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APLICAÇÃO DE METODOLOGIAS SEIS SIGMA NO
APERFEIÇOAMENTO DA GALVANOPLASTIA, COM
HOMOGENEIZAÇÃO DA CAMADA CROMO DURO
André Wagner Mota Nascimento 1,2
Adriana Amaro Diacenco2
José Manoel Ribeiro 3
Jose Nilson Bezerra2
(1) R.: Primo Capelo 119, Centro – Itajubá – MG (3622-3713)- [email protected]
(2) Fepi; (3) UNIFEI
Resumo: Atualmente, com a grande competitividade no setor industrial brasileiro e a
concorrência com os produtos importados, levam a busca pela adequação às exigências
mundiais. Atentando para atender os requisitos e especificações do mercado. Desta forma a
constante avaliação e reformulação da manufatura se tornando essencial para a resolução de
falhas e para a melhoria contínua da produção. E neste aspecto busca-se o aperfeiçoamento
da gestão de qualidade, surgindo metodologias que são responsáveis pela melhoria dos
processos de produção das empresas. A metodologia DEMAIC do Seis Sigma é aplicada
neste trabalho no processo de homogeneização da camada cromada em componentes
mecânicos sujeitos a alta pressão e temperatura, sobre forte ação de desgaste mecânico.
Neste trabalho foram analisadas as etapas do processo, o controle metalúrgico em termos da
quantidade de fissuras e trincas que surgem durante o processo e suas causas. Obtendo assim
o conhecimento de tais defeitos buscando minimizar o surgimento dos mesmos. Os resultados
foram analisados estatisticamente e permitiram avaliar o melhor aproveitamento do processo
de cromação.
Palavras-chave:DMAIC;Cromação; Seis Sigma.
1. Introdução
No surgimento da revolução industrial, a necessidade do desenvolvimento e
manutenção de estruturas capazes de suportar padrões de consumo e bem estar social imposto
pelo capitalismo, notoriamente promoveu a competitividade internacional na busca da
excelência em qualidade e produtividade. Pressionando o setor manufatureiro levando à
redução dos preços a alta da qualidade e redução de prazo de entrega atendendo as
necessidades dos clientes corporativo e comercial.
No início do século XX até meados do século XX, a qualidade, na produção em
massa, significava uniformidade (ou ausência de variação). Nessa época, percebeu-se que era
necessário fazer peças em grandes quantidades, virtualmente idênticas, de forma que cada
uma pudesse ser montada, indiferentemente do produto. A partir de 1948, no Japão, iniciava
um processo que modificaria a análise da qualidade, inspirado por pensadores norte-
americanos Feigenbaum, Deming e Juran, derivando-se em 1962 nos primeiros Círculos de
Qualidade, predecessores das atuais Equipes de Melhoria Contínua, utilizando diversas
metodologias e suas variações. Sendo uma delas, as ferramentas estatísticas aplicadas no
processo de manufatura. Ao longo do tempo as técnicas e metodologias desenvolvidas
utilizando estatística tornaram-se amplamente utilizadas e aceitas nas organizações,
desempenhando papel importante nos programas de Controle da Qualidade. (Feigenbaum-
1994, Juran-1992) O Controle Estatístico da Qualidade tem como o objetivo primário a
redução sistemática da variabilidade nas características principais do produto. Fornecendo as
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ferramentas necessárias para avaliação e melhoria de processos, produtos e serviços de forma
robusta e abrangente. (Montgomery-1985)
Entretanto, tais ferramentas também, dependem da qualidade da informação e da
forma como os dados são coletados, processados e interpretados. Neste aspecto o DMAIC
(Define, Measure, Analyse, Improve, Control) cumprindo um papel importante no
desenvolvimento da qualidade, está técnica consiste no ciclo de desenvolvimento de projetos
e de melhoria, utilizado na estratégia Seis Sigma. ( Jeferson Escobar-2011)
Concebido para projetos relacionados à qualidade, o DMAIC não é aplicado apenas
na redução de defeitos, sendo utilizada em projetos de aumento de produtividade, redução de
custo, melhoria em processos administrativos, entre outras finalidades. Está técnica por
representar um ciclo organizado e ordenado de trabalho, é freqüentemente comparado ao ciclo
PDCA (Plan, Do, Check, Act) conhecido também por Ciclo Deming, sendo DMAIC mais
uma variação do PDCA. Porem é importante ressaltar, contudo, que existem características
que diferenciam essas duas técnicas. ( Jeferson Escobar-2011) O DEMAIC tem por finalidade
neste estudo, auxiliar na condução do trabalho, elaboração do projeto e solução de problemas.
Sendo um recurso constituinte do Seis Sigma, utilizado em conjunto com outras ferramentas
de qualidade.
As técnicas de qualidade foram aplicadas neste trabalho para solucionar problemas
recorrentes na indústria metal-mecânica visando melhorar o processo de galvanoplastia e na
solução do problema de variação da camada de cromo durante o processo. Sendo
galvanoplastia um processo de recobrimento superficial, desenvolvido e utilizado desde a
antiguidade para proteção de peças metálicas ferrosas e não ferrosas, para proteger da
corrosão, melhorar o acabamento e promover a melhoria da resistência ao desgaste por atrito.
2. Materiais e Métodos
Neste trabalho tem por objetivo estudar a aplicação da metodologia DEMAIC para a
solução de problemas relacionados à espessura da camada de cromo em componentes
metal-mecânicas, verificando a melhoria do processo automatizado em relação ao processo
convencional, analisando a redução do índice refugo e retrabalho. Nesta seção abordaremos
os principais conceitos utilizados neste artigo.
2.1 DEMAIC
O DEMAIC é um método aplicado no Seis Sigma, estruturado para conduzir o
processo de mudança e alcance de metas. O Seis Sigma por sua vez, é o método
administrativo extremamente disciplinado e quantitativo que se apóia em processos
estatísticos. Abordagem sistêmica, com a clara finalidade de elevar substancialmente a
lucratividade, por meio do aperfeiçoamento de produtos e processos, proporcionando uma
maior satisfação de clientes e consumidores.
O Seis Sigma deriva da letra grega sigma (σ) utilizada para representar o desvio
padrão, representando a distância em relação a média. Desta feita um processo que tem
qualidade Seis Sigma tem aproximadamente doze sigmas entre os limites de especificação
como podemos ver na Figura 1, da curva gaussiana formada pela medida do desvio padrão da
avaliação de qualidade do produto. Se o processo for mantido aproximadamente centrado, o
resultado tenderá a perfeição, muito próximo do zero defeito (variações). Representa assim
uma medida de desempenho e meta para operação de processos, com uma taxa de 3,4 falhas
por milhão de atividades, Tabela 1 comparativa, ou seja, 99,99966% de conformidade, mesmo
havendo um deslocamento da média do processo em relação ao valor nominal em 1,5 desvios-
padrão (sigma). (Pinto, Carvalho, Hoo, 2009; Einset-2002; Scatolin-2005 e Hoerl-2001) Se a
medida se aproximar da “média” e com pouca VARIABILIDADE e um pequeno desvio
padrão, com abrangência de 6 sigmas, teremos o índice 3,4 PPM (defeitos por milhão).
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(a) (b)
Figura 1 – (a) Gráficos de capacidade 3 Sigma - deslocado 1,5 sigma; (b) Gráficos de capacidade 6 Sigma -
deslocado 1,5 sigma. Fonte: Scatolin-2003
O DEMAIC (Figura 2) foi concebido para projetos relacionados à qualidade e redução
de defeitos, mas pode ser aplicado, em projetos de aumento de produtividade, redução de
custo, melhoria em processos administrativos, entre outras, que necessitam de uma análise e
resolução de problema. (Banas, 2001 e Jeferson Escobar, 2011)
Figura 2 – Esquema resumido do modelo padrão do Ciclo DMAIC
2.2. Galvanoplastia de Cromação
A galvanização ou eletroformação é todo o processo de galvanoplastia em que metais
são revestidos por outros metais mais nobres, geralmente para proteger da corrosão, aumentar
propriedades mecânicas do material de base ou para fins estético-decorativos. Em 1924
foram descobertos métodos de deposição que permitem a aplicação industrial das camadas. O
banho, então recomendado por Liebreich, na Alemanha, é praticamente ainda hoje o banho
“Standard“ e constituía-se de 200 g/l de anidrido crômico (ácido crômico) e 2,4 g/l de ácido
sulfúrico. Há basicamente dois tipos de processo de cromação, o Cromo Brilhante-Decorativo
e Cromo Duro. No caso do cromo decorativo, este tem por principal função proteger o metal
base contra corrosão e proporcionar uma boa aparência à peça, a espessura depositada é em
torno de 0,002 mm. Sua aplicação normalmente se dá sobre camada de níquel ou cobre. O
cromo duro é depositado em camadas de espessura, variando de 0,02 mm a 0,5 mm. Com
certas exceções, o cromo duro é depositado diretamente sobre o metal base, especificamente
em ferros fundidos, aços ao carbono e inoxidável. A maior parte do cromo duro
eletrodepositado tem como finalidade proporcionar resistência ao desgaste com o conseqüente
aumento de vida útil da peça, este pode ser usado também para restaurar as dimensões de uma
peça gasta ou usinada em excesso.
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Existem algumas variações de banho de cromo sendo o mais convencional o Banho
Sulfato que é composto de ácido crômico e ácido sulfúrico; temos o Banho Fluoreto composto
de ácido crômico, ácido sulfúrico e catalisador a base de fluoreto; e o Banho Heef (banho
aditivado) composto de ácido crômico, ácido sulfúrico e catalisador orgânico. O processo de
cromação requer o controle e manutenção do banho que é feita com adições regulares de
ácido crômico, ácido sulfúrico e outros catalisadores, exige também a correção do sulfato no
banho. As adições e controles são baseados em resultados de análises químicas ou padrões
estatísticos estabelecidos pela indústria.
Neste processo a deposição do cromo se dá juntamente com grandes quantidades de
hidrogênio, parte desse hidrogênio é depositada junto com o cromo na forma de hidreto. Esse
hidreto, que é instável, se decompõe na forma de hidrogênio gasoso e cromo metálico. Essa
decomposição envolve uma diminuição de volume, maior que 15%, gerando tensões internas
na camada. Assim, com o decorrer da eletrólise após ser atingido uma determinada espessura
do cromo, a somatória das tensões internas supera a resistência própria do cromo, provocando
a quebra do fino filme metálico, formando as (fissuras e/ou micro trincas). Esse fenômeno vai
se repetindo durante a cromação, desse modo a película superficial da camada apresenta
menor número de fissuras em relação aos pontos mais internos do depósito (Figura 3-a).
(Garcia-2003)
(a) (b)
Figura 3 – (a) Principais características da camada de cromo compósito; (b) Efeito da temperatura e densidade de
corrente na dureza. Fonte: Garcia-2003.
O processo de cromação requer uma seqüência de cuidados, que se não forem bem
executados poderão comprometer a qualidade do produto. As condições de cromação são
determinadas em função do tipo do banho e da especificação para o produto. No cromo duro,
a dureza deve ser superior a 800 HV, ou seja, 800 / mm 2. Isso torna importante manter as
condições de densidade de corrente (A/ dm2) e temperatura do banho (Figura 3-b).
Também é importante manter outros parâmetros como:
* tempo correto para cromação
* nível do banho
* gancheiras não tortas e de comprimento uniforme
* relação de comprimento anodo / árvore
É importante lembrar que os parâmetros são importantes para proporcionar
distribuição uniforme da espessura do cromo na árvore de anéis ou peças. A densidade de
corrente e temperatura, também afetam a quantidade de fissuras na camada de cromo.
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2.2.1. Quantificação do numero de fissuras ou micro trincas
O controle da quantidade de fissuras ou micro trincas é realizado pelo método
metalográfico, que consiste na utilização de microscopia óptica com ampliações entre 200x e
500x de magnificação. O número de fissuras ou micro trincas pode ser dado em fissuras ou
micro trincas por mm ou Fissuras ou micro trincas por polegada linear. E a densidade de
fissuras por banho em anéis, são tipicamentes:
Banho sulfato : 900 - 2300 fissuras por polegada linear.
Banho Fluoreto : 1600 - 3000 fissuras por polegada linear.
Banho heef : 2000 - 4000 fissuras por polegada linear.
2.2.2. Microdureza do cromo
A microdureza do cromo é medida por equipamento de precisão denominado
microdurômetro, o qual requer cuidados especiais relacionados a controle de vibração da sala
de acondicionamento e principalmente controle de calibração do mesmo. Os resultados
obtidos em ensaios de microdureza são dados em escalas conhecidas como HV (Hardneer
Vickers), os valores indicados a exemplo HV 0,1, são os valores de carga especificada. Os
ensaios de microdureza são realizados em equipamentos com capacidade de carga até 2kg.
2.2.3. Determinação da espessura de cromo na cromação
A espessura requerida de cromo na operação de cromação, é calculada em função da
espessura especificada no desenho do anel / produto acabado.
Tabela 02 – valore de espessura da camada de cromo no processo de cromação
DESCRIÇÃO DO MATERIAL ESPESSURA NA CROMAÇÃO
Lapidação parcial LIT = CMD + 0,03
LSD = LIT x 1,5
Lapidação total ou abaulada LIT = CMD + 0,05
LST = LIT x 1,5
Retificados cônicos ou abaulados excêntricos após
cromação
LIT = CMD + 0,10
LST = LIT x 1,5
Segmentos LIT = CMD + 0,04
LST = LIT x 1,5
Fonte: Garcia-2003
CMD = Camada mínima do desenho (em mm)
LIT = Limite inferior de tolerância (espessura mínima na cromação)
LST = Limite superior de tolerância (espessura máxima na cromação)
3. Estudo de Caso
3.1. Etapa Definir do DMAIC:
Nesta etapa foi observado por meio das ferramentas de qualidade, como Plano de
Ação e de Controle (Folha de Verificação) as características cruciais para qualidade e os
benefícios. Definição do problema:
Problema: Variação do processo, exigindo retrabalho, reduzindo a qualidade,
prejudicando o prazo de entrega e produção, elevação do custo e geração de defeitos
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típicos do processo de cromação como: Má aderência do cromo; Espessura do cromo
acima ou abaixo do especificado; Distribuição irregular do cromo; Aspereza; Cromo
descascado; etc.
Descrição/Objetivo: Melhorar a qualidade segundo as especificações.
CTQs dos clientes: Atender as especificações técnicas, prazo de entrega e atendimento a
demanda.
Defeito: Variação da camada de cromo, fora dos limites especificados.
Expectativa dos resultados: Reduzir o índice de refugo de anéis e melhorar a
homogeneidade da espessura da camada.
Através da análise dos planos de controle da operação, que registram os dados
qualitativos e quantitativos da produção, foi definido medir a espessura da camada de cromo,
sendo que as medidas serão feitas por meio metalografia eletrônica, em um conjunto de lotes
de produção, durante 40 dias. Sendo estimando os seguintes benefícios:
Benefícios comprometidos:
Redução de Defeito: Garantir a entrega / prazo correta no cliente.
Redução de Custo: Redução de refugo – Reclamações internas.
Melhoria de Ciclo: Aumento de produtividade
Benefícios específicos para a organização:
Redução de Custo Material e Mão de Obra.
Melhoria da qualidade do produto entregue ao cliente.
Reconhecimento da qualidade do produto junto ao cliente.
Desta forma desejamos atingir as expectativas do cliente quanto a qualidade, passemos
agora passar para a etapa seguinte.
3.2. Etapa Medir do DMAIC:
3.2.1. Estudo da espessura de camada – processo atual
Na Figura 4 podemos observar a variação da camada medida e que por vezes em
algumas amostras ocorre a estrapolação do limite superior de especificação (LSE/UCL) para a
variação da amostra e do Limite Inferior de Especificação (LIE/LCL) para a medida da
amostra, representando um processo inadequado. Podemos observar também uma grande
variação entre as amostras.
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Figura 4 - Variação da camada - produção normal.
3.2.2.Teste de normalidade – processo atual
No processo atual podemos observar nas Figuras 4 e 5, uma grande dispersão dos
resultados, tendo o desvio padrão de aproximadamente 0,025, sendo que os resultados não
estão contidos em sua maioria dentro dos Seis Sigmas, alem de ter uma desvio padrão muito
largo devido a dispersão, e a media e a região de maior ocorrência está descentralizada em
relação a curva gaussiana. Desta forma os dados obtidos não são normais, isso se deve a
variação da espessura da camada de cromo e na totalidade das amostras analisadas.
Figura 5 – Teste de normalidade – espessura da camada.
Figura 6 – Teste de normalidade – espessura da camada.
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Neste trabalho foi observado que no processo de cromação simples, o aro anódino e o
barramento catódico são fixos, o que dificulta o controle da homogeneidade da camada de
cromo ao longo da circunferência da barra de sustentação do material a ser cromado. Podemos
estimar segundo a Tabela 1 e a Figura 5 (descentralização de aproximadamente 1 σ), que
estaria ocorrendo uma perda entre 10 e 40 k peças/milhão, se não houvesse retrabalho.
Tabela 1:Calculo do PPM a partir da capacidade e da descentralização.Fonte: Leopoldo Pereira-2003
3.3. Etapa Análise do DMAIC:
Foi utilizado como ferramenta de analise, o software Minitab, como podemos ver na
análise dos dados de lotes de produção normal, durante os 34 dias de análise.
Figura 7 – Medição da variação da camada
Figura 8 – Desvio padrão
3.3.1 Descrição das análises
Os dados acima descritos na Figura 7 indicam a variação da camada de cromo ao
longo de uma amostragem coletada num período de 34 dias, conseqüentemente, com trinta e
quatro ordens de produção diferentes, e a Figura 8 indica o desvio padrão com relação a cada
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ordem de produção.
Com o intuito de verificar o efeito da movimentação da barra contendo o material,
seguindo as orientações do projeto Seis Sigma, foi realizado o experimento, onde testes
realizados manualmente no aro anódico promovendo o giro por um operador, mostrou
melhoras nos valores e menores variações. Com estas confirmações partiu-se para o projeto
de melhoria.
3.4. Etapa Melhoria do DMAIC:
3.4.1. Automatização do processo de cromação
Foi decidido que com a automatização do processo e implementação do movimento
circular da material promoveria melhora na qualidade, gerando menor atrito no catódico,
redução de custo com material e mão de obra, processo de movimentação mais eficaz e
estável, eliminando variações de tempo, pela ação humana.
3.4.2. Análise da camada após implementação do sistema automatizado.
Figura 9 – Variação da camada – Processo melhorado.
Figura 10 – Teste de normalidade – Processo melhorado.
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Figura 11 – Teste de normalidade – Processo melhorado.
Observa-se nas Figuras 9, 10 e 11, que os resultados encontrados apresentam-se
normais, e que quando comparados aos resultados das análises anteriores, pode-se observar
uma melhora significativa em relação à variabilidade a camada. Observa-se uma melhor
distribuição de dados, o que indica uma menor variação no processo.
3.5. Etapa Comparar DMAIC
Figura 12 – Análise da distribuição de dados– Processo atual sem movimentação
Podemos observar que se fosse rejeitado as peças com espessuras superiores a 0,16
mm, teriam uma perda superior a 50%, mas na prática está sendo aceito valores superiores a
0,18 mm e o excesso é retirado em outras etapas necessárias da produção, reduzindo em até
0,04 mm a espessura, justificando a aceitação dos dados do processo automatizado, que
apesar da evidente melhora, está fora do Limite Superior Especificado para a peça, mas dentro
da especificação desta etapa de produção, como podemos ver na Figura 13 e comparado a 12.
Figura 13 – Análise da distribuição de dados – Processo melhorado (automatizado).
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As análises das Figuras 12 e 13 deixam evidente que o processo de melhoria
implementado surtiu efeito positivo em relação à redução da variação da camada cromada,
melhorando significativamente o nível sigma do processo. A redução da variação permite
melhorias, indiretas na microestrutura, uma maior padronização da microdureza e redução de
defeitos na camada dura de cromo. O deslocamento em relação ao Limite Superior
Especificado pode ser corrigido com a redução do tempo de cromação,reduzindo a camada de
cromo, para atender as especificações demonstrada na Tabela 2. Sendo este, um outro passo
na melhoria constante do processo.
3. Considerações Finais
Este trabalho mostrou como o método DMAIC, foi é relevante na aplicação da
filosofia Seis Sigma, gerando uma melhoria na qualidade do produto, pela identificação de
falha e medição de parâmetros estatísticos da produção. Os estudos comprovam
estatisticamente, que a característica espessura da camada, apresentou melhorias significativas
em relação aos valores médios encontrados e a redução da variação da camada de cromo
utilizando um sistema de movimentação da peça automatizado. Através do projeto realizado
foi comprovada a viabilidade de alteração, sendo que o custo com o investimento pode ser
revertido em qualidade do produto, na redução de refugo e re-trabalho no processo. E por fim,
demonstra as vantagens da automatização e da necessidade de se movimentar o material, para
obter uma melhor aderência e nivelamento da camada de cromo, sendo este um processo
metalúrgico recomendado.
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