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15 DE DEZEMBRO DE 2019 “Estamos a viver uma situação dramática para quem produz e o desânimo está cada vez mais acentuado” Numa altura que poderia "ser de luto" para o setor agrícola, o VI Concurso Micaelense Holstein Frísia de Outono vem demonstrar mais uma vez a excelência dos produtos regionais e que deve servir de reivindicação para que na União Europeia se peça um reforço de verbas no próximo Quadro Comunitário de Apoio. Numa altura em que a agricultura está sob ataque, no que diz respeito às alterações climáticas, o Presidente da Associação Agrícola de São Miguel entende que deveria ser feito um estudo "referente ao balanço do carbono em todo o ciclo agrícola, que naturalmente será positivo" e que serviria de capital de reivindicação na União Europeia SUPLEMENTO PATROCINADO Federação Agrícola dos Açores quer reforço de 20 milhões das verbas do POSEI para a Região Páginas 6, 7 e 8

“Estamos a viver uma situação dramática para quem produz e ... · Holstein Frísia de Outono, o de-safio foi para o Governo ao nível da reestruturação do setor, principalmente

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15 DE DEZEMBRO DE 2019

“Estamos a viver uma situação dramática para quem

produz e o desânimo estácada vez mais acentuado”

Numa altura que poderia "ser de luto" para o setor agrícola, o VI Concurso MicaelenseHolstein Frísia de Outono vem demonstrar mais uma vez a excelência dos produtos

regionais e que deve servir de reivindicação para que na União Europeia se peça um reforço de verbas no próximo Quadro Comunitário de Apoio. Numa altura

em que a agricultura está sob ataque, no que diz respeito às alterações climáticas, o Presidente da Associação Agrícola de São Miguel entende que deveria ser feito umestudo "referente ao balanço do carbono em todo o ciclo agrícola, que naturalmente

será positivo" e que serviria de capital de reivindicação na União Europeia

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Federação Agrícolados Açores querreforço de 20 milhõesdas verbas do POSEIpara a Região

Páginas 6, 7 e 8

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II 15 DE DEZEMBRO DE 2019ASSOCIAÇÃO AGRÍCOLA DE SÃO MIGUEL

“Estamos a viver uma situaçãodramática para quem produze o desânimo está cada vez mais acentuado”

Na sessão de aberturado VI Concurso Mi-caelense HolsteinFrísia de Outono, o

Presidente da Associação Agrí-cola de São Miguel, Jorge Rita,começou por falar sobre o "tra-balho extraordinário" que osprodutores de São Miguel têmfeito ao nível da excelência dosanimais e do leite que produ-zem e que é bem visível nos ani-mais que se apresentam a con-curso. Um trabalho "demons-trado de forma inteligente, deforma inequívoca, de forma pa-ciente, muito paciente, muitoresistente e resiliente".

No entanto, a excelênciacontrasta com o "estrangula-mento ao nível dos preços" pa-gos à produção por um produ-to excecional como é o leite. "Omaior constrangimento quetemos neste momento é ter-

mos o melhor leite do mundo,temos um verdadeiro leite depastagem, e que continua a serdo mais mal pago de toda aEuropa. É uma situaçãodramática para quem produze o desânimo está cada vezmais acentuado", referiu Jor-ge Rita na abertura de maisum concurso bovino.

O Presidente da AssociaçãoAgrícola de São Miguel acres-centou que é o setor do leite quetransmite à Região "valoracrescentado, produz benstransacionáveis, e permite quea balança comercial não sejacatastrófica porque existe um

setor leiteiro organizado e comboa capacidade de exportação".

O trabalho e produtos de ex-celência têm de ser "a bandeirados Açores" ao nível da agricul-tura mas também noutros seto-res onde não se deve ir "à procu-ra de quantidade mas sim dequalidade associada à excelên-cia". E acrescentou Jorge Ritaque "enquanto não pensarmosque o sucesso da Região tem ocaminho da excelência, não va-mos ter sucesso e vamos conti-nuar a ser uma Região pobrecom um caminho muito longo apercorrer em que as assimetriasvão acentuar-se cada vez mais".

Para os presentes na abertu-ra do VI Concurso MicaelenseHolstein Frísia de Outono, o de-safio foi para o Governo ao nívelda reestruturação do setor,principalmente quando há me-nos verbas para o setor no Planopara 2020. "Só queríamos mais10 milhões de euros no Orça-mento da Região para que a re-estruturação do setor seja efeti-va e haja possibilidade de ajudaao rendimento dos produtorespor essa razão, não estamos apedir muito", referiu Jorge Ritaque salientou que em marchaestão vários programas que são"paliativos mas é preciso mel-

horar o rendimento dos produ-tores por outras vias". Isto por-que "muitas organizações deprodutores estão a sofrer asconsequências da descapitali-zação do setor. As organizaçõesde produtores e as cooperativasque estão diretamente ligadas àcomercialização, estão a sentirgrandes dificuldades financei-ras e económicas, devido aoatraso que têm nos pagamen-tos" e devido à falta do aumentodo preço do leite.

Sobre o próximo QuadroComunitário de Apoio, o Presi-dente da Associação Agrícolade São Miguel lembrou a ne-

cessidade de "um esforço redo-brado na comunicação nosnossos interesses para a Re-gião", ao nível do Estado-Membro, Portugal, lembrandoque os interesses dos Açores"são diferenciados dos interes-ses dos outros países da UniãoEuropeia e do próprio país".

Até porque, lembrou JorgeRita, enquanto não houverorçamento da União Europeia"nada está decidido nem nadaestá feito" e por isso entendeque ainda há tempo para rei-vindicar mais verbas para a Re-gião, quando não se podemaceitar reduções.

“O maior constrangimento que temos neste momento é termos o melhor leite do mundo, temos um verdadeiro leite de pastagem, e que continua a ser do maismal pago de toda a Europa”

Numa altura que poderia "ser de luto" para o setor agrícola, o VI Concurso Micaelense Holstein Frísiade Outono vem demonstrar mais uma vez a excelência dos produtos regionais e que deve servir dereivindicação para que na União Europeia se peça um reforço de verbas no próximo QuadroComunitário de Apoio. Numa altura em que a agricultura está sob ataque, no que diz respeito àsalterações climáticas, o Presidente da Associação Agrícola de São Miguel entende que deveria serfeito um estudo "referente ao balanço do carbono em todo o ciclo agrícola, que naturalmente serápositivo" e que serviria de capital de reivindicação na União Europeia

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15 DE DEZEMBRO DE 2019ASSOCIAÇÃO AGRÍCOLA DE SÃO MIGUEL III

O Secretário Regional da Agricultura e Florestas, João Ponte, diz que aagricultura açoriana está agora mais capaz de enfrentar os desafios dofuturo, graças ao investimento que foi feito por parte do Governo Regionalmas também porque os produtores agarraram esse investimento para melhorar. Um dos desafios que se coloca à Região tem a ver com as verbasdo próximo Quadro Comunitário de Apoio, mas o bom aproveitamento dasverbas europeias pode servir de justificação para reivindicar mais verbas

Ofuturo da agricul-tura em termos deajudas financeirasde Bruxelas e do

próprio Governo Regional fo-ram o foco da intervenção doSecretário Regional da Agri-cultura e Florestas, João Pon-te, na abertura do VI Concur-so Micaelense Holstein Frí-sia de Outono.

João Ponte começou por res-ponder ao Presidente da Asso-ciação Agrícola de São Miguelque gostaria que houvesse maisverbas para a agricultura noPlano e Orçamento da Regiãopara 2020. O Secretário Regio-nal disse que "é um Plano ge-neroso" o que vê inscritas as ver-bas para a agricultura no pró-ximo ano e justifica a afirmaçãodizendo que em 2019 houveuma série de constrangimentose necessidades que foi precisosuprir que em 2020 não haverá."Tivemos a questão da seca, umconjunto de investimentos narede regional de abate, estamosa falar de 8 milhões de euros,

que neste Plano existem para darresposta a situações que em 2020não vão existir. Há uma reduçãode 6 milhões de euros no Plano, fi-cam 2 milhões. Até tem mais 2milhões de euros. São contas. Te-mos mais 2 milhões para investirna agricultura", justificou.

Sobre as verbas a nível euro-peu, João Ponte admitiu que aRegião tem "objetivos específi-cos" em relação aos próximoQuadro Comunitário de Apoio(QCA) e explicou que a Regiãovai "executar o ProRural até aoúltimo cêntimo para termos au-toridade moral de reclamar maisfundos na próxima PAC. Quan-to a isso, começámos muito cedoa trabalhar e a definir a nossa es-tratégia e preocupações".

No próximo ano será defini-do o orçamento da União Eu-ropeia e essas negociações "vãoexigir um esforço acrescido detodos, para termos uma PACmelhor que sirva os objetivos daRegião, uma agricultura maissustentável, que seja capaz dedesenvolver território, fixar as

pessoas no mundo rural, que se-ja capaz de gerar rendimentosmais justos para os agricultorese que continue a ajudar a nossaRegião a desenvolver-se".

Em relação ao POSEI, o Se-cretário Regional da Agricultu-ra e Florestas definiu que a Re-gião não pode abdicar dos agri-cultores açorianos receberem damesma forma que os agriculto-res do continente em relação ao1º pilar. "Não podemos abdicar,termos agricultores no conti-nente, no mesmo país, a receberajudas no 1º pilar superiores doque as ajudas no POSEI na Re-gião. Outro aspeto tem a ver como 2º pilar e o corte previsto", lem-brou João Ponte que entendeque esta questão deve ser retifi-cada. Nomeadamente ao níveldos Planos Estratégicos que oGoverno entende que deve serespecífico para a Região e nãoum plano único para o país, co-mo se pretende. "Estamos espe-rançados que essa situação pos-sa ser decidida a favor dos Aço-res", para que seja a Região a

gerir as suas próprias verbas. Re-conhecendo que se vive atual-mente um momento "que não éfácil para o setor" João Ponteacredita que nos Açores a agri-cultura "está melhor preparadae melhor infra-estruturada paravencer os desafios futuros".

Desafios que têm a ver com opreço do leite pago à produção,com as alterações climáticas, e"desafios das práticas comerciaisdesleais onde os agricultores são oelo mais fraco da cadeia. Desafiosdos requisitos dos consumidores esociedade. São essas as nossas pre-ocupações, ter na região uma agri-cultura mais forte, capaz de res-ponder a desafios e que ajude a de-senvolver os Açores".

Naquele que é um "setor es-tratégico" para o desenvolvi-mento económico da Região, opercurso tem sido de progressonomeadamente ao nível da mo-dernização das infra-estruturas,de qualidade do leite produzido,de genética, bem-estar animal,"tudo isso se deve ao esforço e de-dicação do agricultor", apesardos investimentos públicos fei-tos. "Mas a verdade é que issoaconteceu porque os agriculto-res apostaram e acreditaram nofuturo da agricultura e isso tra-duziu-se em progresso", disse.

Nos últimos três anos mais 50jovens entraram no setor na áreado leite em São Miguel, ilha que"produz 66% do leite dos Açorese gera um volume de receita mui-to significativo". Essa evidênciada evolução do setor ficou bempatente, referiu João Ponte, noVI Concurso Micaelense Hols-tein Frísia de Outono.

Mas para melhorar a eficiên-cia e melhorar o rendimento dosagricultores, há que haver maiorvalorização das produções regio-nais. Para isso o Governo Regio-nal adjudicou um plano estraté-gico para os lacticínios dos Aço-res, que até final do ano seráentregue, "que irá ajudar o setore a indústria na inovação, inter-nacionalização e mercados paravencer o grande desafio de maiorvalorização do que produzimos".

Quanto às alterações climáti-cas: "temos boas práticas am-bientais, desde há algum tempo,mas isso não nos inibe de estar-mos alinhados com as preocu-pações da Europa e com a Região,que elaborou o Plano de alte-rações climáticas. Queremos irmais longe e foi criada uma co-missão de acompanhamento pa-ra definir um plano específico pa-ra a agricultura e florestas", refe-riu João Ponte que salienta que aRegião está a dar um contributopara a neutralidade carbónica.

No 2º pilar da PAC, a in-tenção de Bruxelas é que hajauma redução de 15% das ver-bas. "A Região pode ser afetadanegativamente se houver re-dução no 2º pilar porque ain-da estamos num patamar ain-da baixo no investimento queé preciso fazer nas infra-estru-turas agrícolas, na manutençãodas mesmas que é fundamen-tal, infra-estruturas ao nível dematadouros", lembrou JorgeRita que afirmou que em cimada mesa das negociações estátambém a obrigatoriedade doGoverno Regional comparti-cipar financeiramente cadaprojeto em 30%, contra osatuais 15%.

Além disso, há que trabal-har para que haja uma desa-gregação das verbas do 2.º pi-lar da PAC dos Açores atribuí-das no envelope nacional, quecaso não seja possível vai criar"um fato complexo e de difícilresolução para os Açores por-que se não usarmos as verbasregionais, elas serão usadas anível nacional". É por isso ne-cessário um trabalho de desa-gregação dos montantes para aRegião, situação que "já foi le-vada duas vezes à Ministra daAgricultura".

Mas o setor enfrenta outrosdesafios, como os "ataques quesão feitos à agricultura" ao ní-vel das alterações climáticas esalientou que a Região até temvantagem comparativa emquestões ambientais já que "te-mos a felicidade de ter verdetodo o ano, pastagem e flores-ta, e até o mar". Neste sentidoentende que seria benéfico pa-ra a Região apresentar "um es-tudo referente ao balanço docarbono em todo o ciclo agrí-cola, que naturalmente serápositivo e que poderá ser utili-zado como capital de reivindi-cação na União Europeia, por-que não havemos de provarque até ajudamos o ambiente,esse é o trabalho que temos defazer para inverter toda a si-tuação", referiu.

Na abertura do VI ConcursoMicaelense Holstein Frísia deOutono, Jorge Rita deixou umapalavra de apreço aos patroci-nadores e entidades que ajuda-ram à realização de mais umevento desta envergadura, enão esqueceu os produtoresque no fundo são quem poten-cia a economia da Região comum setor com capacidade ex-portadora, que fixa as popu-lações nos meios rurais e quepromove o desenvolvimentoharmónico da Região.

“Vamos executar o ProRural atéao último cêntimo para termosautoridade moral de reclamarmais fundos na próxima PAC”

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IV 15 DE DEZEMBRO DE 2019ASSOCIAÇÃO AGRÍCOLA DE SÃO MIGUEL

A"Campeã" foi eleitaa melhor vaca da suasecção (vacas de 5anos), Vaca Campeã

Adulta e melhor úbere doconcurso e foi também consi-derada pelo Juiz canadianoJohn Werry, o melhor animalem pista tendo sido eleita aVaca Grande Campeã, emmais um concurso organizadopela Associação Agrícola deSão Miguel.

Diogo Rita visivelmenteemocionado, tal como a mãe eo pai, Rute e Paulo Rita, mos-trou-se satisfeito com o recon-hecimento de todo o trabalhoque tem sido feito na explo-ração para que a excelência seevidencie.

"Desfilar com uma campeã éuma sensação muito boa. Semexplicação", afirmou Diogo Ri-ta que definiu a "Campeã" co-mo um animal com "um úberemuito bem inserido, movimen-ta-se de uma maneira equili-brada e com muito estilo. Foi oque atraiu o juiz", considera.

Vaca Grande Campeã éfruto de muito investimento,trabalho e dedicaçãoA "Campeã", da exploração Irmãos Rita, foi a Vaca Grande Campeã do VI Concurso Micaelense Holstein Frísia de Outono e o jovem Diogo Ritanão conteve a alegria e emoção por ver o animal com que desfilou em pistaser consagrado o melhor animal do concurso

A "Campeã" é uma excelen-te produtora, tem uma quali-dade genética muito boa e éfruto de "muito trabalho, dedi-cação e preparação". A explo-ração Irmãos Rita tem vindo aapostar cada vez mais na gené-tica como uma parte impor-tante para o futuro do setor eDiogo Rita considera que "te-mos de explorar mais a gené-tica mesmo não ganhandosempre os primeiros lugares",

afirmando que é uma mais-va-lia para as explorações. O jo-vem que ainda não decidiu se oseu futuro passa pelo ensinosuperior ou pela exploração dafamília, garante que a agrope-cuária "faz parte da minha vi-da". "Somos uma família delavradores, há continuidadepara a exploração, felizmente",refere salientando que desdemuito cedo começou a ajudarna exploração.

“Os produtores açorianos devem continuar a fazer o que estão a fazer. Têm tomadograndes decisões em termos de genética e os resultados são visíveis no concurso”

Novilha Campeã e Jovem Campeã

Vitela Campeã e Jovem Reserva Campeã

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15 DE DEZEMBRO DE 2019ASSOCIAÇÃO AGRÍCOLA DE SÃO MIGUEL V

Ojuiz canadiano JohnWerry foi o res-ponsável pela ava-liação dos 180 ani-

mais que se apresentaram empista no VI Concurso Micaelen-se Holstein Frísia de Outono.Daquela que considerou o mel-hor animal no concurso, a VacaGrande Campeã, John Werryelogiou o "ótimo balanceamen-to, ótimas pernas e pés e um sis-tema mamário muito bom".

A vencedora, de nome "Cam-peã" e pertença da exploraçãoIrmãos Rita, foi elogiada pelo juizpelo facto de se ter destacado deentre o conjunto de animais mui-to bons que estiveram a concur-so. Um animal que "seria muitocompetitivo no Canadá", se ti-vesse a possibilidade de partici-

par em concursos bovinos na-quele país. É que John Werry, quealém de ser produtor tambémpresta serviços a empresas liga-das à genética e à nutrição, refe-riu que as melhores vacas de cadasecção "são muito semelhantes

aos animais do Canadá. Têmgrande capacidade leiteira, boaspernas e pés e bons úberes. Sãomuito similares às vacas do Ca-nadá", evidenciou.

O juiz canadiano, que possuiuma exploração leiteira com

uma área de 243 hectares ondeproduz também milho, soja,trigo e cevada, não se mostrousurpreendido com a qualidadedos animais que encontrou empista por já ter conhecimentoprévio dessa excelência. "Espe-rava essa qualidade. Muitosjuízes canadianos já estiveramcá, por isso a qualidade do gadodaqui é um assunto que se falalá. Amigos meus disseram-meque ia encontrar animais mui-to bons", explicou.

Com uma exploração com-posta por um efetivo adulto de85 vacas Holstein que são or-denhadas por dois robots de or-denha GEA, o canadiano JohnWerry entende que os produto-res açorianos estão a fazer oque lhes compete em relação à

boa qualidade dos animais. Porisso, o único conselho que dei-xa é que "devem continuar a fa-zer o que estão a fazer. Têm to-mado grandes decisões em ter-mos de genética e os resultadossão visíveis no concurso".

Pela primeira vez nos Açores,o juiz canadiano que já venceudiversos prémios importantesno Canadá como o título deGrande Campeã no CanadianDairy Classic em 2004, gostoudo que viu além das vacas."Achámos as pessoas muitosimpáticas, é uma ilha sensa-cional, onde nos sentimos segu-ros. É um sítio único compara-do com o resto do mundo", con-cluiu evidenciando que as vacasnos pastos ao ar livre são um bo-nito postal turístico.

"As vacas açorianas têm grandecapacidade leiteira, boas pernas e pés e bons úberes"O canadiano John Werry elogia a qualidade dos animais que encontrou em pista e refere que essa excelência é falada no Canadá devido a outros juízes que já estiveram nos Açores. O juiz diz que o único conselho que pode deixaraos produtores açorianos é que continuem o trabalho que têm desenvolvido até aqui porque "têm tomado grandesdecisões em termos de genética e os resultados são visíveis no concurso"

“As melhores vacas de cadasecção são muito semelhantesaos animais do Canadá. Têmgrande capacidade leiteira,boas pernas e pés e bonsúberes. São muito similares às vacas do Canadá”

Vaca Campeã Adulta, Melhor úberee Vaca Grande Campeã

Melhor Apresentador JovemBeatriz Pereira Pacheco

Melhor Apresentador AdultoMiguel António Pereira Melo

Vaca Vice Campeã Adulta e Vaca Vice Grande Campeã

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VI 15 DE DEZEMBRO DE 2019ASSOCIAÇÃO AGRÍCOLA DE SÃO MIGUEL

Federação Agrícola dos Açores quer reforço de 20 milhões das verbasdo POSEI para a Região

Na abertura do XIIICongresso da Agri-cultura dos Açores,organizado pela Fe-

deração Agrícola dos Açores,foi pedido "trabalho em con-junto" para que se consiga au-mentar as verbas do POSEI pa-ra a Região.

Na sessão de abertura o Pre-sidente da Federação Agrícolados Açores e da AssociaçãoAgrícola de São Miguel, JorgeRita, referiu que o grande de-safio para a Região tem a vercom as verbas do próximoQuadro Comunitário de Apoio(QCA) que podem representaruma redução de valores queiriam prejudicar toda a econo-mia da Região.

"Há uma tentativa para quehaja uma redução do POSEI etemos de trabalhar todos emconjunto para que essa tendên-cia seja invertida e o que que-remos na Região, e que estábem espelhado no que tem sido

o aumento das nossas pro-duções, é o aumento do PO-SEI", afirmou Jorge Rita.

Neste sentido, entende queum aumento de 10 a 20 milhõesde euros para os Açores, por seruma região ultraperiférica "nãofaz grande diferença" no valor to-tal de verbas a nível europeu mastêm grande impacto na Região,pois seriam uma forma de evitaros constantes rateios que têmvindo a afetar os produtores. "Aexpetativa é que não haja rateiosmas somos constantemente con-frontados com eles", referiu Jor-ge Rita na primeira intervençãono Congresso que decorreu no

Auditório do Ramo Grande, naIlha Terceira.

Quanto à possibilidade de ha-ver cortes de 3,9 milhões de eurosno POSEI, Jorge Rita entendeque essa questão ficou salvaguar-dada aquando de uma visita aosAçores do anterior Comissário daAgricultura, Phil Hogan, que ga-rantiu que não haveria cortes noPOSEI para os Açores. Mas ago-ra a intenção é aumentar as ver-bas e o Presidente da FederaçãoAgrícola dos Açores entende que"não é vergonha, pedir mais ver-bas e discriminação positiva" pa-ra a Região. Quer por parte doGoverno Regional quer do Esta-do Membro, Portugal.

No entanto, há expetativas decortes de 15% ao nível do 2º pilarda PAC (desenvolvimento rural),enquanto no 1.º pilar, das ajudasdiretas, se prevê um aumento de4% para os produtores nacionaise "o grande desafio" é que esteaumento também se estenda aosprodutores dos Açores.

O Presidente da FederaçãoAgrícola dos Açores lembrouainda a questão da compartici-pação do Governo Regional nosprojetos apresentados pelosprodutores que atualmente é de15% mas que deverá passar parauma obrigatoriedade de com-participação em 30%. Umaquestão que Jorge Rita entendeque "não deve ser nossa preocu-pação" mas mostra-se sensívelcom o facto de este aumento na

comparticipação poder criar al-gumas dificuldades ao Gover-no Regional. "Estamos do mes-mo lado para que se mantenha acomparticipação de 15%", dis-se referindo que "a situação po-de ser dramática, devido ao es-forço que o Governo Regionalvai fazer". Isto porque acreditaque os projetos apresentados"vão atrasar e ter mais dificulda-des em ser aprovados" e por issodefende que se mantenha a si-

“Há uma tentativa para que haja umaredução do POSEI e temos de trabalhartodos em conjunto para que essatendência seja invertida”

No XIII Congresso da Agricultura dos Açores falou-se nos grandes desafios para o setor agrícola na Região e na necessidade de todos, produtores, associações e Governo, trabalharem em conjunto para que haja um reforço de verbas no próximo Quadro Comunitário de Apoio. Na abertura do Congresso que decorreu na Praia da Vitória, o Presidente da Federação Agrícola dos Açores, Jorge Rita, referiu que "não é vergonha, pedir mais verbas e discriminação positiva" para a Região

“Não é vergonha,pedir mais verbase discriminação positiva para a Região”

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15 DE DEZEMBRO DE 2019ASSOCIAÇÃO AGRÍCOLA DE SÃO MIGUEL VII

O Presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, considera que existemargem de progressão para o setor agrícola na Região e alerta a indústriapara o trabalho que tem de ser feito para ir ao encontro das necessidadese vontades do mercado. Vasco Cordeiro lançou vários números relacionados com o setor agrícola nos Açores, lembrando que ainda hámuito trabalho a fazer. Neste sentido anunciou que o Governo Regional vai lançar uma campanha publicitária de âmbito nacional, para tornar osprodutos lácteos açorianos mais conhecidos pela sua qualidade

No discurso de aber-tura do XIII Con-gresso da Agricul-tura dos Açores, o

Presidente do Governo Regio-nal, Vasco Cordeiro, fez umbalanço do percurso "absolu-tamente notável" que a agri-cultura nos Açores tem feitonas últimas décadas. No en-tanto, alertou para os desafiosque ainda têm de ser vencidos.Alguns estruturais e outrosque resultam de fatores con-junturais externos.

Neste sentido, o presiden-te do Governo Regional, falouem três desafios que se colo-cam ao setor na Região nome-adamente ao nível da susten-tabilidade. Uma questão quetem sido "valorizada e aprecia-da" de forma cada vez maisimportante pelos consumido-res e por isso a Região deve as-sumir as suas mais-valias nes-sa situação. "A começar pelasustentabilidade ambiental, ecom as preocupações que sepodem, para este efeito, agru-par no âmbito, quer dasemissões de carbono, quer na

própria gestão dos nossos recur-sos, como por exemplo, a água, éessencial que não nos deixemosencurralar numa argumentaçãodefensiva às questões que se noscolocam", e tendo como re-ferência a produção de leite elacticínios disse ser "fundamen-tal que, sem prejuízo da serieda-de da abordagem a este assunto,não se caia na tentação de assu-mir dores alheias" quando osprodutores açorianos têm "prá-ticas produtivas respeitadoras evalorizadoras do ambiente e dobem-estar animal".

A questão da sustentabilida-de, referiu Vasco Cordeiro, nãopode "começar e acabar na pas-tagem e na produção" e refereque será fora das pastagens on-de há atualmente "uma mar-gem de progressão mais amplapara fazermos mais e melhor".Por isso chamou as indústriaspara a discussão e referiu que "aperformance energética dasnossas indústrias de lacticíniose a sua componente ambientalsão algumas das áreas que me-recem um novo olhar e olharatento", indo "ao encontro das

necessidades e sensibilidadesdo mercado e, parte essencial,na transformação desses argu-mentos em ativos valorizadoresde produtos, preços e rendi-mentos de toda a cadeia".

Num segundo desafio, VascoCordeiro falou na "aliança vir-tuosa" entre a investigação, aqualificação de processos e pro-dutos que tem de ser ampliada."É fundamental alicerçar mel-hor, e de forma mais eficaz essaparceria entre as diversas enti-dades que podem contribuir pa-ra a inovação e para o desenvol-vimento do nosso setor agríco-la. Há um caminho imenso quepode ser trilhado, mas há quevencer a perspetiva que não va-loriza ou reconhece que esse ca-minho é condição de sobre-vivência do setor agrícola", nu-ma questão que não se coloca sóà produção mas "de forma parti-cularmente ativa nas fases sub-sequentes a esse setor".

Vasco Cordeiro lembrou ain-da um terceiro desafio, "de evi-denciarmos aquilo que fazemosbem e aquilo que queremos fa-zer ainda mais e melhor". Ou se-

ja, um desafio da notoriedade daagricultura e das produções aço-rianas. Um desafio que "deve serassumido por todos".

A este nível o Presidente doGoverno Regional anunciou quevai ser lançada no início de 2020uma campanha publicitária deâmbito nacional, "para tornar osprodutos lácteos açorianos maisconhecidos pela sua qualidade".

O Presidente do Governo Re-gional falou ainda sobre o setorna Região, lançando alguns va-lores que evidenciam a evoluçãodas produções regionais e a qua-lidade nelas presente. Por exem-plo, referiu que a Região produzcerca de 50 por cento do queijoe quase 35 por cento do leite dopaís e, em 2018, a faturação daprodução de leite atingiu pertode 180 milhões de euros, mais7,2% do que em 2017. Já o o vo-lume de negócios da indústria delacticínios totalizou, em 2018,cerca de 310 milhões de euros,sendo um dos grandes contri-buintes para o crescimento dasexportações regionais.

Já o setor da carne, rendeucerca de 50 milhões de euros noano passado, onde foram inves-tidos cerca de 15 milhões de eu-ros na rede regional de abate eao processo de certificação detodos os matadouros, que ficaráconcluído em 2020. No últimoano, lembrou Vasco Cordeiro,foram abatidos nos matadourosdos Açores e aprovadas paraconsumo quase 73 mil carcaçasde bovinos, o que correspondea um aumento superior a 30%nos últimos cinco anos.

Quanto à diversificação agrí-cola, lembrou, registou-se, nosúltimos quatro anos, um cresci-mento de quase 40% da área de-dicada à vinha, à horticultura, àfruticultura e à floricultura, pas-sando-se de uma área de cercade 2.000 hectares para os atuaisperto de 3.000.

Na vitivinicultura, e ao abri-go do programa VITIS, já foraminvestidos cerca de 21 milhõesde euros, que permitiram re-converter quase 800 hectares devinha. Sendo que na Regiãoatualmente estão em produçãocerca de 1.200 hectares de vin-ha, mais do que os 200 hecta-res que estavam a produzir vin-ha em 2010. "Como resultadodeste incremento da produção,duplicou o número de marcasde vinho certificados de poucomais de 20 para cerca de 40atualmente disponíveis no mer-cado", referiu Vasco Cordeiroque lembrou o empenho do Go-verno Regional na estratégia pa-ra o setor agrícola.

tuação atual de compartici-pação de 15%.

Num Congresso onde foramvárias as temáticas a abordar,Jorge Rita falou também sobre atemática da carne que "ainda po-de melhorar" já que a certifi-cação dos matadouros na Regiãoé uma mais-valia, mas foi sobre oleite que se alongou mais já que aRegião produz "um dos melho-res leites da Europa mas que édos mais mal pagos da Europa".Desta forma, Jorge Rita acreditaque é altura de se potenciaremainda mais os produtos regio-nais de excelência e que têm deser reconhecidos por isso. Osprodutores, afirmou, já têm feitoo seu trabalho de produzir comqualidade, falta agora que asindústrias sigam o exemplo e va-lorizem o produto de excelênciaque têm entre mãos.

"Temos de ser mais arrojadose mais pró-ativos", salientou Jor-ge Rita que falou também do "ca-samento perfeito" entre a agri-cultura e o turismo que tem de tera "benção" do Governo Regional.

Na abertura do XIII Congres-so da Agricultura dos Açores fo-ram lembrados os desafios que osetor agrícola atravessa, nomea-damente face "aos ataques" que osetor tem sofrido o nível ambien-tal, lembrando que o setor estásempre sujeito a decisões "quenão são nossas mas que têm mui-to impacto na nossa economia".

Uma dessas decisões teve aver com a abolição das quotasleiteiras, mas também ao níveldas questões ambientais que nonovo Quadro Comunitário deApoio vão ter grande importân-cia. "Aqui haverá grandes desa-fios para a Região", referiu JorgeRita que lembrou que atual-mente a agricultura se debatecom grandes ataques acerca dasquestões ambientais. "Nas redessociais fala-se das vacas como omaior pecado que fazemos. Te-mos também um ataque ao leite.Mas na prática sabemos a im-portância que o setor tem na ali-mentação humana e a expetati-va na produção porque a popu-lação humana está a crescer etem de ser alimentada", desta-cou o Presidente da FederaçãoAgrícola dos Açores.

Num Congresso que se reali-za numa altura de desafios, omote foi para a valorização do se-tor agrícola e da sua importânciapara a economia da Região. Nofinal Jorge Rita agradeceu a to-dos os participantes, oradores epatrocinadores, nomeadamenteà parceria com o Governo Re-gional para que este Congressotomasse forma.

Governo diz que há “margem de progressão” do setor foradas pastagens

Page 8: “Estamos a viver uma situação dramática para quem produz e ... · Holstein Frísia de Outono, o de-safio foi para o Governo ao nível da reestruturação do setor, principalmente

VIII 15 DE DEZEMBRO DE 2019ASSOCIAÇÃO AGRÍCOLA DE SÃO MIGUEL

XIII Congresso da Agricultura dosAçores debate todas as áreas do setorDurante três dias a ilha Terceira reuniu os responsáveis do setor agrícola na Região para um debate alargadosobre os desafios que a agricultura enfrenta. Em vários painéis debateram-se questões relacionadas com as alterações climáticas bem como as implicações da Política Agrícola Comum no pós-2020 na atividade agrícolanos Açores. Na agricultura, a globalização foi outro dos temas em debate bem como o setor do leite e lacticínios.As estratégias para promover os produtos dos Açores; estratégias para estimular a produção e a comercializaçãoda carne bovina; agricultura e floresta; estratégia para o futuro da agricultura nos Açores foram os temas doCongresso organizado pela Federação Agrícola dos Açores e que juntou produtores, empresas de retalho, banca,investigadores, ambientalistas e políticos para debater o futuro do setor