais pagas na Chefatura de Polícia do Maranhão, em 1842, em o que Chefe de
Polícia, o Desembargador José Mariani, recebia Rs 800.000$000 (oitocentos mil réis).
O 1º Amanuense, Manoel Jose do Amaral Cunha, recebia Rs 600.000$000 (seiscentos
mil réis), que correspondia a 75% do valor das gratificações pagas ao Chefe de Polícia e
o 2º Amanuense recebia Rs 500.000$000 (quinhentos mil réis), que correspondia a
62,5% do valor das gratificações pagas ao Chefe de Polícia.
1.1.1 Políticas Salariais adotadas para as categorias de Delegados e Escrivães
Gráfico 2 – Vencimentos anuais pagos na Chefatura de Polícia do Maranhão em 1904.
Fonte: Lei nº 329 de 03-04-1903.
Deixa-se para trás a Política Salarial adotada em 1842 – na gestão do
Imperador Dom Pedro II e se faz um avanço para uma época republicana, exatamente
1903. Com o advento da Lei nº 330, de 3 de abril de 1903, além de reorganizar o
serviço da Segurança Pública, criou na Chefatura de Polícia a Delegacia Geral de
Polícia e o consequente cargo de Delegado Geral de Polícia. Nessa mesma data, a Lei nº
329 – conforme figura 2 –, retratou o quadro de pessoal e as respectivas remunerações
atribuídas aos cargos no âmbito da Polícia Civil para o ano de 1904. Onde, conforme
gráfico 2, se pode observar os vencimentos anuais atribuídos naquela época aos cargos
de Delegado, Subdelegado e Escrivão, em que um Delegado de Polícia da Vila do Paço
0
500
1.000
1.500
2.000
DELEGADO / SUBDELEGADO DA
CAPITAL
SUBDELEGADO DO ANIL
ESCRIVÃO
1.800$000
1.200$000
1.000$000
100 66,67 55,56
Política Salarial adotada em 1903 - na gestão do Governador do
Maranhão Manoel Lopes da Cunha - para remunerar Delegado e
Escrivão da Polícia Civil
Vencimentos Equivalência %
19
e um Subdelegado da Capital recebiam cada um R$ 1.800$000, um Subdelegado do
Anil recebia R$ 1.200$000, o que correspondia 66,67% da remuneração paga ao
Delegado e o Escrivão recebia R$ 1.000$000, o que correspondia a 55,56% paga ao
Delegado.
Figura 2 - Cópias de partes das páginas originais da Lei nº 329, de 3 de abril de 1903.
Fonte: Arquivo Público do Estado do Maranhão, 2015.
20
Gráfico 3 – Vencimentos mensais pagos na Polícia Civil em 1974.
Fonte: Lei nº 3.597, de 02-12-1974, DO/MA, nº 232, de 03-12-1974.
*Salário Mínimo Cr$ 415,20.
A Lei nº 3.597/74, de 02-12-1974, reorganizou o serviço Policial Civil do
Estado do Maranhão, de onde se extraem os vencimentos pagos para as categorias de
Delegado e Escrivão de Polícia Civil, onde conforme gráfico 3, naquela época um
Delegado de Polícia recebia por mês Cr$ 2.110,00 e que correspondia a 5,08 salários
mínimos, enquanto que um Escrivão de Polícia recebia por mês Cr$ 930,00, o que
correspondia a 2,24 salários mínimos e sua remuneração representava 44,08% da
remuneração recebida pelo Delegado. Ressalta que naquela época o cargo de Escrivão
já era cargo de 2º Grau (Ensino Médio).
Gráfico 4 – Vencimentos mensais pagos na Polícia Civil em 1981.
Fonte: Lei nº 4.325, de 13-07-1981, DO/MA, nº 139, de 27-07-1981.
*Salário Mínimo Cr$ 8.464,80.
-
500
1.000
1.500
2.000
2.500
DELEGADO DE POLÍCIA ESCRIVÃO DE POLÍCIA
2.110
930
100 44,08 5,08 2,24
Política Salarial adotada em 1974 - na gestão do Governador do
Maranhão Pedro Neiva de Santana - para remunerar Delegado e
Escrivão da Polícia Civil
Vencimentos Equivalência % Equivalência em *S.M
0
20.000
40.000
DELEGADO DE POLÍCIA ESCRIVÃO DE POLÍCIA
29.000
11.845
100 40,84 3,43 1,40
Política Salarial adotada em 1981 - na gestão do Governador do Maranhão João Castelo - para remunerar Delegado e Escrivão da
Polícia Civil Vencimentos Equivalência % Equivalência em *S.M
21
A Lei nº 4.325/81, de 13-07-1981 constituiu o Estatuto da Polícia Civil, de
onde se extrai os vencimentos mensais atribuídos às categorias de Delegado e Escrivão
de Polícia Civil para o ano de 1981, e conforme gráfico 4, naquela época um Delegado
de Polícia recebia por mês Cr$ 29.000,00, que correspondia a 3,43 salários mínimos,
enquanto que um Escrivão de Polícia recebia por mês Cr$ 11.845,00, o que
correspondia a 1,40 salários mínimos e sua remuneração representava 40,84% da
remuneração recebida pelo Delegado.
Gráfico 5 – Vencimentos mensais pagos na Polícia Civil em agosto de 1987.
Fonte: Lei nº 4.795, de 07-08-1987, DO/MA, nº 147, de 07-08-1987.
*Salário Mínimo Cz$ 1.970,00.
No que diz respeito ao reajustamento de vencimentos, de onde se extrai os
vencimentos mensais atribuídos às categorias de Delegado e Escrivão de Polícia Civil
para o ano de 1987, este está contido na Lei nº 4.795/87 conforme gráfico 5. Naquela
época um Delegado de Polícia recebia por mês Cr$ 10.000,00, que correspondia a 5.08
salários mínimos, enquanto que um Escrivão de Polícia recebia por mês Cr$ 4.500,00, o
que correspondia a 2,28 salários mínimos e sua remuneração representava 45% da
remuneração recebida pelo Delegado.
0
10.000
DELEGADO DE POLÍCIA ESCRIVÃO DE POLÍCIA
10.000
4.500
100 45 5,08 2,28
Política Salarial adotada em 1987- na gestão do Governador do
Maranhão Epitácio Cafeteira - para remunerar Delegado e
Escrivão da Polícia Civil
Vencimentos Equivalência % Equivalência em *S.M
22
Gráfico 6 – Subsídios mensais adotados em 2014 no PGCE para a Polícia Civil.
Fontes: Leis nº 9.656/2012 – Anexo I e Lei nº 9.664/2012 – Anexo IV, de 17-07-2012, DO/MA, nº 138,
de 17-07-2012. * Salário Mínimo R$ 724,00.
Os subsídios estabelecidos para a Categoria de Delegado de Polícia Civil e
para a Categoria de Escrivão de Polícia Civil, estão dispostos no gráfico 6 onde é
possível se observar que em 2014, um Delegado passou a receber como subsídio a
importância de R$ 13.473,45, o que correspondia, na época, a 18,61 salários mínimos,
enquanto que um Escrivão de Polícia passou a receber apenas R$ 3.127,20 o que
correspondia na época a 4,32 salários mínimos e sua remuneração representava 23,21%
da remuneração recebida pelo Delegado.
0,00
2.000,00
4.000,00
6.000,00
8.000,00
10.000,00
12.000,00
14.000,00
DELEGADO DE POLÍCIA ESCRIVÃO DE POLÍCIA
13.473,45
3.127,20
100 23,21 18,61 4,32
Política Salarial adotada em 2014 - na gestão da Governadora do Maranhão Roseana Sarney - para remunerar Delegado e Escrivão
da Polícia Civil
Vencimentos Equivalência % Equivalência *S.M
23
Gráfico 7 – Subsídios mensais para as categoriais de Delegados e Escrivães estabelecidos na
MP 198/15.
Fonte: Medida Provisória nº 198, de 23-04-2015, DO/MA, nº 074, de 23-04-2015.
** Salário Mínimo R$ 880,00.
No gráfico 7, se encontram assegurados os subsídios estabelecidos no
âmbito da Polícia Civil, por força da Medida Provisória nº 198, de 23-04-2015, sendo
que para a categoria de Escrivães esses subsídios foram implantados em 2015 em
parcela única e para a categoria de Delegados os valores constantes no gráfico 7, foram
fixados pela referida MP 198, com aumentos sucessivos até 1º de julho de 2016.
Conforme MP 198 e valores retratados no gráfico 7, a partir de 1º de julho
de 2016 um Delegado passou a receber como subsídio R$ 18.957,64 o que corresponde,
na atualidade, a 21,54 salários mínimos, enquanto que um Escrivão de Polícia recebe na
atualidade R$ 3.990,41, o que corresponde a 4,53 salários mínimos e sua remuneração
representa 21,05% da remuneração recebida pelo Delegado.
0,00
2.000,00
4.000,00
6.000,00
8.000,00
10.000,00
12.000,00
14.000,00
16.000,00
18.000,00
20.000,00
DELEGADO DE POLÍCIA ESCRIVÃO DE POLÍCIA
18.957,64
3.990,41
100 21,05 21,54 4,53
Política Salarial adotada em 2016 - na gestão do Governador do
Maranhão Flávio Dino - para remunerar Delegado e Escrivão da
Polícia Civil
Vencimentos Equivalência % Equivalência em*S.M
24
Tabela 1 - Visão panorâmica das políticas salariais envolvendo todas as categorias da Polícia
Civil no período de 1974 a 2014.
APRESENTAÇÃO, MOVIMENTAÇÃO DOS CARGOS E VARIAÇÕES DE VENCIMENTOS E SUBSÍDIOS
INTER CATEGORIAS E ENTRE CARGOS DE 1974 A 1987 – SITUAÇÃO REAL
Histórico Cargos
Detetive Fotógrafo
Policial
Agente de
Polícia
Auxiliar
de
Necropsia
Comissário
de Polícia
Escrivão
de Polícia
Papiloscopista
Perito Policial Médico Legista
Toxicologista
Dentista
Técnico de
Laboratório
Perito Criminal
Delegado
de Polícia
Ano
Variações
19
74
Escolaridade 1º Grau 1º Grau 1º Grau 2º Grau 1º Grau Superior Superior
Vencimento Cr$ 670,00 810,00 480.00 930,00 930,00 1.550,00 2.110,00
Equivalência S.M 1,61 1,95 1,16 2,24 2,24 3,73 5,08
% + e o - 31,71 38,39 22,75 44,08 44,08 73,46 100
Histórico Cargos
Agente de
Polícia
Auxiliar de
Necropsia
Operador de
Raios-X
Comissário de Polícia
Escrivão de Polícia
Perito Auxiliar
Papiloscopista
Fotógrafo Policial
Desenhista Policial
Delegado de Polícia Perito Criminal
Médico Legista
Odontolegista
Laboratorista
Toxicologista
Ano
Variações
1 9
8 1
Escolaridade 1º Grau 2º Grau Superior
Vencimento Cr$ 7.950,00 11.845,00 29.000,00
Equivalência S.M 0,94 1,40 3,43
% + e o – 27,41 40,84 100
Cargos Histórico Agente de
Polícia
Auxiliar de
Necropsia
Operador de
Raios-X
Comissário de Polícia
Escrivão de Polícia
Perito Auxiliar
Papiloscopista
Fotógrafo Policial
Desenhista Policial
Perito Criminal
Médico Legista
Odontolegista
Laboratorista
Toxicologista
Delegado de Polícia
Ano Variações
1 9
8 7
Escolaridade 2º Grau 2º Grau Superior Superior
Vencimento Cz$ 4.000,00 4.500,00 10.000,00 10.000,00 Equivalência S.M 2,03 2,28 5,08 5,08
% + e o – 40,00 45,00 100 100
1981
A
1987
Evolução S.M 1,09 0,88 1,65 1,65
Evolução
percentual
215,96% 162,86% 148,10% 148,10%
APRESENTAÇÃO, MOVIMENTAÇÃO DOS CARGOS E VARIAÇÕES DE VENCIMENTOS E SUBSÍDIOS
INTER CATEGORIAS E ENTRE CARGOS DE 1987 A 2014 - SITUAÇÃO REAL
Cargos
Histórico Auxiliar de
Perícia Médico
Legal (APML)
Investigador de Polícia
Escrivão de Polícia
Perito Criminal Auxiliar
Comissári
o de
Polícia
Perito Criminal
Médico Legista
Odontolegista
Toxicologista Farmacêutico Legista
Delegado
de Polícia Ano Variações
2 0 1 4
Escolaridade Nível Médio Superior Superior Superior Superior
Subsídio R$ 1.944,80 3.127,20 3.277,50 7.504,72 13.473,45
Equivalência S.M 2,69 4,32 4,53 10,37 18,61
% + e o – 14,43 23,21 24,33 55,70 100
1987
A
2014
Evolução em
S.M
0,66
IPC EPC PCA
2,25
5,29
13,53 2,29 2,04 2,04
Evolução
percentual
132,51%
IPC EPC PCA
198,68%
204,13%
366,34% 212,81% 189,47% 189,47%
ALINHAMENTO HIPOTÉTICO PARA OS VENCIMENTOS DE 2014, COM BASE NOS PERCENTUAIS
CONCEDIDOS AOS DELEGADOS NO PERÍODO DE 1987 A 2014
2014
Equivalência
em S.M Justo
7,44
IPC
7,44
EPC
8,35
PCA
8,35
8,35
18,61
18,61
Subsídio Justo (366,34%)
5.384,15 5.384,15 6.047,22 6.047,22 6.047,22 13.473,64 13.473,64
ALINHAMENTO HIPOTÉTICO INCLUINDO GRATIFICAÇÃO DE NATUREZA TÉCNICA – GNT – 222%
SOBRE R$ 303,24 PARA 2014 - CÁLCULOS FEITOS APENAS PARA A CATEGORIA DE ESCRIVÃES
2014 APML
-
IPC
-
EPC
6.720,41
PCA
-
CPC
-
PC-ML-OL-TL-FL
DPC
-
25
A situação salarial real, envolvendo todas as categorias no período de 1981
a 1987 apresenta-se no gráfico 8.
Gráfico 8 - Evolução entre as categorias no período de 1981 a 1987.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
Considerando o que se demonstra na tabela 1 e no gráfico 8, observa-se,
assim, como se deu a evolução entre as categorias no período de 1981 a 1987, é possível
perceber que, primeiro, os rendimentos do Investigador de Polícia Civil (IPC), (na
época chamada de Agente de Polícia) e a categoria de Auxiliar de Perícia Médico Legal
(APML), (na época chamada de Auxiliar de Necropsia), cresceram 215,96%, passaram
de 0,94 salários mínimos para 2,03 salários mínimos, um acréscimo de 1,09 salários
mínimos. Em segundo lugar aparecem as categorias de Comissário de Polícia Civil
(CPC), Escrivão de Polícia Civil (EPC) e Perito Criminal Auxiliar (PCA) que cresceram
162,86%, passaram de 1,4 salários mínimos para 2,28 salários mínimos, um acréscimo
de 0,88 salários mínimos e por último a categoria de Delegado de Polícia Civil (DPC) e
as categorias integrantes da Polícia Técnica Científica, aqui representado pela Categoria
de Perito Criminal (PC) que cresceram 148,10%, passaram de 3,43 salários mínimos
para 5,08 salários mínimos, um acréscimo de 1,65 salários mínimos.
As categorias de Investigador de Polícia e de Auxiliar de Perícia Médico
Legal cujos cargos, em 1981, eram de nível de 1º Grau tiveram, nesse intervalo de
tempo, um acréscimo de 215,96%, o qual deve ter sido em decorrência da elevação da
escolaridade exigida para o cargo de nível de 1º Grau para 2º Grau, haja vista que no
concurso acontecido em 1989 para Agente de Polícia Civil (Investigador de Polícia
Civil) foi exigida como requisito de escolaridade o 2º Grau.
0
1
2
3
4
5
6
IPC/APML CPC/EPC/PCA DPC/PC
0,94 1,4
3,43
2,03 2,28
5,08
1981 1987
26
Todas as categorias no período de 1987 a 2014 estão representadas –
situação salarial – no gráfico 9.
Gráfico 9 - Evolução entre as categorias no período de 1987 a 2014.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
A evolução salarial entre as categorias que compõem a Polícia Civil do
Estado do Maranhão no período de 1987 a 2014, encontra-se retratada na tabela 1 e no
gráfico 9, onde é possível se perceber que a categoria de Delegado de Polícia Civil
(DPC) evoluiu 366,34%, passou de 5,08 salários mínimos em 1987 para 18,61 salários
mínimos em 2014, um acréscimo de 13,53 salários mínimos. Seguida da categoria de
Investigador de Polícia Civil (IPC) que evoluiu 212,81%, passou de 2,03 salários
mínimos em 1987 para 4,32 salários mínimos em 2014, um acréscimo de 2,29 salários
mínimos.
A categoria de Perito Criminal teve uma evolução de 204,13%, passou de
5,08 salários mínimos em 1987, (mesmo valor dos Delegados), para 10,37 salários
mínimos em 2014, um acréscimo de 5,29 salários mínimos. Seguida da categoria de
Comissário de Polícia Civil (CPC), que passou de 2,28 salários mínimos em 1987
(mesmo valor dos Escrivães) para 4,53 salários mínimos em 2014, um acréscimo de
2,25 salários mínimos. Em iguais percentuais e, em penúltimo lugar, aparecem as
categorias de Escrivão de Polícia Civil (EPC) e Perito Criminal Auxiliar (PCA) que
evoluíram 189,47%, passou de 2,28 salários mínimos em 1987 para 4,32 salários
mínimos em 2014, um acréscimo de 2,04 salários mínimos.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
APML IPC EPC CPC PC DPC
2,03 2,03 2,28 2,28
5,08 5,08
2,69 4,32 4,32 4,53
10,37
18,61
1987 2014
27
Por último, aparece a categoria de Auxiliar de Perícia Médico Legal
(APML), que passou de 2,03 salários mínimos em 1987 (mesmo valor dos
Investigadores de Polícia), para apenas 2,69 salários mínimos, um acréscimo de 0,66
salários mínimos.
A situação salarial real, envolvendo todas as categorias no período de 1981
a 2016, encontra-se no gráfico 10.
Gráfico 10 - Evolução entre as categorias no período de 1981 a 2016.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
O gráfico 10 – extraído da tabela 1 - retrata a evolução salarial entre as
categorias que compõem a Polícia Civil do Estado do Maranhão no período de 1981 a
2016, onde é possível se perceber que a categoria de Delegado de Polícia Civil (DPC)
evoluiu 628,07%, pois passou de 3,43 salários mínimos em 1981 para 21,54 salários
mínimos em 2016, um acréscimo de 18,11 salários mínimos. Seguida da categoria de
Investigador de Polícia Civil (IPC) que evoluiu 482,40%, passando de 0,94 salários
mínimos em 1981 para 4,53 salários mínimos em 2016, um acréscimo de 3,59 salários
mínimos.
Em terceiro lugar aparece a categoria de Comissário de Polícia Civil (CPC),
que evoluiu 336,71%, já que passou de 1,40 salários mínimos em 1981 para 4,71
salários mínimos em 2016, um acréscimo de 3,31 salários mínimos.
As categorias de Escrivão de Polícia Civil (EPC) e Perito Criminal Auxiliar
(PCA) tiveram evoluções idênticas. Evoluíram 323,90%, passando de 1,40 salários
mínimos em 1981 para 4,53 salários mínimos em 2016, um acréscimo de 3,13 salários
mínimos.
0
5
10
15
20
25
APML IPC EPC PCA CPC PC DPC
0,94 0,94 1,40 1,40 1,40 3,43 3,43
2,32 4,53 4,53 4,53 4,71
8,95
21,54
1981 2016
28
As categorias da Polícia Técnica Científica, aqui representada pela categoria
de Perito Criminal, evoluíram 261,06%, passaram de 3,43 salários mínimos em 1981,
para 8,95 salários mínimos em 2016, um acréscimo de 5,52 salários mínimos.
Em último lugar aparece a categoria de Auxiliar de Perícia Médico Legal
(APML), que passou de 0,94 salários mínimos em 1981 (mesmo valor dos
Investigadores de Polícia), para apenas 2,32 salários mínimos em 2014, um acréscimo
de 1,38 salários mínimos.
Ressalta-se que os valores de 2016 foram extraídos da MP 198 de 23-04-
2015, conforme se vai constatar na figura 28, na página 94.
1.1.2 Resumo da situação salarial real quanto à categoria de Delegados e hipotéticos em
relação à categoria de Escrivães.
Tabela 2 – Situação salarial real quanto aos Delegados e hipotéticos quanto aos Escrivães.
ALINHAMENTO HIPOTÉTICO PARA 2016 - COM BASE NOS MESMOS
ÍNDICES OFERECIDOS AOS DELEGADOS PELA MEDIDA PROVISÓRIA 198
DE 23-04-2015
Cargos
Histórico ESCRIVÃO DE
POLÍCIA
DELEGADO
DE POLÍCIA Ano Variações
2015
Subsídio Justo (117,64%) 7.906,11 15.850,60
Equivalência em S.M Justo 10,03 20,11 Fevereiro 2016 Subsídio Justo (110,29%) 8.719,64 17.481,61
Julho
2016
Subsídio Justo (108,44%) 9.455,87 18.957,64
Equivalência em S.M Justo 10,75 21,54
Equivalência em percentuais 49,88 100
ALINHAMENTO HIPOTÉTICO PARA 2016, COM BASE NOS MESMOS ÍNDICES
ATRIBUÍDOS A CATEGORIA DE DELEGADOS PELA MP 198, DE 23-04-2015
Cargos
ESCRIVÃO DE POLÍCIA
Classe
Refe
rên
cia
Subsídios
R$ Equivalência em
*S.M
Equivalência em %
A
1 9.455,87 10,75 49,88
2 9.739,54 11,07 51,38
3 10.323,92 11,73 54,46
B
4 10.633,63 12,08 53,29
5 10.952,64 12,45 54,89
6 11.609,80 13,19 58,18
C
7 11.958,10 13,59 56,93
8 12.316,84 14,00 58,64
9 13.055,85 14,84 62,15
ESPECIAL 10 13.447,53 15,28 60,82
11 14.254,38 16,20 64,47
29
Fontes: Medida Provisória nº 198, de 23-04-2015, DO/MA, nº 074, de 23-04-2015.
* Salário Mínimo R$ 880,00.
No gráfico 11, é apresentada a representação gráfica da situação salarial real
para a categoria de Delegados e hipotética para a categoria de Escrivães para 2016.
Gráfico 11 – Situação hipotética para 2016 – Escrivães.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
SITUAÇÃO REAL EM 1º DE JULHO DE 2016, CONFORME ANEXO I DA MP
198, DE 23-04-2015
Cargos
Classe
Subsídios
R$ Equivalência
em *S.M
Equivalência em
%
Delegado 3ª 18.957,64 21,54 100
Delegado 2ª 19.955,40 22,68 100
Delegado 1ª 21.005,73 23,87 100
Delegado Especial 22.111,25 25,13 100
0
50
100
DELEGADO DE POLÍCIA ESCRIVÃO DE POLÍCIA
21,54 10,75
100
49,88
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA PARA OS ESCRIVÃES COM VALORES ALINHADOS PARA 2016
Evolução em S.M Evolução em %
30
1.2 Políticas de criação e de provimentos de vagas
1.2.1 Vagas definidas em lei
Tabela 3 – Vagas definidas em lei.
Categorias Funcionais
Número de cargos
Lei nº 3.597,
de 02-12-74
Lei nº 4.327,
de 13-07-81
Lei nº 8.957, de
15-04-09
Agente de Polícia (Investigador de
Polícia Civil)
834 1000 1500
Auxiliar de Necropsia (Auxiliar de
Perícia Médico Legal)
09 30 60
Operador de Raios X - - -
Comissário de Polícia 215 300 -
Escrivão de Polícia 149 200 400
Papiloscopista 31 50 -
Perito Policial 06 06 -
Desenhista Policial - - -
Perito Criminal Auxiliar 10 25 60
Delegado de Polícia 149 200 550
Perito Criminal 04 25 150
Médico Legista 15 30 100
Odontolegista 03 05 05
Laboratorista (Farmacêutico Legista) 03 10 15
Toxicologista 03 09 15 Fontes: 1974 Lei nº 3.597, de 02-12-1974, DO/MA, nº 232, de 03-12-1974.
1981 Lei nº 4.325, de 13-07-1981, DO/MA, nº 139, de 27-07-1981.
2009 Lei nº 8.957, de 15-04-2009, DO/MA, nº 74, de 17-04-2009.
No gráfico 12, faz-se a representação gráfica das vagas definidas em lei:
Gráfico 12 – Evolução das vagas definidas em lei para Delegados e Escrivães.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
0
200
400
600
DELEGADO DE POLÍCIA ESCRIVÃO DE POLÍCIA
149 149 200 200
550
400
Evolução das vagas definidas em Leis para Delegados e Escrivães
1974 1981 2009
31
1.2.2 Vagas legalmente ocupadas
Tabela 4 – Quadro demonstrativo dos policiais civis maranhenses por cargos.
CARGO/ANO
TOTAL EVOLUÇÃO
1998 a 2014 1998 2004 2008 2014
Delegado de Polícia 89 295 297 386 333,71
Perito Criminalístico
(Perito Criminal)
12 49 43 101 741,67
Médico Legista 25 33 31 55 120,00
Odontolegista 2 02 02 04 100,00
Toxicolegista 1 01 01 01 -
Laboratorista
(Farmacêutico Legista)
1 01 01 05 400,00
Escrivão de Polícia 76 157 140 328 331,58
Agente de Polícia
(Investigador de
Polícia)
683 976 915 1.175 72,04
Comissário de Polícia 100 88 80 44 - 56,00
Perito Auxiliar (Perito
Criminal Auxiliar)
31 25 23 16 - 48,39
Auxiliar de Necropsia
(Auxiliar de Perícia
Médico Legal)
0 11** 07 16 **45,45
Total Geral 1020 1.638 1.540 2.131 108,92 Fonte: Supervisão de Recursos Humanos SSP/MA, 2004 – 2014.
* Portaria nº 428 de 28 de agosto de 1998. ** APML evolução de 2004 a 2014.
Gráfico 13 – Vagas ocupadas por Delegados e Escrivães no período de 1998 a 2014.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
0
100
200
300
400
DELEGADO DE POLÍCIA ESCRIVÃO DE POLÍCIA
89 76
295
157
297
140
386
328
Vagas ocupadas nos cargos de Delegados e Escrivães no período
de 1998 a 2014
*1998 2004 2008 2014
32
A tabela 4 representa a evolução do quadro de Policiais Civis no período de
16 (dezesseis) anos, compreendido de 28-08-1998 a 10-09-2014. Com demonstrativo do
quantitativo de policiais civis no ano de 1998, no ano de 2004, no ano de 2008 e no ano
de 2014. Sendo demonstrado categoria por categoria a evolução positiva ou negativa.
No período de 16 (dezesseis) anos, compreendido de 1998 a 2014, como um todo a
Polícia Civil do Estado do Maranhão cresceu 108,92%, uma vez que passou de 1.020
para 2.131 policiais.
Ressalta-se que as categorias são importantes para o bom andamento, mas
nas delegacias de polícia a presença do Escrivão de Polícia é imprescindível. Porém a
pouca atenção dada a essa categoria se torna numericamente pequena para o tanto de
atividades que aumentam a cada dia, nas unidades policiais, resultando em cargas
exaustivas de trabalho para os escrivães existentes.
Tabela 5 – Política de concursos e de ofertas de vagas nos quadros da Polícia Civil.
Categorias
Anos em que foram publicados os editais dos
concursos com os quantitativos de vagas
Vagas por
categorias
1981 1982 1983 1989 1997 2001 2006 2012
Delegado de
Polícia
72 70 - 100 200 19 60 40 561
Comissário de
Polícia
173 - - - - - - - 173
Escrivão de Polícia 140 - - - 100 21 200 40 501
Investigador de
Polícia
332 - 200 250 300 - 200 120 1402
Perito Criminal 23 07 - - 40 - 30 08 108
Médico Legista 22 - - - 15 - 30 05 72
Farmacêutico
Legista
- - - - - - - 03 03
Odontolegista - - - - - - - 03 03
Toxicologista - - - - - - - - -
Perito Criminal
Auxiliar
20 - - - - - - - 2º
Auxiliar Perícia
Médica Legal
- - - - 15 - - 10 25
Fotógrafo Policial 03 - - - - - - - 03
Total de vagas por
ano 785 77 200 350 670 40 520 229
Total de vagas oferecidas no período de 1981 a 2012 2.871 Fontes: 1981 Edital nº 002, DO/MA, nº 31, de 13-02-81. Edital nº 009, DO/MA, nº 123, de 03-06-81.
1981 Editais nº 018, 019, 020, 021, 022, 023 e 024, DO/MA, nº 237, de 18-12-81. 1982 Editais nº 04 e 06, DO/MA, nº 74, de 22-04-82. 1983 Edital nº 01, DO/MA, nº 140, de 26-07-83.
1989 Edital nº 01, DO/MA, nº 083, de 05-05-89. 2001 Edital nº 03, DO/MA, nº 203, de 26-10-2001.
2006 Edital nº 03, DO/MA, nº 137, de 18-07-2006. 2012 Editais nº 01 e 02, DO/MA, nº 198, de 10-10-
2012.
33
A tabela 5 evidencia lacunas típicas da ausência de planejamento praticadas
pela Administração Pública, quanto ao atendimento das necessidades de profissionais
nos quadros da Polícia Civil. Como bem mostra a tabela, os cargos de Escrivães e de
Médico Legista ficaram 16 anos sem haver nenhum concurso, fato este que explica as
sobrecargas a que estão submetidos os escrivães e outras categorias que não tiveram a
composição do quadro de profissionais atendidos adequadamente na mesma
proporcionalidade das demandas de serviços.
É fundamental destacar que com a extinção dos cargos de Comissário de
Polícia e de Perito Criminal Auxiliar, as respectivas atribuições estão sendo realizadas
por outros profissionais. Desse modo, o trabalho de Comissário está sendo realizados
principalmente pelo Escrivão e o cargo de Perito Criminal Auxiliar está sendo realizado
pelo Perito Criminal.
Cabe frisar que o cargo de Escrivão fica sobrecarregado com atividades, não
apenas, antes, atribuídas a comissário, mas atribuições que em outros setores
administrativos, a título de exemplo no judiciário, são distribuídas entre vários
servidores. Logo no cartório de uma delegacia o escrivão tem atribuições: de arquivar,
protocolar, controlar os prazos e organização de procedimentos, redigir ofícios, fazer
oitivas, realizar pesquisas, prestar atendimento ao público, analisar situações, fatos e
atos. Devendo se desdobrar entre várias atividades que, em sua maioria, requer muita
atenção.
Gráfico 14 - Evolução das vagas oferecidas em concursos para os cargos de Delegados e
Escrivães no período de 1981 a 2012.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
0
50
100
150
200
DELEGADO DE POLÍCIA ESCRIVÃO DE POLÍCIA
72
140
70
0
100
0
200
100
19 21
60
200
40 40
Evolução das vagas oferecidas em concursos para os cargos de Delegados e Escrivães no período de 1981 a 2012
1981 1982 1989 1997 2001 2006 2012
34
1.3 Quadro sobre a população brasileira no período de 1872 a 1938
Figura 3 – Evolução da população maranhense e brasileira no período de 1872 a 1938.
Fonte: Pesquisador Zacarias de Castro, 2016.
Segundo o pesquisador Zacarias de Castro, conforme figura 3, o primeiro
censo demográfico brasileiro aconteceu no ano de 1872. Esse pesquisador registra, no
quadro acima, os censos demográficos realizados no País e no Estado do Maranhão, nos
anos de 1872, 1890, 1900, 1920 e 1938. Este último censo, além de mencionar, no
geral, a população brasileira, apresenta em destaques, os Estados e Capitais existentes
naquela época, com seus respectivos contingentes populacionais.
35
1.4 População maranhense no período de 1872 a 2010
Tabela 6 – Evolução populacional do Maranhão e de alguns municípios maranhenses.
UF/Município Censo/ano – População Evolução
80 a 10
% 1872* 1900* 1938** 1980*** 2000**** 2010****
Maranhão 360.640 449.308 1.235.157 3.991.260 5.651.475 6.574.789 164,73
Região Metropolitana – Ilha de São Luís
São Luís - - 87.530 447.424 870.028 1.014.837 226,82 São José de
Ribamar - - -
32.213
107.384
163.045 506,15
Paço do
Lumiar
- - -
17.249
76.188
105.121 609,43
Raposa - - - - 17.088 26.327 -
Interior – Cidades sede das Delegacias de Polícia Regionais
Rosário - - - 28.453 33.665 39.576 139,09
Itapecuru
Mirim - - - 44.377 42.772 62.110 139,96
Chapadinha - - - 52.946 61.322 73.350 138,54
Codó - - - 109.070 111.146 118.038 108,22
Pinheiro - - - 68.593 68.030 78.162 113,95
Viana - - - 42.589 44.190 49.496 116,22
Santa Inês - - - 48.569 68.321 77.282 159,12
Zé Doca - - - - 46.134 50.173 -
Açailândia - - - - 88.320 104.047 -
Imperatriz - - - 220.442 230.556 247.505 112,28
Balsas - - - 23.423 60.163 83.528 356,61
São João
dos Patos - - - 22.974 23.183 24.928 108,51
Presidente
Dutra - - - 40.421 39.541 44.731 110,66
Pedreiras - - - 49.340 39.828 39.448 -20,05
Barra do
Corda - - - 77.116 78.147 82.830 107,41
Bacabal - - - 81.260 91.823 100.014 123,08
Caxias - - - 126.254 139.756 155.129 122,87
Timon - - - 74.315 129.692 155.460 209,19 Fontes: *1872 e 1900, Diário Oficial do Estado, de 19-06-1940; **1938, Diário Oficial do Estado, de 05-
05-1939 (Cortesia do pesquisador Zacarias de Castro).
***1980 IBGE (Biblioteca – Censo Demográfico); ****2000 e 2010 IBGE1 .
A população do Estado do Maranhão, de acordo com os Censos
Demográficos realizados no período de 1872 a 2010, se encontra representada na tabela
6. Tais dados evidenciam o crescimento populacional em diferentes períodos. No
período de 48 (quarenta e oito) anos, compreendido de 1872 a 1920, a população
1 Material disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?dados=29&uf=21>.
36
maranhense evoluiu 242,44%, passando de 360.640 para 874.337 habitantes. No
período de 60 (sessenta) anos, compreendido de 1920 a 1980, a população maranhense
cresceu 456,49%, passando de 874.337 para 3.991.260 habitantes. Após o período de 30
(trinta) anos, compreendido de 1980 a 2010, a população maranhense aumentou apenas
164,73%, ou seja, de 3.991.260 passou a ter 6.574.789 habitantes.
Ressalta-se que, em 1980, o Maranhão possuía apenas 130 municípios,
sendo acrescido, até os dias atuais, de mais 87 municípios, entre os quais Açailândia, Zé
Doca e Raposa. No quadro acima, os Municípios que apresentam evolução populacional
tímida deveu-se em decorrência do desmembramento territorial para a criação dos
novos municípios.
É precípuo destacar que, embora o crescimento populacional maranhense,
no período de 1980 a 2010, não tenha sido tão expressivo, quando comparado com os
períodos anteriores, nesse mesmo período, no Estado do Maranhão, os crimes de
homicídios cresceram, cujas taxas se podem conferir no quadro a seguir:
Figura 4 – Taxas de homicídios por 100 mil habitantes (1980/2010).
A figura 4, extraída do “Mapa da Violência 2012”, publicado pelo Instituto
Sangari (2011), sob a coordenação de Julio Jacobo Waiselfisz, aponta no Estado do
Maranhão o vertiginoso crescimento da violência, isto é, para um contingente de 100
mil habitantes, no ano de 1980, morreram 2,7 pessoas vítimas de homicídios, enquanto
que, no ano de 2010, essa taxa pulou para 22,5 pessoas vítimas de homicídios, uma
evolução de 833,33% nesse período.
37
Figura 5 – Crescimento percentual dos homicídios (1980/2010).
O crescimento percentual da violência no Estado do Maranhão, apontado no
citado mapa, no período de 1980 a 2010, se encontra também representado na figura 5,
onde é possível se perceber que no período de 1980 a 1991, na capital e região
metropolitana (RM), os crimes de homicídios cresceram 143,4% e no interior nesse
mesmo período cresceram 268,3%. No período de 1991 a 1999 tais crimes
retrocederam, porém no período de 1999 a 2010, os crimes de homicídios voltaram a
crescer assustadoramente, uma vez que na capital e região metropolitana cresceram
287% e no interior nesse mesmo período cresceram 463,4%.
Período esse em que, o fluxo da violência caminhou para os extremos, isto
é, os municípios de maior e de menor porte tiveram registros elevados no crescimento
da violência, pois, segundo o autor:
Os munícipios de maior porte apresentaram elevado crescimento na década,
como a Capital, São Luís, que passa de 16,6 para 56,1 homicídios em 100
mil, com aumento de 238,8%, ou o segundo município em população,
Imperatriz, que para 12,6 para 55,8, com crescimento de 343,3% na década.
Mas maior crescimento vai ser observado nos municípios de menor porte: de
5 a 10 mil e de 20 a 50 mil habitantes, com taxas acima de 400%,
contribuindo assim à disseminação da violência no conjunto do estado.
Tendo em vista que o autor mostrou no “Mapa da Violência 2012”, a
preocupante disseminação da violência, principalmente nos pequenos e médios
municípios maranhense, onde a precarização no atendimento das demandas por
segurança pública são maiores, registra-se que, segundo dados da Secretaria de
Segurança Pública do Estado do Maranhão, no período de março de 2016, a
Superintendência de Policia Civil do Interior (SPCI) contava apenas com
178 Delegados de Polícia Civil; 157 Escrivães de Polícia Civil e 541 Investigadores de
Polícia Civil, para uma população de mais de cinco milhões de habitantes distribuídos
por 213 Municípios. Destes, segundo dados do censo demográfico de 2010, publicado
38
pelo IBGE2: 39 municípios estão entre 2.452 habitantes, (Mirador) e 9.413 habitantes,
(Montes Altos); 89 estão entre 10.205 habitantes, (Governador Archer) e 19.920
habitantes, (São João Batista); 66 estão entre 20.079 habitantes, (Paulo Ramos) e 49.496
habitantes, (Viana); 13 estão entre 50.173 habitantes (Zé Doca) e 83.528 habitantes
(Balsas) e 6 estão entre 100.014 habitantes (Bacabal) e 247.505 habitantes (Imperatriz),
Assim, os 39 municípios, com uma população total de 253.511 habitantes,
possuem, apenas, 2 Delegados, 1 Escrivão e 8 Investigadores; os 89 municípios, com
uma população total de 1.265.282 habitantes, possuem 23 Delegados, 20 Escrivães e 80
Investigadores; os 66 municípios com uma população total de 1.946.830 habitantes,
possuem 69 Delegados, 63 Escrivães e 199 Investigadores; os 13 municípios com uma
população total de 878.251 habitantes, possuem 30 Delegados, 27 Escrivães e 116
Investigadores e os 6 municípios, com uma população total de 880.193 habitantes,
possuem 55 Delegados, 46 Escrivães e 138 Investigadores.
Curioso é que dos 213 municípios, situados no interior maranhense,
segundo dados da Secretaria de Segurança, ainda 78, isto é, 36,62% dos municípios não
possuem sequer um policial civil. Nesse contexto surge então a indagação: as portas das
delegacias de polícia nesses municípios estão sendo abertas para o atendimento ao
público? Quem está realizando os trabalhos e os procedimentos de Polícia Judiciária?
Qual sua relação de trabalho e sua remuneração?
Nessa mesma linha de curiosidades, merece destaque os dados apresentados
no Anuário Brasileiro de Segurança Pública 20163, publicado pelo Fórum Brasileiro de
Segurança Pública, sobre a Segurança Pública no Brasil.
Este importante Documento aponta o Brasil com uma população carcerária,
no ano de 2014, composta por 584.361 pessoas presas, (condenados e provisórios), para
ocuparem 370.860 vagas existentes no Sistema Prisional, enquanto que nesse mesmo
ano, o Maranhão possuía 5.268 pessoas presas, sendo 2.302 condenados e 2.966
provisórios, para ocuparem 4.299 vagas oferecidas no Sistema Penitenciário.
Vale acrescentar que no Estado do Maranhão é comum presos, sob a
custódia das polícias, pois, segundo esse Documento, havia, entre 2014 e 2015,
respectivamente, 1.385 e 1.158 pessoas custodiadas nas unidades policiais.
2 Material disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?dados=29&uf=21>.
3 Material disponível em: <http://www.forumseguranca.org.br/produtos/anuario-brasileiro-
de-seguranca-publica/10o-anuario-brasileiro-de-seguranca-publica>.
39
Outro dado curioso, trazido pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública
2016, diz respeito ao crescimento da Segurança Privada, no tocante aos agentes de
Segurança Pública. No que se refere ao Estado do Maranhão, no ano de 2016, registra-
se um quadro de 10.018 vigilantes ativos, enquanto que, no ano de 2014, a Segurança
Pública do Estado do Maranhão, apresentava um quadro de 9.743 profissionais, sendo
7.709 militares, pertencentes as forças: Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar e
2.014 Policiais Civis.
Comparando a população maranhense (Censo Demográfico de 2010) versus
Policiais Civis, chega-se a deplorável constatação de que, em 2014, havia um Policial
Civil para atender 2.232 pessoas. Quando esse comparativo recai sobre a categoria de
Escrivães que, em 2014, possuía 328 profissionais, esse número cresce para 20.045
pessoas para ser atendido por um Escrivão de Polícia Civil.
1.4.1 População escrava na Província do Maranhão em 1874
Figura 6 – População escrava na Província do Maranhão em 1874.
Fonte: Diário do Maranhão – Anno V – nº 389, pg. 02, de 18-11-1874 – 4ª feira,
(Cortesia do pesquisador Zacarias de Castro).
40
Na figura 6, encontra-se registrado o quantitativo de escravos existente na
Província do Maranhão no ano de 1874, isto é, uma população composta por 74.939
pessoas escravizadas, sendo 36.623 do sexo masculino e 38.316 do sexo feminino. Esse
cenário revela a participação do Estado Colonial e Imperial nas relações sociais, criando
as desigualdades diante de fatores como origem, cor da pele e condição social, bem
como patrocinando e/ou permitindo o acometimento dos mais variados modelos de
violência sobre essas pessoas oprimidas e exploradas. Nesse sentido, a violência e o
crime que atemorizam as pessoas e inibe o crescimento econômico nestas terras e no
País, obviamente são consequências diretas das desigualdades sociais. Estas
historicamente reproduzidas, ampliadas e mantidas pela classe dominante, através de
artifícios políticos e culturais residentes nas desigualdades de poder.
1.5 Políticas sobre a vida funcional dos servidores policiais civis
1.5.1 Conselho de Polícia Civil
O Conselho de Polícia Civil é um órgão consultivo, deliberativo e
fiscalizador das ações da Polícia Civil. Por ser um dos Órgãos mais importante da
Polícia Civil, em que as decisões nele tomadas afetam a vida funcional e até mesmo
pessoal dos integrantes da Polícia Civil, é de fundamental importância destacar a sua
composição. A Lei 10.252, de 2 de junho de 2015, alterou o Artigo 11 da Lei nº
8.508/2006, de 27 de novembro de 2006, que definiu, para o Conselho de Polícia Civil
da Polícia Civil do Estado do Maranhão, 12 componentes, conforme tabela 7, abaixo:
Tabela 7 – Composição do Conselho de Polícia Civil (2016).
DEMONSTRATIVO DOS INTEGRANTES DO CONSELHO DE POLÍCIA CIVIL
Representantes Quantidade Porcentagem na participação
Delegado de Polícia 8 66,67%
Perito Criminal 2 16,67%
Investigador de Polícia 1 8,33%
Escrivão de Polícia 1 8,33%
Conforme o Artigo 1º da Lei nº 10.252/2015, o Conselho de Polícia Civil
do Estado do Maranhão é integrado pelos seguintes membros:
I - Delegado-Geral, como Presidente;
II - Subdelegado-Geral;
III - Corregedor Adjunto de Polícia Civil;
IV - Superintendente de Polícia Civil da Capital;
41
V - Superintendente de Polícia Civil do Interior;
VI - Superintendente de Polícia Técnico-Científica;
VII - Superintendente Estadual de Investigações Criminais;
VIII - Delegado de Polícia, lotado na Academia Integrada de Segurança
Pública - AISP/SSP, escolhido pelos demais integrantes do Conselho de
Polícia Civil;
IX - Presidente da Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado do
Maranhão;
X - Presidente da Associação dos Servidores Policiais Civis do Estado do
Maranhão;
XI - Presidente do Sindicato da Polícia Civil do Estado do Maranhão;
XII - Presidente da Associação dos Peritos Criminais do Estado do
Maranhão. (MARANHÃO, 2015).
Salienta-se que, para se compreender as desigualdades e injustiças que
afetam a vida das pessoas, em especial no âmbito dos órgãos públicos, faz-se
necessário, primeiro, conhecer a composição dos órgãos pertencentes a um
Estado/Instituição e, sob este posto de vista, refletir que dificilmente se corrigirá as
desigualdades e injustiças de fora – do povo – sem antes de tudo promover a justiça e
corrigir as desigualdades de dentro das Instituições/Estado.
Como se pode observar, em sua grande maioria, o Conselho de Polícia se
encontra predominado pelo cargo de Delegado, quando, na verdade, deveria ter uma
representatividade mais paritária, sob pena de violação do princípio da legalidade.
Este princípio da legalidade é concernente a obrigação de tratamento igual
entre as categorias, em observância aos Princípios da igualdade e proporcionalidade, à
medida em que cada categoria deve ter sua representatividade proporcional aos números
de cargos a ela correspondente, visto que, ao Conselho cumpre defender o interesse
público e não interesses de categoria especifica. Isso, na prática, poderá gerar
indubitavelmente decisões tendenciosas, no que se refere ao princípio da moralidade da
administração pública. Princípio este, eleito como de observância prioritária no teor do
texto Constitucional, ou seja, segundo matéria publicada no JusBrasil (2016), afirma
que:
A Constituição Federal elegeu como um de seus princípios fundamentais a
moralidade como um todo, abrindo o caminho para a superação da
vergonhosa impunidade que campeia na Administração Pública, podendo-se
confiar em uma nova ordem administrativa baseada na confiança, na boa-fé,
na honradez e na probidade. O princípio da moralidade pública contempla a
determinação jurídica da observância de preceitos éticos produzidos pela
sociedade, variáveis segundo as circunstâncias de cada caso4.
4 Material disponível em: <http://www.jusbrasil.com.br/topicos/290007/principio-da-moralidade>.
42
Vale a pena salientar que todo Ato da Administração, em sentido Lato
Sensu, implica numa decisão. Desta forma, ao decidir-se por uma composição do
Conselho de forma desproporcional quando comparado ao quadro de pessoal da Polícia
Civil do Estado do Maranhão, tem-se a indagação: essa composição privilegia uma
categoria em detrimento de outra, haja vista que todos são servidores públicos, dignos
do mesmo respeito, confiança, consideração e representação? As punições terão o
mesmo rigor e ponderação quando em julgamento ocupantes de cargos diversos?
Analisando, ainda, pelo lado da psicologia associada a hermenêutica
jurídica, temos que o julgador tende avaliar e julgar com base em seus próprios valores,
embora de forma objetiva, “imparcial”, razão pela qual é comum se observar casos
semelhantes com julgamentos distintos, tratando-se de julgadores diversos, de modo
que é “normal” o julgador olhar com mais benevolência os casos nos quais
implicitamente se veja inserido, ou se identifique, o que inevitavelmente ocorre quando
se trata de ocupantes do mesmo cargo, o que leva a acreditar que, com a presente
composição, as decisões do Conselho de Polícia Civil serão tendenciosas a beneficiar os
ocupantes do Cargo de Delegado, prevalecendo dessa forma os interesses de uma
categoria em detrimento das demais.
Observa-se que, em se tratando da Administração Pública, no âmbito da
Instituição Polícia Civil, não é apenas o Conselho de Polícia que é dominado pelo
cargo de Delegado, mas, na verdade, praticamente todos os cargos de gestão da Polícia
Civil do Estado do Maranhão são ocupados, exclusivamente, por Delegados, a exempo,
de outro muito importante órgão de transformação da polícia e da cultura policial – a
Acedemaia Integrada de Segurança Pública (AISP).
Por oportuno, destaca-se que a principal ferramenta (Órgão) para o
crescimento, transformação, sustentação e equilíbrio de toda e qualquer instuição foi, é,
e sempre será o ser humano na sua integridade.
2 RESUMO DO RESULTADO DA PESQUISA DE CAMPO SOBRE
REALIDADES PRÁTICAS VIVENCIADAS POR ESCRIVÃES DE POLÍCIA
A Escrivã de Polícia Civil Loane Maranhão da Silva Thé, assassinada a
golpes de faca, por volta do meio dia do dia 15 de maio de 2014, no momento em que
ouvia, sozinha, um investigado, no Cartório da Delegacia de Polícia Civil da Mulher da
cidade de Caxias foi um suficiente argumento buscado para se investigar neste estudo,
43
como, na prática, acontecem as rotinas de trabalhos submetidas aos Escrivães de Polícia
Civil nas unidades policiais espalhadas pelo território maranhense e o confronto dessa
realidade com o que preceituam as normas.
A pesquisa de campo aconteceu de junho a setembro de 2014, através de
questionários com perguntas abertas e fechadas, aplicados exclusivamente aos policiais
civis integrantes da categoria de escrivães, lotados na capital e no interior do Estado do
Maranhão. Sendo identificado, nessa época, que o quadro de escrivães era composto por
328 servidores. Desse total, 190 escrivães estavam lotados no interior, enquanto que 138
na capital, que compreende: a Região Metropolitana da Ilha de São Luís, formada pelos
municípios de São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa.
Participaram da pesquisa 138 escrivães. Destes, 73 estavam lotados no
interior e 65 lotados na capital. O que representou uma amostra de 42,07% do total de
escrivães existentes na Polícia Civil.
Embora seja uma pesquisa ampla, com levantamentos bibliográficos, nesta
oportunidade apresenta-se apenas um resumo da pesquisa de campo. Ressalta-se que, a
princípio, se buscou como se dava o ingresso de pessoal nos quadros desta Instituição.
Gráfico 15 – Ingresso do aluno na AISP, segundo o sexo.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
O gráfico 15 apresenta dados dos alunos, por sexo, que a partir do ano de
1998, participaram dos cursos de formações da Academia Integrada de Segurança
Pública, para ingresso como Policial Civil nas diferentes categorias que formam os
quadros de pessoais da Instituição Polícia Civil, onde é possível perceber que 75,01%
(1789) dos alunos foram do sexo masculino e 24,99% (447) dos alunos foram do sexo
feminino.
75,01%
24,99%
Masculino Feminino
44
Tabela 8 – Cursos de formações na AISP, realizados de 1998 a 2014. CATE
GORIA/
SEXO
ANOS DOS CURSOS DE FORMAÇÕES TOTAL
POR
SEXO
TOTAL
POR
CATE
GORIA
98 00 00/01 02 03 04 05 08 09 10 13 14
DP
C
M - - 05 - 38 - 17 - 42 - - 112 214
*266 F - - - - 11 - 06 - 18 - - 17 52
EP
C
M 71 02 - 19 - 18 - 135 - - 53 - 298
457 F 24 - - 06 - 03 - 89 - - 37 - 159
IPC
M 265 134 - - - - - 200 - 108 218 - 925
1055 F 25 16 - - - - - 22 - 21 46 - 130
PC
M 32 - - - - - - 23 - - 37 - 92
121 F 13 - - - - - - 08 - - 08 - 29
ML
M 09 - 03 - - - - 25 - - 08 45
62 F 02 - 02 - - - - 07 - - 06 - 17
OL
M - - - - - - - - - - 05 - 05
12 F - - - - - - - - - - 07 - 07
FL
M - - - - - - - - - - 07 - 07
09 F - - - - - - - - - - 02 - 02
AP
ML
M 10 - - - - - - - - - 13 - 23
F 05 - - - - - - - - - 03 - 08
TOTAL 456 152 10 25 49 21 23 509 60 129 410 129
TOTAL FORMADOS NA AISP DE 1998 A 2014 1973 Fonte: AISP.
* Mais 231 Delegados, sendo 180 do sexo masculino e 43 do sexo feminino, formados em 1998 no Curso
de Formação realizado na Academia Nacional da Polícia Federal em Brasília/DF.
Inicialmente é importante esclarecer que os cursos de formações oferecidos
na Polícia Civil, em datas anteriores a 1998, ficavam a cargo da então Escola de Polícia
Civil, situada na Rua da Palma, nº 336, Centro de São Luís - MA, bem como é
indispensável informar que a partir do nome Escola de Polícia Civil foi mudando de
nomenclatura o local onde acontece a formação dos policiais civis, tais como: Academia
de Polícia Civil do Maranhão (ACADEPOL), Academia Integrada de Segurança Cidadã
(AISC) e Academia Integrada de Segurança Pública (AISP). Também se deslocaram
para outros locais.
A AISP iniciou suas atividades no local onde se encontra, atualmente, na
Rua Daniel Aquino Aragão, s/n, Parque Independência, São Luís - MA, em 1998, para
formar os policiais civis não integrantes da categoria de Delegados, egressos do
concurso regido pelo edital nº 01/97, sendo tal curso realizado na Academia, sob a
coordenação e instruções das disciplinas ministradas por Policiais Federais, da
Academia Nacional da Polícia Federal, enquanto que os Delegados foram enviados a
45
Brasília/DF, para fazerem o curso de formação na Academia Nacional da Polícia
Federal.
A tabela 8 registra todos os cursos de formações acontecidos na Polícia
Civil, a partir de 1998, para formar os futuros policiais civis egressos dos concursos
regidos pelos editais nº 01/97, de 10-10-1997, nº 03/2001, de 26-10-2001, nº 03/2006,
de 18-07-2006 e 01 e 02/12, de 10-10-2012, todavia conforme demonstra a referida
tabela, nesse período aconteceram 12 (doze) cursos de formações. Essa diferença entre o
número de concursos e o número de cursos de formações decorre das demandas que
acontecem, após a realização do concurso. Demandas essas justificadas para atender aos
que passaram dentro do número de vagas, atender aos que conseguiram uma vaga na
Justiça, por força de liminar e atender, ainda, aos candidatos excedentes do número
inicial de vagas, que no interesse da Administração Pública são chamados dentro da
validade do concurso.
Gráfico 16 – Ingresso do aluno na AISP, por categoria e por sexo (1998/2014).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
O gráfico 16 é um desdobramento da tabela 8, onde é possível perceber que
24,11% (95) dos alunos dos cursos de formações para o cargo de Delegado de Polícia
Civil (DPC), são do sexo feminino. 53,36% (159) dos alunos dos cursos de formações
para o cargo de Escrivão de Polícia Civil (EPC) são do sexo feminino e apenas 14,05%
(130) dos alunos dos cursos de formações para o cargo de Investigador de Polícia Civil
(IPC) são do sexo feminino.
Ainda no gráfico 16, estão elencadas apenas as categorias que em toda a
história da Polícia Civil do Estado do Maranhão, ocupam um mesmo espaço físico para
desempenharem as atividades típicas da Polícia Judiciária. Por tradição ou por
0
200
400
600
800
1000
DPC EPC IPC
394 298
925
95 159 130
Masculino Feminino
24,11% 53,36% 14,05%
46
conveniência do contexto político da época, as unidades policiais foram construídas
para atender as necessidades do servidor do sexo masculino, e, destes, apenas os
pertencentes à categoria dominante. E ainda em muitos locais essas estruturas
continuam sem alterações nos dias atuais, visto que os móveis não atendem às
exigências ergonométricas, causando graves transtornos para a saúde dos seus usuários,
principalmente o escrivão que passa o dia todo nas unidades policiais, bem como o
desenho arquitetônico das construções, em especial, dos cômodos e acessórios neles
contidos refletem e medem o valor que a Instituição, ao longo dos anos, dispensou a
cada uma das categorias.
Por outro lado, conscientizar sobre as necessidades de modificações nos
ambientes físicos das unidades policiais, para atender às particularidades dos
profissionais do sexo feminino, principalmente em relação à privacidade quanto ao uso
de banheiros e de alojamentos, fato que só se observa ao atendimento dessas
exclusividades para os Delegados. As institucionalizações das desigualdades e dos
privilégios, formalizados nas normas e reproduzidos nos espaços físicos contribuem
para as diferentes modalidades de abusos, que comumente acontecem nas relações
interpessoais.
Figura 7 - Interior do cartório do Plantão Central da Cidade Operária.
Fonte: SOARES, 2015.
COLCHÃO UTILIZADO PELA ESCRIVÃ
47
Figura 8 – Interior do cartório do 19º DP Jardim Tropical.
Fonte: SOARES, 2013.
Gráfico 17 – Ingresso do aluno na AISP, por categoria e por sexo (1998/2014).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
O gráfico 17 também é um desdobramento da tabela 8 e traz exclusivamente
dados das categorias que compõem a Polícia Técnico Científica dos quadros da Polícia
Civil, onde é possível perceber que 31,52% (29) dos alunos dos cursos de formações
para o cargo de Perito Criminal (PC), são do sexo feminino. 37,78% (17) dos alunos dos
cursos de formações para o cargo de Médico Legista (ML) são do sexo feminino. 140%
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
PC ML OL FL APML
92
45
5 7
23 29
17 7 2 8
INGRESSO NA AISP POR CATEGORIA E POR SEXO Masculino Feminino
31,52%
37,78%
28,57% 140% 34,78%
48
(7) dos alunos dos cursos de formações para o cargo de Odontolegista (OL) são do sexo
feminino. 28,57% (2) dos alunos dos cursos de formações para o cargo de Farmacêutico
Legista (FL) são do sexo feminino e apenas 34,78% (8) dos alunos dos cursos de
formações para o cargo de Auxiliar de Perícia Médico Legal (APML) são do sexo
feminino.
Embora se desconheça as particularidades dos espaços físicos em que essas
categorias atuam, percebe-se que a acentuada desigualdade entre o número de Médicos
Legistas e de seus auxiliares, os Auxiliares de Perícia Médico Legal, são terrenos férteis
para que aconteça a exploração da mão de obra desses últimos.
2.1 O Perfil dos profissionais Escrivães
Gráfico 18 – Identificação do Escrivão de Polícia Civil, segundo a faixa etária (2014).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
O gráfico 18 revela que a faixa etária varia de 20 a 60 anos, sendo que
42,8% (59) dos entrevistados estão na faixa etária de 31 a 40 anos, 41,3% (57) estão
entre 20 e 30 anos, 12,3% (17) estão entre 41 e 50 anos e apenas 3,6% (5) estão na faixa
etária de 51 a 60 anos.
Os dados indicam que a grande maioria dos que se dispuseram a participar
da pesquisa foram aqueles que estão na faixa etária compreendida entre 20 e 40 anos.
41,3%
42,8%
12,3%
3,6%
FAIXA ETÁRIA
20 a 30 anos 31 a 40 anos 41 a 50 anos 51 a 60 anos
49
Gráfico 19 – Identificação do Escrivão de Polícia Civil, segundo o sexo (2014).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
No gráfico 19, percebe-se a participação entre homens e mulheres com
percentuais próximo um do outro com 57,2% (79) dos entrevistados do sexo masculino
e 42,8% (59) do sexo feminino.
Gráfico 20 – Dados de identificação do Escrivão de Polícia Civil, segundo o estado civil
(2014).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
Os dados do gráfico 20 apontam que 46,4% (64) dos pesquisados são
casados, 42,8% (59) são solteiros. Os que optaram pela união estável somam 8% (11) e
em igual número 1,4 % (2) estão os separados judicialmente ou divorciados.
57,2%
42,8%
SEXO
Masculino Feminino
42,8%
46,4%
8%
1,4% 1,4%
ESTADO CIVIL
Solteiro (a) Casado (a) União Estável
Separado judicialmente Divorciado (a)
50
Gráfico 21 – Percentual dos entrevistados, segundo o regime de trabalho (2014).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
O gráfico 21 revela que a maioria dos entrevistados 65,2% (90) trabalha em
regime de 8 horas diárias, 10,1% (14) trabalham em sistema de plantão de 12 horas nos
dias úteis e de 24 horas nos finais de semana, 8,7% (12) trabalham 6 horas diárias e em
igual percentual 1,4% (2) estão os que fazem plantão de 12 horas e de 24 horas.
Outros horários foram apontados por 12,3% (17) dos pesquisados. Como:
Expediente de 8 horas intercalado por escala de plantão noturno de 12 horas
(de segunda a sexta) e de 24 horas (sábado, domingo e feriados) (Escrivão, 1
a 5 anos de serviço).
Expediente de 8h diárias concorrente com plantões de 12h nos dias úteis e de
24h nos finais de semana e feriados. (Escrivão, 6 a 10 anos de serviço).
Expediente de 8 horas e uma vez por mês plantão fim de semana, começando
na sexta meio dia terminando na segunda às 08h, sendo que a folga do
plantão é de 48h, esta escala foi determinada pelo Regional no mês de
julho/2014, estando sendo discutida pelos EPCs desta Regional. (Escrivão, 1
a 5 anos de serviço)
Além do expediente, os escrivães fazem 48h de plantão um final de semana
por mês seguido por uma folga de 48h à escolha do escrivão. (Escrivão, 1 a 5
anos de serviço).
Expediente e plantão no sistema de “sobreaviso” durante a semana das 18h às
08h do dia seguinte e no final de semana sobreaviso de 24h iniciando às 8h e
terminando às 8h do dia seguinte, com uma folga de 48h após o sobreaviso
de 24h. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).
Normalmente 8 horas, podendo ultrapassar, pois trabalho 02 (dois)
expedientes e almoço na Delegacia. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).
8,7%
65,2% 1,4%
1,4%
10,1%
12,3% 0,7%
REGIME DE TRABALHO 6 horas 8 horas Plantão 12 horas
Plantão 24 horas Plantão 12/24 horas Outros
Não responderam
51
O gráfico 21 com comentários reflete a realidade, isto é, os horários de
trabalho na Polícia Civil. Nesta, o Art. 1° - da Portaria nº 011/2012 - DG/PC/MA,
publicada no DO/MA, de 26-01-2012, sobre a jornada de trabalho diz: “Passa a vigorar
a jornada de trabalho de 08 (oito) horas diárias para o exercício das funções de
delegado, investigador, escrivão e comissário, em todas as Unidades de Polícia
Judiciária do Estado do Maranhão, observando o art. 14 da Lei nº 8.508/2006”.
O Art. 2° da citada portaria estabelece nos sistemas de plantões horários em
que: “os plantões mínimos sejam de 12 (doze) por 24 (vinte e quatro) horas, e os
máximos, de 24 (vinte e quatro) por 72 (setenta e duas) horas”.
Consta publicada no Diário Oficial/MA, do dia 31-10-2014, a Instrução
Normativa nº 04/2014, de 10-10-2014, que normatiza e disciplina, na Região
Metropolitana de São Luís, o serviço público policial civil dos Plantões Centrais e
Plantões Extraordinários da Polícia Civil, da Superintendência de Polícia Civil da
Capital (SPCC), todavia, mais recentemente consta a Portaria nº 320/2016 –
GAB/SSP/MA, datada de 30 de março de 2016, publicada no DO/MA, nº 061, de 04-
04-2016, sobre o horário de funcionamento dos plantões e demais unidade da Polícia
Civil na Região Metropolitana de São Luís, determina:
Art. 1º Fica instituído o seguinte horário de funcionamento dos Plantões e
demais unidades da Polícia Civil na Região Metropolitana de São Luís:
a) Plantões: segunda à sexta – das 18h às 08h / sábados, domingos e feriados
– das 08h às 08h do dia seguinte;
b) Demais unidades de Polícia Civil: segunda à sexta-feira, das 08h às 12h e
das 14h às 18h, ressalvada a continuidade da atividade policial fora desse
horário, devendo permanecer na unidade Policial Civil servidor policial no
horário do intervalo para o atendimento das demandas. (MARANHÃO, 2016,
não paginado).
A Região Metropolitana de São Luís, além do Plantão de Homicídios, que
funciona na Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa, situada no Bairro São
Francisco, conta com cinco plantões centrais, quais sejam: Plantão Central do Bom
Menino, situado no centro da Capital; Plantão Central da Vila Embratel, situado no
Bairro Vila Embratel; Plantão Central da Cidade Operária, situado no Conjunto Cidade
Operária; Plantão Central do Cohatrac, situado no Conjunto Cohatrac e Plantão Central
do Maiobão, situado no Conjunto Maiobão. Com exceção do Plantão Maiobão, que se
encontra situado no município de Paço do Lumiar - MA, os demais plantões se
encontram situados no município de São Luís - Capital do Estado do Maranhão.
Por outro lado, a Instrução Normativa nº 02/2016 – DGPC/MA, de 18-05-
16, publicada no DO/MA, de 02-06-2016, disciplina as delegacias subordinadas à
52
Superintendência de Polícia Civil do Interior, o serviço público policial civil dos
Plantões das Delegacias Regionais da Polícia Civil. No interior do Estado do Maranhão
a Polícia Civil conta com 18 (dezoito) Delegacias Regionais de Polícia Civil, nas quais
acontecem os 18 (dezoito) plantões centrais do interior.
A Instrução Normativa nº 02/2016 - DGPC/MA estabelece para o interior o
funcionamento dos plantões centrais conforme seu artigo 5º e parágrafos 1º e 2º, ou
seja:
Art. 5º. O plantão iniciar-se-á às 18:00hs da sexta-feira e terminará às
08:00hs da segunda-feira, sendo que os Delegados, Escrivães, Comissários e
Investigadores plantonistas do final de semana terão direito a folgas.
§1º. Os policiais civis plantonistas terão folgas a serem gozadas em dois
períodos: 1. a partir da segunda-feira após o término do plantão até a quarta-
feira da mesma semana, retornando às atividades no expediente normal na
quinta-feira às 08:00hs até às 18:00hs de sexta-feira; 2. a partir das 8:00hs de
quinta-feira da semana subsequente, somente retornando às atividades às
08:00hs de segunda-feira da semana seguinte.
§ 2º. As folgas divididas em dois períodos devem-se o alcance de uma maior
eficiência e melhor prestação (de serviços) de polícia judiciária à sociedade
maranhense nos municípios do interior, evitando a paralisação de
investigações policiais, por 05 (cinco) dias úteis ininterruptos.
Todavia é importante atentar tanto para o Art. 14, do Estatuto da Polícia
Civil, aprovado através da Lei nº 8.508, de 27-11-2006, que estabelece que: “O
exercício da atividade policial civil é de no mínimo 40 (quarenta) horas semanais,
vedada a acumulação remunerada de cargo, excetuando-se as constitucionalmente
previstas, desde que haja compatibilidade de horário.” Como para o inciso XIII, do Art.
7° da Constituição Federal de 1988, que ao conferir os direitos dos trabalhadores
urbanos e rurais, determina: “duração do trabalho normal não superior a oito horas
diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução
da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho”.
Convém destacar que os serviços de plantões em uma mesma instituição
policial acontecem rotinas de atividades idênticas tanto na Região Metropolitana de São
Luís, denominada Capital, como nas Delegacias Regionais, denominadas Interior. Para
a Região Metropolitana de São Luís a Portaria 320/2016 – GAB/SSP/MA, fixa e
define escalas de plantões com jornada de 14 (catorze) horas em dias úteis e plantões
com jornada de 24 (vinte e quatro) horas nos dias de sábados, domingos e feriados,
sendo que em ambos os casos corresponderão 72 (setenta e duas) horas de folga.
Enquanto que para o Interior o artigo 5º da Instrução Normativa 002/2016, diz: “O
plantão iniciar-se-á às 18:00hs da sexta-feira e terminará às 08:00hs da segunda-feira,
53
sendo que os Delegados, Escrivães, Comissários e Investigadores plantonistas do final
de semana terão direito a folgas.”
Isto representa abusos e explorações nas atividades policiais dentro das
unidades policiais civis no interior do Estado do Maranhão, visto que é humanamente
desgastante para o ser humano passar 62 (sessenta e duas) horas de plantão dentro de
um local com tanta carga de estresse como é próprio das atividades de Polícia Civil,
principalmente para o Escrivão que é o primeiro a chegar e o último a sair. Além disso,
as folgas estabelecidas para o plantonista pela referida Instrução Normativa não
correspondem a 180 horas de folgas, como deve ser de direito para cada jornada de 62
horas.
Gráfico 22 – Percentual dos entrevistados, segundo o local de lotação (2014).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
O gráfico 22 respectivamente elenca a participação dos entrevistados por
locais de lotação, sendo que 52,9% (73) dos participantes estão lotados: na
Superintendência de Polícia Civil do Interior (SPCI), 38,4% (53) na Superintendência
de Polícia Civil da Capital (SPCC), 5,1% (7) na Superintendência Estadual de
Investigações Criminais (SEIC), 1,4% (2) na Corregedoria, também 1,4% (2) apontaram
outra lotação e os que não responderam somam 0,7% (1).
38,4%
52,9%
5,1% 1,4% 1,4% 0,7%
LOTAÇÃO
SPCC SPCI SEIC CORREG OUTRA Não responderam
54
Gráfico 23 – Percentual dos entrevistados, segundo a quantidade de Delegados que lhes
repassam determinações e tarefas (2014).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
O gráfico 23 evidencia a quantidade de Delegados que repassam
determinações e tarefas aos Escrivães, ou seja, 53,6% (74) dos pesquisados disseram
que recebem determinações e tarefas de apenas um Delegado, 23,9% (33) disseram que
essas determinações e tarefas são provenientes de dois Delegados, 14,5% (20)
indicaram que recebem determinações e tarefas de três Delegados, 4,3% (6) apontaram
quatro ou mais Delegados que lhes repassam determinações e tarefas, 1,4% (2) estão os
que mencionaram não ter Delegado na sua unidade de trabalho e apenas 0,7% (1) não
respondeu.
Também 1,4% (2) dos pesquisados mencionaram a opção outros, apontando
que:
Geralmente as determinações são provenientes apenas do Delegado titular do
Distrito onde sou lotado, entretanto, com certa frequência, o Delegado
Regional passa por cima da autoridade do Delegado Distrital e requisita
nossos serviços para a realização de trabalhos alheios à UPJ de lotação. O
mesmo ocorre com os IPC`s. (Escrivão, 6 a 10 anos de serviço).
53,6% 23,9%
14,5%
4,3%
1,4% 1,4% 0,7%
ORIGEM DAS DETERMINAÇÕES E TAREFAS Apenas um Delegado
Dois Delegados
Três Delegados
Quatro ou mais Delegados
Não tem Delegado na
minha unidade de trabalho Outros
Não respoderam
55
Figura 9 - Procedimentos a cargo de um Escrivão na Delegacia Especial da Cidade
Operária.
Fonte: SOARES, 2014.
Figura 10 – Procedimentos a cargo de um Escrivão na Delegacia Especial da Cidade
Operária.
Fonte: SOARES, /2015.
As figuras 9 e 10, além de mostrarem a quantidade de procedimentos a
cargo de um único Escrivão retratam as minúsculas dimensões do cartório e os móveis,
principalmente a inadequada cadeira.
56
Gráfico 24 – Percentual de entrevistados, segundo a feitura de APF/AAF, sem a participação de
um Delegado de Polícia. O Escrivão no cartório e ele no gabinete ou ausente da
delegacia (2014).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
Os resultados do questionamento se o escrivão já fez Auto de Prisão em
Flagrante (APF) e Auto de Apreensão em Flagrante (AAF) sozinho, sem a participação
de um Delegado de Polícia. O Escrivão no cartório e ele no gabinete ou ausente da
delegacia, conforme gráfico 24 apresentam resultados, ou seja, 29% (40) disseram que
fizeram várias vezes, 23,2% (32) afirmaram que fazem e continuam fazendo, a
participação do Delegado consiste em assinar as peças do APF/AAF, 20,3% (28),
responderam que fizeram poucas vezes, 16,7% (23) alegaram que fazem quase sempre e
apenas 10,9% (15) disseram que nunca fizeram.
O Auto de Prisão em Flagrante e o Auto de Apreensão em Flagrante são
procedimentos que acontecem diariamente nas unidades policiais, cuja presidência da
sua lavratura compete à autoridade policial, como bem preceitua o Art. 10 da Instrução
Normativa n° 002/2012, publicada no DO/MA de 23-05-2012, que estabelece:
“Compete à autoridade policial, discricionariamente, instaurar o procedimento policial
adequado em todos os casos em que se verificar infração penal de ação pública
incondicionada, e nos de ação pública condicionada ou privada, quando preenchidos os
requisitos de procedibilidade.”
10,9%
29%
20,3%
16,7%
23,2%
EPC E A FEITURA DE APF/AAF SEM A PARTICIPAÇÃO
DO DELEGADO Nunca fiz
Fiz várias vezes
Fiz poucas vezes
Faço quase sempre
Fiz e continuo fazendo, a participação do Delegado consiste em assinar as peças do
APF/AAF
57
O Código de Processo Penal no seu Art. 304, sobre a prisão em flagrante diz
que: “Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá o condutor e colherá, desde
logo, sua assinatura, entregando a esta cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em
seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanham e ao interrogatório do
acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas
assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto.”
Tabela 9 – A rotina dos conduzidos em ocorrências de fatos que podem resultar em APF/AAF
na unidade policial do entrevistado (2014).
Variáveis/Níveis f %
Rotina dos conduzidos na unidade policial
Ao chegar na permanência, o atendente leva o fato ao conhecimento do
Delegado que analisa o caso e decide o tipo de procedimento a ser feito
e participa da lavratura deste
49 35,5
Ao chegar na permanência, o atendente leva o fato ao conhecimento do
Delegado que analisa o caso e decide o tipo de procedimento e a
tipificação e transfere ao Escrivão para que, sozinho, realize o
procedimento
48 34,8
Ao chegar na permanência, o atendente na ausência do Delegado na
Delegacia, leva o fato direto ao cartório para que o Escrivão decida
sobre o tipo de procedimento a ser feito, tipifique este e proceda a
lavratura do procedimento.
10 7,2
Ao chegar na permanência, o atendente, com ou sem Delegado na
Delegacia, leva o fato direto ao cartório para que o Escrivão decida
sobre o tipo de procedimento a ser feito, tipifique este e proceda a
lavratura do procedimento.
15 10,9
Nesta unidade policial não são conduzidas pessoas para a lavratura de
APF/AAF
4 2,9
Outros 12 8,7
Total 138 100,0
A tabela 9, mostra como acontece a rotina dos conduzidos em ocorrências
de fatos que podem resultar em Auto de Prisão em Flagrante (APF) e Auto de
Apreensão em Flagrante (AAF) na unidade policial do entrevistado. Resultando nas
respostas praticamente um empate entre os pesquisados que disseram que ao chegar na
permanência o atendente leva o fato ao conhecimento do Delegado o qual analisa o caso
e decide qual procedimento a ser feito e participa da lavratura deste com 35,5% (49) e
os que afirmaram que ao chegar na permanência o atendente leva o fato ao
conhecimento do Delegado o qual analisa o caso e decide qual procedimento e a
tipificação e transfere ao Escrivão para que, sozinho, realize o procedimento 34,8%
(48).
58
Dos entrevistados, 10,9% (15) revelaram que ao chegar na permanência o
atendente, com ou sem Delegado na Delegacia, leva o fato direto ao cartório para que o
Escrivão decida sobre o tipo de procedimento a ser feito. Uma vez tipificado, procede a
lavratura do ato, 8,7% (12) dos pesquisados apontaram outros – outras situações
diferentes das mencionadas no questionário, 7,2% (10) dos entrevistados mencionaram
que ao chegar na permanência o atendente, na ausência do Delegado na Delegacia, leva
o fato direto ao cartório para que o Escrivão decida sobre o tipo de procedimento a ser
feito, tipifique este e proceda a lavratura do procedimento. Além disso, 2,9% (4)
responderam que na unidade policial deles não são conduzidas pessoas para a lavratura
de APF/AAF.
Ao chegar na permanência o atendente sempre, com ou sem Delegado na
Delegacia, leva o fato direito ao cartório para que o Escrivão entre em
contato com o Delegado para que este decida sobre o tipo de procedimento a
ser feito. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).
Ocorre o mesmo que indicado no item 4, entretanto, com frequência, recuso-
me tomar quaisquer decisões, deixando tal atribuições para o Delegado da
UPJ ou Delegado Plantonista. Também costumo me recusar a lavrar os
procedimentos sozinho, entretanto, em geral, tais recusas são inócuas.
Também há constantes ameaças em ser encaminhado para responder
procedimento na Corregedoria em razão dessas recusas. (Escrivão, 6 a 10
anos de serviço).
Leva ao Delegado e este leva ao conhecimento do Escrivão e as vezes
participa da lavratura do APF ou AAF. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).
Ao chegar na permanência o atendente, na ausência do Delegado na
Delegacia, leva o fato direto ao cartório para que o Escrivão entre em contato
com o Delegado responsável pela Unidade Policial e este decida sobre o tipo
de procedimento a ser feito, tipifique e o Escrivão lavra o APF, com ou sem o
Delegado e o mesmo assina posteriormente. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).
Ao chegar na permanência o atendente leva o fato ao conhecimento do
Delegado que analisa o caso e decide o tipo de procedimento a ser feito e
participa por vez da lavratura deste. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).
Cada delegado procede de uma maneira, a maioria deixa o escrivão fazendo
os procedimentos sozinhos, mas há também os que colaboram ditando e
ainda aqueles que apenas ficam de corpo presente mas não participam, tendo
o escrivão que digitar e fazer as perguntas sozinho. (Escrivão, 1 a 5 de
serviço).
O Código de Processo Penal no artigo 6º e incisos IV e V define como
indispensável a participação da autoridade policial, pois em tal artigo consta que:
Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade
policial deverá: [...] IV - ouvir o ofendido; V – ouvir o indiciado, com
observância que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título VII, deste
Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que lhe
tenham ouvido a leitura.
59
Gráfico 25 – Percentual dos entrevistados que faz audiências sem a presença de um Delegado
(2014).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
O percentual de escrivães que realiza audiências sem a presença de um
Delegado nas unidades policiais, aparece no gráfico 25. Constatando-se 30,4% (42) dos
pesquisados responderam que nunca fizeram. 27,5% (38) que fizeram várias vezes.
25,4% (35) informaram poucas vezes. 10,9% (15) fizeram e continuam fazendo e 5,8%
(8) responderam que fazem, quase sempre.
Gráfico 26 – Percentual dos entrevistados, segundo suas participações na confecção das
portarias dos procedimentos (2014).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
30,4%
27,5%
25,4%
5,8% 10,9%
AUDIÊNCIAS FEITAS POR ESCRIVÃO, SEM A PRESENÇA DE UM DELEGADO
Nunca fiz Fiz várias vezes Fiz poucas vezes
faço quase sempre Fiz e continuo fazendo
13,0%
36,2% 23,2%
27,5%
PARTICIPAÇÃO DO ESCRIVÃO NAS PORTARIAS DOS PROCEDIMENTOS
Apenas digito o conteúdo
manuscrito ou ditado pelo
Delegado
Já recebo do Delegado
elaborada, pronta para a
autuação do procedimento
Determino o conteúdo,
digito este e faço a
autuação do procedimento
Não faço portarias
60
O gráfico 26, revela como acontece a participação do Escrivão na confecção
das portarias dos procedimentos. Sendo que a maioria 36,2% (50) dos pesquisados
responderam que já recebem do Delegado elaborada, pronta para a autuação do
procedimento. 27,5% (38) disseram que não fazem portarias. 23,2% (32) revelaram que
determinam o conteúdo, digitam e fazem a autuação do procedimento e 13% (18)
apontaram que apenas digitam o conteúdo manuscrito ou ditado pelo Delegado.
Segundo a Instrução Normativa nº 002/2012 – DGPC/MA, publicada no
DO/MA, de 23-05-2012, na Polícia Civil do Estado do Maranhão são duas as formas de
se iniciar o inquérito policial e o auto de investigação de ato infracional, a saber: “I -
através de auto de prisão em flagrante delito ou de apreensão em flagrante de ato
infracional, conforme o caso; II – por portaria, nas demais situações, inclusive nas
requisições dos juízes ou promotores de justiça.”
O Art. 10 da mencionada Instrução Normativa, estabelece: “Compete à
autoridade policial, discricionariamente, instaurar o procedimento policial adequado em
todos os casos em que se verificar infração penal de ação pública incondicionada, e nos
de ação pública condicionada ou privada, quando preenchidos os requisitos de
procedibilidade.”
Gráfico 27 - Percentual geral dos entrevistados, segundo suas participações nos relatórios dos
procedimentos (2014).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
No gráfico 27, encontra-se demonstrada a maneira como acontece a
participação do Escrivão na elaboração dos relatórios dos procedimentos. Constata-se
6,5%
52,9% 8,0%
31,9%
0,7%
PARTICIPAÇÃO DO ESCRIVÃO NOS RELATÓRIOS DOS PROCEDIMENTOS
Apenas digito o conteúdo
manuscrito ou ditado pelo
Delegado
Já recebo do Delegado
elaborado, pronto para
encartar nos autos
Determino o conteúdo,
digito este e faço o
encarte nos autos
Não faço relatórios
61
que a maioria 52,9% (73) dos pesquisados responderam que já recebem do Delegado
elaboradas, pronta para a autuação do procedimento. 31,9% (44) disseram que não
fazem relatórios. 8,0% (11) revelaram que determinam o conteúdo, digitam e fazem o
encarte nos autos. 6,5% (9) apontaram que apenas digitam o conteúdo manuscrito ou
ditado pelo Delegado e 0,7% (1) não respondeu.
Tabela 10 – Questionamento sobre como está acontecendo as oitivas de investigados, de
testemunhas e de vítimas nas unidades policiais dos entrevistados (2014).
Variáveis/Níveis f %
O DPC realiza em parceria com o EPC os interrogatórios dos investigados. 13 9,4
Os interrogatórios dos investigados e as oitivas das testemunhas e vítimas o
DPC realiza em parceria com o EPC.
27 19,6
O DPC não realiza as oitivas de investigados, nem de testemunhas, nem de
vítimas. Essas atividades são realizadas pelo EPC sem a participação do DPC.
20 14,5
O DPC realiza apenas os interrogatórios dos investigados, em parceria com o
EPC, e este realiza as oitivas de testemunhas e de vítimas sem a participação
do DPC.
24 17,4
Os interrogatórios são feitos apenas pelo EPC acompanhado de um
Investigador de Polícia.
7 5,1
Os interrogatórios são feitos pelo EPC ficando este sozinho no cartório com o
interrogado.
12 8,7
Quando se trata de interrogatórios de investigados, os trabalhos têm a
participação do DPC, do EPC e de outro profissional.
10 7,2
Outros 25 18,1
Total 138 100,0
A tabela 10 demonstra como acontecem as oitivas de investigados, de
testemunhas e de vítimas. Resultando, em 19,6% (27) dos pesquisados revelaram que os
interrogatórios dos investigados e as oitivas das testemunhas e vítimas o DPC realiza
em parceria com o EPC. 18,1% (25) dos pesquisados marcaram a opção outros. 17,4%
(24) disseram que o DPC realiza apenas os interrogatórios dos investigados em parceria
com o EPC e este realiza as oitivas de testemunhas e vítimas, sem a participação do
DPC. 14,5% (20) indicaram que o DPC não realiza as oitivas de investigados, nem de
testemunhas, nem de vítimas. Essas atividades são realizadas pelo EPC sem a
participação do DPC. 9,4% (13) responderam que os interrogatórios dos investigados o
DPC realiza em parceria com o EPC. 8,7% (12) revelaram que os interrogatórios são
feitos pelo EPC ficando este sozinho, no cartório, com o interrogado. 7,2% (10)
disseram que quando se trata de interrogatórios de investigados, os trabalhos têm a
participação do DPC, do EPC e de outro profissional e 5,1% (7) responderam que os
interrogatórios são feitos apenas pelo EPC acompanhado de um Investigador de Polícia.
62
Por vezes interrogo sozinho e noutras em parceria com o DPC. O mesmo
ocorre com os demais tipos de oitivas. (Escrivão, de 1 a 5 anos de serviço).
Às vezes vítimas e testemunhas são ouvidas sem a presença do DPC mas no
caso dos investigados o DPC participa realizando as perguntas. (Escrivão, 1 a
5 anos de serviço).
Já fiz por várias vezes os interrogatórios dos investigados, oitiva de
testemunhas e vítimas sozinho, mas também o DPC fez em parceria comigo
estes mesmos procedimentos. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).
Isto é muito relativo, é diferente quando estamos na delegacia e quando
estamos no plantão, o que torna mais difícil ainda para responder, porque em
cada plantão temos DPC diferentes. Cada um trabalha de forma diversa.
(Escrivão, 16 a 20 anos de serviço).
Os interrogatórios dos investigados, testemunhas e vítimas são divididos,
sendo que o DPC realiza as oitivas no gabinete na companhia de um IPC ou
sozinho e o EPC no cartório na maioria das vezes sozinho. (Escrivão, 5 anos
de serviço).
Ocorre a mescla de situação, o Delegado divide o trabalho enviando “grande
parte” para o Escrivão e parte para ele, sendo que geralmente as oitivas são
feitas sem a presença de um policial na sala. (Escrivão, de 1 a 5 anos de
serviço).
Normalmente os interrogatórios de investigados e as oitivas de testemunhas e
vítimas são feitos pelo EPC sozinho. Quando se trata de indivíduo já
conhecido na Delegacia como sendo perigoso, permanecem no cartório o IPC
ou o carcereiro ou até mesmo o DPC dando apoio ao EPC. O DPC orienta o
EPC sobre o tipo de pergunta a ser feita no caso concreto, mas normalmente
não permanece no cartório durante o procedimento. Acontece também do
próprio DPC fazer oitivas quando a Delegacia está muito cheia e o Escrivão
muito ocupado com flagrante ou outras oitivas. (Escrivão, de 0 a 1 ano de
serviço).
Na maioria das vezes o EPC realiza as oitivas de investigados e interrogados
sozinho sem a presença do Delegado. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).
A maioria das oitivas é realizada sem a presença do DPC. Apenas em crimes
mais graves ou de maior repercussão o DPC faz questão de estar presente nas
oitivas. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).
63
Tabela 11 – Questionamento sobre a incidência de audiências, APF/AAF, portarias, oitivas de
investigados e relatórios que estão sendo feitos pelo Escrivão, sozinho, o porquê e
o que isso representa para os entrevistados (2014).
Opções f %
Não 50 36,2
Sim 88 63,8
Total 138 100,0
Por quê?
Na minha unidade policial não possui DPC ou outra
pessoa para realizar essa(s) atividade(s)
1/88 1,1
Foi determinado pelo DPC que o EPC as realize 13/88 14,8
Mesmo o DPC presente na unidade policial, este se
mantém arredio a tais atividades, fazendo com que a(s)
mesma(s) recaia(m) sobre o EPC
21/88 23,9
A falta de assiduidade do DPC faz com que essa(s)
atividade(s) recaia(m) sobre o EPC
0/88 0,0
É comum nesta unidade policial, mesmo o DPC se
encontrando na cidade, determinar que essa(s)
atividade(s) seja(m) realizada(s) pelo EPC e que a(s) leve
além–delegacia para ele assinar
7/88 8,0
Foi determinado pelo DPC que o EPC as realize, pois
com ou sem excesso de atividades policiais, o DPC não as
realiza
2/88 2,3
Foi/foram a(s) forma(s) encontrada(s) para suprir as
demandas de atividades que nesta unidade policial recaem
sobre o DPC
17/88 19,3
Tenho receio de dizer que essas atribuições são no
mínimo de competência da participação da Autoridade
Policial e, com isso, sofrer consequências
7/88 8,0
Outros motivos 20/88 22,7
Total 88 100,0
A tabela 11 demonstra o desdobramento de três questionamentos, sendo que
os dois primeiros consistem em identificar se as atividades comuns nas unidades
policiais como: audiências, Auto de Prisão em Flagrante (APF), Auto de Apreensão em
Flagrante (AAF), portarias, oitivas de investigados e relatórios os escrivães estão
realizando alguma dessas atividades/atribuições sozinhos e o porquê disso, resultando
em que a maioria dos pesquisados 63,8% (88) responderam que sim e apenas 36,2%
(50) responderam que não.
Os 88 que responderam sim apontaram os seguintes motivos: 23,9% (21)
disseram que mesmo o DPC presente na unidade policial, este se mantém arredio a tais
atividades, fazendo com que a(s) mesma(s) recaia(m) sobre o EPC. 19,3% (17)
responderam que foi/foram a(s) forma(s) encontrada(s) para suprir as demandas de
atividades que nesta unidade policial recaem sobre o DPC. 14,8% (13) apontaram que
64
foi determinado pelo DPC que o EPC as realize. 8,0% (7) indicaram que é comum nesta
unidade policial, mesmo o DPC se encontrando na cidade, determinar que essa(s)
atividade(s) seja(m) realizada(s) pelo EPC e que a(s) levem além-delegacia para ele
assinar. Também 8,0% (7) manifestaram receio de dizer que essas atribuições são no
mínimo de competência da participação da Autoridade Policial e, com isso, sofrer
consequências. 2,3% (2) informaram que foi determinado pelo DPC que o EPC as
realize, pois com ou sem excesso de atividades policiais o DPC não as realiza e 1,1%
(1) disseram que na minha unidade policial não possui DPC ou outra pessoa para
realizar essa(s) atividade(s).
Enquanto que 22,7% (20) apontaram outros motivos, quais sejam:
Na maioria das vezes faço o APF sozinho, o DPC apenas assina. Isso
acontece com os DPC´s mais antigos. Com a chegada dos novos DPC´s este
quadro vem mudando, pois eles estão fazendo as suas atribuições
corretamente. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).
Já fiz audiências, interrogatórios, oitivas sozinha sem a presença da
autoridade policial e de nenhum investigador. (Escrivão, 1 a 5 anos de
serviço).
Apesar de chamar o DPC por várias vezes em seu gabinete, ele enrola e
quando resolve ir, atende o telefone e sai da sala, então eu continuo a pegar
os depoimentos e declarações sozinha. Nessas condições, ele ainda só ouve o
investigado, vítimas, testemunhas, ouço sozinha. (Escrivão, 6 meses de
serviço).
A delegada com quem trabalho também faz oitivas, ofícios, todas as
portarias, todos os relatórios, todas as representações, sozinha. Faço mais o
que é atribuição do escrivão e, eventualmente, faço oitivas sozinho, de
APFD, porque ela também ouve as pessoas envolvidas. (Escrivão, 1 a 5 anos
de serviço).
As atividades acima referidas são determinadas conforme a vontade do DPC,
é comum para mim realizar tais atividades sozinha, normalmente o DPC
participa de acordo com a gravidade ou repercussão do caso. Das atividades
acima descritas as únicas que nunca realizei foram Portaria e Relatório,
quando chegamos aqui logo demos um jeitinho de dizer aos delegados que
não faríamos relatório. E tudo deu certo por eles também serem novatos.
Atualmente estou trabalhando com um DPC do último concurso e ele tem
desempenhado as atribuições dele muito bem. Espero que não mude com o
tempo. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviços).
Apenas o APF/AAF e oitiva dos investigados são realizados sem a presença
do DPC, que na maioria das vezes fica em seu gabinete enquanto o
procedimento é realizado no cartório sem sua presença. (Escrivão, 1 a 5 anos
de serviço).
Atualmente não se faz mais Portaria e Relatórios pelo Escrivão, práticas
costumeiras outrora, mas os APF/AAF, se o Delegado não se encontra na DP,
são confeccionados e em seguida apenas assinados por ele. (Escrivão, 1 a 5
anos de serviços).
65
Sempre se procedeu dessa forma na Especializada, ressaltando que o DPC
normalmente não fica no cartório junto com o EPC, permanecendo durante
todo procedimento no gabinete. O EPC colhe depoimentos, declarações e
prepara as demais peças, mas não faz relatório nem portaria. (Escrivão, 0 a 1
ano de serviço).
Tenho vergonha de dizer para o delegado que são suas atribuições. (Escrivão,
0 a 1 ano de serviço).
O meu motivo de muitas vezes realizar oitivas sozinho é relacionada ao
tempo para finalizar. Com a participação do delegado é mais demorado.
(Escrivão, 5 anos de serviço).
Se todos os procedimentos inerentes às atribuições do DPC forem realizadas
somente por eles, o engessamento das investigações é inevitável, haja vista a
grande demanda. Então, de forma a dar a maior contribuição possível à PC-
MA e à sociedade, me vejo obrigado a exercer atribuições que nem são
minhas, tapando mais um buraco deixado pelo Estado, que nunca priorizou a
segurança pública. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).
Faço no intuito de melhorar a imagem da Polícia Civil, como instituição,
perante a sociedade, assim como também para cobrir minhas ausências, nas
tardes de terças e quintas, onde o DPC “cobre” minhas ausências. (Escrivão,
6 a 10 anos de serviço).
Na maioria dos procedimentos, o DPC resume sua atividade apenas em
assinar oitivas, elaborar portarias e fazer relatórios, deixando todo o resto a
cargo do escrivão. No entanto, em casos de crimes mais graves, hediondos ou
que tenham uma maior repercussão, ou na cidade ou na mídia, o DPC faz
questão de estar presente nas oitivas e fazer as perguntas aos
depoentes/interrogados. Vê-se também o maior interesse do DPC em
participar das oitivas e audiências quando as partes se fazem acompanhar de
advogados. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).
Gráfico 28 – Dados sobre o que representa a realização de atribuições que não são dos
escrivães (2014).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
8,0% 14,8%
64,8%
12,5%
O QUE AS ATIVIDADES DE COMPETÊNCIAS DA
PARTICIPAÇÃO DO DPC, QUANDO REALIZADAS APENAS
PELO EPC REPRESENTAM PARA ESTES
Um fato normal Um aprendizado Um abuso Não responderam
66
Ainda no desdobramento da tabela 11, dos 88 pesquisados que responderam
afirmativamente sobre a realização, sozinhos, de atividades como audiências, Auto de
Prisão em Flagrante (APF), Auto de Apreensão em Flagrante (AAF), portarias, oitivas
de investigados e relatórios e o que isso representa para eles. A grande maioria 64,8%
(57) dos pesquisados apontaram que isso representa um abuso. 14,8% (13) indicaram
que isso representa um aprendizado. 12,5% (11) não responderam e 8,0% (7)
consideram isso um fato normal.
3 SURGIMENTO E PAPEL DA ASSOCIAÇÃO MARANHENSE DE
ESCRIVÃES DE POLÍCIA CIVIL
A Associação Maranhense de Escrivães de Polícia Civil (AMEPOL), além
de ser um sonho antigo da categoria de Escrivães de Polícia Civil, realiza-se por meio
desta pesquisa, pois, em que um dos questionamentos era sobre a ideia de criar uma
entidade associativa específica para representar e defender os interesses da categoria de
Escrivães de Polícia Civil do Estado do Maranhão, cujas respostas ao questionamento se
encontram representadas no gráfico 29.
Gráfico 29 - Ideia dos Escrivães de criarem uma associação ou união de Escrivães (2014).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
91,3%
8,7%
CRIAR ASSOCIAÇÃO OU UNIÃO DE ESCRIVÃES
Sim
Não
67
No gráfico 29 ficou demonstrado que 91,3% (126) dos pesquisados
validaram a ideia de os escrivães criarem uma associação ou união para a representação
dessa categoria e apenas 8,7% (12) dos entrevistados discordaram dessa criação.
Praticamente todos os respondentes que disseram sim para a criação da
associação ou união, apresentaram respostas ao questionamento. Respostas que
associam a criação dessa entidade à resolução de questões relacionadas ao
fortalecimento, a representatividade, a união, a valorização e aos alcances dos objetivos
comuns e coletivos da categoria de escrivães, bem como respostas relacionadas à
ampliação de direitos, melhorias das condições de trabalho e acima de tudo a associação
seria um suporte específico no amparo aos escrivães que se sentem injustiçados,
sobrecarregados e vitimados pelos abusos praticados no seu local de trabalho.
Entre tantas respostas dos pesquisados, destacamos algumas delas, entre as
quais, as que falam de:
Fortalecimento e valorização
Trabalhamos mais e não somos valorizados tanto quanto ignorados, no que
acredito ser um enorme desrespeito, uma tremenda ofensa à dignidade e ao
profissionalismo de nós Escrivães. Não vislumbro outra forma mais autêntica
de representatividade dos nossos reais e legais interesses senão por meio de
uma Associação Específica. (Escrivão, 21 a 25 anos de serviço).
Acredito que com a criação dessa associação ou união, possamos de maneira
mais objetiva, lutar pelos nossos direitos e valorizar cada vez mais esse cargo
composto de inúmeras atribuições que os tornam um grupo diferenciado
dentro da Polícia. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).
É relevante, pois dessa forma poderemos unir força e trabalhar em prol de
uma atividade cartorária mais humana e de acordo com a legislação.
(Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).
Não vislumbro a médio prazo melhorias para essas categorias de servidores
da secretaria que sejam realizadas pela mera atitude dos que estão na cúpula
da instituição. Sem que haja uma movimentação por parte dos próprios
servidores a tendência e a piora geral das condições de trabalho dos
escrivães. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).
Somente assim poderíamos lutar por melhores condições de trabalho,
valorização profissional que não existe e ser devidamente representado.
(Escrivão, 6 a 10 anos de serviço).
A associação fortalecerá a categoria dos Escrivães. Será determinante no
sentido de que nossas justas reivindicações sejam melhor apreciadas pela
autoridade constituída, visto tratar-se de um seguimento que possui
atribuições específicas dentro do quadro da Polícia Civil do Estado.
(Escrivão, 11 a 15 anos de serviço).
68
Acredito que um cargo com tantas responsabilidades, deva ser melhor
representado e assessorado, devemos ter uma postura mais atuante. (Escrivão,
1 a 5 anos de serviço).
Acredito que tanto as atribuições quanto as necessidades e complexidade do
cargo de escrivão são bastante diferentes das de investigadores de polícia, o
que requer, com isso, uma união específica dos servidores daquele cargo para
alcançarmos melhorias. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).
Desigualdades e injustiças:
Vislumbrando fazer cumprir os preceitos inerentes à nossa função visto que a
Polícia, em tese, é comandada pelos DPCs e os mesmos já acreditam que
suas funções devem ser realizadas pelos EPCs, os quais são tidos como
subalternos daqueles, fato que acredito que pode ser mudado com nossa
associação ou União, o que ajudaria a erradicar com essa prática cotidiana
enraizada pelos DPCs, no que concerne ao exercício e desempenho de nossas
funções de escrivães. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).
Infelizmente na Polícia Civil, não sei se em todos os Estados, Investigadores
são considerados policiais, enquanto que, “nós” Escrivães, somos vistos
como funcionários públicos; nesse aproximadamente 06 (seis) anos como
Escrivão de Polícia, ainda não vi Escrivães ocupando qualquer cargo que seja
de confiança, como por exemplo dentro do ambiente do Sistema SIGO – os
Instrutores são Investigadores; A pergunta que eu faço é: QUEM
TRABALHA NO DIA-DIA DO SIGO? Respondo eu: SOMOS NÓS – POR
QUE NÃO INSTRUTORES OCUPANDO CARGO DE ESCRIVÃO? JÁ
QUE SOMOS NÓS QUEM VIVENCIAMOS O DIA-DIA DO CARTÓRIO?
Outro ponto para ser levantado/questionado, é a situação do Plantão, onde
vemos de 06 a 07 Investigadores para 01 Escrivão; o que vemos é:
“ESCALA DE SONO” (O FAMOSO ¼ DE HORA) para os Investigadores,
enquanto que o “ESCRIVÃO QUE SE VIRE” INJUSTIÇA”. (Escrivão, 1 a 5
anos de serviço).
A categoria é a mais cobrada e menos reconhecida. Ainda, porque, o
SINPOL não contempla os anseios dos escrivães de forma separada. Diante
disso muitos colegas desejam sair da Polícia ou mudar de cargo. (Escrivão, 6
a 10 anos de serviço).
Somos uma das classes mais exploradas dentro da PC. Somos mais
assediados, por estarmos mais próximos dos Delegados, desta forma
necessitamos de uma associação que entenda e atenda nossos anseios.
(Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).
Abusos:
Precisamos de apoio dos colegas para combater esse abuso em que o escrivão
faz todo o serviço do DPC, correndo risco de morte, como aconteceu com a
colega de Caxias. (Escrivão, 6 meses).
Porque os escrivães sofrem muita pressão, cobrança, e abusos por parte dos
delegados, e uma associação forte, que nos representasse bem, talvez inibiria
um pouco tais comportamentos, por gerar maior respeito. Ainda,
considerando que o trabalho do escrivão, inquestionavelmente, é o mais
intenso na polícia, o cargo precisa ser mais valorizado e melhor remunerado.
(Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).
69
O abuso contra o EPC está inserido no meio policial como uma cultura.
Fazemos todo trabalho da Delegacia, incluindo boa parte do trabalho que
cabe ao DPC e somos remunerados de forma ridícula, comparado aos ganhos
das Autoridades e essa realidade precisa ser discutida e mudada. Uma
associação dará força àqueles que, por receio, medo de represálias ou
timidez, tem dificuldades em mudar sua postura frente aos abusos que sofrem
diariamente dos DPC`s. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).
É um meio de se tentar evitar os abusos cometidos pelas autoridades
policiais; lutar por melhores condições de trabalho para a categoria, entre
vários outros benefícios que são negados aos escrivães. (Escrivão, 1 a 5 anos
de serviço).
As arbitrariedades, o descaso, o abuso e a remuneração incompatível com o
cargo de Escrivão de Polícia fazem deste cargo um exemplo de exploração
humana dentro do serviço público de um estado democrático. (Escrivão, 1 a 5
anos de serviço).
Desumanização/Sobrecargas de Trabalhos:
A associação compreenderá melhor o problema relatado pela categoria de
escrivães e terá mais empenho para resolver os problemas por saber quais são
e de que maneira agir para que sejam respeitadas as atribuições do cargo de
escrivão, hoje sobrecarregadas por uma série de tarefas que são de
competência do delegado. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).
É uma classe sobrecarregada nas suas atividades e mal remunerada.
Absorvendo atribuições de todos na DP. (Escrivão, 5 meses de serviço).
Para valorização profissional do escrivão, que, na maioria das vezes, “carrega
nas costas” a unidade policial e, sequer, é reconhecido pelo seu superior
hierárquico. (Escrivão, 11 a 15 anos de serviço).
Porque vejo que os Escrivães têm um regime intenso e diferenciado de
trabalho e isso é pouco levado em conta. (Escrivão, 7 meses de serviço).
É bom que tenhamos uma Associação, pois, mesmo não nos desvinculando
do Sinpol, através dela, acredito que nossa classe tem mais chance de emergir
da escuridão que vivemos, pois somos atualmente obrigados a fazer, quase
sempre, todo trabalho do DPC e ganhando menos de um terço do que ele
ganha. Em nossa situação atual não conhecemos nem nossos colegas; quase
todos os IPCs se conhecem pelo menos de nome dentro da Polícia do
Maranhão, assim como acontece com os DPCs; EPCs são tão
sobrecarregados de trabalho, que a maioria não tem mais que dois ou três
números de contato telefônico de outro colega de função; não damos um
telefonema para as nossas esposas durante a jornada de trabalho; Até para
reivindicar algo, para nossa categoria é mais complicado, nos falta tempo,
somos os primeiros a chegar e os últimos a sair da delegacia, aliás, quem
ainda não ouviu dizer que numa delegacia pode até faltar o Delegado, mas o
Escrivão, jamais; pois que sem este ela não funciona? Já ouviu, não?
Inclusive de Delegados. Claro! Eles são os que mais nos falam isso. Nada
contra os DPCs, a não ser o fato de muitos deles ter como única justificativa
do que ganham, o suor do nosso trabalho. Eu digo muitos, porque sou ciente
de que há Delegados que são verdadeiros policiais; Delegados que entram no
mato e na lama da maré no meio da noite, arriscando a vida, perdendo noites
de sono, juntamente com sua equipe para que essa população ainda tenha um
pouco de confiança nessa instituição, mas há aqueles que são delegados (com
dê minúsculo) de direito, pois são concursados, mas não de fato, não sabem
70
investigar e não sabem lidar com pessoas, tampouco gerir pessoas, são
apenas delegados de gabinetes e de aparecerem em programas fajutos de
televisão. Isto é um pouco do que penso. (Escrivão, 1 a 5 anos de serviço).
[...] acho injusto e um abuso realizarmos quase todas as atividades do DPC
(digo quase todas em relação a mim, porque sei de muitos colegas que
realizam TODAS as atividades do delegado) e ainda por cima, não
ganharmos um terço do que eles recebem. É triste ver nossos colegas com
problemas como depressão e outros adoecendo em decorrência de uma carga
de trabalho desumana e ainda por cima, sempre correndo o risco de ser
prejudicado pelo “mais forte na hierarquia”: o DPC, que na grande maioria
das vezes nada faz, além de sobrecarregar ainda mais aquele que deveria ser
o seu maior aliado e parceiro no trabalho, o escrivão. (Escrivão, 1 a 5 anos de
serviço).
Gostaria de relatar o que ocorreu nesta semana comigo. O delegado da minha
UPJ estava de licença médica e ao ocorrer 2 flagrantes o delegado regional
ligou e mandou que o investigador me dissesse para fazer o APF e depois ele
ia mandar uma viatura para buscar o APF para ele assinar. Assim foi feito,
elaborei todo o APF apenas com a presença de um investigador para minha
segurança. No fim da tarde o delegado regional foi até minha UPJ para
assinar o APF e ainda comentou que havia pouca coisa do depoimento dos
condutores, mas infelizmente não respondi que não fui preparada para
realizar o procedimento que era para ser feito pelo delegado porque tenho
medo de retaliações como já aconteceu com outros colegas (serem mandados
para outros interiores distantes). Por esse e outros motivos acredito que a
necessidade de uma associação é de extrema valia. (Escrivão, 1 a 5 anos de
serviço).
Fortalecimento:
A associação fortalecerá a categoria dos Escrivães. Será determinante no
sentido de que nossas justas reivindicações sejam melhor apreciadas pela
autoridade constituída, visto tratar-se de um segmento que possui atribuições
específicas dentro do quadro da Polícia Civil do Estado. (Escrivão, 11 a 15
anos de serviço).
3.1 Abusos
3.1.1 “Gambiarras” na realização das atividades cartorárias de Polícia Judiciária
Existem atualmente dentro das unidades de polícia judiciária, atuando nas
delegacias de Polícia Civil do Estado do Maranhão, nas cidades do interior, em torno de
140 pessoas estranhas aos quadros ativos e de aposentados da Polícia Civil, com a
denominação de Escrivão Ad Hoc, realizando atividades e praticando atos de Preparação
Processual, como se fossem escrivães de carreiras. Os dados oficiais da Secretaria de
Estado da Gestão e Previdência (SEGEP) confirmam, em 16 de maio de 2016, a
existência de 315 Escrivães de Polícia Civil no quadro ativo da Polícia Civil.
71
Gráfico 30 – Escrivães Ad Hoc (2016).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
Extrai-se do gráfico 30, o quantitativo real de Escrivães de Polícia de
carreira existente em 16 de maio de 2016 nos quadros da Polícia Civil e com base em
levantamentos paralelos não oficiais, foi constatado haver em torno de 140 pessoas
alheias aos quadros da Instituição Polícia Civil e, consequentemente, alheias aos
quadros do Estado, atuando dentro das Delegacias de Polícias Civis do Estado do
Maranhão, realizando serviço essencial do Estado, de alta complexidade, em que
decisões sobre a vida e liberdade de pessoas são tomadas, como se escrivães de carreiras
fossem, ou seja, 44,44% (140) pessoas estão ocupando nas unidades policiais as vagas
de Escrivães sem ter sido submetido ao devido concurso público como definido no
inciso II do Artigo 37 da Constituição Federal, que assim diz: “[...] a investidura em
cargo ou emprego depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de
provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na
forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em
lei de livre nomeação e exoneração [...]” (BRASIL, 2015, p. 52).
A Constituição do Estado do Maranhão, em seu Artigo 118, proíbe para o
exercício da função policial por pessoas que não tenham sido recrutadas via concurso
público, isto é: “O exercício da função policial é privativo do policial de carreira,
recrutado exclusivamente por concurso público de provas e submetidos a cursos de
formação policial.” (MARANHÃO, 1999, p. 55).
0
100
200
300
400
Situação em 2016 Equivalência em %
315
100 140
44,44
Gambiarras nos provimentos de vagas
para atuar nas Delegacias de Polícia Civil
do Estado do Maranhão como Escrivães
ESCRIVÃO DE POLÍCIA AD HOC
72
Neste contexto é importante mencionar que dos 138 pesquisados apenas
10,9% (15) responderam que nunca fizeram Auto de Prisão em Flagrante sozinho, ou
seja, sem a presença do Delegado, enquanto que todos os demais pesquisados
(Escrivães de Carreira), já fizeram ou estão fazendo tais procedimentos sozinhos. Fato
este que preocupa quanto à existência de Ad Hoc realizando atos de preparação
processual uma vez que há probabilidade de pessoas simples e desprovidas de meios
econômicos, conduzidas às delegacias como autores de crimes, serem condenadas
através de procedimentos iniciados por intermédio de uma “gambiarra” estatal.
Sem, contudo, mencionar a Constituição Federal, Lei Maior do País, apenas
tomando a Constituição do Estado do Maranhão, como modelo de Lei a ser respeitada,
que no seu Artigo 2º diz: “São fundamentos do Estado: [...] II a cidadania; III a
dignidade da pessoa humana [...]”, onde além do campo formal se situa essa cidadania e
a dignidade da pessoa humana, tanto para o preso quanto para esses Ad Hoc? Vítimas
dos abusos de um mesmo Estado.
Figura 11 - Cópia da página 8 da Constituição do Estado do Maranhão.
73
Figura 12 - Cópia da página 55 da Constituição do Estado do Maranhão.
Figura 13 – Cópia da escala de plantão do mês de março/16, com Escrivães Ad Hoc, em Imperatriz.
74
Figura 14 – Cópia da escala de plantão do mês de junho/16, com Escrivães Ad Hoc, em Imperatriz.
Neste cenário, a renomada doutrinadora Di Pietro (2012) enaltece a
participação do Ministério Público inibindo a locação de servidores terceirizados no
âmbito da Administração Pública, em detrimento dos quadros de servidores oriundos
dos concursos públicos. Diz tal autora que: “a tendência à terceirização em detrimento
dos quadros de servidores também está revertendo, na esfera federal, em decorrência de
ação civil pública promovida pelo Ministério Público, que levou o Governo Federal a
firmar termo de ajustamento de conduta para criação de cargos nos próximos anos”.
Desta forma, o desconhecimento ou a inobservância por parte do
MINISTÉRIO PÚBLICO, da existência de terceirizados realizando nas Delegacias de
Polícia, as funções de Escrivães, que é inerente ao cargo efetivo de Escrivão de Polícia,
cuja investidura deve ser por meio do Concurso Público, favorece a permanência da
violação dos nobres Princípios da Administração Pública e nesse caso específico o da
Legalidade, onde só cabe ao administrador fazer o que a lei permite.
No entanto, a adoção de escrivão ad hoc desempenhando suas atividades
como escrivão de cargo efetivo não é permitido por lei.
75
3.1.2 Escalas de plantões sobreavisos
Na Instituição Polícia Civil do Estado do Maranhão, está acontecendo um
regime de trabalho fora do comum, em desacordo com a jornada de trabalho
estabelecida na legislação da Polícia Civil e nas normas trabalhistas. Trata-se da
modalidade de Plantão Sobreaviso, em que o Escrivão de Polícia Civil, além de
cumprir sua jornada diária de trabalho no expediente normal nas unidades policiais,
ainda é escalado numa - Escala de Sobreaviso – para, a qualquer hora, durante o
repouso noturno, ser chamado na unidade policial para realizar procedimentos, sem,
qualquer contrapartida em termos de folgas ou remuneratória por esses serviços
extraordinários. Fatos como esses vêm causando sérios transtornos à vida e à saúde do
profissional Escrivão de Polícia. Inclusive consigna-se a seguir, cópias de documentos
confirmando e denunciando essas práticas.
Figura 15 – Cópia do ofício ao Sinpol sobreaviso.
76
Figura 16 – Cópias das escalas de plantões sobreaviso na 17ª Regional de Caxias.
Obs.: Sheila e Marcos são administrativos escalados como Ad Hoc para os plantões.
Figura 17 – Cópia do documento enviado ao MP de Caxias, em 2014, sobre as escalas de
sobreaviso.
77
Percebe-se que a justiça de outros Estados, como o caso do Estado de Santa
Catarina, interveio quando acionada pelo Sindicato dos Policiais Civis do Estado de
Santa Catarina a favor dos Escrivães submetidos a escalas de trabalho em regime de
sobreaviso, conforme quadros e relatos a seguir:
Figura 18 – Decisão resultante do Processo nº 0307760-24-2014.8,24.0023.
Fonte: TJSC, 2016.
Transcrições do recorte da decisão.
1. O Tribunal de Justiça, por decisão monocrática de Desembargador
Substituto, entendeu que interlocutória anterior deste juízo é nula, recordando
que “’A decisão judicial não pode ser um ato autoritário, absolutista, que
nasce do arbítrio do julgador, sem qualquer razão que a justifique’”.
Malgrado minha surpresa com os termos empregados, a deliberação ficou
78
prejudicada, visto que agora consta a resposta e poderei, então, reapreciar –
como fora prometido – a tutela de urgência postulada. Quer dizer, decido
neste momento não por força de deliberação do TJSC, mas porque
meramente chegou o momento processual próprio para tanto. Estou, aliás,
ainda mais convencido do proferido nas fls. 84, que foi rente à delicadeza dos
interesses em xeque, permitindo, agora sim, decisão que possa considerar
também os argumentos defensivos.
2. A petição inicial descreve que a Secretaria de Segurança Pública impõe
aos escrivães de polícia escalas de sobreaviso. Quer dizer, como é notório,
não se exige o cumprimento de uma jornada extraordinária na repartição, mas
existe a exposição a convocações. É, por assim dizer, um plantão, mas
cumprido à distância e com agravamento de poder ser efetivamente
necessária a todo instante a presença na delegacia ou órgão equivalente. Pelo
dito, esse invocado sobreaviso não se sobrepõe à escala ordinária de trabalho
(acumula-se!), muito menos é compensado com o pagamento de horas extras
pelo trabalho para além das usuais 40 horas hebdomadárias. Por isso, o autor
discorre sobre o estímulo operacional, que é a designação local para o
pagamento feito a título de horas extraordinárias. Elas, no consenso
jurisprudencial, devem ser pagas integralmente. Tira-se daí que, na falta de
previsão legal relativa ao sobreaviso, estar-se-ia diante de uma fraude aos
termos da Lei Complementar 137, conclusão – aos olhos do autor – que fica
reforçada ante ao Estatuto da Polícia Civil Estadual, pois mesmo a
indenização policial civil não eclipsa os limites quanto à jornada laboral. Por
isso o pedido para que cesse o sobreaviso, restringindo-se o trabalho a no
máximo quarenta horas semanais e mais quarenta horas extras mensais.
3. É de se afastar a arguição de impossibilidade jurídica do pedido. A tal
título, manifestamente o Estado cuida de temas atrelados ao mérito.
Confunde ação improcedente com ação inexistente, como censurava
Liebman.
4. Analisando, no mais, a defesa, vê-se que não existe uma base normativa
para permitir um sobreaviso, quer dizer, um estado de vigília em que o
servidor possa ser considerado – repetindo o antes dito – em um plantão à
distância. Obviamente, atos internos da Secretaria de Segurança não fazem
esse papel. O que se estabelece legalmente, tal qual resumido, é uma jornada
semanal de quarenta horas, às quais se podem editar horas extras (previstas
legalmente com um limitador de também quarenta, mas mensais). Quanto a
isso, na realidade, inicial e contestação convergem. A dissintonia está em
uma tese inverossímil do Estado, que pretende impor ao escrivão de polícia
uma permanente vigília, uma perspectiva imorredoura de ser convocado para
atender situações emergenciais. Isso é insustentável. A defesa estatal trata o
escrivão como alguém que não merece jamais o descanso, pois ficaria
submetido permanentemente a ser chamado à delegacia. É mais do que
evidente que todos fazem jus a repouso – e isso decorreria, quando menos,
das regras que protegem a dignidade da pessoa humana, como previsto
constitucionalmente. Por mais relevante e vocacionado que se imagine o
trabalho policial, isso não dá à Administração o poder de impedir que o
servidor se considere efetivamente desatrelado dos compromissos
profissionais nos períodos entre as jornadas. O labor perante a segurança
pública é relevante e exige sacrifícios, mas eles não vão ao ponto de renegar
um direito básico como aquele. Hipoteticamente até me parece defensável
que surgisse – se regulamentado por lei – um regime de sobreaviso. Ele
haveria de ter limites, é claro, mas também propiciaria uma proporcional
compensação financeira. Fora daí, mesmo forte a expressão, surgiria algo
mais próximo da escravidão do que do que uma lícita relação de trabalho.
Enfim, o Estado – mesmo tendo a oportunidade, que foi dada em
consideração à importância dos interesses subjacentes – não conseguiu nem
sequer de relance demonstrar que exista base legal para permitir convocações
de policiais a qualquer momento. Dito de outro modo, ainda que a Fazenda
79
Pública renegue que exista uma escala de sobreaviso, acaba defendendo
(mesmo sem esse nome) que isso ocorre e que seria merecido. Cumpre
enfatizar que a indenização do art. 189 do Estatuto da Polícia Civil em
nenhuma hipótese pode ser considerada como uma autorização para livre
convocação do servidor. Ela procura compensar um desgaste maior que esses
profissionais sofrem, mas lá não está dito - e se estivesse seria
inconstitucional – que não haja limites à jornada de trabalho ou que o
servidor deve estar em constante alerta, na espera de chamados. Dito de
forma abreviada, o fato é que o Estado defende que o policial civil assuma
um compromisso de ser alertado a qualquer instante e que, então, possa
realmente ser exigido seu trabalho. Não teria direito a ter uma programação
particular, haja vista essa constante expectativa. Chama-se de sobreaviso ou
não, isso é indevido.
4. Existe urgência, pois causa padecimento que esse estado de injustiça
perdure, causando ainda mais malefícios aos servidores. Imagino as
dificuldades administrativas para atender aos reclames populares de
segurança pública, mas o fato é que os escrivães muito menos podem ser
responsabilizados e sacrificados por carência de pessoal.
5. Assim, defiro a liminar para determinar que o réu limite a jornada de
trabalho dos escrivães de polícia (ou de quem faça esse papel) a quarenta
horas semanais e quarenta horas extraordinárias mensais, vedada
convocações para trabalho além desses limites. Fixo multa de R$ 10.000,00
para cada desatenção individual a esta determinação. Intimem-se os
advogados na causa e, em atenção à Súmula 410 do STJ, comunique-se por
fax o Procurador-Geral do Estado. Florianópolis, 24 de junho de 2014. [...]
Juiz de Direito. Autos 0307760-24.2014.8.24.0023.
3.2 Desigualdades e injustiças
3.2.1 Processo Seletivo Permanente de Remoção – PSPR
Com o advento da Resolução nº 001/2014, do Conselho de Polícia Civil da
Polícia Civil do Estado do Maranhão (CPC/PC-MA), de 10 de março de 2014,
publicada no Diário Oficial do Estado do Maranhão em 16-04-2014, foi instituído o
Processo Seletivo Permanente de Remoção (PSPR) de Delegados de Polícia e
servidores do Grupo Ocupacional de Atividade de Polícia Civil (APC). O referido PSPR
encontra-se com sua eficácia suspensa por determinação do Secretário de Estado da
Segurança Pública do Maranhão, haja vista se tratar de matéria que para sua legalidade
deveria antes ter passado pelo processo legislativo. Com sua suspensão, o PSPR foi para
o local adequado, a Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão, para elaboração e
aprovação.
80
Durante a meteórica existência e vigência do PSPR foram produzidos no
ano de 2015, 9 (nove) editais de processo de remoção, cujos resultados se encontram
apresentados na tabela a seguir:
Tabela 12 – PSPR (2015).
Demonstrativo da política de remoção do PSPR X Quadro de policiais por categoria
Categorias Vagas Editais Datas Total de
vagas no
PSPR
*Total de
policiais por
categorias
Porcentagem
das vagas por
categorias
Delegado de
Polícia
20 001 06-01-15
75
386 19,43%
36 004 02-03-15
19 009 24-07-15
Investigador de
Polícia
50 002 06-01-15
125
1.175 10,64%
36 006 02-03-15
39 008 06-05-15
Escrivão de
Polícia
10 003 06-01-15 12 328 3,66% 2 005 02-03-15
Perito Criminal 13 007 07-04-15 13 101 12,87%
Médico Legista 6 007 07-04-15 6 55 10,91%
Farmacêutico
Legista
1 007 07-04-15 1 5 20,00%
Total geral 232
Fontes: Edital nº 001, DO/MA nº 003, de 06-01- 2015. Edital nº 002, DO/MA nº 003, de 06-01-2015.
Edital nº 003, DO/MA nº 003, de 06-01- 2015. Edital nº 004, DO/MA nº 042, de 05-03-2015.
Edital nº 005, DO/MA nº 042, de 05-03-2015. Edital nº 006, DO/MA nº 042, de 05-03-2015.
Edital nº 007, DO/MA nº 065, de 09-04-2015. Edital nº 008, DO/MA nº 084, de 08-05-2015.
Edital nº 009, DO/MA nº 118, de 30-06-2015. *Supervisão de RH/SSP/MA, de 10-09-2014.
A tabela 12 apresenta o histórico da política de oferta de vagas pelo PSPR,
entre as categorias de policiais civis. Nela é possível observar-se que os editais 01, 04 e
09 ofertaram 75 vagas para a categoria de Delegados de Polícia, que possuía na época
um contingente de 386 Delegados, o que significa dizer que do total de vagas, 19,34%
foram destinadas para essa categoria.
Os editais 02, 06 e 08, ofertaram 125 vagas para a categoria de Investigador
de Polícia, que possuía um contingente de 1.175 Investigadores, isto significa que, do
total de vagas, 10,64% foram destinadas para tal categoria.
O edital 07 ofertou 13 vagas para a categoria de Perito Criminal, que
possuía um contingente de 101 Peritos, ou seja, do total de vagas, 12,87%, foram
destinadas para essa categoria. Esse mesmo edital ainda ofertou 06 vagas para a
categoria de Médico Legista, que possuía um contingente de 55 Médicos Legistas, logo,
10,91% do total de vagas foram para essa categoria. 20% das vagas, correspondente a
81
75
12
Total de vagas no PSPR por categoria
DELEGADO DE POLÍCIA ESCRIVÃO DE POLÍCIA
uma vaga, foi para a categoria de Farmacêutico Legista que, à época, possuía 5
Farmacêuticos Legistas.
Os editais 03 e 05 ofertaram apenas 12 vagas para a categoria de Escrivão
de Polícia que, na época, possuía um contingente de 328 Escrivães, assim sendo, do
total de vagas, irrisoriamente, 3,66% foram para a categoria de Escrivães.
Gráfico 31 - Política de oferta de vagas no PSPR entre Delegado e Escrivão (2014).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
Gráfico 32 - Política de oferta de vagas no PSPR entre Delegado e Escrivão (2015).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
386 328
Total de policiais por categoria
DELEGADO DE POLÍCIA ESCRIVÃO DE POLÍCIA
82
Ainda em um desdobramento da tabela 12, se pode observar nos gráficos 31
e 32 a Política de oferta de vagas no PSPR entre Delegado e Escrivão. O contigente de
Escrivão de Polícia Civil (EPC), é 15,3% menor do que o de Delegados de Polícia Civil
(DPC); tendo o primeiro 328 profissionais e o segundo, 386 profissionais. Das vagas
ofertadas, 12 eram de remoção para Escrivães e 75 de remoção para Delegados. Ao
comparar apenas essas categorias, observa-se que 625% das vagas do PSPR foram para
a categoria de Delegados que possuem 66,67% de representatividade no Conselho de
Polícia Civil. Uma desproporcionalidade descomunal na história de uma Administração
Pública onde seus administradores devem ter nos princípios de igualdade seu Norte,
Sul, Leste e Oeste, muito menos atendem aos princípios da Administração Pública.
3.2.2 Pedidos de remoções sem políticas e sem políticos
Figura 19 - Pedido de remoção da DECOP para o 13º DP em 2014.
Fonte: SOARES, 2015.
83
Figura 20 - Pedido de remoção da DECOP para o 13º DP em 2015.
Fonte: SOARES, 2015.
Embora nesta oportunidade não seja apropriado para ilustrar a quantidade de
indeferimentos feitos pelas as Autoridades Policiais aos pleitos de remoções de
Escrivães lotados em unidades policiais da capital e do interior, sob alegações dos tipos:
“Devido ao quadro reduzido INDEFIRO a solicitação”; “Tendo em vista a
impossibilidade de substituição NEGO o presente requerimento”; “mediante
PERMUTA, tendo em vista o reduzido número de escrivão de polícia”; “Considerando
o atual baixo efetivo INDEFIRO o pedido”.
Chama-se a atenção para o fato de que a maioria dessas Autoridades
Policiais que NEGA, INDEFERE os pedidos de remoções ou que só concorda com a
remoção do Escrivão se o interessado conseguir, através de permuta, outro Escrivão
para jogar a pesada carga nas suas costas. Todos esses gestores são unânimes nas
respostas, admitindo a existência de um quadro reduzido de policiais Escrivães, com um
baixo efetivo e impossibilitando a substituição, ou seja, são as mesmas Autoridades
Policiais que representam 66,67% da composição do principal órgão de transformação
da Polícia Civil – chamado Conselho de Polícia Civil. Autoridades essas das quais se
desconhecem gestos e atitudes de terem levados aos governantes os motivos desses
indeferimentos, fato esse que contribui para o aprisionamento, exploração e escravismo
do Escrivão no seu local de trabalho.
84
É importante destacar que os pedidos de remoções acima mencionados
aconteceram depois do Curso de Formação de Escrivães de Polícia Civil, acontecido em
2013, na Academia de Polícia Civil, cujos Escrivães tomaram posse e foram lotados nas
unidades policiais em 2014.
3.3 Núcleos visíveis e invisíveis
3.3.1 Recortes da Mensagem do Excelentíssimo Senhor Governador à Assembleia
Legislativa
Tomando por empréstimo, o pronunciamento do Excelentíssimo Senhor
Governador do Estado do Maranhão, Dr. Flávio Dino, quando da abertura dos trabalhos
legislativos de 2015, a fim de contextualizar e pontuar naquilo que as palavras condizem
ou destoam da realidade em que se encontra inserido o Escrivão no contexto da
valorização/desvalorização promovida pelo Estado, e quando possível representando
graficamente os cenários, tendo em vista que “UM GOVERNO DE TODOS NÓS”
pregado em sua fala é esperado também pelos Escrivães. Assim, diz o Excelentíssimo
Senhor Governador5:
Figura 21 – Primeiro recorte da mensagem.
Fonte: http://www.seplan.ma.gov.br, 2016.
5 Material disponível em: <http://www.seplan.ma.gov.br/files/2013/02/Mensagem-Gov-Fl%C3%A1vio-
Dino-%C3%A0-Assembleia-2015.pdf>.
85
Gráficos 33 - Evoluções em vencimentos entre Delegado e Escrivão de 1987 a 2014.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
Gráfico 34 – Evolução em termos de salários mínimos entre Delegado e Escrivão de 1987 a
2014.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
-
5,00
10,00
15,00
20,00
DPC EPC
5,08
2,28
18,61
4,32
Equivalência em *S.M em 1987 Equivalência em *S.M em 2014
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
DPC EPC
10.000
4.500
13.473,45
3.127,20
Vencimentos em 1987 Vencimentos em 2014
86
0
20
40
60
80
100
DPC EPC
100
45
100
23,21
Equivalência % em 1987 Equivalência % em 2014
Gráfico 35 – Evolução em porcentagem entre Delegado e Escrivão de 1987 a 2014.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
Pelos gráficos 33, 34 e 35 pode se perceber que é dessa época que o
Excelentíssimo Senhor Governador está se referindo, onde um Escrivão de Polícia Civil
(EPC) em 1987, com exigência do cargo com escolaridade de 2º Grau, ganhava 2,28
salários mínimos o que correspondia a 45% dos vencimentos de um Delegado de Polícia
Civil (DPC) e em 2014 com exigência do cargo de escolaridade de nível superior, esse
mesmo Escrivão ganha 4,32 salários mínimos, o que corresponde a 23,21% do subsídio
pago a um Delegado. Praticamente em três décadas os Escrivães tiveram seus salários
depreciados em 100%, por quem devia valorizá-los.
Figura 22 – Segundo recorte da mensagem.
Fonte: http://www.seplan.ma.gov.br, 2016.
87
Gráfico 36 - Evoluções em vencimentos entre Delegado e Escrivão de 2014 a 2016.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
Gráfico 37 – Evolução em porcentagem entre Delegado e Escrivão de 2014 a 2016.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
0
20
40
60
80
100
DPC EPC
100
23,31
100
21,05
Equivalência % em 2014 Equivalência % em 2016
0,00
5.000,00
10.000,00
15.000,00
20.000,00
DPC EPC
13.473,45
3.127,20
18.957,64
3.990,41
Vencimentos em 2014
Vencimentos em 2016
88
Gráfico 38 – Evolução em termos de salários mínimos entre Delegado e Escrivão de 2014 a
2016.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
Os gráficos 36, 37 e 38 revelam que em 2014 um Escrivão de Polícia Civil
(EPC) ganhava o equivalente a 4,32 salários mínimos mensais, o que correspondia a
23,31% dos subsídios de um Delegado de Polícia Civil (DPC), em 2016, esse mesmo
Escrivão passou a ganhar o equivalente a 4,53 salários mínimos o que corresponde a
21,05% do subsídio de um Delegado, ou seja, em dois anos ampliou-se o abismo
salarial, entre as categorias: o menor ficou cada vez mais reduzido e o maior cada vez
mais favorecido.
Figura 23 – Terceiro recorte da mensagem.
Fonte: http://www.seplan.ma.gov.br, 2016.
No trecho da mensagem quatro palavras merecem atenção – DIÁLOGO –
COOPERAÇÃO – DEMOCRACIA – MUDANÇAS SIGNIFICATIVAS - palavras
essas que resumem o que precisamos e buscamos para uma vida saudável.
Contextualizando, a princípio o termo “uma saudável vida democrática” – a pesquisa
0
5
10
15
20
25
DPC EPC
18,61
4,32
21,54
4,53
Equivalência em S.M em 2014 Equivalência em S.M em 2016
89
traz à tona vestígios robustos que para os Escrivães essa fase da história policial existiu
por um período que durou 84 anos, conforme gráficos a seguir:
Gráfico 39 - Evoluções em vencimentos entre Delegado e Escrivão de 1904 a 1987.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
Gráfico 40 – Evolução em porcentagem entre Delegado e Escrivão de 1904 a 1987.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
0
50
100
DPC EPC
100
55,56
100
44,08
100
45
Equivalência % em 1904 Equivalência % em 1974
Equivalência % em 1987
-
5.000
10.000
DPC EPC
1.800 1.000
2.110 930
10.000
4.500
Vencimentos em 1904 Vencimentos em 1974
Vencimentos em 1987
90
Gráfico 41 – Evolução em termos de salários mínimos entre Delegado e Escrivão de 1974 a
1987.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
Os gráficos 39, 40 e 41 revelam vestígios da existência da DEMOCRACIA
no meio policial civil, manifestada em traços de igualdades de direitos e oportunidades
entre pessoas de uma mesma instituição, cujos registros dão conta de que no período de
1904 até 1987 e início de 1988, antes de entrar em vigência a Constituição Federal de
1988, a democracia esteve presente. Pode se observar que em 1904 um Escrivão de
Polícia Civil (EPC) ganhava o equivalente a 55% dos vencimentos de um Delegado de
Polícia Civil (DPC), e em 1987 ainda ganhava o equivalente a 45% dos vencimentos de
um Delegado.
DIÁLOGO – Diante dessa constatação dos benefícios da DEMOCRACIA
adotada na política salarial no que se refere à valorização e respeito aos profissionais de
uma mesma instituição. Acreditando na tônica do discurso “DIÁLOGO –
COOPERAÇÃO – DEMOCRACIA – MUDANÇAS SIGNIFICATIVAS”, em
busca da valorização e respeito aos Escrivães de Polícia Civil do Estado do Maranhão,
por duas vezes, buscamos o diálogo com o Excelentíssimo Senhor Governador para
levar ao seu conhecimento diversas situações envolvendo os Escrivães e o contexto
policial civil, principalmente as que são relatadas neste trabalho. A primeira iniciativa
aconteceu em janeiro de 2016, através de e-mail, cuja resposta foi a constante no
quadro abaixo:
0
2
4
6
DPC EPC
5,08
2,24
5,08
2,28
Equivalência em S.M 1974 Equivalência em S.M 1987
91
Figura 24 – Cópia do e-mail AMEPOL solicitando audiência com o Governador do Estado do
Maranhão (2016).
A segunda iniciativa aconteceu em fevereiro de 2016, através do nosso
ofício nº 07/2016, datado de 24-02-2016, cópia constante do quadro abaixo, cujas
respostas tanto dos locais para onde o email foram encaminhados como do citado ofício,
ainda permanecem em silêncio absoluto.
Figura 25 – Cópia do ofício nº 07/2016 Amepol, solicitando audiência com Governador.
92
Figura 26 – Quarto e quinto recorte da mensagem.
Fonte: http://www.seplan.ma.gov.br, 2016.
A fala do Excelentíssimo Senhor Governador, retrata seu conhecimento da
realidade e sua preocupação diante de um cenário externo, crítico, em decorrência das
questões envolvendo crimes e violência, para isso autoriza a convocação de mil
candidatos ao cargo de Soldado da Polícia Militar, todavia esse cenário externo crítico é
de fácil percepção por quem quer que seja, onde quer que se encontre dentro ou fora de
casa, haja vista que a insegurança proveniente das ações criminosas não escolhe dia,
hora, nem lugar e, assustadoramente, desassega a paz e prolifera o medo que afeta
pobres, ricos, crianças, jovens e idosos, em todos os cantos e recantos deste Estado e do
País.
Porém, estamos diante de outro cenário mais crítico do que esse. É o cenário
interno – chamado cartório das delegacias de polícia civil – que o Escrivão conhece e
reconhece, na prática, por ser o local para onde desaguam todas as mazelas sociais.
Além da inadequada infraestrutura dos ambientes cartorários, a
desproporcionalidade entre o número de Delegados e de Escrivães é um dos pontos
críticos neste cenário. Para fazer frente nesse cenário interno, o Estado do Maranhão
possui apenas 315 Escrivães de Polícia Civil, sendo que destes 157 Escrivães estão
lotados nas unidades policiais do interior.
Destaca-se que dos 217 municípios maranhenses, 126 deles não possuem
Escrivães de Polícia de carreira, mas, em todos os municípios maranhenses, o cidadão é
atormentado pelos fenômenos da violência e procuram nas unidades policiais o
atendimento de suas queixas, bem como em todos os municípios existem policiais
militares levando pessoas para a formalização de procedimentos nas delegacias de
polícia.
Nesse contexto, cabe uma indagação, nas unidades policiais onde não
existem Escrivães de Polícia de carreira, os atendimentos e procedimentos, típicos das
atribuições de Polícia Judiciária estão sendo realizados por quem?
93
A ausência de sensibilidade das autoridades somada à falta de planejamento
institucional no provimento de vagas para o cargo de Escrivão, como tem acontecido,
sem levar em consideração os dados estatísticos sobre a evolução da criminalidade, bem
como sem levar em conta que a evolução do número de Investigadores de Polícia Civil
e a evolução no número de Polícias Militares, resultam em um grande deságue de
pessoas e de procedimentos nos cartórios das delegacias. E, acima de tudo, sem levar
em consideração, conforme a pesquisa, que considerado número de Autoridades
Policiais não participam, além da assinatura, da realização dos autos de prisões em
flagrantes, das oitivas, das portarias e dos relatórios dos procedimentos,
sobrecarregando imensamente os Escrivães que atuam no expediente normal e nos
serviços de plantões centrais, resultando em um enorme desequilíbrio entre oferta de
Escrivães e demanda de serviços, o que para os Escrivães afetam o corpo e alma.
Constituindo-se em um cenário não apenas crítico, mas desumanizador.
Nesse cenário dos efeitos da violência, faz-se menção aos sistemas de
plantões. Na capital, incluindo homicídios, existem seis plantões centrais e no interior
existem dezoito plantões, os quais, há anos, funcionam com apenas um Escrivão por
plantão, sem nenhuma perspectiva de acrescer esse número de profissionais para fazer
frente ao acréscimo da criminalidade e o sufoco de pessoas requerendo procedimentos
nos plantões.
Nessa mesma esteira da violência que não marca dia, hora, nem lugar para
acontecer, a Polícia Civil na capital e nas regionais adota escala de sobreaviso, aquela
situação em que o Escrivão além de trabalhar o dia todo, quando é indicado nessa escala
de sobreaviso, mesmo na hora de repouso noturno tem que ficar em alerta e com o
celular ligado, disponível a qualquer hora se fazer presente na Delagacia a fim de
realizar procedimentos policiais de pessoas conduzidas. Isso sem nenhuma retribuição
em termos pecuniário ou de folgas.
Figura 27 – Sexto recorte da mensagem.
Fonte: http://www.seplan.ma.gov.br, 2016.
Um dos grandes desafios dos gestores políticos é ter pulso para romper com
as práticas inerentes aos ranços e avanços do patrimonialismo sobre o gerencialismo.
94
Pois engana-se quem pensa que o modelo de Administração Pública Patrimonialista foi
suplantado ao longo do tempo. O patrimonialismo está bem vivo, presente com efeitos
desastrosos para as gestões estaduais. A única coisa que mudou foi a sofisticação e
modernidade dos seus atos, haja vista que no patrimonialismo patriarcal, a transferência
dos fundos públicos para os amigos e apadrinhados do rei estava ao alcance da mão do
soberano, enquanto que no modelo de Administração Pública Gerencial, o moderno
patrimonialismo se manifesta no alcance e direcionamento das normas e se reproduz em
toda a hierarquia, assegurando e destinando fundos públicos em forma de benefícios e
privilégios para as mesmas elites amigas, apadrinhadas e clientes dos ocupantes das
estruturas de poderes estatais.
Os instrumentos normativos idealizados, elaborados e aprovados por uma
rígida estrutura estatal dão suporte para que as desigualdades não mudem e corrijam as
injustiças no seio das instituições e na vida das pessoas que delas dependem, para que
seus direitos e oportunidades sejam assegurados, quando não reconhecidos
originalmente.
Um exemplo disso, extrai-se das estruturas organizacionais dos órgãos
públicos em que na maioria deles, uma única categoria ocupa praticamente todas as
posições chaves, de direção onde os fundos públicos são mais volumosos. Outro
exemplo, dos efeitos do patrimonialismo, queimando as nossas vistas e destruindo os
nossos estímulos, são as linhas e entrelinhas da MP 198, a seguir:
Figura 28 – Cópias dos anexos I e II da MP 198, de 23-04-2015.
Fonte: Médida Provisória 198, DO/MA, nº 074, de 23-04-2015.
95
Figura 29 – Cópia da pagina 8 da Constituição Estadual.
As figuras 28 e 29, revelam um paradoxo entre a igualdade formalizada no
inciso III, do Artigo 5º da Constituição do Estado do Maranhão e o seu inverso
manifestada na Medida Provisória 198, de 23-04-15. Conheça e entenda, agora, a
origem e os efeitos das normas para saber em determinado Estado/Nação onde se
posicionam os autores do sucesso ou do fracasso do ser humano.
Gráfico 42 - Evolução em termos de salários mínimos entre Delegado e Escrivão de 1974 a
2016.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
5,08
3,43
5,08
18,61
21,54
2,24 1,4
2,28
4,32 4,53
0
5
10
15
20
25
1974 1981 1987 2014 2016
Política de valorização patrimonialista - evolução em termos de salários mínimos entre Delegado e
Escrivão de 1974 a 2016
DELEGADO
ESCRIVÃO
96
3.3.2 Lógica da gestão patrimonialista
Tabela 13 – Concurso regido pelos editais n° 01 e 02/2012, de 10-10-2012.
Cargos
Vencimento
Em 2012
R$
Taxa de Inscrição Requisitos de
Escolaridade R$ Equivalência em % dos
Vencimentos
Delegado de Polícia 12.029,87 150,00 1,25
1,79
1,79
1,79
1,79
4,80
4,80
4,96
Nível Superior
Médico Legista 6.700,64 120,00 Nível Superior
Perito Criminal 6.700,64 120,00 Nível Superior
Odontolegista 6.700,64 120,00 Nível Superior
Farmacêutico Legista 6.700,64 120,00 Nível Superior
Escrivão de Polícia 2.502,31 120,00 Nível Superior Investigador de Polícia 2.502,31 120,00 Nível Superior
Auxiliar de Perícia
Médica Legal
1.714,31 85,00 Nível Médio
Fonte: DO/MA, n° 198, de 10-10-2012. * Salário Mínimo R$ 622,00.
Figura 30 – Quadros de cargos e vagas do concurso 2012, editais 1 e 2/2012 para Policiais
Civis.
Fonte: DO/MA, nº 198, de 10-10-2012 - Editais nº 01 e 02/2012.
97
Gráfico 43 – Lógica da gestão patrimonialista e seus efeitos na vida das pessoas.
Gráfico 44 – Efeitos da gestão patrimonialista.
0,00%
1,00%
2,00%
3,00%
4,00%
5,00%
EQUIVALÊNCIA EM % ENTRE VALOR DA TAXA
DE INSCRIÇÃO E DOS VENCIMENTOS
1,25% 1,79%
4,80% 4,96%
Efeito das políticas estatais
DELEGADO DE POLÍCIA PERITO CRIMINAL
ESCRIVÃO DE POLÍCIA AUXILIAR DE PERÍCIA MÉDICA LEGAL
0,00
2.000,00
4.000,00
6.000,00
8.000,00
10.000,00
12.000,00
14.000,00
VENCIMENTO
12.029,87
6.700,64
2.502,31 1.714,31
Política de distribuição de renda
DELEGADO DE POLÍCIA PERITO CRIMINAL
ESCRIVÃO DE POLÍCIA AUXILIAR DE PERÍCIA MÉDICA LEGAL
98
Gráfico 45 – Lógica da gestão patrimonialista na arrecadação tributária.
Os gráficos 43, 44 e 45 correspondem à representação gráfica da tabela 13,
onde é possível se observar a lógica da administração pública patrimonialista, isto é,
quando o Estado está arrecadando, coloca o contribuinte em patamar de igualdade, sem,
contudo, analisar a renda de cada um, e ao mesmo tempo em que extrai o máximo do
supostamente de menor renda, exige o mínimo do supostamente de maior renda. Esse
mesmo Estado quando está distribuindo o que arrecadou, repassa o máximo ao de maior
renda e o mínimo possível ao de menor renda. Promovendo, assim, aquilo que nas
palavras de muitos governantes se propõem a combater – desigualdades e injustiças.
O patrimonialismo é fortemente caracterizado pela amizade e em nome da
amizade muitos homens e mulheres ocupantes de importantes cargos na estrutura estatal
se dobram e se desdobram, articulando através da posição hierárquica que ocupam a
ampliação dos abismos humanos, retratados nos artifícios das normas e das decisões.
-
50,00
100,00
150,00
TAXA DE INSCRIÇÃO
150,00
120,00 120,00
85,00
Política estatal de arrecadação
DELEGADO DE POLÍCIA PERITO CRIMINAL
ESCRIVÃO DE POLÍCIA AUXILIAR DE PERÍCIA MÉDICA LEGAL
99
3.3.3 Gratificação de Natureza Técnica
A Gratificação de Natureza Técnica, constante na Lei Estadual nº 6.107/94,
é um direito dos servidores estaduais ocupantes de alguns cargos que, para provimento,
seja exigido a formação de nível superior, como foi o caso das categorias de Escrivão,
Comissário e Investigador de Polícia Civil que com o advento da Lei Estadual nº 8.957
de 15-04-2009, passaram a ter como exigência para provimento a formação de nível
superior. Todavia, como o Estado administrativamente não reconheceu e implantou os
valores dessa gratificação, nos contracheques de tais servidores, o Sindicato dos
Policiais Civis do Estado do Maranhão (SINPOL), por meio do Mandado de Segurança
nº 17403-80.2010.8.10.0000 (30778-2010), pleiteou junto ao Tribunal de Justiça do
Estado do Maranhão, o pagamento da Gratificação de Natureza Técnica, conforme
figura 31 a seguir:
Figura 31 – Mandado de Segurança da GNT.
Fonte: TJMA, 2015.
O processo da GNT teve como campo de análise o período de 2006 a 2014,
sendo que em 2006 o marco inicial dessa demanda era a Lei nº 8.508/06, de 27-11-
2006, que apresentava os cargos de Escrivão de Polícia, Comissário de Polícia e
Investigador de Polícia, como cargos de nível superior, e, à época, apresentava uma
tabela de vencimento, datada de 27-11-2006, cujos valores variavam de 303,24, para
100
Escrivães de 3ª Classe, 318,40, para Escrivães de 2ª Classe, 334,32 para Escrivães de 1ª
Classe e 351,04 para Escrivães de Classe Especial. Isso quando o salário mínimo era R$
350,00. Todavia, nesse intervalo de tempo, além da mudança da forma de remuneração
para SUBSÍDIO, ocorreram reajustes e correções na remuneração dos Policiais Civis,
isto é, em 2014 o subsídio inicial do cargo de Escrivão de Polícia Civil correspondia a
R$ 3.127,20 e o último correspondia a R$ 4.580,72. As figuras 32 e 33 apresentam o
vencimento de 2006 e o subsídio em 2014:
Figura 32 – Cópia das páginas 17 e 18 da Lei nº 8.508 de 27-11-2006.
Fonte: Lei nº 8.508 de 27-11-2006, Diário Oficial do Estado do Maranhão nº 227, de 27-11-2006.
2006 Salário Mínimo R$ 350,00.
101
Figura 33 – Cópia do Quadro a.1.3, do Anexo IV da Lei nº 9.664, de 17-07-
2012 (PGCE).
Fonte: Lei nº 9.664, de 17-07-2012 (PGCE), publicada na Assembleia Legislativa do
Maranhão.
Figura 34 – Destaque dos valores de 2006 – sobre os quais foram calculados a GNT e dos
valores do subsídio do ano de 2014.
O desfecho final da GNT aconteceu em 2014, quando da sua implantação
nos contracheques dos servidores Escrivães, Comissários e Investigadores de Polícia, no
percentual de 222%, calculados sobre os valores da tabela de vencimento acima, datada
de 27-11-2006. Tabela essa cujos valores variam de 303,24, para Escrivães de 3ª Classe,
318,40, para Escrivães de 2ª Classe, 334,32 para Escrivães de 1ª Classe e 351,04 para
Escrivães de Classe Especial.
102
Todavia, nesta oportunidade, obedecendo ao período em que se deu tal
processo e sem pretensões de desmerecer o processo transitado em julgado, apresenta-se
a seguir a tabela com os cálculos da GNT, hipoteticamente dentro daquilo que parece
mais se aproximar com valores que refletem a essência da justiça. Os valores para essa
tabela foram extraídos do Quadro a.1.3 do Anexo IV, da Lei nº 9.664, e dos mesmos
índices concedidos aos Delegados de Polícia através da MP 198 de 23-04-15.
Tabela 14 – GNT – Situação hipotética para 2016.
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA PARA 2016 COM BASE NA GNT SOBRE SUBSÍDIO DE
2014 E COM BASE NA MP 198 DE 23-04-2015
Históricos
ESCRIVÃES CLASSES
3ª 2ª 1ª Especial
2014 Antes da GNT 3.127,20 3.516,71 3.954,72 4.580,72
2014 Com a GNT 6.942,38 7.807,09 8.779,49 10.465,39
2015 Com os mesmos
percentuais atribuídos
para Delegados na MP
198, de 23-04-15
8.167,02 9.184,26 10.328,19 12.311,48 Fevereiro 2016 9.007,41 10.129,32 11.390,97 13.578,34
Julho 2016 9.767,63 10.984,23 12.352,36 14.727,35
Fonte: Lei nº 9.664, de 17-07-2012 – Quadro a.1.3, do Anexo IV (PGCE), publicado na ALEMA.
Valores extraídos da MP 198, publicada no DO/MA, nº 074, de 23-04-2015.
3.4 Alinhamento - Fortalecimento e Valorização
Figura 35 – Sétimo recorte da mensagem.
Fonte: http://www.seplan.ma.gov.br, 2016.
Confiante nas palavras do Excelentíssimo Senhor Governador, que não tem
dúvida em “transformar os sonhos do nosso povo em realidade” e, com isso fazer
com que o Maranhão dê um grande salto; confiante, ainda, no papel e colaboração da
Augusta Assembleia Legislativa no combate às desigualdades e injustiças, e ciente de
que o Judiciário atue com imparcialidade no combate das desigualdades e injustiças e de
103
igual modo ciente de que o Ministério Público cada vez mais seja observador e
fiscalizador, apresenta-se, a seguir, para as urgentes providências, as reais necessidades
dos Escrivães de Polícia Civil do Estado do Maranhão.
3.4.1 Alinhamento das necessidades de Escrivães para interior e capital
Tabela 15 – Alinhamento das necessidades de Escrivães para interior e capital.
DEMONSTRATIVO DO QUANTITATIVO REAL E DO QUANTITATIVO IDEAL DE
ESCRIVÃES
Regional/Cidade Quantidade de
Municípios
atendidos
Quantitativo
Real
Quantitativo Ideal População
em 2010 Nos DPs Nos
Plantões
1ª Rosário 12 13 25 4 253.328
2ª Itapecuru Mirim 9 6 24 4 236.044
3ª Chapadinha 17 8 43 4 426.133
4ª Codó 4 7 23 4 228.961
5ª Pinheiro 19 10 49 4 495.850
6ª Viana 12 11 25 4 253.541
7ª Santa Inês 13 9 42 4 419.610
8ª Zé Doca 18 5 29 4 289.083
9ª Açailândia 7 5 20 4 204.597
10ª Imperatriz 15 20 49 8 489.278
11ª Balsas 13 4 21 4 214.393
12ª São João dos Patos 14 7 18 4 179.031
13ª Presidente Dutra 17 9 31 4 314.647
14ª Pedreiras 14 6 22 4 222.889
15ª Barra do Corda 7 5 23 4 233.360
16ª Bacabal 13 9 32 4 323.554
17ª Caxias 6 8 26 4 259.623
18ª Timon 3 15 22 8 221.061
Total interior 213 157 524 80 5.264.983
Ilha de São Luís 4 158 261 48 1.309.330
Total Geral 217 315 913 6.574.313 Fontes: População – IBGE – Censo Demográfico 2010. Escrivães – SSP/SEGEP – março e maio de 2016.
A tabela 15, mostra o quantitativo real de Escrivães por regionais e na Ilha
de São Luís formada pela Capital: São Luís, e pelas cidades de São José de Ribamar,
Paço do Lumiar e Raposa. Extraindo-se do quantitativo populacional, com base nos
dados do Censo Demográfico de 2010, levando em consideração os índices de
criminalidade, calculando para o interior um Escrivão para cada 10 mil habitantes,
chega-se à necessidade de 524 Escrivães para atuar no expediente das delegacias e
80 Escrivães para atuar no sistema de plantões, com um Escrivão plantonista por
noite, eliminando assim as escalas de sobreaviso, exceto em Imperatriz e Timon, que
terão dois Escrivães plantonista por noite. Para a Ilha de São Luís, em decorrência dos
104
índices maiores de crimes, foi calculado um Escrivão para cada 5 mil habitantes,
calcula-se a necessidade de 261 Escrivães para atuar no expediente normal das
delegacias e 48 Escrivães, sendo 2 por plantões, para atuar no serviço do sistema de
plantões, incluindo o plantão da Homicídios.
3.4.2 Alinhamento das necessidades salariais para os Escrivães
Tabela 16 - Alinhamento das necessidades salariais para os Escrivães.
ALINHAMENTO HIPOTÉTICO PARA 2016, COM BASE NOS MESMOS ÍNDICES
ATRIBUÍDOS À CATEGORIA DE DELEGADOS PELA MP 198, DE 23-04-2015 Cargos
ESCRIVÃO DE POLÍCIA Cla
sse
Refe
rên
cia
Subsídios
R$ Equivalência em *S.M Equivalência em %
A
1 9.455,87 10,75 49,88
2 9.739,54 11,07 51,38
3 10.323,92 11,73 54,46
B
4 10.633,63 12,08 53,29
5 10.952,64 12,45 54,89
6 11.609,80 13,19 58,18
C
7 11.958,10 13,59 56,93
8 12.316,84 14,00 58,64
9 13.055,85 14,84 62,15
ES
PE
CIA
L
10
13.447,53 15,28 60,82
11
14.254,38 16,20
64,47
3.4.3 Alinhamentos das Funções Gratificadas para Escrivães
Atualmente são pagas aos Escrivães chefe de cartório a gratificação de
função no valor de R$ 112,53. Todavia, para um alinhamento justo, em virtude de
responsabilidades e compromisso que recai sobre o Escrivão, sugere-se que seja criada
ou incorporada uma gratificação exclusiva para a atividade cartorária de Polícia
Judiciária com percentual no mínimo de 30% do subsídio do cargo de Escrivão de
Polícia Civil.
105
3.4.4 Adequação dos Concursos, vagas, formações e remoções
a) Sugere-se, ainda, que os concursos para os cargos de Escrivães devam ser feitos
com vagas por regionais e vagas na capital, conforme tabela do “Demonstrativo
do quantitativo IDEAL de Escrivães”, com o objetivo de lotar em
determinadas cidades e regiões, pessoas que assim desejarem no ato da sua
inscrição, a fim de evitar a penúria por parte dos Escrivães nos processos e
pedidos de remoções;
b) Retificação do quadro de cargos de Escrivães de Polícia Civil, constante no
anexo II, da Lei nº 8.957/2009, de 15-04-2009, para um patamar em torno de
1.100 vagas, para sanar a profunda escassez de escrivães nas unidades policiais
civis espalhadas por todo o território maranhense.
c) Criar ou transpor da Lei nº 6.107/94, Estatuto dos Servidores Públicos Civis do
Estado para o Estatuto da Polícia Civil (Lei nº 8.508/2006, de 27-11-2006), a
modalidade de afastamentos, para assegurar aos policiais de todas as categorias,
a participação democrática de todos nos cursos de pós-graduações dentro e fora
do Estado, em que até 10% dos integrantes de cada uma das categorias que
compõem a Polícia Civil possam se afatar para a qualificação em cursos afins
com a atividade ligada à área da Segurança Pública;
d) Definir, no teor do Projeto de Lei de iniciativa do Governador do Estado do
Maranhão que trata do Processo Seletivo Permanente de Remoção (PSPR), na
instituição Polícia Civil, que se encontra em tramitação na Assembleia
Legislativa, no sentido de regulamentar o Art. 23 do Estatuto da Polícia Civil
(Lei nº 8.508/2006), que haja a isonomia de tratamento entre os policiais, no que
tange igualdade de condições para remoções, independente de qual seja a
categoria. E caso abra vagas para uma categoria, que estas aconteçam na mesma
proporcionalidade para todas as demais.
3.4.5 Adequação das estruturas físicas
a) Nas delegacias
Cartório exclusivo para a realização do trabalho do Escrivão, isento de
depósito e guarda de materiais.
Sala para arquivo, independente do cartório.
106
Depósito para guarda e acomodação de materiais.
Cadeiras e móveis com design ergonométricos que se ajustem às
peculiaridades físicas de cada profissional.
b) Nos plantões
Alojamentos exclusivos para as escrivãs, em ambiente separado dos
profissionais do sexo masculino. Solicita-se, finalmente, até mesmo por uma questão de
justiça, que para os Escrivães colocados em escalas de sobreavisos, sejam pagas horas-
extras pelo tempo que durar essa determinação, a fim de ficar de prontidão e à
disposição da instituição.
Acreditando-se que da formalização das palavras surgem o planejamento, as
metas que se materializam nas ações, como símbolo e exemplo a ser seguido por todos
nós, reprisa as palavras do Excelentíssimo Senhor Governador Flávio Dino, retiradas no
documento a seguir denominado “GOVERNO PARA TODOS OS MARANHENSES”.
Figura 36 – Governo para todos os maranhenses.
Fonte: Exemplar – Governo de todos nós, ano 1, 2015 – Governo do Estado do Maranhão.
107
4 CONCLUSÃO (PARA AS SUAS CONCLUSÕES)
“Escrivã é assassinada dentro de delegacia”, essa foi a notícia que
rapidamente se propagou na impressa falada, escrita, nas redes sociais, entre as pessoas,
sejam elas policiais ou não, bem como até a mim chegaram colegas escrivães com
questionamentos: “Tú soube o que aconteceu com a Loane? Temos que fazer alguma
coisa”; “O que aconteceu com Loane pode acontecer com cada um de nós”; “Não
vamos fazer nada? Vai ficar por isso mesmo?” “Temos que fazer uma manifestação,
temos que ir pra rua mostrar nossa indignação?”
Figura 37 – Manchete do Jornal o Imparcial.
Fonte: Jornal O Imparcial, edição do dia 16 de maio de 2014.
Naquele momento havia mais interrogações do que respostas, dentre as
quais: quer ir para a rua eu contribuo com a faixa e seguro de um lado, você segura do
outro lado? Quantos mais estarão presentes? Os desafios e ameaças que você enfrenta
vêm da rua ou de dentro das delegacias/instituição? Uma faixa exposta na mídia irá
resolver as situações de abandono e de descasos com os Escrivães? Qual desfecho de
um processo administrativo disciplinar para um caso como esse – punição ou
arquivamento? O chicote e o braço disciplinar estão arquitetados e armados para oprimir
e açoitar as costas dos grandes ou dos pequenos?
Estávamos diante de um jogo de palavras sem ações concretas, cada um
esperando que o outro fizesse alguma coisa, diante da realidade em que se encontra o
Escrivão de Polícia Civil, no contexto da reavaliação de suas atribuições dentro e fora
das unidades policiais civis do vasto Estado do Maranhão.
108
Obviamente a realidade não muda e nunca mudará por si só, sem antes o
sujeito da ação não mudar primeiro e tomar atitude no sentido de começar dentro dele
mesmo a mudança que ele precisa e espera, isto é, ir além do mundo virtual e se
apresentar no mundo real - reagindo e também agindo - diante das situações que de
alguma forma afetam não somente a vida, mas também a dignidade da pessoa humana.
No dia 15 de maio de 2014, por volta do meio dia, a atitude da Escrivã de
Polícia Civil Loane Maranhão da Silva Thé, diante da realidade em que se encontrava,
foi gritar. Gritar bem alto por socorro. Era tarde demais para naquele instante mudar
uma realidade histórica e rotineira, e salvar seu bem maior – a vida.
A Escrivã Loane, se encontrava no cartório da Delegacia Especial da
Mulher da cidade de Caxias, realizando, sozinha, o atendimento de Francisco Almeida
Costa, investigado sobre a acusação de ter abusado sexualmente da sua própria filha.
Este, na escuridão de sua ignorância, agrediu Loane com golpes de faca. Seus gritos
ecoaram e se propagaram por todas as unidades policiais civis do Estado do Maranhão,
através de uma pesquisa, respondida por 138 Escrivães de um universo, na época, de
328 profissionais Escrivães, em que revelaram a existência, em todo o Estado do
Maranhão, de situações idênticas à vivenciada por Loane, e, segundo a pesquisa:
Apenas 10,9% (15) dos escrivães disseram que nunca fizeram Auto de
Prisão ou de Apreensão em Flagrante sozinho, sem a participação de um Delegado de
Polícia. O Escrivão no cartório e ele no gabinete ou ausente da delegacia, enquanto que
89,1% (123) dos pesquisados responderam que, de alguma forma, já fizeram ou ainda
estão fazendo tais procedimentos sozinhos.
69,6% (96) dos pesquisados, de alguma forma, já fizeram ou ainda estão
fazendo audiências nas unidades policiais, sem a presença de um Delegado.
Dos pesquisados 23,2% (32) responderam que suas participações na
elaboração das portarias consistem em determinar o conteúdo, digitá-lo e fazer a
autuação do procedimento, enquanto 13% (18) dos entrevistados apontaram que apenas
digitam o conteúdo manuscrito ou ditado pelo Delegado.
Na elaboração dos relatórios, apenas 8,0% (11) revelaram que determinam o
conteúdo, o digitam e fazem o encarte nos autos, 6,5% (9) apontaram que digitam o
conteúdo manuscrito ou ditado pelo Delegado.
Sobre as oitivas de investigados nas unidades policiais, 38,3% (39) dos
pesquisados revelaram que estão sendo feitas exclusivamente pelo Escrivão, sendo
109
identificado que destes, 23,2% (32) realizam oitivas sozinhos, no cartório e 5,1% (7)
pesquisados estão nessas oitivas acompanhado de um Investigador de Polícia.
No geral, das atividades rotineiras numa unidade policial como audiências,
Auto de Prisão em Flagrante (APF), Auto de Apreensão em Flagrante (AAF), portarias,
oitivas de investigados e relatórios, foi perguntado aos pesquisados se alguma dessas
atividades eles estavam realizando sozinhos e o que isso representava para eles.
Resultando em que a maioria dos pesquisados 63,8% (88) responderam que sim e
apenas 36,2% (50) responderam que não. Dos 88 escrivães que responderam que sim, a
grande maioria 64,8% (57) dos pesquisados apontaram que isso representa um abuso,
14,8% (13) indicaram que isso representa um aprendizado, 12,5% (11) não responderam
e 8,0% (7) consideram isso um fato normal.
Os dados da pesquisa de campo revelam um distanciamento abismal entre o
formalizado nos instrumentos normativos e o praticado na realidade, dentro das
unidades policiais civis do Estado do Maranhão. Nesse sentido, resta questionar: o que
fazer diante dessa realidade prática? Adequar a norma à realidade vivenciada,
rotineira? Ou adequar a realidade à norma? O menor terá força e êxito ao exigir
do maior o cumprimento das normas?
A pesquisa, em tela, revela nas linhas e entrelinhas, o lado sombrio e cruel
da Administração Pública, caracterizado pela ausência de Gestão Pública de Segurança
Pública de Estado, sendo esse elemento responsável para que no Estado do Maranhão,
ainda existam: 78 municípios sem sequer um Policial Civil; “gambiarra” estatal na
origem dos procedimentos – isto é, em pleno Século XXI, Ad Hoc na preparação
processual do embrião que, uma vez encaminhado ao Ministério Público e Judiciário,
resultará na condenação ou absolvição do sujeito; custódia de presos nas unidades
policiais do Interior, em estruturas inapropriadas para a saúde e para a ressocialização
do apenado. Bem como sem a correspondente compensação remuneratória aos policiais
que acumulam essas indevidas funções.
A Lista de procedimentos inadequados é longa e vai desde a penúria nos
processos de remoções e de afastamentos de servidores; diárias com valores
diferenciados – maiores para Delegados e menores para as demais categorias; funções
gratificadas e chefias com valores injustos quando comparada as responsabilidades dos
cargos de cada um; estatísticas focadas para os índices criminais e carentes de
indicadores que avalie por igual e revele o desempenho – o que cada um produz;
acefalia e miopia política para o sentido e efeitos da valorização profissional, na vida
110
dos servidores e da sociedade até as escalas de plantões em regime de trabalho de
sobreaviso e as escalas de plantões com equipes e horários bem definidos para os
trabalhadores policiais da Capital, enquanto que para trabalhadores policiais do Interior
a jornada é exorbitante.
Na realidade, o que se vê são Políticas de Governos, isto é, vontades e
esforços políticos, apenas para aquilo e àqueles que enchem o olhar de cada
governante. Ora, se o Código de Processo Penal e a Constituição Federal de 1988 são
normas válidas em todo o território nacional e o regime jurídico dos trabalhadores
policiais civis é o mesmo para os profissionais lotados na Capital e no Interior do
Estado do Maranhão, isto, na verdade, significa a precarização dos serviços e do
profissional de segurança pública e o desrespeito para com a dignidade da pessoa
humana.
A escassez de profissionais na área de segurança faz com que a
Administração Pública passe a exigir que os poucos profissionais protagonizem como
podem frente às demandas que surgem e crescem diariamente, isto é, cumpram mais
horas do que poderia ser permitido no regime jurídico desse servidor, resultando no
abuso da força de trabalho, na exploração da mão de obra, principalmente do Escrivão,
pois se a delegacia estiver com as portas abertas e houver gente na fila, terão de ser
atendidas. Além disso, ele deve cumprir os prazos legais concernentes aos inquéritos.
Essa precarização atinge, em cheio, a questão da saúde física e psicológica
desses servidores envolvidos em ambientes insalubres e com alto índice de estresses.
Nesse sentido, abre-se um parêntese, pois, aqui, se está no dever moral de advertir e
com livre faculdade lembrar que a evolução do conhecimento e da tecnologia está à
disposição e em benefício de quem a procura, cujas respostas rumo à transformação de
administrações como essa, iniciam-se, primeiro, dentro de cada servidor.
No caso específico do Escrivão - um cargo revestido de fé pública - a
CERTIDÃO é uma das ferramentas úteis e indispensáveis para ele registrar como
acontece sua rotina de trabalho e sua produção. Certificar dia a dia, caso a caso, passo a
passo tudo aquilo de positivo ou negativo no âmbito das relações de trabalho e enviar,
mensalmente, uma via das certidões para a entidade classista que lhe representa.
Para que se tenha ideia da dimensão dos avanços e retrocessos dos modelos
de administração e dos efeitos das gestões na vida dos Escrivães, desde o surgimento da
Polícia Civil no Estado do Maranhão até os dias atuais, vejam as molduras a seguir:
111
Figura 38 – Moldura de 1842.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.
112
Figura 39 – Moldura de 1904.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.
113
Figura 40 – Moldura de 1974.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.
114
Figura 41 – Moldura de 1987.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.
115
Figura 42 – Moldura de 2014.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.
116
Figura 43 – Moldura de 2016.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.
117
Os modelos de administração pública adotados no Brasil, desde o início das
atividades da Polícia Civil no Estado do Maranhão, em 1842, até os dias atuais, se
encontram retratados em formato de molduras, das figuras 38 a 43. Pelo tamanho da
moldura é possível se perceber o retrato da política de valorização/desvalorização, entre
profissionais de uma mesma instituição, evidenciando o que fizeram e fazem a Polícia
Civil e os Governos do Estado do Maranhão, diante do contexto policial maranhense.
O modelo patrimonialista se encontra representado nas figuras 38 e 39,
simbolizado por uma única moldura. O modelo burocrático se encontra representado nas
figuras 40 e 41, simbolizado por duas molduras, isto é, pela moldura burocrática dentro
da moldura patrimonialista e o modelo gerencial se encontra representado nas figuras 42
e 43, simbolizado por três molduras, ou seja, pela moldura gerencial dentro da moldura
burocrática, esta ainda dentro da moldura patrimonialista. Haja vista que, a influência
do que reza a nomenclatura mais recente, como modelo de eficiência a ser seguido, não
conseguiu reverter práticas, hábitos e métodos utilizados pelos adeptos da primeira
moldura, cujos efeitos são desastrosos na vida dos profissionais politicamente distantes
desse ciclo patrimonialista.
O cofre, no centro das molduras, simboliza recursos indispensáveis para
satisfazer as necessidades das pessoas. Cofre esse cujo poder está em mãos do gestor do
Poder Executivo, sendo que da abertura e direcionamento dos recursos resultam a
construção da igualdade/desigualdade, da justiça/injustiça e acima de tudo resultam a
promoção dos estímulos alavancadores da motivação nas pessoas que fazem desse
Estado ser o que ele é na atualidade.
Importa destacar, nestes quadros, a democracia como sendo o meio útil,
necessário e indispensável para viabilizar o poder, da sua origem (fonte) aos
beneficiários. Logo, esse para se locomover e chegar ao seu destino com o nome de
“democracia” precisa antes de tudo ser abastecido na fonte de energia - limpa -
proveniente da - igualdade e da justiça.
As ilustrações revelam que pouco ou nenhum valor será reconhecido e
acrescido a quem estuda, cresce e evolui pessoalmente e profissionalmente, se, antes de
tudo, esse ser humano não fizer parte do jogo político, econômico e ideológico dos que
detêm as rédeas dos poderes estatais, emoldurados e evoluídos nos costumes e práticas
patrimonialistas.
118
Além disso, essas interpretações servem especialmente para ajudar na
compreensão do atual quadro em que essas mesmas gestões estatais submeteram a
sociedade como um todo, representada através dos quadros/ilustrações a seguir:
Figura 44 – Página policial do Jornal o Imparcial.
Fonte: Jornal O Imparcial, edição do dia 16 de maio de 2014.
O recorte do Jornal O Imparcial, como toda mídia, mostra com facilidade as
faces da violência pessoal ou direta, praticada pelo agressor visível, de fácil
identificação pela repugnância estampada na face e na aparência do autor, de cujas
ações, em letras graúdas, na página policial a mídia estampa: “violência “‘na’”
delegacia”.
119
Essa violência com a expressão “na”, “no” é a modalidade de violência que
impõe pavor e medo na sociedade, pois, perceptivelmente, entra “na” sua pele causando
dor, hematomas, lesões, fazendo seu sangue jorrar e surpreendentemente exterminando
sua vida. Entra “na” sua casa; “no” seu comércio; “na” sua indústria; “na” sua rua;
“no” seu bairro; “na” sua cidade; “na” sua roça; “no” seu povoado; “na” sua fazenda;
“no” seu Estado; “no” seu País e enche de procedimentos os cartórios das unidades
policiais, bem como, enche os cemitérios de mortos e seus autores facilmente são
alcançados para superlotar as penitenciárias.
Porém, as outras modalidades de violências estruturais e culturais,
geralmente grafadas com as expressões “pela”, “pelo”, são praticamente imperceptíveis
devido o comum distanciamento do agressor/opressor da vítima. Mas também causam
dores, deformidades, sofrimentos e lentamente mata por estresse, exaustão, escassez,
atrofiamento e asfixia você e toda a sua família. São violências praticadas “pelo” sujeito
institucional, “pela” instituição e “pelo” Estado – pai e mãe - das modalidades de
violência escritas com as expressões “na” e “no”, cujas ilustrações, a seguir, têm a
finalidade de clarear esse entendimento.
Figura 45 – Universidades de impactos sociais.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
120
A figura 45 apresenta um desenho simbolizando o relevo resultante de um
garimpo social/humano para ilustrar o resultado dos efeitos dos antagonismos de forças
e jogo de poderes penetrando na vida e ditando o destino das pessoas que fazem parte de
uma sociedade/instituição/Estado marcados pela cultura do patrimonialismo.
Na parte superior se encontram as portas de acesso, recepção e orientação, e
os pilares de equilíbrio e sustentação dessa mina chamada “Estado”, composta pelas
superestruturas de forças e poderes, as quais neste trabalho convencionou chamá-las de
Poder Arrecadador/Magnetizador, para o Poder Executivo; Poder
Normatizador/Fiscalizador, para o Poder Legislativo; Poder Julgador/Disciplinador,
para o Poder Judiciário e Poder Observador/Fiscalizador, para o Ministério Público.
No centro, representando os efeitos da utilização dos recursos desse
garimpo, apresenta-se o núcleo central dessa mina configurada por planalto, barreiras,
erosões, planícies, encostas e um abismo profundo e escuro, resultado dos avanços
dessa exploração social, política e econômica.
Na base, se encontram as estruturas físicas construídas para conter o
represamento dos cascalhos e resíduos resultante dessa exploração.
No topo, se encontra a Universidade de Influentes, que por um lado
simboliza a educação como principal fonte de luz para a descoberta de tesouros e
revelação dos seus valores em um garimpo social e como ferramenta de maior
relevância para orientação, análise, classificação, polimento, brilho e destino dessas
pedras preciosas – chamadas seres humanos. Por outro lado, a Universidade de
Influentes representa, na atualidade, a escola de onde parte as orientações e os
especialistas, mestres e doutores, que tiveram e têm as funções de gerenciar, coordenar e
controlar a administração dos recursos humanos e materiais dessa mina, os quais nas
suas maneiras de ações e nas suas faculdades de poderes e decisões construíram e
constroem a Universidade de Efluente e contribuem para a formação dos seus alunos
que saem da Faculdade de Derivados de Decisões, especialistas, mestres e doutores com
poderes naquilo que receberam.
121
Figura 46 – Cone dos fundos públicos.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
A figura 46 traz um cone reto na parte central, invertido, com o vértice para
baixo e a base para cima, simbolizando a bateia, onde se concentra o objeto de cobiça
desse garimpo – os fundos públicos – os quais neste caso hipotético variam de 1 (um) a
35 (trinta e cinco) salários mínimos, para simbolizar o valor mínimo e o valor máximo
desses fundos públicos que, por Lei, deve ser atribuído a um trabalhador dessa mina
(Estado). E no fundo do abismo se encontram os que nessa mina foram abandonados na
escuridão, fora do alcance da bateia, política de acolhimento e reconhecimento,
sobrevivendo com valores inferiores a um salário mínimo - representados por < 1S.M -
nesse rico e injusto garimpo.
122
Figura 47 – O magnetismo exercido pelo poder arrecadador.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
A figura 47 traz, na vertical, o cone representando os fundos públicos e, na
horizontal, o cone representando o capital privado – erguido, orientado e protegido por
essa mina (Estado), ambos objetos de cobiça e simbolizando as fontes responsáveis pela
luz e pela escuridão dessa mina, decorrente da maneira como a administração dos cones
os gira e distribui a luz nesse garimpo impregnado do magnetismo patrimonialista.
123
Figura 48 – Patrimonialismo.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
A figura 48 ilustra os percalços sofridos pelos Escrivães, diante de uma
política que para os Escrivães atribui-se os menores valores possíveis, em termos das
demandas por vagas e por salários, sejam estas administrativas ou judiciais, sem,
contudo, observar que se houvesse um tratamento justo no atendimento das
necessidades por vagas e salários; não haveria escassez de Escrivães, os indevidos
quadros de sobreaviso e muito menos haveria abismos tão grandes entre a remuneração
paga a um Delegado e a um Escrivão.
124
Figura 49 – Sonho de democracia.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.
Sonho com uma democracia, que funcione como meio eficiente e eficaz de
locomoção, no transporte sem desvio, sem atrasos, sem favorecimentos, sem
desperdícios, sem vazamentos, sem paradas nem estacionamentos nas portas de amigos
e de apadrinhados do condutor que transporte fielmente o poder da sua origem (fonte) e
125
distribua democraticamente aos destinatários onde quer que eles se encontrem,
conforme representado na ilustração da figura 49.
Sonho com uma democracia que funcione como a ferramenta niveladora das
barreiras das desigualdades e restauradora das erosões e dos abismos provocados pelas
injustiças sociais.
Sonho com uma democracia que além de funcionar como meio de
transporte utilize ferramentas niveladoras e restauradoras, funcione efetivamente para
que as pessoas iluminadas por uma consciência reta possam ter percepção justa, e ações
honestas. Assim, ao invés de afastar, reprimir, abafar, silenciar, isolar com ou sem
algemas de aço e de papéis, repensem que todo ser humano precisa ser enxergado,
ouvido, interpretado e acolhido. Acolhimento e reconhecimento de suas necessidades
por um Poder Executivo.
Que o seu governante atue com isonomia de tratamento; por um Poder
Legislativo, que seus integrantes ajam com moralidade e liberdade; e um Poder
Judiciário cujos integrantes decidam com imparcialidade; por um Ministério Público
observador e fiscalizador.
Sonho com o exercício do compromisso, da responsabilidade, do
conhecimento das normas, refletindo nas suas atitudes o espírito da democracia e do
respeito como seres multiplicadores da cidadania e por uma sociedade que viva e
vivencie o exercício da cidadania.
Nesse sentido, este livro é o retrato de uma realidade não apenas vivida, mas
sofrida na Polícia Civil, principalmente por Escrivães do Estado do Maranhão que, por
174 anos lutam para funcionar como ferramentas políticas, atuando sem medo e sem
tréguas no soterramento dos abismos dos egoísmos e dos rebaixamentos das barreiras
das vaidades, erguidas, mantidas e protegidas por filhos legítimos da ambição cujos pais
e mães das desigualdades fazem a pobreza gritar à procura de soluções das suas
lamentações que se iniciam pelas ações e mãos dos Escrivães nos espaços das
delegacias.
126
REFERÊNCIAS
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delegacias subordinadas à Superintendência de Polícia Civil do Interior, o serviço
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observância aos princípios norteadores da Administração Pública, visando a satisfação
da sociedade em geral. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São
Luís, 02 jun. 2016. n. 101.
______. Instrução Normativa nº 004, de 10 de outubro de 2014. Normatiza e disciplina,
na Região Metropolitana de São Luís, o serviço público policial civil dos Plantões
Centrais e Plantões Extraordinários da Polícia Civil, da Superintendência de Polícia
Civil da Capital - SPCC, em observância aos princípios norteadores da Administração
Pública, visando a satisfação da sociedade em geral. Diário Oficial do Estado do
Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 31 out. 2014. n. 212.
______. Lei nº 3.597, de 2 de dezembro de 1974. Reorganiza o Serviço Policial Civil do
Estado e dá outras providências. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder
Executivo, São Luís, 3 dez. 1974. n. 232.
______. Lei nº 4.325, de 13 de julho de 1981. Dispõe sobre o Estatuto da Polícia Civil
do Estado do Maranhão e dá outras providências. Diário Oficial do Estado do
Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 27 jul. 1981. n. 139.
______. Lei nº 4.795, de 07 de abril de 1987. Dispõe sobre o reajustamento de
vencimentos, salários, soldos, proventos, pensões e gratificações de cargos e funções e
dá outras providências. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São
Luís, 07 ago. 1987. n. 147
______. Lei nº 8.508, de 27 de novembro de 2006. Dispõe sobre a reorganização da
Polícia Civil do Estado do Maranhão. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder
Executivo, São Luís, 27 nov. 2006. n. 227.
______. Lei nº 8.957, de 15 de abril de 2009. Reorganiza o Plano de Carreiras, Cargos e
Remuneração do Grupo Ocupacional Atividades de Polícia Civil do Estado do
Maranhão. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 16 abr.
2009. n. 074.
128
______. Lei nº 9.656, de 17 de julho de 2012. Dispõe sobre o subsídio do cargo de
Delegado de Polícia do Subgrupo Atividades de Processamento Judiciário e sobre os
vencimentos dos cargos do Subgrupo Magistério Superior da Universidade Estadual do
Maranhão e dá outras providências. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder
Executivo, São Luís, 17 jul. 2012. n. 138.
______. Lei nº 10.252, de 2 de junho de 2015. Altera a Lei nº 8.508, de 27 de novembro
de 2006, que dispõe sobre a reorganização da Polícia Civil do Estado do Maranhão, e dá
outras providências. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São
Luís, 3 jun. 2015. n. 102.
______. Medida provisória nº 198, de 23 de abril de 2015. Dispõe sobre os subsídios
dos servidores do Subgrupo Atividades de Polícia Civil – APC, do Subgrupo
Processamento Judiciário –APJ e do Subgrupo Atividades Penitenciárias – AP,
acrescenta parágrafo único ao artigo 97 da Lei nº 6.107/94 e dá outras providências.
Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 23 abr. 2015. n.
074
______. Secretaria de Estado da Administração, Recursos Humanos e Previdência.
Portaria nº 428, de 28 de agosto de 1998. Quadros demonstrativos de pessoal do Poder
Executivo, constantes nos anexos I, II e III. Diário Oficial do Estado do Maranhão,
Poder Executivo, São Luís, 28 ago. 1998. n. 166.
______. Secretaria de Estado da Segurança Pública. Portaria nº 031, de 23 de janeiro de
2012. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 26 jan.
2012. n. 019.
______. Secretaria de Estado da Segurança Pública. Portaria nº 320, de 30 de março de
2016. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 04
abr. 2016. n. 061.
______. Secretaria de Estado da Segurança Pública. Edital nº 001, de 06 de janeiro de
2015. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 06 jan.
2015. n. 003
______. Secretaria de Estado da Segurança Pública. Edital nº 002, de 06 de janeiro de
2015. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 06 jan.
2015. n. 003.
______. Secretaria de Estado da Segurança Pública. Edital nº 003, de 06 de janeiro de
2015. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 06 jan.
2015. n. 003.
______. Secretaria de Estado da Segurança Pública. Edital nº 004, de 02 de março de
2015. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 05 mar.
2015. n. 042.
______. Secretaria de Estado da Segurança Pública. Edital nº 005, de 02 de março de
2015. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 05 mar.
2015. n. 042.
129
______. Secretaria de Estado da Segurança Pública. Edital nº 006, de 02 de março de
2015. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 05 mar.
2015. n. 042.
______. Secretaria de Estado da Segurança Pública. Edital nº 007, de 07 de abril de
2015. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 09 abr.
2015. n. 065.
______. Secretaria de Estado da Segurança Pública. Edital nº 008, de 06 de maio de
2015. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 08 maio
2015. n. 084.
______. Secretaria de Estado da Segurança Pública. Edital nº 009, de 24 de junho de
2015. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 30 jun.
2015. n. 118.
______. Secretaria de Estado da Segurança Pública. Edital nº 009, de 24 de junho de
2015. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 30 jun.
2015. n. 118.
______. Secretaria da Administração. Edital nº 002, de 11 de fevereiro de 1981. Diário
Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 13 fev. 1981. n. 31.
______. Secretaria da Administração. Edital nº 009, de 19 de julho de 1981. Diário
Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 03 jul. 1981. n. 123
______. Secretaria da Administração. Edital nº 018, de 16 de dezembro de 1981. Diário
Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 18 dez. 1981. n. 237.
______. Secretaria da Administração. Edital nº 019, de 16 de dezembro de 1981. Diário
Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 18 dez. 1981. n. 237.
______. Secretaria da Administração. Edital nº 020, de 16 de dezembro de 1981. Diário
Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 18 dez. 1981. n. 237.
______. Secretaria da Administração. Edital nº 021, de 16 de dezembro de 1981. Diário
Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 18 dez. 1981. n. 237.
______. Secretaria da Administração. Edital nº 022, de 16 de dezembro de 1981. Diário
Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 18 dez. 1981. n. 237.
______. Secretaria da Administração. Edital nº 023, de 16 de dezembro de 1981. Diário
Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 18 dez. 1981. n. 237.
______. Secretaria da Administração. Edital nº 024, de 16 de dezembro de 1981. Diário
Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 18 dez. 1981. n. 237.
______. Secretaria da Administração. Edital nº 004, de 13 de abril de 1982. Diário
Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 22 abr. 1982. n. 74.
130
______. Secretaria da Administração. Edital nº 006, de 13 de abril de 1982. Diário
Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 22 abr. 1982. n. 74.
______. Secretaria de Administração. Edital nº 01, de 22 de julho de 1983. Diário
Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 26 jul. 1983. n. 140.
______. Secretaria de Segurança Pública. Edital nº 01, de 05 de maio de 1989. Diário
Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 05 maio 1989. n. 083.
______. Secretaria de Estado da Administração Recursos Humanos e Previdência.
Edital nº 01, de 10 de outubro de 1997. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder
Executivo, São Luís, 10 out. 1997. n. 197.
______. Gerência de Estado de Administração e Modernização. Edital nº 003, de 26 de
outubro de 2001. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís,
26 0ut. 2001. n. 203.
______. Secretaria de Estado da Administração e Previdência Social. Edital nº 003, de
18 de julho de 2006. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São
Luís, 18 jul. 2006, alterado com aditamento publicado no DO/MA nº 184, de 21 set.
2007. n. 137.
______. Secretaria de Estado da Gestão e Previdência. Edital nº 001, de 10 de outubro
de 2012. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 10 out.
2012. n. 198.
______. Secretaria de Estado da Gestão e Previdência. Edital nº 002, de 10 de outubro
de 2012. Diário Oficial do Estado do Maranhão, Poder Executivo, São Luís, 10 out.
2012. n. 198.
WAISELFISZ, Júlio Jacobo. Mapa da Violência 2012: os novos padrões da violência
homicida no Brasil. São Paulo: Instituto Sangari, 2011. 245 p. Disponível em:
<http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2012/mapa2012_web.pdf>. Acesso em: 17
nov. 2016.
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Fonte: elaborado pelo autor, 2016.