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Curso de Direito “A Tutela Antecipada” Pedro Innocente Isaac R.A.:441.509/9 Turma: 315-C Telefones: 3744-6638 / 8179-9075 E-mail: [email protected] São Paulo 2004

“A Tutela Antecipada”faculdade, pela companhia, apoio e amizade durante os anos deste curso. Resumo Este trabalho discute a tutela antecipada, uma medida liminar processual de

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Page 1: “A Tutela Antecipada”faculdade, pela companhia, apoio e amizade durante os anos deste curso. Resumo Este trabalho discute a tutela antecipada, uma medida liminar processual de

Curso de Direito

“A Tutela Antecipada”

Pedro Innocente Isaac

R.A.:441.509/9

Turma: 315-C

Telefones: 3744-6638 / 8179-9075

E-mail: [email protected]

São Paulo

2004

Page 2: “A Tutela Antecipada”faculdade, pela companhia, apoio e amizade durante os anos deste curso. Resumo Este trabalho discute a tutela antecipada, uma medida liminar processual de

UniFMU

Autor: Pedro Innocente Isaac

A Tutela Antecipada

Trabalho apresentado à disciplina de

Direito Processual Civil, do curso de

Direito/UniFMU, sob orientação do

Professor Paulo Dimas.

São Paulo – SP

2004

Folha de aprovação

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Autor:

Pedro Innocente Isaac

Título:

A Tutela Antecipada

Banca examinadora:

____________________________________________

Professor Orientador Sr. Dr. Paulo Dimas

____________________________________________

Professor Examinador

____________________________________________

Professor Examinador

Universidades Metropolitanas Unidas – UniFMU

São Paulo

2004

Page 4: “A Tutela Antecipada”faculdade, pela companhia, apoio e amizade durante os anos deste curso. Resumo Este trabalho discute a tutela antecipada, uma medida liminar processual de

Aos meus queridos pais, que me

ensinaram a viver e me passaram um

grande exemplo de moral, ética e

humanidade, e aos meus colegas de

faculdade, pela companhia, apoio e

amizade durante os anos deste curso.

Resumo

Este trabalho discute a tutela antecipada, uma medida liminar processual de caráter

satisfativo. Em poucas palavras, a antecipação da tutela é uma maneira de a parte

requerente, via de regra o autor, obter a satisfação imediata de seu pedido, ou os

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efeitos deste, antes do fim da demanda. Ela foi implementada no ordenamento

jurídico nacional na reforma processual de 1994, pela Lei nº 8.952/94, entretanto já

se concedia provimentos de caráter antecipatório através de medidas cautelares,

mesmo que estas sejam por excelência de natureza instrumental. Esta pesquisa tenta

demonstrar que este importante instituto jurídico é também uma arma contra a

morosidade da justiça, que dá a esta efetividade ao redistribuir o tempo dentro do

processo, de acordo com os aspectos legais, e tenta trazer uma maior igualdade

entre as partes, uma vez que normalmente o autor inicia a demanda em

desvantagem por ter um direito seu ameaçado ou lesionado. A elaboração do

trabalho foi feita à luz do Código de Processo Civil Brasileiro e suas recentes

modificações, além de ter sido a pesquisa feita de acordo com a doutrina e a

jurisprudência pátrias.

Palavras-chave: Justiça; Antecipação do pedido ou seus efeitos; Efetividade do

processo.

Sumário

1. Introdução

1.1. O Direito, a desigualdade entre as partes e os procedimentos de cognição

sumária..........................................................................................................7

1.2. Breve histórico da tutela

antecipada............................................................10

Page 6: “A Tutela Antecipada”faculdade, pela companhia, apoio e amizade durante os anos deste curso. Resumo Este trabalho discute a tutela antecipada, uma medida liminar processual de

2. O texto legal

2.1. Da tutela antecipada genérica

a) A legislação

vigente................................................................................12

b) Anotações sobre o texto e suas

alterações...............................................13

2.2. Da tutela antecipada específica

a) A legislação

vigente................................................................................14

b) A tutela antecipada em obrigações de fazer e não

fazer.........................17

c) A execução provisória da

sentença.........................................................18

2.3. Da tutela antecipada contra o Poder Público

a) A Lei nº

9.494/97....................................................................................19

b) Considerações sobre esta espécie de tutela

antecipada...........................20

3. As espécies de tutela antecipada e seus requisitos

3.1. As espécies de tutela

antecipada..................................................................23

3.2. Da prova inequívoca e da verossimilhança da

alegação..............................23

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3.3. Do pressuposto do

dano...............................................................................25

3.4. Do abuso de direito de defesa por parte do

réu............................................26

3.5. Do perigo de

irreversibilidade.....................................................................27

3.6. Do pedido em parte

incontroverso...............................................................29

4. Legitimação para requerer a antecipação da

tutela.......................................30

5. Tutela antecipada Ex

Officio............................................................................32

6. O momento para requerer e conceder a antecipação da tutela

6.1 . Da antecipação deferida no início do

processo...........................................34

6.2. Da antecipação requerida antes da instauração do

processo.......................34

6.3. Da antecipação em sede de sentença e em grau

recursal.............................35

6.4. Da antecipação concedida após a

sentença..................................................35

7. Do recurso cabível e seus

efeitos.......................................................................37

Page 8: “A Tutela Antecipada”faculdade, pela companhia, apoio e amizade durante os anos deste curso. Resumo Este trabalho discute a tutela antecipada, uma medida liminar processual de

8. Conclusão............................................................................................................3

9

9. Bibliografia..........................................................................................................

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1. Introdução

1.1.O Direito, a desigualdade entre as partes e os procedimentos de cognição

limitada

O Direito surge no mesmo momento em que é formada uma sociedade, seja

esta de dois habitantes ou de dois milhões, ou, como diz o brocardo jurídico, Ubi

societas ibi ius (“Onde está a sociedade, está o Direito”). Esta ciência, reguladora

da convivência humana, é fundada em um senso de justiça inerente ao homem. Tal

elemento basilar não só origina o Direito, como também o norteia.

Page 9: “A Tutela Antecipada”faculdade, pela companhia, apoio e amizade durante os anos deste curso. Resumo Este trabalho discute a tutela antecipada, uma medida liminar processual de

Para o filósofo grego Platão, justiça é virtude suprema1, uma vez que, em sua

opinião, ela só pode ser infalível e absoluta quando divina, isto é, distinta da

conhecida e praticada pelos homens. Já para seu discípulo Aristóteles, ela

representa a igualdade, a proporcionalidade2, pois é uma situação no meio entre

dois extremos eqüidistantes com relação à posição mediada, um justo meio.

Enquanto que para os estudiosos romanos ela significa a vontade de dar a cada um

o seu – Iustitia est constans et perpetua voluntas ius suum cuique tribuendi. É a

partir desse senso de justiça que os positivistas criaram o Direito, elaborando

normas para conduzir a sociedade à tão sonhada igualdade. Entretando, como

colocar em prática o Direito material quando este é desrespeitado? A resposta surge

com o desenvolvimento do estudo processual. É criada então uma relação

triangular, composta basicamente por duas partes opostas, autor e réu, e um juiz,

representando o Estado, que por sua vez simboliza a União dos homens, isto é, a

sociedade.

Nos deparamos então com outra pergunta: como gerar igualdade entre as

partes de um processo se o autor, teoricamente, inicia o mesmo em desvantagem?

Já que seu direito foi ou está para ser lesado. Comprovado o perigo da morosidade

da Justiça, que eventualmente poderá ocasionar dano ou perecimento do direito

pleiteado, e a verossimilhança das alegações do autor, o magistrado poderá, a

requerimento da parte, deferir a antecipação da tutela, isto é, do pedido em sua

totalidade ou parcialidade, como medida urgente de cognição limitada.

1 E.C.B.Bittar e G.A.de Almeida, “Curso de Filosofia do Direito”, 2002, p.86.2 E.C.B.Bittar e G.A.de Almeida, “Curso de Filosofia do Direito”, 2002, p.91.

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Na cognição sumária, não há exame total da lide, que por sua vez sofre

limitações ao se enquadrar no processo. Os procedimentos de cognitio limitada são

genericamente denominados de provimentos liminares. Há procedimentos que por

natureza demandam uma tutela de urgência, como o Processo Cautelar e, na grande

maioria das vezes, o Mandado de Segurança. Neste último há um direito líquido e

certo a ser comprovado pelo impetrante. Por este ter sido ou estar para ser

desrespeitado por uma autoridade coatora (impetrado/a), há a urgência de um

provimento liminar, que visa resguardar o direito do impetrante, clamado por ele

como líquido e certo. Já o primeiro procedimento tem natureza instrumental, isto é,

processual. O pedido de liminar no processo cautelar procura assegurar o

andamento válido do processo e garantir que no decorrer deste seu objeto não

pereça. Através da liminar, o juiz torna seguro o pedido do autor até o final do

processo, ou ao menos em seu grau de jurisdição, através de uma análise superficial

dos fatos e do direito.

A tutela antecipada por sua vez tem caráter liminar, isto é, pode ser tida

como uma medida liminar por antecipar o pedido do autor, via de regra, ou os

efeitos deste. Entretanto, sua natureza intrínseca é de satisfatividade do direito

reclamado, o que a torna relativamente exauriente. Apesar de ser uma tutela de

cognição limitada, é deferida com base em prova inequívoca e do convencimento

do magistrado da verossimilhança das alegações do autor, entre outros requisitos.

Isso porque este provimento jurisdicional não apenas resguarda o direito do autor,

mas como também antecipa sua tutela, podendo ele gozar deste ab initio, antes de

sua confirmação sentencial. Vale frisar que a maioria da doutrina e da

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jurisprudência afasta por completo a possibilidade da concessão deste provimento

sem a audiência da parte contrária (inaudita altera pars), como afirma Reis Friede3.

Porém, há quem defenda a aplicabilidade do art. 804 do CPC, aplicável a priori à

medida cautelar, no que tange à tutela antecipada requerida diante de urgência

excepcional ou nos casos em que a citação do réu possa torná-la ineficaz. Diante

das mencionadas hipóteses legais, o magistrado teria o poder de conceder a tutela

antecipada de forma inaudita altera pars.

A ilação alcançada após o estudo das distinções entre as medidas de urgência

é que enquanto o procedimento cautelar possui natureza instrumental, resguardando

a estabilidade do processo, a tutela antecipada permite uma antecipação, como o

próprio nome diz, do direito material em si, exteriorizado no pedido inicial.

1.2. Breve histórico da Tutela Antecipada

A tutela antecipada foi instituída no ordenamento jurídico brasileiro em 13

de dezembro 1994 pela Lei n. 8.952, que trouxe a redação do caput e dos incisos do

art. 273 e do art. 461. Antes de sancionada a lei retro mencionada, este instituto

legal era confundido no ordenamento jurídico pátrio com a tutela cautelar, tanto

jurisprudencial, como doutrinariamente, já que não havia previsão legal para ele.

Edoardo Ricci, professor da Universidade de Milão, elogia a disposição do art. 273

do Código Brasileiro e afirma que somente devem ser chamadas de cautelares

aquelas tutelas que se destinam a tornar possível a satisfação do Direito sem

3 R.Friede, “Limites objetivos para a concessão de medidas liminares em tutela cautelar e em tutela antecipatória”,2000, pg. 157.

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provocar a sua imediata satisfação4. Corroborando com este entendimento, Luiz

Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart dizem ser um absurdo ignorar a

previsão legal da tutela antecipada, uma vez que isso seria não só desconhecer a

realidade normativa brasileira, mas como também submeter-se aos conceitos da

mais rígida e antiga doutrina italiana, marcada pelo princípio da nulla executio sine

titulo (não há execução sem título)5.

Após a Nova Reforma Processual Civil, a Lei n. 10.444, de 7 de maio de

2002, trouxe nova redação para o §3º do art. 273 do CPC e ainda acrescentou a este

os §§6º e 7º. A mesma lei renovou a redação do §5º do art. 461 do mesmo diploma

legal e acrescentou a ele seu §6º, além do caput e dos parágrafos do art. 461-A.

4 RICCI, Edoardo, “Cometário ao artigo 7º da Lei n. 534/95”, p. 650.5 ARENHART, Sérgio Cruz e MARINONI, Luiz Guilherme, “Manual do processo de conhecimento”, 2001, pg. 212.

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2. O texto legal

2.1. Da Tutela Antecipada Genérica

a) A legislação vigente.

Art. 273 do Código de Processo Civil Brasileiro

O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou

parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que,

existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:

I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou

II – fique caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto

propósito protelatório do réu.

§ 1º. Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e

preciso as razões de seu convencimento.

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§ 2º. Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de

irreversibilidade do provimento antecipado.

§ 3º. A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e

conforme sua natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4º e 5º, e

461-A.

§ 4º. A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer

tempo, em decisão fundamentada.

§ 5º. Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo

até final julgamento.

§ 6º. A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou

mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso.

§ 7º. Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência

de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos

pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo

ajuizado.

b) Anotações sobre o texto e suas alterações.

Por serem motivo de estudo mais aprofundado neste mesmo trabalho, o

caput do art. 273 e seus incisos não serão objeto destas anotações, mas apenas seus

parágrafos. Todo o texto foi alterado em 13 de dezembro de 1994 pela Lei nº 8.952,

que instituiu a tutela antecipada no ordenamento jurídico brasileiro, além do

acréscimo dos parágrafos 1º ao 5º do artigo. Posteriormente, a Lei 10.444 de 7 de

maio de 2002 reformou a redação do §3º e acrescentou os §§6º e 7º.

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- O §1º explica que a tutela antecipada, como qualquer outro ato judicial de

cunho decisório, deverá ser deferida ou não em decisão fundamentada.

- O §2º diz respeito à impossibilidade de deferimento da tutela antecipada

pelo juiz caso haja perigo de irreversibilidade do provimento antecipado. Quanto a

este parágrafo, a doutrina moderna menciona a possibilidade de se reverter o dano

causado pelo provimento judicial pecuniariamente. Dessa forma, a tutela

antecipada poderia ser concedida praticamente em qualquer caso, pois se houvesse

irreversibilidade do dano por ela causado, este poderia ser indenizado, em pecúnia,

à parte lesada.

- O §3º faz uma ressalva quanto à efetivação da tutela antecipada de acordo

com a sua natureza, devendo os arts. 588, 461, §§ 4º e 5º, e 461-A serem

observados.

- O §4º faz menção à possibilidade da revogação da tutela antecipada a

qualquer momento através de decisão devidamente motivada.

- O §5º explica que com ou sem o deferimento da tutela, o processo

prosseguirá até o final do julgamento, o que reafirma a natureza liminar deste

provimento.

- O §6º torna possível a antecipação da tutela quanto aos pedidos

incontroversos, ou seja, não contestados pela parte contrária.

- Por último, o §7º traz uma certa idéia de fungibilidade entre as tutelas

cautelar e antecipada no que tange ao deferimento da segunda no caso de o pedido

ser de natureza instrumental, isto é, cautelar, desde que presentes os requisitos

legais.

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2.2. Da Tutela Antecipada Específica

a) A legislação vigente.

Art. 461 do Código de Processo Civil Brasileiro

Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou

não fazer , o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente

o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático

equivalente ao do adimplemento.

...

§ 3º. Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado

receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela

liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar

poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão

fundamentada.

§ 4º. O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença,

impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for

suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o

cumprimento do preceito.

§ 5º. Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado

prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as

medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso,

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busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e

impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força

policial.

...

Art. 461-A do Código de Processo Civil Brasileiro

Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a

tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação.

§ 1º. Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e

quantidade, o credor a individualizará na petição inicial, se lhe couber a

escolha; cabendo ao devedor escolher, este a entregará individualizada, no

prazo fixado pelo juiz.

§ 2º. Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em

favor do credor mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse,

conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel.

§ 3º. Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto nos §§ 1º. a 6º. do

art. 461.

Art. 588 do Código de Processo Civil Brasileiro

A execução provisória da sentença far-se-á do mesmo modo que a

definitiva, observadas as seguintes normas:

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I – corre por conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a

sentença for reformada, a reparar os prejuízos que o executado venha a

sofrer;

II – o levantamento do depósito em dinheiro, e a prática de atos que

importem alienação de domínio ou dos quais possa resultar grave dano ao

executado, dependem de caução idônea, requerida e prestada nos próprios

autos da execução;

III – fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a

sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior;

IV – eventuais prejuízos serão liquidados no mesmo processo.

§ 1º. No caso do inciso III, se a sentença provisoriamente executada for

modificada ou anulada apenas em parte, somente nessa parte ficará sem efeito

a execução.

§ 2º. A caução pode ser dispensada nos casos de crédito de natureza

alimentar, até o limite de 60 (sessenta) vezes o salário mínimo, quando o

exeqüente se encontrar em estado de necessidade.

b) A tutela antecipada em obrigações de fazer, não fazer e as alterações da

legislação.

Esta modalidade de tutela antecipada vem prevista nos artigos 461 e 461-A.

A redação do artigo 461 foi modificada pela lei nº 8.952/94, havendo também o

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acréscimo dos parágrafos 1º ao 5º. A lei nº 10.444/02 acrescentou o §6º e o artigo

461-A.

Se o juiz entender que há possibilidade de ineficácia do provimento final e o

fundamento da demanda for relevante, ele poderá conceder liminarmente a tutela

específica da obrigação de fazer ou não fazer. Para garantir o cumprimento desta

decisão, o magistrado poderá impor as medidas que julgar necessárias, como multa,

busca e apreensão, impedimento de atividade nociva, etc. Esta maneira de proceder

traz uma maior eficácia na sentença nas obrigações de fazer e não fazer, pois

impede que ocorra a perda desta eficácia pela delonga excessiva do processo.

c) A execução provisória da sentença.

O artigo 588 do CPC trata da execução provisória da sentença. Ora, o juiz ao

conceder tutela antecipada em sede de sentença está executando provisoriamente

esta. Isso porque tal provimento evitará que o eventual recurso de apelação seja

recebido no duplo efeito (devolutivo e suspensivo), podendo a parte vencedora ter

seu direito integrado ao seu patrimônio desde a publicação da sentença, sem que

seja necessário o trânsito em julgado desta.

Nesta hipótese, fica a tutela antecipada sujeita ao recurso de agravo de

instrumento, que, ao ser recebido no efeito suspensivo, irá permitir o recebimento

da apelação tanto no efeito devolutivo, como no suspensivo. Há um entendimento

em parte da jurisprudência de que não pode ser admita tutela antecipada em sede de

sentença, uma vez que o número de recursos de agravo tornariam inviável o bom

andamento processual no Tribunal. Entretanto, este entendimento não é objeto de

súmulas dos Tribunais Superiores.

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2.3. Da Tutela Antecipada contra o Poder Público

a) A Lei nº 9.494/97

“LEI N. 9.494, DE 10 DE SETEMBRO DE 1997

Disciplina a aplicação da tutela antecipada contra a Fazenda Pública,

altera a Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985, e dá outras providências.

Art. 1º - Aplica-se à tutela antecipada prevista nos arts. 273 e 461 do

Código de Processo Civil o disposto no art. 5º e seu parágrafo único e 7º da Lei

n. 4.348, de 26 de junho de 1964, no art. 1º e seu §4º da Lei n. 5.021, de 9 de

junho de 1966, e nos arts. 1º. 3º e 4º da Lei n. 8.437, de 30 de junho de 1992.

Art. 1º-A – Estão dispensadas de depósito prévio, para interposição de

recurso, as pessoas jurídicas de direito público federais, estaduais, distritais e

municipais.

Art. 2º - O art. 16 da Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985, passa a vigorar

com a seguinte redação:

‘Art. 16 – A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da

competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado

improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer

legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se

da nova prova.’

Art. 2º-A – A sentença civil prolatada em ação de caráter coletivo

proposta por entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus

associados, abrange apenas os substituídos que tenham, na data da

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propositura da ação, domicílio no âmbito da competência territorial do órgão

prolator.

Parágrafo único. Nas ações coletivas propostas contra entidade da

administração direta, autárquica e funcional da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios, a petição inicial deverá obrigatoriamente

estar instruída com o ato da assembléia da entidade associativa que a

autorizou, acompanhada da relação nominal dos seus associados e indicação

dos respectivos endereços.

Art. 2º-B – A sentença que tenha por objeto a liberação de recurso,

inclusão em folha de pagamento, reclassificação, equiparação, concessão de

aumento ou extensão de vantagens a servidores da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios, inclusive de suas autarquias e fundações,

somente poderá ser executada após seu trânsito em julgado.

Parágrafo único. A sentença proferida em ação cautelar só poderá ter

caráter satisfativo quando transitada em julgado a sentença proferida na ação

principal.

Art. 3º - Ficam convalidados os atos praticados com base na Medida

Provisória n. 1.570-4, de 22 de julho de 1997.

Art. 4º - Esta lei entra em vigor da data de sua publicação.”

b) Considerações sobre esta espécie de tutela antecipada

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A Lei nº 9.494, de 10 de setembro de 1997, veio impor limites à concessão

de tutela antecipada contra o Poder Público, tendo sua origem no texto da Medida

Provisória nº1.570, inicialmente editada em 26 de março de 1997.

Ela faz alusão à aplicação dos arts. 5º e 7º da Lei nº 4.348/64, art. 1º e seu

§4º da Lei nº 5.021/66 e arts. 1º, 3º e 4º da lei nº 8.437/92 aos institutos da tutela

antecipada geral e específica, impondo restrições objetivas à concessão do

provimento liminar e reforçando a impossibilidade desta sem a audiência da parte

contrária (inaudita altera pars). Além do que foi exposto, a lei em pauta amplia a

recorribilidade da decisão, pois inclui obrigatório efeito suspensivo aos recursos

interpostos contra o deferimento da tutela antecipada, o que restringe o exercício da

faculdade anterior de prover ou não tal efeito quando da apreciação do recurso de

agravo de instrumento.

Esta lei impõe também limites ao objeto da antecipação, pois impede

qualquer forma de antecipação sobre prestações vencidas ou anteriores ao

ajuizamento da ação, uma vez que estas possuem prerrogativa de pagamento

através de precatórios judiciais, de forma que só poderão ser antecipadas as

prestações futuras devidas pela Fazenda Pública.

Por último, a lei em tela ainda prevê prestação de garantia real ou

fidejussória, por parte do requerente, quando houver possibilidade da pessoa

jurídica de direito público requerida vir a sofrer dano em virtude da concessão de

qualquer medida antecipatória. Isto é, em havendo risco de dano à Fazenda Pública,

o requerente da tutela antecipada deverá prestar garantia, real ou por fiança,

equivalente ao que for antecipado em decisão judicial.

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3. As espécies de tutela antecipada e seus requisitos

A antecipação da tutela, como já explicado anteriormente, é uma medida

satisfativa de caráter liminar que, para sua concessão, exige que sejam atendidos

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certos requisitos previstos em lei, mais especificamente no Código de Processo

Civil. Este capítulo trata exatamente destes requisitos e tenta esclarecê-los.

Mister se faz distinguir as espécies de tutela antecipada previstas no art. 273

do CPC, uma vez que cada espécie prevista em seus respectivos incisos possui

finalidade própria.

3.1. As espécies de tutela antecipada

Há duas espécies de tutela antecipada, previstas no art. 273 do CPC. A

primeira é a denominada antecipação-remédio, pois visa proteger a parte de danos

irreparáveis ou de difícil reparação (inciso I), e a segunda a denominada

antecipação-sanção, pois constitui-se numa relação do Estado contra abusos

praticados no processo, seja através de abuso de direito de defesa ou de intuito

protelatório do réu.

Para ambas as espécies são necessários os pressupostos a serem explicados a

seguir.

3.2. Da prova inequívoca e da verossimilhança da alegação

Os requisitos da prova inequívoca e da verossimilhança da alegação

constituem os pressupostos fundamentais para a concessão da tutela antecipada.

Geograficamente, estes requisitos estão previstos no caput do art. 273 do Código de

Processo Civil, o que os torna indispensáveis em qualquer uma das hipóteses dos

incisos I e II deste mesmo artigo.

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Segundo Carreira Alvim6, prova inequívoca será aquela que apresente alto

grau de convencimento, afastada qualquer dúvida razoável, isto é, cuja

autenticidade ou veracidade seja provável. Assim, a exigência de prova inequívoca

significa que a mera aparência não basta e que a verossimilhança exigida vai muito

além do fumus boni iuris (fumaça do bom direito) exigido na tutela cautelar. Seria

então uma prova que possibilitasse uma fundamentação convincente do juiz. Desta

maneira, fica difícil desvencilharmos um pressuposto do outro, pois a prova

inequívoca é exatamente o elemento capaz de convencer o magistrado da

verossimilhança da alegação, sendo a prova suficiente para o surgimento do

verossímil, que nada mais é do que o que tem probabilidade de ser verdadeiro, que

é plausível.

A verossimilhança somente ocorre quando a prova aponta para uma

probabilidade muito grande de que são verdadeiras as alegações do litigante.

Contudo, há um juízo, relativamente subjetivo, a ser realizado pelo juiz do que de

fato constitui uma alegação verossímil. Para Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio

Cruz Arenhart7, a verossimilhança a ser exigida pelo magistrado deve considerar o

valor do bem jurídico ameaçado, a dificuldade de o autor provar sua alegação, a

credibilidade da alegação, de acordo com as regras de experiência, e a própria

urgência descrita.

Há entretanto uma margem de risco aceitável, pois o juiz pode tanto errar em

sua decisão em sede de tutela antecipada, como em sua proclamação final, a

6 C.Alvim, “CPC reformado”, 1995, pg.115.7 L.G.Marinoni e S.C.Arenhart, “Manual do processo de conhecimento”, 2001, pg.227.

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sentença, afinal, trata-se o Direito de uma matéria humana, sujeita à erros. Para

tanto, existem alguns recursos cabíveis para ambas as decisões.

3.3. Do pressuposto do dano

Após os pressupostos fundamentais, a lei expõe duas hipóteses alternativas

necessárias para a concessão da tutela antecipada. O inciso I, que trata da primeira

hipótese, versa sobre o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação.

Seria este o caso da antecipação-remédio, pois ela protege a parte requerente

do provimento contra um receio de um dano ainda não ocorrido, mas prestes a

ocorrer, devendo o requerimento da antecipação da tutela vir acompanhado de

circunstâncias fáticas objetivas que demonstrem a ocorrência deste dano na falta

do provimento antecipatório pretendido.

É importante frisar que dano mencionado na lei deve ainda ser classificado

como de média ou grande intensidade, pois os danos mínimos não autorizam

provimentos de urgência. Isto vale tanto para a tutela antecipada como para a

cautelar, vez que este pressuposto é comum a ambas.

Esta hipótese de antecipação da tutela pode ser requerida em inúmeros

momentos do processo, podendo inclusive ser deferida antes mesmo da citação do

réu, por analogia ao art. 804 do CPC, que trata das hipóteses de concessão de tutela

cautelar sem a audiência da parte contrária, como afirma Reis Friede8. Isso porque

muitas vezes a citação do réu pode tornar ineficaz o provimento pretendido. Por

8 R.Friede, “Limites objetivos para a concessão de medidas liminares em tutela cautelar e em tutela antecipatória”,2000, pg. 157.

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isso, antes da reforma do CPC de 1994, era tanto utilizada a expressão “ação

cautelar inominada” com finalidade satisfativa, pela semelhança entre as duas

modalidades de tutela, por ambas sugerirem importante urgência.

3.4. Do abuso de direito de defesa por parte do réu

Prevista no inciso II do art. 273 do CPC, esta seria a segunda hipótese de

antecipação da tutela descrita neste artigo. Neste caso, deve ser provado o abuso de

direito de defesa por parte do réu ou seu intuito de protelar o desfecho da demanda.

Assim, o Estado tem o poder de punir o réu por abusos por ele praticados no

processo, denominando-se esta espécie de tutela antecipada como antecipação-

sanção.

Esta foi a forma encontrada pelo legislador de coibir o réu a se utilizar

indevidamente do processo, já que a sanção pecuniária e a possibilidade de

ressarcimento por perdas e danos não se mostraram suficientes.

Foi criada neste inciso uma modalidade pura de tutela antecipada, separada

dos requisitos de urgência e do dano, mas ao mesmo tempo ligada à aparência do

bom direito e à inconsistência da defesa do réu, que autorizam uma satisfação

antecipada do direito do autor.

O abuso do direito de defesa pode ser comprovado de muitas maneiras. Uma

delas é o réu que interpõe infundados recursos contra as decisões judiciais, visando

uma demora maior para a satisfação do direito pleiteado pelo autor. Neste exemplo

é encontrado também o propósito protelatório do réu, uma vez que este atrasa a

demanda por recorrer sem válida motivação.

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Com a concessão da tutela antecipada por abuso de direito de defesa ou

manifesto intuito protelatório do réu é atendido o princípio constitucional da

efetividade do processo, pois permite que o tempo do processo seja distribuído

entre as partes litigantes de acordo com a evidência do direito afirmado pelo autor e

a fragilidade da defesa apresentada pelo réu.

3.5. Do Perigo de irreversibilidade

O §2º do art. 273 do CPC, como já exposto previamente, estabelece que se

houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipatório, a tutela antecipada

não poderá ser concedida pelo juiz.

A tutela antecipada nada mais é do que um provimento provisório que

antecipa os efeitos do pedido inicial antes de ser atingida a cognição plena. Dessa

forma, o magistrado pode chegar à conclusão de que as coisas são diferentes do que

aparentavam ser no momento em que deferiu a tutela, proferindo então sentença de

improcedência da demanda. Assim, retornam as partes ao estado do início do

processo. Por esta razão não pode haver risco de irreversibilidade dos efeitos do

provimento antecipatório, caso contrário, o réu será lesado em seu direito de

maneira permanente.

Há uma certa dificuldade em conceituar-se a irreversibilidade referida, uma

vez que não se sabe ao certo o que é de fato irreversível por completo. Em uma

primeira análise, dificilmente um dano poderia ser irreversível, já que tanto o moral

como o material podem ser ressarcidos através de perdas e danos, isto é,

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indenização pecuniária. Mas como lembra Carreira Alvim9, é possível que haja

situação em que a parte beneficiada pela tutela não tenha condições de suportar a

elevação do custo, necessária para a reparação do dano.

Deve então o juiz utilizar-se do princípio da proporcionalidade para “pesar”

na balança da justiça até que ponto os efeitos do provimento seriam irreversíveis,

ou ainda, até onde uma indenização em pecúnia poderia ressarcir os danos sofridos

pelo réu. Ao mesmo tempo, deve ele ponderar se, em havendo risco iminente de

perecimento do direito do autor, mais vale optar pela possível irreversibilidade dos

efeitos do provimento, não sendo este concedido, ou pelo deferimento da tutela

para que não haja perda ou lesão ao direito do autor, devendo este indenizar o réu

na hipótese de improcedência da demanda.

Em relação a este assunto, o egrégio Superior Tribunal de Justiça de São

Paulo já decidiu que “a exigência da irreversibilidade inserta no §2º do artigo 273

do Código de Processo Civil não pode ser levada ao extremo, sob pena de o novel

instituto da tutela antecipada não cumprir a excelsa missão a que se destina” 10.

3.6. Do pedido em parte incontroverso

Reza o §6º do artigo 273 do CPC que a tutela antecipada poderá ser

concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se

incontroverso. Em outras palavras, o pedido, ou parte dele, que não for impugnado

pela parte contrária, poderá ser objeto de tutela antecipada.

9 C.Alvim, “CPC reformado”, p.125.10 STJ, Resp 144.656/ES, 2ª. T., un, rel. Min. Adhemar Maciel, DJU 27.10.1997, pg.54.778.

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A Lei nº 10.444/02 acrescentou este parágrafo ao art. 273 porque não há

razão para que o direito não seja admitido, já que sobre ele não há controvérsia.

Seria esta uma hipótese de julgamento parcial antecipado da lide, regido pelo artigo

330 do CPC. Teríamos, então, uma decisão judicial que versa apenas sobre uma

parte do mérito, mas sem a potencialidade de pôr termo ao processo, sendo ela

passível do recurso de agravo, como afirma Athos Gusmão Carneiro11.

4. Legitimação para requerer a antecipação da Tutela Antecipada

Pelo art. 273 do Código de Processo Civil, a antecipação da tutela será

apreciada a requerimento da parte que formulou o pedido inicial. Dessa forma,

pode ser requerida pelo autor, pelo réu reconvinte – que nada mais é que o autor da

reconvenção e pelo opoente (autor na ação de oposição). Assim é o pensamento

predominante na doutrina e na jurisprudência brasileiras.

Também podem requerer a antecipação da tutela os intervenientes, como o

assistente litisconsorcial e o Ministério Público, na condição de fiscal da lei, em

benefício da pessoa assistida ou protegida.

11 A.G.Carneiro, “Da antecipação de tutela”, 2002, pg. 60.

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Para Athos Gusmão Carneiro12, quanto à parte que promove a denunciação

da lide é duvidosa a possibilidade de que possa requerer a tutela antecipada, pois a

denunciação descaracteriza a verossimilhança da alegação, uma vez que a parte

denuncia a lide ao terceiro prevendo a eventualidade de que venha a perder a

demanda. Para este mesmo doutrinador, o réu não poderia requerer a antecipação

em seu favor em relação a pedido contraposto feito na contestação. Isso porque este

provimento de urgência visa distribuir o ônus do tempo no processo, evitando

prejuízo para o autor.

Já para Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart13, seria sim

possível que o réu pedisse a antecipação da tutela de seu pedido contraposto

realizado em contestação, uma vez que está formulando um pedido em desfavor do

autor. Também lhes parece justo que o réu tenha direito a requerer tutela

jurisdicional de conteúdo declaratório, por rejeitar o pedido do autor. Assim, a

tutela antecipada inibirá o autor de praticar atos que poderiam impedir o réu de

praticar o ato que, em caso de improcedência, será declarado legítimo. Ainda no

pensamento destes autores, tanto o autor como o réu denunciantes da lide podem

pedir a antecipação da tutela contra o denunciado, sabendo-se que os primeiros

podem obter ressarcimento do último em ação regressiva contra ele por razão de

prejuízos decorrentes de eventual sucumbência.

12 A.G.Carneiro, “Da antecipação da tutela”, 2002, pg.57.13 L.G.Marinoni e S.C.Arenhart, “Manual do processo de conhecimento”, 2001, pg.228.

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5. Tutela Antecipada Ex Officio

A tutela antecipada ex officio nada mais é do que a tutela antecipada

concedida de ofício pelo juiz. O art. 273 do Código de Processo Civil não prevê

expressamente esta hipótese, porém, parte minoritária da doutrina afirma ser esta

possível.

Para a corrente doutrinária majoritária, a própria lei especifica ser possível a

concessão da tutela antecipada apenas a requerimento da parte, tendo o juiz a

obrigação de antecipar a tutela se preenchidos os requisitos legais, por ser este um

direito subjetivo pessoal e não uma discricionariedade do magistrado. Concordam

Athos Gusmão Carneiro14 e Luiz Guilherme Marinoni15 que estão legitimados a

requerer a tutela antecipada o autor e o réu reconvinte, além das hipóteses que

permitem tal requerimento por parte de terceiros interessados. Os referidos autores,

14 A.G.Carneiro, “Da antecipação da tutela”, 2002, pg.57.15 L.G. Marinoni e S.C.Arenhart, “Manual do processo de conhecimento”, 2001, pg.228.

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em suas respectivas obras infra mencionadas, sequer fazem menção da

possibilidade da concessão ex officio do provimento antecipatório em estudo.

Entretanto, para Fernando Luís França16 é primordial interpretar o texto

normativo de forma a conferir ao juiz a possibilidade de antecipar a tutela, de

ofício, quando houver violação da norma pelas partes como forma de alcançar a

efetividade e celeridade processuais. É válido frisar que o autor considera como tal

violação à norma o abuso de direito de defesa e o manifesto intuito protelatório do

réu.

Este mesmo doutrinador explica processualmente sua posição por entender

ter caráter sancionatório a antecipação da tutela no caso de comportamento ilícito

das partes em violar a norma, como se este fosse um poder do Estado de punir a

parte em questão através do juiz. Já constitucionalmente, o estudioso em questão se

justifica por entender ser a subordinação da antecipação da tutela ao pedido da

parte, em caso de abuso de direito de defesa e manifesto propósito protelatório,

uma forma de negar o acesso à justiça, uma vez que obstaculariza o próprio Poder

Judiciário de prestar a jurisdição de forma célere e efetiva, o que torna tal sujeição

inconstitucional.

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6. O momento para requerer e conceder a antecipação da tutela

6.1. Da antecipação deferida no início do processo

Esta é a etapa mais comum em que é requerida a tutela antecipada, isso

porque é o momento em que o autor ingressa com a ação, pleiteando seus direitos e,

muitas vezes, necessitando da antecipação destes ou de seus efeitos desde o início.

A controvérsia doutrinária nesta fase da demanda surge em relação ao

deferimento do provimento antecipatório sem a audiência da parte contrária, isto é,

antes da citação do réu. Como já exposto anteriormente, segundo Reis Friede17, a

maioria da doutrina e da jurisprudência afasta essa possibilidade por completo.

Porém, há também um entendimento de que nas mesmas hipóteses cabíveis na

medida cautelar pelo artigo 804 do Código de Processo Civil, urgência excepcional

ou casos em que a citação do réu possa tornar ineficaz o provimento, são aplicáveis

16 F.L.França, “A antecipação de tutela ex officio”, 2003.17 R.Friede, “Limites objetivos para a concessão de medidas liminares em tutela cautelar e em tutela antecipatória”,2000, pg. 157.

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por analogia à tutela antecipada, permitindo que esta seja concedida de maneira

inaudita autera pars (sem a audiência da parte contrária).

6.2. Da antecipação requerida antes da instauração do processo

Este é mais um motivo de controvérsia doutrinária, pois a lei menciona a

antecipação dos efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, supondo-se que tal

pedido tenha sido feito em juízo. Mesmo com a omissão quanto a esta modalidade

de tutela antecipada pelo código, ela é aceita através de ações cautelares

inominadas, como no caso de pedido de sustação de protestos.

6.3. Da antecipação em sede de sentença e em grau recursal

Se o juiz, após encerrada a instrução, se convencer da necessidade de deferir

imediata tutela ao autor, assim poderá outorgar a tutela satisfativa, como um dos

capítulos da sentença. Como afirma José Roberto Bedaque18, a antecipação

concedida na própria sentença tem como conseqüência exatamente retirar o efeito

suspensivo da apelação”. Esta nada mais é do que autorização para execução

provisória da sentença.

Salienta Cândido Dinamarco19 que o juiz pode deferir a antecipação da tutela

na própria sentença de mérito, como um de seus capítulos, não sendo correto

desdobrar o ato judicial como se contivesse uma sentença e uma decisão

interlocutória.

18 J.R.Bedaque, “Tutela cautelar e tutela antecipada: tutelas sumárias de urgência”, 2001, pg. 367.19 C. DINAMARCO, Tutela de urgência. Rev. Jurídica, vol.286 – agosto de 2001, pg. 18.

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A tutela antecipada pode também ser requerida no processo já em grau

recursal, sendo então o pedido formulado ao desembargador relator.A urgência

pode se caracterizar pela demora resultante do acúmulo de processos, ou da

necessidade de remessa dos autos para manifestação do Ministério Público.

6.4. Da antecipação concedida após a sentença

Outro momento em que é possível o requerimento da antecipação da tutela é

após a sentença, no lapso temporal entre a publicação desta e da distribuição da

apelação no tribunal competente. Neste caso, aplica-se, por analogia, a norma da

medida cautelar incidental do artigo 800, parágrafo único do CPC, que prevê a

interposição deste provimento diretamente no tribunal.

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7. Do recurso cabível e seus efeitos

A tutela antecipada é uma medida liminar, portanto, nada mais é do que

uma decisão interlocutória, já que é uma decisão através da qual o juiz, no curso

do processo, resolve questão incidente; assim reza o artigo 162, §2º do Código

de Processo Civil.

O artigo 522 do código supra mencionado diz ser cabível, no prazo de dez

dias, o recurso de agravo, retido nos autos ou de instrumento, em face das

decisões interlocutórias. Logo, o recurso cabível contra uma decisão de tutela

antecipada é o de agravo. Se este for de instrumento, será endereçado ao

Tribunal competente e lá julgado ao mesmo tempo em que a demanda corre em

primeiro grau. Se for retido nos autos, será somente apreciado na eventualidade

da interposição do recurso de apelação, sendo apreciada então somente em

segundo grau pelos Desembargadores do Tribunal, ou turma colegiada - caso

seja competência de Tribunal de Alçada -, como preliminar.

No caso de agravo de instrumento, o Desembargador Relator poderá

atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 527, II, CPC), nos casos previstos em

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lei (art. 558, CPC) o que suspenderá os efeitos da decisão, tendo ela deferido ou

não o pedido de antecipação de tutela.

Entretanto, surge dúvida quanto ao recurso cabível em relação à

antecipação da tutela em sede de sentença, que permite a execução imediata de

seus efeitos, uma vez que se trata de uma decisão interlocutória por excelência

proferida em um capítulo da decisão que põe fim ao processo em seu atual grau

de jurisdição. A dúvida em questão é se o recurso cabível seria o de apelação, ou

se seria permitida a interposição de duplo recurso, tanto de apelação como de

agravo de instrumento. Porém, esta solução confrontaria o Princípio Processual

Civil da Unirrecorribilidade, que estabelece que será interposto apenas um só

recurso por decisão, salvo exceções previstas em lei.

Como o recurso de apelação tem duplo efeito a ele atribuído, artigo 520,

CPC, tanto devolutivo como suspensivo, a tutela antecipada proferida em

sentença seria uma maneira de fazer com que este recurso fosse apenas recebido

em seu efeito devolutivo, isto é, a antecipação da tutela seria uma maneira tornar

a sentença executável antes de seu trânsito em julgado, o que suspende o efeito

suspensivo da apelação. Em outras palavras, o magistrado então, prevendo o

efeito suspensivo da apelação, concede a tutela antecipada na sentença,

permitindo sua execução imediata.

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8. Conclusão

A medida de urgência estudada nesta pesquisa científica tem importância

não só legal ou filosoficamente, mas em especial na prática, pois satisfaz em parte

ou em todo os efeitos do pedido do autor, mesmo que provisoriamente, devendo o

autor ressarcir o réu caso seu pedido seja julgado improcedente. Sua utilização

torna-se cada vez mais freqüente, principalmente pela grande morosidade da

Justiça, que sempre prejudica o autor, que já inicia a demanda em desvantagem, por

ter um direito seu lesionado ou ameaçado.

Freqüentemente confundido com a medida cautelar, o provimento

antecipatório tem características próprias que o diferem desta referida medida. A

tutela cautelar tem por excelência característica instrumental, visando apenas o

válido andamento do processo através da aparência do direito do autor (fumaça do

bom direito / fumus boni iuris) e do perigo da demora do processo (periculum in

mora). Já a tutela antecipada visa resguardar o próprio direito material do autor, por

isso possui caráter satisfativo, através de um exame mais aprofundado da lide, que

exige prova inequívoca para formar o convencimento do juiz quanto à

verossimilhanças da alegação do autor.

A antecipação da tutela é uma forma de auxiliar o autor a ter seu direito

integrado ao seu patrimônio desde o início da demanda, podendo também ser

requerida no curso desta ou em outras hipóteses especiais já estudadas neste

trabalho. Ao mesmo tempo, através deste provimento, torna-se viável a garantia

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prevista no art. 5º, XXXV da Constituição Federal de 1988: “A lei não excluirá da

apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça ao direito”.

Assim, a minha conclusão pessoal a respeito da tutela antecipada é de que

seus benefícios são incontáveis, podendo desde simplesmente resguardar um direito

material do autor de um dano irreparável ou de difícil reparação, como até mesmo

punir o réu contra abusos praticados por ele ao longo do processo, de maneira

alternativa ou cumulativa à sanção em pecúnia. Outrossim, este provimento

antecipatório devolve a efetividade ao processo, perdida pela morosidade da justiça

ou pelo propósito protelatório do réu, redistribuindo o tempo entre as partes

litigantes de acordo com a evidência do direito do autor e com a falta de

argumentos plausíveis do réu. Desta forma, conseguimos trazer para a esfera

processual um pouco da igualdade protegida pela Constituição e tão desejada por

todos os povos desde a formação da primeira sociedade civilizada.

9. Bibliografia

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