29
ATUAGAO DO FARMACEUTICO NA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NO TRATAMENTO ONCOLOGICO Deise Luciana Adriano” Michele de Oliveira Antunes ~ RESUMO Este estudo trata-se de uma revisdo bibliografica, com abordagem qualitativa, a fim de demonstrar as principais atividades que podem ser desenvolvidas pelo farmacéutico militar na equipe multidisciplinar no tratamento oncolégico, enfatizando a efetividade e seguranga na farmacoterapia; a detecco e prevencdo de erros em prescrigdes de quimioterapicos; 0 auxilio na sustentabilidade financeira do sistema Fundo de Satide do Exército (FUSEx); 0 aumento da produtividade interna das Organizagoes Militares de Sade (OMS), com a realizagao de comprasatravés de processoslicitatorios pelas proprias OMS e, principalmente, contribuindo com tratamentos seguros, no menor custo e maior beneficio para os usuarios do sistema. O estudo mostra ainda a contribuigaéo da atencdo farmacéutica para a promogaoda satide aos pacientes oncolégicos. Ao enfrentar a escassez de recursosna area de saude, © farmacéutico deve cooperar para que as melhores escolhas terapéuticas sejam realizadas e as patologias possam ser tratadas com tecnologia de maior custo-efetividade que se tenha disponivel. Espera-se que 0 assunto abordado neste artigo possa servir como subsidio para as decisées dos gestores das Organizagdes de Satide do Exército, além do reconhecimento da importancia do profissional farmacéutico militar na equipe multidisciplinar no tratamento oncoldgico. Palavras-chave: Atencao Farmacéutica. Tratamento Oncolégico. Assisténcia Farmacéutica. Oncologia. ABSTRACT This study is literature review, with a qualitative approach, in order to demonstrate the main activities that can be performed by the military pharmacist in the multidisciplinary team in cancer treatment, emphasizingthe effectiveness and safety of pharmacotherapy; the detection and prevention of errors in chemotherapyprescriptions; the assistancein the financial sustainability of the FUSEx system; the increase in the internal productivity of the Military Health Organizations with purchases made through bidding processes bythe military organizations itself and, mainly, contributing to safe treatments at the lowest cost and greatest benefit to the system users. The study also shows the contribution of pharmaceutical attention to health promotion for cancer patients. Facing the scarcity of resources in the Brazilian healthcare system, the pharmacist should cooperate so that the best therapeutic choices are madeandthe pathologies can betreated with the mostcost-effective technology available. It is expected that the subject addressed in this article can serve as a basis for the decisions of Army Health Organization managers, beyond recognizing the importance of the importance of military pharmacists in the multidisciplinary team in cancertreatment. Keywords: Pharmaceutical attention. Oncologic treatment. Pharmaceutical care. Oncology. * Capitao do Servicgo de Satide, Quadro de Farmacia. Especializagao em CiénciasMilitares pela Escola de Formagao Complementar do Exército (ESFCEx) em 2011. * Capitao do Servigo de Saude, Quadro de Farmacia 2008. Aperfeicoamento em Ciéncias Militares pela Escola de Aperfeigoamento de Oficiais (EsAO) em 2016.

Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

  • Upload
    others

  • View
    4

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

ATUAGAO DO FARMACEUTICO NA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NOTRATAMENTO ONCOLOGICO

Deise Luciana Adriano”Michelede Oliveira Antunes ~

RESUMOEste estudo trata-se de umarevisdobibliografica, com abordagem qualitativa, a fim de demonstrar as

principais atividades que podem ser desenvolvidaspelo farmacéutico militar na equipe multidisciplinarno tratamento oncolégico, enfatizando a efetividade e seguranga na farmacoterapia; a detecco eprevencdo de erros em prescrigdes de quimioterapicos; 0 auxilio na sustentabilidade financeira dosistema Fundo de Satide do Exército (FUSEx); 0 aumento da produtividade interna das OrganizagoesMilitares de Sade (OMS), com a realizagao de comprasatravés de processoslicitatorios pelas proprias

OMSe,principalmente, contribuindo com tratamentos seguros, no menorcusto e maiorbeneficio para

os usuarios do sistema. O estudo mostra ainda a contribuigaéo da atencdo farmacéutica para apromogaoda satide aospacientes oncolégicos. Ao enfrentar a escassez de recursosna area de saude,© farmacéutico deve cooperar para que as melhores escolhas terapéuticas sejam realizadas e as

patologias possamsertratadas com tecnologia de maior custo-efetividade que se tenha disponivel.Espera-se que 0 assunto abordado neste artigo possa servir como subsidio para as decisées dos

gestores das Organizagdes de Satide do Exército, além do reconhecimento da importancia doprofissional farmacéutico militar na equipe multidisciplinar no tratamento oncoldgico.Palavras-chave: Atencao Farmacéutica. Tratamento Oncolégico. Assisténcia Farmacéutica.Oncologia.

ABSTRACTThis studyis literature review, with a qualitative approach, in order to demonstrate the main activitiesthat can be performed by the military pharmacist in the multidisciplinary team in cancer treatment,

emphasizingthe effectiveness and safety of pharmacotherapy;the detection and preventionof errors in

chemotherapyprescriptions; the assistancein the financial sustainability of the FUSEx system; theincrease in the internal productivity of the Military Health Organizations with purchases made throughbidding processesbythe military organizationsitself and, mainly, contributing to safe treatments at the

lowest cost and greatest benefit to the system users. The study also shows the contribution ofpharmaceuticalattention to health promotion for cancer patients. Facing the scarcity of resourcesin the

Brazilian healthcare system, the pharmacist should cooperate sothat the best therapeutic choices are

madeandthe pathologiescanbetreated with the mostcost-effective technology available.It is expectedthat the subject addressed in this article can serve as a basis for the decisions of Army HealthOrganization managers, beyond recognizing the importance of the importance of military pharmacists

in the multidisciplinary team in cancertreatment.

Keywords: Pharmaceuticalattention. Oncologic treatment. Pharmaceutical care. Oncology.

* Capitao do Servicgo de Satide, Quadro de Farmacia. Especializagao em CiénciasMilitares pelaEscola de Formagao Complementardo Exército (ESFCEx) em 2011.* Capitao do Servigo de Saude, Quadro de Farmacia 2008. Aperfeicoamento em Ciéncias Militarespela Escola de Aperfeigoamento de Oficiais (EsAO) em 2016.

Page 2: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

olngia«

|} um conjt

snado (ma

jo espalhar

No site In

nto contra

0 e estagio

veis efeitos

inagdes, visi

eDOMUSEALeRLL

penca. (BONASS

“ Aposa trag

com malformagée

“seguro”, iniciare

relacionadas.ans. —

O farmacé

oncologia, desde

estabeleceu com

citotéxicos nos

complementada h

atividade privativ

medicamentos «

(teratogenicidade.

saude publicos ot

profissional nos s

Nos ultimo

voltada para a pre

concentra na pre

contribuiu para a

saude multidiscip|

A. INTRO

Onda os tu® a_esnecialidade médica aye estu

constityue tém eminto de mais de 100 doengas c

desorc invadir teciligno) de células e tendem a

podenjides do corp-se (metastase) para outras reg

apia, um dstituto Oncoguia, a quimioter

tratamativos ou pal o cancer, possui objetivos cure

do tip de saude gdo tumor, locdlizagao, estad

poss agentes quit colaterais. A utilizagao de

comres malignos, ando o tratamento dos tumo|

mabantra.a cansene imnartantastratamantnns

d 5A; SANTANA,2005).

omiaa,erfT¥o1, quéeaia causaaa pela Idina

‘stantes de um me2s apos o uso por ge

jes para abordar qum-se as discuss¢ca

indoafarmacoviaijancimecicamentas.Sur

ido a sua area de attutico vem ampliar da

), quando o Conselho: a década de 9QGcia

profissional a manipulao privativa deste itos

de saude, através daestabelecimentos /96,

n°565/12. Essas resolugoje pela Resolugcaoima

0 0 preparo dos antia do farmacéuticnais

usar isco ocupacioque possam_ cador

e/ou mutagenicidade) n, carcinogenicidades de

n sobre a competéncia lu privados e dispéerste

a (BRASIL, 2012).

econizando a transforms anos, vem se prsao

ervigos de oncologii

»s e dispensagao de farrparacgao de produte se

3 de atendimento ao pistacao de servicoinca

irmacéuticos com os me valorizagao dos fa de

ontextos de praticas (SMiinar em diversos cc

nores ou 0 cancer. aye

comum o crescimento

dos e Orgaos vizinhos,

10 (ALMEIDA,2018).

os principais tipos de

iativos que dependerao

eral do pacierite e dos

nicos isolados ou em

tornou-se hoje um dos

anaso diaanastiondz.

anao criangas nasceram

dicamento considerado

estées de seguran

a (RRASU._2031),.

Jagao, no universo

Federal de Farmé

¢ao de medicamer

Resolug&o n°288

6esatribuem como t

neoplasicos e den

nal ao manipule

os estabelecimentos

agal para atuagao de

acao de uma profis

nacos, para uma qué

aciente. Essa muda

2mbros das equipes

ITH, 2014).

Page 3: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

Nessecontexto, serao abordadasasprincipais atuagdes do farmacéutico militar

nas diversas etapas do tratamento oncolégico. Para que se possa compreendertais

atuagées, 0 objetivo deste trabalho sera apresentar algumas das atividades que

possam ser desenvolvidas pelo farmacéutico militar nos servigos da oncologia, com

6nfase na efetividade e seguranga da farmacoterapia, sustentabilidade financeira e

aumento da produtividade em Organizagédes Militares de Saude. Focando

principalmente, no tratamento seguro, eficiente, eficaz e efetivo sempre almejado para

a Familia Militar e cooperando para a consolidagéo de um Servico de Satide

comprometido com a qualidade e a seguranga da assisténcia de nossos usuarios.

1.1 PROBLEMA

O farmacéutico na area da oncologia busca encontrar e resolver de maneira

sistematizada e documentada os problemasrelacionados com os medicamentos que

aparecem notranscorrer do tratamento, além de envolver-se mais efetivamente na

assisténcia ao paciente, visando um tratamento mais seguro e eficaz (FERRACINI:

FILHO, 2012).

No sentido deorientar a pesquisa e demostrar a atuacao do farmacéutico militar

no tratamento oncoldgico, foi formulado o seguinte problema:

Quais as atividades que podem ser desenvolvidas pelo farmacéutico militar no

universo da oncologia que auxiliem na identificagao e resolug¢ao dos problemas

relacionados com o uso de antineoplasicos e quais atuacéescontribuiriam para uma

reduc&onos custosdeste tipo de tratamento?

1.2 OBJETIVOS

A fim de compreender a atuag&o do farmacéutico militar no tratamento

quimioterapico, o presente estudo pretende discutir as atividades que possam ser

desenvolvidasporestesprofissionais no universo da oncologia em Hospitais Militares,

buscandoidentificar e apresentar solugdes aos problemasrelacionados ao uso de

antineoplasicos no decorrerdo tratamento do usuario do FUSEx e propor acgées que

contribuam para minimizar os custos com sua terapéutica.

Para propiciar a consecugao do objetivo geral de estudo, foram formulados os

objetivos especificos, relacionados abaixo, que permitiram o encadeamento légico do

raciocinio descritivo apresentado neste estudo:

Page 4: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

a) Identificar, através da intervencao farmacéutica, a capacidade em reduzir os

problemas relacionados a medicamentos, aumentara efetividade e minimizar

osriscos da farmacoterapia;

b) Verificar o impacto financeiro relacionado a diferenca dos valores pagos pelos

medicamentos quimioterapicos, adquiridos em processoslicitatorios pelas

OMSe dosvalores remunerados via OCS credenciada, considerando osdois

principais hospitais militares pertencentes a 57 RM;

c) Abordar atuagées do farmacéutico que possam detectar e prevenir erros em

prescrigdes de quimioterapicos evitando desperdicios e auxiliando no controle

de custos.

d) Apresentara possibilidade de aumentara produtividadeinterna de um Hospital

do Exército através da implementacao da compra de alguns medicamentos

que que nao necessitam de manipulagaéo da formulagdo pela propria

Organizagao de Satide.

e) Reconhecera contribuigao para o tratamento seguro, eficiente, eficaz e efetivo

através da atuac&o mais efetiva na assisténcia ao paciente realizada pelo

farmacéutico.

1.3 JUSTIFICATIVAS E CONTRIBUIGOES

Atualmente, em oncologia, sao utilizados mais de cem medicamentos,os quais

diferem-se em suas composicées quimicas, células-alvo,finalidade de uso para tipos

de canceres especificos e efeitos adversos. Devido a alta complexidade do

tratamento, 0 paciente requer uma abordagem multidisciplinar que proporcione uma

assisténcia integral e que garanta um tratamento seguro e eficaz. A atuagao do

farmacéutico é parte fundamentalneste cuidado ao paciente, acdes simples de serem

implantadas, como andalise minuciosa de prescrigées, sAo capazes deidentificar e

prevenir problemas relacionados a estes medicamentos e evitar perdasfinanceiras,

agregando imensuravelvalor na seguranga do paciente.Isto reflete em uma economia

de recursos, associada a uma farmacoterapia mais racional e contribui para a

promogao da sauide aospacientes oncolégicos (REIS et al, 2013).

A atengao farmacéutica é caracterizada por agées do farmacéutico, nas quais

0 principal beneficiario é o paciente que recebe umaassisténcia multiprofissional mais

efetiva. O farmacéutico atua na seguranca da farmacoterapia, por meio da

Page 5: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

identificagao, da resolugéo e da prevencao dos problemas relacionados a

medicamentos — PRM (AMARAL; AMARAL,2008).

Os PRM podem acontecer devido a erros de medicagdes ou a reagdes

adversas a medicamentos. Osprincipais erros de medicagao sao ocorréncias que

podem ser evitadas, podendo ou nao resultar em danos ao paciente, aumento do

tempo de permanéncia e de gastos hospitalares adicionais. Através da intervencado

farmacéutica, com monitorizagéo continua da farmacoterapéutica, tem-se a

capacidade de reduzir os problemas relacionados a medicamentos, aumentar a

efetividade e minimizaros riscos da farmacoterapia (AGUIARetal, 2018).

Nesse sentido, o presente estudosejustifica por promover uma pesquisa a

respeito de um tema atual, pois o numero de pessoas com cancer vem aumentando

muito a cada ano e é de suma importancia no que diz respeito ao Fundo de Satide do

Exército, que encontra desafios para mantera sustentabilidade do sistema.

O trabalho pretende,ainda, abastecer os gestores das organizagéesde satide

do Exército com informagées que levem a reconhecera importancia do profissional

farmacéutico militar na equipe multidisciplinar no tratamento oncolégico e demostrar

quanto o servigo torna-se mais efetivo e seguro, além de garantir a diminuigdo de

possiveis perdas financeiras, através da atuac&ao factual do farmacéutico.

Contribuindo assim para o compromisso do Servigo de Satide com familia militar,

no qual o respeito e a humanizagao se destacam comopalavras de ordem.

2 METODOLOGIA

O presente estudo trata-se de uma revisao bibliografica, com abordagem

qualitativa a fim de procurar as propostas de varios autores para o tema em analise.

Estudo descritivo com abordagem qualitativa com método de revisao da literatura. A

pesquisa bibliografica nao é mera repetigao do que foi dito ou analisado sobre um

determinado assunto, contudo propicia a andlise de uma abordagem com um novo

enfoque ou tematica, chegando a conclusées inovadoras.

A busca dos estudos foi realizada através das seguintes bases de dados:

Biblioteca Virtual em Satde (BVS), Scientific Electronic Library Online (SciELO),

Revista Ciéncia & Satide Coletiva para a Sociedade e Literatura Latino-americana e

do Caribe em Ciéncias da Saude (LILACS),a partir dos Descritores em Ciéncias da

Satide (DeCS): Atengao Farmacéutica e Tratamento Oncoldégico. Foram realizadas

5

Page 6: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

buscasindividuais com os descritores apresentados, assim como a associagao dos

mesmos. Foram realizados também buscas em sitios eletrénicos de procura na

internet, assim como utilizados livros académicos que abordam o assunto. Os

resultados encontrados nos diferentes bancos de buscas foram posteriormente

aplicadososcritérios de inclusao e exclusao.

Oscritérios de inclusao utilizados foram os materiais publicados e disponiveis

na integra, livros, artigos publicados no idioma portugués, inglés e espanhol que

atendessem aosobjetivos do estudo. Foram utilizados trabalhosoriginais no periodo

de 2009 a 2019.

Os critérios de exclusao utilizados foram qualquer publicacao, disponivel

gratuitamente que nao atenda aos objetivos do presente estudo, resumos,trabalhos

incompletos, fora do periodo estabelecido dos Uultimos 10 anos, apresentagao e

analise dos dados buscara a exposic¢ao asdiferentes ideias dos autores, levando em

consideracdo todas as concordancias e discordancias dos mesmos.

Foi mantido umalinha de raciocinio dos materiais pesquisados do referido

assunto, evitando-se plagio. A interpretagaéo das informacgées ocorreu a partir de

leituras exaustivas com resumos préprios e analise critica dos dados. A pesquisa

bibliografica ocorreu durante o periodo de maio a julho de 2019.

2.1 REVISAO DE LITERATURA

2.1.1 Conceitos Gerais em Oncologia

A oncologia é a especialidade médica que se dedica ao estudoe tratamento da

neoplasia, incluindo sua etiologia e desenvolvimento.

A palavra cancer vem do grego karkinos, que quer dizer caranguejo, e foi

utilizada pela primeira vez por Hipécrates, o pai da medicina, que viveu entre 460 e

377 a.C. (INCA, 2019). Cancer é 0 nome geral dado a um conjunto de mais de 100

doencas, que tem em comum 0 crescimento desordenado de células (Figura 1), que

tendem invadir tecidos e orgaos vizinhos, podendo espalhar-se (metastase) para

outras regiées do corpo. Sabe hoje que setrata de uma doenga genética. Porse dividir

rapidamente, estas células tendem a ser muito incontrolaveis e agressivas,

determinando a formagao de tumores (actimulo de células cancerosas) ou neoplasias

malignas. Ja um tumor benigno significa simplesmente uma massalocalizada de

Page 7: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

células que se multiplicam lentamente e que se assemelham ao seu tecido original,

raramente constituindo risco de morte (ALMEIDA, 2018).

Figura 1: Células cancerosas. In: INCA, 2019

O surgimento do cancer deve-se a uma mutagdoinicial em algum gene

envolvido na regula¢ao deproliferagao e/ou diferenciagao celular, ocorrendo, desta

forma, uma expansAoclonalde células geneticamente modificada decorrente da sua

maior capacidade deproliferar e escapar do controle do ciclo celular e dos sinais que

induzem a apoptose,predispondo ao acimulo de mutagées sucessivas (ALMEIDA,

2018).

O cancer € a segunda causa de morte no mundoocidental depois das doengas

cardiovasculares. Atualmente, o cancer é a segunda causa de morte por doenca no

Brasil (ALMEIDA,2018).

A explicacao dasaltas taxas de obitos por canceresta diretamente relacionada

a maior exposi¢ao dos individuos a fatores de risco cancerigenos. Os padrées

adotados de vida atuais, em relacao a trabalho, alimentagao e consumo em geral

exp6em os individuos a fatores ambientais mais agressivos, relacionados a agentes

bioldgicos, quimicose fisicos resultantes de um processo cada vez mais crescente de

industrializagao e urbanizacgao (INCA, 2019).

2.1.2 Estatisticas no Cancer

A incidéncia, a morbidadehospitalar e a mortalidade sao dados essenciais para

a vigilancia epidemiolégica analisar a ocorréncia, a distribuigao e a evolugdo das

doengas. Conhecer informacées sobre o perfil dos diferentes tipos de cancer e

caracterizar possiveis mudangas de cenario ao longo do tempo s&o elementos

norteadores para agées de Vigilancia do Cancer.

Page 8: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

Os numeros provenientes, principalmente, dos Registros de Cancer e do

Sistema de Informagées sobre Mortalidade (SIM/MS), sao a base para a construcao

dessesindicadores.

TABELA1 — Localizacao primaria de Cancer por Sexo

Em homens,Brasil, 2018

LocalizacdoPrimaria [Casos Novos [%—

Prostata ts 68.220— 81.7%

Traqueia, Brénquio e Pulmao 18.740 18,7 %

ColoneReto47.380— ~B1%|

Estémago 13.540 6.3%

Cavidade Oral 44.200 5.2%

Esofago 8.240 —B8%|

Bexiga ; 6.690 3.1%

Laringe a 6.390 3,0%

Leucemias- 5.940 2.8%

‘SistemaNervoso Central 5.810 2,7 %

Linfoma nao Hodgkin 5.370 2,5 %

PeleMelanoma 2.920 : 1.4%

landula Tireoide 1.570 0,7 %

tee de Hodgkin 1.480 10,7%

‘Todas as Neoplasias, exceto pele nao melanoma 214.970 i

TodasasNeoplasias stst—S~S300.140 -Fonte: Estatisticas do Cancer, 2019

Em mulheres,Brasil, 2018

Localizacao Primaria ICasos Novos |%

Mama feminina ‘59.700 29,5 %

(Colon e Reto 18.980 9,4 %

‘Colo do utero 16.370 8,1 %

Traqueia, Bronquioe Pulmao=——S=«i2.5 6.2%

Page 9: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

jagplaypla:

cinogér

process

ineplac

morvisive

IDA, 2018)

Glandula Tireoide 8.040 40%

Esttmagosss—s 7.750 3.8 %

Corpo do utero ‘6.600 3,3 %

Ovatio 6.150 [3,0 %

SistemaNervosoCental ==6510 2,7%

Leucemias = - 4.860 2,4 %

Linfoma nao Hodgkin 4.810 2,4 %

Cavidade Oral 3.500 1,7 %

Pele Melanoma 3.340 1,7%

Bexiga 2.790 14%

Esdfago 2.550 1.3%

oEermye [ne AAR, U%

. Rifromiaae 4 1bKIN 50 0,5 %

Todas as Ne (20éias, exceto pele nao melanoma 2.040

\Todas as Ne 28%ias 2.450

Fonte: Estatistic ) Cancer, 2019

2.1.3Ca lese

Oio de caro de carcinogénese, ou formacé

‘yeinannlaaLaeUNEVa?MUSPA a'YUSTMAVE,

aumts estagios al. Esse processo passaporvario

(ALMI

icer, geralmente se da

vsaprifrersrtaedngen

ntes de chegarao tumor

Page 10: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

Iniciagio Neuinico] (eae) tDosen Alteragbes ’Fisico Biolégica —> D > >

Efetiva’ N Soon iBioldgico, yon t s

- 'inthacio ni aa

" = InstabilidadeEliminagao Gendmica

Dano Reordenamento AlteracdesOxidativo Cromossémico —_Enzimaticas

Figura 2: As etapas da carcinogénese.In: ALMEIDA, 2018

2.1.3.1 Estagio de iniciagao

E 0 primeiro estagio da carcinogénese. Nele as células sofrem o efeito dos

agentes cancerigenos que provocam modificagées em alguns de seus genes. Nesta

fase as células se encontram, geneticamente alteradas, mas ainda nao é possivel se

detectarclinicamente um tumor. Encontram-se "preparadas", ou seja, "iniciadas" para

a ac&o de um segundo grupo de agentes que atuara no proximo estagio (ALMEIDA,

2018).

Como surge 0 cancer?

Agentesiniciadores

Figura 3: 1° estagio da carcinogénese. In: ALMEIDA, 2018

10

Page 11: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

2.1.3.2 Estagio de promogao

E 0 segundo estagio da carcinogénese.As células geneticamente alteradas, ou

seja, “iniciadas", sofrem o efeito dos agentes cancerigenos classificados como

oncopromotores.A célula iniciada é transformada em célula maligna, de forma gradual

e lenta. Para que essa transformacao ocorra, € necessario um e continuado e longo

contato com o agente cancerigeno promotor. A suspensaodo contato com agentes

promotores muitas vezes cessa 0 processo nesse estagio. Alguns componentes da

alimentacao e a exposi¢ao prolongada e excessiva a horménios sao exemplos de

fatores que promovem a transformacaodecélulasiniciadas em malignas. Os agentes

promotores,porsi sds, nao causam cancer (ALMEIDA,2018).

Comosurge o cancer?

Agentespromotores

Figura 4: 2° estagio da carcinogénese. In: ALMEIDA, 2018

2.1.3.3 Estagio de progressao

E 0 terceiro e ultimo estagio e se caracteriza pela multiplicagao descontrolada

e irreversivel das células iniciadas. Neste estagio 0 cancerja esta instalado, evoluindo

até o surgimento das primeiras manifestacdes cclinicas da doenca.

Osfatores que promovem a progressAoouiniciagdo da carcinogénese sao chamados

agentes oncoaceleradores ou carcindgenos. Um exemplo de agente carcinégeno

completo, € o fumo, porque possui componentes que atuam nos trés estagios da

carcinogénese (ALMEIDA,2018).

11

Page 12: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

‘Como surge o cancer?

Multiplicagao Actimulo de Tumordescontrolada de células cancerosascélulasalteradas

Figura 5: 3° estagio da carcinogénese.In: ALMEIDA, 2018

2.1.4 Agentes Carcinogénicos

Os agentes carcinogénicos sao exposigées a variados fatores que aumentam

o risco de uma pessoa desenvolver 0 cancer. O organismo humano encontra-se

exposto a multiplos fatores carcinogénicos, porém as predisposigéesindividuais tem

um papelimportante na respostafinal.

A carcinogénese podeiniciar-se de forma espontanea ou ser provocada pela

agao de agentescarcinogénicos quimicos,fisicos ou bioldgicos.

A fisica é formada principalmente pela energia radiante, solar e ionizante. A

radiacaoultravioleta natural (RUV) é proveniente do sol e pode causar cancerde pele.

Osraios UV-A nao sofrem influéncia da camada de ozonio e causam cancer de pele

as pessoas que se expdem a dosesaltas e por um longo periodo de tempo. Osraios

UV-B também sao carcinogénicos e sua frequéncia tem aumentado muito com o

impacto da destruigao da camada de ozénio.

A carcinogénese quimica € decorrente do contato com agentes quimicos do

fruto de habitos como etilismo, tabagismo, consumo de produtos condimentados,

profiss6es que sofrem exposi¢ao a produtos quimicos, processos inflamatorios,

horm6nios, dentre outros.

Os agentes carcinogénicos bioldgicos criam condigées propicias para

mutagGesatravés da promogaodaproliferacao celular. Sao exemplos dessetipo de

carcinégenoosvirus como Papilomavirus humano - HPV,Epstein-Barr - EBV, hepatite

B - HBV e HIV,assim comoasbactérias, tal qual Helicobacterpylori.

12

Page 13: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

A descoberta de que os oncogenes causadoresde tumoresestao relacionados

aos genes normais levantou varios questionamentos sobre o papel desses genes no

crescimento, desenvolvimento e na diferenciagao das células normais e tumorais.

Acredita-se que etapas da iniciagao e promogao de um tumore a propria existéncia

de uma neoplasia maligna dependem da expressao, ou seja, da presenca de

oncogenes, que possamter ocorrido por amplificagao (aumento do numero de cépias

do gene), por expressdo alterada de genes repressores ou por mutagéescriticas em

areas de determinado oncogene (OLIVEIRA; CRUZ; MAUSUI, 2011).

2.1.5 Tratamentos do Cancer

ton 9 F

Figura 6: Dispensagao de medicamentos.In: https:/www.hipolabor.com.br

Apés a doenga ser diagnosticada, 0 médico discutira com o paciente quais

seréo as opgées de tratamento, que dependerao do tipo e estagio do tumor,

localizagao, estado de satide geral do paciente e dos possiveis efeitos colaterais.

Segundo Almeida (2018) e a Instituigéo Oncoguia, os principais tipos de

tratamentos contra 0 cancer sao:

e Cirurgia. A cirurgia oncoldgica é 0 principal tratamento utilizado para varios tipos

de cancer. Ela pode ser curativa quando a doenga é diagnosticada em estagio

inicial. Pode ser usada também com objetivo de diagndstico, como na biopsia

cirurgica, alivio de sintomas como a dor e em alguns casos de remogao de13

Page 14: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

metastases quando o paciente apresenta condicgées favoraveis para a realizagao

do procedimento.

Quimioterapia. Essetipo de tratamento atinge nao somenteascélulas cancerosas

como também as células sadias do organismo. Nessetipo de tratamento, sao

utilizados medicamentos anticancerigenos para destruir as células tumorais. A

quimioterapia é administrada, na maior parte dos casos por via venosa, embora

alguns quimioterapicos possam ser administradosporvia oral e pode serutilizado

a aplicagao de um ou mais quimioterapicos. De acordo com seuobjetivo, pode ser:

- Curativa: quando seu objetivo é de obter o controle completo do tumor; -

Adjuvante: quando realizada apos a procedimento cirurgico, com objetivo de

esterilizar células cancerigenas residuais locais ou circulantes, diminuindo a

incidéncia de recidiva e metastases a distancia e também prevenir

micrometastases; - Neoadjuvante ou prévia: quando realizada para se obter a

reducgao parcial do tumor, visando a possibilidade de uma complementagao

terapéutica com cirurgia e/ou radioterapia; - Paliativa: nao tem finalidade curativa,

utilizada para melhorar a qualidade da sobrevida do paciente e — Sinergismo: com

outras terapéuticas, quando utilizado concomitantemente, ocorre um mutuo

aumento dosefeitos terapéutico. Para evitar os efeitos toxicos intoleraveis dos

quimioterapicos e que eles ponham emrisco a vida dos pacientes, sao obedecidos

critérios para a indicagao da quimioterapia. Sao critérios variados e dependentes

das condigéesclinicas do paciente e das drogas selecionadaspara o tratamento.

Radioterapia. E 0 uso das radiacéesionizantes usadas com a intengdo deinibir ou

destruir o crescimento das células anormais que formam um tumor. Existem varios

tipos de radiacgao, porém as maisutilizadas sao as eletromagnéticas (Raios X ou

Raios gama) e os elétrons (disponiveis em aceleradores lineares de alta

energia). O principal cuidado que se tem aoplanejar a radioterapia é preservar o

tecido saudavel, contudo, sempre ha o risco deste ser afetado pelo tratamento,

gerandoefeitos colaterais. Existem varios tipos de radioterapia e cada um deles

tém umaindicagao especifica dependendo do tipo de tumor e estadiamento da

doenca

14

Page 15: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

Hormonioterapia. Tem comoprincipal objetivo impedir a agao dos horménios em

células sensiveis. Algumascélulas tumorais possuem receptores especificos para

horménios, como os de estrogeno, no cancer de mama, por exemplo. Sao esses

horménios os responsaveis pelo crescimento e proliferagao das células malignas.

A hormonioterapia é uma formade tratamento sistémico que leva a diminuicao do

nivel de horménios ou bloqueio da agao desses horménios nascélulas tumorais,

com 0 objetivo de tratar os tumores malignos dependentes do estimulo hormonal.

Terapia Alvo. Nas células humanasexistem diversas proteinas/moléculas com a

funcgao de mantera proliferacao celular. Tais compostos formamvias interligadas

que culminam na efetivagao da fun¢cao celular desejada, seja a multiplicagao

celular, a resposta a um estimulo externo ou até mesmo a ordem de morte celular

programada. Nas células cancerigenas também existem moléculas com papel

semelhante, mas muitas vezes, desempenhando estas fungdes de forma

descontrolada e cadtica. Atacar estas moléculas € 0 objetivo da terapia-alvo

molecular. Esta tem o foco de combater as moléculas especificas, direcionando a

agéo de medicamentos, exclusivamente ou quase exclusivamente, as células

tumorais, reduzindo assim, suas atividades sobreas células saudaveise osefeitos

colaterais.

Imunoterapia. E um tratamento biolégico cujo objetivo é potencializar o sistema

imunoldgico, utilizando anticorpos produzidos pelo préprio paciente ou em

laboratorio. A imunoterapia provoca o aumento da resposta imune, atuando no

bloqueio de determinadosfatores e estimulando a acao das células de defesa do

organismo, fazendo que essas células reconhegam o tumor como um agente

agressor.

Medicina Personalizada. Visa tratar a satide do paciente de maneira exclusiva,

analisando cada caso individualmente, levando em conta informacdes

individualizadas em relagao a historia e dados clinicos, genéticos (genes),

gendémicos (DNA) e ambientais do paciente. Esta, considera cada paciente Unico

e pode serutilizada para entender a genética de uma pessoa e compreender a

biologia do tumor. Baseadosnessasinformacées, os médicos almejam identificar

15

Page 16: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

estratégias de prevenc&o, rastreamento e tratamento que possam ser mais

eficazes e com menosefeitos colaterais do que seria esperado em tratamentos

convencionais.

° Transplante de Medula Ossea. A medula ossea é encontradanointerior dos ossos

e contém as células-tronco, responsaveis pela formacao dos componentes do

sangue: hemacias (globulos vermelhos), leucdcitos (globulos brancos) e

plaquetas. O transplante de medula ossea é a coleta da medula Ossea para o

tratamento de algunstipos de cancer. Apos receberaltas doses de quimioterapia,

0 paciente recebe a medula 6ssea por meio de umatransfusao, provenientes do

proprio paciente ou de um doador. O transplante de medula 6ssea pode ser:

alogénico (quando a medula ou ascélulas precursoras provém deoutro individuo

(doador)) ou autdlogo (quando a medula ou as células precursoras provém do

proprio individuo transplantado (paciente)).

Todas as opcdes de tratamento devem sempre ser discutidas pela equipe

médica, bem como suaeficacia e seus possiveis efeitos colaterais, para amparar a

decisao que melhor se adapte as necessidadesindividuais de cada paciente.

2.1.6 Farmacéutico no Universo da Oncologia

Ainda hoje muitas pessoas associam o farmacéutico aquela pessoa de jaleco

branco atras dos balc6es das drogarias ou nos laboratorios das farmacias de

manipulagao, nao tendo nogao do quanto o trabalho desseprofissional € muito mais

abrangente (INCA, 2019).

Desde a década de 90, quando o Conselho Federal de Farmacia estabeleceu

comoprivativa do farmacéutico a manipulagao de medicamentos antineoplasicos,

através da Resolugao N°288/96, este profissional vem aumentando sua area de

atuagao, no universo da oncologia. Este foi o primeiro grande passo para que o

farmacéutico assumisse espaco nesta area. Houve, ainda,o fortalecimento da classe,

em virtude da criagao da Sociedade Brasileira de Farmacéuticos em Oncologia

(SOBRAFO), que colaborou com o suporte técnico-cientifico a estes profissionais

(RIBEIROetal, 2009).

16

Page 17: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

Na area oncoldgica,o principal instrumento para a qualidade da farmacoterapia

€ o farmacéutico. Suasatribuigdes ultrapassam a simples dispensacao da prescri¢ao

médica, ou ainda, a manipulagdo propriamente dita. Em varias etapas da terapia

antineoplasica sua atuagdo é de extrema importancia, sejam elas:

2.1.6.1 Informagao sobre medicamentos

O farmacéutico incumbe-se de analisar as bibliografias, divulgar informagdes

seguras e isentas, de fontes confiaveis, auxiliando no aprimoramento da qualidade

das condutas de prescrigao e terapéuticas.

Atua no processo de comunicagaéo, fornecendo aos membros da equipe

multidisciplinar informagées sobre farmacocinética, farmacodinamica, doses usuais,

formas e vias de administragéo, doses maximas, toxicidade acumulativa,

incompatibilidades fisicas e quimicas com outras drogas e estabilidade de

medicamentos. Sabe-se que as orientagées farmacéuticas sao fundamentais para que

se alcance o melhorresultado dentro da posologia prescrita e do protocolo terapéutico

oferecido (RIBEIROet al, 2009).

2.1.6.2 Selegao e Padronizagao de Medicamentose Materiais

Devido ao seu conhecimento efetivo aos protocolos terapéuticos e de suporte

na terapia oncologica, tem a responsabilidade na sele¢ao de medicamentos e

materiais que atendam as exigéncias legais, na averiguag¢éo do cumprimento das

boaspraticas de fabricagao pelo fornecedor, na avaliagao técnica e na notificagado de

queixas técnicas aos orgdos reguladores (ALMEIDA,2018).

2.1.6.3 Auditorias internas

O farmacéutico € o responsavel por realizar auditorias internas, no que

concerne a estrutura da area de preparagao de quimioterapia, estocagem de

medicamentos e manuten¢gao preventiva de equipamentos, de acordo com as

necessidades operacionais e normasestabelecidaspela legislagao vigente (RIBEIRO

et al, 2009).

17

Page 18: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

2.1.6.4 Manipulagao dos Agentes Antineoplasicos

No que se refere ao preparo dos medicamentos citotoxicos, este deve ser

realizado com técnica asséptica, em ambiente com infraestrutura apropriada,

seguindo as normasdaslegislagées e padrées internacionais, e por procedimentos

pré-estabelecidos sob responsabilidade do farmacéutico. A acao desse profissional

nessa etapa da terapia oncoldgica é primordial para diminuir os riscos associados a

manipulagéo dos medicamentos além de prevenir certos erros como por exemplo

selegao errénea do diluente. O controle de qualidade deve ser continuo e diario numa

central de manipula¢ao de quimioterapia, nessa etapa, podem seridentificadas nao

conformidades no preparo dos medicamentos, sendoindicativo de necessidade de

notificagao de queixa técnica ou desvio de qualidade (RIBEIROet al, 2009).

2.1.6.5 Farmacovigilancia

A Farmacovigilancia, segundo a Organiza¢ao Mundial de Saude — OMS,define-

se comoa "ciéncia e as atividadesrelativas a deteccao, avaliacao, compreensao e

prevengaodosefeitos adversos dos medicamentos" (ALMEIDA, 2018).

A existéncia de um sistema de farmacovigilancia € imprescindivel para o

mercado farmacéutico, resguardando a populagao de danos causadosporprodutos

comercializados;a utilizagao de ferramentas comoidentificagao precoce dosriscos,

resulta na prevengaoe intervengées imediatas junto a populagao. Historicamente, a

farmacovigilancia surgiu com a tragédia da talidomida em 1961, onde nasceram

milhares de criancas com malformagao congénita resultado da exposicao, ainda no

utero a um medicamento inseguro indicado para uso de gestantes. Diante deste

ocorrido,as politicas de regulamentagao de medicamentosinstituidas pelas agéncias

reguladoras, passaram a ter maior cuidado e determinaram que antes de um

medicamento ser langado no mercado, este deveria ser testado em humanos,

compreendendoasfasesclinicas, com proposito de verificar a qualidade, seguranca

e eficacia dos mesmos (ALMEIDA, 2018).

Se tratando de terapia oncolégica, os pacientes sao candidatos ao

desenvolvimento de potenciais reagées adversas, devido a poliquimioterapia, margem

terapéutica estreita dos medicamentos em uso, tratamento prolongado e

simultaneidade com outros tratamentos de suporte. Neste contexto, o farmacéutico,

na area da farmacovigilancia, tem colaborado muito com a detecgaoe identificagao

18

Page 19: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

de reagdes adversas € de fatores de risco para 0 desenvolvimento destas, além de

propor medidas de intervengao e prevencao, visto que as reacdes adversas a

medicamentos so uma das causas deinternagao, onerando assim os custos das

instituig6es (RIBEIRO et al, 2009).

2.1.7 Farmacéutico na Equipe Multidisciplinar em terapia

Atualmente, a multidisciplinaridade em oncologia é fator condicionante da

qualidade da assisténcia prestada, por consequéncia do trabalho harmonioso e

integrado obtém-se uma melhor qualidade de vida aos pacientes. O tratamento

oncoldogico € conduzido por uma equipe multidisciplinar, composta por diversos

especialistas altamente qualificados, responsaveis por diferentes cuidados e

demandasindividuais de cada paciente (ALMEIDA,2018).

O farmacéutico é um dosintegrantes da equipe multidisciplinar e na oncologia,

suasatribuigdes vao além da simples dispensacao da prescric¢ao médica, ou ainda a

manipulagao dos medicamentos propriamente dita. Sua atuacao é€ importante em

varias etapas do tratamento, como na selegao e padronizagéo de medicamentos e

materiais e na manipulagdo dos agentes antineoplasicos. E o responsavel pela

elaboragao dos procedimentos operacionais, garantindo a qualidade e seguranga do

processo que s&o necessarias ao tratamento oncoldgico oferecido aos pacientes. Ele

participa do plano de gerenciamento de residuos toxicos, acompanha e notifica

reagdes adversas que eventualmente o paciente possa apresentar, discute de forma

transparente a qualificagaéo de fornecedores e distribuidores de medicamentos e

materiais, trabalhando de forma eficiente no que se refere ao estoque de

medicamentos e finalmente acompanha o paciente durante seu tratamento

(ONCOGUIA,2019).

A responsabilidade do farmacéutico nao é so entregar um medicamento dentro

do melhor padrdo de qualidade, mas também acompanharo resultado do tratamento,

deve evitar que o paciente sofra danosporerro de medicagao.A analise da prescri¢ao

médica € o momento de maiorinterferéncia e interagdo do farmacéutico com o

prescritor, tem-se a possibilidade de atuar em carater preventivo e ainda corretivo.

Nesta interagao, 0 objetivo do farmacéutico nao é questionaro diagnostico, ouintervir

na condutaterapéutica, mas garantir a seguranca, a provisdo, 0 acesso e a qualidade

destes medicamentos aos pacientes em terapia oncoldgica. A validagao da prescrigao

19

Page 20: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

é feita atraves da andlise das caracteristicas do medicamento, das condigéesclinicas

do paciente e do protocolo de tratamento estabelecido. Dentre outras variaveis, sao

avaliadas as interagées medicamentosas, o diluente adequado e a possivel

necessidade de mudanga da dose por ocorréncia de reagées adversas em ciclos

passados. Os quimioterapicos, de modo geral, sao prescritos por superficie corporal,

ou seja, leva-se em conta o peso e a altura do paciente, calculo que é conferido pelo

farmacéutico. Validada a prescrigao, ela devera seguir para a linha de producao, na

qual o medicamento € manipulado na dose necessaria estipulada para o paciente

(RIBEIRO et al, 2009).

Fora das enfermarias, os farmacéuticos oncoldgicos fazem o acompanhamento

farmacoterapéutico dos pacientes ambulatoriais — aqueles que retiram o

quimioterapico de uso oral nas unidades de saude e fazem uso em casa.O objetivo é

de promover a ades&o ao tratamento e 0 uso racional e seguro do medicamento,

obtendo, assim, os melhores resultados terapéuticos possiveis (ONCOGUIA,2019).

Asatribuigdes privativas do farmacéutico, em concordancia com a Resolugao

n°565/12 do Conselho Federal de Farmacia, sao:

- Selecionar, adquirir, armazenar e padronizar os componentes necessarios ao

preparo dosantineoplasicos;

- Avaliar os componentes presentes na prescri¢ao médica, quanto a quantidade,

qualidade, compatibilidade, estabilidade e suas interacdes;

- Proceder a formulacao dos antineoplasicos segundo a prescrigao médica, em

concordancia com o preconizado emliteratura;

- Manipular drogas antineoplasicas em ambientes e condigédes assépticas, e

obedecendoa critérios internacionais de seguranca;

- Orientar, supervisionar e estabelecer rotinas nos procedimentos de manipulagao e

preparacao dosantineoplasicos;

- Determinar 0 prazo de validade para cada unidade de antineoplasico de acordo com

as condig6es de preparo e caracteristicas da substancia;

- Assegurar 0 controle de qualidade dos antineoplasicos apds o preparo até a

administragao;

- Assegurar destino seguro para os residuos de antineoplasicos;

- Compora equipe multidisciplinar nas visitas aos pacientes submetidosa tratamento

com antineoplasicos;

20

Page 21: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

- Participar das reunides, discussdes de casos clinicos e atividades didaticas e

cientificas da equipe multidisciplinar;

- Participar, desenvolver, elaborar pesquisas de antineoplasicos, nao so na area de

saude, bem comona area industrial.

2.1.8 Atengao Farmacéutica ao paciente Oncoldgico

O desenvolvimento da oncologia ocorre de forma muito dinamica, e o

farmacéutico é instigado a manter-se informado sobre as novasterapias. Ter pleno

conhecimento dos aspectos farmacolégicos dos medicamentos em uso é primordial

para o desenvolvimento de uma adequada assisténcia farmacéutica, contribuindo com

a qualidade devida do paciente (RIBEIROetal, 2009).

A definigao de atengao farmacéutica por Linda Strand e Charles Hapler(1990),

diz que: “Atengdo farmacéutica é a proviso responsaveldo tratamento farmacolégico

com o proposito de alcangar resultados terapéuticos concretos que melhorem a

qualidade de vida dos pacientes”. Ja a OMS (1993 apud STRAND e HAPLER,1990),

definiu atengdo farmacéutica como sendo o “conjunto de atitudes, comportamentos,

compromissos, inquietacdes, valores éticos, fungdes, conhecimentos,

responsabilidades e destrezas do farmacéutico na prestacao da farmacoterapia, com

© objetivo de alcangar resultados terapéuticos definidos voltados para a salde e

qualidade de vida do paciente”. Baseado nessas definigdes, a necessidade de

desenvolver atengao farmacéutica passou a ser o objeto, se tratando de paciente

oncologico. E umaatividade realizada pelo farmacéutico, logo no inicio do ciclo de

quimioterapia, no transcorrer da terapia de suporte e no controle dos sintomas dos

pacientes em cuidadospaliativos.

Segundo ONCOGUIA(2019), 0 foco da atengao farmacéutica para paciente

oncolégico esta no aconselhamento e monitoramento da terapia farmacolégica. O

aconselhamento do paciente em regime de quimioterapia deve ser antecedido de

todas as informagées necessarias para garantir a adesdo ao tratamento, alem de

desenvolver a confianga entre o paciente e o farmacéutico. O monitoramento da

terapéutica é feito, através do acompanhamento minuciosodotratamento do paciente.

O farmacéutico deve exercer assisténcia, auxiliando-o quanto ao modo de usar e

quanto ao armazenamento correto do medicamento, alertando-o sobre os provaveis

efeitos colaterais e interagdes medicamentosasou alimentares, e sobre a importancia

21

Page 22: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

de seguir as orientagdes médicas sobre o horario de administragao. Informar ao

paciente se o medicamento queele vai usar causa dependénciafisica ou psiquica, os

perigos da automedicagéo e de tratamentos alternativos nao comprovados

cientificamente, dentre outras orientagdes. O farmacéutico deve ser capaz de fornecer

recomendacoes para minimizaros efeitos secundarios da terapia. Para tanto, deve-

se definir um plano de atengao farmacéutica que contemple os seguintes aspectos:

- Atentar para que, ao longo do tratamento, as reagdes adversas aos medicamentos

sejam as minimas possiveis. Essas reagées devem ser devidamente registradas e

notificadas;

- Estabelecer uma boa relagao farmacéutico-paciente é fundamental para o sucesso

do tratamento;

- Coletar, sintetizar e analisar as informacées relevantes sobre o paciente;

- Listar e classificar os problemas relatados pelo paciente e identificados na

anamnese;

- Estabelecer o resultado farmacoterapéutico desejado para cada problema

relacionado com o medicamento;

- Disponibilizar informagées sobreasalternativas terapéuticas disponiveis;

- Eleger, juntamente com o médico, a melhor solugao farmacoterapéutica e

individualizar o regime posoldgico;

- Desenvolver um planosistematico de monitorizagao terapéutica;

- Realizar seguimento do paciente para medir o resultado.

A terapia farmacolégica devera ser adequada ao estilo de vida de cada

paciente, respeitando suaslimitacdes, habitos, sua motivagao para cumprir o plano

terapéutico, tendo comoobjetivo maior, garantir a adesao ao tratamento e melhorar a

qualidade de vida do paciente.

2.1.9 Sistema de Satide do Exército

O Sistema de Sade do Exército € o responsavel por prover assisténcia

médico-hospitalar a militares e seus dependentes, seja em tempo de pazou de guerra,

com vistas a manter a higidez de seus militares, seja em combate oufora dele, assim

como, atuar na prevencao e promogao da satide aos beneficiarios do sistema. As

organizagées militares possuem uma Secao de Satide, com médicos, dentistas,

farmacéuticos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, ondeseinicia 0 apoio médico-

22

Page 23: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

odontolégico. O Servigo de Salide é estruturado em 545 segées de Saudeinstaladas

em organizagées militares da Forga; 23 postos médicos de Guarni¢ao; 4 policlinicas

militares; 15 hospitais de Guarnigao; 11 hospitais-gerais e ainda o Hospital Central do

Exército. A estrutura € complementada pelo Fundo de Satide do Exército, que efetiva

contratos e credenciamentos com organiza¢éescivis e profissionais auténomos da

area de Satide (DSau, 2019).

O Departamento Geral do Pessoal (DGP) vem alertando sobre as ameacas a

sustentabilidade do sistema FUSEX (Fundo de Satide do Exército), em grande parte,

devido ao aumento dos custos dos servigos médicos hospitalares no Brasil e da

elevacgao no numero de usuarios, principalmente inativos e pensionistas, em faixas

etarias mais elevadas. Isso contribui para o aumento nos gastos per capita nos

encaminhamentos a Organizacdes Civis de Saude (OCS), além do crescimento geral

dos gastos com pagamentos a OCS e a Profissionais de Saude Auténomos (PSA).

Para que ocorra um desenvolvimento sustentavel, com qualidade, do sistema

FUSEX,0 servico de satide deve se basear nas seguintes orientag6es emanadas pelo

DGP:

- Racionalizagao dos encaminhamentos a OCS/PSA;

- Aumento da produtividade interna das Organizagées Militares de Satide

(OMS);

- Controle dos beneficiarios e

- Auditoria permanente nos custos dos servigos médicos prestados.

2.1.10 Oncologia no Sistema de Satide do Exército

Segundoa Diretoria de Satide (DSau), dentro da estrutura do Servigo de Saude

do Exército apenas 5 Organizagées Militares de Satide contam com um servigo de

oncologia préprio, que sao:

- Hospital Central do Exército (HCE);

- Hospital Militar de Area de Porto Alegre (HMAPA);

- Hospital Militar de Area de Recife (HMAR);

- Hospital Geral de Curitiba (HGeC) e

- Hospital Geral de Santa Maria.

23

Page 24: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

As outras OMSutilizam dos servicos prestados pelas Organizagées Civis de

Saude credenciadas ou fazem aquisigao de alguns quimioterapicos por processo

licitatorio.

O efeito financeiro relacionado a diferenga dos valores pagos pelos

medicamentos quimioterapicos adquiridos em processoslicitatorios pelas OMS e dos

valores remunerados via OCS credenciada é demonstradona tabela abaixo, levando

em consideragaéo os medicamentos quimioterapicos mais utilizados, no HGeC

(Hospital Geral de Curitiba) e no HGuFI (Hospital de Guarnigao de Florianopolis), os

dois hospitais pertencentes a 5* RM:

TABELA 2 - Comparacdodos valores pagos nos medicamentos quimioterapicos

MEDICAMENTO CONE LIcITAGAO HGuFI HGecFORMA FARMACEUTICA

ANASTROZOL 1 MG/CPR R$ 0,78 R$ 16,70 R$ 19,57

EXEMESTANO 25MG/CPR R$ 5,20 R$ 20,03 R$ 23,76

CAPECITABINA SOOMG/CPR R$ 5,98 R$ 16,56 R$ 19,63

TAMOXIFENO 10MG/CPR R$ 1,38 R$ 4,74 R$ 5,27

ZOLADEX 10,8 MG/INJ R$ 719,13 R$ 1.810,44 R$ 2.121,04

FULVESTRANTO| 500 MG/INJ R$ 812,66 R$ 2.258,20 R$ 2.296,48

ALFAEPOETINA 4000UI/INJ R$ 23,59 R$ 230,80 R$ 196,74

OXALIPLATINA SOMG/INJ R$ 81,83 R$ 1.329,39 R$1.351,92

CARBOPLATINA 450MG/INJ R$ 171,32 R$ 1.180,34 R$ 1.200,35

FOLINATO DE 1OMG/INJ R$ 80,05 R$ 239,89 R$ 243,97

CALCIO Fonte: Pregos Comprasnet/ HGeC/ HGuF!

Observagées:

Valor da Licitagao: valor médio obtido pela consulta no site Comprasnet;

Valor do HGeC: Conforme referencial de custos 2019, (Item do edital de

credenciamento daquela organizacao militar com as OCS credenciadas que norteia

os valores na guarni¢ao de Curitiba-PR), medicamentos e radiofarmacos serao pagos

de acordo com o guia Brasindice, com prego maximo ao consumidor (PMC).

Medicamentos de usorestrito ao ambiente clinico e hospitalar ou apresentados em

embalagensproprias para hospitais e clinicas (embalagens hospitalares) e que nao

tenham PMC noBrasindice, serao pagos de acordo com Prego de Fabricante (PF),

24

Page 25: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

acrescido de margem de operacionalidade de 20% (vinte por cento). O valor do ICMS

para todosositens sera de acordo com o estabelecido para o Estado do Parana que

é de 18% (dezoito por cento);

Valor do HGuFL: Conforme referencial de custo 2019, (Item do edital de

credenciamento daquela organizagao militar com as OCS credenciadas que norteia

os valores na guarnigaéo de Floriandpolis-SC). Medicamentos, quimioterapicos,

imunobioldgicos e radiofarmacos serao pagos de acordo com 0 guia Brasindice, Prego

de Fabrica (PF), correspondente a época do atendimento, acrescidos de taxa de

comercializagao de 18% (dezoito por cento). O valor do ICMSparatodosositens sera

de acordo com o estabelecido para o Estado de Santa Catarina que é de 17%

(dezessete por cento).

TABELA3 — Percentualda diferenca dos valores pagos nos medicamentos quimioterapicos

MEDICAMENTO VALOR ry PAGO NA MEDIA DO VALOR PAGO PERCENTUAL PAGO A

LICITACAO AOCS MAIOR:

ANASTROZOL RS 0,78 RS 18,13 2.224,36%

EXEMESTANO RS 5,20 R$ 21,90 321, 15%

CAPECITABINA RS 5,98 RS 18,10 202,67%

TAMOXIFENO RS 1,38 R$ 5,00 262,32%

ZOLADEX R$ 719,13 RS 1.965,74 173,35%

FULVESTRANTO RS 812,66 R$ 2.277,34 180,23%

ALFAEPOETINA R$ 23,59 R$ 213,77 806, 19%

OXALIPLATINA RS 81,83 RS 1.340,65 1,538,33%CARBOPLATINA RS 177,32 R$ 1.190,35 594,81%

FOLINATO DE CALCIO R$ 80,05 R$ 247,93 202,22%

Fonte: Autor

A analise da tabela demostra 0 quanto é relevante a economia obtida com a

compradireta feita pelas OMS em relacao aos valores pagos as OCSconveniadas.

Pode-se notar que a diferencga minima de valor pago é de 173,35% que é 0 caso do

Zoladex. Ja o Anastrozol e a Oxaliplatina, apresentam os maiores percentuais de

diferenca de valores, respectivamente 2.224,36% e 1.538,33%. Com a comprafeita

pelas OMS, além da exorbitante economia gerada, consegue-se aumentar a

produtividade interna e a reducao no numero de encaminhamentos. Embora seja

complicado a estruturagao de centros oncoldgicos préprios para as unidades de

25

Page 26: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

saude, infere-se que caso as organizagées militares realizassem compras diretas dos

medicamentos quimioterapicos, poderia ser alcangado enorme economia ao Sistema

de Satide do Exército, principalmente no que diz respeito aos medicamentos que se

apresentam na forma solida (comprimidos e drageas), assim como os medicamentos

que nado necessitam de manipulagao de preparo. Estes medicamentos poderiam ser

entregues diretamente ao paciente, administrados por servigos de pronto atendimento

proprios das unidadesmilitares ou ainda fornecidos ao usuario e aplicados em clinicas

conveniadas.

A criagao de centros de oncologia proprios para cada hospital militar,

demandaria umainfraestrutura complexa, apropriada e equipada seguindo as normas

das legislagdes e padrées internacionais, aleém de uma equipe de miultiplos

profissionais, que nem sempre é viavel, devido a escassez de especialistas nas

unidades de saUde militares e do alto investimento para executar e mantero servigo.

Devido a esta dificuldade de implementagao de um centro oncolégico proprio,

e na tentativa de aumentar a qualidade, a resolubilidade, e otimizagao dos recursos

financeiros do Sistema de Saude do Exército, surge comoalternativa a contratagao

de profissionais farmacéuticos militares habilitados em oncologia, que possam atuar

nas OCScontratadas especializadas em quimioterapicos.A intervencao farmacéutica,

especialmente quanto a analise de prescri¢des, com a continua monitorizagao

farmacoterapéutica, € capaz de identificar problemas relacionados a medicamentos,

aumentara efetividade e minimizar os riscos da farmacoterapia, alem de aumentar a

seguranga do paciente. Através da aten¢ao farmacéutica pode-se agregar extensivo

valor aos servigos prestados aos usuarios do sistema FUSEX.

3 CONSIDERAGOESFINAIS

A literatura é unanime em enfatizar a importancia do farmacéutico numa equipe

multidisciplinar durante o tratamento do cancer. Sua participagao vai muito além da

manipulagao da formulagao dos antineoplasicos, pois seu desempenhoclinico auxilia

os outros profissionais na otimizagao do plano terapéutico, melhorando a qualidade

do servigo oncolégico prestado. Sua atuagao nosdiversos processosdo tratamento,

que vao desde a analise da prescrig&o, notificagaéo de efeitos adversos até o

acompanhamentoclinico do paciente, garantem um servico de satide mais eficaz e

seguro.

26

Page 27: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

No Ambito militar, uma atuacgao maisefetiva destesprofissionais, tanto em OMS

quanto em OCSconveniadas, além dosefeitos benéficos na qualidade e efetividade

do tratamento, ocasionaria uma diminuigao nos custos dessetipo de tratamento. A

compra realizada através de processos licitatérios pelas proprias OMS de

medicamentos quimioterapicos que nao necessitam de manipulagao para o preparo,

acarretaria numa economia bastante expressiva.

Com a escassez de recursos na area de satide, 0 farmacéutico deve cooperar

para que as melhoresescolhasterapéuticas sejam realizadas e as patologias possam

ser tratadas com a tecnologia de maiorcusto-efetividade que se tenha disponivel. Nao

se deve levar em conta apenas os aspectos econémicosda terapia, mas sobretudo,

0 sucesso dela, cooperando para uma melhor qualidade de vida do paciente.

27

Page 28: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

REFERENCIAS

AGUIAR,K.S.; SANTOS,J.M.; CAMBRUI, M.C.; PICOLOTTO,S.; CARNEIRO, M.B.Seguranga do paciente e o valor da intervengdo farmacéutica em um hospitaloncolégico. Einstein (Sao Paulo). Volume 16, n. 1, 2018. Disponivel em:www.scielo.br/pdf/eins/v16n1/pt_1679-4508-eins-S1679-45082018A04122.pdf.Acesso em 02 jun 2019.

ALMEIDA,José Ricardo Chamhum de. Farmacéuticos em Oncologia: Uma NovaRealidade, 3? ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2018

AMARAL,M.F.; AMARAL,R.G., PROVIN, M.P. The action of pharmacistin process ofpharmacist-intervention: one review. Revista Eletronica de Farmacia. Volume5, n.1, 2008. Disponivel em: www.revistas.ufg.br/REF/article/view/4615.

BONASSA,Aguilar Moreno Edva; SANTANA, Rocha Tatiana. Enfermagem emterapéutica oncolégica. 3° ed. Sao Paulo: Atheneu, 2005.

BRASIL. ANVISA. Agéncia Nacional de Vigilancia Sanitaria. Guia para notificagaode reag6es adversas em oncologia / Sociedade Brasileira de Farmacéuticos emOncologia. 2° ed. Sao Paulo: 2011.

BRASIL. Conselho Federal de Farmacia. Resolugao n° 565, de 6 de dezembro de2012. Da nova redacao aosartigos 1°, 2° e 3° da Resolug&o/CFF n° 288 de 21 demargo de 1996. D.O.U.2012. Disponivel em:http:/www.cff.org. br/userfiles/file/resolucoes/565.pdf. Acesso em 8 dejul. 2019.

DIRETORIA DE SAUDE DO EXERCITO BRASILEIRO. Disponivel em:http://www.dsau.eb.br. Acesso em 04 ago. 2019.

ESTATISTICAS bo CANCER; 2019. Disponivel em:https://www.inca.gov.br/numeros-de-cancer. Acesso em 24 Jun 2019

FERRACINI, Teixeira Fabio; FILHO, Wladimir Borges Mendes. Farmacia Clinica —Seguranga na pratica hospitalar. 1° ed. Sao Paulo: Atheneu, 2012.

INSTITUTO NACIONAL DE CANCER JOSE ALENCAR GOMESDASILVA (INCA).ABC do cancer: abordagens basicas para o controle do cancer/ InstitutoNacional de Cancer José Alencar Gomes daSilva; organizaco Mario JorgeSobreira da Silva. 5. ed. Rio de Janeiro: Inca, 2019.

OLIVEIRA, Solange de Carvalho; CRUZ, Solange Cezario Gomes Ribeiro; MATSUI,Tomoko. Curso de especializagado profissional de nivel tecnico em enfermagem,livro do aluno: oncologia/coordenagao técnica pedagdgica. Sao Paulo: FUNDAP,2011.

REIS W.C.; SCOPEL C.T.; CORRER C.J.; ANDRZEJEVSKI V.M. Analysis ofclinicalpharmacistinterventionsin tertiary teaching hospital in Brazil. Einstein (SAo Paulo).Volume AA; n. 2, 2013. Disponivel em:

28

Page 29: Deise LucianaAdriano” MicheledeOliveira Antunes~

www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-45082013000200010.Acesso em 02 jun 2019.

RIBEIRO, M.A.S.; TUMA, I.L.; NERY, E.D.R; MARCOS, J.F. Farmacéutico emOnocologia: interfaces administrativas e clinicas — Encarte. Revista PharmaciaBrasileira. N. 70, 2009. Disponivel em: http:/Avww.cff.org.br. Acesso em 15 jul 2019.

SMITH, MorganB.e colaboradores. Implementation of the Pharmacy Practice ModelInitiative within comprehensive cancer centers. American Journal of Health-SystemPharmacy. Volume 71, 01 October 1, 2014.

TRATAMENTOSDO CANCER;2013 (ATUALIZADO JAN 27, 2018). Disponivel em:http:/Awww.oncoguia.org.br /conteudo/tratamentos/77/50. Acesso em 04 jun. 2019.

29