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Prof. João Coelho
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA PROVA B – ESPECIALISTA
MANHÃ – 02 DE JUNHO DE 2013
REGULAÇÃO
41. Assinale a alternativa que apresenta a Agência
Reguladora brasileira supervisionada pelo Ministério
do Meio Ambiente.
(A) Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL.
(B) Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS.
(C) Agência Nacional de Transportes Aquaviários –
ANTAQ.
(D) Agência Nacional de Águas – ANA.
(E) Agência Nacional do Petróleo – ANP.
COMENTÁRIO: A ANEEL E A ANP são vinculadas ao Ministério
de Minas e Energia – MME; a ANS é vinculada ao Ministério da
Saúde e a ANTAQ, ao Ministério dos Transportes. Conferir a
legislação federal sobre as agências reguladoras <clicando
aqui>
42. Em relação à Análise do Impacto Regulatório
(AIR), assinale a alternativa incorreta.
(A) Em 2007, a Anvisa realizou o primeiro evento
sobre AIR no país, em conjunto com a Casa Civil e os
Ministérios da Fazenda e do Planejamento, Orçamen-
to e Gestão, denominado “Seminário Internacional
de Avaliação do Impacto Regulatório: experiências e
contribuições para a melhoria da qualidade da regu-
lação”.
(B) A AIR pode ser compreendida como um processo
de gestão de riscos regulatórios com foco em resul-
tados, orientado por princípios, ferramentas e meca-
nismos de transparência, participação e accountabi-
lity.
(C) A AIR contribui para se ter como produto final
uma regulação de alta qualidade, que não distorça
desnecessariamente a concorrência, que seja sim-
ples, proporcional, consistente e transparente, ou
seja, que atenda os objetivos de política a que ela se
destina, ao menor custo possível para a sociedade.
(D) A AIR ainda não foi adotada pela ANVISA, embo-
ra levando em consideração a relevância do modelo
institucional da gestão da regulação para o cresci-
mento econômico sustentado do país, a Secretaria de
Gestão de Programas de Transportes (Seges) tem
apoiado o fortalecimento institucional do sistema
regulatório brasileiro por meio da adoção deste ins-
trumento.
(E) A AIR é utilizada desde 1974 pelos países da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimentos
Econômico (OCDE), e embora cada país adote um
formato de acordo com suas características, existem
elementos chaves adotados como boas práticas de
Avaliação de Impacto Regulatório, tais como, maxi-
mizar o comprometimento político com a AIR, de-
senvolver e implementar estratégias de coleta de
dados para AIR, integrar a AIR com o processo de
elaboração de políticas públicas e usar métodos ana-
líticos consistentes e flexíveis
COMENTÁRIO: A AIR já foi adotada pela ANVISA, no âmbito do
Programa de Melhora Regulatória – PMR-ANVISA, desde 2008, con-
forme expressamente mencionado em sala de aula. Não eram ne-
cessários conhecimentos aprofundados sobre a metodologia e a
sistemática da AIR: bastava saber que a ANVISA já a praticava.
Convém lembrar que mencionamos, igualmente, que outras agên-
cias – como a ANEEL, que implantou AIR agora em março –tomaram
por base o exemplo da ANVISA e que essa agência também foi pio-
neira na utilização da Agenda Regulatória como instrumento de
melhoria da qualidade regulatória.
43. As principais teorias que aportaram fundamentos
para o estudo da regulação econômica dos serviços públi-
cos são: teoria da regulação econômica, teoria do bem
estar social, teoria dos monopólios naturais e teoria dos
mercados contestáveis. Sobre o assunto, marque V para
verdadeiro ou F para falso e, em seguida, assinale a al-
ternativa que apresenta a sequência correta.
( ) Para a teoria da regulação econômica, a intervenção
do Estado na economia visa à regulação de eventuais
desequilíbrios do mercado e promover o desenvolvimento
econômico. As diretrizes dessa intervenção são: maximi-
zação da utilidade coletiva,fomentação e estabilização do
crescimento econômico e redistribuição da renda.
COMENTÁRIO: Conforme discutimos em sala, a fundamentação
econômica da intervenção indireta do Estado na economia é a preo-
cupação com as situações que não são equilibradas apenas pelo
próprio processo econômico; é dizer: a correção das falhas de mer-
cado pela regulação visam aumentar a maximização da utilidade
(eficiência alocativa), a maximização da produção a baixos custos
(eficiência produtiva) e a redistribuição dos recursos econômicos
(eficiência distributiva). Correta, portanto, a assertiva.
( ) A teoria dos monopólios naturais defende que o Esta-
do vede exclusividade para uma única empresa privada,
alegando não ser a forma mais eficiente de exploração de
determinado serviço público, pois haveria assim um custo
maior de produção do que em qualquer outra situação.
COMENTÁRIO: Conforme discutimos em sala, em situações que
configuram monopólio natural, além de já haver uma barreira eco-
nômica à entrada de concorrentes, existe uma barreira legal à en-
trada: ante a impossibilidade de concorrência NO mercado, o Estado
realiza o procedimento licitatório em busca de uma concorrência
prévia PELO mercado e, posteriormente, controla os preços pratica-
dos pelos agentes econômicos e regula também qualidade e infor-
mação para que o monopolista natural não pratique qualquer condu-
ta lesiva ao consumidor. O erro da questão está em dizer que,
nessas situações, o Estado veda a exclusividade: muito contraria-
mente, em situações de monopólio natural o Estado promove a
exclusividade, dada a impossibilidade e a irracionalidade econômica
de duplicar a estrutura necessária à instalação da indústria caracte-
rizada por altos custos fixos, economias crescentes de escala, rendas
marginais decrescentes e custos irrecuperáveis.
( ) A teoria dos mercados contestáveis considera que o
comportamento competitivo é a melhor meta a se buscar
com a regulação. Os dois pontos básicos da teoria são os
conceitos de mercado contestável e desustentabilidade.
COMENTÁRIO: Conforme discutimos em sala, a existência de barrei-
ras à entrada dizem respeito ao custo de entrar em um mercado. No
entanto, em alguns mercados, não basta entrar: é preciso entrar,
manter-se e efetivamente rivalizar, ao longo do tempo, com as
firmas incumbentes (isto é, aquelas já atuantes no segmento consi-
derado). Desse modo, estimular a competição por meio de diminui-
ção de barreiras à entrada (econômicas, técnicas, sanitárias) e au-
mento de bens substitutos (políticas de incentivo à inovação, política
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industrial e políticas voltadas à diminuição do efeito das mar-
cas, em prol do aumento do grau de substituição dos produtos)
são formas de promover a concorrência e deixar mercado
pouco competitivos (e, portanto, mais propensos a adoção de
abusos de poder econômico) mais desafiáveis, isto é, contestá-
veis, sujeitos a pressões competitivas efetivamente sustentá-
veis. Correta, portanto, a assertiva.
( ) O monopólio natural é uma situação de mercado
cujos investimentos necessários são muito elevados
e os custos marginais são muito baixos.
COMENTÁRIO: Conforme discutimos em sala, custos marginais
decrescentes e custos irrecuperáveis são características dos
monopólios naturais. Correta, portanto, a assertiva.
ALTERNATIVA CORRETA: (C) V/ F/ V/ V
44. Em geral, a prática e a legislação que abor-
dam as Agências Reguladoras atribuem algu-
mas características a elas. Assinale a alternati-
va que não apresenta uma dessas característi-
cas.
(A) Independência e transparência.
(B) Prestação de contas e responsabilidade.
(C) Autonomia financeira e gerencial.
(D) Competência e excelência técnica.
(E) Visão estratégica e abordagem política.
COMENTÁRIO: Conforme discutimos em sala, as agências
reguladoras desempenhas funções DE ESTADO, e não DE GO-
VERNO, razão pela qual sua abordagem não tem orientação
política, mas sim técnica, voltada a cumprir e exercer FUNÇÃO
ADMINISTRATIVA TÉCNICA por meio de ATOS ADMINISTRATI-
VOS (isto é, atos de CUMPRIMENTO CONCRETO, DIRETO e
IMEDIATO da LEI, e não o exercício livre orientado política e
ideologicamente). Dessa forma, a alternativa E está incorreta.
45. Em relação à Regulação de Mercados, analise as
assertivas abaixo.
I. A necessidade de regular os mercados tem dois
motivos essenciais: existência de falhas de mercados
e o controle do abuso de poder econômico.
II. As falhas de mercado são originadas pela estrutu-
ra dos mercados regulados, existência de externali-
dades, imperfeições de informação e pela presença
de bens públicos.
III. As estruturas de mercado concentradas, quando
existem altas escalas de produção em relação à de-
manda, permitem que as empresas possam abusar
de seu poder, praticando preços monopolistas, difi-
cultando a entrada de novos competidores e, através
desses preços monopolistas, distorcer a alocação de
recursos.
IV. As externalidades advêm do fato de que, em de-
terminadas situações, a decisão de um agente eco-
nômico cria ganhos ou perdas para outros indiví-
duos, sem que o responsável se aproprie destes ga-
nhos, ou incorra em seus custos.
V. As Externalidades são também chamadas econo-
mias ou deseconomias externas cujos efeitos podem
ser positivos, mas nunca negativos, em termos de custos
ou de benefícios gerados pelas atividades de produção ou
consumo exercidas por um agente econômico, e que atin-
gem os demais agentes sem que haja incentivos econô-
micos para que seu causador produza ou consuma a
quantidade referente ao custo de oportunidade social.
É correto o que se afirma em
(A) I, II, III e IV, apenas.
(B) III, IV e V, apenas.
(C) I, III, IV e V, apenas.
(D) II, apenas.
(E) I e V, apenas
COMENTÁRIO: Conforme discutimos em sala, a correção das falhas
de mercado, dentre as quais o abuso de poder de poder de mercado
nas mais diferentes estruturas de oferta (monopólio, oligopólio,
concorrência monopolística) e demanda (inclusive na demanda:
monopsônio e oligopsônio), é fundamento da regulação, ao lado da
correção das distorções das externalidades positivas e negativas,
tanto na produção quanto no consumo, e dos bens públicos, cujo
aproveitamento econômico não é redutível a um preço (especial-
mente nos públicos puros) e, no caso dos semi-públicos, existem
custos positivos de produção (isto é, algum grau de rivalidade).
Quanto aos efeitos negativos e à mecânica do monopólio, correta a
assertiva III, o mesmo podendo ser dito da conceituação de externa-
lidade na assertiva IV. A única incorreta foi a assertiva V, que des-
considerou a existência de externalidades negativas.
46. As Agências Reguladoras são autarquias especiais e
têm uma relativa independência no tocante aos seguintes
aspectos, exceto:
(A) independência política dos gestores, investidos de
mandatos e com estabilidade nos cargos durante um ter-
mo fixo.
(B) independência técnica decisional, predominando as-
motivações apolíticas para seus atos.
(C) independência normativa, necessária para o exercício
de competência reguladora dos setores de atividades de
interesse público ao seu cargo.
(D) independência gerencial, orçamentária e financeira
ampliada através de contratos de gestão celebrados com
o respectivo órgão supervisor da administração direta.
(E) independência político-estratégica e estatutária.
COMENTÁRIO: Conforme discutimos em sala, as agências possuem
diversos graus de autonomia (ou independência) em relação à Ad-
ministração Direta e, em especial, à Chefia do Poder Executivo; no
entanto, dentre essas são está a independêndia político-estratégica,
isto é, a de definir as políticas públicas, que é uma tarefa eminente-
mente política e, portanto, da competência da Administração Direta.
É dizer: a agência executa as políticas regulatórias sem margem de
liberdade de definição ou opção política, visto que, como exercício de
função administrativa, a regulação é, apenas, concretização da von-
tade das normas legais (em sentido amplo, incluindo os próprios
atos administrativos normativos).
47. Em relação ao conceito de falhas de governo, analise
as assertivas abaixo.
I. Uma falha de governo perniciosa é aquela caracterizada
pela captura do órgão regulador pelo agente regulado ou
outro grupo de interesse, haja vista a relação às vezes
muito próxima entre as partes (Teoria da Captura).
II. Uma falha de governo geralmente apontada pela dou-
trina é a alegada propensão dos atos regulatórios em
produzir regras complexas, inflexíveis e burocráticas,
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gerando custos adicionais e desnecessários para o
mercado.
III. Uma falha de governo está ligada ao escopo da
atividade regulatória. Por exemplo, quando a regula-
ção não é apenas federal, pode ocorrer sobreposição
de competências com as esferas estaduais e munici-
pais, gerando conflitos de interesse entre os entes,
com atos regulatórios incompatíveis, que confundem
o agente regulado e aumentam o custo do processo
produtivo.
IV. Uma falha de governo é descrita pela teoria a-
gente-principal, em que o governo, sendo agente,
recebe delegação da Agência Reguladora para exer-
cer um mandato, apresentando, assim, um conflito
de interesse que deve ser administrado.
É correto o que se afirma em
(A) I e II, apenas.
(B) III e IV, apenas.
(C) I, III e IV, apenas.
(D) I, II e III, apenas.
(E) I, II, III e IV.
COMENTÁRIO: ESSA ATÉ O EXEMPLO FOI DADO EM SALA!
ALÉM DISSO, FIZEMOS QUESTÕES EM SALA E DEMOS A DICA
DE QUE TENTARIAM CONFUNDIR O PAPEL DO AGENTE E DO
PRINCIPAL! LEMBRE-SE: PRINCIPAL É PACIENTE (COMEÇA
COM ‘P’); O AGENTE É QUEM AGE. A AGÊNCIA RECEBE, NA LEI
QUE A INSTITUI, A DELEGAÇÃO DE UMA TAREFA: A AGÊNCIA
REGULADORA É, PORTANTO, EM RELAÇÃO AO GOVERNO,
NESSE CASO, AGENTE E ELE, O GOVERNO, PRINCIPAL. ESSES
PAPEIS MUDAM, CONFORME A RELAÇÃO DE QUE SE CUIDE EM
CADA CASO. O IMPORTANTE É LEMBRAR AS CARACTERÍSTI-
CAS DADAS EM SALA: 1) ASSIMETRIA DE INFORMAÇÃO; 2)
COMPORTAMENTOS OPORTUNISTAS E ESTRATÉGICOS DA
PARTE MAIS INFORMADA EM RELAÇÃO À PARTE MENOS IN-
FORMADA; 3) CONFLITO DE INTERESSES; 4) RELAÇÃO IMPER-
FEITA ENTRE ESFORÇOS E RESULTADOS; 5) DELEGAÇÃO DE
TAREFAS E PODERES PARA O EXERCÍCIOS DESSAS.
48. Em relação às Agências Reguladoras, assinale a
alternativa incorreta.
(A) O Direito Administrativo brasileiro incorporou um
instrumento do direito europeu: as Agências Regula-
doras. Estas são consideradas “autarquias”, em face
da independência na sua operação.
(B) O princípio da legalidade administrativa traduz-
se, de modo simples, pela expressão: “a Administra-
ção deve sujeitar-se às normas legais”.
(C) O Poder normativo das Agências Reguladoras é a
competência a elas atribuída para a expedição de
normas gerais e abstratas pertinentes a sua área de
atuação.
(D) Um fundamento apontado para legitimar o poder
normativo das Agências Reguladoras é o de que as
respectivas leis de criação teriam lhes outorgado
competência regulamentar.
(E) As Agências Reguladoras podem editar regula-
mentos de complementação que não devem introdu-
zir obrigações novas, mas especificar as obrigações
introduzidas por leis que demandam complementação
técnica.
COMENTÁRIO: Essa, talvez, seja a questão mais polêmica da prova,
em especial por conta de a afirmativa “A” ter sido dado como errada.
É de se verificar que o modelo de agências reguladoras aplicado no
Brasil, conforme mencionado em sala de aula, tem direta influência
do Direito Norte-Americano (Independent Agencies; Public Utility
Authorities); no entanto, não nos parece errada a afirmação de que
o Direito Administrativo brasileiro incorporou um instrumento do
Direito Europeu, uma vez que o modelo francês de Autoridades
Administrativas Independentes (AAI) certamente influenciou o Direi-
to nacional. Nesse sentido é a lição de Mônica Spezia Justen (JUS-
TEN, Monica Spezia. O serviço público na perspectiva do direito
comunitário Europeu. Revista de Direito Público da Economia, Belo
Horizonte, v. 1, n. 1, p. 137-176, jan./mar. 2003. Disponível em:
http://bdjur.stj.jus.br/dspace/handle/2011/35376)
Denise Auad afirma que: “A França, através das Autoridades Admi-
nistrativas Independentes, foi um grande filtro do modelo de agência
reguladora norte-americano, baseado na commom law, limitando
sua autonomia para adaptá-lo à civil Law. O Brasil, ao implantar seu
modelo de agência reguladora, sofre influência do direito norte-
americano com as atenuações implantadas pelo regime francês”.
AUAD, Denise. Autoridades Administrativas Independentes na Fran-
ça. Direito Regulatório: Temas Polêmicos – Coordenação: Profª
Maria Sylvia Zanella Di Pietro – Belo Horizonte: Ed. Forum, 2003
p.475-489)
No mesmo sentido – e com ênfase muito maior - é a lição de LUIZ
ARMANDO BADIN: “A experiência francesa, no campo da regulação
jurídica efetuada por meio de órgãos autônomos, além de extrema-
mente rica e interessante, guarda mais afinidade com o modelo de
agências reguladoras implantado no Brasil. Apesar das diferenças,
pode-se dizer que nosso sistema está mais próximo das autoridades
administrativas independentes francesas que do modelo de matriz
norte-americana” BADIN, Luiz Armando – As autoridades adminis-
trativas independentes na França: finalidades institucionais e meios
de atuação. In: Direito Regulatório: Temas Polêmicos – Coordena-
ção: Profª Maria Sylvia Zanella Di Pietro – Belo Horizonte: Ed. Fo-
rum, 2003 p.492-508).
Assim é possível sustentar a correção da letra “A”.
Já a alternativa “B” parece desmerecer que o conceito de legalidade
para o Direito Administrativo é em sentido lato, isto é, amplo, não se
resumindo apenas às espécies normativas primárias (atos legislati-
vos), mas tendo de respeitar e se sujeitar à Constituição, às leis, às
Medidas Provisórias, às Resoluções da Câmara, do Senado e do
Congresso, além dos próprios ditames da Constituição, dos Tratados
Internacionais, das Súmulas Vinculantes do STF e, inclusive, dos
atos administrativos normativos etc. Nesse sentido, de que não
apenas as normas decorrentes do processo legislativo (art. 59,
CF/88) são consideradas para efeito de cumprimento ao princípio da
legalidade, é o magistério de JOÃO TRINDADE CAVALCANTE FILHO e
GUSTAVO SCATOLINO SILVA, para os quais: “O princípio da legali-
dade pode ser entendido em dois sentidos: legalidade em sentido
estrito e legalidade em sentido amplo”. (Manual de Direito Adminis-
trativo. Ed. Juspodivm, 2012). É dizer, não é apenas às normas
formalmente legais que traduzem o conceito de legalidade adminis-
trativa. A questão não foi completamente clara em diferenciar. De
todo modo, ainda que não se mude o gabarito para “B”, há razões
suficientes para indicar que a letra “A” está correta e que, portanto,
a questão merece ser anulada.
Alternativas C, D e E estão corretas, conforme o que discutimos em
sala: mesmo sendo atos administrativos normativos, isto é, espécies
normativas secundárias, elas atingem a todos os agentes no setor
regulado ao longo do tempo (ou seja, de modo geral e abstrato) e
expedem atos complementares à lei, no exercício da competência
discricionária técnica outorgada conforme a lei instituidora.
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Nos mercados de produtos para a saúde e de servi-
ços de saúde, as condições de concorrência perfeita
não estão presentes. Do ponto de vista da teoria
econômica, as principais falhas de mercado que exis-
tem no setor da saúde decorrem da assimetria in-
formacional, da existência de barreiras à entrada e
da ocorrência de riscos e incertezas. Acerca desse
assunto, analise as assertivas abaixo.
I. O mercado de serviços de saúde é caracterizado
pela relação agente-principal, em que o médico atua
como o agente do seu paciente (principal), determi-
nando o seu nível de consumo de serviços de saúde
ou de produtos para uso médico. Essa relação decor-
re do conhecimento técnico que o médico possui e o
paciente não, devendo este se submeter ao diagnós-
tico e à prescrição do primeiro. Existe, portanto, uma
diferença no grau de informação (assimetria infor-
macional) entre o paciente e o médico.
II. A necessidade de registro prévio, na ANVISA, de
produtos ou equipamentos de uso médico, funciona
como uma barreira sanitária e regulatória à entrada
de novos produtos neste setor.
III. Na medida em que o mercado não consegue dis-
criminar o risco de cada indivíduo separadamente, as
operadoras e seguradoras privadas de saúde procu-
ram avaliar um risco médio, de acordo com as carac-
terísticas gerais do segurado, como por exemplo:
idade e histórico de doenças familiares.
É correto o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) I, II e III.
(E) II e III, apenas
COMENTÁRIO: ESSA ATÉ OS EXEMPLOS FORAM DADOS EM
SALA!
50. Em relação à regulação por incentivos, marque V
para verdadeiro ou F para falso e, em seguida, assi-
nale a alternativa que apresenta a sequência correta.
( ) No regime de Regulação (Price-Cap), ou de Regu-
lação por incentivos, o regulador estabelece um valor
teto para a tarifa, a qual se ajusta, anualmente, pela
taxa de inflação descontada de um índice de ganho
de produtividade pré-definido.
( ) O principal objetivo da Regulação por Incentivos
é estimular a produtividade, recompensando a em-
presa regulada se seu desempenho for superior a
parâmetros pré-determinados pelo regulador (ben-
chmarks). Se os ganhos de produtividade superarem
esse parâmetro, as empresas poderão se apropriar
da diferença, obtendo ganhos econômicos. Esses
ganhos serão parcialmente compartilhados com os
consumidores a partir da aplicação de um redutor de
tarifa em revisões tarifárias periódicas, o que, nor-
malmente, ocorre a cada 4 (quatro) anos.
( ) O regime de Regulação por Incentivos (Price-Cap)
tem sido considerado preferível ao Cost-Plus, motivo
que fez com que ele fosse escolhido na grande maioria
dos países onde a sustentabilidade do serviço depende
unicamente da tarifa, inclusive no Brasil.
(A) F/ F/ V
(B) V/ V/ V
(C) V/ V/ F
(D) F/ F/ F
(E) F/ V/ V
COMENTÁRIO: A primeira alternativa parece ser passível de recurso
pois, embora os conceitos estejam corretos, o índice de ganho de
produtividade só é pré-definido após a primeira revisão tarifária,
quando então é possível aferir-se o nível de eficiência agregada
pelos investimentos em redução de custos. Ou seja, antes da primei-
ra revisão, isto é, de se passar o primeiro “lag regulatório”, o modelo
price cap está em funcionamento sem aplicação do índice de ganho
de produtividade (fator X). Feita essa ressalva, as demais alternati-
vas estão todas corretas:regulação por incentivos busca aumentar
eficiência produtiva, alocativa e distribuitiva e o regime de preço teto
é largamente preferível ao de tarifação pelos custos.