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Informédia - Iraque Newsletter nº 10 - Outubro de 2014 “A Construção da União Euroasiática ” por Nuno Ferreira “Consolidar a paz em Timor - Leste. Uma fórmula multidimensional.” por Maria Raquel Freire Para além dos acontecimentos mais recentes na área do State Building and Fragility!

“Consolidar a paz em Timor-Leste. · “Consolidar a paz em Timor-Leste. ... Bem como de fuga de milhares de refugiados para a Turquia, em particular os perseguidos yazidi. Em Hong

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Informédia - Iraque

Newsletter nº 10 - Outubro de 2014

“A Construção da União Euroasiática ”

por Nuno Ferreira

“Consolidar a paz em Timor-Leste.

Uma fórmula multidimensional.”

por Maria Raquel Freire

Para além dos acontecimentos mais recentes na área do

State Building and Fragility!

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III

Publicidade - “Call for papers”

Iº “Call for papers” do SBFM

Com o objectivo de sermos inovadores e porque queremos uma re-

lação mais interactiva com o nosso público é com grande prazer que o

State Building and Fragility Monitor (SBFM) lança o seu primeiro Call

for papers!

Esperamos que este concurso permita a descoberta de novos ta-

lentos e a afirmação dos já conhecidos!

Todas as informações necessárias para a participação encontram-

se publicadas, aqui, no Regulamento.

Contamos com a tua participação!

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IV

Editorial

Editorial

O número de Outubro conta com as secções habituais, a Cronologia Fotográfi-

ca e a Informédia, e com dois artigos de fundo, um primeiro de Nuno Ferrei-

ra, que aborda um tema que merece uma atenção crescente - a construção da União

Euroasiática, e um segundo, da Professora Maria Raquel Freire, da Universidade de Co-

imbra, o qual se debruça sobre a consolidação da paz em Timor-Leste, tema do projecto

de investigação que conduziu.

De referir, ainda, que o State Building and Fragility Monitor lança este mês um

“Call for papers” destinado a atrair a participação da comunidade académica, docentes

e discentes, a colaborar nesta ‘Newsletter’.

Nuno Canas Mendes

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V

Cronologia Fotográfica

O mês de Setembro foi pródigo em eventos que atraíram significativa atenção

dos media, com particular destaque para a questão do referendo escocês. A

Escócia respondeu “não” ao referendo que decidia a sua independência e consequente

separação ao Reino Unido de uma união que dura desde 1707. O “não” garantiu 55%

dos votos e o “sim” apenas 45%.

Na Coreia do Norte, têm-se adensado os rumores sobre o paradeiro de Kim Jong-

un, o líder norte-coreano tem estado desaparecido e foram apontadas várias possibili-

dades para justificar a sua ausência. Sendo que as mais veiculadas são hipótese de

afastamento interno ou problemas de saúde. No mesmo período a existência de campos

de trabalho foi oficialmente admitida pelo regime, algo que já foi extensivamente abor-

dado anteriormente, particularmente pelos meios de comunicação no Ocidente e na Co-

reia do Sul.

No Médio Oriente, mais concretamente no Iraque e na Síria, o Estado Islâmico con-

tinuou a expandir-se sem grande oposição. O mês de Setembro ficou marcado por exe-

cuções de vários jornalistas previamente raptados pelos extremistas. Bem como de fuga

de milhares de refugiados para a Turquia, em particular os perseguidos yazidi.

Em Hong Kong, iniciaram-se protestos que reclamam democracia para a região,

após Pequim ter anunciado que iria impor limites em quem se poderia candidatar à li-

Cronologia Fotográfica

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VI

derança de Hong Kong em 2017. O facto de os candidatos terem de ser pré-aprovados por

Pequim e não nomeados por sufrágio é o principal motivo de discórdia.

A recente epidemia, ébola, continua a difundir-se, tendo sido recentemente registados

os primeiros casos na Europa e nos EUA. Até que ponto pode esta epidemia condicionar a

mobilidade de pessoas um pouco por todo o mundo?

A questão ucraniana foi marcada por um cessar-fogo bastante instável que merece al-

gumas dúvidas por parte da sociedade internacional. De momento procura-se que o mes-

mo estabilize. A questão das sanções económicas continua a afectar tanto o Ocidente como

a Rússia e não se prevê uma resolução rápida que possa por um fim às mesmas.

A Assembleia Geral das Nações Unidas foi outro dos eventos que marcou Setembro.

Os pontos principais a serem discutidos foram a questão do terrorismo e uma resposta co-

mum da ONU ao mesmo, bem como o fenómeno das alterações climáticas.

Outro ponto forte de Setembro e Outubro foram as eleições, com destaque para as

eleições presidenciais brasileiras que de momento irão à segunda volta, estando a corrida

centrada na actual presidente, Dilma Rousseff, e Aécio Neves do PSDB. Na Suécia, o gover-

no conservador formado a partir da aliança de três partidos de direita não conseguiu asse-

gurar um terceiro mandato no governo, com a vitória de uma coligação de outros três par-

tidos de esquerda, encabeçados pelos social-democratas. Na Bulgária e na Letónia as vitó-

rias foram asseguradas por governos de centro-direita. No entanto, na Bulgária não se ve-

rificou uma maioria absoluta, o que poderá conduzir a uma coligação. Na Letónia foi asse-

gurada maioria absoluta através de uma aliança de três partidos.

Já em Outubro, uma das notícias mais recentes é a da atribuição do Nobel da Paz,

partilhado entre Kailash Satyarthi e Malala Yousafzai “pela sua luta contra a opressão das

crianças e jovens e pelo direito que todos eles possuem a uma educação”.

Fontes das Imagens:

Imagem número 1- http://altpressfthiotida.com/wp-content/uploads/2014/09/scotia.jpg

Imagem número 2- http://i.imgur.com/UpDRjiJ.jpg

Imagem número 3- http://d.ibtimes.co.uk/en/full/1393570/yazidi-refugees-flee-

iraq.jpgff130767cc5c8.jpg

Imagem número 4- http://www.thetimesinplainenglish.com/wp/wp-content/uploads/2014/10/

Hong-Kong.jpg

Imagem número 5- http://www.dailynews.co.th/imagecache/670x490/cover/824939.jpeg

Imagem número 6- http://i.telegraph.co.uk/multimedia/archive/02851/Putin_2851614b.jpg

Imagem número 7- http://lainfo.es/en/wp-content/uploads/lainfo.es-18275-onu009.jpg

Imagem número 8- http://www.teciber.com/wp-content/uploads/2014/09/brasil.jpg Imagem número 9- http://static.noticiasaominuto.com/stockimages/615x230/

naom_53aab999c7531.jpg

Cronologia Fotográfica

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VII

Artigo 1 - A Construção da União Euroasiática

A Construção da União Euroasiática

por Nuno Ferreira,

Administrador do State Building and Fragility Monitor

U m projecto em construção

Com o fim da URSS criou-se um vácuo organizacional na região que vai

da Europa do Leste até à Ásia Central e que foi fracamente preenchido nas décadas que

se passaram, devido ao “fantasma” soviético.

No entanto, a Rússia nunca esqueceu o seu passado grandioso, em que a sua influên-

cia sempre ultrapassou (em vários níveis e de várias formas) as suas fronteiras; tanto

durante o Império Russo, como durante a URSS. Paralelo a este sentimento, o Caza-

quistão procura uma nova posição na comunidade internacional, desde que restabele-

ceu a sua independência.

Tendo em mente estas motivações e o sonho de grandeza do povo russo – alicerça-

do numa perspectiva de serem a “ponte” entre a Europa e a Ásia e a “Terceira Roma” –

acrescentado ao desejo cazaque de vir a ser uma potência económica e um exemplo na

via do multilateralismo – vendo nos arranjos interdependentes mais valor que na abso-

luta independência, reflectindo a sua própria estrutura interna multi-étnica –, começou

-se a pensar num novo organismo supranacional que possa (unir os vários já existentes

no espaço pós-soviético e) revitalizar a influência dos seus membros (principalmente da

Rússia) na região e no mundo, tornando realidade os seus sonhos. Esse organismo é a

União Euroasiática.

A União Euroasiática (UEA) é um projecto em relativamente lenta construção, ad-

vindo de um conceito desenhado e acarinhado pela Rússia (através de Putin)1 e pelo Ca-

zaquistão (através de Nursultan Nazarbayev).2 Tem como pretensão ser uma área de li-

gação entre a Europa e a Ásia/Pacífico (reflectindo a mitológica missão do povo russo),

mas recusando ser uma nova URSS.3

A sua estrutura veio a desenvolver-se em “pequenos passos” através da constitui-

ção de vários organismos transnacionais que se vieram a completar, complementar e

aprofundar, entre si. Primeiro uma Comunidade Económica Euroasiática, depois uma

União Aduaneira, a seguir um Espaço Económico Comum e, por fim, a União Económi-

ca Euroasiática (concluída com a assinatura do Tratado para a UEA, que deve entrar

em vigor a 1 de Janeiro de 2015).4 5 6

Para além dos seus actuais membros (Bielorrússia, Cazaquistão e Rússia), tanto a

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Arménia, como o Quirguistão, anunciaram o seu interesse.7 Tendo o primeiro já assina-

do um acordo para se juntar à organização, o que acontecerá formalmente a 1 de Janei-

ro de 2015.8 9 Pelo menos, até um futuro próximo a atracção de novos elementos deverá

ser um dos objectivos primários da organização…

Uma construção em “pequenos passos”

A Comunidade Económica Euroasiática

A EurAsEC é pedra basilar da UEA, para além de ser a organização (com ligações à

UEA) que tem mais Estados-membros, actualmente (que são, naturalmente, os primei-

ros “Estados-alvos” para a entrada na UEA). Foi oficialmente criada em Maio de 2001,

após a ratificação do seu Tratado fundador pela Bielorrússia, o Cazaquistão, o Quir-

guistão, a Rússia e o Tajiquistão.

O Uzbequistão também entrou em Janeiro de 2006; mas veio a pedir a suspensão

da sua participação em 2008. Por outro lado, a Moldávia, a Ucrânia e a Arménia rece-

beram o estatuto de Estados-observadores (os primeiros dois em Maio de 2002 e o ter-

ceiro em Abril de 2003).10

A EurAsEC pretende «(…) effectively promote the process of formation of the Customs Union

and the Single Economic Space, and to implement other objectives and tasks outlined in the above-

mentioned agreements on the Customs Union, the Agreement on Deepening Integration in Economic and

Humanitarian Spheres, and the Agreement on the Customs Union and Single Economic Spa-

ce.» (Agreement on Foundation of Eurasian Economic Community, Artigo 2º). Embora as

sedes dos vários órgãos estejam sediadas em vários países, a língua de trabalho é o rus-

so e a Rússia é o maior contribuidor para o Orçamento Comunitário. (EurAsEC, 2000)

A União Aduaneira e o Espaço Económico Comum

A criação da UA, em Dezembro de 2009 (com entrada em vigor em Julho de 2010),

acaba por levar ao “estreitamento” do número de membros, sendo onde a maioria hesita

(devido ao comprometimento necessário). Como tal, apenas a Bielorrússia, o Cazaquis-

tão e a Rússia são, actualmente, membros.11

No entanto, a Arménia já assinou, no dia 10 de Outubro de 2014, um acordo de

adesão (devendo entrar oficialmente a 1 de Janeiro de 2015, após passar pela ratifica-

ção de todos os Estados-membros, passando a fazer parte de todos os organismos, des-

de a EurAsEC até à UEA)12 13 14, e o Quirguistão está em negociações para entrar no or-

ganismo.15 16 A estes pode-se, para já, acrescentar o Tajiquistão e o Uzbequistão, que

deram sinais públicos de quererem fazer parte, embora ainda não tenham feito nenhum

pedido oficial.17 18

Artigo 1 - A Construção da União Euroasiática

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IX

Mas, mesmo com este contratempo, foi dado o terceiro passo, sendo criado um Es-

paço Económico Comum, a 18 de Novembro de 2011 (entrando em vigor a 1 de Janeiro

de 2012) entre estes Estados-membros.19 Quanto a futuros membros, esperam-se os

mesmos da União Aduaneira, negociando provavelmente os vários tratados em bloco.

A Comissão Económica Euroasiática

Nos mesmos dias em que foi anunciado e entrou em vigor o Espaço Económico Co-

mum, foi apresentada e entrou em funções a EEC. Esta tem as importantes funções de

garantir o funcionamento da UA e do Espaço Económico Comum, para além de estudar

novas e melhores formas de integração. Tornando-se um muito importante eixo

(transnacional) da UEA.20 (EEC, 2013)

A União Económica Euroasiática

Finalmente, a 29 de Maio de 2014, o tratado para a UEA foi assinado, garantindo a

data combinada para a sua entrada em vigor: 1 de Janeiro de 201521 (altura em que já

é esperada a participação da Arménia – já certa – e do Quirguistão). Entretanto também

já foi ratificado pela Duma russa (a 26 de Setembro de 2014)22 e pela Câmara alta do

Parlamento cazaque (a 9 de Outubro de 2014)23.

É importante reparar no esforço feito pelo Cazaquistão para sublinhar a faceta ex-

clusivamente económica do tratado assinado (deixando, aparentemente, de fora a possi-

bilidade de integração monetária ou, mesmo, política, embora elas não deixem de ser

continuamente mencionadas24). Tal como Lukashenko não pode deixar de chamar a

atenção para a impossibilidade de ter a Ucrânia ali reunida.25 No entanto, todos estes

países acreditam – e fazem questão de o frisar – que esta União alterará o status quo,

relativamente ao seu peso na arena global (mesmo com a ausência da Ucrânia).26 27 Co-

mo já se viu nos processos anteriores, a procura por Estados-membros é feita, essenci-

almente, no espaço pós-soviético e entre os membros da Comunidade de Estados Inde-

pendentes.

Outra perspectiva existe, conquanto, fora da região. Do outro lado do Atlântico, os

EUA, vêm a finalização desta União de forma pouco agradável. Ela é vista como uma

nova ferramenta política da Rússia, com potencial para se tornar uma nova URSS. Po-

dendo, através do fortalecimento do apoio popular (crente num ressurgir do papel glo-

bal da Rússia) vir a criar novas situações como a da Crimeia.28 29

Segundo esta perspectiva, a UEA tem três vertentes: criar uma plataforma econó-

mica para a Rússia conseguir enfrentar os seus maiores competidores (como os EUA, a

China e a UE); assegurar a influência russa sobre o desenvolvimento económico do es-

Artigo 1 - A Construção da União Euroasiática

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X

1- http://bosco.foreignpolicy.com/posts/2011/11/28/putin_on_international_organizations

2- http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/asia/kazakhstan/8808500/Kazakhstan-welcomes-

Putins-Eurasian-Union-concept.html

3- http://www.b92.net/eng/news/world-article.php?yyyy=2011&mm=10&dd=04&nav_id=76700

4- http://portuguese.ruvr.ru/2011/10/23/59217522/

5- http://relacoesinternacionais.com.br/politica-internacional/da-cei-a-uniao-eurasiatica/

6- http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=3940913&page=-1

7- Ibid.

8- http://asbarez.com/127785/armenia-joins-eurasian-union/

9- http://en.tengrinews.kz/politics_sub/Armenia-joins-Eurasian-Economic-Union-256806/

10- http://www.evrazes.com/en/about/

11- http://trade.ec.europa.eu/doclib/docs/2010/february/tradoc_145777.pdf

paço pós-soviético (antecipando-se à UE ou à China); fortalecer um (suposto) bastião

ideológico antiocidental baseado em valores conservadores, tradicionais e religiosos (e,

profundamente, desrespeitador das liberdades e direitos dos cidadãos).30

Também a UE vê nesta União uma forma de tentar minar o seu crescimento e in-

fluência, através de ameaças aos Estados no espaço pós-soviético (para os impedir de

se juntarem à UE). Vendo, também, na UEA, um espaço autocrático, contrário aos valo-

res europeus.31

Objectivos para o futuro

O futuro da UEA vai-se centrar, principalmente, na angariação de novos Estados-

membros e, em seguida, em possíveis novas formas de integração. Se a primeira pode

ser difícil (embora, para além da Arménia e do Quirguistão, haja outros membros que

podem vir a entrar num relativo curto espaço de tempo), a segunda será mais (pois le-

vantará anticorpos dentro dos vários Estados e dos seus governos – alguns deles pouco

habituados a partilhar o poder –).

Quanto ao alargamento, não deverá demorar até que, por exemplo, o Tajiquistão e

o Uzbequistão devam pedir a sua entrada na UEA. No entanto países como a Geórgia

ou o Azerbaijão dificilmente quererão entrar. Sendo uma das maiores interrogações o

futuro da Ucrânia, que tarda em arranjar a estabilidade interna necessária para res-

ponder a esse desafio.

Quanto às possibilidades de integração, dependerão principalmente do duelo de

vontades entre o Cazaquistão (e a sua aposta numa organização puramente económica)

e a Rússia (que procura criar um bloco mais integrado).

Artigo 1 - A Construção da União Euroasiática

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XI

12- http://armeniaeterna.com.br/russia-anuncia-decisao-politica-sobre-adesao-da-armenia-a-uniao-

aduaneira/

13- http://asbarez.com/127785/armenia-joins-eurasian-union/

14- http://en.tengrinews.kz/politics_sub/Armenia-joins-Eurasian-Economic-Union-256806/

15- http://www.rferl.org/content/kyrgyz-groups-protest-against-joining-customs-union/25373084.html

16- http://en.itar-tass.com/economy/749904

17- http://en.itar-tass.com/economy/723309

18- http://www.eurasianet.org/node/67757

19- http://en.ria.ru/russia/20120101/170583110.html

20- http://www.eurasiancommission.org/en/Pages/about.aspx

21- http://time.com/135520/russia-kazakhstan-belarus-treaty/

22- http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_09_26/Duma-de-Estado-ratifica-tratado-sobre-Uni-o-Econ-

mica-Euroasi-tica-2301/

23- http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_10_09/Parlamento-do-Cazaquist-o-ratifica-Tratado-da-Uni-o-

Econ-mica-Euroasi-tica-1752/

24- http://en.itar-tass.com/russia/751404

25- http://www.reuters.com/article/2014/05/29/us-ukraine-crisis-eurasia-idUSKBN0E90O520140529?

utm_source=Sailthru&utm_medium=email&utm_term=%2AMorning%

20Brief&utm_campaign=2014_MorningBrief%205.29.14

26- http://rt.com/business/162200-russia-bealrus-kazakhstan-union/

27- http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_09_30/Uniao-Aduaneira-e-Uniao-Eurasiatica-alargam-suas-

fileiras-3552/

28- http://www.washingtonpost.com/world/europe/russia-kazakhstan-belarus-form-eurasian-economic-

union/2014/05/29/de4a2c15-cb01-4c25-9bd6-7d5ac9e466fd_story.html

29- http://bigstory.ap.org/article/clinton-fears-efforts-re-sovietize-europe

30- http://www.nytimes.com/2014/05/30/world/europe/putin-signs-economic-alliance-with-presidents-

of-kazakhstan-and-belarus.html?

action=click&module=Search&region=searchResults&mabReward=relbias%3Ar&url=http%3A%2F%

2Fquery.nytimes.com%2Fsearch%2Fsitesearch%2F%3Faction%3Dclick%26region%3DMasthead%

26pgtype%3DHomepage%26module%3DSearchSubmit%26contentCollection%3DHomepage%26t%

3Dqry901%23%2FEurasian+Union&_r=0

31- http://www.economist.com/blogs/banyan/2014/05/introducing-eurasian-economic-union?fsrc=scn/

fb/wl/bl/wherethreeisacrowd

Referências Bibliográficas

EEC. (2013). Eurasian Economic Integration: Facts and Figures.

EurAsEC. (2000). Agreement on Foundation of Eurasian Economic Community. Astana.

Artigo 1 - A Construção da União Euroasiática

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XII

Artigo 2 - Consolidar a paz em Timor-Leste

Consolidar a paz em Timor-Leste. Uma fórmula multidimensional.

por Maria Raquel Freire,

Professora auxiliar com agregação da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

E ste texto apresenta as principais conclusões de um estudo1 sobre o processo

de consolidação da paz em Timor-Leste, com particular enfoque no contributo

das Nações Unidas. O quadro de análise que serviu de base a este trabalho assenta nu-

ma linha crítica, seguindo os contributos de autores como Duffield (2001) e Richmond

(2007), visando perceber as dinâmicas subjacentes ao processo de construção e consoli-

dação da paz desde o referendo de 1999, numa lógica transversal, isto é, incluindo o

envolvimento das missões de paz das Nações Unidas, a actuação das autoridades timo-

renses, e as dinâmicas locais, em particular a nível comunitário. A análise de políticas e

práticas de intervenção e a identificação de possibilidades e limites destes processos fo-

ram parte central deste estudo. Neste alinhamento, duas perspectivas que nortearam o

trabalho são facilmente identificáveis na bibliografia sobre peacebuilding: o debate entre

uma estratégia marcadamente top-down, centrada nos decisores e elites políticas, e ou-

tra bottom-up, cujo enfoque incide sobre actores locais e o seu contributo para dinâmi-

cas de construção da paz (Paris, 1997; Bellamy e Williams, 2004; Paris e Sisk, 2009); e

as questões de articulação entre diferentes tipos de missões das Nações Unidas que es-

tiveram presentes no terreno e que aponta para a articulação entre peacekeeping e pea-

cebuilding (Ramsbotham et al., 2005; Doyle e Sambanis, 2006), bem como entre estas e

outras políticas e actores, nomeadamente da área do desenvolvimento (Duffield e

Wadell, 2004).

O processo de consolidação da paz em Timor-Leste é um caso exemplar da comple-

xidade associada às dinâmicas de intervenção externa e de ajustamento interno, em

contextos de pós-violência e onde permanecem os desafios à consolidação de uma paz

inclusiva e sustentável. A intervenção das Nações Unidas em 1999 com vista a apoiar a

preparação de um referendo para aferir a vontade da população timorense relativamen-

te à sua independência ou à sua manutenção como província integrante da República

da Indonésia, constitui um momento marcante na redefinição da história do pequeno

Estado. A votação alargada de apoio à independência de Timor-Leste marcou o início de

uma nova etapa. O período entre a consulta popular de 1999 e a restauração da inde-

pendência timorense em Maio de 2002 ficou marcado por uma forte presença das Na-

ções Unidas. A missão de administração transitória – United Nations Transitional Admi-

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XIII

nistration in East Timor (UNTAET) – reunia em si os poderes de decisão fundamentais ao

exercício de soberania nacional, tendo a seu cargo o processo de desenho do novo esta-

do, nas suas estruturas institucionais e modelos de governação. Este foi um período de

grandes desafios, que exigiu um empenho enorme quer da missão no terreno, quer da

população timorense.

Neste quadro de construção do estado, nas suas várias vertentes, o trabalho da

UNTAET foi muito significativo e, nas bases que estabeleceu, influenciou todo o proces-

so de consolidação do estado, na sua multidimensionalidade. As missões das Nações

Unidas que se seguiram, com mandatos e presenças diferenciados, revelaram ambigui-

dade nos seus contributos. Por um lado, permitiram a consolidação institucional e pro-

moveram estabilidade interna. Por outro, nem sempre revelaram uma leitura adequada

da realidade timorense, como no caso do United Nations Office in East Timor (UNOTIL),

uma presença demasiadamente reduzida face a um contexto interno ainda volátil e que

acabou por se deteriorar e conduzir a um regresso da violência em 2006. O peso buro-

crático associado às actividades destas missões, a par de questões de rotação de pesso-

al, desconhecimento dos contextos locais, ou multiculturalidade desadequada a proces-

sos de capacitação local, como revelado no treino da força policial, são exemplo de difi-

culdades que a presença das Nações Unidas encontrou em Timor-Leste. No entanto, a

leitura feita em traços gerais do contributo das Nações Unidas para a consolidação da

paz é assumidamente positiva.

Uma das críticas que é frequentemente apontada à actuação das Nações Unidas

em contextos pós-violência é a de as intervenções seguirem um modelo institucional de

orientação neoliberal, seguindo uma lógica top-down, onde as decisões são tomadas de

acordo com linhas tecnicistas de governação e, em muitos casos, de forma distanciada

das realidades locais. Esta abordagem resulta numa paz também ela técnica ou institu-

cional. E por siso mesmo, limitada. Contudo, as dinâmicas em Timor-Leste revelaram

uma aplicação diferenciada do modelo e mesmo uma apropriação local dos processos,

revertendo em alguns momentos a lógica top-down, e permitindo que esta assumisse

uma perspectiva bottom-up. Talvez um dos exemplos mais significativos tenha sido o

processo de adopção da Constituição e o envolvimento activo dos timorenses no mesmo,

incluindo através de consultas à população a nível distrital e de ajustes, mesmo que li-

mitados, ao texto constitucional decorrentes destas. Além do mais, o sistema de gover-

no inicialmente proposto pelas Nações Unidas, o modelo presidencialista, acabou por

ser redefinido no sentido de evitar que as lideranças fortes herdadas do período da re-

sistência se pudessem tornar em elementos que obstaculizassem os processos demo-

cráticos. A proposta timorense, e que hoje vigora no país, foi a de um sistema semipre-

Artigo 2 - Consolidar a paz em Timor-Leste

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XIV

sidencialista, acautelando a gestão necessária de diferenciais em contextos de democra-

cia governativa. Apesar de dificuldades na operacionalização de uma abordagem mais

inclusiva das realidades locais e de maior partilha de responsabilidades, no caso de Ti-

mor-Leste a presença activa dos timorenses ao longo do processo foi fundamental no

sentido de assegurar a inclusão de especificidades entendidas como essenciais à articu-

lação entre a presença externa e o desenvolvimento interno do próprio Estado.

A promoção de uma paz técnica, em resultado do enfoque institucional subjacente

à actuação das Nações Unidas, nas suas diversas missões, assume assim uma dimen-

são fundamental nas dinâmicas de consolidação do estado. Se a missão integrada – a

United Nations Integrated Mission in Timor-Leste (UNMIT), que esteve no terreno entre

2006 e 2012 – foi a que melhor tentou responder a este desafio, incluindo na sua actu-

ação elementos claros de peacebuilding, ficou ainda assim aquém em termos dos objec-

tivos de capacitação de recursos humanos, em particular, e que constitui nos dias de

hoje um dos desafios centrais à consolidação do Estado. Este enfoque nas instituições

não permitiu uma abordagem estrutural de paz, incluindo a dimensão humana como

central a todos estes processos. Após a saída da UNMIT em Dezembro de 2012, a actual

presença mais reduzida, mas também mais específica nos seus objectivos, de um Coor-

denador Residente das Nações Unidas para assuntos económicos e de desenvolvimento,

é muito significativa neste contexto. Demonstra o reconhecimento e a resposta aos pe-

didos de apoio por parte das autoridades timorenses em matéria de capacitação huma-

na e de infra-estruturas de base, muito necessárias ao desenvolvimento global do país.

O legado da paz técnica parece, deste modo, encontrar abertura para uma maior conso-

lidação de processos estruturais inclusivos, incluindo a inserção de dinâmicas locais

informais em lógicas formais institucionalizadas. Esta imersão permite que os contor-

nos de uma paz estrutural possam efectivamente ser delineados. Relativamente à ques-

tão fundamental da sustentabilidade da paz, a dimensionalidade da mesma assume

centralidade, numa perspectiva institucional que é necessária, mas inclusiva em termos

de capacitação e respeito por especificidades associadas à realidade local. De notar a

questão temporal aqui associada, e que de facto estas são dinâmicas que levam tempo a

consolidar-se, devendo ser realçado o percurso e as opções feitas como indicadores po-

sitivos no sentido de promoção da paz e estabilidade.

Relativamente aos muitos desafios que Timor-Leste enfrenta no contexto pós-

intervenção, duas ideias fundamentais resultam da investigação desenvolvida: por um

lado, o reconhecimento do percurso feito por Timor-Leste, quer a nível interno quer ex-

terno, e que aponta para um olhar para o futuro desprendido de violência; e por outro

lado, uma apropriação deste reconhecimento no próprio discurso político como forma

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de legitimar opções políticas para o futuro. De sublinhar a dimensão proactiva da políti-

ca externa timorense em termos do seu posicionamento na Comunidade dos Países de

Língua Portuguesa (CPLP), tendo assumido a presidência rotativa no Verão de 2014, do

seu papel de liderança do g7+ e de se assumirem como modelo para estados em situa-

ção de pós-violência armada, apontando para mecanismos de consensualização interna

que possam abrir caminho para a estabilização, e ainda o facto de Timor-Leste ser si-

multaneamente país receptor de ajuda, mas também doador, nos casos da Guiné Bis-

sau e São Tomé e Príncipe. Este dinamismo no contexto regional e internacional, visível

em apenas alguns exemplos aqui enumerados, funciona também como elemento estabi-

lizador a nível interno, promovendo coesão social e pressionando as autoridades a nível

político para o desenho de políticas estruturantes e estruturais capazes de responder às

duas dimensões de maior fragilidade a nível doméstico: a necessidade de capacitação

humana, através da formação de recursos em diferentes áreas, e a necessidade de ca-

pacitação do país ao nível de infra-estruturas. A solicitação da presença em Díli de um

Coordenador Residente das Nações Unidas para assuntos económicos e de desenvolvi-

mento, como mencionado, reflecte esta mesma leitura e o enfoque em termos de priori-

dades definidas para o futuro. Uma questão central ainda em aberto é a da gestão da

presença externa relativamente às prioridades e objectivos timorenses, questão esta que

mesmo face à saída das Nações Unidas enquanto presença alargada, se mantém em di-

ferentes versões, como por exemplo nas cooperações bilaterais e com agências financia-

doras, tais como o Banco Mundial. O processo de consolidação da paz e a sua sustenta-

bilidade é um processo contínuo, que exige respostas aos muitos desafios que permane-

cem, mas que parece encontrar oportunidades nas bases que se foram enraizando ao

longo da última década.

1– Estudo desenvolvido com financiamento da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, intitulado

“Consolidação da paz e a sua sustentabilidade: as missões da ONU em Timor-Leste e a contribuição de

Portugal” (PTDC/CPJ-CPO/115169/2009 – FCOMP-01-0124-FEDER-014433). Os resultados da investi-

gação serão publicados num volume intitulado Consolidação da Paz e a Sua Sustentabilidade: As Missões

da ONU em Timor-Leste e a Contribuição de Portugal, que inclui contributos de todos os investigadores

associados ao projecto, e que será editado pela Imprensa da Universidade de Coimbra (no prelo).

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Referências Bibliográficas

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Informédia “A Informação via multimédia!”

Iraque

E ste mês apresentamos aos nossos leitores, mais uma vez, três novos vídeos.

Nesta edição focamo-nos no Iraque, mais concretamente na guerra civil tem

vindo a assolar o país nos últimos meses.

O primeiro vídeo conta com a análise do presidente e fundador do Stratfor, George

Friedman. No vídeo Friedman analisa a fragmentação sectária do país e a importância

de Bagdad no decorrer da guerra, comparando o conflito à guerra do Líbano dos anos

1980. No segundo vídeo Paul Floyd, analista militar do Stratfor, entrevista Kamran

Bokhari, vice-presidente do Stratfor para os assuntos do Médio Oriente e do Sul da

Ásia. Bokhari faz uma análise sobre a dimensão do conflito iraquiano, bem como do pe-

so do Estado Islâmico para a comunidade sunita, e da posição dos EUA relativamente à

contenda. Por fim, o último vídeo, também do Stratfor, explica a origem e a evolução do

grupo terrorista Estado Islâmico, que é um dos principais players na guerra civil do Ira-

que.

1- Conversation: The Lebanese Model of Unrest Spreads to Iraq — http://

www.strat for .com/video/conversat ion- lebanese-model -unrest-spreads-

iraq#axzz3FxNDQTRh

2- Conversation: Jihadists Encounter New Challenges After Initial Successes in Iraq

— http://www.stratfor.com/video/conversation-jihadists-encounter-new-challenges-

after-initial-successes-iraq#axzz3FxNDQTRh

3- The Evolution of the Islamic State in Iraq and the Levant — http://

www.stratfor.com/video/evolution-islamic-state-iraq-and-levant#axzz3FxNDQTRh

“These videos are republished with permission of Stratfor.”

Informédia - Iraque