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“CONSTRUINDO NOVAS INTERAÇÕES ENTRE ESCOLA E FAMÍLIA
COM A MEDIAÇÃO DO PEDAGOGO”
LILIANA CELINA CECI DOS SANTOS
Artigo apresentado como
trabalho final do PDE
(Programa de Desenvolvimento
Educacional) da Secretaria
Estadual de Educação do
Paraná, sob a orientação do
professor Juarez Gomes.
LONDRINA – PR
2009
2
RESUMO
Este trabalho realizou estratégias diversificadas para tentar amenizar a distância cultural e histórica existente entre família e escola. A discussão entre essas duas importantes instituições é constante e muitas vezes contraditória: família delegando a escola determinadas tarefas que lhes são peculiares e por sua vez, a escola investigando meios para os pais efetivarem seu papel de educador enquanto modelo de valores essenciais para o fortalecimento do humano e consequentemente da cidadania. Neste artigo está registrado o desenvolvimento das implementações ocorridas no formato de encontros mensais no período de março a novembro de 2009 no Colégio Estadual Unidade Polo de Arapongas, com o objetivo de resgatar e fortalecer a presença da família na escola, ouvir suas reclamações e sugestões. Os resultados apontam benefícios pedagógicos para este exercício de estreitar os vínculos dentro dessas instituições, assim como entre pais e filhos.
Palavras – chaves: Relação família-escola. Co-responsabilidade. Afetividade.
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ABSTRATIC
This work realized diversifics estrategs to amenize a cultural distance presents between family and school. The discussion between this two importants institutions is constant and some contraditory: family ordening determinates works to school that are peculiars and, therefore, the school investigate things to the parents efective you function of educator forward model of valew essencials to growing human up and consequent cidadany. In this article is registrated all the desenvelopment of the implementation occurred on the period of March and November of 2009 in “Colegio Estadual Unidade Polo” of city Arapongas, that objectived: to resgate the presence of family on school, listen you reclamations and sugestions and try to minimize the vincul between family and school, like to parents and childrens.
Key-words: Relation family-school; Co-responsable; Afectivity.
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INTRODUÇÃO
O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) é um programa de
formação continuada ofertado pela Secretaria de Estado do Paraná (SEED – PR) e
tem como objetivo a capacitação dos docentes. Este favorece aos docentes na 1ª
etapa (1º ano) o afastamento de 100% de suas atividades diárias nas escolas para
estudo e aprofundamento do tema escolhido a qual se propôs estudar e
posteriormente viabilizá-lo. Na 2ª etapa (2º ano), ocorre o afastamento de 25% do
seu trabalho, priorizando a implementação do projeto elaborado na escola em que
possui padrão fixo. O PDE contribui de forma inovadora para a qualidade de ensino,
é o tempo que o docente tem a possibilidade de dedicar-se exclusivamente para
estudar e buscar melhorias ou soluções aos problemas ou desafios vividos pela
Educação Básica.
Aproximar as famílias da escola e construir novas interações entre elas com a
mediação do pedagogo foi uma necessidade surgida por uma inquietação
profissional. Como professora pedagoga do Colégio Estadual Unidade Polo de
Arapongas há aproximadamente 10 anos, percebeu-se que ao longo desse tempo a
presença dos pais no colégio se restringia a assinatura de boletins, enquanto que
para se chegar até esse resultado expresso em notas deve existir uma frequência
mais atuante dos pais na vida educacional do filho.
Após realizar uma análise do contexto e perceber que grande maioria dos
alunos não têm seus responsáveis presentes com maior frequência na escola, foi
que nasceu a idéia de aproximar mais os pais dentro do ambiente escolar. O
interesse foi de trabalhar com objetivos distintos do habitual, para que as atividades
desenvolvidas não ficassem rotuladas como mais uma reunião de pais. O intuito não
era de expor o aluno às avaliações de seu comportamento, tampouco questionar os
pais sobre sua atuação no acompanhamento e desenvolvimento da vida escolar do
filho apontando falhas, mas sim criar um vínculo de cooperação e co-
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responsabilidade, estimulando os pais a tornarem-se parceiros da escola, pois com
este trabalho estaria contribuindo para formar o aluno nos seus aspectos afetivos e
intelectuais, resgatando valores morais e éticos.
Submetendo a análise de material pertinente ao tema, deparou-se com ampla
e complexa bibliografia a respeito. Este assunto é muito debatido e questionado
pelos profissionais da área da educação. Diante da problemática observada no
colégio Estadual Unidade Polo, dos materiais que melhor subsidiaram os trabalhos
destaca-se: Eduque com Carinho de Lidia Weber e As Cinco Linguagens do Amor
das Crianças de Gary Chapmam & Ross Campbell.
Para o desenvolvimento deste trabalho, foi usada uma metodologia que se
trata de estudo bibliográfica e observacional (encontros realizados com temas
previamente elaborados conforme material didático para esta finalidade). A leitura de
bibliografia referente ao tema auxiliou a elaboração do projeto e do material didático,
ofereceu condições de entender as experiências que os pais relatavam e em alguns
casos propiciou condições de orientá-los quanto às dúvidas que estes encontravam
na educação dos filhos.
O trabalho da aplicadora compreendeu a realização de pesquisa bibliográfica
e implementação do projeto junto às famílias, propondo enriquecimento ao
desenvolvimento deste, fornecendo-lhes subsídios para a resolução de problemas
cotidianos e orientações para a construção de uma autonomia mais positiva. Como
articuladora do processo ensino e aprendizagem e conhecendo as necessidades
que as famílias dos alunos possuem, efetivou-se o trabalho de forma a orientar as
famílias na maneira mais adequada diante das situações que estas vivenciam.
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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Escola e Família devem possuir e trabalhar a favor de objetivos que se
entrelacem. Cada qual com suas especificidades deverão atingir fins
complementares, pois é fundamental que estas instituições deem condições para a
criança se desenvolver em todos os aspectos da sua personalidade, assim como
garantir sucesso na aprendizagem acadêmica.
Para que isto ocorra é necessário que a escola compreenda o funcionamento
da família e esta se interesse pelo desempenho e atitudes que os filhos demonstram
na escola. À medida que a escola conhece o cotidiano e a realidade das famílias de
seus alunos, ela poderá voltar suas ações pedagógicas em prol das necessidades
detectadas. A escola pode ser um agente que mobiliza positivamente não só os
alunos, mas também as famílias que têm sido modificadas pela realidade social.
São questões fundamentais sobre as peculiaridades dos papéis que cada
uma, escola e família devem desempenhar no processo de aquisição da
personalidade e aprendizagem o qual o aluno é o sujeito. Escola e família são co-
responsáveis na tarefa de instruir e educar, cada qual agindo e defendendo suas
especificidades, diferenciando-se nas metodologias a serem desenvolvidas, mas
complementando-se.
Também se percebe outras dimensões em prejuízos: uma educação escolar
deficiente sem respaldo e cobrança da família, ou ainda, famílias desconstituídas de
alguns valores morais, sem saber o que fazer, por não terem conhecimento
sistemático, não saberem agir diante dos desafios e dificuldades em que se
deparam.
Cabe à escola “trazer” os pais para um trabalho conjunto e como parceiros
buscar soluções para benefício dos alunos, soluções estas permeadas de respeito e
amor, que tanto a escola quanto a família devem doar à criança. Desta forma,
poderão contribuir na formação e educação escolar destas, direcionando-as para
que assumam seus direitos e deveres na sociedade, tornando-as cidadãos críticos,
conscientes e produtivos.
Todos nós sabemos que não existem fórmulas prontas quando o assunto é
educar, mas, segundo Lidia Weber em seu livro “Eduque com carinho”:
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“Não há um manual de perfeição, mas atualmente existem respostas claras e precisas sobre como a criança aprende e a se comportar e o que é importante para o desenvolvimento infantil nas interações entre filhos e pais” (WEBER, 2007, p. 09).
Primeiramente é necessário esclarecer o que compete à família e o que
compete à escola, ou seja, suas especificidades. Para esta articulação é
indispensável a presença e atuação do professor pedagogo.
A família é a primeira instituição com normas, regras e princípios que a
criança faz parte. Tem como dever dar orientação, subsídios para a construção da
identidade dela, ainda oferecer a base de uma formação sólida e construtiva, sendo
os pais ou responsáveis, modelo de valores éticos para os filhos. Isto deve
acontecer primeiramente como função da família para posteriormente ampliar-se na
escola, para que os conceitos de valores fiquem estabelecidos e aprendidos.
Portanto é na família que o indivíduo deve ser educado afetivamente, deve
sempre estar com o “tanque emocional cheio”, termo que os autores Gary Chapman
e Ross Campbell do livro “As cinco linguagens do amor das crianças” (1999)
referem-se ao sentimento de satisfação pelo amor genuíno que as crianças devem
receber de seus pais (pg.18). A casa é o “lócus” da estruturação da vida, neste
espaço, a família tem a responsabilidade de formar o caráter, de educar para os
desafios da vida, de perpetuar valores éticos e morais.
É fato que a maioria das famílias constituídas em alguns anos anteriores a
este, foram denominadas de tradicional, formadas por pai, mãe e filhos. Hoje
percebemos que muitas famílias caracterizam-se diferentemente dessa estrutura.
Logo verificamos que a figura do pai como provedor, deixa de ser principal, isto
devido à figura materna ter de ir à busca de trabalho para ajudar nas despesas da
casa e na sua própria emancipação, a busca da sua independência.
Atualmente existem famílias dentro de famílias, isto devido às separações e
novos casamentos. Estas, denominadas como famílias contemporâneas, são
famílias modificadas, e muitas dessas mudanças, ou seja, os tipos mais recentes de
estruturas familiares, estão refletidas nas funções sociais, morais e de valores éticos
que exercem. É também com esses tipos de família que a escola e os pedagogos
têm trabalhado na atualidade.
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Quanto às funções da escola a partir da sua legislação, a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação nacional (9394/96), conforme o Art. 1º, diz que:
“A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais” (LDB, 1996).
Ainda sobre a educação na referida Lei no seu art. 2º:
“A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (LDB, 1996).
A Lei é muito clara quando diz que a família e o Estado devem andar juntas
rumo a uma educação de qualidade para as crianças, não devendo ser somente
dever da família, nem somente do Estado e sim de ambos em um processo conjunto
de aprendizagem e socialização. Neste quadro político, nos deparamos ainda com a
questão do tipo de gestão adotada pela escola. A efetivação do processo
educacional está embasado nas leis. A LDB registra a importância da co-
responsabilidade da família e da escola na formação do indivíduo. A Constituição
Federal de 1998, portanto anterior a LDB, já garantia a educação como direito social
e incumbiu a família de sua participação efetiva no processo de aprendizagem. Este
processo de aprendizagem também é citado na Constituição Federal no Título II,
Capítulo II, artigo 6º, a educação passou a ser um direito social assegurado e
garantido legalmente para a criança. Dessa forma é preciso entender que, a escola
avalia o desempenho da criança, desenvolvimento intelectual e cultural, mas não
isenta a família de responsabilidades, como complementa a mesma Constituição em
seu Capítulo III, Seção I, da educação, artigo 205:
“A educação, direito de todos e dever do Estado e da Família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988).
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Nesta transparência de responsabilidades incluídas na lei, é imprescindível a
presença da família como parceira da escola para realizarem um trabalho de
sucesso para as duas instituições.
Também segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente Art.55, Os pais ou
responsável têm obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de
ensino. Analisamos então que, não basta matricular o filho na escola e ficar omisso
na sua formação, atribuindo à escola funções específicas da família. É preciso
realizar o acompanhamento de seu desenvolvimento educativo, incentivando e
orientando suas atividades escolares, acompanhando nas tarefas e pesquisas que
vão para casa como fixação do conteúdo estudado em sala, comparecendo na
escola regularmente a fim de tomar conhecimento do desenvolvimento e
comportamento do filho, bem como para que este se sinta encorajado com a
presença de seus familiares, percebendo a preocupação de sua família com seu
progresso.
Para que realmente se efetive o trabalho de parceria entre família e escola e
estas tenham o apoio necessário para dar continuidade num trabalho tão complexo
como este, onde se envolvem questões das mais delicadas como: contribuições
para a formação do caráter do indivíduo quanto ao processo de seu
desenvolvimento educacional, o ideal é a gestão democrática.
Uma escola que pretende contar com a participação da família dentro de seus
“muros” precisa antes de tudo, possuir uma gestão democrática que se permita ter
uma visão mais ampla e aberta da sociedade, para quais os interesses da educação
escolar devem estar voltados. Nesta perspectiva social, a escola é responsável pela
educação formal, é um espaço destinado ao trabalho pedagógico, visando o
desenvolvimento pleno de um cidadão crítico e consciente.
A Escola se caracteriza como uma importante agência educacional e
socializadora, devendo complementar o trabalho desenvolvido pelas famílias, e
tendo como função principal a responsabilidade pelo percurso escolar do indivíduo,
favorecendo a aprendizagem de conhecimentos sistematizados. Dentro de suas
competências a escola deve ajudar a família a conquistar ou reconquistar, construir
ou reconstruir um relacionamento saudável e equilibrado junto ao educando/filho. É
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importante que a escola contribua para resgatar e fortalecer o valor afetivo das
famílias.
Assim, a família deve participar efetivamente deste trabalho, sob pena da
escola não atingir seus objetivos mediante a omissão da mesma. Se elas realizarem
suas próprias funções e forem aliadas na formação pessoal e intelectual das
crianças, poderemos registrar o contrário que Augusto Cury cita em seu livro “Pais
brilhantes, professores fascinantes”: “Os pais e os professores estão perdidos no
mundo de suas salas. Os professores estão confusos dentro da sala de aula. Os
pais estão sem direção dentro da sala de casa” (CURY, 2003, p.77-78).
Reitera-se que a família e a escola são dois importantes micro-sistemas
sociais com funções complementares no processo educacional, e de inclusão social
das crianças. Ocorre que a família tanto pode ser uma rede de apoio, quanto
impeditiva na concretização do processo de educação de uma criança. Assim sendo,
é impossível falar de educação de qualidade, de desenvolvimento da criança, de
formação deste educando como cidadão participativo e preparado para exercer sua
cidadania, sem analisar o papel das famílias que participam no contexto da
comunidade escolar. Do contrário, a sociedade vai continuar formando indivíduos
como os muitos que já temos: despreparados, inseguros, acríticos.
Sabiamente Paulo Freire manifestou sua indignação diante da relação em que
muitas famílias agiam e ainda agem no âmbito familiar e social:
“A mim me dá pena e preocupação quando convivo com famílias que experimentam a “tirania da liberdade” em que as crianças podem tudo: gritam, riscam as paredes, ameaçam as visitas em face da autoridade complacente dos pais que se pensam ainda campeões da liberdade” (FREIRE, 2000, p. 29).
Como Paulo Freire cita, é um desrespeito este domínio dos filhos para com os
pais. Pior é ter permitido que a situação chegasse a tomar esta proporção, os pais
estão mesmo desorientados, mas há tempo de reagir. A família e a escola precisam
ressignificar seu relacionamento e papéis na educação, e incorporar novos modelos,
bem como novos paradigmas do processo ensino e aprendizagem. Envolver família
no contexto escolar significa também, conhecer melhor a família, os pais e a
realidade em que este aluno está inserido.
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Alguns autores da educação, esclarecendo que quando a escola e a família
têm uma linguagem comum e posicionamentos adotados em parceria nos aspectos
do processo educacional de sua criança, defende que se torna possível a criança ter
uma aprendizagem mais significativa, um percurso acadêmico mais tranquilo e um
desenvolvimento intelectual e emocional mais harmonioso.
Algumas famílias têm deixado de perceber o papel da escola como um agente
de transmissão de conhecimentos sistematizados e transferido para esta uma tarefa
mais ampla de educar para a vida. A escola por sua vez tem tido dificuldade em
aceitar esta nova atribuição que é oriunda das mudanças sociais e econômicas e
incorporar as novas demandas no seu trabalho. Portanto, não podemos desprezar a
urgência desta parceria. A escola hoje tem procurado estabelecer relações que
visem o investimento pessoal de cada aluno na sua aprendizagem escolar e na
formação de valores e padrões de comportamentos.
Apesar de escolas e famílias continuarem a serem agentes socializadores
distintos, elas apresentam aspectos comuns: compartilham a tarefa de preparar os
alunos para a vida sócio-econômica e cultural. Entretanto algumas delas divergem
nos objetivos que têm na tarefa de ensinar valores. Enquanto a escola tem por
obrigação de ensinar bem os conteúdos de áreas do saber sistematizado,
considerados fundamentais para a instrução científica de novas gerações, às
famílias cabe dar o acolhimento a seus filhos num ambiente estável, provedor e
amoroso, ensinando-lhes através de suas próprias atitudes, valores e respeito,
preparando-os para o mundo das relações sociais mais complexas.
As primeiras leituras realizadas para a elaboração deste projeto mostraram
que ao longo do tempo os sistemas educacionais que obtiveram resultados
satisfatórios, e continuam dando certo, são aqueles em que os pais participam da
educação e do aprendizado de seus filhos. Essa participação propõe resultados de
qualidade educativa na escola.
Com base nisto e destacando o perfil do aluno apresentado no Projeto
Político Pedagógico do Colégio Estadual “Unidade Polo”, verificou-se que este aluno
vem de camada social de média e baixa renda, residentes nas proximidades do
colégio, periferia e zona rural. No período diurno é atendido o Ensino Fundamental
com uma clientela de pré-adolescentes e adolescentes. O Projeto Político
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Pedagógico foi elaborado acreditando na melhoria qualitativa da oferta de ensino
oferecida aos alunos, bem como nas boas condições de funcionamento do colégio,
para que estes alunos possam se desenvolver harmoniosamente.
Assim o projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Unidade Polo de
Arapongas, destaca que o aluno permaneça com êxito na escola, vivenciando novas
e significativas oportunidades educacionais, sendo incentivado a:
♦ Alcançar o pleno desenvolvimento de sua cidadania;
♦ Educar-se para a sua liberdade e responsabilidade;
♦ Compreender a escola como uma instituição necessária à
transformação de um indivíduo crítico e responsável;
♦ Atingir uma base comum de conhecimentos, garantidos na escola;
♦ Participar de atividades esportivas, de lazer, culturais, educação para a
saúde, educação social;
“E assim espera-se que o ambiente escolar ofereça condições de boa
convivência enfim, para que possamos desenvolver e construir junto com os alunos
o saber, o gosto pela pesquisa, o respeito, a solidariedade” (P.P.P. 2007, p. 164).
Este perfil nos mostra o aluno que se quer. É função da escola garantir estes
itens através dos profissionais responsáveis pelo ato de educar dentro do ambiente
escolar. Portanto, todos os envolvidos na educação devem assegurar ao aluno
compromisso com o seu trabalho para que este atinja seu benefício.
Ainda sobre o Projeto Político Pedagógico consta que a contribuição dos
professores é crucial para preparar o aluno para encarar e construir o futuro com
confiança, de maneira determinada e responsável. Os professores têm um papel
determinante na formação de atitudes positivas ou negativas durante a
aprendizagem. Devem despertar a curiosidade, desenvolver a autonomia, estimular
o vigor intelectual e criar condições para o sucesso da educação básica.
Na proposta do Colégio Estadual “Unidade Polo” o professor deve ser agente
de mudança, favorecendo a compreensão mútua e a tolerância entre seus alunos. A
responsabilidade do professor é contribuir na formação do caráter e do espírito das
novas gerações, além é obvio do compromisso com a realização dos trabalhos
13
cotidianos, que resultam no êxito do processo ensino e aprendizagem. É
imprescindível que o professor busque:
♦ A valorização do aluno, respeitando as diferenças individuais;
♦ Incentivo ao desenvolvimento individual do aluno como um todo;
♦ A cooperação em reuniões, grupos de estudo, cursos, enfim, situações
que possibilitem a capacitação do professor;
♦ Da escola, uma relação de apoio pedagógico para desenvolver as
atividades tendo em vista a apropriação do conhecimento adquirido pelo aluno;
♦ A aceitação do outro (aluno) enquanto um ser em formação cognitiva,
mas completo;
♦ Compromisso com as atribuições decorrentes da função de docente
(P.P.P. 2007,p.197)
A realização deste projeto pode estreitar ainda mais os vínculos de
relacionamento entre docente e discente, favorecendo condições positivas para que
este profissional continue desenvolvendo seu planejamento de trabalho de modo
eficaz. O resultado positivo do trabalho do professor depende, grande parte, da
participação e envolvimento do aluno em suas aulas e para que isto se efetive, o
acompanhamento dos pais na vida educacional de seu filho é fundamental. O
compromisso dos pais neste processo e a competência do professor poderão ser o
diferencial para que o aluno aprenda e se socialize com maior segurança. Por isso, a
preocupação da professora aplicadora da implementação em estabelecer temas
propícios e atuais explorando-os na companhia dos envolvidos e preocupados com
a educação e formação destas crianças: pais e docentes.
2. REGISTRO DAS IMPLEMENTAÇÕES
A proposta de realizar os encontros surgiu da necessidade em tentar
aproximar as famílias da escola e através destes elaborar um espaço onde a família
pudesse sentir-se mais acolhida, buscando sanar suas dúvidas em relação à
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educação dos filhos, e contribuindo com sugestões acerca desta importante e
fundamental co-responsabilidade
1º ENCONTRO
Conhecer o próprio comportamento
Para dar início às atividades de implementação, houve a elaboração e envio
de bilhete/convite/questionário para os pais dos alunos de 5ª e 6 ª séries do ensino
Fundamental do Colégio Estadual Unidade Polo de Arapongas, com o propósito de
identificar qual melhor dia da semana e horário para se realizar ao encontro. Após,
ocorreu o recolhimento dos bilhetes devidamente assinados para constatação de
que foram entregues e da ciência dos responsáveis. Para os alunos que entregavam
os bilhetes, a aplicadora oferecia um pirulito, frisando a importância de levar ao
conhecimento dos pais as correspondências recebidas na escola e que estes
deveriam chegar até as mãos dos responsáveis. Desta forma, procurou-se estimular
o aluno que havia esquecido o bilhete a trazê-lo assinado no próximo dia. Realizou-
se o levantamento de dados respondidos no questionário, com o objetivo de
identificar e favorecer os pais com as suas respostas. A maioria optou pelos
encontros acontecerem às sextas-feiras no horário das 20:00h. às 21:30h.
O total de alunos das séries envolvidas neste projeto esteve em torno de
aproximadamente 211 alunos. Na primeira reunião obteve-se a presença de 40 pais
e/ou responsáveis, número este expressivo para uma reunião paralela às
obrigatórias na escola.
A participação dos pais foi bastante significativa, pois ajudaram a moldar a
reunião expressando suas expectativas ao tomar conhecimento do assunto (que
norteou os encontros) e expondo suas experiências como filhos e como pais.
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No decorrer da reunião, conforme apresentação dos tópicos no data show,
abria-se espaço para que os pais fizessem considerações pertinentes ao assunto
abordado, muitas vezes esperando um aconselhamento ou um direcionamento
diante da educação dos filhos.
Ao apresentar na reunião os quatro tipos de pais existentes segundo a autora
Lidia Weber: participativos, permissivos, autoritários e negligentes, os pais presentes
foram analisando em qual tipo melhor se identificavam. Ao final da explicação foi
proposto pela aplicadora que cada um escrevesse (no papel que receberam no
início) o resultado concluído sobre sua participação na vida do filho, a fim de se
averiguar a quantidade de pais que se enquadrava em cada um dos tipos acima
citados. O resultado foi o seguinte:
25 pais responderam que se consideravam Pais Participativos.
03 pais se consideravam Permissivos.
04 pais se consideravam Autoritários.
02 pais se consideravam Negligentes.
Outros: 02 pais se consideravam: Autoritário e Participativo.
01 pai se considerou: “Turrão”.
01 pai se considerou a junção dos 4 tipos.
02 pais não responderam.
Uma situação bastante constrangedora ocorreu quando falava-se sobre o
ESTILO DE PAIS PERMISSIVOS. Uma senhora sentada com uma menina (sua
filha) de aproximadamente 10 - 11 anos ao seu lado, provavelmente aluna da 5ª
série, toma a palavra e desabafa: “é assim que ela faz comigo, me faz de
empregada dela dentro de casa, tudo que pede eu tenho que correr fazer se não
briga ainda mais comigo, ela manda em mim”. Foi uma situação complicada, pois a
mãe praticamente humilhou a filha diante das demais pessoas presentes, expôs a
imagem da filha diante de estranhos e os educadores sabem que isto não é correto.
Orientou-se a mãe, afirmando que se a filha comandava a situação era porque os
pais estavam cedendo e que naquele momento não iria se tratar de problemas
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particulares, mas ficar-se-ia-se à disposição dela no final para conversar melhor
sobre aquele assunto. A menina saiu da sala aproximadamente uns 5 minutos
depois e não retornou, com certeza por vergonha. No final do encontro a mãe
procurou melhores orientações e se desculpou, desabafando sua situação. Foi
aconselhado sobre como a melhor maneira de agir diante destes casos,
argumentando que ela deveria retomar o diálogo com a filha e explicar que por ser
sua responsável é ela quem determina as normas e regras da sua vida. E não o
contrário como ela acabava de mencionar.
Como cortesia da presença, foi oferecido um pirulito em formato de pezinho
com um cartãozinho com a seguinte frase: “Não existe o esquecimento total: as
pegadas impressas na alma são indestrutíveis” (Thomas de Quincez)
2º ENCONTRO
Conhecer os princípios que determinam o comportamento e o
desenvolvimento da criança.
Número de pais presentes: 20
Os pais ficaram muito atentos à demonstração da dinâmica, atividade que deu
início aos trabalhos deste dia, facilitando o entendimento da mensagem: deve-se
sempre colocar a família em primeiro plano na vida, por que os demais
compromissos sempre encontrarão espaços.
A explanação do tema foi iniciada dizendo que de acordo com as leituras
realizadas, os psicólogos acreditam que o mais importante são as influências do
ambiente no comportamento das pessoas. Assim desmistificou-se a teoria que
muitas vezes se fala ou se ouve e que é fruto do senso comum: “fulano herdou
determinado temperamento do pai”, isto não é genético, hereditário, mas sim
influência do meio sobre a criança. Ou como: “meu filho tem personalidade forte”,
todos possuem personalidade (composta por fatores biológicos e do meio).
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Conforme o indivíduo se desenvolve vai adquirindo personalidade e se moldando.
Estas colocações foram propositais, pois quando os pais vêm até a escola e sugere-
se a eles que procurem atendimento de um profissional de psicologia, algumas
vezes um dos responsáveis acredita que será bom para que o outro responsável
entenda de quem o filho (a) “puxou” tal característica, popularmente falando:
querendo escapar da sua responsabilidade. Alguns pais ainda devem compreender
que a responsabilidade do casal na educação dos filhos não dá para ser dividida.
Sendo o ambiente grande influenciador na personalidade dos indivíduos,
mostrou-se os quatro estágios definidos por Lidia Weber para o aprendizado do
comportamento anti-social. Segundo a autora, na segunda edição de seu livro
Eduque com carinho, ela elenca quatro estágios progressivos do comportamento
anti-social:
1º Treinamento Básico: Ignorar o comportamento inadequado da criança, não
ceder as suas chantagens e não recompensar comportamentos negativos.
2º Reação do Ambiente Social: Crianças insistentes demais tornam-se
desagradáveis. Ceder as suas chantagens fará com que os pais percam sua
autoridade.
3º Agrupamento com pessoas também com condutas anti-sociais: existe
grande probabilidade do comportamento anti-social se intensificar, pois uma vez em
companhia de outros indivíduos que também praticam esses tipos de condutas essa
prática passa a ser fortalecida. Se comportamentos como enganar, mentir, roubar e
destruir persistirem até a adolescência, verificar-se-á que o indivíduo “não aprendeu
autocontrole, tolerância à frustração e faz qualquer coisa para obter o que quer”
(Weber,2007,p.38)
4º Formação de um adulto com trajetória anti-social: Os pais são modelos
para os filhos. Qualquer atitude negativa será fonte para que os filhos pratiquem o
mesmo, assim como se os pais demonstrarem condutas positivas, os filhos
certamente tornar-se-ão adultos dotados de auto-controle.
Destacou-se também a importância dos pais saberem quem são os amigos de
seus filhos e também quem são os pais destes, se trabalham, onde e outras
informações.
18
Alertou-se para a fase de pré-adolescência em de que os filhos se encontram.
É uma fase de transição, sendo dever dos pais interferirem nas condutas negativas
de seus filhos.
Indagou-se sobre a transmissão de valores e da importância de sempre
participar da vida do filho e estar disponível quando ele solicitar. Dessa forma, evita-
se que o filho procure a rua como melhor atrativo.
Finalizando este encontro, falou-se sobre a importância de ser pai
emocionalmente equilibrado, via esta para a construção do autocontrole e formação
da autonomia dos filhos.
3º Encontro.
Responsabilidade da Família, da Escola e da Criança/ Adolescente
Infelizmente neste dia a presença dos pais foi mínima, apenas 7 pais
compareceram.
Neste encontro, recebemos a presença da Presidente do Conselho Tutelar
Municipal de Arapongas a senhora Sonia Onofre.
A Presidente que também é uma das Conselheiras desta instituição, elaborou
previamente sua fala tendo o Material Didático da Implementação como suporte. Ela
destacou os seguintes pontos referentes às responsabilidades da Família, da escola
e da criança/adolescente:
• A escola é o alicerce da vida da criança. O maior tempo que a criança
fica longe da família é na escola, portanto esse espaço é fundamental
na sua formação;
• A escola tem responsabilidade social;
• Os filhos analisam e questionam as desculpas que os pais encontram
para não comparecerem à escola. Algumas vezes utilizam delas como
modelos (se você faz isso porque eu também não posso fazer). Os
pais sempre serão os principais modelos;
19
• A família (seus membros) promete aquilo que muitas vezes não pode
cumprir;
• Filho precisa de amor, carinho, atenção, cintada, castigo, fala de
autoridade dos pais ou responsáveis;
• O filho somente fala mal do pai se este dá liberdade para isto;
• É louvável pedir desculpas ao filho e justificar o erro quando realmente
se está errado. Isto lhe ensina a também pedir desculpas: reconhecer o
erro;
• Casal separado não deve significar filho separado;
• Determinadas conversas do casal não devem ser escutadas por
crianças, deve haver muito cuidado para que isto não ocorra, pois
resulta em consequências desastrosas;
• Em todas as fases da vida a criança ou adolescente necessita de
incentivos dos pais;
• Família e Escola devem caminhar em sintonia, são co-responsáveis na
formação da criança;
• Pai e mãe devem EDUCAR, escola é para ENSINAR;
• A grande maioria dos casos atendidos pelo Conselho Tutelar é de
crianças provenientes de famílias desajustadas (seus membros não se
responsabilizam por suas funções específicas dentro desta);
• Amar um filho perfeito é fácil. Se os filhos estão errando, é por que os
pais também estão;
• Se dentro de casa o filho não encontra: amor, educação, respeito,
disciplina, fora de casa poderá encontrar certos atrativos mais
imediatos e isto poderá vir de traficantes ou semelhantes;
• Certos pais não respeitam o filho e exigem respeito deles, não há
coerência, o respeito não pode se perder;
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• A família e a escola devem ajudar a criança/ adolescente a acertar;
• Os pais devem matricular os filhos e acompanhar periodicamente o
rendimento deles na escola;
• Grande maioria das crianças e adolescentes conhecem seus direitos e
deveres registrados no ECA;
• A escola deve notificar os pais quando percebe algo diferente com o
aluno e caso os responsáveis não compareçam, solicitar
acompanhamento do Conselho Tutelar.
Pode-se perceber que o discurso utilizado pela Conselheira é realista e
reproduz o assunto abordado no material elaborado, isto quer dizer: a sociedade
está se desequilibrando por conta de cada um achar que pode fazer o que quer, não
assumir suas responsabilidades e não arcar com seus compromissos e deveres.
O resultado deste encontro fortaleceu os pais presentes para que continuem
orientando seus filhos, jamais abandonando-os e ainda alertou- os para que sirvam
de incentivo àqueles que não puderam comparecer.
4º Encontro
Exercitar o amor incondicional e dedicar tempo de qualidade ao filho
Considera-se que o número de pais presentes no terceiro encontro esteve
abaixo do esperado, portanto a estratégia utilizada para “atrair” os pais para este
encontro foi a divulgação nas salas de aula com a entrega do bilhete/convite,
informando os alunos que nestes encontros não se fala da disciplina e
aproveitamento individual (pois sabe-se que muitos alunos não entregam o bilhete
justamente por não quererem que seus pais saibam do seu desenvolvimento
educacional). Também houve comunicação através de telefonema para pais ou
responsáveis previamente indicados pelas professoras e equipe pedagógica. Ainda
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avisou-se que no final do encontro seria realizada uma confraternização com um
delicioso chá com biscoitos.
Após a abertura (música de recepção e dinâmica), apresentou-se os slides
referente a este encontro: Amor incondicional e qualidade de tempo.
Alguns pais fizeram interrupções para expor suas vivências com os filhos de
acordo como que estava sendo abordado: uma senhora desabafou sua preocupação
com a filha de 11 anos que há poucos dias havia lhe cobrado beijos, carinho,
atenção. A filha observava a mãe realizando gestos afetuosos para com a irmã mais
nova e com ela o afeto já estava ficando obsoleto. A mãe argumentou que no
momento em que a filha lhe abordou, ficou sem palavras, confirmando através do
silêncio o que a filha havia dito. Porém, logo pediu desculpas à filha pela sua
omissão.
A aplicadora ponderou junto àquela senhora que o fato dela ter se
arrependido e pedido desculpas à filha foi um ato muito louvável, pois segundo
Augusto Cury 2003 (p.45) é importante saber o que fazer com os erros, “eles podem
construir a relação ou destruí-la” e o autor completa: “elas (referindo-se as próprias
filhas) aprenderam comigo a se desculpar e a reconhecer seus excessos”. Ainda foi
acrescentada a importância dela enquanto mãe reservar um tempo exclusivo para
esta filha pré-adolescente, assim como tem se dedicado às necessidades básicas da
filha menor. Este tempo, chamado de tempo real por Gary e Champbel, propicia um
estreitamento na relação, favorecendo a afetividade.
Outra senhora expôs a dificuldade que encontra em realizar suas tarefas
domésticas quando seu filho de 11 anos está em casa, principalmente durante o
tempo em que ela tem para preparar a refeição do almoço. Ela alegou que o filho a
“perturba” pressionando-a com a afirmação de que está com fome e que na hora
propriamente dita da alimentação, senta-se à mesa, mas ela percebe que ele não se
alimenta conforme a fome manifestada anteriormente.
Com relação a este caso, questionou-se à mãe sobre sua disponibilidade de
estar com o filho conferindo-lhe um tempo específico de seu dia, pois ao que
parece, ele percebe tal dedicação da mãe na realização da refeição, enquanto a sua
dedicação ao filho está com uma lacuna. Foi proposto para que ela fizesse um
22
acordo com o filho, pois existe a necessidade de se preparar a refeição para a
família (e se possível ser desfrutado em família), assim como a realização de suas
tarefas diárias, e que, portanto ela deve se organizar e planejar um tempo exclusivo
para o filho, pois o que ele deseja é a atenção da mãe.
Por fim, um senhor, pai de uma aluna da quinta série fez um questionamento
no final da reunião e abordou a questão de que todos pensam ter a fórmula ideal
para a criação e educação dos filhos, assim como do casamento perfeito, entre
outros. Ele chegou à conclusão que na prática do dia a dia muitas são as falhas que
se comete, bem como decepções e busca de melhores soluções. Que a luta diária
para oferecer aos filhos uma educação que lhe conceda o verdadeiro caráter está
muito difícil, pois a mídia e determinadas amizades oferecem meios mais atrativos.
Diante dessa argumentação, a aplicadora procurou explicar a importância e
necessidade de se amar incondicionalmente os filhos e dedicar-lhes tempo de
qualidade.
5º Encontro
Utilizar palavras positivas e ser consistente nas regras e disciplina
Em virtude da determinação do NRE – Apucarana, subordinado às ordens da
SEED – Curitiba, as aulas foram suspensas a partir das 11h00min do dia 31 de julho
de 2009 devido à proliferação da Gripe A H1N1, portanto neste dia o encontro foi
cancelado.
Neste encontro receber-se-ia a presença da professora e psicóloga Lélia
Giancristófaro Zanin, que ao ser contatada via telefone para confirmar sua presença
preferiu adiar seus trabalhos neste dia, mesmo porque a mídia local já estava
divulgando a suspensão das aulas e os alunos haviam recebido a orientação de
somente retornar a escola no dia 10 de agosto (este prazo tornou-se “optativo” pois
as escolas municipais permaneceram fechadas e consequentemente os ônibus não
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estavam transportando os alunos). Outros ainda não estavam comparecendo às
aulas por manifestarem sintomas de gripe.
Infelizmente o trabalho que deveria ter sido realizado pela profissional foi
cancelado devido a sua indisponibilidade. Assim, para que o tema deste encontro e
dos demais não fossem prejudicados, fez-se necessário uma reestruturação.
6º Encontro
Com regras e limites definidos, contribuímos para a autonomia do filho
Neste dia, 5 pais estiveram presentes para o encontro.
Para o 6º encontro o tema reelaborado ficou determinado como: Com regras e
limites definidos, contribuímos para a autonomia do filho.
Falar sobre a construção da autonomia dos filhos era o assunto determinado
para o 8º encontro, entretanto através das leituras realizadas, percebeu-se que a
autonomia se solidifica mediante o nosso relacionamento afetivo e firme com os
filho. Isto significa que para governar a própria vida com liberdade e
responsabilidade, ou seja, adquirir autonomia, é necessário seguir regras
consistentes e possuir disciplina, para isto os melhores modelos são os pais,
portanto é pertinente associar regras e limites à construção da autonomia.
Neste encontro houve a visita do professor Juarez Gomes, que proferiu sua
palestra: “Com regras e limites definidos, contribuímos para a autonomia do filho”.
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A mudança climática repentina com ocorrência de chuva poucas horas antes
do início da palestra dificultou e impossibilitou alguns pais de comparecerem à
reunião, mesmo tendo confirmado sua presença previamente através de bilhete.
O professor iniciou sua conversa com a seguinte frase: “As pessoas que
deveriam vir, são as que estão aqui”. Ele se referiu ao costume que se tem em
dizer que em reuniões de pais os que realmente deveriam comparecer não
participam, seja por desinteresse, negligência, omissão, falta de tempo. Agradeceu a
presença dos pais que se dispuseram estar ali naquele momento.
Destacou vários aspectos da educação dos filhos, entre eles:
• A importância do diálogo dos pais com os filhos. Não se deve ficar
constrangido em conversar com os filhos, seja o assunto que for, pois do
contrário, irão procurar respostas em locais ou pessoas nem sempre
confiáveis.
• Afirmou que os pais devem assumir as rédeas da situação. Vive-se numa
sociedade em que certas famílias permitem que os filhos manipulem,
controlem e explorem seus próprios pais, isto não pode ser admitido como
normalidade, não se deve banalizar situações extremas como essa.
• Filhos sempre sabem menos que os pais. Estes têm mais experiências,
devem ter controle das situações, autoridade diante dos filhos.
• Os pais devem estabelecer regras firmes e definidas, sem agressão ou
passividade. Regra é para ser cumprida, do contrário deve gerar punição
coerente. Exercer o direito à regra é o direito do outro dentro de casa.
• Os pais são autoridades, devem exercê-la com amor. Também se deve
investir tempo junto aos filhos e a família. A família é o melhor investimento.
O professor também ilustrou sua palestra apresentando slides sobre
educação de filhos, reportagens de revistas, sugerindo filme, narrando histórias que
ilustrem situações reais, aplicando um questionário de estilos parentais, assim como
fundamentou sua fala em leis, citando:
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• Lei de diretrizes e bases da Educação Nacional LDB – nº 0394/96
Artigo: 12 VI e VII.
• Constituição Federal - Artigo: 229.
• Estatuto da Criança e do Adolescente – Artigo: 5.
• Código Civil – Artigo: 1632 e 1634.
O professor e orientador Juarez encerrou sua conversa afirmando que muito
ainda poderia ser visto, falado e discutido, porém como o tempo é limitado, procurou
focar a palestra em aspectos diretamente relacionados a afetividade de pais e filhos.
Novamente agradeceu e se dispôs (através da aplicadora, sua orientanda) a
estar procurando viabilizar meios para maiores esclarecimentos.
A presença do palestrante e a metodologia trabalhada neste encontro
propiciou aos pais um enriquecimento de seus conhecimentos, assim como um
momento de troca de experiências.
7º Encontro
A importância de se utilizar palavras positivas, ser modelo de boas atitudes,
do contato físico.
Para que nenhum tema dos encontros deixasse de ser apresentado nas
reuniões, este 7º encontro definiu-se como: A importância de se utilizar palavras
positivas (5º encontro que foi cancelado devido a gripe A associado ao que estava
definido no 7 º encontro do material didático: a importância do contato físico e de ser
modelo de atitudes positivas).
Neste encontro estiveram presentes 15 pais.
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Iniciou-se o encontro com um questionamento: Quem não gosta de receber
elogios, ser recebido com sorrisos, cordialidade? (neste momento foi dado um tempo
para que os pais trocassem algumas idéias a respeito).
Quando se fala e se expressa verdadeiramente os sentimentos, o receptor
aceita ou rejeita essa ação. Assim será com os filhos quando os pais se dirigem à
eles com respeito e amorosidade pedindo um favor. A resposta a se obter
certamente será também cercada de compreensão. Conclui-se então que pedir é
diferente de obrigar. Pedir suaviza, obrigar escraviza.
A criança tem a sensibilidade em perceber e captar as emoções, portanto
respondem apropriadamente quando o pedido é feito com respeito.
“Se você educa a inteligência emocional dos seus filhos com elogios quando eles esperam uma bronca (GOLEMAN, 1996), com um encorajamento quando eles esperam uma reação agressiva, com uma atitude afetuosa quando eles esperam um ataque de raiva, eles se encantarão e registrarão você com grandeza. Os pais se tornarão assim agentes de mudança. (CURY, 2003, p.36).
Exteriorizar as emoções e sentimentos contribui para a formação da
personalidade da criança e auxilia na lapidação das emoções. Os pais devem ser os
primeiros a praticar boas atitudes, expondo aos filhos seus sentimentos.
Não há como desvincular elogio de ações, portanto assim como é
fundamental expressar os sentimentos, é imprescindível também possuir atitudes de
solidariedade e empatia. Se os pais são modelos para os filhos, então que sejam
através de boas atitudes.
A importância de falar palavras que agradem e da realização de ações
favoráveis para que os filhos se espelhem nos pais, também devem manifestar
efetivamente o contato físico. As manifestações mais comuns são abraçar e beijar.
Mas fazer carinhos, rolar com os filhos, brincar, afagar, também são contatos
amorosos que se deve ter com os filhos, pois essa prática propicia a eles o
desenvolvimento de seu emocional de forma saudável e prazerosa.
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A professora aplicadora procurou tranquilizar os pais dizendo que para muitos
essa prática não é rotineira tampouco fácil de expressar. É preciso superar e a forma
mais tranquila de iniciar é através de elogios seguido de toques, até que se torne
uma prática. O filho deve acreditar que essa manifestação de carinho é natural,
afetuosa e principalmente realizada com muito respeito.
Encerramos este encontro com uma confraternização e o sorteio de uma
bicicleta. Esta bicicleta foi gentilmente doada pela vereadora Margarete Pimpão
quando em visita à sua sala na Câmara Municipal. O projeto foi levado até seu
conhecimento e como forma de apoio e incentivo doou a bicicleta para que as
famílias continuem participando e buscando melhorias tanto na escola como na
família.
CONCLUSÃO
A implementação do projeto com as famílias participantes dos alunos de 5ª e
6ª séries do Colégio Estadual “Unidade Polo” obteve resultados positivos.
A atuação da professora aplicadora neste projeto favoreceu a estas duas
instituições, escola e família um contato mais imediato. A função desempenhada
estabeleceu a mediação necessária para se efetivar os objetivos delimitados
Os encontros de implementação favoreceram a aproximação de algumas
famílias à escola; embora percebeu-se que a frequência das famílias nas reuniões
foram aleatórias. Os pais se sentiram mais próximos e com mais liberdade de expor
a dificuldade que encontram na educação e formação dos filhos, assim como se
mostraram mais empenhados em praticar o amor incondicional com o objetivo de
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alcançar um relacionamento mais harmonioso na família. Também aproveitaram o
momento para desabafar e contar histórias cotidianas de alegrias e frustrações, com
relação a si próprios ou aos filhos.
Durante os encontros, as famílias perceberam como é importante participar
do desenvolvimento educacional dos filhos e que constantemente devem visitar a
escola para reforçar o trabalho que esta desempenha. Afinal a co-responsabilidade
na educação e formação do indivíduo deve ser prioridade destas duas instituições.
Para os pais que participaram dos encontros o resultado foi positivo. Os
depoimentos de alguns destes demonstraram que já estavam praticando mais
proximidade com os filhos e procurando ser mais participativos, exigindo o
cumprimento de regras e limites, mas sem deixar de ser afetuosos; cobrando
responsabilidades e compromissos nas atitudes dos filhos, porém sem esquecer que
para exigir deve-se demonstrar. Relataram que passaram a organizar melhor o
tempo e estavam mais disponíveis aos filhos, curtindo momentos exclusivos junto
deles, momentos em que perceberam o valor do contato físico, de amar
incondicionalmente, de elogiar ações positivas. Concluíram que são através dessas
práticas cotidianas que buscam contribuir para que a autonomia de seus filhos seja
construída em bases sólidas.
Houve também alguns contratempos na efetivação do projeto, como o inverno
rigoroso e intenso, diminuindo o número de pais nas reuniões, a interrupção dos
encontros devido à gripe H1N1, evitando-se aglomeração de pessoas num mesmo
local, a ausência de alguns pais em determinadas reuniões (mesmo que
confirmados anteriormente) devido a problemas de última hora.
As dinâmicas, as mensagens, as trocas de experiências foram bem aceitas,
pois propiciaram reflexão e questionamentos positivos que enriqueceram os
encontros.
A maioria dos professores também não pode participar com frequência, pois
como as reuniões foram realizadas no período noturno, grande parte trabalha neste
horário e outros ainda possuem diferentes atividades neste período, como
compromissos com estudos, igreja, família, entre outros.
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Com a implementação deste projeto no Colégio Estadual Unidade Polo deu-
se início ao processo de tentar diminuir a distância entre escola e família. Distância
esta historicamente produzida, marcada por crises e contradições. É necessário
continuar insistindo nesta aproximação para que cada uma, família e escola,
desempenhem as suas funções específicas e juntas se tornem verdadeiramente co-
responsáveis na formação e educação dos indivíduos.
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