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Publicação da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor – Ano XVIII – 2º Trimestre de 2020 edição 74 Definição revisada de dor Tradução para a língua portuguesa da definição revisada de dor pela Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor “O Grito”, 1893 de Edvard Munch, exposto na Galeria Nacional de Oslo, na Noruega

“O Grito”, 1893 de Edvard Munch, exposto na Galeria ... · , falta de energia, dificuldade de con-centrar-se e isto pode interferir negati-vamente nos relacionamentos sociais,

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Publicação da SociedadeBrasileira para o Estudo daDor – Ano XVIII – 2º Trimestrede 2020 – edição 74

Definição revisada de dor Tradução para a língua portuguesa da definição revisada de

dor pela Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor

“O Grito”, 1893 de Edvard Munch, exposto na Galeria Nacional de Oslo, na Noruega

Page 2: “O Grito”, 1893 de Edvard Munch, exposto na Galeria ... · , falta de energia, dificuldade de con-centrar-se e isto pode interferir negati-vamente nos relacionamentos sociais,

Realização

CBDOR15o Congresso Brasileiro de Dor

De 19 a 22/05/2021Centro de Convenções Frei Caneca

São Paulo - SP

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cbdor 2021.indd 1 16/07/2019 10:48:49

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2o TRIMESTRE DE 2020www.sbed.org.br

3EDITORIALE

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ED

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Jornal Dor é uma publicação da SBED,

dirigida aos associados da entidade. As

opiniões, ideias e conceitos emitidos

em matérias

ou artigos assinados são de

exclusiva responsabilidade dos autores.

É permitida a reprodução desde que

citada a fonte.

Edição de arte: MWS Design

Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED)Av. Cons. Rodrigues Alves, 937/02 Vila Mariana – São Paulo – SPCEP: 04014-012Tel./Fax: 11 5904-2881| 5904-3959E-mail: [email protected] Site: www.sbed.org.brA logomarca da SBED está registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e protegida contra o uso não autorizado.

PresidentePaulo Renato Barreiros da Fonseca (RJ)Vice-presidenteJosé Oswaldo de Oliveira Junior (SP)Diretora CientíficaLuci Mara França Correia (PR) Diretora AdministrativaDirce Maria Navas Perissinotti (SP) TesoureiraJosimari Melo de Santana (SE)SecretáriaCélia Maria de Oliveira (MG)

A Diretoria da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), gestão 2020-2021, publica a tradução oficial para a língua portuguesa da definição revisada de DOR e suas notas complementares que foram publicadas pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP, do inglês International Association for the Study of Pain),  no renomado periódico científico PAIN, no dia 16 de julho de 2020.

Vale ressaltar que a última definição de dor da IASP, a qual vinha sendo ampla e mundialmente utilizada por todos aqueles que se interessam por este assunto datava de 1979, portanto, uma longa história de quatro décadas.

A SBED, que é um capítulo da IASP, por meio de sua diretoria, sente-se feliz e regozijada de desenvolver este trabalho técnico de tradução formal, considerando os aspectos translacionais e semânticos para a língua portuguesa e contexto brasileiro.

A publicação da definição revisada de dor traz amplo conhecimento em relação ao processo capitaneado pela Força Tarefa constituída pela IASP que contou com o dedicado trabalho de 14 membros de diversos países que são especialistas no estudo da dor de 2018 a 2020.

É de nosso conhecimento a alta expectativa de clínicos, pesquisadores da área e pessoas com dor, assim como também que a nova definição de dor tem sido amplamente discutida nos dias que sucede-ram a sua publicação.

Em paralelo, e de forma bastante focada e comprometida, a diretoria da SBED se propôs a assumir todas as etapas necessárias para a tradução formal e oficial desta nova definição de dor e suas notas complementares para a lín-gua portuguesa, no intuito de que nossa população brasileira tenha amplo acesso a uma linguagem unificada e no idioma nativo. Inicialmente, o artigo foi integralmente traduzido por profissional especialista em idioma e com formação em português-inglês. Posteriormente, deu-se uma etapa de revisão e discussão deta-lhada por seis profissionais brasileiros da área da saúde, de diferentes categorias profissionais, especialistas em dor com, pelo menos, 15 anos de experiência, de diferentes categorias profissionais, clínicos e/ou pesquisadores, os quais, atualmente, com-põem a diretoria da SBED. As revisões individuais foram compartilhadas e pontualmente discutidas por todos os diretores. Em seguida, ocorreu um segunda etapa de revisão e consenso de ideias para a tradução.

Neste momento, a SBED disponibiliza, não somente a tradução da definição de dor e suas notas, assim como o artigo pu-blicado pela IASP na íntegra, devidamente referenciado, para ampla divulgação e utilização por toda a sociedade brasileira.

Publicação da definição revisada de dor

Definição revisada de DOR

e suas notas complementares

Realização

CBDOR15o Congresso Brasileiro de Dor

De 19 a 22/05/2021Centro de Convenções Frei Caneca

São Paulo - SP

Programe-se!

150

cbdor 2021.indd 1 16/07/2019 10:48:49

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CADA PACIENTE,UMA DOR DIFERENTE.1

Referências bibliográficas: 1. Freynhagen R, Serpell M, Emir B, et al. A comprehensive drug safety evaluation of pregabalin in peripheral neuropathic pain. Pain Pract. 2015 January;15(1):47-57. 2. Bula Prebictal® 50 mg. 3. Bula Prebictal® 75 mg e 150 mg. 4. Bula do produto – Prebictal® 100 mg.

PREBICTAL® (pregabalina). Cápsulas. Embalagem com 14 ou 28 cápsulas de 50mg, 75mg, 100mg ou 150mg. Uso Adulto. Uso Oral. Indicações: Tratamento da dor neuropática; terapia adjunta na epilepsia;transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG); fibromialgia. Contra-indicações: Hipersensibilidade à pregabalina ou componentes da fórmula. Advertências e Precauções: pacientes com intolerância agalactose, deficiência de lactase de Lapp ou má absorção de glicose-galactose não devem utilizar Prebictal®. Categoria de risco na gravidez: C. Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica. Pacientes não devem dirigir, operar máquinas complexas ou se engajar em atividades potencialmente perigosas pois Prebictal® pode produzir tontura e sonolência. Interações Medicamentosas: pregabalina pode potencializar efeitos do etanol e lorazepam. Prejuízo aditivo na função cognitiva e coordenação motora causado pela oxicodona. Redução da função do trato gastrintestinal inferior (obstrução intestinal, íleo paralítico, constipação) quando pregabalina coadministrada com medicamentos com potencial para produzir constipação (ex: analgésicos opióides). Reações Adversas: Tontura e sonolência (mais frequentes e principais motivos da descontinuação). Posologia: Dose inicial: 150mg/dia, em 2 ou 3 tomadas; pode ser aumentada para 300mg/dia (100mg três vezes ao dia ou 150 mg duas vezes ao dia) dentro de uma semana; dose máxima de 300mg para as dores neuropáticas, neuropatia periférica diabética e neuralgia pós herpética, e 600mg para demais indicações. Favor consultar a bula para lista completa de EA e detalhes sobre posologia. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DA RECEITA. Reg. MS: 12214.0082 (75mg e 150mg), 1.2214.0096 (100mg) e 12214.0092 (50mg). SAC: 0800-166575. Informações adicionais disponíveis aos profissionais de saúde mediante solicitação a Zodiac Produtos Farmacêuticos S.A. – www.zodiac.com.br.

Contraindicação: hipersensibilidade conhecida a qualquer componente da formulação. Interação Medicamentosa: Pode potencializar os efeitos de bebidas alcoólicas e de lorazepam.

CÓDIGO DO MATERIAL: FA-176-19PRODUZIDO EM MAIO/2019.

completa

A família de PREGABALINA

DO BRASIL50 mg2 75 mg3 100 mg4 150 mg3

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CADA PACIENTE,UMA DOR DIFERENTE.1

Referências bibliográficas: 1. Freynhagen R, Serpell M, Emir B, et al. A comprehensive drug safety evaluation of pregabalin in peripheral neuropathic pain. Pain Pract. 2015 January;15(1):47-57. 2. Bula Prebictal® 50 mg. 3. Bula Prebictal® 75 mg e 150 mg. 4. Bula do produto – Prebictal® 100 mg.

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Contraindicação: hipersensibilidade conhecida a qualquer componente da formulação. Interação Medicamentosa: Pode potencializar os efeitos de bebidas alcoólicas e de lorazepam.

CÓDIGO DO MATERIAL: FA-176-19PRODUZIDO EM MAIO/2019.

completa

A família de PREGABALINA

DO BRASIL50 mg2 75 mg3 100 mg4 150 mg3

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Antes Depois

REFORMA DA SEDE DA SBED

O ano de 2020 nos apresentou um novo normal. Serviços se transformaram de uma hora para outra pegando muitas pessoas e muitas empresas desprevenidas! Dentre todas essas mudanças a que mais vem se destacando é a virtualização do serviços. E a Socie-dade Brasileira para o Estudo da Dor não ficou de fora dessa onda. E o Nosso trabalho ganhou um significado muito maior.

Indo na contra mão de muitos setores, a SBED investiu para deixar a nossa sede moderna e conectada. Para ajudar na rotina administrativa foram adquiridos novos equipamentos de informática e mobiliário para a equipe de colaboradores. Na parte estrutural, trocamos todo o sistema de iluminação da sede e criamos um lindo estúdio para gravação de au-las on-line que os sócios poderão desfrutar dos nossos novos produtos.

A princípio criamos dois produtos: O SBED Responde e o Sim-pósio On-line dos Comitês, aproveitamos para frisar que o es-

Adaptação aos novos tempospaço é flexível e pensaremos em novas ideias em parceria com os nossos comitês.

Claro que não realizaríamos essas reformas se não tivéssemos a colaboração dos nossos sócios e dos nossos fieis patrocinado-res institucionais, que acreditaram no nosso projeto e se manti-veram do nosso lado. Que com o passar do tempo criamos uma relação sólida que já resultaram muitos frutos. A todos vocês o nosso muito obrigado.

Nos empenhamos ao máximo para alcançar a qualidade que vo-cês procuram e é uma grande motivação ter a aprovação de parcei-ros especiais como vocês.

Esperamos que a nossa parceria entre SBED x sócios e SBED x pa-trocinadores seja duradoura e que nosso trabalho sempre corres-ponda com as expectativas!

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cenário nacional. Nesses encon-tros vocês perguntarão e os deba-tedores terão o enorme prazer em responder.

Organizaremos também os sim-pósios dos comitês. Esses eventos terão carga horária de seis horas de palestras que vocês poderão assistir quando preferirem, pois as aulas ficarão a disposição nas nossas plataformas. Alguns cursos serão gratuitos e outros serão pa-gos. Como sempre visamos benefícios para os nossos sócios eles receberão um grande desconto nesses eventos pagos.

Até o próximo SBED Responde.

complexo processo de restabelecimento do equilíbrio biopsicossocial.

Pessoas acometidas pela dor crônica evidenciam dificuldade física, funcio-nal, mental e social com diversos sin-tomas como dificuldade para dormir , falta de energia, dificuldade de con-centrar-se e isto pode interferir negati-vamente nos relacionamentos sociais, com cônjuges e amigos, bem como a perda da capacidade para desempe-nhar o papel estabelecido conduzindo a sentimentos de inadequação, culpa, frustração, medo e raiva o que contribui para o isolamento social.

Sabe-se que a dor atrapalha a qualidade de vida das pessoas tanto quanto a depressão, doenças coronárias ou diabetes não controlada (IASP), por isso a Sociedade Brasileira de Dor lançou a campanha “Eu me preocupo com sua dor” fazendo com o elo entre profissional e paciente seja criado e as necessidades de informação sejam sanadas.

Você, profissional sócio da SBED, está convidado a participar, jun-tamente com os comitês, na divulgação, orientação e informação ao público leigo referentes à sua área de atuação. Venham conosco contribuir para aumentar o conhecimento e despertar a preven-ção para quadros mais difíceis de controle.

Pessoas da comunidade também estão convidadas a participa-rem deste movimento em favor da informação e da divulgação de que é possível viver sem dor, é possível controlar a dor.

Venham conosco, venham com a SBED, espalhar essa verdade!

A Sociedade Brasileira para Estudo da Dor, além de congregar grandes profissionais das diversas áreas da saúde com objetivo de estudar, aprofundar o conhecimento em todas as vertentes da dor e compartilhar conhecimentos, também tem o intuito de informar ao maior interessado neste assunto: o paciente que sofre com dor, principalmente a dor crônica.

Pensando nessa grande missão social, os canais de comunicação “Perguntas Frequentes” e “Eu me preocupo com sua dor” trarão, a cada semana, novos assuntos com informações das diversas temá-ticas que podemos oferecer ao público leigo através dos comitês de dor. O objetivo é diminuir a distância que existe entre quem sofre com DOR e quem tanto estuda para diminuir esse sofrimento.

O paciente com dor, mais especificamente com dor crônica, fre-quentemente experimenta modificações dramáticas no seu dia a dia, que resultam do sofrimento persistente provocado pela pre-sença da dor, com repercussões sobre seu estilo de vida. Além do sofrimento ocasionado pela sensação dolorosa, somam-se as frustrações dos tratamentos sem resultados, da multiplicidade de exames pouco esclarecedores e das explicações insatisfatórias da equipe de saúde quanto à inexistência de um diagnóstico preciso ou de que pouco pode ser feito para seu alívio.

Conhecer a dor e a interferência na qualidade de vida pode fa-zer com que o profissional, junto com o paciente, consiga seguir o caminho mais adequado e conjugar modalidades para o controle desta dor que tanto atrapalha.

Recuperar a funcionalidade para a realização das atividades de vida diária com maior grau de independência possível é essencial para pa-cientes com dor crônica. Aliviá-los dessa parcela de sofrimento consti-tui uma das etapas almejadas pela Equipe Interdisciplinar envolvida no

EVENTO

INÍCIO DE UMA NOVA ERADia 25 de junho de 2020, definitivamente estará marcado para

sempre na história da SBED. Foi o dia que inauguramos o nosso espaço para transmissão dos eventos on-line. E o tema não pode-ria ser outro “Pandemia exige cuidados redobrados e maior segu-rança na escolha de tratamento para os idosos”. Um evento com duração de uma hora e meia, totalmente dedicado aos nossos idosos, que tanto fizeram por nós, ao longo de suas vidas. Conta-mos com a participação de 297 participantes de diversos lugares do Brasil nesse evento inaugural que contou com o patrocínio do laboratório Zambon.

Estabelecemos que a última quinta-feira do mês será o dia dos nosso encontros. Esses eventos terão uma hora e meia de duração e serão gratuitos, abordaremos diversos assuntos e contaremos com a presença de renomados convidados do

Evento virtual do dia 25/06 e próximos eventos virtuais

Dr. Paulo Renato Barreiros da Fonseca

Rio de Janeiro – RJ

Dra. Luci Mara França Correia

Curitiba – PR

A Função Social da SBED

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8 ARTIGO

que os acadêmicos de hoje serão os profissionais de amanhã. O Comitê de Ligas da SBED organiza reuniões mensais on-line entre as diretorias de todas as ligas de Dor do Brasil, registradas no Co-mitê de Ligas, onde são discutidos eventos para os acadêmicos e para a população, artigos científicos sobre dor, ideias inovadoras com troca de experiências entre cada uma das ligas participantes. A maioria das Ligas de Dor do Brasil estão vinculadas a faculdades de determinada área como medicina, fisioterapia, veterinária com exceção da LIED, a Liga Interdisciplinar para o Estudo da Dor que não faz parte de nenhuma instituição e onde seus acadêmicos de diversas área da saúde, vivenciam, com o trabalho em equipe, a in-terdisciplinaridade que é fundamental no o tratamento da Dor Crô-nica. A LIED foi a primeira liga de Dor do Brasil a ser interdisciplinar, agregando os acadêmicos de qualquer faculdade, para poder co-nhecer sobre Dor interagindo com o colega, paciente e com o gru-

A dor crônica acomete em torno de 35,5% da popu-lação mundial e algumas pesquisas indicam que a in-cidência no Brasil seja semelhante, o que equivaleria a mais de 60 milhões de indivíduos. É considerada como uma doença por ser uma experiência multidimensio-nal onde o afetivo, cognitivo e emocional estado com-prometidos alterando a totalidade do indivíduo pela perda de qualidade de vida. A dor, de um modo ge-ral, é o sintoma que faz com que muitas pessoas, em torno de 15%-20%, procurem o profissional da saúde para que este possa proporcionar o tão desejado alí-vio. Porém, apesar de considerada um problema de saúde publica, o controle inadequado da dor ainda é mais regra do que a exceção. Apesar de importantes avanços nas últimas décadas, numerosos estudos mostram que menos da meta-de dos pacientes obtém alívio adequado, em grande parte, por des-conhecimento sobre o manuseio básico da dor pelos profissionais da área da saúde, que não recebem durante a graduação, a orien-tação necessária. Visto que a dor não é uma matéria obrigatória nas grades dos diferentes cursos da área da saúde, o tema é estudado apenas como sintoma agregado no diagnóstico diferencial de de-terminadas morbidades. Assim, diante da necessidade de entender melhor seu paciente e em função do aumento da prevalência da dor crônica, os profissionais de saúde estão direcionando os seus estudos com pós-graduação e especializações em dor. A SBED criou vários comitês de diversas áreas e entre eles, o Comitê de Ligas de Dor do Brasil, que tem por objetivo principal, incentivar acadêmicos de qualquer área da saúde a conhecer sobre Dor, por considerar

Dra. Maria Beatriz de Campos

Curitiba – PR

Dra. Adriana de Souza

Curitiba – PR

Dra. Lais Kozminski

Curitiba – PR

SBED, de Olho no Futuro

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po. Seguindo os pilares universitários de ensino, pesquisa e extensão, as ligas oferecem aos mem-bros um programa de educação continuada em dor e proporciona a outros acadêmicos exter-nos, a possibilidade de participar desses encon-tros mensais. A experiência de uma liga, traz aos acadêmicos a possibilidade de exercitar qualida-des de líder, organizando eventos, participando no marketing e mídia social e realizando todas as etapas para atingir um objetivo comum. O fruto do trabalho em equipe na realização de eventos geram um caixa usado para benefício dos pró-prios ligantes, como auxílio para eventos cientí-ficos de dor, onde geralmente, são apresentadas as pesquisas realizadas pelos acadêmicos. As aulas mensais podem abranger conceitos bási-cos, discorrendo sobre as vias neurológicas da dor, englobando todo o processo de transdução, transmissão, modulação e percepção, além de trabalhar com detalhes, as diferentes síndromes dolorosas. Para avaliar o aproveitamento em re-lação ao conteúdo estudado, a LIED aplica anual-mente um questionário adaptado do instrumen-to proposto e validado por Sereza e Dellaroza1, contendo 17 questões objetivas sobre aspectos gerais da dor, sendo: 6 questões relacionadas a fisiopatologia da dor, 4 questões relacionadas a subjetividade e avaliação da dor e 7 questões relacionadas a terapêutica, tanto farmacológi-ca, quanto não farmacológica da dor. Durante a aplicação em 2019, a média de acertos foi de 14, das 17 questões, o que representa 82,3% de respostas corretas. Comparando esse resultado com o obtido por Alves et al. em 20132 com aca-dêmicos de todos os períodos do curso de fisio-terapia de um centro universitário – em que a maior porcentagem de acertos dos três grupos avaliados foi de 49,7% – verifica-se uma aborda-gem eficaz do tema nas aulas ministradas pela LIED, reforçando o papel essencial na preparação de um profissional da saúde. Uma liga pode ser construída com a vontade de um coordenador, independente de faculdade, que deseje cumprir com o compromisso de auxiliar a SBED em sua missão de promover com excelência e ética, o es-tudo da dor. Nova geração, novos tempos, novas ideias e com a SBED não podia ser diferente. A so-ciedade investe no novo, no amanhã.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Sereza TW, Dellaroza MS. O que está sendo apren-

dido a respeito da dor na UEL? Semina Cienc Biol Saúde. 2003;24(1):55-66.

2. Alves RC et al. Análise do conhecimento sobre dor pelos acadêmicos do curso de Fisioterapia em centro universitário. Rev Dor. São Paulo, v.14, n.4, out-dez p. 272-9, 2013.

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conteúdo digital, como livros, artigos eletrônicos e documentos em geral. Foi desenvolvido recentemente pela Associação de Publicadores America-nos (AAP), com a finalidade de autenti-car a base administrativa de conteúdo digital. É concebido como um número, mas não tem um sistema de codifica-ção predefinido e também não traduz ou analisa esta numeração. O DOI atri-bui um número único e exclusivo a todo e qualquer material publicado.

Essa modalidade de publicação contribuirá para a divulgação dos temas livres apresentados no último CBDor, permitindo que os resultados possam ser acessados por toda comunidade cientifica, pois os artigos serão disponibilizados para todos os leitores inte-ressados em português e inglês, e consequentemente poderão ser citados mais rapidamente.

Somente serão publicadas as pesquisas clinicas e experimentais que apresentaram os seguintes tópicos: Justificativa e Objetivos, Métodos, Resultados, Conclusão e Referências; e os relatos de casos que apresentaram os seguintes tópicos: Justificativa e Objetivos, Relato do Caso, Conclusão e Referências.

Os temas livres também serão disponibilizados em lotes no site da SBED, a partir do início do próximo mês, possibilitando aos auto-res que não enviaram todos os itens acima referidos, a oportunida-de para até o dia 15/08/2020 complementarem seus trabalhos que integrarão o Suplemento Especial do BrJPain.

A Diretoria da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor, junta-mente com o Editor do Brazilian Journal of Pain, está elaborando um Suplemento Especial do BrJPain com os temas livres apresenta-dos no último CBDor.

O objetivo é valorizar as pesquisas clinicas e experimentais, bem como, os relatos de casos apresentados pelos congressistas que prestigiaram o 14º CBDor da SBED, que aconteceu em 2019, no Cen-tro de Convenções Frei Caneca, na cidade de São Paulo.

Todos os temas livres apresentados, que foram adequados pelos autores as normas do CBDor e do BrJPain, receberão a identifica-ção numérica DOI (Di-gital Object Identifier), e serão publicados em português e inglês.

O DOI é um sistema para localizar e aces-sar materiais na web, especialmente, publi-cações em periódicos e obras protegidas por copyright, muitas das quais localizadas em bibliotecas virtuais.

O DOI representa um sistema de identi-ficação numérico para

Dr. Irimar de Paula Posso

São Paulo – SP

Temas Livres do 14º Congresso Brasileiro de Dor

14º CONGRESSO BRASILEIRO DE DOR

BrJP, 2020; Suppl 1.Proceedings of the 14th Brazilian Congress of PainSão Paulo, Brazil, June 19-22, 2019

Vol. 03 Suppl. 01 2020

ISSN - 2595-0118

Brazilian Journal of PainBrJP

Proceedings of the 14th Brazilian Congress of Pain

São Paulo, Brazil, June 19-22, 2019

Temas livres do 14o Congresso Brasileiro de DorSão Paulo, Brasil – 19 a 22 de junho de 2019

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RESUMO

A definição atual de dor da Associação Internacional para Estu-dos da Dor (IASP) como “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada a uma lesão tecidual real ou potencial, ou descrita nos termos de tal lesão” foi recomendada pelo Subco-mitê de Taxonomia e adotada pelo Conselho da IASP em 1979.

Definição revisada de dor pela Associação Internacional para o Estudo da Dor: conceitos, desafios e compromissosAutores da Força Tarefa da Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP): Srinivasa N. Rajaa,*, Daniel B. Carrb, Milton Cohenc, Nanna B. Finnerupd,e, Herta Florf, Stephen Gibsong, Francis J. Keefeh, Jeffrey S. Mogili, Matthias Ringkampj, Kathleen A. Slukak, Xue-Jun Songl, Bonnie Stevensm, Mark D. Sullivann, Perri R. Tutelmano, Takahiro Ushidap, Kyle Vaderq

Tradução para a língua portuguesa da definição revisada de dor pela Sociedade Brasileira para o Estudo da DorAutores da tradução: Diretoria da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor - Gestão 2020-2021 (Josimari Melo DeSantana1, Dirce Maria Navas Perissinotti2, José Oswaldo de Oliveira Junior3, Luci Mara França Correia4, Célia Maria de Oliveira5, Paulo Renato Barreiros da Fonseca6).

Patrocínios e conflitos de interesse que possam ser relevantes ao conteúdo são apresentados ao final deste artigo.a Department of Anesthesiology and Critical Care Medicine, Johns Hopkins University, School of Medicine, Baltimore, MD, United States, b Program in Public Health and Com-munity Medicine, Department of Anesthesiology and Perioperative Medicine, Tufts Univer-sity School of Medicine, Boston, MA, United States, c St Vincent’s Clinical School, UNSW Sydney, Sydney, New South Wales, Australia, d Department of Clinical Medicine, Danish Pain Research Center, Aarhus University, Aarhus, Denmark, e Department of Neurology, Aarhus University Hospital, Aarhus, Denmark, f Institute of Cognitive and Clinical Psychol-ogy, Central Institute of Mental Health, Medical Faculty Mannheim, Heidelberg University, Mannheim, Germany, g Stephen Gibson, Caulfield Pain Management and Research Centre, University of Melbourne, Melbourne, Australia, h Duke Pain Prevention and Treatment Re-search Program, Department of Psychiatry and Behavioral Sciences, Duke University School of Medicine, Durham, NC, United States, i Departments of Psychology and Anesthesia, McGill University, Montreal, QC, Canada, j Department of Neurosurgery, Johns Hopkins University, School of Medicine, Baltimore, MD, United States, k Department of Physical Therapy and Rehabilitation Science, University of Iowa, Iowa City, IA, United States, l SUS-Tech Center for Pain Medicine, Southern University of Science and Technology School of Medicine, Shenzhen, Guangdong, China, m Lawrence S Bloomberg Faculty of Nursing, Fac-ulties of Medicine and Dentistry, University of Toronto, Toronto, ON, Canada, n Psychiatry and Behavioral Sciences, University of Washington, Seattle, WA, United States, o Department of Psychology and Neuroscience, Dalhousie University, Halifax, NS, Canada, p Multidisci-plinary Pain Center, Aichi Medical University, Nagakute, Aichi, Japan, q Chronic Pain Clinic, Kingston Health Sciences Centre, Kingston, ON, Canada.

1Diretora Financeira da SBED. Fisioterapeuta. Professora Associada do Departamento de Fi-sioterapia da Universidade Federal de Sergipe. Professora dos Programas de Pós-graduação em Ciências da Saúde e Ciências Fisiológicas. 2Diretora Administrativa da SBED. Psicólo-ga. Doutora em Ciências pelo Departamento de Tecnologia da Universidade de São Pau-lo. Pós-doutora pelo Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo. 3Vice-presidente da SBED. Neurocirurgião. Responsável pela Neurocirurgia Funcional e Gru-po Especializado em Dor do Serviço de Neurocirurgia do Hospital Servidor Público Estadual. 4Diretora Científica da SBED. Odontóloga. Instituto de Neurologia de Curitiba. 5Diretora Secretária da SBED. Enfermeira. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem Bási-ca da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais. 6Presidente da SBED. Anestesiologista. Professor Coordenador da Pós-graduação em Dor - Ensino Einstein-Rio de Janeiro.

Recebido em 23 de março de 2020Recebido na forma revisada em 20 de maio de 2020 Aceito em 20 de maio de 2020Disponível online em 13 de julho de 2020

Essa definição foi amplamente aceita pelos profissionais da saúde e pesquisadores da área da dor e adotada por diversas organizações profissionais, governamentais e não-governamentais, incluindo a Organização Mundial da Saúde. Nos últimos anos, alguns pro-fissionais da nossa área argumentaram que os avanços no nosso entendimento da dor justificavam uma reavaliação da definição e propuseram modificações. Sendo assim, em 2018, a IASP formou uma Força Tarefa Presidencial multinacional, com 14 membros, composta por profissionais com ampla experiência em ciência clí-nica e/ou básica relacionada à dor para avaliar a definição atual e as notas explicativas e recomendar se tal definição deveria ser mantida ou alterada. A revisão oferece uma sinopse dos concei-tos críticos, análise dos comentários dos membros da IASP e do público, e as recomendações finais do comitê sobre as revisões da definição e das notas que foram discutidas por dois anos. Por fim, a Força Tarefa recomendou que a definição de dor fosse revisada para “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associa-da, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial,” e que as notas explicativas passassem a ser uma lista com itens que incluísse a etimologia. A definição revisada de dor e as notas foram unanimemente aceitas pelo Conselho da IASP no início de 2020.Descritores: Definição, Terminologia, Taxonomia, Força tarefa, Revisão, IASP

“Definições científicas e médicas são ferramentas. Mesmo quando as reconhecemos como imperfeitas ou temporárias, aguardando sua substituição por uma versão aprimorada, elas realizam o trabalho que não poderia ser realizado por instrumentos menos precisos.” Da-vid B. Morris27

INTRODUÇÃO

Em 1978, depois de dois anos de deliberações, o Subcomitê de Ta-xonomia da Associação Internacional para Estudos da Dor (IASP), presidido pelo Professor Harold Merskey e incluindo representan-tes de diversas especialidades, recomendou definições de “Termos da Dor” ao Conselho da IASP.19 As recomendações do Subcomtê,

REVISÃO DE NARRATIVA

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fortemente endossadas pelo então presidente da IASP, John J Boni-ca, e aprovadas pelo Conselho há mais de quatro décadas, incluíam a atual definição de dor da IASP.7 A dor foi definida como “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada a uma le-são tecidual real ou potencial, ou descrita nos termos de tal lesão” (quadro 1). No editorial correspondente, John Bonica enfatizou que o “desenvolvimento e ampla adoção das definições dos termos universalmente aceitos” foi um dos principais objetivos e responsa-bilidades da organização. O relatório do Subcomitê destacou que as definições poderiam ser modificadas à medida que novos conhe-cimentos fossem adquiridos e que as recomendações tinham a fina-lidade de “oferecer uma estrutura operacional, e não uma restrição ao desenvolvimento futuro.”7,19

Quadro 1. Definição de dor da IASP (1979)

Dor

Uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada a uma lesão tecidual real ou potencial, ou descrita nos termos de tal lesão.

Nota

A dor é sempre subjetiva. Cada indivíduo, nas fases iniciais da vida, aprende a usar a palavra através das experiências relacionadas à lesão. Os biólogos reconhecem que esses estímulos que cau-sam a dor são responsabilizados pela lesão. Da mesma forma, a dor é aquela experiência que associamos com uma lesão tecidual real ou potencial. É, sem dúvida, uma sensação em uma parte ou partes do corpo, mas também é sempre desagradável e, portan-to, também é uma experiência emocional. As experiências que se assemelham à dor, por exemplo, uma agulhada, mas que não são desagradáveis, não devem ser chamadas de dor. Experiências de-sagradáveis anormais (disestesia) também podem ser dor, mas não necessariamente, porque, subjetivamente, elas podem não ter as qualidades sensitivas usuais da dor.

Muitas pessoas relatam dor na ausência de uma lesão tecidual ou qualquer outra causa fisiopatológica; e em geral isso acontece por razões psicológicas. Não há como diferenciar essa experiência da-quela decorrente de uma lesão tecidual, se tomarmos o relato sub-jetivo. Se a experiência for encarada como dor, e se a pessoa rela-tá-la da mesma maneira que a dor causada por uma lesão tecidual, ela deve ser aceita como dor. Essa definição evita a ligação da dor com um estímulo. A atividade induzida nos nociceptores por um estímulo nocivo não é dor, que é sempre um estado psicológico, embora possamos entender muito bem que a dor frequentemente tem uma causa física próxima.

A definição de dor da IASP foi globalmente aceita pelos profis-sionais da saúde e pesquisadores da área de dor, e adotada por diversas organizações profissionais, governamentais e não-gover-namentais, incluindo a Organização Mundial da Saúde. Embora tenham sido feitas revisões e atualizações subsequentes à lista de termos associados à dor (1986, 1994, 2011), a definição de dor da IASP, em si, permaneceu inalterada. Entretanto, nos últimos anos, alguns profissionais da área argumentaram que os avanços no entendimento da dor, no seu sentido mais amplo, justificavam uma reavaliação da definição.2,5,10,37 Várias propostas de modifica-ção da definição atual de dor geraram uma considerável discussão, às vezes acalorada, com fortes opiniões em favor ou em oposição à necessidade de revisão.1,4,5,11,12,15,29,31,32,39,40 Tendo conhecimento das discussões em andamento, a presidente da IASP, Judith Tur-ner, criou uma Força Tarefa Presidencial em 2018 para “avaliar a definição atual de dor da IASP e das notas explicativas” e re-

comendar se elas “deveriam ser mantidas ou alteradas de acordo com o conhecimento atual baseado em evidência.” Foi formada uma Força Tarefa com 14 membros que incluiu pessoas de diver-sos países com ampla experiência em ciência clínica e/ou básica relacionada à dor. A Força Tarefa deliberou por quase dois anos (2018-2020). A revisão oferece uma sinopse das discussões dos membros da Força Tarefa sobre os conceitos críticos, análise dos comentários dos membros da IASP e do público, e as recomen-dações finais do comitê sobre as revisões da definição e das notas que foram aceitas por unanimidade pelo Conselho da IASP no início de 2020.

ARGUMENTOS A FAVOR E CONTRA PARA ATUALI-ZAR A DEFINIÇÃO DA ASSOCIAÇÃO INTERNACIO-NAL PARA ESTUDOS DA DOR

A dor pode variar muito quanto à intensidade, qualidade e duração e possui vários mecanismos fisiopatológicos e significados. Portanto, é um desafio definir o conceito de dor de forma concisa e precisa. Vários líderes ilustres do século passado fizeram menção a esse pro-blema, incluindo Sir Thomas Lewis, que escreveu no prefácio da sua monografia intitulada PAIN, “A reflexão me diz que estou tão longe de ser capaz de definir a dor e que a tentativa não teria nenhuma fi-nalidade útil.”23 Merskey, presidente do Subcomitê de Taxonomia da IASP, reconheceu que a dor era “um conceito psicológico e não uma medida física” e que a experiência da dor tinha que ser diferenciada de um estímulo nocivo.25,26 Sendo assim, a definição atual (1979) da IASP reconhece que, embora a lesão tecidual seja um antecedente comum da dor, a dor pode estar presente, mesmo quando uma lesão tecidual não é perceptível. Os pontos fortes dessa definição incluem o reconhecimento dos aspectos multidimensionais da dor, sua bre-vidade e simplicidade. A definição ajudou a criar um entendimento comum do termo dor para os profissionais de saúde, pesquisadores e pessoas com dor em todo o mundo, e influenciou a política de saúde, pesquisa e atendimento clínico.21,27

Críticas à definição e notasAs críticas à definição da IASP incluíam que ela é “cartesiana,” ignorando a multiplicidade das interações mente-corpo,27 e que ela negligencia “as dimensões éticas da dor” e não aborda adequa-damente a dor nas populações fragilizadas e negligenciadas, como os recém-nascidos e os idosos.3,13 Foi argumentado que a defini-ção atual enfatiza o autorrelato verbal em detrimento de compor-tamentos não-verbais que podem proporcionar informações va-liosas, especialmente em animais e seres humanos com cognição comprometida ou inabilidade linguística.2,13 Uma preocupação expressa recentemente sobre a definição atual foi que ela exclui os fatores cognitivos e sociais que são inerentes à experiência da dor.37 Além disso, o termo “desagradável” foi debatido como for-te banalizador da dor grave e do sofrimento associado a muitos estados clínicos de dor aguda e crônica e não capta “toda a gama de palavras que poderiam ser usadas para descrever a experiência” e o sofrimento a ela associado.8,10,17,37 Por fim, também houve o argumento de que a dor é mais que um sintoma, que a dor crô-nica pode ser uma doença com seu próprio curso clínico,24,33 e, portanto, a definição deveria refletir essa perspectiva.

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Nos últimos anos, várias definições alternativas foram propostas (Tabela 1). Williams e Craig37 definiram dor como “uma experiên-cia desagradável associada a uma lesão tecidual real ou potencial com componentes sensoriais, emocionais, cognitivos e sociais.” Cohen et al.10 apresentaram a seguinte definição revisada: “A dor é uma experiência somática mutualmente reconhecível que reflete o receio da pessoa de uma ameaça à sua integridade corporal e existencial.” Outras definições e modificações à definição da IASP foram propostas por Wright39 e Aydede5 (Tabela 1).As notas explicativas da definição atual também foram criticadas como redundantes, (reiteram conceitos que já estão presentes na definição), desatualizadas (comentários como “a dor na ausência de lesão tecidual ou qualquer causa fisiopatológica provável” ge-ralmente tem “razões psicológicas”), e que carecem de precisão10,39.

MÉTODOS

A Força Tarefa adotou diversas abordagens, inclusive um método modificado de pesquisa Delphi, acompanhado de webconferências mensais, discussões por e-mail e reuniões presenciais com seus mem-bros. A Força Tarefa buscou consultoria externa com especialistas bioéticos, filósofos e linguistas. Além disso, a Força Tarefa obteve comentários de uma comunidade mais ampla que incluiu membros da IASP e do público. Uma definição inicial e notas explicativas fo-ram publicadas no website da IASP em agosto de 2019, com um convite para feedback por escrito do público, durante um mês. A Força Tarefa encomendou uma análise qualitativa de conteúdo dos comentários recebidos que foram, então, discutidos detalhadamente. Uma recomendação revisada que levou todas as fontes de feedback em consideração foi submetida ao Conselho da IASP para aprovação em novembro de 2019. Com base no feedback do Conselho da IASP, pequenas alterações foram feitas nas notas, e uma recomendação final (Caixa 2) foi submetida em janeiro de 2020.

CONCEITOS, DISCUSSÕES E RECOMENDAÇÕES INICIAIS

Durante as discussões iniciais entre os membros da Força Tarefa, chegou-se ao consenso com relação a certas premissas básicas. A definição deveria ser válida para dor aguda e crônica, e se aplicar a todas as condições de dor, independentemente da sua fisiopato-logia (nociceptiva, neuropática e nociplástica).20,22 Segundo a de-finição de dor deve se aplicar a seres humanos e animais. Terceiro, sempre que possível, a dor deve ser definida pela perspectiva da pessoa que sente a dor, e não por um observador externo. O ob-jetivo era desenvolver um enunciado claro, conciso e inequívoco que descrevesse as variadas experiências de dor, reconhecendo, ao mesmo tempo, sua diversidade e complexidade.31 A Força Tarefa reconheceu, desde as deliberações iniciais, que a seção de notas merecia uma revisão. Os membros da Força Tarefa concordaram que as notas não tinham a função de ser um tratado sobre a bio-logia da dor, nem o critério de diagnóstico da dor, mas deveria enfatizar os aspectos importantes da complexidade da dor, que era difícil de captar em uma definição breve.Houve muita discussão se os aspectos sociais da dor deveriam ser incluídos na definição. Embora os membros da Força Tarefa valo-rizassem a importância dos aspectos sociais, tanto na experiência de dor aguda como crônica, a opinião da maioria foi que se fazia relevante destacá-los nas notas, mas que não seriam um compo-nente essencial da definição. Um dos argumentos foi que a in-fluência do contexto social não era exclusiva à dor, mas comparti-lhado por outras experiências sensoriais, inclusive visão e audição. Rolf-Detlef Treede pergunta, retoricamente em seu comentário: “Pode uma pessoa sozinha em uma ilha deserta não sentir dor?”32 O uso da expressão “associada a” na definição atual para expressar a relação entre a experiência e a lesão tecidual também foi criti-cada por falta de clareza.39 A expressão “geralmente causada por”

Tabela 1. Matriz de palavras comparando a definição atual de dor da IASP com outras revisões propostas, e a definição inicial e a definição final revisada da Força Tarefa

Definição (IASP)atual, 197919

Desagradável Sensitiva e emo-cional

Experiência Associada com Lesão real ou potencial Ou descrita nos termos de tal lesão

Wright39 Desagradável Sensação Que evoluiu motivando o comportamento

Que evita ou minimiza a lesão tecidual, ou promove recuperação

Williams and Craig37

Angustiante [com compo-nentes sensoriais, emocionais, cog-nitivos e sociais]

Experiência Associada com Lesão tecidual real ou potencial

Cohen et al.,10 Mutualmente reconhecido

Somático Experiência Que reflete Receio da pessoa de ameaça a sua integridade corporal ou existencial

Aydede5 Desagradável Sensitiva e emo-cional

Experiência que de forma paradigmáticaresulta de

Lesão real ou potencial Ou é do mesmo tipo ou semelhante a tal experiência

Proposta inicial da Força Tarefa da IASP, 2019

Aversivo Sensitiva e emo-cional

Experiência Normalmente causada por

Lesão real ou potencial [ou semelhante àquela causada por]

Definição revisada da Força Tarefa da IASP, 2020

Desagradável Sensitiva e emo-cional

Experiência Associada com Lesão tecidual real ou potencial

[ou semelhante àquela associada com]

IASP, International Association for the Study of Pain; [...] ordem das palavras reordenadas pela definição.

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foi considerada como um substituto para esclarecer essa relação entre a lesão tecidual e a experiência da dor. Uma preocupação importante na definição atual relaciona-se à expressão “descrita nos termos de tal lesão.” Foram debatidos vários substitutos po-tenciais para essa expressão, que implica a exigência de comunica-ção verbal. Alguns verbos alternativos foram considerados, numa tentativa de englobar comportamentos não verbais dos humanos e dos animais, incluindo “expresso”, “percebido”, “interpretado”, “inferido” e “captado”. Nas deliberações iniciais, a maioria dos membros da Força Tarefa preferiu o verbo “percebido”. Uma de-finição preliminar proposta pela Força Tarefa foi: “Uma experiên-cia sensitiva e emocional desagradável associada a uma lesão teci-dual real ou potencial, ou percebida como tal lesão.” Entretanto, essa preferência inicial pela frase “percebida como tal lesão” como substituto para “descrito nos termos de tal lesão” foi posterior-mente criticada como problemática e tendo, potencialmente, a consequência não intencional de excluir os mesmos grupos de pessoas que a Força Tarefa estava tentando incluir na sua revi-são (recém-nascidos, pessoas com grave deficiência intelectual e de desenvolvimento, e os animais.)* Com base no feedback do Conselho da IASP sobre a definição preliminar e as notas, em novembro de 2018, a Força Tarefa fez outras consultas com espe-cialistas em ética e filosofia e promoveu discussões adicionais para refinar a linguagem. A Força Tarefa também concordou em obter feedback da comunidade em geral sobre sua recomendação inicial e para revisar a definição e as notas com base nos comentários recebidos. (*Carta de M. Aydede para a Força Tarefa intitulada “Sobre a proposta da Força Tarefa Presidencial da IASP para uma nova definição de ‘dor’”, datada de 25 de novembro de 2018).

Consulta com eticistas e filósofos em resposta ao feedback ini-cial do Conselho da Associação Internacional para Estudos da DorUma crítica detalhada a então proposta de definição de dor foi apresentada à Força Tarefa pelo Professor Murat Aydede, um co-laborador regular para a filosofia da psicologia e ciência cognitiva relacionada à dor.4,5 Alguns membros da Força Tarefa concorda-ram com Aydede que substituir “descrito nos termos de” pela lin-guagem proposta “percebido como” pode ter consequências ne-gativas não intencionais. Devido à importância de se considerar, em sua plenitude as nuances filosóficas e linguísticas implícitas da crítica, a Força Tarefa solicitou ao Professor Peter Singer (Prince-ton University), seus comentários sobre essa crítica. O Professor Singer também solicitou a participação dos Professores Adam Sh-river e Nicholas Shea, de Oxford, Reino Unido, e da Universidade de Londres, respectivamente.Suas deliberações foram resumidas em uma carta sucinta para a Força Tarefa, datada de 13 de fevereiro de 2019. A carta afirmava que a atual definição de dor da IASP mistura a questão do que é sentir dor para uma pessoa, com uma outra questão de como dizer que uma pessoa está sentindo dor. Singer e seus colegas pro-puseram a seguinte definição: “Sentir dor é ter uma experiência consciente particular, ou seja, em aspectos importantes semelhan-tes, como experiência, à experiência consciente que é normalmen-te causada por lesão tecidual e facilmente considerada pelo sujeito

que a vivencia como indesejável.” Eles sugeriram que essa defini-ção fosse complementada com uma lista de “sinais de dor [sejam] verbais, fisiológicos, comportamentais ou neurais” e incluíssem “um enunciado claro de que o efeito da descrição verbal não é o único tipo de evidência de dor, e que pode haver evidência de dor na ausência de lesão tecidual.”

Recomendação inicial para a Associação Internacional para Estudos da Dor e para feedback da comunidade geralA Força Tarefa recebeu bem esses comentários dos filósofos e con-siderou se esses conceitos estavam amplamente presentes na defini-ção revisada. A Força Tarefa concordou que o termo “aversiva” pode ser igualmente aplicável a seres humanos e animais que sentem dor, enquanto que “indesejável” e “desagradável” pode ser menos apli-cável a determinadas espécies animais. Sendo assim, o termo “desa-gradável” da definição atual foi substituído por “aversiva”. Muitos membros da Força Tarefa consideraram que definir a dor pela pers-pectiva de um observador era controversa e política.35 A questão de quem tem autoridade de julgar quem está sentindo dor: profis-sionais de saúde, sofredores, laboratórios farmacêuticos, políticos, governo federal, os estados, advogados, ou juízes” é controversa.35 A Força Tarefa concordou que o foco principal da definição deveria ser o indivíduo que sente a dor.Seria difícil descrever, em detalhes, as nuances de todas as discussões para refinar as notas atuais. Fornecemos, aqui, um resumo da essência das discussões. Ficou acordado que os con-ceitos-chave que ajudam a ressaltar nosso entendimento apri-morado da dor em seu contexto biopsicossocial devem ser in-dicados em enunciados concisos e em formato de lista. A Força Tarefa reformulou muitos dos conceitos das notas explicativas da definição atual, reorganizou sua sequência, introduziu algu-mas alterações, e enumerou as notas para destacar esses pontos. Por exemplo, considerou-se importante enfatizar o conceito de que dor e nocicepção não são sinônimos. A nocicepção, ao contrário da dor, refere-se à atividade que ocorre no sistema nervoso em resposta a um estímulo nocivo. Foi discutido o papel da cognição na dor e a opinião geral foi que isso estava implícito nos enunciados de que a dor é subjetiva e modifica-da pelas experiências de vida. O conceito da natureza preju-dicial da dor crônica, em contraste com o papel protetor da dor aguda, foi introduzido ao se descrever os efeitos adversos associados da dor na função e no bem-estar social e psicoló-gico. A etimologia da palavra “dor” também foi incluída para conscientizar os leitores sobre o significado transacional, pu-nitivo, em comparação com outras palavras que enfatizam a localização da dor ou seu efeito negativo no humor.Depois de muita deliberação, e com base na opinião da maioria, a Força Tarefa apresentou para o Conselho da IASP, em julho de 2019, a seguinte recomendação para a definição e notas, publica-da no website da IASP para feedback do público.

Recomendação inicial da Força Tarefa para feedback públicoDorUma experiência sensitiva e emocional aversiva geralmente cau-sada por, ou semelhante àquela causada por, uma lesão tecidual real ou potencial.

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Notas(1) A dor é sempre uma experiência subjetiva, que é influenciada, em graus variáveis, por fatores biológicos, psicológicos e sociais.(2) Dor e nocicepção são fenômenos diferentes; a experiência de dor não pode ser deduzida pela atividade nas vias sensoriais.(3) Através das suas experiências de vida, as pessoas aprendem o conceito de dor e suas aplicações.(4) O relato de uma pessoa sobre uma experiência de dor deve ser aceito como tal e respeitado.(5) Embora a dor geralmente cumpra um papel adaptativo, ela pode ter efeitos adversos na função e no bem-estar social e psi-cológico.(6) A descrição verbal é apenas um dos vários comportamentos para expressar a dor; a incapacidade de comunicação não invalida a possibilidade de um ser humano ou um animal sentir dor.

EtimologiaInglês Médio, do anglo-francês peine (dor, sofrimento), do latim poena (pena, punição), e do grego poin-e (pagamento, pena, re-compensa).

ANÁLISE DO FEEDBACK DA COMUNIDADE GLO-BAL DE DOR

A consulta pública sobre a proposta da nova definição de dor e notas explicativas foi aberta em 7 de agosto de 2019 até 11 de setembro de 2019 (vide Suplemento 1 para mais informações so-bre os métodos da consulta e resumo dos resultados, disponível em http://links.lww.com/PAIN/B53). Membros da comunidade global de dor foram convidados a apresentar seu feedback sobre a definição proposta para dor através de pesquisa na web. A pes-quisa foi em inglês e incluiu cinco perguntas demográficas, uma pergunta sobre satisfação com a definição proposta (classificada em uma escala Likert de cinco pontos), e duas perguntas aber-tas relativas ao feedback sobre a definição e as notas. A pesquisa foi postada na página da IASP e distribuída para os membros da IASP através de e-mail, e para o público pela mídia social. Foi usada a estatística descritiva para resumir as características de-mográficas e a satisfação. As respostas às perguntas abertas foram analisadas usando a análise indutiva do conteúdo.16

Foram recebidas 808 respostas de pessoas de 46 países. Cinquenta e oito porcento dos respondentes se autoidentificaram como profis-sionais de saúde, pesquisadores clínicos e de ciências básicas, admi-nistradores, educadores ou estagiários/estudantes. Os outros 42% se identificaram como pessoas que vivem com dor, pessoas com deficiência relacionada à dor, ou cuidadores de uma pessoa que vive com dor. A proporção de respondentes que estavam muito satisfei-tos ou satisfeitos (41,7%) com a definição proposta foi quase igual à proporção que estava insatisfeita ou muito insatisfeita (41,5%). Dos insatisfeitos ou muito insatisfeitos, 49,7% eram pacientes e/ou seus cuidadores, e apenas 32,4% eram profissionais de saúde, pes-quisadores, administradores, educadores e estudantes/estagiários. Os membros da Força-Tarefa receberam um resumo detalhado das respostas da pesquisa, junto com os comentários individuais por escrito, antes das discussões adicionais para considerar as revisões à definição inicial proposta e às notas.

Todos os comentários qualitativos foram organizados usando o processo de codificação aberta, tanto para a definição como para as notas. Quatro categorias abrangentes foram geradas para des-crever o feedback dos respondentes à nova definição proposta de dor (Figura 1; e Suplemento 1 para maiores detalhes, disponível em http://links.lww.com/PAIN/B53). As quatro categorias (e as 11 subcategorias listadas no Suplemento 1, disponível em http://links.lww.com/PAIN/B53) foram as seguintes: (1) a definição de dor deve ser simples e prática (a redação do texto é difícil, o nível de leitura deveria ser modificado para facilitar a tradução para outros idiomas); (2) a definição deveria captar melhor a experiên-cia pessoal da dor (“aversiva” como descritor de dor, impacto da dor na qualidade de vida, e subjetividade da dor); (3) a definição deveria fornecer mais especificidade em relação aos diversos com-ponentes da dor (a dor acontece de muitas formas e é influenciada por muitos fatores); e (4) a referência na definição à lesão tecidual deveria estar melhor alinhada com as conceitualizações modernas de dor (lesão tecidual como causa da dor, dor como uma interpre-tação, e dor semelhante à lesão tecidual).Sete categorias abrangentes foram geradas para descrever o feedback dos respondentes sobre as notas da nova definição proposta para a dor. As sete categorias (e 14 subcategorias listadas no Suplemento 1, disponível em http://links.lww.com/PAIN/B53) incluído: (1) comentários gerais sobre as notas propostas (formato, clareza e re-levância, nível de exposição e importância do tratamento da dor) (2) comentários relacionados à primeira nota (subjetividade da dor e dor ser influenciada por muitos fatores); (3) comentários relacio-nados à segunda nota (relação entre dor e nocicepção e clareza das vias sensitivas); (4) comentários relacionados à terceira nota (falta de clareza sobre o significado e implicações para recém-nascidos e bebês); (5) comentários relacionados à quarta nota (experiência

Figura 1. Resumo dos principais comentários recebidos dos membros da IASP e do público sobre a definição inicial recomendada, com base na análise qualitativa do conteúdo, realizada pela Força Tarefa. IASP, International Association for the Study of Pain

A definição deve captar melhor a experiência

pessoal da dor

A referência à

lesão tecidual na definição deve estar melhor alinhada com as conceitualizações

modernas de dor

Comentários sobre a

Definição

A definição deve apresentar

mais especificidade com relação aos

vários componentes da dor

A definição de dor deve ser simples

e prática

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pessoal da dor e deturpação da dor para ganho secundário); (6) comentários relacionados à quinta nota (nem toda dor é adaptati-va); e (7) comentários relacionados à sexta nota (comunicação da dor e inclusão de animais) (vide Suplemento 1 para mais detalhes, disponível em http://links. lww.com/PAIN/B53).

DISCUSSÕES ADICIONAIS COM BASE NO FEE-DBACK LEVANDO A RECOMENDAÇÕES PARA A DEFINIÇÃO REVISADA

DefiniçãoComo indicado acima, o termo “aversiva” foi criticado por não ser de fácil entendimento, principalmente para o público leigo, e não facilmente traduzível para muitos idiomas. Foi dito que, em algumas situações, a dor, além de ser desagradável, pode não ser evitada (ex.: atletas). O termo desagradável realça o aspecto negati-vo associado à dor, enquanto aversiva refere-se ao aspecto negativo que resulta em uma mudança motivacional. A descrição de “desa-gradabilidade” da dor tem uma longa história, com discussões de Hardy, Wolff, e Goodell em seu texto clássico sobre sensações de dor.18 Embora ambos os termos “aversiva” e “desagradável” fossem aplicáveis, o Subcomitê optou pelo termo mais simples, desagradá-vel, que tem maior possibilidade de ser facilmente entendido pelo público em geral (Tabela 1). Um outro comentário comum foi que a definição deveria dar menos ênfase à lesão tecidual. Parcialmente, em resposta a essa preocupação, a frase “geralmente causada por” foi revertida para “associada a”, que não implica uma relação direta de causa e efeito e reduz a ênfase sobre a lesão tecidual.

NotasForam feitas algumas modificações adicionais nas notas, com base no feedback recebido. Foi levantado o fato de que, embora a dor e a nocicepção não sejam a mesma coisa, a frase adicional “a ex-periência da dor não pode ser deduzida pela atividade das vias sensitivas” pode não ser exata, porque estudos recentes sugerem que um padrão multivariado da assinatura nas regiões cerebrais pode prever a dor além e aquém do input nociceptivo. Entretan-to, o papel atual da imagem cerebral como um “dolorímetro” é controversa. Davis et al.14 oferecem o consenso para a Força Ta-refa da IASP, que embora a imagem cerebral tenha o potencial de aumentar o entendimento dos mecanismos neurais da dor e seu tratamento, ela não é um substituto para o relato verbal dos seres humanos sobre a dor. A descrição nas notas sobre a dor como uma experiência “subjetiva” preocupou muitos respondentes. A preocupação levantada foi que ela poderia ser interpretada com conotação negativa, como “não objetiva” ou “não real”. O fee-dback recebido foi que a dor é “exclusiva para cada indivíduo” e, portanto, pessoal. A Força Tarefa aceitou a sugestão e reformulou a nota para dor como uma “experiência pessoal”.

DISCUSSÕES DE QUESTÕES CONTROVERSAS ONDE AS DECISÕES SE BASEARAM NA OPINIÃO DA MAIORIA

A definição revisada mantém, da definição atual, a ênfase da dor como uma experiência. A nota distingue, explicitamente, a dor

como uma experiência pessoal diferente da nocicepção. Embora a Força Tarefa tenha voltado atrás para o uso do termo “desagradá-vel” ao invés de “aversiva”, a nova definição mantém a referência à lesão tecidual: “…associada a, ou semelhante àquela associada a uma lesão tecidual real ou potencial” para distinguir a dor de outras experiências aversivas (ex.: náusea, coceira, e tontura).Alguns membros da Força Tarefa concordaram com um tema proeminente no feedback do público, de que a lesão tecidual recebeu muita importância na nova definição. Embora a lesão tecidual tenha um papel na dor nociceptiva, a dor neuropática é uma consequência direta de uma lesão ou doença do sistema nervoso somatossensitivo e pode ser sentida em áreas sem lesão tecidual. Na dor neuropática, a dor pode ser sentida distante da lesão ou doença do sistema nervoso (ex.: na perna e pé, naquelas pessoas com compressão radicular, ou dor fantasma nas pessoas com membro amputado). Da mesma forma, a lesão tecidual não tem papel comprovado na dor nociplástica. Além disso, foi argumentado que, na dor crônica, a relação entre dor e estado dos tecidos é menos previsível.6,30,36 Um exemplo ilustrativo é a discordância entre os relatos de dor e as anormalidades estru-turais visualizadas por imagem em pacientes com osteoartrite no joelho.6,30,36 A IASP definiu dor nociplástica como “dor que surge de uma nocicepção alterada, apesar de não haver evidência clara, ou ameaça, de lesão tecidual real provocando a ativação de nociceptores periféricos, ou evidência de doença ou lesão no sistema somatossensitivo que cause a dor22”. A dor nociplástica é considerada comum e desempenha um papel nas condições de dor crônica como fibromialgia, dor lombar, e dor de cabeça. Embora muitos membros da Força Tarefa tenham opinado que a dor nociplástica foi captada na definição revisada pela frase “ou semelhante àquela causada por lesão tecidual real ou po-tencial,” outros membros da Força Tarefa contestaram, dizendo que isso era inadequado. O último grupo achou que uma defini-ção que não incluísse mais especificamente as síndromes de dor nociplásica, não englobaria totalmente a complexidade da dor crônica humana. Alguns membros também argumentaram que o dano social, como trauma psicológico ou abuso, precisava ser incluído na nova definição para abordar todas as formas de dor crônica clinicamente importantes.

POTENCIAIS BENEFÍCIOS DESSA NOVA DEFINIÇÃO PARA A PESQUISA E CUIDADO DO PACIENTE

Em 2013, a IASP formou uma Força Tarefa para produzir e atua-lizar uma classificação de dor para uso internacional.28,33 Como resultado desse trabalho, a nova edição da Classificação Interna-cional de Doenças (CID-11), adotada pela Organização Mundial da Saúde em 2019, inclui, pela primeira vez, uma classificação para dor crônica. A CID-11 será adotada por vários países nos próximos anos. Sendo assim, uma definição revisada da dor é bas-tante oportuna e se alinha com este e outros esforços atuais para o avanço de estruturas ontológicas onde a dor reside.9,34 Esses esfor-ços combinados da IASP são ações importantes para reconhecer que a dor é uma importante condição de saúde e que transfor-mará a pesquisa em dor e o cuidado com as pessoas com dor em todo o mundo.

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RECOMENDAÇÕES FINAIS

O quadro 2 apresenta a recomendação final da Força Tarefa que foi aprovada, por unanimidade, pelos membros do Conselho da IASP, junto com pequenas alterações baseadas no feedback dos revisores do manuscrito. Consistente com a visão dos membros fundadores da IASP e do primeiro Subcomitê de Taxonomia da IASP, esta Força Tarefa espera que a definição revisada e as notas explicativas sejam um documento vivo, a ser atualizado em con-sonância com o futuro progresso da área.

Quadro 2. Definição de dor revisada da IASP (2020)

Dor

Uma experiência sensitiva e emocional desagradável, associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial.

Notas

• A dor é sempre uma experiência pessoal que é influenciada, em graus variáveis, por fatores biológicos, psicológicos e sociais.

• Dor e nocicepção são fenômenos diferentes. A dor não pode ser determinada exclusivamente pela atividade dos neurônios sensitivos.

• Através das suas experiências de vida, as pessoas aprendem o conceito de dor.

• O relato de uma pessoa sobre uma experiência de dor deve ser respeitado.*

• Embora a dor geralmente cumpra um papel adaptativo, ela pode ter efeitos adversos na função e no bem-estar social e psicológico.

• A descrição verbal é apenas um dos vários comportamentos para expressar a dor; a incapacidade de comunicação não invalida a possibilidade de um ser humano ou um animal sentir dor.

Etimologia

Inglês Médio, do anglo-francês peine (dor, sofrimento), do latim poena (pena, punição), e do grego poin-e (pagamento, pena, rec-ompensa).

*A Declaração de Montreal, documento desenvolvido durante o Primeiro Encontro Internacional de Dor em 3 de setembro de 2010, declara que o “acesso ao tratamento da dor é um direito humano fundamental.”

DECLARAÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSES

S.N. Raja é consultor para a Allergan and Lexicon Pharmaceuticals, Inc, e é co-investigador em um patrocínio da Medtronic, Inc.N.B. Finnerup faz parte da IMI (Innovative Medicines Initiative), projeto PainCare, um consórcio público-privado, e as empresas envolvidas são Grunenthal, Bayer, Eli Lilly, Esteve e Teva. N.B. Finnerup foi consultor para a Mitsubishi Tanabe Pharma, Merck, Almirall e NeuroPN. M. Ringkamp recebeu um patrocício da Merck para pesquisa. Dr. Sluka é consultor para a GSK Consu-mer Health, e Psychogenics. Os demais autores não têm nenhum conflito de interesse a declarar.

AGRADECIMENTOS

A Força Tarefa agradece aos presidentes da IASP, Judy Turner e Lars Arendt-Nielsen, por seu inestimável apoio e estímulo. Os autores agradecem aos membros do Conselho da IASP e às inú-

meras pessoas que deram seu feedback para as recomendações preliminares da Força Tarefa, incluindo os Drs. Murat Aydede e Andrew Wright, cujas observações levaram a revisões detalha-das para a definição e notas. A Força Tarefa também agradece as valiosas considerações de Peter Singer (Ira W. DeCamp Pro-fessor de Bioética, Princeton University), Adam Shriver (Uehiro Center for Practical Ethics, Oxford University), e Nicholas Shea (Professor, Instituto de Filosofia, Faculdade de Estudos Avança-dos, University of London). A Força Tarefa também agradece ao Dr. Llevelyn Morgan (Professor de Línguas Clássicas e Literatura, Brasenose College, University of Oxford) por suas contribuições sobre a etimologia da palavra dor. A Força Tarefa agradece a Ma-thew D’Uva (ex-CEO) e Yulanda Grant do escritório da IASP por seu apoio administrativo, e Claire F. Levine, MS, ELS, (editora científica, Departamento de Anestesiologia/Cuidados Críticos, Johns Hopkins University), por sua assistência na edição do ma-nuscrito. Srinivasa Raja agradece o apoio do National Institutes of Health, NIH-NS26363. Francis J. Keefe agradece aos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) abaixo pelo apoio financeiro: NIH P30AG064201, NIH R01 AG058702, NIH UG1 CA189824, e NIH U2C NR014637. Matthias Ringkamp agradece o patrocínio do NIH R01AR070875 e R01NS097221. Dr. Sluka agradece os Institutos Nacionais de Saúde R01AR073187, U24NS112873, e UG3AR076387 pelo apoio financeiro.

ANEXO A. CONTEÚDO DIGITAL SUPLEMENTAR

Conteúdo digital suplementar associado a este artigo encontra-se disponível online em http://links.lww.com/PAIN/B53.

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Multinacional farmacêutica privadaLÍDER EM DOR na América Latina no segmento de analgésicos de ação central*¹

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