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  A EVOLUÇÃO DA INTERVENÇÃO FARMACÊUTICA HOSPITALAR: O Papel Atual do Farmacêutico no Universo Hospitalar  1º Ten Al MICHELE DE OLIVEIRA ANTUNES RIO DE JANEIRO 2008 

ANTUNES, 2008

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1 Ten Al MICHELE DE OLIVEIRA ANTUNES

A EVOLUO DA INTERVENO FARMACUTICA HOSPITALAR: O Papel Atual do Farmacutico no Universo Hospitalar

RIO DE JANEIRO 2008

1 Ten Al MICHELE DE OLIVEIRA ANTUNES

A EVOLUO DA INTERVENO FARMACUTICA HOSPITALAR: O Papel Atual do Farmacutico no Universo Hospitalar

Trabalho de concluso de curso apresentado Escola de Sade do Exrcito, como requisito parcial para aprovao no Curso de Formao de Oficiais do Servio de Sade, especializao em Aplicaes Complementares s Cincias Militares.

Orientador: Major Farmacutico Jlio Lopes Queiroz Filho

Rio de Janeiro 2008

SUMRIO 1 INTRODUO........................................................................................................... 2 METODOLOGIA........................................................................................................ 3 DESENVOLVIMENTO............................................................................................... 3.1 A FARMCIA HOSPITALAR NO BRASIL.............................................................. 3.2 A FARMCIA HOSPITALAR EM OUTROS PASES DO MUNDO........................ 3.3 EVOLUO DO CONCEITO DE FARMCIA HOSPITALAR................................ 3.4 FARMCIA HOSPITALAR: MBITO...................................................................... 3.5 PERFIL DO FARMACUTICO HOSPITALAR....................................................... 3.6 ASSISTNCIA FARMACUTICA HOSPITALAR................................................... 3.7 FUNES BSICAS DO FARMACUTICO HOSPITALAR.................................. 3.7.1 Seleo de medicamentos, germicidas e correlatos...................................... 3.7.2 Aquisio, conservao e controle dos medicamentos selecionados........ 3.7.3 Manipulao/ produo dos medicamentos e germicidas............................ 3.7.4 Estabelecimento de um sistema racional de distribuio de medicamentos.............................................................................................................. 3.7.5 Implantao de um sistema de informao sobre medicamentos................ 3.8 PAPEL CLNICO DO FARMACUTICO HOSPITALAR.......................................... 3.8.1 Estudos de utilizao de medicamentos.......................................................... 3.8.2 Protocolos teraputicos..................................................................................... 3.8.3 Programas de farmacocintica clnica............................................................. 3.8.4 Programas de farmacovigilncia...................................................................... 3.8.5 Farmcia clnica.................................................................................................. 3.8.6 Terapia nutricional.............................................................................................. 3.9 MANIPULAO DE ANTINEOPLSICOS EM FARMCIA HOSPITALAR............ 3.9.1 Assistncia farmacutica ao paciente oncolgico......................................... 3.10 PAPEL DO FARMACUTICO HOSPITALAR NA EDUCAO E PESQUISA..... 06 08 09 09 11 12 14 15 16 17 17 19 19 20 21 22 22 23 23 24 24 25 26 27 28

4 CONCLUSO............................................................................................................. 29 REFERNCIAS............................................................................................................. 30

1 INTRODUO Interveno farmacutica um ato planejado, documentado e realizado junto ao usurio e profissionais de sade, que visa resolver ou prevenir problemas que interferem ou podem interferir na farmacoterapia, sendo parte integrante do processo de acompanhamento/ seguimento farmacoteraputico. A evoluo da interveno farmacutica hospitalar estabelece-se em paralelo com a revoluo tecnolgica iniciada nos anos 60. At ento, a indstria farmacutica era praticamente inexistente, e a utilizao de medicamentos dependia quase exclusivamente da produo hospitalar. Novos conceitos relacionados com os mtodos de produo de medicamentos surgiram. Aparece a Biofarmcia ou Biogalnica e sabe-se que o processo de fabricao pode influenciar a atividade farmacolgica do medicamento. Os farmacuticos hospitalares conscientes de sua responsabilidades comeam a questionar-se sobre a qualidade, eficcia e segurana dos medicamentos preparados em larga escala nos hospitais. Paralelamente, constata-se a implantao e o desenvolvimento da Indstria Farmacutica em todo o mundo. A produo hospitalar que no consegue acompanhar este ritmo acelerado, v as sua instalaes e equipamentos tornarem-se obsoletos, e a produo dos seus lotes economicamente inviveis (BRASIL, 1994). Os novos frmacos sendo cada vez mais eficazes, so tambm mais txicos. Comea uma nova era com o virar da pgina da histria da farmcia hospitalar. O Farmacutico Hospitalar comea a ser solicitado para prestar informaes sobre as implicaes que as caractersticas especficas destes novos medicamentos podem ter sobre o perfil clnico dos pacientes. Surge uma nova forma de estar na profisso, que se designar por Farmcia Clnica. Fica na histria da farmcia hospitalar a frase ao doente certo, o medicamento certo, que reflete toda uma preocupao crescente com a qualidade e segurana. O medicamento passa a ser orientado para o doente (BRASIL, 1994). Os farmacuticos hospitalares respondem as novas exigncias e, mantendo uma atitude interventiva e francamente positiva, assumem, uma vez mais, novas responsabilidades. A eles est reservada a misso de integrar, na sua plenitude, a equipe multidisciplinar de sade, cumprindo o seu exerccio integrado um novo conceito, que visa a promoo da melhoria da qualidade de vida dos doentes (BRASIL, 1994). O presente trabalho visa relatar a evoluo da Interveno Farmacutica Hospitalar, desde os primrdios do Servio de Farmcia Hospitalar, quando o Farmacutico fabricava os medicamentos dentro do prprio hospital, passando pela evoluo da Indstria Farmacutica, o desenvolvimento do conceito de Assistncia Farmacutica e Garantia da Qualidade que trouxeram a necessidade de uma verdadeira revoluo dentro do Universo Farmacutico Hospitalar. Sero abordados tambm novos papis do farmacutico dentro do hospital como o fracionamento de medicamentos em doses unitrias e a manipulao de citotxicos que levantaram a necessidade de um maior controle ambiental das reas de manipulao.

2 METODOLOGIA

A metodologia utilizada para elaborao do presente trabalho de concluso de curso foi a reviso bibliogrfica. Foram realizadas buscas de livros e artigos de revistas que tratassem do tema Interveno Farmacutica Hospitalar situando o papel do farmacutico hospitalar no Brasil e no mundo, porm focando mais o Brasil. Os livros formam pesquisados em acervo prprio da autora deste trabalho, e outros pesquisados nas bibliotecas da Fiocruz e da Escola de Sade do Exrcito. Os artigos de revistas foram encontrados em endereos da Internet como os sites de pesquisa mdica Lilacs e Scielo, e sites oficiais da Internet como o do Conselho Federal de Farmcia e Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria.

3 DESENVOLVIMENTO

3.1. A FARMCIA HOSPITALAR NO BRASIL

A Farmcia Hospitalar data da poca dos gregos, romanos e rabes e , certo que na Idade Mdia a Medicina e a Farmcia se desenvolviam de forma paralela, sob a responsabilidade de religiosos dos conventos, nas boticas e nos hortos de plantas medicinais. Com o advento das especialidades farmacuticas, o farmacutico passou a no exercer a sua funo de manipulador de frmulas medicamentosas e orientador do uso de medicamentos (BRASIL, 1994). A evoluo histrica da Farmcia Hospitalar no Brasil est vinculada estruturao do complexo mdico industrial. No incio do sculo XX, o farmacutico era o profissional de referncia para a sociedade nos aspectos do medicamento, atuando e exercendo influncia sobre todas as etapas do ciclo do medicamento. Nesta fase artesanal, alm da guarda e dispensao de medicamentos, o farmacutico hospitalar era responsvel, tambm, pela manipulao de, praticamente, todo o arsenal teraputico disponvel na poca. A expanso da indstria farmacutica, o abandono da prtica de formulao pela classe mdica e a diversificao do campo de atuao do profissional farmacutico, levaram-no a se distanciar da rea de medicamentos, descaracterizando a farmcia. No perodo compreendido entre 1920 e 1950 intensificou-se esta descaracterizao das funes do farmacutico e as farmcias hospitalares converteram-se num canal de distribuio de medicamentos produzidos pelas indstrias (GOMES e REIS, 2003).

Desde 1950 evidenciou-se uma fase de desenvolvimento da farmcia hospitalar, com grande enfoque na questo da fabricao de medicamentos (GOMES e REIS, 2003). Os Servios de Farmcia Hospitalar representados na poca pelas Santas Casas de Misericrdia e Hospital de Clnicas da Universidade de So Paulo, passaram a se desenvolver e a se modernizar. O professor Jos Sylvio Cimino, diretor do Servio de Farmcia do Hospital de Clnicas da Universidade de So Paulo, foi o farmacutico que mais se destacou nesta luta, sendo, inclusive, o autor da primeira publicao a respeito de Farmcia Hospitalar no pas (BRASIL, 1994). A Universidade Federal de Minas Gerais de forma pioneira, em 1975, introduziu no currculo do curso de formao de farmcia a disciplina de Farmcia Hospitalar. A partir de ento, era uma questo de tempo para o ensino da Farmcia Hospitalar na Graduao se tornar uma realidade em diversas universidades (GOMES e REIS, 2003). Na dcada de 1980 foram implantados os cursos de ps-graduao em Farmcia Hospitalar, lato sensu e stricto sensu, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, iniciativas que tiveram grande atuao do professor Lev Gomes Ferreira. Desde 1982 o Ministrio da Educao e Cultura passou a incentivar programas de desenvolvimento para a farmcia hospitalar que colaboraram para a formao de um nmero elevado de profissionais. Preocupado com os problemas da infeco hospitalar, aps 1985, o Ministrio da Sade passou a incentivar a reestruturao das farmcias hospitalares, promovendo cursos de especializao (GOMES e REIS, 2003). No final dos anos 1980 poucas farmcias hospitalares possuam organizao que as diferenciasse das demais. Era possvel quantificar, sem grandes dificuldades, as poucas farmcias que utilizavam a dose unitria, que possuam padronizao de medicamentos ou que executavam servios tcnicos, que no o controle de medicamentos psicotrpicos e entorpecentes (SANTOS, 2006). Caso se pretendesse encontrar um hospital que tivesse em sua farmcia algum tipo de atividade clnica desempenhada pelo farmacutico, a misso seria impossvel, pois rarssimos servios existiam naquele perodo. Somente em junho de 1990 que tivemos no Brasil uma resoluo, que ainda no era lei, colocada em prtica pelo Conselho Federal de Farmcia, que reconheceu, definiu, deu atribuies e formalizou a farmcia hospitalar brasileira: a Resoluo n 208. sete anos depois, em 1997, essa resoluo seria revisada e reformulada, dando origem Resoluo n 300 (SANTOS, 2006). Na dcada de 1980, o Ministrio da Sade, por intermdio da Coordenao de Controle de Infeco Hospitalar, formalizou seu apoio farmcia hospitalr com a criao do curso de especializao de farmcia hospitalar. Atualmente, o estgio pelo qual passa a farmcia hospitalar brasileira pode ser destacado como um perodo de busca por uma identidade (SANTOS, 2006). A Sociedade Brasileira de Farmcia Hospitalar foi criada em 1995 e tem contribudo intensamente para a dinamizao da profisso e para o desenvolvimento da produo tcnico-cientfica nas reas de assistncia farmacutica hospitalar (GOMES e REIS, 2003). Na atualidade, o enfoque da farmcia hospitalar passa a ser clnico-assistencial. A farmcia hospitalar atua em todas as fases da terapia medicamentosa, cuidando, em cada momento, de sua

adequada utilizao nos planos assistenciais, econmicos, de ensino e pesquisa (GOMES e REIS, 2003).

3.2. A FARMCIA HOSPITALAR EM OUTROS PASES DO MUNDO

A farmcia hospitalar desenvolveu-se em ritmos diferentes nos mais variados pases (SANTOS, 2006). O Remington 19th Edition afirma que esse desnvel na evoluo das farmcias hospitalares, nos mais variados pases, se deve formao universitria, ou seja, ao contedo dos currculos das faculdades de farmcia. No Brasil isso evidente, basta observar a morosidade com que certas farmcias hospitalares atingem padres mnimos de funcionamento (SANTOS, 2006). Nos Estados Unidos, por outro lado, a farmcia hospitalar experimentou um perodo de recesso durante cerca de 168 anos, mais precisamente entre os anos de 1752 a 1920. o primeiro hospital americano a ter, efetivamente, uma farmcia hospitalar, foi o Pennsylvania Hospital, na Filadlfia. Depois vieram outros, como o Bellevue Hospital, em Nova York, e o German Hospital, tambm na Filadlfia (SANTOS, 2006). Ainda nos Estados Unidos, o perodo entre 1920 e 1940 foi marcado por um incio de reorganizao, em que ocorreu, principalmente, o estabelecimento de padres para a prtica farmacutica (SANTOS, 2006). Em 1942 formada a American Society of Hospital Pharmacists (ASHP): Sociedade Americana de Farmacuticos Hospitalares, o que trouxe grande progresso s farmcias hospitalares dos Estados Unidos. Essa sociedade teve como grande foco, desde a sua concepo, o paciente (SANTOS, 2006). No fica difcil entendermos o nvel de excelncia da prtica farmacutica nos hospitais americanos e a dedicao que o farmacutico tem de ter para com o paciente, de forma direta e eficiente (SANTOS, 2006). O movimento que motivou a elaborao de padres para vrios procedimentos hospitalares foi iniciado pelo colgio Americano de Cirurgies, no incio do sculo XX, quando foi identificada a necessidade de se padronizar procedimentos cirrgicos, tcnicas de cirurgia e medicamentos bsicos para cada tipo de cirurgia. Como resposta a essa solicitao, a ASHP elaborou procedimentos-padro, de acordo com o que j havia sido pedido pelos cirurges, e criou uma espcie de padres mnimos para farmcias hospitalares, que mais tarde resultaria em um guia para farmcia hospitalar americano, o ASHP Guidelines: Minimum Standard for Pharmacies in Institutions (padres mnimos para farmcias). Alm disso, por volta de 1965 nascia a farmcia clnica americana, fruto tambm do uso racional de medicamentos (SANTOS, 2006).

Na Frana, outro grande pas que serve de referncia para a farmcia hospitalar, o avano se deu em duas etapas: a partir de 1894, quando um conselho de Estado regulamentou as aes do farmacutico hospitalar e outro, depois da Segunda Guerra Mundial, com o lanamento de inmeros produtos no mercado farmacutico (SANTOS, 2006).

3.3. EVOLUO DO CONCEITO DE FARMCIA HOSPITALAR

Na viso industrial o farmacutico hospitalar era responsvel pela produo artesanal ou semiindustrial de medicamentos como pode ser evidenciado na definio de Nogueira, 1961. O Servio de farmcia nos hospitais constitui um de seus departamentos mais importantes. uma atividade que adquiriu especial significado em virtude de ser fator de alta cooperao no equilbrio do oramento hospitalar, contribuindo de modo decisivo na diminuio do custo leito/ dia. O autor comenta que naquele perodo a farmcia hospitalar havia se transformado numa farmcia industrial (GOMES e REIS, 2003). O Professor Jos Sylvio Cimino assim a conceituava: a unidade tecnicamente aparelhada para prover clnicas e demais servios dos medicamentos e produtos afins de que necessitam para o normal funcionamento. A abordagem central da farmcia hospitalar nesta viso no a produo dos medicamentos, mas, sim, atender as necessidades do perfil assistencial do hospital em relao aos medicamentos e outros produtos farmacuticos. Esta fase pode ser denominada fase de proviso (GOMES e REIS, 2003). A farmcia hospitalar evoluiu e na dcada de 1980 inicia-se a fase moderna. Nesta fase a farmcia hospitalar no ficou restrita aos aspectos tcnico-cientficos ligados ao medicamento, mas se responsabilizou, tambm, pelo gerenciamento das atividades, buscando reduo de custos, racionalizao do trabalho e garantia do uso adequado dos medicamentos (GOMES e REIS, 2003). No termo de referncia para implantao ou reestruturao de farmcias de hospitais universitrios consta uma definio que corresponde a viso moderna da farmcia hospitalar: A farmcia hospitalar um rgo de abrangncia assistencial tcnico-cientfica e administrativa, onde se desenvolvem atividades ligadas produo, ao armazenamento, ao controle, dispensao e a distribuio de medicamentos e correlatos s unidades hospitalares, bem como orientao de pacientes internos e ambulatoriais visando sempre a eficcia da teraputica, alm da reduo dos custos, voltando-se, tambm, para o ensino e a pesquisa, propiciando um vasto campo de aprimoramento profissional (GOMES e REIS, 2003). Neste momento, o Brasil vive uma fase clnico assistencial da farmcia hospitalar, como expressa o conceito da Sociedade Brasileira de Farmcia Hospitalar, estabelecido pela Resoluo n 300 do CFF de 1997, unidade clnica, administrativa e econmica, dirigida por profissional farmacutico, ligada,

hierarquicamente, direo do hospital e integrada funcionalmente com as demais unidades de assistncia ao paciente. A atuao da farmcia hospitalar se preocupa com os resultados da assistncia prestada ao paciente e no apenas com a proviso de produtos e servios. Como unidade clnica o foco de sua ateno deve estar no paciente e nas sua necessidades e no medicamento, como instrumento (GOMES e REIS, 2003).

3.4 FARMCIA HOSPITALAR: MBITO

Segundo Santos (2006), o ramo da Farmcia Hospitalar talvez seja o nico a possuir interface com a maioria dos segmentos farmacuticos, como farmacotcnica, farmacologia clnica, legislao farmacutica, pesquisa, tecnologia farmacutica, dispensao, anlises clnicas. Para cada assunto deste h uma aplicabilidade na rea de farmcia hospitalar : Farmacotcnica atividades de manipulao, fracionamento, diluies estreis, etc. Farmacologia clnica os hospitais vm ganhando, cada vez mais, atividades clnica desempenhadas Legislao farmacutica as farmcias hospitalares abrigam psicotrpicos e entorpescentes dos mais

pelos seus farmacuticos. Nesse caso o conhecimento da farmacologia vital. variados tipos e potncias. Para exercer controle efetivo e acatar as normas legais, faz-se necessrio conhecer os dispositivos legais. Pesquisa os hospitais so, em sua essncia, grandes centros de pesquisa. Tal fato se deve possibilidade de observar, controlar e monitorar pacientes, drogas, procedimentos, reaes, enfim, um campo excelente para estudos clnicos em geral. Tecnologia farmacutica uma juno de farmacotcnica com teraputica. Muitos so os exemplos Dispensao/ distribuio talvez resida aqui uma das mais importantes atividades de farmcia Anlises clnicas coopera com as atividades clnicas, principalmente para implantao e de desenvolvimento de opes medicamentosas para uso hospitalar. hospitalar. manuteno da farmcia clnica.

3.5 PERFIL DO FARMACUTICO HOSPITALAR

O farmacutico o profissional que melhores condies rene para orientar o paciente sobre o uso correto dos medicamentos, esclarecendo dvidas e favorecendo a adeso e sucesso do tratamento (RECH E CARLINE APUD, SO PAULO, 2007, p. 9)

As habilidades e competncias esperadas de um farmacutico hospitalar podem ser resumidas em tcnicas e administrativas (gerenciais) . De acordo com Santos (2006), o perfil desejvel pode ser descrito da seguinte forma : possuir formao em farmcia hospitalar, em nvel de ps-graduao, ou ter cursado a disciplina de ter realizado estgio em farmcia ou possuir experincia anterior em farmcia hospitalar; possuir conhecimentos bsicos de contabilidade e administrao; possuir habilidades naturais, como comando e liderana; conhecer as ferramentas bsicas da qualidade total. De acordo com o Conselho Regional de Farmcia do Estado de So Paulo (2007), em 1997, a Organizao Mundial de Sade (OMS) publicou um documento denominado O papel do farmacutico no sistema de ateno sade em que se destacaram sete qualidades que o farmacutico deve apresentar. Foi ento chamado de farmacutico sete estrelas. Este profissional sete estrelas deve ser : prestador de servios farmacuticos em uma equipe de sade; capaz de tomar decises; comunicador; lder; gerente; atualizado permanentemente; educador. farmcia hospitalar na graduao;

3.6 ASSISTNCIA FARMACUTICA HOSPITALAR

O conceito de assistncia farmacutica engloba o conjunto de aes desenvolvidas pelo farmacutico, e outros profissionais de sade, voltadas promoo, proteo e recuperao da sade, tanto no nvel individual como coletivo, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o acesso e o seu uso racional. Envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produo de medicamentos e insumos, bem como a sua seleo, programao, aquisio, distribuio, dispensao, garantia da qualidade dos produtos e servios, acompanhamento e avaliao de sua utilizao, na perspectiva da obteno de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da populao (IVAMA, 2002). O farmacutico e todos os profissionais tcnicos envolvidos na assistncia farmacutica tm direta e indiretamente sob sua responsabilidade a sade do paciente e da coletividade. No que tange aos farmacuticos, especificamente, o exerccio da Farmcia Clnica, especialidade que emergiu nos Estados

Unidos h cerca de quarenta anos, na qual o farmacutico dedica-se a trabalhar mais direcionado interface com os demais profissionais de sade, aproxima a prtica dos usurios intermedirios do sistema (mdicos, enfermeiros e demais profissionais da sade) (OLIVEIRA, 2007). H cerca de 15 anos surge o conceito de uma nova disciplina, um novo campo de prtica profissional, a ateno farmacutica. Nela, existe um compromisso do farmacutico com a qualidade do cuidado prestado a um paciente individual. O exerccio da ateno farmacutica se d em cenrios especiais, incomuns no exerccio usual da assistncia farmacutica, e mais comumente associado assistncia mdica. preciso atender o paciente em recinto reservado, inteirar-se de sua histria clnica, de seus hbitos e alimentao, da enfermidade sob tratamento e de todos os detalhes sobre a teraputica , inclusive medicamentosa. A partir da, o farmacutico ir mapear eventuais problemas que possam surgir no decorrer da teraputica, prevenindo-os, minimizando seus efeitos deletrios ou at mesmo eliminando-os por meio de trabalho sistemtico de monitoramento e avaliao (OLIVEIRA, 2007). Para executar a ateno farmacutica, o profissional precisa de certa bagagem terica e prtica, slida experincia clnica, conhecimentos farmacolgicos-clnicos e de farmcia e habilidades em interagir com os pacientes e com os prescritores, que, claro, devem estar envolvidos no processo. Por isso, executar a ateno farmacutica no tarefa fcil e seu desenvolvimento no deve ser empreendido levianamente ou por profissionais inexperientes, sob risco de conseqncias srias e imprevisveis. Os impedimentos mais usuais para a prtica da ateno farmacutica seriam a indisponibilidade de local adequado, a falta de educao continuada dos profissionais, a baixa demanda por parte de muitos pacientes, que desconhecem o tipo de contribuio que o farmacutico poderia dar ao seu tratamento, e o desinteresse dos dirigentes em oferecer os servios (OLIVEIRA, 2007).

3.7. FUNES BSICAS DO FARMACUTICO HOSPITAR

A farmcia hospitalar moderna, tendo como objetivo, promover o uso racional do medicamento, sustenta seu trabalho em cinco pilares fundamentais que so: seleo de medicamentos, germicidas e correlatos; aquisio, conservao e controle dos medicamentos selecionados; manipulao/ produo de medicamentos e germicidas; estabelecimento de um sistema racional de distribuio de medicamentos e implantao de um sistema de informao sobre medicamentos, (BRASIL, 1994).

3.7.1 Seleo de medicamentos, germicidas e correlatos

A seleo de medicamentos realizada pela Comisso de Farmcia e Teraputica, associada a outras comisses quando necessrio (BRASIL, 1994). O farmacutico na Comisso de Farmcia e Teraputica deve elaborar poltica de dispensao de medicamentos e atualizar a padronizao e aplicao conforme a instituio; fixar critrios para obteno de medicamentos que no constem na padronizao; validar protocolos de tratamento elaborados por diferentes servios clnicos; aumentar a investigao sobre a utilizao de medicamentos; participar ativamente de educao permanente em teraputica dirigida equipe de sade; assessorar todas as atividades relacionadas promoo do uso racional (SO PAULO, 2007). O processo de seleo, alm produzir a lista de medicamentos essenciais, deve esforar-se para elaborar o formulrio teraputico dos medicamentos selecionados e protocolos teraputicos. Estes dois produtos ajudam a garantir a adeso lista, incrementando a proposta educativa e formativa da seleo para o uso racional de medicamentos (OLIVEIRA, 2007). No caso de antibiticos, germicidas e correlatos, a Comisso de Farmcia e Teraputica (CFT) deve realizar sua padronizao, aquisio, manipulao e controle utilizando o suporte da Comisso de Controle de Infeco Hospitalar (CCIH) (BRASIL, 1994). Segundo Hoefler (2006), no Brasil, a instalao de uma Comisso de Controle de Infeco Hospitalar (CCIH) obrigatria para todos os hospitais, e tem as seguintes atribuies: monitorar o perfil de sensibilidade dos antimicrobianos utilizados na instituio; realizar treinamento em servio; elaborar normas tcnicas para preveno de infeces, com nfase na regulamentao das sugerir medidas que resultem na preveno ou reduo das infeces hospitalares; implementar todas as medidas recomendadas e supervisionar sua aplicao; implantar o controle do uso de antimicrobianos; elaborar, para a direo do hospital, relatrio dos casos de doenas de notificao compulsria, a ser participar na investigao de casos notificados, procurando identificar como o paciente adquiriu a O farmacutico hospitalar deve fornecer a equipe de sade informaes sobre indicaes teraputicas, farmacocintica, mecanismo de ao, reaes adversas e custo dos antimicrobianos, visando otimizar sua utilizao. Alm disso deve tambm estabelecer mecanismos de controle de dispensao desses frmacos (HOEFLER, 2006).

necessidades e medidas de isolamento e acompanhamento de sua aplicao;

remetido ao rgo estadual de sade de sua jurisdio; infeco e se , ao ser notificada, j foi transferida a outro.

3.7.2. Aquisio, conservao e controle dos medicamentos selecionados

A aquisio, conservao e controle dos medicamentos selecionados permite que se disponha da quantidade necessria ao atendimento, evitando o armazenamento em demasia, pelo aspecto antieconmico em detrimento de outros produtos considerados essenciais. O processo de aquisio tem carcter multidisciplinar. O critrio de qualidade deve ser avaliado por uma Comisso de Parecer Tcnico ou por delegao de competncia especialistas (BRASIL, 1994). Na aquisio de medicamentos, o conhecimento detalhado sobre o fabricante e o cumprimento das Boas Prticas de Fabricao devem ser considerados como critrios na escolha do produto a ser adquirido (BRASIL, 1994). Uma boa armazenagem fator de suma importncia em todo processo de assistncia farmacutica hospitalar, gerando reduo de custos, a manuteno do tratamento ao paciente e uma organizao nas diversas atividades da farmcia (BRASIL, 1994).

3.7.3 Manipulao/ produo de medicamentos e germicidas

A farmcia pode e deve produzir medicamentos em diferentes formas farmacuticas, seja pela indisponibilidade de produtos no mercado, seja por motivos econmicos (BRASIL, 1994). O farmacutico hospitalar deve proporcionar, a qualquer momento, medicamentos com qualidade aceitvel, adaptado s necessidades da populao que atende. Deve, tambm, desenvolver frmulas de medicamentos e produtos de interesse estratgico e/ ou econmico, fracionar e/ou reenvasar medicamentos elaborados pela indstria a fim de racionalizar sua administrao e distribuio e, ainda, preparar, diluir ou reenvasar germicidas necessrios para a realizao de anti-sepsia, limpeza, desinfeco e esterilizao (SO PAULO, 2007). A Farmcia Hospitalar com escala produtiva industrial deve seguir todos os procedimentos de industrializao de produtos farmacuticos com a exigncia de existncia e cumprimento das Boas Prticas de Fabricao (SO PAULO, 2007).

3.7.4 Estabelecimento de um sistema racional de distribuio de medicamentos A distribuio de medicamentos em um hospital pela farmcia hospitalar pode ser dividida em interna, a distribuio propriamente dita, e externa, aquela realizada para os pacientes ambulatoriais. Esta ltima designada dispensao (GOMES e REIS, 2003). A dispensao aos pacientes ambulatoriais entendida como uma atividade de carcter tcnicocientfico, pois no se trata apenas do ato mecnico da entrega do medicamento ao paciente, e sim, da

valorao deste ato atravs da participao ativa do farmacutico, onde ser informado ao paciente todo o necessrio para a correta utilizao do medicamento prescrito e o conseqente alcance dos objetivos desta terapia (GOMES e REIS, 2003). J a distribuio dos medicamentos realizada aos pacientes internos, constitui-se numa das mais importantes etapas que ir caracterizar a farmcia hospitalar como um importante setor de apoio logstico daquela unidade de sade. Sem o suporte da farmacoterapia o paciente no poder alcanar plenamente, na maioria das vezes, o restabelecimento por completo de sua sade, ou seja, os objetivos de toda terapia medicamentosa, quais sejam: a cura da enfermidade, reduo ou eliminao de sintomas, interrupo da progresso de uma enfermidade ou a preveno da doena ou seus sintomas (GOMES e REIS, 2003). sabido que os gastos com medicamentos comprometem de 5 a 20% dos oramentos dos hospitais, portanto torna-se de extrema importncia a existncia de um sistema de distribuio de medicamentos que racionalizem este processo. Os objetivos seriam, alm da reduo de custos, tambm uma participao ativa do farmacutico como gestor do processo, alm do aumento da segurana do sistema no tocante diminuio dos erros de medicao. O farmacutico ir atuar tambm como dispensador de informaes sobre o uso seguro e racional dos medicamentos, diminuindo assim os erros relacionados ao uso destes e os conseqentes agravos decorrentes, que podem incluir leses e mesmo a morte (ANACLETO, 2005).

3.7.5. Implantao de um sistema de informao sobre medicamentos

A implantao de um sistema de informao sobre medicamentos deve permitir otimizar a prescrio mdica e a administrao dos medicamentos, alm de assistir os pacientes, de forma especial, no momento da alta, orientando-os adequadamente quanto ao tratamento ambulatorial ou domiciliar prescrito (BRASIL, 1994). A implementao de rede de Centros de Informao de Medicamentos (CIM) oportuniza a consulta sobre medicamentos por profissionais de sade e usurios (OLIVEIRA, 2007). Alm disso, os CIM podem exercer vrias aes educativas para a populao, entre elas, a elaborao de materiais instrucionais simples sobre os medicamentos e seu uso racional. No Brasil, os CIM esto organizados na rede denominada Sistema Brasileiro de Informao sobre Medicamentos (Sismed) (OLIVEIRA, 2007).

3.8 PAPEL CLNICO DO FARMACUTICO HOSPITALAR

Uma vez consolidada as 5 funes bsicas, pode-se desenvolver programas ou outras aes, enquadradas nas funes clnicas : estudos de utilizao de medicamentos; participao na elaborao de protocolos teraputicos; desenvolvimento de programas de farmacocintica clnica; participao em programas de farmacovigilncia; desenvolvimento de programas de farmcia clnica e desenvolvimento de programas de suporte nutricional, (BRASIL, 1994).

3.8.1 Estudos de utilizao de medicamentos

Os estudos de utilizao de medicamentos esto centrados no acompanhamento do uso e dos efeitos dos medicamentos nas populaes que deles fazem uso. Os estudos de utilizao de medicamentos se dedicam a averiguar padres e tendncias de uso e suas conseqncias clnicas, econmicas e sociais. Envolvem estudos sobre prescrio, dispensao, consumo, avaliao econmica de medicamentos, tratamentos, mercado de medicamentos, promoo e propaganda, entre outros. A investigao dos efeitos concentra-se no campo da farmacovigilncia, que envolve atividades de deteco, registro e avaliao dos efeitos, seja na populao como um todo, seja em qualquer subgrupo populacional especfico (OLIVEIRA, 2007).

3.8.2 Protocolos teraputicos

Atravs do direcionamento clnico das atividades do farmacutico, este profissional pode melhorar os resultados farmacoteraputicos, seja atravs de aconselhamento, de programas educativos e motivacionais, ou at da elaborao de protocolos clnicos, baseados em evidncias comprovadas, com estabelecimento dos melhores regimes teraputicos e monitorao destes procedimentos (BISSON, 2007). Est comprovado que o trabalho do farmacutico aumenta a adeso dos pacientes aos regimes farmacoteraputicos, diminui custos nos sistemas de sade ao monitorar reaes adversas e interaes medicamentosas e melhora a qualidade de vida dos pacientes (BISSON, 2007).

3.8.3 Programas de farmacocintica clnica

A farmacocintica clnica um elemento fundamental para a determinao dos nveis plasmticos de medicamentos que sero utilizados para estimar os parmetros farmacocinticos do paciente, que por sua vez sero a base para o clculos dos esquemas posolgicos. Este procedimento destinado a melhorar a qualidade da assistncia ao paciente, contribuindo para melhorar o benefcio teraputico do tratamento farmacolgico e diminuir o risco de eventos adversos (BISSON, 2007). Para desenvolver as funes prprias de farmacocintica clnica, o farmacutico deve conhecer: princpios bsicos de farmacocintica; parmetros que caracterizam cada processo farmacocintico e sua utilidade clnica; modelos, equaes e mtodos farmacocinticos que possam ser teis no desenho, na anlise e na interpretao dos estudos farmacocinticos; critrios que devem cumprir os frmacos candidatos monitorizao farmacocintica; pacientes que podem beneficiar-se do controle dos nveis plasmticos e situaes clnicas especiais que modificam a conduta farmacocintica dos medicamentos (insuficincia renal, insuficincia heptica, estados de hidratao alterados, crianas, idosos, interaes farmacocinticas e outros) . Para desenvolver estas aes importante que o farmacutico busque os protocolos de trabalho, que atualmente so universais e baseados em dados da Organizao Mundial de Sade (OMS) e de sociedades internacionalmente reconhecidas de farmacologia e pesquisa clnica (BISSON, 2007).

3.8.4 Programas de farmacovigilncia

Na atividade de dispensao, o contato do farmacutico com as pessoas que acorrem farmcia lhe permite conhecer os medicamentos que consomem (receitados ou no), seu estado de sade, o problema familiar e etc. provvel que este contato lhe d a oportunidade de advertir tambm certos efeitos imprevistos provocados por um medicamento em alguns pacientes. Um efeito imprevisto pode ser uma reao adversa medicamentosa (RAM). Essas circustncias permitem que o farmacutico ocupe um lugar relevante no programa de farmacovigilncia. Entre outras atividades que o farmacutico desenvolve na farmacovigilncia , possvel informar os pacientes sobre os cuidados que devem ter com os medicamentos para prevenir as reaes adversas, orientar os pacientes a procurarem um farmacutico ou mdico se surgirem reaes adversas que no possam suportar, alertar para que se dirijam a um pronto-socorro hospitalar se surgirem reaes adversas graves e colaborar com a identificao do medicamento responsvel pela reao adversa (BISSON, 2007). 3.8.5 Farmcia clnica

O farmacutico pode, atravs do direcionamento clnico de suas atividades,

melhorar os

resultados farmacoteraputicos, seja atravs de aconselhamento, de programas educativos e motivacionais, ou at da elaborao de protocolos clnicos, baseados em evidncias comprovadas, com estabelecimento dos melhores regimes teraputicos e monitorao destes procedimentos (BISSON, 2007). Est comprovado que o trabalho do farmacutico aumenta a adeso do paciente aos regimes farmacoteraputicos, diminui custos nos sistemas de sade ao monitorar reaes adversas e interaes medicamentosas e melhora a qualidade de vida dos pacientes (BISSON, 2007). Pode-se definir farmcia clnica como toda a atividade executada pelo farmacutico voltada diretamente ao paciente atravs do conato direto com este, ou atravs da orientao a outros profissionais clnicos, como o mdico e o dentista. Ela engloba as aes de ateno farmacutica. . A ateno farmacutica no envolve somente a terapia medicamentosa, mas tambm decises sobre o uso de medicamentos para cada paciente. Pode-se incluir nesta rea, a seleo de drogas, doses, vias, e mtodos de administrao; a monitorao teraputica; as informaes ao paciente e aos membros da equipe multidisciplinar de sade; e o aconselhamento de pacientes (BISSON, 2007).

3.8.6. Terapia nutricional

O farmacutico participa tambm de programas de terapia nutricional. Para que a terapia nutricional tenha xito necessrio um trabalho interdisciplinar envolvendo todos os profissionais de sade, em especial, o farmacutico, o mdico, o nutricionista e o enfermeiro. Cada profissional atua com seus conhecimentos especializados, visando o bem estar do paciente. O farmacutico deve trabalhar junto aos demais membros no desenvolvimento de polticas e procedimentos objetivando melhorias nos procedimentos, avaliao de custo-efetividade da formulao e da terapia nutricional parenteral e manuteno e aprimoramento contnuos da qualidade total (GOMES e REIS, 2003). O seguimento do paciente pelo farmacutico se d atravs de orientao e deve monitorizar e avaliar a resposta do paciente. Esta orientao pode incluir avaliaes fsicas, bioqumicas e uma avaliao subjetiva do paciente com relao tolerncia terapia (GOMES e REIS, 2003). O farmacutico deve tambm participar da monitorao e avaliao da farmacoterapia usada concomitantemente ao suporte nutricional. Modificao da farmacoterapia pode resultar de ambas as avaliaes objetivas e subjetivas do paciente baseadas em propriedades frmaco-especficas, adjuvantes e aspectos clnicos do paciente. A monitorao do paciente essencial para a determinao do sucesso da nutrio e intervenes farmacolgicas so importantes na avaliao do progresso do paciente na direo de cumprir os objetivos especficos. A eficcia e os efeitos adversos devem ser documentados

pelo farmacutico e os objetivos da terapia devem ser ajustados conforme seja necessrio (GOMES e REIS, 2003). A Portaria nmero 272 de 08 de abril de 1998 do Ministrio da Sade aprova o Regulamento Tcnico para fixar os requisitos mnimos exigidos para a terapia de nutrio parenteral . Esta Portaria estabelece os papis de todos os profissionais envolvidos no preparo e administrao da nutrio parenteral e os requisitos de qualidade a serem seguidos .

3.9. MANIPULAO DE ANTINEOPLSICOS EM FARMCIA HOSPITALAR

A quimioterapia est diretamente relacionada com a oncologia. O grande nmero de casos de cncer e os desafios que ainda existem quanto ao tratamento tm atrado mdicos e farmacuticos para a rea de quimioterapia antineoplsica (ZUBIOLI, 2004). A quimioterapia consiste no emprego de substncias qumicas ( hormnios, antibiticos e frmacos antitumorais) no tratamento de cnceres (ZUBIOLI, 2004). Considera-se indissocivel a atuao do mdico oncologista junto com o farmacutico hospitalar, para o planejamento dos esquemas teraputicos. O emprego da manipulao de frmacos antineoplsicos constitui parte integrante da farmcia hospitalar (ZUBIOLI, 2004). Os farmacuticos hospitalares se dividem em sub-especialidades, de acordo com a atividade principal de trabalho, existindo cursos de ps-graduao em sentido amplo formando o farmacutico especialista em teraputica oncolgica (ZUBIOLI, 2004). A manipulao de frmacos antineoplsicos pelo farmacutico foi regulada pelo Conselho federal de Farmcia, por meio da Resoluo N 288, de 21 de maro de 1996 (ZUBIOLI, 2004). O Ministrio da Sade por meio da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria estabeleceu a Resoluo RDC n 220 que fixa os requisitos mnimos para o funcionamento dos servios de terapia antineoplsica. Esta norma aplicvel a todos os estabelecimentos pblicos e privados do pas que realizam atividades de terapia antineoplsica (RDC 220/ 2004).

3.9.1 Assistncia farmacutica ao paciente oncolgico

A eficcia dos frmacos antineoplsicos alcanada mediante o seu potencial citotxico. Isto indica que pequenas variaes nas doses podem gerar graves danos ao paciente. Se forem preparadas doses ligeiramente menores do que as prescritas, podero no produzir o efeito esperado, se as doses forem ligeiramente maiores, podero gerar um quadro de toxicidade, que pode ser letal. As dose

prescritas devem ser rigorosamente atendidas. Deve-se ainda considerar que os doentes portadores de cncer so imunossuprimidos, quer pela doena de base, que pelo frmaco que lhe est sendo administrado. necessrio, portanto, a utilizao de uma tcnica rigorosamente assptica para o preparo das solues parenterais, contribuindo desta maneira para evitar quadros de infeco e septicemia (GOMES e REIS, 2003). O farmacutico que atende ao paciente oncolgico poder ajudar na deteco de sintomas indicativos de sobreposio de toxicidades, ou seja, quando dois ou mais medicamentos, que so administrados simultaneamente apresentam efeitos adversos que se potencializam. aconselhvel que o farmacutico sugira a diminuio das doses de pelo menos um dos componentes do esquema teraputico. Em qualquer situao aconselhvel que o farmacutico acompanhe a evoluo clnica do paciente se inteirando das reaes colaterais significantes, verificando se o medicamento est sendo administrado no tempo prescrito pelo mdico e a forma como est sendo acondicionado na clnica (GOMES e REIS, 2003).

3.10. PAPEL DO FARMACUTICO HOSPITAR NA EDUCAO E PESQUISA

Alm das funes bsicas e clnicas o farmacutico hospitalar dever desenvolver atividades educacionais e de pesquisa e participar ativamente nas Comisses de Farmcia e Teraputica, Controle de Infeco Hospitalar, Suporte Nutricional, de Parecer Tcnico para o aprimoramento da Assistncia farmacutica Hospitalar (BRASIL, 1994).

4 CONCLUSO O conceito de interveno farmacutica hospitalar vem sendo cada vez mais consolidado dentro do universo hospitalar. Desde o sculo passado at os dias atuais pode-se verificar um crescente aumento da participao do farmacutico junto ao paciente contribuindo para o sucesso do tratamento prescrito, porm muito ainda deve ser feito no sentido de consolidar este conceito. No Brasil, as aes clnicas do profissional farmacutico visando melhorar os resultados da farmacoterapia so ainda recentes. necessrio fortalecimento metodolgico e para isso devem ocorrer mudanas nos currculos dos cursos de farmcia buscando a melhoria dos conhecimentos clnicos do farmacutico para atuao mais eficaz junto ao paciente . necessrio tambm uma conscientizao por parte da instituio hospitalar sobre os benefcios da interveno farmacutica a fim de que a mesma seja difundida perante os pacientes e os demais profissionais de sade, contribuindo ento, para o sucesso da terapia medicamentosa e melhora da qualidade de vida do paciente. Principalmente, os farmacuticos devem se conscientizar do seu importante papel perante a populao e exercer seu real valor. Somente o tempo dir se a profisso farmacutica ir continuar seu progresso para maior responsabilidade social relacionada antiga ferramenta que denominamos medicamento.

REFERNCIAS

ANACLETO, Tnia Azevedo et al. Medication erros and drug-dispensing systems in a hospital pharmacy. Clinics. 2005; 60(04): 325-32. BISSON, Marcelo Polacow. Farmcia clnica & ateno farmacutica. 2 ed.So Paulo: Ed. Manole, 2007. BRASIL. Ministrio da Sade. Guia bsico para a farmcia hospitalar.Braslia: Ministrio da Sade, 1994 GENNARO, Alfonso R. Remington: a cincia e a prtica da farmcia. 20ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan S.A, 2004. GOMES, Maria Jos Vasconcelos de Magalhes; REIS, Adriano Max Moreira. Cincias farmacuticas: uma abordagem em farmcia hospitalar. So Paulo: Ed. Atheneu, 2003. HOEFLER, Rogrio et al. Aes que estimulam o uso racional de antimicrobianos. Farmacoteraputica. Conselho Federal de Farmcia, Centro Brasileiro de Informaes sobre Medicamentos, ano 11, n.04, julago 2006. IVAMA, Adrina Mitsue et al. Consenso brasileiro de ateno farmacutica: proposta. Braslia:Organizao Pan-Americana da sade, 2002. OLIVEIRA, Maria Auxiliadora; BERMUDEZ, Jorge Antnio Zepeda; OSRIO-DE-CASTRO, Claudia Garcia Serpa. Assistncia farmacutica e acesso a medicamentos. Rio de Janeiro: Ed.Fiocruz, 2007. Portaria N 272, de 08 de abril de 1998. Aprova o Regulamento Tcnico para fixar os requisitos mnimos exigidos para a terapia de nutrio parenteral. Disponvel em http://elegis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=22580&word=. Acesso em 26 ago 2008.

Resoluo RDC N 220, de 21 de setembro de 2004. Aprova o Regulamento Tcnico de funcionamento dos Servios de Terapia Antineoplsica. Disponvel em http://elegis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=12639&word=. Acesso em 23 ago 2008. SANTOS, Gustavo Alves Andrade dos. Gesto da Farmcia Hospitalar. So Paulo: Ed. Senac So Paulo, 2006.

SO PAULO. Conselho Regional de Farmcia do Estado de So Paulo. Farmcia Hospitalar. Abril de 2007. Disponvel em http://www.crfsp.org.br/farmaceutico/cartilha/Farmacia%20Hospitalar.pdf . Acesso em 16 ago 2008. ZUBIOLI, Arnaldo. tica Farmacutica. So Paulo: Sociedade Brasileira de Vigilncia de Medicamentos, 2004.