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Antropologia Econômica Karl Polanyi: Formalismo vs substantivismo Prof.: Rodrigo Cantu

Antropologia Econômica KarlPolanyi:Formalismo … · Economia embutida -A grande transformação (1944) social política Mercado família Economia desembutida -A grande transformação

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Antropologia Econômica

Karl Polanyi: Formalismo vs substantivismo

Prof.: Rodrigo Cantu

“A economia é a ciência que estuda o comportamento humano como uma

relação entre fins e recursos escassos com usos alternativos”

Robbins, An Essay on the nature and significance of Economic Science, p.15

Lionel Robbins (1898-1984)

Conceito Formal

Maximização de utilidade

Curvas de indiferença e restrição orçamentária

?

?

Tarefa da antropologia econômica

• Coincidência entre conceito formal e ação em economia de mercado• Meios limitados – fins alternativos – ação maximizadora• Conjunto dessas ações define agregado econômico

• Conceito apenas lógico e não empírico

• Limitações empíricas:• Outros arranjos econômicos não mercantis• Escassez sem escolha

• Retorno ao que os humanos fazem para sobreviver

Problemas do Conceito Formal

“A economia é um processoinstitucionalizado de interação

entre o ser humano e seu ambiente, que resulta em um suprimento contínuo de

meios materiais necessários”

Polanyi, The economy as instituted process, p.248Karl Polanyi

(1886-1964)

Conceito Substantivo

Processo

Conceito Substantivo

Institucionalizado

Movimento contínuo,

sem interrupção

Não aleatório, regularidades,

padrões

Formas de integração

Formas de integração

Reciprocidade

Formas de integração

Redistribuição

Formas de integração

Redistribuição

Formas de integração

Troca

Formas de integração

Domesticidade

Formas de integração

Domesticidade

Forma de integração

Padrão institucional

Exemplos Imersão

Reciprocidade Simetria Trobriand Social

Redistribuição Centralidade Egito, Inca Política

Domesticidade Autarquia Oikos grego Família

Troca Mercado Capitalismo Sem imersão

Formas de integração

Karl Polanyi (1886-1964)

(1957)

(1944)

social

política

economia

família

Economia embutida - A grande transformação (1944)

social

política

Mercado

família

Economia desembutida - A grande transformação (1944)

• Natureza

• Trabalho

• Dinheiro

Mercadorias fictícias

O ponto crucial é o seguinte: trabalho, terra e dinheiro são elementosessenciais da indústria. Eles também têm que ser organizados emmercados e, de fato, esses mercados formam uma parte absolutamentevital do sistema econômico. Todavia, o trabalho, a terra e o dinheiroobviamente não são mercadorias. O postulado de que tudo o que écomprado e vendido tem que ser produzido para venda éenfaticamente irreal no que diz respeito a eles. Em outras palavras, deacordo com a definição empírica de uma mercadoria, eles não sãomercadorias. Trabalho é apenas um outro nome para atividade humanaque acompanha a própria vida que, por sua vez, não é produzida paravenda mas por razões inteiramente diversas, e essa atividade não podeser destacada do resto da vida, não pode ser armazenada oumobilizada. Terra é apenas outro nome para a natureza, que não éproduzida pelo homem. Finalmente, o dinheiro é apenas um símbolo dopoder de compra e, como regra, ele não é produzido mas adquire vidaatravés do mecanismo dos bancos e das finanças estatais. Nenhumdeles é produzido para a venda. A descrição do trabalho, da terra e dodinheiro como mercadorias é inteiramente fictícia.A grande transformação, p. 94.

Permitir que o mecanismo de mercado seja o único dirigente do destinodos seres humanos e do seu ambiente natural, e até mesmo o árbitro daquantidade e do uso do poder de compra, resultaria nodesmoronamento da sociedade. Esta suposta mercadoria, "a força detrabalho", não pode ser impelida, usada indiscriminadamente, ou atémesmo não-utilizada, sem afetar também o indivíduo humano queacontece ser o portador dessa mercadoria peculiar. Ao dispor da forçade trabalho de um homem, o sistema disporia também,incidentalmente, da entidade física, psicológica e moral do "homem"ligado a essa etiqueta. Despojados da cobertura protetora dasinstituições culturais, os seres humanos sucumbiriam sob os efeitos doabandono social; morreriam vítimas de um agudo transtorno social,através do vício, da perversão, do crime e da fome. A natureza seriareduzida a seus elementos mínimos, conspurcadas as paisagens e osarredores, poluídos os rios, a segurança militar ameaçada e destruído opoder de produzir alimentos e matérias-primas.

A grande transformação, p. 94.

Finalmente, a administração do poder de compra por parte do mercadoliquidaria empresas periodicamente, pois as faltas e os excessos dedinheiro seriam tão desastrosos para os negócios como as enchentes eas secas nas sociedades primitivas. Os mercados de trabalho, terra edinheiro são, sem dúvida, essenciais para uma economia de mercado.Entretanto, nenhuma sociedade suportaria os efeitos de um tal sistemade grosseiras ficções, mesmo por um período de tempo muito curto, amenos que a sua substância humana natural, assim como a suaorganização de negócios, fosse protegida contra os assaltos dessemoinho satânico.

A grande transformação, p. 95.

O mercado auto-regulável era uma ameaça a todos eles [trabalho, terrae dinheiro] e por razões basicamente similares. Se a legislação fabril eas leis sociais eram exigidas para proteger o homem industrial dasimplicações da ficção da mercadoria em relação à força de trabalho, seleis para a terra e tarifas agrárias eram criadas pela necessidade deproteger os recursos naturais e a cultura do campo contra asimplicações da ficção de mercadoria em relação a eles, era tambémverdade que se faziam necessários bancos centrais e a gestão dosistema monetário para manter as manufaturas e outras empresasprodutivas a salvo do perigo que envolvia a ficção da mercadoriaaplicada ao dinheiro.

A grande transformação, p. 163.

• Stalinismo

• Fascismo

• New Deal

Autoproteção da sociedade - Reações do século XX à sociedade de mercado do século XIX

Viena Vermelha (1918-34)

Partido Trabalhista Social-Democrata

Projetos habitacionais populares

Mudanças progressistas urbanas, sanitárias, educacionais e participativas

Considere comparativamente dois casos de organização da subsistência:

a/ Economia das ilhas Trobriand: Distribuição de parte da colheita à família da irmã, sagali, gimwali e kula.b/ Economia moderna de mercado com moeda.

Discuta esses dois casos à luz das teorias antropológicas vistas em aula.

Objetivos mínimos:1/ Discussão dos casos à luz da ideia de economia da dádiva de Marcel Mauss (4 pontos)2/ Discussão dos casos à luz dos diferentes padrões de integração de Karl Polanyi (4 pontos)3/ Discussão de outras visões da antropologia (2 pontos)

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