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Editorial FICHA TÉCNICA REVISTA MENSAL propriedade da Vida Económica – Editorial SA R. Gonçalo Cristóvão, 14 R/C 4000-263 Porto NIPC: 507258487 DIRECTOR João Carlos Peixoto de Sousa COORDENAÇÃO Adérito Bandeira COLABORADORES: Arnaldo Azevedo, Miguel Peixoto, Inês Reis, Rute Barreira, Sandra M. Silva, Pedro Campos PAGINAÇÃO José Pinto REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO R. Gonçalo Cristóvão, 111 6º Esq. • 4049-037 Porto Telef.: 223 399 400 Fax: 222 058 098 E-mail: [email protected] DELEGAÇÃO EM LISBOA Campo Pequeno, 50, 5º Esq. 1000-081 Lisboa Telef.: 217 815 410 Fax: 217 815 415 IMPRESSÃO Tipografia Nunes - Porto Registo nº 115728 da Direcção-Geral de Comunicação Social NOVEMBRO/2007 Administração Pública: “Ano novo vida nova” A partir do próximo dia 1 de Janeiro de 2008 a administra- ção publica vai ser objecto de uma significativa mudança com a entrada em vigor, nessa data, do novo regime de vinculação, carreiras e remunerações dos seus trabalhadores, aprovado na Assembleia da República no passado dia 16 de Outubro. Este novo regime altera de forma profunda o sistema de carreiras e remunerações reduzindo substancialmente o número de carreiras, bem como vai limitar drasticamente os elementos de progressão automática actualmente existentes, ao mesmo tempo que a progressão salarial passará a ser fortemente con- dicionada pela avaliação do desempenho dos funcionários. Assim, prevêem-se carreiras gerais e especiais e promove-se a fusão de carreiras – hoje em grande número – com a definição de três carreiras gerais: técnico superior, assistente técnico e assistente operacional, permitindo com esta medida a integração de mais de 400 carreiras e categorias hoje diferenciadas. Em matéria de remunerações estabelece-se que a remunera- ção integra as componentes de remuneração base, incluindo o subsídio de férias e de Natal, suplementos e compensações pelo desempenho, sendo de destacar a consagração de prémios de desempenho para estimular e premiar o mérito os trabalhadores que obtenham os mais elevados níveis de avaliação. No que à vinculação diz respeito são definidas duas mo- dalidades: a nomeação e o contrato de trabalho por tempo indeterminado e a termo. A nomeação, que ficará reservada às carreiras em que se assegurem funções que normalmente são designadas como sendo de soberania, seguirá, no essencial, o actual regime, todavia introduzir-se-ão alterações em matéria de cessação da vinculação, consagrando-se a cessação por mútuo acordo, e a cessação por insuficiência de desempenho, revelada na atribuição de avaliações negativas em dois anos consecutivos. Por seu lado, o contrato de trabalho, aplicável nas demais situações, seguirá um regime adaptado do fixado no Código de Trabalho, adaptação que constará do Regime do Contrato de Trabalho em Funções Públicas (RCTFP). Como já se referiu, as alterações são profundas e trazem à relação de emprego na função pública uma nova realidade, sendo pois natural que surjam resistências às mudanças, tanto mais que para alguns funcionários públicos essas mudanças poderão vir a ser “dolorosas”.

“Ano novo vida nova” Administração Públicabasededados.vidaeconomica.pt/users/68/6883/pdf_ve:... · Foi publicada no Diário da República o Decre-to-Lei nº 352/2007, de 23.10,

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Editorial

FICHA TÉCNICA

REVISTA MENSAL propriedade

da Vida Económica – Editorial SA

R. Gonçalo Cristóvão, 14 R/C

4000-263 Porto

NIPC: 507258487

DIRECTOR

João Carlos Peixoto de Sousa

COORDENAÇÃO

Adérito Bandeira

COLABORADORES:

Arnaldo Azevedo, Miguel Peixoto,

Inês Reis, Rute Barreira, Sandra M.

Silva, Pedro Campos

PAGINAÇÃO

José Pinto

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO

R. Gonçalo Cristóvão, 111

6º Esq. • 4049-037 Porto

Telef.: 223 399 400

Fax: 222 058 098

E-mail: [email protected]

DELEGAÇÃO EM LISBOA

Campo Pequeno, 50, 5º Esq.

1000-081 Lisboa

Telef.: 217 815 410

Fax: 217 815 415

IMPRESSÃO

Tipografia Nunes - Porto

Registo nº 115728 da Direcção-Geral

de Comunicação Social

NOVEMBRO/2007

Administração Pública:“Ano novo vida nova”

A partir do próximo dia 1 de Janeiro de 2008 a administra-

ção publica vai ser objecto de uma significativa mudança com

a entrada em vigor, nessa data, do novo regime de vinculação,

carreiras e remunerações dos seus trabalhadores, aprovado na

Assembleia da República no passado dia 16 de Outubro.

Este novo regime altera de forma profunda o sistema de

carreiras e remunerações reduzindo substancialmente o número

de carreiras, bem como vai limitar drasticamente os elementos

de progressão automática actualmente existentes, ao mesmo

tempo que a progressão salarial passará a ser fortemente con-

dicionada pela avaliação do desempenho dos funcionários.

Assim, prevêem-se carreiras gerais e especiais e promove-se

a fusão de carreiras – hoje em grande número – com a definição

de três carreiras gerais: técnico superior, assistente técnico e

assistente operacional, permitindo com esta medida a integração

de mais de 400 carreiras e categorias hoje diferenciadas.

Em matéria de remunerações estabelece-se que a remunera-

ção integra as componentes de remuneração base, incluindo o

subsídio de férias e de Natal, suplementos e compensações pelo

desempenho, sendo de destacar a consagração de prémios de

desempenho para estimular e premiar o mérito os trabalhadores

que obtenham os mais elevados níveis de avaliação.

No que à vinculação diz respeito são definidas duas mo-

dalidades: a nomeação e o contrato de trabalho por tempo

indeterminado e a termo.

A nomeação, que ficará reservada às carreiras em que se

assegurem funções que normalmente são designadas como

sendo de soberania, seguirá, no essencial, o actual regime,

todavia introduzir-se-ão alterações em matéria de cessação da

vinculação, consagrando-se a cessação por mútuo acordo, e a

cessação por insuficiência de desempenho, revelada na atribuição

de avaliações negativas em dois anos consecutivos.

Por seu lado, o contrato de trabalho, aplicável nas demais

situações, seguirá um regime adaptado do fixado no Código

de Trabalho, adaptação que constará do Regime do Contrato

de Trabalho em Funções Públicas (RCTFP).

Como já se referiu, as alterações são profundas e trazem

à relação de emprego na função pública uma nova realidade,

sendo pois natural que surjam resistências às mudanças, tanto

mais que para alguns funcionários públicos essas mudanças

poderão vir a ser “dolorosas”.

Page 2: “Ano novo vida nova” Administração Públicabasededados.vidaeconomica.pt/users/68/6883/pdf_ve:... · Foi publicada no Diário da República o Decre-to-Lei nº 352/2007, de 23.10,

Vida Económica Editorial, SAR. Gonçalo Cristóvão, 111 - 6º Esq. 4049-037 PortoInf: Ana Maria Vieira Telf. 223 399 457/00 Fx. 222 058 098 [email protected]

Formação personalizada

O Grupo Editorial Vida Económica tem condições para lhe proporcionar formação à medida dos objectivos e necessidades dos seus trabalhadores, colaboradores ou associados, em qualquer ponto do país, em horário laboral ou pós-laboral.

Destinatários

Quadros e Chefias com Responsabilidades ao Nível da Gestão de Pessoal; Responsáveis dos Recursos Humanos; Gestores e Consultores de Empresas; Juristas

Objectivos

* “O Código do Trabalho e o diploma que procedeu à sua regulamentação introduziram profundas alterações no quadro legal que enforma as relações entre empregadores e trabalhadores.

* As empresas têm, assim, que fazer apreender as novas regras àqueles que internamente são responsáveis pela sua aplicação e têm que adequar as suas práticas à nova realidade normativa.

* Com estes objectivos - dar a conhecer o direito e a sua aplicação prática - o Grupo Editorial Vida Económica propõe-se realizar um conjunto de acções de formação e prática jurídica sobre os mais importantes temas laborais.

Monitores

Dr. Adérito Bandeira - Advogado; Formador na Área de Direito Laboral; Coordenador da Revista Trabalho & Segurança Social.

Dra. Maria João Machado - Docente do Ensino Superior.

Dr. Rui Daniel Ferreira - Docente do Ensino Superior.

Preço Não Assinantes ...................................................... J 357,92 Ass. Publicações VE / Cartão Jovem ....................... J 286,33 Cartão VE/Ass. Trab. Seg. Social ........................... J 268,44 (preços com IVA incluído)

Inclui - Almoço, Cafés, Documentação e Certificado de Presença.

Condições especiais para mais que um participante por empresa

O Código e a Regulamentação do Trabalho

Porto17 e 18 Janeiro 2007Lisboa24 e 25 Janeiro 2007 Horário 16 horas9h00/13h00/14h00/18h00

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SUMÁRIONOVEMBRO/2007

INFORMAÇÕES DIVERSASTrabalho, Segurança Social, Função Pública ........................... 4

CONSULTÓRIOConsultório Laboral ............................................................. 9

JURISPRUDÊNCIAContrato a termo1º Emprego – Renovação por período diferenteAcordão do Supremo Tribunal de Justiça ............................... 11

RetribuiçãoUso de viatura e telemóvelAcordão do Supremo Tribunal de Justiça ............................... 19

Processo disciplinarReabertura – Opção pela reintegraçãoAcordão do Tribunal da Relação de Lisboa .............................. 25

DespedimentoRetribuições vencidas – Demora na prolação da sentençaAcordão do Tribunal da Relação do Porto ............................... 31

LEGISLAÇÃOTRABALHO

AçoresAcrécimo ao salário mínimo e complemento de pensãoDecreto Legislativo Regional n.º 22/2007/A, de 23 de Outubro ..... 36

SEGURANÇA SOCIAL

Financiamento do sistema de segurança socialDecreto-Lei n.º 367/2007, de 2 de Novembro .......................... 40

Militares das forças armadasBenificiários extraordinários da assistência na doençaPortaria n.º 1393/2007, de 25 de Outubro .............................. 46Assistência nos acidentes de serviço e doenças profissionaisPortaria n.º 1394/2007, de 25 de Outubro .............................. 48Assistência na doenças aos beneficiários no estrangeiroPortaria n.º 1395/2007, de 25 de Outubro .............................. 49

FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Revisores oficiais de contasRegulamento de formação profissionalRegulamento n.º 284/2007, de 25 de Outubro ........................ 51

ENSINO

Graus académicos estrangeirosRegime jurídico do reconhecimentoDecreto-Lei nº 341/2007, de 12 de Outubro ............................ 54

SÍNTESE DA LEGISLAÇÃOLegislação publicada na 1ª série do Diário da República entre 16 de Setembro e 15 de Outubro de 2007 ...................... 64

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TRABALHO

Mapas do quadro de pessoalEntrega durante Novembro

As entidades empregadores, com excepção dos empregadores de serviço doméstico, devem entregar, durante o corrente mês de Novembro, os mapas do quadro de pessoal devidamente preen-chidos com elementos respeitantes aos respectivos trabalhadores, incluindo os estrangeiros, referentes ao mês de Outubro anterior.

Estão também vinculados ao cumprimento desta obrigação os serviços da Administração Pública central, regional e local e os institutos públicos com trabalhadores ao seu serviço em regime jurídico de contrato de trabalho e apenas em relação a esses trabalhadores.

Os mapas do quadro de pessoal podem ser entregues por meio informático, nomeadamente em suporte digital (disquete ou CD-ROM) ou correio electrónico (e-mail), ou em suporte papel, no caso de microempresa (que empregue até 10 trabalhadores).

O preenchimento dos mapas por meio infor-mático pode ser feito através do preenchimento directo da informação do quadro de pessoal, através da utilização de uma aplicação informática disponibilizada em www.dgeep.mtss.gov.pt, ou mediante a utilização de aplicação de recolha da própria empresa, que cumpra os parâmetros de normalização e validação definidos no dossier de especificações técnicas.

Refira-se que na codificação da actividade económica da empresa e do(s) estabelecimento(s) deve ser utilizada a nova Classificação das Activi-dades Económicas – CAE-Rev.3, sendo que para o efeito encontra-se disponível em www.dgeep.mtss.gov.pt uma aplicação de conversão para a CAE-Rev.3 a partir da digitação do código actual - CAE-Rev.2.1.

Se for utilizada a aplicação de preenchimento directo, esta funcionalidade encontra-se dentro da própria aplicação.

Os endereços electrónicos e as entidades destinatárias do envio dos mapas de quadros de pessoal, no Continente e nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira são os seguintes:

Entrega por correio electrónico (e-mail):[email protected] - se a sede

da entidade empregadora se localizar no Conti-nente;

[email protected] - se a sede da entidade empregadora se localizar na Região Au-tónoma da Madeira.

[email protected] - se a sede da entidade empregadora se localizar na Região Autónoma dos Açores.

Entrega em suporte digital (disquete ou CD-ROM) e em suporte papel:

- Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), nos Centros Locais e Unidades Locais - ex-delegações ou subdelegações da Inspecção-Geral do Trabalho (IGT), em cuja área a sede está situada, se a sede da entidade empregadora se localizar no Continente;

- Serviços regionais da ACT em cuja área a sede está situada, se a sede da entidade empregadora se localizar nas Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores.

Autoridade para as Condições do TrabalhoIGT e ISHST substituídos pela ACT

A Inspecção-Geral do Trabalho (IGT) e o Institu-to para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho (ISHST) foram substituídas, no início do mês de Outubro, pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), entidade que resulta da fusão da IGT e ISHST.

Este organismo, criado pelo Decreto-Lei n.º 211/2006, de 27 de Outubro, substitui também o Programa para a Prevenção e Eliminação da Explo-ração do Trabalho Infantil e o Conselho Nacional para a Prevenção e Eliminação da Exploração do Trabalho Infantil.

A ACT tem como missão a promoção da melhoria das condições de trabalho, através do controlo do cumprimento das normas em matéria laboral, no âmbito das relações laborais privadas, bem como a promoção de políticas de prevenção de riscos profissionais.

Cidadãos estrangeirosRegulamentação do regime de entrada e permanência Foi publicado o Decreto Regulamentar nº 84/2007, de 5 de Novembro, diploma que vem proceder

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à regulamentação do novo regime jurídico de entrada, permanência, saída e afastamento de estrangeiros do território nacional, aprovado pela Lei n.º 23/2007, de 4 de Julho.

A regulamentação agora publicada vem esta-belecer regras relativas a:

- concessão de vistos no estrangeiro e nos postos de fronteira para entrada de cidadãos es-trangeiros no território nacional;

- prorrogação da permanência;- concessão e renovação de autorizações de

residência;- direito ao reagrupamento familiar;- regime do título de residência e;- estatuto do residente de longa duração,

saída, afastamento e expulsão ou luta contra a imigração ilegal.

Acidentes de trabalhoe doenças profissionaisNova Tabela Nacionalde Incapacidades

Foi publicada no Diário da República o Decre-to-Lei nº 352/2007, de 23.10, que aprova a nova Tabela Nacional de Incapacidades por Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais, bem como a Tabela Indicativa para a Avaliação da Incapacidade em Direito Civil.

Segundo o Governo, a criação da Tabela Indicativa para a Avaliação da Incapacidade em Direito Civil constitui um importante passo com vista à definição normativa e metodológica para avaliação do dano no domínio da responsabilidade civil, visando simplificar e dar maior celeridade à fixação do valor das indemnizações, nomeada-mente no âmbito do seguro de responsabilidade civil automóvel.

Segundo o diploma agora publicado, a inca-pacidade permanente do lesado para efeitos de reparação civil do dano é calculada por médicos especialistas em medicina legal ou por especialis-tas noutras áreas com competência específica no âmbito da avaliação médico-legal do dano corporal no domínio do direito civil e das respectivas regras, os quais ficam vinculados à exposição dos motivos justificativos dos desvios em relação às pontua-ções previstas na Tabela Nacional para Avaliação de Incapacidades Permanentes em Direito Civil.

As tabelas agora aprovadas entram em vigor em 21 de Janeiro de 2008, sendo aplicáveis aos acidentes de trabalho ocorridos, às doenças pro-fissionais diagnosticadas e às peritagens de danos corporais efectuadas, após essa data.

AçoresAcréscimo ao salário mínimo e complemento de pensão Foi publicado o Decreto Legislativo Regional nº 22/2007/A, de 23.10, (cfr. pág. 36) diploma que vem alterar o regime jurídico da atribuição do acréscimo regional ao salário mínimo, do complemento regional de pensão e da remuneração complementar regional, aplicado na região autónoma dos Açores.

O regime jurídico da atribuição, na Região Autónoma dos Açores, do complemento regional de pensão, do acréscimo regional ao salário mínimo e da remuneração complementar regional, consta do Decreto Legislativo Regional nº 8/2002/A, de 10.4, diploma que é agora alterado e republicado.

As alterações introduzidas vão no sentido de proceder a uma clarificação de conceitos, designa-damente, da definição de beneficiário titular e de residência permanente, e, também, de actualizar os parâmetros de atribuição dos montantes do complemento regional de pensão dada a sua des-actualização relativamente ao salário mínimo.

Assim, o montante efectivo do complemento regional de pensão a abonar passa a ser determi-nado de acordo com as seguintes regras:

- a totalidade para aqueles cuja pensão seja inferior ou igual ao salário mínimo;

- 90 % para aqueles cuja pensão seja supe-rior ao salário mínimo e inferior ou igual a 1,044 desse valor;

- 70 % para aqueles cuja pensão seja superior a 1,044 do salário mínimo e inferior ou igual a 1,339 desse valor;

- 50 % para aqueles cuja pensão seja superior a 1,339 do salário mínimo até ao limite em que a sua aplicação não resulte num rendimento tributável em sede de IRS.

TOCPublicada lista no Diárioda República

Na 2ª série do Diário da República do dia 23 de Outubro foi publicada a Listagem nº 253/2007

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6Novembro/2007TSS

emitida pela Câmara dos TOC e que constituiu um aditamento à lista dos técnicos oficiais de contas – 27ª lista, organizada nos termos do art. 18.º do respectivo Estatuto

A publicação desta lista é feita anualmente nos meses de Março e Outubro de cada ano, e consti-tui um aditamento à lista geral, do qual constam os TOC cuja inscrição tenha sido concretizada, suspensa, cancelada ou regularizada durante o semestre imediatamente anterior.

SEGURANÇA SOCIAL

Complemento solidáriopara idososRenovação da provade recursos

Através de Portaria nº 1446/2007, de 8.11, foram fixados os procedimentos de renovação da prova de recursos a observar pelos titulares do Complemento Solidário para Idosos (CSI).

A renovação da prova de recursos dos titulares do CSI é realizada de dois em dois anos, contados a partir da data do reconhecimento do direito ao comple-mento, estando igualmente previsto que a renovação da prova depende da apresentação de requerimento dirigido ao Instituto da Segurança Social.

Incumbe à entidade gestora do CSI o envio aos interessados do modelo de requerimento adequado à sua situação concreta, com a antecedência mínima de 60 dias relativamente ao primeiro dia do mês em que se completam dois anos de atribuição inicial, ou de renovação bienal da prestação.

Os titulares do CSI devem remeter aos serviços da segurança social os modelos de requerimento devidamente preenchidos e instruídos, até ao úl-timo dia útil do mês anterior em que se completam dois anos de atribuição inicial, ou de renovação bienal da prestação.

A não recepção, dentro do prazo, nos serviços de segurança social do requerimento de renovação bienal da prova de recursos tem por consequência a suspensão imediata do pagamento do CSI.

Administração Pública Protecção no desempregoe reformas antecipadas

O Governo aprovou em Conselho de Ministros a versão final da proposta de lei que altera o Regime

da Mobilidade na Administração Pública, que visa tornar extensivo o regime de mobilidade especial (quadro de supranumerários) aos trabalhadores com contrato individual de trabalho, criar a pro-tecção no desemprego destes trabalhadores, bem como adoptar medidas de ajustamento em matéria de aposentação dos subscritores da Caixa Geral de Aposentações (CGA).

De acordo com o Governo, o alargamento, a título facultativo, do regime da mobilidade especial aos trabalhadores vinculados com contrato indi-vidual de trabalho permite, em caso de despedi-mento colectivo ou despedimento por extinção do posto de trabalho, que os trabalhadores possam requerer a passagem para a situação de mobilidade especial, permitindo que os serviços competentes procedam à sua eventual recolocação nos termos daquela lei.

São ainda adoptados diversos ajustamentos no regime de aposentação dos funcionários da Administração Pública, propondo o Governo que o tempo de serviço mínimo necessário para requerer a aposentação seja progressivamente reduzido até 2015, até se atingir os 15 anos.

A equiparação de regimes de aposentação entre o sector público e o privado prevê uma pe-nalização de 4,5% por cada ano que falte para a idade legal da reforma, que é de 65 anos.

No âmbito do processo de convergência entre os regimes de aposentação da Administração Pública com o regime geral, o Governo determi-nou que, em 2008, o trabalhador com 33 anos de serviço poderá solicitar a aposentação antecipada e em 2009 os funcionários que tenham 55 anos e 30 anos de serviço vão poder aposentar-se com a aplicação da penalização de 4,5% por cada ano de antecipação.

FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Formação profissional Governo aprova reforma

O Conselho de Ministros aprovou a versão final de uma resolução que consagra um conjunto de medidas de reforma da formação profissional, acordada com os parceiros sociais com assento na Comissão Permanente de Concertação Social.

As novas medidas têm por objectivo aumentar o acesso dos jovens e adultos a oportunidades de qualificação ao longo da vida, bem como as-segurar a relevância e a qualidade do investimento em formação.

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7Novembro/2007

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Para a implementação desta reforma prevê-se a criação dos seguintes instrumentos:

- estabelecimento do Sistema Nacional de Qualificações, criando, nesse âmbito, o Quadro Nacional de Qualificações, o Catálogo Nacional de Qualificações e a Caderneta Individual de Competências;

- estabelecimento dos princípios do Sistema de Regulação de Acesso a Profissões que, por razões de interesse colectivo ou por motivos inerentes à capacidade do trabalhador, obrigam a restringir o princípio constitucional da liberdade de escolha de profissão, regulando as estruturas respon-sáveis pela sua preparação, acompanhamento e avaliação.

Revisores Oficiais de ContasRegulamento de formação profissional O Regulamento nº 284/2007, da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas, publicado na 2ª Série do Diário da República do dia 25 de Outubro, (cfr. pág. 51) vem estabelecer um Regulamento de Formação Profissional que visa assegurar aos ROC níveis elevados de conhecimentos teóricos, de qualificação profissional e de valores deontológicos. Este regulamento surge para dar cumprimento ao disposto no o n.º 2 do artigo 62.º do Decreto-Lei n.º 487/99, de 16 de Novembro, onde se estabelece que os revisores oficiais de contas estão adstritos ao dever de frequentar cursos de formação profissional a promover pela Ordem ou por esta reconhecidos, nos termos a fixar no regulamento de formação profissional.

O Regulamento agora publicado, a vigorar a partir de 1 de Janeiro do próximo ano, determina que a formação profissional dos ROC pode ser obtida por autoformação ou por acções de for-mação promovidas pela respectiva Ordem, por sociedades de revisores oficiais de contas ou por outras entidades.

A formação profissional obrigatória dos ROC deve atingir, no mínimo, um total de 120 horas por cada triénio (das quais pelo menos 30 horas deverão corresponder a formação certificada que tenha sido promovida ou reconhecida pela OROC), com, pelo menos, 12 horas anuais, podendo consistir em acções de formação presenciais ou através de e-learning.

FUNÇÃO PÚBLICA

Aumentos para 2008Governo propõe 2,1%

O Governo apresentou uma proposta de au-mentos salariais dos funcionários públicos de 2,1% para 2008, valor que corresponde à taxa de inflação prevista para o mesmo ano.

As propostas apresentadas pelos sindicatos da Função Pública variam entre os 3,5%, do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), e os 5,8%, da Frente Comum, que exige ainda a garantia de que nenhum trabalhador beneficie de um aumento inferior a 50 euros.

Por seu lado, a Frente Sindical da Administra-ção Pública (FESAP) defende aumentos salariais de 3,8%.

O Executivo propõe ainda a actualização em 2,1% nos montantes das ajudas de custo por des-locações em território nacional e no estrangeiro, dos subsídios de viagem e de refeição, que passaria de 4,03 euros para os 4,11 euros.

Refira-se que, em 2006 e 2007, os salários dos funcionários públicos foram actualizados em apenas 1,5%.

CGADesburocratizaçãode procedimentos

O Decreto-Lei nº 309/2007, de 7 de Setem-bro, estabelece a forma, extensão e limites da interconexão de dados entre diversos serviços e organismos da Administração Pública e introduz medidas de simplificação de procedimentos e de desburocratização no âmbito da Caixa Geral de Aposentações.

De acordo com este diploma, a Caixa Geral de Aposentação, a ADSE, a Assistência na Doença aos Militares da Forças Armadas (ADM) e os Militares da GNR e da PSP, a Direcção-Geral da Administra-ção e do Emprego Público (DGAEP) o Instituto da Segurança Social e, finalmente, os solicitadores de execução têm acesso, em tempo real, às base de dados que devem ser relacionadas, com vista ao controlo do cumprimento das obrigações contri-butivas dos beneficiários bem como para combate e prevenção da fraude e corrupção.

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8Novembro/2007TSS

Ao mesmo tempo, este decreto-lei dá nova

redacção a alguns preceitos dos Estatutos da Apo-

sentação e das Pensões de Sobrevivência, sendo de

realçar o relativo ao momento em que o funcionário

deve ser desligado do serviço por aposentação, que

passa a ser o dia 1 do mês seguinte àquele em que

for comunicada a resolução da CGA e não, como

antes, a data do seu conhecimento.

Ensino não superiorIntegração do pessoal docente noutros serviços públicos

No intuito de facilitar a integração do pessoal

docente dos estabelecimentos públicos de educa-

ção pré-escolar e dos ensinos básico e secundário

noutros serviços públicos onde se encontra a exer-

cer funções, em regime de requisição, comissão de

serviço ou situação análoga, foi publicado em 17

de Setembro o Decreto-Lei nº 314/2007.

Este diploma, que se aplica apenas aos docentes

com nomeação definitiva dos quadros de escola

ou de zona pedagógica, permite a integração na

carreira técnica do regime geral aos habilitados

com curso superior que não confira o grau de

licenciatura ou equivalente e na carreira técnica

superior aos que sejam licenciados ou possuam

curso que confira este grau.

A nomeação é feita no quadro do serviço ou

organismo onde as funções têm vindo a ser exerci-

das, em lugar vago ou a criar e a extinguir quando

vagar e na categoria menos elevada da carreira

que integre o escalão e índice a que corresponda

a remuneração base igual àquela que o docente

vem auferindo na carreira de origem.

Serviço MilitarAlteração do regulamentode incentivos ao regime de contrato e de voluntariado

Por meio do Decreto-Lei nº 320/2007, de 27 de Setembro, foi dada nova redacção a algumas disposições do Regulamento de Incentivos à Pres-tação de Serviço Militar nos Regime de Contrato e de Voluntariado, aprovado pelo Decreto-Lei nº 320-A/2000, de 15 de Dezembro.

No que mais interessa no âmbito dos processos

de recrutamento para lugares dos quadros da Fun-

ção Pública foi alterado o artigo 30º que reduz para

dois anos a contar da data cessação do contrato o

período em que os ex-militares podem candidatar-

se a concursos de ingresso e de acesso.

O prazo também foi reduzido para igual período,

quer para os concursos de admissão, quer para

ingresso nos Quadros Permanentes dos ramos das

Forças Armadas, bem como para os respectivos

quadros de pessoal civil.

Cumprimento do PRACE

Na esteira do que tem sucedido ao longo deste

ano, foram aprovadas mais duas leis orgânicas de

serviços do Estado, no âmbito da execução do

PRACE (Programa de Reestruturação da Adminis-

tração Central do Estado).

Desta vez, foi a Direcção-Geral da Administra-

ção Local (DGAL), a que aplica o Decreto-Lei nº

326-A/2007, de 28 de Setembro, e a Autoridade

para as Condições do Trabalho abrangida pelas

disposições do Decreto-Lei nº 326-B/2007, da

mesma data.

Tal como todos os outros diplomas com o mes-

mo objectivo, estes definem a natureza, missão e

atribuições, os órgãos e serviços e os regimes de

gestão e do pessoal.

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Contagem do tempo de serviço na Função Pública com contratos de trabalho e de tarefa

Sou funcionário público há cerca de quatro anos, tendo antes trabalhado também no Estado como tare-feiro e depois com contrato de trabalho a termo certo. Gostaria de saber se este tempo pode ser considerado como prestação de serviço à função pública, para efeitos de concursos e de antiguidade.

A contagem do tempo de serviço para efeitos de concursos e de antiguidade na função pública depen-de de o mesmo ter sido prestado numa situação de trabalho subordinado na qualidade de funcionário ou agente, ou seja, com vínculo à Função Pública.

De acordo com o estabelecido no Decreto-Lei nº 427/89, de 7 de Dezembro, o funcionário é todo aquele que ocupa um lugar do quadro e no qual foi provido por nomeação; o agente é o que, sujeito ao regime jurídico da Função Pública, está vinculado através de contrato administrativo de provimento.

O exercício de funções titulado por contrato de trabalho (a termo ou sem termo) não confere qualquer uma daquelas qualidades sendo regu-lado pelas disposições do Código do Trabalho. Neste caso, o Estado assume-se como entidade empregadora mas não passa o trabalhador a ser funcionário ou agente.

Situação idêntica se passa com os contratos de avença e de tarefa, que, segundo a legislação aplicável – o artigo 17º do Decreto-Lei nº 41/84, de 3 de Fevereiro –, se traduzem na prestação de trabalho sem subordinação hierárquica e sem sujeição a horário.

Qualquer uma das situações antes indicadas – contratos de trabalho ou de tarefa ou de avença – só é passível de contagem para antiguidade na Função Pública, e também para aposentação, caso se tenha verificado uma integração ao abrigo de lei especial em que o tempo prestado em qualquer uma dessas modalidades tenha sido condição essencial para tal integração.

A este respeito, veja-se, entre outros, o parecer da Procuradoria-Geral da República, publicado no Dº da Repª, 2ª série, nº 253, de 3.11.89, e o artigo 6º do Decreto-Lei nº 195/97, de 31 de Julho.

Não é o caso do nosso leitor, pois a sua entrada na Função Pública foi feita através de concurso externo.

Não pode assim, por falta de suporte legal, ser satisfeita a pretensão.

O tempo de serviço anterior ao ingresso não pode ser “considerado como prestação de serviço à função pública, para efeitos de concursos e de anti-guidade” sem prejuízo de qualquer júri de concurso, autonomamente, e em sede de cada procedimento, considerar tal tempo como prestação de trabalho em serviço público, por exemplo no factor “experiência profissional”, desde que este tenha sido contemplado nos itens valorativos, mas nunca enquadrável no item “antiguidade na função pública”.

A. A.

Licença sem vencimento de curta duração na Função Pública

Trabalho num serviço do Estado e propuseram-me um trabalho bem remunerado numa empresa durante seis ou sete meses, a começar já em Dezembro pró-ximo. Pretendo gozar uma licença sem vencimento por 90 dias, a começar em Dezembro, e outra pelo mesmo prazo, com início em Abril de 2008, uma vez que tenciono gozar férias em Março. É possível?

São várias as licenças sem vencimento previstas no Decreto-Lei nº 100/99, de 31 de Março, diploma que regula o regime de férias, faltas e licenças dos funcionários públicos.

Há determinadas modalidades que apenas são aplicáveis aos funcionários (pessoal do quadro) e outras que abrangem também aos agentes.

Passando em revista as possíveis atendendo ao motivo que o nosso leitor refere, parece-nos que há duas eventualmente aplicáveis, embora uma delas só possa ser usufruída caso o nosso leitor possua 5 anos de serviço na Função Pública e nomeação definitiva.

Trata-se da licença sem vencimento de longa duração que é concedida no interesse particular des-de que não haja inconveniente para o serviço. Tem, porém, algumas implicações nefastas: abre vaga e suspende o vínculo, só podendo o regresso fazer-se ao fim de um ano e apenas se a vaga não tiver sido entretanto ocupada. Deve, por isso, o nosso leitor

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ponderar entrar nesta situação, pois, pelo que nos diz, só tem emprego por seis ou sete meses.

Há ainda a licença até 90 dias que tem esta duração máxima por ano.

Implica a perda da antiguidade e do tempo de serviço para efeitos de efeitos de aposentação. Só não é tão penalizadora como a de longa duração, pois não suspende o vínculo, nem abre vaga, po-dendo, por isso, o interessado regressar ao serviço logo que terminada.

De acordo com o previsto no nº 2 do artigo 74º do referido Decreto-Lei nº 100/99, de 31 de Março, o limite máximo de 90 dias é aplicável nos casos em que, no decurso da licença, ocorra o final de uma ano civil e o início do imediato.

Isto quer dizer que não é possível associar duas situações de licença de modo a que não haja necessi-dade de apresentação ao serviço durante 180 dias.

Por outro lado, o facto de uma licença ter sido iniciada num determinado ano e gozados segui-damente 90 dias a terminar no ano seguinte não significa que os dias que recaiam no ano seguinte não sejam considerados para o limite anual.

É o caso que o nosso leitor nos apresenta, pois pretende estar de licença de Dezembro de 2007 a Fevereiro de 2008. Se bem que não ultrapasse o limite seguido, terá já gasto até ao final de Feve-reiro 59 dias (31+28).

Por esse facto só lhe restarão 29 dias a utilizar em 2008. Não pode, por isso, pedir nova licença por 90 dias a partir de Abril, como pretende.

Terá, portanto, de repensar o que pretende fazer, pois as licenças sem vencimentos em vigor não se adequam ao objectivo a que se propõe, sobretudo atendendo ao período que pretende utilizar.

A. A.

Atribuição da pensão de velhice

Quais as condições previstas na lei de atribuição da pensão de velhice?

De acordo com os arts. 19º e 20º do Decreto-Lei nº 187/2007, de 10.5, o direito à pensão de velhice é reconhecido ao beneficiário que tenha:

- cumprido o prazo de garantia de 15 anos ci-vis, seguidos ou interpolados, com registo de re-munerações;

- completado 65 anos de idade, sem prejuízo dos regimes e medidas especiais de antecipação.

Quanto à contagem do prazo de garantia, rela-tivamente aos períodos posteriores a 1 de Janeiro de 1994:

- consideram-se os anos civis que tenham, pelo menos, 120 dias, seguidos ou interpolados, com registo de remunerações por trabalho prestado ou situação de equivalência (densidade contributiva);

- os anos civis com menos de 120 dias de re-gisto de remunerações podem ser agregados para completar um ano civil;

- se o número de dias registados, num determi-nado ano civil contado individualmente, ou agrega-do com outros, for superior a 120 dias, os dias que excederem este número já não são considerados para a contagem de outro ano civil.

No que se refere aos períodos de carreira con-tributiva anteriores a 1994, cada grupo de 12 me-ses com registo de remunerações corresponde a 1 ano civil, nos casos em que o beneficiário não tenha cumprido o prazo de garantia ao abrigo de legislação anterior.

Importa ter presente que o prazo de garantia pode ser completado por recurso à totalização de períodos contributivos, registados noutros regimes de protec-ção social, nacionais ou estrangeiros, desde que se verifique, pelo menos, a existência de um ano civil com registo de remunerações, no regime geral.

Os regimes e medidas especiais de antecipação do direito à pensão de velhice são os seguintes:

- regime de flexibilização da idade de acesso à pensão de velhice, que consiste no direito do be-neficiário requerer a pensão com idade inferior ou superior a 65 anos.

A pensão de velhice pode ser requerida antes dos 65 anos se o beneficiário, simultaneamente, tiver, pelo menos, 55 anos de idade, e completado 30 anos civis de registo de remunerações (aos 55 anos de idade).

Se o beneficiário tiver condições para requerer pensão de velhice antecipada sem aplicação do fac-tor de redução e não o fizer, a pensão é bonificada por uma taxa mensal aplicável ao número de meses com registo de remunerações por trabalho efectivo, compreendidos entre o mês em que se verificaram essas condições e os 65 anos ou a data de início da pensão, se esta ocorrer em idade inferior.

Se o beneficiário requerer a pensão de velhice com idade superior a 65 anos e pelo menos 15 anos civis com registo de remunerações no âmbito do re-gime geral, a pensão é bonificada por aplicação de uma taxa mensal, ao número de meses de trabalho efectivo posterior, compreendido entre o mês em que o beneficiário completa os 65 anos e o mês de início da pensão, com limite de 70 anos de idade;

- regimes de antecipação da idade de pensão de velhice, por motivo da natureza especialmente penosa ou desgastante da actividade profissional exercida, expressamente reconhecida por lei;

- medidas temporárias de protecção específica a actividades ou empresas por razões conjunturais;

- regime de antecipação da pensão de velhice nas situações de desemprego involuntário de longa duração.

P. C.

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Jurisprudência

11Novembro/2007

TSS

CONTRATO A TERMOPRIMEIRO EMPREGO – RENOVAÇÃO

POR PERÍODO DIFERENTE

ACÓRDÃO DO SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Sumário:I - Para efeitos do disposto no art.º 129.º, n.º 3, al. b), do Código do Trabalho, trabalhador à procura de primeiro emprego é aquele que nunca foi contratado sem termo.II - O contrato de trabalho a termo, celebrado com o fundamento de que o trabalhador contratado era trabalhador à procura de primeiro emprego, passa a contrato sem termo, se o motivo indicado na adenda da sua renovação, por prazo diferente do inicial, for o facto do trabalhador “não ter, ainda, por motivo alheio à sua vontade, encontrado emprego compatível com a sua formação profissional e expectativas profissionais”.III - Tal adenda não satisfaz os requisitos materiais exigidos para a celebração do contrato, uma vez que o motivo indicado não é subsumível a nenhumas das situações em que a lei admite a celebração de contratos de trabalho a termo.IV - Face ao disposto no n.º 3 do art.º 131.º do Código do Trabalho, o motivo assim indicado, sem outros elementos inseridos da adenda, não permite, por falta do mínimo de correspondência verbal no texto na adenda, que se conclua que o real motivo da renovação foi o facto do trabalhador continuar a ser um trabalhador à procura de primeiro emprego.

DATA: PROCESSO: RELATOR: 24 de Outubro de 2007 07S2622 Conselheiro Dr. Sousa Peixoto

Acordam na Secção Social do Supremo Tribu-nal de Justiça:

1. AA propôs, em 8 de Maio de 2006, no Tri-bunal do Trabalho de Penafiel, a presente acção emergente de contrato individual de trabalho con-tra BB de Portugal, S. A. pedindo que o contrato de trabalho a termo celebrado com a ré, em 20 de Maio de 2004, e suas sucessivas renovações fossem declaradas nulas e convertido em contrato sem termo e a ré condenada a readmiti-lo no seu anterior posto de trabalho e a pagar-lhe as retri-buições que deixou de auferir desde 6 de Outubro de 2005 até ao trânsito em julgado da sentença, acrescidas de juros de mora, sendo de € 4.724,80 o montante das já vencidas.

Fundamentando o pedido, o autor alegou, em resumo, o seguinte:

- em 21.10.99 celebrou com a ré um contrato de trabalho a termo para desempenhar as funções de carteiro, pelo prazo de três meses, com início

na referida data, cujo motivo justificativo foi o de “suprir necessidades transitórias de serviço, por motivo de férias”;

- em 2.5.2000, celebrou novo contrato de trabalho com a ré, pelo prazo de seis meses, com início em 2.5.2000, com o mesmo motivo justifi-cativo do anterior;

- em 1.1.2001, as partes celebraram novo contrato de trabalho, pelo prazo de seis meses, com o mesmo motivo justificativo;

- em 20.5.2004, celebraram novo contrato, pelo prazo de seis meses, com início naquela data e termo em 19.11.2004, sendo o motivo justi-ficativo do termo “a contratação de trabalhador à procura de primeiro emprego, em virtude do trabalhador procurar emprego efectivo adequado à sua formação e expectativas profissionais, es-tando disponível para a contratação a termo, por um período que estima em seis meses”;

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Jurisprudência

- em 16 de Novembro de 2004, subscreveram uma adenda ao dito contrato, nos termos da qual acordaram “renovar o contrato celebrado em 20/11/2004, por um período de seis meses, com iní-cio em 20/11/2004 e término em 19/05/2005, em virtude de o segundo outorgante não ter, ainda, por motivo alheio à sua vontade, encontrado emprego compatível com a sua formação profissional”;

- em 17 de Maio de 2005, celebraram nova aden-da ao contrato, pelo prazo de 140 dias, com início em 20.5.2005 e término em 6.10.2005, sendo o motivo indicado para a mesma o facto de o autor “não ter, ainda, por motivo alheio à sua vontade, encontrado emprego compatível com a sua formação profissional”;

- a última reno-vação do contrato foi por período infe-rior a seis meses (140 dias) e, na altura da renova-ção, a ré comunicou-lhe que só poderia renovar o contrato por 140 dias, pois, se o fizesse por mais seis meses, o autor passaria aos quadros da ré, o que não era desejável;

- procurou a ré contornar o dispositivo legal que proíbe a contratação a termo certo nas situações previstas de trabalhadores à procura de primeiro emprego (art.º 139.º do Código do Trabalho);

- por outro lado, o facto de o contrato ter sido celebrado por um prazo inferior a seis, sem que a contratação tivesse sido justificada nos termos do disposto no art.º 142.º do C.T., implica que o con-trato seja considerado celebrado pelo prazo de seis meses, com violação do disposto no n.º 3 do art.º 139.º do C.T, o que acarreta a nulidade do termo e a sua conversão em contrato sem termo;

- sem prescindir, da factualidade referida resul-ta que a ré usou e abusou do recurso à contratação a termo certo e procurou contornar os dispositivos legais que regulam a contratação a termo, com vista a iludir a lei, configurando, claramente, uma fraude à lei, pois, como é sabido, a contratação a termo deve fazer-se em última instância, por respeito ao princípio constitucional do direito ao emprego e estabilidade, o que implica a nulidade do termo;

- e, aquando da celebração do contrato ou-torgado em 20.5.2004, o autor já não podia ser considerado um trabalhador à procura de primeiro emprego, uma vez que, por força dos diplomas relativos à política de emprego (Portarias n.º 1196-A/2001, de 10/3 e n.º 1191/2003, de 10/1), havia ocorrido um estreitamento do conceito de jovem à procura de primeiro emprego, deixando de poder ser considerado como tal quem tivesse exercido actividade subordinada ou mesmo autónoma, por

um período, seguido ou interpolado, superior a seis meses, sendo certo que o autor já havia trabalhado, então, para a ré, durante 18 meses, ao abrigo de três contratos de trabalho a termo.

A ré contestou defendendo a validade dos termos apostos nos contratos e suas adendas e alegando que a conduta do autor configura um caso de abuso do direito, na modalidade do “venire contra factum proprium”. E, além disso, impugnou o valor que o autor havia dada à causa (€ 4.724,80), oferecendo o de € 15.000,00

Na resposta à contestação, o autor veio dizer que mantinha tudo o que havia alegado

na petição inicial e alegou, ainda, que os motivos que le-varam à contrata-ção do autor não eram verdadeiros,

que apenas assinou as adendas por tal lhe ter sido imposto como condição para continuar ao serviço, desconhecendo se as razões jurídicas invocadas eram válidas ou não e que, admitir-se que as ad-endas são uma mera renovação do contrato, esta não respeita os requisitos materiais e formais da celebração do contrato que pretendiam renovar.

A ré insurgiu-se contra o teor da resposta, alegando que a mesma não era admissível, uma vez que a contestação não continha defesa por excepção.

Decidido o incidente do valor, que foi fixado em € 19.688,74, procedeu-se a julgamento, tendo o M.mo Juiz, no início da audiência, proferido despacho (fls. 94-96) a dar como não escritos os artigos da resposta à contestação, com excepção do 9.º, cujo teor era o seguinte: “O A. apenas assinou as ditas adendas contratuais, por tal lhe ter sido imposto como condição para continuar ao serviço da Ré, desconhecendo se as razões jurídicas invocadas eram válidas ou não.”

Discutida a causa e decidida a matéria de facto, foi, posteriormente, proferida sentença, julgando a acção improcedente.

O autor recorreu, mas o Tribunal da Relação do Porto julgou improcedente o recurso, o que levou aquele a interpor o presente recurso de revista, cujas alegações concluiu da seguinte forma:

A) O recorrente, quando celebrou com a recorrida o contrato de trabalho a termo certo, já havia trabalhado para esta ao abrigo de contratos de trabalho a termo certo que, no seu conjunto, perfizeram 15 meses de trabalho.

B) A recorrida não provou, conforme lhe compe-tia, que os motivos invocados para a contratação a termo eram autênticos - art.º 31, n.º 4, da LCCT, na redacção que lhe foi dada pela Lei n.º 18/2001.

“... na falta de declaração das partes em con-trário, o contrato de trabalho a termo renova- -se, por igual período, no final do termo estipulado.”

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Jurisprudência

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TSS

C) O motivo indicado no contrato de trabalho celebrado em 20 de Maio de 2004 foi “contratação de trabalhador à procura de primeiro emprego”.

D) O Recorrente alegou a falsidade dos motivos invocados para a contratação a termo certo.

E) Como já se disse, competia à recorrida pr-ovar serem verdadeiros os motivos invocados.

F) Não tendo a Recorrida provado a veracid-ade do motivo invocado, a renovação tem de ser considerada sem termo.

G) A segunda adenda contratual foi feita pelo prazo de quatro meses “em virtude de o segundo outorgante não ter, ainda, por motivo alheio à sua vontade, encontrado emprego compatível com a sua formação profissional e expec-tativas profissio- nais, encontrando-se disponível por um período que se estima em 140 dias”.

H) O motivo indicado na segunda adenda não faz parte do elenco de casos referidos no n° 1 do artigo 41.º da LCCT e art. 129.º do Código do Trabalho e, por isso, ainda que tivesse sido dado como provado, não era fundamento válido para a estipulação do termo.

I) Não tendo a recorrida provado a veraci-dade do motivo invocado e uma vez que o motivo indicado na segunda «adenda» não faz parte do elenco de casos referidos no art. 41.º da LCCT, não se verifica a existência de motivo válido para a estipulação do termo na renovação do contrato de trabalho firmada em 17 de Maio de 2005, o que tem como consequência a nulidade da aposição da cláusula acessória do termo, mantendo-se o contrato válido na parte restante, passando o con-trato a ter duração indeterminada, o que implica que se considere o recorrente efectivo, a partir de 16 de Novembro de 2004 ou, em alternativa, a partir de 17 de Maio de 2005. (cfr. Acórdão do STJ de 10-05-2006, proc.06S012, n° SJ2006051 00000124, in www.dgsi.pt.

J) A Recorrida não podia fazer cessar unila-teralmente, sem justa causa, o contrato, uma vez que este era um contrato sem termo, por ser nulo o termo aposto na «adenda».

K) A declaração judicial dessa nulidade tem eficácia retroactiva, operando ex tunc, até à data do trânsito em julgado da sentença - art. 437.º e 438.º do Código do Trabalho.

L) Deve, assim, o Recorrente ser reintegrado no seu posto de trabalho de CRT no CDP de Marco de Canaveses.

M) Assim, salvo o devido respeito, a douta sentença proferida violou, além do mais, as normas

dos artigos 388°, 139°, 140°, 437° e 438° , to-dos do Código do Trabalho e art. 41.º da LCCT.

A ré não contra-alegou e, neste Supremo Tribunal, a Ex.ma Procuradora-Geral Adjunta pro-nunciou-se a favor da concessão da revista, em “parecer” a que as partes não responderam.

Colhidos os vistos dos juízes adjuntos, cumpre apreciar e decidir.

2. Os factosOs factos que, sem qualquer impugnação,

vêm dados como provados pela Relação são os seguintes 1 (...)

3. O direitoComo decorre

das conclusões for-muladas pelo recor-rente, as questões suscitadas no recurso são as seguintes:

- saber se o motivo invocado, para justificar o termo aposto no contrato de trabalho celebrado em 20.5.2004, é válido ou não;

- saber se o motivo indicado nas duas adendas apostas àquele contrato, para justificar a pror-rogação do respectivo termo é válido ou não, quer sob o ponto de vista formal, quer sob o ponto de vista material.

Para além daqueles questões, haverá de con-hecer ainda, nos termos do art.º 715.º, n.º 2, do CPC, aplicável ao recurso de revista por força do disposto no art.º 726.º do mesmo Código, caso a invalidade do termo venha a ser declarada, das consequências dessa invalidade.

3.1 Da (in)validade do motivo justificativo do ter-mo aposto no contrato celebrado em 20.5.2004

Conforme está provado, em 20.5.2004, o autor celebrou com a ré um contrato de trabalho a termo, pelo prazo de seis meses e o motivo justificativo do termo nele aposto foi o facto de o autor ser trabalhador à procura de primeiro emprego.

E, relativamente à validade daquele motivo, na petição inicial o autor alegou que o motivo indicado não era verdadeiro, uma vez que, tendo anterior-mente trabalhado para a ré durante 18 meses, ao abrigo de três contratos de trabalho a termo, já não podia ser considerado trabalhador à procura de primeiro emprego, face ao disposto nas Portarias n.º 196-A/2001, de 10/3 e n.º 1191/2003, de 10/1, nos termos das quais quem tiver exercido actividade subordinada ou mesmo autónoma por um período superior a seis meses deixa de ser trabalhador à procura de primeiro emprego.

Na decisão recorrida entendeu-se, tal como já tinha sido entendido na sentença da 1.ª instância, que trabalhador à procura de primeiro emprego era

“... quando a renovação pretendida for por prazo diferente do inicialmente acordado (...) a renovação está sujeita à verificação das exigências materiais da celebração do contrato ...”

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Jurisprudência

aquele que nunca foi contratado por tempo inde-terminado, por ser esse o conceito que constava da lei em vigor à data da publicação do Decreto-Lei n.º 64-A/89, de 27/2 (o Decreto-Lei n.º 257/86, de 27/8) e que, posteriormente, foi mantido no Decreto-Lei n.º 64-C/89, publicado na mesma data do D.L. n.º 64-A/89 e nos Decretos-Leis n.º 89/95, de 6/5 e n.º 34/96, de 18/4.

E também se entendeu que, sob pena de quebra da unidade e harmonia do sistema jurídico, era esse o conceito que estava subjacente ao disposto no art.º 129.º, n.º 3, al. b), do Código do Trabalho, que permite a celebração de contratos de trab-alho a termo quando os contratados se-jam trabalhadores à procura de primeiro emprego ou de de-sempregados de longa duração ou noutras situações previstas em legislação especial de política de emprego.

E, citando o acórdão do STJ de 7.12.2005, 2 na decisão recorrida acrescentou-se que as Por-tarias n.º 196-A/2001, de 10/3, e n.º 1191/2003, de 10/1, não tinham alterado o referido conceito, uma vez que apenas vieram regular a atribuição de incentivos financeiros concedidos às empresas que criem novos postos de trabalho destinados a jovens à procura de primeiro emprego, não sendo o conceito de trabalhador à procura de primeiro emprego, ínsito no art.º 41.º, n.º 1, al. h), da LCCT e no actual art.º 129.º, n.º 3, al. b), do Código do Trabalho, sobreponível ao conceito de jovem à procura de primeiro emprego que só releva para a definição do âmbito pessoal da concessão de apoios financeiros à criação, pelas empresas, de novos postos de trabalho, sendo um conceito claramente diferente daquele outro.

No recurso de revista, o autor insiste na in-validade do termo aposto no contrato em apreço, alegando que o motivo invocado era falso, uma vez que já havia trabalhado para a ré, ao abrigo de contratos de trabalhado termo certo, que, no seu conjunto, perfizeram uma duração de 15 me-ses. Ao contrário do que fizera na petição inicial e no recurso de apelação, o autor não invocou o disposto nas Portarias atrás referidas. Limitou-se a alegar que não era trabalhador à procura de primeiro emprego, por já anteriormente ter trabal-hado para a ré durante um período de 15 meses, ao abrigo de contratos de trabalho a termo. Ou seja, o autor não alega, nem nunca alegou no decurso do processo, que o motivo era falso por já ter sido anteriormente contratado por tempo indetermi-nado (sem termo). Aliás, tal alegação de nada lhe valeria, uma vez que tal alegação o faria incorrer

em abuso do direito, na modalidade do “venire contra factum proprium”, por, na cláusula 5.ª do contrato em apreço, ter declarado que nunca ter sido contratado por tempo indeterminado.

A questão que se coloca é, pois, a de saber se o autor deixou de ser um trabalhador à procura de primeiro emprego pelo facto de anteriormente ter trabalhado para a ré, durante 15 meses, ao abrigo de contratos de trabalho a termo certo (os contra-tos celebrados em 21.10.99, em 2.5.2000 e em 1.6.2001, respectivamente por 3, 6 e 6 meses).

E esta é uma questão sobre a qual este Su-premo Tribunal já reiteradamente se tem pro-

nunciado, de forma pacífica e uniforme, coincidindo essa pronúncia com a que foi sufragada nas instânc ias ,

qual seja a de que trabalhador à procura de primeiro emprego é aquele que nunca trabalhou mediante contrato de trabalho sem termo. 3 Trata-se de uma jurisprudência há longo tempo firmada, que o Có-digo do Trabalho não veio alterar, não só porque a alínea b) do n.º 3 do seu art.º 129.º se limita a reproduzir o teor da al. h) do n.º 1 do art.º 41.º da LCCT, 4 mas também porque o legislador do Código do Trabalho não podia desconhecer aquela jurisprudência, o que significa que ao manter a redacção da lei anterior não quis bulir com aquele entendimento jurisprudencial, pois, se outro fosse o seu entendimento, não deixaria de lhe dar a cor-respondente expressão legal.

Não há, por isso, razões para alterar a juris-prudência que tem sido adoptada, a qual assenta nas razões que foram aduzidas não só na decisão recorrida, mas também na sentença da 1.ª instân-cia e para as quais remetemos, sendo certo que o recorrente não produziu argumentação nova que justificasse um repensar da orientação que vem sendo perfilhada. E, sendo assim, temos de concluir pela validade do termo aposto no contrato celebrado em 20.5.2004, com a consequente improcedência do recurso nesta parte.

3.2 Das adendas ao contratoComo está provado, o contrato celebrado em

20.5.2004 foi objecto de duas adendas, visando a sua prorrogação no tempo.

A primeira foi outorgada em 16.11.2004 e nela as partes acordaram prorrogar o contrato por mais seis meses, com início em 20.11.2004 e termo em 19.5.2005, com o fundamento de que o autor, ora recorrente, “não ter, ainda, por motivo alheio à sua vontade, encontrado emprego compatível com a sua formação e expectativas profissionais, encontrando-se disponível para a contratação a

“... a renovação por prazo diferente do estabelecido no contrato terá de ser obrigatoriamente reduzida a escrito ...”

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termo noutras actividades, por um período que estima em 6 meses”.

A segunda adenda foi ajustada em 17.5.2005, tendo as partes acordado em prorrogar o contrato por mais 140 dias, com início em 20.5.2005 e termo em 6.10.2005, “em virtude de o segundo outorgante 5 não ter, ainda, por motivo alheio à sua vontade, encontrado emprego compatível com a sua formação e expectativas profissionais, encontrando-se disponível por um período que estima de 140 dias”.

Nas conclusões do recurso, o recorrente ques-tiona a validade do motivo aposto nas referidas adendas, alegando que o motivo nelas indicado não faz parte do elenco de situações previstas n.º 1 do art.º 41.º da LCCT e no art.º 129.º do Código do Trabalho, o que determina a nulidade do termo, passando o contrato a ser por tempo indeterminado a partir de 16 de Novembro de 2004 ou, em alternativa, a partir de 17 de Maio de 2005. E, em favor da sua tese, o recorrente invocou o acórdão deste tribunal de 10.5.2006. 6

No que toca à primeira adenda, importa dizer que a questão da invalidade do termo com o funda-mento referido só agora foi colocada, o que obsta a que dela se conheça, por se tratar de questão nova, uma vez que não foi apreciada nas instâncias e os recursos visarem, como é sabido, o reexame das questões ajuizadas no tribunal recorrido e não a prolação de decisões ex novo, salvo se disserem respeito a questões que sejam do conhecimento oficioso, o que não é o caso.

No que diz respeito à segunda adenda, o art.º 140.º, n.os 1 e 2, do Código do Trabalho (C.T.), estipula que, na falta de declaração das partes em contrário, o contrato de trabalho a termo renova- -se, por igual período, no final do termo es-tipulado. Só assim não será se as partes tiverem acordado previamente na sua não renovação. Tal renovação é automática e não carece de qualquer formalismo.

A situação é diferente, porém, quando a renovação pretendida for por prazo diferente do inicialmente acordado, como no caso em apreço aconteceu. 7 Neste caso, a renovação está sujeita à verificação das exigências materiais da celebração do contrato, bem como às de forma (art.º 140.º, n.º 3) e se, estas não forem observadas, o contrato considera-se sem termo (art.º 140.º, n.º 4).

Tal significa que a renovação por prazo dife-rente do estabelecido no contrato terá de ser obrigatoriamente reduzida a escrito, devidamente

assinada e datada pelas partes e terá de indicar o motivo justificativo da renovação, devendo essa indicação “ser feita pela menção expressa dos factos que o integram, devendo estabelecer-se a relação entre a justificação invocada e o termo estipulado”, por serem esses os requisitos formais da contratação a termo (art.º 131.º, n.os 1 e 3, do C.T.).

E significa também que o motivo indicado para justificar a renovação terá de ser um daqueles em que a lei admite a contratação a termo (req-uisitos materiais); terá de ser um motivo que vise a satisfação de necessidades temporárias da

empresa, nomeada-mente, alguma das previstas no n.º 2 do art.º 129.º do C.T.: 8 “O contrato de trabalho a termo

só pode ser celebrado para a satisfação de ”ou terá de ser algum dos motivos previstos no n.º 3 do mesmo artigo” 9

No caso em apreço, recorde-se, o motivo justificativo da renovação do contrato inserido na 2.ª adenda, datada de 17 de Maio de 2005, foi o facto de o autor “não ter, ainda, por motivo alheio à sua vontade, encontrado emprego compatível com a sua formação profissional e expectativas profissionais”. E, como é fácil de ver, tal motivo nada tem a ver com a satisfação de necessidades transitórias da ré, nomeadamente com as situações referidas no n.º 2 do art.º 129.º, nem se enquadra em nenhuma das situações previstas no n.º 3 do mesmo artigo.

A situação agora em apreço é praticamente idêntica àquelas que foram apreciadas nos acórdãos deste tribunal, de 12.9.07, 30.3.2006 e 10.5.2006, proferidos, respectivamente, nos processos n.º 1797/06, n.º 3921/05 e n.º 10/06, todos da 4.ª Secção, em que a ré era a mesma destes autos”. 10

E, a tal propósito, no mais recente daqueles acórdãos, escreveu-se o seguinte:

«Poder-se-ia dizer, à luz do disposto no art.º 236.º, n.º 1, do C.C., que o verdadeiro motivo da prorrogação do contrato foi o facto de o au-tor continuar a ser um trabalhador à procura de primeiro emprego, por ter sido esse o motivo jus-tificativo do prazo inicial estipulado. E admite-se, até, que essa pudesse ter sido a vontade real das partes. Todavia, [...] o disposto no n.º 1 do art.º 3.º da Lei n.º 38/96 não permite que se avance nesse sentido, uma vez que nos termos daquele normativo a indicação do motivo “só é atendível se mencionar concretamente os factos e circuns-tâncias que objectivamente integram esse motivo,

“... motivo indicado para justificar a renovação terá de ser um daqueles em que a lei admite a contrata-ção a termo ...”

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Jurisprudência

devendo a sua redacção permitir estabelecer com clareza a relação entre a justificação invocada e o termo estipulado”.

Além disso, tratando-se de um negócio formal, aquela declaração só podia valer com um sentido que tivesse um mínimo de correspondência no texto da adenda (art.º 238.º, n.º 1, do C.C.), o que manifestamente não acontece.

E sendo assim, com se entende que é, a es-tipulação do termo aposto na adenda é nula, o que significa que o contrato foi prorrogado sem termo, convertendo-se, por isso, em contrato sem termo, o que, por sua vez, torna ilícita a sua ces-sação por banda da ré, por se tratar de uma cessação sem invocação de justa causa objectiva ou subjectiva.» (fim de transcrição)

As considerações feitas naquele acórdão man-têm-se válidas, apesar de a situação em apreço nos presentes autos ter ocorrido já na vigência do Código do Trabalho, 11 uma vez que o teor do n.º 1 do art.º 3.º da Lei n.º 38/96 foi praticamente reproduzido no n.º 3 do art.º 129.º do referido Có-digo (vide, supra, nota n.º 9) e, não havendo razões para alterar o entendimento perfilhado naquele acórdão, no seguimento, aliás, do entendimento que já havia sido adoptado nos citados acórdãos de 30.3.2006 e de 10.5.2006, teremos de concluir pela invalidade do termo aposto na segunda adenda ao contrato celebrado em 20.5.2004.

A situação seria diferente se na adenda se fizes-se alguma referência ao normativo legal em que se integrava o motivo justificativo nela indicado, no-meadamente se nela se dissesse que a prorrogação era feita ao abrigo do disposto na al. b) do n.º 3 do art.º 129.º do C.T., que prevê a contratação a termo de trabalhadores à procura de primeiro em-prego. Tal referência seria já um elemento a levar em conta na interpretação da vontade das partes e do real sentido do motivo indicado na adenda e permitiria sufragar a interpretação que foi perfil-hada na decisão recorrida, a qual passaria, então, a ter um mínimo de correspondência no texto da adenda. Neste sentido, veja-se o recente acórdão de 26.9.2007, proferido no recurso de revista n.º 1934/07, da 4.ª Secção. 12

3.3 Consequências da invalidade do termoA renovação do contrato sem a verificação das

exigências materiais da sua celebração e, no caso da renovação ser por prazo diferente do estipulado no contrato, sem a verificação das exigências formais do contrato tem como consequência a conversão do contrato a termo em contrato sem termo (art.º 140.º, n.os 3 e 4, do C.T.).

No caso em apreço, aquelas exigências não foram satisfeitas e, por isso, o contrato de trab-alho a termo celebrado em 20.5.2005 passou a ser contrato de trabalho sem termo.

E, em consequência disso, a ré não podia promover unilateralmente a sua cessação, salvo tivesse justa causa para o fazer e após a instaura-ção do respectivo procedimento. A sua cessação, por parte da ré, nos termos da carta referida na alínea M) da matéria de facto, traduz-se num des-pedimento ilícito, com as consequências previstas nos artigos 436.º a 440.º do C.T. e que, “in casu”, seriam: pagamento da indemnização por todos os

danos, patrimoniais e não patrimoniais, causados ao autor; reintegração do au-tor no seu posto de trabalho sem prejuízo da sua cat-

egoria e antiguidade, salvo se ele optasse pela correspondente indemnização, cujo montante seria fixado pelo tribunal, entre 15 e 45 dias de retribuição base e diuturnidades por cada ano completo ou fracção de antiguidade; pagamento das retribuições que o autor deixou de auferir desde a data do despedimento até ao trânsito em julgado da decisão, deduzidas das importâncias que ele comprovadamente tiver obtido com a ces-sação do contrato e que não teria recebido se não fosse o despedimento, bem como do montante do subsídio de desemprego que eventualmente tiver recebido e das retribuições que teria auferido desde a data do despedimento até 30 dias antes da data da propositura da acção, uma vez que a acção não foi proposta nos 30 dias subsequentes ao despedi-mento (a acção foi proposta em 8.5.2006).

O autor não optou pela indemnização e não pediu qualquer indemnização por danos patrimo-niais ou não patrimoniais. Limitou-se a pedir que o contrato celebrado em 20.5.2004 fosse declarado sem termo e que a ré fosse condenada a reintegrá-lo no seu posto de trabalho no Marco de Canaveses e a pagar-lhe as retribuições que deixou de auferir desde 6.10.2005 até ao trânsito em julgado da sentença, acrescidas dos juros de mora.

Será nesses termos que a ré terá de ser conde-nada, levando-se em conta, todavia, as deduções a efectuar nos termos supra referidos.

4. DecisãoNos termos expostos, decide-se:a) julgar procedente o recurso;b) declarar que o contrato de trabalho celebrado

entre as partes, em 20.5.2004, é um contrato sem termo;

“A renovação do contrato (...) sem a verificação das exigências formais do contrato tem como conse-quência a conversão do contrato a termo em con-trato sem termo.”

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c) condenar a ré a reintegrar o autor no seu posto de trabalho em Marco de Canaveses, sem prejuízo da sua categoria e antiguidade;

d) condenar a ré a pagar ao autor as retri-buições que deixou de auferir desde a data do despedimento, ou seja, desde 6 de Outubro de 2005 até à data do trânsito da presente decisão, deduzidas das importâncias que ele comprovada-mente tiver obtido com a cessação do contrato e que não teria recebido se não fosse o despedi-mento, bem como do montante do subsídio de desemprego que eventualmente tiver recebido e das retribuições que teria auferido desde a data do despedimento (6.10.2005) até 30 dias antes da data da propositura da acção, ou seja, até 8.4.2006, tudo a liquidar em posterior execução de sentença, por falta de elementos bastantes nos autos para tal proceder a tal liquidação (art.º 661.º, n.º 2, do CPC).

Custas pela ré, nas instâncias e no Supremo.

LISBOA, 24 de Outubro de 2007

Sousa Peixoto (Relator)Sousa GrandãoPinto Hespanhol

1. As alíneas O), P) e Q) foram aditadas pela Relação.

2. Publicado na revista “Colectânea de Jurisprudência – Acórdãos do Supremo Tribunal de Justiça”, ano 2005, tomo III, p. 280.

3. Vide, para além do recente acórdão de 26.9.2007, pro-ferido no proc. 1934/07, os acórdãos de 12.1.2006 (proc. 3138/05), de 20.9.2006 (proc. 2187/06), de 14.12.2006 (proc. 2187/06), de 17.1.2007 (proc. 3750/06), de 2.5.2007 8Proc. 179/07), de 21.6.2007 (proc. 1157/07) e 12.9.07 (proc. 4720/07), todos da 4.ª Secção

4. Forma abreviada de designar o regime jurídico da ces-sação do contrato individual de trabalho e da celebração e caducidade do contrato de trabalho a termo.

5. O segundo outorgante era o autor/recorrente.

6. Proferido no proc. n.º 10/06, da 4.ª Secção, in www.dgsi.pt.

7. Recorde-se que o contrato foi inicialmente celebrado pelo prazo de seis meses, que na primeira adenda foi prorrogado por igual período e que a na segunda adenda foi renovado por 140 dias.

8. Nos termos do n.º 1 do art.º 129.º do C.T.:“O contrato de trabalho a termo só pode ser celebrado para a satisfação de necessidades temporárias da empresa e pelo período estritamente necessário à satisfação dessas necessidades.

E nos termos do seu n.º 2:“Consideram-se, nomeadamente, necessidades temporárias da empresa as seguintes:a) Substituição directa ou indirecta de trabalhador ausente ou que, por qualquer razão, se encontre temporariamente impedido de prestar serviço;b) Substituição directa ou indirecta de trabalhador em relação ao qual esteja pendente em juízo acção de apreciação da ilicitude do despedimento;c) Substituição directa ou indirecta de trabalhador em situação de licença sem retribuição;d) Substituição de trabalhador a tempo completo que passe a prestar trabalho a tempo parcial por período determinado;e) Actividades sazonais ou outras actividades cujo ciclo anual de produção apresente irregularidades decorrentes da natureza estrutural do respectivo mercado, incluindo o abastecimento de matérias-primas;f) Acréscimo excepcional de actividade da empresa;g) Execução de tarefa ocasional ou serviço determinado precisamente definido ou não duradouro;h) Execução de uma obra, projecto ou outra actividade definida e temporária, incluindo a execução, direcção e fis-calização de trabalhos de construção civil, obras públicas, montagens e reparações industriais, em regime de empre-itada ou em administração directa, incluindo os respectivos projectos e outras actividades complementares de controlo e acompanhamento.”

9. Nos termos do n.º 3 do art.º 129.º:“Além das situações previstas no n.º 1, pode ser celebrado um contrato a termo nos seguintes casos:a) Lançamento de uma nova actividade de duração incerta, bem como início de laboração de uma empresa ou estab-elecimento;b) Contratação de trabalhadores à procura de primeiro emprego ou desempregados de longa duração ou noutras situações previstas em legislação especial de política de emprego.”

10. Nos processos referidos, o motivo indicado na adenda para justificar a renovação/prorrogação do contrato de tra-balho foi o seguinte:- Processo n.º 1797/06: “As partes acordam em prorrogar o contrato celebrado em 2001-06.04, pelo período de 12 Meses em virtude de o segundo outorgante continuar na situação de procurar emprego e não ter, por motivo alheio à sua vontade, encontrado emprego compatível com a sua formação profissional”;- Processo n.º 3921/05: “As partes acordam em prorrogar o contrato celebrado em 2002-02-07, por um período de 4 Meses em virtude de o segundo outorgante não ter ainda, por motivo alheio à sua vontade, encontrado emprego compatível com a sua formação profissional e expectativas profissionais”;- Processo 10/96: “As partes acordam em prorrogar o con-trato celebrado em 2001-05-23, pelo período de 12 Meses em virtude de o segundo outorgante continuar na situação de procurar emprego e não ter, ainda, por motivo alheio à sua vontade, encontrado emprego compatível com a sua formação profissional”.

11. Anote-se que o contrato foi celebrado em 20.5.2004 e que o C.T. entrou em vigor em 1.12.2003 (vide art.º 3.º, n.º 1, da Lei n.º 99/2003, de 27/8).

12. De que foi relator Pinto Hespanhol e adjuntos Vasques Dinis e Bravo Serra.

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Jurisprudência Relativamente ao conceito de trabalhador à pro-

cura do primeiro emprego, e conforme estabelece o acórdão em anotação, refira-se que o Supremo Tribunal de Justiça se tem pronunciado, de forma pacífica e uniforme, sobre esta matéria entendendo como trabalhador à procura de primeiro emprego aquele que nunca trabalhou mediante contrato de trabalho sem termo. Trata-se de uma jurisprudência há muito tempo firmada que o Código do Trabalho não veio alterar, não só porque a al. b) do nº 3 do artº 129º (que prevê a contratação de trabalha-dores à procura de primeiro emprego como motivo justificativo para a celebração de contrato a termo) se limita a reproduzir o teor da al. h) do n.º 1 do art. 41º do anterior Decreto-Lei nº 64-A/89, de 27.2 (LCCT), mas também porque o legislador do Código do Trabalho não podia desconhecer aquela jurisprudência, o que significa que ao manter a redacção da lei anterior não quis alterar aquele entendimento jurisprudencial, pois se outro fosse o seu entendimento não deixaria de lhe dar a cor-respondente expressão na lei.

Nos termos do art. 140º do Código, na falta de declaração das partes em contrário, o contrato renova-se no final do prazo estipulado pelas partes, por igual período.

A renovação do contrato está sujeita à verifica-ção das exigências materiais da sua celebração, bem como às de forma no caso de se fixar prazo diferente, sob pena de se considerar o contrato sem termo.

Tal significa que a renovação por prazo dife-rente do estabelecido no contrato terá de ser obrigatoriamente reduzida a escrito, devidamente assinada e datada pelas partes e terá de indicar o motivo justificativo da renovação, devendo essa indicação ser feita pela referência expressa dos factos que o integram, devendo estabelecer-se a relação entre a justificação invocada e o termo fixado, por serem esses os requisitos formais da contratação a termo.

O contrato de trabalho a termo certo só pode ser celebrado para a satisfação de necessidades temporárias da empresa e pelo período estritamente necessário à satisfação dessas necessidades.

Consideram-se, designadamente, necessidades temporárias da empresa as seguintes:

- substituição directa ou indirecta de trabalhador ausente ou que, por qualquer razão, se encontre temporariamente impedido de prestar serviço;

- substituição directa ou indirecta de trab-alhador em relação ao qual esteja pendente em

tribunal acção de apreciação da licitude do des-pedimento;

- substituição directa ou indirecta de trabalha-dor em situação de licença sem retribuição;

- substituição de trabalhador a tempo completo que passe a prestar trabalho a tempo parcial por período determinado;

- actividades sazonais ou outras actividades cujo ciclo anual de produção apresente irregu-laridades decorrentes da natureza estrutural do respectivo mercado, incluindo o abastecimento de matérias-primas;

- acréscimo excepcional de actividade da empresa;

- execução de tarefa ocasional ou serviço deter-minado precisamente definido e não duradouro;

- execução de uma obra, projecto ou outra actividade definida e temporária, incluindo a ex-ecução, direcção e fiscalização de trabalhos de construção civil, obras públicas, montagens e reparações industriais, em regime de empreitada ou em administração directa, incluindo os respectivos projectos e outras actividades complementares de controlo e acompanhamento.

Para além das situações de satisfação de neces-sidades temporárias da empresa, pode recorrer-se à celebração de contratos a termo nos seguintes casos:

- lançamento de uma nova actividade de dura-ção incerta, bem como início de laboração de uma empresa ou estabelecimento;

- contratação de trabalhadores à procura de primeiro emprego ou de desempregados de longa duração.

Estabelece o art. 139º do Código que o con-trato a termo certo dura pelo período acordado, não podendo exceder três anos, incluindo renovações, nem ser renovado mais de duas vezes.

No entanto, decorrido o período de três anos ou verificado o número máximo de renovações, o contrato pode ser objecto de mais uma renovação, desde que a respectiva duração não seja inferior a um nem superior a três anos.

A duração máxima do contrato a termo certo, incluindo renovações, não pode exceder dois anos, tratando-se de início de laboração de uma empresa ou estabelecimento, ou de desempregados de longa duração.

No caso de trabalhadores à procura de primeiro emprego, a contratação a termo não pode exceder 18 meses.

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RETRIBUIÇÃOUSO DE VIATURA E TELEMÓVEL

ACÓRDÃO DO SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Sumário:I. Constitui mera liberalidade a utilização que, com o conhecimento das hierarquias do Banco, o gerente do estabelecimento bancário fazia, na sua vida privada, do automóvel que estava adstrito ao estabelecimento.II. E o mesmo acontece relativamente à utilização que fazia do telemóvel, com plafond mensal para chamadas, que lhe tinha sido atribuído, para ser usado fundamentalmente ao serviço do Banco, embora também pudesse ser utilizado a título pessoal, se essa atribuição puder ser suspensa, a qualquer momento, por decisão do Banco.

DATA: PROCESSO: RELATOR: 17 de Outubro de 2007 07S2366 Relator Sousa Peixoto

Acordam na Secção Social do Supremo Tribu-

nal de Justiça:

1. “AA” propôs, no Tribunal do Trabalho do

Porto, a presente acção emergente de contrato in-

dividual de trabalho contra o ..., Banco Empresa-A,

pedindo que a ré fosse condenada a dar-lhe ocupa-

ção efectiva, fazendo cessar a sua suspensão pre-

ventiva, e a pagar-lhe as remunerações, vencidas e

vincendas, em espécie, que ilegalmente lhe retirou

(carro, telemóvel e a conta ordenado), ascendendo

já o montante das vencidas a Euro 1.855,00.

Em resumo, o autor alegou que exercia ultima-

mente as funções de gerente de um estabelecimen-

to bancário, auferindo Euro 1.445,10 de vencimen-

to base e Euro 249,00 de remuneração complemen-

tar, a que acresciam Euro 73,70 de diuturnidades

e Euro 705,18 de isenção de horário de trabalho.

Além disso, a sua remuneração compreendia uma

retribuição em espécie, negociada, aceite e sempre

cumprida, que consistia na atribuição de um car-

ro de grau médio para uso exclusivo e total seu,

durante todos os dias do ano, incluindo seguro e

manutenção, a que acrescia uma média de Euro

150,00 de gasóleo, bem como o uso de um tele-

móvel, com um crédito mensal de Euro 75,00 para

chamadas e um plafond mensal disponível igual ao salário auferido que podia ser usado a descoberto até 70% do vencimento, à taxa de juro de 10%. Em 5 de Março de 2005, a ré instaurou processo disciplinar ao autor e retirou-lhe, de imediato, o re-ferido plafond e, em 13 de Julho seguinte, suspen-deu-o preventivamente do trabalho e ordenou-lhe que entregasse o automóvel e o telemóvel.

Realizado o julgamento, a acção foi julgada to-talmente improcedente, mas o Tribunal da Relação do Porto, julgando parcialmente procedente o re-curso de apelação, condenou a ré a pagar ao autor o montante pecuniário correspondente ao benefício económico, a liquidar em execução de sentença, que o autor retiraria, no seu uso privado, da atri-buição da viatura automóvel, incluindo contrato “AOV” (seguro, manutenção e pneus), da atribui-ção do cartão GALP Frota para gastos em gasóleo com a referida viatura e da atribuição do telemóvel e do crédito mensal para chamadas.

Inconformada, a ré interpôs o presente recurso de revista, tendo concluído as suas alegações do seguinte modo:

1 - A atribuição de viatura automóvel ao recor-rido tinha por base e justificação a sua condição de gerente de balcão, e destinava-se ao serviço do

balcão onde ele exercia tais funções de gerente.

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Jurisprudência

2 - A possibilidade de utilização da viatura auto-móvel pelo recorrido findava, como findou, com a sua suspensão por motivos disciplinares.

3 - Essa suspensão tanto podia ser decorren-te de uma sanção a aplicar no termo do processo disciplinar, como uma suspensão preventiva decre-tada na pendência do mesmo processo disciplinar, dado que a Instrução de Serviço, respeitante à ma-téria, não distinguia uma da outra dessas situações e ambas são motivadas por razões disciplinares.

Aliás,4 - Não faria qualquer sentido que, estando uma

viatura atribuída ao balcão e ao serviço do balcão do banco recorrente, o recor-rido, embora afas-tado do serviço, mantivesse o direi-to à sua utilização em caso de suspensão preventiva.

5 - O douto acórdão recorrido equiparou – erra-damente – um eventual benefício, que o recorrido poderia eventualmente retirar da forma como geria a utilização da viatura em causa, a uma verdadeira contrapartida a que ele tivesse direito por força da prestação de trabalho.

6 - A mera condescendência do banco recor-rente, relativamente à forma de gestão que o autor recorrido unilateralmente fazia da dita viatura auto-móvel, não pode nunca ter o significado de trans-formar essa utilização num direito do recorrido.

7 - A mesma argumentação é inteiramente vá-lida para o cartão GALP Frota para gastos de gasó-leo e para o contrato AOV – seguro, manutenção e pneus – benefícios esses associados à utilização da viatura automóvel.

8 - E a mesma argumentação também é válida para a utilização de telemóvel e “plafond” a ela as-sociado, também eles justificados, exclusivamente, por razões de serviço do banco recorrente.

9 - Aqui agravado ainda pelo facto de, conforme constante da respectiva “Instrução de Serviço”, o banco recorrente poder fazer cessar ou suspender essa utilização a todo o momento, por sua única decisão e vontade.

10 - O douto acórdão recorrido violou, por erra-da interpretação e aplicação, a norma do art. 249.º, n° 1, do Código do Trabalho.

O autor contra-alegou defendendo o acerto da decisão recorrida e, neste Supremo Tribunal, a Ex.ma Procuradora-Geral Adjunta emitiu parecer no

mesmo sentido, ao qual as partes não reagiram.Colhidos os vistos dos juízes adjuntos, cumpre

apreciar e decidir.

2. Os factosOs factos dados como provados na 1.ª instân-

cia não foram objecto de impugnação, mas, apesar disso, o Tribunal da Relação alterou ligeiramente a redacção do facto n.º 6, passando, por via dessa alteração, a ser os seguintes:

1 - A. e R. celebraram entre si contrato de tra-balho que teve início em 19/7/99.

2 - Por esse contrato, compro-meteu-se o Autor a prestar, sob as or-dens, instruções e fiscalização da Ré, as suas funções como Gerente, sen-

do-o ultimamente como UDN,3 - Ou seja, as que, no exercício da compe-

tência hierárquica e funcional lhe foram delegadas, têm por função a gestão comercial e administrativa de um estabelecimento.

4 - As relações jurídico-laborais entre o A. e a Ré eram reguladas pelo ACTV para o sector bancário, publicado na I Série, do BTE, n.º IV, de 29/1/05 e demais legislação geral e especial complementar.

5 - Ultimamente, a remuneração do Autor consistia na parte monetária de Euro 1445,10 de vencimento base e Euro 249,00 de remuneração complementar, a que acresciam Euro 73,70 de diu-turnidades e Euro 705,18 de isenção de horário de trabalho.

6 - O A. tinha atribuído um carro grau médio, durante 24 horas por dia, 7 dias por semana, 52 semanas por ano e, ainda, um cartão GALP Fro-ta, para gastos em gasóleo com a referida viatura, com um plafond mensal 2 de Euro 150,00 e um contrato AOV, o qual incluía seguro, manutenção e pneus. Tinha, ainda, o A. um telemóvel com um crédito de chamadas de Euro 65,00.

7 - Com o pagamento do aluguer e despesas da viatura automóvel, o Banco suportava um custo de Euro 530,00 mensais.

8 - Tinha, ainda, o Autor um plafond de crédito de 70% do salário mensal, que podia usar a desco-berto, e sobre o montante utilizado recaía um juro anual de 10% sobre as quantias em dívida, e a con-cessão desse plafond resultava de uma instrução de serviço do Banco, que o Autor conhecia.

“Nos termos do art.º 249.º do Código do Trabalho (...) só se considera retribuição aquilo a que, nos termos do contrato, das normas que o regem ou dos usos, o trabalhador tem direito como contrapartida do seu trabalho ...”

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Jurisprudência

21Novembro/2007

TSS

9 - Em Março de 2005, a Ré levantou ao Autor um processo disciplinar, tendo-lhe retirado de ime-diato o plafond de crédito referido.

10 - A 13/7/05, a Ré suspendeu o A. preventi-vamente, tendo-lhe ordenado que entregasse a via-tura automóvel, bem como o telemóvel referido.

11 - O cancelamento da conta ordenado, em função da qual o autor tinha direito ao plafond de crédito acima referido, estava previsto numa ins-trução de serviço interna e tinha [lugar], imediata-mente, em consequência de instauração de proces-so disciplinar, instrução essa de que o autor tinha conhecimento.

12 - A atribuição de viatura automó-vel e de telemóvel tinham por funda-mento a situação do autor, de geren-te de balcão.

13 - De acordo com instruções de serviço que o autor conhecia, a atribuição da viatura automóvel e do telemóvel findava com a suspensão do traba-lhador por motivos disciplinares e a suspensão da atribuição de telemóvel podia ocorrer, a qualquer momento, por decisão do Banco.

14 - O plafond de Euro 65,00 mensais, atribuí-do ao telemóvel, estava ligado à atribuição do uso do mesmo.

15 - A viatura automóvel referida no n.º 6 dos factos assentes era atribuída à Unidade Orgânica da Ré, ou seja, ao Balcão onde o Autor exercia as funções de Gerente.

16 - Era o Autor quem, como gerente, geria a utilização da viatura, autorizando outras pessoas a deslocarem-se na mesma, quando esta se en-contrava parada nas instalações, mas na prática, utilizava-a como se lhe estivesse atribuída pessoal-mente, levando-a para casa diariamente, aos fins-de-semana e em férias, sendo esse tipo de utiliza-ção do pleno conhecimento das hierarquias da Ré e nunca tendo sido ao mesmo colocada qualquer tipo de objecção.

17 - A disponibilização do telemóvel e do “pla-fond” de Euro 65,00 mensais visava, fundamental-mente, a sua utilização ao serviço da Ré, mas não existia qualquer controle da parte da ré, podendo o Autor utilizar o dito telemóvel, a título pessoal, dentro do referido “plafond” de Euro 65,00, ou, se o ultrapassasse, suportando a título pessoal a quantia que excedesse o mesmo.

3. O direitoComo decorre das conclusões formuladas pela

recorrente, o objecto do recurso restringe-se a duas questões:

- saber se o benefício económico que o autor retirava da utilização do automóvel e do telemóvel deve ser considerado parte integrante da sua retri-buição, face às condições em que lhe tinham sido atribuídos;

- e, na hipótese afirmativa, saber se o autor tinha direito a essas retribuições em espécie, du-rante a suspensão preventiva de que foi alvo no processo disciplinar.

3.1 Da natureza retributiva do uso do automó-vel e do telemóvel

Relativamente a esta questão, na decisão re-corrida entendeu-se que a utilização do automóvel e do telemóvel revestia natureza remune-ratória, pois, embo-

ra tivesse ficado provado que a viatura tinha sido atribuída à Unidade Orgânica (Balcão) onde o autor exercia as funções de gerente e fosse utilizada para deslocações, em serviço, do autor e de outras pes-soas e que a atribuição do telemóvel e respectivo “plafond” de Euro 65,00, para chamadas, visava fundamentalmente a sua utilização ao serviço da Ré, também tinha ficado provado que o autor usu-fruía do automóvel em proveito pessoal fora das horas de serviço, durante os 365 dias do ano, com o conhecimento e a autorização tácita da ré, o mesmo acontecendo relativamente ao telemóvel, o que se traduzia, para ele, num manifesto benefício económico.

Fundamentando a sua discordância, a ré ale-ga que o automóvel estava atribuído ao balcão e não ao autor; que o benefício económico que, na prática, o autor retirava da sua utilização não po-dia ser considerado como uma contrapartida a que ele tivesse direito por efeito da sua prestação de trabalho, sendo, antes e apenas, um instrumento de trabalho; que a natureza não retributiva do te-lemóvel e do plafond a este associado ainda era mais evidente, uma vez que a instrução de serviço em vigor, que, como provado ficou, o autor bem conhecia, era expressa e inequívoca no sentido de que a sua utilização podia ser retirada e suspensa, a todo o momento, sem necessidade de qualquer razão justificativa.

Vejamos se a ré tem razão.Nos termos do art.º 249.º do Código do Tra-

balho, que estabelece os princípios gerais da re-tribuição e que praticamente se limitou a reprodu-

“... o trabalhador tem a sua tarefa bastante facilitada no que toca ao ónus que sobre ele recai (...) de provar a natureza retributiva de determinadas prestações.”

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22Novembro/2007TSS

Jurisprudência

zir o teor do art.º 82.º da LCT 3, só se considera retribuição aquilo a que, nos termos do contrato, das normas que o regem ou dos usos, o trabalha-dor tem direito como contrapartida do seu trabalho (n.º 1), incluindo esta a retribuição-base e todas as prestações regulares e periódicas feitas, directa ou indirectamente, em dinheiro ou em espécie (n.º 2), presumindo-se, porém, até prova em contrário, constituir retribuição toda e qualquer prestação do empregador ao trabalhador (n.º 3).

Como decorre do n.º 3 do referido normativo, o trabalhador tem a sua tarefa bastante facilitada no que toca ao ónus que sobre ele recai, nos termos do art.º 342.º do C.C., de provar a natu-reza retributiva de determinadas prestações. O legislador estabeleceu a seu favor uma presunção legal, segundo a qual é de presu-mir que faz parte da retribuição toda e qualquer prestação que lhe é feita pelo empregador, ex-cluindo, evidentemente, aquelas prestações que, em regra, o próprio legislador considera por não incluídas no conceito de retribuição, como são as ajudas de custo e outros abonos referidos no art.º 260.º, as gratificações mencionadas no art.º 261.º e a participação nos lucros aludidas no art.º 262.º, todos do Código do Trabalho.

Trata-se de uma presunção “iuris tantum”, uma vez que admite prova em contrário, mas não deixa de ser extremamente benéfica para os trabalhado-res, pelas dificuldades que muitas vezes têm de provar que determinada prestação é, efectivamen-te, uma contrapartida do seu trabalho.

Como resulta da matéria de facto, o autor reti-rava mensalmente benefícios económicos da utili-zação que, a nível pessoal, fazia do automóvel e do telemóvel. Na petição inicial, o autor alegou que a atribuição daqueles bens tinha resultado de nego-ciações havidas com a ré e por esta aceites (art.º 6.º da contestação), mas isso não foi dado como provado. Deste modo, o autor não logrou provar que a atribuição do automóvel e do telemóvel, para serem utilizados na sua vida privada, tinha sido uma obrigação contratualmente assumida pela ré, como contrapartida do seu trabalho, aquando da celebração do contrato.

Mas isso, só por si, não é suficiente para con-cluir pela natureza não retributiva daquela utiliza-ção, uma vez que o autor beneficia da presunção

atrás referida. E, por força dessa presunção, o be-nefício económico que ele retirava da aludida utili-zação terá de ser considerado como retribuição. Só assim não será se a ré tiver provado o contrário. É o que iremos ver.

No que diz respeito ao telemóvel e ao plafond mensal de Euro 65,00 para chamadas, que lhe esta-va associado, provou-se que se destinavam funda-mentalmente a ser utilizados ao serviço da ré, mas provou-se também que não existia qualquer contro-lo por parte da ré e que podiam ser utilizados pelo autor, a título pessoal, suportando, todavia, do seu

bolso as chamadas feitas para além do plafond estabelecido (facto n.º 17).

E, se mais nada tivesse ficado pro-vado a este respei-

to, é óbvio que o benefício económico que, a nível pessoal, o autor retirava da utilização do telemóvel e do plafond de chamadas não poderia deixar de ser considerado como parte integrante da retribui-ção, por força da presunção contida no n.º 3 do art.º 249.º do C.T. e que também já constava do n.º 3 do art.º 82.º da LCT.

Acontece, porém, que também foi dado como provado que, de acordo com as instruções de ser-viço que o autor conhecia, que a atribuição do tele-móvel podia ser suspensa a qualquer momento por decisão da ré (facto n.º 13), o que significa que a sua utilização para usos pessoais não passava de uma mera liberalidade da ré.

Relativamente ao automóvel, a situação é idên-tica. Senão, vejamos.

A tal respeito, provou-se que o autor tinha atri-buído um carro grau médio, durante 24 horas por dia, 7 dias por semana, 52 semanas por ano e, ain-da, um cartão GALP Frota, para gastos em gasóleo com a referida viatura, com um plafond mensal de Euro 150,00, e um contrato AOV que incluía segu-ro, manutenção e pneus (facto n.º 6); que o Banco suportava um custo mensal de Euro 530,00 com o pagamento do aluguer e as despesas da viatura automóvel (facto n.º 7); que a viatura automóvel estava atribuída à Unidade Orgânica da Ré, ou seja, ao Balcão onde o autor exercia as funções de ge-rente (facto n.º 15); que era o Autor quem, como gerente, geria a utilização da viatura, autorizando outras pessoas a deslocarem-se na mesma, quan-do esta se encontrava parada nas instalações, mas que, na prática, era por ele utilizada como se lhe

“... faz parte da retribuição toda e qualquer prestação que lhe é feita pelo empregador, excluindo (...) aquelas prestações que, em regra, o próprio legislador consi-dera por não incluídas no conceito de retribuição ...”

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Jurisprudência

23Novembro/2007

TSS

estivesse atribuída pessoalmente, levando-a para casa diariamente, aos fins-de-semana e em férias, sendo esse tipo de utilização do pleno conhecimen-to das hierarquias da Ré, sem que ao autor tivesse sido alguma vez colocada qualquer tipo de objec-ção (facto n.º 16).

Ora, como daqueles factos decorre, não está provado que o veículo automóvel tivesse sido atri-buído pessoalmente ao autor, embora, à primeira vista, a factualidade referida no n.º 6 sugira o con-trário. Com efeito, ao dar-se como provado no n.º 6 que “o autor tinha atribuído um carro”, poderia pensar-se que o carro tinha sido atribuído ao autor a título pessoal, mas a verdade é que o elemento lite-ral do n.º 6 não suporta uma tal interpretação, uma vez que se limita a dizer que o autor tinha atribuído um carro, sem especificar a que título o mesmo lhe tinha sido atribuído. Essa especificação consta do n.º 15 da matéria de facto e, como aí se diz, de forma inequívoca, a viatura automóvel estava atri-buída à Unidade Orgânica da Ré, ou seja, ao Balcão onde o autor exercia as funções de gerente.

Por isso, o teor do n.º 6 não pode ter o senti-do que, à primeira vista, lhe poderia ser dado. De outro modo, haveria uma contradição entre o teor do n.º 6 e o teor do n.º 15, contradição que não é pressuposto existir, uma vez que os factos do n.º 1 ao n.º 14, inclusive, resultaram de acordo expres-so das partes, assumido no início da audiência de julgamento, e os factos dos n.ºs 15, 16 e 17 re-sultaram da produção da prova, o que significa que as partes, ao terem acordado que “o autor tinha atribuído um carro”, não tomaram posição acerca da natureza dessa atribuição, tendo relegado essa questão para a discussão da causa.

E sendo assim, como se entende que é, temos de concluir que o automóvel não estava atribuído ao autor, a título pessoal, pois, como se diz no n.º 15 da matéria de facto, a viatura era [estava] atribuída à Unidade Orgânica da Ré, ou seja, ao Balcão onde o autor exercia as funções de geren-te. O autor apenas geria a sua utilização e fazia-o na sua qualidade de gerente do respectivo Balcão (facto n.º 16). E, com base nestes factos, não é possível concluir que a utilização que dele fazia na sua vida privada era uma contrapartida do seu tra-balho, o que vale por dizer que o autor não logrou provar a natureza retributiva da aludida utilização, sendo certo que sobre ele recairia o ónus dessa prova, não fora a presunção estabelecida no n.º 3 do art.º 82.º da LCT e do art. 249.º do Código do Trabalho.

Acontece, porém, que a referida presunção tam-bém se mostra, “in casu”, ilidida. Efectivamente, conforme está provado (facto n.º 16), na prática, o autor utilizava a viatura automóvel como se esta lhe estivesse atribuída a título pessoal. Levava-a para casa diariamente, aos fins-de-semana e em férias, sendo essa utilização do pleno conhecimen-to das hierarquias da Ré. E nunca lhe foi colocada qualquer tipo de objecção. Ora, estando provado que a viatura estava atribuída ao Balcão e não ao autor, o uso pessoal que dela fazia, na prática, com o conhecimento das hierarquias da ré tem de ser entendido como uma mera liberalidade da ré, o que afasta a natureza retributiva do mesmo.

3.2 Do direito à utilização do automóvel e do telemóvel durante o período de suspensão na pen-dência do processo disciplinar

A apreciação desta questão pressupunha que se tivesse reconhecido natureza retributiva à utili-zação que o autor fazia do automóvel e do telemó-vel na sua vida privada. Como tal não aconteceu, tornou-se desnecessário conhecer desta questão.

4. DecisãoNos termos expostos, decide-se julgar proce-

dente o recurso, revogar o acórdão recorrido e ab-solver a ré do pedido.

Custas pelo autor, nas instâncias e no Supremo.

Lisboa, 17 de Outubro de 2007Sousa Peixoto (Relator)Sousa GrandãoPinto Hespanhol

(1) - Relator: Sousa Peixoto (R.º 209); Adjuntos: Sousa Gran-dão e Pinto Hespanhol.

(2) - A alteração feita pela Relação ao n.º 6 da matéria de facto resumiu-se à introdução da palavra mensal.

(3) - Forma abreviada de designar o regime jurídico do con-trato individual de trabalho aprovado pelo Decreto--Lei n.º 49.408, de 24.11.1969.

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24Novembro/2007TSS

Jurisprudência O art. 249º do Código do Trabalho considera

retribuição aquilo a que, nos termos do contrato,

das normas que o regem ou dos usos, o trabalhador

tem direito como contrapartida do seu trabalho.

Na contrapartida do trabalho considera-se a

retribuição base e todas as prestações regulares

e periódicas feitas, directa ou indirectamente, em

dinheiro ou em espécie.

Até prova em contrário, presume-se constituir

retribuição toda e qualquer prestação do emprega-

dor ao trabalhador.

Entende-se por retribuição base aquela que,

nos termos do contrato ou instrumento de regu-

lamentação colectiva de trabalho, corresponde

ao exercício da actividade desempenhada pelo

trabalhador de acordo com o período normal de

trabalho que tenha sido fixado.

Estabelece o art. 251º que a retribuição pode

ser certa, variável ou mista, isto é, constituída por

uma parte certa e outra variável.

É certa a retribuição calculada em função do

tempo de trabalho.

Para obter o valor da retribuição variável toma-

se em consideração a média dos montantes que o

trabalhador recebeu ou tinha direito a receber nos

últimos 12 meses ou no tempo da execução do

contrato, se este tiver durado menos tempo.

Se este processo não for praticável, o cálculo

da retribuição variável faz-se segundo o estipulado

nos instrumentos de regulamentação colectiva

de trabalho e, na sua falta, segundo o prudente

arbítrio do juiz.

O empregador deve procurar orientar a re-

tribuição dos seus trabalhadores no sentido de

incentivar a elevação de níveis de produtividade à

medida que lhe for sendo possível estabelecer, para

além do simples rendimento do trabalho, bases

satisfatórias para a definição de produtividade.

Para o efeito, a retribuição deve consistir numa

parcela fixa e noutra variável (retribuição mista),

com o nível de produtividade determinado a partir

das respectivas bases de apreciação.

De acordo com o art. 260º do Código, não se

consideram retribuição as importâncias recebidas

a título de ajudas de custo, abonos de viagem,

despesas de transporte, abonos de instalação e

outras equivalentes, devidas ao trabalhador por

deslocações, novas instalações ou despesas feitas

em serviço do empregador, salvo quando, sendo

tais deslocações ou despesas frequentes, essas

importâncias, na parte que exceda os respectivos

montantes normais, tenham sido previstas no con-

trato ou se devam considerar pelos usos como el-

emento integrante da retribuição do trabalhador.

O abono para falhas e o subsídio de refeição

também não são considerados remuneração,

excepto

se os respectivos montantes excederem larga-

mente o gasto que pretende compensar, casos em

que serão considerados retribuição.

Não são ainda consideradas retribuição:

- as gratificações ou prestações extraordinárias

atribuídas pelo empregador como recompensa

ou prémio dos bons resultados obtidos pela em-

presa;

- as prestações decorrentes de factos relacio-

nados com o desempenho ou mérito profissionais,

bem como a assiduidade do trabalhador, cujo paga-

mento, nos períodos de referência respectivos, não

esteja antecipadamente garantido.

O que se acaba de referir não se aplica às

gratificações que sejam devidas por força do

contrato ou das normas que o regem, ainda que

a sua atribuição esteja condicionada aos bons

serviços do trabalhador, nem àquelas que, pela

sua importância e carácter regular e permanente,

devam, de acordo com os usos, considerar-se

como elemento integrante da retribuição.

Aquelas regras também não se aplicam às

prestações relacionadas com os resultados obtidos

pela empresa quando, quer no respectivo título

atributivo, quer pela sua atribuição regular e per-

manente, tenham carácter estável, independente-

mente da variabilidade do seu montante.

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Jurisprudência

25Novembro/2007

TSS

PROCESSO DISCIPLINARREABERTURA – OPÇÃO PELA REINTEGRAÇÃO

ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE LISBOA

Sumário:I – O facto de o trabalhador optar pela indemnização em substituição da reintegração, aquando da audiência de partes, ou em qualquer outro momento processual antes da sentença, não faz extinguir a relação laboral, nem, consequentemente, o poder disciplinar da entidade patronal.II – Assim, o exercício daquela opção por parte do trabalhador não obsta a que a entidade patronal possa reabrir o processo disciplinar, nos termos do art. 436º, nº 2, do Código do Trabalho.(sumário elaborado pela Relatora)

DATA: PROCESSO: RELATOR: 19 de Setembro de 2007 4802/2007-4 Desembargadora Drª Hermínia Marques

Acordam na Secção Social deste Tribunal da Relação de Lisboa

I – RELATÓRIO(P) instaurou no 1º Juízo do Tribunal de Traba-

lho de Almada acção declarativa de condenação, emergente de contrato individual de trabalho, com processo comum, contra

(N) – SOCIEDADE DE COMBUSTÍVEIS, LDA., pedindo que esta seja condenada a reintegrá-lo no seu posto de trabalho, com efeitos reportados à data do despedimento, sem prejuízo da antigui-dade e categoria, ou a pagar-lhe a indemnização de € 2.051,86, em razão da antiguidade e ainda, em qualquer dos casos, a pagar-lhe: € 155,17, a título de desconto indevidamente efectuado; € 245,00, a título de retribuição vencida e não paga na pendência da presente acção; retribui-ções vencidas desde a data do despedimento até efectivo e integral pagamento; juros legais, à taxa legal, desde a data da citação da R. até efectivo e integral pagamento.

Para tanto alegou, em síntese, que foi contra-tado verbalmente pela R. em finais de 2000, como lavador, para exercer as respectivas funções sob as ordens, direcção e fiscalização da mesma, no Posto de Combustível sito em Palhais, durante 16 horas por semana, ao sábado e ao domingo.

Em 16/03/2006 a R. notificou o A. da instau-ração de um processo disciplinar, enviando-lhe a respectiva nota de culpa, à qual respondeu em 06/04/2006, vindo a ser despedido pela R. por decisão proferida nesse processo disciplinar, que lhe foi comunicada por carta nesse mesmo dia 06/04//2006, tendo-lhe a mesma ré enviado o Modelo 346 em 18 do mesmo mês de Abril.

Na nota de culpa a R. imputa-lhe factos que não integram justa causa nos termos do art. 396º do CT, ou não correspondem à verdade, sendo que o comportamento do A. não pode ser qualificado como atentador dos interesses patrimoniais da empresa, nem violador dos normativos informadores da relação laboral, pelo que aquele despedimento é ilícito nos termos do art. 429º, al. c), do mesmo código.

Acresce que foi violado o princípio do contradi-tório, pois a decisão de despedimento foi emitida no mesmo dia da resposta à nota de culpa, pelo que não se tiveram em conta nessa decisão as jus-tificações aduzidas pelo A., nem foram realizadas as diligências de prova por este requeridas, sendo que também lhe não foi entregue o relatório final com a comunicação da decisão de despedimento, inviabilizando o conhecimento, por parte do autor, da matéria dos autos dada como provada e não provada e a base de sustentação dessa decisão.

Citada para a audiência de partes e para con-testar nos dez dias a contar da data de realização

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26Novembro/2007TSS

Jurisprudência

dessa audiência, veio a R. requerer a suspensão da instância ao abrigo do disposto no art. 436º, nº 2, do CT, pelas razões aduzidas a fls. 66 e 67, onde reconhece poderem verificar-se os vícios for-mais do processo disciplinar invocados pelo autor na petição inicial desta acção, nomeadamente a violação do princípio do contraditório, pelo que reabriu o processo disciplinar por forma a serem sanados tais vícios.

O A. respondeu a tal requerimento nos termos de fls. 70 e segs., defendendo a improcedência do mesmo, pelas razões ali invocadas.

Tal requerimento foi indeferido por despa-cho de fls. 92, com os fundamentos ali exarados.

Dele despacho veio a R. interpor recurso de agravo formulando as se-guintes conclusões:

(…)O A. não apresentou contra-alegações relativa-

mente a este recurso de agravo.O Mmº Juiz a quo sustentou aquele despacho

nos termos de fls. 115.A R. não contestou a acção.Oportunamente foi proferido saneador-sen-

tença nos termos de fls. 125, que julgou a acção do seguinte modo:

“Pelo exposto julgo a presente acção proceden-te por provada e, em consequência, face à ilicitude do despedimento, condeno a R. (N) - Sociedade de Combustíveis, Lda, a pagar ao A.:

a) a pagar ao A. a indemnização de € 1.715,00, em razão da antiguidade;

b) € 155,17, a título de desconto indevidam-ente efectuado;

d) € 245,00, a título de retribuição vencida e não paga na pendência da presente acção;

e) as retribuições vencidas desde o dia 31 de Abril de 1006 (ou seja, 30 dias antes da pro-positura da acção), deduzidas das importâncias aludidas no art.º 437, n.os 2 e 4, do Código do Trabalho, até ao transito da sentença, a liquidar em execução de sentença;

tudo acrescido de juros de mora à taxa legal, desde a data da citação da R. até efectivo e in-tegral pagamento, excepto no caso dos salários intercalares vencidos após a propositura da acção em que são devidos a partir das respectivas datas de vencimento”.

Dessa sentença apresentou a R. recurso de apelação nos termos de fls. 155, formulando as seguintes conclusões:

(…)

O A. apresentou contra-alegações nos termos de fls. 169 e segs. onde concluiu, com o entendi-mento de que o recurso deve ser declarado impro-cedente e mantida a sentença recorrida.

O Digno Magistrado do M. P. junto deste Tri-bunal da Relação emitiu parecer nos termos de fls. 195, relativamente, quer ao recurso de agravo, quer ao recurso de apelação, ali concluindo com o entendimento de que ambos devem improceder.

Foram colhidos os vistos legais.

II – FUNDAMENTAÇÃO DE FACTONo saneador sentença proferido na primeira

instância e objecto do recurso de apela-ção, foram consid-erados provados os factos alegados pelo A., dado que a R. não apresentou

contestação. E tais factos (expurgados dos artigos da petição inicial que contêm apenas matéria de direito e meras conclusões), são:

(…)

III – FUNDAMENTAÇÃO DE DIREITODefinindo-se o âmbito dos recursos, pelas suas

conclusões (arts. 684º, nº 3 e 690º nsº 1 e 2 e 713º, nº2, todos do CPC), temos como questões em discussão:

- No agravo, saber se o facto de o A. ter, duran-te a audiência de partes, optado pela indemnização, em substituição da reintegração, faz extinguir a relação laboral e o poder disciplinar da R., obstando a que esta possa reabrir o processo disciplinar nos termos do art. 436º, nº 2, do C. T.;

– Na apelação, ao fim e ao cabe, a questão é a mesma do recurso de agravo, pois a R. repete, no essencial das suas alegações e conclusões, o que já havia dito no recurso de agravo, defendendo que, ao contrário do que se entendeu na sentença recorrida, a declaração do A., de opção pela inde- mnização, em substituição da reintegração, poden-do ser produzida a todo o tempo até à sentença, não tem qualquer eficácia, senão antecedida da declaração judicial da ilicitude do despedimento, não resultando da lei um mecanismo automático no sentido de que tal declaração determine o termo do vínculo laboral, tanto mais que, a aceitar-se isso, também tinha que aceitar-se que a entidade patronal, no caso de procedência da impugnação do despedimento, só teria que pagar as retribuições e suportar os demais efeitos decorrentes dessa ilicitude, até ao momento em que o trabalhador fizesse tal opção e não até decisão final.

“... o despedimento nulo, por falta ou por invalidade do processo disciplinar, não põe fim imediato à relação laboral, nem faz cessar ou esgotar o poder disciplinar da entidade patronal ...”

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Jurisprudência

27Novembro/2007

TSS

Assim, aquela declaração do A., de opção pela indemnização, não veda o direito da R. de reabrir o processo disciplinar, a fim de sanar as invalidades do mesmo, nos termos do nº 2 do art. 436º do CT, pelo que devia ter sido admitida a requerida suspensão da instância. Não tendo isso aconte-cido, também na sentença foi violado o disposto nos arts. 436º, nº 2, e 439º, nº 1, do CT, devendo ta mesma revogada e aceitar-se a reabertura do processo disciplinar, suspendendo-se a instância até nova decisão nesse processo.

Nos termos do art. 710º, nº 1, do CPC, “A apelação e os agravos que com ela tenham subido são julgados pela ordem da sua inter-posição;”

Cumpre, assim, conhecer em primei-ro lugar do Recurso de agravo.

Está assente, nomeadamente e no que agora importa recordar, o seguinte:

- A R. despediu o A. em Abril de 2006, na sequência de um processo disciplinar.

- O A. instaurou a presente acção, impugn-ando tal despedimento, invocando a ilicitude do mesmo, nomeadamente, por nulidade do processo disciplinar no qual, entre outros vícios formais que invoca, imputa à R. violação do princípio do contraditório.

- Após a audiência de partes e antes de decor-rido o prazo da contestação, a R. veio requerer a suspensão da instância, alegando ter reaberto o processo disciplinar nos termos do nº 2 do art. 436º do CT, com vista à sanação dos vícios formais.

Tal requerimento foi indeferido por despacho de fls. 92, do qual a R. interpõe o presente recurso de agravo.

Vejamos, então, se o mesmo deve proceder:No despacho recorrido entendeu-se que “…

tendo o A. optado pela indemnização em lugar da reintegração, já não pode a R. reabrir o processo disciplinar, sob pena de exercer poderes contrat-uais sobre alguém que já viu cessar o seu vínculo contratual, não integrando já a empresa. Ou seja, represtinar-se-ia um contrato extinto, contra a liberdade contratual do trabalhador (neste sentido Cfr. A obra dirigida pelo Prof. Romano Martinez, Código do Trabalho Anotado, 4ª ed., 702)”.

Salvo o devido respeito por aquele entendi-mento do Mmº Juiz a quo, não podemos com o mesmo concordar.

Desde logo, aquele fundamento de indeferi-mento do requerimento da R. é constituído por meras conclusões, pois não se explica por que razões de facto ou de direito se entendeu ali que,

face à declaração do A. de opção pela indemni-zação em substituição da reintegração, a R. não podia reabrir o processo disciplinar, sob pena de exercer poderes sobre alguém que já viu cessar o vínculo contratual.

Afinal, quando é que o vínculo contratual cessou?

Foi quando a R. despediu o A.?Foi quando este optou pela indemnização em

substituição da reintegração?E porque é que assim se entende?Nada sobre isso se diz naquele despacho recor-

rido e não nos cabe a nós adivinhar.Também ali não

se explica por que razão ou razões se entende que a R. iria represtinar “… um contrato extinto, contra a liberdade

contratual do trabalhador …”.Para fundamentar aquelas conclusões vertidas

no despacho recorrido, não basta remeter para a obra do Prof. Romano Martinez, como, aliás, o A. já tinha feito na petição inicial, antecipando-se, (sabe-se lá porquê, ou até talvez se perceba), ao requerimento da R..

É que a opinião daquele Professor, ainda que esteja a ser bem interpretada pelo autor e pelo Mmº Juiz a quo, o que é muito discutível, tanto mais que as coisas desgarradas do seu contexto têm, por vezes, sentido diverso, não passa disso mesmo – de uma mera opinião.

Vejamos, então, se pode considerar-se que, quando a R. requereu a suspensão da instância por ter reaberto o processo disciplinar, já a relação laboral, ou seja, o contrato de trabalho e, conse-quentemente, o poder disciplinar (art. 365º, nº 1, do CT), se encontravam extintos.

Conforme se referiu no Acórdão do Tribunal Constitucional nº 306/2003, de 25 de Junho (publi- cado em wwwtribunalconstitucional.pt), que não declarou a inconstitucionalidade do art. 436º, nº 2, do CT, já anteriormente se discutia a possibilidade de a entidade patronal sanar os vícios formais do processo disciplinar, delineando-se duas correntes: uma defendendo que não e outra defendendo que sim, conforme bem se explanou naquele acórdão do Tribunal Constitucional, com citação da juris-prudência e da doutrina que encabeçavam uma e outra corrente.

E como também ali se refere, para a corrente que defendia ter a entidade patronal tal possibi-lidade, “… o que está, efectivamente, em causa é a delimitação dos poderes da entidade patronal

“... aquela corrente entendia (...) que a entidade patronal podia reabrir o processo disciplinar ou instaurar outro processo, com vista a sanar as nu-lidades formais ...”

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Jurisprudência

enquanto detentora do poder disciplinar sobre o trabalhador, poder que não se resume à aplicação de sanções, mas também aborda a competência para organizar e dirigir o correspondente processo disciplinar e, nessa competência de direcção processual, não pode deixar de estar incluída a faculdade de apreciar, por iniciativa sua ou na sequência de reclamação do arguido, a ocorrência de nulidades processuais e, sendo caso, o poder de as declarar e de extrair dessa declaração todas as consequências que, normalmente, se traduzirão na inutilidade dos actos supervenientes, incluindo mesmo a decisão final do processo, se esta já tiver sido proferida”.

E, tal como se acrescenta naquele mesmo acórdão, para esta corrente, aquele direito da en-tidade patronal es-tava sujeito a dois pressupostos: por um lado, de que a instauração de novo processo disciplinar, ou a prática dos actos in-devidamente omitidos em processo já desencadeado, tinham que respeitar os prazos de caducidade da acção disciplinar e, por outro lado, o de que a nova decisão de despedimento não podia reportar os seus efeitos à data da anterior.

No sentido desta posição, a qual merece a nossa concordância, em detrimento da posição que não admitia aquele direito da entidade patro-nal antes da entrada em vigor do actual Código da Trabalho, se pronunciaram múltiplos acórdãos, nomeadamente: Ac. da R.L. de 14/02/1983 (Col. Jur. De 1983, T. I, pg. 189); Ac. da mesma R.L. de 30/11/1983 (Col. Jur. De 1983, T. 5, pg. 187); Ac. da R. C. de 17/02/1987 (Col. Jur. de 1987, T. I, pg. 87); Ac. da R. P. de 09/02/1987 (Col. Jur. de 1987, T. I, pg. 279) e Ac. do STJ de 06/12/1995 (Col. Jur. De 1995, T. III, pg. 301).

De um modo geral, entendeu-se nestes acórdãos que a nulidade ou inexistência do processo disci-plinar determina a nulidade do despedimento que, apesar disso, tenha sido declarado. Assim, o despedimento nulo, por falta ou por invalidade do processo disciplinar, não põe fim imediato à relação laboral, nem faz cessar ou esgotar o poder disciplinar da entidade patronal (realce nosso), havendo que distinguir e separar a relação jurídica da relação factual.

Como se escreveu concretamente no Ac. da R. L. supra citado (a fls. 191 da C. J. de 1983, T. 5), “… quando a relação de trabalho cessa por força de um despedimento atingido de nulidade, o que cessa não é a relação jurídica, mas a relação factual. Deste modo, na pendência da nulidade, a entidade patronal não fica privada do exercício do seu poder disciplinar”.

Assim, a entidade patronal pode voltar atrás com a sua decisão, suprir as nulidades e decretar novo despedimento com base nos mesmos factos, agora em processo disciplinar formalmente válido.

Por sua vez, no Ac. da R. C., também supra citado, escreveu-se: “Como é sabido e aceite pela Ju-risprudência, a comunicação de despedimento feita pela entidade patronal ao trabalhador não tem a vir-tualidade, por si, de rescindir o contrato de trabalho e tanto que se impugnada a validade do despedimento e proceder, é precisamente a manutenção do con-trato, além da comunicação de despedimento, que fundamenta a condenação nas prestações vencidas

posteriormente e até à sentença”

E no Ac. da RL de 14/02/1983, também supra cita-do, escreveu-se: “… a nulidade ou inexistência de pro-

cesso disciplinar determinam a nulidade do despedi-mento que, apesar disso, tenha sido declarado”.

E acrescenta-se ali, mais adiante: “Com-preende-se assim o direito reconhecido ao traba-lhador … às prestações pecuniárias que deveria ter normalmente auferido até à data da sentença e ainda a sua reintegração no respectivo cargo ou posto de trabalho e com a antiguidade que lhe pertence, se não optar, neste caso, pela indemni-zação de antiguidade”.

E acrescenta-se no mesmo acórdão: “Daqui pa-rece poder inferir-se que o contrato continua vivo, mas gravemente enfermo, como que em estado de coma. A sua morte ou a sua convalescença dependem da sentença a proferir”.

E mais adiante ainda se diz: “Sendo assim, parece de aceitar que o despedimento nulo, porque não põe fim imediato à relação jurídica laboral, não faz cessar ou esgotar o poder disciplinar”.

Por estas razões aquela corrente entendia, já antes da entrada em vigor do actual C. T. que a en-tidade patronal podia reabrir o processo disciplinar ou instaurar outro processo, com vista a sanar as nulidades formais, desde que respeitasse as duas condições já supra referidas: os prazos de cadu-cidade da acção disciplinar e que a nova decisão do segundo despedimento não reportasse os seus efeitos à data do despedimento anterior.

Ora, essa possibilidade de a entidade patronal reabrir o processo disciplinar para sanação de vícios formais que o invalidem está hoje expres-samente consagrada no nº 2 do art. 436º do C. T. e até com a vantagem (não antes concebida) de se interromperem os prazos estabelecidos no art. 372º, “ex vi” do art. 411º, nº 4, ambos do mesmo C. T., como também expressamente consta naquela nº 2 do art. 436º.

“... se o despedimento (...) for judicialmente impug-nado pelo trabalhador, aquela relação só vem efec-tivamente a cessar se e quando, por decisão final, for confirmado tal despedimento ...”

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Jurisprudência

29Novembro/2007

TSS

Ora, se o despedimento não determina a ime-diata cessação da relação jurídica laboral, pois que, se o mesmo for judicialmente impugnado pelo trabalhador, aquela relação só vem efectivamente a cessar se e quando, por decisão final, for confir-mado tal despedimento, e se o poder disciplinar se mantém enquanto permanecer viva (mesmo que moribunda), a relação jurídica laboral, ou seja, o contrato de trabalho, como expressamente estipula o nº 1 do art. 365º do CT, como pode defender-se que, no caso concreto destes autos, a R. não podia reabrir o processo disciplinar, sendo certo que o fez dentro do prazo estabelecido naquele nº 2 do art. 436º, ou seja, antes do termo para contestar (o que ninguém põe em causa)?

Como já referimos, nem o A. nem o Mmº Juiz “a quo” o explicam ou fundamentam.

E se o despedimento, quando impugnado judi-cialmente pelo trabalhador, não põe fim imediato à relação jurídica laboral e, consequentemente, ao poder disciplinar da entidade patronal, não se vis-lumbra como possa entender-se que a declaração do trabalhador de opção pela indemnização em substituição da reintegração possa fazer cessar aquela relação laboral ou o poder disciplinar.

Isso não resulta de qualquer preceito legal, nem o Mmº Juiz “a quo” o justificam de facto ou de direito no despacho recorrido.

E nós não vislumbramos qualquer razão que fundamente tal entendimento.

A aceitar-se o mesmo, ficaria sem qualquer base legal o poder exigir-se à entidade patronal, em caso de procedência da acção, o pagamento ao trabalhador, das retribuições, subsídios de férias e de Natal e demais prestações legalmente previstas, a partir da data em que tal opção fosse feita no processo pelo trabalhador, pois que, a partir daí, não existia qualquer vínculo jurídico que fundamentasse esses pagamentos.

Ora, se em caso de procedência da acção de impugnação do despedimento, a entidade patronal é obrigada a pagar ao trabalhador tais prestações até ao trânsito em julgado da decisão final (art. 437º do CT), não pode impedir-se a mesma de, através da reabertura do processo, que a lei hoje expressamente lhe permite, regularizar as invalidades formais do pro-cesso disciplinar, por forma a que, desembaraçada dessas invalidades, possa demonstrar em tribunal que havia justa causa para o despedimento, con-seguindo, assim, que se faça justiça real.

É que uma coisa é haver despedimento sem justa causa e outra, diferente, é a entidade patro-nal perder a acção, mesmo verificando-se justa causa para o despedimento, por invalidade formal do processo disciplinar.

São estas segundas situações, de justiça mera-mente formal e não justiça material, que o legisla-dor, certamente, pretendeu evitar ao permitir que a entidade patronal reabra o processo disciplinar com vista à sanação daquelas invalidades formais.

Não é defensável que uma empresa seja obriga-da a manter um trabalhador que, eventualmente, haja tido comportamentos integradores de justa causa de despedimento, apenas por razões formais do processo disciplinar.

Ora, a admitir-se que a declaração do trabalha-dor, de opção pela indemnização em substituição da reintegração, impedia aquela reabertura do processo disciplinar, deixava-se nas mãos desse trabalhador a forma de impedir que a entidade pa-tronal pudesse vir a fazer vingar um despedimento, eventualmente, com real justa causa, bastando que, logo na petição inicial na qual invocasse as invalidades formais, ou quando pressentisse que a entidade patronal pretendia reabrir o processo para sanação dessas invalidades, viesse a correr ao processo judicial fazer tal declaração, levando a que a entidade patronal viesse a ser judicialmente obrigada a pagar-lhe, no final da acção, quantias (retribuições, subsídios e indemnização até ao trânsito em julgado da decisão), a que não teria direito em caso de comprovada justa causa para o despedimento.

Certamente não foi isso que o legislador pre-tendeu e não vislumbramos qualquer razão para defender tal coisa.

Por tudo isto, entendemos que não se decidiu bem no despacho recorrido, razão pela qual o mesmo tem de ser revogado, e substituído por outro que defira a suspensão da instância, com vista a que a R., através da reabertura do processo disciplinar nos termos do nº 2 do art. 436º do CT, tenha oportunidade de sanar as invalidades pro-cessuais que o mesmo eventualmente contenha e invocadas pelo autor nesta acção o que, natural-mente, implica a anulação de todo o processado posterior a esse despacho, incluindo o saneador sentença, o qual foi objecto do recurso de apela-ção também interposto nestes autos pela mesma ré, tornando-se despiciendo apreciar as questões suscitadas naquele recurso de apelação, pois as mesmas ficam prejudicadas (art. 660º, nº 2 do CPC), sendo certo, no entanto e neste caso con-creto, que elas eram, praticamente as mesmas do recurso de agravo de que agora se conheceu.

IV – DECISÃOPelo exposto, acorda-se em conceder provi-

mento ao recurso de agravo e, consequentemente, revogar o despacho recorrido, o qual deve ser substituído por outro que admita a suspensão da instância nos termos e para os efeitos acabados de referir.

Custas a cargo do autor/ recorrido.

Lisboa, 19/09/2007

Hermínia MarquesIsabel Tapadinhas Natalino Bolas

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Jurisprudência O exercício do poder disciplinar não se inicia com a

nota de culpa, mas sim com o começo das diligências destinadas à averiguação da infracção praticada.

Deste modo, nos casos em que se mostre objectivamente indispensável a elaboração de inquérito para o apuramento dos factos passíveis de sanção disciplinar, bem como para imputação das responsabilidades, a instauração do processo prévio de inquérito, desde que seja iniciado e con-duzido de forma diligente, determina o inicio da acção disciplinar, dando origem à interrupção do prazo de prescrição da infracção disciplinar.

Segundo o art. 372º do Código do Trabalho, a infracção disciplinar prescreve ao fim de um ano a contar do momento em que teve lugar, salvo se os factos constituírem igualmente crime, caso em que são aplicáveis os prazos prescricionais da lei penal.

O prazo de prescrição aplica-se a qualquer in-fracção disciplinar, seja qual for a sua natureza e independentemente do seu conhecimento por parte da entidade patronal, contando-se da prática desta se a mesma revestir carácter instantâneo e só começando a correr após findar o último acto que a integra, nos casos de infracções continuadas.

Por seu lado, o procedimento disciplinar deve exercer-se nos 60 dias posteriores àquele em que o empregador ou o superior hierárquico teve con-hecimento da infracção.

Assim, o prazo de caducidade do procedimento disciplinar corre a partir do conhecimento efectivo pela entidade patronal, ou superior hierárquico com competência disciplinar, do facto infraccional atribuído ao trabalhador.

O art. 411º do mesmo Código estabelece que, nos casos em que se verifique algum comportamento susceptível de integrar o conceito de justa causa - comportamento culposo do trabalhador que, pela sua gravidade e consequências, torne imediata e praticamente impossível a subsistência da relação de trabalho -, o empregador comunica, por escrito, ao trabalhador que tenha incorrido nas respectivas infracções a sua intenção de proceder ao despedi-mento, juntando nota de culpa com a descrição circunstanciada dos factos que lhe são imputados.

Na mesma data é remetida à comissão de trab-alhadores da empresa cópia daquela comunicação e da nota de culpa.

Se o trabalhador for representante sindical, é ainda enviada cópia dos dois documentos à as-sociação sindical respectiva.

O trabalhador dispõe de 10 dias úteis para consul-tar o processo e responder à nota de culpa, deduzindo por escrito os elementos que considere relevantes para o esclarecimento dos factos e da sua partici-pação nos mesmos, podendo juntar documentos e

solicitar as diligências probatórias que se mostrem necessárias para o esclarecimento da verdade.

O empregador, por si ou através de instrutor que tenha nomeado, procede às diligências pro-batórias requeridas na resposta à nota de culpa, salvo se as considerar notoriamente dilatórias ou impertinentes, devendo, nesse caso, alegá-lo fundamentadamente por escrito.

O empregador não é obrigado a proceder à audição de mais de 3 testemunhas por cada facto descrito na nota de culpa, nem mais de 10 no total, cabendo ao trabalhador assegurar a respectiva comparência para o efeito.

Concluídas as diligências probatórias, o proces-so é apresentado, por cópia integral, à comissão de trabalhadores e, no caso do trabalhador ser repre-sentante sindical, à associação sindical respectiva, que podem, no prazo de cinco dias úteis, fazer juntar ao processo o seu parecer fundamentado.

Decorrido este prazo, o empregador dispõe de 30 dias para proferir a decisão, sob pena de caducidade do direito de aplicar a sanção.

A decisão deve ser fundamentada e constar de documento escrito. Na decisão são ponderadas as circunstâncias do caso, a adequação do des-pedimento à culpabilidade do trabalhador, bem como os pareceres que tenham sido juntos, não podendo ser invocados factos que não constem da nota de culpa, nem referidos na defesa escrita do trabalhador, excepto se atenuarem ou diminuírem a responsabilidade.

A decisão fundamentada é comunicada, por cópia ou transcrição, ao trabalhador e à comissão de trab-alhadores, bem como, no caso de se tratar de repre-sentante sindical, à respectiva associação sindical.

Nas microempresas, que empregam no máximo 10 trabalhadores, o procedimento de despedi-mento é mais simples.

Assim, é dispensada a formalidade de envio de cópia da comunicação de intenção de des-pedimento e da nota de culpa à comissão de trabalhadores e à associação sindical, salvo se o trabalhador for membro daquela ou represent-ante sindical, casos em que o processo segue os trâmites acima descritos.

Refira-se ainda que é garantida a audição do trabalhador, que a pode substituir, no prazo de 10 dias úteis contados da notificação da nota de culpa, por alegação escrita dos elementos que considere relevantes para o esclarecimento dos factos e da sua participação nos mesmos, podendo requerer a audição de testemunhas.

A decisão do despedimento deve ser fundamen-tada com discriminação dos factos imputados ao trabalhador, sendo-lhe comunicada por escrito.

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Jurisprudência

31Novembro/2007

TSS

DESPEDIMENTORETRIBUIÇÕES VENCIDAS – DEMORA NA PROLAÇÃO DA SENTENÇA

ACÓRDÃO NO TRIBUNAL DA RELAÇÃO DO PORTO

Sumário:I - Dado o disposto no art.º 13.º, n.º 1, alínea a), da referida LCCT, a apelada tem direito às retribuições vencidas e vincendas até à data da sentença, que se deve entender como a decisão final do processo, seja sentença ou acórdão, atenta a jurisprudência oportunamente uniformizada pelo Supremo Tribunal de Justiça.II - Porém, a circunstância de nestes autos o julgamento da matéria de facto ter terminado em 2004-06-21 e de a sentença ter sido prolatada apenas em 2007-01-30 não permite que se possa deduzir às retribuições vencidas as respeitantes a esse período temporal, por não serem imputáveis à apelante. III - Sendo embora certo que não é curial que a entidade empregadora, na prática, tenha de su-portar, a esse nível, a morosidade do sistema judiciário, a verdade é que ao trabalhador também não pode ser imputado um atraso no andamento do processo a que ele não deu causa.

DATA: PROCESSO: RELATOR: 1 de Outubro de 2007 2936/07 Desembargador Dr. Ferreira da Costa

Acordam no Tribunal da Relação do Porto:A. ... interpôs acção emergente de contrato

individual de trabalho, com processo comum, contra T..., Ld.ª, pedindo que se condene a R. a pagar à A. a quantia de € 1.123,00 a título de indemnização por despedimento sem justa causa e processo disciplinar – conforme optou em julga-mento, a fls. 56 – a quantia de € 156,00 a título de subsídio de Natal e de férias, a quantia de € 375,00 a título de trabalho suplementar, bem como as retribuições vencidas e vincendas desde a data do despedimento até à data da sentença, sendo tudo acrescido dos juros legais vencidos desde a data do vencimento das quantias peticionadas.

Alega, para tanto, que, tendo sido admitida ao serviço em 15 de Julho de 2002 e tendo sofrido um acidente de trabalho em 19 de Setembro do mesmo ano, foi despedida sem justa causa apurada em processo disciplinar, sendo certo que não lhe foi paga qualquer das quantias ora pedidas.

Contestou a R., por excepção, alegando que a A. abandonou o trabalho, nunca mais tendo com-parecido ao serviço desde 2002-09-19, pelo que apenas aceita pagar à A. a quantia de € 235,41 e, quanto ao mais, contesta por impugnação.

A A. respondeu à contestação.Procedeu-se a julgamento sem gravação da

prova pessoal e assentou-se a matéria de facto dada como provada, pelo despacho de fls. 100 a 103, proferido em 2004-06-21, que não foi objecto de reclamações.

Proferida sentença em 2007-01-30, foi a acção julgada procedente, sendo a R. condenada nos pedidos formulados pela A., tendo as retribuições vencidas desde o trigésimo dia anterior à data da propositura da acção até à data da prolação da mesma decisão, sido calculadas no montante de € 14.964,00.

Irresignada com o assim decidido, veio a R. interpor recurso de apelação, invocando a nulidade

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Jurisprudência

da decisão no requerimento respectivo e pedindo que se revogue a sentença, tendo formulado a final as seguintes conclusões:

1º O Tribunal “a quo” não considerou a dedução prevista na alínea b) do art. 13º, n.º 2, do D.L. n.º 64-A/89, de 27 de Fevereiro.

2º A A. auferiu remunerações desde 30 dias antes da propositura da acção até ao mês de Março de 2004.

3º A A. recebeu equivalência por prestação de desemprego de Abril de 2004 até pelo menos Novembro de 2006.

4º O Tribunal “a quo” deixou de pronunciar-se sobre questões que devesse apreciar.

5º Violou o ar-tigo 668º, n.º 1, al. d), do C.P.C., sen-do nula a sentença nessa parte.

6º O Tribunal “a quo”, por facto não impu-tável à R., demorou mais de dois anos a proferir a sentença.

7º O ónus imputado à R. pelo decurso temporal é injusto, contrário à Lei.

8º Põe em causa os seguintes normativos: art. 73 n.º 1 do Código de Processo do Trabalho, art. 20º, n.º 4 da Constituição da República Por-tuguesa e art. 6º, n.º 1, da Convenção Europeia dos Direitos do Homem.

9º Não há equidade na decisão nessa parte, não foi a sentença proferida num prazo razoável.

10º Adequando a sentença, nessa parte, à data previsível na qual a sentença deveria ter sido proferida, far-se-á justiça.

A Exma. Sr.ª Procuradora da República, nesta Relação, emitiu douto parecer no sentido de que o recurso não merece provimento.

Recebido o recurso, foram colhidos os vistos legais.

Cumpre decidir.São os seguintes os factos dados como prova-

dos pelo Tribunal a quo:A. A ré dedica-se à limpeza de habitações e

outros imóveis;B. E contratou a autora para, sob a sua direcção

e poder disciplinar, executar serviços de limpeza, de modo permanente, em 15 de Julho de 2002;

C. A autora nunca mais prestou serviço a partir de 19 de Setembro de 2002;

D. O horário de trabalho combinado foi das 08.30 às 18.00 horas, com folga para almoço das 12.30 às 14.00 horas, tudo de segunda a sexta-feira;

E. Combinando-se, ainda, que cada hora suple-mentar a mais seria paga a 2,50 euros e venci-

mento mensal de 75.000$00 (374,10 euros) e subsídio de alimentação de 1,00 euros por dia;

F. Para o efeito era entregue à autora todos os meses, um impresso onde deviam ser apontadas as horas suplementares efectuadas;

G. Tendo a ré pago à autora os seguintes quan-titativos: 335,00 euros em Setembro, 85.000$00 (423,98 euros) em Agosto e 56.250$00 (280,57 euros) em Julho;

H. Nunca foi passado recibo;I. Nunca recebeu subsídio de férias ou Natal;J. As horas suplementares prestadas pela autora

eram conhecidas da ré e foram por esta aceites;K. Em 19 de

Setembro de 2002 a ré participou à se-guradora MAPFRE – Seguros Gerais, S.A. um acidente

de trabalho que a autora havia sofrido dias antes, ao ter entalado um dedo numa porta, tendo os legais representantes da ré informado a autora que logo que tivesse alta não retomaria o trabalho e que governasse a vida por outro lado, pois estavam descontentes com o seu trabalho;

L. A autora, em 47 dias de trabalho, prestou, pelo menos, 50 horas suplementares;

M. A referida seguradora comunicou à ré em 5 de Dezembro de 2002 e 9 de Janeiro de 2003 que havia sido dada alta à autora como curada sem desvalorização e que esta se havia recusado a assinar o documento clínico de alta.

Estão também provados os seguintes factos:N. A acção foi proposta no dia 2003-07-15.O. A matéria de facto considerada provada foi

assente por despacho proferido em 2004-06-21.P. A sentença foi prolatada em 2007-01-30.

O Direito.Sendo pelas conclusões que se delimita o ob-

jecto do recurso, como decorre das disposições conjugadas dos art.s. 684.º, n.º 3, e 690.º, n.º 1, ambos do Cód. Proc. Civil, ex vi do disposto no art.º 87.º, n.º 1, do Cód. Proc. do Trabalho, são duas as questões a decidir nesta apelação, a saber se:

I – A sentença é nula e II – As retribuições vencidas só devem ser

atendidas até à data em que a sentença deveria ter sido proferida.

A 1.ª questão. Trata-se de saber se a sentença é nula. Na verdade, segundo alega a R., ora apelante,

o Tribunal “a quo” não considerou a dedução pre-vista na alínea b) do art.º 13.º, n.º 2, do regime

“... todos têm direito a que uma causa em que inter-venham seja objecto de decisão em prazo razoável e mediante processo equitativo ...”

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Jurisprudência

33Novembro/2007

TSS

jurídico aprovado pelo Decreto-Lei n.º 64-A/89, de 27 de Fevereiro, apesar de a A., segundo alega, ter auferido remunerações desde 30 dias antes da propositura da acção até ao mês de Março de 2004 e de a A. ter recebido prestação de desemprego de Abril de 2004 até pelo menos Novembro de 2006, o que, atento o disposto no art.º 668.º, n.º 1 alínea d) do Cód. Proc. Civil, torna nula a sentença.

Vejamos.As nulidades podem ser processuais, se deri-

vam de actos ou omissões que foram praticados antes da prolação da sentença; podem também ser da sentença, se derivam de actos ou omissões praticados pelo Juiz na sentença.

Aquelas, consti-tuindo anomalia do processado, devem ser conhecidas no Tribunal onde ocorreram e, discordando-se do des-pacho que as conhecer, pode este ser impugnado através de recurso de agravo. Porém, as nulidades da sentença, tendo sido praticadas pelo Juiz, po-dem ser invocadas no requerimento de interposição do recurso [dirigido ao Juiz do Tribunal “a quo”, para que este tenha a possibilidade de sobre elas se pronunciar, indeferindo-as ou suprindo-as] e não na alegação [dirigida aos Juízes do Tribunal ad quem], como dispõe o art.º 77.º, n.º 1, do Cód. Proc. do Trabalho, sob pena de delas não se poder conhecer, por extemporaneidade.

No entanto, recentemente, o Tribunal Constitu-cional, pelo seu Acórdão n.º 304/2005, de 2005-06-08, proferido no proc. n.º 413/04, decidiu, nomeadamente, o seguinte:

Julgar inconstitucional, por violação do princípio da proporcionalidade (artigo 18.º, n.ºs. 2 e 3), com referência aos n.ºs. 1 e 4 do artigo 20.º da Constituição, a norma do n.º 1 do artigo 77.º do Código de Processo do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 480/99, de 9 de Novembro [que corres-ponde, com alterações, ao art.º 72.º, n.º 1, do Cód. Proc. do Trabalho de 1981], na interpreta-ção segundo a qual o tribunal superior não pode co-nhecer das nulidades da sentença que o recorrente invocou numa peça única, contendo a declaração de interposição do recurso com referência a que se apresenta arguição de nulidades da sentença e alegações e, expressa e separadamente, a con-cretização das nulidades e as alegações, apenas porque o recorrente inseriu tal concretização após o endereço ao tribunal superior [negrito nosso], in www.tribunalconstitucional.pt.

“In casu”, a R., ora apelante, invocou a nulidade no requerimento de interposição de recurso, pelo que dela devemos tomar conhecimento, atenta a referida doutrina do Tribunal Constitucional.

Porém, “in casu”, não se verifica qualquer nulidade. Na verdade, como claramente se vê do relatório que antecede, a R. nenhum pedido for-mulou em tal sentido até à sentença, nada tendo alegado – e muito menos provado – na sua con-testação ou em qualquer outro momento posterior, nomeadamente, em audiência de julgamento. As-sim, nenhum pedido tendo sido formulado sobre a matéria, também não tinha o Tribunal de tomar conhecimento sobre ela pois nem sequer havia sido alegada, só o tendo sido em sede de recurso. Acontece, no entanto, que este se destina apenas a reapreciar questões já decididas pelo Tribu-

nal “a quo” e não a conhecer questões novas, salvo tratan-do-se de questões de conhecimento oficioso – como é

doutrina e jurisprudência uniformes – o que não acontece “in casu”.

Daí que não se verifique qualquer omissão de pronúncia nos termos do disposto no Art.º 668.º, n.º 1, alínea d), do Cód. Proc. Civil.

Termos em que, sem necessidade de outras considerações, se indefere a invocada nulidade da sentença.

A 2.ª questão. Trata-se de saber se as retribuições vencidas só

devem ser atendidas até à data em que a sentença deveria ter sido proferida.

Na verdade, tendo o Tribunal “a quo” aten-dido, na respectiva contagem, a todo o período compreendido entre o trigésimo dia anterior à data da propositura da acção e a data em que a sentença foi prolatada, a apelante entende que o termo final da contagem deveria ser a data em que a sentença deveria ter sido proferida, isto é, o fim do prazo legal da sua prolação, atento o disposto no art.º 73.º, n.º 1, do Cód. Proc. do Trabalho, em consonância com o disposto no art.º 20.º, n.º 4, da Constituição da República Portuguesa e no art.º 6.º, n.º 1, da Convenção Europeia dos Direitos do Homem.

Vejamos.Ao despedimento – que este recurso tem por

objecto – é aplicável a LCCT, atento o disposto no art.º 8.º, n.º 1, da Lei n.º 99/2003, de 27 de Agosto, uma vez que ele ocorreu antes de 2003-12-01, data da entrada em vigor do Cód. do Trabalho, como resulta do art.º 3.º, n.º 1, da mesma Lei.

Dado o disposto no Art.º 13.º, n.º 1, alínea a) da referida LCCT, a apelada tem direito às retribuições vencidas e vincendas até à data da

“... daí não se segue que a pretensão de dedução das retribuições vencidas correspondentes ao tempo de paragem do processo deva ser atendida ...”

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34Novembro/2007TSS

Jurisprudência

sentença, que se deve entender como a decisão

final do processo, seja sentença ou acórdão, atenta

a jurisprudência oportunamente uniformizada pelo

Supremo Tribunal de Justiça.

Porém, a circunstância de nestes autos o

julgamento da matéria de facto ter terminado em

2004-06-21 e de a sentença ter sido prolatada

apenas em 2007-01-30 não permite que se possa

deduzir às retribuições vencidas as respeitantes a

esse período temporal, por não serem imputáveis

à apelante.

Na verdade, apesar de o art.º 73.º, n.º 1, do

Cód. do Trabalho estabelecer que a sentença é

proferida no prazo de 20 dias, a inobservância

de tal prazo não determina as consequências

pretendidas pela apelante, pois trata-se de prazo

meramente ordenatório, disciplinar ou aceleratório

e não peremptório.

Por outro lado, estabelecendo o art.º 20.º, n.º 4,

da Constituição da República Portuguesa que todos

têm direito a que uma causa em que intervenham

seja objecto de decisão em prazo razoável e me-

diante processo equitativo, e estipulando o Art.

º 6.º, n.º 1 da Convenção Europeia dos Direitos

do Homem que qualquer pessoa tem direito a que

a sua causa seja examinada, equitativa e pub-

licamente, num prazo razoável por um tribunal

independente e imparcial, estabelecido pela lei,

o qual decidirá, quer sobre a determinação dos

seus direitos e obrigações de carácter civil, quer

sobre o fundamento de qualquer acusação em

matéria penal dirigida contra ela… [sublinhado e

negrito nossos], daí não se segue que a pretensão

de dedução das retribuições vencidas correspon-

dentes ao tempo de paragem do processo deva

ser atendida e, assim, deduzida a importância

correspondente ao montante global. Na verdade,

tais normas, tendo carácter programático, sempre

careceriam de ser plasmadas ao nível do direito

ordinário nacional, o que não ocorre.

Em realidade, o nosso direito não conhece

norma semelhante ao que existe no país vizinho,

no sentido de obrigar o Estado a pagar as retri-

buições vencidas para além do tempo normal de

tramitação do processo, que se encontra – aí

– fixado em 60 dias.

Ora, regulando a matéria, ao nível do direito

ordinário, apenas o referido art.º 13.º da LCCT,

por aí se vê que não é admitida qualquer dedução

nas retribuições vencidas e vincendas com base

na morosidade do sistema judicial.

E, sendo embora certo que não é curial que

a entidade empregadora, na prática, tenha de

suportar, a esse nível, a morosidade do sistema

judiciário, a verdade é que ao trabalhador também

não pode ser imputado um atraso no andamento

do processo a que ele não deu causa.

Parece que a solução do caso não poderá ser

outra, apesar de o Estado Português já ter sido con-

denado por diversas vezes pelo Tribunal Europeu

dos Direitos do Homem, com esse fundamento,

da morosidade do sistema judiciário.

Aliás, vai neste sentido a jurisprudência – co-

nhecida – dos nossos Tribunais Superiores, não

se vendo razão para dela nos afastarmos [Cfr. os

Acórdãos da Relação de Lisboa de 1991-03-20 e

da Relação do Porto de 1998-10-12, in Colectânea

de Jurisprudência, respectivamente, Ano XVI-

1991, Tomo II, págs. 216 e 217 e Ano XXIII-1998,

Tomo IV, págs. 246 a 249].

Assim, improcedem todas as conclusões do

recurso, devendo a nulidade invocada ser inde-

ferida e a douta sentença ser confirmada inte-

gralmente.

Decisão.Termos em que se acorda em negar provimento

à apelação, assim indeferindo a nulidade invocada

e confirmando integralmente a douta sentença

impugnada.

Custas pela R.

Porto, 2007-10-01

Ferreira da Costa, Domingos Morais, Fernandes

Isidoro

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Jurisprudência

35Novembro/2007

TSS

De acordo com o art. 436º do Código do Tra-balho, sendo o despedimento declarado ilícito, o empregador é condenado:

- a indemnizar o trabalhador por todos os dan-os, patrimoniais e não patrimoniais, causados;

- a reintegrá-lo no seu posto de trabalho sem prejuízo da sua categoria e antiguidade.

No caso do despedimento ter sido impugnado com base em invalidade do procedimento disci-plinar, existe a possibilidade deste ser reaberto por uma só vez.

Determina o art. 437º daquele Código que, sem prejuízo daquela indemnização, o trabalhador tem direito a receber as retribuições que deixou de auferir desde a data do despedimento até ao trânsito em julgado da decisão do tribunal.

O nº 1 do referido art. 437º do Código do Trabalho, correspondente à al. a) do nº 1 do art. 13º do revogado Decreto-Lei nº 64-A/89, de 27.2 (LCCT) veio prever expressamente o direito de o trabalhador “receber as retribuições que deixou de auferir desde a data do despedimento até ao trânsito em julgado da decisão do tribunal.”

Ao montante apurado nestes termos deduzem-se as importâncias que o trabalhador tenha com-provadamente obtido com a cessação do contrato e que não receberia se não fosse o despedimento.

Da importância calculada é deduzido o montante das retribuições respeitantes ao período decorrido desde a data do despedimento até 30 dias antes da data da propositura da acção, se esta não for pro-posta nos 30 dias subsequentes ao despedimento.

O montante do subsídio de desemprego aufer-ido pelo trabalhador é deduzido na compensação, devendo o empregador entregar essa quantia à segurança social.

Segundo o art. 438º, o trabalhador tem a pos-sibilidade de optar pela reintegração na empresa até à sentença judicial.

Nas microempresas (que empregam até 10 trabalhadores) ou relativamente a trabalhador que ocupe cargo de administração ou de direcção, o empregador pode opor-se à reintegração se justi-ficar que o regresso do trabalhador é gravemente prejudicial e perturbador para a prossecução da actividade empresarial.

A possibilidade de não reintegração não se aplica sempre que o despedimento se fundar em motivos políticos, ideológicos, étnicos ou religiosos.

Quanto à indemnização por antiguidade, a atribuir ao trabalhador em substituição da re-integração, cabe ao tribunal fixar o respectivo montante, entre 15 e 45 dias de retribuição base

e diuturnidades por cada ano completo ou fracção de antiguidade, atendendo ao valor da retribuição e ao grau de ilicitude do despedimento.

Para o cálculo desta indemnização, o tribunal deve atender a todo o tempo decorrido desde a data do despedimento até à sentença transitar em julgado. A indemnização não pode ser inferior a três meses de retribuição base e diuturnidades.

Se o tribunal decidir pela não reintegração nas situações acima referidas de microempresa ou de trabalhador que ocupe cargo de administração ou de direcção, a indemnização será calculada entre 30 e 60 dias de retribuição base e diuturnidades por cada ano completo ou fracção de antiguidade, não podendo ser inferior a 6 meses.

Estabelece o art. 429º do Código do Trabalho que qualquer despedimento é declarado ilícito pelo tribunal se forem considerados improcedentes os motivos justificativos invocados para o despedi-mento, se não tiver sido precedido do respectivo procedimento disciplinar, ou se se fundar em moti-vos políticos, ideológicas, étnicos ou religiosos.

De acordo com o art. 430º do mesmo Código, o despedimento por facto imputável ao trabalhador é ainda ilícito se tiver decorrido o prazo de prescrição do procedimento disciplinar ou da infracção disciplinar, ou se o respectivo procedimento for inválido.

Nos termos do art. 372º o procedimento disci-plinar deve exercer-se nos 60 dias seguintes àquele em que o empregador, ou o superior hierárquico com competência disciplinar, teve conhecimento da infracção.

Por seu lado, a infracção disciplinar prescreve ao fim de um ano a contar do momento em que teve lugar.

O procedimento disciplinar só pode ser de-clarado inválido se:

- faltar a comunicação da intenção de despedi-mento a enviar ao trabalhador com a nota de culpa ou se esta não fizer a descrição circunstanciada dos factos que lhe são imputados;

- não for dada ao trabalhador a possibilidade de consultar o respectivo processo e responder à nota de culpa, através da indicação, por escrito, dos elementos que considera relevantes para o esclarecimento dos factos e da sua participa-ção nos mesmos, da solicitação das diligências probatórias que se mostrem pertinentes para o esclarecimento da verdade, bem como da junção de documentos;

- a decisão de despedimento e os seus funda-mentos não constarem de documento escrito.

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AÇORESACRÉSCIMO AO SALÁRIO MÍNIMO

E COMPLEMENTO DE PENSÃO

Decreto Legislativo Regional n.º 8/2002/A, de 10 de Abril(Decreto Legislativo Regional n.º 22/2007/A, de 23 de Outubro)

CAPÍTULO IDisposições gerais

ARTIGO 1.ºObjecto

O presente diploma estabelece o regime jurídico relativo à atribuição, na Região Autónoma dos Açores, do acréscimo regional ao salário mínimo, do complemento regional de pensão e da remune-ração complementar regional.

ARTIGO 2.ºÂmbito

1 - O regime previsto neste diploma aplica-se a todos os trabalhadores, funcionários, agentes e contratados a termo certo da administração pública regional e local e aos pensionistas com residência permanente na Região Autónoma dos Açores.

2 - Para os efeitos do presente diploma, consid-eram-se trabalhadores quer os trabalhadores do ser-viço doméstico quer os dos restantes sectores.

3 - Para os efeitos do presente diploma, con-sideram-se pensionistas os beneficiários titulares de pensões, isoladas ou conjuntas, dos regimes de segurança social e de aposentados da função pública, incluindo os beneficiários de pensões soci-ais, de doenças profissionais, de sobrevivência, de acidente de trabalho, bem como os beneficiários de pensões de outros sistemas de protecção social.

CAPÍTULO IIAcréscimo regional ao salário mínimo

ARTIGO 3.ºMontante

O montante do salário mínimo, estabelecido ao nível nacional para os trabalhadores por conta de outrem, tem, na Região Autónoma dos Açores, o acréscimo de 5 %.

CAPÍTULO IIIComplemento regional de pensão

ARTIGO 4.ºBeneficiários

1 - Beneficiam do complemento regional de pen-são os pensionistas que satisfaçam os requisitos pre-vistos nos n.os 1 e 3 do artigo 2.º deste diploma.

2 - Beneficiam igualmente do complemento regional de pensão os pensionistas de sistemas de segurança ou protecção social estrangeiros, cumulativamente ou não com pensões nacionais, e ainda os pensionistas do regime geral da segurança social que aufiram ajudas comunitárias à cessação de actividade, designadamente os produtores agrí-colas abrangidos pela Portaria n.º 32/95, de 11 de Maio, cujas ajudas deverão entrar no cálculo para a atribuição do respectivo complemento de pensão.

3 - Os pensionistas mencionados nos números anteriores apenas beneficiam do complemento re-gional de pensão se os montantes globais auferidos se integrarem no disposto do n.º 2 do artigo 6.º.

ARTIGO 5.ºAtribuição

O complemento regional de pensão é atribuído mediante requerimento apresentado pelo interes-sado, sendo pago pelos serviços regionais da se-gurança social, em 14 mensalidades, das quais 2 no mês de Julho e 2 no mês de Dezembro.

ARTIGO 6.ºMontante

1 - O montante do complemento regional de pensão é determinado nos termos do artigo 13.º do presente diploma.

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2 - O montante efectivo a abonar é determinado de acordo com as seguintes regras:

a) A totalidade para aqueles cuja pensão seja inferior ou igual ao salário mínimo;

b) 90 % para aqueles cuja pensão seja supe-rior ao salário mínimo e inferior ou igual a 1,044 desse valor;

c) 70 % para aqueles cuja pensão seja superior a 1,044 do salário mínimo e inferior ou igual a 1,339 desse valor;

d) 50 % para aqueles cuja pensão seja superior a 1,339 do salário mínimo até ao limite em que a sua aplicação não resulte num rendimento tribu-tável em sede de IRS.

3 - Para efeitos de apuramento de rendimentos são excluídos os montantes auferidos a título de complemento por dependência, complemento por cônjuge a cargo, o complemento solidário para idoso e outros de natureza análoga.

4 - Sempre que da atribuição do complemento regional de pensão resultar a mudança da taxa de incidência do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS), devidamente comprovada pelo beneficiário, será garantido, sobre o montante ilíquido apurado nos termos do número anterior, o acréscimo de complemento, correspondente a 25 % do quantitativo referido no mesmo número.

ARTIGO 7.ºCabimento orçamental

No orçamento da Região existirá, em rubrica própria, a verba necessária à satisfação da ex-ecução do complemento regional de pensão, sob a designação «Complemento regional de pensão».

ARTIGO 8.ºProva de pensão auferida e prova de residência

1 - De Janeiro a Março de cada ano, os ben-eficiários apresentarão nos serviços da segurança social documento que comprove o quantitativo que auferem referente à pensão ou pensões que lhes dá o direito ao complemento regional de pensão, excluindo aquelas que sejam do conhecimento oficioso daquela entidade.

2 - Os pensionistas referidos no artigo 4.º deverão, na data mencionada no número anterior, fazer prova de possuírem residência permanente na Região.

3 - Para efeitos do número anterior, entende-se por residência permanente a residência na Região ou permanência no respectivo território por mais de 183 dias, nesta se situando a sua residência habitual e que aí esteja registado para efeitos fiscais.

4 - Excluem-se do disposto no n.º 2 os ben-eficiários que se encontrem em situação de doença

prolongada e os estudantes deslocados fora da Região, cuja situação se encontre devidamente comprovada.

5 - Qualquer cidadão que passe à situação de pensionista e reúna as condições para beneficiar do complemento regional de pensão deve apresentar, conjuntamente com o requerimento, nos 90 dias subsequentes, os documentos que comprovem o quantitativo da respectiva pensão e prova de residência, respectivamente, nos termos dos números anteriores.

6 - O requerimento referido no número anterior, bem como os documentos referidos nos n.os 1, 2 e 4, poderão ainda ser apresentados em qualquer momento para além daquele prazo, processando-se, neste caso, o respectivo complemento a partir do mês seguinte à data da sua apresentação.

CAPÍTULO IVRemuneração complementar regional

ARTIGO 9.ºProcessamento

1 - A remuneração complementar regional é abonada em 14 mensalidades.

2 - À remuneração complementar regional é aplicável o regime da remuneração base quanto a férias, faltas e processo de pagamento, sobre ela in-cidindo os descontos obrigatórios previstos na lei.

ARTIGO 10.ºBeneficiários

Beneficiam da remuneração complementar re-gional os funcionários, os agentes e os contratados a termo certo da administração pública regional e local que exerçam funções na Região Autónoma dos Açores e cuja remuneração seja igual ou infe-rior à do índice 380.

ARTIGO 11.ºMontante

1 - O montante mensal da remuneração com-plementar regional é determinado nos termos do artigo 13.º do presente diploma.

2 - O montante efectivo a abonar é determinado de acordo com as seguintes regras:

a) A totalidade para aqueles cuja remuneração seja inferior ao índice 137;

b) 90 % para aqueles cuja remuneração es-teja compreendida entre os índices 137 e 180, inclusive;

c) 85 % para aqueles cuja remuneração es-teja compreendida entre os índices 181 e 204, inclusive;

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d) 80 % para aqueles cuja remuneração es-teja compreendida entre os índices 205 e 224, inclusive;

e) 70 % para aqueles cuja remuneração es-teja compreendida entre os índices 225 e 249, inclusive;

f) 60 % para aqueles cuja remuneração es-teja compreendida entre os índices 250 e 269, inclusive;

g) 55 % para aqueles cuja remuneração es-teja compreendida entre os índices 270 e 304, inclusive;

h) 45 % para aqueles cuja remuneração es-teja compreendida entre os índices 305 e 319, inclusive;

i) 40 % para aqueles cuja remuneração es-teja compreendida entre os índices 320 e 329, inclusive;

j) 35 % para aqueles cuja remuneração es-teja compreendida entre os índices 330 e 354, inclusive;

l) 25 % para aqueles cuja remuneração es-teja compreendida entre os índices 355 e 380, inclusive.

3 - Sempre que da aplicação do disposto no número anterior resultar uma mudança da taxa de incidência do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS), será garantido, mediante requerimento do interessado e sobre o montante apurado, o acréscimo de remuneração complemen-tar regional correspondente a 25 % do quantitativo referido no mesmo número.

ARTIGO 12.ºÍndices

1 - Os índices referidos no n.º 2 do artigo anterior reportam-se à escala remuneratória das carreiras do regime geral da função pública.

2 - Para os efeitos de aplicação do artigo ante-rior, os índices do pessoal integrado em carreiras específicas da Região, do regime especial e em corpos especiais são convertidos em montante remuneratório idêntico aos dos índices da escala indiciária do regime geral da função pública.

CAPÍTULO VDisposições finais

Artigo 13.ºActualização de montantes

1 - Os montantes do complemento regional de pensão e da remuneração complementar regional a que se referem, respectivamente, o n.º 1 do artigo 6.º e o n.º 1 do artigo 11.º do presente diploma

são fixados e actualizados anualmente mediante resolução do Conselho do Governo, com efeitos a partir de 1 de Janeiro de cada ano, tendo em conta, designadamente, os valores previstos para a inflação, não podendo, no entanto, aquelas ac-tualizações ser inferiores ao aumento percentual que vier a ser fixado para o índice 100 da escala remuneratória do regime geral da função pública.

2 - Para os efeitos do disposto no número anterior, o Governo Regional ouvirá o Conselho Regional de Concertação Social.

ARTIGO 14.ºLegislação revogada

São revogados os Decretos Legislativos Region-ais n. os 1/2000/A, 2/2000/A e 3/2000/A, todos de 12 de Janeiro, e o artigo 16.º do Decreto Leg-islativo Regional n.º 8/2001/A, de 21 de Maio.

ARTIGO 15.ºProdução de efeitos

O presente diploma produz efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2002.

Decreto Legislativo Regionaln.º 22/2007/A, de 23.10

Primeira alteração ao regime jurídico da atribuição do acréscimo regional ao sa-lário mínimo, do complemento regional de pensão e da remuneração complementar regional

Pelo Decreto Legislativo Regional n.º 8/2002/A, de 10 de Abril, foram reunidos, num único diploma, o regime jurídico da atribuição do acréscimo regional ao sa-lário mínimo, do complemento regional de pensão e da remuneração complementar regional, criados respectivamente pe-los Decretos Legislativos Regionais n.os 1/2000/A, 2/2000/A e 3/2000/A, todos de 12 de Janeiro.

Decorridos cinco anos, torna-se ne-cessário proceder, por um lado, a uma clari-ficação de conceitos, designadamente, da definição de beneficiário titular e de residên-cia permanente, e, por outro, actualizar os parâmetros de atribuição dos montantes do complemento regional de pensão dada a sua desactualização face ao salário mínimo.

Assim, a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores decreta, nos

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39Novembro/2007

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termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 227.º da Constituição da República e da alínea c) do n.º 1 do artigo 31.º do Estatuto Político-Adminis-trativo da Região Autónoma dos Açores:

ARTIGO 1.ºObjecto

Os artigos 2.º, 4.º, 6.º e 8.º do Decreto Legislativo Regional n.º 8/2002/A, de 10 de Abril, passam a ter seguinte redacção:

(...)

ARTIGO 2.ºRepublicação

É republicado, em anexo, o Decreto Legisla-tivo Regional n.º 8/2002/A, de 10 de Abril.

ARTIGO 3.ºProdução de efeitos

O presente diploma produz efeitos a 1 de Janeiro de 2007.

Aprovado pela Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, na Horta, em 20 de Setembro de 2007.

O Presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Manuel Machado Menezes.

Assinado em Angra do Heroísmo em 15 de Outubro de 2007.

Publique-se.O Representante da República para a Região

Autónoma dos Açores, José António Mesquita.

Pedidos para: Vida Económica - R. Gonçalo Cristóvão, 111, 6º esq. • 4049-037 PORTO Tel. 223 399 400 • Fax 222 058 098 • E-mail encomendas: [email protected]

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ASSINATURA

Autores: Aurora A. C. Teixeirae Ana Teresa Tavares-LehmannFormato: 15,5 x 23 cmPágs.: 214P.V.P.: A 15 (IVA incl.)

“… é louvável a investigação científica desen-volvida pelas Professoras Aurora Teixeira e Ana Teresa Tavares-Lehmann, trazendo para discussão o Capital Humano como um dos factores, se não o factor, de maior importân-cia para captação de Investimento Directo Estrangeiro.” – F. L. Murteira Nabo

“Este trabalho dá resposta a uma neces-sidade: o que, como país, podemos e de-vemos fazer para atrair mais e melhor IDE.” – João Picoito

INVESTIMENTO DIRECTO ESTRANGEIRO,

CAPITAL HUMANOE INOVAÇÃO

NOVIDADE

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FINANCIAMENTO DO SISTEMA DE SEGURANÇA SOCIAL Decreto-Lei n.º 367/2007, de 2 de Novembro

A nova Lei de Bases do Sistema de Segurança Social, Lei n.º 4/2007, de 16 de Janeiro, intro-duziu algumas alterações na estrutura do sistema, agora composto pelo sistema de protecção social de cidadania, o sistema previdencial e o sistema complementar.

No que aos dois primeiros diz respeito, a referi-da Lei, na concretização do princípio da adequação selectiva das fontes de financiamento às modali-dades de protecção social, clarificou e simplificou as regras de afectação de recursos a cada uma delas. O objectivo último subjacente a esta clari-ficação prendeu-se com a necessidade de tornar mais transparente e rigorosa a gestão financeira do sistema, pela delimitação precisa das responsabi-lidades em matéria de financiamento que devem caber, por um lado, ao Estado nas transferências re-alizadas para a área não contributiva da segurança social e, por outro, aos trabalhadores e entidades empregadoras que, através do pagamento de con-tribuições sociais, suportam os encargos com o sector contributivo. E assim precisou duas formas de financiamento: uma primeira, do sistema de protecção social de cidadania, através de transfer-ências do Orçamento do Estado e da consignação de receitas fiscais; outra, do sistema previdencial, através das quotizações dos trabalhadores e das contribuições das entidades empregadoras.

Nesta linha, o presente decreto-lei vem agora estabelecer e desenvolver o quadro genérico do financiamento do sistema da segurança social, procurando discriminar as receitas e as despesas enquadradas em cada um dos sistemas. Par-ticularmente inovadora e importante é a distinção no sistema previdencial entre a componente de gestão em repartição e a componente de gestão em capitalização, evidenciando-se o papel desta última enquanto garante da estabilização financeira do sistema em causa.

O presente decreto-lei foi objecto de consulta

aos parceiros sociais com assento na Comissão Permanente de Concertação Social.

Foram ouvidos os órgãos de governo próprios das Regiões Autónomas e a Associação Nacional de Municípios Portugueses.

Assim:No desenvolvimento da Lei n.º 4/2007, de 16

de Janeiro, e nos termos das alíneas a) e c) do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

CAPÍTULO IObjecto

ARTIGO 1.ºObjecto

O presente decreto-lei estabelece o quadro genérico do financiamento do sistema da segurança social, procedendo à regulamentação do disposto no capítulo vi da Lei n.º 4/2007, de 16 de Janeiro, abreviadamente designada por Lei de Bases, nome-adamente do disposto no seu artigo 90.º.

CAPÍTULO IIFormas de financiamento do sistema

de segurança social

SECÇÃO IDisposições gerais

ARTIGO 2.ºAdequação selectiva

1 - O financiamento do sistema de segurança social obedece ao princípio da adequação selectiva previsto no artigo 89.º da Lei de Bases.

2 - O princípio da adequação selectiva consiste na determinação das fontes de financiamento e

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na afectação dos recursos financeiros, de acordo com a natureza e os objectivos das modalidades de protecção social e com as situações e medidas especiais, designadamente as relacionadas com políticas activas de emprego e formação profis-sional.

ARTIGO 3.ºFormas de financiamento

Constituem formas de financiamento da segu-rança social, nos termos do artigo 90.º da Lei de Bases, as seguintes:

a) Financiamento por quotizações dos trabalha-dores por conta de outrem, por contribuições dos trabalhadores independentes, por contribuições das entidades empregadoras, devidas no âmbito dos regimes gerais de segurança social e, bem as-sim, por outras contribuições, devidas no âmbito de outros regimes de segurança social, ainda que de inscrição facultativa;

b) Financiamento por transferências do Orça-mento do Estado;

c) Financiamento por consignação de recei-tas.

ARTIGO 4.ºAdequação das formas de financiamento

às modalidades de protecção

1 - No respeito pelo princípio da adequação se-lectiva, o financiamento das despesas do sistema da segurança social concretiza-se do seguinte modo:

a) A protecção garantida no âmbito do sistema de protecção social de cidadania, previsto no capí-tulo ii da Lei de Bases, é financiada por transfer-ências do Orçamento do Estado e por consignação de receitas;

b) As prestações substitutivas de rendimentos de actividade profissional, atribuídas no âmbito do sistema previdencial, previsto no capítulo iii da Lei de Bases e, bem assim, as políticas activas de em-prego e formação profissional são financiadas por quotizações dos trabalhadores e por contribuições das entidades empregadoras.

2 - Sem prejuízo do disposto na alínea b) do número anterior, a contrapartida nacional das despesas financiadas no âmbito do Fundo Social Europeu é suportada pelo Orçamento do Estado.

3 - A adequação das formas de financiamento às despesas do sistema obedece ao disposto nas secções seguintes.

ARTIGO 5.ºDespesas de administração

1 - As despesas de administração e outras despesas comuns do sistema, qualquer que seja a sua natureza, são financiadas através das fontes correspondentes aos sistemas de protecção social de cidadania e previdencial, na proporção dos respectivos encargos.

2 - As despesas de administração do sistema previdencial-capitalização, a que se referem os artigos 13.º e 16.º, correspondem aos encargos decorrentes do serviço de administração e gestão dos fundos de capitalização da segurança social.

3 - Tendo em conta o disposto no n.º 2 do artigo anterior, todas as despesas de administra-ção, associadas a encargos com juros de linhas de crédito, decorrentes da implementação do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) são ainda suportadas pelo Orçamento do Estado.

4 - Não são consideradas despesas de adminis-tração as transferências do sistema de segurança social para serviços da Administração Pública, previstas no presente diploma.

5 - Sem prejuízo do disposto no n.º 1, ficam salvaguardadas as receitas dos jogos sociais, as quais são consignadas à realização de programas na área da acção social.

SECÇÃO IIFinanciamento do sistema de protecção

social de cidadania

SUBSECÇÃO IReceitas do sistema de protecção

social de cidadania

ARTIGO 6.ºComposição do sistema de protecção

social de cidadania

O sistema de protecção social de cidadania engloba, nos termos do artigo 28.º da Lei de Bases, o subsistema de acção social, o subsistema de soli-dariedade e o subsistema de protecção familiar.

ARTIGO 7.ºReceitas do sistema de protecção

social de cidadania

1 - Ao abrigo do disposto nos artigos 90.º e 92.º da Lei de Bases, constituem receitas do sistema de protecção social de cidadania as seguintes:

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a) As transferências do Estado;b) As receitas do IVA consignadas ao sistema

de segurança social;c) Outras receitas fiscais legalmente consig-

nadas;d) As transferências de outras entidades ou de

fundos públicos ou privados;e) As transferências ao abrigo de fundos co-

munitários e, bem assim, de programas da União Europeia, ainda que com contrapartida nacional, e sem prejuízo do disposto na alínea c) do n.º 1 do artigo 14.º;

f) As receitas dos jogos sociais, consignadas a despesas na área da acção social nos termos da legislação aplicável;

g) O produto de comparticipações previstas em lei ou em regulamentos, designadamente no âmbito da execução de programas de desenvolvi-mento social;

h) As transferências de organismos es-trangeiros;

i) O produto de sanções pecuniárias aplicáveis no âmbito do sistema;

j) Outras receitas legalmente previstas.2 - A alínea a) do número anterior compreende

quer as transferências anuais do Orçamento do Estado quer as transferências provenientes de outras entidades das Administrações Públicas, nos termos da legislação aplicável.

ARTIGO 8.ºConsignação do IVA

1 - É consignada à realização da despesa com prestações sociais no âmbito dos subsistemas de solidariedade e de protecção familiar a receita do IVA resultante do aumento da taxa normal operada através do n.º 6 do artigo 32.º da Lei n.º 39-B/94, de 27 de Dezembro, relativamente à cobrança efectuada em cada exercício orçamental.

2 - Mantém-se ainda consignada à realização das despesas referidas no número anterior a receita do IVA resultante do aumento da taxa normal deste imposto, operada pela Lei n.º 39/2005, de 24 de Junho, nos termos definidos no seu artigo 3.º.

3 - O produto da receita do IVA referido nos números anteriores é afecto à segurança social anualmente.

4 - A satisfação dos encargos com os sub-sistemas de solidariedade e de protecção familiar é garantida pela receita fiscal referida nos n.os 1 e 2 e, no remanescente, por transferências do Orça-mento do Estado para a segurança social.

SUBSECÇÃO IIDespesas do sistema de protecção

social de cidadania

ARTIGO 9.ºDespesas comuns do sistema

Constituem despesas comuns do sistema de protecção social de cidadania as que correspon-dam à concretização dos objectivos comuns e transversais deste, designadamente as despesas com a promoção da natalidade a que se refere o artigo 27.º da Lei de Bases.

ARTIGO 10.ºDespesas do subsistema de acção social

1 - Constituem despesas do subsistema de acção social as despesas com as políticas e me-didas de prevenção e erradicação de situações de carência e de disfunção, exclusão ou vul-nerabilidade sociais, nomeadamente em relação a determinados grupos sociais mais vulneráveis, crianças, jovens, pessoas portadoras de deficiência e idosos.

2 - As despesas do subsistema traduzem-se na concretização de:

a) Serviços e investimentos em equipamentos sociais;

b) Programas de combate à pobreza, disfunção, marginalização e exclusão sociais;

c) Prestações pecuniárias e em espécie.3 - A concretização das despesas mencionadas

na alínea a) do número anterior resulta designa-damente da celebração de acordos ou protocolos de cooperação com instituições particulares de solidariedade social e outras e de outras formas de parceria previstas na legislação aplicável.

4 - A realização de serviços e investimentos em equipamentos sociais, referidos na alínea a) do n.º 2, pode concretizar-se mediante transfer-ências para outros sectores da Administração Pública cujas competências sejam enquadráveis na prossecução dos objectivos associados àqueles equipamentos.

5 - Constituem ainda despesas do subsistema as seguintes:

a) Programas e projectos de apoio às famílias, à infância e às vítimas de violência doméstica;

b) Despesas que se insiram no âmbito de pro-gramas de apoio aos refugiados;

c) Despesas no âmbito de políticas de lazer social;

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d) Transferências para outros serviços públi-cos cujas competências sejam enquadráveis na prossecução dos objectivos da acção social;

e) Outras prestações e apoios enquadráveis nos objectivos do subsistema de acção social;

f) Outras despesas previstas por lei.

ARTIGO 11.ºDespesas do subsistema de solidariedade

1 - Constituem despesas do subsistema de solidariedade as despesas com a protecção so-cial por este assegurada, designadamente com o pagamento de:

a) Prestações do regime de solidariedade e regimes legalmente equiparados, incluindo presta-ções e complementos sociais em caso de insu-ficiência da carreira contributiva dos beneficiários ou das prestações substitutivas de rendimentos de trabalho;

b) Prestações do rendimento social de inser-ção;

c) Complemento solidário para idosos;d) Subsídio social de desemprego;e) Encargos decorrentes do aumento de despe-

sas em virtude de regimes de antecipação da pensão de velhice;

f) Outras situações de ausência ou diminuição de suporte contributivo específico por força da concretização do princípio da solidariedade de base profissional aplicável no sistema previdencial.

2 - Constituem ainda despesas do subsiste-ma:

a) As despesas de outros ministérios ou sec-tores cuja responsabilidade pelo pagamento caiba ao sistema de segurança social, designadamente com o pagamento de subsídios de renda ou com a prestação de apoio judiciário;

b) Transferências para outras entidades públi-cas ou privadas cujas competências se enquadrem na prossecução dos objectivos do subsistema de solidariedade;

c) Outras prestações e apoios enquadráveis nos objectivos do subsistema de solidariedade.

3 - A perda ou diminuição de receita associada à fixação de taxas contributivas mais favoráveis é ainda objecto de financiamento por transferências do Estado, sem prejuízo do disposto no número seguinte.

4 - A perda ou diminuição de receita associada a medidas de estímulo ao emprego e ao aumento de postos de trabalho é financiada em 50 % por transferências do Estado.

ARTIGO 12.ºDespesas do subsistema de protecção familiar

1 - Constituem despesas do subsistema de protecção familiar as despesas com a protecção social nas eventualidades encargos familiares, deficiência e dependência.

2 - A protecção garantida pelo subsistema é susceptível de ser alargada de modo a dar res-posta a novas necessidades sociais, bem como as que relevem dos domínios da dependência e da deficiência.

SECÇÃO IIIFinanciamento do sistema previdencial

SUBSECÇÃO IDisposição geral

ARTIGO 13.ºGestão financeira do sistema previdencial

1 - A gestão financeira do sistema previdencial obedece aos métodos de repartição e de capital-ização.

2 - A capitalização a que se refere o número an-terior é a capitalização pública de estabilização.

3 - A componente financeira do sistema previ-dencial gerida em repartição é denominada sistema previdencial repartição e a componente gerida em capitalização denomina-se sistema previdencial capitalização.

SUBSECÇÃO IISistema previdencial repartição

ARTIGO 14.ºReceitas do sistema

1 - Ao abrigo do disposto nos artigos 90.º e 92.º da Lei de Bases, constituem receitas do sistema previdencial as seguintes:

a) Receitas provenientes das quotizações dos trabalhadores por conta de outrem, das contri-buições dos trabalhadores independentes, das con-tribuições das entidades empregadoras, devidas no âmbito dos regimes gerais de segurança social e, bem assim, de outras contribuições, devidas no âmbito de outros regimes de segurança social, ainda que de inscrição facultativa;

b) Receitas provenientes de entidades ou fundos públicos associados a políticas activas de emprego e formação profissional;

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c) Receitas do Fundo Social Europeu e respec-tiva contrapartida nacional a cargo do Orçamento do Estado;

d) Rendimentos provenientes da rendibilização dos excedentes de tesouraria;

e) Transferências do sistema de protecção social de cidadania;

f) O produto de sanções pecuniárias aplicáveis no âmbito do sistema;

g) Receitas resultantes da contracção de em-préstimos, autorizados nos termos da lei;

h) Outras receitas legalmente previstas.2 - As receitas referidas na alínea a) do número

anterior correspondem ao produto da taxa con-tributiva global ou de outra, quando aplicável, pela base de incidência, destinada a compensar a ocorrência das eventualidades integradas no sistema previdencial e, bem assim, as despesas com as políticas activas de emprego e formação profissional, nos termos legalmente previstos.

3 - Sem prejuízo do disposto no n.º 1, pode haver lugar a transferências do Orçamento do Estado e, bem assim, a transferências do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social quando a situação financeira do sistema previden-cial o justifique.

ARTIGO 15.ºDespesas do sistema

1 - Constituem despesas do sistema previ-dencial as despesas com a protecção social nas eventualidades doença, maternidade, paternidade e adopção, desemprego, doenças profissionais, invalidez, velhice e morte e demais despesas pre-vistas por lei relacionadas com a prossecução dos objectivos deste sistema.

2 - O elenco das eventualidades referidas no número anterior pode ser alargado, em função da necessidade de dar cobertura a novos riscos sociais, nos termos e nas condições legalmente previstos, em função de determinadas situações e categorias de beneficiários.

3 - Constituem ainda despesas do sistema previdencial, nos termos do n.º 2 do artigo 90.º da Lei de Bases, as seguintes despesas com políticas activas de emprego e formação profissional:

a) Pagamento de compensações e outras prestações aos trabalhadores em caso de sus-pensão ou cessação dos respectivos contratos de trabalho, previstas por lei;

b) Transferências para outros serviços ou entidades públicas no quadro da prossecução de

objectivos de políticas de emprego, higiene e se-gurança no trabalho e formação profissional;

c) Realização de acções de formação profis-sional;

d) Os encargos decorrentes de taxas contribu-tivas mais favoráveis em virtude de medidas de estímulo ao emprego e ao aumento de postos de trabalho que não sejam objecto de financiamento por transferências do Orçamento do Estado nos termos previstos no n.º 4 do artigo 11.º.

SUBSECÇÃO IIISistema previdencial capitalização

ARTIGO 16.ºObjectivos da capitalização pública de estabilização

1 - A capitalização pública de estabilização tem por objectivo contribuir para o equilíbrio e sustentabilidade do sistema previdencial.

2 - O sistema previdencial capitalização, nos termos do n.º 1 do artigo 91.º da Lei de Bases, deve garantir, através de reservas acumuladas no Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social, um montante equivalente ao pagamento de pensões aos beneficiários por um período mínimo de dois anos.

ARTIGO 17.ºReceitas

1 - Nos termos do artigo 91.º da Lei de Bases, constituem receitas do sistema previdencial capitalização, integrando o Fundo de Estabiliza-ção Financeira da Segurança Social, as receitas resultantes de:

a) Uma parcela entre 2 e 4 pontos dos 11 pon-tos percentuais correspondentes às quotizações dos trabalhadores por conta de outrem;

b) Alienação do património do sistema de se-gurança social;

c) Rendimentos do património próprio e do património do Estado consignados ao reforço das reservas de capitalização;

d) Ganhos obtidos das aplicações financeiras geridos em regime de capitalização;

e) Excedentes anuais do sistema de segurança social, excepto aqueles que decorram de program-as financiados por transferências comunitárias;

f) O produto de eventuais excedentes de ex-ecução do Orçamento do Estado de cada ano;

g) Outras fontes previstas por lei.

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2 - A transferência para capitalização a que se refere a alínea a) do número anterior é obrigatória, excepto se a conjuntura económica do ano a que se refere ou a situação financeira do sistema pre-videncial justificadamente o não permitirem.

ARTIGO 18.ºDespesas

Constituem despesas do sistema previdencial capitalização as seguintes:

a) Investimentos;b) Transferências para o sistema previdencial

repartição;c) Outras despesas previstas por lei.

CAPÍTULO IIIDisposição transitória

ARTIGO 19.ºRegime aplicável às despesas no âmbito do QCA III

Sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo 4.º do presente decreto-lei, as despesas relativas à contrapartida nacional do 3.º Quadro Comuni-tário de Apoio são objecto de financiamento nos termos seguintes:

a) 50 %, por transferências do Orçamento do Estado;

b) 50 %, por receitas do sistema previdencial.

CAPÍTULO IVDisposições finais

ARTIGO 20.ºCriação de novas prestações

1 - A criação de novas prestações no sub-sistema de acção social, após a entrada em vigor do presente decreto-lei e que sejam objecto de financiamento pelo Orçamento do Estado ou por consignação de receitas fiscais, consta de portaria conjunta dos ministros responsáveis pela área das finanças e da segurança social, sem prejuízo de outra forma que seja imposta, designadamente pela lei de enquadramento orçamental.

2 - O disposto no número anterior não é aplicáv-el às prestações cuja denominação se altere nem àquelas que se destinem a substituir outras e não alarguem o âmbito pessoal e material respectivo ou que correspondam à actualização de encargos legalmente prevista.

ARTIGO 21.ºExecução financeira

O Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social apresenta mensalmente uma estimativa da execução financeira do sistema de segurança social, resultante da aplicação do presente de-creto-lei, até final do mês seguinte do período a que diz respeito, incluindo, designadamente, infor-mação sobre o número de beneficiários, receitas e despesas, desagregadas por sistema, subsistema e fontes de financiamento.

ARTIGO 22.ºProjecções de longo prazo de receitas e despesas

1 - Compete a um grupo de trabalho, espe-cialmente nomeado para o efeito pelo ministro responsável pela área da segurança social, produzir projecções actualizadas de longo prazo dos encar-gos das prestações diferidas, das quotizações dos trabalhadores e das contribuições das entidades empregadoras, para o efeito designadamente, nos termos do n.º 4 do artigo 93.º da Lei de Bases, do seu envio à Assembleia da República no quadro do processo orçamental.

2 - O grupo de trabalho referido no número anterior contará com um representante do ministro responsável pela área das finanças.

ARTIGO 23.ºNorma revogatória

É revogado o Decreto-Lei n.º 331/2001, de 20 de Dezembro.

ARTIGO 24.ºProdução de efeitos

O presente decreto-lei produz efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2008.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 13 de Setembro de 2007. - José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa - Fernando Teixeira dos Santos - José António Fonseca Vieira da Silva.

Promulgado em 22 de Outubro de 2007.Publique-se.O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.Referendado em 25 de Outubro de 2007.O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho

Pinto de Sousa.

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MILITARES DAS FORÇAS ARMADASBENEFICIÁRIOS EXTRAORDINÁRIOS

DA ASSISTÊNCIA NA DOENÇA

Portaria n.º 1393/2007, de 25 de Outubro

O Decreto-Lei n.º 167/2005, de 23 de Setem-bro, veio estabelecer o regime jurídico da assistên-cia na doença aos militares das Forças Armadas (ADM), resultante da unificação dos subsistemas de saúde específicos de cada ramo, no contexto da necessidade de fazer convergir os diversos subsistemas de saúde públicos com o regime geral da assistência na doença aos servidores civis do Estado, efectuada no âmbito da Direcção-Geral de Protecção Social aos Funcionários e Agentes da Administração Pública (ADSE).

Entretanto, o Decreto-Lei n.º 234/2005, de 30 de Dezembro, veio consagrar a possibilidade de os beneficiários titulares de ADSE, que sejam cônjuges ou vivam em união de facto com beneficiários titu-lares de qualquer subsistema de saúde destinado a funcionários, agentes e outros servidores do Estado, optarem pela inscrição como beneficiários extraordinários nesse subsistema.

Por seu turno, dispõe o n.º 5 do artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 234/2005, de 30 de Dezembro, que o regime aplicável aos beneficiários extraordinários de cada subsistema é definido por portaria conjunta do ministro com a tutela da respectiva entidade gestora e do membro do Governo responsável pelas áreas das finanças e da Administração Pública. Mais dispõe o artigo 17.º, alínea b), do Decreto-Lei n.º 167/2005, de 23 de Setembro, que a regulamentação necessária à boa execução deste diploma seja feita por portaria conjunta daqueles membros do Governo.

Torna-se, portanto, necessário regular os termos em que se pode efectivar este direito no âmbito da ADM, concluindo-se, assim, o quadro normativo de inscrição dos beneficiários neste subsistema de saúde: os beneficiários titulares, previstos no artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 167/2005, de 23 de Setem-bro; os beneficiários familiares ou equiparados, previstos no artigo 5.º do mesmo diploma, desde

que não se encontrem inscritos em outros regimes de protecção social ou sejam abrangidos por regime de segurança social de inscrição obrigatória, e, por fim, os beneficiários extraordinários.

Assim:Manda o Governo, pelos Ministros de Estado e

das Finanças e da Defesa Nacional, ao abrigo do disposto no n.º 5 do artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 234/2005, de 30 de Dezembro, e na alínea b) do artigo 17.º do Decreto-Lei n.º 167/2005, de 23 de Setembro, o seguinte:

ARTIGO 1.ºBeneficiário extraordinário

1 - Considera-se beneficiário extraordinário da assistência na doença aos militares das Forças Armadas (ADM) o beneficiário titular da ADSE que seja cônjuge ou viva em união de facto com o beneficiário titular da ADM e que, ao abrigo do direito de opção previsto no artigo 2.º do De-creto-Lei n.º 234/2005, de 30 de Dezembro, e no artigo 12.º do Decreto-Lei n.º 118/83, de 25 de Fevereiro, na redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 234/2005, de 30 de Dezembro, requeira a sua inscrição na ADM, de acordo com o disposto na presente portaria.

2 - Sem prejuízo do disposto na presente portaria, não pode inscrever-se na ADM como beneficiário familiar ou equiparado ou como beneficiário extraordinário quem seja beneficiário titular de outro regime de protecção social, inclu-indo o regime de segurança social de inscrição obrigatória, em resultado do exercício de actividade remunerada ou tributável, enquanto se mantiverem aquelas situações.

3 - A aquisição superveniente da qualidade de beneficiário titular de outro regime de protecção social ou de beneficiário de regime de segurança

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social nos termos do número anterior determina a perda da qualidade de beneficiário que detinha.

ARTIGO 2.ºInscrição e direito de opção

1 - O direito de opção é exercido pelo interes-sado mediante pedido de inscrição na ADM.

2 - A aquisição da condição de beneficiário extraordinário produz efeitos a partir do dia 1 do mês seguinte ao da aceitação da inscrição.

3 - O direito de opção deve ser exercido pelos interessados no prazo de três meses a contar da data de celebração do casamento ou da aquisição da qualidade de funcionário ou agente.

4 - Os actuais funcionários e agentes, bene-ficiários titulares da ADSE, devem exercer o direito de opção no prazo de três meses a contar da data de entrada em vigor da presente portaria.

5 - No caso das uniões de facto, o prazo para o exercício do direito de opção é estipulado mediante portaria do membro do Governo responsável pelas áreas das finanças e da Administração Pública.

6 - Os funcionários e agentes que iniciaram funções a partir de 1 de Janeiro de 2006 podem, a todo o tempo, renunciar à sua inscrição na ADM como beneficiários extraordinários, assumindo a renúncia carácter definitivo.

7 - A inscrição de um beneficiário titular da ADSE como beneficiário extraordinário da ADM implica transferir para esta a inscrição de todos os beneficiários familiares ou equiparados, que preencham os requisitos para o ser, mantendo-se como tal enquanto continuarem a reunir todas as condições.

ARTIGO 3.ºResponsabilidade pela inscrição

1 - A inscrição na ADM processa-se:a) Através dos serviços e organismos processa-

dores de vencimentos, no tocante aos funcionários e agentes no activo e aos respectivos familiares ou equiparados, ainda que sobrevivos, quando aqueles tiverem falecido antes da sua inscrição na ADM;

b) Pelos próprios funcionários e agentes que se encontrem na situação de aposentação ou pelos familiares sobrevivos dos mesmos.

2 - A entidade gestora da ADM deve comunicar a aceitação da inscrição às entidades referidas no número anterior, bem como transmitirá à ADSE, para efeitos de cancelamento da inscrição neste sub-sistema, os seguintes elementos de informação:

a) Data de aceitação da inscrição na ADM;b) Nome;

c) Número de beneficiário da ADSE;d) Número de bilhete de identidade;e) Número de identificação fiscal;f) Data de nascimento.

ARTIGO 4.ºDireitos e deveres

Os beneficiários extraordinários gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres dos beneficiá.ªrios familiares ou equipa-rados da ADM, com as ressalvas constantes da presente portaria.

ARTIGO 5.ºPerda da condição de beneficiário

1 - Os beneficiários extraordinários perdem esta condição, verificada alguma das seguintes situações:

a) Divórcio;b) Separação judicial de pessoas e bens;c) Dissolução da união de facto;d) Perda ou suspensão da qualidade de ben-

eficiário titular por parte do respectivo cônjuge ou pessoa com quem vivam em união de facto;

e) Perda da qualidade de funcionário ou agente;

f) Renúncia à inscrição nos termos previstos no n.º 6 do artigo 2.º

2 - A entidade gestora da ADM deve comunicar à ADSE e às entidades referidas no n.º 1 do artigo 3.º a perda da condição de beneficiário da ADM e a situação que a determinou.

ARTIGO 6.ºDescontos obrigatórios

1 - Constituem receita própria da ADM os mon-tantes provenientes dos descontos obrigatórios previstos no artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 125/81, de 27 de Maio, e na alínea c) do n.º 1 do artigo 14.º do Decreto-Lei n.º 353-A/89, de 16 de Outubro.

2 - Os serviços e organismos processadores dos vencimentos procedem mensalmente à entrega do montante correspondente aos descontos efec-tuados, a fim de o mesmo ser contabilizado como receita da entidade gestora da ADM.

ARTIGO 7.ºFamiliares e equiparados

Os familiares ou equiparados dos beneficiários extraordinários gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres dos beneficiários familiares ou equiparados da ADM.

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ASSISTÊNCIA NOS ACIDENTES DE SERVIÇO

E DOENÇAS PROFISSIONAIS Portaria n.º 1394/2007, de 25 de Outubro

O Decreto-Lei n.º 167/2005, de 23 de Setem-bro, veio estabelecer o regime jurídico da assistên-cia na doença aos militares das Forças Armadas (ADM), resultante da unificação dos subsistemas de saúde específicos de cada ramo, no contexto servidores civis do Estado, efectuada no âmbito da Direcção-Geral de Protecção Social aos Funcionári-os e Agentes da Administração Pública (ADSE).

Neste novo quadro legal, a ADM surge como co-responsável, nos termos definidos no Decreto-Lei n.º 167/2005, de 23 de Setembro, pelo pagamento das prestações de cuidados de saúde previstas neste diploma, competindo a gestão deste novo subsistema de saúde ao Instituto de Acção Social das Forças Armadas (IASFA).

Uma vez que, neste novo contexto, a assistên-cia na doença aos beneficiários da ADM também abrange o pagamento das despesas de saúde decorrentes de acidentes de serviço e doenças profissionais, torna-se necessário estabelecer as normas que permitam a sua exequibilidade.

Assim:Ao abrigo do disposto no n.º 2 do artigo 8.º

do Decreto-Lei n.º 167/2005, de 23 de Setembro, manda o Governo, pelos Ministros de Estado e das Finanças e da Defesa Nacional, o seguinte:

ARTIGO 1.ºÂmbito da assistência em caso de acidente

de serviço e doença profissional

1 - A assistência na doença aos beneficiários titulares da ADM abrange o pagamento das despe-sas de saúde decorrentes de acidentes de serviço

e doenças profissionais, desde que dos mesmos não resulte incapacidade permanente.

2 - Quando do acidente de serviço ou doença profissional resultar incapacidade permanente, o pagamento das despesas de saúde é da responsabil-idade do serviço de saúde militar do ramo das Forças Armadas a que pertence o militar incapacitado.

ARTIGO 2.ºResponsabilidade dos ramos das Forças Armadas

1 - Os ramos das Forças Armadas asseguram a organização de todos os processos referentes a acidentes de serviço e doenças profissionais dos militares.

2 - Os ramos das Forças Armadas asseguram ainda, directamente ou através de terceiros:

a) As prestações de natureza médica, cirúr-gica, de enfermagem, hospitalar, medicamentosa e quaisquer outras, incluindo tratamentos ter-mais, fisioterapia e o fornecimento de próteses e ortóteses, seja qual for a sua forma, desde que necessárias e adequadas ao diagnóstico ou ao res-tabelecimento do estado de saúde físico ou mental e da capacidade de trabalho ou de ganho do sinis-trado e à sua recuperação para a vida activa;

b) O transporte e a estada, designadamente para observação, tratamento, comparência perante juntas médicas ou a actos judiciais.

ARTIGO 3.ºResponsabilidade da ADM

1 - Nos casos previstos no n.º 1 do artigo 1.º, o pagamento das despesas de saúde decor-

ARTIGO 8.ºDireito subsidiário

Em tudo o que não estiver especialmente pre-visto no presente diploma, é aplicável o disposto no Decreto-Lei n.º 167/2005, de 23 de Setembro, e, com as necessárias adaptações, o previsto no De-creto-Lei n.º 118/83, de 25 de Fevereiro, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 234/2005, de 30 de Dezembro.

ARTIGO 9.ºEntrada em vigor

A presente portaria entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

Em 10 de Setembro de 2007.O Ministro de Estado e das Finanças, Fernando

Teixeira dos Santos.- O Ministro da Defesa Nacio-nal, Henrique Nuno Pires Severiano Teixeira.

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ASSISTÊNCIA NA DOENÇA

AOS BENEFICIÁRIOS NO ESTRANGEIRO

Portaria n.º 1395/2007, de 25 de Outubro

No âmbito da convergência dos subsistemas de saúde públicos com o regime geral da assistência na doença aos servidores civis do Estado, efectu-ada no âmbito da Direcção-Geral de Protecção So-cial aos Funcionários e Agentes da Administração Pública (ADSE), o Decreto-Lei n.º 167/2005, de 23 de Setembro, veio estabelecer o regime jurídico da assistência na doença aos militares das Forças Armadas (ADM), resultante da unificação dos sub-sistemas de saúde específicos de cada ramo.

O artigo 8.º, n.º 3, do Decreto-Lei n.º 167/2005, de 23 de Setembro, estabelece que a assistência na doença aos militares colocados no estrangeiro e aos respectivos familiares é regulada em diploma próprio.

Assim:Manda o Governo, pelos Ministros de Estado e

das Finanças e da Defesa Nacional, ao abrigo do disposto no n.º 3 do artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 167/2005, de 23 de Setembro, o seguinte:

ARTIGO 1.ºObjecto

A presente portaria aplica-se à assistência na doença aos beneficiários titulares da assistência na doença aos militares das Forças Armadas colo-cados no estrangeiro bem como aos beneficiários familiares que com eles se encontrem.

ARTIGO 2.ºRegra geral

As despesas resultantes da assistência na doença prestada aos beneficiários da ADM nos termos do artigo 1.º estão sujeitas às normas que regulam a assistência prestada em território nacio-nal, aplicando-se os códigos e nomenclaturas dos actos das tabelas do regime livre da assistência na doença aos servidores civis do Estado, efectuada no âmbito da Direcção-Geral de Protecção Social aos Funcionários e Agentes da Administração Pública (ADSE).

ARTIGO 3.ºPrestações de cuidados de saúde

1 - As prestações de cuidados de saúde são comparticipadas nos seguintes termos:

a) Beneficiários titulares - 100 %, desde que a assistência seja prestada em estabelecimento hospitalar militar ou estatal do país onde presta serviço ou, por reconhecida urgência, noutro es-tabelecimento de saúde;

b) Beneficiários familiares - 80 %, desde que a assistência seja prestada em estabelecimento hospitalar militar ou estatal do país onde o bene-ficiário titular presta serviço ou, por reconhecida urgência, noutro estabelecimento de saúde.

2 - As prestações de cuidados de saúde não

rentes das modalidades de assistência na doença mencionadas no n.º 2 do artigo anterior incumbe à entidade gestora da ADM.

2 - Para os efeitos do disposto no número anterior, os serviços de saúde dos ramos das Forças Armadas remetem à entidade gestora da ADM a documentação que comprove os encargos suportados, identificando os processos que lhes deram origem.

3 - São inscritas no orçamento do Ministério da Defesa Nacional as verbas necessárias para cobertura dos encargos decorrentes do n.º 1.

ARTIGO 4.ºEntrada em vigor

A presente portaria entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

Em 10 de Setembro de 2007.O Ministro de Estado e das Finanças, Fernando

Teixeira dos Santos. - O Ministro da Defesa Nacio-nal, Henrique Nuno Pires Severiano Teixeira.

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abrangidas pelo número anterior ficam sujeitas a autorização prévia do conselho directivo do Insti-tuto de Acção Social das Forças Armadas (IASFA), sendo as despesas comparticipadas em 80 %, até aos limites máximos previstos nas tabelas de comparticipações em vigor para os beneficiários da ADM.

3 - Nos casos previstos no n.º 1 em que exis-ta recurso a um estabelecimento hospitalar não militar o direito ao reembolso fica dependente do reconhecimento, pelo conselho directivo do IASFA, mediante requerimento fundamentado do interessado, de que tal resultou de uma impossibi-lidade objectiva de utilização dos estabelecimentos militares.

1. 4 - Nos casos previstos no número dois, o conselho directivo do IASFA pode, mediante requerimento fundamentado do interessado, au-torizar que a comparticipação se faça nos termos do n.º 1.

ARTIGO 4.ºAssistência medicamentosa

1 - A assistência medicamentosa depende de prescrição médica e da apensação, na receita, da parte da etiqueta que descreve a denominação comum internacional dos medicamentos.

2 - Os medicamentos são comparticipados nos seguintes termos:

a) Beneficiários titulares - 100 %;b) Beneficiários familiares - 80 %.

ARTIGO 5.ºProdução de efeitos

A presente portaria produz efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2007.

Em 10 de Setembro de 2007.O Ministro de Estado e das Finanças, Fernando

Teixeira dos Santos. - O Ministro da Defesa Nacio-nal, Henrique Nuno Pires Severiano Teixeira.

Toda a actualidade fiscal ao seu alcanceUm excelente instrumento de trabalho e de actualização constante do mundo dos impostos,

da actividade legislativa e das obrigações fiscais, comerciais e laborias

• LEGISLAÇÃO

• JURISPRUDÊNCIA

• CALENDÁRIO FISCAL

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Proposta de lei do Orçamento do Estado para 2008

OUTUBRO 2ª QUINZENA ANO 75º • 2007 • Nº 20

SUMÁRIO

Alterações fi scais para 2008A proposta de Orçamento de Estado para 2008,

apresentada no passado dia 12 de Outubro no Parla-mento, está essencialmente orientada para medidas de carácter social, envolvendo quer os particulares quer as empresas neste esforço.

NESTE NÚMERO:• Orçamento do Estado para 2008

- proposta de lei• Coefi cientes de actualização das rendas

para 2008

Assim, o que mais se destaca a nível fi scal neste orçamento são medidas criadas pela atribuição de incentivos fi scais à dinamização da economia e à componente social.

Nestes aspectos, há a destacar a descida do IVA em alguns alimentos até agora taxados a 21%, a redução de IRC para as empresas que criem creches ou infan-tários, a redução do mesmo imposto para a criação ou deslocalização de empresas para o interior do país, a criação de incentivos fi scais, em IRS, às famílias com fi lhos até 3 anos de idade, a isenção de IRS para as bolsas atribuídas aos desportistas de alta competição e as atribuídas aos desportistas em formação.

Em sentido contrário, e ainda em sede de IRS, os reformados serão atingidos uma vez mais com a redução da dedução específi ca da categoria H, passando um maior número de pensionistas a pagar IRS.

Legislação

Port. nº 1301/2007, de 3.10 (Protecção no desemprego - comissão de recursos prevista no DL nº 220/2006,

de 3.11) ............................................................... 734Port. nº 1305/2007, de 4.10 (Tributação do patrimó- nio - IMI - zonamento e coefi cientes de localização

no município de Cascais - alteração) .................. 713Port. nº 1359/2007, de 15.10 (Propriedade industrial

- aquisição on-line de marca registada - taxas) .. 714Aviso nº 19 303/20078, de 10.10 (Arrendamento - coefi ciente de actualização das rendas para 2008) 713Proposta de lei do Orçamento do Estado para 2008 715Resoluções AdministrativasContribuições e impostos: impostos relativos a 2003 - caducidade do direito à liquidação - procedimentos 710Imposto sobre veículos: isenção a defi cientes

- esclarecimentos ................................................ 712Informações vinculativasIVA: aquisição de automóveis para revenda; isenções nas importações; transacções intraco- munitárias - operações triangulares ................ 710 e 711Obrigações fi scais e Informações Diversas 702 a 709Trabalho e segurança SocialLegislação, Informações Diversas e Regulamentação do Trabalho ....................... 734 a 737Sumários do Diário da República ................ 738 e 740

(Continua na pág. 705)

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REVISORES OFICIAIS DE CONTASREGULAMENTO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Regulamento n.º 284/2007, de 25 de Outubro

Com a finalidade de assegurar a actualização permanente e a reciclagem dos seus conhecimentos, os revisores oficiais de contas estão adstritos, con-forme prevê o n.º 2 do artigo 62.º do Decreto-Lei n.º 487/99, de 16 de Novembro, ao dever de frequentar cursos de formação profissional a promover pela Ordem ou por esta reconhecidos, nos termos a fixar no regulamento de formação profissional.

A Directiva n.º 2006/43/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de Maio (8.ª direc-tiva), relativa à revisão legal das contas anuais e consolidadas, veio, por seu lado, impor aos Estados membros o dever de garantir que aos revisores oficiais de contas seja exigida a participação em programas adequados de formação contínua a fim de manterem um nível suficientemente elevado de conhecimentos teóricos, de qualificação profissio-nal e de valores deontológicos.

E o Comité de Formação da IFAC aprovou, entre-tanto, normas no domínio do Programa de Formação e Desenvolvimento Contínuo da Competência Profis-sional às quais importará também atender.

Nestes termos e tendo em conta a necessidade de dar cumprimento a tais exigências normativas, no âmbito da formação profissional dos revisores oficiais de contas, e a de contribuir para a criação de condições que permitam alcançar elevados níveis de qualidade no desempenho técnico e de-ontológico da profissão, a assembleia geral, sob proposta do conselho directivo, aprova, ao abrigo do disposto no artigo 16.º e na alínea b) do n.º 1 do artigo 30.º do Estatuto da Ordem dos Revisores Ofi-ciais de Contas (Decreto-Lei n.º 487/99, de 16 de Novembro), o seguinte Regulamento de Formação Profissional dos Revisores Oficiais de Contas:

CAPÍTULO I Disposições gerais

ARTIGO 1.ºObjectivos

1 - A formação profissional tem por objectivo facultar aos revisores oficiais de contas e aos seus

colaboradores os conhecimentos necessários para um adequado exercício da profissão, permitindo uma permanente actualização em matérias de natureza técnica e deontológica e proporcionando condições para o aumento das suas competências e para a ob-servância das exigências legais e regulamentares.

2 - A formação profissional é da responsabili-dade de cada revisor oficial de contas, cabendo à Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC) zelar pelo cumprimento do presente Regulamento bem como promover e ou aprovar as acções de for-mação que para o efeito considerem adequadas.

3 - O presente Regulamento aplica-se a todos os revisores oficiais de contas, independentemente da forma de exercício da sua actividade profissional.

CAPÍTULO II Caracterização e estrutura orgânica

de formação profissional

ARTIGO 2.ºMatérias abrangidas

A formação profissional deverá abranger as matérias previstas no regulamento de exame e outras matérias conexas com a actividade dos revisores oficiais de contas.

ARTIGO 3.ºModos de obtenção da formação profissional

A formação profissional pode ser obtida por au-toformação ou por acções de formação promovidas pela OROC, por sociedades de revisores oficiais de contas ou por outras entidades, em conformidade com o referido nos n.os 1 e 2 do artigo 14.º do presente Regulamento.

ARTIGO 4.ºOutros modos de alcançar

a formação profissional

1 - Os objectivos da formação profissional podem, ainda, ser atingidos através dos seguintes meios:

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a) Participação como instrutor em acções de formação organizadas pela OROC ou outras enti-dades congéneres estrangeiras;

b) Participação como docente ou como discen-te em cursos que conduzam à obtenção de grau académico, outros cursos de especialização ou seminários organizados por estabelecimentos de ensino superior, no âmbito das matérias referidas no artigo 2.º;

c) Participação em congressos ou seminários como orador, sempre que os temas se relacionem com as matérias referidas no artigo 2.º;

d) Publicação de trabalhos sobre matérias di-rectamente relacionadas ou conexas com a prática profissional;

e) Participação em júris de exames ou de pro-vas profissionais a que devam ser submetidos os candidatos a revisor oficial de contas.

2 - Em relação aos meios aos quais se referem as alíneas a), b) e e) do número anterior, cada hora de participação corresponde a uma hora de forma-ção não certificada. No que respeita à alínea c) do mesmo número, cada hora de participação corre-sponde a três horas de formação não certificada. A publicação de trabalhos nos termos previstos na alínea d) do número anterior equivale a trinta horas certificadas.

ARTIGO 5.ºFormação profissional obrigatória

1 - A formação profissional obrigatória dos re-visores oficiais de contas deve atingir, no mínimo, um total de cento e vinte horas por cada triénio, com, pelo menos, doze horas anuais.

2 - Do total de horas de formação obrigatória no triénio pelo menos trinta horas deverão cor-responder a formação certificada que tenha sido promovida ou reconhecida pela OROC.

ARTIGO 6.ºPlano anual de formação

1 - A comissão de formação deverá apresentar ao conselho directivo da OROC um plano anual de for-mação, o qual, depois de aprovado, será amplamente divulgado pelos revisores oficiais de contas.

2 - O plano anual de formação deve integrar o plano de actividades da OROC, o qual deve ser submetido a parecer do conselho superior.

ARTIGO 7.ºModo de participação nas acções de formação

As acções de formação poderão ser presenciais ou através de “e-learning”.

ARTIGO 8.ºMaterial técnico

A OROC manterá disponível o acesso ao material técnico relevante e zelará pela sua ac-tualidade.

CAPÍTULO III Comissão de formação

ARTIGO 9.ºComposição

A comissão de formação é composta por um coordenador e dois vogais, nomeados pelo con-selho directivo da OROC.

ARTIGO 10.ºFuncionamento

1 - A comissão de formação reunirá por convo-cação do coordenador e só deliberará com a sua presença, que terá voto de qualidade.

2 - Em caso de impedimento permanente de alguns dos seus membros, o conselho directivo da OROC nomeará os elementos em falta.

3 - Constitui impedimento permanente a falta, sem justificação, a três reuniões consecutivas da comissão.

ARTIGO 11.ºCompetências

A comissão de formação funcionará na de-pendência do conselho directivo da OROC, com-petindo-lhe:

a) Desempenhar as funções que lhe são expres-samente conferidas no presente Regulamento;

b) Outras funções que lhe venham a ser atribuídas.

CAPÍTULO IV Deveres dos revisores oficiais de contas

ARTIGO 12.ºDeveres

1 - Os revisores oficiais de contas são respon-sáveis pela sua própria formação profissional.

2 - Os revisores oficiais de contas deverão dispor de um plano anual de formação, o qual deverá ser apresentado sempre que solicitado pela OROC, nomeadamente no âmbito do controlo de qualidade horizontal.

3 - Os revisores oficiais de contas deverão man-ter registo das horas de formação. Esses registos

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deverão ser apresentados sempre que solicitados

pela OROC, nomeadamente no âmbito do controlo

de qualidade horizontal.

4 - Os revisores oficiais de contas deverão

elaborar, até Abril de cada ano, relatório anual,

cuja estrutura será definida em circular, relativo

à formação profissional contínua realizada no ano

civil anterior.

5 - Os revisores oficiais de contas deverão

propor ao conselho directivo da OROC acções

de formação que considerem de utilidade gener-

alizada, bem como colaborar na apresentação de

sessões de formação.

ARTIGO 13.º

Responsabilidade disciplinar

Comete infracção disciplinar o revisor oficial de

contas que, por acção ou omissão, violar dolosa

ou culposamente algum dos deveres estabelecidos

nos n.os 1 a 4 do artigo anterior.

CAPÍTULO V

ARTIGO 14.º

Avaliação das acções de formação

1 - A formação promovida pela OROC, por

sociedades de revisores oficiais de contas ou

por outras entidades será avaliada, quanto ao re-

spectivo nível científico e técnico, pela comissão

de formação quando esta o entenda ou lhe seja

solicitado pelo conselho directivo.

2 - Para efeito da avaliação referida no número

anterior, a comissão de formação deverá analisar

o programa desenvolvido, o número de horas lec-

cionadas, o currículo dos formadores e o material

de apoio distribuído aos participantes.

3 - As acções de formação promovidas pela

OROC, por sociedades de revisores oficiais de con-

tas ou por outras entidades deverão ser orientadas

por revisores oficiais de contas ou especialistas

com reconhecida competência para leccionar as

matérias em questão.

4 - A formação não certificada poderá também

ser avaliada, quanto ao respectivo nível científico

e técnico, pela comissão de formação quando lhe

seja solicitado pelo conselho directivo.

5 - Para efeito da avaliação referida no número

anterior, a comissão de formação deverá ter em

consideração:

a) O documento comprovativo da participa-

ção como formador em cursos que conduzam à

obtenção de grau académico, noutros cursos de

especialização ou em seminários organizados por

estabelecimentos de ensino superior, o programa

desenvolvido, o número de horas leccionadas e o

material de apoio distribuído aos participantes;

b) O documento comprovativo da participação

como orador em congressos ou seminários, o pro-

grama do congresso ou do seminário, o resumo da

apresentação efectuada, a duração da mesma e o

material de apoio dessa apresentação distribuído

aos participantes;

c) Um exemplar dos trabalhos publicados.

6 - A repetição da participação como docente

ou instrutor da mesma matéria, dentro do mesmo

triénio, em curso que conduza à obtenção de grau

académico, curso de especialização ou seminário

organizados por estabelecimentos de ensino

superior não será considerada para efeito deste

Regulamento.

CAPÍTULO VI

Disposições finais

ARTIGO 15.º

Publicação e entrada em vigor

1 - O presente Regulamento e as respec-

tivas alterações serão publicados no Diário da

República.

2 - O presente Regulamento entrará em vigor

em 1 de Janeiro de 2008.

Aprovado em assembleia geral extraordinária

de 26 de Julho de 2007.

26 de Julho de 2007. - O Vogal do Conselho

Directivo, António Campos Pires Caiado.

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GRAUS ACADÉMICOS ESTRANGEIROSREGIME JURÍDICO DO RECONHECIMENTO

Decreto-Lei n.º 341/2007, de 12 de Outubro

A mobilidade das pessoas e das ideias está na base das sociedades e das economias do conhe-cimento.

Superar atavismos corporativos e ilusões de auto-suficiência é exigência do País neste momento de desafios e de oportunidades.

Através do presente diploma, institui-se um novo regime de reconhecimento dos graus académi-cos estrangeiros de nível, objectivos e natureza idênticos aos dos graus de licenciado, mestre e doutor atribuídos por instituições de ensino superi-or portuguesas, conferindo aos seus titulares todos os direitos inerentes a estes graus académicos.

Trata-se da generalização aos graus de licen-ciado e de mestre do regime que já havia sido instituído para o grau de doutor pelo Decreto-Lei n.º 216/97, de 18 de Agosto, e que assenta no princípio da confiança recíproca que deve ser as-sumido pela comunidade académica internacional, substituindo, em todos os casos a que se aplique, o processo de equivalência baseado na reavaliação científica do trabalho realizado com vista à obten-ção do grau estrangeiro.

Afasta-se assim um obstáculo importante à cir-culação de diplomados, acolhendo, sem os entraves burocráticos e as demoras hoje existentes, todos quantos, tendo obtido os seus graus académicos no estrangeiro, queiram desenvolver actividade em Portugal.

Introduz-se igualmente um mecanismo de re-conhecimento da classificação final, que afastará os procedimentos burocráticos e manifestamente injustos que vinham sendo adoptados com exces-siva frequência no processo de equivalência.

Caberá depois aos empregadores, privados ou públicos, em cada situação concreta, proceder à avaliação específica da adequação da formação aos objectivos que estiverem em causa e adoptar os critérios de selecção mais apropriados.

Trata-se naturalmente de um procedimento exigente, em que a decisão quanto aos graus estrangeiros a reconhecer é cometida a uma comissão, presidida pelo director-geral do Ensino Superior, e integrada por um coordenador execu-tivo, por ele designado, por um representante de cada uma das entidades representativas das institu-ições de ensino superior (Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos e Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado), e por um sexto elemento, cooptado pelos restantes.

Mantém-se o regime de equivalência aprovado pelo Decreto-Lei n.º 283/83, de 21 de Junho, a que poderão recorrer os titulares de graus académicos estrangeiros a que não seja aplicado este modelo de reconhecimento automático, e através do qual os órgãos próprios das instituições de ensino superior procedem à apreciação casuística do mérito.

Este diploma enquadra-se num conjunto de medi-das que visam garantir a mobilidade efectiva e desbu-rocratizada, nacional e internacional, de estudantes e diplomados, vocacionadas para atrair e fixar em Portugal recursos humanos qualificados, portugueses ou estrangeiros, e onde se inserem também:

i) O novo regime de mobilidade dos estudantes entre instituições de ensino superior nacionais, do mesmo ou de diferentes subsistemas, bem como entre instituições de ensino superior nacionais e es-trangeiras, assegurado através do sistema europeu de transferência e acumulação de créditos (ECTS), com base no princípio do reconhecimento mútuo do valor da formação realizada e das competências adquiridas e constante do artigo 45.º do Decreto-Lei n.º 74/2006, de 24 de Março, que estabelece que as instituições de ensino superior, tendo em consideração o nível de créditos e a área científica onde foram obtidos:

Creditam nos seus ciclos de estudos a formação realizada no âmbito de outros ciclos de estudos

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superiores em instituições de ensino superior na-cionais ou estrangeiras;

Creditam nos seus ciclos de estudos a formação realizada no âmbito dos cursos de especialização tecnológica nos termos fixados pelo respectivo diploma;

Reconhecem, através da atribuição de crédi-tos, a experiência profissional e a formação pós-secundária;

ii) O novo regime de reingresso, mudança de curso e transferência, aprovado pela Portaria n.º 401/2007, de 5 de Abril, e através do qual se removem todos os obstáculos ao reingresso dos que interromperam os seus estudos superiores e se procede à alteração dos procedimentos de transferência e mudança de curso, integrando num só regime os estudantes oriundos de instituições nacionais e estrangeiras, alargando os limites à admissão e simplificando os procedimentos;

iii) O novo regime de frequência do ensino supe-rior por unidades capitalizáveis, diploma legal que em breve será submetido a consulta pública.

Este diploma dá concretização ao n.º 4 da medida n.º 6 do Programa de Simplificação Admin-istrativa e Legislativa - SIMPLEX 2007.

Foram ouvidos o Conselho de Reitores das Uni-versidades Portuguesas, o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, a Associa-ção Portuguesa do Ensino Superior Privado e as associações de estudantes do ensino superior.

Assim:No desenvolvimento do n.º 3 do artigo 66.º

da Lei n.º 46/86, de 14 de Outubro (Lei de Bases do Sistema Educativo), alterada pelas Leis n.os 115/97, de 19 de Setembro, e 49/2005, de 30 de Agosto, e nos termos das alíneas a) e c) do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

Reconhecimento de graus académicos supe-riores estrangeiros

CAPÍTULO IObjecto, âmbito e conceitos

ARTIGO 1.ºObjecto

O presente decreto-lei aprova o regime jurídico do reconhecimento de graus académicos superi-ores estrangeiros.

ARTIGO 2.ºÂmbito

1 - O disposto no presente decreto-lei aplica-se aos graus académicos conferidos por instituições

de ensino superior estrangeiras, de nível, objecti-vos e natureza idênticos aos dos graus de licen-ciado, mestre e doutor conferidos pelas instituições de ensino superior portuguesas.

2 - Não são abrangidos os graus académicos conferidos em regime de franquia.

ARTIGO 3.ºDefinições

Para os efeitos do presente decreto-lei, en-tende-se por:

a) «Instituição de ensino superior estrangeira» toda a instituição estrangeira abrangida pelo con-ceito de instituição de ensino superior a que se refere o artigo I.1 da Convenção sobre o Recon-hecimento das Qualificações Relativas ao Ensino Superior na Região Europa, aprovada, para ratifi-cação, pela Resolução da Assembleia da República n.º 25/2000, de 30 de Março;

b) «Grau académico conferido por instituição de ensino superior estrangeira» o grau académico oficialmente reconhecido pelas autoridades com-petentes do Estado respectivo, atribuído, nos termos legalmente previstos, por uma instituição abrangida pela alínea anterior;

c) «Diploma» o documento emitido, na forma legalmente prevista, pela instituição de ensino superior estrangeira, que titule um grau académico por ela atribuído;

d) «Escala de classificação final utilizada pelas instituições de ensino superior portuguesas» o intervalo 10-20 da escala numérica inteira de 0 a 20, conforme dispõe o n.º 3 do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 42/2005, de 22 de Fevereiro.

CAPÍTULO IIReconhecimento

ARTIGO 4.ºReconhecimento

1 - Aos titulares de graus académicos conferi-dos por instituição de ensino superior estrangeira cujo nível, objectivos e natureza sejam idênticos aos dos graus de licenciado, mestre ou doutor conferidos por instituições de ensino superior por-tuguesas, é reconhecida a totalidade dos direitos inerentes à titularidade dos referidos graus.

2 - Para os efeitos do disposto no número anterior, são considerados de nível, objectivos e natureza idênticos aos dos graus de licenciado, mestre ou doutor:

a) Os graus académicos conferidos por insti-tuições de ensino superior estrangeiras que, por deliberação fundamentada da comissão de recon-

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hecimento de graus estrangeiros a que se refere o capítulo iii, sejam como tal qualificados;

b) Os graus académicos conferidos por institu-ições de ensino superior estrangeiras de um Estado aderente ao Processo de Bolonha, na sequência de um 1.º, 2.º ou 3.º ciclo de estudos organizado de acordo com os princípios daquele Processo e acreditado por entidade acreditadora reconhecida no âmbito do mesmo Processo.

3 - O elenco de graus a que se refere a alínea b) do número anterior é fixado, ouvida a comissão de reconhecimento de graus estrangeiros a que se refere o capítulo iii, por despacho do director-geral do Ensino Superior, publicado na 2.ª série do Diário da República e no sítio da Internet da Direcção-Geral do Ensino Superior.

ARTIGO 5.ºAcordos internacionais

Os graus académicos estrangeiros objecto de acordo internacional de equivalência ou reconheci-mento que preveja a produção dos efeitos a que se refere o n.º 1 do artigo 4.º consideram-se reconhe-cidos nos termos fixados pelo respectivo acordo.

ARTIGO 6.ºClassificação final

1 - Sempre que ao grau estrangeiro reconhe-cido tenha sido atribuída uma classificação final, o titular do grau tem direito ao seu uso para todos os efeitos legais.

2 - Sempre que o titular do grau carecer de utilizar uma classificação final na escala de clas-sificação portuguesa, esta:

a) É a constante do diploma, quando a institu-ição de ensino superior estrangeira adopte a escala de classificação portuguesa;

b) É a resultante da conversão proporcional da classificação obtida para a escala de classificação portuguesa, quando a instituição de ensino superior estrangeira adopte uma escala diferente desta.

ARTIGO 7.ºIdentificação da qualificação académica

1 - Os beneficiários do reconhecimento identifi-cam a sua qualificação académica através da men-ção, na língua de origem, do grau académico de que são titulares, seguido do nome da instituição de ensino superior que o concedeu e do país re-spectivo e, sempre que necessário, da menção:

«Reconhecido, nos termos do Decreto-Lei n.º...Confere a totalidade dos direitos inerentes à

titularidade do grau de (indicar o grau) ...»

2 - Não resulta do reconhecimento a que se refere o presente decreto-lei a autorização para utilizar o título de «licenciado», «mestre» ou «dou-tor», ou de «licenciado (mestre ou doutor) por uma instituição de ensino superior portuguesa».

CAPÍTULO IIIComissão

ARTIGO 8.ºComissão de reconhecimento

de graus estrangeiros

1 - É criada uma comissão de reconhecimento de graus estrangeiros constituída por:

a) O director-geral do Ensino Superior, que preside;

b) Um coordenador executivo nomeado pelo director-geral do Ensino Superior;

c) Um elemento nomeado pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas;

d) Um elemento nomeado pelo Conselho Coor-denador dos Institutos Superiores Politécnicos;

e) Um elemento nomeado pela Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado;

f) Um elemento cooptado pelos restantes.2 - A composição da comissão é publicada na

2.ª série do Diário da República.3 - A comissão pode solicitar a colaboração

de peritos.4 - O apoio técnico e logístico à comissão é

prestado pela Direcção-Geral do Ensino Superior.

ARTIGO 9.ºDeliberações da comissão

1 - As deliberações da comissão são de na-tureza genérica, reportando-se, nomeadamente:

a) A um grau num Estado;b) A um grau conferido por um conjunto de

instituições de ensino superior de um Estado.2 - A alteração dos pressupostos subjacentes

a um reconhecimento determina a sua suspensão ou revogação por deliberação da comissão.

3 - As deliberações da comissão são publicadas na 2.ª série do Diário da República e no sítio da Internet da Direcção-Geral do Ensino Superior.

4 - Sempre que o critério a que se refere a alínea b) do n.º 1 se reporte a um elenco de instituições fixado por uma entidade acreditadora estrangeira reconhecida, compete à Direcção-Geral do Ensino Superior assegurar a divulgação desse elenco de instituições e, eventualmente, de ciclos de estu-dos, de forma permanentemente actualizada, no seu sítio na Internet.

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CAPÍTULO IVRegisto

ARTIGO 10.ºSujeição a registo

1 - A produção dos efeitos do reconhecimento depende do registo prévio do diploma.

2 - O processo de registo é definido por por-taria do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

ARTIGO 11.ºEntidade competente para o registo

O registo a que se refere o artigo anterior é feito:

a) Para qualquer grau:i) Numa universidade pública portuguesa, à es-

colha do interessado, sendo entidade competente para o acto o reitor;

ii) Na Direcção-Geral do Ensino Superior, sendo entidade competente para o acto o director-geral do Ensino Superior;

b) Para os graus de licenciado e de mestre, num instituto politécnico público português, à escolha do interessado, sendo entidade competente para o acto o presidente.

ARTIGO 12.ºPrazo

O registo é realizado no prazo máximo de um mês.

ARTIGO 13.ºRecusa do registo

O registo só pode ser recusado:a) Se o requerente não provar ser titular do

grau académico cujo registo requer;b) Se o grau académico de que o requerente

é titular não estiver reconhecido nos termos do presente decreto-lei.

ARTIGO 14.ºFixação da classificação

1 - A fixação da classificação na escala de classificação portuguesa é feita no acto de registo, pela entidade que procede ao mesmo, através da aplicação do disposto no n.º 2 do artigo 6.º

2 - O director-geral do Ensino Superior aprova, ouvida a comissão de reconhecimento de graus estrangeiros a que se refere o capítulo iii, as regras técnicas para a aplicação do disposto na alínea b) do n.º 2 do artigo 6.º.

3 - O despacho a que se refere o número ante-rior é publicado na 2.ª série do Diário da República e no sítio da Internet da Direcção-Geral do Ensino Superior.

4 - Com base em manifestas diferenças de dis-tribuição estatística entre as classificações atribuí-das pela instituição de ensino superior estrangeira e as classificações atribuídas pelas instituições de ensino superior portuguesas na mesma área, o titular do grau ou a entidade competente para o registo podem requerer, excepcional e fundamen-tadamente, ao director-geral do Ensino Superior, a fixação de uma classificação diferente da resul-tante da aplicação das regras a que se refere o n.º 2, sem prejuízo do respeito pelo princípio geral da conversão proporcional.

ARTIGO 15.ºEmolumentos

1 - Pelo acto de registo são devidos emolu-mentos, os quais constituem receita própria da entidade que procede ao mesmo.

2 - O valor dos emolumentos, incluindo os devidos pela certificação, não pode exceder o do custo do serviço de registo, nem ultrapassar um montante máximo a fixar por portaria do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

ARTIGO 16.ºInformação

1 - Os registos realizados em universidades e in-stitutos politécnicos são comunicados à Direcção-Geral do Ensino Superior nos termos fixados por despacho do director-geral do Ensino Superior publicado na 2.ª série do Diário da República.

2 - A forma de disponibilização dos registos referidos no número anterior, a cargo da Direcção-Geral do Ensino Superior, é definida por portaria do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Su-perior.

CAPÍTULO VOutras disposições

ARTIGO 17.ºInformação

O director-geral do Ensino Superior procede à publicação de informação sistematizada e per-manentemente actualizada acerca do elenco de graus abrangidos pelas normas a que se referem os artigos 4.º, 5.º e 18.º no sítio da Internet da Direcção-Geral do Ensino Superior.

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CAPÍTULO VIDisposições finais

ARTIGO 18.ºReconhecimentos conferidos ao abrigo

do Decreto-Lei n.º 216/97, de 18 de Agosto

Consideram-se desde já reconhecidos nos ter-mos do presente decreto-lei os graus reconhecidos ao abrigo do disposto no Decreto-Lei n.º 216/97, de 18 de Agosto, nos termos fixados pela delibe-ração n.º 120/98 (2.ª série), de 27 de Fevereiro, e pelos despachos n.os 22 018/99 (2.ª série), e 22 017/99 (2.ª série), de 16 de Novembro.

ARTIGO 19.ºArticulação com o Decreto-Lei n.º 283/83,

de 21 de Junho

Quando um grau académico estrangeiro não tenha sido genericamente reconhecido nos ter-mos dos artigos 4.º e 5.º do presente diploma, o respectivo titular pode solicitar a equivalência ou reconhecimento específicos nos termos do Decreto-Lei n.º 283/83, de 21 de Junho.

ARTIGO 20.ºNorma revogatória

São revogados:a) O Decreto-Lei n.º 216/97, de 18 de Agosto;b) A Portaria n.º 69/98, de 18 de Fevereiro,

alterada pela Portaria n.º 1049/99, de 27 de No-vembro.

ARTIGO 21.ºAlteração ao Decreto-Lei n.º 283/83,

de 21 de Junho

O artigo 27.º do Decreto-Lei n.º 283/83, de 21 de Junho, passa a ter a seguinte redacção:

«Artigo 27.º[...]1 - ...2 - Exceptua-se do disposto no número an-

terior:a) A revisão de equivalências concedidas ao

abrigo da legislação anterior ao Decreto-Lei n.º 555/77, de 31 de Dezembro;

b) A revisão, a pedido do interessado, de equiv-alências ou reconhecimentos concedidos, quando tenha ocorrido modificação superveniente dos graus conferidos na área em causa.»

ARTIGO 22.ºAditamento ao Decreto-Lei n.º 283/83,

de 21 de Junho

Ao Decreto-Lei n.º 283/83, de 21 de Junho, é aditado um artigo 34.º-A, com a seguinte re-dacção:

«Artigo 34.º-AEmolumentos1 - Pela concessão de equivalências ou recon-

hecimentos são devidos emolumentos, os quais constituem receita própria da entidade que procede à mesma.

2 - O valor dos emolumentos, incluindo os devidos pela certificação, não pode exceder o do custo do serviço nem ultrapassar um montante máximo a fixar por portaria do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.»

CAPÍTULO VIIDisposições transitórias

ARTIGO 23.ºAtribuição de classificaçãoa outros reconhecimentos

1 - Aos graus superiores estrangeiros reconhe-cidos pelas ordens e outras associações públicas para o exercício da profissão pode, a requerimento do interessado, ser atribuída uma classificação na escala de classificação portuguesa, nos termos fixados pelo n.º 2 do artigo 6.º.

2 - É competente para atribuir a classificação a que se refere o número anterior o director-geral do Ensino Superior.

ARTIGO 24.ºEquivalências e reconhecimentos já concedidas

Aos titulares de equivalência ou reconheci-mento obtido ao abrigo do Decreto-Lei n.º 283/83, de 21 de Junho, ou legislação anterior, é facultado requerer o reconhecimento ao abrigo do presente decreto-lei.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 9 de Agosto de 2007. - José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa - José Mariano Rebelo Pires Gago.

Promulgado em 27 de Setembro de 2007.Publique-se.O Presidente da República, Aníbal Cavaco

Silva.Referendado em de 1 de Outubro de 2007.O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho

Pinto de Sousa.

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REGULAMENTAÇÃO DO TRABALHOPUBLICADA NOS BTE N.OS 36 A 41DE 2007

BTE Nº 36, de 29-09-2007

CONVENÇÕES COLECTIVAS DE TRABALHO

Agricultores do Baixo Alentejo• CCT entre a Assoc. dos Agricultores do Baixo Alentejo e a FESHAT—Feder. dos Sind. da Agri-cultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal—Revisão global—RectificaçãoAgricultores do Ribatejo• Acordo de adesão entre a Assoc. dos Agri-cultores do Ribatejo e outra e o SETAA—Sind. da Agricultura, Alimentação e Florestas ao CCT entre a Assoc. dos Agricultores do Ribatejo (com excepção dos concelhos de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação) e outra e a FESAHT—Feder. dos Sind. da Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hote-laria e Turismo de Portugal e outras e respectivas alterações—RectificaçãoAnalistas Clínicos• CCT entre a APAC—Assoc. Portuguesa de Analistas Clínicos e a FETESE—Feder. dos Sind. dos Trabalhadores de Serviços—Alteração salarial e outras• CCT entre a APAC—Assoc. Portuguesa de Analistas Clínicos e a FEPCES—Feder. Portuguesa dos Sind. do Comércio, Escritórios e Serviços e outro—Alteração salarial e outras.Assoc. Comercial de Braga• CCT entre a ACB—Assoc. Comercial de Bra-ga—Comércio, Turismo e Serviços e outras e o SITESC—Sind. de Quadros, Técnicos Administra-tivos, Serviços e Novas Tecnologias e outro—Al-teração salarial e outrasBP Portugal• ACT entre a BP Portugal—Comércio de Com-bustíveis e Lubrificantes, S. A., e outras empresas petrolíferas e a FETESE—Feder. dos Sind. dos Trabalhadores de Serviços e outros—Alteração salarial e outras CoopCastrense, C. R. L.• AE entre a CoopCastrense—Coop. de Consumo Popular Castrense, C. R. L., e o CESP—Sind. dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal—Alteração salarial e outras e texto consolidado.

Futebol Clube do Porto• AE entre o Futebol Clube do Porto e o CESP—Sind. dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal e outros—Alteração salarial e outras Médicos Patologistas• CCT entre a APOMEPA—Assoc. Portuguesa dos Médicos Patologistas e a FETESE—Feder. dos Sind. dos Trabalhadores de Serviços—Alteração salarial e outras • CCT entre a APOMEPA—Assoc. Portuguesa dos Médicos Patologistas e a FEPCES—Feder. Portuguesa dos Sind. do Comércio, Escritórios e Serviços e outro—Alteração salarial e outrasSindicato dos Bancários• AE entre o Sind. dos Bancários do Sul e Ilhas e o SEP—Sind. dos Enfermeiros Portugueses para os enfermeiros ao serviço dos SAMS—Serviços de As-sistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas—Revisão global—Rectificação

ORGANIZAÇÕES DO TRABALHO

Associações sindicaisEstatutos:• SNCC/PSP—Sind. Nacional da Carreira de Chefes da Polícia de Segurança Pública—Alteração Associações de empregadoresDirecção:• Assoc. dos Industriais Transformadores de Vidro Plano de PortugaComissões de trabalhadoresEstatutos:• TRÓIAVERDE—Exploração Hoteleira e Imobil-iária, S. A.Representantes para a SHSTConvocatórias:• GONVARRI—Produtos Siderúrgicos, S. A.• FAPOBOL—Fábrica Portuense de Borracha, S. A• TMG—Têxtil Manuel Gonçalves, S. A.Eleição de representantes:• Eleição dos representantes dos trabalhadores para a segurança, higiene e saúde no trabalho da empresa MONTEADRIANO— Engenharia & Construção, S. A., realizada em 25 de Julho de 2007, de acordo com a convocatória publicada no Boletim do Trabalho e Emprego, 1.a série, n.o 24, de 29 de Junho de 2007

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CONVENÇÕES COLECTIVAS DE TRABALHO

Douro Azul, S. A.• ACT entre a Douro Azul — Sociedade Maríti-mo-Turística, S. A., e outra e a FESMAR — Fed-eração de Sindicatos dos Trabalhadores do Mar e outra — Integração em níveis de qualificação.Hotelaria e Restauração• CCT entre a UNIHSNOR Portugal — União das Empresas de Hotelaria, de Restauração e de Tur-ismo de Portugal e a FESAHT — Federação dos Sindicatos da Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal e entre a mesma associação de empregadores e a FETESE — Federa-ção dos Sindicatos dos Trabalhadores de Serviços • Integração em níveis de qualificação.Indústria Alimentar pelo Frio• CCT entre a ALIF — Associação da Indústria Alimentar pelo Frio e o SETAA — Sindicato da Agricultura, Alimentação e Florestas — Integração em níveis de qualificaçãoPanificação, Pastelaria e Similares• CCT entre a ACIP — Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares e a FEPCES — Federação Portuguesa dos Sindicatos do Comércio, Escritórios e Serviços (administrati-vos) — Alteração salarial e outras • CCT entre a AIPAN — Associação dos Industriais de Panificação, Pastelaria e Similares do Norte e a FEPCES — Federação Portuguesa dos Sindica-tos do Comércio, Escritórios e Serviços e outros (administrativos — Norte) — Integração em níveis de qualificaçãoPré-Fabricados de Betão, L.da• AE entre a RTS — Pré-Fabricados de Betão, L.da, e o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Cerâmica, Cimentos e Similares do Sul e Regiões Autónomas — Alteração salarial e outras

ORGANIZAÇÕES DO TRABALHO

Associações sindicaisEstatutos:• Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Indús-tria Farmacêutica — Alteração. • SITECSA — Sindicato dos Técnicos de Segu-rança Aérea — Alteração. Direcção:• Sindicato Independente dos Trabalhadores da In-formação e Comunicação — SITIC — Eleição em 8 de Setembro de 2007 para mandato de quatro anos. Associações de empregadoresEstatutos:• APERLU — Associação Portuguesa de Emprega-dores do Sector dos Resíduos e Limpeza Urbana.

Comissões de trabalhadoresEleições:• Comissão de Trabalhadores da empresa Transur-banos de Guimarães — Transportes Públicos, L.da • Eleição em 29 de Agosto de 2007.• Comissão e Subcomissão de Trabalhadores de Páginas Amarelas, S. A. — Eleição em 2 de Julho de 2007 para mandato de dois anos.Representantes para a SHST Convocatórias:• CAETANOBUS — Fábrica de Carroçarias, S. A. — Rectificação.

BTE Nº 38, de 15-10-2007

CONVENÇÕES COLECTIVAS DE TRABALHO

Clube de Campismo do Porto• ACT entre o CCP — Clube de Campismo do Porto e outro e o SITESC — Sindicato de Quadros, Técnicos Administrativos, Serviços e Novas Tecnologias Ensino Particular e Cooperativo • CCT entre a AEEP — Associação dos Estab-elecimentos de Ensino Particular e Cooperativo e a FNE — Federação Nacional dos Sindicatos da Educação e outros e entre a mesma associação de empregadores e a FENPROF — Federação Nacional dos professores e outros e entre a mesma asso-ciação de empregadores e o SINAPE — Sindicato Nacional dos Profissionais da Educação e entre a mesma associação de empregadores e o SPLIU — Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades — Integração em níveis de qualificaçãoIndústria Farmacêutica• CCT entre a APIFARMA — Associação Por-tuguesa da Indústria Farmacêutica e a FETESE — Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores de Serviços e outro — Rectificação.Panificação, Pastelaria e Similares• CCT entre a ACIP — Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares e a FETESE — Federação dos Sindicatos dos Trabal-hadores e Serviços (Administrativos) — Alteração salarial e outrasPETROGAL, S. A.• AE entre a Petróleos de Portugal — PETROGAL, S. A., e a FEQUIMETAL — Federação Intersindical da Metalurgia, Metalomecânica, Minas, Química, Farmacêutica, Petróleo e Gás e outros — Alteração• AE entre a Petróleos de Portugal — PETROGAL, S. A., e a FENSIQ — Confederação Nacional de Sindicatos de Quadros e outros — Alteração• AE entre a Petróleos de Portugal — PETROGAL, S. A., e a FETESE — Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores de Serviços e outros — Alteração

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PT Comunicações, S. A.• Acordo de adesão entre a PT Comunicações, S. A., e o SINTTAV — Sindicato Nacional dos Tra-balhadores das Telecomunicações e Audiovisual ao AE entre a mesma empresa e o SINDETELCO — Sindicato Democrático dos Trabalhadores das Comunicações e dos Média e outrosSOTANCRO, S. A.• AE entre a SOTANCRO — Embalagem de Vidro, S. A., e a FEVICCOM — Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro e outra — Integração em níveis de qualificaçãoSTCP, S. A.• AE entre a STCP — Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, S. A., e o STTAMP — Sin-dicato dos Trabalhadores de Transportes da Área Metropolitana do Porto e outro — Revisão global

ORGANIZAÇÕES DO TRABALHO

Associações sindicaisDirecção:• Sindicato dos Trabalhadores de Escritório, Informática e Serviços da Região Sul — STEIS — Eleição em 14 de Julho de 2007 para o período 2007 -2010 Associações de empregadoresDirecção:• Direcção da Confederação Nacional da Agricul-tura — CNA — Eleição em 29 de Abril de 2007 para o triénio de 2007-2010• Eleição da direcção da Associação de Comércio Indústria e Serviços do Barreiro e Moita realizada em 15 de Maio de 2007 para o triénio de 2007 -2010 Comissões de trabalhadoresEstatutos:• Comissão de Trabalhadores do Grupo Pestana Pousadas — Investimentos Turísticos, S. A. — Al-teração de estatutosEleições:• Comissão de Trabalhadores do Grupo Pes-tana Pousadas — Investimentos Turísticos, S. A. — Eleição em 6 de Setembro de 2007 para o quadriénio de 2007 -2011 • Representações dos trabalhadores para a segu-rança, higiene e saúde no trabalho:Convocatórias:• António Almeida & Filhos — Têxteis, S. A.Eleição de representantes:• Eleição dos Representantes dos Trabalhadores para a Segurança Higiene e Saúde no Trabalho da Empresa Abb Stotz Kontakt Eléctrica, Unipessoal, L.da, realizada em 12 de Setembro de 2007, de acordo com a convocatória publicada no Boletim do Trabalho e Emprego, 1.ª série, n.º 24, de 8 de Julho de 2007

BTE Nº 39, de 22-10-2007

CONVENÇÕES COLECTIVAS DE TRABALHO

Agentes e Correctores de SegurosCCT entre a ANACS — Associação Nacional de Agentes e Correctores de Seguros e o STAS — Sin-dicato dos Trabalhadores da Actividade Seguradora — Integração em níveis de qualificação Agricultores do Ribatejo• CCT entre a Associação dos Agricultores do Rib-atejo (com excepção dos concelhos de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação) e outra e a FESAHT — Federação dos Sindicatos da Agricultura, Alimen-tação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal e outras — Integração em níveis de qualificaçãoComerciantes do Porto• CCT entre a Associação dos Comerciantes do Porto e outras e o CESP — Sindicato dos Trab-alhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal e outros — Revisão globalComércio Portalegre • CCT entre a ACP — Associação Comercial de Portalegre e outra e a FETESE — Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores de Serviços e outro — Alteração salarial e outras — RectificaçãoMetalúrgicos• CCT entre a FENAME — Federação Nacional do Metal e a FETESE — Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores de Serviços e outros — Alteração salarial e outras — RectificaçãoOurivesaria e Relojoaria do Norte• CCT entre a Associação dos Industriais de Ourivesaria e Relojoaria do Norte e outras e a FI-EQUIMETAL — Federação Intersindical das Indústri-as Metalúrgicas, Química, Farmacêutica, Eléctrica, Energia e Minas — Alteração salarial e outras SCC, S. A• AE entre a SCC — Sociedade Central de Cervejas e Bebidas, S. A., e a FESAHT — Federação dos Sindicatos da Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal e outros — Revisão global — Integração em níveis de qualificação

ORGANIZAÇÕES DO TRABALHO

Associações sindicaisEstatutos:• Sindicato dos Técnicos Superiores, Técnicos, Administrativos e Auxiliares de Educação da Zona Norte — STAAEZN — Alteração.Direcção:• Associação Sindical do Pessoal de Tráfego da Carris — Eleição realizada em 26 de Setembro de 2007 para o mandato de três anos

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Associações de empregadoresEstatutos:• Federação Nacional dos Médicos — Rectificação• ANTRAL — Associação Nacional dos Transportado-res Rodoviários em Automóveis Ligeiros — Alteração Comissões de trabalhadoresEleições:• Comissão de Trabalhadores da Rodoviária de Lisboa, S. A. — Eleição em 13 e 14 de Setembro de 2007, para o triénio de 2007 -2010 Representantes para a SHSTConvocatórias:• BLB Indústrias Metalúrgicas, S. A. Eleição de representantes:• SIKA Portugal — Produtos de Construção e Indústria, S. A. — Eleição dos representantes dos trabalhadores para a segurança, higiene e saúde no trabalho realizada em 19 de Setembro de 2007

BTE Nº 40, de 29-10-2007

CONVENÇÕES COLECTIVAS DE TRABALHO

Associação Empresarial de V. do Castelo• CCT entre a Associação Empresarial de Viana do Castelo e outras e o CESP — Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal — Alteração salarial e outrasCIMIANTO, S. A• ACT entre a CIMIANTO — Sociedade Técnica de Hidráulica, S. A., e outra e a FETESE — Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores de Serviços e outros — Alteração salarial e outras.HPEM, E. M.• AE entre HPEM — Higiene Pública, E. M., e o STAL — Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administ-ração Local — Integração em níveis de qualificaçãoIndustriais de Carnes • CCT entre a ANIC — Associação Nacional dos Industriais de Carnes e a FESAHT — Federação dos Sindicatos da Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal e outros — Alte-ração salarial e outrasSector Eléctrico e Electrónico• CCT entre a Associação Portuguesa das Empre-sas do Sector Eléctrico e Electrónico e a FETESE • Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores de Serviços e outros — Alteração salarial e outras .

ORGANIZAÇÕES DO TRABALHO

Associações sindicaisEstatutos:• SINDAV — Sindicato Democrático dos Trabalha-dores dos Aeroportos e Aviação — Alteração

• Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Norte — Alteração • STAL — Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local — Nulidade parcial . • S. T. F. — Sindicato dos Transportes Ferroviários — Alteração.Direcção:• Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes da Área Metropolitana do Porto — Eleição em 13 de Setembro de 2007 para o triénio de 2007-2010 Associações de empregadoresEstatutos:• ACPEEP — Associação de Creches e Pequenos Estabelecimentos de Ensino Particular — Consti-tuição Direcção:• ACPEEP — Associação de Creches e Pequenos Estabelecimentos de Ensino Particular — Eleição em 3 de Setembro de 2007 para o triénio de 2007-2009 • AICCS — Associação da Indústria e Comércio de Colas e Similares — Substituição.Comissões de trabalhadores Eleições:• Comissão de Trabalhadores do Banco Comercial Português — Substituição.Representações dos trabalhadores para a segu-rança, higiene e saúde no trabalho:Convocatórias:• FAPOBOL — Fábrica de Materiais Plásticos, S. A. • Automóveis Citroen, S. A. • Caixa Económica Montepio Geral (CEMG).Eleição de representantes:• CAMO — Indústria de Autocarros, S. A. • Hydro Alumínio Portalex, S. A. • S. A. S. Autosystemtecnik • IBEROL — Sociedade Ibérica de Biocombustíveis e Oleaginosas, S. A. • Irmãos Heleno, L.da • IFM — Indústria de Fibras de Madeira, S. A.

BTE Nº 41, de 08-11-2007

CONVENÇÕES COLECTIVAS DE TRABALHO

ADE GAS COOP E RATIVAS DO CE NTRO E SUL

• CCT entre a ASCOOP — Associação das Ad-egas Cooperativas do Centro e Sul de Portugal e a FEPCES — Federação Portuguesa dos Sindicatos do Comércio, Escritórios e Serviços e outra — Al-teração salarial e outras

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Bolachas e Afins• CCT entre a AIBA — Associação dos Industriais de Bolachas e Afins e a FETICEQ — Federação dos Trabalhadores das Indústrias Cerâmica, Vidreira, Extractiva, Energia e Química (pessoal fabril, de apoio e manutenção — Alteração salarial e outra) — RectificaçãoComércio do Distrito de Beja• CCT entre a Associação Comercial do Distrito de Beja e o CESP — Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal e outro — Alteração salarial e outras e texto consolidadoCortiça• CCT entre a APCOR — Associação Portuguesa de Cortiça e outra e a FEVICCOM — Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmi-ca e Vidro e outros (pessoal fabril) — Alteração salarial e outrasInstituições de Crédito• ACT entre várias instituições de crédito e o Sindi-cato dos Bancários do Norte e outros — Alteração salarial e outras

ORGANIZAÇÕES DO TRABALHO

Associações sindicaisEstatutos:• Sindicato dos Enfermeiros — Alteração• União dos Sindicatos do Norte Alentejano — Alteração • SPN — Sindicato dos Professores do Norte — AlteraçãoDirecção:• Sindicato Nacional Ferroviário do Pessoal de Trens — Eleição em 15 de Outubro de 2004 para mandato de três anos (triénio de 2004-2007) • União dos Sindicatos de Castelo Branco/CGTP-IN — Eleição no dia 1 de Outubro de 2007, em plenário eleitoral, para suprir vagas na direcção até final do presente mandato. • Sindicato Nacional dos Quadros das Telecomu-nicações — TENSIQ — Eleição em 21 de Junho de 2007 para o biénio de 2007-2009.Associações de empregadoresEstatutos:• Associação Comercial e Industrial de Amarante, que passa a denominar-se Associação Empresarial de Amarante — Alteração• Associação Portuguesa das Empresas de Betão Pronto — APEB — Alteração • Associação Comercial do Concelho de Matosin-hos, que passa a denominar -se Associação Empre-sarial do Concelho de Matosinhos — Alteração • Associação da Hotelaria Regional do Distrito de Aveiro — AHRDA — Alteração

Direcção:• Associação Portuguesa das Empresas de Betão Pronto — APEB — Eleição em 19 de Abril de 2007 para o mandato de dois anos (biénio de 2007 -2008)• Associação da Indústria e Comércio de Colas e Similares — AICCS — Substituição• Associação Empresarial do Concelho de Ma-tosinhos — Eleição em 25 de Janeiro de 2007 para mandato de três anos (triénio de 2007-2009) • ANIRSF — Associação Nacional dos Industriais de Refrigerantes e Sumos de Frutos — Eleição em 23 de Marco de 2006 para o mandato de 2006-2008 — Substituição Comissões de trabalhadoresEstatutos:• Comissão de Trabalhadores da AIP/CE — As-sociação Industrial Portuguesa/Confederação Empresarial — Alteração • Comissão de Trabalhadores do Banco Espírito Santo — AlteraçãoEleições:• Comissão de Trabalhadores da AIP/CE — As-sociação Industrial Portuguesa/Confederação Empresarial — Eleição em 16 de Janeiro de 2007 para o quadriénio de 2007 -2011.Representes para a SHSTConvocatórias:• West Pharma — Produtos e Especialidades Farmacêuticas, S. A.• Brunswick Marine — Emea Operations, L.da .Eleição de representantes:• SOPORCEL — Sociedade Portuguesa de Papel, S. A. — Eleição, em 22 de Janeiro de 2007, para o mandato de três anos, dos representantes dos trabalhadores para a segurança, higiene e saúde no trabalho, de acordo com a convocatória publicada no Boletim do Trababalho e Emprego, 1.ª série, n.º 48, de 29 de Dezembro de 2006• Huf Portuguesa — Fábrica de Componentes para o Automóvel, L.da — Eleição dos representantes dos trabalhadores para a segurança, higiene e saúde no trabalho (SHST), realizada em 20 de Setembro de 2007, de acordo com a convocatória publicada no Boletim do Trababalho e Emprego, 1.ª série, n.º 17, de 8 de Maio de 2007 • CIE PASFIL, S. A. — Eleição dos representantes dos trabalhadores para a segurança, higiene e saúde no trabalho, realizada em 3 de Outubro de 2007, de acordo com a convocatória publicada no Boletim do Trabalho e Emprego, 1.ª série, n.º 11, de 22 de Março de 2007.

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SUMÁRIOS DA LEGISLAÇÃO PUBLICADA ENTRE

16 DE SETEMBRO E 15 DE OUTUBRO DE 2007

TRABALHO

Decreto-Lei n.º 314/2007, de 17.9 - Estabelece o regime específico de reclassificação profissional do pessoal docente dos estabelecimentos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário que exerce transitoriamente funções não docentes nos serviços centrais e periféricos do Ministério da Edu-cação, bem como noutros serviços e organismos da administração central e local do Estado.Portaria n.º 1238/2007, de 24.9 - Aprova o regula-mento de extensão das alterações salariais dos CCT entre a APIM - Associação Portuguesa da Indústria de Moagem e Massas e outras e a FESAHT - Fed-eração dos Sindicatos da Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal e outros e entre essas mesmas associações de empregadores e a FETICEQ - Federação dos Trabalhadores das Indústrias Cerâmica, Vidreira, Extractiva, Energia e Química (apoio e manutenção).Portaria n.º 1239/2007, de 24.9 - Aprova o regulamento de extensão do CCT entre a FAPEL - Associação Portuguesa de Fabricantes de Papel e Cartão e a FETESE - Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores de Serviços e outrosPortaria n.º 1248/2007, de 25.9 - Aprova o regula-mento de extensão das alterações do CCT entre a ADIPA - Associação dos Distribuidores de Produtos Alimentares e outras e a FETESE - Federação dos Sin-dicatos dos Trabalhadores de Serviços e outros.Portaria n.º 1249/2007, de 25.9 - Aprova o regula-mento de extensão das alterações do CCT entre a FENAME - Federação Nacional do Metal e o SERS - Sindicato dos Engenheiros e outro.Portaria n.º 1250/2007, de 25.9 - Aprova o regu-lamento de extensão das alterações dos CCT entre a ANASE - Associação Nacional de Serviços de Limpeza a Seco, Lavandaria e Tinturaria e a FETESE - Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores de Serviços e outro e entre a mesma associação de em-pregadores e a FESETE - Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores Têxteis, Lanifícios, Vestuário, Calçado e Peles de Portugal e, ainda, entre a mesma associação de empregadores e a FESAHT - Federa-ção dos Sindicatos da Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal.Decreto-Lei n.º 320/2007, de 27.9 - Altera o Regulamento de Incentivos à Prestação de Ser-viço Militar nos Regimes de Contrato (RC) e de Voluntariado (RV), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 320-A/2000, de 15 de Dezembro.

Decreto-Lei n.º 322/2007, de 27.9 - No uso da autorização legislativa concedida pela Lei n.º 39/2007, de 16 de Agosto, fixa o limite máximo de idade para o exercício de funções dos pilotos comandantes e co-pilotos de aeronaves operadas em serviços de transporte comercial de passage-iros, carga ou correio.Portaria n.º 1273/2007, de 27.9 - Aprova o regu-lamento de extensão das alterações dos CCT entre a UACS - União de Associações do Comércio e Serviços e outra e o CESP - Sindicato dos Trab-alhadores de Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal e outros e entre as mesmas associações de empregadores e a FETESE - Federação dos Sin-dicatos dos Trabalhadores de Serviços e outros.Portaria n.º 1274/2007, de 27.9 - Aprova o regu-lamento de extensão das alterações do CCT entre a ANACPA - Associação Nacional de Comerciantes de Produtos Alimentares e a FETESE - Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores de Serviços.Portaria n.º 1275/2007, de 27.9 - Aprova o regu-lamento de extensão das alterações do CCT entre a Associação Comercial, Industrial e Serviços de Bragança e outras e a FEPCES - Federação Por-tuguesa dos Sindicatos do Comércio, Escritórios e Serviços.Portaria n.º 1276/2007, de 27.9 - Aprova o regu-lamento de extensão das alterações do CCT entre a ANIL - Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios e várias organizações cooperativas de produtores de leite e o Sindicato dos Profissionais de Lacticínios, Alimentação, Agricultura, Escritóri-os, Comércio, Serviços, Transportes Rodoviários, Metalomecânica, Metalurgia, Construção Civil e Madeiras.

SEGURANÇA SOCIAL

Portaria n.º 1277/2007, de 27.9 - Aprova o modelo de requerimento do abono de família pré-natal e do abono de família para crianças e jovens.

ENSINO

Portaria n.º 1260/2007, de 26.9 - Estabelece o regime do contrato de autonomia a celebrar entre as escolas e a respectiva Direcção Regional de Educação em regime de experiência pedagógica.Decreto-Lei n.º 341/2007, de 12.10 - Aprova o regime jurídico do reconhecimento de graus aca-démicos superiores estrangeiros.