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APLICAÇÃO DE ISOLAMENTO TÉRMICO PELO EXTERIOR TIPO ETICS ASSOCIADO A REVESTIMENTO CERÂMICO CRISTINA BRITES MOURA Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL ESPECIALIZAÇÃO EM CONSTRUÇÕES CIVIS Orientador: Professor Doutor Vasco Manuel Araújo Peixoto de Freitas JUNHO DE 2012

APLICAÇÃO DE ISOLAMENTO ÉRMICO PELO EXTERIOR … · E a todas as pessoas que de forma direta ou indireta contribuíram para a realização deste trabalho. Aplicação de Isolamento

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APLICAÇÃO DE ISOLAMENTO TÉRMICO

PELO EXTERIOR TIPO ETICS

ASSOCIADO A REVESTIMENTO

CERÂMICO

CRISTINA BRITES MOURA

Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de

MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL — ESPECIALIZAÇÃO EM CONSTRUÇÕES CIVIS

Orientador: Professor Doutor Vasco Manuel Araújo Peixoto de Freitas

JUNHO DE 2012

MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2011/2012

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Tel. +351-22-508 1901

Fax +351-22-508 1446

[email protected]

Editado por

FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

Rua Dr. Roberto Frias

4200-465 PORTO

Portugal

Tel. +351-22-508 1400

Fax +351-22-508 1440

[email protected]

http://www.fe.up.pt

Reproduções parciais deste documento serão autorizadas na condição que seja

mencionado o Autor e feita referência a Mestrado Integrado em Engenharia Civil -

2011/2012 - Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia da

Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2012.

As opiniões e informações incluídas neste documento representam unicamente o

ponto de vista do respetivo Autor, não podendo o Editor aceitar qualquer

responsabilidade legal ou outra em relação a erros ou omissões que possam existir.

Este documento foi produzido a partir de versão eletrónica fornecida pelo respetivo

Autor.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

i

AGRADECIMENTOS

Ao longo da execução deste trabalho senti de forma muito lúcida alguns apoios e estímulos que

me levam agora a deixar aqui os meus sinceros agradecimentos, nomeadamente:

Ao Professor Vasco Freitas, pelos conselhos, pelo constante incitamento e por ter acreditado em

mim.

Ao meu namorado, pela ajuda prestada, por todo apoio e amor que me deu para que tivesse a

força de vontade necessária para completar esta jornada.

À minha família, por acreditarem na minha dedicação a este trabalho e compreenderem as

longas ausências.

Ao engenheiro António Pereira, pelo apoio e motivação prestados.

E a todas as pessoas que de forma direta ou indireta contribuíram para a realização deste

trabalho.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

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RESUMO

Tem havido uma evolução significativa na forma como se executam as fachadas dos edifícios

em Portugal. Na última década, foi introduzido em Portugal o sistema de isolamento térmico

pelo exterior, ETICS, no sentido de responder às crescentes exigências de conforto

higrotérmico. Este sistema constitui uma ótima solução, tanto do ponto de vista energético como

do ponto de vista construtivo.

Portugal tem também, uma forte tradição no que diz respeito ao revestimento de fachadas com

cerâmica. Na construção portuguesa, os revestimentos cerâmicos colados continuam a ser

amplamente utilizados, pois oferecem elevada durabilidade, bom desempenho técnico e vastas

possibilidades estéticas. Apesar da evolução da indústria e dos métodos de fixação, continua a

ser um revestimento confrontado frequentemente com graves patologias. O facto de este tipo de

revestimento de fachadas ter começado a surgir nos últimos anos, cada vez com maior

frequência, aplicado sobre o sistema ETICS, leva-nos a refletir até que ponto é viável podermos

considerar este sistema válido para a criação de uma ETA.

Avaliou-se desta forma no decorrer deste trabalho o processo para a elaboração de uma ETA,

bem como as suas exigências.

Procedeu-se à caraterização do cerâmico, à classificação das juntas, bem como à identificação

das patologias principais associadas ao sistema. Após esta análise pegou-se numa amostra de

edifícios com as características do sistema de aplicação de isolamento térmico pelo exterior tipo

ETICS associado a revestimento cerâmico, por forma a conseguir avaliá-la no seu desempenho.

Desta forma este trabalho teve o propósito de fazer uma amostra de obras realizadas com este

sistema e tentar perceber através das mesmas a exequibilidade do sistema.

PALAVRAS-CHAVE: ETICS, CERÂMICA, COLAGEM, FACHADA, HOMOLOGAÇÃO.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

v

ABSTRACT

There has been a significant evolution in the way are executed the facades of buildings in

Portugal. In the last decade, was introduced in Portugal the thermal insulation system from

outside, ETICS, in order to respond to growing requirements for comfort hygrothermal. This

system is a great solution, both from the point of view of energy as the constructive point of

view. Portugal has also, a strong tradition with respect to the cladding with ceramic. In the

construction Portuguese, the ceramic coatings glued still widely used, because they offer high

durability, good technical performance and many aesthetic possibilities. Despite the evolution of

the industry and methods of fixation, continues to be a coating often confronted with severe

pathologies. The fact this type of cladding begun to emerge in recent years, with increasing

frequency, applied to ETICS system, leads us to consider until point is feasible we can consider

this system valid for creating an ETA.

Thus was evaluated during this work the process for developing an ETA and their requirements.

Proceeded to the characterization of the ceramic, the classification of joints, and the

identification of the major pathologies associated with the system. After this analysis, picked up

a sample of buildings, with the characteristics of the application system external thermal

insulation type ETICS associated with ceramic coating, in order to achieve evaluate it on its

performance.

Thus this work aimed to make a sample of the works with this system and trying to understand

through the same, the feasibility of the system.

KEYWORDS: ETICS, CERAMICS, COLLAGE, FACADE, APPROVAL.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

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ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................... i

RESUMO ................................................................................................................................. iii

ABSTRACT ............................................................................................................................................... v

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................................... 1

1.2. OBJETIVOS E METODOLOGIA .......................................................................................................... 1

1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ....................................................................................................... 2

2. ANÁLISE DA ETAG 004 ........................................................................................... 3

2.1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS SISTEMAS ETICS ............................................................................. 3

2.2. CARATERIZAÇÃO DO SISTEMA ETICS ........................................................................................... 4

2.2.1. DESCRIÇÃO DOS ETICS ................................................................................................................... 4

2.2.2. ÂMBITO DE APLICAÇÃO DO SISTEMA .................................................................................................. 7

2.2.3 VANTAGENS DO SISTEMA ETICS ASSOCIADO A CERÂMICO. ................................................................. 8

2.3. REGRAS PARA A CONCESSÃO DE UMA APROVAÇÃO TÉCNICA EUROPEIA (ETA) OU DE

UM DOCUMENTO DE HOMOLOGAÇÃO (DH) A SISTEMAS COMPÓSITOS DE ISOLAMENTO

TÉRMICO PELO EXTERIOR .................................................................................................................... 10

2.3.1.PASSOS A SEGUIR PARA ESTUDOS DE CONCESSÃO DE ETAS PARA ETICS ........................................ 10

2.3.2. O PROCESSO PARA APLICAÇÃO DE UMA ETA DE UM SISTEMA COMPÓSITO DE ISOLAMENTO

TÉRMICO PELO EXTERIOR ......................................................................................................................... 15

2.3.3 ANÁLISE CRITICA NO QUE SE REFERE ÀS PRINCIPAIS PREOCUPAÇÕES COM CERÂMICA ....................... 25

3. REVESTIMENTOS CERÂMICOS COLADOS EM FACHADAS ............................................................................................................................... 27

3.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 27

3.2. SÍNTESE HISTÓRICA DA APLICAÇÃO DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS EM FACHADAS .......... 27

3.3. ESTRUTURA DO SISTEMA ............................................................................................................. 28

3.3.1 REVESTIMENTO CERÂMICO .............................................................................................................. 28

3.3.2 ARGAMASSAS PARA JUNTAS ............................................................................................................. 31

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

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3.3.3 MATERIAIS DE ASSENTAMENTO......................................................................................................... 34

3.4. ESTUDO DE PATOLOGIAS DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS COLADOS EM FACHADAS –

CLASSIFICAÇÃO GERAL ....................................................................................................................... 36

3.4.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 36

3.4.2 DESCRIÇÃO DAS PATOLOGIAS .......................................................................................................... 37

3.4.3 DESCOLAMENTO E EMPOLAMENTO ................................................................................................... 39

3.4.4 FISSURAÇÃO .................................................................................................................................... 40

3.5 ANÁLISE CRITICA ........................................................................................................................... 43

4. AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE EDIFICIOS COM REVESTIMENTO CERÂMICO SOBRE ETICS ........................................ 45

4.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 45

4.1.1 ORIGEM DAS PATOLOGIAS ................................................................................................................ 45

4.2. CARATERIZAÇÃO DA AMOSTRA .................................................................................................... 47

4.3. ESTRUTURA DA FICHA ................................................................................................................... 48

4.4. FICHAS ............................................................................................................................................ 49

4.5. ANÁLISE DE RESULTADOS ............................................................................................................ 66

4.6. IDENTIFICAÇÃO DAS PATOLOGIAS OBSERVADAS NO SISTEMA ETICS ..................................... 69

4.7. PREOCUPAÇÕES A TER NA EVENTUAL APLICAÇÃO DE CERÂMICA SOBRE ETICS .................. 72

4.8. ANÁLISE CRITICA ........................................................................................................................... 72

5. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 75

6. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 77

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

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ÍNDICE DE FIGURAS

Fig.1 – Evolução da aplicação do sistema ETICS em Portugal (Fonte: APFAC) .................................... 4

Fig.2 – Composição esquemática de um ETICS constituído por reboco delgado armado sobre

poliestireno expandido (Freitas,2002) ...................................................................................................... 5

Fig.3 – Colagem Contínua ....................................................................................................................... 7

Fig.4 – Fixação Mecânica ........................................................................................................................ 8

Fig.5 – Cantoneira .................................................................................................................................... 8

Fig.6 – Ficha de Informação sobre sistema ETICS ............................................................................... 16

Fig.7 – Ficha de visita à fábrica .............................................................................................................. 18

Fig.8 – Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Murete com um sistema aplicado; À

direita: Execução de provetes de menores dimensões de um sistema, [LNEC] ................................... 19

Fig.9 – Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Ensaio higrotérmico em curso; À

direita: Sistema após ensaio de choque (com fendilhação mas sem penetração), [LNEC] .................. 19

Fig.10 – Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Sistema após ensaio de perfuração

(zona em que não resistiu ao punção de 12mm); À direita: Carotagem com uma broca

apropriada para a realização do ensaio de aderência, [LNEC]. ............................................................ 20

Fig.11 – Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Ensaio de aderência da camada de

base ao isolante; À direita: Ensaio de aderência da camada de base ao betão, [LNEC] ..................... 20

Fig.12 – Exemplo de ensaio feito no LNEC - Ensaio de resistência de sucção do vento, [LNEC] ....... 21

Fig.13 – Quadro a preencher pela Empresa requerente ....................................................................... 23

Fig.14 – Ficha a preencher por técnicos do LNEC ................................................................................ 24

Fig.15 – Designação das dimensões dos ladrilhos ................................................................................ 29

Fig.16 – Imagem de peça cerâmica com identificação da junta ............................................................ 33

Fig.17 – Identificação das patologias mais relevantes........................................................................... 67

Fig.18 – Distribuição percentual das patologias registadas nas inspeções .......................................... 68

Fig.19 – Incidência de Patologias conforme dimensão da cerâmica ..................................................... 69

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

x

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

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ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Caraterísticas do sistema ETICS e sua descrição........................................................................ 6

Quadro 2 - Vantagens do sistema ETICS associado a cerâmico .................................................................... 9

Quadro 3 - Equivalências entre as especificações do LNEC e as do sistema Europeu ................................... 12

Quadro 4 - Classes de reação ao fogo do sistema ETICS e o material de isolamento térmico ......................... 12

Quadro 5 - Características do sistema ETICS exidas para a ER3 ................................................................. 13

Quadro 6 - Resistência mínima do sistema ETICS exigidas para a ER4 ....................................................... 14

Quadro 7 - Critérios de apreciação dos ensaios realizados sobre o sistema aplicado no murete ..................... 21

Quadro 8 - Exigências definidas para os componentes do sistema ............................................................... 21

Quadro 9 - Caraterísticas exigidas para as diferentes aplicações ................................................................. 30

Quadro 10 - Valores caraterísticos médios ................................................................................................. 31

Quadro 11 - Tipos de juntas de construção (juntas estruturais) .................................................................... 32

Quadro 12 - Tipos de juntas de construção (juntas periféricas) .................................................................... 32

Quadro 13 - Tipos de juntas de construção (juntas intermédias) .................................................................. 32

Quadro 14 - Espessuras recomendadas para as juntas entre ladrilhos fixados por colagem com colas ou

cimentos - cola .......................................................................................................................................... 33

Quadro 15 - Propriedades das cotas a ter em conta na aplicação em obra ......................................... 34

Quadro 16 - Especificações para cimento cola e colas ................................................................................ 35

Quadro 17 - Resumo da aplicabilidade dos cimentos – cola ................................................................. 36

Quadro 18 - Patologias dos revestimentos cerâmicos ............................................................................... 37

Quadro 19 - Tipos de rutura das ligações ladrilho-cola-suporte e suas causas .............................................. 41

Quadro 20 - Classificação das causas das patologias em revestimentos cerâmicos sobre

sistema ETICS........................................................................................................................................ 46

Quadro 21 - Identificação da Amostra ....................................................................................................... 48

Quadro 22 - Identificação das patologias ................................................................................................... 66

Quadro 23 - Identificação das patologias nos cerâmicos colados sobre ETICS nos edifícios observados ......... 66

Quadro 24 - Quantificação dos edifícios com determinadas patologias ......................................................... 67

Quadro 25 - Idades dos Edifícios observados com sistema do cerâmico sobre ETICS ................................... 68

Quadro 26 - Patologias mais correntes cerâmicos aplicados em fachadas sobre sistema ETICS .................... 70

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SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

ETICS - External Thermal Insulation Composite System

ETA - European Technical Approvals

EOTA - European Organisation for Technical Approvals

ETAG 004 – Guideline for European Technical Approval of External Thermal Insulation

Composite Systems With Rendering

DEC - Departamento de Engenharia Civil

APFAC - Associação Portuguesa dos Fabricantes de Argamassas de Construção

LNEC – Laboratório de Engenharia Civil

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

1

01

INTRODUÇÃO

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O revestimento de fachadas cumpre um papel importante no desempenho dos edifícios, não só no que

diz respeito ao aspeto visual e embelezamento proporcionados, como também na durabilidade, na

valorização do imóvel e na eficiência térmica destes.

O sistema tipo ETICS (External Thermal Insulation Composite Systems) garante a continuidade do

isolamento e a melhoria do conforto resultante do aumento da inércia térmica interior. Os fatores mais

relevantes da não aplicação do sistema, são a fraca resistência ao choque e o aparecimento de

manchas.

Portugal tem uma grande tradição na utilização de revestimentos cerâmicos no revestimento exterior

de fachadas. Assim a associação do revestimento cerâmico ao sistema tipo ETICS além de resolver os

problemas de resistência a choque e aparecimento de manchas, mantém a tradição incorporada em

Portugal de fachadas revestidas a cerâmica.

A integração destes dois elementos vai ser estudada e analisada ao longo desta dissertação.

1.2. OBJETIVOS E METODOLOGIA

É objetivo deste trabalho contribuir para o estudo da aplicação de isolamento térmico pelo exterior

tipo ETICS associado a revestimento cerâmico, através da análise da metodologia que poderá vir a ser

aplicada, com base na ETAG 004.

A recolha e tratamento de informação relativa a casos de estudo existentes no nosso país, é

imprescindível, de forma a poder definir as preocupações de desempenho deste sistema, identificar as

exigências de aprovação técnicas e poder propor uma metodologia de avaliação do seu desempenho e

durabilidade.

São assim objetivos deste trabalho:

Estudar as exigências de aprovação técnica do sistema;

Fazer a caraterização do sistema cerâmico associado ao ETICS, a avaliação das junta, das

colas e a sua aplicação (tempo de vida útil), bem como as principais patologias associadas;

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

2

Avaliar o desempenho de edifícios nos quais foi aplicada a solução de aplicação de

isolamento térmico pelo exterior tipo ETICS associado a revestimento cerâmico, numa amostra

recolhida.

A metodologia aplicada baseou-se no estudo da ETAG004 [1], como ponto de partida para o estudo

das exigências a ter em conta do sistema em estudo e posteriormente no levantamento e análise de

uma amostra de edifícios nos quais foi aplicado esse mesmo sistema.

1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

A presente dissertação encontra-se organizada em 6 capítulos, podendo ser divididos em 2 partes

distintas.

Na primeira parte, nos capítulos 2 e 3 avaliou-se informação relativamente ao sistema, sua

caracterização, levantamento das principais normas e regulamentos associados, aplicação de cerâmica

em fachadas e estudo das patologias mais frequentes.

Na segunda parte, nos capítulos 4 e 5, recolheu-se uma amostra demonstrativa do sistema em estudo e

apresentou-se propostas para uma possível aprovação do produto e conclusões finais a retirar.

Nos pontos seguintes, apresenta-se o resumo da informação contida em cada um dos capítulos.

CAPÍTULO 1: Este capítulo constitui a introdução da dissertação, no qual se elaboram

algumas considerações iniciais sobre o âmbito da mesma, se apresenta a justificação da sua

elaboração e se descreve resumidamente a metodologia que se adotou.

CAPÍTULO 2: Neste segundo capítulo, apresenta-se uma caracterização exaustiva do

sistema ETICS. Com este objetivo descrevem-se os diversos constituintes do sistema e as suas

principais caraterísticas. Simultaneamente descreve-se em traços gerais técnicas de aplicação

identificando-se os principais cuidados a ter na sua execução. Por último faz-se apresentação

resumida da ETAG 004.

CAPÍTULO 3: No terceiro capítulo, é descrito o estudo da aplicação de cerâmica colada

sobre ETICS em fachadas, as suas vantagens e desvantagens, as suas características e o seu

comportamento.

CAPÍTULO 4: Neste capítulo, é feito o estudo de obras e seu desempenho onde foi

aplicado o sistema em estudo e é apresentada uma proposta de metodologia como proceder à

homologação do sistema.

CAPÍTULO 5: O último capítulo apresenta as considerações e conclusões gerais

relativamente à dissertação e apresenta sugestões para desenvolvimentos futuros.

CAPÍTULO 6: Na bibliografia são indicados todos os documentos que serviram de

referência à elaboração da presente dissertação.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

3

02

ANÁLISE DA ETAG 004

2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS SISTEMAS ETICS

Nos anos 40, surgiu na Suécia um sistema de isolamento térmico de fachadas pelo exterior, constituído

por lã mineral revestida com um reboco de cimento e cal. De acordo com alguns autores, Edwin

Horbach, químico suíço, foi o responsável pelo desenvolvimento dos sistemas de reboco delgado

armado sobre poliestireno expandido. Edwin Horbach testou diversas composições de reboco,

produtos de reforço e materiais de isolamento, num pequeno laboratório, que construiu na sua cave,

tendo posteriormente contactado com um fabricante alemão de poliestireno expandido e foi então que

no final dos anos 50 o seu sistema começou a ser utilizado. [5]

A primeira utilização de um sistema de revestimento e isolamento térmico pelo exterior em grande

escala foi efetuada na Alemanha, em indústria, nos finais da década de 50 e na década seguinte em uso

doméstico.

Os ETICS foram introduzidos nos Estados Unidos da América no final dos anos 60 por Frank Morsilli (1)

. O sistema teve de sofrer algumas alterações para que se adaptasse ao tipo de construção existente e

ao mercado americano.

Inicialmente existiu alguma resistência à utilização do sistema nos Estados Unidos. Foi durante a crise

energética do final dos anos 60 e início dos anos 70, que aumentou o interesse pelo isolamento térmico

pelo exterior, principalmente pela conservação de energia que lhe estava associada. [5]

Só no final do século XX (inicio dos anos 90) é que se verificou a introdução, de uma forma

generalizada, do sistema ETICS no nosso país, quer em construções novas, quer na reabilitação de

edifícios.

A Fig.1 mostra a evolução da aplicação do sistema ETICS em Portugal, onde se pode observar que é

pouco utilizado até 2005,mas com um enorme “boom” a partir desse anos, em que os ETICS crescem

em Portugal de forma explosiva devido a exigências regulamentares ao nível da térmica (Regulamento

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

4

das Caraterísticas de Comportamento Térmico dos Edifícios) e pelas vantagens que o sistema

apresenta.

A oferta é enorme, além dos fabricantes de argamassas, muitas empresas de tintas, face à redução de

atividade, interessaram-se por esta solução com aplicação na construção nova/reabilitação.

Fig.1 - Evolução da aplicação do sistema ETICS em Portugal (Fonte: APFAC)

(1)

Nos Estados Unidos da América utiliza-se a sigla EIFS (Exterior Insulation and Finish Systems) para designar os ETICS.

2.2. CARATERIZAÇÃO DO SISTEMA ETICS

2.2.1 DESCRIÇÃO DOS ETICS

O sistema ETICS é uma solução de isolamento térmico aplicável em paramentos exteriores de

paredes. Este tipo de sistema pode ser aplicado em paredes de alvenaria (por exemplo constituídas por

tijolos, blocos de betão ou blocos de betão celular autoclavado) ou em paredes de betão (betonadas in

situ ou pré-fabricadas).

O sistema tipo ETICS mais frequente no mercado português é constituído por suporte (alvenaria ou

betão), por placas de poliestireno expandido (EPS), coladas ao suporte e revestidas com um reboco

delgado aplicado em várias camadas e armado com uma ou várias redes de fibra de vidro. O conjunto

é geralmente recoberto com um revestimento plástico espesso como acabamento final. (Fig.2).

Relativamente à forma de fixação, os ETICS podem classificar-se em:

• Sistemas colados (incluindo ou não fixações mecânicas complementares);

• Sistemas fixos mecanicamente (incluindo ou não colagem complementar).

Os sistemas colados são os sistemas que iremos ter especial atenção, pois é sobre eles que

desenvolvemos o estudo deste trabalho, mas por sua vez a fixação mecânica é muito importante no

caso se aplicar cerâmica.

Nos sistemas colados, que são os mais comuns, o produto usado como camada de base é em geral

também usado como produto de colagem.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

5

Este sistema está preparado para receber os revestimentos plásticos espessos (RPE) tal como

preconizado na ETAG 004, embora o mercado português esteja neste momento a aplicar outros

materiais, tais como a cerâmica, tema de desenvolvimento deste estudo.

Fig.2 - Composição esquemática de um ETICS constituído por reboco delgado armado sobre poliestireno

expandido (Freitas,2002)

2.2.2.1 Suporte

Os suportes sobre os quais se pode aplicar o sistema ETICS deverão ser superfícies planas verticais

exteriores e superfícies horizontais ou inclinadas não expostas à precipitação, tais como:

Alvenaria de blocos de betão, tijolo, pedra;

Alvenaria com reboco de ligantes hidráulicos;

Suportes pintados, desde que convenientemente preparados.

2.2.2.2 Materiais

Os elementos que constituem o sistema, bem como as suas características variam de acordo com o

fabricante, no entanto devem sempre respeitar a respetiva ETA.

O Quadro 1 a seguir representado especifica esses elementos e faz a sua breve descrição nos

parâmetros mais importantes a ter em conta.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

6

Quadro 1 – Caraterísticas do sistema ETICS e sua descrição

CARATERISTICAS DESCRIÇÃO

1. Colagem / Cola Produto utilizado para a preparação da cola que se destina a fixar,

por aderência, o isolante térmico ao suporte. Geralmente é um

produto pré-doseado, fornecido em:

- Pó e ao qual se adiciona apenas água;

- Pó para mistura com um determinado ligante (resina);

- Pasta, à qual se adiciona 30% em peso de cimento

Portland.

2. ISOLANTE

TÉRMICO -

poliestireno

expandido (EPS)

O poliestireno expandido moldado (EPS) em placas é o material

usado como isolante térmico. Deve ter uma massa volúmica

compreendida entre 15 e 20 kg/m3 e ser ignífugo.

Além disso devem possuir as duas características fundamentais:

• Boa resistência térmica (λ≤0,065 W/m. K) e resistência mecânica

suficiente para o tipo de ações que vai estar sujeito ( ≥0,02N/mm2).

• Baixo módulo de elasticidade transversal (> 1,0 kN/mm2).

3. CAMADA DE BASE

A camada de base é constituída pelo reboco (barramento) de

alguns milímetros de espessura (entre 2 e 5mm), executado em

várias passagens sobre o isolamento, de forma a permitir o

completo recobrimento da armadura. O produto utilizado é

geralmente idêntico ao de colagem

4. ARMADURAS

As armaduras são, geralmente redes de fibra de vidro com

características técnicas devidamente definidas para esse efeito e

com um tratamento antialcalino contra a agressividade dos

cimentos

Distinguem-se dois tipos de armaduras:

• As “armaduras normais” têm como função melhorar a resistência

mecânica do reboco e assegurar a sua continuidade;

• As “armaduras de reforço” são utilizadas como complemento das

armaduras normais para melhorar a resistência aos choques do

reboco.

5. CAMADA DE

PRIMÁRIO

O primário consiste numa pintura opaca à base de resinas em

solução aquosa, que é aplicada sobre a camada de base. É

necessário que o produto seja compatível com a alcalinidade da

camada de base. A função da camada de primário é regular a

absorção e melhorar a aderência da camada de acabamento.

Alguns sistemas não incluem esta camada

6. REVESTIMENTO

FINAL

É neste ponto que nos vamos debruçar um pouco mais, pois é

nesta fase que iremos ter uma camada diferente de acabamento,

nomeadamente o cerâmico, que talvez um pouco pela vertente

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

7

tradicionalista da cerâmica em Portugal, tem vindo a ser opção nas

fachadas de ETICS. No sistema tradicional o revestimento final

normalmente usado é o revestimento plástico espesso.

A camada de acabamento confere aspeto decorativo e contribuiu

para a proteção do sistema contra os agentes climatéricos. Esta

camada é aplicada sobre a camada base ou sobre a camada de

primário (caso exista).

2.2.2 ÂMBITO DE APLICAÇÃO DO SISTEMA

Para responder às crescentes exigências de conforto higrotérmico, que estão intimamente associadas às

preocupações com o consumo de energia e proteção ambiental, é necessário isolar termicamente a

envolvente dos edifícios, de modo a minimizar as trocas de calor com o exterior.

O sistema ETICS apresenta vantagens no caso de edifícios com isolamento térmico insuficiente,

infiltrações ou aspeto degradado. Além disto, pode diminuir o risco de ocorrência de condensações,

tratando de certo modo as pontes térmicas.

Têm sido desenvolvidos diversos sistemas de isolamento térmico de fachadas pelo exterior que são de

utilização corrente em diversos países europeus, quer na reabilitação de edifícios cuja envolvente

vertical apresente índices de isolamento térmico insatisfatórios, infiltrações ou aspeto degradado, quer

em novas construções. Estes sistemas constituem uma ótima solução, tanto do ponto de vista

energético como do ponto de vista construtivo.

2.2.2.1 Aplicação do sistema

De um modo geral pode-se descrever e enunciar a aplicação do sistema da seguinte forma:

1. Montagem dos andaimes e proteções individuais;

2. Preparação do suporte, que deve estar limpo e sem grandes irregularidades superficiais, no

caso de reabilitação;

3. Fixação mecânica ao suporte dos perfis de arranque (limitam o contorno inferior dos ETICS);

4.Fixação das placas de isolante térmico ao suporte. Temos quatro tipos de colagem, por pontos,

por bandas ou continua, em que todas podem ser associadas a fixação mecânica. A colagem

mais eficaz é a contínua, em conjunto com a fixação mecânica, uma vez que as colagens por

pontos ou bandas originam espaços vazios nas placas, sendo que ao longo do tempo estas têm

maior probabilidade de empenar e tendo nós um peso adicional do cerâmico colado sobre estas

mesmas placas é fundamental que a colagem seja continua, para evitar a maior probabilidade de

haver descolamentos.

Fig.3 - Colagem Contínua

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

8

Fig.4 - Fixação Mecânica

5. Colagem dos perfis de canto, sobre o isolante térmico;

Fig.5 - Cantoneira

6. Aplicação do cimento cola, de forma também continua, número mínimo de 2cm, com recurso

a uma talocha metálica, recobrindo as cantoneiras de proteção;

7. Aplicação da cerâmica escolhida;

8. Para acabamento, é aplicada a massa das juntas, em todas ou na matriz definida pelo sistema;

9. Limpeza do sistema.

NOTA: Importa referir que as várias fases descritas são de carácter particularmente exemplificativo,

devendo para cada sistema a aplicar ser estritamente seguidas as várias fases definidas e detalhadas

nos respetivos manuais técnicos de cada fabricante.

2.2.3 VANTAGENS DO SISTEMA ETICS ASSOCIADO A CERÂMICO

A solução indicada para o sistema ETICS tradicional, composta por colagem, isolante térmico, camada

de base, armaduras, camada de primário e revestimento final plástico espesso apresenta, contudo,

limitações do ponto de vista de determinadas solicitações mecânicas, especificamente devidas a ação

de perfuração já que a utilização de objetos cortantes facilmente degrada o conjunto do revestimento

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

9

especialmente pela pouca resistência apresentada à perfuração. Os testes efetuados de acordo com a

ETAG 004 [1] raramente conduzem a boas soluções, neste âmbito. O resultado pode significar

degradação por ações de vandalismo ou até degradação por ações naturais, no mínimo insólitas, como

ações de bico de pica-pau.[31]

Desta forma podemos constatar que as duas maiores desvantagens do sistema tradicional ETICS são a

baixa resistência ao impacto, que é particularmente gravosa em zonas acessíveis e que pode acarretar,

além das evidentes consequências estéticas, pontos privilegiados de entrada de água para o interior e a

degradação do aspeto exterior devido ao aparecimento de manchas (algas e fungos). Este problema

apesar de não provocar qualquer alteração no desempenho térmico e mecânico do sistema, tem um

grande impacto visual, conferindo às fachadas um aspeto de acentuada degradação.

A solução para este problema passa, evidentemente, por garantir maior resistência superficial do

material de revestimento associado ao sistema, podendo ao mesmo tempo garantir todas as vantagens

já existentes associadas ao ETICS tradicional. Nesta ótica, no contexto português, não se pode

simplesmente desconsiderar a solução de aplicação de materiais cerâmicos sobre o ETICS, porque por

um lado é uma solução de fachada com forte tradição no nosso país.

De seguida apresentam-se as vantagens do sistema ETICS associado ao cerâmico tendo como

consideração o anteriormente dito no ponto anterior.

Quadro 2 – Vantagens do sistema ETICS associado a cerâmico

VANTAGENS DESCRIÇÃO

1. Aumento da resistência ao

choque

O acabamento final de um material mais resistente vai

diminuir a degradação das fachadas, sujeitas a possíveis

atos de vandalismo, ou mesmo intempéries.

Resistindo melhor aos atos de vandalismo, tem uma

maior durabilidade, assim como a necessidade de pintura

ao longo dos anos não é necessária, sendo mais fácil de

manter um aspeto mais “generoso” ao longo dos anos a

nível estético (isento de manutenção).

2. Tradição

Conjugação da solução de isolamento térmico com os

revestimentos históricos em Portugal (cerâmica).

3. Estética Grande variedade de cores e texturas de acabamento.

Ideal para recuperação de fachadas.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

10

2.3. REGRAS PARA A CONCESSÃO DE UMA APROVAÇÃO TÉCNICA EUROPEIA (ETA) OU DE UM

DOCUMENTO DE HOMOLOGAÇÃO (DH) A SISTEMAS COMPÓSITOS DE ISOLAMENTO TÉRMICO PELO

EXTERIOR

A Diretiva Comunitária 89/106/CEE, de 21 de Dezembro de 1988, transposta para a ordem jurídica

nacional pelo Decreto-Lei n.º 113/93, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 4/2007, de 8 de

Janeiro, é quem conjuga a Marcação CE aos produtos de construção. Essa conjugação é feita

basicamente com a comprovação de conformidade desses produtos, associada a dois tipos de

especificações técnicas: Normas Europeias (Normas EN) harmonizadas e Aprovações Técnicas

Europeias (ETA – European Technical Approvals).

Desta forma, a Aprovação Técnica Europeia aplica-se a produtos ou sistemas inovadores, para os

quais não existe nem está prevista, a médio prazo, a existência de uma norma europeia harmonizada. É

uma apreciação técnica favorável com base em requisitos definidos a nível europeu, concedida por

qualquer organismo membro da EOTA (Organização Europeia para a Aprovação Técnica) e válida em

todo o espaço europeu.

Em Portugal, o LNEC é o organismo nacional membro da EOTA e encontra-se, portanto, em

condições de conceder ETAs, após a verificação dos requisitos estabelecidos em cada caso.

Os Sistemas Compósitos de Isolamento Térmico pelo Exterior, designados pela sigla ETICS, a partir

da terminologia anglo-saxónica (“External Thermal Insulation Composite Systems”), fazem parte

deste conjunto de sistemas considerados inovadores e é objeto do ETAG 004 – “Guideline for

European Technical Approval of External Thermal Insulation Composite System with redering”, em

vigor desde Março de 2000.

A avaliação da aptidão ao uso destes sistemas deixou assim, a partir de Março de 2000, de ser

realizada com base nos Guias da União Europeia para a Aprovação Técnica na Construção até então

adotados no LNEC para dar origem a Homologações nacionais, passando a ser realizada com base no

ETAG 004, originando Aprovações Técnicas Europeias.

Posto isto, o LNEC, perante o pedido de um fabricante de um ETICS propõe ao requerente, em

alternativa, a realização de um estudo com vista à obtenção de uma ETA (e posterior marcação CE) ou

de um Documento de Homologação (DH). O requerente deve ter em conta o facto de o DH ser

essencialmente vocacionado para o mercado português, ao passo que a ETA visa permitir a livre

circulação do produto no Espaço Económico Europeu. [30]

De seguida apresentam-se os passos a seguir para os estudos de concessão de ETAs para ETICS,

descreve-se a organização destes estudos no LNEC e referem-se as ações que devem ser realizadas no

âmbito desses estudos e os critérios aplicados na avaliação dos sistemas, o que com as devidas

adaptações são igualmente válidas para a concessão de DHs a este tipo de produto da construção.

2.3.1.PASSOS A SEGUIR PARA ESTUDOS DE CONCESSÃO DE ETAS PARA ETICS

O ETICS envolve diversas ações, entre as quais a realização de uma campanha experimental, a

avaliação das condições de produção do requerente e a verificação da aplicabilidade em obra, que será

o que mais à frente tentaremos fazer de forma experimental para a colagem de cerâmico sobre ETICS,

nossa base de estudo.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

11

Neste Guia de Aprovação Técnica são descritas as exigências de desempenho aplicáveis ao sistema

ETICS para utilização como isolamento exterior de paredes de edifício. São também definidos

métodos de verificação de variados aspetos de desempenho do sistema, critérios de avaliação que se

devem ter em conta para avaliar o desempenho para o uso pretendido do sistema, assim como

possíveis condições para conceção e execução do sistema ETICS.

Desta forma o guia para Aprovação Técnica ETAG004, em vigor desde Março de 2000, estabelece os

requisitos que este sistema deve ter para que quando incorporado num edifício este cumpra as 6

exigências essenciais definidas na Diretiva de Produtos da Construção:

ER1 – Resistência mecânica e estabilidade;

ER2 – Segurança contra incêndios;

ER3 – Higiene, saúde e ambiente;

ER4 – Segurança na utilização;

ER5 – Proteção contra o ruído;

ER6 – Economia de energia e retenção do calor.

Para o nosso estudo é relevante referir a ER2, a ER3, a ER4 e a ER6, pois são exigências que

influenciam de alguma forma com a aplicação de cerâmica sobre ETICS.

I. ER2 – Segurança Contra Incêndios

As obras devem ser concebidas e realizadas de modo a que, no caso de se declarar um incêndio, a

capacidade das estruturas de suporte de carga possa ser garantida durante um período de tempo

determinado, a deflagração e propagação do fogo e do fumo dentro da obra sejam limitadas, a

propagação do fogo às construções vizinhas seja limitada, os ocupantes possam abandonar a obra ou

ser salvos por outros meios e a segurança das equipas de socorro esteja assegurada.

O aspeto mais relevante na avaliação deste requisito é a Reação ao Fogo. Esta avaliação da

performance do sistema ETICS depende da legislação e regulamentação aplicável ao edifício em geral.

A ETAG 004 recomenda esta classificação de acordo com a norma EN 13501-1. Em Portugal, era

recorrente e aplicável o Regulamento de Segurança contra Incêndio em Edifícios de Habitação para

qualificar os materiais de construção em relação à Reação do Fogo. Segundo essa classificação, as

classes variavam entre M0 (não combustível) e M4 (combustível e facilmente inflamável).

Com as alterações do decreto-lei 220/2008 adotaram-se as sete classes da norma EN13501 referentes

ao desempenho dos produtos em matéria de Reação ao Fogo. Este sistema de classificação distingue 7

Euroclasses: A1, A2, B, C, D, E, e F.

O decreto-lei estabelece equivalência entre esta classificação e a anterior especificada pelo LNEC.

[33]

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

12

Quadro 3 – Equivalências entre as especificações do LNEC e as do sistema Europeu

Classificação de acordo Classificação segundo o sistema europeu

Classificação Complementar

Classes Produção de fumo Queda de gotas/partículas Inflamadas

M0 A1 - -

A2 S1 d0

M1 A2 Não exigível d0

B Não exigível d0

M2 A2 Não exigível d1

B Não exigível d0

C Não exigível d1

M3 D Não exigível d0

d1

M4 A2 Não exigível d2

B Não exigível d2

C Não exigível d2

D Não exigível d2

E - Ausência de classificação d2

Sem classificação F - -

No entanto, com a saída da portaria nº 1532/2008 os sistemas ETICS passaram a ter que cumprir os

seguintes requisitos de reação ao fogo:

Quadro 4 – Classes de reação ao fogo do sistema ETICS e o material de isolamento térmico

Elementos Edifícios de pequena

altura

Edifícios de média

altura

Edifícios com altura

superior a 28 m

Sistema Completo C-s3,d0 B-s3,d0 B-s2,d0

Isolante Térmico E-d2 E-d2 B-s2,d0

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

13

II. ER3 - HIGIENE, SAÚDE E AMBIENTE

Esta exigência pretende assegurar que o sistema ETICS é concebido e executado de modo a não causar

danos à higiene e saúde dos habitantes assim como ao seu meio em redor.

Para o cumprimento desta exigência (ER3) deve ser avaliadas as seguintes características do sistema

ETICS e/ou dos seus componentes: absorção de água, estanquidade à água, resistência aos impactos,

permeabilidade ao vapor de água.

O Quadro 5 [33] a seguir resume a exigências mínimas das características do sistema ETICS para a

ER3.

Quadro 5 – Características do sistema ETICS exigidas para a ER3

CARATERISTICA DESCRIÇÃO

Absorção Água (teste de

capilaridade)

Após uma hora <1.00 kg/m2

Após 24horas <0.5 kg/m2

Estanquidade à água Comporta o estudo do desempenho higrotérmico e gelo-degelo.

No final, nem durante não deve ocorrer:

1- Bolhas ou descascamento da camada de acabamento;

2- Fissuras ou fendas associadas a juntas entre placas de

isolamento térmico e a perfis de montagem do sistema;

3- Descolamento do revestimento (camada base, armadura de

reforço, camada de acabamento);

4- Fissuras que permitam a penetração de água no isolamento

térmico.

Resistência a Impactos Os ensaios são efetuados após os ciclos calor/chuva e calor/frio. É

avaliada a resistência ao impacto (de 3 joules a 10 joules), à

penetração do sistema e ao punçoamento dinâmico

Foram identificados 3 grupos correspondentes ao grau de exposição a

que estão sujeitos:

Categoria I – Zonas ao nível do chão facilmente acessíveis e

vulneráveis a impactos, excecionalmente severos;

Categoria II – Zonas vulneráveis a impactos de objetos arremessados

ou chutados, mas em locais públicos onde a altura do sistema limita a

extensão do impacto ou em pisos inferiores onde o acesso ao edifício

é principalmente para pessoas que têm algum cuidado;

Categoria III – Zonas pouco sujeitas a danos devido a impactos

normais causados por pessoas ou por objetos arremessados ou

chutados.

Permeabilidade ao vapor

de água

A permeabilidade ao vapor de água é avaliada com base no ensaio

descrito na norma EN 12086 – “Thermal insulating products for

buildings application – Determination of water vapour transmission

properties”. A resistência à difusão do vapor de água no sistema

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

14

ETICS não deve exceder os 2 metros se o isolamento térmico for de

origem celular plástica (ex: placas EPS) e no caso de lã mineral como

isolamento, não deve exceder mais de 1 metro.

III. ER4 – SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO

Resistência mecânica e estabilidade são exigências que o sistema tem de ter em conta para garantir a

segurança na utilização, embora não tenha como principal função garantir segurança e estabilidade

estrutural do edifício.

Como caraterísticas do sistema e dos seus componentes que garantam a segurança e estabilidade do

mesmo, é de referir que o sistema deverá suportar o seu peso próprio sem deformações elevadas. Os

movimentos normais da estrutura não deverão dar origem a qualquer tipo de fissura ou perda de

adesão do sistema face ao suporte. O sistema ETICS deve suportar movimentos devido à temperatura

e variações de tensão, exceto nas ligações estruturais que são necessárias precauções especiais. Deve

com margem de segurança suficiente, apresentar resistência mecânica adequada às forças de pressão,

sucção e vibração, devido à ação do vento.

Para avaliar esta capacidade resistente do sistema ETICS é necessário avaliar na situação de

revestimento cerâmico a força de ligação entre a camada base e isolamento térmico, produto de

colagem e substrato e produto de colagem e isolamento térmico, bem como a resistência à ação do

vento.

Para a primeira avaliação é de salientar que qualquer que seja o tipo de fixação usado no sistema

ETICS, a avaliação da força de ligação entre a camada base e o isolamento térmico tem de ser sempre

testada. O Quadro 6 representa a resistência mínima a cumprir para cada uma das situações. [33]

Quadro 6 – Resistência mínima do sistema ETICS exidas para a ER4

SITUAÇÃO RESISTÊNCIA MINIMA (Mpa)

Camada base vs. Isolamento

térmico

0,08 Mpa

Produto de colagem vs.

Substrato

0,25 Mpa (em condições secas);

0,08 Mpa (com influência da ação da água: 2 horas após

a remoção das amostras);

0,25 Mpa (com influência da ação da água: 7 horas após

a remoção das amostras).

Produto de colagem vs.

Isolamento térmico

0,08 Mpa

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

15

IV. ER6 – ECONOMIA DE ENERGIA E RETENÇÃO DE CALOR

O sistema ETICS melhora o isolamento térmico e torna possível reduzir a necessidade de aquecimento

no inverno e o recurso a sistema de arrefecimento no verão.

Assim, a melhoria da resistência térmica da parede induzida pela aplicação do ETICS deve ser

avaliada para que ele possa ser introduzido no cálculo térmico exigido na regulamentação nacional

sobre o consumo de energia.

Interessa pois neste ponto verificar a resistência e transmissão térmica.

A resistência térmica adicional fornecida pelo ETICS (Retics) ao substrato é calculada a partir da

resistência térmica do produto de isolamento (Rd) e do valor Rreboco. Rreboco é um valor tabelado de 0,02

m2·K/W.

Retics = Rd + Rreboco (1)

A resistência térmica do sistema ETICS deverá ser de, pelo menos, 1 m2·K/W.

2.3.2. O PROCESSO PARA APLICAÇÃO DE UMA ETA DE UM SISTEMA COMPÓSITO DE ISOLAMENTO TÉRMICO

PELO EXTERIOR

O processo para concessão de uma ETA de um Sistema Compósito de Isolamento Térmico pelo

Exterior inicia-se com uma avaliação da viabilidade de realização do estudo, que consiste na análise da

documentação enviada ao LNEC pela empresa produtora, relativa aos sistemas e às condições de

produção. Esta análise permitirá decidir se é possível desenvolver o estudo, ou se, pelo contrário, será

necessário solicitar à empresa informações adicionais, ou a introdução de melhoramentos nos aspetos

do seu funcionamento que condicionam a constância da qualidade do produto, nomeadamente no que

se refere à definição do processo de fabrico, ao planeamento do controlo interno da produção e aos

recursos humanos necessários às tarefas técnicas.

Se os dados recebidos forem considerados suficientes, será elaborado um Plano de Trabalhos do

estudo a desenvolver.

No Plano de Trabalhos são definidos dois sub-estudos distintos, cada um dos quais incluirá duas ações

indicadas distintas, nomeadamente apreciação da viabilidade de Aprovação Técnica Europeia (engloba

duas fases, designadamente ações preliminares e campanha experimental alargada e condições de

aplicação do sistema) e Concessão da Aprovação Técnica Europeia.

Os passos a desenvolver encontram-se a seguir descritos mais a pormenor [30].

2.3.2.1 Passo 1 – Análise da Documentação Técnica

Os documentos que a empresa deverá apresentar são os seguintes:

designação comercial do sistema;

desenhos esquemáticos pormenorizados do sistema;

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

16

características de cada constituinte (designação comercial, tipo/ composição básica,

características principais, espessura / consumo / dimensões, aplicação descrição do modo de

aplicação, incluindo amassadura dos produtos, tempos de secagem entre camadas, etc.);

ensaios já existentes dos vários componentes, declaração de marcação CE e outros estudos;

informação sobre controlo da qualidade em fábrica dos vários componentes;

informação sobre produtos tóxicos ou perigosos na constituição dos componentes.

Esta informação deve ser entregue de forma organizada, clara e completa, de acordo com as fichas que

se incluem na Fig. 6 [30], apresentado a seguir, ou de outro modo igualmente adequado.

Fig.6 – Ficha de Informação sobre sistema ETICS

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

17

2.3.2.2 Passo 2 – Visita à Fábrica

Verificação das condições de fabrico

Serão efetuadas visitas às instalações de fabrico do revestimento de modo a analisar as condições

técnicas de instalação e produção, e avaliar a capacidade e a qualidade da produção.

O processo de fabrico deve garantir a constância de características, nomeadamente através de métodos

rigorosos e automatizados de dosagem. É dado um especial relevo às providências tomadas para o

controlo interno da qualidade nas diversas fases do processo de fabrico. Devem estar previstos

procedimentos para aceitação ou rejeição das matérias-primas e para aceitação, reaproveitamento ou

rejeição dos produtos acabados. Os produtos rejeitados devem ter uma localização definida e devem

estar claramente assinalados. Serão também observados os procedimentos para receção e controlo da

qualidade dos componentes do sistema produzidos por outras empresas.

Uma ficha do tipo da apresentada na Fig. 7 Será usada nestas visitas.

No caso de eventuais lacunas ou ambiguidades de informação, estas serão comunicadas à empresa de

modo a serem eliminadas. Se se verificarem falhas no processo de produção ou na organização do

controlo interno da produção ou ainda insuficiência de qualificação do pessoal afeto ao controlo

interno da produção e se se concluir que as deficiências destetadas são suscetíveis de afetar a

confiança na constância de qualidade do produto, dar-se-á conhecimento desse facto à empresa que

será avisada de que o estudo não poderá ter início até que sejam colmatadas as referidas deficiências.

A empresa deverá contar com pelo menos um técnico com formação superior adequada, o qual deve

coordenar o sistema de controlo da qualidade e que deve estar disponível para prestar ao LNEC todas

as informações solicitadas.

Requisitos mínimos para o controlo interno da qualidade

As instalações de fabrico devem estar apetrechadas com um laboratório que permita a realização de

um determinado número de ensaios, visando a verificação da constância do fabrico e das

características dos produtos.

O controlo da qualidade deverá incidir não apenas sobre o produto final mas também sobre as

matérias-primas utilizadas. No caso do controlo sobre as matérias-primas, este poderá ficar a cargo das

empresas fornecedoras, desde que estas, juntamente com cada fornecimento, facultem os resultados do

respetivo controlo interno da qualidade; os referidos resultados devem ser analisados cuidadosamente

pelo detentor do sistema antes de os produtos serem aceites ou rejeitados e devem ser arquivados.

2.3.2.3 Passo 3 – Análise experimental

A análise experimental é, em geral, realizada no LNEC, na sua maior parte no seu Laboratório de

Ensaios de Revestimentos de Paredes (LNEC/LERevPa), mas pode ser também realizada, no todo ou

em parte, noutro laboratório, desde que seja comprovadamente independente e credível, equipado para

os ensaios a realizar e, de preferência, acreditado para esses ensaios. Neste caso, toda a documentação

e informação requerida será fornecida ao LNEC, que, no caso do laboratório de ensaios escolhido não

ser acreditado, poderá aceitar ou não a sua idoneidade. Em qualquer caso, terão que ser cumpridas

todas as regras e procedimentos de ensaio e de registo especificados no ETAG 004.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

18

O estudo engloba ensaios de comportamento realizados sobre o sistema e ensaios de caracterização dos

vários componentes, considerados determinantes para a avaliação da sua adequabilidade ao uso. Prevê

ainda ensaios de identificação dos vários componentes.

Fig.7 – Ficha de Visita à fábrica

Os ensaios do sistema já referidos anteriormente na avaliação da ETAG004, e os quais estão

representados resumidamente no Quadro 7, são realizados sobre um murete de dimensões úteis

aproximadas de 3 m x 2 m, cuja construção, na nave de ensaios do LNEC/LERevPa, é da

responsabilidade da empresa requerente (Fig. 8-direita). No murete deve ser executado um vão de 0,40

m x 0,60 m por cada sistema diferente (variação do isolante). [30]

O sistema aplicado num único murete pode incluir até 4 acabamentos diferentes, desde que não haja

variação do sistema base (colagem, isolante e camada de base); será definida uma zona sem

acabamento, na parte inferior do murete, com uma altura de cerca de 0,80 m, abrangendo os diferentes

acabamentos. É também possível aplicar num único murete um sistema com dois isolantes diferentes,

desde que nenhum dos outros componentes varie (colagem, camada de base e acabamento). Os

restantes ensaios sobre o sistema são realizados sobre provetes de menores dimensões (Fig. 8 -

esquerda).

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

19

Fig.8 - Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Murete com um sistema aplicado; À direita: Execução de

provetes de menores dimensões de um sistema, [LNEC]

Todos os ensaios a seguir enunciados são realizados de acordo com o ETAG 004, que, no caso de

alguns componentes e sempre que aplicável, remete para Normas Europeias em vigor.

Os ensaios de comportamento a realizar sobre o murete, na 1ª fase do estudo, são os seguintes [30]:

a) Ensaio de ciclos higrotérmicos sobre todo o murete revestido, com uma dimensão aproximada a

0,40 m x 0,60 m (Fig. 9 - esquerda).

Fig.9 - Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Ensaio higrotérmico em curso; À direita: Sistema após

ensaio de choque (com fendilhação mas sem penetração), [LNEC]

b) Ensaio de choque de 3 J (sobre cada um dos Painéis), após ciclos higrotérmicos (Fig. 9 - direita).

c) Ensaio de choque de 10 J (sobre cada um dos Painéis), após ciclos higrotérmicos.

d) Ensaio de perfuração (Perfotest) (sobre cada um dos Painéis), após ciclos higrotérmicos (Fig. 10 -

esquerda).

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

20

Fig.10 - Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Sistema após ensaio de perfuração (zona em que não

resistiu ao punção de 12mm); À direita: Carotagem com uma broca apropriada para a realização do ensaio de

aderência, [LNEC]

e) Ensaio de aderência do revestimento ao isolante (sobre cada um dos Painéis), após ciclos

higrotérmicos, com aplicação da força à velocidade de 1 a 10 mm/minuto (Fig. 10 - direita).

Os restantes ensaios de comportamento realizados sobre o sistema, em provetes de menores dimensões

(na 2ª fase do estudo), são os seguintes:

f) Ensaio de determinação da reação ao fogo do sistema completo (com todos os acabamentos ou pelo

menos com o acabamento mais desfavorável);

g) Ensaio de absorção de água por capilaridade do sistema com cada um dos acabamentos, após ciclos

de imersão e secagem, com medições da absorção após 1 h e após 24h de imersão parcial.

h) Ensaio de permeabilidade ao vapor de água do sistema com cada um dos acabamentos (EN 1015-

19).

i) Ensaio de aderência da camada de base ao isolante, com aplicação da força à velocidade de 1 a 10

mm/minuto (Fig. 11 - esquerda).

j) No caso dos sistemas colados, ensaio de aderência da cola ao isolante e a um suporte de betão, a

seco e após imersão em água durante 2 dias e secagem parcial durante 2 horas e durante 7 dias

(Fig.11- direita).

Fig.1 - Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Ensaio de aderência da camada de base ao isolante; À

direita: Ensaio de aderência da camada de base ao betão, [LNEC]

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

21

k) Ensaio de resistência ao gelo-degelo (quando aplicável; possível opção “no performance

determined”).

l) Deslocamento do sistema nas arestas (quando aplicável; possível opção “no performance

determined”).

m) No caso de sistemas fixos mecanicamente, avaliação da resistência à sucção do vento (Fig. 12).

Fig.2- Exemplo de ensaio feito no LNEC - Ensaio de resistência de sucção do vento, [LNEC]

Os ensaios a realizar sobre os componentes estão representados na ETAG 004, no Anexo C.

2.3.2.4 Passo 4 – Critérios de apreciação

Nos Quadros 7 e 8 sintetizam-se as classificações e os valores limites definidos no ETAG 004 para os

sistemas ETICS e respetivos componentes [30].

Quadro 7 – Critérios de apreciação dos ensaios realizados sobre o sistema aplicado no murete

ENSAIO CLASSIFICAÇÃO CRITÉRIO

Ensaio Higrotérmico

Satisfatório Ausência de patologias relevantes no sistema,

nomeadamente dos seguintes tipos: empolamentos,

fendilhação ou perda de aderência.

Não Satisfatório Existência de pelo menos uma das patologias

consideradas relevantes.

Choque de 3 J, choque de

10J e perfuração

Categoria I Sem deterioração após choque de 3 J e de 10 J e sem

perfuração com punção de 6mm.

Categoria II Sem penetração com choque de 10 J, sem fendilhação

com choque de 3 J e sem perfuração com punção de

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

22

12mm.

Categoria III Sem penetração com choque de 3 J e sem perfuração

com punção de 20mm.

Aderência do revestimento

ao isolante

Satisfatório Tensão de aderência ≥0,08 N/mm2

Não satisfatório Tensão de aderência < 0,08 N/mm2 e rotura adesiva ou

rotura coesiva pelo revestimento.

Quadro 8 – Exigências definidas para os componentes do sistema [1]

COMPONENTE ENSAIO EXIGÊNCIA

Aderência do produto de

colagem ao isolante

Estado seco Tensão de aderência ≥ 0.08N/mm2

Após imersão em água

Tensão de aderência ≥ 0.03 N/mm2, 2 horas após a

remoção dos provetes de água

Tensão de aderência ≥ 0.08 N/mm2, 7 dias após a

remoção dos provetes de água

Aderência do produto de

colagem ao betão

Estado seco Tensão de aderência ≥ 0,25 N/mm2

Após imersão em água

Tensão de aderência ≥ 0.08 N/mm2, 2 horas após a

remoção dos provetes de água

Tensão de aderência ≥ 0.25 N/mm2, 7 dias após a

remoção dos provetes de água

Isolante térmico Absorção de água ≤1kg/m2 após 24 horas de imersão parcial

Resistência ao corte ≥0.02 N/mm2

Módulo de elasticidade

transversal

≥1.00 N/mm2

Condutibilidade térmica

(λ=d/R)

Λ=0.065 W/(m.K)

Rede de fibra de vidro Resistência à tração de

redes de fibra de vidro

após envelhecimento

artificial acelerado

≥50% da resistência no estado novo e ≥20N/mm

Ensaio de Absorção de água por capilaridade

Resistência à difusão do vapor de água (espessura da

camada de ar de difusão equivalente) do sistema de

acabamento (camada de base + acabamento) ≤2.00 m

Comportamento ao gelo-degelo

Se a absorção de água da camada de base e do

sistema for inferior a 0,5kg/m2, então o sistema é

considerado resistente ao gelo-degelo sem

necessidade de outras verificações.

d= espessura do isolante (m); R – resistência térmica (m2ºC/W).

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

23

2.3.2.5 Passo 5 – Visitas a obras

Para avaliar as condições de aplicação do sistema realizam-se visitas a obras em curso, selecionadas de

uma lista fornecida pela empresa requerente, organizada de acordo com o modelo constante da Fig. 13

e 14, a seguir apresentado, ou de outro modo igualmente apropriado.

Realizam-se também visitas a obras já executadas e em uso, selecionadas da mesma lista com o

cuidado de incluir algumas das mais antigas, com o objetivo de avaliar o comportamento dos sistemas

no que se refere à manutenção do aspeto e à durabilidade em geral. [30]

Fig.13 - Quadro a preencher pela Empresa requerente

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

24

Fig.14 - Ficha a preencher por técnicos do LNEC

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

25

2.2.6 Passo 6 – Elaboração e edição da ETA

Se os resultados das ações realizadas forem considerados satisfatórios, procede-se à elaboração e

edição da ETA.

É elaborada uma versão em inglês, que é posta a circular pelos restantes organismos membros da

EOTA, juntamente com um Relatório de avaliação também em inglês, para recolha de eventuais

comentários e aprovação. A versão em português será então elaborada a partir da versão aprovada em

inglês.

Em seguida, a ETA será publicada, colocada no portal do LNEC e no sítio da EOTA e enviada à

empresa.

Durante o período de validade da ETA poderão ser realizadas visitas às instalações de fabrico do

revestimento e a obras em curso ou já executadas que permitam obter informações sobre a constância

da qualidade de produção e aplicação [30].

2.3.3 ANÁLISE CRITICA NO QUE SE REFERE ÀS PRINCIPAIS PREOCUPAÇÕES COM CERÂMICA

Apesar de existirem cada vez mais diretivas comunitárias, normas homologadas, guias e

especificações técnicas, o estudo de durabilidade do sistema ETICS continua a ser dificultado pela

complexidade que o próprio sistema incorpora. Isso ainda se torna de maior complexidade quando

queremos integrar a colagem de cerâmica no sistema.

A determinação dos fatores e dos subfactores é ainda muito baseada em informação retirada da

experiência empírica de profissionais, assim como da observação de casos em estudos anteriores. Esta

forma de operar traz alguma subjetividade à avaliação feita ao sistema. O facto de em Portugal ainda

não existir esta informação sistematizada e normalizada o suficiente para permitir o seu recurso,

complica mais este estudo.

O desenvolvimento do sistema ETICS em Portugal tem também assistido a um progresso visível nos

últimos anos como solução de revestimento de fachada. Com efeito, existe um conjunto de razões que

justificam este progresso. O conforto térmico acrescido, a capacidade de reabilitação de fachadas com

problemas de fissuração e/ou penetração de água, são exemplo disso. Porém, este sistema apresenta

um inconveniente por apresentar pouca resistência aos choques e, especialmente, à perfuração, o que

limita a sua utilização em zonas públicas até 2m do solo. A cerâmica, por outro lado, apresenta-se em

Portugal como uma solução de revestimento de fachada durável, com forte tradição e com óbvia

valorização ao nível técnico e estético. A conjugação de fatores de carácter cultural e técnico permitem

combinar um conjunto de sinergias entre os dois sistemas.

Não obstante a tudo isto é de concluir, que existe homologação para o sistema ETICS tradicional,

representado pela ETAG 004, a qual impõe exigências de elevado grau de complexidade, necessárias

para o correto funcionamento do sistema, que nos permite iniciar um processo de uma ETA do sistema

em estudo, baseado nos princípios já corretamente homologados.

De seguida o trabalho apresenta um conjunto de resultados de carácter experimental e de observação

“in situ” que apontam a solução combinada de aplicação de cerâmica no sistema ETICS, como que

oferecendo algumas mais-valias no revestimento de fachadas.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

26

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

27

03

REVESTIMENTOS CERÂMICOS COLADOS EM FACHADAS

3.1 INTRODUÇÃO

Neste Capítulo, pretende-se caracterizar, de uma forma global, os revestimentos cerâmicos colados.

Numa primeira parte, procede-se a uma síntese histórica em Portugal dos cerâmicos, expondo a vasta

utilização deste tipo de revestimento, seguindo-se uma abordagem à classificação, caracterização e

exigências que são impostas aos componentes do sistema ―revestimentos cerâmicos colados, ou seja,

aos ladrilhos, às argamassas para juntas, aos tipos de juntas e aos materiais de assentamento.

È feito um levantamento exaustivo de obras já efetuadas com o sistema em estudo, por forma a avaliar

se é viável se rever o tema e expor à consideração.

3.2 SÍNTESE HISTÓRICA DA APLICAÇÃO DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS EM FACHADAS

O uso do material cerâmico como revestimento remonta há, pelo menos, três mil anos atras, devendo

ter ocorrido provavelmente no Medio Oriente.

O desenvolvimento dos cerâmicos em Portugal tem processos marcadamente independentes,

nomeadamente em revestimentos de paredes interiores, de fachadas e de pavimentos.

Existem em Portugal vestígios da utilização de cerâmica que datam do início do século XIII, tais como

a cerâmica pavimentar medieval da abadia cisterciense de Alcobaça. Outro exemplo da aplicação de

expressão medieval, embora esporádica e sem continuidade aparente, é o trecho do pavimento da

capela tumular de Estêvão Domingues e Mor Martins no claustro da Sé de Lisboa (início do século

XIV).

A utilização continuada do azulejo, denunciadora de um mais frequente gosto e tradição, inicia-se no

século XV. Este foi introduzido em soluções ornamentais de edifícios civis e religiosos. Encontram-se

exemplares deste período no Museu de Beja, no Palácio da Quinta da Bacalhoa em Azeitão, no

Convento de Jesus em Setúbal, no Paço de Sintra, no Museu Nacional do Azulejo, no Museu da

Cidade de Lisboa e na Quinta das Torres em Azeitão. O seu uso implicava, até então, um custo

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

28

elevado limitando-se, na sua maioria, aos revestimentos interiores em forma de tapete ou a peças

ornamentais. No exterior era apenas utilizado no revestimento de pináculos e cúpulas de igrejas.

O Marquês de Pombal, no século XVIII, implementa em Portugal um projeto de industrialização da

cerâmica. De sóbrio e equilibrado bom gosto, este variado azulejo pombalino constitui um período

expressivamente bem definido que se estende até ao reinado seguinte de D. Maria, em contraponto

com o neoclassicismo da transição para o século XIX [29].

No século XIX a proliferação da produção industrializada, decorrente da Revolução Industrial,

imprime maior simplicidade e economia na produção e utilização do revestimento cerâmico. O azulejo

sai de novo do interior dos edifícios mas, desta vez, para revestir completamente a fachada. Este será o

aspeto que mais nos interessa, pois é nesta área que “cai” o nosso trabalho.

Assim, com influências brasileiras, o revestimento cerâmico traz luz, cor e alegria à fachada, definindo

um novo ambiente urbano. Para além disso, por ser durável e facilmente lavável, a sua aplicação na

fachada, confere salubridade aos edifícios, especialmente nos situados em zonas ribeirinhas.

Com uma criatividade muito própria, os portugueses desenvolveram, diversificaram e trouxeram até

aos nossos dias, tornando-se indispensável na nova arquitetura do presente século, havendo sempre

uma preocupação de racionalização e normalização da técnica. Não é objeto do acaso que os azulejos

portugueses foram fabricados durante séculos na dimensão de 14 x 14 centímetros: porque assim com

sete fiadas de sete peças cada, cobre-se um metro quadrado de parede, sendo para tal aplicadas 49/50

peças [3].

Não é pois de ignorar que este facto histórico tenha incentivado alguns dos nossos “fabricantes” a

associar cerâmica ao sistema ETICS, podendo do seu ponto de vista agregar os dois sistemas.

3.3 ESTRUTURA DO SISTEMA

3.3.1 REVESTIMENTO CERÂMICO

Em função da adequação do uso e as características técnicas os materiais cerâmicos enquadram-se em

diferentes tipologias.

Os revestimentos segundo a norma EN 1441 – Ceramic titles – Definitions, classification,

characteristics and marking :2003, são classificados consoante o processo de fabrico e da absorção da

água.

A permanente evolução dos ladrilhos cerâmicos no sentido de melhores desempenhos estéticos e

técnicos e a necessidade de redução de custos de produção tem conduzido também a constantes

alterações na tecnologia de fabrico e na seleção das matérias-primas.

3.3.1.1 Terminologia

A Norma Europeia EN 14411 define uma listagem bastante extensa de termologias, nomeadamente

[3]:

1- Ladrilhos cerâmicos;

2- Ladrilhos extrudidos (tipo A);

3- Ladrilhos prensados a seco (tipo B);

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

29

4- Ladrilhos fabricados por outros processos (tipo C);

5- Ladrilhos vidrados;

6- Ladrilhos não vidrados;

7- Ladrilhos engobados;

8- Absorção de água (E) - percentagem em massa de água absorvida, medida segundo a EN

ISO 10545-3;

9- Dimensão nominal (N) - dimensão usada para designar o produto;

10- Dimensão de fabricação (W) - dimensão de um ladrilho especificada para produção e com

a qual a dimensão atual tem de ser conforme, dentro de tolerâncias admissíveis; Nota:

comprimento, largura e espessura;

11- Dimensão atual: dimensão obtida por medição da face do ladrilho segundo a EN ISO

10545-2;

12- Dimensão de coordenação (C) - dimensão de fabricação adicionada da largura da junta;

13- Dimensão modular (M) - ladrilhos e dimensões baseados em módulos M, 2M, 3M e 5M e

também nos seus múltiplos ou subdivisões, exceto ladrilhos com área superficial inferior a 9000

mm2; Nota: M= 100 mm.

Fig.15 - Designação das dimensões dos ladrilhos

Dimensão de coordenação (C) = dimensão de fabricação ( W ) + largura da junta (J)

Dimensão de fabricação ( W ) = dimensões da face principal (a) e (b)

3.3.1.2 Características

Os ladrilhos cerâmicos poderão ser aplicados no revestimento de fachadas, no exterior dos edifícios,

considerando sempre as características relevantes para o efeito da aplicação.

Existem características específicas, para o assentamento em fachadas, que deverão ser determinadas

nos ladrilhos a aplicar. A seguir estão referenciadas essas características:

a) Caraterísticas específicas para aplicações exteriores:

Resistência ao gelo;

Expansão por humidade;

Dilatação térmica linear.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

30

b) Caraterísticas específicas para ladrilhos vidrados:

Resistência à fendilhagem.

c) Caraterísticas específicas para ladrilhos de cor uniforme:

Pequenas diferenças de cor.

A norma de especificação EN 14411 remete para normas de ensaio da série EN ISO 10545 a

determinação das características dimensionais e das propriedades físicas e químicas, como exposto no

Quadro 9. [3]

Quadro 9 – Caraterísticas exigidas para as diferentes aplicações

Caraterísticas Local aplicação Norma de ensaio

Dim

en

es

e

qu

ali

dad

e

Comprimento e largura

Fachadas ISSO 10545-2

Espessura

Retilinearidade das arestas

Planariedade (curvatura e empeno)

Qualidade superficial

Pro

pri

ed

ad

es

Fís

ica

s

Absorção de Água Fachadas ISSO 10545-3

Resistência à flexão Fachadas ISSO 10545-4

Módulo de rutura Fachadas ISSO 10545-4

Dilatação térmica linear Locais sujeitos a

temperaturas elevadas*

ISSO 10545-8

Resistência ao choque térmico Locais sujeitos a variações

de temperatura*

ISSO 10545-9

Resistência à fendilhagem Ladrilhos vidrados ISSO 10545-11

Resistência ao gelo Exterior ISSO 10545-12

Expansão por humidade Locais sujeitos a

humidade*

ISSO 10545-10

Pequenas diferenças de cor Ladrilhos de cor uniforme ISSO 10545-16

Pro

p.

Qu

ímic

as

Resistência às manchas Fachadas ISSO 10545-14

* Para produtos colocados nos locais indicados

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

31

Para terminar a caracterização dos ladrilhos cerâmicos, apresenta-se o Quadro 10 a quantificação das

principais características de cada classe de ladrilhos cerâmicos resultantes dos valores médios obtidos

em centenas de ensaios realizados ao longo de vários anos. [3]

Quadro 10 - Valores caraterísticos médios

Grupo Absorção de Água

(%) Flexão (Mpa)

Dilatação térmica

linear (/ºC)x10-6

Expansão por

humidade

(mm/m)*1

A I 0,7 a 3,0 17,60 a 38,8 5,30 -

A IIa 2,3 a 5,5 20,50 a 38,10 5,30 -

A IIb 7,6 a 10,40 10,40 a 15,60 5,30 0,8

A III 11,40 13,5 a 21,50 4,50 1,90

B Ia 0,1 a 0,4 36,20 a 53,0 7,10 -

B Ib 0,7 a 2,80 27,6 a 55,60 5,90 -

B IIa 3,20 a 4,60 30,40 a 45 5,20 -

B III 12,40 a 20,3 13,40 33,10 5,40 -

3.3.2 ARGAMASSAS PARA JUNTAS

3.3.2.1. Introdução

O bom funcionamento de um conjunto só é conseguido desde que seja possível o movimento de

algumas das partes que a constituem, partindo daí a necessidade de definir e instalar juntas em todo o

processo de construção para que o conjunto completo possa ―mexer sem provocar roturas ou

descolamentos. Esses movimentos são, habitualmente, de origem higrotérmica (expansão e contração)

e também devidos a ação de cargas concentradas e distribuídas.

Designam-se por juntas todos os sistemas que interrompem a continuidade de uma estrutura ou

sistema construtivo, as juntas têm uma grande importância no desempenho do revestimento cerâmico,

sendo necessário o seu correto dimensionamento. As suas principais funções incluem, proporcionar o

alívio de tensões, otimizar a aderência dos ladrilhos e vedar o revestimento.

3.3.2.2. Classificação das Juntas

Há que considerar diversos tipos de juntas consoante as funções desempenhadas e que incluem: juntas

estruturais ou juntas de dilatação; juntas periféricas; juntas intermédias, de esquartelamento ou

fracionamento; e juntas de assentamento.

Em seguida descrevem-se os diversos tipos de juntas:

Juntas Estruturais ou juntas de dilatação (Quadro 11) – estão localizadas ou sobre as juntas

existentes no suporte ou nas zonas de transição de diferentes materiais de suporte. A sua largura

tem que obrigatoriamente de ser superior à largura das juntas existentes no suporte.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

32

Quadro 11 – Tipos de juntas de construção (juntas estruturais)

Tipos de juntas de

construção Dimensões Posição Construção

Estruturais Largura>junta do

suporte ;

Profundidade – a

adequada para garantir

o prolongamento da

junta de suporte.

Imediatamente sobre e

na continuação das

juntas estruturais do

suporte.

Feitas em obra ou

pré-fabricadas com a

finalidade de absorver

movimentos

estruturais

previsíveis.

Juntas Periféricas (Quadro 12) – são juntas ao longo de todas as fronteiras confinadas do

revestimento que impedem que os elementos adjacentes possam transmitir ou restringir as

deformações dos revestimentos cerâmicos aderentes.

Quadro 12 – Tipos de juntas de construção (juntas periféricas)

Tipos de juntas

de construção Dimensões Posição Construção

Periféricas Largura – mínima de

5mm;

Profundidade – a

adequada para

penetrar a totalidade

da espessura do

reboco se suporte.

Nos limites da

superfície revestida.

Feitas em obra ou

pré-fabricadas com a

finalidade de absorver

movimentos

estruturais

previsíveis.

Juntas Intermédias, juntas de esquartelamento ou juntas de fracionamento (Quadro 13) – têm

o objetivo de evitar a fissuração e o descolamento devidos a tensões originadas por deformações

de natureza higrotérmica do suporte, do material de assentamento e dos ladrilhos.

Quadro13 – Tipos de juntas de construção (juntas intermédias)

Tipos de juntas

de construção Dimensões Posição Construção

Intermédias Largura – mínima de

5mm;

Profundidade – a

adequada para

penetrar a totalidade

da espessura do

reboco se suporte.

As áreas mínimas entre juntas

e/ou a distância entre juntas

devem ser especificadas. Os

valores de referência deverão

ser estabelecidos de acordo

com o tipo de ambiente a que

se destinam (interior,

exterior). As áreas entre

Feitas em obra ou pré-

fabricadas com a

finalidade de absorver

movimentos estruturais

previsíveis.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

33

juntas devem ser

aproximadamente quadradas.

Exemplo: Área max.

40m2;Distância máx. 8 m.

Juntas de assentamento ou juntas entre ladrilhos (Fig. 16).

As juntas entre ladrilhos deverão ser definidas pelo fabricante em função do tipo de aplicação

prevista, atendendo às características dos ladrilhos, nomeadamente, à sua deformabilidade face

às diferentes solicitações, em particular às de carácter higrotérmico. A aplicação com junta não

superior a 1 mm é específica de produtos retificados. Para produtos tradicionais recomendam-se

os valores mínimos definidos no Quadro 14.

Fig.16 - Imagem de peça cerâmica com identificação da junta

Quadro 14 – Espessuras recomendadas para as juntas entre ladrilhos fixados por colagem com colas ou

cimentos – cola

Superfície a revestir Tipo de ladrilhos

Espessura mínima das

juntas entre ladrilhos

(mm)

Paredes Exteriores Ladrilhos e “plaquetas” de terracota e

ladrilhos extrudidos

6

Restantes materiais 4

3.3.2.3 Caraterísticas dos produtos de junta

As características destes produtos têm em conta as tensões normais resultantes da aplicação de

revestimento de fachadas e o seu uso nas juntas permite atenuar tais tensões (Quadro14).

Muitas das propriedades das argamassas são determinadas pelo tipo de ligante utilizado e pela sua

composição química. Estas argamassas destinam-se a aplicações de refecho de juntas em

revestimentos interiores e exteriores, com a exceção de juntas de construção.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

34

3.3.3 MATERIAIS DE ASSENTAMENTO

3.3.3.1. Introdução

Os métodos de aplicação de revestimentos têm evoluído de acordo com o desenvolvimento dos

produtos cerâmicos e dos sistemas de fixação. Atualmente estão disponíveis argamassas e colas que

apresentam propriedades específicas para cada situação de aplicação, em função do tipo de material a

aplicar e do comportamento que se pretende obter do conjunto.

Por sua vez os processos e as tecnologias de fabrico são melhores, permitindo a produção de peças de

dimensões cada vez maiores obrigando a criar alternativas às formas de fixação tradicionais (cimentos

e colas). Recentemente começaram a ser desenvolvidos sistemas de fixação mecânica de materiais,

particularmente para fachadas. Estes novos sistemas são particularmente adequados para edificações

novas, mas também facilitam as obras de recuperação de edificações já existentes e permitem o

cumprimento de exigências de normas de segurança, promovendo o conforto e facilitando a

manutenção. Genericamente consideramos dois grandes processos de fixação:

Por contacto;

Por fixação mecânica.

É ainda de referir que a escolha do sistema de assentamento deve ter em consideração as caraterísticas

do suporte, as condições de trabalho, o ambiente em que o conjunto vai trabalhar e a finalidade do

conjunto. [3]

3.3.3.2. Classificação e Especificações

Os produtos de assentamento são regulados segunda a norma EN 12004, onde são definidos como uma

―mistura de ligantes hidráulicos, inertes e aditivos orgânicos, a qual é misturada com água ou outro

líquido imediatamente antes da aplicação e são classificados em três grupos: C (cimentos-cola); D

(colas em dispersão aquosa) e R (colas de resinas de reação).

Segue-se no Quadro 15 um resumo de designações aplicadas aos materiais para fixação por contacto e

respetivos significados. [1]

Quadro15 – Propriedades das cotas a ter em conta na aplicação em obra

Designações Definições

Tempo de vida útil Tempo em armazém durante o qual uma argamassa

mantém as suas propriedades.

Tempo de repouso Intervalo de tempo necessário desde a preparação ao uso.

Tempo de vida Máximo intervalo de tempo para acabamento desde a

aplicação.

Tempo aberto Intervalo de tempo a partir do fabrico até começar a

endurecer.

Tempo de presa Tempo necessário para que a argamassa desenvolva a

sua resistência.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

35

É importante considerar regras gerais para adequação ao uso, de forma a garantir que o

comportamento esperado da obra final da colagem do cerâmico sobre o ETICS seja alcançado.

Assim deverá ter-se em conta:

Caraterísticas dos revestimentos cerâmicos, tendo em atenção a porosidade aberta, o desenho

do tardoz do elemento a colar, a espessura da peça, o peso, (particular atenção para o caso do

revestimento de fachadas) e a geometria da peça;

Caraterísticas do suporte a revestir e requisitos funcionais (tensões, cargas mecânicas,

comportamento térmico e higrométrico, enquadramento estético e dureza, porosidade, estado de

conservação e limpeza do suporte (em caso de reabilitação) e ainda a resistência e planaridade

do mesmo);

Condições ambientais adequadas à colagem e posterior endurecimento (temperatura

ambiente, condições de humidade, riscos de gelo e ambientes agressivos);

Posição da superfície a revestir;

Adequação da superfície revestida ao uso previsto.

Relativamente aos materiais que garantem a adesão, cimento-cola e colas de presa rápida, são de

considerar os requisitos essenciais constantes no Quadro 16 para o nosso estudo. [1]

Quadro 16 – Especificações para cimento cola e colas

Especificação para cimentos-cola e colas

Caraterísticas Valores de referência

Tensão de adesão inicial ≥0.5N/mm2 após mais de 24 h

Tensão de adesão: Tempo aberto ≥0.5N/mm2 após mais de 10 min

Determinação à resistência de deslizamento ≤0.5mm

Tensão se adesão após imersão em água

elevada

≥1.00N/mm2

A norma EN 12004 subdivide ainda estes grupos em classes de acordo com as características de

desempenho fundamentais e opcionais correspondendo a:

Classes com características fundamentais:

1 – Adesivo normal;

2 – Adesivo melhorado.

Classes de características opcionais:

E – Adesivo de tempo aberto prolongado;

F – Adesivo de presa rápida;

T – Adesivo com resistência ao deslizamento vertical.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

36

Deste modo, é possível definir quais os produtos mais adequados para cada aplicação. As classes de

cimentos-cola ou adesivos existentes são: C1, C1F,C1T, C1FT, C2, C2E, C2F, C2T, C2TE, C2FT,

D1, D1T, D2, D2T, D2TE, R1, R1T, R2 e R2T. [3]

Segue-se o Quadro 17, onde se resume a aplicação, vantagens e cuidados a ter dos diversos materiais

de assentamento por contato com o sistema ETICS. [3]

Quadro 17 – Resumo da aplicabilidade dos cimentos – cola

CIMENTOS - COLA

Aplicações típicas Vantagens Cuidados

Ligantes

mistos

orgânicos

e

inorgânicos

Recomendado

para revestimentos

de fachadas, com

peças de pequeno

e grande formato

com porosidade

alta e baixa.

Alta flexibilidade;

Aplicação nos

revestimentos de

fachadas.

Aplicação após boa estabilização do

suporte;

Necessidade de controlar a

espessura, que nunca deve

ultrapassar 10mm;

Baixa porosidade do suporte.

Aluminoso

com

ligantes

mistos

Colocação de

peças cerâmicas

pouco absorventes

em todos os tipos

de suporte.

Aplicação em

colagem simples

de peças

60x60x1.5.

Aplicação rápida

das peças;

Colocação em

ambientes frios;

Elevada

rentabilidade de

aplicação.

Remoção de resíduos e produtos de

conservação de anteriores

aplicações;

Eventual necessidade de limpeza

com detergentes no caso de

recuperação;

Aplicação após boa estabilização do

suporte;

Necessidade de controlar a

espessura, que nunca deve

ultrapassar 10mm.

Baixa porosidade do suporte.

3.4 ESTUDO DE PATOLOGIAS DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS COLADOS EM FACHADAS –

CLASSIFICAÇÃO GERAL

3.4.1. INTRODUÇÃO

O sistema de revestimento cerâmico colado ao suporte, de forma contínua, com recurso a argamassas

e/ou cimentos-cola, é um dos tipos de revestimento que provoca maior número de patologias correntes

sistemáticas e recorrentes e que levam ao aparecimento de múltiplas patologias de funcionamento,

muitas vezes com custos avultados de reparação.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

37

Neste Capítulo, favorece-se a abordagem das patologias relativas aos sistemas de revestimento,

encarados como o conjunto formado pelo suporte, material cerâmico, juntas, material e técnica de

assentamento dos ladrilhos e de preenchimento das juntas, em detrimento das patologias exclusivas

dos ladrilhos propriamente ditos. Apresenta-se de seguida uma descrição de algumas das patologias

correntes, causas e consequências.

3.4.2. DESCRIÇÃO DAS PATOLOGIAS

As patologias mais frequentes dos sistemas de revestimento cerâmico colados ao suporte (fachadas)

são o descolamento e a fissuração.

Em geral, estes defeitos fazem-se sentir com maior intensidade ou maiores consequências funcionais

no exterior dos edifícios. Consequência de muitas das vezes as condições de aplicação serem, em

geral, mais difíceis no exterior e as áreas contínuas de aplicação muito mais extensas, bem como as

condições atmosféricas de aplicação.

Além da fissuração e do descolamento, outros defeitos podem afetar o desempenho destes

revestimentos, nomeadamente os referidos no Quadro 18. [33]

Quadro 18 – Patologias dos revestimentos cerâmicos

TIPO DE PATOLOGIA SINTOMAS CAUSAS

EFLORECÊNCIAS

Manchas

esbranquiçadas à

superfície dos ladrilhos

Presença de sais solúveis nos ladrilhos

que, na sequência duma humidificação

(resultante do assentamento ou do uso

do revestimento), são transportados

para a superfície e aí se depositam, à

medida que a água se vai evaporando.

Os sais podem provir das matérias-

primas ou de posterior contaminação

dos ladrilhos por gases sulfurosos (SO3)

do forno, ou até por cinzas dos

combustíveis, durante a cozedura ou na

secagem, quando para esta se

aproveitam gases do forno.

São, em geral, sulfatos de sódio (Na2

SO4), de potássio (K2 SO4), de

magnésio (Mg SO4) ou de cálcio (Ca

SO4), estes menos solúveis.

FISSURAÇÃO DO

VIDRADO

Coeficiente de dilatação térmica do

vidrado superior, ou não suficientemente

inferior, ao da base cerâmica do ladrilho,

que o coloca em tração, ou

insuficientemente comprimido, durante o

arrefecimento subsequente à cozedura;

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

38

FISSURAÇÃO DO

VIDRADO

Fissuras, afetando

apenas o vidrado, que

se entrecruzam em

forma de rendilhado

Se ocorre expansão da base cerâmica

aquando do assentamento em obra, a

tração no vidrado que daí resulta pode

ser suficiente para o fissurar.

Contração dos produtos cimentícios de

assentamento dos ladrilhos que,

transmitida ao vidrado e adicionada ao

estado natural de pré-tensionamento em

compressão dos ladrilhos

(propositadamente imposto no fabrico),

pode conduzir à ultrapassagem da

resistência à compressão do vidrado;

Choque térmico.

ENODAMENTO

Alteração inestética da

cor das juntas devida

à fixação de sujidade.

Alteração inestética da

cor das juntas devida

à fixação de sujidade.

Textura superficial que favorece a

retenção de sujidade.

Poros abertos à superfície, que

favorecem a retenção de sujidade.

Absorção e retenção, pelo produto de

preenchimento das juntas, de produtos

enodoantes, em forma de pó ou

veiculados pela água

FISSURAÇÃO

Fissuras no seio do

produto, afetando toda

a profundidade da

junta.

Retração de secagem inicial

(irreversível) do produto de

preenchimento da junta ou contrações -

expansões cíclicas devidas a variações

termohigrométricas. Extensões de

rutura, em tração ou compressão,

insuficientes para absorverem os

movimentos transmitidos à junta pelo

revestimento ou pelo suporte.

DESLOCAMENTOS

Abertura duma fissura

entre o produto e os

bordos do ladrilho.

Perda de aderência,

relativamente ao

suporte, com ou sem

empolamento.

Na maior parte dos

casos não é possível

recolocar os ladrilhos

por estes não caberem

no espaço que

anteriormente

Aderência insuficiente do produto de

preenchimento da junta aos bordos dos

ladrilhos, particularmente quando estes

são pouco porosos ou quando são

vidrados e há escorrência do vidrado

para os bordos.

Inadequação da granulometria ou da

consistência do produto à largura ou

profundidade da junta. Relação

inadequada largura/profundidade da

junta.

Movimentos diferenciais suporte

revestimento.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

39

ocupavam. Aderência insuficiente entre camadas do

revestimento.

Falta de juntas elásticas no contorno do

revestimento.

Deficiências do suporte (deficiências de

limpeza, planeza, porosidade).

DESCOLAMENTO

Descolamento do

produto dos bordos

dos ladrilhos e do

fundo da junta,

soltando-se de

seguida

Evolução dos fenómenos que dão

origem aos tipos das patologias

precedentemente descritos.

Expansão do produto de preenchimento,

de base cimentícia, provocada por

sulfatos contidos em produtos de

limpeza.

ALTERAÇÃO DA COR

Alteração localizada

da cor inicial dos

ladrilhos

Desgaste nas zonas de maior

circulação.

Ataque químico.

DEFICIÊNCIAS DE

PLANEZA

Irregularidades de superfície do suporte

que o produto de assentamento não

pode disfarçar.

Não cumprimento das regras de

qualidade sobre planeza geral ou

localizada da superfície do revestimento.

Empeno dos ladrilhos.

No Quadro 18, são apresentados os tipos de patologias que mais correntemente afetam os

revestimentos cerâmicos ou os seus constituintes e as respetivas causas mais prováveis.

Das patologias com origem nos ladrilhos só se consideram as decorrentes da utilização em obra.

Algumas resultam de deficiências de conceção ou de execução do revestimento e outras têm origem

em defeitos de fabrico, que a utilização força a manifestarem-se.

3.4.3 DESCOLAMENTO E EMPOLAMENTO

No descolamento de revestimentos de paredes, é importante distinguir entre dois tipos de situações:

Descolamentos localizados (pontuais) - em geral, associados a deficiências locais de

aplicação ou do suporte;

Descolamentos generalizados, com ou sem empolamento prévio do revestimento -

frequentemente associados à elevada expansão dos ladrilhos, à falta de qualidade do material de

colagem, a erros sistemáticos de aplicação ou à incompatibilidade entre as várias camadas do

sistema.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

40

O descolamento localizado pode ter origem em:

Pequena fissura local (frequente nos cantos dos vãos);

Zona de concentração de tensões na parede (mudança de secção ou carga concentrada). Se a

resistência da ligação não for muito elevada e a resistência mecânica dos ladrilhos for

média/alta, estes não descolam mas fissuram;

Entradas pontuais de água para o suporte ou zonas de remate de trabalho, com argamassas /

cimentos-cola no limite do seu tempo de abertura, isto é, da sua capacidade para garantir a

colagem. Ocorrem, ainda, descolamentos localizados, com padrão repetitivo, associados ao uso

de argamassas / cimentos-cola para além do seu tempo de abertura, resultantes de amassaduras

não compatíveis com o ritmo de aplicação e, noutros casos, associados à geometria da parede e

da zona de aplicação em relação ao nível do andaime, que podem influenciar, não só o ritmo,

mas também a facilidade de execução.

Se pensarmos numa parede de fachada e nas várias camadas que a constituem, compostas por

diferentes materiais, com coeficientes de expansão-contração distintos e sujeitos a diferentes

solicitações (nomeadamente de carácter higrotérmico), verificamos que existem acentuados

movimentos diferenciais restringidos pelo funcionamento conjunto das várias camadas. Estes

movimentos vão criar tensões de corte elevadas nas interfaces que só poderão ser absorvidas com

ligações de elevada resistência, razoável elasticidade e juntas capazes de acomodar esses movimentos.

O fenómeno é sobejamente conhecido, podendo mesmo calcular-se os espaçamentos e largura de

juntas adequadas a cada caso. Aconselha-se, em geral, que as juntas de esquartelamento não fiquem

sujeitas a movimentos superiores a 20% da sua largura.

Os movimentos diferenciais devidos à ação da humidade (reversíveis ou irreversíveis) podem ser

gravados por eventual falta de estanquidade progressiva do paramento exterior, contribuindo para a

molhagem do suporte.

Embora menos vulgar, uma deformação uniforme acentuada da estrutura ou da parede de suporte pode

conduzir a empolamento e descolamento sem fissuração prévia, como acontece, por exemplo, quando

o assentamento é feito sobre reboco armado ou a ligação entre ladrilhos é muito resistente.

Apesar de geralmente estar identificada a causa principal do descolamento com empolamento, não

deve ignorar-se que os defeitos relativos à falta de resistência do produto de assentamento ou da sua

aderência ao suporte ou aos ladrilhos, constituem sempre um fator de agravamento.

Sem empolamento, os descolamentos generalizados dar-se-ão, geralmente, por deficiência da camada

adesiva, resultante da falta de qualidade do produto, da sua inadequação à função ou da sua má

aplicação. A entrada de água para o tardoz dos revestimentos (através de fissuras, peitoris, platibandas,

etc.), constitui sempre um fator de agravamento.

É oportuno dizer-se que o descolamento pode resultar de rutura adesiva da interface ladrilho-cola, de

rutura coesiva no seio da cola, de rutura adesiva da interface cola-suporte, ou até de rutura coesiva do

próprio suporte. As causas mais prováveis de cada uma dessas tipologias de rutura são basicamente as

apresentadas no Quadro 19.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

41

Quadro 19 – Tipos de rutura das ligações ladrilho-cola-suporte e suas causas

TIPO DE RUTURA CAUSAS

RUTURA ADESIVA LADRILHO-COLA Aplicação de cola que já tinha ultrapassado o seu tempo

de abertura real, ou de cola que não é adequada para o

grau de porosidade dos ladrilhos.

RUTURA COESIVA DA COLA Utilização prematura do revestimento, antes da cola ter

adquirido o necessário desempenho.

RUTURA ADESIVA DE COLA-

SUPORTE

Contágios do suporte por produtos cobertos de pó, ou

suporte demasiado quente ou seco no momento da

aplicação da cola, ou cola inadequada para o grau de

absorção de água do suporte.

RUTURA COESIVA DO SUPORTE Suporte que não apresenta a devida coesão, sem

condições para receber um revestimento

Contudo a tipologia de rutura predominante em casos de descolamento é a rutura adesiva na interface

ladrilho-cola.

Do conteúdo dos Quadros anteriores decorre ainda que as patologias que mais correntemente afetam

os revestimentos cerâmicos se ficam, fundamentalmente, a dever a deficiências de conceção ou de

execução em obra.

Nos ladrilhos pouco porosos a aderência vem dificultada, pelo que deve haver um maior cuidado com

o tempo de abertura do material de colagem. Aliás, recomenda-se que, no exterior, se utilizem

argamassas / cimentos-cola com maior tempo de abertura e, mesmo aqui, se devem distinguir os

tempos de abertura dos produtos de colagem a utilizar em fachadas em zona de sombra ou fachadas

sujeitas à ação intensa do Sol.

Os revestimentos cerâmicos das fachadas orientadas a Sul e Poente, em geral mais sujeitos a variações

climáticas, apresentam em alguns casos, um agravamento das patologias que, eventualmente se

verifiquem nas restantes fachadas.

Para além dos já referidos, são diversos os fatores que, por si só, ou de forma conjugada, podem

contribuir para o descolamento dos revestimentos cerâmicos de parede:

Reduzida elasticidade do produto de colagem;

Suportes muito jovens;

Áreas de trabalho demasiado extensas;

Contacto incompleto dos ladrilhos com a cola, em particular nos limites periféricos das

zonas de trabalho;

Transição entre suportes distintos;

Suportes irregulares, pouco limpos, pulverulentos ou com porosidade não recomendável;

Falta de pressão adequada dos ladrilhos no ato de assentamento;

Falta de planeamento do trabalho e deficiente qualificação da mão-de-obra.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

42

As principais consequências do descolamento dos revestimentos cerâmicos de paredes são as

seguintes:

Queda, com elevado perigo de danos humanos e materiais, substancialmente agravado em

edifícios com mais de dois pisos;

Criação de condições para a entrada de grandes quantidades de água para o suporte e para a

interface de colagem, com risco de infiltração para o interior e descolagem progressiva e

acelerada do revestimento;

Degradação do aspeto visual e criação da sensação de insegurança para os utentes.

3.4.4 FISSURAÇÃO

A fissuração dos revestimentos cerâmicos de paredes está associada, em geral, a movimentos do

suporte - acompanhados ou não da fissuração do próprio suporte - incompatíveis com a elasticidade do

produto de colagem, com a resistência à tração dos ladrilhos e com a dimensão das juntas e sua

colmatação.

Em teoria, dir-se-ia que, se cada ladrilho funcionasse como um elemento autónomo, desligado dos

restantes por juntas e fosse aplicado com um produto de colagem com capacidade de deformação

transversal ao longo da sua espessura não haveria lugar a fissuração, salvo para grandes movimentos

ou ladrilhos de muito baixa resistência. Tal situação não se verifica, na esmagadora maioria dos casos.

O fator decisivo que determina, na maior parte dos casos, se o revestimento fissura ou descola perante

um movimento acentuado do suporte, é a resistência ao corte do sistema de colagem. Se a aderência é

baixa, há descolamento, se a aderência é elevada, há fissuração.

Há, no entanto, fatores complementares que podem influenciar o processo e que são dificilmente

quantificáveis, entre os quais se incluem o estado de tensão inicial do revestimento, a largura das

juntas e a direção do deslocamento do suporte.

Parece ser comum, embora não confirmado por via estatística, que a fissuração do suporte, por flexão

no plano transversal à parede ou por cisalhamento no seu próprio plano, com afastamento relativo dos

bordos da fissura, conduz a concentrações de tensões elevadas que fazem fissurar, por tração, o

revestimento sem empolamento ou descolamento significativo. Esta situação é comum nos casos de

paredes esbeltas ou mal apoiadas, de assentamentos diferenciais de fundações, de expansão de

coberturas e de deslocamentos diferenciais em cunhais; por vezes é contrariada em alguns casos de

corte em paredes suportadas por consolas. Movimentos de compressão do suporte, sem fenómenos de

cisalhamento, conduzem, em geral, a empolamento e descolamentos prévios.

Noutros tempos, em que o assentamento de revestimentos de paredes se fazia com argamassas

tradicionais, existia o perigo de fissuração por retração da camada de assentamento, o que deixou de

ter relevo, nos dias de hoje.

Cumpre sublinhar que a fissuração do revestimento cerâmico devido aos movimentos do suporte não

permite afirmar que o suporte tem movimentos excessivos, ou que o revestimento é demasiado frágil

ou está mal executado. Pode sim afirmar-se que os dois sistemas têm deformações e capacidade de

deformação incompatíveis, pelo que, em geral, se pode considerar que a causa resulta de um erro de

conceção ou, mais frequentemente, de uma omissão de conceção.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

43

A fissuração dos revestimentos de parede tem como consequências a sua progressiva deterioração e a

uma maior probabilidade de posterior descolamento. Pode, também, ser significativa a entrada de água

através das fissuras, com as consequências já descritas. Em revestimentos de cores claras, a fissuração,

mesmo de largura reduzida, tende a acumular sujidades que degradam o aspeto de forma acentuada.

3.5 ANÁLISE CRITICA

No decorrer da elaboração deste capítulo observou-se que a utilização de cerâmicos em fachadas

exteriores deverá ser planeada desde a conceção, à sua execução passando pela sua exploração, na

medida que o desempenho do revestimento cerâmico diversas vezes é menos satisfatório que o

previsto.

Existiram assim algumas preocupações mais relevantes neste capítulo. Foram elas:

Os tipos de cerâmica tendo em conta as suas propriedades físicas, químicas, qualidade e

dimensões;

As juntas (espessuras recomendadas para cerâmicos fixados com cola);

As colas na aplicação (tempo de vida útil);

As principais patologias associadas, nomeadamente o descolamento e a fissuração, com

especial relevância para o descolamento.

Uma das principais garantias de durabilidade destes revestimentos é a qualidade do “projeto” dos

revestimentos cerâmicos de maneira a controlar e diminuir os riscos das patologias na realização

integral dos revestimentos cerâmicos.

Consequentemente, os revestimentos cerâmicos representam ainda uma durabilidade maior em

comparação com os restantes revestimentos de fachada, quando o acabamento dos revestimentos é

cuidado e quando se desenvolve um sistema de manutenção.

Quando associada (cerâmica) ao sistema ETICS, todas estas preocupações são muito maiores. A

constante manifestação de patologias, relacionada com a qualidade dos materiais, da mão-de-obra,

com a sensibilidade dos revestimentos cerâmicos aos agentes atmosféricos, e da aplicação, aliados à

falta de homologação, fazem deste sistema uma solução menos competitiva em semelhança a outras

soluções atuais no mercado.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

44

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

45

04 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE EDIFICIOS COM

REVESTIMENTO CERÂMICO SOBRE ETICS

4.1 INTRODUÇÃO

Na sequência do aparecimento de azulejos cerâmicos no revestimento de paredes sobre o sistema

ETICS achou-se interessante uma análise de obras nestas condições de forma a avaliar o estado das

mesmas e o comportamento ao longo do tempo.

Neste subcapítulo é feita a análise do desempenho “in situ” de edifícios onde se aplica o que foi

apresentado e discutido nos capítulos e subcapítulos anteriores sobre a aplicação de cerâmico sobre o

sistema ETICS.

Para tal foram elaboradas fichas técnicas para cada um dos edifícios, como forma de identificação,

análise e desempenho e possíveis recomendações.

Nos itens seguintes serão apresentadas a metodologia do trabalho, resultados dos trabalhos

desenvolvidos e eventuais causas para a patologia ocorrida.

4.1.1 ORIGEM DAS PATOLOGIAS

A origem de uma patologia pode ser compreendida como o comportamento desajustado, adotado

durante o processo construtivo, que provocou alteração no desempenho esperado de um elemento ou

componente da edificação.

No Quadro 20, aparece dividido pelos grupos seis grupos a classificação das causas das patologias em

revestimentos cerâmicos aderentes

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

46

Os erros de projetos mostram evidência e refletem a falta de compatibilização, dimensionamento e

pormenorização da escolha de materiais e de métodos de aplicação adequados o que reduz a

durabilidade de revestimento.

Quadro 20 - Classificação das causas das patologias em revestimentos cerâmicos sobre sistema

ETICS [33]

GRUPOS CAUSAS

Erros de Projeto

Escolha de materiais incompatíveis, omissa, ou não adequada à

utilização;

Estereotomia não conforme com as características do suporte;

Prescrição de colagem simples em vez de dupla

Dimensionamento incorreto das juntas do revestimento cerâmico;

Inexistência de juntas periféricas, de esquartelamento ou

construtivas;

Existência de zonas do revestimento cerâmico inacessíveis para

limpeza;

Deficiente cuidado na pormenorização das zonas singulares do

revestimento cerâmico. Inexistência ou patologia dos elementos

periféricos do revestimento cerâmico;

Deformações excessivas do suporte;

Humidade ascensional do terreno.

Erros de Execução

Utilização de materiais não prescritos e/ou incompatíveis entre si;

Aplicação em condições ambientais extremas;

Desrespeito pelos tempos de espera entre as várias fases de

execução;

Aplicação em suportes sujos, pulverulentos ou não regulares;

Desrespeito pelo tempo aberto do adesivo;

Espessura inadequada do material de assentamento;

Contacto incompleto do ladrilho – material de assentamento;

Assentamento de ladrilhos nas juntas de dilatação do suporte;

Colagem simples em vez de dupla;

Utilização de material de assentamento ou de preenchimento de

juntas de retração elevada;

Preenchimento de juntas sujas;

Execução de juntas com largura ou profundidade inadequada/não

execução;

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

47

Preenchimento incompleto das juntas de assentamento;

Desrespeito pela estereotomia do revestimento cerâmico;

Encastramento de acessórios metálicos não protegidos nas juntas.

Ações de origem

mecânica exterior do

revestimento cerâmico

Choques contra o revestimento cerâmico;

Vandalismo/grafitti;

Concentração de tensões no suporte;

Deformação do suporte.

Ações ambientais

Vento;

Radiação solar;

Exposição solar reduzida;

Choque térmico;

Lixiviação dos materiais do revestimento que contém cimento;

Humidificação do revestimento;

Ação biológica;

Poluição atmosférica;

Criptoflorescências;

Envelhecimento natural.

Falhas de manutenção

Falta de limpeza do revestimento cerâmico ou de zonas

adjacentes;

Limpeza incorreta do revestimento cerâmico.

Alteração das

condições inicialmente

previstas

Aplicação de cargas verticais excessivas em revestimentos de

paredes.

4.2. CARATERIZAÇÃO DA AMOSTRA

O trabalho de campo teve como objetivo a inspeção de um total de 8 edifícios com revestimentos

cerâmicos em fachadas sobre ETICS em todo o país especialmente zona Norte, sendo a sua finalidade

registar as patologias visualmente detetáveis. As patologias normalmente não surgem de forma

isolada, no entanto o levantamento destas foi efetuado de forma independente, de maneira a

simplificar e sua caracterização e classificação.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

48

Quadro 21 – Identificação da Amostra

EDIFICIO

1- A Edifício Comercial – Anadia

2- B Edifício Comercial – Marco de Canaveses

3- C Estação de Comboios – Vila Nova de Famalicão

4- D Edifício Multifamiliar Porto

5- E Edifício Comercial – Viana do Castelo

6- F Conjunto Habitacional – Porto

7- G Edifício de Serviços – Anadia

8- H Edifício de Comércio e Habitação – Matosinhos

4.3. ESTRUTURA DA FICHA

A informação recolhida no trabalho de campo foi efetuada, conforme já se referiu através de uma

Ficha de Avaliação e Inspeção para Revestimento de Fachadas em Cerâmicos sobre ETICS e foi

dividida nas seguintes nove partes:

1. Identificação do Edifício;

2. Caracterização do Edifício;

3. Intervenções após construção;

4. Tipo de Obra;

5. Identificação das patologias;

6. Descrição construtiva do elemento;

7. Orientação;

8. Reparações efetuadas;

9. Metodologias das intervenções.

1. Para a identificação do edifício criou-se uma letra para cada ficha de avaliação e indicou-se:

A morada;

Ano de construção do edifício;

Intervenções posteriores.

2. Na caracterização do edifício, indicaram-se os seguintes aspetos:

Opções formais e construtivas;

Identificação fotográfica;

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

49

3.Nas intervenções após construção define-se as intervenções que foram feitas no edifício após a sua

construção.

4.No tipo de obra, indicaram-se os seguintes aspetos:

Habitação Unifamiliar;

Comércio;

Serviços;

Industria;

5.Na identificação de patologias, indicaram-se os seguintes aspetos:

Tem patologias;

Não tem patologias;

Avaliação.

6.Na descrição construtiva do elemento define-se a constituição da fachada.

7.Na descrição orientação indicou-se:

Norte;

Sul;

Este;

Oeste (poente);

Nordeste;

Noroeste;

Sudeste;

Sudoeste.

8.Nas reparações efetuadas é descrito as possíveis reparações feitas na fachada do edifico, se aplicação

feita já é ou não uma reabilitação.

9.Nas metodologias de intervenção, são descritas as metodologias usadas nessas reabilitações.

4.4. FICHAS

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

50

Ficha Edifício A

FICHA DE CARATERIZAÇÃO DO EDIFICIO EDIFICIO : A

OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:

LOCALIZAÇÃO VISTA GERAL

PORMENOR

Edificiode Serviços e Comércio, composto por 2 pisos acima da cota da soleira.

Sistema laminar de paredes de tijolo e lajes de betão armado, com cobertura

plana.

IDENTIFICAÇÃO : Edificio de Comércio e Serviços

LOCAL : Anadia

ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: Ainda em ContruçãoANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: -

CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :

DISTÂNCIA À COSTA: Mais de 5 Km

IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA

APLICAÇÃO DO ISOLAMENTO

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

51

PORMENOR DE ASSENTAMENTO

RE

PA

RA

ÇÕ

ES

EF

ET

UA

DA

S

Não se aplica.

ME

TO

DO

LO

GIA

DA

S

INT

ER

VE

ÕE

S

Não se aplica.

TIPO DE OBRA : EDIFICIO HABITACIONAL

DE

SC

RIÇ

ÃO

CO

NS

TR

UT

IVA

D

O

EL

EM

EN

TO

Parede simples de betão armado de 0,30 m,

com reboco de regularização hidrofugado com

placas de poliestireno expandido com 60 mm de

espessura, assente com junta travada,

argamassas, armadura de fibra de vidro e

posterior colagem de cerâmica da "CINCA"

50*210 mm de cor beje.

OR

IEN

TA

ÇÃ

O

Está a ser aplicada em toda a envolvente do

edificio.

TIPO DE OBRA : EDIFICIOS DE SERVIÇOS E COMÉRCIO

FASE DE COLOCAÇÃO DA CERÂMICA

FACHADA REVESTIDA A CERÂMICA

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

52

Ficha Edifício B

OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:

LOCALIZAÇÃO ALÇADO POENTE

Edificio Comercial, várias frações de comércio e serviços em Marco de Canaveses.

Desenvolve-se em 4 pisos, um abaixo da cota de soleira e três acima, destinados a

comércio e serviços.

IDENTIFICAÇÃO : EDIFICIO COMERCIAL

LOCAL : Avenida Gago Coutinho - Marco de Canaveses

ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: 1990 ANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: 2009

CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :

ALÇADO POENTE e SUL

Sistema de paredes de tijolo e lajes aligeiradas, com cobertura plana.

DISTÂNCIA À COSTA: Mais de 5 Km

IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

53

GERAL FREQUENTE

FISSURAS NO

VIDRADOX

FISSURAS

LOCALIZADASX

MANCHAS DE

HUMIDADEX

DESTACAMENTO/

DESCOLAMENTO

MATERIAL

X

PERDA MATERIAL

PREENCHIMENTO

DAS JUNTAS

X

EFLORESCÊNCIAS XENODAMENTO

DANOS POR AÇÕES

HUMANASX

TIPO DE OBRA : EDIFICIO DE COMÉRCIO E SERVIÇOS

NÃO TEM TEM AVALIAÇÃO

PONTUAL

MET

OD

OLO

GIA

DA

S

INTE

RV

ENÇ

ÕES

Até ao momento não há qualquer patologia visivel, não obstante de se proceder à sua manutenção

durante o tempo.

DE

SC

RIÇ

ÃO

CO

NS

TR

UT

IVA

DO

ELE

ME

NT

O

Parede dupla de alvenaria de tijolo de 11+11 cm, com caixa de ar

de 3 cm, rebocada interiormente com 2 cm de gesso,

exteriormente aplicação de XPS, com 4 cm e posterior colagem

de cerâmica de 50*210 mm.

OR

IEN

TA

ÇÃ

O

A envolvente do edificio onde foi aplicada a cerâmica sobre o

sistema ETIC's, encontra-se maioritáriamente a poente, havendo

uma pequena fachada também a sul.

RE

PA

RA

ÇÕ

ES

EF

ET

UA

DA

S Não se aplica.

PA

TO

LO

GIA

S

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

54

Ficha Edifício C

FICHA DE CARATERIZAÇÃO DO EDIFICIO EDIFICIO : C

OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:

LOCALIZAÇÃO ALÇADO SUL

A Estação de Caniços fica localizada na freguesia de Bairro, no concelho de Vila Nova de

Famalicão, junto à estrada EN 310.Foi construída no âmbito das obras para reconversão em via

larga e electrificação da Linha de Guimarães.O edifício da estação está orientado segundo a

direcção Este/Oeste e é composto por dois pisos. O piso inferior (Piso 0) é parcialmente

enterrado e destina-se a zonas técnicas e de serviço(sala de equipamentos de telecomunicações,

“unit power system”, perdidos e achados,posto de transformação, grupo gerador, arrumos e

resíduos sólidos) e áreas reservadas aos funcionários (sala, balneários, vestiários e instalações

sanitárias). No Piso 1, cuja cota de pavimento é idêntica às das plataformas de embarque, ficam

situados os serviços de apoio à estação (gabinete de circulação, arquivo geral, sala de contagem,

divisão de limpeza, bilheteiras, quiosque, bar e cozinha), as áreas de circulação e espera e as

instalações sanitárias públicas. A estabilidade do edifício é garantida por uma estrutura porticada

de betão armado. A fachada Sul do Piso 1 está apoiada sobre lajes em consola.As paredes

exteriores do edifício foram realizadas em betão ou em alvenaria simples de tijolo vazado.

IDENTIFICAÇÃO : ESTAÇÃO DE COMBOIOS

LOCAL :Estação de Caniços da Linha de Guimarães - BAIRRO – VILA NOVA DE FAMALICÃO

ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: Entre 2000 e 2004 ANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: 2005

CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :

ALÇADO NASCENTE VISTA SUL

DISTÂNCIA À COSTA: Mais de 5 Km

IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

55

GERAL FREQUENTE

FISSURAS NO

VIDRADO XFISSURAS

LOCALIZADAS XMANCHAS DE

HUMIDADE XDESTACAMENTO/

DESCOLAMENTO

MATERIAL

PERDA MATERIAL

PREENCHIMENTO DAS

JUNTAS

X

EFLORESCÊNCIAS XENODAMENTO X

DANOS POR AÇÕES

HUMANAS X

TIPO DE OBRA : EDIFICIO DE SERVIÇOS

NÃO TEM TEM AVALIAÇÃO

PONTUAL

MET

OD

OLO

GIA

DA

S

INTE

RV

ENÇ

ÕES

Existem atualmente algumas patologias, nomeadamente enodamento, eflorescências e descolamento

pontual do ladrilho.(1) proceder à sua substituição respeitando a o tempo de colagem do ladrilho conforme

especificações do fabricante;

.(2) Eliminar possiveis infiltrações e proceder `a lavagem da superfície do revestimento; ☺ - limpeza do

revestimento cerâmico;

DE

SC

RIÇ

ÃO

CO

NS

TR

UT

IVA

D

O

EL

EM

EN

TO

Parede simples de alvenaria de tijolo ou betão de 0,20 m, com

reboco de regularização hidrofugado com placas de poliestireno

expandido com 30 mm de espessura (coladas por pontos),

argamassas da gama “COTETERM” da TEXSA MORTEROS,

armadura de fibra de vidro com tratamento de protecção anti-

alcalino, primário e perfis de alumínio e posterior colagem de

cerâmica de 200*200 mm, da série “ARTE NOVA” da PAVIGRÉS.

OR

IEN

TA

ÇÃ

O A envolvente do edificio onde foi aplicada a cerâmica sobre o

sistema ETIC's, foi na globalidade do edificio (todas as

orientações).

RE

PA

RA

ÇÕ

ES

EF

ET

UA

DA

S

Este edificio sofreu intervenção após a sua construção, no ano de 2005, a nivel de fachadas

exteriores.METODOLOGIA ADOPTADA: 1- Análise das superfícies por percussão para avaliar a

aderência ao suporte dos ladrilhos e remoção daqueles que se encontrem descolados;2- Limpeza e

eventual regularização do suporte, eliminando todas as partículas desagregadas;3-Criação de junta

estrutural vertical no muro da rampa de acesso à plataforma com configuração adequada;4-

Realização das juntas; 5- Recolocação dos ladrilhos cerâmicos respeitando as recomendações do

documento “Revêtements de murs extérieurs en carreaux céramiques ou analogues collés au moyen

de mortiers colles (Cahiers du CSTB, n.º 3266, octobre 2000)”. Deverá ser utilizado um cimento-cola

da classe C2S;6-Preenchimento das juntas entre ladrilhos com um produto cujo módulo de

elasticidade não superior a 8000 MPa. Estas juntas deverão ter uma espessura não inferior a 4 mm

(a este valor deve ser adicionada a tolerância dimensional dos ladrilhos).

.(3) proceder à lavagem da superfície das juntas.

PA

TO

LO

GIA

S

X (3)

X (1) X

X (2)

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

56

Ficha Edifício D

FICHA DE CARATERIZAÇÃO DO EDIFICIO EDIFICIO : D

OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:

LOCALIZAÇÃO ALÇADO NORTE

Edificio Multifamiliar, composto por 3 blocos de apartamentos e garagem. Desenvolve-

se em 5 pisos, um abaixo da cota de soleira destinado a garagem e três acima,

destinados a habitação. Sistema laminar de paredes de tijolo e lajes aligeiradas, com

cobertura plana.

IDENTIFICAÇÃO : Edifício Multifamiliar

LOCAL :Rua Júlio Dantas - Pedroços – Maia - Porto

ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: Entre 2007 e 2008 ANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: -

CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :

ALÇADO POENTE

DISTÂNCIA À COSTA: Mais de 5 Km

IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA

PORMENOR DE REMATE NO CUNHAL

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

57

GERAL FREQUENTE

FISSURAS NO

VIDRADO XFISSURAS

LOCALIZADAS XMANCHAS DE

HUMIDADE XDESTACAMENTO/

DESCOLAMENTO

MATERIAL

X

PERDA MATERIAL

PREENCHIMENTO

DAS JUNTAS

X

EFLORESCÊNCIAS XENODAMENTO XDANOS POR

AÇÕES HUMANAS X

TIPO DE OBRA : EDIFICIOS HABITACIONAIS

NÃO TEM TEM

AVALIAÇÃO

PONTUAL

X (1) X

MET

OD

OLO

GIA

DA

S

INTE

RVEN

ÇÕES

Existem atualmente pequenas patologias, nomeadamente pequenas fissuras

pontuais.

(1) proceder à sua substituição respeitando a o tempo de colagem do ladrilho

conforme especificações do fabricante e tendo em conta a dilatação do material;

DE

SC

RIÇ

ÃO

CO

NS

TR

UT

IVA

DO

EL

EM

EN

TO

Parede simples de alvenaria de tijolo ou betão de

0,20 m, com reboco de regularização hidrofugado

com placas de poliestireno expandido com 50 mm

de espessura, armadura de fibra de vidro com

tratamento de protecção anti-alcalino, primário e

perfis de alumínio e posterior colagem de cerâmica

de 200*200 mm, grés branco da "cinca".

OR

IEN

TA

ÇÃ

O

A envolvente do edificio onde foi aplicada a

cerâmica sobre o sistema ETICS, foi na orientação

Norte e Poente, nas restantes tem sistemas ETICS

normal.

RE

PA

RA

ÇÕ

ES

EF

ET

UA

DA

S

Não há reparações feitas até à data.

PA

TO

LO

GIA

S

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

58

Ficha Edifício E

FICHA DE CARATERIZAÇÃO DO EDIFICIO EDIFICIO : E

OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:

LOCALIZAÇÃO ALÇADO SUL

PORMENOR

O Edifício é constituído por dois Corpos constituido por dois pisos, ambos acima da

cota soleira para comércio e serviços. Ao nível do 1º piso e de parte do R/Chão, as

fachadas opacas são revestidas com “azulejos rústicos” de cor branca, com superfície

quadrada de cerca de 13 × 13 cm². As paredes exteriores são em betão, com 25 a 30

cm de espessura.

IDENTIFICAÇÃO : Edificio Comercial

LOCAL :Praça da Liberdade – Viana do Castelo

ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: Entre 2000 e 2004 ANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: 2005

CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :

ALÇADO NORTE

DISTÂNCIA À COSTA: Menos de 5 Km

IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

59

GERAL FREQUENTE

FISSURAS NO

VIDRADO XFISSURAS

LOCALIZADAS

MANCHAS DE

HUMIDADE XDESTACAMENTO/

DESCOLAMENTO

MATERIAL

PERDA MATERIAL

PREENCHIMENTO DAS

JUNTAS

X

EFLORESCÊNCIAS XENODAMENTO

DANOS POR AÇÕES

HUMANAS X

TIPO DE OBRA : EDIFICIO DE COMÉRCIO E SERVIÇOS

NÃO TEM TEM AVALIAÇÃO

PONTUAL

X (2) X

X (1) X

MET

OD

OLO

GIA

DA

S

INTE

RV

ENÇ

ÕES

Existem atualmente algumas patologias, nomeadamente descolamento pontual do ladrilho

fissuração pontual.

(1) proceder à sua substituição respeitando o tempo de colagem do ladrilho conforme

especificações do fabricante e tendo em conta a dilatação do material;

(2) proceder à sua substituição respeitando a o tempo de colagem do ladrilho conforme

especificações do fabricante;

DE

SC

RIÇ

ÃO

CO

NS

TR

UT

IVA

D

O

EL

EM

EN

TO

Parede simples de betão de 0,25 a 0,30 m, encontrando-se

isoladas termicamente pelo exterior, tendo os ladrilhos sido

colados directamente sobre o sistema ETICS, com cimento-

cola “weber.col flex”, da Weber & Broutin. O sistema ETICS

aplicado é do tipo “Capotto”, da VIERO, sendo constituído por

placas de poliestireno expandido (4 cm), fixadas

mecanicamente ao suporte com buchas “IZP”, da HILTI. Sobre

as placas foi aplicado um reboco delgado do tipo “Adesan

CPS-B”, armado com rede de fibra de vidro (150 g/m2), com

tratamento anti-alcalino e posterior colagem dos cerâmcios de

cor branca de 13*13 cm.

OR

IEN

TA

ÇÃ

O A envolvente do edificio onde foi aplicada a cerâmica sobre o

sistema ETIC's, foi na globalidade do efificio (todas as

orientações).

RE

PA

RA

ÇÕ

ES

EF

ET

UA

DA

S

Não há reparações feitas até à data.

AN

OM

ALIA

S

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

60

Ficha Edifício F

FICHA DE CARATERIZAÇÃO DO EDIFICIO EDIFICIO : F

OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:

LOCALIZAÇÃO VISTA INTERIOR DO BAIRRO

PORMENOR DE FACHADA

Este conjunto habitacional é composto por 8 blocos de apartamentos. As paredes exteriores

são em alvenaria de tijolo, com cerca de 25cm de espessura.Sistema laminar de paredes

de tijolo e lajes aligeiradas, com cobertura plana. Pavimentos em soalho/flutuante, com

exeção das zonas húmidas, cozinha e garagem.

IDENTIFICAÇÃO : Conjunto Habitacional

LOCAL :Rua do Falcão - Porto

ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: Anterior ao ano 2000 ANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: -

CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :

VISTA GERAL

DISTÂNCIA À COSTA: Mais de 5 Km

IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

61

GERAL FREQUENTE

FISSURAS NO

VIDRADOX

FISSURAS

LOCALIZADAS

MANCHAS DE

HUMIDADEX

DESTACAMENTO/

DESCOLAMENTO

MATERIAL

X

PERDA MATERIAL

PREENCHIMENTO

DAS JUNTAS

X

EFLORESCÊNCIAS X XENODAMENTO X

DANOS POR

AÇÕES HUMANASX

MET

OD

OLO

GIA

DA

S

INTE

RVEN

ÇÕES

Existem atualmente algumas patologias, nomeadamente descolamento/destacamento

frequente do cerâmico, fissuração pontual, eflorescências gerais, enodamentos frequentes e

danos por ações humanas pontuais.

(1) ☻ - proceder à sua substituição respeitando a o tempo de colagem do ladrilho conforme

especificações do fabricante e tendo em conta a dilatação do material;

(2) ☺ - proceder à sua substituição respeitando a o tempo de colagem do ladrilho conforme

especificações do fabricante;

(3) ☻- Eliminar possiveis infiltrações e proceder `a lavagem da superfície do revestimento;

☺ - limpeza do revestimento cerâmico,

(4) ☺- proceder à lavagem da superfície das juntas

DE

SC

RIÇ

ÃO

CO

NS

TR

UT

IVA

DO

EL

EM

EN

TO Parede simples de alvenaria de tijolo de 0,24 m, com

reboco de regularização hidrofugado com placas de

poliestireno expandido com 40 mm de espessura,

argamassas, armadura de fibra de vidro e posterior

colagem de cerâmica de 50*210 mm, da CINCA de cor

vermelha.

OR

IEN

TA

ÇÃ

O

A envolvente do edificio onde foi aplicada a cerâmica

sobre o sistema ETIC's, foi na globalidade do edificio

(todas as orientações).

RE

PA

RA

ÇÕ

ES

EF

ET

UA

DA

S

Não se aplica

X (3)

X (4)

X (5) X

AN

OM

ALIA

S

X (1) X

X (2)

TIPO DE OBRA : EDIFICIOS HABITACIONAIS

NÃO TEM TEM

AVALIAÇÃO

PONTUAL

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

62

Ficha Edifício G

FICHA DE CARATERIZAÇÃO DO EDIFICIO EDIFICIO : G

OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:

LOCALIZAÇÃO PORMENOR DE ASSENTAMENTO

VISTA PRINCIPAL

DISTÂNCIA À COSTA: Mais de 5 Km

IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA

Este edificio de serviços é composto por dois pisos e serve as instalações da

Candigrês em Avelãs de Cima. As paredes exteriores são em alvenaria de tijolo, com

cerca de 25cm de espessura.Sistema laminar de paredes de tijolo e lajes aligeiradas,

com cobertura plana.

IDENTIFICAÇÃO : Edificio de Serviços

LOCAL :Rua 2 de Abril - Candieira - Avelãs de Cima - Anadia

ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: Meados de 2007 ANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: -

CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

63

GERAL FREQUENTE

FISSURAS NO

VIDRADOX

FISSURAS

LOCALIZADASX

MANCHAS DE

HUMIDADEX

DESTACAMENTO/

DESCOLAMENTO

MATERIAL

X

PERDA MATERIAL

PREENCHIMENTO DAS

JUNTAS

X

EFLORESCÊNCIAS XENODAMENTO X

DANOS POR AÇÕES

HUMANASX

TIPO DE OBRA : EDIFICIO SERVIÇOS

NÃO TEM TEM

AVALIAÇÃO

PONTUAL

RE

PA

RA

ÇÕ

ES

EF

ET

UA

DA

S

Não há reparações feitas até à data.

PA

TO

LO

GIA

S

DE

SC

RIÇ

ÃO

CO

NS

TR

UT

IVA

DO

EL

EM

EN

TO Parede simples de alvenaria de tijolo de 0,24 m, com

reboco de regularização hidrofugado com placas de

poliestireno extrudido com 50 mm de espessura,com

encaixe macho fêmea, argamassas, armadura de fibra

de vidro e posterior colagem de cerâmica de 50*210

mm, da CINCA de cor vermelha.

OR

IEN

TA

ÇÃ

O

A envolvente do edificio onde foi aplicada a cerâmica

sobre o sistema ETICS, foi na globalidade do edificio

(todas as orientações).

MET

OD

OLO

GIA

DA

S

INTE

RV

ENÇ

ÕES

Este edificio tem sido alvo de testes e ensaios para provável homologação da colagem do

cerâmico sobre ETICS.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

64

Ficha Edifício H

FICHA DE CARATERIZAÇÃO DO EDIFICIO EDIFICIO : H

OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:

LOCALIZAÇÃO PORMENOR DE APLICAÇÃO ISOLAMENTO

Edificio Multifamiliar e comércio, composto por 4 pisos acima da cota da soleira, o rés-

do-chão destinado a comércio e os outros três a habitação unifamiliar. Sistema laminar

de paredes de tijolo e lajes aligeiradas, com cobertura plana.

IDENTIFICAÇÃO : Edificio de Habitação e Comércio

LOCAL : Rua de Almeiriga Norte- Perafita - Matosinhos

ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: Ainda em Contrução ANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: -

CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :

FASE INICIAL DE CONSTRUÇÃO

DISTÂNCIA À COSTA: Primeira linha da costa

IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

65

RE

PA

RA

ÇÕ

ES

EF

ET

UA

DA

S

Não se aplica.

MET

OD

OLO

GIA

DA

S

INTE

RVEN

ÇÕES

Não se aplica.

TIPO DE OBRA : EDIFICIO HABITACIONAL

DE

SC

RIÇ

ÃO

CO

NS

TR

UT

IVA

DO

EL

EM

EN

TO Parede simples de alvenaria de tijolo de 0,24 m, com

reboco de regularização hidrofugado com placas de

poliestireno expandido com 60 mm de espessura,

assente com junta travada, argamassas, armadura de

fibra de vidro e posterior colagem de pastilha da

"cinca" 5*5 cm de cor branca e castanha.

OR

IEN

TA

ÇÃ

O

Está a ser aplicada em toda a envolvente do edificio.

FASE DE COLOCAÇÃO DA PASTILHA

TIPO DE OBRA : EDIFICIOS HABITACIONAIS

PORMENOR PASTILHA COLADA

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

66

4.5. ANÁLISE DE RESULTADOS

Os revestimentos cerâmicos sobre ETICS começa cada vez mais a ser uma escolha nos revestimentos

de fachadas em Portugal.

Para compreender melhor os casos estudados, apresenta-se de seguida um quadro onde se

correlacionam os edifícios inspecionados e as patologias verificadas em cada um deles. Com o intuito

de facilitar a leitura dos dados, a localização das patologias será identificada com um número

sequencial, conforme o Quadro 22, em que cada uma delas pode ser generalizada (G), frequente (F) ou

pontual (P), conforme Quadro 23.

Quadro 22 – Identificação das patologias

PATOLOGIA

1 Fissuras no vidrado

2 Fissuras localizadas

3 Manchas de Humidade

4 Destacamento/Deslocamento do material

5 Perda do material no preenchimento das juntas

6 Eflorescências

7 Enodamento

8 Danos por ações humanas

No Quadro 23 identificaram-se as situações patológicas dos revestimentos cerâmicos nas fachadas dos

edifícios observados.

Quadro 23 – Identificação das patologias nos cerâmicos colados sobre ETICS nos edifícios observados

EDIFICIO PATOLOGIAS EM FACHADAS DE EDIFICIOS REVESTIDOS A CERÂMICO

SOBRE O SISTEMA ETIC’S

1 2 3 4 5 6 7 8

G F P G F P G F P G F P G F P G F P G F P G F P

A

B

C X X X

D X

E X X

F X X X X X

G

H

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

67

O gráfico da Fig.17 resume os resultados do quadro anterior, contemplando todas as patologias

observadas em função da localização da patologia. Foram excluídos deste gráfico as obras do edifício

A e H, pelo facto de à data ainda se encontrar em construção, não podendo servir para análise de

patologias. Serve sim de base para trabalhos futuros, como referência.

Quadro 24 – Quantificação dos edifícios com determinadas patologias

Fissuras

localizadas

3

Destacamento/descolamento do material 3

Perda do material no preenchimento juntas 0

Eflorescências

2

Enodamento

2

Danos por ações humanas

1

Fig.17 - Identificação das patologias mais relevantes

Apesar de a amostra ser reduzida para o nosso estudo, realizou-se uma pequena estatística, por forma a

percebermos quais serão os “maiores” problemas que podemos enfrentar na aplicação deste sistema.

Pode no futuro servir de base de comparação com estudos mais alargados e aprofundados. De certa

forma ainda não passou tempo suficiente para termos uma amostra significativa, da qual possamos ter

resultados fiáveis em maior escala para sustentarmos os estudos feitos até ao momento, devido à

aplicação recente do sistema.

Analisando na perspetiva do total das patologias registadas (Fig.18), verificou-se que as patologias a

ter maior ocorrência são o grupo das fissuras e do destacamento /descolamento do material.

3 3

0

2 2

1

0 0,5

1 1,5

2 2,5

3 3,5

N.º

Pato

logia

s o

bserv

adas

Patologias

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

68

Fig.18 - Distribuição percentual das patologias registadas nas inspeções

O conjunto de revestimentos cerâmicos estudados apresenta várias de épocas de construção (Quadro

25), que se inicia no século 20 e termina nos dias de hoje.

Quadro 25 – Idades dos Edifícios observados com sistema do cerâmico sobre ETICS

ANOS DE CONSTRUÇÃO N.º EDIFICIOS OBSERVADOS

0-1 2

1-2 0

2-3 1

3-4 2

4-5 2

Mais de 5 3

Através do Quadro 25 e do número de patologias associadas da figura 17 verifica-se que quanto maior

é o número de anos do edifício maior é a incidência de patologias.

Também se pode constatar que quanto maior a dimensão do ladrilho (Fig. 19), maior é a incidência de

patologias.

27,3%

27,3%

0,0%

18,2%

18,2%

9,1%

Fissuras localizadas

Destacamento/descolamento do material

Perda do material no preenchimento juntas

Eflorescências

Enodamento

Danos por acções humanas

Distribuição percentual detalhada das anomalias

Fissuras localizadas

Destacamento/descolamento do material

Perda do material no preenchimento juntas

Eflorescências

Enodamento

Danos por acções humanas

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

69

Fig.19 – Incidência de Patologias conforme dimensão da cerâmica

4.6 IDENTIFICAÇÃO DAS PATOLOGIAS OBSERVADAS NO SISTEMA ETICS

Para a identificação das patologias da amostra estudada foi necessário definir quais as principais

patologias a registar. A respetiva escolha foi determinada tanto pela gravidade da patologia como pela

frequência de ocorrências e importância na evolução do estado de degradação geral da fachada do

edifico.

Observando as várias classificações e aos critérios já mencionados, considerou-se que as principais

patologias poderiam ser agrupadas em:

Fissuras;

Destacamentos/Descolamentos do material;

Deterioração das juntas;

Patologias estéticas;

Outras Patologias.

O descolamento/destacamento e as fissuras foram escolhidas pela frequência em que estas patologias

ocorrem em fachadas revestidas a cerâmicos e sendo este um dos principais princípios de estudo da

aderência do material ao sistema ETICS.

A opção da escolha da patologia deterioração das juntas foi motivada pela consequência que a mesma

tem no estado de degradação dos cerâmicos em fachada.

Em relação às patologias estéticas decidiu-se por reuni-las, incluindo assim as manchas de humidade,

enodamento e eflorescências sendo que, apesar destas patologias apenas comprometerem a camada

superficial, contribuem para a degradação geral das fachadas.

Considera-se em “Outras Patologias” todas as outras que puderam ser observadas, tais como danos por

ações humanas.

O objetivo desta identificação foi a determinação da patologia mais recorrente na aplicação de

cerâmicos sobre ETICS.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

20*20 5*21 5*5

Pat

olo

gias

Dimensão cerâmica - cm

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

70

Na identificação das patologias pretende-se reconhecer as causas associadas a estas, utilizando o

Quadro 21, indicado abaixo, de forma a classificar as patologias segundo as suas causas presumíveis

(erros de projeto, erros de execução, ações de origem mecânica exterior do revestimento cerâmico,

ações ambientais, falhas de manutenção e alteração das condições inicialmente previstas).

Quadro 26 - Patologias mais correntes cerâmicos aplicados em fachadas sobre sistema ETICS

PATOLOGIAS SINTOMAS CAUSAS EXEMPLO DO CASO DE

ESTUDO

FISSURAÇÃO Fissuras no

seio do

produto,

afetando toda

a profundidade

da junta

Fissuras

afetando

apenas o

vidrado, que

se

entrecruzam

em forma de

rendilhado

- Retração de secagem

inicial (irreversível) do

produto de preenchimento

das juntas ou contrações

– expansões cíclicas

devidas a variações

termo-higrométricas;

- Extensões de rotura, em

tração ou compressão,

insuficientes para

absorverem os

movimentos transmitidos

à junta pelo revestimento

ou pelo suporte.

- Coeficiente de dilatação

térmica do vidrado

superior ou não suficiente

à base cerâmica do

ladrilho, que o coloca em

tração, ou

insuficientemente

comprimido

subsequentemente à

cozedura;

- Choque térmico;

-Contração dos produtos

cimentícios de

assentamento dos

ladrilhos transmitida ao

vidrado.

DESTACAMENTO /

DESCOLAMENTO

Abertura de

uma fissura

entre o

produto e os

bordos do

Aderência insuficiente do

produto de preenchimento

de junta aos bordos dos

ladrilhos, particularmente

quando estes são pouco

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

71

ladrilho.

Descolamento

do produto dos

bordos dos

ladrilhos e no

fundo da junta,

soltando-se

em seguida.

porosos ou quando são

vidrados e há escorrência

do vidrado para os

bordos;

- Inadequação da

granulometria ou na

consistência do produto à

largura ou profundidade

da junta;

- Relação inadequada

largura / profundidade da

junta

- Evolução dos

fenómenos que dão

origem aos tipos de

patologias

precedentemente

descritos;

- Expansão do produto de

preenchimento, de base

cimentícia, provocada por

sulfatos contidos em

produtos de limpeza

EFLORESCÊNCIAS Manchas

esbranquiçada

s dos ladrilhos

Presença de sais solúveis

nos ladrilhos, no material

de assentamento ou no

suporte que, em

consequência de uma

humidificação (resultante

do assentamento ou do

uso do revestimento), são

transportados para a

superfície e aí se

depositam / cristalizam, à

medida que a água se vai

evaporando

ENODAMENTO Alteração

inestética da

cor das juntas

devida à

fixação de

sujidade

Absorção e retenção, pelo

produto de preenchimento

de juntas, de produtos

enodoantes, em forma de

pó ou veiculados pela

água

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

72

4.7. PREOCUPAÇÕES A TER NA EVENTUAL APLICAÇÃO DE CERÂMICA SOBRE ETICS

Tal como referido no capítulo 02, a aprovação técnica europeia (ETA) ou o documento de

homologação a sistemas compósitos de isolamento térmico pelo exterior associado a cerâmico, ainda

não foi desenvolvida, não havendo até ao momento qualquer documento de homologação ou ETA.

Todavia a cada vez maior procura deste sistema no nosso país, como solução para as “nossas”

fachadas por parte de diversas empresas [36], faz com que os especialistas de diferentes áreas

comecem a ver esta solução como uma aposta de futuro e como tal já começaram a estudar se é viável

a homologação do sistema.

Assim, tal como se disse anteriormente as principais desvantagens do sistema tradicional ETICS são a

resistência ao choque e o aparecimento de manchas. A introdução da cerâmica pode ser vista como

uma solução para essas desvantagens.

Desta forma propõe-se a realização de ensaios de choque e de aderência (comportamento mecânico)

para desenvolver a aprovação deste novo sistema, que inclui novos componentes face ao tradicional

sistema ETICS (a cerâmica, a argamassa de juntas e a cola do cerâmico).

Propõe-se deste modo, estudar o comportamento mecânico deste sistema através da execução do

ensaio de aderência. Aconselha-se que o ensaio de aderência seja adaptado a partir do previsto na

ETAG 004 para ETICS com acabamentos por pintura. Este ensaio tem como objetivo analisar a

aderência da camada base ao isolante e do acabamento cerâmico à camada base. Será sempre um

processo feito em comparação com o sistema ETICS, pois é para o qual está concebida a ETAG 004, a

nossa base de estudo.

No Quadro 7 e 8 encontram-se as exigências neste momento definidas pela ETAG 004 para o sistema

tradicional ETICS.

4.8. ANÁLISE CRITICA

No decorrer da elaboração deste capítulo observou-se que a utilização de cerâmicos em fachadas

exteriores deverá ser planeada desde a conceção, à sua execução passando pela sua exploração, na

medida que o desempenho do revestimento cerâmico diversas vezes é menos satisfatório que o

previsto.

Uma das principais garantias de durabilidade destes revestimentos é a qualidade do “projeto” dos

revestimentos cerâmicos, de forma que é essencial a realização de manutenção ou mesmo reabilitação

precoces, de maneira a controlar e diminuir os riscos das patologias na realização integral dos

revestimentos cerâmicos.

Consequentemente, os revestimentos cerâmicos podem apresentar ainda uma durabilidade maior em

comparação com os restantes revestimentos de fachada, só quando o acabamento dos revestimentos é

cuidado e quando se desenvolve um sistema de manutenção.

Face à desvantagem do sistema ETICS convencional em assegurar um nível de resistência aceitável

em termos de ações de corte, apresenta-se a possibilidade de usar a aplicação de elementos cerâmicos

como revestimento final do sistema.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

73

Quando associada (cerâmica) ao sistema ETICS, todas estas preocupações são muito maiores. A

constante manifestação de patologias, relacionada com a qualidade dos materiais, da mão-de-obra,

com a sensibilidade dos revestimentos cerâmicos aos agentes atmosféricos, e da aplicação, aliados à

falta de homologação, fazem deste sistema uma solução menos competitiva em semelhança a outras

soluções atuais no mercado.

Face a tudo isto avaliou-se o processo de elaboração de uma ETA, para podermos responder ou

esclarecer algumas das dúvidas pertinentes sobre o sistema. Procedeu-se à caraterização do cerâmico,

à classificação das juntas, bem como à identificação das patologias principais associadas ao sistema de

aplicação de isolamento térmico pelo exterior tipo ETICS associado ao revestimento cerâmico por

forma a conseguir avaliá-la no seu desempenho.

Por esse facto foi feito um levantamento “in situ” de 8 edifícios para identificação das patologias.

Para o efeito foi elaborada uma ficha de avaliação e inspeção, onde estão identificados os principais

parâmetros ligados a essas mesmas patologias.

Estas fichas foram usadas na observação e deteção de patologias em operações de reabilitação ou

construções novas, por forma a avaliar a qualidade da edificação, onde o aspeto estético tem por

norma ser um parâmetro importante.

Considera-se que os resultados adquiridos possibilitaram a identificação das diversas patologias

existentes nos parâmetros de cerâmicos colados sobre o sistema ETICS inspecionados, são bastantes

demonstrativos da viabilidade do sistema. Em suma ficou demonstrado que com um pouco mais de

conhecimento de causa, cuidado de aplicação e manutenção da aplicação de cerâmica sobre o sistema

ETICS, se trata de um sistema fiável de exploração.

O comportamento dos ETICS com acabamento por pintura é avaliado de acordo com um Guia

designado por ETAG 004, onde se encontram definidas as várias exigências. Para analisar o

comportamento destes acabamentos sobre ETICS é necessário começar a pensar num Guia para o

mesmo. Para isso fez-se um modelo de proposta para esse mesmo guia, que poderá ser estudo e

desenvolvido no sentido de dar resposta às exigências do mercado.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

74

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

75

05 CONCLUSÃO

Os estudos de concessão de Aprovações Técnicas Europeias (ETA) de ETICS destinam-se a

comprovar a aptidão ao uso de cada sistema desse tipo, com base nos requisitos e métodos

estabelecidos na ETAG 004. Desta forma surge a necessidade de criar um documento semelhante que

viabilize a colagem de cerâmica sobre este sistema.

A conjugação de um revestimento tradicional (cerâmica) sobre um isolamento térmico pelo exterior,

apresenta-se com potencial, para se dedicar a um conjunto de avaliações de compatibilidade e

durabilidade por forma a garantir um sistema sustentável de revestimento de fachadas. Considerando-

se que o sistema não está refletido na ETAG 004, torna-se urgente rever o tema e expor à

consideração.

O estudo de observação “in situ” de edifícios em que foi aplicado o sistema é animador, no entanto o

seu tempo de vida é ainda reduzido para validação do sistema.

Para já, verifica-se que, ao nível de solicitações mecânicas puras, o sistema apresentado revela um

grau de confiança aceitável ao nível de compatibilidade de elementos. Por outro lado é prudente

limitar utilizações de cerâmicos em função da sua dimensão, dadas as elevadas deformações

adjacentes ao sistema de suporte, mesmo considerando a utilização de armadura de rede.

PROPOSTA PARA TRABALHOS FUTUROS

Apesar de já existirem alguns estudos sobre a colagem de cerâmicos sobre sistema ETICS, o tema é

ainda de conhecimento não consolidado. Deste modo, no final desta dissertação é fundamental:

a continuação do desenvolvimento de fichas de avaliação e inspeção, aplicadas em obra e na

fase de exploração, com condições de acesso ao projeto e aos responsáveis, para prevenir de

forma mais abrangente e consequente o aparecimento de patologias ou reduzir os seus efeitos;

a elaboração de estudos sobre a influência do projeto e da execução na durabilidade do

sistema, assim como a identificação dos fatores que contribuem para a dispersão dos

resultados; salienta-se a necessidade dos projetistas procederem sempre à execução de peças

escritas e desenhadas mais detalhadas, nomeadamente no que diz respeito à pormenorização

construtiva (ligações dos cerâmicos na envolvente dos vãos, por exemplo);

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a criação de bases de dados de estudos relacionados com as edificações, que fornecessem toda

a informação relativa ao tipo de soluções, técnicas de construção, e materiais utilizados, entre

outros;

por último e deveras bastante importante um estudo fundamentado para a criação da ETA do

sistema;

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

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06 BIBLIOGRAFIA

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[4] Decreto-Lei n.º 4/2007, de 8 de Janeiro.

[5] FREITAS, Vasco Peixoto de; Isolamento térmico de fachadas pelo exterior. Reboco delgado

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2002.

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[9] FREITAS, Vasco Peixoto de; Barreira, EVA; Gonçalves, Pedro Filipe; Envolvente de edifícios,

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[10] FREITAS, Vasco Peixoto de; Conforto Térmico, Construção Magazine,n.º35. Janeiro| Fevereiro

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ABALADA, Vitor Hugo; Revestimentos de Paredes e Isolamentos Térmicos, Construção

Magazine,pp.24-29.

Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

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[15] BARREIRA, Eva; Degradação Biológica de Fachadas com Sistemas de Isolamento Térmico pelo

Exterior devido ao Desempenho Higrotérmico. Tese de Doutoramento, FEUP, Porto, Portugal,2010.

[16] LUCAS , J. Classificação e descrição geral de revestimentos para paredes de alvenaria ou de

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[18] LADEIRA, J.; Avaliação em serviço de sistemas de isolamento térmico pelo exterior em

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[19] SANTOS, C. A. Pina; MATIAS, L., Coeficientes de transmissão térmica de elementos da

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[20] BARONNIE, P.; Amélioration de la résistance aux chocs des revêtements minces sur isolants.

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[21] Regulamento das Características do Comportamento Térmico dos Edifícios. Decreto-Lei no

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[22] SILVESTRE, J. Dinis. Sistema de Apoio à inspeção e diagnóstico de anomalias em revestimentos

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[24] VEIGA, Maria do Rosário; MALANHO, Sofia (2010). Sistemas Compósitos de Isolamento

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oral. APFAC 2010 - 3º Congresso Português de Argamassas de Construção. Lisboa: LNEC, 18 e 19

Março.

[25] MALANHO, Sofia; VEIGA, Maria do Rosário (2011). Performance of External Thermal

Insulation Composite Systems (ETICS) with finishing ceramic tiles. Apresentação oral. 12th

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FEUP. 12th – 15th April.

[26] MALANHO, Sofia; VEIGA, M. Rosário (2011). Análise do desempenho das juntas entre

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Argamassas. Belo Horizonte,17 a 20 de Maio (Atas em CD).

[27] MALANHO, Sofia; VEIGA, M. Rosário; Velosa, Ana Luísa. Adaptação do ensaio de aderência

para análise de ETICS com acabamento cerâmico. Comunicação aceite para apresentação oral em:

APFAC 2010 – 4º Congresso Português de Argamassas de Construção. Coimbra: Universidade de

Coimbra, 29 e 30 de Março.

[28] MALANHO, Sofia; VEIGA, M. Rosário; Velosa, Ana Luísa. Análise do comportamento de

argamassas de juntas entre ladrilhos cerâmicos aplicados sobre ETICS através do ensaio de

ultrassons. Comunicação aceite para apresentação oral: PATORREB 2012 – 4º Congresso de

Patologia e reabilitação de edifícios. Santiago de Compostela, 12 a 14 de abril.

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[29] MALANHO, Sofia; Desempenho de ETICS com acabamento a ladrilhos cerâmicos –

desenvolvimento de uma metodologia de ensaio e avaliação. Dissertação de Mestrado em Engenharia

Civil, Universidade de Aveiro,2010.

[30] MALANHO, Sofia; VEIGA, M. Rosário. Regras para a concessão de uma aprovação técnica

europeia (ETA) ou de um documento de homologação (DH) a sistemas compósitos de isolamento

térmico pelo exterior (ETICS). Trabalho, LNEC, Lisboa, Dezembro 2010.

[31] SILVA, Luís; PEREIRA, Vasco; SEQUEIRA, Pedro; SOUSA, António. Avaliação da

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Weber, 2010-2011.

[32] SILVA, Luís; PEREIRA, Vasco; SEQUEIRA, Pedro; SOUSA, António. Fixação de elementos

cerâmicos no sistema ETICS. Pormenores que fazem a diferença. Apresentação oral, APFAC 2012 –

4º Congresso Português de Argamassas e ETICS. Saint Gobain Weber, Coimbra, 2012.

[33] BENTO, João José Jorge. Patologias em revestimentos cerâmicos colados em paredes interiores

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[34] http://www.lnec.pt/qpe.

[35] http://maps.google.pt.

[36] http://www.candigres.com/candiwallpt.html.

[37] http://www.apfac.pt.