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8/9/2019 Aplicao das tecnologias da informao e comunicao em bibliotecas universitrias como recursos auxiliares ed
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EMPREENDEDORISMO EM BIBLIOTECAS UNIVERSITRIAS
Desenvolvimento de servios inovadores embibliotecas
APLICAO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAO E COMUNICAO
EM BIBLIOTECAS UNIVERSITRIAS COMO RECURSOS AUXILIARES
EDUCAO DE DEFICIENTES VISUAIS
PINHEIRO, M. I. S.ANDRADE, F. S.
RESUMO
Este trabalho apresenta o papel das bibliotecas universitrias como um recurso queauxilie o acesso educao superior pelos deficientes visuais. Tem o intuito deexpor as polticas de incluso que podem ser adotadas nessas bibliotecas. Apesquisa, realizada por meio de uma reviso de literatura procura abordar aspectossobre o direito do usurio informao e s tecnologias de informao ecomunicao, especificamente as tecnologias assistivas, utilizadas para promover aacessibilidade das pessoas com deficincias. Faz referncia, ainda, s iniciativasrealizadas por bibliotecas universitrias brasileiras, demonstrando que o processo deintegrao social dos deficientes visuais tem avanado no pas.Palavras-chave: Biblioteca universitria. Direito informao. Deficiente visual.Tecnologias assistivas.
ABSTRACT
This research presents the role of university libraries as a source to help the accessto education by visually impaired at universities. It has the aim to show the inclusionpolicies which can be adopted persons at those libraries. The research is based onbibliography review and tries to discuss some aspects related to the right toinformation by users, as well as to information and communication technologies,especially the assistant one used to promote the accessibility for disabled people. Italso refers to initiatives adopted by some Brazilian university libraries, showing thatthe process of social integration of visually impaired has improved in this country.Keywords: University library. Information right. Visually impaired. Assistanttechnologies.
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1 INTRODUO
A informao e o conhecimento se tornaram fundamentais nesta era
tecnolgica e, conseqentemente, o desenvolvimento cientfico e tecnolgico se dde forma acelerada e contnua, assim como as implicaes de sua aplicabilidade
nos processos educacionais. Neste contexto, interessante ressaltar a importncia
das bibliotecas universitrias.
A princpio, a palavra biblioteca significava lugar ou mvel em que se
guardam livros e o que deveria ser apenas uma questo morfolgica se fixou como
o modo pela qual a sociedade vem encarando a biblioteca durante sculos, ou seja,
um lugar onde se guardam livros.
Nos tempos atuais, cabe biblioteca um outro conceito, uma vez que a
informao tornou-se essencial para o progresso de qualquer nao; porm, o rgo
gratuito e responsvel por ela no acompanhou esta evoluo, o que representa
um prejuzo para os que nela buscam informao e conhecimento.
Assim, procurando rever esta condio, algumas bibliotecas universitrias
tm sido palco de imprescindveis mudanas, em cujo bojo, elas vm adotando
polticas que visam incluso social e reconhecendo que o mais importante no a
manuteno e conservao do acervo que contm, mas o acesso a este pelos
usurios que necessitam de informao. E esta nova postura, de que fazem parte as
atitudes inclusivistas, tem feito com que a biblioteca seja inserida no grupo dos
instrumentos necessrios ao desenvolvimento cientifico e tecnolgico.
Neste contexto, para que a biblioteca seja cada vez mais um centro de
transmisso de informaes que permita todo e qualquer usurio o acesso imediato
informao de seu interesse, independentemente de suas condies fsicas,
sociais, econmicas ou psicolgicas, necessrio seu funcionamento em vrias
categorias, tais como a biblioteca infantil, escolar, pblica, universitria,
especializada e virtual.
No caso deste estudo, volta-se a ateno para a biblioteca universitria
que dispe de um acervo para deficientes visuais, que um exemplo vivo dasituao das bibliotecas no pas. A grande maioria destas faz parte de instituies
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especializadas, as quais atendem apenas os portadores de deficincias visuais que
utilizam o seu ambiente.
Diante de tal circunstncia, estas pessoas fazem parte de um grupo socialque, muitas vezes, sofre discriminao e privado de muitos de seus direitos por
falta de acesso aos meios. O usurio com deficincia deve ter a possibilidade de
entrar na biblioteca, usar qualquer informao de seu interesse e ser bem atendido,
assim como os outros clientes da instituio, pois o que ele necessita de
tratamento igualitrio.
Portanto, uma biblioteca universitria que esteja determinada a cumprir
seus objetivos deve preocupar-se com o rompimento de algumas dificuldades
encontradas pelos portadores de necessidades especiais: barreiras arquitetnicas1 e
ausncia de acervo especializado e de profissionais preparados para atend-los.
Porm, quando observamos a verdadeira situao em que se encontram as
bibliotecas universitrias e o tratamento que ali dado aos deficientes, vm nossa
mente certos questionamentos: A biblioteca tem atendido as necessidades
informacionais do deficiente visual, ou apenas tm se caracterizado por ser mais um
local onde ele marginalizado? possvel que a biblioteca universitria atue comoum instrumento para a incluso social deste grupo? Ser que as bibliotecas das
universidades tm polticas de disseminao da informao para usurios com
deficincia?
Verificar o mtodo de acesso informao pelo deficiente visual vem ao
encontro de duas importantes caractersticas que se tornaram exigncias para o
bibliotecrio moderno: a preocupao com o lado social da profisso e o uso das
novas tecnologias em suas atividades ocupacionais. Assim, investigar este tema faz
com que ns, na condio de profissionais, adentremos relevantes problemas que a
atual sociedade vem discutindo, alm de virmos a conhecer as polticas de incluso
social que so possveis atravs do uso da informao.
Diante do que se exps, as novas tecnologias constituram um suporte
fundamental para esta pesquisa, que se valeu de vrias fontes de informao com o
1 Uma barreira arquitetnica, urbanstica ou ambiental qualquer elemento natural, instalado ouedificado, que impea a aproximao, transferncia ou circulao no espao, mobilirio ouequipamento urbano (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS, 2004).
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fim de investigar a respeito dos avanos no sentido de atender os deficientes
visuais. Neste enfoque, mostra-se o processo de uso da informao e as
necessidades por parte destas pessoas, por meio de um estudo exploratrio e da
anlise da literatura existente na rea. Para melhor compreender esse processo,
investigam-se as dificuldades por elas vivenciadas, como tambm as mudanas que
se podem sugerir para futuros trabalhos de pesquisa.
2 BIBLIOTECA UNIVERSITRIA EM PROL DO DIREITO DO USURIO
INFORMAO
A sociedade contempornea determina que o indivduo deve seguir um
certo padro para estar incluso: dominar as novas tecnologias, conhecer um outro
idioma e possuir caractersticas fsicas e psicolgicas que estejam de acordo com o
que ela estabelece. Reconhece-se que, no interior da mesma, o indivduo deve ter a
sua diversidade respeitada, pois esta inerente a ele, mas no pode fugir dos
mencionados aspectos pr-estabelecidos, que aqui se detalham: saber utilizar o
computador, ser jovem, falar ingls fluentemente, estar preocupado com a esttica,
desenvolver a capacidade de liderana, ser comunicativo, ter boa aparncia, estar
bem informado, etc. Aqueles que no se encaixam neste padro so
marginalizados; o caso de analfabetos, pobres, idosos, pessoas obesas,
portadores de necessidades especiais e outros, o que demonstra uma gama de
estigmatizados.
Neste sentido, Gil (2006) observa que as principais barreiras que as
pessoas com deficincia enfrentam so os preconceitos, a discriminao e osambientes sem acessibilidade, visto que estes ltimos foram criados a partir de uma
concepo idealizada de pessoa normal, de homem perfeito.
O que ocorre que, muitas vezes, por falta de oportunidade e de conhecer
os seus direitos, as pessoas aceitam os rtulos fixados pela sociedade. Para
quebrar esses paradigmas necessrio o acesso informao, pois ela que
auxilia no desenvolvimento crtico e intelectual do indivduo.
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Em meio a essas necessidades, a biblioteca universitria, hoje, apresenta-
se como um recurso informacional valioso na formao do pensamento crtico, pois
nela se encontra armazenada grande quantidade das informaes existentes.
Quando as pessoas tm acesso ao contedo ali depositado, podem despertar para a
necessidade de lutar pelo respeito aos seus direitos.
Assim sendo, essa instituio procura se estruturar de modo a atender as
exigncias do usurio e, para tanto, almeja estar com profissionais preparados para
difundir a informao: no tcnicos, mas interventores sociais. Acredita-se que o
atual papel do bibliotecrio, ao contrrio do que se verificava outrora, seja trabalhar
para que todos tenham a possibilidade de desenvolver a conscincia crtica que lhes
viabilize modificar a sociedade, portanto, esse profissional deve estar preocupado
com os grupos que no acessam a informao, como os portadores de deficincia
visual, por exemplo.
Admite-se que cada ser humano capaz de se construir e superar as
desigualdades sociais por meio da conquista do seu espao no processo
educacional. Nessa perspectiva, Valds et al. (2005, p. 28) consideram o acesso
informao e educao como um direito de todo cidado, independentemente desua origem tnica, social ou religiosa, no se podendo esquecer das pessoas
portadoras de necessidades especiais, sejam estas quais forem.
So poucas as bibliotecas universitrias que tem um servio direcionado
ao deficiente visual, ainda, Belarmino (s.d.) comenta que a problemtica do acesso
informao pelos usurios cegos continuam sendo um desafio praticamente
intocado no crculo de tais bibliotecas, assim como na maior parte dos servios
responsveis pela produo e distribuio dessas informaes.
Se, por um lado, algumas bibliotecas universitrias no dispem de um
acervo vasto e atualizado, especial para essas pessoas, por outro lado, muitas
instituies no governamentais como a Bengala Legal, Ler para Ver, Instituto
Benjamin Constant, Fundao Dorina Nowill, Laramara - Associao Brasileira de
Assistncia ao Deficiente Visual e tambm instituies governamentais como, por
exemplo, o MEC, a Fundao Nacional do Livro Didtico, Secretaria de Educao,etc. esto, cada vez mais, propiciando meios para os deficientes visuais interagirem
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na sociedade. Faz-se necessrio destacar que, hoje, graas a algumas dessas
instituies, como a Fundao Dorina Nowill, a maior produtora em editorao de
obras em braille, as pessoas com deficincia visual tm acesso a muitas
informaes em prol do conhecimento.
Sabe-se tambm que as universidades devem ter estruturas adequadas
para receber esses usurios, os quais precisam contar com solues que venham
ao encontro de suas necessidades especiais, para que todos possam ter acesso ao
ensino superior de forma igual e sem discriminao.
3 TECNOLOGIA ASSISTIVA E O DEFICIENTE VISUAL
As Tecnologias da Informao e Comunicao (TICs) tm promovido
mudanas em diversos segmentos da sociedade: na medicina, esportes, lazer e,
inclusive, em unidades de informao. A cada instante, novos equipamentos e
instrumentos tm sido disponibilizados para a melhoria das condies de vida. o
que vem ocorrendo com a aplicao do uso das Tecnologias da Informao e
Comunicao como a Tecnologia Assistiva na vida dos deficientes visuais.
As tecnologias assistivas podem ser definidas como toda e qualquer
ferramenta ou recurso utilizado com a finalidade de proporcionar uma maior
independncia e autonomia pessoa portadora de deficincia (DAMASCENO;
GALVO FILHO, 2005). Elas podem variar desde simples culos a um sistema
computadorizado. De modo mais especfico, a Associao Brasileira de Normas
Tcnicas (2004, p. 4) descreve-as como o conjunto de tcnicas, aparelhos,
instrumentos, produtos e procedimentos que visam auxiliar a mobilidade, percepo
e utilizao do meio ambiente e dos elementos por pessoas com deficincia.
verdade que as tecnologias assistivas tm proporcionado aos
portadores de necessidades especiais maior independncia e facilidade de vida;
contudo, tambm tm acarretado o crescimento das desigualdades e da excluso, j
que sua utilizao determina que os usurios necessitam pelo menos saber ler, ter
uma linha telefnica, um computador e uma interface adequada a sua capacidade,alm de dominar o idioma ingls (KOON, 2005). No entanto, mesmo com as
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dificuldades existentes e o risco da expanso de maiores desigualdades, os
ambientes que atendem essas pessoas devem promover e oferecer tais mdias.
Realmente, nem todos os deficientes tm acesso s tecnologias: muitosdeles sobrevivem com os equipamentos mnimos necessrios para seu cotidiano.
Cabe, ento, a cada setor da sociedade a distribuio dos equipamentos e
instrumentos assistivos para uso em cada ambiente.
Considerando este fator, a biblioteca universitria precisa tambm fornec-
los, visto que ela deve ter o compromisso de facilitar o acesso informao. Alm
de disponibilizar informaes necessrias para a luta pelos direitos, ela tem o papel
de auxiliar na reduo da excluso digital quando oferece, gratuitamente, esse tipo
de suporte tecnolgico. Ademais, o uso de tecnologias como ampliadores de telas e
fitas gravadas auxilia no s as pessoas com deficincia, mas tambm idosos e
analfabetos que tenham contato com o local.
Convm ressaltar que a aplicao destas tecnologias vem se afirmando
gradativamente nas bibliotecas, e Fernandes; Aguiar, (2000); Souza et al. (2000);
Silveira, (2000) mostram a importncia de tal acessibilidade para os portadores de
deficincia visual; entre as tecnologias mais difundidas esto os softwares
DOSVOX, Virtual Vision e Jaws, equipamentos como o reglete2, a impressora ou
mquina Perkins de datilografia Braille e o papel Braille. A aplicao destas
tecnologias deve, cada vez mais, ampliar-se e fazer parte do cotidiano de
bibliotecas, isso porque, com o dinamismo exigido pela sociedade atual, o usurio
no pode contar com um nico tipo de suporte e que agregue determinados
problemas consigo.
4 INICIATIVAS DE UNIVERSIDADES BRASILEIRAS A FAVOR DA INCLUSO
DOS DEFICIENTES VISUAIS
importante notar que, seja por exigncia das normativas para o
reconhecimento de cursos, seja pela emergncia da conscientizao da
2 Instrumento de escrita manual do sistema Braille.
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necessidade de incluso dos deficientes visuais, iniciativas esto sendo registradas
nas universidades de todo o mundo.
A partir do momento em que as unidades de informao passaram a focaro usurio como o principal ator de seu cenrio, conseqentemente se iniciou a
busca de alternativas para o acesso informao por este pblico.
Apresentar avanos desta natureza, verificados em universidades
brasileiras, faz-se necessrio para que se perceba que pequenas iniciativas podem
mudar o contexto social, educacional e pessoal dos indivduos em pauta; assim,
podemos citar:
Servio Braille da Biblioteca Central - Universidade Federal da Paraba;
Sala de Acesso Informao e Laboratrio de Apoio Didtico para
Portadores de Necessidades Especiais UNICAMP;
Biblioteca do Instituto de Filosofia e Cincias Humanas (BIBIFCH)
UNICAMP;
Centro de Acessibilidade ao Aluno Deficiente Visual (CADV) - PUC-
Campinas;
Biblioteca Central - Universidade Estadual de Londrinas (UEL);
Bibliotecas - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG);
Catlogo Coletivo de Livros em Braille e Livros Falados USP;
Setor Braille da Biblioteca Central - Universidade Federal da Paraba;
Dosvox/Intervox UFRJ.
Todas essas universidades implantaram os mencionados setores com o
objetivo de auxiliar e se tornar um facilitador na integrao social dos portadores de
deficincia visual com as tecnologias e, conseqentemente, com o processo
acadmico. Isto serve de exemplo para outras universidades, ao aplicarem projetos
que contemplem iniciativas de incluso de alunos deficientes visuais dentro da
instituio.
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Vale tambm salientar que os portadores de tal deficincia obtiveram uma
vitria no dia 4 de junho de 2008, na Comisso de Cincia, Tecnologia, Inovao,
Comunicao e Informtica (CCT): os senadores aprovaram o projeto de lei que
disponibiliza na Internet um portal com arquivos digitais de livros didticos,
cientficos, tcnicos e literrios. A proposta altera a Lei de Acessibilidade (Lei
10.098/00), que prev apenas a liberao de obras autorizadas pelos detentores dos
respectivos direitos autorais e das que j se encontram em situao de domnio
pblico.
5 RESULTADOS
Observando a literatura, que aborda o tema em foco, verificamos que h
um movimento por parte das bibliotecas das universidades no sentido de promover a
acessibilidade do deficiente visual, o que demonstra que, na atualidade, no se pode
projetar uma biblioteca acessvel que tenha por objetivo ser um agente de
transformao sem incluir em seu ambiente equipamentos e instrumentos de
tecnologias assistivas. Estas tecnologias, como se observou, podem facilitar o uso
das bibliotecas pelas pessoas com deficincia visual e auxili-las em seu processo
de construo cognitiva. Alm disso, necessrio estabelecer polticas tanto para
pessoas cegas como para as com viso subnormal.
Foi possvel constatarmos, tambm, que as barreiras arquitetnicas e
humanas s podem ser amenizadas atravs de mudanas fsicas no ambiente e da
habilitao dos funcionrios para atitudes inclusivistas. Acreditamos que, se a
biblioteca no proporciona esses dois requisitos bsicos aos deficientes visuais(acessibilidade fsica e humana), ela no est apta a ser definida como agente de
transformao: pelo contrrio, sua atuao refletiria aes segregadoras. A
argumentao de que os obstculos simplesmente ocorrem devido a diversos
problemas na instituio e na sociedade que no sabem como lidar com os usurios
deficientes, mostra-se ilgica quando notamos que, se no existe a possibilidade de
oferecer-lhes servios especficos, a biblioteca tem por obrigao fornecer o bsico,
tal qual disponibiliza para os outros usurios: condies de ir e vir no local eatendimento prestado pelos funcionrios.
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Entendemos que, para se modificar o quadro verificado nas bibliotecas
universitrias, preciso que o profissional que esteja frente da instituio analise a
questo da falta de servios que atendam o usurio com deficincia e proceda a
debates acerca da deficincia e das dificuldades encontradas para proceder ao
atendimento dos deficientes visuais, sejam estas de ordem financeira, humana ou
material. Ele deve tambm fazer o mapeamento das principais necessidades das
pessoas com deficincia visual no uso informacional da biblioteca; definir o papel da
instituio no que tange ao aspecto da incluso social e digital; proceder
formulao de polticas voltadas para o deficiente visual e buscar uma estruturao
do ambiente de tal modo que este possa receber quaisquer usurios,
independentemente de sua condio fsica e mental. Alm disso, preciso que osgerenciadores de bibliotecas promovam aes que viabilizem mudanas neste
ambiente.
6 CONSIDERAES FINAIS
As concluses que chegamos com a pesquisa levada a efeito permitem
a sugesto de algumas polticas e servios voltados para o deficiente visual. As
recomendaes propostas no so normativas, mas sugerem atitudes que,
adotadas, poderiam minimizar as dificuldades destes usurios.
Acreditamos que unidades de informao so constitudas por pessoas,
servios, ambiente fsico, equipamentos/instrumentos, acervo e polticas que
determinam seu funcionamento3. Deste modo, mostra-se necessria uma
estruturao de todo esse composto, para que a acessibilidade realmente ocorra. Oprimeiro ponto a ser trabalhado nas instituies refere-se ao profissional que ali atua,
pois de nada adiantam servios, estruturas, equipamentos ou acervo que visem
acessibilidade se ao chegar biblioteca o usurio no receber o atendimento que
necessita e deseja. Estas barreiras podem ser vencidas por meio de treinamento
voltado para os funcionrios e tambm para os usurios, relativamente utilizao
dos recursos disponibilizados.
3 Neste caso, tais polticas no representam as normas que ditam o funcionamento da unidade deinformao, mas sim as atitudes que poderiam facilitar as atividades desenvolvidas por ela.
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A criao de servios para os deficientes visuais tambm se constitui uma
necessidade urgente; alm dos servios comumente disponibilizados na biblioteca,
preciso que se promova a criao de outros, um pouco mais especficos. No
entanto, essa disponibilizao deve ser avaliada de acordo com a possibilidade da
biblioteca em manter futuramente esses servios. Pode-se criar, por exemplo, um
setor de lazer onde se disponibilizem jogos recreativos. Gravao de textos em CD-
ROM ou transcrio para o braille, digitalizao de documentos e disponibilizao
de ledores tambm poderiam mostrar-se teis na consecuo dos objetivos de
crescimento e integrao desses indivduos.
A acessibilidade fsica mais difcil de ser alcanada, por no depender
de aes ou polticas desenvolvidas pelos gerenciadores, mas pela prpria
universidade. No entanto, existem pequenas mudanas que podem ser realizadas
com sucesso e pequeno custo:
Adoo de sinalizao ttil nas estantes e no catlogo de fichas;
Sinalizao dos equipamentos;
Construo de rampas de acesso nos locais onde elas forem
necessrias;
Disponibilizao de maquete ou mapa em relevo da biblioteca.
As modificaes relativas aos aspectos fsicos devem ser efetivadas
conforme a NBR 9050 - Acessibilidade a edificaes, mobilirio, espaos e
equipamentos urbanos.
Outro ponto importante a disponibilizao, para os dificientes visuais, decertos equipamentos e instrumentos, que podem ser utilizados tanto pelos usurios
como pelos funcionrios ao projetar os servios. Eles constituem-se, na maioria, de
tecnologias assistivas, tais como: fones de ouvido, gravadores, regletes e pulso
para uso no local, fornecimento de papel, teclado e impressora braille para
computador, scannerpara se obter o material bibliogrfico para leitura em braille,
materiais recreativos e adoo de sistemas alternativos e aumentativos de acesso
informao.
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O DOSVOX4 um exemplo deste tipo de tecnologia; ele consiste em um
sistema para microcomputadores alternativo que se comunica com o usurio atravs
da sntese da voz (PROJETO DOSVOX, 2002). Este projeto distribudo em duas
verses: para DOS e para Windows (tambm chamado de WINVOX) e, de acordo
com Sonza; Santarosa (2003, p. 4), oferece ao deficiente visual os seguintes meios
de acesso informao:
Sistema operacional que contm os elementos de interface com o
usurio;
Sistema de sntese de voz para a lngua portuguesa;
Editor, leitor e impressor/formatador de textos;
Impressor/formatador para braille;
Diversos programas de uso geral para deficientes visuais, como caderno
de telefones, agenda de compromissos, calculadora, preenchedor de
cheques, cronmetro, etc;
Jogos de carter ldico;
Ampliador de telas para pessoas com viso reduzida;
Programas para ajuda educao de crianas com deficincia visual;
Programas sonoros para acesso Internet, correio eletrnico e bate-
papo;
Leitor de telas/janelas para DOS e Windows.
Existem, ainda, muitos outros softwares, como o Virtual Vision e JAWS;
entretanto, o DOSVOX apresenta uma grande vantagem sobre os demais: que,
alm da gama de programas acoplados, gratuito e em portugus, o que facilita sua
implantao em qualquer unidade pblica.
As bibliotecas universitrias podem e devem estabelecer parcerias com
instituies especializadas no atendimento aos deficientes visuais, bem como outras
que facilitariam sua atuao no atendimento. Verificaram-se, especificamente,
4 Desenvolvido pelo Ncleo de Computao Eletrnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ).
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algumas parcerias bem sucedidas nos casos pesquisados como os cursos de
Informtica/Cincia da Computao e universidade; Institutos locais especializados e
as editoras universitrias.
importante lembrar que, com tecnologias, principalmente a Internet, os
deficientes visuais podem se conectar no mundo virtual. Um exemplo claro o bate
papo atrs do chat oferecido pela Rede Saci5. Sendo assim, as bibliotecas podem
disponibilizar em seus laboratrios esta fonte informacional.
As recomendaes fornecidas neste estudo baseiam-se na idia de que
as bibliotecas universitrias so refletoras das polticas da sociedade e que cabe a
esse rgo mudar as questes negativas que podem advir deste fato; se parte da
sociedade tem excludo ou discriminado as pessoas com deficincia visual, a
biblioteca no pode permitir que isso tambm ocorra em seu ambiente.
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(CICs). Por meio da Internet, disponibiliza aos seus usurios endereo eletrnico, suporte tcnico,softwares adaptados para deficientes, alm de bases de dados, listas de discusso, agenda deeventos, entre outros servios. Site: http://www.saci.org.br/index.php?IZUMI_SECAO=2.
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__________________1
Mariza Ins da Silva Pinheiro, Professora do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal deMato Grosso (UFMT), [email protected] Souza de Andrade,Bibliotecria gerente da Biblioteca Regional de Alto Araguaia da
Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), [email protected].