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VI Seminário Latino Americano de Geografia Física II Seminário Ibero Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 1 ANÁLISE DE TERRENOS COMO FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, SÃO PAULO - BRASIL: O CASO DA SERRA DA CANTAREIRA Antonio Gonçalves Pires Neto 1 , Marcio Rossi 2 , Isabel Fernandes de Aguiar Mattos 3 , Marina Mitsue Kanashiro 4 1. Introdução A Serra da Cantareira situa-se nos municípios de São Paulo, Caieiras, Mairiporã e Guarulhos, no Estado de São Paulo. O Estado apresenta área territorial de 248.400 km 2 sendo 19,95% coberto com vegetação natural, em grande parte preservada como Unidades de Conservação de proteção integral (UCs) e administradas pelo Governo de São Paulo, nas figuras principais de Parques Estaduais (PE) e Estações Ecológicas (EE). Neste contexto encontram-se os PE da Cantareira e Alberto Lofgren. Duas etapas são necessárias para o levantamento das informações que compõem as UCs. A abrangência regional, que envolve a UC e seu entorno imediato (aproximadamente 10km de borda) e o conhecimento local. O estudo de Terrenos foi aplicado nas UCs: PE da Cantareira, Alberto Lofgren, Vassununga, Carlos Botelho, Ilha do Cardoso, Jacupiranga, Jurupará e Furnas do Bom Jesus; e EE dos Caetetus, Assis, Xitué, Chauás, Campina do Encantado, Juréia-Itatins e Ribeirão Preto, perfazendo uma grande parte das Unidades de Conservação do Estado. Á área de estudo localiza-se entre as coordenadas 46°25’ e 46°50’ W e 23°17’ 23°30’ S e é drenada pela bacia dos rios Cabuçu de Cima e Guaraú e pelos ribeirões Santa Clara e Juqueri, todos afluentes do Rio Tietê. A região está nos Reversos da Serra do Mar e da Mantiqueira denominado Planalto Atlântico, a área ocupa a zona de contato entre as Colinas de São Paulo do Planalto Paulistano, onde ocorrem relevos de Morrotes baixos e de Colinas pequenas com espigões locais e a Serrania de São Roque que é constituída por Morros arredondados, Mar de Morros, Morros com serras restritas e Serras alongadas (Ponçano et al, 1981). Ocupa a zona limítrofe entre a Bacia de São Paulo e a Bacia de Taubaté, no contato entre os sedimentos terciários e as rochas do embasamento cristalino. 1 GEIA Consultoria, São Paulo - Brasil [email protected] ; 2 Instituto Florestal, São Paulo Brasil [email protected] ; 3 Instituto Florestal, São Paulo Brasil [email protected] ; 4 Instituto Florestal, São Paulo Brasil [email protected]

Antonio Neto

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II Seminário Ibero Americano de Geografia Física

Universidade de Coimbra, Maio de 2010

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ANÁLISE DE TERRENOS COMO FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO DE

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, SÃO PAULO - BRASIL: O CASO DA SERRA

DA CANTAREIRA

Antonio Gonçalves Pires Neto1, Marcio Rossi2, Isabel Fernandes de Aguiar Mattos3,

Marina Mitsue Kanashiro4

1. Introdução

A Serra da Cantareira situa-se nos municípios de São Paulo, Caieiras, Mairiporã e

Guarulhos, no Estado de São Paulo. O Estado apresenta área territorial de 248.400 km2

sendo 19,95% coberto com vegetação natural, em grande parte preservada como

Unidades de Conservação de proteção integral (UCs) e administradas pelo Governo de

São Paulo, nas figuras principais de Parques Estaduais (PE) e Estações Ecológicas (EE).

Neste contexto encontram-se os PE da Cantareira e Alberto Lofgren.

Duas etapas são necessárias para o levantamento das informações que compõem

as UCs. A abrangência regional, que envolve a UC e seu entorno imediato

(aproximadamente 10km de borda) e o conhecimento local. O estudo de Terrenos foi

aplicado nas UCs: PE da Cantareira, Alberto Lofgren, Vassununga, Carlos Botelho, Ilha

do Cardoso, Jacupiranga, Jurupará e Furnas do Bom Jesus; e EE dos Caetetus, Assis,

Xitué, Chauás, Campina do Encantado, Juréia-Itatins e Ribeirão Preto, perfazendo uma

grande parte das Unidades de Conservação do Estado.

Á área de estudo localiza-se entre as coordenadas 46°25’ e 46°50’ W e 23°17’ 23°30’

S e é drenada pela bacia dos rios Cabuçu de Cima e Guaraú e pelos ribeirões Santa

Clara e Juqueri, todos afluentes do Rio Tietê.

A região está nos Reversos da Serra do Mar e da Mantiqueira denominado Planalto

Atlântico, a área ocupa a zona de contato entre as Colinas de São Paulo do Planalto

Paulistano, onde ocorrem relevos de Morrotes baixos e de Colinas pequenas com

espigões locais e a Serrania de São Roque que é constituída por Morros arredondados,

Mar de Morros, Morros com serras restritas e Serras alongadas (Ponçano et al, 1981).

Ocupa a zona limítrofe entre a Bacia de São Paulo e a Bacia de Taubaté, no contato

entre os sedimentos terciários e as rochas do embasamento cristalino.

1 GEIA Consultoria, São Paulo - Brasil – [email protected];

2 Instituto Florestal, São Paulo – Brasil – [email protected];

3 Instituto Florestal, São Paulo – Brasil – [email protected];

4 Instituto Florestal, São Paulo – Brasil – [email protected]

Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais

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Condicionados pelos diferentes tipos de rocha e de relevo foram identificadas a

presença de Argissolo Vermelho-Amarelo e Latossolo Vermelho-Amarelo, que se

associam a Latossolo Câmbico, Cambissolo Háplico, Afloramento Rochoso, e, Gleissolos

Háplico nas planícies fluviais e fluvio-coluviais. (Oliveira et al.1999 e Rossi et al,1997).

O clima na região é temperado com verão chuvoso, de outubro a março, e inverno

seco, de abril a setembro, (Cwa de Koeppen). A precipitação média anual é de 1478

mm com temperaturas médias mensais entre 17,6 C no mês mais frio (julho) a 23,5 C

no mês mais quente (fevereiro).

As unidades litorestratigráficas que ocorrem na área de estudo (Figura1), abordam

os sedimentos aluviais (Argila, silte, areias, cascalhos e matéria orgânica), a Suíte

granítica Fácies Cantareira (Granitos e Granodioritos foliados, de granulação fina a

média) e o Grupo São Roque (Clorita xisto, metassiltitos, filitos, quartzo filitos,

micaxistos, quartizitos feldspáticos, metarcósios, anfibolitos, Migmatitos).

Figura 1: Mapa geológico dos PE da Cantareira e Alberto Löfgren,São Paulo-Brasil.

Em continuidade aos Projetos: “Diagnóstico ambiental para o manejo sustentável

do Núcleo Cabuçu do PE da Cantareira e áreas vizinhas do município de Guarulhos”,

“Bases geoambientais para um sistema de informações ambientais do município de

Guarulhos” Processos FAPESP nº 01/02767-0 e 05/57965-1 e como subsidio aos Planos

de Manejo dos Parques, elaborou-se a análise integrada do meio físico, caracterizando

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os condicionantes abióticos dos ecossistemas terrestres utilizando-se como base o

conceito de terreno, importante ferramenta que permite avaliar as potencialidades e

restrições quanto ao uso em planejamento.

2. Material e Método

O estudo dos Terrenos é realizado através da análise integrada dos atributos do

meio físico, elaborado com base nos padrões fisiográficos e compreende a compilação

de informações e trabalhos de campo em que se relacionam o substrato rochoso, seu

potencial mineral e seus atributos geotécnicos; o relevo no que se refere aos seus

atributos morfométricos e a sua dinâmica superficial; os solos e a sua aptidão agrícola,

de modo a se identificar os principais tipos de terrenos que ocorrem na área,

oferecendo subsídios importantes para o entendimento das características estruturais

e de composição da cobertura vegetal, das condições ecológicas em que estão

inseridos os diferentes tipos de vegetação, bem como dos processos geradores e

mantedores da biodiversidade.

O conceito de terreno utilizado agrega as propostas de MABBUTT (1968), AUSTIN e

COOCKS (1978) e ZONNEVELD (1992) e considera que os terrenos são áreas definidas e

uniformes podendo ser facilmente reconhecidas pela sua fisionomia, no campo e nas

imagens de sensores remotos. Caracterizado com base na forma de relevo, solo e

vegetação, podem ser descritos simultaneamente em relação as suas feições mais

significativas e com relação a um propósito prático. Seus principais componentes são

interdependentes e tendem a ocorrer correlacionados.

O estudo do terreno classifica o espaço segundo suas condições ambientais

dominantes e suas qualidades ecológicas. Avalia seu potencial de uso e de suas várias

partes, tendo como pressuposto, a realização de estudos multidisciplinares integrados,

o que se mostra muito mais eficiente para o planejamento territorial e na análise

ambiental, facilitando a implantação e a manutenção do zoneamento territorial.

Os parâmetros morfométricos do relevo tais como comprimento de rampa,

amplitude e inclinação das encostas e as propriedades texturais e físico-químicas do

solo refletem-se na dinâmica superficial e nas características das formas de relevo, na

freqüência e intensidade dos processos erosivos e de deposição, determinando

diferentes possibilidades de ocupação e de manejo. Incorporam ainda, os resultados

de avaliação da aptidão agrícola, de classificação da terra e da capacidade de uso

agropecuário, usos importantes a considerar no planejamento territorial.

A análise do relevo compreendeu a caracterização de compartimentos de tipos

Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais

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homogêneos, individualizados com base na sua morfografia, morfometria e

morfogênese, bem como, com relação à cobertura pedológica e os processos de

erosão e deposição predominantes e ao seu condicionamento litoestrutural,

compondo-se assim um mapa que identifica áreas com constituintes e atributos

semelhantes. Estas informações permitiram identificar o grau de estabilidade das

encostas, do substrato rochoso e dos solos, apontando áreas de maior fragilidade

frente aos processos erosivos potenciais e aos processos de acumulação.

O estudo pedológico caracterizou as principais associações de solo e relevo e a

avaliação estimativa da aptidão agrícola e florestal dos diferentes terrenos,

subsidiando a análise geoambiental integrada voltada para a compreensão da

dinâmica da paisagem e entendimento das características estruturais.

No mapeamento da geomorfologia adotou-se o procedimento descrito por PIRES

NETO (1992), que considera a perspectiva sintética-histórica no mapeamento em

pequenas escalas, baseados em DEMECK (1967) e de VAN ZUIDAN (1982), e,

compreendeu ainda, revisão bibliográfica e cartográfica, interpretação de fotografias

aéreas, imagens de satélite e trabalhos de campo.

O relevo é caracterizado com base nos critérios de amplitude (h) das formas de

relevo, comprimento da vertente (l) em planta e a inclinação das encostas (d), onde: h

é a diferença de altitude entre o topo da saliência e o fundo da reentrância contígua; l

é a distância entre a linha do divisor de águas e o canal; e, d = h/l (em %).

Os critérios utilizados são apresentados no Quadro 1 e quando ocorrem formas

associadas, os relevos são diferenciados por nomes compostos, sendo que o primeiro

nome indica a forma predominante.

Para a dinâmica superficial (DEMEK, 1967), são analisadas as encostas, as

coberturas detríticas, os depósitos coluviais e aluviais e as cicatrizes de processos

erosivos (erosão laminar, em sulcos ou ravinas, boçorocas, erosão fluvial, rastejo,

escorregamentos planares e rotacionais e quedas de blocos), aqui descritos

qualitativamente quanto ao modo de ocorrência: ocasional (em alguns locais, de modo

fortuito e eventual); freqüente (em vários locais, se repete no relevo); e generalizado

(em muitos locais, sendo comum a presença) e a intensidade: Baixa (afetam pequenas

áreas ou tem pouca profundidade); Alta (afetam grandes áreas ou tem grandes

profundidades); e, Média (situações intermediárias).

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Amplitude local Inclinação predominante Formas de Relevo

< 100 m

< 2 % Rampas

2 a 15 % Colinas

> 15 % Morrotes

100 a 300 m 5 a 15 %

Morros com encostas suaves

> 15 % Morros

> 300 m >15 % Montanhas Quadro 1 - Classificação de formas de relevo, segundo a amplitude e inclinação. Conforme

a expressão das formas em área (km2) elas são classificadas em: Muito Pequena (< 0,3),

Pequena (0,3 a 2), Média (2 a 4), Ampla (4 a 30) e Muito ampla (> 30). Modificada de

PONÇANO et al. (1981), por PIRES NETO (1992).

O grau de dissecação dos relevos seguiu os procedimentos de ROSS e MOROZ

(1997), baseado em uma matriz que relaciona índices morfométricos da dimensão

interfluvial e o grau de entalhamento.

No caso da Serra da Cantareira, na caracterização dos atributos e na análise de

terrenos procedeu-se inicialmente a adequação de legendas e escala dos mapas;

existentes, correlacionando as informações e adequando conteúdos e denominações,

após, elaborou-se a fotointerpretação de fotografias aéreas na escala 1:60.000 e a

confecção de mapas.

3. Resultados

Com a aplicação da metodologia descrita foram produzidos os mapas

geomorfológico, altimétrico, clinográfico, geológico, pedológico e de Unidades de

Terreno. No mapa geomorfológico foram diferenciados 7 tipos de relevo, Planícies

Fluviais (Pf), Colinas pequenas (Cp), Colinas pequenas e Morrotes (CpMT), Morrotes

(MT), Morrotes paralelos (MTp), Morrotes e Morros (MTM), Morros e Montanhas

(MMH), representados na Figura 2. Os mapas de apoio hipsométrico e clinográfico

evidenciaram diferenças marcantes entre os relevos das Unidades, principalmente

quanto às altitudes, amplitude das formas de relevo e inclinação das encostas.

Com relação às informações de solos (Figura 3) estabeleceu-se 13 unidades de

mapeamento sendo 2 simples e 11 associações de solos, compostas basicamente por

Latossolos Vermelho-Amarelos e Amarelos (Oxisoils/Ferralsols), Cambissolos

(Inceptsoils/Cambisols), Argissolos Vermelho-Amarelos (Ultisoils, Lixisols), Gleissolos

(Aquents/Gleysols)e Neossolos Flúvicos (Fluvents/Fluvisols) e Neossolos Litólicos (Lithic

Ortents/Leptosols).

Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais

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As análises de solo indicam que independentemente do tipo de solo, do relevo e da

litologia encontrados, apresentam-se com uniformidade química e muito lixiviados,

ácidos a excessivamente ácidos, soma de bases baixa e saturação por alumínio elevada

(álicos), com baixíssima fertilidade natural e com profundidade variada, dominando os

solos pouco profundos A drenagem interna desses solos também é variada, sendo

mais comuns os moderadamente drenados, que aliados ao clima úmido, permitem a

disponibilização de água durante o ano todo. Pela granulometria, predominam os solos

argilosos, nas litologias compostas por rochas metapelíticas e metavulcânicas,

enquanto que nos granitos aparecem os solos de textura média a argilosa. Em todos

esses casos, o relevo encontrado oscila entre morros e montanhas e em menor

proporção, morrotes. Quando o material originário de metapelítos (xistos) ocorre no

relevo colinoso, a textura dos solos tende a muito argilosa.

Figura 2: Mapa Geomorfológico dos PE da Cantareira e Alberto Löfgren, S. Paulo-Brasil

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Figura 3: Mapa de solos dos PE da Cantareira e Alberto Löfgren, São Paulo-Brasil. LVA e

LA=Latossolo; CX=Cambissolo; GX= Gleissolo; RL= Neossolo Litólico.

As Unidades de Terreno

O PE da Cantareira insere-se na Serrania de São Roque, sendo constituido por

terrenos Montanhosos, Amorreados Baixos, Colinosos com ocorrência restrita na área

e de Planície fluvio-coluvial que se distribui nos fundos de vale, condicionados por

soleiras litoestruturais. Enquanto o PE Alberto Löfgren encontra-se no Planalto

Paulistano, sendo constituido por terrenos Colinosos e de Planicie fluvio-coluvial.

Terrenos Montanhosos (Figura 4), caracterizam-se por apresentar relevo de grande

amplitude, com vales erosivos encaixados, encostas íngremes e por vezes rochosas.

São sustentados por rochas proterozoicas, representadas na parte oeste da unidade

por granitos do Batolito Cantareira e na parte leste por xistos, quatzitos, filitos,

anfibolitos e migmatitos do Grupo São Roque (Quadro 2).

Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais

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MONTANHOSOS

Relevo Altitude: 900

a 1250m

Morros e Montanhas

Amplitude: 120-420m

Inclinação: 20 a 50 %

Formas maciças, angulosas e desniveladas. Topos estreitos agudos e rochosos, por vezes com picos isolados. Perfil de vertente descontínuo, segmentos longos, retilíneos, convexos e rochosos. Vales erosivos e muito encaixados. Canais em rocha e blocos, com cachoeiras e rápidos. Planícies alveolares localizadas a montante de soleiras. Canais de 1a ordem pouco encaixados, rede de drenagem de alta densidade.

Substrato Rochoso,

Sedimentos e Coberturas

Granitos foliados, granulação fina a média, porfiríticos, composição tonalítica a granítica que predominam e por migmatitos heterogêneos de paleossoma xistoso, xisto, filitos, quartizito e anfibolitos.

Associações de Solos

Dominam Cambissolos Háplicos textura argilosa, rochoso ou não rochoso, que ocorrem associados com Latossolo Vermelho-Amarelo de textura argilosa, Neossolo Litólico de textura arenosa a média (em quartzitos) e Afloramentos Rochosos.

Dinâmica Superficial

Erosão laminar, em sulcos e ravinas ocasionais e de média intensidade. Rastejo e movimentos de massa (escorregamentos planares e queda de blocos) são freqüentes e de média a alta intensidade. Entalhe fluvial é generalizado e de alta intensidade.

Potencialidades

Predominam Áreas para proteção e abrigo da fauna e da flora silvestre, recreação e turismo.

Restrições

- Solos ácidos e pobres em nutrientes, com severas restrições para o uso agrícola, pastoril ou florestal devido a sua elevada capacidade de degradação, a elevada erodibilidade, a forte a muito forte limitação a trafegabilidade. - Dificuldades de escavação e de cravação de estacas, possibilidade de recalques diferenciais em fundações estruturais devido à presença de matacões no solo. - Risco de escorregamentos e queda de blocos, devido à exposição do contato solo/rocha, em áreas saturadas ou com surgência d‘água e ao descalçamento em taludes de corte ou superfície de encosta. - Risco mais intenso de erosão em sulcos e ravinamentos em cortes do que em aterros, que podem ser compactados. - Risco de assoreamento dos canais fluviais próximos às áreas de intervenção devido à erodibilidade elevada dos solos.

Diagnóstico Terrenos impróprios e/ou muito susceptíveis à interferência devido à inclinação acentuada de suas encostas, a erodibilidade dos solos de alteração e a intensidade dos processos erosivos. Áreas para proteção e abrigo da fauna e da flora silvestre, recreação e turismo.

Ocorrência dos processos: Ocasional - ocorre em alguns locais, de modo fortuito e eventual. Freqüente - ocorre em vários

locais, sendo um processo que se repete no relevo. Generalizado - ocorre em muitos locais sendo comum a sua presença.

Intensidade dos processos: baixa, média e alta.

Quadro 2 - Características dos Terrenos Montanhosos

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Figura 4: Mapa de tipos de terreno dos PE da Cantareira e Alberto Löfgren.

Predominam os Cambissolos sobre os Latossolos, todos argilosos, ocorrendo

diferenciações condicionadas pelo substrato rochoso. Na parte oeste sobre os granitos

é comum à presença de blocos e matacões na massa e na superfície do solo, sendo

freqüente a presença de campos de matacões e afloramentos rochosos nas encostas.

Na parte leste do Parque dominam as rochas metasedimentares sendo comum à

presença de pedregosidade e rochosidade nos solos desenvolvidos sobre xistos e

migmatitos. Nos quartzitos feldspáticos ocorrem Neossolo litólico de textura arenosa e

Cambissolos de textura média a argilosa, enquanto que nos filitos, os solos são pouco

profundos, amarelos de textura argilosa a média.

A ocorrência de processos de erosão laminar, em sulcos e ravinas ocasionais e de

média intensidade, bem como de processos de rastejo e movimentos de massa:

escorregamentos planares e queda de blocos freqüentes e de média a alta

intensidade, e o entalhe fluvial generalizado e de alta intensidade, tornam esses

terrenos muito susceptíveis à interferência. Tais características associadas à inclinação

acentuada de suas encostas configuram esses terrenos, como áreas para proteção e

abrigo da fauna e da flora silvestre, e para fins de recreação e turismo.

Cabe considerar que a alta suscetibilidade desses terrenos à ocupação gera

problemas de estabilidade dos cortes e aterros ao longo das várias estradas que

cortam o Parque, causando alterações significativas nas encostas e assoreamentos

Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais

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intensos em inúmeros cursos de água.

Terrenos Amorreados Baixos formam uma faixa de direção nordeste na parte leste

do PE da Cantareira, ao longo do Ribeirão Cabuçú, tendo seu desenvolvimento, em

parte, condicionado a presença das falhas do Barro Alto e Cabuçu que devido ao maior

grau de fraturamento das rochas, favoreceram a erosão diferencial e um rebaixamento

do relevo (Quadro 3).

AMORREADOS BAIXOS

Relevo Altitudes: 850

a 980m

Morrotes Amplitude: 40 a 90

m Inclinação:12% a

25%

Morrotes paralelos

Amplitude: 30 a 90m

Inclinação:10% a 30 %

Morrotes e

Morros Amplitude: 40 a

100m Inclinação: 15 a

35%

Formas niveladas. Topos estreitos e convexos. Perfil de vertente contínuo com segmentos retilíneos. Vales erosivos abertos. Padrão de drenagem subdendrítico de média densidade. Formas niveladas. Topos estreitos, convexos e alongados na direção nordeste. Perfil de vertente contínuo com segmentos retilíneos ou convexos. Vales erosivos encaixados. Canais em rocha e blocos. Padrão de drenagem treliça e paralelo de alta densidade. Formas niveladas. Topos estreitos convexos. Perfil de vertente descontínuo com segmentos retilíneos e convexos. Vales erosivos encaixados e erosivos-acumulativos abertos. Planícies fluviais estreitas e descontínuas. Canais em rocha e blocos. Padrão de drenagem subdendrítico e subparalelo de média a alta densidade

Substrato Rochoso,

Sedimentos e Coberturas

Xisto, filitos, quartizitos, anfibolitos, migmatitos e de modo subordinado em granitos foliados, granulação fina a média e porfiríticos.

Associações de Solos

Associação de Latossolo Vermelho-Amarelo de textura argilosa com Cambissolo Háplico textura argilosa, ambos pedregosos, nos xistos e migmatitos, podendo apresentar blocos e matacões na massa e na superfície do solo, nos granitos.

Dinâmica Superficial

Erosão laminar, em sulcos (ravinas) e entalhe fluvial freqüente e de média intensidade. Rastejo, escorregamentos pequenos e queda de blocos ocasionais e de baixa intensidade.

Potencialidades

Solos com boas drenagens internas. Porosidade e friabilidade elevada favorecem o enraizamento. Terras aptas para a agricultura, pastagem e silvicultura, mas que necessitam de praticas complementares de melhoramento. Áreas de proteção e abrigo da fauna e flora silvestre e para fins de recreação e turismo.

Restrições Profundidade variável apresenta minerais primários pouco intemperizáveis, maior

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disponibilidade de nutrientes próximo à rocha. Podem favorecer a contaminação de aqüíferos devido à permeabilidade elevada. Baixa disponibilidade de nutrientes e toxidade por Al3+. Susceptibilidade a erosão laminar, em sulcos e a pequenos escorregmentos, quando da remoção do solo devido à aração, à obras de terraplenagem ou a obras de drenagem que provocam a concentração do escoamento superficial, principalmente nos granitos.

Diagnóstico Terrenos susceptíveis à interferência devido à setores de encostas mais inclinados. Áreas para proteção e abrigo da fauna e flora silvestre, para fins de recreação e turismo.

Ocorrência dos processos: Ocasional - ocorre em alguns locais, de modo fortuito e eventual. Freqüente - ocorre em vários

locais, sendo um processo que se repete no relevo. Generalizado - ocorre em muitos locais sendo comum a sua presença.

Intensidade dos processos: baixa, média e alta.

Quadro 3 - Características dos Terrenos Amorreados Baixos

Na parte oeste do PE da Cantareira, sobre granitos, há uma ocorrência menor

desses terrenos, associada a um alvéolo formado a montante de soleira litoestrutural,

que condiciona ainda a presença de Planície Fluvio-coluvial, no Córrego Itaguaçu.

Nesse alvéolo também predominam os Latossolos Vermelho-Amarelo sobre os

Cambissolos ambos argilosos, porém com a presença de blocos e matacões na massa e

na superfície do solo.

Embora esses terrenos apresentem menor amplitude, suas encostas têm

inclinações acentuadas favorecendo a presença de processos erosivos de média a alta

intensidade o que também limita a ocupação dessas áreas e provocam problemas de

estabilidade nas estradas implantadas nesses terrenos.

Terrenos Colinosos constituem o Planalto Paulistano, com ocorrência restrita.

Esses terrenos, descritos no Quadro 4, são constituídos por granitos do Batólito

Cantareira, tem encostas de baixa inclinação, predominando Latossolo Vermelho-

Amarelo de textura argilosa associados a Cambissolo Háplico textura argilosa, rochosa

nos granitos e com Argissolo Vermelho-Amarelo textura argilosa a muito argilosa nos

xistos.

Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais

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COLINOSOS

Relevo Altitudes:

800 a 880m

Colinas pequenas Amplitude:20 a 40

m Inclinação: 6 a 13 %

Colinas pequenas e

Morrotes Amplitude:25 a 60

m Inclinação:10 a 20 %

Formas subniveladas. topos estreitos convexos. Vertentes de perfil contínuo, com segmentos retilíneos a convexos. Vales erosivos abertos e bem marcados no relevo. O padrão de drenagem é sub-dendrítico de baixa a média densidade. Associam-se colinas e morrotes de topos estreitos convexos. Perfil de vertente contínuo e descontínuo com segmentos convexos e retilíneos, sendo mais íngreme nas nascentes. Vales erosivos-acumulativos encaixados e acumulativos abertos, com planícies estreitas e contínuas. Padrão de drenagem sub-dendrítico de baixa a média densidade.

Substrato Rochoso,

Sedimentos e Coberturas

Granitos foliados, granulação fina a média, porfiríticos e xisto de composição variada.

Unidades de Solos

Associação de Latossolo Vermelho-Amarelo de textura argilosa com Cambissolo Háplico textura argilosa rochoso nos granitos e de Latossolo Vermelho-Amarelo de textura argilosa com Argissolo Vermelho-Amarelo textura argilosa a muito argilosa nos xistos.

Dinâmica Superficial

Erosão laminar e em sulcos freqüentes e de média intensidade. Boçorocas ocasionais e de baixa intensidade.

Potencialidades

Áreas favoráveis ao uso urbano e industrial Solos em geral com fertilidade muito baixa, necessitando de fertilização e irrigação para obtenção de produtividades economicamente viáveis. O relevo permite a mecanização.

Restrições Susceptibilidade a erosão laminar e em sulcos quando da remoção do solo superficial em obras de terraplenagem ou de drenagem que provocam a concentração do escoamento superficial.

Diagnóstico Terreno pouco susceptível a interferência e favorável ao uso antrópico. Ocorrência dos processos: Ocasional - ocorre em alguns locais, de modo fortuito e eventual. Freqüente - ocorre em vários locais, sendo um

processo que se repete no relevo. Generalizado - ocorre em muitos locais sendo comum a sua presença. Intensidade dos processos: baixa,

média e alta.

Quadro 4 - Características dos Terrenos Colinosos

Apresentam processo de erosão laminar e em sulcos freqüentes e de média a baixa

intensidade e ainda boçorocas ocasionais e de baixa intensidade, o que lhes confere

baixa susceptibilidade à ocupação e a urbanização. Porém, a ocupação desordenada

pode acelerar processos de erosão e acumulação e a contaminação de cursos de água.

O grande número de construções que existem nos terrenos Colinosos, bem como a

disposição de grande quantidade de entulho, restos de construção e restos de poda,

tem provocado alterações significativas, que afetam as suas encostas e as Planicies

fluvio-coluviais adjacentes, processos largamente verificados.

Terrenos de Planície fluvio-coluvial são terrenos em que ocorrem vários canais

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fluviais, em sua maior parte alterados pela construção dos lagos do Parque, pela

atividade mineraria passada e pela urbanização. São formados por uma rampa

levemente inclinada, geralmente com blocos e matacões e uma planície de inundação

mais rebaixada e plana com canais aluviais e áreas alagadiças, nos fundos de vales

erosivos-acumulativos, geralmente encaixados e profundos (Quadro 5).

PLANÍCIE FLUVIO COLUVIAL

Relevo

Planície Fluvio-Coluvial

Altitudes variadas Inclinação: 2 a 5%

Área plana, estreita, descontínua com alagadiços, que ocorrem no fundo dos vales e lateralmente passam a rampas pouco inclinadas. Canais sinuosos aluviais com areia, blocos e matacões. Formadas por processos fluviais, gravitacionais e pluviais.

Substrato Rochoso,

Sedimentos e Coberturas

Constituídos por camadas de areias médias e grossas, micáceas, por vezes arcoseanas e ou argilosas, que predominam no topo e níveis de seixos orientados, blocos arredondados e matacões.

Unidades de Solos

Associação de Gleissolo Háplico de textura argilosa com Neossolo Flúvico textura errática, nas áreas mais inclinadas associam-se Cambissolo Háplico textura argilosa, rochoso ou não rochoso com o Gleissolo Háplico de textura argilosa.

Dinâmica Superficial

Erosão vertical e lateral de canais. Rastejo e acumulo de detritos,freqüente e de média a alta intensidade. Enchentes sazonais e torrenciais.

Potencialidades

Áreas para proteção e abrigo da fauna e da flora silvestre, recreação e turismo.

Restrições

Solos ácidos e pobres em nutrientes, com severas restrições para o uso agrícola, pastoril ou florestal devido a sua elevada capacidade de degradação, a elevada erodibilidade, a forte a muito forte limitação a trafegabilidade. Dificuldades de escavação e de cravação de estacas, possibilidade de recalques diferenciais em fundações estruturais devido à presença de matacões no solo. Problemas localizados de instabilidade devido a presença de blocos e matacões. Risco de processos erosivos e de assoreamento dos canais fluviais devido à ação das torrentes serranas. Proximidade de Áreas de Preservação Permanente (APP).

Diagnóstico Terrenos muito susceptíveis à interferência devido a inundações sazonais e torrenciais. Áreas para proteção e abrigo da fauna e flora silvestre, recreação e turismo.

Ocorrência dos processos: Ocasional - ocorre em alguns locais, de modo fortuito e eventual. Freqüente - ocorre em vários

locais, sendo um processo que se repete no relevo. Generalizado - ocorre em muitos locais sendo comum a sua presença.

Intensidade dos processos: baixa, média e alta.

Quadro 5 - Características das Unidade de Terreno Planície Fluvio-Coluvial

Esses terrenos são constituídos por camadas de areias médias e grossas, micáceas,

por vezes arcoseanas e ou argilosas, que predominam nas áreas planas, onde se

desenvolve Gleissolo argiloso e Neossolo Flúvico; e nas rampas, com níveis de seixos

orientados, blocos arredondados e matacões, onde se associam Cambissolo argiloso e

Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais

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rochoso ou não rochoso com o Gleissolo argiloso.

Por se tratarem de áreas com riscos de enchentes sazonais e torrenciais que

provocam acúmulo de detritos freqüente de média a alta intensidade, pelo risco de

contaminação devido à presença de lençol freático elevado e pela presença de áreas

de Preservação Permanente, são áreas de uso restrito.

No PE Alberto Lofgren a qualidade ambiental é bastante comprometida pelo

lançamento de esgoto e águas servidas, deposição de lixo e entulhos e pela retificação,

barramento e aterramento dos canais fluviais. Dessa forma, esses terrenos

apresentam alta susceptibilidade à ocupação sendo comumente recomendados para

proteção e abrigo da fauna e da flora silvestre e para fins de recreação e turismo.

4. Conclusões

As Unidades de terrenos são áreas relacionadas e uniformes podendo ser descritas

simultaneamente.

A aplicação do conceito de terreno permite realizar a análise conjunta das

características de uma dada área, otimizando recursos humanos e financeiros.

No planejamento é possível sugerir restrições e potencialidades de uso da área.

VI Seminário Latino Americano de Geografia Física

II Seminário Ibero Americano de Geografia Física

Universidade de Coimbra, Maio de 2010

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