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APDA Comissão Especializada da Qualidade da Água SEGURANÇA E SAÚDE EM LABORATÓRIOS DE ENSAIOS DE ÁGUAS Julho 2012 GUIA APDA

APDA · laboratórios de ensaios de águas (consumo humano, naturais, ... Na organização dos serviços de segurança e saúde no trabalho a entidade empregadora

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APDA Comissão Especializada da Qualidade da Água

SEGURANÇA E SAÚDE EM LABORATÓRIOS DE ENSAIOS DE ÁGUAS

Julho 2012

GUIA

APDA

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APDA - Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas

Comissão especializada da Qualidade da Água (CEQA)

Av. de Berlim, 15 - 1800-031 Lisboa – Portugal

Tel.: (+351) 218 551 359

Fax: (+351) 218 551 360

www.apda.pt

Título : Segurança e Saúde em Laboratórios de Ensaios de Águas

AUTORES:

Ana Alegria Aguiar (SMAS de Sintra)

Cristina Cortez (SM de Loures)

Cristina Paiva (SMAS de Oeiras e Amadora)

David Cabanas (Câmara Municipal do Barreiro)

Elsa Oliveira (SMAS de Leiria)

Inês Freitas (Águas do Douro e Paiva)

Isabel Hespanhol (Águas do Porto)

Maria de Fátima Coimbra (Águas do Mondego)

Maria João Benoliel (EPAL)

Paula Cabral Sacadura (Aquapor)

Paulo Nico Casimiro (SMAS de Almada)

Rui Sancho (Águas do Algarve)

Sara Branco (Câmara Municipal do Seixal).

ISBN: 978-989-97983-0-4

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Índice

ÍNDICE ................................................................................................................................................ 1

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 3

2. ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO ....................................... 4

3. SEGURANÇA ESTRUTURAL .............................................................................................................. 6

3.1. CONDIÇÕES DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO EM EDIFÍCIOS (SCIE) ........................................................... 6 3.2. ÁREAS DE TRABALHO LABORATORIAL ...................................................................................................... 6 3.3. INSTALAÇÃO ELÉTRICA .......................................................................................................................... 7 3.4. ILUMINAÇÃO ...................................................................................................................................... 8 3.5. VENTILAÇÃO ...................................................................................................................................... 8 3.6. HOTTES............................................................................................................................................. 9 3.7. FLUIDOS .......................................................................................................................................... 10 3.8. ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS QUÍMICOS .......................................................................................... 10

4. IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS E AVALIAÇÃO DE RISCOS ................................................................. 14

4.1. METODOLOGIA ................................................................................................................................ 14 4.2 RISCOS ESPECÍFICOS ............................................................................................................................ 15

4.2.1. Diretiva ATEX ........................................................................................................................ 16 4.2.2. Ruído Ocupacional e Vibrações............................................................................................. 17 4.2.3. Ergonomia ............................................................................................................................ 17 4.2.4. Luminância ........................................................................................................................... 17 4.2.5. Agentes Químicos ................................................................................................................. 18

4.3. FORMAÇÃO ..................................................................................................................................... 19

5. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL ............................................................. 21

5.1. EPC – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA ...................................................................................... 21 5.1.1. Exaustores............................................................................................................................. 21 5.1.2. Câmaras de Segurança Biológica ......................................................................................... 21

5.2. EPI – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL ..................................................................................... 22 5.2.1. Touca .................................................................................................................................... 22 5.2.2. Proteção da Face e dos Olhos ............................................................................................... 22 5.2.3. Proteção dos Ouvidos ........................................................................................................... 23 5.2.4. Proteção das Vias Respiratórias ........................................................................................... 23 5.2.5. Proteção das Mãos ............................................................................................................... 24 5.2.6. Batas, fatos e aventais de laboratório .................................................................................. 25 5.2.7. Proteção dos Pés ................................................................................................................... 25

6. SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA ...................................................................................................... 26

7. ORGANIZAÇÃO DA EMERGÊNCIA ................................................................................................. 27

7.1. AGENTES EXTINTORES ........................................................................................................................ 27 7.1.1.Classes de fogos ..................................................................................................................... 27 7.1.2.Agentes extintores ................................................................................................................. 28 7.1.3.Utilzação de um extintor ...................................................................................................... 28

7.2. CHUVEIROS E LAVA - OLHOS DE EMERGÊNCIA ........................................................................................ 29 7.3. PRIMEIROS SOCORROS ....................................................................................................................... 30 7.4. SIMULACROS .................................................................................................................................... 31

8. REFERÊNCIAS................................................................................................................................ 32

9. DEFINIÇÕES .................................................................................................................................. 36

10. ANEXOS ...................................................................................................................................... 37

ANEXO I ............................................................................................................................................... 37

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Índice de figuras

TABELA 1 - ESPAÇOS ENTRE SUPERFÍCIES DE TRABALHO ......................................................................................... 7 TABELA 2 - ALTURAS DAS SUPERFÍCIES DE TRABALHO ............................................................................................ 7 TABELA 3 - SÍMBOLOS DE PERIGOSIDADE ......................................................................................................... 11 TABELA 4 - NOVA SIMBOLOGIA GLOBAL HEALTH SYSTEM GHS ............................................................................ 12 TABELA 5 - CORRESPONDÊNCIA DE SIMBOLOGIAS DE PERIGOSIDADE ...................................................................... 12 TABELA 6 - COMPATIBILIDADE DE ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS QUÍMICOS ........................................................ 13 TABELA 7- EXEMPLO DE ESCALA DE SEVERIDADE ................................................................................................ 14 TABELA 8 - EXEMPLO DE ESCALA DE PROBABILIDADE DE EXPOSIÇÃO AO RISCO ........................................................ 14 TABELA 9 - EXEMPLO DE MATRIZ DE AVALIAÇÃO DE RISCO .................................................................................. 15 TABELA 10 - EXEMPLO DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO ........................................................................................... 15 TABELA 11 - TABELA DE LUMINÂNCIA SEGUNDO A NORMA ISO 8995 ................................................................... 18 TABELA 12 - CÂMARAS DE SEGURANÇA BIOLÓGICA (CBS) SEGUNDO O TIPO DE PROTEÇÃO NECESSÁRIA (OMS, 2004) ... 21 TABELA 13 - EXEMPLOS DE SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA .................................................................................... 26

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1. Introdução

O objetivo deste guia é a divulgação de algumas práticas de segurança e saúde em laboratórios de ensaios de águas (consumo humano, naturais, salinas, residuais e de processo), que visem proteger os colaboradores e visitantes e proporcionar um meio de trabalho saudável e seguro.

Num contexto em que as apertadas regras nos domínios de ambiente, saúde e segurança no trabalho constituem fatores de exigência para as organizações, a preocupação com estas temáticas tem de ser incorporada na gestão do dia a dia.

A crescente implementação de sistemas de gestão da segurança e saúde do trabalho de acordo com a Norma OHSAS 18001 traz exigências, para além do cumprimento de toda a legislação aplicável, ao nível organizacional com a identificação dos perigos associados às diversas tarefas e avaliação dos respetivos riscos de modo a redefinir funções e/ou métodos de trabalho. Os requisitos normativos obrigam, igualmente, à definição de uma Política de Segurança a nível da gestão de topo e ao estabelecimento de objetivos de modo a evidenciar a melhoria contínua.

Com este documento pretende-se dar orientações para a elaboração de um Manual de Segurança e Saúde, ou de um Plano de Prevenção de Riscos Profissionais, ou de um Guia para a implementação de Sistema de Gestão de Segurança e Higiene do Trabalho, alertando para as situações que podem comportar riscos para os trabalhadores e visitantes, se não forem devidamente controladas.

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2. Organização dos Serviços de Segurança e Saúde no

Trabalho

Se o laboratório existir como empresa, terá de organizar os seus serviços de Segurança e Saúde no Trabalho, de acordo com o disposto na Lei nº 102/2009, de 10 de setembro, que regulamenta o Regime Jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho.

Na organização dos serviços de segurança e saúde no trabalho a entidade empregadora pode adotar uma das seguintes modalidades:

a) Serviço interno;

b) Serviço comum;

c) Serviço externo.

Havendo vários estabelecimentos, a empresa pode adotar uma modalidade diferente para cada um deles. As atividades de saúde podem ser organizadas separadamente das de segurança.

A entidade empregadora tem de comunicar à autoridade competente (ACT) a modalidade escolhida, bem como qualquer alteração, nos 30 dias seguintes à verificação de qualquer dos factos.

De acordo com o artigo 97º do diploma anteriormente citado, ―a atividade do serviço de segurança e de saúde no trabalho visa:

Assegurar as condições de trabalho que salvaguardem a segurança e a saúde física e mental dos trabalhadores;

Desenvolver as condições técnicas que assegurem a aplicação das medidas de prevenção definidas no artigo 15.º;

Informar e formar os trabalhadores no domínio da segurança e saúde no trabalho;

Informar e consultar os representantes dos trabalhadores para a segurança e saúde no trabalho ou, na sua falta, os próprios trabalhadores.‖

As atividades inerentes aos serviços de segurança e saúde no trabalho estão descritas no artigo 98º do referido diploma, sendo de referir as seguintes:

Planear a prevenção, integrando a todos os níveis e, para o conjunto das atividades da empresa, a avaliação dos riscos e as respetivas medidas de prevenção;

Proceder a avaliação dos riscos, elaborando os respetivos relatórios;

Participar na elaboração do plano de emergência interno, incluindo os planos específicos de combate a incêndios, evacuação de instalações e primeiros socorros;

Colaborar na conceção de locais, métodos e organização do trabalho, bem como na escolha e na manutenção de equipamentos de trabalho;

Supervisionar o aprovisionamento, a validade e a conservação dos equipamentos de proteção individual, bem como a instalação e a manutenção da sinalização de segurança;

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Realizar exames de vigilância da saúde, elaborando os relatórios e as fichas, bem como organizar e manter atualizados os registos clínicos e outros elementos informativos relativos ao trabalhador;

Conceber e desenvolver o programa de formação para a promoção da segurança e saúde no trabalho;

Analisar as causas de acidentes de trabalho ou da ocorrência de doenças profissionais, elaborando os respetivos relatórios.

No mesmo diploma, o artigo 112º refere: ―O empregador deve prestar, no quadro da informação relativa à atividade social da empresa, informação sobre a atividade anual desenvolvida pelo serviço de segurança e de saúde no trabalho em cada estabelecimento.‖

A proteção da saúde dos trabalhadores, no decorrer da sua atividade profissional, é um dos objetivos da atividade de medicina no trabalho, que se rege pelo disposto em vários diplomas legais, nomeadamente no Código do Trabalho.

Os laboratórios, enquanto empresas ou parte integrante das mesmas, devem ser contemplados com esta atividade, devendo os seus colaboradores efetuar exames médicos, no mínimo, cada 2 anos ou anualmente, quando a idade é igual ou superior a 50 anos, e sempre que ocorrerem novas admissões.

Estes exames, não estando especificados na legislação vigente, devem ser adequados à natureza da atividade profissional.

No caso concreto de laboratórios de análises de águas, deve ter-se em atenção o manuseamento de produtos biológicos e químicos e seguir as respetivas recomendações de segurança e saúde relativamente à exposição a esses agentes.

A Entidade empregadora, no arranque da atividade e sempre que haja alteração da metodologia, deve efetuar a notificação de atividade com agentes biológicos, conforme o requisito legal do Decreto-Lei 84/97 de 16 de abril.

Por outro lado a entidade empregadora, de acordo com a Portaria 55/2010 de 21 de janeiro, deve prestar anualmente informação sobre a atividade social da empresa, nomeadamente sobre remunerações, duração do trabalho, trabalho suplementar, contratação a termo, formação profissional, segurança e saúde no trabalho e quadro de pessoal. Esta informação é apresentada à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), por meio informático, em plataforma eletrónica, de 16 março a 15 de abril do ano seguinte ao ano a que se refere a informação.

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3. Segurança Estrutural

Entende-se por segurança estrutural o conjunto de infraestruturas que visa diminuir o risco dos trabalhadores expostos em determinadas atividades, garantindo a sua proteção.

Este aspeto deverá ser considerado na fase de projeto do Laboratório, pelo que é necessário conhecer previamente os ensaios a efetuar, os materiais, equipamentos e reagentes que serão utilizados, e o número de postos de trabalho.

O laboratório deverá ter um sistema de tratamento de ar, adequado a cada área laboratorial, de modo a evitar a sua contaminação.

Deve ter locais com ventilação para o armazenamento de produtos químicos, Hottes, equipamento de proteção coletiva e individual, incluindo lava-olhos e chuveiros de segurança e dispositivos para o encaminhamento dos resíduos de acordo com a regulamentação vigente.

De acordo com a legislação em vigor devem ser considerados na fase de projeto os acessos para deficientes.

No caso de laboratórios que efetuam ensaios de agentes biológicos devem ser aplicadas as medidas de acordo com a natureza das atividades, a avaliação do risco para os trabalhadores e a natureza do agente biológico em questão, seguindo o estabelecido no Anexo III do Decreto-Lei nº 84/97, de 16 de abril e na Norma NP EN 12128.

Por exemplo, nos laboratórios de águas para consumo humano os agentes biológicos analisados inserem-se normalmente no Grupo 2, devendo dispor de instalações com um nível de confinamento físico no nível 2 (PCL2).

As zonas de perigo biológico devem estar claramente assinaladas no exterior, afixando nas portas dos laboratórios avisos de perigo biológico, em conformidade com as Normas ISO 7000 e ISO 3864.

3.1. Condições de Segurança Contra Incêndio em Edifícios

(SCIE)

A Portaria nº1532/2008 de 29 de dezembro, estabelece as ―condições de segurança contra incêndio em edifícios e recintos, a que devem obedecer os projetos de arquitetura, os projetos de SCIE e os projetos das restantes especialidades a concretizar em obra, designadamente no que se refere às condições gerais e específicas de SCIE referentes às condições exteriores comuns, às condições de comportamento ao fogo, isolamento e proteção, às condições de evacuação, às condições das instalações técnicas, às condições dos equipamentos e sistemas de segurança e às condições de autoproteção, sendo estas últimas igualmente aplicáveis aos edifícios e recintos já existentes à data de entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de novembro‖.

Deste modo os laboratórios, quer em fase de projeto, quer os já existentes, devem ter em consideração as prescrições técnicas indicadas neste diploma legal.

3.2. Áreas de Trabalho Laboratorial

De acordo com a Norma NP EN 12128, é conveniente respeitar os seguintes espaços entre as superfícies de trabalho ou equipamento.

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Tabela 1 - Espaços entre superfícies de trabalho

Características Espaço (mm)

Um trabalhador sem zona de passagem 975 - 1200

Um trabalhador com zona de passagem 1050 - 1350

Só zona de passagem 900 - 1500

Dois trabalhadores de costas voltadas sem zona de passagem 1350 - 1500

Dois trabalhadores de costas voltadas com zona de passagem 1650 - 1950

A aplicação destes espaços depende da disposição do mobiliário e do equipamento. Os limites inferiores são adequados para disposições em península ou ilha até 2400 mm de comprimentos. Maiores superfícies de trabalho requererão os valores máximos indicados.

Para trabalho sentado, a relação entre a altura do assento e a da superfície de trabalho deve ser a apresentada no quadro seguinte.

Tabela 2 - Alturas das superfícies de trabalho

Posição do trabalhador Altura superfície

trabalho (mm)

Altura do assento (mm)

De pé / banco alto 850 – 950 580

Sentado para pequenos trabalhos e escrita 700 – 750 450

Sentado para trabalhos com equipamento alto 450 450

Deve ser proporcionado um espaço para joelhos de, pelo menos, 600 mm de largura por baixo de cada local de trabalho previsto; a profundidade de superfície livre para trabalho não deve exceder 600 mm.

A altura mínima entre o pavimento e o teto deve ser de 3 m.

As portas devem ser de dimensão adequada à passagem de equipamentos, no mínimo 1,20m, preferencialmente duplas, abrindo para o exterior das salas, de modo a não criar um obstáculo na circulação do corredor ou espaço envolvente.

As superfícies (bancadas, chão, paredes e tetos) devem ser impermeáveis à água, fáceis de limpar e resistentes a desinfetantes, agentes de limpeza, ácidos, álcalis, solventes e outros produtos químicos.

O pavimento deve igualmente ser liso, sem ranhuras que facilitem a acumulação de sujidade, e num material que seja antiderrapante e, de preferência, condutor de eletricidade estática.

Nos laboratórios de agentes biológicos do nível PLC 2 devem ser instaladas torneiras que possam ser acionadas sem recurso às mãos.

3.3. Instalação elétrica

A instalação deve ser dimensionada para suportar a potência dos equipamentos elétricos que possam vir a ser necessários e deve ser protegida com interruptores diferenciais e térmicos.

Todas as tomadas devem situar-se junto dos equipamentos para evitar o uso de extensões, e ser em número suficiente.

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Deve garantir-se a existência de um gerador, para fazer face a interrupções de fornecimento de energia superiores a 30 minutos, e devem ser identificados os equipamentos que necessitam de ficar instalados a uma unidade UPS e a estabilizadores de tensão.

3.4. Iluminação

O espaço de trabalho deve ser projetado aproveitando a iluminação natural e tendo em conta a existência de iluminação artificial suficiente, para se poder trabalhar apenas com esta última.

Deve prever-se que determinadas zonas de trabalho tenham iluminação própria e localizada com o objetivo de facilitar o trabalho, sempre que tal seja necessário (por exemplo comparações colorimétricas ou de turvação, pesagens de precisão, etc.).

A iluminação deve estar em conformidade com a Norma ISO 8995, nos laboratórios de agentes biológicos (Norma NP EN 12128).

3.5. Ventilação

A ventilação geral do laboratório deve proporcionar uma fonte de ar para a manutenção de uma atmosfera respirável e ter em consideração a existência de sistemas de ventilação locais.

A entrada de ar no sistema de ventilação deverá ser efetuada numa zona de atividade não laboratorial, não provocar um regime turbulento e ser uniforme em todo o laboratório, evitando zonas mortas. A exaustão/descarga de ar não filtrado deve ser feita com o devido cuidado de modo a prevenir a sua reentrada no laboratório.

Em laboratórios equipados com dispositivos mecânicos de ventilação, a taxa de renovação horária deve ser devidamente dimensionada, tendo em conta a atividade de cada espaço laboratorial.

As salas onde se utilizam ou armazenam líquidos inflamáveis devem estar em depressão; a diferença de pressão deve ser suficiente para assegurar uma barreira que se oponha à difusão de poluentes, mas suficientemente fraca para permitir a abertura de portas.

Nas salas isentas de contaminação (salas brancas) devem ser tomadas precauções para prevenir a saída de ar viciado para os locais contíguos, que estão em depressão.

Para as salas de ensaios microbiológicos com confinamento físico de nível 2 (PCL2), não é requerida ventilação mecânica. No caso de a ventilação ser mecânica deve ser mantido um fluxo de ar para o interior do laboratório por extração deste para a atmosfera [Norma NP EN 12128].

Para alguns agentes biológicos a ensaiar classificados no Grupo 3 (Anexo da Portaria nº 1036/98, de 15 de dezembro) a ventilação e extração deve estar em conformidade com a Norma NP EN 12128.

A eficiência dos sistemas de ventilação deve ser verificada periodicamente e a manutenção, incluindo a substituição de filtros, ser programada em função da sua idade, tipo, condições de funcionamento, aconselhando-se a que seja, no mínimo, anual.

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Devem ser registadas todas as ações efetuadas nos mecanismos de ventilação, alterações, reparações, manutenção preventiva ou quaisquer outras ações que determinem ou alterem a eficiência e características da ventilação.

Recomenda-se a realização de testes sempre que se proceda a alterações, de modo a demonstrar uma adequada proteção dos ocupantes.

3.6. Hottes

O sistema de ventilação geral não substitui os sistemas de proteção da exposição a substâncias tóxicas durante o dia de trabalho.

As hottes são unidades fixas destinadas à realização de trabalho de laboratório com libertação de gases e fumos indesejáveis. As hottes são compostas de dois corpos - a base e o corpo superior apenas com a câmara ou célula de energia - ou de três corpos nas hottes que possuem uma câmara técnica, neste caso para filtros colocados acima da câmara. As hottes terão apenas janela ou abertura frontal ao nível da câmara. A base é aproveitada, na generalidade dos casos, para arrumos ou para drenagem e tratamento de efluentes. Existem três tipos de hottes com funções e usos distintos: hottes para usos gerais, hottes para ácidos concentrados e hottes para grandes montagens.

O seu interior pode ser revestido a trespa, aço inox, grés cerâmico contínuo ou mosaico cerâmico.

As hottes devem ser adequadas e dimensionadas de modo a possibilitar a extração de vapores tóxicos, provenientes dos produtos que serão manipulados no seu interior.

Deve equipar-se cada hotte com um sistema de medição de caudal em contínuo de modo a conhecer o seu funcionamento antes de cada utilização. Se não for possível, deve usar-se máscara apropriada.

Como mínimo, deve prever-se um metro linear de espaço de hotte por trabalhador.

As tomadas das hottes devem estar situadas no exterior, para prevenir deflagrações por faísca na presença de atmosferas explosivas.

Os vapores/fumos podem sair das hottes diretamente para o exterior ou, passarem por um filtro molecular, e voltarem a ser introduzidos na hotte.

Devem ser utilizadas janelas de vidro temperado de segurança para evitar projeções de líquidos em ebulição e para uso com compostos potencialmente explosivos.

As hottes laboratoriais, embora não estejam sujeitas a valores limite de emissão (VLE), devem ter as chaminés a uma altura superior a um metro da cota máxima do edifício (Decreto-Lei nº 78/2004, de 3 de abril).

A velocidade facial de extração deverá ser adequada ao seu uso. Para uma hotte comum este valor deverá ser superior a 0,3 m/s, para uma abertura de 500mm (Norma EN 14175-4).

Recomendam-se testes, com pelo menos periodicidade anual, para verificação do estado de funcionamento do equipamento (norma EN 14175-4):

Teste do nível do ruído, com o objetivo de medir o nível de ruído emitido pelo equipamento;

Teste de intensidade luminosa, com o objetivo de medir a intensidade luminosa no centro da câmara de fluxo;

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Teste de fumos ao comportamento do fluxo de ar com o objetivo de verificar se existe turbulência na zona de trabalho ou refluxos junto à entrada;

Teste de velocidade facial;

Robustez de confinamento.

3.7. Fluidos

As cores para as redes de gases a instalar, deverão cumprir o disposto na Norma NP182 ―Identificação de fluidos‖. Por exemplo, para o Azoto, a cor adequada da canalização será ocre-amarelo, assim como para o Oxigénio e o Acetileno.

As garrafas de gás comprimido devem ser instaladas no exterior do laboratório, em locais com acesso restrito e protegidas da luz solar.

As instalações devem respeitar as normas específicas de cada gás, indicadas nas respetivas fichas de segurança.

3.8. Armazenamento de produtos químicos

Os armazéns devem ser concebidos em função do que se vai armazenar e:

Estar devidamente identificados;

Ter as saídas bem iluminadas, não apresentar vias sem saída e ter as vias de evacuação desimpedidas;

Dispor de um ventilador-extrator capaz de renovar adequadamente o ar do armazém;

Ser providos de sistema de arrefecimento de ar.

Como boas práticas de armazenamento, devem cumprir-se as seguintes regras:

O material de maior dimensão deve estar armazenado no chão ou em prateleiras próximas do chão;

As embalagens de produtos químicos corrosivos devem ser colocadas abaixo do nível dos olhos;

As prateleiras devem ser estáveis e resistentes, estar levemente inclinadas ou ter guardas para evitar a queda das embalagens e estar limpas;

Deve ser considerada a colocação de bacias de retenção, em função do tipo e quantidade dos químicos a armazenar.

Se a preparação for classificada como perigosa, deve ser rotulada com uma etiqueta com indicações sucintas, facilmente compreensíveis. O rótulo deve ter símbolo(s) com a natureza do perigo associado, com frases reconhecidas internacionalmente, que dão informação sobre o tipo de risco face à exposição a dada substância ou preparação. São frases de Segurança as que se designam por P (Precautionary Statements) seguidas de um número, as quais substituem as anterioriores S. São frases de Risco as que se designam por H (Hazard Statements) seguido de um número, e substituem as anteriores R.

As combinações de frases de risco ou de segurança obedecem ao formato indicado, em que cada número é obrigatoriamente separado, do seguinte por um traço vertical. Podem associar-se frases de segurança ou de risco mas então os números serão separados por um hífen.

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Atenção: quando se procede a um transvase é essencial não perder a informação que está no rótulo original.

A perigosidade dos produtos químicos é identificada através de simbologia adequada, exemplificada nas tabelas 3 e 4

Tabela 3 - Símbolos de Perigosidade

Símbolo CE Perigosidade

Explosivos

Comburentes

Inflamáveis

Tóxicos

Nocivo

Agressivo

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Tabela 4 - Nova Simbologia Global Health System GHS

PICTOGRAMAS E CLASSES DE PERIGO DO GHS

Oxidantes Peróxidos Orgânicos

Inflamáveis Autorreativos Pirofóricos Autoaquecíveis Emite gás inflamável

Explosivos Reativos Peróxidos Orgânicos

Toxicidade aguda (severa)

Corrosivos

Gases sob pressão

Carcinogénico Sensibilizante à respiração Toxicidade à reprodução Toxicidade em órgão vivo Mutagenicidade

Perigoso para o meio ambiente

Irritante Sensibilizante dérmico Toxicidade aguda (perigoso)

Embora não seja possível estabelecer uma correspondência direta entre a simbologia GHS e o sistema de classificação e rotulagem anterior da União Europeia, pode ser estabelecida a seguinte correspondência com base no Anexo VII do Regulamento CE 1272/2008, de 16 de dezembro, Tabela 5 - Correspondência de simbologias de perigosidade

Tabela 5 - Correspondência de simbologias de perigosidade

Saúde Humana Físico-Químicos Meio Ambiente

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Os produtos químicos devem ser armazenados de acordo com a sua classificação e respetiva compatibilidade, Tabela 6 - Compatibilidade de armazenamento de produtos químicos.

Tabela 6 - Compatibilidade de armazenamento de produtos químicos

VERDE - Podem estar armazenados em conjunto. AMARELO - Não devem estar armazenados em conjunto mas se estiverem deverão ser tomadas medidas especiais de proteção. ENCARNADO - Não podem estar armazenados em conjunto.

Para o armazenamento de produtos inflamáveis ou explosivos deve considerar-se uma área com iluminação do tipo antideflagrante, isolada dos restantes produtos, ou efetuar-se em armários adequados. Estes produtos devem ser armazenados em armários ventilados, com bacia de retenção, resistentes ao fogo e com sistema de remoção por filtração e devidamente sinalizados. A.

De acordo com a norma europeia EN 14470-1, as condições de segurança dos armários para produtos inflamáveis devem:

Garantir a temperatura no seu interior inferior a 180ºC durante o período de tempo (por ex.º 30, 60 e/ou 90 minutos) que permita a atuação das entidades externas de socorro em situação de emergência (incêndio);

Ter renovação de ar de 10 vezes/hora, no mínimo;

Ter fecho automático de portas;

Ter fecho automático das entradas de ar em caso de incêndio.

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4. Identificação de Perigos e Avaliação de Riscos

A entidade empregadora, de acordo com o artigo 15º da Lei 102/2009 de 10 de setembro, é responsável pela prevenção dos riscos profissionais que deve assentar numa correta e permanente avaliação de riscos.

4.1. Metodologia

As metodologias para identificação de perigos e avaliação de riscos podem ser diversas, encontrando-se descritas em variada bibliografia. O primeiro passo nestas metodologias é identificar os perigos associados aos eventos perigosos (exemplos definidos em 4.2), bem como as boas práticas de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) já existentes.

É necessário definir uma escala de frequência ou probabilidade e uma escala de gravidade ou severidade, que originam uma matriz, em que os riscos estão quantificados. A atribuição do grau de severidade para cada perigo, e a atribuição da probabilidade de ocorrência do mesmo é definida por cada laboratório, de acordo com a sua realidade. A avaliação de risco pode ser calculada com base no produto das duas escalas:

Risco Estimado (RE) = Severidade (S) x Probabilidade (P)

Apresentamos em seguida um exemplo de avaliação de riscos profissionais:

Tabela 7- Exemplo de Escala de Severidade

Grau Descrição

1 Danos ligeiros

2 Sem efeitos irreversíveis para a saúde

3 Efeitos irreversíveis para a saúde

4 Morte

Tabela 8 - Exemplo de Escala de Probabilidade de Exposição ao Risco

Grau Descrição

1 Exposição ocasional (uma vez por ano)

2 Exposição intermitente (uma vez por mês)

3 Exposição frequente (uma vez por semana)

4 Exposição permanente (pelo menos uma vez por dia)

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Tabela 9 - Exemplo de Matriz de Avaliação de Risco

Severidade

Probabilidade

4 3 2 1

4 16 12 8 4

3 12 9 6 3

2 8 6 4 2

1 4 3 2 1

Tabela 10 - Exemplo de Classificação de Risco

Risco Classificação

1 <= R < 3

RISCO TRIVIAL

Não é necessário intervir salvo se justifique por uma análise mais precisa

3 <= R < 9

RISCO MODERADO

Corrigir e adotar medidas

12 <= R < 16

ou com severidade 4

RISCO INTOLERÁVEL

Situação crítica, correção urgente

Uma vez definida a matriz de risco, inicia-se o processo de identificação e descrição das atividades, possíveis eventos perigosos, perigos, e medidas já existentes. É conveniente efetuar este processo em folha de cálculo, apresentando-se no anexo 1 um exemplo de uma matriz de Identificação de Perigos e Avaliação de Riscos.

Obtido o risco estimado para cada atividade/tarefa, serão definidas as medidas minimizadoras a implementar, de acordo com a sua classificação, sendo que os riscos avaliados com grau máximo (no exemplo entre 12 e 16, ou severidade de 4) requerem ações urgentes.

4.2 Riscos específicos

Num laboratório de ensaios de água os trabalhadores podem estar expostos a diversos perigos, que se podem agrupar em biológicos, elétricos, físicos e químicos.

Por outro lado existem regras de boas práticas, de entre as quais se destacam, no âmbito deste Guia, algumas regras de higiene a respeitar, tais como:

Não comer ou beber nas instalações;

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Usar o cabelo preso;

Usar vestuário de proteção adequado (bata);

Lavar as mãos quando sair do laboratório;

Usar calçado adequado;

Não armazenar alimentos em frigoríficos de armazenamento de amostras e produtos;

Retirar o vestuário de trabalho antes de abandonar o local de trabalho.

No caso de o laboratório efetuar colheitas de amostras, deve ser avaliado o risco associado a esta atividade específica. Para as colheitas de amostras com maior risco efetuadas sem acompanhamento ou supervisão, deverá ser atendido o disposto na Portaria 762/2002 de 1 de julho.

4.2.1. Diretiva ATEX

Um dos riscos possíveis no âmbito das atividades de um laboratório de ensaio de águas, e que, pela sua especificidade, merece uma atenção particular é a presença de Atmosferas Explosivas.

O Decreto-Lei nº 236/2003, de 30 de setembro, transpõe para a ordem jurídica nacional a Diretiva nº 1999/92/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de dezembro (Diretiva ATEX), relativa às prescrições mínimas destinadas a promover a melhoria da proteção da segurança e da saúde dos trabalhadores suscetíveis de serem expostos a riscos derivados de atmosferas explosivas.

As áreas onde se possam formar atmosferas explosivas devem ser classificadas em função da frequência e da duração das mesmas. Esta classificação constitui um critério para a seleção dos equipamentos e dos sistemas que assegurem um nível de proteção adequado.

O empregador deve avaliar de forma global os riscos de explosão, tendo em conta as suas obrigações gerais previstas no regime aplicável em matéria de segurança, higiene e saúde no trabalho e nomeadamente os seguintes aspetos:

a) A probabilidade de ocorrência de atmosferas explosivas, bem como a sua duração;

b) A probabilidade da presença de fontes de ignição, incluindo descargas elétricas e a possibilidade de as mesmas se tornarem ativas e causarem risco;

c) As descargas eletrostáticas provenientes dos trabalhadores ou do ambiente de trabalho enquanto portadores ou geradores de carga elétrica;

d) As instalações, as substâncias utilizadas, os processos e as suas eventuais interações;

e) As áreas que estejam ou possam estar ligadas através de aberturas àquelas onde se possam formar atmosferas explosivas;

f) A amplitude das consequências previsíveis.

As substâncias inflamáveis ou combustíveis devem ser consideradas como substâncias suscetíveis de formar atmosferas explosivas, salvo se da análise das suas propriedades resultar que, em mistura com o ar, não podem propagar, por si próprias, uma explosão.

Qualquer laboratório que utilize substâncias suscetíveis de formar atmosferas explosivas deve implementar o disposto neste diploma legal.

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4.2.2. Ruído Ocupacional e Vibrações

O Decreto-lei nº182/86, de 06 de setembro, estabelece o valor limite de exposição e os valores de ação de exposição superior e inferior e determina um conjunto de medidas a aplicar sempre que sejam atingidos ou ultrapassados esses valores.

A proteção dos trabalhadores à exposição ao ruído excessivo é uma obrigação da entidade empregadora e deve considerada na análise de perigos. Deve ser efetuada uma avaliação de ruído nos locais onde se julgue existir a probabilidade de prejuízo da audição dos colaboradores.

O Decreto-Lei nº46/2006, de 24 de fevereiro, ―estabelece valores limite de exposição e valores de ação de exposição a vibrações transmitidas ao sistema mão/braço e ao corpo inteiro e determina um conjunto de medidas preventivas a aplicar sempre que sejam atingidos ou ultrapassados esses valores.‖

Nos laboratórios, o nível de vibração a que os trabalhadores estão sujeitos não é de um modo geral considerado perigoso.

4.2.3. Ergonomia

A Ergonomia estuda vários aspetos da relação do trabalhador com as condições de trabalho, desde a sua postura e movimentos corporais (sentados, em pé, estáticos e dinâmicos, em esforço ou não), aos fatores ambientais (os ruídos, vibrações, iluminação, clima e agentes químicos), aos equipamentos, aos sistemas de controlo e às tarefas desempenhadas.

Todos estes fatores conjugados adequadamente, proporcionam ambientes seguros, saudáveis e confortáveis e eficientes, favorecendo o aumento de produtividade, satisfação e qualidade de vida do trabalhador.

Por exemplo, quando se dimensiona a altura da bancada (superfície de trabalho) devem ser considerados os seguintes fatores:

A posição dos cotovelos relativamente à bancada de trabalho;

Distância dos olhos à tarefa ou objeto de trabalho;

Especificidade do tipo de trabalho ou tarefa;

O tipo de equipamentos e utensílios utilizados.

De facto, uma postura incorreta pode ser definida como a que possibilita o aparecimento de uma incapacidade, dor ou patologia. É necessário ter em consideração que diferentes indivíduos possuem também diferentes suscetibilidades de contrair as diferentes patologias.

4.2.4. Luminância

A Norma ISO 8995 estabelece os níveis de luminância para cada atividade de acordo com a tabela 11.

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Tabela 11 - Tabela de Luminância segundo a Norma ISO 8995

Luminância (lux) Tipo de área, tarefa ou atividade

50 – 100 – 150 Zonas de circulação, orientação e visitas curtas

100 – 150 – 200 Salas não utilizadas continuamente com fins laborais

200 – 300 – 500 Tarefas com requisitos visuais simples

300 – 500 – 750 Tarefas com requisitos visuais intermédios (ex: maquinas de média precisão, escritórios, salas de controlo).

500 – 750 – 1.000 Tarefas com requisitos visuais exigentes (ex: costura, controlo de qualidade, avaliação de cores, salas de desenho).

750 – 1.000 – 1.500 Tarefas com requisitos visuais difíceis

1.000 – 1.500 – 2.000

Tarefas com requisitos visuais especiais

> 2.000 Tarefas visuais que exijam muita exatidão (ex: montagem eletrónica de precisão, relojoaria fina e intervenções cirúrgicas).

4.2.5. Agentes Químicos

Num laboratório de ensaios de águas os colaboradores ao realizar as análises estão frequentemente expostos a produtos químicos perigosos. Assim, é importante que conheçam bem os efeitos tóxicos de tais produtos, as vias de exposição e os riscos que possam estar associados à sua manipulação e armazenagem (ver 3.7). Os fabricantes e/ou fornecedores de produtos químicos são obrigados a fornecer fichas de dados de segurança do produto, em português, que devem estar disponíveis nos locais de armazenamento e manuseamento.

A exposição a produtos químicos pode ocorrer por:

1. Inalação;

2. Contacto;

3. Ingestão;

4. Picadas de agulhas;

5. Cortes na pele.

A Norma portuguesa NP 1796, que estabelece valores limite de exposição a agentes químicos no ar dos locais de trabalho, pode servir de referência para a respetiva monitorização.

4.2.6. Agentes biológicos

O Decreto-Lei nº 84/97, de 16 de abril, estabelece as regras mínimas de proteção da segurança e da saúde dos trabalhadores contra os riscos de exposição a agentes biológicos durante o trabalho.

De acordo com o mesmo diploma legal, os agentes biológicos são classificados, conforme o seu nível de risco infecioso, nos seguintes grupos:

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1. Agente biológico do grupo 1: o agente biológico cuja probabilidade de causar doenças no ser humano é baixa;

2. Agente biológico do grupo 2: o agente biológico que pode causar doenças no ser humano e constituir um perigo para os trabalhadores, sendo escassa a probabilidade de se propagar na coletividade e para o qual existem, em regra, meios eficazes de profilaxia ou tratamento;

3. Agente biológico do grupo 3: o agente biológico que pode causar doenças graves no ser humano e constituir um risco grave para os trabalhadores, sendo suscetível de se propagar na coletividade, mesmo que existam meios eficazes de profilaxia ou de tratamento;

4. Agente biológico do grupo 4: o agente biológico que causa doenças graves no ser humano e constitui um risco grave para os trabalhadores, sendo suscetível de apresentar um elevado nível de propagação na coletividade e para o qual não existem, em regra, meios eficazes de profilaxia ou de tratamento.

Estabelece ainda este diploma legal que o agente biológico que não puder ser rigorosamente classificado num dos grupos acima definidos, deve ser classificado no grupo mais elevado em que pode ser incluído.

Se existirem vacinas eficazes contra os agentes biológicos a que os trabalhadores estão ou podem estar expostos, a vigilância da saúde deve prever a vacinação gratuita dos trabalhadores não imunizados (número 1, do artº 13 do decreto-Lei nº 84/97).

Por outro lado, a Portaria nº 1036/98, de 15 de dezembro, altera a parte II (Bactérias e afins), a parte III (Vírus) e a parte V (Fungos) da lista dos agentes biológicos classificados para efeitos da prevenção de riscos profissionais, aprovada pela Portaria nº 405/98, de 11 de julho.

A Diretiva 2000/54/CE, de 18 de Setembro, relativa à proteção de trabalhadores contra riscos de exposição a agentes biológicos, ainda não transposta para o direito nacional, é mais exigente no que concerne às medidas a implementar pelo empregador para proteção dos trabalhadores.

4.3. Formação

A Lei n.º 102/2009 de 10 de setembro, que regulamenta o regime jurídico da promoção e prevenção da segurança e da saúde no trabalho, refere no ponto 4, do Artº 15º que: ―Sempre que confiadas tarefas a um trabalhador, devem ser considerados os seus conhecimentos e as suas aptidões em matéria de segurança e de saúde no trabalho, cabendo ao empregador fornecer as informações e a formação necessárias ao desenvolvimento da atividade em condições de segurança e de saúde‖.

Adicionalmente, no Artº 20.º referente especificamente à Formação dos trabalhadores, define:

‖1 — O trabalhador deve receber uma formação adequada no domínio da segurança e saúde no trabalho, tendo em atenção o posto de trabalho e o exercício de atividades de risco elevado.

2 — Aos trabalhadores designados para se ocuparem de todas ou algumas das atividades de segurança e de saúde no trabalho deve ser assegurada, pelo empregador, a formação permanente para o exercício das respetivas funções.

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3 — Sem prejuízo do disposto no n.º 1, o empregador deve formar, em número suficiente, tendo em conta a dimensão da empresa e os riscos existentes, os trabalhadores responsáveis pela aplicação das medidas de primeiros socorros, de combate a incêndios e de evacuação de trabalhadores, bem como facultar -lhes material adequado.

4 — A formação dos trabalhadores da empresa sobre segurança e saúde no trabalho deve ser assegurada de modo a que não possa resultar prejuízo para os mesmos‖.

Por outro lado, também o Decreto-Lei nº 84/97 de 16 de abril, no Artº 17º, indica que o empregador deve assegurar formação adequada aos trabalhadores para a segurança e saúde no trabalho, a qual deve ser periodicamente atualizada. Deve incluir, pelo menos dados sobre:

Riscos potenciais para a saúde;

Precauções a tomar para evitar a exposição aos riscos existentes;

Normas de higiene;

Utilização de equipamentos e do vestuário de proteção;

Medidas a tomar pelos trabalhadores em caso de incidentes e para a sua prevenção.

Ainda de acordo com artº 6º, alínea d), o Decreto-Lei nº 348/93, de 1 de outubro, a entidade empregadora deve assegurar a formação sobre utilização de proteção individual, organizando, se necessário exercícios de segurança.

Quando for desenvolvido o plano de formação, deverão ter em conta a avaliação de riscos efetuada de acordo com Tabela 10 - Exemplo de Classificação de Risco.

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5. Equipamentos de Proteção Coletiva e Individual

Os equipamentos de proteção são fundamentais para a prevenção e a minimização dos riscos a que os trabalhadores estão expostos, devendo-se dar primazia à proteção coletiva.

5.1. EPC – Equipamento de Proteção Coletiva

5.1.1. Exaustores

Os exaustores devem ser colocados de modo a atuar diretamente por cima do operador.

Os exaustores devem ser de aço inox e no caso da absorção atómica ainda podem ser em Polipropileno.

5.1.2. Câmaras de Segurança Biológica

As câmaras de segurança biológica (CSB) foram concebidas para proteger o operador, o ambiente laboratorial e o material de trabalho da exposição a aerossóis e salpicos resultantes do manuseamento de materiais que contêm agentes infeciosos, tais como culturas primárias. As CSB, quando devidamente utilizadas, têm-se revelado altamente eficazes na proteção do operador.

Existem 3 tipos de CSB, descrevendo-se no quadro seguinte o tipo de proteção que cada um deles fornece.

Tabela 12 - Câmaras de segurança biológica (CBS) segundo o tipo de proteção necessária (OMS, 2004)

Tipo de proteção Seleção de CBS

Proteção do pessoal, microrganismos nos Grupos de Risco 1–3

Classe I, II, III

Proteção do pessoal, microrganismos no Grupo de Risco 4, laboratório com porta-luvas

Classe III

Proteção do pessoal, microrganismos no Grupo de Risco 4, laboratório com fatos pressurizados

Classe I, II

Proteção do produto Classe II ou III unicamente se fluxo laminar incluído

Proteção contra radionuclídeos/químicos voláteis, quantidades mínimas

Classe IIB1, Classe IIA2 de evacuação exterior

Proteção contra radionuclídeos/químicos voláteis Classe I, IIB2 ou III

Recomendam-se testes com uma periodicidade pelo menos anual, para verificação do estado de funcionamento do equipamento (EN 12469):

Teste de penetração dos filtros HEPA – ―Leak Test‖ com o objetivo de verificar se existem fugas nos filtros absolutos HEPA e respetiva estrutura;

Teste do nível do ruído, com o objetivo de medir o nível de ruído emitido pelo equipamento;

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Teste de intensidade luminosa, com o objetivo de medir a intensidade luminosa no centro da Câmara de fluxo;

Teste de fumos ao comportamento do fluxo de ar com o objetivo de verificar se existe turbulência na zona de trabalho ou refluxos junto à entrada;

Teste de velocidade do ar descendente com o objetivo de medir a velocidade do ar descendente do filtro HEPA.

5.2. EPI – Equipamento de Proteção Individual

O Decreto-Lei nº 348/93, de 1 de outubro, transpõe para o direito nacional a Diretiva nº 89/656/CEE, do Conselho de 30 de novembro, relativa às prescrições mínimas de segurança e saúde dos trabalhadores na utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI).

De acordo com este diploma legal os EPI devem ser usados quando os riscos existentes não puderem ser evitados ou suficientemente limitados, por meios técnicos de proteção coletiva ou por medidas, métodos ou processos de trabalho.

A Portaria nº 988/93, de 8 de outubro, apresenta o esquema indicativo a seguir na avaliação das situações de risco com vista à escolha de EPI.

A legislação em vigor determina as obrigações do empregador, tal como a de fornecer o equipamento de proteção individual necessário ao cumprimento das atividades dos trabalhadores, assim como as obrigações do trabalhador, nomeadamente o uso e manutenção do EPI.

Os EPI devem apresentar aposta a marcação CE e fazerem-se acompanhar da respetiva declaração de conformidade.

Estes equipamentos devem respeitar as normas referidas no Despacho 22714/2003 de 21 de novembro.

5.2.1. Touca

É boa prática de trabalho em laboratório o cabelo estar apanhado e protegido, pelo que a utilização de touca pode facilitar esta proteção.

5.2.2. Proteção da Face e dos Olhos

A escolha do equipamento para proteger os olhos e a cara contra salpicos e impactos de objetos depende da operação a efetuar.

Os óculos normais ou graduados (pessoais) podem ser fabricados com uma armação especial que permite inserir lentes na frente da armação, utilizando um material inquebrável que acompanha a forma do rosto, ou ser equipados com proteções laterais (óculos de segurança).

Os óculos de segurança não são os mais adequados contra salpicos, mesmo quando acompanhados de proteção lateral. Nesse caso, devem utilizar-se óculos de proteção (tipo óculos de soldador) que protegem contra salpicos e impactos, por cima dos óculos graduados ou lentes de contacto (que não oferecem proteção contra perigos biológicos ou químicos).

Outra alternativa, e que permite uma proteção completa e simultânea de olhos e face, são as viseiras de proteção facial; são feitas de um material plástico inquebrável, ajustam-se à cara e são fixas à cabeça através de um arnês. Existem viseiras com diversas características de resistência: a produtos químicos, a impactos e até a arcos elétricos de pequena tensão.

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5.2.3. Proteção dos Ouvidos

Deverá ser feita uma avaliação de ruído ocupacional em locais como: hotte, câmaras de segurança biológica, câmaras de exaustão, bombas, geradores, etc. (vide ponto 4.2.2).

Com base nesta avaliação poderá concluir-se sobre a necessidade de utilização de tampões ou abafadores com as características necessárias à proteção dos níveis de ruído detetados.

5.2.4. Proteção das Vias Respiratórias

O manuseamento de substâncias perigosas em laboratórios, tais como, pós, m meios de cultura, fibras, vapores, gases, fumos, microrganismos, pode provocar danos significativos à saúde, sendo necessário em determinadas situações utilizar material de proteção respiratória.

A escolha do aparelho de proteção respiratória depende da avaliação de riscos, efetuada tendo em conta o perigo, a respetiva natureza, as fontes que contribuem para a exposição, o grau de exposição, a ambiente de trabalho, as tarefa e as pessoas que as executam, etc.

Um aparelho de proteção respiratória é composto por dois componentes principais, uma peça facial e filtro(s) ou uma peça facial e dispositivo de ar ou gás respiráveis não contamináveis. As peças faciais usualmente usadas em laboratórios de água são as semi máscaras (cobre o nariz, boca e queixo), quarto de máscaras (cobre nariz e boca) ou completas (cobre olhos, nariz, boca e queixo).

Um aparelho filtrante deverá possuir o tipo de filtro adequado aos perigos a que o utilizador está exposto: proteção contra gases, vapores, partículas e microrganismos; é imprescindível que o filtro escolhido corresponda ao tipo apropriado de aparelho filtrante. Para assegurar a proteção ideal, o aparelho deve ser instalado na cara do operador e testado. Na seleção do aparelho filtrante a utilizar deve solicitar-se o conselho de uma pessoa devidamente qualificada. Apresentam-se na Tabela 12, os tipos de filtros identificados na Norma NP EN 529.

Os filtros de partículas estão disponíveis em três classes baseadas na respetiva eficiência:

P1 – baixa eficiência (proteção contra as partículas sólidas grossas sem toxicidade específica – p. ex carbonato de cálcio

P2 – média eficiência (proteção contra os aerossóis sólidos e/ou líquidos, indicados como perigosos ou irritantes - p.ex. silício, carbonato de sódio)

P3 – alta eficiência (Contra os aerossóis sólidos e/ou líquidos tóxicos – p. ex. partículas radioativas)

A maior parte dos filtros antigás são divididos em três classes em termos da quantidade de gás ou vapor que consegue reter (classes 1, 2 e 3).

A vida útil do filtro é afetada por um conjunto de fatores, tais como tipo de filtro e respetiva capacidade, condições ambientais, a natureza do trabalho, devendo seguir-se as recomendações do fabricante/fornecedor.

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TABELA 12: Tipos de filtros de partículas, antigás e antivapor (NP EN 529)

Substância Tipo de Filtro

Cor

Partículas P Branco

Gases e vapores orgânicos (PE > 65ºC) como especificado pelo fabricante

A Castanho

Gases e vapores inorgânicos como especificado pelo fabricante (excluindo monóxido de carbono – CO)

B Cinzento

Dióxido de enxofre e outros gases e vapores ácidos como especificado pelo fabricante

E Amarelo

Amoníaco e derivados orgânicos do amoníaco como especificado pelo fabricante

K Verde

Mercúrio HG Vermelho – branco

Óxidos de azoto NO Azul – Branco

Gases e vapores orgânicos (P.E. ≤ 65ºC) como especificado pelo fabricante

AX Castanho

Filtros contra substâncias especificadas pelo fabricante

SX Violeta Violeta – Branco se combinado

com um filtro de partículas

Num laboratório, a maioria das operações que gera gotículas e aerossóis é realizada em câmara de segurança, pelo que deve ser avaliada a necessidade de uso de máscara durante a manipulação dos agentes biológicos e químicos. No entanto, quando se efetua o manuseamento de agentes químicos que geram vapores tóxicos, nocivos e irritantes para o trato respiratório, em locais pouco ventilados e sem sistema de extração localizada ou ineficiente, é indispensável o uso de proteção respiratória.

Por exemplo, o manuseamento de reagentes químicos que formam atmosferas com vapores perigosos deve ser realizado em hotte devendo, quando considerado necessário, usar-se máscaras equipadas com filtros para gases e vapores adequados aos reagentes manuseados do tipo A, B, E, K, A, SX ou filtros combinados para proteção contra partículas dispersas sólidas e/ou líquidas, gases e vapores, do tipo ABEK, por exemplo ABEK1-P3.

5.2.5. Proteção das Mãos

Durante certas manipulações laboratoriais pode ocorrer a contaminação das mãos. Estas são igualmente vulneráveis a ferimentos causados por objetos cortantes. No trabalho normal de laboratório e no manuseamento de agentes infeciosos, usam-se geralmente luvas descartáveis de latex, vinilo ou nitrilo. Pode igualmente recorrer-se a luvas reutilizáveis, mas tem de assegurar-se a lavagem, remoção, limpeza e desinfeção adequadas das mesmas.

Devem tirar-se as luvas e lavar bem as mãos, após manusear materiais infeciosos, trabalhar em câmaras de segurança biológica e antes de sair do laboratório. Depois de utilizadas, as luvas descartáveis devem ser eliminadas com os resíduos laboratoriais infetados.

Reações alérgicas como dermatite e hipersensibilidade imediata têm sido assinaladas em laboratórios e entre outros trabalhadores que utilizam luvas de latex, particularmente nas que contêm pó. Devem estar disponíveis alternativas às luvas de látex com pó.

Não devem utilizar-se luvas fora das áreas laboratoriais.

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Estes equipamentos devem respeitar a norma NP EN 420.

5.2.6. Batas, fatos e aventais de laboratório

As batas a utilizar devem ser confecionadas com tecidos resistentes aos agentes do local a que estejam expostas. Devem ter mangas compridas e ser apertadas atrás com molas de abertura fácil ou de velcro.

Quando necessário, podem usar-se aventais por cima dos fatos ou das batas, a fim de dar uma proteção adicional contra o derrame de produtos químicos ou biológicos.

É aconselhável a existência de um armário à entrada do laboratório para a colocação das batas de modo a evitar sua a utilização no exterior.

5.2.7. Proteção dos Pés

Deverá utilizar-se sapatos fechados ou então proteções para calçado normal.

Estes equipamentos devem respeitar as normas EN ISO 20345, EN ISO 20346 e EN ISO 20347.

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6. Sinalização de Segurança

A entidade empregadora deve garantir a existência de sinalização de segurança e saúde no trabalho adequada, de acordo com as prescrições mínimas descritas no Decreto-Lei nº 141/95, de 14 de junho, tendo em conta a avaliação de riscos.

Os trabalhadores devem ser informados e consultados sobre as medidas relativas à sinalização, bem como receber formação adequada sobre o seu significado e os comportamentos gerais e específicos a adotar.

A sinalização de segurança é uma medida complementar para alertar o trabalhador. Não protege mas pode alertar o colaborador no imediato através de identificação legível e clara.

Existem vários tipos de sinalização, como por exemplo, a mencionada no ponto 3.8, e na Tabela 13.

Tabela 13 - Exemplos de Sinalização de Segurança

Tipo / Características Símbolo Significado

Perigo

Forma triangular, contorno e pictograma a preto e fundo amarelo

Perigo de Intoxicação

Obrigação

Forma circular, fundo azul e pictograma a branco

Proteção Obrigatória do Corpo

Proibição

Forma circular, contorno vermelho, pictograma a preto e fundo branco

Proibido Apagar com Água

Salvamento ou De Socorro

Forma retangular ou quadrada, pictograma branco e fundo verde

Chuveiro de Segurança

Lava-olhos

Outra legislação aplicável sobre esta matéria, para além do diploma acima referido, inclui igualmente a Portaria 1456-A/95, de 11 de dezembro, e a Lei 113/99, de 03 de agosto.

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7. Organização da Emergência

De acordo com o Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de novembro, (Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios) e a Portaria 1532/2008, de 29 de dezembro, (Regulamento Técnico de Segurança contra incêndios em edifícios) a entidade empregadora deve definir o Plano de Emergência Interno adequado à atividade, ao tipo de instalações e à área envolvente, bem como submetê-lo ao parecer da autoridade competente (à data da elaboração desta comunicação é a Autoridade Nacional para a Proteção Civil – ANPC).

De acordo com o ponto 2 do artigo 10º do Anexo I da referida Portaria, o Plano de Emergência Interno (PEI) deve indicar ―as medidas de autoproteção a adotar por entidade para fazer face a uma situação de incêndio nas instalações ocupadas por essa entidade, nomeadamente a organização, os meios humanos e materiais a envolver e os procedimentos a cumprir nessa situação. Contém o plano de atuação e o de evacuação‖.

Embora o referido diploma apenas contemple as situações de incêndio, num laboratório de ensaios de águas existem outros cenários de emergência que devem ser também considerados no Plano, como por exemplo: derrames/projeção de produtos, fuga de gás, queimaduras, etc.

Os trabalhadores devem ser informados e receber formação adequada sobre o Plano de Emergência Interno, os comportamentos gerais e específicos a adotar.

Para a validação das medidas de emergência definidas deverão ser efetuados simulacros com posterior análise e eventuais alterações do Plano caso necessárias.

Como exemplo de simulacro em laboratórios, todos os utilizadores que trabalhem em áreas cobertas por chuveiros e lava-olhos, deverão ser treinados para o uso e acesso a esses equipamentos, conforme se segue:

Simulação de acesso aos equipamentos com os olhos vendados e com ou sem ajuda de um colega.

Deverá ser avaliada e registada a eficácia dos simulacros efetuados.

7.1. Agentes extintores

7.1.1.Classes de fogos

Os fogos possuem características diferentes consoante a sua origem e o material que está a sofrer a combustão. É importante o seu conhecimento, uma vez que cada tipo de fogo é extinto com um diferente agente. No laboratório a classe de fogos será ABC.

Classe A Fogos de Sólidos (ou Fogos Secos) Fogos que resultam da combustão de materiais sólidos, geralmente à base de celulose, os quais dão normalmente origem a brasas. Combustíveis: Madeira, Papel, Tecidos, Carvão, etc.

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Classe B Fogos de Líquidos (ou Fogos Gordos) Fogos que resultam da combustão de líquidos ou de sólidos liquidificáveis. Combustíveis: Álcoois, Acetonas, Éteres, Gasolinas, Vernizes, Ceras, Óleos, Plásticos, etc.

Classe C Fogos de Gases: Fogos que resultam da combustão de gases. Combustíveis: Hidrogénio, Butano, Propano, Acetileno, etc.

Classe D Fogos de Metais Fogos que resultam da combustão de alguns metais alcalinos ou pirofosfóricos. Combustíveis: Sódio, potássio, magnésio, urânio, alumínio, etc.

7.1.2.Agentes extintores

Cada agente extintor está adaptado a um ou mais tipos de fogos nos diversos materiais. Poder-se-á utilizar um determinado agente extintor que poderá provocar danos graves, quer ao utilizador, quer ao ambiente. Deste modo, torna-se aconselhável conhecer os diversos agentes extintores.

Água

Os metais alcalinos são incompatíveis com a água, assim como hidróxido de sódio e hidróxido de potássio, hidróxido de magnésio ácido sulfúrico, anidrido sulfuroso, tetracloreto de titânio, carboneto de cálcio e alquil-alumínio.

Líquidos apenas parcialmente miscíveis com a água e com um ponto de inflamação baixo, dificilmente são extintos apenas com água, como por exemplo: éter e metilcetona.

Espumas

Classes de Fogos: A B

Pó químico

Classes de Fogos: B C

Gases inertes

Classes de Fogos: BC

Hidrocarbonetos halogenados

Desde janeiro de 1994 está interdito o fabrico de halons devido ao facto de contribuírem para a destruição da camada do Ozono.

Outros agentes

Areia e Pós especiais (Constituídos por grafite, cloreto de sódio e carbonato de sódio hidrofugados e fluidificados)

Classes de Fogos: D

7.1.3.Utilzação de um extintor

Utilizar corretamente um extintor de incêndio pode salvar vidas, extinguir o fogo nascente ou controlá-lo até à chegada dos bombeiros. Os extintores portáteis devem estar carregados, garantindo-se a sua inspeção anual.

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O número e capacidade dos extintores a colocar, de acordo com a Portaria nº 1532/2008, de 29 de dezembro, deverá ser definido pelo menos, de acordo com as seguintes regras:

1. Na ausência de outro critério de dimensionamento devidamente justificado, os extintores devem ser calculados à razão de:

a) 18 L de agente extintor padrão por 500 m2 ou fração de área de pavimento do piso em que se situem;

b) Um por cada 200 m2 de pavimento do piso ou fração, com um mínimo de dois por piso.

2. Os extintores devem ser convenientemente distribuídos, sinalizados sempre que necessário e instalados em locais bem visíveis, colocados em suporte próprio de modo a que o seu manípulo fique a uma altura não superior a 1,2 m do pavimento e localizados preferencialmente:

a) Nas comunicações horizontais ou, em alternativa, no interior das câmaras corta-fogo, quando existam;

b) No interior dos grandes espaços e junto às suas saídas.

3. Devem ser dotados de extintores todos os locais de risco C e F.

4. As cozinhas e os laboratórios considerados como locais de risco C, nos termos do presente regulamento, devem ser dotados de mantas ignífugas em complemento dos extintores.‖

A utilização do extintor deve obedecer às seguintes regras e medidas de segurança:

Dar o alarme e combater o incêndio o mais rápido possível utilizando o tipo de extintor adequado, de preferência acompanhado por mais um indivíduo;

Transportar o extintor na posição vertical, segurando no manípulo;

Retirar o selo ou cavilha de segurança;

Pressionar a alavanca;

Dirigir o jato para a base das chamas, mantendo o extintor na vertical, varrendo rápida e energicamente para se alcançar toda a superfície incendiada;

Aproximar-se do foco de incêndio cautelosamente de forma progressiva;

Avançar apenas quando se estiver seguro de que o incêndio não será envolvente pelas costas;

Não permanecer exposto aos fumos e aos gases.

Quando use utiliza a água como agente extintor é necessário verificar sempre se há aparelhos elétricos ligados à corrente.

No caso dos líquidos inflamados, deve ter-se um cuidado especial com o uso da água, para evitar salpicos que poderão fazer alastrar o incêndio.

7.2. Chuveiros e Lava - Olhos de Emergência

Os chuveiros e os lava-olhos de emergência devem fornecer um fluxo de água abundante, suficiente para remover do corpo humano qualquer tipo de contaminante, sem causar agravamento de possíveis lesões. Devem estar disponíveis em locais de fácil acesso a todos os profissionais, em particular nos

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locais de manuseamento de produtos perigosos e onde houver risco maior de queimaduras.

Os chuveiros e os lava-olhos devem proporcionar um bom fluxo de água limpa por mais de 20 minutos e ter um acionamento manual ou por pedal de fácil alcance e de uso imediato.

A quantidade e a localização de chuveiros e lava-olhos, numa área laboratorial, depende dos seguintes fatores:

Existência de acesso livre e o mais rápido possível, para o acidentado. O ideal será o acidentado não se ter que deslocar por mais de 20 metros;

Avaliação da proximidade da fonte de risco de forma a manter o uso e acesso ao equipamento durante escoamentos maiores;

Número de utilizadores possíveis de se lesionarem num mesmo momento.

Cada chuveiro de segurança e lava-olhos deve ser inspecionado periodicamente por algum utilizador designado para essa tarefa. Esta inspeção, com periodicidade a definir deve consistir na verificação de:

a) Integridade do equipamento;

b) Escoamento;

c) Acesso livre.

7.3. Primeiros Socorros

Tal como mencionado anteriormente a entidade empregadora deve ter colaboradores que assegurem as atividades de primeiros socorros e de evacuação e providenciar a formação adequada.

Devem também estar disponíveis nas instalações de trabalho e nas viaturas do laboratório, caixas de primeiros socorros, com, por exemplo, o seguinte conteúdo:

embalagem compressas 10x10cm

embalagem ligaduras 7x4

fita adesiva

tesoura

caixa pensos oculares

caixa pensos rápidos

embalagem álcool 70%

embalagem desinfetante dérmico

embalagem gel analgésico

embalagem ácido acetilsalícilico

embalagem paracetamol

embalagem gel para lombalgias, hematomas

embalagem soro fisiológico

par de luvas esterilizadas

válvula para mecanismo de suporte básico de vida

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Apenas os colaboradores devidamente habilitados devem prestar os primeiros socorros; em caso de não existir ninguém, apenas ligar 112 e seguir as indicações dadas.

7.4. Simulacros

A organização deve empreender simulacros, de incêndio obrigatórios por lei, de outro caráter, como por exemplo, inundação. Estes simulacros têm por objetivo testar os procedimentos de emergência e de evacuação, nomeadamente a organização da equipa afeta ao Plano de Emergência. Devem ser guardados os registos.

Tabela 14- Períodos máximos entre simulacros (Portaria 1532/2008 de 29 de dezembro)

Utilizações-tipo Categoria de risco Períodos máximos entre exercícios

I 4.ª Dois anos

II 3.ª e 4.ª Dois anos

VI e IX 2.ª e 3.ª Dois anos

VI e IX 4.ª Um ano

III, VIII, X, XI e XII 2.ª e 3.ª Dois anos

III, VIII, X, XI e XII 4.ª Um ano

IV, V e VII 2.ª com locais de risco D ou E e 3.ª4.ª

Um ano

Esta Portaria define também os registos a ter, por utilização-tipo e categoria de risco: registos de segurança, procedimentos de prevenção, procedimentos em caso de emergência, plano de emergência interno, plano de prevenção, ações de sensibilização e formação, simulacros.

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8. Referências

LEGISLAÇÃO NACIONAL

Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro – estabelece o regime jurídico da Segurança e Saúde no Trabalho.

Lei n.º113/99, de 3 de agosto - desenvolve e concretiza o regime geral das contraordenações laborais, através da tipificação e classificação das contraordenações correspondentes à violação da legislação específica de segurança, higiene e saúde no trabalho em certos setores de atividades ou a determinados riscos profissionais.

Decreto-Lei nº 24/2012, de 6 de Fevereiro – estabelece as prescrições mínimas em matéria de proteção dos trabalhadores contra os riscos para a segurança e a saúde devido à exposição a agentes químicos no trabalho.

Decreto-Lei n.º 347/93, de 01 de outubro - transpõe para a ordem jurídica interna a a Diretiva n.º 89/654/CEE, do Conselho, de 30 de novembro, relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde nos locais de trabalho.

Decreto-Lei n.º 348/93, de 01 de outubro - transpõe para a ordem jurídica interna a Diretiva nº 89/656/CEE, do Conselho, de 30 de novembro, relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde dos trabalhadores na utilização de equipamentos de proteção individual.

Decreto-Lei n.º 301/2000, de 18 de novembro - transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva n.º 90/394/CEE, do Conselho, de 28 de Junho, alterada pelas Directivas n.os 97/42/CE, do Conselho, de 27 de Junho, e 1999/38/CE, do Conselho, de 29 de Abril, relativa à protecção dos trabalhadores contra os riscos ligados à exposição a agentes cancerígenos ou mutagénicos durante o trabalho.

Decreto-Lei n.º 290/2001, de 16 de novembro - transpõe para o ordenamento jurídico interno a Diretiva n.º 98/024/CE, do Conselho, de 7 de abril, relativa à proteção da segurança e saúde dos trabalhadores contra riscos ligados à exposição a agentes químicos no local de trabalho, bem como as Diretivas n.os 91/322/CEE, da Comissão, de 29 de maioe 2000/039/CE, da Comissão,de 8 de junho, sobre os valores limite de exposição profissional a algumas substâncias químicas. NOTA: o Decreto–Lei n.º 305/2007, de 24 de Agosto altera o anexo ao Decreto-Lei n.º 290/2001, de 16 de Novembro.

Decreto-Lei n.º 236/2003, de 30 de setembro - transpõe para a ordem jurídica nacional a Diretiva nº 1999/92/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho de 16 de dezembro, relativa às prescrições mínimas destinadas a promover a melhoria da proteção da segurança e da saúde dos trabalhadores suscetíveis de serem expostos a riscos derivados de atmosferas explosivas no local de trabalho.

Decreto-Lei n.º 78/2004, de 03 de abril- estabelece o regime da prevenção e controlo das emissões de poluentes para a atmosfera, fixando os princípios, objectivos e instrumentos apropriados à garantia de protecção do recurso natural ar, bem como as medidas, procedimentos e obrigações dos operadores das instalações abrangidas, com vista a evitar ou reduzir a níveis aceitáveis a poluição atmosférica originada nessas mesmas instalações.. NOTA: o decreto–Lei n.º 126/2006, de 3 de Julho altera o artigo 34.º do presente decreto-lei.

Decreto-Lei n.º 46/2006, de 24 de fevereiro - transpõe para a ordem jurídica nacional a Diretiva n.º 2002/44/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de junho, relativa às prescrições mínimas de proteção da saúde e segurança dos trabalhadores em caso de exposição aos riscos devidos a vibrações.

Decreto-Lei n.º 182/2006, de 6 de setembro – transpõe para ordem jurídica interna a Diretiva n.º 2003/10/CEE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 6 de fevereiro, relativa às prescrições mínimas de segurança e saúde respeitantes à exposição dos trabalhadores aos riscos devido ao ruído.

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Decreto-Lei nº 63/2008, de 2 de Abril – estabelece a classificação, embalagem e rotulagem de preparações perigosas

Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de novembro – estabelece o regime jurídico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios (SCIE).

Despacho n.º 22714/2003, de 21 de novembro - Publica a lista de normas harmonizadas no âmbito de aplicação da Directiva n.º 89/686/CEE, relativa a equipamentos de protecção individual (EPI).

Decreto-Lei n.º 99/2000, de 30 de maio - transpõe a Diretiva nº 87/018/CEE, do Conselho, de 18 de dezembro de 1986, relativa à aplicação dos princípios da OCDE de boas práticas de laboratório (BPL) e ao controlo da sua aplicação para os ensaios sobre as substâncias químicas, e a Diretiva nº 99/011/CE, da Comissão, de 8 de março, que adapta ao progresso técnico os princípios contidos naquela diretiva.

Decreto-Lei n.º 95/2000, de 23 de maio - estabelece as regras relativas à inspeção e verificação dos princípios da OCDE de boas práticas de laboratório (BPL).

Portaria n.º 1036/98, de 15 de dezembro - altera a lista dos agentes biológicos classificados para efeitos da prevenção de riscos profissionais, aprovada pela Portaria n.º 405/98, de 11 de julho.

Decreto-Lei nº. 84/97, de 16 de abril - estabelece prescrições mínimas de protecção da segurança e da saúde dos trabalhadores contra os riscos da exposição a agentes biológicos durante o trabalho.

Decreto-Lei n.º141/95, de 14 de junho - transpõe para a ordem jurídica interna a Diretiva nº 92/58/CEE, do Conselho, relativa às prescrições mínimas para a sinalização de segurança e de saúde no trabalho.

Decreto-Lei n.º 390/93, de 20 de novembro - transpõe para a ordem jurídica interna a Diretiva nº 90/394/CEE, do Conselho, de 28 de junho, que estabelece as prescrições mínimas de segurança e saúde relativas à proteção dos trabalhadores expostos a agentes cancerígenos. NOTA: este DL foi revogado pelo DL n.º 301/2000, de 18 de Novembro

Decreto-Lei n.º 275/91, de 07 de agosto - regulamenta as medidas especiais de prevenção e proteção da saúde dos trabalhadores contra os riscos de exposição a algumas substâncias químicas.

Decreto-Lei n.º 479/85, de 13 de novembro - fixa as substâncias, os agentes e os processos industriais que comportam risco cancerígeno, efetivo ou potencial, para os trabalhadores profissionalmente expostos.

Portaria n.º 55/2010, de 21 de janeiro - regula o conteúdo do relatório anual referente à informação sobre a atividade social da empresa e o prazo da sua apresentação, por parte do empregador, ao serviço com competência inspetiva do ministério responsável pela área laboral

Portaria n.º 1532/2008, de 29 de dezembro - publica o Regulamento Técnico de Segurança Contra Incêndios em Edifícios (SCIE).

Portaria n.º 762/2002, de 01 de julho – aprova o regulamento de segurança, higiene e saúde no trabalho na exploração dos sistemas públicos de distribuição de água e de drenagem de águas residuais.

Portaria n.º 405/98, de 11 de julho - aprova a classificação dos agentes biológicos.

Portaria 1456-A/95, de 11 de dezembro - regulamenta as prescrições mínimas de colocação e utilização da sinalização de segurança e de saúde no trabalho.

Portaria n.º 988/93, de 8 de outubro - estabelece as prescrições mínimas de segurança e saúde dos trabalhadores na utilização de equipamento de proteção individual.

Portaria n.º 987/93, de 06 de outubro - Estabelece as prescrições mínimas de segurança e saúde nos locais de trabalho.

Portaria n.º 1070/90, de 24 de outubro - procede à transposição da Diretiva do Conselho n.º 88/320/CEE, de 09 de junho de 1988, relativa à inspeção e verificação das boas práticas de

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laboratório (BPL), como condição da sua aplicabilidade. NOTA: esta Portaria foi revogada pelo Decreto-Lei n.º 95/2000, de 23 de Maio.

LEGISLAÇÃO COMUNITÁRIA

Regulamento EU nº 412/2012, de 15 de Maio – relativo ao registo, avaliação, autorização e restrição dos produtos químicos (REACH).

Regulamento CE n.º 1336/2008, de 16 de dezembro - altera o Regulamento (CE) n.º 648/2004 a fim de o adaptar ao Regulamento (CE) n.º 1272/2008, relativo à classificação, rotulagem e embalagem de substâncias e misturas.

Regulamento CE n.º1272/2008, de 16 de dezembro - relativo à classificação, rotulagem e embalagem de substâncias e misturas, que altera e revoga as Diretivas n.º 67/548/CEE e n.º 1999/45/CE, e altera o Regulamento (CE) n.º 1907/2006.

Diretiva 2000/54/CE, de 18 de Setembro, relativa à proteção de trabalhadores contra riscos de exposição a agentes biológicos.

Diretiva n.º 1999/92/CE de 16 de dezembro - relativa às prescrições mínimas destinadas a promover a melhoria da proteção da segurança e da saúde dos trabalhadores suscetíveis de serem expostos a riscos derivados de atmosferas explosivas.

Diretiva n.º 89/656/CEE, de 30 de novembro – relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde dos trabalhadores na utilização de equipamentos de proteção individual.

NORMALIZAÇÃO

NP 182:1966 - Identificação de fluidos. Cores e sinais para canalizações.

NP EN 12128:2000 - Biotecnologia. Laboratórios de investigação, desenvolvimento e análises. Níveis de confinamento de laboratórios de microbiologia, áreas de risco, locais e requisitos físicos de segurança.

EN 12469:2000 - Biotechnology. Performance criteria for microbiological safety cabinets.

ISO 8995-1:2002 - Lighting of work places -- Part 1: Indoor

ISO 8995-3:2006 - Lighting of work places -- Part 3: Lighting requirements for safety and security of outdoor work places

EN 14175-4:2004 - Fume cupboards. Part 4: On-site test methods.

EN 14470-1:2004 - Fire safety storage cabinets. Part 1: Safety storage cabinets for flammable liquids.

NP EN 140:2000 - Aparelhos de proteção respiratória. Semimáscaras e quartos de máscara. Requisitos, ensaios, marcação.

EN 143:2000 - Aparelhos de proteção respiratória. Filtros de partículas. Requisitos, ensaios, marcação.

EN 166:2001 - Proteção individual dos olhos. Especificações.

EN 352-1:2002 - Protetores auditivos. Requisitos gerais. Parte 1: Protetores auriculares.

EN 352-2:2002 - Protetores auditivos. Requisitos gerais. Parte 2: Tampões Auditivos.

EN ISO 20345:2004 - Equipamento de proteção individual. Calçado de segurança.

EN ISO 20345:2007 - Equipamento de proteção individual. Calçado de segurança. Emenda 1.

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EN ISO 20346:2004 - Equipamento de proteção individual. Calçado de proteção.

EN ISO 20346:2004/A 1:2007 - Equipamento de proteção individual. Calçado de proteção. Emenda 1.

EN ISO 20347:2004 – Personal protective equipment – occupational footwear

EN ISO 20347:2004/A 1:2007 – Personal protective equipment – occupational footwear

Ammend 1

NP EN 529:2008 - Aparelhos de proteção respiratória. Recomendações para seleção, utilização, precauções e manutenção. Documento guia.

NP EN 529:2008 - Aparelhos de proteção respiratória. Recomendações para seleção, utilização, precauções e manutenção. Documento guia.

NP 1796:2007 - Segurança e Saúde do Trabalho. Valores limite de exposição profissional a agentes químicos.

Norma ISO 3864-1:2002 - Graphical symbols -- Safety colours and safety signs -- Part 1: Design principles for safety signs in workplaces and public areas

Norma ISO 3864-2:2004 - Graphical symbols -- Safety colours and safety signs -- Part 2: Design principles for product safety labels in workplaces and public areas

Norma ISO 3864-3:2006 - Graphical symbols -- Safety colours and safety signs -- Part 3: Design principles for graphical symbols for use in safety signs

Norma NP ISO 7000:2007 - Símbolos gráficos para uso em equipamento. Índices e sinopse.

OHSAS 18001:2008 - Occupational Health and Safety Management Systems

ANSI/AIHA Z9.5-2003 – Laboratory ventilation.

DOCUMENTAÇÃO DIVERSA

Manual de seguridad en el laboratorio, 2002, Carl Roth, S.L. (ISBN 84-607-4111-7)

Manual de Higiene e Segurança do Trabalho, Alberto Sérgio S.R. Miguel, Porto Editora, 8ª edição, 2005

Manual de Segurança Biológica em Laboratório, Organização Mundial de Saúde (OMS).3ª Edição, 2004, Genebra.

Catálogo HALECO, Edición 2010

http://www.apambiente.pt/

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9. Definições

Agentes biológicos: os microrganismos, incluindo os geneticamente modificados, as culturas de células e os endoparasitas humanos suscetíveis de provocar infeções, alergias ou toxicidade (Directiva 2000/54/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 18 de Setembro de 2000);

Microrganismo: qualquer entidade microbiológica, celular ou não celular, dotada de capacidade de reprodução ou de transferência do material genético (Directiva 2000/54/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 18 de Setembro de 2000))

Confinamento físico: Sistema para confinar microrganismos/organismos, ou outras entidades, num espaço definido (EN 1620)

Nível de confinamento físico: padrão de instalação adequado ao confinamento de microrganismos em conformidade com o perigo que estes apresentam (EN 1620)

Perigo: a propriedade intrínseca de uma instalação, atividade, equipamento, um agente ou outro componente material do trabalho com potencial para provocar dano; (Lei nº.102/2009 de 10 de setembro)

Risco: a probabilidade de concretização do dano em função das condições de utilização, exposição ou interação do componente material do trabalho que apresente perigo; (Lei nº.102/2009 de 10 de setembro)

Prevenção: o conjunto de políticas e programas públicos, bem como disposições ou medidas tomadas ou previstas no licenciamento e em todas as fases de atividade da empresa, do estabelecimento ou do serviço, que visem eliminar ou diminuir os riscos profissionais a que estão potencialmente expostos os trabalhadores; (Lei nº.102/2009 de 10 de setembro).

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10. Anexos

ANEXO I

Exemplo de folha de cálculo para Identificação de Perigos e Avaliação de Riscos

ATIVIDADE/ TAREFA

Evento perigoso Perigo Medidas preventivas S P RE Notas complementares/

Legislação aplicável

Preparação de meios de cultura

Manuseamento de produtos tóxicos

Inalação de vapores tóxicos

Utilização de EPI's de acordo com instrução de trabalho e ficha de segurança.

2 4 8 Existe instrução de trabalho com regras de A&ST.

Existe diploma vigente, ver lista de legislação aplicável, descritor substâncias perigosas

Ingestão 2 4 8

Irritação da pele, dermatoses

2 4 8

Lesões oculares 2 4 8

Manuseamento de meios de cultura

Irritação da pele e das membranas mucosas

Utilização de EPI's de acordo com instrução de trabalho e ficha de segurança

1 4 4

Existe instrução de trabalho com regras de A&ST.

Manuseamento de material de vidro

Cortes 2 4 8

Manuseamento da autoclave

Queimaduras 3 4 12

Existe instrução de trabalho com regras de A&ST.

Existe diploma vigente, ver lista de legislação aplicável, descritor máquinas/equipamentos

Impacto físico 3 4 12

Utilização de gás (Bico de Bunsen)

Queimaduras

Formação

2 5 10 Existe instrução de trabalho com regras de A&ST.

Intoxicação por inalação

1 5 5

Existe instrução de trabalho com regras de A&ST e o cenário de fuga de gás está previsto no Plano Emergência Interno.