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7/25/2019 Antropofagia poltica e esttica.pdf
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Algumas reflexes sobre vingana e antropofagia como
modelos poltico e estticos ainda vigentes na cultura brasileira1
Prof. Dra. Marta Lcia Pereira Martins DAP!"#A$%!&D#'"
(
As aventuras do artilheiro alemo Hans Staden no perodo colonial brasileiro,
ilustram os desgnios e as engendraes da diferena e da alteridade. Autor dos
primeiros registros de viagens escritos sobre o Brasil cuja primeira verso em livro
impresso foi feita em arburg, na Alemanha, em !""#, Primeiros registros escritos e
ilustrados do )rasil e seus *abitantes$descreve as duas viagens ao %Brasil& e consta
entre as primeiras narrativas de testemunho dos viajantes europeus ao 'ovo undo.
'ele, Staden conta a sua deteno de nove meses entre os (upinamb)s onde viveu a
e*peri+ncia de ser ameaado constantemente de ser objeto de antropofagia ritual. Ao
longo de uatro s-culos, a antropofagia havia se tornado um elemento interditado tanto
no discurso %culto& do pas, uanto dentro da prpria cultura indgena, postando/se,
por-m, no primeiro movimento modernista com a voracidade com a ual todo objeto
reprimido retorna. 'ossa vera con, a face ue mostramos, - sempre auela pela ual
somos vistos no jogo de espelhos cujo objetivo - o de capturar m)scaras de identidade.
Ao se reconsiderar, algumas das bases com as uais o modernismo antropof)gico
brasileiro da gerao de 00, tratou de sustentar seu modelo est-tico baseado no motivo
da vingana, se pode ver ue isso implica numa condio poltica ue de cunho
pedaggico dirigida a uma inveno da identidade brasileira, ue se baseia justamente
na falta desta identidade. A r)pida apreenso e recriao, ao nosso modo, dos modelos
culturais do estrangeiro, misturadas )s manifestaes regionais prprias do pas, ainda
permanecem como um %modo de fa1er& peculiar e prprio da est-tica brasileira
2 Manifesto antrop+fago postulava j) na primeira linha, ue3 %S a
antropofagia nos une. Socialmente. 4conomicamente. 5ilosoficamente.& 62u seja, esse
modelo de apreenso e de devorao era visto por 2s7ald como a 889nica coisa a unir a
diversidade do pas. 2 processo de profundas e comple*as transformaes ue foram
!Artigo produ1ido a partir do :rojeto de :esuisa % ;a1es antropof)gicas3 labirintos e parado*os naconstituio formativa do modernismo brasileiro.0:rofessora do
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delineando o Brasil como 4stado e 'ao desde os primeiros contatos e, ue se abre a
partir das primeiras percepes da prpria paisagem e da incomensur)vel e abism)tica
sensao de estranhe1a, ue iria engendrar uma m)uina produtora de alteridade entre
as diferentes origens, definiria uma condio cultural de cunho m9ltiplo, j) na formao
do Brasil.
'os primeiros registros de viagens escritos por Staden a problem)tica da
vingana como motor cultural das culturas indgenas, aparece com freF+ncia e tra1
como conseF+ncia 9ltima o canibalismo.
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sofrimento, ue geralmente alimenta a sobreviv+ncia do heri.. A esse respeito, o crtico
liter)rio AntJnio =@ndido dedicou um ensaio, %
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!"6 R Gisboa na tentativa de arranjar uma viagem para a Tndia, mas acaba por se
engajar num navio mercante de um certo capito :enteado. 2 navio ue viria em busca
de pau/brasil, devia tamb-m combater o contrabando com mouros da costa africana,
apreender navios franceses ue disputavam o com-rcio da madeira de tinta nas costas da
terra de Santa =ru1, bem como transportar alguns degredados. !O
Aps muitas perip-cias, chegam R =osta de :ernambuco em janeiro de !"6?, e
logo lhes veio um pedido de ajuda num dos primeiros n9cleos de coloni1ao para
acudir uma vila sitiada pelos selvagens. =onseguiram uebrar o cerco e reabastecer a
vila. 4ntretanto, na busca de pau/brasil encontraram, na costa da :araba, uma nau
francesa carregada com a valiosa madeira. 'a tentativa de aprision)/la, perdem o mastro
principal, e com algumas bai*as, rumam de volta a :ortugal, em uma viagem marcada
pela fome e pela sede at- os Aores, onde reabastecem e seguem viagem para Gisboa,
ancorando !Q meses depois. Hans Staden no se dei*ou abater pelos primeiros
infort9nios e j) em !""O encontra/se no navio So iguel, cujo capito - Doo de
Sala1ar, ue ir) se dirigir em busca do ;io da :rata. Aps um motim ue foi serenado
na altura das ilhas =an)rias, pr*imo a =osta da Uuin-, uma tempestade desgarrou a
nau capit@nia, e no m+s seguinte foram atacados por cors)rios franceses, ue levaram
todos os bens da tripulao. 4mpreenderam ento a travessia at- chegarem R lha de
Santa =atarina, onde entraram em contato com os primeiros portugueses ue lhes deram
as coordenadas e a dist@ncia para o Sul M;io da :rataN e para o norte MSo PicenteN.
A e*pedio se reorgani1a e se divide, deliberando/se ue a maioria do grupo se
dirigiria para o leste em busca de Assuno no :araguai, onde j) havia um
estabelecimento espanhol, enuanto os restantes, entre eles, Staden tentariam navegar
para o norte em direo a So Picente.'ova viagem acidentada3 A nave foi forada
pelos ventos, ue a despedaou contra rochedos.
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durante uma caada na ilha, foi ento feito prisioneiro dos tupinamb)s, sendo levado
primeiro para uma aldeia de >batuba, depois para a de Arir, onde se encontrava o
chefe =unhambebe.!!Staden ficou nove meses em cativeiro, onde presenciou as cenas
de antropofagia ritual ue antecipavam o seu futuro sacrifcio. Aps uma s-rie de
incidentes e tentativas de fuga, conseguiu finalmente ser salvo por um navio mercante
franc+s, at- ue, em !""", chegava ao porto de Honfleur, na 5rana.
2 interesse da narrativa dos viajantes, tal como a de Staden, no se encontra apenas no
propsito de registro histrico, mas em seu car)ter de obra com valor em si mesma.
4ste car)ter estranho e e*tremado, ue no prov-m apenas da descrio das descobertas
do novo da paisagem, ou de seus habitantes e costumes ou ainda do prprio medo em
face a tudo, essa narrativa trata tamb-m da evidenciao do abismo da prpria
linguagem e da impossibilidade ue h) nela de se tradu1ir plenamente a e*peri+ncia.
X viol+ncia avassaladora ue fundou e foi definindo os espaos territoriais e as
posies sociais durante a -poca da coloni1ao, foi sendo aderido um processo
fragment)rio de condicionamentos recprocos ue perduraria at- o presente. Sob
distintos mati1es de interpretao, os intelectuais ue se dedicam a analisar a cultura
brasileira, volta e meia, esbarram neste parado*o constitutivo. Segundo o historiador
5ernando 'ovais mesmo havendo enormes variaes no processo, o tpico b)sico e
insol9vel - sempre o mesmo3
;eali1ada a emancipao sob o comando desse senhoriato colonial Msenhores
das terras e das gentes, amerndios servili1ados ou africanos escravi1adosN a
nao assim criada no pode se identificar com os coloni1adores Mporue a
separao perderia sentidoN nem com os coloni1ados Mamerndios, africanosN
porue continua a e*plor)/los, isto -, a coloni1)/los.M...N
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'ovais destaca a partilha do estrangeiro das nossas prprias perple*idades, como um
trao comum ue mant+m as bases sobre a ual uma cultura se efetiva e
conseuentemente, como um dado da est-tica e das relaes polticas ue dela adv-m.
A partilha para os modernistas antropof)gicos encontrava/se associada R
recuperao dos elementos culturais ue iriam ue iriam desde h)bitos indgenas, at-
manifestaes regionais e populares, ue haviam sido escondidos por uma capa
embranuecedora pela elite cultural do pas.
A imagem de um caldo cultural em ebulio nestas primeiras d-cadas do s-culo
II, poderia ser regada com o cauim, signo da incorporao da alteridade e aglutinador
da e*peri+ncia de partilha nas culturas indgenas. 4ssa bebida feita de ra1es de
mandioca era preparada, segundo dois relatos do perodo colonial, em diversas etapas.
Segundo relato do prprio Staden, da seguinte maneira3
So as mulheres ue preparam as bebidas. >sam ra1es de mandioca e co1em/
nas em grandes panelas. [uando est) co1ido, retiram as mandiocas das
panelas, despejam/na em outras panelas ou vasos e dei*am ue esfrie um
pouco. A seguir, meninas sentam/se ao redor e a mastigam, colocam o
mastigado num vaso especial. [uando todas as ra1es foram mastigadas,colocam o mastigado novamente na panela, despejam )gua por cima,
misturam ambos, e dei*am ficar uente de novo. 4nto h) vasos especiais ue
enterram pela metade dentro da terra e ue usam como se usam por aui
barris para vinho e cerveja.
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=onforme a descrio do franc+s Dean de G-rK a cauinagem tinha uma estrita relao
com a dana3
as - principalmente uando emplumados e enfeitados ue matam e comem
um prisioneiro de guerra em bacanais R moda pag, de ue so sacerdotes
-brios, ue se fa1 interessante v+/los rolar os olhos nas rbitas. as tamb-m
acontece sentarem/se em redes de algodo e uns em frente dos outros
beberem modestamenteL mas como o seu costume - de se reunirem todos, de
um aldeia ou de muitas para beber Mo ue nunca fa1em para comerN, esses
beberetes especiais so muito raros. Bebam pouco ou muito por-m, como no
sofrem de melancolia congregam/se todos os dias para danar e folgar em suaaldeia.M...N no fa1em outra coisa todas as noites seno entrar e sair de casa
danando e saltando.M...N =umpre notar ue em todas essas danas, uaisuer
ue sejam, nunca as mulheres se misturam aos homensL se uerem fa1em/no
em grupo separado.!6
2 preparo do =auim, atividade feminina na ual a rai1 no - digerida, mas
acrescida de saliva at- sua fermentao, cujo resultado - uma baba embriagante, revela
um duplo valor no banuete ritual antropof)gico da devorao plena do inimigo /
fartamente regado pela bebida / uma parte luida ue recusa, e uma outra slida, ue
assimila.!" Sendo a vingana o grande valor do corpo cultural tupinamb) cumpre
observar ue a represso imposta ao verdadeiro ritual antropfago gerou transfiguraes
de ordem mtica e cosmolgica ao longo dos s-culos de coloni1ao, de tal modo, ue
segundo o antroplogo 4duardo Piveiros de =astro, os Ara7et-, uma tribo
remanescente dos tupinamb)s, transpe o mesmo mpeto antropof)gico em seus
discursos sobre o destino pstumo das pessoas. 4sta cosmologia fundamentada numdevir-outro, sugere a id-ia de um corpo ue no - definidor de um %eu&, ue no - uma
%priso da alma&, mas um objeto de devorao ue devolve a alma ao mundo. sso
possibilita, %habitar novos corpos e apropriar/se de outros pontos de vista sobre o
!6
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universo. Assim, esse %eu& no pode ser tomado como valor em si, j) ue seu ideal
reside sempre alhures, est) sempre projetado na alteridade.&!Q
Aui se arma todo um ponto nevr)lgico, ue gera uma perturbao sustentada
como o elemento unheimlich!#na constituio subjetiva do car)ter identit)rio nacional.
(rata/se de um elemento ue por fora de agrupamento coletivo ou partilha, poderia a
primeira vista, produ1ir a id-ia de um %povo brasileiro&, sustentado na esperana da
formao de um car)ter nacional homog+neo.!
A intuio da impossibilidade de um grupamento homog+neo de pessoas sob a
salvaguarda da id-ia de 'ao pode ser considerada uma das ra1es ue levaria a
gerao antropfaga a buscar na mitologia indgena alguns elementos de recusa a um
modelo de cultura europ-ia, pelo menos da no euro/atl@ntica. 4sta - a condiosine
qua nonpara o mote cultural da primeira gerao de modernistas no pas, ue iria
fundar um modelo irreverente, mas baseado na busca das matri1es histricas de
tonalidades hbridas presentes na cultura popular e simultaneamente, criar uma
mauinaria de fico das ra1es brasileiras. 2 regime est-tico modernista tem sido desde
ento, sucessivamente problemati1ado por uma boa parcela das geraes posteriores na
arte e na literatura brasileiras.!?
!QPP4;2S de =AS(;2, 4duardo. %2 m)rmore e a murta3 Sobre a inconst@ncia da alma selvagem.&n3
A inconstncia da alma selvagem.( e outros ensaios de antropologia. S:3 =osacW'aifK, 0OO0.
!#!"%=hama/se unheimlich tudo ue deveria permanecer secreto, escondido e se manifesta&. escreve5reud em te*to publicado em !?!?, e posteriormente como %2 estranho& em portugu+sL %4l sinistro& aoespanhol, %Ge inuietante etranget-& ao franc+s, e ainda %(he uncannK& ao ingl+s.(rata/se de uma an)lisede um conto de Hoffmann, %2 homem de Areia&, onde o psicanalista observa ue a operao te*tualdentro desta narrativa e*trapola os limites da fico codificada, fechada em seu prprio regime, para iral-m, ao apresentar o ponto de vista do personagem como realidade possvel e no como puro delrio.Algo ao mesmo tempo familiar e inuietante, o unheimlichna leitura freudiana e*trai de um estudo sobreo mitolgico e liter)rio, elementos ue potenciali1ariam a psican)lise ao circundar os limites darepresentao. 5;4>
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A antropofagia tupinamb) est) longe de deglutir um corpo coisificado, pois em
sua ordem cosmolgica do sagrado, %a morte em mos alheias era morte e*celente
porue era morte vindic)vel, isto -, justific)vel e ving)velL morte com sentido, produtora
de valores e de pessoas, conforme declara o antroplogo 4duardo Piveiros de =astro.0O
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o ue estaria em jogo, seria uma inuieta e radical noo de incompletude, uma
indispensabilidade dos outros.
Pale lembrar ainda, ue %vingana& - uma palavra ue pertence tamb-m R constelao
sem@ntica ligada ao plantio e R fertilidade, e ue tornava/se na cultura tupinamb), o
centro da memria coletiva do prprio grupo e do grupo inimigo.
Ainda colocando em discusso retrospectiva a problem)tica de um ponto
de vista estrito R literalidade do canibalismo, sabemos hoje ue j) na Ur-cia antiga, o ato
de comer carne humana era denominado anthropophaga.4 ue somente depois da
descoberta da Am-rica, difundiu/se o termo canibalismo, tendo a origem da palavra uma
relao com a primeira viagem de =olombo, uando o navegador torna/se ciente, atrav-s
dos ara$a%, ue os cari&, seus inimigos antropfagos, eram fero1es, b)rbaros e
conhecidos como cari&a. 4mbora antropfagos e canibais sejam, em princpio,
id+nticos, h) uma importante distino entre os termos3 a antropofagia seria ritual,
enuanto o canibalismo ocorreria motivado pela necessidade, pela fome. 4ssa diferena
destaca ue o consumo da carne humana como mantimento era mais degradante do ue
a ingesto segundo regras sociais00. 'esse sentido, os antroplogos discordam da
variao, pois no h) notcias de sociedade ue tenha consumido carne humana como
alimento. 'o perodo colonial brasileiro, foram descritos dois tipos de canibalismo ou
antropofagia3 o e*o/canibalismo, comum entre os tupis, e o endo/canibalismo, praticado,
segundo cronistas coloniais, pelos tapuias do nordeste. 4sta distino, feita pelo
historiador ;onald ;aminelli leva em considerao muitos dos pressupostos de Piveiros
de =astro conforme leremos a seguir3
4ntre os primeiros, os festins canibais fa1iam parte da guerra. 2prisioneiro era condu1ido R aldeia, onde, mais tarde, encontraria a morteem ritual marcado pela vingana e coragem. Gogo aps a chegada, o
chefe designava uma mulher para casar com ele, mas ela no podiaafeioar/se ao esposo. 2 dia da e*ecuo era uma grande festa. 'o centroda aldeia, os ndios, sobretudo as ndias, se alvoroavam. 2s vi1inhostamb-m estavam convidados, todos provariam da carne do oponente. 'oritual, homens, mulheres e crianas lembravam e vingavam/se dos
parentes mortos. mobili1ada, a vtima no esuecia do mpeto guerreiro3enfrentava com bravura os inimigos e perpetuava o sentimento devingana. Seus parentes logo o reparariam a sua morte. 4ssa morte erahonrosa, criava elos entre amigos e entre inimigos e identidade entregrupos.
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matador, no entanto, no participava do banuete, entrava em resguardo etrocava de nome. =om a coloni1ao, esse rito foi paulatinamenteabandonado, provocando, segundo 4duardo Piveiro de =astro, a perda deuma dimenso essencial da sociedade tupinamb)3 a identidade. 2antroplogo ainda comenta ue a represso ao canibalismo no foi o
9nico motivo para o abandono. 2s europeus passaram a ocupar o lugar eas funes dos inimigos, alterando a lgica do ritual. 2 endo/canibalismono se pautava na vingana, mas na ingesto da carne de amigos ou
parentes j) mortos. 4ntre os tapuias, no havia melhor t9mulo do ue asentranhas dos companheiros. 4ra um ato de amor3 mes e pais devoravamseus filhos.
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enfim, ue antecede a prpria linguagem imagstica de ue - constituda amat-ria/prima da pintura. 0"
'o ensaio de Ana Gusa, encontra/se tamb-m uma refer+ncia ao pensamento de
alter Benjamin, ue, segundo a autora, j) -, por sua ve1, saturninamente reprodu1ido apartir de fragmentos de %um corpo arcaico desmembrado&, potenciali1ador das alegorias
modernas.0QAssim, de uma memria cultural fragmentada, o retorno de certas imagens,
como auelas produ1idas pelo nosso movimento modernista ue havia incorporado
procedimentos similares aos do surrealismo, as fecundas reicorporaes da arte
brasileira desde a virada modernista antropof)gica arma um modelo est-tico e poltico e
coloca ainda em funcionamento, auela esp-cie de %penhor da sociedade em seu prprio
devir&, ue conforme o argumento de Piveiros de =astro, - fundador por e*cel+ncia, domotivo da vingana nas sociedade tupinamb), mas ue metaforicamente prope um
regime est-tico e conceitual para nosso pas.
0"dem. p. !6.0Qbidem. p. !"O.